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MODELOS PREDITIVOS DA ATIVIDADE FÍSICA

Introdução

A multiplicidade de factores susceptíveis de influenciar a actividade física como


um comportamento de saúde motivado, desde a infância à terceira idade, tem suscitado o
desenvolvimento de diversas teorias e modelos para auxiliar os investigadores a identificar
as variáveis que se crê estarem mais fortemente relacionadas com a actividade física.
Culos-Reed, Gyurcsik e Brawley (2001) fizeram uma selecção cujos critérios foram previa
e rigorosamente estabelecidos, e elegeram quatro teorias como sendo as mais validadas em
termos científicos: a teoria do comportamento planeado (Ajzen, 1985); a teoria da auto-
eficácia (Bandura, 1997); a teoria socio-cognitiva (Bandura, 1986) e o modelo transteórico
(Prochaska, DiClemente & Norcross, 1992). Embora as duas primeiras tenham uma base
de investigação substancial, permitindo efectuar revisões, as duas últimas, alvo de menos
estudos, são o fundamento para numerosas investigações sobre intervenções na actividade
física (Culos-Reed et al., 2001).
Estas teorias postulam que o Ser Humano é orientado para objectivos, e é capaz de
tomar decisões racionais, prevenir e planear, ou seja, de auto-regular as suas acções
(ibidem). Apresentamos, a título ilustrativo, um exemplo da aplicação destes modelos na
adesão ao exercício físico (Brawley & Culos-Reed, 2000; Maddux & Lexis, 1995 cit. in
Culos-Reed et al., 2001):
Os participantes em actividade física, estruturada ou não estruturada,
experimentam sucesso e fracasso à medida que tentam aderir ao longo do tempo.
Com base nessas experiências, tentam geralmente adaptar os seus
objectivos/intenções e regular os seus esforços de adesão. Dado o processo de
adaptação cognitiva e comportamental que se faz através da aprendizagem social,
não constitui surpresa que os indivíduos variem a frequência, esforço, duração e
tipo de comportamento de exercício, assim como a sua adesão (p. 697).

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A revisão efectuada para o nosso estudo incide, essencialmente, em dois destes
modelos, a teoria do comportamento planeado (Ajzen, 1985) e o modelo transteórico
(Prochaska et al., 1992). Apresentamos, em seguida, estes dois modelos, e posteriormente
uma tentativa de integração de ambos, proposta por Courneya e Bobick (2000).

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1. Modelo Transteórico das fases de mudança

O modelo transteórico de mudança comportamental, também designado por


modelo das fases de mudança ou simplesmente modelo transteórico (Prochaska &
DiClemente, 1992), desenvolveu-se com base nas intervenções relacionadas com os
comportamentos aditivos (dependência de tabaco, álcool e substâncias
psicoactivas), tendo sido posteriormente aplicado a outros comportamentos de risco
para a saúde, tais como a inactividade física ou sedentarismo (Glanz, 1999).
O modelo representa um avanço teórico fundamental na compreensão de
quando, como e porquê as pessoas mudam os seus comportamentos relacionados
com a saúde. O pressuposto básico deste sucesso reside no facto de considerar a
mudança comportamental um processo e não um acontecimento, e de que os
indivíduos têm diferentes níveis de motivação ou disposição para a mudança.
Assim, pessoas em diferentes fases do processo de mudança podem e devem
beneficiar de intervenções distintas e diferenciadas, mais adequadas à fase em que
se encontram no momento (Glanz, 1999).
Deste modo, o conceito central do modelo transteórico (Prochaska e
DiClemente & Norcross, 1992) é a dimensão temporal representada pelas cinco
fases de mudança, que as pessoas atravessam quando decidem mudar o
comportamento de saúde. As cinco fases identificadas vão desde o nem pensar em
qualquer mudança de comportamento (fase pré-contemplativa), até à fase em que
mantêm com sucesso essa mudança (fase de manutenção). Cada etapa é
progressiva, ou seja, o indivíduo passa de uma total ausência de atenção à
necessidade de mudança, para o pensar activamente na mudança. Posteriormente,
passa aos preparativos para a mudança, ao inicio da mudança em si e,
eventualmente, à sua manutenção. Apresenta-se como um modelo circular e não
linear, uma vez que as pessoas podem evoluir ao longo das fases, assim como sair
em qualquer ponto do processo, e por diversas vezes (Glanz, 1999; Culos-Reed et
al., 2001). Por outro lado, estudos comprovaram que mesmo as pessoas que não
recorrem a ajuda profissional para a mudança comportamental, se recorrerem a
métodos de auto-ajuda ou de auto-gestão, passam pelas mesmas fases que os
indivíduos que procuram ajuda profissional, ou que se inscrevem em programas de
intervenção organizados e estruturados (Glanz, 1999).

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Relativamente à aplicação deste modelo ao exercício e actividade física, a
descrição geral das cinco fases de mudança comportamental varia muito de acordo
com o programa de exercício e com a forma como é executado (se é auto-
administrado ou supervisionado) (Culos-Reed et al., 2001):

1. Fase de pré-contemplação – nesta fase, os indivíduos não têm intenção de mudar


o comportamento, simplesmente, porque não estão preparados para o fazer. Não
têm percepção da necessidade de mudança. Um critério (relacionado com o
exercício) para identificar esta fase é “a inactividade corrente e a ausência de
intenção em tornar-se activo nos próximos seis meses”;
2. Fase de contemplação – nesta fase, os indivíduos pensam na necessidade
de mudar porque estão atentos a isso. Por exemplo, ao nível de inactividade física e
aos factores de risco associados. Todavia, não existe ainda compromisso com a
mudança que se está a repensar. As pessoas podem fazer considerações importantes
acerca das estratégias que permitiriam a mudança (e.g. inscrever-se num ginásio), e
acerca dos resultados que poderiam obter (i.e., expectativas de resultado). Um
critério para esta fase é “pensar frequentemente em iniciar um programa de
exercício, possivelmente dentro de seis meses”;
3. Fase de preparação – nesta fase, os indivíduos fazem tentativas para
mudar e têm uma forte intenção de fazer mais tentativas no futuro. São
desenvolvidos alguns esforços para a mudança, particularmente, utilizando as
estratégias que se revelaram mais eficazes no desencadear dessa mudança. Estes
indivíduos podem ter fortes incentivos (para mudar) baseados em visões optimistas
sobre os resultados com os quais poderão beneficiar. São avaliados recursos e
efectuados planos de acção de acordo com isso. Um critério para esta fase é “a
preparação corrente para iniciar o exercício ou adoptar níveis recomendados de
actividade física no próximo mês”.
4. Fase de acção – nesta fase, os indivíduos fazem tentativas deliberadas de
vencer a sua percepção ou os problemas reais, mudando o seu comportamento, as
circunstâncias ambientais e as suas experiências. O seu compromisso com a
mudança é grande e monitorizam os seus esforços de mudança, muitas vezes,
percepcionados como tentativas muito empenhadas. Um critério para esta fase é
“aderir a programas de actividade correntemente, mas durante menos de seis

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meses”.
5. Fase de manutenção – nesta fase, os indivíduos focam-se no seu sucesso,
tentando evitar a recaída (e.g., parar de fazer exercício ou tornar a sua prática
irregular). O exercício é regular e as pessoas estão confiantes na sua capacidade
para manter esse comportamento. Tentam ultrapassar os obstáculos que surgem à
sua actividade física regular. Um critério desta fase é “a actividade física regular
por mais de seis meses” (p. 711).

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Modelos preditivos da actividade física

Para além deste conceito básico, o modelo transteórico propõe a medição de mais
três conceitos chave (Reed, 1999): a decisão balanceada (Janis & Mann’s, 1977), a auto-
eficácia (Bandura, 1997) e os processos de mudança (Prochaska et al., 1992).
A decisão balanceada é um constructo operacionalizado na medição da importância
relativa que o indivíduo coloca nas vantagens (prós) e desvantagens (contras) em fazer
exercício. Este conceito inclui quatro dimensões subjacentes aos benefícios da mudança
comportamental (prós): 1) benefícios utilitários para o próprio; 2) benefícios utilitários
para outros; 3) auto-aprovação; 4) aprovação dos outros. E quatro dimensões subjacentes
aos prejuízos da mudança comportamental (contras): 1) prejuízos utilitários para o próprio;
2) prejuízos utilitários para os outros; 3) auto-desaprovação; 4) desaprovação dos outros
(Reed, 1999). Quando os contras ganham mais importância que os prós, a motivação para a
mudança de comportamento (i.é., deixar de ser sedentário para iniciar exercício físico) é
baixa. Se, pelo contrário, os prós se sobrepõem aos contras, então a motivação para a
mudança é alta. Obviamente, que o balanço entre prós e contras varia em cada uma das
fases de mudança, sendo particularmente importante nas fases de mudança iniciais (pré-
contemplação, contemplação e preparação) (Culos-Reed et al. 2001; Reed, 1999).
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A auto-eficácia é um constructo baseado nos trabalhos de Bandura (1997), e
reflecte o grau de confiança do indivíduo na sua capacidade para mudar o comportamento.
Ou seja, é o grau de confiança que o indivíduo tem para não adoptar um comportamento
problema numa situação tentadora ou conveniente, e o grau de confiança para adoptar o
comportamento positivo em situações desafiadoras (Reed, 1999). Deste modo, esta
confiança deve mediar as tentativas de mudança, tendo em conta as competências de auto-
regulação aprendidas para um comportamento alvo como o exercício. A auto-eficácia varia
de acordo com a fase de mudança, aumentando à medida que o indivíduo ganha confiança,
por exemplo, nas tentativas bem sucedidas de mudança do comportamento de exercício
(i.e., a experiência de mestria). Pelo contrário, a auto-eficácia deve diminuir se o indivíduo
desiste ou regride para um comportamento anterior (Culos-Reed et al., 2001).
Tal como a decisão balanceada, a auto-eficácia tem também dimensões subjacentes,
muitas delas ainda por clarificar. Na área do exercício, os afectos negativos podem
provocar situações que desafiam a adesão ao exercício regular, pois sentirmo-nos

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A percepção de auto-eficácia pode determinar o facto de um indivíduo empreender um determinado comportamento, o
grau de persistência nesse comportamento perante as dificuldades e o sucesso do seu desempenho (Godin, 1994 cit. in

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Calmeiro & Matos, 2004).

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cansados, deprimidos, ou zangados pode retirar-nos da nossa rotina, alterando-a.
Paradoxalmente, o exercício é uma excelente intervenção para aliviar o cansaço e stress.
Portanto, esses estados de afecto negativo deveriam ser pistas reforçadoras para a prática
de exercício (Reed, 1999). Por outro lado, as situações sociais positivas são menos um
desafio e mais um incentivo para o exercício regular, pois quanto mais as experiências de
exercício proporcionarem prazer e diversão maior é a adesão. Os grupos de reabilitação de
cardíacos mantêm-se nas classes de exercício originais vários anos devido à camaradagem
e experiências sociais positivas daí resultantes (Reed, 1999).
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Finalmente, os processos de mudança propostos pelo modelo transteórico surgem
com o intuito de explicar como é que a mudança do comportamento ocorre. Estes
representam os comportamentos, as cognições e emoções que os indivíduos adquirem ao
longo do processo de mudança comportamental (Reed, 1999). São estratégias e técnicas
que as pessoas usam para mudar o seu comportamento à medida que evoluem pelas
diversas fases de mudança. Incluem actividades cobertas e abertas que os indivíduos usam
para modificar as suas experiências e ambientes, de forma a modificar o seu
comportamento (Prochaska & Velicer, 1997). Neste sentido, os dez processos de mudança
identificados dividem-se em cinco processos cognitivos ou experienciais e cinco processos
comportamentais ou ambientais. No Quadro 4.1 são apresentados cada um dos processos
de mudança, tendo por base os trabalhos de Marcus, Rossi, Selby, Niaura e Abrams (1992
cit. in Courneya & Bobick, 2000), e uma tradução e adaptação de Palmeira, Gomes e
Teixeira (2004) validada e apresentada recentemente no V Congresso de Psicologia da
Saúde.

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O modelo Transteórico baseia-se no modelo de tomada de decisão. Procura explicar como as pessoas decidem
envolver-se num determinado comportamento. Por sua vez, esta decisão tem em conta a análise dos custos e benefícios
percebidos da adesão a um comportamento (Calmeiro & Matos, 2004).

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Quadro 4.1. Processos de mudança (Adaptado de Palmeira, Gomes & Teixeira, 2004; Marcus,
Rossi, Selby, Niaura & Abrams, 1992 cit. in Courneya, & Bobick, 2000)

Processo Definição
Cognitivo/Experiencial
Elevação da Consciência Esforços feitos pelo indivíduo na procura de novas
informações e na procura de perceber e receber feedback
acerca do comportamento problemático.
Alivio Dramático Aspectos afectivos da mudança envolvendo, muitas vezes,
experiências emocionais intensas relacionadas com o
comportamento problemático.
Reavaliação do Envolvimento Considerações e avaliação por parte do indivíduo sobre como
o comportamento afecta o envolvimento físico e social
Auto-Reavaliação Reavaliação cognitiva e emocional dos valores por parte do
indivíduo em relação ao comportamento problemático
Libertação Social Tomada de Consciência, disponibilidade e aceitação do
indivíduo de formas alternativas, sem problemas de estilos de
vida em sociedade.
Comportamentais/Envolvimento
Contra-condicionamento Substituição de comportamentos alternativos para o
comportamento problemático.
Relações de Ajuda Aceitação, confiança e utilização do suporte de outros
significativos durante as tentativas de mudança
Gestão do Reforço Alteração das contingências que controlam ou mantêm o
comportamento problemático
Auto-Libertação A escolha do indivíduo e o seu comprometimento para mudar
o comportamento problemático, incluindo a crença de que
pode mudar
Controlo de Estímulos Controlo das situações, outros sujeitos ou causas que pode
desencadear o comportamento problemático

Os processos de mudança, a auto-eficácia e os “prós e contras” receberam um


enorme suporte empírico no domínio do exercício em termos da discriminação das fases de
mudança (Marcus & Owen, 1992; Marcus, Selby, Niaura & Rossi, 1992 cit. in Courneya &
Bobick, 2000). No entanto, segundo Culos-Reed et al. (2001), as evidências dos processos
do modelo transteórico reveladas em estudos no domínio do exercício são muito limitadas.
Revela-se, portanto, difícil comprovar o papel que esta variável exerce na adesão ao
exercício físico.
Algumas das críticas ao modelo transteórico podem observar-se num estudo de
Rosen (2000) no qual o autor procurou integrar conceitos do modelo transteórico, da teoria
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do comportamento planeado e do modelo da elaboração de probabilidade (Petty &

3
Tradução da Elaboration Likelihood Model (EML). O modelo da elaboração de probabilidade da mudança de atitude é
uma teoria com valor para a comunicação na saúde, aplicada nas intervenções através de aconselhamento. Mas, só
recentemente é que foi aplicada à promoção da saúde. Estabelece que as pessoas que ainda não vêm o exercício como

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Cacioppo, 1986) para compreender a forma como a prontidão para o exercício se
relacionava com o processamento de mensagens e a iniciação ao exercício entre estudantes
sedentários do liceu. Concluiu-se que a atitude prediz o processamento de mensagens, mas
as fases de mudança não. Assim, os jovens que têm uma atitude positiva face ao exercício
processam mais mensagens de promoção do exercício do que os que têm uma atitude
negativa ou neutra. Pôde-se ainda constatar que não foram encontradas diferenças no
processamento de mensagens entre pré-contemplativos, contemplativos e em fase de
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preparação .
Ainda no mesmo estudo, conclui-se que as fases de mudança e a intenção predizem
a adesão ao exercício até um a três meses de follow-up (n=134), com a actividade física de
linha de base ou exercício anterior, moderando o efeito da intenção. Ou seja, a intenção é
mais provável de conduzir ao exercício regular quando o estudante já praticou exercício
ocasionalmente na linha de base. Isto é consistente com o modelo transteórico que
presume que mudanças ligeiras na actividade física (preparação) intervêm entre a intenção
(contemplação) e a adopção de exercício regular (acção) (Rosen, 2000).
Estas conclusões sugerem direcções futuras para a integração da teoria do
comportamento planeado com o modelo transteórico. Foi, de facto, isso que Courneya e
Bobick (2000) tentaram fazer num estudo que será apresentado, em seguida.

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