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A consciência coletiva

Por Émile Durkheim

O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade
forma um sistema determinado que tem sua vida própria; poderemos chamá-lo: a consciência
coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; é, por definição, difusa
em toda extensão da sociedade; mas não deixa de ter caracteres específicos que fazem dela uma
realidade distinta. Com efeito, é independente das condições particulares em que os indivíduos
estão colocados; eles passam, ela permanece. É a mesma no norte e no sul, nas grandes e pequenas
cidades, nas diferentes profissões. Da mesma forma, não muda a cada geração, mas, ao contrário,
liga umas às outras as gerações sucessivas. Portanto, é completamente diversa das consciências
particulares, se bem que se realize somente entre indivíduos. Ela é o tipo psíquico da sociedade,
tipo que tem suas propriedades, suas condições de existência, seu modo de desenvolvimento, tudo
como os tipos individuais, embora de uma outra maneira. Com razão, pois, tem o direito de ser
designada por uma palavra especial. Aquela que empregamos mais acima não está, é verdade,
isenta de ambiguidades. Como os termos coletivo e social são frequentemente tomados um pelo
outro, é-se induzido a crer que a consciência coletiva é toda a consciência social, isto é, estende-se
tão longe quanto a vida psíquica da sociedade, sendo que, sobretudo nas sociedades superiores, ela
é só uma parte muito restrita. As funções judiciárias, governamentais, científicas, industriais, em
uma palavra, todas as funções especiais são de ordem psíquica, visto consistirem em sistemas de
representações e de ações: entretanto, estão evidentemente fora da consciência comum. Para evitar
uma confusão que foi cometida, o melhor seria talvez criar uma expressão técnica que designasse
especialmente o conjunto das similitudes sociais. Todavia, como o emprego de uma palavra nova,
quando não é absolutamente necessária, não se apresenta livre de inconvenientes, manteremos a
expressão mais habitual de consciência coletiva ou comum, mas lembrando-nos sempre do sentido
estrito no qual a empregamos.

Podemos, pois, resumindo a análise que precede, dizer que um ato é criminoso quando ofende os
estados fortes de definidos da consciência coletiva.

[…]

Não se contesta que todo delito seja universalmente reprovado, mas admite-se que a reprovação,
da qual ele é objeto, resulta de sua delituosidade. Todavia, fica-se em seguida muito embaraçado
para dizer em que consiste esta delituosidade. Numa imoralidade particularmente grave? Eu o
consinto; mas é responder à questão pela questão e colocar uma palavra no lugar de outra; pois
trata-se de saber precisamente o que é imoralidade e, sobretudo, esta imoralidade particular que a
sociedade reprime por meio de penas organizadas e que constitui a criminalidade. Evidentemente
ela não pode vir senão de uma ou várias características comuns a todas as variedades
criminológicas; ora a única que satisfaz esta condição é a oposição que existe entre o crime,
qualquer que seja, e certos sentimentos coletivos. É, pois, esta oposição que faz o crime, em vez de
derivar dele. Em outros termos, não é preciso que um ato fira a consciência comum. Não
reprovamos porque é um crime, mas é um crime porque o reprovamos. Quanto à natureza
intrínseca destes sentimentos, é impossível especificá-la; eles têm os objetivos mais diversos e não
se poderia dar uma forma única. Não se pode dizer que eles se relacionam nem aos interesses
vitais da sociedade nem a um mínimo de justiça; todas estas definições são inadequadas. Mas,
apenas porque um sentimento, quaisquer que sejam sua origem e seu fim, encontra-se em todas as
consciências com um certo grau de força e precisão, todo ato que o fira é um crime. A psicologia
contemporânea retorna cada vez mais à ideia de Espinosa segundo a qual as coisas são boas
porque as amamos e não que a amemos por serem boas…

DRUKHEIM, Émile. Da divisão social do trabalho. Editora Abril. 1979. (Coleção Os Pensadores) p. 40
– 41.

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