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Introdução
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Autor. Professor de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Ensino do Estado
do Paraná, em Faxinal, no Colégio Estadual Érico Veríssimo. Graduado em História pela FAFIMAN,
com Pós Graduação em História Política e Econômica do Brasil pela FAFIMAN.
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Orientador. Doutor em História; professor do Departamento de História da Universidade Estadual de
Londrina - UEL.
curricular com o objetivo de construir uma sociedade justa onde as oportunidades
sejam iguais para todos.
Desta perspectiva, propõe-se que os conhecimentos contribuam para a crítica
às contradições sociais, políticas e econômicas presentes nas estruturas da
sociedade contemporânea. Porém, sabemos que desde o momento que a História
passou a existir como disciplina escolar no Brasil, até início do Século XXI,
predominou a narrativa histórica tratada de modo linear, cronológica e harmônica,
conduzida pelos heróis em busca de um ideal de progresso de nação, onde os
grandes heróis são vistos como sujeitos da história narrada, exemplos a serem
seguidos, e o Estado figura como o principal sujeito histórico, responsável pelos
grandes feitos da nação, exemplificado nas obras dos governantes e das elites
condutoras do país.
A construção desse artigo, a partir da introdução dos alunos na prática de
pesquisa e produção do conhecimento histórico mediante o manuseio de arquivos
locais, depoimentos e registros de memória, teve como objetivo analisar a
comportamento eleitoral do município de Faxinal, para identificar as famílias que
tiveram representantes no poder executivo e legislativo do município desde sua
criação em 1951 até 2015.
Entendemos que esse artigo pode contribuir para a reorganização da idéia de
poder no município de Faxinal a partir da compreensão de que o conhecimento da
realidade social passa pelo conhecimento dos mecanismos de poder e pela
construção dos projetos de poder.
Através desta pesquisa sobre o comportamento eleitoral do município de
Faxinal conseguimos identificar os vereadores e prefeitos com vínculos familiares,
que compuseram o poder legislativo e executivo do município e buscamos também
identificar os elementos que nos ajudam a compreender como as famílias
conseguem manter seus descendentes, que se sucedem ao longo das eleições,
utilizando-se da força eleitoral como patrimônio de poder político local.
Revisão de Literatura
Até o início do século XXI, predominou no Brasil um tipo de história política,
considerada tradicional. Segundo Schmidt e Cainelli (2004), essas correntes
historiográficas amparavam-se nos estudos de fatos, na neutralidade do historiador
e na explicação histórica. Tal explicação, porém, reduzia-se aos fatos políticos e à
história como produto da ação de heróis.
A partir do século XXI, diversas tendências historiográficas convergiram no
sentido de desqualificar a história política tradicional. O historiador Francês Jacques
Julliard sintetiza muito bem as acusações em relação à história política:
A história política é psicológica e ignora os condicionamentos; é elitista, talvez
biográfica, e ignora a sociedade global e as massas que a compõem; é
qualitativa e ignora as séries; seu objetivo é o particular e, portanto, ignora a
comparação; é narrativa, e ignora a análise; é idealista, e ignora o material; é
ideológica e não tem consciência de sê-lo; é parcial e não o sabe; prende-se
ao consciente e ignora o inconsciente; visa aos pontos precisos e ignora o
longo prazo; em uma palavra, uma vez que essa palavra tudo resume na
linguagem dos historiadores, é uma história factual (JULLIARD, 1976, p.181).
Família Siqueira
Ismael Pinto Siqueira foi eleito vereador na 3ª legislatura (1960/1964), prefeito
na gestão 1965/1969, reeleito prefeito na gestão 1973/1976. Seus dois irmãos,
Isaias Pinto Siqueira e Lasmar Pinto Siqueira, foram eleitos vereadores na 8ª
legislatura (1983/1988).
Seu filho, Jair Pinto Siqueira foi eleito vereador na 10ª legislatura (1993/1996),
reeleito para 11ª legislatura (1997/2000), eleito vice-prefeito para a gestão
2001/2004, eleito prefeito para a gestão 2005/2008, reeleito para o 3º mandato de
vereador para a 15ª legislatura (2013/2016), reeleito para o 4º mandato de vereador
para a 16ª legislatura (2017/2020).
A vereadora Eliete Aparecida Siqueira, casada com o sobrinho do Sr Ismael
Pinto Siqueira, também foi eleita vereadora para a 9ª legislatura (1989/1992).
Da família do vereador Jair Pinto Siqueira, trabalham na prefeitura a Srª Ilma
Ignês Siqueira (esposa), Nélio Francisco Siqueira (filho), Mirian Ayuri Miyaki (nora),
Maria Solange Siqueira (prima), Joana Darc de Siqueira Lins (prima) que é casada
com o médico Plutarco Alves de Lins, que também é funcionário da prefeitura. E na
Câmara municipal tem a funcionária Ieda Maria Siqueira Zaneta (prima).
Família Bocardo
Waldomiro Bocardo, eleito vereador para a 6ª legislatura (1973/1976). E os
outros três irmãos para as legislaturas seguintes; Milton Bocardo, eleito para 7ª
legislatura (1977/1982), Sérgio Bocardo, para a 8ª legislatura (1983/1988) e
Valdivino Bocardo para a 9ª legislatura (1989/1992).
Família Sega
Moacir Paulo Sega, eleito vereador para a 4ª legislatura (1965/1969), eleito
Vice-Prefeito na gestão (1973/1976), eleito prefeito na gestão (1977/1982), reeleito
para o 2º mandato de vereador para 10ª legislatura (1993/1996), reeleito para o 3º
mandato de vereador para a 13ª legislatura (2005/20080, reeleito para o 4º mandato
de vereador para a 14ª legislatura 2009/2012).
Seu irmão Lucas Sega, foi eleito vereador para a 5ª legislatura (1969/1972) e
assumiu como suplente na 12ª legislatura (2001/2004).
Moacir Paulo Sega, além dos mandatos de vereador e prefeito, é funcionário
aposentado da prefeitura, exerceu o cargo de Procurador Jurídico da Câmara em
2013 e 2014. Da sua família, trabalham na prefeitura Suzane Olivette Sega Canhete
(filha) e Gilles Renne Sega Tilles (neto).
Família Cavalheiro
Eurides Cavalheiro de Meira, eleito vereador para a 4ª legislatura
(1965/1969). Seu sobrinho Pedro Cavalheiro de Meira foi eleito vereador para 8ª
legislatura (1983/1988) e Vice-Prefeito para a gestão 1989/1992. Seu sobrinho neto,
Marcos Cavalheiro de Meira foi eleito vereador para a 10ª legislatura (1993/1996)
reeleito para o 2º mandato para a 11ª legislatura (1997/2000) e reeleito para o 3º
mandato para a 12ª legislatura (2001/2004).
Da família do Sr Pedro Cavalheiro de Meira, trabalham na prefeitura a Srª Ilda
Cavalheiro de Meira (esposa), Patrícia Cavalheiro de Meira Amorim (filha). E na
Câmara trabalha o Sr Marcos Cavalheiro de Meira, primo do ex-vereador Marcos
Cavalheiro de Meira, e tem a esposa e a filha também trabalhando na prefeitura.
Família Machado
Vantuil Machado de Oliveira, eleito vereador para a 7ª legislatura
(1977/1982). Deixou sua filha, Glauceli Machado de Oliveira, como funcionária da
Câmara e outros 4 filhos como funcionários da prefeitura: Iyoni Machado de Oliveira,
Arnaldo Machado de Oliveira, Aurélio Machado de Oliveira e Oliveira Machado de
Oliveira.
Família Portela
Vitor Mendes Portela, eleito vereador para a 5ª legislatura (1969/1972),
reeleito para a 7ª legislatura (1977/1982). Seu filho, Carlos Magno Portela foi eleito
vereador para a 9ª legislatura (1989/1992). Outro filho, Vitor Procópio Ozório Portela
foi eleito vereador para a 11ª legislatura (1997/2000). O filho do Sr. Vitor Procópio
Ozório Portela, Paulo Vitor Portela foi eleito vereador para a 14ª legislatura
(2009/2012), reeleito para o 2º mandato de vereador para a 15ª legislatura
(2013/2016) e reeleito para o 3º mandato de vereador para a 16º legislatura
(2017/2020).
Da família do vereador Paulo Vitor Portela, trabalham na prefeitura o Sr Vitor
Procópio Ozório Portela (pai), Fernanda Portela da Costa (irmã), Regiane Maria
Portela (esposa) e os tios Lineu Portela, Fernando Portela, João Maria Portela e
esposa, Nilson Portela e Gilberto Portela (inativo). O seu tio e ex-vereador Carlos
Magno Portela tem a concessão dos serviços funerários do município de Faxinal.
Tem ainda as primas Clarisse de Fátima Portela, Maria Cleonice Portela, Patrícia
Fernanda Portela, Rosimari Portela Teodósio e Cleide Castorina Portela Garcia.
Após estes levantamentos definimos uma relação de nomes dos possíveis
entrevistados organizando uma breve biografia dos mesmos.
Para organizar as entrevistas empregamos a metodologia da História Oral,
entendendo que é um caminho interessante para se conhecer e registrar múltiplas
possibilidades que se manifestam e dão sentidos a formas de vida e escolhas de
diferentes grupos sociais, em todas as camadas da sociedade. Para tanto, os
procedimentos metodológicos seguiram encaminhamentos propostos na Obra
Manual de História Oral, de Verena Alberti (2004).
A História Oral pode nos ajudar a compreender a História política, entendida
não mais como História dos “grandes homens” e “grandes feitos”, e sim como estudo
das diferentes formas de articulação de atores e grupos de interesse.
Após definir a relação de nomes dos possíveis entrevistados, elaboramos
junto com os alunos um roteiro geral das entrevistas que serviu de base para os
roteiros individuais dos entrevistados.
Como estamos tratando do papel das famílias nos processos eleitorais,
adotamos a entrevista de histórias de vida como método de trabalho.
A entrevista teve como eixo a biografia do entrevistado, sua vivência e sua
experiência podendo se fazer os cortes temáticos efetuados em sua trajetória.
Segundo Verena Alberti (2013), é conhecendo e estudando o material
disponível em arquivos, bibliotecas e outras instituições que os pesquisadores do
programa estarão se preparando para desempenhar todas as atividades vinculadas
à produção das entrevistas.
O roteiro geral de entrevistas deve ser elaborado com base no projeto e na
pesquisa exaustiva sobre o tema e tem uma função dupla: promover a síntese das
questões levantadas durante a pesquisa em fontes primárias e secundárias e
constitui instrumento fundamental para orientar as atividades subseqüentes,
especialmente a elaboração dos roteiros individuais (Alberti, 2013, p.161).
Foi elaborada uma proposta possível de roteiro geral para as entrevistas com
os membros das famílias que tiveram cargos no poder executivo ou legislativo no
município de Faxinal, contendo os seguintes itens:
1. Nome:
2. Idade:
3. Ocupação:
4. Parentesco:
5. Grau de instrução:
6. Onde sua família morava antes de mudar para Faxinal?
7. Por que sua família se mudou para Faxinal?
8. Quando sua família se mudou para Faxinal?
9. Como era a cidade e o local onde sua família passou a morar?
10. Quais eram as ocupações dos principais membros de sua família quando
chegaram em Faxinal? E hoje?
11. Algum membro de sua família ocupou cargos na prefeitura?
12. Algum membro de sua família foi eleito a algum cargo eletivo (vereador ou
prefeito)?
13. O que levou você a entrar na política?
14. Você ocupou algum cargo na prefeitura? Como foi designado? Quais eram
suas atribuições? Dificuldades que encontrou?
15. Participou de quantas eleições? E em quais foi eleito?
16. A tradição de sua família influenciou em sua eleição?
17. Principais realizações e frustrações no exercício dos mandatos?
18. Considerações finais do entrevistado.
OLIVEIRA, Ana Maria Carvalho dos Santos. Recôncavo Sul: Terra, Homens,
Economia e Poder no Século XIX. Salvador, EDUNEB, 2003.
Fontes Primárias:
Documentos de Arquivo da Câmara Municipal de Faxinal
Entrevistas com membros das seguintes famílias: Jair Pinto Siqueira e Ieda Maria
Siqueira (família Siqueira); Moacir de Paula Sega (família Sega); Ivan Carlos Bahls
(família Bahls); Maria Raimunda Macedo (família Macedo); Roberto Alves Bastiane
(família Bastiane); Marcos Cavalheiro de Meira (família Cavalheiro); Paulo Vitor
Portela (família Portela). Material gravado em áudio. Arquivo pessoal, 2017.