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MATERIAL COMPLE MENTAR

BACHARELADO EM DIREITO – 1º PERÍODO


INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Prof. Dr. Adriano Fábio (adrianofabio@hotmail.com)

AULA 3
NATUREZA E CULTURA
REALE Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25ª Ed., São Paulo. Editora Saraiva, 2001.

O DADO E O CONSTRUÍDO

O homem não apenas existe, mas vive a sua participação intencional, formam aquilo que nos
necessariamente em companhia de outros homens. é “dado”, o “mundo natural”, ou puramente natural.
Em virtude do fato fundamental da coexistência, “Construído” é o termo que empregamos para indicar
estabelecem os indivíduos entre si relações, as quais aquilo que acrescentamos à natureza, através do
ocorrem com o concomitante aparecimento de regras conhecimento de suas leis visando a atingir
de organização e de conduta. determinado fim.

Essas relações podem ocorrer em razão de pessoas, Montesquieu, um dos grandes mestres da ciência
ou em função de coisas. Verificamos, por exemplo, jurídico-política da França, no século XVIII, escreveu
que um determinado indivíduo tem a sua casa, sendo- uma obra de grande repercussão na cultura do
lhe facultado tanto vendê-la como alugá-la. Há Ocidente, intitulada De l’Esprit des Lois (Do Espírito
relações, portanto, entre os homens e as coisas, assim das Leis). Nesse livro, a lei é definida como sendo
como existem também entre as coisas mesmas. uma “relação necessária que resulta da natureza das
coisas”.
No universo, há coisas cujo nascimento não requer
nenhuma participação de nossa inteligência ou de Essa definição vale tanto para as leis físico-
nossa vontade. Mas, ao lado dessas coisas, postas matemáticas como para as leis culturais. Vejamos se
originariamente pela natureza, outras há sobre as se pode falar em “natureza das coisas” ao nos
quais o homem exerce a sua inteligência e a sua referirmos às leis que explicam o mundo físico, ou seja
vontade, adaptando a natureza a seus fins. o mundo do “dado”, ou às leis morais e jurídicas, que
são as mais importantes dentre as que compreendem
Constituem-se, então, dois mundos complementares: o mundo da cultura e da conduta humana, do
os elementos que são apresentados aos homens sem “construído”.

CONCEITO DE CULTURA

A palavra “cultura” é genuinamente latina. Era Não vivemos no mundo de maneira indiferente, sem
empregada por escritores, que, nas pegadas de rumos ou sem fins. A vida humana é sempre uma
Cícero, faziam-no em dois sentidos: como cultura procura de valores. A cultura existe exatamente
agri (agricultura) e como cultura animi. A agricultura porque o homem, em busca da realização de fins que
dá-nos bem ideia da interferência criadora do homem, lhe são próprios, altera aquilo que lhe é “dado”,
através do conhecimento das leis que explicam a alterando-se a si próprio.
germinação, a frutificação etc. Ao lado da cultura do
campo, viam os romanos a cultura do espírito, o A cultura se desdobra em diversos “ciclos culturais” ou
aperfeiçoamento espiritual baseado no conhecimento distintos “estágios históricos”, cada um dos quais
da natureza humana. Pois bem, “cultura” é o conjunto corresponde a uma civilização. O termo “cultura”
de tudo aquilo que, nos planos material e espiritual, o designa, portanto, um gênero, do qual a “civilização”
homem constrói sobre a base da natureza, quer para é uma espécie.
modificá-la, quer para modificar-se a si mesmo.

LEIS FÍSICO-MATEMÁTICAS E LEIS CULTURAIS

Se observarmos bem qual é o trabalho de um físico ou real, visando a atingir leis que sejam sínteses do fato
de um químico, perceberemos que o que ele pretende natural.
é explicar a realidade da maneira mais exata e
rigorosa. A Ciência Física é uma ciência descritiva do

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MATERIAL COMPLE MENTAR
BACHARELADO EM DIREITO – 1º PERÍODO
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Prof. Dr. Adriano Fábio (adrianofabio@hotmail.com)

Há entre os fatos ou fenômenos da natureza relações históricas e as econômicas são enunciações de juízos
de funcionalidade e sucessão, importando fixar de valor, com base nos fatos observados, o mesmo
quantitativamente tais relações: o físico tem por não acontece no plano da Ética, que é a ciência
mister e objetivo examinar os fenômenos que se normativa dos comportamentos humanos. O
passam e, através de observações, experimentações e sociólogo, o historiador e o economista, nenhum deles
generalizações, alcançar os princípios e as leis que os pensa converter suas convicções em normas ou regras
governam. Quando enuncio, por exemplo, a lei que para o comportamento coletivo. É com base nas
governa a dilatação dos gases, estou indicando de apreciações ou valorações econômicas, sociológicas,
maneira sintética os fatos observados e os que históricas, demográficas etc. que o legislador (ou,
necessariamente acontecerão sempre que as mesmas mais genericamente, o político) projeta normas.
circunstâncias ocorrerem. Essa é uma diferença
fundamental entre as leis físico-matemáticas e as leis Quando, pois, uma lei cultural envolve uma tomada de
do tipo das leis jurídicas, diferença essa que resulta da posição perante a realidade, implicando o
“natureza das coisas” peculiar a cada esfera de reconhecimento da obrigatoriedade de um
realidade. Uma é lei subordinada ao fato; a outra é lei comportamento, temos propriamente o que se
que se impõe ao fato isolado que conflitar com ela. denomina regra ou norma.
Nem todas as leis culturais são, porém, da mesma
natureza, pois, enquanto as leis sociológicas, as

BENS CULTURAIS E CIÊNCIAS CULTURAIS

As chamadas ciências físico-matemáticas, como, por animal político” por sua própria natureza, ou seja, um
exemplo, a Física, a Química, a Matemática, a animal destinado a viver em sociedade, de tal modo
Astronomia, a Geologia, e assim por diante, não que, fora da sociedade, não poderia jamais realizar o
podem ser chamadas ciências culturais; elas, bem que tem em vista.
entretanto, constituem “bens da cultura”. O seu objeto
é a natureza: são “ciências naturais”, e como produto Não há dúvida que existe, na natureza humana, a raiz
da atividade criadora do homem, integram também o do fenômeno da convivência. É próprio da natureza
mundo da cultura. humana viverem os homens uns ao lado dos outros,
numa interdependência recíproca. Isto não quer dizer
Se o homem, por um lado, estuda e explica a natureza, que o homem nada acrescente à natureza mesma.
atingindo ciências especiais, por outro lado, volta-se
para o estudo de si mesmo e da sua própria atividade Graças às ciências culturais, é-nos possível reconhecer
consciente. A História, a Economia, a Sociologia, o que o gênero humano veio adquirindo consciência da
Direito etc., que têm por objeto o próprio homem ou irrenunciabilidade de determinados valores
as atividades do homem buscando a realização de fins considerados universais e, como tais atribuíveis a cada
especificamente humanos, é que nós chamamos de um de nós, como as invariantes relativas à dignidade
ciências propriamente culturais. Todas as ciências da pessoa humana, à salvaguarda da vida individual e
representam fatos culturais, bens culturais, mas, nem coletiva, elevando-se até mesmo a uma visão
todas as ciências podem ser chamadas, no sentido planetária em termos ecológicos.
rigoroso do termo, ciências culturais. Ciências
culturais são aquelas que, além de serem elementos Esses valores supremos inspiram e legitimam os atos
da cultura, têm por objeto um bem cultural. A humanos como se fossem inatos, ainda que se
sociedade humana, por exemplo, não é só um fato reconheça sua origem histórica. Pois bem, uma das
natural, mas algo que já sofreu no tempo a finalidades do Direito é preservar e garantir tais
interferência das gerações sucessivas. valores e os que deles defluem – sem os quais não
caberia falar em liberdade, igualdade e fraternidade –
É necessário, pois, esclarecer o valor do ensinamento, o que demonstra que a experiência jurídica é uma
que nos vem de Aristóteles, de que “o homem é um experiência ética.

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