Вы находитесь на странице: 1из 115

Thales Vargas Furtado

AVALIAÇÃO DE MODELOS ESPACIAIS DE


VULNERABILIDADE COSTEIRA À EROSÃO: EVENTOS
RECENTES NA PRAIA DOS INGLESES - SC

Dissertação de mestrado submetida ao


Programa de Pós-Graduação em
Geografia da Universidade Federal de
Santa Catarina para a obtenção do
Grau de Mestre em Geografia
Orientador: Prof. Dr. Jarbas Bonetti

Florianópolis
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

FURTADO, Thales Vargas


Avaliação de modelos espaciais de vulnerabilidade costeira à
erosão: eventos recentes na Praia dos Ingleses – SC/ Thales Vargas
Furtado. – Florianópolis, 2018

Orientador: Jarbas Bonetti

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina.


Programa de Pós Graduação em Geografia.

1. Vulnerabilidade costeira. 2. Modelos espaciais. I. Título. II.


BONETTI, Jarbas. III. Universidade Federal de Santa Catarina.
Programa de Pós Graduação em Geografia.
Thales Vargas Furtado

AVALIAÇÃO DE MODELOS ESPACIAIS DE


VULNERABILIDADE COSTEIRA À EROSÃO: EVENTOS
RECENTES NA PRAIA DOS INGLESES - SC

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de


“Mestre”, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós
Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, 18 de abril de 2018.

________________________
Prof. Dr. Elson Manoel Pereira
Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________
Prof.ª Dr.ª Jarbas Bonetti
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Prof.ª Dr.ª Janete de Abreu
Universidade Federal de Santa Catarina

________________________
Dr. Luiz Fernando Vianna
EPAGRI
Aos meus pais Nardi Furtado e Maria
Aparecida Vargas Furtado por todo
apoio.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à UFSC, como instituição por proporcionar o


desenvolvimento da pesquisa.
Ao Programa de Pós Graduação em Geografia pela oportunidade
de ingressar e desenvolver o projeto em um curso de boa qualidade.
À CAPES pelo apoio financeiro permitindo dedicação exclusiva à
pesquisa.
Ao meu orientador Jarbas Bonetti por ter abraçado o projeto, por
ter confiado em mim e por todo o conhecimento compartilhado. Pela
oportunidade de ser inserido no Laboratório de Oceanografia Costeira
que acrescentou muita experiência em minha formação profissional e
acadêmica.
A todo o corpo docente do Programa de Pós Graduação em
Geografia, professores, doutores e mestres que ofereceram
conhecimento e sabedoria com tanta dedicação.
Aos colegas de laboratório, pelas conversas, pela troca de
informações e conhecimentos me fazendo amadurecer profissionalmente
e como pessoa.
Com imensa gratidão, amor e orgulho aos meus pais, por serem
os responsáveis por todo o suporte, apoio, incentivo e amor em toda
minha vida acadêmica. Por serem meus pilares, onde sempre encontrei
conforto, carinho e amor.
Muito obrigado as pessoas que cruzaram meu caminho nesses
dois anos de muito aprendizado, pessoas que se tornaram em tão pouco
tempo verdadeiros amigos. Que permitiram levar esses anos de forma
mais leve, mais divertida e mais alegre. Amigos que certamente levarei
para o resto da vida. Em especial ao André Lima, Emmanuelle
Rodrigues (a Manuh), a Cibele Lima e as minhas primas Larissa Vargas,
Jennifer Vargas Caron e Sarah Vargas Brittes, pelas leituras,
contribuições e sugestões para deixar meu trabalho mais completo.
E a todos aqueles que acompanharam minha trajetória
transmitindo boas energias e torcendo sempre por mim, meus sinceros
agradecimentos.
Por fim agradeço a Deus e todas as energias positivas que me
guiam!
Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano
ele treme de medo... apenas quando ele entre no
oceano é que o medo desaparece, porque apenas
então o rio saberá que não se trata de desaparecer
no oceano, mas tornar-se oceano..
(Osho)
RESUMO

A crescente repercussão da ação de eventos extremos na zona


costeira, sobretudo relacionada aos processos de erosão e inundação,
tem induzido a proposição de diferentes alternativas metodológicas, na
maioria baseadas em Sistemas de Informação Geográfica, que buscam o
reconhecimento da vulnerabilidade deste setor. A expressiva quantidade
de modelos espaciais para avaliação de vulnerabilidade costeira não
soluciona todos os problemas, pecando principalmente na interação e
comparação com outros modelos e na validação dos resultados. Assim,
este estudo realizou uma revisão da produção bibliográfica desenvolvida
no Brasil relativa à avaliação da suscetibilidade e vulnerabilidade
costeira, com o objetivo de caracterizar a produção científica
correspondente e confrontar modelos espaciais distintos aplicados a uma
mesma área de estudo, Praia dos Ingleses – SC, através da comparação e
validação baseada nos danos reais causados na área de estudo por
eventos erosivos recentes. A revisão se deu através de buscas em
plataformas de pesquisa científica (Currículo Lattes de autores
selecionados, Web of Science, SciELO, Portal de Periódicos CAPES,
ResearchGate, etc.). Foram identificados 17 trabalhos acadêmicos (entre
teses, dissertações e monografias de graduação) e 37 artigos científicos.
A partir da compilação destes trabalhos realizou-se uma análise visando
identificar a evolução histórica no desenvolvimento das pesquisas sobre
o tema no país. Os trabalhos realizados por Rudorff (2005), Mussi
(2011), Muler (2012), Serafim (2014) e Baixo (2015), que em diferentes
escalas englobaram a análise da vulnerabilidade da Praia dos Ingleses,
foram selecionados e seus resultados foram confrontados e validados
com o mapeamento dos níveis de danos realizado após os eventos
erosivos de 2017 na praia. Os resultados mostram diferenças entre os
trabalhos, isso se deve a diferença de metodologias, variáveis, escalas de
abrangência e até ao período do estudo, porém quando confrontados
com o mapeamento dos danos reais causados pelos eventos erosivos, os
resultados apresentaram discordâncias. Os trabalhos apresentados por
Rudorff (2005) com uso de geoindicadores e de Muler (2012) através do
CVI foram os que mais se aproximaram dos danos reais pós-eventos. O
mapeamento dos níveis de danos erosivos na praia permite, além de
validar os modelos espaciais, buscar metodologias para alcançar
resultados mais condizentes com a realidade local.

Palavras-chave: Análise espacial. Eventos extremos. Ressacas.


Validação.
ABSTRACT

The increasing repercussion of extreme events in the coastal zone,


especially related to the erosion and flooding processes, has led to the
proposal of different methodological alternatives, mostly based on GIS,
that seek to recognize the vulnerability of this sector. The large number
of spatial models for assessing coastal vulnerability does not solve all
the problems of coastal erosion, mainly in the interaction and
comparison with other models and in the validation of the results.
Taking this into account, this study carried out a review of the
bibliographic production developed in Brazil regarding the evaluation of
coastal vulnerability, with the objective of characterizing the
corresponding scientific production and confront different spatial
models applied to the same study area, Praia dos Ingleses – SC, through
the comparison and validation based on the actual damages caused in the
study area by recent erosive events. The review was carried out through
searches on the main scientific research platforms e.g. Web of Science,
SciELO, Portal of CAPES Journals and Research Gate. Were identified
17 original researches (theses, dissertations, and undergraduate
monographs) and 37 scientific articles. From the compilation of these
results, an analysis was carried out to identify the historical evolution in
the development of the researches on the subject. The work done by
Rudorff (2005), Mussi (2011), Muler (2012), Serafim (2014) and Baixo
(2015), that in different scales encompassed Praia dos Ingleses
vulnerability analysis, were selected and their results were compared
and validated with the mapping of damage levels after erosive events in
beach. The results show differences between the studies, due to
differences in applied methodologies, selected variables, range scales
and up to the study period. However, when confronted with the mapping
of the actual damages caused by erosive events, they also presented
disagreements. The work presented by Rudorff (2005) using
geoindicators and Muler (2012) through the CVI were the ones that most
approached the real post-event damage. The mapping of erosive damage
levels on the beach allows the validation of spatial models of
vulnerability and, also, to recognize more efficiemt methodologies and
to direct resources to better evaluate coastal vulnerability in accordance
to the local reality.

Keywords: Spatial analysis. Extreme events. Storm Surges. Validation.


LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Estrutura da dissertação ........................................................... 26


Figura 02 – Evolução do número de publicações anuais relacionadas a
avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com uso de
modelos espaciais ........................................................................................ 39
Figura 03 – Gráficos das produções científicas por tipos.. .......................... 40
Figura 04 – Gráficos dos macroconceitos de referência. ............................. 41
Figura 05 – Gráficos das produções científicas por regiões geográficas. .... 41
Figura 06 – Gráficos dos modelos espaciais e técnicas de análise... ........... 42
Figura 07–Gráficos das produções científicas por escalas de abrangência . 44
Figura 08 – Variáveis e indicadores utilizados nos modelos das
produções científicas. .................................................................................. 46
Figura 09 – Evolução do número de artigos publicados relacionados a
avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com uso de
modelos espaciais. ....................................................................................... 48
Figura 10 - Gráficos dos macroconceitos de referência utilizados nos
artigos. ......................................................................................................... 49
Figura 11 - Gráficos dos artigos científicos por regiões geográficas........... 50
Figura 12 – Gráficos dos modelos espaciais e técnicas de análise dos
artigos. ......................................................................................................... 50
Figura 13 – Gráficos dos artigos científicos por escalas de abrangência. ... 51
Figura 14 – Variáveis e indicadores utilizados nos modelos dos artigos. ... 53
Figura 15 – Localização da área de estudo. ................................................. 61
Figura 16 – Registros fotográficos dos eventos erosivos de maio de 2017
– Praia dos Ingleses/SC.. ............................................................................. 63
Figura 17 – Carta sinótica referente ao período de 26 a 28 de maio. .......... 67
Figura 18– Tabela com velocidade e direção do vento e tamanho e
direção das ondas do mês de maio............................................................... 68
Figura 19 – Carta sinótica referente ao período de 15 a 16 de agosto ......... 69
Figura 20 – Tabela com velocidade e direção do vento e tamanho e
direção das ondas do mês de agosto. ........................................................... 69
Figura 21 – Carta sinótica referente ao período de 16 a 18 de setembro. .... 70
Figura 22 – Tabela com velocidade e direção do vento e tamanho e
direção das ondas do mês de setembro. ....................................................... 71
Figura 23 – Distribuição dos pontos coletados em campo. ......................... 72
Figura 24 – Indicadores utilizados para classificação do estado erosional
das praias. .................................................................................................... 74
Figura 25 – Tabela com dados brutos dos pontos coletados em campo ...... 75
Figura 26 – Mapeamento da intensidade de danos da primeira campanha . 78
Figura 27 – Mapeamento da intensidade de danos da segunda campanha. . 79
Figura 28 – Comparação dos resultados dos estudos pretéritos ................... 81
Figura 29 – Tentativa de validação dos resultados dos estudos pretéritos
com o mapa de danos da campanha 01 ........................................................ 83
Figura 30 – Tentativa de validação dos resultados dos estudos pretéritos
com o mapa de danos da campanha 02 ........................................................ 84
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEPAL – Comisión Económica para América Latina y el Caribe


CVI – Coastal Vulnerability Index
DSAS – Digital Shoreline Analysis System
GERCO/SC – Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro de Santa
Catarina
GOS – Global Ocean Surge
GOT – Global Ocean Tides
GOW – Global OceanWaves
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IH Cantabria – Instituto de Hidráulica Ambiental da Universidade de
Cantábria
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
ISC – Índice de Suscetibilidade Costeira
IVC – Índice de Vulnerabilidade Costeira
NCEP-NCAR – National Center for Environmental Prediction –
National Center for Atmospheric Research
RIMPEEX/SUL – Rede Integrada de Monitoramento e Previsão de
Eventos Extremos na Região Sul
SC – Santa Catarina
SIG – Sistema de Informação Geográfica
UHSLC – University of Hawaii Sea Level Center
USGS – United States Geological Survey
SUMÁRIO

SUMÁRIO........................................................................................ 19
INTRODUÇÃO ............................................................................... 21
1.1 OBJETIVOS .............................................................................. 24
1.1.1 Objetivo Geral ........................................................................ 24
1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................. 24
2 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................... 25
3 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................... 27
3.1 PERIGOS COSTEIROS ........................................................... 27
3.2 EROSÃO E INUNDAÇÃO COSTEIRA ................................. 28
3.3 VULNERABILIDADE E SUSCETIBILIDADE .................... 29
3.4 MODELOS ESPACIAIS DE AVALIAÇÃO DE
SUSCETIBILIDADE/VULNERABILIDADE COSTEIRA ........ 30
4 ESTUDO I: COMPILAÇÃO DE ESTUDOS BASEADO EM
TÉCNICAS DE ANÁLISE ESPACIAL PARA AVALIAÇÃO DA
SUSCETIBILIDADE/VULNERABILIDADE COSTEIRA NO
BRASIL ............................................................................................ 33
4.1 METODOLOGIA ..................................................................... 35
4.2 RESULTADOS .......................................................................... 37
4.2.1 Análise dos estudos originais para avaliação da
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira no Brasil baseados em
técnicas de análise espacial ............................................................. 38
4.2.2 Análise dos artigos publicados sobre avaliação da
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira no Brasil baseados em
técnicas de análise espacial ............................................................. 46
4.3 DISCUSSÕES ............................................................................ 55
5 ESTUDO II: AVALIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE INDUZIDA
A EROSÃO COSTEIRA DA PRAIA DOS INGLESES, SANTA
CATARINA, BRASIL: COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS
APLICADAS E VALIDAÇÃO COM EVENTOS RECENTES. 59
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS ................. 61
5.2 METODOLOGIA ..................................................................... 64
5.3 RESULTADOS .......................................................................... 67
5.3.1 Descrição do evento (condições meteorológicas).................. 67
5.3.2 Mapeamento e levantamento dos danos causados pelos
eventos................................................................................................71
5.3.3 Comparação dos resultados ................................................... 80
5.3.4 Validação dos modelos e dos resultados ............................... 82
5.4 DISCUSSÕES ............................................................................ 85
6 CONCLUSÕES............................................................................ 89
REFERÊNCIAS .............................................................................. 91
APÊNCICE A.................................................................................. 101
APÊNCICE B................................................................................. 109
21

1. INTRODUÇÃO

A zona costeira é considerada um dos mais importantes espaços


geográficos do planeta. De acordo com Nicholls (1995) é onde se
encontram as maiores cidades e grande parte da população mundial.
Além disso, é considerada patrimônio cultural e econômico viabilizando
diversas atividades socioeconômicas (ABREU, 2011), como por
exemplo, diversas atividades turísticas, de lazer e paisagísticas,
comerciais e de subsistências, portuárias e industriais.
De acordo com estudos de Small e Nicholls (2003) no ano de
1990, 23% da população mundial se situava sobre áreas localizadas até
100 km de distância da costa e em altitudes inferiores a 100 m acima do
nível do mar, sendo a concentração populacional em regiões costeiras
aproximadamente o triplo da média global. No Brasil, 13 das 27 capitais
estão situadas na zona costeira, entre elas grandes cidades com alta
concentração populacional como Florianópolis, Rio de Janeiro,
Salvador, Recife e Fortaleza (MMA, 2008).
Além de todos os fatores socioeconômicos, a zona costeira
também apresenta grande complexidade em relação a fatores físicos,
oceanográficos, morfossedimentares e meteorológicos, principalmente
por se tratar de um espaço com influencia de ambientes terrestres sobre
marinhos e vice versa, com largura que varia no espaço e no tempo, que
pode ser caracterizado por critérios físicos, biológicos ou culturais
(CARTER, 1988).
Além disso, é na praia ou ambiente praial onde ocorre o maior
número de processos relacionado aos fatores físicos costeiros. Abreu
(2011) define praias oceânicas como ambientes formados por
sedimentos inconsolidados, depositados e constantemente mobilizados
pela ação predominante das ondas e correntes resultantes, conjugada em
maior ou menor grau à presença de correntes de maré, fato que
corrobora com a ideia de um ambiente extremamente dinâmico e
suscetível a processos físicos.
Por ser uma zona extremamente dinâmica e complexa com
diversos processos e atores envolvidos, a zona costeira apresenta-se
como um ambiente com significativa suscetibilidade a fenômenos
naturais, sendo portanto um ambiente sensível à ocupação urbana.
Abreu (2011) afirma que as características dinâmicas do ambiente
praial atribuem grande suscetibilidade costeira às praias arenosas. Além
de ser um ambiente constantemente remodelado pela ação de ondas,
correntes e ventos, também está condicionado a impactos gerados por
intervenções antrópicas, como obras de proteção costeira, mineração,
22

captação de água e ocupações sobre áreas de dunas e até sobre a própria


praia.
Lins de Barros (2010) também considera a zona costeira um dos
ambientes que apresenta elevada suscetibilidade devido à complexa
dinâmica do litoral e à fragilidade natural de seus ecossistemas, além da
presença de acelerado processo de urbanização, ocupação irregular e
turismo nessas áreas. A autora ainda destaca a intensa dinâmica e
instabilidade da linha de costa, que está sujeita a processos
oceanográficos, meteorológicos e morfológicos atuantes em diferentes
escalas espaço-temporais. Assim, a complexidade e dinamismo
intrínsecos da geomorfologia costeira, envolvendo aí os processos
costeiros, desde a geração das ondas, as correntes costeiras e o
transporte de sedimentos, até a formação das feições deposicionais, são
parte fundamental do estudo de suscetibilidade aos perigos naturais.
Percebe-se que o ambiente costeiro é um sistema extremamente
dinâmico, com uma gama de processos e fenômenos naturais atuantes,
que modelam e até destroem o ambiente, dentro de uma dinâmica
natural de retroalimentação, com algumas áreas mais frágeis do que
outras e que variam ao longo de dias, semanas, meses, anos, séculos etc.
Alguns desses processos físicos ou fenômenos naturais atuantes
no ambiente costeiro podem ser responsáveis diretos pela suscetibilidade
desses ambientes a perigos costeiros. As ondas, elevação do nível do
mar, marés e ventos diretamente relacionados com transporte e
disponibilidade de sedimentos, determinam a configuração atual da
linha de costa e da própria planície costeira (COWELL & THOM,
1997).
A erosão costeira, por exemplo, corresponde a um perigo
geomorfológico resultante da complexa interação das ondas, nível do
mar, correntes costeiras, balanço de sedimentos e geologia (KOMAR,
1983).
Além disso, Rudorff (2005) afirma que a zona costeira está
sujeita à eventos extremos de alguma periodicidade, como furacões,
ciclones extratropicais, tempestades de marés, que podem acarretar em
perigos e até desastres naturais que afetam diretamente a sociedade.
Somado a isso, a intensificação do processo de urbanização
desorganizada e a constante degradação dos recursos naturais contribui
para que esses eventos afetem com maior frequência e intensidade um
significativo número de população nessas áreas.
Devido ao crescente número de desastres relacionados à zona
costeira, com grandes prejuízos econômicos, mostrou-se necessária a
formulação de metodologias para identificar a suscetibilidade e
23

vulnerabilidade costeira com o intuito de mitigar e prevenir futuros


desastres.
Atualmente existe uma gama de diferentes alternativas
metodológicas disponíveis para avaliação da suscetibilidade
/vulnerabilidade costeira à eventos extremos e marés de tempestades.
Grande parte dos estudos contemporâneos sobre esse tema é
realizada através da modelagem numérica e espacial com o uso de
índices de vulnerabilidade (NGUYEN et al., 2016). De acordo com
Rangel Buitrago (2015) a maioria dos trabalhos se baseia na utilização
de índices para a combinação de tipos de variáveis em uma única
medida, que corresponde a um dos métodos mais comuns para avaliar a
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira, como evidenciado em Cooper e
McLaughlin (1998) e McLaughlin et al. (2002).
Apesar de diversos modelos terem sido utilizados, as discussões
ainda apresentam-se bastante limitadas quanto à aplicação efetiva dessas
avaliações para qualquer ambiente costeiro (BONETTI &
WOODROFFE, 2017).
De acordo com Bonetti et al. (2013) a maior dificuldade está na
seleção adequada das variáveis utilizadas nos modelos, na sua
representação, categorização em intervalos significativos e na
organização e estruturação dos dados e informações. Também foi
identificada uma carência de metodologias com validação desses
modelos, o que prejudica sua comparação e representatividade frente aos
danos reais causados no ambiente costeiro.
Os critérios e fundamentos para a seleção de ferramentas precisas
e quantitativas para prever erosão e inundação costeira não são bem
claros e a escolha de dados necessários para prever a resposta da linha
de costa aos processos dinâmicos atuantes tem gerado muito debate
entre os cientistas (Pendletonet al., 2005).
Contudo, a escolha de um modelo mais adequado a seleção dos
indicadores e sua representação final não é um processo consensual.
Ainda são necessários mais esforços direcionados aos estudos de
modelos espaciais para avaliação de suscetibilidade /vulnerabilidade
costeira para buscar soluções mais adequadas para esses
questionamentos.
Como um esforço para a busca de respostas, esta pesquisa faz
uma revisão sobre a aplicação de modelos espaciais voltados à análise
da suscetibilidade /vulnerabilidade costeira e avalia comparativamente
metodologias anteriormente aplicadas em um mesmo local para a
determinação de suscetibilidade/vulnerabilidade que incluem o Índice de
24

Vulnerabilidade Costeira (CVI), os Geoindicadores e o Mapeamento de


Estabilidade Geomórfica (GSM) ou Smartline.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Caracterizar a produção científica nacional relativa à


determinação da suscetibilidade/vulnerabilidade costeira e avaliar
comparativamente o desempenho de modelos espaciais aplicados em um
mesmo local.

1.1.2 Objetivos Específicos

 Caracterizar a produção nacional relativa à aplicação de


modelos espaciais de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira no
Brasil;
 Comparar criticamente resultados obtidos por diferentes
modelos de análise espacial para uma mesma área de estudo;
 Testar uma metodologia para a validação de modelos de
suscetibilidade induzida baseada nos danos causados por
eventos extremos.
25

2. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação foi estruturada em duas etapas,


apresentadas na forma de capítulos independentes sobre uma mesma
área de conhecimento (Figura 01).
Previamente com uma breve introdução geral sobre a temática em
foco, mostrando de forma interligada a problemática e os objetivos da
pesquisa. Em seguida o referencial teórico referente aos principais
conceitos relacionados a este tema, com o objetivo de permitir uma
melhor compreensão da pesquisa.
No primeiro capítulo foi apresentada uma compilação de estudos
prévios desenvolvidos no Brasil na forma de trabalhos acadêmicos
(TCCs, Dissertações, Teses) e artigos científicos publicados em
periódicos indexados que utilizaram metodologias baseadas em técnicas
de análise espacial para a avaliação da suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira.
O segundo capítulo apresentou uma comparação dos resultados
de modelos espaciais de avaliação de suscetibilidade induzida costeira
aplicados à uma mesma área de estudo, Praia dos Ingleses, Florianópolis
- SC, com a finalidade de identificar as diferenças nos processos
analíticos e produtos de cada modelo. Foi também testada uma
metodologia de validação dos resultados dos modelos baseada nos danos
causados após eventos oceanográficos extremos na praia em questão.
Um novo mapeamento dos níveis de danos da praia foi gerado baseado
nos eventos erosivos ocorridos no ano de 2017.
Depois foram apresentadas discussões e conclusões obtidas pelo
estudo como um todo, buscando, de forma crítica, contribuir para a
disseminação de conhecimento e para oferecer sugestões para a escolha
de modelos e variáveis visando a avaliação da
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira.
Por fim, no escopo dessa pesquisa, estão as referências utilizadas,
uma tabela com as características resumidas dos estudos acadêmicos
(Apêndice A) e outra tabela com a lista e dos artigos nacionais
publicados sobre a temática (Apêndice B).
26

Figura 01 – Estrutura da Dissertação

Avaliação de modelos de
suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira

Revisão Bibliográfica:
Livros
Revistas Científicas
Teses, dissertações, Tcc
e artigos publicados

Revisão sistemática dos Avaliação da


métodos de avaliação de suscetibilidade induzida
suscetibilidade/vulnerabilidade a erosão costeira da
costeira com o uso de modelos praia dos ingleses, santa
espaciais. catarina, brasil

Descrição do
Revisão dos Métodos evento

Mapeamento dos níveis


Compilação de dados de danos erosivos

Análise exploratória dos Comparação dos


trabalhos desenvolvidos modelos espaciais
no Brasil

Cruzamento e
validação dos
modelos com os
mapas de danos
27

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Dentro da temática de suscetibilidade e vulnerabilidade costeira


existe uma diversidade terminológica que muitas vezes pode prejudicar
a compreensão dos objetivos de uma pesquisa. Tanto na literatura em
português quanto em língua inglesa não existe pleno consenso sobre o
emprego de diversos conceitos (Bonetti &Woodroffe, 2017).
Perigos costeiros, erosão e inundação costeira, suscetibilidade e
vulnerabilidade, são alguns dos conceitos que serão discutidos,
considerando o seu potencial emprego na temática desta pesquisa.

3.1 PERIGOS COSTEIROS

A zona costeira representa uma área propensa a processos


naturais periódicos com possibilidade de eventos extremos, como
ciclones extratropicais, marés de tempestades e furacões, além de ser um
ambiente de formação geológica recente com morfologia extremamente
dinâmica. Esses fatores podem desencadear perigos e desastres naturais
sobre as comunidades ali presentes.
Atrelado a isto está a irregularidade de gerenciamento e
planejamento sobre as zonas costeiras, a ocupação desordenada e a
degradação de ambientes que atuam como fatores de proteção como os
manguezais e dunas. Estes fatores aumentam a vulnerabilidade desses
ambientes a perigos costeiros e potencializam desastres naturais.
O termo “perigo” está relacionado a fenômenos físicos, processos
ou fenômenos naturais que podem causar degradação ambiental e danos
às comunidades expostas (ISDR, 2004).
De acordo com Gornitz (1991) perigo costeiro (coastal hazard) é
definido como fenômeno natural que coloca a zona costeira exposta a
riscos de danos e outros efeitos adversos, como por exemplo, subida do
nível de maré, marés de tempestades, ventos e ondas.
De acordo com a UNDP (2004) a definição de perigo seria mais
abrangente, sendo além de um fenômeno, também um processo que
pode ser induzido por ação humana capaz de causar danos.
Os perigos relativos as zonas costeiras são reconhecidos como um
tópico específico na literatura, devido a sua natureza distinta e à
concentração de pessoas expostas a eles (SMALL & NICHOLLS,
2003).
28

3.2 EROSÃO E INUNDAÇÃO COSTEIRA

As inundações costeiras referem-se à sobrelevação do nível do


mar, sobretudo devido à ação de tempestades que geram ondas
extremas.
As inundações costeiras podem ser ocasionadas por eventos de
alta energia como tsunamis ou maremotos, pela elevação do nível do
mar devido à eustasia ou isostasia, e pela maré de tempestade (storm
surge), esta última caracterizada pela sobrelevação do nível do mar
durante eventos de tempestade. A extensão da pista de vento, a duração,
intensidade e direção influenciam diretamente a intensidade de uma
maré de tempestade (RUDORFF et al., 2014).
De acordo com o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais
(RUDORFF et al., 2014) a erosão representa o principal modelador
fisiográfico do planeta. Os processos erosivos modificam a paisagem e
modelam o relevo, podendo acarretar desastres, quando houver
ocupação ou atividade humana nas proximidades.
Os processos erosivos são considerados um dos principais
problemas nas áreas urbanas, devido à velocidade e dimensão que
alcançam e pelos prejuízos que causam, podendo destruir habitações e
obras de infraestrutura (CARVALHO, et al., 2006).
A erosão costeira se caracteriza pelo transporte ou perda de
sedimentos através de processos geomorfológicos, resultante da
complexa interação entre ondas, nível do mar, correntes costeiras,
balanço de sedimentos e geologia (KOMAR, 1983).
Conforme Castro (2003), a erosão marinha nas zonas costeiras é
condicionada pelas características geológicas e topográficas do relevo
costeiro; como a intensidade, duração e sentido dos ventos; pela
intensidade e altura das marés; intensidade e sentido das correntes
marinhas e das ondas; proximidade da foz de rios; e atividades
antrópicas que contribuem para alterar o equilíbrio dinâmico local
(CASTRO, 2003).
Segundo Bird (1993), a erosão costeira representa um problema
mundial, já que cerca de 90% dos litorais de todo o planeta está sofrendo
processo de erosão.
Todo o litoral brasileiro possui praias que sofreram ou sofrem
processos de erosão costeira. Muehe (2001) alerta dos perigos da
ocupação brasileira no litoral, que vem se caracterizando por profunda
alteração e deterioração da paisagem, acarretando prejuízos ambientais e
econômicos.
29

3.3VULNERABILIDADE E SUSCETIBILIDADE

Conceitos como vulnerabilidade e suscetibilidade são utilizados


frequentemente de formas diferentes por diversos autores e às vezes com
terminologias diferentes para caracterizar um mesmo processo.
Vulnerabilidade, segundo Alcántara-Ayala (2002) refere-se à
disposição de um elemento a sofrer perdas ou danos frente a um
determinado fenômeno ou perigo (natural ou induzido pelo homem).
Assim, a vulnerabilidade depende da ameaça de determinado fenômeno
ou perigo natural e de fatores humanos de ordem social, econômica,
política e cultural.
Alguns autores utilizam o termo vulnerabilidade física
(CUTTER, 1996), com significado semelhante à suscetibilidade,
diretamente relacionado a exposição do meio-físico a determinado
perigo. No conceito utilizado pela NOAA (1999), vulnerabilidade
refere-se ao nível de exposição da vida, propriedade e recursos ao
impacto de um perigo.
Para outros autores como Gornitz et al. (1991), o conceito de
vulnerabilidade está relacionado ao conjunto de características físicas
que potencializam ou reduzem a suscetibilidade a um certo perigo. Ou
ainda para Sharples (2006) como grau de exposição de feições
geomorfológicas ou ecológicas aos efeitos causados por perigos.
Já a suscetibilidade corresponde à predisposição de um sistema
ser impactado pela ocorrência de um perigo natural em uma determinada
área, estando associada aos fatores físicos da área em questão, excluindo
fatores sociais (BONETTI et al., 2013).
Dessa forma a suscetibilidade está mais relacionada às
características físicas do ambiente, formas, processos e fenômenos
atuantes direta ou indiretamente no sistema costeiro.
O conceito de sensibilidade, frequentemente utilizado com o
mesmo sentido de suscetibilidade, surgiu com o objetivo de caracterizar
a predisposição de um sistema ser afetado por certa ameaça (BONETTI
& WOODROFFE, 2017). Conceito equivalente à "vulnerabilidade
biofísica" proposto por Cutter (1996), que representa a propensão
natural de um sistema a ser impactado por um perigo (MULER e
BONETTI,2014).
Pode-se ainda considerar a potencialização da suscetibilidade
física natural causada pela presença humana através da implantação de
obras ou intervenções sobre o ambiente costeiro. Tal processo foi
descrito por Bonetti et al., (2018) através do conceito de
susceptibilidade induzida.
30

Independente das terminologias e conceitos utilizados por cada


autor em seus trabalhos, no âmbito desta pesquisa serão adotados os
conceitos de vulnerabilidade propostos por Alcántara-Ayala (2002) para
caracterizar qualquer trabalho analisado que considerasse fatores de
ordem social, econômico, político e/ou cultural. Para suscetibilidade
será utilizado o conceito descrito por Bonetti et a.l (2013) no qual
considera especificamente variáveis físicas do meio e por fim o conceito
de suscetibilidade induzida, de Bonetti et al., (2018) para trabalhos
analisados que utilizaram variáveis físicas e antrópicas como
construções, obras de engenharia, etc., que interferem da dinâmica
natural do ambiente.

3.4 MODELOS ESPACIAIS DE AVALIAÇÃO DE


SUSCETIBILIDADE/VULNERABILIDADE COSTEIRA

Impulsionado pelo aumento do número de desastres naturais na


zona costeira e avanço das tecnologias, o investimento no
desenvolvimento de modelos de avaliação de
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira tem se intensificado, gerando
mapas obtidos através do uso de Sistemas de Informação (GIS) e análise
multivariada assistida por computador (LOICZ, 1995).
De acordo com Soares Filho (2000) a técnica de modelagem
serve para decompor o mundo real em uma serie de sistemas mais
simples visando representar características essenciais de certo domínio.
Os modelos podem ser representados por linguagens matemática, lógica,
gráfica ou física.
Dessa forma, ao longo do processo a realidade pode ser traduzida
para uma série de modelos, percorrendo diversos níveis de abstração até
que se alcance a solução do modelo com auxílio do potencial analítico
de um Sistema de Informações Geográficas (SIG), por exemplo. Tem-se
como saída mapas gerados pelo SIG que serão a solução para a
formulação da questão ou modelo de investigação (SOARES FILHO,
2000).
De acordo com Bonetti et al. (2013) modelos espaciais para
avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira representam uma
abordagem preferencial na identificação de segmentos suscetíveis ou
vulneráveis aos riscos.
Rangel-Buitrago & Anfuso (2015) fazem uma revisão das
metodologias existentes no mundo quanto à avaliação de risco,
indicando uma gama de trabalhos que determinam a
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira através de modelos espaciais e
31

Sistemas de Informações Geográfica, associados geralmente a produção


de um índice final, usando abordagens multivariadas, estatísticas e
modelagem numérica.
Em um ambiente SIG ou de análise multivariada, a aplicação
desta metodologia baseia-se no emprego de certo número de variáveis
relacionadas ao perigo específico analisado e suas interações sobre o
litoral (RANGEL BUITRAGO & ANFUSO, 2015). Como resultado, a
saída principal é geralmente um conjunto de classes codificadas por
cores, permitindo assim que as áreas mais suscetíveis e/ou vulneráveis
sejam mapeadas (Gornitz 1991, LOICZ 1995, Cooper e
McLaughlin1998).
De acordo com Bonetti e Woodroffe (2017) o desenvolvimento
de estudos baseados em SIG vem ganhando aceitação progressivamente
tornando-se habitual na investigação costeira, desde simples usos de
pontos de amostragem até a análise integrada complexa usando redes
neurais artificiais ou algoritmos genéticos.
Cabe ressaltar que todos esses estudos estão relacionados
principalmente ao aumento da tecnologia e dos recursos, como
hardwares e softwares mais especializados e otimizados e pela
disseminação do conhecimento.
Em nível mundial, o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate
Change) foi um dos pioneiros a desenvolver em 1991 a “Metodologia
Comum” para avaliação de vulnerabilidade, concentrando-se nas
avaliações monetárias de áreas vulneráveis, através de uma análise
custo-benefício com a intenção de avaliar a melhor opção de resposta
(IPCC, 1991). Esta abordagem visava fornecer um quadro para a
avaliação de vários componentes da vulnerabilidade, identificando
setores prioritários a nível global, nacional e regional. Resumidamente
as opções que se adequavam a época incluíam: proteção do litoral por
obras de defesa, acomodação de mudanças, retirada de áreas vulneráveis
ou simplesmente o ato de não fazer nada (IPCC, 1992).
Segundo Harvey e Woodroffe (2008) o método apresentava-se
generalizado na identificação de melhores respostas, apresentando
dificuldades na inclusão de escalas temporais além de não levar em
consideração fatores sociais e culturais.
Bonetti e Woodroffe apontam que no início dos anos 90,
simultaneamente às pesquisas do IPCC, Barlett (1993) produziu uma
compilação bibliográfica de pesquisas relacionadas à aplicações SIG na
zona costeira. Essa revisão compreendeu 150 registros no qual pelo
menos 10 trataram temas como erosão , exposição e vulnerabilidade
32

costeira. A maioria destes estudos visava a avaliação e desenvolvimento


de ferramentas para auxiliar na tomada de decisões e planejamento.
Gornitz (1991) apresentou um índice multicritério de
suscetibilidade costeira que permite a avaliação da resposta física
relativa de setores da linha de costa frente a perigos costeiros. Segundo a
autora o CVI – Coastal Vulnerability Index – ou Índice de
Vulnerabilidade Costeira, apesar do termo utilizado por ela, foi
construído para sinalizar setores da praia com alto exposição,
classificando cada variável com base na suscetibilidade relativa.
O índice é determinado através de uma fórmula matemática na
qual se inserem descritores qualitativos e quantitativos, que nela são
expressos após terem sido hierarquizados em graus de suscetibilidade
individualmente – de acordo com seus valores e natureza. Os
componentes individualmente classificados são então sobrepostos no
SIG, e uma atribuição de pesos determina o fator de risco final
(SERAFIM e BONETTI, 2017).
Desde então estudos vem sendo desenvolvidos para avaliação de
ambientes costeiros, com utilização de SIG e modelos espaciais, tanto
com abordagens mais acadêmicas quanto para fins de gerenciamento,
apresentando grande evolução desde a ”Metodologia Comum” do IPCC
e do levantamento bibliográfico de Barlett (1993), além das aplicações
de índices baseados e adaptados do CVI da Gornitz (1991).
Uma abordagem mais detalhada sobre modelos de
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira será apresentada ao longo da
dissertação.
33

4. ESTUDO I: COMPILAÇÃO DE ESTUDOS BASEADOS EM


TÉCNICAS DE ANÁLISE ESPACIAL PARA AVALIAÇÃO DA
SUSCETIBILIDADE/VULNERABILIDADE COSTEIRA NO
BRASIL

A costa Brasileira é uma das mais extensas e populosas do


mundo, concentrando cerca de 45 milhões de habitantes (MMA, 2016),
o que corresponde a aproximadamente um terço da população do país.
Este número tem tendência a aumentar, visto a cultura que se criou de
morar próximo ao mar.
Os sistemas costeiros tendem a ficar mais ameaçados por
impactos potenciais, dadas as alterações promovidas em seu equilíbrio
dinâmico, além do precário planejamento e gestão territorial dos
projetos de expansão da ocupação da zona costeira. Não são raros
exemplos de locais no Brasil onde o crescimento urbano se deu sobre a
duna frontal e zona de pós praia, influenciando diretamente na alteração
do balanço sedimentar, fragilizando essas áreas.
Muitos municípios costeiros já enfrentam problemas de erosão
e/ou inundação costeira, visto que encontram-se em um ambiente
extremamente dinâmico e suscetível ao rápido aporte de energia de
origem marinha ou atmosférica. Nas últimas décadas, o problema tem se
intensificado e, a nível mundial, o número de afetados tem aumentado
(Bonetti e Woodroffe, 2017), trazendo com isso danos ambientais, perda
de serviços ecossistêmicos e prejuízos econômicos para os cidadãos e
poder público.
O problema tem alcançado importância mundial nas últimas
décadas, motivando o desenvolvimento de projetos de pesquisa em todo
o mundo que visam o reconhecimento de setores mais vulneráveis aos
efeitos de perigos costeiros. Em particular, desde o fim da década de
1990 estudos foram propostos com base na aplicação de modelos
espaciais em Sistemas de Informação Geográfica. Podem ser
considerados marcos iniciais nesta abordagem o Índice de
Vulnerabilidade Costeira (CVI, na sigla em inglês) desenvolvido por
Gornitz e Kanciruk (1989), posteriormente revisado por Gornitz (1991)
e a ”Metodologia Comum”, proposta pelo Subgrupo de Gestão Costeira
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC-
CZMS, 1992).
Com o crescente número de pesquisas relacionadas ao tema,
amplas revisões sobre a evolução dos trabalhos de vulnerabilidade física
(aqui entendida como sinônimo de suscetibilidade; Cutter, 1996) e social
da zona costeira foram realizadas por diferentes autores.
34

Rangel-Buitrago e Anfuso (2015) descreveram 45 estudos


diretamente voltados a avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira. Com base neste levantamento os autores identificaram que as
análises são, na maioria dos casos, obtidas por meio de técnicas de
análise espacial em SIG, sendo algumas vezes integradas com análise
estatística multivariada e modelagem numérica (por exemplo, Bonetti et
al., 2013).
Nguyen et al. (2016), por seu turno, descreveram mais de
cinquenta estudos que aplicaram índices de vulnerabilidade, tendo
encontrado grande diversidade e pequena comparabilidade entre os
resultados obtidos pelos diferentes autores, dada a carência de
estratégias voltadas à padronização metodológica e validação dos
resultados.
Austrália, Canadá e Estados Unidos da América foram os países
que se destacaram inicialmente nas pesquisas relativas à análise da
vulnerabilidade da zona costeira (Aboudha e Woodroffe, 2006). Mais
recentemente, embora ainda carente de um levantamento quantitativo,
nota-se o crescente aumento no número de estudos sobre
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira desenvolvidos em países como o
Brasil, Índia e China.
Mais de 40 estudos visando a avaliação de
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com uso de técnicas de análise
espacial foram desenvolvidos nos últimos anos no Brasil, sugerindo uma
tendência de aumento de publicações voltadas ao tema. Todavia, até
agora não foi encontrado uma revisão abrangente das publicações
resultantes dessas investigações.
Nesse sentido, Bonetti e Woodroffe (2017) afirmam ser
necessário direcionar mais esforços para identificar e selecionar modelos
ou estratégias a serem adotados para as diversas situações existentes,
pois mesmo que já tenham sido testados diferentes modelos de dados
geoespaciais (pontos, segmentos, raster, fuzzy), não foram amplamente
discutidas as principais diferenças e semelhanças dos mesmos e nem
qual seria a que melhor representaria cartograficamente para uso prático
em qualquer ambiente costeiro particular.
Problemas na tomada de decisão espacial normalmente envolvem
um grande conjunto de alternativas viáveis e de avaliação múlticritérios,
conflitantes e incomensuráveis (MALCKZEWSKI, 2006).
Pela falta de revisões acerca dos estudos nesta temática no Brasil,
parece oportuno apresentar um diagnóstico sobre o estado da arte das
pesquisas sobre suscetibilidade e vulnerabilidade costeira no país.
Pretende-se, neste trabalho, não apenas propor um panorama dos
35

estudos já desenvolvidos como também quantificar diversas


características dos mesmos.
Tem-se por objetivo responder as seguintes perguntas: como as
pesquisas se distribuem ao longo das diferentes regiões do país? Quais
modelos espaciais são preferencialmente adotados pela comunidade
científica? Quais são as escalas e abrangências mais habituais nos
estudos desenvolvidos? Quais variáveis ou descritores são utilizados
com maior frequência na investigação da suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira?
Espera-se contribuir com um diagnóstico que possa nortear o
desenvolvimento de futuras pesquisas e destacar a capacitação técnico-
científica do Brasil nessa temática.

4.1 METODOLOGIA

A base de dados que alimentou o presente artigo é formada por


estudos acadêmicos, entre teses de doutorado, dissertações de mestrado
e monografias de conclusão de curso de graduação, além de artigos
científicos publicados em revistas indexadas pelo QUALIS/CAPES,
dedicados à avaliação da suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com
base na utilização de modelos espaciais no Brasil. A técnica de busca
aplicada nesta etapa, foi baseada e adaptada da metodologia utilizada
por Malckzewski (2006).
Primeiramente foram elencados, considerando a experiência do
autor dessa dissertação, seu orientador e consulta a colegas da
comunidade acadêmica nacional, os principais pesquisadores do Brasil
dedicados a temática, buscando-se posteriormente os trabalhos e
orientações desenvolvidos nesta linha de pesquisa a partir de consulta
aos seus Currículos Lattes. Complementarmente, foram realizadas
buscas específicas nas páginas das bibliotecas das principais
universidades costeiras do país e nas plataformas: Portal de Periódicos
da CAPES, Web of Science, SciELO, ResearchGate e Google
Acadêmico.
Foram identificados 17 trabalhos de caráter acadêmico, sendo
quatro teses de doutorado, onze dissertações de mestrado e duas
monografias de graduação, além de 37 artigos científicos publicados em
periódicos indexados.
Optou-se, primeiramente, pela análise dos trabalhos acadêmicos
originais, pois habitualmente nestes estão descritos de forma mais
detalhada os procedimentos adotados. Deve-se fazer a ressalva de que
existem inúmeros outros estudos relacionados aos sistemas e processos
36

costeiros, suscetibilidade costeira, vulnerabilidade costeira, erosão e


inundação, entre outros temas. Todavia, este estudo avaliou estritamente
trabalhos que utilizaram modelos espaciais e Sistemas de Informações
Geográficas para a avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira,
finalizados e publicados até o primeiro semestre do ano de 2017.
Da mesma forma, deve ser destacado o fato de que cerca de 20
dos 37 artigos publicados em periódicos aqui identificados são
resultantes dos trabalhos acadêmicos originalmente levantados, o que é
perfeitamente natural no meio científico. Em função disso, essas duas
categorias foram tratadas de modo independente, buscando-se evitar
redundâncias, o que permitiu tanto a análise da inserção acadêmica
quanto da produção formal brasileira na temática. Assim, em um
primeiro momento realizou-se a análise dos trabalhos originais e
posteriormente dos artigos científicos. Também é importante salientar
que os conceitos apresentados seguirão as definições apresentadas no
referencial teórico desta pesquisa e não os conceitos utilizados por cada
autor em seus trabalhos.
Foi então realizada a análise dos trabalhos originais e
posteriormente dos artigos científicos todos em nível nacional.
Além da representação da evolução histórica dos estudos sobre o
tema e sua discriminação por tipo de produção (tese, dissertação,
monografia, artigo), foram resgatadas, desses trabalhos as seguintes
informações, tabuladas e representadas na forma gráfica:
1) Conceito abordado – se o trabalho se dispôs a avaliar a
suscetibilidade, a suscetibilidade induzida ou a vulnerabilidade, de
acordo com as variáveis selecionadas.
2) Região em que foi desenvolvida a pesquisa - adotou-se a
classificação administrativa oficial: Norte, Nordeste, Sudeste e Sul
(naturalmente não foram encontrados trabalhos referentes à região
Centro-Oeste), além de trabalhos de abrangência nacional;
3) Modelo de análise espacial adotado - essa informação
mostrou-se difícil de ser resgatada, pois nem sempre os trabalhos
desenvolvidos se restringiram a reproduzir uma proposta metodológica
única, sendo habitual a combinação de procedimentos previstos
originalmente em modelos distintos. Por exemplo, alguns trabalhos
organizam as variáveis de acordo com o método Smartline, mas as
integram conforme previsto pelo método CVI. Além disso, é comum a
adoção de uma estratégia mais pessoal por parte de alguns autores, não
vinculando a pesquisa a um método consagrado, repousando a
originalidade metodológica da investigação na técnica analítica aplicada
para o cruzamento entre as camadas de informação. Desta forma, na
37

análise aqui apresentada foram integrados os modelos de análise


espacial da vulnerabilidade propriamente ditos, conforme declarado
pelos autores: Geoindicadores (Bush et al., 1999), Índices – quase
sempre adaptados do CVI (Gornitz, 1991), Smartline (Sharples, 2006) e
InVEST (Tallis et al., 2013); técnicas analíticas como a lógica Fuzzy e
álgebra de mapas (ambas brevemente descritas por Bonetti e Woodroffe,
2017); além de trabalhos baseados em observações diretas efetuadas em
campo, sem vínculo a uma esquema analítico mais consagrado.
4) Escala espacial representada pela pesquisa – a abrangência
espacial da pesquisa foi classificada em quatro níveis baseado na
classificação de Barreto et al. (2014): local (praia ou setor de um
município), regional (um ou mais municípios), estadual, nacional ou
ainda multiescalar (quando o trabalho transita entre escalas distintas);
5) Variáveis utilizadas como descritores de vulnerabilidade –
dada a ampla terminologia adotada pelos diversos autores para se referir
aos descritores de vulnerabilidade, procedeu-se inicialmente um esforço
de harmonização. As variáveis identificadas foram então agrupadas em
quatro macro-classes: morfossedimentares, hidrodinâmicas, antrópicas e
meteorológicas.

4.2 RESULTADOS

No Brasil, no âmbito desta dissertação, foram destacados 17


trabalhos originais, entre monografias de conclusão de curso,
dissertações e teses e 37 artigos publicados referentes à utilização de
modelos espaciais para avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira. Todos os estudos são recentes, da última década, mais
precisamente a partir de 2005.
Existem duas técnicas de análise espacial, bem disseminadas na
literatura: as baseadas em trabalho e observações de campo que
englobam métodos que utilizam indicadores; e as baseadas em álgebras
de mapa que permitem gerar índices ou outras formas de processamento.
Dentre os métodos utilizados no Brasil destacam-se o uso de
geoindicadores baseado em Bush (1999), índice multicritério de
vulnerabilidade costeira proposto originalmente por Gornitz (1991) e a
metodologia smartline, adaptada de Sharples (2009), porém percebe-se
que alguns tendem a convergir no final de seus estudos para a geração
de um índice de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira, não
necessariamente o proposto por Gornitz (1991), porém com abordagem
semelhante.
38

Dentre as metodologias destacadas, percebe-se claramente a


diferenças nas estratégias analíticas adotadas, sendo as principais
relacionadas à escala espacial de análise, seleção de variáveis,
classificação e métodos utilizados para combinar indicadores.
Os resultados obtidos apresentam uma breve avaliação e
descrição das principais metodologias utilizadas no Brasil, assim como
uma revisão e compilação dos trabalhos originais e dos artigos
publicados.
Como produto deste levantamento foi gerada uma tabela
resumida com as principais características identificadas de cada trabalho
avaliado nos estudos acadêmicos (Apêndice A) e outra com a referência
completa de todos os artigos identificados (Apêndice B).

4.2.1 Análise dos estudos originais para avaliação da


suscetibilidade/vulnerabilidade costeira no Brasil baseados em
técnicas de análise espacial

De acordo com Figueiredo Filho et al. (2014) o objetivo de uma


síntese de pesquisa deve se concentrar diversos resultados de estudos
diferentes em apenas um trabalho, para então definir a situação atual do
conhecimento sobre determinado problema de pesquisa, possibilitando
consultas objetivas e mais específicas.
Desta forma, o objetivo desta etapa é quantificar e analisar os
estudos desenvolvidos para avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira com utilização de modelos espaciais no Brasil. Além disso,
pretende-se compilar os resultados, identificando padrões relativamente
estáveis a respeito das relações e causalidades, ou seja, coletar,
processar e sintetizar diferentes resultados de pesquisa em um pequeno
número de fatores comuns.
Foram considerados como critérios de avaliação o tipo de
produção científica (natureza das publicações), o objeto ou conceito de
avaliação, o modelo adotado, a distribuição geográfica das produções, a
escala e/ou abrangência do estudo e as variáveis utilizadas.
Identificou-se, a partir das fontes consultadas, 17 trabalhos sobre
o tema, desenvolvidos na forma de teses, dissertações e TCCs. Estes
estudos foram reunidos na figura 02, que mostra a distribuição do
número de publicações por ano. Como se pode observar, todos os
trabalhos são referentes aos últimos 12 anos.
39

Figura 02 – Evolução do número de publicações anuais relacionadas a


avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com uso de modelos
espaciais.

Trabalhos originais por ano


5

0
2005
2006
2007
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004

2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
O primeiro estudo acadêmico nacional identificado foi o de
Rudorff (2005), desenvolvido na forma de um mestrado junto à
Universidade Federal de Santa Catarina. A partir de então, a produção
acadêmica manteve-se estável, apresentando incremento significativo a
partir do ano de 2010, com destaque para o ano de 2014, que possui
quatro produções. Tal ampliação pode ser atribuída à disseminação das
metodologias, sobretudo em publicações internacionais (Rangel-
Buitrago e Anfuso, 2015; Nguyen et al., 2016), que as tornaram mais
conhecidas e impulsionaram uma maior produção acadêmica. Além
disso, pode-se igualmente considerar os avanços das geotecnologias,
barateamento do “hardware”, queda na curva de aprendizagem de
softwares de geoprocessamento (tendo inclusive ganhado força a
presença de Sistemas de Informação Geográfica de código aberto) e a
própria ampliação na disponibilidade de dados no Brasil.
Outro aspecto que pode estar relacionado ao aumento
significativo de trabalhos a partir de 2010 é o registro de um número
expressivo de eventos de sobre-elevação do nível do mar associado à
erosão costeira para a costa brasileira a partir da virada do século sendo
que este ano apresentou coincidentemente, o maior número de registros
no Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD).
40

A figura 03 representa os resultados da classificação dos


trabalhos quanto ao tipo de documento. Pode-se notar o predomínio de
dissertações (11), seguido de teses de doutorado (4), e dos graduação
(2), ainda pouco presentes. Esta distribuição pode estar relacionada ao
nível de complexidade dos estudos, elevado para um TCC, e à
dificuldade de se desenvolver uma pesquisa cuja originalidade não
esteja vinculada exclusivamente à aplicação local da metodologia, o que
pode ser pouco atrativo para um doutorado.

Figura 03 – Gráficos das produções científicas por tipos.

Tipos de produções

2
4

Tese
Dissertação
TCC

11

A análise dos macroconceitos de referência preferencialmente


selecionados para avaliação em trabalhos acadêmicos esta disposta no
gráfico da figura 04. A avaliação da vulnerabilidade mostra-se mais
presente uma vez que envolve tanto a avaliação física quanto social.
Permitindo uma análise mais detalhada com finalidade de identificar
danos e prejuízos de caráter social, econômico, político e cultural, que
interferem de forma mais direta na sociedade.
41

Figura 04 – Gráficos dos macroconceitos de referência

Macroconceito de referência

Suscetibilidade
Suscetibilidade induzida

12 4 Vulnerabilidade

A distribuição espacial dos estudos por regiões do Brasil é


apresentada na figura 05. Percebe-se uma grande concentração de
trabalhos nas regiões Sul (10) e Nordeste (6) do país. A região Sudeste
apresenta apenas um trabalho, e não foi identificado nenhum no Norte.

Figura 05 – Gráficos das produções científicas por regiões geográficas.

Regiões

Norte
6 Nordeste
Sudeste

10 Sul
Geral
1

Maia (2014) apontou a escassez de estudos relacionados ao tema


no Brasil, e já havia destacado que apenas a região sul do país apresenta
um considerável acervo de estudos sobre esta temática. Uma possível
42

explicação para o fato é a concentração de áreas urbanizadas junto ao


litoral sul do país, associada à elevada exposição regional aos agentes
meteorológicos que causam impacto sobre a costa (Rudorff et al., 2014;
Bonetti et al. 2017). Além disso, a região apresenta considerável acervo
de dados e boa organização da Defesa Civil e de instrumentos de gestão
como o Projeto Orla, o que pode ter contribuído para uma maior atenção
a questões dedicados à suscetibilidade/vulnerabilidade costeira.
A figura 06 apresenta os resultados da classificação dos trabalhos
quanto aos modelos e técnicas de análise espacial adotados. Dentre os
preferencialmente utilizados no Brasil destacam-se o uso de
Geoindicadores (4 trabalhos) baseado em Bush (1999), índices
derivados do Índice de Vulnerabilidade Costeira – CVI proposto
originalmente por Gornitz e Kanciruk (1989) (8 trabalhos), e a
metodologia Smartline (formalmente denominada
GeomorphicStabilityMapping – GSM; 4 trabalhos), idealizada por
Sharples (2006).

Figura 06 – Gráficos dos modelos espaciais e técnicas de análise.

Modelos e técnicas de análise

1
Geoindicadores
4
Índices
4
Smartline
Lógica Fuzzy
Álgebra de mapas
Evidências de campo

8 Invest

Embora possa-se reconhecer uma dualidade entre metodologias


baseadas em indicadores versus metodologias baseadas em índices
(Nguyen et al., 2016), notou-se que mais de 50% dos estudos,
independentemente da metodologia de referência utilizada
(Geoindicadores ou Smartline), tendeu a convergir, na combinação das
variáveis selecionadas, para a geração de um índice com abordagem
semelhante à do CVI.
43

Outro aspecto a ser destacado é o fato de que quase 100% dos


autores promoveram sensíveis modificações nas metodologias
originalmente propostas, possivelmente buscando adaptá-las à realidade
geomorfológica local e/ou à disponibilidade de dados.
A metodologia Smartline é recente no Brasil. Possui uma
abordagem não tão disseminada e ainda não tão praticada em níveis
gerais, já que exige uma disponibilidade maior de dados, e mapas pré-
existentes para gerar seus produtos. Todavia, esta metodologia permite
um grande armazenamento e uma rápida captura de informação com
múltiplos atributos ao longo da área de estudo com capacidade de acesso
imediato, sendo muito favorável em casos emergenciais, merecendo por
isso mesmo, um maior aprofundamento para sua disseminação científica
no Brasil.
O InVEST possui apenas um representante nos estudos avaliados,
apesar de ser amplamente utilizado em análises ambientais, por possuir
um módulo específico para avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade
costeira em escala que abrangem grandes áreas (Tallis et al., 2013).
Nas produções acadêmicas, não foram destacadas pelos autores a
vinculação primária das abordagens a técnicas analíticas particulares
(Fuzzy, Álgebra de Mapas, reconhecimento de campo), não havendo
registro de produções nessas categorias (embora em seu
desmembramento na forma de artigos tais especificidades tenham sido
colocadas em evidência, conforme será visto adiante).
Outro aspecto analisado foi a abrangência das áreas estudadas
(Figura 07). Neste quesito, se destacam aplicações em escala regional (8
produções), que podem estar associadas à expectativa de escala de
trabalhos acadêmicos que estivesse associada a problemas práticos
expressivos à atuação das universidades às quais as pesquisas se
encontram vinculadas. Não foi identificado nenhum trabalho acadêmico
de abrangência nacional.
44

Figura 07 – Gráficos das escalas de abrangência por produção científica.

Escalas de abrangência

4
5 Nacional
Estadual
Regional
Local
Multiescalar

Dessa forma os estudos foram avaliados de acordo com a


abrangência da aplicação do modelo de avaliação de
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira ou da própria abrangência da
área de estudos, sendo classificados em quatro categorias: local (litoral
de 1 a 3 praias); regional (litoral de um ou mais municípios); estadual
(litoral do estado) ou nacional (litoral do país). A classificação foi
baseada no estudo de Barreto et al. (2014).
A distribuição representada por cada estratégia de análise está
diretamente relacionada às variáveis utilizadas como entrada do modelo
adotado. Apesar da grande importância na seleção das mesmas,
reconhece-se que a disponibilidade de dados em escala adequada à
pesquisa pode ser um fator determinante em sua escolha.
As variáveis identificadas nos trabalhos representam descritores
de processos físicos (geológico-geomorfológicos, atmosféricos e
oceanográficos) e sociais do ambiente costeiro que, considera-se,
influenciam diretamente na suscetibilidade e vulnerabilidade local.
Esses fatores são passíveis de categorização em níveis que podem ser
quantificados e integrados aos modelos espaciais para avaliação de
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira.
Segundo Mazzer (2007), há um consenso quanto à utilização de
algumas variáveis em trabalhos de suscetibilidade costeira, como: taxa
de variação da linha de costa, altimetria/elevação, energia de onda,
influencia e modificação antrópica. O autor ainda aponta que se deve
proceder a escolha de variáveis a partir do objetivo de estudo, da escala
da análise, características da área e dados disponíveis procurando
45

contemplar os temas: hidrodinâmica, geologia/geomorfologia costeira e


influencias antrópicas. Uma lista adicional de variáveis comumente
utilizadas em índices, e os intervalos de categorização propostos por
diversos autores, é apresentada por Nguyenet al. (2016).
A representação das variáveis utilizadas em todos os trabalhos
acadêmicos selecionados é apresentada na figura 08, onde os dados
representados nos gráficos correspondem ao número de vezes em que as
variáveis foram utilizadas pelo conjunto de autores.
46

Figura 08– Variáveis e indicadores utilizados nos modelos das produções científicas
47

Uma dificuldade encontrada na organização desses dados é a falta


de padronização conceitual entre autores e trabalhos distintos.
Identificou-se também, em alguns trabalhos, variáveis que foram
integradas a outras para serem utilizadas como um único conceito (por
exemplo densidade populacional associada à orientação da linha de
costa para determinar a população exposta).
Foram identificadas um total de 44 variáveis diferentes, utilizadas
126 vezes ao longo dos trabalhos analisados. Sendo as mais presentes
nas pesquisas desenvolvidas: uso e ocupação do pós-praia (8 vezes),
altura de onda (8), ângulo de exposição às ondas (8), presença de
vegetação na duna frontal (6), taxa de variação da linha de costa (6) e
tipo de linha de costa (6).
Conforme informado anteriormente, todas as variáveis
selecionadas como dado de entrada em cada trabalho analisado foram
distribuídas em quatro grandes grupos de acordo com suas
características primárias: morfossedimentares, hidrodinâmicos,
antrópicos e meteorológicos. Os gráficos da figura 08 representam o
número de vezes em que foram utilizadas as variáveis de cada um dos
grupos.
Quanto a esses grupos, de modo geral pode-se reconhecer uma
preferência pelas variáveis de caráter morfossedimentar, seja na
quantidade de variáveis presentes nesse grupo (11) como também no
número de vezes que as mesmas foram utilizadas (64 usos). Em parte,
isso pode decorrer do fato de serem dados mais acessíveis em campo,
mas também por se apresentarem de forma mais perceptível e dinâmica
em campo. O grupo de variáveis hidrodinâmicas é igualmente utilizado
com frequência (32), pouco acima dos de caráter antrópico (23),
adotados tanto como indicadores de exposição humana a um perigo,
quanto como indutores de maior vulnerabilidade física (susceptibilidade
induzida, conforme discutido por Bonetti et al., 2017). Os de caráter
meteorológico são os que apresentaram menor expressão, limitando-se a
quatro ocorrências.

4.2.2 Análise dos artigos publicados sobre avaliação da


suscetibilidade/vulnerabilidade costeira no Brasil baseados em
técnicas de análise espacial

Na mesma linha do tópico anterior, foi efetuada a análise de


artigos científicos publicados em periódicos e anais de eventos. Tal
modalidade apresenta um volume mais expressivo de publicações, por
48

se tratar de um formato de maior visibilidade e internacionalização das


pesquisas para consulta pela comunidade científica.
Foram identificados 37 artigos brasileiros relacionados à
avaliação da suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com base na
utilização de modelos e técnicas de análise espacial. Deve-se lembrar
que diversos desses artigos têm origem nos trabalhos acadêmicos
anteriormente apresentados, em alguns casos desmembrados em dois ou
mais artigos.
Os resultados dos 37 artigos analisados estão reunidos na figura
09, que apresenta a evolução no número de publicações disponíveis.

Figura 09 - Evolução do número de artigos publicados relacionados a


avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira com uso de modelos
espaciais.

Semelhante aos resultados obtidos para a análise dos trabalhos


acadêmicos pode-se traçar a evolução temporal desses artigos, que
igualmente começaram a ser publicados no ano de 2005, sendo o
pioneiro o trabalho de Lins de Barros (2005). Evidenciou-se também um
aumento considerável de artigos publicados a partir de 2010, com leve
declínio nos anos seguintes, tornando a aumentar de forma expressiva
no ano de 2016 (Figura 09).
Como percebido, nos anos anteriores a 2005 não se identificou
registro de artigos publicados com esta temática, isto se deve a uma a
falta até então de tecnologias, acessibilidade a dados e softwares
especializados e disseminação das metodologias, que se tornaram mais
49

conhecidas e utilizadas no Brasil a partir de 2005, impulsionando uma


maior produção científica.
A quantificação dos conceitos de referência selecionados para
avaliação nos artigos publicados esta disposta no gráfico da figura 10.
Existe um equilíbrio entre artigos que avaliaram a suscetibilidade
induzida e artigos que avaliaram a vulnerabilidade. Este fato indica a
direta relação dos estudos com variáveis de ordem antrópica e social.
Destaca-se a importância desses estudos para prevenção e
mitigação de desastres por afetarem direta e indiretamente a sociedade.

Figura 10 – Gráficos dos macroconceitos de referência utilizados nos


artigos.

Por sua vez, no que se refere à distribuição espacial dos artigos ao


longo do país (Fig. 11), observa-se igualmente uma grande concentração
de publicações nas regiões Nordeste (13) e Sul (11), sendo menor no
Sudeste (7) e baixa no Norte (2). Comparativamente aos trabalhos
acadêmicos, é interessante notar que a maior parte dos artigos referentes
à região Nordeste superou os trabalhos publicados no Sul e que o Norte
apresenta produção, ainda que baixa. Foram ainda identificados artigos
de abrangência nacional (4), o que não ocorreu com os estudos
acadêmicos.
50

Figura 11 – Gráfico dos artigos científicos por regiões geográficas

Em relação aos modelos e métodos de avaliação, se observa uma


diversificação maior nas abordagens metodológicas em relação aos
trabalhos acadêmicos anteriormente apresentados. Percebe-se
claramente na figura 12 a ampla preferência pela publicação de
pesquisas baseadas em modelos que utilizam índices (20),
possivelmente tanto devido à facilidade de aplicação e clareza de
procedimentos, quanto pelo fato das análises baseadas em índices serem
a abordagem mais difundida na literatura (Nguyenet al., 2016).

Figura 12 – Gráficos dos modelos espaciais e técnicas de análise dos


artigos
51

Os modelos baseados em trabalhos e observações de campo que


utilizam Geoindicadores também são representativos (8), seguidos da
metodologia Smartline (3). Não foi identificado nenhum artigo que
tenha utilizado o modelo InVEST.
Dos 37 trabalhos analisados, 6 não se alinharam explicitamente a
nenhuma das metodologias anteriormente mencionadas. Nestes, são
destacadas a técnica analítica que sustentou a integração dos descritores:
Lógica Fuzzy (3) ou Álgebra de Mapas (2) ou ainda a análise da
suscetibilidade/vulnerabilidade baseada exclusivamente em evidências
de campo (1 trabalho), de forma desvinculada das metodologias mais
habituais. Os modelos Smartline e de Lógica Fuzzy mostram-se
alternativas bastante interessantes, porém ainda muito recentes no país,
por não serem tão difundidas, os trabalhos acabam mesclando aplicações
de índices para gerar o resultado final.
Seguindo a mesma organização e classificação da abrangência
anteriormente apresentada, a maioria dos artigos adota a escala espacial
local (18 trabalhos) seguido da regional (12), diferentemente dos
trabalhos de natureza acadêmica, que priorizaram a escala regional
(Figura 13). A preferência pela publicação de estudos na escala de uma
praia ou um segmento restrito da linha de costa parece indicar a opção
por um maior controle local da representatividade dos dados, que podem
ser checados com mais facilidade visando corroborar o resultado do
modelo de análise espacial aplicado. Nota-se, ainda, a ocorrência de um
artigo de natureza multiescalar (de caráter mais teórico, não
apresentando um estudo de caso para uma área específica) e de artigos
de abrangência nacional (2).

Figura 13 – Gráficos dos artigos científicos por escalas de abrangência


52

Por fim, a análise das variáveis adotadas em artigos científicos


para a caracterização da suscetibilidade/vulnerabilidade costeira (figura
14) mostra que o número de variáveis é muito maior em relação as
utilizadas nos estudos acadêmicos, uma vez que existe um maior
numero de publicações em formato de artigos. Dessa forma, semelhante
aos estudos acadêmicos ocorre o predomínio das variáveis do grupo
morfossedimentar, com um equilíbrio entre os grupos antrópicos e
hidrodinâmicos e com pouca expressão do grupo meteorológicos. Cabe
ressaltar o destaque exclusivo no grupo hidrodinâmicos para a variável
ondas, sendo utilizada em 22 artigos avaliados. Esta variável
corresponde a compilação de todas as variáveis com características
oceanográficas diretamente relacionada às ondas, como por exemplo
altura significativa de onda, direção e fluxo de energia e exposição às
ondas.
53

Figura 14– Variáveis e indicadores utilizados nos modelos dos artigos


54
55

4.3 DISCUSSÃO

Desde 2005 houve um aumento significativo no número de


estudos baseados em análise espacial que buscaram avaliar a
suscetibilidade ou vulnerabilidade costeira no país. Os mesmos foram
apresentados tanto na forma de trabalhos acadêmicos quanto como
artigos científicos, mostrando uma progressiva expressão nacional na
produção relativa à temática. Os anos com maior produção foram 2010,
2011 e 2016, embora desde 2010 tenha-se registrado ao menos uma
produção na temática.
Este tipo de estudo tem se intensificado graças aos avanços da
tecnologia, da própria disseminação do conhecimento científico e pela
preocupação com o aumento do número de comunidades atingidas por
eventos e desastres nas zonas costeiras, além dos prejuízos econômicos
e de serviços ecossistêmicos.
De qualquer forma, os estudos aplicados no Brasil ainda são
muito recentes e necessitam maior aprofundamento e investimento no
tema, uma vez que a grande quantidade de modelos e variáveis
escolhidas aponta uma deficiência na padronização e às vezes até
possíveis diferenças de resultados para mesmas áreas estudadas, como
será discutido no próximo capítulo. Corroborando com esta ideia,
Bonetti e Woodroffe (2017) destacam que apesar da grande quantidade
de estudos e de modelos espaciais de avaliação da
suscetibilidade/vulnerabilidade costeira, os resultados ainda pecam na
efetiva aplicação em qualquer ambiente costeiro.
É perceptível que a questão de conceituação ainda representa algo
negativo dentro da academia científica para o desenvolvimento das
pesquisas. A grande quantidade de conceitos e as divergências por parte
dos pesquisadores torna-se uma barreira para os avanços da ciência.
Relacionado a temática desta pesquisa as discussões circulam em torno
de três conceitos especificamente, Suscetibilidade, suscetibilidade
induzida e vulnerabilidade.
Os conceitos preferíveis na avaliação foram de vulnerabilidade,
considerando aspectos sociais e de suscetibilidade induzida, com
aspectos físicos com influência de intervenções antrópicas.
Quanto à distribuição desses estudos por região, nota-se que os
mesmos priorizaram as áreas com maior presença de população próximo
à orla, consequentemente as mais afetadas pela ação de eventos
extremos de erosão e inundação costeira.
Embora a definição primária da abrangência espacial dos estudos
tenha possa ter sido determinada principalmente pela disponibilidade de
56

dados, observou-se que estudos acadêmicos priorizaram o


reconhecimento em escala regional, enquanto que artigos indexados
dedicaram-se primariamente à investigação local, por esta escala ser
mais passível de comprovação da representatividade dos resultados.
Dentre os modelos de estratégias de análise espacial adotados é
clara a preferência por técnicas computacionais que utilizem álgebra de
mapas na integração das camadas de dados, com destaque para a
aplicação de índices numéricos (ainda que os dados tenham sido obtidos
e estruturados a partir de propostas diversas da metodologia CVI). No
caso dos artigos, evidenciou-se uma maior presença de propostas que
buscaram destacar aspectos analíticos e que se dedicaram ao teste de
aplicação de técnicas de geoprocessamento.
Os índices de vulnerabilidade podem ajudar a identificar e
priorizar regiões, setores ou grupos populacionais vulneráveis, a nível de
gestão e planejamento mostrando-se uma alternativa bastante prática e
satisfatória (NGUYEN, 2016).
Além disso, esta técnica apresenta maior acessibilidade e
facilidade de aplicação, por ser uma das mais difundidas mundialmente
tanto na comunidade científica como em órgãos gestores e por ser
extremamente compatível com ferramentas de SIG, no qual permite
sobreposição de resultados com outras informações espaciais, além de
gerar como resultado a distribuição espacial em forma de mapas, que
são mais atrativos visualmente.
A análise das variáveis preferencialmente adotadas demonstra a
existência de um amplo leque de elementos considerados pelos autores,
com predominância para os de caráter morfossedimentar. Notou-se,
entretanto a ausência, em praticamente todos os trabalhos consultados,
de uma justificativa para a adoção dessas variáveis, o que sugere ser
esse um tema que deva ser mais bem explorado.
Deve-se reconhecer, por fim, que o esforço de busca aqui
executado, embora exaustivo, não é isento de lacunas, sendo possível (e
até mesmo provável) que algumas publicações não tenham sido
identificadas. Ainda assim, destaca-se que o diagnóstico obtido seja
representativo da produção nacional sobre a temática.
E patente que esse tipo de abordagem tem se intensificado no
país, graças aos avanços da tecnologia, da própria disseminação do
conhecimento científico.
De acordo com esta pesquisa os estudos aplicados no Brasil
tiveram início cerca de uma década após as primeiras investigações
internacionais e, como elas, necessitam de maior investimento em
estratégias de padronização de metodologias, estabelecimento de
57

critérios claros na seleção de variáveis e desenvolvimento de métodos de


validação dos resultados (Bonetti e Woodroffe, 2017).
No presente cenário, a grande diversidade de modelos analíticos e
variáveis selecionadas dificulta a comparabilidade entre diferentes áreas
e a efetiva aplicação dos resultados em ações de manejo costeiro. A
diferença entre escalas, modelos utilizados e variáveis selecionadas gera
certa incompatibilidade na comparação, porém se comparados a danos
reais, é possível identificar variáveis, modelos e escalas mais pertinentes
para avaliação.
Uma das principais críticas desta análise dos trabalhos avaliados,
refere-se a validação das metodologias. A maioria dos estudos não
procurou validar os resultados obtidos, sendo tal procedimento desejável
para refinar ajustes metodológicos, tornar as análises mais criteriosas e
com maior acurácia e precisão dos resultados, além de permitir
padronizar e canalizar esforços e investimentos para os métodos que
mais se aproximem da realidade. Este fato poderia gerar uma maior
integração entre comunidade científica e órgãos gestores.
Neste sentido, o próximo capítulo desta dissertação avaliou o
resultado de diferentes modelos e técnicas de avaliação espacial da
suscetibilidade costeira induzida, aplicados a uma mesma área, no caso a
Praia dos Ingleses, norte da Ilha de Santa Catarina, com a avaliação e
diagnóstico dos danos ocorridos por consecutivos eventos atuais de
erosão costeira, buscou-se confrontar os resultados dos trabalhos
existentes a fim de validá-los.
58
59

5 ESTUDO II: AVALIAÇÃO DA SUSCETIBILIDADE INDUZIDA A


EROSÃO COSTEIRA DA PRAIA DOS INGLESES, SANTA CATARINA,
BRASIL: COMPARAÇÃO DE METODOLOGIAS APLICADAS E
VALIDAÇÃO COM EVENTOS RECENTES

A erosão costeira representa um fenômeno que afeta grande parte


das zonas litorâneas do mundo. Além de se caracterizar como um
ambiente extremamente dinâmico e naturalmente suscetível a eventos de
alta energia, a costa ainda está sujeita às ações antrópicas que interferem
na dinâmica do ambiente e potencializam os efeitos da erosão (KLEIN
et. al., 2016). Ações relacionadas com a intensificação da urbanização,
poluição, degradação dos ecossistemas costeiros e obras de contenção
acentuam e dificultam a recuperação natural desses ambientes, que
passam a causar risco direto a vida humana gerando sérios impactos
econômicos e socais (KLEIN et. al., 2016).
De maneira geral, a erosão costeira se caracteriza pela perda de
sedimentos através de processos geomorfológicos, resultante da
complexa interação entre ondas, nível do mar, correntes costeiras,
balanço de sedimentos e geologia (KOMAR, 1983).
Segundo Komar (1983) praias arenosas estão sujeitas à ação
erosiva e acresciva durante eventos de alta energia e períodos de menor
energia de ondas respectivamente. Sendo assim, praticamente todas as
praias apresentam suscetibilidade à erosão durante eventos de
tempestades tropicais e extratropicais (RUDORFF, 2005).
No estado de Santa Catarina existe um significativo registro de
desastres ambientais associados à erosão e/ou inundação da costa. Um
dos principais motivos refere-se a sua posição geográfica que a
condiciona a sofrer influência de constantes sistemas meteorológicos e
oceanográficos de alta energia.
Simó e Horn Filho (2004) identificaram a ocorrência de dezoito
episódios de ressacas que afetaram o litoral de SC no período entre 1991
a 2001, com destruição de diversas edificações. A praia dos Ingleses, ao
norte da Ilha de Santa Catarina, apresenta evidências erosivas e
edificações sob alto grau de exposição (SIMÓ e HORN FILHO, 2004).
Faraco (2003) também identificou eventos com processos
erosivos bastante significativos na praia nos ingleses nos anos de 2000 e
2001. Segundo pesquisas desenvolvidas por Rudorff (2005), Mussi
(2011), Muler (2012), Serafim (2014) e Baixo (2015) a praia dos
ingleses apresenta nível de suscetibilidade induzida à erosão entre médio
a muito alto.
60

Todavia, não há concordância quanto à setorização dos níveis de


suscetibilidade induzida, variando os limites propostos de autor para
autor, dado o uso de diferentes metodologias e modelos de avaliação,
variáveis selecionadas, bases de dados e forma de integração distinta em
cada estudo. Assim, sem a adoção de alguma estratégia de validação,
não se pode definir qual seria a melhor abordagem metodológica para se
representar a suscetibilidade induzida costeira para uso prático.
Apesar do grande número de trabalhos e modelos espaciais de
avaliação, ainda são limitados os exemplos de aplicação efetiva de
mapeamentos da suscetibilidade e vulnerabilidade costeira sobretudo
devido à ausência de estratégias de validação dos modelos utilizados
(BONETTI e WOODROFFE, 2017). Um dos poucos modos efetivos
para se verificar a representatividade desses mapeamentos é através da
sua comparação com processos erosivos causados por eventos
específicos.
Neste sentido, este capítulo tem como objetivo analisar
comparativamente os modelos de suscetibilidade induzida à erosão
propostos pelos autores anteriormente citados para a praia dos Ingleses,
após a realização de um procedimento de harmonização dos dados
originais quanto à escala, número de classes e forma de representação, e
em seguida confrontá-los com os danos efetivamente ocorridos no local
devido à ação de uma sequência de eventos extremos iniciados em maio
de 2017, como tentativa de validação daqueles modelos espaciais.
61

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS

A praia dos ingleses está localizada a nordeste da ilha de Santa


Catarina, entre as latitudes 27° 24’ 59’’ e 27° 26’ 38’’ sul e longitude
48° 24’ 11’’ e 48° 22’ 14’’ oeste (Figura 15).

Figura 15 – Localização da área de estudos


62

A praia dos ingleses está orientada no sentido sudeste-noroeste,


com forma parabólica, e comprimento de aproximadamente 5 km.
Corresponde a uma praia semi-exposta à incidência das ondas com a
face voltada para nordeste limitando-se nas extremidades por
promontórios rochosos do embasamento cristalino (FARACO, 2003).
O litoral de Santa Catarina, de modo geral, possui regime de
micromarés e pode estar sujeita a frequentes passagens de frentes frias
associadas a ciclones extratropicais que podem gerar ondas de
tempestades, ventos fortes, marés meteorológicas e erosão costeira
(Oliveira et al., 2009; MACHADO et al., 2010).
Como apontado por Rodrigues et al. (2004) o litoral catarinense
é afetado por uma média de 3 a 4 frentes frias por mês de acordo com
dados coletados dos anos de 1990 a 1999 da reanálise do National
Center for Environmental Prediction – National Center for
AtmosphericResearch (NCEP-NCAR).
A passagem de frentes pode influenciar eventos de marés
meteorológicas e ondas de tempestade, ocasionando danos à zona
costeira quando associados a episódios de inundação pela água do mar e
erosão praial, além de ser potencializado na ocorrência de marés
astronômicas de sizígia (SERAFIM, 2014).
A costa sul do Brasil também se mostra suscetível à influência
de ondas altas. A partir de dados analisados por Araujo et al. (2003)
foram caracterizados 5 sistemas de ondas distintos na costa catarinense,
sendo dois deles associados a sistemas frontais com período de 4-5
segundos de nordeste chegando a alcançar 5-7.5 segundos na fase pós-
frontal. De acordo com Rudorff (2005), são presentes em todas as
estações do ano ondas grandes com altura significativa (Hs) maior ou
igual a 4.0 metros.
Segundo Abreu de Castilhos (1995) as ondulações de aguas
profundas dominantes provêm de NE, SE e S, com frequências de
20,5%, 16% e 11% respectivamente.
As maiores alturas de onda na arrebentação da praia dos
Ingleses estão associadas a ondulações provindas de leste, e as menores
de sudeste, segundo observações visuais realizadas por Faraco (1998). O
promontório rochoso na extremidade sul da praia a protege de
ondulações provenientes do quadrante Sul.
A praia dos Ingleses tem um histórico relacionado a eventos
extremos, ressacas e erosão severa que foi destacado por alguns autores.
Faraco (2003) observou em campo, em outubro de 1996 uma forte
“ressaca” que atingiu a praia dos Ingleses, durando alguns dias. Este
evento, associado a ondas de alta energia com maré de sizígia e alto
63

índice de precipitação que saturou o lençol freático, ocasionou erosão


praial e fluvial generalizada na praia, principalmente próximo ao rio
Capivari.
Em outubro de 2001 a praia apresentou seu episódio mais
erosivo, registrado por Faraco (2003) no qual a largura de praia
diminuiu quase 30 metros, causando danos a uma duna embrionária e
parte do terraço dunar. Segundo a autora, a praia já havia sofrido outro
evento erosivo em agosto do mesmo ano, porém menos significativo,
registrando um déficit de 12,95 m³/m, e aumento da largura de praia em
7,52 metros (FARACO, 2003).
Recentemente, nos meses de maio á setembro de 2017 a praia
voltou a sofrer fortes processos erosivos, visualizados e registrados in
loco. Foram eventos consecutivos que atingiram praticamente toda a
praia, não havendo tempo suficiente para a recuperação natural. Os
danos mais significativos foram no setor central e sul da praia (Figura
14).

Figura 16: Registros fotográficos dos eventos erosivos de maio de 2017 – Praia
dos Ingleses/SC

Fonte: Autor
64

5.2 METODOLOGIA

A metodologia deste capítulo foi desenvolvida basicamente em


quatro etapas: descrição dos eventos recentes de erosão e ressaca na
praia dos Ingleses; levantamento e mapeamento dos danos causados
pelos eventos; harmonização gráfica, análise e inter-comparação de
modelos espaciais de avaliação da suscetibilidade induzida da praia dos
Ingleses através de estudos pretéritos e comparação dos resultados dos
modelos com os danos causados pelos últimos eventos.
Assim, primeiramente foi feita uma avaliação e diagnóstico dos
últimos eventos de ressaca e erosão ocorridos na praia nos Ingleses, no
período de maio a setembro de 2017, com a finalidade de identificar as
condições meteorológicas e oceanográficas que condicionaram os danos
na praia e caracterizar os danos ao longo dela.
Para compreender as condições que desencadearam os eventos
erosivos de 2017 foram levantados dados meteorológicos de vento, de
ondas e de marés durante as semanas dos eventos, obtidos através das
plataformas digitais da EPAGRI/CIRAM
(http://ciram.epagri.sc.gov.br/), CPTEC (http://www.cptec.inpe.br/) e
pela página da Internet WindGuru (https://www.windguru.cz/105160).
O levantamento e mapeamento dos danos ocorreu em duas
fases, primeiramente com a obtenção e organização de dados
secundários sobre a praia dos Ingleses, e posteriormente com o
levantamento de dados em campo. Todos os dados foram integrados e
processados no software ArcGIS 10.1 (ESRI).
As atividades de campo foram realizadas em 2 campanhas, a
primeira ocorreu no dia 28 de maio, durante o evento erosivo e a
segunda no dia 16 de outubro, posteriormente a outros dois eventos de
alta energia que causaram mais erosões ao longo da praia. As duas
campanhas, realizadas em um intervalo de praticamente cinco meses,
permitiram verificar a evolução dos danos e o comportamento da praia,
assim como identificar visualmente o grau da capacidade de adaptação
dos afetados durante a ressaca.
Ao todo foram levantados 47 pontos ao longo de toda a praia,
26 no primeiro trabalho de campo e mais 21 novos pontos após os
eventos, com o objetivo de identificar os locais mais afetados. As
coordenadas dos pontos foram determinadas com o auxílio de um GPS
de navegação Garmin, com precisão nominal em torno de 7 a 11m e de
um GPS acoplado a câmera fotográfica Nikon Coolpix P510, que
auxiliou no registro de fotografias para identificar feições e danos
causados em cada ponto por toda a praia. Para cada ponto coletado
65

avaliou-se visualmente in loco e através das fotografias, feições


morfossedimentares que indicavam danos e que foram posteriormente
classificadas.
A partir dos dados de campo foi realizado o mapeamento da
intensidade dos danos registrados para cada campanha, utilizando-se
uma classificação do estágio erosional adaptada de Bush (1999) e
Perinotto et al. (2012).
Diferentemente dos estudos acima citados, foram identificadas
apenas três diferentes classes de danos erosivos por toda a Praia dos
Ingleses, não havendo setores sem danos ou com acresção.
Nesta avaliação optou-se pela escolha das classes para danos
leves, severos e extremos. Os tipos de danos observados representavam
feições observadas in loco, no qual para a classe de danos leves foram
identificados danos com escarpas em dunas, transporte visível de
sedimentos e vegetação levemente danificada. Para a classe com danos
severos, os tipos de danos identificados apresentavam obras de proteção
costeira, estruturas e vegetação danificadas, com presença de raízes
expostas. Por fim para a classe de danos extremos observou-se a
destruição total de infraestruturas, ausência de praia seca e ausência por
destruição de obras de proteção costeira.
Todos os pontos foram plotados em uma tabela, com seu
respectivo número, identificação do registro fotográfico, classe de nível
de dano, código de identificação referente a cada dano observado
associada a uma classe e peso de cada classe (Figura 25).
Cada tipo de dano observado no ponto foi multiplicado pelo
peso da respectiva classe à qual pertencia e depois somado ao valor total
para cada ponto. Criou-se um campo de atributos para cada ponto com o
valor da soma do peso atribuído a cada feição que era observada. Os
valores poderiam variar de 1 a 18 de acordo com as feições
identificadas, sendo 1 o valor mínimo de uma feição da classe de menor
peso e 18 quando eram observadas as presenças de todas as feições para
cada classe.
Os pontos foram classificados de acordo com o método de
classificação de quebra natural (Natural Breaks) ou método de Jenks,
que se baseia na fórmula estatística Otimização de Jenks do software
ArcGIS 10.1. Este método realiza agrupamentos naturais inerentes aos
dados, nos quais as quebras de classes identificam os melhores grupos
com valores semelhantes, maximizando as diferenças entre classes,
fazendo com que classes com valores muito diferentes fiquem em
grupos distintos (ESRI, 2011).
66

O resultado foi transformado em linhas para comparações com


o resultado das avaliações de suscetibilidade induzida dos outros
autores. Esta transformação foi realizada manualmente no software
ArcGis 10.1, realizando a quebra de classe no ponto médio a cada dois
pontos coletados, uma vez que as feições observadas em cada ponto se
prolongavam para além do ponto.
Assim, foram gerados dois mapas de níveis de danos para a
Praia dos Ingleses, um referente a cada campanha realizada.
Para a seleção dos estudos pretéritos de avaliação de
suscetibilidade induzida através de modelos espaciais para a Praia dos
Ingleses, utilizou-se a pesquisa anteriormente realizada no capitulo um.
Foram identificados cinco trabalhos que englobavam a área de interesse
e que utilizaram modelos espaciais e metodologias diferentes para a
avaliação da suscetibilidade induzida, acarretando em resultados
também diferentes.
Nos casos estudados, existem diferenças tanto nos modelos e
metodologias aplicados, quanto nas variáveis selecionadas, nas escalas
de abrangência espacial e nas técnicas de análise. Esses fatores
dificultam uma comparação quantitativa. Dessa forma, optou-se pela
comparação qualitativa, sobrepondo os mapas em camadas e
caracterizando visualmente setores da praia que apresentavam graus de
suscetibilidade induzida diferentes.
Como não houve acesso aos dados brutos dos trabalhos
selecionados, foram utilizados os mapas finais de cada autor, que foram
georreferenciados utilizando como referência uma imagem de satélite
disponibilizada pelo próprio softwareArcGis 10.1, possibilitando a
análise comparativa. Os resultados foram sobrepostos e comparados,
identificando-se setores com graus de suscetibilidade diferentes. Para a
análise espacial também foram calculados a extensão em quilômetros de
setores para cada grau de suscetibilidade e o seu percentual.
Uma das limitações da grande maioria dos modelos espaciais
para avaliação de suscetibilidade induzida da costa refere-se à falta de
metodologia voltada à validação dos estudos. Uma das formas de se
testar o grau de suscetibilidade induzida pode ser através do impacto e
dos danos causados na praia por eventos meteorológicos e
oceanográficos extremos, como ressacas e marés de tempestade. Essa
validação permite testar a confiabilidade ou a proximidade da realidade
dos resultados alcançados pelos modelos avaliados.
Utilizou-se a espacialização dos danos efetivos dos eventos
recentes para a comparação dos resultados dos modelos. Com a
sobreposição das camadas que representavam os danos com as camadas
67

de suscetibilidade induzida obtidas por cada autor, pode-se identificar


qual modelo mais se aproximou dos danos reais locais.
Esta comparação permite uma eventual calibração das
metodologias e a busca por métodos que reflitam a realidade ambiental
de forma mais eficiente, servindo como forma de validação dos mesmos.
Deve-se levar em consideração que o fato de ter ocorrido dano muito
severo em setores de graus de vulnerabilidade não tão alto não invalida
necessariamente o trabalho original, visto que o dano pode ter ocorrido
em um evento com rigor acima do habitual.

5.3 RESULTADOS

5.3.1Descrição do evento (condições meteorológicas)

Os eventos de ressacas mais significativos do ano de 2017


tiveram inicio no mês de maio e se sucederam nos meses de junho,
julho, agosto e setembro com ao menos um evento por mês. Foram
registradas fotografias e coletadas informações meteorológicas de
eventos ocorridos nos meses de maio (Figura 15), agosto (Figura 17) e
setembro (Figura 19), para avaliação.
Através das análises das cartas sinóticas da semana do primeiro
evento avaliado (Figura 15), percebe-se a formação de um sistema
frontal estacionário no litoral de SC a partir do dia 26 de maio se
consolidando no dia 28 de maio. Também é perceptível a presença de
um anticiclone pós-frontal com centro de 1028 hPa na retaguarda do
sistema. A partir do dia 29 o sistema de desenvolve para uma célula de
baixa pressão no Rio Grande do Sul se deslocando para o Atlântico Sul
no dia seguinte.

Figura 17: Cartas sinóticas referentes aos dias 26 ao dia 28 de maio.

Fonte: CPTEC
68

Segundo WindGuru, a partir do dia 24 os ventos eram de norte


com ondulação predominante de leste, ondulação para a qual a praia dos
Ingleses é mais exposta (Figura 16). Segundo os dados do
INPE/CPTEC, para todo o Brasil, no dia 24 de maio a ondulação
chegava de sudeste com altura significativa de 1 a 2 metros, aumentando
a partir do dia 28, enquanto que a ondulação prevista pelo WindGuru
chegavam a 2,4 metros.

Figura 18: Tabela com velocidade e direção do vento e tamanho e


direção das ondas do mês de maio.

Fonte: WindGuru

Em meados de agosto, por volta da semana do dia 15, outro


evento de ressaca significativo atingiu algumas praias da Ilha de Santa
Catarina mais uma vez com danos significativos à Praia dos Ingleses.
A análise das cartas sinóticas dos dias 15 e 16 de agosto (Figura
17) se apresentam semelhantes ao evento ocorrido em maio, com a
presença de dois anticiclones ao sul da América do Sul com a formação
de uma frente estacionária no dia 16 próximo ao Uruguai. Também
existe a presença de uma frente fria atuando nas proximidades de 50º W,
esses sistemas são favorecidos por correntes de jatos.
69

Figura 19 – Cartas sinóticas referentes aos dias 15 e 16 de agosto.

Fonte: CPTEC

Em relação às ondas e ao vento, de acordo com a previsão do


WindGuru, percebe-se o predomínio de ondas provenientes do
quadrante leste (Figura 18), assim como registrado no primeiro evento,
com altura significativa de até 4 metros nos dias 14 e 21 de agosto. Em
média a ondulação estava menor do que no primeiro evento, mas por ter
ocorrido menos de três meses após o primeiro evento, não houve tempo
suficiente para a recuperação natural da praia, que já estava fragilizada.

Figura 20: Tabela com velocidade e direção do vento e tamanho e direção das
ondas do mês de agosto.

Fonte: WindGuru

No mês de setembro outro evento tornou a ocorrer causando


estragos em maior número de praias na Ilha de Santa Catarina. Foram
registrados danos e declarado estado de calamidade pelo poder público
para as praias do Morro das Pedras, Barra da Lagoa, dos Ingleses,
70

Brava, Canasvieiras e até em Jurerê, que fica localizada em uma área


mais abrigada.
Através da análise sinótica, das cartas de superfícies dos dias 16
a 18 de setembro (Figura 19), observa-se mais uma vez um sistema
frontal com ramo estacionário sobre o Estado de Santa Catarina e
Oceano Atlântico, além da presença de outros sistemas frontais mais ao
sul.

Figura 21 – Cartas sinóticas referentes aos dias 16,17 e 18 de setembro.

Fonte: CPTEC

Em relação às informações oceanográficas, de acordo com o site


de previsão de ondas WindGuru, pode-se perceber ondulações em torno
de 2 metros ao longo da semana do dia 16 ao dia 23 de setembro, com
direção predominantemente de Leste como também registrado nos
outros eventos (Figura 20).
Dessa forma, pode-se destacar que predominaram ondulações
provenientes de leste, justamente as que incidem mais diretamente na
praia dos Ingleses. Com relação à direção do vento, se analisado mais
detalhadamente, pode-se perceber uma concordância das maiores
ondulações com incidência de vento do quadrante sul, responsáveis pelo
empilhamento das águas marinhas contra a costa.
71

Figura 22: Tabela com velocidade e direção do vento e tamanho e direção das
ondas do mês de setembro.

Fonte: WindGuru

A coleta dessas informações permitiu caracterizar o evento


extremo que desencadeou o processo erosivo na praia nos Ingleses e
identificar as condições meteorológicas e oceanográficas mais
suscetíveis a estes processos.

5.3.2 Mapeamento dos danos causados pelos eventos

Com os dados do reconhecimento de campo (Figura 23) foi


realizado o mapeamento da intensidade dos danos ocorridos. Para
realizar a classificação das feições observadas em campo para cada
ponto coletado foi gerado uma tabela de descritores apresentada na
figura 24.
72

Figura 23 – Distribuição dos pontos coletados em campo após as duas


campanhas.

Fonte: Autor

Cabe destacar que de acordo com MMA (2016) toda a praia se


encontra em estágio de erosão, não existindo acresção em nenhum setor
73

e também que os danos foram bastante significativos ao longo de toda


praia, porém com maior destaque nas áreas ocupadas, como observado
em campo.
Os indicadores relacionados à “erosão extrema” estão
diretamente associados a danos a estruturas antrópicas, que apontam
uma maior predisposição (e/ou propensão à ocorrência) de danos
diretamente relacionados à ocupação urbana, enquanto que aqueles
associados à classe “erosão leve” estão mais associados a ambientes
naturais e danos aos ecossistemas (Figura 24).
Entretanto, vale ressaltar que a erosão leve não caracteriza áreas
pouco preocupantes, uma vez que pode representar perdas significativas
de serviços ecossistêmicos e que se houvesse ocupações antrópicas
nessas áreas elas estariam comprometidas e sofreriam danos graves
também, podendo até se enquadrar na classe “erosão extrema”. Dessa
forma, destaca-se a necessidade de preservação de áreas naturais, de
dunas e vegetação de restinga no pós-praia.
Também é importante salientar que a presença de estruturas de
contenção, por vezes, “camuflam” o real estado erosional devido ao
elevado grau de adaptação das estruturas, quando comparadas a
estruturas não adaptadas.
Os dados brutos coletados em campo foram plotados em uma
tabela (Figura 25) com as informações referentes as feições, ou tipos de
danos identificados em cada ponto, a classe em que esta feição se
enquadrava e o peso atribuído a ele e a pontuação final.
74

Figura 24: Indicadores utilizados para classificação do estado erosional das praias
75

Ponto Campo 01 Foto Identificação do tipo de dano Classe weight Score Campo 02 Foto Identificação do tipo de dano Classe weight Score
1 DSCN4582_PT08 2.1;2.2 Severa 2 4 DSCN5174.JPG; DSCN0210; DSCN5172 2.2; 2.1 Severa 2 4
2 DSCN4575_PT06 2.1;2.2 Severa 2 4 DSCN0207
3 DSCN4554_PT04 3.1; 3.2 Leve 1 2 DSCN5171 3.2; 3.3 Leve 1 2
4 DSCN4548_PT05 3.1; 2.2; 1.2 Extrema 3 1; 2; 3 DSCN5170 3.1; 2.2; 1.2 Extrema 3 1; 2; 3
5 DSCN4533_PT01 2.1; 2.2; 1.2 Extrema 3 4; 3 DSCN5168; DSCN5178 2.1; 2.2; 1.2 Extrema 3 4; 3
6 DSCN4537_PT02 2.2; 1.1; 1.3 Extrema 3 2; 6 DSCN0222; DSCN0223 2.2; 1.1; 1.3 Extrema 3 2; 6
7 DSCN4541_PT03 2.1; 2.2; 1.1; 1.2 Extrema 3 4; 3 DSCN0224; DSCN5181 2.1; 2.2; 1.1; 1.2 Extrema 3 4; 6
8 DSCN0231 1.1; 1.2 Extrema 3 6
9 DSCN4607_PT11 2.1; 2.2; 1.2 Extrema 3 4; 3 DSCN0238; DSCN5187 2.1; 2.2; 1.2 Extrema 3 4; 3
10 DSCN4611_PT13; DSCN4616_PT14 1.1; 1.2; 1.3 Extrema 3 9 DSCN5194; DSCN5197 1.1; 1.2; 1.3 Extrema 3 9
11 DSCN0259 1.1; 1.2; 1.3 Extrema 3 9
12 DSCN5204 1.1; 1.2; 1.3 Extrema 3 9
13 DSCN0347 1.1; 1.2; 1.3 Extrema 3 9
14 DSCN0273 2.2; 2.3; 1.2 Extrema 3 4; 3
15 DSCN4620_PT15; DSCN4626_PT15 1.1; 1.2; 1.3 Extrema 3 9 DSCN5207; DSCN5208 2.1; 1.2 Extrema 3 2; 3
16 DSCN4633_PT16 2.1; 1.2 Extrema 3 2; 3 DSCN0286 1.2; 1.3 Extrema 3 6
17 DSCN4633_PT16 2.1; 1.2 Extrema 3 2; 3 DSCN0286 1.2; 1.3 Extrema 3 6
18 DSCN0293 2.2; 2.3; 1.2 Extrema 3 4; 3
19 DSCN4637_PT17 3.3 Leve 1 1 DSCN0296; DSCN5209 2.1; 2.2 Severa 2 4
20 DSCN4637_PT17 3.3 Leve 1 1 DSCN0296; DSCN5209 2.1; 2.2 Severa 2 4
21 DSCN4641_PT18 2.3; 1.1; 1.2 Extrema 3 2; 6 DSCN5211 2.1; 1.2* Severa 2 2; 3
22 DSCN0304 3.1; 3.3 Leve 1 2
23 DSCN4646_PT21 3.2 Leve 1 1 DSCN5218 3.2; 2.1; 2.2 Severa 2 1; 4
24 DSCN4644_PT20 2.2 severa 2 2 DSCN0319 2.2; 1.2* Severa 2 2; 3
25 DSCN4656_PT22; DSCN4642_PT22 3.1; 3.2 Leve 1 2 DSCN5220; DSCN5221 3.1; 3.2; 3.3 Leve 1 3
26 DSCN4659_PT23 3.2; 3.3 Leve 1 2 DSCN5224; 3.2; 3.3 Leve 1 2
27 DSCN4661_PT24 3.1; 3.2; 3.3 Leve 1 3 DSCN5225; DSCN5226 3.1; 2.3; 1.2* Severa 2 1; 2; 3
28 DSCN4670_PT25; DSCN4674_PT25 3.2; 3.3 Leve 1 2 DSCN0363; DSCN0364 3.2; 3.3 Leve 1 2
29 DSCN0368; DSCN5232; DSCN0367 2.1; 2.2; 1.2* severa 2 4; 3
30 DSCN0372 3.2; 3.3 Leve 1 2
31 DSCN5233 3.2 Leve 1 1
32 DSCN0380 2.3; 1.2 Severa 2 2; 3
33 DSCN5238 2.1; 1.1; 1.2 Extrema 3 2; 6
34 DSCN5239 2.1; 1.2 Severa 2 2; 3
35 DSCN4676_PT26 3.1; 3.2; 3.3 Leve 1 3 DSCN5242; DSCN0390 3.2; 3.3 Leve 1 2
36 DSCN4684_PT27; DSCN4685_PT27 3.2 Leve 1 1 DSCN5243; DSCN0392; DSCN0399 3.1; 3.2 Leve 1 2
37 DSCN0400 3.1; 3.2 Leve 1 2
38 DSCN4701_PT28; DSCN4711_PT28 3.1; 3.2 Leve 1 2 DSCN5253; DSCN5250 3.1; 3.2; 3.2 Leve 1 3
39 DSCN0404 3.1; 3.2; 3.3; 1.2* Leve 1 3; 3
40 DSCN0406 3.1; 3.2; 3.3 Leve 1 3
41 DSCN5255 3.2; 2.2 Severa 2 1; 2
42 DSCN0435 3.1; 3.2; 3.3; 1.2* Leve 1 3; 3
43 DSCN0411 3.1; 3.2; 3.3 Leve 1 3
44 DSCN0412 3.1; 3.2; 3.3; 1.2* Leve 1 3; 3
45 DSCN4721_PT29; DSCN4747_PT29 3.2; 2.2 Severa 2 1;2 DSCN5258; DSCN5259 3.1; 3.2; 2.2 Severa 2 2; 2
46 DSCN5261 3.1; 3.2; 3.3 Leve 1 3
47 DSCN4737_PT30; DSCN4740_PT30 3.1; 3.2 Leve 1 2 DSCN5263; DSCN5265; DSCN0423 1.2 Extrema 3 3
76
77

Os resultados obtidos com a classificação de Jenks no ArcGIS


são representados por dois mapas (Figuras 26, 27) do estado erosional
da praia pós-eventos extremos que servirão como base para comparação
e validação dos modelos espaciais de suscetibilidade induzida aplicados
à praia.
Como mencionado anteriormente, toda a praia encontrava-se
em estado de erosão após os eventos, sendo o setor sul o mais afetado,
em ambas as campanhas, com maior porcentagem da classe erosão
“extrema”. Salienta-se mais uma vez que esta é onde se encontra a
maior taxa de ocupação urbana da praia, em contraposição ao setor norte
que possui menor influencia antrópica, mas cujos ecossistemas também
sofreram danos, representados pela classe “erosão leve”.
78

Figura 26 – Mapeamento da intensidade de danos da primeira campanha.


79

Figura 27 – Mapeamento da intensidade de danos da segunda campanha


80

Da campanha 1 para a 2 houve um aumento perceptível de


estruturas danificadas, representadas pelos setores com níveis de danos
da classe “erosão severa”, sendo que áreas com estruturas antrópicas que
não foram atingidas após o primeiro evento, foram danificadas após a
sucessão de outros eventos.
Em contrapartida, percebe-se uma diminuição do percentual de
áreas com danos pertencentes à classe “erosão extrema”, apesar de
alguns setores que não se enquadravam nessa classe agora apresentarem
danos erosivos extremos. Esta diminuição esta relacionada à alta
capacidade adaptativa de alguns proprietários atingidos, que
conseguiram se recuperar rapidamente dos danos após o primeiro
evento. Tal fato chama atenção para a importância, nos estudos sobre
vulnerabilidade costeira, de se considerar também a capacidade
adaptativa das populações, que podem fazer frente aos danos até um
determinado grau e contribuir para a diminuição da vulnerabilidade
local (SERAFIM e BONETTI, 2017).
Também é importante destacar que em ambos os mapas
percebe-se uma grande porcentagem de setores da classe “erosão leve” e
que este fato esta relacionado a um maior número de áreas sem
ocupação urbana.

5.3.3 Comparação dos resultados

O mapa abaixo (figura 25) apresenta a compilação dos resultados


de avaliação de suscetibilidade induzida alcançados pelos diferentes
autores para a praia dos Ingleses.
Além da comparação visual entre os resultados, também
calculou-se o percentual dos trechos da praia para cada classe de
vulnerabilidade, a fim de se ter uma comparação mais quantitativa.
Percebe-se que em praticamente 100% dos casos o setor sul
apresenta um trecho comum de suscetibilidade induzida classificada
como alta e nos setor mais ao norte destacam-se mais áreas com graus
de suscetibilidade induzida entre médio a alto. Porém a parte central da
praia apresenta diferenças entre os trabalhos avaliados, com graus de
suscetibilidade induzida variando de médio a muito alto para um mesmo
trecho.
81

Figura 28 – Comparação dos resultados dos estudos pretéritos


82

5.3.4 Validação dos modelos

Em comparação entre o mapeamento dos danos causados pelos


eventos de 2017 com os mapas já existentes de suscetibilidade induzida
costeira para a praia dos Ingleses, podemos perceber maior
compatibilidade na sobreposição com o trabalho de Rudorff (2005),
após o primeiro evento avaliado, no qual foram utilizados
geoindicadores. O setor sul da praia foi onde obteve-se maior
proximidade da suscetibilidade induzida proposta com os danos reais. Já
o mapeamento realizado após a segunda campanha, no qual a praia
sofreu outro processo erosivo sem que pudesse ter se recuperado do
primeiro, teve mais sobreposição em comum com a proposta de Muler
(2012), como observado na figura 29 e 30.
Este proposta de validação consiste apenas da comparação visual
entre as proposta setorizadas em graus de suscetibilidade induzida pelos
autores dos estudos pretéritos para praia com o mapeamento dos danos
provenientes dos últimos eventos erosivos da Praia dos Ingleses. Caba
ressaltar que o evento possui características específicas e que não
necessariamente condizem com as condições atmosféricas,
oceanográficas e temporais dos trabalhos avaliados.
Para futuros estudos, mostra-se interessante realizar uma análise
espacial e estatística mais detalhada para uma comparação e validação
mais quantitativa dos resultados.
De modo geral, o setor mais atingido com danos erosivos
correspondeu ao setor onde a maioria dos autores identificou uma área
com alto grau de suscetibilidade induzida, fato que não descarta os
resultados obtidos nos levantamentos de cada autor.
83

Figura 29 – Tentativa de validação dos resultados dos estudos pretéritos com o mapa de danos da campanha 01
84

Figura 30 – Tentativa de validação dos resultados dos estudos pretéritos com o mapa de danos da campanha 02
85

5.4 DISCUSSÃO

Como observado ao longo desta pesquisa, existe uma gama de


metodologias e técnicas espaciais, CVI, geoindicadores, metodologia
smartline, lógica fuzzy dentre outras, para se avaliar a suscetibilidade
induzida costeira à erosão. Estes estudos têm se intensificado nos
últimos anos devido à maior disponibilidade tecnológica, disseminação
do conhecimento científico, e principalmente ao crescente impacto dos
desastres relacionados à zona costeira que atingem um número cada vez
maior de pessoas.
Este fato tem gerado alguns questionamentos sobre a real
aplicabilidade das diversas metodologias voltadas ao reconhecimento de
setores costeiros mais suscetíveis aos efeitos de eventos extremos. Isso
porque, como destacado neste estudo, pelo menos quatro modelos
apresentados em quatro trabalhos diferentes geraram resultados
diferentes para uma mesma área e até mesmo para um mesmo setor de
uma praia. Isto se deve principalmente a escolha de variáveis diferentes
para compor os modelos, nas próprias formas de integração dessas
variáveis dentro dos modelos, como também pela diferença nas escalas
na aplicação. Isto gera incertezas e dificulta a aplicação dos resultados
em ações efetivas voltadas à gestão.
Neste sentido, uma das maiores críticas aos modelos espaciais de
avaliação de suscetibilidade induzida costeira, é a falta de metodologias
capazes de comparar e validar os modelos com os danos reais causados
por eventos extremos que um setor costeiro pode sofrer. Metodologias
de validação trariam maior confiabilidade aos modelos.
A proposta apresentada neste capítulo ilustra a variabilidade dos
resultados que podem ser obtidos a partir de diferentes modelos de
suscetibilidade induzida e testa uma forma de validação baseada na
análise dos danos causados por um evento.
A descrição dos eventos e o mapeamento dos danos permitiu
identificar as condições meteorológicas e oceanográficas que
desencadearam os principais processos erosivos na praia e as principais
feições alteradas. Isto contribui para identificar variáveis e processos
importantes para uma adequada avaliação da suscetibilidade induzida
costeira local, como também prevenir futuros desastres através da gestão
das áreas identificadas como críticas.
A caracterização meteorológica e oceanográfica que
desencadeou os processos erosivos na praia nos Ingleses indicou que um
mesmo sistema frontal estacionário esteve presente em todos os eventos
ocorridos.
86

A análise se baseou em previsões, que portanto não são dados


medidos. Porém, ainda assim permitiram realizar uma avaliação
preliminar adequada, uma vez que em todos os casos as previsões
apresentaram características comuns, tendo havido predomínio de
ondulações provenientes de leste, que é a direção de ondulação que
incide mais diretamente sobre a praia dos Ingleses.
Segundo as previsões para as datas dos respectivos eventos,
ocorreram vagas entre 2 a 4 metros e ventos predominantemente do
quadrante norte. Além disso, eventos meteorológicos de alta
intensidade, como frentes frias e presença de anticiclones no oceano
Atlântico potencializaram os eventos erosivos ocorridos no ano de 2017
na área de estudo.
No mapeamento gerado para as duas datas distintas percebe-se a
evolução dos danos na praia ao longo dos eventos erosivos. Como foram
eventos ocorridos sucessivamente em menos de três meses de intervalo,
não houve tempo suficiente para o ecossistema se restabelecer, o que
incorreu no aumento das áreas afetadas. Não foram levantados dados
sobre volume e largura de praia, mas foi perceptível a redução
significativa que houve ao longo desses meses.
De maneira geral, através da análise espacial dos dois mapas
gerados percebe-se claramente que o setor sul da praia, onde há um
maior adensamento de ocupação urbana próxima à linha d’água e sobre
as dunas, representa o setor com maiores danos a estruturas antrópicas,
com menor faixa de areia e consequentemente associado à classe de
danos extremos. Essa ocupação influencia diretamente o balanço
sedimentar local, fazendo com que haja muita retirada de sedimentos
durante eventos erosivos sem reposição no “pós-evento”.
É interessante notar que este setor da praia foi ocupado
originalmente pela comunidade por ser o local mais protegido da ação
de ondas ao longo do arco praial. Realmente o trecho sul da praia dos
Ingleses é um local protegido das ondulações de sul que são as de maior
energia na Ilha de Santa Catarina (MULER e BONETTI, 2014). Porém
o local não está protegido de ondulações de outras direções como as de
leste e nordeste. A ocupação intensa sobre as dunas afetou o balanço
sedimentar, gerando uma suscetibilidade induzida no local, o que, como
consequência acabou fazer com que o setor fosse o mais danificado após
os eventos ocorridos no ano de 2017.
No levantamento de campo realizado, em ambas as datas,
percebemos que a classe predominante foi a relacionada a danos
erosivos leves, por não afetarem estruturas físicas antrópicas, como
casas e restaurantes. Todavia o dano ao ecossistema foi visível, apesar
87

da praia ainda apresentar área significativa com presença de dunas e


vegetação de restinga no pós-praia, principalmente do centro para o
norte.
Do primeiro mapeamento para o segundo percebe-se o aumento
da classe de danos severos principalmente no meio da praia e a evolução
de algumas áreas classificadas por danos severos para extremo, porém
com uma leve redução percentual da classe de danos extremos,
principalmente devido à capacidade de recuperação de vários dos
proprietários atingidos, uma vez que algumas áreas atingidas no
primeiro evento já haviam sido recuperadas e protegidas após a segunda
campanha.
Quanto aos estudos pretéritos de avaliação de suscetibilidade
induzida costeira na praia dos Ingleses, de modo geral, todos os modelos
dos diferentes autores avaliados apresentaram resultados semelhantes,
levando em consideração principalmente que as escalas eram diferentes,
assim como os próprios modelos, as variáveis, as formas de
representação e até mesmo as classes de graus de suscetibilidade
induzida.
Depois de ajustados e georreferenciadas foi possível sobrepor os
produtos originais a fim de comparar visualmente os resultados de cada
autor. Em todos os autores, só foram encontradas até três classes de
suscetibilidade induzida para a praia dos Ingleses, de moderada até
muito alta. No setor sul da praia houve mais convergência dos resultados
enquanto que em partes do setor norte as classificações foram
divergentes entre os autores.
Não é possível afirmar que um modelo seja globalmente melhor
do que outro para avaliação de suscetibilidade induzida costeira, pois é
necessário avaliar cada área com suas especificidades. A escolha do
modelo deverá levar em conta os objetivos da avaliação, as escalas
envolvidas, a disponibilidade de dados, o propósito da aplicação, as
variáveis selecionadas as formas de representação, entre outros fatores.
Para permitir maior representatividade dos resultados dos modelos,
sugere-se buscar ferramentas de validação para testá-los e comprovar
seus resultados.
A estratégia de validação proposta neste estudo baseada no
mapeamento dos níveis de danos causados por eventos erosivos permitiu
comparara suscetibilidade induzida definida pelos modelos com os
locais que foram efetivamente atingidos. Ainda é uma metodologia que
pode ser aperfeiçoada e mais detalhada, porém que atende bem as
expectativas e os objetivos desta pesquisa.
88

Os modelos que mais se aproximaram dos danos reais na praia


dos ingleses foram os de Rudorff (2005), que utilizou Geoindicadores,
no levantamento efetuado logo após a ocorrência do primeiro evento e o
de Muler (2012), utilizando o CVI, em relação aos resultados da
segunda campanha.
A partir deste trabalho, podem-se avaliar detalhadamente as
variáveis utilizadas nestes modelos que mais se aproximaram com as
próprias características descritas do evento para realizar mais testes
metodológicos, tentando alcançar maior proximidade aos mapeamentos
gerados pelos eventos registrados.
89

6. CONCLUSÕES

A compilação dos estudos pretéritos e a análise de suas


características se mostraram satisfatórias para a indicação das principais
referências e conteúdos desta temática, além de identificar a atual
situação do conhecimento científico no país.
Pode-se perceber a evolução significativa no número de estudos
de avaliação de suscetibilidade/vulnerabilidade costeira baseados em
análise espacial a partir de 2005. Tanto trabalhos acadêmicos como
artigos científicos ganharam mais expressão nacional na última década,
sendo os anos com maior produção 2010, 2011 e 2016, embora desde
2010 tenha-se registrado sempre ao menos uma produção na temática.
Este número deve aumentar a cada ano, devido ao avanço das
geotecnologias e da disseminação do conhecimento científico.
Em relação aos modelos e estratégias de análise espacial, é nítida
a preferência por técnicas computacionais que utilizem álgebra de
mapas na integração das camadas de dados, com destaque para a
aplicação de índices numéricos baseados na proposta inicial do CVI de
Gornitz (1989). Apesar disso, técnicas menos difundidas nacionalmente
como a metodologia Smartline e o uso da Lógica Difusa aparecem como
alternativas que possam ser abordadas futuramente.
O grande número de metodologias e modelos espaciais de
avaliação prejudicam a efetiva aplicação dos resultados no manejo
costeiro, além disso, como crítica dos modelos espaciais destaca-se a
falta de metodologias de validação com a finalidade de verificar a
representatividade desses produtos. A falta de metodologias se deve ao
fato de que para confirmar a suscetibilidade/vulnerabilidade local
necessita-se identificar danos ocorridos após um evento erosivo.
Segundo que os danos causados serão consequência de um único evento
com condições específicas, além do que cada praia responde de uma
maneira particular a cada evento condicionante. Além disso, devem ser
considerados os problemas relacionados a incompatibilidade de
variáveis utilizadas e da própria conceituação avaliada por cada
trabalho.
Sendo assim, o segundo capítulo deste estudo testou uma
proposta de comparação e validação de modelos espaciais,
confrontando-os com mapeamento de danos reais causados por
processos erosivos extremos recentes na Praia dos Ingleses. A
comparação dos mapeamentos resultantes de análise espacial com
processos erosivos causados por eventos específicos permitiu que se
verificasse a representatividade e proximidade com a realidade dos
90

produtos dos modelos espaciais de avaliação de suscetibilidade induzida


costeira.
Os modelos que mais se aproximaram dos danos reais na praia
dos ingleses foram os de Rudorff (2005) com os danos causados pelo
primeiro evento erosivo, e o de Muler (2012) com os danos após
sucessivos eventos erosivos.
O uso de geoindicadores possibilita avaliar de maneira fiel a
suscetibilidade induzida local através de feições observadas in loco, mas
pode variar muito dependendo da escala temporal dos registros
(BONETTI et al., 2018). O uso do CVI continua sendo uma
metodologia prática, com uso de variáveis com maior disponibilidade e
que representam de maneira satisfatória a suscetibilidade induzida local.
É importante destacar que na validação realizada ambos os modelos se
sobressaíram como os que mais apresentaram semelhanças com os
danos efetivamente verificados na praia dos Ingleses.
Desta forma, a validação dos modelos de suscetibilidade induzida
através do mapeamento dos danos reais causados por eventos extremos
permite, através do filtro de variáveis mais pertinentes frente aos
eventos que desencadearam os processos erosivos na praia, refinar
resultados anteriormente obtidos ajustando-os para que mais se
aproximem da representação real da suscetibilidade induzida local.
91

REFERÊNCIAS

ABREU DE CASTILHOS, J. & CORREA, C. H. T. Avaliação


preliminar dos processos erosivos na praia da Armação – Ilha de Santa
Catarina. Florianópolis – SC. In: Simpósio DE GEOGRAFIA FÍSICA
APLICADA, 4º, PORTO Alegre. Anais... Porto Alegre: UGB/UFSC.
V.1. pp. 298-299. 1991.

ABREU, J.J. Transporte sedimentar longitudinal e morfodinâmico


praial: exemplo do litoral norte de Santa Catarina. 2011. 484 f. Tese
(Doutorado) - Curso de Geografia, Centro de Filosofia e Ciências
Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

ABUODHA, P. A. e WOODROFFE, C. D. 2006. Assessing


vulnerability of coasts to climate change: A review of approaches and
their application to the Australian coast. In: Woodroffe, C. D., Bruce, E.,
Puotinen, M. and Furness, R. A. (Eds.). GIS for the Coastal Zone: A
Selection of Papers from CoastGIS 2006, Australian National Centre for
Ocean Resources and Security/University of Wollongong, Wollongong,
Australia, 2006

ABOUDHA, P. A. and WOODROFFE, C. D. Vulnerability assessment.


In: Green, D. R. (Ed.). Coastal Zone Management. Thomas Telford Ltd.,
London, pp. 262-290. 2010.

ALCÁNTARA-AYALA, I. Geomorphology, natural hazards,


vulnerability and prevention of natural disasters in developing countries.
Geomorphology, v. 47, p. 107-124, 2002.

ARAUJO, C. E. S.; FRANCO, D.; MELO, E. & PIMENTA, F. Wave


regime characteristics of the Southern Brazilian Coast. In: International
Conference on Coastal and Port Engineering in Developing Countries.
Proceedings... COPEDEC, Sri Lanka, p. 1-15. 2003.

BAIXO, E. H. S. Identificação da vulnerabilidade da linha de costa


catarinense a episódios de alta energia com base no modelos INVEST.
TCC (Graduação). Curso de Graduação em Oceanografia, Universidade
Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2015.
92

BARTLETT, D., DEVOY, R., MCCALL, S. and O’CONNOR, I. A


dynamically-segmented linear data model of the coast. Marine Geodesy,
v. 20, p. 137–151. 1997

BARRETO, E. P. et al. Análise Crítica dos Estudos de Vulnerabilidade


Geomorfológica a Agentes Diversos no Litoral de Pernambuco –
Brasil. Revista Brasileira de Geografia Física, v. 7, n. 6, p.1028-1043,
2014.

BERGER, A. R. & IAMS, W.Geoindicators - assessing rapid


environmental changes in earth systems. Rotterdam: A.A. Balkema.
1996.

BIRD, E. C. F. Submerging Coasts.The Efects of a Rising Sea Level on


Coastal Environments, John Wiley & Sons, Chichester, 184 p. 1993.

BONETTI, J. & WOODROFFE, C. D. Spatial Analysis on GIS for


Coastal Vulnerability Assessment. In: BARTLETT, D. e CELLIERS, L.
(eds.). Geoinformatics for Marine and Coastal Management. Chapter 20.
Taylor & Francis, p. 369-397. 2017

BONETTI, J. & WOODROFFE, C. D. A methodological Approach to


Acess Consistency of Coastal Vulnerability Indices.XV Congresso da
Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA. 2015

BONETTI, J.; KLEIN, A. H. F.; MULER, M.; DE LUCA, C. B.;


SILVA, G. V.; TOLDO JR., E. E. & M. GONZÁLEZ. Spatial and
numerical methodologies on coastal erosion and flooding risk
assessment. In: Finkl, C. (Editor) Coastal Hazards. Chapter 16.Coastal
Research Library Series.Springer, Dordrecht, p. 423-442. 2013.

BONETTI, J.; RUDORFF, F. M.; CAMPOS, A. V. & SERAFIM, M. B.


Geoindicator-based assessment of Santa Catarina (Brazil) sandy beaches
susceptibility to erosion. SI: Management Strategies for Coastal Erosion
Problems. Ocean & Coastal Management, 156:198-208. 2018.

BUSH, D. M.; NEAL, W. J.; YOUNG, R. S. & PILKEY, O. H.


Utilization of geoindicators for rapid assessment of coastal-hazard risk
and mitigation. Ocean e Coastal Management, v. 42, p. 647-670, 1999.
93

CARVALHO, J.; SALES, M. M.; SOUZA, N. M.;MELO, M. T. S.


(Org.). Processos erosivos no Centro Oeste Brasileiro. Brasília, D:
Editora FINATEC, 464 P. 2006.

CARTER, R. W. G. Coastal environments: an introduction to the


physical, ecological and cultural systems of coastlines. London:
Academic Press, 1988.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres


naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 182 p. 2003.

COOPER, JAG, MCLAUGHLIN, S. .Contemporary multidisciplinary


approaches to coastal classification and environmental risk analysis. J
Coast Res v. 14 p.512–524. 1998

COWELL, P.J. & THOM, B.G. Morphodynamics of Coastal Evolution.


In: Carter. R. W. W. & Woodroffe, C.D. (eds.). Coastal evolution: Late
quaternary shoreline morphodynamics. Cambridge, University Press,
539 p. 1997.

CUTTER, S. Vulnerability to environmental hazards. Progress in


Human Geography, v. 20(4) p. 529–589. 1996.

DAL CIN, R.; SIMEONI, U. A model for determining the classification,


vulnerability and risk in the southern coastal zone of the Marche (Italy).
Journal of Coastal Research, v. 10(1) p. 18-29, 1994.

ESRI. ArcGIS Desktop: Release 10. Redlands, CA: Environmental


Systems Research Institute. 2011.

FABBRI, A. G. & PATRONO, A. The use of environmental indicators


in the geosciences. ITC Journal, v. 4, p. 358-366, 1995.

FIGUEIREDO FILHO, B.; PARANHOS, R.; JUNIOR, J. A. S.;


ROCHA, E. C.; ALVES, D. P. O que é, para que serve e como se faz
uma meta-análise?. In.: Teoria & Ciência. 2014.

GORNITZ, V. e KANCIRUK, P. Assessment of global coastal hazards


from sea-level rise. Proceedings of the 6th Symposium on Coastal and
Ocean management, ASCE, 11–14 July 1989, Charleston, SC, pp.
1345–1359. 1989.
94

GORNITZ, V.M.; WHITE, T.W.; CUSHMAN, R.M. Vulnerability of


the US to future sea level rise.Coastal Zone.'91. Proceedings of the 7th
Symposium on Coastal and Ocean Management.American Societyof
Civil Engineers. pp. 1345-1359. 1991.

GORNITZ V. M. and WHITE T. W. A coastal hazards database for the


U.S. East coast. ORNL/CDIAC-45, NDP-043 A. Oak Ridge National
Laboratory, Oak Ridge, Tennessee, U.S. August 1992.

GUTIERREZ B.T., WILLIAMS S.J. and THIELER E.R.. Basic


approach for shoreline change projections. In.: TITUS J.G.
(coordinating lead author), ANDERSON K.E., CAHOON D.R., GESCH
D.B., GILL S.K., GUTIERREZ B.T., THIELER E.R. and WILLIAMS
S.J. (lead authors). Coastal Sensitivity to Sea-Level Rise: A Focus on
the Mid- Atlantic Region. A report by the U.S. Climate Change Science
Program and the Subcommittee on Global Change Research. U.S.
Environmental Protection Agency, Washington DC, pp. 239-242. 2009.

HARVEY, N., WOODROFFE, C.D. Australian approaches to coastal


vulnerability assessment. Sustain. Sci. 3, 67e87. 2008.

IPCC. The seven steps to the assessment of the vulnerability of coastal


areas to sea-level rise (Draft). Response Strategies Working Group,
IPCC Secretariat, Geneva. 1991.

IPCC. Global climate change and the rising challenge of the sea. Coastal
zone management subgroup. Ministry of Transport and Public Works,
The Hague. 1992.

KLEIN, A. H. F. PRADO, M. F. V. DALINGHAUS, C. DE


CAMARGO, J. M. Metodologia para quantificação de perigos costeiros
e projeção de linhas de costa futuras como subsídio para estudos de
adaptação das zonas costeiras: litoral norte da Ilha de Santa Catarina e
Entorno. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. Brasil. 2016.

KOMAR, P.D. Handbook of coastal processes and erosion. Florida:


CRC Press, 1983.

LIMA, E. Q. Vulnerabilidade ambiental da zona costeira de Pititinga,


Rio do Fogo, Rio Grande do Norte. 2010. 116 f. Dissertação (Mestrado
95

em Geodinâmica; Geofísica) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Natal, 2010.

LINS-DE-BARROS, F. M. Contribuição metodológica para análise


local da vulnerabilidade costeira e riscos associados: estudo de caso da
Região dos Lagos, Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Geografia).
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 295p. 2010.

LOICZ, M. Coastal zone resources assessment guidelines. 1995.

MARTINS, K. A. Vulnerabilidade è erosão costeira e mudanças


climáticas através de indicadores em Pernambuco, Brasil.. Dissertação
(Mestrado). Programa de Pós Graduação em Oceanografia, Pernambuco,
2015.

MAIA, G. G. de O. Vulnerabilidade e riscos naturais a eventos de alta


energia nas praias semi-urbanas e naturais do litoral de Aquiraz, Ceará.
Fortaleza, 2014. 189f. Tese (Doutorado em Ciências Marinhas
Tropicais) - Instituto de Ciências do Mar, Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza, 2014.

MALLMANN, D. L. B. Vulnerabilidade do litoral sul de Pernambuco à


erosão. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em
Oceanografia, Pernambuco, 2008.

MALCKZEWSKI, J. GIS based multi-criteria decision analysis: a


survey of the literature. International Journal of Geographical
Information Science, v.20, n.7, p. 703-726. 2006

MAZZER, A.M. Proposta metodológica de análise de vulnerabilidade


da orla marítima à erosão costeira: aplicação na costa sudeste da Ilha de
Santa Catarina, Florianópolis-SC, Brasil. Porto Alegre, 169p. Tese de
Doutorado, Programa de Pósgraduação em Geociências, Instituto de
Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2007.

MCLAUGHLIN S, MCKENNA J, COOPER JAG Socio-economic data


in coastal vulnerability indices: constraints and opportunities. J Coast
Res v. 36 p.487–497. 2002.
96

MMA, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Macrodiagnóstico da


zona costeira e marinha do Brasil.Orgs. Zamboni, A; Nicolodi, J. L.
242p. Brasília. 2008.

MMA, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Metodologia para


quantificação de perigos costeiros e projeção de linhas de costa futuras
como subsídio para estudo de adaptação das zonas costeiras: litoral norte
da Ilha de Santa Catarina e entorno. Orgs. KLEIN, A. H. F.; PRADO,
M. F. V.; DALINGHAUS, C.; CAMARGO, J. M. Universidade Federal
de Santa Catarina. Brasília. 2016.

MOURA, R. M. Dinâmica costeira e vulnerabilidade à erosão do litoral


dos municípios de Caucaia e Aquiraz, Ceará. Dissertação (Mestrado).
Programa de Pós Graduação em Geografia, Ceará, 2012.

MUEHE, D. Critérios Morfodinâmicos para o Estabelecimento de


Limites da Orla Costeira para fins de Gerenciamento. Revista Brasileira
de Geomorfologia. V.2(1), p. 35-44. 2001.

MULER, M. Avaliação da vulnerabilidade de praias da Ilha de Santa


Catarina a perigos costeiros através da aplicação de um índice
multicritério. Dissertação (Mestrado em Geografia). Florianópolis:
Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.

MULER, M. AND BONETTI, J. An integrated approach to assess wave


exposure in coastal areas for vulnerability analysis.Marine Geodesy, v.
37(2) p. 220–237. 2014.

MUSSI, C. Avaliação da Sensibilidade Ambiental Costeira e de Risco à


elevação média dos oceanos e incidência de ondas de tempestade: Um
estudo de caso para Ilha de Santa Catarina, SC. Dissertação de Mestrado
em Ciências e Tecnologia Ambiental. Univali, SC. 2011.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Facing Hazards and Disasters:


Understanding Human Dimensions. Committee on Disaster Research in
the Social Sciences: Future Challenges and Opportunities, Washington,
D. C.: The National Academies Press, 409 p. 2006.

NICHOLLS, R. J. Coastal megacities and climate change. GeoJournal v.


37(3) p.369–379. 1995.
97

NGUYEN, T. T. X., BONETTI, J., ROGERS, K. and WOODROFFE,


C. D. Indicator based assessment of climate-change impacts on coasts:
A review of concepts, approaches and vulnerability indices. Ocean and
Coastal Management, 123: 18–43. 2016.

NOAA – National Ocean and Atmospheric Administration.Vulnerability


assessment. 1999. Disponível em:
http://www.csc.noaa.gov/products/nchaz/htm/tut.htm. Acesso em: 26
jun. 2016.

PENDLETON, E.A., BARRAS, J.A., WILLIAMS, S.J., e TWICHELL,


D.C. Coastal Vulnerability Assessment of the Northern Gulf of Mexico
to Sea-Level Rise and Coastal Change. Reston: U.S. Geological Survey,
Report Series 1146, 2010.

PAVAN, R. A. Avaliação da Sensibilidade Ambiental Costeira e de


Risco Socio-Econômico do litoral centro-sul catarinense a eventos
naturais extremos e a elevação média dos oceanos. Dissertação de
Mestrado em Ciências e Tecnologia Ambiental. Univali, SC. 2012.

RANGEL-BUITRAGO, N. e ANFUSO, G. Risk Assessment of Storms


in Coastal Zones: Case Studies from Cartagena (Colombia) and Cadiz
(Spain), SpringerBriefs in Earth Sciences. 2015.

RAMIERI, E., HARTLEY, A., BARBANTI, A., SANTOS, F. D.,


GOMES, A., HILDEN, M., LAIHONEN, P., MARINOVA, N. and
SANTINI, M. Methods for assessing coastal vulnerability to climate
change. ETC CCA Technical Paper 1/2011. European Topic Centre on
Climate Change Impacts, Vulnerability and Adaptation, Bologna, Italy.
2011.

RIBEIRO, J. S. Vulnerabilidade costeira em praias do norte do Espírito


Santo e sul da Bahia. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós
Graduação em Oceanografia, São Paulo, 2014.

RUDORFF, F. M. Geoindicadores e Análise Espacial na Avaliação de


Suscetibilidade Costeira a Perigos Associados a Eventos Oceanográficos
e Meteorológicos Extremos. Dissertação (Mestrado em Geografia).
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2005.
98

RUDORFF, F. M.; BONETTI, J.; MORENO, D. A.; OLIVEIRA, C. A.


F.; MURARA, P. G. Maré de Tempestade. In: HERRMANN, M. L. P.
(Org.). Atlas de Desastres Naturais do Estado de Santa Catarina: período
de 1980 a 2010. 2 ed. Florianópolis: IHGS; GCN/UFSC, p. 151-154.
2014.

SCOLARO, Thelma Luiza. Avaliação da sensibilidade ambiental


costeira e análise de risco socioambiental do litoral centro norte
catarinense, com base na vulnerabilidade do ambiente às mudanças
climáticas. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em
Geociências, Porto Alegre, 2013.

SERAFIM, M. Aplicação de um índice multicritério de vulnerabilidade


a eventos extremos para praias do Estado de Santa Catarina através de
análise espacial. TCC (Graduação). Curso de Graduação em
Oceanografia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis,
2014.

SERAFIM, M. & BONETTI. J. Vulnerabilidade das praias do Estado de


Santa Catarina a eventos de erosão e inundação costeira: proposta
metodológica baseada em um índice multicritério. Quaternary and
Environmental Geosciences, v. 08(2) p.36-54. 2017.

SHARPLES, C. Indicative Mapping of Tasmanian Coastal Vulnerability


to Climate Change and Sea-Level Rise: Explanatory Report (Second
Edition); Consultant Report to Department of Primary Industries &
Water, Tasmania, 173p. 2006.

SHARPLES, C. MOUNT, R. The Australian Coastal Smartline


Geomorphic and Stability Map Version 1: Manual and Data Dictionary.
Australian Costal Smartline Geomorphic and Stability Map Manual.
Manual Version 1.0. 2009.

SIMÓ, D. H. & HORN FILHO, N. O. Caracterização e distribuição


espacial das “ressacas” e áreas de risco na ilha de Santa Catarina, SC,
Brasil. Gravel, 2: 93-103. 2004.

SMALL, C.; NICHOLLS, R. J.A global analysis of human settlement in


coastal zones. Journal of Coastal Research, v. 19, n. 3, p. 584-599, 2003.
99

SOARES FILHO, B. S. Modelagem de Dados Espaciais. Curso de


Especialização em Geoprocessamento. UFMG. Minas Gerais. 2000.

SOUZA, P. E. Metodologia de definição de geoindicadores para a


avaliação de vulnerabilidade da orla costeira do Rio Grande do Sul.
Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em
Oceanografia Física, Química e Geológica, Universidade Federal do Rio
Grande. Rio Grande, 2014.

TALLIS, H.T., RICKETTS, T., GUERRY, A., WOOD, S.A., SHARP,


R., NELSON, E., ENNAANAY, D., WOLNY, S., OLWERO, N.,
VIGERSTOL, K., PENNINGTON, D., MENDOZA, G., AUKEMA, J.,
FOSTER, J., FORREST, J., CAMERON, D., ARKEMA, K.,
LONSDORF, E., KENNEDY, C., VERUTES, G., KIM, C.,
GUANNEL, G., PAPENFUS, M., TOFT, J., MARSIK, M.,
BERNHARTDT, J., GRIFFIN, R.. InVEST 2.5.3 User′s Guide. The
Natural Capital Project, Stanford, CA. 2013.

TAVARES, A. B., CRUZ, S. P. d.e LOLLO, J. A. d. Geoindicadores


para a caracterização de estados de diferentes ambientes.
EstudosGeográficos, pp. 42-57. 2007.

THIELER, E.R., e HAMMAR-KLOSE, E.S. National assessment of


coastal vulnerability to future sea-level rise: preliminary results for the
U.S. Atlantic Coast. U.S. Geological Survey, Open File Report, 99–593.
2000.

UNDP (United Nations Development Programme).Reducing Disaster


Risk: A Challenge for Development. New York: John S. Swift, 2004.
100
101

Apêndice A: Tabela resumida dos trabalhos originais


Modelos Autor/Ano Conceito Indicadores Escala/ Classes Interpolação/ Referência
Resolução Representação

Geoindicadores Rudorff, Suscetibilidade Taxa de erosão; Altura Local Muito alta Técnica: Bush, 1999;
2005. induzida da duna frontal; Estado (8-10) Interpolação por Coburn (2001).
da Alta MIQD e
Duna Frontal; Tipo de (6-8) Krigagem e
duna frontal; Vegetação Moderada
agrupamento
da (4-6)
duna frontal; Energia de Baixa dos dados em
onda; Largura da (2-4) forma de índice
praia seca; Estruturas de Muito
engenharia; Estado da baixa Representação:
duna interior; Topografia (<2) Lógica difusa
difusa;
Geoindicadores Lima, 2010. Suscetibilidade Taxa de erosão; Altura Local Muito alta Técnica: Bush, 1999;
induzida da duna frontal; Estado 1:25.000 (8-10) Interpolação por Coburn, 2001;
da Alta MIQD e Rudorff, 2005.
Duna Frontal; Tipo de (6-8) agrupamento
duna frontal; Vegetação Moderada
dos dados em
da (4-6)
duna frontal; Energia de Baixa forma de índice
onda; Largura da (2-4)
praia seca; Estruturas de Muito Representação:
engenharia e Estado da baixa Mapa de
duna interior. (<2) vulnerabilidade
102

Geoindicadores Maia, 2014 Suscetibilidade Topografia; distância da Regional Muito Técnica: Berger, 1997;
induzida Linha de costa; baixa Média Cooper &
Amplitude De Maré; Baixa aritmética McLaughlin,
Altura Máxima Da Moderado ponderada; 1998;
Onda; Taxa de Alto Bush, 1999;
movimentação anual da Muito alto Coburn, 2001;
linha de costa; Representação: Rudorff, 2005.
Parâmetros da linha de Mapa de
costa; geomorfologia Vulnerabilidade
costeira; revestimento do
solo; configuração da
duna; ações antrópicas.
Geoindicadores Souza, 2014 Suscetibilidade Posição da Linha de Estadual Baixo Técnica: Berger e Iams
induzida costa; Altura e estado Médio Agrupamento (1996);
morfoecológico das Alto dos indicadores Bush, 1999.
dunas frontais; já ponderados,
concentração de
em índice
sangradouros.
Representação:
Cartograma de
vulnerabilidade
física.
Índice de Mazzer, Suscetibilidade Taxa de variação da Local Muito Técnica:
Vulnerabilidade 2007 linha de costa; altura de baixa Análise fatorial
Costeira onda; inclinação de face Baixa tipo Q;média
litorânea; altimetria; Moderada ponderada
103

velocidade residual de Alta


corrente longitudinal; Muito alta
balanço potencial de Representação:
sedimentos; largura de Mapa com
pós praia, inclinação
índice de
média e granulometria de
estirâncio vulnerabilidade
anual e decadal

Índice de Mallmann, Vulnerabilidade Regional Baixa Dal Cin &


Vulnerabilidade 2008 Moderada Simeoni, 1994;
Costeira Alta Thieler&
Muito alta Hammar-Klose,
1999
Índice de Muler, 2012 Vulnerabilidade Tipo de retropraia Local Muito Técnica: Gornitz, 1991
Vulnerabilidade (backshore (retropraia)); baixa atribuição de
Costeira a altitude do backshore Baixa pesos,
(retropraia); a taxa de Moderada re-segmentação
variação da linha de Alta
da linha de
costa; o grau de Muito alta
exposição às ondas e a costa,
população em risco. agrupamento
em índice.
104

Representação:
Mapa de
classificação
final da
Vulnerabilidade
Índice de Moura, Vulnerabilidade Regional Alta Dal Cin&
Vulnerabilidade 2012 Média Simeoni, 1994
COsteira Baixa Souza &Suguio,
2003
Índice de Serafim, Suscetibilidade Tipo de linha de costa; Estadual Muito Técnica: Gornitz, 1991;
Vulnerabilidade 2014 e Largura de praia; baixa atribuição de Muler, 2012
Costeira Vulnerabilidade Amplitudes de marés Baixa pesos,
astronômica e Moderada re-segmentação
meteorológica; Alta
da linha de
Exposição às ondas e Muito alta
Variação da linha de costa,
costa. agrupamento
em índice.

Representação:
Espacialização
em forma de
Mapa de
105

Vulnerabilidade

Índice de Ribeiro, Vulnerabilidade Nº frente frias; regime de Regional Baixa (0) Técnica:ponder Bush et al. (1999).
Vulnerabilidade 2014 tempestades; força de Moderada ação dos Souza (2013)
Costeira ondas; ângulo de (5) indicadores e
incidência das ondas; Alta (10) agrupamento
estimativa de deriva
em índice
potencial; morfologia;
exposição às ondas;
presença de Representação:
rios/desembocaduras; Tabelas
elevação do terreno;
vegetação; taxa de
ocupação; obras de
engenharia e evidências
de erosão.
106

Índice de Martins, Vulnerabilidade Exposição relativa à Estadual Baixa (0) Técnica: Gornitz, 1991;
Vulnerabilidade 2015 onda; nível do mar, Moderada Bush, 1999.
Costeira altura de onda; distancia (5) Representação:
da linha de costa; Alta (10) Mapa de grau
população por metro;
de
tipo de urbanização; tipo
de substrato; vulnerabilidade
conservação das dunas;
variação da linha de
costa; indicadores visuais
de erosão

Smartline Lins de Vulnerabilidade Variação da linha de Regional Muito alta Técnica: Sharples, 2006
Barros, costa; granulometria; com
2010. dunas frontais; feição erosão; Representação:
pós praia; altitude pós Alta com Mapa smartline
praia; declividade ante- erosão;
praia; estado Moderada
morfodinamico; direção com
e altura das ondas erosão;
Elevada;
Moderada;
Baixa;
Muito
107

baixa;
Costão.

Smartline Mussi, Vulnerabilidade Geomorfologia, Regional Muito Técnica: Sharples, 2006.


2011. exposição da costa, 1:50.000 baixa Lins de Barros,
altura de onda, variação Baixa Representação: 2010
da maré e densidade Moderado Carta temática Rudorff, 2005.
populacional costeira. Alto
de sensibilidade
Muito alto
costeira a erosão
e inundação.

Smartline Scolaro, Vulnerabilidade Geologia, exposição às Regional Muito Técnica: Sharples, 2006.
2013. ondas, feições do pós 1:50.000 baixa Mussi, 2011
praia e retaguarda, Baixa Representação: Pavan, 2012.
declividade do pós praia Moderado Cartas
e retaguarda, feição da Alto
Temáticas
108

zona intermareal, Muito alto


variação da amplitude de
maré, declividade da face
da praia, altura média da
onda, densidade
populacional e IDHM
Smartline Pavan, 2012 Vulnerabilidade Altura de onda; Regional Muito Técnica: Sharples, 2006.
declividade da face da 1:50.000 baixa Mussi, 2011
praia; declividade do pós Baixa Representação:
praia; exposição às Moderado Cartas
ondas; feição pós praia; Alto
Temáticas
feição zona intermareal; Muito alto
geologia; variação da
amplitude de maré;
densidade populacional;
idh-m
Invest Baixo, 2015 Suscetibilidade Geomorfologia, Relevo, Estadual Muito Técnica: Talliset al, 2013
Habitats, Vento, Onda, Baixo
Mudança do nível do Baixo Representação:
mar, Potencial de ondas Médio Espacialização
de tempestade Alto
do modelo em
Muito alto
forma de
Mapa de
Vulnerabilidade
109

Apêndice B: Lista dos artigos avaliados

Título Modelo/téc Referência


nica de
análise
Multicriteria Índices BONETTI, Jarbas. ; SERAFIM, M. B. ;
indices for coastal ABUODHA, P. A. ; WOODROFFE, C. D.
susceptibility . Multicriteria indices for coastal
assessment: a susceptibility assessment: a comparative
comparative study study of embayed Brazilian and Australian
of embayed coasts. In: CoastGIS 2015 - The 12th
Brazilian and International Symposium for GIS and
Australian coasts Computer Cartography for Coastal Zone
Management, 2015, Cape Town.
Proceedings. Durban: CSRI, 2015.
Análise Estatística Álgebra de BUSMAM, Debora Vieira; AMARO,
Multivariada de mapas Venereando Eustaquio; SOUZA-FILHO,
Métodos de Pedro Walfr Martins. Análise Estatística
Vulnerabilidade Multivariada de Métodos de
Física em Zonas Vulnerabilidade Física em Zonas Costeiras
Costeiras Tropicais. 2016.
Tropicais
Vulnerability and Índices COSTA, M.B.S.F; MALLMANN,
impacts related to D.L.B.;PONTES, P.M.; ARAUJO, M.
rising sea level in Vulnerability and impacts related to rising
the Matropolitan sea level in the Matropolitan Center of
Center of Recife, Recife, Northeast Brazil. 2010.
Northeast Brazil
Vulnerabilidade Geoindicad FREITAS, L. P. ; OLIVEIRA, Glacianne
aos eventos de ores Gonçalves de ou OLIVEIRA MAIA,
inundaçâo costeira Glacianne Gonçalves de ; PINHEIRO,
na praia do Japão, Lidriana de Sousa . 'Vulnerabilidade aos
Aquiraz, litoral eventos de inundaçâo costeira na praia do
leste do Ceará Japão, Aquiraz, litoral leste do Ceará'. In:
Congresso Brasileiro de Oceanografia,
2016, Salvador. Cbo - Congresso Brasileiro
de Oceanografia, 2016.
Vulnerabilidade Índices GERMANI, Yana Friedrich et al.
costeira e perda de Vulnerabilidade costeira e perda de
ambientes devido ambientes devido à elevação do nível do
à elevação do mar no litoral sul do Rio Grande do Sul.
nível do mar no 2015.
litoral sul do Rio
110

Grande do Sul
Use of Geoindicad LIMA, EDUARDO QUEIROZ DE;
geoindicators in ores AMARAL, RICARDO FARIAS DO .Use
vulnerability of geoindicators in vulnerability mapping
mapping for the for the coastal erosion of a sandy beach.
coastal erosion of Revista da Gestão Costeira Integrada, v. 15,
a sandy beach. p. 545-557, 2015.
Revista da
GestãoCosteiraInt
egrada
Vulnerabilidade Álgebra de LIMA, E. Q.; AMARAL, R. F. .
da zona costeira mapas Vulnerabilidade da zona costeira de
de Pititinga/RN, Pititinga/RN, Brasil. Mercator (Fortaleza.
Brasil Online), v. 12, p. 141-153, 2013.
The Smartline Smartline LINS DE BARROS, F. M.; MUEHE, D. .
approach to The Smartline approach to coastal
coastal vulnerability and social risk assessment
vulnerability and applied to a segment of the east coast of
social risk Rio de Janeiro State, Brazil.
assessment JournalofCoastalConservation, v. 17, p.
applied to a 211-223, 2013.
segment of the
east coast of Rio
de Janeiro State,
Brazil
Avaliação local da Evidências LINS DE BARROS, F. M.; MUEHE,
vulnerabilidade e de campo Dieter . Avaliação local da vulnerabilidade
riscos de e riscos de inundação na zona costeira da
inundação na zona Região dos Lagos, Rio de Janeiro.
costeira da Região Quaternaryand Environmental
dos Lagos, Rio de Geosciences, v. 2, p. 55-66, 2010.
Janeiro
Analise integrada Smartline LINS DE BARROS, F. M. Analise
da vulnerabilidade integrada da vulnerabilidade costeira e dos
costeira e dos riscos associados. 2011.
riscos associados
Risco, Geindicado LINS DE BARROS, F. M.. Risco,
Vulnerabilidade res Vulnerabilidade Física à Erosão Costeira e
Física à Erosão Imapctos Sócio-Econômicos na Orla
Costeira e Urbanizada de Maricá. Rio de Janeiro.
ImapctosSócio- Revista Brasileira de Geomorfologia, v. 6,
Econômicos na p. 83-90, 2005.
Orla Urbanizada
de Maricá
111

Vulnerabilidade Geoindicad LISBOA, Tamires de Fátima Pinto.


ambiental da orla ores Vulnerabilidade ambiental da orla costeira
costeira do do município de Salvaterra, Ilha de Marajó-
município de PA, no trecho compreendido entre a foz do
Salvaterra, Ilha de Rio Paracauari e a Ponta do Tapariuaçu.
Marajó-PA, no Revista Brasileira de Geografia Física.
trecho 2011
compreendido
entre a foz do Rio
Paracauari e a
Ponta do
Tapariuaç
Vulnerabilidade Índices MALLMANN, D. L. B.; ARAUJO, T. C.
física do litoral sul M. .Vulnerabilidade física do litoral sul de
de Pernambuco à Pernambuco à erosão. Tropical
erosão Oceanography (Online), v. 38, p. 133-155,
2010.
Vulnerabilidade Índices MARINO, Márcia Thelma Rios Donato;
física de parte do FERNANDES, Denise; MORAES, Suellen
litoral leste do Galvão; TAJRA, Adriana Araújo.
Ceará à erosão Vulnerabilidade física de parte do litoral
leste do Ceará à erosão. 2016.
Determinação da Geoindicad MARTINS, Karoline Angélica; De
erosão costeira no ores SOUZA PEREIRA, Pedro ; PEREIRA
estado de LINO, Anderson ; MIKOSZ
Pernambuco GONÇALVES, Rodrigo . Determinação da
através de erosão costeira no Estado de Pernambuco
geoindicadores. através de geoindicadores. Revista
Brasileira de Geomorfologia, v. 17, p. 1/9-
14, 2016.
The Influence of Geoindicad MARTINS, Karoline A.; PEREIRA, Pedro
Climate Change ores S. SILVA-CASARIM, Rodolfo; NETO,
on Coastal Antonio Vasconcelos Nogueira. The
Erosion InfluenceofClimateChangeonCoastalErosio
Vulnerability in nVulnerability in NortheastBrazil. 2017.
Northeast Brazil
Proposta Índices MAZZER, A. M.; DILLENBURG, S. R.
Metodológica ; SOUZA, C. R. G. . Proposta
para Análise de Metodológica para Análise de
Vulnerabilidade à Vulnerabilidade à Erosão Costeira no
Erosão Costeira Sudeste da Ilha de Santa Catarina, Brasil.
no Sudeste da Ilha Revista Brasileira de Geociências, v. 38, p.
de Santa Catarina, 02-17, 2008.
Brasil
112

Proposta de Índices MULER, M.; BONETTI, J. . Proposta de


incorporação da incorporação da variável população sob
variável risco Em índices de vulnerabilidade
população sob costeira à subida do nível do mar. In:
risco Em índices Seminário Internacional População e
de vulnerabilidade Espaço na Mudança Ambiental cidades,
costeira à subida escalas e mudanças climáticas, 2011,
do nível do mar Campinas. Seminário Internacional
População e Espaço na Mudança
Ambiental: cidades, escalas e mudanças
climáticas, 2011.
Variação da Índices MULER, M.; BONETTI, J. . Variação da
suscetibilidade e suscetibilidade e vulnerabilidade à ação de
vulnerabilidade à perigos costeiros na Praia dos Ingleses
ação de perigos (Florianópolis-SC) entre 1957 e 2009.
costeiros na praia 2011.
dos Ingleses
(Florianópolis-
SC) entre 1957 e
2009
An Integrated Índices MULER, MARIELA; BONETTI, JARBAS
Approach to . An Integrated Approach to Assess Wave
Assess Wave Exposure in Coastal Areas for
Exposure in Vulnerability Analysis. Marine Geodesy,
Coastal Areas for 2014.
Vulnerability
Analysis
Coastal sensitivity Smartline MUSSI, C. S.; SPERB, R.M. ;
and risk MENENZES, J.T. . Coastal Sensitivity And
evaluation to sea Risk Evaluation To Sea Level Rise: A
level rise: a study Study Case In Santa Catarina Island,
case in Santa Brazil. In: Coastgis 2011: Marine Spatial
Catarina island, Planning.10th International Symposium on
brazil GIS and Computer Mapping for Coastal
Management, 2011, Oostend- Bélgica.
PROCEEDINGS OF COASTGIS 2011.
Veneza: CorilaConsorzio per la Gestione
del Centro di CoordinamentodelleAttività
di RicercaInerentiil, v. 3. p. 49-56. 2011.
Classificação Lógica NARDEZ, Nassau de Nogueira;
fuzzy da Fuzzy GONÇALVES, Rogrigo Mikosz;
vulnerabilidade SOARES, Carlos Roberto; KRUEGER
aos processos Claudia Pereira. Classificação fuzzy da
costeiros em vulnerabilidade aos processos costeiros em
113

Pontal do Paraná, Pontal do Paraná, Brasil. Pesquisas em


Brasil. Geociências, 43 (2): 169-181, maio./ago.
2016.
Mudanças Índice NICOLODI, J. L.; PETERMANN, R.
Climáticas e a M. Mudanças Climáticas e a
Vulnerabilidade Vulnerabilidade da Zona Costeira do
da Zona Costeira Brasil: Aspectos ambientais, sociais e
do Brasil: tecnológicos. Revista da Gestão Costeira
Aspectos Integrada, v. 10, p. 151-177, 2010.
ambientais,
sociais e
tecnológicos
Potential Índice NICOLODI, J. L.; PETERMANN, R.
vulnerability of M. Potential vulnerability of the Brazilian
the Brazilian coastal zone in its environmental, social,
coastal zone in its and technological aspects.. Pan-American
environmental, Journal of Aquatic Sciences, v. 5, p. 184-
social, and 204, 2010.
technological
aspects.
Vulnerability of Índice NICOLODI, J. L.; PETERMANN, R. M. .
the Brazilian Vulnerability of the Brazilian Coastal Zone
Coastal Zone in in its Environmental, Social, and
its Environmental, Technological Aspects.
Social, and JournalofCoastalResearch, v. SI 64, p.
Technological 1372-1379, 2011.
Aspects
Vulnerabilidade Geoindicad NOVAK, L. P.; LAMOUR, M. R.;
aos processos ores CATTANI, P. E. VULNERABILIDADE
erosivos no litoral AOS PROCESSOS EROSIVOS NO
do paraná LITORAL DO PARANÁ
estabelecido pela ESTABELECIDO PELA APLICAÇÃO
aplicação da DA ANÁLISE MULTICRITÉRIOS. 2016.
análise
multicritérios
O índice de Índices RAMOS, João Mauricio Figueiredo;
vulnerabilidade DOMINGUEZ, José Maria Landim. O
costeira para a índice de vulnerabilidade costeira para a
costa central da costa central da Bahia. 2005.
Bahia
Evolução da Índices RIBEIRO, Juliana dos Santos; SOUSA,
vulnerabilidade à Paulo Henrique Gomes de Oliveira ;
erosão costeira na VIEIRA, Danilo Rodrigues ; SIEGLE,
Praia de Eduardo . Evolução da vulnerabilidade à
114

Massaguaçú (SP), erosão costeira na Praia de Massaguaçú


Brasil. (SP), Brasil. Revista da Gestão Costeira
Integrada, v. 13, p. 253-265, 2013.
Evaluation of Geoindicad RUDORFF, F. M.; BONETTI, J.
coastal erosion ores .Evaluation of coastal erosion susceptibility
susceptibility in in Santa Catarina island s beaches.
Santa Catarina Brazilian Journal of Aquatic Science and
island s beaches Technology (Impresso), v. 14, p. 9-20,
2010.
Methodology to Índices SANTOS, Marcelo Soares Teles et al .
coastal Methodology to coastal vulnerability
vulnerability mapping to mean sea level rise in local
mapping to mean scale. Bol. Ciênc. Geod., Curitiba , v.
sea level rise in 21, n. 4, p. 691-705, Dec. 2015 .
local scale
Modelagem fuzzy Lógica SILVA, L. M. ; GONÇ ; LIRA, M. M.
aplicada na Fuzzy S. ; Pereira, Pedro S. . Modelagem fuzzy
detecção da aplicada na detecção da vulnerabildade à
vulnerabildade à erosão costeira. Boletim de Ciências
erosão costeira Geodésicas, v. 19, p. 746-764, 2013.
Vulnerability Índices SOUZA, Paulo H. G. O; SIEGLE,
assessment of Eduardo;TESSLER, Moysés Gonsalez.
Massaguaçú Vulnerability assessment of Massaguaçú
Beach (SE Beach (SE Brazil). 2013.
Brazil).
Coastal Geoindicad SOUZA, PRISCILA EMERICH;
Vulnerability ores NICOLODI, JOÃO LUIZ .Coastal
Assessment using Vulnerability Assessment using
geoindicators: geoindicators: case study of Rio Grande do
case study of Rio Sul coastline.
Grande do Sul BrazilianJournalofOceanography (Online),
coastline v. 64, p. 309-322, 2016.
Environmental Índices SOUZA, Sírius Oliveira; VALE, Cláudia
Vulnerability of Câmara do. Environmental Vulnerability of
the Caravelas the Caravelas (BA) Coastal Plain as
(BA) Coastal Subsidy to Environmental Planning. Soc.
Plain as Subsidy nat., Uberlândia , v. 28, n. 1, p. 147-
to Environmental 159, Abril. 2016.
Planning
A GIS-based Índices SZLAFSZTEIN, Claudio; STERR, Horst.
vulnerability A GIS-based vulnerability assessment of
assessment of coastal natural hazards, state of Pará,
coastal natural Brazil. 2007.
hazards, state of
115

Pará, Brazil.
Vulnerability to Lógica TAGLIANNI, C. R. ; CALLIARI,
sea level rise of an Fuzzy L.; TAGLIANI, P. R. ; ANTIQUEIRA, J.
estuarine island in A. F. . Vulnerability to sea level rise of an
southern Brazil estuarine island in southern Brazil.
Quaternaryand Environmental
Geosciences, v. 01, p. 18-24, 2010.
A Climate Change Índices ZANETTI, Vitor ; DESOUSAJUNIOR,
Vulnerability Wilson ; DE FREITAS, Débora . A
Index and Case Climate Change Vulnerability Index and
Study in a Case Study in a Brazilian Coastal City.
Brazilian Coastal Sustainability (Basel), v. 8, p. 811, 2016.
City

Вам также может понравиться