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POLÍCIA eu
-ŝŦ
RODOVIÁRIA
FEDERAL - PRF
PREPARAÇÃO - CONHECIMENTO - APROVAÇÃO

VIDEOAULAS DE:
- Atualidades
- Matemática Básica

Língua Portuguesa
Redação
Matemática
Noções de Informática
Ética no Serviço Público
Noções de Direito Constitucional
Noções de Direito Administrativo
Noções de Direito Penal
Noções de Direito Processual Penal
Legislação Especial
Direitos Humanos e Cidadania
Física Aplicada à Perícia de Acidadentes Rodoviários
Legislação Relativa ao DPRF
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ŝ-ŝŦ SUMÁRIO 5

ÍNDICE
LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................................................... 9
1. Interpretação e Compreensão de Texto ................................................................................................. 11
2. Gêneros Textuais ................................................................................................................................... 11
3. Reescritura de Frases e Parágrafos do Texto ....................................................................................... 16
4. Formação de Palavras .......................................................................................................................... 19
5. Emprego das Classes de Palavras ........................................................................................................21
6. Sintaxe ..................................................................................................................................................31
7. Pontuação .............................................................................................................................................39
REDAÇÃO ............................................................................................................................... 42
1. Redação para Concursos Públicos ........................................................................................................43
2. Dissertação Expositiva e Argumentativa..............................................................................................48
MATEMÁTICA .......................................................................................................................... 54
1. Proposições ...........................................................................................................................................57
2. Argumentos .......................................................................................................................................... 61
3. Psicotécnicos ........................................................................................................................................63
4. Análise Combinatória ...........................................................................................................................63
5. Probabilidade .......................................................................................................................................66
6. Teoria dos Conjuntos ............................................................................................................................67
7. Conjuntos Numéricos ............................................................................................................................68
8. Sistema Legal de Medidas ....................................................................................................................72
9. Razões e Proporções ............................................................................................................................73
10. Porcentagem e Juros ..........................................................................................................................74
11. Sequências Numéricas .........................................................................................................................75
12. Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares .....................................................................................78
13. Funções, Função Afim e Função Quadrática .......................................................................................85
14. Função Exponencial e Função Logarítmica ......................................................................................... 91
15. Trigonometria......................................................................................................................................93
16. Geometria Plana ..................................................................................................................................96
17. Geometria Espacial ............................................................................................................................ 102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA.......................................................................................................113
1. Windows............................................................................................................................................... 115
2. Sistema Windows 10 ............................................................................................................................ 118
3. Redes de Computadores ...................................................................................................................... 131
4. Arquitetura de Redes.......................................................................................................................... 136
6 SUMÁRIO Ş
ŝ-ŝŦ

5. Segurança da Informação .................................................................................................................... 141


6. Cloud Computing ................................................................................................................................ 144
7. BrOffice Writer – Editor de Texto ...................................................................................................... 145
8. BrOffice Calc – Editor de Planilhas .................................................................................................... 154
9. BrOffice Impress - Editor de Apresentação ........................................................................................ 160
10. Glossário............................................................................................................................................ 165
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ...................................................................................................168
1. Ética no Serviço Público ...................................................................................................................... 169
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República ................................... 178
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL ................................................................................... 193
1. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil .............................................................. 197
2. Teoria Geral da Constituição .............................................................................................................. 200
3. Direitos e Garantias Fundamentais .....................................................................................................203
3.1. Direitos e Garantias Individuais e Coletivos .................................................................................... 204
3.2. Direitos Sociais ................................................................................................................................ 218
3.3. Direitos de Nacionalidade................................................................................................................226
3.4. Direitos Políticos e Partidos Políticos ..............................................................................................229
4. Organização Político-Administrativa do Estado ................................................................................232
5. Administração Pública ....................................................................................................................... 240
6. Poder Legislativo, Executivo e Judiciário ...........................................................................................255
7. Funções Essenciais à Justiça ...............................................................................................................275
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO .................................................................................. 286
1. Introdução ao Direito Administrativo................................................................................................ 290
2. Administração Pública ........................................................................................................................293
3. Órgão Público .....................................................................................................................................299
4. Agentes Públicos ............................................................................................................................... 300
5. Princípios Fundamentais da Administração Pública .......................................................................... 301
6. Poderes e Deveres Administrativos ...................................................................................................305
7. Ato Administrativo .............................................................................................................................. 311
8. Improbidade Administrativa ...............................................................................................................315
9. Serviços Públicos ................................................................................................................................ 319
10. Controle da Administração Pública...................................................................................................329
11. Responsabilidade Civil do Estado ......................................................................................................334
12. Processo Administrativo Federal ......................................................................................................336
13. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990 ........................................................................................... 340
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ŝ-ŝŦ SUMÁRIO 7

NOÇÕES DE DIREITO PENAL ................................................................................................... 370


1. Introdução ao Direito Penal e Aplicação da Lei Penal ......................................................................... 373
2. Do Crime .............................................................................................................................................382
3. Concurso de Crimes ............................................................................................................................392
4. Dos Crimes Contra a Pessoa ...............................................................................................................394
5. Dos Crimes Contra o Patrimônio......................................................................................................... 419
6. Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual ..............................................................................................439
7. Dos Crimes Contra a Fé Pública ......................................................................................................... 442
8. Dos Crimes Contra a Administração Pública ..................................................................................... 449
9. Lei nº 8.072/1990 Crimes Hediondos .................................................................................................477
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL ..............................................................................480
1. Disposições Constitucionais Aplicáveis ao Processo Penal .................................................................482
2. Introdução ao Direito Processual Penal ..............................................................................................483
3. Inquérito Policial ................................................................................................................................ 484
4. Ação Penal .......................................................................................................................................... 491
5. Jurisdição e Competência ...................................................................................................................495
6. Prova................................................................................................................................................... 501
7. Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos Assistentes e Auxiliares da Justiça ..... 509
8. Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória ............................................................ 511
9. Procedimento dos Crimes de Responsabilidade do Funcionário Público .......................................... 518
10. Habeas Corpus e seu Processo ......................................................................................................... 519
LEGISLAÇÃO ESPECIAL ...........................................................................................................523
1. Estatuto da Criança e do Adolescente .................................................................................................526
2. Lei nº 10.826/2003 Estatuto do Desarmamento .................................................................................531
3. Lei nº 9.605/1998 Lei dos Crimes Ambientais ...................................................................................537
4. Lei nº 9.455/1997 Lei de Tortura ........................................................................................................543
5. Lei nº 7.716/1989 Lei de Discriminação Racial ....................................................................................545
6. Lei nº 10.741/2003 Estatuto do Idoso - Dos Crimes ...........................................................................546
7. Lei nº 5.553/1968 Apresentação e Uso de Documento de Identificação Pessoal ...............................548
8. Decreto-Lei nº 3.688/1941 Lei das Contravenções Penais .................................................................549
9. Lei nº 11.340/2006 Lei Maria da Penha...............................................................................................556
10. Lei nº 12.850/2013 Da Organização Criminosa (Revoga a Lei nº 9.034/1995) .................................559
11. Decreto nº 7.901, de 4 de Fevereiro de 2013 .....................................................................................564
12. Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008 ...................................................................................................565
13. Decreto nº 6.877, de 18 de Junho de 2009........................................................................................566
14. Decreto nº 5.948, de 26 de Outubro de 2006...................................................................................567
8 SUMÁRIO Ş
ŝ-ŝŦ

15. Decreto nº 6.347, de 8 de Janeiro de 2008 .......................................................................................572


16. Lei nº 10.259/2001 Juizados Especiais Federais ...............................................................................572
17. Lei nº 9.099/1995 Juizados Especiais Cíveis e Criminais ..................................................................574
18. Lei nº 4.898/1965 Abuso de Autoridade ........................................................................................... 581
19. Lei nº 11.343/2006 Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad)..........................583
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA......................................................................................... 592
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa e Fundamentação ......................................................593
2. Evolução Histórica, Classificação e Características dos Direitos Humanos ........................................594
3. Direitos Humanos, Direito Humanitário e Direito dos Refugiados .....................................................596
4. Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro ....................................................................597
5. Programa Nacional de Direitos Humanos .......................................................................................... 603
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS..................................................... 605
1. Cinemática .......................................................................................................................................... 606
2. Dinâmica .............................................................................................................................................. 611
3. Estática ............................................................................................................................................... 617
4. Ondulatórias ...................................................................................................................................... 620
5. Óptica..................................................................................................................................................626
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF ........................................................................................... 635
1. Lei nº 4.878, 3 de Dezembro de 1965 .................................................................................................637
2. Lei nº 9.654 de 2 de Junho de 1998 ................................................................................................... 644
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Trânsito Brasileiro ................................................................................647
4. Decreto nº 6.061/2007 Estrutura Regimental do Ministério da Justiça ..............................................713
Ş
ŝ#-ŝŦ LÍNGUA PORTUGUESA 9

ÍNDICE
1. Interpretação e Compreensão de Texto.........................................................................11
O que é Interpretar Textos? ..........................................................................................................11
Ambiguidade ..................................................................................................................................11
Coesão e Coerência.........................................................................................................................11
2. Gêneros Textuais .........................................................................................................11
Tipologia Textual ............................................................................................................................11
Gêneros Textuais ........................................................................................................................... 12
3. Reescritura de Frases e Parágrafos do Texto................................................................ 16
Substituição de Palavras ou de Trechos de Texto .........................................................................16
Retextualização de Diferentes Gêneros e Níveis de Formalidade ................................................. 17
4. Formação de Palavras ................................................................................................ 19
Processos de Formação de Palavras..............................................................................................19
Acentuação ................................................................................................................................... 20
Ortografia ..................................................................................................................................... 20
5. Emprego das Classes de Palavras .............................................................................. 21
5. 1. Substantivo ............................................................................................................ 21
Flexão do Substantivo .................................................................................................................. 23
5. 2. Artigo ....................................................................................................................24
5. 3. Adjetivo.................................................................................................................24
Formação do Adjetivo .................................................................................................................. 24
5. 4. Interjeição .............................................................................................................25
Locução Interjetiva ....................................................................................................................... 25
5. 5. Numeral.................................................................................................................25
5. 6. Advérbio ................................................................................................................25
Locução Adverbial ........................................................................................................................ 25
Adjetivos Adverbializados............................................................................................................ 25
5. 7. Conjunção..............................................................................................................26
Classificação das Conjunções ....................................................................................................... 26
5. 8. Preposição.............................................................................................................26
5. 9. Pronome................................................................................................................27
Classificação dos Pronomes ......................................................................................................... 27
5. 10. Palavra QUE .........................................................................................................28
5. 11. Palavra SE .............................................................................................................29
5. 12. Verbo ....................................................................................................................29
Conjugações do Verbo.................................................................................................................. 29
Flexão do Verbo............................................................................................................................ 30
10 LÍNGUA PORTUGUESA Ş
ŝ#-ŝŦ

Locução Verbal ............................................................................................................................. 30


Tipos de Verbo ............................................................................................................................... 31
Vozes Verbais ................................................................................................................................ 31
6. Sintaxe ...................................................................................................................... 31
6. 1. Frase ...................................................................................................................... 31
Classificação da Frase .................................................................................................................... 31
6. 2. Oração...................................................................................................................32
6.2.1. Termos Essenciais da Oração ................................................................................32
6.2.2. Termos Integrantes da Oração ..............................................................................33
6.2.3. Termos Acessórios da Oração................................................................................34
6. 3. Período Composto ..................................................................................................34
6.3.1. Período Composto por Coordenação......................................................................34
6.3.2. Período Composto por Subordinação ....................................................................35
6. 4. Sintaxe de Concordância.........................................................................................35
6.4.1. Concordância Nominal ..........................................................................................35
6.4.2 Concordância Verbal .............................................................................................36
6. 5. Colocação Pronominal ............................................................................................36
6. 6. Sintaxe de Regência...............................................................................................37
6.6.1. Regência Nominal .................................................................................................37
6.6.2. Regência Verbal ...................................................................................................38
6.6.3. Crase....................................................................................................................39
7. Pontuação ..................................................................................................................39
Ponto (.) .......................................................................................................................................40
Ponto de Interrogação (?) ............................................................................................................40
Ponto de Exclamação (!) ..............................................................................................................40
Reticências (…) .............................................................................................................................40
Parênteses ( )................................................................................................................................40
Aspas (“ ”) ....................................................................................................................................40
Travessão (-) ................................................................................................................................40
Dois Pontos (:) ..............................................................................................................................40
Ponto e Vírgula (;) ........................................................................................................................40
Vírgula ...........................................................................................................................................41
1. Interpretação e Compreensão de Causa Porque – pois – já que – visto que – uma vez que
quando – na hora em que – logo que – assim
Texto Tempo
que

Leia o trecho a seguir, publicado no jornal Correio Popular:


O que é Interpretar Textos? “Durante a sua carreira de goleiro, iniciada no Comercial
Interpretar textos é, antes de tudo, compreender o que se de Ribeirão Preto, sua terra natal, Leão, de 51 anos, sempre
leu. Para que haja essa compreensão, é necessária uma leitu- impôs seu estilo ao mesmo tempo arredio e disciplinado. Por
ra muito atenta e algumas técnicas que veremos no decorrer outro lado, costumava ficar horas aprimorando seus defei-
dos textos. Uma dica importante é fazer o resumo do texto por tos após os treinos. Ao chegar à seleção brasileira em 1970,
parágrafos. quando fez parte do grupo que conquistou o tricampeonato
mundial, Leão não dava um passo em falso. Cada atitude e
Ambiguidade cada declaração eram pensados com um racionalismo típico
de sua família, já que seus outros dois irmãos são médicos.”
Ambiguidade ou anfibologia é a falta de clareza em um
Correio Popular, Campinas, 20 out. 2000.
enunciado que lhe permite mais de uma interpretação. É co-
nhecida, também, como duplo sentido. Observe os exemplos a Observe que neste trecho há problemas de coerência.
seguir: “(...) costumava ficar horas aprimorando seus defeitos (...)”
Exs.: Maria disse à Ana que sua irmã chegou. (A irmã é de Entende-se o que o redator do texto quis dizer, mas a cons-
Maria ou Ana?) trução é indevida, uma vez que a definição para aprimorar, se-
A mãe falou com a filha caída no chão. (Quem estava caída gundo o dicionário, é aperfeiçoar, melhorar a qualidade de. Por-
no chão?) tanto, se interpretada seguindo esta definição, entender-se-ia
Está em dúvida quanto à configuração da sua máquina? que o jogador melhorava seus defeitos.
Então, acabe com ela agora mesmo! (Acabe com a dúvida, Além da escolha inadequada do vocábulo, há também um
com a configuração ou com a máquina?) problema causado pelo uso indevido dos elementos de coesão.
Em alguns casos, especialmente na publicidade e nos textos Observe o uso da expressão “Por outro lado”, que deveria indi-
literários, a ambiguidade é proposital; mas, para que ocorra a car algo contrário ao que foi dito anteriormente, mas neste caso
compreensão necessária, é preciso que o leitor tenha conheci- precede uma afirmação que confirma o que foi dito no período
mento de mundo suficiente para interpretar de maneira literal anterior, deixando o texto confuso.
e não literal. Perceba, portanto, que:
No entanto, ela se torna um problema nos textos quando Coesão é a relação entre as afirmações do texto, de maneira
causa dúvidas em relação à interpretação. Ela também pode a deixá-lo claro e fazer sentido:
gerar problemas e fazer com que o autor seja mal interpretado,
como na frase “Sinto falta da galinha da minha mãe”. Ontem o dia foi bom porque vi Lucas.

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ŝ#-ŝŦ
Ao escrever, para que não haja problemas relacionados à Ontem o dia foi bom apesar de eu ter visto Lucas.
ambiguidade, é necessária atenção do autor e uma leitura cui- A relação de sentido estabelecida pela conjunção fará o sen-
dadosa. tido do texto.
É importante observar que os textos não são estáticos Coerência é o sentido do texto, é o fato de o texto fazer
e dificilmente apresentarão apenas uma tipologia. É comum sentido e ser compreendido pelo leitor em uma primeira leitura.
que o texto seja, por exemplo, dissertativo-argumentativo, O que torna um texto coerente, entre outras coisas, é a escolha
narrativo-descritivo ou descritivo-instrucional. É importante, correta das conjunções. Por isso, a coesão e a coerência do texto
portanto, identificar a tipologia que predomina. andam juntas e muitas vezes se confundem.

Coesão e Coerência 2. Gêneros Textuais


Observe as orações a seguir: Neste capítulo, são apresentados alguns gêneros textuais
Mariana estava cansada. Viajou a noite toda. Foi trabalhar que circulam na sociedade (artigo, ata, atestado, apostila, car-
LÍNGUA PORTUGUESA

no dia seguinte. ta, charge, certidão, circular, declaração, editorial, entrevista,


Perceba que a relação entre elas não está clara. Agora, veja edital, gênero literário, história em quadrinhos, notícia, ofício,
o que acontece quando são inseridos elementos de coesão: parecer, propaganda, poema, reportagem, requerimento, re-
Mariana estava cansada porque viajou a noite toda. Mesmo latório, portaria). Sobre esse assunto, é importante saber que
assim, foi trabalhar no dia seguinte. esses gêneros estão relacionados à tipologia textual. Portanto,
Os elementos de coesão são responsáveis por criar a re- vale a pena fazer uma síntese dessas tipologias antes de tra-
lação correta entre os termos do texto, tornando-o coerente. tarmos diretamente dos gêneros.
Os elementos de coesão são representados pelas conjun-
ções. As principais relações estabelecidas entre eles são: Tipologia Textual
embora – ainda que – se bem que – mesmo Um texto pode ter várias características. Entre elas, estão
Concessão
que – por mais que. a tipologia e o gênero textual. A relação é a seguinte: cada
mas – contudo – no entanto – todavia – se tipologia textual possui diversos gêneros textuais. Além disso,
Adversidade
bem que – porém – entretanto. geralmente um texto não é escrito com base em apenas uma
dessa forma – logo – portanto – assim sendo tipologia, ou seja, podem ser encontradas várias tipologias 11
Conclusão
– por conseguinte num texto, mas sempre há alguma que se torna predominante.
As tipologias mais importantes que devemos estudar são: Predição
12 narração, descrição, dissertação, injunção, predição, dialogal.
A predição tem por características a informação e a probabi-
Narração lidade. O intuito é predizer algo ou levar o interlocutor a crer em
Modalidade textual que tem o objetivo de contar um fato, alguma coisa que ainda irá ocorrer.
fictício ou não, que aconteceu num determinado tempo e lu- Os gêneros em que mais são encontrados essa tipologia são:
gar, e que envolve personagens. Geralmente, segue uma cro- previsões astrológicas, previsões meteorológicas, previsões esca-
tológicas/apocalípticas.
LÍNGUA PORTUGUESA

nologia em relação à passagem de tempo. Nesse tipo de texto,


predomina o emprego do pretérito.
Dialogal/Conversacional
Os gêneros textuais mais comuns são: conto, fábula, crôni-
ca, romance, novela, depoimento, piada, relato, etc. A base para esta tipologia textual é o diálogo entre os inter-
locutores. Nesse tipo de texto, temos um locutor (quem fala), um
Descrição assunto, um receptor (quem recebe o texto). Ou seja, temos um
A descrição consiste em fazer um detalhamento, como se diálogo entre os interlocutores (locutor e receptor).
fosse um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um ani- Os gêneros em que essa tipologia ocorre são: entrevista, con-
mal ou um objeto. O adjetivo é muito usado nesse tipo de pro- versa telefônica, chat, etc.
dução textual. As abordagens podem ser tanto físicas quanto
psicológicas (que envolvem sentimentos, emoções). Esse tipo Gêneros Textuais
de texto geralmente está contido em textos diversos. Os gêneros textuais podem ser textos orais ou escritos, formais ou in-
Os gêneros textuais mais comuns são: cardápio, folheto formais. Eles possuem características em comum, como a intenção comu-
Ş
ŝ#-ŝŦ

turístico, anúncio classificado, etc. nicativa, mas há algumas características que os distinguem uns dos outros.
Dissertação Gêneros Textuais e Esferas de Circulação
Dissertar significa falar sobre algo, explicar um assunto, Cada gênero textual está vinculado a uma esfera de circula-
discorrer sobre um fato, um tema. Nesse sentido, a dissertação ção, ou seja, um lugar comum em que ele pode ser encontrado.
pode ter caráter expositivo ou argumentativo.
Cotidiana
Dissertação-Expositiva Exemplos: Adivinhas, Diário, Álbum de Família Exposição
O texto expositivo apresenta ideias sobre um determinado Oral, Anedotas, Fotos, Bilhetes, Músicas, Cantigas de Roda, Par-
assunto. Há informações sobre diferentes temas, em que o autor lendas, Carta Pessoal, Piadas, Cartão, Provérbios, Cartão Postal,
expõe dados, conceitos de modo objetivo. O objetivo principal é Quadrinhas, Causos, Receitas, Comunicado, Relatos de Experiên-
informar, esclarecer. cias Vividas, Convites, Trava-Línguas, Curriculum Vitae.
Os gêneros mais comuns em que se encontra esse tipo Literária/Artística
de texto são: aula, resumo, textos científicos, enciclopédia,
Autobiografia, Letras de Músicas, Biografias, Narrativas de
textos expositivos de revistas e jornais, etc. Aventura, Contos, Narrativas de Enigma, Contos de Fadas, Narra-
Dissertação-Argumentativa tivas de Ficção, Contos de Fadas Contemporâneos, Narrativas de
Humor, Crônicas de Ficção, Narrativas de Terror, Escultura, Narrati-
Um texto argumentativo defende ideias ou um ponto de vista
vas Fantásticas, Fábulas, Narrativas Míticas, Fábulas Contemporâ-
do autor. Além de trazer explicações, esse tipo de texto busca per- neas, Paródias, Haicai, Pinturas, Histórias em Quadrinhos, Poemas,
suadir, convencer o leitor de algo. O texto, além de explicar, tam- Lendas, Romances, Literatura de Cordel, Tankas, Memórias, Textos
bém persuade o interlocutor, objetivando convencê-lo de algo. O Dramáticos.
mais importante é haver uma progressão lógica e coerente das
Científica
ideias, sem ficar no que é vago, impreciso.
Artigos, Relato Histórico, Conferência, Relatório, Debate, Pa-
É comum encontrar essa tipologia textual em: sermão, en-
lestra, Verbetes, Pesquisas.
saio, monografia, dissertação, tese, ensaio, manifesto, crítica,
editorial de jornais e revistas. Escolar
Ata, Relato Histórico, Cartazes, Relatório, Debate, Regrado,
Injunção/Instrucional Relatos de Experiências, Diálogo/Discussão Argumentativa
Com uma linguagem objetiva e concisa, esse tipo de texto Científicas, Exposição Oral, Resenha, Júri Simulado, Resumo,
orienta como realizar uma ação. Predominantemente, os verbos Mapas, Seminário, Palestra, Texto Argumentativo, Pesquisas,
são empregados no modo imperativo, todavia há também o uso Texto de Opinião, Verbetes de Enciclopédias.
do infinitivo e do futuro do presente do modo indicativo.
Temos como gêneros textuais mais comuns: ordens; Jornalística
pedidos; súplica; desejo; manuais e instruções para monta- Imprensa: Agenda Cultural, Fotos, Anúncio de Emprego,
Horóscopo, Artigo de Opinião, Infográfico, Caricatura, Man-
gem ou uso de aparelhos e instrumentos; textos com regras chete, Carta ao Leitor, Mapas, Mesa Redonda, Cartum, Notícia,
de comportamento; textos de orientação (ex: recomenda- Charge, Reportagens, Classificados, Resenha Crítica, Crônica
ções de trânsito); receitas, cartões com votos e desejos (de Jornalística, Sinopses de Filmes, Editorial, Tiras, Entrevista
natal, aniversário, etc.). (oral e escrita).
Publicidade: Anúncio, Músicas, Caricatura, Paródia, Carta- cações frequentes. É uma mera declaração, ao passo que a
zes, Placas, Comercial para TV, Publicidade Comercial, E-mail, certidão é uma transcrição. Ato administrativo enunciativo, o
Publicidade Institucional, Folder, Publicidade Oficial, Fotos, atestado é, em síntese, afirmação oficial de fatos.
Texto Político, Slogan. Partes:
Política ▷ título ou epígrafe: denominação do ato (atestado).
Abaixo-Assinado, Debate Regrado, Assembleia, Discurso ▷ texto: exposição do objeto da atestação. Pode-se
Político, Carta de Emprego, Fórum, Carta de Reclamação, Ma- declarar, embora não seja obrigatório, a pedido de
nifesto, Carta de Solicitação, Mesa Redonda, Debate, Panfleto. quem e com que finalidade o documento é emitido.
Jurídica ▷ local e data: cidade, dia, mês e ano da emissão do
ato, podendo-se também citar, preferentemente sob
Boletim de Ocorrência, Estatutos, Constituição Brasileira, forma de sigla, o nome do órgão em que a autorida-
Leis, Contrato, Ofício, Declaração de Direitos, Procuração, De- de signatária do atestado exerce suas funções.
poimentos, Regimentos, Discurso de Acusação, Regulamen-
▷ assinatura: nome e cargo ou função da autoridade
tos, Discurso de Defesa, Requerimentos.
que atesta.
Social
Apostila
Bulas, Relato Histórico, Manual Técnico, Relatório, Placas,
Relatos de Experiências Científicas, Resenha, Resumo, Semi- Apostila é a averbação, feita abaixo dos textos ou no verso
nário, Texto Argumentativo, Texto de Opinião, Verbetes de de decretos e portarias pessoais (nomeação, promoção, as-
Enciclopédias. censão, transferência, readaptação, reversão, aproveitamento,
reintegração, recondução, remoção, exoneração, demissão,
Midiática dispensa, disponibilidade e aposentadoria), para que seja
Blog, Reality Show, Chat, Talk Show, Desenho Animado, corrigida flagrante inexatidão material do texto original (erro
Telejornal, E-mail, Telenovelas, Entrevista, Torpedos, Filmes, na grafia de nomes próprios, lapso na especificação de datas,
Vídeo Clip, Fotoblog, Videoconferência, Home Page. etc.), desde que essa correção não venha a alterar a substância
do ato já publicado.
Exemplos de Gêneros Textuais
Tratando-se de erro material em decreto pessoal, a apos-
Artigo tila deve ser feita pelo Ministro de Estado que o propôs. Se
O artigo de opinião é um gênero textual que faz parte da o lapso houver ocorrido em portaria pessoal, a correção por
esfera jornalística e tem por finalidade a exposição do ponto apostilamento estará a cargo do Ministro ou Secretário signa-
de vista sobre um determinado assunto. Assim como a disser- tário da portaria. Nos dois casos, a apostila deve sempre ser
tação, ele também se compõe de um título, uma introdução, publicada no Boletim de Serviço ou Boletim Interno corres-
um desenvolvimento e uma conclusão.

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pondente e, quando se tratar de ato referente a Ministro de
Estado, também no Diário Oficial da União.
Ata
A finalidade da correção de inexatidões materiais por meio
A ata tem como finalidade registrar ocorrências, reso-
luções e decisões de reuniões, sessões realizadas por algum de apostila é evitar que se sobrecarregue o Presidente da Re-
órgão, setor, entidade, etc. pública com a assinatura de atos repetidos, e que se onere a
Estrutura da ata: Imprensa Nacional com a republicação de atos.
▷ dia, mês, ano e hora (por extenso) ї Forma e Estrutura
▷ local da reunião ▷ título, em maiúsculas e centralizado sobre o texto:
▷ pessoas presentes, devidamente qualificadas APOSTILA;
▷ ordem do dia (pauta) ▷ texto, no qual deve constar a correção que está sen-
▷ fecho do feita, a ser iniciada com a remissão ao decreto
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações: que autoriza esse procedimento;


▷ não há disposição quanto à quantidade de pessoas ▷ data, por extenso:
que deve assinar a ata; pode ser assinada apenas
Brasília, em 12 de novembro de 1990;
pelo presidente e secretário.
▷ a ata deve ser redigida de modo que não sejam pos- ▷ identificação do signatário, abaixo da assinatura:
síveis alterações posteriores à assinatura (há o em- NOME (em maiúsculas)
prego de expressões “digo” e “em tempo”). Secretário da Administração Federal
▷ não há parágrafos ou alíneas. No original do ato normativo, próximo à apostila, deverá
▷ a ata é o registro fiel. ser mencionada a data de publicação da apostila no Boletim
de Serviço ou no Boletim Interno.
Atestado
Atestado é o documento mediante o qual a autoridade Carta
comprova um fato ou situação de que tenha conhecimento em Pode ter caráter argumentativo quando se trata de uma
razão do cargo que ocupa ou da função que exerce. Destina- carta aberta ou carta do leitor. Quando se trata de carta pes- 13
se à comprovação de fatos ou situações passíveis de modifi- soa, há a presença de aspectos narrativos ou descritivos.
Charge ї TEXTO: cerca de três linhas do título. Deve conter:
14 É um gênero textual em que é feita uma ilustração cômica, ▷ exposição do assunto, desenvolvida a partir dos ob-
irônica, por meio de caricaturas, com o objetivo de satirizar, jetivos;
criticar ou fazer um comentário sobre algum acontecimento, ▷ a sensibilização do receptor/destinatário;
que é atual, em sua grande maioria. ▷ convite a agir;
A charge é um dos gêneros textuais mais cobrados em ▷ CUMPRIMENTO FINAL:
questões de concurso. Deve dar atenção à crítica feita pelo au- Respeitosamente,
LÍNGUA PORTUGUESA

tor, a qual pode ser percebida pela relação texto verbal e não Atenciosamente,
verbal (palavras e imagens). ▷ ASSINATURA: cerca de quatro linhas do cumpri-
Certidão mento final. É composta do nome do emissor (só
Certidão é o ato pelo qual se procede à publicidade de algo as iniciais maiúsculas) e cargo ou função (todo em
relativo à atividade Cartorária, a fim de que, sobre isso, não maiúscula):
haja dúvidas. Possui formato padrão próprio, termos essen- Herivelto Nascimento
ciais que lhe dão suas características. Exige linguagem formal, DIRETOR
objetiva e concisão. ▷ ANEXOS: quando houver documentos a anexar, es-
Termos essenciais da certidão: creve-se a palavra anexo à margem esquerda, segui-
▷ afirmação: certidão e dou fé que. da da relação do que está anexado:
▷ identificação do motivo de sua expedição: a pedido Anexo: quadro de horários.
da parte interessada. Anexa: cópia do documento.
▷ ato a que se refere: revendo os assentamentos cons- Anexas: tabela de horários e cópia dos documentos.
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tantes deste cartório, não logrei encontrar ação mo- ▷ INICIAIS: na última linha útil do papel, à esquerda, deve-
vida contra (nome). mos escrever as iniciais de quem elaborou o texto (reda-
▷ data de sua expedição: tor), seguido das iniciais de quem a datilografou/digitou
▷ assinatura: O Escrivão. (em maiúscula ou minúscula, tanto faz). Quando o reda-
tor e o datilógrafo forem a mesma pessoa, basta colocar
Circular a barra seguida das iniciais:
É utilizada para transmitir avisos, ordens, pedidos ou instruções, PPS/AZ
dar ciência de leis, decretos, portarias, etc. Pps/az
▷ destina-se a uma ou mais de uma pessoa/órgão/ /pps
empresa. No caso de mais de um destinatário, todas /PPS
as vias distribuídas devem ser iguais.
▷ a paragrafação pode seguir o estilo americano (sem Declaração
entradas de parágrafo), ou estilo tradicional. No caso A declaração deve ser fornecida por pessoa credenciada
de estilo americano, todo o texto, a data e a assina- ou idônea que nele assume a responsabilidade sobre uma si-
tura devem ser alinhados à margem esquerda. No tuação ou a concorrência de um fato. Portanto, é uma compro-
estilo tradicional, devem ser centralizados. vação escrita com caráter de documento.
Partes: A declaração pode ser manuscrita em papel almaço sim-
▷ TIMBRE: impresso no alto do papel. ples ou digitada. Quanto ao aspecto formal, divide-se nas se-
▷ TÍTULO E NÚMERO: cerca de três linhas do timbre guintes etapas:
e no centro da folha. O número pode vir seguido do ▷ timbre: impresso com cabeçalho, contendo o nome
ano. do órgão ou empresa. Nas declarações particulares,
▷ DATA: a data deve estar próxima do título e número, usa-se papel sem timbre.
ao lado ou abaixo, podendo se apresentar de várias ▷ título: no centro da folha, em caixa alta.
formas:
▷ texto:
CIRCULAR Nº 01, DE 2 MARÇO DE 2002
CIRCULAR Nº 01 » identificação do emissor.
De 2 de março de 2002 » o verbo atestar ou declarar deve aparecer no
CIRCULAR Nº 01/02 Rio de Janeiro, 2 de março de 2002 presente do indicativo, terceira pessoal do sin-
▷ EMENTA (opcional): deve vir abaixo do título e data, gular ou do plural.
cerca de três linhas. » finalidade do documento: em geral, costuma-se
Ementa: Material de consumo. usar o termo “para os devidos fins”. Também se
Ref.: Material de consumo pode especificar: “para fins de trabalho”, “para fins
▷ INVOCAÇÃO: cerca de quatro linhas do título. De- escolares”, etc.
pendendo do assunto e destinatários, a invocação é » nome e dados de identificação do interes-
dispensável. sado.
Excelentíssimo Senhor: » citação do fato a ser atestado.
Senhor Prefeito: ▷ local e data: deve-se escrevê-lo a cerca de três li-
Senhores Pais: nhas do texto.
Editorial Notícia
É um gênero textual dissertativo-argumentativo que apre- É um texto em que podem aparecer características nar-
senta o posicionamento de uma empresa, revista, jornal sobre rativas e descritivas. Conta-se como ocorreu um determina-
determinado assunto. do fato. Aparecem as seguintes informações: o que ocorreu,
Entrevista como, quando, onde e quem estava envolvido.
É um gênero textual em que aparece o diálogo entre o Ofício
entrevistador e o(s) entrevistado(s), para obter informações O ofício tem o objetivo de informar, propor convênios,
sobre o entrevistado ou algum assunto. Podem aparecer ele- ajustes, acordos, encaminhar documentos, solicitar providên-
mentos expositivos, argumentativos e narrativos. cias e/ou informações.
Edital É uma correspondência que pode ser dirigida tanto ao Po-
É um documento em que são apresentados avisos, cita- der Público quanto a particulares.
ções, determinações. Formatação:
São diversos os tipos de editais, de acordo com o objetivo: ▷ Papel timbrado;
pode comunicar uma citação, um proclame, um contrato, uma ▷ Número de ordem na margem superior esquerda;
exoneração, uma licitação de obras, serviços, tomada de preço, ▷ Local e data na mesma linha do número de ordem,
etc. ao lado direito;
Entre eles, os editais mais comuns são os de concursos pú- ▷ Vocativo (a forma de se dirigir à pessoa a que se
blicos, que determinam as etapas dos processos seletivos e as destina a correspondência);
competências necessárias para a sua execução. ▷ O texto pode ser dividido em parágrafos;
Gêneros literários ▷ Fecho;
Os gêneros literários costumam ser cobrados em algumas ▷ Assinatura e cargo do remetente;
provas. É importante saber que há a presença tanto da lingua- ▷ Endereçamento.
gem denotativa quanto da conotativa. Geralmente, as provas
trazem fragmentos de textos. Alguns gêneros mais cobrados Parecer
são: novela, conto, fábula, crônica, ensaio. O parecer é o pronunciamento fundamentado, com caráter
opinativo, de autoria de comissão ou de relator, snobre maté-
• Novela
ria sujeita a seu exame.
É um texto narrativo longo, em que são narradas várias
Partes de um parecer:
histórias. Sempre há uma história principal que caracteriza
▷ designação: número do processo, no centro superior do
esse gênero. Exemplos: O Alienista, de Machado de Assis, e A
papel. Não é um item obrigatório.

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Metamorfose, de Kafka.
▷ título: denominação do ato, seguido de numeração
• Conto (Parecer nº).
É um texto narrativo curto, em que há, geralmente, um en- ▷ ementa: resumo do assunto do parecer, de maneira
redo (uma história) e poucos personagens. concisa, a dois espaços do título.
• Fábula ▷ texto: introdução (histórico); esclarecimentos (análi-
É um texto narrativo em que há uma história curta que se do fato); conclusão do assunto.
termina com uma lição de moral. Geralmente, há a personi- ▷ fecho: compreende: local e/ou denominação do ór-
ficação, pois há personagens que não são humanos (animais, gão (sigla);
objetos) que adquirem características humanas. » data;
• Crônica » assinatura (nome e cargo de quem emite o pa-
É uma narrativa breve, relacionada ao cotidiano. Pode ter recer).
LÍNGUA PORTUGUESA

um tom humorístico ou reflexivo (presença de críticas). Propaganda


• Ensaio Caracterizado como um texto expositivo, o objetivo é pro-
É um texto com caráter também didático, em que são ex- pagar informações sobre algo, para influenciar o leitor com
postas ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito mensagens que despertam as emoções e a sensibilidade.
de certo tema. É caracterizado pela defesa de um ponto de Poema
vista pessoal e subjetivo sobre um tema (humanístico, filosófi- É um texto estruturado em versos (linhas) e pode também
co, político, social, cultural, moral, comportamental, etc.), sem ter estrofes (conjunto de linhas). É muito comum haver a des-
a necessidade de comprovação científica. crição e a narração.
História em quadrinhos Reportagem
É um gênero narrativo que consiste em contar algo por É um gênero textual que pertence à esfera jornalística e
meio de pequenos quadros. Pode haver diálogos diretos en- tem um caráter dissertativo-expositivo. A reportagem tem,
tre personagens. É caracterizado pela linguagem verbal e não por objetivo, informar e levar os fatos ao leitor de uma maneira 15
verbal. concisa, clara, e direta.
Requerimento Portaria
16 O requerimento é o instrumento por meio do qual o sig- É um ato pelo qual as autoridades competentes deter-
natário pede, a uma autoridade, algo que lhe pareça justo minam providências de caráter administrativo, dão instru-
ou legal. Qualquer pessoa que tenha interesse no serviço ções sobre a execução de leis e de serviços, definem situa-
público pode valer-se de um requerimento, que será diri- ções funcionais e aplicam medidas de ordem disciplinar.
gido a uma autoridade competente para conhecer, analisar Partes:
e solucionar o caso, podendo ser escrito ou datilografado ▷ numeração (classificação): número do ato e data de
LÍNGUA PORTUGUESA

(digitado). expedição.
Os elementos constitutivos do requerimento são: ▷ título: denominação completa de autoridade que
▷ vocativo: indica a autoridade a quem se dirige a co- expede o ato.
municação (alinhado à esquerda, sem parágrafo, ▷ fundamentação: citação da legislação básica em que
identificando a autoridade e não a pessoa em si; a autoridade apoia sua decisão, seguida do termo
▷ texto: nome do requerente (letras maiúsculas), qua- resolve.
lificação, objeto do requerimento; ▷ texto: desenvolvimento do assunto.
▷ fecho: pede deferimento, espera deferimento, ▷ assinatura: nome da autoridade que expede o ato.
aguarda deferimento;
▷ local e data; 3. Reescritura de Frases e Parágrafos
▷ assinatura.
do Texto
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Relatório
A reescrita ou reescritura de frases é uma paráfrase que visa
Relatório é um documento em que se faz uma descrição à mudança da forma de um texto. Para que o novo período este-
de fatos, analisados com o objetivo de orientar o serviço inte- ja correto, é preciso que sejam respeitadas a correção gramatical
ressado ou o superior imediato para possíveis ações a serem e o sentido do texto original. Desse modo, quando há qualquer
tomadas. inadequação do ponto de vista gramatical e/ou semântico, o
É, em última análise, a exposição circunstanciada de ativida- trecho reescrito deve ser considerado incorreto.
des levadas a termo por funcionário, no desempenho das funções Assim, para resolver uma questão que envolve reescritu-
do cargo que exerce, ou por ordem de autoridade superior. ra de trechos ou períodos, é necessário verificar os aspectos
É geralmente feito para expor: gramaticais (principalmente, pontuação, elementos coesivos,
▷ situações de serviço; ortografia, concordância, emprego de pronomes, colocação
pronominal, regência, etc.) e aspectos semânticos (significa-
▷ resultados de exames;
ção de palavras, alteração de sentido, etc.).
▷ eventos ocorridos em relação a planejamento; Existem diversas maneiras de se parafrasear uma frase, por
▷ prestação de contas ao término de um exercício etc. isso cada Banca Examinadora pode formular questões a partir de
Suas partes componentes são: muitas formas. Nesse sentido, é essencial conhecer e dominar as
1) Título (a palavra RELATÓRIO), em letras maiúsculas. variadas estruturas que uma sentença pode assumir quando ela
2) Vocativo: a palavra Senhor(a), seguida do cargo do é reescrita.
destinatário, e de vírgula.
3) Texto paragrafado, composto de introdução, desenvol- Substituição de Palavras ou
vimento e conclusão. de Trechos de Texto
Introdução: enuncia-se o propósito do relatório;
No processo de reescrita, pode haver a substituição de pa-
Desenvolvimento: corpo do relatório - a exposição dos fatos; lavras ou trechos. Ao se comparar o texto original e o que foi
Conclusão: o resultado ou síntese do trabalho, bem como a re- reestruturado, é necessário verificar se essa substituição man-
comendação de providências cabíveis. tém ou altera o sentido e a coerência do primeiro texto.
4) Fecho, utilizando as fórmulas usuais de cortesia, como
as do ofício. Locuções x Palavras
5) Local e data, por extenso. Em muitos casos, há locuções (expressões formadas por
6) Assinatura, nome e cargo ou função do signatário. mais de uma palavra) que podem ser substituídas por uma pa-
7) Anexos, complementando o Relatório, com material lavra, sem alterar o sentido e a correção gramatical. Isso é muito
ilustrativo e/ou ocumental. comum com verbos.
Classificação de Relatórios Exs.:
▷ Informativo: aborda um problema ou situação e ofe- Os alunos têm buscado formação profissional.
rece informações. (locução: têm buscado)
▷ Reativo: aborda um problema, examina as causas e Os alunos buscam formação profissional.
as consequências e oferece sugestões. (uma palavra: buscam)
▷ Conclusivo: aborda um problema ou situação e ofe- Ambas as frases têm sentido atemporal, ou seja, expres-
rece conclusões. sam ações constantes, que não têm fim.
Significação das Palavras Exs.:
Absolver: perdoar, inocentar. Absorver: aspirar.
Ao avaliarmos a significação das palavras, devemos ficar
Comprimento: extensão. Cumprimento: saudação.
atentos a alguns aspectos: sinônimos, antônimos, polissemia,
homônimos e parônimos. Conectores de Mesmo Valor Semântico
Sinônimos Há palavras, principalmente as conjunções, que possuem
Palavras que possuem significados próximos, mas não são valores semânticos específicos, os quais devem ser levados em
totalmente equivalentes. conta no momento de fazer uma substituição.
Exs.: Logo, pode-se reescrever um período, alterando-se a con-
junção. Para tanto, é preciso que a outra conjunção tenha o
Casa: lar - moradia – residência mesmo valor semântico. Além disso, é importante verificar
Carro: automóvel como ficam os tempos verbais após a substituição.
Para verificar a validade da substituição, deve-se também Exs.:
ficar atento ao significado contextual. Por exemplo, na frase Embora fosse tarde, fomos visitá-lo. (conjunção subordi-
“As fronteiras entre o bem e o mal”, não há menção a limites nativa concessiva)
geográficos, pois a palavra “fronteira” está em sentido cono- Apesar de ser tarde, fomos visitá-lo. (conjunção subor-
tativo (figurado). dinativa concessiva)
Além disso, nem toda substituição é coerente. Por exem- No exemplo acima, o verbo também sofreu alteração.
plo, na frase “Eu comprei uma casa”, fica incoerente reescrever Exs.:
“Eu comprei um lar”. Toque o sinal para que todos entrem na sala.
(conjunção subordinativa final)
Antônimos Toque o sinal a fim de que todos entrem na sala.
Palavras que possuem significados diferentes, opostos, (conjunção subordinativa final)
contrários. No exemplo acima, o verbo permaneceu da mesma maneira.
Exs.: Mal / Bem
Ausência / Presença Paralelismo
     Subir / Descer Ocorre quando há uma sequência de expressões com es-
Cheio / Vazio trutura idêntica.
Possível / Impossível
Paralelismo Sintático
Polissemia É possível quando a estrutura de termos coordenados
Ocorre quando uma palavra apresenta mais de um sig- entre si é idêntica. Nesse caso, entende-se que “termos coor-

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nificado em diferentes contextos. denados entre si” são aqueles que desempenham a mesma
Exs.: função sintática em um período ou trecho.
Banco (instituição comercial financeira; assento) Ex.: João comprou balas e biscoitos.
Manga (parte da roupa; fruta) Perceba que “balas” e “biscoitos” têm a mesma função
sintática (objeto direto). Além disso, ambas são expressões
A polissemia está relacionada ao significado contextual, ou
nominais. Assim, apresentam, na sentença, uma estrutura sin-
seja, uma palavra tem um sentido específico apenas no contexto tática idêntica.
em que está inserida. Por exemplo: A eleição foi marcada por de- Os formandos estão pensando na carreira, isto é, no futuro.
bates explosivos (ou seja: debates acalorados, e não com sentido Tanto “na carreira” quanto “no futuro” são complemen-
de explodir algo). tos do verbo pensar. Ademais, as duas expressões são forma-
Homônimos das por preposição e substantivo.
Palavras com a mesma pronúncia (algumas vezes, a mesma Paralelismo Semântico
LÍNGUA PORTUGUESA

grafia), mas com significados diferentes. Estrutura-se pela coerência entre as informações.
Exs.: Acender: colocar fogo. Ascender: subir. Ex.: Lucélia gosta de maçã e de pera.
Concerto: sessão musical. Conserto: reparo. Percebe-se que há uma relação semântica entre maçã e
Homônimos Perfeitos pera, pois ambas são frutas.
Palavras com a mesma grafia e o mesmo som. Ex.: Lucélia gosta de livros de ação e de pizza.
Exs.: Eu cedo este lugar você. (cedo = verbo) Observa-se que os termos “livros de ação” e “pizza” não
possuem sentidos semelhantes que garantam a sequência
Cheguei cedo para jantar. (cedo = advérbio de tempo) lógica esperada no período.
Percebe-se que o significado depende do contexto em que
a palavra aparece. Portanto, deve-se ficar atento à ortografia Retextualização de Diferentes
quando a questão é de reescrita.
Gêneros e Níveis de Formalidade
Parônimos Na retextualização, pode-se alterar o nível de linguagem
Palavras que possuem significados diferentes, mas são do texto, dependendo de qual é a finalidade da transformação 17
muito parecidas na pronúncia e na escrita. proposta. Nesse caso, são possíveis as seguintes alterações: lin-
guagem informal para a formal; tipos de discurso; vozes verbais; Voz Verbal
18 oração reduzida para desenvolvida; inversão sintática; dupla re-
gência. Um verbo pode apresentar-se na voz ativa, passiva ou re-
flexiva.
Linguagem Formal x Linguagem Informal Ativa
Um texto pode estar escrito em linguagem coloquial (in- Ocorre quando o sujeito é agente, ou seja, pratica a ação
formal) ou formal (norma padrão). A proposta de reescrita expressa pelo verbo.
pode mudar de uma linguagem para outra. Veja o exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: O aluno resolveu o exercício.


Exs.:
Pra que serve a política? Passiva
(informalidade) Ocorre quando o sujeito é paciente, ou seja, recebe a ação
Para que serve a política? expressa pelo verbo.
(formalidade) Ex.: O exercício foi resolvido pelo aluno.
A oralidade geralmente é mais informal. Portanto, fique Reflexiva
atento: a fala e a escrita são diferentes, ou seja, a escrita não Ocorre quando o sujeito é agente e paciente ao mesmo
reproduz a fala e vice-versa. tempo, ou seja, pratica e recebe a ação.
Tipos de Discurso Ex.: A criança feriu-se com a faca.
Discurso está relacionado à construção de textos, tanto Formação da Voz Passiva
orais quanto escritos, portanto, ele é considerado uma prática A voz passiva pode ocorrer de forma analítica ou sintética.
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social.
Voz Passiva Analítica
Em um texto, podem ser encontrados três tipos de discurso: o
discurso direto, o indireto e o indireto livre. Verbo SER + particípio do verbo principal.
Exs.: A academia de polícia será pintada.
Discurso Direto O relatório é feito por ele.
São as falas das personagens. Esse discurso pode aparecer A variação de tempo é determinada pelo verbo auxiliar
em forma de diálogos e citações, e vêm marcadas com alguma (SER), pois o particípio é invariável.
pontuação (travessão, dois pontos, aspas, etc.). Ou seja, o dis- Exs.: João fez a tarefa. (pretérito perfeito do indicativo)
curso direto reproduz fielmente a fala de alguém. A tarefa foi feita por João. (pretérito perfeito do indicativo)
Ex.: O médico disse à paciente: João faz a tarefa. (presente do indicativo)
– Você precisa fazer exercícios físicos regularmente. A tarefa é feita por João. (presente do indicativo)
João fará a tarefa. (futuro do presente)
Discurso Indireto A tarefa será feita por João. (futuro do presente)
É a reprodução da fala de alguém, a qual é feita pelo narra-
dor. Normalmente, esse discurso é escrito em terceira pessoa. Voz Passiva Sintética
Ex.: O médico disse à paciente que ela precisava fazer Verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
exercícios regulamente. Ex.: Abriram-se as inscrições para o concurso.
Discurso Indireto Livre Transposição da Voz Ativa para a Voz Passiva
É a ocorrência do discurso direto e indireto ao mesmo tem- Pode-se mudar de uma voz para outra sem alterar o sen-
po. Ou seja, o narrador conta a história, mas as personagens tido da frase.
também têm voz própria. Exs.: Os médicos brasileiros lançaram um tratamento
No exemplo a seguir, há um discurso direto: “que raiva”, para o câncer.
que mostra a fala da personagem. Um tratamento para o câncer foi lançado pelos médicos
Ex.: “Retirou as asas e estraçalhou-a. Só tinham beleza. En- brasileiros.
tretanto, qualquer urubu... que raiva...” (Ana Maria Machado) Oração Reduzida x Oração Desenvolvida
No trecho a seguir, há uma fala da personagem, mesclada
As orações subordinadas podem ser reduzidas ou desen-
com a narração: “Para que estar catando defeitos no próximo?”.
volvidas. Não há mudança de sentido se houver a substituição
Ex.: “D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo teme- de uma pela outra.
rário. Para que estar catando defeitos no próximo? Eram
todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano Ramos) Exs.: Ao terminar a aula, todos podem sair. (reduzida de
infinitivo)
Nas questões de reescrita que tratam da transposição de
Quando terminarem a prova, todos podem sair.(desen-
discursos, é mais frequente a substituição do direto pelo in- volvida)
direto. Nesse caso, deve-se ficar atento aos tempos verbais. Os vizinhos ouviram uma criança chorando na rua.(redu-
Exemplo de uma transposição de discurso direto para in- zida de gerúndio)
direto: Os vizinhos ouviram uma criança que chorava na rua.
Ex.: Ana perguntou: (desenvolvida)
– Qual a resposta correta? Terminada a reforma, a família mudou-se para a nova
Ana perguntou qual era a resposta correta. casa.(reduzida de particípio)
Assim que terminou a reforma, a família mudou-se para Os processos de derivação podem ocorrer de diversas maneiras:
a nova casa.(desenvolvida) Derivação Prefixal: ocorre quando há o acréscimo de um
prefixo ao radical.
Inversão Sintática
Ex.: contrapor: contra+por
Um período pode ser escrito na ordem direta ou indireta. prefixoradical
Nesse caso, quando ocorre a inversão sintática, a correção gra-
Derivação Sufixal: ocorre quando há o acréscimo de um
matical é mantida. Apenas é necessário ficar atento ao sentido
sufixo ao radical.
do período.
Ex.: felizmente:feliz+mente
Ordem direta: sujeito – verbo – complementos/adjuntos  radicalsufixo
adverbiais.
Derivação Prefixal e Sufixal: ocorre quando há o acrés-
Exs.: Os documentos foram levados para o gerente.
cimo simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical.
(direta)
Ex.: infelizmente: in+feliz+mente
Foram levados os documentos para o gerente. (indireta)
 prefixo radicalsufixo
Dupla Regência Derivação Parassintética: ocorre quando há o acréscimo
Há verbos que exigem a presença da preposição e outros simultâneo de um sufixo e um prefixo ao radical, de forma
não. Deve-se ficar atento ao fato de que a regência pode in- que a palavra não exista só com o prefixo ou só com o sufixo:
fluenciar no significado de um verbo. Ex.: empobrecer:em+pobre+cer
Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos  prefixo radical sufixo
Sem alterar o sentido, alguns verbos admitem duas cons- Derivação Regressiva: ocorre quando há a eliminação de
truções: uma transitiva direta e outra indireta. Portanto, a sufixos ou desinências. Na maioria das vezes, são substantivos
ocorrência ou não da preposição mantém um trecho com o formados a partir de verbos.
mesmo sentido. Ex.: consumir – consumo
Almejar Derivação Imprópria: ocorre quando há mudança na clas-
Exs.: Almejamos a paz entre os países que estão em se gramatical.
guerra. / Almejamos pela paz entre os países que estão Exs.:
em guerra. Temos que fechar bem os armários, pois nessa época
Atender aparecem baratas.
Exs.: O gerente atendeu os meus pedidos. / O gerente substantivo
atendeu aos meus pedidos. Compramos várias coisas, pois achamos que estavam

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Necessitar muito baratas.
Exs.: Necessitamos algumas horas para organizar o adjetivo
evento. / Necessitamos de algumas horas para organizar A sala estava cheia de crianças.
o evento.
substantivo
Transitividade e Mudança de Significado
Apesar de adulto, ele ainda é muito criança.
Existem alguns verbos que, conforme a mudança de tran-
sitividade, têm o sentido alterado.
substantivo adjetivado.
Aspirar Uma palavra pode exercer diferentes funções em uma
oração. Por isso, é importante observar o sentido do que
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
(o ar), inalar.
ela representa para identificar a classe gramatical.
Ex.: Aspirava o suave perfume. (Aspirava-o.) Ex.: Eu amo meu trabalho!
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu trabalho muito!
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
como ambição. Composição
Ex.: Aspirávamos ao cargo de diretor. Processo pelo qual novas palavras são formadas através da
4. Formação de Palavras união de dois radicais. A composição pode ser por aglutinação
ou justaposição.
Composição por Justaposição: quando não há alteração
Processos de Formação de Palavras fonética nos radicais.
Ex.: Pontapé: ponta + pé
Derivação Pé-de-meia: pé + de + meia
Processo pelo qual novas palavras são formadas a partir de Composição por Aglutinação: quando há alteração foné-
uma palavra, denominada primitiva, pelo acréscimo de novos tica nos radicais.
elementos que modificam ou alteram o sentido primitivo. As Ex.: Planalto: plano + alto 19
novas palavras, assim formadas, são chamadas derivadas. Fidalgo: filho + de + algo
Hibridismo Ex.: pápépósóiscéuvéus
20 Acentuam-se as palavras oxítonas terminadas em a(s),
As palavras formadas por elementos provenientes de dife-
e(s), em(ens) e nos ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s).
rentes línguas são denominadas hibridismos.
Ex.: babá você capô armazéns anéis
Ex.: Bis + avô: bisavô
 Radical latino Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, ã(s),
ão(s), i(s), ei(s), um(uns), us, ps.
Ex.: Crono + metro: cronômetro
Ex.: dócilhífenfênixvírustóraxbíceps
  Radical grego
LÍNGUA PORTUGUESA

De acordo com a Nova Ortografia, os ditongos abertos ei e oi


Onomatopeia não são mais acentuados nas paroxítonas, como, por exemplo,
São as palavras que imitam sons. em plateia, ideia e heroico.
Exs.: Tique-taque Acentuam-se todas as proparoxítonas.
Reco-reco Ex.: célulaDráculacócegas
Pingue-pongue Acentuam-se as vogais i(s) e u(s) tônicas dos hiatos nas
oxítonas e paroxítonas.
Ex.: aísanduíchepaís
Acentuação Quando é precedido por nh, a vogal i tônica não será acen-
tuada: rainha, bainha.
Observe a diferença entre as palavras a seguir: Os encontros silábicos são divididos em:
Camelô-Camelo Ditongo: há uma vogal e uma semivogal e ficam na mes-
ma sílaba quando ocorre divisão silábica: coração, água.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Dúvida-Duvida
A diferença que essas palavras possuem é na silaba tôni- Hiato: há duas vogais e ficam em sílabas diferentes quan-
ca. No caso da palavra camelo, trata-se de uma paroxítona; já do ocorre divisão silábica: saúde, moeda.
a palavra camelô é oxítona. Tritongo: há uma vogal e duas semivogais que ficam, por-
tanto, na mesma sílaba quando ocorre divisão silábica: Uru-
O mesmo acontece com dúvida e duvida: a primeira é pro- guai, quais.
paroxítona e, portanto, acentuada. A segunda é paroxítona
terminada em A. Acento Diferencial
Classificação das Sílabas Quanto à Intensidade Em alguns casos, o acento serve para diferenciar palavras
com grafia semelhante. Observe os casos a seguir:
Tônica: sílaba pronunciada com maior intensidade.
O verbo pôr é acentuado para diferenciar-se da preposição
Ex.: ca féru bimú si ca por.
Átona: sílaba pronunciada com MENOR intensidade. Ex.: Vou pôr minhas coisas no carro.
Ex.: ca féru bimú si ca A lista foi feita por mim.
No caso dos monossílabos, a classificação entre átono ou A forma verbal pôde (pretérito imperfeito) é acentuada
tônico está relacionada também ao sentido. para diferenciar-se da forma verbal pode (presente do indi-
cativo).
Os monossílabos tônicos são as palavras de apenas uma
Ex.: No ano passado ele não pôde comparecer ao evento.
sílaba e com intensidade forte. São palavras com significado
Se você quiser, pode ficar com esse vestido.
próprio, como substantivos, adjetivos, advérbios. Os verbos ter e vir, na 3º pessoa do plural, são acentuadas
Já os monossílabos átonos, por terem uma intensidade para diferenciarem-se da 3ª pessoa do singular.
sonora menor, apoiam-se nas palavras tônicas e precisam Ex.: Ele vem almoçar mais cedo hoje.
delas para garantir seu significado. É o caso das preposições, Eles vêm todo ano para as férias.
conjunções, artigos e alguns dos pronomes oblíquos. Ele tem medo do resultado dos exames.
Eles têm muita coisa para fazer.
Classificação das Palavras em Rela- Os verbos derivados de ter e vir, como deter, reter, manter,
ção à Posição da Sílaba Tônica convir, intervir, etc., obedecerão às regras das oxítonas. No entan-
Oxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a última. to, na 3º pessoa do plural, usa-se o acento circunflexo para diferen-
Ex.: a téca fépa le tóco ra ção ciar da 3ª pessoa do singular.
Paroxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a penúltima. Ele mantém um lindo jardim.
Ex.: es co laál buma çú carba la Eles mantêm contato, mesmo à distância.
Proparoxítonas: palavras cuja sílaba tônica é a antepenúl- Ele intervém com frequência na vida da filha.
tima. Eles intervêm nas nossas decisões.
Ex.: lâm pa daham búr gue respú bli co
Ortografia
Regras de Acentuação Sabendo que há fonemas que podem ser representados
Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em por letras diferentes, é comum haver dúvidas em alguns casos.
a(s), e(s), o(s) e em ditongos abertos éi(s), éu(s) e ói(s). Grafia: representação escrita de uma palavra.
Ortografia: conjunto de normas que estabelece a grafia Porquê, Por Quê, Porque e Por Que
correta de cada palavra.
Embora na fala não seja possível identificar diferenças, exis-
Emprego de G ou J tem quatro maneiras diferentes de escrever a mesma palavra.
Cada uma delas é utilizada em um caso específico. Observe:
Emprega-se a letra J
Por que
Nas palavras de origem árabe, africana ou indígena: pajé,
Utilizado nas orações interrogativas, sejam elas diretas ou
jiboia.
indiretas.
Nas palavras derivadas de outras que possuam j: laranjal, Ex.: Por que o resultado da prova demora tanto?
sujeira. Gostaria de perguntar por que você não gosta dele.
Emprega-se a letra G Sempre que depois da expressão puder ser empregada a
palavra motivo.
Nas palavras terminadas com ágio, égio, ígio, ógio, úgio: Ex.: Não sei por que cheguei atrasada.
pedágio, refúgio. Quando a expressão puder ser substituída por para que ou
Nas palavras terminadas em agem, igem e ugem: gara- pelo qual.
gem, vertigem. Exceções: pajem, lambujem. Ex.: O caminho por que passei foi interditado.
Emprego de X ou CH Por quê
Quando for a última palavra da frase, o pronome que de-
Emprega-se a letra X verá ser acentuado.
Depois de ditongo: caixa, peixe, trouxa. Exceções: recau- Ex.: Ficou triste sem entender por quê.
chutar, recauchutagem. Você não vai à festa? Por quê?
Depois de me: mexer, mexilhão. Exceção: mecha.
Depois de en: enxurrada, enxaqueca. Exceção: quando o
Porque
en é prefixo de palavra normalmente escrita com ch: encher, Utilizado quando a expressão puder ser substituída por
encharcar, etc. pois ou para que.
Ex.: Não falei nada porque sabia que não iria acreditar
Emprego de S ou Z em mim.
Emprega-se a letra S Porquê
Nos sufixos ês, esa e isa, quando usados na formação de Utilizado quando assumir o papel de substantivo, sendo
palavras que indiquem nacionalidade, profissão, títulos, etc.: precedido por artigo e puder ser substituída por motivo.

Ş
ŝ#-ŝŦ
chinês/ chinesa, português/portuguesa, poetisa. Ex.: O candidato não quis explicar o porquê da renúncia.
Nos sufixos oso e osa: receoso, gelatinosa.
Emprega-se a letra Z
5. Emprego das Classes de Palavras
Nos sufixos ez e eza, usados para formar substantivos de-
rivados de adjetivos: beleza, insensatez. 5. 1. Substantivo
Hífen Todos os seres recebem nomes, e este nome é a classe
gramatical chamada substantivo. Os substantivos nomeiam os
Existem várias regras de emprego do hífen. A fim de faci- seres: pessoas, objetos, fenômenos, sentimentos, qualidades,
litar a memorização, estudaremos as regras principais e, em lugares ou ações. Observe os exemplos:
seguida, as regras impostas pela Nova Ortografia.
Exs.:
Usa-se o hífen:
LÍNGUA PORTUGUESA

O carro está estacionado na rua.


Para ligar os elementos das palavras compostas por justa-
objeto lugar
posição que não sofreram alterações na tonicidade ou grafia.
Estava cansada da corrida.
Ex.: Beija-flor, cirurgião-dentista, guarda-chuva, sexta-
feira. ação
Para separar os elementos dos adjetivos compostos. A sinceridade é uma virtude desejável nos amigos.
Ex.: Azul-turquesa, latino-americano, cor-de-rosa. qualidade
Nas palavras iniciadas pelos prefixos além, aquém, pós, ré, A chuva nos obrigou a cancelar, com tristeza, a festa na piscina.
pró, recém, sem e vice. fenômeno   estado
Ex.: Vice-reitor, sem-terra, pós-graduação, além-mar. Os substantivos são classificados em:
Os prefixos pré e pró, quando assumem a forma átona, não
exigem o uso do hífen: premetidado, pospor. Comum
Para ligar os pronomes oblíquos aos verbos nos casos de São os substantivos que indicam nomes comuns, como os
ênclise e mesóclise. que aparecem no início deste capítulo: casa, criança, sol. Não 21
Ex.: Peça-lhe, saber-se-ia. indicam nada específico.
Próprio ▷ Baixela: utensílios de mesa;
22 São os substantivos que individualizam os seres. Nesta ▷ Bandeira: garimpeiros, exploradores de minérios;
classe estão os nomes próprios: ▷ Banca: examinadores, advogados;
▷ Maria Clara ▷ Banda: músicos;
▷ Porto Alegre ▷ Bandeira: exploradores;
▷ Pernambuco ▷ Bando: aves, ciganos, crianças, salteadores;
▷ Japão ▷ Batalhão: soldados;
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificam-se, aqui, os nomes próprios de: ▷ Bateria: peças de guerra ou de cozinha; instrumen-
▷ Pessoas tos de percussão;
▷ Cidades ▷ Biblioteca: livros;
▷ Estados ▷ Boiada: bois;
▷ Países ▷ Boana: peixes miúdos;
▷ Rios ▷ Cabido: cônegos (conselheiros de bispo);
▷ Ruas ▷ Cacho: bananas, uvas, cabelos;
▷ Cáfila: camelos;
Concreto ▷ Cainçalha: cães;
São os substantivos que indicam seres (reais ou imaginá- ▷ Cambada: caranguejos, malandros, chaves;
rios) cuja existência é independente de outros seres. ▷ Cancioneiro: canções, de poesias líricas;
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Casa, Brasil, cama, fada. ▷ Canzoada: cães;


Abstrato ▷ Caravana: viajantes, peregrinos, estudantes;
▷ Cardume: peixes;
São os substantivos que indicam seres (reais ou imaginá-
rios) cuja existência depende de outros seres. ▷ Casario: casas;
Exs.: Banho: Alguém toma banho. ▷ Caterva: desordeiros, vadios;
Cansaço: Alguém fica cansado. ▷ Choldra: assassinos, malfeitores, canalhas;
Felicidade: Alguém fica feliz. ▷ Chusma: populares, marinheiros, criados;
Portanto, são abstratos os substantivos que indicam senti- ▷ Cinemateca: filmes;
mentos, ações, estados e qualidades. ▷ Claque: pessoas pagas para aplaudir;
Tradicionalmente, estuda-se a noção de substantivo con- ▷ Clero: a classe dos clérigos (padres, bispos, car-
creto ou abstrato considerando abstratos os substantivos que deais...);
indicassem seres invisíveis, como os sentimentos. Porém, é ▷ Clientela: clientes de médicos, de advogados;
preciso atentar-se ao fato de que os fenômenos da natureza, ▷ Código: leis;
como vento e calor, embora não sejam palpáveis, tem existên-
▷ Conciliábulo: feiticeiros, conspiradores;
cia independente e, por isso, são substantivos concretos.
▷ Concílio: bispos em assembleia;
Coletivo ▷ Conclave cardeais para a eleição do Papa;
São substantivos comuns que, apesar de estarem no singular, ▷ Colmeia: cortiço de abelhas;
indicam mais de um ser da mesma espécie. ▷ Confraria: pessoas religiosas;
Exs.: Enxame: grupo de insetos. ▷ Congregação: professores, religiosos;
Manada: grupo de búfalos, elefantes ou cavalos. ▷ Conselho: vereadores, diretores, juízes, militares;
Século: período de cem anos. ▷ Consistório: cardeais, sob a presidência do Papa;
Relação de Alguns Substantivos Coletivos ▷ Constelação: estrelas;
▷ Acervo: bens patrimoniais, obras de arte; ▷ Corja: vadios, tratantes, velhacos, ladrões;
▷ Alavão: ovelhas leiteiras; ▷ Coro: anjos, cantores;
▷ Álbum: fotografias, selos; ▷ Corpo: jurados, eleitores, alunos;
▷ Alcateia: lobos, feras; ▷ Correição: formigas;
▷ Antologia: reunião de textos literários; ▷ Cortiço: abelhas, casas velhas;
▷ Armada: navios de guerra; ▷ Elenco: atores, artistas;
▷ Arquipélago: ilhas; ▷ Enxame: abelhas, insetos;
▷ Arsenal: armas; ▷ Enxoval: roupas e adornos;
▷ Assembleia: parlamentares, membros de associa- ▷ Esquadra: navios de guerra;
ções; ▷ Esquadrilha: aviões;
▷ Atilho: espigas; ▷ Falange: soldados, anjos;
▷ Atlas: mapas reunidos em livros; ▷ Fato: cabras;
▷ Bagagem: objetos de viagem; ▷ Fauna: animais de uma região;
▷ Feixe: lenha, capim, varas; ▷ Revoada: aves voando;
▷ Filmoteca: filmes; ▷ Ronda: grupo de soldados que percorre as ruas ga-
▷ Fornada: pães, tijolos; rantindo a ordem;
▷ Frota: navios mercantes, ônibus;
▷ Rol: lista, relação (de pessoas ou coisas);
▷ Galeria: quadros, estátuas;
▷ Ror: grande quantidade de coisas;
▷ Girândola: foguetes, fogos de artifício;
▷ Grei: gado miúdo, paroquianos, políticos; ▷ Roda: pessoas, amigos;
▷ Hemeroteca: jornais, revistas; ▷ Romanceiro: conjunto de poesias narrativas;
▷ Hostes: inimigos, soldados; ▷ Súcia: pessoas desonestas, velhacos, patifes;
▷ Irmandade: membros de associações religiosas ou ▷ Sínodo: párocos (sacerdotes, vigários);
beneficentes;
▷ Junta: médicos, credores, examinadores; ▷ Tertúlia: amigos, intelectuais em reunião;
▷ Júri: jurados; ▷ Talha: lenha;
▷ Legião: anjos, soldados, demônios; ▷ Tríade: conjunto de três pessoas ou três coisas;
▷ Magote: pessoas, coisas; ▷ Tríduo: período de três dias;
▷ Malta: desordeiros, ladrões, bandidos, capoeiras; ▷ Tripulação: aeroviários, marinheiros;
▷ Mapoteca: mapas;
▷ Tropilha: cavalos;
▷ Matilha: cães de caça;
▷ Matula: desordeiros, vagabundos, vadios; ▷ Tropa: muares;
▷ Magote: pessoas, coisas; ▷ Trouxa: roupas;
▷ Manada: bois, búfalos, elefantes, porcos; ▷ Turma: estudantes, trabalhadores;
▷ Maquinaria: máquinas; ▷ Vara: porcos;
▷ Miríade: astros, insetos, anjos; ▷ Vocabulário: palavras.
▷ Molho: chaves, verdura, capim;
▷ Multidão: pessoas;
Flexão do Substantivo
O substantivo é uma classe variável. Ou seja: os nomes
▷ Ninhada: pintos; sofrem alterações (variações) para indicar gênero, número
▷ Nuvem: gafanhotos, mosquitos, poeira; e grau.
▷ Panapaná: borboletas em bando migratório; Exs.:

Ş
ŝ#-ŝŦ
gato (substantivo masculino)
▷ Pelotão: soldados; gata (mudança de gênero: feminino)
▷ Penca: bananas, chaves, frutos; gatinha (mudança de grau: diminutivo)
▷ Pente: balas de arma automática; gatão (mudança de grau: aumentativo)
A alteração do substantivo para formar o feminino não
▷ Pinacoteca: quadros, telas; ocorre em todos os casos e nem sempre da mesma maneira.
▷ Piquete: soldados montados, grevistas; Acontecerá nos substantivos biformes, que são os que apre-
▷ Plantel: atletas, animais de raça; sentam uma forma para o masculino e outra para o feminino.

▷ Plateia: espectadores; Formação do Feminino


▷ Plêiade: poetas, artistas; Nos substantivos biformes, alguns casos, por indicarem
nomes de seres vivos, geralmente indicam o sexo ao qual per-
▷ Pomar: árvores frutíferas;
LÍNGUA PORTUGUESA

tence o ser, apresentando uma forma para o masculino e outra


▷ Prole: filhos de um casal; para o feminino.
▷ Quadrilha: ladrões, bandidos, assaltantes; Exs.: menino – menina
leão – leoa
▷ Ramalhete: flores;
O feminino pode ser formado de diferentes formas:
▷ Rancho: pessoas em passeio ou jornada, romeiros; Alterando a terminação o por a:
▷ Récua: cavalgaduras (bestas de carga); Ex.: aluno – aluna.
Alterando a terminação e por a:
▷ Rebanho: ovelhas, carneiros, cabras, reses;
Ex.: mestre – mestra.
▷ Renque: árvores, pessoas ou coisas enfileiradas; Acrescentando a no final da palavra:
▷ Repertório: peças teatrais ou musicais interpretadas Ex.: português – portuguesa.
por artistas; Alterando a terminação ão por ã, oa ou ona:
Exs.: aldeão – aldeã;
▷ Resma: quinhentas folhas de papel; varão – varoa; 23
▷ Réstia: cebolas, alhos; comilão – comilona.
Acrescentando esa, essa, isa, ina ou triz: Artigo definido: utilizado para especificar o substantivo
24 Exs.: barão – baronesa; - o, a, os, as.
ator – atriz. Ex.: A encomenda chegou.
Em alguns casos, o feminino é indicado com uma palavra Artigo indefinido: utilizado para apresentar o substantivo
diferente: como algo não específico, como parte de um grupo, e não um
Exs.: homem – mulher; ser determinado.
carneiro – ovelha. Ex.: Encontrei uma vizinha na festa.
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Substantivos Uniformes Combinações e Contrações dos Artigos


Em alguns casos, há apenas um substantivo para indicar Preposições Artigos
tanto o sexo feminino quanto o masculino. Esses substantivos o, os a, as um, uns uma, umas
classificam-se em: a ao, aos à, às - -
Epicenos de do, dos da, das dum, duns
duma,
dumas
São os substantivos uniformes que indicam nomes de ani-
mais e para especificar o sexo, utiliza-se macho ou fêmea. numa,
em no, nos na, nas num, nuns
numas
Exs.: a girafa fêmea;
a girafa macho. por (per) pelo, pelos pela, pelas - -

Sobrecomuns 5. 3. Adjetivo
São substantivos uniformes que indicam tanto masculino
Ş
ŝ#-ŝŦ

quanto feminino. A identificação do sexo correspondente se A palavra que caracteriza o substantivo é chamada adjeti-
dará através do contexto. vo estas características, denominadas qualidades, podem ser
positivas ou negativas.
Ex.: o indivíduo (homem ou mulher).
O adjetivo não aparece sozinho na oração, sem um subs-
Comuns de dois gêneros
tantivo que o complemente. Quando isso acontecer, ele assu-
São substantivos que utilizam a mesma forma para indicar
mirá a função de substantivo. Observe:
tanto o masculino quanto o feminino. A diferença, nesse caso,
é o artigo, que será variável para indicar o sexo: Exs.: O professor carioca se adaptou bem ao Norte.
Exs.: O colega; O carioca se adaptou bem ao Norte.
A colega;
No primeiro enunciado, o termo carioca expressa uma ca-
O chefe;
A chefe. racterística ao substantivo professor. No segundo caso, não há
substantivo, e o termo carioca assume a função de substantivo,
Mudança de gênero com mudança de sentido sendo precedido por um artigo.
Em alguns casos, a mudança de gênero implicará na mu-
dança de sentido do substantivo. Formação do Adjetivo
Exs.: O moral: ânimo;
O adjetivo, assim como o substantivo, pode ser formado
A moral: caráter;
O capital: valores (bens ou dinheiro); de diversas maneiras. Ele pode ser:
A capital: cidade; Primitivo
O cabeça: líder;
A cabeça: parte do corpo; Quando não é derivado de nenhuma outra palavra:
O grama: unidade de medida de peso; Ex.: A menina era tão bonita!
A grama: planta rasteira;
O rádio: aparelho sonoro; Derivado
A rádio: estação; Quando deriva de outras palavras, como verbos ou subs-
tantivos:
5. 2. Artigo Ex.: Rancorosa, a avó não quis atender o neto.
Observe a oração a seguir: (derivado do substantivo rancor)
Ex.: Uma ligação mudou meu dia: era o médico de minha Simples
mãe, dizendo que eu podia buscá-la.
O artigo é um nome que acompanha o substantivo, de- Assim como ocorre no substantivo, o adjetivo simples é
finindo-o. Observe que no primeiro caso destacado, o artigo aquele formado por apenas um radical:
indefine o substantivo, mostrando que é uma ligação como Ex.: As ruas da cidade estão agitadas.
qualquer outra, nada específico. Já no segundo caso temos um
artigo definido, especificando a pessoa: não era um médico in- Composto
determinado, mas o médico específico. Assim como ocorre no substantivo, o adjetivo composto é
Observa-se, portanto, que o artigo classifica-se em defini- aquele formado por mais de um radical:
do ou indefinido. Ex.: A Literatura afro-brasileira vem ganhando destaque.
5. 4. Interjeição Metade das contas foi paga com atraso. (fração)
De acordo com a ideia expressa pelo numeral é que se fará
Observe o exemplo a seguir: sua classificação. O numeral pode ser:
Exs.: Cuidado! O piso está molhado.
Algumas palavras são utilizadas para expressar adver-
Cardinal
tência, surpresa, alegria, etc. Essas palavras são classificadas Quando expressa a ideia de quantidade: um, oito, trinta.
como interjeições. Geralmente, aparecem sozinhas na frase, Ordinal
podendo ser seguidas ou não por ponto de exclamação:
Quando expressa a ideia de ordem: primeiro, décimo, mi-
Exs.: Parabéns! O trabalho ficou lindo!
lésimo
Adeus, meninas, foi um prazer conhecê-las.
Aleluia! Meu projeto ficou pronto! Multiplicativo
Puxa! A festa foi maravilhosa! Quando expressa a ideia de multiplicação: dobro, triplo,
quádruplo.
Locução Interjetiva
Em alguns casos, a interjeição poderá ser formada por Fracionário
mais de uma palavra: Quando expressa a ideia de fração: terço, sexto, oitavo.
Exs.: Meu Deus! Você viu essa notícia?
Que pena, não conseguirei chegar a tempo. 5. 6. Advérbio
Advertência Calma! Olha! Cuidado! Observe os exemplos a seguir:
Atenção! Ex.: Pegamos nossas coisas rapidamente.
Agradecimento Obrigado! Modo
Alegria Oh! Oba! Viva!
Ex.: Corremos muito naquele dia.
Tempo
Alívio Ufa! Ex.: A menina caiu na escada.
Animação Força! Coragem! Firme! Lugar
Apelo Psiu! Hei! Socorro! O advérbio indica ou modifica a ação expressa pelo verbo.
Pode indicar:
Aplauso Parabéns! Ótimo! Viva! Bis!
Tempo Ontem, hoje, agora, já, sempre, etc.
Concordância Pois não! Claro! tá!
Lugar Aqui, lá, perto, longe, etc.
Desejo Tomara! Oxalá! Modo Rapidamente, tranquilamente (a maioria dos advér-

Ş
ŝ#-ŝŦ
Dor Ai! Ui! Que pena! bios de modo terminará em –mente).

Admiração Intensidade Muito, pouco, tão, tanto, etc.


Opa! Puxa!
Afirmação Sim, certamente, etc.
Pena Coitado!
Negação Não, tampouco, etc.
Satisfação Boa! Oba! Opa! Upa!
Dúvida Talvez, porventura, possivelmente, etc.
Saudação Olá! Salve! Adeus! Viva! Alô!
Silêncio Calada! Silêncio! Psiu!
Locução Adverbial
Observe o exemplo:
Susto Valha-me, Deus! Nossa!
Ex.: Os netos foram almoçar apressadamente.
Medo Credo! Cruzes! Ui! Advérbio de modo
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Os netos foram almoçar com pressa.


5. 5. Numeral Locução adverbial
Considera-se locução adverbial o conjunto de duas ou mais
Outra classe de palavras que se relaciona com o substantivo palavras que formam o advérbio, como no caso acima, em que
é o numeral. Observe as orações a seguir: “com pressa” é o advérbio de modo.
Exs.: Comprei maçãs hoje cedo. Exs.: O casal se animou com o passeio a cavalo.
Comprei quatro maçãs hoje cedo. A entrevista foi feita ao vivo.
O numeral especifica o substantivo dando a ideia de quan- Os filhos almoçam com ele de vez em quando.
tidade, ordem, multiplicação ou fração. Observe os exemplos:
Exs.: Encontrei dois amigos do tempo da faculdade. Adjetivos Adverbializados
(quantidade) Observe a afirmação a seguir, que faz parte de uma crônica
Ele foi classificado em segundo lugar na prova. de Luis Fernando Veríssimo:
(ordem) “A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Es-
O preço daqui é quase o dobro do que era no ano passa- crever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por 25
do. (multiplicação) exemplo: dizer “escrever claro” não é certo mas é claro, certo?”
Escrever claro = escrever claramente. Consecutivas
26 Escrever certo = escrever corretamente. De modo que, de maneira que, de sorte que, que, para que.
Os adjetivos adverbializados são adjetivos empregados
no lugar do advérbio. Normalmente isso ocorre na linguagem Concessivas
coloquial. Embora, conquanto, se bem que, ainda que, mesmo que.
Comparativas:
5. 7. Conjunção Como, tal qual, assim como, tanto quanto.
LÍNGUA PORTUGUESA

Conjunção é o elemento que liga duas orações ou dois ter- Conformativas:


mos em uma mesma oração.
Conforme, segundo, como.
Observe o exemplo a seguir:
Ex.: Ela é uma menina doce, mas quando precisa, vira Integrantes:
uma fera. Que, se.
As aulas vão começar logo que o professor chegar. ▷ As conjunções integrantes introduzem orações subs-
Ela pode ser: tantivas (que equivalem a substantivos):
Coordenativa: Quando liga duas orações independentes: Ex.: Não sei se ele virá (não sei da sua vinda).
Ex.: Vendeu tudo e mudou de cidade.
Subordinativa: Quando liga duas orações dependentes:
Ex.: Soube que a empresa vai fechar.
5. 8. Preposição
Observe o exemplo a seguir:
Classificação das Conjunções
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Gosto muito das músicas de Chico Buarque;


Chegou da viagem com febre.
Coordenativas As palavras em destaque estabelecem uma relação entre
outros termos. Elas são chamadas de preposição. São elas:
Aditivas
A, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para,
E, nem, mas também, como também, bem como, mas ain- pelo, perante, por, sem, sobre, sob, trás.
da.
Algumas palavras pertencentes a outras classes grama-
Adversativas ticais podem, eventualmente, aparecer como preposição em
Mas, porém, todavia, contudo, pelo contrário, não obstan- alguns casos. Por exemplo: salvo, fora, durante, segundo, etc.
te, apesar de. As preposições podem ser:
Alternativas ▷ Essenciais: quando são sempre preposição. São as
palavras listadas acima;
Ou...ou, ora.... ora, quer.... quer.
▷ Acidentais: quando não são preposições essenciais
Explicativas mas em alguns casos exercem a função de prepo-
Pois (antes do verbo), porque, que, porquanto. sição;
▷ Puras: quando não há junção com artigo;
Conclusivas
▷ Contrações: quando aparecem junto com o artigo.
Pois (depois do verbo), logo, portanto, por conseguinte,
Por exemplo: de+a, per+o, etc.
por isso.
Relação estabelecida pela preposição
Subordinativas
Assunto Conversamos sobre a viagem.
Temporais
Autoria Apaixonei-me por um quadro de Picasso.
Quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, até
que. Causa Foi preso por roubar dinheiro público.
▷ Mal será conjunção subordinativa temporal quando Companhia Fui jantar com meu marido.
equivaler a logo que: Conteúdo Traga, por favor, um copo de (com) água.
Ex.: Mal cheguei e já me cobraram o projeto.
Destino Vou para casa mais cedo.
Causais Distância A casa fica a duas quadras da praça.
Porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que. Finalidade Eles vieram para a palestra.
Condicionais Instrumento Ele abriu a embalagem com uma faca.
Se, caso, contanto que, desde que, salvo se. Limite As meninas correram até a casa da tia.
Proporcionais Lugar Gostava de ficar em casa. As coisas estão sobre a
À medida que, à proporção que, ao passo que. mesa.
Matéria Comprei um brinco de ouro.
Finais
A fim de que, para que. Meio Tivemos que fazer a viagem de ônibus.
Modo As coisas foram resolvidas com tranquilidade. Pronomes de Tratamento
Oposição O movimento do bar aumenta nos dias de jogos do São pronomes utilizados para dirigir-se ou referir-se a
Brasil contra a Argentina. autoridades ou pessoas com quem se tem menos contato. Os
Origem Eles vieram do interior. mais utilizados são:
Posse Gostei da camiseta de Raul. PRONOMES DE TRATAMENTO USADOS PARA
Preço Estava feliz com meu livro de dez reais. Vendia as
tortas por vinte reais. Usado para um tratamento íntimo,
Você
Tempo familiar.
Tivemos que sair após a discussão. Chegaremos em
uma hora. Senhor, Pessoas com as quais mantemos um
Sr., Sr.ª
Senhora certo distanciamento mais respeitoso.

5. 9. Pronome Vossa
Pessoas com um grau de prestígio
maior. Usualmente, os empregamos
Observe o trecho a seguir: V. S.ª em textos escritos, como: corre-
Senhoria spondências, ofícios, requerimentos,
Ex.: O bebê de Daniela nasceu perfeito. O bebê de Da- etc.
niela tem olhos azuis. As mãos do bebê de Daniela são Usados para pessoas com alta autori-
fortes, e os cabelos do bebê de Daniela são claros. Vossa dade, como: Presidente da República,
V. Ex.ª
Para que não haja esta repetição desagradável durante a Excelência Senadores, Deputados, Embaixadores,
etc.
comunicação, utilizamos os pronomes:
Vossa
Ex.: O bebê de Daniela nasceu perfeito. Ele tem olhos V. A. Príncipes e duques.
Alteza
azuis, suas mãos são fortes e seus cabelos são claros.
Vossa
Os pronomes são palavras que substituem ou acompa- V.S. Para o Papa.
Santidade
nham os substantivos. Eles podem indicar qualquer uma das
três pessoas do discurso: Vossa Mag-
V. Mag.ª Reitores de Universidades.
nificência
1ª pessoa: quem fala;
2ª pessoa: com quem se fala; Vossa Majestade V. M. Reis e Rainhas.
3ª pessoa: de quem se fala. ▷ O pronome de tratamento concorda com o verbo na
3ª pessoa:
Classificação dos Pronomes Ex.: Vossa Excelência me permite fazer uma observação?
▷ Quando o pronome for utilizado para referir-se à 3ª

Ş
ŝ#-ŝŦ
Pronomes Pessoais pessoa, o pronome Vossa será substituído por Sua:
Ex.: Sua Alteza, o Príncipe William, casou-se com uma
Pessoa do discurso Retos Oblíquos plebeia.
1ª pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2ª pessoa do singular Tu Te, ti, contigo Pronomes Possessivos
3ª pessoa do singular Ele/Ela O, a, lhe, se, si, consigo São pronomes que indicam posse. Observe os exemplos:
1ª pessoa do plural Nós Nos, conosco Exs.:
2ª pessoa do plural Vós Vos, convosco Andei tanto que meus pés estão doendo.
3ª pessoa do plural Eles/Elas Os, as, lhes, se, si, consigo Pegue tuas coisas e vamos embora.
Marina ficou feliz ao ver que sua mala não
Os pronomes pessoais funcionam como sujeito da oração. estava perdida.
Ex.: Eu estava cansada ontem.
LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes destacados indicam quem é o possuidor dos


Os pronomes oblíquos funcionam como complementos. itens das orações: pés, coisas e malas. Observe que pelo pro-
Ex.: Eu lhe escrevi uma carta. nome é possível identificar a pessoa. Isso acontece porque há
As formas o, a, os, as sofrem modificações dependendo da um pronome possessivo específico para cada pessoa:
terminação do verbo que acompanham. Observe: Pessoa do discurso Pronomes possessivos
▷ Quando o verbo terminar em r, s ou z, ficarão lo, la, 1ª pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
los, las: 2ª pessoa do singular Teu, tua, teus, tuas
Exs.: Começar: começá-los; 3ª pessoa do singular Seu, sua, seus, suas
Celebramos: celebramo-lo. 1ª pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
Fiz: fi-lo. 2ª pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
▷ Quando o verbo terminar em som nasal, ficarão no, 3ª pessoa do plural Seu, sua, seus, suas
na, nos, nas: O pronome possessivo concorda:
Exs.: Comemoram: comemoram-no; ▷ Em pessoa, com o possuidor: 27
Viram: viram-no. Ex.: Meu irmão chegou de viagem.
1ª pessoa do singular Exs.:
28 ▷ Em número, com o que se possui: Quantas pessoas se matricularam no curso?
Quem estava aqui ontem?
Ex.: Teus filhos são lindos! Gostaria de saber que dia você viajará.
Masculino plural
Pronomes interrogativos
Pronomes Demonstrativos Quem, quanto, quantos, quanta, quantas, qual, quais, que
São os pronomes que indicam a posição de algo em relação à
LÍNGUA PORTUGUESA

pessoa do discurso. Observe os exemplos: Pronomes Relativos


Exs.: Este mês está sendo ótimo para o comércio graças São pronomes que se relacionam com termos já citados na
a Dia das Mães. (mês atual); oração, evitando a repetição.
Na última semana tivemos quatro provas. Essa semana foi Exs.:
uma correria! (passado próximo); Trouxe um livro.
Quando meus filhos eram pequenos, viajamos para a Euro- O livro que eu trouxe é o livro que você me pediu.
pa. Aquela foi uma viagem inesquecível. (passado distante) O pronome relativo que indica e especifica o livro ao qual
O mesmo ocorre com os mesmos pronomes em relação à o interlocutor se refere:
localização no espaço. Observe: Ex.: Trouxe o livro que você pediu.
Exs.: O pronome relativo concordará:
Acho que esta camiseta ficou bem em mim. (próximo à ▷ Com o seu antecedente:
pessoa que fala); Ex.: As ruas pelas quais passou traziam lembranças.
Esse chapéu ficou ótimo em você! (próximo à pessoa com
Ş
ŝ#-ŝŦ

Exceção: pronome cujo (e variações), que concorda com


que se fala); o consequente:
Você sabe de quem é aquela pasta? (distante de quem Ex.: Estou lendo um livro cuja capa foi feita pelo meu irmão.
fala e da pessoa com que se fala). ▷ A regência do pronome relativo seguirá a regra da
Pronomes Demonstrativos regência pedida pelo verbo:
Variáveis Invariáveis Exs.: É uma menina de quem todos gostam.
Era uma pessoa a quem todos admiravam.
Este, estas, estes, estas Isto
Esse, essa, esses, essas Isso Pronomes Substantivos
Aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo
Em alguns casos, o pronome atuará como substantivo,
Pronomes Indefinidos substituindo-o. Observe:
Ex.: Poucos conhecem o segredo de viver em paz.
São pronomes que se referem à 3ª pessoas mas sem a fun- Pronome indefinido – substitui o substantivo
ção de determinar ou definir. Pelo contrário: são pronomes que
dão um sentido vago, impreciso sobre quem ou o que se fala. Pronomes Adjetivos
Ex.: Muitos querem sucesso, mas poucos estão dispostos Em alguns casos, o pronome atuará como adjetivo, atri-
a pagar pelo seu preço. buindo uma característica ao substantivo. Observe:
Não se sabe sobre quem ou quantas pessoas se fala, por Ex.: Este quadro é meu.
isso são utilizados pronomes que dão a ideia de quantidade Pronome possessivo adjetivo
indefinida.
Pronomes indefinidos 5. 10. Palavra QUE
Variáveis Invariáveis A palavra “que” possui diversas funções e costuma gerar
muitas dúvidas. Por isso, para entender cada função e identifi-
algum, alguns, alguma, algumas; cá-las, observe os exemplos a seguir:
certo, certos, certa, certas; Alguém
nenhum, nenhuns, nenhuma, Ninguém
Substantivo
nenhumas; Ex.: Senti um quê de falsidade naquela fala.
Outrem
todo, todos, toda, todas; Neste caso, o que está precedido por um determinante –
Tudo
outro, outros, outra, outras; um artigo, e é acentuado, pois assume o papel de um substan-
Nada
muito, muitos, muita, muitas; tivo. Poderia ser substituído por outro substantivo:
Cada
pouco, poucos, pouca, poucas; Ex.: Senti um ar de falsidade naquela fala.
Algo
vário, vários, vária, várias; Quanto atua como substantivo, o quê será sempre acen-
Mais
tanto, tantos, tanta, tantas; tuado e precedido por um artigo, pronome ou numeral.
Menos
quanto, quantos, quanta,
quantas. Pronome
Exs.: Que beleza de festa! (pronome exclamativo)
Pronomes Interrogativos O livro que comprei estava em promoção. (pronome re-
São os pronomes utilizados nas perguntas diretas e indire- lativo)
tas. Observe o exemplo: Que dia é a prova? (pronome interrogativo)
Interjeição Pronome Indeterminador do Sujeito
Exs.: Quê? Não entendi. Transforma o sujeito em indeterminado.
Quê! Ela sabe sim! Exs.:
Preposição Precisa-se de secretária. (não se pode passar a oração
Ex.: Temos que chegar cedo. para a voz passiva analítica)
Observe que a regência do verbo ter exige a preposição Nessa casa, come-se muito.
“de”: Temos de chegar cedo. No entanto, na fala coloquial, já é
aceito o uso do “que” como preposição.
Parte do Verbo Pronominal
Alguns verbos exigem a presença da partícula “se” para
Advérbio indicar que a ação é referente ao sujeito que a pratica:
Ex.: Que bela está a casa! Exs.: Arrependeu-se de ter ligado.
Neste caso, antecede um adjetivo, modificando-o: como a Outros exemplos de verbos pronominais: Lembrar-se, quei-
casa está bela! xar-se, enganar-se, suicidar-se.
Ex.: Que longe estava da cidade!
Neste caso, antecede um advérbio, intensificando-o: Esta- Conjunção
va muito longe da cidade. Exs.:
Vou chegar no horário se não chover. (conjunção con-
Conjunção dicional)
Exs.: Não sei se dormirei em casa hoje. (conjunção integrante)
Que gostem ou que não gostem, tomei minha decisão. Se vai ficar aqui, então fale comigo. (conjunção adverbial
(conjunção alternativa) causal)
Pode entrar na fila que não será atendida. (conjunção Se queria ser mãe, nunca demonstrou amor pelas crian-
adversativa) ças. (conjunção concessiva)
Não falte à aula que o conteúdo é importante. (conjun-
ção explicativa) 5. 12. Verbo
Conjunção Subordinativa Verbo é a palavra que exprime ação. Observe:
Exs.: Ex.: Corremos todos os dias naquelas ruas e praças.
Estava tão cansada que não quis recebê-lo. O verbo pode indicar, além de uma ação, um estado ou
(conjunção subordinativa consecutiva) fenômeno da natureza. Observe:
Exs.: Mariana era mais magra quando estava grávida.
Gostei da viagem, cara que tenha sido. (conjunção su- Durante semanas, choveu muito.

Ş
ŝ#-ŝŦ
bordinativa concessiva) O verbo expressa o tempo e a pessoa da ação. Observe:
Não corra que o chão está molhado! (conjunção subor- Ex.: Nesta semana não terei aula de inglês.
dinativa causal) Tempo: futuro
Partícula Expletiva (de Realce) Pessoa: 1ª do singular (eu)
Ex.: Não sabes os caminhos que percorri.
Ex.: Que bonito que está o seu cabelo! (não tem função
Tempo: presente Tempo: pretérito
na oração, apenas realça o que está sendo falado)
Pessoa: 2ª do singular (tu) Pessoa: 1ª do singular (eu)
5. 11. Palavra SE
A palavra “se”, assim como o “que”, possui diversas fun- Conjugações do Verbo
ções e costuma gerar muitas dúvidas. Por isso, para entender Todos os verbos em Língua Portuguesa, quando no infini-
cada função e identificá-las, observe os exemplos a seguir: tivo, terminarão em ar, er ou ir. Essa classificação é chamada
LÍNGUA PORTUGUESA

de conjugação:
Partícula Apassivadora
Ex.: Vendem-se plantas. (É possível passar a oração 1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
para a voz passiva analítica: Plantas são vendidas) Verbos termina- Verbos terminados Verbos terminados
Neste caso, o “se” nunca será seguido por preposição. dos em AR em ER em IR
Amar Comer Sair
Pronome Reflexivo Falar Descer Cair
Ex.: Penteou-se com capricho. Dançar Fazer Sorrir
Pronome Recíproco
Ex.: Amaram-se durante anos.
Tempos e Modos Verbais
Todos os verbos apresentam formas, tempos e modos. São
Partícula Expletiva (de Realce) modos:
Ex.: Foi-se o tempo em que confiávamos nos políticos.
(não possui função na oração, apenas realça o que foi Indicativo 29
dito) Expressa certeza.
Subjuntivo Observe que a primeira parte do verbo, com-, não é altera-
30 Expressa dúvida. da, o que muda é o final. Isso significa que a primeira parte é o
radical. Nos verbos regulares, o radical nunca muda. O que se
Imperativo altera são as terminações, indicando tempo e pessoa.
Expressa uma ordem ou orientação. Observe os verbos a seguir:
Além disso, os verbos apresentam formas nominais. São elas: Falar
• Particípio Radical: fal-
LÍNGUA PORTUGUESA

Indica a ação que já foi totalmente concluída. Eu falo


Também pode ser considerado adjetivo. Tu falas
Ex.: O texto lido foi emocionante. Ele fala
• Gerúndio Nós falamos
Indica a ação que ocorre no momento da elocução. Vós falais
Também pode ser considerado advérbio. Eles falam
Ex.: Fiquei em casa lendo o livro novo. Observe que o radical do verbo não muda. Quando isso
acontece, o verbo recebe o nome de regular.
• Infinitivo
Quando ocorre mudança no radical ou quando a termina-
Indica a ação verbal sem flexão de pessoa, tempo ou modo.
ção não é a mesma dos demais verbos da mesma conjugação,
Também pode ser considerado substantivo. o verbo é chamado irregular:
Ex.: O entardecer foi lindo. Ouvir
Ş
ŝ#-ŝŦ

Radical: ouv-
Tempos Verbais Eu ouço
Os tempos verbais são classificados para definir a relação Tu ouves
temporal entre a ação e o momento em que se fala sobre ela. Ele ouve
São eles: Nós ouvimos
• Presente Vós ouvir
Indica a ação que acontece no momento da elocução: Eles ouvem
Ex.: Eu estou em casa. Observe que na primeira pessoa houve alteração do radical.
• Pretérito Perfeito Além de regulares e irregulares, os verbos também podem ser:
Indica a ação concluída no passado:
Abundantes
Ex.: Eu comi a torta de limão.
Quando há mais de uma forma de particípio:
• Pretérito Imperfeito Aceitar - aceito/aceitado
Indica uma ação que não foi plenamente concluída e que Expulsar - expulsado/expulso
não tem limites claramente estabelecidos: Salvar - salvado/salvo
Ex.: Ele me ligou enquanto eu comia.
• Pretérito mais-que-perfeito Anômalos
Indica uma ação que foi plenamente concluída antes de Quando há mais de uma mudança no radical. São verbos
outra ação também concluída: que não obedecem às regras de conjugação verbal dos demais:
Ex.: Meu irmão viajara muito antes de casar. Ser
• Futuro do presente Eu sou
Indica a ação futura em relação ao momento da elocução: Tu és
Ex.: Viajarei na próxima semana. Ele é
Nós somos
• Futuro do pretérito
Vós sois
Indica a ação que, naquele momento era futura, mas no
momento da elocução é passado: Ele é
Ex.: Eu perderia o voo se ele não tivesse me dado carona.
Locução Verbal
Flexão do Verbo Observe o exemplo a seguir:
Observe o exemplo a seguir:
Comer Ex.: Estou fazendo um curso de Francês.
Eu como O verbo principal nesta oração é fazendo, no gerúndio,
Tu comes mas vem acompanhado por um verbo auxiliar, estou.
Ele come Locução verbal é todo conjunto formado por um verbo
Nós comemos principal + um verbo auxiliar. O verbo principal pode estar no
Vós comeis gerúndio, particípio ou infinitivo:
Eles comem Ex.: Isso já foi feito antes.
Verbo auxiliar + verbo principal no particípio Passiva Analítica (verbo ser + verbo no particípio)
Ex.: Vou falar com eles antes do fim da aula. Quando o sujeito recebe a ação, praticada por outro ele-
Verbo auxiliar + verbo principal no infinitivo mento, o agente da passiva:
Tipos de Verbo Ex.: Um vaso foi colocado na mesa por mim.
Os verbos dividem-se em tipos, de acordo com o seu sig- (sujeito paciente) (agente da passiva)
nificado. São eles:
Passiva Sintética (verbo na 3ª pessoa + pronome se)
Intransitivo Quando o sujeito recebe a ação, mas o agente não aparece:
Quando o sentido do verbo é completo e não exige com- Ex.: Colocou-se um vaso na mesa.
plemento.
Ex.: Meu vizinho morreu. Reflexiva
Quando o sujeito pratica e recebe a ação ao mesmo tempo:
Transitivo
Quando o sentido do verbo não é completo e é necessário Ex.: A menina penteou-se demoradamente.
um complemento para que faça sentido. Dentre os transitivos,
pode ser: 6. Sintaxe
Transitivo Direto
Quando exige um complemento que não é seguido por 6. 1. Frase
preposição (objeto direto): Observe os exemplos:
Ex.: Comprei uma bolsa. Ex.: Cuidado!
Transitivo Indireto Estou cansada.
Quando exige um complemento que é seguido por prepo- Passei no concurso!
sição (objeto indireto): Mentira!
Ex.: Gosto de cantar. Jura?
Anda logo!
Transitivo Direto e Indireto (bitransitivo) Toda palavra ou conjunto de palavras organizada de ma-
Quando exige dois complementos para fazer sentido: neira coerente e que transmita informações ou tenha sentido
Ex.: Entreguei uma carta ao porteiro. é considerada frase.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Verbo de Ligação Classificação da Frase
Quando não exprime uma ação e sim uma característica
do sujeito: De acordo com o seu significado, uma frase pode ser:
Ex.: Marina é bonita. Declarativa ou afirmativa:
São verbos de ligação: Ex.: Eu gosto de você.
Ser Interrogativa:
Estar Ex.: Você sabe que dia é a prova?
Continuar Exclamativa:
Andar Ex.: Mentira!
Parecer Imperativa:
Permanecer Ex.: Fique onde está.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ficar
Nominal
Verbo Auxiliar Quando não possui verbos:
Nas locuções verbais, é o verbo que precede o verbo prin- Exs.:
cipal, normalmente identificando o sujeito e o tempo verbal: Silêncio!
Ex.: Os convidados foram arrumar a mesa. Bom dia!

Vozes Verbais Verbal


Os verbo possui diferentes vozes, que indicam quem prati- Quando possui verbos:
ca e quem recebe a ação: Exs.:
João gosta de Química.
Ativa As crianças brincavam no quintal.
Quando o sujeito pratica a ação: Os meninos são muito agitados. 31
Ex.: Coloquei um vaso na mesa. A frase verbal também é considerada oração.
32
6. 2. Oração Sujeito
Todo enunciado que faz sentido e que possui verbo é con- Núcleo do sujeito
siderado oração. É o termo essencial na identificação do sujeito:
Exs.: Ex.: Os alunos.
Cansei de esperar. Artigo substantivo
Eles estão estudando muito para a prova. Núcleo do sujeito: alunos
LÍNGUA PORTUGUESA

As meninas passaram horas se arrumando para a festa. Tipos de sujeito


É preciso observar que: Determinado
▷ Nem toda frase é oração Quando é possível identificar o sujeito, ele é chamado su-
Somente será oração quando houver verbo. Portanto, al- jeito determinado. Ele pode ser:
guns enunciados serão apenas frases, pois terão sentido com- • Simples
pleto mas sem a presença de verbos: Quando possui apenas um núcleo:
Ex.: Que calor! Ex.: Meus filhos gostam de almoçar aqui.
▷ Nem toda oração é frase Núcleo: filhos.
Em alguns casos, a oração não fará sentido sem um com- • Composto
plemento. Portanto, haverá a presença de verbo, mas não será Quando possui mais de um núcleo:
considerada uma frase: Ex.: Meus filhos e meus netos gostam de almoçar aqui.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Gostei | de você ter falado o que sentia. Núcleo: filhos, netos.
Observe que o primeiro verbo não faz sentido sem o com- • Oculto
plemento, sendo, portanto, uma oração, e não uma frase. Quando o sujeito não aparece na oração, mas é possível
identificá-lo através do verbo:
Período Ex.: Gostei de almoçar aqui.
Toda oração é chamada também de período, que pode ser: Sujeito: eu.
Ex.: Fomos embora cedo.
Simples Sujeito: nós.
Quando possui apenas um verbo, ou seja, apenas uma oração:
Indeterminado
Exs.:
Pode ser representado de duas maneiras:
Eles gostaram do bolo.
1. Verbo na 3ª pessoa do plural.
As roupas secaram no varal.
Chegaram atrasado.
Composto Falaram sobre ele.
Quando possui mais de um verbo, ou seja, mais de uma Reclamaram dos preços.
oração: Disseram que a fila estava enorme.
Exs.: Queremos que as coisas sejam resolvidas logo. Note que nos períodos acima não é possível identificar
   1ª oração2ª oração o agente das ações. Por isso, é chamado sujeito indeter-
Era tarde quando chegamos do trabalho. minado.
1ª oração 2ª oração Observação: Dependendo do contexto, o verbo na 3ª
pessoa não significará sujeito indeterminado.
Quando houver uma locução verbal, será contado apenas
Ex.: Os meninos vieram do banco. Disseram que a fila
o verbo principal, ou seja, será apenas uma oração:
estava enorme.
Ex.: Vai ficar tarde para ligar para ela. Sujeito: os meninos – implícito na oração e identifica-
 1ª oração2ª oração do graças ao contexto.
2. Verbo + partícula “se”
6.2.1. Termos Essenciais da Oração Ex.: Confia-se muito em medicamentos.
Observe o trecho a seguir: Sujeito: ?
Ex.: Os alunos gostam das aulas de Inglês. A partícula “se”, nesse caso, atua como índice de in-
determinação do sujeito. Essa construção ocorrerá com
A oração faz sentido porque possui dois elementos essen-
verbos transitivos indiretos, verbos intransitivos e ver-
ciais: sujeito e predicado. bos de ligação. Observe:
Sujeito é o termo sobre o qual a oração fala. Precisa-se de vendedores.
Predicado é o que se fala sobre o sujeito. verbo transitivo indireto
Ex.: Os alunos gostam das aulas de Inglês. Quem precisa?
 Sujeito Predicado Sujeito indeterminado.
Vive-se melhor no campo. Predicado nominal
verbo intransitivo É o predicado cujo verbo indica um estado do sujeito:
Quem vive? Ex.: Os alunos parecem cansados.
Sujeito indeterminado. Raul estava atrasado quando me encontrou.
Note que as orações anteriores não estão na voz passiva, Os verbos do predicado nominal são os verbos de ligação,
pois não é possível convertê-las para a voz ativa: que não indicam ação mas características do sujeito. Os princi-
pais verbos de ligação são:
Vive-se melhor no campo. Andar
Precisa-se de vendedores. Continuar
Diferentemente dos exemplos acima, a construção de Estar
“verbo + se” também pode indicar voz passiva sintética. Ficar
Veja o exemplo a seguir: Parecer
Vende-se terreno. Permanecer
verbo transitivo direto Ser
Nesse caso, a partícula “se” é pronome apassivador, e o Assim como ocorre no predicado verbal, o núcleo do predi-
sujeito é “terreno”. A oração na voz ativa ficará: Terreno cado nominal será o verbo de ligação:
é vendido. Ex.: Os alunos parecem cansados.
Oração sem Sujeito Sujeito Predicado
Em alguns casos, a ação expressa pelo verbo não terá su-  Núcleo do predicado: parecem
jeito. São eles: Predicado verbo-nominal
Haver Em alguns casos, o predicado verbal e o predicado nominal
Quando significar existir, acontecer, realizar: aparecerão juntos, ou seja, o predicado indicará uma ação e
um estado do sujeito:
Exs.: Ex.: Os meninos subiram as escadas apressados.
Há muita gente passando fome. (existe)  Sujeito    AçãoEstado
O que houve? (aconteceu) (Estavam apressados.)
Houve uma cerimônia rápida em homenagem aos pais. O predicado verbo-nominal apresentará dois núcleos: os
(realizou-se) verbo de ação e o verbo de ligação.
Fazer, ser e estar No exemplo apresentado acima, o núcleo será: subiram e
Quando significar tempo decorrido ou tempo decorrido de apressados.

Ş
ŝ#-ŝŦ
um fenômeno da natureza:
Exs.: 6.2.2. Termos Integrantes da Oração
Faz dias que não a vejo. Em alguns casos, o verbo ou nome expresso na oração não
apresenta sentido completo, exigindo um complemento para
Faz dias que chove.
que a informação seja transmitida. Estes complementos, por
Estava calor.
não serem opcionais mas obrigatórios, são chamados de termos
Verbos que expressam fenômenos da natureza integrantes da oração. Eles são divididos em: objeto direto, obje-
Ex.: to indireto, complemento nominal e agente da passiva.
Amanheceu, embora ninguém tivesse dormido.
Choveu a noite inteira. Objeto Direto
Faz anos que não neva aqui. É o termo que completa o sentido do verbo transitivo dire-
to. Observe o exemplo a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

Predicado Ex.: Compramos frutas na feira.


Embora seja possível existir oração sem sujeito, não existe O verbo comprar não possui sentido completo. Ou seja: é
oração sem predicado. um verbo transitivo e exige um complemento para que a ora-
Ex.: Faz duas semanas que não a vejo. ção fique clara.
Predicado Como este complemento é ligado a ele de maneira direta,
Predicado verbal sem o auxilio de uma preposição, é chamado objeto direto.
É o predicado cujo verbo indica uma ação: Objeto Indireto
Ex.: Os meninos levantaram com pressa.
É o termo que completa o sentido do verbo transitivo indi-
As águas correm depressa nessa parte do rio. reto. Observe o exemplo a seguir:
O núcleo do predicado verbal sempre será o verbo: Ex.: Eu gostei da viagem.
Ex.: Os meninos levantaram cedo. O verbo gostar não possui sentido completo. Ou seja: é um
Sujeito Predicado verbo transitivo e exige um complemento para que a oração 33
 Núcleo do predicado: levantaram fique clara.
Como este complemento é ligado a ele de maneira indireta, Aposto
34 com o auxilio de uma preposição, é chamado objeto indireto. Observe o exemplo a seguir:
Complemento Nominal Ex.: João, morador do térreo, reclamou do barulho das
crianças na garagem.
Em alguns casos, o termo que terá o sentido incompleto e
O termo destacado acrescenta uma informação sobre o
exigirá um complemento será um nome (substantivo, adjetivo
sujeito, identificando-o ou caracterizando-o. Este termo é cha-
ou advérbio). Observe o exemplo a seguir: mado aposto.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Exs.:
A saudade de casa agitava a menina.
São Paulo, maior cidade do país, luta contra a poluição.
Substantivo complemento nominal
Fascinadas com o parque, as meninas não queriam ir
Agente da Passiva embora.
Quando o verbo aparece na voz passiva, ou seja, com su- Vocativo
jeito paciente, o termo que pratica a ação verbal será chamado Observe os exemplos a seguir:
agente da passiva: Exs.:
Ex.: A festa foi paga pelos funcionários do banco. Marina, você viu o edital do concurso?
Sujeito pacienteAgente da passiva Crianças, já bateu o sinal!
Se a oração for passada para voz ativa, o agente da passiva Corram, meninas, vocês vão se atrasar!
será sujeito: Observe que os termos assinalados não possuem relação
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Os funcionários do banco pagaram a festa. sintática com os enunciados. Trata-se de uma interlocução,
uma relação entre quem fala e quem ouve.
 sujeito
6. 3. Período Composto
6.2.3. Termos Acessórios da Oração Observe as orações a seguir:
Exs.:
Adjunto Adnominal Fui à fazenda.
Assim como o complemento nominal, o adjunto adnomi- Cheguei à fazenda e corri para ver o lago.
nal completa o sentido de um nome, caracterizando-o. Gostei de andar pela fazenda.
Ex.: As luzes de Natal enfeitavam a sala. A primeira oração possui apenas um verbo e o sentido
 Adjunto adnominal completo. Trata-se, portanto, de um período simples, ou uma
oração absoluta.
Os termos que completam o sentido de um nome podem
ser artigos, adjetivos ou numerais: No segundo caso, temos duas orações, ou seja, dois ver-
bos, com sentidos completos e independentes uma da outra.
Ex.: A cidade inteira acordou com uma sensação estranha.
Ex.: Cheguei à fazenda. Corri para ver o lago.
Artigo  numeral adjetivo Cheguei à fazenda e corri para ver o lago.
Diferença entre adjunto adnomi- Por possuir mais de um verbo, trata-se de um período
nal e complemento nominal composto.
Por serem as orações independentes, trata-se de um perío-
Considerando que ambos completam o sentido de um
do composto por coordenação. As orações são coordenadas.
nome, é comum ter dúvidas entre o adjunto adnominal e o
No terceiro caso, as duas orações não possuem sentido
complemento nominal. Para distingui-los, é importante obser-
completo e independente:
var os critérios abaixo:
Ex.: Gostei de andar pela fazenda.
Complemento nominal Adjunto adnominal As orações dependem uma da outra para ter sentido, não
Sempre com preposição Nem sempre com preposição sendo, portanto, independentes. Neste caso, trata-se de um
período composto por subordinação. Há uma oração principal e
Relaciona-se com substan-
tivo abstrato, adjetivo e
Se relaciona somente com substanti- uma oração subordinada.
vos, nunca com adjetivos ou advérbios
advérbio
6.3.1. Período Composto
Nunca se relaciona com Se relaciona com substantivos con-
substantivos concretos cretos por Coordenação
Transmite a ideia de posse As orações coordenadas são aquelas que possuem sentido
independente.
Adjunto Adverbial As orações coordenadas podem ser:
São termos que completam o sentido de um verbo, adjeti- Sindéticas
vo ou outro advérbio, modificando-os ou definindo-os: Quando possuem elemento de ligação, normalmente re-
Ex.: Os mais novos chegaram rapidamente. presentado pelas conjunções:
verboadjunto adverbial Ex.: Cheguei tarde e logo dormi.
Assindéticas As orações subordinadas substantivas exercem a mesma
Quando não possuem elemento de ligação, normalmente função sintática que os substantivos exerceriam na oração.
representado pelas conjunções: Observe:
Ex.: Tentou, cansou, desistiu. Ex.: Mariana gosta de doces.
1ª oração 2ª oração 3ª oração Gostar: VTI
De doces: OI
Aditivas Ex.: Mariana gosta de passear com o cachorro.
São as orações que dão a ideia de adição. Normalmente Gostar: VTI
são ligadas por uma conjunção aditiva: de passear com o cachorro: por possuir verbo, é uma ora-
Ex.: Chegou cansada e logo foi dormir. ção subordinada com função de OI. Portanto, trata-se de uma
oração subordinada substantiva objetiva indireta.
Alternativas
São as orações que dão a ideia de alternância. Normalmente Subjetiva
são ligadas por uma conjunção alternativa: A oração subordinada substantiva subjetiva tem a função
Ex.: Ou chega atrasado ou sai mais cedo. de sujeito da oração principal:
Exs.: Não convém falar mal dos outros.
Adversativas Foi avisado que a reunião ia demorar.
São as orações que dão a ideia de oposição. Normalmente são
ligadas por uma conjunção adversativa: Objetiva Direta
Ex.: Chegou cansada, mas deu atenção aos filhos. A oração subordinada objetiva direta tem a função de ob-
jeto direto da oração principal:
Explicativas Ex.: As meninas falaram que você gostou do presente.
São as orações que dão a ideia de explicação. Normalmente VTD
são ligadas por uma conjunção explicativa:
Ex.: Estava chateado, pois não conseguiu o emprego que Objetiva Indireta
queria. A oração subordinada objetiva indireta tem a função de
objeto indireto da oração principal:
Conclusivas Ex.: Os alunos gostaram de falar sobre as férias
São as orações que dão a ideia de conclusão. Normalmente VTI
são ligadas por uma conjunção conclusiva:
Ex.: Choveu o dia inteiro, portanto não poderemos reali- Completiva Nominal

Ş
ŝ#-ŝŦ
zar a reunião no gramado. A oração subordinada completiva nominal tem a função de
complemento nominal de um nome da oração principal:
6.3.2. Período Ex.: Nós ficamos cansados por viajar tanto tempo.
nome incompleto
Composto por Subordinação Apositiva
O período composto por subordinação é caracterizado pela A oração subordinada apositiva tem a função de aposto da
presença de uma oração principal e uma a ela subordinada. oração principal:
A classificação das orações subordinadas é semelhante à Ex.: Uma coisa era certa: nada seria como antes.
classificação dos termos no período simples. A diferença é que
o termo será representado por uma oração. Predicativa
A oração subordinada predicativa tem a função de predi-
Oração Subordinada Substantiva cado da oração principal.
LÍNGUA PORTUGUESA

As orações subordinadas substantivas classificam-se em: Acontece quando a oração principal apresenta um verbo
de ligação:
Oração subordinada Função: Meu medo era que chovesse no dia da viagem.
substantiva: VL
Subjetiva Sujeito da oração principal
Objetiva direta Objeto direto da oração principal
6. 4. Sintaxe de Concordância
Objetiva indireta Objeto indireto da oração principal
6.4.1. Concordância Nominal
Complemento nominal Observe o exemplo a seguir:
Completiva nominal
(de um termo) da oração principal
Ex.: As lindas flores foram colhidas pelo meu marido.
Apositiva Aposto da oração principal Observe que o substantivo, em destaque, está no feminino
plural. Portanto, todos os termos relacionados a ele devem ser 35
Predicativa Predicativo do sujeito da oração principal
flexionados, concordando com ele.
Os artigos, adjetivos e verbos sempre concordam com o Ex.: Ventou a semana toda.
36 substantivo a que se referem. Choveu por três dias.
Quando houver mais de um substantivo, há duas opções: ▷ O verbo “haver”, quando apresentar o sentido de
▷ O adjetivo pode passar para o plural, concordando “existir”, será impessoal e ficará sempre na terceira
com todos os substantivos: pessoa do singular:
Ex.: Era obrigatório usar calça, camisa e avental brancos. Ex.: Há várias coisas para fazer aqui.
▷ O adjetivo pode concordar apenas com o último Os verbos “haver” e “fazer”, quando indicarem tempo, tam-
LÍNGUA PORTUGUESA

substantivo: bém serão impessoais e ficarão sempre na terceira pessoa do


Ex.: Era obrigatório usar calça, camisa e avental branco. singular:
▷ Se o último substantivo for feminino, o adjetivo Exs.: Faz duas semanas que não como doces.
pode concordar com ele em gênero e número, rela- Há meses que não vou até lá.
cionando-se apenas com ele:
Ex.: Era obrigatório usar calça, avental e camisa branca.
▷ Quando for precedido de vários substantivos, o ad-
6. 5. Colocação Pronominal
jetivo deverá concordar: A colocação pronominal pode ocorrer de três formas:
▷ Com o primeiro: Próclise Antes do Eu te enviarei os documen-
Ex.: Eram boas casas, localização e infraestrutura. verbo tos.
▷ Com todos, no plural: Ênclise Depois do Ia enviar-lhe os documen-
Exs.: Eram bons clientes, amigos e empresários. verbo tos.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Eram boas mães, clientes e empresárias. Mesóclise Inserido no Enviar-te-ia os documen-


verbo tos.
6.4.2 Concordância Verbal Antes de estabelecer as regras de uso de cada caso acima,
Observe o exemplo a seguir: é importante ressaltar que os pronomes átonos não podem
Ex.: Os funcionários da clínica gostaram do novo uni- iniciar uma frase. Portanto, quando for inevitável seu uso, utili-
forme. za-se um recurso conhecido como “eufonia”. Observe:
O verbo deverá sempre concordar com o sujeito. Neste caso, Ex.: Não te vi ontem na festa.
funcionários, na terceira pessoa do plural. Se a oração for afirmativa, para que o pronome átono não
Observe as demais regras de concordância verbal: inicie a oração, acrescenta-se o sujeito:
▷ Se o sujeito for um substantivo coletivo, embora ex- Ex.: Eu te vi ontem na festa.
presse a ideia de plural, o verbo deverá permanecer Te amo. Eu te amo.
no singular:
Ex.: Foi o cardume mais lindo que já vi!
Próclise
▷ Se anv oração estiver na voz passiva, com sujeito Alguns termos são chamados fatores de próclise por obri-
indeterminado, o verbo ficará na terceira pessoa do gar os pronomes oblíquos a se posicionarem antes do verbo.
singular: Quando estes fatores estão presentes, a estrutura da oração
Ex.: Precisa-se de vendedores. será, obrigatoriamente:
▷ Se o verbo vier acompanhado do pronome apassiva- Fator de próclise + pronome + verbo
dor “se”, deverá concordar com o sujeito:
Fator de Exemplo Exemplo de oração
Ex.: Alugam-se barcos. próclise
▷ Quando o sujeito for a expressão “a maioria”, poderá
ser utilizado no plural ou no singular: Agora me agradece
Ontem, agora, feliz-
Ex.: A maioria dos funcionários utiliza vale-transporte. Advérbios
mente, alegremente, etc.
como se nada tivesse
Os funcionários utilizam vale-transporte. acontecido.
▷ Quando o sujeito for composto, o verbo ficará no plural Conjunções Ele pediu que lhe
quando aparecer depois do sujeito: Que, embora, se, etc.
subordinativas entregasse a carta.
Ex.: Filhos e netos aplaudiram o discurso do jardineiro.
Palavras nega- Não, nunca, nem, nada, Nunca me esqueci dos
▷ Quando o verbo aparecer antes do sujeito composto, tivas etc. livros lidos na infância.
poderá aparecer no plural ou no singular concordando
com o primeiro termo: Pronomes Uns, alguém, ninguém, Ninguém me pediu
Ex.: Chegaram a filha, o genro e os netos. indefinidos etc. ajuda.
Chegou a filha, o genro e os netos. Este é o homem que
Pronomes Que, qual, onde, quem,
▷ O verbo “ser”, quando indica tempo ou distância, relativos etc.
me emprestou o
concordará com o predicativo: casaco.
Ex.: São seis quilômetros daqui até a cidade.
▷ Verbos que indicam fenômenos da natureza, por
Mesóclise
não possuírem sujeito, ficarão sempre na terceira A mesóclise só será obrigatória quando a oração possui, ao
pessoa do singular: mesmo tempo, dois casos:
Verbo no futuro
iniciando a oração
Falar-te-ia sobre
meus sentimentos.
6. 6. Sintaxe de Regência
Ausência de palavra atrativa
exigindo próclise
Mentir-lhes-emos se precisar. 6.6.1. Regência Nominal
Observe os exemplos a seguir:
Ênclise Exs.: Temos muito admiração pelo seu trabalho.
A atitude dele durante a reunião foi contrária ao esperado.
A ênclise somente será obrigatória em dois casos: Tenho certeza de que você tem capacidade para fazer um
Quando o verbo Contei-lhe toda ótimo trabalho.
iniciar a oração a verdade. Observe que os nomes são acompanhados por preposi-
Quando o verbo for precedido ções que lhes dão sentido. Estas preposições ligam os nomes
Se você for à biblioteca, tra- ao termos de maneira coerente.
por pausa (sinalizada pela
ga-me o livro, por favor. Cada nome possui um ou mais preposições específicas que
pontuação)
devem acompanha-los. Esta colocação correta é chamada re-
gência nominal.

Nomes e respectivas regências

Acessível : a Contíguo: a Imbuído: de, em Preferível: a

Acostumado: a, com Contrário: a Impróprio: para Prejudicial: a

Afável: com, para, a Curioso: de Imcompatível: com Presente: a

Aflito: com, por Descontente: com Indeciso: em Prestes: a

Agradável: a Desejoso: de Inepto: para Propenso: a, para

Ş
ŝ#-ŝŦ
Alheio: a. de Devoto: a, de Insensível: a Propício: a

Alusão: a Diferente: de Liberal: com Próximo: a, de

Ambicioso: de Entendido: em Medo: a, de Relacionado: com, a

Análogo: a Equivalente: a Misericordioso: com, para, com Residente, situado, sito, morador: em

Ansioso: de, para, por Essencial: para Natural: de Respeito: a, com, para com
Apaixonado: de (entusiasmado), por
Fácil: de Necessário: a Satisfeito: com, de, em, por
(enamorado)
Apto: a, para Falho: de, em Nocivo: a Semelhante: a
LÍNGUA PORTUGUESA

Aversão: a, por Fanático: por Obediência: a Sensível: a

Ávido: de, por Favorável: a Ódio: a, contra Suspeito: de

Benéfico: a Favorável: a Ojeriza: a. por União: a, com, de, entre

Capacidade: de, para Generoso: com Paralelo: a, com, entre Único: a, em

Capaz: de, para Grato: a Parco: em, de Útil: a, para

Compatível: com Hábil: em Parecido: a, com Vazio: de


Conforme: a (semelhante), com
Habituado: a Passível: de Versado: em
(coerente), em (concorde)
Constante: de, em Horror: a Possível: de Vinculado: a
37
Conteporâneo: a, de Idêntico: a Possuído: de, por
38
6.6.2. Regência Verbal São os verbos que exigem preposição antes de seus com-
plementos:
A relação correta entre o verbo e seus complementos, ou Exs.: Os moradores gostaram da pintura do prédio.
seja, os termos regidos por ele. Fui à cidade de ônibus.
Os verbos que exigem complemento, chamados transiti- ▷ Verbos transitivos diretos e indiretos:
vos, se relacionam de duas maneiras com seus complementos:
São verbos que exigem dois complementos, sendo um li-
▷ Verbos transitivos diretos:
gado por preposição:
LÍNGUA PORTUGUESA

São os verbos que exigem preposição antes de seus com- Ex.: Entreguei a carta ao diretor.
plementos:
▷ Verbos intransitivos:
Ex.: Comprei frutas hoje cedo.
São verbos que não exigem complemento:
▷ Verbos transitivos indiretos:
Ex.: O vizinho do apartamento ao lado morreu.

Verbo Sentido Regência/Preposição Pronomes Exemplos

Chamar O Diretor o chamou à sua presença


convocar TD (por) o,s
Chamei por você. (ODp)
TD o,a Chamaram-no (de) charlatão. (PO)
apelidar
TI > a lhe Chamaram-lhe (de) charlatão. (PO)
Ş
ŝ#-ŝŦ

Chegar, vir, ir VI > a - Chegou ao Rio ontem


Custar ser custoso/difícil TDI > a lhe Custa ao homem o perdão
Implicar acarretar TD Isso implica punição
Lembrar Lembrou o fato
TD o,a
Esquecer Esqueceu a chave
Lembrar-se Lembrou-se do fato.
TI > de dele
Esquecer-se Esqueceu-se da chave.
Namorar TD o,a Ele namora minha irmã
Necessitar O País precisa (de) agrônomos.
TD o, a
Precisar O País precisa deles.
TI > de dele
O País precisa-os.
(Des)obedecer Os filhos obedecem aos pais.
TI > a lhe (pessoa)
Não devemos desobedecer-lhes.
Morar, residir VI > em - Mora na Rua XV de Novembro
Pagar coisa TD o, a Deus perdoe nossos pecados
Perdoar pessoa TI > a lhe Perdoei aos meus devedores. Perdoei-lhes.
Preferir algo a alguma coisa TDI > a Prefiro água a sucos.
Proceder dar início, realizar TI > a a ele/ela O professor procedeu-lhe.
Querer desejar TD o,a Ele não a quis para esposa.
amar, ter afeto a TI > a lhe Juro que lhe quero muito.
Referir-se TI > a a ele Referiu-se à ajuda coletiva. (a ela)
Responder dizer ou escrever em TI > a Respondeu ao telegrama.
lhe
resposta TDI Respondeu-lhe que estava doente.
Visar fazer pontaria pôr visto Visou o alvo e atirou.
TD o,a
em O banco visou o cheque.
pretender TI > a a ele O vestiba visa a uma vaga na universidade. (a ela)
Agradar causar agrado TI > a lhe O vestibular agradou aos calouros.
Ajudar TD o,a O filho ajudava o pai na roça.
Aludir TI > a Aludiu aos fatos acontecidos. (a eles)
fazer, referência a ele
TDI Aludiu os fatos aos ouvintes.
Ansiar causar mal-estar,
TD o,a O cansaço ansiava-o.
angustiar
TD o, a Minha alfa anseia o infinito.
desejar ardentemente
TI > por por ele Ansiava por me ver fora de casa.
padecer ânsias VI - Anseio em viagens.
Aspirar sorver, respirar TD o, a Aspirava o cheiro das rosas abertas.
desejar, pretender TI > a a ele O vestiba aspira a ser médio. (a isso)
Assistir O médico assiste o doente.
prestar assistência TD o, a
Os missionários são assistidos por Deus.
porque não assistes às aulas, vestiba?
presenciar, ver TI > a a ele
Tenho assistido a elas (às aulas)
caber, ser de direito TI > a lhe Não lhe assiste o direito de oprimir os vestibas.
morar, residir VI > em Assistirei na capital enquanto estiver estudando.

6.6.3. Crase ▷ Substantivos masculinos:


Foram a pé.
Quando um termo exigir, pela regência, o uso da preposi- ▷ Pronomes que não admitam o artigo “a” (pronomes
ção a, e o termo seguinte for um substantivo feminino, prece- pessoais, relativos, indefinidos e demonstrativos):
dido pelo artigo a, a fusão de ambos os termos será represen- Refiro-me a uma pessoa muito especial.
tada pelo uso da crase: Ele se dirigiu a qualquer aluno.
Fui a: ▷ Expressões com palavras repetidas:
Exs.: Fui ao banco. Cara a cara; palmo a palmo.
Fui à cidade.
▷ Antes de “Nossa Senhora” e demais nomes de san-
Assistir a: tas:
Exs.: Assisti ao filme pela segunda vez.
Pedi a Nossa Senhora que o guiasse.
Assisti à missa emocionada.
Apelei a Santa Rita.
A crase também será obrigatória quando indicar:
▷ Numerais cardinais:
▷ Horário:

Ş
ŝ#-ŝŦ
O candidato chegou às 16 horas. De 20 a 50 pessoas estudam nessas salas.
▷ Locuções adverbiais: De 2008 a 2012 eu morei naquela rua.
à força, à vontade, à direita, à esquerda, etc. Exceto antes de horário: Ele chegou às 14 horas.
▷ Locuções prepositivas: ▷ Depois de preposições:
à espera de, à procura de, à frente de, etc. Pedi até a diretora.
▷ Quando a expressão “à moda de” estiver suben- ▷ Quando a preposição “a” aparece sozinha antes de
tendida: palavra no plural:
bife à milanesa (à moda milanesa), cabelo à Rober- Eu me refiro a obras de caridade.
to Carlos (à moda de Roberto Carlos) Ele pediu a pessoas importantes.
▷ A contração entre a preposição “a” + o pronome Não haverá crase quando o termo for precedido pela pre-
demonstrativo “aquele”: posição “de”:
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu me referi àquele material (nesse caso, não im- Atendimento de segunda a sexta.
porta que o termo ao qual se refere for masculino, Mas ela é obrigatória quando houver a preposição “da”:
pois não há o artigo “a”, e sim o pronome “aquele”)
Da segunda à quarta fileira os lugares estão reservados.
A crase é facultativa antes de:
▷ Pronome possessivo: Quando indicar lugar, a mesma regra é válida:
Entregarei isso a minha mãe. Voltei de São Paulo. Vou a São a Paulo.
Entregarei isso à minha mãe. Voltei da Bahia. Vou à Bahia.
▷ Nome feminino:
Entregarei isso a Tina. 7. Pontuação
Entregarei isso à Tina. Os sinais de pontuação são recursos gráficos utilizados na
A crase será proibida antes de: linguagem escrita. Sua finalidade é estruturar os textos e es-
▷ Verbos: tabelecer as pausas e as entonações da fala. Vale destacar que
alguns desses sinais server para assinalar as pausas e a ento- 39
A partir de amanhã, as aulas serão semanais.
nação da voz na leitura; separar ou isolar termos sintáticos; e
esclarecer o sentido de um enunciado, para afastar qualquer Aspas (“ ”)
40 ambiguidade.
Por isso, no decorrer deste capítulo, serão apresentados os a) Destaca transcrições, citações.
sinais de pontuação, bem como a função de cada um deles. Ex.: “É na subida que a canela engrossa.”
b) Mostra expressões estrangeiras, neologismos, arcaís-
Ponto (.) mos, gírias, apelidos ou para dar ênfase a qualquer
expressão.
a) Indica o fim de um período simples, de uma frase
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: “Let’s go”!


com sentido completo. c) Indica ironia.
Ex.: Queremos mudar de vida. Ex.: “Que anjinho”. Não para quieto.
b) É usado em abreviações. d) Relativiza o sentido de uma expressão.
Exs.: Ex.: Os homens, que são “racionais”, acabam com o meio
Sr. (Senhor) em que vivem.
a.C. (antes de Cristo)
num. (numeral) Travessão (-)
ex. (exemplo)
etc. (et cetera) a) Marca mudança de interlocutor em um diálogo.
Ex.:
- Oh, Zé! Você trouxe minha encomenda?
Ponto de Interrogação (?) - Não, esqueci.
b) Separa orações intercaladas, como se fossem vírgu-
Ş
ŝ#-ŝŦ

a) Usado em perguntas. las.


Ex.: Vocês precisam de algo? Ex.: Os animais – disse o biólogo – precisam de um am-
b) Indica diversos sentimentos (surpresa, indignação, biente adequado para viver.
expectativa). c) Expressa comentário ou opinião do autor do texto.
Exs.: Ex.: Os que já tiveram chance – e o privilégio – de serem
Os acusados não foram presos? (indignação) aprovados podem contar como se prepararam.
Você foi aprovado? (surpresa)
Saiu o resultado? (expectativa) Dois Pontos (:)
a) Quando se faz uma citação ou introduzir uma fala.
Ponto de Exclamação (!) Ex.:
a) Expressa sentimentos: empolgação, súplica, recla- O policial disse:
mação, surpresa. - Mãos para cima!
Exs.: b) Indica explicação, esclarecimento ou resumo do que
Vamos para a praia! (empolgação) foi dito.
Por favor, façam silêncio! (súplica) Ex.: Os materiais são estes: caderno, lápis e borracha.
Que susto! (surpresa) c) Marca orações apositivas.
b) Emprega-se no final de interjeições e locuções inter- Ex.: A ordem é esta: que todos estudem.
jetivas. d) Quando se quer indicar uma enumeração.
Exs.: Ex.: O Brasil é um país conhecido por: carnaval, futebol
“Oh! Meu Deus!” e corrupção.
“Eu te amo!” e) Na introdução de exemplos, notas e observações.
c) Usado depois de vocativos. Ex.: Obs.: A norma padrão deve ser seguida.
Ex.: Você pode, garoto! f) Em invocações de correspondências.
Ex.: Prezados Senhores:
Reticências (…) g) Em citações e referências.
a) Suprime trechos. Ex.: Como diz um ditado popular: “Cego é aquele que
Ex.: Era uma vez (...) não quer ver.”
b) Marca continuidade de pensamento ou de enumera-
ções. Ponto e Vírgula (;)
Ex.: Eu gostei dos atores, mas da história... a) Separa itens.
Ex.: Em Português, deve-se estudar: morfologia; sintaxe;
Parênteses ( ) semântica.
a) ndica uma explicação. b) Pode ser usado para evitar o excesso de vírgulas.
Ex.: A ONU (Organização das Nações Unidas) atua em Ex.: Foram à feira de negócios. José comprou um carro;
vários países. Paulo, uma moto; João, um barco.
b) Fontes bibliográficas. c) Separa antítese.
Ex.: (SILVA, 2015) Ex.: Uns mandam; outros obedecem.
d) Dá maior pausa a conjunções adversativas (mas, po- ligadas pela conjunção ou.
rém, contudo, todavia, entretanto, etc.). Exs.:
Ex.: A equipe jogou certo; porém, perdeu o jogo. Estude muito, logo sua aprovação virá.
Estava ansioso, ora andava, ora ficava quieto.
Vírgula
A vírgula é um dos sinais de pontuação que mais causam
Usa-se Vírgula com a Conjun-
dúvidas quanto ao seu emprego. Para entender esse sinal, é ção e nos Seguintes Casos:
preciso conhecer as regras em que se pode fazer emprego ї Em orações com sujeitos diferentes
dela, e as regras em que o uso de vírgula é proibido. Ex.: O homem vendeu o carro, e a mulher não gostou.
Casos em Que a Vírgula é Empregada ї Com conjunção adversativa (e=mas)
Ex.: Chegou a casa, e desistiu de entrar.
Separa Vocativo ї No polissíndeto
Ex.: Venha, meu filho, que temos de chegar cedo.
Ex.: Faltaram-lhe os amores, e a vida, e a felicidade.
Separa Aposto Explicativo
Separa Orações Adverbiais
Ex.: Nós, brasileiros, precisamos lutar por justiça.
ї Obrigatoriamente, quando deslocadas.
Separa Palavras ou Expressões Explicati- Ex.: Quando sair o resultado, temos dois dias para os re-
vas, Conclusivas, Retificativas, Repetidas cursos.
Exs.: ї Facultativamente, quando pospostas (para dar ênfase)
Foram ao teatro, isto é, divertiram-se bastante.
Ex.: Entreguei o relatório, conforme havia prometido.
As suas dicas, aliás, são perfeitas.
Corri na maratona de domingo, ou melhor, tentei correr. Separa Orações Adjetivas Explicativas
Separa Termos Assindéticos Coordenados Ex.: Os políticos, que são eleitos por meio do voto, devem
Ex.: Era uma mulher bonita, inteligente, decidida. representar a população.
Separa Termos Antepostos Desde Que Pleonásticos Separa Orações Interferentes
Exs.: Ex.: Nenhuma pesquisa, que tenhamos percebido, abor-
Aos amigos, entreguei-lhes o convite. dou tal assunto.
As flores, eu as comprei. Separa Orações Adverbiais Reduzidas
Separa Conjunções Deslocadas Ex.: Ao terminar a prova, todos podem levar os gabaritos.
Ex.: Ele é o diretor; obedeça, pois, suas determinações. Considerando o resultado, precisamos estudar mais.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Separa Locuções Adverbiais Antepostas ao Verbo Casos em que a Vírgula não é Empregada
Exs.:
No aeroporto, esperavam-se os artistas. Sujeito e Verbo
A população, no ano passado, participou das eleições. Ex.: Os senadores amanhã votarão o projeto.
Advérbio ou locução adverbial deslocada/intercalada com
até 3 palavras: emprego de vírgula é facultativo. Acima de 3, o Verbo Transitivo e Complemen-
emprego é obrigatório. to Obrigatório (OD ou OI)
Exs.: Exs.:
Em nossa formatura, haverá várias surpresas. Alguns manifestantes não mostraram a cara.
Em nossa formatura haverá várias surpresas. Muitas pessoas já não confiam em políticos.
Hoje, fomos ao circo. Objeto Direto e Objeto indireto
LÍNGUA PORTUGUESA

Hoje fomos ao circo. Ex.: A banca divulgou o resultado aos inscritos.


Haverá, durante toda a formatura, várias surpresas.
Nome e Adjunto Adnominal
Separa Predicativo do Sujeito
Exs.:
Ex.: Vitor, entusiasmado, gritava muito.
A economia brasileira é muito vulnerável.
Separa Datas O carro de polícia está em frente à farmácia.
Ex.: Fortaleza, 01 de agosto de 2015.
Nome e Complemento Nominal
Indica Zeugma do Verbo Ex.: Tenho esperança de que o edital seja publicado hoje.
Ex.: A primeira aula é sobre verbos; a segunda, sobre
pronomes. Verbo de Ligação e Predicativo do Sujeito
Separa Orações Coordenadas As- Ex.: Os alunos parecem animados.
sindéticas e Sindéticas Nome e Aposto Nominativo, Especificativo 41
Obs.: exceto as aditivas ligadas pela conjunção e, nem; e as Ex.: O Rio Amazonas é um dos maiores do mundo.
42 REDAÇÃO Ş
ŝ#-ŝŦ

ÍNDICE
1. Redação para Concursos Públicos ...............................................................................43
Posturas em Relação à Redação ................................................................................................... 43
Apresentação do Texto................................................................................................................. 43
O Texto Dissertativo .....................................................................................................................44
Critérios de Correção da Redação para Concursos Públicos ........................................................ 46
Critérios de Correção da Bancas ................................................................................................... 46
2. Dissertação Expositiva e Argumentativa .................................................................... 48
Dissertação Expositiva ................................................................................................................. 48
Dissertação Argumentativa .......................................................................................................... 51
1. Redação para Concursos Públicos Objetividade
Seu texto deve ser objetivo, isto é, o enfoque do assunto
Os editais de concurso público disponibilizam o conteúdo deve ser direto, sem rodeios. Além disso, as bancas dão pre-
programático das matérias que serão cobradas nas provas,
ferência a uma linguagem simples e objetiva. E não confun-
mas nem sempre deixam explícito como se preparar para a
da linguagem simples com coloquialismos, pois é necessário
prova discursiva, ou prova de redação – que, na grande maio-
sempre manter a sua escrita baseada na norma padrão da
ria dos concursos, é uma etapa eliminatória.
língua portuguesa.
Portanto, é necessário preparar-se com bastante antece-
Além disso, é fundamental o candidato colocar-se na po-
dência, para que possa haver melhoras gradativas durante o
processo de produção de um texto. sição do leitor. É um momento de estranhamento do próprio
texto para indagar-se: o que escrevi é interessante e de fácil
Posturas em Relação à Redação entendimento?
Antes de começar a desenvolver a prática de escrita, é Apresentação do Texto
preciso que ter algumas posturas em relação ao processo de
composição de um texto. Em posse dessas posturas, percebe- Para que se consiga escrever um bom texto, é preciso
se que escrever não é tão complexo se você estiver orientado aliar duas posturas: ter o hábito da leitura e praticar a escrita
e fizer da escrita um ato constante. de textos. Além disso, é importante conhecer as propostas
das bancas e saber quais são os critérios de correção previs-
Leitura tos em edital.
Apenas a leitura não garante uma boa escrita. Então, deve- Letra - Legibilidade
se associar a leitura constante com a escrita constante, pois uma
prática complementa a outra. Escreva sempre com letra legível. Pode ser letra cursiva ou
E o que ler? de imprensa. Tenha atenção para o espaçamento entre as le-
tras/palavras e para a distinção entre maiúsculas e minúsculas.
Direcione sua prática de leitura da seguinte forma: fique aten-
to às ATUALIDADES, que é um conteúdo geralmente previsto na Respeito às Margens
prova de conhecimentos gerais. Ademais, conheça a instituição e
As margens (tanto esquerda quanto direita) existem para
o cargo a que você pretende candidatar-se, como as FUNÇÕES e
serem respeitadas, portanto, não as ultrapasse no momento
RESPONSABILIDADES exigidas, as quais estão previstas no edital
em que escreve a versão definitiva. Tampouco deixe “buracos”
de abertura de um concurso. E, também, tenha uma visão crítica
sobre os conhecimentos específicos, porque a tendência dos con- entre as palavras.
cursos é relacionar um tema ao contexto de trabalho. Indicação de Parágrafos
Considere que, nas provas de redação, também podem ser

Ş
ŝ#-ŝŦ
É preciso deixar um espaço antes de iniciar um parágrafo
abordados temas sobre algum assunto desafiante para o cargo
(mais ou menos dois centímetros).
ao qual o candidato está concorrendo. Uma dica é estar atento às
informações veiculadas sobre o órgão público no qual pretende Título
ingressar.
Colocar título na redação vale mais pontos?
Produção Do Texto Se o título for solicitado, ele será obrigatório. Caso
A produção de um texto não depende de talento ou de um não seja colocado na redação, haverá alguma perda, mas
dom. No processo de elaboração de um texto, pode-se dizer não muito. Os editais, em geral, não informam pontuações
que um por cento (1%) é inspiração e noventa e nove por cento exatas. No caso de o título não ser solicitado, ele se torna
(99%) é trabalho. Escrever um excelente texto é um processo facultativo. Logo, se o candidato decidir inseri-lo, ele fará
que exige esforço, planejamento e organização. parte do texto, sendo analisado como tal, mas não terá um
valor extra por isso.
Escrita O título era obrigatório, e não o coloquei... E agora?
O ato de escrever é sempre desta maneira: basta começar. Quando há a obrigatoriedade, a ausência do título não
REDAÇÃO

Escrever para ser avaliado por um corretor é colocar pensa- anula a questão, a menos que haja essa orientação nas ins-
mentos organizados e articulados, num papel, a partir de um truções dadas na prova. Não há um desconto considerável
posicionamento sobre um tema estabelecido na proposta de em relação ao esquecimento do título, porque a maior pon-
redação. tuação, em uma redação para concurso, está relacionada ao
Tema conteúdo do texto.
O seu texto deve estar cem por cento (100%) adequado à É preciso pular linha após o título?
proposta exigida na prova, ou seja, você não pode escrever o Em caso de obrigatoriedade do título, procure não pular
que quer, mas o que a proposta determina. Desse modo, antes linha entre o título e o início do texto, porque essa linha em
de começar a escrever, é necessário entender o TEMA da prova. branco não é contada durante a correção.
O tema é o assunto proposto que deve ser desenvolvido. Por- Quando se deve escrever o título?
tanto, cabe a você entendê-lo, problematizá-lo e delimitá-lo, com O título é a síntese de sua redação, portanto, prefira escre- 43
base no comando da proposta. vê-lo ao término da redação.
Erros na Versão Final Estrutura sintática de orações e períodos
44 Quando você está escrevendo e, por distração, erra uma Elementos coesivos
palavra, você deve passar um traço sobre a palavra e escrevê- Concordância verbal e nominal
-la corretamente logo em seguida: Pontuação
exeção exceção Regência verbal e nominal
Emprego de pronomes
Translineação Flexão verbal e nominal
Quando não dá para escrever uma palavra completa ao Uso de tempos e modos verbais
final da linha, deve-se escrever até o limite, sem ultrapassar Grafia
REDAÇÃO

a margem direita da linha, e o sinal de separação será sempre


o hífen. Acentuação
Sempre respeite as regras de separação silábica. Nun- Repetição
ca uma palavra será separada de maneira a desrespeitar
Prejudica a coesão textual, e ocorre quando se usa muitas ve-
as sílabas:
zes a mesma palavra ou ideia, as quais poderiam ser substituídas
tran- por sinônimos e conectivos.
sformação
Caso a próxima sílaba não caiba no final da linha, embora
Informações Óbvias
ainda haja um espaço, deixe-a e continue na próxima linha. Explicações que não precisam ser mencionadas, pois já se
explicam por si próprias.
Ş
ŝ#-ŝŦ

trans-
formação Generalização
Quando a palavra for escrita com hífen e a separação ocor- É percebida quando se atribui um conceito que é específi-
rer justo nesse espaço, você deve usar duas marcações. Por co de uma forma generalizada.
exemplo: entende-se
Os menores infratores saem dos centros de ressocializa-
entende- ção e retornam ao o do crime. (isso ocorre com todos?)
-se
É preciso que o governo tome medidas urgentes para re-
Se a palavra não tiver hífen em sua estrutura, use apenas uma solver esse problema. (que medidas?)
marcação:
Gerúndio
apresen-
É muito comum usarmos o gerúndio na fala, mas não se
tação usa com tanta recorrência na escrita.
Impessoalidade
O texto dissertativo (expositivo-argumentativo) é impessoal. O Texto Dissertativo
Portanto, pode-se escrever com verbos em: Dissertar é escrever sobre algum assunto e pressupõe ou
- 3ª pessoa: defender uma ideia, analisá-la criticamente, discuti-la, opinar,
A qualidade no atendimento precisa ser prioridade. ou apenas esclarecer conceitos, dar explicações, apresentar
dados sobre um assunto, tudo de maneira organizada, quer
Percebe-se que a qualidade no atendimento é essencial.
dizer, com início, meio e fim bem claros e objetivos.
Notam-se várias mudanças no setor público.
- 1ª pessoa do plural: A dissertação pode ser classificada quanto à maneira como
o assunto é abordado:
Observamos muitas mudanças e melhorias no serviço
público. I - EXPOSITIVA: são expostos fatos (de conhecimento e
domínio público, divulgados em diversos meios de comuni-
Adequação Vocabular cação), mas não é apresentada uma discussão, um ponto de
Adequação vocabular diz respeito ao desempenho linguís- vista.
tico de acordo com o nível de conhecimento exigido para o A dissertação expositiva também é usada quando a pro-
cargo/área/especialidade, e a adequação do nível de lingua- posta exige um texto técnico. Este tipo de texto pode ter duas
gem adotado à produção proposta. abordagens: Estudo de Caso (em que é feito um parecer a partir
Portanto, devem-se escolher palavras adequadas, evitan- de sua situação hipotética) e Questão Teórica (em que é preciso
do-se o uso de jargões, chavões, termos muito técnicos que apresentar conceitos, normas, regras, diretrizes de um determi-
possam dificultar a compreensão. nado conteúdo).
II - ARGUMENTATIVA: há a exposição de pontos de vista
Domínio da Norma Padrão da Língua pessoais, com juízos de valor sobre um fato ou assunto.
Deve-se ficar atento aos aspectos gramaticais, principal- E qual a melhor maneira de abordar um assunto numa prova
mente: de redação para concursos públicos?
Para que seu texto seja MUITO BEM avaliado, o ideal é breve e apresentar apenas informações sucintas. Deve apenas
conseguir chegar a uma forma mista de abordagem, ou seja, apresentar o TEMA e os ENFOQUES e ter em torno de cinco
escrever um texto dissertativo em que você expõe um assunto linhas.
e, ao mesmo tempo, dá sua opinião sobre ele. Desse modo, os
fatos que são conhecidos (domínio público) podem se trans- Desenvolvimento
formar em exemplificação atualizada, a qual pode ser relacio- É a redação propriamente dita. Deve ser constituído de
nada à sua argumentação de forma contextualiza e crítica. dois a três parágrafos (a depender do tema da proposta), um
para cada enfoque apresentado na Introdução. É a parte da
Aspectos Gerais da Produção de Textos redação em que argumentos são apresentados para explici-
Em face da limitação de espaço, é muito difícil apresentar tar, em um parágrafo distinto, cada um dos enfoques. Cada
muitos enfoques relativos ao tema. Por essa razão, dependen- parágrafo deve ter de 5 a 8 linhas. Pode-se desenvolver os ar-
do do limite em relação à quantidade de linhas, a dissertação gumentos por meio de relações que devem ser usadas para
deve conter de 4 a 5 parágrafos, sendo UM para Introdução, deixar seu texto coeso e coerente.
DOIS a TRÊS para Desenvolvimento e UM para Conclusão. • Conectores
Além disso, cada parágrafo deve possuir, no mínimo, dois As relações comentadas acima são estabelecidas com CO-
períodos. Cuidado com as frases fragmentadas, ambiguidades NECTORES:
e os erros de paralelismo. Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais
Procure elaborar uma introdução que contenha, de ma- nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de
neira clara e direta, o tema, o primeiro enfoque, o segundo tudo, principalmente, primordialmente, sobretudo.
enfoque, etc. E mantenha sempre o caráter dissertativo. Por Tempo: atualmente, hoje, frequentemente, constantemen-
isso, no desenvolvimento, dê um parágrafo para cada enfoque te às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sem-
selecionado, e empregue os articuladores adequados. Por fim, pre, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente,
fundamente sempre suas ideias.
nesse ínterim, enquanto, quando, antes que, depois que, logo
Quanto aos exemplos, procure selecionar aqueles que se- que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que,
jam de domínio público, os que tenham saído na mídia: jornais, cada vez que, então, enfim, logo, logo depois, imediatamente,
revistas, TV. E nunca analise temas por meio de emoções exa- logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, pou-
geradas – especialmente política, futebol, religião, etc. co depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal,
Estrutura de um Texto Dissertativo por fim, finalmente, agora.
Semelhança, comparação, conformidade: de acordo
Para escrever uma dissertação, é preciso que haja uma or-
com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal
ganização do texto a fim de que se obtenha um texto claro e
qual, tanto quanto, como, assim como, como se, bem como,
bem articulado:
igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo

Ş
ŝ#-ŝŦ
I- INTRODUÇÃO: consiste na apresentação do assunto a modo, semelhantemente, analogamente, por analogia, de ma-
fim de deixar claro qual é o recorte temático e qual a ideia que neira idêntica, de conformidade com.
será defendida e/ou esclarecida, ou seja, a TESE.
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
II- DESENVOLVIMENTO: é a parte em que são elaborados os
parágrafos argumentativos e/ou informativos, nos quais você ex- Adição, continuação: além disso, demais, ademais, ou-
plica a sua TESE. É o momento mais importante do texto, por isso, trossim, ainda mais, por outro lado, também, e, nem, não só
É NECESSÁRIO que a TESE seja explicada, justificada, e isso pode ... mas também, não só... como também, não apenas ... como
ser feito por meio de exemplos e explicações. também, não só ... bem como, com, ou (quando não for exclu-
dente).
III- CONCLUSÃO: esta parte do texto não traz informações
novas, muito menos argumentos, porque consiste no fecha- Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá,
mento das ideias apresentadas, ou seja, é feita uma reafirma- quem sabe, é provável, não é certo, se é que.
ção da TESE. Dependendo do comando da proposta de reda- Certeza, ênfase: certamente, decerto, por certo, inquestio-
ção e do tema, pode ser apresentada uma hipótese de solução navelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
de um problema apresentado na TESE. Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só
para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por
REDAÇÃO

- Assunto
outra, a saber, ou seja, aliás.
Introdução - Recorte temático
- TESE Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de,
com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para
- Tópico/TESE + que, a fim de que, para.
TESE Desenvolvimento
justificativa
- Retomada
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em sínte-
se, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa
da introdução
Conclusão forma, dessa maneira, desse modo, logo, dessa forma, dessa
- Reafirmação
da TESE
maneira, assim sendo.
Explicação: por consequência, por conseguinte, como re-
Introdução sultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato,
É o primeiro parágrafo e serve de apresentação da dis- com efeito, tão (tanto, tamanho)... que, porque, porquanto, 45
sertação, por essa razão deve estar muito bem elaborada, ser pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), por-
tanto, logo, que (= porque), de tal sorte que, de tal forma que, Em outras palavras: se há algum texto ou uma coletânea
46 haja vista. de textos, eles têm caráter apenas motivador. Portanto, não
Contraste, oposição, restrição: pelo contrário, em con- faça cópias de trechos dos textos, tampouco pense que o tema
traste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, da redação é o assunto desses textos. É preciso verificar o re-
entretanto, no entanto, embora, apesar de, apesar de que, corte temático, o qual fica evidente no corpo da proposta.
ainda que, mesmo que, posto que, conquanto, se bem que,
por mais que, por menos que, só que, ao passo que, por ou- Gênero
tro lado, em contrapartida, ao contrário do que se pensa, em Neste critério, verifica-se se a produção textual está adequa-
compensação. da à modalidade redacional, ou seja, se o texto expressa o domí-
Contraposição: É possível que... no entanto... nio da linguagem do gênero: narrar, relatar, argumentar, expor,
REDAÇÃO

É certo que... entretanto... descrever ações, etc.


É provável que ... porém... Os concursos públicos, quase em sua totalidade, têm
como gênero textual a dissertação argumentativa ou o texto
Organização de ideias: Em primeiro lugar ..., em segundo
expositivo-argumentativo. Desse modo, a banca avalia a ob-
..., por último ...; por um lado ..., por outro ...; primeiramente,
jetividade e o posicionamento frente ao tema, a articulação
...,em seguida, ..., finalmente, ....
dos argumentos, a consistência e a coerência da argumen-
Enumeração: É preciso considerar que ...; Também não de- tação.
vemos esquecer que ...; Não podemos deixar de lembrar que... Isso significa que há uma valorização quanto do conteú-
Reafirmação/Retomada: Compreende-se, então, que ... do do texto: a opinião, a justificativa dessa opinião e a seleti-
É bom acrescentar ainda que ... vidade de informações sobre o tema.
Ş
ŝ#-ŝŦ

É interessante reiterar ...


Coerência
Conclusão Neste critério, avalia-se se há atendimento total do coman-
É o último parágrafo. Deve ser breve, contendo em torno do, com informações novas que evidenciam conhecimento de
de cinco linhas. Na conclusão, deve-se retomar o tema e fazer mundo e que atestam excelente articulação entre os aspectos
o fechamento das ideias apresentadas em todo o texto e não exigidos pela proposta, o recorte temático e o gênero textual
somente em relação às ideias contidas no último parágrafo do requisitado. Ou seja, é preciso trazer informações ao texto que
desenvolvimento. não estão disponíveis na proposta. Além disso, é essencial
Pode-se concluir: garantir a progressão textual, quer dizer, seu texto precisa ter
- Fazendo uma síntese das ideias expostas. uma evolução e não pode trazer a mesma informação em to-
- Esclarecendo um posicionamento e/ou questionamento, dos os parágrafos.
desde que coerente, com o desenvolvimento.
- Estabelecendo uma dedução ou demonstrando uma con-
Coesão e Gramática
sequência dos argumentos expostos. Neste critério, percebe-se se há erros gramaticais; se os
- Levantando uma hipótese ou uma sugestão coerente períodos estão bem organizados e articulados, com uso de
com as afirmações feitas durante o texto. vocabulário e conectivos adequados; e se os parágrafos estão
divididos de modo consciente, a fim de garantir a progressão
- Apresentando possíveis soluções para os problemas ex-
textual.
postos no desenvolvimento, buscando prováveis resultados.
• Conectores Critérios de Correção da Bancas
Pode-se iniciar o parágrafo da conclusão com: Cada Banca Examinadora delimita, na publicação do edital
Assim; Assim sendo; Portanto; Mediante os fatos expostos; de abertura de um concurso, que critérios serão utilizados para
Dessa forma; Diante do que foi dito; Resumindo; Em suma; Em corrigir as redações. Por isso, é essencial que se conheça quais
vista disso, pode-se concluir que; Finalmente; Nesse sentido; são esses critérios e como cada Banca os organiza. A seguir,
Com esses dados, conclui-se que; Considerando as informações são apresentados critérios de algumas Bancas. Você perceberá
apresentadas, entende-se que; A partir do que foi discutido. que são predominantemente os mesmos itens; o que muda é a
nota atribuída para cada um e como a proposta é organizada.
Critérios de Correção da Redação
para Concursos Públicos Banca Cespe
Aspectos Macroestruturais
Conteúdo 1. Apresentação (legibilidade, respeito às margens e in-
Neste critério, observa-se se há apresentação marcada do dicação de parágrafos) e estrutura textual (organização das
recorte temático, o qual deve nortear o desenvolvimento do ideais em texto estruturado).
texto; se o recorte está contextualizado no texto, por exemplo: 2. Desenvolvimento do tema
quando a proposta propuser uma situação hipotética, ela deve Tópicos da proposta
estar diluída em seu texto. Aspectos Microestruturais
Lembre-se: a proposta não faz parte de seu texto, ou seja, Ortografia
sua produção não pode depender da proposta para ter sentido Morfossintaxe
claro e objetivo. Propriedade vocabular
Banca FCC abordado e a cobertura dos tópicos apresentados,
valendo, no máximo, 20 (vinte) pontos para cada
O candidato deverá desenvolver texto dissertativo a partir
questão, que serão aferidos pelo examinador com
de proposta única, sobre assunto de interesse geral. Conside-
rando que o texto é único, os itens discriminados a seguir serão base nos critérios a seguir indicados:
avaliados em estreita correlação: Conteúdo da resposta (seguem os pontos a deduzir para
Conteúdo – até 40 (quarenta) pontos: cada questão):
▷ perspectiva adotada no tratamento do tema; Capacidade de argumentação (até 6 )
▷ capacidade de análise e senso crítico em relação ao Sequência lógica do pensamento (até 4 )
tema proposto; Alinhamento ao tema (até 4 )
▷ consistência dos argumentos, clareza e coerência no
Cobertura dos tópicos apresentados (até 6 )
seu encadeamento.
Obs.: A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso Quanto ao uso do idioma: a utilização correta do vocabu-
ocorra abordagem tangencial, parcial ou diluída em meio a di- lário e das normas gramaticais, valendo, no máximo, 10 (dez)
vagações e/ou colagem de textos e de questões apresentados pontos para cada questão, que serão aferidos pelo examinador
na prova. com base nos critérios a seguir indicados:
Estrutura – até 30 (trinta) pontos: Tipos de erro (seguem os pontos a deduzir):
▷ respeito ao gênero solicitado; Aspectos Formais:
▷ progressão textual e encadeamento de ideias; Erros de forma em geral e erros de ortografia (-0,25 cada
▷ articulação de frases e parágrafos (coesão textual). erro)
Expressão – até 30 (trinta) pontos: Aspectos Gramaticais
A avaliação da expressão não será feita de modo estanque Morfologia, sintaxe de emprego e colocação, sintaxe de
ou mecânico, mas sim de acordo com sua estreita correlação regência e pontuação (-0,50 cada erro)
com o conteúdo desenvolvido. A avaliação será feita conside- Aspectos Textuais
rando-se: Sintaxe de construção (coesão prejudicada); concordância;
▷ desempenho linguístico de acordo com o nível de clareza; concisão; unidade temática/estilo; coerência; proprie-
conhecimento exigido para o cargo/área/especiali- dade vocabular; paralelismo semântico e sintático; paragrafa-
dade; ção (-0,75 cada erro)
▷ adequação do nível de linguagem adotado à produ- Cada linha excedente ao máximo exigido (-0,40)
ção proposta e coerência no uso; Cada linha não escrita, considerando o mínimo exigido
▷ domínio da norma culta formal, com atenção aos (-0,80).
seguintes itens: estrutura sintática de orações e pe- Proposta 01

Ş
ŝ#-ŝŦ
ríodos, elementos coesivos; concordância verbal e As vendas de automóveis de passeio e de veículos comer-
nominal; pontuação; regência verbal e nominal; em- ciais leves alcançaram 340 706 unidades em junho de 2012,
prego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de alta de 18,75%, em relação a junho de 2011, e de 24,18%, em
tempos e modos verbais; grafia e acentuação. relação a maio de 2012, segundo informou, nesta terça-feira, a
Banca Cesgranrio Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores
(Fenabrave). Segundo a entidade, este é o melhor mês de ju-
A Redação será avaliada conforme os critérios a seguir: nho da história do setor automobilístico.
▷ adequação ao tema proposto; Disponível em: <http://br.financas.yahoo.com>. Acesso em: 3 jul. 2012
▷ adequação ao tipo de texto solicitado; (adaptado).
▷ emprego apropriado de mecanismos de coesão (re- Na capital paulista, o trânsito lento se estendeu por 295
ferenciação, sequenciação e demarcação das partes km às 19 h e superou a marca de 293 km, registrada no dia 10
do texto); de junho de 2009. Na cidade de São Paulo, registrou-se, na
▷ capacidade de selecionar, organizar e relacionar de tarde desta sexta-feira, o maior congestionamento da história,
forma coerente argumentos pertinentes ao tema segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Às 19
REDAÇÃO

proposto; e h, eram 295 km de trânsito lento nas vias monitoradas pela


▷ pleno domínio da modalidade escrita da norma- empresa. O índice superou o registrado no dia 10 de junho de
-padrão (adequação vocabular, ortografia, mor- 2009, quando a CET anotou, às 19 h, 293 km de congestiona-
fologia, sintaxe de concordância, de regência e de mento.
colocação). Disponível em: <http://noticias.terra.com.br>. Acesso em: 03 jul. 2012
(adaptado).
Banca Esaf O governo brasileiro, diante da crise econômica mundial,
A avaliação da prova discursiva abrangerá: decidiu estimular a venda de automóveis e, para tal, reduziu o
▷ Quanto à capacidade de desenvolvimento do imposto sobre produtos industrializados (IPI). Há, no entanto,
tema proposto: a compreensão, o conhecimento, o paralelamente a essa decisão, a preocupação constante com
desenvolvimento e a adequação da argumentação, a o desenvolvimento sustentável, por meio do qual se busca a
conexão e a pertinência, a objetividade e a sequên- promoção de crescimento econômico capaz de incorporar as 47
cia lógica do pensamento, o alinhamento ao assunto dimensões socioambientais.
Considerando que os textos acima têm caráter unicamen- em livros didáticos, enciclopédias, jornais, revistas (cientí-
48 te motivador, redija um texto dissertativo sobre sistema de ficas, informativas, etc.).
transporte urbano sustentável, contemplando os seguintes O tipo descritivo está relacionado à caracterização minucio-
aspectos: sa de algo, sem, necessariamente, ter o objetivo de informar ao
▷ Conceito de desenvolvimento sustentável; (valor: leitor. A linguagem utilizada na descrição nem sempre é objetiva
3,0 pontos) ou impessoal, e sua estrutura não obedece necessariamente a
▷ Conflito entre o estímulo à compra de veículos auto- regras.
motores e a promoção da sustentabilidade; (valor:
4,0 pontos)
Partes do Texto Dissertativo-Expositivo
▷ Ações de fomento ao transporte urbano sustentável
REDAÇÃO

Tipos de Introdução
no Brasil. (valor: 3,0 pontos) • Introdução Simples
Proposta 02
É uma introdução direta, na qual é exposta apenas a deli-
I mitação do tema.
Venham de onde venham, imigrantes, emigrantes e refu-
• Introdução com Paráfrase
giados, cada vez mais unidos em redes sociais, estão aumen-
tando sua capacidade de incidência política sobre uma reivin- A paráfrase é uma reescrita de frases sem que haja altera-
dicação fundamental: serem tratados como cidadãos, em vez ção de sentido. Para que essa reescrita seja coerente, é neces-
de apenas como mão de obra (barata ou de elite). sário que seja mantido o paralelismo semântico. Este tipo de
(Adaptado de: http://observatoriodadiversidade.org.br) introdução geralmente é usado quando o tema da redação é
uma afirmação.
II
Ş
ŝ#-ŝŦ

A intensificação dos fluxos migratórios internacionais das • Introdução com Conceituação


últimas décadas provocou o aumento do número de países Neste tipo de introdução, a autor do texto apresenta seu
orientados a regulamentar a imigração. Os argumentos ale- ponto de vista ou a ideia central por meio da definição de al-
gados não são novos: o medo de uma “invasão migratória”, gum conceito que tenha relação com o núcleo do tema.
os riscos de desemprego para os trabalhadores autóctones, a • Introdução com Indicação do Desenvolvimento
perda da identidade nacional. São apresentados o tema e os tópicos que serão esclare-
III cidos no desenvolvimento. Numa dissertação-expositiva enu-
Ainda não existe uma legislação internacional sólida sobre meram-se os aspectos que serão relatadas ao longo do texto.
as migrações internacionais. Assim, enquanto que os direitos É muito importante ter atenção com a ordem dessa enu-
relativos ao investimento estrangeiro foram se reforçando cada meração, pois é necessário que ela seja mantida no decorre do
vez mais nas regras estabelecidas para a economia global, pouca desenvolvimento para que se garanta conexão lógica e a pro-
atenção vem sendo dada aos direitos dos trabalhadores. gressividade textual. Além disso, todos os itens enumerados
(II e III adaptados de: http://www.migrante.org.br) devem ser abordados no desenvolvimento.
Considerando o que se afirma em I, II e III, desenvolva um É imprescindível, também, que se trate cada tópico em um
texto dissertativo-argumentativo, posicionando-se a respeito parágrafo diferente, porque facilita, para o examinador, a iden-
do seguinte tema: tificação de que foi redigido tudo o que foi apresentado.

2. Dissertação Expositiva e Tipos de Desenvolvimento


O desenvolvimento deve conter a exposição de cada um
Argumentativa dos aspectos enumerados na introdução. Não há uma forma
específica para se escrever esta parte da redação. A continui-
dade do texto será dada de acordo com a introdução. Ou seja,
Dissertação Expositiva a sequência do desenvolvimento deve estar já delimitada no
Na dissertação expositiva, o objetivo do texto é passar co- parágrafo introdutório.
nhecimento para o leitor de maneira clara, imparcial e objetiva. Nunca deixe mencionar tudo o que é solicitado na propos-
Nesse tipo textual, não se faz necessariamente a defesa ta. Se deixar em branco, será atribuída nota zero na correção
de uma ideia, pois não há intenção de convencer o leitor, nem da redação. Isso significa que você deve responder ao questio-
criar debate. Trabalha-se o assunto de maneira atemporal. namento, sem se desviar do tema.

Distinção entre Texto Tipos de Conclusão


Expositivo e Descritivo • Confirmação
É bastante comum que se confunda o texto dissertativo- É a forma mais simples. É feita uma síntese do que foi
escrito na redação ou uma confirmação (reforço) da tese que
-expositivo com o texto descritivo. Vamos à distinção:
orientou o texto e foi afirmado na introdução.
O texto expositivo tem por objetivo principal informar
com clareza e objetividade. Predomina a linguagem impes- • Solução
soal e objetiva. De forma geral, segue a estrutura da dis- Este tipo é muito usado em pareceres e relatórios, pois há
sertação (introdução, desenvolvimento, conclusão). Como apresentação de solução ou soluções para a tese apresentada
exemplo desse tipo de texto, temos aqueles encontrados na introdução.
• Expansão vier — passa a ser entendido como direito essencial à vida em
Neste tipo de conclusão, usa-se o melhor argumento ou a comunidade assentada nos princípios da cidadania.
melhor ideia exposta (no desenvolvimento) e é feita uma co- Em relação ao segundo aspecto (exemplos de ação do Es-
nexão com o desenvolvimento, de forma encerrar a discussão tado na luta pela segurança pública), espera-se que o candida-
ou o assunto. to seja capaz de apontar alguns exemplos da necessária ação
• Finalização do Desenvolvimento do poder público para a conquista e a manutenção do clima de
segurança coletiva nas mais diversas comunidades, sobretudo
O parágrafo de conclusão também pode trazer algum as- as mais vulneráveis. Nesse sentido, basta que o candidato se
pecto relevante sobre o tema, em vez de expor uma “conclu- reporte ao próprio texto motivador, tendo em vista que poli-
são, síntese, expansão ou solução”. ciamento adequado e atendimento às demandas básicas da
Para que a redação não fique sem fechamento, é recomen- sociedade são faces de uma mesma moeda.
dável que se use alguma expressão que indique conclusão, Por fim, no que concerne ao terceiro aspecto (ausência do
como: “por fim”, “finalmente”, “por último”, “em último lugar”, poder público e a presença do crime organizado), convém que o
“em conclusão”, etc. candidato faça referência a uma preocupante realidade, por to-
Propostas de Dissertação Expositiva dos sabida: onde há omissão do Estado, a tendência é que esse
vazio seja ocupado por grupos criminosos no atendimento às
Proposta 01 demandas das comunidades. Essa realidade está presente, in-
Convocada pela Defensoria Pública do Rio, a comunidade clusive, em instituições penitenciárias.
do Complexo do Alemão começou a chegar duas horas antes Proposta 02
do combinado. Enfileiraram-se em busca, principalmente, de
Um relatório do Conselho de Segurança da Organização das
carteiras de identidade e de trabalho, ícones da entrada na
Nações Unidas constatou que 15 mil pessoas viajaram à Síria e
sociedade formal. Houve duas dúzias de coleta de material
ao Iraque para combater pelo Estado Islâmico e por grupos ex-
genético para exames de comprovação de paternidade. Fo-
tremistas semelhantes. De acordo com o relatório, essas pessoas
ram entrevistadas 180 moradoras sobre saúde, maternidade e
saíram de mais de 80 países, o que inclui um grupo de países
violência doméstica. Uma cidadã transexual foi atrás de orien-
que não havia enfrentado desafios anteriores com relação à Al
tação para trocar de nome. Mães pediram tratamento psico-
Qaeda. Os números reforçam recentes estimativas dos serviços
lógico para filhos com sintomas de síndrome do pânico. Se-
de inteligência dos Estados Unidos da América sobre o escopo
gundo a presidenta da Associação de Defensores Públicos do
do problema dos combatentes estrangeiros, que, conforme o
Estado do Rio de Janeiro, “quando conversamos, percebemos
relatório, se agravou apesar das ações agressivas das forças an-
que a violência permeia o discurso. Mas os moradores têm ou-
titerroristas e das redes mundiais de vigilância. Os números refe-
tras demandas. Denunciam a falta de alguma instituição que
rentes ao período iniciado em 2010 são superiores aos números
os defenda da vulnerabilidade”. A agenda dos moradores do
referentes ao total de combatentes estrangeiros nas fileiras ter-

Ş
ŝ#-ŝŦ
Alemão envolve cinco ações: moradia, saneamento, educação
roristas entre 1990 e 2010 — e continuam crescendo.
técnico-profissional, políticas para jovens e espaços de lazer,
Folha de S.Paulo, 1.º/11/2014, p. 10, caderno Mundo 2 (com adaptações).
esporte e cultura.
Flávia Oliveira. Demanda cidadã. In: O Globo, 27/5/2015, p. 28 (com Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter
adaptações). unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter tema a seguir.
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do A CIVILIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA E O TERRORISMO
seguinte tema. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os se-
SEGURANÇA PÚBLICA: POLÍCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS guintes aspectos:
Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir. < o 11 de Setembro de 2001 e a nova escalada terrorista;
< Disserte a respeito da segurança como condição para o [valor: 4,00 pontos]
exercício da cidadania. [valor: 25,50 pontos] < o Estado Islâmico: intolerância e agressividade; [valor:
< Dê exemplos de ação do Estado na luta pela segurança 4,00 pontos]
pública. [valor: 25,50 pontos] < a reação mundial ao terrorismo. [valor: 4,00 pontos]
< Discorra acerca da ausência do poder público e a presença • Padrão de Resposta da Banca
REDAÇÃO

do crime organizado. [valor: 25,00 pontos] Espera-se que, relativamente ao primeiro aspecto (O 11 de
• Padrão de Resposta da Banca setembro de 2001 e a nova escalada terrorista), o candidato
Espera-se que, relativamente ao primeiro aspecto propos- mencione o impacto causado em todo o mundo pela ação do
to (a segurança como condição para o exercício da cidadania), terror (Al Qaeda) em território norte-americano, atingindo o
o candidato afirme a impossibilidade real e concreta do pleno prédio do Pentágono, em Washington, e destruindo por com-
exercício da cidadania em um cenário de dramática inseguran- pleto as torres do World Trade Center, em Nova Iorque. A pronta
ça. Tal como dicionarizado, o conceito de cidadania remete ao e vigorosa reação dos EUA (governo Bush) alterou a legislação
“indivíduo que, como membro de um Estado, usufrui de direi- do país, com algum tipo de cerceamento das liberdades, e se
tos civis e políticos garantidos pelo mesmo Estado e desem- estendeu por várias partes do mundo, a começar pela identifica-
penha os deveres que lhe são atribuídos”. Viver em paz, sem ção de países considerados fontes permanentes de ações agres-
sivas contra os EUA, definidos como “Eixo do Mal”. Em verdade, 49
o contínuo temor de ser vítima de agressão — venha de onde
o 11 de setembro de 2001 deu inédita visibilidade ao terrorismo do sistema produtivo conhecido como Revolução Industrial. O
50 impulsionado pelo fanatismo religioso, que se manifestou em certo é que, em muitos países, ainda não há legislação plena-
outros locais, como, por exemplo, Londres e Madri. mente ativa para controlar o descarte de eletrônicos. No Brasil,
Quanto ao segundo aspecto (Estado Islâmico: intolerância verifica-se reiterada tentativa de burlar a legislação a respeito.
e agressividade), o candidato poderá destacar a intenção do Esse descarte, feito de modo inadequado, agride violentamen-
grupo de instituir um califado muçulmano, com a conquista de te o meio ambiente.
territórios hoje integrantes da Síria e do Iraque, sua absoluta Quanto ao segundo aspecto (a globalização da rota do trá-
subordinação a uma visão estreita e radical do islã, além da fico de resíduos eletrônicos), espera-se que o candidato apon-
chocante violência de seus atos, como a decapitação de pri- te a relação existente entre a globalização da economia e a do
sioneiros, em cenas gravadas e divulgadas pelo mundo afora. tráfico desses resíduos. Em geral, como indicado no texto mo-
REDAÇÃO

Outro direcionamento para o segundo aspecto é o aliciamento tivador, esse descarte criminoso é feito pelas economias mais
de jovens para a luta armada por meio das redes sociais, por desenvolvidas na direção de países periféricos e mais pobres.
exemplo. Relativamente ao terceiro ponto (os lucros gerados pelos
Por fim, o terceiro aspecto a ser focalizado (A reação mun- resíduos e a ação do crime organizado), espera-se que o can-
dial ao terrorismo) deverá levar o candidato a se referir às ma- didato lembre que, devido à falta de monitoramento e à fragili-
nifestações da opinião pública mundial, que tende a repudiar dade da fiscalização, essa atividade ilegal torna-se por demais
maciçamente atitudes dessa natureza, à ação de organismos atraente em termos financeiros, sem maiores riscos para quem
internacionais (como a citada ONU) e à reação objetiva de dela se ocupa. É onde entra o crime organizado global, que
muitos países (particularmente os ocidentais, à frente os EUA), tem se diversificado e investido em resíduos. O próprio texto
agindo civil e militarmente para frear a ação terrorista. Além motivador deixa transparecer que o descarte do lixo eletrôni-
co, tal como visto nos exemplos citados, acaba sendo mais um
Ş
ŝ#-ŝŦ

disso, ao abordar os aspectos citados no comando da prova,


espera-se que o candidato mencione o interesse econômico ramo do crime organizado global, integrando a extensa teia
subjante às atividades terroristas, o que decorre sobretudo do que envolve lavagem de dinheiro, comércio de armas, tráfico
interesse por fontes naturais, tais como petróleo e gás natural. humano, fraudes na área esportiva, avanço ilegal sobre a bio-
diversidade, entre tantos outros.
Proposta 03
Proposta 04
Em um lixão de Gana, carcaças de computadores espalha-
das em meio a todo o tipo de dejetos chamam a atenção por Considerando que o contexto que envolve as drogas ilíci-
etiquetas que identificam sua procedência: delegacias, conse- tas, redija um texto dissertativo que atenda, necessariamente,
lhos públicos e até universidades britânicas. O mesmo acon- ao que se pede a seguir:
tece em lixões da China, com produtos oriundos da Europa ou AS DROGAS ILÍCITAS NA CONTEMPORANEIDADE
dos Estados Unidos da América (EUA). Já na América Central, > O problema social das drogas ilícitas no mundo contem-
um navio saído dos EUA passa por países pobres tentando porâneo
encontrar um terreno que aceite o depósito do que dizem ser > O fracasso da política antidrogas militarizada
fertilizante, mas que na verdade são cinzas de produtos ele- > Alternativas à atual política antidrogas
trônicos. Parte do material, rico em arsênio, chumbo e outras
• Padrão de Resposta da Banca
substâncias tóxicas, é jogado em uma praia do Haiti, outra
parte atirada no oceano. Não tão distante, 353 toneladas de Espera-se que, em relação ao primeiro item (“O problema
resíduos de televisores são trazidos dos EUA em contêineres social das drogas ilícitas no mundo contemporâneo”), o can-
ao Porto de Navegantes, em Santa Catarina (carga devolvida didato aponte as drogas como um grave problema social da
à origem). contemporaneidade. Sem distinção de classes sociais e presente
O Globo, 24/8/2015, p. 21 (com adaptações). em todas elas, o uso de drogas ilícitas instalou-se no interior das
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter sociedades, e é, sob muitos aspectos, elemento fundamental
unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do para a desestruturação familiar e para a exacerbação da violên-
seguinte tema. cia. Além disso, contribui decisivamente para o adensamento do
crime organizado, cuja atuação, cada vez mais, ocorre em escala
LIXO ELETRÔNICO: O PLANETA EM PERIGO
global.
Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos:
No que concerne ao segundo item (“O fracasso da política an-
< lixo eletrônico: a outra face do desenvolvimento; [valor: tidrogas militarizada”), espera-se que o candidato pondere, por
3,50 pontos] exemplo, que o custo do combate às drogas é elevado, seja no
< a globalização da rota do tráfico de resíduos eletrônicos; que se refere a vidas humanas, seja no que se refere ao dinheiro
[valor: 3,00 pontos] nele aplicado. Em suma, pode-se afirmar que, se determinados
< os lucros gerados pelos resíduos e a ação do crime orga- instrumentos utilizados por cinco décadas não apresentaram re-
nizado. [valor: 3,00 pontos] sultados, esses métodos são ineficazes, o que leva à reflexão sobre
• Padrão de Resposta da Banca a conveniência de substituí-los.
Espera-se que, em relação ao primeiro tópico proposto Por fim, em relação ao terceiro item (“Alternativas à atual
(lixo eletrônico: a outra face do desenvolvimento), o candidato política antidrogas”), espera-se que o candidato alegue que
identifique nesses resíduos eletrônicos a outra e danosa face estão em marcha atitudes que podem ser uma alternativa in-
do desenvolvimento trazido pelo processo de transformação teressante à atual política antidrogas militarizada, por exem-
plo, a rejeição à pulverização pura e simples dos campos de
cultivo de coca, planta da qual é feita a cocaína; a permissão persuasão. Por isso, a coerência entre as ideias e a clareza na
para o cultivo de pequenas plantações de coca; a plantação de forma de expressão são elementos fundamentais.
maconha para fins medicinais e, sobretudo, ação de lideranças
políticas (no Brasil, com destaque para o ex-presidente Fer- Estrutura
nando Henrique Cardoso), que defendem a descriminalização A estrutura lógica da dissertação consiste em: introdução
do uso da maconha, a qual distingue claramente o usuário e o (apresenta o tema a ser discutido); desenvolvimento (expõe
traficante. os argumentos e ideias sobre o tema, com fundamento em
fatos, exemplos, testemunhos e provas do que se pretende
Proposta 05
demonstrar); e conclusão (traz o desfecho da redação, com a
Considerando o contexto que envolve as drogas ilícitas, finalidade de reforçar a ideia inicial).
redija um texto dissertativo que atenda, necessariamente, ao
que se pede a seguir: Parágrafo
A MOBILIDADE HUMANA NA MODERNIDADE O parágrafo é uma unidade do todo que é o texto. Perceba
- fatores que levam milhares de pessoas a enfrentar a peri- que a redação trata de um único assunto, que é aquele apre-
gosa travessia do Mediterrâneo sentado no comando. Assim, dividimos o texto em parágrafos
- o dilema moral vivido pela Europa entre receber ou rejei- para que a leitura seja fluida, de acordo com a abordagem re-
tar os imigrantes servada a cada um dos parágrafos.
- o papel da opinião pública internacional na sociedade Elementos Contidos em um Parágrafo
contemporânea
Todo parágrafo possui uma ideia central, que é o tópico
• Padrão de Resposta da Banca principal. Geralmente, ela se encontra na introdução do pará-
Espera-se que, ao abordar o primeiro item proposto (fa- grafo. Em torno dessa ideia central, temos ideias secundárias
tores que levam milhares de pessoas a enfrentar a perigosa que dão desenvolvimento ao parágrafo. Vale ressaltar que
travessia do Mediterrâneo), o candidato enfatize, no mínimo, muitos parágrafos ainda possuem uma conclusão, a qual tem
dois aspectos determinantes para as atuais levas de milhares como função sintetizar o conteúdo dele.
de imigrantes que buscam, na Europa, as condições elementa- Outro elemento não obrigatório, mas de suma importância,
res de uma vida razoavelmente digna que não mais encontram é o termo que faz a relação entre os parágrafos. Geralmente se
em seus países de origem. De um lado, a fome e a miséria, encontra do segundo parágrafo em diante e objetiva fazer a
quadro que tão bem representa a situação vivida, em larga conexão lógica das ideais presentes em cada parágrafo. Logo,
medida, por habitantes da África subsaariana. De outro, a ação podemos afirmar que um parágrafo adequado possui clareza,
truculenta de governos despóticos e corruptos, além da mul- objetividade, coerência, coesão e conteúdo adequado.
tiplicação de guerras civis, às vezes, ensejando autênticos ge- Quanto ao tamanho dos parágrafos, é importante que haja
nocídios. Especificamente em relação ao Oriente Médio, desta- uma harmonia entre eles. Dessa forma, deve-se redigir pará-

Ş
ŝ#-ŝŦ
ca-se a caótica realidade experimentada pela Síria, na qual se grafos de tamanhos semelhantes, não necessariamente iguais.
associam um governo ditatorial, rivalidades religiosas levadas Ademais, é importante não fazer parágrafos muito grandes.
ao extremo e a ação implacável do terrorismo. Como cada parágrafo possui uma ideia principal, não se
Em relação ao segundo tópico (o dilema moral vivido pela recomenda escrever um parágrafo com apenas um período
Europa entre receber ou rejeitar os imigrantes), espera-se que ou misturar ideias em um mesmo parágrafo. Dessa maneira, o
o candidato se reporte ao intenso debate travado no âmbito ideal é reservar um parágrafo para cada ideia e(ou) argumen-
da União Europeia, quando alguns membros compreende- tação abordada ou então daquelas contidas na enumeração
ram a imperiosa necessidade de se encontrarem meios para a feita na introdução.
recepção de certo número de imigrantes, como é o caso, por Por fim, vamos novamente às regrinhas básicas: não faça
exemplo, da Alemanha, enquanto outros, particularmente na parágrafos excessivamente longos e confusos, pois o exami-
Europa do Leste, ofereciam resistência explícita ao acolhimen- nador se cansará facilmente e não compreenderá seu texto.
to desses imigrantes.
Por outro lado, também não faça parágrafos excessivamente
Por fim, quanto ao terceiro ponto (o papel da opinião pú- curtos, que não contenham o devido desenvolvimento da
blica internacional na sociedade contemporânea), espera-se ideia principal.
REDAÇÃO

que o candidato lembre ser este um elemento definidor da


contemporaneidade: milhares de pessoas saem às ruas e se Exemplos
manifestam, por todos os meios, em face de determinados A seguir, há dois parágrafos que podem servir como intro-
acontecimentos, como atos terroristas e o desespero desses dução de um texto. Pode-se perceber que há uma organização
milhares de imigrantes. Esse fenômeno de participação cida- interna que garante uma leitura rápida e eficaz. Além disso, há
dã tem forçado os governos a tomarem certas atitudes que, dois elementos básicos: a apresentação do assunto e o objetivo
muitas vezes, não se situavam em seu campo de alternativas. do texto.
01. Considera-se a humanização no ambiente de trabalho
Dissertação Argumentativa uma das principais características com a qual a empre-
A dissertação argumentativa consiste na exposição de sa deve preocupar-se a fim de que alcance bons resul-
ideias a respeito de um tema, de forma técnica e impessoal, tados, afinal, o capital humano é o bem mais precioso
com base em raciocínios e argumentações. Tem por objetivo de uma instituição e o responsável por mantê-la ativa 51
a defesa ou a contestação de um ponto de vista por meio da no mercado em geral. Além disso, a CF tem como um
de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, conta, por um lado, de que a educação e as necessidades bási-
52 a qual garante aos indivíduos um tratamento justo e cas do ser humano deveriam ser gerenciadas pela pólis (Esta-
igualitário para uma vida com qualidade. Logo, por ser do); por outro lado, viu que era preciso, de algum modo, isolar
um fundamento básico e irradiante, e alcançar todas as para educar, porém, sem reclusão, porque a virtude do caráter
áreas do Direito, precisa ser garantido nas relações tra-
político não se reduz, afinal, a um modelo ou teoria, tampouco
balhistas.
02. A fim de alcançar a cidadania, que de certa forma é um ao recinto de uma instituição ou de uma pólis.
meio para a busca da ordem e do progresso social, o (Adaptado de: SPINELLI, Miguel. Epicuro e as bases do epicurismo, São
Estado tem o dever, como cita a Constituição Federal, Paulo, Paulus, 2013, p. 8)
de promover a segurança pública. Por esse motivo, é Com base no excerto acima, escreva uma dissertação justi-
REDAÇÃO

coerente afirmar que é preciso ofertar, de forma ho- ficando amplamente seu ponto de vista.
mogênea, a possibilidade de “execução” da cidadania
por todos do povo. Proposta 05
I
Propostas de Dissertação Expositiva
Para além da fidelidade e integridade da informação, pro-
Proposta 01 blema que se impunha com os veículos tradicionais da mídia,
Elabore um texto dissertativo-argumentativo abordando o hoje, com a internet, o homem enfrenta um novo desafio: dis-
seguinte tema: É possível conciliar os interesses pessoais do tinguir, de uma profusão de informações supérfluas, as que lhe
trabalhador e os interesses da organização? importam na formação de um pensamento que garanta sua
Proposta 02 identidade e papel social.
Ş
ŝ#-ŝŦ

A internet é uma mídia que ainda vai provocar muitas II


modificações entre as pessoas. Estamos apenas adentrando Ponto de vista não é apenas a opinião que desenvolvemos
essa nova era, que, no Brasil, teve início em 1996. Capistrano sobre determinado assunto, mas também o lugar a partir de
de Abreu dizia que os colonizadores portugueses ficaram, du- onde consideramos o mundo e que influencia de maneira ca-
rante vários séculos, como caranguejos, apenas arranhando as
bal nossas percepções e ações.
costas do Brasil, sem adentrar seu território, nem dominar as
regiões desconhecidas. Em relação à internet, somos os novos III
caranguejos do início do século XXI, sem desvendar com se- Todos os homens voltam para casa.
gurança as possibilidades desse meio de comunicação revolu- Estão menos livres mas levam jornais
cionário na produção e propagação de saberes. Não sabemos
ainda o que acontecerá e como se dará; por isso, não podemos e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
fazer previsões estanques. (ANDRADE, Carlos Drummond de. “A flor e a náusea”)
SHEPERD, T.; SALIÉS, T. In: Linguística da internet. São Paulo: Contexto, Redija um texto dissertativo-argumentativo a partir do
2012. p.91 que se afirma em I, II e III.
Redija um texto dissertativo-argumentativo em que se discu-
ta se o uso da internet trouxe mais benefícios ou mais malefícios Proposta 06
ao indivíduo e à sociedade. Apresente argumentos que funda- As Olimpíadas eram uma série de competições esportivas
mentem sua posição. que, de quatro em quatro anos, reuniam atletas das cidades-
Proposta 03 -estado que formavam a Grécia Antiga. Surgiram em 776 a.C.
Apesar da presunção de veracidade que confere auto- na cidade de Olímpia e se realizaram até 393 d.C. Tinham gran-
ridade, interesse e sedução a todas as fotos, a obra que os de importância por seu caráter religioso, político e esportivo,
fotógrafos produzem não constitui uma exceção genérica ao e buscavam a harmonia entre cidades, com a trégua entre
comércio usualmente nebuloso entre arte e verdade. Mesmo conflitos e guerras, além da valorização da saúde e do corpo
quando os fotógrafos estão muito mais preocupados em es- saudável. Ressurgiram em 1896, com o objetivo de retomar
pelhar a realidade, ainda são assediados por imperativos de os ideais olímpicos na interação entre os povos, e estiveram
gosto e de consciência. [...] O problema não é que as pessoas sujeitas a interferências políticas no decorrer do tempo. Os
se lembrem através das fotografias, mas que se lembrem ape-
nas das fotografias. Jogos Panamericanos, mais recentes, também realizados de
(SONTAG, Susan. “Na caverna de Platão”, em Sobre a Fotografia, São quatro em quatro anos, são evento multiesportivo, que tem
Paulo, Companhia das Letras, 2008) por base os Jogos Olímpicos e, como indica o próprio nome,
A partir do trecho acima, escreva um texto dissertativo-ar- reúne atletas dos países do continente americano. Na atualida-
gumentativo sobre o seguinte tema: A imagem como produtora de, no entanto, parece haver confluência de interesses bastan-
de sentidos na modernidade te diversos na realização desses eventos, de modo a acirrar o
Proposta 04 espírito competitivo e a expor o poder, até mesmo financeiro,
Epicuro havia percebido que as leis não educam: que não de alguns países.
eram feitas para serem propriamente obedecidas, mas para Diante do que se expôs acima, redija um texto dissertati-
garantir, sobretudo, a possibilidade de punição. Ele se deu vo-argumentativo sobre o seguinte tema.
Ş
ŝ#-ŝŦ REDAÇÃO

53
ANOTAÇÕES
54 MATEMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ

ÍNDICE
1. Proposições ................................................................................................................57
Definições ..................................................................................................................................... 57
Tabela-Verdade e Conectivos Lógicos ......................................................................................... 57
Equivalências Lógicas ................................................................................................................... 59
Tautologias, Contradições e Contingências .................................................................................60
Relação entre Todo, Algum e Nenhum .........................................................................................60
2. Argumentos ............................................................................................................... 61
Definições ......................................................................................................................................61
Métodos para Classificar os Argumentos ..................................................................................... 62
3. Psicotécnicos .............................................................................................................63
4. Análise Combinatória .................................................................................................63
Definição ....................................................................................................................................... 63
Fatorial.......................................................................................................................................... 63
Princípio Fundamental da Contagem (PFC) ................................................................................. 64
Arranjo e Combinação .................................................................................................................. 64
Permutação .................................................................................................................................. 64
5. Probabilidade............................................................................................................ 66
Definições ..................................................................................................................................... 66
Fórmula da Probabilidade ............................................................................................................ 66
Eventos Complementares............................................................................................................. 66
Casos Especiais de Probabilidade ................................................................................................ 66
6. Teoria dos Conjuntos ..................................................................................................67
Definições ..................................................................................................................................... 67
Subconjuntos ................................................................................................................................ 67
Operações com Conjuntos ............................................................................................................ 68
7. Conjuntos Numéricos ................................................................................................. 68
Números Naturais ......................................................................................................................... 68
Números Inteiros .......................................................................................................................... 68
Operações e Propriedades dos Números Naturais e Inteiros ....................................................... 68
Números Racionais ....................................................................................................................... 69
Operações com os Números Racionais ......................................................................................... 69
Números Irracionais...................................................................................................................... 70
Números Reais .............................................................................................................................. 70
Intervalos ...................................................................................................................................... 70
Múltiplos e Divisores ...................................................................................................................... 71
Números Primos ............................................................................................................................ 71
Ş
ŝ#-ŝŦ MATEMÁTICA 55

MMC e MDC .................................................................................................................................... 71


Divisibilidade ................................................................................................................................. 71
Expressões Numéricas .................................................................................................................. 72
8. Sistema Legal de Medidas ...........................................................................................72
Medidas de Tempo........................................................................................................................ 72
Sistema Métrico Decimal .............................................................................................................. 72
9. Razões e Proporções ..................................................................................................73
Grandeza....................................................................................................................................... 73
Razão ............................................................................................................................................ 73
Proporção ..................................................................................................................................... 73
Divisão em Partes Proporcionais .................................................................................................. 73
Regra das Torneiras ...................................................................................................................... 74
Regra de Três ................................................................................................................................ 74
10. Porcentagem e Juros ................................................................................................74
Porcentagem ................................................................................................................................ 74
Lucro e Prejuízo ............................................................................................................................ 75
Juros Simples ................................................................................................................................ 75
Juros Compostos .......................................................................................................................... 75
Capitalização ................................................................................................................................ 75
11. Sequências Numéricas ...............................................................................................75
Conceitos ...................................................................................................................................... 75
Lei de Formação de uma Sequência ............................................................................................. 76
Progressão Aritmética (P.A.)........................................................................................................ 76
Progressão Geométrica (P.G.) ...................................................................................................... 77
12. Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares .............................................................78
Matrizes ........................................................................................................................................ 78
Representação de uma Matriz ...................................................................................................... 78
Lei de Formação de uma Matriz .................................................................................................... 78
Tipos de Matrizes .......................................................................................................................... 79
Operações com Matrizes............................................................................................................... 79
Determinantes ...............................................................................................................................81
Sistemas Lineares ......................................................................................................................... 84
Resolução de um Sistema Linear .................................................................................................. 84
13. Funções, Função Afim e Função Quadrática ................................................................85
Definições, Domínio, Contradomínio e Imagem........................................................................... 85
Raízes............................................................................................................................................ 85
Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras ................................................................................. 85
56 MATEMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ

Funções Crescentes, Decrescentes e Constantes ......................................................................... 86


Funções Inversas e Compostas ..................................................................................................... 86
Função Afim .................................................................................................................................. 86
Função Quadrática........................................................................................................................ 88
14. Função Exponencial e Função Logarítmica ................................................................. 91
Equação e Função Exponencial .....................................................................................................91
Equação e Função Logarítmica ..................................................................................................... 92
15. Trigonometria ...........................................................................................................93
Triângulos ..................................................................................................................................... 93
Trigonometria no Triângulo Retângulo ........................................................................................ 93
Trigonometria num Triângulo Qualquer ....................................................................................... 93
Medidas dos Ângulos .................................................................................................................... 94
Ciclo Trigonométrico .................................................................................................................... 94
Funções Trigonométricas ............................................................................................................. 95
Identidades e Operações Trigonométricas................................................................................... 96
16. Geometria Plana ...................................................................................................... 96
Semelhanças de Figuras ............................................................................................................... 96
Relações Métricas nos Triângulos ................................................................................................. 96
Quadriláteros ................................................................................................................................ 97
Polígonos Regulares ..................................................................................................................... 98
Círculos e Circunferências ............................................................................................................. 99
Polígonos Regulares Inscritos e Circunscritos ............................................................................ 100
Perímetros e Áreas dos Polígonos e Círculos .............................................................................. 101
17. Geometria Espacial.................................................................................................. 102
Retas e Planos..............................................................................................................................102
Prismas ........................................................................................................................................104
Cilindro ........................................................................................................................................107
Cone Circular................................................................................................................................108
Pirâmides .....................................................................................................................................109
Esfera ............................................................................................................................................ 111
1. Proposições será falsa, e se uma proposição for falsa, a sua negação será
verdadeira.
A matéria é fácil e, com um pouco de concentração, con- Os símbolos da negação são (~) ou (¬) antes da letra que
segue-se aprendê-la e principalmente dominar a matéria e representa a proposição.
garantir sua aprovação. Ex.: p: 3 é ímpar;
~p: 3 não é ímpar;
Definições ™p: 3 é par (outra forma de negar a proposição).
Proposição é uma declaração (sentença declarativa, com Lei da dupla negação:
sujeito “definido”, verbo e sentido completo) que pode ser ~(~p) = p, negar uma proposição duas vezes significa vol-
classificada em valores como verdadeiro e falso. tar para própria proposição:
São exemplos de proposições: q: 2 é par;
p: Daniel é enfermeiro. ~q: 2 não é par;
Q: Leo foi à Argentina. ~(~q): 2 não é ímpar; portanto;
a: Luiza adora brincar. q: 2 é par.
B: Rosário comprou um carro. Tipos de Proposição
Essas letras “p”, “Q”, “a”, “B”, servem para representar As proposições são de apenas dois tipos, simples ou com-
(simbolizar) as proposições. postas. A principal diferença entre as proposições simples e as
Valores Lógicos das Proposições compostas é a presença do conectivo lógico nas proposições
compostas; além disso, tem-se também que as proposições
Uma proposição só pode ser classificada em dois valores
lógicos, que são o Verdadeiro (V) ou o Falso (F), não admi- compostas podem ser divididas, enquanto as proposições
tindo outro valor. simples não. Outro detalhe é que as proposições simples têm
apenas um verbo enquanto as compostas têm mais de um
As proposições têm três princípios básicos, sendo um de-
les o princípio fundamental que é: verbo. Observe o quadro para diferenciar mais fácil os dois
tipos de proposição.
Princípio da não contradição: diz que uma proposição não
pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo. Simples (atômicas) Compostas (moleculares)
Não têm conectivo lógico Têm conectivo lógico
Os outros dois são:
Não podem ser divididas Podem ser divididas
Princípio da identidade: diz que uma proposição verda-
1 verbo + de 1 verbo
deira sempre será verdadeira e uma falsa sempre será falsa.
Princípio do terceiro excluído: diz que uma proposição só Conectivo Lógico

Ş
ŝ#-ŝŦ
pode ter dois valores lógicos, ou o de verdadeiro ou o de falso, Serve para unir as proposições simples, formando propo-
não existindo um terceiro valor. sições compostas. São eles:
Sentenças Abertas e e: conjunção (^)
Quantificadores Lógicos ou: disjunção (›)
ou..., ou: disjunção exclusiva (›)
Existem algumas “sentenças abertas” que aparecem com
se..., então: condicional (o)
incógnitas (termo desconhecido), como por exemplo: “x + 2 =
5”, não sendo consideradas proposições, já que não se pode se..., e somente se: bicondicional (l)
classificá-las sem saber o valor de “x”, porém, com o uso dos Alguns autores consideram a negação (~) como um conecti-
quantificadores lógicos, elas tornam-se proposições, uma vez vo, porém aqui não faremos isso, pois os conectivos servem para
que esses quantificadores passam a dar valor ao “x”. formar proposição composta, e a negação faz apenas a mudança
do valor das proposições.
Os quantificadores lógicos são:
O “e” possui alguns sinônimos, que são: “mas”, “porém”,
: para todo; qualquer que seja; todo; “nem” (nem = e não) e a própria vírgula. O condicional tam-
MATEMÁTICA

: existe; existe pelo menos um; algum; bém tem alguns sinônimos que são: “portanto”, “quando”,
: não existe; nenhum. “como” e “pois” (pois = condicional invertido. Ex.: A, pois B
Ex.: = B ї A).
x + 2 = 5 (sentença aberta - não é proposição) Ex.:
p: x, x + 2 = 5 (lê-se: existe x tal que, x + 2 =5). Agora é a: Danilo foi à praia (simples).
proposição, uma vez que agora é possível classificar a b: Giovanna está brincando (simples).
proposição como verdadeira, já que sabemos que tem p: Danilo foi a praia se, e somente se Giovanna estava
um valor de “x” que somado a dois é igual a cinco. brincando (composta).
q: se 2 é par, então 3 é ímpar (composta).
Negação de Proposição
(Modificador Lógico) Tabela-Verdade e Conectivos Lógicos
Negar uma proposição significa modificar o seu valor ló- A tabela-verdade nada mais é do que um mecanismo 57
gico, ou seja, se uma proposição é verdadeira, a sua negação usado para dar valor às proposições compostas (que também
serão ou verdadeiras ou falsas), por meio de seus respectivos
58 conectivos.
A primeira coisa que precisamos saber numa tabela-ver-
dade é o seu número de linhas, e que esse depende do número P Q
de proposições simples que compõem a proposição composta.
Número de linhas = 2n, em que “n” é o número de proposições
simples que compõem a proposição composta. Portanto se hou-
ver 3 proposições simples formando a proposição composta então
a tabela dessa proposição terá 8 linhas (23 = 8). Esse número de Valor lógico de uma proposição composta por disjunção
MATEMÁTICA

linhas da tabela serve para que tenhamos todas as relações possí- (ou) = tabela-verdade da disjunção (›).
veis entre “V” e ”F” das proposições simples. Veja: Uma proposição composta por disjunção só será falsa se
todas as suas proposições simples que a compõem forem fal-
P Q R
sas, caso contrário, a disjunção será verdadeira.
V V V Ex.: P ›Q
V V F
P Q P›Q
V F V
V V V
V F F
V F V
F V V
F V V
F V F
F F F
Ş
ŝ#-ŝŦ

F F V
F F F Representando por meio de conjuntos, temos: P › Q
Observe que temos todas as relações entre os valores lógi-
cos das proposições, que sejam: as 3 verdadeiras (1ª linha), as
3 falsas (última linha), duas verdadeiras e uma falsa (2ª, 3ª e 5ª
linhas), e duas falsas e uma verdadeira (4ª, 6ª e 7ª linhas). Nes- P Q
sa demonstração, temos uma forma prática de como se pode
organizar a tabela, sem se preocupar se foram feitas todas re-
lações entres as proposições.
Valor lógico de uma proposição composta por disjunção
Para o correto preenchimento da tabela, devemos seguir exclusiva (ou, ou) = tabela-verdade da disjunção exclusiva
algumas regras: (›).
▷ Comece sempre pelas proposições simples e suas Uma proposição composta por disjunção exclusiva só será
negações, se houver; verdadeira se as suas proposições simples que a compõem ti-
▷ Resolva os parênteses, colchetes e chaves, respec- verem valores diferentes, caso contrário, a disjunção exclusiva
tivamente (igual à expressão numérica), se houver; será falsa.
▷ Faça primeiro as conjunções e disjunções, depois os Ex.: P › Q
condicionais e por último os bicondicionais;
▷ A última coluna da tabela deverá ser sempre a P Q P›Q
da proposição toda, conforme as demonstrações V V F
adiante. V F V
O valor lógico de uma proposição composta depende dos
F V V
valores lógicos das proposições simples que a compõem assim
como do conectivo utilizado, e é o que veremos a partir de F F F
agora.
Representando por meio de conjuntos, temos: P › Q
Valor lógico de uma proposição composta por conjunção (e)
= tabela-verdade da conjunção (š).
Uma proposição composta por conjunção só será verda-
deira se todas as suas proposições simples que a compõem P Q
forem verdadeiras, caso contrário, a conjunção será falsa.
Ex.: P š Q
P Q PšQ
V V V Valor lógico de uma proposição composta por condicio-
V F F
nal (se, então) = tabela-verdade do condicional (o).
Uma proposição composta por condicional só será falsa se
F V F
a primeira proposição (também conhecida como antecedente
F F F ou condição suficiente) for verdadeira e a segunda proposição
Representando por meio de conjuntos, temos: P š Q (também conhecida como consequente ou condição neces-
sária) for falsa; nos demais casos, o condicional será sempre Atente-se para o princípio da equivalência. A tabela-ver-
verdadeiro. dade está aí só para demonstrar a igualdade.
Ex.: P o Q Seguem algumas demonstrações das mais importantes:
P Q PїQ P ^ Q = Q ^ P: basta trocar as proposições simples de lugar
– também chamada de recíproca.
V V V
V F F P Q PšQ QšP

F V V V V V V
F F V V F F F

Representando por meio de conjuntos, temos: Po Q F V F F

Q F F F F
P P › Q = Q › P: basta trocar as proposições simples de lugar
– também chamada de recíproca.
P Q PvQ QvP
V V V V
V F V V
Valor lógico de uma proposição composta por bicondicio- F V V V
nal (se e somente se) = tabela-verdade do bicondicional (ў). F F F F
Uma proposição composta por bicondicional é verdadeira
sempre que suas proposições simples que a compõem têm va- P › Q = Q › P: basta trocar as proposições simples de lugar
lores iguais, caso contrário, ela será falsa. - também chamada de recíproca.
No bicondicional, “P” e “Q” são ambos suficientes e neces- P › Q = ~P › ~Q: basta negar as proposições simples –
sários ao mesmo tempo. também chamada de contrária.
Ex.: P o Q P › Q = ~Q › ~P: troca as proposições simples de lugar e
negam-se – também chamada de contra-positiva.
P Q PїQ
V V V
P › Q = (P š ~Q) › (~P š Q): observe aqui a exclusividade
dessa disjunção.
V F F
F V F
(P š ~Q) ›
F F V P Q ~P ~Q P š ~Q ~P š Q P › Q Q › P ~P › ~Q ~Q › ~P
(~P š Q)

Ş
ŝ#-ŝŦ
Representando por meio de conjuntos, temos: P o Q V V F F F F F F F F F
P=Q V F F V V F V V V V V
F V V F F V V V V V V
F F V V F F F F F F F

P ў Q = Q ў P: basta trocar as proposições simples de


lugar - também chamada de recíproca.
P ў Q = ~P ў ~Q: basta negar as proposições simples –
Proposição também chamada de contrária.
Verdadeira quando... Falsa quando... P ў Q = ~Q ў ~P: troca as proposições simples de lugar
composta
PšQ P e Q são verdadeiras Pelo menos uma falsa e negam-se – também chamada de contra- positiva.
P ў Q = (P o Q) š (Q o P): observe que é condicional
MATEMÁTICA

Pelo menos uma


P›Q P e Q são falsas para os dois lados, por isso bicondicional.
verdadeira
P e Q têm valores (PїQ) š
P›Q P e Q têm valores iguais P Q ~P ~Q PїQ QїP PўQ QўP ~Pў~Q ~Qў~P
diferentes (QїP)
V V F F V V V V V V V
P = verdadeiro, q = ver-
PїQ P = verdadeiro e Q = falso
dadeiro ou P = falso V F F V F V F F F F F
P e Q têm valores F V V F V F F F F F F
PўQ P e Q têm valores iguais
diferentes F F V V V V V V V V V

Equivalências Lógicas P o Q = ~Q o ~P: troca as proposições simples de lugar e


Duas ou mais proposições compostas são ditas equivalen- nega-se – também chamada de contra-positiva.
tes quando são formadas pelas mesmas proposições simples e P o Q = ~P › Q: negam-se o antecedente ou mantém o 59
suas tabelas verdades (resultado) são iguais. consequente.
P Q ~P ~Q PїQ ~Qї~P ~P › Q P Q PўQ ~( P ў Q) P›Q
60 V V V F F
V V F F V V V
V F F V F F F V F F V V
F V F V V
F V V F V V V
F F V F F
F F V V V V V
Tautologias, Contradições
Equivalências mais importantes e mais cobradas em con-
e Contingências
MATEMÁTICA

cursos.
Tautologia: proposição composta que é sempre verdadei-
Negação de Proposição Composta ra independente dos valores lógicos das proposições simples
São também equivalências lógicas; vejamos algumas delas: que a compõem.
~(P š Q) = ~P › ~Q (Leis De Morgan) (P š Q) o (P › Q)
Para negar a conjunção, troca-se o conectivo e (š) por ou P Q PšQ PvQ (P š Q) ї (P v Q)
(›) e negam-se as proposições simples que a compõem.
V V V V V
P Q ~P ~Q PšQ ~ (P š Q) ~P › ~Q V F F V V
F V F V V
V V F F V F F F F F F V
Ş
ŝ#-ŝŦ

V F F V F V V Contradição: proposição composta que é sempre falsa, in-


dependente dos valores lógicos das proposições simples que
F V V F F V V a compõem.
F F V V F V V ~(P › Q) š P
P Q P›Q ~(P › Q) ~(P › Q) š P
~(P › Q) = ~P š ~Q (Leis De Morgan)
V V V F F
Para negar a disjunção, troca-se o conectivo ou (›) por e V F V F F
(š) e negam-se as proposições simples que a compõem.
F V V F F
P Q ~P ~Q P›Q ~ (P š Q) ~P š ~Q F F F V F
Contingência: ocorre quando não é tautologia nem con-
V V F F V F F tradição. ~(P › Q) ў P
V F F V V F F P Q P›Q ~(P › Q) ~(P › Q) ў P
V V F V V
F V V F V F F
V F V F F
F F V V F V V F V V F V
F F F V F
~(P o Q) = P ^ ~Q (Leis De Morgan)
Para negar o condicional, mantém-se o antecedente e ne- Relação entre Todo, Algum e Nenhum
ga-se o consequente. Também conhecidos como quantificadores universais
P Q ~P ~Q P›Q ~ (P › Q) ~P š ~Q (quantificadores lógicos), eles têm entre si algumas relações
que devemos saber, são elas:
V V F F V F F
“Todo A é B” equivale a “nenhum A não é B”, e vice-versa.
V F F V V F F Ex.: “todo amigo é bom = nenhum amigo não é bom.”
F V V F V F F “Nenhum A é B” equivale a “todo A não é B”, e vice-versa.
Ex.: “nenhum aluno é burro = todo aluno não é burro.”
F F V V F V V
Essas são as duas relações de equivalência mais comuns,
~(P › Q) = P ў Q porém há uma em que utilizamos o ALGUM.
Para negar a disjunção exclusiva, faz-se o bicondicional. “Todo A é B” equivale a “algum B é A”.
“todo professor é aluno = algum aluno é professor.”
P Q P›Q ~( P › Q) PўQ
“Todo A é B” tem como negação “algum A não é B” e
V V F V V
vice-versa.
V F V F F Ex.: ~(todo estudante tem insônia) = algum estudante
F V V F F não tem insônia.
F F F V V “Algum A é B” tem como negação “nenhum A é B” e vice-versa.
~(P ў Q) = (P › Q). Ex.: ~(algum sonho é impossível) = nenhum sonho é im-
Para negar a bicondicional, faz-se a disjunção exclusiva. possível.
Temos também a representação em forma de conjuntos, p2: Toda bonita é charmosa.
que é: p3: Maria é bonita.
TODO A é B:
c: Portanto, Maria é charmosa.
p1: Se é homem, então gosta de futebol.
p2: Mano gosta de futebol.
B A c: Logo, Mano é homem.
Representação dos Argumentos
Os argumentos podem ser representados das seguintes
formas:
ALGUM A é B:

A B

NENHUM A é B:

A B
Tipos de Argumentos
Existem vários tipos de argumento. Vejamos alguns:

Por fim podemos representar as relações da seguinte for-


Dedução:
O argumento dedutivo parte de situações gerais para

Ş
ŝ#-ŝŦ
ma:
chegar a conclusões particulares. Esta forma de argumento
Equivalência
é válida quando suas premissas, sendo verdadeiras, forne-
cem uma conclusão também verdadeira.
Ex.:
Negação p1: Todo professor é aluno.
p2: Daniel é professor.
AéB A não é B A não é B
TODO ALGUM NENHUM c: Logo, Daniel é aluno.
A não é B AéB AéB
Negação Indução:
O argumento indutivo é o contrário do argumento de-
dutivo, pois parte de informações particulares para chegar a
Equivalência uma conclusão geral. Quanto mais informações nas premissas,
maiores as chances da conclusão estar correta.
MATEMÁTICA

Ex.:
2. Argumentos p1: Cerveja embriaga.
p2: Uísque embriaga.
Os argumentos são uma extensão das proposições, mas p3: Vodca embriaga.
com algumas características e regras próprias. Vejamos isso a
partir de agora. c: Portanto, toda bebida alcoólica embriaga.

Definições Analogia:
Argumento é um conjunto de proposições, divididas em As analogias são comparações (nem sempre verdadeiras).
premissas (proposições iniciais - hipóteses) e conclusões (pro- Neste caso, partindo de uma situação já conhecida verificamos
posições finais - teses). outras desconhecidas, mas semelhantes. Nas analogias, não
Ex.: temos certeza. 61
Ex.:
p1: Toda mulher é bonita. p1: No Piauí faz calor.
p2: No Ceará faz calor. ficação, uma vez que dependendo do argumento, um método
62 p3: No Paraná faz calor. ou outro, sempre será mais fácil e principalmente mais rápido.
Falaremos dos métodos por ordem de facilidade:
c: Sendo assim, no Brasil faz calor.
1º método: diagramas lógicos (ou método dos conjun-
Falácia: tos).
Utilizado sempre que no argumento houver as expressões:
As falácias são falsos argumentos, logicamente inconsistentes,
todo, algum ou nenhum, e seus respectivos sinônimos.
inválidos ou que não provam o que dizem.
Ex.: Representaremos o que for dito em forma de conjuntos e
verificaremos se está correto ou não.
MATEMÁTICA

p1: Eu passei num concurso público.


As representações genéricas são:
p2: Você passou num concurso público.
TODO A é B:
c: Logo, todos vão passar num concurso público.

Silogismos:
Tipo de argumento formado por três proposições, sendo B A
duas premissas e uma conclusão. São em sua maioria dedu-
tivos.
Ex.:
p1: Todo estudioso passará no concurso. ALGUM A é B:
p2: Beatriz é estudiosa.
Ş
ŝ#-ŝŦ

c: Portanto, Beatriz passará no concurso.


A B
Classificação dos argumentos
Os argumentos só podem ser classificados em, ou válidos,
ou inválidos: NENHUM A é B:
Válidos ou bem construídos:
Os argumentos são válidos sempre que as premissas B
garantirem a conclusão, ou seja, sempre que a conclusão
for uma consequência obrigatória do seu conjunto de pre- A
missas.
Ex.:
p1: Toda mulher é bonita.
p2: Toda bonita é charmosa.
2º método: premissas verdadeiras (proposição simples
p3: Maria é mulher. ou conjunção).
c: Portanto, Maria é bonita e charmosa. Utilizado sempre que não for possível os diagramas lógicos
Veja que, se Maria é mulher, e toda mulher é bonita, e toda e quando nas premissas houver uma proposição simples ou
bonita é charmosa, então Maria só pode ser bonita e charmosa. uma conjunção.
A proposição simples ou a conjunção serão os pontos de
Inválidos ou mal construídos: partida da resolução, já que teremos que considerar todas as
Os argumentos são inválidos sempre que as premissas não premissas verdadeiras e elas – proposição simples ou conjun-
garantirem a conclusão, ou seja, sempre que a conclusão não ção – só admitem um jeito de serem verdadeiras.
for uma consequência obrigatória do seu conjunto de premissas. O método consiste em, considerar todas as premissas
Ex.: como verdadeiras, dar valores às proposições simples que a
p1: Todo professor é aluno. compõem e no final avaliar a conclusão; se a conclusão tam-
p2: Daniel é aluno. bém for verdadeira o argumento é válido, porém se a conclu-
c: Logo, Daniel é professor. são for falsa o argumento é inválido.
Note que, se Daniel é aluno, nada garante que ele seja pro- Premissas verdadeiras e conclusão verdadeiras = argu-
fessor, pois o que sabemos é que todo professor é aluno, não mento válido.
o contrário. Premissas verdadeiras e conclusão falsa = argumento in-
Alguns argumentos serão classificados apenas por meio válido.
desse conceito. Fique atento para não perder tempo. Esses dois métodos (1º e 2º) são os mais utilizados para a
resolução das questões de argumento. Cerca de 70% a 80%
Métodos para Classificar das questões serão resolvidas por um desses dois métodos.
3º método: conclusão falsa (proposição simples, disjun-
os Argumentos ção ou condicional).
Os argumentos nem sempre podem ser classificados da Utilizado sempre que não for possível um dos “dois”
mesma forma, por isso existem os métodos para sua classi- métodos citados anteriormente e quando na conclusão
houver uma proposição simples, uma disjunção ou um con- Neste capítulo, abordaremos inicialmente as questões
dicional. mais simples do raciocínio lógico para uma melhor familiari-
Pelo mesmo motivo do método anterior, a proposição zação com a matéria.
simples, a disjunção ou o condicional serão os pontos de Não existe teoria, somente prática e é com ela que vamos
partida da resolução, já que teremos que considerar a con- trabalhar e aprender.
clusão como sendo falsa e elas – proposição simples, dis-
junção e condicional – só admitem um jeito de serem falsas. 4. Análise Combinatória
O método consiste em: considerar a conclusão como fal-
sa, dar valores às proposições simples, que a compõem, e su- Neste capítulo você verá as técnicas dos Arranjos, das Com-
por as premissas como verdadeiras, a partir dos valores das binações e saberá quando usar cada uma.
proposições simples da conclusão. No final, se assim ficar – a
conclusão falsa e as premissas verdadeiras – o argumento será
Definição
inválido; porém se uma das premissas mudar de valor, então o A análise combinatória é utilizada para descobrir o núme-
argumento passa a ser válido. ro de maneiras possíveis de realizar determinado evento, sem
Conclusão falsa e premissas verdadeiras = argumento in- que seja necessário demonstrar todas essas maneiras.
válido. Ex.: Quantos são os pares formados pelo lançamento de
Conclusão falsa e pelo menos 1 (uma) premissa falsa = ar- dois “dados” simultaneamente?
gumento válido. No primeiro dado, temos 6 possibilidades – do 1 ao 6 – e,
Para esses dois métodos (2º método e 3º método), po- no segundo dado, também temos 6 possibilidades – do 1
demos definir a validade dos argumentos da seguinte forma: ao 6. Juntando todos os pares formados, temos 36 pares
PREMISSAS CONCLUSÃO ARGUMENTO (6 . 6 = 36).
Verdadeiras Verdadeira Válido (1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6),
Verdadeiras Falsa Inválido (2,1), (2,2), (2,3), (2,4), (2,5), (2,6),
Pelo menos 1 (uma) falsa Falsa Válido (3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6),
4º método: tabela-verdade. (4,1), (4,2), (4,3), (4,4), (4,5), (4,6),
Método utilizado em último caso, quando não for possível (5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6),
usar qualquer um dos anteriores.
Dependendo da quantidade de proposições simples que (6,1), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6);
tiver o argumento, esse método fica inviável, pois temos que Logo, temos 36 pares.
desenhar a tabela-verdade. No entanto, esse método é um dos Não há necessidade de expor todos os pares formados,

Ş
ŝ#-ŝŦ
mais garantidos nas resoluções das questões de argumentos.
basta que saibamos quantos pares são.
Consiste em desenhar a tabela-verdade do argumento em
questão e avaliar se as linhas em que as premissas forem todas Imagine se fossem 4 dados e quiséssemos saber todas as
verdadeiras – ao mesmo tempo – a conclusão também será toda quadras possíveis, o resultado seria 1296 quadras. Um núme-
verdadeira. Caso isso ocorra, o argumento será válido, porém se ro inviável de ser representado. Por isso utilizamos a Análise
em uma das linhas em que as premissas forem todas verdadei- Combinatória.
ras e a conclusão for falsa, o argumento será inválido. Para resolver as questões de Análise Combinatória, utiliza-
Linhas da tabela – verdade em que as premissas são todas mos algumas técnicas, que veremos a partir de agora.
verdadeiras e conclusão, nessas linhas, também todas verda-
deiras = argumento válido. Fatorial
Linhas da tabela – verdade em que as premissas são todas Fatorial de um número (natural e maior que 1) é a mul-
verdadeiras e pelo menos uma conclusão falsa, nessas linhas = tiplicação desse número pelos seus antecessores em ordem
argumento inválido. decrescente (até o número 1).
MATEMÁTICA

Algumas questões de argumento não poderão ser feitas Considerando um número “n” natural maior que 1, defini-
por nenhum desses métodos apresentados anteriormente, mos o fatorial de “n” (indicado pelo símbolo n!) como sendo:
porém a questão não ficará sem resposta uma vez que co-
nhecemos os princípios das proposições. Atribuiremos valor n! = n . (n - 1) . (n - 2) . ... . 4 . 3 . 2 . 1; para n t 2
para as proposições simples contidas nas premissas (consi-
derando todas as premissas como verdadeiras). Ex.: 4! = 4 . 3 . 2 . 1 = 24
6! = 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 720
3. Psicotécnicos 8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320
Questões psicotécnicas são todas as questões em que não Observe que:
precisamos de conhecimento adicional para resolvê-las. As 6! = 6 . 5 . 4!
questões podem ser de associações lógicas, verdades e men- 8! = 8 . 7 . 6!
tiras, sequências lógicas, problemas com datas – calendários, Para n = 0, teremos: 0! = 1. 63
sudoku, entre outras. Para n = 1, teremos: 1! = 1.
Princípio Fundamental p = os elementos utilizados.
64 Ex.: salada de fruta.
da Contagem (PFC)
É uma das técnicas mais importantes e uma das mais Permutação
utilizadas nas questões de Análise Combinatória.
O PFC é utilizado nas questões em que os elementos po-
Permutação Simples
dem ser repetidos ou quando a ordem dos elementos fizer Usado quando os elementos (envolvidos no cálculo) não
diferença no resultado. podem ser repetidos e quando a ordem dos elementos faz
diferença no resultado e quando são utilizados todos os ele-
MATEMÁTICA

Esses “elementos” são os dados das questões, os va-


lores envolvidos. mentos do conjunto.
Consiste de dois princípios: o multiplicativo e o aditivo. Nada mais é do que um caso particular de arranjo cujo p = n.
A diferença dos dois consiste nos termos utilizados durante a Logo:
resolução das questões.
Multiplicativo: usado sempre que na resolução das ques-
tões utilizarmos o termo “e”. Como o próprio nome já diz, fa-
remos multiplicações.
Aditivo: usado quando utilizarmos o termo “ou”. Aqui rea-
lizaremos somas.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ex.: Quantas senhas são possíveis com os algarismos 1,


3, 5 e 7?
Como nas senhas os algarismos podem ser repetidos,
para formar senhas de 3 algarismos temos a seguinte
possibilidade:
SENHA = Algarismo E Algarismo E Algarismo
Nº de SENHAS = 4 . 4 . 4 (já que são 4 os algarismos que Assim, a fórmula da permutação é:
temos na questão, e observe o princípio multiplicativo no
uso do “e”). Nº de SENHAS = 64. Pn = n!
Arranjo e Combinação As permutações são muito usadas nas questões de
Duas outras técnicas usadas para resolução de pro- anagramas.
blemas de análise combinatória, sendo importante saber Anagramas: todas as palavras formadas com todas as
quando usa cada uma delas. letras de uma palavra, quer essas novas palavras tenham
Arranjo: usado quando os elementos (envolvidos no cálcu- sentido ou não na linguagem comum.
lo) não podem ser repetidos e quando a ordem dos elementos Ex.: Quantos anagramas têm a palavra prova?
faz diferença no resultado
A palavra prova tem 5 letras, e nenhuma repetida, sendo
A fórmula do arranjo é: assim n = 5, e:
P5 = 5!
= P5 = 5 . 4 . 3 . 2 . 1
P5 = 120 anagramas
Sendo:
Permutação com Elementos Repetidos
n = a todos os elementos do conjunto;
Na permutação com elementos repetidos, usa-se a seguin-
p = os elementos utilizados.
te fórmula:
Ex.: pódio de competição.
Combinação: usado quando os elementos (envolvidos no
cálculo) não podem ser repetidos e quando a ordem dos ele-
mentos não faz diferença no resultado.
A fórmula da combinação é: Sendo:
n = o número total de elementos do conjunto;
= k, y, w = as quantidades de elementos repetidos.
Ex.: Quantos anagramas têm a palavra concurso?
Observe que na palavra CONCURSO existem duas letras
Sendo: repetidas, o “C” e o “O”, e cada uma duas vezes, portanto
n = a todos os elementos do conjunto; n = 8, k = 2 e y = 2, agora:
Resumo:

Pn = n!

e = multiplicação
ou = adição
PERMUTAÇÃO
SIM
Princípio
Fundamental
SIM da Contagem
(P.F.C.) São utilizados
todos os ele-
mentos?
ANÁLISE Os elementos
podem ser Arranjo
COMBINATÓRIA repetidos? SIM

Ş
ŝ#-ŝŦ
=
NÃO A ordem dos
elementos faz a
diferença?

NÃO
Combinação =

Para saber qual das técnicas utilizar basta fazer duas, no Permutações Circulares e
máximo, três perguntas para a questão, veja:
Os elementos podem ser repetidos?
Combinações com Repetição
MATEMÁTICA

Se a resposta for sim, deve-se trabalhar com o PFC; se a Casos especiais dentro da Análise Combinatória.
resposta for não, passe para a próxima pergunta;
Permutação Circular: usada quando houver giro horário
A ordem dos elementos faz diferença no resultado da
ou anti-horário.
questão?
Se a resposta for sim, trabalha-se com arranjo; se a res-
posta for não, trabalha-se com as combinações (todas as Pc (n) = (n - 1)!
questões de arranjo podem ser feitas por PFC).
Sendo:
(Opcional): vou utilizar todos os elementos para resolver
a questão? n = o número total de elementos do conjunto;
Para fazer a 3ª pergunta, depende, se a resposta da 1ª for Pc = permutação circular.
não e a 2ª for sim; se a resposta da 3ª for sim, trabalha-se Combinação com Repetição: usada quando p > n ou 65
com as permutações. quando a questão informar que pode haver repetição.
tivo “e” elas serão multiplicadas, e quando for pelo “ou”, elas
66 serão somadas.
= =

Sendo:
Eventos Complementares
n = o número total de elementos do conjunto; Dois eventos são ditos complementares quando a chance
p = o número de elementos utilizados; do evento ocorrer somado à chance de ele não ocorrer sempre
Cr = combinação com repetição. dá 1 (um).
MATEMÁTICA

5. Probabilidade P(A) + P(Ā) = 1


Neste capítulo, veremos como é fácil e interessante calcu- Sendo:
lar probabilidade.
P(A) = a probabilidade do evento ocorrer;
Definições P(Ā) = a probabilidade do evento não ocorrer.
Disciplina que serve para calcular as chances de determi-
nado evento ocorrer. Casos Especiais de Probabilidade
Para o cálculo das probabilidades, temos que saber primeiro 3 A partir de agora veremos algumas situações típicas da
(três) conceitos básicos acerca do tema: probabilidade, que servem para não perdermos tempo na re-
Experimento Aleatório: é o experimento em que não é solução das questões.
Ş
ŝ#-ŝŦ

possível garantir o resultado, mesmo que esse seja feito diver-


sas vezes nas mesmas condições. Eventos Independentes
Ex.: Lançamento de uma moeda: ao lançarmos uma
moeda os resultados possíveis são o de cara e o de coroa, Dois ou mais eventos são independentes quando não
mas não tem como garantir qual será o resultado desse dependem uns dos outros para acontecer, porém ocorrem si-
lançamento. multaneamente. Para calcular a probabilidade de dois ou mais
Ex.: Lançamento de um dado: da mesma forma que a
eventos independentes, basta multiplicar a probabilidade de
moeda, não temos como garantir qual o resultado (1, 2,
3, 4, 5 e 6) desse lançamento. cada um deles.
Espaço Amostral - (:) ou (U): é o conjunto de todos os Ex.: Uma urna tem 30 bolas, sendo 10 vermelhas e 20
resultados possíveis para um experimento aleatório. azuis. Se sortearmos 2 bolas, 1 de cada vez e repondo a
Ex.: Na moeda: o espaço amostral na moeda é sorteada na urna, qual será a probabilidade de a primei-
: = 2, pois só temos dois resultados possíveis para esse
experimento, que é ou CARA ou COROA. ra ser vermelha e a segunda ser azul?
Ex.: No “dado”: o espaço amostral no “dado” é
Sortear uma bola vermelha da urna não depende de uma
U = 6, pois temos do 1 (um) ao 6 (seis), como resultados
possíveis para esse experimento. bola azul ser sorteada e vice-versa, então a probabilidade
Evento: é o acontecimento – dentro do experimento ale-
atório – que se quer determinar a chance de ocorrer. É uma
parte do espaço amostral. da bola ser vermelha é , e para a bola ser azul a pro-

Fórmula da Probabilidade babilidade é . Dessa forma, a probabilidade de a pri-


A fórmula da probabilidade nada mais é do que uma razão
entre o evento e o espaço amostral. meira bola ser vermelha e a segunda azul é:

Os valores da probabilidade variam de 0 (0%) a 1 (100%).


Quando a probabilidade é de 0 (0%), diz-se que o evento
é impossível.
Ex.: Chance de você não passar num concurso.
Quando a probabilidade é de 1 (100%), diz-se que o evento
é certo.
Ex.: Chance de você passar num concurso. Probabilidade Condicional
Qualquer outro valor entre 0 e 1, caracteriza-se como a
É a probabilidade de um evento ocorrer sabendo que já
probabilidade de um evento.
Na probabilidade também se usa o PFC, ou seja sempre ocorreu outro, relacionado a esse.
que houver duas ou mais probabilidades ligadas pelo conec- A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é:
A nomenclatura dos conjuntos é formada pelas letras
maiúsculas do alfabeto.
Ex.: Conjunto dos estados da região sul do Brasil:
A = {Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul}.
Representação dos Conjuntos
Os conjuntos podem ser representados tanto em chaves
como em diagramas.
Probabilidade da União de Dois Eventos
Representação em Chaves
Assim como na teoria de conjuntos, faremos a relação com
a fórmula do número de elementos da união de dois conjuntos. Ex.: Conjuntos dos estados brasileiros que fazem frontei-
É importante lembrar que “ou” significa união. ra com o Paraguai:
A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é: B = {Paraná, Mato Grosso do Sul}.
Representação em Diagramas
P (A U B) = P (A) + P (B) - P (A ൘ B) Ex.: Conjuntos das cores da bandeira do Brasil:
D
Ex.: Ao lançarmos um dado, qual é a probabilidade de Verde
obtermos um número primo ou um número ímpar? Amarelo
Os números primos no dado são 2, 3 e 5, já os números
Azul
ímpares no dado são 1, 3 e 5, então os números primos e Branco
ímpares são 3 e 5. Aplicando a fórmula para o cálculo da
probabilidade fica:
Elementos e Relação de Pertinência
Quando um elemento está em um conjunto, dizemos que
ele pertence a esse conjunto. A relação de pertinência é repre-
sentada pelo símbolo (pertence).
Ex.: Conjunto dos algarismos pares: G = {2, 4, 6, 8, 0}.
Observe que:
4 G
7 G

Ş
ŝ#-ŝŦ
Probabilidade Binomial Conjunto Unitário e Conjunto Vazio
Essa probabilidade será tratada aqui de forma direta e com
o uso da fórmula. Conjunto unitário: possui um só elemento.
Ex.: Conjunto da capital do Brasil: K = {Brasília}
A fórmula para o cálculo dessa probabilidade é:
Conjunto vazio: simbolizado por Ø ou {}, é o conjunto que
não possui elemento.
Ex.: Conjunto dos estados brasileiros que fazem fronteira
com o Chile: M = Ø.
Sendo:
C = o combinação;
Subconjuntos
Subconjuntos são partes de um conjunto.
n = o número de repetições do evento;
Ex.: Conjunto dos algarismos: F = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 0}.
s = o números de “sucessos” desejados; Ex.: Conjunto dos algarismos ímpares: H = {1, 3, 5, 7, 9}.
f = o número de “fracassos”. Observe que o conjunto H está dentro do conjunto F sendo,
MATEMÁTICA

então, o conjunto H um subconjunto de F.


6. Teoria dos Conjuntos As relações entre subconjunto e conjunto são de: “está
contido = ” e “contém = ”.
Nesta seção, estão os principais conceitos sobre conjuntos
Os subconjuntos estão contidos nos conjuntos e os con-
e suas operações. Um assunto importante e de fácil aprendiza-
juntos contém os subconjuntos. Veja:
gem.
H F
Definições F H
O conceito de conjunto é redundante visto que se trata de Todo conjunto é subconjunto de si próprio. (D D);
um agrupamento ou reunião de coisas, que serão chamadas O conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto.
de elementos do conjunto. (Ø D);
Ex.: Se quisermos montar o conjunto das vogais do alfa- Se um conjunto A possui “p” elementos, então ele possui 67
beto, os elementos serão a, e, i, o, u. 2p subconjuntos;
O conjunto formado por todos os subconjuntos de um conjun- = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, ... + f}
68 to A, é denominado conjunto das partes de A. Assim, se A = {4, 7}, O símbolo f significa infinito, o + quer dizer positivo, en-
o conjunto das partes de A, é dado por {Ø, {4}, {7}, {4, 7}}. tão +f quer dizer infinito positivo.
Operações com Conjuntos Números Inteiros
União de conjuntos: a união de dois conjuntos quaisquer Esse conjunto surgiu da necessidade de alguns cálculos
será representada por “A ‰ B” e terá os elementos que perten- não possuírem resultados, pois esses resultados eram nega-
cem a A “ou” a B, ou seja, todos os elementos. tivos.
MATEMÁTICA

Representado pelo símbolo , é formado pelos seguintes


elementos:
= {- f, ..., -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, ..., + f}

Operações e Propriedades dos


A U B
Números Naturais e Inteiros
Interseção de conjuntos: a interseção de dois conjuntos
As principais operações com os números naturais e inteiros
quaisquer será representada por “A ൘ B”. Os elementos que são: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e ra-
fazem parte do conjunto interseção são os elementos comuns diciação (as quatro primeiras são também chamadas operações
aos dois conjuntos. fundamentais).
Ş
ŝ#-ŝŦ

Adição
Na adição, a soma dos termos ou parcelas resulta naquilo
que se chama total.
Ex.: 2 + 2 = 4
As propriedades da adição são:
U
A B
Elemento Neutro: qualquer número somado ao zero tem
Diferença de conjuntos: a diferença de dois conjuntos como total o próprio número.
quaisquer será representada por “A – B” e terá os elementos Ex.: 2 + 0 = 2
que pertencem somente a A, mas não pertencem a B, ou seja, Comutativa: a ordem dos termos não altera o total.
que são exclusivos de A. Ex.: 2 + 3 = 3 + 2 = 5
Associativa: o ajuntamento de parcelas não altera o total.
Ex.: 2 + 0 = 2
Subtração
Operação contrária à adição, também conhecida como di-
ferença.
A-B
Os termos ou parcelas da subtração, assim como o total,
Complementar de um conjunto: se A está contido no conjun- têm nomes próprios:
to universo U, o complementar de A é a diferença entre o conjunto M – N = P; em que M = minuendo, N = subtraendo e P =
universo e o conjunto A, será representado por “CU(A) = U – A” diferença ou resto.
e terá todos os elementos que pertencem ao conjunto universo, Ex.: 7 – 2 = 5
menos os que pertencem ao conjunto A. Quando o subtraendo for maior que o minuendo, a dife-
rença será negativa.
U
A Multiplicação
Nada mais é do que a soma de uma quantidade de par-
celas fixas. Ao resultado da multiplicação chama-se produto.
Cp(A) Os símbolos que indicam a multiplicação são o “x” (sinal de
vezes) ou o “.” (ponto).
7. Conjuntos Numéricos Ex.: 4 x 7 = 7 + 7 + 7 + 7 = 28
Os números surgiram da necessidade de contar ou quanti- 7 . 4 = 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 + 4 = 28
ficar coisas ou objetos. Com o passar do tempo, foram adquir- As propriedades da multiplicação são:
indo características próprias. Elemento Neutro: qualquer número multiplicado por 1 terá
como produto o próprio número.
Números Naturais Ex.: 5 . 1 = 5
É o primeiro dos conjuntos numéricos. Representado pelo Comutativa: ordem dos fatores não altera o produto.
símbolo . É formado pelos seguintes elementos: Ex.: 3 . 4 = 4 . 3 = 12
Associativa: o ajuntamento dos fatores não altera o resul-
tado. + =
Ex.: 2 . (3 . 4) = (2 . 3) . 4 = 24
Distributiva: um fator em evidência multiplica todas as + = + =
parcelas dentro dos parênteses.
Ex.: 2 . (3 + 4) = (2 . 3) + (2 . 4) = 6 + 8 = 14 Multiplicação
Na multiplicação existe “jogo de sinais”, que fica assim: Para multiplicar frações basta multiplicar numerador com
numerador e denominador com denominador.
Parcela Parcela Produto =
Divisão
+ + +
Para dividir frações basta fazer uma multiplicação da primei-
ra fração com o inverso da segunda fração.
+ - -
÷ = = = (Simplificando por 2)
- + - Toda vez que for possível deve-se simplificar a fração até
sua fração irredutível (aquela que não pode mais ser simplifi-
- - + cada).
Ex.: 2 . -3 = -6 Potenciação
-3 . -7 = 21 Se a multiplicação é soma de uma quantidade de parcelas
fixas, a potenciação é a multiplicação de uma quantidade de
Divisão fatores fixos, tal quantidade indicada no expoente que acompa-
É o inverso da multiplicação. Os sinais que a representam nha a base da potência.
são: “÷”, “:”, “/” ou a fração. A potenciação é expressa por: an, cujo “a” é a base da po-
Ex.: 14 ÷ 7 = 2 tência e o “n” é o expoente.
25 : 5 = 5 Ex.: 43 = 4 . 4 . 4 = 64
As propriedades das potências são:
36/12 = 3
a0 = 1
Por ser o inverso da multiplicação, a divisão também
30 = 1
possui o “jogo de sinal”.
a1 = a

Ş
ŝ#-ŝŦ
Números Racionais 51 = 5
Com o passar do tempo alguns cálculos não possuíam re-
a-n = 1/an
sultados inteiros, a partir daí surgiram os números racionais,
que são representados pela letra e são os números que po- 2-3 = = 1/8
dem ser escritos sob forma de frações.
= (com “b” diferente de zero o b z 0); em que “a” é am . an = a(m + n)
o numerador e “b” é o denominador. 32 . 33 = 3(2 + 3) = 35 = 243
Fazem parte desse conjunto também as dízimas perió- am : an = a(m - n)
dicas (números que apresentam uma série infinita de al-
garismos decimais, após a vírgula) e os números decimais
45 : 43 = 4(5 – 3) = 42 = 16
(aqueles que são escritos com a vírgula e cujo denominador (am)n = am . n
MATEMÁTICA

são as potências de 10). .


(22)4 = 22 4 = 28 = 256
Operações com os Números Racionais am/n =
72/3
Adição e Subtração
Para somar frações deve-se estar atento se os denomina- Radiciação
dores das frações são os mesmos. Caso sejam iguais, basta É a expressão da potenciação com expoente fracionário.
repetir o denominador e somar (ou subtrair) os numeradores, A representação genérica da radiciação é: ; cujo “n” é o
porém se os denominadores forem diferentes é preciso fazer índice da raiz, o “a” é o radicando e “ ” é o radical.
o M.M.C. (assunto que será visto adiante) dos denominadores, Quando o índice da raiz for o 2 ele não precisa aparecer e
constituir novas frações equivalentes às frações originais e, as- essa raiz será uma raiz quadrada. 69
sim, proceder com o cálculo. As propriedades das “raízes” são:
Números Reais
70 = Simbolizado pela letra , é a união do conjunto dos nú-
= am/m = a1 = a meros racionais com o conjunto dos números irracionais.
Racionalização: se uma fração tem em seu denominador Representado, tem-se:
um radical, faz-se o seguinte:
R
= · = =

Transformando Dízima Periódica


MATEMÁTICA

N Z Q I
em Fração
Para transformar dízimas periódicas em fração, é preciso
atentar-se para algumas situações:
Verifique se depois da vírgula só há a parte periódi-
ca, ou se há uma parte não periódica e uma periódi- Colocando todos os números em uma reta, tem-se:
ca. -2 -1 0 1 2
Observe quantas são as “casas” periódicas e, caso
haja, as não periódicas. Lembrado sempre que essa As desigualdades ocorrem em razão de os números serem
observação só será para os números que estão de- maiores ou menores uns dos outros.
pois da vírgula. Os símbolos das desigualdades são:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Em relação à fração, o denominador será tantos “9” t maior igual a;


quantos forem as casas do período, seguido de tan- d menor igual a;
tos “0” quantos forem as casas não periódicas (caso > maior que;
haja e depois da vírgula). Já o numerador será o nú-
mero sem a vírgula até o primeiro período “menos” ख़ menor que.
toda a parte não periódica (caso haja). Dessas desigualdades surgem os intervalos, que nada mais
Ex.: 0,6666... = são do que um espaço dessa reta, entre dois números.
Os intervalos podem ser abertos ou fechados, depende
0,36363636... = dos símbolos de desigualdade utilizados.
Intervalo aberto ocorre quando os números não fazem parte
0,123333... = = do intervalo e os sinais de desigualdade são:
ग़ maior que;
2,8888... = = ख़ menor que.
Intervalo fechado ocorre quando os números fazem parte do
3,754545454... = = intervalo e os sinais de desigualdade são:
t maior igual a;
Transformando Número Decimal d menor igual a.
em Fração Intervalos
Para transformar número decimal em fração, basta contar Os intervalos numéricos podem ser representados das se-
quantas “casas” existem depois da vírgula; então o denomina- guintes formas:
dor da fração será o número 1 acompanhado de tantos zeros Com os símbolos <, >, d, t
quantos forem o número de “casas”, já o numerador será o Quando forem usados os símbolos < ou >, os números que
número sem a “vírgula”. os acompanham não fazem parte do intervalo real. Já quando
forem usados os símbolos d ou t os números farão parte do
Ex.: 0,3 = intervalo real.
Ex.:
2,45 = 2 < x < 5: o 2 e o 5 não fazem parte do intervalo.
2 d x < 5: o 2 faz parte do intervalo, mas o 5 não.
49,586 = 2 d x d 5: o 2 e o 5 fazem parte do intervalo.
Com os colchetes
Números Irracionais Quando os colchetes estiverem voltados para os núme-
ros, significa que farão parte do intervalo. Porém, quando os
São os números que não podem ser escritos na forma de colchetes estiverem invertidos, significa que os números não
fração. farão parte do intervalo.
O conjunto é representado pela letra e tem como elemen- Ex.:
tos as dízimas não periódicas e as raízes não exatas. ]2;5[: o 2 e o 5 não fazem parte do intervalo.
[2;5[: o 2 faz parte do intervalo, mas o 5 não faz. Ex.: 6 = 2 . 3
[2;5]: o 2 e o 5 fazem parte do intervalo. 18 = 2 . 3 . 3 = 2 . 32
Sobre uma reta numérica 35 = 5 . 7
Intervalo aberto 2<x<5: 144 = 2 . 2 . 2 . 2 . 3 . 3 = 24 . 32
0 2 5 225 = 3 . 3 . 5 . 5 = 32 . 52
490 = 2 . 5 . 7 . 7 = 2 . 5 . 72
Em que 2 e 5 não fazem parte do intervalo numérico, rep- 640 = 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 2 . 5 = 27 . 5
resentado pela marcação aberta (sem preenchimento - O). MMC de 18 e 225 = 2 . 32 . 52 = 2 . 9 . 25 = 450
Intervalo fechado e aberto 2<x<5: MDC de 225 e 490 = 5
0 2 5
Para saber a quantidade de divisores de um número basta,
Em que 2 faz parte do intervalo, representado pela marca- depois da decomposição do número, pegar os expoentes dos
ção fechada (preenchida - ) em que 5 não faz parte do inter- fatores primos, somar “+1” e multiplicar os valores obtidos.
valo, representado pela marcação aberta (O). Ex.: 225 = 32 . 52 = 32+1 . 52+1 = 3 . 3 = 9
Intervalo fechado 2<x<5: Nº de divisores = (2 + 1) . (2 + 1) = 3 . 3 = 9 divisores. Que
0 2 5 são: 1, 3, 5, 9, 15, 25, 45, 75, 225.

Em que 2 e 5 fazem parte do intervalo numérico, represen- Divisibilidade


tado pela marcação fechada ( ). As regras de divisibilidade servem para facilitar a resolu-
ção de contas, para ajudar a descobrir se um número é ou não
Múltiplos e Divisores divisível por outro. Veja algumas dessas regras.
Os múltiplos são resultados de uma multiplicação de dois Divisibilidade por 2: para um número ser divisível por 2
números naturais. basta que o mesmo seja par.
Ex.: Os múltiplos de 3 são: 0, 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, Ex.: 14 é divisível por 2.
30... (os múltiplos são infinitos).
17 não é divisível por 2.
Números quadrados perfeitos são aqueles que resultam da
multiplicação de um número por ele mesmo. Divisibilidade por 3: para um número ser divisível por 3, a
Ex.: 4 = 2 . 2 soma dos seus algarismos tem que ser divisível por 3.
Ex.: 25 = 5 . 5 Ex.: 174 é divisível por 3, pois 1 + 7 + 4 = 12
Os divisores de um “número” são os números cuja divisão 188 não é divisível por 3, pois 1 + 8 + 8 = 17

Ş
ŝ#-ŝŦ
desse “número” por eles será exata. Divisibilidade por 4: para um número ser divisível por 4,
Ex.: Os divisores de 12 são: 1, 2, 3, 4, 6, 12. ele tem que terminar em 00 ou os seus dois últimos números
devem ser múltiplos de 4.
Números Primos Ex.: 300 é divisível por 4.
São os números que têm apenas dois divisores, o 1 e ele 532 é divisível por 4.
mesmo (alguns autores consideram os números primos aque-
les que tem 4 divisores, sendo o 1, o -1, ele mesmo e o seu 766 não é divisível por 4.
oposto – simétrico). Divisibilidade por 5: para um número ser divisível por 5,
Veja alguns números primos: ele deve terminar em 0 ou em 5.
2 (único primo par), 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, Ex.: 35 é divisível por 5.
43, 47, 53, 59, ... 370 é divisível por 5.
Os números primos servem para decompor outros números. 548 não é divisível por 5.
A decomposição de um número em fatores primos serve
Divisibilidade por 6: para um número ser divisível por 6,
para fazer o MMC (mínimo múltiplo comum) e o MDC (máximo
MATEMÁTICA

divisor comum). ele deve ser divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo.
Ex.: 78 é divisível por 6.
MMC e MDC 576 é divisível por 6.
O MMC de um, dois ou mais números é o menor número 652 não é divisível por 6.
que, ao mesmo tempo, é múltiplo de todos esses números. Divisibilidade por 9: para um número ser divisível por 9, a
O MDC de dois ou mais números é o maior número que pode soma dos seus algarismos deve ser divisível por 9.
dividir todos esses números ao mesmo tempo. Ex.: 75 é não divisível por 9.
Para calcular, após decompor os números, o MMC de 684 é divisível por 9.
dois ou mais números será o produto de todos os fatores Divisibilidade por 10: para um número ser divisível por 10,
primos, comuns e não comuns, elevados aos maiores ex- basta que ele termine em 0.
poentes. Já o MDC será apenas os fatores comuns a todos Ex.: 90 é divisível por 10. 71
os números elevados aos menores expoentes. 364 não é divisível por 10.
Expressões Numéricas Para cada degrau descido da escada, multiplica-se por 10, e
72 para cada degrau subido, divide-se por 10.
Para resolver expressões numéricas, deve-se sempre se-
Ex.: Transformar 2,98km em cm = 2,98 . 100.000 =
guir a ordem:
298.000cm (na multiplicação por 10 ou suas potências, bas-
Resolva os (parênteses), depois os [colchetes], depois as ta deslocar a “vírgula” para a direita);
{chaves}, nessa ordem;
Ex.: Transformar 74m em km = 74 ÷ 1000 = 0,074km (na
Dentre as operações resolva primeiro as potenciações e
raízes (o que vier primeiro), depois as multiplicações e divi- divisão por 10 ou suas potências, basta deslocar a “vírgu-
sões (o que vier primeiro) e por último as somas e subtrações la” para a esquerda).
MATEMÁTICA

(o que vier primeiro). O grama (g) e o litro (l) seguem o mesmo padrão do
Calcule o valor da expressão: metro (m).
Ex.: 8 – {5 – [10 – (7 – 3 . 2)] ÷ 3} Metro quadrado (m2):
Resolução:
km2
8 – {5 – [10 – (7 – 6)] ÷ 3}
8 – {5 – [10 – (1)] ÷ 3} hm2
multiplica-se por 102
8 – {5 – [9] ÷ 3} dam2
8 – {5 – 3}
8 – {2} m2

6 dm2
Ş
ŝ#-ŝŦ

2
divide-se por 10
8. Sistema Legal de Medidas cm2

mm2
Medidas de Tempo
A unidade padrão do tempo é o segundo (s), mas deve- Para cada degrau descido da escada multiplica por 102 ou
mos saber as seguintes relações: 100, e para cada degrau subido divide por 102 ou 100.
1 min. = 60 s Ex.: Transformar 79,11m2 em cm2 = 79,11 . 10.000 =
1h = 60 min = 3600 s 791.100cm2;
1 dia = 24 h = 1440 min = 86400 s Ex.: Transformar 135m2 em km2 = 135 ÷ 1.000.000 =
30 dias = 1 mês
0,000135km2.
2 meses = 1 bimestre
Metro cúbico (m3):
6 meses = 1 semestre
12 meses = 1ano km3
10 anos = 1 década hm3 multiplica-se por 103
100 anos = 1 século
Cuidado com as transformações de tempo, pois elas não dam3
seguem o mesmo padrão das outras medidas.
Ex.: 15h47min18seg + 11h39min59s = 26h86min77s = m3
26h87min17s = 27h27min17s= 1dia3h27mim17s;
Ex.: 8h23min – 3h49min51seg = 7h83min – 3h49min- dm3
51seg = 7h82min60seg – 3h49min51seg = 4h33min9seg.
divide-se por 103 cm3
Sistema Métrico Decimal mm3
Serve para medir comprimentos, distâncias, áreas e volu-
mes. Tem como unidade padrão o metro (m). Veremos agora
seus múltiplos, variações e algumas transformações. Para cada degrau descido da escada, multiplica-se por 103
Metro (m): ou 1000, e para cada degrau subido, divide-se por 103 ou 1000.
km Ex.: Transformar 269dm3 em cm3 = 269 . 1.000 =
hm
multiplica-se por 10
269.000cm3
Ex.: Transformar 4.831cm3 em m3 = 4.831 ÷ 1.000.000 =
dam
0,004831m3
m
O metro cúbico, por ser uma medida de volume, tem rela-
dm ção com o litro (l), e essa relação é:
divide-se por 10 1m3 = 1000 litros
cm
1dm3 = 1 litro
mm 1cm3 = 1 mililitro
9. Razões e Proporções
= ou =
Neste capítulo, estão presentes alguns assun-
tos muito incidentes em provas: razões e proporções.
Numa proporção, a diferença dos dois primeiros termos
É preciso que haja atenção no estudo desse conteúdo.
está para o 2º (ou 1º) termo, assim como a diferença dos dois
Grandeza últimos está para o 4º (ou 3º).
É tudo aquilo que pode ser contado, medido ou enume-
rado. = ou =
Ex.: Comprimento (distância), tempo, quantidade de
pessoas e/ou coisas, etc. Numa proporção, a soma dos antecedentes está para a
Grandezas diretamente proporcionais: são aquelas em soma dos consequentes, assim como cada antecedente está
que o aumento de uma implica o aumento da outra. para o seu consequente.
Ex.: Quantidade e preço.
Grandezas inversamente proporcionais: são aquelas em
que o aumento de uma implica a diminuição da outra. = =
Ex.: Velocidade e tempo.
Numa proporção, a diferença dos antecedentes está para
Razão a diferença dos consequentes, assim como cada antecedente
É a comparação de duas grandezas. Essas grandezas po- está para o seu consequente.
dem ser de mesma espécie (com a mesma unidade) ou de es-
pécies diferentes (unidades diferentes). Nada mais é do que = =
uma fração do tipo , com b z 0.
Nas razões, os numeradores são também chamados de an- Numa proporção, o produto dos antecedentes está para o
tecedentes e os denominadores de consequentes. produto dos consequentes, assim como o quadrado de cada
Ex.: Escala: comprimento no desenho comparado ao ta- antecedente está para quadrado do seu consequente.
manho real.
Velocidade: distância comparada ao tempo.
= =
Proporção

Ş
ŝ#-ŝŦ
Pode ser definida como a igualdade de razões.
A última propriedade pode ser estendida para qualquer
número de razões.
=
= = =
Dessa igualdade, tiramos a propriedade fundamental das
proporções: “o produto dos meios igual ao produto dos ex- Divisão em Partes Proporcionais
tremos” (a chamada “multiplicação cruzada”).
Para dividir um número em partes direta ou inversamente
b.c=a.d proporcionais, basta seguir algumas regras:

É basicamente essa propriedade que ajuda resolver a Divisão em partes diretamente proporcionais.
maioria das questões desse assunto. Divida o número 50 em partes diretamente proporcio-
Dados três números racionais a, b e c, não nulos, denomi- nais a 4 e a 6.
na-se quarta proporcional desses números um número x tal
MATEMÁTICA

Ex.: 4x + 6x = 50
que: 10x = 50
=
x=
Proporção contínua é toda proporção que apresenta os
meios iguais. x=5
x = constante proporcional
De um modo geral, uma proporção contínua pode ser re-
presentada por: Então, 4x = 4 . 5 = 20 e 6x = 6 . 5 = 30
Logo, a parte proporcional a 4 é o 20 e a parte proporcio-
= nal ao 6 é o 30.
As outras propriedades das proporções são:
Divisão em partes inversamente proporcionais.
Numa proporção, a soma dos dois primeiros termos está
para o 2º (ou 1º) termo, assim como a soma dos dois últimos Divida o número 60 em partes inversamente proporcio- 73
está para o 4º (ou 3º). nais a 2 e a 3.
Ex.: combustível para percorrer 240km, quantos litros são ne-
74 + = 60 cessários para percorrer 450km?
Primeiro, verifique se as grandezas envolvidas na ques-
+ = tão são direta ou inversamente proporcionais, e monte
uma estrutura para visualizar melhor a questão.
60 Distância Litro
5x = 60 · 6 240 20
5x = 360 450 x
MATEMÁTICA

Ao aumentar a distância, a quantidade de litros de com-


x=
bustível necessária para percorrer essa distância também
x = 72 vai aumentar, então, as grandezas são diretamente pro-
porcionais.
X = constante proporcional
=
Então, = = 36 e = = 24
Aplicando a propriedade fundamental das proporções:
Logo, a parte proporcional a 2 é o 36 e a parte propor- 240x = 9000
cional ao 3 é o 24.
Perceba que, na divisão diretamente proporcional, quem x= = 37,5 litros
tiver a maior parte ficará com o maior valor. Já na divisão in-
Regra de Três Composta
Ş
ŝ#-ŝŦ

versamente proporcional, quem tiver a maior parte ficará com


o menor valor. Aquela que envolve mais de duas grandezas.
Ex.: Dois pedreiros levam nove dias para construir um
Regra das Torneiras muro com 2m de altura. Trabalhando três pedreiros e au-
Sempre que uma questão envolver uma “situação” que mentando a altura para 4m, qual será o tempo necessário
pode ser feita de um jeito em determinado tempo (ou por uma para completar esse muro?
pessoa) e, em outro tempo, de outro jeito (ou por outra pes- Neste caso, deve-se comparar uma grandeza de cada vez
soa), e quiser saber em quanto tempo seria se fosse feito tudo com a variável.
ao mesmo tempo, usa-se a regra da torneira, que consiste na
aplicação da seguinte fórmula: Dias Pedreiros Altura
9 2 2
x 3 4
Note que, ao aumentar a quantidade de pedreiros, o número
Em que “t” é o tempo. de dias necessários para construir um muro diminui, então as
Quando houver mais de duas “situações”, é melhor usar grandezas pedreiros e dias são inversamente proporcionais.
a fórmula: No entanto, se aumentar a altura do muro, será necessário
mais dias para construí-lo. Dessa forma as grandezas muro
e dias são diretamente proporcionais. Para finalizar, basta
montar a proporção e resolver, lembrando que quando uma
grandeza for inversamente proporcional à variável sua fra-
ção será invertida.
Em que “n” é a quantidade de situações.
Uma torneira enche um tanque em 6h. Uma segunda = ·
torneira enche o mesmo tanque em 8h. Se as duas torneiras
forem abertas juntas quanto tempo vão levar para encher o =
mesmo tanque?
Ex.: Aplicando a propriedade fundamental das proporções:
6x = 72
X= = 12 dias
= = 3h 25min e 43s

Regra de Três 10. Porcentagem e Juros


Mecanismo prático e/ou método utilizado para resolver O presente capítulo trata de uma pequena parte da
questões que envolvem razão e proporção (grandezas). matemática financeira, e também do uso das porcentagens,
assuntos presentes no dia a dia de todos.
Regra de Três Simples
Aquela que só envolve duas grandezas. Porcentagem
Ex.: Durante uma viagem um carro consome 20 litros de É a aplicação da taxa percentual a determinado valor.
Taxa percentual: é o valor que vem acompanhado do sím- Juros Compostos
bolo %.
Para fins de cálculo, usa-se a taxa percentual em forma de Juros Compostos: os valores são somados ao capital no
fração ou em números decimais. final de cada período de aplicação, formando um novo capital,
Ex.: 3% = 3/100 = 0,03 para incidência dos juros novamente. É o famoso caso de juros
sobre juros.
15% = 15/100 = 0,15
Para o cálculo de juros compostos, usa-se a seguinte fór-
34% de 1200 = 34/100 . 1200 = 40800/100 = 408 mula:
65% de 140 = 0,65 . 140 = 91
M = C . (1 + i)t
Lucro e Prejuízo
Lucro e prejuízo são resultados de movimentações finan- Cujo:
ceiras. M = montante;
Custo (C): “Gasto”. C = capital;
Venda (V): “Ganho”. i = taxa de juros;
Lucro (L): Quando se ganha mais do que se gasta. t = tempo da aplicação.
Um investidor aplicou a quantia de R$ 10.000,00 à taxa
L=V-C de juros de 2% a.m. durante 4 meses. Qual o montante desse
investimento?
Prejuízo (P): Quando se gasta mais do que se ganha.
Aplicando a fórmula, já que a taxa e o tempo estão na
mesma unidade:
P=C-V
Ex.: M = C . (1 + i)t
M = 10.000 . (1 + 0,02)4
Ex.: Um computador foi comprado por R$ 3.000,00 e re-
vendido com lucro de 25% sobre a venda. Qual o preço M = 10.000 . (1,02)4
de venda? M = 10.000 . 1,08243216
Como o lucro foi na venda, então L = 0,25V:
L=V–C
M = 10.824,32
0,25V = V – 3.000
Capitalização
0,25V – V = -3.000 Capitalização: acúmulo de capitais (capital + juros).

Ş
ŝ#-ŝŦ
-0.75V = -3.000 (-1) Nos juros simples, calcula-se por: M = C + J.
0,75V = 3.000 Nos juros compostos, calcula-se por: J = M – C.
V = 3000 = 300000 = 4.000 Em algumas questões terão que ser calculados os
0,75 75 montantes do juro simples ou os juros do juro composto.
Logo, a venda se deu por R$ 4.000,00 reais.
Juros Simples 11. Sequências Numéricas
Juros: atributos (ganhos) de uma operação financeira. Neste capítulo, será possível verificar a formação de uma
Juros Simples: os valores são somados ao capital apenas sequência e também do que trata a P.A. (Progressão Aritmética)
no final da aplicação. Somente o capital rende juros. e a P.G. (Progressão Geométrica).
Para o cálculo de juros simples, usa-se a seguinte fórmula:
Conceitos
J=C.i.t Sequências: conjuntos de elementos organizados de acor-
do com certo padrão, ou seguindo determinada regra. O co-
MATEMÁTICA

Cujo:
J = juros; nhecimento das sequências é fundamental para a compreen-
C = capital; são das progressões.
i = taxa de juros; Progressões: as progressões são sequências numéricas
com algumas características exclusivas.
t = tempo da aplicação.
Cada elemento das sequências e/ou progressões são de-
Ex.: Um capital de R$ 2.500,00 foi aplicado a juros de 2% nominados termos.
ao trimestre durante um ano. Quais os juros produzidos? Sequência dos números quadrados perfeitos:
Em 1 ano há exatamente 4 trimestres, como a taxa está (1, 4, 9, 16, 25, 36, 49, 64, 81, 100...);
em trimestre, agora é só calcular: Sequência dos números primos: (2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23,
J=C.i.t 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53...).
J = 2.500 . 0,02 . 4 Veja que na sequência dos números quadrados perfeitos a 75
J = 200 lei que determina sua formação é: an = n2.
Lei de Formação de uma Sequência
76
Para determinarmos uma sequência numérica, precisamos
de uma lei de formação. A lei que define a sequência pode ser
a mais variada possível.
Ex.: A sequência definida pela lei an = n2 + 1, com “n” N,
cujo an é o termo que ocupa a n-ésima posição na sequên-
cia é: 0, 2, 5, 10, 17, 26... Por esse motivo, an é chamado de
termo geral da sequência.
MATEMÁTICA

= 11
Progressão Aritmética (P.A.) 2ª propriedade: a soma dos termos equidistantes aos ex-
Toda sequência na qual, a partir do segundo termo, a sub- tremos é igual à soma dos extremos.
tração de um termo por seu antecessor tem como resultado
um valor fixo, que chamaremos de razão e representaremos a1 + an = a2 + an - 1 = a3 + an - 2 = a1 + p + an - p
pela letra “r”, é chamada de progressão aritmética.
Ex.: (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, ...); r = 2 Ex.: P.A. (3, 7, 11, 15, 19, 23, 27, 31)
(5, 2, -1, -4, -7, -10, -13, ...); r = -3 a1 = 3; a2 = 7; a3 = 11; a4 = 15; a5 = 19; a6 = 23; a7 = 27;
Uma P.A. pode ser crescente, decrescente ou constante: a8 = 31
a1 + an = a2 + an - 1 = a3 + an - 2 = a1 + p + an - p
Crescente: é aquela que tem a razão positiva, r > 0; a1 + a8 = a2 + a7 = a3 + a6 = a4 + a5
Decrescente: é aquela que tem a razão negativa, r < 0;
Ş
ŝ#-ŝŦ

3 + 31 = 7 + 27 = 11 + 23 = 15 + 19
Constante: é aquela que tem a razão nula, r = 0. 34 = 34 = 34 = 34
Interpolação Aritmética
Termo Geral da P.A. Interpolar significa inserir termos, ou seja, interpolação
Sabendo-se o primeiro termo de uma P.A. e sua razão, po- aritmética é a colocação de termos entre os extremos de uma
P.A. Consiste basicamente em descobrir o valor da razão da
demos determinar qualquer termo que quisermos, bastando
P.A. e, com, isso inserir esses termos.
para isso fazer uso da fórmula do termo geral, que é:
Utiliza-se a fórmula do termo geral para a resolução das
questões, em que “n” será igual a “k + 2”, cujo “k” é a quantida-
an = a1 + (n - 1) . r de de termos que se quer interpolar.
Ex.: Insira 5 termos em uma P.A. que começa com 3 e
Sendo: termina com 15.
a1 = o primeiro termo da P.A.; Resolução:
an = o termo que se quer determinar; a1 = 3; an = 15; k = 5 e n = 5 + 2 = 7
n = o número do termo; an = a1 + (n − 1) · r
r = a razão da P.A. 15 = 3 + (7 − 1) · r
Ex.: Determine o 8º termo da P.A. (3, 7, 11, 15, ...) 15 = 3 + 6r
Resolução: 6r = 15 – 3
Sendo a1 = 3, e r = 4 (7 - 3 = 4), aplicando a fórmula do
6r = 12
termo geral, temos:
an = a1 + (n - 1) . r r=
a8 = 3 + (8 - 1) . 4 r=2
a8 = 3 + 7 . 4 Então, P.A (3, 5, 7, 9, 11, 13, 15)
a8 = 3 + 28
a8 = 31 Soma dos Termos de uma P.A.
Portanto, o 8º termo da P.A. é 31. Para somar os termos de uma P.A. basta utilizar a seguinte
fórmula.
Propriedades das P.A.
1ª propriedade: qualquer termo da P.A., a partir do segun-
do, é a média aritmética entre seu antecessor e seu sucessor.

Sendo:
a1 = o primeiro termo da P.A.;
Ex.: P.A. (3, 7, ?, 15, ...) an = o último termo da P.A.;
a1 = 3; a2 = 7; a3 = ?; a4 = 15 n = o total de termos da P.A.
Ex.: Calcule a soma dos temos da P.A. (1, 4, 7, 10, 13, 16,
19, 22, 25).
Resolução:
a1 = 1; an = 25; n = 9

Propriedades das P.G.


1ª propriedade: qualquer termo da P.G., a partir do segun-
do, é a média geométrica entre seu antecessor e seu sucessor.

2ª propriedade: o produto dos termos equidistantes aos ex-


Progressão Geométrica (P.G.) tremos é igual ao produto dos extremos.
Toda sequência na qual, a partir do segundo termo, a divi-
são de um termo por seu antecessor tem como resultado um a1 . an = a2 . an - 1 = a3 . an - 2 = a1 + k + an - k
valor fixo, que chamaremos de razão e representaremos pela
letra “q”, é chamada de progressão geométrica. Interpolação Geométrica
Observe que os conceitos de P.A. e P.G. são muito pareci-
Interpolar significa inserir termos, ou seja, interpolação
dos, mas não iguais. Enquanto a P.A. usamos a adição na P.G.
geométrica é a colocação de termos entre os extremos de
utilizamos a multiplicação.
uma P.G. Consiste basicamente em descobrir o valor da razão
Ex.: (2, 4, 8, 16, 32, 64, ...); q = 2
da P.G. e, com isso, inserir esses termos.
(5, -25, 125, -625, 3125, ...); q = -5
Utiliza-se a fórmula do termo geral para a re-
Uma P.G. pode ser crescente, decrescente, constante ou

Ş
ŝ#-ŝŦ
solução das questões, em que “n” será igual a
oscilante:
“p + 2”, cujo “p” é a quantidade de termos que se quer in-
Crescente (3, 9, 27, 81, 243, ...)
terpolar.
Decrescente (1296, 216, 36, 6, 1, ...) Ex.: Insira 4 termos em uma P.G que começa com 2 e ter-
Constante (7, 7, 7, 7, ...) mina com 2048.
Oscilante (3, -12, 48, -192, ...) Resolução:
a1 = 2; an = 2048; p = 4 e n = 4 + 2 = 6
Termo Geral da P.G.
Sabendo o primeiro termo de uma P.G. e sua razão, po-
demos determinar qualquer termo que quisermos, bastando
para isso fazer uso da fórmula do termo geral:

an = a1 . q(n - 1)
MATEMÁTICA

Sendo:
a1 = o primeiro termo da P.G.;
an = o termo que se quer determinar;
n = o número do termo;
P.G. (2, 8, 32, 128, 512, 2048).
q = a razão da P.G.
Ex.: Determine o 5º termo da P.G. (3, 15, 75, ...) Soma dos Termos de uma P.G.
Resolução: Aqui temos duas situações: P.G. finita e infinita. Devemos
Sendo a1 = 3, e q = 5 (15/3 = 5), aplicando a fórmula do ficar atentos, pois para cada tipo de P.G.temos uma fórmula 77
termo geral, temos: correspondente.
78
P.G. finita:
12. Matrizes, Determinantes e
Sistemas Lineares
Matrizes
P.G. infinita:
Matriz: é uma tabela que serve para organizar dados nu-
méricos em linhas e colunas.
MATEMÁTICA

Nas matrizes, cada número é chamado de elemento da


matriz, as filas horizontais são chamadas linhas e as filas verti-
P.G. infinita é aquela que tem a razão: -1 < q < 1. cais são chamadas colunas.
Sendo: Ex.:
a1 = o primeiro termo da P.G.; Linha
1 7
an = o último termo da P.G.;
13 -1 18
q = a razão da P.G.
Ex.: Calcule a soma da P.G.: Coluna

Resolução: No exemplo, a matriz apresenta 2 linhas e 3 colunas. Dize-


mos que essa matriz é do tipo 2x3 (2 linhas e 3 colunas). Lê-se
Ş
ŝ#-ŝŦ

Como q = -1/3, ou seja, -1 < q < 1, então:


dois por três.
e =1
Representação de uma Matriz
;e =1 Uma matriz pode ser representada por parênteses
( ) ou colchetes [ ], com seus dados numéricos inseridos
dentro desses símbolos matemáticos. Cada um desses dados,
ocupam uma posição definida por uma linha e coluna.
A nomenclatura da matriz se dá por uma letra maiúscula.
De modo geral, uma matriz A de m linhas e n colunas (m x n)
pode ser representada da seguinte forma:
... 1n
A= ...
2n
com m, n e N*
... 3n
...........................................
m1 m2 m3 mn mxn

Produto dos Termos de uma P.G. Abreviadamente:


Para o cálculo do produto dos termos de uma P.G., basta
usar a seguinte fórmula: A mxn = mxn

Com:
“i” {1, 2, 3, ..., m} e “j” {1, 2, 3, ..., n}
Ex.: Qual o produto dos termos da P.G. (5, 10, 20, 40, 80, No qual, “aij” é o elemento da “i” linha com a “j” coluna.
160).
Resolução: B3 x 2 = matriz de ordem 3x2
a1 =5; an = 160; n = 6

C2 x 2 = matriz quadrada de ordem 2x2,


ou somente 2

Lei de Formação de uma Matriz


As matrizes possuem uma lei de formação que define seus
elementos a partir da posição (linha e coluna) de cada um de-
les na matriz, e podemos assim representar:
D = (dij)3x3 em que dij = 2i - j
D= A3 x 3 =

=
Matriz Triangular
Aquela cujos elementos de um dos triângulos formados
Logo:
pela diagonal principal são zeros.
D=
A3 x 3 =

Tipos de Matrizes
Existem alguns tipos de matrizes mais comuns e usados
Matriz Transposta (At)
nas questões de concursos: É aquela em que ocorre a troca ordenada das linhas por
colunas.
Matriz Linha
É aquela que possui somente uma linha. A= mxn= At = nxm
A1 x 3 =
A2 x 3 = → At3 x 2 =
Matriz Coluna
É aquela que possui somente uma coluna. Perceba que a linha 1 de A corresponde à coluna 1 de At e a
coluna 2 de A corresponde à coluna 2 de At.
B3 x 1 =
Matriz Oposta
É toda matriz obtida trocando o sinal de cada um dos ele-
Matriz Nula mentos de uma matriz dada.
É aquela que possui todos os elementos nulos, ou zero.
A2 x 2 = → -A2 x 2 =
C2 x 3 =
Matriz simétrica: é toda a matriz quadrada que a
Matriz Quadrada

Ş
ŝ#-ŝŦ
At = A:
É aquela que possui o número de linhas igual ao número
de colunas. 1 3
A
3 2
D3 x 3 = A=At
11 3
At
33 2
Características das Matrizes Quadradas:
Possuem diagonal principal e secundária.
Operações com Matrizes
A3 x 3 = diagonal principal Vamos ver agora as principais operações com as matrizes;
fique atento para a multiplicação de duas matrizes.

Igualdade de Matrizes
MATEMÁTICA

A3 x 3 = diagonal secundária
Duas matrizes são iguais quando possuem o mesmo nú-
mero de linhas e colunas (mesma ordem), e os elementos cor-
Matriz Identidade
respondentes são iguais.
É toda a matriz quadrada que os elementos da diagonal
principal são iguais a um e os demais são zeros: X = Y o X2 x 2 = e Y2 x 2 =
A3 x 3 =
Soma de Matrizes
Matriz Diagonal Só é possível somar matrizes de mesma ordem. Para fazer
É toda a matriz quadrada que os elementos da diagonal o cálculo, basta somar os elementos correspondentes. 79
principal são diferentes de zero e os de mais são zeros: Ex.: S = X + Y (S = matriz soma de X e Y)
X2 x 3 = e Y2 x 3 = =
80

S= =

S2 x 3 =

Produto de uma Constante por →


MATEMÁTICA

uma Matriz
Basta multiplicar a constante por todos os elementos da
matriz. Resolvendo o sistema I:
Ex.: P = 2Y
Y2 x 2 =

P= (somando as equações)
Ş
ŝ#-ŝŦ

P2 x 2 =

Para multiplicar matrizes, devemos “multiplicar linhas por Substituindo-se “a” em uma das duas equações, temos:
colunas”, ou seja, multiplica o 1º número da linha pelo 1º núme-
ro da coluna, o 2º número da linha pelo 2º número da coluna
e assim sucessivamente para todos os elementos das linhas e
colunas.
Esse procedimento de cálculo só poderá ser feito se o
número de colunas da 1ª matriz for igual ao número de linhas
da 2ª matriz.
(Amxn) . (Bnxp) = Cmxp
.
Ex.: M = A2 x 3 B3 x 2 Resolvendo o sistema II:
A2 x 3 = e B3 x 2 =

M2 x 2 =
(somando as equações)
M2 x 2 =

M2 x 2 =

Substituindo-se “d” em uma das duas equações, temos:


M2 x 2 =

Matriz Inversa (A-1)


Se existe uma matriz B, quadrada de ordem n, tal que A . B
= B . A = In, dizemos que a matriz B é a inversa de A. Costuma-
mos indicar a matriz inversa por A-1. Assim B=A-1.
Logo: A . A-1 = A-1 . A = In
Para melhor compreender essa definição, observe o exemplo:
a = 1/7; b = 2/7; c = -3/7; d = 1/7
Ex.: A . A-1 = In
Logo:
A2 x 2 = e A-12 x 2 =
A-12 x 2 =
Logo:
Determinantes Det A = (281) – (251)
Determinante é um número real associado à matriz. Det A = 30
Só há determinante de matriz quadrada. Cada matriz apre- Se estivermos diante de uma matriz triangular ou matriz
senta um único determinante. diagonal, o seu determinante será calculado, pelo produto dos
Cálculo dos Determinantes elementos da diagonal principal, somente.
Determinante de uma Matriz de Ordem 1 ou de 1ª Matriz triangular
ordem:
Se a matriz é de 1ª ordem, significa que ela tem apenas A3 x 3 =
uma linha e uma coluna, portanto, só um elemento, que é o
próprio determinante da matriz.
Ex.: A1 x 1 = [13]
Det A = 13 A3 x 3 =
B1 x 1 = [ -7 ]
Det B = -7
Det A = (2 . 5 . 6 + 4 . 8 . 0 + 7 . 0 . 0) - (7 . 5 . 0 + 2 . 8 . 0
Determinante de uma Matriz de Ordem 2 ou de + 4 . 0 . 6)
2ª ordem:
Será calculado pela subtração do produto dos elementos Det A = (60 + 0 + 0) - (0 + 0 + 0)
da diagonal principal pelo produto dos elementos da diagonal Det A = 60 (produto da diagonal principal = 2 x 5 x 6)
secundária.
Matriz diagonal
Ex.: A2 x 2 =
Det A = (2 . 7) - (4 . 3) B3 x 3 =
Det A = (14) - (12)
Det A = 2
B2 x 2 =
B3 x 3 =
Ex.: Det B = (6 . 9) - (-1 . 8)
Det B = (54) - (-8) Det B = (2 . 5 . 6 + 0 . 0 . 0 + 0 . 0 . 0) - (0 . 5 . 0 + 2 . 0 .
Det B = 54 + 8

Ş
ŝ#-ŝŦ
Det B = 62 0 + 0 . 0 . 6)

Determinante de uma Matriz de Ordem 3 ou de Det B = (60 + 0 + 0) – (0 + 0 + 0)


3ª ordem: Det B = 60 (produto da diagonal principal = 2 . 5 . 6)
Será calculado pela Regra de Sarrus, que consiste em:
1º passo: repetir as duas primeiras colunas ao lado da matriz. Determinante de uma Matriz de Ordem
2º passo: multiplicar os elementos da diagonal principal superior a 3:
e das outras duas diagonais que seguem a mesma direção, e Será calculado pela Regra de Chió ou Teorema de Laplace.
somá-los.
3º passo: multiplicar os elementos da diagonal secundária Regra de Chió:
e das outras duas diagonais que seguem a mesma direção, e
somá-los. Escolha um elemento aij = 1.
MATEMÁTICA

4º passo: o valor do determinante será dado pela sub- Retirando a linha (i) e a coluna (j) do elemento aij = 1,
tração do resultado do 2º com o 3º passo. obtenha o menor complementar (Dij) do referido elemento –
A3 x 3 = uma nova matriz com uma ordem a menos.
Subtraia de cada elemento dessa nova matriz menor
complementar (Dij) o produto dos elementos que perten-
A3 x 3 = ciam a sua linha e coluna e que foram retirados, formado
outra matriz.
Ex.: Det A = (2 . 5 . 6 + 4 . 8 . 1 + 7 . 3 . 9) - (7 . 5 . 1 + 2 . 8 Ex.: Calcule o determinante dessa última matriz e multi-
. 9 + 4 . 3 . 6)
Ex.: Det A = (60 + 32 + 189) – (35 + 144 + 72) plique por (-1)i + j, sendo que i e j pertencem ao elemento 81
aij = 1.
A3 x 3 = (I) A2 x 2 =
82

Det. A = 2 · 4 - 3 · 1
Det. A3 x 3 = = (II)
Det. A = 8 - 3

Det. A = 5
Det. A3 x 3 = = (III)
MATEMÁTICA

At 2 x 2 =
Det. A3 x 3 = (-1)3 + 1 (IV)
Det. At = 2 x 4 - 1 · 3
Det. A3 x 3 = (1) (140 – 110)
Det. At = 8 - 3
Det. A = 30
Det. At = 5
O Teorema de Laplace: Determinante de uma Matriz com Fila Nula
Primeiramente, precisamos saber o que é um co-
Ş
ŝ#-ŝŦ

Se uma das filas (linha ou coluna) da matriz A for toda


fator. O cofator de um elemento aij de uma matriz é: nula, então: Det. A = 0
Aij = (-1)i + j . Dij.
Ex.: A2 x 2 =
Agora, vamos ao teorema: Det. A = 2 . 0 – 3 . 0
Escolha uma linha ou coluna qualquer do determinante: Det. A = 0 - 0
Det. A = 0
A3 x 3 =
Determinante de uma Matriz cuja Fila foi Multi-
plicada por uma Constante
Calcule o cofator de cada elemento dessa fila: Se multiplicarmos uma fila (linha ou coluna) qualquer da
a11 = A11 = (-1) 1+1 · = (1) · (-42) matriz A por um número k, o determinante da nova matriz será
k vezes o determinante de A.
Det. A‘ (k vezes uma fila de A) = k . Det. A
a21 = A21 = (-1) 2+1 · = (-1) · (-39) Ex.: A2 x 2 =
Det. A = 2 . 2 - 1 . 3
a31 = A31 = (-1) 3+1 · = (1) · (-3) Det. A = 4 - 3
Det. A = 1
Multiplique cada elemento da fila selecionada pelo seu res- A‘2 x 2 = (k = 2)
pectivo cofator. O determinante da matriz será a soma desses Det. A‘ = 4 . 2 - 2 . 3
produtos.
Det. A‘ = 8 - 6
Det. A3 x 3 = a11 . A11 + a21 . A21 + a31 . A31
Det. A‘ = 2
Det. A3 x 3 = 2 . (-42) + 3 . 39 + 1 . (-3)
Det. A‘ = k . Det. A
Det. A3 x 3 = (-84) + 117 + (-3)
Det. A3 x 3 = 117 - 87 Det. A’ = 2 . 1
Det A = 30 Det. A’ = 2

Propriedade dos Determinantes Determinante de uma Matriz Multiplicada por


As propriedades dos determinantes servem para facilitar o uma Constante
cálculo do determinante, uma vez que, com elas, diminuímos Se multiplicarmos toda uma matriz A de ordem “n” por um
nosso trabalho nas resoluções das questões de concursos. número k, o determinante da nova matriz será o produto (multi-
plicação) de kn pelo determinante de A.
Determinante de Matriz Transposta Det (k . A) = kn . Det. A
Ex.:
Se A é uma matriz de ordem “n” e At sua transposta, então: A2 x 2 =
Det. At = Det. A Det. A = 2 . 3 - = 1 . 4
Det. A = 6 - 4
Det. A = 2 Ex.: A2 x 2 =
Det. A = 1 . 3 - 2 . 2
3 · A2 x 2 =
Det. A = 3 - 4
Det. 3A = 6 . 9 - 3 . 12
Det. A = -1
Det. 3A = 54 - 36
B2 x 2 =
Det. 3A = 18
Det (k . A) = kn . Det. A Det. B = 2 . 4 - 5 . 3
Det (3 . A) = 32 . 2 Det. B = 8 - 15
Det (3 . A) = 9 . 2
Det (3 . A) = 18 Det. B = -7
A · B2 x 2 =
Determinante de uma Matriz com
Filas Paralelas Iguais Det. (A . B) = 8 . 22 - 13 . 13
Se uma matriz A de ordem n t 2 tem duas filas paralelas Det. (A . B) = 176 - 169
com os elementos respectivamente iguais, então: Det. A = 0
Det. (A . B) = 7
Ex.: A2 x 2 =
Det. (A . B) = Det. A . Det. B
Det. A = 2 . 3 - 3 . 2
Det. (A . B) = (-1) . (-7)
Det. A = 6 - 6
Det. A = 0 Det. (A . B) = 7
Determinante de uma Matriz com Filas Paralelas Determinante de uma Matriz Triangular
Proporcionais
O determinante é igual ao produto dos elementos da di-
Se uma matriz A de ordem n t 2 tem duas filas paralelas agonal principal.
com os elementos respectivamente proporcionais, então: Det.
A = 0. Determinante de uma Matriz Inversa
Ex.: A2 x 2 = Seja B a matriz inversa de A, então, a relação entre os de-
terminantes de B e A é dado por:
Det. A = 3 . 8 - 6 . 4
Det. A = 24 - 24

Ş
ŝ#-ŝŦ
Det. A = 0
Determinante de uma Matriz com Troca de Filas
Paralelas
Se em uma matriz A de ordem n t 2 trocarmos de posição Ex.: A2 x 2 =
duas filas paralelas, obteremos uma nova matriz B, tal que:
Det. A = 1 . 1 - (-2 . 3)
Det. A = - Det. B
Ex.: Det. A = 1 + 6
Ex.: A2 x 2 =
Det. A = 7
Det. A = 5 . 3 - 2 . 4 B = A-12 x 2 =
Det. A = 15 - 8
Det. A = 7 Det. B = (1/7 . 1/7) - (2/7 . -3/7)
B2 x 2 = Det. B = 1/49 + 6/49
MATEMÁTICA

Det. B = 4 . 2 - 5 . 3 Det. B = 7/49


Det. B = 8 - 15 Det. B = 1/7
Det. B = -7
Det. A = - Det. B
Det. A = - (-7)
Det. A = 7

Determinante do Produto de Matrizes


Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então: 83
Det. (A . B) = Det. A . Det. B
Sistemas Lineares O valor de y é dado por:
84 y=
Equações Lineares: é toda equação do 1º grau com uma ou
mais incógnitas.
O valor de z é dado por:
Sistemas Lineares: é o conjunto de equações lineares.
Ex.: Equação: 2x + 3y = 7
z=

Sistema: Se o determinante da matriz incompleta for diferente de


zero (Det. In. z 0), teremos sempre um sistema possível e de-
MATEMÁTICA

Equação: x + 2y + z = 8 terminado;
Se o determinante da matriz incompleta for igual a zero
(Det. In. = 0), temos duas situações:
Sistema: 1ª: Se os determinantes de todas as matrizes das variáveis
também forem iguais a zero (Det. X = 0 e Det. Y = 0 e Det. Z =
0), teremos um sistema possível e indeterminado;
Representação de um Sistema 2ª: Se o determinante de, pelo menos, uma das matrizes das
Linear em Forma de Matriz variáveis for diferente de zero (Det. . z 0 ou Det. Y z 0 ou Det. Z
z 0), teremos um sistema impossível.
Todo sistema linear pode ser escrito na forma de uma ma-
triz. DETERMINADO
Ş
ŝ#-ŝŦ

Esse conteúdo será importante mais adiante para a reso- (SPD)


lução dos sistemas.
POSSÍVEL
INDETERMINADO
SISTEMAS (SPI)
LINEARES
Forma de Matriz: IMPOSSÍVEL
(SI)
· =

termos independentes
Ex.: SPD: sistema possível e determinado (quando Det.
Matriz Incompleta: In. z 0).
SPI: sistema possível e indeterminado (quando Det. In. = 0,
e Det. . = 0 e Det. Y = 0 e Det. Z = 0).
SI: sistema impossível (quando Det. In. = 0, e Det. . z 0 ou
Matriz de x Det. Y z 0 ou Det. Z z 0).
Ex.:
Substituem-se os coeficientes de x pelos termos indepen-
dentes.
Matriz de Y Matriz incompleta: det. In. = -9

Substituem-se os coeficientes de y pelos termos indepen-


dentes.
Matriz de X: det. X = -27
Resolução de um Sistema Linear
Resolvem-se os sistemas pelo método dos determinan-
tes, também conhecido como Regra de Cramer. Matriz de Y: det. Y = -18
A regra consiste em: o valor das variáveis será calculado
dividindo-se o determinante da matriz da variável pelo de-
terminante da matriz incompleta, do sistema.
Então: Matriz de Z: det. Z = -9
O valor de x é dado por:
x=
Valor de x é: x = =3
mínio. Podemos ter elementos do contradomínio que não são
Valor de y é: y = =2 relacionados com algum elemento do Domínio e outros que são.
Por isso, deve-se levar em consideração esta subdivisão.
Valor de z é: z = =1 Este subconjunto é chamado de conjunto imagem, e é
composto por todos os elementos em que as flechas de rela-
cionamento chegam.
Solução: x= 3, y = 2 e z = 1
O conjunto Imagem é representado por “Im”, e cada ponto
13. Funções, Função Afim e Função que a flecha chega é chamado de imagem.
Plano Cartesiano
Quadrática Criado por René Descartes, o plano cartesiano consiste
Neste capítulo será abordado um assunto de grande im- em dois eixos perpendiculares, sendo o horizontal chamado
portância para a matemática: as funções. de eixo das abscissas e o vertical de eixo das ordenadas. O
plano cartesiano foi desenvolvido por Descartes no intuito de
Definições, Domínio, localizar pontos num determinado espaço.
Contradomínio e Imagem As disposições dos eixos no plano formam quatro
A função é uma relação estabelecida entre dois conjuntos quadrantes, mostrados na figura a seguir:
y
A e B, em que exista uma associação entre cada elemento de A
com um único de B por meio de uma lei de formação.
Matematicamente, podemos dizer que função é uma re-
lação de dois valores, por exemplo: ƒ(x) = y, sendo que x e y 2º Quadrante 1º Quadrante
são valores, nos quais x é o domínio da função (a função está
dependendo dele) e y é um valor que depende do valor de x,
sendo a imagem da função.
As funções possuem um conjunto chamado domínio e ou- 0 x
tro chamado de imagem da função, além do contradomínio.
No plano cartesiano, que o eixo x representa o domínio da fun-
ção, enquanto no eixo y apresentam-se os valores obtidos em 3º Quadrante 4º Quadrante
função de x, constituindo a imagem da função (o eixo y seria o
contradomínio da função).
Demonstração:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Com os conjuntos A = {1, 4, 7} e B = {1, 4, 6,
7, 8, 9, 12} cria-se a função f: A ї B definida por O encontro dos eixos é chamado de origem. Cada ponto
ƒ(x) = x + 5, que também pode ser representada por do plano cartesiano é formado por um par ordenado (x, y), em
y = x + 5. A representação, utilizando conjuntos, desta função é: que x: abscissa e y: ordenada.
A B
1
1 Raízes
4 Em matemática, uma raiz ou “zero” da função consiste em
6
determinar os pontos de interseção da função com o eixo das
4 9 8 abscissas no plano cartesiano. A função ƒ é um elemento no
12 domínio de ƒ tal que ƒ(x) = 0.
7 7 Ex.: Considere a função:
ƒ(x) = x2 - 6x + 9
O conjunto A é o conjunto de saída e o B é o conjunto de 3 é uma raiz de ƒ, porque:
MATEMÁTICA

chegada. ƒ(3) = 32 - 6 . 3 + 9 = 0
Domínio é um sinônimo para conjunto de saída, ou seja,
para esta função o domínio é o próprio conjunto A = {1, 4, 7}. Funções Injetoras,
Como, em uma função, o conjunto de saída (domínio) deve
ter todos os seus elementos relacionados, não precisa ter sub- Sobrejetoras e Bijetoras
divisões para o domínio.
Função Injetora
O domínio de uma função também é chamado de campo
de definição ou campo de existência da função, e é represen- É toda a função em que cada x encontra um único y, ou
tado pela letra “D”. seja, os elementos distintos têm imagens distintas.
O conjunto de chegada “B”, também possui um sinônimo, Função Sobrejetora
é chamado de contradomínio, representado por “CD”. 85
Toda a função em que o conjunto imagem é exatamente
Note que se pode fazer uma subdivisão dentro do contrado-
igual ao contradomínio (y).
Função Bijetora Gráfico
86 Toda a função que for Injetora e Sobrejetora ao mesmo O gráfico de uma função polinomial do 1º grau,
tempo. y = ax + b, com a z 0, é uma reta oblíqua aos eixos x e y.
y
Funções Crescentes,
Decrescentes e Constantes
Função Crescente
MATEMÁTICA

x
À medida que x “aumenta”, as imagens vão “aumentando”.
Com x1 > x2 a função é crescente para ƒ(x1) > ƒ(x2), isto é, -1
aumentando valor de x, aumenta o valor de y.
Função Decrescente
À medida que x “aumenta”, as imagens vão “diminuindo”
(decrescendo).
Zero e Equação do 1º Grau
Com x1 > x2 a função é crescente para ƒ(x1) < ƒ(x2), isto é, Chama-se zero ou raiz da função polinomial do 1º grau ƒ(x)
aumentando x, diminui o valor de y. = ax + b, a z 0, o número real x tal que f(x) = 0.
Assim: f(x) = 0 Ÿax + b = 0 Ÿ
Função Constante
Crescimento e Decrescimento
Ş
ŝ#-ŝŦ

Em uma função constante qualquer que seja o elemento do


domínio, eles sempre terão a mesma imagem, ao variar x encon- A função do 1º grau ƒ(x) = ax + b é crescente quando o
tra-se sempre o mesmo valor y. coeficiente de x é positivo (a > 0).
Funções Inversas e Compostas A função do 1º grau ƒ(x) = ax + b é decrescente quando o
coeficiente de x é negativo (a < 0).
Função Inversa
Sinal
Dada uma função ƒ: A o B, se f é bijetora, se define a
função inversa f-1 como sendo a função de B em A, tal que ƒ-1 Estudar o sinal de qualquer y = ƒ(x) é determinar os valor de
(y) = x. x para os quais y é positivo, os valores de x para os quais y é zero
e os valores de x para os quais y é negativo.
Ex.: Determine a inversa da função definida por:
y = 2x + 3 Considere uma função afim y = ƒ(x) = ax + b, essa função
Trocando as variáveis x e y: se anula para a raiz .
x = 2y + 3 Há então, dois casos possíveis:
Colocando y em função de x: a > 0 (a função é crescente)
2y = x - 3 y>0 ax + b > 0
y= , que define a função inversa da função dada. Y<0 ax + b < 0
Logo, y é positivo para valores de x maiores que a raiz; y é
Função Composta negativo para valores de x menores que a raiz.
Chama-se função composta (ou função de função) a fun- y
ção obtida substituindo-se a variável independente x por uma
função.
Simbolicamente fica:
ƒog(x) = ƒ(g(x)) ou goƒ(x)= g(ƒ(x)) -b -b x>0
x<
Ex.: Dadas as funções ƒ(x) = 2x + 3 e g(x) = 5x, determine a a
goƒ(x) e ƒog(x).
x<0 0 -b x
goƒ(x) = g[ƒ(x)] = g(2x + 3) = 5(2x + 3) = 10x + 15 x>
a
ƒog(x) = ƒ[g(x)] = ƒ(5x) = 2(5x) + 3 = 10x + 3

Função Afim
Chama-se função polinomial do 1º grau, ou fun- a < 0 (a função é decrescente)
ção afim, a qualquer função ƒ dada por uma lei da forma y>0 ax + b > 0
ƒ(x) = ax + b, cujo a e b são números reais dados e a z 0.
Na função ƒ(x) = ax + b, o número a é chamado de coefi- y>0 ax + b > 0
ciente de x e o número b é chamado termo constante.
Portanto, y é positivo para valores de x menores que a raiz; x = 20 - y.
y é negativo para valores de x maiores que a raiz. x = 20 - y
y
x = 20 - 12
x=8
-b -b Portanto, a solução do sistema é S = (8, 12)
y 0 x>
a a
Método da adição:
0 x Este método consiste em adicionar as duas equações de
-b
x< y 0 tal forma que a soma de uma das incógnitas seja zero. Para
a
que isso aconteça, será preciso que multipliquemos algumas
vezes as duas equações ou apenas uma equação por números
Equações e Inequações do 1º Grau inteiros para que a soma de uma das incógnitas seja zero.
Dado o sistema:
Equação
Uma equação do 1º grau na incógnita x é qualquer ex-
pressão do 1º grau que pode ser escrita numa das seguintes Para adicionarmos as duas equações e a soma de uma das
formas: incógnitas de zero, teremos que multiplicar a primeira equa-
ção por - 3.
ax + b = 0 (-3)
Para resolver uma equação, basta achar o valor de “x”.
Agora, o sistema fica assim:
Sistema de Equação
Um sistema de equação de 1º grau com duas incógnitas é
formado por: duas equações de 1º grau com duas incógnitas Adicionando as duas equações:
diferentes em cada equação.
- 3x - 3y = - 60
Ex.:
+ 3x + 4y = 72
y = 12
Para descobrir o valor de x, basta escolher uma das duas
equações e substituir o valor de y encontrado:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Para encontramos o par ordenado solução desse sistema, é x + y = 20
preciso utilizar dois métodos para a sua solução. Esses dois mé- x + 12 = 20
todos são: Substituição e Adição. x = 20 - 12
Método da substituição: x=8
Portanto, a solução desse sistema é: S = (8, 12)
Esse método consiste em escolher uma das duas equa-
ções, isolar uma das incógnitas e substituir na outra equação. Inequação
Dado o sistema enumeramos as equa- Uma inequação do 1º grau na incógnita x é qualquer ex-
pressão do 1º grau que pode ser escrita numa das seguintes
ções. formas:
ax + b > 0;
1
ax + b < 0;
2 ax + b t 0;
MATEMÁTICA

Escolhemos a equação 1 e isolamos o x: ax + b d 0.


x + y = 20 Cujo a, b são números reais com a z 0.
x = 20 - y Ex.: -2x + 7 > 0
Equação 2 substituímos o valor de x = 20 - y. x - 10 d 0
3x + 4 y = 72
2x + 5 d 0
3 (20 - y) + 4y = 72
60 - 3y + 4y = 72 12 - x < 0
- 3y + 4y = 72 - 60
Resolvendo uma Inequação de 1º Grau
y = 12
Uma maneira simples de resolver uma equação do 1º grau
Para descobrir o valor de x, basta substituir y por 12 na 87
é isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade.
equação:
Observe dois exemplos:
Ex.: Resolva a inequação -2x + 7 > 0: y
88 -2x > -7 . (-1)
8
2x < 7
x < 7/2
(-3, 6) 6 (2, 6)
Logo, a solução da inequação é x < 7/2.
MATEMÁTICA

Resolva a inequação 2x - 6 < 0.


4
2x < 6
x < 6/2 (-2, 2)
2 (1, 2)
x<3
Portanto, a solução da inequação é x < 3. 0

Pode-se resolver qualquer inequação do 1º grau por meio (1 , 0) (0, 0)


(
do estudo do sinal de uma função do 1º grau, com o seguinte
procedimento:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ao construir o gráfico de uma função quadrática


Iguala-se a expressão ax + b a zero; y = ax2 + bx + c, note sempre que:
Localiza-se a raiz no eixo x; Se a > 0, a parábola tem a concavidade voltada para cima;
Se a < 0, a parábola tem a concavidade voltada para baixo.
Estuda-se o sinal conforme o caso.
Ex.: -2x + 7 > 0 Zero e Equação do 2º Grau
Chama-se zeros ou raízes da função polinomial do 2º grau
-2x + 7 = 0
ƒ(x) = ax2 + bx + c, a z 0 os números reais x tais que ƒ(x) = 0.
x = 7/2 As raízes da função ƒ(x) = ax2 + bx + c são as soluções da
equação do 2º grau ax2 + bx + c = 0, as quais são dadas pela
chamada fórmula de Bhaskara:
7/2
x
x < 7/2 x=

Ex.: 2x - 6 < 0
2x - 6 = 0 Temos:

x=3 ƒ(x) = 0 x=
A quantidade de raízes reais de uma função qua-
drática depende do valor obtido para o radicando
x<3 ' = b2 - 4 . a . c , chamado discriminante, a saber:
3
x Quando ' é positivo, há duas raízes reais e distintas;
Quando ' é zero, há só uma raiz real (para ser mais pre-
ciso, há duas raízes iguais);
Quando ' é negativo, não há raiz real.

Função Quadrática Coordenadas do Vértice da Parábola


Chama-se função quadrática, ou função polinomial do 2º Quando a > 0, a parábola tem concavidade voltada para
cima e um ponto de mínimo V; quando a < 0, a parábola tem
grau, qualquer função ƒ de IR em IR dada por uma lei da forma
concavidade voltada para baixo e um ponto de máximo V.
ƒ(x) = ax2 + bx + c, em que a, b e c são números reais e a z 0. Em qualquer caso, as coordenadas de V são:
Gráfico (xv, yv) = .
O gráfico de uma função polinomial do 2º grau, y = ax2 +
Veja os gráficos:
bx + c, com a z 0, é uma curva chamada parábola.
Conforme o sinal do discriminante ' = b2 - 4ac podemos
y
a ocorrer os seguintes casos:
'>0
Nesse caso, a função quadrática admite dois zeros reais

0 x distintos (x1 z x2). A parábola intercepta o eixo x em dois pon-

V tos e o sinal da função é o indicado nos gráficos abaixo:


y y
V a

0 x

y>0 y>0
0 x1 x
y<0 x2
Imagem
O conjunto-imagem “Im” da função y = ax2 + bx + c, a z 0,
é o conjunto dos valores que y pode assumir. Há duas possi- Quando a > 0
bilidades:
Quando a > 0 y>0 (x < x1 ou x > x2); y < 0 x1 < x < x2)
Im = y
a>0
y x1 y>0 X2
0 x
y<0 y<0

Ş
ŝ#-ŝŦ
yv v

0 xv x

Quando a < 0, Quando a < 0


Im = y>0 x1 < x < x2; y < 0 (x < x1 ou x > x2)

a<0 '=0
y x y
0 xv
MATEMÁTICA

yv
v

y>0 y>0

0 x1 = x2 x
Sinal
Considerando uma função quadrática y = ƒ(x) = ax2 + bx + Quando a > 0
c e determinando os valores de x para os quais y é negativo e 89
os valores de x para os quais y é positivo.
X1 = X2
ax2 + bx + c t 0;
90
0 ax2 + bx + c d 0.
Para resolver uma inequação do 2º grau deve-se estudar o
y<0 y<0 sinal da função correspondente à equação.
Igualar a sentença do 2º grau a zero;
Localizar as raízes da equação no eixo x, se existir;
Estudar o sinal da função correspondente, tendo-se
MATEMÁTICA

como possibilidades:
a>0

Quando a < 0 + +
x
0 x1 - x2

'<0
y
+ +

x1 = x2 x
Ş
ŝ#-ŝŦ

y>0
0 + +
x
Quando a > 0 a<0
+
- -
y x1 x2 x
x
0
y<0
- x1 = x 2 - x

- -

Quando a < 0
Ex.: Resolva a inequação -x2 + 4 t 0.
-x2 + 4 = 0
x2 - 4 = 0
Equações e Inequações do 2º Grau x1 = 2 e x2 = -2
Equação
Uma equação do 2º grau na incógnita x é uma expressão
do 2º grau que pode ser escrita numa das seguintes formas: -2 + 2
- x - x
ax2 + bx + c = 0

Para resolver uma equação basta achar os valores de “x”.


Inequação Produto
Inequação
Resolver uma inequação produto consiste em encontrar
Uma inequação do 2º grau na incógnita x é uma expressão os valores de x que satisfaçam a condição estabelecida pela
do 2º grau que pode ser escrita numa das seguintes formas: inequação. Para isso, utilizamos o estudo do sinal de uma
ax2 + bx + c > 0; função. Observe a resolução da seguinte equação produto:
ax2 + bx + c < 0; (2x + 6) . (-3x + 12) > 0.
Estabeleça as seguintes funções: y1 = 2x + 6 e y2= - 3x + 12 2x = 1
Determinando a raiz da função (y = 0) e a posição da reta x = 1/2
(a > 0 crescente e a < 0 decrescente).
y1 = 2x + 6 1/2 +
2x + 6 = 0 - x
2x = - 6
x = -3 -
1
-1 2
y -
-3 + 1 + +
- x y - -
2 +
y y -
+ +

-
1 2
y2 = -3x + 12
Com base no jogo de sinal, conclui-se que x as-
-3x + 12 = 0 sume os seguintes valores na inequação quociente:
-3x = -12 x ˒ R / -1 d x < 1/2.
x=4
14. Função Exponencial e Função
+ 4
- x
Logarítmica
Equação e Função Exponencial
Verificando o sinal da inequação produto Chama-se de equação exponencial toda equação na qual a
(2x + 6) . (-3x + 12) > 0. Observe que a inequação produto exi- incógnita aparece em expoente.
ge a seguinte condição: os possíveis valores devem ser maio- Para resolver equações exponenciais, devem-se realizar
res que zero, isto é, positivos. dois passos importantes:
-3 4
Redução dos dois membros da equação a potências
y - + + de mesma base;
1

y + + - Aplicação da propriedade:
2
- -
y.y + am = an Ÿ m = n (a z 1 e a >)

Ş
ŝ#-ŝŦ
1 2

Por meio do esquema que demonstra os sinais da ine-


quação produto y1 . y2, pode-se chegar à seguinte conclusão Função Exponencial
quanto aos valores de x = x ˒R / -3 < x < 4. Chamam-se de funções exponenciais aquelas nas quais
temos a variável aparecendo em expoente.
Inequação Quociente A função ƒ : IR o IR+ , definida por ƒ (x) = ax, com a IR+
Na resolução da inequação quociente, utilizam-se os mes- e a z 1, é chamada função exponencial de base a. O domínio
mos recursos da inequação produto, o que difere é que, ao cal- dessa função é o conjunto IR (reais) e o contradomínio é IR+
cularmos a função do denominador, precisamos adotar valores (reais positivos, maiores que zero).
maiores ou menores que zero e nunca igual a zero. Observe a
resolução da seguinte inequação quociente: Gráfico Cartesiano da Função Exponencial
Há 2 casos a considerar:
Quando a>1;
Resolver as funções y1 = x + 1 e y2 = 2x – 1, determinando a
MATEMÁTICA

3
raiz da função (y = 0) e a posição da reta (a > 0 crescente e a
< 0 decrescente). 2
y1 = x + 1 y
1
x+1=0
x = -1 -3 -2 -1 1 x 2 3
-1

-1 + -2
- x -3
ƒ (x) é crescente e Im = IR+
y2 = 2x - 1 Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 y2 > y1 (as desi- 91
2x - 1 = 0 gualdades têm mesmo sentido).
Quando 0 < a < 1. Propriedades Operatórias dos Logaritmos
92 3
log a (x .y) = log a x + log a y
2
y
1 § x·
log a ¨¨ ¸¸ = log a x − log a y
-3 -2 -1 1 x 2 3 © y¹
-1
m
log a x = m . log a x
-2
MATEMÁTICA

m
log an xm = log a x n = m
-3
ƒ (x) é decrescente e Im = IR+ n . log a x
Para quaisquer x1 e x2 do domínio: x2 > x1 y2 < y1 (as desi- Cologaritmo
gualdades têm sentidos diferentes).
1
Nas duas situações, pode-se observar que: colog a b = log a
b
O gráfico nunca intercepta o eixo horizontal; a função não
tem raízes; o gráfico corta o eixo vertical no ponto (0,1); os va- colog a b = − log a b
lores de y são sempre positivos (potência de base positiva é
positiva), portanto, o conjunto imagem é Im =IR+. Mudança de Base
log b x
Ş
ŝ#-ŝŦ

Inequações Exponenciais log a x =


Chama-se de inequação exponencial toda inequação na log b a
qual a incógnita aparece em expoente.
Para resolver inequações exponenciais, deve-se realizar Função Logarítmica
dois passos: A função ƒ: IR + o IR, definida por ƒ(x) = logax, com a z 1 e
Redução dos dois membros da inequação a potências a > 0, é chamada função logarítmica de base a. O domínio des-
de mesma base; sa função é o conjunto IR+ (reais positivos, maiores que zero) e
Aplicação da propriedade: o contradomínio é IR (reais).
a>1
Gráfico Cartesiano da Função Logarítmica
am > an m > n
Há dois casos a se considerar:
(as desigualdades têm mesmo sentido)
Quando a>1;
0<a<1 3
am > an m < n
(as desigualdades têm sentidos diferentes) 2
y
1
Equação e Função Logarítmica
-2 -1 1 x2 3
Logaritmo
-1

ax = b œ logab = x -2

-3
Sendo b > 0, a > 0 e a z 1 ƒ (x) é crescente e Im = IR
Na igualdade x = logab tem : Para quaisquer x1 e x2 do domínio:x2 > x1 y2 > y1 (as desi-
a= base do logaritmo gualdades têm mesmo sentido)
b= logaritmando ou antilogaritmo Quando 0<a<1.
x= logaritmo 3

Consequências da Definição 2
y
Sendo b > 0, a > 0 e a z 1 e m um número real qualquer, há, 1
a seguir, algumas consequências da definição de logaritmo:
loga1 = 0 -2 -1 1 x 2 3
logaa = 1 -1
logaam = m -2
alogab = b
-3
logab = logac b=c
ƒ (x) é decrescente e Im = IR No triângulo retângulo existem importantes relações, uma
Para quaisquer x1 e x2 do domínio : x2 > x1 y2 < y1 (as desi- delas é o Teorema de Pitágoras, que diz o seguinte: “A soma
gualdades têm sentidos diferentes). dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa”.

Nas duas situações, pode-se observar que: a2 = b2 + c2


▷ O gráfico nunca intercepta o eixo vertical;
A condição de existência de um triângulo é: um lado
▷ O gráfico corta o eixo horizontal no ponto (1,0);
do triângulo seja sempre menor do que a soma dos
▷ A raiz da função é x = 1;
▷ Y assume todos os valores reais, portanto, o conjun- outros dois lados e seja sempre maior do que a dife-
to imagem é Im = IR. rença desses dois lados.
Equações Logarítmicas Trigonometria no Triângulo
Chama-se de equações logarítmicas toda equação que en- Retângulo
volve logaritmos com a incógnita aparecendo no logaritman- As razões trigonométricas básicas são relações entre as
do, na base ou em ambos. medidas dos lados do triângulo retângulo e seus ângulos. As
Inequações Logarítmicas três funções básicas mais importantes da trigonometria são:
seno, cosseno e tangente. O ângulo é indicado pela letra x.
Chama-se de inequações logarítmicas toda inequação que
Função Notação Definição
envolve logaritmos com a incógnita aparecendo no logarit-
mando, na base ou em ambos. seno sen(x)
Para resolver inequações logarítmicas, deve-se realizar cosseno cos(x)
dois passos:
Redução dos dois membros da inequação a logaritmos tangente tan(x)
de mesma base;
Aplicação da propriedade: Relação fundamental: para todo ângulo x (medido em ra-
a>1 dianos), vale a importante relação:
logam > logan m > n > 0
cos2(x) + sen2(x) = 1
(as desigualdades têm mesmo sentido)
0<a<1
Trigonometria num Triângulo

Ş
ŝ#-ŝŦ
logam > logan 0 < m < n
(as desigualdades têm sentidos diferentes) Qualquer
Os problemas envolvendo trigonometria são resolvidos em
15. Trigonometria sua maioria por meio da comparação com triângulos retângu-
Neste capítulo estudaremos sobre os triângulos e as rela- los. Mas no cotidiano algumas situações envolvem triângulos
ções que os envolvem. acutângulos ou triângulos obtusângulos. Nesses casos, neces-
sitamos do auxílio da Lei dos Senos ou dos Cossenos.
Triângulos Lei dos Senos
O triângulo é uma das figuras mais simples e também
uma das mais importantes da Geometria. O triângulo possui A Lei dos Senos estabelece relações entre as medidas dos
propriedades e definições de acordo com o tamanho de seus lados com os senos dos ângulos opostos aos lados. Observe:
lados e medida dos ângulos internos. B
Quanto aos lados, o triângulo pode ser classificado da se-
MATEMÁTICA

c a
guinte forma:
Equilátero: possui os lados com medidas iguais. A C
Isósceles: possui dois lados com medidas iguais. b
Escaleno: possui todos os lados com medidas diferentes.
a b c
Quanto aos ângulos, os triângulos podem ser denomina- = =
dos:
senA senB senC
Acutângulo: possui os ângulos internos com medidas me- Lei dos Cossenos
nores que 90°. Nos casos em que não pode aplicar a Lei dos Senos, exis-
Obtusângulo: possui um dos ângulos com medida maior te o recurso da Lei dos Cossenos. Ela permite trabalhar com a
que 90°. medida de dois segmentos e a medida de um ângulo. Dessa
Retângulo: possui um ângulo com medida de 90°, chama- forma, se dado um triângulo ABC de lados medindo a, b e c, 93
do ângulo reto. temos:
180° o ʋ radiano (aproximadamente 3,14)
B
94 90° o ʋ/2 radiano (aproximadamente 1,57)
a
c 45° o ʋ/4 radiano (aproximadamente 0,785)
Medida em graus Medida em radianos
A C
180 ʋ
b
x a
a2 = b2 + c2 - 2 . b . c . cos A
b2 = a2 + c2 - 2 . a . c . cos B Ciclo Trigonométrico
MATEMÁTICA

c2 = a2 + b2 - 2 . a . b . cos C Considerando um plano cartesiano, representados nele um


círculo com centro na origem dos eixos e raios.
Medidas dos Ângulos Divide-se o ciclo trigonométrico em quatro arcos, obtendo
quatro quadrantes.
Medidas em Grau y
Sabe-se que uma volta completa na circunferência corres-
ponde a 360o; se dividir em 360 arcos, haverá arcos unitários
medindo 1° grau. Dessa forma, diz-se que a circunferência é
simplesmente um arco de 360o com o ângulo central medindo
uma volta completa ou 360o. 2º quadrante 1º quadrante x
Ş
ŝ#-ŝŦ

Também se pode dividir o arco de 1o grau em 60 arcos de


medidas unitárias iguais a 1’ (arco de um minuto). Da mesma 3º quadrante 4º quadrante A (1,0)
forma podemos dividir o arco de 1’ em 60 arcos de medidas

r=1
unitárias iguais a 1” (arco de um segundo).
Medidas em Radianos
Dada uma circunferência de centro O e raio R, com um arco Dessa forma, obtêm-se as relações:
de comprimento s e D o ângulo central do arco, vamos deter- Em graus : Em radianos :
minar a medida do arco em radianos de acordo com a figura
a seguir: 90 2

B
180 0 = 360 ʋ 0 = 2ʋ
R
O ɲ S 270 3
2

Razões Trigonométricas
A
As principais razões trigonométricas são:
Diz-se que o arco mede um radiano se o comprimento C
do arco for igual à medida do raio da circunferência. Assim,
para saber a medida de um arco em radianos, deve-se calcular
quantos raios da circunferência são precisos para se ter o com- b
primento do arco. Portanto: a

ɲ= ɲ
B c A
Com base nessa fórmula, podemos expressar outra ex-
pressão para determinar o comprimento de um arco de cir-
cunferência:

s=ɲ.R
De acordo com as relações entre as medidas em grau e ra-
diano de arcos, vamos destacar uma regra de três capaz de con-
verter as medidas dos arcos.
360° o 2ʋ radianos (aproximadamente 6,28) Outras razões decorrentes dessas são:
tg x = ƒ(x) = sen x é negativa no 3° e 4° quadrantes (ordenada
negativa).
cotg x = Quando , 1° quadrante, o valor de sen x
cresce de 0 a 1.
sec x =
Quando , 2° quadrante, o valor de sen x
cossec x = decresce de 1 a 0.
A partir da relação fundamental, encontram-se ainda as Quando , 3° quadrante, o valor de sen x
seguintes relações:
decresce de 0 a -1.
(sen x)2 + (cos x)2 = 1 = [relação fundamental da trigono-
metria] Quando , 4° quadrante, o valor de sen x
1 + (cotg x)2 = (cossec x )2
cresce de -1 a 0.
1 + (tg x)2 = (sec x)2
Redução ao 1° Quadrante Função Cosseno
sen(90° - D) = cos D Chama-se função cosseno a função ƒ(x) = cos x.
cos(90° - D) = sen D O domínio dessa função também é R e a imagem é Im [-1,1];
visto que, na circunferência trigonométrica, o raio é unitário.
sen(90° + D) = cos D
Então:
cos(90° + D) = -sen D
Domínio de ƒ(x) = cos x; D(cos x) = R.
sen(180° - D) = sen D
Imagem de ƒ(x) = cos x; Im(cos x) = [ -1,1].
cos(180° - D) = -cosD
tg(180° - D) = -tg D 1
sen(180° + D) = -sen D
cos(180° + D) = -cos D
sen(270° - D) = -cos D /2 3 /2 2
cos(270° - D) = -senD
-1
sen(270° + D) = -cos D
cos(270° + D) = senD

Ş
ŝ#-ŝŦ
sen(-D) = -sen D Sinal da Função
cos(-D) = cos D ƒ(x) = cos x é positiva no 1º e 4º quadrantes (abscissa po-
tg(-D) = -tg D sitiva);
ƒ(x) = cos x é negativa no 2º e 3º quadrantes (abscissa
Funções Trigonométricas negativa).
Função Seno Quando , 1º quadrante, o valor do cos x
Chama-se função seno a função ƒ(x) = sen x. decresce de 1 a 0.
O domínio dessa função é R e a imagem é Im [-1,1]; visto
que, na circunferência trigonométrica, o raio é unitário. Quando , 2º quadrante, o valor do cos x
Então: decresce de 0 a -1.
Domínio de ƒ(x) = sen x; D(sen x) = R.
Quando , 3º quadrante, o valor do cos x
MATEMÁTICA

Imagem de ƒ(x) = sen x; Im(sen x) = [ -1,1] .


y cresce de -1 a 0.
1
Quando, 4º quadrante, o valor do cos x
cresce de 0 a 1.
/2 3 /2 2 x Função Tangente
-1 Chama-se função tangente a função ƒ(x) = tg x.
Então:
Domínio de ƒ(x): o domínio dessa função são todos os nú-
Sinal da Função meros reais, exceto os que zeram o cosseno, pois não existe
ƒ(x) = sen x é positiva no 1° e 2° quadrantes (ordenada cos x = 0 95
positiva); Imagem de ƒ(x) = Im = ] -f, f[
96 1
16. Geometria Plana
Neste capítulo serão abordados os principais conceitos de
geometria plana e suas aplicações.
S/ 2 S 3S/ 2 2S
Semelhanças de Figuras
-1
Duas figuras (formas geométricas) são semelhantes quan-
do satisfazem a duas condições: os seus ângulos têm o mesmo
Sinal da Função
MATEMÁTICA

tamanho e os lados correspondentes são proporcionais.


ƒ(x) = tg x é positiva no 1º e 3º quadrantes (produto da Nos triângulos existem alguns casos de semelhanças bem
ordenada pela abscissa positiva);
conhecidos;
ƒ(x) = tg x é negativa no 2º e 4º quadrantes (produto da
ordenada pela abscissa negativa). 1º caso: LAL (lado, ângulo, lado): dois lados congruentes e o
ângulo entre esses lados também congruentes.
Outras Funções C F

Função Secante:
Denomina-se função secante a função:
ƒ(x) =
A B E G
Ş
ŝ#-ŝŦ

2º caso: LLL (lado, lado, lado): os três lados congruentes.


Função Cossecante: C G
Denomina-se função cossecante a função:
ƒ(x) =

A B E F
Função Cotangente:
3º caso: ALA (ângulo, lado, ângulo): dois ângulos congruentes
Denomina-se função cossecante a função:
e o lado entre esses ângulos também congruente.
ƒ(x) = A B E F

Identidades e Operações
Trigonométricas C
G
As mais comuns são as seguintes: 4º caso: LAAo (lado, ângulo, ângulo oposto): congruência do
sen(a + b) = sen a . cos b + sen b . cos a ângulo adjacente ao lado, e congruência do ângulo oposto ao
sen(a - b) = sen a . cos b - sen b . cos a lado.
cos(a + b) = cos a . cos b - sen a . cos b C
cos(a - b) = cos a . cos b + sen a . cos b C

B A B

sen(2x) = 2 . sen(x) . cos(x)


cos(2x) = cos2(x) - sen2(x) Relações Métricas nos Triângulos
As principais relações métricas nos triângulos são:
Teorema de Pitágoras
A

c b
h

m n
B a C
O quadrado da hipotenusa é igual a soma dos quadrados Quadriláteros
dos catetos.
Quadrilátero é um polígono de quatro lados. Eles possuem
a2 = b2 + c2 os seguintes elementos:
A
Além das relações que decorrem do teorema de Pitágoras, Diagonais
o quadrado de um cateto é igual ao produto da hipotenusa
pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.

b2 = a . n
c2 = a . m
B D
O produto dos catetos é igual ao produto da hipotenusa
pela altura relativa à hipotenusa.

b.c=a.h
O quadrado da altura é igual ao produto das projeções dos
catetos sobre a hipotenusa. C
Vértices: A, B, C, e D.
h2 = m . n
Lados: AB, BC, CD, DA.
Outras relações que não estão nos triângulos retângulos
Diagonais: AC e BD.
são:
Ângulos internos ou ângulos do quadrilátero ABCD:
Lei dos Cossenos .
Para um triângulo qualquer demonstra-se que: Todo quadrilátero tem duas diagonais.
O perímetro de um quadrilátero ABCD é a soma das
c medidas de seus lados, ou seja: AB + BC + CD + DA.
b
Quadriláteros Importantes
Paralelogramo

Ş
ŝ#-ŝŦ
a Paralelogramo é o quadrilátero que tem os lados opostos
paralelos.
a2 = b2 + c2 - 2 . b . c . cosȽ
A D

Lei dos Senos


E
h

R
c
b

B C F
MATEMÁTICA

h é a altura do paralelogramo.
a
Num paralelogramo:
Os lados opostos são congruentes;
Cada diagonal o divide em dois triângulos congru-
entes;
R é o raio da circunferência circunscrita a esse triângulo. Os ângulos opostos são congruentes;
Neste caso, valem as seguintes relações, conforme a lei dos As diagonais interceptam-se em seu ponto médio.
senos:
Retângulo
Retângulo é o paralelogramo em que os quatro ângulos 97
são congruentes (retos).
A D Trapézio Retângulo
98 É aquele que apresenta dois ângulos retos.
A D
MATEMÁTICA

B C

B C
Trapézio Isósceles
Losango É aquele em que os lados não paralelos são congruentes.
A D
Losango é o paralelogramo em que os quatro lados são
congruentes.
A
Ş
ŝ#-ŝŦ

B D
B C

Polígonos Regulares
Um polígono é regular se todos os seus lados e todos os
C seus ângulos forem congruentes.
Os nomes dos polígonos dependem do critério que se
Quadrado utiliza para classificá-los. Usando o número de ângulos ou o
Quadrado é o paralelogramo em que os quatro lados e os número de lados, tem-se a seguinte nomenclatura:
quatro ângulos são congruentes. Nome do Polígono
A D Número de lados
(ou ângulos) Em função do número Em função do
de ângulos número de lados

3 triângulo trilátero
4 quadrângulo quadrilátero
5 pentágono pentalátero
6 hexágono hexalátero
7 heptágono heptalátero
8 octógono octolátero
B C
9 eneágono enealátero
Trapézios
10 decágono decalátero
É o quadrilátero que apresenta somente dois lados parale-
los chamados bases. 11 undecágono undecalátero
A D 12 dodecágono dodecalátero
15 pentadecágono pentadecalátero
20 icoságono icosalátero
F G
H I Nos polígonos regulares cada ângulo externo é dado por:

B E C
A soma dos ângulos internos é dada por: Posição Relativa entre Circunferência
As posições relativas entre circunferência são basicamente 4.
Si = 180 . (n - 2)
Circunferência Secante
E cada ângulo interno é dado por:

Diagonais de um Polígono
O segmento que liga dois vértices não consecutivos de po-
lígono é chamado de diagonal. Característica: a distância entre os centros é menor que a
O número de diagonais de um polígono é dado pela fór- soma dos raios das duas, porém, é maior que o raio de cada uma.
mula:
Externo

Círculos e Circunferências
Círculo
É a área interna a uma circunferência.
Característica: a distância entre os centros é maior que a
Circunferência soma do raio.
É o contorno do círculo. Por definição, é o lugar geométrico
dos pontos equidistantes ao centro. Tangente
A distância entre o centro e o lado é o raio.

Ş
ŝ#-ŝŦ
d C

Característica: distância entre centro é igual à soma dos


raios.
Corda: Interna
É o seguimento que liga dois pontos da circunferência.
A maior corda, ou corda maior de uma circunferência, é o
diâmetro. Também dizemos que a corda que passa pelo centro
é o diâmetro.

Posição relativa entre reta e circunferência


MATEMÁTICA

Secante Tangente Exterior

Característica: distância entre os centros mais o raio da


menor é igual ao raio da maior.
Interior
Uma reta é:
▷ Secante: distância entre a reta e o centro da circun-
ferência é menor que o raio.
▷ Tangente: a distância entre a reta e o centro da cir-
cunferência é igual ao raio.
▷ Externa: a distância entre a reta e o centro da circun- 99
ferência é maior que o raio.
Característica: distância entre os centros menos o raio da
100 menor é menor que o raio da maior.

Ângulo Central e Ângulo Inscrito


Central Inscrito
Apótema
MATEMÁTICA

Nos polígonos inscritos:


Um ângulo central sempre é o dobro do ângulo inscrito de
um mesmo arco. No Quadrado:
As áreas de círculos e partes do círculo são: Cálculo da medida do lado (L):

R
Ş
ŝ#-ŝŦ

Os ângulos podem ser expressos em graus L


(360° = 1 volta) ou em radianos (2ʋ= 1 volta)

Polígonos Regulares Inscritos


e Circunscritos
As principais relações entre a circunferência e os polígonos Cálculo da medida do apótema (a):
são:
Qualquer polígono regular é inscritível em uma cir-
cunferência.
Qualquer polígono regular e circunscritível a uma L
circunferência. a

R
r

No Hexágono:
Polígono circunscrito a uma circunferência é o que possui Cálculo da medida do lado (L):
seus lados tangentes à circunferência. Ao mesmo tempo, dize-
mos que esta circunferência está inscrita no polígono.
Já um polígono é inscrito em uma circunferência se cada
vértice do polígono for um ponto da circunferência, e neste
R L
caso dizemos que a circunferência é circunscrita ao polígono.
Da inscrição e circunscrição dos polígonos nas circunferên-
cias podem-se ter as seguintes relações:
L=R
Apótema de um polígono regular é a distância do centro a
qualquer lado. Ele é sempre perpendicular ao lado. Cálculo da medida do apótema (a):
Cálculo da medida do apótema (a):

a=R

R
a • No Triângulo Equilátero:
Cálculo da medida do lado (L):

Cálculo da medida do apótema (a):


No Triângulo Equilátero:
Cálculo da medida do lado (L): a=R

L
2R
Perímetros e Áreas dos
Polígonos e Círculos
R
Perímetro
Perímetro: É o contorno da figura ou seja, a soma dos lados
da figura.
Cálculo da medida do apótema (a):
Área
É o espaço interno, ou seja, a extensão que ela ocupa den-
R
tro do perímetro.
As principais áreas (S) de polígonos são:

Ş
ŝ#-ŝŦ
a
Retângulo

a
Nos polígonos circunscritos: S=a.b

No Quadrado:
Quadrado
Cálculo da medida do lado (L):

L = 2R
MATEMÁTICA

Cálculo da medida do apótema (a):


a
2
a=R S=a

Paralelogramo
No Hexágono:
Cálculo da medida do lado (L):
b h

a 101
S=a.h
Losango U
102
a a t
d
a a

D S
.d P
S = D
2
MATEMÁTICA

r
Trapézio
b

c
d h
Por dois pontos distintos, passa uma única reta.
B r
(B + b) .h
S = Q
2
Ş
ŝ#-ŝŦ

P
Triângulo

b c
h Um ponto qualquer de uma reta divide-a em duas semir-
retas.
a P
.
S= a h
2

Triângulo Equilátero Por três pontos não colineares, passa um único plano.
B

l l A C
h

Por uma reta, pode ser traçada uma infinidade de planos.


2
l 3
S=
4

17. Geometria Espacial


Neste capítulo, serão abordados os principais conceitos de
geometria espacial e suas aplicações.

Retas e Planos
Veja alguns conceitos: Posições Relativas de Duas Retas
A reta é infinita, ou seja, contém infinitos pontos.
No espaço, duas retas distintas podem ser concorrentes,
paralelas ou reversas:

Por um ponto, podem ser traçadas infinitas retas.


r

Reta Concorrente ou Incidente ao Plano


P Dizemos que a reta r “fura” o plano D ou que r e D são
S concorrentes em P quando r ൘ D = {P}.

r
S
Reta Paralela ao Plano
Se uma reta r e um plano D não tem ponto em comum,
Concorrentes então, a reta r é paralela a uma reta t contida no plano D; por-
r൘s={ } tanto, tet
Não existe plano que contenha
r e s simultaneamente
r

r
t

Ş
ŝ#-ŝŦ
Perpendicularismo entre Reta e Plano
Uma reta r é perpendicular a um plano D se, e somente
Em particular nas retas concorrentes, há aquelas que são se, r for perpendicular a todas as retas de D que passam pelo
perpendiculares. ponto de interseção de r e D .
r

r u

t
P
S S

r S
MATEMÁTICA

Posições Relativas entre Reta e Plano


Posições Relativas de Dois Planos
Reta Contida no Plano
Se uma reta r tem dois pontos distintos num plano D , en- Planos Coincidentes ou Iguais
tão, r está contida nesse plano:

A
r
Planos Concorrentes ou Secantes
Dois planos, D e E, são concorrentes quando sua interseção 103
é uma única reta:
104
P’

R P
MATEMÁTICA

r
Planos Paralelos
Assim, temos:
Dois planos, D e E, são paralelos quando sua interseção
é vazia:
P’
Ş
ŝ#-ŝŦ

R P

r
Perpendicularismo entre planos
Chama-se de prisma ou prisma limitado o conjunto de to-
Dois planos, D e E, são perpendiculares se, e somente se, dos os segmentos congruentes paralelos a r.

exista uma reta de um deles que seja perpendicular ao outro: Elementos do Prisma
Dado o prisma a seguir, considere os seguintes elementos:
D’
C’
r E’
S A’
t

Prismas E A B

Na figura abaixo, temos dois planos paralelos e distintos, Bases: as regiões poligonais R e S
Altura: a distância h entre os planos D e E
De E, um polígono convexo R contido em a e uma reta r que
Arestas das bases:
intercepta a e E, mas não R: Lados AB, BC, CD, DE, EA, A’B’, B’C’, D’E’, E’A’ (dos
polígonos)
Arestas laterais:
Os segmentos AA’, BB’, CC’, DD’, EE’
Faces laterais: os paralelogramos AA’BB’, BB’C’C, CC’D’D,
DD’E’E, EE’A’A

R Classificação
Um prisma pode ser:
r
Reto: quando as arestas laterais são perpendiculares aos
planos das bases;
Para cada ponto P da região R, vamos considerar o seg-
Oblíquo: quando as arestas laterais são oblíquas aos pla-
mento , paralelo à reta r (P linha, pertence a Beta.) nos das bases.
Prisma reto Áreas
Num prisma, distinguimos dois tipos de superfície: as faces
e as bases. Assim, temos de considerar as seguintes áreas:
Área de uma face (AF): área de um dos paralelogramos
que constituem as faces.
Área lateral (AL): soma das áreas dos paralelogramos que
formam as faces do prisma.

Área da base (AB): área de um dos polígonos das bases.


Área total (AT): soma da área lateral com a área das bases:

AT = AL + 2AB
Prisma oblíquo
Paralelepípedo
Todo prisma cujas bases são paralelogramos recebe o
nome de paralelepípedo. Assim, podemos ter:

Paralelepípedo oblíquo

Ş
ŝ#-ŝŦ
Prisma regular triangular
Chama-se de prisma regular todo prisma reto cujas bases
são polígonos regulares:
Triângulo equilátero

Paralelepípedo reto MATEMÁTICA

Prisma regular hexagonal


Hexágono regular

Se o paralelepípedo reto tem bases retangulares, ele é


chamado de paralelepípedo reto-retângulo, ortoedro ou pa-
ralelepípedo retângulo.

Paralelepípedo Retângulo 105


Diagonais da base e do paralelepípedo:
H G
106 a
D Bc B’ C’c C
C b a b
dp c
Ac A’ a D’c D
c
E
F c
a
db b b a
A a B
MATEMÁTICA

db = diagonal da base AT= 2(ab + ac + bc)


dp = diagonal do paralelepípedo
Volume
Na base, ABFE, tem-se:
F O volume de um paralelepípedo retângulo de dimensões
a, b e c é dado por:
c=h
db
b V = ABh
Ş
ŝ#-ŝŦ

b
a
A a B
V = a.b.c

No triângulo AFD, tem-se: Cubo


D Um paralelepípedo retângulo com todas as arestas con-
gruentes (a = b = c) recebe o nome de cubo. Dessa forma, cada
face é um quadrado.
dp
a
c

A db F a
a
p p Diagonais da base e do cubo
Considere a figura a seguir:
Área Lateral H G
Sendo AL a área lateral de um paralelepípedo retângulo, a
tem-se: E
a F
b dc
b C
D

c db a
c a a
A a B
b
dc = diagonal do cubo
c
a db = diagonal da base
Na base ABCD, tem-se:

AL= ac + bc + ac + bc = 2ac + 2bc =AL = 2(ac + bc)

db a
Área Total
Planificando o paralelepípedo, verificamos que a área total é a
soma das áreas de cada par de faces opostas: a
No triângulo ACE, tem-se: C’
E S O’ r A’

a dc
h
R O c r A

A C
db

r
Bases: os círculos de centro O e O’ e raios r.
• Área lateral
Altura: a distância h entre os planos D e E .
A área lateral AL é dada pela área dos quadrados de lado a:
Geratriz: qualquer segmento de extremidades nos pontos
H G
das circunferências das bases (por exemplo, AA’) e paralelo à
F reta r.
E
E Classificação do Cilindro
a
D
C a Um cilindro pode ser:
▷ Circular oblíquo: quando as geratrizes são oblíquas
B às bases;
A
a ▷ Circular reto: quando as geratrizes são perpendicu-
A lares às bases.

AL=4a2

Área total
A área total AT é dada pela área dos seis quadrados de lado g h g=h
a:
G F

Ş
ŝ#-ŝŦ
a
H
E O cilindro circular reto é também chamado de cilindro de
a
revolução, por ser gerado pela rotação completa de um retân-
C gulo por um de seus lados. Assim, a rotação do retângulo
D
a ABCD pelo lado gera o cilindro a seguir:
A a B
A B
AT = 6a2 A B

• Volume g=h
MATEMÁTICA

De forma semelhante ao paralelepípedo retângulo, o volu-


me de um cubo de aresta a é dado por:
D C
D
V = a .a . a = a3 C

Generalização do volume de um prisma:


Vprisma = AB . h A reta BC contém os centros das bases e é o eixo do cil-
indro.

Cilindro Seção
Seção transversal é a região determinada pela interseção
Elementos do Cilindro do cilindro com um plano paralelo às bases. Todas as seções 107
Dado o cilindro a seguir, considere os seguintes elementos: transversais são congruentes.
Volume
108
O volume de todo paralelepípedo retângulo e de todo ci-
lindro é o produto da área da base pela medida de sua altura:

Vcilindro = AB . h
MATEMÁTICA

No caso do cilindro circular reto, a área da base é a área do


círculo de raio r, AB = ʋ r1 h; portanto, seu volume é:

r
h
Seção meridiana é a região determinada pela interse-
ção do cilindro com um plano que contém o eixo.
Ş
ŝ#-ŝŦ

V = r2 h

Cilindro equilátero
Todo cilindro cuja seção meridiana é um quadrado (altura
Seção meridiana
igual ao diâmetro da base) é chamado cilindro equilátero.

Áreas
Num cilindro, consideramos as seguintes áreas:
Área Lateral (AL) h = 2r 2r
Pode-se observar a área lateral de um cilindro fazendo a
sua planificação:
r 2r

r AL = 2r . 2ʋr = 4ʋr2
h
h AT = AL + AB = 4ʋr2 + 2ʋr2 = 6ʋr2
2x r

r
Cone Circular
Dado um círculo C, contido num plano D, e um ponto V
Assim, a área lateral do cilindro reto cuja altura é h e cujos
raios dos círculos das bases são r é um retângulo de dimensões (vértice) fora de D, chamamos de cone circular o conjunto de
2ʋreh: todos os segmentos .
V
AL = 2 ʋr h

Área da base (AB): área do círculo de raio r


C P C
AB = 2 ʋr2

Área total (AT): soma da área lateral com as áreas das bases Elementos do cone circular
AT = AL + 2AB = 2ʋ r h + 2ʋ r2 = 2ʋ r (h + r ) Dado o cone a seguir, consideramos os seguintes elemen-
tos:
V Se o triângulo AVB for equilátero, o cone também será
equilátero:

h
D
g g
C
E R B h
A

Altura: distância h do vértice V ao plano D.


Geratriz (g): segmento com uma extremidade no ponto V
e outra num ponto da circunferência. 2R
Raio da base: raio R do círculo.
Eixo de rotação: reta determinada pelo centro do cír-
culo e pelo vértice do cone. Áreas
Cone Reto Desenvolvendo a superfície lateral de um cone circu-
Todo cone cujo eixo de rotação é perpendicular à base é lar reto, obtemos um setor circular de raio g e comprimento
chamado cone reto, também denominado cone de revolução. L = 2ʋR
Ele pode ser gerado pela rotação completa de um triângulo V
V
retângulo em torno de um de seus catetos.
g
g
V

L
h g R

Assim, há de se considerar as seguintes áreas:

Ş
ŝ#-ŝŦ
O Área lateral (AL): área do setor circular
R

Área da base (AB): área do círculo do raio R


Da figura, e pelo Teorema de Pitágoras, temos a seguinte AB = ʋR2
relação: Área total (AT): soma da área lateral com a área da base
AT = AL + AB = ʋRg + ʋR2  AT ʋR (g+R)
g2 = h 2 + R 2
Volume
Seção meridiana
A seção determinada, num cone de revolução, por um pla-
MATEMÁTICA

no que contém o eixo de rotação é chamada seção meridiana.


Pirâmides
Dado um polígono convexo R, contido em um plano , e
V um ponto V (vértice) fora de , chamamos de pirâmide o con-
junto de todos os segmentos .
V

B
C P C
O
R
R
A Elementos da pirâmide 109
Dada a pirâmide a seguir, tem-se os seguintes elementos:
V b é a aresta;
110 g é o apótema;
n é o número de arestas laterais;
h p é o semiperímetro da base;
D
a é o apótema do polígono da base.
C
E R B
Volume
A
MATEMÁTICA

Base: o polígono convexo R.


Área da base
Arestas da base: os lados AB, BC, CD, DE, EA do polí-
gono. Troncos
Arestas laterais: os segmentos VA, VB, VC, VD, VE. .
Se um plano interceptar todas as arestas de uma pirâmide
Faces laterais: os triângulos VAB, VBC, VCD, VDE, VEA.
ou de um cone, paralelamente às suas bases, o plano dividirá
Altura: distância h do ponto V ao plano. cada um desses sólidos em dois outros: uma nova pirâmide e
Classificação um tronco de pirâmide; e um novo cone e um tronco de cone.
Uma pirâmide é reta quando a projeção ortogonal do vértice Tronco da Pirâmide
coincide com o centro do polígono da base.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Dado o tronco de pirâmide regular a seguir, tem-se:


Toda pirâmide reta, cujo polígono da base é regular, recebe Base menor
o nome de pirâmide regular. Ela pode ser triangular, quadran- h’
gular, pentagonal, etc., conforme sua base, seja, respectiva-
mente, um triângulo, um quadrilátero, um pentágono, etc. H
Altura h
V

Base maior
Pirâmide Tronco da pirâmide

As bases são polígonos regulares paralelos e semelhantes;


As faces laterais são trapézios isósceles congruentes.
Áreas
Área lateral (AL): soma das áreas dos trapézios isósceles
Pirâmide regular quadrangular
congruentes que formam as faces laterais.
V
Área total (AT): soma da área lateral com a soma das áreas
da base menor (Ab) e maior (AB).

Pirâmide regular hexagonal

Áreas
Numa pirâmide, temos as seguintes áreas:
Área lateral (AL): reunião das áreas das faces laterais.
Área da base (AB): área do polígono convexo (base da pi-
râmide). AT =AL+AB+Ab
Área total (AT): união da área lateral com a área da base.
Volume
AT = A L + A B O volume de um tronco de pirâmide regular é dado por:
Para uma pirâmide regular, temos:

Sendo V o volume da pirâmide e V’ o volume da pirâmide


Em que: obtido pela seção, é válida a relação:
Tronco do cone
Sendo o tronco do cone circular regular a seguir, tem-se:

h’ Base menor
Esfera
H
Chama-se de esfera de centro O e raio R o conjunto de
Ab r pontos do espaço cuja distância ao centro é menor ou igual
h ao raio R.
r Considerando a rotação completa de um semicírculo em
AB torno de um eixo e, a esfera é o sólido gerado por essa rotação.
Base maior
Cone Tronco do cone Assim, ela é limitada por uma superfície esférica e formada
por todos os pontos pertencentes a essa superfície e ao seu
As bases maior e menor são paralelas; interior.
e
A altura do tronco é dada pela distância entre os planos
que contém as bases.
Áreas
Tem-se: área lateral
g

2 r

2 R

Ş
ŝ#-ŝŦ
• Volume
r O volume da esfera de raio R é dado por:
g
g
.

R Partes da Esfera
Superfície Esférica
AL = ʋ(R + r)g A superfície esférica de centro O e raio R é o conjunto de
pontos do espaço cuja distância ao ponto O é igual ao raio R.
• Área total Se considerar a rotação completa de uma semicircunferên-
cia em torno de seu diâmetro, a superfície esférica é o resulta-
MATEMÁTICA

T B do dessa rotação.
e
T

• Volume O R
P

A área da superfície esférica é dada por:


Sendo V o volume do cone e V’ o volume do cone obtido 111
As = 4 ʋR2
pela seção, são válidas as relações:
Zona esférica
112 É a parte da esfera gerada do seguinte modo:
e

h • Cunha esférica
MATEMÁTICA

Parte da esfera que se obtém ao girar um semicírculo em


torno de seu eixo de um ângulo D(0< D< 2ʋ):

A área da zona esférica é dada por:


R
S = 2ʋRh

• Calota esférica
É a parte da esfera gerada do seguinte modo:
Ş
ŝ#-ŝŦ

O volume da cunha pode ser obtido por uma regra de três


simples:

}
h R 4 πR3 α
Ve - 2π
Ÿ Vc = 3 Ÿ Vc = 23 . R3 α (α em radianos)
Vc - α
R 2π

Vc - α}
Ve - 360º
Ÿ
4 πR3 α
Vc = 3
360º
Ÿ Vc =
πR3 α
270º
(α em graus)

A área da calota esférica é dada por:

S = 2ʋRh
ANOTAÇÕES

• Fuso esférico
O fuso esférico é uma parte da superfície esférica que se
obtém ao girar uma semicircunferência de um ângulo D(0<
D<2ʋ) em torno de seu eixo:

A área do fuso esférico pode ser obtida por uma regra de


três simples:
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE INFORMÁTICA 113

ÍNDICE
1. Windows ................................................................................................................... 115
Componentes................................................................................................................................115
2. Sistema Windows 10 ..................................................................................................118
Requisitos Mínimos .......................................................................................................................118
Novidades .....................................................................................................................................118
Ferramentas Administrativas ......................................................................................................126
Configurações .............................................................................................................................. 127
Backup no Windows 10................................................................................................................129
Explorador de Arquivos ...............................................................................................................130
3. Redes de Computadores ............................................................................................ 131
Paradigma de Comunicação .........................................................................................................131
Dispositivos de Rede ....................................................................................................................131
Topologia de Rede........................................................................................................................131
Firewall ........................................................................................................................................ 133
Tipos de Redes............................................................................................................................. 133
Padrões de Infraestrutura............................................................................................................ 133
Correio Eletrônico ........................................................................................................................ 133
URL (Uniform Resource Locator).................................................................................................134
Navegadores................................................................................................................................ 135
Conceitos Relacionados à Internet .............................................................................................. 135
4. Arquitetura de Redes................................................................................................ 136
Modelo OSI...................................................................................................................................136
Modelo TCP/IP ............................................................................................................................. 137
Endereços ...................................................................................................................................138
Endereçamento IPv4 ...................................................................................................................139
5. Segurança da Informação ..........................................................................................141
Princípios Básicos da Segurança da Informação ..........................................................................141
Criptografia..................................................................................................................................142
Ataques........................................................................................................................................143
6. Cloud Computing ..................................................................................................... 144
Características .............................................................................................................................144
7. BrOffice Writer – Editor de Texto ............................................................................. 145
Formatos de Arquivos .................................................................................................................145
Formatação de Texto ...................................................................................................................145
Ferramentas.................................................................................................................................148
Barra de Menus ............................................................................................................................149
114 NOÇÕES DE INFORMÁTICA Ş
ŝ#-ŝŦ

8. BrOffice Calc – Editor de Planilhas ............................................................................ 154


Planilha .......................................................................................................................................154
Célula ........................................................................................................................................... 155
Operadores .................................................................................................................................. 155
Elemento Fixador ........................................................................................................................156
Alça de Preenchimento................................................................................................................ 157
Funções ........................................................................................................................................158
Formatos de Células ....................................................................................................................159
9. BrOffice Impress - Editor de Apresentação ................................................................ 160
Janela do Programa.....................................................................................................................160
Mestre ...........................................................................................................................................161
Layouts .........................................................................................................................................161
Formatos de Arquivos .................................................................................................................162
Modos de Exibição .......................................................................................................................162
Inserir Slide ..................................................................................................................................163
Menu Apresentação de Slides ......................................................................................................163
Impressão ....................................................................................................................................164
10. Glossário ................................................................................................................ 165
A - D .............................................................................................................................................165
F - P ..............................................................................................................................................166
S - V .............................................................................................................................................167
W..................................................................................................................................................167
1. Windows a opção Rede e escolher a opção Mapear Unidade de Rede,
como ilustra a figura a seguir:
O Windows é o sistema operacional mais cobrado sobre
ações e tarefas executadas pelo usuário. Nesta seção, serão
abordadas algumas de suas ferramentas e características.

Após realizado esse passo, uma janela será aberta como a


ilustrada a seguir, na qual o usuário pode navegar pela rede e
escolher a pasta que deseja mapear e a letra que quer atribuir
a esta unidade que será criada. Letras em uso não podem ser
usadas, como o C:.
Componentes
Neste tópico, são apresentadas as principais opções do
Windows que são cobradas nas provas dos concursos.
Área de Trabalho
A Área de Trabalho do Windows é composta pela Barra
de Tarefas, Menu ou Botão Iniciar, ícones e papel de parede. A
figura acima ilustra a área de trabalho do Windows 7.
Meu Computador
Na janela Computador são disponibilizadas informações
sobre as unidades de disco e armazenamento que estão co-
nectadas ao computador. Por meio dessa janela podemos ob-
ter a informação do tamanho das unidades e o quanto estão
ocupadas. Findos esses passos, na janela Computador encontrar-se-á
a pasta da rede mapeada para um acesso mais rápido a ela.
A cada novo dispositivo que conectamos, observamos que

Ş
ŝ#-ŝŦ
uma nova letra é usada, por exemplo, a figura a seguir ilustran-
do a janela Computador do Windows 7. Ela indica a presença
do HD primário C: e de uma unidade de CD no D:; se um pen-
drive for conectado a esse computador, então será atribuída a
ele a letra E:.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Explorer
O Windows Explorer é um programa responsável por pos-
sibilitar a navegação entre as pastas e arquivos armazenados
A opção Computador ou Meu Computador usa a janela do no computador. Por definição, ele é um Gerenciador de arqui-
Windows Explorer. vos, mas por meio dele é possível acessar páginas na Internet,
basta digitar o endereço desejado na barra de endereços do
Mapear Unidade de Rede programa. Ao detectar que é o endereço de um site, ele abre o
O recurso Mapear Unidade de Rede auxilia o acesso a navegador com o site digitado.
uma pasta compartilhada na rede, criando uma espécie Para abrir a janela Windows Explorer, podemos ir por meio
de atalho para ela na janela Computador, como se fosse do botão iniciar - Todos os Programas - Acessórios - e, por fim,
mais uma unidade. Windows Explorer, ou podemos lançar mão do conjunto de
Para realizar esse procedimento, basta clicar com o bo- teclas de atalho 115
Windows + E.
tão direito do mouse sobre a opção Computador ou sobre
Operação com Arquivos e Pastas
116
Quando estamos em um gerenciador de arquivos, tanto no
Windows quanto no Linux, podemos realizar algumas ações
com os arquivos e pastas, como Copiar, Colar e Recortar. Con-
tudo, esses procedimentos podem ser feitos com maior agili-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dade, utilizando o mouse combinado com o teclado.


Vamos tratar das situações em que o usuário clica, man-
tém clicado e arrasta um arquivo ou pasta.

PenDrive Ou podemos clicar no botão Modos de Exibição, que pode


HD assumir a forma de qualquer um dos botões ilustrados nesta
C: D: seção de acordo com o modo que estiver em exibição.
No Windows 7, está disponível o modo de exibição Con-
Arrastar Para pastas
Mover + na mesma teúdo, que não existia no Windows XP.
ALT unidade O modo de exibição mais importante é o modo Detalhes,
Arrastar ou unidade
+ Atalho
SHIFT diferente pois, por meio dele, podemos visualizar diversas informações
Arrastar
Arrastar + sobre um arquivo sem abri-lo, além de permitir a organização
Arrastar CTRL dos dados por diversos critérios.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Mover Copiar
Copiar
Lixeira
Por padrão, a Lixeira no Windows pode ocupar até 10% da
Na figura anterior temos duas unidades: C: (HD) e D: (pen- capacidade da unidade, mas é possível alterar esse tamanho
drive). Quando tratamos de clicar e arrastar, a regra é de acor- por meio das propriedades dela.
do com as unidades. Se for clicado e arrastado um arquivo ou Nem todo arquivo que é deletado é enviado para a lixeira.
Por exemplo, um arquivo apagado de um disquete ou pendri-
pasta de uma pasta para outra da mesma unidade, os arquivos ve não são enviados para a lixeira do computador, no caso dos
ou pastas selecionados serão movidos. Porém, se a ação ti- pendrives é criado uma espécie de lixeira dentro do próprio
vesse como destino outra unidade de armazenamento, então pendrive, mas isto depende do driver do dispositivo.
a ação padrão seria criar uma cópia dos arquivos ou pastas Por outro lado, toda forma de remoção de um arquivo,
quando combinada com a tecla SHIFT pressionada, remove o
selecionados na pasta de destino. arquivo ou pasta sem enviar para a lixeira, ou seja, é uma re-
Por outro lado, podemos inverter essas ações com o uso moção permanente.
simultâneo de teclas de atalho. Quando formos arrastar um ar- Painel de Controle
quivo ou pasta dentro da mesma unidade com o intuito de criar
O Painel de Controle é o local onde são concentradas as op-
apenas uma cópia, em vez de mover, devemos segurar pressio- ções de configuração do sistema Windows.
nada a tecla CTRL. Já ao arrastarmos para uma pasta de unidade
Acessórios
diferente sem que seja criada uma cópia, mas seja movido para
O Windows conta com um conjunto de acessórios que são
a pasta de destino, devemos realizar o procedimento com a tecla programas de uso geral que auxiliam tarefas do usuário. São
SHIFT pressionada. os acessórios do Windows:
Outra situação é quando arrastamos com a tecla ALT pres-
sionada. Neste caso, independentemente se for para uma
pasta da mesma unidade ou de unidade diferente, o resultado
será o mesmo: será criado um atalho.

Modos de Exibição
Por meio da janela do Windows Explorer também pode-
mos optar entre alguns modos de exibição diferentes para vi-
sualizar os arquivos e pastas dispostos em uma pasta.
Para alterar entre os modos de exibição, podemos usar a
tecla CTRL pressionada enquanto rolamos o Scrool do mouse
(rodinha); e a barra à esquerda da figura abaixo é alterada de
acordo com o zoom.
Ferramentas de Sistema Desfragmentador
As Ferramentas de Sistema do Windows 7 têm sido muito O Desfragmentador de Disco é a ferramenta de Sistema
cobradas nas últimas provas de concursos, por fornecerem um responsável por organizar os arquivos no disco, pois, com o
conjunto de opções e conceitos diferentes. tempo, usando o computador, copiamos, colamos, recortamos
Nesta seção, faremos breves comentários sobre essas fer- e movemos muitos arquivos criando fragmentos no HD. Um
ramentas e suas finalidades. HD muito fragmentado se torna mais lento para ser lido.
O processo de Desfragmentação, por realizar uma leitura
Monitor de Recursos e escrita intensa no disco, torna-se um processo lento, portan-
O Monitor de Recursos é uma ferramenta que nos permite to não se recomenda seu uso muito frequentemente. Deve-se
verificar o desempenho do computador, visualizando o uso da obedecer a uma regularidade, mas nada exagerado.
memória e do processador, a banda de rede e o espaço em dis- Para que o desfragmentador seja executado, é necessário
co. A figura a seguir ilustra a visão do consumo do processador possuir espaço em disco. Caso não haja, será sugerido ao usuário
do meu computador no momento em que estava escrevendo que realize uma Limpeza de Disco a fim de liberar mais espaço.
este material. Na imagem são ilustrados até o CPU7, porque se Ao final do processo, os dados estarão organizados, a maio-
trata de um processador i7 com 8 núcleos. ria, de maneira contígua para serem acessados mais rapidamente,
bem como será organizado o espaço livre em disco de forma que
fique contínuo também para minimizar futuras fragmentações.
O Desfragmentador não corrige falhas
de disco muito menos a Limpeza de
Disco, essa tarefa é responsabilidade
do ScanDisk. Informações do Sistema
O recurso Informações do Sistema também pode ser aces-
sado por meio das teclas de atalho (Windows) + Pause.
A janela de Informações do Sistema exibe dados sobre o
usuário e sobre a chave de ativação do Windows. No caso do
Limpeza de Disco Windows 7, também é exibida uma avaliação do hardware por
parte do sistema, além de informação do tamanho da memó-
A Limpeza de Disco é uma ferramenta que permite limpar
ria RAM e do nome do processador. A figura a seguir mostra a
(apagar) os arquivos temporários do computador como forma janela das Informações sobre o Sistema.

Ş
ŝ#-ŝŦ
de obter mais espaço livre. A figura a seguir ilustra a janela da
Limpeza de Disco.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Agendador de Tarefas
O Agendador de Tarefas permite que você agende tarefas
automatizadas para que realizem ações em um horário especí-
fico ou quando um determinado evento ocorrer.
Transferência Fácil do Windows
No Windows 7, além de se poder esvaziar a lixeira e apa- O recurso de Transferência Fácil do Windows é uma ferra-
gar os arquivos temporários de navegação da Internet, existe menta criada para copiar as configurações e preferências de
a opção de apagar as miniaturas criadas quando arquivos de um usuário em um computador e passá-las para outro, não
imagem são visualizados no Windows Explorer no modo de necessitando ao usuário reconfigurar todas suas preferências 117
miniaturas (ícones grandes). novamente quando trocar de computador.
118
Restauração do Sistema 2. Sistema Windows 10
A Restauração do Sistema permite retornar o estado do
sistema a um ponto anterior no tempo, chamado de ponto O Windows 10 é um sistema operacional da Microsoft lan-
de restauração, que é criado automaticamente pelo Windows çado em 29 de julho de 2015. Essa versão trouxe inúmeras no-
quando um novo programa é instalado no sistema. Ele tam- vidades, principalmente, por conta da sua portabilidade para
bém pode ser criado manualmente pelo usuário. celulares e também tablets.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A ferramenta restaura somente o sistema e a instalação


dos programas. Os arquivos criados, alterados ou excluídos Requisitos Mínimos
entre os pontos de restauração não são afetados, ou seja, a Para instalar o Windows 8, o computador deve possuir no
restauração do Sistema não recupera arquivos. mínimo 1 GB de memória RAM para computadores com pro-
Tipos de Backup cessador 32 bits de 1GHz, e 2GB de RAM para processadores
de 32bits de 1GHz. Todavia, recomenda-se um mínimo de 4GB.
Um backup, algumas vezes descrito como becape, nada mais
A versão 32 bits do Windows necessita, inicialmente, de
é do que uma cópia de segurança dos dados. Essa cópia tem por
finalidade manter os dados mais atuais salvos, de maneira que se 16GB de espaço livre em disco, enquanto o Windows 64 bits
porventura os dados originais sejam perdidos por falha ou exclu- utiliza 20GB. A resolução mínima recomendada para o monitor
são, a perda não tenha um grande impacto, pois é possível res- é de 1024x768.
taurar a partir das versões salvas, minimizando assim a perda. Um Novidades
backup não impede que os dados sejam acessados por terceiros.
Em um backup devem ser salvos os dados do usuário, ou O Windows 10 nasce com a promessa de ser o último Win-
Ş
ŝ#-ŝŦ

seja, não é necessário, muito menos indicado, salvar os arquivos dows lançado pela Microsoft. Isso não significa que não será
dos sistemas, como os que ficam na pasta Arquivos de Progra- atualizado. A proposta da Microsoft é não lançar mais versões,
mas. Os dados devem ser salvos, preferencialmente, em outras a fim de tornar as atualizações mais constantes, sem a necessi-
unidades de armazenamento, diferentes de onde estão os dados dade de aguardar para atualizar junto de uma versão enume-
originais como CD, DVD, BluRay, Pendrive, outro HD, disquetes e rada. Com isso, ao passar dos anos, a empresa espera não usar
até mesmo fitas magnéticas. mais a referência Windows 10, mas apenas Windows.
A frequência de realização de uma cópia de segurança de- O novo sistema trouxe inúmeras novidades como também
pende da importância dos dados, bem como da sua alteração, alguns retrocessos.
ou melhor, se os dados sofrem constante alteração, o backup O objetivo do projeto do novo Windows foi baseado na in-
deve ser realizado com maior regularidade. Já, se raramente teroperabilidade entre os diversos dispositivos como tablets,
sofrem alteração, a frequência de backup também cai. smartphones e computadores, de modo que a integração seja
Existem diversos tipos de backup, dos quais podemos des- transparente, sem que o usuário precise, a cada momento, in-
tacar o Backup Completo, o Backup Incremental e o Backup dicar o que deseja sincronizar.
Diferencial. A barra Charms, presente no Windows 8 e 8.1, foi removida, e a
tela inicial foi fundida ao botão (menu) Iniciar.
Backup Completo
Algumas outras novidades apresentadas pela Microsoft
Também chamado de Backup Total, é aquele em que todos são:
os dados são salvos em uma única cópia de segurança. Ele é
▷ Xbox Live e o novo Xbox app que proporcionam no-
indicado para ser feito com menor frequência, pois é o mais
vas experiências de jogo no Windows 10. O Xbox, no
demorado para ser processado como também para ser recu-
Windows 10, permite que jogadores e desenvolve-
perado. Contudo, localizar um arquivo fica mais fácil, já que se
dores acessem à rede de jogos do Xbox Live, tanto
tem apenas uma cópia dos dados.
nos computadores Windows 10 quanto no Xbox One.
Backup Incremental Os jogadores podem capturar, editar e compartilhar
Neste tipo de backup, são salvos apenas os dados que seus melhores momentos no jogo com Game DVR, e
foram alterados após a última cópia de segurança realizada. disputar novos jogos com os amigos nos dispositi-
Esse procedimento é mais rápido de ser processado, porém, vos, conectando a outros usuários do mundo todo.
leva mais tempo para ser restaurado, pois envolve restaurar Os jogadores também podem disputar jogos no seu
todos os backups anteriores. Os arquivos criados são menores computador, transmitidos por stream diretamente
do que os gerados pelo backup diferencial. do console Xbox One para o tablet ou computador
Windows 10, dentro de casa.
Backup Diferencial
▷ Sequential Mode: em dispositivos 2 em 1, o Windows 10
Este procedimento de backup grava os dados alterados
desde o último backup completo; assim, no próximo backup alterna facilmente entre teclado, mouse, toque e tablet.
diferencial, somente são salvos os dados modificados desde o À medida que detecta a transição, muda conveniente-
último backup completo. No entanto, esse becape é mais lento mente para o novo modo.
de ser processado do que o incremental, porém é mais rápido ▷ Novos apps universais: o Windows 10 oferece novos
de ser restaurado, pois é necessário apenas restaurar o último aplicativos de experiência, consistentes na sequên-
backup completo e o último backup diferencial. cia de dispositivos, para fotos, vídeos, música, ma-
pas, pessoas e mensagens, correspondência e calen-
dário. Esses apps integrados têm design atualizado e
uniformidade de app para app e de dispositivo para
dispositivo. O conteúdo é armazenado e sincroniza-
do por meio do OneDrive, e isso permite iniciar uma
tarefa em um dispositivo e continuá-la em outro.
Área de Trabalho
A barra de tarefas do Windows 10 apresenta como novida-
de a busca integrada.

Aplicativos
Os aplicativos podem ser listados clicando-se no botão
presente na parte inferior do Botão Iniciar,
Cortana
mais à esquerda.
Tal recurso opera junto ao campo de pesquisa localizado
na barra de tarefas do Windows.
Está é uma ferramenta de execução de comandos por voz.
Porém, ainda não conta com versão para o Português do Bra-
sil. Outro ponto importante é a privacidade, pois tal ferramen-
ta guarda os dados.
Continue de onde Parou
Tal característica, presente no Windows 10, permite uma

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troca entre computador – tablet – celular, sem que o usuário
tenha de salvar os arquivos e os enviar para os aparelhos; o
próprio Windows se encarrega da sincronização.
Ao abrir um arquivo, por exemplo, em um computador e
editá-lo, basta abri-lo em outro dispositivo, de modo que as
alterações já estarão acessíveis (a velocidade e disponibilidade
dependem da velocidade da conexão à Internet).
Desbloqueio Imediato de Usuário
Trata-se de um recurso disponível, após a atualização do
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows, que permite ao usuário que possua webcam, devi-


damente instalada, usar uma forma de reconhecimento facial
para logar no sistema, sem a necessidade de digitar senha.
Múltiplas Áreas de Trabalho
Uma das novidades do Windows 10 é a possibilidade de
manipular “múltiplas Áreas de Trabalho”, uma característica
que já estava há tempos presente no Linux e no MacOS. Ao
usar o atalho Windows + Tab, é possível criar uma nova Área
de Trabalho e arrastar as janelas desejadas para ela.
Botão Iniciar
Com essa opção em exibição, ao arrastar o mouse ligeira- Acessórios
mente para baixo, são listados os programas abertos pela tela
inicial. Programas abertos dentro do desktop não aparecem na O Windows 10 reorganizou seus acessórios ao remover 119
lista, conforme ilustrado a seguir: algumas aplicações para outro grupo (sistema do Windows).
Atenção, pois a cor da fonte não é uma opção de formata-
120 ção presente. A janela a seguir ilustra as opções.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conexão de Área de Trabalho Remota


A conexão remota do Windows não fica ativa por padrão,
por questões de segurança.
Para habilitar a conexão, é necessário abrir a janela de con-
figuração das Propriedades do Sistema, ilustrada a seguir. Tal
opção é acessível pela janela Sistema do Windows.
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Os aplicativos listados como acessórios são, efetivamente:


▷ Bloco de Notas
▷ Conexão de Área de Trabalho Remota
▷ Diário do Windows
▷ Ferramenta de Captura
▷ Gravador de Passos
▷ Internet Explorer
▷ Mapa de Caracteres
▷ Notas Autoadesivas
▷ Painel de Entrada de Expressões Matemática
▷ Paint
▷ Visualizador XPS
▷ Windows Fax and Scan A conexão pode ser limitada à rede por restrição de auten-
▷ Windows Media Player ticação em nível de rede, ou pela Internet usando contas de
▷ Wordpad e-mail da Microsoft.
• Bloco de Notas A figura a seguir ilustra a janela da Conexão de Área de
O Bloco de Notas é um editor de texto simples, e apenas Trabalho Remota.
texto, ou seja, não aceita imagens ou formatações muito avan-
çadas. A imagem a seguir ilustra a janela do programa.

Contudo, são possíveis algumas formatações de fonte: Diário do Windows


▷ Tipo/nome da fonte; A ferramenta Diário do Windows é uma novidade no Win-
▷ Estilo de fonte (Negrito Itálico); dows 8. Ela permite que o usuário realize anotações como em
▷ Tamanho da fonte. um caderno.
Os recursos de formatação são limitados, de modo que o
usuário pode escrever manuscritamente ou por meio de caixas
de texto.

Ferramenta de Captura
A ferramenta de captura, presente desde o Windows 7,
permite a captura de partes da tela do computador. Para tanto,
basta selecionar a parte desejada usando o aplicativo. Notas Autoadesivas
Por padrão, as notas autoadesivas são visíveis na Área de
Trabalho, elas se parecem com Post its.

Painel de Entrada de
Expressões Matemáticas
Gravador de Passos Esta ferramenta possibilita o usuário de desenhar, utili-
O Gravador de Passos é um recurso novo do Windows 8, zando o mouse ou outro dispositivo de inserção como tablet
muito útil para atendentes de suporte que precisam apresen- canetas, fórmulas matemáticas como integrais e somatórios, e

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tar o passo a passo das ações que um usuário precisa executar ainda colar o resultado produzido em documentos.
para obter o resultado esperado.
A figura a seguir ilustra a ferramenta com um passo grava-
do para exemplificação.

Paint
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O tradicional editor de desenho do Windows, que salva


seus arquivos no formato PNG, JPEG, JPG, GIF, TIFF e BMP
(Bitmap), não sofreu mudanças em comparação com a ver-
são presente no Windows 7.

Mapa de Caracteres
Frequentemente, faz-se necessário utilizar alguns símbo-
los diferenciados. Esses símbolos são chamados de caracteres
especiais. O Mapa de Caracteres permite listar os caracteres
não presentes no teclado para cada fonte instalada no com- 121
putador e copiá-los para a área de transferência do Windows.
WordPad Outras ferramentas
122 É um editor de texto que faz parte do Windows, ao con- O Windows 10 separou algumas ferramentas a mais que o
trário do MS Word, com mais recursos que o Bloco de Notas. Windows 8, tais como a calculadora e o calendário.
Calculadora
A calculadora do Windows 10 deixa de ser associada aos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

acessórios. Outra grande mudança é o fato de que sua janela


pode ser redimensionada, bem como perde um modo de exi-
bição, sendo eles:
▷ Padrão;
▷ Científica;
▷ Programador;
Respectivamente ilustradas a seguir.

Facilidade de Acesso
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Anteriormente conhecida como ferramentas de acessibilida-


de, são recursos que têm por finalidade auxiliar pessoas com di-
ficuldades para utilizar os métodos tradicionais de interação com
o computador.

A calculadora do Windows 10 apresenta inúmeras opções


de conversões de medidas, conforme ilustrado a seguir.

Lupa
Ao utilizar a lupa, pode-se ampliar a tela ao redor do pon-
teiro do mouse, como também é possível usar metade da tela
do computador exibindo a imagem ampliada da área próxima
ao ponteiro.
Narrador
O narrador é uma forma de leitor de tela que lê o texto das
áreas selecionadas com o mouse.
Teclado Virtual
É preciso ter muito cuidado para não confundir o teclado
virtual do Windows com o teclado virtual usado nas páginas
de Internet Banking.
Painel de Controle
O Painel de Controle do Windows é o local onde se encon-
tram as configurações do sistema operacional Windows.
Ele pode ser visualizado em dois modos: ícones ou cate-
gorias. As imagens a seguir representam, respectivamente, o
modo ícones e o modo categorias.
Firewall do Windows

No modo Categorias, as ferramentas são agrupadas de


acordo com sua similaridade, como na categoria Sistema e
Segurança, que envolve o Histórico de Arquivos e a opção Cor-
rigir Problemas.
A opção para remover um programa possui uma categoria
exclusiva chamada de Programas.
Na categoria Relógio, Idioma e Região, temos acesso às
opções de configuração do idioma padrão do sistema. Por con- Data e Hora

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sequência, é possível também o acesso às unidades métricas e
monetárias, como também alterar o layout do teclado ou botões
do mouse.
Algumas das configurações também podem ser realizadas
pela janela de configurações acessível pelo botão Iniciar.

Segurança e Manutenção
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Contas de Usuário
Dispositivos e Impressoras
123
124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opções de Energia

Programas e Recursos
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Opções do Explorador de Arquivos


Programas Padrão

Estrutura de Diretórios
Uma estrutura de diretórios é como o Sistema Operacional
organiza os arquivos, separando-os de acordo com sua finali-
dade.
O termo diretório é um sinônimo para pasta, que se di-
ferencia apenas por ser utilizado, em geral, quando se cita
alguma pasta Raiz de um dispositivo de armazenamento ou
partição.
Quando citamos o termo Raiz, estamos fazendo uma alu-
são a uma estrutura que se parece com uma árvore que parte
de uma raiz e cria vários ganhos, que são as pastas, e as folhas
dessa árvore são os arquivos.

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Dessa maneira, observamos que o diretório Raiz do Win-
dows é o diretório C: ou C:\ enquanto que o diretório Raiz do
Linux é o /.
Sistema
Podemos ser questionados com relação à equivalência dos
diretórios do Windows em relação ao Linux.

Principais Diretórios Windows

Armazena os arquivos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

C:\windows do Sistema Operacional


Windows.

Armazena os arquivos dos


C:\Arquivos
programas instalados no
de Programas
Computador.
Windows Defender
No Windows 8, o Windows Defender passou a ser também
antivírus além de ser antispyware. Armazena as configurações,
C:\Usuários arquivos e pastas de cada
usuário do sistema. 125
Ferramentas Administrativas
126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA
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Lixeira
A capacidade da Lixeira do Windows é calculada. Assim,
para HDs de até 40GB, a capacidade é de 10%. Todavia, para
discos rígidos maiores que 40GB, o cálculo não é tão dire-
to. Vamos a um exemplo: caso um HD possua o tamanho de
200GB, então é necessário descontar 40GB, pois até 40GB a
lixeira possui capacidade de 10%; assim, sobram 160GB. A par-
tir desse valor, deve-se calcular mais 5%, ou seja, 8GB. Com
isso, a capacidade total da lixeira do HD de 200GB fica com
4GB + 8GB = 12GB.
É importante, ainda, destacar que a capacidade da lixeira é
calculada para cada unidade de armazenamento. Desse modo,
se um HD físico de 500GB estiver particionado, é necessário
calcular separadamente a capacidade da lixeira para cada uni-
dade.
A Lixeira é um local, e não uma pasta. Ela lista os arquivos
que foram excluídos, porém nem todos arquivos excluídos vão
para a Lixeira. Vejamos a lista de situações em que um arquivo
Limpeza de Disco não será movido para a lixeira:
Apaga os arquivos temporários, como, por exemplo, arqui- ▷ arquivos maiores do que a capacidade da Lixeira;
vos da Lixeira, da pasta Temporários da Internet e, no caso do ▷ arquivos que estão compartilhados na rede;
Windows, a partir da versão Vista, as miniaturas. ▷ arquivos de unidades removíveis;
▷ arquivos que foram removidos de forma permanen-
te pelo usuário.

Desfragmentar e Otimizar Unidades


É responsabilidade do Desfragmentador organizar os da-
dos dentro do HD de forma contínua/contígua para que o aces-
so às informações em disco seja realizado mais rapidamente.
Configuração do Sistema Monitor de Recursos
A Configuração do Sistema é também acessível ao ser di- Permite monitorar os recursos do computador e qual o uso
que está sendo realizado.
gitado o comando msconfig na janela Executar. Permite con-
figurar quais serviços serão carregados com o Sistema. No en- ScanDisk
tanto, para configurar quais programas serão carregados junto O ScankDisk é o responsável por verificar o HD em busca
de falhas de disco. Às vezes, ele consegue corrigi-las.
com o sistema operacional, deve-se proceder ao acesso pelo
Gerenciador de Tarefas.

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Configurações
Uma novidade do Windows 10 é a opção Configurações,
presente no Botão Iniciar, que apresenta uma estrutura simi-
lar ao Painel de Controle, inclusive realizando a separação por
categorias de ferramentas, conforme ilustra a figura a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opção Sistema
Nesta opção, são apresentadas as ferramentas de confi-
guração de resolução de tela, definição de monitor principal
(caso possua mais de um), modos de gestão de energia (mais 127
utilizados em notebooks).
Também é possível encontrar a opção Mapas Offline, que Opção Contas
128 permite o download de mapas para a pesquisa e o uso por
GPS, principalmente usado em dispositivos móveis ou dotados
de GPS.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Opção Dispositivos
A opção Dispositivos lista os dispositivos que foram insta-
lados em algum momento no sistema, como as impressoras.

Opção Hora e Idioma


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Opção Rede e Internet


Para configurar rapidamente o proxy de uma rede, ou
ativar/desativar a wi-fi, a opção Rede e Internet oferece tais
opções com facilidade, inclusive a opção para configurar uma
VPN.

Opção Facilidade de Acesso


Além de contar com as ferramentas para acessibilidade, é
possível configurar algumas características com Alto Contraste
Opção Personalização para melhorar o acesso ao uso do computador.
Para personalizar os temas de cores da Área de Trabalho do
Windows e os papéis de parede, a opção de personalização pode
ser acessada pelas Configurações. Também é possível clicar com o
botão direito do mouse sobre uma área vazia da Área de Trabalho
e selecionar a opção Personalizar.
Opção Privacidade

A opção Para desenvolvedores é uma novidade do Win-


dows que assusta alguns usuários desavisados, pois, ao tenta-
rem instalar algum aplicativo que não seja originário da Loja
da Microsoft, não logram êxito. Esse impedimento ocorre por
segurança. De qualquer forma, para poder instalar aplicativos
“externos”, basta selecionar a opção Sideload ou Modo De-
senvolvedor.

Opção Atualização e Segurança


A opção Atualização e Segurança talvez seja uma das prin-
cipais opções da janela de configurações, pois, como necessi-
dade mínima para a segurança, o Sistema Operacional deve
estar sempre atualizado, assim como precisa possuir um pro-
grama antivírus que também esteja atualizado.
Vale lembrar que a realização periódica de backups tam- Backup no Windows 10
bém é considerada como um procedimento de segurança. Um backup consiste em uma cópia de segurança dos
Arquivos, que deve ser feita periodicamente, preferencial-
mente em uma unidade de armazenamento separada do

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computador.
Apesar do nome cópia de segurança, um backup não im-
pede que os dados sejam acessados por outros usuários. Ele é
apenas uma salvaguarda dos dados para amenizar os danos
de uma perda.
No Windows 8 e Windows 10, o backup é gerenciado pelo
Histórico de Arquivos, ilustrado a seguir.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Windows 10 realiza o backup dos arquivos usando a ferra-


menta Histórico de Arquivos (conforme ilustra a figura a seguir), 129
embora ainda permita realizar backups como no Windows 7.
Backup e Restauração (Windows 7) Backup Diário
130 Esta ferramenta existe para manter a compatibilidade com a Um backup diário copia todos os arquivos selecionados
versão anterior de backup do Windows. que foram modificados no dia de execução do backup diário.
Na sequência, são citados os tipos de backup e ferramen- Os arquivos não são marcados como arquivos que passaram
tas de backup. por backup (o atributo de arquivo não é desmarcado).
Backup da Imagem do Sistema
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Backup de Cópia
O Backup do Windows oferece a capacidade de criar uma Um backup de cópia copia todos os arquivos selecionados,
imagem do sistema, que é uma imagem exata de uma unidade. mas não os marca como arquivos que passaram por backup
Uma imagem do sistema inclui o Windows e as configurações do
sistema, os programas e os arquivos. É possível usar uma imagem (ou seja, o atributo de arquivo não é desmarcado). A cópia é
do sistema para restaurar o conteúdo do computador, se em al- útil caso o usuário queira fazer backup de arquivos entre os
gum momento o disco rígido ou o computador pararem de fun- backups normal e incremental, pois ela não afeta essas outras
cionar. Quando se restaura o computador a partir de uma imagem operações de backup.
do sistema, trata-se de uma restauração completa; não é possível
escolher itens individuais para a restauração, e todos os atuais Explorador de Arquivos
programas, as configurações do sistema e os arquivos serão subs- Conhecido até o Windows 7 como Windows Explorer, o
tituídos. Embora esse tipo de backup inclua arquivos pessoais, é
gerenciador de arquivos do Windows usa a chamada Interface
recomendável fazer backup dos arquivos regularmente, usando
Ribbon (por faixas) no Windows 8 e 10. Com isso, torna mais
o Backup do Windows, a fim de que seja possível restaurar ar-
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quivos e pastas individuais conforme a necessidade. Quando for acessíveis algumas ferramentas como a opção para exibir as
configurado um backup de arquivos agendado, o usuário poderá pastas e os arquivos ocultos.
escolher se deseja incluir uma imagem do sistema. Essa imagem A figura a seguir ilustra a janela Este Computador que
do sistema inclui apenas as unidades necessárias à execução do apresenta os dispositivos e unidades de armazenamento lo-
Windows. É possível criar manualmente uma imagem do sistema, cais como HDs e Drives de mídias ópticas, bem como as mídias
caso o usuário queira incluir unidades de dados adicionais. removíveis.
Disco de Restauração
O disco de restauração armazena os dados mais impor-
tantes do sistema operacional Windows, em geral, o que é
essencial para seu funcionamento. Esse disco pode ser utili-
zado quando o sistema vier a apresentar problemas, por vezes
decorrentes de atualizações.
Tipos de Backup
Completo/Normal
Também chamado de Backup Total, é aquele em que todos
os dados são salvos em uma única cópia de segurança. Ele é
indicado para ser feito com menor frequência, pois é o mais Um detalhe interessante sobre o Windows 10 é que as biblio-
demorado para ser processado, como também para ser recu- tecas, ilustradas na figura, não estão visíveis por padrão; o usuário
perado. Contudo, localizar um arquivo fica mais fácil, pois se precisa ativar sua exibição.
tem apenas uma cópia dos dados.
Na figura a seguir, é ilustrada a guia Exibir da janela Este
Diferencial Computador.
Este procedimento de backup grava os dados alterados
desde o último backup completo. Assim, no próximo backup
diferencial, somente serão salvos os dados modificados des-
de o último backup completo. No entanto, esse backup é mais
lento de ser processado do que o backup incremental, porém
é mais rápido de ser restaurado do que o incremental, pois é
necessário apenas restaurar o último backup completo e o úl-
timo backup diferencial.
Incremental
Neste tipo de backup, são salvos apenas os dados que fo-
ram alterados após a última cópia de segurança realizada. Este
procedimento é mais rápido de ser processado, porém leva
mais tempo para ser restaurado, pois envolve restaurar todos Ao selecionar arquivos ou pastas de determinados tipos,
os backups anteriores. Os arquivos gerados são menores do como imagens, algumas guias são exibidas como ilustra a série
que os gerados pelo backup diferencial. de figuras a seguir.
3. Redes de Computadores
Dois computadores conectados entre si já caracterizam
uma rede. Contudo, ela normalmente é composta por diver-
sificados dispositivos como: celulares, smartphones, tablets,
computadores, servidores, impressoras, roteadores, switches,
hubs, modens, etc. Devido a essa grande variedade de dis-
positivos, o nome genérico HOST é atribuído aos dispositivos
conectados na rede.
Todo Host possui um endereço que o identifica na rede, o
qual é o endereço IP. Mas também cada peça possui um núme-
ro único de fábrica que o identifica, o MAC Address.

É possível notar que há opções específicas para facilitar o Paradigma de Comunicação


compartilhamento dos arquivos e pastas. Paradigma é um padrão a ser seguido e, no caso das re-
des, é o modelo Cliente/Servidor. Nesse modelo, o usuário é
o cliente que envia uma solicitação ao servidor; ao receber a
solicitação, o servidor a analisa e, se é de sua competência,
provê a informação/dado.

Dispositivos de Rede
Os Dispositivos de Rede são citados até mesmo em provas
cujo conteúdo programático não cita a matéria de Hardware.
E na maioria das vezes em que aparecem questões sobre o
assunto, se questiona em relação à finalidade de cada dispo-
sitivo na rede, portanto, nesta seção são descritos alguns dos
principais dispositivos de rede:

Modulador/Demulador
Responsável por converter o sinal analógico da
Modem
linha telefônica em um sinal digital para o
computador e vice-versa.

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Conecta vários dispositivos em rede, mas não
Hub oferece muita segurança, pois envia as
informações para todos na rede.
É um dispositivo que permite interligar vários
dispositivos de forma mais inteligente que o
Switch
Hub, pois no switch os dados são direcionados
aos destinos corretos.
Um roteador já trabalha no nível de rede; em
um mesmo roteador podemos definir várias
Roteador
redes diferentes. Ele também cria uma rota para
os dados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Access Um Ponto de Acesso opera de forma similar a


Point um Switch, só que em redes sem fio.
É a estrutura principal dentro de uma rede, na
Backbone Internet é a espinha dorsal que a suporta, ou
seja, as principais ligações internacionais.

Topologia de Rede
Topologia diz respeito à estrutura de organização dos dis-
positivos em uma rede.
Barramento
Na Topologia de Barramento, todos os dispositivos estão
conectados no mesmo canal de comunicação, o que torna
o tráfego de dados mais lento e, se o barramento se rompe, 131
pode isolar parte da rede.
132

Anel
A estrutura em Anel conecta um dispositivo no outro; para
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

que todos os computadores estejam conectados, é necessário


que estejam ligados. Se o anel for simples, ou seja, de única Pilhas de Protocolos
via de dados, um computador desligado já é suficiente para Também colocadas pelas bancas examinadoras como mo-
tornar a rede inoperante para algum outro computador; o pro- delos, as pilhas de protocolos definem um conjunto de proto-
colos e em quais camadas de rede devem operar.
blema pode ser resolvido em partes, utilizando o anel duplo,
Neste tópico temos dois tipos de questões que podem ser
trafegando dados em duas direções da rede, porém, se dois associados na prova. Questões que fazem relação com os tipos
pontos forem desconectados, pode-se chegar à situação de de redes e questões que tratam da finalidade dos principais
duas redes isoladas. protocolos utilizados em uma navegação na Internet.
As pilhas de protocolos são:

TCP/IP OSI
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O modelo TCP/IP é o padrão utilizado nas redes. Mas, em


redes privadas, mesmo o TCP/IP sendo padrão, pode ser im-
plantado o modelo OSI.
Estrela Como o modelo TCP/IP é o padrão na seção seguinte são
Uma rede organizada em forma de estrela possui um nó destacados os principais protocolos de navegação.
centralizador. Esse modelo é um dos mais utilizados, pois um Principais Protocolos
nó pode estar desconectado sem interferir no resto da rede,
Um protocolo é uma regra de comunicação em redes, por-
porém, o centro é o ponto crítico. tanto, a transferência de arquivos, mesmo entre computadores
de uma mesma rede, utiliza um protocolo como forma de pa-
dronizar o entendimento entre os dois.
HTTP
HTTP (Hyper Text Transport Protocol) é o protocolo de
transferência de hipertexto. É o mais utilizado pelo usuário em
uma navegação pela Internet. Hipertexto consiste em um ar-
quivo no formato HTML (HyperText Markup Language) - Lin-
Estrela Estendida guagem de Marcação de Hipertexto.
A Estrela Estendida é utilizada em situações como, por HTML é um arquivo que pode ser gerado por qualquer edi-
exemplo, em uma universidade multicampi, em que um nó tor de texto, pois, quando é aberto no bloco de notas ou wor-
central é a conexão principal, a partir da qual se conecta com dpad, ele apresenta apenas informações de texto. No entanto,
quando é aberto pelo navegador, este interpreta o código em
a Internet, enquanto que os outros campi possuem centrais HTML e monta o conteúdo Multimídia na página. Entende-se
secundárias como conexão entre seus computadores. A es- por conteúdo multimídia: textos, áudio, vídeos e imagens.
trutura entre o nó principal e as centrais secundárias é o que
HTTPS
chamamos de Backbone dessa rede.
HTTPS (Hyper Text Transport Protocol Secure), também
conhecido como HTTP Seguro, é um protocolo que tem como
diferença entre o HTTP apenas a segurança que oferece, pois,
assim como o HTTP, serve para visualizar o conteúdo multi-
mídia.
O que se questiona em relação a sua segurança é como ela
é feita. O protocolo HTTPS utiliza o processo de Criptografia
para manter sigilo sobre os dados transferidos entre o usuário
e o servidor, para isso, são utilizados os protocolos TLS ou SSL.
Malha
Um detalhe muito importante é o de saber identificar se a
A conexão em malha é o modelo da Internet, em que en- navegação está sendo realizada por meio do protocolo HTTP
contramos vários nós principais, mas também várias ligações ou pelo protocolo HTTPS. A forma mais confiável é observar a
entre diversos nós. barra de endereços do navegador:
Firefox 10.02 Uma Intranet geralmente é constituída com o intuito de
compartilhar recursos entre os funcionários de uma empresa,
de maneira que pessoas externas não tenham acesso a eles.
Os recursos compartilhados podem ser: impressoras, arquivos,
IE 9 sistemas, entre outros.
Extranet
É quando parte de uma Intranet é disponibilizada por meio
Google Chrome da Internet.
Também dizemos que Extranet é quando duas empresas
com suas distintas Intranets possuem um sistema comum que
acessam apenas parte de cada uma das Intranets.
Logo no início da barra, observamos a indicação do proto-
colo HTTPS, que, sempre que estiver em uso, deverá aparecer. VPN
Porém, deve-se ter muita atenção, pois, quando é utilizado o VPN é uma forma de criar uma Intranet entre localizações
HTTP, alguns navegadores atuais têm omitido a informação no geograficamente distantes, com um custo mais baixo do que
começo da barra de endereços. ligar cabos entre os pontos. Para isso, emprega-se o proces-
Outra informação que nos ajuda a verificar se o acesso é por so de criptografia nos dados antes de enviá-los por meio da
meio de uma conexão segura é o símbolo do cadeado fechado. Internet e, quando o dado chega na outra sede, passa pelo
FTP processo de descriptografia. Dessa maneira, quem está nave-
gando na Internet não tem acesso às informações da empresa,
FTP (File Transport Protocol) é o protocolo de transferên- que continuam restritas; esse processo também é chamado de
cia de arquivos utilizado quando um usuário realiza download
tunelamento.
ou upload de um arquivo na rede.
O protocolo FTP tem como diferencial o fato de operar Padrões de Infraestrutura
sobre duas portas: uma para tráfego dos dados e outra para
autenticação e controle. São padrões que definem como deve ser organizada e
quais critérios precisam ser seguidos para montar uma es-
Firewall trutura de rede de acordo com os padrões estabelecidos pelo
IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos).
O Firewall pode ser Software, Hardware, ou ambos. Ele é
o responsável por monitorar as portas da rede/computador, O padrão Ethernet define as regras para uma infraestru-
permitindo ou negando a passagem dos dados na rede, seja tura cabeada, como tipos de cabos que devem ser utilizados,

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na entrada ou saída. distância máxima, tipos e quantidade de dispositivos, entre
outras. Já o padrão 802.11 define as regras para uma estrutura
O Firewall é o monitor que fica na porta olhando para uma
lista na qual contém as regras que um dado tem de cumprir Wi-Fi, ou seja, para a rede sem fio.
para passar por ela. Essa lista são os protocolos, por exemplo,
o Firewall monitorando a porta 80, relativa ao protocolo HTTP,
Correio Eletrônico
o qual só trabalha com conteúdo multimídia. Então, se um ar- O serviço de e-mail é outro ponto bastante cobrado nos
quivo .EXE tentar passar pela porta 80, ele deve ser barrado; concursos públicos. Em essência, o que se pede é se o concur-
essa é a função do Firewall. sando sabe sobre as diferentes formas de se trabalhar com ele.
O e-mail é uma forma de comunicação assíncrona, ou seja,
Tipos de Redes no momento do envio apenas o emissor precisa estar conectado.
Podemos classificar as redes de acordo com sua finalidade;
Formas de Acesso
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

neste tópico expõe-se a diferença entre as redes: Internet vs


Intranet vs Extranet. Podemos ler e escrever e-mail utilizando duas formas di-
ferentes. Na última década, o webmail ganhou mais espaço no
Internet mercado e se tornou majoritário no ramo de e-mails, mas mui-
É a rede das redes, também conhecida como rede mundial tas empresas utilizam ainda os clientes de e-mail:
de computadores.
Webmail
Muitas provas citam o sinônimo WWW (World Wide Web)
para internet, ou por vezes apenas Web. Ela é definida como O Webmail é uma interface de acesso para o e-mail via
uma rede Pública a qual todos com computador e servidor de Browser (navegador de Internet), ou seja, uma forma de vi-
acesso podem conectar-se. sualizar o e-mail via uma página de web. Diante disso, é pos-
sível destacar que usamos os protocolos HTTP ou HTTPS para
Intranet visualizar páginas da Internet. Dessa forma, ao acessar sites de
É uma rede empresarial, também chamada de rede corpo- e-mail como gmail.com, hotmail.com, yahoo.com.br e outlook.
rativa. Tem como principal característica ser uma rede Privada, com, fazemos uso desses protocolos, sendo o HTTPS o mais
portanto, possui controle de acesso, o qual é restrito somente usado atualmente pelos grandes serviços de e-mail, pois con- 133
a pessoas autorizadas. fere ao usuário maior segurança no acesso.
Dizemos que o webmail é uma forma de ler e escrever necessário, no entanto, conectar-se novamente para que as
134 e-mails, dificilmente citado como forma de enviar e receber, mensagens possam ser enviadas.
uma vez que quem realmente envia é o servidor e não o com- Ao invés de utilizar o POP, o usuário pode optar em fa-
putador do usuário. zer uso do protocolo IMAP, que é para acesso a mensagens de
Quando um e-mail é enviado, ele parte diretamente do e-mail, as quais, por sua vez, residem no servidor de e-mails.
servidor no qual o remetente possui conta para o servidor do Portanto, se faz necessário estar conectado à internet para po-
serviço de e-mail do destinatário.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

der ler o e-mail por meio do protocolo IMAP.


Cliente de E-mail Spam
Um Cliente de E-mail é um programa específico para en- Spam é uma prática que tem como finalidade divulgar
viar e receber mensagens de e-mail e que é, necessariamente, propagandas por e-mail, ou mesmo utilizar-se de e-mails que
instalado no computador do usuário. chamem a atenção do usuário e o incentivem a encaminhar
Exs.: para inúmeros outros contatos, para que, com isso, levantem
Outlook; uma lista de contatos que pode ser vendida na Internet ou
Mozilla Thunderbird; mesmo utilizada para encaminhar mais propagandas.
Eudora; Geralmente um spammer utiliza-se de e-mail com temas
IncredMail; como: filantropia, hoax (boatos), lendas urbanas, ou mesmo
Outlook Express; assuntos polêmicos.
Windows Live Mail.
Os programas clientes de e-mail usam protocolos específi- URL (Uniform Resource Locator)
cos para envio e recebimento das mensagens de e-mail.
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ŝ#-ŝŦ

É um endereço que identifica um site, um serviço, ou mes-


Protocolos utilizados pelos Clientes de E-mail mo um endereço de e-mail. Abaixo temos um exemplo de
Para o envio, um cliente de e-mail utiliza o protocolo SMTP URL; observe que podemos dividi-la em várias partes.
(Simple Mail Transport Protocol – Protocolo de transporte de
mensagens simples). Como todo protocolo, o SMTP também
opera sobre uma porta específica, que pode ser citada como
ŚƩƉ://www.site.com.br
sendo a porta 25, correspondente ao padrão, mas atualmente
ela foi bloqueada para uso dos usuários, vindo a ser substituí- Protocolo Pasta Domínio
da pela 587.
Com isso, em questões de Certo e Errado, apenas a 587 é a Domínio
correta, quando abordado sobre o usuário, pois entre servido- É o nome registrado de um site para que possa ser acessado
res a 25 ainda é utilizada. Já nas questões de múltipla escolha, por meio da Internet. Assim como a URL, um Domínio também
vale o princípio da menos errada, ou seja, se não tiver a 587, a pode ser dividido em três partes, como ilustra a figura abaixo.
25 responde a questão.
Mesmo que a mensagem de e-mail possua arquivos ane-
xos a ela, envia-se por SMTP; assim o protocolo FTP não é uti- site.com.br
lizado.
Já para o recebimento, o usuário pode optar em utilizar o O .br indica que esse site está registrado no conjunto
protocolo POP ou o protocolo IMAP, contudo, deve ser obser- de domínios do Brasil, que é administrado e regulamenta-
vada a diferença entre os dois, pois essa diferença é ponto para do pelo Registro.Br, componente do CGI (Comitê Gestor de
muitas questões. Internet no Brasil).
O protocolo POP tem por característica baixar as mensagens O Registro.Br define várias normas em relação à criação
de e-mail para o computador do usuário, mas por padrão, ao de um domínio, como por exemplo o tamanho máximo de 26
baixá-las, elas são apagadas do servidor. Portanto, as mensa- caracteres, a limitação para apenas letras e números e recen-
gens que um usuário está lendo estão, necessariamente, em seu temente a opção de criar domínios com letras acentuadas e o
computador. caractere ç.
Por outro lado, se o usuário desejar, ele pode configurar Também compete ao Registro.Br a normatização da se-
o protocolo de forma que sejam mantidas cópias das mensa- gunda parte do domínio, representado na figura pelo .com.
gens no servidor, no entanto, a que o usuário está lendo, efe- Essa informação diz respeito ao ramo de atividade a que se
tivamente, está em seu computador. Sobre essa característica destina o domínio, mas não nos garante qual a real finalidade
são citadas questões relacionando à configuração a uma espé- do site. A última parte, por fim, é o próprio nome do site que
cie de backup das mensagens de e-mail. se deseja registrar.
Atualmente o protocolo POP encontra-se na versão 3; Protocolo IP
dessa forma ele pode aparecer nos textos de questão como
POP3, não afetando a compreensão da mesma. Uma vez que Cada equipamento na rede ganha o nome genérico de
o usuário necessita conectar na internet apenas para baixar Host, o qual deve possuir um endereço para que seja localiza-
as mensagens, é possível que ele desconecte-se da internet do na rede. Esse é o endereço IP.
e mesmo assim leia seus e-mails. E, uma vez configurado o O protocolo IP é o responsável por trabalhar com essa infor-
SMTP, também é possível redigir as respostas off-line, sendo mação, para tanto, um endereço IP possui versões: IPv4 e IPv6.
Um IP também é um endereço, portanto, pode ser inserido Conceitos Relacionados à Internet
diretamente na barra de endereços de um navegador.
O IPv4 é composto por até quatro grupos de três dígitos Nesta seção são apresentados alguns conceitos, tecnolo-
que atingem valor máximo de 255 cada grupo, suportando, gias e ferramentas relacionadas à Internet que são cobrados
no máximo, cerca de 4 bilhões (4.294.967.296) de endereços. nas provas dos concursos.
Ex.: 200.201.88.30 endereço IP da Unioeste1. Motores de Busca
O IPv6 é uma proposta que está gradativamente substi- Os Motores de Busca são normalmente conhecidos por
tuindo o IPv4, justamente pela pouca quantidade de endereço buscadores e têm como representante mor o Google. Dentre
que ele oferece. O IPv6 é organizado em 8 grupos de 4 dígitos os principais estão:
hexadecimais, suportando cerca de 3,4 x 1038, aproximada- Google;
mente 3,6 undecilhões de endereços IP.
Yahoo;
Ex.: 0123:4567:89AB:CDEF:1011:1314:5B6C:88CC2 Cadê? - O primeiro buscador nacional (comprado
DNS (Domain Name System) pelo Yahoo), pode ser chamado de Yahoo! Cadê?;
Aonde;
O Sistema de Nomes de Domínios é o responsável por
Altavista;
traduzir (resolver por meio de consultas aos servidores Raiz
MSN transformado em Bing.
da Internet) um Domínio para o endereço IP do servidor que
É importante observar que, nos navegadores atuais, os
hospeda (armazena) o site desejado. Esse processo ocorre em motores de busca são integrados, com isso podemos definir
questão de segundos e obedece uma estrutura hierárquica. qual se deseja utilizar, por exemplo: o Google Chrome e o Mo-
zilla Firefox utilizam como motor de busca padrão o Google, já
Navegadores o Internet Explorer utiliza o Bing. Essa informação é relevante,
Navegadores são programas que permitem acesso às pá- pois é possível nesses navegadores digitar os termos buscados
ginas da Internet, são muitas vezes citados em provas pelo diretamente na barra de endereços, ao invés de acessar pre-
termo em inglês Browser. viamente o site do motor de busca.
Internet Explorer Busca Avançada
Mozilla Firefox
Opera Os motores de busca oferecem alguns recursos para oti-
Google Chrome mizar a busca, como operadores lógicos, também conhecidos
Safari como operadores booleanos3. Dentre eles podemos destacar a
negação (-). Ao realizar uma busca na qual se deseja encon-
Também são cobrados os conceitos dos tipos de dados
trar resultados que sejam relacionados a determinado assunto,
de navegação que estão relacionados aos navegadores.

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ŝ#-ŝŦ
porém os termos usados são comuns a outro, podemos utilizar
Cache o sinal de menos precedendo o termo do assunto irrelevante,
como o exemplo de uma questão que já caiu em prova: realizar
É um armazenamento temporário. No caso dos navegado- a busca por leite e cão, contudo, se for inserido apenas estes
res, trata-se de uma pasta onde são armazenados os conteúdos termos na busca, muitos resultados serão relacionados a gatos
multimídias como imagens, vídeos, áudio e inclusive textos, para e leite. Para que as páginas que contenham a palavra gato não
que, no segundo momento em que o mesmo conteúdo for aces- sejam exibidas na lista de páginas encontradas, basta digitar o
sado, ele possa ser mostrado ao usuário mais rapidamente. sinal de menos (-) antes da palavra gato (sem espaço entre o
sinal e a palavra), assim a pesquisa a ser inserida no buscador
Cookies fica Cão Leite -Gato.
São pequenas informações que alguns sites armazenam Também é possível realizar a busca por uma frase exata,
no computador do usuário. Exemplos de informações armaze- assim, somente serão listados os sites que contenham exa-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nadas nos Cookies: Senhas, obviamente que são armazenadas tamente a mesma expressão. Para isso, basta digitar a frase
criptografadas; também são muito utilizados em sites de com- desejada entre aspas duplas.
pras, para armazenar o carrinho de compras. Busca por/em Domínio Específico: para buscar sites que
possuam determinado termo em seu nome de domínio, basta
Dados de Formulários inserir o texto site: seguido da palavra desejada, lembrando
Quando preenchemos um formulário, os navegadores que não deve haver espaço entre site: e o termo desejado. De
oferecem opção para armazenar os dados digitados em cada forma similar, também pode-se utilizar inurl: termo para bus-
campo, assim, quando necessário preencher o mesmo formu- car sites que possuam o termo na URL.
lário ou ainda outro formulário com campos de mesmo nome, Quando o domínio já é conhecido, é possível realizar a
busca por determinado termo apenas nas páginas do domí-
o navegador sugere os dados já usados a fim de autocomple-
nio. Para tanto, deve-se digitar site:Dominiodosite termo.
tar o preenchimento do campo.
Calculadora: é possível, ainda, utilizar o Google como uma
calculadora, bastando digitar a expressão algébrica que se
135
1  Universidade Estadual do Oeste do Paraná 3  Em referência à lógica de Boole, ou seja, a lógica que você estuda para o
2  IP fictício. concurso.
deseja resolver como 2+2 e, como resultado da “pesquisa”, é ISO (Iternational Organization for Standarization), em 1984.
136 apresentado o resultado da operação. O modelo TCP/IP, também conhecido como Pilha TCP/IP, é o
Operador: quando não se sabe exatamente qual é a pala- adotado como padrão atualmente, após padronização e im-
vra para completar uma expressão, pode-se completar a lacu- plementação pela ARPAnet entre 1980 e 1985, enquanto o OSI
na com um asterisco, assim o motor de busca irá entender que é utilizado como modelo de referência para a criação de novos
naquele espaço pode ser qualquer palavra. protocolos.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Busca por tipo de arquivo: podemos refinar as buscas a Antes de abordar as estruturas, é necessário entender al-
resultados que consistam apenas em determinado formato de guns conceitos:
arquivo. Para tanto, podemos utilizar o operador filetype: as- ▷ Camada: é a forma encontrada para dividir os pro-
sim, para buscar determinado tema, mas que seja em PDF, por blemas de comunicação em redes, segmentando
exemplo, pode-se digitar filetype: pdf tema. em níveis distintos de responsabilidade. Assim, os
Tipos de Busca dados trafegam entre os equipamentos de rede sem
que, necessariamente, tenham de acessar os dados
Os principais motores de busca permitem realizar as buscas transmitidos. Uma camada presta serviços para a
de forma orientada a conteúdos gerais da web, como refinar a
camada superior a ela e usa serviços da camada in-
busca para exibir apenas imagens, vídeos ou mapas relacionados
ferior a ela; não é possível pular camadas.
aos termos digitados.
▷ Interface: é parte que realiza a comunicação direta
Chat entre duas máquinas; dentre os níveis de camada, é
Um chat é normalmente citado como um bate-papo em uma das mais inferiores.
tempo real; é a forma de comunicação em que ambos os inter-
Ş
ŝ#-ŝŦ

locutores estão conectados (on-line) simultaneamente. Muitos Modelo OSI


chats operam com salas de bate-papo. Um chat pode ser em O modelo OSI foi proposto como um sistema aberto de
um site específico como o chat do Uol. Conversas pelo MSN regras. Para atender a objetivos como: Portabilidade da apli-
ou Facebook podem ser consideradas como Chat, desde que cação; Interoperabilidade; Interconectividade e Estabilidade.
ambos interlocutores estejam conectados. Assim, diferentes equipamentos, com sistemas operacionais
distintos, podem se comunicar.
Fórum A organização do modelo OSI se divide entre 7 camadas:
Também conhecidos como Listas de Discussão, os fóruns
funcionam como debates sobre determinados assuntos. Em Nº Camada Finalidade
um fórum não é necessário que os envolvidos estejam conec- Manipulação de conteúdo específico
tados para receberem os comentários, pois estes ficam dispo- 7 Aplicação (conteúdo multimídia, acesso remoto,
níveis para acesso futuro pelo usuário ou mesmo por pessoas e-mail, transferência de Arquivos).
que não estejam cadastradas no fórum, contudo, existem Formatar os dados e converter
6 Apresentação
muitos fóruns fechados, nos quais só se entra por convite ou códigos e caracteres.
mediante aquisição. A maioria deles vincula o e-mail dos en- Estabelecer uma sessão de
volvidos a uma discussão, alertando-os assim, caso um novo comunicação com outros dispositivos,
5 Sessão
comentário seja acrescentado. ou seja, gerencia a conversa entre os
equipamentos.
Moodle Estabelecer conectividade fim a fim
O Moodle é uma ferramenta fortemente utilizada pelo se- entre as aplicações, além de oferecer
4 Transporte
tor público, e também privado, para dar suporte ao Ensino a métodos de entrega de dados com ou
sem controle de entrega.
Distância (EAD).
Realizar o endereçamento dos dados e
3 Rede
4. Arquitetura de Redes roteamento das informações na rede.
Verificar se os dados trafegados estão
Uma rede consiste em uma forma de ligação e comuni- 2 Enlace de dados livres de erros de comunicação antes
cação de dispositivos que utilizam regras, denominadas de de entregá-los à camada de rede.
protocolos, para estabelecer a organização e padronização da Especificação das interfaces físicas;
comunicação. 1 Física responsável pela transmissão dos bits
através do meio físico.
Existem vários protocolos em diferentes níveis de organi-
zação de comunicação. Estes protocolos são organizados em As três camadas de nível mais alto, 7, 6 e 5, representadas
grupos denominados suítes de protocolos. Embora existam na tabela 1, não se preocupam em como os dados serão trans-
duas principais suítes de protocolos, foi preciso eleger uma mitidos pela rede, pois seu objetivo é manipular a informação
como padrão para a comunicação de dados entre os disposi- para atender às necessidades do usuário e dos aplicativos.
tivos em rede. Além dos conceitos gerais apresentados na tabela 1, as provas
Apesar de usarmos apenas uma suíte na prática, faz-se de concursos costumam cobrar alguns conceitos mais especí-
necessário conhecer as duas, pois cada uma das coleções or- ficos das principais camadas.
ganiza os protocolos em quantidades de camadas diferentes. A camada de Aplicação é a de nível mais alto na organiza-
As suítes são: TCP/IP, proposto pela empresa RAND Co, em ção de camadas, pois é a camada que, em níveis de abstração,
1964, e OSI (Open Systems Interconnection), proposto pela mais se aproxima do usuário. Nesta camada encontram-se os
protocolos que manipulam diretamente os dados das aplica- Modelo TCP/IP
ções (programas). Pode-se dizer que ela usa os serviços pres- A arquitetura TCP/IP surge com os primórdios da Internet, ain-
tados pela camada de Apresentação. da quando estava no ventre acadêmico, para interligar os centros
Os principais protocolos da camanda de aplicação são: de computação das universidades dos Estados Unidos. Seu nome
HTTP, RTP, SMTP, FTP, SSH, Telnet, IRC, SNMP, NNTP, POP3, origina-se dos principais protocolos usados na comunicação de
IMAP, BitTorrent, DNS, Ping. O detalhamento dos protocolos é redes o TCP (Transport Control Protocol – Protocolo de Controle
apresentado em outra seção deste material. de Transporte) e o IP (Internet Protocol – Protocolo de Internet).
Na camada de transporte, podem-se destacar dentre os Este modelo permite a interconexão de redes e sistemas
heterogêneos, ou seja, redes em que existam diferentes tec-
protocolos desta camada o TCP e o UDP, enquanto na camada
nologias, equipamentos e softwares desenvolvidos por fabri-
de Rede destacam-se IP, IPsec, ICMP, NAT e ARP. A camada de cantes diferentes.
Enlace, presente entre a camada de rede e física, é responsá- Embora tenha uma origem comercial, a suíte TCP/IP pode
vel, também, pela preparação dos dados para que sejam en- ser (e é) utilizada livremente, tanto que é o atual modelo de
viados para o meio físico. Para tanto, utiliza protocolos como: organização de protocolos aplicados nas redes. Mesmo uma
Ethernet, IEEE 802.1Q, Token Ring, PPP, Frame ralay. rede isolada da Internet utiliza por padrão o conjunto TCP/IP.
Já a camada Física é a de mais baixo nível por estar mais Para conectar duas ou mais redes, é necessário utilizar um
próxima ao hardware, sendo em alguns casos o próprio hard- equipamento específico, denominado Roteador.
ware de transmissão de dados. Ela é conhecida como camada A arquitetura TCP/IP se divide em 4 camadas:
1, conforme classificado na tabela anterior.
Pode-se dizer que uma camada encapsula outra. Deste
Nº Camada Finalidade
Manipulação de conteúdo específico
modo, a camada de nível inferior conterá os dados da superior 4 Aplicação (conteúdo multimídia, acesso remoto,
a ela e ainda acrescentará alguns dados de cabeçalho, confor- e-mail, transferência de Arquivos)
me ilustra o quadro a seguir. Estabelecer conectividade fim a fim entre
as aplicações, além de oferecer métodos
3 Transporte
Física de entrega de dados com ou sem controle
de entrega.
Enlace de dados Realizar o endereçamento dos dados e
2 Rede (Rede Lógica)
MAC de Origem roteamento das informações na rede.
MAC de Destino Interface de Rede
1 Preparar e transmitir os dados.
(Rede Física)
Rede
IP de Origem Embora na prática o modelo TCP/IP seja o empregado,

Ş
ŝ#-ŝŦ
IP de Destino ele possui algumas relações e similaridades com a suíte OSI.
Transporte A tabela 4 representada a seguir ilustra as camadas do modelo
Sessão TCP/IP que agregam funcionalidades de diferentes camadas
Apresentação do modelo OSI.
Aplicação Modelo OSI Modelo TCP/IP
Dados Nº Camada Camada Nº
7 Aplicação
Os protocolos são divididos em camadas para que cada
6 Apresentação Aplicação 4
uma seja responsável por ações isoladas, que são utilizadas por
5 Sessão
vários protocolos da camada superior. Assim, a tabela a seguir,
4 Transporte Transporte 3
representa quais recursos conseguem acessar as camadas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3 Rede Rede 2
Camada Usada por 2 Enlace de dados
Interface de Rede 1
1 Física
Aplicação
Programas e aplicativos O modelo TCP/IP proposto inicialmente apresenta 4 cama-
Apresentação
em nível do usuário das, conforme ilustra a tabela 3. Entretanto, na prática e nas
Sessão provas, ele é considerado com 5 camadas (também conhecido
Transporte como TCP/IP híbrido), conforme ilustrado na tabela anterior.
Sistema Operacional de
Rede Rede
Nº Camada
5 Aplicação
Enlace de dados 4 Transporte
3 Rede (Rede Lógica)
Hardware
Física 2 Enlace 137
1 Física
Para memorizar as camadas, podemos usar a mnemônica Os principais protocolos do conjunto TCP/IP que devem ser
138 OFERTA: estudados são listados a seguir.
O TCP/IP é dividido nas camadas: Camada de Aplicação: DHCP, DNS, FTP, HTTP, HTTPS, IMAP,
Ping, POP, SMTP, SNMP, SSH, Telnet, BitTorrent e TLS/SSL.
F ísica ▷ Camada de Transporte: TCP e UDP.
E nlace ▷ Camada de Rede: ARP, ICMP, NAT, IPv4 e IPv6.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

R ede ▷ Camada de Enlace: MAC, Ethernet.


▷ Camada Física: Modem, Bluetooth, Cabos, Wi-fi.
T ransporte
A plicação
Encapsulamento
Como já visto, o protocolo da camada de aplicação é que
Convém notar que no modelo TCP/IP de 5 camadas, a manipula os dados diretamente. Contudo, muitas vezes, os
camada de Interface de Rede se divide em camadas Física e dados são grandes e é necessário segmentá-los para trans-
de Enlace, como no modelo de referência OSI. Para o TCP/IP a miti-los pela rede. Assim, as camadas dividem os dados em
camada física consiste no meio físico por onde são trafegados outros tipos de informação, além de acrescentar um pedaço,
os dados. chamado de cabeçalho.

Camadas Dados
Aplicação Cabeçalho protocolo de Aplicação Dados
Ş
ŝ#-ŝŦ

Transporte Cabeçalho de Transporte Dados

Rede Cabeçalho de Rede Dados

Enlace Cabeçalho do Frame Dados


Física (bits) 01001100100101010101111101010100101001011011010001111011

Cabeçalho do Este protocolo é utilizado pelos serviços de Stream e pelo


Dados DNS.
Frame
Cabeçalho de
Dados
Rede ARP (Address Resolution Protocol)
Cabeçalho de É um protocolo usado para mapear um endereço da cama-
Dados
Transporte da de enlace (Ethernet, por exemplo) a partir do endereço da
Dados camada de rede (como um endereço IP).
A tabela ARP é a estrutura utilizada para mapear os en-
TCP dereços MAC dos dispositivos aos seus respectivos endereços IP.
O protocolo TCP é um dos protocolos da família de proto- Tabela NAT (Network
colos do TCP/IP. Ele oferece um serviço orientando a Conexão,
além de ser um serviço confiável que garante a entrega dos Address Translation)
dados ao cliente. A tabela NAT é utilizada apenas no IPv4 nas conexões de
Durante a fase de transferência, o TCP está equipado com borda de rede, ou seja, para mapear endereços de sub-redes,
vários mecanismos que asseguram confiabilidade e robustez: ou mesmo da rede “fria” (Intranet) para endereços da rede
▷ números de sequência que garantem a entrega or- “quente” (Internet).
denada; Em IPv6 a tabela NAT não se faz necessária.
▷ código detector de erros (checksum) para detecção
de falhas em segmentos específicos; Endereços
▷ confirmação de recepção e temporizadores que per- Em uma rede de computadores trabalhamos com endere-
mitem o ajuste e contorno de eventuais atrasos e ços para os dispositivos. Estes dispositivos recebem endereços
perdas de segmentos. lógicos e endereços Físicos.
UDP (User Datagram Protocol – Endereço Físico
Protocolo de Datagrama de Usuário) Um endereço Físico é um endereço original de fábrica, que
É um protocolo simples da camada de transporte. Ele per- é único no mundo. Tal endereço é controlado pela IANA, que
mite que a aplicação escreva um datagrama encapsulado em distribui (vende) as faixas de endereços para as empresas fa-
um pacote IPv4 ou IPv6, e então enviado ao destino. Mas não bricantes. Cada endereço é armazenado em uma memória do
garante se o segmento irá chegar ou não. Este protocolo tam- tipo ROM, ou seja, não alterável.
bém não oferece segurança na comunicação, portanto não é O MAC é o endereço Físico de uma rede. Ele identifica o
um serviço confiável. Também dizemos que o UDP é um ser- equipamento, mas não a rede; assim, ele não é roteável; é des-
viço sem conexão. crito com 48 bits.
Endereço Lógico Portanto, como o IP, cada grupo pode ter o valor máximo
255. Porém, no caso das máscaras, o mais comum é usar estes
Endereço lógico é o endereço IP, que pode ser definido
valores máximos, como identifica a tabela a seguir.
por software. Ele é utilizado para identificar tanto a rede como
também o Host. Este endereço é roteável. Classe Máscara de Rede CIDR
A 255.0.0.0 /8
Endereçamento IPv4 B 255.225.0.0 /16
Um endereço IPv4 possui tamanho de 32 bits, o que vi- C 255.255.255.0 /24
abiliza um total de 4.294.967.296 combinações possíveis, ou
seja, pouco mais de 4 bilhões. Considerando que todo dispos- Máscaras
itivo em rede recebe um endereço IP que deve ser único para
identificá-lo, rapidamente nota-se que não há endereços para O número que expressa uma máscara normalmente é alto,
todos os dispositivos conectados à rede, ainda mais se consid- pois ele representa os bits mais à esquerda de um octeto mar-
erarmos um dispositivo para cada pessoa no mundo. cados como 1 e os demais zeros. Com isso, as máscaras podem
Inicialmente, o IPv4 foi organizado em classes de en- sumir apenas valores, como apresenta a tabela a seguir.
dereços (Classful) para que as redes locais não utilizassem en- Octeto (8 bits) Decimal
dereços IPs reais nos seus dispositivos internos. Deste modo, 1000 0000 128
se uma empresa possui uma rede com 100 computadores, 1100 0000 192
para a Internet é como se todos eles fossem apenas um. Neste
1110 0000 224
cenário a tabela NAT se torna necessária.
1111 0000 240
Porém, com o tempo, até mesmo essa proposta se mos-
trou ineficiente para atender à alta demanda de endereços. 1111 1000 248
Logo, novas versões de protocolo IP foram apresentadas, mas 1111 1100 252
até que estivessem aptas para uso no mercado outra solução 1111 1110 254
provisória foi tomada: a criação do Classless para o gerencia- 1111 1111 255
mento de endereços de redes e sub-redes.
É importante lembrar que o IPv4 é composto por 4 grupos,
Classful chamados octetos quando trabalhados em binário. Por isso,
Na divisão classful foram apresentadas cinco classes dis- cada grupo pode assumir valor máximo 255, pois é o maior
tintas, sendo as mais usadas as classes A, B e C, pois D e E valor possível de ser representado com 8 bits.
são classes de endereços reservados. Assim, na primeira con- Uma máscara assumirá apenas os valores apresentados,
cepção as classes eram tomadas pelo endereço IP, conforme postos à esquerda. No exemplo a seguir, a máscara é 255.0.0.0.

Ş
ŝ#-ŝŦ
ilustra a tabela a seguir. Cumpre observar os respectivos octetos: os números identifi-
Classe Gama de Endereços cados com 1 representam uma rede. Assim, se algum número
A 0.0.0.0 até 127.255.255.255 deles for alterado no endereço IP de um Host, significa que
B 128.0.0.0 até 191.255.255.255 este se encontra em uma rede diferente.
C 192.0.0.0 até 223.255.255.255
D 224.0.0.0 até 239.255.255.255 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000
E 240.0.0.0 até 255.255.255.254 255 0 0 0
Caso 1:
Classe Nº de Endereços por Rede
Se um Host X possui endereço IP 10.0.0.0, um Host Y possui
A 16.777.216 endereço IP 10.12.14.0 e um Host Z possui endereço IP 15.0.3.1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

B 65.536 e os três pertençam ao classful A, ou seja, possuem a máscara


C 256 255.0.0.0, anteriormente representada, pode-se concluir que
X e Y pertencem à mesma rede, uma vez que o primeiro grupo
Como identificado anteriormente, tal proposta logo se tor- não tem seu valor alterado. Já o Host Z apresenta um núme-
nou obsoleta, e o emprego de máscaras foi utilizado para iden- ro diferente para o primeiro grupo, indicando não pertencer à
tificar as classes de rede. Na anterior são identificados quan- mesma rede que X e Y. Na prática, o computador realiza um
tos endereços cada classe (classful) suporta por rede. Contudo, AND bit a bit com o IP binário e a máscara para verificar se
destas quantias é necessário reduzir dois endereços (de rede e pertencem à mesma rede.
de broadcast) para saber quantos endereços poderão ser us-
ados por dispositivos de rede. Desse modo, uma rede classe
255 0 0 0 Máscara
C suporta 256 endereços por rede dos quais 254 podem ser
usados por Hosts, uma vez que dois são reservados. 1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000 Classe A
Uma máscara é um número de estrutura similar ao en- 0000 1010 0000 0000 0000 0000 0000 0000 IP X
dereço IP. Porém, relaciona-se a este por cálculos lógicos bit 10 0 0 0
a bit para identificar o endereço que representa a rede e o en- Endereço 139
0000 1010 0000 0000 0000 0000 0000 0000
dereço de broadcast. Rede
Sabe-se que o endereço IPv4 possui 32 bits e que uma
140 255 0 0 0 Máscara máscara identifica os bits à esquerda que serão usados para
1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000 Classe A identificar a rede. Assim, os bits que sobram à direita (zerados)
0000 1010 0000 1100 0000 1110 0000 0000 IP Y são usados para identificar endereços por rede. Um CIDR re-
10 12 14 0
presenta exatamente o total de bits da máscara que são mar-
cados como 1, ou seja, o total de bits que representam redes.
Endereço
0000 1010 0000 0000 0000 0000 0000 0000
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Rede Portanto, ao calcular pelo complemento, temos:


32 (tamanho do IPv4, portanto sempre será 32) – CIDR
(normalmente informado pela questão) = X
Para calcular quantos são os endereços por rede, deve-se
255 0 0 0 Máscara
elevar 2 por X, ou seja, 2X=Y.
1111 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000 Classe A
Já para identificar a quantidade de Host utilizáveis, basta
0000 1111 0000 0000 0000 0011 0000 0001 IP Z calcular Y-2.
15 0 3 1 Deste modo, dado o exemplo:
Endereço
0000 1111 0000 0000 0000 0000 0000 0000
Rede
Em uma rede classe C, quantos endereços IPs podem ser
usados por Hosts?
Caso 2: Um exemplo Classful C Classe C = 255.255.255.0, ou seja, CIDR /24.
Se um Host X possui endereço IP 192.168.0.100, um Host 32-24=8
Y possui endereço IP 192.168.0.250 e um Host Z possui en- 28=256 endereços por rede.
Ş
ŝ#-ŝŦ

dereço IP 192.168.5.120, sendo classful C possuem a máscara 256-2 = 254 endereços para Hosts.
255.255.255.0, pode-se concluir que X e Y pertencem à mesma
rede, uma vez que o primeiro, o segundo e o terceiro octe-
Classless
tos não têm seus valores alterados. Já o Host Z apresenta um Como a proposta de divisão em classful também se mos-
número diferente para o terceiro grupo, assim o Host Z não trou limitada, surge a proposta classless, agora permitindo
pertence à mesma rede que X e Y. uma maior subdivisão, além de apresentar melhor aproveita-
mento das faixas de endereços IPs.
A lógica de trabalho e cálculo é similar ao classful, com
255 255 255 0 Máscara a diferença de que agora parte de um octeto pode ser usada
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C como máscara. Assim, os valores apresentados na tabela a se-
1100 0000 1010 1000 0000 0000 0110 0100 IP X guir são mais presentes.
192 168 0 100 No exemplo a seguir, dado o endereço IP 192.168.1.0 e a
Endereço máscara 255.255.255.240, quantos são os endereços por rede?
1100 0000 1010 1000 0000 0000 0000 0000
Rede

1100 0000 1010 1000 0000 0001 0000 0000


IP
255 255 255 0 Máscara 192 168 1 0
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C
1100 0000 1010 1000 0000 0000 1111 1010 IP Y 1111 1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000
Máscara
192 168 0 250 255 255 255 240
Endereço
1100 0000 1010 1000 0000 0000 0000 0000 A forma mais simples vista até aqui é utilizar o CIDR. Mas
Rede
é possível notar que nem sempre a questão o irá informar. Se
o candidato possuir habilidades em converter decimais para
binários ou mesmo se tiver decorado a tabela 9, então só res-
255 255 255 0 Máscara ta contar os números 1, ou neste caso, usar o menor esforço
1111 1111 1111 1111 1111 1111 0000 0000 Classe C e contar os zeros da máscara, que afinal é o que se deseja.
1100 0000 1010 1000 0000 0101 0111 1000 IP Z Portanto, a máscara apresentada corresponde ao CIDR /28, ou
192 168 5 120 seja, os 4 últimos dígitos são os endereços por rede. Calculan-
Endereço do, temos:
1100 0000 1010 1000 0000 0101 0000 0000
Rede 256 – 240 = 16 endereços por rede
Observa-se que o endereço de rede obtido para X e Y é o Ou
mesmo, mas para Z é outro.
32 – 28 = 4
Para saber quantos são os endereços por rede, a máscara é
de fundamental ajuda, principalmente se for dada pela ques- 24=16 endereços por rede
tão na forma CIDR, como apresenta a tabela 8. Este é um dos Para a quantidade de Hosts utilizáveis, é importante lem-
tópicos mais cobrados nas provas. brar-se de subtrair destes 16 os 2 endereços reservados.
Nota-se que as máscaras 255.255.255.254 e seja, mantendo o resto. Ao final deve-se pegar do último resto
255.255.255.255 não fazem muito sentido: a primeira por não ao primeiro. Vejamos o exemplo.
existirem endereços para Hosts; e a segunda, além de não pos-
suir endereços por rede, é um endereço reservado, utilizado
para broadcast.
Vejamos, a seguir, as diferentes redes que podem ser cria-
das com o endereço 192.168.1.0/27, lembrando que o /27 é o
CIDR, ou seja, os 27 bits à esquerda serão para rede, e os 5 bits
que sobram são para cada rede. Verifica-se que ao mudar um
dos três bits à esquerda do último octeto (em destaque) se
tem uma rede distinta. À direita os valores indicam o primeiro
endereço IP de cada rede, que é o endereço que a identifica.

5. Segurança da Informação
A Segurança da Informação é um ponto crucial para o concurso
público para muitas bancas examinadoras e também de interesse
da instituição que irá receber os aprovados. Afinal, ao ser aprovado,
o candidato estará compondo o quadro de uma instituição pública
que possui uma Intranet e sistemas sobre os quais há necessidade
de se manter uma boa política de segurança.
Segundo o CGI4, para um sistema ser classificado como se-
guro, ele deve atentar a três requisitos básicos: confidencialida-
de, integridade e disponibilidade. Esses conceitos são aborda-
Assim, podemos concluir que a primeira rede/sub-rede dos neste material no tópico de princípios básicos da segurança
que pode ser composta vai de 192.168.1.0/27 até 192.168.1.31/27, da informação.
o endereço 192.168.1.32/27 marca o início da segunda rede/sub-
-rede. A tabela a seguir, destaca os intervalos de endereços e Faz-se necessário que sejam atendidos alguns requisitos
os respectivos endereços reservados. mínimos para uma segurança do microcomputador, que de-

Ş
ŝ#-ŝŦ
pendem tanto de recursos tecnológicos como de bom senso e
Endereço de Faixa de endereços utilizá- Endereço de Sub- discernimento por parte dos usuários.
rede veis por Hosts broadcast -rede
192.168.1.0 192.168.1.1 192.168.1.30 192.168.1.31 0
Para manter um computador com o mínimo de segurança
deve-se:
192.168.1.32 192.168.1.33 192.168.1.62 192.168.1.63 1
192.168.1.64 192.168.1.65 192.168.1.92 192.168.1.93 2
Manter o Sistema Operacional sempre atualizado,
pois a maioria dos malwares exploram as vulnerabi-
192.168.1.94 192.168.1.95 192.168.1.126 192.168.1.127 3
lidades do SO.
192.168.1.128 192.168.1.129 192.168.1.158 192.168.1.159 4
Possuir um sistema Antivírus e manter tanto o apli-
192.168.1.160 192.168.1.161 192.168.1.190 192.168.1.191 5
cativo quanto as assinaturas5 de vírus atualizadas.
192.168.1.192 192.168.1.193 192.168.1.222 192.168.1.223 6
Manter o Firewall sempre ativo.
192.168.1.224 192.168.1.225 192.168.1.254 192.168.1.255 7
Para se proteger contra os spywares também é in-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dicada a instalação de um antispyware. Atualmente


Conversão Binário - Decimal a maioria dos antivírus já possuem esse recurso in-
A conversão de número binários para decimais é obtida tegrado a eles.
somando-se potências de base 2, conforme ilustra a figura a
seguir. Princípios Básicos da
Segurança da Informação
Os Princípios Básicos de Segurança em TI6 incluem os pro-
cessos que devem ser garantidos para manter um sistema de
informações seguro. Podemos destacar quatro conceitos como
principais:

Conversão Decimal ї Binário 4 Comitê Gestor de Internet no Brasil.


5  Assinatura de vírus: é uma sequência de caracteres que identifica a
Para converter um número decimal para um número presença do vírus em um arquivo.
141
binário, devemos realizar divisões inteiras sucessivas por 2, ou 6  TI: Tecnologia da Informação.
ͻ Disponibilidade
Criptografia
142 D A Criptografia é a arte ou ciência de escrever em códigos,
quer dizer, transformar um texto em algo ilegível de forma que
ͻ Integridade este possa ser armazenado ou enviado por um canal de comu-
I
nicação; sendo assim, se alguém interceptá-lo, não conseguirá
ͻ Confidencialidade entender o que está escrito e o destinatário, ao receber a in-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

C formação, deve fazer o processo inverso: decifrar o dado, para


que consiga lê-lo.
ͻ Autenticidade
A Temos dois principais métodos de criptografia: a de chave
simétrica e a de chaves assimétricas.
Disponibilidade Criptografia de Chave Simétrica
O Princípio da Disponibilidade deve garantir que os serviços Uma chave de criptografia é uma informação a partir da
ou recursos que forem necessários para uma tarefa, principal- qual seja possível transcrever uma mensagem criptografada.
mente relacionados ao próprio processo de segurança, estejam A de chave simétrica é também conhecida como cripto-
sempre disponíveis. grafia de chave única, em que a mesma chave é usada tanto
Podemos estreitar esse princípio sobre a garantia de que para codificar uma mensagem quanto para decifrá-la. Um bom
as chaves públicas do processo de Certificação Digital (estes exemplo desse modelo é a criptografia maçônica.
conceitos são abordados na seção sobre Certificados Digitais)
Ş
ŝ#-ŝŦ

estejam sempre disponíveis para quem precisar delas.


Também é aplicado, por exemplo, na situação de entrega A informação acima está criptografada. Para decifrar o que
da declaração de imposto de renda, em que o serviço deve su- ela diz, precisamos da chave de criptografia que, na simétrica,
portar a alta demanda que possa surgir sem afetar o usuário. é a mesma usada para gerar a mensagem. A seguir temos a
chave que abre a mensagem.
Integridade
A Integridade garante a não alteração de uma informação/ A B C J K L
dado tanto no armazenamento quanto durante a troca dessas
informações por algum meio. Por meio da integridade, verifica-
mos se, durante o tráfego de uma informação, ela não foi altera- D E F M N O
da por alguém ou mesmo por falhas do processo de transmissão.
No armazenamento ela garante que o dado não foi corrompido.
G H I P Q R
O processo que protege a integridade consiste na geração de
um código de cerca de 20 caracteres, o código HASH, também
conhecido como resumo de um dado; um exemplo é o MD5. O W
processo é realizado em uma via única, em que, a partir de um S
dado, gera-se o resumo dele. Porém, a partir do resumo, não é
possível gerar o dado novamente. Para verificar se houve altera- T U X Y
ção em um arquivo, deve-se comparar dois códigos HASH, um
gerado por quem disponibiliza o dado e outro por quem o recebe. V Z
Se uma vírgula for diferente, os códigos gerados ficam completa-
Ao substituirmos os símbolos pelas letras corresponden-
mente diferentes, é possível que dois dados diferentes gerem o
tes, obtemos a palavra ALFA.
mesmo HASH, mas é uma possibilidade ínfima.
Confidencialidade Criptografia de Chaves Assimétricas
Na Criptografia de Chaves Assimétricas, em vez de uma
O Princípio da Confidencialidade é a garantia de que chave como na simétrica, são usadas duas chaves que são di-
há sigilo sobre uma informação, de forma que o processo ferentes entre si. Elas são chamadas de Chave Pública e a ou-
deve garantir que um dado não seja acessado por pessoas tra de Chave Privada, por conta da característica de cada uma.
diferentes daquelas às quais ele se destina. A Chave Pública é uma informação (código) que fica dis-
Para garantir a confidencialidade, utilizamos algum pro- ponível em um servidor de Chaves Públicas na Internet, para
cesso de criptografia de informações. quem precisar dela; enquanto que a Chave Privada é um códi-
go que somente o dono deve conhecer.
Autenticidade
O par de Chaves é único e correspondente, ou seja, uma
A Autenticidade garante o autor de uma informação, ou mensagem/dado cifrada pela chave pública de um usuário só
seja, por meio dela podemos confirmar se uma mensagem é pode ser aberta pela chave privada do mesmo usuário. E o in-
de autoria de quem diz. verso também, uma mensagem cifrada com a chave privada
Assim como a confidencialidade, a autenticidade é garan- de um usuário só pode ser descriptografada pela chave pública
tida por meio de criptografia. dele próprio.
Certificado Digital Podemos identificar a página do tipo Phishing pelo en-
dereço do site na barra de endereços do navegador, porque
Um Certificado Digital é um documento eletrônico assina- a página de phishing possui um endereço parecido, mas
do digitalmente e cumpre o papel de associar um usuário a diferente do que o endereço desejado. Por exemplo, você
uma chave pública, pode ser comparado ao CPF ou CNPJ para certamente já deve ter visto ou ouvido falar de alguém que
empresas. teve sua conta do facebook8 hackeada9; esse ataque procede
Ele também apresenta junto com a chave pública algumas a partir de um recado que o usuário recebe em sua conta.
informações essenciais como: Imagine o seguinte cenário: um usuário está navegan-
Nome do dono da chave pública; do no site www.facebook.com.br, conectado em sua conta
Prazo de validade do certificado, que varia de 1 a e clica no recado que normalmente traz um anúncio cha-
3 anos dependendo da classe contratada; mativo como “veja as fotos/vídeos do fim de semana pas-
Um número de série, critério de correspondência sado”, “cara, olha o que vc aprontou no fds”, entre outros
para identificar o usuário; tantos. Quando clicado, uma nova aba ou janela é carregada
E, juntamente, o certificado possui a assinatura da en- no navegador, apenas como uma distração para o usuário,
tidade de certificação, para comprovar sua validade. pois, enquanto ele fica vendo a nova aba carregar, a ante-
Para adquirir um certificado digital, o usuário ou entidade rior muda, ligeiramente, para um endereço do gênero www.
deve procurar uma Autoridade Certificadora (AC) ou uma Auto- facebooks.com.br ou www.facebooki.com.br e mostra uma
ridade de Registro (AR). Aquela é a responsável por criar o par página idêntica à página de login de usuário do Facebook.
de Chaves de um usuário, enquanto que esta é um intermediário Sem perceber, pensa que, ao clicar no recado, acabou saindo
entre o usuário e uma AC. Cabe a AR a responsabilidade de ve- de sua conta e redigita seu usuário e senha novamente e é
rificar os dados do usuário e encaminhar o pedido do certificado redirecionado novamente para sua conta, porém, o usuário
para a AC, entretanto, o usuário também pode se dirigir direto em nenhum momento havia saído. A página de login que lhe
à AC. A Caixa Econômica Federal é a única instituição financeira foi mostrada era uma página falsa que capturou o seu usuá-
que é uma AC. rio e senha; cerca de dois dias depois o perfil dele começa a
enviar propagandas para os amigos e o mesmo recado e logo
Assinatura Digital mais, em uma ou duas semanas, o usuário já não consegue
Uma Assinatura Digital é um procedimento similar a uma mais entrar em sua conta.
assinatura de um documento impresso. Quando assinamos um Pharming
contrato, normalmente ele possui mais de uma página, rubri-
camos7 todas elas exceto a última, pois a assinatura precisa ser O Pharming é uma evolução do Phishing, uma forma de dei-
completa. Mas qual o intuito de rubricar todas as páginas? A xar este mais difícil de ser identificado. O Pharming, na maioria
rubrica não prova que o documento foi lido, mas sim para que das questões, é cobrado com relação ao seus sinônimos: DNS Poi-
aquela folha não seja substituída. Além disso, é preciso recor- soning, Cache Poisoning, sequestro de DNS, sequestro de Cache,

Ş
ŝ#-ŝŦ
rer a um cartório para reconhecer e certificar a assinatura na Envenenamento de DNS e Envenenamento de Cache.
última página. Negação de Serviço (DoS e DDoS)
Esse procedimento realizado no papel, juntamente com
as garantias, foi adaptado para o mundo digital, afinal, papel Um ataque de negação de serviço se dá quando um ser-
ocupa espaço. vidor ou serviço recebe mais solicitações do que é capaz de
suprir.
Quando falamos sobre a rubrica garantir a não altera-
ção de um documento, citamos o princípio da Integridade. DoS (Denial of Service) é um ataque individual, geralmente
Portando, uma assinatura digital deve garantir também com o intuito de tornar um serviço inoperante para o usuário.
esse princípio, enquanto que a certificação de quem assi- DDoS (Distributed Denial of Service) é um ataque rea-
nou é o princípio da Autenticidade, que também deve ser lizado em massa; utiliza-se de vários computadores conta-
garantido pela assinatura digital. minados com um malware que dispara solicitações de aces-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assim temos que a assinatura digital garante os princípios so a determinados serviços ou sites, derrubando o serviço.
da Autenticidade e da Integridade. Muitas vezes, enquanto o servidor tenta suprir a demanda,
ele se torna vulnerável a inserções de códigos maliciosos.
Ataques Um grupo intitulado Anonymous realizou vários ataques
de DDoS em sites de governos em protesto às suas ações
Nem todos os ataques são realizados por malwares, atual- como, por exemplo, em retaliação à censura do portal
mente existem duas práticas muito comuns utilizadas pelos WikiLeaks e também do WikiLeaks10 e The Pirate Bay11.
criminosos cibernéticos para obter dados do usuário e realizar
invasões.
Phishing 8  facebook: Mídia Social, definida erroneamente como rede social, as-
sim como as demais.
Phishing é uma expressão derivada do termo “pescar” em 9  Hackear: termo utilizado como sinônimo para invasão ou roubo.
inglês, pois o que esse tipo de ataque faz é induzir o usuário a 10  WikiLeaks: portal com postagens de fontes anônimas com documen-
informar seus dados pessoais por meio de páginas da Internet tos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empre-
ou e-mails falsos. sas, sobre assuntos sensíveis.
11  The Pirate Bay: um dos maiores portais de compartilhamento
143
7  Rubrica: assinatura abreviada. Peer to peer.
144
6. Cloud Computing te são serviços que utilizam protocolos de navegação como
HTTP e HTTPS, dentre outros.
Em português, Computação na Nuvem é o nome usual para Assim, como também não dependem de hardware espe-
identificar o paradigma de computação em que as infraestrutu- cífico para funcionar, podem inclusive ser citadas como multi-
ras, serviços e aplicações ficam nas redes, principalmente na In- plataforma, tanto no sentido de diferentes hardwares como no
ternet. No entanto, também pode ser empregado para distinguir de diferentes sistemas operacionais. É comum usar serviços da
serviços de processamento dos serviços de armazenamento.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

nuvem também em tablets e smartphones, além dos compu-


Pode-se dizer que a computação na nuvem é uma forma tadores pessoais.
de evolução do conceito de Mainframes. Outra característica dos serviços em nuvem diz respeito à
Os Mainframes são supercomputadores normalmente usa- segurança dos dados, em que o usuário não precisa se preocu-
dos em redes privadas (intranets), os quais são responsáveis par em fazer backups, controlar a segurança ou ter que realizar
pelo trabalho pesado de processamento de informações. De manutenção, pois essas são atribuições do fornecedor do servi-
forma geral, quando se emprega o uso de mainframes, asso- ço contratado.
cia-se o uso de thin clients pelos usuários, ou seja, terminais
burros, apenas pontas para interação do usuário, pois os dados A computação em nuvem também oferece praticidade no
coletados e apresentados a ele são processados e armazena- compartilhamento de informações, além de eximir o usuário
dos nos mainframes. de ter conhecimento sobre como funciona o serviço, possibili-
A computação na nuvem é uma ideia similar a ser feito uso tando utilizá-lo sem preocupações.
de computadores (servidores) localizados na Internet, otimizan- Com todos esses detalhes, pode-se ainda destacar que a
do assim seu uso, em vez de manter supercomputadores inter- nuvem possibilita iniciar um trabalho em um computador e dar
Ş
ŝ#-ŝŦ

namente na empresa. continuidade a ele por meio de outro computador.


A Figura 1 ilustra um serviço em que os dados são proces- Processamento na Nuvem
sados na nuvem e os resultados são exibidos no computador
do usuário. É o processamento realmente dito nos termos de Cloud
Computing, em que os dados são processados na nuvem.
É bastante comum hoje nos aparelhos celulares, smart-
phones e tablets, em aplicações como o talk to text (fale para
escrever). Lembre-se de que a instalação não é obrigatória,
mas pode ser feita. Nos aparelhos em que o usuário pode sim-
plesmente pronunciar próximo a eles o texto que deseja escre-
ver, o recurso usado precisa que o aparelho esteja conectado à
Internet para poder funcionar.
Isso ocorre porque os aparelhos atuais, por mais que pos-
suam alta tecnologia e capacidade de processamento, ainda
não são suficientes para processar dados como identificação
de texto em falas. Com isso, a alternativa é usar servidores
localizados na Internet (nuvem) que recebem o áudio que os
Figura 1: Cloud Computing aparelhos gravam e processam a informação, oferecendo ao
usuário o resultado na forma de texto.
Características Outro exemplo são os serviços do Google e da Microsoft,
Estuda-se, nesta seção, as características comuns tanto ao conhecidos respectivamente como Google Docs e Microsoft
armazenamento quanto ao processamento de dados em nuvem. WebApps. Mas atenção às nomeclaturas, pois Google Drive/
Ao utilizar os serviços da nuvem não é preciso instalar apli- Disco ou Skydrive/OneDrive são serviços de outra natureza.
cativos, porém, é possível. Ou seja, a instalação de aplicações re- No Google Docs WebApps, o usuário encontra recursos
lacionadas aos serviços da nuvem é apenas de caráter opcional. como editores de texto, planilhas, apresentação, formulários e
Com isso, os serviços da nuvem se tornam uma prática al- desenhos on-line usando a computação em nuvem. Ao utilizar
ternativa, pois o usuário precisa do básico em seu computador esses serviços, o usuário não precisa possuir em seu computa-
para acessar aos serviços. Assim, basta ter um computador dor editores similares, uma vez que basta executar o navega-
conectado à Internet e que seja dotado de um browser para dor de internet e nele acessar o site do serviço; ao logar, terá
utilizar os serviços da nuvem. acesso aos recursos.
Contudo, uma característica negativa do serviço é a de- Armazenamento na Nuvem
pendência frente aos servidores e provedores de serviço, pois,
uma vez que não se tenha acesso à Internet ou o serviço esteja Já o armazenamento na nuvem, em inglês Cloud Storage,
fora do ar, o usuário não tem condições de utilizar os serviços identifica os serviços que têm por característica armazenar
da nuvem, salvo exceção do modelo on premise. os dados do usuário, de modo que, para acessá-los, seja ne-
É importante observar que, dentre os pré-requisitos bási- cessário apenas um dispositivo (computador, smartphone ou
cos, o sistema operacional não foi citado, porque os serviços tablet) conectado à Internet e que possua um browser. Com
da nuvem independem do sistema instalado, pois normalmen- a ascensão desse tipo de serviço, pode-se apostar na queda
da venda de dispositivos para transporte de dados como os
Pendrives.
7. BrOffice Writer – Editor de Texto
São exemplos citados nas provas o Google Drive/Disco,
o Microsoft Skydrive, atualmente chamado de OneDrive, o
Formatos de Arquivos
Dropbox, Mega, Minus e Copy. A maioria deles oferece contas Quando se fala nos editores do BrOffice (Libre Office), de-
gratuitas com limite de armazenamento, a fim de demonstrar vemos conhecer seus formatos de arquivos padrões, ou seja, o
seus serviços. Mas, caso o usuário deseje e/ou precise, ele formato com o qual será salvo um arquivo ao acionar a opção
pode adquirir mais espaço de armazenamento. Salvar Como.
A grande maioria dos serviços de Storage possui uma apli- A suíte de aplicativos como um todo possui um formato
cação (opcional) que o usuário pode instalar em vários dispo- genérico ODF (Open Document File – Formato de Documento
sitivos, com o intuito de manter seus dados sincronizados. Ao Aberto). Assim, é, possível no editor de texto, salvar neste for-
instalar o aplicativo, ele criará uma pasta no dispositivo que es- mato, bem como no Calc e Impress.
tará em sincronia com a pasta on-line do usuário. Desse modo, No entanto, o formato específico do Writer é o ODT (Open
todo arquivo salvo na referida pasta automaticamente (quando Document Text). As provas costumam relacionar os forma-
conectado à Internet) será enviado para a pasta on-line. tos com as versões dos editores. Então, vale lembrar que o
Pode-se então afirmar que possuir a pasta com os arquivos Word2003 não consegue trabalhar com esse formato de ar-
locais (no dispositivo) e on-line, simultaneamente, é uma for- quivo. Mas, pelo Writer, é possível salvar um documento de
ma de backup dos dados. modo que ele possa ser aberto pelo Word 2003, ou seja, é
possível salvar nos formatos DOC e DOCX. Em relação ao Word
O Google Drive oferece gratuitamente aos usuários 15GB 2007 e 2010, por padrão, esses programas conseguem abrir e
de espaço, no entanto, ele é compartilhado com a caixa de en- salvar arquivos no formato ODT.
trada de e-mails.
O One Drive também oferece 15GB, mas inicialmente são Formatação de Texto
7GB; para ganhar mais, o usuário deve enviar convites. A principal finalidade do Writer é editar textos. Portanto,
O Dropbox inicialmente oferece 2GB gratuitos, mas, por meio suas principais ferramentas são para a formatação de docu-
de convites, o usuário pode ter até 18GB; recebendo um convite, o mentos. Podemos encontrar essas opções de formatação por
usuário ganha 500MB. meio de quatro caminhos:
Já o Copy oferece inicialmente 20GB gratuitos e, a cada con- • Barra de Ferramentas de Formatação
vite enviado e recebido, o usuário ganha mais 5GB de espaço.

Ş
ŝ#-ŝŦ
• Menu Formatar • Atalhos
• Botão Direito do Mouse

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

145
Menu Formatar Ao acionar a opção pelo menu Formatar, a janela aberta
146 apresenta os Marcadores em uma guia e a numeração em ou-
Caractere tra, conforme ilustram as duas figuras da sequência:
Ao acionar esta opção, será aberta a janela ilustrada a se-
guir, por meio da qual podemos formatar as propriedades de
fonte, como tipo/nome, estilo e tamanho e, pela aba Efeitos de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fonte, alterar a cor da fonte.


Ş
ŝ#-ŝŦ

Parágrafo
As propriedades de Parágrafo englobam opções como
recuos, espaçamento e alinhamentos, conforme ilustrado nas
figuras na sequência:

Página
Nesta opção, encontramos os recursos equivalentes aos en-
contrados na opção Configurar Página do Word, como dimensões
das margens, dimensões de cabeçalho e rodapé, tamanho do pa-
pel e orientação da página. A imagem a seguir ilustra parte dessa
janela:

Página de Rosto
Por meio deste recurso, é possível inserir páginas em uma
Marcadores e Numeração
seção separada, para que, de uma forma mais simples, sejam
Fique atento à identificação de uso deste recurso, pois,
pelo menu Formatar, elas estão descritas em conjunto. Porém, trabalhadas com cabeçalhos e rodapés diferentes em um mes-
na barra de Ferramentas padrão elas são apresentadas em mo documento, mais especificamente, no que tange à numera-
dois botões separados. ção de páginas.
Alinhamento Justificado (CTRL + J)

Ativar/Desativar Numeração (F12)

Ativar/Desativar Marcadores (Shift + F12)

Diminuir o Recuo

Aumentar o Recuo
• Tabulações

Alterar Caixa ʇ
Equivalente à opção Maiúsculas e Minúsculas do Word,
essa opção permite alterar a forma do caractere de texto. É
importante conhecer as cinco opções desse recurso, conforme
ilustrado a seguir:

Ferramentas de Formatação

Ş
ŝ#-ŝŦ
• Caractere
• Caracteres não imprimíveis (CTRL + F10)

Exibe as marcas de edição, que, como o próprio nome já infor-


O campo descrito por Times New Roman define a grafia ma, não aparecem na impressão. Essas marcações são úteis para
com que o texto será escrito, a exemplo: um maior controle do documento em edição, como ilustrado a
seguir. Os pontos à meia altura da linha representam um espaço e
. Este campo também é
o mesmo símbolo do botão indica o final de um parágrafo. Assim,
conhecido como Tipo/Nome da Fonte. no exemplo a seguir, existem dois parágrafos.

Negrito (CTRL + B)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Itálico (CTRL + I)

Sublinhado (CTRL + U) • Cor do Plano de Fundo


Atenção para não confundir a cor do fundo do parágrafo
Cor da Fonte com a ferramenta Realçar, pois a função Realçar aplica uma
cor ao fundo do texto selecionado, enquanto que a opção do
Realçar (exemplo do efeito) Plano de Fundo aplica ao parágrafo, mesmo que tenha sido
selecionada apenas uma palavra.
• Parágrafo
• Estilos e Formatação (F11)
Alinhamento à Esquerda (CTRL + L) Por meio deste botão ou pela tecla de atalho, é exibido
o painel de estilos que oferece diversos estilos para a forma-
Alinhamento Centralizado (CTRL + E) tação do texto, por exemplo: Título 1, título 2, título 3, entre
147
outros. A imagem a seguir ilustra o painel:
Alinhamento à Direita (CTRL + R)
te gerar um arquivo PDF a partir do documento em edição. A
148 janela aberta por este botão é muito similar à janela de Salvar
Como, em que se deve apontar o local onde o arquivo será
salvo e com qual nome se deseja salvá-lo.
Imprimir Arquivo Diretamente
Este é um recurso diferente da impressão habitual pelo
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

atalho CTRL+P. Essa ferramenta de impressão direta manda o


arquivo diretamente para a impressora que estiver definida,
pelo painel de controle, como padrão, usando as propriedades
padrão de impressão.
Visualizar Página
Este é simplesmente o recurso de visualizar o que será im-
presso, útil para ter uma maior noção de como ficarão distri-
buídas as informações no papel.
Ortografia e Gramática (F7)
Essa ferramenta exibe uma janela, ilustrada a seguir, por
meio da qual é possível corrigir as palavras “erradas” no texto.
Erradas porque na verdade, são indicadas as palavras não co-
Ş
ŝ#-ŝŦ

nhecidas pelo dicionário do programa. Uma vez que ela esteja


correta, é possível acrescentá-la ao dicionário.

Além desse painel, também é possível escolher e aplicar


um estilo por meio do Campo Estilos, ilustrado a seguir, pre-
sente na barra de ferramentas de formatação logo à esquerda
do campo do tipo da fonte.

Autoverificação Ortográfica
A Autoverificação é uma ferramenta presente apenas no
BrOffice, cuja finalidade é apenas habilitar ou desabilitar a
exibição do sublinhado vermelho das palavras desconhecidas.
Os estilos de formatação são importantes estruturas na Navegador (F5)
edição de um texto, principalmente se for necessário traba-
O Navegador tem aparecido nas provas apenas a título
lhar com sumário, pois para utilizar o recurso de sumário, de
de conhecimento de seu nome, associado ao símbolo e ata-
forma que ele seja automático, é necessário utilizar os estilos
lho. Essa ferramenta é um recurso para navegar no texto, a
de título.
partir das suas estruturas, como títulos, tabelas, figuras e
Pincel de Estilo outros itens que podem ser visualizados na figura a seguir:
A ferramenta de Pincel de Estilo serve para copiar apenas
a formatação. Ela não copia textos, apenas as suas caracterís-
ticas, como cor da fonte, tamanho, tipo de fonte entre outras,
com o intuito de aplicar em outro trecho de texto.
O funcionamento da ferramenta parte de uma seleção pré-
via do trecho de texto que possui a formatação desejada, clicar
no botão pincel de estilo, na sequência selecionar o trecho de
texto ao qual se deseja aplicar as mesmas formatações, como
que pintando a formatação. Ao terminar a seleção o texto sele-
cionado já estará formatado tal qual o selecionado inicialmente,
e o mouse volta ao normal para a edição.

Ferramentas Galeria
Exportar Diretamente como PDF O recurso Galeria tem peso similar ao Navegador nas pro-
O BrOffice como um todo possui este recurso que permi- vas. Acionar essa ferramenta resulta na exibição do painel ilus-
trado a seguir, por meio do qual é possível inserir, em meio ao Barra de Menus
documento, estruturas de navegação Web, como botões, sons
e outros itens. A seguir, é ilustrada a Barra de Menus e, por meio dela,
temos acesso a quase todas as funcionalidades do progra-
ma. Observe que cada menu possui uma letra sublinhada.
Por exemplo, o menu Arquivo possui a letra A sublinha-
da, essa letra sublinhada é a letra que pode ser utilizada
após pressionar a tecla ALT, com o intuito de abrir o devido
menu. Não é uma combinação necessariamente simultâ-
nea. Ela pode ser sequencial, ou seja, teclar ALT soltar e
Tabela (CTRL + F12) então pressionar a letra.
O botão Tabela pode ser usado de duas maneiras. Cli-
cando no desenho da tabela, é aberta a janela ilustrada a
seguir. Caso seja clicado na flecha, é exibido um reticulado,
pelo qual é possível selecionar a quantidade de células que Menu Arquivo
se deseja criar numa tabela.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Formatar → Página
Aba Página
A aba Página é a principal da janela de formatação de pá-
gina. A figura a seguir ilustra essa aba. Observe que as mar-
gens estão definidas por padrão em 2cm, e que o tamanho do Novo ʇ
papel padrão é o A4. Também é possível determinar a orienta- Dentre as opções do menu Arquivo, damos destaque para
ção da página. Vale lembrar que, em um mesmo documento, a opção Novo. Ela aponta a característica do BrOffice de ser
é possível intercalar páginas com orientações diferentes. Para uma suíte de aplicativos integrada, pois, mesmo estando no
isso, devem ser utilizadas seções.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Writer, é possível criar uma planilha do Calc. No entanto, ao


escolher na opção Novo, uma planilha será criada no Calc.
Porém, ao realizar o acesso por meio deste caminho, o Calc
é carregado mais rapidamente do que se o BrOffice estivesse
fechado.
Para criar um Novo Documento em Branco podemos tam-
bém utilizar a opção do atalho CTRL + N.
Abrir (Ctrl + O)
Permite abrir um arquivo existente em uma unidade de ar-
mazenamento, navegando entre os arquivos e pastas.
Documentos recentes ʇ
Exibe a lista com os últimos documentos abertos, como
também aqueles salvos, no Writer, com o intuito de fornecer 149
um acesso mais rápido a eles.
Assistentes ʇ Assinaturas Digitais
150 Conforme ilustrado a seguir, existem vários assistentes no Assim como o Microsoft Office no BrOffice, é possível assi-
BrOffice. Eles são nada mais do que procedimentos realizados nar um documento digitalmente. Claro que, para utilizar a fun-
em etapas, a fim de auxiliar na criação ou estruturação de in- cionalidade por completo, é necessário possuir um certificado
formações. digital. Contudo, mesmo não possuindo um, é possível utilizar
esse recurso para assinar um documento. Porém, apenas será
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

garantida a integridade do mesmo e apenas no próprio com-


putador do usuário.
Visualizar no Navegador Web
Já que podemos criar páginas da Internet, é interessante
que, no mínimo, possamos visualizar como ela ficaria no nave-
gador. Diante disso, ao acionar essa ferramenta, será aberto o
navegador de Internet (Browser) padrão exibindo como página
o documento em edição.
Fechar Sair
A opção Fechar serve para fechar apenas o documento em Em comparação com a opção Fechar, a opção Sair fecha
edição, mantendo o programa aberto. Tem como teclas de ata- o programa inteiro, podendo utilizar, para isso, os atalhos AL-
lho CTRL+W ou CTRL + F4. T+F4 ou CTRL + Q.
Salvar
Ş
ŝ#-ŝŦ

A opção Salvar apenas se preocupa em salvar as últimas al-


Menu Editar
terações realizadas em um documento em edição. Seu atalho é
CTRL + S no Writer. Mas essa opção possui uma situação de exce-
ção, quando o arquivo em edição é novo, ou seja, que nunca tenha
sido salvo. Essa opção salvar corresponde à opção Salvar Como.
Salvar Como
Esse recurso tem como princípio gerar um novo arquivo.
Assim, se um arquivo for aberto e sejam realizadas várias al-
terações, sem salvar, e utilizar o comando Salvar Como, será
aberta uma janela em que se solicita o local desejado e o nome
do arquivo. Também é possível alterar o tipo de documento,
após salvá-lo. O documento que fica em edição é o que acabou
de ser salvo. O arquivo aberto inicialmente é apenas fechado,
sem nenhuma alteração.
Salvar como Modelo
Podemos criar um documento-base para outros documen-
tos, utilizando formatações específicas. Assim, essa opção é a
utilizada para salvar este arquivo, de modo que possa ser utili-
zado para esse fim.
Salvar Tudo Do menu Editar anteriormente ilustrado, podemos desta-
Essa ferramenta aplica o comando salvar todos os docu- car duas opções principais:
mentos em edição no BrOffice, até mesmo os que estiverem Colar Especial
em edição no Calc.
Esse recurso permite colar um determinado dado de acor-
Recarregar do com a necessidade de formatação, ou seja, é possível man-
Ao acionar essa opção, a última versão salva do documento ter a formatação igual à do local de onde foi copiado ou não
é restaurada. Com isso, as alterações não salvas serão perdidas. utilizar formatação.
Exportar
É possível pelo BrOffice exportar o documento de texto para
outros formatos utilizados por outros programas como: XML,
HTML, HTM, ou mesmo o PDF.
Exportar como PDF
A opção Exportar como PDF é basicamente um caminho
mais curto e explícito para gerar um arquivo PDF, a partir do
documento em edição.
Selecionar Tudo Barra de Status
A opção Selecionar Tudo tem como observação a sua tecla Essa é a barra que aparece por padrão nos editores. Ela
de atalho CTRL + A, que é a mesma utilizada para selecionar fica localizada no fim da janela, ou seja, é a última barra dentro
todos os arquivos e pastas de um diretório por meio dos ge- do programa. Nela encontramos informações como número da
renciadores de arquivos.
página atual e total de páginas do documento, idioma em uso
Menu Exibir e a ferramenta de zoom à direita.
Régua
Para ocultar a régua, basta desabilitar essa opção.
Limites de Texto
Os Limites de Texto que são exibidos por padrão são, na
verdade, as linhas que indicam as margens da página, ou seja,
a área útil do documento.
Caracteres Não Imprimíveis (CTRL + F10)
Os caracteres não imprimíveis também podem ser ativa-
dos pelo menu Exibir, como pelas teclas de atalho.
Navegador (F5)
O Navegador, anteriormente citado, também é encontrado
no menu Exibir.
Tela Inteira (CTRL + SHIFT + J)
Modo de exibição que oculta as barras e ferramentas, ob-
jetivando a leitura do documento.
Do menu Exibir devemos conhecer os modos de exibição,
bem como alguns itens importantes, listados a seguir. Mas, de Zoom
modo geral, podemos pensar que as opções que normalmente Também podemos alterar o zoom utilizando o scroll
encontramos nesse menu são coisas que não vemos e gostaría-
do mouse, combinado com a tecla CTRL.
mos de ver, ou que estamos vendo, mas não desejamos mais ver.
Modos de Exibição Menu Inserir

Ş
ŝ#-ŝŦ
São dois os Modos de Exibição: Layout de Impressão (Pa-
drão) e Layout da Web. Contudo, poderíamos até considerar,
dependendo da situação, a opção Tela Inteira como um modo
de exibição.
Barra de Ferramentas
A principal Barra de Ferramentas questionada nas provas é
a barra de Desenho, que existe também no Writer e Calc, mas
que é exibida por padrão apenas no Impress. A figura a seguir
ilustra as barras disponíveis:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

151
Quebra Manual inserido nestas estruturas se repete nas demais páginas, não
152 Este recurso permite utilizar estruturas que sejam auto-or- necessariamente do documento como um todo, mas em to-
ganizadas, como as quebras de página. Existem três quebras das as páginas da mesma Seção.
de texto possíveis, além das quebras de seção. Rodapé ʇ
Quebra de Linha (SHIFT + ENTER)
Hiperlink
Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja ini-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um link nada mais é do que um caminho, um atalho para


ciado na próxima linha.
algum lugar. Esse lugar pode ser uma página na Internet,
Quebra de Coluna (CTRL + SHIFT + ENTER)
ou computador, como um arquivo que esteja na Internet ou
Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja ini- mesmo no computador local. Também é possível fazer com
ciado na próxima coluna. que um link aponte para algum ponto do mesmo documen-
Quebra de Página (CTRL + ENTER) to, criando uma espécie de navegação. Contudo, para realizar
Faz com que o conteúdo, após a quebra, seja ini- esse procedimento, deve-se antes inserir Indicadores. A ima-
ciado na próxima página. gem a seguir ilustra a janela de inserir Hiperlink:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Nota de Rodapé/Nota de Fim


Notas de Rodapé e Notas de Fim são observações que, por
vezes, utilizamos para explicar algo que fugiria ao contexto de
Campos ʇ uma frase12. A identificação ao lado da palavra/frase serve para
Os Campos são estruturas de dados que utilizam proprie- que, no rodapé da mesma página ou ao final do documento, o
dades do arquivo como nome do autor, título, dentre outras leitor busque a devida explicação para a observação.
como Data e Hora do sistema. Legenda
Uma Legenda é um recurso que poderia ser utilizado neste
documento para identificar as figuras e referenciá-las em meio
ao texto, mas como a estrutura de apresentação do conteúdo é
linear e procura ser direta, não utilizamos esse recurso.
Indicador
Um Indicador é um ponto de referência para ser apontado
por um hiperlink.
Referência
Uma Referência é uma citação pela qual utilizamos a
ideia de informar algo do tipo, “conforme Figura 1”. Em vez
de escrever a palavra figura 1, estaria utilizando uma referên-
Caractere Especial cia a ela, para que caso seja inserida uma nova figura antes
A opção Caractere Especial pode ser utilizada para inserir da 1 no documento, os locais em que havia sido citado como
símbolos como este ʇ entre inúmeros outros possíveis. figura 1 sejam refatorados para 2.
Seção Anotação
Uma Seção é o recurso-base para poder, em um mesmo É o recurso de comentário que pode ser inserido em um
documento, trabalhar com páginas com cabeçalhos e rodapés documento como uma anotação do que deve ser feito.
distintos, ou mesmo configurações de páginas distintas, como
Índices ʇ
intercalar páginas em retrato e paisagem.
Os Índices são os sumários e listas automáticas que podem
Cabeçalho ʇ ser inseridas em um documento, desde que se tenha utilizado
As estruturas de cabeçalhos e rodapés têm por princípio os estilos de título e o recurso de legenda.
poupar trabalho durante a edição, de modo que o que for 12  Por exemplo, aqui falaria sobre o que é uma frase.
Quadro
Um quadro, basicamente, é uma caixa de texto para que
seja inserido em seu interior uma estrutura qualquer.
Tabela
É mais um caminho possível para inserir uma tabela dentro
do editor, dentre as quatro formas possíveis, como o atalho Mesclar Células
CTRL + F12. Essa ferramenta só fica habilitada quando duas ou mais
Figura ʇ células de uma tabela estão selecionadas. Ao acioná-las, as
células se tornam uma, ou seja, são mescladas.
O recurso Figura permite inserir imagens de diferentes for-
matos (PNG, GIF, JPG) em um documento. Dividir Células
Filme e Som Atente-se para esse recurso, pois somente em uma tabela
é possível dividir células, ou seja, esse recurso não existe para
É possível inserir uma música ou um vídeo em meio a um planilhas.
documento de texto.
Proteger Células
Objeto ʇ É um recurso que pode ser utilizado para bloquear as alte-
Destaque para a opção Objeto OLE (Object Linked Em- rações em uma determinada célula e em uma tabela.
beded) pela qual podemos inserir uma Planilha do Calc Dividir Tabela
dentro de um documento de texto e ainda utilizá-la com
Assim como é possível dividir uma célula, também pode-
suas características de planilha. mos dividir uma tabela em duas ou mais, mas apenas tabelas.
Menu Tabela Repetir Linhas de Título
O menu Tabela apresenta as opções próprias de trabalho Quando se trabalha com tabelas muito extensas, que se
com uma tabela, como inicialmente inserir uma tabela no do- distribuem em várias páginas, é difícil manter a relação do
cumento em edição. Várias opções aparecem desabilitadas, que se tem em cada coluna e linha. Para não ter que copiar
isso ocorre porque uma tabela não foi selecionada. manualmente os títulos, podemos utilizar o recurso repetir
linhas de título.
Converter ʇ
É possível converter tanto um texto em tabela como uma

Ş
ŝ#-ŝŦ
tabela em texto, utilizando, para isso, alguns critérios como es-
paços entre palavras ou tabulações, entre outros.
Menu Ferramentas

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Outro caminho para se inserir uma tabela, além do menu


Inserir e do atalho, dá-se por meio do menu Tabela opção In- 153
serir e somente depois a opção Tabela.
Ortografia e Gramática (F7) Macros ʇ
154 Abre uma janela para verificar o documento em busca de De uma forma geral, as Macros são regras criadas para
palavras desconhecidas ao dicionário do programa. automatizar tarefas repetitivas. Por meio dessa ferramenta é
Idioma ʇ possível executar as macros existentes.
No BrOffice Writer, podemos definir o idioma que está Opções de Autocorreção
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sendo trabalhado no texto selecionado, como no parágrafo e O recurso de Autocorreção é o responsável por corrigir pa-
até para o documento de modo geral. lavras logo após a sua inserção, como colocar acento na pala-
Contagem de Palavras vra, caso digitada sem.
O Writer também possui recurso de contabilização de total Opções
de palavras que compõem o texto. Esse recurso concentra as opções do programa como da-
dos do usuário e recursos.

8. BrOffice Calc – Editor de Planilhas


O BrOffice Calc é um editor de planilhas eletrônicas pelo
qual pode-se estruturar um controle de livro-caixa ou estoque,
dentre inúmeras outras estruturas para atender a necessida-
des básicas de um escritório, por exemplo, que deseja contro-
Ş
ŝ#-ŝŦ

lar suas atividades. A figura a seguir ilustra a janela principal


Numeração de Linhas desse programa.
Este recurso é bastante utilizado nas provas de Língua Por-
tuguesa, em que ao lado das linhas, nos textos apresentados,
aparece uma numeração, que não necessita ser exibida em
todas as linhas. Atenção às questões que o comparam com o
recurso Numeração, usado para numerar parágrafos.
Uma forma de identificar a diferença é pela presença dos
indicadores de fim de parágrafo, visíveis quando a ferramenta
“caracteres não imprimíveis” está ativa.
Notas de Rodapé/Notas de Fim
Já vimos esse nome no menu Inserir. No entanto, são ferra-
mentas distintas, mas relacionadas, pois esse recurso do menu
Ferramentas abre a janela de configuração das notas, confor-
me ilustrado a seguir:

Para utilizar adequadamente esse programa, devemos en-


tender as suas estruturas, com as quais iremos operar, como o
formato de arquivo gerado.
Por padrão, um arquivo salvo no Calc é salvo no formato
ODS (Open Document Spreadsheet), no entanto é possível por
meio deste editor também salvar nos formatos padrões do Mi-
crosoft Office Excel, XLS (2003) e XLSX (2007 e 2010).
Vale lembrar que o formato ODF é o formato genérico do
BrOffice, conhecido como Open Document Format, ou seja, For-
mato de Documento Aberto. Fique atento, pois o PDF (Formato
de Documento Portátil) também e possível de ser gerado pelo
Galeria
Calc, porém por meio da opção Exportar como PDF.
A ferramenta que exibe a galeria também é encontrada no
menu Ferramentas, além da barra de ferramentas padrão. Planilha
Assistente de Mala Direta Uma planilha nada mais é do que um reticulado de linhas e
Uma ferramenta interessante para quem quer começar a en- colunas, as quais são preenchidas com dados e fórmulas com
tender o recurso de mala direta. Por meio dela, é possível criar o intuito de se obter algum resultado ou estruturar alguma in-
uma mala direta passo a passo. formação.
Relativo: no modo de endereçamento relativo apenas
precisamos indicar a coluna e a linha de uma célula. Como o
exemplo: B2, ou seja, a célula que se encontra na junção da
linha 2 com a coluna B.
Misto: no modo de endereçamento misto é utilizado o
símbolo $ (cifrão) para indicar que o dado que estiver ime-
diatamente à sua direita será sempre o mesmo, ou seja, não
poderá ser alterado.
Por padrão, as linhas são identificadas por números en- Existem duas formas de endereçamento misto, em uma
quanto que as colunas são identificadas por letras, conforme bloqueamos a coluna, enquanto que na outra a linha é que
ilustrado na figura acima. Vale lembrar que, uma vez que exis- é bloqueada.
te um padrão, que existe também outra forma de se trabalhar, Quando desejamos travar a coluna, escrevemos o ende-
neste caso, é possível utilizar números para as colunas, mas é reço da célula, =$B2, assim a linha pode ser alterada quando
necessário alterar as opções do programa. houver deslocamento, porém a coluna será sempre a coluna B.
Uma planilha já possui um total de 1.048.576 linhas por Por outro lado, quando desejamos fixar uma linha, deve-
1024 colunas, contudo, como o alfabeto vai apenas até a letra mos escrever o $ antes da linha, exemplo, =B$2, dessa forma,
Z, a próxima coluna é dada pela combinação AA, seguida por a coluna pode ser alterada quando houver deslocamento em
AB até chegar a AZ, seguida por BA, BB e assim por diante até
relação à coluna, contudo a linha será sempre a linha 2.
completar as 1024 colunas, sendo a última representada pela
combinação AMJ. Absoluto: no endereçamento absoluto tanto a coluna
O mais importante a ser observado sobre essa característica quanto a linha são fixadas, assim podemos dizer que a célu-
é que esses valores são fixos, ou seja, uma planilha sempre terá la será sempre a mesma.
essa estrutura, mas quando usado o recurso inserir Linhas ou Endereço da Planilha
Colunas, ocorre um deslocamento de conteúdo para baixo, no <nome da Planilha>.<endereço da célula>
caso de linhas, e para a direita, no caso de colunas. =Planilha1.B4+Planilha2.B4
Célula
Uma célula é a menor unidade estrutural de um editor de
planilhas, elas são dadas pelo encontro de uma coluna com uma
linha. Assim são identificadas pelos títulos das colunas e das li-

Ş
ŝ#-ŝŦ
nhas que são exibidas.
A célula A1 é a primeira célula de uma planilha, ou seja, é a
célula que se encontra na coluna A e na linha 1.
Células de Absorção
Dentre as características das células podemos citar as de Ab-
sorção, também conhecidas como células de resultado. Basica-
mente são aquelas que apresentam o resultado de algum cálculo.
Os indicadores de Células de Absorção são símbolos usa-
dos para identificar para o programa quais células devem ser
calculadas. No Calc, são três os indicadores de células de ab-
sorção:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

= =5+5 10

+ +5+5 10

- -5+5 0

Modos de Endereçamento
Os modos de endereçamento são formas de identificar o
endereço de uma célula, contudo para fins de identificação os
três modos de endereçamento não possuem diferença, sua
aplicação é apenas para os procedimentos de copiar e colar
Operadores
uma célula cujo conteúdo é uma fórmula, por vezes citado pelo No BrOffice Calc existem quatro tipos de operadores bá-
clicar e arrastar. sicos: aritméticos, texto, referência e comparação, cada qual 155
com suas peculiaridades.
Operadores Aritméticos =SOMA(A1 : A4)
156 A função é lida como Soma de A1 até A4, ou seja, todas as
Sobre Operadores Aritméticos, assim como sobre Células
células que estão no intervalo de A1 até A4 inclusive. No caso
de Absorção, a maioria das perguntas é direta, mas as ques-
de exemplo o resultado = 100.
tões são colocadas na matemática destes operadores, ou seja,
as regras de prioridade de operadores devem ser observadas De forma equivalente pode-se escrever a função como
para que não seja realizado um cálculo errado. se segue:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

=SOMA(A1 ; A2 ; A3 ; A4 )
Resulta- A qual se lê Soma de A1 e A2 e A3 e A4, assim é possível
Operador Símbolo Exemplo de uso
do especificar células aleatórias de uma planilha para realizar um
Adição + =5+5 10 cálculo.
Subtração - =5-5 0 =SOMA(A1 ; A4)
Neste caso fique atento pois, a leitura é Soma de A4 e A1,
Multiplicação * =5*5 25
ou seja, apenas estão sendo somadas as células A1 com A4 as
Divisão / =5/5 1 demais não entram no conjunto especificado. Sendo assim, o
Potenciação ^ =5^2 25 resultado seria 50.
=SOMA(A1 : A4 ! A3 : A5)
Percentagem % =200*10% 20
Já nesta última situação apresentada, deseja-se somar ape-
Operador de Texto nas as células que são comuns ao intervalo de A1 até A4 com A3
até A5, que no caso são as células A3 e A4, assim a soma destas
Os editores também contam com um operador que permite células resulta em 70.
Ş
ŝ#-ŝŦ

atuar com texto. O operador de concatenação & tem a função de


reunir o conteúdo das células na célula resultado. Atenção, nesse Elemento Fixador
caso a ordem dos operadores altera o resultado.
O $ (cifrão) é um símbolo usado para travar alguma
A figura a seguir ilustra as células com operações de con- informação, via de regra o que estiver vinculado à direita.
catenação.
As questões normalmente descrevem uma planilha e
citam que uma determinada fórmula foi inserida em uma
célula. Na sequência, a célula é selecionada, copiada e co-
lada em outra célula, ou mesmo clicado pela alça de preen-
chimento e arrastado para outra célula.
A figura a seguir mostra os resultados obtidos pelas No caso a seguir, foi inserida na célula C1 a fórmula
fórmulas inseridas, atente aos resultados e perceba que a =A1+$A2+A$2, após foi arrastada pela alça de preenchimento
ordem dos fatores muda o resultado. Também observe que, desta célula para a célula C2, assim a fórmula presente em C2 será:
por ter sido utilizado um operador de texto, o resultado por 1º de C1 para C2 foi acrescido apenas uma linha, sem al-
padrão fica alinhado à esquerda.
terar a coluna, assim as letras não são alteradas, mas existem
modos de endereçamento misto, em que aparece $2 significa
que a linha será sempre a linha 2, não podendo modificá-la.

Referência
Os operadores de referência são aqueles utilizados para
definir o intervalo de dados que uma função deve utilizar.
;
E União
~
: Até Intervalo
! Interseção
Considere o seguinte conjunto de dados em uma planilha
em edição no Calc:
C1 → C2
Origem Destino

Destino Origem Deslocamento


Linha 2 - 1 1
C C
Coluna - 0
3ª 3ª
C1 → D5
Origem Destino

Destino Origem Deslocamento


Linha 5 - 1 4
D C
Coluna - 1
4ª 3ª

A3 → B4
Origem Destino Já na situação em que existem duas células adjacentes sele-
cionadas contendo valores numéricos diferentes entre si, ao se
arrastar pela alça de preenchimento as células serão preenchi-
Destino Origem Deslocamento das com uma PA cuja razão é a diferença entre os dois valores
Linha 4 - 3 1 selecionados. A figura a seguir ilustra esse comportamento. Po-
B A demos observar que o valor que irá ser exibido na célula B6 será
Coluna - 1 o número 30, com isso a célula B4 receberá o valor 20, enquanto
2ª 1ª
que a B5 receberá 25, conforme vemos na figura da direita.

Origem Destino

Destino Origem Deslocamento


Linha -
Coluna -

Alça de Preenchimento Quando o conteúdo de uma única célula selecionada for um


A Alça de Preenchimento é um dos recursos que mais pos- texto esse, será copiado para as demais células. Mas se o conteú-
do, mesmo sendo um texto, fizer parte de uma série conhecida

Ş
ŝ#-ŝŦ
sui possibilidades de uso e por consequência respostas dife-
pelo programa às células serão preenchidas com o próximo valor
rentes. da série. Por exemplo, se Janeiro for o conteúdo inserido na cé-
lula então ao arrastar pela alça de preenchimento para a direita
ou para baixo a célula adjacente será preenchida com Fevereiro,
por outro lado se for arrastado para cima ou para a esquerda a
célula adjacente será preenchida com Dezembro. O mesmo vale
para as sequências Jan, Seg e Segunda-feira. Atenção: A, B, C
não são conhecidos como série nos programas, mas o usuário
pode criá-las.
Observe que, quando uma ou mais células estão seleciona- Já na situação em que haja duas células que contenham tex-
das, sempre no canto direito inferior é ilustrado um quadrado tos diferentes selecionadas, ao arrastar será preenchido com o
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

um pouco mais destacado, essa é a alça de preenchimento. padrão encontrado, veja o exemplo abaixo.
Quando o conteúdo da célula for uma fórmula ao arrastar
Ela possui esse nome porque é utilizada para facilitar o pela alça de preenchimento o resultado é o mesmo, ou seja,
preenchimento de dados que obedeçam a uma regra ou pa- deverá ser calculada a nova fórmula de acordo com o desloca-
drão. mento.
Quando uma única célula está selecionada e o seu con-
teúdo é um valor numérico. Ao clicar sobre a alça de preen-
chimento e arrastar seja na horizontal ou vertical, em qual-
quer sentido, exceto diagonal, será preenchido com uma
Progressão Aritmética (PA) de razão 1, caso seja arrastado
para esquerda ou para cima a razão é -1. A figura a seguir 157
ilustra o comportamento.
Funções o conjunto de B1 até B5 e na sequência dividir o resultado por
158 5. Atente-se, pois para o caso em questão a expressão acima
As Funções são estruturas prontas criadas para que o calcula a média, porém não se pode dizer o mesmo para a fra-
usuário não se preocupe em como elas funcionam, mas ape- se, a função =SOMA(B1:B5)/5 calcula a média dos valores de
nas com que informações devem descrever para obter o resul- B1 até B5 qualquer que seja o valor nas células, pois se algu-
tado. Contudo, para as provas de concurso precisamos saber ma célula estiver vazia não será dividido por 5 o total somado,
a fim de calcular a média.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

como elas funcionam.


=B1+B2+B3+B4+B5/5
A figura acima ilustra a barra de fórmulas e funções do Calc, Cuidado com a expressão acima, porque ela não calcula a
por meio dela podemos inserir as funções, além de poder digitá- média, mas é bastante usada nas provas para induzir o candi-
-las diretamente. Essa barra também tem importante informação, dato ao erro, lembre-se que os cálculos devem ser realizados
pois é nela que é exibido o real conteúdo de uma célula, ou seja, respeitando as precedências de operadores. Assim, a expressão
se o que foi inserido foi uma fórmula ou um dado (valor) direto. para calcular a média seria =(B1+B2+B3+B4+B5)/5 usando os
Caso ainda não conheça muito bem as funções é possível parênteses para mudar a precedência indicando que o que está
entre eles é que deve ser calculado por primeiro.
contar com o assistente de funções, que pode ser acessado
=MED(B1:B5)
pelo ícone presente nessa mesma barra. À direita dele
Atenção a essa função, pois as provas induzem o candidato
encontra-se o botão SOMA, que pode ser usado para inserir a
a pensar que se trata da função que calcula a média, contudo
função =SOMA( ) já o sinal de igual presente na sequência é o
o que ela calcula é a Mediana, que é o elemento central de um
mesmo que digitar o símbolo na célula selecionada a fim de
Ş
ŝ#-ŝŦ

conjunto de elementos. Porém, outra questão recorrente pode


inserir uma fórmula ou função, tanto que seu nome é Função. ser apresentada: ocorre quando o conjunto de dados é similar
Principais Funções ao apresentado, ou seja, com números repetidos e fora de or-
dem, devemos lembrar que a mediada leva em consideração
=SOMA( )
os valores em ordem e que estes se repetem. Desse modo, na
=MÉDIA( ) mediana de B1 até B5 devemos observar os valores (3, 3, 5, 7,
=MED( ) 7), com base nesse conjunto tem-se que a mediana é 5, pois é
=MÁXIMO( ) o elemento central.
=MAIOR( ; ) =MED(A1:A5)
=MÍNIMO( ) Contudo, quando o conjunto possui uma quantidade par
=MENOR( ; ) de elementos, a mediana é a média dos elementos centrais.
=MODO( ) Dado do conjunto (3, 3, 7, 7) a mediana é a média de 3 e 7, ou
seja, 5.
=MÁXIMO(B1:B5)
Essa função retorna o valor mais alto do conjunto de dados
especificado.
=MAIOR(B1:B5;3)
Em comparação com a função Máximo, é comum aparecer
a função Maior que permite identificar o enésimo termo de um
=MÉDIA(A1:A5) conjunto.
Calcula-se a Média de A1 até A5. O cálculo da média é a No exemplo anterior podemos ler como o terceiro maior
soma de um conjunto de valores dividido pelo total de valores número do intervalo de B1 a B5.
somados, assim para o caso apresentado na figura acima o Neste caso, como se deseja o maior valor o conjunto, deve
ser considerado em ordem decrescente (7, 7, 5, 3, 3), assim o
resultado da média de A1 até A5 é 20/4 totalizando 5, ou seja,
terceiro maior número é 5.
as células vazias são ignoradas. Caso a célula A3 possua o valor
0, o resultado seria 4, pois 0 (zero) é número. =MÍNIMO(B1:B5)
Enquanto que o máximo traz como resposta o valor mais
=MÉDIA(A1;A2;A3;A4;A5)
alto, o mínimo retorna o mais baixo.
Nesta segunda forma, apenas se mudou os operadores de
Para o exemplo acima a resposta é 3.
referência, mas o resultado será o mesmo, pois o conjunto de
dados é o mesmo. =MENOR(B1:B5;1)
=MÉDIA(B1:B5) A função Menor exibe o enésimo menor número de um
conjunto, desta forma, no exemplo dado, pede-se o primeiro
O conjunto apresentado também resulta em 5.
menor número do intervalo de B1 a B5 (3, 3, 5, 7, 7), na função
=SOMA(B1:B5)/5 menor o conjunto de dados deve ser considerado em ordem
Muito comum de ser usado nas provas as estruturas de crescente, assim o primeiro menor é 3, o mesmo que o mínimo
funções combinadas com expressões aritméticas como somar de B1 até B5.
=MODO(A1:A5) =CONT.SE(D1:D5; “=A”)
Esta função retorna o valor que aparece com maior fre- Ao se aplicar a função acima, ela irá contar quantas células
quência no conjunto especificado. No caso do exemplo, a res- possuem o texto A, neste caso a resposta é 3.
posta é 3.
=MODO(B1:B5)
Formatos de Células
Ao clicar com o botão direito do mouse sobre uma ou
Observe que o resultado será sempre o valor mais bai-
mais células selecionadas é aberto o menu suspenso, ilus-
xo que mais se repete, mesmo que outro valor apareça com
trado a seguir. Neste momento nos interessa a opção For-
a mesma frequência, como no segundo exemplo a resposta matar Células que, ao ser acionada, abre a janela de forma-
também é 3. tação de células.
Outras Funções Comuns

=SE( ; ; )
A função SE é também conhecida como condicional, por meio
dela é possível definir ações a serem executadas diante de deter-
minadas situações (condições).
Sua sintaxe é composta por três campos sendo que no
primeiro é colocado um teste lógico, após o ponto e vírgula
temos o campo que contém a ação a ser executada, caso o Guia Números
teste lógico seja verdadeiro e na sequência. No último campo,
A figura a seguir ilustra a janela Formatar Células exibindo
contém a ação caso o teste lógico seja falso.
as opções da aba Números, as principais abas são as guias Nú-
=CONT.NÚM( ) mero e Alinhamento.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Esta função exibe o total de células de um intervalo que
possui como conteúdo um valor numérico.
=CONT.SE( ; )
Enquanto que a função CONT.SE retorna a quantidade de
células que atendem ao critério estabelecido no segundo cam-
po.
=SOMASE( ; ; )
Já a função SOMASE, permite somar apenas o conteúdo
das células de interesse ao montante.
Assim se aplicada a função =SOMASE(D1:D5;”=A”;C1:C5)
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a resposta será o montante da soma das células da coluna C


que estiverem na mesma linha das células da coluna D que Na figura abaixo estão listados os formatos de células e
possuírem a letra A como conteúdo. Assim a resposta é 80. exibidas as células formatadas.
Exemplos:
=SE(C1>=10; “maior ou igual”; “Menor”)
Se o valor contido na célula C1 for maior ou igual a 10, então
será escrito na célula o texto expresso no segundo campo da fun-
ção. Por ser um texto, a ação desejada ele obrigatoriamente deve
ser expresso entre aspas, contudo as aspas não serão exibidas na
resposta.
Mas se o valor da célula C1 for menor do que então será
escrito como resposta o texto Menor.
=CONT.NÚM(A1:A5)
Como a célula A3 está vazia, a resposta desta função é 4, 159
pois existem apenas 4 células cujo conteúdo é um número.
Os formatos Moeda e Percentagem também podem ser de- Nessa próxima sequência foi optado por mover o conteúdo
160 finidos pelas opções da barra de Ferramentas de Formatação. A para a célula superior esquerda, atente que a ordem dos dados é
figura a seguir ilustra parte desta barra com as opções citadas. a mesma de leitura (esquerda para a direita e de cima para baixo).

Guia Alinhamento
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por meio desta guia, podemos formatar o alinhamento


vertical e/ou horizontal de uma célula bem como a orientação
do texto, ou seja, sua direção aplicando um grau de inclinação.
Também encontramos a opção Quebra Automática de tex-
to que permite distribuir o conteúdo de uma célula em várias
linhas de texto dentro da mesma célula. A figura a seguir ilus-
tra estas opções.

Bordas
Por padrão, em uma planilha, o que vemos são as linhas de
grade e não as bordas das células, tanto que se realizarmos a im-
pressão nenhuma divisão aparece. As bordas devem ser aplicadas
manualmente de acordo com a necessidade, para isso, pode-se
Ş
ŝ#-ŝŦ

usar o botão Bordas presente na barra de ferramentas de for-


matação que, ao ser acionado, exibe as opções de bordas, como:
bordas externas, internas, esquerda, direita, dentre as demais que
podem ser visualizadas na figura abaixo.

Outras Ferramentas
Mesclar e Centralizar

A opção Mesclar e Centralizar do Calc centraliza tanto na


horizontal como na vertical. Porém, é possível exibir apenas o
conteúdo da célula superior esquerda, como também se pode
mover o conteúdo das células selecionadas que serão ocultas Classificar
para a célula superior esquerda.
A sequência de imagens a seguir ilustra a operação de Outra opção que podemos destacar é a de classificação
mesclar em que se opta por exibir apenas a célula superior de dados, pela qual podemos ordenar um conjunto de dados
esquerda, observe que as demais células são apenas ocultas, selecionados em ordem crescente ou mesmo decrescente, por
assim seus valores são mantidos e podem ser referenciados. meio dos ícones acima representados, respectivamente.

9. BrOffice Impress - Editor de


Apresentação
É também conhecido como editor de slides. Fique
atento com as palavras expressas em português como eslai-
de, que aparenta ser errada, pelo fato de não ser empregada
com frequência, comumente usada para induzir o candidato
ao erro.

Janela do Programa
Devemos, primeiramente, conhecer algumas funções da Ja-
nela do Editor para melhor entender seus recursos.
A primeira barra ao topo, onde encontramos os botões Fe-
char, Maximizar/Restaurar e Minimizar é a chamada Barra de
Título, pois expressa o nome do arquivo e o programa no qual
está sendo trabalhado.
Na sequência, são exibidas as duas barras de ferramentas
(Padrão e de Formatação). Fique atento às divisões da jane-
la. Na lateral esquerda, está o painel Slides, nele são exibidas
as miniaturas dos slides a fim de navegação na apresentação,
bem como de organização. Uma vez que, para deslocar o slide,
basta clicar e arrastá-lo para o local desejado.
A última é a barra de Status, por meio dela podemos vi-
sualizar em qual slide estamos, além de poder alterar o zoom
do slide em edição.
A barra logo abaixo é a Barra de Menu, onde se encontram Acima da barra de Status está a barra de Desenhos, ilus-
as ferramentas do programa. Observe, à direita do menu Fer- trada a seguir. Essa barra é comum aos demais editores (Calc
ramentas, a existência de um menu diferente dos encontrados e Writer). Porém, ela só aparece por padrão no Impress. Para
no Writer e Calc, o menu Apresentação de Slides. Nele, são ocultá-la ou exibi-la, basta selecionar a barra no menu Exibir
encontradas as opções específicas das operações com slides ї Barras de Ferramentas ї Desenho.
como Cronometrar, Transição e Apresentação de Slides.

A área central da tela é onde fica o slide em edição, tam- Para acionar o modo exibido, basta clicar no menu Exibir
bém conhecida como palco, quem sabe uma associação ao ї Mestre ї Slide Mestre.
espaço onde o artista expõe a sua obra. A Nota Mestre serve para formatar as características das
Já à direita, é exibido o Painel de Tarefas. Essa estrutura anotações (notas) que podem ser associadas a cada slide,
oferece diversas opções, conforme ilustrado a seguir: conforme ilustrado a seguir.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Acima do slide em edição, podem-se encontrar cinco op-
ções, elas são modos de exibição que podem ser alternados.

Mestre
Um mestre é aquele que deve ser seguido, ou seja, uma
estrutura base para a criação de um conjunto de slides. Por
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

meio dele podemos criar um modelo no qual se definem esti-


los de título, parágrafo, tópicos, planos de fundo e os campos
de data/hora, rodapé e número do slide, conforme pode ser Já o item Elementos do Slide Mestre, serve para indicar
visualizado na imagem a seguir: quais elementos devem aparecer nos slides ou notas.
No painel de Tarefas, a opção Páginas Mestre apresenta
alguns modelos de Slides Mestres que podem ser utilizados
pelo usuário.

Layouts
Também podendo ser citado como Leiaute, são as estru-
turas que um slide pode possuir, como slides de título, título e
subtítulo, slide em branco entre outros.
A figura a seguir ilustra os diversos layouts disponíveis no
Impress. Esses podem ser definidos a qualquer momento da
161
edição, inclusive após o slide já ter sido inserido.
do slide. Cada slide é indicado, bem como cada parágrafo de
162 conteúdo, conforme ilustrado a seguir. Propriedades como o
tamanho e o tipo da fonte, bem como negrito, sublinhado e
itálico são aparentes neste modo de exibição, ao contrário da
cor da fonte.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por meio do botão Inserir Slide , presente na barra

de ferramentas padrão, é possível escolher no momento da inser-


ção o layout do slide. Após este já ter sido inserido, basta selecio-
ná-lo no painel de slides, à esquerda, e escolher o novo layout
desejado pelo botão de Layout do Slide ou pelo painel

de Tarefas. Notas
Formatos de Arquivos Este modo de exibição serve para que se possa inserir as
Ş
ŝ#-ŝŦ

O Formato de Arquivo salvo por padrão no BrOffice (Li- anotações sobre um slide, muitas vezes usadas para descrever
breOffice) Impress é o ODP (Open Document Presentation). o assunto, ou conteúdo do slide, ou seja, são os tópicos a se-
Contudo, é possível salvar uma apresentação no formato PTT
do PowerPoint (2003) ou PTTX do PowerPoint 2007 e 2010. rem seguidos e apontados. Assim, as notas servem como um
Existe também um formato de arquivo PPS (2003) e PPSX lembrete.
(20007e2010). Ele é um formato de autoplay, ou seja, ao ser
acionado o arquivo com esse formato ele automaticamente é
exibido no modo de exibição de slides.

Modos de Exibição
Os Modos de Exibição refletem em diferentes estruturas
e não apenas formas de visualizar os slides. No Impress exis-
tem cinco modos de exibição principais, mas pode-se acres-
centar também o modo de Apresentação de Slides como
sendo um modo de exibição.
Para alternar entre os modos de exibição, pode-se esco-
lher o modo desejado pelo Menu Exibir ou pelas opções pre-
Folhetos
sentes no topo do palco de edição. O modo de exibição de Folhetos, ilustrado a seguir, tem por
Normal objetivo as estruturas de cabeçalho e rodapé do modo de im-
Este é o modo de exibição padrão para a edição dos slides, pressão de folhetos, ou seja, aquele em que são impressos vários
conforme ilustrado a seguir. Com esse modo, é possível alterar slides por página.
os textos do slide, bem como suas formatações de texto, layout
e plano de fundo.

Também é possível dimensionar como ficaram os slides.


Estrutura de Tópicos Além do conteúdo do cabeçalho e rodapé, é possível inserir da-
Já no modo de Estruturas de Tópicos, as características de dos como data, hora e números de páginas. A figura a seguir
formatação do slide não são exibidas, mas apenas o conteúdo
ilustra com maior precisão os detalhes deste modo de exibição:
Caso o clique com o botão direito seja feito no espaço va-
zio, entre os slides é exibida apenas a opção Novo Slide, con-
forme ilustrado a seguir.
Classificador de Slides
O modo Classificador de Slides serve para organizar a se-
quência dos slides na apresentação, oferecendo uma interfa-
ce onde são exibidas as miniaturas das telas para que, ao clicar
e arrastar os slides, seja possível movê-los para às posições de-
sejadas. Na imagem a seguir, pode-se observar sua disposição:

Já na barra de Ferramentas padrão, encontramos o ícone

Ş
ŝ#-ŝŦ
que permite a inserção de um slide. Caso seja clicado na
seta à sua direita, é possível ainda escolher o layout do slide
que está sendo inserido.

Menu Apresentação de Slides


Neste menu é que se encontram as opções específicas de
Inserir Slide uma edição de apresentação de slides, como os efeitos de ani-
mação e transição de slides. Assim, se a prova citar alguma op-
Para inserir um slide em uma apresentação, podemos con-
ção solicitando o menu em que ela é apresentada, se a opção
tar com o recurso Inserir Slide, que pode ser acionado a partir tiver relação à apresentação de slides, então provavelmente
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de três locais, dentro do editor de apresentação Impress: Menu estará no menu Apresentação de Slides.
Inserir, Botão direito do mouse e Barra de Ferramentas. Dentre os itens deste menu, podem-se destacar:
Além de poder inserir um novo slide pelo Menu Inserir,
Apresentação de Slides
é possível duplicá-lo, ou seja, criar uma cópia do(s) slide(s)
É a opção que permite exibir a apresentação de slides em
selecionado(s), conforme ilustrado a seguir. tela cheia, de forma a poder visualizá-la. Também é possível
encontrar essa opção no Menu Exibir, assim como acioná-la
por meio da tecla de atalho F5 que, no caso do Impress, sem-
pre inicia a partir do slide selecionado.
Configuração da Apresentação de Slides
Por meio desta opção é possível configurar características
da exibição da apresentação como tempo de transição de sli-
Com o clique do botão direito do mouse sobre um slide, é des automática e também a possibilidade padrão de trocar de
exibida a lista suspensa ilustrada a seguir, que possui tanto a slide a cada clique do mouse ou com tecla do teclado. A figura 163
opção de inserir novo slide, como duplicar o slide selecionado. a seguir ilustra a janela de configurações de apresentação:
Para adicionar um efeito, é necessário selecionar algum
164 elemento do slide, como texto ou figura e, na janela que se
abre ao clicar em Adicionar (ilustrada a seguir), selecionar o
efeito desejado, de acordo com categorias pré-definidas na
forma de guias da janela, conforme ilustrado:
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cronometrar
A opção Cronometrar do Impress é muito inferior ao
mesmo recurso no PowerPoint, se comparados. Em teoria,
essa ferramenta deveria permitir marcar o tempo que seria
gasto para explanar sobre uma apresentação. Contudo, o
tempo é marcado por slide e exibido apenas enquanto este
Ş
ŝ#-ŝŦ

está sendo exibido, após, no próximo slide, o contador é no-


vamente zerado.
Interação
Por meio deste recurso é possível modificar a sequência de exi- Transição de Slides
bição de uma apresentação, atribuindo a elementos do slide, como Já a opção de Transição de Slides serve para aplicar um
figuras e textos, ações como ir para determinado slide da apresenta- efeito a ser executado durante a troca de slide para outro. Per-
ção, como que criando botões de navegação. Para isso, no entanto, mite, ainda, definir tempos específicos para cada slide em uma
faz-se necessário que algum elemento esteja selecionado. exibição automática.
Animação Personalizada
Esse recurso permite atribuir um efeito a um elemento no
slide. Ao ser acionado, exibe suas opções no Painel de Tarefas
à direita da tela, conforme ilustrado a seguir.

Impressão
É possível também imprimir a apresentação de slides de
acordo com a necessidade, como imprimir um slide em cada
página, como ilustrado na sequência, no modo Slide:
• Slide • Estrutura de Tópicos
Já na forma de impressão de Estrutura de Tópicos, a im-
pressão fica tal qual ao modo de exibição.

• Folhetos
Caso necessário, para imprimir mais de um slide por pági-
na, pode-se escolher a opção Folheto, no campo Documento:

10. Glossário
A-D
Adware
Adwares são programas feitos para mostrar anúncios e
propagandas de vários produtos. Geralmente são instalados
no computador de uma forma injusta.
Android
É importante observar que a janela anterior está com o nú- É o sistema operacional do google para celulares, smart-
mero de três Slides por página, notando-se, assim, na pré-vi- phones e tablets.
sualização à esquerda, que os slides ficam um abaixo do outro,
nesta opção de impressão, enquanto que nas demais quan- Backdoor (porta dos fundos)
tias os slides são distribuídos como representado a seguir, no Qualquer malware que possua um backdoor permite que o
modo de impressão de quatro slides por página: computador infectado seja controlado totalmente ou parcial-
mente via conexão com uma porta.

Ş
ŝ#-ŝŦ
Bluetooth
Bluetooth é uma forma de conexão que constitui uma rede
do tipo PAN (rede pessoal), utilizado para conexões de dispo-
sitivos como mouses, teclados, celulares, smartphones, entre
outros dispositivos.
Bug
O termo bug (“inseto”) é usado para definir defeitos inex-
plicáveis em engenharia e também em informática. Softwares
bugados costumam travar mais. Outros bugs podem fazer com
que worms se propaguem pela Internet.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Notas Existe uma história verídica que conta que, em 1947, o


No modo de impressão de Notas, cada folha recebe um sli- computador Mark II estava com problemas no funcionamento
de e, abaixo dele, são impressas as anotações referentes a ele. e era por causa de um inseto que estava dentro das placas do
computador. É considerado um caso “real” de um “computa-
dor que não funcionava por um bug”, mas não é o primeiro
registro histórico do uso do termo.
BIOS
Sigla para “Basic Input/Output System”, que pode ser tra-
duzido para “Sistema Básico de Entrada/Saída”. A BIOS é um
pequeno software armazenado em um componente da placa-
mãe que é responsável pelo boot do computador.
Boot
Chama-se boot o processo que seu computador executa 165
quando é ligado.
Cache Hijack
166 É uma memória de armazenamento temporário, com fina- Chama-se hijack (sequestro) quando o navegador web do
lidade de fornecer um acesso mais rápido às informações. computador tem sua página inicial alterada ou pop-ups apare-
Atualmente encontramos a cache em navegadores de in- cem enquanto navega um site que, normalmente, estaria limpo.
ternet, nos processadores, bem como nos HDs. HTTP
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cracker O HyperText Transfer Protocol foi criado para que os na-


Pessoas que usam seus conhecimentos de informática vegadores e servidores web pudessem se comunicar de uma
para destruir computadores ou ganhar dinheiro, roubando e forma padronizada. É um dos protocolos mais comuns da web.
burlando sistemas bancários e de cartão de crédito.
IRC
A maioria das pessoas chama, erroneamente, os crackers
de hackers. O Internet Relay Chat é um sistema para bate-papo muito
conhecido na internet.
Cookie
Um cookie é uma informação que pode ser armazenada pelo Kernel
navegador se um website requisitar. A informação não pode ter O kernel é o coração do Sistema Operacional, pois faz a
um tamanho muito grande. Cookies possuem uma validade e, comunicação mais básica entre o software e o hardware.
ao expirarem, são automaticamente deletados pelo navegador.
Um erro no kernel pode causar uma falha grave no sistema
Domínio operacional. Muitas vezes, erros diretos no boot do sistema são
Um domínio é um endereço na internet. Por exemplo, causados por falhas no kernel.
Ş
ŝ#-ŝŦ

example.com, assim como superdownloads.com.br ou globo.


com; todos são domínios. No Brasil, o Registro.br gerencia os Keylogger
domínios, qualquer fora dos definidos por essa organização é [Key = chave; log = registro de ações] Software que cap-
considerado inválido. Os nomes dos domínios são transforma- tura as teclas digitas no computador. Atualmente, o termo foi
dos para endereços IP através do DNS. expandido para incluir vários softwares de monitoração com-
DNS pleta do sistema, tais como o Perfect Keylogger (BPK).
Domain Name System, ou Sistema de Nomes de Domínio. Log
O DNS é o processo que resolve o domínio de um site, de forma Um Log (to log - registrar) é um arquivo que guarda infor-
que, quando você acessar www.site.com, o seu computador mações passadas (registros). Existem registros/logs de erros,
possa transformar isso no endereço IP do servidor de destino. páginas visitadas (“Histórico”), entre outros, que podem aju-
Driver dar na identificação e solução de problemas.
São informações sobre o funcionamento das peças de Har- Malware
dware. Um driver é usado para que o sistema operacional se
Malware é software que tem objetivos maliciosos, nele, se
comunique com o hardware. Existem também drivers de soft-
ware para software, por exemplo, sua placa de vídeo precisa incluem todos os trojans, vírus e spywares.
de um driver, assim como a placa de som e alguns monitores. Na maioria das vezes, “malware” será apenas tratado como
um grupo que engloba spywares e adware.
F-P
MS-DOS
Firewall Sistema operacional base do Windows. Atualmente ele
O Firewall monitora as conexões feitas pelo seu computa- não é mais usado como sistema operacional, mas é possível
dor para garantir que nenhum recurso dele esteja sendo usado encontrá-lo no Windows; é o prompt de comando.
indevidamente. São úteis na prevenção de worms, trojans e
outros malwares que tentem explorar comunicações de rede. Phishing
É uma página ou mesmo um e-mail falso que tentam in-
Gateway duzir o usuário a informar seus dados pessoais e confidenciais
É um ponto de junção, composto de hardware e software, como senhas.
que funciona como um “portão de entrada” ou acesso inter-
mediário entre duas redes de formatos diferentes. POP3
O Post Office Protocol é um protocolo que trabalha no ciclo
Hash das mensagens eletrônicas. Serve para que os usuários possam
Um hash é uma sequência de letras/números gerada por facilmente baixar as suas mensagens de e-mail do servidor.
um algoritmo de hashing, que busca identificar um arquivo ou
informação unicamente. Hashs podem ser usados para saber Porta de Conexão
se os arquivos que você baixa através da Internet são idênticos O protocolo TCP/IP define 65535 “portas” lógicas para a
aos distribuídos pelo desenvolvedor. conexão. As portas são apenas um recurso criado pelo pro-
A sequência do hash é limitada (dificilmente passa dos tocolo para facilitar a conexão entre dois computadores que
512 bytes). ainda não possuem uma conexão ativa.
Várias portas possuem tarefas padrão. A porta 80, por terminado site ou programa; eles podem vir acompanhados
exemplo, é responsável por conexões do HTTP, que é o proto- de hijackers. Cuidado, spywares são diferentes de Phishings.
colo utilizado pela maioria dos sites na web.
Protocolo Sistema Operacional
Protocolos são regras que definem o modo pelo qual dife- Um Sistema Operacional é um Software especial que faz
rentes sistemas se comunicam. Seu navegador e servidor web um trabalho muito importante: gerencia o hardware. Ele tam-
precisam entender um ao outro, por isso os dois se utilizam do bém tem uma interface para que os programadores possam
HTTP para interpretar as informações que recebem e formular
as mensagens que irão mandar. desenvolver programas que serão úteis, como editores de tex-
to, calculadoras ou navegadores web. O sistema operacional
S-V não é útil por si só, mas os programas que rodam nele são.
Scam TCP/IP
Fraudes que buscam estritamente ganhos financeiros. Nas
fraudes do tipo scam, diferente do phishing, o usuário contrata Sigla para Transmission Control Protocol/Internet Protocol,
um serviço, mas nunca o recebe. Existem outros scams em que ou simplesmente Protocolo de Controle de Transmissão/Pro-
o usuário é induzido a realizar um pagamento para a transfe- tocolo de Internet. O TCP/IP é uma suíte que inclui vários pro-
rência de valores, mas a transação nunca é efetuada, fazendo tocolos como o IP, TCP e UDP. Ele é apenas chamado de TCP/
com que o usuário perca o dinheiro. Podemos assimilar esse
IP, pois o TCP e o IP são os dois protocolos mais importantes
tipo de ataque ao golpe do bilhete premiado.
incluídos nessa suíte.
Script
Scripts são “roteiros” utilizados principalmente para au- TI
tomatizar tarefas administrativas. São também conhecidos TI é uma abreviação para Tecnologia da Informação. Refe-
como arquivos de lotes. re-se a ela tudo que tenha um processador e consiga processar
Servidor informação.
A Internet funciona com uma base de Servidor-Cliente.
Trojan Horse (Cavalo de Troia)
Os servidores geralmente esperam para atender um clien-
te, como um caixa no banco (servidor) que atende as pessoas É um meio utilizado para infiltrar outros malwares ao com-
(clientes) que usam os serviços do banco. Invasões só ocorrem putador do usuário.
quando o computador da vítima tiver um servidor para que o
cliente (o atacante) possa se conectar. UDP

Ş
ŝ#-ŝŦ
UDP (User Datagram Protocol) é um protocolo mais sim-
SMTP
ples que o TCP e não possui muitos recursos. Ele também não
O Simple Mail Transfer Protocol é um protocolo de envio
de mensagens de correio eletrônico associado aos clientes de tem a garantia de que os pacotes chegam ao destino. É utiliza-
e-mail, é também para a troca de mensagens entre os servi- do por alguns serviços muito importantes como o DNS.
dores de e-mail.
Por ser mais simples, ele pode algumas vezes ser mais rápido.
Smartphone
São os telefones Inteligentes.
Vírus
Vírus (na definição clássica) é todo programa de compu-
Software tador que funciona como parasita, infectando os arquivos que
Software é a parte lógica do computador, aquela que você
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

existem em um computador.
não pode ver nem tocar, mas opera constantemente.
Por esse motivo, Trojans não são vírus, mas apenas “mal-
Spam ware”. Worms também não são vírus, pois só usam a rede para
E-mail não solicitado. Geralmente contém propagandas se espalhar e não infectam arquivos no disco rígido.
absurdas com fórmulas mágicas para ganhar dinheiro e pro-
dutos farmacêuticos.
W
Spoofing
Referente ao que é forjado/falsificado. Um ataque de “IP
Worms
Spoof” é aquele no qual o endereço IP do remetente é forja- Worm é um tipo de malware que usa a rede para se es-
do. Um e-mail “spoofed” é um e-mail em que o cabeçalho da palhar. São muito famosos por infectar um grande número de
mensagem (“De:” ou “From:”) foi falsificado. computadores em pouco tempo, usando anexos de e-mail e
Spyware forjando e-mails aparentemente legítimos.
Spywares são programas que capturam os dados do usuá- Outros worms usam a rede local para serem instalados em 167
rio ao fazer uso de algum serviço específico, como acessar de- diferentes computadores.
168 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO Ş
ŝ#-ŝŦ

ÍNDICE
1. Ética no Serviço Público ............................................................................................ 169
Ética e Moral ................................................................................................................................169
Ética: Princípios e Valores............................................................................................................170
Ética e Democracia: Exercício da Cidadania .................................................................................171
Ética e Função Pública ..................................................................................................................171
Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994) ................................... 172
Decreto nº 6.029/2007 ............................................................................................................... 175
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão de Ética Pública da Presidência da República .............. 178
Resolução nº 01, de 13 de Setembro de 2000 .............................................................................178
Resolução nº 02, de 24 de Outubro de 2000 ..............................................................................179
Resolução nº 03, de 23 de Novembro de 2000 ...........................................................................180
Resolução nº 04, de 07 de Junho de 2001 ..................................................................................182
Resolução nº 05, de 07 de Junho de 2001...................................................................................184
Resolução nº 06, de 25 de Julho de 2001 ....................................................................................184
Resolução nº 07, de 14 de Fevereiro de 2002 .............................................................................185
Comissão de Ética Pública ...........................................................................................................185
Resolução nº 08, de 25 de Setembro de 2003 ............................................................................186
Resolução nº 09, de 20 de Maio de 2005 ....................................................................................187
Resolução nº 10, de 29 de Setembro de 2008.............................................................................187
1. Ética no Serviço Público Em um sentido mais amplo, a ética engloba um conjunto
de regras e preceitos de ordem valorativa, que estão ligados
Nesta unidade, trabalharemos o seguinte conteúdo: Ética à prática do bem e da justiça, aprovando ou desaprovando a
e moral; Ética, princípios e valores; Ética e democracia: exercí- ação dos homens de um grupo social ou de uma sociedade.
cio da cidadania; Ética e função pública; Ética no setor público: Em suma, a ética é um conjunto de normas que rege a boa
Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto nº conduta humana.
1.171/1994). Acrescentamos, ao final, o Decreto nº 6.029/2007, Para que uma conduta possa ser considerada ética, três
que revogou o Decreto nº 1.171/1994 em parte, e que, muito elementos essenciais devem ser ponderados: a ação (ato mo-
embora não seja mencionado no edital, tem sido cobrado. ral), a intenção (finalidade), e as circunstâncias (consequên-
O Código de Ética Profissional do Serviço Público (Decreto cias) do ato. Se um único desses três elementos não for bom,
nº 1.171/1994) contempla essencialmente duas partes. correto e certo, o comportamento não é ético.
A primeira, dita de ordem substancial (fundamental), fala A norma ética é aquela que prescreve como o homem deve
sobre os princípios morais e éticos a serem observados pelo agir. Possui, como uma de suas características, a possibilidade
servidor, e constitui o Capítulo I, que abrange as regras deon- de ser violada, ao contrário da norma legal (lei).
tológicas (Seção I), os principais deveres do servidor público A ética não deve ser confundida com a lei, embora, com
(Seção II), bem como as vedações (Seção III). certa frequência, a lei tenha como base princípios éticos. Ao
Já a segunda parte, de ordem formal, dispõe sobre a cria- contrário da lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo
ção e funcionamento de Comissões de Ética, e constitui o Capí- Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas,
tulo II, que trata das Comissões de Ética em todos os órgãos do nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas.
Poder Executivo Federal (Exposição de Motivos nº 001/94-CE). Para o autor Lázaro Lisboa, a ética tem por objeto o com-
Este conteúdo, referente ao Código de Ética Profissional do portamento humano no interior de cada sociedade, e o es-
Serviço Público, considerando os últimos conteúdos cobrados, tudo desse comportamento com o fim de estabelecer níveis
é um dos mais relevantes e que mais deve ser estudado. aceitáveis que garantam a convivência pacífica dentro das
sociedades e entre elas, constitui o objetivo da Ética. (LISBOA;
Ética e Moral MARTINS, 2011).
O estudo da ética demonstra que a consciência moral nos
Ética inclina para o caminho da virtude, que seria uma qualidade
A palavra “ética” vem do grego ethos, que significa “modo própria da natureza humana. Logo, um homem para ser ético
de ser” ou “caráter” (índole). precisa necessariamente ser virtuoso, ou seja, praticar o bem
Ética o do grego ethos o caráter usando a liberdade com responsabilidade constantemente.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moralidade das Segundo a classificação de Eduardo Garcia Maýnez, são
ações humanas, isto é, se são boas ou más. É uma reflexão quatro as formas de manifestação do pensamento ético oci-

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crítica sobre a moralidade. dental:
A ética faz parte do nosso dia a dia. Em todas as nossas ▷ Ética empírica.
ações e também relações, em algum grau, utilizamos nossos ▷ Ética dos bens.
valores éticos. Isso não quer dizer que o homem já nasça com ▷ Ética formal.
consciência plena do que é bom ou mau. Essa consciência exis- ▷ Ética de valores.
te, mas se desenvolve a partir do relacionamento com o meio e
A Ética empírica está dividida em:
do autodescobrimento.
Ética Anarquista: só tem valor o que não contraria as ten-
A ética pode ser definida como a teoria ou a ciência do dências naturais.
comportamento moral, que busca explicar, compreender, jus-
tificar e criticar a moral ou as morais de Ética Utilitarista: é bom o que é útil.
Ética Ceticista: não se pode dizer com certeza o que é cer-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

De acordo com o autor espanhol, Adolfo Vázquez, a ética


representa uma abordagem científica sobre as constantes mo- to ou errado, bom ou mau, pois ninguém jamais será capaz
rais, ou seja, refere-se àquele conjunto de valores e costumes de desvendar os mistérios da natureza.
mais ou menos permanente no tempo e no espaço. Em outras Ética Subjetivista: “o homem é a medida de todas as coisas
palavras, a ética é a ciência da moral, isto é, de uma esfera do existentes ou inexistentes” (Protágoras).
comportamento humano. Já a Ética dos bens divide-se em:
Mas a Ética não é puramente teoria; é um conjunto de Ética Socrática: para Sócrates (469 - 399 a.C.), o supremo
princípios e disposições voltados para a ação, historica- bem, a virtude máxima é a sabedoria. As duas máximas de
mente produzidos, cujo objetivo é balizar (limitar) as ações Sócrates são: “Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”.
humanas. Ética Platônica: para Platão (427 - 347 a.C), todos os fe-
Todavia, segundo Vázquez, não cabe à ética formular juí- nômenos naturais são meros reflexos de formas eternas,
zos de valor sobre a prática moral de outras sociedades, ou de imutáveis, sugerindo o “mundo das ideias”.
outras épocas, em nome de uma moral absoluta e universal, Ética Aristotélica: para Aristóteles (384 - 322 a.C.), a
mas deve antes explicar a razão de ser desta pluralidade e das felicidade só pode ser conseguida com a integração de
mudanças de moral; isto é, deve esclarecer o fato de os homens suas três formas: prazer, virtude (cidadania responsável), 169
terem recorrido a práticas morais diferentes e até opostas. sabedoria (filosofia/ciência).
Ética Epicurista: para Epicuro (341 - 270 a.C.), o bem su- Enquanto o primeiro trata o comportamento humano como
170 premo é a felicidade, a ser atingido por meio dos prazeres objeto de estudo e normatização, procurando tomá-lo de for-
(eudaimonismo hedonista) e os do espírito são mais eleva- ma mais abrangente possível, o segundo se ocupa de atribuir
dos que os do corpo. Seu objetivo maior era afastar a dor um valor à ação. Esse valor tem como referências as normas e
e os sofrimentos. conceitos do que vem a ser bom ou mau, baseados no senso
Ética Estóica: Zenão (300 a.C.) fundou esta filosofia que comum.
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ensina a ética da virtude como fim: o estóico não aspira ser No contexto da ação pública, ética e moral não são consi-
feliz, mas ser bom. derados termos sinônimos. Portanto, não devem ser confun-
Para a ética formal, segundo Kant, uma ação é boa, tem didos.
valor, deve ser feita, se obedece o “princípio categórico”, que Enquanto a ética é teórica e busca explicar e justificar
está baseado na ideia do dever (vale sempre e é uma ordem). os costumes de uma determinada sociedade, a moral é
Por fim, para a ética de valores, uma ação é boa (e consequen- normativa. Enquanto a ética tem caráter científico, a moral
temente é um dever) se estiver fundamentada em um valor. tem caráter prático imediato, visto que é parte integrante
da vida cotidiana das sociedades e dos indivíduos. A moral
Moral é a aplicação da ética no cotidiano, é a prática concreta.
Os romanos traduziram o ethos grego para o latim mos, de A moral, portanto, não é ciência, mas objeto da ciência; e,
onde vem a palavra “moral”. neste sentido, é por ela estudada e investigada.
O termo “moral”, portanto, deriva do latim “mos” ou “mo-
res”, que significa “costume” ou “costumes (VÁZQUEZ, 2011). Ética: Princípios e Valores
Moralo do latin MOS ou MORESo
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Costume ou Costumes Princípios


A moral é definida como o conjunto de normas, princípios, Segundo o dicionário Houaiss, princípio pode ser conside-
preceitos, costumes, valores que norteiam o comportamento rado o primeiro momento da existência (de algo) ou de uma
do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa. ação ou processo. Pode também ser definido como um con-
Em outras palavras, a moral é um conjunto de regras de junto de regras ou código de (boa) conduta, com base no qual
conduta adotadas pelos indivíduos de um grupo social e tem se governa a própria vida e ações.
a finalidade de organizar as relações interpessoais segundo Dados esses conceitos, percebe-se que os princípios que
os valores do bem e do mal. regem a conduta em sociedade são aqueles conceitos ou re-
A moral é a “ferramenta” de trabalho da ética. Sem os gras que se aprendem por meio do convívio, passados de ge-
juízos de valor aplicados pela moral seria impossível deter- ração para geração.
minar se a ação do homem é boa ou má. Esses conhecimentos se originaram, em algum momento,
A moral ocupa-se basicamente de questões subjetivas, no grupo social em que estão inseridos, convencionando-se
abstratas e de interesses particulares do indivíduo e da socie- que sua aplicação é boa, e assim aceita pelo grupo.
dade, relacionando-se com valores ou condutas sociais. Quando uma pessoa afirma que determinada ação fere
A moral possui, portanto, um caráter subjetivo, que faz seus princípios, ela está se referindo a um conceito ou regra,
com que ela seja influenciada por vários fatores, alterando, as- que foi originado em algum momento em sua vida ou na vida
sim, os conceitos morais de um grupo para outro. Esses fatores do grupo social em que está inserida, e que foi aceito como
podem ser sociais, históricos, geográficos etc. Observa-se, en- ação moralmente boa.
tão, que a moral é dinâmica, ou seja, ela pode mudar seus juí-
zos de valor de acordo com o contexto em que esteja inserida. Valores
Sendo assim, para Vázquez a moral é mutável e varia his- O conceito de valor tem sido investigado e definido em di-
toricamente, de acordo com o desenvolvimento de cada socie- ferentes áreas do conhecimento (filosofia, sociologia, ciências
dade e, com ela, variam os seus princípios e as suas normas. econômicas, “marketing” etc).
Ela norteia os valores éticos na Administração Pública. Os valores são as normas, princípios ou padrões sociais
Aristóteles, em seu livro “A Política”, assevera que “os aceitos ou mantidos por indivíduos, classe ou sociedade. Dizem,
pais sempre parecerão antiquados para os seus filhos”. Essa portanto, respeito a princípios que merecem ser buscados.
afirmação demonstra que, na passagem de uma geração para O valor exprime uma relação entre as necessidades do in-
outra, os valores morais mudam. divíduo (respirar, comer, viver, posse, reproduzir, prazer, domí-
Para que um ato seja considerado moral, ou seja, bom, nio, relacionar, comparar) e a capacidade das coisas, objetos
deve ser livre, consciente, intencional e solidário. O ato mo- ou serviços de satisfazê-las.
ral tem, em sua estrutura, dois importantes aspectos: o nor- É na apreciação desta relação que se explica a existência
mativo e o factual. O normativo são as normas e imperativos de uma hierarquia de valores, segundo a urgência/prioridade
que enunciam o “dever ser”. Ex.: cumpra suas obrigações, não das necessidades e a capacidade dos mesmos objetos para as
minta, não roube etc. O factual são os atos humanos que se satisfazerem, diferenciadas no espaço e no tempo.
realizam efetivamente, ou seja, é a aplicação da norma no dia Nas mais diversas sociedades, independentemente do
a dia, no convívio social. nível cultural, econômico ou social em que estejam inseridas,
Apesar de se assemelharem, e mesmo por vezes se con- os valores são fundamentais para se determinar quais são as
fundirem, ética e moral são termos aplicados diferentemente. pessoas que agem tendo por finalidade o bem.
O caráter dos seres, pelo qual são mais ou menos deseja- Essa nova fase se deve principalmente à democracia, im-
dos ou estimados por uma pessoa ou grupo, é determinado plantada como regime político com a Constituição de 1988.
pelo valor de suas ações. Etimologicamente, o termo democracia vem do grego
Todos os termos que servem para qualificar uma ação ou demokratía, em que kratía significa governo e demo, povo.
o caráter de uma pessoa têm um peso bom e um peso ruim. Logo, a democracia, por definição, é o “governo do povo”.
Cite-se, como exemplo, os termos verdadeiro e falso, generoso A democracia confere ao povo o poder de influenciar na
e egoísta, honesto e desonesto, justo e injusto. Os valores dão administração do Estado. Por meio do voto, o povo é que
“peso” à ação ou ao caráter de uma pessoa ou grupo. determina quem vai ocupar os cargos de direção do Estado.
Logo, insere-se nesse contexto a responsabilidade tanto do
Kant afirmava que toda ação considerada boa moral- povo, que escolhe seus dirigentes, quanto dos escolhidos, que
mente deveria ser universal, ou seja, ser boa em qualquer deverão prestar contas de seus atos no poder.
tempo e em qualquer lugar. Infelizmente o ideal kantiano A ética exerce papel fundamental em todo esse processo,
de valor e moralidade está muito longe de ser alcançado, regulamentando e exigindo dos governantes comportamento
pois as diversidades culturais e sociais fazem com que o adequado à função pública, que lhe foi confiada por meio do
valor dado a determinadas ações mude de acordo com o voto, e conferindo ao povo as noções e os valores necessários
contexto. tanto para o exercício e cobrança dos seus direitos quanto para
O complexo de normas éticas se alicerça em valores, nor- atendimento de seus deveres.
malmente designados valores do “bem”. É por meio dos valores éticos e morais – determinados
“Valores éticos são indicadores da relevância ou do grau de pela sociedade – que podemos perceber se os atos cometidos
atendimento aos princípios éticos”. Por exemplo, a dignidade pelos ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem co-
da pessoa sugere e exige que se valorize o respeito às pessoas. mum e ao interesse público.
Esses valores éticos só podem ser atribuídos a pessoas, Exercício da Cidadania
pois elas são os únicos seres que agem com conhecimento de Em se tratando do exercício da cidadania, podemos afir-
certo e errado, bem e mal, e com liberdade para agir. Algumas mar que todo cidadão tem direito a exercer a cidadania, isto
condutas podem ferir os valores éticos. é, seus direitos de cidadão; direitos esses garantidos constitu-
A prática constante de respeito aos valores éticos conduz cionalmente.
as pessoas às virtudes morais.” ALONSO, Felix Ruiz; LÓPEZ, Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício
Francisco Granizo; CASTRUCCI, Plínio de Laura – Curso de Ética da cidadania. Não se pode conceber um direito que não seja
em Administração. São Paulo: Atlas, 2008. (Adaptado). precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão dupla.
Os direitos garantidos constitucionalmente, individuais,
Ética e Democracia: coletivos, sociais ou políticos, são precedidos de responsa-

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bilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por
Exercício da Cidadania exemplo, a Constituição garante o direito à propriedade pri-
Ética e Democracia vada, mas exige-se que o proprietário seja responsável pelos
tributos que o exercício desse direito gera, como, por exemplo,
O Brasil ainda caminha a passos muito lentos no que diz o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
respeito à ética, principalmente no cenário político. Exercer a cidadania, por consequência, é ser probo (ín-
Vários são os fatores que contribuíram para esta realidade, tegro, honrado, justo, reto), agir com ética assumindo a res-
dentre eles, principalmente, os golpes de Estado, a saber, o ponsabilidade que advém de seus deveres enquanto cidadão
Golpe de 30 e o Golpe de 64. inserto no convívio social.
Durante o período em que o país vivenciou a ditadura mili-
tar e em que a democracia foi colocada de lado, tivemos a sus- Ética e Função Pública
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

pensão do ensino da filosofia e, consequentemente, da ética, Função pública é a competência, atribuição ou encargo
nas escolas e universidades, e além disso, os direitos políticos para o exercício de determinada função. Ressalta-se que essa
do cidadão suspensos, a liberdade de expressão caçada e o função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício su-
medo da repressão. jeito ao interesse público, ou seja, da coletividade.
Como consequência dessa série de medidas autoritárias No exercício das mais diversas funções públicas, os servi-
e também arbitrárias, nossos valores morais e sociais foram dores devem respeitar, além das normatizações vigentes nos
perdendo espaço para os valores que o Estado queria impor, órgãos e entidades públicas que regulamentam e determinam
levando a sociedade a uma espécie de “apatia” social. a forma de agir dos agentes públicos, os valores éticos e mo-
Nos dias atuais, estamos presenciando uma nova fase em rais que a sociedade impõe para o convívio em grupo. A não
nosso país, no que tange à aplicabilidade das leis e da ética observação desses valores acarreta uma série de erros e pro-
no poder. blemas no atendimento ao público e aos usuários do serviço, o
Os crimes de corrupção envolvendo desvio de dinheiro es- que contribui de forma significativa para uma imagem negati-
tão sendo mais investigados e a polícia tem trabalhado com va do órgão ou entidade e também do serviço público.
mais liberdade de atuação em prol da moralidade e do interes- O padrão ético dos servidores públicos, no exercício da
se público, o que tem levado os agentes públicos a refletir mais função pública, advém de sua natureza, ou seja, do caráter 171
sobre seus atos antes ainda de praticá-los. público e de sua relação com o público.
O servidor deve estar atento a esse padrão não apenas no necessários ao bom andamento do serviço e ao respeito aos
172 exercício de suas funções, mas também na vida particular. O usuários.
caráter público do seu serviço deve se incorporar à sua vida Os novos códigos de ética, além de regulamentar a quali-
privada, a fim de que os valores morais e a boa-fé, amparados dade e o trato dispensados aos usuários e ao serviço público
constitucionalmente como princípios básicos e essenciais a e de trazer punições para os que descumprem as suas nor-
uma vida equilibrada, sejam inseridos e se tornem uma cons- mas, também têm a função de proteger a imagem e a honra
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

tante em seu relacionamento com os usuários do serviço bem do servidor que trabalha seguindo fielmente as regras nele
como com os colegas. contidas, contribuindo, assim, para uma melhoria na imagem
Os princípios constitucionais devem ser observados para do servidor e do órgão ou entidade perante a população.
que a função pública se integre de forma indissociável ao di- Em se tratando da ética no serviço público, destacamos o
reito. Os princípios são: Código de Ética Profissional do Servidor Público do Poder Exe-
Legalidade: todo ato administrativo deve seguir fielmente cutivo Federal, aprovado pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho
os meandros da lei. de 1994, que foi revogado em parte pelo Decreto nº 6.029, de 1º
Impessoalidade: aplicado como sinônimo de igualdade – de fevereiro de 2007, que institui Sistema de Gestão da Ética do
todos devem ser tratados de forma igualitária e respeitando o Poder Executivo Federal. Ambos os Decretos seguem na íntegra.
que a lei prevê.
Moralidade: respeito ao padrão moral para não compro- Código de Ética Profissional do Serviço
meter os bons costumes da sociedade. Público (Decreto nº 1.171/1994)
Publicidade: refere-se à transparência de todo ato público, DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994. Aprova o Código de Ética
salvo os casos previstos em lei.
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Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.


Eficiência: ser o mais eficiente possível na utilização dos O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere
meios que são postos a sua disposição para a execução do seu o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da
mister (cargo ou função). Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei nº 8.112, de 11 de dezem-
bro de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992,
Ética no Setor Público Decreta
As questões éticas estão cada vez mais em voga na cena Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profissional do
pública brasileira, dada à multiplicação de casos de corrupção Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que
e, sobretudo, à reação da sociedade frente a um tal grau de
com este baixa.
desmoralização das relações políticas e sociais.
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública
Com os escândalos e denúncias de corrupção expostas
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta
pela mídia, refletir sobre essas questões traz à tona os concei-
tos éticos que envolvem a busca por melhores ações tanto na dias, as providências necessárias à plena vigência do
vida pessoal como na vida pública. Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser-
A ética é pautada na conduta responsável das pessoas. Daí
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou
a importância da escolha de um político com esse caráter, a
fim de diminuir o mau uso da máquina pública e evitar que se emprego permanente.
venha auferir ganhos e vantagens pessoais. Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética
Porém, as normas morais apenas fornecem orientações, será comunicada à Secretaria da Administração Fede-
cabendo ao político determinar quais são as exigências e limi- ral da Presidência da República, com a indicação dos
tações e decidir pela melhor alternativa de ação, que detém a respectivos membros titulares e suplentes.
responsabilidade em atender as demandas, no papel de repre- Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de sua pu-
sentantes democráticos, com integridade e eficiência. blicação.
Durante as últimas décadas, o setor público foi alvo, tan- Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da Independência e 106º da República.
to por parte da mídia quanto do senso comum vigente, de ITAMAR FRANCO
um processo deliberado de formação de uma caricatura, que Romildo Canhim
transformou sua imagem no estereótipo de um setor muito Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.6.1994.
burocrático, que não funciona e custa caro à população. Anexo
O cidadão, mesmo bem atendido por um servidor públi- Código de Ética Profissional do Servidor
co, não consegue sustentar uma boa imagem do servidor e Público Civil do Poder Executivo Federal
também do serviço público, pois o que faz a imagem de um
órgão ou entidade pública parecer boa diante da população Capítulo I
é o atendimento de seus funcionários, e por mais que os ser-
vidores sérios e responsáveis se esforcem, existe uma mino- Seção I
ria que consegue facilmente acabar com todos os esforços ї Das Regras Deontológicas
levados a cabo por aqueles bons funcionários. I. A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
Nesse ponto, a ética se insere de maneira determinan- ciência dos princípios morais são primados maio-
te para contribuir e melhorar a qualidade do atendimento, res que devem nortear o servidor público, seja no
inserindo no âmbito do poder público os princípios e regras exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que
refletirá o exercício da vocação do próprio poder sar-lhe dano moral. Da mesma forma, causar dano
estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes se- a qualquer bem pertencente ao patrimônio públi-
rão direcionados para a preservação da honra e da co, deteriorando-o, por descuido ou má vontade,
tradição dos serviços públicos. não constitui apenas uma ofensa ao equipamento
II. O servidor público não poderá jamais desprezar o e às instalações ou ao Estado, mas a todos os ho-
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que mens de boa vontade que dedicaram sua inteli-
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o gência, seu tempo, suas esperanças e seus esforços
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno para construí-los.
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto X. Deixar o servidor público ou qualquer pessoa à
e o desonesto, consoante as regras contidas no art. espera de solução que compete ao setor em que
37, caput, e § 4º, da Constituição Federal. exerça suas funções, permitindo a formação de
III. A moralidade da Administração Pública não se longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na
limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser prestação do serviço, não caracteriza apenas ati-
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem co- tude contra a ética ou ato de desumanidade, mas
mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, principalmente grave dano moral aos usuários dos
na conduta do servidor público, é que poderá con- serviços públicos.
solidar a moralidade do ato administrativo. (grifo XI. O servidor deve prestar toda a sua atenção às
da autora) ordens legais de seus superiores, velando atenta-
IV. A remuneração do servidor público é custeada mente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
pelos tributos pagos direta ou indiretamente por conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso
todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difí-
contrapartida, que a moralidade administrativa se ceis de corrigir e caracterizam até mesmo impru-
integre no Direito, como elemento indissociável de dência no desempenho da função pública.
sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como XII. Toda ausência injustificada do servidor de seu
consequência, em fator de legalidade. local de trabalho é fator de desmoralização do ser-
V. O trabalho desenvolvido pelo servidor público viço público, o que quase sempre conduz à desor-
perante a comunidade deve ser entendido como dem nas relações humanas.
acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, XIII. O servidor que trabalha em harmonia com a
como cidadão, integrante da sociedade, o êxito estrutura organizacional, respeitando seus colegas
desse trabalho pode ser considerado como seu e cada concidadão, colabora e de todos pode re-
maior patrimônio. ceber colaboração, pois sua atividade pública é a

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VI. A função pública deve ser tida como exercício grande oportunidade para o crescimento e o en-
profissional e, portanto, se integra na vida particu- grandecimento da Nação.
lar de cada servidor público. Assim, os fatos e atos Seção II
verificados na conduta do dia a dia em sua vida
ї Dos Principais Deveres do Servidor Público
privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom
conceito na vida funcional. (grifo da autora) XIV. São deveres fundamentais do servidor público:
VII. Salvo os casos de segurança nacional, investi- a) desempenhar, a tempo, as atribuições do car-
gações policiais ou interesse superior do Estado e go, função ou emprego público de que seja titu-
da Administração Pública, a serem preservados em lar;
processo previamente declarado sigiloso, nos ter- b) exercer suas atribuições com rapidez, perfei-
mos da lei, a publicidade de qualquer ato adminis- ção e rendimento, pondo fim ou procurando prio-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

trativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ritariamente resolver situações procrastinatórias,


ensejando sua omissão comprometimento ético principalmente diante de filas ou de qualquer
contra o bem comum, imputável a quem a negar. outra espécie de atraso na prestação dos serviços
VIII. Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor pelo setor em que exerça suas atribuições, com o
não pode omiti-la ou falseá--la, ainda que contrá- fim de evitar dano moral ao usuário;
ria aos interesses da própria pessoa interessada ou c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda
da Administração Pública. Nenhum Estado pode a integridade do seu caráter, escolhendo sempre,
crescer ou estabilizar-se sobre o poder corruptivo quando estiver diante de duas opções, a melhor e
do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que a mais vantajosa para o bem comum;
sempre aniquilam até mesmo a dignidade humana d) jamais retardar qualquer prestação de contas,
quanto mais a de uma Nação. condição essencial da gestão dos bens, direitos e
IX. A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo serviços da coletividade a seu cargo;
dedicados ao serviço público caracterizam o esfor- e) tratar cuidadosamente os usuários dos servi-
ço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga ços aperfeiçoando o processo de comunicação e 173
seus tributos direta ou indiretamente significa cau- contato com o público;
f) ter consciência de que seu trabalho é regido vando as formalidades legais e não cometendo
174 por princípios éticos que se materializam na ade- qualquer violação expressa à lei;
quada prestação dos serviços públicos; v) divulgar e informar a todos os integrantes da
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e sua classe sobre a existência deste Código de Éti-
atenção, respeitando a capacidade e as limita- ca, estimulando o seu integral cumprimento.
ções individuais de todos os usuários do serviço
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

público, sem qualquer espécie de preconceito ou


Seção III
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, ї Das Vedações ao Servidor Público
religião, cunho político e posição social, absten- XV. É vedado ao servidor público:
do-se, dessa forma, de causar-lhes dano moral; a) o uso do cargo ou função, facilidades, ami-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum zades, tempo, posição e influências, para obter
temor de representar contra qualquer compro- qualquer favorecimento, para si ou para outrem;
metimento indevido da estrutura em que se fun- b) prejudicar deliberadamente a reputação de
da o Poder Estatal; outros servidores ou de cidadãos que deles de-
i) resistir a todas as pressões de superiores hie- pendam;
rárquicos, de contratantes, interessados e outros c) ser, em função de seu espírito de solidarieda-
que visem obter quaisquer favores, benesses ou de, conivente com erro ou infração a este Código
vantagens indevidas em decorrência de ações de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá--las; (grifo d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar
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da autora) o exercício regular de direito por qualquer pes-


j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas soa, causando-lhe dano moral ou material;
exigências específicas da defesa da vida e da se- e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científi-
gurança coletiva; cos ao seu alcance ou do seu conhecimento para
l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de atendimento do seu mister; (grifo da autora)
que sua ausência provoca danos ao trabalho orde-
f) permitir que perseguições, simpatias, antipa-
nado, refletindo negativamente em todo o sistema;
tias, caprichos, paixões ou interesses de ordem
m) comunicar imediatamente a seus superiores pessoal interfiram no trato com o público, com os
todo e qualquer ato ou fato contrário ao interesse jurisdicionados administrativos ou com colegas
público, exigindo as providências cabíveis; hierarquicamente superiores ou inferiores;
n) manter limpo e em perfeita ordem o local de g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber
trabalho, seguindo os métodos mais adequados à qualquer tipo de ajuda financeira, gratificação,
sua organização e distribuição; prêmio, comissão, doação ou vantagem de qual-
o) participar dos movimentos e estudos que se quer espécie, para si, familiares ou qualquer pes-
relacionem com a melhoria do exercício de suas soa, para o cumprimento da sua missão ou para
funções, tendo por escopo a realização do bem influenciar outro servidor para o mesmo fim;
comum;
h) alterar ou deturpar o teor de documentos
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas que deva encaminhar para providências; (grifo
adequadas ao exercício da função; da autora)
q) manter-se atualizado com as instruções, as i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que ne-
normas de serviço e a legislação pertinentes ao cessite do atendimento em serviços públicos;
órgão onde exerce suas funções;
j) desviar servidor público para atendimento a
r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e
interesse particular;
as instruções superiores, as tarefas de seu cargo
ou função, tanto quanto possível, com critério, l) retirar da repartição pública, sem estar legal-
segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em mente autorizado, qualquer documento, livro ou
boa ordem; bem pertencente ao patrimônio público;
s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas
por quem de direito; no âmbito interno de seu serviço, em benefício
t) exercer com estrita moderação as prerrogati- próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;
vas funcionais que lhe sejam atribuídas, absten- n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora
do-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos dele habitualmente;
interesses dos usuários do serviço público e dos o) dar o seu concurso a qualquer instituição que
jurisdicionados administrativos; atente contra a moral, a honestidade ou a digni-
u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua dade da pessoa humana;
função, poder ou autoridade com finalidade es- p) exercer atividade profissional aética ou ligar o
tranha ao interesse público, mesmo que obser- seu nome a empreendimentos de cunho duvidoso.
Capítulo II I. integrar os órgãos, programas e ações relaciona-
das com a ética pública;
ї Das Comissões de Ética
II. contribuir para a implementação de políticas
XVI. Em todos os órgãos e entidades da Adminis-
públicas tendo a transparência e o acesso à infor-
tração Pública Federal direta, indireta autárquica
mação como instrumentos fundamentais para o
e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade
exercício de gestão da ética pública;
que exerça atribuições delegadas pelo poder pú-
blico, deverá ser criada uma Comissão de Ética, III. promover, com apoio dos segmentos pertinen-
encarregada de orientar e aconselhar sobre a éti- tes, a compatibilização e interação de normas, pro-
ca profissional do servidor, no tratamento com as cedimentos técnicos e de gestão relativos à ética
pessoas e com o patrimônio público, competindo- pública;
lhe conhecer concretamente de imputação ou de IV. articular ações com vistas a estabelecer e efe-
procedimento susceptível de censura. tivar procedimentos de incentivo e incremento ao
XVII. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) desempenho institucional na gestão da ética pública
XVIII. À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos do Estado brasileiro.
organismos encarregados da execução do quadro Art. 2º Integram o Sistema de Gestão da Ética do Poder
de carreira dos servidores, os registros sobre sua Executivo Federal:
conduta ética, para o efeito de instruir e funda- I. a Comissão de Ética Pública - CEP, instituída pelo
mentar promoções e para todos os demais proce- Decreto de 26 de maio de 1999;
dimentos próprios da carreira do servidor público. II. as Comissões de Ética de que trata o Decreto nº
XIX. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) 1.171, de 22 de junho de 1994;
XX. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) III. as demais Comissões de Ética e equivalentes
XXI. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) nas entidades e órgãos do Poder Executivo Federal.
XXII. A pena aplicável ao servidor público pela Co- Art. 3º A CEP será integrada por sete brasileiros que
missão de Ética é a de censura e sua fundamenta- preencham os requisitos de idoneidade moral, repu-
ção constará do respectivo parecer, assinado por tação ilibada e notória experiência em administração
todos os seus integrantes, com ciência do faltoso. pública, designados pelo Presidente da República, para
XXIII. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) mandatos de três anos, não coincidentes, permitida
XXIV. Para fins de apuração do comprometimento uma única recondução.
ético, entende-se por servidor público todo aquele § 1º A atuação no âmbito da CEP não enseja qualquer
que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato remuneração para seus membros e os trabalhos nela

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jurídico, preste serviços de natureza permanente, desenvolvidos são considerados prestação de relevan-
temporária ou excepcional, ainda que sem retribui- te serviço público.
ção financeira, desde que ligado direta ou indire-
§ 2º O Presidente terá o voto de qualidade nas delibe-
tamente a qualquer órgão do poder estatal, como
rações da Comissão.
as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades § 3º Os mandatos dos primeiros membros serão de um,
de economia mista, ou em qualquer setor onde dois e três anos, estabelecidos no decreto de designação.
prevaleça o interesse do Estado Art. 4º À CEP compete:
XXV. (Revogado pelo Decreto nº 6.029, de 2007) I. atuar como instância consultiva do Presidente
da República e Ministros de Estado em matéria de
Decreto nº 6.029/2007
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

ética pública;
Considerando que os incisos XVII, XIX, XX, XXI, XXIII e XXV, II. administrar a aplicação do Código de Conduta
do Decreto nº 1.171/1994 foram revogados pelo Decreto nº da Alta Administração Federal, devendo:
6.029/2007, e que, muito embora este último não tenha sido
a) submeter ao Presidente da República medidas
mencionado expressamente no edital, seu conteúdo tem sido
cobrado, transcrevemo-lo na íntegra a seguir. para seu aprimoramento;
Decreto Nº 6.029, De 1º de Fevereiro de 2007 b) dirimir dúvidas a respeito de interpretação de
Institui Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal, e dá ou- suas normas, deliberando sobre casos omissos;
tras providências. c) apurar, mediante denúncia, ou de ofício, con-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o dutas em desacordo com as normas nele previs-
art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
tas, quando praticadas pelas autoridades a ele
Decreta submetidas;
Art. 1º Fica instituído o Sistema de Gestão da Ética do III. dirimir dúvidas de interpretação sobre as nor-
Poder Executivo Federal com a finalidade de promover mas do Código de Ética Profissional do Servidor
atividades que dispõem sobre a conduta ética no âm- Público Civil do Poder Executivo Federal de que 175
bito do Executivo Federal, competindo-lhe: trata o Decreto nº 1.171, de 1994;
IV. coordenar, avaliar e supervisionar o Sistema de e material necessário ao cumprimento das suas atri-
176 Gestão da Ética Pública do Poder Executivo Federal; buições.
V. aprovar o seu regimento interno; e § 2º As Secretarias-Executivas das Comissões de Ética
VI. escolher o seu Presidente. serão chefiadas por servidor ou empregado do quadro
Parágrafo único. A CEP contará com uma Secretaria- permanente da entidade ou órgão, ocupante de cargo
-Executiva, vinculada à Casa Civil da Presidência da de direção compatível com sua estrutura, alocado sem
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

República, à qual competirá prestar o apoio técnico e aumento de despesas.


administrativo aos trabalhos da Comissão. Art. 8º Compete às instâncias superiores dos órgãos e
Art. 5º Cada Comissão de Ética de que trata o Decre- entidades do Poder Executivo Federal, abrangendo a
to nº 1171, de 1994, será integrada por três membros administração direta e indireta:
titulares e três suplentes, escolhidos entre servidores I. observar e fazer observar as normas de ética e
e empregados do seu quadro permanente, e designa- disciplina;
dos pelo dirigente máximo da respectiva entidade ou II. constituir Comissão de Ética;
órgão, para mandatos não coincidentes de três anos. III. garantir os recursos humanos, materiais e fi-
Art. 6º É dever do titular de entidade ou órgão da Ad- nanceiros para que a Comissão cumpra com suas
ministração Pública Federal, direta e indireta: atribuições; e
I. assegurar as condições de trabalho para que as IV. atender com prioridade às solicitações da CEP.
Comissões de Ética cumpram suas funções, inclu- Art. 9º Fica constituída a Rede de Ética do Poder Exe-
sive para que o exercício das atribuições de seus cutivo Federal, integrada pelos representantes das
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integrantes não lhes resulte qualquer prejuízo ou Comissões de Ética de que tratam os incisos I, II e III
dano; do art. 2º, com o objetivo de promover a cooperação
II. conduzir em seu âmbito a avaliação da gestão da técnica e a avaliação em gestão da ética.
ética conforme processo coordenado pela Comis- Parágrafo único. Os integrantes da Rede de Ética se re-
são de Ética Pública. unirão sob a coordenação da Comissão de Ética Públi-
Art. 7º Compete às Comissões de Ética de que tratam ca, pelo menos uma vez por ano, em fórum específico,
os incisos II e III do art. 2º: para avaliar o programa e as ações para a promoção da
ética na administração pública.
I. atuar como instância consultiva de dirigentes e
servidores no âmbito de seu respectivo órgão ou Art. 10. Os trabalhos da CEP e das demais Comissões
entidade; de Ética devem ser desenvolvidos com celeridade e
observância dos seguintes princípios:
II. aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor
Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado I. proteção à honra e à imagem da pessoa inves-
pelo Decreto 1.171, de 1994, devendo: tigada;
a) submeter à Comissão de Ética Pública propostas II. proteção à identidade do denunciante, que de-
para seu aperfeiçoamento; verá ser mantida sob reserva, se este assim o de-
sejar; e
b) dirimir dúvidas a respeito da interpretação de
III. independência e imparcialidade dos seus mem-
suas normas e deliberar sobre casos omissos;
bros na apuração dos fatos, com as garantias asse-
c) apurar, mediante denúncia ou de ofício, con- guradas neste Decreto.
duta em desacordo com as normas éticas perti-
Art. 11. Qualquer cidadão, agente público, pessoa jurídi-
nentes;
ca de direito privado, associação ou entidade de classe
d) recomendar, acompanhar e avaliar, no âmbito poderá provocar a atuação da CEP ou de Comissão de
do órgão ou entidade a que estiver vinculada, o Ética, visando à apuração de infração ética imputada a
desenvolvimento de ações objetivando a dis- agente público, órgão ou setor específico de ente estatal.
seminação, capacitação e treinamento sobre as
Parágrafo único. Entende-se por agente público, para
normas de ética e disciplina; os fins deste Decreto, todo aquele que, por força de
III. representar a respectiva entidade ou órgão na lei, contrato ou qualquer ato jurídico, preste serviços
Rede de Ética do Poder Executivo Federal a que se de natureza permanente, temporária, excepcional ou
refere o art. 9º; e eventual, ainda que sem retribuição financeira, a órgão
IV. supervisionar a observância do Código de Con- ou entidade da administração pública federal, direta e
duta da Alta Administração Federal e comunicar à indireta. (grifo da autora)
CEP situações que possam configurar descumpri- Art. 12. O processo de apuração de prática de ato em
mento de suas normas. desrespeito ao preceituado no Código de Conduta da
§ 1º Cada Comissão de Ética contará com uma Secreta- Alta Administração Federal e no Código de Ética Pro-
ria-Executiva, vinculada administrativamente à instân- fissional do Servidor Público Civil do Poder Executi-
cia máxima da entidade ou órgão, para cumprir plano vo Federal será instaurado, de ofício ou em razão de
de trabalho por ela aprovado e prover o apoio técnico denúncia fundamentada, respeitando-se, sempre, as
garantias do contraditório e da ampla defesa, pela sendo imputado, de conhecer o teor da acusação e de
Comissão de Ética Pública ou Comissões de Ética de ter vista dos autos, no recinto das Comissões de Ética,
que tratam os incisos II e III do art. 2º, conforme o mesmo que ainda não tenha sido notificada da existên-
caso, que notificará o investigado para manifestar-se, cia do procedimento investigatório.
por escrito, no prazo de dez dias. Parágrafo único. O direito assegurado neste artigo in-
§ 1º O investigado poderá produzir prova documental clui o de obter cópia dos autos e de certidão do seu
necessária à sua defesa. teor.
§ 2º As Comissões de Ética poderão requisitar os do- Art. 15. Todo ato de posse, investidura em função
cumentos que entenderem necessários à instrução pública ou celebração de contrato de trabalho, dos
probatória e, também, promover diligências e solicitar agentes públicos referidos no parágrafo único do
parecer de especialista. art. 11, deverá ser acompanhado da prestação de
§ 3º Na hipótese de serem juntados aos autos da inves- compromisso solene de acatamento e observância
tigação, após a manifestação referida no caput deste das regras estabelecidas pelo Código de Conduta
artigo, novos elementos de prova, o investigado será da Alta Administração Federal, pelo Código de Ética
notificado para nova manifestação, no prazo de dez Profissional do Servidor Público Civil do Poder Exe-
dias. cutivo Federal e pelo Código de Ética do órgão ou
§ 4º Concluída a instrução processual, as Comissões de entidade, conforme o caso.
Ética proferirão decisão conclusiva e fundamentada. Parágrafo único. A posse em cargo ou função públi-
§ 5º Se a conclusão for pela existência de falta ética, ca que submeta a autoridade às normas do Código de
além das providências previstas no Código de Condu- Conduta da Alta Administração Federal deve ser pre-
ta da Alta Administração Federal e no Código de Ética cedida de consulta da autoridade à Comissão de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executi- Pública, acerca de situação que possa suscitar conflito
vo Federal, as Comissões de Ética tomarão as seguintes de interesses.
providências, no que couber: Art. 16. As Comissões de Ética não poderão escusar-se
I. encaminhamento de sugestão de exoneração de de proferir decisão sobre matéria de sua competência
cargo ou função de confiança à autoridade hierar- alegando omissão do Código de Conduta da Alta Ad-
quicamente superior ou devolução ao órgão de ori- ministração Federal, do Código de Ética Profissional
gem, conforme o caso; do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal
II. encaminhamento, conforme o caso, para a Con- ou do Código de Ética do órgão ou entidade, que, se
troladoria-Geral da União ou unidade específica do existente, será suprida pela analogia e invocação aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,

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Sistema de Correição do Poder Executivo Federal
de que trata o Decreto nº 5.480, de 30 de junho publicidade e eficiência.
de 2005, para exame de eventuais transgressões § 1º Havendo dúvida quanto à legalidade, a Comis-
disciplinares; e são de Ética competente deverá ouvir previamente
III. recomendação de abertura de procedimento a área jurídica do órgão ou entidade.
administrativo, se a gravidade da conduta assim o § 2º Cumpre à CEP responder a consultas sobre aspec-
exigir. tos éticos que lhe forem dirigidas pelas demais Comis-
Art. 13. Será mantido com a chancela de “reservado”, sões de Ética e pelos órgãos e entidades que integram
até que esteja concluído, qualquer procedimento ins- o Executivo Federal, bem como pelos cidadãos e servi-
taurado para apuração de prática em desrespeito às dores que venham a ser indicados para ocupar cargo
normas éticas. ou função abrangida pelo Código de Conduta da Alta
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

§ 1º Concluída a investigação e após a deliberação da Administração Federal.


CEP ou da Comissão de Ética do órgão ou entidade, os Art. 17. As Comissões de Ética, sempre que constata-
autos do procedimento deixarão de ser reservados. rem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
§ 2º Na hipótese de os autos estarem instruídos com improbidade administrativa ou de infração disciplinar,
documento acobertado por sigilo legal, o acesso a esse encaminharão cópia dos autos às autoridades compe-
tipo de documento somente será permitido a quem tentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo das
detiver igual direito perante o órgão ou entidade ori- medidas de sua competência.
ginariamente encarregado da sua guarda. Art. 18. As decisões das Comissões de Ética, na análise
§ 3º Para resguardar o sigilo de documentos que assim de qualquer fato ou ato submetido à sua apreciação ou
devam ser mantidos, as Comissões de Ética, depois de por ela levantado, serão resumidas em ementa e, com
concluído o processo de investigação, providenciarão a omissão dos nomes dos investigados, divulgadas no
para que tais documentos sejam desentranhados dos sítio do próprio órgão, bem como remetidas à Comis-
autos, lacrados e acautelados. são de Ética Pública.
Art. 14. A qualquer pessoa que esteja sendo investi- Art. 19. Os trabalhos nas Comissões de Ética de que 177
gada é assegurado o direito de saber o que lhe está tratam os incisos II e III do art. 2º são considerados re-
178
levantes e têm prioridade sobre as atribuições próprias
dos cargos dos seus membros, quando estes não atua-
2. Resoluções 1 a 10 da Comissão
rem com exclusividade na Comissão. de Ética Pública da Presidência da
Art. 20. Os órgãos e entidades da Administração Públi-
ca Federal darão tratamento prioritário às solicitações República
de documentos necessários à instrução dos procedi-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

mentos de investigação instaurados pelas Comissões Resolução nº 01, de 13 de


de Ética . Setembro de 2000
§ 1º Na hipótese de haver inobservância do dever fun- Estabelece procedimentos para apresentação de informa-
cional previsto no caput, a Comissão de Ética adotará ções, sobre situação patrimonial, pelas autoridades submeti-
as providências previstas no inciso III do § 5º do art. 12. das ao Código de Conduta da Alta Administração Federal.
§ 2º As autoridades competentes não poderão alegar A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
sigilo para deixar de prestar informação solicitada pe- ções, e tendo em vista o disposto no art. 4º do Código de Con-
las Comissões de Ética. duta da Alta Administração Federal,
Art. 21. A infração de natureza ética cometida por Resolve
membro de Comissão de Ética de que tratam os incisos
Art. 1º O cumprimento do disposto no art. 4º do Có-
II e III do art. 2º será apurada pela Comissão de Ética digo de Conduta da Alta Administração Federal, que
Pública. trata da apresentação de informações sobre a situa-
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Art. 22. A Comissão de Ética Pública manterá banco ção patrimonial das autoridades a ele submetidas,
de dados de sanções aplicadas pelas Comissões de Éti- será atendido mediante o envio à Comissão de Ética
ca de que tratam os incisos II e III do art. 2º e de suas Pública - CEP de:
próprias sanções, para fins de consulta pelos órgãos ou I. lista dos bens, com identificação dos respectivos
entidades da administração pública federal, em casos valores estimados ou de aquisição, que poderá ser
de nomeação para cargo em comissão ou de alta rele- substituída pela remessa de cópia da última decla-
vância pública. ração de bens apresentada à Secretaria da Receita
Parágrafo único. O banco de dados referido neste arti- Federal do Ministério da Fazenda;
go engloba as sanções aplicadas a qualquer dos agen- II. informação sobre situação patrimonial espe-
tes públicos mencionados no parágrafo único do art. 11 cífica que, a juízo da autoridade, suscite ou possa
deste Decreto. eventualmente suscitar conflito com o interesse
público e, se for o caso, o modo pelo qual pretende
Art. 23. Os representantes das Comissões de Ética de
evitá-lo.
que tratam os incisos II e III do art. 2º atuarão como ele-
Art. 2º As informações prestadas na forma do artigo
mentos de ligação com a CEP, que disporá em Resolução
anterior são de caráter sigiloso e, uma vez conferidas
própria sobre as atividades que deverão desenvolver
por pessoa designada pela CEP, serão encerradas em
para o cumprimento desse mister.
envelope lacrado.
Art. 24. As normas do Código de Conduta da Alta Ad- Art. 3º A autoridade deverá também comunicar à CEP
ministração Federal, do Código de Ética Profissional do as participações de que for titular em sociedades de
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal e do economia mista, de instituição financeira ou de empre-
Código de Ética do órgão ou entidade aplicam-se, no sa que negocie com o Poder Público, conforme deter-
que couber, às autoridades e agentes públicos neles mina o art. 6º do Código de Conduta.
referidos, mesmo quando em gozo de licença. Art. 4º O prazo de apresentação de informações será
Art. 25. Ficam revogados os incisos XVII, XIX, XX, XXI, de dez dias, contados:
XXIII e XXV do Código de Ética Profissional do Servi- I. da data de publicação desta Resolução, para as
dor Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado autoridades que já se encontram no exercício do
pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de 1994, os arts. 2º cargo;
e 3º do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Co- II. da data da posse, para as autoridades que vie-
missão de Ética Pública, e os Decretos de 30 de agosto rem a ser doravante nomeadas.
de 2000 e de 18 de maio de 2001, que dispõem sobre a Art. 5º As seguintes autoridades estão obrigadas a
Comissão de Ética Pública. prestar informações (art. 2º do Código de Conduta):
Art. 26. Este Decreto entra em vigor na data da sua I. Ministros e Secretários de Estado;
publicação. II. titulares de cargos de natureza especial, secre-
Brasília, 1º de fevereiro de 2007; 186º da Independência e 119º da República tários-executivos, secretários ou autoridades equi-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA valentes ocupantes de cargo do Grupo-Direção e
Dilma Rousseff Este texto não substitui o publicado no DOU de 2.2.2007 Assessoramento Superiores - DAS, nível seis;
III. presidentes e diretores de agências nacionais, II. o promotor do evento não tenha interesse em
autarquias, inclusive as especiais, fundações man- decisão que possa ser tomada pela autoridade,
tidas pelo Poder Público, empresas públicas e so- seja individualmente, seja de caráter coletivo.
ciedades de economia mista. 4. As atividades externas de interesse pessoal não po-
Art. 6º As informações prestadas serão mantidas em si- derão ser exercidas em prejuízo das atividades normais
gilo, como determina o § 2º do art. 5º do referido Código. inerentes ao cargo.
Art. 7º As informações de que trata esta Resolução 5. A publicidade da remuneração e das despesas de
deverão ser remetidas à CEP, em envelope lacrado, lo- transporte e estada será assegurada mediante registro
calizada no Anexo II do Palácio do Planalto, sala 250 do compromisso na respectiva agenda de trabalho da
- Brasília-DF. autoridade, com explicitação das condições de sua par-
João Geraldo Piquet Carneiro Presidente ticipação, a qual ficará disponível para consulta pelos
interessados.
Resolução nº 02, de 24 de 6. A autoridade não poderá aceitar o pagamento ou
Outubro de 2000 reembolso de despesa de transporte e estada, referen-
tes à sua participação em evento de interesse institu-
Regula a participação de autoridade pública abrangida
cional ou pessoal, por pessoa física ou jurídica com a
pelo Código de Conduta da Alta Administração Federal em
seminários e outros eventos qual o órgão a que pertença mantenha relação de ne-
gócio, salvo se o pagamento ou reembolso decorrer de
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º,
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente obrigação contratual previamente assumida perante
resolução interpretativa do parágrafo único do art. 7º do Códi- aquele órgão.
go de Conduta da Alta Administração Federal. João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão de Ética Pública
1. A participação de autoridade pública abrangida pelo
Código de Conduta da Alta Administração Federal em Nota Explicativa
atividades externas, tais como seminários, congressos,
Participação de autoridades submetidas ao Código de
palestras e eventos semelhantes, no Brasil ou no exte-
Conduta da Alta Administração Federal em seminários, con-
rior, pode ser de interesse institucional ou pessoal.
gressos e eventos semelhantes
2. Quando se tratar de participação em evento de inte-
resse institucional, as despesas de transporte e estada, O Código de Conduta da Alta Administração Federal esta-
bem como as taxas de inscrição, se devidas, correrão beleceu os limites que devem ser observados para a participa-
por conta do órgão a que pertença a autoridade, ob- ção de autoridades a ele submetidas em seminários, congres-

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servado o seguinte: sos e eventos semelhantes (art. 7º, parágrafo único).
I. excepcionalmente, as despesas de transporte e A experiência anterior ao Código de Conduta revela um
estada, bem como as taxas de inscrição, poderão ser tratamento não uniforme nas condições relativas à partici-
custeadas pelo patrocinador do evento, se este for: pação das autoridades da alta administração federal nesses
a) organismo internacional do qual o Brasil faça eventos. Com efeito, diante das conhecidas restrições de na-
parte; tureza orçamentária e financeira, passou-se a admitir que as
b) governo estrangeiro e suas instituições; despesas de viagem e estada da autoridade fossem custeadas
c) instituição acadêmica, científica e cultural; pelo promotor do seminário ou congresso.
d) empresa, entidade ou associação de classe Tal prática, porém, não se coaduna com a necessidade de
que não esteja sob a jurisdição regulatória do ór- prevenir situações que possam comprometer a imagem do
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

gão a que pertença a autoridade, nem que possa governo ou, até mesmo, colocar a autoridade em situação
ser beneficiária de decisão da qual participe a re- de constrangimento. É o que ocorre, por exemplo, quando
o patrocinador tem interesse em decisão específica daquela
ferida autoridade, seja individualmente, seja em
autoridade.
caráter coletivo.
Após o advento do Código de Conduta, diversas consultas
II. a autoridade poderá aceitar descontos de trans-
sobre o tema chegaram à Comissão de Ética Pública, o que de-
porte, hospedagem e refeição, bem como de taxas monstrou a inequívoca necessidade de tornar mais clara e de-
de inscrição, desde que não se refira a benefício talhada a aplicação da norma constante do Código de Conduta.
pessoal.
A presente Resolução, de caráter interpretativo, visa justa-
3. Quando se tratar de evento de interesse pessoal da mente afastar dúvidas sobre a maneira pela qual a autoridade
autoridade, as despesas de remuneração, transporte pública poderá participar de determinados eventos externos,
e estada poderão ser custeadas pelo patrocinador, dentro dos limites éticos constantes do Código de Conduta. Os
desde que: dois princípios básicos que orientam a resolução ora adotada
I. a autoridade torne públicas as condições aplicá- são a transparência, assegurada pela publicidade, e a inexis-
veis à sua participação, inclusive o valor da remu- tência de interesse do patrocinador dos referidos eventos em 179
neração, se for o caso; decisão da autoridade pública convidada.
A Resolução, para fins práticos, distinguiu a participação Presentes
180 da autoridade em dois tipos: a de interesse institucional e a
de interesse pessoal. Entende-se por participação de interesse 1. A proibição de que trata o Código de Conduta se re-
institucional aquela que resulte de necessidade e conveniência fere ao recebimento de presentes de qualquer valor,
identificada do órgão ao qual pertença a autoridade e que pos- em razão do cargo que ocupa a autoridade, quando o
sa concorrer para o cumprimento de suas atribuições legais. ofertante for pessoa, empresa ou entidade que:
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Quando a participação for de interesse pessoal, a cobertu- I. esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a
ra de custos pelos promotores do evento somente será admis- que pertença a autoridade;
sível se: 1) a autoridade tornar pública as condições aplicáveis II. tenha interesse pessoal, profissional ou empre-
à sua participação; 2) o promotor do evento não tiver interes- sarial em decisão que possa ser tomada pela auto-
se em decisão da esfera de competência da autoridade; 3) a ridade, individualmente ou de caráter coletivo, em
participação não resultar em prejuízo das atividades normais razão do cargo;
inerentes ao seu cargo. III. mantenha relação comercial com o órgão a que
Em se tratando de participação de autoridade em evento pertença a autoridade; ou
de interesse institucional, não é permitida a cobertura das des- IV. represente interesse de terceiros, como procu-
pesas de transporte e estada pelo promotor do evento, exceto rador ou preposto, de pessoas, empresas ou enti-
quando este for: 1) organismo internacional do qual o Brasil dades compreendidas nos incisos I, II e III.
faça parte; 2) governo estrangeiro e suas instituições; 3) insti-
tuição acadêmica, científica ou cultural; 4) empresa, entidade 2. É permitida a aceitação de presentes:
ou associação de classe que não tenha interesse em decisão da I. em razão de laços de parentesco ou amizade,
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autoridade. Da mesma forma, as despesas poderão ser cober- desde que o seu custo seja arcado pelo próprio
tas pelo promotor do evento quando decorrente de obrigação ofertante, e não por pessoa, empresa ou entidade
contratual de empresa perante a instituição da autoridade. que se enquadre em qualquer das hipóteses pre-
Não será permitida, tampouco, a aceitação do pagamento vistas no item anterior;
ou reembolso de despesa de transporte e estada por empre- II. quando ofertados por autoridades estrangeiras,
sa com a qual o órgão a que pertença a autoridade mantenha nos casos protocolares em que houver reciprocida-
relação de negócio. É o caso, por exemplo, de empresa que de ou em razão do exercício de funções diplomá-
forneça bens ou serviços ao referido órgão, a menos que tal ticas.
pagamento ou reembolso decorra de obrigação contratual por 3. Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata
ela assumida. de presente cuja aceitação é vedada, a autoridade de-
A publicidade relativa à participação das autoridades em verá adotar uma das seguintes providências, em razão
eventos externos será assegurada mediante registro na agen- da natureza do bem:
da de trabalho da autoridade das condições de sua participa- I. tratando-se de bem de valor histórico, cultural ou
ção, inclusive remuneração, se for o caso. A agenda de traba- artístico, destiná-lo ao acervo do Instituto do Pa-
lho ficará disponível para consulta por qualquer interessado. O trimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN para
acesso público à agenda deve ser facilitado.
que este lhe dê o destino legal adequado;
Em síntese, por meio desta resolução interpretativa, a Co-
II. promover a sua doação à entidade de caráter as-
missão procurou fixar os balizamentos mínimos a serem ob-
sistencial ou filantrópico reconhecida como de uti-
servados pelas autoridades abrangidas pelo Código de Con-
duta, sem prejuízo de que cada órgão detalhe suas próprias lidade pública, desde que, tratando-se de bem não
normas internas sobre a participação de seus servidores em perecível, esta se comprometa a aplicar o bem ou o
eventos externos produto da sua alienação em suas atividades fim; ou
III. determinar a incorporação ao patrimônio da en-
Resolução nº 03, de 23 de tidade ou do órgão público onde exerce a função.
Novembro de 2000 4. Não caracteriza presente, para os fins desta Reso-
lução:
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicáveis às autorida-
des públicas abrangidas pelo Código de Conduta da Alta Administração I. prêmio em dinheiro ou bens concedido à auto-
Federal ridade por entidade acadêmica, científica ou cul-
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, tural, em reconhecimento por sua contribuição de
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e considerando que: caráter intelectual;
▷ De acordo com o art. 9º do Código de Conduta da Alta II. prêmio concedido em razão de concurso de acesso
Administração Federal, é vedada a aceitação de pre- público a trabalho de natureza acadêmica, científica,
sentes por autoridades públicas a ele submetidas; tecnológica ou cultural;
▷ A aplicação da mencionada norma e de suas exce- III. bolsa de estudos vinculada ao aperfeiçoamento
ções requer orientação de caráter prático às referi- profissional ou técnico da autoridade, desde que o
das autoridades. patrocinador não tenha interesse em decisão que
ї Resolve adotar a presente Resolução de caráter interpre- possa ser tomada pela autoridade, em razão do
tativo: cargo que ocupa.
Brindes namentais, posto que todos saberão, desde logo, o que podem e
não podem dar como presente ou brinde a autoridades públicas.
5. É permitida a aceitação de brindes, como tal enten-
A Resolução está dividida em três partes principais: na
didos aqueles:
primeira (itens 1 a 4) cuida-se de presentes, das situações em
I. que não tenham valor comercial ou sejam distri- que estes podem ser recebidos e da sua devolução, quando
buídos por entidade de qualquer natureza a título for o caso; na segunda (itens 5 a 7) trata-se de brindes e sua
de cortesia, propaganda, divulgação habitual ou caracterização; e na terceira (itens 8 a 10), regula-se a divul-
por ocasião de eventos ou datas comemorativas de gação das normas da resolução e a solução de dúvidas na sua
caráter histórico ou cultural, desde que não ultra- implementação.
passem o valor unitário de R$ 100,00 (cem reais); A regra geral é que as autoridades abrangidas pelo Código
II. cuja periodicidade de distribuição não seja infe- de Conduta estão proibidas de receber presentes, de qualquer
rior a 12 (doze) meses; e valor, em razão do seu cargo (item 1). A vedação se configura
III. que sejam de caráter geral e, portanto, não se quando o ofertante do presente seja pessoa, empresa ou enti-
destinem a agraciar exclusivamente uma determi- dade que se encontre numa das seguintes situações:
nada autoridade. ▷ Esteja sujeita à jurisdição regulatória do órgão a que
6. Se o valor do brinde ultrapassar a R$ 100,00 (cem pertença a autoridade;
reais), será ele tratado como presente, aplicando-se- ▷ Tenha interesse pessoal, profissional ou empresarial
lhe a norma prevista no item 3 acima. em decisão que possa ser tomada pela autoridade,
7. Havendo dúvida se o brinde tem valor comercial de em razão do cargo, seja individualmente, seja de for-
ma coletiva;
até R$ 100,00 (cem reais), a autoridade determinará
sua avaliação junto ao comércio, podendo ainda, se jul- ▷ Mantenha relação comercial de qualquer natureza
gar conveniente, dar-lhe desde logo o tratamento de com o órgão a que pertence a autoridade (fornece-
dores de bens e serviços, por exemplo);
presente.
▷ Represente interesse de terceiros, na qualidade de
Divulgação e Solução de Dúvidas procurador ou preposto, de pessoas, empresas ou
8. A autoridade deverá transmitir a seus subordinados entidades conforme especificados anteriormente.
as normas constantes desta Resolução, de modo a que O recebimento de presente só é permitido em duas hipó-
tenham ampla divulgação no ambiente de trabalho. teses: a) quando o ofertante for autoridade estrangeira, nos
casos protocolares, ou em razão do exercício de funções di-
9. A incorporação de presentes ao patrimônio histórico
plomáticas (item 2, inciso II); b) por motivo de parentesco ou
cultural e artístico, assim como a sua doação à entida- amizade (item 2, inciso I), desde que o respectivo custo seja
de de caráter assistencial ou filantrópico reconhecida coberto pelo próprio parente ou amigo, e não por pessoa física

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como de utilidade pública, deverá constar da respec- ou entidade que tenha interesse em decisão da autoridade.
tiva agenda de trabalho ou de registro específico da
Quando não for recomendável ou viável a devolução do
autoridade, para fins de eventual controle. presente, como, por exemplo, quando a autoridade tenha
10. Dúvidas específicas a respeito da implementação que incorrer em custos pessoais para fazê-lo, o bem deverá
das normas sobre presentes e brindes poderão ser ser doado à entidade de caráter assistencial ou filantrópico
submetidas à Comissão de Ética Pública, conforme o reconhecida como de utilidade pública que se comprometa a
previsto no art. 19 do Código de Conduta. utilizá-lo ou transformá-lo em receita a ser aplicada exclusi-
Brasília, 23 de novembro de 2000 vamente em suas atividades fim. Se se tratar de bem de valor
João Geraldo Piquet Carneiro histórico ou cultural, será ele transferido para o Instituto do
Presidente da Comissão de Ética Pública Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que lhe dará a desti-
Publicado no Diário Oficial de 01 de dezembro de 2000 nação legal mais adequada (item 3, incisos I e II).
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Não caracteriza presente (item 4) o recebimento de prê-


Nota Explicativa mio em dinheiro ou bens concedido por entidades acadêmi-
Regras sobre o tratamento de presentes e brindes aplicá- cas, científicas ou culturais, em reconhecimento por contri-
veis às autoridades públicas abrangidas pelo Código de Con- buição intelectual. Da mesma forma, não se configura como
duta da Alta Administração Federal. presente o prêmio outorgado em razão de concurso para sele-
A Resolução nº 3 da Comissão de Ética Pública (CEP) tem ção de trabalho de natureza acadêmica, científica, tecnológica.
por objetivo dar efetividade ao art. 9º do Código de Conduta Finalmente, podem ser aceitas bolsas de estudos vinculadas
da Alta Administração Federal que veda à autoridade pública ao aperfeiçoamento acadêmico da autoridade, desde que a
por ele abrangida, como regra geral, a aceitação de presentes. entidade promotora não tenha interesse em decisão de sua
A matéria é de inquestionável relevo tanto do ponto de vista alçada. Está claro, portanto, que em nenhum caso prêmios ou
da opinião pública quanto da própria Administração, pois tem a bolsas de estudos poderão implicar qualquer forma de contra-
ver com a observância de regra ética fundamental, qual seja, a prestação de serviço.
de que a capacidade decisória da autoridade pública seja livre A Resolução esclarece que poderão ser aceitos brindes
de qualquer tipo de influência externa. Além disso, normas cla- (item 5), como tais considerados os que não tenham valor
ras sobre presentes e brindes também darão mais segurança ao comercial ou cujo valor unitário não ultrapasse R$ 100,00. Na 181
relacionamento de pessoas e empresas com autoridades gover- segunda hipótese, quando tiver valor inferior a R$ 100,00, o
brinde deve ser distribuído estritamente a título de cortesia, IV. apurar, de ofício ou em razão de denúncia, con-
182 propaganda, divulgação habitual ou por ocasião de eventos dutas que possam configurar violação do Código
ou datas comemorativas de caráter histórico ou cultural (pode de Conduta, e, se for o caso, adotar as providências
incluir, por exemplo, a distribuição de livros ou discos). Além nele previstas;
disso, sua periodicidade não poderá ser inferior a um ano e o V. dirimir dúvidas a respeito da aplicação do Códi-
brinde deve ser de caráter geral, ou seja, não deve ser destina- go de Conduta e deliberar sobre os casos omissos;
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

do exclusivamente a determinada autoridade.


VI. colaborar, quando solicitado, com órgãos e en-
Brindes que ultrapassem o valor de R$ 100,00 devem ser con- tidades da administração federal, estadual e mu-
siderados presentes de aceitação vedada (item 6), salvo as exce- nicipal, ou dos Poderes Legislativo e Judiciário; e
ções elencadas. Brindes sobre os quais persistam dúvidas quanto
VII. dar ampla divulgação ao Código de Conduta.
ao valor – se supera ou não R$ 100,00 – a recomendação constan-
te do item 7 da Resolução é que sejam considerados presentes. Capítulo II
Tendo em vista o amplo interesse das normas sobre pre- Da Composição
sentes e brindes, as autoridades deverão divulgá-las entre
seus subordinados (item 8). Art. 3º A CEP é composta por seis membros designa-
É importante observar que a destinação de presentes, que dos pelo Presidente da República, com mandato de
não possam ser recusados ou devolvidos, deve constar de três anos, podendo ser reconduzidos.
registro a ser mantido pela autoridade, para fins de eventual § 1º Os membros da CEP não terão remuneração e os
controle (item 9). trabalhos por eles desenvolvidos são considerados
É natural que possam surgir situações específicas que sus- prestação de relevante serviço público.
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citem dúvidas quanto à correta conduta de autoridade, pois, § 2º As despesas com viagens e estada dos membros
afinal, as normas são sempre elaboradas para que tenham apli- da CEP serão custeadas pela Presidência da República,
cação geral e nem sempre alcançam todos os casos particula- quando relacionadas com suas atividades.
res. Assim, é muito importante que, também nessa matéria, os
Capítulo III
abrangidos utilizem, sempre que necessário, o canal de consulta
oferecido pela própria Comissão de Ética. • Do Funcionamento
Finalmente, deve-se salientar que as normas da Resolução Art. 4º Os membros da CEP escolherão o seu presidente,
se aplicam tão somente às autoridades enumeradas no art. 2º que terá mandato de um ano, permitida a recondução.
do Código de Conduta. Caberá a cada órgão ou entidade da Art. 5º As deliberações da CEP serão tomadas por voto
administração pública regular a matéria em relação a seus de- da maioria de seus membros, cabendo ao presidente o
mais servidores e empregados. voto de qualidade.
Art. 6º A CEP terá um Secretário-Executivo, vinculado
Resolução nº 04, de 07 à Casa Civil da Presidência da República, que lhe pres-
de Junho de 2001 tará apoio técnico e administrativo.
Aprova o Regimento Interno da Comissão de Ética Pública: § 1º O Secretário-Executivo submeterá anualmente à CEP
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. plano de trabalho que contemple suas principais ativida-
2º, inciso VII, do Decreto de 26 de maio de 1999 des e proponha metas, indicadores e dimensione os recur-
sos necessários.
Resolve § 2º Nas reuniões ordinárias da CEP, o Secretário-Exe-
Art. 1º Fica aprovado na forma desta Resolução o Regi- cutivo prestará informações sobre o estágio de execu-
mento Interno da Comissão de Ética Pública. ção das atividades contempladas no plano de trabalho
e seus resultados, ainda que parciais.
Capítulo I
Art. 7º As reuniões da CEP ocorrerão, em caráter ordiná-
• Da Competência rio, mensalmente, e, extraordinariamente, sempre que
Art. 2º Compete à Comissão de Ética Pública (CEP): necessário, por iniciativa de qualquer de seus membros.
I. assegurar a observância do Código de Conduta § 1º A pauta das reuniões da CEP será composta a partir
da Alta Administração Federal, aprovado pelo Pre- de sugestões de qualquer de seus membros ou por ini-
sidente da República em 21 de agosto de 2000, ciativa do Secretário-Executivo, admitindo-se no início
pelas autoridades públicas federais por ele abran- de cada reunião a inclusão de novos assuntos na pauta.
gidas; § 2º Assuntos específicos e urgentes poderão ser ob-
II. submeter ao Presidente da República sugestões jeto de deliberação mediante comunicação entre os
de aprimoramento do Código de Conduta e resolu- membros da CEP.
ções de caráter interpretativo de suas normas;
Capítulo IV
III. dar subsídios ao Presidente da República e aos
Ministros de Estado na tomada de decisão concer- • Das Atribuições
nente a atos de autoridade que possam implicar Art. 8º Ao Presidente da CEP compete:
descumprimento das normas do Código de Conduta; I. convocar e presidir as reuniões;
II. orientar os trabalhos da Comissão, ordenar os Capítulo V
debates, iniciar e concluir as deliberações;
• Das Deliberações
III. orientar e supervisionar os trabalhos da Secre-
taria-Executiva; Art. 11. As deliberações da CEP relativas ao Código de
Conduta compreenderão:
IV. tomar os votos e proclamar os resultados;
V. autorizar a presença nas reuniões de pessoas I. homologação das informações prestadas em
que, por si ou por entidades que representem, pos- cumprimento às obrigações nele previstas;
sam contribuir para os trabalhos da CEP; II. adoção de orientações complementares:
VI. proferir voto de qualidade; a) mediante resposta a consultas formuladas por
VII. determinar o registro de seus atos enquanto autoridade a ele submetidas;
membro da Comissão, inclusive reuniões com au- b) de ofício, em caráter geral ou particular, mediante
toridades submetidas ao Código de Conduta; comunicação às autoridades abrangidas, por meio
VIII. determinar ao Secretário-Executivo, ouvida de resolução, ou, ainda, pela divulgação periódica de
a CEP, a instauração de processos de apuração de relação de perguntas e respostas aprovada pela CEP;
prática de ato em desrespeito ao preceituado no III. elaboração de sugestões ao Presidente da Re-
Código de Conduta da Alta Administração Federal, pública de atos normativos complementares ao
a execução de diligências e a expedição de comu- Código de Conduta, além de propostas para sua
nicados à autoridade pública para que se manifeste eventual alteração;
na forma prevista no art. 12 deste Regimento; e
IV. instauração de procedimento para apuração de
IX. decidir os casos de urgência, ad referendum ato que possa configurar descumprimento ao Có-
da CEP.
digo de Conduta; e
Art. 9º Aos membros da CEP compete:
V. adoção de uma das seguintes providências em
I. examinar as matérias que lhes forem submetidas, caso de infração:
emitindo pareceres;
a) advertência, quando se tratar de autoridade no
II. pedir vista de matéria em deliberação pela CEP;
exercício do cargo;
III. solicitar informações a respeito de matérias sob
b) censura ética, na hipótese de autoridade que já
exame da Comissão; e
tiver deixado o cargo; e
IV. representar a CEP em atos públicos, por delega-
ção de seu Presidente. c) encaminhamento de sugestão de exoneração à

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autoridade hierarquicamente superior, quando se
Art. 10. Ao Secretário-Executivo compete:
tratar de infração grave ou de reincidência.
I. organizar a agenda das reuniões e assegurar o
apoio logístico à CEP; Capítulo VI
II. secretariar as reuniões; • Das Normas de Procedimento
III. proceder ao registro das reuniões e à elabora- Art. 12. O procedimento de apuração de infração ao
ção de suas atas; Código de Conduta será instaurado pela CEP, de ofício
IV. dar apoio à CEP e aos seus integrantes no cum- ou em razão de denúncia fundamentada, desde que
primento das atividades que lhes sejam próprias; haja indícios suficientes, observado o seguinte:
V. instruir as matérias submetidas à deliberação; I. a autoridade será oficiada para manifestar-se por
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

VI. providenciar previamente à instrução de ma- escrito no prazo de cinco dias;


téria para deliberação pela CEP, nos casos em que
II. o eventual denunciante, a própria autoridade pú-
houver necessidade, parecer sobre a legalidade de
blica, bem assim a CEP, de ofício, poderão produzir
ato a ser por ela baixado;
prova documental;
VII. desenvolver ou supervisionar a elaboração de
III. a CEP poderá promover as diligências que con-
estudos e pareceres como subsídios ao processo de
tomada de decisão da CEP; siderar necessárias, assim como solicitar parecer de
especialista quando julgar imprescindível;
VIII. solicitar às autoridades submetidas ao Código
de Conduta informações e subsídios para instruir IV. concluídas as diligências mencionadas no inciso
assunto sob apreciação da CEP; e anterior, a CEP oficiará à autoridade para nova ma-
IX. tomar as providências necessárias ao cumpri- nifestação, no prazo de três dias;
mento do disposto nos arts. 8º, inciso VII, e 12 deste V. se a CEP concluir pela procedência da denúncia,
Regimento, bem como outras determinadas pelo adotará uma das providências previstas no inciso
Presidente da Comissão, no exercício de suas atri- V do art. 11, com comunicação ao denunciado e ao 183
buições. seu superior hierárquico.
Capítulo VII Resolve
184 • Dos Deveres e Responsabilidade dos Membros da Art. 1º A autoridade pública nomeada para cargo
Comissão abrangido pelo Código de Conduta da Alta Adminis-
Art. 13. Os membros da CEP obrigam-se a apresentar tração Federal, aprovado pelo Presidente da República
e manter arquivadas na Secretaria-Executiva decla- em 21 de agosto de 2000, encaminhará à Comissão
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rações prestadas nos termos do art. 4º do Código de de Ética Pública, no prazo de dez dias da data de no-
Conduta. meação, Declaração Confidencial de Informações - DCI,
conforme modelo anexo.
Art. 14. Eventuais conflitos de interesse, efetivos ou Art. 2º Estão obrigados à apresentação da DCI minis-
potenciais, que possam surgir em função do exercício tros, secretários de estado, titulares de cargos de na-
das atividades profissionais de membro da Comissão, tureza especial, secretários executivos, secretários ou
deverão ser informados aos demais membros. autoridade equivalentes ocupantes de cargos do Gru-
Parágrafo único. O membro da CEP que, em razão de po-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, nível
sua atividade profissional, tiver relacionamento espe- seis, presidentes e diretores de agências nacionais,
cífico em matéria que envolva autoridade submetida autarquias, inclusive as especiais, fundações mantidas
ao Código de Conduta da Alta Administração, deverá pelo Poder Público, empresas públicas e sociedades de
abster-se de participar de deliberação que, de qual- economia mista.
quer modo, a afete. Art. 3º A autoridade pública comunicará à CEP, no mesmo
prazo, quaisquer alterações relevantes nas informações
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Art. 15. As matérias examinadas nas reuniões da CEP prestadas, podendo, para esse fim, apresentar nova DCI.
são consideradas de caráter sigiloso até sua deliberação
Art. 4º Dúvidas específicas relativas ao preenchimento
final, quando a Comissão deverá decidir sua forma de
da DCI, assim como sobre situação patrimonial que,
encaminhamento.
real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o
Art. 16. Os membros da CEP não poderão se manifestar interesse público, serão submetidas à CEP e esclareci-
publicamente sobre situação específica que possa vir a das por sua Secretaria Executiva.
ser objeto de deliberação formal do Colegiado. João Geraldo Piquet Carneiro
Presidente da Comissão
Art. 17. Os membros da CEP deverão justificar eventual Publicado no Diário Oficial de 08 de junho de 2001
impossibilidade de comparecer às reuniões.
Capítulo VIII Resolução nº 06, de 25
• Das Disposições Gerais de Julho de 2001
Art. 18. O Presidente da CEP, em suas ausências, será Dá nova redação ao item III da Resolução nº 3, de 23 de
substituído pelo membro mais antigo da Comissão. novembro de 2000.
Art. 19. Caberá à CEP dirimir qualquer dúvida relacionada A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
a este Regimento Interno, bem como promover as modifi- ções, e tendo em vista o disposto no art. 2º, inciso V, do Decre-
cações que julgar necessárias. to de 26 de maio de 1999, que a instituiu, adotou a seguinte:
Parágrafo único. Os casos omissos serão resolvidos
pelo colegiado.
Resolução
Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sua Art. 1º O item 3 da Resolução nº 3, de 23 de novembro
publicação. de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: “3.
João Geraldo Piquet Carneiro Não sendo viável a recusa ou a devolução imediata de
Presidente da Comissão presente cuja aceitação é vedada, a autoridade deverá
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 8.6.2001 adotar uma das seguintes providências:
II. promover a sua doação à entidade de caráter
Resolução nº 05, de 07 assistencial ou filantrópico reconhecida como
de utilidade pública, desde que, tratando-se de
de Junho de 2001 bem não perecível, se comprometa a aplicar o
Aprova o modelo de Declaração Confidencial de Informa- bem ou o produto da sua alienação em suas ati-
ções a ser apresentada por autoridade submetida ao Código vidades fim; ou
de Conduta da Alta Administração Federal, e dispõe sobre a III. determinar a incorporação ao patrimônio da en-
atualização de informações patrimoniais para os fins do art. 4º tidade ou do órgão público onde exerce a função.”
do Código de Conduta da Alta Administração Federal. Art. 2º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com fundamento no art. publicação.
2º, inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, e nos termos do João Geraldo Piquet Carneiro
art. 4º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, Presidente da Comissão
Resolução nº 07, de 14 de autoridade deverá abster-se de participar daquela ati-
vidade ou requerer seu afastamento do cargo.
Fevereiro de 2002 Art. 8º Em caso de dúvida, a autoridade poderá consul-
Regula a participação de autoridade pública submetida ao tar a Comissão de Ética Pública.
Código de Conduta da Alta Administração Federal em ativida- Brasília, 14 de fevereiro de 2002
des de natureza político-eleitoral. João Geraldo Piquet Carneiro
A Comissão de Ética Pública, com fundamento no art. 2º, Presidente da Comissão de Ética Pública
inciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, adota a presente
resolução interpretativa do Código de Conduta da Alta Admi- Comissão de Ética Pública
nistração Federal, no que se refere à participação de autorida- O Presidente da República aprovou recomendação no sen-
des públicas em eventos político-eleitorais. tido de que se regule a participação de autoridades submeti-
Art. 1º A autoridade pública vinculada ao Código de das ao Código de Conduta da Alta Administração Federal em
Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF) po- atividades de natureza político-eleitoral.
derá participar, na condição de cidadão-eleitor, de A Resolução CEP Nº 7, publicada no Diário Ofícial da
eventos de natureza político-eleitoral, tais como con- União de 25.2.2002, é interpretativa das normas do Código
venções e reuniões de partidos políticos, comícios e de Conduta da Alta Administração Federal e tem duplo ob-
manifestações públicas autorizadas em lei. jetivo. Primeiro, reconhecer o direito de qualquer autoridade,
Art. 2º A atividade político-eleitoral da autoridade não na condição de cidadão-eleitor, de participar em atividades e
poderá resultar em prejuízo do exercício da função pú- eventos políticos e eleitorais; segundo, mediante explicitação
blica, nem implicar o uso de recursos, bens públicos de de normas de conduta, permitir que as autoridades exerçam
qualquer espécie ou de servidores a ela subordinados. esse direito a salvo de críticas, desde que as cumpram ade-
quadamente.
Art. 3º A autoridade deverá abster-se de:
Para facilitar a compreensão do cumprimento das referi-
I. se valer de viagens de trabalho para participar de
das normas, são prestados os esclarecimentos que seguem.
eventos político-eleitorais;
Art. 1º O dispositivo enfatiza o direito da autoridade de
II. expor publicamente divergências com outra
participar de eventos eleitorais, tais como convenções
autoridade administrativa federal ou criticar-lhe a
partidárias, reuniões políticas e outras manifestações
honorabilidade e o desempenho funcional (artigos
públicas que não contrariem a lei. O importante é que
11 e 12, inciso I, do CCAAF);
essa participação se enquadre nos princípios éticos
III. exercer, formal ou informalmente, função de inerentes ao cargo ou função da autoridade.
administrador de campanha eleitoral.
Art. 2º A norma reproduz dispositivo legal existente, apli-

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Art. 4º Nos eventos político-eleitorais de que partici- cando-o de maneira específica à atividade político-eleito-
par, a autoridade não poderá fazer promessa, ainda ral. Assim, a autoridade pública, que pretenda ou não can-
que de forma implícita, cujo cumprimento dependa do
didatar a cargo eletivo, não poderá exercer tal atividade
cargo público que esteja exercendo, tais como realiza-
em prejuízo da função pública, como, por exemplo, duran-
ção de obras, liberação de recursos e nomeação para
te o honorário normal de expediente ou em detrimento de
cargos ou empregos.
qualquer de suas obrigações funcionais.
Art. 5º A autoridade, a partir do momento em que ma- Da mesma forma, não poderá utilizar bens e serviços públicos
nifestar de forma pública a intenção de candidatar-se de qualquer espécie, assim como servidores a ela subordinados.
a cargo eletivo, não poderá praticar ato de gestão do É o caso do uso de veículos, recursos de informática, serviços de
qual resulte privilégio para pessoa física ou entidade, reprodução ou de publicação de documentos, material de escritó-
pública ou privada, situada em sua base eleitoral ou de rio, entre outros. Especial atenção deve ser dada à vedação ao uso
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

seus familiares. de funcionários subordinados, dentro ou fora do expediente ofi-


Art. 6º Para prevenir-se de situação que possa suscitar dú- cial, em atividades político-eleitorais de interesse da autoridade.
vidas quanto à sua conduta ética e ao cumprimento das Cumpre esclarecer que esta norma não restringe a atividade polí-
normas estabelecidas pelo CCAAF, a autoridade deverá tico-eleitoral de interesse do próprio funcionário, nos limites da lei.
consignar em agenda de trabalho de acesso público: O dispositivo recomenda que a autoridade não se
I. audiências concedidas, com informações sobre valha de viagem de trabalho para participar de
seus objetivos, participantes e resultados, as quais eventos político-eleitorais. Trata-se de norma de
deverão ser registradas por servidor do órgão ou ordem prática, pois seria muito difícil exercer al-
entidade por ela designado para acompanhar a gum controle sobre a segregação entre tais ativi-
reunião; dades e as inerentes ao cargo público.
II. eventos político-eleitorais de que participe, in- Esta norma não impede que a autoridade que viajou por
formando as condições de logística e financeiras da seus próprios meios para participar de evento político-eleitoral
sua participação. cumpra outros compromissos inerentes ao seu cargo ou função.
Art. 7º Havendo possibilidade de conflito de interesse II. A autoridade não deve expor publicamente 185
entre a atividade político-eleitoral e a função pública, a suas divergências com outra autoridade admi-
nistrativa federal, ou criticar-lhe a honorabilida- Resolução nº 08, de 25 de
186 de ou o desempenho funcional. Não se trata de
censurar o direito de crítica, de modo geral, mas Setembro de 2003
de adequá-lo ao fato de que, afinal, a autoridade Identifica situações que suscitam conflito de interesses e
exerce um cargo de livre nomeação na adminis- dispõe sobre o modo de preveni-los
tração e está vinculada a deveres de fidelidade A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, com o objetivo de orien-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

e confiança. tar as autoridades submetidas ao Código de Conduta da Alta


Administração Federal na identificação de situações que pos-
III. A autoridade não poderá aceitar encargo de admi-
sam suscitar conflito de interesses, esclarece o seguinte:
nistrador de campanha eleitoral, diante da dificuldade
1. Suscita conflito de interesses o exercício de atividade
de compatibilizar essa atividade com suas atribuições
que:
funcionais. Não haverá restrição se a autoridade se li-
cenciar do cargo, sem vencimentos. a) em razão da sua natureza, seja incompatível
com as atribuições do cargo ou função pública da
Art. 4º É fundamental que a autoridade não faça pro- autoridade, como tal considerada, inclusive, a ati-
messa, de forma explícita ou implícita, cujo cumprimen- vidade desenvolvida em áreas ou matérias afins à
to dependa do uso do cargo público, como realização de competência funcional;
obras, liberação de recursos e nomeação para cargo ou b) viole o princípio da integral dedicação pelo
emprego. Essa restrição decorre da necessidade de se ocupante de cargo em comissão ou função de
manter a dignidade da função pública e de se demons- confiança, que exige a precedência das atribui-
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trar respeito à sociedade e ao eleitor. ções do cargo ou função pública sobre quaisquer
Art. 5º A lei já determina que a autoridade que preten- outras atividades;
da se candidatar a cargo eletivo peça exoneração até seis c) implique a prestação de serviços à pessoa fí-
meses antes da respectiva eleição. Porém, se ela antes dis- sica ou jurídica ou a manutenção de vínculo de
so manifestar publicamente sua pretensão eleitoral, não negócio com pessoa física ou jurídica que tenha
poderá mais praticar ato de gestão que resulte em algum interesse em decisão individual ou coletiva da
tipo de privilégio para qualquer pessoa ou entidade que autoridade;
esteja em sua base eleitoral. É importante enfatizar que se d) possa, pela sua natureza, implicar o uso de
trata apenas de ato que gere privilégio, e não atos normais informação à qual a autoridade tenha acesso em
de gestão. razão do cargo e não seja de conhecimento pú-
Art. 6º Durante o período pré-eleitoral, a autoridade blico;
deve tomar cautelas específicas para que seus conta- e) possa transmitir à opinião pública dúvida a
tos funcionais com terceiros não se confundam com respeito da integridade, moralidade, clareza de
suas atividades político--eleitorais. A forma adequada posições e decoro da autoridade.
é fazer-se acompanhar de outro servidor em audiências, 2. A ocorrência de conflito de interesses independe do
o qual fará o registro dos participantes e dos assuntos recebimento de qualquer ganho ou retribuição pela
autoridade.
tratados na agenda de trabalho da autoridade.
3. A autoridade poderá prevenir a ocorrência de con-
O mesmo procedimento de registro em agenda deve ser
flito de interesses ao adotar, conforme o caso, uma ou
adotado com relação aos compromissos político-eleitorais da
mais das seguintes providências:
autoridade. E, ambos os casos os registros são de acesso públi-
co, sendo recomendável também que a agenda seja divulgada a) abrir mão da atividade ou licenciar-se do car-
pela internet. go, enquanto perdurar a situação passível de sus-
citar conflito de interesses;
Art. 7º Se por qualquer motivo se verificar a possibili-
b) alienar bens e direitos que integram o seu pa-
dade de conflito de interesse entre a atividade político-
trimônio e cuja manutenção possa suscitar confli-
-eleitoral e a função pública, a autoridade deverá esco-
to de interesses;
lher entre abster-se de participar daquela atividade ou
c) transferir a administração dos bens e direitos
requerer o seu afastamento do cargo.
que possam suscitar conflito de interesses à insti-
Art. 8º A Comissão de Ética Pública esclarecerá as dú- tuição financeira ou à administradora de carteira
vidas que eventualmente surjam na efetiva aplicação de valores mobiliários autorizada a funcionar pelo
das normas. Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobi-
João Geral Piquet Carneiro - Presidente liários, conforme o caso, mediante instrumento
Adhemar Palladini Ghisi contratual que contenha cláusula que vede a par-
Celina Vargas do Amaral Peixoto ticipação da autoridade em qualquer decisão de
João Camilo Pena investimento assim como o seu prévio conheci-
Lourdes Sola mento de decisões da instituição administradora
Miguel Reale Júnior quanto à gestão dos bens e direitos;
d) na hipótese de conflito de interesses específico Resolução nº 10, de 29 de
e transitório, comunicar sua ocorrência ao supe-
rior hierárquico ou aos demais membros de órgão Setembro de 2008
colegiado de que faça parte a autoridade, em se
A COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso de suas atribui-
tratando de decisão coletiva, abstendo-se de vo-
ções conferidas pelo art. 1º do Decreto de 26 de maio de 1999 e
tar ou participar da discussão do assunto;
pelos arts. 1º, inciso III, e 4º, inciso IV, do Decreto nº 6.029, de 1º
e) divulgar publicamente sua agenda de compro- de fevereiro de 2007, nos termos do Decreto nº 1.171, de 22 de
missos, com identificação das atividades que não junho de 1994, Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro de 2002 e
sejam decorrência do cargo ou função pública. tendo em vista a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999,
4. A Comissão de Ética Pública deverá ser informada
pela autoridade e opinará, em cada caso concreto, Resolve
sobre a suficiência da medida adotada para prevenir Art. 1º Ficam aprovadas, na forma desta Resolução, as
situação que possa suscitar conflito de interesses. normas de funcionamento e de rito processual, deli-
5. A participação de autoridade em conselhos de admi- mitando competências, atribuições, procedimentos e
nistração e fiscal de empresa privada, da qual a União outras providências no âmbito das Comissões de Éti-
seja acionista, somente será permitida quando resultar ca instituídas pelo Decreto nº 1.171, de 22 de junho de
de indicação institucional da autoridade pública com- 1994, com as alterações estabelecidas pelo Decreto nº
petente. Nestes casos, é-lhe vedado participar de deli- 6.029, de 1º de fevereiro de 2007.
beração que possa suscitar conflito de interesses com Capítulo I
o Poder Público.
• Das Competências e Atribuições
6. No trabalho voluntário em organizações do terceiro se-
Art. 2º Compete às Comissões de Ética:
tor, sem finalidade de lucro, também deverá ser observa-
I. atuar como instância consultiva do dirigente má-
do o disposto nesta Resolução.
ximo e dos respectivos servidores de órgão ou de
7. As consultas dirigidas à Comissão de Ética Pública entidade federal;
deverão estar acompanhadas dos elementos pertinen- II. aplicar o Código de Ética Profissional do Servidor
tes à legalidade da situação exposta. Público Civil do Poder Executivo Federal, aprovado
Brasília, 25 de setembro de 2003 pelo Decreto nº 1.171, de 1994, devendo:
João Geraldo Piquet Carneiro
a) submeter à Comissão de Ética Pública - CEP
Presidente propostas de aperfeiçoamento do Código de Éti-
ca Profissional;
Resolução nº 09, de 20

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b) apurar, de ofício ou mediante denúncia, fato
de Maio de 2005 ou conduta em desacordo com as normas éticas
pertinentes;
O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE ÉTICA PÚBLICA, no uso
de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 2º, in- c) recomendar, acompanhar e avaliar o desenvol-
ciso V, do Decreto de 26 de maio de 1999, que cria a Comissão vimento de ações objetivando a disseminação, ca-
de Ética Pública, e nos termos do art. 4º do Código de Conduta pacitação e treinamento sobre as normas de ética
da Alta Administração Federal. e disciplina;
III. representar o órgão ou a entidade na Rede de
Resolve Ética do Poder Executivo Federal a que se refere o
Art. 1º Fica aprovado o modelo anexo da Declaração art. 9º do Decreto nº 6.029, de 2007;
IV. supervisionar a observância do Código de Con-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Confidencial de Informações de que trata a Resolução


no 5, de 7 de junho de 2001. duta da Alta Administração Federal e comunicar à
CEP situações que possam configurar descumpri-
Art. 2º A autoridade ocupante de cargo público vincu-
mento de suas normas;
lado ao Código de Conduta da Alta Administração Fe-
V. aplicar o código de ética ou de conduta próprio,
deral deverá apresentar a Declaração Confidencial de
se couber;
Informações, devidamente preenchida:
VI. orientar e aconselhar sobre a conduta ética do
I. pela primeira vez, até dez dias após a posse; e servidor, inclusive no relacionamento com o cida-
II. sempre que ocorrer alteração relevante nas in- dão e no resguardo do patrimônio público;
formações prestadas, até trinta dias da ocorrência. VII. responder consultas que lhes forem dirigidas;
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de sua VIII. receber denúncias e representações contra
publicação. servidores por suposto descumprimento às normas
Art. 4º Fica revogado o Anexo à Resolução no 5, de 7 éticas, procedendo à apuração;
de junho de 2001. IX. instaurar processo para apuração de fato ou
FERNANDO NEVES DA SILVA conduta que possa configurar descumprimento ao 187
Presidente da Comissão de Ética Pública padrão ético recomendado aos agentes públicos;
X. convocar servidor e convidar outras pessoas a Capítulo II
188 prestar informação;
• Da Composição
XI. requisitar às partes, aos agentes públicos e aos
órgãos e entidades federais informações e docu- Art. 3º A Comissão de Ética do órgão ou entidade será
mentos necessários à instrução de expedientes; composta por três membros titulares e respectivos
XII. requerer informações e documentos necessá- suplentes, servidores públicos ocupantes de cargo efe-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

rios à instrução de expedientes a agentes públicos tivo ou emprego do seu quadro permanente, designa-
e a órgãos e entidades de outros entes da federa- dos por ato do dirigente máximo do correspondente
ção ou de outros Poderes da República; órgão ou entidade.
XIII. realizar diligências e solicitar pareceres de es- § 1º Não havendo servidores públicos no órgão ou na
pecialistas; entidade em número suficiente para instituir a Comis-
XIV. esclarecer e julgar comportamentos com indí- são de Ética, poderão ser escolhidos servidores públi-
cios de desvios éticos; cos ocupantes de cargo efetivo ou emprego do quadro
XV. aplicar a penalidade de censura ética ao servi- permanente da Administração Pública.
dor e encaminhar cópia do ato à unidade de gestão § 2º A atuação na Comissão de Ética é considerada
de pessoas, podendo também: prestação de relevante serviço público e não enseja
a) sugerir ao dirigente máximo a exoneração de qualquer remuneração, devendo ser registrada nos as-
ocupante de cargo ou função de confiança; sentamentos funcionais do servidor.
b) sugerir ao dirigente máximo o retorno do ser-
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vidor ao órgão ou entidade de origem; § 3º O dirigente máximo de órgão ou entidade não po-
derá ser membro da Comissão de Ética.
c) sugerir ao dirigente máximo a remessa de
expediente ao setor competente para exame de § 4º O Presidente da Comissão será substituído pelo
eventuais transgressões de naturezas diversas; membro mais antigo, em caso de impedimento ou va-
d) adotar outras medidas para evitar ou sanar cância.
desvios éticos, lavrando, se for o caso, o Acordo § 5º No caso de vacância, o cargo de Presidente da Co-
de Conduta Pessoal e Profissional - ACPP; missão será preenchido mediante nova escolha efetua-
XVI. arquivar os processos ou remetê-los ao órgão da pelos seus membros.
competente quando, respectivamente, não seja
comprovado o desvio ético ou configurada infra- § 6º Na ausência de membro titular, o respectivo su-
ção cuja apuração seja da competência de órgão plente deve imediatamente assumir suas atribuições.
distinto; § 7º Cessará a investidura de membros das Comissões
XVII. notificar as partes sobre suas decisões; de Ética com a extinção do mandato, a renúncia ou por
XVIII. submeter ao dirigente máximo do órgão ou desvio disciplinar ou ético reconhecido pela Comissão de
entidade sugestões de aprimoramento ao código Ética Pública.
de conduta ética da instituição;
Art. 4º A Comissão de Ética contará com uma Secreta-
XIX. dirimir dúvidas a respeito da interpretação das ria-Executiva, que terá como finalidade contribuir para
normas de conduta ética e deliberar sobre os casos
a elaboração e o cumprimento do plano de trabalho
omissos, observando as normas e orientações da CEP;
da gestão da ética e prover apoio técnico e material
XX. elaborar e propor alterações ao código de ética
necessário ao cumprimento das atribuições.
ou de conduta próprio e ao regimento interno da
respectiva Comissão de Ética; § 1º O encargo de secretário-executivo recairá em de-
XXI. dar ampla divulgação ao regramento ético; tentor de cargo efetivo ou emprego permanente na
XXII. dar publicidade de seus atos, observada a administração pública, indicado pelos membros da Co-
restrição do art. 14 desta Resolução; missão de Ética e designado pelo dirigente máximo do
XXIII. requisitar agente público para prestar servi- órgão ou da entidade.
ços transitórios técnicos ou administrativos à Co- § 2º Fica vedado ao Secretário-Executivo ser membro
missão de Ética, mediante prévia autorização do da Comissão de Ética.
dirigente máximo do órgão ou entidade;
§ 3º A Comissão de Ética poderá designar representan-
XXIV. elaborar e executar o plano de trabalho de
tes locais que auxiliarão nos trabalhos de educação e
gestão da ética; e
de comunicação.
XXV. indicar por meio de ato interno, representan-
tes locais da Comissão de Ética, que serão designa- § 4º Outros servidores do órgão ou da entidade po-
dos pelos dirigentes máximos dos órgãos ou enti- derão ser requisitados, em caráter transitório, para
dades, para contribuir nos trabalhos de educação e realização de atividades administrativas junto à Secre-
de comunicação. taria-Executiva.
Capítulo III VIII. coordenar o desenvolvimento de ações obje-
tivando a disseminação, capacitação e treinamento
• Do Funcionamento
sobre ética no órgão ou entidade; e
Art. 5º As deliberações da Comissão de Ética serão to-
IX. executar outras atividades determinadas pela
madas por votos da maioria de seus membros.
Comissão de Ética.
Art. 6º As Comissões de Ética se reunirão ordinaria-
§ 1º Compete aos demais integrantes da Secretaria-
mente pelo menos uma vez por mês e, em caráter
-Executiva fornecer o suporte administrativo necessá-
extraordinário por iniciativa do Presidente, dos seus
rio ao desenvolvimento ou exercício de suas funções.
membros ou do Secretário-Executivo.
§ 2º Aos representantes locais compete contribuir com
Art. 7º A pauta das reuniões da Comissão de Ética será
as atividades de educação e de comunicação.
composta a partir de sugestões do presidente, dos
membros ou do Secretário--Executivo, sendo admitida Capítulo V
a inclusão de novos assuntos no início da reunião. • Dos Mandatos
Capítulo IV Art. 11. Os membros da Comissão de Ética cumprirão
mandatos, não coincidentes, de três anos, permitida
• Das Atribuições
uma única recondução.
Art. 8º Compete ao presidente da Comissão de Ética:
§ 1º Os mandatos dos primeiros membros e dos respec-
I. convocar e presidir as reuniões; tivos suplentes serão de um, dois e três anos, estabeleci-
II. determinar a instauração de processos para a dos em portaria designatória.
apuração de prática contrária ao código de ética § 2º Poderá ser reconduzido uma única vez ao cargo de
ou de conduta do órgão ou entidade, bem como as membro da Comissão de ética o servidor público que
diligências e convocações; for designado para cumprir o mandato complementar,
III. designar relator para os processos; caso o mesmo tenha se iniciado antes do transcurso da
IV. orientar os trabalhos da Comissão de Ética, or- metade do período estabelecido no mandato originário.
denar os debates e concluir as deliberações; § 3º Na hipótese de o mandato complementar ser exerci-
do após o transcurso da metade do período estabelecido
V. tomar os votos, proferindo voto de qualidade, e
no mandato originário, o membro da Comissão de Ética
proclamar os resultados; e
que o exercer poderá ser conduzido imediatamente ao
VI. delegar competências para tarefas específicas posterior mandato regular de 3 (três) anos, permitindo-
aos demais integrantes da Comissão de Ética. lhe uma única recondução ao mandado regular.

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Parágrafo único. O voto de qualidade de que trata o
Capítulo VI
inciso V somente será adotado em caso de desempate.
• Das Normas Gerais do Procedimento
Art. 9º Compete aos membros da Comissão de Ética:
Art. 12. As fases processuais no âmbito das Comissões
I. examinar matérias, emitindo parecer e voto;
de Ética serão as seguintes:
II. pedir vista de matéria em deliberação; I. Procedimento Preliminar, compreendendo:
III. fazer relatórios; e a) juízo de admissibilidade;
IV. solicitar informações a respeito de matérias sob b) instauração;
exame da Comissão de Ética. c) provas documentais e, excepcionalmente, ma-
Art. 10. Compete ao Secretário-Executivo: nifestação do investigado e realização de diligên-
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

I. organizar a agenda e a pauta das reuniões; cias urgentes e necessárias;


II. proceder ao registro das reuniões e à elaboração d) relatório;
de suas atas; e) proposta de ACPP;
III. instruir as matérias submetidas à deliberação f) decisão preliminar determinando o arquiva-
da Comissão de Ética; mento ou a conversão em Processo de Apuração
Ética.
IV. desenvolver ou supervisionar a elaboração de
estudos e subsídios ao processo de tomada de de- II. Processo de Apuração Ética, subdividindo-se
cisão da Comissão de Ética; em:
V. coordenar o trabalho da Secretaria--Executiva, a) instauração;
bem como dos representantes locais; b) instrução complementar, compreendendo:
VI. fornecer apoio técnico e administrativo à Co- 1. a realização de diligências;
missão de Ética; 2. a manifestação do investigado; e
VII. executar e dar publicidade aos atos de compe- 3. a produção de provas; 189
tência da Secretaria-Executiva; c) relatório; e
d) deliberação e decisão, que declarará improce- classe poderá provocar a atuação da Comissão de Éti-
190 dência, conterá sanção, recomendação a ser aplica- ca, visando a apuração de transgressão ética imputada
da ou proposta de ACPP. ao agente público ou ocorrida em setores competentes
Art. 13. A apuração de infração ética será formalizada do órgão ou entidade federal.
por procedimento preliminar, que deverá observar as Parágrafo único. Entende-se por agente público todo
regras de autuação, compreendendo numeração, ru- aquele que por força de lei, contrato ou qualquer ato
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brica da paginação, juntada de documentos em ordem jurídico, preste serviços de natureza permanente, tem-
cronológica e demais atos de expediente administrativo. porária, excepcional ou eventual, ainda que sem retri-
Art. 14. Até a conclusão final, todos os expedientes de buição financeira, a órgão ou entidade da Administra-
apuração de infração ética terão a chancela de “reserva- ção Pública Federal direta e indireta.
do”, nos termos do Decreto nº 4.553, de 27 de dezembro Art. 20. O Procedimento Preliminar para apuração de
2002, após, estarão acessíveis aos interessados confor- conduta que, em tese, configure infração ao padrão
me disposto na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. ético será instaurado pela Comissão de Ética, de ofício
Art. 15. Ao denunciado é assegurado o direito de co- ou mediante representação ou denúncia formulada por
nhecer o teor da acusação e ter vista dos autos no re- quaisquer das pessoas mencionadas no caput do art. 19.
cinto da Comissão de Ética, bem como de obter cópias § 1º A instauração, de ofício, de expediente de inves-
de documentos. tigação deve ser fundamentada pelos integrantes da
Parágrafo único. As cópias deverão ser solicitadas for- Comissão de Ética e apoiada em notícia pública de
malmente à Comissão de Ética. conduta ou em indícios capazes de lhe dar sustentação.
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Art. 16. As Comissões de Ética, sempre que constata- § 2º Se houver indícios de que a conduta configure, a
um só tempo, falta ética e infração de outra natureza,
rem a possível ocorrência de ilícitos penais, civis, de
inclusive disciplinar, a cópia dos autos deverá ser enca-
improbidade administrativa ou de infração disciplinar,
minhada imediatamente ao órgão competente.
encaminhará cópia dos autos às autoridades compe-
tentes para apuração de tais fatos, sem prejuízo da § 3º Na hipótese prevista no § 2º, o denunciado deverá
ser notificado sobre a remessa do expediente ao órgão
adoção das demais medidas de sua competência.
competente.
Art. 17. A decisão final sobre investigação de conduta
§ 4º Havendo dúvida quanto ao enquadramento da
ética que resultar em sanção, em recomendação ou em
conduta, se desvio ético, infração disciplinar, ato de
Acordo de Conduta Pessoal e Profissional será resumi- improbidade, crime de responsabilidade ou infração
da e publicada em ementa, com a omissão dos nomes de natureza diversa, a Comissão de Ética, em caráter
dos envolvidos e de quaisquer outros dados que per- excepcional, poderá solicitar parecer reservado junto à
mitam a identificação. unidade responsável pelo assessoramento jurídico do
Parágrafo único. A decisão final contendo nome e órgão ou da entidade.
identificação do agente público deverá ser remetida à Art. 21. A representação, a denúncia ou qualquer outra
Comissão de Ética Pública para formação de banco de demanda deve conter os seguintes requisitos:
dados de sanções, para fins de consulta pelos órgãos I. descrição da conduta;
ou entidades da administração pública federal, em ca- II. indicação da autoria, caso seja possível; e
sos de nomeação para cargo em comissão ou de alta
III. apresentação dos elementos de prova ou indi-
relevância pública.
cação de onde podem ser encontrados.
Art. 18. Os setores competentes do órgão ou entidade da-
Parágrafo único. Quando o autor da demanda não se
rão tratamento prioritário às solicitações de documentos identificar, a Comissão de Ética poderá acolher os fatos
e informações necessárias à instrução dos procedimentos narrados para fins de instauração, de ofício, de proce-
de investigação instaurados pela Comissão de Ética, con- dimento investigatório, desde que contenha indícios
forme determina o Decreto nº 6.029, de 2007. suficientes da ocorrência da infração ou, em caso con-
§ 1º A inobservância da prioridade determinada neste trário, determinar o arquivamento sumário.
artigo implicará a responsabilidade de quem lhe der Art. 22. A representação, denúncia ou qualquer outra
causa. demanda será dirigida à Comissão de Ética, podendo
§ 2º No âmbito do órgão ou da entidade e em relação ser protocolada diretamente na sede da Comissão ou
aos respectivos agentes públicos a Comissão de Ética encaminhadas pela via postal, correio eletrônico ou fax.
terá acesso a todos os documentos necessários aos tra- § 1º A Comissão de Ética expedirá comunicação oficial
balhos, dando tratamento específico àqueles protegidos divulgando os endereços físico e eletrônico para aten-
por sigilo legal. dimento e apresentação de demandas.
Capítulo VII § 2º Caso a pessoa interessada em denunciar ou re-
presentar compareça perante a Comissão de Ética, esta
• Do Rito Processual poderá reduzir a termo as declarações e colher a assi-
Art. 19. Qualquer cidadão, agente público, pessoa ju- natura do denunciante, bem como receber eventuais
rídica de direito privado, associação ou entidade de provas.
§ 3º Será assegurada ao denunciante a comprovação III. o fato não possa ser provado por testemunha.
do recebimento da denúncia ou representação por ele § 2º As testemunhas poderão ser substituídas desde
encaminhada. que o investigado formalize pedido à Comissão de Éti-
Art. 23. Oferecida a representação ou denúncia, a Co- ca em tempo hábil e em momento anterior à audiência
missão de Ética deliberará sobre sua admissibilidade, de inquirição.
verificando o cumprimento dos requisitos previstos Art. 27. O pedido de prova pericial deverá ser justifi-
nos incisos do art. 21. cado, sendo lícito à Comissão de Ética indeferi-lo nas
§ 1º A Comissão de Ética poderá determinar a colheita de seguintes hipóteses:
informações complementares ou de outros elementos de I. a comprovação do fato não depender de conhe-
prova que julgar necessários. cimento especial de perito; ou
§ 2º A Comissão de Ética, mediante decisão fundamen- II. revelar-se meramente protelatório ou de ne-
tada, arquivará representação ou denúncia manifesta- nhum interesse para o esclarecimento do fato.
mente improcedente, cientificando o denunciante. Art. 28. Na hipótese de o investigado não requerer
§ 3º É facultado ao denunciado a interposição de pe- a produção de outras provas, além dos documentos
dido de reconsideração dirigido à própria Comissão de apresentados com a defesa prévia, a Comissão de Éti-
Ética, no prazo de dez dias, contados da ciência da de- ca, salvo se entender necessária a inquirição de teste-
cisão, com a competente fundamentação. munhas, a realização de diligências ou de exame peri-
§ 4º A juízo da Comissão de Ética e mediante consen- cial, elaborará o relatório.
timento do denunciado, poderá ser lavrado Acordo Parágrafo único. Na hipótese de o investigado, com-
de Conduta Pessoal e Profissional. provadamente notificado ou citado por edital público,
§ 5º Lavrado o Acordo de Conduta Pessoal e Profissio- não se apresentar, nem enviar procurador legalmente
nal, o Procedimento Preliminar será sobrestado, por constituído para exercer o direito ao contraditório e à
até dois anos, a critério da Comissão de Ética, confor- ampla defesa, a Comissão de Ética designará um de-
me o caso. fensor dativo preferencialmente escolhido dentre os
servidores do quadro permanente para acompanhar
§ 6º Se, até o final do prazo de sobrestamento, o Acor- o processo, sendo-lhe vedada conduta contrária aos
do de Conduta Pessoal e Profissional for cumprido, interesses do investigado.
será determinado o arquivamento do feito.
Art. 29. Concluída a instrução processual e elaborado o
§ 7º Se o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional for relatório, o investigado será notificado para apresentar
descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao as alegações finais no prazo de dez dias.
feito, convertendo o Procedimento Preliminar em Pro- Art. 30. Apresentadas ou não as alegações finais, a Co-

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cesso de Apuração Ética. missão de Ética proferirá decisão.
§ 8º Não será objeto de Acordo de Conduta Pessoal e § 1º Se a conclusão for pela culpabilidade do investi-
Profissional o descumprimento ao disposto no inciso gado, a Comissão de Ética poderá aplicar a penalidade
XV do Anexo ao Decreto nº 1.171, de 1994. de censura ética prevista no Decreto nº 1.171, de 1994,
Art. 24. Ao final do Procedimento Preliminar, será pro- e, cumulativamente, fazer recomendações, bem como
ferida decisão pela Comissão de Ética do órgão ou enti- lavrar o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional, sem
dade determinando o arquivamento ou sua conversão prejuízo de outras medidas a seu cargo.
em Processo de Apuração Ética. § 2º Caso o Acordo de Conduta Pessoal e Profissional seja
Art. 25. Instaurado o Processo de Apuração Ética, a Co- descumprido, a Comissão de Ética dará seguimento ao
missão de Ética notificará o investigado para, no prazo Processo de Apuração Ética.
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

de dez dias, apresentar defesa prévia, por escrito, lis- § 3º É facultada ao investigado pedir a reconsideração
tando eventuais testemunhas, até o número de quatro, acompanhada de fundamentação à própria Comissão
e apresentando ou indicando as provas que pretende de Ética, no prazo de dez dias, contado da ciência da
produzir. respectiva decisão.
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá Art. 31. Cópia da decisão definitiva que resultar em pe-
ser prorrogado por igual período, a juízo da Comissão de nalidade a detentor de cargo efetivo ou de emprego
Ética, mediante requerimento justificado do investigado. permanente na Administração Pública, bem como a
ocupante de cargo em comissão ou função de confian-
Art. 26. O pedido de inquirição de testemunhas deverá
ça, será encaminhada à unidade de gestão de pessoas,
ser justificado.
para constar dos assentamentos do agente público,
§ 1º Será indeferido o pedido de inquirição, quando: para fins exclusivamente éticos.
I. formulado em desacordo com este artigo; § 1º O registro referido neste artigo será cancelado após o
II. o fato já estiver suficientemente provado por decurso do prazo de três anos de efetivo exercício, conta-
documento ou confissão do investigado ou quais- dos da data em que a decisão se tornou definitiva, desde
quer outros meios de prova compatíveis com o rito que o servidor, nesse período, não tenha praticado nova 191
descrito nesta Resolução; ou infração ética.
§ 2º Em se tratando de prestador de serviços sem vín- Capítulo IX
192 culo direto ou formal com o órgão ou entidade, a cópia
• Disposições Finais
da decisão definitiva deverá ser remetida ao dirigente
máximo, a quem competirá a adoção das providências Art. 35. As situações omissas serão resolvidas por delibe-
cabíveis. ração da Comissão de Ética, de acordo com o previsto no
§ 3º Em relação aos agentes públicos listados no § 2º, a Código de Ética próprio, no Código de Ética Profissional
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

Comissão de Ética expedirá decisão definitiva elencan- do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, no
do as condutas infracionais, eximindo-se de aplicar ou Código de Conduta da Alta Administração Federal, bem
de propor penalidades, recomendações ou Acordo de como em outros atos normativos pertinentes.
Conduta Pessoal e Profissional. Art. 36. O Regimento Interno de cada Comissão de Éti-
ca poderá estabelecer normas complementares a esta
Capítulo VIII
Resolução.
• Dos Deveres e Responsabilidades dos Integrantes Art. 37. Fica estabelecido o prazo de seis meses para
da Comissão que as Comissões de Ética dos órgãos e entidades do
Art. 32. São princípios fundamentais no trabalho de- Poder Executivo Federal possam se adequar ao dispos-
senvolvido pelos membros da Comissão de Ética: to nesta Resolução.
I. preservar a honra e a imagem da pessoa inves- Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo poderá
tigada; ser prorrogado, mediante envio de justificativas, nos
II. proteger a identidade do denunciante; trinta dias que antecedem o termo final, para aprecia-
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III. atuar de forma independente e imparcial; ção e autorização da Comissão de Ética Pública.
Art. 38. Esta Resolução entra em vigor na data de sua
IV. comparecer às reuniões da Comissão de Ética,
publicação.
justificando ao presidente da Comissão, por escri- JOSÉ PAULO SEPÚLVEDA PERTENCE
to, eventuais ausências e afastamentos; Presidente da Comissão de Ética Pública
V. em eventual ausência ou afastamento, instruir
o substituto sobre os trabalhos em curso; ANOTAÇÕES
VI. declarar aos demais membros o impedimento ou
a suspeição nos trabalhos da Comissão de Ética; e
VII. eximir-se de atuar em procedimento no qual
tenha sido identificado seu impedimento ou sus-
peição.
Art. 33. Dá-se o impedimento do membro da Comissão
de Ética quando:
I. tenha interesse direto ou indireto no feito;
II. tenha participado ou venha a participar, em outro
processo administrativo ou judicial, como perito, tes-
temunha ou representante legal do denunciante, de-
nunciado ou investigado, ou de seus respectivos côn-
juges, companheiros ou parentes até o terceiro grau;
III. esteja litigando judicial ou administrativamente
com o denunciante, denunciado ou investigado, ou
com os respectivos cônjuges, companheiros ou pa-
rentes até o terceiro grau; ou
IV. for seu cônjuge, companheiro ou parente até o
terceiro grau o denunciante, denunciado ou inves-
tigado.
Art. 34. Ocorre a suspeição do membro quando:
for amigo íntimo ou notório desafeto do denun-
ciante, denunciado ou investigado, ou de seus res-
pectivos cônjuges, companheiros ou parentes até o
terceiro grau; ou
for credor ou devedor do denunciante, denunciado
ou investigado, ou de seus respectivos cônjuges,
companheiros ou parentes até o terceiro grau.
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ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 193

ÍNDICE
1. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil ........................................ 197
Fundamentos da República Federativa do Brasil ........................................................................197
Divisão de Poderes ......................................................................................................................198
Objetivos Fundamentais da República Federativa Brasileira......................................................198
Princípios de Relações Internacionais .........................................................................................199
2. Teoria Geral da Constituição .................................................................................... 200
Conceito de Constituição e Princípio da Supremacia da Constituição .......................................200
Poder Constituinte .......................................................................................................................201
Classificação das Normas Constitucionais Quanto à sua Eficácia............................................... 202
Emendas Constitucionais............................................................................................................ 202
3. Direitos e Garantias Fundamentais ............................................................................203
Diferenciação entre Direitos e Garantias Fundamentais ............................................................ 203
Gerações dos Direitos Fundamentais ......................................................................................... 203
Relatividade dos Direitos Fundamentais....................................................................................204
Destinatários dos Direitos Fundamentais...................................................................................204
Classificação dos Direitos Fundamentais Segundo a nossa Constituição ..................................204
3.1. Direitos e Garantias Individuais e Coletivos............................................................ 204
Princípio da Igualdade ................................................................................................................204
Princípio da Legalidade ..............................................................................................................204
Proibição da Tortura ................................................................................................................... 205
Liberdade de Pensamento e Direito de Resposta ...................................................................... 205
Liberdade de Consciência e Crença Religiosa, Convicção Filosófica ou Política ........................ 205
Direito à Privacidade e à Preservação da Honra ........................................................................206
Inviolabilidade do Domicílio .......................................................................................................206
Inviolabilidade das Comunicações .............................................................................................206
Liberdade do Exercício de Profissão ..........................................................................................206
Direito à Informação ...................................................................................................................206
Direito à Locomoção Dentro do Território Nacional................................................................... 207
Direito de Reunião ...................................................................................................................... 207
Direito de Associação ................................................................................................................. 207
Direito de Propriedade ............................................................................................................... 207
Desapropriação...........................................................................................................................208
Requisição Administrativa..........................................................................................................208
Impenhorabilidade do Pequeno Imóvel Rural............................................................................208
Direitos dos Autores ...................................................................................................................208
Direitos de Participação..............................................................................................................208
194 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Ş
ŝ#-ŝŦ

Direitos do Inventor e Proteção da Marca ..................................................................................208


Direitos Relativos à Sucessão Causa Mortis............................................................................. 209
Direitos do Consumidor ..............................................................................................................209
Direito à Obtenção de Informações de Órgãos Públicos ............................................................209
Direito de Petição e Obtenção de Certidões...............................................................................209
Apreciação de Lesão ou Ameaça de Lesão pelo Poder Judiciário ..............................................209
Direito Adquirido, Ato Jurídico Perfeito e Coisa Julgada ............................................................210
Proibição de Juízo de Exceção ....................................................................................................210
Júri Popular..................................................................................................................................210
Princípio da Reserva Legal Penal ou Princípio da Legalidade do Direito Penal ..........................210
Princípio da Irretroatividade da Lei Penal ...................................................................................210
Atentado aos Direitos e Liberdades Fundamentais.....................................................................210
Combate ao Racismo ....................................................................................................................211
Combate à Tortura, Tráfico de Drogas, Terrorismo, Crimes Hediondos e Cometidos por
Entidades Paramilitares................................................................................................................211
Intransferibilidade da Pena ..........................................................................................................211
Individualização e Tipos de Penas ................................................................................................211
Penas Proibidas ............................................................................................................................211
Direitos dos Sentenciados ............................................................................................................211
Extradição .................................................................................................................................... 212
Disposições Processuais .............................................................................................................. 212
Presunção de Inocência ............................................................................................................... 212
Vedação de Identificação Criminal ao Civilmente Identificado ................................................... 212
Ação Penal Privada Subsidiária ................................................................................................... 212
Publicidade dos Atos Processuais ............................................................................................... 213
Hipóteses de Prisão ..................................................................................................................... 213
Proibição de Prisão por Dívidas................................................................................................... 213
Remédios Constitucionais ...........................................................................................................214
Assistência Jurídica Gratuita ....................................................................................................... 217
Indenização por Erro Judiciário ................................................................................................... 217
Gratuidades ................................................................................................................................. 217
Razoável Duração do Processo....................................................................................................218
Disposições Gerais .......................................................................................................................218
3.2. Direitos Sociais...................................................................................................... 218
Proteção contra Despedida sem Justa Causa ..............................................................................219
Seguro-Desemprego ...................................................................................................................219
FGTS .............................................................................................................................................219
Salário-Mínimo ............................................................................................................................219
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL 195

Piso Salarial .................................................................................................................................219


Irredutibilidade do Salário .......................................................................................................... 220
Salário-Mínimo para os que Recebem Remuneração Variável................................................... 220
13º Salário ................................................................................................................................... 220
Adicional Noturno....................................................................................................................... 220
Proteção ao Salário..................................................................................................................... 220
Participação nos Lucros e na Gestão das Empresas ................................................................... 220
Salário-Família............................................................................................................................ 220
Jornada de Trabalho ................................................................................................................... 220
Descanso Semanal Remunerado ................................................................................................. 221
Horas Extras ................................................................................................................................. 221
Férias ........................................................................................................................................... 221
Licença-Maternidade ................................................................................................................... 221
Licença-Paternidade.................................................................................................................... 221
Proteção ao Mercado de Trabalho Feminino ............................................................................... 221
Aviso-Prévio ................................................................................................................................ 221
Redução dos Riscos do Trabalho ................................................................................................. 221
Adicionais de Penosidade, Insalubridade e Periculosidade ....................................................... 222
Aposentadoria ............................................................................................................................ 222
Assistência em Creches e Pré-Escolas ........................................................................................ 222
Convenções e Acordos Coletivos................................................................................................ 222
Proteção Face à Automação ....................................................................................................... 222
Seguro contra Acidentes de Trabalho ........................................................................................ 222
Ações Trabalhistas ...................................................................................................................... 222
Proibição de Discriminação Profissional .................................................................................... 223
Idade Mínima para o Trabalho .................................................................................................... 223
Trabalhador Avulso .................................................................................................................... 223
Trabalhador Doméstico .............................................................................................................. 223
Servidor Público ......................................................................................................................... 224
Organização Sindical .................................................................................................................. 224
Direito de Greve.......................................................................................................................... 225
Participação em Colegiados de Órgãos Públicos ....................................................................... 225
Eleição de Representante pelos Trabalhadores ......................................................................... 226
3.3. Direitos de Nacionalidade ......................................................................................226
Brasileiros Natos ......................................................................................................................... 226
Brasileiros Naturalizados ............................................................................................................ 227
Equiparação entre o Brasileiro e o Português Residente no Brasil ............................................ 227
196 NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL Ş
ŝ#-ŝŦ

Proibição de Diferenciação entre Brasileiros Natos e Naturalizados ......................................... 227


Cargos Exclusivos de Brasileiros Natos ...................................................................................... 228
Perda da Nacionalidade Brasileira.............................................................................................. 228
Idioma Oficial e Símbolos da República Federativa do Brasil .................................................... 228
3.4. Direitos Políticos e Partidos Políticos .....................................................................229
Direitos Políticos ......................................................................................................................... 229
Partidos Políticos ......................................................................................................................... 231
4. Organização Político-Administrativa do Estado ........................................................232
Regras Gerais .............................................................................................................................. 232
Bens da União ............................................................................................................................. 233
Competências Administrativas da União.................................................................................... 233
Competências Legislativas da União .......................................................................................... 234
Competências Administrativas Comuns à União, Estados, DF e Municípios .............................. 235
Competências Legislativas Comuns à União, Estados e Distrito Federal ................................... 235
Dos Estados ................................................................................................................................ 235
Dos Municípios ............................................................................................................................ 236
Do Distrito Federal e dos Territórios .......................................................................................... 238
Da Intervenção............................................................................................................................ 239
5. Administração Pública ............................................................................................. 240
Administração Direta e Indireta .................................................................................................240
Disposições Gerais ......................................................................................................................240
Servidores Públicos .................................................................................................................... 249
6. Poder Legislativo, Executivo e Judiciário ..................................................................255
O Poder Legislativo .................................................................................................................... 255
Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária .......................................................................261
Tribunal de Contas da União ....................................................................................................... 262
O Poder Executivo ...................................................................................................................... 262
O Poder Judiciário ...................................................................................................................... 265
7. Funções Essenciais à Justiça .....................................................................................275
Ministério Público ....................................................................................................................... 276
Advocacia Pública....................................................................................................................... 282
Defensoria Pública ...................................................................................................................... 283
Advocacia ................................................................................................................................... 285
1. Princípios Fundamentais da do ser tratado de forma igual para igual em seu relacionamen-
to com outros países.
República Federativa do Brasil Ser soberano significa não aceitar a autoridade de nenhum
outro Estado sobre a sua própria, embora isso também implique
Os princípios fundamentais da República são tratados no em respeitar a soberania alheia.
Título I de nossa Constituição Federal e abrangem: Importante observar que a submissão de nosso país a re-
▷ Os fundamentos da República; gras constantes de acordos internacionais não fere sua sobera-
▷ Os poderes da União; nia, uma vez que essa submissão é voluntária e o acordo pode
▷ Os objetivos fundamentais da República; e ser denunciado (rescindido) pelo Brasil.
▷ Os princípios que devem reger as relações interna- Cidadania
cionais do Brasil.
Não existe um conceito unânime de cidadania, cuja defini-
Eles são o primeiro Título de nossa Constituição, e vem ção variou ao longo do tempo. Modernamente esse termo vem
logo após o preâmbulo, que assim dispõe: sendo interpretado como o direito do brasileiro a uma vida
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em As- digna, com a possibilidade de definir o seu futuro e de intervir
sembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Demo- na vida política de seu país, tendo para isso, acesso a serviços
crático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais de saúde e educação de qualidade, bem como à informação
e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desen- transparente por parte do Estado.
volvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de Ser cidadão inclui votar, mas é mais do que simplesmente
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fun- poder votar e ser votado, que é a definição restrita de cidadão.
dada na harmonia social e comprometida, na ordem interna
e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, pro- Dignidade da Pessoa Humana
mulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO Todos são merecedores de tratamento digno, não só pelo
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Estado, mas também pelos particulares, até mesmo os conde-
Comecemos, então, pelos fundamentos da República Fe- nados pela lei.
derativa do Brasil: Todos os atos que atentem contra a dignidade humana
devem ser rechaçados pelo ordenamento jurídico nacional.
Fundamentos da República Nesse sentido, a Constituição Federal, por exemplo, expressa-
Federativa do Brasil mente condena a tortura e o racismo e outras formas de dis-
criminação.
Os fundamentos da República Federativa do Brasil devem
ser entendidos como os pilares de sua organização, a sua base Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa
ideológica, sem os quais ela não pode existir tal como foi con- O Brasil reconhece a importância do trabalho individual e

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cebida pelo Poder Constituinte Originário. coletivo para o desenvolvimento econômico e social da nação,
Funcionam como uma espécie de introdução do texto o qual deve ser exercido com dignidade e mediante condições
constitucional, trazendo regras gerais que serão depois desen- mínimas.
volvidas ao longo da Constituição. Com esse princípio, fica implicitamente definido o capita-
Todo o arcabouço constitucional e legal deve obedecer a lismo como sistema econômico adotado pelo Brasil, uma vez
esses fundamentos. que, ao contrário do comunismo, este permite a livre iniciativa
econômica. Nada impede, porém, que o Estado venha a regu-
Sobre tais fundamentos, dispõe o Art. 1º de nossa consti-
lamentar a atividade econômica e até mesmo proibir determi-
tuição:
nadas ocupações, em proveito da coletividade.
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis- O Pluralismo Político
trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Pluralismo político significa multiplicidade de manifesta-
Direito e tem como fundamentos: ção de ideias, de pensamentos, permitindo que as diferentes
I. A soberania; vozes dissonantes da sociedade possam se manifestar.
II. A cidadania; Além disso, como corolário do pluralismo político, a Cons-
III. A dignidade da pessoa humana; tituição Federal, em seu Art. 17, garante a multiplicidade de
IV. Os valores sociais do trabalho e da livre ini- partidos políticos, chamada de pluripartidarismo, visando uma
ciativa; representação mais legítima de todas os grupos sociais. Assim,
o Estado não pode dificultar injustificadamente a formação
V. O pluralismo político.
dos partidos políticos, nem embaraçar-lhes o funcionamento,
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o devendo, pelo contrário, estimular a sua formação e atividade.
exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
mente, nos termos desta Constituição. Outras Características da
Tratemos de cada um desses fundamentos: República Brasileira
Soberania Da análise do caput do Art. 1º, podemos extrair ainda que:
Por esse princípio, o Brasil deve preservar e afirmar a ex- A forma de Estado adotada pelo Brasil foi a de federação 197
clusividade de seu poder dentro do território nacional, deven- e a forma de Governo a República: E em relação à Federação,
que garante a autonomia administrativa e financeira dos Esta- Além disso, o parágrafo único também afirma que as elei-
198 dos e Municípios, o Art. 60, §4º, da Constituição, a coloca como ções no Brasil serão diretas, sendo que somente existe uma
uma cláusula pétrea, que não pode ser abolida por emenda exceção a essa regra, prevista no Art. 81, §1º, da Constituição
constitucional. Federal: se vagarem os cargos de Presidente e Vice-Presidente
Além disso, a Federação brasileira é indissolúvel, o que da República (isso vale também para Governadores e Prefei-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

quer dizer que não existe aqui o direito de secessão, que é o tos) na segunda metade do mandato presidencial, o Congres-
direito que um Estado teria de dizer que não deseja mais per- so Nacional fará a escolha do novo Presidente e do novo Vice,
tencer à República Brasileira. Aliás, o Art. 34, I, da Constituição que assumirão até o final do mandato de seus antecessores.
permite que a União intervenha nos Estados para garantir a
integridade nacional. Divisão de Poderes
Já a República não é colocada como cláusula pétrea, po- Dispõe o Art. 2º da Constituição:
dendo ser alterada tal forma de Governo através de emenda Art. 2º. São Poderes da União, independentes e har-
constitucional, se a sociedade assim o decidir. mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi-
Assim, em tese, o Brasil até poderia voltar a ser uma mo- ciário.
narquia, bastando que a Constituição fosse alterada para tanto. Não obstante a consagração da expressão separação dos
Os municípios também são componentes da Federação: poderes, na verdade, o Poder do Estado, que emana do povo,
a constituição brasileira, de forma singular no mundo, consa- é uno e indivisível.
gra aos municípios a posição de ente federativo, embora suas O que existem são funções distintas exercidas por determi-
competências sejam reduzidas. Assim, não são eles simples- nados órgãos, cuja independência é necessária para se evitar a
mente subdivisões administrativas dos Estados-membros, concentração de poder nas mãos de uma ou poucas pessoas e
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como ocorre nas demais federações, mas verdadeiras unida- os perigos que disso adviria. Assim, em vez de dizer poderes da
des políticas com autonomia garantida pela Constituição, não União seria mais apropriado falar-se em funções do Estado e em
obstante se submetam à legislação estadual no que couber e funções legislativa, judiciária e executiva do Estado.
aos comandos emanados do Judiciário estadual. Ao prever a separação de poderes, a Constituição brasileira
Tal disposição é reforçada pelo Art. 18 da Constituição, que preenche um dos requisitos do conceito ideal de constituição.
assim dispõe: Essa separação de funções, porém, não é absoluta, mas as
Art. 18. A organização político-administrativa da Repú- entidades de cada poder poderão exercer mais de uma função,
embora tenha uma como primordial.
blica Federativa do Brasil compreende a União, os Esta-
dos, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, Assim, por exemplo, embora o Congresso Nacional, seja
nos termos desta Constituição. detentor precipuamente da atividade legislativa, também
exerce ele as atividades administrativas (contratação de em-
O Brasil é um estado democrático de direito: Estado de
presas para atividades-meio, pagamento de pessoal, etc.) e de
direito significa que nosso país é regido por leis impessoais
julgamento (casos de impeachment do Presidente da Repúbli-
(império da lei), e não uma teocracia ou um estado absolutis-
ca e de ministros do STF, por exemplo).
ta, por exemplo.
Além de independentes, os três poderes precisam ser har-
Já a expressão estado democrático indica que o poder, em mônicos, cada um exercendo seu papel e respeitando a com-
nosso país, emana do povo, o qual têm a prerrogativa inalie- petência dos outros. Diferentemente do sistema parlamenta-
nável de eleger seus representantes, conforme aliás, deflui do rista, que reconhece a preponderância do Poder Legislativo
parágrafo único. sobre o Executivo, o sistema presidencialista adotado pelo
Além disso, a expressão Estado democrático de direito Brasil – de inspiração norte-americana – parte do princípio de
indica que deve haver, por parte do Estado Brasileiro, total res- igualdade plena entre os poderes.
peito aos direitos humanos. A independência dos poderes também deve ser respeitada
O Brasil é uma democracia representativa: Como ocorre nos Estados e nos Municípios, embora, no caso dos Municípios,
com as democracias em geral, nossa Constituição reconhece não se tenha o Poder Judiciário, mas apenas o Executivo (exerci-
que a titularidade do Poder Político pertence ao povo, mas de- do pelo Prefeito Municipal) e o Legislativo (exercido pela Câma-
termina que seu exercício será feito por pessoas eleitas pelo ra de Vereadores), sendo que o desrespeito a tal independência
povo (representantes). Tal sistema é chamado de democracia pode dar ensejo a intervenção estadual ou municipal.
representativa ou democracia indireta.
Aliás, isso não poderia ser diferente, uma vez que seria Objetivos Fundamentais da
absolutamente inviável que o Poder fosse exercido de forma República Federativa Brasileira
plena diretamente por todos os cidadãos brasileiros, o que
exigiria, por exemplo, que todo e qualquer projeto de lei fosse Tais objetivos estão expostos no Art. 3º da Constituição:
votado por todos os cidadãos, que qualquer um deles pudesse Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da Repú-
apresentar um projeto de lei, etc. blica Federativa do Brasil:
No entanto, embora o Brasil seja uma democracia represen- I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
tativa, existem três situações em que o povo exercerá o poder II. Garantir o desenvolvimento nacional;
diretamente: apresentação de projeto de lei de iniciativa popu- III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
lar, plebiscito e referendo. as desigualdades sociais e regionais;
IV. Promover o bem de todos, sem preconceitos de O princípio da não intervenção, porém, é relativo, não im-
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras pedindo que o Brasil venha a participar de missões organiza-
formas de discriminação. das pela ONU, por exemplo, ou que venha a intervir em outros
Esse dispositivo constitucional elege os objetivos principais países para resguardar os interesses dos cidadãos brasileiros,
de nossa república, as principais metas a serem alcançadas, cuja ou quando houver justificativa humanitária para tal.
persecução não deve ser interrompida enquanto não alcançadas.
Embora possam parecer objetivos utópicos, descrevem
Igualdade entre os Estados
eles um conceito ideal que deve servir de paradigma à nossa Diante do Estado brasileiro, todos as outras nações são
nação, sendo principalmente um norte a ser respeitado pelos iguais, merecendo, em princípio, o mesmo tratamento e res-
legisladores e administradores públicos. peito, não havendo quaisquer Estados “naturalmente” mere-
cedores de tratamento especial em relação a outros.
Princípios de Relações Internacionais Porém, assim como o princípio da igualdade aplicado aos
O Art. 4º cita os princípios que deverão nortear o Brasil em nacionais, esse conceito admite relativização, seja pela reci-
suas relações com os outros países: procidade, seja pela observância dos direitos humanos nos
Art. 4º. A República Federativa do Brasil rege-se nas mais diversos países, seja por razões econômicas, que podem
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: fazer com que o Brasil dê tratamento econômico mais benéfico
I. Independência nacional; a alguns países, por exemplo.
II. Prevalência dos direitos humanos; Além disso, quando trata dos direitos de nacionalidade,
III. Autodeterminação dos povos; por exemplo, a Constituição concede alguns “benefícios” a
IV. Não intervenção; cidadãos portugueses ou que sejam originários de países lu-
V. Igualdade entre os Estados; sófonos.
VI. Defesa da paz; Defesa da Paz e Solução Pacífica dos Conflitos
VII. Solução pacífica dos conflitos; O Brasil deve sempre pautar-se pela manutenção e im-
VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo; posição da paz e busca de soluções pacíficas para os conflitos,
IX. Cooperação entre os povos para o progresso da embora se reconheça que, em algumas situações excepcionais,
humanidade; a força possa ser utilizada, desde que de forma proporcional e
X. Concessão de asilo político. somente durante o tempo estritamente necessário.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
buscará a integração econômica, política, social e cul- Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo
tural dos povos da América Latina, visando à forma- Nosso país deve deixar claro, em suas relações interna-

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ção de uma comunidade latino-americana de nações. cionais, que repudia qualquer forma de terrorismo e racismo,
Vejamos cada um deles: rejeitando qualquer acordo internacional que os estimule de
qualquer forma, devendo deixar sua discordância das políticas
Independência Nacional de países que tolerem tais práticas.
Decorre da própria soberania o princípio de que o Brasil
deve manter uma posição independente frente a outros países, Cooperação dos Povos para o Pro-
nunca subordinando os interesses nacionais aos estrangeiros. gresso da Humanidade
Ser independente não significa ser arrogante ou inflexível, O Brasil entende que deve haver cooperação entre as na-
mas sim pautar seu comportamento de forma autônoma em ções, não só a nível militar, mas também nos demais diversos
relação aos demais países, não submetendo automaticamente aspectos (econômico, tecnológico, ambiental, etc.), buscando
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
sua vontade aos desejos e interesses de outras nações. o bem-estar e progresso da raça humana.
Prevalência dos Direitos Humanos Esse é um princípio de larga abrangência e mostra a dis-
Corolário do fundamento da dignidade da pessoa humana, posição do Brasil em colaborar com a busca de um mundo
tal princípio determina que, em suas relações internacionais, melhor.
nosso país deve sempre respeitar e fazer respeitar os direitos
humanos contra qualquer violação por parte de Estados ou Concessão de Asilo Político
particulares, não sobrepondo a esse respeito qualquer interes- Asilo político é o acolhimento de estrangeiro em virtude de
se econômico ou político. perseguição sofrida por ele por parte de seu país ou de tercei-
ros. É um instituto adotado por toda grande democracia.
Autodeterminação dos Povos e Não Intervenção
Entre as causas da perseguição que podem dar azo ao
Assim como o Brasil deseja ser respeitado como um país so-
pedido de asilo político, podemos citar: dissidência política,
berano, também deve respeitar a soberania (autodeterminação)
das demais nações, que têm o direito de traçar seu próprio des- manifestação de pensamento ou crimes relacionados à segu-
tino, desde que não invadam a esfera de influência da soberania rança do Estado e que não configurem delitos no direito penal
brasileira e de outros países. Assim, a intervenção não autoriza- comum.
da do Brasil em assuntos internos de outros países é rechaçada A concessão do asilo é ato de soberania estatal, discricio- 199
pelo nosso ordenamento jurídico. nário e de competência do Presidente da República.
Integração da América Latina Essa ideia de superioridade da Constituição em relação às leis
200 Nossa Constituição, no parágrafo único do Art. 4º, coloca ex- é o que se chama de “Princípio da Supremacia da Constituição”.
pressamente como uma das metas de nossa República a busca da Para garantir tal supremacia, o Poder Judiciário utiliza-se do
integração latino-americana, culminando com a criação de uma co- chamado mecanismo de controle de constitucionalidade, afas-
munidade de nações. tando do ordenamento jurídico aquelas normas consideradas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Essa é uma realidade bastante distante, se não utópica, inconstitucionais.


diante das grandes assimetrias, rivalidades históricas e inte- Conceito Ideal de Constituição
resses distintos dentro do grande continente ibero-americano.
Durante o século XIX, tendo em vista o surgimento de mo-
Não obstante isso, o Brasil tem sido um dos países da região
vimentos liberais em praticamente toda a Europa, exigindo
que mais têm engendrado esforços nesse sentido, como podemos
que os respectivos monarcas de cada país aceitassem subme-
observar na iniciativa de criação e desenvolvimento do Mercosul,
ter-se a uma Constituição, surgiram muitos textos com esse
UNASUL e outros.
nome, mas que, na prática, serviam para legitimar o poder real.
Essa integração deve ser promovida por meio de tratados
Ou seja, funcionavam como “falsas constituições” para re-
internacionais, os quais serão incorporados ao ordenamento
forçar a autoridade dos reis.
jurídico nacional da mesma forma que os demais tratados, ou
seja, somente após a ratificação pelo Congresso Nacional. Para combater isso, os constitucionalistas criaram o que
ficou conhecido como “conceito ideal de Constituição”.
2. Teoria Geral da Constituição Segundo ele, uma constituição, para que possa ser de fato
considerada como tal, deve:
Neste capítulo, trataremos da teoria geral da Constituição, ▷ Consagrar um sistema de garantias da liberdade
Ş
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especificamente suas origens, seu conceito e sua classificação. (mecanismos de defesa do cidadão contra arbítrios
Além disso, veremos a classificação das normas constitucio- estatais);
nais quanto à sua eficácia; discutiremos o poder constituinte, e ▷ Conter o princípio da divisão de poderes, permitindo
também as emendas constitucionais. o controle sistêmico do Estado por si mesmo;
Conceito de Constituição e Princípio ▷ Ser escrita.

da Supremacia da Constituição Classificação das Constituições


Costuma-se dizer que a origem das Constituições seria a As constituições podem ser classificadas por diversos cri-
chamada “Magna Charta Libertatum”, ou simplesmente “Mag- térios. Vejamos os principais deles:
na Carta”, que foi assinada em 1215, pelo Rei João Sem Terra Quanto ao Conteúdo
da Inglaterra, na qual o mesmo aceitava limitações impostas à
Na verdade, não se trata de um critério de classificação de
sua autoridade por parte dos nobres locais.
constituições, mas sim de normas constitucionais.
Esse documento é considerado como um embrião das
constituições atuais porque, pela primeira vez, entendia-se Por ele, as normas constitucionais podem ser agrupadas
que até o mesmo próprio rei teria que se submeter a um do- em dois grupos: constituição material e constituição formal.
cumento jurídico. Constituição material: conjunto de regras substancial-
No entanto, embora se considere que essa seria a origem mente constitucionais, ou seja, são aquelas normas que tratam
remota das constituições, o constitucionalismo, como ramo do de assuntos propriamente constitucionais, como organização
Direito, surgiu juntamente com as constituições escritas e rí- do Estado, direitos fundamentais, etc.
gidas, sendo que as primeiras foram a dos Estados Unidos da Constituição formal: o conjunto de todas as regras cons-
América, em 1787, após a independência das 13 colônias ingle- tantes da constituição escrita, consubstanciada em um docu-
sas, e a da França, em 1791, após a Revolução Francesa de 1789. mento solene, mesmo que algumas dessas regras tratem de
Essas duas constituições apresentavam dois traços mar- matéria não propriamente constitucional. Ou seja, é tudo o
cantes: organização do Estado e limitação do poder estatal, que consta em uma constituição.
por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais. Existem normas que são formalmente constitucionais, po-
Mas, o que vem a ser uma constituição? rém materialmente não o são, porque tratam de assunto que
A palavra constituição tem o significado de estrutura, for- poderia muito bem não estar da Constituição. Exemplo disso é
mação, organização. a disposição constante no Art. 242, § 2º:
Pode ser definida como a lei fundamental e suprema de § 2º. O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de
um Estado, que contém normas referentes à estruturação do Janeiro, será mantido na órbita federal.
Estado, forma de governo e aquisição do poder, direitos e ga-
rantias dos cidadãos. Quanto à Forma
Ou seja, a Constituição vai definir, em normas gerais, o fun- Quanto à sua forma, as constituições dividem-se em escri-
cionamento do Estado, bem como os direitos fundamentais de tas e costumeiras.
seus cidadãos. As escritas, conforme o próprio nome indica, caracterizam-
É o principal documento jurídico de uma nação e todas se por se encontrarem consubstanciadas em textos legais for-
as leis lhe devem obediência, sendo que aquelas que contra- mais. A grande maioria dos países ocidentais adota essa forma.
disseram a Constituição serão consideradas como aberrações Ex.: Constituições brasileira, americana, francesa, alemã,
jurídicas, e não devem produzir efeitos. portuguesa, etc.).
Já as constituições costumeiras são aquelas que não es- As rígidas são aquelas que somente podem ser alteradas
tão codificadas somente em textos legais formais, mas são mediante um processo especial, mais solene e mais difícil do que
formadas pelos costumes e decisões dos tribunais (a chama- o utilizado na elaboração das leis.
da jurisprudência) e em textos constitucionais esparsos. Seu As flexíveis caracterizam-se por poderem ser modificadas
maior exemplo é o da Constituição Inglesa, pois aquele país sem a exigência de um processo qualificado diferente do ado-
não possui um documento intitulado “Constituição”, sendo as tado para a legislação ordinária. Ou seja, são aquelas que são
normas organizadoras do Estado Inglês formadas ao longo de alteradas da mesma forma que as leis.
um extenso período de tempo. Por sua vez, as semirrígidas ou semiflexíveis são aque-
Quanto ao Modo de Elaboração las que contêm uma parte rígida, que somente pode ser al-
terada por um processo diferenciado, e uma parte flexível,
Quanto a esse critério, podem as constituições ser dogmá- que pode ser alterada por leis comuns.
ticas ou históricas.
A Constituição Brasileira de 1988 é rígida.
Na verdade, essa classificação está muito ligada à classifi-
cação quanto à forma da constituição. As dogmáticas são sem- Quanto à Extensão
pre escritas e são elaboradas por um órgão constituinte em um De acordo com esse critério, as constituições podem ser
momento preciso e determinado, produzindo um documento analíticas ou sintéticas.
que pode ser datado e que refletirá as ideias predominantes na As constituições analíticas, também chamadas de dirigen-
sociedade em um determinado momento. tes, têm esse nome por serem mais detalhadas, regendo todos
Toda constituição escrita é dogmática e vice-versa. os assuntos que entendam relevantes à formação, destinação e
Já as históricas, que estão associadas às constituições cos- funcionamento do Estado. Por tal razão são chamadas também
tumeiras, têm sua formação dispersa no tempo, sendo conso- de dirigentes.
lidadas através de um lento processo histórico, não havendo Já as constituições sintéticas, também chamadas de nega-
um momento em que se possa dizer: “eis a nossa Constitui- tivas, preocupam-se somente com os princípios e as normas
ção pronta!”, estando em um processo de contínua formação gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu
e alteração, uma vez que não estão consubstanciadas em um poder através dos direitos e garantias individuais. Ou seja, pra-
único documento. ticamente só possuem normas materialmente constitucionais.
Uma vez mais, quem nos fornece o exemplo é a Constitui- São chamadas de sintéticas por serem resumidas e trata-
ção Inglesa. rem somente dos assuntos materialmente constitucionais.
As constituições mais recentes tendem a ser analíticas.
Quanto à Origem
Exemplo de constituição analítica é a nossa atual e
Sob esse ponto de vista, as constituições podem ser popu- exemplo de constituição sintética é a norte-americana.
lares, outorgadas ou cesaristas.

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As constituições populares são elaboradas por um órgão Poder Constituinte
eleito pela vontade popular, chamado normalmente de As-
sembleia Constituinte, que assim delibera e aprova o docu- Conceito
mento como representante da vontade dos nacionais. Exem- O Poder Constituinte pode ser definido como a manifes-
plo desse tipo é a nossa Constituição atual. tação soberana da suprema vontade política de um povo,
As constituições outorgadas se caracterizam por serem social e juridicamente organizado, que se manifesta na ela-
elaboradas sem a participação do povo, mas são impostas boração e alteração da Constituição.
(outorgadas) por alguém ou um grupo que não recebeu do Ou seja, é o poder constituinte que elabora e altera a Cons-
povo o poder constituinte originário. tituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Exemplo dessas constituições são as constituições brasilei-
ras de 1824, 1937 e 1967.
Titularidade
Por fim, as chamadas constituições cesaristas ou plebis- Em uma democracia, o poder constituinte pertence ao povo.
citárias representam um meio-termo entre os dois primeiros Assim, a vontade constituinte é a vontade do próprio povo.
tipos, pois são elaboradas por alguém que não recebeu do Porém, embora o povo seja o titular do direito, quem o
povo a incumbência de elaborar a constituição, porém são exerce são seus representantes, uma vez que o exercício di-
submetidas posteriormente a um processo de aprovação po- reto do poder constituinte pelo povo é inviável. Essa titula-
pular (plebiscito). ridade (mas não exercício direto) fica claro no preâmbulo de
nossa Constituição: Nós, representantes do povo brasileiro,
Quanto à Possibilidade de Alteração reunidos... e no parágrafo único do Art. 1º. Todo o poder emana
Nesse aspecto, as constituições podem ser: imutáveis, rígi- do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
das, flexíveis ou semirrígidas. diretamente, nos termos desta Constituição.
As constituições imutáveis não admitem qualquer mo-
dificação por qualquer meio, tendo sempre o mesmo texto
Espécies de Poder Constituinte
perpetuamente. Como se pode logo concluir, estão fadadas a O Poder Constituinte classifica-se em:
uma existência de curta duração, uma vez que não podem ser ▷ Poder Constituinte originário ou de 1º grau; 201
alteradas para adaptarem-se às mudanças da sociedade. ▷ Poder Constituinte derivado ou de 2º grau.
Poder Constituinte Originário nária ou complementar que lhes desenvolva a apli-
202 O Poder Constituinte originário elabora a Constituição do cabilidade. Ou seja, precisam ser regulamentadas.
Estado, organizando-o e criando seus poderes. Ex.: Art. 7º, XI.
O exercício desse poder se manifesta na elaboração de Além desses três tipos, podemos citar também as normas
programáticas:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

uma nova constituição.


Pode-se identificar duas formas de expressão desse poder: ▷ Normas programáticas: caracterizam-se por ex-
através de uma Assembleia Constituinte eleita pelo povo, ato pressarem valores que devem ser respeitados e
chamado de convenção (constituições populares, tendo como perseguidos pelo legislador. Não têm a pretensão
um dos exemplos a Constituição Federal de 1988) ou de um de serem de aplicação imediata, mas sim de apli-
Movimento Revolucionário, através de um ato de outorga, cação diferida, paulatina, constituindo um norte ao
como ocorreu com a Constituição de 1824. legislador. Por isso, normalmente, trazem conceitos
O Poder Constituinte originário caracteriza-se por ser vagos e abertos. Um exemplo de norma programá-
inicial (dá início ao ordenamento jurídico), ilimitado (não é tica seria o Art. 7º, inciso IV, de nossa Constituição
limitado por qualquer norma jurídica anterior) e incondicio- Federal, que trata do salário mínimo:
nado (forma livre de exercício). Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e ru-
rais, além de outros que visem à melhoria de sua con-
Poder Constituinte Derivado dição social:
Tem esse nome porque deriva das normas estabelecidas IV. Salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente
pelo Poder Constituinte originário. unificado, capaz de atender a suas necessidades
Além de derivado do Poder Constituinte originário, apre- vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
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senta as características de subordinado ou limitado (encontra- mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
se limitado pelas normas do texto constitucional, às quais deve ne, transporte e previdência social, com reajustes
obedecer, sob pena de inconstitucionalidade) e condicionado, periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
uma vez que seu exercício deve seguir as regras estabelecidas sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
pelo Poder Constituinte originário.
Por sua vez, o Poder Constituinte derivado subdivide-se Emendas Constitucionais
em: No exercício do Poder Constituinte Derivado, o Estado
Poder Constituinte Derivado Reformador: Consiste na pode alterar o texto constitucional, respeitados os limites im-
possibilidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando- postos pelo Poder Constituinte Originário.
se os limites e a forma estabelecidos na Constituição. Estas alterações se dão por meio das chamadas emendas
Poder Constituinte Derivado Decorrente: Consiste na constitucionais, as quais, uma vez aprovadas, passam a com-
capacidade, em um Estado Federal, de os Estados-membros por o texto original da Magna Carta, em pé de igualdade com
auto-organizarem-se por meio de constituições estaduais, res- as demais normas.
peitando as regras contidas na Constituição Federal. A emenda constitucional é expressamente prevista como
Assim, no Brasil, por exemplo, cada Estado possui a sua espécie normativa no Art. 59 da Constituição Federal.
própria Constituição, e os Municípios podem elaborar suas Leis No entanto, para sua aprovação, uma proposta de emenda
Orgânicas.
constitucional não pode incidir em alguma das restrições pre-
Classificação das Normas vistas pelo constituinte.

Constitucionais Quanto à sua Eficácia Restrições às Emendas Constitucionais


As normas constitucionais podem ser classificadas de As restrições às emendas constitucionais podem ser de
acordo com sua aplicabilidade, ou seja, de acordo com sua ca- dois tipos: materiais (também chamadas de cláusulas pé-
pacidade de produzirem efeitos. treas), temporais e formais.
A classificação tradicional é do jurista José Afonso da Sil- Restrições Materiais
va, que divide as normas constitucionais em três categorias: Têm esse nome porque são restrições de conteúdo (maté-
normas de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia li- ria). Ou seja, a Constituição proíbe a aprovação de emendas que
mitada. tratem de determinadas matérias.
▷ Normas de eficácia plena: são aquelas que, desde a Essas matérias que não podem ser objeto de emendas es-
entrada em vigor da Constituição, produzem ou po- tão previstas no Art. 60, parágrafo 4º, e são chamadas pela
dem produzir todos os seus efeitos essenciais, nos
doutrina de cláusulas pétreas.
termos propostos pelo constituinte (Ex.: os remé-
dios constitucionais). Vejamos o texto deste dispositivo:
▷ Normas de eficácia contida: são aquelas que, em- Art. 60 (...)
bora produzam seus efeitos desde logo, foi deixada § 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de
margem, pelo constituinte, de restrição, pelo legisla- emenda tendente a abolir: I. A forma federativa de
dor ordinário, de seus efeitos. Ex.: Art. 5º, XIII. Estado;
▷ Normas de eficácia limitada: somente produzem II. O voto direto, secreto, universal e periódico;
seus efeitos plenamente após a edição de lei ordi- III. A separação dos Poderes;
IV. Os direitos e garantias individuais.
Teoria da dupla revisão:
3. Direitos e Garantias Fundamentais
O constitucionalista português José Gomes Canotilho de- Já vimos que, na concepção ideal de constituição, esta
fendia ser possível a alteração das cláusulas pétreas, desde que deve prever os direitos de defesa do indivíduo contra o Po-
antes fosse alterado o texto constitucional que as defina (teoria der do Estado, que são os chamados direitos fundamentais.
da dupla revisão). Ou seja, primeiro altera-se o rol das cláusulas Porém, modernamente se admite que estes vão muito além
pétreas e depois altera-se a constituição no particular. dessa limitação, abarcando também o direito a uma vida digna
No entanto, a maioria dos doutrinadores brasileiros rejeita e com plena participação na vida política da nação.
esta tese por ser uma forma de burlar a vontade soberana do Nossa Constituição estabelece que as normas que con-
Constituinte Originário. substanciam direitos fundamentais são de eficácia imediata.

Restrições Temporais Diferenciação entre Direitos e


O Art. 60, § 1º, estabelece que a Constituição não poderá Garantias Fundamentais
ser emendada:
Alguns autores fazem diferenciação entre direitos e garan-
▷ Na vigência de intervenção federal;
tias fundamentais, afirmando que aqueles preveem a proteção
▷ Na vigência de estado de defesa; do indivíduo contra o arbítrio estatal e estas proveem meios
▷ Na vigência de estado de sítio. ao exercício destes direitos, mormente quando violados, tendo
Restrições Formais assim, um caráter instrumental e assecuratório.
As restrições formais nada mais são do que os procedi- Assim, por exemplo, o direito à liberdade seria um direito
mentos necessários para que a emenda constitucional possa fundamental, ao passo que o Habeas Corpus seria uma ga-
ser votada e aprovada. rantia fundamental.
Pelo fato de a nossa constituição ser rígida, a elaboração Gerações dos Direitos Fundamentais
de emendas à Constituição exige um processo legislativo mais
Embora hoje se fale de direitos fundamentais de até sé-
rígido e dificultoso do que o ordinário.
tima geração, a doutrina tradicionalmente identifica três ge-
Ou seja, as restrições formais são os requisitos que deverão rações – ou dimensões – de direitos fundamentais, de acordo
ser observados para a aprovação da emenda. Estão ligados à com sua evolução histórica, baseando-se na “Teoria das Gera-
iniciativa para a propositura da emenda, ao rito e ao quórum ções dos Direitos Fundamentais”, aventada pelo professor e
necessários para sua aprovação. jurista alemão Karel Vasak.
Iniciativa: A partir da quarta geração, começa a haver divergência
De acordo com o Art. 60 da CF, a Constituição poderá ser entre os constitucionalistas, seja sobre sua existência, seja so-

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emendada mediante proposta: bre seu conteúdo, sendo por isso, quase nunca cobrados em
I. De um terço, no mínimo, dos membros da Câma- provas, que costumam normalmente cobrar até a terceira ge-
ra dos Deputados ou do Senado Federal; ração (teoria de Vasak). Ainda assim, apresentam-se as quatro
II. Do Presidente da República; primeiras gerações ou dimensões:
III. De mais da metade das Assembleias Legislativas ▷ Direitos de primeira geração: direitos civis e políti-
das unidades da Federação, manifestando-se, cada cos. Constituem as liberdades negativas, clássicas ou
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. formais. Constituem limites à ingerência do Estado
Ou seja, uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) na vida privada. Estão ligados fundamentalmente à
somente pode ser apresentada por uma dessas pessoas ou liberdade do indivíduo. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

entidades. ▷ Direitos de segunda geração: direitos econômicos,


Rito e quórum de aprovação: sociais e culturais. Não só impõem limites ao Estado,
mas também buscam garantir uma existência digna
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) terá sua cons- aos cidadãos. São chamadas de liberdades positivas,
titucionalidade examinada pela Comissão de Constituição e podem ser associados à igualdade.
e Justiça da Casa onde foi proposta. Após isso, será coloca-
▷ Direitos de terceira geração: materializam poderes
da em plenário e será votada em dois turnos, sendo que, em
de titularidade coletiva, cujo exercício e benefício
cada um deles, deverá ser aprovada por três quintos dos votos
não se atém ao bem do indivíduo somente, mas de
dos membros daquela Casa (maioria qualificada de 60% dos
toda a coletividade (interesses difusos).
membros).
Ex.: Direito a um meio ambiente equilibrado, progresso,
Se a PEC for aprovada nestes dois turnos, será enviada a paz. Por não tutelarem direitos individuais nem de uma
para votação na outra Casa legislativa, onde também deverá coletividade específica, estão ligados ao ideal de solidarie-
ser aprovada em dois turnos com três quintos de aprovação. dade ou fraternidade.
Após isso, se aprovada, será então promulgada pelas Me- ▷ Direitos de quarta geração: compreendem os direi-
sas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. tos à democracia, informação e pluralismo, para uns,
Não existe necessidade de sanção presidencial para e os direitos relativos à biotecnologia, manipulação 203
uma proposta de emenda constitucional. genética, para outros.
Relatividade dos Direitos devem ser tratados igualmente e as situações distintas devem
204 ser tratadas distintamente, na medida de sua desigualdade, de
Fundamentais acordo com a máxima aristotélica de que os iguais devem ser
Embora seja reconhecida a essencialidade dos direitos fun- tratados de forma igual, e os desiguais, de forma desigual, na
damentais, estes não são absolutos, sofrendo limitações em medida de sua desigualdade.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

função de outros direitos fundamentais, tudo para o bem da


própria sociedade. O que se veda é a discriminação arbitrária e injustificada.
Assim, por exemplo, não se admite que práticas ilícitas Assim, por exemplo, não seria inconstitucional a norma que
sejam acobertadas pelo pretenso exercício de um direito fun- preveja a contratação somente de homens para concurso de
damental e, no caso, de conflitos entre direitos fundamentais e agente penitenciário de uma prisão masculina, ou o pagamen-
outros direitos, esses poderão sofrer restrições. to de determinados benefícios em dinheiro somente para os
reconhecidamente pobres, por exemplo.
Destinatários dos Direitos Embora o caput do Art. 5º consagre a igualdade genérica
Fundamentais entre todos os brasileiros sem distinção de qualquer natureza,
Não obstante nossa constituição afirmar que os direitos o primeiro inciso do Art. 5º de nossa Constituição achou por
e garantias fundamentais são assegurados ao brasileiro e ao bem reforçar, em virtude das históricas injustiças contra o sexo
estrangeiro residente no Brasil, essa titularidade dos direitos feminino, a igualdade entre homens e mulheres.
deve ser ampliada para abarcar todos aqueles que se encon- Note-se que a expressão nos termos dessa Constituição
tram no território brasileiro, sejam nacionais ou não. indica que a Magna Carta pode estabelecer distinções que, a
Da mesma forma, essa extensão alcança também as pes- princípio, não serão julgados à luz desse princípio (como é o
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soas jurídicas, no que couber, evidentemente. caso da isenção do serviço militar às mulheres, em tempos de
paz), ao passo que a legislação inferior somente pode estabe-
Classificação dos Direitos lecer as distinções que visem o estabelecimento da igualdade
Fundamentais Segundo a (tratar desigualmente os desiguais).
nossa Constituição Princípio da Legalidade
A classificação prevista em nossa Constituição permite
identificar cinco classes de direitos e garantias fundamentais: Dispõe o inciso II do Art. 5º de nossa CF:
▷ Direitos e garantias individuais e coletivos; II. Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fa-
▷ Direitos sociais; zer alguma coisa senão em virtude de lei;
▷ Direitos de nacionalidade; Sendo o Brasil um Estado democrático de direito, a lei en-
▷ Direitos políticos; contra-se acima dos particulares e do próprio Estado (império
▷ Direitos relacionados à existência e organização dos da lei), sendo que a exigência de comando legal para a impo-
partidos políticos. sição de obrigações se caracteriza como a principal garantia do
cidadão contra o arbítrio estatal e também contra a opressão
3.1. Direitos e Garantias Individuais e por parte de outros particulares.
Coletivos A palavra lei aqui deve ser entendida no sentido de uma
das espécies normativas previstas no Art. 59 de nossa Cons-
Os direitos e garantias individuais e coletivos estão elenca-
tituição Federal:
dos no Art. 5º de nossa Constituição Federal, o maior de todos
os seus artigos, que, em seus 78 incisos, trata do tema organi- ▷ Emendas constitucionais (aprovadas, passam a inte-
zando-o por assuntos. grar a Constituição Federal sem qualquer distinção
em relação às normas originárias);
Princípio da Igualdade ▷ Leis complementares;
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de ▷ Leis ordinárias;
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos ▷ Leis delegadas;
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di- ▷ Medidas provisórias;
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
▷ Decretos legislativos;
propriedade, nos termos seguintes:
I. Homens e mulheres são iguais em direitos e obri- ▷ Resoluções.
gações, nos termos desta Constituição; Evidentemente, para que a lei possa impor obrigações
O caput do Art. 5º destaca a importância deste princípio, ou restringir direitos, deve ser elaborada de acordo com as
ao afirmar que todos são iguais perante a lei. Não bastasse regras do processo legislativo e ser materialmente compa-
isso, complementa dizendo sem distinção de qualquer nature- tível com as normas constitucionais. Se tal não ocorrer, será
za. A igualdade é a base de um sistema jurídico justo. inconstitucional, não gerando quaisquer efeitos, como se
Evidentemente, essa igualdade prevista na Constituição nunca tivesse existido (efeitos ex tunc da declaração de in-
deve ser vista em termos relativos, no sentido de que os iguais constitucionalidade).
Diferenciação entre o Princípio da Estado não pode proibir ninguém de expressar seu pensamento,
porém, uma vez expresso, será possível sempre o controle de
Legalidade e o Princípio da Reserva Legal sua legalidade, através do Poder Judiciário.
Embora a maioria utilize os conceitos como sinônimos, A liberdade de expressão, porém, está condicionada à
outros, como Alexandre de Moraes e José Afonso da Silva, os identificação do autor, para que se evitem manifestações le-
distinguem. vianas que ofendam terceiros e para que se possa responsabi-
De acordo com eles, o princípio da legalidade seria mais lizar aqueles que as fizerem.
amplo, e envolveria todas as espécies normativas previstas na
Tal exigência, porém, não impede que o jornalista guarde o si-
Constituição Federal (conforme vimos).
gilo de suas fontes, respondendo ele, porém, no caso de optar por
Já o princípio da reserva legal ocorreria quando a Cons- esse sigilo, por declarações injuriosas, difamatórias ou caluniosas
tituição reservasse o tratamento de determinada matéria à sem base fática.
disciplina de lei formal, que é aquela aprovada pelo Poder Le-
gislativo de forma solene, e excluiria, por exemplo, as Medidas O inciso V assegura o direito de resposta, sem prejuízo da
Provisórias e as Leis Delegadas. Como exemplo, temos o inciso indenização por dano material ou moral:
XXXIX do Art. 5º: V. É assegurado o direito de resposta, proporcional
XXXIX. Não há crime sem lei anterior que o defina, ao agravo, além da indenização por dano material,
nem pena sem prévia cominação legal; moral ou à imagem;
Proporcional ao agravo significa que deve ser dado à víti-
Proibição da Tortura ma o direito de resposta no mesmo veículo de comunicação e
Além de colocar a dignidade da pessoa humana como um com o mesmo espaço dado à notícia injuriosa.
dos fundamentos de nossa República, a Constituição Federal,
claramente influenciada pelos excessos do regime ditatorial Liberdade de Consciência e
que lhe antecedeu, expressamente declara no inciso III do Art. Crença Religiosa, Convicção
5º a inadmissibilidade da tortura (tanto física como psicológi-
ca) e do tratamento desumano ou degradante: Filosófica ou Política
III. Ninguém será submetido a tortura nem a trata- Dispõe o inciso VI, do Art. 5º:
mento desumano ou degradante; VI. É inviolável a liberdade de consciência e de
Essa proibição não comporta exceção de qualquer natureza crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
quanto à justificativa e alcança a todos indistintamente, nacio- tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
nais ou não, até mesmo os criminosos e os que representem sé- ção aos locais de culto e a suas liturgias;
rios riscos à sociedade: esses devem ser neutralizados, todavia
O Brasil é um Estado laico (ou leigo), mas não ateu. O Es-
sem a utilização da tortura e do tratamento indigno ou cruel.
tado brasileiro não pode subvencionar ou privilegiar qualquer

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A norma do inciso III é complementada pelo comando do segmento religioso, mas respeita todas as convicções religiosas.
inciso XLIII:
Nossa constituição garante tanto a liberdade de consciên-
XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
cia e de crença como a liberdade de culto.
suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o Enquanto a liberdade de crença refere-se à convicção ínti-
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, ma do indivíduo, a liberdade de culto refere-se à exterioriza-
por eles respondendo os mandantes, os executores ção dessa crença.
e os que, podendo evitá-los, se omitirem; E não se contenta a Carta Magna em somente permitir a
Tal dispositivo, por tratar de norma de direito penal, é de liberdade de culto, mas também garante a proteção dos locais
de culto e às suas liturgias contra a ação de terceiros. Além
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
eficácia limitada, e é regulamentada, no que se refere à tortu-
ra, pela Lei nº 9.455/97, definindo a tortura como sendo o ato disso, os templos são isentos do pagamento de impostos.
de constranger alguém com emprego de violência ou grave Nessa mesma linha, temos o inciso VII:
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental. VII. É assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares
Liberdade de Pensamento de internação coletiva;
e Direito de Resposta Sendo o direito à religiosidade um direito fundamental do
Nossa constituição prevê a plena liberdade de expressão cidadão, o Estado deve garantir o exercício deste direito àque-
nos incisos IV e IX de seu Art. 5º: les que estiverem custodiados sob sua responsabilidade ou de
IV. É livre a manifestação do pensamento, sendo terceiros, em presídios, hospitais, casernas, manicômios, etc.
vedado o anonimato; A expressão nos termos da lei indica tratar-se de norma
IX. É livre a expressão da atividade intelectual, ar- de eficácia limitada.
tística, científica e de comunicação, independente- VIII. Ninguém será privado de direitos por motivo
mente de censura ou licença; de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
A manifestação do pensamento tem o significado de exte- política, salvo se as invocar para eximir-se de obri-
riorização de ideias, e abrange todas as formas de comunicação, gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 205
não podendo o Estado impor censura ou exigir licença prévia. O prestação alternativa, fixada em lei;
O inciso VIII diz que ninguém pode ser penalizado em vir- Importante observar que, de acordo com o Supremo Tribu-
206 tude de sua crença religiosa, convicção filosófica ou política. nal Federal, a expressão domicílio abarca não somente a resi-
Existe somente uma hipótese em que isto pode ocorrer: dência, mas qualquer local que constitua um recinto fechado
recusa ao cumprimento de obrigação a todos imposta. Mesmo ou de acesso controlado, como um escritório de advocacia, um
nesse caso, porém, deve-se dar ao indivíduo a oportunidade consultório médico ou um ateliê, uma vez que o que se busca
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de cumprir prestação alternativa prevista em lei, e somente se proteger é a privacidade do indivíduo.


este se recusar a cumprir tal prestação, é que poderá sofrer a
restrição de direitos. Inviolabilidade das Comunicações
Exemplo de aplicação desse dispositivo é a recusa de de- XII. É inviolável o sigilo da correspondência e das
terminadas pessoas em cumprir o tempo de serviço militar comunicações telegráficas, de dados e das comu-
obrigatório por convicção filosófica, devendo cumprir a pres- nicações telefônicas, salvo, no último caso, por
tação alternativa prevista na Lei nº 8.239/91. ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou
Direito à Privacidade e à instrução processual penal;
Tal garantia abrange também as comunicações por meios
Preservação da Honra eletrônicos.
X. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a A exceção somente se aplica às comunicações telefônicas e
honra e a imagem das pessoas, assegurado o di- nos casos de investigação ou instrução penal, ou seja, em que
reito a indenização pelo dano material ou moral houver suspeita de prática de crime.
decorrente de sua violação; Por último, cabe observar que somente um juiz pode de-
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O inciso X do Art. 5º de nossa CF, assegura a inviolabilida- cretar a quebra de sigilo telefônico, respeitadas as condições
de da intimidade, vida privada, honra e imagem dos cidadãos, impostas pela lei.
prevendo indenização em caso de violação indevida. A jurisprudência tem admitido a possibilidade de quebra
de sigilos de comunicações eletrônicas (como e-mails e SMS).
Intimidade: relações subjetivas e de trato íntimo da pes-
soa, suas relações familiares e de amizade. Devido à relatividade dos direitos fundamentais, a juris-
prudência admite a interceptação das comunicações epistola-
Vida privada: os demais relacionamentos humanos, in-
res (por meio de cartas) emitidas por detentos, pelo responsá-
clusive os que envolvem relações não íntimas, como relações vel pela unidade prisional.
comerciais, de trabalho, mas que dizem respeito somente ao
cidadão e aos demais diretamente envolvidos. Liberdade do Exercício de Profissão
Tal princípio, porém, no que se refere à intimidade e à XIII. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
vida privada, deve ser relativizado quando se tratar das cha- ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
madas pessoas públicas, ou seja, pessoas que, devido ao seu nais que a lei estabelecer;
ofício ou condição, estão sujeitas a uma maior exposição (ar- A priori, o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
tistas, políticos, etc.). são é livre, não havendo a necessidade do preenchimento de
Nesses casos, embora o Judiciário entenda que tais pes- qualquer requisito especial.
soas também tenham direito à proteção à intimidade, seus No entanto, trata-se de norma de eficácia contida, ou seja,
limites são menos definidos do que os aplicáveis aos cidadãos a lei pode exigir o preenchimento de determinados requisitos
comuns. de qualificação profissional para o desempenho de determina-
das atividades (por exemplo, exigir diploma para o exercício
Inviolabilidade do Domicílio da medicina, exigir diploma em Direito e aprovação no exame
XI. A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém da OAB para o desempenho da advocacia, etc.).
nela podendo penetrar sem consentimento do mo- Assim, se a lei não exigir expressamente a comprovação
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desas- de qualificação profissional, qualquer pessoa poderá exercer
tre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por qualquer atividade econômica.
determinação judicial; No entanto, não basta a existência de lei exigindo a qualifi-
Como regra geral, ninguém – nem mesmo a polícia ou re- cação, mas é necessário que tal exigência seja razoável. Assim,
presentantes da Justiça ou mesmo o Presidente da República – por exemplo, o STF decidiu, no julgamento do Recurso Ex-
pode entrar no domicílio alheio sem permissão do proprietário. traordinário 511.961, que a exigência de diploma universitário
No entanto, existem quatro exceções: para o exercício da profissão de jornalista, imposta pelo Decre-
to--Lei nº 972/69, era inconstitucional.
▷ Caso de flagrante delito (crime que está sendo pra-
ticado); Direito à Informação
▷ Caso de desastre (inundação, desabamento, explo- XIV. É assegurado a todos o acesso à informação e
são, etc.); resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
▷ Para prestar socorro (por exemplo, alguém que sofre ao exercício profissional;
um infarto); Este inciso trata do direito de todas as pessoas de obter
▷ Por determinação judicial, durante o dia (nesse caso, informações sobre os assuntos mais diversos e provenientes
nunca à noite). das mais diversas fontes. Assim, seria inconstitucional uma lei
que vedasse o acesso das pessoas a determinada fonte de in- para os fins que desejarem, desde que não seja para fins pa-
formações (sites da internet, periódicos, etc.). ramilitares.
O Estado não pode dizer a quais informações e provenien- XVIII. A criação de associações e, na forma da lei,
tes de quais fontes o cidadão terá acesso. a de cooperativas independem de autorização,
Visando justamente preservar o direito à informação, a sendo vedada a interferência estatal em seu fun-
Constituição permite aos profissionais (especialmente jorna- cionamento;
listas) não revelar a fonte de informações que divulgam. O Estado não pode interferir nas associações e coopera-
Obviamente, o direito à informação não impede que infor- tivas, que tem o direito de se organizarem conforme quise-
mações de interesse íntimo e privado de alguém sejam prote- rem, desde que respeitem as normas legais (por exemplo,
gidas do conhecimento público. Código Civil).
Além disso, o Estado não pode exigir qualquer autorização
Direito à Locomoção Dentro para a criação de associações. No que se refere às cooperativas,
do Território Nacional tal norma é de eficácia contida.
XV. É livre a locomoção no território nacional em XIX. As associações só poderão ser compulsoria-
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter- mente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso,
com seus bens; o trânsito em julgado;
Não pode haver qualquer limitação à movimentação de Para a suspensão (interrupção temporária das atividades)
pessoas dentro do território nacional. Assim, por exemplo, um ou para a dissolução (extinção definitiva) de associações exige-
Estado-membro da Federação não pode impor uma “tarifa de se sempre uma decisão judicial.
entrada” para um viajante que venha de outro Estado, nem No caso da dissolução exige-se ainda que de tal decisão
pode exigir um “visto” para isso. não caiba mais nenhum recurso, ou seja, exige-se o trânsito
Essa garantia somente pode ser relativizada em tempos de em julgado da decisão judicial.
guerra ou no caso de estado de sítio. XX. Ninguém poderá ser compelido a associar-se
No que se refere ao ingresso de alguém de fora no ter- ou a permanecer associado;
ritório nacional, porém, a norma acima é de eficácia contida, Assim como é garantido o direito de associação, também
podendo a lei estabelecer condições para aqui ingressar, aqui se garante o de direito de não se associar ou de desassociar-se
permanecer ou daqui sair com seus bens. a qualquer momento.
O desrespeito a tal preceito pode inclusive configurar cri-
Direito de Reunião me (Art. 199 do Código Penal).
XVI. Todos podem reunir-se pacificamente, sem XXI. As entidades associativas, quando expressa-

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armas, em locais abertos ao público, independen- mente autorizadas, têm legitimidade para repre-
temente de autorização, desde que não frustrem sentar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
outra reunião anteriormente convocada para o Permite-se às associações representar seus filiados pe-
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à rante terceiros e perante o próprio Judiciário (propondo ações
autoridade competente; judiciais, por exemplo), desde que elas sejam expressamente
Nossa constituição garante que todos podem reunir-se em autorizadas para isso, no estatuto ou em decisão da assem-
locais públicos sem necessidade de solicitar autorização ao bleia geral.
ente público.
Porém, impõe algumas condições: Direito de Propriedade
▷ A reunião deve ser pacífica;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XXII. É garantido o direito de propriedade;
▷ Os manifestantes não podem portar armas; XXIII. A propriedade atenderá a sua função social;
▷ Não devem frustrar outra manifestação anteriormente Nossa Constituição Federal reconhece o direito de proprie-
convocada para o mesmo local; e dade, entendido como o direito de usar, fruir e dispor da coisa.
▷ Deve haver aviso prévio à autoridade competente No entanto, tal direito não é absoluto.
para que esta possa, por exemplo, verificar se já não A propriedade, no entanto, deve atender sua função so-
há uma reunião marcada para o mesmo local e horá- cial, entendendo-se que o direito de propriedade não pode
rio, organizar o trânsito local, garantir a proteção dos ser exercido em prejuízo da sociedade (manutenção de uma
que participarão da reunião, etc. grande propriedade rural improdutiva, enquanto muitos não
Esse direito de reunião pode ser restringido nos casos de possuem terra para plantar, por exemplo).
guerra, estado de defesa e estado de sítio.
A Constituição estabelece as condições para que as pro-
Direito de Associação priedades urbanas e rurais atendam sua função social.

XVII. É plena a liberdade de associação para fins Função Social da Propriedade


lícitos, vedada a de caráter paramilitar; A Constituição define os requisitos para que as proprieda-
Quando a Constituição Federal diz que é plena a liberdade des urbanas e rurais sejam consideradas como cumprindo sua 207
de associação, está a dizer que as pessoas podem se associar função social:
Propriedade Urbana soriamente de um imóvel particular, cabível somente no caso
208 Art. 182 (...) de iminente perigo público (desabamento, inundação, etc.).
§ 2º. A propriedade urbana cumpre sua função social O dispositivo deixa claro que somente haverá indeni-
quando atende às exigências fundamentais de ordena- zação se houver dano (deterioração do imóvel, lucros ces-
santes, etc.).
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ção da cidade expressas no plano diretor.


Propriedade Rural Impenhorabilidade do
Art. 186. A função social é cumprida quando a proprie- Pequeno Imóvel Rural
dade rural atende, simultaneamente, segundo critérios
e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguin- XXVI. A pequena propriedade rural, assim defini-
tes requisitos: da em lei, desde que trabalhada pela família, não
I. Aproveitamento racional e adequado; será objeto de penhora para pagamento de débitos
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo
II. Utilização adequada dos recursos naturais dis- a lei sobre os meios de financiar o seu desenvol-
poníveis e preservação do meio ambiente; vimento;
III. Observância das disposições que regulam as Penhora é o ato judicial através do qual é tomada a pro-
relações de trabalho; priedade de um bem para pagamento de alguma dívida.
IV. Exploração que favoreça o bem-estar dos pro- O inciso XXVI proíbe que a pequena propriedade rural (cuja
prietários e dos trabalhadores. definição cabe à lei), que seja trabalhada pela família (sem uti-
Desapropriação lização de mão de obra de terceiros), sofra penhora para quitar
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débitos decorrentes de sua própria atividade produtiva.


XXIV. A lei estabelecerá o procedimento para de-
sapropriação por necessidade ou utilidade pública, Direitos dos Autores
ou por interesse social, mediante justa e prévia in-
XXVII. Aos autores pertence o direito exclusivo de
denização em dinheiro, ressalvados os casos pre-
utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
vistos nesta Constituição;
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fi-
Desapropriação é o ato administrativo pelo qual o Estado xar;
retira a propriedade de alguém.
Os autores de obras literárias e artísticas possuem direitos
Nossa Constituição traz as razões pelas quais isso pode ser perpétuos sobre as suas obras (mas que podem ser transmiti-
feito: necessidade ou utilidade pública (a coletividade precisa). dos a terceiros, se aqueles assim concordarem).
Necessidade pública: a administração está diante de uma Além disso, seus herdeiros também terão esses mesmos
situação de risco iminente. direitos, porém, nesse caso, por tempo limitado, estabelecido
Utilidade pública: a desapropriação é conveniente ao em lei ordinária.
atendimento do interesse público.
Interesse social: finalidade de reduzir as desigualdades Direitos de Participação
sociais. XXVIII. São assegurados, nos termos da lei:
Nessas três hipóteses, o proprietário deverá ser desapro- a) a proteção às participações individuais em
priado pelo desfalque sofrido em seu patrimônio. obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
O inciso XXIV atribui à lei o procedimento da desapropriação, humanas, inclusive nas atividades desportivas;
trazendo, porém, três requisitos em relação à indenização (salvo b) o direito de fiscalização do aproveitamento
nos casos excepcionados pela própria Constituição Federal): econômico das obras que criarem ou de que par-
▷ Deverá ser em dinheiro (não se pode pagar com tí- ticiparem aos criadores, aos intérpretes e às res-
tulos públicos, como ocorre com a desapropriação pectivas representações sindicais e associativas.
para reforma agrária, por exemplo); Esse dispositivo garante a participação econômica nas
▷ Deverá ser prévia (ou seja, o valor deve ser dispo- obras coletivas, bem como o direito de fiscalização desse apro-
nibilizado ao proprietário antes da desapropriação veitamento econômico.
efetiva); Deve-se observar que o direito de fiscalização é diferente
▷ Deverá ser justa, correspondendo realmente ao va- de direito de disposição, que é o direito de negociar a obra. As-
lor do imóvel desapropriado. sim, embora os participantes tenham o direito de fiscalização,
a propriedade não necessariamente pertencerá a eles.
Requisição Administrativa
XXV. No caso de iminente perigo público, a auto- Direitos do Inventor e
ridade competente poderá usar de propriedade Proteção da Marca
particular, assegurada ao proprietário indenização
ulterior, se houver dano; XXIX. A lei assegurará aos autores de inventos
Aqui não se trata de desapropriação, uma vez que o dono industriais privilégio temporário para sua utiliza-
do imóvel não perde a propriedade. Trata-se da possibilidade ção, bem como proteção às criações industriais, à
de a Administração Pública utilizar-se temporária e compul- propriedade das marcas, aos nomes de empresas
e a outros signos distintivos, tendo em vista o in- Direito à Obtenção de Informações
teresse social e o desenvolvimento tecnológico e
econômico do País; de Órgãos Públicos
Diferentemente dos autores de obras literárias e artísticas, XXXIII. Todos têm direito a receber dos órgãos
os autores de inventos industriais têm titularidade temporária públicos informações de seu interesse particular,
sobre os direitos da criação. Essa limitação visa permitir que a ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
indústria nacional possa se beneficiar mais rapidamente das tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilida-
inovações tecnológicas aqui desenvolvidas. de, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescin-
Ademais, o inciso XXIX também prevê proteção às marcas, dível à segurança da sociedade e do Estado;
aos nomes de empresas e outros signos distintivos (slogans, A ideia é que o Estado forneça aos cidadãos todas as infor-
logotipos, etc.), proteção essa que deve levar em conta não mações solicitadas por ele, desde que não tenham caráter sigi-
somente o interesse dos titulares, mas também o do País. loso e que não se refiram a informações pessoais de terceiros.
Atualmente, esse dispositivo da Constituição é regulamen-
Direitos Relativos à tado pela Lei nº 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação).
Sucessão Causa Mortis No entanto, nem todas as informações podem ser exigi-
das, uma vez que a CF excetua aquelas que sejam indispen-
XXX. É garantido o direito de herança; sáveis à segurança do Estado, além de também proteger a
XXXI. A sucessão de bens de estrangeiros situados intimidade de terceiros. Essa restrição, porém, não se aplica
no País será regulada pela lei brasileira em bene- aos dados relativos à própria pessoa do solicitante, de acordo
fício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre com a maioria dos doutrinadores.
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do
de cujus; Direito de Petição e
Além de garantir o direito de herança (transmissão da pro- Obtenção de Certidões
priedade do de cujus a seus herdeiros, legais ou testamentários),
nossa CF também estabelece que, no caso de um estrangeiro XXXIV. São a todos assegurados, independente-
mente do pagamento de taxas:
que tiver bens no Brasil vier a falecer, para regular a sucessão
desses bens situados no Brasil serão aplicadas as leis brasileiras, a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
no que se refere aos direitos dos filhos ou cônjuge brasileiros, defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
a não ser que lhes seja mais favorável a lei patrícia do falecido. de poder;
O seguinte exemplo deve esclarecer o exposto acima: b) a obtenção de certidões em repartições públi-
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
Imagine que um viúvo saudita (chamado Hassan) que tenha
situações de interesse pessoal;
como primogênito um brasileiro (chamado Ubirajara) venha a

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falecer, deixando entre seus bens uma fazenda no interior do Todos têm o direito de peticionar, ou seja, de requerer pro-
Mato Grosso. Considere ainda que, a lei saudita estabeleça que vidências do Poder Público, visando a defesa de seus direitos
o primogênito tenha direito à metade da herança do pai e que ou para denunciar qualquer ilegalidade ou abuso de poder,
o de cujus tenha mais três filhos (Mohammed, Ibrahim e Hos- não sendo permitida a exigência de pagamento de taxas para
ni), nascidos na Arábia Saudita. o exercício deste direito.
Nesse caso, qual lei é mais favorável a Ubirajara: a lei bra- Direito de petição pode ser definido como o direito de invo-
sileira ou a hipotética lei saudita? car a atenção do Poder Público sobre uma questão ou situação.
A saudita, pois de acordo com a lei brasileira, Ubirajara te- O direito de petição traz como corolário a exigência de ob-
ria direito a apenas um quarto dos bens, e de acordo com a lei tenção de resposta em um prazo razoável. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
saudita, teria direito à metade. Também é garantido o direito de obtenção de certidões.
Assim, aplicar-se-ia a lei saudita em relação à fazenda em Certidão é uma declaração de um órgão público sobre um fato
Mato Grosso. determinado. A esse direito corresponde uma obrigação de o
Estado, salvo nas hipóteses constitucionais de sigilo, fornecer
Agora, se no lugar de um filho brasileiro, Hassan tivesse uma
as informações solicitadas e num prazo razoável, se o mesmo
filha brasileira (chamada Iracema), e a lei saudita, por hipótese
não for fixado em lei.
dissesse que somente os filhos homens pudessem herdar, seria
aplicada a lei brasileira na divisão da fazenda, uma vez que esta Apreciação de Lesão ou Ameaça
seria mais favorável a Iracema.
de Lesão pelo Poder Judiciário
Direitos do Consumidor XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder
XXXII. O Estado promoverá, na forma da lei, a de- Judiciário lesão ou ameaça a direito;
fesa do consumidor; Nenhuma lei pode impedir o Judiciário de apreciar uma ale-
Nossa Constituição prevê que o Estado deve tutelar os di- gada lesão ou ameaça de lesão a direito, e, por outro lado, os
reitos do consumidor, visto como hipossuficiente em relação juízes não podem se furtar de cumprir sua função jurisdicional.
às empresas, especialmente os grandes conglomerados. Assim, seria inconstitucional, por exemplo, uma lei que
Hoje, o principal diploma que promove essa proteção é o proibisse os contribuintes de recorrerem ao Poder Judiciário 209
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90). para questionar a cobrança de um tributo.
Inexiste, por outro lado, a obrigatoriedade de esgotamen- O júri é um tribunal formado por sete juízes leigos, escolhi-
210 to da via administrativa para que a parte possa acessar o Ju- dos dentre o povo, que decidirão sobre um processo judicial.
diciário. Nossa Constituição garante-lhe uma competência mínima:
O texto constitucional não proíbe que os particulares, por julgamento dos crimes dolosos contra a vida (não há júri para
sua livre e espontânea vontade, ao invés de submeterem a julgamento cíveis, no Brasil), porém a lei pode ampliar essa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

questão ao Judiciário, acordem por delegar a resolução da competência.


questão a terceiro, através da chamada arbitragem. As decisões dos jurados são sigilosas, ou seja, não se
sabe o que cada jurado decidiu, sendo que os mesmos não
Direito Adquirido, Ato Jurídico devem sequer conversar entre si durante o julgamento, sobre
Perfeito e Coisa Julgada o assunto do crime que está sendo julgado.
A soberania de seus veredictos implica que os mesmos não
XXXVI. A lei não prejudicará o direito adquirido, o
podem ser reformados por outro juiz ou tribunal. O máximo
ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
que pode ocorrer é a anulação do julgamento, pelo Tribunal
O respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e de Justiça, para que seja novo julgamento pelo júri – e isso
à coisa julgada é a base da chamada “segurança jurídica”. Se somente pode ser feito uma única vez.
eles não fossem respeitados, ficaríamos à mercê de alterações
legislativas que poderiam atingir situações jurídicas já conso- Princípio da Reserva Legal
lidadas.
Direito adquirido pode ser definido como o direito que Penal ou Princípio da
já se incorporou ao patrimônio de seu detentor, mesmo que Legalidade do Direito Penal
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ainda não tenha sido exercido (por exemplo, direito à aposen-


XXXIX. Não há crime sem lei anterior que o defina,
tadoria).
nem pena sem prévia cominação legal;
Ato jurídico perfeito é aquele que se aperfeiçoou, que reu-
Para que alguém seja condenado por um crime, é necessá-
niu todos os elementos necessários à sua formação (por exem-
rio que a conduta ilícita praticada por ele tenha sido descrita na
plo, contrato assinado).
norma penal antes de sua prática.
Por fim, coisa julgada é o objeto da decisão judicial tran-
Ou seja, quando o agente comete a ação, ele já saberá que
sitada em julgado, ou seja, da qual não caiba mais qualquer
aquilo é crime, uma vez que ninguém pode alegar desconhe-
recurso, estando a questão definitivamente resolvida pelo Po-
cimento da lei.
der Judiciário.
Da mesma forma, a pena imputada àquele crime também
Proibição de Juízo de Exceção deve ter previsão legal anterior à sua prática.
XXXVII. Não haverá juízo ou tribunal de exceção; Princípio da Irretroatividade
Juízo é um termo que indica a primeira instância do Poder
Judiciário, em que o julgamento é feito de forma monocrática. da Lei Penal
Tribunais são as instâncias superiores do Judiciário, em XL. A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
que os julgamentos são feitos de forma colegiada (por um o réu;
grupo de juízes). Via de regra, a lei penal (e as leis em geral) não retroagem,
Juízo ou tribunal de exceção é aquele criado especialmen- o que quer dizer que, uma vez em vigor, a lei penal somen-
te para julgamento de determinados crimes, após a prática te produzirá efeitos para as situações que ocorrerem dali em
desses crimes. Tal tipo de juízo ou tribunal contraria o princípio diante.
do juiz natural, que estabelece que as pessoas devem ser jul- Existe, porém, uma exceção: a lei retroagirá se a alteração
gadas por juízes previamente determinados pela lei. trazida pela lei ocorrer em benefício do réu (novatio legis in
Isso porque o réu, além de saber de antemão que determi- melius).
nado ato é crime e qual é a pena imputada, também deve sa- Ex.: O adultério deixou de ser crime pela Lei nº 11.106, que
ber em qual juízo será julgado, se praticar aquele crime. Tudo entrou em vigor dia 29/03/2005. Assim, a partir desse dia,
para evitar perseguições e julgamentos injustos. até mesmo aqueles que já haviam sido condenados e cum-
Exemplo de tribunal de exceção foi o Tribunal de Nurem- priam pena pelo delito tiveram sua pena extinta, sendo
berg, criado para julgar os nazistas por crimes cometidos du- que, a “abolitio criminis” trazida pela lei fez com que tudo
rante a Segunda Guerra Mundial. ocorresse como se o crime nunca tivesse existido.
Também existe retroação da lei, quando esta diminui a
Júri Popular pena aplicável ao crime, por exemplo.
XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a or-
ganização que lhe der a lei, assegurados: Atentado aos Direitos e
a) a plenitude de defesa; Liberdades Fundamentais
b) o sigilo das votações; XLI. A lei punirá qualquer discriminação atentató-
c) a soberania dos veredictos; ria dos direitos e liberdades fundamentais;
d) a competência para o julgamento dos crimes Não basta que o Estado Brasileiro respeite os direitos e
dolosos contra a vida; liberdades fundamentais, ele deve, além disso, punir àqueles
que não os respeitam e fazem discriminações que os ofendam. As únicas exceções que ocorrem são referentes à obriga-
Veja-se que, pelo princípio da reserva legal, cabe à lei (em ção de reparar o dano e a decretação da perda de bens, que
sentido estrito) definir quando ocorrerá essa discriminação aten- podem ser estendidas aos sucessores, mas somente até o valor
tatória, que pode ser, por exemplo, por motivo de raça, sexo, ori- da herança (não é justo que os herdeiros tenham um acrésci-
gem, condição social, etc. mo patrimonial enquanto outros sofrem prejuízo causado pelo
autor da herança).
Combate ao Racismo
XLII. A prática do racismo constitui crime inafian- Individualização e Tipos de Penas
çável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, XLVI. A lei regulará a individualização da pena e
nos termos da lei; adotará, entre outras, as seguintes:
A sociedade brasileira é multirracial e assim, o racismo, a) privação ou restrição da liberdade;
além de ser odioso do ponto de vista individual, acaba sendo b) perda de bens;
prejudicial à própria nação, por isso deve ser combatido pela c) multa;
lei. d) prestação social alternativa;
Inafiançável: não admite o pagamento de fiança para que e) suspensão ou interdição de direitos;
o réu responda em liberdade ao processo. Nossa Constituição Federal exige que a gradação (cálculo)
Imprescritível: prescrição é o instituto de direito penal e a execução da pena sejam individualizadas, isto é, que sejam
pelo qual o Estado tem um tempo determinado para punir al- adaptadas de acordo com a personalidade e idade do apena-
guém por um delito. No caso do racismo, isso não ocorre, po- do, circunstâncias do crime etc.
dendo, por exemplo, alguém responder por uma ofensa racista A seguir, o inciso traz exemplos de penas que deverão ser
50 anos depois de tê-la praticado. adotadas pela lei, e que serão impostas de acordo com o caso
Reclusão: tipo mais severo de prisão, que, entre outras concreto.
coisas, não admite o início de cumprimento da pena no regime
aberto. Penas Proibidas
Combate à Tortura, Tráfico de Drogas, XLVII. Não haverá penas:
Terrorismo, Crimes Hediondos e a) de morte, salvo em caso de guerra declarada,
nos termos do Art. 84, XIX;
Cometidos por Entidades Paramilitares b) de caráter perpétuo;
XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e insusce- c) de trabalhos forçados;
tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico d) de banimento;
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e

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e) cruéis;
os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo Pela interpretação a contrariu sensu da alínea “a”, extrai-se
evitá-los, se omitirem; que a pena de morte é admitida no Brasil em tempos de guerra
externa declarada, vedada em qualquer outra época.
XLIV. Constitui crime inafiançável e imprescritível a
ação de grupos armados, civis ou militares, contra Pena de caráter perpétuo não necessariamente significa
a ordem constitucional e o Estado Democrático; prisão perpétua, mas qualquer pena que oprima o condenado
O inciso XLIII trata de crimes que o Constituinte entendeu pelo resto da vida.
como sendo de gravidade exacerbada e que, por isso, merecem Pena de banimento é a pena de exílio.
um tratamento mais rigoroso. Pena cruel é a infringe sofrimento físico ou mental, sendo NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O inciso XLIV trata da ação de grupos paramilitares e visa comparável à tortura.
proteger o Estado Democrático de Direito contra a ação de gru-
pos militares extraoficiais. Nesse caso, a lei deve definir tal crime, Direitos dos Sentenciados
determinando a Constituição Federal que será inafiançável e im- XLVIII. A pena será cumprida em estabelecimen-
prescritível, assim como ocorre com o crime de racismo. tos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;
Intransferibilidade da Pena XLIX. É assegurado aos presos o respeito à integri-
XLV. Nenhuma pena passará da pessoa do conde- dade física e moral;
nado, podendo a obrigação de reparar o dano e a L. Às presidiárias serão asseguradas condições para
decretação do perdimento de bens ser, nos termos que possam permanecer com seus filhos durante o
da lei, estendidas aos sucessores e contra eles exe- período de amamentação;
cutadas, até o limite do valor do patrimônio trans- Embora os condenados devam pagar por seus delitos,
ferido; é função do Estado fazer com que sejam apenados nos ter-
Esse inciso traz o princípio de que a pena não pode ultra- mos da lei, responsabilizando-se por sua integridade física
passar a pessoa do apenado. Ou seja, ninguém (nem mesmo e moral.
os sucessores do condenado) deve responder pelos crimes Presos de diferentes características e personalidades devem 211
executados por outrem. ser segregados, de forma a proteger os mais vulneráveis e, além
disso, evitar que os menos perigosos sejam “contaminados” pelos Presunção de Inocência
212 mais perigosos.
LVII. Ninguém será considerado culpado até o trân-
Extradição sito em julgado de sentença penal condenatória.
LI. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O princípio da presunção de inocência, trazido pelo inciso


naturalizado, em caso de crime comum, praticado LVII, estabelece que, até prova cabal e definitiva em contrário
antes da naturalização, ou de comprovado envolvi- (consubstanciada na decisão judicial da qual não caiba mais
mento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas recurso), todos são considerados inocentes.
afins, na forma da lei; O estigma de culpado por um crime somente pode ser atri-
LII. Não será concedida extradição de estrangeiro buído a alguém após o término de um processo no qual tenha
por crime político ou de opinião; sido dada oportunidade de ampla defesa ao acusado.
Extradição é o envio ao estrangeiro de pessoa que lá tenha Importante observar que o princípio da presunção de ino-
cometido crime para que seja julgado e punido. cência não impede que seja decretada a prisão preventiva do
O brasileiro nato nunca será extraditado. Já o brasileiro natu- réu, nos casos excepcionais previstos em lei.
ralizado somente o pode ser em dois casos:
▷ Se comprovada participação em tráfico de drogas Vedação de Identificação Criminal
praticado no exterior (nesse caso, não importando ao Civilmente Identificado
se tal crime ocorreu antes ou depois da naturaliza-
ção); ou LVIII. O civilmente identificado não será submetido
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▷ No caso de crime comum praticado antes da natu- a identificação criminal, salvo nas hipóteses previs-
ralização (crime comum é aquele que não é crime tas em lei;
político nem de opinião). Civilmente identificado é aquele que possui um documento
Ninguém será extraditado (seja estrangeiro, seja brasileiro de identidade reconhecido por lei emitido pelo órgão compe-
tente (Exs.: carteira de identificação – RG – expedida pelo ór-
naturalizado) por crime político ou de opinião.
gão estadual ou forças armas; carteira nacional de habilitação;
Disposições Processuais carteira de trabalho e previdência social, carteira da OAB, etc.).
Se alguém suspeito de algum crime apresentar um desses
LIII. Ninguém será processado nem sentenciado documentos, em regra não será submetido à identificação cri-
senão pela autoridade competente; minal na delegacia (não precisará tirar foto, imprimir as digitais
LIV. Ninguém será privado da liberdade ou de seus – “tocar piano”, etc.).
bens sem o devido processo legal; Porém, trata-se de norma de eficácia contida, conforme
Uma das maiores garantias que um cidadão pode ter é o se extrai da expressão salvo nas hipóteses previstas em lei, o
respeito ao princípio do chamado “juiz natural”, que determi- que quer dizer que a lei pode estabelecer hipóteses em que
na que, tal pessoa somente pode ser julgada e sentenciada o civilmente identificado deverá submeter-se à identificação
pela autoridade estabelecida previamente pela lei. criminal (por exemplo, no caso de suspeita de falsidade do
O devido processo legal é um conceito aberto, mas que pode documento apresentado).
ser resumido como um processo justo, em que as partes tenham
direito ao contraditório, ampla defesa, que seja conduzido por Ação Penal Privada Subsidiária
um juiz competente e que respeite as prescrições legais. LIX. Será admitida ação privada nos crimes de ação
LV. Aos litigantes, em processo judicial ou adminis- pública, se esta não for intentada no prazo legal;
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o Crimes de ação penal pública são aqueles em que o réu
contraditório e ampla defesa, com os meios e re- somente pode ser acusado e processado por iniciativa do
cursos a ela inerentes; Ministério Público, que apresenta a denúncia e acusa o réu
LVI. São inadmissíveis, no processo, as provas obti- durante o processo. Quase todos os crimes são de ação pe-
das por meios ilícitos; nal pública.
Litigantes são as partes de um processo judicial. Crimes de ação pena privada são aqueles em que o proces-
A Constituição prevê que não somente em um processo so somente pode ser iniciado por iniciativa do particular, que
judicial, mas também nos administrativos e nos processos em apresenta a queixa-crime, como ocorre, por exemplo, com os
geral (por exemplo, exclusão de sócio de clube), as partes têm crimes de calúnia, injúria e difamação.
direito ao contraditório (direito de conhecer e rebater os argu- O que o inciso LIX diz é que, no caso de ação penal pú-
mentos e provas trazidos pela parte contrária) e à ampla defesa blica, se o Ministério Público não apresentar a denúncia, não
(produzir todas as provas que julgarem necessárias). pedir o arquivamento e não solicitar diligências no prazo es-
Nosso sistema processual não admite as provas produzidas tabelecido na lei, ou seja, se o MP ficar inerte, o particular
por meios ilícitos (no cível esse princípio é absoluto, na esfera poderá apresentar queixa-crime no lugar da denúncia do
criminal admite raras exceções em benefício do réu). Os fins não Ministério Público, para que o acusado não seja beneficiado
justificam os meios. pela inação do órgão ministerial.
O prazo para o Ministério Público apresentar a denúncia, Imediatamente à prisão do acusado, a autoridade policial
de acordo com o Código de Processo Penal, é de 5 (cinco) dias deverá informá-lo a respeito de seus direitos, os quais incluem
se o réu estiver preso, e de 15 (quinze) dias, se estiver solto. (mas não se resumem a esses):
▷ Direito a permanecer calado: ninguém pode ser
Publicidade dos Atos Processuais obrigado a produzir prova contra si mesmo. O preso
tem o direito de ficar calado perante o delegado e
LX. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos perante o juiz, se preferir não se manifestar.
processuais quando a defesa da intimidade ou o
▷ Assistência da família.
interesse social o exigirem;
▷ Assistência de um advogado.
Via de regra, todos os atos processuais serão públicos,
devem ser do conhecimento de todos, o que quer dizer que LXIV. O preso tem direito à identificação dos res-
qualquer pessoa poderá, por exemplo, assistir a audiências, ponsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
mesmo que o assunto não lhes diga respeito, e poderá pedir policial;
para ver um processo, desde que não o retire do cartório e não A garantia de que o preso tenha conhecimento de quem
atrapalhe o trabalho do juiz e das partes. Além disso, todas as o prendeu ou interrogou tem o objetivo de permitir que ele
decisões tomadas pelo juiz serão publicadas no Diário Oficial. possa representar contra eventuais abusos cometidos, o
No entanto, a Constituição Federal estabelece a possibi- que ajuda a coibir a prática desses atos.
lidade de restrição excepcional dessa publicidade no caso de No entanto, esse direito não é absoluto, podendo ser pre-
defesa da intimidade ou do interesse social (como ocorre, por servada a identidade dos policiais envolvidos no caso em que
exemplo, em ações de separação litigiosa; estupro com violên- sua revelação possa envolver graves e comprovados riscos a
cia; casos em que estejam envolvidos segredos militares, etc.). esses (por exemplo, no caso de prisão de chefes de grandes
organizações criminosas).
Hipóteses de Prisão LXVI. Ninguém será levado à prisão ou nela manti-
LXI. Ninguém será preso senão em flagrante de- do, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
lito ou por ordem escrita e fundamentada de au- ou sem fiança;
toridade judiciária competente, salvo nos casos de A regra geral é a de que a pessoa responda ao processo
transgressão militar ou crime propriamente militar, criminal em liberdade, somente sendo preso após o trânsito
definidos em lei; em julgado da decisão judicial.
No caso dos civis, a Constituição Federal somente admite A liberdade provisória é a concessão, ao preso em flagran-
que alguém seja levado à prisão em duas hipóteses: se a pes- te, de liberdade, o que sempre deve ser feito se não estiverem
soa for pega em flagrante (próprio ou impróprio) ou se houver presentes os requisitos da prisão preventiva. Isso ocorre por-
uma ordem judicial para isso (mandado de prisão). que existem muitos casos que, embora a pessoa tenha sido
presa em flagrante, não se justifica a manutenção dessa prisão

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Desta forma, não existe mais a possibilidade da chamada
“prisão para averiguação”, muito praticada na época ditatorial. provisória, por não estarem presentes os requisitos da prisão
Para os militares, porém, que possuem na hierarquia e dis- preventiva (por exemplo, alguém que é preso em flagrante
ciplina os dois pilares de sua organização, admite-se, além das por furtar uma galinha de um vizinho, sendo primário e de
duas hipóteses anteriores, a prisão administrativa (por ordem bons antecedentes).
de um superior). Assim, sempre que não estiverem presentes os requisitos da
prisão preventiva, ninguém deverá ser ou permanecer preso.
Direitos dos Presos Provisórios
LXII. A prisão de qualquer pessoa e o local onde Proibição de Prisão por Dívidas
se encontre serão comunicados imediatamente ao LXVII. Não haverá prisão civil por dívida, salvo a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
juiz competente e à família do preso ou à pessoa do responsável pelo inadimplemento voluntário e
por ele indicada; inescusável de obrigação alimentícia e a do depo-
Não podem existir “prisões secretas” no Brasil. Sempre que al- sitário infiel;
guém for preso, tanto o ato da prisão como o local onde a pessoa Via de regra, uma pessoa somente pode ser presa pelo fato
está detida serão comunicados: de ter cometido um crime. Ou seja, ninguém será preso por
▷ À família do acusado (ou àquele que ele indicar), dívidas.
para que ele possa ter a assistência necessária (con- Porém, de acordo com a Constituição, haveria dois casos
tratação de advogado, recebimento de visitas, etc.). em que pode haver prisão do devedor:
▷ Ao juiz competente, para que este possa apreciar a le- ▷ Inadimplemento voluntário e inescusável de obriga-
galidade da prisão. Se a prisão for ilegal, o juiz deverá ção alimentícia (pensão alimentícia).
soltar imediatamente o acusado, conforme dispõe o ▷ Depositário infiel – alguém que tem a responsabili-
inciso LXV: dade pela guarda de um objeto de outrem e dolo-
LXV. A prisão ilegal será imediatamente relaxada samente não o devolve ou o destrói.
pela autoridade judiciária; O STF decidiu que a prisão por depositário infiel é in-
LXIII. O preso será informado de seus direitos, en- constitucional, uma vez que o Brasil é signatário do Pacto de
tre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe San José da Costa Rica sobre direitos humanos (HC 96.772, 213
assegurada a assistência da família e de advogado; 09/06/2009; HC 94.013, 10/02/2009).
Ou seja, atualmente somente existe a possibilidade de pri- Também a pessoa jurídica pode impetrar Habeas Corpus
214 são civil por dívida no caso de não pagamento injustificado de em favor de terceiro pessoa física, não podendo, porém, ser
pensão alimentícia. paciente.
O próprio juiz não está obrigado a esperar provocação para
Remédios Constitucionais conceder a ordem de Habeas Corpus. Neste caso, a ordem será
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os incisos LXVIII a LXXIII do Art. 5º tratam dos chamados concedida de ofício, não se falando em impetração.
“remédios constitucionais”, que são garantias fundamentais Apesar da ampla legitimidade ativa, é vedada a petição
que visam oferecer meios processuais rápidos e eficientes para apócrifa (identificação falsa do impetrante ou anônima), po-
defesa de direitos fundamentais, os quais veremos a seguir: dendo o juiz, porém, mesmo não conhecendo do pedido, con-
cedê-lo de ofício.
Habeas Corpus
LXVIII. Conceder-se-á “habeas corpus” sempre que Legitimação Passiva
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- Quando se fala de legitimação passiva está se referindo
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, à possibilidade de alguém ter impetrado contra si o Habeas
por ilegalidade ou abuso de poder; Corpus.
Assim, o que esse remédio constitucional tutela é a liber- O Habeas Corpus deverá ser impetrado contra o ato do
dade de locomoção do indivíduo, ou seja, seu direito de ir, vir coator, que poderá ser autoridade pública ou simplesmente
e permanecer. um particular.
Somente se pode utilizar do Habeas Corpus para corrigir al- Quando se tratar de ato coator praticado por particular,
guma inidoneidade que implique em coação direta ou indireta à normalmente a conduta constituirá crime (cárcere privado,
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liberdade de ir, vir e permanecer. Desta forma, não se conhecerá constrangimento ilegal), bastando a intervenção da autoridade
do mesmo se seu objetivo for, por exemplo, questionar pena policial para fazê-la cessar. Isso, porém, não impede a impetra-
pecuniária imposta ou que possa vir a ser imposta ao acusado. ção do Habeas Corpus, até porque existem casos em que será
difícil ou impossível a intervenção da polícia para fazer cessar
Intervenientes a coação ilegal (internações em hospitais ou clínicas psiquiá-
No Habeas Corpus, temos três sujeitos envolvidos: tricas).
▷ Impetrante: quem apresenta, protocoliza o Habeas Corpus. Excepcionalmente o Habeas Corpus pode ser utilizado em
▷ Impetrado: quem está sendo acusado de praticar a processos cíveis, não existindo crime (Ex.: menor de idade que
coação ilegal. alegue cerceamento ilegal de seu direito de locomoção por seu
▷ Paciente: aquele em favor de quem está sendo pe- responsável ou prisão decretada por não pagamento de pensão).
dido a ordem de Habeas Corpus (pode ser a mesma
pessoa que o impetrante, ou seja, pode-se impetrar
Pacientes
Habeas Corpus em defesa própria). Qualquer um pode ser paciente em um Habeas Corpus,
desde que, como visto, seu direito de locomoção esteja sendo
Impossibilidade de Produção de Pro- lesado ou ameaçado.
vas em Habeas Corpus As pessoas jurídicas, embora possam ser impetrantes, não
O Habeas Corpus, devido a seu caráter sumaríssimo, não podem se beneficiar de uma ordem de Habeas Corpus, uma
se presta a reexame da análise probatória apreciada em ação vez que não estão sujeitas ao deslocamento físico.
anterior. Nada impede que um mesmo Habeas Corpus tenha mais
Também não se admite, via de regra, pedido de produção de um paciente, desde que a causa de pedir (o ato coator ile-
de provas em Habeas Corpus, ou seja, o impetrante já deverá gal) seja o mesmo.
apresentar, junto com a petição inicial, todas as provas que jul-
gar pertinentes. Habeas Corpus Preventivo e Repressivo
Na análise do caso, o juiz ou tribunal não está vinculado à O Habeas Corpus pode ser preventivo (salvo-conduto) ou
causa de pedir ou pedido formulados, podendo conceder a or- repressivo (também chamado de liberatório)
dem se vislumbrar razão diversa das alegadas pelo impetrante. O Habeas Corpus preventivo é cabível quando houver
ameaça à liberdade de locomoção. Concede um salvo-condu-
Legitimação Ativa to, que busca prevenir que a ameaça se efetive (Ex.: HC impe-
Legitimação ativa é a capacidade jurídica de alguém de im- trado por prostitutas visando garantir o seu direito de “tra-
petrar um Habeas Corpus. Ou seja, é a capacidade de ser autor balhar”). Evidentemente, o salvo-conduto limitar-se-á aos
numa ação de Habeas Corpus. motivos que ensejaram a ordem e terá a abrangência por ela
A legitimação para ajuizamento do Habeas Corpus é a mais definidos. Assim, se alguém, processado por furto, consegue
ampla possível, não se exigindo nem que seja assinado por ad- um HC para que não seja preso provisoriamente por aquele
vogado. crime, por ser primário e o crime não ser grave, nada impede
Qualquer um, nacional ou estrangeiro, independentemen- que ele seja preso se for flagrado traficando drogas.
te de sua condição civil, ainda que não esteja no gozo dos di- Já o Habeas Corpus repressivo (ou liberatório) aplica-se
reitos políticos ou que seja menor de idade, pode recorrer ao aos casos em que a violência ou coação à liberdade de loco-
chamado “remédio heroico”, em seu favor ou de outro, poden- moção esteja ocorrendo. Tem o objetivo de fazer cessar o des-
do ele mesmo assinar a petição. respeito à liberdade de locomoção.
Liminar em Habeas Corpus de seus representantes. Assim, vê-se que não caberá manda-
Não obstante seja o rito do Habeas Corpus sumaríssimo e do de segurança contra particular (a não ser que este aja por
tenha ele prioridade absoluta de julgamento nos Tribunais e delegação do poder público).
juízos singulares, há a possibilidade de concessão de medida Se for particular que estiver ferindo direito líquido e pró-
liminar, para se evitar possível constrangimento irreparável à prio de terceiro, este deverá recorrer a outra ação judicial para
liberdade de locomoção. fazer cessar o ato ilegal.
A possibilidade de concessão de liminar vale tanto para os Ha-
beas Corpus preventivos como liberatórios. Espécies de Mandado de Segurança
A admissão de decisão liminar não é prevista na lei, mas é A exemplo do Habeas Corpus, o Mandado de Segurança
resultado da construção jurisprudencial. pode ser:
A concessão da liminar exige a convergência de dois requi- ▷ Repressivo, quando visa combater uma ilegalidade
sitos: o periculum in mora (possibilidade de dano irreparável) já cometida seja, quando o direito líquido e certo do
e o fumus boni iuris (elementos da impetração que indiquem impetrante já foi atingido; ou
a existência de ilegalidade no constrangimento). Esses dois re- ▷ Preventivo, quando o impetrante demonstrar justo
quisitos serão analisados de forma sumária. receio de sofrer uma violação de direito líquido e
Habeas Corpus e Punições Disciplinares Militares certo por parte da autoridade impetrada. Evidente-
O Art. 142, §2º, da CF, estabelece que não caberá Habeas mente, este receio deve ser lastreado em evidências
Corpus em relação a punições disciplinares militares. concretas de um ato ou omissão que esteja pondo
O que o dispositivo quer dizer, no entanto, é que não em risco o direito do impetrante.
caberá HC em relação ao mérito das punições disciplinares Legitimidade Ativa
administrativas, uma vez que o juiz sempre pode analisar os
Possui legitimação ativa para impetrar Mandado de Segurança
pressupostos de legalidade de qualquer ato administrativo
todo o titular de direito líquido e certo, não amparado por Habeas
(competência, forma legal, pena passível de ser aplicada dis-
ciplinarmente, etc.). Corpus ou Habeas Data. Tanto pode ser pessoa física como jurí-
dica, nacional ou estrangeiro, domiciliada ou não em nosso país.
Mandado de Segurança É reconhecida legitimação ativa às universalidades reco-
LXIX. Conceder-se-á mandado de segurança para nhecidas por lei, mesmo não possuindo personalidade jurídica.
proteger direito líquido e certo, não amparado por Ex.: Espólio e massa falida) e também aos órgãos des-
“habeas corpus” ou “habeas data”, quando o res- personalizados (Mesas do Congresso, Senado e Câmara,
ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for Assembleias, etc.
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
Legitimidade Passiva

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exercício de atribuições do Poder Público;
Direito líquido e certo: direito certo é aquele que está de- Já vimos que somente podem figurar no polo passivo de um
terminado, que não necessita de mais provas, que é induvi- MS autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
doso. Por exigir direito certo é que não se admite a produção de atribuições do Poder Público.
de provas no bojo processual do MS (o MS não admite dilação
probatória). Importante observar que o direito é sempre certo, Liminar
sendo que os fatos é que podem ser duvidosos. O rito do Mandado de Segurança prevê que, ao apresen-
Liquidar é atribuir um valor. Direito líquido é aquele que já tar a petição inicial, o impetrante poderá requerer a conces-
tem seu valor definido, que não precisa de averiguações para são de medida liminar, se presentes o fumus bonus iuris e o
se verificar sua extensão econômica. Assim, o direito pode ser periculum in mora.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
certo, mas não líquido. Da decisão que conceder ou negar a liminar cabe agravo
Ex.: Alguém ganha uma ação de indenização, mas o valor de instrumento.
desta indenização será definido somente na liquidação
da sentença, até lá o direito é certo, mas não líquido. Mandado de Segurança Coletivo
Para que o mandado de segurança possa ser conhecido, LXX. O mandado de segurança coletivo pode ser
ambos os requisitos: certeza e liquidez do direito devem estar impetrado por:
preenchidos.
a) partido político com representação no Con-
Não amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data: se o
gresso Nacional;
direito for amparado por um desses remédios, o interessado
deverá socorrer-se deles, e não do mandado de segurança. b) organização sindical, entidade de classe ou
Ilegalidade ou abuso de poder: o ato, para poder ser ata- associação legalmente constituída e em funcio-
cado pelo mandado de segurança deve ser ilegal (no sentido namento há pelo menos um ano, em defesa dos
amplo). interesses de seus membros ou associados;
Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercí- A finalidade do mandado de segurança coletivo é permi-
cio de atribuições do Poder Público: o Mandado de Segurança tir que certas pessoas jurídicas defendam o interesse de seus
é instrumento de defesa dos direitos individuais do cidadão membros ou associados, ou ainda da sociedade em geral (par- 215
perante o Estado e, assim, somente terá cabimento contra atos tidos políticos) evitando-se a multiplicidade de demandas.
Objeto Ao STJ compete julgar originariamente o mandado de injun-
216 Tem por objeto a defesa dos mesmos direitos que podem ção quando a norma omissa for atribuição de órgão, entidade ou
ser objeto do Mandado de Segurança individual (líquidos e autoridade federal, excetuados os casos de competência do STF,
certos), porém direcionado à defesa dos interesses coletivos, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
As Justiças Estaduais também têm competência para jul-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tanto da sociedade como um todo, como de uma classe espe-


cial, representada por um sindicato ou associação. gar o mandado de injunção na forma prevista nas Constitui-
ções Estaduais.
Legitimação Ativa
A legitimação para a impetração de mandado de seguran- Efeitos da Decisão
ça coletivo é extraordinária, e somente é concedida às entida- Uma vez reconhecida, pelo julgamento do Mandado de
des previstas no Art. 5º, LXX, da CF, quais sejam: Injunção, a mora do Poder Legislativo na elaboração da nor-
▷ Partido político com representação no Congresso ma regulamentadora, qual deve ser o papel do Judiciário? De
Nacional; acordo com a resposta a essa pergunta, temos duas correntes:
▷ Organização sindical ou entidade de classe; ▷ Corrente não concretista: o Judiciário deve somen-
▷ Associação legalmente constituída e em funciona- te reconhecer a inércia do Legislativo, não podendo
mento há pelo menos um ano. expedir norma que permita ao impetrante exercer
imediatamente seu direito, uma vez que não cabe ao
No que se refere aos sindicatos, entidades de classe e as-
Judiciário legislar, suprindo a omissão do Parlamento.
sociações, o objeto do MS deve guardar pertinência temática
com seus objetivos institucionais. Em relação aos partidos po- ▷ Corrente concretista: O Judiciário deve não só reco-
líticos, a maioria dos doutrinadores os exime da comprovação nhecer a inércia do Legislativo como deve permitir o
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deste vínculo, mas esta ainda é uma questão controversa. exercício imediato do direito obstado pela falta da
norma, dizendo qual solução deve ser aplicada ao
No caso de sindicatos e associações, não se exige que
caso em questão. A corrente concretista subdivide-
os mesmos apresentem autorização expressa de cada um
se em duas:
de seus associados representados em juízo, bastando uma
autorização genérica em seus estatutos sociais. » Concretista Individual: o Judiciário estabelece
como o impetrante poderá exerceu o direito
Não há necessidade de constar na petição inicial o
prejudicado pela falta da norma, mas os efeitos
nome de todos os associados, sendo que a situação indivi-
da decisão só valem para o impetrante.
dual de cada um será levada em conta quando da execução
da sentença, devendo a autoridade impetrada, ao cumprir a » Concretista Geral: o Judiciário estabelece como a
decisão judicial, exigir que cada beneficiário comprove sua ausência da norma será suprida, e essa decisão
filiação à entidade beneficiária. terá efeitos erga omnes, podendo ser aprovei-
tada por todos que se encontrarem na mesma
Mandado de Injunção situação, até que seja editada a norma faltante.
LXXI. Conceder-se-á mandado de injunção sempre Atualmente o STF tem adotado a corrente concretista
que a falta de norma regulamentadora torne inviá- geral.
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucio-
nais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
Habeas Data
à soberania e à cidadania; LXXII. Conceder-se-á Habeas Data:
O mandado de injunção é o instrumento previsto para a) para assegurar o conhecimento de informa-
combater a inércia do Poder Legislativo ou Executivo na regu- ções relativas à pessoa do impetrante, constantes
lamentação de direitos e liberdades constitucionais e aqueles de registros ou bancos de dados de entidades go-
relacionados à nacionalidade, à soberania e à cidadania. vernamentais ou de caráter público;
Ele visa combater a falta de efetividade das normas cons- b) para a retificação de dados, quando não se
titucionais de eficácia limitada, relacionada àqueles assuntos. prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
O Supremo Tribunal Federal decidiu pela autoaplicabili- administrativo;
dade do inciso LXXI do Art. 5º da Constituição, independen- Diante do texto constitucional, pode-se definir o Habeas
temente de edição de lei regulamentando o mandado de in- Data como o remédio constitucional de que podem se valer
junção, tendo em vista o Art. 5º, §1º, que determina que as todas as pessoas para solicitar judicialmente a exibição dos
normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm registros públicos ou privados de caráter público, nos quais
aplicação imediata. estejam incluídos seus dados pessoais, para que deles tome
conhecimento e, se necessário for, requerer sua retificação.
Competência Porém, de acordo com a Lei nº 9.507/97, o impetrante deve
Compete ao STF processar e julgar, originalmente, o man- provar que seu pedido foi negado administrativamente, para que
dado de injunção, quando a elaboração da norma regulamen- possa recorrer ao Habeas Data.
tadora for atribuição do Presidente da República, do Congres-
so Nacional, da Câmara Federal, do Senado Federal, da Mesa Legitimação Ativa
de uma dessas Casas, do TCU, de um dos Tribunais Superiores, O Habeas Data poderá ser impetrado tanto por pessoa físi-
ou do próprio STF. ca como por pessoa jurídica, brasileira ou estrangeira.
Somente poderão ser requeridas informações relativas ao Legitimação Passiva
próprio impetrante, nunca de terceiros (caráter personalíssimo Deverão figurar no polo passivo de uma ação popular:
da ação), embora a jurisprudência tenha admitido que os su-
▷ União, Estado, DF ou Municípios do qual emanou o
cessores do de cujus possa impetrar Habeas Data em nome do
ato lesivo;
mesmo.
▷ Autoridades, funcionários ou administradores que
Diferentemente do que ocorre com o Habeas Corpus, a
autorizaram, aprovaram, ratificaram, praticaram ou
petição inicial do Habeas Data deve sempre ser subscrita por
advogado. se omitiram em relação ao ato;
▷ Beneficiários diretos do ato.
Legitimação Passiva
Podem ser sujeitos passivos do Habeas Data os responsá- Assistência Jurídica Gratuita
veis por entidades governamentais, da administração pública LXXIV. O Estado prestará assistência jurídica inte-
direta e indireta. gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
Além disso, o Habeas Data também pode ser impetrado contra de recursos;
representantes de pessoas jurídicas privadas que prestem serviços Todos têm direito a um advogado, seja para defendê-los em
para o público ou de interesse público, e desde que detenham da- processos criminais, seja para mover ações em defesa de seus
dos referentes às pessoas físicas ou jurídicas (Ex.: Serasa). direitos (cíveis, trabalhistas, etc.).
Liminar em Habeas Data A Constituição Federal determina que aqueles que não
A exemplo do Habeas Corpus, a lei silencia-se sobre a puderem pagar por um advogado deverão ter um indicado
possibilidade de concessão de liminar em Habeas Data. No en- e pago pelo Estado, desde que a pessoa comprove não ter
tanto, os tribunais têm admitido essa possibilidade, desde que condições de arcar com os honorários.
presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora. Atualmente, todos os Estados brasileiros possuem Defen-
De observar-se que, nos Tribunais, via de regra, os proces- sorias Públicas, que visam justamente prestar assistência jurí-
sos de Habeas Data terão prioridade sobre todos os atos judi- dica gratuita aos reconhecidamente pobres. Além disso, exis-
ciais, exceto Habeas Corpus e mandado de segurança. tem também as Defensorias Públicas Federais (que oficiam
junto à Justiça Federal).
Ação Popular O STF tem entendido que também as pessoas jurídicas têm
LXXIII. Qualquer cidadão é parte legítima para direito à justiça gratuita, quando não possuírem condições de
propor ação popular que vise a anular ato lesivo pagar por um advogado, sem comprometer seu funcionamento.
ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao Indenização por Erro Judiciário
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,

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LXXV. O Estado indenizará o condenado por erro
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de judiciário, assim como o que ficar preso além do
custas judiciais e do ônus da sucumbência; tempo fixado na sentença;
A ação popular é um importante instrumento processual É sabido que até o Judiciário está sujeito a cometer erros,
que a sociedade tem para controlar os atos dos agentes públi- podendo tanto vir a absolver um culpado como, eventualmen-
cos e anular atos lesivos ao patrimônio público. te, vir a condenar alguém que, na verdade, era inocente.
É um instrumento bastante democrático e que pode ser
No caso de condenação de alguém que não deveria sê-lo,
exercido por qualquer cidadão brasileiro.
prevê nossa Constituição a possibilidade de indenização dessa
É regulada pela Lei nº 4.717/65, sendo, assim, anterior à pessoa.
própria Constituição Federal de 1988. Na verdade, consta a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Também que, aqueles que ficarem presos mais tempo do
previsão de ação popular (embora com outro escopo) desde
a Constituição de 1824. que o devido (circunstância relativamente comum, resultado
da falta de assistência jurídica de muitos condenados) poderão
Assim, a ação popular tem por finalidade pleitear a anula- exigir do Estado essa compensação.
ção ou declaração de nulidade de atos lesivos:
▷ Ao patrimônio da União, Estados, DF e Municípios, Gratuidades
bem como de qualquer entidade em que o tesouro
LXXVI. São gratuitos para os reconhecidamente
público participe;
pobres, na forma da lei:
▷ À moralidade administrativa;
a) o registro civil de nascimento;
▷ Ao meio-ambiente;
b) a certidão de óbito;
▷ Patrimônio histórico, cultural, econômico, artístico,
estético ou turístico. LXXVII. São gratuitas as ações de “Habeas Corpus”
e “Habeas Data”, e, na forma da lei, os atos neces-
Legitimação Ativa sários ao exercício da cidadania.
Pode propor a ação popular qualquer cidadão. Para aqueles que comprovarem não terem condições fi-
Para esse efeito, considera-se cidadão aquele que esteja apto nanceiras, o Estado deverá proceder gratuitamente ao registro
a votar e a ser votado (conceito restrito de cidadania). A prova da dos nascimentos e dos óbitos (até porque o correto registro 217
cidadania se faz com a apresentação do título de eleitor. desses eventos interessa também ao próprio Estado).
Também são gratuitas a ações de Habeas Corpus e Habeas dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
218 Data, bem como os atos necessários ao exercício da cidadania tes às emendas constitucionais.
(emissão de documentos, por exemplo). Nesse último caso, na De acordo com o parágrafo 3º do Art. 5º, os tratados in-
forma que a lei estabelecer (norma de eficácia limitada). ternacionais que passarem pelo mesmo rito de aprovação das
emendas constitucionais (aprovação na Câmara e no Senado,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Razoável Duração do Processo em dois turnos, por três quintos dos votos dos deputados fe-
LXXVIII. A todos, no âmbito judicial e administra- derais e senadores) terão status de norma constitucional.
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- Diferente situação ocorre com os tratados internacionais
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua sobre direitos humanos que forem aprovados pela forma ordi-
tramitação. nária de ratificação de tratados: nesse caso, tais tratados terão
Existe um binômio que precisa ser levado em consideração na o status de norma supralegal, mas hierarquicamente inferior
prestação jurisdicional: justiça-celeridade. às normas constitucionais.
Essas duas características, a princípio antagônicas (quanto
mais rápido um processo, com menos recursos, menos justo
Tribunal Penal Internacional
ele tendo a ser, e vice-versa), precisam ser combinadas de for- § 4º. O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
ma que se busquem decisões justas, que respeitem o direito Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
ao contraditório, ampla defesa e possibilidade de recursos e Para evitar discussões a respeito da legitimidade de julga-
que, ao mesmo tempo não sejam por demais tardias. mento de brasileiros por tribunais internacionais, o parágrafo
A Constituição não define o que seja razoável duração do 4º do Art. 5º deixa claro que, se o Brasil manifestar adesão à
processo, porém essa definição está ligada ao binômio acima, criação de um Tribunal Penal Internacional, cidadãos brasilei-
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ou seja, deve-se procurar que o processo seja o mais rápido ros poderão ser julgados por esse Tribunal, nos termos estabe-
possível, porém não tão rápido de forma a prejudicar a busca lecidos no tratado de constituição.
da justiça.
O mesmo vale para os processos administrativos. 3.2. Direitos Sociais
Os direitos sociais são direitos fundamentais típicos da
Disposições Gerais chamada segunda geração, e visam garantir uma existência
Os parágrafos do Art. 5º da CF trazem uma série de dis- digna aos cidadãos.
posições gerais aplicáveis aos direitos e garantias individuais São consideradas verdadeiras obrigações que o Estado
e coletivos: possui para com seus nacionais e, precipuamente, buscam
Aplicação imediata das Normas garantir melhores condições de vida aos menos favorecidos,
funcionando assim como instrumentos de equalização de con-
Definidoras de Direitos e dições sociais desiguais.
Garantias Fundamentais Sua extensão varia de país para país, de acordo com a con-
§ 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias cepção do papel atribuído ao Estado em cada um deles.
fundamentais têm aplicação imediata. Assim, existem alguns países que reconhecem um número
Isso significa que a intenção do constituinte era que as nor- maior de direitos sociais, como é o caso do Brasil e de vários
mas constitucionais que tratam de direitos e garantias fossem países da Europa continental, sendo chamados de Estados-
imediatamente aplicadas. Em se tratando de normas de eficá- -Provedores ou Estados-Sociais. Por outro lado, existem outros
cia limitada, cabe a impetração de mandado de injunção para que consideram que o Estado deve possuir menos obrigações
que a omissão seja suprida. em relação ao particular, recebendo normalmente o nome de
Estados liberais.
Não Taxatividade dos Direitos O Art. 6º de nossa Constituição define quais são eles:
e Garantias Fundamentais Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
§ 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
não excluem outros decorrentes do regime e dos princí- a segurança, a previdência social, a proteção à mater-
pios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em nidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
que a República Federativa do Brasil seja parte. forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 90, de 2015)
Além dos direitos e garantias expressos no Art. 5º e em ou-
tros artigos da Constituição, o rol pode ser constantemente am- Embora os direitos sociais sejam bastante amplos, conforme
pliado por meio de tratados internacionais assinados pelo Brasil. se verifica acima, em seu Capítulo II - Direitos Sociais, nossa CF
trata basicamente dos direitos trabalhistas, que regem as rela-
Aprovação de Tratados internacionais ções entre patrões e empregados. Outros direitos sociais são
sobre Direitos Humanos com abordados em dispositivos diferentes da Constituição Federal.
O Art. 7º da Constituição Federal traz os principais direitos
Status de Norma Constitucional trabalhistas. Importante observar que nem todos se aplicam
§ 3º. Os tratados e convenções internacionais sobre di- aos servidores públicos e, mesmo os que se aplicam, podem
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do ser regulamentados de forma diferente por leis específicas,
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos uma vez que os servidores são regidos por estatutos próprios.
Os empregados domésticos também não possuem todos A lei do seguro-desemprego, além de trazer o pagamento
os direitos citados nos incisos do Art. 7º, por conta do disposto do chamado auxílio-desemprego, também dispõe que o Go-
em seu parágrafo único, embora a EC nº 72/2013 tenha am- verno deve oferecer meios para ajudar o trabalhador a encon-
pliado significativamente os seus direitos, quase que os equi- trar um outro emprego.
parando aos demais trabalhadores.
Vejamos o que diz o Art. 7º da Constituição Federal: FGTS
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, III. Fundo de garantia do tempo de serviço;
além de outros que visem à melhoria de sua condição Trata-se do FGTS, equivalente a aproximadamente um salá-
social: rio por ano (8% do salário por mês), depositado pelo emprega-
O caput do Art. 7º deixa claro que os direitos sociais apre- dor em conta vinculada e exclusiva do empregado, administrada
sentados em seus incisos se aplicam indistintamente aos tra- pela Caixa Econômica Federal e sujeito a saques em hipóteses
balhadores urbanos e rurais, e que não excluem outros, pre- específicas, como despedida sem justa causa e aposentadoria.
vistos na própria Constituição ou em leis específicas. Ou seja, A ideia do FGTS é que o empregador faça uma poupan-
tal artigo traz somente o mínimo considerado necessário pelo ça forçada para o empregado, o qual, por sua vez, somente
constituinte para que o trabalhador possa ter condições de tra- poderá sacá-la nas hipóteses previstas em lei. Por sua vez, a
balho e de vida dignas. lei prevê que os recursos “parados” nas contas do FGTS dos
E os incisos do Art. 7º trazem quais são esses direitos: empregados brasileiros podem ser usados pelo Governo para
financiamento do Sistema Financeiro da Habitação - SFH.
Proteção contra Despedida O servidor público estatutário ocupante de cargo efetivo
sem Justa Causa não tem direito ao FGTS.
I. Relação de emprego protegida contra despedi- Salário-Mínimo
da arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
IV. Salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente
complementar, que preverá indenização compen-
unificado, capaz de atender a suas necessidades
satória, dentre outros direitos;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
A demissão arbitrária ou sem justa causa pode trazer graves mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
consequências para o trabalhador, inclusive no que se refere ao ne, transporte e previdência social, com reajustes
seu sustento e de sua família. periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
Diante disso, a Constituição exige que lei complementar sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
o proteja dessa situação, buscando amenizar os impactos de- O salário-mínimo deveria garantir uma existência digna
correntes de tal despedida com o pagamento de uma indeni- para uma família com dois filhos. Sabe-se que está muito lon-
zação, entre outras providências que podem ser adicionadas. ge disso. No entanto, um aumento repentino e substancial no

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Essa lei complementar referida no dispositivo ainda não salário-mínimo poderia trazer consequências desastrosas para
existe. Diante disso, permanece em vigor disposto no Art. 10 do a economia, como por exemplo, demissões em massa, falta de
ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), que recursos para pagamento de benefícios da Previdência Social,
afirma o seguinte: etc. Por conta disso, entende-se que se deve aumentar pau-
Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a latinamente o valor do salário mínimo, até que ele atenda a
que se refere o Art. 7º, I, da Constituição: todas as necessidades previstas no texto constitucional.
I. fica limitada a proteção nele referida ao aumen- De acordo com o inciso IV do Art. 7º, o salário- -mínimo
to, para quatro vezes, da porcentagem prevista no também deve ser:
Art. 6º, “caput” e § 1º, da Lei nº 5.107/66; ▷ Fixado em lei: é o Poder Legislativo quem deve es- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II. fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: tabelecer o valor do salário-mínimo ou aprovar os
a) do empregado eleito para cargo de direção de critérios para a definição de seu valor.
comissões internas de prevenção de acidentes, ▷ Nacionalmente unificado: embora os Estados possam
desde o registro de sua candidatura até um ano ter salários-mínimos regionais, esses devem ser sem-
após o final de seu mandato; pre iguais ou superiores ao salário-mínimo nacional.
b) da empregada gestante, desde a confirmação ▷ Reajustado periodicamente: esse reajuste é previsto
da gravidez até cinco meses após o parto. para garantir a preservação do valor do salário-míni-
A multa citada no inciso I do Art. 10 do ADCT é justamente mo, diante da inflação. É realizado anualmente.
a multa de 40% do valor depositado pelo empregador na conta ▷ Proibido de vinculação para qualquer fim: tem por
do FGTS do empregado, no caso de demissão sem justa causa. objetivo não criar “amarras” ao aumento do salário-
mínimo.
Seguro-Desemprego
II. Seguro-desemprego, em caso de desemprego Piso Salarial
involuntário; V. Piso salarial proporcional à extensão e à comple-
O seguro-desemprego é atualmente regulamentado pela xidade do trabalho;
Lei nº 7.998/90, e busca amparar temporariamente o trabalha- Além do salário-mínimo, que se aplica a todos os trabalha- 219
dor, em virtude de despedida sem justa causa. dores brasileiros, a Constituição prevê que haja também pisos
salariais, que são salários-mínimos aplicáveis a determinadas De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
220 categorias profissionais, e cujo valor deve levar em conta a ex- o trabalho noturno urbano estende-se das 22 horas de um dia
tensão e a complexidade do trabalho em cada uma delas. às 5 horas do outro. Já nas atividades rurais, é considerado no-
Esses pisos salariais são negociados pelos sindicatos de turno o trabalho executado na lavoura entre 21 horas horas de
cada categoria profissional junto aos sindicatos dos empre- um dia às 5 horas do dia seguinte, e na pecuária, entre 2 horas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

gadores, ou podem ser obtidos pelos sindicatos profissionais às 4 horas do dia seguinte.
mediante dissídios coletivos na Justiça do Trabalho. Quem trabalhar nesses horários terá direito a um adicio-
Obviamente, os valores dos diversos pisos salariais devem nal, calculado com base nas horas de trabalho que coincidirem
ser sempre iguais ou superiores ao valor do salário-mínimo. com esses períodos.

Irredutibilidade do Salário Proteção ao Salário


VI. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em X. Proteção do salário na forma da lei, constituindo
convenção ou acordo coletivo; crime sua retenção dolosa;
Uma vez estabelecido o valor de salário no contrato de tra- O salário do trabalhador é o seu sustento, sendo que o em-
balho, ele não pode ser reduzido, mesmo que o empregado pregado conta com ele para o atendimento de suas necessida-
concorde, exceto se tal redução for aceita por negociação feita des básicas e de sua família.
junto à respectiva entidade sindical respectiva. Por isso, a lei deverá protegê-lo, inclusive considerando
A diferença entre convenção coletiva e acordo coletivo é crime sua retenção intencional por parte do empregador.
que a primeira é um pacto firmado entre os sindicatos dos tra-
balhadores, de um lado, e o sindicato dos empregadores, de Participação nos Lucros e na
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outro, ao passo que o acordo coletivo é firmado pelo sindicato


dos trabalhadores, de um lado, e um ou mais empregadores, Gestão das Empresas
de outro (no acordo coletivo não há participação do sindicato XI. Participação nos lucros, ou resultados, des-
dos empregadores). vinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
Assim, a convenção coletiva vale para os trabalhadores de toda participação na gestão da empresa, conforme
a categoria profissional e o acordo vale somente para os trabalhado- definido em lei;
res das empresas envolvidas. A Constituição estabelece a possibilidade de que os traba-
De qualquer forma, a redução salarial do empregado pode lhadores venham a ter participação nos lucros da empresa (a
ser negociada tanto por convenção como por acordo coletivo. chamada PLR), conforme definido em lei, além de haver a pos-
sibilidade – excepcional – de participação na gestão da própria
Salário-Mínimo para os que empresa, também nas hipóteses previstas em lei.
Recebem Remuneração Variável A lei que trata sobre a PLR estabelece que a mesma de-
verá ser negociada entre os sindicatos dos trabalhadores e a
VII. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para empresa.
os que percebem remuneração variável;
Para que seja considerado de fato participação nos lucros,
Esse inciso visa garantir que aqueles que percebem o valor recebido pelo empregado não deve estar atrelado à sua
remuneração variável, como os garçons, que recebem, remuneração, mas sim à contribuição dada por ele para o atin-
além do salário, gorjetas, ou aqueles que tenham seus gimento do resultado. Se o valor da PLR estiver vinculado ao
salários atrelados a metas de desempenho, que esses
salário do empregado, o montante recebido será considerado
também tenham direito a receber todo mês, no mínimo, o
remuneração e como tal tributado.
valor de um salário-mínimo.
13º Salário Salário-Família
VIII. Décimo terceiro salário com base na remune- XII. Salário-família pago em razão do dependente
ração integral ou no valor da aposentadoria; do trabalhador de baixa renda, nos termos da lei;
O décimo terceiro salário, ou gratificação natalina, deve ser O salário-família tem a função de auxiliar o trabalhador de
pago até o final do ano, podendo ser dividido em duas parcelas, baixa renda a sustentar sua família, cabendo à lei definir qual
sendo a primeira paga até dia 30 de novembro e a segunda até seria o valor de salário considerado como baixo.
dia 20 de dezembro. Deve ser pago em função do número de dependentes do tra-
É calculado com base na remuneração devida no paga- balhador, de forma que aquele que tenha mais filhos receba mais.
mento de dezembro.
Jornada de Trabalho
Adicional Noturno XIII. Duração do trabalho normal não superior a
IX. Remuneração do trabalho noturno superior à oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
do diurno; facultada a compensação de horários e a redução
O homem tem hábitos diurnos. Por isso, nossa Constitui- da jornada, mediante acordo ou convenção coleti-
ção entendeu que quem trabalha durante o período noturno va de trabalho;
trabalha fora de seu horário natural e que, portanto, deve rece- No Brasil a duração da jornada semanal de trabalho é de,
ber uma compensação. no máximo, 44 horas semanais e 8 diárias. O que for traba-
lhado além disso, seja no limite diário, seja no limite semanal, No caso do servidor público civil, o estatuto federal, es-
deve ser pago como hora extra, com os acréscimos legais. tadual ou municipal é que disciplinará a aquisição e o gozo
A Constituição, porém, permite a compensação de horá- das férias.
rios (banco de horas) e a redução da jornada, mediante nego-
ciação que envolva o sindicato da categoria profissional. Licença-Maternidade
XIV. Jornada de seis horas para o trabalho realiza- XVIII. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego
do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
negociação coletiva; É a licença-maternidade. Embora a Constituição preveja
Turno interrupto de revezamento é aquele no qual o traba- uma licença de 120 dias, atualmente a lei incentiva as empre-
lhador é obrigado a trabalhar hora num horário, ora em outro, sas a estenderem sua duração até os seis meses, que é o perío-
como ocorre com algumas pessoas que trabalham em regime do de amamentação considerado como o mínimo adequado,
de escala. de acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde.
Como essa troca de horários traz dificuldades de adapta- O objetivo da licença-maternidade é principalmente prote-
ção e pode até ser prejudicial à saúde do trabalhador, a Cons- ger o recém-nascido, permitindo o contato com a mãe durante
tituição Federal estabelece que, nesse caso, a jornada normal um período mínimo, o que é importante tanto pelo aspecto
máxima será de seis horas diárias, salvo negociação coletiva. emocional da criança, como também para que ela possa ser
devidamente amamentada com leite materno.
Descanso Semanal Remunerado
XV. Repouso semanal remunerado, preferencial- Licença-Paternidade
mente aos domingos; XIX. Licença-paternidade, nos termos fixados em
Todo trabalhador tem direito a pelo menos um dia de des- lei;
canso remunerado na semana, em que não trabalhará e não Em relação à licença-paternidade, a Constituição não prevê um
terá o dia descontado. Esse dia de descanso deve ser preferen- período mínimo de duração, sendo que, atualmente, a legislação
cialmente, o domingo, podendo, no entanto, ser estabelecido prevê no mínimo 5 dias de afastamento, contados do dia do nas-
outro dia, havendo necessidade do empregador. Trabalhando cimento da criança.
no domingo, o empregado terá direito a um acréscimo em sua
remuneração. Proteção ao Mercado de
Para todos os trabalhadores, o descanso semanal tem a Trabalho Feminino
duração de 24 horas consecutivas.
XX. Proteção do mercado de trabalho da mulher,
Horas Extras mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
Essa disposição visa combater a desigualdade entre gêne-
XVI. Remuneração do serviço extraordinário su-

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ros em termos de oportunidades no mercado de trabalho.
perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal; Norma de eficácia limitada, deve ser regulamentada por lei.
O serviço extraordinário condiz com as chamadas horas Aviso-Prévio
extras.
XXI. Aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço,
Deve-se observar que o valor de 50% é o mínimo de acrésci-
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
mo. É muito comum que determinadas categorias profissionais
consigam acréscimo maior em função de negociação coletiva. Aviso prévio é o intervalo de tempo entre a comunicação da
intenção da ruptura do contrato de trabalho por uma das partes
Férias e sua efetiva rescisão, a fim de que a outra parte se prepare para
essa ruptura.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVII. Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal; No caso de a iniciativa da rescisão partir do empregador,
ele deve avisar o empregado com um prazo que varia de 30
As férias são um período de até 30 dias de descanso con-
dias a 90 dias de antecedência, dependendo do número de
cedidos a cada trabalhador após 12 meses de trabalho, que se-
anos que o empregado trabalhou na empresa. Se preferir não
rão gozados de uma só vez, salvo em casos excepcionais, em
o fazer, deverá pagar o salário correspondente a esses dias, no
que o período de férias poderá ser dividido em dois períodos,
momento da rescisão.
um dos quais não deverá ser inferior a 10 dias consecutivos.
Se a iniciativa da rescisão partir do empregado, ele também
A CLT permite que o empregado venda até 10 dias de suas tem a obrigação de avisar o empregador com 30 dias de antece-
férias, cabendo ao patrão decidir sobre o momento de con- dência. Se não o fizer, terá descontado de suas verbas rescisórias
cedê-las, não podendo, no entanto, deixar acumular mais de o valor correspondente.
dois períodos de aquisição, sob pena de pagamento de multa.
Durante as férias, o trabalhador receberá, além de seu sa- Redução dos Riscos do Trabalho
lário normal, um adicional correspondente a 1/3 desse salário. XXII. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
É o conhecido adicional de férias, concedido ao empregado meio de normas de saúde, higiene e segurança;
para que o mesmo tenha meios para, de fato, poder aproveitar
A legislação deve cuidar de proteger o trabalhador contra
o período de descanso. 221
os acidentes e demais riscos no trabalho, como prejuízo à sua
saúde, por exemplo. Toda atividade profissional envolve riscos, As negociações efetuadas entre os empregadores e os sin-
222 umas mais outras menos, mas a obrigação do Estado é pro- dicatos representantes das categorias profissionais têm força
curar reduzir esses riscos, principalmente através de normas de lei entre as partes, desde que não desrespeitem os limites
dirigidas ao empregador, cabendo ao Estado fiscalizar se essas impostos pela legislação.
normas estão ou não sendo cumpridas. As convenções coletivas são celebradas entre um sindicato
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Exemplo de aplicação dessa norma é a exigência de que o patronal e outro profissional e que os acordos coletivos são fir-
empregador disponibilize a seus empregados equipamentos mados entre um sindicato profissional e um ou mais emprega-
de proteção individual – EPI, quando o trabalho envolver riscos dores específicos.
físicos, químicos ou biológicos.
Proteção Face à Automação
Adicionais de Penosidade, XXVII. Proteção em face da automação, na forma
Insalubridade e Periculosidade da lei;
Automação é a substituição da mão de obra humana pela
XXIII. Adicional de remuneração para as atividades mecanizada. Essa automação, embora necessária para apri-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; morar a competitividade da indústria nacional, pode causar
Atividades penosas são as tarefas árduas, difíceis, cansati- sérios prejuízos ao emprego, se seus efeitos não forem bem
vas, que ocasionam um grande desgaste físico ou mental para administrados.
o trabalhador, como aquelas exercidas sem possibilidade de Por isso a Constituição determina que a lei deverá prote-
descanso ou o sujeite a intempéries, ou mesmo que obrigue a ger os empregados dos efeitos nocivos dessa automação, por
levantar muito cedo ou dormir muito tarde.
exemplo, providenciando cursos de atualização e mecanismos
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Atividades insalubres são aquelas que causam prejuízo ou de realocação desses empregados em outras atividades.
risco à saúde do trabalhador, como ocorre, por exemplo, com
trabalhadores em minas subterrâneas, que podem ter seu sis- Seguro contra Acidentes de Trabalho
tema respiratório comprometido com a aspiração de pequenas
partículas de pó, podendo, com o passar do tempo, inclusive XXVIII. Seguro contra acidentes de trabalho, a
desenvolver a silicose, grave doença que causa o endurecimento cargo do empregador, sem excluir a indenização a
dos pulmões e que pode levar à morte. que este está obrigado, quando incorrer em dolo
Por fim, atividades perigosas são aquelas que causam ou culpa;
risco imediato à vida ou integridade física, como ocorre, por A lei deve instituir seguro que indenize o trabalhador em
exemplo, com os eletricistas que trabalham na manutenção de caso de acidente laboral, sendo que esse seguro deve ser pago
redes de alta tensão. pelo empregador.
Tratando-se de atividade penosa, insalubre ou perigosa, terá O valor do prêmio do seguro pago pelo empregador depen-
o trabalhador direito a um adicional em sua remuneração, como de do grau de risco da atividade desenvolvida pelo empregado.
uma forma de compensação. Se o acidente ocorrer por dolo ou culpa do empregador
(que não forneceu os equipamentos de segurança obriga-
Aposentadoria tórios, por exemplo), o trabalhador, além de receber o valor
XXIV. Aposentadoria; correspondente ao seguro, também poderá cobrar, na Justiça,
Aposentadoria é o direito que o trabalhador que preen- indenização do empregador.
cheu os requisitos legais de tempo de contribuição e/ou idade Ações Trabalhistas
tem de receber do estado um auxílio para o seu sustento.
XXIX. Ação, quanto aos créditos resultantes das
É oferecida pela Previdência Social, com exceção da apo-
relações de trabalho, com prazo prescricional de
sentadoria por idade (sem o tempo mínimo de contribuição),
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
que é um benefício da Assistência Social.
até o limite de dois anos após a extinção do contra-
Os requisitos para aposentadoria do servidor público são dife- to de trabalho;
renciados daqueles exigidos do trabalhador da iniciativa privada.
Esse inciso trata da chamada ação trabalhista, instrumen-
Assistência em Creches e Pré-Escolas to utilizado pelo empregado ou ex-empregado para cobrar na
Justiça direitos não respeitados pelo empregador.
XXV. Assistência gratuita aos filhos e dependentes A norma estabelece dois prazos prescritivos, os quais, se não
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em obedecidos, levarão à perda do direito do empregado ou ex-em-
creches e pré-escolas; pregado de cobrar tais direitos:
A partir dos seis anos, a criança deve ser matriculada no ensi- a) prazo para entrar com a ação: máximo de dois anos após
no regular, que começa com o fundamental. a extinção do contrato de trabalho, se o autor entrar com a ação
Antes dessa idade, porém, o Poder Público deve garantir após o fim do vínculo empregatício, que é o que normalmente
assistência às crianças em creches e pré--escolas públicas. ocorre, pois é muito raro que alguém entre com uma ação traba-
lhista enquanto ainda trabalha da empresa acionada.
Convenções e Acordos Coletivos b) prazo para cobrança dos créditos trabalhistas: somen-
XXVI. Reconhecimento das convenções e acordos te podem ser cobrados os créditos trabalhistas referentes aos
coletivos de trabalho; cinco anos anteriores ao ingresso da ação judicial.
Proibição de Discriminação Trabalhador Avulso
Profissional XXXIV. Igualdade de direitos entre o trabalhador
com vínculo empregatício permanente e o traba-
XXX. Proibição de diferença de salários, de exercí- lhador avulso.
cio de funções e de critério de admissão por motivo
Trabalhador avulso é aquele que, apesar de não ser autô-
de sexo, idade, cor ou estado civil; nomo, não tem vínculo empregatício com o tomador de seu
Esse inciso proíbe a discriminação profissional arbitrária, serviço, sendo vinculado ao chamado Órgão Gestor de Mão de
buscando combater o preconceito e a desigualdade no am- Obra, por força de lei.
biente de trabalho. É o caso dos estivadores, que são carregadores que trabalham
XXXI. Proibição de qualquer discriminação no to- em portos, e de alguns trabalhadores rurais.
cante a salário e critérios de admissão do trabalha- A Constituição Federal garante a eles os mesmos direitos
dor portador de deficiência; do trabalhador com vínculo permanente. Assim, atualmente
A norma tem o objetivo de facilitar o acesso do deficiente eles terão direito a benefícios como 13º salário, licença-mater-
ao mercado de trabalho e impedir que venha a receber menos nidade e licença-paternidade, férias remuneradas, etc.
que outro trabalhador pelo simples fato de ser deficiente.
No entanto, no que se refere a critérios de admissão
Trabalhador Doméstico
essa disposição não é absoluta, uma vez que existem de- Parágrafo único. São assegurados à categoria dos traba-
terminadas funções que dificilmente podem ser exercidas lhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI,
por deficientes, seja pelas atribuições do emprego (cargo VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI,
de segurança, por exemplo), seja pela falta de acessibilida- XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas
de no local de trabalho. em lei e observada a simplificação do cumprimento das
Porém, não havendo tais restrições, o empregador não obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes
deve recusar-se a contratar alguém alegando tratar-se de um da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos
nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua
deficiente.
integração à previdência social.
XXXII. Proibição de distinção entre trabalho ma- A Lei nº 5.859/72 traz o conceito de empregado domés-
nual, técnico e intelectual ou entre os profissionais tico: é aquele que presta serviços de natureza contínua e de
respectivos; finalidade não lucrativa a pessoa ou família, no âmbito resi-
Esse inciso evidentemente não proíbe que se paguem di- dencial destas.
ferentes salários em função da complexidade do trabalho (um Enquadram-se nesse conceito: a empregada doméstica,
engenheiro pode e deve ganhar mais do que um porteiro),

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propriamente dita; as babás, os caseiros e motoristas particula-
mas simplesmente veda a diferenciação discriminatória em res, entre outros, desde que tenham vínculo empregatício com
razão do tipo de trabalho. uma pessoa física e prestem serviços na residência dessa pessoa
Assim, por exemplo, o empregador não pode conceder de- e que seu trabalho não propicie ganhos econômicos a ela.
terminados benefícios somente a determinados empregados e O trabalhador doméstico não tem exatamente os mesmos
negá-los a outros. direitos dos demais empregados, mas a EC nº 72/2013 ampliou
É uma disposição dirigida não só aos empregadores, mas bastante os seus direitos, praticamente equiparando-os com
também aos próprios legisladores, para que estes não criem leis os direitos do trabalhador empregado e do trabalhador avulso.
que privilegiam determinadas categorias de trabalhadores, em Atualmente, os únicos direitos trabalhistas garantidos aos
detrimento de outras. demais trabalhadores e que os empregados domésticos não pos-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

suem são os seguintes (até porque vários deles são incompatíveis


Idade Mínima para o Trabalho com as características do trabalho do empregado doméstico):
XXXIII. Proibição de trabalho noturno, perigoso ou ▷ Piso salarial;
insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra- ▷ Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada
balho a menores de dezesseis anos, salvo na condi- da remuneração, e, excepcionalmente, participação
ção de aprendiz, a partir de quatorze anos; na gestão da empresa, conforme definido em lei;
O menor de quatorze anos não pode trabalhar em nenhu- ▷ Jornada de seis horas para o trabalho realizado em
ma hipótese. A partir dessa idade e até dezesseis, somente turnos ininterruptos de revezamento, salvo negocia-
pode trabalhar como aprendiz (regulamentado pela Lei nº ção coletiva;
10.097/2000 e pelo Decreto nº 5.598/2005). A partir de de- ▷ Proteção do mercado de trabalho da mulher, me-
zesseis anos, pode trabalhar normalmente, sendo vedados so- diante incentivos específicos, nos termos da lei;
mente os trabalhos noturnos, perigosos e insalubres. A partir ▷ Adicional de remuneração para as atividades peno-
de dezoito anos, não há restrições. sas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
A Constituição Federal buscou retardar a entrada no mer- ▷ Proteção em face da automação, na forma da lei;
cado de trabalho do jovem como uma forma de que este possa ▷ Proibição de distinção entre trabalho manual, técni- 223
se dedicar melhor aos estudos, na fase inicial de sua vida. co e intelectual ou entre os profissionais respectivos.
Servidor Público I. A lei não poderá exigir autorização do Estado
224 para a fundação de sindicato, ressalvado o re-
De acordo com o Art. 39, § 3º, da Constituição, aplicam-se gistro no órgão competente, vedadas ao Poder
aos servidores públicos os direitos previstos nos incisos IV, VII, Público a interferência e a intervenção na orga-
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX do Art.
nização sindical;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

7º, quais sejam:


Qualquer categoria profissional (empregados) ou econômica
▷ Salário-mínimo, fixado em lei, nacionalmente unifi-
(empregadores) pode criar um sindicato próprio, sendo que não
cado, capaz de atender às suas necessidades vitais
haverá necessidade, para isso, de qualquer autorização do Poder
básicas e às de sua família com moradia, alimen-
Público, o qual também não poderá intervir na organização dos
tação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes perió- sindicatos (prática muito comum em regimes ditatoriais, em que
dicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo se busca controlar a ação política dos sindicatos).
vedada sua vinculação para qualquer fim; No entanto, todos os sindicatos, para serem reconhecidos
▷ Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para como tais, deverão ser registrados junto ao órgão competente.
os que percebem remuneração variável; II. É vedada a criação de mais de uma organiza-
▷ Décimo terceiro salário com base na remuneração inte- ção sindical, em qualquer grau, representativa de
gral ou no valor da aposentadoria; categoria profissional ou econômica, na mesma
base territorial, que será definida pelos trabalha-
▷ Remuneração do trabalho noturno superior à do
dores ou empregadores interessados, não poden-
diurno;
do ser inferior à área de um Município;
▷ Salário-família pago em razão do dependente do
O inciso II traz o chamado princípio da “unicidade sin-
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trabalhador de baixa renda nos termos da lei;


dical” ou do “monismo sindical”, o qual determina que, no
▷ Duração do trabalho normal não superior a oito ho- Brasil, somente poderá haver um sindicato, em cada local,
ras diárias e quarenta e quatro semanais, facultada responsável pela representação de cada categoria profissio-
a compensação de horários e a redução da jornada, nal ou econômica. Desta forma, se já existir, por exemplo, um
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; sindicato dos motoristas de ônibus do Município de Capim
▷ Repouso semanal remunerado, preferencialmente Alto, não poderá ser criado outro sindicato dos motoristas de
aos domingos; ônibus na mesma região.
▷ Remuneração do serviço extraordinário superior, no Vê-se assim, que não existe a possibilidade de concorrên-
mínimo, em cinquenta por cento à do normal; cia entre os sindicatos, o que obriga os trabalhadores, se de-
▷ Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo me- sejarem se sindicalizar, a aderir a um determinado sindicato,
nos, um terço a mais do que o salário normal; o que facilita as negociações com os trabalhadores, que terão
▷ Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- somente um interlocutor, e, na visão do constituinte, evita o
rio, com a duração de cento e vinte dias; enfraquecimento do movimento sindical, o que poderia ocor-
▷ Licença-paternidade, nos termos fixados em lei; rer se houvesse a possibilidade de sindicatos múltiplos.
▷ Proteção do mercado de trabalho da mulher, me- Quem define a área de atuação do sindicato são os próprios
diante incentivos específicos, nos termos da lei; trabalhadores ou empregadores, sendo que esta não poderá ser
▷ Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio inferior à área de um Município.
de normas de saúde, higiene e segurança; III. Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
▷ Aposentadoria; ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
▷ Proibição de diferença de salários, de exercício de em questões judiciais ou administrativas;
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, O inciso III deixa claro que os sindicatos existem para represen-
idade, cor ou estado civil; tar as diversas categorias profissionais e econômicas, tanto na esfera
▷ Proibição de qualquer discriminação no tocante a administrativa (junto à Administração Pública) como na judicial (pe-
salário e critérios de admissão do trabalhador por- rante os processos que correm perante o Poder Judiciário).
tador de deficiência; IV. A assembleia geral fixará a contribuição que,
▷ Proibição de distinção entre trabalho manual, técni- em se tratando de categoria profissional, será des-
co e intelectual ou entre os profissionais respectivos. contada em folha, para custeio do sistema confe-
No entanto, é importante observar esses direitos mínimos derativo da representação sindical respectiva, in-
garantidos pela Constituição Federal aos servidores públicos, dependentemente da contribuição prevista em lei;
sendo que os estatutos dos servidores da União, Estados e O inciso IV criou uma nova categoria de contribuição sindi-
Municípios costumam conceder muitos outros direitos além cal: a contribuição confederativa, que deve ser descontada na
desses, como, por exemplo, adicionais de periculosidade e in- folha de pagamento do trabalhador, independentemente do
salubridade e assistências em creches e pré-escolas (através mesmo ser filiado ao sindicato ou não.
do pagamento de auxílio-creche). O valor dessa contribuição deve ser necessariamente defini-
do pela Assembleia Geral, vedado a sua estipulação, por exem-
Organização Sindical plo, pela Diretoria do sindicato.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob- V. Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-
servado o seguinte: se filiado a sindicato;
Assim como ninguém pode ser obrigado a filiar-se ou Direito de Greve
manter-se filiado a qualquer associação, conforme dispõe o
Art. 5º, XX, da Constituição Federal, também ninguém pode Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
ser obrigado a sindicalizar-se ou a manter-se sindicalizado. aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
No entanto, deve-se observar que mesmo o trabalhador ou exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
empregador não sindicalizado está sujeito ao pagamento de dele defender.
contribuições impostas pela lei. § 1º. A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
VI. É obrigatória a participação dos sindicatos nas disporá sobre o atendimento das necessidades inadiá-
negociações coletivas de trabalho; veis da comunidade.
Sendo as negociações coletivas de trabalho acordos firma- § 2º. Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
dos entre os trabalhadores e os empregadores, e sendo os sindi- penas da lei.
catos os representantes naturais de ambos, é necessário que as A Constituição Federal garante amplamente o direito de
negociações coletivas sejam travadas com a participação desses greve dos trabalhadores, diferentemente do tratamento que era
sindicatos. dado pela Constituição anterior.
Já vimos a diferença entre convenção e acordo coletivo quando Cabe aos trabalhadores decidir sobre a realização ou não
comentamos o inciso VI do Art. 7º da Constituição. No caso de acor- de uma greve e sobre o que irão pleitear por meio dela.
do coletivo, somente há a necessidade de participação do sindicato No entanto, o Art. 9º traz duas ressalvas importantes em
dos trabalhadores, uma vez que ele é firmado entre esse e um ou seus parágrafos:
mais empregadores. Já no caso das convenções, deverão sentar-se a) para os chamados serviços ou atividades essenciais, de-
à mesa de negociações tanto o sindicato dos trabalhadores como o finidos pela lei, poderá haver restrição na forma do exercício
sindicato dos empregadores. da greve, de forma a evitar prejuízos demasiados à coletivida-
Os acordos e convenções coletivas são assinados pela dire- de. Nesses casos, o direito de greve subsiste, mas estará sujeito
toria do sindicato, mas precisam ser ratificados, ou seja, confir- à regulamentação, para que se atendam às necessidades ina-
mados, por uma decisão da Assembleia Geral, que reúne todos diáveis da coletividade.
os trabalhadores associados ao sindicato. Importante observar que aqui não se trata dos serviços públi-
VII. O aposentado filiado tem direito a votar e ser cos, uma vez que a greve nestes serviços deverá ser regulamen-
votado nas organizações sindicais; tada por outra lei, prevista no Art. 37, VII, da Constituição Federal.
Como o sindicato muitas vezes decide questões que são de A lei que atualmente trata do direito de greve prevê que,
interesse direito e indireto dos aposentados, a Constituição obri- entre outras, são consideradas serviços ou atividades essenciais:
ga os sindicatos a permitirem a participação dos aposentados na ▷ Tratamento e abastecimento de água;
escolha e na formação das chapas eleitorais. Antes da promul- ▷ Produção e distribuição de energia elétrica, gás e

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gação da Constituição, a CLT vedava a participação dos inativos combustíveis;
na administração dos sindicatos. ▷ Assistência médica e hospitalar;
VIII. É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a ▷ Distribuição e comercialização de medicamentos e
partir do registro da candidatura a cargo de direção ou alimentos;
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, ▷ Funerários;
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer ▷ Transporte coletivo;
falta grave nos termos da lei. ▷ Captação e tratamento de esgoto e lixo;
O inciso VIII busca proteger o sindicalista de pressões ilegí- ▷ Telecomunicações;
timas por parte do empregador. Assim, garante ao trabalhador ▷ Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
que for candidato a algum cargo no sindicato uma estabilidade equipamentos e materiais nucleares;
temporária, que vai da data em que apresenta o registro de
▷ Processamento de dados ligados a serviços essenciais;
sua candidatura junto ao sindicato até, se eleito, um ano após
o final do mandato. ▷ Controle de tráfego aéreo;
▷ Compensação bancária.
Não houvesse essa proteção, poderia haver fundados re-
ceios de represálias do empregador contra aqueles trabalha- b) eventuais abusos cometidos no exercício do direito de
greve deverão ser punidos, na forma estabelecida em lei. Isso
dores que decidissem assumir algum cargo no sindicato.
porque não existe direito absoluto, e mesmo um direito legíti-
Obviamente, se o trabalhador praticar alguma falta grave mo pode ser exercido de forma abusiva, o mesmo aplicando-
durante o pedido de estabilidade, poderá ser demitido por jus- se em relação ao direito de greve.
ta causa.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam- Participação em Colegiados
se à organização de sindicatos rurais e de colônias de de Órgãos Públicos
pescadores, atendidas as condições que a lei estabe-
lecer. Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
O objetivo do constituinte foi deixar claro que as regras e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em
constantes do Art. 8º aplicam-se também aos sindicatos rurais que seus interesses profissionais ou previdenciários se- 225
e de colônias de pescadores. jam objeto de discussão e deliberação.
A participação dos trabalhadores e empregadores nos órgãos Assim, o nacional pode ser:
226 mencionados no Art. 10 busca torná--los mais democráticos e re- ▷ Nato: quem já nasce com aquela nacionalidade ou é
presentativos e conferir maior legitimidade às suas decisões. equiparado para todos os efeitos àqueles que nas-
cem. Tem o que se chama de nacionalidade originária.
Eleição de Representante ▷ Naturalizado: quem possuía outra nacionalidade
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pelos Trabalhadores originária, mas optou, em determinado momento e


na forma da lei, por tornarem-se nacionais daquele
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre- país. Sua nacionalidade diz-se derivada.
gados, é assegurada a eleição de um representante Embora a maior parte das pessoas possua somente uma
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o nacionalidade originária, nada impede que possua dupla na-
entendimento direto com os empregadores. cionalidade. Nesse caso são chamados de polipátridas. Tam-
A ideia do Art. 11 da Constituição é que, nas empresas bém existem casos de pessoas que não possuem nenhuma
maiores (com mais de 200 empregados), os trabalhadores nacionalidade, são os chamados apátridas.
possam eleger um dentre eles, chamado de delegado, que No Direito Constitucional Comparado existem dois critérios
fará a intermediação entre os seus colegas e a Administra- utilizados para se definir a nacionalidade originária de alguém,
ção da empresa. ou seja, para definir quem serão os cidadãos natos, critérios es-
Esse delegado será o representante dos empregados ses que podem ser utilizados de forma simples ou conjugada:
dentro da empresa, mas por não ser um representante sin- ▷ Critério territorial, também chamado de critério
dical, não terá direito à estabilidade temporária prevista no do ius solis (direito da terra): os países que adotam
Art. 8º, VIII. esse critério estabelecem que será cidadão daquele
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Importante observar que o objetivo desse delegado é Estado quem nascer em seu território, independen-
de facilitar a comunicação entre empregador e empregados temente do fato de seus progenitores serem ou não
e intermediar acordos dentro da empresa, não podendo, por nacionais daquele país.
exemplo, celebrar convenções ou acordos coletivos com força
de lei, pelo fato de não ser o representante do sindicato. É um dos critérios adotados pela Constituição Brasileira, a
qual afirma que, via de regra, os nascidos no Brasil são brasilei-
3.3. Direitos de Nacionalidade ros, mesmo que de pais estrangeiros, exceto se eles estiverem
a serviço de seu país de origem.
Os Arts. 12 e 13 da Constituição Federal estão localizados ▷ Critério sanguíneo, também chamado de critério
na Seção que faz referência aos chamados direitos de nacio- do ius sanguinis (direito do sangue): os Estados que
nalidade. adotam esse critério consideram que será cidadão
Esses direitos dizem respeito à condição, ao status, do in- nato somente quem for descendente de nacionais,
divíduo em relação ao Estado. mesmo que nasçam em território daquele país.
E em relação ao Estado, a pessoa pode assumir duas con- O Brasil, como regra geral, adotou-se o critério do ius solis,
dições ou status: havendo, porém, também aplicação do ius sanguinis, de forma
▷ Nacional: quem possui a nacionalidade daquele relativa e em alguns casos, no que se refere aos filhos de brasi-
Estado, possuindo um vínculo permanente com ele, leiros nascidos no exterior.
sendo formalmente seu súdito. É o caso dos brasilei- Vejamos o que o Art. 12 da Constituição Federal diz sobre
ros, em relação ao Brasil; dos argentinos, em relação o assunto:
à Argentina, etc.
▷ Estrangeiro: quem possui outra nacionalidade que Brasileiros Natos
não a daquele país ou não possui nenhuma naciona- Art. 12. São brasileiros:
lidade (nesse último caso, são os chamados apátri- I. Natos:
das), mas que deve submeter-se à lei do país em que a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
estiver. O estrangeiro pode ser residente, quando ainda que de pais estrangeiros, desde que não
morar no país, ou não residente, quando sua estadia estejam a serviço de seu país;
for temporária, como é o caso dos turistas e viajan- Exemplo de aplicação do ius solis, a alínea “a” do inciso II
tes a negócios. afirma que, como a regra geral, nascendo alguém no Brasil,
A definição de quem é nacional e quem é estrangeiro, em será brasileiro, mesmo que seus pais sejam estrangeiros.
relação a um determinado Estado, é importantíssima para de- Existe somente uma exceção: se um de seus pais estiver
finir o status legal da pessoa e a extensão de seus direitos e aqui a serviço de seu país, como ocorre, por exemplo, com os
deveres em relação ao país, de acordo com o que estabelecer filhos de embaixadores de outros países lotados aqui no Brasil
o ordenamento jurídico local. e de militares estrangeiros que estejam em missão oficial aqui
A aquisição da nacionalidade pode ser dar por dois modos: no Brasil (normalmente como adidos em embaixadas). No caso
modo originário e modo derivado. de um dos pais estar a serviço de seu país, seus filhos, mesmo
Os que possuem a nacionalidade originária são chama- nascidos aqui no Brasil não terão a nacionalidade brasileira.
dos de cidadãos natos, que quer dizer “nascidos”, já os que A grande maioria dos brasileiros tem sua nacionalidade
possuem a nacionalidade derivada são chamados de cidadãos originária definida por esse dispositivo da constituição, ou
naturalizados. seja, são brasileiros porque nascem no território brasileiro.
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a residentes na República Federativa do Brasil há
serviço da República Federativa do Brasil; mais de quinze anos ininterruptos e sem conde-
Aqui, é o outro lado da moeda da exceção vista acima. Via nação penal, desde que requeiram a nacionalida-
de regra, se alguém nascer no exterior, será estrangeiro. Po- de brasileira.
rém, tratando-se de filho de brasileiro que esteja no exterior a De acordo com esse dispositivo, os estrangeiros que aqui
serviço do Brasil, a criança será considerada brasileira, como se vivam há mais de 15 anos ininterruptos e que não tenham con-
aqui tivesse nascido. denação criminal poderão solicitar sua nacionalização, inde-
Entende-se que, estando algum brasileiro servindo o Brasil pendentemente de preencher quaisquer outros requisitos.
no exterior, é justo que nossa nação acolha seus filhos e faça Vê-se assim, que há duas formas de naturalização:
deles também brasileiros, mesmo que nascidos fora do terri-
tório nacional. a) se o estrangeiro tiver menos de quinze anos
de residência no Brasil, terá que se submeter às
Assim, por exemplo, o filho de um embaixador brasileiro
todas as exigências da lei para naturalizar-se;
em qualquer país do mundo será considerado brasileiro.
Aliás, isso vale para os filhos de todos os brasileiros que b) se tiver mais de quinze anos de residência
estejam no exterior a serviço de entidades da administração aqui, bastará não ter condenação criminal e so-
direta ou indireta, de qualquer das entidades da Federação, in- licitar a naturalização;
cluindo as empresas públicas e sociedades de economia mista. A Constituição atual, diferentemente das que a precede-
Deve ser observado que nada impede que a criança tam- ram, deixou claro que a naturalização depende de solicitação
bém tenha a nacionalidade do país onde nasceu, se tal o per- do interessado, não havendo mais a chamada naturalização
mitiu a legislação local. automática. Assim, se o estrangeiro estiver no Brasil há mais
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de 15 anos e não tiver condenação criminal, mas não solicitar
de mãe brasileira, desde que sejam registrados sua naturalização, continuará sendo estrangeiro.
em repartição brasileira competente ou venham a
residir na República Federativa do Brasil e optem, Equiparação entre o Brasileiro e o
em qualquer tempo, depois de atingida a maiori- Português Residente no Brasil
dade, pela nacionalidade brasileira;
§ 1º. Aos portugueses com residência permanente no
Esta é a única hipótese de brasileiro nato que não nasce já País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
brasileiro. serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, sal-
Trata-se de filho de brasileiro, que, mesmo nascido no ex- vo os casos previstos nesta Constituição.
terior, será considerado brasileiro nato em suas hipóteses: Esse dispositivo equipara um estrangeiro específico – o
a) se for registrado por seus pais em repartição bra-

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português – ao brasileiro, desde que presentes os seguintes
sileira competente (consulado ou embaixada); ou requisitos:
b) se vier a residir aqui no Brasil e optar, após os 18 a) o português seja residente no País;
anos, pela nacionalidade brasileira. b) haja reciprocidade nesse tratamento diferen-
Ocorrendo uma dessas duas situações, será ele considerado ciado em relação aos brasileiros residentes em
brasileiro nato, sem nenhuma distinção em relação aos demais, Portugal, ou seja, para que seja válido, os brasi-
exatamente como se tivesse nascido em território nacional. leiros que moram em Portugal devem ter os mes-
mos direitos do português;
Brasileiros Naturalizados c) haja respeito às diferenciações trazidas pela
Art. 12. São brasileiros: Constituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II. Naturalizados: Embora o texto constitucional não diga, entende-se que o
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali- português estaria equiparado ao brasileiro naturalizado.
dade brasileira, exigidas aos originários de países
de língua portuguesa apenas residência por um Proibição de Diferenciação entre
ano ininterrupto e idoneidade moral; Brasileiros Natos e Naturalizados
Essa é uma norma de eficácia limitada, ou seja, precisa ser § 2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre bra-
regulamentada por lei. Ela é que estabelecerá os critérios exi- sileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos
gidos para a naturalização do estrangeiro, podendo exigir, por nesta Constituição.
exemplo, que ele fale português, que tenha emprego, ende- O único diploma que pode fazer diferenciações entre os
reço fixo, que more no Brasil há algum tempo, que não tenha brasileiros natos e naturalizados é a Constituição Federal.
condenações criminais, etc.
E quando o faz, sempre as estipula em benefício do brasi-
No entanto, a Constituição Federal determina que, no caso
leiro nato. Ocorre, assim, por exemplo, quando determina que
dos estrangeiros oriundos de países lusófonos, que são aque-
os brasileiros natos nunca serão extraditados e que os naturali-
les onde se fala português, tais como Portugal, Angola, Guiné-
Bissau e Moçambique, somente serão exigidas residência no zados em certos casos poderão sê-lo, ou ainda quando reserva
227
Brasil por um ano ininterrupto e idoneidade moral. determinados públicos somente aos brasileiros natos.
Já a Lei e o Poder Público, através de seus atos adminis- Ex.: Descendentes de italianos que adquirem a cidadania
228 trativos, não podem criar quaisquer distinções entre os bra- daquele país não deixam de ser brasileiros porque a legis-
sileiros, independentemente da forma de aquisição de sua lação italiana os considera italiano natos.
nacionalidade, se originária ou derivada. ї De imposição de naturalização, pela norma estrangei-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Assim, seria inconstitucional uma lei que dissesse que de- ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como
terminado cargo (exceto aqueles ressalvados na Constituição) condição para permanência em seu território ou para o
não pudesse ser ocupado por brasileiro naturalizado.
exercício de direitos civis: nesse caso, o brasileiro não tem
Cargos Exclusivos de Brasileiros Natos opção, ou seja, a naturalização não foi totalmente volun-
§ 3º. São privativos de brasileiro nato os cargos: tária. Assim, para não o prejudicar, a Constituição Federal
I. De Presidente e Vice-Presidente da República; admite que ele acumule as duas nacionalidades.
II. De Presidente da Câmara dos Deputados;
III. De Presidente do Senado Federal; Idioma Oficial e Símbolos da
IV. De Ministro do Supremo Tribunal Federal; República Federativa do Brasil
V. Da carreira diplomática;
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
VI. De oficial das Forças Armadas.
VII. De Ministro de Estado da Defesa. pública Federativa do Brasil.
Determinados cargos públicos são considerados vitais § 1º. São símbolos da República Federativa do Brasil a
para a segurança e desenvolvimento do País. bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
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Por outro lado, deve-se sempre ter em mente que, o brasilei- § 2º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
ro naturalizado, apesar de possuir a nacionalidade pátria, ainda
continua ligado por laços familiares, emocionais e outros, ao seu derão ter símbolos próprios.
país de origem. Dizer que a língua portuguesa é o idioma oficial não proí-
Assim, o constituinte entendeu que aqueles cargos mais be, obviamente, de que se falem outras línguas em nosso país.
importantes para a condução dos destinos da nação ou para a O que se está a dizer é que esta língua deverá ser ensinada
conservação de sua segurança deveriam ser ocupados somen- em todas as escolas e que todas as leis e documentos oficiais
te por brasileiros natos, até para evitar também que outros paí- devem estar em português.
ses eventualmente “plantem” cidadãos seus como brasileiros
Embora o idioma nem sempre seja fundamental para a
naturalizados e possam vir a prejudicar os interesses nacionais.
formação de uma identidade nacional, haja vista a existência
Perda da Nacionalidade Brasileira de vários países que possuem várias línguas oficiais, no caso
§ 4º. Será declarada a perda da nacionalidade do bra- brasileiro a língua portuguesa teve papel importante na cons-
sileiro que: trução de nossa nação, sendo, durante todo o período colonial
I. Tiver cancelada sua naturalização, por sentença e até o início de nossa República um dos poucos elementos em
judicial, em virtude de atividade nociva ao interes-
se nacional; comum compartilhados entre os diversos habitantes de nossa
II. Adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: extensa pátria e que com certeza ajudou a contribuir para evi-
a) de reconhecimento de nacionalidade originá- tar o esfacelamento da antiga colônia de Portugal em diversos
ria pela lei estrangeira; países distintos.
b) de imposição de naturalização, pela norma Provavelmente por isso a Constituição resolveu formalizar o
estrangeira, ao brasileiro residente em estado es-
português como nosso idioma nacional.
trangeiro, como condição para permanência em
seu território ou para o exercício de direitos civis; Seguem abaixo a representação das armas e do selo na-
Existem duas hipóteses de perda da nacionalidade brasileira. cionais:
A primeira hipótese trata especificamente do brasileiro na-
turalizado, que poderá ter sua naturalização cancelada por pra-
ticar atividade nociva ao interesse nacional. Nesse caso, porém,
a perda somente poderá ocorrer por decisão judicial que tenha
transitado em julgado, ou seja, da qual não caiba mais recurso.
A segunda hipótese aplica-se tanto aos brasileiros natos
como naturalizados: adquirindo o brasileiro outra nacionalida-
de, deixará ele de ser brasileiro, exceto em duas situações:
ї De reconhecimento de nacionalidade originária pela lei
estrangeira: quer dizer que o país em relação ao qual o
brasileiro está se nacionalizando o considerará como um
cidadão nato e não naturalizado. Armas Nacionais
Referendo
O referendo consiste numa consulta à população para rati-
ficação ou não de lei já aprovada pelo Poder Legislativo. É feito
posteriormente à aprovação da lei, mas antes de sua vigência,
e podem ter objeto todo o diploma legal ou apenas parte dele.
No referendo, a consulta será feita na forma de quesito
(somente admitem-se as respostas “sim” ou “não”).
Exemplo de referendo foi aquele que decidiu sobre a não proi-
bição de venda de armas no Brasil (Estatuto do Desarmamento).
Selo Nacional
Por fim, o § 2º do Art. 13 da Constituição permite que os Competência para Convocação do
Estados e Municípios tenham suas próprias bandeiras, hinos, Plebiscito e do Referendo
armas e selos. De acordo com o Art. 48, XV, da Constituição Federal, com-
pete exclusivamente ao Congresso Nacional autorizar o refe-
3.4. Direitos Políticos e Partidos rendo e convocar plebiscito.

Políticos Iniciativa Popular de Projeto de Lei


A iniciativa popular é uma forma de apresentação de pro-
posta de lei (ordinária ou complementar) feita diretamente
Direitos Políticos pela população. Para que o projeto de lei de iniciativa popular
A Constituição Federal trata dos direitos políticos em seus seja aceito, deve:
Arts. 14 a 16. ▷ ser subscrito por, no mínimo, 1% (um por cento) do
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá- eleitorado nacional;
gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor ▷ tais subscritores devem estar distribuídos por no mí-
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: nimo 5 (cinco) Estados;
I. plebiscito; ▷ em cada um desses Estados, devem ser colhidas as
II. referendo; assinaturas de pelo menos 0,3% (três décimos por
III. iniciativa popular. cento) dos eleitores locais.
O Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal, estabe- Alistamento Eleitoral e Dever de Votar
lece que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio § 1º. O alistamento eleitoral e o voto são:
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta

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I. obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
Constituição.
II. facultativos para:
Assim, a regra geral é que o poder será exercido por pes-
a) os analfabetos;
soas escolhidas pelo povo.
b) os maiores de setenta anos;
A forma de eleição desses representantes será a do voto
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
direto e secreto, de caráter universal (todos os capazes pode-
rão votar). (...)
§ 2º. Não podem alistar-se como eleitores os estran-
Além disso, em situações específicas, a Constituição Fede-
geiros e, durante o período do serviço militar obriga-
ral estabelece que a lei deverá permitir a participação direta
tório, os conscritos.
da população nas decisões políticas, através de três institutos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
No Brasil, os estrangeiros não podem votar.
plebiscito, referendo e iniciativa popular.
Os brasileiros naturalizados podem votar e ser votados, so-
Plebiscito mente não podendo ser candidatos a Presidente da República e
Vice-Presidente da República.
O plebiscito consiste numa consulta feita à população so-
bre determinado assunto ainda foi votado pelo Legislativo. Aqueles que estão prestando o serviço militar obrigatório
(conscritos) também não poderão votar.
É sempre prévio, ou seja, é realizada antes da aprovação da
A Constituição Federal estabeleceu dois tipos de eleitores:
lei pelo Legislativo.
a) Eleitores obrigatórios: devem alistar-se eleitoralmente (ti-
O plebiscito pode: rar o título) e votar em todas as eleições. Em regra, são todos os
▷ apresentar várias opções de respostas, como ocor- brasileiros com mais de 18 anos.
reu, por exemplo, no plebiscito de 1993, sobre o Deve-se observar que o Código Eleitoral permite que, em vez
regime de governo no Brasil, em que o povo tinha de votar, o eleitor justifique ou pague multa, podendo fazê-lo sem
três opções de escolha: república presidencialista, número de limite de vezes.
república parlamentarista ou monarquia parlamen- b) Eleitores facultativos: não precisam alistar-se eleito-
tarista; ou ralmente (tirar o título) e, mesmo que o façam, não são obri-
▷ ser apresentado na forma de quesito (resposta sim gados a votar em todas as eleições. São: os analfabetos, quem 229
ou não). tem mais de 70 anos e quem tem entre 16 e 18 anos.
No caso do analfabeto, para que seja considerado como A legislação eleitoral exige que os candidatos devem estar
230 tal seu analfabetismo deve ser completo, não sendo conside- filiados ao partido pelo qual vão concorrer à eleição um ano
rado eleitor facultativo o chamado “analfabeto funcional”, que antes do pleito.
é aquela pessoa que sabe ler, embora tenha dificuldades para VI - a idade mínima de:
interpretar um texto lido. a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O voto direto, secreto, universal e periódico é uma das República e Senador;


cláusulas pétreas da Constituição, previstas em seu Art. 60, § b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Esta-
4º, sendo proibida a tramitação de proposta de emenda cons- do e do Distrito Federal;
titucional tendente a aboli-lo. c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Esta-
Requisitos para Ser Candidato dual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
O §  3º do Art. 14 traz os requisitos para que alguém seja
De acordo com a Lei das Eleições, o requisito da idade pre-
candidato a algum cargo público:
cisa estar preenchido no momento da posse, e não necessaria-
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: mente no momento do registro da candidatura ou da eleição.
I. a nacionalidade brasileira;
II. o pleno exercício dos direitos políticos; Condições de Elegibilidade
III. o alistamento eleitoral; Os § 4º e 9º do Art. 14 da Constituição trazem algumas
condições adicionais para que alguém seja candidato, trazen-
IV. o domicílio eleitoral na circunscrição;
do hipóteses de inelegibilidade (casos em que a pessoa não
V. a filiação partidária; poderá ser candidato):
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VI. a idade mínima de: A inelegibilidade pode ser absoluta (impedindo a pessoa
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice--Pre- de candidatar-se a qualquer cargo público) ou relativo (impe-
sidente da República e Senador; dindo a candidatura para um ou alguns cargos).
b) trinta anos para Governador e Vice-Governa- § 4º. São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
dor de Estado e do Distrito Federal; O § 4º traz hipóteses de inexigibilidade absoluta.
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Depu- Inalistável é aquele que não pode ser eleitor. Assim, quem não
tado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito pode votar não pode também ser votado.
e juiz de paz; Os analfabetos podem votar, mas não podem ser candida-
d) dezoito anos para Vereador. tos. Aqui também, para que seja inelegível, deve o cidadão ser
Vejamos cada um desses requisitos: analfabeto completo.
I - a nacionalidade brasileira: § 5º. O Presidente da República, os Governadores de
Estrangeiro não pode votar nem ser votado. Brasileiro Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
naturalizado pode votar e ser votado, somente não poden- houver sucedido, ou substituído no curso dos manda-
do concorrer aos cargos de Presidente e Vice-Presidente da tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
República e, se eleito senador ou deputado federal, não pode sequente.
concorrer aos cargos de Presidente da Câmara dos Deputados A Constituição Federal permite que o ocupante de um car-
ou do Senado Federal. go eletivo do Executivo concorra apenas uma vez à reeleição.
II - o pleno exercício dos direitos políticos: Se reeleito, somente poderá ser candidato a outro cargo
Aquele que perder seus direitos políticos (ex.: alguém que eletivo, não ao mesmo. Mas poderá concorrer de novo ao car-
sofra de incapacidade civil absoluta) ou estiver com eles sus- go desde que aguarde o período de um mandato.
pensos (condenado por crime, por exemplo), não poderá ser Tal restrição se aplica não somente ao ocupante efetivo
candidato. do cargo, mas também àqueles que o houverem sucedido, em
Além disso, o candidato deverá ter votado, ou justificado, qualquer momento do mandato.
ou pago a multa, em todas as eleições anteriores. Suceder é assumir o lugar do titular definitivamente. Subs-
III - o alistamento eleitoral: tituir é assumir o lugar do titular apenas temporariamente.
Para ser candidato, é necessário estar alistado na Justiça Assim, por exemplo, se vagar o cargo de Presidente e o
Eleitoral, ou seja, deve-se possuir título de eleitor. Vice-Presidente assumir o seu lugar (em 2015, por exemplo),
este poderá disputar a próxima eleição para Presidente (em
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição: 2018), mas não poderá concorrer à reeleição para Presidente
Domicílio eleitoral é o município onde o eleitor vota. na eleição seguinte (em 2022), uma vez que exerceu o cargo
O candidato deve estar domiciliado eleitoralmente no local de Presidente como titular no mandato anterior.
cujo cargo pleiteia. Assim, candidato a vereador de Manaus deve § 6º. Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
estar alistado em Manaus, candidato a governador de São Paulo da República, os Governadores de Estado e do Distrito
deve estar alistado em Município deste Estado, e assim por diante. Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
V - a filiação partidária: mandatos até seis meses antes do pleito.
No Brasil, todo candidato deve estar vinculado a um partido Além de não poderem se reeleger para o mesmo cargo
político. Não existe, assim, aqui, a possibilidade dos chamados mais de uma vez, os ocupantes de cargos eletivos do Execu-
“candidatos independentes”, ou seja, sem filiação partidária. tivo, se quiserem concorrer a outros cargos (como senadores,
deputados, vereadores), precisam se desincompatibilizar do Diplomação é o ato formal pelo qual a Justiça Eleitoral re-
cargo que ocupam em até seis meses antes da data da eleição. conhece os candidatos eleitos e seus suplentes, entregando-
Essa restrição não se aplica ao Vice-Presidente, aos Vice- lhes um certificado (diploma).
Governadores nem aos Vice-Prefeitos, desde que não tenham § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em
sucedido ou substituído o titular nos seis meses anteriores à segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
eleição (Lei Complementar nº 64/90). lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
§ 7º. São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, Partidos Políticos
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da Dispõe o Art. 17 da Constituição Federal:
República, de Governador de Estado ou Território, do Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi- de partidos políticos, resguardados a soberania nacio-
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo nal, o regime democrático, o pluripartidarismo, os di-
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição. reitos fundamentais da pessoa humana e observados
Essa disposição visa impedir que os ocupantes de cargos os seguintes preceitos:
se utilizem de sua influência para eleger seus cônjuges ou pa- I. caráter nacional;
rentes até o segundo grau, consanguíneos ou afins (pais, fi- II. proibição de recebimento de recursos financei-
lhos, avós, netos, irmãos, sogros, genros e cunhados). ros de entidade ou governo estrangeiros ou de su-
Veja-se que a restrição se aplica somente ao território de ju- bordinação a estes;
risdição do titular. Assim, por exemplo, o filho do Governador do III. prestação de contas à Justiça Eleitoral;
Estado de Minas Gerais não pode concorrer à prefeitura de Belo
IV. funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Horizonte, mas pode ser candidato a Presidente da República.
Todo partido político possui dois documentos básicos:
O texto abre somente uma exceção: se o parente ou côn-
juge já for titular de mandato eletivo, ele pode concorrer à a) programa, que expõe as ideias defendidas pelo partido
reeleição. político, a sua visão de mundo, os ideais pelos quais ele milita.
De acordo com o STF, a inelegibilidade não é afastada pela b) estatuto, que é o documento que define as regras para
dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do funcionamento interno do partido (requisitos para ser filiado,
mandato. Ou seja, mesmo que o cônjuge se separe do titular obrigações e direitos dos filiados, forma de escolha dos candi-
do cargo durante o mandato, continuará inelegível. datos, etc.).
§ 8º. O militar alistável é elegível, atendidas as seguin- Em princípio, qualquer grupo pode criar um partido po-
tes condições: lítico, obedecendo os passos previstos em lei. No entanto, a
Constituição estabelece alguns requisitos para que o partido
I. se contar menos de dez anos de serviço, deverá possa ser registrado no Tribunal Superior Eleitoral – TSE.

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afastar-se da atividade;
Assim, o programa de todo partido deve respeitar:
II. se contar mais de dez anos de serviço, será
agregado pela autoridade superior e, se eleito, ▷ A soberania nacional;
passará automaticamente, no ato da diplomação, ▷ O regime democrático;
para a inatividade. ▷ O pluripartidarismo;
Se o militar puder votar também poderá ser candidato, ▷ Os direitos fundamentais da pessoa humana.
exigindo, porém, a CF, que os que tiverem menos de 10 anos Além disso, em sua organização, o partido político deve
de atividade, deverão afastar-se da atividade (deverão pedir respeitar os seguintes preceitos:
baixa). Já os que tiverem mais de 10 anos somente passarão Caráter nacional: no Brasil, não existe a possibilidade de
para a inatividade se forem eleitos. criação de partidos estaduais ou municipais, embora os parti-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
De qualquer forma, em qualquer hipótese a Constituição dos possam ter diretórios regionais (estaduais ou municipais).
Federal veda que um militar da ativa venha a assumir um car- Proibição de recebimento de recursos financeiros de en-
go eletivo. tidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes:
§ 9º. Lei complementar estabelecerá outros casos de essa disposição visa evitar prejuízos à soberania nacional.
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de Prestação de contas à Justiça Eleitoral: essa prestação de
proteger a probidade administrativa, a moralidade contas é importante para que se verifiquem a origem e aplica-
para exercício de mandato considerada vida pregres- ção dos recursos recebidos por cada partido;
sa do candidato, e a normalidade e legitimidade das Funcionamento parlamentar de acordo com a lei: em sua
eleições contra a influência do poder econômico ou o atuação no Poder Legislativo, o partido deve respeitar a Cons-
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na tituição Federal e as leis.
administração direta ou indireta. Atualmente, a lei que rege o funcionamento dos partidos
Atualmente, a Lei Complementar que cumpre tal papel é a políticos no Brasil é a Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos).
LC, 64/90, conhecida como “Lei das Inelegibilidades”.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Autonomia Partidária
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da Dispõe o § 1º do Art. 14 da Constituição:
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para 231
poder econômico, corrupção ou fraude. definir sua estrutura interna, organização e funciona-
mento e para adotar os critérios de escolha e o regime Componentes da Federação
232 de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, Art. 18. A organização político-administrativa da Repú-
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos blica Federativa do Brasil compreende a União, os Esta-
estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. dos, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nos termos desta Constituição.


Os partidos são livres para se auto organizar e definir a
forma de escolha de seus candidatos e coligações, em cada § 1º. Brasília é a Capital Federal.
eleição. No entanto, seus estatutos devem prever normas que § 2º. Os Territórios Federais integram a União, e sua
garantam a disciplina e fidelidade partidária. criação, transformação em Estado ou reintegração ao
Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
Registro no Tribunal Superior Eleitoral - TSE Os territórios federais são os que se chamam de “autar-
§ 2º. Os partidos políticos, após adquirirem persona- quias territoriais”, sendo consideradas parte da União, sendo
lidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus por ela administradas.
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. Atualmente não existem territórios federais no Brasil, mas
Após o partido ser registrado no cartório competente e nada impede que venham a ser criados. A ideia do conceito
coletar o número de assinaturas exigido pela Lei dos Parti- de território federal é permitir que a União tutele determinada
dos Políticos, ele deve ser registrado junto ao TSE. Somente a região do território nacional, preparando-a gradualmente para
partir do registro no TSE é que o partido adquire o direito de transformá-la em Estado.
lançar candidatos, de obter horários gratuitos no rádio e TV e
de receber recursos do fundo partidário. Criação, Incorporação, Fusão e
Subdivisão de Estados e Municípios
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Acesso aos Recursos do Fundo Partidário e


ao Horário Gratuito no Rádio e Televisão § 3º. Os Estados podem incorporar-se entre si, subdi-
§ 3º. Os partidos políticos têm direito a recursos do vidir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros,
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televi- ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
são, na forma da lei. mediante aprovação da população diretamente inte-
ressada, através de plebiscito, e do Congresso Nacio-
Como dito, somente adquire esses direitos após o registro nal, por lei complementar.
no TSE.
§ 4º. A criação, a incorporação, a fusão e o desmem-
O Fundo Partidário é a única fonte de recursos públicos das bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
quais os partidos podem receber dinheiro. No entanto, permi- dentro do período determinado por Lei Complementar
te-se também doações privadas ao mesmo. Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
Proibição de Associação com Or- plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos,
ganizações Paramilitares após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.
§ 4º. É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar. Embora os Estados e Municípios não possam declarar sua
separação da União, a Constituição permite que eles sejam
O desrespeito a tal proibição pode levar à cassação do re- criados, que venham a se fundir, desmembrar-se ou serem in-
gistro do partido no TSE. corporados uns pelos outros, obedecidas as exigências consti-
tucionais, sendo exigido atualmente sempre consulta às popu-
4. Organização Político-Administrativa lações envolvidas, sendo que, no caso dos Municípios, também
do Estado se exige a divulgação de Estudos de Viabilidade Municipal, que
demonstrem que o novo Município tem condições de manter-
A organização político-administrativa do Brasil diz res- se com os tributos que por ele serão arrecadados.
peito à divisão de competências administrativas e legislativas
entre os entes da Federação, bem como às regras gerais de Vedações
organização desses entes. Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe-
Competências administrativas relacionam-se aos atos ad- deral e aos Municípios:
ministrativos, normalmente expedidos pelo Poder Executivo. I. Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
Já a competência legislativa diz respeito aos assuntos que ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
sobre os quais o ente pode elaborar leis, relacionam-se assim, às com eles ou seus representantes relações de depen-
competências do Poder Legislativo. dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
Tais competências estão previstas nos §§ 18 a 31, de nos- boração de interesse público;
sa Constituição Federal, e são definidas expressamente como II. Recusar fé aos documentos públicos;
uma forma de evitarem-se conflitos entre os entes da Federa- III. Criar distinções entre brasileiros ou preferências
ção Brasileira. entre si.
O Art. 19 da Constituição traz proibições impostas aos três
Regras Gerais níveis da Federação:
Os Arts. 18 e 19 de nossa Constituição traz regras gerais a) a União, os Estados, o DF e os Municípios não
relativas à organização da União, Estados, DF e Municípios: podem manter violar o princípio da separação
entre Estado e Igreja, adotando uma ou certas re- da administração direta da União, participação no re-
ligiões como oficiais, subvencionando-as, assim sultado da exploração de petróleo ou gás natural, de
como não pode “perseguir” outras. recursos hídricos para fins de geração de energia elé-
No entanto, como as entidades religiosas costumam pres- trica e de outros recursos minerais no respectivo ter-
tar relevantes serviços na área social, a Constituição permite ritório, plataforma continental, mar territorial ou zona
que o Poder Público estabeleça relações de colaboração com econômica exclusiva, ou compensação financeira por
tais entidades, podendo inclusive fornecer-lhes recursos, des- essa exploração.
de que utilizados para atividades de interesse social. § 2º. A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de
b) recusar fé aos documentos públicos: isso sig- largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
nifica que União, Estados, DF e Municípios não como faixa de fronteira, é considerada fundamental
podem deixar de considerar como verdadeiros para defesa do território nacional, e sua ocupação e
os documentos e declarações feitas pelos entes
estatais, como certidões e escrituras públicas. utilização serão reguladas em lei.
c) criar distinções entre brasileiros ou preferên- Competências Administrativas
cias entre si: os entes da Federação não podem
estabelecer quaisquer diferenciações no trata- da União
mento que dão aos outros entes ou àqueles que
O Art. 21 da Constituição Federal determina quais são as
deles procedem.
competências administrativas da União:
Assim, por exemplo, seria inconstitucional uma Lei do
Art. 21. Compete à União:
Estado de Mato Grosso que concedesse incentivos para que
cidadãos de determinados Estados se estabelecessem em seu I. Manter relações com Estados estrangeiros e par-
território, sem estender tal benefício a provenientes de outros ticipar de organizações internacionais;
Estados. II. Declarar a guerra e celebrar a paz;
III. Assegurar a defesa nacional;
Bens da União IV. Permitir, nos casos previstos em lei comple-
O Art. 20 da Constituição Federal estabelece quais bens são mentar, que forças estrangeiras transitem pelo
considerados de propriedade da União: território nacional ou nele permaneçam tempora-
Art. 20. São bens da União: riamente;
I. Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe V. Decretar o estado de sítio, o estado de defesa e
vierem a ser atribuídos; a intervenção federal;
II. As terras devolutas indispensáveis à defesa das VI. Autorizar e fiscalizar a produção e o comércio
fronteiras, das fortificações e construções militares, de material bélico;

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das vias federais de comunicação e à preservação VII. Emitir moeda;
ambiental, definidas em lei; VIII. Administrar as reservas cambiais do País e
III. Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em fiscalizar as operações de natureza financeira, es-
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de pecialmente as de crédito, câmbio e capitalização,
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou bem como as de seguros e de previdência privada;
se estendam a território estrangeiro ou dele prove- IX. Elaborar e executar planos nacionais e regionais
nham, bem como os terrenos marginais e as praias de ordenação do território e de desenvolvimento
fluviais; econômico e social;
IV. As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítro- X. Manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
fes com outros países; as praias marítimas; as ilhas XI. Explorar, diretamente ou mediante autorização,
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que concessão ou permissão, os serviços de telecomu-
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas nicações, nos termos da lei, que disporá sobre a
áreas afetadas ao serviço público e a unidade am- organização dos serviços, a criação de um órgão
biental federal, e as referidas no Art. 26, II; regulador e outros aspectos institucionais;
V. Os recursos naturais da plataforma continental e XII. Explorar, diretamente ou mediante autoriza-
da zona econômica exclusiva; ção, concessão ou permissão:
VI. O mar territorial; a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons
e imagens;
VII. Os terrenos de marinha e seus acrescidos;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e
VIII. Os potenciais de energia hidráulica; o aproveitamento energético dos cursos de água,
IX. Os recursos minerais, inclusive os do subsolo; em articulação com os Estados onde se situam os
X. As cavidades naturais subterrâneas e os sítios potenciais hidroenergéticos;
arqueológicos e pré-históricos; c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-es-
XI. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. trutura aeroportuária;
§ 1º. É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao d) os serviços de transporte ferroviário e aqua- 233
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos viário entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
nais, ou que transponham os limites de Estado ou Competências Legislativas da União
234 Território;
O Art. 22 da Constituição Federal determina quais são os
e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
assuntos que devem ser regulados por leis ordinárias federais.
dual e internacional de passageiros;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I. Direito civil, comercial, penal, processual, eleito-


XIII. Organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
trabalho;
Defensoria Pública dos Territórios;
II. Desapropriação;
XIV. Organizar e manter a polícia civil, a polícia mili-
tar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Fede- III. Requisições civis e militares, em caso de imi-
ral, bem como prestar assistência financeira ao Dis- nente perigo e em tempo de guerra;
trito Federal para a execução de serviços públicos, IV. águas, energia, informática, telecomunicações
por meio de fundo próprio; e radiodifusão;
XV. Organizar e manter os serviços oficiais de esta- V. Serviço postal;
tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito VI. Sistema monetário e de medidas, títulos e ga-
nacional; rantias dos metais;
XVI. Exercer a classificação, para efeito indicativo, VII. Política de crédito, câmbio, seguros e transfe-
de diversões públicas e de programas de rádio e rência de valores;
televisão; VIII. Comércio exterior e interestadual;
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XVII. Conceder anistia; IX. Diretrizes da política nacional de transportes;


XVIII. Planejar e promover a defesa permanente X. Regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
contra as calamidades públicas, especialmente as marítima, aérea e aeroespacial;
secas e as inundações; XI. Trânsito e transporte;
XIX. Instituir sistema nacional de gerenciamento XII. Jazidas, minas, outros recursos minerais e me-
de recursos hídricos e definir critérios de outorga talurgia;
de direitos de seu uso; XIII. Nacionalidade, cidadania e naturalização;
XX. Instituir diretrizes para o desenvolvimento XIV. Populações indígenas;
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos; XV. Emigração e imigração, entrada, extradição e
expulsão de estrangeiros;
XXI. Estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
ma nacional de viação; XVI. Organização do sistema nacional de empre-
go e condições para o exercício de profissões;
XXII. Executar os serviços de polícia marítima, ae-
roportuária e de fronteiras; XVII. Organização judiciária, do Ministério Público
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
XXIII. Explorar os serviços e instalações nucleares Pública dos Territórios, bem como organização ad-
de qualquer natureza e exercer monopólio estatal ministrativa destes;
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e re-
processamento, a industrialização e o comércio de XVIII. Sistema estatístico, sistema cartográfico e de
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os geologia nacionais;
seguintes princípios e condições: XIX. Sistemas de poupança, captação e garantia da
a) toda atividade nuclear em território nacional so- poupança popular;
mente será admitida para fins pacíficos e mediante XX. Sistemas de consórcios e sorteios;
aprovação do Congresso Nacional; XXI. Normas gerais de organização, efetivos, mate-
b) sob regime de permissão, são autorizadas a rial bélico, garantias, convocação e mobilização das
comercialização e a utilização de radioisótopos polícias militares e corpos de bombeiros militares;
para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e in- XXII. Competência da polícia federal e das polícias
dustriais; rodoviária e ferroviária federais;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a XXIII. Seguridade social;
produção, comercialização e utilização de ra- XXIV. Diretrizes e bases da educação nacional;
dioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas XXV. Registros públicos;
horas; XXVI. Atividades nucleares de qualquer natureza;
d) a responsabilidade civil por danos nucleares XXVII. Normas gerais de licitação e contratação,
independe da existência de culpa; em todas as modalidades, para as administra-
XXIV. Organizar, manter e executar a inspeção do ções públicas diretas, autárquicas e fundacionais
trabalho; da União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
XXV. Estabelecer as áreas e as condições para o obedecido o disposto no Art. 37, XXI, e para as
exercício da atividade de garimpagem, em forma empresas públicas e sociedades de economia
associativa. mista, nos termos do Art. 173, § 1º, III;
XXVIII. Defesa territorial, defesa aeroespacial, de- Competências Legislativas Comuns
fesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX. Propaganda comercial. à União, Estados e Distrito Federal
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar O Art. 24 da Constituição traz assuntos que devem ser re-
os Estados a legislar sobre questões específicas das gulados de forma concomitante por leis federais e estaduais.
matérias relacionadas neste artigo. Os parágrafos do referido artigo estabelecem que, nesses
casos, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
Competências Administrativas Comuns gerais, sendo que a competência da União para legislar sobre nor-
mas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
à União, Estados, DF e Municípios Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
O Art. 23 da Constituição define competências administrativas exercerão a competência legislativa plena, para atender as
que devem ser exercidas conjuntamente pela União, Estados, Dis- suas peculiaridades, e posteriormente, ocorrendo a superve-
niência de lei federal sobre normas gerais, tal lei suspenderá a
trito Federal e Municípios:
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
O exercício de tais competências deve ser feito de forma Vejamos quais são os assuntos que são objeto da compe-
coordenada entre os entes da Federação, e por isso, o pará- tência legislativa comum da União, Estados e Distrito Federal:
grafo único do Art. 23 estabelece que leis complementares fi- Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fe-
xarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o deral legislar concorrentemente sobre:
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do I. Direito tributário, financeiro, penitenciário,
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. econômico e urbanístico;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, II. Orçamento;
do Distrito Federal e dos Municípios: III. Juntas comerciais;
I. Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das IV. Custas dos serviços forenses;
instituições democráticas e conservar o patrimônio V. Produção e consumo;
público; VI. Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
II. Cuidar da saúde e assistência pública, da pro- natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;
teção e garantia das pessoas portadoras de defi-
VII. Proteção ao patrimônio histórico, cultural,
ciência;
artístico, turístico e paisagístico;
III. Proteger os documentos, as obras e outros bens VIII. Responsabilidade por dano ao meio ambiente,
de valor histórico, artístico e cultural, os monu- ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,

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mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios estético, histórico, turístico e paisagístico;
arqueológicos; IX. Educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
IV. Impedir a evasão, a destruição e a descaracte- tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
rização de obras de arte e de outros bens de valor X. Criação, funcionamento e processo do juizado
histórico, artístico ou cultural; de pequenas causas;
V. Proporcionar os meios de acesso à cultura, à XI. Procedimentos em matéria processual;
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à XII. Previdência social, proteção e defesa da saúde;
inovação; XIII. Assistência jurídica e Defensoria pública;
VI. Proteger o meio ambiente e combater a polui- XIV. Proteção e integração social das pessoas por-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ção em qualquer de suas formas; tadoras de deficiência;


VII. Preservar as florestas, a fauna e a flora; XV. Proteção à infância e à juventude;
XVI. Organização, garantias, direitos e deveres das
VIII. Fomentar a produção agropecuária e organi-
polícias civis.
zar o abastecimento alimentar;
IX. Promover programas de construção de mora- Dos Estados
dias e a melhoria das condições habitacionais e de
saneamento básico;
Regras Gerais
X. Combater as causas da pobreza e os fatores de O Art. 25 da Constituição traz regras gerais em relação à
organização dos Estados:
marginalização, promovendo a integração social
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
dos setores desfavorecidos;
Constituições e leis que adotarem, observados os prin-
XI. Registrar, acompanhar e fiscalizar as conces- cípios desta Constituição.
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur- §1º. São reservadas aos Estados as competências que
sos hídricos e minerais em seus territórios; não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
XII. Estabelecer e implantar política de educação §2º. Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me- 235
para a segurança do trânsito. diante concessão, os serviços locais de gás canalizado,
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de
236 para a sua regulamentação. janeiro do ano subsequente(...).
§3º. Os Estados poderão, mediante lei complementar, § 1º. Perderá o mandato o Governador que assumir
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- outro cargo ou função na administração pública direta
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de municípios limítrofes, para integrar a organização, público.


o planejamento e a execução de funções públicas de § 2º. Os subsídios do Governador, do Vice-Governador
interesse comum. e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de ini-
Os Estados possuem competência legislativa residual, ou ciativa da Assembleia Legislativa(...).
seja, aqueles assuntos que não estiverem inseridos nas com-
petências legislativa e administrativa da União e dos Municí- Dos Municípios
pios são de competência dos Estados.
Regras Gerais
Bens dos Estados O Art. 29 estabelecerá os princípios que deverão ser obe-
O Art. 26 da Constituição traz os bens que são considera- decidos pelos Municípios na edição de suas respectivas Leis Or-
dos de propriedade dos Estados: gânicas, inclusive quanto ao número de vereadores permitidos:
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada
I. As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
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União; estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do


respectivo Estado e os seguintes preceitos:
II. As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob I. Eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Ve-
domínio da União, Municípios ou terceiros; readores, para mandato de quatro anos, mediante
pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
III. As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União; II. Eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada
no primeiro domingo de outubro do ano anterior
IV. As terras devolutas não compreendidas entre as ao término do mandato dos que devam suceder,
da União. aplicadas as regras do Art. 77, no caso de Municí-
Número de Deputados Estaduais pios com mais de duzentos mil eleitores;
III. Posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º
O Art. 27 da Constituição determina o número de depu-
de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
tados estaduais que comporão as respectivas Assembleias
Legislativas: IV. Para a composição das Câmaras Municipais,
será observado o limite máximo de:
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa
corresponderá ao triplo da representação do Estado na a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até
Câmara dos Deputados e, atingido o número de trinta e 15.000 (quinze mil) habitantes;
seis, será acrescido de tantos quantos forem os Deputa- b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais
dos Federais acima de doze. de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000
(trinta mil) habitantes;
§ 1º. Será de quatro anos o mandato dos Deputados Es-
taduais, aplicando-se-lhes as regras desta Constituição c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000
remuneração, perda de mandato, licença, impedimen- (cinquenta mil) habitantes;
tos e incorporação às Forças Armadas. d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na ra- até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até
observado o que dispõem os Arts. 39, § 4º; 57, § 7º; 150, 120.000 (cento e vinte mil) habitantes;
II; 153, III; e 153, § 2º, I. f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de
mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e
Eleições para Governador de até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
O Art. 28 da Constituição trata sobre as eleições para Go- g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de
vernador de Estado: mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitan-
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador tes e de até 300.000 (trezentos mil) habitantes;
de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até
no último domingo de outubro, em segundo turno, se 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
houver, do ano anterior ao do término do mandato de i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios
de mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Muni-
mil) habitantes e de até 600.000 (seiscentos mil) cípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de
habitantes; habitantes.
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de V. Subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa
até 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes; da Câmara Municipal, observado o que dispõem os
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios Arts. 37, XI; 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I; 
de mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) VI. O subsídio dos Vereadores será fixado pelas
habitantes e de até 900.000 (novecentos mil) respectivas Câmaras Municipais em cada legisla-
habitantes; tura para a subsequente, observado o que dispõe
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de esta Constituição, observados os critérios estabe-
mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes
de até 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) limites máximos:
habitantes; a) em Municípios de até dez mil habitantes, o sub-
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios sídio máximo dos Vereadores corresponderá a vin-
de mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta te por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
mil) habitantes e de até 1.200.000 (um milhão e b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil
duzentos mil) habitantes; habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios corresponderá a trinta por cento do subsídio dos
de mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) Deputados Estaduais;
habitantes e de até 1.350.000 (um milhão e tre- c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
zentos e cinquenta mil) habitantes; habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios corresponderá a quarenta por cento do subsídio
de 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquen- dos Deputados Estaduais;
ta mil) habitantes e de até 1.500.000 (um mi- d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
lhão e quinhentos mil) habitantes; habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios corresponderá a cinquenta por cento do subsídio
de mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos dos Deputados Estaduais;
mil) habitantes e de até 1.800.000 (um milhão e e) em Municípios de trezentos mil e um a qui-
oitocentos mil) habitantes; nhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios Vereadores corresponderá a sessenta por cento

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de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) do subsídio dos Deputados Estaduais;
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e qua-
f) em Municípios de mais de quinhentos mil ha-
trocentos mil) habitantes;
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores cor-
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municí- responderá a setenta e cinco por cento do subsí-
pios de mais de 2.400.000 (dois milhões e qua- dio dos Deputados Estaduais;
trocentos mil) habitantes e de até 3.000.000
VII. O total da despesa com a remuneração dos
(três milhões) de habitantes;
Vereadores não poderá ultrapassar o montante de
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Muni- cinco por cento da receita do Município;
cípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de
habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) VIII. Inviolabilidade dos Vereadores por suas opi- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
de habitantes; niões, palavras e votos no exercício do mandato e
na circunscrição do Município;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municí-
pios de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de IX. Proibições e incompatibilidades, no exercício
habitantes e de até 5.000.000 (cinco milhões) de da vereança, similares, no que couber, ao disposto
habitantes; nesta Constituição para os membros do Congresso
Nacional e na Constituição do respectivo Estado
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Muni-
para os membros da Assembleia Legislativa;
cípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de
habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de X. Julgamento do Prefeito perante o Tribunal de
habitantes; Justiça;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Muni- XI. Organização das funções legislativas e fiscaliza-
cípios de mais de 6.000.000 (seis milhões) de doras da Câmara Municipal;
habitantes e de até 7.000.000 (sete milhões) de XII. Cooperação das associações representativas
habitantes; no planejamento municipal;
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Muni- XIII. Iniciativa popular de projetos de lei de interes-
cípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de se específico do Município, da cidade ou de bairros,
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de através de manifestação de, pelo menos, cinco por 237
habitantes; e cento do eleitorado;
XIV. Perda do mandato do Prefeito, nos termos VI. Manter, com a cooperação técnica e financeira
238 do Art. 28, parágrafo único. da União e do Estado, programas de educação in-
Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo fantil e de ensino fundamental;
Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e ex- VII. Prestar, com a cooperação técnica e financeira
cluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar da União e do Estado, serviços de atendimento à
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

os seguintes percentuais, relativos ao somatório da re- saúde da população;


ceita tributária e das transferências previstas no § 5º do VIII. Promover, no que couber, adequado ordena-
Art. 153 e nos Arts. 158 e 159, efetivamente realizado no mento territorial, mediante planejamento e contro-
le do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
exercício anterior: urbano;
I. 7% (sete por cento) para Municípios com popula- IX. Promover a proteção do patrimônio histórico-
ção de até 100.000 (cem mil) habitantes; cultural local, observada a legislação e a ação fisca-
II. 6% (seis por cento) para Municípios com popula- lizadora federal e estadual.
ção entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos
mil) habitantes;  Fiscalização dos Municípios
III. 5% (cinco por cento) para Municípios com Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
população entre 300.001 (trezentos mil e um) e Poder Legislativo Municipal, mediante controle exter-
500.000 (quinhentos mil) habitantes; no, e pelos sistemas de controle interno do Poder Exe-
IV. 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cen- cutivo Municipal, na forma da lei.
to) para Municípios com população entre 500.001 § 1º. O controle externo da Câmara Municipal será exer-
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados
(quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões)
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ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Con-


de habitantes; tas dos Municípios, onde houver.
V. 4% (quatro por cento) para Municípios com § 2º. O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e sobre as contas que o Prefeito deve anualmente pres-
8.000.000 (oito milhões) de habitantes tar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços
VI. 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cen- dos membros da Câmara Municipal.
to) para Municípios com população acima de § 3º. As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
8.000.001 (oito milhões e um) habitantes. dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
§ 1º. A Câmara Municipal não gastará mais de setenta para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes
por cento de sua receita com folha de pagamento, in- a legitimidade, nos termos da lei.
cluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. § 4º. É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou ór-
gãos de Contas Municipais;
§ 2º. Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
Municipal: Do Distrito Federal e dos Territórios
I. Efetuar repasse que supere os limites definidos
neste artigo; Distrito Federal
II. Não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; O Art. 32 da Constituição Federal trata de um ente sui ge-
ou neris da Federação: o Distrito Federal – DF.
III. Enviá-lo a menor em relação à proporção fixada
na Lei Orçamentária. Embora Brasília, localizada no Distrito Federal, sirva como
§ 3º. Constitui crime de responsabilidade do Pre- sede dos poderes e principais órgãos federais, nem Brasília
sidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § nem o Distrito Federal pertencem à União, sendo este último um
1º deste artigo. ente autônomo.
Embora muitas vezes se usem os termos “Brasília” e “Distrito
Competências dos Municípios Federal” como sinônimos, eles são distintos.
O Art. 30 da Constituição Federal traz as competências re- Brasília é formada pelo “Plano Piloto” e pelo Parque Nacio-
servadas pela Constituição aos Municípios: nal de Brasília, ao passo que o Distrito Federal ocupa uma área
Art. 30. Compete aos Municípios: de 5.802 km2, abrangendo também as chamadas “cidades sa-
I. Legislar sobre assuntos de interesse local; télites”, que são distritos administrativos.
II. Suplementar a legislação federal e a estadual no De acordo com o Art. 32 da Constituição, o Distrito Federal
que couber; não pode se dividir em Municípios, sendo que, por isso, acu-
III. Instituir e arrecadar os tributos de sua competên- mulará as competências de um Estado e de um Município.
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da Segue abaixo o Art. 32:
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balan-
cetes nos prazos fixados em lei; Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Muni-
cípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos
IV. Criar, organizar e suprimir distritos, observada a
legislação estadual; com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois
V. Organizar e prestar, diretamente ou sob regime terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendi-
de concessão ou permissão, os serviços públicos de dos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
interesse local, incluído o de transporte coletivo, § 1º. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
que tem caráter essencial; legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º. A eleição do Governador e do Vice-Governador, a) forma republicana, sistema representativo e
observadas as regras do Art. 77, e dos Deputados regime democrático;
Distritais coincidirá com a dos Governadores e De- b) direitos da pessoa humana;
putados Estaduais, para mandato de igual duração. c) autonomia municipal;
§ 3º. Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa d) prestação de contas da administração pública,
aplica-se o disposto no Art. 27.
direta e indireta.
§ 4º. Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover-
e) aplicação do mínimo exigido da receita resul-
no do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
tante de impostos estaduais, compreendida a
corpo de bombeiros militar.
proveniente de transferências, na manutenção e
Territórios desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
O Art. 33 da Constituição Federal trata dos territórios fe- públicos de saúde.
derais, autarquias territoriais da União, os quais podem ser Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,
criados por Lei Complementar. nem a União nos Municípios localizados em Território
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrati- Federal, exceto quando:
va e judiciária dos Territórios. I. Deixar de ser paga, sem motivo de força maior,
§ 1º. Os Territórios poderão ser divididos em Municí- por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto II. Não forem prestadas contas devidas, na forma
no Capítulo IV deste Título. da lei;
§ 2º. As contas do Governo do Território serão subme- III. Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re-
tidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do ceita municipal na manutenção e desenvolvimento
Tribunal de Contas da União. do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;
§ 3º. Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha- IV. o Tribunal de Justiça der provimento a represen-
bitantes, além do Governador nomeado na forma des- tação para assegurar a observância de princípios
ta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e indicados na Constituição Estadual, ou para prover
segunda instância, membros do Ministério Público e de- a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
fensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:
para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
I. No caso do Art. 34, IV, de solicitação do Poder Le-
Da Intervenção gislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedi-
Os Arts. 34 a 36 da Constituição Federal tratam sobre in- do, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal,
tervenção federal, que é quando a União intervém em Estado se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;

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ou no Distrito Federal, e sobre intervenção estadual, que é II. No caso de desobediência a ordem ou decisão
quando um Estado intervém em um de seus municípios. judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Fe-
Embora a regra seja a autonomia dos entes da federação, deral, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribu-
tais artigos trazem hipóteses em que um ente poderá intervir nal Superior Eleitoral;
na administração de outro: III. De provimento, pelo Supremo Tribunal Federal,
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis- de representação do Procurador-Geral da Repúbli-
trito Federal, exceto para: ca, na hipótese do Art. 34, VII, e no caso de recusa
I. Manter a integridade nacional; à execução de lei federal.
II. Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade § 1º. O decreto de intervenção, que especificará a NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
da Federação em outra; amplitude, o prazo e as condições de execução e
III. Pôr termo a grave comprometimento da ordem que, se couber, nomeará o interventor, será sub-
pública; metido à apreciação do Congresso Nacional ou da
IV. Garantir o livre exercício de qualquer dos Pode- Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte
res nas unidades da Federação; e quatro horas.
V. Reorganizar as finanças da unidade da Federa- § 2º. Se não estiver funcionando o Congresso Na-
ção que: cional ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convo-
a) suspender o pagamento da dívida fundada por cação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e
mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de quatro horas.
força maior; § 3º. Nos casos do Art. 34, VI e VII, ou do Art. 35, IV,
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tri- dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
butárias fixadas nesta Constituição, dentro dos pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-á
prazos estabelecidos em lei; a suspender a execução do ato impugnado, se essa
VI. Prover a execução de lei federal, ordem ou de- medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
cisão judicial; § 4º. Cessados os motivos da intervenção, as autori-
VII. Assegurar a observância dos seguintes princí- dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo 239
pios constitucionais: impedimento legal.
240
5. Administração Pública Já as sociedades de economia mista e as fundações pú-
blicas são entidades criadas pela Administração Pública para
exercerem atividades de mercado, voltadas normalmente para
Administração Direta e Indireta a venda de bens e serviços e que concorrem com as empresas
No Brasil, os órgãos que compõem a Administração Públi- privadas.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ca dividem-se em dois grandes ramos: Administração Direta, Por serem voltadas ao mercado, e até pelo fato de con-
também chamada de centralizada, e Administração Indireta, a correrem com o particular, sujeitam-se às mesmas regras das
qual também recebe o nome de descentralizada. empresas privadas, com algumas pequenas diferenças, estan-
do, assim, submetidas ao que se chama de regime jurídico de
Administração Direta direito privado.
A Administração Direta integra os próprios poderes que A diferença entre as sociedades de economia mista e as
compõem as pessoas jurídicas de direito público com capaci- empresas públicas está nas composições de seus capitais, que
dade política. É o que costumamos chamar de entidades e ór- no caso das sociedades de economia mista reúnem recursos
gãos do Governo, e compreende a União, Estados, Distrito Fe- públicos e privados, e nas empresas públicas conjugam so-
deral e Municípios, bem como seus respectivos órgãos, como mente recursos públicos, não havendo participação do parti-
os Ministérios, Secretarias, Gabinetes, Departamentos, etc. cular em seu capital.
As divisões internas da Administração Direta, chamadas de Como exemplos de sociedades de economia mista, temos
órgãos, não possuem personalidade jurídica, o que quer dizer o Banco do Brasil e a Petrobras, e de empresas públicas temos
que não possuem existência desvinculada da União, Estados, DF a Caixa Econômica Federal e os Correios.
e Municípios.
O estudo mais aprofundado da Administração Direta, bem
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Administração Indireta como das diversas entidades que integram a Administração


A Administração Indireta corresponde ao conjunto de en- Indireta é feito na disciplina Direito Administrativo.
tidades criadas pela Administração Direta para o exercício de
determinadas atividades, e que possuem autonomia em rela-
Disposições Gerais
ção à União, Estados, DF e Municípios, possuindo personalida- Princípios da Administração Pública
de jurídica própria, o que significa, por exemplo, que podem
ter patrimônio e corpo de funcionários próprios, podem ser O Art. 37 da Constituição Federal traz várias disposições
autoras ou rés em ações judiciais, etc. acerca da Administração Pública no Brasil, aplicando-se às três
Tanto a União, como os Estados e o DF e o Municípios po- esferas de governo: federal, estadual e municipal, bem como à
dem criar entidades da Administração Indireta. Administração Direta e Indireta de cada uma delas.
Essas entidades dividem-se, de acordo com o Decreto-Lei Vejamos o que diz o seu caput:
nº 200/67, em quatro categorias: autarquias, fundações públi- Art. 37. A administração pública direta e indireta de
cas, sociedades de economia mista e empresas públicas. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
As autarquias são criadas para exercer uma atividade que to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
seja própria de Governo, normalmente um serviço público. legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
Como todas as entidades da Administração Indireta pos- eficiência e, também, ao seguinte:
suem existência distinta das entidades que as criaram, mas sub- A partir do texto constitucional, podemos extrair os cinco
metem-se ao mesmo regime jurídico de direito público, o que princípios que, segunda a Constituição Federal, deverão nor-
significa que possuem as mesmas prerrogativas e sujeitam-se às tear as ações da Administração Direta e Indireta.
mesmas restrições da Administração Direta. Assim, por exem- Observa-se que, além desses princípios que estudaremos
plo, as autarquias possuem imunidade de impostos e não po- a seguir, existem outros, tanto previstos pela lei como aqueles
dem ter os seus bens penhorados para pagamentos de dívidas. que estão implícitos na ação de administrar os bens públicos.
Como exemplos de autarquias, temos o Banco Central, o Os cinco princípios previstos na Constituição Federal são:
Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS e o IBAMA, todas
federais, mas também existem muitas estaduais e municipais. Princípio da Legalidade
As fundações públicas são o que se chamam de universa- O princípio da legalidade aqui referido é o chamado princí-
lidades de bens personalizadas ou patrimônio personalizados, pio da legalidade estrita, o qual se aplica à Administração Pú-
instituídas para uma finalidade específica, estabelecida em lei blica e determina que os seus agentes somente podem fazer o
complementar. Na criação de fundações públicas, a União, Esta- que a lei permite, diferentemente do particular, que pode fazer
do ou Município destaca uma parte de seu patrimônio, destina-o tudo o que a lei não proíba.
a um fim determinado, concede-lhe personalidade jurídica e de- Assim, por exemplo, um Agente Penitenciário não pode mul-
fine como ele será administrado. tar alguém por uma infração de trânsito, pela simples razão de
Seu regime jurídico, via de regra, será o mesmo das autar- que a lei que regulamenta seu cargo não lhe dá essa atribuição.
quias, exceto no que se refere às chamadas fundações públicas Também pela mesma razão um guarda de trânsito não
de direito privado, que, no entanto, são exceções. pode lavrar uma certidão em um processo judicial.
Entre os exemplos de fundações públicas temos o CNPq. A lei tanto pode exigir ou proibir que o agente público aja
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de uma ou de outra forma, como pode conceder a ele uma
e as Universidades Federais. faculdade (permissão) para agir.
Princípio da Impessoalidade Essa publicidade deve dar-se pelos meios oficiais, como o
Esse princípio determina que a Administração Pública Diário Oficial, mas também podem ser usados outros meca-
deve ser impessoal, ou seja, deve haver completa separação nismos de comunicação que sejam mais efetivos, como, por
entre a pessoa que ocupa o cargo público e o agente público exemplo, sites na internet.
que essa pessoa representa. Assim, a Administração Pública Alguns poucos atos administrativos não estão sujeitos à
deve ser exercida com imparcialidade, nunca buscando aten- publicidade, quando, por exemplo, ferirem a intimidade de
der os interesses pessoais do agente público, mas sempre o alguém ou quando sua revelação colocar em risco a coletivi-
bem comum da coletividade. dade, mas, nesse caso, deve haver previsão legal para a sua
Por esse princípio, por exemplo, o administrador não deve não publicação.
utilizar-se de sua posição para lograr proveito pessoal, para si Quando a publicidade do ato for exigida, que é o mais co-
ou para outrem, bem como não deve também usar de seus mum, a comunicação do mesmo pelos meios oficiais é requi-
poderes para perseguir quem quer que seja. sito para sua eficácia, não gerando efeitos enquanto não for
Também como decorrência da separação desse princípio, dado conhecimento à sociedade de sua existência.
tem-se que os atos praticados por um agente público, enquan- Princípio da Eficiência
to no exercício regular de suas atribuições, continuam válidos Acrescentado ao Art. 37 pela Emenda Constitucional
mesmo após sua saída do cargo e substituição por outro, pois nº 18/98, o princípio da eficiência busca trazer ao serviço
o que importa para a validade desses atos não é a pessoa que público parte da cultura da iniciativa privada de busca de
exerce a função, mas sim se o agente possuía ou não compe- resultados.
tência para produzi-los. Por ele, não basta que a Administração Pública faça o que
Princípio da Moralidade deve ser feito: ela deve fazê-lo de forma bem-feita e com eco-
Mais adequado seria a Constituição chamá-lo de Princípio nomia de recursos, inclusive de tempo.
da Ética, uma vez que moralidade é diferente de ética, que é Se a busca da eficiência é importante no setor privado,
do que se trata aqui. No entanto a expressão moralidade, em- muito mais o deve ser na área pública, a qual lida com recursos
bora não seja a mais apropriada, já foi consagrada pelo uso. que pertencem, não a uma pessoa específica, mas à coletivi-
De acordo com o princípio da moralidade, o administrador dade em geral.
público deve não só obedecer à lei, seguindo o princípio da Acesso aos Cargos e Empregos Públicos
legalidade, mas também agir com ética, de forma a não ferir I. Os cargos, empregos e funções públicas são
a moral pública. Assim, além de se preocupar em obedecer ao acessíveis aos brasileiros que preencham os re-
texto da lei, o agente público deve também preocupar-se em quisitos estabelecidos em lei, assim como aos
agir de forma ética. estrangeiros, na forma da lei;
Isso porque nem tudo que é legal, ou seja, permitido pela A regra é que os cargos e empregos públicos sejam

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lei, é ético, é um comportamento aceitável. acessíveis somente aos brasileiros, e que estes atendam
O seguinte exemplo pode servir para ilustrar essa diferença: aos requisitos previstos em lei. Ou seja, de forma geral, a
Imagine-se que determinada autoridade pública tenha ocupação de cargos e empregos públicos por estrangeiros
permissão da lei para nomear, como seu assessor imediato, é vedada pela Constituição.
qualquer pessoa de sua confiança, e que ela resolva nomear No entanto, a parte final do inciso estabelece que a lei pode
como seu auxiliar um antigo amigo seu de infância, o qual, permitir excepcionalmente o acesso de estrangeiros a esses car-
apesar da proximidade com o nomeante, não possui as carac- gos e empregos, na forma que ela previr. Ex.: A Lei nº 8.112/90
terísticas necessárias para bem exercer o cargo, tendo inclusi- permite a contratação de professores e cientistas estrangeiros
ve um conceito pouco recomendável perante a comunidade, por universidades e instituições de pesquisa federais.
havendo fundadas suspeitas de que ele já tenha participado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de desvios de recursos públicos em outras gestões. Provimento de Cargos


Nesse caso, se a autoridade nomear esse amigo, em prin- II. A investidura em cargo ou emprego público depende
cípio não estaria cometendo nenhuma legalidade, pois a lei de aprovação prévia em concurso público de provas ou
permite que ele nomeie qualquer pessoa. No entanto, essa de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
nomeação não estaria obedecendo à ética e, assim, feriria o plexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
princípio da moralidade. lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
O Art. 5º, LXIIII, da Constituição, inclusive afirma que qual-
quer cidadão pode impetrar ação popular com vistas a anular Investidura em um cargo público significa ocupar um car-
ato que seja lesivo à moralidade administrativa. go vago, tomar posse nele.
Como regra geral, para que alguém ocupe um cargo públi-
Princípio da Publicidade co deverá prestar um concurso público, que exigirá do candidato
Esse princípio determina que, via de regra, os atos admi- conhecimentos e habilidades condizentes com a natureza e com-
nistrativos devem ser de conhecimento de toda a coletividade, plexidade do cargo.
ou seja, devem ser públicos. A exigência de concurso público, um dos grandes avan-
Isso é importante para que a sociedade em geral possa co- ços de nossa Constituição atual, tem por objetivo garantir a
nhecer dos atos praticados pelos agentes públicos e apreciar igualdade de condições de acesso ao cargo, permitindo que 241
sua legalidade, oportunidade e conveniência. qualquer pessoa nele aprovada (desde que dentro do número
de vagas existentes) possa ocupar o posto vago, independen- Assim, imagine-se que seja realizado concurso para deter-
242 temente, por exemplo, de ter ligações com governantes ou de minado cargo em janeiro de 2014, com prazo de validade de
pertencer a famílias ditas tradicionais. 2 (dois) anos. Imagine-se ainda que ele seja prorrogado (por
O servidor concursado ocupa o que se chama de cargo mais 2 anos). Nessa situação, se for realizado outro concurso
efetivo, e terá direito à estabilidade no mesmo após completar para o mesmo cargo até janeiro de 2018 (2 anos de validade
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

três anos de efetivo exercício. + 2 anos de prorrogação), os aprovados no concurso de 2014


No entanto, em contraposição à regra geral, existem al- deverão ser chamados antes dos aprovados no novo concurso.
guns cargos que podem ser providos sem concurso: são os
cargos de confiança, que são destinados às funções de direção,
Cargos de Confiança
assessoramento e chefia. V. As funções de confiança, exercidas exclusivamen-
A não realização de concurso nesses casos justifica-se porque, te por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os
para essas funções, é importante haver uma relação de proximi- cargos em comissão, a serem preenchidos por servi-
dade, de conhecimento mútuo, entre a autoridade nomeante e o dores de carreira nos casos, condições e percentuais
servidor nomeado. mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
Quem é titular de cargo em comissão, diferentemente do atribuições de direção, chefia e assessoramento;
que ocorre com o servidor efetivo, não adquire estabilidade no A Constituição Federal divide os cargos de confiança em
cargo e pode ser desligado do mesmo a qualquer momento, duas categorias:
por uma simples decisão da autoridade competente. ▷ Funções de confiança: são cargos que, apesar de não
Resumindo, então, existem dois tipos de cargos públicos: exigirem concurso e não darem direito à estabilidade
▷ Cargos de confiança: seus ocupantes não possuem nos mesmos, deverão ser ocupados exclusivamente
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estabilidade, sendo nomeados sem concurso públi- por servidores efetivos do próprio órgão. Exemplo de
co por determinação de determinada autoridade e função de confiança é o de chefe de cartório no Poder
podendo ser exonerados a qualquer hora, a critério Judiciário, também chamado de escrivão, o qual so-
da mesma autoridade. São reservados para cargos mente pode ser ocupado por um escrevente.
de chefia, assessoramento e direção, casos em que é ▷ Cargos em comissão: são cargos de confiança que
necessário haver a possibilidade rápida de substitui- podem ser ocupados por qualquer pessoa, mesmo
ção do servidor por perda de confiança ou de fraco que não seja servidor, embora a lei possa estabe-
desempenho. lecer percentual mínimo de servidores efetivos que
▷ Cargos efetivos: seus ocupantes possuem estabili- os ocupem. Exemplo de cargo em comissão é o de
dade. Somente podem ser preenchidos por aprova- Ministro de Estado.
dos em concurso público. É a regra geral. O inciso V determina que tanto as funções de confiança
como os cargos em comissão destinam-se somente às ati-
Prazo de Validade dos Concursos vidades de direção, chefia e assessoramento.
III. O prazo de validade do concurso público será de Assim, a lei não se pode um criar um cargo de atribuições
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; de execução e estabelecer que se trata de um cargo em co-
IV. Durante o prazo improrrogável previsto no edi- missão, pois não é nem de direção, nem de chefia, nem de
tal de convocação, aquele aprovado em concurso assessoramento.
público de provas ou de provas e títulos será con- Tal restrição se justifica pelo fato de que os cargos em co-
vocado com prioridade sobre novos concursados missão não são preenchidos por concurso, e assim, devem ser
para assumir cargo ou emprego, na carreira; criados de forma excepcional.
O concurso público terá o prazo de validade previsto no
edital. Durante esse prazo, os candidatos aprovados no con- Direito de Greve e Associação
curso poderão ser chamados e terão preferência sobre aqueles Sindical do Servidor
que foram aprovados em concursos posteriores.
VI. É garantido ao servidor público civil o direito à
Esse período de validade será de no máximo dois anos,
livre associação sindical;
sendo que a Administração, se quiser, poderá prorrogá-lo, mas
somente uma vez e pelo mesmo período inicial. VII. O direito de greve será exercido nos termos e
nos limites definidos em lei específica;
Assim, por exemplo, se um concurso para determinado
cargo tiver o prazo de validade de 12 meses, poderá ser pror- Nossa Constituição, diferentemente do que estabelecia a
rogado uma única vez por mais 12 meses. Durante esse perío- anterior, permite que o servidor público civil possa se filiar a
do (no caso 24 meses) os candidatos aprovados poderão ser sindicato e que possa fazer greve.
nomeados pela Administração. Passado esse prazo, esses can- No entanto, devido à importância do trabalho do servidor
didatos não poderão mais ser chamados, devendo prestar um público para a coletividade, a CF determina que seja feita lei
outro concurso, se ainda tiverem interesse de ocupar o cargo. específica para definir como a greve no serviço público poderá
Além disso, durante o prazo de validade, prorrogado ou ser feita.
não, os aprovados no concurso deverão ser chamados antes Enquanto não for aprovada tal lei, o STF decidiu que se
daqueles que forem aprovados em outro concurso que foi rea- aplica à greve no serviço público a mesma lei que rege a parali-
lizado posteriormente. sação do serviço privado.
Deve-se observar que o servidor público militar continua impe- Remuneração do Servidor
dido de sindicalizar-se e fazer greve, uma vez que a permissão se
X. A remuneração dos servidores públicos e o
aplica somente ao servidor civil.
subsídio de que trata o § 4º do Art. 39 somente
Reserva de Vagas para Deficientes poderão ser fixados ou alterados por lei específi-
ca, observada a iniciativa privativa em cada caso,
VIII. A lei reservará percentual dos cargos e empre- assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
gos públicos para as pessoas portadoras de defi- data e sem distinção de índices;
ciência e definirá os critérios de sua admissão;
A Constituição Federal exige que a remuneração dos
Conhecedora das grandes dificuldades enfrentadas pelos servidores públicos e dos membros de Poder (juízes, parla-
deficientes para inserirem-se no mercado de trabalho, tanto mentares, Presidente da República e Membros do Ministério
por falta de acessibilidade no trabalho como por preconceito Público) seja fixada por lei específica, que será de iniciativa
por parte dos empregadores, a Constituição determina que a privativa do Poder pertinente.
lei reserve a eles, tanto deficientes físicos como mentais, um Assim, somente o Poder Executivo pode propor um proje-
percentual de vagas no serviço público. to de lei alterando a remuneração de seus servidores, o mesmo
Atualmente, a lei prevê que, em um concurso público, de- ocorrendo em relação aos demais poderes.
verão ser reservadas aos deficientes no mínimo 5% (cinco por A expressão lei específica significa que a lei que tratar de
cento) e no máximo 20% (vinte por cento) das vagas disponi- remuneração no serviço público não poderá tratar de nenhum
bilizadas em um concurso público. outro assunto.
Os deficientes podem optar por concorrer às vagas desti- O inciso X também assegura a revisão anual dos valores da
nadas a eles ou podem escolher disputar as vagas de ampla remuneração.
concorrência, caso em que disputarão em igualdade de con- O objetivo da revisão anual é corrigir todos os anos a re-
dições com os não deficientes. muneração dos servidores, evitando que ela seja corroída pela
A comprovação da deficiência é feita por laudo expedido inflação. Essa revisão deveria ser feita sempre na mesma data
por junta médica oficial. e utilizando-se o mesmo índice de correção para todos os ser-
Evidentemente, as atribuições do cargo deverão ser com- vidores.
patíveis com as limitações impostas pela deficiência. Desta No entanto, tal dispositivo precisa de regulamentação para
forma, alguns deficientes mentais ou físicos que forem por- definir, por exemplo, qual a data da revisão e qual será o índice
tadores de limitações muito grandes não poderão ocupar ne- de inflação utilizado (IPCA, IGPM, etc.). Enquanto a regula-
nhum cargo público. Além disso, para cada candidato deficien- mentação não ocorre, esse comando constitucional continua
te, a junta médica oficial deve verificar se suas limitações não o não sendo aplicado.

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impedem de exercer as funções do cargo. Teto Salarial no Serviço Público
Contratações Temporárias XI. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da adminis-
no Serviço Público tração direta, autárquica e fundacional, dos mem-
IX. A lei estabelecerá os casos de contratação por bros de qualquer dos Poderes da União, Estados,
tempo determinado para atender a necessidade Distrito Federal e Municípios, dos detentores de
temporária de excepcional interesse público; mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
A Constituição permite que, em situações de excepcional os proventos, pensões ou outra espécie remunera-
interesse público possam ser contratados servidores públicos tória, percebidos cumulativamente ou não, incluí-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
temporários. das as vantagens pessoais ou de qualquer outra
Cabe à lei definir quais seriam essas hipóteses e a forma natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
como tais servidores seriam contratados. dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, apli-
cando-se como limite, nos Municípios, o subsídio
No que se refere à União, tal regulamentação atualmente é do Prefeito, e nos Estados e Distrito Federal, o sub-
feita pela Lei nº 8.745/93, que prevê quando tais contratações sídio do Governador no âmbito do Poder Executivo,
serão possíveis na esfera federal. Entre os exemplos citados pela o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no
lei, temos: assistência a situações de calamidade pública ou a âmbito do Legislativo e o subsídio dos Desembar-
emergências em saúde pública, realização de recenseamentos e gadores do Tribunal de Justiça, limitado a 90,25%
outras pesquisas efetuadas pelo IBGE e admissão de professor do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
substituto e professor visitante. Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Judiciário,
Os servidores contratados de forma temporária não terão aplicável este limite aos membros do Ministério Pú-
estabilidade e trabalharão somente pelo prazo determinado blico, Procuradores e Defensores Públicos.
em lei, que poderá, inclusive, prever a dispensa de concurso O inciso XI que, por sinal, é o maior da Constituição, limita
para o preenchimento desses cargos (a Lei nº 8.745/93, por a remuneração dos servidores e ocupantes de cargos eletivos,
exemplo, prevê que, via de regra, será feito um processo sele- estabelecendo um teto e, nos Estados e Municípios, ainda um 243
tivo simplificado). subteto.
Primeiro ele diz que, na Administração Direta, nas autar- Provavelmente a intenção do Constituinte foi a de esta-
244 quias e nas fundações públicas, ninguém, ativo ou inativo, belecer uma isonomia de remuneração para aqueles cargos
poderá receber mais do que recebe mensalmente o Ministro que são encontrados nos diversos poderes, como motoristas,
do Supremo Tribunal Federal: este é o chamado teto, que vale seguranças, etc. Isso porque, ao dizer que no Legislativo e no
para todo e qualquer servidor ou membro de Poder. Judiciário não se poderia ganhar mais do que no Executivo,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

No entanto, o dispositivo estabelece também subtetos nos a Constituição acabaria por igualar esses salários, uma vez
Estados e Municípios, afirmando o seguinte: que justamente é o Poder Executivo que costuma ter menos
Nos Municípios, ninguém poderá mais do que o Prefeito, margem orçamentária para aumentar a remuneração de seus
o qual, por sua vez, não poderá receber mais que um Ministro servidores.
do STF. Assim, por exemplo, o máximo que um Secretário Muni- O problema está na palavra utilizada. Isso porque a palavra
cipal ou um médico da rede municipal receberá será o salário do vencimentos de acordo com a Lei nº 8.112/90, é sinônimo de
Prefeito. salário-base, e não de remuneração total.
Nos Estados, haverá um subteto diferenciado para cada Isso quer dizer que, havendo cargos equivalentes nos dife-
Poder: rentes Poderes, o salário-base pago pelo Judiciário e Legisla-
▷ Tratando-se de servidor do Poder Executivo Estadual, tivo não poderá ser maior que o pago pelo Executivo, mas isso
não poderá ele receber uma remuneração maior do não se aplica à remuneração como um todo.
que a do Governador, o qual não pode receber mais Na prática, a grande diferenciação que se observa entre car-
do que aufere mensalmente um Ministro do STF; gos equivalentes nos diferentes poderes deve-se a diversos adi-
▷ Se for um servidor da Assembleia Legislativa Esta- cionais acrescidos ao salário-base, uma vez que a definição legal
dual, não poderá ganhar mais do que recebem os de vencimentos permite essa brecha, reforçada pelo Art. 39, §1º,
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Deputados Estaduais (os quais, por sua vez, não po- da Constituição.
dem receber mais do que 75% do que ganham os
Deputados Federais, conforme prevê o Art. 26, § 2º,
Vedação à Equiparação de Vencimentos
da Constituição); XIII. É vedada a vinculação ou equiparação de
▷ Se for um servidor do Poder Judiciário, Ministério quaisquer espécies remuneratórias para o efeito
Público Procuradoria ou Defensoria Estaduais, não de remuneração de pessoal do serviço público;
poderá receber mais do que a remuneração de um Os salários não devem ser vinculados entre si, salvo as
Desembargador do Tribunal de Justiça, a qual, por exceções previstas na Constituição Federal, para evitar-se o
seu turno, corresponderá a no máximo 90,25% do chamado efeito cascata, em que o aumento da remuneração
salário de um Ministro do STF. de um cargo leva ao aumento automático do salário de outros
Deve observar-se que o § 12 do mesmo Art. 37 permite cargos cuja remuneração esteja vinculada ao primeiro.
que os Estados e Distrito Federal, se quiserem, unifiquem os O inciso XIII não proíbe que dois ou mais cargos tenham
subtetos dos três poderes, adotando como limite único a re- os salários numericamente iguais, principalmente se tiverem
muneração dos Desembargadores do Tribunal de Justiça. natureza e complexidade semelhantes. O que ele veda é uma
A parcela da remuneração do servidor que exceder ao vinculação ou equiparação permanente e automática entre eles.
teto (servidores federais) ou o subteto respectivo (servidores
estaduais e municipais) será deduzida diretamente em seu
Vedação de Capitalização de
contracheque, dedução essa conhecida como “abate-teto”. Acréscimos Pecuniários
Deve-se observar que, via de regra, esses limites todos não XIV. Os acréscimos pecuniários percebidos por ser-
se aplicam aos funcionários de sociedades de economia mista vidor público não serão computados nem acumula-
ou empresas públicas, as quais, por atuarem no mercado, pre- dos para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
cisam pagar um salário condizente com o pago pela iniciativa O inciso XIV do Art. 37 visa evitar o efeito chamado de juros
privada, ainda que superiores ao teto e subtetos. sobre juros em relação aos acréscimos que o servidor público
Assim, um diretor do Banco do Brasil pode ganhar mais do receber em seu salário, estabelecendo que, havendo um acrésci-
que recebe um Ministro do STF, o mesmo ocorrendo com um mo na remuneração do servidor por alguma razão, os eventuais
diretor da Petrobras, por exemplo. aumentos posteriores concedidos pela mesma razão não deve-
No entanto, o § 9º do Art. 37 afirma que se determinada rão incidir sobre os acréscimos que foram dados antes.
empresa pública, sociedade de economia mista ou subsidiária Assim, por exemplo, imaginemos que um servidor tenha
de uma delas, receber recursos da União, dos Estados, do Dis- direito todo ano a um anuênio no valor de 1% sobre seus ven-
trito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas cimentos, ou seja, a cada ano haverá um acréscimo de 1% em
de pessoal ou de custeio em geral, deverão, sim, submeter-se seu salário-base.
ao teto e subtetos previstos neste inciso. Para facilitar, vamos imaginar que o salário-base do servi-
dor permanece fixo a cada ano e que é de R$ 2.000,00.
Proibição de Vencimentos Superiores
Ao final do primeiro ano o seu salário será majorado em
aos Pagos pelo Poder Executivo 1%, tendo, portanto, R$ 20,00 de aumento, passando seus
XII. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislati- vencimentos a R$ 2.020,00. Ao final do segundo ano, ele terá
vo e do Poder Judiciário não poderão ser superio- direito a outro anuênio, que será calculado também sobre R$
res aos pagos pelo Poder Executivo; 2.000,00, e não sobre R$ 2.020,00, uma vez que o acréscimo
anterior (R$ 20,00) não deve ser computado para acréscimos Assim, será considerado técnico o cargo que exija um curso
posteriores pela mesma razão, para não se calcularem anuê- superior em determinada área, assim como aquele que exija o
nios sobre anuênios. diploma de nível médio de técnico, como técnico em enferma-
gem, por exemplo.
Irredutibilidade dos ▷ Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
Vencimentos do Servidor nais de saúde, com profissões regulamentadas
XV. Os vencimentos dos servidores públicos são Em sua redação original, a Constituição falava em dois
irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e cargos privativos de médico, mas atualmente permite a
XIV deste artigo e nos Arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, acumulação de quaisquer dois cargos públicos privativos de
e 153, § 2º, I. profissionais de saúde, desde que tenham suas profissões re-
Assim como acontece com o trabalhador da iniciativa pri- gulamentadas.
vada, o salário do servidor público não poderá ser reduzido. Profissões regulamentadas são aquelas definidas por lei e
O salário do cargo, no entanto, pode ser reduzido, mas isso que possuem uma regulação própria. São exemplos de profis-
somente valerá para aqueles que forem admitidos posterior- sões regulamentadas na área de saúde: médico, enfermeiro,
mente, sendo que os que já estiverem admitidos não poderão fonoaudiólogo e técnico em radiologia.
ser afetados pela redução. Mesmo no caso das acumulações permitidas pela Consti-
As ressalvas previstas referem-se à hipóteses de redu- tuição, a soma das remunerações recebidas pelo servidor não
ção para obedecer a algumas determinações constitucionais poderá ultrapassar o limite previsto no inciso XI, que no caso dos
(como a observância ao teto e subtetos de remuneração, por servidores federais é o subsídio do Ministro do Supremo Tribunal
exemplo) e à possibilidade de cobrança de imposto de renda Federal.
sobre a remuneração do servidor. Por fim, observe-se que, a proibição de acumulação so-
mente envolve cargos e empregos públicos, nada impedindo
Acumulação de Cargos Públicos que o servidor acumule um cargo público com outro ou outros
XVI. É vedada a acumulação remunerada de cargos na área privada, desde que não haja expressa vedação legal
públicos, exceto, quando houver compatibilidade ou qualquer conflito de interesses, exigindo, também, eviden-
de horários, observado em qualquer caso o dispos- temente que haja compatibilidade de horários.
to no inciso XI. XVII. A proibição de acumular estende-se a em-
a) a de dois cargos de professor; pregos e funções e abrange autarquias, fundações,
b) a de um cargo de professor com outro técnico empresas públicas, sociedades de economia mista,
ou científico; suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de

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profissionais de saúde, com profissões regula- Esse dispositivo estende a vedação de acumulação de car-
mentadas; gos públicos (com suas exceções) a todas as entidades da Ad-
ministração Direta e Indireta, bem como todas as sociedades
A regra geral é a de que o servidor somente pode ter um controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
cargo público, com o objetivo de evitar-se a prática, relativa-
Assim, um empregado do Banco do Brasil, por exemplo,
mente comum antes da Constituição de 1988, de servidores
não poderá também ocupar um cargo de Escrevente de Tri-
que possuíam diversos cargos públicos e não exerciam de fato
bunal de Justiça, por não se enquadrar em nenhuma das três
nenhum deles, apesar de receber remuneração de todos.
hipóteses de acumulação.
No entanto, o próprio inciso XVI cita três exceções em que
o servidor poderá ter, ao mesmo tempo, dois cargos públicos Precedência da Administração Fazendária NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(mais de dois, jamais), desde que, obviamente, haja compati- XVIII. A administração fazendária e seus servidores
bilidade nos horários de expediente. fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
As hipóteses de acumulação permitida são: jurisdição, precedência sobre os demais setores ad-
▷ Dois cargos de professor ministrativos, na forma da lei;
Assim, alguém pode ser professor em universidade esta- A Administração Fazendária compreende o conjunto dos
dual e professor em uma universidade federal, por exemplo, órgãos responsáveis pela arrecadação e cobrança de tributos,
ou professor da rede estadual e municipal de ensino ao mesmo tanto na esfera federal como na estadual e municipal, e que
tempo. normalmente recebem o nome de Ministério da Fazenda e Se-
▷ Um cargo de professor com outro cargo técnico ou cretarias da Fazenda ou Finanças, e dentro delas, as chamadas
científico Receitas ou Fiscos.
Para que um cargo seja considerado técnico ou científico, Precedência significa preferência, prioridade. Assim, as
não basta que tenha essa denominação, como Técnico Judi- requisições feitas pela Receita Federal, por exemplo, deverão
ciário, por exemplo, mas de acordo com a doutrina e jurispru- ser atendidas com prioridade pelos demais órgãos administra-
dência, cargo técnico ou científico, para fins de acumulação tivos. Além disso, esse dispositivo permite, por exemplo, que
remunerada, é tanto o cargo de nível superior que exige uma a Receita Federal requisite o auxílio da Polícia Federal e Militar
habilitação específica quanto o cargo de nível médio que exige na realização de operações. 245
curso técnico específico. A citada precedência será exercida nos termos da lei.
Criação de Entidades da Administração O inciso XXI do Art. 37 deixa claro que a regra é que toda
246 contratação pela Administração Pública seja precedida de licita-
Indireta e suas Subsidiárias ção. No entanto, o mesmo dispositivo, ao afirmar “ressalvados
XIX. Somente por lei específica poderá ser criada os casos especificados na legislação”, deixa claro que a lei pode
autarquia e autorizada a instituição de empresa estabelecer hipóteses em que não haverá necessidade de licita-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pública, de sociedade de economia mista e de fun- ção, sendo que a Lei nº 8.666/93 divide essas situações excep-
dação, cabendo à lei complementar, neste último cionais em dois grupos: casos de dispensa de licitação (a licita-
caso, definir as áreas de sua atuação; ção seria possível, mas não há necessidade de realizá-la) e casos
Esse inciso trata da criação de entidades da Administração de inexigibilidade (situações em que não haveria possibilidade
Indireta, estabelecendo o seguinte: de realizar-se licitação por impossibilidade de competição).
As autarquias são criadas por lei específica. A Constituição também exige que seja dado tratamento
Já as demais entidades da Administração Indireta (em- isonômico a todos os participantes da licitação, sem qualquer
presas públicas, sociedades de economia mista e fundações favorecimento ou detrimento de qualquer dos licitantes, sendo
públicas) têm a sua criação autorizada por lei específica, mas que o vencedor estará obrigado a cumprir o que prometeu na
são criadas por ato do Executivo, sendo que, no caso das fun- proposta, sob pena de sofrer penalidades.
dações, suas áreas de atuação devem ser definidas através de
lei complementar. Por fim, visando permitir que a licitação tenha a partici-
Lei específica é a lei que somente trata de um determina- pação do maior número possível de interessados, o inciso XXI
do assunto, no caso, criação de autarquia ou autorização para afirma que a lei somente deve permitir que o edital faça as
criação de outra entidade da Administração Indireta. exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis
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O inciso XX estende essa obrigatoriedade de previsão legal à à garantia do cumprimento das obrigações. Isso porque, se o
criação de subsidiárias das entidades citadas no inciso XIX, bem edital apresentar condições muito restritivas de qualificação,
como à participação das mesmas em qualquer empresa privada: pode inviabilizar indevidamente a participação de muitos dos
XX. Depende de autorização legislativa, em cada interessados.
caso, a criação de subsidiárias das entidades men-
cionadas no inciso anterior, assim como a partici- Essencialidade da
pação de qualquer delas em empresa privada; Administração Tributária
Subsidiária nada mais é do que uma empresa que é con- XXII. As administrações tributárias da União, dos
trolada por outra, chamada de controladora. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ati-
Assim, se uma entidade da Administração Indireta resolver vidades essenciais ao funcionamento do Estado,
criar uma empresa controlada ou se for participar do capital de exercidas por servidores de carreiras específicas,
uma empresa privada, comprando parte de seu capital, deverá terão recursos prioritários para a realização de suas
antes obter a aprovação dessa operação, por lei. atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
Licitação com o compartilhamento de cadastros e de infor-
mações fiscais, na forma da lei ou convênio.
XXI. Ressalvados os casos especificados na legisla-
Administração tributária é o mesmo que administração fa-
ção, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação públi- zendária. Vê-se assim, que o dispositivo acima complementa o
ca que assegure igualdade de condições a todos estabelecido no inciso XVIII, que se aplica aos mesmos órgãos.
os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam A arrecadação de tributos é essencial para que o Governo
obrigações de pagamento, mantidas as condições possa atender às necessidades coletivas. A Constituição Fede-
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual so- ral busca garantir que as administrações tributárias tenham
mente permitirá as exigências de qualificação técni- sempre recursos para suas atividades, pois, sem eles, os servi-
ca e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
mento das obrigações. ços públicos não podem ser prestados à população.
Licitação é um procedimento administrativo que busca ob- Prevê também a colaboração e troca de informações entre
ter a proposta mais vantajosa para a Administração quando da as administrações tributárias federal, estaduais e municipais, vi-
celebração de um contrato, em que os interessados são cha- sando melhor eficiência arrecadatória e fiscalizatória, o que, no
mados para apresentar suas propostas e a Comissão de Lici- entanto, deve ser sempre feito na forma de lei ou convênio, para
tação escolhe aquela que melhor atender ao interesse público. garantir uma maior transparência das ações desses órgãos.
Toda licitação é regida por um edital ou carta-convite, que Proibição de Uso da Publicidade
regulamenta o procedimento e em que se definem, entre outras
coisas, o objeto da licitação, as regras para participação dos inte- Oficial para Promoção Pessoal
ressados e os critérios que serão levados em consideração para a § 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, servi-
definição do vencedor (menor preço, por exemplo). ços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter cará-
Atualmente, as licitações são regulamentadas por dois di- ter educativo, informativo ou de orientação social, dela
plomas legais: a Lei nº 8.666/93, que se aplica às modalidades: não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão, e a caracterizem promoção pessoal de autoridades ou ser-
Lei nº 10.520/02, que trata do pregão. vidores públicos.
É importante que o Governo informe constantemente a Tais ações são essenciais para que tenhamos uma demo-
população sobre ações, programas e obras, e isso é feito atra- cracia efetiva e estável, uma vez que, democracia não é so-
vés da chamada publicidade oficial. mente um regime em que o povo elege seus representantes,
mas, muito mais do que isso, é o regime em que há uma efeti-
No entanto, proíbe-se que a publicidade oficial, que é ban-
va participação popular nas ações de governo.
cada com recursos públicos, seja utilizada para promoção pes-
A lei deve prever a facilitação da apresentação de re-
soal do governante, através do emprego de nome, símbolos ou clamações dos cidadãos em relação à prestação de servi-
imagens que visem ligar essas ações, programas e obras com o ços, criando serviços de atendimento ao usuário, regulando
nome do administrador. também como serão apuradas as denúncias contra os atos
A promoção pessoal do governante deve ser feita obede- ilegais praticados por agentes públicos.
cendo-se à legislação eleitoral e sempre com a utilização de Além disso, deve também regular o acesso das pessoas
recursos do próprio político ou de seu partido político. em geral aos registros da Administração Pública. Atualmente
a lei que trata sobre isso é a Lei nº 12.527/11, conhecido como
Assim, numa obra pública, por exemplo, pode-se e deve- Lei de Acesso à Informação.
se colocar uma placa com as informações mais importantes
sobre a construção, como finalidade, valor total, fontes de fi- Atos de Improbidade Administrativa
nanciamento e prazo de conclusão, e essa placa pode ser paga § 4º. Os atos de improbidade administrativa importa-
com recursos públicos, por se tratar de publicidade oficial. No rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-
entanto, não se pode mandar escrever na placa: mais obra do ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
Prefeito Fulano de Tal, pois isso caracteriza promoção pessoal.
sem prejuízo da ação penal cabível.
Nulidade de Concursos Públicos que não Atos de improbidade administrativa são atos que causam
prejuízos ao erário público, que causam enriquecimento ilí-
Obedecerem ao Disposto no Art. 37 cito ou que ofendam os princípios constitucionais adminis-
§ 2º. A não observância do disposto nos incisos II e III trativos, de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade (Lei nº 8.429/92).
responsável, nos termos da lei. A Lei de Improbidade, além de definir o que são os atos de
O inciso II estipula que, salvo nos casos dos cargos em co- improbidade, também traz as penas que deverão ser aplicadas
missão, as vagas no serviço público deverão ser preenchidas pelo juiz contra quem os praticar, e entre elas, estão aquelas
por concurso. previstas no § 4º:
Por sua vez, o inciso III afirma que o prazo de validade do ▷ Perda da função: se o agente que praticar o ato for
concurso será de até dois anos, podendo ser prorrogado uma servidor público, poderá ser demitido do cargo. Nes-
única vez, pelo mesmo período original.

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se caso, a Lei nº 8.112/90 estabelece que o servidor
Se alguém for nomeado para um cargo efetivo sem concur- não mais poderá ocupar outro cargo público (demis-
so público ou for nomeado fora do prazo de validade do mesmo, são a bem do serviço público).
o ato de nomeação será anulado e a lei deverá haver a punição ▷ Suspensão dos direitos políticos: que é a perda
da autoridade responsável pela desobediência aos comandos temporária dos direitos de votar e de ser candida-
constitucionais. to (a Lei nº 8.429/92 estabelece o prazo de até oito
anos de suspensão).
Participação do Usuário na
▷ Indisponibilidade dos bens: ordem do juiz que
Administração Pública proíbe o praticante do ato de improbidade de ven-
§ 3º. A lei disciplinará as formas de participação do der ou doar seus bens até o fim do processo de res-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
usuário na administração pública direta e indireta, re- sarcimento dos cofres públicos. Também é chamada
gulando especialmente: de congelamento de bens.
I. As reclamações relativas à prestação dos serviços ▷ Ressarcimento aos cofres públicos: nem todo
públicos em geral, asseguradas a manutenção de ato de improbidade causa prejuízo ao erário. No
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação entanto, se isso ocorrer, o condenado deverá de-
periódica, externa e interna, da qualidade dos ser- volver aos cofres públicos os valores desfalcados,
viços; devidamente corrigidos.
II. O acesso dos usuários a registros administrativos Além de todas essas penalidades, aquele que praticou o
e a informações sobre atos de governo, observado ato de improbidade ainda poderá responder criminalmente,
o disposto no Art. 5º, X e XXXIII; ou seja, ainda poderá perder sua liberdade. Importante ob-
III. A disciplina da representação contra o exercício servar, porém, que a questão criminal será julgada em ação à
negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun- parte, em outro processo, uma vez que o processo de improbi-
ção na administração pública. dade não tem natureza penal.
A preocupação do § 3º do Art. 37 é permitir uma maior Prescrição e Imprescritibilidade
participação da sociedade em geral na administração públi-
ca e um maior controle dessa mesma sociedade sobre os atos § 5º. A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí- 247
públicos. citos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respec- entre seus administradores e o poder público, que tenha
248 tivas ações de ressarcimento. por objeto a fixação de metas de desempenho para o
Embora a responsabilização penal e administrativa do ser- órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
vidor ou terceiro que praticar um ato ilícito tenha um prazo para I. O prazo de duração do contrato;
prescrever estabelecido pela lei, a Constituição Federal estipula II. Os controles e critérios de avaliação de desem-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

que a ação civil para ressarcimento ao erário não prescreverá, ou penho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
seja, quem causar prejuízo aos cofres públicos poderá ser cobrado dirigentes
a qualquer tempo na Justiça, mesmo que eventualmente o crime III. A remuneração do pessoal.
correspondente tenha já prescrevido. O § 8º trata dos chamados contratos de gestão, que são
Responsabilidade Civil acordos assinados entre o Chefe do Poder Executivo ou seus
auxiliares diretos, de um lado, e representantes de entidades
Objetiva do Poder Público ou órgãos da Administração Direta ou Indireta, de outro, e que
§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de di- visam aumentar a autonomia dessas entidades ou órgãos em
reito privado prestadoras de serviços públicos respon- troca do atingimento de metas de desempenho.
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, O objetivo é obter uma maior eficiência administrativa, atra-
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso vés da cobrança de resultados, característica do chamado mo-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. delo gerencial de gestão pública.
Esse dispositivo prevê a responsabilidade civil objetiva da
Administração Pública, afirmando que, sempre que um servi- Extensão do Limite de Remuneração
dor, empregado público ou agente de concessionário causar § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas pú-
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prejuízos a alguém, o Estado será obrigado a pagar a inde- blicas e às sociedades de economia mista, e suas subsi-
nização respectiva à vítima, mesmo que o agente do Estado, diárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
causador do dano, não tenha agido com dolo (intenção) ou do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
culpa (imperícia, imprudência ou negligência). de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
Agora, se o causador do dano agiu como dolo ou culpa, o Via de regra, os empregados de sociedades de economia
Estado também terá que indenizar a vítima, mas aí terá o di- mista, empresas públicas e suas subsidiárias não se subme-
reito de regresso contra o responsável, ou seja, poderá cobrar tem aos limites de remuneração estipulados pelo inciso XI. No
do agente o valor que teve que pagar à vítima. entanto, o § 9º deixa claro que, se essas entidades receberem
Assim, por exemplo, se um servidor público estiver dirigin- recursos públicos para pagamento de pessoal ou para suas
do um veículo oficial e o freio do carro falhar, sem nenhuma despesas correntes, deverão, sim, submeter-se ao teto e sub-
culpa do motorista, e vier atingir outro automóvel, a Adminis- tetos previstos na Constituição.
tração Pública deverá pagar os prejuízos sofridos pelo particu-
lar e, nesse caso, nada cobrará do servidor. Vedação de Acumulação de
Se, porém, a colisão ocorrer porque o servidor atravessou Proventos de Aposentadoria com
um cruzamento no semáforo vermelho, sem nenhuma justi-
ficativa, o Estado ainda assim terá que indenizar o particular, Vencimentos de Cargo Público
mas poderá cobrar do servidor o valor da indenização, uma § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos
vez que nesse caso ele agiu com imprudência, ou seja, culpa. de aposentadoria decorrentes do Art. 40 ou dos Arts.
Essa responsabilidade civil objetiva estende-se também 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
aos concessionários de serviços públicos. função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car-
Acesso a Informações Privilegiadas gos em comissão declarados em lei de livre nomeação
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao e exoneração.
ocupante de cargo ou emprego da administração di-
Via de regra, o servidor público aposentado pelo regime
reta e indireta que possibilite o acesso a informações
público de previdência não poderá continuar a trabalhar de
privilegiadas.
forma remunerada no serviço público, acumulando os proven-
Informações privilegiadas são aquelas às quais alguém tos da aposentadoria com os vencimentos de outro cargo.
tem acesso de forma exclusiva ou antes do público em geral e
Essa possibilidade de acumulação de proventos da apo-
que possam interferir, de alguma forma no ganho ou perda de
sentadoria com o salário de um outro cargo somente pode se
valores no mercado.
dar em três situações:
Ex.: um servidor da Comissão de Valores Mobiliários
tem acesso, antes do mercado, ao balanço de um ban- ▷ Se o cargo em que se deu a aposentadoria for acu-
co. Esse servidor poderia utilizar-se dessa informação mulável com o cargo da ativa.
antecipada para comprar ou vender ações da instituição ▷ Se o servidor aposentado for eleito para algum cargo
financeira antes que o mercado altere o seu preço. político (vereador, Prefeito ou Vice, deputado esta-
dual, Governador e Vice-Governador, deputado fede-
Contratos de Gestão ral, senador ou Presidente da República ou Vice).
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira ▷ Se o cargo atualmente exercido pelo servidor apo-
dos órgãos e entidades da administração direta e indire- sentado for um cargo em comissão de livre nomea-
ta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado ção e exoneração.
Parcelas Indenizatórias da Remuneração No caso do servidor ter sido eleito para os cargos de Pre-
sidente da República, Deputado Federal, Senador, Deputado
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites re- Estadual/Distrital ou Governador, ou seja, para qualquer car-
muneratórios de que trata o inciso XI do caput deste go federal e estadual, será ele afastado sem remuneração do
artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas cargo que ocupa, ou seja, receberá a remuneração do cargo
em lei. eletivo para o qual foi escolhido.
O que o § 11 está a dizer é que, em se tratando de parcelas No caso de ter sido Prefeito Municipal, será afastado do
indenizatórias da remuneração, ou seja, aqueles valores desti- cargo, mas poderá escolher entre a remuneração do cargo
nados a compensar o servidor por uma perda sofrida, não serão efetivo e a de Prefeito. Isso porque, em muitos municípios, o
elas consideradas para verificação do limite do teto e subtetos da salário de prefeito é menor do que o de muitos cargos públicos
remuneração. efetivos federais e estaduais.
Em outras palavras, a remuneração do servidor poderá ul- Por fim, no caso do servidor ter sido eleito Vereador, exis-
trapassar os limites do inciso XI se: tem duas possibilidades:
▷ Houver pagamento de parcelas indenizatórias em ▷ Havendo compatibilidade de horário entre o perío-
sua remuneração (ressarcimento de danos sofridos do de trabalho como vereador e como servidor, ele
pelo servidor); e não será afastado e trabalhará em ambos os cargos
▷ O limite que exceder os tetos ou subtetos não ultrapassar e, portanto, perceberá as tanto o salário de vereador
o valor das parcelas indenizatórias. como o do cargo efetivo;
Possibilidade de Adoção de ▷ Não havendo compatibilidade de horário, será afas-
tado do cargo, podendo escolher qual salário rece-
Subteto Único para os Servidores berá, ou seja, nessa situação, aplicar-se-á a mesma
Estaduais e Distritais regra do servidor eleito para Prefeito.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput des- Em qualquer hipótese de afastamento, assim que terminar
te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Fede- o mandato do servidor eleito, se não houver reeleição, deverá
ral fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respec- ele retornar ao exercício do cargo efetivo.
tivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o
subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Servidores Públicos
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e Embora a Constituição Federal já estabeleça várias regras
cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Mi- sobre os servidores públicos no Art. 37, em seus Arts. 39 e 40
nistros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando traz outras disposições sobre o tratamento que deve ser dis-
o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputa- pensado a eles.
dos Estaduais e Distritais e dos Vereadores. Primeiramente, deve-se entender que os servidores pú-

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A remuneração do servidor público estadual está sujeita a blicos são pessoas que trabalham na Administração Direta
subtetos diferenciados, de acordo com o Poder em que o servidor (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) ou em autar-
trabalha. No entanto, o dispositivo acima permite que, se o Estado quias ou em fundações públicas de direito público e cuja re-
ou Distrito Federal desejar, poderá fixar um limite único para os lação com esse ente é regida por uma lei específica, chamada
três poderes estaduais que, neste caso, será o subsídio recebido normalmente de estatuto.
pelos Desembargadores do Tribunal de Justiça. No caso dos servidores públicos civis federais, o estatuto é
a Lei nº 8.112/90.
Servidor Eleito para Cargo Público Ou seja, os servidores públicos não se sujeitam às regras
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, au- da CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, mas são regidos
tárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
por lei própria.
aplicam-se as seguintes disposições: Os funcionários públicos que são regidos pela CLT são cha-
I. Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual mados de empregados públicos, e normalmente trabalham em
ou distrital, ficará afastado de seu cargo ou empre- sociedades de economia mista e empresas públicas (embora haja
go; a possibilidade de funcionários de autarquias serem regidos pela
II. Investido no mandato de Prefeito, será afastado CLT, caso em que também serão empregados públicos).
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado Vejamos o que a CF diz a respeito:
optar pela sua remuneração;
III. Investido no mandato de Vereador, havendo Política de Remuneração
compatibilidade de horários, perceberá as vanta- do Serviço Público
gens de seu cargo, emprego ou função, sem pre-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
juízo da remuneração do cargo eletivo, e, não ha-
nicípios instituirão conselho de política de administração
vendo compatibilidade, será aplicada a norma do
e remuneração de pessoal, integrado por servidores de-
inciso anterior;
signados pelos respectivos Poderes.
O Art. 38 trata da questão do afastamento e do recebimen-
A ideia é que a União, Estados, DF e Municípios tratem seus
to de remuneração pelo servidor público eleito para um cargo
servidores de maneira semelhante, com remunerações próximas 249
político, estabelecendo as seguintes regras.
para atividades assemelhadas.
Para isso, deveria ser criado um Conselho de Política de horas diárias e quarenta e quatro semanais;
250 Administração e Remuneração de Pessoal, integrado por ser- g) repouso semanal remunerado;
vidores dos diversos poderes das três esferas de governo. h) remuneração do serviço extraordinário su-
Critérios para Definição da perior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

normal;
Remuneração do Servidor Público i) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
§ 1º. A fixação dos padrões de vencimento e dos demais menos, um terço a mais do que o salário normal;
componentes do sistema remuneratório observará:
j) licença à gestante;
I. A natureza, o grau de responsabilidade e a com-
k) licença-paternidade;
plexidade dos cargos componentes de cada carreira
II. Os requisitos para a investidura; l) proteção do mercado de trabalho da mulher;
III. As peculiaridades dos cargos. m) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
meio de normas de saúde, higiene e segurança;
Esse dispositivo traz os critérios que devem ser observados
para a definição da remuneração dos diversos cargos públicos, n) adicional de remuneração para as atividades
tanto do Poder Executivo, como do Legislativo e do Judiciário. penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
Cabe à lei estabelecer o valor da remuneração de cada o) proibição de diferença de salários, de exercício
cargo. de funções e de critério de admissão por motivo de
sexo, idade, cor ou estado civil.
Escolas de Governo Embora a Constituição garanta aos servidores públicos tais
§ 2º. A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
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direitos, eles poderão ser regulamentados de forma diferente


escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamen- do que quando aplicados ao trabalhador da iniciativa privada.
to dos servidores públicos, constituindo-se a participação Ex.: A CLT determina que o trabalhador da iniciativa pri-
nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira, vada somente pode ter parceladas as suas férias em dois
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contra- períodos. Já o servidor público federal pode gozá-las di-
tos entre os entes federados. vididas em três períodos.
A Constituição pretende que o servidor público esteja sempre Além dos direitos previstos no § 3º, o estatuto do servidor
atualizado e em constante aperfeiçoamento. também pode estabelecer outros.
Por isso determina que a União e os Estados criem e
mantenham escolas destinadas a oferecer cursos de aperfei- Remuneração por Subsídio
çoamento aos servidores, inclusive determinando que a par- § 4º. O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
ticipação nesses cursos seja obrigatória para a promoção na tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
carreira. e Municipais serão remunerados exclusivamente por
Como exemplo de escola desse tipo na Administração Fe- subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo
dera temos a Esaf – Escola Superior de Administração Fazen- de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
dária, vinculada ao Ministério da Fazenda. verba de representação ou outra espécie remunerató-
ria, obedecido, em qualquer caso, o disposto no Art.
Direitos Trabalhistas Aplicáveis 37, X e XI.
ao Servidor Público Os cargos citados acima devem receber por subsídio de
§ 3º. Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú- parcela única. Ou seja, sua remuneração não deve possuir os
blico o disposto no Art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, chamados “penduricalhos”, que são diversos valores, normal-
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei esta- mente variáveis, que integram a remuneração de diversos car-
belecer requisitos diferenciados de admissão quando a gos públicos, e que normalmente tornam muito difícil saber o
natureza do cargo o exigir. valor exato de seu salário.
O servidor público está sujeito a direitos e deveres diferen- A intenção da Constituição é garantir uma maior transpa-
tes do trabalhador da iniciativa privada. rência a respeito dos valores recebidos pelos Membros de Poder,
No entanto, o § 3º diz quais os direitos do trabalhador co- políticos, Ministros e Secretários.
mum que os servidores também terão assegurados. São os Relação entre Maior e
seguintes:
a) salário-mínimo; Menor Remuneração
b) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, § 5º. Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal
para os que percebem remuneração variável; e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre
a maior e a menor remuneração dos servidores pú-
c) décimo terceiro salário;
blicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
d) remuneração do trabalho noturno superior à Art. 37, XI.
do diurno; A lei pode definir, para cada cargo, qual a relação entre a
e) salário-família pago em razão do dependente maior remuneração, paga normalmente para servidores mais
do trabalhador de baixa renda; antigos no cargo, e a menor, que é normalmente reservada
f) duração do trabalho normal não superior a oito àqueles que ingressaram mais recentemente.
Publicidade da Remuneração dos verá contribuir. Além disso, o regime é chamado de solidário
porque nenhum servidor contribuirá para formar um fundo
Servidores e Empregados Públicos pessoal para sua aposentadoria, mas todos deverão contribuir
§ 6º. Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu- para quem estiver inativo, ou seja, o fundo é único para todos
blicarão anualmente os valores do subsídio e da remu- os servidores.
neração dos cargos e empregos públicos. O fundo de previdência deve receber contribuições do
A ideia da Constituição é de que a remuneração no serviço respectivo ente público ao qual o servidor esteja vinculado
público seja transparente, com a publicação anual dos valores (União, Estado, DF, Município, autarquia ou fundação), do
pagos aos servidores e empregados públicos. próprio servidor e ainda dos aposentados e pensionistas (di-
Investimentos em Capacitação ferentemente do regime geral de Previdência que não admite
contribuição dos aposentados e pensionistas).
e Modernização Devem ser observados critérios que preservem o equilíbrio
§ 7º. Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e financeiro e atuarial, o que quer dizer que o sistema deve ser
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or- sustentável ao longo do tempo, sendo que futuros desequilí-
çamentários provenientes da economia com despesas brios devem ser detectados e corrigidos, com medidas como
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para aumento da contribuição ou mudanças nas regras de aposen-
aplicação no desenvolvimento de programas de quali- tadoria, por exemplo.
dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
§ 1º. Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
modernização, reaparelhamento e racionalização do
dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-
serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
culados os seus proventos a partir dos valores fixados
prêmio de produtividade.
na forma dos §§ 3º e 17:
Norma de finança pública, o § 7º estabelece que a lei deva
prever a aplicação de “sobras orçamentárias” (recursos prove- I. Por invalidez permanente, sendo os proventos
nientes da economia com despesas correntes) em programas proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se
de aperfeiçoamento dos servidores e do serviço público como decorrente de acidente em serviço, moléstia pro-
um todo. fissional ou doença grave, contagiosa ou incurável,
A intenção é estimular a boa gestão de recursos, inclusive na forma da lei;
permitindo que parte dessa economia de despesas retorne ao II - Compulsoriamente, com proventos proporcio-
bolso dos servidores, sob a forma de adicional ou prêmio de nais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
produtividade. anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de
idade, na forma de lei complementar; (Redação
Aposentadoria do Servidor Público dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015)

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Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da III. Voluntariamente, desde que cumprido tempo
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- mínimo de dez anos de efetivo exercício no servi-
pios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegu- ço público e cinco anos no cargo efetivo em que
rado regime de previdência de caráter contributivo e
se dará a aposentadoria, observadas as seguintes
solidário, mediante contribuição do respectivo ente
público, dos servidores ativos e inativos e dos pensio- condições:
nistas, observados critérios que preservem o equilíbrio a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de con-
financeiro e atuarial. tribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de
A Constituição estabelece duas categorias de regimes de idade e trinta de contribuição, se mulher; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
previdência social: b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
▷ Regime Geral de Previdência Social (RGPS), destina- sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
do aos trabalhadores da iniciativa privada, empre- proporcionais ao tempo de contribuição.
gados públicos (que trabalhem em sociedades de O § 1º prevê três formas de aposentadoria do servidor público:
economia mista ou empresas públicas) e ocupantes
de cargos em comissão, o qual é normatizado pela
Aposentadoria por Invalidez Permanente
Constituição em seu Art. 201; e Nesse caso, a regra geral é que o servidor aposente-se re-
▷ Regime Próprio de Previdência do Serviço Público, cebendo proporcionalmente ao tempo de contribuição.
aplicável aos servidores públicos estatutários; O servidor somente receberá sua aposentadoria integral se
O Art. 40 trata justamente do Regime Próprio de Previ- a invalidez decorrer de acidente em serviço, moléstia profissio-
dência do Serviço Público, estabelecendo, logo em seu caput, nal ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei.
diversas características desse regime:
Assim, por exemplo, se um servidor do sexo masculino que
Será aplicável aos servidores da Administração Direta, au-
tarquias e fundações públicas (servidores estatutários), tanto tenha 10 anos de contribuição e, durante uma viagem de carro
na esfera Federal, como na Estadual e Municipal. nas férias, sofra um acidente e venha a ficar inválido, receberá
Será de caráter contributivo e solidário: para ter direito o valor equivalente a 10/35 avos do valor que receberia se a 251
aos benefícios do seu regime de previdência, o servidor de- invalidez fosse decorrente de um acidente em serviço.
Aposentadoria Compulsória Pensão por Morte do Servidor
252 Atingindo a idade de 70 (setenta) anos, prevê a Constituição § 7º. Lei disporá sobre a concessão do benefício de
que o servidor seja aposentado compulsoriamente, isso é, obri- pensão por morte, que será igual:
gatoriamente, sendo que receberá proporcionalmente ao tempo I. Ao valor da totalidade dos proventos do servidor
de contribuição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

falecido, até o limite máximo estabelecido para os


No entanto, se já tiver contribuído o tempo mínimo exigi- benefícios do regime geral de previdência social de
do, receberá os proventos integralmente. que trata o Art. 201, acrescido de setenta por cento
Aposentadoria Voluntária da parcela excedente a este limite, caso aposenta-
Por fim, a Constituição prevê que o servidor possa apo- do à data do óbito; ou
sentar-se de forma voluntária, ou seja, a pedido, desde que II. Ao valor da totalidade da remuneração do servi-
preenchidos os seguintes requisitos: dor no cargo efetivo em que se deu o falecimento,
▷ Tenha pelo menos 10 (dez) anos de serviço público; até o limite máximo estabelecido para os benefí-
cios do regime geral de previdência social de que
▷ Tenha pelo menos 5 (cinco) anos de exercício do car-
trata o Art. 201, acrescido de setenta por cento da
go em que se dará a aposentadoria;
parcela excedente a este limite, caso em atividade
▷ Tenha 60 (sessenta) anos de idade e 35 (trinta e cin- na data do óbito.
co) anos de contribuição, se for homem, e 55 (cin-
A pensão por morte recebida pelos familiares do servidor
quenta e cinco) anos de idade e 30 (trinta) anos de
ou inativo falecido sofrerá uma redução em relação à remune-
contribuição, se for mulher.
ração ou proventos do falecido, se estes forem superiores ao
Mesmo que não tenha preenchido o requisito de tempo
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teto do INSS.
de contribuição, o servidor poderá aposentar-se, a partir dos
65 (sessenta e cinco) anos, se homem, e 60 (sessenta) anos, Essa redução será de 30% sobre os valores que excederem
se mulher, mas, neste caso, receberá proporcionalmente ao tal teto.
tempo que contribuiu. Reajustamento dos Benefícios
§ 4º. É vedada a adoção de requisitos e critérios di- § 8º. É assegurado o reajustamento dos benefícios
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res- real, conforme critérios estabelecidos em lei.
salvados, nos termos definidos em leis complementa-
res, os casos de servidores: Assim como ocorre com os benefícios do regime geral de pre-
vidência, o objetivo é evitar que os valores dos benefícios recebi-
I) portadores de deficiência; dos pelo servidor, inativo ou pensionista, sejam prejudicados pela
II) que exerçam atividades de risco; inflação, pelo que devem ser corrigidos periodicamente.
III) cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. Contagem Recíproca de Tempo
O § 4º estabelece, como regra geral, que não poderão ser § 9º. O tempo de contribuição federal, estadual ou
estabelecidos critérios diferentes para a concessão de aposen- municipal será contado para efeito de aposentadoria
tadoria no serviço público, fazendo somente exceção às cha- e o tempo de serviço correspondente para efeito de
madas aposentadorias especiais, que são aposentadorias em disponibilidade.
que permitem regras diferenciadas, exigindo-se, por exemplo, Tal parágrafo prevê que a contagem de tempo de contribui-
um menor tempo de contribuição. Somente são admitidas nos ção do servidor será única, tenha ele contribuído para a caixa
três casos previstos acima. de previdência da União, de Estado ou de Município. É chamada
§ 5º. Os requisitos de idade e de tempo de contribuição de contagem recíproca do tempo de contribuição entre os entes
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto públicos.
no § 1º, III, “a”, para o professor que comprove exclu-
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de Proibição de Contagem de Tempo Fictício
magistério na educação infantil e no ensino fundamen- § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
tal e médio. contagem de tempo de contribuição fictício.
Tal dispositivo cria uma aposentadoria especial para os Antes da Emenda Constitucional nº 19/98, a legislação, em
professores que tenham atuado exclusivamente na educação algumas situações específicas, permitia que determinados pe-
infantil e nos ensinos fundamental e médio, permitindo que ríodos fossem considerados como de contribuição sem que de
tais profissionais se aposentem cinco anos antes dos demais fato ela tivesse ocorrido. Era o caso de algumas hipóteses de
servidores. contagem em dobro do tempo de contribuição.
§ 6º. Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- Com a citada emenda, proibiu-se terminantemente qual-
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a quer contagem fictícia de tempo de contribuição fictício.
percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regi- Aplicação do limite de remuneração aos proventos de apo-
me de previdência previsto neste artigo. sentadoria.
As aposentadorias somente podem ser acumuladas se os § 11. Aplica-se o limite fixado no Art. 37, XI, à soma total
cargos a que elas se referem também o forem, na forma do dos proventos de inatividade, inclusive quando decor-
inciso XVI do Art. 37. rentes da acumulação de cargos ou empregos públicos.
Recebendo o servidor mais de uma aposentadoria do ser- § 15. O regime de previdência complementar de que
viço público, a soma delas deverá obedecer aos tetos e subte- trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
tos previstos no inciso XI do art. 37. pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
Aplicação Subsidiária das Regras de entidades fechadas de previdência complementar,
do Regime Geral de Previdência de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
§ 12. Além do disposto neste artigo, o regime de previ- participantes planos de benefícios somente na modali-
dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo dade de contribuição definida.
observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados Os fundos públicos de previdência complementar citados
para o regime geral de previdência social. no parágrafo anterior deverão ser criados por lei proposta pelo
O que o dispositivo quer dizer é que, fora as especificidades Poder Executivo de cada esfera de poder e não poderão ser
do regime próprio de previdência do serviço público apontadas administrados por entidades privadas.
pelo Art. 40, ele se submeterá às mesmas regras do regime geral Além disso, esse fundo público somente poderá oferecer
de previdência social. planos de contribuição definida, que são aqueles em que as
Em outras palavras, aplicam-se subsidiariamente ao re- contribuições mensais são definidas, mas os valores dos bene-
gime próprio de previdência do servidor as regras do regime fícios da aposentadoria ou pensão somente serão calculados
geral, naquilo que não diferenciado pela Constituição. exatamente no momento do início de seu pagamento.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
Aplicação do Regime Geral disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
de Previdência ao Ocupante que tiver ingressado no serviço público até a data da pu-
de Cargo em Comissão blicação do ato de instituição do correspondente regime
de previdência complementar.
§ 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
Aqueles que já estiverem no serviço público na data de pu-
em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração bem como de outro cargo temporário ou blicação do ato de instituição do fundo de previdência comple-
de emprego público, aplica-se o regime geral de pre- mentar, como regra geral, continuarão seguindo as regras do re-
vidência social. gime antigo ao qual já estavam vinculados. No entanto, se esses
servidores desejarem, poderão migrar para o regime novo, de-
Já vimos que o regime próprio de previdência somente
vendo, para tanto, apresentar uma opção expressa e irretratável.
aplica-se ao servidor público estatutário. O ocupante de cargo
em comissão, o servidor temporário e o empregado público Correção dos Salários de Contribuição
serão vinculados ao mesmo regime de previdência dos traba-
lhadores da iniciativa privada, ou seja, o regime geral de previ- § 17. Todos os valores de remuneração considerados

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dência social – RGPS. para o cálculo do benefício previsto no § 3º serão devi-
damente atualizados, na forma da lei.
Possibilidade de Aplicação do Trata-se aqui da correção do chamado salário-de-contri-
Teto de INSS às Aposentadorias buição, que é o valor descontado todo mês do servidor, e não
da correção do valor do benefício, a qual é prevista no § 8º.
do Serviço Público
A correção dos salários de contribuição é importante para
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- garantir a sustentabilidade do sistema.
cípios, desde que instituam regime de previdência com-
plementar para os seus respectivos servidores titulares Contribuição Previdenciária
de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposen-
do Servidor Aposentado
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
tadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de
que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen-
os benefícios do regime geral de previdência social de tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
que trata o Art. 201. este artigo que superem o limite máximo estabelecido
O § 14 permite que os entes públicos limitem o valor máxi- para os benefícios do regime geral de previdência social
mo das aposentadorias e pensões concedidas, adotando o mes- de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabele-
mo teto aplicado às aposentadorias e pensões do Regime Geral cido para os servidores titulares de cargos efetivos.
de Previdência Social. Diferentemente do que ocorre no Regime Geral de Pre-
Para isso, porém, precisam antes regulamentar e criar um vidência Social, os aposentados e pensionistas do Regime
fundo de previdência complementar para seus servidores. Próprio dos Servidores Públicos contribuirão para o caixa da
Na esfera federal e em diversos Estados, essa situação já previdência.
é realidade, sendo que aqueles que atualmente ingressam no Essa contribuição, no entanto, somente ocorrerá se o apo-
serviço público da União, quando aposentarem-se, somente sentado ou pensionista receber mais do que o teto do INSS,
receberão até o teto do INSS, podendo, se desejarem, optar sendo que o valor da contribuição será calculado justamente
por ingressar em um fundo de previdência público, no qual, sobre esse excedente, aplicando-se o mesmo percentual co-
além da contribuição mensal do próprio servidor, deverão ser brado dos servidores da ativa, e que atualmente é de 11% (onze 253
feitos aportes de recursos federais. por cento) na esfera federal.
Abono de Permanência II. Mediante processo administrativo em que lhe
254 seja assegurada ampla defesa;
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha com-
III. Mediante procedimento de avaliação periódica
pletado as exigências para aposentadoria voluntária
de desempenho, na forma de lei complementar,
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer assegurada ampla defesa.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

em atividade fará jus a um abono de permanência equi-


§ 2º. Invalidada por sentença judicial a demissão do ser-
valente ao valor da sua contribuição previdenciária até
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan-
completar as exigências para aposentadoria compulsó-
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem,
ria contidas no § 1º, II. sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo
Trata-se aqui do chamado “abono de permanência”, que é um ou posto em disponibilidade com remuneração propor-
valor pago ao servidor que já preencheu os requisitos de idade e cional ao tempo de serviço.
tempo de contribuição para aposentar-se, mas opta por continuar § 3º. Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
trabalhando. o servidor estável ficará em disponibilidade, com remu-
O valor desse abono será equivalente ao da contribuição neração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade-
previdenciária do servidor, e ele o receberá até que venha a quado aproveitamento em outro cargo.
se aposentar. § 4º. Como condição para a aquisição da estabilidade,
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
Proibição de Acumulação de comissão instituída para essa finalidade.
Aposentadorias pelo Regime Próprio Os servidores efetivos, ou seja, concursados, terão direito à
de Previdência do Serviço Público estabilidade no cargo após o decurso de determinado período
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de efetivo exercício. Esse prazo, que era de dois anos na redação


§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime original da Constituição, passou para 3 (três) com a EC nº 19/98.
próprio de previdência social para os servidores titu- Uma vez adquirida a estabilidade, de acordo com o Art. 41,
lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade o servidor somente poderá perder o cargo nos casos de:
gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ▷ Sentença judicial transitada em julgado que reco-
ressalvado o disposto no Art. 142, § 3º, X. nheça a prática de algum ilícito por parte do servidor
Em cada esfera de poder deve haver regras únicas para a que justifique a sua demissão; ou
aposentadoria do servidor público e deve existir somente uma ▷ Processo administrativo disciplinar que também
entidade gestora dos recursos. confirme a prática de alguma ilegalidade que leve
A exceção citada refere-se aos servidores militares, os à demissão, observado que, assim como ocorre com
quais poderão submeter-se a algumas regras diferenciadas. o processo judicial, o servidor deverá ter assegurada
ampla defesa.
Isenção para Portadores de ▷ Desempenho insuficiente em procedimento periódi-
Doenças Incapacitantes co de avaliação, o qual, no entanto, necessita de re-
gulamentação por lei complementar, não podendo
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ainda ser aplicado.
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria De observar-se que, além das três hipóteses acima, o Art.
e de pensão que superem o dobro do limite máximo esta- 169, § 4º, da Constituição prevê a possibilidade de servidores
belecido para os benefícios do regime geral de previdên- perderem o cargo no caso de a União, Estado, DF ou Município
cia social de que trata o Art. 201 desta Constituição, quan- onde trabalha o servidor estourar o limite de gastos com pessoal
do o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença estabelecido em lei complementar, desde que já tenham sido to-
incapacitante. madas as seguintes providências: redução em pelo menos 20%
Já vimos que, via de regra, o servidor inativo contribuirá das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e
todos os servidores não estáveis tenham sido exonerados.
com 11% para a previdência social sobre o valor que ultrapassar
O § 2º estipula que se a demissão do servidor estável for
o teto do INSS. anulada por decisão judicial, será ele reintegrado ao cargo e
O que o dispositivo em questão está dizendo é que, se o o eventual ocupante da vaga, se estável, será reconduzido ao
aposentado ou pensionista for portador de alguma doença cargo de origem, sem direito a indenização, ou então aprovei-
incapacitante reconhecida em lei, ele somente contribuirá so- tado em outro cargo ou então posto em disponibilidade com
bre o valor que superar o dobro do teto do INSS, aplicando-se, remuneração proporcional ao tempo de serviço.
No caso de um cargo ser extinto ou considerado desneces-
assim, o limite de isenção de contribuição para essas pessoas.
sário por lei, seu ocupante ficará em disponibilidade, com remu-
Estabilidade neração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
aproveitamento em outro cargo. Ou seja, nesse caso, enquanto
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí- o servidor não for aproveitado em outro cargo, ficará ele licen-
cio os servidores nomeados para cargo de provimento ciado e recebendo proporcionalmente ao tempo de serviço.
efetivo em virtude de concurso público. Por fim, o § 4º do Art. 41 coloca como condição para a
§ 1º. O servidor público estável só perderá o cargo: aquisição da estabiliade pelo servidor, sua avaliação por co-
I. Em virtude de sentença judicial transitada em missão especial de desempenho, que deve ser criada para tal
julgado; finalidade.
6. Poder Legislativo, Executivo e posterior sanção do Presidente da República, o Art. 49 traz as
competências exclusivas do Congresso Nacional, em que não
Judiciário há participação do Poder Executivo:
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do
Neste capítulo, trataremos dos três poderes. Seguiremos Presidente da República, não exigida esta para o espe-
falando sobre o Poder Legislativo; a fiscalização contábil, fi- cificado nos Arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as ma-
nanceira e orçamentária; o Tribunal de Contas da União; o Po- térias de competência da União, especialmente sobre:
der Executivo; o Poder Judiciário; e o Ministério Público. I. Sistema tributário, arrecadação e distribuição
de rendas;
O Poder Legislativo II. Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orça-
A principal atribuição do Poder Legislativo é elaborar leis. mento anual, operações de crédito, dívida pública
No entanto, ele também exerce outras funções importantes, e emissões de curso forçado;
como fiscalizar os demais poderes e autorizar ou ratificar di- III. Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
versos atos praticados pelo Presidente da República. IV. Planos e programas nacionais, regionais e seto-
Na esfera federal, o Poder Legislativo é exercido pelo Con- riais de desenvolvimento;
gresso Nacional, que é composto pela Câmara dos Deputados V. Limites do território nacional, espaço aéreo e
e Senado Federal. marítimo e bens do domínio da União;
Na esfera estadual, é exercido pelas Assembleias Legislati- VI. Incorporação, subdivisão ou desmembramento
vas e, nos municípios, pelas Câmaras de Vereadores ou Câma- de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res-
ras Municipais. pectivas Assembleias Legislativas;
Câmara dos Deputados VII. Transferência temporária da sede do Gover-
no Federal;
De acordo com o Art. 45 da Constituição Federal, a Câmara
VIII. Concessão de anistia;
dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos,
pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada Território IX. Organização administrativa, judiciária, do Mi-
nistério Público e da Defensoria Pública da União e
e no Distrito Federal.
dos Territórios e organização judiciária e do Minis-
O número total de Deputados, bem como a representação tério Público do Distrito Federal;
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
X. Criação, transformação e extinção de cargos,
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-
empregos e funções públicas, observado o que es-
se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para
tabelece o Art. 84, VI, b;
que nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos
XI. Criação e extinção  de Ministérios e órgãos da

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de oito ou mais de setenta Deputados.
administração pública;
Assim, o Estado da Federação mais populoso elege 70 (se-
XII. Telecomunicações e radiodifusão;
tenta) deputados federais, o menos populoso elege 8 (oito) e
o número de deputados dos demais Estados será calculado, XIII. Matéria financeira, cambial e monetária, insti-
dentro desses limites, de forma proporcional à sua população. tuições financeiras e suas operações;
Na hipótese de existência de Territórios Federais, cada um XIV. Moeda, seus limites de emissão, e montante
deles elegerá quatro Deputados. da dívida mobiliária federal.
XV. Fixação do subsídio dos Ministros do Supre-
O mandato dos deputados federais é de 4 (quatro) anos.
mo Tribunal Federal, observado o que dispõem os
Senado Federal
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
O Senado Federal é a Casa que representa os interesses Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso
dos Estados e do Distrito Federal. Nacional:
Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, I. Resolver definitivamente sobre tratados, acordos
com mandato de oito anos. ou atos internacionais que acarretem encargos ou
O § 2º do Art. 46 da CF estabelece que a representação de compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
cada Estado e do Distrito Federal será renovada de quatro em II. Autorizar o Presidente da República a decla-
quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. rar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
O presidente do Senado será também o presidente do estrangeiras transitem pelo território nacional ou
Congresso Nacional. nele permaneçam temporariamente, ressalvados
os casos previstos em lei complementar;
Atribuições do Congresso Nacional III. Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
Quando se fala de atribuições do Congresso Nacional, está República a se ausentarem do País, quando a au-
a se falar de decisões que serão tomadas de forma conjunta, sência exceder a quinze dias;
pelos deputados e senadores. IV. Aprovar o estado de defesa e a intervenção
Enquanto o Art. 48 da Constituição Federal estabelece federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender 255
atribuições do Congresso Nacional que serão exercidas com a qualquer uma dessas medidas;
V. Sustar os atos normativos do Poder Executivo § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
256 que exorbitem do poder regulamentar ou dos limi- Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor-
tes de delegação legislativa; mações a Ministros de Estado ou a qualquer das pes-
VI. Mudar temporariamente sua sede; soas referidas no caput deste artigo, importando em
crime de responsabilidade a recusa, ou o não. atendi-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

VII. Fixar idêntico subsídio para os Deputados Fe-


derais e os Senadores, observado o que dispõem mento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação
os Arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; de informações falsas.”
VIII. Fixar os subsídios do Presidente e do Vice--Pre- Competências Privativas da
sidente da República e dos Ministros de Estado, ob-
servado o que dispõem os Arts. 37, XI, 39, § 4º, 150,
Câmara dos Deputados
II, 153, III, e 153, § 2º, I; O Art. 51 da Constituição Federal estabelece as competên-
IX. Julgar anualmente as contas prestadas pelo cias privativas da Câmara dos Deputados:
Presidente da República e apreciar os relatórios Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Depu-
sobre a execução dos planos de governo; tados:
X. Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- I. Autorizar, por dois terços de seus membros, a ins-
quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, tauração de processo contra o Presidente e o Vice-
incluídos os da administração indireta; -Presidente da República e os Ministros de Estado;
XI. Zelar pela preservação de sua competência le- II. Proceder à tomada de contas do Presidente da
gislativa em face da atribuição normativa dos ou- República, quando não apresentadas ao Congresso
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tros Poderes; Nacional dentro de sessenta dias após a abertura


XII. Apreciar os atos de concessão e renovação de da sessão legislativa;
concessão de emissoras de rádio e televisão; III. Elaborar seu regimento interno;
XIII. Escolher dois terços dos membros do Tribunal IV. Dispor sobre sua organização, funcionamento,
de Contas da União; polícia, criação, transformação ou extinção dos car-
XIV. Aprovar iniciativas do Poder Executivo refe- gos, empregos e funções de seus serviços, e a inicia-
rentes a atividades nucleares; tiva de lei para fixação da respectiva remuneração,
XV. Autorizar referendo e convocar plebiscito; observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;
XVI. Autorizar, em terras indígenas, a exploração e
o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa V. Eleger membros do Conselho da República, nos
e lavra de riquezas minerais; termos do Art. 89, VII.”
XVII. Aprovar, previamente, a alienação ou conces- Competências Privativas
são de terras públicas com área superior a dois mil
e quinhentos hectares.
do Senado Federal
O Art. 52 da Constituição traz as atribuições privativas do
Convocação e Prestação de Informações Senado Federal:
por Ministros de Estado e Titulares de Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
Órgãos Diretamente Subordinados I. Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden-
te da República nos crimes de responsabilidade,
à Presidência da República bem como os Ministros de Estado e os Comandan-
O Art. 50 da Constituição permite que o Congresso con- tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos
voque Ministros de Estado e titulares de órgãos diretamente crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
subordinados à Presidência da República ou solicite a eles in- II. Processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-
formações, sendo que o não comparecimento sem justificativa bunal Federal, os membros do Conselho Nacional
e o não fornecimento das informações é considerado um crime de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Pú-
de responsabilidade: blico, o Procurador-Geral da República e o Advoga-
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, do-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Mi- III. Aprovar previamente, por voto secreto, após
nistro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire- arguição pública, a escolha de:
tamente subordinados à Presidência da República para a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto Constituição;
previamente determinado, importando crime de res-
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indica-
ponsabilidade a ausência sem justificação adequada.
dos pelo Presidente da República;
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao
c) Governador de Território;
Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qual-
quer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante d) Presidente e diretores do banco central;
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor as- e) Procurador-Geral da República;
sunto de relevância de seu Ministério. f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV. Aprovar previamente, por voto secreto, após ar- § 2º. Desde a expedição do diploma, os membros do
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em
missão diplomática de caráter permanente; flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
V. Autorizar operações externas de natureza finan- serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
Federal, dos Territórios e dos Municípios; membros, resolva sobre a prisão.
VI. Fixar, por proposta do Presidente da República, § 3º. Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputa-
limites globais para o montante da dívida consoli- do, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,
dos Municípios; por iniciativa de partido político nela representado e
VII. Dispor sobre limites globais e condições para pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
as operações de crédito externo e interno da União, decisão final, sustar o andamento da ação.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, § 4º. O pedido de sustação será apreciado pela Casa
de suas autarquias e demais entidades controladas respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco
pelo Poder Público federal; dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
VIII. Dispor sobre limites e condições para a con- § 5º. A sustação do processo suspende a prescrição,
cessão de garantia da União em operações de cré- enquanto durar o mandato.
dito externo e interno; § 6º. Os Deputados e Senadores não serão obrigados
IX. Estabelecer limites globais e condições para o a testemunhar sobre informações recebidas ou presta-
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis- das em razão do exercício do mandato, nem sobre as
trito Federal e dos Municípios; pessoas que lhes confiaram ou deles receberam infor-
X. Suspender a execução, no todo ou em parte, de mações.
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva § 7º. A incorporação às Forças Armadas de Deputados
do Supremo Tribunal Federal; e Senadores, embora militares e ainda que em tempo
de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respec-
XI. Aprovar, por maioria absoluta e por voto secre-
tiva.
to, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
República antes do término de seu mandato; § 8º. As imunidades de Deputados ou Senadores sub-
sistirão durante o estado de sítio, só podendo ser sus-
XII. Elaborar seu regimento interno;
pensas mediante o voto de dois terços dos membros
XIII. Dispor sobre sua organização, funcionamento, da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
polícia, criação, transformação ou extinção dos car- do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompa-
gos, empregos e funções de seus serviços, e a inicia- tíveis com a execução da medida.

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tiva de lei para fixação da respectiva remuneração,
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias; I. Desde a expedição do diploma:
XIV. Eleger membros do Conselho da República, a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica
nos termos do Art. 89, VII. de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa con-
XV. Avaliar periodicamente a funcionalidade do cessionária de serviço público, salvo quando o
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e contrato obedecer a cláusulas uniformes;
seus componentes, e o desempenho das admi-
nistrações tributárias da União, dos Estados e do b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
Distrito Federal e dos Municípios. remunerado, inclusive os de que sejam demis- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
síveis ‘ad nutum’, nas entidades constantes da
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, alínea anterior;
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal
II. Desde a posse:
Federal, limitando-se a condenação, que somente será
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, a) ser proprietários, controladores ou diretores de
à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para empresa que goze de favor decorrente de contra-
o exercício de função pública, sem prejuízo das demais to com pessoa jurídica de direito público, ou nela
sanções judiciais cabíveis. exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demis-
Dos Deputados e Senadores síveis “ad nutum”, nas entidades referidas no in-
Os Arts. 53 a 56 da Constituição Federal trazem uma série ciso I, “a”;
de disposições aplicáveis aos deputados federais e senadores: c) patrocinar causa em que seja interessada qual-
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil quer das entidades a que se refere o inciso I, “a”;
e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pala- d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato
vras e votos. público eletivo.
§ 1º. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
diploma, serão submetidos a julgamento perante o Su- I. Que infringir qualquer das proibições estabeleci- 257
premo Tribunal Federal. das no artigo anterior;
II. Cujo procedimento for declarado incompatível de lei de diretrizes orçamentárias. Ou seja, mesmo que chegue
258 com o decoro parlamentar; o dia 17 de julho, se o Congresso Nacional ainda não tiver apro-
III. Que deixar de comparecer, em cada sessão le- vado a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), os deputados e
gislativa, à terça parte das sessões ordinárias da senadores não poderão sair de recesso, até que a mesma seja
Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por aprovada. Tal disposição é importante para evitar atrasos na
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

esta autorizada; aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA), a qual, para ser
IV. Que perder ou tiver suspensos os direitos po- proposta, depende da prévia aprovação da LDO.
líticos; Hipóteses de Reunião Conjunta
V. Quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos O § 3º do Art. 57 estabelece que, além de outros casos pre-
previstos nesta Constituição; vistos na Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado
VI. Que sofrer condenação criminal em sentença Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:
transitada em julgado. I. Inaugurar a sessão legislativa;
§ 1º. É incompatível com o decoro parlamentar, além II. Elaborar o regimento comum e regular a criação
dos casos definidos no regimento interno, o abuso das de serviços comuns às duas Casas;
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso III. Receber o compromisso do Presidente e do Vi-
Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. ce-Presidente da República;
§ 2º. Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato IV. Conhecer do veto e sobre ele deliberar.
será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Se-
nado Federal, por maioria absoluta, mediante provoca- Convocações Extraordinárias
ção da respectiva Mesa ou de partido político represen-
do Congresso Nacional
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tado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.


§ 3º. Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será O Art. 57, §6º, da Constituição determina que será feita
declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou convocação extraordinária do Congresso Nacional:
mediante provocação de qualquer de seus membros, I. Pelo Presidente do Senado Federal, em caso de
ou de partido político representado no Congresso Na- decretação de estado de defesa ou de intervenção
cional, assegurada ampla defesa. federal, de pedido de autorização para a decreta-
ção de estado de sítio e para o compromisso e a
§ 4º. A renúncia de parlamentar submetido a processo
posse do Presidente e do Vice-Presidente- Presi-
que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos
dente da República;
deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as delibera-
ções finais de que tratam os §§ 2º e 3º. II. Pelo Presidente da República, pelos Presidentes
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: a requerimento da maioria dos membros de ambas
I. Investido no cargo de Ministro de Estado, Gover- as Casas, em caso de urgência ou interesse público
nador de Território, Secretário de Estado, do Distri- relevante (...).
to Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional
chefe de missão diplomática temporária; somente poderá deliberar sobre a matéria para a qual foi con-
II. Licenciado pela respectiva Casa por motivo de vocado, ressalvada a hipótese de haver medidas provisórias
doença, ou para tratar, sem remuneração, de inte- em vigor na data de convocação, quando a ocasião será apro-
resse particular, desde que, neste caso, o afasta- veitada para votação das mesmas.
mento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão É vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão
legislativa. da convocação.
§ 1º. O suplente será convocado nos casos de vaga, de
investidura em funções previstas neste artigo ou de li- Das Comissões
cença superior a cento e vinte dias. O Art. 58 da Constituição Federal estipula que o Congresso
§ 2º. Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á Nacional e suas Casas terão comissões permanentes e tempo-
eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze rárias, constituídas na forma e com as atribuições previstas no
meses para o término do mandato. respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
§ 3º. Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador Na constituição das Mesas e de cada Comissão, deve ser as-
poderá optar pela remuneração do mandato. segurada, tanto quanto possível, a representação proporcional
dos partidos ou dos blocos parlamentares que participam da
Das Reuniões do Congresso Nacional respectiva Casa.
O Art. 57 da Constituição estabelece que o Congresso Na- A essas comissões, em razão da matéria de sua compe-
cional se reunirá, anualmente, na Capital Federal, de 2 de feve- tência, cabe:
reiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, sendo I. Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na
que as reuniões marcadas para essas datas serão transferidas forma do regimento, a competência do Plenário,
para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sá- salvo se houver recurso de um décimo dos mem-
bados, domingos ou feriados. bros da Casa;
Por sua vez, o § 2º do mesmo artigo afirma que a sessão II. Realizar audiências públicas com entidades da
legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto sociedade civil;
III. Convocar Ministros de Estado para prestar infor- III. De mais da metade das Assembleias Legislativas
mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; das unidades da Federação, manifestando-se, cada
IV. Receber petições, reclamações, representa- uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
ções ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
omissões das autoridades ou entidades públicas; intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
V. Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou A proposta de emenda constitucional deverá ser discutida
cidadão; e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
VI. Apreciar programas de obras, planos nacionais, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre dos votos dos respectivos membros.
eles emitir parecer. Após a aprovação na forma do parágrafo acima, a emenda
à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) Deputados e do Senado Federal.
O § 3º do Art. 58 da Constituição Federal estabelece que as O § 4º do Art. 60 da Constituição Federal estabelece as
comissões parlamentares de inquérito (CPI), terão poderes de chamadas “cláusulas pétreas”, determinando que não será ob-
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros jeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
previstos nos regimentos das respectivas Casas. I. A forma federativa de Estado;
As CPI serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Se- II. O voto direto, secreto, universal e periódico;
nado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante reque-
III. A separação dos Poderes;
rimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o IV. Os direitos e garantias individuais.
caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta
Embora as CPIs tenham poderes de investigação pró- na mesma sessão legislativa.
prios das autoridades judiciais, existem algumas limitações Leis Complementares e Ordinárias
à sua atuação, quando comparado com os poderes dos juí- A diferença entre as leis complementares e ordinárias resi-
zes. Assim, por exemplo, as CPIs não podem: de no quórum para sua aprovação: enquanto as leis ordinárias
▷ Decretar prisões; são aprovadas por maioria simples (maioria dos presentes à
▷ Determinar instauração de “grampos telefônicos” sessão de votação), as complementares exigem maioria abso-
(mas podem determinar a quebra do sigilo telefôni- luta (maioria do total de membros da Câmara ou do Senado).
co sobre ligações já feitas); De acordo com o Art. 61 da Constituição, a iniciativa das
▷ Decretar a busca e apreensão domiciliar (mas po- leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou
dem determinar a apreensão de documentos em Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do

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órgãos públicos). Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Ge-
Comissão Representativa de Recesso ral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos
O Art. 58, § 4º, da Constituição determina que, durante o na própria Constituição.
recesso do Congresso Nacional, deverá haver uma Comissão Por exemplo, são de iniciativa privativa do Presidente da
representativa, eleita por suas Casas na última sessão ordinária República as leis que:
do período legislativo, com atribuições definidas no regimento I. Fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Ar-
comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a pro- madas;
porcionalidade da representação partidária.
II. Disponham sobre: NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Do Processo Legislativo a) criação de cargos, funções ou empregos pú-
O Art. 59 da Constituição estabelece que o processo legis- blicos na administração direta e autárquica ou
lativo compreende a elaboração de: aumento de sua remuneração;
I. Emendas à Constituição; b) organização administrativa e judiciária, ma-
téria tributária e orçamentária, serviços públi-
II. Leis complementares; cos e pessoal da administração dos Territórios;
III. Leis ordinárias; c) servidores públicos da União e Territórios, seu
IV. Leis delegadas; regime jurídico, provimento de cargos, estabili-
V. Medidas provisórias; dade e aposentadoria;
VI. Decretos legislativos; d) organização do Ministério Público e da Defen-
VII. Resoluções. soria Pública da União, bem como normas gerais
para a organização do Ministério Público e da De-
Emendas Constitucionais fensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e
A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: dos Territórios;
I. De um terço, no mínimo, dos membros da Câma- e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da
ra dos Deputados ou do Senado Federal; administração pública, observado  o disposto no 259
II. Do Presidente da República; Art. 84, VI;
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurí- II. Que vise a detenção ou sequestro de bens, de pou-
260 dico, provimento de cargos, promoções, estabili- pança popular ou qualquer outro ativo financeiro;
dade, remuneração, reforma e transferência para III. Reservada a lei complementar;
a reserva. IV. Já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
O projeto de lei aprovado por uma Casa do Congresso Na- Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cional (chamada iniciadora) será revisto pela outra (chamada do Presidente da República.
revisora), em um só turno de discussão e votação, e enviado A medida provisória que implique instituição ou majora-
à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou ar- ção de impostos só produzirá efeitos no exercício financeiro
quivado, se o rejeitar. seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia da-
Se o projeto for alterado pela Casa revisora, voltará à Casa quele em que foi editada, exceto em relação aos tributos aos
iniciadora. quais não se aplica o princípio da anterioridade.
A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o Após a edição pelo Presidente da República, as medidas
projeto de lei ao Presidente da República, que, se concordar provisórias são submetidas à apreciação do Congresso Nacio-
com ele, o sancionará. nal, o qual, se aprová-las, as converterá em lei. Durante esse
No entanto, se o Presidente da República considerar o prazo, a medida provisória produzirá efeitos normalmente.
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao Se as medidas provisórias não forem convertidas em lei no
interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de prazo de sessenta dias, prorrogável uma única vez por igual
quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comuni- período, perderão eficácia (situação chamada de caducidade
cará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado da medida provisória), devendo o Congresso Nacional disci-
Federal os motivos do veto. plinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas decorrentes
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O veto parcial somente poderá abranger texto integral de ar- (o prazo suspende-se durante os períodos de recesso do Con-
tigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea, não podendo, assim, ser gresso Nacional).
vetadas palavras ou frases isoladas. Porém, se a medida provisória não for apreciada em até
Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em
da República significará sanção. regime de urgência, subsequentemente, em cada uma das
O veto será apreciado pelo Congresso Nacional em sessão Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se
conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da
só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Casa em que estiver tramitando (Art. 60, § 6º, da CF).
Deputados e Senadores. O § 10 do Art. 60 da CF estipula que é vedada a reedição, na
Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido
promulgação, ao Presidente da República. rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
Em qualquer caso, se a lei não for promulgada dentro de Se a medida provisória caducar pela expiração do prazo
quarenta e oito horas pelo Presidente da República, o Presi- para aprovação, e não for editado, em até 60 dias, decreto
dente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual legislativo regulando as relações jurídicas surgidas durante a
prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. vigência da medida, tais relações serão consideradas como por
De acordo com o Art. 67 da Constituição, a matéria cons- ela regidas, ou seja, serão consideradas como válidas, mesmo
tante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir ob- que a medida provisória não tenha sido aprovada.
jeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante Leis Delegadas
proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das
Casas do Congresso Nacional. De acordo com o Art. 68 da Constituição Federal, as leis
delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que
Medidas Provisórias deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.
O Art. 62 da CF estabelece que, em caso de relevância e ur- Não podem ser objeto de delegação os atos de compe-
gência, o Presidente da República poderá adotar medidas provi- tência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
sórias. MP, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a
Congresso Nacional. matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
No entanto, é vedada a edição de medidas provisórias so- I. Organização do Poder Judiciário e do Ministério Públi-
bre matéria: co, a carreira e a garantia de seus membros;
I. Relativa a: II. Nacionalidade, cidadania, direitos individuais,
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, políticos e eleitorais;
partidos políticos e direito eleitoral; III. Planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
b) direito penal, processual penal e processual orçamentos.
civil; A delegação ao Presidente da República será feita por
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério meio de resolução do Congresso Nacional, que especificará
Público, a carreira e a garantia de seus membros; seu conteúdo e os termos de seu exercício.
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, A resolução delegatória poderá determinar que a lei seja
orçamento e créditos adicionais e suplementares, posteriormente apreciada pelo Congresso. Se isso ocorrer, este
ressalvado o previsto no Art. 167, § 3º; a fará em votação única, vedada qualquer emenda.
Fiscalização Contábil, ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;
Financeira e Orçamentária VI. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re-
Nossa Constituição prevê mecanismos de controle entre os po- passados pela União mediante convênio, acordo,
deres da União (controle externo). Além disso, determina que cada ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Esta-
um desses poderes deve possuir mecanismos internos de controle do, ao Distrito Federal ou a Município;
(controle interno). VII. Prestar as informações solicitadas pelo Con-
Quando se fala de controle externo, que é o controle de um gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
poder sobre o outro, o principal é aquele que é exercido pelo qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscali-
Poder Legislativo sobre os Poderes Executivo, principalmente, zação contábil, financeira, orçamentária, operacional
e Judiciário. e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
E os Arts. 70 e 71 da Constituição determinam que tal con- peções realizadas;
trole será exercido pelo Congresso Nacional, com o auxílio do VIII. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegali-
Tribunal de Contas da União: dade de despesa ou irregularidade de contas, as
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- outras cominações, multa proporcional ao dano
dades da administração direta e indireta, quanto à le- causado ao erário;
galidade, legitimidade, economicidade, aplicação das IX. Assinar prazo para que o órgão ou entidade
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo adote as providências necessárias ao exato cum-
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo primento da lei, se verificada ilegalidade;
sistema de controle interno de cada Poder. X. Sustar, se não atendido, a execução do ato im-
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa físi- pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
ca ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, Deputados e ao Senado Federal;
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores XI. Representar ao Poder competente sobre irregu-
públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em laridades ou abusos apurados.
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. § 1º. No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- tado diretamente pelo Congresso Nacional, que so-
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- licitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
tas da União, ao qual compete: cabíveis.
I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo § 2º. Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
Presidente da República, mediante parecer prévio prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previs-
que deverá ser elaborado em sessenta dias a con- tas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

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tar de seu recebimento; § 3º. As decisões do Tribunal de que resulte imputação
II. Julgar as contas dos administradores e demais de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
responsáveis por dinheiros, bens e valores públi- § 4º. O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
cos da administração direta e indireta, incluídas as trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo
Poder Público federal, e as contas daqueles que Controle Interno
derem causa a perda, extravio ou outra irregulari- O Art. 74 da Constituição Federal dispõe o sistema de con-
dade de que resulte prejuízo ao erário público; trole interno que cada poder deve instituir:
III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na manterão, de forma integrada, sistema de controle in-
administração direta e indireta, incluídas as fun- terno com a finalidade de:
dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no
excetuadas as nomeações para cargo de provimen- plano plurianual, a execução dos programas de go-
to em comissão, bem como a das concessões de verno e dos orçamentos da União;
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas
II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
as melhorias posteriores que não alterem o funda-
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
mento legal do ato concessório;
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos da administração federal, bem como da aplicação de
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técni- recursos públicos por entidades de direito privado;
ca ou de inquérito, inspeções e auditorias de natu-
III. Exercer o controle das operações de crédito,
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
e patrimonial, nas unidades administrativas dos
da União;
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e de-
mais entidades referidas no inciso II; IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua
missão institucional.
V. Fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União par- § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao to- 261
marem conhecimento de qualquer irregularidade ou
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas O Poder Executivo
262 da União, sob pena de responsabilidade solidária.
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou Do Presidente e do
sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denun-
Vice-Presidente da República
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal


de Contas da União. O Art. 76 da Constituição Federal estabelece que o Poder
Executivo será exercido pelo Presidente da República, auxilia-
Tribunal de Contas da União do pelos Ministros de Estado.
O Tribunal de Contas da União (TCU) é uma entidade com Eleição do Presidente e do Vice-
autonomia administrativa, orçamentária e financeira, cuja
-Presidente da República
principal função é a de auxiliar o Congresso Nacional exercer
o controle externo sobre os demais poderes, sendo por isso Sobre isso dispõe o Art. 77 da Constituição:
considerado como integrante do Poder Legislativo, sendo que, Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente
apesar do nome, ele não é um Tribunal Judiciário. da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-
Embora possa ser considerado integrante do Poder Legis- meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no
lativo, o TCU não se submete institucionalmente ao Congresso último domingo de outubro, em segundo turno, se
houver, do ano anterior ao do término do mandato
Nacional, em virtude de sua autonomia.
presidencial vigente.
O Art. 73 da Constituição Federal trata a respeito da com-
§ 1º. A eleição do Presidente da República importará a
posição do TCU, bem como da forma de nomeação e prerroga-
do Vice-Presidente com ele registrado.
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tivas aplicáveis aos seus integrantes:


§ 2º. Será considerado eleito Presidente o candidato
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por
que, registrado por partido político, obtiver a maioria
nove Ministros, tem sede no Distrito Federal, quadro
absoluta de votos, não computados os em branco e os
próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
nulos.
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições pre-
vistas no Art. 96. § 3º. Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte
§ 1º. Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão
dias após a proclamação do resultado, concorrendo os
nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguin- dois candidatos mais votados e considerando-se eleito
tes requisitos: aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
I. Mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco § 4º. Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
anos de idade; morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
II. Idoneidade moral e reputação ilibada; convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior
III. Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, votação.
econômicos e financeiros ou de administração pú- § 5º. Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, rema-
blica; nescer, em segundo lugar, mais de um candidato com a
IV. Mais de dez anos de exercício de função ou de mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
efetiva atividade profissional que exija os conheci-
mentos mencionados no inciso anterior.
Posse do Presidente e do
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão Vice-Presidente da República
escolhidos: O Art. 78 da Constituição Federal estabelece que o Pre-
I. Um terço pelo Presidente da República, com sidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em
aprovação do Senado Federal, sendo dois alterna- sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de
damente dentre auditores e membros do Ministério manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis,
Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a
pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade integridade e a independência do Brasil.
e merecimento; Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Pre-
sidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de força maior, não
II. Dois terços pelo Congresso Nacional.
tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
§ 3º Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão
as mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, Funções do Vice-Presidente
vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impe-
Tribunal de Justiça, aplicando-se lhes, quanto à apo- dimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice--Pre-
sentadoria e pensão, as normas constantes do Art. 40. sidente.
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além
as mesmas garantias e impedimentos do titular e, quan- de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei
do no exercício das demais atribuições da judicatura, as complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por
de juiz de Tribunal Regional Federal. ele convocado para missões especiais.
Linha de Substituição do Presidente da República VIII. Celebrar tratados, convenções e atos interna-
O Art. 80 da Constituição afirma que, em caso de impe- cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacio-
dimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos nal;
respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exer- IX. Decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
cício da Presidência: X. Decretar e executar a intervenção federal;
▷ o Presidente da Câmara dos Deputados; XI. Remeter mensagem e plano de governo ao
▷ o Presidente do Senado Federal; e Congresso Nacional por ocasião da abertura da
▷ o Presidente do Supremo Tribunal Federal. sessão legislativa, expondo a situação do País e
No entanto, tais pessoas apenas assumirão o cargo tempo- solicitando as providências que julgar necessárias;
rariamente, devendo convocar novas eleições se a ausência do XII. Conceder indulto e comutar penas, com audiên-
Presidente e do Vice for definitiva. cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
XIII. Exercer o comando supremo das Forças Ar-
Vacância dos Cargos de Presidente e madas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Vice-Presidente Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-
A vacância dos cargos de Presidente e Vice-Presidente generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
ocorre quando o País ficar definitivamente sem ambos. privativos;
Nesse caso, estabelece o Art. 81 da Constituição que: XIV. Nomear, após aprovação pelo Senado Fe-
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice--Pre- deral, os Ministros do Supremo Tribunal Federal
sidente da República, far-se-á eleição noventa dias de- e dos Tribunais Superiores, os Governadores de
pois de aberta a última vaga. Territórios, o Procurador-Geral da República, o
§ 1º. Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do pe- presidente e os diretores do banco central e ou-
ríodo presidencial, a eleição para ambos os cargos será tros servidores, quando determinado em lei;
feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso XV. Nomear, observado o disposto no Art. 73, os
Nacional, na forma da lei. Ministros do Tribunal de Contas da União;
§ 2º. Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com- XVI. Nomear os magistrados, nos casos previstos
pletar o período de seus antecessores. nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Mandato e Ausência do Presidente da República XVII. Nomear membros do Conselho da República,
nos termos do Art. 89, VII;
O Art. 82 da Constituição Federal estabelece que o manda-
to do Presidente da República é de quatro anos e terá início em XVIII. Convocar e presidir o Conselho da República
primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. e o Conselho de Defesa Nacional;
Por sua vez, o Art. 83 estipula que o Presidente e o Vice- XIX. Declarar guerra, no caso de agressão estran-

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-Presidente da República não poderão, sem licença do Con- geira, autorizado pelo Congresso Nacional ou re-
gresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a ferendado por ele, quando ocorrida no intervalo
quinze dias, sob pena de perda do cargo. das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização na-
Atribuições do Presidente da República cional;
O Art. 84 traz as competências privativas do Presidente da XX. Celebrar a paz, autorizado ou com o referendo
República: do Congresso Nacional;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re- XXI. Conferir condecorações e distinções honoríficas;
pública: XXII. Permitir, nos casos previstos em lei comple- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
I. Nomear e exonerar os Ministros de Estado; mentar, que forças estrangeiras transitem pelo
II. Exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a território nacional ou nele permaneçam tempora-
direção superior da administração federal; riamente;
III. Iniciar o processo legislativo, na forma e nos ca- XXIII. Enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
sos previstos nesta Constituição; nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e
IV. Sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, as propostas de orçamento previstos nesta Cons-
bem como expedir decretos e regulamentos para tituição;
sua fiel execução; XXIV. Prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
V. Vetar projetos de lei, total ou parcialmente; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão
VI. Dispor, mediante decreto, sobre legislativa, as contas referentes ao exercício ante-
a) organização e funcionamento da administração rior;
federal, quando não implicar aumento de despesa XXV. Prover e extinguir os cargos públicos federais,
nem criação ou extinção de órgãos públicos; na forma da lei;
b) extinção de funções ou cargos públicos, quan- XXVI. Editar medidas provisórias com força de lei,
do vagos; nos termos do Art. 62;
VII. Manter relações com Estados estrangeiros e XXVII. Exercer outras atribuições previstas nesta 263
acreditar seus representantes diplomáticos; Constituição.
Parágrafo único. O Presidente da República poderá III. Apresentar ao Presidente da República relatório
264 delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII anual de sua gestão no Ministério;
e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Pro- IV. Praticar os atos pertinentes às atribuições que
curador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presiden-
União, que observarão os limites traçados nas respec- te da República.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tivas delegações.
Responsabilidade do Presidente da República Do Conselho da República
O Art. 85 estabelece que são crimes de responsabilida- O Conselho da República é, de acordo com a Constituição,
de os atos do Presidente da República que atentem contra a órgão superior de consulta do Presidente da República.
Constituição Federal e, especialmente, contra: Composição
▷ A existência da união; De acordo com o Art. 89 da Constituição, participam do
▷ O livre exercício do poder legislativo, do poder judi- Conselho da República:
ciário, do ministério público e dos poderes constitu-
I. O Vice-Presidente da República;
cionais das unidades da federação;
II. O Presidente da Câmara dos Deputados;
▷ O exercício dos direitos políticos, individuais e so-
ciais; III. O Presidente do Senado Federal;
▷ A segurança interna do país; IV. Os líderes da maioria e da minoria na Câmara
▷ A probidade na administração; dos Deputados;
▷ A lei orçamentária; V. Os líderes da maioria e da minoria no Senado
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Federal;
▷ O cumprimento das leis e das decisões judiciais.
O parágrafo único do mesmo artigo estabelece que esses VI. O Ministro da Justiça;
crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as VII. Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de
normas de processo e julgamento. trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados
E o Art. 86 afirma que, admitida a acusação contra o Presi- pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Se-
dente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, nado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Depu-
será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal tados, todos com mandato de três anos, vedada a
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Fe- recondução.
deral, nos crimes de responsabilidade. O Presidente da República poderá convocar o Ministro de
A Constituição Federal determina ainda que o Presidente Estado para participar da reunião do Conselho, quando constar
ficará suspende de suas funções: da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério.
▷ Nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia Competência
ou queixa-crime pelo supremo tribunal federal;
De acordo com o Art. 90 da CF, cabe ao Conselho da Repú-
▷ Nos crimes de responsabilidade, após a instauração
blica pronunciar-se sobre:
do processo pelo Senado Federal.
I. Intervenção federal, estado de defesa e estado
No entanto, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Pre- de sítio; e
sidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. II. As questões relevantes para a estabilidade das
Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infra- instituições democráticas.
ções comuns, o Presidente da República não poderá ser preso. Conselho de Defesa Nacional
Dos Ministros de Estado O Art. 91 da Constituição estipula que o Conselho de Defesa
Os Ministros de Estado são os auxiliares diretos do Presi- Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos
dente da República. assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do
De acordo com o Art. 87 da Constituição, os Ministros de Estado democrático.
Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e Composição
um anos e no exercício dos direitos políticos.
Participam do Conselho de Defesa Nacional:
Competências dos Ministros I. O Vice-Presidente da República;
De acordo com a Constituição, compete ao Ministro de Es- II. O Presidente da Câmara dos Deputados;
tado, além de outras atribuições estabelecidas na Constituição III. O Presidente do Senado Federal;
e na lei:
IV. O Ministro da Justiça;
I. Exercer a orientação, coordenação e supervisão
dos órgãos e entidades da administração federal V. O Ministro de Estado da Defesa;
na área de sua competência e referendar os atos VI. O Ministro das Relações Exteriores;
e decretos assinados pelo Presidente da República; VII. O Ministro do Planejamento.
II. Expedir instruções para a execução das leis, de- VIII. Os Comandantes da Marinha, do Exército e da
cretos e regulamentos; Aeronáutica.
Competência dos do Brasil em todas as fases, exigindo-se do ba-
Compete ao Conselho de Defesa Nacional: charel em direito, no mínimo, três anos de atividade
▷ Opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem
celebração da paz, nos termos desta Constituição; de classificação;
▷ Opinar sobre a decretação do estado de defesa, do II. Promoção de entrância para entrância, alterna-
estado de sítio e da intervenção federal; damente, por antiguidade e merecimento, atendi-
das as seguintes normas:
▷ Propor os critérios e condições de utilização de áreas
indispensáveis à segurança do território nacional e a) é obrigatória a promoção do juiz que figure
opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa por três vezes consecutivas ou cinco alternadas
de fronteira e nas relacionadas com a preservação e em lista de merecimento;
a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; b) a promoção por merecimento pressupõe dois
▷ Estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento anos de exercício na respectiva entrância e integrar
de iniciativas necessárias a garantir a independência o juiz a primeira quinta parte da lista de antiguidade
nacional e a defesa do Estado democrático. desta, salvo se não houver com tais requisitos quem
aceite o lugar vago;
O Poder Judiciário c) aferição do merecimento conforme o desem-
A Constituição Federal, em seu Título III, Capítulo III, traz a penho e pelos critérios objetivos de produtivi-
organização do Poder Judiciário, definindo sua estrutura, com- dade e presteza no exercício da jurisdição e pela
posição e competência de seus órgãos. frequência e aproveitamento em cursos oficiais
ou reconhecidos de aperfeiçoamento;
Veremos aqui os pontos mais importantes para concursos
públicos. d) na apuração de antiguidade, o tribunal somen-
te poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto
Órgãos do Poder Judiciário fundamentado de dois terços de seus membros,
O Art. 92 da CF traz os órgãos que compõem o Poder Ju- conforme procedimento próprio, e assegurada
diciário: ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se
a indicação;
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
e) não será promovido o juiz que, injustificada-
I. O Supremo Tribunal Federal;
mente, retiver autos em seu poder além do prazo
I-A. O Conselho Nacional de Justiça; legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o
II. O Superior Tribunal de Justiça; devido despacho ou decisão;
II-A. O Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Entrância é uma das divisões da 1ª instância do Poder Ju-
Emenda Constitucional nº 92, de 2016) diciário. As comarcas são divididas em entrâncias de acordo

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III. Os Tribunais Regionais Federais e Juízes Fede- com a população local, o número de processos e o tamanho da
rais; economia dos municípios abrangidos.
IV. Os Tribunais e Juízes do Trabalho; Via de regra, na Justiça Estadual há três entrâncias na 1ª
V. Os Tribunais e Juízes Eleitorais; instância. O juiz começa sua carreira de titular em comarcas
VI. Os Tribunais e Juízes Militares; de entrância inicial, podendo buscar depois a promoção para
VII. Os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito comarcas de entrância intermediária e por fim para comarcas
Federal e Territórios.” de entrância final, para só depois poder pleitear sua promoção
O § 1º do Art. 92 estipula que o Supremo Tribunal Federal para a 2ª instância.
(STF), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e os Tribunais Supe- Já na Justiça Federal há somente uma entrância. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
riores têm sede na Capital Federal. No Poder Judiciário, a promoção (tanto de entrância para
Por sua vez, o § 2º do mesmo artigo afirma que o Supremo entrância, no primeiro grau, como da primeira para a segun-
Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em da instância) se dá alternadamente por antiguidade e mere-
todo o território nacional. cimento. Quer dizer que se a última vaga foi preenchida por
antiguidade, a próxima será por merecimento, e assim por
Lei Orgânica da Magistratura diante.
O Art. 93 da CF fala a respeito da chamada Lei Orgânica III. O acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á
da Magistratura (LOM), lei complementar de iniciativa do STF por antiguidade e merecimento, alternadamente,
que deve definir com detalhes a organização do Poder Judiciá- apurados na última ou única entrância;
rio, trazendo este artigo algumas disposições que tal lei deve IV. Previsão de cursos oficiais de preparação,
conter: aperfeiçoamento e promoção de magistrados,
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo constituindo etapa obrigatória do processo de
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistra- vitaliciamento a participação em curso oficial ou
tura, observados os seguintes princípios: reconhecido por escola nacional de formação e
I. Ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz aperfeiçoamento de magistrados;
substituto, mediante concurso público de provas e V. O subsídio dos Ministros dos Tribunais Superio- 265
títulos, com a participação da Ordem dos Advoga- res corresponderá a noventa e cinco por cento do
subsídio mensal fixado para os Ministros do Su- Quinto Constitucional
266 premo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
magistrados serão fixados em lei e escalonados, O Art. 94 da CF estabelece que um quinto dos lugares dos
em nível federal e estadual, conforme as respecti- Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
vas categorias da estrutura judiciária nacional, não Distrito Federal e Territórios será composto de:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

podendo a diferença entre uma e outra ser superior ▷ membros do Ministério Público, com mais de dez
a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem anos de carreira; e
exceder a noventa e cinco por cento do subsídio ▷ de advogados de notório saber jurídico e de reputa-
mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, ção ilibada, com mais de dez anos de efetiva ativida-
obedecido, em qualquer caso, o disposto nos Arts. de profissional.
37, XI, e 39, § 4º; Esses membros do MP e advogados são indicados em lista
VI. A aposentadoria dos magistrados e a pensão de sêxtupla pelos órgãos de representação de suas classes.
seus dependentes observarão o disposto no art. 40; Recebidas essas indicações, o tribunal forma uma lista trí-
VII. O juiz titular residirá na respectiva comarca, plice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias sub-
salvo autorização do tribunal; sequentes, escolhe um de seus integrantes para nomeação.
VIII. O ato de remoção, disponibilidade e aposen- Garantias dos Juízes
tadoria do magistrado, por interesse público, fun-
dar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta A fim de garantir a independência e imparcialidade do
do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Poder Judiciário, a CF concede a seus membros diversas ga-
Justiça, assegurada ampla defesa; rantias:
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VIII-A. A remoção a pedido ou a permuta de ma- Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
gistrados de comarca de igual entrância atenderá, I. Vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será ad-
no que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e quirida após dois anos de exercício, dependendo a
do inciso II; perda do cargo, nesse período, de deliberação do
tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais
IX. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Ju-
casos, de sentença judicial transitada em julgado;
diciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limi- II. Inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
tar a presença, em determinados atos, às próprias público, na forma do art. 93, VIII;
partes e a seus advogados, ou somente a estes, III. Irredutibilidade de subsídio, ressalvado o dis-
em casos nos quais a preservação do direito à in- posto nos Arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III,
timidade do interessado no sigilo não prejudique o e 153, § 2º, I.
interesse público à informação; Vedações aos Juízes
X. As decisões administrativas dos tribunais serão Enquanto o caput do Art. 95 traz as garantias da magis-
motivadas e em sessão pública, sendo as discipli- tratura, seu parágrafo único traz vedações aos juízes:
nares tomadas pelo voto da maioria absoluta de
(...) Aos juízes é vedado:
seus membros;
I. Exercer, ainda que em disponibilidade, outro car-
XI. Nos tribunais com número superior a vinte e
go ou função, salvo uma de magistério;
cinco julgadores, poderá ser constituído órgão es-
pecial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte II. Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou
e cinco membros, para o exercício das atribuições participação em processo;
administrativas e jurisdicionais delegadas da com- III. Dedicar-se à atividade político-partidária.
petência do tribunal pleno, provendo-se metade IV. Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios
das vagas por antiguidade e a outra metade por ou contribuições de pessoas físicas, entidades pú-
eleição pelo tribunal pleno; blicas ou privadas, ressalvadas as exceções previs-
XII. A atividade jurisdicional será ininterrupta, sen- tas em lei;
do vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de V. Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do
segundo grau, funcionando, nos dias em que não qual se afastou, antes de decorridos três anos do
houver expediente forense normal, juízes em plan- afastamento do cargo por aposentadoria ou exo-
tão permanente; neração.
XIII. O número de juízes na unidade jurisdicional Competências Privativas dos Tribunais
será proporcional à efetiva demanda judicial e à
O Art. 96 da CF traz algumas competências privativas dos
respectiva população; Tribunais. Por serem privativas, tais competências não podem
XIV. Os servidores receberão delegação para a prá- ser delegadas:
tica de atos de administração e atos de mero expe- Art. 96. Compete privativamente:
diente sem caráter decisório;
I. Aos tribunais:
XV. A distribuição de processos será imediata, em
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
todos os graus de jurisdição. regimentos internos, com observância das nor-
mas de processo e das garantias processuais das dãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto,
partes, dispondo sobre a competência e o funcio- com mandato de quatro anos e competência para,
namento dos respectivos órgãos jurisdicionais e na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de
administrativos; ofício ou em face de impugnação, o processo de
b) organizar suas secretarias e serviços auxilia- habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem
res e os dos juízos que lhes forem vinculados, caráter jurisdicional, além de outras previstas na
velando pelo exercício da atividade correicional legislação.
respectiva; § 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados es-
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os peciais no âmbito da Justiça Federal.
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
d) propor a criação de novas varas judiciárias;
Autonomia do Poder Judiciário
e) prover, por concurso público de provas, ou Os três poderes, de acordo com o Art. 2º de nossa Consti-
de provas e títulos, (...) os cargos necessários à tuição Federal, são independentes e harmônicos entre si.
administração da Justiça, exceto os de confiança O Art. 99 fala da autonomia administrativa (relativa à ca-
assim definidos em lei; pacidade de autogerir-se) e financeira (relativa aos recursos
f) conceder licença, férias e outros afastamentos a monetários), essenciais para que haja, de fato, independência
seus membros e aos juízes e servidores que lhes do Poder Judiciário.
forem imediatamente vinculados; Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia
II. Ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Su- administrativa e financeira.
periores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder § 1º. Os tribunais elaborarão suas propostas orçamen-
Legislativo respectivo (...): tárias dentro dos limites estipulados conjuntamente
a) a alteração do número de membros dos tribu- com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamen-
nais inferiores; tárias.
b) a criação e a extinção de cargos e a remune- § 2º. O encaminhamento da proposta, ouvidos os ou-
ração dos seus serviços auxiliares e dos juízos tros tribunais interessados, compete:
que lhes forem vinculados, bem como a fixa- I. No âmbito da União, aos Presidentes do Supremo
ção do subsídio de seus membros e dos juízes, Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a
inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; aprovação dos respectivos tribunais;
c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; II. No âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e
d) a alteração da organização e da divisão judi- Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justi-
ciárias; ça, com a aprovação dos respectivos tribunais.
§ 3º. Se os órgãos referidos no § 2º não encaminha-

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III. Aos Tribunais de Justiça julgar os juízes esta-
duais e do Distrito Federal e Territórios, bem como rem as respectivas propostas orçamentárias dentro do
os membros do Ministério Público, nos crimes co- prazo estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o
muns e de responsabilidade, ressalvada a compe- Poder Executivo considerará, para fins de consolidação
tência da Justiça Eleitoral. da proposta orçamentária anual, os valores aprovados
na lei orçamentária vigente, ajustados de acordo com
Juizados Especiais os limites estipulados na forma do § 1º deste artigo.
Visando uma prestação jurisdicional mais célere e eficiente § 4º. Se as propostas orçamentárias de que trata este ar-
para casos de menor complexidade (processos cíveis) ou de tigo forem encaminhadas em desacordo com os limites
menor gravidade (processos penais), a Constituição Federal estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo proce- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
prevê a criação de juizados especiais, tanto na Justiça Federal derá aos ajustes necessários para fins de consolidação da
como nas Justiças Estaduais. proposta orçamentária anual.
Entre as vantagens da criação desses juizados especiais Precatórios
estão: maior rapidez no julgamento, uma vez que o rito de
julgamento é sumaríssimo e menor burocracia para acesso à Os precatórios são autorizações orçamentárias para paga-
Justiça pelo cidadão, sendo que, em determinados casos cí- mento de decisões judiciais desfavoráveis à União, Estados e Mu-
veis, o autor da ação nem sequer precisa constituir advogado. nicípios. Isso porque, diferentemente do que ocorre com o parti-
cular, o Poder Público tem a prerrogativa da impenhorabilidade de
Art. 98. A União, no DF e nos Territórios, e os Estados seus bens, o que faz com que não seja possível penhorar-se bens
criarão: públicos para pagamento de débitos judiciais.
I. Juizados especiais, providos por juízes togados, ou O Art. 100 da Constituição Federal traz as regras referentes
togados e leigos, competentes para conciliação, julga- aos precatórios. Abaixo apresentamos os dispositivos mais im-
mento e execução de causas cíveis de menor comple- portantes desse artigo:
xidade e infrações penais de menor potencial ofensivo,
mediante procedimentos oral e sumaríssimo, permiti- Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Pú-
dos, nas hipóteses da lei, a transação e o julgamento de blicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em vir-
recursos por turmas de juízes de primeiro grau; tude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente
na ordem cronológica de apresentação dos precatórios 267
II. Justiça de paz, remunerada, composta de cida-
e à conta dos créditos respectivos, proibida a designa- ser abatido, a título de compensação, valor correspon-
268 ção de casos ou de pessoas nas dotações orçamentá- dente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não
rias e nos créditos adicionais abertos para este fim. em dívida ativa e constituídos contra o credor origi-
§ 1º. Os débitos de natureza alimentícia compreendem nal pela Fazenda Pública devedora, incluídas parcelas
aqueles decorrentes de salários, vencimentos, pro- vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ventos, pensões e suas complementações, benefícios execução esteja suspensa em virtude de contestação
previdenciários e indenizações por morte ou por invali- administrativa ou judicial.
dez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
sentença judicial transitada em julgado, e serão pagos solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta
com preferência sobre todos os demais débitos, exceto em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. abatimento, informação sobre os débitos que preen-
§ 2º. Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares cham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins
tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data nele previstos.
de expedição do precatório, ou sejam portadores de § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido em
doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos lei da entidade federativa devedora, a entrega de cré-
com preferência sobre todos os demais débitos, até ditos em precatórios para compra de imóveis públicos
o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os do respectivo ente federado.
fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fra- § 12. A partir da promulgação desta Emenda Constitu-
cionamento para essa finalidade, sendo que o restante cional [EC 62/2009], a atualização de valores de requisi-
será pago na ordem cronológica de apresentação do tórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, in-
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precatório. dependentemente de sua natureza, será feita pelo índice


§ 3º. O disposto no caput deste artigo relativamente à oficial de remuneração básica da caderneta de poupan-
expedição de precatórios não se aplica aos pagamen- ça, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros
tos de obrigações definidas em leis como de pequeno simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a
valor que as Fazendas referidas devam fazer em vir- caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de
tude de sentença judicial transitada em julgado. juros compensatórios.
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente,
§ 4º. Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser fi-
seus créditos em precatórios a terceiros, independen-
xados, por leis próprias, valores distintos às entidades
temente da concordância do devedor, não se aplicando
de direito público, segundo as diferentes capacidades
ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º.
econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
benefício do regime geral de previdência social. § 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos
após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao
§ 5º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entida- tribunal de origem e à entidade devedora.
des de direito público, de verba necessária ao pagamen-
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei com-
to de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas
plementar a esta Constituição Federal poderá estabe-
em julgado, constantes de precatórios judiciários apre-
lecer regime especial para pagamento de crédito de
sentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até
precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios,
o final do exercício seguinte, quando terão seus valores
dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e
atualizados monetariamente.
forma e prazo de liquidação.
§ 6º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a União
serão consignados diretamente ao Poder Judiciário,
poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a de- Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-
cisão exequenda determinar o pagamento integral e -os diretamente.
autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente
para os casos de preterimento de seu direito de pre- Resumo sobre precatórios
cedência ou de não alocação orçamentária do valor Segue a seguir um resumo sobre as principais disposições
necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da do Art. 100 sobre precatórios:
quantia respectiva. Ordem de pagamento: ordem cronológica de apresen-
§ 7º. O Presidente do Tribunal competente que, por tação dos precatórios, proibida a designação de casos ou
ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adi-
a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime cionais abertos para este fim.
de responsabilidade e responderá, também, perante o Exceções à ordem de pagamento cronológica:
Conselho Nacional de Justiça. ▷ Créditos de pequeno valor (não se sujeitam ao re-
§ 8º. É vedada a expedição de precatórios comple- gime de precatórios). É vedado o fracionamento do
mentares ou suplementares de valor pago, bem como valor da execução para fins de enquadramento de
o fracionamento, repartição ou quebra do valor da exe- parcela do total ao pequeno valor.
cução para fins de enquadramento de parcela do total ▷ Maiores de 60 anos na data de expedição do pre-
ao que dispõe o § 3º deste artigo. catório e portadores de doença grave (créditos de
§ 9º. No momento da expedição dos precatórios, in- natureza alimentícia) terão preferência sobre todos
dependentemente de regulamentação, deles deverá os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo
daquele considerado como de pequeno valor, admiti- a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei
do o fracionamento para essa finalidade, sendo que o ou ato normativo federal ou estadual e a ação
restante será pago na ordem cronológica de apresen- declaratória de constitucionalidade de lei ou ato
tação do precatório. normativo federal;
▷ Débitos de natureza alimentícia (decorrentes de b) nas infrações penais comuns, o Presidente da
salários, vencimentos, proventos, pensões e suas República, o Vice-Presidente, os membros do Con-
complementações, benefícios previdenciários e gresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procu-
indenizações por morte ou por invalidez, funda- rador-Geral da República;
das em responsabilidade civil, em virtude de sen- c) nas infrações penais comuns e nos crimes de res-
tença judicial transitada em julgado) serão pagos ponsabilidade, os Ministros de Estado e os Coman-
com preferência sobre todos os demais débitos, dantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,
exceto sobre aqueles referidos no item b). ressalvado o disposto no Art. 52, I, os membros dos
Inclusão no orçamento: é obrigatória a inclusão no or- Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da
çamento de verba necessária ao pagamento de precatórios União e os chefes de missão diplomática de caráter
apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o permanente;
final do exercício seguinte, quando terão seus valores atuali- d) o “habeas corpus”, sendo paciente qualquer das
zados monetariamente. No entanto, Lei complementar poderá pessoas referidas nas alíneas anteriores; o manda-
estabelecer regime especial para pagamento de crédito de do de segurança e o “habeas data” contra atos do
precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, dispon- Presidente da República, das Mesas da Câmara dos
do sobre vinculações à receita corrente líquida e forma e prazo Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
Contas da União, do Procurador-Geral da Repúbli-
de liquidação.
ca e do próprio Supremo Tribunal Federal;
Compensação com créditos da Fazenda Pública: no mo-
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo
mento da expedição dos precatórios deverão ser compensa-
internacional e a União, o Estado, o Distrito Fede-
dos valores correspondente aos débitos líquidos e certos da ral ou o Território;
Fazenda Pública devedora contra o beneficiário (incluindo
f) as causas e os conflitos entre a União e os Es-
parcelas vincendas de parcelamentos).
tados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns
Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará e outros, inclusive as respectivas entidades da
à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) administração indireta;
dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
sobre os eventuais créditos para compensação.
h) REVOGADO PELA EC 45/2004
Cessão de créditos de precatórios: o credor poderá ceder,
i) o “habeas corpus”, quando o coator for Tribu-

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total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros,
nal Superior ou quando o coator ou o paciente for
independentemente da concordância do devedor, comunicado
autoridade ou funcionário cujos atos estejam su-
o Tribunal de origem e a Fazenda Pública. jeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribu-
Do Supremo Tribunal Federal nal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em uma única instância;
Composição e nomeação dos Ministros do STF j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
O Art. 101 estabelece que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgados;
compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com l) a reclamação para a preservação de sua com-
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de petência e garantia da autoridade de suas deci- NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. sões;
Tais Ministros serão nomeados pelo Presidente da Repú- m) a execução de sentença nas causas de sua
blica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do competência originária, facultada a delegação de
Senado Federal. atribuições para a prática de atos processuais;
Competências do STF n) a ação em que todos os membros da magis-
O Art. 102 traz as competências originárias e recursais do STF. tratura sejam direta ou indiretamente interessa-
dos, e aquela em que mais da metade dos mem-
As competências originárias referem-se aos casos que serão bros do tribunal de origem estejam impedidos
julgados diretamente no STF, ou seja, as ações relativas a eles ou sejam direta ou indiretamente interessados;
serão propostas no próprio STF.
o) os conflitos de competência entre o Superior
Já as competências recursais referem-se aos assuntos que Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
serão apreciados pelo STF em grau de recurso, reanalisando, a Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer
pedido da parte interessada, decisões tomadas em instâncias outro tribunal;
inferiores: p) o pedido de medida cautelar das ações diretas
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipua- de inconstitucionalidade;
mente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: q) o mandado de injunção, quando a elaboração da 269
I. Processar e julgar, originariamente: norma regulamentadora for atribuição do Presiden-
te da República, do Congresso Nacional, da Câmara VIII. Um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indi-
270 dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de cado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Con- IX. Um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Su-
tas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do perior do Trabalho;
próprio Supremo Tribunal Federal; X. Um membro do Ministério Público da União, in-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e dicado pelo Procurador-Geral da República;


contra o Conselho Nacional do Ministério Público; XI. Um membro do Ministério Público estadual, es-
II. Julgar, em recurso ordinário: colhido pelo Procurador-Geral da República dentre
a) o “habeas corpus”, o mandado de segurança, os nomes indicados pelo órgão competente de
o “habeas data” e o mandado de injunção decidi- cada instituição estadual;
dos em única instância pelos Tribunais Superio- XII. Dois advogados, indicados pelo Conselho Fe-
res, se denegatória a decisão; deral da Ordem dos Advogados do Brasil;
b) o crime político; XIII. Dois cidadãos, de notável saber jurídico e
III. Julgar, mediante recurso extraordinário, as cau- reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
sas decididas em única ou última instância, quando Deputados e outro pelo Senado Federal.
a decisão recorrida:
§ 1º. O Conselho será presidido pelo Presidente do Supre-
a) contrariar dispositivo desta Constituição; mo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimen-
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou tos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal.
lei federal; § 2º. Os demais membros do Conselho serão nomea-
c) julgar válida lei ou ato de governo local contes- dos pelo Presidente da República, depois de aprovada
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tado em face desta Constituição. a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei § 3º. Não efetuadas, no prazo legal, as indicações pre-
federal. vistas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tri-
§ 2º. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo bunal Federal.
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconsti- § 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação
tucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionali- administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
dade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, ca-
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
bendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
administração pública direta e indireta, nas esferas fede-
conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
ral, estadual e municipal.
I. Zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
§ 3º. No recurso extraordinário o recorrente deverá
demonstrar a repercussão geral das questões constitu- cumprimento do Estatuto da Magistratura, poden-
cionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de do expedir atos regulamentares, no âmbito de sua
que o Tribunal examine a admissão do recurso, somen- competência, ou recomendar providências;
te podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços II. Zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de ofí-
de seus membros. cio ou mediante provocação, a legalidade dos atos ad-
ministrativos praticados por membros ou órgãos do
Conselho Nacional de Justiça Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ, foi criado pela ou fixar prazo para que se adotem as providências ne-
Emenda Constitucional 45/2004, como um órgão de controle cessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo
de Poder Judiciário. da competência do Tribunal de Contas da União;
Sobre ele, dispõe o Art. 103-B: III. Receber e conhecer das reclamações contra
Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe- membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive
se de 15 (quinze) membros com mandato de 2 (dois) contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou oficia-
I. O Presidente do Supremo Tribunal Federal;
lizados, sem prejuízo da competência disciplinar
II. Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, in- e correicional dos tribunais, podendo avocar pro-
dicado pelo respectivo tribunal; cessos disciplinares em curso e determinar a re-
III. Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, moção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
indicado pelo respectivo tribunal; subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de
IV. Um desembargador de Tribunal de Justiça, indi- serviço e aplicar outras sanções administrativas,
cado pelo Supremo Tribunal Federal; assegurada ampla defesa;
V. Um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribu- IV. Representar ao Ministério Público, no caso de
nal Federal; crime contra a administração pública ou de abuso
VI. Um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado de autoridade;
pelo Superior Tribunal de Justiça; V. Rever, de ofício ou mediante provocação, os pro-
VII. Um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal cessos disciplinares de juízes e membros de tribu-
de Justiça; nais julgados há menos de um ano;
VI. Elaborar semestralmente relatório estatístico d) os conflitos de competência entre quaisquer
sobre processos e sentenças prolatadas, por unida- tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I,
de da Federação, nos diferentes órgãos do Poder “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não
Judiciário; vinculados e entre juízes vinculados a tribunais
VII. Elaborar relatório anual, propondo as provi- diversos;
dências que julgar necessárias, sobre a situação do e) as revisões criminais e as ações rescisórias de
Poder Judiciário no País e as atividades do Conse- seus julgados;
lho, o qual deve integrar mensagem do Presidente f) a reclamação para a preservação de sua compe-
do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao tência e garantia da autoridade de suas decisões;
Congresso Nacional, por ocasião da abertura da g) os conflitos de atribuições entre autoridades
sessão legislativa. administrativas e judiciárias da União, ou entre
autoridades judiciárias de um Estado e adminis-
Superior Tribunal de Justiça trativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre
as deste e da União;
Composição e Nomeação h) o mandado de injunção, quando a elaboração
Sobre isso, dispõe o Art. 104 da Constituição: da norma regulamentadora for atribuição de ór-
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe--se gão, entidade ou autoridade federal, da adminis-
de, no mínimo, trinta e três Ministros. tração direta ou indireta, excetuados os casos de
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal de Jus- competência do Supremo Tribunal Federal e dos
tiça serão nomeados pelo Presidente da República, dentre órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do concessão de exequatur às cartas rogatórias;
Senado Federal, sendo: II. Julgar, em recurso ordinário:
I. Um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais a) os “habeas corpus” decididos em única ou úl-
Federais e um terço dentre desembargadores dos tima instância pelos Tribunais Regionais Federais
Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice ela- ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal
borada pelo próprio Tribunal; e Territórios, quando a decisão for denegatória;
II. Um terço, em partes iguais, dentre advogados e b) os mandados de segurança decididos em úni-
ca instância pelos Tribunais Regionais Federais ou
membros do Ministério Público Federal, Estadual,
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
do Distrito Federal e Territórios, alternadamente,
Territórios, quando denegatória a decisão;

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indicados na forma do Art. 94.”
c) as causas em que forem partes Estado estran-
Competências geiro ou organismo internacional, de um lado, e,
O art. 105 traz as competências originárias e recursais do STJ: do outro, Município ou pessoa residente ou domi-
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: ciliada no País;
III. Julgar, em recurso especial, as causas decididas,
I. Processar e julgar, originariamente:
em única ou última instância, pelos Tribunais Regio-
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Esta- nais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Dis-
dos e do Distrito Federal, e, nestes e nos de respon- trito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
sabilidade, os desembargadores dos Tribunais de a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os mem- vigência;
bros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Dis- b) julgar válido ato de governo local contestado
trito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, em face de lei federal;
dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho,
c) der a lei federal interpretação divergente da
os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas que lhe haja atribuído outro tribunal.
dos Municípios e os do Ministério Público da União
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribu-
que oficiem perante tribunais;
nal de Justiça:
b) os mandados de segurança e os habeas data I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoa-
contra ato de Ministro de Estado, dos Comandan- mento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou funções, regulamentar os cursos oficiais para o in-
do próprio Tribunal; gresso e promoção na carreira;
c) os “habeas corpus”, quando o coator ou pa- II. O Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe
ciente for qualquer das pessoas mencionadas na exercer, na forma da lei, a supervisão administra-
alínea “a”, ou quando o coator for tribunal sujeito tiva e orçamentária da Justiça Federal de primeiro
à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Coman- e segundo graus, como órgão central do sistema
dante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, e com poderes correicionais, cujas decisões terão 271
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; caráter vinculante.
Tribunais Regionais Federais II. Julgar, em grau de recurso, as causas decididas
272 pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no
e Juízes Federais exercício da competência federal da área de sua
Conceito de Justiça Federal jurisdição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Quando a Constituição usa o termo “Justiça Federal”, o faz Competência dos Juízes Federais
em seu sentido estrito, abarcando somente os Juízes Federais, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
na primeira instância, e os Tribunais Regionais Federais (TRFs), I. As causas em que a União, entidade autárquica
na segunda. ou empresa pública federal forem interessadas na
É como dispõe o Art. 106: condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: exceto as de falência, as de acidentes de trabalho
I. Os Tribunais Regionais Federais; e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Tra-
II. Os Juízes Federais. balho;
II. As causas entre Estado estrangeiro ou organis-
Composição dos TRFs mo internacional e Município ou pessoa domicilia-
O Art. 107, por sua vez, fala sobre a composição dos TRFs e da ou residente no País;
nomeação de seus juízes, chamados normalmente de “desem-
III. As causas fundadas em tratado ou contrato da
bargadores federais”:
União com Estado estrangeiro ou organismo inter-
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se nacional;
de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possí-
IV. Os crimes políticos e as infrações penais pra-
vel, na respectiva região e nomeados pelo Presidente
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ticadas em detrimento de bens, serviços ou inte-


da República dentre brasileiros com mais de trinta e
resse da União ou de suas entidades autárquicas
menos de sessenta e cinco anos, sendo:
ou empresas públicas, excluídas as contravenções
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
anos de efetiva atividade profissional e membros Justiça Eleitoral;
do Ministério Público Federal com mais de dez anos
de carreira; V. Os crimes previstos em tratado ou convenção in-
ternacional, quando, iniciada a execução no País, o
II. Os demais, mediante promoção de juízes federais resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estran-
com mais de cinco anos de exercício, por antiguida- geiro, ou reciprocamente;
de e merecimento, alternadamente.
V-A. As causas relativas a direitos humanos a que
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de juízes
se refere o § 5º deste artigo;
dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua ju-
risdição e sede. VI. Os crimes contra a organização do trabalho e, nos
casos determinados por lei, contra o sistema finan-
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justi-
ceiro e a ordem econômico-financeira;
ça itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites territo- VII. Os “habeas corpus”, em matéria criminal de sua
riais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipa- competência ou quando o constrangimento provier
mentos públicos e comunitários. de autoridade cujos atos não estejam diretamente
sujeitos a outra jurisdição;
§ 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar
descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a VIII. Os mandados de segurança e os “habeas
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça data” contra ato de autoridade federal, excetuados
em todas as fases do processo. os casos de competência dos tribunais federais;
IX. Os crimes cometidos a bordo de navios ou
Competências dos TRFs aeronaves, ressalvada a competência da Justiça
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: Militar;
I. Processar e julgar, originariamente: X. Os crimes de ingresso ou permanência irregular
a) os juízes federais da área de sua jurisdição, in- de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após
cluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Traba- o “exequatur”, e de sentença estrangeira, após a
lho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e homologação, as causas referentes à nacionalida-
os membros do Ministério Público da União, res- de, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
salvada a competência da Justiça Eleitoral; XI. A disputa sobre direitos indígenas.
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julga- § 1º. As causas em que a União for autora serão afo-
dos seus ou dos juízes federais da região; radas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
c) os mandados de segurança e os “habeas-data” parte.
contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; § 2º. As causas intentadas contra a União poderão ser
d) os “habeas corpus”, quando a autoridade coa- aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
tora for juiz federal; autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que
e) os conflitos de competência entre juízes fede- deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa,
rais vinculados ao Tribunal; ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º. Serão processadas e julgadas na justiça estadual, II. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, ca-
no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as bendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão ad-
causas em que forem parte instituição de previdência ministrativa, orçamentária, financeira e patrimonial
social e segurado, sempre que a comarca não seja sede da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus,
de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, como órgão central do sistema, cujas decisões terão
a lei poderá permitir que outras causas sejam também efeito vinculante.
processadas e julgadas pela justiça estadual. § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho proces-
§ 4º. Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso ca- sar e julgar, originariamente, a reclamação para a pre-
bível será sempre para o Tribunal Regional Federal na servação de sua competência e garantia da autoridade
área de jurisdição do juiz de primeiro grau. de suas decisões. (Incluído pela Emenda Constitucional
§ 5º. Nas hipóteses de grave violação de direitos huma- nº 92, de 2016)
nos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade Varas da Justiça do Trabalho
de assegurar o cumprimento de obrigações decorren- As varas da Justiça do Trabalho são os locais onde atuam
tes de tratados internacionais de direitos humanos os Juízes do Trabalho. Sobre isso, dispõe o Art. 112 da Consti-
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante tuição:
o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, po-
inquérito ou processo, incidente de deslocamento de dendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
competência para a Justiça Federal. atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o res-
Justiça do Trabalho pectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Art. 113. A lei disporá sobre a constituição, investidura,
Órgãos da Justiça do Trabalho jurisdição, competência, garantias e condições de exer-
O Art. 111 traz os órgãos que compõem a Justiça do Tra- cício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
balho: Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exer-
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: cida por um juiz singular.
I. O Tribunal Superior do Trabalho;
Competência da Justiça do Trabalho
II. Os Tribunais Regionais do Trabalho;
III. Juízes do Trabalho. O Art. 114 da Constituição trata da competência da Justiça
do Trabalho:
Desde 2009, não existem mais as antigas Juntas de Conci-
liação e Julgamento. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
julgar:
Tribunal Superior do Trabalho –TST I. As ações oriundas da relação de trabalho, abrangi-

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O TST é o órgão máximo da Justiça do Trabalho. O Art. 111- dos os entes de direito público externo e da adminis-
A trata sobre ele: tração pública direta e indireta da União, dos Estados,
Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor-se- do Distrito Federal e dos Municípios;
-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasilei- II. As ações que envolvam exercício do direito de
ros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessen- greve;
ta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação III. As ações sobre representação sindical, entre
ilibada, nomeados pelo Presidente da República após sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sindicatos e empregadores;
sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº IV. Os mandados de segurança, habeas corpus e NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
92, de 2016) habeas data, quando o ato questionado envolver
I. Um quinto dentre advogados com mais de dez matéria sujeita à sua jurisdição;
anos de efetiva atividade profissional e membros V. Os conflitos de competência entre órgãos com
do Ministério Público do Trabalho com mais de dez jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no Art.
anos de efetivo exercício, observado o disposto no 102, I, o;
Art. 94; VI. As ações de indenização por dano moral ou patri-
II. Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do monial, decorrentes da relação de trabalho;
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indica- VII. As ações relativas às penalidades administra-
dos pelo próprio Tribunal Superior. tivas impostas aos empregadores pelos órgãos de
§ 1º. A lei disporá sobre a competência do Tribunal Su- fiscalização das relações de trabalho;
perior do Trabalho. VIII. A execução, de ofício, das contribuições so-
§ 2º. Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Tra- ciais previstas no Art. 195, I, a, e II, e seus acrésci-
balho: mos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamen- IX. Outras controvérsias decorrentes da relação de
to de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre trabalho, na forma da lei.
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o § 1º. Frustrada a negociação coletiva, as partes pode- 273
ingresso e promoção na carreira; rão eleger árbitros.
§ 2º. Recusando-se qualquer das partes à negociação II. Por nomeação do Presidente da República, dois
274 coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de juízes dentre seis advogados de notável saber jurí-
comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza dico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo
econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o Tribunal Federal.
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

proteção ao trabalho, bem como as convencionadas seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros
anteriormente. do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral
§ 3º. Em caso de greve em atividade essencial, com dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.
possibilidade de lesão do interesse público, o Ministé-
rio Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo,
Tribunais Regionais Eleitorais (TREs)
competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Os TREs compõem a segunda instância da Justiça Eleitoral.
O Art. 120 da CF dispõe sobre eles:
Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs)
Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Ca-
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem a segunda pital de cada Estado e no Distrito Federal.
instância da Justiça do Trabalho. Sobre eles dispõe o Art. 115
§ 1º. Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:
da Constituição:
I. Mediante eleição, pelo voto secreto:
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-
se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando pos- a) de dois juízes dentre desembargadores do Tri-
sível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente bunal de Justiça;
da República dentre brasileiros com mais de trinta e b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhi-
dos pelo Tribunal de Justiça;
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menos de sessenta e cinco anos, sendo:


I. Um quinto dentre advogados com mais de dez II. De um juiz do Tribunal Regional Federal com sede
anos de efetiva atividade profissional e membros na Capital ou no Distrito Federal, ou, não havendo,
do Ministério Público do Trabalho com mais de dez de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo
anos de efetivo exercício, observado o disposto no Tribunal Regional Federal respectivo;
Art. 94; III. Por nomeação, pelo Presidente da República,
II. Os demais, mediante promoção de juízes do de dois juízes dentre seis advogados de notável
trabalho por antiguidade e merecimento, alterna- saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
damente. Tribunal de Justiça.
§ 1º. Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a jus- § 2º. O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o
tiça itinerante, com a realização de audiências e demais Vice-Presidente- dentre os desembargadores.
funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais Disposições Gerais sobre a Justiça Eleitoral
da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
O Art. 121 traz diversas disposições gerais aplicáveis à Jus-
públicos e comunitários.
tiça Eleitoral:
§ 2º. Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcio-
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organiza-
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras regio-
ção e competência dos tribunais, juízes de direito e
nais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à
juntas eleitorais.
justiça em todas as fases do processo.
§ 1º. Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os
Justiça Eleitoral integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
Os órgãos que compõem a Justiça Eleitoral estão no Art. funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
118 da Constituição: garantias e serão inamovíveis.
§ 2º. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo jus-
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
tificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por
I. O Tribunal Superior Eleitoral; mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos
II. Os Tribunais Regionais Eleitorais; escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em
III. Os Juízes Eleitorais; número igual para cada categoria.
IV. As Juntas Eleitorais. § 3º. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior
Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as denegatórias de “habeas corpus” ou mandado de
O TSE é o órgão máximo da Justiça Eleitoral. Sobre ele tra- segurança.
ta o Art. 119 da CF: § 4º. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mí- somente caberá recurso quando:
nimo, de sete membros, escolhidos: I. Forem proferidas contra disposição expressa
I. Mediante eleição, pelo voto secreto: desta Constituição ou de lei;
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tri- II. Ocorrer divergência na interpretação de lei entre
bunal Federal; dois ou mais tribunais eleitorais;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tri- III. Versarem sobre inelegibilidade ou expedição de
bunal de Justiça; diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV. Anularem diplomas ou decretarem a perda de Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar
mandatos eletivos federais ou estaduais; nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
V. Denegarem “habeas corpus”, mandado de seguran- vinte mil integrantes.
ça, “habeas data” ou mandado de injunção. § 4º. Compete à Justiça Militar estadual processar e
Justiça Militar julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
definidos em lei e as ações judiciais contra atos discipli-
O Art. 122 da Constituição estipula quais são os órgãos da nares militares, ressalvada a competência do júri quan-
Justiça Militar no Brasil: do a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais
I. O Superior Tribunal Militar; e da graduação das praças.
II. Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. § 5º. Compete aos juízes de direito do juízo militar
Superior Tribunal Militar (STM) processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
O STM é o órgão máximo da Justiça Militar, e o Art. 123 trata da
disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça,
forma de nomeação de seus Ministros:
sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de os demais crimes militares.
quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da
República, depois de aprovada a indicação pelo Senado § 6º. O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentra-
Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, lizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de
quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do todas as fases do processo.
posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. § 7º. O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante,
Parágrafo único. Os Ministros civis serão escolhidos com a realização de audiências e demais funções da
pelo Presidente da República dentre brasileiros maio- atividade jurisdicional, nos limites territoriais da res-
res de trinta e cinco anos, sendo: pectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públi-
I. Três dentre advogados de notório saber jurídico cos e comunitários.
e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Jus-
atividade profissional; tiça proporá a criação de varas especializadas, com compe-
II. Dois, por escolha paritária, dentre juízes audi- tência exclusiva para questões agrárias.
tores e membros do Ministério Público da Justiça Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
Militar. prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local
do litígio.
Competência da Justiça Militar

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O Art. 124 trata genericamente da competência da Justiça
Militar, deixando, porém, a organização, o funcionamento e o
7. Funções Essenciais à Justiça
detalhamento da competência desse ramo da Justiça a cargo As funções essenciais à justiça estão previstas expressa-
da lei: mente do Art. 127 ao 135 da Constituição Federal, elas são re-
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar presentadas pelas seguintes instituições:
os crimes militares definidos em lei. ▷ Ministério Público;
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o ▷ Advocacia Pública;
funcionamento e a competência da Justiça Militar. ▷ Defensoria Pública; NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Justiça Estadual ▷ Advocacia.
Os Arts. 125 e 126 da Constituição tratam sobre a Justiça Ao contrário do que muitos pensam, essas instituições
Estadual: não fazem parte do Poder Judiciário, mas desempenham
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observa- suas funções junto a esse poder. Sua atuação é essencial ao
dos os princípios estabelecidos nesta Constituição. exercício jurisdicional, razão pela qual foram classificadas
§ 1º. A competência dos tribunais será definida na como funções essenciais. Essa necessidade se justifica em
Constituição do Estado, sendo a lei de organização ju- razão da impossibilidade de o Judiciário agir de ofício, ou
diciária de iniciativa do Tribunal de Justiça. seja, toda a atuação jurisdicional demanda provocação, a
qual será titularizada por uma dessas instituições.
§ 2º. Cabe aos Estados a instituição de representação
de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos Esses organismos são representados por agentes públicos
estaduais ou municipais em face da Constituição Es- ou privados cuja função principal é provocar a atuação do Poder
tadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a Judiciário, o qual se mantém inerte e imparcial, aguardando o
um único órgão. momento certo para agir. São em sua essência “advogados”.
§ 3º. A lei estadual poderá criar, mediante proposta do O Ministério Público é o advogado da Sociedade, pois, con-
Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, consti- forme prevê o caput do Art. 127, incumbe-lhe a tarefa de de-
tuída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos fender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses 275
Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio sociais e individuais indisponíveis:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, d) o Ministério Público do Distrito Federal e
276 essencial à função jurisdicional do Estado, incumbin- Territórios;
do-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrá- II. os Ministérios Públicos dos Estados.
tico e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Fique atento a essa classificação, pois o rol é taxativo e, em
A Advocacia Pública advoga para o Estado representando prova, os examinadores costumam mencionar a existência de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

os entes públicos judicial e extrajudicialmente ou mesmo de- um “Ministério Público Eleitoral” ao se fazer comparativo com
sempenhando atividades de assessoria e consultoria jurídica. a estrutura do Poder Judiciário. Na organização do MPU, não
A Defensoria Pública tem como atribuição principal ad- foi prevista a existência de Ministério Público com atribuição
vogar para os necessitados. São os defensores públicos res- Eleitoral, função essa de competência do Ministério Público
ponsáveis pela defesa dos hipossuficientes, aqueles que não Federal e do Ministério Público Estadual, conforme prevê a Lei
possuem recursos financeiros para contratarem advogados Complementar n° 75/93 (Arts. 72 a 80 da LC n° 75/93).
privados. Como se pode perceber, o Ministério Público está dividi-
E, por último, há a Advocacia, que, pela lógica, é privada, do em Ministério Público da União e Ministério Público dos
formada por advogados particulares, os quais são inscritos na Estados, cada um com sua própria autonomia organizacional
Ordem dos Advogados do Brasil e atuam de forma autônoma e chefia própria. O Ministério Público da União, por sua vez,
e independente dentro dos limites estabelecidos em lei. abrange:
O objetivo desta breve introdução é apresentar a diferen- ▷ Ministério Público Federal;
ça funcional básica entre as instituições de forma a facilitar o ▷ Ministério Público do Trabalho;
estudo que, a partir de agora, será mais aprofundado, visando
a possíveis questões em provas de concursos públicos. Então, ▷ Ministério Público Militar;
▷ Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
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analisaremos, a partir de agora, as Funções Essenciais à Justiça.


Existe ainda o Ministério Público junto ao Tribunal de Con-
Ministério Público tas, o qual possui natureza diversa do Ministério Público aqui
A compreensão dessa instituição inicia-se pela leitura do estudado. Sua organização está atrelada ao Tribunal de Contas
próprio texto constitucional, que prevê: do qual faz parte, mas aos seus membros são estendidas as
O Ministério Público é uma instituição permanente, de na- disposições aplicáveis aos Membros do Ministério Público:
tureza política, cujas atribuições possuem natureza adminis- Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto aos
trativa, sem que com isso esteja subordinada ao Poder Exe- Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
cutivo. seção pertinentes a direitos, vedações e forma de in-
Fala-se em uma instituição independente e autônoma aos vestidura.
demais Poderes, motivo pelo qual está posicionada constitu- Não existe Ministério Público Eleitoral.
cionalmente em capítulo à parte na organização dos poderes Atribuições
como uma função essencial à justiça. Como função essencial
à justiça, o Ministério Público é responsável pela provocação Suas atribuições se apoiam na defesa da ordem jurídica,
do Poder Judiciário em defesa da sociedade, quando se tra- do regime democrático e dos interesses sociais e individuais
tar de direitos sociais e individuais indisponíveis. indisponíveis. É um verdadeiro defensor da sociedade e fiscal
O Ministério Público no Brasil, além de obedecer às regras dos poderes públicos. Em rol meramente exemplificativo, a
constitucionais, também é regido por duas normas: Lei Com- Constituição previu como funções institucionais o Art. 129:
plementar nº 75/93 e a Lei nº 8.625/93. Essa regula o Minis- Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
tério Público Nacional e é aplicável aos Ministérios Públicos I. promover, privativamente, a ação penal pública,
dos Estados. Aquela é específica para o Ministério Público da na forma da lei;
União. Cada Estado da Federação poderá organizar o seu ór- II. zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos
gão ministerial editando sua própria Lei Orgânica Estadual. e dos serviços de relevância pública aos direitos
A seguir, será feita uma leitura da instituição sob a ótica assegurados nesta Constituição, promovendo as
constitucional sem aprofundar nas estruturas lançadas nas re- medidas necessárias a sua garantia;
feridas leis orgânicas, o que será feito em momento oportuno. III. promover o inquérito civil e a ação civil públi-
O Ministério Público não é um Poder nem está subordinado ca, para a proteção do patrimônio público e social,
a nenhum dos três poderes. É uma instituição autônoma e es- do meio ambiente e de outros interesses difusos e
sencial à função jurisdicional. coletivos;
Estrutura Orgânica IV. promover a ação de inconstitucionalidade ou re-
presentação para fins de intervenção da União e dos
Para viabilizar o exercício de suas funções, a Constituição Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
Federal organizou o Ministério Público no Art. 128:
V. defender judicialmente os direitos e interesses
Art. 128. O Ministério Público abrange: das populações indígenas;
I. o Ministério Público da União, que compreende: VI. expedir notificações nos procedimentos admi-
a) o Ministério Público Federal; nistrativos de sua competência, requisitando infor-
b) o Ministério Público do Trabalho; mações e documentos para instrui-los, na forma da
c) o Ministério Público Militar; lei complementar respectiva;,
VII. exercer o controle externo da atividade policial, e importância com a carreira da magistratura, a Constituição
na forma da lei complementar mencionada no ar- previu expressamente a aplicação do Art. 93 aos membros do
tigo anterior; Ministério Público, no que for compatível com a carreira. E, por
VIII. requisitar diligências investigatórias e a fim, determina que a distribuição dos processos aos órgãos mi-
instauração de inquérito policial, indicados os nisteriais seja feita de forma imediata.
fundamentos jurídicos de suas manifestações No âmbito de suas atribuições, algumas funções merecem
processuais; destaque:
IX. exercer outras funções que lhe forem conferi- Titular da Ação Penal Pública
das, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a con- Segundo o inciso I do Art. 129, compete ao Ministério Pú-
sultoria jurídica de entidades públicas. blico promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei. A doutrina classifica esse dispositivo como espécie de
§ 1º. A legitimação do Ministério Público para as ações norma de eficácia contida possuindo aplicabilidade direta e
civis previstas neste artigo não impede a de tercei- imediata, permitida a regulamentação por lei.
ros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta
Constituição e na lei. Essa competência é corroborada pela possibilidade de
requisição de diligências investigatórias e da instauração de
§ 2º. As funções do Ministério Público só podem ser inquérito policial, para que o órgão ministerial formule sua
exercidas por integrantes da carreira, que deverão resi- convicção sobre o ilícito penal, o que está previsto no inciso
dir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização VIII do Art. 129.
do chefe da instituição (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004). Essa exclusividade conferida pela Constituição Federal
encontra limitação no próprio texto constitucional, ao permi-
§ 3º. O ingresso na carreira do Ministério Público far- tir o cabimento de ação penal privada subsidiária da públi-
se-á mediante concurso público de provas e títulos, ca nos casos em que o Ministério Público fique inerte e não
assegurada a participação da Ordem dos Advogados cumpra com sua obrigação2.
do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel
em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica Dessa competência decorre o poder de investigação do
e observando-se, nas nomeações, a ordem de classifi- Ministério Público, o qual tem sido alvo de muita discussão nos
cação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº tribunais. Quem não concorda com esse poder sustenta ser a
45, de 2004). atividade de investigação criminal uma atividade exclusiva da
autoridade policial nos termos do Art. 144 da CF.
§ 4º. Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o
disposto no Art. 93 (Redação dada pela Emenda Cons- O posicionamento que tem prevalecido na doutrina e na
titucional nº 45, de 2004). jurisprudência é no sentido de que o Ministério Público tem
legitimidade para promover a investigação criminal, haja vista
§ 5º. A distribuição de processos no Ministério Público ser ele o destinatário das informações sobre o fato delituoso

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será imediata (Incluído pela Emenda Constitucional nº produzido no inquérito policial. Ademais, por ter caráter admi-
45, de 2004). nistrativo, o inquérito policial é dispensável, não dependendo
No desempenho das suas funções institucionais, algumas o MP da sua existência para promover a persecução penal.
características foram previstas pela Constituição, as quais são Para a solução desse caso, tem-se aplicado a Teoria dos
muito importantes para a prova. Poderes Implícitos. Segundo a teoria, as competências expres-
Os §§ 2º e § 3º afirmam que as funções do Ministério Pú- samente previstas no texto constitucional carregam consigo os
bico só podem ser exercidas por integrantes da carreira, ou meios necessários para sua execução, ou seja, a existência de
seja, por Membros aprovados em concurso público de provas e uma competência explícita implica existência de competências
títulos, assegurada a participação da OAB durante a sua reali- implicitamente previstas e necessárias para execução da atri-
zação, entre os quais são exigidos os seguintes requisitos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
buição principal. Em suma, se ao Ministério Público compete o
▷ Ser bacharel em direito; oferecimento exclusivo da Ação Penal Pública, por consequên-
▷ Possuir, no mínimo, três anos de atividade jurídica. cia da aplicação dessa teoria, compete também a execução
Em relação à atividade jurídica, deve-se salientar a regu- das atividades necessárias à formação da sua opinião sobre o
lamentação feita pela Resolução nº 40 do Conselho Nacional delito. Significa dizer que o poder de investigação criminal está
do Ministério Público, a qual prevê, entre outras atividades, o implicitamente previsto no poder de oferecimento da ação pe-
exercício da advocacia ou de cargo, função e emprego que exi- nal pública.
ja a utilização preponderante de conhecimentos jurídicos, ou Legitimidade para Promover o Inqué-
até mesmo a realização de cursos de pós-graduação dentro
dos parâmetros estabelecidos pela referida resolução. É im- rito Civil e a Ação Civil Pública
portante lembrar que esse requisito deverá ser comprovado no O Ministério Público também é competente para promover
momento da investidura no cargo, ou seja, na posse1, depois o inquérito civil e a ação civil pública nos termos do inciso III
de finalizadas todas as fases do concurso. do Art. 129. Essas ferramentas são utilizadas para a proteção
A Constituição exige ainda que o Membro do Ministério do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
Público resida na comarca de lotação, salvo quando houver interesses difusos e coletivos.
autorização do chefe da Instituição. Em razão da semelhança
277
2 Ações Diretas de Inconstitucionalidade, Ações Declaratórias de Constitucionali-
1 Resolução do CNMP nº 87, de 27 de junho de 2012. dade, Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.
Entendem-se como interesses difusos aqueles de nature- O controle externo da atividade policial desenvolvido pelo
278 za indivisível, cujos titulares não se podem determinar apesar Ministério Público, além de regulamentado nas respectivas
de estarem ligados uns aos outros pelas circunstâncias fáticas. leis orgânicas, está normatizado na Resolução nº 20 do CNMP.
Interesses coletivos se diferenciam dos difusos na medida em Ressalte-se que o controle externo não exime a instituição po-
que é possível determinar quem são os titulares do direito. licial de realizar o seu próprio controle interno por meio das
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Segundo a Constituição Federal, a ação civil pública não é corregedorias e órgãos de fiscalização.
medida exclusiva a ser adotada pelo Ministério Público: Sujeitam-se ao citado controle externo todas as institui-
Art. 129, § 1º. A legitimação do Ministério Público para ções previstas no Art. 144 da Constituição Federal4, bem como
as ações civis previstas neste artigo não impede a de ter- as demais instituições que possuam parcela do poder de polí-
ceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta cia desde que estejam relacionadas com a segurança pública e
Constituição e na lei. a persecução criminal.
A lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85) prevê que são legi- Conselho Nacional do Ministério Público
timados para propor tal ação, além do MP: O Conselho Nacional do Ministério Público, a exemplo do
▷ A Defensoria Pública; Conselho Nacional de Justiça, foi criado pela Emenda Consti-
▷ A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- tucional nº 45/2004 com o objetivo de efetuar a fiscalização
pios; administrativa e financeira do Ministério Público, bem como o
▷ A autarquia, empresa pública, fundação ou socieda- cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.
de de economia mista; Composição
▷ A associação que concomitantemente esteja cons- Segundo o texto constitucional, o CNMP é composto de 14
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tituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei membros, nomeados pelo Presidente da República, depois de
civil e inclua entre suas finalidades institucionais a aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal,
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem para um mandato de dois anos, sendo permitida apenas uma
econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio ar- recondução. Veja-se a composição prevista pela Constituição
tístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Federal no Art. 130-A:
Já o inquérito civil é procedimento investigatório de cará- Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério Públi-
ter administrativo, que poderá ser instaurado pelo Ministério co compõe-se de quatorze membros nomeados pelo
Público com o fim de colher os elementos de prova necessários Presidente da República, depois de aprovada a es-
para a sua convicção sobre o ilícito e, posteriormente, instru- colha pela maioria absoluta do Senado Federal, para
ção da Ação Civil Pública. um mandato de dois anos, admitida uma recondução,
sendo:
Controle de Constitucionalidade I. o Procurador-Geral da República, que o preside;
Função das mais relevantes desempenhada pelos órgãos II. quatro membros do Ministério Público da União,
ministeriais ocorre no Controle da Constitucionalidade das leis assegurada a representação de cada uma de suas
e atos normativos. Essa atribuição é inerente à sua função de carreiras;
guardião da ordem jurídica. Como protetor da ordem jurídica, III. três membros do Ministério Público dos Estados;
compete ao Ministério Público oferecer as ações de controle
IV. dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal
abstrato de constitucionalidade3, bem como a Representação
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
Interventiva para fins de intervenção da União e dos Estados
nas hipóteses previstas na Constituição Federal. V. dois advogados, indicados pelo Conselho Fede-
ral da Ordem dos Advogados do Brasil;
Controle Externo da Atividade Policial VI. dois cidadãos de notável saber jurídico e repu-
A Constituição Federal determina que o Ministério Públi- tação ilibada, indicados um pela Câmara dos Depu-
co realize o controle externo da atividade policial. Fala-se em tados e outro pelo Senado Federal.
controle externo haja vista o Ministério Público não pertencer § 1º. Os membros do Conselho oriundos do Ministério
à mesma estrutura das forças policiais. É uma instituição to- Público serão indicados pelos respectivos Ministérios
talmente autônoma a qualquer órgão policial, razão pela qual Públicos, na forma da lei.
não se pode falar em subordinação dos organismos policiais
ao Parquet. A justificativa para essa atribuição decorre do fato Atribuições
de ser ele o destinatário final da atividade policial. Vejamos as atribuições previstas constitucionalmente para
Se, por um lado, o controle externo objetiva a fiscaliza- o CNMP:
ção das atividades policiais para que elas não sejam desen- § 2º. Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público
volvidas além dos limites legais, preservando os direitos e o controle da atuação administrativa e financeira do Minis-
garantias fundamentais dos investigados, por outro, garante tério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de
o seu perfeito desenvolvimento, prevenindo e corrigindo a seus membros, cabendo-lhe:
produção probatória, visando ao adequado oferecimento da
4 Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
ação penal. todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
soas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia
3 Art. 5º, LIX, da CF. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias
esta não for intentada no prazo legal. militares e corpos de bombeiros militares.
I. zelar pela autonomia funcional e administrativa O Princípio da Unidade revela que os membros do Minis-
do Ministério Público, podendo expedir atos re- tério Público integram um órgão único chefiado por um Pro-
gulamentares, no âmbito de sua competência, ou curador-Geral. Essa unidade é percebida dentro de cada ramo
recomendar providências; do Ministério Público, não existindo unidade entre o Ministério
II. zelar pela observância do Art. 37 e apreciar, de ofí- Público estadual e da União, ou entre os diversos Ministérios
cio ou mediante provocação, a legalidade dos atos Públicos estaduais, ou ainda entre os ramos do Ministério Pú-
administrativos praticados por membros ou órgãos blico da União. Qualquer divisão que exista dentro de um dos
do Ministério Público da União e dos Estados, po- Órgãos Ministeriais possui caráter meramente funcional.
dendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para Já o Princípio da Indivisibilidade, que decorre do Princípio
que se adotem as providências necessárias ao exato da Unidade, revela a possibilidade de os membros se substituí-
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos rem sem qualquer prejuízo ao processo, pois o Ministério Público
Tribunais de Contas; é uno e indivisível. Os membros agem em nome da instituição
III. receber e conhecer das reclamações contra e nunca em nome próprio, pois pertencem a um só corpo. Esse
membros ou órgãos do Ministério Público da União princípio veda a vinculação de um membro a um processo per-
ou dos Estados, inclusive contra seus serviços au- mitindo, inclusive, a delegação da denúncia a outro membro.
xiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e Ressalte-se que, como no Princípio da Unidade, a Indivisibilida-
correicional da instituição, podendo avocar proces- de só ocorre dentro de um mesmo ramo do Ministério Público.
sos disciplinares em curso, determinar a remoção, a E, por fim, há o Princípio da Independência Funcional,
disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios com uma dupla acepção: em relação aos membros e em re-
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e lação à instituição. No que tange aos membros, o referido
aplicar outras sanções administrativas, assegurada Princípio garante uma atuação independente no exercício
ampla defesa; das suas atribuições sujeitando-se apenas às determinações
IV. rever, de ofício ou mediante provocação, os constitucionais, legais e de sua consciência jurídica, não ha-
processos disciplinares de membros do Ministério vendo qualquer hierarquia ou subordinação intelectual entre
Público da União ou dos Estados julgados há me- os membros. Sob a perspectiva da instituição, o Princípio da
nos de um ano; Independência Funcional elimina qualquer subordinação do
V. elaborar relatório anual, propondo as providências Ministério Público a outro Poder. Apesar da Independência
que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Funcional, verifica-se a existência de uma mera hierarquia
Público no País e as atividades do Conselho, o qual administrativa.
deve integrar a mensagem prevista no Art. 84, XI. Além desses princípios expressos na Constituição Fede-
§ 3º. O Conselho escolherá, em votação secreta, um ral, a doutrina e a Jurisprudência reconhecem a existência de
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério um princípio implícito no texto constitucional: Princípio do

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Público que o integram, vedada a recondução, compe- Promotor Natural. Esse princípio decorre da interpretação
tindo-lhe, além das atribuições que lhe forem conferi- do Art. 129, § 2º, da Constituição, que afirma:
das pela lei, as seguintes: § 2º. As funções do Ministério Público só podem ser
I. receber reclamações e denúncias, de qualquer exercidas por integrantes da carreira, que deverão resi-
interessado, relativas aos membros do Ministério dir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização
Público e dos seus serviços auxiliares; do chefe da instituição.
II. exercer funções executivas do Conselho, de ins- O Princípio do Promotor Natural veda a designação de
peção e correição geral; membros do Ministério Público fora das hipóteses constitu-
III. requisitar e designar membros do Ministério Pú- cionais e legais, exigindo que sua atuação seja predetermina-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
blico, delegando-lhes atribuições, e requisitar servi- da por critérios objetivos aplicáveis a todos os membros da
dores de órgãos do Ministério Público. carreira, evitando, assim, que haja designações arbitrárias. O
§ 4º. O Presidente do Conselho Federal da Ordem dos princípio também impede a nomeação de promotor ad hoc ou
Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho. de exceção considerando que as funções do Ministério Público
§ 5º. Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias do só podem ser desempenhadas por membros da carreira.
Ministério Público, competentes para receber reclama- Unidade
ções e denúncias de qualquer interessado contra mem-
bros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra Constituição
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Indivisibilidade
Federal
Conselho Nacional do Ministério Público.
Independência
Princípios Institucionais Funcional
A Constituição Federal prevê expressamente no § 1º do Art. Princípios
127 os chamados Princípios Institucionais, os quais norteiam o Institucionais
desenvolvimento das atividades dos Órgãos Ministeriais:
§ 1º. São princípios institucionais do Ministério Público a 279
unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. Doutrina Promotor Natural
Garantias Art. 128, § 1º. O Ministério Público da União tem por chefe
280 o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presi-
O Ministério Público, em razão da importância de sua fun- dente da República dentre integrantes da carreira, maio-
ção, recebeu da Constituição Federal algumas garantias que res de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome
lhe asseguram a independência necessária para bem desem- pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

penhar suas atribuições. E não é só a instituição que possui para mandato de dois anos, permitida a recondução.
garantias, mas os membros também. Vejamos o que diz a
Constituição sobre as garantias institucionais e dos membros: § 2º. A destituição do Procurador-Geral da República,
por iniciativa do Presidente da República, deverá ser
Art. 127, § 2º. Ao Ministério Público é assegurada auto- precedida de autorização da maioria absoluta do Se-
nomia funcional e administrativa, podendo, observado nado Federal.
o disposto no Art. 169, propor ao Poder Legislativo a
criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, No âmbito dessa autonomia, a Constituição previu expres-
provendo-os por concurso público de provas ou de samente que o Procurador-Geral será escolhido pela própria
provas e títulos, a política remuneratória e os planos instituição dentre os membros da carreira. No caso do Minis-
de carreira; a lei disporá sobre sua organização e fun- tério Público da União, a chefia ficará a cargo do Procurador-
cionamento. Geral da República, o qual será nomeado pelo Presidente da
República dentre os membros da carreira com mais de 35 anos
§ 3º. O Ministério Público elaborará sua proposta or- de idade, desde que sua escolha seja aprovada pelo voto da
çamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de maioria absoluta do Senado Federal. O Procurador-Geral da
diretrizes orçamentárias. República exercerá seu mandato por dois anos, permitida a
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a respectiva recondução. Ao permitir a recondução, a Constituição não es-
proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido na tabeleceu limites, de forma que o Procurador-Geral da Repú-
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lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo consi- blica poderá ser reconduzido por quantas vezes o Presidente
derará, para fins de consolidação da proposta orçamen- considerar conveniente. Se o Presidente pode nomear o Chefe
tária anual, os valores aprovados na lei orçamentária do MPU, ele também poderá destituí-lo do cargo, desde que
vigente, ajustados de acordo com os limites estipulados autorizado pelo Senado pela mesma quantidade de votos,
na forma do § 3º. qual seja, maioria absoluta.
§ 5º. Se a proposta orçamentária de que trata este artigo Já em relação à Chefia dos Ministérios Públicos dos Estados
for encaminhada em desacordo com os limites estipula- e do Distrito Federal e Territórios a regra é um pouco diferente:
dos na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá aos Art. 128, § 3º. Os Ministérios Públicos dos Estados e o
ajustes necessários para fins de consolidação da propos- do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice
ta orçamentária anual. dentre integrantes da carreira, na forma da lei respec-
§ 6º. Durante a execução orçamentária do exercício, tiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será
não poderá haver a realização de despesas ou a assun- nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para man-
ção de obrigações que extrapolem os limites estabele- dato de dois anos, permitida uma recondução.
cidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se pre- § 4º. Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito
viamente autorizadas, mediante a abertura de créditos Federal e Territórios poderão ser destituídos por deli-
suplementares ou especiais. beração da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
O Art. 127, §§ 2º a 6º, trata das chamadas Garantias forma da lei complementar respectiva.
Institucionais. Essas garantias visam a conceder maior au- A escolha dos Procuradores-Gerais de Justiça dependerá
tonomia à instituição, além de proteger sua independência de nomeação pelo Chefe do Poder Executivo5, com base em
no exercício de suas atribuições constitucionais. As Garantias lista tríplice formada dentre os integrantes da carreira, sendo
Institucionais são de três espécies: permitida uma recondução. Diferentemente do Procurador-
Autonomia funcional: ao desempenhar sua função, o Mi- Geral da República, que poderá ser reconduzido várias vezes,
nistério Público não se subordina a qualquer outra autoridade o Procurador-Geral de Justiça só poderá ser reconduzido uma
ou poder, sujeitando-se apenas às determinações constitucio- única vez. A destituição desses Procuradores-Gerais depende-
nais, legais e de sua consciência jurídica. rá da deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo.
Autonomia administrativa: é a capacidade de autogestão, Já o Art. 128, §5º, apresenta as Garantias dos Membros.
autoadministração e autogoverno. O Ministério Público tem Art. 128, § 5º. Leis complementares da União e dos
competência para propor ao Legislativo a criação, extinção e Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos
organização de seus cargos e carreiras bem como demais atos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as
de gestão. atribuições e o estatuto de cada Ministério Público,
Autonomia financeira: o Ministério Público pode elabo- observadas, relativamente a seus membros:
rar sua proposta orçamentária dentro dos limites estabele- I. as seguintes garantias:
cidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, tendo liberdade a) vitaliciedade, após dois anos de exercício,
para administrar esses recursos. não podendo perder o cargo senão por sentença
Um dos temas mais importantes e que revelam a autono- judicial transitada em julgado;
mia administrativa do Ministério Público é a possibilidade que 5 No caso do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, a nomeação do
a instituição tem de escolher os seus próprios chefes. Vejamos seu chefe será feita pelo Presidente da República e sua destituição dependerá do
a literalidade do texto constitucional: voto da maioria absoluta do Senado Federal mediante provocação do Presidente
da República.
b) inamovibilidade, salvo por motivo de in- As Garantias de Imparcialidade são verdadeiras vedações
teresse público, mediante decisão do órgão co- e visam a garantir uma atuação isenta de qualquer interferên-
legiado competente do Ministério Público, pelo cia política ou pessoal.
voto da maioria absoluta de seus membros, asse- Art. 128, § 5º, II. as seguintes vedações:
gurada ampla defesa; a) receber, a qualquer título e sob qualquer
c) irredutibilidade de subsídio, fixado na for- pretexto, honorários, percentagens ou custas
ma do Art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos processuais;
Arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; b) exercer a advocacia;
São duas espécies de garantias dos membros: Garantias c) participar de sociedade comercial, na for-
de Independência e Garantias de Imparcialidade. ma da lei;
As Garantias de Independência são prerrogativas ineren- d) exercer, ainda que em disponibilidade,
tes ao cargo e estão previstas no inciso I do referido artigo, qualquer outra função pública, salvo uma de ma-
as quais visam a garantir aos membros maior liberdade, inde- gistério;
pendência e autonomia no exercício de sua função ministerial. e) exercer atividade político-partidária (Re-
Tais garantias são indisponíveis, proibindo o titular do cargo dação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
de dispensar qualquer das prerrogativas. São as garantias da 2004);
vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade dos subsídios.
f) receber, a qualquer título ou pretexto, au-
A Vitaliciedade é como se fosse uma estabilidade só que xílios ou contribuições de pessoas físicas, entida-
muito mais vantajosa. O membro, ao ingressar na carreira me- des públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
diante concurso público, torna-se vitalício após o efetivo exer- previstas em lei (Incluída pela Emenda Constitu-
cício no cargo pelo prazo de dois anos. Uma vez vitalício só cional nº 45, de 2004).
perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado.
Após passar pelo estágio probatório de dois anos, um Membro § 6º. Aplica-se aos membros do Ministério Público o
do Ministério Público só perderá o cargo por sentença judicial disposto no Art. 95, parágrafo único, V (Incluído pela
transitada em julgado. Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
A Inamovibilidade impede a movimentação do membro Antes de explorar essas regras, faz-se necessária a menção
ex-ofício contra a sua vontade. Em regra, o Membro do Mi- ao Art. 29, § 3º, da ADCT:
nistério Público só poderá ser removido ou promovido por sua § 3º. Poderá optar pelo regime anterior, no que respei-
própria iniciativa, ressalvados os casos em que houver interes- ta às garantias e vantagens, o membro do Ministério
se público. E mesmo quando o interesse público exigir, a re- Público admitido antes da promulgação da Constitui-
moção dependerá de decisão do órgão colegiado competente ção, observando-se, quanto às vedações, a situação
pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurando- jurídica na data desta.

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se o direito à ampla defesa. Esse dispositivo retrata uma peculiaridade interessante a
A Irredutibilidade dos Subsídios diz respeito à proteção respeito dos Membros do Ministério Público. Antes da promul-
da remuneração do membro ministerial. Subsídio é a forma de gação da Constituição Federal de 1988, o regime jurídico a que
retribuição pecuniária paga ao membro do Ministério Público estavam sujeitos era diferente. A ADCT permitiu aos membros
a qual se caracteriza por ser uma parcela única. Com essa ga- que ingressaram antes de 1988 a escolha do regime jurídico a
rantia, o Membro do Ministério Público poderá trabalhar sem que estariam sujeitos a partir de então. Os membros que in-
medo de perder sua remuneração. gressaram na carreira antes de 1988 e que possuíam inscrição
Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal já entendeu na OAB podem advogar desde que tenham optado pelo regime
tratar-se esta irredutibilidade como meramente nominal, não jurídico anterior a 1988. Para os membros que ingressaram na
protegendo o subsídio da desvalorização provocada por per- carreira depois da promulgação da Constituição Federal, essa NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
das inflacionárias. Lembre-se também de que essa garantia escolha não é permitida, pois estão sujeitos apenas ao regime
não é absoluta, pois comporta exceções previstas nos Arts. 37, constitucional atual. Feita essa consideração, passa-se à análise
X e XI, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I, da Constituição Federal. Em das garantias vigentes.
suma, a irredutibilidade não impedirá a redução do subsídio Deve-se compreender a abrangência das vedações do inciso II
quando ultrapassar o teto constitucional ou em razão da co- do § 5º do Art. 128 da Constituição Federal.
brança do imposto de renda. É vedado aos membros do Ministério Público receber, a
qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percen-
Indivisibilidade tagens ou custas processuais, bem como receber auxílios ou
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou priva-
das, ressalvadas as exceções previstas em lei. Tais vedações
visam a impedir que membros sejam motivados indevida-
Garantias de Inamovibilidade mente a exercer suas funções sob a expectativa de receberem
Independência maiores valores pela sua atuação. Percebe-se que a vedação
encontra exceção quando a contribuição está prevista em lei.
Dessa forma, não ofende a Constituição Federal o recebimento
Irredutibilidade de valores em razão da venda de livros, do exercício do magis- 281
dos Subsídios tério ou mesmo da ministração de palestra.
Outra vedação aplicável aos membros do Parquet é em Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que,
282 relação ao exercício da advocacia. Acerca desse impedimento, diretamente ou através de órgão vinculado, representa
deve-se ressaltar a situação dos membros do Ministério Públi- a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos
co da União que ingressaram na carreira antes de 1988 e que termos da lei complementar que dispuser sobre sua or-
tenham optado pelo regime jurídico anterior, nos termos do § ganização e funcionamento, as atividades de consultoria
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

3º do Art. 29 da ADCT, os quais poderão exercer a advocacia e assessoramento jurídico do Poder Executivo.
nos termos da Resolução nº 8 do CNMP, com a nova redação § 1º. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advo-
dada pela Resolução nº 16. gado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente
Ademais, o texto constitucional estendeu aos Membros do da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco
Ministério Público a mesma vedação aplicável aos Magistrados no anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.
Art. 95, parágrafo único, V, qual seja, a de exercer a advocacia no A chefia desse órgão fica a cargo do Advogado-Geral
juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
da União, o qual é nomeado livremente pelo Presidente da
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. A
República, entre os cidadãos maiores de trinta e cinco anos,
doutrina tem chamado essa vedação de quarentena.
com notável saber jurídico e reputação ilibada. Segundo a
Os membros do Ministério Público não podem participar Lei nº 10.683/03, em seu Art. 25, o Advogado-Geral da União
de sociedade comercial, na forma da lei. Essa vedação encon- é considerado Ministro de Estado, sendo-lhe aplicadas todas
tra regulamentação na Lei nº 8.625/93, a qual prevê a possibi- as prerrogativas inerentes ao status. Atente-se para isso em
lidade de participação como cotista ou acionista6.
prova, visto que, para ser o Chefe dessa Instituição, não é ne-
Também não podem exercer, ainda que em disponibilida- cessário ser membro da carreira nem depende de aprovação
de, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério. do Senado Federal. É um cargo de livre nomeação e exone-
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Ressalta-se que o CNMP regulamentou o exercício do magis- ração cuja confiança do Presidente da República se torna o
tério, que poderá ser público ou privado, por no máximo 20 principal critério para a escolha do seu titular.
horas aula por semana, desde que o horário seja compatível
com as atribuições ministeriais e o seu exercício se dê inteira- Um detalhe muito importante e que pode ser cobrado
mente em sala de aula7. em prova é que a Constituição Federal, ao apontar as com-
petências dessa instituição, afirmou que a AGU representa
Para evitar que sua atuação seja influenciada por pressões
políticas, a Constituição vedou o exercício de atividade políti- judicial e extrajudicialmente a União e em relação a consul-
co-partidária aos Membros do Ministério Público. Isso significa toria e assessoramento jurídico apenas ao Poder Executivo.
que, se um membro quiser se filiar ou mesmo exercer um cargo Essas competências foram confirmadas na Lei Orgânica da
político, deverá se afastar do cargo no Ministério Público. Essa Advocacia-Geral da União (Lei Complementar nº 73/93):
vedação tem caráter absoluto desde a Emenda Constitucional Art. 1º. A Advocacia-Geral da União é a instituição que re-
nº 45/2004, a qual foi regulamentada pelo Conselho Nacional presenta a União judicial e extrajudicialmente.
do Ministério Público, que determinou a aplicação da vedação Parágrafo único. À Advocacia-Geral da União cabem as
apenas aos membros que tenham ingressado na carreira após atividades de consultoria e assessoramento jurídicos ao
a promulgação da emenda8. Poder Executivo, nos termos desta Lei Complementar.
Enquanto a atividade de consultoria e assessoramento ju-
Advocacia Pública rídico restringe-se apenas ao Poder Executivo, a representação
A Advocacia Pública é a função essencial à justiça respon- judicial e extrajudicial abrangerá todos os Poderes da União
sável pela defesa dos interesses dos entes estatais, tanto judi- (Executivo, Legislativo e Judiciário), bem como suas autarquias
cialmente quanto extrajudicialmente, bem como as atividades e fundações públicas, conforme esclarece a Lei nº 9.028/95:
de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Art. 22. A Advocacia-Geral da União e os seus órgãos
No âmbito da União, essa atividade é exercida pela Advo- vinculados, nas respectivas áreas de atuação, ficam
cacia-Geral da União, enquanto nos Estados, Distrito Federal e autorizados a representar judicialmente os titulares
nos Municípios, a Advocacia Pública será exercida pelas Pro- e os membros dos Poderes da República, das Insti-
curadorias. tuições Federais referidas no Título IV, Capítulo IV, da
Apesar de não haver previsão constitucional para as Pro- Constituição, bem como os titulares dos Ministérios e
curadorias Municipais, elas são perfeitamente possíveis desde demais órgãos da Presidência da República, de au-
que previstas na Lei Orgânica do Município ou permitidas sua tarquias e fundações públicas federais, e de cargos
criação pela Constituição Estadual. de natureza especial, de direção e assessoramento
São vistas, a seguir, quais instituições compõem a Advoca- superiores e daqueles efetivos, inclusive promoven-
cia Pública no Brasil. do ação penal privada ou representando perante o
Ministério Público, quando vítimas de crime, quanto
Advocacia-Geral da União (AGU) a atos praticados no exercício de suas atribuições
A AGU é responsável pela assistência jurídica da União, constitucionais, legais ou regulamentares, no interes-
conforme prevê o texto constitucional: se público, especialmente da União, suas respectivas
autarquias e fundações, ou das Instituições mencio-
nadas, podendo, ainda, quanto aos mesmos atos, im-
6 Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, Lei nº 8.625/93, Art. 44, III.
7 Resolução nº 3/2005 – CNMP. petrar “Habeas Corpus” e mandado de segurança em
8 Resolução nº 5/2006 – CNMP. defesa dos agentes públicos de que trata este artigo.
A AGU representa judicialmente e extrajudicialmente a Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste arti-
União, mas presta consultoria e assessora juridicamente ape- go é assegurada estabilidade após três anos de efetivo
nas ao Poder Executivo. exercício, mediante avaliação de desempenho perante
É importante lembrar também que o ingresso na carrei- os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das
ra da AGU depende de aprovação em concurso público de corregedorias.
provas e títulos nos termos do Art. 131, § 2º: Segundo a Constituição, o ingresso na carreira depende
§ 2º. O ingresso nas classes iniciais das carreiras da insti- de concurso público de provas e títulos, cuja participação da
tuição de que trata este artigo far-se-á mediante concurso OAB é obrigatória em todas as suas fases, não sendo admi-
público de provas e títulos. tido, portanto, que as atividades de representação judicial
Destaca-se ainda a atuação da AGU na defesa da Repú- e de consultoria jurídica sejam realizadas por ocupantes de
blica Federativa do Brasil em demandas instauradas perante cargos em comissão.
Cortes Internacionais. Apesar de não haver previsão constitucional, o STF já deci-
Além das diversas carreiras que serão vistas, não se pode diu que devem ser aplicadas simetricamente as mesmas regras
esquecer dos Advogados da União, os quais são responsáveis da União para a nomeação do Procurador-Geral das Unidades
pela defesa da União quando esta se encontra em juízo. Federadas. Dessa forma, o Governador detém a competência
de nomear e exonerar livremente o chefe da Instituição, não
Procuradoria-Geral da Fazenda se exigindo que o titular do referido cargo seja membro da
Nacional (PGFN) carreira.
Por fim, a Constituição Federal garantiu aos procuradores
A PGFN é órgão vinculado a AGU responsável pelas ações
estaduais e do Distrito Federal, estabilidade após três anos de
de natureza tributária, cujo objetivo principal é garantir o re-
efetivo exercício mediante avaliação de desempenho perante
cebimento de recursos de origem fiscal. A Constituição assim
os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corre-
define sua competência no Art. 131:
gedorias.
Art. 131, § 3º. Na execução da dívida ativa de natureza
tributária, a representação da União cabe à Procurado- Procuradoria dos Municípios
ria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto Conforme já estudado, não existe previsão constitucional
em lei. para a criação das procuradorias municipais, não havendo da
mesma forma qualquer impedimento para sua criação. Logo,
Procuradoria-Geral Federal cada município poderá criar sua própria procuradoria, desde
A Procuradoria-Geral Federal, órgão vinculado à AGU, é que prevista essa possibilidade na Constituição Estadual ou na
responsável pela representação judicial e extrajudicial das au- Lei Orgânica do Município.
tarquias e fundações públicas da União por meio dos Procu-
Defensoria Pública

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radores Federais. Sua previsão não é constitucional, mas está
descrita na Lei nº 10.480/2002: Como instituição essencial ao funcionamento da Justiça,
Art. 10. À Procuradoria-Geral Federal compete a repre- a Defensoria Pública é responsável, em primeiro plano, pela
sentação judicial e extrajudicial das autarquias e fun- assistência jurídica e gratuita dos hipossuficientes, os quais
dações públicas federais, as respectivas atividades de não possuem recursos financeiros para contratar um advoga-
consultoria e assessoramento jurídicos, a apuração da do. Essa função tipicamente realizada pela Defensoria con-
liquidez e certeza dos créditos, de qualquer natureza, cretiza o direito fundamental expresso no Art. 5º, LXXIV, da
inerentes às suas atividades, inscrevendo-os em dívida Constituição:
ativa, para fins de cobrança amigável ou judicial. Art. 5º, LXXIV. O Estado prestará assistência jurídica
Em relação ao Banco Central, autarquia vinculada a União, integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
foi prevista carreira própria regulamentada na Lei nº 9.650/98, de recursos.
a qual localizou o Procurador do Banco Central como membro Complementando esse dispositivo, a Constituição previu
de carreira da própria instituição. Apesar disso, o Procurador no Art. 134 algumas regras sobre a Defensoria:
do Banco Central está vinculado à AGU. Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanen-
Procuradoria-Geral dos Estados te, essencial à função jurisdicional do Estado, incum-
bindo-lhe, como expressão e instrumento do regime
e do Distrito Federal democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica,
No âmbito dos Estados e do Distrito Federal, a consultoria a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos
jurídica e a representação judicial serão realizadas pelos Pro- os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais
curadores dos Estados e do Distrito Federal, conforme prele- e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessita-
ciona o Art. 132 da Constituição Federal: dos, na forma do inciso LXXIV do Art. 5º desta Consti-
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Fe- tuição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitu-
deral, organizados em carreira, na qual o ingresso de- cional nº 80, de 2014)
penderá de concurso público de provas e títulos, com a § 1º. Lei complementar organizará a Defensoria Pública
participação da Ordem dos Advogados do Brasil em to- da União e do Distrito Federal e dos Territórios e pres-
das as suas fases, exercerão a representação judicial e a creverá normas gerais para sua organização nos Esta- 283
consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. dos, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,
mediante concurso público de provas e títulos, assegu- V. exercer, mediante o recebimento dos autos com
284 rada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade vista, a ampla defesa e o contraditório em favor de
e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições pessoas naturais e jurídicas, em processos adminis-
institucionais. trativos e judiciais, perante todos os órgãos e em
§ 2º. Às Defensorias Públicas Estaduais são assegura- todas as instâncias, ordinárias ou extraordinárias,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

das autonomia funcional e administrativa e a iniciativa utilizando todas as medidas capazes de propiciar a
de sua proposta orçamentária dentro dos limites esta- adequada e efetiva defesa de seus interesses;
belecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordi- VI. representar aos sistemas internacionais de pro-
nação ao disposto no Art. 99, § 2º. teção dos direitos humanos, postulando perante
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Pú- seus órgãos;
blicas da União e do Distrito Federal. (Incluído pela VII. promover ação civil pública e todas as espécies
Emenda Constitucional nº 74, de 2013) de ações capazes de propiciar a adequada tutela
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública dos direitos difusos, coletivos ou individuais ho-
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcio- mogêneos quando o resultado da demanda puder
nal, aplicando-se também, no que couber, o disposto beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes;
no Art. 93 e no inciso II do Art. 96 desta Constituição VIII. exercer a defesa dos direitos e interesses indivi-
Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, duais, difusos, coletivos e individuais homogêneos e
de 2014) dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV
Atualmente, cada Unidade Federativa é responsável pela do Art. 5º da Constituição Federal;
organização da sua Defensoria Pública, havendo ainda uma IX. impetrar Habeas Corpus, mandado de injunção,
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Defensoria no âmbito da União e no Distrito Federal. Habeas Data e mandado de segurança ou qualquer
As Defensorias Estaduais possuem autonomia funcional e outra ação em defesa das funções institucionais e
administrativa não se admitindo sua subordinação a nenhum prerrogativas de seus órgãos de execução;
dos poderes. Sua autonomia avança ainda nas questões orça- X. promover a mais ampla defesa dos direitos
mentárias permitindo que tenha iniciativa própria para apre- fundamentais dos necessitados, abrangendo seus
sentação de proposta orçamentária dentro dos limites estabe- direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos,
lecidos na lei de diretrizes orçamentárias. culturais e ambientais, sendo admissíveis todas as
A Emenda Constitucional nº 74, de 06 de agosto de 2013, in- espécies de ações capazes de propiciar sua ade-
troduziu o § 3º ao Art. 134, da CF para conferir autonomia funcional quada e efetiva tutela;
e administrativa e a iniciativa de proposta orçamentária também XI. exercer a defesa dos interesses individuais e
às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal. coletivos da criança e do adolescente, do idoso, da
Segundo a Lei Complementar nº 80/94 que organiza a De- pessoa portadora de necessidades especiais, da
fensoria Pública: mulher vítima de violência doméstica e familiar e
Art. 2º. A Defensoria Pública abrange: de outros grupos sociais vulneráveis que mereçam
I. a Defensoria Pública da União; proteção especial do Estado;
II. a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos XIV. acompanhar inquérito policial, inclusive com a co-
Territórios; municação imediata da prisão em flagrante pela auto-
III. as Defensorias Públicas dos Estados. ridade policial, quando o preso não constituir advogado
(Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009);
Cabe aos Defensores Públicos a assistência jurídica integral
dos hipossuficientes, não se limitando apenas à defesa judicial. XV. patrocinar ação penal privada e a subsidiária
A Lei Complementar nº 80/94 traz extenso rol de atribuições: da pública (Incluído pela Lei Complementar nº 132,
Art. 4º. São funções institucionais da Defensoria Públi- de 2009);
ca, dentre outras: XVI. exercer a curadoria especial nos casos previs-
I. prestar orientação jurídica e exercer a defesa dos tos em lei (Incluído pela Lei Complementar nº 132,
necessitados, em todos os graus (Redação dada de 2009);
pela Lei Complementar nº 132, de 2009); XVII. atuar nos estabelecimentos policiais, peni-
II. promover, prioritariamente, a solução extraju- tenciários e de internação de adolescentes, visando
dicial dos litígios, visando à composição entre as a assegurar às pessoas, sob quaisquer circunstân-
pessoas em conflito de interesses, por meio de me- cias, o exercício pleno de seus direitos e garantias
diação, conciliação, arbitragem e demais técnicas fundamentais (Incluído pela Lei Complementar nº
de composição e administração de conflitos; 132, de 2009);
III. promover a difusão e a conscientização dos di- XVIII. atuar na preservação e reparação dos direitos
reitos humanos, da cidadania e do ordenamento de pessoas vítimas de tortura, abusos sexuais, dis-
jurídico; criminação ou qualquer outra forma de opressão ou
IV. prestar atendimento interdisciplinar, por meio de violência, propiciando o acompanhamento e o aten-
órgãos ou de servidores de suas Carreiras de apoio dimento interdisciplinar das vítimas (Incluído pela
para o exercício de suas atribuições; Lei Complementar nº 132, de 2009);
XIX. atuar nos Juizados Especiais (Incluído pela Lei Já o princípio da inviolabilidade constitui norma que visa a
Complementar nº 132, de 2009); garantir ao advogado o exercício das suas atribuições de forma
XX. participar, quando tiver assento, dos conselhos independente e autônoma às demais instituições do Estado.
federais, estaduais e municipais afetos às funções Da mesma forma, esse princípio não goza de caráter absoluto,
institucionais da Defensoria Pública, respeitadas as sendo possível a limitação quando seus atos e atribuições não
atribuições de seus ramos (Incluído pela Lei Comple- estiverem ligados ao exercício da profissão nos termos do Es-
mentar nº 132, de 2009); tatuto da Advocacia10.
XXI. executar e receber as verbas sucumbenciais de-
correntes de sua atuação, inclusive quando devidas Como condição para o exercício dessa profissão, o STF já
por quaisquer entes públicos, destinando-as a fun- declarou que é constitucional a necessidade de aprovação do
dos geridos pela Defensoria Pública e destinados, Exame de Ordem aplicado pela OAB aos bacharéis em direito.
exclusivamente, ao aparelhamento da Defensoria
A amplitude desse tema requer análise aprofundada, a
Pública e à capacitação profissional de seus mem-
bros e servidores(Incluído pela Lei Complementar nº qual é feita em disciplina própria. Aqui foi feita uma breve aná-
132, de 2009); lise constitucional do instituto.
XXII. convocar audiências públicas para discutir Ministério
matérias relacionadas às suas funções institucio- Defende a sociedade
Público
nais(Incluído pela Lei Complementar nº 132, de
2009). Advocacia
Em relação às suas atribuições, vejamos esta questão de prova: Defende o Estado
Pública
Por fim, cabe destacar que, assim como os Advogados Públicos,
os Defensores Públicos são remunerados por meio de subsídio: Advocacia
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras dis- Privada Defende os particulares
ciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão re-
munerados na forma do Art. 39, § 4º. Defensoria
Pública Defende os pobres
Advocacia
Quando a Constituição Federal se refere à Advocacia, fala-
se do advogado privado, profissional autônomo, indispensável ANOTAÇÕES
à função jurisdicional. Os advogados estão vinculados à Ordem

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dos Advogados do Brasil, entidade de classe de natureza es-
pecial, não vinculada aos Poderes do Estado e que tem como
atribuições controlar, fiscalizar e selecionar novos profissionais
para o exercício da Carreira.
Segundo a Constituição Federal:
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da
justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão, nos limites da lei. NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Esse dispositivo revela dois princípios que regem a advo-


cacia no Brasil: o princípio da indispensabilidade e o da invio-
labilidade.
Segundo o princípio da indispensabilidade, o advogado é
indispensável à administração da Justiça, pois só ele possui a
chamada capacidade postulatória. Logicamente, esse princípio
não goza de caráter absoluto, sendo permitida a capacidade
de postular ao próprio interessado em situações expressamen-
te previstas na Constituição Federal como no Habeas Corpus e
nos juizados especiais.
Destaca-se ainda que nos processos administrativos
disciplinares a ausência de defesa técnica por meio de ad-
vogado não gera nulidade ao procedimento9.
285
9 Súmula Vinculante nº 5: A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição. 10 Lei nº 8.906/94.
286 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO Ş
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ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Administrativo ....................................................................... 290
Ramos do Direito ........................................................................................................................290
Conceito de Direito Administrativo ............................................................................................290
Objeto do Direito Administrativo ...............................................................................................290
Fontes do Direito Administrativo ................................................................................................291
Sistemas Administrativos ............................................................................................................291
Regime Jurídico Administrativo ..................................................................................................291
Noções de Estado ....................................................................................................................... 292
Noções de Governo..................................................................................................................... 292
2. Administração Pública ..............................................................................................293
Classificação de Administração Pública ..................................................................................... 293
Organização da Administração................................................................................................... 293
Administração Direta .................................................................................................................. 294
Noção de Centralização, Descentralização e Desconcentração ................................................. 294
Administração Indireta ............................................................................................................... 295
3. Órgão Público ..........................................................................................................299
Teorias ........................................................................................................................................ 299
Características ............................................................................................................................ 299
Classificação ............................................................................................................................... 299
Estrutura .....................................................................................................................................300
Atuação Funcional/Composição ................................................................................................300
4. Agentes Públicos..................................................................................................... 300
Conceito ......................................................................................................................................300
Classificação ...............................................................................................................................300
5. Princípios Fundamentais da Administração Pública ................................................... 301
Classificação ................................................................................................................................301
6. Poderes e Deveres Administrativos ...........................................................................305
Deveres ....................................................................................................................................... 305
Poderes Administrativos ............................................................................................................306
Abuso de Poder ............................................................................................................................311
7. Ato Administrativo .................................................................................................... 311
Conceito de Ato Administrativo ...................................................................................................311
Elementos de Validade do Ato .....................................................................................................311
Motivação .....................................................................................................................................311
Atributos do Ato .......................................................................................................................... 312
Classificação dos Atos Administrativos ....................................................................................... 312
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ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 287

Espécies de Atos Administrativos ............................................................................................... 312


Extinção dos Atos Administrativos..............................................................................................314
Convalidação ............................................................................................................................... 315
8. Improbidade Administrativa ..................................................................................... 315
Sujeitos ........................................................................................................................................ 315
Regras Gerais ...............................................................................................................................316
Modalidades ................................................................................................................................316
Efeitos da Lei ...............................................................................................................................318
Das Sanções .................................................................................................................................318
Declaração de Bens......................................................................................................................319
Prescrição ....................................................................................................................................319
9. Serviços Públicos ..................................................................................................... 319
Base Constitucional .....................................................................................................................319
Elementos Definidores de uma Atividade Sendo Serviço Público ............................................. 320
Classificação dos Serviços Públicos ............................................................................................ 320
Princípios dos Serviços Públicos.................................................................................................. 321
Formas de Prestação dos Serviços Públicos ................................................................................ 321
Concessão e Permissão de Serviço Público ................................................................................. 321
Competência para a Edição de Normas ....................................................................................... 321
Autorização de Serviço Público .................................................................................................. 322
Diferenças entre Concessão, Permissão e Autorização de Serviços Públicos ............................ 323
Parcerias Público-Privadas ......................................................................................................... 323
Contratos de Parceria Público-Privada ...................................................................................... 324
10. Controle da Administração Pública ..........................................................................329
Classificação ............................................................................................................................... 329
Controle Administrativo .............................................................................................................. 331
Controle Legislativo..................................................................................................................... 331
Controle Judiciário ..................................................................................................................... 334
11. Responsabilidade Civil do Estado .............................................................................334
Teoria do Risco Administrativo .................................................................................................. 334
Teoria da Culpa Administrativa .................................................................................................. 335
Teoria do Risco Integral .............................................................................................................. 335
Danos Decorrentes de Obras Públicas ........................................................................................ 335
Responsabilidade Civil Decorrente de Atos Legislativos ........................................................... 335
Responsabilidade Civil Decorrente de Atos Jurisdicionais......................................................... 335
Ação de Reparação de Danos ..................................................................................................... 335
Ação Regressiva ......................................................................................................................... 335
288 NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO Ş
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12. Processo Administrativo Federal .............................................................................336


Abrangência da Lei ..................................................................................................................... 336
Princípios .................................................................................................................................... 336
Direitos e Deveres dos Administrados ........................................................................................337
Início do Processo e Legitimação Ativa .......................................................................................337
Impedimento e Suspeição .......................................................................................................... 338
Da Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo ....................................................................... 338
Do Recurso Administrativo e da Revisão ................................................................................... 338
Prazos da Lei nº 9.784/99 .......................................................................................................... 339
13. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990 .................................................................. 340
Disposições Gerais ......................................................................................................................340
Do Provimento.............................................................................................................................341
13. 1. Provimento e Vacância .........................................................................................343
Provimento ................................................................................................................................. 343
Vacância...................................................................................................................................... 345
13. 2. Formas de Deslocamento .....................................................................................345
Remoção ..................................................................................................................................... 345
Redistribuição............................................................................................................................. 346
13. 3. Direitos e Vantagens ............................................................................................346
Vencimento e Remuneração ...................................................................................................... 346
Vantagens ................................................................................................................................... 347
13. 4. Licenças, Afastamentos e Concessões ..................................................................350
Licenças ...................................................................................................................................... 350
Afastamentos.............................................................................................................................. 353
Concessões ................................................................................................................................. 354
Suspensão do Estágio Probatório .............................................................................................. 354
13. 5. Do Tempo de Serviço ...........................................................................................354
Apuração do Tempo de Serviço.................................................................................................. 354
13. 6. Direito de Petição ................................................................................................355
13. 7. Lei nº 8.112/90 - Regime Disciplinar ....................................................................355
Deveres ...................................................................................................................................... 355
Proibições ................................................................................................................................... 356
Da Acumulação ........................................................................................................................... 356
Responsabilidade do Servidor.................................................................................................... 357
Penalidades Disciplinares ........................................................................................................... 357
Competência para Aplicação das Penalidades ........................................................................... 359
Prescrição da Ação Disciplinar.................................................................................................... 359
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 289

13. 8. Processo Administrativo Disciplinar .................................................................... 360


Regras Gerais ..............................................................................................................................360
Sindicância ..................................................................................................................................360
Processo Administrativo Disciplinar (PAD) ................................................................................360
Processo Administrativo Disciplinar de Rito Sumário ................................................................ 362
13. 9. Seguridade Social ................................................................................................364
Disposições Gerais ...................................................................................................................... 364
Dos Benefícios ............................................................................................................................ 364
Da Assistência à Saúde ............................................................................................................... 368
290
1. Introdução ao Direito Esquema da Divisão do Direito
DIREITO
Administrativo ADMINISTRATIVO

PÚBLICO Desigualdade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Supremacia do Interes-
Neste capítulo, vamos conhecer algumas características do se Público / Prerrogati-
ESTADO vas de Direito Público;
Direito Administrativo, seu conceito, sua finalidade, seu regime DIVISÃO DO
- Indisponibilidade do
jurídico peculiar que orienta toda a sua atividade administrati- DIREITO
Interesse Público / De-
va, seja ela exercida pelo próprio Estado-administrador, ou por INDIVÍDUO veres da Administração;
- Verticalidade nas
particular. Para entendermos melhor tudo isso, é preciso dar PRIVADO relações Jurídicas.
início ao nosso estudo pela compreensão adequada do papel Igualdade
do Direito na vida social. Isonomia

O Direito é um conjunto de normas (regras e princípios) INDIVÍDUO INDIVÍDUO


impostas coativamente pelo Estado que regularão a vida em Horizontalidade nas Relações Jurídicas
sociedade, possibilitando a coexistência pacífica das pessoas.
Os dois princípios norteadores do Direito Administrativo
são: Supremacia do Interesse Público (gera os poderes) e In-
Ş
ŝ#-ŝŦ

Ramos do Direito disponibilidade do Interesse Público (gera os deveres da ad-


ministração).

O Direito é historicamente dividido em dois grandes ra-


Conceito de Direito Administrativo
Vários são os conceitos que podem ser encontrados na
mos: o Direito Público e o Direito Privado. Em relação ao Di- doutrina para o Direito Administrativo. Descreveremos dois
reito Privado, vale o princípio da igualdade (isonomia) entre deles trazidos pela doutrina contemporânea e citados a seguir:
as partes; aqui não há que se falar em superioridade de uma O Direito Administrativo é o ramo do direito público que
parte sobre a outra. Por esse motivo, dizemos que estamos tem por objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administra-
tivas que integram a Administração Pública. A atividade jurídi-
em uma relação jurídica horizontal ou uma horizontalidade ca não contenciosa que exerce e os bens que se utiliza para a
nas relações jurídicas. consecução de seus fins de natureza pública1.
O Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princí-
O Direito Privado é regulado pelo princípio da autonomia
pios jurídicos que regem órgãos, agentes e atividades públicas
da vontade, o que traduz a regra a qual diz que o particular que tendem a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
pode fazer tudo que não é proibido (Art. 5º, II, da Constituição desejados pelo Estado2.
Federal). Objeto do Direito Administrativo
No Direito Público, temos o Estado em um dos polos, Os conceitos de Direito Administrativo foram desenvolvi-
representando os interesses da coletividade, e um particular dos de forma que se desdobram em uma sequência natural
de tópicos que devem ser estudados ponto a ponto para que a
desempenhando seus próprios interesses. Sendo assim, o matéria seja corretamente entendida.
Estado é tratado com superioridade ante ao particular, pois Por meio desses conceitos, podemos constatar que o obje-
o Estado é o procurador da vontade da coletividade e, re- to do Direito Administrativo são as relações da administração
pública, sejam elas de natureza interna entre as entidades que
presentada pelo próprio Estado, deve ser tratada de forma a compõe, seus órgãos e agentes, ou de natureza externa entre
prevalente ante a vontade do particular. a administração e os administrados.
Além de ter por objeto a atuação da administração pública,
O fundamento dessa relação jurídica vertical é encon-
também é foco do Direito Administrativo o desempenho das ati-
trado no Princípio da Supremacia do Interesse Público, que vidades públicas quando exercidas por algum particular, como
estudaremos com mais detalhes no tópico referente aos no caso das concessões, permissões e autorizações de serviços
públicos.
princípios. Mas já podemos adiantar que, como o próprio
Resumidamente, podemos dizer que o Direito Adminis-
nome o interesse público é supremo. Desse modo, são dis- trativo tem por objeto a administração pública e também as
ponibilizadas ao Estado prerrogativas especiais para que atividades administrativas, independentemente de quem as
exerçam.
possa atingir os seus objetivos. Essas prerrogativas são os
1 Direito Administrativo, Maria Sylvia Zanella di Pietro, 23ª edição.
poderes da administração pública. 2 Conceito de Direito Administrativo do professor Hely Lopes Meirelles.
Fontes do Direito Administrativo O Sistema Francês (do contencioso administrativo), não
utilizado no Brasil, determina que as lides administrativas po-
É o lugar de onde provém algo, no nosso caso, no qual dem transitar em julgado, ou seja, as decisões administrativas
emanam as regras do Direito Administrativo. Esse não está têm força de definibilidade. Nesse sentido, falamos em duali-
codificado em um único livro. Dessa forma, para o estudarmos dade de jurisdição, já que existem tribunais administrativos e
de maneira completa, temos que recorrer às fontes, ou seja, a judiciais, cada qual com suas competências.
institutos esparsos. Por esse motivo, dizemos que o Direito Ad- O Sistema Inglês, também chamado de jurisdicional único
ministrativo está tipificado (escrito), mas não está codificado ou unicidade da jurisdição, é o sistema que atribui somente
em um único instituto. ao poder judiciário a capacidade de tomar decisões sobre a
Lei: fonte principal do Direito Administrativo. A lei deve ser legalidade administrativa com caráter de coisa julgada ou de-
compreendida em seu sentido amplo, o que inclui a Consti- finitividade.
tuição Federal, as normas supra legais, as leis e também os O Direito Administrativo, no nosso sistema, não pode fazer
atos normativos da própria administração pública. Temos coisa julgada e todas as decisões administrativas podem ser
como exemplo os Arts. 37 ao 41 da Constituição Federal, a Lei revistas pelo poder judiciário, pois somente ele pode dar reso-
nº 8.666/93, a Lei nº 8.112/90, a Lei de Improbidade Adminis- lução em caráter definitivo. Ou seja, não cabem mais recursos,
trativa (Lei nº 8.429/92), Processo Administrativo Federal (Lei por isso, falamos em trânsito em julgado das decisões judiciais
nº 9.784/99), etc. e nunca das decisões administrativas.
Jurisprudência: gênero que se divide entre jurisprudência e A Constituição Federal de 1988 adotou o sistema Inglês
doutrina. Jurisprudência são decisões quais são editadas pelos ou, o do não contencioso administrativo.
tribunais e não possuem efeito vinculante; são resumos nume-
rados que servem de fonte de pesquisa do direito materializados Via Administrativa de Curso Forçado
em livros, artigos e pareceres. São situações em que o particular é obrigado a seguir to-
Doutrina tem a finalidade de tentar sistematizar e melhor das as vias administrativas até o fim, antes de socorrer ao po-
explicar o conteúdo das normas de Direito Administrativo; dou- der judiciário. Isso é exceção, pois a regra é que, ao particular,
trina pode ser utilizada como critério de interpretação de nor- é facultado socorrer ao poder judiciário, por força do Art. 5º,
mas, bem como auxiliar a produção normativa. XXXV, da Constituição Federal.
Costumes: conjunto de regras não escritas, porém, obser- XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
vadas de maneira uniforme, as quais suprem a omissão legis- ciário lesão ou ameaça a direito (ver CF/88).
lativa acerca de regras internas da Administração Pública. Exemplos de via administrativa de curso forçado:
Segundo o doutrinador do Direito Administrativo, Hely Lopes Aqui, o indivíduo deve esgotar as esferas administrativas
Meirelles, em razão da deficiência da legislação, a prática adminis- obrigatoriamente antes de ingressar com ação no poder ju-
trativa vem suprindo o texto escrito e, sedimentada na consciência diciário.

Ş
ŝ#-ŝŦ
dos administradores e administrados, a praxe burocrática passa a
Justiça Desportiva: só são admitidas pelo poder judiciá-
saciar a lei e atuar como elemento informativo da doutrina.
rio ações relativas à disciplina e as competições desportivas
Lei e Súmulas Vinculantes são consideradas fontes prin-
depois de esgotadas as instâncias da Justiça Desportiva. Art.
cipais do Direito Administrativo. Jurisprudência, súmulas,
217, § 1º, CF.
doutrina e costumes são considerados fontes secundárias.
Ato administrativo ou a omissão da administração pú-
Fontes do Direito
blica que contrarie súmula vinculante: só pode ser alvo de
PRINCIPAIS ART. 37 AO 41 CF/ 88 reclamação ao STF depois de esgotadas as vias administra-
FONTES LEI Nº 8.666 /93 tivas. Lei nº 11.417/2006, Art. 7º, §1º.
LEI Nº 8.112 /90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Habeas Data: é indispensável para caracterizar o interesse
LEI Nº 8.429 / 92
LEI de agir no Habeas Data a prova anterior do indeferimento do
LEI Nº 9.784 /99
pedido de informação de dados pessoais ou da omissão em
atendê-lo sem que se confirme situação prévia de pretensão.
JURISPRUDÊNCIA JURISPRUDÊNCIA
STF, HD, 22-DF Min. Celso de Mello.

DOUTRINA SÚMULAS Regime Jurídico Administrativo


É o conjunto de normas e princípios de direito público que
SÚMULAS
COSTUMES VINCULANTES (STF) regulam a atuação da administração pública. Tais regras se
fundamentam nos princípios da Supremacia e da Indisponi-
bilidade do Interesse Público, conforme estudaremos adiante.
Sistemas Administrativos O Princípio da Supremacia do Interesse Público é o funda-
mento dos poderes da Administração Pública, afinal de contas,
É o regime que o Estado adota para o controle dos atos ad-
ministrativos ilegais praticados pelo poder público nas diversas qualquer pessoa que tenha como fim máximo da sua atuação
esferas e em todos os poderes. Existem dois sistemas que são o interesse da coletividade, somente conseguirá atingir esses 291
globalmente utilizados. objetivos se dotadas de poderes especiais.
O Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público é o Poderes Funções Típicas Funções Atípicas
292 fundamento dos deveres da Administração Pública, pois essa
Criar Leis Administrar
tem o dever de nunca abandonar o interesse público e de usar Legislativo
Fiscalizar (Tribunal de Contas) Julgar Conflitos
os seus poderes com a finalidade de satisfazê-lo.
Criar Leis
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Desses dois princípios decorrem todos os outros princípios Executivo Administrar


Julgar Conflitos
e regras que se desdobram no regime jurídico administrativo.
Administrar
Judiciário Julgar Conflitos
Noções de Estado Criar Leis

É importante notar que a atividade administrativa está


Conceito de Estado presente nos três poderes, por isso, o Direito Administrativo,
Estado é a pessoa jurídica territorial soberana. por ser um dos ramos do Direito Público, disciplina não somen-
Pessoa: capacidade para contrair direitos e obrigações. te a atividade administrativa do Poder Executivo, mas também
Jurídica: é constituída por meio de uma formalidade docu- a do Poder Legislativo e do Judiciário.
mental e não por uma mulher, tal como a pessoa física. Noções de Governo
Territorial Soberana: quer dizer que, dentro do território
do Estado, esse detém a soberania, ou seja, sua vontade pre- O governo é atividade política e discricionária, tendo con-
valece ante a das demais pessoas (sejam elas físicas ou jurídi- duta independente. Governar está relacionado com a função
cas). Podemos definir soberania da seguinte forma: soberania política do Estado, a de comandar, de coordenar, de direcionar
é a independência na ordem internacional (lá fora ninguém e de fixar planos e diretrizes de atuação do Estado. O governo
Ş
ŝ#-ŝŦ

manda no Estado) e supremacia na ordem interna (aqui dentro é o conjunto de Poderes e órgãos constitucionais responsáveis
pela função política do Estado.
quem manda é o Estado).
O governo está diretamente ligado com as decisões toma-
Elementos do Estado das pelo Estado. Exerce a direção suprema e geral, ao fazer uma
Território: é a base fixa do Estado (solo, subsolo, mar, es- analogia, podemos dizer que o governo é o cérebro do Estado.
paço aéreo). Função de Governo e Função Administrativa
Povo: é o componente humano do Estado. É comum aparecer em provas de concursos públicos ques-
tões que confundem as ideias de governo e de administração
Governo Soberano: é o responsável pela condução do
pública. Para evitar esse erro, analisaremos as diferenças entre
Estado. Por ser tal governo soberano, ele não se submete a
as expressões:
nenhuma vontade externa, pois, relembrando, lá fora o Estado
é independente e aqui dentro sua vontade é suprema, afinal, a Segundo o jurista brasileiro, Hely Lopes Meirelles, o go-
vontade do Estado é a vontade do povo. verno é uma atividade política e discricionária e tem conduta
independente.
Formas de Estado De acordo com ele, a administração é uma atividade neutra,
Temos duas formas de Estado: normalmente vinculada à lei ou à norma técnica, e exercida me-
diante conduta hierarquizada.
Estado Unitário: é caracterizado pela centralização políti-
ca; não existe divisão em estados membros ou municípios, há Não podemos confundir Governo com Administração Pú-
somente uma esfera política central que emana sua vontade blica, pois governo se encarrega de definir os objetivos do Es-
para todo o país. É o caso do Uruguai. tado e definir as políticas para o alcance desses objetivos; a
Administração Pública se encarrega simplesmente em atingir
Estado Federado: caracteriza-se pela descentralização
os objetivos traçados pelo governo.
política; existem diferentes entidades políticas autônomas que
são distribuídas regionalmente e cada uma exerce o poder po- O governo atua mediante atos de soberania ou, pelo me-
lítico dentro de sua área de competência. É o caso do Brasil. nos, de autonomia política na condução dos negócios públicos.
A Administração é atividade neutra, normalmente vinculada à
Poderes do Estado lei ou à norma técnica. Governo é conduta independente, en-
Os poderes do Estado estão previstos no texto Constitu- quanto a Administração é hierarquizada.
cional. O Governo deve comandar com responsabilidade consti-
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmô-
tucional e política, mas sem responsabilidade técnica e legal
nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. pela execução. A administração age sem responsabilidade
política, mas com responsabilidade técnica e legal pela exe-
Os poderes podem exercer as funções para que foram cução dos serviços públicos.
investidos pela Constituição Federal (funções típicas) ou exe-
cutar cargos diversas das suas competências constitucionais Sistemas de Governo
(funções atípicas). Por esse motivo, não há uma divisão ab- Sistema de governo se refere ao grau de dependência en-
soluta entre os poderes, e sim relativa, pois o poder Executivo tre o poder legislativo e executivo.
pode executar suas funções típicas (administrar) e pode tam-
bém iniciar o processo legislativo em alguns casos (pedido de Parlamentarismo
vagas para novos cargos). Além disso, é possível até mesmo É caracterizado por uma grande relação de dependência
legislar no caso de medidas provisórias com força de lei. entre o poder legislativo e o executivo.
A chefia do Estado e a do Governo são desempenhadas Compõe a Administração Pública material qualquer pes-
por pessoas distintas. soa jurídica, seus órgãos e agentes que exercem as atividades
Chefe de Estado: responsável pelas relações internacionais. administrativas do Estado. Como exemplo de tais atividades,
Chefe de Governo: responsável pelas relações internas, o há a prestação de serviços públicos, o exercício do poder de
chefe de governo é o da Administração pública. polícia, o fomento, a intervenção e as atividades da Adminis-
tração Pública.
Presidencialismo Essas são as chamadas atividades típicas do Estado e, pelo
É caracterizado por não existir dependência, ou quase nenhu- critério formal, qualquer pessoa que exerce alguma dessas é Ad-
ma, entre o Poder Legislativo e o Executivo. ministração Pública, não importa quem seja. Por esse critério,
A chefia do Estado e a do Governo são representadas pela teríamos, por exemplo, as seguintes pessoas na Administração
mesma pessoa. Pública:
O Brasil adota o presidencialismo. União, Estados, Municípios, DF, Autarquias, Fundações
Públicas prestadoras de serviços públicos, Empresa Pú-
Formas de Governo blica prestadora de serviço público, Sociedade de Eco-
Conforme Hely Meirelles, a forma de governo se refere à nomia Mista prestadora de serviços públicos e, ainda,
relação entre governantes e governados. as concessionárias, autorizatárias e permissionárias de
Monarquia serviço público.
Esse critério não é o adotado pelo Brasil. Assim sendo, a
Hereditariedade: o poder é passado de pai para filho.
classificação feita acima não descreve a Administração Pública
Vitaliciedade: o detentor do poder fica no cargo até a mor- Brasileira, que, conforme veremos a seguir, adota o modelo for-
te. mal de classificação.
Ausência de prestação de contas.
Sentido Formal/Subjetivo
República
Em sentido formal ou subjetivo, a Administração Pública
Eletividade: o governante precisa ser eleito para chegar
compreende o conjunto de órgãos e pessoas jurídicas encar-
ao poder.
regadas, por determinação legal, do exercício da função admi-
Temporalidade: ao chegar ao poder, o governante ficará nistrativa do Estado.
no cargo por tempo determinado.
Pelo modelo formal, segundo Meirelles, a Administração Pú-
Dever de prestar contas.
blica é o conjunto de entidades (pessoas jurídicas, seus órgãos e
O Brasil adota a república como forma de governo. agentes) que o nosso ordenamento jurídico identifica como Ad-
2. Administração Pública ministração Pública, pouco interessa a sua área de atuação, ou

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ŝ#-ŝŦ
seja, pouco importa a atividade mas, sim, quem a desempenha.
Antes de fazermos qualquer conceituação doutrinária A Administração Pública Brasileira que adota o modelo formal é
sobre Administração Pública, podemos entendê-la como a classificada em Administração Direta e Indireta.
ferramenta utilizada pelo Estado para atingir os seus obje-
tivos. O Estado possui objetivos, e quem escolhe quais são Organização da Administração
eles é o seu governo, pois a esse é que cabe a função política A Administração Pública foi definida pela Constituição Fe-
(atividade eminentemente discricionária) do Estado e que deral no Art. 37.
determina as suas vontades, ou seja, o Governo é o cérebro
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de
do Estado. Para poder atingir esses objetivos, o Estado preci-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sa fazer algo, e o faz por meio de sua Administração Pública.
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
Sendo assim, essa é a responsável pelo exercício das ativida-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
des públicas do Estado.
de e eficiência e, também, ao seguinte:
ADMINISTRAÇÃO O Decreto-Lei nº 200/67 determina quem é Administra-
ESTADO OBJETIVO
PÚBLICA ção Pública Direta e Indireta.
Art. 4º. A Administração Federal compreende:
I. A Administração Direta, que se constitui dos
MEIO serviços integrados na estrutura administrativa
da Presidência da República e dos Ministérios.
Classificação de II. A Administração Indireta, que compreende as
Administração Pública seguintes categorias de entidades, dotadas de per-
sonalidade jurídica própria:
Sentido Material/Objetivo a) Autarquias;
Em sentido material ou objetivo, a Administração Pública b) Empresas Públicas;
compreende o exercício de atividades pelas quais se manifesta a c) Sociedades de Economia Mista. 293
função administrativa do Estado. d) Fundações públicas.
Dessa forma, temos somente quatro pessoas que repre- Descentralização Administrativa: técnica administrativa em
294 sentam a Administração Direta e nenhuma outra. São consi- que a Administração direta passa a atividade administrativa,
deradas pessoas jurídicas de direito público e possuem várias serviço ou obra pública para outras pessoas jurídicas ou físicas
características. As pessoas da Administração Direta recebem o (para pessoa física somente por delegação por colaboração). A
descentralização pode ser feita por outorga legal (titularidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nome de pessoas políticas do estado.


+ execução) ou diante delegação por colaboração (somente
A Administração Indireta também representa um rol taxati- execução). A outorga legal cria as pessoas da Administração
vo e não cabe ampliação. Existem quatro pessoas da Adminis- Indireta (FASE). A Delegação por colaboração gera os conces-
tração Indireta e nenhuma outra; elas possuem características sionários, permissionários e Autorizatários de serviços públicos:
marcantes. Contudo, não possuem a mais importante e que di- Descentralização por Outorga Legal (também cha-
ferencia das pessoas políticas do Estado, ou seja, a capacidade mada de descentralização técnica, por serviços, ou
de legislar (capacidade política). funcional): é feita por lei e transfere a titularidade
e a execução da atividade administrativa por prazo
Administração Direta indeterminado para uma pessoa jurídica integrante
da administração indireta.
A Administração Direta é representada pelas entidades Descentralização por Delegação (tam-
políticas. São elas: União, Estados, DF e os Municípios. bém chamada de descentralização por colaboração):
A definição no Brasil foi feita pelo Decreto-Lei nº 200/67, é feita em regra por um contrato administrativo e,
que dispõe sobre a organização da Administração Federal e nesses casos, depende de licitação; também pode
estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa. acontecer descentralização por delegação por meio
Ş
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É importante observar que esse decreto dispõe somente de um ato administrativo. Transfere somente a exe-
sobre a Administração Pública Federal, todavia, pela aplicação cução da atividade administrativa, e não a sua titu-
do princípio da simetria, tal regra é aplicada uniformemente por laridade, por prazo determinado para um particular,
todo o território nacional. Assim sendo, tal classificação utilizada pessoa física ou jurídica.
nesse decreto define expressamente a Administração Pública ADMINISTRAÇÃO
Federal e também, implicitamente, a Administração Pública dos DIRETA
demais entes da federação.
Os Entes Políticos possuem autonomia política (capacida-
de de legislar), administrativa (capacidade de auto-organizar-
se) e capacidade financeira (capacidade de julgar as próprias OUTORGA LEGAL DELEGAÇÃO
contas). Não podemos falar aqui em hierarquia entre os entes,
mas sim em cooperação, pois um não dá ordens aos outros, PARTICULARES QUE
ENTES DA ADMINISTRA-
visto que eles são autônomos. ÇÃO INDIRETA
VÃO EXECUTAR O SER-
VIÇO PÚBLICO POR SUA
Características CONTA E RISCO
São pessoas jurídicas de direito público interno – tem au-
tonomia.
▷ Unidas formam a República Federativa do Brasil: • AUTARQUIAS • CONCESSÕES
pessoa jurídica de direito público externo –tem so- • FUNDAÇÕES PÚBLICAS • PERMISSÕES
berania (independência na ordem externa e supre- • EMPRESAS PÚBLICAS • AUTORIZAÇÕES
macia na interna). • SOCIEDADES DE ECO-
NOMIA MISTA
▷ Regime jurídico de direito público.
▷ Autonomia Política: Administrativa e Financeira. Outorga Legal
▷ Sem subordinação: atuam por cooperação. ▷ Feita por lei;
▷ Competências: hauridas da CF. ▷ Transfere a titularidade e a execução do serviço pú-
▷ Responsabilidade civil - regra - objetiva. blico;
▷ Bens: públicos, não pode ser objeto de sequestro, ▷ Não tem prazo.
arresto, penhora etc. Delegação
▷ Débitos judiciais: são pagos por precatórios. ▷ Feita por contrato, exceto as autorizações;
▷ Regime de pessoal: regime jurídico único. ▷ Os contratos dependem de licitação;
▷ Competência para julgamento de ações judiciais. ▷ Transfere somente a execução do serviço público e
União = Justiça Federal. não a titularidade;
Demais Entes Políticos = Justiça Estadual. ▷ Há fiscalização do Poder Público. Tal fiscalização de-
corre do exercício do poder disciplinar;
Noção de Centralização, ▷ Tem prazo.
Descentralização e Desconcentração Desconcentração Administrativa: técnica de subdi-
Centralização Administrativa: órgãos e agentes traba- visão de órgãos públicos para que melhor desempe-
lhando para a Administração Direta. nhem o serviço público ou atividade administrativa.
Em outras palavras, na desconcentração, a Pessoa federal, temos como exemplo a nomeação dos dirigentes das
Jurídica distribui competências no âmbito de sua agências reguladoras. Tais nomeações são feitas pelo Presi-
própria estrutura. É a distribuição de competências dente da República e, para terem efeito, dependem de apro-
entre os diversos órgãos integrantes da estrutura de vação do Senado Federal.
uma pessoa jurídica da Administração Pública. So- Via de regra, lembraremos que a nomeação do dirigente
mente ocorre na Administração Direta ou Indireta, de uma entidade administrativa é feita pelo chefe do Poder
jamais para particulares, uma vez que não existem Executivo, sendo que, em alguns casos, é necessária a prévia
órgãos públicos entre particulares. aprovação de outro poder. Excepcionalmente, o Judiciário e o
Legislativo poderão nomear dirigentes para essas entidades,
Administração Indireta desde que vinculadas ao respectivo poder.
Criação dos Entes da Administração Indireta
Pessoas / Entes / Entidades Administrativas
A instituição das entidades administrativas depende sem-
▷ Fundações Públicas;
pre de uma lei ordinária específica. Essa lei pode criar a en-
▷ Autarquias; tidade administrativa. Nesse caso, nasce uma pessoa jurídica
▷ Sociedades de Economia Mista; de direito público, as autarquias. A lei também pode autorizar
▷ Empresas Públicas. a criação das entidades administrativas. Nessa circunstância,
Características nascem as demais entidades da administração indireta: fun-
▷ Tem personalidade jurídica própria; dações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
mista. Pelo fato dessas entidades serem autorizadas por lei,
▷ Tem patrimônio e receita próprios; elas são pessoas jurídicas de Direito Privado.
▷ Tem autonomia:
A lei que cria ou que autoriza a criação de uma entidade ad-
Administrativa; ministrativa é uma lei ordinária específica.
Técnica; Quando a lei autoriza a criação de uma entidade da Adminis-
Financeira. tração Indireta, a sua construção será consumada após o registro
Obs.: na serventia registral pertinente (cartório ou junta comercial, con-
forme o caso).
Não tem autonomia política;.
Finalidade definida em lei; DESCENTRALIZAÇÃO POR
Controle do Estado. OUTORGA LEGAL (LEI)
Não há subordinação nem hierarquia entre os entes da ad-
ministração direta e indireta, mas sim, vinculação que se ma- LEI AUTORIZA
LEI CRIA
nifesta por meio da supervisão ministerial realizada pelo mi- A CRIAÇÃO

Ş
ŝ#-ŝŦ
nistério ou secretaria da pessoa política responsável pela área
de atuação da entidade administrativa. Tal supervisão tem por
finalidade o exercício do denominado controle finalístico ou PESSOA JURÍDICA DE PESSOA JURÍDICA DE
poder de tutela. DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO
Em alguns casos, a entidade administrativa pode estar di-
retamente vinculada à chefia do poder executivo e, nesse con-
texto, caberá a essa chefia o exercício do controle finalístico de FUNDAÇÃO PÚBLICA
AUTARQUIA EMPRESA PÚBLICA
tal entidade.
SOC. DE ECON. MISTA
▷ São frutos da descentralização por outorga legal.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Nomeação de Dirigentes. Extinção dos entes da administração indireta:


Os dirigentes das entidades administrativas são nomeados ▷ Só lei revoga lei.
pelo chefe do poder a que está vinculada a respectiva enti- ▷ Se a lei cria, a lei extingue.
dade, ou seja, as entidades administrativas ligadas ao poder ▷ Se a lei autoriza a criação, autoriza também a ex-
executivo federal têm seus dirigentes nomeados pelo chefe de tinção.
tal poder, que, nesse caso, é o(a) Presidente(a) da República.
Relação da Administração
É válido lembrar que, em todos os poderes, existe a função ad-
ministrativa no executivo, de forma típica, e nos demais poderes, Pública Direta com a Indireta
de forma atípica. Além disso, a função administrativa de todos os As entidades compreendidas na Administração Indireta
poderes é exercida pela sua Administração Pública (Administra- vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver
ção Direta e Indireta), assim sendo, existe Administração Pública enquadrada sua principal atividade. Dessa forma, não há que
Direta e Indireta nos três poderes e, caso uma entidade adminis- se falar em hierarquia ou subordinação, mas, sim vinculação.
trativa seja vinculada ao Poder Legislativo ou Judiciário, caberá ao A vinculação entre a Administração Direta e a Administração
chefe do respectivo poder a nomeação de tal dirigente. Indireta gera o chamado controle finalístico ou supervisão minis-
Excepcionalmente, a nomeação de um dirigente pode terial. Assim, a Administração Direta não pode intervir nas deci- 295
depender ainda de aprovação do Poder Legislativo. Na esfera sões da Indireta, salvo se ocorrer a chamada fuga de finalidade.
Se a autarquia além das regras do regime jurídico comum
296 ainda é alcançada por alguma regra especial, peculiar às suas
SUBORDINAÇÃO E atividades, será considerada uma autarquia em regime especial.
HIERARQUIA
• Agências Reguladoras
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VÍNCULO São responsáveis por regular, normatizar e fiscalizar deter-


ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO minados serviços públicos que foram delegados ao particular.
DIRETA INDIRETA Em razão dessa característica, elas têm mais liberdade e maior
autonomia, se comparadas com as Autarquias comuns.
Ex.: ANCINE, ANA, ANAC, ANTAQ, ANATEL, ANEEL, ANP,
ANTT.
CONTROLE SUPERVISÃO • Autarquia Territorial
FINALÍSTICO MINISTERIAL É classificado como Autarquia Territorial, o espaço que faça
parte do território da União, mas que não se enquadre na defi-
Autarquias nição de Estado membro, DF ou município. No Brasil atual, não
Autarquia é a pessoa jurídica de direito público, criada por existem exemplos de Autarquias Territoriais, mas elas podem vir
lei, com capacidade de autoadministração, para o desempe- a ser criadas. Nesse caso, esses Territórios fazem parte da Ad-
ministração Direta e são Autarquias Territoriais, pois são criados
nho de serviço público descentralizado (atividade típica do
por lei e assumem personalidade jurídica de direito público.
Estado). É o próprio serviço público personificado.
• Associações Públicas (Autarquias Interfederativas ou
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Vejamos a seguir as suas características: Multifederativas)


Personalidade Jurídica: Direito Público. Também chamada de consórcio público de Direito Público.
▷ Recebem todas as prerrogativas do Direito Público. O consórcio público é a pessoa jurídica formada exclusi-
Finalidade: atividade típica do Estado. vamente por entes da Federação, na forma da Lei nº 11.107,
de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa,
Regime Jurídico: público.
inclusive a realização de objetivos de interesse comum, consti-
Responsabilidade Civil: objetiva. tuída como associação pública, com personalidade jurídica de
Bens: públicos (não podem ser objeto de penhora, arresto, direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica
sequestro). de direito privado, sem fins econômicos.
▷ Ao serem constituídas, recebem patrimônio do Ente Sendo assim, não é todo consórcio público que representa
Instituidor e, a partir desse momento, seguem com uma Autarquia Interfederativa, mas somente os públicos de
sua autonomia. Direito Público.
• Autarquia Fundacional ou Fundação Autárquica
Débitos Judiciais: pagamento por precatórios.
As Fundações Públicas de Direito Público (exceção) são
Regime de Pessoal: regime jurídico único.
consideradas, na verdade, uma espécie de autarquia.
Competência para o julgamento de suas ações judiciais: • Agências Executivas
▷ Autarquia Federal = Justiça Federal. As agências executivas não se configuram como pessoas
▷ Outras Esferas = Justiça Estadual. jurídicas, menos ainda outra classificação qualquer. Represen-
Ex.: INSS, Banco Central do Brasil. tam, na prática, um título que é dado às autarquias e funda-
ções públicas que assinam contrato de gestão com a Adminis-
Espécies de Autarquias tração Pública. Art. 37, §8º.
• Comum ou Ordinária (de Acordo com Decreto--Lei Conselhos fiscalizadores de profissões são considerados
nº 200/67) autarquias. Contudo, comportam uma exceção muito impor-
São as autarquias que recebem as características princi- tante:
pais, ou seja, criadas diretamente por lei, pessoas jurídicas de ADI 3.026-DF Min. Eros Graus. 08/06/2006. OAB: Con-
direito público e que desempenham um serviço público espe- siderada entidade sui generis, um serviço independente não
cializado; seu ato constitutivo é a própria lei. sujeita ao controle finalístico da Administração Direta.
Sob Regime Especial Fundação Pública
As autarquias em regime especial são submetidas a um A Fundação Pública é a entidade dotada de personalidade ju-
regime jurídico peculiar, diferente do jurídico relativo às au- rídica de Direito Privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
tarquias comuns. autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que
Por autarquia comum deve-se entender as ordinárias, aquelas não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público,
que se submetem a regime jurídico comum das autarquias. Na com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
esfera federal, o regime jurídico comum das autarquias é o Decre- respectivos órgãos de direção e funcionamento custeado por re-
to-Lei nº 200/67. cursos da União e de outras fontes.
Regra subsidiárias que explorem atividade econômica de
▷ Autorizada por lei; produção ou comercialização de bens ou de prestação
▷ Pessoa jurídica de Direito Privado; de serviços, dispondo sobre:
▷ Depende de registro dos atos constitutivos na junta I. Sua função social e formas de fiscalização pelo
comercial; Estado e pela sociedade;
▷ Depende de lei complementar que especifique o II. A sujeição ao regime jurídico próprio das empre-
campo de atuação. sas privadas, inclusive quanto aos direitos e obri-
gações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
Exceção
III. Licitação e contratação de obras, serviços, com-
▷ Criada diretamente por lei; pras e alienações, observados os princípios da Ad-
▷ Pessoa jurídica de direito público; ministração Pública;
▷ Possui um capital personalizado (diferença mera- IV. A constituição e o funcionamento dos conselhos
mente conceitual); de administração e fiscal, com a participação de
▷ Considerada pela doutrina como autarquia funda- acionistas minoritários;
cional.
V. Os mandatos, a avaliação de desempenho e a
As fundações públicas de Direito Público, são espécie de responsabilidade dos administradores.
autarquia, sendo chamadas pela doutrina como autarquias
§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de econo-
fundacionais.
mia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não
Características extensivos às do setor privado.
Personalidade Jurídica: Direito Privado. § 3º - A lei regulamentará as relações da Empresa Pú-
Finalidade: Lei complementar definirá – Sem fins blica com o Estado e a sociedade.
lucrativos. § 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que
Regime Jurídico: Híbrido (regras de Direito Público vise à dominação dos mercados, à eliminação da concor-
+ Direito Privado) incontroverso. rência e ao aumento arbitrário dos lucros.
Responsabilidade Civil: se for prestadora de ser- § 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade indivi-
viço público é objetiva, caso contrário é subjetiva. dual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
Bens Privados, com exceção: bens diretamente responsabilidade desta, sujeitando-a as punições com-
ligados à prestação de serviço público são bens pú- patíveis com sua natureza, nos atos praticados contra
blicos. a ordem econômica e financeira e contra a economia
Débitos Judiciais: são pagos por meio do seu patri- popular.

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ŝ#-ŝŦ
mônio, com exceção dos bens diretamente ligados à Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Presta-
prestação de serviços públicos, que são bens públicos doras de Serviço Público
e não se submetem a pagamento de débitos judiciais. Essas entidades são criadas para a exploração da atividade
Regime de Pessoal: Regime Jurídico Único. econômica em sentido amplo, o que inclui o exercício delas em
Competência para o julgamento de suas ações sentido estrito e também a prestação de serviços públicos que
judiciais: podem ser explorados com o intuito de lucro.
Justiça Federal. Segundo o Art. 175 da Constituição Federal:
Outras esferas = Justiça Estadual.
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di-
Ex.: IBGE, Biblioteca Nacional, FUNAI.
retamente ou sob regime de concessão ou permissão,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Empresas Públicas e Sociedades sempre através de licitação, a prestação de serviços


públicos.
de Economia Mista
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
São pessoas jurídicas de Direito Privado, criadas pela
Administração Direta por meio de autorização da lei, com o I. O regime das empresas concessionárias e permis-
respectivo registro, para a prestação de serviços públicos ou sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
a exploração da atividade econômica. seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Explo- condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
radoras da Atividade Econômica concessão ou permissão;
Segundo o Art. 173 da Constituição Federal: II. Os direitos dos usuários;
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Consti- III. Política tarifária;
tuição, a exploração direta de atividade econômica pelo IV. A obrigação de manter serviço adequado.
Estado só será permitida quando necessária aos impe-
rativos da segurança nacional ou a relevante interesse Não se inclui nessa categoria os serviços públicos relativos aos
coletivo, conforme definidos em lei. direitos sociais, pois esses não podem ser prestados com o intuito
§ 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da Empre- de lucro pelo Estado e, também, não são de titularidade exclusiva 297
sa Pública, da sociedade de economia mista e de suas do Estado, podendo ser livremente explorados por particulares.
Características Comuns das Empresas Pú- Administração Indireta:
298 blicas e Sociedades de Economia Mista ▷ Autorizada por lei;
Personalidade Jurídica: Direito Privado. ▷ Pessoa jurídica de Direito Privado;
Finalidade: prestação de serviço público ou a exploração ▷ Capital 50% + 1 ação no controle da Administração
Pública;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

da atividade econômica.
Regime Jurídico Híbrido: se for prestadora de serviço pú- ▷ onstituição obrigatória por sociedade anônima
blico, o regime jurídico é mais público; se for exploradora da (S.A.);
atividade econômica, o regime jurídico é mais privado. ▷ Competência da Justiça Estadual.
Responsabilidade Civil: se for prestadora de serviço público, Empresa Pública
a responsabilidade civil é objetiva, se for exploradora da atividade Entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Pri-
econômica, a civil é subjetiva. vado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, au-
Bens Privados, com exceção: bens diretamente ligados à torizado por lei para a exploração de atividade econômica que
prestação de serviço público são bens públicos.Débitos Judiciais: o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou
são pagos por meio do seu patrimônio, com exceção dos bens di- de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qual-
retamente ligados à prestação de serviços públicos, que são bens quer das formas admitidas em direito.
públicos e não se submetem a pagamento de débitos judiciais. ▷ Autorizado por lei;
Regime de Pessoal: CLT – Emprego Público. ▷ Pessoa jurídica de Direito Privado;
Exemplo de Empresa Pública: Caixa Econômica Federal, ▷ 100% na constituição de capital público;
Correios. ▷ Constituído de qualquer forma admitido em direito;
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Exemplo de Sociedade de Economia Mista: Banco do Bra- ▷ Competência da Justiça Federal.


sil e Petrobras. Esse quadro foi desenvolvido para memorização das ca-
Sociedade de Economia Mista racterísticas mais importantes das pessoas da Administração
A Sociedade de Economia Mista é uma entidade dota- Pública indireta.
da de personalidade jurídica de Direito Privado, autoriza- Tabela Comparativa das Características dos
da por lei para a exploração de atividade econômica, sob Entes da Administração Pública
a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a EAE: Exploração da atividade econômica.
voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
PSP: Prestação de serviço público.

ENTIDADES SOCIEDADE DE
CARACTERÍSTICA AUTARQUIA FUNDAÇÃO PÚBLICA EMPRESA PÚBLICA
POLÍTICAS ECONOMIA MISTA

PERSONALIDADE
Direito Público Direito Público Direito Privado Direito Privado Direito Privado
JURÍDICA

Exploração da ativi-
Exploração da atividade
Competências Atividade dade econômica OU
FINALIDADE Lei Complementar definirá econômica OU prestação
constitucionais típica do Estado prestação de serviço
de serviço público
público

Híbrido: se PSP + público. Híbrido: se EAE + privado; Híbrido: se EAE +


REGIME JURÍDICO Direito Público Direito Público Caso desenvolva outra se privado; se PSP +
atividade, mais privado. PSP + público público

RESPONSABILIDADE Objetiva: ação Objetiva: ação PSP = Objetiva, nos demais PSP = Objetiva, EAE = PSP = Objetiva, EAE
CIVIL Subjetiva: omissão Subjetiva: omissão casos, subjetiva Subjetiva = Subjetiva

Privados, exceção:
Privados, exceção: bens Privados, exceção: bens
bens diretamente
diretamente ligados à diretamente ligados à
BENS Públicos Públicos ligados à prestação
prestação de serviços públi- prestação de serviços pú-
de serviços públicos
cos são bens públicos. blicos são bens públicos.
são bens públicos.

DÉBITOS JUDICIAIS Precatórios Precatórios Patrimônio Patrimônio Patrimônio

Regime Jurídico
REGIME DE PESSOAL Regime Jurídico Único Regime Jurídico Único CLT CLT
Único

COMPETÊNCIA PARA União: Justiça Fed- Federal: Justiça Federal; Federal: Justiça Federal; Federal: Justiça Federal; Todas: Justiça
eral; Demais: Justiça
JULGAMENTO Demais: Justiça Estadual. Demais: justiça Estadual. Demais: justiça Estadual. Estadual.
Estadual.
3. Órgão Público Características
Neste capítulo, aprenderemos a respeito dos órgãos públi- Não possui personalidade jurídica
cos, sua finalidade, seu papel na estrutura da Administração Muitas pessoas se assustam com essa regra devido ao fato
Pública, bem como as diversas teorias e classificações relativas de o órgão público ter CNPJ, realizar licitações e também por
ao tema. Começaremos a partir das teorias que buscam expli- celebrar contratos públicos. Todavia, essas situações não de-
car o que é o órgão público. vem ser levadas em consideração nesse momento.
O CNPJ não é suficiente para conferir personalidade jurídi-
Teorias ca para o órgão público, a sua instituição está ligada ao direito
São três as teorias criadas para caracterizar e conceituar a tributário, e realmente o órgão faz licitação, celebra contratos,
ideia de órgão público: a Teoria do Mandato, Teoria da Repre- mas ele não possui direitos, não é responsável pela conduta
sentação e Teoria Geral do Órgão. dos seus agentes e tudo isso por que ele não possui personali-
Teoria do Mandato dade jurídica, órgão público não é pessoa.
Essa teoria preceitua que o agente, pessoa física, fun- Integram a estrutura da pessoa ju-
cionaria como o mandatário da pessoa jurídica, agindo sob rídica que pertencem
seu nome e com a responsabilidade dela, em razão de ou- O órgão público é simplesmente o integrante da estrutura
torga específica de poderes (não adotado). corporal (orgânica) da pessoa jurídica a que está ligado. O ór-
Teoria da Representação gão público é para a pessoa jurídica a que está ligado, o que o
coração, os rins, o fígado, o estômago e o pulmão, dentre tan-
O agente funcionaria como um tutor ou curador do Esta- tos outros órgãos do corpo humano são para nós, essenciais.
do, que representaria nos atos que necessita participar (não
▷ Não possui capacidade processual, salvo os órgãos
adotado).
independentes e autônomos que podem impetrar
Teoria Geral do Órgão Mandado de Segurança em defesa de suas prerro-
gativas constitucionais, quando violadas por outro
Tem-se presunção de que a pessoa jurídica exteriora sua
órgão.
vontade por meio dos órgãos, os quais são parte integrante da
própria estrutura da pessoa jurídica, de tal modo que, quando ▷ Não possui patrimônio próprio.
os agentes que atuam nesses órgãos manifestam sua vontade, ▷ São hierarquizados.
considera-se que essa foi manifestada pelo próprio Estado. Fa- ▷ São frutos da desconcentração.
lamos em imputação da atuação do agente, pessoa natural, à ▷ Estão presentes na Administração Direta e Indireta.
pessoa jurídica (adotado pela CF/88). ▷ Criação e extinção: por meio de Lei.

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Alguns órgãos possuem uma pequena capacidade, que é ▷ Estruturação: pode ser feita por meio de decreto au-
impetrar mandado de segurança para garantir prerrogativas tônomo, desde que não impliquem em aumento de
próprias. Contudo, somente os órgãos independentes e au- despesas.
tônomos têm essa capacidade.
▷ Os agentes que trabalham nos órgãos estão em impu-
Segundo o doutrinador Hely Lopes Meirelles, os órgãos tação à pessoa jurídica que estão ligados.
não possuem personalidade jurídica, tampouco vontade pró-
pria, agem em nome da entidade a que pertencem, mantendo Classificação
relações entre si e com terceiros, e não possuem patrimônio
próprio. Os órgãos manifestam a vontade da Pessoa Jurídica à Dentre as diversas classificações pertinentes ao tema,
qual pertencem; os agentes, quando atuam para o Estado, di- a partir de agora, abordaremos as classificações quanto à
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

zemos que estão em imputação à pessoa jurídica a qual estão posição estatal que leva em consideração a relação de su-
efetivamente ligados. Assim, falamos em imputação à pessoa bordinação e hierarquia, a estrutura que se relaciona com a
jurídica. desconcentração e a composição ou atuação funcional que se
Constatamos que órgãos são meros centros de compe- relaciona com a quantidade de agentes que agem e manifes-
tência, e os agentes que trabalham nesses órgãos estão em tam vontade em nome do órgão.
imputação à pessoa jurídica a que estão ligados; suas ações Posição Estatal
são imputadas ao ente federativo. Assim, quando um servi-
dor público federal atua, suas ações são imputadas (como se Quanto à posição estatal, os órgãos são classificados em
o próprio Estado estivesse agindo) à União, pois o agente é independentes, autônomos, superiores e subalternos:
ligado a um órgão que pertence a esse ente. Órgãos Independentes
Ex.: Quando um Policial Federal está trabalhando, ele é um ▷ São considerados o mais alto escalão do Governo.
agente público que atua dentro de um órgão (Departamento
▷ Não exercem subordinação.
de Polícia Federal) e suas ações, quando feitas, são conside-
radas como se a União estivesse agindo. Por esse motivo, os ▷ Seus agentes são inseridos por eleição.
atos que gerem prejuízo a terceiros são imputados a União, ▷ Têm suas competências determinadas pelo texto
ou seja, é a União que paga o prejuízo e, depois, entra com constitucional. 299
ação regressiva contra o agente público. ▷ Possuem alguma capacidade processual.
Órgãos Autônomos Conceito
300 ▷ São classificados como órgãos diretivos. Considera-se agente público toda pessoa física que exerça,
▷ Possuem capacidade administrativa, financeira e ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, no-
técnica. meação, designação, contratação ou qualquer outra forma de in-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ São exemplos os Ministérios e as Secretarias. vestidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função pública.
▷ Possuem alguma capacidade processual.
Classificação
Órgãos Superiores ▷ Agentes políticos.
▷ São órgãos de direção, controle e decisão. ▷ Agentes administrativos.
▷ Não possuem autonomia administrativa ou financeira. ▷ Particulares em colaboração com o poder público.
▷ Exemplos são as coordenadorias, gabinetes, etc.
Agentes Políticos
Subalternos Estão nos mais altos escalões do Poder Público. São res-
▷ Exercem atribuições de mera execução. ponsáveis pela elaboração das diretrizes governamentais e
▷ Exercem reduzido poder decisório. pelas funções de direção, orientação e supervisão geral da
Administração Pública.
▷ São exemplos as seções de expediente ou de ma-
teriais. Características
▷ Sua competência é haurida da Constituição Federal.
Estrutura ▷ Não se sujeitam às regras comuns aplicáveis aos ser-
Ş
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A classificação quanto à estrutura leva em consideração, a vidores públicos em geral.


partir do órgão analisado, se existe ou não um processo de des- ▷ Normalmente são investidos em seus cargos por
concentração, se há ramificações que levam a órgãos subordina- meio de eleição, nomeação ou designação.
dos ao órgão analisado. ▷ Não são hierarquizados, subordinando-se tão so-
mente à Constituição Federal.
Simples: são aqueles que representam um só centro de
Exceção: auxiliares imediatos dos chefes do Executivo são,
competências, sem ramificações, independentemente do nú- hierarquizados, pois se subordinam ao líder desse poder.
mero de cargos. Ex.: Ministros de Estado; Secretários estaduais e municipais.
Composto: são aqueles que reúnem em sua estrutura diver- Poder Federal Estadual Municipal
sos órgãos, ou seja, existem ramificações.
Presidente da Governadores; Prefeitos;
A Presidência da República é um órgão composto, pois dela Executivo República; Secretários Secretários
se origina outros órgãos de menor hierarquia, dentre esses o Ministros de Estados. Estaduais. Municipais.
Ministério da Justiça, por exemplo, que também é órgão com- Deputados Fed-
Deputados
posto, pois, a partir dele, tem-se novas ramificações, tais como o Legislativo erais; Vereadores
Estaduais.
Departamento Penitenciário Nacional, o Departamento de Polí- Senadores.
cia Federal, entre outros . Membros do Poder
Membros do
Judiciário Poder Judiciário Não há
A partir da Presidência da República, tem-se também um Judiciário Federal.
Estadual.
órgão chamado de gabinete, e esse é considerado simples, pois
Membros do Membros do
a partir dele não há novos órgãos, ou seja, não nasce nenhuma Ministério
Ministério Público Ministério Público Não há
ramificação a partir do gabinete da Presidência da República. Público
Federal. Estadual.

Atuação Funcional/Composição Agentes Administrativos


Os órgãos públicos podem ser classificados em singulares São as pessoas que exercem atividade pública de natureza
ou colegiados: profissional, permanente e remunerada, estão sujeitos à hie-
rarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pelo ente
Órgãos Singulares ou Unipessoais: a sua atuação ou deci-
ao qual pertencem. O vínculo entre esses agentes e o ente ao
sões são atribuições de um único agente. qual estão ligados é um vínculo de natureza permanente.
Ex.: Presidência da República.
Servidores Públicos (estrito): são os titulares de cargos
Órgão Colegiado ou Pluripessoal: a atuação e as decisões públicos3 (efetivos e comissionados), são vinculados ao seu
dos órgãos colegiados acontecem mediante obrigatória mani- cargo por meio de um estatuto estabelecido pelo ente con-
festação conjunta de seus membros. tratante.
Ex.: Congresso Nacional, Tribunais de Justiça. Empregados Públicos: são os ocupantes de Emprego Pú-
blico4; são vinculados ao seu emprego por meio da CLT (Con-
4. Agentes Públicos solidação das Leis do Trabalho).
Neste capítulo estudaremos a respeito dos agentes públi- 3 Os cargos públicos estão presentes na Administração Direta da União, dos Esta-
dos, do DF e dos Municípios, e também nas suas autarquias e fundações públicas.
cos, sua finalidade, seu papel na estrutura da administração 4 Os empregos públicos estão presentes nas empresas públicas e sociedades de
pública, bem como as diversas classificações relativas ao tema. economia mista.
Temporários: são contratados por tempo determinado para trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
atender necessidade temporária de excepcional interesse público. de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
Exercem função pública temporária e remunerada, estão vincula- de e eficiência e, também, ao seguinte (Ver CF/88).
dos à administração pública por meio de um contrato de direito
público e não de natureza trabalhista. O meio utilizado pelo Esta-
Classificação
do para selecionar os temporários é o processo seletivo simplifica- Os princípios da Administração Pública são classificados
do e não o concurso público. como princípios explícitos (expressos) e implícitos.
Algumas doutrinas dividem a classificação dos servido- É importante apontar que não existe relação de subordi-
res públicos em sentido amplo e em estrito. Nesse último nação e de hierarquia entre os princípios expressos e os im-
caso, servidor público é o que consta acima, ou seja, so- plícitos; na verdade, essa relação não existe entre nenhum
mente os titulares de cargos públicos; já em sentido amplo, princípio.
adota-se a seguinte regra: servidor público é um gênero Isso quer dizer que, em um aparente conflito entre os prin-
que comporta três espécies: os servidores estatutários, os cípios, um não exclui o outro, pois deve o administrador pú-
empregados públicos e os servidores temporários. Então, blico observar ambos ao mesmo tempo, devendo nortear sua
caso se adote o conceito de servidor público em sentido decisão na obediência de todos os princípios fundamentais
amplo, este será sinônimo de agente administrativo. pertinentes ao caso em concreto.
Servidor Público (Amplo): Como exemplo, não pode o administrador público deixar
▷ Servidor Estatutário = servidor público (estrito) de observar o princípio da legalidade para buscar uma atuação
▷ Empregado Público = empregado público mais eficiente (de acordo com o Princípio da Eficiência), deven-
▷ Servidor Temporário = temporário do ele, na colisão entre os dois princípios, observar a lei e ainda
buscar a eficiência conforme os meios que lhes seja possível.
Particulares em Colaboração Os princípios explícitos ou expressos são aqueles que estão
com o Poder Público descritos no caput do Art. 37 da CF. São eles:
Agentes Honoríficos: são cidadãos que transitoriamente
são requisitados ou designados para prestar certos serviços pú- LEGALIDADE
blicos específicos em razão da sua honra, da sua conduta cívica
ou de sua notória capacidade profissional. Geralmente atuam IMPESSOALIDADE
sem remuneração. São os mesários, jurados, entre outros.
Agentes Delegados: são particulares que recebem a incum-
MORALIDADE
bência de exercer determinada atividade, obra ou serviço, por PUBLICIDADE

Ş
ŝ#-ŝŦ
sua conta e risco e em nome próprio, sob permanente fiscali-
zação do poder contratante, ou seja, são aquelas pessoas que
recebem a incumbência de prestar certas atividades do Estado
EFICIÊNCIA
por meio da descentralização por delegação. São elas: Os princípios implícitos são aqueles que não estão descri-
▷ Autorizatárias de serviços públicos; tos no caput do Art. 37 da CF. São eles:
▷ Concessionárias de serviços públicos; ▷ Supremacia do Interesse Público;
▷ Permissionárias de serviços públicos. ▷ Indisponibilidade do Interesse Público;
Agentes Credenciados: são os particulares que recebem a ▷ Motivação;
incumbência de representar a administração em determinado ▷ Razoabilidade;
ato ou praticar certa atividade específica, mediante remunera- ▷ Proporcionalidade;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ção do Poder Público credenciante. ▷ Autotutela;


▷ Continuidade dos Serviços Públicos;
5. Princípios Fundamentais da ▷ Segurança Jurídica, entre outros.
Administração Pública A seguir, analisaremos as características dos princípios
fundamentais da administração pública que mais aparecem
Neste capítulo, o objetivo é conhecer o rol de princípios
nas provas de concurso público.
fundamentais que norteiam e orientam toda a atividade admi-
nistrativa do Estado, bem como toda a atuação da Administra- Princípio da Legalidade
ção Pública direta e indireta. O Princípio da Legalidade está previsto em dois luga-
Tais princípios são de observância obrigatória para toda a res distintos na Constituição Federal. Em primeiro plano,
Administração Pública, quer da União, dos Estados, do Distri- no Art. 5º, II: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
to Federal, quer dos Municípios. São considerados expressos, fazer alguma coisa senão em virtude de lei. O Princípio da
pois estão descritos expressamente no caput do Art. 37 da Legalidade regula a vida dos particulares e, ao particular,
Constituição Federal de 1988. é facultado fazer tudo que a lei não proíbe; é o chamado
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de princípio da Autonomia da Vontade. Essa regra não deve 301
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- ser aplicada à administração pública.
Em segundo plano, o Art. 37, caput do texto Constitucio-
302 nal, determina que a Administração Pública somente pode
FINS PÚBLICOS
fazer aquilo que a lei determina ou autoriza. Assim, em caso
de omissão legislativa (falta de lei), a Administração Pública
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

está proibida de agir. IMPESSOALIDADE


Nesse segundo caso, a lei deve ser entendida em senti-
do amplo, o que significa que a administração pública deve PROIBIÇÃO DE PROMOÇÃO
obedecer aos mandamentos constitucionais, às leis formais e PESSOAL § 1º, ART. 37
materiais (leis complementares, leis delegadas, leis ordinárias,
Medidas Provisórias) e também às normas infra legais (decre- Princípio da Moralidade
tos, resoluções, portarias, entre outros), e não somente a lei O Princípio da Moralidade é um complemento ao da legali-
em sentido estrito. dade, pois nem tudo que é legal é moral. Dessa forma, o Esta-
do impõe a sua administração a atuação segundo a lei e tam-
PRINCÍPIO PARA
TODOS OS
bém segundo a moral administrativa. Tal princípio traz para o
Art. 5º
agente público o dever de probidade. Esse dever é sinônimo
PARTICULARES
de atuação com ética, decoro, honestidade e boa-fé.
O Princípio da Moralidade determina que o agente deva
LEGALIDADE
sempre trabalhar com ética e em respeito aos princípios mo-
Ş
ŝ#-ŝŦ

rais da administração pública. O princípio está intimamente


Art. 37 PRINCÍPIO PARA TODA ligado ao dever de probidade (honestidade) e sua não obser-
caput ADMINISTRAÇÃO vação acarreta a aplicação do Art. 37, §4º da CF/88 e a Lei nº
PÚBLICA 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa); (Ver CF/88).
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importa-
Princípio da Impessoalidade rão a suspensão dos direitos políticos, a perda da fun-
ção pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
O Princípio da Impessoalidade determina que todas as mento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
ações da administração pública devem ser revestidas de fi- sem prejuízo da ação penal cabível. (Ver CF/88)
nalidade pública. Além disso, como segunda vertente, proí- O desrespeito ao Princípio da Moralidade afeta a própria
be a promoção pessoal do agente público, como determina legalidade do ato administrativo, ou seja, leva a anulação do
o Art. 37, § 1º da CF/88: ato, e ainda pode acarretar a responsabilização dos agentes
por improbidade administrativa.
Art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, O Princípio da Moralidade não se refere ao senso comum
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter de moral, que é formado por meio das instituições que pas-
caráter educativo, informativo ou de orientação social, sam pela vida da pessoa, tais como família, escola, igreja, entre
dela não podendo constar nomes, símbolos ou ima- outras. Para a administração pública, esse princípio refere-se
à moralidade administrativa, que está inserida no corpo das
gens que caracterizem promoção pessoal de autorida-
normas de Direito Administrativo.
des ou servidores públicos (Ver CF/88).
O Princípio da Impessoalidade é tratado sob dois prismas, Princípio da Publicidade
a saber: Esse princípio deve ser entendido como aquele que deter-
mina que os atos da Administração sejam claros quanto à sua
▷ Como determinante da finalidade de toda atuação procedência. Por esse motivo, em regra, os atos devem ser pu-
administrativa (também chamado de princípio da blicados em diário oficial e, além disso, a Administração deve
finalidade, considerado constitucional implícito, in- tornar o fato acessível (público). Tornar público é, além de
serido no princípio expresso da impessoalidade). publicar em diário oficial, apresentar os atos na Internet, pois
esse meio hoje é o que deixa todas as informações acessíveis.
▷ Como vedação a que o agente público se promova à
O Princípio da Publicidade apresenta dupla acepção em
custa das realizações da administração pública (veda-
face do sistema constitucional vigente:
ção à promoção pessoal do administrador público pe- ▷ Exigência de publicação em órgão oficial como re-
los serviços, obras e outras realizações efetuadas pela quisito de eficácia dos atos administrativos que de-
administração pública). vam produzir efeitos externos e dos atos que impli-
É pelo Princípio da Impessoalidade que dizemos que o quem ônus para o patrimônio público.
agente público age em imputação à pessoa jurídica a que Essa regra não é absoluta, pois, em defesa da intimidade
e também do Estado, alguns atos públicos não precisam ser
está ligado, ou seja, pelo princípio da impessoalidade as publicados:
ações do agente público são determinadas como se o pró- Art. 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida pri-
prio Estado estivesse agindo. vada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral de- com a Emenda Constitucional nº 19/98), e apresenta dois as-
corrente de sua violação. pectos principais:
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos ór- ▷ Relativamente à forma de atuação do agente públi-
gãos públicos informações de seu interesse particular, ou co, espera-se o melhor desempenho possível de suas
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no atribuições, a fim de obter os melhores resultados.
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas ▷ Quanto ao modo de organizar, estruturar e discipli-
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da nar a Administração Pública, exigiu-se que esse seja
sociedade e do Estado. o mais racional possível, no intuito de alcançar me-
Sendo assim, o ato que tiver em seu conteúdo uma infor- lhores resultados na prestação dos serviços públicos.
mação sigilosa ou relativa à intimidade da pessoa tem que res- Art. 37, § 8º - A autonomia gerencial, orçamentária
guardar o devido sigilo. e financeira dos órgãos e entidades da administração
▷ Exigência de transparência da atuação administra- direta e indireta poderá ser ampliada mediante contra-
tiva: to, a ser firmado entre seus administradores e o poder
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
público, que tenha por objeto a fixação de metas de
públicos informações de seu interesse particular, ou de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
dispor sobre (Ver CF/88).
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas O Princípio da Eficiência orienta a atuação da adminis-
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e tração pública de forma que essa busque o melhor custo
do Estado; (Ver CF/88). benefício no exercício de suas atividades, ou seja, os ser-
viços públicos devem ser prestados com adequação às ne-
O Princípio da Publicidade orientou o poder legislativo cessidades da sociedade que o custeia.
nacional a editar a Lei nº 12.527/2011, que regulamenta o dis-
positivo do Art. 5º, XXXIII, da CF. Dispõe sobre o acesso à infor- A atuação da Administração Pública tem que ser eficiente,
o que acarreta ao agente público o dever de agir com presteza,
mação pública, sobre a informação sigilosa, sua classificação,
esforço, rapidez e rendimento funcional. O seu descumprimen-
bem como a informação pessoal, entre outras providências.
to poderá acarretar a perda do seu cargo por baixa produti-
Tal dispositivo merece ser lido, pois essa lei transpassa toda a
vidade apurada em procedimento da avaliação periódica de
essência do Princípio da Publicidade.
desempenho, tanto antes da aquisição da estabilidade, como
Podemos inclusive afirmar que esse princípio foi materiali- também após.
zado em lei após a edição da Lei nº 12.527/2011. Veja a seguir a
redação do Art. 3º dessa Lei: Princípio da Supremacia do
Art. 3º. Os procedimentos previstos nesta Lei desti- Interesse Público sobre o Privado
nam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
Esse princípio é também considerado o norteador do

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informação e devem ser executados em conformidade
Direito Administrativo. Ele determina que o Estado, quando
com os princípios básicos da administração pública e
trabalhando com o interesse público, se sobrepõe ao parti-
com as seguintes diretrizes: cular. Devemos lembrar que esse princípio deve ser utilizado
I. Observância da publicidade como preceito geral pelo administrador público de forma razoável e proporcional
e do sigilo como exceção; para que o ato não se transforme em arbitrário e, consequen-
II. Divulgação de informações de interesse público, temente, ilegal.
independentemente de solicitações; É o fundamento das prerrogativas do Estado, ou seja,
III. Utilização de meios de comunicação viabiliza- da relação jurídica desigual ou vertical entre o Estado e o
dos pela tecnologia da informação; particular. A exemplo, temos o poder de império do Estado
(também chamado de poder extroverso), que se manifesta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
IV. Fomento ao desenvolvimento da cultura de
transparência na administração pública; por meio da imposição da lei ao administrado, admitindo
V. Desenvolvimento do controle social da adminis- até o uso da força coercitiva para o cumprimento da norma.
tração pública. Assim sendo, a administração pública pode criar obrigações,
restringir ou condicionar os direitos dos administrados.
Limitações:
PUBLICAR
▷ Respeito aos demais princípios;
▷ Não está presente diretamente nos atos de gestão5.
Exemplos de Incidência:
PUBLICIDADE
Intervenção na propriedade privada;
TRANSPAR- Exercício do poder de polícia, limitando ou condicionan-
TORNAR ÊNCIA do o exercício de direito em prol do interesse público;
PÚBLICO
DO ATO Presunção de legitimidade dos atos administrativos.
5 Atos de gestão são praticados pela administração na qualidade de gestora de
Princípio da Eficiência seus bens e serviços, sem exercício de supremacia sobre os particulares, assem-
elhando-se aos atos praticados pelas pessoas privadas. São exemplos de atos de 303
O Princípio da Eficiência foi o último a ser inserido no bojo gestão a alienação ou a aquisição de bens pela administração pública, o aluguel a um
do texto constitucional (o Princípio da Eficiência foi incluído particular de um imóvel de propriedade de uma autarquia, entre outros.
Princípio da Indisponibilidade Veja que o administrador não pode fazer menos ou mais
304 do que a lei determina, isso em obediência ao Princípio da
do Interesse Público
Legalidade, senão cometerá abuso de poder.
Conforme dito anteriormente, o princípio da indisponibi-
lidade do interesse público juntamente com o da supremacia Princípio da Autotutela
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do interesse público, formam os pilares do regime jurídico ad- O Princípio da Autotutela propicia o controle da Adminis-
ministrativo. tração Pública sob seus próprios atos em dois pontos especí-
Esse princípio é o fundamento das restrições do Estado. ficos:
Assim sendo, apesar de o Princípio da Supremacia do Interes-
De legalidade: em que a Administração pode controlar
se Público prever prerrogativas especiais para a Administração
seus próprios atos quando eivados de vício de ilegalidade,
Pública em determinadas relações jurídicas com o administra-
do, tais poderes são ferramentas que a ordem jurídica confere sendo provocado ou de ofício.
ao agentes públicos para alcançar os objetivos do Estado. E De mérito: a Administração Pública pode revogar seus
o uso desses poderes, então, deve ser balizado pelo interesse atos por conveniência e oportunidade.
público, o que impõe restrições legais a sua atuação, garantin- Súmula 473 do STF. A Administração pode anular seus
do que a utilização do poder tenha por finalidade o interesse próprios atos, quando eivados de vícios que os tor-
público e não o do administrador. nam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
Sendo assim, é vedada a renúncia do exercício de compe- revogá-los, por motivo de conveniência ou oportuni-
tência pelo agente público, pois a atuação desse não é baliza- dade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalva-
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da por sua vontade pessoal, mas, sim, pelo interesse público, da, em todos os casos, a apreciação judicial.
também chamado de interesse da lei. Os poderes conferidos O Princípio da Autotutela não exclui a possibilidade de
aos agentes públicos têm a finalidade de auxiliá-los a atingir controle jurisdicional do ato administrativo previsto no Art.
tal interesse. Com base nessa regra, concluímos que esses 5º, XXXV, da CF: a lei não excluirá da apreciação do Poder
agentes não podem dispor do interesse público, por não ser o Judiciário lesão ou ameaça a direito.
seu proprietário, e sim o povo. Ao agente público cabe a ges-
Poder
tão da Administração Pública em prol da coletividade.
Judiciário
Princípios da Razoabilidade (critério de
ANULAÇÃO Ex-tunc
e Proporcionalidade Ato Ilegal Retroativos legalidade)
Os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade
não se encontram expressos no texto constitucional. Esses são Própria
classificados como princípios gerais do Direito e são aplicáveis Administração
a vários ramos da ciência jurídica. São chamados de princípios
da proibição de excesso do agente público. Poder Judiciário não revoga
Poder
A razoabilidade diz que toda atuação da Administração ato de outro poder
Judiciário
tem que seguir a teoria do homem médio, ou seja, as decisões
devem ser tomadas segundo o critério da maioria das pessoas REVOGAÇÃO Ex-nunc (critério
“racionais”, sem exageros ou deturpações. Ato Legal Prospectivos de mérito)
Razoabilidade: adequação entre meios e fins. O Princí-
pio da Proporcionalidade diz que o agente público deve ser Própria
proporcional no uso da força para o cumprimento do bem Administração
público, ou seja, nas aplicações de penalidades pela Admi-
nistração deve ser levada em conta sempre a gravidade da Princípio da Ampla Defesa
falta cometida. A ampla defesa determina que todos que sofrerem medi-
Proporcionalidade: vedação de imposição de obrigações, das de caráter de pena terão direito a se defender de todos os
restrições e sanções em medida superior àquela estritamente meios disponíveis legais em direito. Está previsto nos proces-
necessária ao interesse público. sos administrativos disciplinares:
Podemos dar como exemplo a atuação de um fiscal sani- Art. 5ª, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
tário, que esteja vistoriando dois estabelecimentos e, em um administrativo, e aos acusados em geral são assegu-
rados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
deles, encontre um quilo de carne estragada e, no outro, en- recursos a ela inerentes;
contre uma tonelada.
Na aplicação da penalidade, deve ser respeitada tanto a ra- Princípio da Continuidade
zoabilidade quanto a proporcionalidade, ou seja, aplica-se, no do Serviço Público
primeiro, uma penalidade pequena, uma multa, por exemplo, O Princípio da Continuidade do Serviço Público tem como
e, no segundo, uma penalidade grande, suspensão de 90 dias. escopo (objetivo) não prejudicar o atendimento dos serviços
essenciais à população. Assim, evitam que esses sejam inter- II. Assistência médica e hospitalar;
rompidos. III. Distribuição e comercialização de medicamen-
O professor Celso Ribeiro Bastos6 é um dos doutrinadores tos e alimentos;
que defende a não interrupção do serviço público essencial: O IV. Funerários;
serviço público deve ser prestado de maneira contínua, o que V. Transporte coletivo;
significa dizer que não é passível de interrupção. Isso ocorre
pela própria importância de que tal serviço se reveste, o que VI. Captação e tratamento de esgoto e lixo;
implica ser colocado à disposição do usuário com qualidade VII. Telecomunicações;
e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade... VIII. Guarda, uso e controle de substâncias radioa-
Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira ab- tivas, equipamentos e materiais nucleares;
soluta, quer dizer, sem qualquer abrandamento, como ocorre IX. Processamento de dados ligados a serviços es-
com serviços que atendem necessidades permanentes, como senciais;
é o caso de fornecimento de água, gás, eletricidade. Diante, X. Controle de tráfego aéreo;
pois, da recusa de um serviço público, ou do seu fornecimento,
XI. Compensação bancária.
ou mesmo da cessação indevida desse, pode o usuário utilizar-
se das ações judiciais cabíveis, até as de rito mais célere, como Princípio da Segurança Jurídica
o mandado de segurança e a própria ação cominatória.
Esse princípio veda a aplicação retroativa da nova interpre-
Regra: tação da norma.
▷ Os serviços públicos devem ser adequados e ininter- Caso uma regra seja revogada ou alterada a sua redação
ruptos. ou interpretação, os atos praticados durante a vigência da nor-
Exceção: ma antiga continuam valendo, pois tal princípio visa resguar-
dar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
▷ Aviso prévio;
Assim, temos que a nova interpretação da norma, via de re-
▷ Situações de emergência.
gra, somente terá efeitos prospectivos, ou seja, da data em que
Alcance: for revogada para frente, não atingindo os atos praticados na
▷ Todos os prestadores de serviços públicos; vigência da norma antiga.
▷ Administração Direta;
▷ Administração Indireta; 6. Poderes e Deveres Administrativos
▷ Concessionárias, Autorizatárias e Permissionárias de Para um desempenho adequado do papel que compete à
serviços públicos. administração pública, o ordenamento jurídico confere a ela
Efeitos: poderes e deveres especiais. Nesse capítulo, conheceremos

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▷ Restrição de direitos das prestadoras de serviços pú- seus deveres e poderes de modo a diferenciar a aplicabilidade
blicos, bem como dos agentes envolvidos na presta- de um ou de outro poder ou dever na análise de casos concre-
ção desses serviços, a exemplo do direito de greve. tos, bem como apresentado nas questões de concurso público.
Dessa forma, quem realiza o serviço público se submete a Deveres
algumas restrições:
▷ Restrição ao direito de greve, Art. 37, VII CF/88; Os deveres da administração pública são um conjunto de
obrigações de direito público que a ordem jurídica confere aos
▷ Suplência, delegação e substituição – casos de fun-
agentes públicos com o objetivo de permitir que o Estado al-
ções vagas temporariamente;
cance seus fins.
▷ Impossibilidade de alegar a exceção do contrato não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cumprido, somente em casos em que se configure O fundamento desses deveres é o Princípio da Indispo-
uma impossibilidade de realização das atividades; nibilidade do Interesse Público, pois, como a administração
pública é uma ferramenta do Estado para alcançar seus objeti-
▷ Possibilidade da encampação da concessão do ser-
vos, não é permitido ao agente público usar dos seus poderes
viço, retomada da administração do serviço público
para satisfazer interesses pessoais ou de terceiros. Com base
concedido no prazo na concessão, quando o serviço
nessa regra, concluímos que esses agentes não podem dispor
não é prestado de forma adequada.
do interesse público, por não ser o seu proprietário, e sim o
O Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 22, asse- povo. A ele cabe a gestão da administração pública em prol
gura ao consumidor que os serviços essenciais devem ser con-
da coletividade.
tínuos, caso contrário, aos responsáveis, caberá indenização. O
referido código não diz quais seriam esses serviços essenciais. A doutrina, de um modo geral, enumera, como alguns dos
Podemos usar, como analogia, o Art. 10 da Lei nº 7.783/89, que principais deveres impostos aos agentes administrativos pelo
enumera os que seriam considerados fundamentais: ordenamento jurídico, quatro obrigações administrativas, a
Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:
saber:
I. Tratamento e abastecimento de água; produção ▷ Poder-Dever de Agir;
e distribuição de energia elétrica, gás e combus- ▷ Dever de Eficiência;
tíveis; ▷ Dever de Probidade; 305
6 Curso de direito administrativo, 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 1996, p. 165. ▷ Dever de Prestar Contas.
Poder-Dever de Agir Dever de Prestar Contas
306 O poder-dever de agir determina que toda a Administração O dever de prestar contas decorre diretamente do Princí-
Pública tem que agir em caso de determinação legal. Contudo, pio da Indisponibilidade do Interesse Público, sendo pertinen-
essa é temperada, uma vez que o administrador precisa ter possi- te à função do agente público, que é simples gestão da coisa
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

bilidade real de atuar. pública.


Art. 37, § 6º, CF. Policiais em serviço que presenciam um Art.70, Parágrafo único, CF. Prestará contas qualquer
cidadão ser assaltado e morto e nada fazem. Nessa situa-
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utili-
ção, além do dever imposto por lei, havia a possibilidade
de agir. Nesse caso concreto, gera-se a possibilidade de ze, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
indenização por parte do Estado, com base na responsa- bens e valores públicos ou pelos quais a União respon-
bilidade civil do Estado. da, ou que, em nome dessa, assuma obrigações de na-
Enquanto no direito privado agir é uma faculdade do ad- tureza pecuniária.
ministrador, no direito público, agir é um dever legal do agente
público. Poderes Administrativos
Em decorrência dessa regra temos que os poderes admi- São mecanismos que, utilizados isoladamente ou em con-
nistrativos são irrenunciáveis, devendo ser obrigatoriamente junto, permitem que a administração pública possa cumprir
exercidos por seus titulares nas situações cabíveis. suas finalidades. Dessa forma, os poderes administrativos re-
A inércia do agente público acarreta responsabilização a presentam um conjunto de prerrogativas de direito Público
ela por abuso de poder na modalidade omissão. A Administra- que a ordem jurídica confere aos agentes administrativos
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ção Pública também responderá pelos danos patrimoniais ou para o fim de permitir que o Estado alcance os seus fins,
morais decorrentes da omissão na esfera cível. assim leciona o professor José dos Santos Carvalho Filho.
O fundamento desses poderes é o princípio da suprema-
Dever de Eficiência cia do interesse público, pois, como a administração pública é
A Constituição implementou o dever de eficiência com a uma ferramenta do Estado para alcançar seus objetivos, e tais
introdução da Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a chama- objetivos são de interesse de toda coletividade, é necessário
da reforma administrativa. Esse novo modelo instituiu a de- que o Estado possa ter prerrogativas especiais na busca de
nominada “administração gerencial”, tendo vários exemplos seus objetivos. Como exemplo, podemos citar a aplicação de
dispostos no corpo do texto constitucional, como: uma multa de trânsito. Imagine que a lei fale que ultrapassar o
▷ Possibilidade de perda do cargo de servidor estável sinal vermelho é errado, mas que o Estado não tenha o poder
em razão de insuficiência de desempenho (Art. 41, de aplicar a multa. De nada vale a previsão da infração na lei.
§ 1º, III); São Poderes Administrativos descritos pela doutrina pá-
▷ O estabelecimento como condição para o ganho da tria:
estabilidade de avaliação de desempenho (Art. 41,
▷ Poder Vinculado;
§ 4º);
▷ A possibilidade da celebração de contratos de ges- ▷ Poder Discricionário;
tão ( Art. 37, § 8º); ▷ Poder Hierárquico;
▷ A exigência de participação do servidor público em ▷ Poder Disciplinar;
cursos de aperfeiçoamento profissional como um ▷ Poder Regulamentar;
dos requisitos para a promoção na carreira (Art. 39, ▷ Poder de Polícia.
§ 2º).
Dever de Probidade Poder Vinculado
O dever de probidade determina que todo administrador O poder vinculado determina que o administrador somen-
público, no desempenho de suas atividades, atue sempre com te pode fazer o que a lei determina; aqui não se gera poder de
ética, honestidade e boa-fé, em consonância com o Princípio escolha, ou seja, está o administrador preso (vinculado) aos
da Moralidade Administrativa. ditames da lei.
Art. 37, § 4º, CF. Os atos de improbidade administrativa O agente público não pode fazer considerações de con-
importarão a suspensão dos direitos políticos, a per- veniência e oportunidade. Caso descumpra a única hipótese
da da função pública, a indisponibilidade dos bens e o prevista na lei para orientar a sua conduta, praticará um ato
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas ilegal, sendo assim, deve o ato ser anulado.
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Efeitos: Poder Discricionário
▷ A suspensão dos direitos políticos; O poder discricionário gera a margem de escolha, que é a
▷ Perda da função pública; conveniência e a oportunidade, o mérito administrativo. Diz-se
▷ Ressarcimento ao erário; que o agente público pode agir com liberdade de escolha, mas
▷ Indisponibilidade dos bens. sempre respeitando os parâmetros da lei.
É importante alertar que, excepcionalmente, a lei admite
Conveniência
a delegação para outro órgão que não seja hierarquicamente
oportunidade
subordinado ao delegante, conforme podemos constatar da
redação do Art. 12 da Lei nº 9.784/99:
Margem de Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
VINCULADO DISCRICIONÁRIO se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
escolha
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
Sem margem Lei
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
de escolha
• Características da Delegação
Conceitos Não podem ser delegados
jurídicos Edição de atos de caráter normativo;
indeterminados A decisão de recursos administrativos;
Duas são as vertentes que autorizam o poder discricioná- As matérias de competência exclusiva do órgão ou
rio: a lei e os conceitos jurídicos indeterminados. Esses últi- autoridade.
mos são determinações da própria lei, por exemplo: quando Consequências
a Lei prevê a boa-fé, quem decide se o administrado está de
boa ou má-fé é o agente público, sempre sendo razoável e Não acarreta renúncia de competências;
proporcional. Transfere o exercício da atribuição e não a titularida-
de, pois pode ser revogada a delegação a qualquer
Poder Hierárquico tempo pela autoridade delegante;
Manifesta a noção de um escalonamento vertical da Admi-
O ato de delegação e sua revogação deverão ser pu-
nistração Pública, já que temos a subordinação entre órgãos
e agentes, sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. blicados em meio oficial.
Observação Avocação Competência
Não há subordinação nem hierarquia: Avocar é o ato discricionário mediante o qual o superior
▷ Entre pessoas distintas; hierárquico traz para si o exercício temporário de determinada
▷ Entre os poderes da república; competência, atribuída por lei a um subordinado.
▷ Entre a administração e o administrado. Cabimento: é uma medida excepcional e deve ser funda-

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Prerrogativas mentada.
Dar ordens: cabe ao subordinado o dever de obediên- Restrições: não podem ser avocadas competências exclu-
cia, salvo nos casos de ordens manifestamente ilegais. sivas do subordinado.
Fiscalizar a atuação dos subordinados. Consequências: desonera o agente de qualquer respon-
sabilidade relativa ao ato praticado pelo superior hierárquico.
Revisar os atos dos subordinados e, nessa atribuição:
▷ Manter os atos vinculados legais e os atos discricio-
nários legais convenientes e oportunos. Somente os atos
administrativos,
▷ Convalidar os atos com defeitos sanáveis. Delegação nunca os atos
▷ Anular os atos ilegais. políticos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Revogar os atos discricionários legais inconvenien-


tes e inoportunos.
A caraterística marcante é o grau de subordinação entre ór- Poder
gãos e agentes, sempre dentro da estrutura da mesma pessoa hierárquico
jurídica. O controle hierárquico permite que o superior aprecie
todos os aspectos dos atos de seus subordinados (quanto à
legalidade e quanto ao mérito administrativo) e pode ocorrer Medida excepcio-
de ofício ou a pedido, quando for interesse de terceiros, por Avocação nal que deve ser
meio de recurso hierárquico. fundamentada
Aplicar sanções aos servidores que praticarem infrações
funcionais.
Segundo a Lei nº 9.784/99, que trata do processo admi-
Delegar Competência nistrativo federal:
Delegação é o ato discricionário, revogável a qualquer
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
tempo, mediante o qual o superior hierárquico confere o exer-
cício temporário de algumas de suas atribuições, originaria- I. a edição de atos de caráter normativo; 307
mente pertencentes ao seu cargo, a um subordinado. II. a decisão de recursos administrativos;
III. as matérias de competência exclusiva do órgão berá ao Congresso Nacional sustar os seus dispositi-
308 ou autoridade. vos violadores da lei.
Exercício
Poder Disciplinar
Somente por decretos dos chefes do poder Executi-
O poder disciplinar é uma espécie de poder-dever de agir
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vo (Presidente da República, Governadores e Prefei-


da Administração Pública. Dessa forma, o administrador pú-
tos), sendo uma competência exclusiva, indelegável
blico atua de forma a punir internamente as infrações come-
a qualquer outra autoridade.
tidas por seus agentes e, em exceção, atua de forma a, punir
particulares que mantenham um vínculo jurídico específico Natureza
com a Administração. Decreto: Natureza secundária ou derivada;
O poder disciplinar não pode ser confundido com o jus pu- Lei: Natureza primária ou originária.
niendi do Estado, ou seja, com o poder do Estado de aplicar a Prazo para regulamentação
lei penal a quem comete uma infração penal. ▷ A lei a ser regulamentada deve apontar;
Em regra, o poder disciplinar é discricionário, algumas ▷ A ausência do prazo é inconstitucional;
vezes, é vinculado. Essa discricionariedade se encontra na es- ▷ Enquanto não regulamentada, a lei é inexequível
colha da quantidade de sanção a ser aplicada dentro das hi- (não pode ser executada);
póteses previstas na lei, e não na faculdade de punir ou não o ▷ Se o chefe do executivo descumprir o prazo, a lei se
infrator, pois puni-lo é um dever, sendo assim, a punição não é torna exequível (pode ser executada);
▷ A competência para editar decreto regulamentar
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discricionária, quantidade de punição que em regra é. Porém,


é importante lembrar que, quando a lei apontar precisamente não pode ser objeto de delegação.
a penalidade ou a quantidade dela que deve ser aplicada para Decreto Autônomo
determinada infração, o poder disciplinar será vinculado. A Emenda Constitucional nº 32, alterou o Art. 84 da Consti-
Punir internamente infrações
tuição Federal e deu ao seu inciso VI a seguinte redação:
funcionais de seus servidores Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da Re-
pública:
Poder VI. dispor, mediante decreto, sobre:
disciplinar
Punir infrações administrati-
a) organização e funcionamento da adminis-
vas cometidas por particulares tração federal, quando não implicar aumento de
ligados a administração por um despesa nem criação ou extinção de órgãos pú-
vínculo jurídico específico blicos;
b) extinção de funções ou cargos públicos,
Quando a Administração atua punindo particulares (co- quando vagos;
muns) que cometeram falta, ela está usando o poder de Essa previsão se refere ao que a doutrina chama de decreto
polícia. Contudo, quando atua penalizando particulares que autônomo, pois se refere à predição para o presidente da repú-
mantenham um vínculo jurídico específico (plus), estará blica tratar mediante decreto de determinados assuntos, sem lei
utilizando o poder disciplinar. anterior, balizando a sua atuação, pois a baliza foi a própria Consti-
tuição Federal. O decreto é autônomo porque não depende de lei.
Poder Regulamentar
Características
Existem duas formas de manifestação do poder regulamen-
tar: o decreto regulamentar e o autônomo, sendo que o primeiro é ▷ Inova o ordenamento jurídico;
a regra e o segundo é a exceção. ▷ O decreto autônomo tem natureza primária ou ori-
ginária;
Decreto Regulamentar
▷ Somente pode tratar das matérias descritas no Art.
Também denominado decreto executivo ou regulamento 84, VI, da Constituição Federal;
executivo.
▷ O Presidente da República poderá delegar as atri-
O decreto regulamentar é uma prerrogativa dos chefes do buições mencionadas para edição de decretos autô-
poder executivo de regulamentar a lei para garantir a sua fiel nomos aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral
aplicação. da República ou ao Advogado-Geral da União, que
Restrições observarão os limites traçados nas respectivas de-
▷ Não inova o ordenamento jurídico; legações, conforme prevê o inciso único do Art. 84.
▷ Não pode alterar a lei; As regras relativas às competências do Presidente da Re-
▷ Não pode criar direitos e obrigações; pública no uso do decreto regulamentar e do autônomo são
▷ Caso o decreto regulamentar extrapole os limites da estendidas aos demais chefes do executivo nacional dentro
lei, haverá quebra do princípio da legalidade. Nessa das suas respectivas administrações públicas. Sendo assim,
situação, se do decreto regulamentar for federal, ca- governadores e prefeitos podem tratar, mediante decreto au-
tônomo, dos temas estaduais e municipais de suas respectivas
administrações que o Presidente da República pode resolver, PODER DE
POLÍCIA
mediante decreto autônomo, na esfera da administração pú-
blica federal.
DECRETO DE EXECUÇÃO DISPÕE ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
É a regra;
USO E GOZO DOS BENS
Pode ser editado pelos chefes do Executivo; EXERCÍCIO DE DIREITO
CONDICIONAR
Não inova o ordenamento jurídico e necessita de amparo de uma lei; RESTRINGIR ATIVIDADE PARTICULAR

É de competência exclusiva, não pode ser delegável.


DECRETO AUTÔNOMO FINS PÚBLICOS

É a exceção; Atributos do Poder de Polícia


Somente pode ser editado pelo Presidente da República; Discricionariedade: o poder de polícia, em regra, é discri-
cionário, pois dá margem de liberdade dentro dos parâmetros
Inova lei nos casos do Art. 84, IV, a e b do texto constitucional; legais ao administrador público para agir; contudo, se a lei exi-
É de competência privativa e pode ser delegável de acordo com o Art. 84, gir, tal poder pode ser vinculado.
parágrafo único. O Estado escolhe as atividades que sofrerão as fiscaliza-
ções da polícia administrativa. Essa escolha é manifestação da
Poder de Polícia discricionariedade do poder de polícia do Estado. Também é
O Código Tributário Nacional, em seu Art. 78, ao tratar dos manifestação da discricionariedade do poder de polícia a ma-
joração da quantidade de pena aplicada a quem cometer uma
fatos geradores das taxas, assim conceitua poder de polícia:
infração sujeita à disciplina do poder de polícia.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da Nos casos em que a lei prever uma pena que tenha du-
Administração Pública que, limitando ou disciplinan- ração no tempo e não fixar exatamente a quantidade, dando
do direito, interesse ou liberdade, regula a prática de uma margem de escolha de quantidade ao julgador, temos o
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse pú- exercício do poder discricionário na atuação de polícia e, como
blico concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos limite desse poder de punir, temos a própria lei que traz a or-
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao dem de polícia e ainda os princípios da razoabilidade e da pro-
exercício de atividades econômicas dependentes de porcionalidade que vedam a aplicação da pena em proporção

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concessão ou autorização do Poder Público, à tran- superior à gravidade do fato ilícito praticado.
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos Autoexecutoriedade: é a prerrogativa da Administração
direitos individuais ou coletivos (vide Código Tributário Pública de executar diretamente as decisões decorrentes do
poder de polícia, por seus próprios meios, sem precisar recor-
nacional).
rer ao judiciário.
Hely Lopes Meirelles conceitua poder de polícia como a fa-
culdade que dispõe a Administração Pública para condicionar, Cabimento
restringir o uso, o gozo de bens, atividades e direitos indivi- Autorização da Lei;
duais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado. Medida Urgente.
A autoexecutoriedade no uso do poder de polícia não é
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
É competente para exercer o poder de polícia administrati-
va sobre uma dada atividade o ente federado, ao qual a Cons- absoluta, tendo natureza relativa, ou seja, não são todos os
atos decorrentes do poder de polícia que são autoexecutórios.
tituição da República atribui competência para legislar sobre
Para que um ato assim ocorra, é necessário que ele seja exigí-
essa mesma atividade, para regular a prática dessa. vel e executório ao mesmo tempo:
Assim, podemos dizer que o poder de polícia é discricio- Exigibilidade: exigível é aquela conduta prevista na
nário em regra, podendo ser vinculado nos casos em que a norma que, caso seja infringida, pode ser aplicada
lei determinar. Ele dispõe que toda a Administração Pública uma coerção indireta, ou seja, caso a pessoa venha a
pode condicionar ou restringir os direitos dos administrados sofrer uma penalidade e se recuse a aceitar a aplica-
em caso de não cumprimento das determinações legais. ção da sanção, a aplicação dessa somente poderá ser
O poder de polícia fundamenta-se no de império do executada por decisão judicial. É o caso das multas, por
exemplo, que podem ser lançadas a quem comete uma
Estado (Poder Extroverso), que decorre do Princípio da Su-
infração de trânsito, a administração não pode receber
premacia do Interesse Público, pois, por meio de imposições o valor devido por meio da coerção, caso a pessoa pe-
limitando ou restringindo a esfera jurídica dos administrados, nalizada se recuse a pagar a multa, o seu recebimento
visa à Administração Pública à defesa de um bem maior, que é dependerá de execução judicial pela Administração Pú-
proteção dos direitos da coletividade, pois o interesse público blica. A exigibilidade é uma característica de todos os 309
prevalece sobre os particulares. atos praticados no exercício do poder de polícia.
Executoriedade: executória é a norma que, caso seja ção de polícia, sendo assim, esse ciclo, para se completar,
310 desrespeitada, permite a aplicação de uma coerção pode passar por quatro fases distintas:
direta, ou seja, a administração pode utilizar da for- Ordem de Polícia: é a Lei inovadora que tem trazido limites
ça coercitiva para garantir a aplicação da penalida- ou condições ao exercício de atividades privadas ou uso de bens.
de, sem precisar recorrer ao judiciário. Consentimento: é a autorização prévia fornecida pela Ad-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É o caso das sanções de interdição de estabelecimentos ministração para a prática de determinada atividade privada
comerciais, suspensão de direitos, entre outras. Não são todas ou para usar um bem.
as medidas decorrentes do poder de polícia executórias. Fiscalização: é a verificação, por parte da administração
O ato de polícia para ser autoexecutório precisa ser ao pública, para certificar-se de que o administrado está cum-
mesmo tempo exigível e executório, ou seja, nem todos os prindo as exigências contidas na ordem de polícia para a práti-
atos decorrentes do poder de polícia são autoexecutórios. ca de determinada atividade privada ou uso de bem.
Coercibilidade: esse atributo informa que as Sanção de Polícia: é a coerção imposta pela administração
determinações da Administração podem ser im- ao particular que pratica alguma atividade regulada por ordem
postas coercitivamente ao administrado, ou seja, de polícia em descumprimento com as exigências contidas.
o particular é obrigado a observar os ditames da É importante destacar que o ciclo de polícia não precisa ne-
administração. Caso ocorra resistência por parte cessariamente comportar essas quatro fases, pois as de ordem e
desse, a administração pública estará autorizada fiscalização devem sempre estar presentes em qualquer atuação
a usar força, independentemente de autorização de polícia administrativa, todavia, as fases de consentimento e de
judicial, para fazer com que seja cumprida a re- sanção não estarão presentes em todos os ciclos de polícia.
gra de polícia. Todavia, os meios utilizados pela
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administração devem ser legítimos, humanos e Prescrição


compatíveis com a urgência e a necessidade da O prazo de prescrição das ações punitivas decorrentes do
medida adotada. exercício do poder de polícia é de 5 anos para a esfera federal,
conforme constata-se na redação do Art. 1º da Lei nº 9.873/99:
Classificação
Art. 1º. Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Ad-
O poder de polícia pode ser originário, no caso da Admi- ministração Pública Federal, direta e indireta, no exer-
nistração Pública direta e derivada. Quando diz respeito as au- cício do poder de polícia, objetivando apurar infração a
tarquias, a doutrina orienta que fundações públicas, sociedade legislação em vigor, contados da data da prática do ato
de economia mista e empresas públicas não possuem o poder ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
de polícia em suas ações. Classificação: dia em que tiver cessado.
Poder de Polícia Originário:
Dado à Administração Pública Direta. Polícia Administrativa X Polícia Judiciária
Poder de Polícia Delegado: Polícia Administrativa: atua visando evitar a prática de in-
Dado às pessoas da Administração Pública Indireta frações administrativas, tem natureza preventiva, entretanto,
que possuem personalidade jurídica de direito pú- em alguns casos ela pode ser repressiva. A polícia administra-
blico. Esse poder somente é proporcionado para as tiva atua sobre atividades privadas, bens ou direitos.
autarquias ligadas à Administração Indireta. Polícia Judiciária: atua com o objetivo de reprimir a infra-
O poder de polícia não pode ser exercido por particulares ou ção criminal, tem natureza repressiva, mas, em alguns casos,
por pessoas jurídicas de direito privado da administração indireta, pode ser preventiva. Ao contrário da polícia administrativa que
entretanto, o STJ em uma recente decisão entendeu que os atos atua sobre atividades privadas, bens ou direitos, a atuação da
de consentimento de polícia e de fiscalização dessa, que por si só judiciária recai sobre as pessoas.
não têm natureza coercitiva, podem ser delegados às pessoas ju- Poder de Polícia X Prestação de Serviços Públicos
rídicas de direito privado da Administração Indireta. Não podemos confundir toda atuação estatal com a pres-
tação de serviços públicos, pois, dentre as diversas atividades
Meios de Atuação desempenhadas pela Administração Pública, temos, além da
O poder de polícia pode ser exercido tanto preventivamen- prestação de serviços públicos, o exercício do poder de polícia,
te quanto repressivamente. o fomento, a intervenção na propriedade privada, entre outras.
Prevenção: manifesta-se por meio da edição de atos Distingue-se o poder de polícia da prestação de serviços
normativos de alcance geral, tais como leis, decretos, reso- públicos, pois essa é uma atividade positiva, que se manifesta
luções, entre outros, e também por meio de várias medidas numa obrigação de fazer.
administrativas, tais como a fiscalização, a vistoria, a notifi- Poder de Polícia: atividade negativa, que traz a noção de não
cação, a licença, a autorização, entre outros. fazer, proibição, excepcionalmente pode trazer uma obrigação de
Repressão: manifesta-se por meio da aplicação de puni- fazer. Seu exercício sofre tributação mediante taxa e é indelegável
ções, tais como multas, interdição de direitos, destruição de a particulares.
mercadorias etc. Serviço Público: atividade positiva, que traz a noção de
fazer algo. A sua remuneração se dá por meio da tarifa, que
Ciclo de Polícia não é um tributo, mas sim, uma espécie de preço público, e
O ciclo de polícia se refere às fases de atuação desse o serviço público, mesmo sendo de titularidade exclusiva do
poder, ordem de polícia, consentimento, fiscalização e san- Estado, é delegável a particulares.
Abuso de Poder Imprescritível: a competência pode ser executada
a qualquer tempo. Somente a lei pode exercer a
O administrador público tem que agir obrigatoriamente em
obediência aos princípios constitucionais, do contrário, sua ação função de determinar prazos prescricionais. Ex.: o
pode ser arbitrária e, consequentemente, ilegal, o que gerará o cha- Art. 54 da Lei nº 9.784/99 determina o prazo deca-
mado abuso de poder. dência de cinco anos para anular atos benéficos para
Excesso de Poder: quando o agente público atua fora dos o administrado de boa-fé.
limites de sua esfera de competência. Finalidade
Desvio de Poder: quando a atuação do agente, embora den-
tro de sua órbita de competência, contraria a finalidade explícita Visa sempre ao interesse público e à finalidade específica pre-
ou implícita na lei que determinou ou autorizou a sua atuação, vista em lei. Ex.: remoção de ofício.
tanto é desvio de poder a conduta contrária à finalidade geral Forma
(ou mediata) do ato – o interesse público –, quanto a que discre-
pe de sua finalidade específica (ou imediata). O ato administrativo é, em regra, formal e escrito.
Omissão de Poder: ocorre quando o agente público fica A Lei nº 9.784/99, que trata dos processos administra-
inerte diante de uma situação em que a lei impõe o uso do tivos no âmbito da União, reza pelo Princípio do Informa-
poder. lismo, admitindo que existam atos verbais ou por meio de
Todos os atos que forem praticados com abuso de poder sinais (de acordo com o contexto).
são ilegais e devem ser anulados; essa anulação pode aconte- Motivo
cer tanto pela via administrativa quanto pela via judicial.
O remédio constitucional para combater o abuso de poder O motivo é a causa imediata do ato administrativo. É a si-
é o Mandado de Segurança. tuação de fato e de direito que determina ou autoriza a prática
do ato, ou, em outras palavras, o pressuposto fático e jurídico
7. Ato Administrativo (ou normativo) que enseja a prática do ato.
Ex.: Art. 40, § 1º, II, “a”, CF. Trata da aposentadoria por
tempo de contribuição.
Conceito de Ato Administrativo
Ato administrativo é toda manifestação unilateral de von- Objeto
tade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, É o ato em si, ou seja, no caso da remoção o ato adminis-
tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modi- trativo é o próprio instituto da remoção.
ficar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos Exemplo dos elementos em um ato administrativo:
administrados ou a si própria. Demissão: quanto ao ato de demissão deve ter o agente

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Da prática dos atos administrativos gera-se: competente para determiná-lo (competência), depois disso,
▷ Superioridade deve ser revertido de forma escrita (forma), a finalidade deve
▷ Efeitos jurídicos ser o interesse público (finalidade), o motivo deve ser embasado
em lei, ou seja, os casos do Art. 132 da Lei nº 8.112/90, o objeto é
Elementos de Validade do Ato o próprio instituto da demissão que está prescrito em lei.

Competência Motivação
Poderes que a lei confere aos agentes públicos para exer- É a exteriorização por escrito dos motivos que levaram a
cer funções com o mínimo de eficácia. A competência tem ca- produção do ato.
▷ Faz parte do elemento forma e não do motivo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ráter instrumental, ou seja, é um instrumento outorgado para
satisfazer interesses públicos – finalidade pública. ▷ Teoria dos Motivos Determinantes.
Características da competência: A motivação é elemento de controle de validade dos atos
administrativos. Se ela for falsa, o ato é ilegal, independente-
Obrigatoriedade: ela é obrigatória para todos os
mente da sua qualidade (discricionário ou vinculado).
agentes e órgãos públicos.
Devem ser motivados:
Irrenunciabilidade: a competência é um poder-de-
▷ Todos os atos administrativos vinculados;
ver de agir e não pode ser renunciada pelo detentor
▷ Alguns atos administrativos discricionários (atos pu-
do poder-dever. Contudo, tem caráter relativo uma nitivos, que geram despesas, dentre outros).
vez que a competência pode ser delegada ou pode
A Lei nº 9.784/99, em seu Art. 50, traz um rol dos atos que
ocorrer a avocação. devem ser motivados. Veja a seguir:
Intransferível: mesmo após a delegação, a compe- Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados,
tência pode ser retomada a qualquer tempo pelo com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos,
titular do poder-dever, por meio da figura da revo- quando:
gação. I. Neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
Imodificável: pela vontade do agente, pois somente II. Imponham ou agravem deveres, encargos ou 311
a lei determina competências. sanções;
III. Decidam processos administrativos de concurso Autoexecutoriedade
312 ou seleção pública;
O ato administrativo, uma vez produzido pela Admi-
IV. Dispensem ou declarem a inexigibilidade de
nistração, é passível de execução imediata, independente-
processo licitatório; mente de manifestação do Poder Judiciário.
V. Decidam recursos administrativos;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para Hely Lopes Meirelles, deve haver previsão legal, a


VI. Decorram de reexame de ofício; exceção existe em casos de emergência. Esse atributo incide
VII. Deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre em todos os atos, com exceção dos enunciativos e negociais.
a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro- A administração não goza de autoexecutoriedade na cobrança
postas e relatórios oficiais; de débito, quando o administrado resiste ao pagamento.
VIII. Importem anulação, revogação, suspensão ou
convalidação de ato administrativo. Tipicidade
§ 1º - A motivação deve ser explícita, clara e congruen- O ato deve observar a forma e o tipo previsto em lei para
te, podendo consistir em declaração de concordância sua produção.
com fundamentos de anteriores pareceres, informa-
ções, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão Classificação dos Atos Administrativos
parte integrante do ato. Atos Vinculados: são os que a Administração pratica sem
§ 2º - Na solução de vários assuntos da mesma nature- margem alguma de liberdade de decisão, pois a lei previamen-
za, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os te determinou o único comportamento possível a ser obrigato-
fundamentos das decisões, desde que não prejudique riamente adotado sempre que se configure a situação objetiva
descrita na lei. Não cabe ao agente público apreciar a situação
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direito ou garantia dos interessados.


objetiva descrita nela.
§ 3º - A motivação das decisões de órgãos colegiados e
Atos Discricionários: a Administração pode praticar, com
comissões ou de decisões orais constará da respectiva
certa liberdade de escolha, nos termos e limites da lei, quanto
ata ou de termo escrito.
ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e
Atributos do Ato sua conveniência administrativa.
Atos Gerais: caracterizam-se por não possuir destinatários
Qualidades especiais dos atos administrativos que lhes as-
determinados. Os Atos Gerais são sempre determinados e preva-
seguram uma qualidade jurídica superior a dos atos de direito
lecem sobre os individuais. Podem ser revogados a qualquer tem-
privado.
po. Ex.: são os decretos regulamentares. Esses atos necessitam
Presunção de Legitimidade e Veracidade ser publicados em meio oficial.
Presume-se, em caráter relativo, que os atos da admi- Atos Individuais: são aqueles que possuem destinatários
nistração foram produzidos em conformidade com a lei e os certos (determinados), produzindo diretamente efeitos con-
fatos deles. Para os administrados são obrigatórios. Ocorre cretos, constituindo ou declarando situação jurídicas subje-
aqui, a inversão do ônus da prova (cabe ao administrado tivas. Ex.: nomeação em concurso público e exoneração. Os
provar que o ato é vicioso). atos podem ser discricionários ou vinculados e sua revogação
Consequências somente é passível caso não tenha gerado direito adquirido.
Imediata executoriedade do ato administrativo, mesmo Atos Simples: decorrem de uma única manifestação de
impugnado pelo administrado. Até decisão que reconhece o vontade, de um único órgão.
vício ou susta os efeitos do ato. Atos Complexos: necessitam, para formação de seu con-
Impossibilidade de o Poder Judiciário analisar, de ofí- teúdo, da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos.
cio, elementos de validade do ato não expressamente im- Atos Compostos: o seu conteúdo depende de manifesta-
pugnados pelo administrado. ção de vontade de um único órgão, contudo, para funcionar,
necessita de outro ato que o aprove.
Imperatividade Diferenças entre ato complexo e ato composto:
Imperativo, ou seja, é impositivo e independe da anuência Ato Complexo Ato Composto
do administrado.
Exceção 1 ato 2 atos
Atos Negociais: a Administração concorda com uma pre- 2 vontades 2 vontades
tensão do Administrado ou reconhece que ela satisfaz os re-
2 ou + órgãos 1 órgão com a aprovação de outro
quisitos para o exercício de certo direito (autorização e permis-
são – discricionário; licença - vinculado).
Atos Enunciativos: declaram um fato ou emitem uma opi-
Espécies de Atos Administrativos
nião sem que tal manifestação produza por si só efeitos jurí- ▷ Normativo;
dicos. ▷ Ordinatórios;
Relacionado ao poder extroverso do Estado (expressão ▷ Negociais;
italiana do autor Renato Aless), esse poder é usado como ▷ Enunciativos;
sinônimo para imperatividade nas provas de concurso. ▷ Punitivos.
Atos Normativos ▷ Podem ser vinculados, discricionários, definitivos e
precários.
São atos caracterizados pela generalidade e pela abstra-
ção, isto é, um ato normativo não é prescrito para uma situa- Atos Negociais Vinculados: reconhecem um direito subjeti-
ção determinada, mas para todos os eventos assemelhados; a vo do particular, mediante um requerimento, desse particular,
abstração deriva do fato desse ato não representar um caso comprovando preencher os requisitos que a lei exige para a
concreto, determinado, mas, sim, um caso abstrato, descrito anuência do direito, a Administração obrigatoriamente deve
na norma e possível de acontecer no mundo real. A regra abs- praticar o ato.
trata deve ser aplicada no caso concreto.
Atos Negociais Discricionários: não reconhecem um direito
Finalidade: regulamentar as leis e uniformizar procedi-
subjetivo do particular, pois, mesmo que esse atenda às exi-
mentos administrativos.
gências necessárias para a obtenção do ato, a Administração
Características: poderá não praticá-lo, decidindo se executa ou não o ato por
▷ Não possuem destinatários determinados; juízo de conveniência e oportunidade.
▷ Correspondem aos atos gerais;
Atos negociais definitivos: não comportam revogação, são
▷ Não pode inovar o ordenamento jurídico; atos vinculados, mas podem ser anulados ou cassados. Sendo
▷ Controle. assim, esses atos geram, ao particular, apenas uma expectati-
Regra: os atos administrativos normativos não podem ser va de definitividade.
atacados mediante recursos administrativos ou judiciais.
Atos negociais precários: podem ser revogados a qualquer
Exceção: atos normativos que gerarem efeitos concretos
tempo, são atos discricionários; via de regra, a revogação do
para determinado destinatário podem ser impugnados pelo
ato negocial não gera direito de indenização ao particular.
administrado na via judicial ou administrativa.
Ex.: Decretos regulamentares, instruções normativas, Espécies de Atos Negociais
atos declaratórios normativos. Licença: fundamenta-se no poder de polícia da Adminis-
Atos Ordinatórios tração. É ato vinculado e definitivo, pois reconhece um direi-
São atos administrativos endereçados aos servidores pú- to subjetivo do particular, mediante um requerimento desse,
blicos em geral. comprovando preencher os requisitos que a lei exige. Para a
Finalidade: divulgar determinações aplicáveis ao adequa- anuência do direito, a Administração, obrigatoriamente, deve
do desempenho de suas funções. praticar o ato. A licença não comporta revogação, mas ela
pode ser anulada ou cassada, sendo assim, esses atos geram,
Características: ao particular, apenas uma expectativa de definitividade.
▷ Atos internos; Ex.: Alvará para a realização de uma obra, alvará para o

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▷ Decorrem do exercício do poder hierárquico; funcionamento de um estabelecimento comercial, licen-
▷ Vinculam os servidores subordinados ao órgão que ça para dirigir, licença para exercer uma profissão.
o expediu; Admissão: é o ato unilateral e vinculado pelo qual a Ad-
▷ Não atingem os administrados; ministração faculta a alguém a inclusão em estabelecimento
▷ Estão hierarquicamente abaixo dos atos normativos; governamental para o gozo de um serviço público. O ato de
▷ Devem obediência aos atos normativos que tratem admissão não pode ser negado aos que preencham as condi-
da mesma matéria relacionada ao ato ordinatório. ções normativas requeridas.
Ex.: Instruções, circulares internas, portarias, ordens de Ex.: Ingresso em estabelecimento oficial de ensino na
serviço. qualidade de aluno; o desfrute dos serviços de uma bi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
blioteca pública como inscrito entre seus usuários.
Atos Negociais Aprovação: é o ato unilateral e discricionário pelo qual a
São atos administrativos editados quando o ordenamento Administração faculta a prática de ato jurídico (aprovação pré-
jurídico exige que o particular obtenha anuência prévia da Ad- via) ou manifesta sua concordância com ato jurídico já pratica-
ministração para realizar determinada atividade de interesse do (aprovação a posteriori).
dele ou exercer determinado direito. Homologação: é o ato unilateral e vinculado de controle
Finalidade: satisfação do interesse público, ainda que essa pelo qual a Administração concorda com um ato jurídico ou
possa coincidir com o interesse do particular que requereu o ato. série de atos (procedimento) já praticados, verificando a con-
sonância deles com os requisitos legais condicionadores de
Características: sua válida emissão.
▷ Os atos negociais não são imperativos, coercitivos e Autorização: na maior parte das vezes em que é pra-
autoexecutórios; ticado, fundamenta-se no poder de polícia do Estado
▷ Os atos negociais não podem ser confundidos com quando a lei exige a autorização como condicionante para
contratos, pois, nesses existe manifestação de vontade prática de uma determinada atividade privada ou para o
bilateral e, nos atos negociais, nós temos uma manifes- uso de bem público. Todavia, a autorização também pode
tação de vontade unilateral da Administração Pública, representar uma forma de descentralizar, por delegação, 313
que é provocada mediante requerimento do particular; serviços públicos para o particular.
A autorização é caracterizada por uma predominância O atestado não se assemelha à certidão, pois essa declara uma
314 do interesse do particular que solicita o ato, todavia, tam- informação constante em banco de dados e aquele declara um
bém existe interesse público na prática desse ato. fato que não corresponde a um registro de um arquivo da Ad-
É um ato discricionário, pois não reconhece um direito sub- ministração.
jetivo do particular; mesmo que esse atenda às exigências ne- Parecer: é um documento técnico, confeccionado por ór-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cessárias para a obtenção do ato, a Administração poderá não gão especializado na respectiva matéria tema do parecer, em
praticá-lo, decidindo se desempenha ou não o ato por juízo de que o órgão emite sua opinião relativa ao assunto.
conveniência e oportunidade. Apostila: apostilar significa corrigir, emendar, complementar
É um ato precário, pois pode ser revogado a qualquer tem- um documento. É o aditamento de um contrato administrativo ou
po. Via de regra, a revogação da autorização não gera direito de de um ato administrativo. É um ato de natureza aditiva, pois sua
indenização ao particular, mas, caso a autorização tenha sido finalidade é adicionar informações a um registro já existente.
concedida por prazo certo, pode haver o direito de indenização Ex.: Anotar alterações na situação funcional de um servidor.
para o particular.
Prazo: a autorização é concedida sem prazo determinado, Atos Punitivos
todavia, pode havê-la outorgada por prazo certo. São os atos administrativos por meio dos quais a Adminis-
Exs.: tração Pública impõe sanções a seus servidores ou aos admi-
Atividades potencialmente perigosas e que podem co- nistrados.
locar em risco a coletividade, por isso, a necessidade de Fundamento
regulação do Estado;
Poder Disciplinar: quando o ato punitivo atinge ser-
Autorização para porte de arma de fogo;
vidores públicos e particulares ligados à Administra-
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Autorização para a prestação de serviços privados de


ção por algum vínculo jurídico específico.
educação e saúde;
Autorização de uso de bem público; Poder de Polícia: quando o ato punitivo atinge a
Autorização de serviço público: prestação de serviço de táxi. particulares não ligados à Administração Pública por
Permissão: é o ato administrativo discricionário e precá- um vínculo jurídico específico.
rio, pelo qual a Administração Pública consente ao particular Os atos punitivos podem ser internos e externos:
o exercício de uma atividade de interesse predominantemente Atos Punitivos Internos: têm como destinatários os
da coletividade. servidores públicos e aplicam penalidades discipli-
Características: nares, ou seja, os atos punitivos internos decorrem
sempre do poder disciplinar.
▷ Pode ser concedida por prazo certo; Atos Punitivos Externos: têm como destinatários os
▷ Pode ser imposta condições ao particular. particulares. Podem ter fundamento decorrente do
A Permissão é um ato precário, pois pode ser revogada a poder disciplinar, quando punem particulares sujeitos
qualquer tempo. Via de regra, a revogação da permissão não à disciplina administrativa, ou podem ter fundamento
gera direito de indenização ao particular, mas, caso a autori- no poder de polícia, quando punem particulares não
zação tenha sido concedida por prazo certo ou sob condições, ligados à Administração Pública.
pode haver o direito de indenização para o particular. Todo ato punitivo interno decorre do poder disciplinar,
A permissão concedida ao particular, por meio de um ato mas nem todo ato que decorre do poder punitivo que surge
administrativo, não se confunde com a permissão para a pres- do poder disciplinar é um ato punitivo interno, pois, quan-
tação de serviços públicos. Nesse último caso, representa uma do a Administração aplica punição aos particulares ligados
espécie de descentralização por delegação realizada por meio a administração, essa punição decorre do poder disciplinar,
de contrato. mas também representa um ato punitivo externo.
Ex.: Permissão de uso de bem público. Todo ato punitivo decorrente do poder de polícia é um ato
punitivo externo, pois, nesse caso, temos a Administração pu-
Atos Enunciativos nindo sempre o particular.
São atos administrativos enunciativos aqueles que têm por
finalidade declarar um juízo de valor, uma opinião ou um fato. Extinção dos Atos Administrativos
Características:
Anulação ou Controle de Legalidade
▷ Não produzem efeitos jurídicos por si só;
É o desfazimento do ato administrativo que decorre de ví-
▷ Não contêm uma manifestação de vontade da ad-
cio de legalidade ou de legitimidade na prática do ato.
ministração.
Ex.: Certidão, atestado, parecer e apostila. Cabimento
Certidão: é uma cópia de informações registradas em ▷ Ato discricionário;
banco de dados da Administração. Geralmente, é concedida ▷ Ato vinculado.
ao particular mediante requerimento da informação registrada
Competência para Anular
pela Administração.
Atestado: declara uma situação de que a Administração ▷ Entidade da Administração Pública que praticou o
tomou conhecimento em virtude da atuação de seus agentes. ato: pode anular o ato a pedido do interessado ou de
ofício em razão do princípio da autotutela.
▷ Poder Judiciário: pode anular somente por provoca- Vício de Forma
ção do interessado. Exceção: a lei determina que a forma seja elemento es-
Efeitos da Anulação: Ex tunc, retroagem desde a data da prá- sencial de validade de determinado ato (também não cabe
tica do ato, impugnando a validade do ato. convalidação).
Prazo: 5 (cinco) anos Convalidação Tácita
▷ Contagem; O Art. 54 da Lei nº 9.784/99 prevê que a Administração
▷ Prática do ato. tem o direito de anular os atos administrativos de que decor-
No caso de efeitos patrimoniais contínuos, a partir do pri- ram efeitos favoráveis para os destinatários. O prazo é de cinco
meiro pagamento. anos, contados da data em que forem praticados, salvo com-
Revogação ou Controle de Mérito provada má-fé. Transcorrido esse prazo, o ato foi convalidado,
pois não pode ser mais anulado pela Administração.
É o desfazimento do ato administrativo por motivos de
conveniência e oportunidade. Convalidação Expressa
Cabimento Art. 55, Lei nº 9.784/99. Em decisão na qual se evidencie
não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo
▷ Ato discricionário legal, inconveniente e inoportuno; a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
▷ Não é cabível a revogação de ato vinculado. poderão ser convalidados pela própria Administração.
Competência para Revogar
Apenas a entidade da Administração Pública que praticou 8. Improbidade Administrativa
o ato. A improbidade administrativa está prevista no texto cons-
Não pode o controle de mérito ser feito pelo Poder Judiciário titucional em seu Art. 37, § 4º, que prevê:
na sua função típica de julgar. Todavia, a Administração Pública Art. 37, § 4º - Os atos de improbidade administrativa im-
está presente nos três poderes da União e, caso uma entidade portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
dos Poderes Judiciário, Legislativo ou Executivo pratique um função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar-
ato discricionário legal, que com o passar do tempo, se mostre cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
inconveniente e inoportuno, somente a entidade que criou o ato sem prejuízo da ação penal cabível.
tem competência para revogá-lo. A norma constitucional determinou que os atos de impro-
Assim, o poder judiciário não tem competência para exer- bidade administrativa deveriam ser regulamentados para a
cer o controle de mérito dos atos da Administração Pública, sua execução, o que ocorreu com a edição da Lei nº 8.429/92,
mas a essa do Poder Judiciário pratica atos administrativos e que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
cabe somente a ela a revogação dos atos praticados por ela

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nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato,
mesma. cargo, emprego ou função na administração pública direta, in-
Efeitos da Revogação: Ex nunc, não retroagem, ou seja, a re- direta ou fundacional e dá outras providências.
vogação gera efeitos prospectivos, para frente.
Cassação Sujeitos
É o desfazimento do ato administrativo decorrente do des- Sujeito Passivo (Vítima)
cumprimento dos requisitos que permitem a manutenção do A administração direta, indireta ou fundacional de qual-
ato. Na maioria das vezes, a cassação representa uma sanção quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
aplicada ao particular que deixou de atender às condições exi- dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao pa-
gidas para a manutenção do ato.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
trimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o
Como exemplo, temos a cassação da carteira de moto- erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patri-
rista, que nada mais é do que a cassação de um ato admi- mônio ou da receita anual.
nistrativo classificado como licença. A cassação da licença Entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo,
para dirigir decorre da prática de infrações de trânsito pra- fiscal ou creditício, de órgão público, bem como daquelas
ticadas pelo particular, sendo assim, nesse caso, essa cas- para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
sação é uma punição. concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio
ou da receita anual, limitando-se, nesses casos, a sanção
Convalidação patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição
Convalidação é a correção com efeitos retroativos do ato dos cofres públicos.
administrativo com defeito sanável, o qual pode ser conside-
rado:
Sujeito Ativo (Pessoa que Pratica o
Ato de Improbidade Administrativa)
Vício de Competência Relativo à Pessoa
Agente público (exceção agente político sujeito a crime de
Exceção: competência exclusiva (não cabe convalidação). responsabilidade STF), servidores ou não, com algum tipo de
O vício de competência relativo à matéria não é considera- vínculo nas entidades que podem ser vítimas de improbidade 315
do um defeito sanável e também não cabe convalidação. administrativa.
Conceito de Agente Público para Aplicação da Lei II. Perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
316 Reputa-se agente público, para os efeitos dessa lei, todo para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remune- móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
ração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qual- entidades referidas no Art. 1º por preço superior ao
quer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, em- valor de mercado;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

prego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. III. Perceber vantagem econômica, direta ou indi-
Qualquer pessoa que induza ou concorra com o agente pú- reta, para facilitar a alienação, permuta ou locação
blico ou que se beneficie do ato. de bem público ou o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
As disposições dessa lei são aplicáveis, no que couber,
IV. Utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou con-
corra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie máquinas, equipamentos ou material de qualquer
sob qualquer forma direta ou indireta. natureza, de propriedade ou à disposição de qual-
quer das entidades mencionadas no Art. 1º desta
Regras Gerais lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
empregados ou terceiros contratados por essas
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são entidades;
obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de
V. Receber vantagem econômica de qualquer na-
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato tureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
dos assuntos que lhe são afetos. ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de nar-
Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omis- cotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer
são, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
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outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal


integral ressarcimento do dano. vantagem;
No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente pú- VI. Receber vantagem econômica de qualquer nature-
blico ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao za, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre
seu patrimônio. medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer
Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qua-
público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá à autoridade lidade ou característica de mercadorias ou bens forne-
administrativa responsável pelo inquérito representar ao Minis- cidos a qualquer das entidades mencionadas no Art. 1º
tério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. desta lei;
A indisponibilidade, a que se refere o caput desse artigo, VII. Adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
dano ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enrique- qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
cimento ilícito. evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou VIII. Aceitar emprego, comissão ou exercer ativida-
se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações dessa lei até de de consultoria ou assessoramento para pessoa
o limite do valor da herança. física ou jurídica que tenha interesse suscetível de
ser atingido ou amparado por ação ou omissão de-
Modalidades corrente das atribuições do agente público, duran-
As modalidades estão previstas do Art. 9º ao 11, da Lei te a atividade;
nº 8.429/92, e constituem um rol exemplificativo, ou seja, IX. Perceber vantagem econômica para interme-
no caso concreto, podem existir outras situações capitula- diar a liberação ou aplicação de verba pública de
das como improbidade que não estão expressamente pre- qualquer natureza;
vistas no texto da lei. X. Receber vantagem econômica de qualquer na-
tureza, direta ou indiretamente, para omitir ato
Enriquecimento Ilícito de ofício, providência ou declaração a que esteja
Art. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa, obrigado;
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer XI. Incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimô-
tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do nio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
exercício de cargo, mandato, função, emprego ou ati- acervo patrimonial das entidades mencionadas no
vidade nas entidades mencionadas no Art. 1º desta lei, Art. 1º dessa lei;
e notadamente: XII. Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
I. Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem valores integrantes do acervo patrimonial das entida-
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem des mencionadas no Art. 1º dessa lei.
econômica, direta ou indireta, a título de comis-
são, percentagem, gratificação ou presente de Prejuízo ao Erário
quem tenha interesse, direto ou indireto, que Dos atos de improbidade administrativa que causam pre-
possa ser atingido ou amparado por ação ou juízo ao erário:
omissão decorrente das atribuições do agente Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa
público; que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, des- sem observar as formalidades previstas na lei.
vio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos XVI. Facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
bens ou haveres das entidades referidas no Art. 1º des- para a incorporação, ao patrimônio particular de
ta lei, e notadamente: pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas
I. Facilitar ou concorrer por qualquer forma para a in- ou valores públicos transferidos pela administração
corporação ao patrimônio particular, de pessoa física pública a entidades privadas mediante celebração
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores inte- de parcerias, sem a observância das formalidades
grantes do acervo patrimonial das entidades mencio- legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (In-
nadas no Art. 1º desta lei; cluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
II. Permitir ou concorrer para que pessoa física ou XVII. Permitir ou concorrer para que pessoa física ou
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou va- jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
lores integrantes do acervo patrimonial das entida- públicos transferidos pela administração pública a en-
des mencionadas no Art. 1º desta lei, sem a obser- tidade privada mediante celebração de parcerias, sem
vância das formalidades legais ou regulamentares a observância das formalidades legais ou regulamen-
aplicáveis à espécie; tares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019,
de 2014)
III. Doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou XVIII. Celebrar parcerias da administração pública
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do pa- com entidades privadas sem a observância das for-
trimônio de qualquer das entidades mencionadas malidades legais ou regulamentares aplicáveis à
no Art. 1º desta lei, sem observância das formalida- espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
des legais e regulamentares aplicáveis à espécie; XIX. Agir negligentemente na celebração, fiscaliza-
IV. Permitir ou facilitar a alienação, permuta ou lo-
ção e análise das prestações de contas de parcerias
cação de bem integrante do patrimônio de qual- firmadas pela administração pública com entida-
quer das entidades referidas no Art. 1º desta lei, ou des privadas; (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
ainda a prestação de serviço por parte delas, por XX. Liberar recursos de parcerias firmadas pela
preço inferior ao de mercado; administração pública com entidades privadas sem
V. Permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou lo-
a estrita observância das normas pertinentes ou
influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
cação de bem ou serviço por preço superior ao de gular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
mercado;
XXI. Liberar recursos de parcerias firmadas pela
VI. Realizar operação financeira sem observância
administração pública com entidades privadas sem
das normas legais e regulamentares ou aceitar ga- a estrita observância das normas pertinentes ou
rantia insuficiente ou inidônea; influir de qualquer forma para a sua aplicação irre-
VII. Conceder benefício administrativo ou fiscal sem gular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014)
a observância das formalidades legais ou regula-

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mentares aplicáveis à espécie; Atos que Atentem aos Princípios
VIII. Frustrar a licitude de processo licitatório ou
de processo seletivo para celebração de parcerias
da Administração Pública
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que
indevidamente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, atenta contra os princípios da Administração Pública
de 2014) qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
IX. Ordenar ou permitir a realização de despesas não honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
autorizadas em lei ou regulamento; instituições, e notadamente:
X. Agir negligentemente na arrecadação de tributo I. Praticar ato visando ao fim proibido em lei ou
ou renda, bem como no que diz respeito à conser- regulamento ou diverso daquele previsto, na regra
vação do patrimônio público; de competência;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XI. Liberar verba pública sem a estrita observância II. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
das normas pertinentes ou influir de qualquer for- ato de ofício;
ma para a sua aplicação irregular; III. Revelar fato ou circunstância de que tem ciência
XII. Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro em razão das atribuições e que deva permanecer
se enriqueça ilicitamente; em segredo;
XIII. Permitir que se utilize, em obra ou serviço IV. Negar publicidade aos atos oficiais;
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou V. Frustrar a licitude de concurso público;
material de qualquer natureza, de propriedade ou VI. Deixar de prestar contas quando esteja obriga-
à disposição de qualquer das entidades menciona- do a fazê-lo;
das no Art. 1º desta lei, bem como o trabalho de
servidor público, empregados ou terceiros contra- VII. Revelar ou permitir que chegue ao conheci-
tados por essas entidades. mento de terceiro, antes da respectiva divulgação
XIV. Celebrar contrato ou outro instrumento que oficial, teor de medida política ou econômica capaz
tenha por objeto a prestação de serviços públicos de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
por meio da gestão associada sem observar as for- VIII. Descumprir as normas relativas à celebração,
malidades previstas na lei; fiscalização e aprovação de contas de parcerias fir-
XV. Celebrar contrato de rateio de consórcio público madas pela administração pública com entidades 317
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou privadas. (Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014)
IX. Deixar de cumprir a exigência de requisitos de Atos que Atentem contra os Princípios da Administração
318 acessibilidade previstos na legislação. (Incluído Pública: ressarcimento integral do dano, se houver; perda da
pela Lei nº 13.146, de 2015) função pública; suspensão dos direitos políticos de três a cinco
anos; pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da
Efeitos da Lei remuneração percebida pelo agente; e proibição de contra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A lei de improbidade administrativa gera quatro efeitos. A sus- tar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
pensão dos direitos políticos e a perda da função pública somente fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
se dão depois do trânsito em julgado da sentença condenatória. intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
A indisponibilidade dos bens não constitui penalidade, mas, sim pelo prazo de três anos.
medida cautelar e pode se dar mesmo antes do início da ação. Punições
O ressarcimento ao erário, por sua vez, constitui a respon- Suspensão dos
Multa
Proibição de
sabilidade civil do agente, ou seja, a obrigação de reparar o Direitos Políticos Contratar
dano. 03 vezes o valor
Enriquecimen-
▷ Suspensão dos Direitos Políticos; to Ilícito
08 a 10 anos do enriqueci- 10 anos
mento
▷ Perda da Função Pública;
▷ Indisponibilidade dos Bens; Prejuízo ao
02 vezes o
▷ Ressarcimento ao Erário. 05 a 08 anos valor do prejuízo 05 anos
Erário
causado
Das Sanções Atos que
Atentem contra
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100 vezes o valor


Natureza das Sanções os Princípios da 03 a 05 anos
da remuneração
03 anos
Administração
Administrativa Pública
▷ Perda da função pública;
▷ Proibição de contratar com o poder público;
Aplicação das Sanções
Na fixação das penas previstas, o juiz levará em conta a
▷ Proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial
do poder público.
obtido pelo agente.
Civil
Independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
▷ Ressarcimento ao erário;
público, salvo quanto ao ressarcimento.
▷ Perda dos bens;
Independe de aprovação ou rejeição de contas pelos ór-
▷ Multa. gãos de controle.
Política: suspensão dos direitos políticos. Características
Medida Cautelar: a indisponibilidade dos bens visa à ▷ Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou
garantia da aplicação das penalidades civis. omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de tercei-
Não estabelece sanções penais, mas, se o fato tam- ro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
bém for tipificado como crime, haverá tal res- ▷ No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente pú-
ponsabilidade. blico ou terceiro beneficiário os bens ou valores acresci-
Penalidades dos ao seu patrimônio.
Enriquecimento Ilícito: perda dos bens ou valores ▷ Quando o ato de improbidade causar lesão ao pa-
acrescidos ilicitamente ao patrimônio; ressarcimento in- trimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
tegral do dano, quando houver; perda da função pública; caberá à autoridade administrativa responsável pelo
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos; paga- inquérito representar ao Ministério Público, para a
mento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo indisponibilidade dos bens do indiciado.
patrimonial; e proibição de contratar com o Poder Público ▷ O sucessor daquele que causar lesão ao patrimô-
ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, nio público ou se enriquecer ilicitamente está su-
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pes- jeito às cominações dessa lei até o limite do valor
soa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de da herança.
dez anos. ▷ Nos processos de improbidade administrativa, é veda-
Prejuízo ao Erário: ressarcimento integral do dano; perda da transação, acordo ou conciliação.
dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se ▷ A aplicação das seguintes penalidades: perda da fun-
concorrer essa circunstância; perda da função pública; sus- ção pública e suspensão dos direitos políticos depen-
pensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; pagamen- de do trânsito em julgado da sentença condenatória.
to de multa civil de até duas vezes o valor do dano; e proibi- ▷ A autoridade judicial ou administrativa competente
ção de contratar com o Poder Público ou receber benefícios poderá determinar o afastamento do agente públi-
ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, co do exercício do cargo, emprego ou função, sem
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja só- prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
cio majoritário, pelo prazo de cinco anos. necessária à instrução processual.
▷ Não existe foro por prerrogativa de função para II. Os direitos dos usuários;
processos que apuram atos de improbidade admi- III. Política tarifária;
nistrativa. IV. A obrigação de manter serviço adequado.
Declaração de Bens Conforme a redação desse artigo, vemos que incumbe ao
Poder Público a prestação direta dos serviços públicos ou, sob
A posse e o exercício de agente público ficam condicio-
nados à apresentação de declaração dos bens e valores que delegação (concessão ou permissão), a prestação indireta.
compõem o seu patrimônio privado, a fim de que essa seja Poder Público a que o artigo se refere são as entidades
arquivada no serviço de pessoal competente. da Administração Direta e Indireta. Assim, a prestação direta
A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dos serviços públicos é a realizada pelas entidades direta e da
dinheiro, títulos, ações e qualquer outra espécie de bens e valo- Administração Indireta, e a prestação indireta é a prestação
res patrimoniais, localizados no país ou no exterior, e, quando for executada por delegação por um particular, seja por meio de
o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou concessão ou permissão.
companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a de-
Os serviços públicos são, conceituados em sentido estrito,
pendência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos
e utensílios de uso doméstico. se referem aos serviços que têm a possibilidade de serem ex-
A declaração de bens será anualmente atualizada e na plorados com o intuito de lucro, relaciona-se com a atividade
data em que o agente público deixar o exercício do mandato, econômica em sentido amplo. É importante ressaltar que o
cargo, emprego ou função. Art. 175 da Constituição Federal se enquadra no título VI (Da
Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço Ordem Econômica e Financeira).
público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente pú- Características dos serviços públicos (estrito):
blico que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do Referem-se às atividades econômicas em sentido amplo.
prazo determinado, ou que a prestar falsa. Têm a possibilidade de serem explorados com o intuito de
O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da de- lucro.
claração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita
Não perde a natureza de serviço público:
Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a
Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias Titularidade exclusiva do Poder Público.
atualizações, para suprir a exigência contida na lei. Pode ser prestado por particular mediante delegação:
▷ Quando prestado por delegação pelo particular, tal
Prescrição atividade é fiscalizada pelo poder público por meio
Os atos de improbidade administrativa prescrevem, se- do exercício do poder disciplinar.
gundo o Art. 23 da Lei nº 8.429/92: ▷ Atividades prestadas pelo Estado como serviço pú-

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I. Até cinco anos após o término do exercício de blico e que, ao mesmo tempo, são abertas à livre
mandato, de cargo em comissão ou de função de iniciativa.
confiança; Atividades relacionadas aos direitos fundamentais sociais
II. Dentro do prazo prescricional previsto em lei (Art. 6º CF):
específica para faltas disciplinares puníveis com São atividades de natureza essencial à sobrevi-
demissão a bem do serviço público, nos casos de vência e ao desenvolvimento da sociedade.
exercício de cargo efetivo ou emprego. A prestação dessas atividades é um dever do Es-
III. Até cinco anos da data da apresentação à admi- tado, por isso, não podem ser exploradas pelo
nistração pública da prestação de contas final pelas Poder Público com o intuito de lucro.
entidades referidas no parágrafo único do Art. 1º
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) Não existe delegação dessas atividades a particulares.
As ações de ressarcimento ao erário são imprescritíveis. Os particulares têm o direito de explorar tais ativida-
des, sem delegação do poder público, sob fiscaliza-
9. Serviços Públicos ção decorrente do exercício do poder de Polícia.
Ex.: Serviços de educação, saúde, assistência social.
Base Constitucional Se prestado pelo Estado, é um serviço público, caso seja
oferecido por particular, não se enquadra como serviço públi-
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di-
co e sim como privado. Todavia, o foco desse capítulo são os
retamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços serviços públicos de titularidade exclusiva do Estado, possíveis
públicos. de serem explorados economicamente com o intuito de lucro
Parágrafo único. A lei disporá sobre: e que podem ser prestados por particular mediante delegação.
I. O regime das empresas concessionárias e per- Assim sendo, quando nos referirmos aos serviços públicos, em
missionárias de serviços públicos, o caráter espe- regra, não estaremos nos reportando às atividades prestadas
cial de seu contrato e de sua prorrogação, bem pelo Estado como serviço público e que ao mesmo tempo po-
como as condições de caducidade, fiscalização e dem ser oferecidas livremente pelo particular sob fiscalização 319
rescisão da concessão ou permissão; do poder de polícia.
Elementos Definidores de uma Serviços Públicos Gerais e Individuais
320 Serviços Públicos Gerais (Uti Universi)
Atividade Sendo Serviço Público
▷ STF: Serviço Público indivisível.
Material ▷ Prestado à coletividade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O elemento material se refere a uma atividade administra- ▷ Usuários indeterminados e indetermináveis.


tiva que visa à prestação de utilidade ou comodidade material, Serviços Públicos Individuais/Específicos/Singulares (Uti Singuli)
que possa ser fruível, individual ou coletivamente, pelos admi- ▷ STF: Serviço Público divisível.
nistrados, sejam elas vitais ou secundárias às necessidades da ▷ Prestados a beneficiários determinados.
sociedade. ▷ Podem ser remunerados mediante a cobrança de
Esse elemento exclui da noção de serviço público várias tarifas.
atividades estatais, como:
▷ Atividade legislativa. Serviços Públicos Delegáveis
▷ Atividade jurisdicional. e Indelegáveis
▷ Poder de polícia. Serviços Públicos Delegáveis
▷ Fomento. ▷ São prestados pelo Estado centralizadamente.
▷ Intervenção. ▷ São oferecidos também por meio de descentralização.
▷ Atividades internas (atividade-meio da Administra- Serviços ou outorga legal: Administração Indireta.
ção Pública).
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Colaboração ou delegação: particulares.


▷ Obras públicas. Serviços Públicos Indelegáveis
Subjetivo/Orgânico ▷ Somente podem ser prestados pelo Estado centrali-
zadamente ou por entidade da administração indire-
A titularidade do serviço é exclusiva do estado. ta de direito público.
Formal ▷ Exige para a sua prestação o exercício do poder de
império do Estado.
A prestação do serviço público é submetida a Regime Jurí-
dico de Direito Público. Serviços Administrativos,
Conceito Sociais e Econômicos
Serviço público é atividade administrativa concreta tra- Serviços Administrativos
duzida em prestações que diretamente representem, em si ▷ São atividades internas da Administração (ativida-
mesmas, utilidades ou comodidades materiais para a po- de-meio).
pulação em geral, executada sob regime jurídico de direito ▷ Não são diretamente fruível pela população.
público pela Administração Pública, ou, se for o caso, por ▷ O benefício gerado à coletividade é indireto.
particulares delegatários (concessionários e permissionários Serviços Públicos Sociais
ou, ainda, em restritas hipóteses, detentores de autorização ▷ Todos os serviços públicos que correspondem às ati-
de serviço público7). vidades do Art. 6º (Direitos fundamentais sociais).
Observem que tal conceito tenta satisfazer a necessidade da ▷ Prestação obrigatória pelo Estado sob regime jurídi-
presença dos elementos caracterizadores dos serviços públicos. co de direito público.
▷ Podem ser livremente prestados por particular sob
Classificação dos Serviços Públicos regime jurídico de direito privado (nesse caso não é
serviço público, mas, sim, serviço privado).
Essenciais e Úteis Serviços Públicos Econômicos
Serviços Públicos Essenciais ▷ Descritos no Art. 175 da CF.
São serviços essenciais à própria sobrevivência da socie- ▷ Atividade econômica em sentido amplo.
dade; Devem ser garantidos pelo Estado. ▷ Podem ser explorados com o intuito de lucro.
▷ Titularidade exclusiva do Estado.
Ex.: Serviços públicos que estejam relacionados aos di-
reitos fundamentais sociais, como o saneamento básico. ▷ Pode ser delegado a particulares.
Serviços Públicos de Utilidade Pública Serviço Público Adequado
Não são essenciais à sobrevivência da sociedade, mas sua A definição de serviço público adequado é feita pelo Art. 6º,
prestação é útil ou conveniente a ela, pois proporciona maior §1º, da Lei nº 8.987/95:
bem estar. Art. 6º, §1º. Serviço adequado é o que satisfaz as con-
Ex.: Telefonia. dições de regularidade, continuidade, eficiência, segu-
rança, atualidade, generalidade, cortesia na sua pres-
7 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente – Direito Administrativo Descompli-
cado, pg. 685 – 20ª Edição – Editora Método.
tação e modicidade das tarifas.
Princípios dos Serviços Públicos Prestação desconcentrada centralizada: o órgão compe-
tente para prestar o serviço integra a estrutura de uma entida-
Com base no conceito acima exposto de serviço público
de da Administração Direta.
adequado, constatamos que são princípios da boa prestação
dos serviços públicos, além dos princípios fundamentais da Ad- Prestação desconcentrada descentralizada: o órgão com-
ministração Pública, o exposto na redação de tal conceito, sendo petente para prestar o serviço integra a estrutura de uma enti-
assim, vamos analisar os princípios descritos no Art. 6º, §1º. dade da Administração Indireta.
Regularidade: o padrão de qualidade da prestação do ser- A prestação feita por delegação não caracteriza prestação
viço deve ser sempre o mesmo e suficiente para atender com desconcentrada descentralizada, pois, para isso, seria necessário
adequação as necessidades dos usuários. que o particular delegado tivesse a titularidade do serviço público,
Continuidade dos serviços públicos: os serviços públicos o que não acontece na delegação, que transfere somente a execu-
não podem ser interrompidos, salvo em situações de emer- ção do serviço e mantém a titularidade com o poder concedente.
gência ou mediante aviso prévio do prestador, tais como ocor-
re em casos de inadimplência ou quando o prestador preten- Prestação direta: é a prestação feita pelo Poder Público,
de realizar manutenção nos equipamentos necessários à boa que é sinônimo de Administração Direta e Indireta, sendo as-
prestação do serviço. sim, prestação direta é a do serviço público feita pelas entida-
Eficiência: na prestação dos serviços públicos, devem ser des da Administração Direta e também pelas Indireta.
observados o custo e o benefício. Prestação indireta: é a prestação do serviço público feita
Segurança: os serviços devem ser prestados sem riscos por particulares mediante delegação da execução.
aos usuários e esses não podem expor sua saúde em perigos
na utilização do serviço. Concessão e Permissão
Atualidade: busca constante de atualizações de tecnologia de Serviço Público
e técnicas empregadas, bem como da qualificação de pessoal.
A adequação na prestação às novas tecnologias tem como fi- Base Constitucional
nalidade melhorar o alcance e a eficiência da prestação. Art. 22, XXVII, CF. Compete privativamente à União le-
Generalidade: a prestação de serviços públicos não distin- gislar sobre: normas gerais de licitação e contratação,
gue usuários, ou seja, é igual para todos. em todas as modalidades, para as administrações pú-
Cortesia na prestação: os prestadores dos serviços públi- blicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
cos devem tratar bem os usuários. Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
Modicidade das tarifas: as tarifas oriundas da presta- disposto no Art. 37, XXI , e para as empresas públicas
ção dos serviços públicos devem ter valores razoáveis para e sociedades de economia mista, nos termos do Art.
os usuários. A finalidade dessa regra é garantir o acesso aos 173, § 1º, III;
serviços públicos ao maior número de usufruidores possíveis.

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Art. 175, Parágrafo único: A lei disporá sobre:
Quanto mais essencial for o serviço, mais barata será a tarifa e, I. O regime das empresas concessionárias e permis-
em alguns casos, pode até mesmo chegar à zero.
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
Formas de Prestação dos seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
Serviços Públicos concessão ou permissão;
Prestação Centralizada: a pessoa política titular do serviço II. Os direitos dos usuários;
público faz a prestação por meio dos seus próprios órgãos. III. Política tarifária;
Prestação Descentralizada: a pessoa política transfere a IV. A obrigação de manter serviço adequado.
execução do serviço público para outra pessoa.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Modalidades Competência para a Edição de Normas


Prestação descentralizada por serviços/outorga legal: a Normas Gerais
pessoa política titular do serviço público transfere a sua titu- Competência privativa da União (Art. 22, XXVII, CF).
laridade e a sua execução para uma entidade integrante da
Lei nº 8.987/95: institui normas gerais sobre o regime de
administração indireta.
concessão ou permissão de serviço público.
Prestação descentralizada por colaboração/delegação: a
Lei nº 11.079/04: institui normas gerais para licitação e
pessoa política transfere somente a execução do serviço público,
contratação de parceria público-privada no âmbito da Admi-
por delegação a um particular, que vai executá-lo por sua conta
nistração Pública.
e risco. Ex.: Concessões, Permissões e Autorizações de Serviços
Públicos. As duas leis acima descritas são nacionais, ou seja, são leis
criadas pela União e que devem obrigatoriamente ser obser-
Prestação desconcentrada: o serviço é executado por um
vadas pela União, Estados, DF e Municípios. Todavia, a Lei nº
órgão, com competência específica para prestá-lo, integrante da
11.079/04 tem um núcleo que é aplicável somente à Administra-
estrutura da pessoa jurídica que detém a titularidade do serviço8.
ção Pública Federal, em outras palavras, ela traça normas gerais
para todos os entes federados e ainda traz algumas específicas 321
8 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente – Direito Administrativo Descompli-
cado, pg. 696 – 20ª Edição – Editora Método. que são aplicadas somente à Administração Pública Federal.
Normas Específicas ▷ A execução indireta por delegação (concessão ou per-
322 missão) depende de lei autorizativa;
Cada ente federal cria as suas próprias normas específicas.
▷ São sempre precedidos de licitação.
Lei nº 8.987/95: institui normas gerais sobre o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos. Diferenças entre a Concessão e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É importante observar que, com base no Art. 1º da Lei nº Permissão de Serviços Públicos
8.987/95, é aplicável aos contratos de concessão e permissão
Art. 2º da Lei nº 9.074/95: É vedado à União, aos Es-
de serviços públicos, naquilo que lhes couber, as disposições
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios executarem
contidas na Lei nº 8.666/93 (licitação e contratos administrati- obras e serviços públicos por meio de concessão e
vos). Tal lei visa regulamentar as regras contidas no parágrafo permissão de serviço público, sem lei que lhes auto-
único do Art. 175 da CF. rize e fixe os termos, dispensada a lei autorizativa nos
Conceito de Concessão e casos de saneamento básico e limpeza urbana e nos
já referidos na Constituição Federal, nas Constituições
Permissão de Serviço Público Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e
Poder Concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou Municípios, observado, em qualquer caso, os termos
o Município, em cuja competência se encontre o serviço públi- da Lei nº 8.987, de 1995.
co, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de Concessão Permissão
concessão ou permissão (Art. 2º, I).
Sempre licitação, todavia, admite outras
Concessão de Serviço Público: a delegação de sua pres- Sempre licitação na mo-
modalidades e não somente concor-
dalidade concorrência.
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tação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na rência.


modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de Natureza contratual: contrato
empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, Natureza contratual.
de adesão (Art. 40).
por sua conta e risco e por prazo determinado (Art. 2º, II).
Celebração do contra-
Concessão de Serviço Público Precedida da Execução de Celebração do contrato: pessoa jurídica
to: pessoa jurídica ou
ou pessoa física.
Obra Pública: a construção, total ou parcial, conservação, refor- Consórcio de empresas.
ma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interes- Não há precariedade. Delegação a título precário.
se público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação,
na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou a consórcio Não é cabível revogação Revogabilidade unilateral do contrato
do contrato. pelo poder concedente.
de empresas que demonstre capacidade para a sua realização,
por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessio- Autorização de Serviço Público
nária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do
serviço ou da obra por prazo determinado (Art. 2º, III). Autorização de serviço público é o ato discricionário, me-
Permissão de Serviço Público: a delegação, a título pre- diante o qual o Poder Público delega ao particular, a título
cário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, precário, a prestação de serviço público que não exija alto in-
feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que vestimento de capital ou alto grau de especialização técnica.
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta Características do termo de autorização
e risco (Art. 2º, IV). ▷ Tem natureza precária/discricionária:
Características Comuns das » É discricionária a autorização.
» Pode ser revogada unilateralmente pela Admi-
Concessões e Permissões nistração Pública por razões de conveniência e
▷ São delegações de prestação de serviço público; oportunidade.
▷ Transferem somente a execução do serviço público, fi- ▷ Em regra, não tem prazo determinado.
cando a titularidade com o poder público concedente; ▷ A revogação não acarreta direito à indenização.
▷ A prestação do serviço é por conta e risco do par- Exceção: nos casos de autorização por prazo certo, ou seja,
ticular; com tempo determinado no ato de autorização, a revogação
▷ O poder concedente fiscaliza a prestação feita pelo antes do término do prazo pode ensejar ao particular o direito
particular em decorrência do exercício do poder dis- à indenização.
ciplinar; Cabimento da autorização de serviços públicos
▷ O particular tem o dever de prestar um serviço pú- ▷ Casos em que o serviço seja prestado a um grupo
blico adequado: restrito de usuários, sendo o seu beneficiário exclu-
» Descumprimento. sivo ou principal o próprio particular autorizado.
» Intervenção. Ex.: Exploração de serviços de telecomunicação em re-
» Aplicação de penalidade administrativa. gime privado, que é autorizada a prestação por usuário
» Extinção por caducidade. restrito que é o seu único beneficiário: operador privado
▷ Duração por prazo determinado, podendo o contra- de rádioamador.
to prever sua prorrogação, estipulando as condições; ▷ Situações de emergência, transitórias e eventuais.
Diferença entre autorização de serviços públicos e a autori- Da mesma forma, essa lei também é aplicada para:
zação do poder de polícia ▷ Órgãos da Administração Pública Direita;
▷ Administração Pública Indireta (autarquias, fun-
Autorização de Serviço Público Autorização do poder de Polícia dações públicas, empresas públicas, sociedades de
economia mista);
Concede ao particular o
Concede ao particular o exercício ▷ Fundos Especiais;
exercício de atividade cuja
titularidade é exclusiva do
de atividades regidas pelo direito ▷ Entidades Controladas (direta ou indiretamente
privado, livre à iniciativa privada. pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
poder público.
Características comuns entre Concessão, Autorização e A parceria público-privada é um Contrato administrativo
Permissão de Serviços Públicos de concessão, podendo adotar duas modalidades:
São formas de delegação da prestação de serviços públicos. Concessão Patrocinada
▷ Transferem somente a execução da atividade e não É a concessão de serviços públicos ou de obras públicas
a sua titularidade. de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando
As delegações de serviço público são fiscalizadas em de- envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contra-
corrência do Poder Disciplinar da Administração Pública. prestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.
As concessões patrocinadas regem-se Lei nº 11.079/2004,
Diferenças entre Concessão, Permissão aplicando subsidiariamente o disposto na Lei nº 8.987, de 13 de
fevereiro de 1995, e nas leis que lhe são correlatas.
e Autorização de Serviços Públicos
Concessão Administrativa
Concessão Permissão Autorização É o contrato de prestação de serviços de que a Administra-
Sempre licitação, todavia, ção Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
Sempre licitação execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.
admite outras modal-
na modalidade Não há licitação.
idades e não somente As concessões administrativas regem-se pela Lei nº
concorrência.
concorrência. 11.079/2004, aplicado adicionalmente o disposto nos Arts. 21,
Natureza contratual: 23, 25 e 27 a 39 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e
Natureza contratual. contrato de adesão Ato administrativo. Art. 31 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995.
(Art. 40).
Concessão Patrocinada o contraprestação paga pela
Concessão da
Celebração do Autorização pode
Administração + tarifa paga pelo usuário.
contrato: pessoa
Celebração do contrato:
ser feita para pes- Concessão Administrativa o contraprestação paga

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pessoa jurídica ou pessoa
jurídica ou consórcio soa física, jurídica pela Administração.
física.
de empresas. ou consórcio de
empresas. A concessão comum não constitui parceria público-pri-
vada – assim entendida a concessão de serviços públicos ou
Não há precarie- Delegação a título Ato administrativo
dade. precário. precário. de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987/1995, quando
não envolver contraprestação pecuniária do parceiro pú-
Revogabilidade unilateral Revogável unilat- blico ao parceiro privado. Os contratos administrativos de
Não é cabível revo-
do contrato pelo poder eralmente pelo
gação do contrato.
concedente. Poder Concedente.
concessão comum continuam sendo regidos exclusivamen-
te pela Lei nº 8.987/1995 demais legislação correlata.
Os contratos administrativos que não caracterizem con-
Parcerias Público-Privadas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cessão comum, patrocinada ou administrativa continuam re-


A Parceria Público-Privada (PPP), cujas normas gerais en- gidos exclusivamente pela Lei nº 8.666/1993 e pelas leis que
contram-se traçadas na Lei nº 11.079/2004, é um contrato de lhe são correlatas.
prestação de obras ou serviços com valor não inferior a R$ 20 É vedada a celebração de contrato de parceria público-
milhões firmado entre empresa privada e o governo federal, -privada:
estadual ou municipal, com duração mínima de cinco e no má- ▷ Cujo valor do contrato seja inferior a R$
ximo 35 anos. 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
▷ Cujo período de prestação do serviço seja inferior a
Disposições Preliminares cinco anos.
A Lei nº 11.079/2004 institui normas gerais para licitação
▷ Que tenha como objeto único o fornecimento de
e contratação de parceria público-privada no âmbito dos Po-
mão de obra, o fornecimento e instalação de equi-
deres: pamentos ou a execução de obra pública.
▷ Da União. Diretrizes que devem ser observadas na contratação de
▷ Dos Estados. parceria público-privada:
▷ Do Distrito Federal. ▷ Eficiência no cumprimento das missões de Estado 323
▷ Dos Municípios. e no emprego dos recursos da sociedade.
▷ Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços, sempre que verificada a hipótese do § 2º
324 dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua do Art. 6º da Lei 11.079/2004.
execução. As cláusulas contratuais de atualização automática de
▷ Indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicio- valores baseadas em índices e fórmulas matemáticas, quan-
nal, do exercício do poder de polícia e de outras ativida- do houver, serão aplicadas sem necessidade de homologação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

des exclusivas do Estado. pela Administração Pública, exceto se essa publicar na impren-
▷ Responsabilidade fiscal na celebração e execução sa oficial, onde houver, até o prazo de 15 dias após apresenta-
das parcerias. ção da fatura, razões fundamentadas nesta Lei ou no contrato
▷ Transparência dos procedimentos e das decisões. para a rejeição da atualização.
▷ Repartição objetiva de riscos entre as partes. Os contratos poderão prever adicionalmente:
▷ Sustentabilidade financeira e vantagens socioeco- ▷ Os requisitos e condições em que o parceiro público
nômicas dos projetos de parceria. autorizará a transferência do controle da sociedade
de propósito específico para os seus financiadores,
Contratos de Parceria Público-Privada com o objetivo de promover a sua reestruturação
financeira e assegurar a continuidade da prestação
As cláusulas dos contratos de parceria público-privada aten-
dos serviços, não se aplicando para esse efeito o pre-
derão ao disposto no Art. 23 da Lei nº 8.987/1995, no que couber,
visto no inciso I do parágrafo único do Art. 27 da Lei
devendo também prever:
nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
▷ O prazo de vigência do contrato, compatível com ▷ A possibilidade de emissão de empenho em nome
a amortização dos investimentos realizados, não dos financiadores do projeto em relação às obriga-
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inferior a cinco, nem superior a 35 anos, incluindo ções pecuniárias da Administração Pública.
eventual prorrogação. ▷ A legitimidade dos financiadores do projeto para
▷ As penalidades aplicáveis à Administração Pública e receber indenizações por extinção antecipada do
ao parceiro privado em caso de inadimplemento con- contrato, bem como pagamentos efetuados pelos
tratual, fixadas sempre de forma proporcional à gra- fundos e empresas estatais garantidores de parce-
vidade da falta cometida, e às obrigações assumidas. rias público-privadas.
▷ A repartição de riscos entre as partes, inclusive os A contraprestação da administração pública nos contra-
referentes a caso fortuito, força maior, fato do prín- tos de parceria público-privada poderá ser feita por:
cipe e álea econômica extraordinária. ▷ Ordem bancária.
▷ As formas de remuneração e de atualização dos va- ▷ Cessão de créditos não tributários.
lores contratuais. ▷ Outorga de direitos em face da Administração Pública.
▷ Os mecanismos para a preservação da atualidade da ▷ Outorga de direitos sobre bens públicos dominicais.
prestação dos serviços. ▷ Outros meios admitidos em lei.
▷ Os fatos que caracterizem a inadimplência pecuniá- O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro priva-
ria do parceiro público, os modos e o prazo de regu- do de remuneração variável vinculada ao seu desempenho,
larização e, quando houver, a forma de acionamento conforme metas e padrões de qualidade e disponibilidade de-
da garantia. finidos no contrato.
▷ Os critérios objetivos de avaliação do desempenho O contrato poderá prever o aporte de recursos em favor do
do parceiro privado. parceiro privado para a realização de obras e aquisição de bens
▷ A prestação, pelo parceiro privado, de garantias de reversíveis, nos termos dos incisos X e XI do caput do Art. 18 da
execução suficientes e compatíveis com os ônus e Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, desde que autorizado no
riscos envolvidos, observados os limites dos §§ 3º e edital de licitação, se contratos novos, ou em lei específica, se
contratos celebrados até 8 de agosto de 2012.
5º do Art. 56 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
e, no que se refere às concessões patrocinadas, o O valor desse aporte de poderá ser excluído da determinação:
disposto no inciso XV do Art. 18 da Lei nº 8.987, de ▷ Do lucro líquido para fins de apuração do lucro real
13 de fevereiro de 1995. e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL).
▷ O compartilhamento com a Administração Pública
de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado ▷ Da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep
e da Contribuição para o Financiamento da Seguri-
decorrentes da redução do risco de crédito dos fi-
dade Social (Cofins).
nanciamentos utilizados pelo parceiro privado.
Essa parcela excluída deverá ser computada na determi-
▷ A realização de vistoria dos bens reversíveis, poden- nação do lucro líquido para fins de apuração do lucro real, da
do o parceiro público reter os pagamentos ao priva- base de cálculo da CSLL e da base de cálculo da Contribuição
do, no valor necessário para reparar as irregularida- para o PIS/Pasep e da Cofins, na proporção em que o custo
des eventualmente detectadas. para a realização de obras e aquisição de bens a que se refere
▷ O cronograma e os marcos para o repasse ao parceiro o § 2º deste artigo for realizado, inclusive mediante deprecia-
privado das parcelas do aporte de recursos, na fase de ção ou extinção da concessão, nos termos do Art. 35 da Lei nº
investimentos do projeto e/ou após a disponibilização 8.987, de 13 de fevereiro de 1995.
Por ocasião da extinção do contrato, o parceiro privado Licitação
não receberá indenização pelas parcelas de investimentos vin-
De acordo com o Art. 10 da Lei 11.079/04, contratação de
culados a bens reversíveis ainda não amortizadas ou deprecia- parceria público-privada será precedida de licitação na moda-
das, quando tais investimentos houverem sido realizados com lidade de concorrência, estando a abertura do processo licita-
valores provenientes do aporte de recursos acima tratado. tório condicionada a:
A contraprestação da Administração Pública será obrigatoria- I. Autorização da autoridade competente, funda-
mente precedida da disponibilização do serviço objeto do contra- mentada em estudo técnico que demonstre:
to de parceria público-privada. a) A conveniência e a oportunidade da contratação,
É facultado à Administração Pública, nos termos do con- mediante identificação das razões que justifiquem
trato, efetuar o pagamento da contraprestação relativa a par- a opção pela forma de parceria público-privada.
cela fruível do serviço objeto do contrato de parceria público- b) Que as despesas criadas ou aumentadas não
-privada. afetarão as metas de resultados fiscais previstas
O aporte de recursos acima tratado, quando realizado du- no Anexo referido no § 1º do Art. 4º da Lei Com-
rante a fase dos investimentos a cargo do parceiro privado, de- plementar nº 101, de 4 de maio de 2000, devendo
verá guardar proporcionalidade com as etapas efetivamente seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes,
executadas. ser compensados pelo aumento permanente de
receita ou pela redução permanente de despesa.
Garantias c) Quando for o caso, conforme as normas edita-
As obrigações pecuniárias contraídas pela Administração das na forma do Art. 25 desta Lei, a observância
dos limites e condições decorrentes da aplicação
Pública em contrato de parceria público-privada poderão ser
dos Arts. 29, 30 e 32 da Lei Complementar nº 101,
garantidas mediante: de 4 de maio de 2000, pelas obrigações contraí-
▷ Vinculação de receitas, observado o disposto no in- das pela Administração Pública relativas ao obje-
ciso IV do Art. 167 da Constituição Federal. to do contrato.
▷ Instituição ou utilização de fundos especiais previs- A comprovação referida nas alíneas b e c acima citadas
tos em lei. conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, ob-
▷ Contratação de seguro-garantia com as companhias servadas as normas gerais para consolidação das contas públi-
seguradoras que não sejam controladas pelo Poder cas, sem prejuízo do exame de compatibilidade das despesas
Público. com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretri-
zes orçamentárias.
▷ Garantia prestada por organismos internacionais ou
II. Elaboração de estimativa do impacto orçamentá-
instituições financeiras que não sejam controladas

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rio-financeiro nos exercícios em que deva vigorar o
pelo Poder Público.
contrato de parceria público-privada;
▷ Garantias prestadas por fundo garantidor ou empresa III. Declaração do ordenador da despesa de que as
estatal criada para essa finalidade. obrigações contraídas pela Administração Pública
▷ Outros mecanismos admitidos em lei. no decorrer do contrato são compatíveis com a lei
de diretrizes orçamentárias e estão previstas na lei
Sociedade de Propósito Específico orçamentária anual;
Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída IV. Estimativa do fluxo de recursos públicos suficientes
sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e para o cumprimento, durante a vigência do contrato
gerir o objeto da parceria. e por exercício financeiro, das obrigações contraídas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A transferência do controle da sociedade de propósito pela Administração Pública;


específico estará condicionada à autorização expressa da V. Seu objeto estar previsto no plano plurianual em vi-
Administração Pública, nos termos do edital e do contrato, gor no âmbito onde o contrato será celebrado;
observado o disposto no parágrafo único do Art. 27 da Lei nº VI. Submissão da minuta de edital e de contrato à
8.987/1995. consulta pública, mediante publicação na imprensa
A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma oficial, em jornais de grande circulação e por meio
eletrônico, que deverá informar a justificativa para
de companhia aberta, com valores mobiliários admitidos a ne-
a contratação, a identificação do objeto, o prazo
gociação no mercado. Tal sociedade também deverá obedecer
de duração do contrato, seu valor estimado, fixan-
a padrões de governança corporativa e adotar contabilidade e do-se tempo mínimo de 30 (trinta) dias para re-
demonstrações financeiras padronizadas, conforme regulamento. cebimento de sugestões, cujo termo dar-se-á pelo
Fica vedado à Administração Pública ser titular da maioria menos 7 (sete) dias antes da data prevista para a
do capital votante dessas sociedades. Entretanto, essa veda- publicação do edital; e
ção não se aplica à eventual aquisição da maioria do capital VIII. Licença ambiental prévia ou expedição das
votante da sociedade de propósito específico por instituição diretrizes para o licenciamento ambiental do em-
financeira controlada pelo Poder Público em caso de inadim- preendimento, na forma do regulamento, sempre 325
plemento de contratos de financiamento. que o objeto do contrato exigir.
Sempre que a assinatura do contrato ocorrer em exercício satisfazer as exigências dentro do prazo fixado no
326 diverso daquele em que for publicado o edital, deverá ser pre- instrumento convocatório.
cedida da atualização dos estudos e demonstrações a que se No caso de propostas escritas, seguidas de lances em
referem os itens I a IV acima citados. viva voz (verbais):
As concessões patrocinadas em que mais de 70% da re- ▷ Os lances em viva-voz serão sempre oferecidos na
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

muneração do parceiro privado for paga pela Administração ordem inversa da classificação das propostas escri-
Pública dependerão de autorização legislativa específica. tas, sendo vedado ao edital limitar a quantidade de
Os estudos de engenharia para a definição do valor do investi- propostas.
mento da PPP deverão ter nível de detalhamento de anteprojeto, ▷ O edital poderá restringir a apresentação de lances
e o valor dos investimentos para definição do preço de referência
em viva-voz aos licitantes cuja proposta escrita for no
para a licitação será calculado com base em preços de mercado
máximo 20% maior que o valor da melhor proposta.
considerando o custo global de obras semelhantes no Brasil ou no
exterior ou com base em sistemas de custos que utilizem como in- O exame de propostas técnicas, para fins de qualificação
sumo valores de mercado do setor específico do projeto, aferidos, ou julgamento, será feito por ato motivado, com base em exi-
em qualquer caso, mediante orçamento sintético, elaborado por gências, parâmetros e indicadores de resultado pertinentes
meio de metodologia expedita ou paramétrica. ao objeto, definidos com clareza e objetividade no edital. Este
O instrumento convocatório conterá minuta do contrato, poderá prever a inversão da ordem das fases de habilitação e
indicará expressamente a submissão da licitação às normas da julgamento, hipótese em que:
Lei 11.079/2004 e observará, no que couber, os §§ 3º e 4º do I. Encerrada a fase de classificação das propostas ou
Art. 15, os Arts. 18, 19 e 21 da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de o oferecimento de lances, será aberto o invólucro
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1995, podendo ainda prever: com os documentos de habilitação do licitante mais


▷ Exigência de garantia de proposta do licitante, obser- bem classificado, para verificação do atendimento
vado o limite do inciso III do Art. 31 da Lei nº 8.666, de das condições fixadas no edital;
21 de junho de 1993. II. Verificado o atendimento das exigências do edi-
▷ O emprego dos mecanismos privados de resolução tal, o licitante será declarado vencedor;
de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no III. Inabilitado o licitante melhor classificado, serão
Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei nº analisados os documentos habilitatórios do licitan-
9.307, de 23 de setembro de 1996, para dirimir confli- te com a proposta classificada em 2o (segundo) lu-
tos decorrentes ou relacionados ao contrato. gar, e assim, sucessivamente, até que um licitante
O edital deverá especificar, quando houver, as garantias classificado atenda às condições fixadas no edital;
da contraprestação do parceiro público a serem concedidas ao IV. Proclamado o resultado final do certame, o
privado. objeto será adjudicado ao vencedor nas condições
Art. 12. O certame para a contratação de parcerias pú- técnicas e econômicas por ele ofertadas.
blico-privadas obedecerá ao procedimento previsto na Disposições Aplicáveis à União
legislação vigente sobre licitações e contratos adminis-
trativos e também ao seguinte: Apesar de traçar normas gerais aplicáveis no âmbito
Federal, Estadual, Distrital e Municipal, a Lei 11.079/2004
I. O julgamento poderá ser precedido de etapa de
traz algumas regras específicas para a União.
qualificação de propostas técnicas, desclassifican-
do-se os licitantes que não alcançarem a pontua- Órgão Gestor de Parcerias Público-privadas Federais
ção mínima, os quais não participarão das etapas Será instituído por decreto e com competência para:
seguintes; ▷ Definir os serviços prioritários para execução no regime
II. O julgamento poderá adotar como critérios, de parceria público-privada.
além dos previstos nos incisos I e V do Art. 15 da Lei ▷ Disciplinar os procedimentos para celebração desses
nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, os seguintes: contratos.
a) menor valor da contraprestação a ser paga ▷ Autorizar a abertura da licitação e aprovar seu edital.
pela Administração Pública; ▷ Apreciar os relatórios de execução dos contratos.
b) melhor proposta em razão da combinação do Esse órgão será composto por indicação nominal de um
critério da alínea a com o de melhor técnica, de representante titular e respectivo suplente de cada um dos
acordo com os pesos estabelecidos no edital; seguintes órgãos:
III. O edital definirá a forma de apresentação das ▷ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao
propostas econômicas, admitindo-se: qual cumprirá a tarefa de coordenação das respecti-
a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou vas atividades.
b) propostas escritas, seguidas de lances em ▷ Ministério da Fazenda.
viva voz; ▷ Casa Civil da Presidência da República.
IV. O edital poderá prever a possibilidade de sa- Das reuniões desse órgão para examinar projetos de par-
neamento de falhas, de complementação de insufi- ceria público-privada participará um representante do órgão
ciências ou ainda de correções de caráter formal no da Administração Pública direta cuja área de competência seja
curso do procedimento, desde que o licitante possa pertinente ao objeto do contrato em análise.
Para deliberação do órgão gestor sobre a contratação de O FGP responderá por suas obrigações com os bens e
parceria público-privada, o expediente deverá estar instruído direitos integrantes de seu patrimônio, não respondendo os
com pronunciamento prévio e fundamentado: cotistas por qualquer obrigação do Fundo, salvo pela integra-
▷ Do Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- lização das cotas que subscreverem.
tão, sobre o mérito do projeto. A integralização com bens acima referido será feita inde-
▷ Do Ministério da Fazenda, quanto à viabilidade da pendentemente de licitação, mediante prévia avaliação e au-
concessão da garantia e à sua forma, relativamen- torização específica do Presidente da República, por proposta
te aos riscos para o Tesouro Nacional e ao cum- do Ministro da Fazenda.
primento do limite de que trata o Art. 22 da Lei nº O aporte de bens de uso especial ou de uso comum no FGP
11.079/2004. será condicionado a sua desafetação de forma individualizada.
Para o desempenho de suas funções, o órgão gestor de A capitalização do FGP, quando realizada por meio de recur-
parcerias público-privadas federais poderá criar estrutura de sos orçamentários, dar-se-á por ação orçamentária específica
apoio técnico com a presença de representantes de institui- para essa finalidade, no âmbito de Encargos Financeiros da União.
ções públicas. O FGP será criado, administrado, gerido e representado
judicial e extrajudicialmente por instituição financeira contro-
O órgão gestor de parcerias público-privadas federais
lada, direta ou indiretamente, pela União, com observância das
remeterá ao Congresso Nacional e ao Tribunal de Contas da normas a que se refere o inciso XXII do Art. 4º da Lei nº 4.595,
União, com periodicidade anual, relatórios de desempenho de 31 de dezembro de 1964.
dos contratos de parceria público-privada (esse relatórios, O estatuto e o regulamento do FGP serão aprovados em
salvo informações classificadas como sigilosas, serão dispo- assembleia dos cotistas. A representação da União na referida
nibilizados ao público, por meio de rede pública de transmis- assembleia dar-se-á na forma do inciso V do Art. 10 do Decre-
são de dados). to-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
Compete aos Ministérios e às Agências Reguladoras, nas Caberá à instituição financeira deliberar sobre a gestão e
suas respectivas áreas de competência, submeter o edital de alienação dos bens e direitos do FGP, zelando pela manuten-
licitação ao órgão gestor, proceder à licitação, acompanhar e ção de sua rentabilidade e liquidez.
fiscalizar os contratos de parceria público-privada. O estatuto e o regulamento do FGP devem deliberar sobre
Os Ministérios e Agências Reguladoras encaminharão a política de concessão de garantias, inclusive no que se refere
ao órgão gestor de parcerias público-privadas federais, com à relação entre ativos e passivos do Fundo.
periodicidade semestral, relatórios circunstanciados acerca A garantia será prestada na forma aprovada pela assem-
da execução dos contratos de parceria público-privada, na bleia dos cotistas, nas seguintes modalidades:
▷ Fiança, sem benefício de ordem para o fiador.

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forma definida em regulamento.
Ficam a União, seus fundos especiais, suas autarquias, ▷ Penhor de bens móveis ou de direitos integrantes do
suas fundações públicas e suas empresas estatais depen- patrimônio do FGP, sem transferência da posse da coi-
sa empenhada antes da execução da garantia.
dentes autorizadas a participar, no limite global de R$
6.000.000.000,00 (seis bilhões de reais), em Fundo Ga- ▷ Hipoteca de bens imóveis do patrimônio do FGP.
rantidor de Parcerias Público-Privadas (FGP) que terá por ▷ Alienação fiduciária, permanecendo a posse direta dos
finalidade prestar garantia de pagamento de obrigações bens com o FGP ou com agente fiduciário por ele con-
tratado antes da execução da garantia.
pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos federais, dis-
tritais, estaduais ou municipais em virtude das parcerias de ▷ Outros contratos que produzam efeito de garantia,
desde que não transfiram a titularidade ou posse
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
que trata a Lei nº 11.079/2004.
direta dos bens ao parceiro privado antes da exe-
O FGP terá natureza privada e patrimônio próprio separa- cução da garantia.
do do patrimônio dos cotistas, e será sujeito a direitos e obri- ▷ Garantia, real ou pessoal, vinculada a um patrimônio
gações próprios. de afetação Constituído em decorrência da separa-
O patrimônio do Fundo será formado pelo aporte de bens ção de bens e direitos pertencentes ao FGP.
e direitos realizado pelos cotistas, por meio da integralização O FGP poderá prestar contra-garantias a seguradoras, ins-
de cotas e pelos rendimentos obtidos com sua administração. tituições financeiras e organismos internacionais que assegu-
Os bens e direitos transferidos ao Fundo serão avaliados rarem o cumprimento das obrigações pecuniárias dos cotistas
por empresa especializada, que deverá apresentar laudo fun- em contratos de parceria público-privadas.
damentado, com indicação dos critérios de avaliação adotados A quitação pelo parceiro público de cada parcela de débi-
e instruído com os documentos relativos aos bens julgados. to garantido pelo FGP importará exoneração proporcional da
A integralização das cotas poderá ser realizada em dinhei- garantia.
ro, títulos da dívida pública, bens imóveis dominicais, bens O FGP poderá prestar garantia mediante contratação de
móveis, inclusive ações de sociedade de economia mista fede- instrumentos disponíveis em mercado, inclusive para comple-
ral excedentes ao necessário para manutenção de seu controle mentação das modalidades acima previstas. 327
pela União, ou outros direitos com valor patrimonial. O parceiro privado poderá acionar o FGP nos casos de:
▷ Crédito líquido e certo, constante de título exigível Disposições Finais
328 aceito e não pago pelo parceiro público após 15 dias
Fica a União autorizada a conceder incentivo, nos termos do
contados da data de vencimento; e
Programa de Incentivo à Implementação de Projetos de Interes-
▷ Débitos constantes de faturas emitidas e não aceitas se Social (PIPS), instituído pela Lei nº 10.735, de 11 de setembro
pelo parceiro público após 45 (quarenta e cinco) dias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de 2003, às aplicações em fundos de investimento, criados por


contados da data de vencimento, desde que não te- instituições financeiras, em direitos creditórios provenientes dos
nha havido rejeição expressa por ato motivado. contratos de parcerias público-privadas.
A quitação de débito pelo FGP importará sua sub-roga- O Conselho Monetário Nacional estabelecerá, na forma da
ção nos direitos do parceiro privado. Em caso de inadimple- legislação pertinente, as diretrizes para a concessão de crédito
mento, os bens e direitos do Fundo poderão ser objeto de destinado ao financiamento de contratos de parcerias público-
constrição judicial e alienação para satisfazer as obrigações -privadas, bem como para participação de entidades fechadas
garantidas. de previdência complementar.
O FGP poderá usar parcela da cota da União para prestar A Secretaria do Tesouro Nacional editará, na forma da legisla-
garantia aos seus fundos especiais, às suas autarquias, às suas ção pertinente, normas gerais relativas à consolidação das contas
fundações públicas e às suas empresas estatais dependentes. públicas aplicáveis aos contratos de parceria público-privada.
O FGP é obrigado a honrar faturas aceitas e não pagas pelo O inciso I do § 1º do Art. 56 da Lei nº 8.666/1993, foi alte-
parceiro público. O FGP é proibido de pagar faturas rejeitadas ex- rado pela Lei 11.079/2004, passando a vigorar com a seguinte
pressamente por ato motivado. redação:
O parceiro público deverá informar o FGP sobre qualquer Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
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fatura rejeitada e sobre os motivos da rejeição no prazo de 40 devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural,
(quarenta) dias contado da data de vencimento. mediante registro em sistema centralizado de liquida-
ção e de custódia autorizado pelo Banco Central do
A ausência de aceite ou rejeição expressa de fatura por
Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, con-
parte do parceiro público no prazo de 40 (quarenta) dias
forme definido pelo Ministério da Fazenda.
contado da data de vencimento implicará aceitação tácita. O
agente público que contribuir por ação ou omissão para essa As operações de crédito efetuadas por empresas públicas ou
aceitação tácita ou que rejeitar fatura sem motivação será res- sociedades de economia mista controladas pela União não pode-
ponsabilizado pelos danos que causar, em conformidade com rão exceder a 70% do total das fontes de recursos financeiros da
sociedade de propósito específico, sendo que para as áreas das
a legislação civil, administrativa e penal em vigor.
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o Índice de Desen-
O FGP não pagará rendimentos a seus cotistas, asseguran- volvimento Humano (IDH) seja inferior à média nacional, essa par-
do-se a qualquer deles o direito de requerer o resgate total ou ticipação não poderá exceder a 80%.
parcial de suas cotas, correspondente ao patrimônio ainda não Não poderão exceder a 80% do total das fontes de recur-
utilizado para a concessão de garantias, fazendo-se a liquida- sos financeiros da sociedade de propósito específico ou 90%
ção com base na situação patrimonial do Fundo. nas áreas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde o
A dissolução do FGP, deliberada pela assembleia dos co- IDH seja inferior à média nacional, as operações de crédito ou
tistas, ficará condicionada à prévia quitação da totalidade dos contribuições de capital realizadas cumulativamente por:
débitos garantidos ou liberação das garantias pelos credores. ▷ Entidades fechadas de previdência complementar.
Dissolvido o FGP, o seu patrimônio será rateado entre os ▷ Empresas públicas ou sociedades de economia mis-
cotistas, com base na situação patrimonial à data da dissolu- ta controladas pela União.
ção. Para esses fins, financeiros as operações de crédito e con-
É facultada a constituição de patrimônio de afetação que tribuições de capital à sociedade entende-se por fonte de re-
não se comunicará com o restante da herança do FGP, ficando cursos de propósito específico.
vinculado exclusivamente à garantia em virtude da qual tiver A União não poderá conceder garantia ou realizar transfe-
sido constituído, não podendo ser objeto de penhora, arresto, rência voluntária aos Estados, Distrito Federal e Municípios se a
sequestro, busca e apreensão ou qualquer ato de constrição soma das despesas de caráter continuado, derivadas do conjun-
judicial decorrente de outras obrigações do FGP. to das parcerias já contratadas por esses entes, tiver excedido,
A constituição do patrimônio de afetação será feita por no ano anterior, a 5% da receita corrente líquida do exercício ou
registro em Cartório de Registro de Títulos e Documentos ou, se as despesas anuais dos contratos vigentes nos 10 anos sub-
no caso de bem imóvel, no Cartório de Registro Imobiliário sequentes excederem a 5% da receita corrente líquida projetada
correspondente. para os respectivos exercícios.
A União somente poderá contratar parceria público-pri- Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que contra-
vada quando a soma das despesas de caráter continuado tarem empreendimentos por intermédio de parcerias público-
derivadas do conjunto das parcerias já contratadas não tiver -privadas deverão encaminhar ao Senado Federal e à Secretaria
excedido, no ano anterior, a 1% da receita corrente líquida do do Tesouro Nacional, previamente à contratação, as informações
exercício, e as despesas anuais dos contratos vigentes, nos 10 necessárias para cumprimento dessa determinação.
anos subsequentes, não excedam a 1% da receita corrente lí- Na aplicação do limite previsto no caput deste artigo, serão
quida projetada para os respectivos exercícios. computadas as despesas derivadas de contratos de parceria ce-
lebrados pela administração pública direta, autarquias, fundações Controle Externo
públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e É exercido por um poder sobre os atos administrativos de
demais entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo res- outro poder.
pectivo ente, excluídas as instituições estatais não dependentes. A exemplo, temos o controle judicial dos atos administra-
Serão aplicáveis, no que couber, as penalidades previstas no tivos, que analisa aspectos de legalidade dos atos da Adminis-
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; tração Pública dos demais poderes; ou o controle legislativo
na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992 – Lei de Improbidade realizado pelo poder legislativo, nos atos da Administração
Administrativa; na Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000 - Lei Pública dos outros poderes.
dos Crimes Fiscais; no Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de Controle Popular
1967; e na Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, sem prejuízo das É o controle exercido pelos administrados na atuação da
penalidades financeiras previstas contratualmente. Administração Pública dos três poderes, seja por meio da ação
popular, do direito de petição ou de outros.
10. Controle da Administração Pública É importante lembrar que os atos administrativos devem
ser publicados, salvo os sigilosos. Todavia, uma outra finali-
É um conjunto de instrumentos que o ordenamento jurí- dade da publicidade dos atos administrativos é o desenvolvi-
dico estabelece a fim de que a própria administração Pública, mento do controle social da Administração Pública9.
os três poderes, e, ainda, o povo, diretamente ou por meio de
órgãos especializados, possam exercer o poder de fiscalização, Quanto ao Momento de Exercício
orientação e revisão da atuação de todos os órgãos, entidades Controle Prévio
e agentes públicos, em todas as esferas do poder.
É exercido antes da prática ou antes da conclusão do ato
Classificação administrativo.
Finalidade:
Quanto à Origem É um requisito de validade do ato administrativo.
Ex.: A aprovação do Senado Federal da escolha de ministros
Controle Interno do STF ou de dirigente de uma agência reguladora federal.
Acontece dentro do próprio poder, decorrente do prin- Em tais situações, a referida aprovação antecede a nomea-
cípio da autotutela. ção de tais agentes.
Finalidade: Controle Concomitante
Art. 74, CF. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- É exercido durante a prática do ato.
rio manterão, de forma integrada, sistema de controle
Finalidade:
interno com a finalidade de:
Possibilitar a aferição do cumprimento das formalidades exi-

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I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no
gidas para a formação do ato administrativo.
plano plurianual, a execução dos programas de go-
verno e dos orçamentos da União; Ex.: Fiscalização da execução de um contrato adminis-
trativo; acompanhamento de uma licitação pelos órgãos
II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, de controle.
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades Controle Subsequente/Corretivo/Posterior
da administração federal, bem como da aplicação de É exercido após a conclusão do ato.
recursos públicos por entidades de direito privado; Finalidade:
III. Exercer o controle das operações de crédito, ▷ Correção dos defeitos sanáveis do ato;
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres ▷ Declaração de nulidade do ato;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
da União; Revogação do ato discricionário legal inconveniente
IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua e inoportuno.
missão institucional. Cassação do ato pelo descumprimento dos requisi-
§ 1º - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem tos que são exigidos para a sua manutenção.
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, Conferir eficácia ao ato.
dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob
Ex.: Homologação de um concurso público.
pena de responsabilidade solidária.
Exs.: 9 Lei de Acesso à Informação Pública - Lei nº 12.527/Art. 3º. Os procedimentos
Pode ser exercido no âmbito hierárquico ou por órgãos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso à
informação e devem ser executados em conformidade com os princípios básicos
especializados (sem hierarquia); da Administração Pública e com as seguintes diretrizes:
O controle finalístico (controvérsia doutrinária, alguns I. observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
autores falam que é modalidade de controle externo); II. divulgação de informações de interesse público, independentemente de solic-
A fiscalização realizada por um órgão da Administração itações;
Pública do Legislativo sobre a atuação dela própria; III. utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação;
O controle realizado pela Administração Pública do poder IV. fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na Administração
judiciário nos atos administrativos praticados pela pró- Pública; 329
pria Administração Pública desse poder. V. desenvolvimento do controle social da Administração Pública.
Quanto ao Aspecto Controlado Mesmo quando o defeito admite convalidação, a adminis-
330 tração pública tem a possibilidade de anular, pois a regra é a
Controle de Legalidade anulação e a convalidação uma faculdade disponível ao agente
Sua finalidade é verificar se o ato foi praticado em con- público em hipóteses excepcionais.
formidade com o ordenamento jurídico, e, por esse, enten- Convalidação Tácita:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

demos que o ato tem que ser praticado de acordo com as leis O Art. 54 da Lei nº 9.784 prevê que a administração
e também com os princípios fundamentais da administração tem o direito de anular os atos administrativos de que de-
pública. corram efeitos favoráveis; para os destinatários, decai em
Lei deve ser entendida, nessa situação, em sentido amplo, cinco anos, contados da data em que forem praticados,
ou seja, a Constituição Federal, as leis ordinárias, complemen- salvo comprovada má-fé. Transcorrido esse prazo, o ato foi
tares, delegadas, medidas provisórias e as normas infralegais. convalidado, pois não pode ser mais anulado pela adminis-
Exercício: tração.
Própria Administração Pública: pode realizar o controle Convalidação Expressa:
de legalidade a pedido ou de ofício. Em decorrência do princí- Art. 55, Lei nº 9.784/99. Em decisão na qual se evi-
pio da autotutela, é espécie de controle interno. dencie não acarretar lesão ao interesse público nem
Poder Judiciário: no exercício da função jurisdicional, prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos
pode exercer o controle de legalidade somente por provoca- sanáveis poderão ser convalidados pela própria Admi-
ção. Nesse caso, é uma espécie de inspeção externo. nistração.
Poder Legislativo: somente pode exercer controle de le- O prazo que a Administração Pública tem para convalidar
um ato é o mesmo que ela tem para anular, ou seja, cinco anos
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galidade nos casos previstos na Constituição Federal. É forma


de controle externo. contados a partir da data da prática do feito. Como analisamos, a
Consequências: convalidação, se trata de um controle de legalidade que verificou
que o ato foi praticado com vício, todavia, na hipótese descrita no
Confirmação da validade do ato. Art. 55 da Lei nº 9.784/99, a autoridade com competência para
Anulação do ato com vício de validade (ilegal). anular tal ato, pode optar pela sua convalidação.
Um ato administrativo pode ser anulado pela própria Admi-
nistração10 que o praticou, por provocação ou de ofício (controle Controle de Mérito
interno) ou pelo poder judiciário. Nesse caso, somente por pro- Sua finalidade é verificar a conveniência e a oportunidade
vocação (controle externo). A anulação gera efeitos retroativos dos atos administrativos discricionários.
(ex tunc), desfazendo todas as relações do ato resultadas, salvo, Exercício:
entretanto, os efeitos produzidos para os terceiros de boa-fé. Em regra, é exercido discricionariamente pelo próprio po-
Prazo para anulação na via administrativa: cinco anos, con- der que praticou o feito.
tados a partir da prática do ato, salvo comprovada má-fé . Excepcionalmente, o poder legislativo tem competência
Segundo o STF, quando o controle interno acarretar o des- para verificar o mérito de atos administrativos dos outros po-
fazimento de um ato administrativo que implique em prejuízo deres, esse é um controle de mérito de natureza política.
à situação jurídica do administrado, a administração deve an- Não pode ser exercido pelo poder judiciário na sua função típica,
tes instaurar um procedimento que garanta a ele o contraditó- mas pode ser executado pela Administração Pública do poder judi-
rio e a ampla-defesa, para que, dessa forma, possa defender ciário nos atos dela própria.
os seus interesses. Consequências:
Convalidação do ato é a correção com efeitos retroativos Manutenção do ato discricionário legal, conveniente e
do ato administrativo com defeito sanável. Considera-se pro- oportuno;
blema reparável: Revogação do ato discricionário legal, inconveniente e ino-
I. Vício de competência relativo à pessoa. portuno.
Nas hipóteses em que o Poder Legislativo exerce controle
Exceção: Competência exclusiva (também não
de mérito da atuação administrativa dos outros poderes, não
cabe convalidação).
lhe é permitida a revogação de tais atos.
O vício de competência relativo à matéria não é
caracterizado como um defeito sanável. Quanto à Amplitude
II. Vício de Forma Controle Hierárquico
Exceção: Lei determina que a forma seja ele- Decorre da hierarquia presente na Administração Pública,
mento essencial de validade de determinado que se manifesta na subordinação entre órgãos e agentes,
ato (também não cabe convalidação). sempre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica. Acontece
Sendo assim, somente os vícios nos elementos forma e na Administração Pública dos três poderes.
competência podem ser convalidados. Em todos os demais Consequências:
casos, a administração somente pode anular o ato.
É um controle interno permanente (antes/durante/após a
10 Súmula 473, STF. A Administração pode anular seus próprios atos, quando prática do ato) e irrestrito, pois verifica aspectos de legalidade
eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos e de mérito de um ato administrativo praticado pelos agentes
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. e órgãos subordinados.
Esse controle está relacionado às atividades de supervisão, Hipóteses de Controle
coordenação, orientação, fiscalização, aprovação, revisão, avo-
cação e aplicação de meios corretivos dos desvios e irregula- O controle legislativo na atuação da Administração
ridades verificados. Pública somente pode ocorrer nas hipóteses previstas na
Constituição Federal, não sendo permitidas às Constituições
Controle Finalístico/Tutela Adminis- Estaduais ou às leis orgânicas criarem novas modalidades de
trativa/ Supervisão Ministerial controle legislativo no respectivo território de sua competên-
É exercido pela administração direta sobre as pessoas jurí- cia. Caso se crie nova forma de controle legislativo por instru-
dicas da administração indireta. mento legal diverso da Constituição Federal, tal norma será
Efeitos: inconstitucional.
Depende de norma legal que o estabeleça, não se enqua- Como as normas estaduais e municipais não podem criar
drando como um controle específico, e sua finalidade é verifi- novas modalidades de controle legislativo, nessas esferas, pelo
car se a entidade está atingindo as suas intenções estatutárias. princípio da simetria, são aplicadas as hipóteses de controle
legislativo previstas na Constituição Federal para os estados e
Controle Administrativo municípios. Todavia, vale ressaltar que como o sistema legis-
lativo federal adota o bicameralismo, as hipóteses de controle
É um controle interno, fundado no poder de autotutela, exer- do Congresso Nacional, do Senado, das comissões e do Tribu-
cido pelo poder executivo e pelos órgãos administrativos dos po- nal de Contas da União são aplicadas às assembleias legislati-
deres legislativo e judiciário sobre suas próprias condutas, tendo vas na esfera estadual e às câmaras de vereadores nas esferas
em vista aspectos de legalidade e de mérito administrativo11. municipais.
Súmula 473, STF: A Administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam Modalidades
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revo- Controle de Legalidade
gá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em to- Quando se analisa aspectos de legalidade da atuação da
dos os casos, a apreciação judicial. Administração Pública dos três poderes, tais como dos atos e
contratos administrativos.
O controle administrativo é sempre interno. Pode ser
hierárquico, quando é feito entre órgãos verticalmente esca- Controle de Mérito (Político)
lonados integrantes de uma mesma pessoa jurídica, seja da É um controle de natureza política, que possibilita ao Po-
Administração Direta ou Indireta; ou não hierárquico, quando der Legislativo, nas hipóteses previstas na Constituição Fede-
exercido entre órgãos que, embora integrem uma só pessoa ral, a intervir na atuação da Administração Pública do Poder
jurídica, não estão na mesma linha de escalonamento vertical Executivo, controlando aspectos de eficiência da atuação e
e também no controle finalístico exercido entre a Administra- também de conveniência da tomada de determinadas deci-

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ção Direta e a Indireta. sões do poder executivo.
O controle administrativo é um controle permanente, pois Ex.: Quando o Senado tem que aprovar o ato do Pre-
acontece antes, durante e depois da prática do ato; também é sidente da República, que nomeia um dirigente de uma
irrestrito, pois como já foi dito, analisa aspectos de legalidade agência reguladora.
e de mérito. Efeitos:
Ainda é importante apontar que o controle administrativo
Não acarreta revogação do ato, pois esse ainda não conclui
pode acontecer de ofício ou a pedido do administrado.
o seu processo de formação enquanto não for aprovado pelo
Quando interessado em provocar a atuação da Adminis-
poder legislativo, ou seja, tal ato não gera efeitos até a aprova-
tração Pública, o administrado pode se valer da reclamação
ção, por isso, não há o que se falar em revogação.
administrativa, que é uma expressão genérica para englobar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

um conjunto de instrumentos, tais como o direito de petição, a Controle Exercido pelo Congresso Nacional
representação, a denúncia, o recurso, o pedido de reconside- A competência exclusiva do Congresso Nacional vem des-
ração, a revisão, dentre outros meios. crita no Art. 40 da Constituição Federal:
O meio utilizado pela Administração Pública para proces- V. Sustar os atos normativos do Poder Executivo
sar o pedido do interessado é o processo administrativo, que, que exorbitem do poder regulamentar ou dos limi-
na esfera federal, é regulado pela Lei nº 9.784/99. tes de delegação legislativa;
Controle Legislativo Tal situação acontece quando, no exercício do poder regu-
lamentar, o presidente da república edite um decreto para com-
É a fiscalização realizada pelo Poder Legislativo, na sua plementar determinada lei e, nesse decreto, ele venha a inovar o
função típica de fiscalizar, na atuação da Administração Públi- ordenamento jurídico, ultrapassando os limites da lei. Todavia, a
ca dos três poderes. sustação do ato normativo pelo Congresso Nacional não invalida
Quando exercido na atuação administrativa dos outros todo o decreto mas somente o trecho dele que esteja exorbitan-
poderes, é espécie de controle externo; quando realizado na do do exercício do poder regulamentar.
Administração Pública do próprio poder legislativo, é espécie IX. Julgar anualmente as contas prestadas pelo
de controle interno. Presidente da República e apreciar os relatórios
331
11 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO Vicente. Direito Administrativo Descomplica- sobre a execução dos planos de governo;
do. 19ª edição. São Paulo - 2011.
X. Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual- XI. Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis-
332 quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus
incluídos os da administração indireta; componentes, e o desempenho das administrações
tributárias da União, dos Estados e do Distrito Fe-
Controle Exercido Privativamen-
deral e dos Municípios.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

te pelo Senado Federal


As competências privativas do Senado Federal vêm descri- Controle Exercido pela Câmara dos Deputados
tas no Art. 52 da Constituição Federal, dentre essas, algumas A competência da Câmara dos Deputados vem descrita
se referem ao exercício de atividades de controle: no Art. 51 da Constituição Federal, e nesse momento ana-
I. Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presiden- lisaremos as competências relativas à área de controle da
te da República nos crimes de responsabilidade, administração:
bem como os Ministros de Estado e os Comandan- Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos I. Autorizar, por dois terços de seus membros, a
crimes da mesma natureza conexos com aqueles; instauração de processo contra o Presidente e o
II. Processar e julgar os Ministros do Supremo Tri- Vice-Presidente da República e os Ministros de
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional Estado;
de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Pú-
II. Proceder à tomada de contas do Presidente da
blico, o Procurador-Geral da República e o Advoga-
República, quando não apresentadas ao Congresso
do-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
Nacional dentro de sessenta dias após a abertura
Nesses dois primeiros casos, o julgamento será presidi- da sessão legislativa;
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do pelo presidente do STF, limitando-se este à condenação,


que somente será proferida por dois terços dos votos do Fiscalização Contábil, Financeira e Orça-
Senado Federal. mentária na Constituição Federal
III. Aprovar previamente, por voto secreto, após ar- Também chamado de controle financeiro, em sentido am-
guição pública, a escolha de: plo, vem descrito no Art. 70 da CF, que traz as seguintes regras:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Art. 70, CF. A fiscalização contábil, financeira, orçamentá-
Constituição; ria, operacional e patrimonial da União e das entidades
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indi- da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
cados pelo Presidente da República; legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e
c) Governador de Território; renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacio-
d) Presidente e diretores do Banco Central; nal, mediante controle externo, e pelo sistema de controle
e) Procurador-Geral da República; interno de cada Poder.
f) titulares de outros cargos que a lei deter- Como podemos observar, segundo os ditames do Art. 70
minar. da Constituição Federal, a fiscalização contábil, financeira e
IV. Aprovar previamente, por voto secreto, após ar- orçamentária é realizada tanto por meio de controle interno
guição em sessão secreta, a escolha dos chefes de como de externo.
missão diplomática de caráter permanente; Áreas alcançadas pelo controle financeiro (amplo):
V. Autorizar operações externas de natureza finan- Contábil: controla o cumprimento das formalidades no re-
ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito gistro de receitas e despesas.
Federal, dos Territórios e dos Municípios; Financeira: controla a entrada e a saída de capital, sua des-
VI. Fixar, por proposta do Presidente da República, tinação.
limites globais para o montante da dívida consoli- Orçamentária: fiscaliza e acompanha a execução do orça-
dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e mento anual, plurianual.
dos Municípios; Operacional: controla a atuação administrativa, obser-
VII. Dispor sobre limites globais e condições para as vando se estão sendo respeitadas as diretrizes legais que
operações de crédito externo e interno da União, orientam a atuação da Administração Pública, bem como
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, avaliando aspectos de eficiência e economicidade.
de suas autarquias e demais entidades controladas
Patrimonial: controle do patrimônio público, seja ele mó-
pelo Poder Público Federal;
vel ou imóvel.
VIII. dispor sobre limites e condições para a conces-
Aspectos Controlados:
são de garantia da União em operações de crédito
externo e interno; As áreas alcançadas pelo controle financeiro (sentido am-
IX. Estabelecer limites globais e condições para o
plo) abrangem os seguintes aspectos:
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Legalidade: atuação conforme a lei.
Federal e dos Municípios; Legitimidade: atuação conforme os princípios orientado-
X. Aprovar, por maioria absoluta e por voto secre- res da atuação da Administração Pública.
to, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral O controle financeiro realizado pelo Congresso Nacional
da República antes do término de seu mandato; não analisa aspectos de mérito.
Para que o controle financeiro seja eficiente, é necessária V. Fiscalizar as contas nacionais das empresas
a prestação de contas por parte das pessoas físicas ou jurídi- supranacionais de cujo capital social a União par-
cas que, de qualquer forma, administrem dinheiro ou direito ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
patrimonial público; tal regra vem descrita no parágrafo único tratado constitutivo;
do Art. 70: VI. Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
Art. 70, Parágrafo único. Prestará contas qualquer pes- sados pela União mediante convênio, acordo, ajuste
soa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, ar- ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Dis-
recade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens trito Federal ou a Município;
e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou VII. Prestar as informações solicitadas pelo Con-
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
pecuniária. qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscali-
zação contábil, financeira, orçamentária, operacional
Controle Exercido pelos Tribunais de Contas e patrimonial e sobre resultados de auditorias e ins-
Os Tribunais de Contas são órgãos de controle vinculados peções realizadas;
ao Poder Legislativo. A finalidade que possuem é auxiliar na VIII. Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegali-
função de exercer o controle externo da Administração Públi- dade de despesa ou irregularidade de contas, as
ca. sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
Apesar da expressão órgãos auxiliares, os tribunais de con- outras cominações, multa proporcional ao dano
tas não se submetem ao poder legislativo, ou seja, não existe causado ao erário;
hierarquia nem subordinação entre os tribunais de contas e o IX. Assinar prazo para que o órgão ou entidade
poder legislativo. adote as providências necessárias ao exato cum-
A Constituição Federal, no Art. 71, estabelece as competên- primento da lei, se verificada ilegalidade;
X. Sustar, se não atendido, a execução do ato im-
cias do Tribunal de Contas da União (TCU), e, pelo princípio da
simetria, os tribunais de contas estaduais e municipais detêm pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal;
as mesmas competências nas suas esferas de fiscalização, não
XI. Representar ao Poder competente sobre irregu-
sendo permitidas às Constituições Estaduais e às leis orgânicas
laridades ou abusos apurados.
municipais criar novas hipóteses de controle. Veja as competên-
§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adota-
cias dos Tribunais de Contas a seguir.
do diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará,
• Hipóteses de Controle: de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Na- § 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
cional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Con- prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
tas da União, ao qual compete: no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

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I. Apreciar as contas prestadas anualmente pelo § 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação
Presidente da República, mediante parecer prévio de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
que deverá ser elaborado em sessenta dias a con- § 4º - O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
tar de seu recebimento; trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
II. Julgar as contas dos administradores e demais
• Pontos relevantes:
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta, incluídas as fun- A partir dessas regras, analisaremos alguns aspectos rele-
dações e sociedades instituídas e mantidas pelo Po- vantes referentes ao controle da Administração Pública quan-
do feito pelos tribunais de contas, nas suas respectivas áreas
der Público federal, e as contas daqueles que derem
de competências:
causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
resulte prejuízo ao erário público; Apreciação e julgamento das contas públicas
III. Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos O TCU tem a competência de apreciar e julgar as contas
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na dos administradores públicos.
administração direta e indireta, incluídas as fun- Contas do Presidente da República são somente apre-
dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, ciadas mediante parecer prévio do tribunal de contas, a
excetuadas as nomeações para cargo de provimen- competência para julgá-las é do Congresso Nacional.
to em comissão, bem como a das concessões de O julgamento das contas feito pelo TCU não depende de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas homologação ou parecer do Poder Legislativo, pois, lembran-
as melhorias posteriores que não alterem o funda- do, os Tribunais de Contas não são subordinados ao Poder
mento legal do ato concessório; Legislativo.
IV. Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Julgamento das Contas do Próprio Tribunal de Contas
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técni- Como a Constituição Federal não se preocupou em estabe-
ca ou de inquérito, inspeções e auditorias de natu- lecer quem é que detém a competência para julgar as contas
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional dos Tribunais de Contas, o STF entendeu que podem as Cons-
e patrimonial, nas unidades administrativas dos tituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais submeterem as
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e de- contas dos Tribunais de Contas a julgamentos das suas respec- 333
mais entidades referidas no inciso II; tivas casas legislativas.
334
Controle dos Atos Administrativos
O TCU tem o poder de sustar a execução do ato e, nesse
11. Responsabilidade Civil do Estado
caso, deve dar ciência dessa decisão à Câmara dos Deputados A responsabilidade civil consubstancia-se na obrigação de
e ao Senado Federal. indenizar um dano patrimonial decorrente de um fato lesivo
voluntário. É modalidade de obrigação extracontratual e,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Súmula Vinculante nº 3. Nos processos perante ao Tribu-


nal de Contas da União, asseguram-se o contraditório e para que ocorra, são necessários alguns elementos previs-
a ampla defesa quando da decisão puder resultar anu- tos no Art. 37, § 6º, da Constituição Federal:
lação ou revogação de ato administrativo que beneficie §6º - As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas
o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do jurídicas de direito privado prestadoras de serviço públi-
ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e co responderão pelos danos seus agentes, nessa quali-
pensão. dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
Controle dos Contratos Administrativos gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Regra: o TCU não pode sustar os contratos administrativos, Teoria do Risco Administrativo
pois tal competência é do Congresso Nacional, que deve soli-
citar de imediato ao Poder Executivo a adoção das medidas É a responsabilidade objetiva do Estado, que paga o terceiro
cabíveis. lesado, desde que ocorra o dano por ação praticada pelo agente
público, mesmo o agente não agindo com dolo ou culpa.
Exceção: caso o Congresso Nacional ou o Poder Executivo
não tomem as medidas necessárias para a sustação do con- Enquanto para a Administração a responsabilidade inde-
trato em 90 dias, o TCU terá competência para efetuar a sua pende da culpa, para o servidor, ela depende: aquela é objetiva,
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sustação. esta é subjetiva e se apura pelos critérios gerais do Código Civil.


Declaração de inconstitucionalidade das Leis Requisitos
Segundo o STF, os tribunais de contas, no exercício de suas O fato lesivo causado pelo agente em decorrência de culpa
competências, podem declarar uma norma inconstitucional e em sentido amplo, a qual abrange o dolo (intenção), e a culpa
afastar a sua aplicação nos processos de sua apreciação. Toda- em sentido estrito, que engloba a negligência, a imprudência
via, tal declaração de inconstitucionalidade deve ser feita pela e a imperícia.
maioria absoluta dos membros dos tribunais de contas. A ocorrência de um dano patrimonial ou moral.
Súmula 347, STF. O Tribunal de Contas, no exercício de O nexo de causalidade entre o dano havido e o compor-
suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade tamento do agente, o que significa ser necessário que o dano
das leis e dos atos do poder público. efetivamente haja decorrido diretamente, da ação ou omissão
Controle Judiciário indevida do agente.
As Pessoas Jurídicas de Direito Privado prestadoras de ser-
É um controle de legalidade (nunca de mérito) realizado viço público estão também sob a responsabilidade na modali-
pelo poder judiciário, na sua função típica de julgar, nos atos dade risco administrativo.
praticados pelas Administração Pública de qualquer poder. Situações de quebra do nexo causal da Administração Pú-
Esse controle por abranger somente aspectos de legalida- blica (Rompimento do Nexo Causal).
de, fica restrito à possibilidade de anulação dos atos adminis-
Caso I
trativos ilegais, não podendo o poder judiciário realizar o con-
trole de mérito dos atos administrativos e, em consequência, Culpa exclusiva de terceiros ou da vítima.
não podendo revogar os atos administrativos praticados pela Ex.: Marco, Agente Federal, dirigindo regularmente via-
Administração Pública. tura oficial em escolta, atropela Sérgio, um suicida. Nes-
O controle judiciário somente será exercido por meio da pro- sa situação, a Administração Pública não está obrigada
a indenizar, pois o prejuízo foi causado exclusivamente
vocação do interessado, não podendo o poder judiciário apre-
pela vítima.
ciar um ato administrativo de ofício, em decorrência do atributo
da presunção de legitimidade dos atos administrativos. Caso II
Caso fortuito, evento da natureza imprevisível e inevitável.
É importante lembrar que a própria Administração Pública
faz o controle de legalidade da sua própria atuação, todavia as Ex.: A PRF apreende um veículo em depósito. No local, cai
um raio e destrói por completo o veículo apreendido. Nessa
decisões administrativas não fazem coisa julgada. Assim sen-
situação, a Administração não estará obrigada a indenizar
do, a decisão administrativa pode ser reformada pelo poder
o prejuízo sofrido, uma vez que não ocorreu culpa.
judiciário, pois somente as decisões desse poder é que tem o
Caso III
efeito de coisa julgada.
Motivo de força maior, evento humano imprevisível e ine-
Os meios para provocar a atuação do poder judiciário são
vitável.
vários, dentre eles, encontramos:
Ex.: A PRF apreende um veículo em depósito. Uma mani-
▷ Mandado de Segurança. festação popular intensa invade-o e depreda todo o veículo,
▷ Ação Popular. inutilizando-o. Nessa situação, a Administração não estará
▷ Ação Civil Pública. obrigada a indenizar o prejuízo sofrido, uma vez que não
▷ Dentre outros. ocorreu culpa.
Estão incluídas todas as pessoas jurídicas de Direito ▷ Depende de ajuizamento de ação de reparação de
Público, ou seja, a Administração Direta, as autarquias e as danos.
fundações públicas de direito público, independentemente Leis de Efeitos Concretos
de suas atividades.
Responsabilidade Civil Decorrente
Teoria da Culpa Administrativa
Segundo a Teoria da Culpa Administrativa, também co-
de Atos Jurisdicionais
nhecida como Teoria da Culpa Anônima ou Falta de Serviço, Regra: irresponsabilidade do Estado.
o dever do Estado de indenizar o dano sofrido pelo particular Exceção:
somente existe caso seja comprovada a existência de falta de
serviço. É possível ainda ocorrer a responsabilização do Estado Erro judiciário – Esfera Penal, ou seja, erro do judiciário
aos danos causados por fenômenos da natureza quando ficar que acarretou na prisão de um inocente ou na manutenção do
comprovado que o Estado concorreu de alguma maneira para preso no cárcere por tempo superior ao prolatado na sentença,
que se produzisse o evento danoso, seja por dolo ou culpa. Art. 5º, LXXV, da CF. Segundo o STF, essa responsabilidade não
Nessa situação, vigora a responsabilidade subjetiva, pois te- alcança outras esferas.
mos a condição de ter ocorrido com dolo ou culpa. A culpa Caso seja aplicada uma prisão cautelar a um acusado cri-
administrativa pode decorrer de uma das três formas possíveis minal e ele venha a ser absolvido, o Estado não responderá
de falta do serviço:
pelo erro judiciário, pois se entende que a aplicação da medida
▷ Inexistência do serviço.
não constitui erro do judiciário, mas sim, uma medida cautelar
▷ Mau funcionamento do serviço.
pertinente ao processo.
▷ Retardamento do serviço.
Cabe sempre ao particular prejudicado pela falta com-
provar sua ocorrência para fazer justa indenização.
Ação de Reparação de Danos
Para os casos de omissão, a regra geral é a responsabi- Administração Pública X Particular:
lidade subjetiva. No entanto, há casos em que mesmo na Pode ser amigável ou judicial.
omissão a responsabilidade do Estado será objetiva como, ▷ Não pode ser intentada contra o agente público cuja
por exemplo, no caso de atendimento hospitalar deficiente ação acarretou o dano.
e de pessoas sob a custódia do Estado, ou seja, o preso, Ônus da Prova:
pois, nesse caso, o Estado tem o dever de assegurar inte- Particular: nexo de causalidade direto e imediato entre o
gridade física e mental do custodiado.
fato lesivo e o dano.
Teoria do Risco Integral Administração Pública:

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A Teoria do Risco Integral representa uma exacerbação da ▷ Culpa exclusiva da vítima.
responsabilidade civil da Administração. Segundo essa teoria, ▷ Força Maior.
basta a existência de evento danoso e do nexo causal para que ▷ Culpa concorrente da vítima.
surja a obrigação de indenizar para a administração, mesmo Valor da Indenização destina-se à cobertura das seguin-
que o dano decorra de culpa exclusiva do particular. tes despesas:
Alguns autores consideram essa teoria para o caso de aci- ▷ O que a vítima perdeu;
dente nuclear.
▷ O que a vítima gastou (advogados);
Danos Decorrentes de Obras Públicas ▷ O que a vítima deixou de ganhar.
Em caso de morte:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Só Fato da Obra: sem qualquer irregularidade na sua exe-
▷ Sepultamento;
cução.
▷ Pensão alimentícia para os dependentes com base
Responsabilidade Civil Objetiva da Administração Públi- na expectativa de vida da vítima.
ca ou particular (tanto faz quem execute a obra).
Prescrição:
Má Execução da Obra
Art. 1º da Lei nº 9.494/97: 5 anos.
▷ Administração Pública: Responsabilidade Civil Objeti-
va, com direito de ação regressiva. Tal prazo aplica-se inclusive às delegatárias de serviço pú-
▷ Particular: Responsabilidade Civil Subjetiva. blico.

Responsabilidade Civil Decorrente Ação Regressiva


de Atos Legislativos Administração Pública X Agente Público:
O Art. 37, § 6º, da CF permite à Administração Pública ou
Regra: irresponsabilidade do Estado. delegatária (Concessionárias, Autorizatárias e Permissioná-
Exceção: rias) de serviço público a ingressar com uma ação regressiva
Leis Inconstitucionais contra o agente cuja atuação acarretou o dano, desde que 335
▷ Depende de declaração de inconstitucionalidade do STF; comprovado dolo ou culpa.
Requisitos: A Lei nº 9.784/99 será aplicada sempre de forma subsidiá-
336 ▷ Trânsito em julgado da sentença que condenou a ria, acessória, ou seja, a regra geral é que as leis específicas que
Administração ou Delegatária a indenizar. já tratam dos processos administrativos continuarão em vigor.
▷ Culpa ou dolo do agente público (responsábilidade Dessa forma, a Lei nº 9.784/99 não revogou nenhuma outra
civil subjetiva). que trate sobre o mesmo assunto:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Regras Especiais: Art. 69. Os processos administrativos específicos conti-


nuarão a reger-se por lei própria, aplicando-lhes apenas
▷ O dever de reparação se estende aos sucessores até
subsidiariamente os preceitos dessa Lei.
o limite da herança recebida.
Assim, por exemplo, se o servidor está respondendo a pro-
▷ Pode acontecer após a quebra do vínculo entre o
cesso administrativo disciplinar, usam-se as normas da Lei nº
agente público e a Administração Pública.
8.112/90, em falta de regulamentação dessa, em algum aspec-
▷ A ação de ressarcimento ao erário é imprescritível.
to, usa-se a Lei nº 9.784/99.
O agente ainda pode ser responsabilizado nas esferas ad-
ministrativa e criminal se a conduta que gerou o prejuízo ainda Princípios
incorrer em crime ou em falta administrativa, conforme o caso,
podendo as penalidades serem aplicadas de forma cumulativa. O Art. 2º da lei traz vários princípios expressos, alguns
norteadores de forma geral dos atos administrativos, inclusive
12. Processo Administrativo Federal expressamente previstos no texto constitucional; outros, que
na Constituição Federal são tidos como implícitos, aqui são
Passaremos a analisar o Processo Administrativo Federal, ou tratados como expressos.
seja, a Lei nº 9.784/99 que estabelece as regras gerais de tal pro-
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A maioria das questões de concursos pede somente se


cesso no âmbito federal. Essa lei tem, em primeiro plano, a função o candidato sabe que tais princípios são expressos na Lei nº
de regulamentar o processo administrativo federal. Contudo, ela 9.784/99, pois, por exemplo, as questões perguntam se a ra-
contém as normas aplicáveis a todos os atos administrativos. zoabilidade é princípio expresso da Lei nº 9.784/99. Essa ques-
Aqui, complementaremos o conteúdo da lei voltado, espe- tão está correta sob a perspectiva do texto do Art. 2º segun-
cificamente, para a resolução de questões. do da lei, pois a razoabilidade realmente está expressamente
prevista como princípio. Já no texto constitucional, o mesmo
Abrangência da Lei princípio é tido como implícito.
O Art. 1º da Lei nº 9.784/99 determina a abrangência e a Dessa forma, passamos a analisar o texto do Art. 2º:
aplicação da referida lei. Devemos lembrar que esta é uma lei Art. 2º. A Administração Pública obedecerá, dentre
administrativa Federal e não nacional, ou seja, vale para toda
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, moti-
Administração Pública Direta e Indireta da União. Dessa forma,
passaremos a analisá-la: vação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
Art. 1º. Essa Lei estabelece normas básicas sobre o ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, inte-
processo administrativo no âmbito da Administração resse público e eficiência.
Federal direta e indireta, visando, em especial, à pro- Ao lado dos princípios transcritos acima, que são tidos
teção dos direitos dos administrados e ao melhor cum- como expressos, temos os chamados princípios implícitos, ou
primento dos fins da Administração. seja, não estão expressamente descritos no bojo do texto da
§ 1º - Os preceitos dessa Lei também se aplicam aos Lei nº 9.784/99, mas são de observância obrigatória por parte
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, de quem está sob a tutela da lei.
quando no desempenho de função administrativa.
São considerados princípios implícitos:
§ 2º - Para os fins dessa Lei, consideram-se:
Informalismo: somente existe forma determinada quando
I. Órgão - a unidade de atuação integrante da es-
expressamente prescrita em lei.
trutura da Administração direta e da estrutura da
Administração indireta; Oficialidade: o chamado de impulso oficial, significa que de-
II. Entidade - a unidade de atuação dotada de per- pois de iniciado o processo, a Administração tem a obrigação de
sonalidade jurídica; conduzi-lo até a decisão final.
III. Autoridade - o servidor ou agente público dota- Verdade material: deve-se permitir que sejam trazidos aos
do de poder de decisão. autos as provas determinantes para o processo, mesmo depois de
Como mencionado acima, a lei tem natureza Federal, transcorridos os prazos legais.
dessa forma, é aplicável à União, autarquias federais, funda- Gratuidade: em regra, não existe ônus no processo ad-
ções públicas federais, sociedade de economia mista federais ministrativo, o que é característico nos judiciais.
e empresas públicas federais. Vale ressaltar que os poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário exercem funções típicas e Outra forma de ser cobrado nas questões está relacionada
atípicas. a transcrever o conteúdo dos incisos do Art. 2º e perguntar a
Nas funções empregada dos poderes Legislativo e Judi- qual princípio está diretamente ligado. Para tanto, passaremos
ciário, aplicam-se, no que couber, as normas determinadas na a determinar em cada inciso os princípios relacionados entre
referida lei. parênteses.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão II. Ser ciência da tramitação dos processos admi-
observados, entre outros, os critérios de: nistrativos em que tenha a condição de interessa-
I. Atuação conforme a lei e o Direito (legalidade); do, ter vista dos autos, obter cópias de documentos
II. Atendimento a fins de interesse geral, vedada a neles contidos e conhecer as decisões proferidas;
renúncia total ou parcial de poderes ou competên- III. Formular alegações e apresentar documentos
cias, salvo autorização em lei (impessoalidade/in- antes da decisão, os quais serão objeto de conside-
disponibilidade do interesse público); ração pelo órgão competente;
III. Objetividade no atendimento do interesse públi- IV. Fazer-se assistir, facultativamente, por advoga-
co, vedada a promoção pessoal de agentes ou auto- do, salvo quando obrigatória a representação, por
ridades (impessoalidade); força de lei.
IV. Atuação segundo padrões éticos de probidade, A faculdade de atuar com advogado no processo adminis-
decoro e boa-fé (moralidade); trativo é decorrência direta do princípio do informalismo. Con-
V. Divulgação oficial dos atos administrativos, ressal- tudo, pode a lei expressamente exigir a presença do advogado
vadas as hipóteses de sigilo previstas na Constitui- no procedimento. Nesse caso, a inobservância acarretaria nu-
ção (publicidade); lidade do processo.
VI. Adequação entre meios e fins, vedada a impo- É de extrema importância notar o teor da Súmula Vincu-
sição de obrigações, restrições e sanções em me- lante 5, em que sua redação determina o seguinte:
dida superior àquelas estritamente necessárias ao Súm. Vinculante 5: A falta de defesa técnica por advo-
atendimento do interesse público (razoabilidade/ gado no processo administrativo disciplinar não ofende a
proporcionalidade); Constituição.
VII. Indicação dos pressupostos de fato e de direito O Art. 4º determina alguns deveres que devem ser observa-
que determinarem a decisão (motivação); dos no âmbito do processo administrativo.
VIII. Observância das formalidades essenciais à Art. 4º. São deveres do administrado perante a Ad-
garantia dos direitos dos administrados (segu-
ministração, sem prejuízo de outros previstos em ato
rança Jurídica);
normativo:
IX. Adoção de formas simples, suficientes para
I. Expor os fatos conforme a verdade;
propiciar adequado grau de certeza, segurança e
respeito aos direitos dos administrados (segurança II. Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
jurídica e informalismo); III. Não agir de modo temerário;
X. Garantia dos direitos à comunicação, à apresen- IV. Prestar as informações que lhe forem solicitadas e
tação de alegações finais, à produção de provas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

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à interposição de recursos, nos processos de que
possam resultar sanções e nas situações de litígio Início do Processo e Legitimação Ativa
(ampla defesa e contraditório); O Art. 5º da Lei nº 9.784/99 traz que o processo pode ser
XI. Proibição de cobrança de despesas processuais, iniciado pela própria Administração Pública (de ofício) – de-
ressalvadas as previstas em lei (gratuidade nos pro- corrência do princípio da oficialidade, ou ainda mediante pro-
cessos administrativos); vocação do interessado por meio de representação aos órgãos
XII. Impulsão, de ofício, do processo administrativo, públicos responsáveis (a pedido).
sem prejuízo da atuação dos interessados (oficiali- O Art. 6º determina que caso faltem elementos essenciais
dade); ao pedido, a Administração deverá orientar o interessado a su- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
pri-los, sendo vedada a simples recusa imotivada de receber o
XIII. Interpretação da norma administrativa da for-
requerimento ou outros documentos. Segue o teor dos artigos:
ma que melhor garanta o atendimento do fim pú-
blico a que se dirige, vedada aplicação retroativa de Art. 5º. O processo administrativo pode iniciar-se de
nova interpretação (Segurança Jurídica). ofício ou a pedido de interessado.
Art. 6º. O requerimento inicial do interessado, salvo casos
Direitos e Deveres dos Administrados em que for admitida solicitação oral, deve ser formulado
por escrito e conter os seguintes dados:
O Art. 3º da Lei nº 9.784/99 trata de uma lista exemplifica-
I. Órgão ou autoridade administrativa a que se di-
tiva de direitos dos administrados para com a Administração rige;
Pública. É muito importante frisar o inciso IV que discorre so- II. Identificação do interessado ou de quem o re-
bre a presença do advogado no processo administrativo. presente;
Art. 3º. O administrado tem os seguintes direitos pe- III. Domicílio do requerente ou local para recebi-
rante à Administração, sem prejuízo de outros que lhe mento de comunicações;
sejam assegurados: IV. Formulação do pedido, com exposição dos fatos
I. Ser tratado com respeito pelas autoridades e e de seus fundamentos;
servidores, que deverão facilitar o exercício de seus V. Data e assinatura do requerente ou de seu re- 337
direitos e o cumprimento de suas obrigações; presentante.
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa III. Esteja litigando judicial ou administrativamente
338 imotivada de recebimento de documentos, devendo o com o interessado ou respectivo cônjuge ou com-
servidor orientar o interessado quanto ao suprimento panheiro.
de eventuais falhas. O Art. 20 determina que pode ser arguida suspeição de
Art. 7º. Os órgãos e entidades administrativas deverão autoridade ou servidor que tenha amizade ou inimizade no-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

elaborar modelos ou formulários padronizados para tória com algum interessado ou com os respectivos cônjuges,
assuntos que importem pretensões equivalentes. companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.
Art. 8º. Quando os pedidos de uma pluralidade de in-
teressados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
Da Forma, Tempo e Lugar
poderão ser formulados em um único requerimento, dos Atos do Processo
salvo preceito legal em contrário. O Art. 22 tem como fundamento o princípio do informalis-
Dos Interessados e da Competência mo e prevê o seguinte:
Art. 22. Os atos do processo administrativo não de-
O Art. 9º trata dos interessados no processo administrati-
pendem de forma determinada, senão, quando a lei
vo. Na maioria das vezes, as questões cobradas em concursos
expressamente a exigir.
são meramente texto de lei, em que uma simples leitura resol-
ve o problema. § 1º - Os atos do processo devem ser produzidos por es-
crito, em vernáculo, com a data e o local de sua realiza-
Dessa forma, passamos a transcrever o texto legal:
ção e a assinatura da autoridade responsável.
Art. 9º. São legitimados como interessados no proces- § 2º - Salvo imposição legal, o reconhecimento de fir-
so administrativo:
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ma somente será exigido quando houver dúvida de


I. Pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como autenticidade.
titulares de direitos ou interesses individuais ou § 3º - A autenticação de documentos exigidos em có-
no exercício do direito de representação; pia poderá ser feita pelo órgão administrativo.
II. Aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm § 4º - O processo deverá ter suas páginas numeradas
direitos ou interesses que possam ser afetados pela sequencialmente e rubricadas.
decisão a ser adotada;
O Art. 23 estabelece, como regra geral, a realização dos
III. As organizações e associações representativas, atos do processo em dias úteis, no horário normal de funciona-
no tocante a direitos e interesses coletivos; mento da repartição na qual tramitar o processo. No entanto,
IV. As pessoas ou as associações legalmente cons- poderão ser concluídos depois do horário normal os atos já
tituídas quanto a direitos ou interesses difusos. iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
Art. 10. São capazes, para fins de processo administra- cedimento ou cause dano ao interessado ou à administração
tivo, os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão (Art. 23, parágrafo único).
especial em ato normativo próprio. Estabelece o Art. 25 que os atos do processo devem reali-
O Art. 11 trata da irrenunciabilidade da competência, ou seja, zar-se preferencialmente na sede do órgão, certificando-se o
os órgãos da administração, por meio de seus agentes, não po- interessado se outro for o local de realização, ou seja, devem
dem renunciar as competências determinadas por lei. Merece es- ser executados, de preferência, na sede do órgão, mas pode-
pecial atenção, e por ser matéria certa em provas de concursos, o rão ser realizados em outro local, após regular cientificação.
Art. 13 trata da impossibilidade legal de delegação, sendo um rol
taxativo descrito na lei, que passamos a transcrever abaixo: Do Recurso Administrativo
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação: e da Revisão
I. A edição de atos de caráter normativo;
II. A decisão de recursos administrativos; Um dos temas mais cobrados nas provas de concursos é o que
III. As matérias de competência exclusiva do órgão tange ao recurso administrativo e à revisão do processo. O Art. 56
ou autoridade. estabelece direito do administrado ao recurso das decisões admi-
nistrativas, isso em razões de legalidade e mérito administrativo.
Impedimento e Suspeição O § 3º prevê que o administrado, se entender que hou-
Os Arts. 18 e 20 cuidam do impedimento e suspeição no ve violação a enunciado de súmula vinculante, poderá ajuizar
processo administrativo. Nessa situação, a lei visa a preservar a reclamação perante o Supremo Tribunal Federal, desde que,
atuação imparcial do agente público, com vistas à moralidade antes, tenha esgotado as vias administrativas.
administrativa. O § 2º estabelece, como regra geral, a inexigibilidade de ga-
Dessa forma, o Art. 18 prevê que é impedido de atuar no rantia de instância (caução) para a interposição de recurso admi-
processo administrativo o servidor ou autoridade que: nistrativo. Nesse sentido, passamos a transcrever a Súmula Vincu-
I. Tenha interesse direto ou indireto na matéria; lante 21, que proíbe a exigência de depósito para admissibilidade
II. Tenha participado ou venha a participar como de recurso.
perito, testemunha ou representante, ou se tais Súm. Vinculante 21. É inconstitucional a exigência de de-
situações ocorrem quanto ao cônjuge, compa- pósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
nheiro ou parente e afins até o terceiro grau; admissibilidade de recurso administrativo.
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em Prática dos Atos
face de razões de legalidade e de mérito. Quantidade de dias: cinco dias.
§ 1º - O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a
Observações:
decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco
dias, o encaminhará à autoridade superior. ▷ Se não existir uma disposição específica, prazo será
de cinco dias.
§ 2º - Salvo exigência legal, a interposição de recurso
administrativo independe de caução. ▷ O prazo total pode ser até de 10 dias (dilatado até
§ 3º - Se o recorrente alegar que a decisão administra- o dobro).
tiva contraria enunciado da súmula vinculante, caberá Artigo na lei que consta o prazo:
à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso ou autoridade responsável pelo processo e dos administra-
à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou dos que dele participem devem ser praticados no prazo de
inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. cinco dias, salvo motivo de força maior.
Legitimidade para Interpor Recurso Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser
dilatado até o dobro, mediante comprovada justifica-
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso admi- ção.
nistrativo:
Intimação - Da Comunicação dos Atos
I. Os titulares de direitos e interesses que forem
parte no processo; Quantidade de dias: três dias úteis;
II. Aqueles cujos direitos ou interesses forem indi- Art. 26, § 2º - A intimação observará a antecedência
retamente afetados pela decisão recorrida; mínima de três dias úteis quanto à data de compare-
III. As organizações e associações representativas, cimento.
no tocante a direitos e interesses coletivos; Intimação – da instrução
IV. Os cidadãos ou associações, quanto a direitos Quantidade de dias: três dias úteis;
ou interesses difusos.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
Do Não Reconhecimento do Recurso diligência ordenada, com antecedência mínima de
Art. 63. O recurso não será conhecido quando inter- três dias úteis, mencionando-se data, hora e local de
posto: realização.
I. Fora do prazo; Parecer
II. Perante órgão incompetente; Quantidade de dias: 15 dias.

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III. Por quem não seja legitimado; Observação:
IV. Após exaurida a esfera administrativa. ▷ Salvo norma especial ou comprovada necessidade
O Art. 64 confere amplos poderes aos órgãos incumbidos da de maior prazo.
decisão administrativa, em que o setor competente para decidir Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
o recurso, poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
ou parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua máximo de quinze dias, salvo norma especial ou com-
competência. Aqui é possível, inclusive, a reforma em prejuízo provada necessidade de maior prazo.
do recorrente, chamada reformatio in pejus. Direito de Manifestação – Da Instrução
O Art. 65 focaliza os processos administrativos de que re-
Quantidade de dias: 10 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sultem sanções, que poderão ser revistos, a qualquer tempo, a
pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circuns- Observação:
tâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da ▷ Salvo se outro prazo for legalmente fixado.
sanção aplicada. Devemos nos atentar, pois o Parágrafo Único Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
prevê que da revisão do processo não poderá resultar agrava- reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
mento da sanção. salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Assim, é fácil notar que o legislador determinou regra Prazo de decidir
distinta para o recurso administrativo e a revisão do proces- Quantidade de dias: 30 dias.
so. Esse recurso, é possível o agravamento da penalidade pela
autoridade julgadora (chamada reformatio in pejus), contudo, Observações:
isso não acontece na revisão do processo. ▷ Pode ser prorrogado por igual período se expressa-
mente motivada.
Prazos da Lei nº 9.784/99 ▷ O prazo total pode ser até de 60 dias.
A lei possui muitos prazos, dessa forma, sintetizaremos, Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis-
em um único tópico, todos eles para melhor entendimento e, trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
consequentemente, para acertar as questões nas provas de para decidir, salvo prorrogação por igual período ex- 339
concursos públicos: pressamente motivada.
Prazo para Reconsiderar Prazo de recon-
5 dias
340 Quantidade de dias: cinco dias. siderar
Art. 56, § 1º - O recurso será dirigido à autoridade que Recurso Admin- Se não existir disposição legal
10 dias
proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no pra- istrativo específica, o prazo será de 10 dias.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

zo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. Se a lei não fixar prazo diferente, o
Recurso Administrativo Prazo de decidir prazo será de 30 dias;
30 dias
RA O prazo total pode ser de até 60
Quantidade de dias: 10 dias.
dias, ante justificativa explícita.
Observação:
Alegações Finais 5 dias úteis
▷ Se não existir disposição legal específica, o prazo
será de 10 dias. Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
o prazo para interposição de recurso administrativo, administrados que dele participem devem ser pratica-
contado a partir da ciência ou divulgação oficial da de- dos no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior.
cisão recorrida. Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode
ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justi-
Prazo de Decidir Recurso Administrativo ficação.
Quantidade de dias: 30 dias. Art. 26, § 2º - A intimação observará a antecedência
Observações: mínima de três dias úteis quanto à data de compare-
▷ Se a lei não fixar prazo diferente, o prazo será de 30 dias. cimento.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou
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▷ O prazo total pode ser até de 60 dias, se houver jus-


diligência ordenada, com antecedência mínima de três
tificativa explícita.
dias úteis, mencionando-se data, hora e local de rea-
Art. 59, § 1º - Quando a lei não fixar prazo diferente, lização.
o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um
máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos au- órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo
tos pelo órgão competente. máximo de quinze dias, salvo norma especial ou com-
§ 2º - O prazo mencionado no parágrafo anterior pode- provada necessidade de maior prazo.
rá ser prorrogado por igual período, ante justificativa Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o di-
explícita. reito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias,
Alegações Finais salvo se outro prazo for legalmente fixado.
Art. 49. Concluída a instrução de processo adminis-
Quantidade de dias: 5 dias úteis. trativo, a Administração tem o prazo de até trinta dias
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para para decidir, salvo prorrogação por igual período ex-
dele conhecer deverá intimar os demais interessados pressamente motivada.
para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem ale- Art. 56, § 1º - O recurso será dirigido à autoridade que
gações. proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no pra-
Prazos da Lei nº 9.784/99 zo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior.
Art. 59, § 1º - Quando a lei não fixar prazo diferente,
Quantidade o recurso administrativo deverá ser decidido no prazo
Tipo Observações
de Dias máximo de trinta dias, a partir do recebimento dos au-
Se não existir disposição específi- tos pelo órgão competente.
ca, o prazo será de 5 dias; § 2º - O prazo mencionado no parágrafo anterior pode-
Prática dos atos 5 dias rá ser prorrogado por igual período, ante justificativa
O prazo total pode ser até de 10
dias (dilatado até o dobro). explícita.
Intimação de Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para
comunicação dos 3 dias úteis dele conhecer deverá intimar os demais interessados
atos para que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem ale-
gações.
Intimação da
3 dias úteis
Instrução
13. Lei nº 8.112, de 11 de Dezembro de 1990
Salvo norma especial ou compro-
Parecer 15 dias
vada necessidade de maior prazo. Disposições Gerais
Direito de
A Lei nº 8.112/90 instituiu o Regime Jurídico dos Servidores
Salvo se outro prazo for legal- Públicos Civis da União, das autarquias, inclusive as em regime
manifestação da 10 dias
mente fixado. especial, e das fundações públicas federais.
instrução
Pode ser prorrogado por igual A Lei nº 8.112/90 alcança:
período se expressamente mo- ▷ União;
Prazo de decidir 30 dias tivada; ▷ Autarquias federais;
O prazo total pode ser até de 60 dias.
▷ Fundações públicas federais.
As empresas públicas e as sociedades de economia mis- Prazo de Validade
ta não são regidas por essa lei. Além disso, não é qualquer O prazo de validade do concurso público é de até dois anos
autarquia ou fundação pública que a adota, são apenas as e prorrogável uma única vez, por igual período (a administra-
federais. ção prorroga apenas se quiser).
Conceitos Importantes A Lei nº 8.112/90 estabelece que não se abrirá novo concurso
▷ Servidor: pessoa legalmente investida em cargo pú- enquanto houver candidato aprovado em seleção anterior com
blico (o que torna alguém um servidor público é a prazo de validade não expirado.
INVESTIDURA, sendo que ela é dada com a POSSE). Art. 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
▷ Cargo público: conjunto de atribuições e responsa- visto no edital de convocação, aquele aprovado em
bilidades previstas na estrutura organizacional que concurso público de provas ou de provas e títulos
devem ser cometidas a um servidor. será convocado com prioridade sobre novos concur-
sados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
Cargo Público Segundo a Lei nº 8.112/90, não poderia ser aberto novo
▷ Acessíveis a todos os brasileiros (estrangeiros ex- concurso enquanto há algum vigente. Mas atenção, pois, con-
cepcionalmente: universidades e instituições de forme a regra constitucional, pode sim ser aberto novo con-
pesquisa científica e tecnológica federais poderão curso nesse caso, porém deve ser observada a prioridade na
prover seus cargos com professores, técnicos e cien- nomeação.
tistas estrangeiros, de acordo com as normas e os Para responder se é possível ou não abrir um novo concur-
procedimentos da Lei nº 8.112/90). so enquanto houver um não expirado com candidatos aprova-
▷ Criados por lei. dos, fique de olho no comando da questão:
▷ Com denominação própria e vencimentos pagos pe- De acordo com a Lei nº 8.112/90: não pode.
los cofres públicos De acordo com a Constituição Federal: pode, mas deve ser
▷ Provimento pode ser em: observada a prioridade na ordem de nomeação.
» caráter efetivo; De acordo com o STF, os candidatos aprovados dentro das
» em comissão. vagas têm direito subjetivo à nomeação durante o prazo de
validade do concurso.
A Lei nº 8.112/90 veda a prestação de serviços gratuitos, Entretanto, o próprio STF reconhece que, em virtude do
salvo os casos previstos nela. princípio da supremacia do interesse público sobre o privado,
Diferenças entre cargo efetivo, cargo em comissão e fun- ocorrendo situações excepcionais, relevantes, supervenientes,
ção de confiança: imprevisíveis e extraordinárias, nem mesmo os aprovados
Cargo efetivo: nesse os servidores ingressam por meio de dentro das vagas teriam direito a nomeação. Seria o caso, por
concurso público. Deverão passar pelo estágio probatório e exemplo, de um concurso feito para um órgão novo, que na

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podem adquirir estabilidade no serviço público. prática, por falta de verbas, jamais foi efetivamente instalado.
Cargo em comissão e função de confiança: não estão Nessa situação a nomeação de candidatos que iriam receber,
sujeitos ao estágio probatório, mas jamais adquirem estabi- mas não iriam sequer trabalhar pela inexistência física do ór-
lidade. Tratam-se de atribuições de chefia, direção ou asses- gão, violaria o princípio supracitado.
soramento. Assim, no que se refere aos aprovados dentro das vagas:
Cargo em comissão: é de livre nomeação e exoneração (ad Regra: Direito subjetivo à nomeação;
nutum), isto é, a autoridade escolhe livremente e pode exonerar
independente de motivo. Podem ser preenchidos tanto por par- Exceção: Não tem direito à nomeação (ocorrendo situa-
ticulares como por servidores (mas um percentual mínimo de ções expecionais). NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
servidores de carreira deve ser observado, de acordo com a CF). Reserva de Vagas para Deficiente
Função de confiança: é de livre designação e dispensa. Nos termos da Lei nº 8.112/90, é assegurado o direito de se
Apenas servidores efetivos podem ser designados. inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
Do Provimento portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% das
vagas oferecidas no concurso.
Concurso Público A Lei nº 8.112/90 não estabeleceu um patamar mínimo,
Regras Gerais mas a legislação específica diz que é de 5%. Neste caso, se o
edital prever quatro vagas, não haverá nenhuma para porta-
O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo
dores de deficiência, pois a reserva dessa caracterizaria 25%
ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o
do total, o que extrapola o limite estabelecido.
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital, Reserva de Vagas para Negros
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóte- A Lei nº 12.990/2014 reserva aos negros 20% das vagas ofere-
ses de isenção nele expressamente previstas. cidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos
Os cargos públicos de provimento efetivo serão necessa- e empregos públicos no âmbito da administração pública federal,
riamente preenchidos mediante prévia aprovação em concur- das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e 341
so público. das sociedades de economia mista controladas pela União.
Requisitos para Investidura Esses prazos (para tomar posse e entrar em exercício) são
342 Requisitos básicos para investidura em cargo público: declináveis, isto é, não é necessário aguardar o último dia, pode
▷ Nacionalidade brasileira (nato ou naturalizado). tomar posse em um dia após a nomeação e já entrar em exercí-
▷ Gozo dos direitos políticos. cio no dia seguinte.
▷ Quitação com as obrigações militares e eleitorais. Regras referentes à posse:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Nível de escolaridade exigido para o exercício do ▷ Pode ser dada mediante procuração específica.
cargo. ▷ Existe posse apenas nos casos de provimento de
▷ Idade mínima de dezoito anos. cargo por nomeação (única forma de provimento
▷ Aptidão física e mental. originária).
Esses são os requisitos básicos. As atribuições do cargo ▷ Apresenta declaração de bens e valores, bem como
podem justificar a exigência de outros, mas eles devem estar de estar ou não em exercício de outro cargo, empre-
go ou função pública.
estabelecidos em lei.
▷ Depende de prévia inspeção médica oficial (só pode ser
A Súmula 683 do STF diz que:
empossado se for julgado apto física e mentalmente para
O limite de idade para inscrição em concurso públi- o exercício do cargo).
co só se legitima em face do Art. 7º, XXX, da Cons-
À autoridade responsável do órgão ou entidade para
tituição Federal quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. onde for nomeado ou designado o servidor compete dar-lhe
exercício.
Da Posse e do Exercício O início da atividade de função de confiança coincidirá
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Posse: dada com a assinatura do respectivo termo (na com a data de publicação do ato de designação, salvo quando
posse é que ocorre a investidura). o servidor estiver em licença ou afastado por qualquer outro
Nesse termo constarão as atribuições, os deveres, as res- motivo legal, hipótese em que recairá no primeiro dia útil após
ponsabilidades e os direitos inerentes ao cargo ocupado, que o término do impedimento, que não poderá exceder a trinta
não poderão ser alterados unilateralmente, por qualquer das dias da divulgação.
partes, ressalvados os atos de ofício previstos em lei. O início, a suspensão, a interrupção e o reinício do exercício
Exercício: efetivo desempenho das atribuições do cargo serão registrados no assentamento individual do servidor.
público ou da função de confiança.
Ao entrar em exercício, o mais novo concursado apresen-
A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados da publi- tará ao órgão competente os elementos necessários ao seu
cação do ato de provimento. É de quinze dias o tempo para o
assentamento individual.
servidor empossado em cargo público entrar em exercício, con-
tados da data da posse. A promoção não interrompe o tempo de exercício, que é
Publicação do ato de provimento (nomeação) ՜ 30 dias contado no novo posicionamento na carreira a partir da data
՜ POSSE ՜ 15 dias ՜ Exercício. de publicação do ato que promover o servidor.
▷ Não tomar posse: o ato de provimento é tornado Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em
sem efeito. razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, res-
▷ Não entrar em exercício: O servidor será EXONE- peitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta
RADO (cargo) ou o ato de designação tornado sem horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas
efeito (função de confiança). e oito diárias, respectivamente (pode haver disposição de jor-
No caso de posse, em se tratando de servidor, que esteja na nada diversa em leis especiais).
data de publicação do ato de provimento, em licença prevista Jornada do servidor (limites)
nos incisos I, III e V do Art. 81, ou afastado nas hipóteses dos ▷ Semanal - 40 horas
incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e “f”, IX e X do Art. ▷ Diária - mínimo seis horas e máximo oito.
102, o prazo será contado do término do impedimento. O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança
Nessa situação, se a pessoa já for servidor e estiver go- submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, obser-
zando de determinadas licenças ou afastamentos, o tempo vado o disposto no Art. 120 (regras de afastamento ou não do
para tomar posse será iniciado após o término desse impe- cargo efetivo para exercício do cargo em comissão), podendo
dimento.
ser convocado sempre que houver interesse da Administração.
O servidor que deva ter exercício em outro município em
razão de ter sido removido, redistribuído, requisitado, cedido Estabilidade e Estágio Probatório
ou posto em exercício provisório terá, no mínimo, dez e, no O Art. 20 da Lei nº 8.112/90 diz que ao entrar em exercício,
máximo, trinta dias de prazo, contados da publicação do ato, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará
para a retomada do efetivo desempenho das atribuições do
sujeito a estágio probatório por período de 24 meses, durante
cargo, incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslo-
camento para a nova sede. o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação
O servidor pode (facultado) declinar desses prazos se esti- para o desempenho do cargo [...].
ver em licença ou afastado legalmente, esse período conta do Entretanto, de acordo com o Art. 41 da CF o prazo para
término do impedimento. aquisição da estabilidade é de três anos, sendo esse também
o entendimento aplicado nas provas para o prazo do estágio ▷ Sentença judicial transitada em julgado.
probatório (isso está pacificado inclusive pela jurisprudência ▷ Processo administrativo disciplinar no qual lhe seja
do STJ). assegurada ampla defesa.
Tanto o prazo para o estágio probatório, como o pe- Já a Constituição Federal estabelece as seguintes hipóte-
ríodo para adquirir estabilidade, é de três anos de efetivo ses de perda do cargo pelo servidor estável:
exercício. ▷ Sentença judicial transitada em julgado.
A estabilidade é dada no serviço público, após esse prazo e ▷ Processo administrativo em que lhe seja assegurada
preenchido os requisitos, o servidor torna-se estável no servi- ampla defesa.
ço público naquela esfera (feita apenas uma vez nessa esfera). ▷ Procedimento de avaliação periódica de desem-
Para que seja adquirida, é necessária a aprovação em estágio penho, na forma de lei complementar, assegurada
probatório. Este diz respeito ao cargo. A cada nova função ele ampla defesa.
deve ser cumprido, independente de o servidor já ser estável ▷ Excesso de despesas com pessoal (Art. 169, §4º).
ou não.
Na Lei nº 8.112/90 a avaliação de desempenho (estágio 13. 1. Provimento e Vacância
probatório) observará os seguinte fatores:
▷ Assiduidade.
Provimento
▷ Disciplina. Provimento é o modo pelo qual um cargo público é preen-
▷ Capacidade de iniciativa. chido. Essas formas, assim como as de vacância, configuram um
▷ Produtividade. rol taxativo, isto é, existem apenas essas hipóteses expressa-
mente previstas em lei.
▷ Responsabilidade.
São Formas de provimento de cargo público (sete hipóte-
Quatro meses antes de findo o período do estágio ses - rol taxativo):
probatório, será submetida à homologação da autoridade ▷ Nomeação (única originária, as outras modalidades são
competente a avaliação do desempenho do servidor, rea- formas derivadas de provimento – ou secundárias).
lizada por comissão constituída para essa finalidade, de ▷ Promoção (forma híbrida - é também forma de va-
acordo com o que dispuser a lei ou o regulamento da res- cância).
pectiva carreira ou cargo, sem prejuízo da continuidade de ▷ Readaptação (forma híbrida – é também forma de
apuração dos fatores acima citados. vacância).
O servidor não habilitado em estágio probatório será exo- ▷ Reversão.

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nerado desse cargo (e não demitido). ▷ Aproveitamento.
O servidor em estágio probatório poderá exercer quaisquer ▷ Reintegração.
cargos de provimento em comissão ou funções de direção, chefia ▷ Recondução.
ou assessoramento no órgão ou entidade de lotação, e somente
poderá ser cedido a outro órgão ou entidade para ocupar cargos
Nomeação
de Natureza Especial, cargos de provimento em comissão do Gru- Trata-se da única forma originária de provimento de cargo
po-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), de níveis 6, 5 e 4, público, sendo feita:
ou equivalentes. Em caráter efetivo o quando se tratar de cargo isolado
Licenças e afastamentos permitidos: de provimento efetivo ou de carreira.
Licenças Em comissão (inclusive na condição de interino) o para car-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

▷ Por motivo de doença em pessoa da família. gos de confiança vagos.


▷ Por motivo de afastamento do cônjuge ou compa- O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza
nheiro.
especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamen-
▷ Para o serviço militar.
te, em outra função de confiança, sem prejuízo das atribuições
▷ Para atividade política.
do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela
Afastamentos
remuneração de um deles durante o período da interinidade.
▷ Exercício de Mandato Eletivo (atenção para não con-
fundir, o afastamento para mandado CLASSISTA não A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de
pode no estágio probatório). provimento efetivo depende de prévia habilitação em con-
▷ Estudo ou Missão no Exterior. curso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a
▷ Servir em organismo internacional. ordem de classificação e o prazo de sua validade.
▷ Curso de formação (outro cargo federal). Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento
Servidor Estável e a Perda do Cargo do servidor na carreira, mediante promoção, serão estabele-
A Lei nº 8.112/90 diz que o servidor estável somente perde- cidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira na 343
rá o cargo em virtude de: Administração Pública Federal e seus regulamentos.
Promoção No caso de ser revertido, o servidor perceberá, em subs-
344 tituição aos proventos da aposentadoria, a remuneração do
É uma forma híbrida, pois ela é tanto modalidade de provi-
cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de na-
mento como de vacância de cargo público.
tureza pessoal que percebia anteriormente à aposentadoria.
Ela é aplicada apenas nos cargos escalonados em carrei-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em nenhuma hipótese poderá ser revertido o aposentado


ra. Trata-se de progresso dentro da carreira e não da troca de
que já tiver completado 70 anos de idade (embora atualmente
cargo (lembre-se que a Constituição Federal não permite o in-
a idade para a aposentadoria compulsória seja de 75 anos, a
gresso em cargo púbico de provimento efetivo sem concurso).
idade máxima para a reversão permanece como 70 anos, de
Vale ressaltar que a promoção não interrompe o tempo de acordo com texto expresso da Lei nº 8.112/90).
exercício, que é contado no novo posicionamento na carreira a
partir da data de publicação do ato que promover o servidor. Reintegração
A reintegração é a reinvestidura do servidor estável no cargo
Readaptação anteriormente ocupado, ou na função resultante de sua transfor-
Aplicada no caso de o servidor (estável ou não) sofrer mação, quando invalidada a sua demissão por decisão adminis-
uma limitação (física ou mental) que seja incompatível com trativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.
as atribuições do cargo que ocupa, mas que ainda pode exer- Dessa forma, quando o servidor tiver sido demitido de ma-
cer outro cujas atribuições não estejam impossibilitadas pela
neira indevida e essa demissão for invalidada, ele voltará ao
sua limitação sofrida.
seu cargo, recebendo esse instituto o nome de reintegração.
Caso o readaptando seja julgado incapaz para o serviço
público, ele será aposentado por invalidez (e não exonerado). Na hipótese de o cargo ter sido extinto, o servidor ficará
Ş
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em disponibilidade (poderá posteriormente ser aproveitado


Seria o caso de um servidor que exerce atividades emi-
nentemente externas (como um oficial de justiça) sofrer um em outro cargo, obedecidas as regras do aproveitamento).
acidente que o deixe paraplégico. Como cadeirante, ele não Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocupante
terá aptidão física para as atribuições do cargo, mas ele poderá será reconduzido à função de origem, sem direito à indeniza-
exercer normalmente funções internas, sendo readaptado em ção ou aproveitado em outro cargo, ou, ainda, posto em dis-
um cargo dessa natureza. ponibilidade.
Requisitos: Se o cargo do servidor, que estiver sendo reintegrado,
▷ Cargos de atribuições afins. estiver ocupado, o atual ocupante é quem deverá deixar o
▷ Respeitada habilitação exigida. cargo, ocorrendo para ele uma das seguintes hipóteses:
▷ Mesmo nível de escolaridade. ▷ Recondução ao cargo anterior (sem direito à inde-
nização).
▷ Equivalência de vencimentos (não pode reduzir o
▷ Aproveitado em outro cargo.
subsídio ou remuneração).
▷ Colocado em disponibilidade.
Se não existir cargo vago, o servidor exercerá suas atribui-
ções como excedente, até a ocorrência de vaga. Aproveitamento
Trata-se do retorno do servidor em disponibilidade.
Reversão Ex.: Servidor estável cujo órgão para o qual estava lotado
Trata-se do retorno à atividade de servidor aposentado, foi extinto, fica em disponibilidade e recebe proporcio-
podendo ocorrer de duas modalidades: nalmente ao tempo trabalhado.
De Ofício: quando tiver sido aposentado por invalidez e junta O aproveitamento é feito em cargo de atribuições e ven-
médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria cimentos compatíveis com a função anteriormente ocupada.
(no caso de o cargo estiver provido, ele exercerá suas atribuições A disponibilidade ocorre nas hipóteses de reorganização
como excedente até a ocorrência de vaga). Nessa situação a própria ou extinção de órgão ou entidade, eliminação do cargo ou
administração, verificando tal contexto, o reverterá ao cargo. declaração de sua desnecessidade no órgão ou entidade, o
Mediante solicitação (no interesse da administração), servidor estável que não for redistribuído será colocado em
desde que: disponibilidade, até seu aproveitamento.
▷ Seja feita a pedido do servidor. Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a dis-
▷ A aposentadoria tenha sido voluntária. ponibilidade se o servidor não entrar em exercício no prazo
▷ Ele seja estável enquanto na atividade. legal, salvo doença comprovada por junta médica oficial.
▷ A aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an- Recondução
teriores à solicitação. A recondução ocorre quando o servidor passa de um cargo
▷ Haja cargo vago. para outro e acontece alguma das hipóteses previstas na lei,
A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo resul- fazendo com que ele deixe a atividade atual, mas possa retor-
tante de sua transformação. Mas caso não haja cargo vago, a nar ao seu cargo anterior. Entretanto, ele somente poderá uti-
consequência depende da modalidade de reversão: lizar a reversão caso seja estável na função para a qual deseja
De ofício: exercerá suas funções como excedente. retornar e que antes de assumir a nova, tenha solicitado o POC
A pedido: somente pode ser feita se houver cargo vago. (posse em outro cargo inacumulável).
A recondução é o retorno do servidor estável ao cargo an- Demissão
teriormente ocupado e decorrerá de: A demissão é a penalidade aplicada para o servidor que come-
▷ Inabilitação em estágio probatório relativo a outro ter uma infração funcional grave. Os detalhes e regras da demissão
cargo são estudadas em tópico próprio (Regime Jurídico Disciplinar).
Ex.: Era técnico e estável, passou no concurso de analista,
mas foi reprovado no estágio probatório. Ele será recon- Promoção
duzido ao cargo de técnico. A promoção já foi estudada no tópico de provimento. Vale
▷ Reintegração do anterior ocupante. lembrar que trata-se de uma maneira híbrida, pois ela caracteriza
Ao ser reconduzido, caso seu cargo de origem encontre-se tanto forma de provimento, como de vacância de cargo público.
ocupado, ele poderá ser aproveitado em outro (observadas as
regras do aproveitamento). Aposentadoria
A jurisprudência admite que a recondução também seja A aposentadoria pode ocorrer de três formas:
feita por opção do servidor, caso o mesmo não se adapte ao ▷ Por invalidez permanente.
novo cargo. ▷ Compulsória.
▷ Voluntária.
Vacância Entretanto, as regras atinentes à aposentadoria é estudada
São as hipóteses em que o cargo do servidor é desocupa- no tópico de Seguridade Social do Servidor.
do, ficando livre para ser preenchido por outro servidor. O rol
taxativo (sete modalidades) previsto na Lei nº 8.112/90 diz que
Readaptação
a vacância do cargo público decorrerá de: A readaptação já foi estudada no tópico de provimento.
Vale lembrar que trata-se de uma forma híbrida, pois ela ca-
▷ Exoneração.
racteriza tanto forma de provimento, como de vacância de
▷ Falecimento. cargo público.
▷ Demissão.
▷ Promoção. Posse em Outro Cargo
▷ Aposentadoria. Inacumulável (POC)
▷ Readaptação. Essa forma de vacância é utilizada quando o servidor quer
▷ Posse em outro cargo inacumulável. se afastar do cargo para assumir um outro, mas sem desligar-se
definitivamente da Administração. Caso ele seja estável e seja
Exoneração inabilitado no estágio probatório do novo cargo, por exemplo,
ele poderá ser reconduzido (se pedir exoneração corta o vínculo

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A exoneração não é forma de punição, trata-se apenas do
e não poderá ser eventualmente reconduzido).
desligamento do servidor por algum dos motivos previstos em
lei. Ela pode ser feita: A Constituição Federal dispõe ser vedada (proibida) a
acumulação remunerada de cargos públicos. Entretanto, caso
▷ A pedido do servidor. haja compatibilidade de horários, as seguintes hipóteses de
▷ De ofício (pela própria administração). acumulação são permitidas (mas deve ser observado o teto
A exoneração de ofício será feita: remuneratório):
▷ Quando não satisfeitas as condições do estágio pro- ▷ Dois cargos de professor.
batório. ▷ Um cargo de professor com outro técnico ou científico.
▷ Quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar ▷ Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
em exercício no prazo estabelecido (15 dias). nais de saúde, com profissões regulamentadas.
▷ Cargos em comissão. Essa proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
Essas hipóteses de exoneração de ofício, previstas na Lei ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, so-
nº 8.112/90, são direcionadas para o servidor não estável. En- ciedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades
tretanto, a Constituição Federal prevê algumas situações de controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público.
exoneração que alcançam o servidor estável:
▷ Mediante procedimento de avaliação periódica de 13. 2. Formas de Deslocamento
desempenho, na forma de lei complementar e ga- Tanto a remoção, quanto a redistribuição, não são formas de
rantida a ampla defesa (Art. 41, § 1º, III). provimento e também não geram vacância.
▷ Corte de despesas com excesso de pessoal (Art.
169, § 3º). Remoção
A remoção é o deslocamento do servidor, no âmbito do
Falecimento mesmo quadro, para ter exercício em outra unidade (não exis-
Essa forma de vacância não enseja maiores explicações, pois te nenhuma alteração no seu vínculo funcional, ele apenas
com a morte do servidor, seu cargo será declarado vago e apto exercerá suas funções em outra unidade). A remoção pode ser 345
para ser provido por outra pessoa. dada com ou sem mudança de sede.
Remoção: Ela será feita com prévia apreciação do órgão central do
346 Dentro do mesmo quadro. SIPEC (Sistema de Pessoal Civil), com observância de alguns
preceitos:
Com ou sem mudança de sede.
▷ Interesse da administração.
Modalidades ▷ Equivalência de vencimentos.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A remoção pode ocorrer de ofício ou a pedido do servidor. ▷ Manutenção da essência das atribuições do cargo.
No caso de a pedido, temos aquela que é feita no interesse da ▷ Vinculação entre os graus de responsabilidade e
administração (ele apenas será removido se a administração complexidade das atividades.
achar conveniente e oportuno) e também hipóteses em que ▷ Mesmo nível de escolaridade, especialidade ou habi-
a administração será obrigada a remover o servidor (indepen- litação profissional.
dente de interesse dela).
▷ Compatibilidade entre as atribuições do cargo e as
Remoção de Ofício finalidades institucionais do órgão ou entidade.
A remoção de ofício é realizada no interesse da Adminis- A redistribuição ocorrerá ex officio para ajustamento de
tração e, a princípio, independe de aceitação do servidor (ele lotação e da força de trabalho às necessidades dos serviços,
será obrigado a deslocar-se para o local determinado). inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de
Essa é a única modalidade de remoção em que o servidor órgão ou entidade.
faz jus à ajuda de custo (espécie de indenização, estudada no
A redistribuição de cargos efetivos vagos se dará mediante
tópico de direitos e vantagens).
ato conjunto entre o órgão central do SIPEC e os órgãos e enti-
A Pedido, a Critério da Adminis- dades da Administração Pública Federal envolvidos.
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tração (discricionariedade) Nos casos de reorganização ou extinção de órgão ou entidade,


Nesse caso o servidor solicita a remoção para a Adminis- extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o servidor estável
tração Pública, porém, ele apenas será deslocado se a Admins- que não for redistribuído será colocado em disponibilidade, até seu
tração achar conveniente. aproveitamento na forma definida na Lei nº 8.112/90.
A Pedido, para Outra Localidade, Indepen- Caso não ocorra nenhuma dessas situações poderá ser man-
dentemente do Interesse da Administração tido sob responsabilidade do órgão central do SIPEC, e ter exer-
Nessa modalidade de remoção, configurada alguma das cício provisório, em outro órgão ou entidade, até seu adequado
hipóteses previstas na lei, o servidor tem direito a ser removi- aproveitamento.
do (não existe interesse da administração aqui, ela é obrigada ▷ Redistribuição:
a deslocar o servidor). ▷ Deslocamento do cargo de provimento efetivo.
Hipóteses: ▷ Ocupado ou vago.
▷ Para acompanhar cônjuge ou companheiro, também ▷ Para outro órgão ou entidade, do MESMO Poder.
servidor público civil ou militar, de qualquer dos Po-
deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, que foi deslocado no interesse da 13. 3. Direitos e Vantagens
Administração.
Nesse caso, o cônjuge ou companheiro (união estável) do Vencimento e Remuneração
servidor foi removido de ofício para outra localidade. Esse re-
gido pela Lei nº 8.112/90 tem direito a acompanhar o cônjuge/ Conceitos
companheiro removido. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de
O cônjuge ou companheiro que foi removido de ofício cargo público, com valor fixado em lei (vencimento é o básico).
não precisa ser regido pela Lei 8.112/90, ele pode ser um Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
servidor civil ou militar, de qualquer das esferas e de qual- das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei
quer dos Poderes. (não pode ser inferior ao salário-mínimo).
▷ Por motivo de saúde do servidor, cônjuge, compa- Remuneração = Vencimentos + Vantagens
nheiro ou dependente que viva às suas expensas e Para fins de diferenciação, é importante saber que o sub-
conste do seu assentamento funcional, condiciona-
sídio difere da remuneração pois ele é pago em parcela única,
da à comprovação por junta médica oficial.
sendo obrigatório para determinadas carreiras (hipóteses do
▷ Em virtude de processo seletivo promovido, na
Art. 144 da CF). O pagamento por subsídio pode ser aplicado
hipótese em que o número de interessados for su-
perior ao número de vagas, de acordo com normas facultativamente para outras carreiras de servidores (cargos
pré-estabelecidas pelo órgão ou entidade em que escalonados em carreiras).
aqueles estejam lotados. Proventos: retribuição pecuniária do inativo (aposentado ou
servidor em disponibilidade remunerada).
Redistribuição
A redistribuição é o deslocamento de cargo de provimento Características
efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pes- Irredutibilidade: o vencimento do cargo efetivo, acresci-
soal, para outro órgão ou entidade do mesmo Poder. do das vantagens de caráter permanente, é irredutível.
Isonomia: é assegurada a isonomia de vencimentos para As faltas justificadas decorrentes de caso fortuito ou de
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo Po- força maior poderão ser compensadas a critério da chefia
der, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as van- imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício.
tagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao ▷ O desconto somente poderá incidir na remuneração
local de trabalho. ou nos proventos nos seguintes casos:
Teto: nenhum servidor poderá perceber, mensalmente, a ▷ Imposição legal.
título de remuneração, importância superior à soma dos va- ▷ Mandado judicial.
lores percebidos como remuneração, em espécie, a qualquer ▷ Consignação em folha de pagamento (com autori-
título, no âmbito dos respectivos Poderes (o teto varia de acor-
zação do servidor e à critério da administração, na
do com o Poder em que está o servidor):
forma definida em regulamento).
Poder Executivo – Ministros de Estado. A Lei nº 8.112/90, em seu Art. 45, § 1º, define que mediante
Poder Legislativo – Membros do Congresso Nacional. autorização do servidor, poderá haver consignação em folha de
Poder Judiciário – Ministros do Supremo Tribunal Federal. pagamento em favor de terceiros, a critério da administração e
Algumas vantagens estão excluídas do teto (não são leva- com reposição de custos, na forma definida em regulamento.
das em conta nesse limite): O total de consignações facultativas de que trata esse § 1º
▷ Gratificação natalina. não excederá a 35% da remuneração mensal, sendo 5% (cinco
▷ Adicional pelo exercício de atividades insalubres, por cento) reservados exclusivamente para:
perigosas ou penosas. I. a amortização de despesas contraídas por meio
▷ Adicional pela prestação de serviço extraordinário. de cartão de crédito; ou
▷ Adicional noturno. II. a utilização com a finalidade de saque por meio
▷ Adicional de férias. do cartão de crédito.
Reposições e Indenizações ao erário serão realizadas com
O teto remuneratório é encontrado também no Art. 37, XI,
o pagamento, no prazo máximo de trinta dias, podendo ser
da Constituição Federal, sendo o teto geral o subsídio de Minis-
parceladas, a pedido do interessado (cada parcela não pode-
tro do STF, mas ele também trouxe outros limites específicos:
rá ser inferior ao correspondente a dez por cento da remune-
Art. 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos ocupan- ração, provento ou pensão).
tes de cargos, funções e empregos públicos da admi- Quando o pagamento indevido houver ocorrido no mês ante-
nistração direta, autárquica e fundacional, dos mem- rior ao do processamento da folha, a reposição será feita imedia-
bros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, tamente, em uma única parcela.
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores O servidor que estiver em débito com o erário e for de-
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e mitido, exonerado ou ter aposentadoria ou disponibilidade
os proventos, pensões ou outra espécie remunerató-

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cassada, terá o prazo de 60 dias para quitar (caso não pague
ria, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as nesse prazo, implicará sua inscrição em dívida ativa).
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não O vencimento, a remuneração e o provento não serão
poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos objeto de arresto, sequestro ou penhora, exceto nos casos de
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se prestação de alimentos resultante de decisão judicial.
como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Vantagens
Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po- Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as
der Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do seguintes vantagens: NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte Indenizações (não incorporam nunca).
e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em Gratificações (pode incorporar - depende de lei).
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, Adicionais (pode incorporar - depende de lei).
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos As vantagens pecuniárias não serão computadas, nem
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos acumuladas, para efeito de concessão de quaisquer outros
Defensores Públicos. acréscimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idên-
tico fundamento.
Perda da Remuneração
O servidor perderá:
Indenizações
▷ A remuneração do dia em que faltar ao serviço, sem São indenizações:
motivo justificado. ▷ Ajuda de custo.
▷ A parcela de remuneração diária, proporcional aos ▷ Diárias.
atrasos, ausências justificadas e saídas antecipa- ▷ Transporte.
das (mas admite-se a compensação de horário, até ▷ Auxílio-moradia.
o mês subsequente ao da ocorrência, a ser estabele- Os valores das indenizações, bem como as condições a se-
cida pela chefia imediata, não perdendo, nesse caso rem preenchidas para sua concessão serão estabelecidas em 347
a parcela). regulamento. A Lei 8.112/90 traz apenas as regras gerais.
Ajuda de Custo O servidor que receber diárias e não se afastar da sede
348 A ajuda de custo destina-se a compensar as despesas de (por qualquer motivo) fica obrigado a restituí--las integral-
instalação do servidor que, no interesse do serviço (remoção mente, no prazo de cinco dias.
de ofício), passar a ter exercício em nova sede, com mudan- Também caso ele retorne à sede em prazo inferior ao pre-
ça de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo visto para o seu afastamento, deverá restituir as diárias recebi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o das em excesso (também no prazo de cinco dias).
cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de
servidor, vier a ter exercício na mesma sede. Indenização de Transporte
Além desse valor, também correm por conta da adminis- Conceder-se-á indenização de transporte ao servidor que
tração as despesas de transporte do servidor e de sua família, realizar despesas com a utilização de meio próprio de loco-
compreendendo passagem, bagagem e bens pessoais. moção para a execução de serviços externos, por força das
Ajuda de Custo: atribuições próprias do cargo, conforme se dispuser em re-
▷ Deslocamento permanente no interesse do serviço. gulamento
▷ Com mudança de domicílio. Ex.: Oficiais de justiça que trabalham com o próprio
▷ Vedado o duplo pagamento da indenização. carro.
Se o servidor falecer na nova sede, será assegurada à fa- Auxílio-Moradia
mília dele ajuda de custo e transporte para a localidade de ori-
gem, dentro do prazo de um ano, contado do óbito. O auxílio-moradia é a indenização consistente no ressar-
Disposições sobre a ajuda de custo: cimento das despesas comprovadamente realizadas pelo ser-
▷ Calculada sobre a remuneração do servidor (não pode vidor com aluguel de moradia ou com meio de hospedagem
exceder a importância correspondente a três meses). administrado por empresa hoteleira, no prazo de um mês após
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▷ Não será concedida ajuda de custo ao servidor que a comprovação da despesa pelo servidor.
se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de Ele é devido ao que tenha se mudado do local de residên-
mandato eletivo. cia para ocupar cargo em comissão ou função de confiança do
▷ Será concedida ajuda de custo àquele que, não sen- Grupo-Direção e Assessoramento Superiores (DAS), níveis 4, 5
do servidor da União, for nomeado para cargo em e 6, de Natureza Especial, de Ministro de Estado ou equivalen-
comissão, com mudança de domicílio. tes (apenas para deslocamentos ocorridos após 30 de junho
▷ Não é devida nos casos de remoção a pedido (o ser- de 2006).
vidor tem direito apenas no caso de ter sido removi- Para concessão do auxílio-moradia, os seguintes requisi-
do de ofício, compulsoriamente). tos devem ser observados:
▷ O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de cus- ▷ Não exista imóvel funcional disponível para uso
to quando, injustificadamente, não se apresentar na pelo servidor (nem o cônjuge ou companheiro ocu-
nova sede no prazo de 30 dias. pe imóvel funcional).
Diárias ▷ O servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja
Enquanto a ajuda de custo é feita para o deslocamento ou tenha sido proprietário, promitente comprador,
permanente, as diárias são para as hipóteses de deslocamen- cessionário ou promitente cessionário de imóvel no
to temporário. Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipó-
Essa indenização é devida em caso de afastamento da tese de lote edificado sem averbação de construção,
sede, em caráter eventual ou transitório, para outro ponto do nos doze meses que antecederem a sua nomeação.
território nacional ou para o exterior (por exemplo, uma mis- ▷ Nenhuma outra pessoa que resida com o servidor
são para transporte de detento para outra cidade). receba auxílio-moradia.
Nesse caso, o servidor fará jus a passagens e diárias destinadas ▷ O Município no qual assuma o cargo em comissão ou
a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada, função de confiança não se enquadre nas hipóteses
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regula- do Art. 58, § 3º, em relação ao local de residência ou
mento. A diária será concedida por dia de afastamento, sendo domicílio do servidor (mesma região ou limítrofes).
devida pela metade quando o deslocamento não exigir per-
noite fora da sede, ou quando a União custear, por meio diver- ▷ O servidor não tenha sido domiciliado ou tenha re-
so, as despesas extraordinárias cobertas por diárias. sidido no Município, nos últimos doze meses, onde
Ela é concedida por dia de afastamento (caso não haja for exercer o cargo em comissão ou função de con-
fiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta
pernoite, ela é devida pela metade).
dias dentro desse período.
Se o deslocamento constituir exigência permanente do car-
go, o servidor não fará jus a diárias. Também não terá direito ▷ O deslocamento não tenha sido por força de alte-
a diárias o que se deslocar dentro da mesma região metropo- ração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
litana, aglomeração urbana ou microrregião, constituídas por O valor mensal do auxílio-moradia é limitado a 25% do va-
municípios limítrofes e regularmente instituídas, ou em áreas de lor da função em comissão, atividade comissionada ou cargo
controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdi- de Ministro de Estado ocupado. Ele também não pode exceder
ção e competência dos órgãos, entidades e servidores brasileiros a 25% da remuneração do Ministro de Estado.
considera-se estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, Independentemente do valor do cargo em comissão ou
hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas para função comissionada, fica garantido a todos os que preenche-
os afastamentos dentro do território nacional. rem os requisitos o ressarcimento até o valor de R$ 1.800,00.
No caso de falecimento, exoneração, colocação de imóvel II. A retribuição não poderá ser superior ao equiva-
funcional à disposição do servidor ou aquisição de imóvel, o lente a 120 horas de trabalho anuais, salvo situação
auxílio-moradia continuará sendo pago por um mês. de excepcionalidade, devidamente justificada e
previamente aprovada pela autoridade máxima do
Retribuições, Gratificações e Adicionais órgão ou entidade, que poderá autorizar o acrésci-
A Lei nº 8.112/90 traz algumas espécies dessas vantagens a mo de até 120 horas de trabalho anuais.
que fazem jus os servidores. Entretanto, esse rol não é taxativo, III. O valor máximo da hora trabalhada correspon-
existem outras modalidades de gratificações e adicionais previs- derá aos seguintes percentuais, incidentes sobre o
tas em leis específicas. maior vencimento básico da administração pública
Retribuição pelo Exercício de Função de Di- federal:
reção, Chefia e Assessoramento A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso somente
Recebido pelo exercício de uma função de direção, chefia será paga se essas atividades forem exercidas sem prejuízo
ou assessoramento (cargo em comissão ou função de confian- das atribuições do cargo de que o servidor for titular, devendo
ça). Essa remuneração será estabelecida em lei específica. ser objeto de compensação de carga horária quando desem-
penhadas durante a jornada de trabalho (compensadas até no
Gratificação Natalina prazo de um ano).
A gratificação natalina é o equivalente ao “13º salário” para os A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso não se
servidores públicos (o décimo terceiro salário é para os celetistas, incorpora ao vencimento ou salário do servidor para qualquer
na Lei nº 8.112/90 utilizamos o termo gratificação natalina). efeito e não poderá ser utilizada como base de cálculo para
Essa gratificação corresponde a 1/12 (um doze avos) da re- quaisquer outras vantagens, inclusive para fins de cálculo dos
muneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por proventos da aposentadoria e das pensões.
mês de exercício no respectivo ano. A fração igual ou superior
a 15 dias é considerada como mês integral, para cálculo dessa Adicional de Insalubridade, Periculo-
gratificação. Ela é paga até o dia 20 do mês de dezembro. sidade ou Atividades Penosas
No caso de exoneração o servidor receberá a gratificação pro- Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais
porcionalmente aos meses de exercício (calculada sobre a remu- insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxi-
neração do mês da exoneração). cas, radioativas ou com risco de vida, fazem jus a um adicional
A gratificação natalina não será considerada para cálculo sobre o vencimento do cargo efetivo.
de qualquer vantagem pecuniária. Insalubridade: contato permanente com substâncias tóxi-
cas ou radioativas.
Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
Periculosidade: atividade com risco de vida.
Essa gratificação é devida ao servidor que, em caráter

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eventual: Penosidade: atividades em zona de fronteira ou em locais
cujas condições de vida o justifiquem.
I. Atuar como instrutor em curso de formação, de
desenvolvimento ou de treinamento regularmente São adicionais de mesma natureza, dessa forma, não
instituído no âmbito da administração pública federal. pode receber mais de um ao mesmo tempo (o servidor
II. Participar de banca examinadora ou de comis- deve optar por um deles caso faça jus a mais de um).
são para exames orais, para análise curricular, para O direito ao adicional de insalubridade ou periculosidade
correção de provas discursivas, para elaboração de cessa com a eliminação das condições ou dos riscos que de-
questões de provas ou para julgamento de recursos ram causa a sua concessão.
intentados por candidatos. Haverá um controle permanente da atividade de servido- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III. Participar da logística de preparação e de rea- res em operações ou locais considerados penosos, insalubres
lização de concurso público envolvendo atividades ou perigosos. A servidora gestante ou lactante será afastada,
de planejamento, coordenação, supervisão, exe- enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
cução e avaliação de resultado, quando tais não previstos nestas hipóteses, exercendo suas atividades em local
estiverem incluídas entre as suas atribuições per- salubre e em serviço não penoso e não perigoso.
manentes. Na concessão dos adicionais de atividades penosas, de insalu-
IV. Participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar pro- bridade e de periculosidade, serão observadas as situações esta-
vas de exame vestibular ou de concurso público ou belecidas em legislação específica.
supervisionar essas atividades. O adicional de atividade penosa será devido aos servi-
2,2% (hipóteses I e II). dores em exercício em zonas de fronteira ou em localidades
1,2% (III e IV). cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições
§ 2. Os critérios de concessão e os limites da gratifica- e limites fixados em regulamento.
ção de que trata este artigo serão fixados em regula- Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios
mento, observados os seguintes parâmetros: X ou substâncias radioativas serão mantidos sob controle per-
I. O valor da gratificação será calculado em horas, manente, de modo que as doses de radiação ionizante não ul-
observadas a natureza e a complexidade da ativi- trapassem o nível máximo previsto na legislação própria. Nesse 349
dade exercida. caso serão submetidos a exames médicos a cada seis meses.
Adicional por Serviço Extraordinário Interrupção das férias: apenas por motivo de calamidade
350 Esse adicional é devido quando o servidor trabalha além pública, comoção interna, convocação para júri, serviço militar
da sua jornada regular. Ele será remunerado com acréscimo ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela au-
de 50% em relação à hora normal do trabalho. toridade máxima do órgão ou entidade. Nesse caso, o restante
do período interrompido será gozado de uma só vez.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Somente será permitido serviço extraordinário para


atender a situações excepcionais e temporárias, respeita-
do o limite máximo de duas horas por jornada. 13. 4. Licenças, Afastamentos
Na Lei nº 8.112/90 a jornada é de 40h semanais (8h por
dia), caso trabalhe 9h todos os dias, fará jus a cinco extras nes-
e Concessões
sa semana.
Licenças
Adicional Noturno O Art. 81 da Lei nº 8.112/90 diz que será concedida licença
O adicional noturno é devido quando o servidor trabalhar ao servidor nos seguintes casos:
no período compreendido entre 22 horas de um dia e cinco ▷ Por motivo de doença em pessoa da família.
do dia seguinte. ▷ Por motivo de afastamento do cônjuge ou compa-
Durante o serviço noturno, a cada 52 minutos e 30 segun- nheiro.
dos, computa-se uma hora (a hora noturna é reduzida). O va- ▷ Para o serviço militar.
lor desse adicional é de 25% da hora trabalhada.
▷ Para atividade política.
Caso o servidor trabalhe em jornada extraordinária no pe-
ríodo noturno, esse adicional será calculado sobre a hora nor- ▷ Para capacitação.
▷ Para tratar de interesses particulares.
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mal já acrescida de 50%.


Ex.: Servidor que receba R$20 reais a hora normal. Se tra- ▷ Para desempenho de mandato classista.
balhar em jornada extraordinária, terá direito a R$30 cada Além desses casos do Art. 81, a Lei nº 8.112/90 prevê outras
extra. Se isso for feito no período noturno, calcularemos os hipóteses de licenças, estudadas, em seus aspectos mais rele-
25% sobre esses R$30 (ficaria então R$ 37.50 cada hora vantes, na sequência.
extra noturna). A licença concedida dentro de 60 dias do término de outra
Adicional de Férias da mesma espécie será considerada como prorrogação.
O adicional de férias é pago, independentemente de solici- Dessa forma, caso após o término de determinada licença,
o servidor entre novamente nesse estado (na mesma modali-
tação, ao servidor, por ocasião das férias, um adicional corres-
dade) dentro de 60 dias, essa segunda licença será considera-
pondente a 1/3 da remuneração do período das férias.
da prorrogação da primeira e não uma nova.
No caso de o servidor exercer função de direção, chefia
ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respec- Licença para Tratamento de
tiva vantagem será considerada no cálculo desse adicional. Saúde de Pessoa da Família
Regras sobre as férias Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doen-
O período de férias é de 30 dias, podendo ser acumula- ça em pessoa da sua família (do cônjuge ou companheiro, dos
das no máximo até dois períodos, no interesse do serviço, pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou depen-
salvo legislação específica. dente que viva a suas expensas e conste do seu assentamento
Para o primeiro período aquisitivo, exige-se do servidor 12 funcional), mediante comprovação por perícia médica oficial.
meses de exercício. Ele deve ter pelo menos 12 meses de efe- Para que ela seja concedida, a assistência do servidor deve ser
tivo exercício, somente após esse período poderá tirar férias. indispensável e não possa ser prestada simultaneamente com o
Caso o servidor tenha faltado ao serviço (injustificadamen- exercício do cargo (ou mediante compensação de horários).
te), é vedado levar à conta de férias essas faltas. Assim, caso Dentro de cada período de 12 meses, essa licença pode ser
ele tenha dez faltas no período aquisitivo, esses dez dias não concedida nas seguintes condições:
poderão ser retirados de suas férias (no caso de faltas injustifi- Com remuneração: até 60 dias (consecutivos ou não).
cadas existem medidas apropriadas). Sem remuneração: até 90 dias (consecutivos ou
Parcelamento: pode ser feito o parcelamento das férias não). Esses 90 dias contam-se após o término dos
em até três etapas, desde que servidor requeira e no interes- 60 dias remunerados.
se da administração (nesse caso recebe o adicional de 1/3 logo Dessa forma, essa licença pode ser concedida por até um
na primeira parcela). prazo máximo de 150 dias, dentro de um período de 12 me-
Pagamento das férias ses, sendo que, os primeiros sessentas dias são remunerados
▷ Até dois dias antes do início delas (inclusive do res- e o prazo restante da licença de 90 não são.
pectivo adicional de 1/3). Ao servidor que estiver sob essa licença, é vedado o exer-
▷ No caso de exoneração, o servidor tem direito às fé- cício de atividade remunerada durante a duração da mesma.
rias, inclusive proporcionais (1/12 avos para cada mês O período remunerado dessa licença que exceder a 30 dias
de efetivo exercício ou fração superior a 14 dias). será computado apenas para efeito de aposentadoria e disponibi-
Raio X ou substâncias radioativas: 20 dias consecuti- lidade. Já o tempo de licença não remunerado não é contado para
vos por semestre (a acumulação nesse caso é vedada). quaisquer efeitos.
Motivo de Afastamento do Cônjuge com a respectiva remuneração, por até três meses, para parti-
cipar de curso de capacitação profissional.
Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar
cônjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto Esse período não é acumulável, assim, caso tenha, por
do território nacional, para o exterior ou para o exercício de exemplo, 15 anos de efetivo exercício, terá direito aos mesmos
mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo, possuin- três meses.
do as seguintes características: Essa licença é computada como tempo de efetivo exercício
▷ Ela é concedida sem remuneração. e não pode ser utilizada por servidores em estágio probatório
▷ Por prazo indeterminado. por expressa vedação legal contida na Lei nº 8.112/90.
O período em que o servidor usufruir dessa licença não ▷ Regras para essa licença
será computado como tempo de serviço para qualquer efeito. ▷ Devida a cada cinco anos (quinquênio) de efetivo
No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companhei- exercício.
ro também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer ▷ No interesse da Administração.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos ▷ Com remuneração.
Municípios, a Lei nº 8.112/90 prevê a possibilidade de exercício ▷ Até três meses (para participar de curso de capaci-
provisório em órgão ou entidade da Administração Federal di- tação).
reta, autárquica ou fundacional, desde que para o exercício de ▷ Não acumulável.
atividade compatível com o seu cargo.
Não confundir com o afastamento para o curso de for-
Licença para o Serviço Militar mação. Nesse caso deixa o cargo para participar do curso de
Ao servidor convocado para o serviço militar será con- formação exigido na nova função.
cedida licença, na forma e condições previstas na legislação Ex.: Um servidor que é técnico de algum órgão federal e
específica. passou para o cargo de agente da polícia federal. Nesse
A Lei nº 8.112/90, ao tratar dessa licença prevê que após a caso, ele ficará afastado para fazer o curso, mesmo es-
conclusão do serviço militar, o servidor terá um prazo de 30 tando em estágio probatório, desde que seja também
dias para reassumir seu cargo. cargo na esfera federal.
Esse período em que estiver em licença prestando o serviço
militar obrigatório será considerado como de efetivo exercício.
Licença para Tratar de
Interesses Particulares
Licença para Atividade Política Essa licença é concedida a critério da administração (ato
O servidor terá direito à licença para atividade política nas discricionário) para os servidores ocupantes de cargo efetivo,
seguintes disposições: que não estejam em estágio probatório, por um prazo de até

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Sem remuneração: durante o período que mediar três anos consecutivos.
entre a sua escolha em convenção partidária,
como candidato a cargo eletivo, e a véspera do re- Além da discricionariedade de sua concessão, essa licença
gistro de sua candidatura perante a Justiça Eleito- pode ser interrompida a qualquer tempo (no interesse do ser-
ral. Esse período não será computado como tempo viço ou a pedido do servidor).
de efetivo exercício. O período que o servidor gozar da licença para tratar de
Com remuneração: a partir do registro da candidatura interesses particulares não será considerado como tempo de
até o décimo dia seguinte ao da eleição. Entretanto, serviço para qualquer efeito.
esse período não poderá ultrapassar três meses (após Licença para tratar de interesses particulares:
esse prazo a licença não será mais remunerada). Esse
▷ Não pode estar no estágio probatório.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
segundo momento da licença será considerado como
tempo de serviço apenas para efeitos de aposentadoria ▷ Prazo: até três anos consecutivos.
e disponibilidade. ▷ Sem remuneração.
O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde ▷ Concedida no interesse da Administração.
desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, ▷ Interrompida a qualquer momento.
chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele ▷ Não computada como tempo de exercício.
será afastado, a partir do dia imediato ao do registro de sua
candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia se- Licença para o Desempenho
guinte ao do pleito. de Mandato Classista
Licença para Capacitação Essa licença é assegurada ao servidor, que não esteja em
estágio probatório, sem direito à remuneração, para que pos-
Ela entrou no lugar da antiga “licença-prêmio”, que foi ex-
tinta para os servidores regidos pela Lei nº 8.112/90. sa desempenhar mandato em confederação, federação, asso-
É devida a cada quinquênio de efetivo exercício, sendo ciação de classe de âmbito nacional, sindicato representativo
que, o servidor poderá, no interesse da Administração (tra- da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão.
ta-se de um ato discricionário, a Administração opta pela sua Essa licença também pode ser concedida para participar 351
concessão ou não), afastar-se do exercício do cargo efetivo, de gerência ou administração em sociedade cooperativa cons-
tituída por servidores públicos para prestar serviços a seus produzidas por acidente em serviço, doença profissional ou
352 membros. qualquer das enfermidades especificadas como graves, con-
A duração dessa licença é a mesma do mandado, admitin- tagiosas ou incuráveis.
do prorrogação em caso de reeleição. O servidor que apresentar indícios de lesões orgânicas ou
funcionais será submetido a inspeção médica. Ele será sub-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O tempo de fruição dela é considerada como período de metido a exames médicos periódicos, nos termos e condições
efetivo exercício para todos os efeitos (exceto para promoção definidos em regulamento. Para esses fins, a União e suas en-
por merecimento). tidades autárquicas e fundacionais poderão:
Além do disposto em regulamento específico, devem ser ▷ Prestar os exames médicos periódicos diretamente
observados os seguintes limites, de acordo o número de asso- pelo órgão ou entidade a qual se encontra vinculado
ciados da entidade. o servidor.
▷ Até 5.000 associados : dois servidores. ▷ Celebrar convênio ou instrumento de cooperação ou
parceria com os órgãos e entidades da administra-
▷ De 5001 a 30.000 associados : quatro servidores. ção direta, suas autarquias e fundações.
▷ Mais de 30.000 associados: oito servidores. ▷ Celebrar convênios com operadoras de plano de
Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos assistência à saúde, organizadas na modalidade de
para cargos de direção ou de representação nas referidas en- autogestão, que possuam autorização de funciona-
tidades, desde que cadastradas no órgão competente. mento do órgão regulador, na forma do Art. 230.
▷ Ou prestar os exames médicos periódicos mediante
Licença para Tratamento contrato administrativo, observado o disposto na Lei
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da Própria Saúde nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas


Será concedida ao servidor licença para tratamento de sua pertinentes.
própria saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia mé- Principais Características:
dica oficial, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus. ▷ Com remuneração.
Sempre que necessário, a inspeção médica será realizada ▷ Prazo máximo contínuo de 24 meses.
na residência do servidor ou no estabelecimento hospitalar ▷ Até 24 meses é considerada como tempo de efetivo
onde se encontrar internado. exercício.
Inexistindo médico no órgão ou entidade no local onde ▷ Precisa de perícia médica oficial (se exceder 120 dias
se encontra ou tenha exercício em caráter permanente o precisa de junta médica oficial).
servidor, e não se configurando as hipóteses previstas nos ▷ Se inferior a 15 dias (no período de 1 ano), pode dis-
parágrafos do Art. 230 (perícia médica e ausência de órgão pensar perícia oficial (na forma de regulamento).
oficial – utilização de convênios para tanto), será aceito ates-
tado passado por médico particular.
Da Licença à Gestante, à Adotante
Nesse caso, o referido atestado somente produzirá efeitos e da Licença-Paternidade
depois de recepcionado pela unidade de recursos humanos do Licença à Gestante
órgão ou entidade.
Essa licença será concedida à servidora gestante por
A licença que exceder o prazo de 120 dias no período de 120 dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
12 meses a contar do primeiro dia de afastamento será conce- O início da licença poderá se dar a partir do primeiro dia
dida mediante avaliação por junta médica oficial. do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição
A perícia oficial para concessão da licença para tratamen- médica. Se ocorrer nascimento prematuro, a licença terá início
to de saúde, bem como nos demais casos previstos na Lei nº a partir do parto.
8.112/90, será efetuada por cirurgiões-dentistas, nas hipóteses Natimorto: decorridos 30 dias do evento, a servidora será
em que abranger o campo de atuação da odontologia. submetida a exame médico, e se julgada apta, reassumirá o
Essa licença tem o prazo máximo de duração contínua de exercício.
24 meses. Após esse período, se ainda não estiver em condi- Aborto: deve ser atestado por médico oficial, tendo a ser-
ções de voltar ao seu cargo, o servidor deverá ser readaptado vidora direito a 30 dias de repouso remunerado.
(se possível) ou aposentado por invalidez. A Lei nº 8.112/90 também prevê que para amamentar o pró-
prio filho, até a idade de seis meses, a servidora lactante terá
Essa licença é também computada de modo cumulativo,
direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso,
no decorrer de toda a vida funcional do servidor. Quando ela
que poderá ser dividida em dois períodos de meia hora.
ultrapassar 24 meses (e não forem 24 meses consecutivos,
Vale ressaltar que a Lei nº 11.770/2008 criou o Programa Em-
conforme visto acima), o período que ultrapassar esse limite presa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade.
será considerado como tempo de serviço apenas para fins de Essa lei autorizou que a Administração Direta e Indireta possam
aposentadoria e disponibilidade. aderir ao programa.
Antes de cumular os 24 meses, o período de licença será Dessa forma, o Decreto nº 6.690/2008 instituiu no âmbito
considerado como de efetivo exercício. da Administração Pública Federal Direta, autárquica e funda-
O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao cional, o Programa de Prorrogação da Licença à Gestante e à
nome ou natureza da doença, salvo quando se tratar de lesões Adotante.
Agora as servidoras públicas federais, que venham a re- Mediante autorização expressa do Presidente da Repúbli-
querer o benefício até o final do primeiro mês após o parto, ca, o servidor do Poder Executivo poderá ter exercício em ou-
terão direito à prorrogação da licença gestante por mais ses- tro órgão da Administração Federal direta que não tenha qua-
senta dias (durante essa prorrogação é vedado o exercício de dro próprio de pessoal, para fim determinado e a prazo certo.
qualquer atividade remunerada e a criança não pode ser man-
tida em creche ou entidade similar). Afastamento para Exercício
Licença-Paternidade de Mandato Eletivo
Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá di- Essa modalidade de afastamento praticamente reproduz
reito à licença-paternidade de cinco dias consecutivos. o disposto no Art. 38 da Constituição Federal e é bastante co-
brada em provas.
Licença à Adotante
Ela trata do afastamento do servidor para exercício de
À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de crian- mandato eletivo.
ça terá direito a essa licença remunerada, cujo prazo de dura-
ção variará de acordo com a idade da criança: Ao servidor investido em mandato eletivo aplicam-se as
seguintes disposições:
▷ Até um ano: 90 dias.
Mandato eletivo federal, estadual ou distrital: afastado do
▷ Mais de um ano: 30 dias.
cargo.
O benefício da prorrogação prevista no Decreto nº
6.690/2008 também foi garantido à adotante, na seguinte Mandato de prefeito: afastado do cargo (ele pode optar
proporção: pela sua remuneração).
Até um ano: prorrogação de 45 dias. Mandato de vereador:
Acima de um ano: prorrogação de 15 dias. Com compatibilidade de horários: nesse caso ele exer-
Esse decreto definiu que considera-se criança a pessoa cerá os dois cargos, perceberá as vantagens de seu cargo,
de até doze anos de idade incompletos. Também dispondo sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo.
que durante essa prorrogação é vedado o exercício de qual- Sem compatibilidade de horários: afastado do cargo (ele
quer atividade remunerada e a criança não pode ser mantida pode optar pela sua remuneração).
em creche ou entidade similar. A única hipótese em que o servidor não será afastado
Todas as licenças acima vistas (gestante, adotante e pa- do seu cargo é para exercer o mandato de vereador, mas
ternidade) são consideradas como tempo de efetivo exercício. desde que exista compatibilidade de horários.
Na hipótese de afastamento, o servidor contribui para a segu-
Afastamentos ridade social como se estivesse em exercício.
A Lei nº 8.112/90 previu as seguintes modalidades de afas- Ele investido em mandato eletivo ou classista não poderá

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tamentos: ser removido ou redistribuído de ofício para localidade diversa
▷ Para servir a outro órgão ou entidade. daquela onde exerce o mandato.
▷ Para exercício de mandato eletivo.
▷ Para estudo ou missão no exterior.
Afastamento para Estudo
▷ Para participação em programa de pós-graduação ou Missão no Exterior
stricto sensu no país. A concessão desse afastamento, para estudo ou missão
oficial, somente será feita com autorização do Presidente da
Afastamento para Servir a República, Presidente dos Órgãos do Poder Legislativo e Pre-
Outro Órgão ou Entidade sidente do Supremo Tribunal Federal. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro Essas disposições não se aplicam para os servidores da
órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do carreira diplomática.
Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses: Esse afastamento tem um período máximo de quatro
▷ Para exercício de cargo em comissão ou função de anos. Após o término da missão ou estudo no exterior, so-
confiança (se for cedido para entidades dos Estados, mente poderá obter nova ausência após o decurso de igual
do DF ou Municípios - o cessionário que pagará a re- tempo (quatro anos após ter retornado).
muneração). Ao servidor beneficiado por esse afastamento não será conce-
▷ Em casos previstos em leis específicas. dida exoneração ou licença para tratar de interesse particular an-
No caso de o servidor cedido, a empresa pública ou socie- tes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hi-
dade de economia mista, para exercício de cargo em comissão pótese de ressarcimento da despesa havida com tal afastamento.
ou função de confiança, nos termos das respectivas normas, As hipóteses, condições e formas para a autorização de
optar pela remuneração do cargo efetivo ou pela remuneração que trata essa modalidade de afastamento, inclusive no que
do cargo efetivo acrescida de percentual da retribuição do car- se refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas em
go em comissão, a entidade cessionária efetuará o reembolso regulamento.
das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de origem. O afastamento de servidor para servir em organismo in-
A cessão será feita mediante Portaria publicada no Diário ternacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere 353
Oficial da União. dar-se-á com perda total da remuneração.
Afastamento para Participação vada, terá direito apenas a matricular-se em uma universidade
354 (ou faculdade) também privada.
em Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu no País Suspensão do Estágio Probatório
Nessa modalidade o servidor poderá afastar-se do A Lei nº 8.112/90 define que, durante a fruição as seguintes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, licenças e afastamentos, o estágio probatório ficará suspenso:
para participar em programa de pós-graduação stricto sen- ▷ Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família.
su em instituição de ensino superior no País.
▷ Licença por Motivo de Afastamento do Cônjuge.
A concessão será feita no interesse da Administração (ato
▷ Licença para Atividade Política.
discricionário) e desde que a participação não possa ocorrer
simultaneamente com o exercício do cargo ou mediante com- ▷ Afastamento para Participação em Programa de
pensação de horário. Pós-Graduação Stricto Sensu no País.
Por meio de ato do dirigente máximo do órgão ou enti- ▷ Curso de formação.
dade, definirá, em conformidade com a legislação vigente, os
programas de capacitação e os critérios para participação em 13. 5. Do Tempo de Serviço
pós-graduação no País, com ou sem afastamento do servidor, A Lei nº 8.112/90 dispõe que é contado para todos os efei-
que serão avaliados por um comitê constituído para esse fim. tos o tempo de serviço público federal (inclusive o prestado às
Forças Armadas).
Concessões
A Lei nº 8.112/90 trouxe três modalidades de concessões: Apuração do Tempo de Serviço
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Direito de Ausentar-se do Serviço A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que
São hipóteses em que o servidor pode ausentar-se do depois serão convertidos em anos, considerando como ano
serviço, sem qualquer prejuízo: cada 365 dias.
▷ Doar sangue: um dia. Além dos casos de concessões (doar sangue, alistamento
Pelo período comprovadamente necessário para alista- eleitoral, casamento e falecimento) são considerados como de
mento ou recadastramento eleitoral: limitado, em qualquer efetivo exercício os afastamentos em virtude de:
caso, a dois dias. Férias.
Oito dias consecutivos: ▷ Exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
▷ Casamento. órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Esta-
▷ Falecimento (cônjuge, companheiro, pais, madrasta dos, Municípios e Distrito Federal.
ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda ou ▷ Exercício de cargo ou função de governo ou admi-
tutela e irmãos). nistração, em qualquer parte do território nacional,
por nomeação do Presidente da República.
Direito a Horário Especial ▷ Participação em programa de treinamento regu-
Estudante: no caso de incompatibilidade entre o horário larmente instituído ou em programa de pós-gra-
escolar e o da repartição (sem prejuízo do exercício do cargo, duação stricto sensu no País, conforme dispuser o
mas deve haver compensação). regulamento.
Portador de deficiência: necessidade comprovada por junta ▷ Desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
médica oficial (independente de compensação de horário). municipal ou do Distrito Federal, (exceto para pro-
Servidor que possua cônjuge, filho ou dependente por- moção por merecimento).
tador de deficiência física (nesse caso deve haver compen- ▷ Júri e outros serviços obrigatórios por lei.
sação).
▷ Missão ou estudo no exterior, quando autorizado o
Servidor que atue como instrutor ou esteja participando afastamento, conforme dispuser o regulamento.
de banca examinadora (nas modalidades previstas que fazem
jus à gratificação por encargo de curso ou concursos). ▷ Deslocamento para a nova sede de que trata o Art.
18 (prazo de 10 a 30 dias para retomar os serviços
Direito à Matrícula em em outro município quando removido, redistribuído
etc.).
Instituição de Ensino
▷ Participação em competição desportiva nacional ou
Ao servidor estudante que mudar de sede no interesse da convocação para integrar representação desportiva
administração é assegurada, na localidade da nova residência ou nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em
na mais próxima, matrícula em instituição de ensino congênere, lei específica.
em qualquer época, independentemente de vaga. Esse direito es-
tende-se ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do ▷ Afastamento para servir em organismo internacio-
servidor que vivam na sua companhia, bem como aos menores nal de que o Brasil participe ou com o qual coopere.
sob sua guarda, com autorização judicial. As seguintes licenças também são consideradas como
A respeito dessa concessão, o STF já se manifestou dizen- tempo de efetivo exercício:
do que se o servidor estudando vem de uma universidade pri- ▷ A gestante, à adotante e à paternidade.
▷ Para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte Requerimento e Pedido de Revisão:
e quatro meses, cumulativo ao longo do tempo de ser- Despachados: cinco dias
viço público prestado à União, em cargo de provimento Decididos: 30 dias
efetivo. Hipóteses em que cabe recurso:
▷ Para o desempenho de mandato classista ou par- Indeferimento do pedido de reconsideração.
ticipação de gerência ou administração em socie- Decisões sobre os recursos sucessivamente inter-
dade cooperativa constituída por servidores para postos.
prestar serviços a seus membros (exceto para efeito O recurso é dirigido à autoridade imediatamente superior
de promoção por merecimento). à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão (e sucessi-
▷ Por motivo de acidente em serviço ou doença pro- vamente, em escala ascendente, às demais autoridades). Ele
fissional. é encaminhado por intermédio da autoridade a que estiver
▷ Para capacitação, conforme dispuser o regulamento. imediatamente subordinado o requerente.
▷ Por convocação para o serviço militar. Prazos para interpor Pedido de Revisão e Recurso: 30
dias (da publicação ou da ciência da decisão recorrida).
São contados apenas para efeito de aposentadoria e dis-
Efeito suspensivo ao recurso: é concedido esse efeito a
ponibilidade:
critério da autoridade competente.
▷ O tempo de serviço público prestado aos Estados,
Em caso de provimento do pedido de reconsideração ou
Municípios e Distrito Federal.
do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato im-
▷ A licença para tratamento de saúde de pessoal da pugnado.
família do servidor, com remuneração, que exceder
Prescrição do direito de requerer:
a 30 dias em período de 12 meses.
Cinco anos: demissão, cassação (aposentadoria ou dispo-
▷ A licença para atividade política, no caso do Art. 86, § 2º
nibilidade) e que afetem interesse patrimonial e créditos de-
(a partir do registro da candidatura e até o décimo dia
correntes das relações de trabalho.
seguinte ao da eleição).
120 dias: demais casos (salvo outro prazo fixado na lei).
▷ O tempo correspondente ao desempenho de man-
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital, Esses prazos são contados da publicação do ato ou da
anterior ao ingresso no serviço público federal. ciência do interessado (ato não publicado).
▷ O tempo de serviço em atividade privada, vinculada O pedido de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
à Previdência Social. interrompem a prescrição. Essa é de ordem pública, não po-
▷ O tempo de serviço relativo a tiro de guerra. dendo ser relevada pela administração.
▷ O tempo de licença para tratamento da própria saú- Para o exercício do direito de petição, é assegurada vista do

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de que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” processo ou documento, na repartição, ao servidor ou a procura-
do inciso VIII do Art. 102 (24 meses). dor por ele constituído (não pode retirar da repartição).
O tempo em que o servidor esteve aposentado será conta- A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo,
do apenas para nova aposentadoria. quando eivados de ilegalidade.
O tempo de serviço prestado às Forças Armadas em ope- São fatais e improrrogáveis os prazos estabelecidos nes-
rações de guerra será contado em dobro. se tópico da Lei nº 8.112/90 (sobre o direito de petição), salvo
É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço motivo de força maior.
prestado concomitantemente em mais de um cargo ou função
de órgão ou entidades dos Poderes da União, Estado, Distrito 13. 7. Lei nº 8.112/90 - Regime Disciplinar NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Federal e Município, autarquia, fundação pública, sociedade de


economia mista e empresa pública. Caso o servidor tenha mais Deveres
de um cargo, não serão computados cumulativamente. O Art. 116 da Lei nº 8.112/90 elenca um rol de deveres a que
Ex.: Trabalhando um ano em dois cargos ao mesmo tem- o servidor está obrigado a observar, sem prejuízos de outros
po, o servidor terá apenas um ano de tempo de serviço previstos em outras leis e também em atos ou regulamentos.
prestado. Quando o servidor não observar algum dos deveres, será
penalizado, em regra, com penalidade de advertência. No en-
tanto, veremos em tópico oportuno que caso ele seja reinci-
13. 6. Direito de Petição dente em relação a essa questão, será punido com suspensão.
A Lei nº 8.112/90 assegura ao servidor o direito de requerer São DEVERES do servidor:
aos Poderes Públicos, em defesa de direito ou interesse legítimo.
▷ Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo.
O requerimento será dirigido à autoridade que tem com-
petência para decidi-lo e encaminhado por intermédio daque- ▷ Ser leal às instituições a que servir.
la a que estiver imediatamente subordinado o requerente. ▷ Observar as normas legais e regulamentares.
Pedido de Reconsideração: cabível à autoridade que hou- ▷ Cumprir as ordens superiores, exceto quando mani-
ver expedido o ato ou proferido a primeira decisão (não pode festamente ilegais. 355
ser renovado). ▷ Atender com presteza:
» Ao público em geral, prestando as informações comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou
356 requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo. comanditário (existem alguns casos em que essa proi-
» À expedição de certidões requeridas para de- bição não se aplica, serão vistos logo abaixo).
fesa de direito ou esclarecimento de situações ▷ Atuar, como procurador ou intermediário, junto a re-
de interesse pessoal. partições públicas, salvo quando se tratar de benefí-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

» Às requisições para a defesa da Fazenda Pública. cios previdenciários ou assistenciais de parentes até
▷ Levar ao conhecimento da autoridade superior as o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
irregularidades de que tiver ciência em razão do ▷ Receber propina, comissão, presente ou vantagem
cargo. de qualquer espécie, em razão de suas atribuições.
▷ Levar as irregularidades de que tiver ciência em ▷ Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
razão do cargo ao conhecimento da autoridade su- estrangeiro.
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento ▷ Praticar usura sob qualquer de suas formas.
dessa, ao conhecimento de outra autoridade com- ▷ Proceder de forma desidiosa.
petente para apuração. ▷ Utilizar pessoal ou recursos materiais da reparti-
▷ Zelar pela economia do material e a conservação ção em serviços ou atividades particulares.
do patrimônio público.
▷ Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
▷ Guardar sigilo sobre assunto da repartição. cargo que ocupa, exceto em situações de emergên-
▷ Manter conduta compatível com a moralidade ad- cia e transitórias.
ministrativa. ▷ Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
▷ Ser assíduo e pontual ao serviço.
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tíveis com o exercício do cargo ou função e com o


▷ Tratar com urbanidade as pessoas. horário de trabalho.
▷ Representar contra ilegalidade, omissão ou abu- ▷ Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
so de poder (encaminhada pela via hierárquica e do solicitado.
apreciada pela autoridade superior àquela contra a A vedação de que trata o inciso X (participar de gerência ou
qual é formulada, assegurando-se ao representan- administração de sociedade privada, personificada ou não perso-
do ampla defesa). nificada, exercer o comércio) não se aplica nos seguintes casos:
Proibições ▷ Participação nos conselhos de administração e fis-
cal de empresas ou entidades em que a União dete-
Já no Art. 117 dessa Lei encontramos algumas das interdi- nha, direta ou indiretamente, colaboração no capi-
ções impostas ao servidor. Dependendo da proibição violada, tal social ou em sociedade cooperativa constituída
ele poderá ser responsabilizado administrativamente com ad- para prestar serviços a seus membros.
vertência, suspensão ou demissão. ▷ Quando estiver em gozo de licença para o trato de
Ao servidor é proibido: interesses particulares, observada a legislação sobre
▷ Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem pré- conflito de interesses.
via autorização do chefe imediato.
▷ Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- Da Acumulação
tente, qualquer documento ou objeto da repartição. A Constituição Federal, em seu Art. 37, XVI, trata da acu-
▷ Recusar fé a documentos públicos. mulação remunerada de cargos, dispondo o seguinte:
▷ Opor resistência injustificada ao andamento de do- XVI. É vedada a acumulação remunerada de cargos
cumento e processo ou execução de serviço. públicos, exceto, quando houver compatibilidade
▷ Promover manifestação de apreço ou desapreço no de horários, observado em qualquer caso o dispos-
recinto da repartição. to no inciso XI:
▷ Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos a) a de dois cargos de professor;
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição b) a de um cargo de professor com outro técnico
que seja de sua responsabilidade ou de seu subor- ou científico;
dinado. c) a de dois cargos ou empregos privativos de
▷ Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia- profissionais de saúde, com profissões regula-
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a mentadas;
partido político. XVII. A proibição de acumular estende-se a empregos
▷ Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função e funções e abrange autarquias, fundações, empresas
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
o segundo grau civil. diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta-
▷ Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou mente, pelo poder público;
de outrem, em detrimento da dignidade da função Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada
pública. a acumulação remunerada de cargos públicos. Essa proibição
▷ Participar de gerência ou administração de sociedade estende-se a:
privada, personificada ou não personificada, exercer o ▷ Cargos
▷ Empregos Se for absolvido por outro motivo, como falta de provas, por
▷ Funções exemplo, a responsabilidade administrativa não será afetada.
E a proibição acima prevista também abrange: A responsabilidade civil do servidor é subjetiva (somente
▷ Autarquias. será configurada se ele agiu com dolo ou culpa). Ela decorre de
▷ Fundações públicas. ato omissivo ou comissivo (ação ou omissão), doloso ou cul-
▷ Empresas públicas. poso, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. Quem
▷ Sociedades de economia mista. pode responder objetivamente (regra geral, que não exige a
▷ Da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Terri- comprovação de dolo ou culpa, assunto aprofundado em tópico
tórios e dos Municípios. específico) é o Estado, nunca o servidor.
A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condiciona- Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
da à comprovação da compatibilidade de horários. servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva.
Considera-se acumulação proibida a percepção de venci- A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores
mento de cargo ou emprego público efetivo com proventos e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas recebida.
remunerações forem acumuláveis na atividade.
Assim, quando o servidor causar um dano a terceiros, esse
O servidor não poderá exercer mais de um cargo em co-
terceiro somente poderá acionar judicialmente, visando a uma
missão, exceto no caso previsto no parágrafo único do Art.
9º (caso em que tem exercício nos dois, mas deve optar pela indenização, a Administração, ele não pode ingressar com a
remuneração de um deles), nem ser remunerado pela parti- ação diretamente contra o servidor.
cipação em órgão de deliberação coletiva. Caso a Administração Pública seja condenada, ela poderá
Essa disposição não se aplica à remuneração devida pela ajuizar ação regressiva contra esse servidor, para reaver os va-
participação em conselhos de administração e fiscal das em- lores que houver pago ao particular em indenização. Entretan-
presas públicas e sociedades de economia mista, suas sub- to, o servidor apenas será responsabilizado se tiver agido com
sidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva).
entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato
participação no capital social, observado o que, a respeito, dis- omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou
puser legislação específica.
função.
O servidor vinculado ao regime dessa Lei, que acumular li-
citamente dois cargos efetivos, quando investido em função de A responsabilidade penal abrange os crimes e contraven-
provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos ções imputadas ao servidor, nessa qualidade.
efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal
horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas

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ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior
autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos.
Nessa hipótese, o servidor acumulou licitamente dois car- ou, quando houver suspeita de envolvimento dessa, a outra
gos efetivos, mas caso ele seja investido em algum em comis- autoridade competente para apuração de informação concer-
são, ele fica afastado dos dois. Por outro lado, havendo com- nente à prática de crimes ou improbidade de que tenha co-
patibilidade (horário e local), ele poderá exercer um desses nhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
cargos efetivos e o de comissão ao mesmo tempo (mas essa emprego ou função pública.
compatibilidade deve ser declarada pelas autoridades máxi-
mas dos órgãos ou entidades envolvidas). Penalidades Disciplinares
Responsabilidade do Servidor Assim como as formas de provimento e de vacância, as
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor res- penalidades administrativas possuem um rol taxativo (7 mo-
ponderá nas esferas: dalidades):
▷ Administrativa. ▷ Advertência.
▷ Civil (obrigação de reparar o dano). ▷ Suspensão.
▷ Penal (abrange crime e contravenções imputadas ao ▷ Demissão.
servidor, nessa qualidade). ▷ Cassação de aposentadoria.
Essas esferas são independentes, podendo cumular-se. ▷ Cassação da disponibilidade.
Dessa forma, a absolvição ou condenação em uma delas, ▷ Destituição de cargo em comissão.
como regra geral, em nada influencia nas demais.
▷ Destituição de função comissionada.
Pela mesma infração ele poderá responder nas três esfe-
ras, não havendo bis in idem (não será considerada dupla ou Na aplicação das penalidades serão consideradas a natu-
tripla condenação pelo mesmo fato, pois são diferentes, com reza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela
consequências diferentes). provierem para o serviço público, as circunstâncias agravan-
Apesar da independência das esferas, caso o servidor seja tes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.
absolvido criminalmente (negada a existência do fato ou sua O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o funda- 357
autoria), a responsabilidade administrativa será afastada. mento legal e a causa da sanção disciplinar.
Advertência ▷ Reincidência das faltas punidas com advertência.
358 Trata-se da penalidade utilizada em caso de infrações fun- ▷ Violação das demais proibições que não tipifiquem
cionais leves. Aplicada nas situações de violação de proibição infração sujeita a penalidade de demissão.
constante do Art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância ▷ Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao
cargo que ocupa (exceto em situações de emergên-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de dever funcional (Art. 116) previsto em lei, regulamentação


ou norma interna, que não justifique imposição de penalida- cia e transitórias).
de mais grave. ▷ Exercer quaisquer atividades que sejam incompa-
Principais características da advertência: tíveis com o exercício do cargo ou função e com o
▷ Feita sempre por escrito (não existe advertência verbal). horário de trabalho.
▷ Em caso de reincidência, será convertida em suspen- ▷ Recusa injustificada a realizar inspeção médica.
são (se cometer nova falta punível com advertência Durante o período de suspensão, o servidor perde a re-
na sequência de outra, antes do prazo do cancela- muneração, entretanto, quando houver conveniência para o
mento, essa advertência se converte em suspensão). serviço (ato discricionário), a penalidade de suspensão poderá
▷ Cancelamento do registro: após três anos (caso não ser convertida em multa, na base de 50% por dia de vencimen-
pratique outra falta, não possui efeitos retroativos). to ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer
em atividade.
Hipóteses:
A suspensão será cancelada dos registros no prazo de cin-
▷ Não observar os deveres do servidor (Art. 116 da Lei co anos, caso não pratique nova infração nesse período (mas
nº 8.112/90). esse cancelamento não opera efeitos retroativos, ele não rece-
▷ Ausentar-se do serviço durante o expediente, sem berá o período em que ficou afastado).
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prévia autorização do chefe imediato.


▷ Retirar, sem prévia anuência da autoridade compe- Demissão
tente, qualquer documento ou objeto da repartição. É o desligamento do servidor ativo, em caráter de pena-
▷ Recusar fé a documentos públicos. lidade (é diferente de exoneração, pois exoneração não é pe-
▷ Opor resistência injustificada ao andamento de do- nalidade).
cumento e processo ou execução de serviço. Hipóteses:
▷ Promover manifestação de apreço ou desapreço no ▷ Crime contra a administração pública.
recinto da repartição. ▷ Abandono de cargo (ausência intencional por +30
▷ Cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos dias consecutivos).
casos previstos em lei, o desempenho de atribuição ▷ Inassiduidade habitual (falta injustificada ao servi-
que seja de sua responsabilidade ou de seu subor- ço por 60 dias, interpoladamente, no período de 12
dinado. meses).
▷ Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filia- ▷ Improbidade administrativa.
rem-se a associação profissional ou sindical, ou a ▷ Incontinência pública e conduta escandalosa, na
partido político. repartição.
▷ Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função ▷ Insubordinação grave em serviço.
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até
▷ Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,
o segundo grau civil.
salvo em legítima defesa própria ou de outrem.
▷ Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quan-
▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos.
do solicitado.
▷ Revelação de segredo do qual se apropriou em ra-
Suspensão zão do cargo.
Durante o prazo em que estiver suspenso, o servidor não re- ▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
ceberá sua remuneração e esse período também não será com- nio nacional.
putado como tempo de serviço para qualquer efeito. A Lei nº ▷ Corrupção.
8.112/90 define que o prazo máximo de suspensão é de 90 dias. ▷ Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
Essa penalidade será aplicada em caso de reincidência públicas.
das faltas punidas com advertência e de violação das demais ▷ Transgressão dos incisos IX a XVI do Art. 117:
proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de » Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
demissão. ou de outrem, em detrimento da dignidade da
O servidor que injustificadamente, recusar-se a ser sub- função pública.
metido à inspeção médica determinada pela autoridade com- » Participar de gerência ou administração de so-
petente, será suspenso pelo prazo de até 15 dias, cessando os ciedade privada, personificada ou não personi-
efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. ficada, exercer o comércio, exceto na qualidade
Essa hipótese de suspensão é diferenciada das demais, de acionista, cotista ou comanditário.
pois além de prever um prazo menor, caso o servidor cum- » Atuar, como procurador ou intermediário,
pra a determinação, a penalidade será encerrada. junto a repartições públicas, salvo quando se
Hipóteses de Suspensão: tratar de benefícios previdenciários ou assis-
tenciais de parentes até o segundo grau, e de ▷ Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou
cônjuge ou companheiro. de outrem, em detrimento da dignidade da função
» Receber propina, comissão, presente ou van- pública.
tagem de qualquer espécie, em razão de suas ▷ Atuar, como procurador ou intermediário, junto a re-
atribuições.
partições públicas, salvo quando se tratar de benefícios
» Aceitar comissão, emprego ou pensão de esta- previdenciários ou assistenciais de parentes até o se-
do estrangeiro.
gundo grau, e de cônjuge ou companheiro.
» Praticar usura sob qualquer de suas formas.
Não poderá retornar ao serviço público federal:
» Proceder de forma desidiosa.
» Utilizar pessoal ou recursos materiais da repar- ▷ Crime contra a administração pública.
tição em serviços ou atividades particulares. ▷ Improbidade administrativa.
Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de car- ▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos.
gos, empregos ou funções públicas o servidor será notifica- ▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
do para apresentar opção no prazo improrrogável de dez nio nacional.
dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão,
adotará procedimento sumário para a sua apuração e regu- ▷ Corrupção.
larização imediata (será utilizado o processo administrativo
disciplinar no rito sumário). Competência para Aplicação
A opção pelo servidor até o último dia de prazo para de- das Penalidades
fesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá
automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. As penalidades disciplinares serão aplicadas:

Cassação da Aposentadoria ▷ Pelo Presidente da República, pelos Presidentes


das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais
ou Disponibilidade
Federais e pelo Procurador-Geral da República,
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do ina- quando se tratar de demissão e cassação de apo-
tivo que houver praticado, na atividade, falta punível com a
demissão. sentadoria ou disponibilidade de servidor vincula-
Ex.: Na atividade, servidor que já possuía tempo de ser- do ao respectivo Poder, órgão, ou entidade.
viço para aposentar-se voluntariamente pratica uma falta ▷ Pelas autoridades administrativas de hierarquia
funcional (dia 10), em seguida, temendo a punição ele se imediatamente inferior àquelas mencionadas no
aposenta (dia 15). No dia 20, um PAD é instaurado em vir-

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inciso anterior quando se tratar de suspensão su-
tude dessa infração. Se a consequência desse PAD for a pe-
perior a 30 dias.
nalidade de demissão, ele terá sua aposentadoria cassada.
▷ Pelo chefe da repartição e outras autoridades na for-
Destituição da Função de Confiança ma dos respectivos regimentos ou regulamentos, nos
e do Cargo em Comissão casos de advertência ou de suspensão de até 30 dias.
A destituição de cargo em comissão exercido por não ocu-
▷ Pela autoridade que houver feito a nomeação, quan-
pante de função efetiva será aplicada nos casos de infração
do se tratar de destituição de cargo em comissão.
sujeita às penalidades de suspensão e de demissão.
Caso o servidor tenha sido exonerado e seja constatada pena- Competência
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

lidade punível com suspensão ou demissão, essa exoneração será Executivo Legislativo Judiciário MPU
convertida em destituição. Presidente Procurador
Demissão e Presidente Presidente
Disposições Gerais da Repúbli- Geral da
Cassação das Casas do Tribunal
ca República
A demissão ou a destituição do cargo em comissão, de-
Suspensão
pendendo da infração praticada, também geram outras con- Autoridade imediatamente inferior das acima citadas
por +30 dias
sequências: Suspensão
Indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (sem até 30 dias e Chefe imediato do servidor
prejuízo da ação penal cabível): advertência
▷ Improbidade administrativa. Destituição Autoridade que nomeou ou designou
▷ Aplicação irregular de dinheiros públicos. Prescrição da Ação Disciplinar
▷ Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimô-
nio nacional. Trata-se da perda do direito que o Estado possui de punir
▷ Corrupção. o servidor pela prática de alguma infração funcional. O prazo
Incompatibilidade do servidor para nova investidura em car- prescricional não começa na data da prática do ato, mas sim na 359
go público federal (por cinco anos): que a administração teve ciência do mesmo.
Prazos Todas as modalidades de PAD têm como pré-requisito
360 indispensável a formação de uma comissão (a composição
Advertência 180 dias
depende do aspecto de PAD, mas ela é sempre formada por
Suspensão 2 anos servidores estáveis).
Demissão/Cassação/Destituição 5 anos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Afastamento Preventivo
O prazo de prescrição começa a correr da data em que o Trata-se de uma medida cautelar cujo fim é evitar que o ser-
fato se tornou conhecido. vidor venha a influir na apuração da irregularidade. Nesse caso, a
Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determi-
às infrações disciplinares capituladas também como crime (se- nar o seu afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até
gue o tempo prescricional do crime caso aquele ato também 60 dias, sem prejuízo da remuneração (ele continua recebendo).
seja um crime). O afastamento poderá ser prorrogado por igual período,
A interrupção da prescrição: ocorre com a abertura da findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído
sindicância ou instauração de processo o processo.
administrativo disciplinar (interrompe até a decisão final pro- Essa medida é uma faculdade conferida à administração
ferida por autoridade competente). com objetivo de evitar que o servidor atrapalhe ou interfira no
Uma vez interrompida a prescrição, o prazo volta a correr andamento do processo administrativo.
(do zero) a partir do dia em que cessar a interrupção.
Sindicância
13. 8. Processo Administrativo Disciplinar Trata-se da modalidade mais simples para apuração de
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irregularidades funcionais e, da sindicância, poderá resultar:


Processo Administrativo Disciplinar pode ser usado como Arquivamento do processo.
um termo genérico, isto é, são as modalidades de instrumen- Aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
tos que a administração pública federal possui para apurar a são de até 30 dias.
prática de infrações disciplinares dos servidores. São elas: Instauração de processo disciplinar.
▷ Sindicância. Dessa forma, a sindicância é a medida utilizada para apu-
▷ Processo Administrativo Disciplinar (PAD em senti- ração de infrações passíveis de penalidades de advertência e
do restrito). suspensão por até 30 dias.
▷ PAD de Rito Sumário. O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30
Regras Gerais dias, podendo ser prorrogado por igual período, a critério da
autoridade superior.
A autoridade que tiver ciência de irregularidade no servi- Se na sindicância for verificada a necessidade de aplicação
ço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, de uma penalidade de suspensão superior a 30 dias, demissão,
mediante sindicância ou processo administrativo disciplinar, cassação da aposentadoria ou disponibilidade e de destituição
assegurada ao acusado ampla defesa (ela é garantida em
de cargo em comissão, deverá ser instaurado um PAD.
qualquer caso em que uma penalidade deva ser aplicada).
Se a sindicância concluir pela necessidade de instauração
As denúncias sobre irregularidades serão objeto de apu- de um PAD, os autos dela integrarão o processo disciplinar
ração, desde que contenham a identificação e o endereço do (como peça informativa da instrução). Mas ela não é uma eta-
denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a
pa do PAD, o mesmo pode ser instaurado diretamente.
autenticidade.
A comissão da sindicância pode ser composta de dois a
Quando o fato narrado não configurar evidente infração três servidores estáveis e tem natureza transitória (após encer-
disciplinar ou ilícito penal, a denúncia será arquivada por fal- rada a sindicância, os servidores retornam para suas funções).
ta de objeto.
Essa apuração, por solicitação da autoridade a que se refere, Processo Administrativo
poderá ser promovida por autoridade de órgão ou entidade di-
verso daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante Disciplinar (PAD)
competência específica para tal finalidade, delegada em caráter
O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar
permanente ou temporário pelo Presidente da República, pelos
responsabilidade de servidor por infração praticada no exercí-
presidentes das Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Fede-
rais e pelo Procurador-Geral da República, no âmbito do respecti- cio de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribui-
vo Poder, órgão ou entidade, preservadas as competências para o ções do cargo em que se encontre investido.
julgamento que se seguir à apuração. É a modalidade mais complexa para apuração de infração
Uma penalidade só pode ser aplicada após passar por uma des- funcional. Ele é obrigatório para aplicação das seguintes pe-
sas três modalidades, não existe aplicação de pena sem uma delas nalidades:
de PAD (nem mesmo a advertência). Suspensão por mais de 30 dias.
Dessa forma, a defesa técnica (advogado) não é requisito in- Demissão.
dispensável para o PAD (contrata advogado se quiser). Mas caso Cassação e Destituição.
a lei específica do cargo preveja a obrigatoriedade de advogado, Eventualmente o PAD também pode ser utilizado para pu-
esse deve ser observado. nir com advertência ou suspensão igual ou inferior a 30 dias.
Ex.: PAD instaurado para aplicar pena de suspensão de Inquérito Administrativo
mais de 30 dias ou demissão, mas depois da apuração O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do con-
ficou configurada uma infração punível apenas com traditório, assegurada ao acusado ampla defesa, com a utiliza-
advertência ou suspensão de 15 dias. Nesse caso, essas ção dos meios e recursos admitidos em direito.
penalidades podem ser aplicadas sem a necessidade de ▷ É dividido em três subfases:
instaurar uma sindicância.
▷ Instrução.
Por outro lado, a sindicância não pode aplicar penalidade su- ▷ Defesa.
perior a de suspensão de 30 dias, caso seja verificada no curso ▷ Relatório.
dela que a pena a ser aplicada é de demissão, por exemplo, deve Instrução
ser instaurado um PAD. Realizada pela comissão, a instrução tem por objetivo
Comissão do PAD colher o maior número de elementos possíveis (fatos, evi-
O processo disciplinar será conduzido por uma comissão, que dências, depoimentos, etc.) para confirmar ou refutar as
acusações elencadas contra o servidor.
é a responsável pela apuração da infração dos fatos supostamente
Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar,
praticados pelo denunciado.
como peça informativa da instrução, caso tenha havido uma sin-
A comissão realizará a função de investigar os fatos e dicância que deu origem ao PAD, mas como vimos, ele também
apresentar um relatório final conclusivo (que disporá sobre pode ser instaurado diretamente, sem a necessidade de uma sin-
a procedência ou não das acusações, que será acatado pela dicância.
autoridade julgadora, a não ser que nos autos constem pro- Se o relatório da sindicância concluir que a infração con-
vas que disponham em contrário). figura também ilícito penal, a autoridade competente enca-
Composição da comissão: o processo disciplinar será con- minhará cópia dos autos ao Ministério Público, independente-
mente da imediata instauração do processo disciplinar.
duzido por comissão composta de três servidores estáveis de-
Durante a instrução, a comissão promoverá a tomada de
signados pela autoridade competente, que indicará, entre eles, depoimentos, acareações, investigações e diligências cabíveis,
o seu presidente. objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário,
O presidente da comissão deverá ser ocupante de cargo a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidação
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolarida- dos fatos.
de igual ou superior ao do indiciado. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar o pro-
A Comissão terá como secretário servidor designado pelo cesso pessoalmente ou por intermédio de procurador, arrolar
seu presidente, podendo a indicação recair em um de seus e reinquirir testemunhas, produzir provas e contraprovas e for-

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membros. mular quesitos, quando se tratar de prova pericial.
Não podem participar da comissão (nem de sindicância, Vale lembrar que a assistência por advogado é faculta-
nem de inquérito de PAD): cônjuge, companheiro ou parente do tiva. Ele apenas traz advogado se quiser, não podendo ser
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até obrigado ou proibido de constituir procurador.
o terceiro grau. O presidente da comissão poderá denegar pedidos consi-
derados impertinentes, meramente protelatórios, ou de ne-
A Comissão exercerá suas atividades com independência e
nhum interesse para o esclarecimento dos fatos.
imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucidação do
Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com-
fato ou exigido pelo interesse da administração (as reuniões têm
provação do fato não precisar de conhecimento especial de
caráter reservado).
perito.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Fases do Processo Disciplinar As testemunhas serão intimadas a depor mediante man-


Instauração: com a publicação do ato que constituir a co- dado expedido pelo presidente da comissão, devendo a se-
missão. gunda via, com o ciente do interessado, ser anexado aos autos.
Inquérito administrativo: que compreende instrução, de- Caso a testemunha seja servidor público, a expedição do
fesa e relatório. mandado será imediatamente comunicada ao chefe da repar-
Julgamento tição onde serve, com a indicação do dia e hora marcados para
inquirição.
Sempre que for necessário, a comissão dedicará tempo inte-
O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo,
gral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do
não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito, sendo que elas
ponto, até a entrega do relatório final. As reuniões serão regis- serão inquiridas separadamente.
tradas em atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se infir-
Instauração mem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.
A instauração do processo administrativo é dada com a Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão pro-
publicação da portaria que designar a comissão (cuja compo- moverá o interrogatório do acusado. Ele será intimado para
sição já foi vista no tópico anterior) encarregada de realizar a depor e não poderá trazer seu depoimento escrito, assim 361
investigação. como as testemunhas.
Havendo mais de um acusado, cada um deles será ouvido Julgamento
362 separadamente, e sempre que divergirem em suas declarações
Após o recebimento do processo, a autoridade julgadora deve-
sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação en-
rá proferir sua decisão no prazo de 20 dias. Caso ela não o faça no
tre eles.
prazo, não haverá a nulidade do processo (apenas podendo ocorrer
O procurador do acusado poderá assistir ao interrogató-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a prescrição pela demora e a responsabilização da autoridade jul-


rio, bem como à inquirição das testemunhas, sendo-lhe ve- gadora).
dado interferir nas perguntas e respostas, mas é facultado a
ele reinquirir as testemunhas, por intermédio do presidente da Como regra geral, a competência para julgamento é da mes-
comissão. ma autoridade que instaurou o processo. Entretanto, se a penali-
dade a ser aplicada exceder a alçada da administração instaurado-
A indiciação do servidor será formulada após a infração dis-
ra do processo, esse será encaminhado à autoridade competente,
ciplinar ser tipificada, devendo especificar os fatos imputados ao
que decidirá em igual prazo (também terá 20 dias para decidir).
servidor e as respectivas provas.
O indiciado será citado por mandado expedido pelo No caso de haver mais de um indiciado e diversidade de
presidente da comissão para apresentar defesa escrita, no sanções, o julgamento caberá à autoridade competente para a
prazo de dez dias, sendo assegurado o direito de do pro- imposição da pena mais grave.
cesso na repartição. No caso de dois ou mais indiciados, o Se a penalidade prevista for a demissão ou cassação de
prazo será comum e de 20 dias. aposentadoria ou disponibilidade, o julgamento caberá às auto-
O período de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro, ridades de que trata o inciso I do Art. 141 (Presidente da Repúbli-
para diligências reputadas indispensáveis. ca; Presidentes das Casas do Poder Legislativo; Presidentes dos
Tribunais Federais e pelo Procurador-Geral da República).
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O indiciado que mudar de residência fica obrigado a comu-


nicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado. Se a comissão tiver reconhecido a inocência do servidor, a
Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será autoridade instauradora do processo determinará o seu arqui-
citado por edital, publicado no Diário Oficial da União e em vamento, salvo se flagrantemente contrária à prova dos autos.
jornal de grande circulação na localidade do último domicílio O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quan-
conhecido, para apresentar defesa. do contrário às provas dos autos.
Nesse caso de citação por edital, o prazo para defesa será de Quando o referido relatório contrariar as provas dos au-
15 dias a partir da última publicação do edital. tos, a autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
Defesa a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de
O indicado que regularmente citado não apresentar defe- responsabilidade.
sa no prazo será considerado revel. A revelia será declarada, Dessa forma, tal autoridade fica vinculada ao relatório da
por termo, nos autos do processo e devolverá o prazo para a comissão, salvo se a conclusão for contrária às provas dos autos.
defesa.
Nesse caso, para defender o indiciado revel, a autoridade Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que
instauradora do processo designará um servidor como defensor determinou a instauração do processo ou outra de hierarquia
dativo, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará,
mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do no mesmo ato, a constituição de outra comissão para instau-
indiciado. ração de novo processo.
Observe que diferentemente de um processo judicial civil, Como vimos, o julgamento fora do prazo legal não implica
a revelia no PAD não possui efeitos tão graves (como a presun- nulidade do processo.
ção dos fatos narrados pela outra parte), pois no PAD prevale- Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade julga-
ce o princípio da verdade material. Dessa forma, mesmo diante dora determinará o registro do fato nos assentamentos indi-
da revelia, continua sendo da Administração o ônus de provar viduais do servidor.
o alegado contra o servidor.
Quando a infração estiver capitulada como crime, o pro-
Relatório cesso disciplinar será remetido ao Ministério Público para ins-
Após a apreciação da defesa, a comissão elaborará relató- tauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
rio minucioso, o qual resumirá as peças principais dos autos
e mencionará as provas em que se baseou para formar a sua O servidor que estiver respondendo a processo disciplinar
convicção. só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntaria-
mente, após a conclusão do processo e o cumprimento da
O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou penalidade, acaso aplicada.
à responsabilidade do servidor.
Reconhecida a responsabilidade do servidor, a comissão Processo Administrativo
indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, bem
como as circunstâncias agravantes ou atenuantes. Disciplinar de Rito Sumário
O processo disciplinar, com o relatório da comissão, será O procedimento disciplinar de rito sumário tem como prin-
remetido à autoridade que determinou a sua instauração, para cipal característica a tramitação mais rápida do que o processo
julgamento. administrativo comum.
Ele possui algumas regras próprias, diferentes do pro- A indicação da materialidade na hipótese de abandono de
cesso administrativo, mas no restante, ele segue as disposi- cargo é feita pela indicação precisa do período de ausência
ções aplicáveis ao rito comum (subsidiariamente). intencional do servidor ao serviço superior a trinta dias. Já no
Esse procedimento de rito sumário será utilizado no caso caso de inassiduidade habitual, pela indicação dos dias de
de acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públi- falta ao serviço sem causa justificada, por período igual ou su-
cas, abandono de cargo e inassiduidade habitual. perior a sessenta dias interpoladamente, durante o período de
doze meses.
O prazo para a conclusão do processo administrativo dis-
ciplinar submetido ao rito sumário não excederá trinta dias, Após a apresentação da defesa, a comissão elaborará re-
contados da data de publicação do ato que constituir a co- latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade
missão, podendo ser prorrogado por até quinze, quando as do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos,
circunstâncias o exigirem. indicará o respectivo dispositivo legal, opinará, na hipótese de
abandono de cargo, sobre a intencionalidade da ausência ao
Quando for constatada a acumulação ilegal, a autoridade serviço superior a trinta dias e remeterá o processo à autori-
responsável por instaurar a sindicância ou processo adminis- dade instauradora para julgamento.
trativo notificará o servidor, por intermédio de sua chefia ime- Modalidades de PAD e Principais Diferenças
diata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez
dias, contados da data da ciência. Sindicância PAD PAD Sumário
Se o servidor não apresentar essa opção, será instaurado Suspensão + 30 Acúmulo ilegal
o procedimento sumário para a sua apuração e regularização dias. de cargos.
Advertência.
imediata. Demissão. Abandono de
Competência Suspensão até cargo.
A Lei nº 8.112/90 define que caso o servidor faça a opção 30 dias. Cassação.
Inassiduidade
até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, Destituição. Habitual.
hipótese em que se converterá automaticamente em pedido Prazo 30 + 30 60 + 60 30 + 15
de exoneração do outro cargo.
▷ Fases do PAD de Rito Sumário: 2 ou 3 servi- 3 servidores
dores estáveis. estáveis. 2 servidores
Comissão
▷ Instauração ocorre com a publicação do ato que Transitória. Permanente.
estáveis.
constituir a comissão, a ser composta por dois servi-
dores estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e
a materialidade da transgressão objeto da apuração. Revisão do Processo Administrativo
▷ Instrução sumária compreende indiciação, defesa e

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O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer mo-
relatório. mento, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos
▷ Julgamento. ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do puni-
do ou a inadequação da penalidade aplicada.
A comissão lavrará, até três dias após a publicação do ato
que a constituiu, termo de indiciação e promoverá a citação Na revisão serão aduzidos fatos novos ou circunstâncias
pessoal do servidor indiciado, ou por intermédio de sua che- suscetíveis de justificar:
fia imediata para apresentar defesa escrita, no prazo de cin-
co dias, sendo assegurado ao servidor vista do processo na ▷ A inocência do punido; ou
repartição. ▷ A inadequação da penalidade aplicada. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Após a apresentação da defesa, a comissão elaborará re- Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
latório conclusivo quanto à inocência ou à responsabilidade do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a
do servidor, em que resumirá as peças principais dos autos, revisão do processo (incapacidade mental - o curador pode
opinará sobre a licitude da acumulação em exame, indicará requerer).
o respectivo dispositivo legal e remeterá o processo à autori-
dade instauradora, para julgamento. Ônus da prova no processo revisional: requerente (deve
No prazo de cinco dias, contados do recebimento do pro- provar esses fatos novos ou circunstâncias alegadas).
cesso, a autoridade julgadora proferirá a sua decisão. A simples alegação de injustiça da penalidade não cons-
Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, titui fundamento para a revisão, que requer elementos no-
será aplicada a pena de demissão, destituição ou cassação de vos, ainda não apreciados no processo originário.
aposentadoria ou disponibilidade em relação aos cargos, em-
pregos ou funções públicas em regime de acumulação ilegal, O requerimento de revisão do processo será dirigido ao
hipótese em que os órgãos ou entidades de vinculação serão Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autori-
comunicados. zar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou
Conforme vimos, o processo administrativo disciplinar de entidade onde se originou o processo disciplinar. Caso deferi-
rito sumário também é aplicado no caso de abandono de car- da, a autoridade competente providenciará a constituição de 363
go ou inassiduidade habitual, com algumas peculiaridades. comissão (três servidores estáveis).
A revisão correrá em apenso ao processo originário. Na pe- Esses benefícios serão concedidos nos termos e condições
364 tição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de definidos em regulamento, observadas as disposições da Lei
provas e inquirição das testemunhas que arrolar. nº 8.112/90.
Prazo para a comissão concluir os trabalhos: 60 dias. Os benefícios do Plano de Seguridade Social do servidor
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Prazo para julgamento: 20 dias (contados do recebimento compreendem:


do processo). Quanto ao Servidor:
Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que ▷ Aposentadoria.
couber, as normas e procedimentos próprios da comissão do ▷ Auxílio-natalidade.
processo disciplinar.
▷ Salário-família.
O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade,
▷ Licença para tratamento de saúde.
nos termos do Art. 141 da Lei nº 8.112/90.
▷ Licença à gestante, à adotante e licença-paternida-
Revisão julgada procedente: penalidade aplicada decla-
de.
rada sem efeito (todos os direitos do servidor serão restabe-
lecidos). ▷ Licença por acidente em serviço.
Entretanto, tratando-se de destituição de cargo em comis- ▷ Assistência à saúde.
são, ela será convertida em exoneração. ▷ Garantia de condições individuais e ambientais de
trabalho satisfatórias.
13. 9. Seguridade Social Quanto ao Dependente:
▷ Pensão vitalícia e temporária.
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Disposições Gerais ▷ Auxílio-funeral.


▷ Auxílio-reclusão.
A União manterá plano de Seguridade Social para o servi-
dor e sua família. ▷ Assistência à saúde.
O servidor que for ocupante de cargo em comissão que As aposentadorias e pensões serão concedidas e mantidas
não seja, simultaneamente, ocupante de cargo ou emprego pelos órgãos ou entidades aos quais se encontram vinculados
efetivo na administração pública direta, autárquica e funda- os servidores, observado o disposto nos Arts. 189 e 224 da Lei
cional não terá direito aos benefícios do Plano de Seguridade nº 8.112/90 (cálculo e revisão da aposentadoria; atualização das
Social, com exceção da assistência à saúde. pensões).
O servidor afastado ou licenciado do cargo efetivo, sem di-
reito à remuneração, inclusive para servir em organismo oficial O recebimento indevido de benefícios havidos por fraude,
internacional do qual o Brasil seja membro efetivo ou com o dolo ou má-fé, implicará devolução ao erário do total auferido,
qual coopere, ainda que contribua para regime de previdência sem prejuízo da ação penal cabível.
social no exterior, terá suspenso o seu vínculo com o regime do
plano de Seguridade Social do Servidor Público enquanto du- Dos Benefícios
rar o afastamento ou a licença, não lhes assistindo, nesse pe-
ríodo, os benefícios do mencionado regime de previdência. Da Aposentadoria
Será assegurada ao servidor licenciado ou afastado sem A Constituição Federal sofreu alterações no que se refere
remuneração a manutenção da vinculação ao regime do ao tema aposentadoria do servidor, sendo que muitas disposi-
plano de Seguridade Social do Servidor Público, mediante o
ções da Lei nº 8.112/90 ficaram sem aplicabilidade.
recolhimento mensal da respectiva contribuição, no mesmo
percentual devido pelos servidores em atividade, incidente so- Os aposentados, assim como os servidores em disponibi-
bre a remuneração total do cargo a que faz jus no exercício de lidade, são inativos. Dessa forma não recebem remuneração e
suas atribuições, computando-se, para esse efeito, inclusive, sim proventos.
as vantagens pessoais. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos
Esse recolhimento deve ser efetuado até o segundo dia útil
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
após a data do pagamento das remunerações dos servidores
públicos, aplicando-se os procedimentos de cobrança e exe- autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência
cução dos tributos federais quando não recolhidas na data de de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do
vencimento. respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
O plano de Seguridade Social visa a dar cobertura aos ris- pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
cos a que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreende financeiro e atuarial.
um conjunto de benefícios e ações que atendam às seguintes
finalidades: Modalidades de Aposentadoria
▷ Garantir meios de subsistência nos eventos de doen- Por invalidez permanente
ça, invalidez, velhice, acidente em serviço, inativida- Nessa modalidade de aposentadoria os proventos serão
de, falecimento e reclusão. proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
▷ Proteção à maternidade, à adoção e à paternidade. de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave,
▷ Assistência à saúde. contagiosa ou incurável, na forma da lei.
Compulsória ▷ Esclerose Múltipla.
Nesse caso o servidor titular de um cargo de provimento ▷ Neoplasia Maligna.
efetivo será compulsoriamente aposentado, aos setenta anos de ▷ Cegueira posterior ao ingresso no serviço público.
idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. ▷ Hanseníase .
Voluntária ▷ Cardiopatia grave.
Nessa modalidade o servidor que requer a sua aposenta- ▷ Doença De Parkinson.
doria, desde que cumprido o tempo mínimo de dez anos de
▷ Paralisia Irreversível E Incapacitante.
efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efe-
tivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes ▷ Espondiloartrose Anquilosante.
condições: ▷ Nefropatia Grave.
▷ Sessenta anos de idade e trinta e cinco de contri- ▷ Estados avançados do mal de Paget (osteíte defor-
buição, se homem, e cinquenta e cinco anos de ida- mante).
de e trinta de contribuição, se mulher (os requisitos ▷ Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
de idade e de tempo de contribuição serão reduzi- ▷ Outras que a lei indicar, com base na medicina es-
dos em cinco anos para o professor que comprove pecializada.
exclusivamente tempo de efetivo exercício das fun- Na hipótese de aposentadoria por invalidez, o servidor
ções de magistério na educação infantil e no ensino será submetido à junta médica oficial, que atestará tal ques-
fundamental e médio). tão quando caracterizada a incapacidade para o desempenho
▷ Sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- das atribuições do cargo ou a impossibilidade de se aplicar o
senta anos de idade, se mulher, com proventos disposto no Art. 24 da Lei nº 8.112/90 (readaptação).
proporcionais ao tempo de contribuição. A aposentadoria compulsória será automática, e declarada
Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião por ato, com vigência a partir do dia imediato àquele em que o
de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do res- servidor atingir a idade limite de permanência no serviço ativo.
pectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposenta- A aposentadoria voluntária ou por invalidez vigorará a partir
doria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. da data da publicação do respectivo ato.
Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por oca- A aposentadoria por invalidez será precedida de licença
sião da sua concessão, serão consideradas as remunerações para tratamento de saúde, por período não excedente a 24
utilizadas como base para as contribuições do servidor aos (vinte e quatro) meses. Nesse caso, serão consideradas apenas
regimes de previdência de que tratam o Art. 40 e o Art. 201 da as licenças motivadas pela enfermidade ensejadora da invali-
Constituição Federal, na forma da lei. dez ou doenças correlacionadas.
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados Expirado o período de licença e não estando em condições

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para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regi- de reassumir o cargo ou de ser readaptado, o servidor será
me de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos aposentado.
em leis complementares, os casos de servidores:
O lapso de tempo compreendido entre o término da licen-
▷ Portadores de deficiência. ça e a publicação do ato da aposentadoria será considerado
▷ Que exerçam atividades de risco. como de prorrogação da licença.
▷ Cujas atividades sejam exercidas sob condições espe- A critério da Administração, o servidor em licença para
ciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. tratamento de saúde ou aposentado por invalidez poderá ser
Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acu- convocado a qualquer momento, para avaliação das condições
muláveis na forma dessa Constituição, é vedada a percepção de que ensejaram o afastamento ou a aposentadoria. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência O provento da aposentadoria será calculado com obser-
acima estudado. Dessa forma, se a cumulação fosse lícita na ati- vância do disposto no § 3º do Art. 41 (o vencimento do cargo
vidade, o servidor também poderá cumular os proventos. efetivo, acrescido das vantagens de caráter permanente, é ir-
É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- redutível) e revisto na mesma data e proporção, sempre que se
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme crité- modificar a remuneração dos servidores em atividade.
rios estabelecidos em lei. São estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou van-
O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal tagens posteriormente concedidas aos servidores em ativida-
será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de servi- de, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclas-
ço correspondente para efeito de disponibilidade. sificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria.
Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em co- O servidor aposentado com provento proporcional ao
missão declarado em lei de livre nomeação e exoneração tempo de serviço, se acometido de qualquer das moléstias
bem como de outro temporário ou de emprego público, especificadas acima especificadas e, por esse motivo, for con-
aplica-se o regime geral de previdência social. siderado inválido por junta médica oficial passará a perceber
Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis provento integral, calculado com base no fundamento legal de
(para efeitos dessas regras): concessão da aposentadoria.
▷ Tuberculose ativa. Quando proporcional ao tempo de serviço, o provento 365
▷ Alienação mental. não será inferior a 1/3 (um terço) da remuneração da atividade.
Ao servidor aposentado será paga a gratificação natalina, Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direi-
366 até o dia vinte do mês de dezembro, em valor equivalente ao to à licença-paternidade de 5 dias consecutivos.
respectivo provento, deduzido o adiantamento recebido. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses,
Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de a servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho,
operações bélicas, durante a Segunda Guerra Mundial, nos ter- a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mos da Lei nº 5.315, de 12 de setembro de 1967, será concedida períodos de meia hora.
aposentadoria com provento integral, aos 25 (vinte e cinco) À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de crian-
anos de serviço efetivo. ça até 1 ano de idade, serão concedidos 90 dias de licença re-
munerada. No caso de adoção ou guarda judicial de criança
Do Auxílio-Natalidade com mais de 1 ano de idade, a licença será de 30 dias.
O auxílio-natalidade é devido à servidora por motivo de
nascimento de filho, em quantia equivalente ao menor venci- Da Licença por Acidente em Serviço
mento do serviço público, inclusive no caso de natimorto. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor aci-
Na hipótese de parto múltiplo, o valor será acrescido de dentado em serviço.
50% (cinquenta por cento), por nascituro. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental
O auxílio será pago ao cônjuge ou companheiro servidor sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediata-
público, quando a parturiente não for servidora. mente, com as atribuições do cargo exercido.
Equipara-se ao acidente em serviço o dano:
Do Salário-Família
▷ Decorrente de agressão sofrida e não provocada
O salário-família é devido ao servidor ativo ou ao inativo, pelo servidor no exercício do cargo.
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por dependente econômico. Consideram-se dependentes eco-


▷ Sofrido no percurso da residência para o trabalho e
nômicos para efeito de percepção do salário-família:
vice-versa.
O cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive os
enteados até 21 anos de idade ou, se estudante, até O servidor acidentado em serviço que necessite de trata-
24 anos ou, se inválido, de qualquer idade. mento especializado poderá ser tratado em instituição priva-
O menor de 21 anos que, mediante autorização judi- da, à conta de recursos públicos. O tratamento recomendado
cial, viver na companhia e às expensas do servidor, por junta médica oficial constitui medida de exceção e somen-
ou do inativo. te será admissível quando inexistirem meios e recursos ade-
A mãe e o pai sem economia própria. quados em instituição pública.
Não se configura a dependência econômica quando o be- A prova do acidente será feita no prazo de 10 dias, prorrogá-
neficiário do salário-família perceber rendimento do trabalho vel quando as circunstâncias o exigirem.
ou de qualquer outra fonte, inclusive pensão ou provento da
aposentadoria, em valor igual ou superior ao salário-mínimo.
Da Pensão
Quando o pai e a mãe forem servidores públicos e viverem A Lei nº 8.112/90 estabelece que em caso de morte do servi-
em comum, o salário-família será pago a um deles; quando se- dor, os dependentes, nas hipóteses legais, fazem jus à pensão a
parados, será pago a um e outro, de acordo com a distribuição partir da data de óbito, observado o limite estabelecido no inciso
dos dependentes. XI do caput do Art. 37 da Constituição Federal (teto remunerató-
rio) e no Art. 2º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004.
Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto, a madrasta
e, na falta desses, os representantes legais dos incapazes. Lei nº 10.887/2004, Art. 2º. Aos dependentes dos ser-
vidores titulares de cargo efetivo e dos aposentados de
O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, nem
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a to Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias
Previdência Social. e fundações, falecidos a partir da data de publicação
O afastamento do cargo efetivo, sem remuneração, não desta Lei, será concedido o benefício de pensão por
acarreta a suspensão do pagamento do salário-família. morte, que será igual:
Da Licença à Gestante, à Adotante I. à totalidade dos proventos percebidos pelo apo-
sentado na data anterior à do óbito, até o limite
e da Licença-Paternidade máximo estabelecido para os benefícios do regime
Será concedida licença à servidora gestante por 120 dias geral de previdência social, acrescida de 70% (seten-
consecutivos, sem prejuízo da remuneração. ta por cento) da parcela excedente a este limite; ou
A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de II. à totalidade da remuneração do servidor no car-
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. go efetivo na data anterior à do óbito, até o limite
No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a máximo estabelecido para os benefícios do regime
partir do parto. geral de previdência social, acrescida de 70% (se-
Na situação de natimorto, decorridos 30 dias do evento, a tenta por cento) da parcela excedente a este limite,
servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, se o falecimento ocorrer quando o servidor ainda
reassumirá o exercício. estiver em atividade.
No caso de aborto atestado por médico oficial, a servi- Parágrafo único. Aplica-se ao valor das pensões o limite
dora terá direito a 30 dias de repouso remunerado. previsto no Art. 40, § 2º, da Constituição Federal”.
São BENEFICIÁRIOS das pensões: ▷ desaparecimento no desempenho das atribuições do
I. o cônjuge; cargo ou em missão de segurança.
II. o cônjuge divorciado ou separado judicialmente A pensão provisória será transformada em vitalícia ou
ou de fato, com percepção de pensão alimentícia temporária, conforme o caso, decorridos 5 anos de sua vigên-
estabelecida judicialmente; cia, ressalvado o eventual reaparecimento do servidor, hipóte-
III. o companheiro ou companheira que comprove se em que o benefício será automaticamente cancelado.
união estável como entidade familiar; Acarreta Perda da Qualidade de Beneficiário
IV. o filho de qualquer condição que atenda a um ▷ o seu falecimento;
dos seguintes requisitos: ▷ a anulação do casamento, quando a decisão ocorrer após
a) seja menor de 21 anos; a concessão da pensão ao cônjuge;
b) seja inválido; ▷ a cessação da invalidez, em se tratando de benefi-
d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos ciário inválido, o afastamento da deficiência, em se
termos do regulamento; tratando de beneficiário com deficiência, ou o levan-
V. a mãe e o pai que comprovem dependência eco- tamento da interdição, em se tratando de beneficiá-
nômica do servidor; rio com deficiência intelectual ou mental que o torne
VI. o irmão de qualquer condição que comprove de- absoluta ou relativamente incapaz, (respeitados os
pendência econômica do servidor e atenda a um dos períodos mínimos decorrentes da aplicação das alí-
requisitos previstos no inciso IV. neas “a” e “b” do inciso VII do Art. 222);
A concessão de pensão aos beneficiários de que tratam os ▷ o implemento da idade de 21 (vinte e um) anos, pelo
incisos I a IV acima tratados exclui os beneficiários referidos filho ou irmão;
nos incisos V e VI. Assim, o cônjuge ou companheiros e os ▷ a acumulação de pensão na forma do Art. 225 (exer-
filhos excluem os pais e irmão, possuindo preferência. cer a opção em caso de ter direito a duas ou mais
A concessão de pensão aos beneficiários de que trata o pensões);
inciso V acima tratado exclui o beneficiário referido no inciso ▷ a renúncia expressa.
VI. Desse modo, caso o servidor possua pais e irmãos, somente O cônjuge e companheiro (ainda que divorciados, mas que
os pais irão receber a pensão, possuindo preferência. recebam pensão alimentícia) também perdem a condição de
O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho beneficiário nas seguintes hipóteses:
mediante declaração do servidor e desde que comprovada ▷ o decurso de 4 meses, se o óbito ocorrer sem que o
dependência econômica, na forma estabelecida em regu- servidor tenha vertido 18 contribuições mensais ou se
lamento. o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados
Caso ocorra habilitação de vários titulares à pensão, o seu em menos de 2 anos antes do óbito do servidor;

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valor será distribuído em partes iguais entre os beneficiários ▷ o decurso dos seguintes períodos, estabelecidos de
habilitados. acordo com a idade do pensionista na data de óbi-
O direito de requerer a pensão não prescreve, podendo ser to do servidor, depois de vertidas 18 contribuições
requerida a qualquer tempo. Somente as prestações exigíveis mensais e pelo menos 2 anos após o início do casa-
há mais de 5 anos é que irão prescrever. mento ou da união estável:
Concedida a pensão, qualquer prova posterior ou habilita- 1. 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de
ção tardia que implique exclusão de beneficiário ou redução idade;
de pensão só produzirá efeitos a partir da data em que for 2. 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis)
oferecida. anos de idade; NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Casos de perda do direito à pensão por morte: 3. 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e
▷ após o trânsito em julgado, o beneficiário condena- nove) anos de idade;
do pela prática de crime de que tenha dolosamente 4. 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos
resultado a morte do servidor; de idade;
▷ o cônjuge, o companheiro ou a companheira se com- 5. 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quaren-
provada, a qualquer tempo, simulação ou fraude no ta e três) anos de idade;
casamento ou na união estável, ou a formalização 6. vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos
desses com o fim exclusivo de constituir benefício de idade.
previdenciário, apuradas em processo judicial no Caso o óbito do servidor decorra de acidente de qualquer na-
qual será assegurado o direito ao contraditório e à tureza ou de doença profissional ou do trabalho, é aplicado essa
ampla defesa. regra, independentemente do recolhimento de 18 contribuições
Será concedida pensão provisória por morte presumida mensais ou da comprovação de 2 anos de casamento ou de união
do servidor, nos seguintes casos: estável.
▷ declaração de ausência, pela autoridade judiciária A critério da administração, o beneficiário de pensão cuja
competente; preservação seja motivada por invalidez, por incapacidade ou
▷ desaparecimento em desabamento, inundação, incên- por deficiência poderá ser convocado a qualquer momento 367
dio ou acidente não caracterizado como em serviço; para avaliação das referidas condições.
O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdên- básica o implemento de ações preventivas voltadas para a
368 cia Social (RPPS) ou ao Regime Geral de Previdência Social promoção da saúde e será prestada pelo Sistema Único de
(RGPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) con- Saúde – SUS, diretamente pelo órgão ou entidade ao qual
tribuições mensais referidas nas alíneas “a” e “b” do inciso VII estiver vinculado o servidor, ou mediante convênio ou con-
do caput do Art. 222. trato, ou ainda na forma de auxílio, mediante ressarcimento
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No caso de morte ou perda da qualidade de beneficiário, a parcial do valor despendido pelo servidor, ativo ou inativo, e
respectiva cota reverterá para os cobeneficiários. seus dependentes ou pensionistas com planos ou seguros
As pensões serão automaticamente atualizadas na mesma privados de assistência à saúde, na forma estabelecida em
data e na mesma proporção dos reajustes dos vencimentos regulamento.
dos servidores. Nas hipóteses previstas na Lei 8.112/90 em que seja exigida
Excepcionado o direito de opção, é vedada a percepção perícia, avaliação ou inspeção médica, na ausência de médico
cumulativa de pensão deixada por mais de um cônjuge ou ou junta médica oficial, para a sua realização o órgão ou en-
companheiro ou companheira e de mais de 2 pensões. tidade celebrará, preferencialmente, convênio com unidades
Do Auxílio-Funeral de atendimento do sistema público de saúde, entidades sem
O auxílio-funeral é devido à família do servidor falecido na fins lucrativos declaradas de utilidade pública, ou com o Insti-
atividade ou aposentado, em valor equivalente a um mês da tuto Nacional do Seguro Social - INSS.
remuneração ou provento. Na impossibilidade, devidamente justificada, da realiza-
No caso de acumulação legal de cargos, o auxílio será pago ção do convênio acima citado, o órgão ou entidade promoverá
somente em razão do cargo de maior remuneração. a contratação da prestação de serviços por pessoa jurídica,
que constituirá junta médica especificamente para esses fins,
Ş
ŝ#-ŝŦ

O auxílio será pago no prazo de 48 horas, por meio de


procedimento sumaríssimo, à pessoa da família que houver indicando os nomes e especialidades dos seus integrantes,
custeado o funeral. Se esse for custeado por terceiro, ele será com a comprovação de suas habilitações e de que não estejam
indenizado, observado acima disposto. respondendo a processo disciplinar junto à entidade fiscaliza-
Em caso de falecimento de servidor em serviço fora do lo- dora da profissão.
cal de trabalho, inclusive no exterior, as despesas de transporte Para os fins do disposto acima, ficam a União e suas entidades
do corpo correrão à conta de recursos da União, autarquia ou autárquicas e fundacionais autorizadas a:
fundação pública. Celebrar convênios exclusivamente para a prestação de ser-
Do Auxílio-Reclusão viços de assistência à saúde para os seus servidores ou empre-
À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos gados ativos, aposentados, pensionistas, bem como para seus
respectivos grupos familiares definidos, com entidades de auto-
seguintes valores:
gestão por elas patrocinadas por meio de instrumentos jurídicos
Dois terços da remuneração, quando afastado por motivo efetivamente celebrados e publicados até 12 de fevereiro de 2006
de prisão, em flagrante ou preventiva, determinada pela au-
e que possuam autorização de funcionamento do órgão regula-
toridade competente, enquanto perdurar a prisão (caso seja
dor, sendo certo que os convênios celebrados depois dessa data
absolvido, o servidor terá direito à integralização da remune-
ração). somente poderão sê-lo na forma da regulamentação específica
sobre patrocínio de autogestões, a ser publicada pelo mesmo ór-
Metade da remuneração, durante o afastamento, em vir-
tude de condenação, por sentença definitiva, a pena que não gão regulador, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da vigência
determine a perda de cargo. desta Lei, normas essas também aplicáveis aos convênios existen-
tes até 12 de fevereiro de 2006.
O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia
imediato àquele em que o servidor for posto em liberdade, Contratar, mediante licitação, na forma da Lei nº 8.666, de
ainda que condicional. 21 de junho de 1993, operadoras de planos e seguros privados de
Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será devi- assistência à saúde que possuam autorização de funcionamento
do, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do órgão regulador.
do segurado recolhido à prisão. O valor do ressarcimento fica limitado ao total despendido
Emenda Constitucional nº 20 pelo servidor ou pensionista civil com plano ou seguro privado
Art. 13. Até que a lei discipline o acesso ao salário-famí- de assistência à saúde.
lia e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus
dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas ANOTAÇÕES
àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a
R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação
da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos
benefícios do regime geral de previdência social.

Da Assistência à Saúde
A assistência à saúde do servidor, ativo ou inativo, e de
sua família compreende auxílio médico, hospitalar, odon-
tológico, psicológico e farmacêutico. Terá como diretriz
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

369
370 NOÇÕES DE DIREITO PENAL Ş
ŝ#-ŝŦ

ÍNDICE
1. Introdução ao Direito Penal e Aplicação da Lei Penal .................................................. 373
Introdução ao Estudo do Direito Penal........................................................................................373
Teoria do Crime ...........................................................................................................................373
Interpretação da Lei Penal.......................................................................................................... 374
Conflito Aparente de Normas Penais.......................................................................................... 375
Lei Penal no Tempo .................................................................................................................... 376
Crimes Permanentes ou Continuados..........................................................................................377
Lei Excepcional ou Temporária....................................................................................................377
Tempo do Crime ..........................................................................................................................377
Lugar do Crime ........................................................................................................................... 378
Da Lei Penal no Espaço ............................................................................................................... 378
Extraterritorialidade ...................................................................................................................380
Pena Cumprida no Estrangeiro ....................................................................................................381
Eficácia de Sentença Estrangeira.................................................................................................381
Contagem de Prazo .....................................................................................................................381
Frações não Computáveis da Pena ..............................................................................................381
Legislação Especial ..................................................................................................................... 382
2. Do Crime ..................................................................................................................382
Relação de Causalidade .............................................................................................................. 382
Da Consumação e Tentativa ...................................................................................................... 383
Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz ....................................................................... 384
Arrependimento Posterior.......................................................................................................... 384
Crime Impossível - “Quase Crime” ............................................................................................. 384
Crime Doloso .............................................................................................................................. 385
Crime Culposo............................................................................................................................. 385
Preterdolo ................................................................................................................................... 386
Erro sobre Elemento do Tipo ...................................................................................................... 386
Erro sobre a Pessoa .................................................................................................................... 387
Erro sobre a Ilicitude do Fato ..................................................................................................... 387
Coação Irresistível e Obediência Hierárquica ............................................................................. 387
Exclusão da Ilicitude ................................................................................................................... 388
Da Imputabilidade Penal ............................................................................................................ 389
Emoção e Paixão.........................................................................................................................390
Menores de Dezoito Anos ...........................................................................................................390
Do Concurso de Pessoas ..............................................................................................................391
Circunstâncias Incomunicáveis ................................................................................................... 392
Ş
ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO PENAL 371

3. Concurso de Crimes ..................................................................................................392


Concurso Material ....................................................................................................................... 392
Concurso Formal ......................................................................................................................... 393
Crime Continuado ....................................................................................................................... 393
Multas no Concurso de Crimes.................................................................................................... 394
4. Dos Crimes Contra a Pessoa ......................................................................................394
Dos Crimes Contra a Vida ........................................................................................................... 394
Das Lesões Corporais ..................................................................................................................403
Da Periclitação da Vida e da Saúde ............................................................................................408
Da Rixa .........................................................................................................................................410
Dos Crimes Contra Honra..............................................................................................................411
Exclusão do Crime .......................................................................................................................415
Retratação ...................................................................................................................................416
Dos Crimes Contra Liberdade Individual .....................................................................................416
5. Dos Crimes Contra o Patrimônio ................................................................................ 419
Do Furto .......................................................................................................................................419
Do Roubo e da Extorsão ............................................................................................................. 422
Da Usurpação .............................................................................................................................. 427
Do Dano ...................................................................................................................................... 428
Da Apropriação Indébita ............................................................................................................ 429
Do Estelionato e outras Fraudes ................................................................................................. 433
Da Receptação ............................................................................................................................ 437
Disposições Gerais ...................................................................................................................... 439
6. Dos Crimes Contra a Dignidade Sexual ......................................................................439
Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual ....................................................................................... 439
Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável .......................................................................................440
Do Rapto ......................................................................................................................................441
Disposições Gerais .......................................................................................................................441
Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa Para Fim de Prostituição ou Outra Forma de Exploração
Sexual ..........................................................................................................................................441
Do Ultraje Público ao Pudor .......................................................................................................442
Disposições Gerais ......................................................................................................................442
7. Dos Crimes Contra a Fé Pública ................................................................................ 442
Da Moeda Falsa ...........................................................................................................................442
Da Falsidade de Títulos e Outros Papéis Públicos ...................................................................... 443
Da Falsidade Documental ...........................................................................................................444
De Outras Falsidades .................................................................................................................. 447
Das Fraudes em Certames de Interesse Público .........................................................................448
372 NOÇÕES DE DIREITO PENAL Ş
ŝ#-ŝŦ

8. Dos Crimes Contra a Administração Pública.............................................................. 449


Dos Crimes Praticados por Funcionário Público Contra a Administração em Geral...................449
Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração em Geral ...................................460
Dos Crimes Praticados por Particular Contra a Administração Pública Estrangeira .................. 467
Dos Crimes Contra a Administração da Justiça .......................................................................... 467
Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro....................................................... 472
Dos Crimes contra as Finanças Públicas ..................................................................................... 477
9. Lei nº 8.072/1990 Crimes Hediondos ........................................................................477
Sistema Legal.............................................................................................................................. 477
Crimes Equiparados a Hediondos ............................................................................................... 477
Rol dos Crimes Hediondos .......................................................................................................... 477
Direito de Recorrer ..................................................................................................................... 479
Prisão Temporária ...................................................................................................................... 479
Livramento Condicional.............................................................................................................. 479
Causas de Aumento de Pena ...................................................................................................... 479
1. Introdução ao Direito Penal e sa, entretanto se realmente houver intenção, o desejo do indiví-
duo, sua conduta com um propósito específico será dolosa.
Aplicação da Lei Penal Necessita ser voluntária, por exemplo, caso o agente venha
agredir alguém por conta de um espasmo muscular, essa condu-
ta é tida como involuntária.
Introdução ao Estudo do Direito Penal ї A infração penal sempre gera um resultado que pode
A Infração Penal é gênero que se divide em duas espécies: ser:
crimes (conduta mais gravosa) e contravenções penais (con- Naturalístico: quando ocorre efetivamente a lesão de um
duta de menor gravidade). Essa divisão é chamada de dicotô- bem jurídico tutelado - protegido - da vítima. Por exemplo, no
mica. A diferença básica incide sobre as penas aplicáveis aos crime de homicídio, quando a vida de alguém é interrompida,
infratores, enquanto o crime é punível com pena de reclusão e causa um resultado naturalístico, pois modificou o mundo ex-
detenção, as contravenções penais implicam prisão simples e terior, não somente do de cujus (falecido) como de sua família.
multa, podendo ser aplicada de forma cumulativa ou não. Jurídico: quando a lesão não se consuma, utilizando o
Para que a conduta seja definida como crime, tem que es- mesmo exemplo acima, caso o agressor não tivesse êxito na
tar tipificada (escrita) em alguma norma penal. Não somente o sua conduta, ele responderia pela tentativa de homicídio,
próprio Código Penal as descreve como também as Leis Com- desde que não cause lesão corporal. Convém ressaltar que,
plementares Penais ou Leis Especiais, por exemplo: Estatuto embora o agente não obteve êxito no resultado pretendido, o
do Desarmamento nº 10.826/2003, Lei de Tortura nº 9.455/97, Código Penal sempre irá punir por aquilo que ele queria fazer
entre outras. Por conseguinte, as Contravenções Penais estão (elemento subjetivo), contudo nesse caso gerou apenas um
previstas em Lei específica, nº 3.688/41, esta também é conhe- resultado jurídico.
cida como Crime Anão, visto seu reduzido potencial ofensivo.
Como essa conduta não é o cerne do estudo não convém apro- Teoria do Crime
fundar o assunto, basta apenas ressaltar que as Contravenções Sendo o crime (delito) espécie da infração penal, possui
Penais não admitem tentativas, enquanto o Crime é punível, uma nova divisão. Nesse caso, existem diversas correntes
mas, somente se existir previsão legal (Código Penal). doutrinárias para este conceito, entretanto, adotaremos a ma-
Contravenção Prisão joritária, a qual vigora no Direito Penal Brasileiro, classificada
Reclusão Crime Infração Penal Penal simples como Teoria Finalista Tripartida ou Tripartite.
= (Divisão =
Detenção (delito) Dicotômica) (crime anão) Multa
Fato Típico (Está escrito, definido como crime)
Não
Crime +
admite Ilícito (Antijurídica) - (Contra a lei)
+ Grave - Grave tentativa Delito
+

Ş
ŝ#-ŝŦ
Conduta humana
Proposital = Dolo Culpável (Culpabilidade)
Consciente
Voluntária Descuidada = Culpa Crime se Divide em
ї Fato Típico: para ser considerado fato típico, é fundamen-
Classificação dos tal que a conduta esteja tipificada, ou seja, escrita, em al-
Tipificadas Crimes:
(escritas) Comissivo
guma norma penal. Não obstante, é necessário que exista:
CP Omissivo ▷ Conduta: é a ação do agente, seja ela culposa (des-
LCP Material cuidada) ou dolosa, intencional; comissiva (ação) ou
Leis Especiais Formal
Mera Conduta omissiva (deixar de fazer).
Especial ou própria ▷ Resultado: que seja naturalístico (modificação pro-
Mão própria vocada no mundo exterior pela conduta) ou jurídico
Preterintencional
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Permanente (quando não houver resultado jurídico não existe


Putativo crime).
Ameaça a Lesão ▷ Nexo Causal: é o elo entre a ação e o resultado, ou
Lesão Resultado seja, se o resultado foi provocado diretamente pela
(Resultado Naturalístico) (Resultado
Jurídico) ação do agente, houve nexo causal.
Fere Bens Jurídicos ▷ Tipicidade: tem que ser considerado crime, estar
Fundamentais tipificado, escrito.
Caso não existam alguns destes elementos na conduta,
ї Para configurar em infração penal, são necessários al- pode-se dizer que o fato é atípico.
guns pressupostos: ї Ilícito (antijurídico): neste quesito a ação do agente tem
Deve ser uma conduta humana, ou seja, o simples ataque que ser ilícita, pois, nosso ordenamento jurídico prevê lega-
de um animal não configura em crime, porém, caso ele seja lidade em determinadas situações em que, mesmo sendo
instigado por outra pessoa, passa a ser um mero objeto utili- antijurídicas, serão permissivas. São as chamadas de exclu-
zado na prática da conduta do agressor. dentes de ilicitude ou de antijuridicidade, sendo: Legítima
Deve ser uma ação consciente, possível de ser prevista pelo Defesa, Estado de Necessidade, Estrito Cumprimento do 373
agente, quando esse é descuidado responderá de forma culpo- Dever Legal ou no Exercício Regular de um Direito.
ї Culpável (culpabilidade): é a capacidade de o agente se engravidar em decorrência disso, realizava-se a analogia
374 receber pena. Em alguns casos, mesmo o agente come- in bonam partem, permitindo também neste caso, o aborto.
tendo um fato típico e ilícito, ele não poderá ser culpável, Ressaltamos que não existe mais o crime de violento atentado
ou seja, não pode ser “preso”, pois incidirá nas excluden- ao pudor, atualmente no Código Penal é tido como estupro.
tes de culpabilidade. A mais conhecida é o menor em In malam partem
conflito com a lei, ele pode cometer uma infração penal (prejudicar) NÃO aceita
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(crime), mas não poderá ir preso. É quando, no momento


da ação ou da omissão, o agente é totalmente incapaz Analogia no
de entender o caráter ilícito do fato, ou de determinar-se Direito Penal
de acordo com esse entendimento. Ainda dentro dessa
In bonam partem
espécie, haverá três desdobramentos que são a imputa-
bilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibili- (beneficiar) aceitar
dade de conduta diversa. O princípio da Reserva Legal admite o uso de Normas Pe-
Para que o crime ocorra, é necessário preencher todos os nais em branco.
requisitos, caso exclua alguns dos elementos do fato típico ou Normas Penais em branco são aquelas que precisam ser
se não for ilícito/antijurídico, dizemos que excluiu o crime; caso
não possa ser culpável, o agente será isento de pena. complementadas para que analisemos o caso concreto. Por
exemplo, a vigente Lei de Drogas nº 11.343/06 dispõe sobre
Pode ocorrer de o agente cometer um fato descrito como
crime – Matar alguém – e esse fato não ser considerado crime. diversas condutas ilícitas, entretanto, o que é droga? Para
Ex.: quem mata em legítima defesa comete um fato típico, analisar se determinada substância é droga ou não, o direito
ou seja, escrito e definido como crime. Contudo, esse fato não penal analisa uma portaria da Anvisa (Agência Nacional de Vi-
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ŝ#-ŝŦ

é ilícito, pois a própria lei autoriza o sujeito a matar em certos gilância Sanitária) nº 344/98, em que todas as substâncias que
casos pré-definidos. estiverem descritas serão consideradas como droga.
Pode ocorrer também, de o agente cometer um fato defi- A Analogia Penal é diferente de Interpretação Analógica,
nido como crime, ou seja, fato típico – escrito e definido no CP nessa situação, a conduta do agente é analisada dentro da
– e ilícito, o ordenamento jurídico não autoriza aquela conduta, própria norma penal, ou seja, é observado a forma como a
e mesmo assim ficar isento de PENA. Assim, pode o sujeito co- conduta foi praticada, quais os meios utilizados. Sendo assim,
meter um crime e não ter pena. a Interpretação Analógica sempre será possível, ainda que
Ex.: quem é obrigado a cometer um crime. Uma pessoa en- mais gravosa para o agente.
costa a arma carregada na cabeça de outra e diz que, se ela não
cometer tal crime, irá morrer. Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Princípio da Legalidade § 2º. Se o homicídio é cometido:
(Anterioridade - Reserva Legal) III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
há pena sem prévia cominação legal. que possa resultar perigo comum;
Somente haverá crime quando existir perfeita correspon- Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
dência entre a conduta praticada e a previsão legal (Reserva Nessa situação, caso o agente tenha cometido o homicídio
Legal), que não pode ser vaga, deve ser específica. Exige-se utilizando-se de alguma das formas expostas no inciso III, ocor-
que a lei esteja em vigor no momento da prática da infração pe- rerá a aplicação de uma pena mais gravosa, é o exemplo de Inter-
nal (Anterioridade). Fundamento Constitucional: Art. 5º, XXXIX. pretação Analógica.
ї Princípio: Nullum crimem, nulla poena sine praevia lege.
As normas penais incriminadoras não são proibitivas e sim Interpretação da Lei Penal
descritivas. Por exemplo, o Art. 121 - Matar alguém, no Código
Penal, ele não proíbe, ou seja, não matar. Ele descreve uma A matéria Interpretação da Lei Penal passou a ser abordada
conduta, que, se cometida possuirá uma sanção (punição). com mais frequência pelos editais de concurso público. No entan-
Não são to, quando cobrada, não costuma gerar muita dificuldade. Isso
proibitivas Quem pratica porque geralmente a banca examinadora traz na questão uma
um crime não espécie de interpretação e questiona quanto ao seu significado.
Normas Penais age contra a lei, A Interpretação da Lei Penal consiste em buscar o signi-
Incriminadoras mas de acordo ficado e a extensão da letra da lei em relação à realidade e à
São com ela. vontade do legislador.
descritivas Assim, a Interpretação da Lei Penal divide-se em:
Quanto ao Sujeito
A Analogia no Direito Penal só é aceita para beneficiar o
agente. Por exemplo, no antigo ordenamento jurídico, só era Autêntica ou Legislativa
permitido realizar o aborto em decorrência do estupro (pênis É aquela realizada pelo mesmo órgão da qual emana, po-
x vagina), entretanto, a norma penal não abrangia o caso do dendo vir no próprio texto legislativo ou em lei posterior.
violento atentado ao pudor (pênis x ânus). Caso a mulher vies- Ex.: Conceito de funcionário público previsto no Art. 327, CP.
Doutrina um tipo penal, mas isso é tão somente aparente, pois os princí-
É aquela realizada pelos doutrinadores – estudiosos do pios do direito penal resolvem esse fato. São eles os princípios:
direito penal – normalmente encontrada em livros, artigos e a) Princípio da Especialidade;
documentos. b) Princípio da Subsidiariedade;
Ex.: Código Penal comentado. c) Princípio da Consunção;
Jurisprudencial ou Judicial d) Princípio da Alternatividade.
É aquela realizada pelo Poder Judiciário na aplicação do
caso concreto, na busca pela vontade da lei. É a análise das Princípio da Especialidade
decisões reiteradas sobre determinado assunto legal. A regra, nesse caso, é que a norma especial prevalecerá
Ex.: Súmulas do Tribunais Superiores e Súmula Vinculante. sobre a norma geral. Dessa forma, a norma no tipo penal incri-
minador é mais completa que a prevista na norma geral.
Quanto ao Modo Isso ocorre por exemplo no crime de homicídio e infanti-
Literal ou Gramatical cídio. O crime de infanticídio possui em sua elementar dados
É aquela que busca o sentido literal das palavras. complementares que o tornam mais especial – completo –
que a norma geral.
Teleológica Repare as elementares do Art. 123 do CP: 1) matar o pró-
É aquela que busca compreender a intenção ou vontade prio filho; 2) logo após o parto; 3) sob o estado puerperal. Es-
da lei. ses são dados que, se presentes, tornam a conduta de matar
alguém um crime específico, diferente do homicídio. Logo, o
Histórica
Art. 123 (infanticídio) é considerado especial em relação ao
É aquela que busca compreender o sentido da lei por meio Art. 121 (homicídio), que pode ser entendido, nesse caso, como
da análise do momento e contexto histórico em que foi editada. uma conduta genérica.
Sistemática
É aquela que analisa o sentido da lei em conjunto com todo
Princípio da Subsidiariedade
o ordenamento jurídico (as legislações em vigor, os Princípios Usa-se esse princípio sempre que a norma principal mais
Gerais de Direito, a Doutrina e a Jurisprudencial). grave não puder ser utilizada. Nesse caso, usamos a norma
menos grave subsidiária.
Progressiva
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. Será ex-
É aquela que busca adaptar a lei aos progressos obtidos
pressa sempre que o próprio artigo de lei assim determinar.
pela sociedade.
Um bom exemplo é o Art. 239 que trata da simulação de casa-
Quanto ao Resultado mento. Ele prevê a pena de detenção, de um a três anos, se o

Ş
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fato não constitui elemento de crime mais grave. Assim, caso
Declarativa não tenha ocorrido crime mais grave será aplicada a pena ex-
É aquela em que se encontra a perfeita correspondência en- pressa em lei. Por outro lado, se ocorrer crime mais grave, deve
tre a letra da lei e a intenção do legislador.
ser aplicado somente esse, ficando atípico o fato menos grave.
Restritiva A subsidiariedade Tácita ocorre quando não há expressa
É aquela em que se restringe o alcance da letra da lei para referência na lei, mas, se um fato mais grave ocorrer, a norma
que corresponda à real intenção do legislador. A lei diz mais subsidiária ficará afastada. Isso ocorre, por exemplo, no crime
do que deveria dizer. do Art. 311 do CTB. Existe, expressa nesse artigo, a proibição
Extensiva da conduta de trafegar em velocidade incompatível com a
É aquela em que se amplia o alcance da letra da lei para segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

que corresponda à real intenção do legislador. A lei diz menos de embarques e desembarques de passageiros, logradouros
do que deveria dizer. estreitos, ou onde houver grande movimentação ou concen-
tração de pessoas, gerando perigo de dano.
Analógica
É aquela em que a Lei Penal permite a ampliação de seu Contudo, se o agente estiver conduzindo nessas condições
conteúdo por meio da utilização de uma expressão genérica e acabar por atropelar e matar alguém, responderá ele pelo
ou aberta pelo legislador. crime do Art. 302 do CTB, que é homicídio culposo na direção
Ex.: Art. 121, § 2º, III, CP. Homicídio qualificado por de veículo automotor. Assim, esse crime – mais grave – afastará
emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou aquele crime de perigo.
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar
perigo comum. Princípio da Consunção
Esse princípio pode ocorrer quando um crime “meio” é
Conflito Aparente de Normas Penais necessário ou fase normal de preparação para outro crime.
Fala-se em conflito aparente de normas penais quando Como, por exemplo, o crime de lesão corporal fica absorvido
duas ou mais normas aparentemente parecem reger o mesmo pelo crime de homicídio, ou mesmo, o crime de invasão de do- 375
tema. Na prática, uma conduta pode se enquadrar em mais de micílio que fica absorvido pelo crime de furto.
Não estamos falando em norma especial ou geral, mas sim do tipo representa o mesmo crime. Na prática, não há con-
376 do crime mais grave que absorveu o crime menos grave que curso material, respondendo o agente por uma pena somente.
simplesmente foi um meio necessário para a execução do cri- ї Costume NÃO revoga nem altera lei.
me mais grave. Sendo assim, podemos dizer que temos três princípios
Ocorre também o princípio da consunção quando, por intrínsecos no Art. 1º do Código Penal, quais sejam, da Legali-
exemplo, o agente falsifica um documento com o intuito de dade, da Anterioridade e da Reserva Legal. É importante res-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cometer o crime de estelionato. Como o crime de falso é meio saltar que apenas a Lei Ordinária pode versar sobre matéria
necessário para o crime de estelionato, funcionando como a penal, tanto para criá-las quanto para extingui-las.
elementar fraude, fica por esse absorvido. Não obstante, convém ressaltar os preceitos existentes nos
Nesse sentido o STJ editou a Súmula 17 que diz o seguinte: tipos penais, por exemplo: Art. 121, CP, Matar alguém. Pena -
Súm. 17. Quando o falso se exaure no estelionato, sem 6 a 20 anos. O preceito primário seria a conduta do agente
mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. - matar alguém - e o preceito secundário seria a cominação da
Outro ponto importante é quando falamos acerca do as- pena - 6 a 20 anos. Para ser considerado crime, é fundamental
sunto crime progressivo e progressão criminosa. Podemos que existam os dois preceitos.
afirmar o seguinte:
No crime progressivo o agente tem um fim específico mais
Lei Penal no Tempo
grave, contudo, necessariamente deve passar por fases ante- Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude
riores menos graves. No final das contas, o crime progressivo
dela a execução e os efeitos penais da sentença con-
Ş
ŝ#-ŝŦ

é um meio para um fim. Isso ocorre no caso do dolo de matar, denatória.


em que o agente obrigatoriamente tem que ferir a vítima an-
Parágrafo único. A Lei posterior, que de qualquer for-
tes – causando lesões corporais. ma modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos an-
Aqui, temos o Princípio da Consunção Imperando. Por teriores, ainda que decididos por sentença transitada
outro lado, a progressão criminosa acontece quando o dolo em julgado.
inicial é menos grave e no meio da conduta o agente muda sua Conflito Temporal
intenção para uma mais grave (repare que temos dois dolos). Regra: Irretroatividade da Lei;
Temos o exemplo do agente que inicia uma ação com Exceção: Retroatividade para beneficiar o réu.
dolo de lesionar desferindo socos na vítima e no meio da ação Retroatividade da Lei
muda de intenção, vindo a esfaqueá-la, causando sua morte. 2000 2005 2008
Veja que, temos duas intenções, contudo, o código penal Julgado
Lei retroage
punirá o agente somente pelo crime mais grave. Aqui também
usaremos o Princípio da Consunção no exemplo em tela. Lei “A” (mais gravosa) Lei “B” (mais benéfica)
Pena 6 a 10 anos (revo- Pena 4 a 8 anos
No entanto, pode ocorrer progressão criminosa com efeito gada pela Lei “B”) Aplica-se a Lei “B”
concurso material, ou seja, aplicação de mais de um crime. Isso (mais favorável ao réu)
ocorre, por exemplo, no crime de roubo em que o agente no Em regra, o Código Penal sempre adota a Lei vigente, “A”, no
meio da conduta resolve estuprar a vítima, ou seja, aqui temos momento da ação ou omissão do agente, sendo assim, se nesta
uma progressão criminosa com dois dolos, em que o agente época é cometido um crime, aquele irá responder sobre o fato
responderá por dois crimes diversos. descrito no tipo penal. Contudo, por vezes, o processo se estende
no tempo, e o julgamento do agente demora a acontecer, nesse
Princípio da Alternatividade lapso temporal, caso surgir uma nova Lei, “B”, que torne mais
Temos esse princípio quando tivermos os chamados cri- branda a sanção aplicada sobre o agente, esta irá retroagir ao
mes de ação múltipla ou de conteúdo variado. Aqui, os tipos tempo do fato, beneficiando o réu.
penais descrevem várias condutas para um único crime. Te- Ultra - Atividade da Lei
mos, como exemplo, o Art. 33 da Lei nº 11.343/2006:
2000 2005 2008
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter
em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, pres-
crever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer dro- Lei “A” (mais benéfica) Lei “B” (mais gravo- Aplica-se a Lei “A”
gas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em Pena 4 a 8 anos sa) Pena 6 a 10 anos (mesmo revogada)
desacordo com determinação legal ou regulamentar: Lei revogada
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e paga- Não obstante, a regra da irretroatividade, pode ocorrer a
mento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) chamada ultra-atividade de lei mais benéfica. Seria o caso em
dias-multa. que, no momento da ação vigorava a Lei “A”, entretanto, no
Assim, podemos afirmar que, se o agente tiver em depó- decorrer do processo, entrou em vigência nova Lei “B”, revo-
sito e vender a droga não responderá ele por dois crimes, mas gando a Lei “A”, tornando mais gravosa a conduta anterior-
somente por um único. Isso se dá, pois qualquer ação nuclear mente praticada pelo agente.
Sendo assim, no momento do julgamento, ocorrerá a ultra- nuados, aplica-se a pena no momento que cessar a conduta
-atividade da lei, ou seja, a Lei “A”, mesmo não estando mais do agente, ainda que mais grave ou mais branda, independe
em vigor, irá ultra-agir ao momento do julgamento para be- nessa circunstância a quantificação da pena, o que será con-
neficiar o réu, por ser menos gravosa a punição que o agente siderado, será a lei vigente no momento que cessou a con-
irá receber. duta do agente ou a privação de liberdade da vítima, com a
Abolitio Criminis (Abolição do Crime) prisão dos acusados.
Retroage
2005 2007
Lei Excepcional ou Temporária
Lei “B” deixa de consi- Art. 3º A Lei excepcional ou temporária, embora decor-
Lei “A”
derar como crime o fato rido o período de sua duração ou cessada as circuns-
Pena: 6 a 20 anos descrito na Lei “A”
Consequências: tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato pratica-
▷ Tranca e extingue o inquérito policial e a ação penal; do durante sua vigência.
▷ Cassam imediatamente a execução de todos os efei- Lei Excepcional: utilizada em períodos de anormalidade
tos penais. social.
▷ Abolitio Criminis Ex.: Guerra, calamidades públicas, enchentes, grandes
eventos, etc.
▷ Não alcança os efeitos Civis da condenação.
Lei Temporária: período de tempo previamente fixado
Em relação ao Abolitio Criminis, ocorre o seguinte fato: pelo legislador.
quando uma conduta que antes era tipificada como crime
Ex.: Lei que configura o crime de pescar em certa
pelo Código Penal, deixa de existir, ou seja, passa a não ser mais
época do ano - piracema -, após lapso de tempo pre-
considerada crime, dizemos que ocorreu a abolição do crime.
viamente determinado, a Lei deixa de considerar tal
Diante disso, cessam imediatamente todos os efeitos penais que
incidiam sobre o agente: tranca e extingue o inquérito policial, conduta como crime.
Retroage
caso o acusado esteja preso deve ser posto em liberdade. Entre-
tanto, não extingue os efeitos civis, ou seja, caso o agente tenha 2005 2006
sido impelido em ressarcir a vítima da sua conduta mediante o
pagamento de multa, essa, ainda assim, deverá ser paga. Período de surto Ultra-atividade da lei
Importante ressaltar que, a lei que beneficia o réu, não é endêmico
uma faculdade do Juiz, é um dever, sempre adotada em be- Fato “A” é Crime Fato “A” não é mais crime
nefício do acusado. (notificação de epidemia)

Crimes Permanentes ou Continuados ї De 2005 a 2006, o fato “A” era considerado crime. Aque-

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les que infringiram a Lei responderam posteriormente,
Nos crimes permanentes, ou seja, naqueles em que a con- mesmo o fato não sendo considerado mais crime.
sumação se prolonga enquanto não cessa a atividade, apli- ї Só ocorre retroatividade se a Lei posterior expressamen-
ca-se ao fato a lei que estiver em vigência quando cessada a te determinar.
atividade, mesmo que mais grave (severa) que aquela em vi- É importante ressaltar que são leis excepcionais e temporá-
gência quando da prática do primeiro ato executório. O crime rias, ou seja, a lei irá vigorar por determinado tempo, após isso,
se perpetua no tempo, enquanto não cessada a permanência. tal conduta não mais será considerada crime. Entretanto, duran-
É o que ocorre, por exemplo, com o crime de sequestro e cár- te a sua vigência, todos aqueles que cometerem o fato tipificado
cere privado. Assim, será aplicada lei que estiver em vigência em tais normas, mesmo encerrada sua vigência, serão punidos.
quando da soltura da vítima. Observa-se, então, o momento
em que cessa a permanência para daí se determinar qual a
norma a ser aplicada. É o que estabelece a Súmula 711 do STF.
Tempo do Crime
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da


Súm. 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime con-
tinuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
anterior à cessação da continuidade ou da permanên- resultado.
cia. Teoria da Atividade: O crime reputa-se praticado no mo-
mento da conduta (momento da execução).
Data do sequestro Prisão
Janeiro
A imputabilidade do agente deve ser aferida no momento
Protrai no tempo Dezembro em que o crime é praticado.
3 meses depois
“B” morre
“A” com 17 anos e 11 meses
Lei “A” Lei “B” Lei “C” Qual Lei utilizar? Atira em “B” “A” com + de 18
4 a 6 anos 6 a 8 anos 10 a 12 anos Lei “C” anos
Ex.: O crime de sequestro é um crime que se protrai no tem- Este princípio traz o momento da ação do crime, ou seja,
po, ou seja, a todo instante ele está se consumando, qual- independente do resultado, para aplicação da lei penal, é con-
quer que seja o momento da prisão ela estará em flagrante. siderado o momento exato da prática delituosa, seja ela co- 377
Sendo assim, nos casos dos crimes permanentes ou conti- missiva - ação - ou omissiva - omissão.
Ex.: Caso um menor “A”, cometa disparos de arma de
378 fogo contra “B”, vindo a feri-lo, entretanto, devido às le- Territorialidade (Art.
sões causadas pelos disparos, três meses depois do fato, 5º)
“B” vem a falecer. Nessa época, mesmo “A” tendo com- Lei Penal
pletado sua maioridade penal - 18 anos - ainda assim não
Extraterriotorialidade
poderá ser punido, pois, no momento em que praticou a (Art. 7º)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

conduta (disparos contra “B”), era inimputável. Lei Penal


Devemos, contudo, ficar atentos aos crimes permanentes no Espaço
e continuados, no caso do sequestro, por exemplo, em que o
Lei Processual
crime se consuma a todo instante em que houver a privação de Regras Específicas
Penal
liberdade da vítima.
“A” com 17 anos e 11 meses 3 meses depois Falamos em Territorialidade quando se faz a aplicação
Sequestra “B” Preso com 18 da lei penal dentro do próprio Estado que a editou. Dessa
anos
forma, quando aplicamos a lei brasileira em nosso solo, es-
Crime de tamos usando o conceito de Territorialidade.
sequestro
A Territorialidade é tratada no Art. 5°, CP: aplica-se a lei bra-
Nesta situação em questão, “A” não será mais inimpu- sileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito
tável, pois no momento de sua prisão já havia completado internacional, ao crime cometido no território nacional.
18 anos, não considerado neste caso, o momento em que se Território Nacional Próprio
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iniciou a ação, mas sim, quando cessou. Art. 5º


▷ Lei Brasileira:
Lugar do Crime » Sem prejuízo;
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar em ▷ Convenções, tratados e regras internacionais:
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, » Imunidades.
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o §1º Território por extensão ou assimilação.
resultado. Embarcação ou aeronave brasileira pública (em qualquer
Teoria da Ubiquidade: utilizada no caso de um crime ser lugar).
praticado em território nacional e o resultado ser produzido Embarcação ou aeronave brasileira privada a serviço do Es-
no estrangeiro. O foro competente será tanto o do lugar da tado brasileiro (em qualquer lugar).
ação ou omissão quanto o do local em que produziu ou deveria Embarcação ou aeronave brasileira mercante ou privada,
produzir-se o resultado. desde que não esteja em território alheio.
Ambos os lugares são competentes para jugar o processo A Extraterritorialidade é tratada no Art 7:
Art. 7º. Ficam sujeitos a Lei Brasileira, embora cometi-
dos no estrangeiro:
“A”, manda uma carta A carta explote I. Os crimes:
bomba pelo correio efetivamente a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de
para LONDRES. em LONDRES.
República;
Local que produziu
Local da ação b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
ou deveria produzir
ou omissão do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
o resultado
Ex.: Nesse caso “A”, residente do Brasil, enviou uma carta Município, de empresa pública, sociedade de
bomba pelo correio para Londres, sendo assim, a carta economia mista, autarquia ou fundação instituí-
efetivamente explode. Desse modo, tanto o Brasil, quan- da pelo Poder Público;
to a Inglaterra serão competentes para julgá-lo. c) contra a administração pública, por quem está
a seu serviço;
Da Lei Penal no Espaço d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
Da Aplicação da Lei Penal no Espaço II. Os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
Da Territorialidade
gou a reprimir;
Antes de iniciar o estudo do tópico, temos que ter em mente b) praticados por brasileiros;
que iremos estudar a Lei Penal e não a Lei Processual Penal, que c) praticados em aeronaves ou embarcações bra-
segue outra regra específica. sileiras, mercantes ou de propriedade privada,
Aqui trataremos de como se comporta a Lei Penal Brasi- quando em território estrangeiro e aí não ve-
leira quando ocorrerem crimes no exterior, ou seja, Extrater- nham a ser julgados.
ritorialidade de lei. Portanto, quando falamos em extraterri- § 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
torialidade estamos tratando somente da Lei Penal e não da a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
Lei Processual Penal. estrangeiro.
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira Dessa forma, o Princípio da Territorialidade da Lei Penal é
depende do concurso das seguintes condições: mitigado, isto é, não é adotado de forma absoluta e sim tem-
a) entra o agente no território nacional; perada, por esse motivo falamos em Princípio da Territoriali-
b) ser o fato punível também no país em que foi dade Temperada.
praticado; Podemos dar como exemplo as imunidades diplomáticas
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais e consulares concedidas por meio de adesão do Brasil às con-
a lei brasileira autoriza a extradição; venções de Viena (1961 e 1963), aos diplomatas e aos cônsules
que exercem suas atividades no Brasil.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
ou aí não ter cumprido pena; Quando falamos em território nacional, obrigatoriamente
temos que pensar em algumas regras: Todas as embarcações
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro,
ou, por outro motivo não estar extinta a punibili- ou aeronaves brasileiras de natureza pública, onde quer que se
dade, segundo a lei mais favorável. encontrem são consideradas parte do território nacional.
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Para as embarcações e aeronaves de natureza privada, se-
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se rão estas consideradas extensão do território nacional quando
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: se acharem, respectivamente, no mar territorial brasileiro ou
a) não pedida ou negada sua extradição;
no espaço aéreo correspondente. Preste bem atenção, as de
natureza privada, sem estar a serviço do Brasil, somente res-
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
ponderão pela lei brasileira se estiverem dentro do Brasil.
Território Nacional Ex.: Um navio brasileiro privado pelo mar da Argentina
Podemos conceituar território nacional como sendo o espaço deverá responder pelas Leis Penais Argentinas, ou seja,
onde certo Estado possui sua soberania. caso um brasileiro mate o outro, a lei a ser aplicada é a
Lei Penal Argentina, pois o navio não estava a serviço do
Elementos que constituem um determinado Estado sobe-
Brasil.
rano:
Por outro lado, se o navio estiver em alto mar (terra de nin-
▷ Território;
guém - aplica-se o princípio do pavilhão ou da bandeira) e osten-
▷ Povo; tar a bandeira brasileira e lá um marujo matar o outro, a compe-
▷ Organização jurídica. tência é da lei brasileira.
Consideramos como território nacional as limitações que A mesma regra utilizamos para aeronaves. Uma questão inte-
temos no mapa do país e mais o mar territorial, que representa ressante é por exemplo, se uma aeronave pousar em um país dis-
a extensão de 12 milhas do mar a contar da costa, e sempre na tinto e o piloto cometer um crime e essa aeronave estiver a serviço
maré baixa. O código considera, também, território nacional do Brasil, aplica-se a lei brasileira. Caso a aeronave for particular
o espaço aéreo respectivo e o espaço aéreo correspondente aplica-se a lei do país em que a aeronave estiver pousada.

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ao território nacional. Esse sempre devemos considerar como Questão interessante é se o piloto sair do aeroporto e lá
território próprio. fora cometer um crime. Nesse caso temos que perguntar se o
Temos que considerar, também, como território nacional, piloto estava em serviço oficial ou não, se estiver em serviço
o chamado território por extensão, assimilação ou impróprio oficial aplicamos a lei penal brasileira, do contrário, aplica-se a
descrito no §1º do Art. 5º do Código Penal. lei do país onde cometeu o crime.
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como ex-
tensão do território nacional as embarcações e ae- Resumo dos Conceitos
ronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço Território nacional: é o espaço onde determinado estado
do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, exerce com exclusividade sua soberania.
bem como as aeronaves e as embarcações brasilei- Território próprio: toda a base territorial por nós conheci-
ras, mercantes ou de natureza privada, que se achem, da (o mapa), acrescida do mar territorial, que é extensão de 12
respectivamente no espaço aéreo correspondente ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

em alto mar. milhas mar a dentro, a contar da baixa maré.


§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes pra- Território por extensão: embarcações e aeronaves brasi-
ticados a bordo de aeronaves ou embarcações estran- leiras: públicas ou a serviço do estado (qualquer lugar do glo-
geiras, de propriedade privada, achando-se aquelas bo) e privadas em águas ou terras de ninguém.
em pouso no território nacional ou em voo no espaço Territorialidade: aplicação da lei penal no território nacional.
aéreo correspondente, e estas em porto ou mar terri- Territorialidade absoluta: impossibilidade para aplicação de
torial do Brasil. convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime co-
Como mencionado, a Lei Penal aplica-se em todo o terri- metido no território nacional.
tório nacional próprio ou por assimilação. Por esse princípio
Territorialidade temperada: adota como regra a aplicação
aplica-se aos nacionais ou estrangeiros (mesmo que irregular)
da lei penal brasileira no território nacional. Entretanto, com
a Lei Penal brasileira.
determinadas hipóteses, permite a aplicação de lei penal es-
Contudo, em alguns casos, mesmo o fato sendo praticado
trangeira a fatos cometidos no Brasil (Art. 5º do CP).
no Brasil, não será aplicada a Lei Penal a esse fato, isso se deve
quando ocorrer por meio de convenções, tratados e regras de Imunidade: exclusão da aplicação da lei penal.
direito internacional, aqui o Brasil abre mão de punir, ou seja, Imunidade diplomática e consular: são imunidades pre- 379
nesses casos não se aplicará a Lei Brasileira. vistas em convenções internacionais chancelados pelo Brasil.
Imunidade parlamentar: previstas na Constituição Fede- Município,de empresa pública, sociedade de eco-
380 ral aos membros do Poder Legislativo. nomia mista, autarquia ou fundação instituída
pelo Poder Público;
Território Nacional c) contra a administração pública, por quem está
▷ Próprio. a seu serviço;
▷ Por assimilação ou extensão. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Embarcação e aeronaves brasileiras: públicas ou a serviço do


Estado (em qualquer parte do planeta) e privadas ou marcantes II. Os crimes:
em águas ou terras de ninguém. a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri-
gou a reprimir;
Passaremos a tratar agora dos princípios que regulam a
b) praticados por brasileiro;
aplicação da Lei Penal no Espaço.
c) praticados em aeronaves ou embarcações bra-
Princípio da Territorialidade sileiras, mercantes ou de propriedade privada,
A lei penal de um país terá aplicação aos crimes cometidos quando em território estrangeiro e aí não sejam
dentro de seu território. Aqui, o Estado soberano tem o dever julgados.
de exercer jurisdição sobre as pessoas que estejam sem seu § 1º. Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
território. a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.
Princípio da Nacionalidade
§ 2º. Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
Classificado também como Princípio da Personalidade. depende do concurso das seguintes condições:
Aqui os cidadãos de um determinado país devem obediência a) entrar o agente no território nacional;
às suas leis, onde quer que se encontrem. Podemos dividir
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b) ser o fato punível também no país em que foi


esse princípio em: praticado;
Princípio da Nacionalidade Ativa c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
Aplica-se a lei nacional ao cidadão que comete crime no a lei brasileira autoriza a extradição;
estrangeiro, independentemente da nacionalidade do sujeito d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
passivo ou do bem jurídico lesado. ou não ter aí cumprido a pena;
Princípio da Nacionalidade Passiva e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro
ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili-
O fato praticado pelo nacional deve atingir um bem jurídico de dade, segundo a lei mais favorável.
seu próprio estado ou de um concidadão. § 3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime come-
Princípio da Defesa, Real ou de Proteção tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
Aqui se leva em consideração a nacionalidade do bem jurí- reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
dico lesado (sujeito passivo), independentemente da naciona- a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
lidade do sujeito ativo ou do local da prática do crime. b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Universalida- A regra é de que a lei penal brasileira apenas aplica-se aos
de crimes praticados no Brasil (conforme estudado no Art. 5º do
Aqui, todo Estado tem o direito de punir todo e qualquer Código Penal). No entanto, há situações que, por força do Art. 7º,
crime, independentemente da nacionalidade do criminoso ou permitem o Estado aplicar sua legislação penal no estrangeiro.
do bem jurídico lesado, ou do local em que o crime foi praticado, Nesta norma, encontram-se diversos princípios, são eles:
bastando que o criminoso se encontre dentro do seu território. Defesa (também chamado de Real): amplia a aplicação
Assim, quem quer que seja que cometa crime dentro do territó- da lei penal em decorrência da gravidade da lesão. É o aplicá-
rio nacional será processado e julgado aqui. vel no Art. 7º nas alíneas do inciso I, são elas:
Princípio da Representação a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
A Lei Penal brasileira também será aplicada aos delitos República.
cometidos em aeronaves e embarcações privadas brasileiras Caso seja a prática de latrocínio, não há a extensão da lei
quando se encontrarem no estrangeiro e aí não venham a ser brasileira, visto que o latrocínio é considerado crime contra o
julgadas. patrimônio.
O Código Penal brasileiro adota o princípio da Territoriali- b) contra o patrimônio ou a fé pública da União,
dade como regra e os outros como exceção. Assim, os outros do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
princípios visam disciplinar a aplicação extraterritorial da Lei Município, de empresa pública, sociedade de
Penal brasileira. economia mista, autarquia ou fundação instituí-
da pelo Poder Público;
Extraterritorialidade c) contra a administração pública, por quem está
Art. 7º. Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi- a seu serviço;
dos no estrangeiro: d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
I. Os crimes: domiciliado no Brasil.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Há discussão qual o princípio aplicável neste caso, haven-
República; do quem sustente ser da defesa, outros dizem ser da naciona-
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, lidade ativa e outra corrente, ainda, afirmando ser relacionado
do Distrito Federal, de Estado, de Território, de ao princípio da Justiça Penal Universal.
Justiça Penal Universal (também chamada de Justiça Caso o agente seja processado no exterior e lá, condenado
Cosmopolita): amplia a aplicação da legislação penal brasilei- e cumprido pena, estipula-se neste artigo que caso venha no
ra em decorrência da de tratado ou convenção que o Brasil é Brasil a ser condenado pelo mesmo fato (no caso da extrater-
signatário. Vem normatizada peloArt. 7º, II, “a”: ritorialidade incondicionada), deverá se verificar:
a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri- Se as penas são idênticas, ou seja, da mesma qualidade, deve-
gou a reprimir. rá ser computada como cumprida no Brasil.
Nacionalidade Ativa: amplia a aplicação da legislação pe- Ex.: As duas são privativas de liberdade.
nal brasileiro ao exterior caso o crime seja praticado por brasi- Se as penas são diversas, ou seja, de qualidade diferente,
leiro. Está prevista no Art. 7º, II, “b”: deverá haver uma atenuação.
b) Praticados por brasileiro; Ex.: no exterior o agente cumpriu pena restritiva de liber-
Representação (também chamado de Pavilhão ou da dade e, no Brasil, foi condenado e teve sua pena substituída
Bandeira ou da Substituição): amplia a aplicação da legisla- pela prestação de serviços comunitários. Neste caso, deverá
ção penal brasileira em decorrência do local em que o crime é se atenuar a pena no Brasil.
praticado. Vem normatizada pelo Art. 7º, II, “c”: Eficácia de Sentença Estrangeira
c) Praticados em aeronaves ou embarcações bra-
sileiras, mercantes ou de propriedade privada, Art. 9º. A sentença estrangeira, quando a aplicação da
quando em território estrangeiro e aí não sejam lei brasileira produz na espécie as mesmas consequên-
julgados. cias, pode ser homologada no Brasil para:
Nacionalidade Passiva: amplia a aplicação da legislação I. Obrigar o condenado à reparação do dano, a res-
penal brasileira em decorrência da nacionalidade da vítima do tituições e a outros efeitos civis;
crime. Vem normatizada pelo Art. 7º, §3º: II. Sujeitá-lo a medida de segurança.
§3º. A lei brasileira aplica-se também ao crime come- Parágrafo único. A homologação depende:
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido
Tais regras, de que a legislação penal brasileira será apli- da parte interessada;
cada no exterior, valem apenas para os crimes e nunca para as b) para os outros efeitos, da existência de tratado
contravenções penais. Apesar da lei prever, no Art. 7º, que a lei de extradição com o país de cuja autoridade judi-
brasileira também será aplicada no anterior, há determinadas ciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado,
regras para esta aplicação, também normatizadas pelos pará- de requisição do Ministro da Justiça.
grafos do artigo em questão, vejamos: A regra geral é de que a sentença penal estrangeira não
Incondicionada: é a prevista para os casos normatizados precisa ser homologada para produzir efeitos no Brasil. No en-
no Art. 7º, I, alíneas “a” até “d”. Segundo o Código Penal, o tanto, o Art. 9º traz duas situações que necessitam da homolo-

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agente será processado de acordo com a lei brasileira, mesmo gação para que a sentença produza efeitos no Brasil, são elas:
que for absolvido ou condenado no exterior (conforme norma- Para a produção de efeitos civis (Ex.: Reparação de danos,
tizado pelo §1º do Art. 7º). Não exige qualquer condição. restituições, entre outros). Neste caso, depende do pedido da
Condicionada: é a prevista para os casos normatizados no parte interessada.
Art. 7º, §2º, alíneas “a” até “e”: São as condições: Para a aplicação de medida de segurança ao agente da In-
a) Entrar o agente no território nacional. fração Penal: caso exista tratado de extradição, necessita de re-
b) Ser o fato punível também no país em que foi quisição do Procurador-Geral da República. Caso inexista trata-
praticado. do de extradição, necessita de requisição do Ministro da Justiça.
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
a lei brasileira autoriza a extradição. Contagem de Prazo
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou cumprido a pena. Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do pra-


zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calen-
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro.
dário comum.
Não estará extinta a punibilidade do agente, seja pela bra-
A regra, aqui, é diversa da processual, visto que o dia do
sileira, seja pela lei estrangeira.
começo do prazo penal inclui-se no cômputo do prazo. Por
Hipercondicionada: é a prevista para os casos normatiza- exemplo, determinado agente pratica uma infração penal em
dos no Art. 7º, §3º. Chama-se pela doutrina de hipercondicio- 10 de agosto de 2012. Supondo que esta infração penal possui
nada porque exige, além das condições da condicionada, outras um prazo prescricional de 08 (oito) anos, a pretensão punitiva
duas. São condições: irá prescrever em 09 de agosto de 2020.
▷ Não ser pedida ou, se pleiteada, negada a extradição.
▷ Requisição do Ministro da Justiça. Frações não Computáveis da Pena
Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberda-
Pena Cumprida no Estrangeiro de e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na
Art. 8º. A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena pena de multa, as frações de cruzeiro.
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, Ou seja, caso após o cálculo da pena, remanescer frações 381
ou nela é computada, quando idênticas. de dia (por exemplo: o agente é condenado a pena de 15
(quinze) meses de detenção, com uma causa de aumento de Nessa situação, “A” responderá apenas por tentativa de
382 1/2, a pena torna-se em 22,5 dias. Com a norma deste artigo, homicídio.
despreza-se a fração de metade e a pena final é de 22 dias. Nesta situação, a causa da morte não foi efetivamente o
Do mesmo modo, aplica-se a regra à pena de multa, não tiro disparado por “A”, mas o veneno ingerido anteriormente.
sendo condenado o agente a pagar os centavos. Sendo assim, não foi efetivamente o disparo que causou
o resultado naturalístico da morte de “B”.
Legislação Especial
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ex.: “A” atira na cabeça de “B”, esse é socorrido em am-


Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos bulância, no trajeto para o hospital a ambulância capota
fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser causando a morte de “B”. Mesmo “A” tendo concorrido
de modo diverso. diretamente para que “B” estivesse na ambulância, o có-
As infrações penais não estão apenas descritas no Código digo penal manda que “A” responda somente por tenta-
Penal, mas também em outras leis, que se denominam de leis tiva de homicídio.
especiais. Nestes casos, aplica-se, desde que a lei especial não Fato que ocorre após a conduta do agente, entretanto, não
dispuser de modo diverso, as regras gerais do Código Penal. ocorreria se a ação ou omissão não tivesse acontecido.
Quebra nexo causal
2. Do Crime Nexo causal
“B” é socorrido

Relação de Causalidade “A” atira em “B” é atingido,


Ambulância bate
e “B” morre
“B” causa mas sobrevive
Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causa
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A ação ou omissão tem que dar causa ao resultado: No exemplo citado, digamos que “B” seja socorrido com
Relação de Causalidade sucesso. Entretanto, devido ao ferimento na cabeça, tenha que
ser submetido à intervenção cirúrgica imprescindível e, durante
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do
o procedimento, devido a complicações, vem a falecer. Nesta
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
situação, “A” responderá por homicídio consumado, pois nin-
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
guém está obrigado a submeter-se a intervenções cirúrgicas.
resultado não teria ocorrido.
A mesma situação ocorre se, devido à internação, “B” contraia
Nexo Causal infecção hospitalar, vindo a falecer. Nessas duas hipóteses, “A”
Relação entre agente e o responderá pelo crime consumado, segundo entendimento do
resultado naturalístico STJ - Superior Tribunal de Justiça. Cabe ressaltar que, mesmo
Ação ou Resultado
Omissão
“B”, estando no hospital, porém, este falece devido a um des-
(lesão)
moronamento provocado por um terremoto, haverá novamente
Neste caso, antes de tudo, é importante mencionar sobre a a quebra do nexo causal, como no acidente com a ambulância,
responsabilidade do agente. Para o Código Penal existem duas “A” responderá somente pela tentativa de homicídio.
formas de responsabilidades: subjetiva e objetiva.
Subjetiva: nesta situação, o agente pode ser punido na Relevância da Omissão
modalidade culposa, quando não queria o resultado. É o im- O “dever” de agir é um dever Jurídico, é o poder do garan-
perito, imprudente ou negligente. Na modalidade dolosa, tidor ou garantia, ou seja, imposto por Lei. Quando da omis-
quando o agente quis ou assumiu o risco do resultado. O Có- são, o agente tem a possibilidade e o dever jurídico de agir e
digo Penal sempre irá punir sobre aquilo que o agente queria omite-se.
causar, sobre a intenção no momento da conduta. Ex.: Dois policiais observam uma pessoa sendo vítima de
Objetiva: a responsabilidade objetiva não é mais adotada, roubo e nada fazem, nesse caso, os agentes, tendo a pos-
visto que sempre haveria a punição por dolo, não se admitindo sibilidade e o dever de agir, omitiram-se. Nesta situação
a forma culposa. ambos responderão pelo resultado, ou seja, por roubo.
Ex.: “A” dispara dois tiros em “B”. Os tiros efetivamente § 2º. A omissão é penalmente relevante quando o omi-
acertam “B” causando sua morte. Nessa situação, a ação tente devia e podia agir para evitar o resultado. O de-
de “A” deu causa ao resultado, que é morte de “B”, man- ver de agir incumbe a quem:
tendo uma relação de causa x efeito, com resultado natu- a) Tenha por Lei obrigação de cuidado, proteção
ralístico: morte. ou vigilância; (dever legal).
Ex.: Pai que deixa de alimentar o filho, e este vem a mor-
Causa Relativamente Independente rer de inanição.
Superveniência de Causa Independente: Carcereiro que observa o preso agonizando à beira da
§ 1º. A superveniência de causa relativamente indepen- morte e nada faz.
dente exclui a imputação quando, por si só, produziu o b) De outra forma, assumiu a responsabilidade
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se de impedir o resultado; (dever do garantidor).
a quem os praticou. Ex.: Babá que descuida da criança e a deixa morrer.Salva-vi-
Ex.: “A” atira em “B”, contudo “B” morre devido a um ve- das que observa banhista se afogar e nada faz.
neno ingerido anteriormente. A causa efetiva da morte de c) Com seu comportamento anterior, criou o risco
“B” foi o envenenamento e não o disparo efetuado por “A”. da ocorrência do resultado.
Ex.: Homem se propõe a ajudar um idoso a atravessar na dedo do pé de “B”. Independente desse resultado, “A”
faixa de pedestres. Porém, no meio do caminho, o ho- vai responder por tentativa de homicídio, pois era sua
mem abandona o idoso e este morre atropelado. intenção inicial.
Esses crimes são chamados de crimes omissivos impró- É importante sempre atentar-se para a vontade do agen-
prios ou comissivos por omissão, ou ainda participação por te, pois o Código Penal irá puni-lo somente pelo resultado ao
omissão. Em todos esses casos, o omitente responderá pelo qual quis causar, ou seja, sempre pelo Elemento Subjetivo do
resultado, a não ser que este não lhe possa ser atribuído nem agente.
por dolo nem por culpa. O agente tem que ter consciência de
que se encontra na função de agente garantidor. Tentativa
Diz que o crime é tentado, quando, iniciada a execução,
Da Consumação e Tentativa não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agen-
Art. 14º. Diz-se do Crime: te.
I. Consumado, quando nele se reúnem todos os ele- Não se admite Tentativa para:
mentos de sua definição legal. ▷ Crime culposo;
“Iter Criminis”
(caminho do crime)
▷ Contravenções Penais (Art. 4º, L, CP);
Cogitação Consumação
▷ Mera conduta;
Preparação Execução
▷ Crime Preterdoloso.
Alguns tipos penais não aceitam a forma “tentada”, sendo
assim, o fato de iniciar a execução já o torna consumado, como
Não se pune a preparação sal-
vo se por si só constituir crime O crime se torna por exemplo o crime de: Concussão (Art. 316, CP), nessas si-
autônomo (independente) punível tuações, a consumação é um mero exaurimento.
Para que o crime seja consumado, é necessário que ele Os crimes “tentados” são aqueles que iniciam a fase de
percorra todas as fases do iter criminis, quais sejam: cogita- execução, mas não chegam à consumação por circunstâncias
ção, preparação, execução e consumação. O agente, com sua alheias à vontade do agente, ou seja, o autor quer praticar a
conduta, “caminha” por todas as fases até atingir o resultado. conduta, mas é impedido de alguma forma.
Ex.: Fabrício, com “animus necandi”(vontade de matar) Ex.: “A” com intenção de matar “B”, compra um revólver;
Pedro, pensa em uma forma de consumar seu desejo ao encontrar “B”, no momento que iria iniciar os disparos,
(cogitação). Para isso, compra um revólver e munições é flagrado por um policial que o impede.
(preparação) e desloca-se até a casa da vítima. Ao avis- Ex.: “A” com intenção de matar “B”, compra um revólver; ao
tá-lo, inicia os disparos (execução) contra Pedro, ferindo- encontrar “B” do outro lado da rua, no momento que come-
-o mortalmente (consumação). ça a efetuar os disparos, atinge uma caçamba de entulhos

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O Código Penal não admite a punição nas fases de cogi- que trafegava pela via.
tação e preparação, salvo se constituírem crimes autônomos.
As circunstâncias alheias à vontade do agente podem ser
No caso citado acima, se Fabrício fosse preso no momento em
quaisquer fatos, que impeçam que o crime seja consumado.
que estava com o revólver, deslocando-se à casa de Pedro para
matá-lo, iria configurar apenas o crime de porte ilegal de arma Pena do Crime Tentado
de fogo, não poderia de forma alguma ser punido pela tenta-
tiva de matar Pedro. Só se pode punir a intenção do agente, a É a mesma do crime consumado. Devendo ser reduzida de
partir do momento que entra na esfera de execução. 1/3 a 2/3. Quanto mais próximo o crime chegar da consuma-
ção, maior deverá ser a pena.
Outra situação, seria a união de 3 ou mais pes-
soas que planejam assaltar um banco, para isso, Se, quando iniciada a execução, o crime não se consumar
compram ferramentas: picaretas, pás, marretas, por circunstâncias alheias à vontade do agente, incidirá a pena
do crime consumado, com redução no quantum da pena.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

conseguem a planta do banco, alugam uma casa


nas proximidades, contudo, no momento que pla- Homicídio: pena de 6 a 20 anos.
nejavam a forma como iriam realizar o assalto, são Ex.: João fez disparos contra José causando sua morte.
surpreendidos pela polícia com todos os materiais. Pena - 12 anos
Nesse caso, essas pessoas não responderão pelo cri- Tentativa de homicídio: pena de 6 a 20 anos reduzida de
me de “roubo” (Art. 157 CP), na forma tentada, mas 1 a 2/3.
sim pelo crime de “associação criminosa” (Art. 288 Ex.: João fez disparos contra José que ferido foi socorrido
CP). Mesmo com a posse de todos os materiais que e sobreviveu.
seriam utilizados, eles não haviam entrado na esfera Pena - 4 anos (melhor cenário) - 8 anos (pior cenário).
de execução do roubo. Ex.: João, armado de pistola, efetua 15 disparos contra
Por conseguinte, o Código Penal sempre irá punir o agen- José ficando este em coma por 40 dias, quase vindo a
te por aquilo que ele queria cometer (Elemento Subjetivo), falecer, mas sobrevive.
ou seja, qual era a intenção do agente, ainda que outro seja o Pena - mesmo nesse caso, haverá redução de pena, nes-
resultado. se caso, à mínima, 1/3 - 8 anos - mas deve ser aplicada.
Ex.: “A”, com intenção de matar “B”, efetua vários dis- Existem dois tipo de tentativas, perfeita e imperfeita, am- 383
paros em sua direção, contudo, acerta apenas um tiro no bas podem ser cruentas e incruentas.
“A” possui um revólver “A” responderá por le-
Tentativa são corporal e NÃO por
384 com 6 munições
tentativa de homicídio
Perfeita Imperfeita A B

Descarrega a arma em “A” arrepende-se vo-


NOÇÕES DE DIREITO PENAL

direção a “B” ferindo-o luntariamente, socorre


USOU todos os NÃO usou todos “B” e impede sua morte
meios os meios (resultado)
Nesta situação, o agente esgota os meios efetuando todos
os disparos, contudo, após finalizá-los, arrepende-se do que
Branca = Incruenta fez, socorre “B” levando-o para um hospital, vindo a salvá-lo.
Vermelha = Cruenta
NÃO
Machucou/lesionou A “desistência voluntária” (ato negativo) e o “arrependi-
Machucou/lesionou
mento eficaz” (ato positivo) têm como consequência a DES-
CLASSIFICAÇÃO DA FIGURA TÍPICA, ou seja, exclui a modalida-
A tentativa será perfeita - crime falho - quando o agente de tentada. Dessa forma o agente responderá pelos atos até
esgotar todos os meios, vindo a acertar ou não a vítima. E im- então praticados; nessas situações, considera-se lesão corporal.
Na tentativa o agente inicia a
perfeita, quando NÃO esgotou todos os meios, mesmo que já execução e é INTERROMPIDO,
tenha atingido a vítima ou ainda sem feri-la, por circunstâncias são circunstâncias ALHEIAS a
alheias à sua vontade. sua vontade
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Cogitação Preparação Execução Consumação


Desistência Voluntária e Na desistência voluntária, o agente No arrependimento eficaz o
pode prosseguir, mas INTERROMPE agente termina o ato de execução.
Arrependimento Eficaz voluntariamente sua conduta, não Contudo, evita voluntariamente
termina a execução que o resultado se produza
Art. 15. O agente que, voluntariamente, desiste de
prosseguir na execução ou impede que o resultado se
Tentativa: após o início da execução, o crime não se consu-
produza, só responde pelos atos já praticados. ma por vontades alheias ao desejo do agente.
Não se consuma por
VONTADE do próprio Desistência voluntária: mesmo podendo prosseguir, o agente
agente desiste, interrompe por sua vontade própria.
Execução Arrependimento eficaz: finalizados todos os atos de exe-
cução, o agente por vontade própria, socorre a vítima, impe-
Cogitação Preparação Consumação dindo que o resultado (morte) ocorra.

- Início Arrependimento Posterior


- Não consumação;
- Interferência da vontade Art. 16. Nos crimes cometidos sem violência ou grave
do próprio agente. ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coi-
sa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por
Desistência Voluntária: o agente interrompe voluntaria- ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um
mente a execução do crime impedindo a consumação. a dois terços.
Efetua 2 disparos contra É requisito fundamental que não ocorra violência ou grave
“B” acertando os dois dis- ameaça. Após a consumação do crime, antes que do recebi-
paros na perna da vítima. mento da denúncia ou queixa - instauração no Poder Judiciá-
Podendo continuar, desiste
voluntariamente rio - o agente repara o dano causado anteriormente.
A B Ex.: Um rapaz é preso pelo furto (Art. 155, CP) de uma tele-
“A” possui um revólver “A” responderá por
visão de 14 polegadas, antes do recebimento da denúncia,
com 6 munições lesão corporal seu advogado - ou representante legal - repara à vítima to-
dos os danos que o agente causou quando subtraiu o bem,
Nessa situação, o agente poderia efetuar mais disparos, nessa hipótese, a pena do agente será reduzida.
porém desiste de continuar a efetuá-los e vai embora, é impor- Caso a reparação do dano ocorra após o recebimento da de-
núncia, a pena será atenuada, por exemplo, em vez de iniciar a
tante ressaltar que a desistência não teve influência de nenhu-
pena no regime de reclusão, irá iniciar em regime semi-aberto.
ma outra circunstância, senão a vontade do próprio agente.
Arrependimento Eficaz: encerrada a execução do crime, Crime Impossível - “Quase Crime”
o agente voluntariamente impede o resultado. Aqui, ele leva a Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
execução até o fim. Contudo, com sua ação impede que o resul- absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
tado seja produzido. objeto, é impossível consumar-se o crime.
Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado ou o ins- ▷ Dolo Eventual - Teoria do Assentimento - Assume o
trumento utilizado para a execução do crime jamais o levarão risco do resultado.
a consumação.
▷ Tentar matar alguém utilizando uma arma de brin- Crime Culposo
quedo.
▷ Tentar envenenar alguém com sal. Art. 18, II. Culposo, quando o agente deu causa ao resulta-
Ex.: “A” com intenção de envenenar “B”, coloca sal - erro do por imprudência, negligência ou imperícia.
do tipo putativo - em sua comida, pensando ser arsênico. Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, nin-
Impropriedade absoluta do objeto material: Nessa hipó- guém pode ser punido por fato previsto como crime,
tese, a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta é abso- senão quando o pratica dolosamente.
lutamente inidônea para produção de algum resultado lesivo.
▷ Matar quem já está morto. Culpa
Ex.: “A” com intenção de matar “B”, enquanto este Na conduta culposa, há uma ação voluntária dirigida a
está dormindo, efetua vários disparos. Contudo, “B” já uma finalidade lícita, mas, pela quebra do dever de cuidado
estava morto devido ao veneno administrado por “C” a todos exigidos, sobrevém um resultado ilícito não desejado,
horas atrás. cujo risco nem sequer foi assumido.
Embora o elemento subjetivo do agente seja o dolo - ho-
micídio - esses casos não serão puníveis, pois o meio empre- Requisitos do Crime Culposo
gado “sal” ou o objeto material “o morto” tornam o crime Quebra do Dever Objetivo de Cuidado
impossível de ser consumado. A culpa decorre da comparação que se faz entre o com-
Caso a ineficácia absoluta do meio seja relativa, será portamento realizado pelo sujeito no plano concreto e aquele
considerado crime, por exemplo, uma arma antiga de um que uma pessoa de prudência normal, mediana, teria naquelas
colecionador, da segunda guerra mundial, seria quase im- mesmas circunstâncias. Haverá a conduta culposa sempre que
possível cometer um crime com um meio desses, entretan- o evento decorrer de quebra do dever de cuidado por parte
to, caso ela tenha potencial para causar lesão (esteja funcio- do agente mediante uma conduta imperita, negligente ou im-
nando) o crime que o agente tentou praticar com esta arma, prudente.
será considerado punível. Previsibilidade
Crime Doloso Não basta tão somente a quebra do dever de cuidado para
que o agente responda pela modalidade culposa, pois é ne-
Art. 18. Diz-se o crime: cessário que as consequências de sua ação descuidada sejam

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I. doloso, quando o agente quis o resultado ou as- previsíveis.
sumiu o risco de produzi-lo.
Modalidades do Crime Culposo
Doloso Imprudência
▷ Doloso direto: quis resultado. É o fazer sem a obrigação de cuidado.
▷ Doloso eventual ou indireto: assumiu o risco de É a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge du-
produzir o resultado. rante a realização de um fato sem o cuidado necessário.
Ex.: “A” atira em direção de “B” querendo que a morte Ex.: Ultrapassagem em local proibido, excesso de ve-
desse aconteça.
locidade, trafegar na contramão, manejar arma carre-
Ex.: “A”, caçador, efetua vários disparos a fim de abater
animal. Contudo, é advertido por “B” que naquela dire- gada, atravessar o sinal vermelho, etc.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ção em que está atirando é local habitado. “A” não se Imperícia


importa e continua os disparos, mesmo consciente que É a falta de conhecimento técnico ou habilitação para o
poderia acertar alguém. Um de seus projéteis acerta “C”, exercício de profissão ou atividade.
inocente morador das redondezas. Nessa situação, deve-
rá “A” responder por homicídio doloso - eventual - pois Ex.: Médico ao realizar uma cirurgia e esquece uma
assumiu o risco de produzir o resultado não observando a pinça dentro do abdômen do paciente. Atirador de
advertência que “B” lhe havia feito. O agente sabe o que elite que acerta a vítima, em vez do criminoso. Médico
pode vir a causar, mas não se importa com o resultado. que faz lipoaspiração e causa a morte de paciente.
Ex.: “A” dirigindo em altíssima velocidade e disputando Negligência
um racha com amigos perto de uma movimentada esco-
É o não fazer sem a obrigação de cuidado.
la vem a atropelar “B”, estudante, no momento que este
atravessava a via. “A” nessa situação tinha consciência que É a culpa na sua forma omissiva. Consiste em deixar al-
sua conduta poderia matar alguém. Contudo, não se im- guém de tomar o cuidado devido antes de começar a agir.
portou em continuar. Novamente, o agente sabe que pode Ex.: Deixar de conferir os pneus antes de viajar, bem
acontecer, mas não se importa. como de realizar a devida manutenção do veículo. Dei- 385
▷ Dolo Direto - Teoria da Vontade - Quer o resultado. xar substância tóxica ao alcance de crianças, etc.
Crime Culposo Circunstâncias: são dados assessórios do crime, que su-
386 Imprudência Apressado primidos não impedem a punição do agente. Só servem para
Quebra do aumentar ou diminuir a pena.
dever de Imperícia Despreparado Ex.: Ladrão que furta um bem de pequeno valor pensan-
cuidado do ser de grande valor. Responderá pelo furto simples
Negligência sem redução de pena do privilégio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Previsível Relaxado
Erro Essencial
Culpa Consciente Incide sobre situação, de tal importância, para o tipo que
Na culpa consciente, o agente antevê o resultado, mas não o se o erro não existisse o agente não teria cometido o crime, ou
aceita, não se conforma com ele. O agente age na crença de que pelo menos, não naquelas circunstâncias.
não causará o resultado danoso:
Ex.: O atirador - não o substituto - de facas no circo. Ele atira Erro Inevitável (Invencível ou Escusável)
a faca na crença de que, habilidoso que é, acertará a maça. É aquele que não podia ter sido evitado, nem mesmo com
Mas, ao contrário do que acreditava, ele acerta a moça. o emprego de uma diligência mediana.
Nessas duas situações, exclui-se o dolo e a culpa do agen-
Preterdolo te, sendo assim, exclui o crime.
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a Ex.: Agente furta caneta pensando que é própria.
pena, só responde o agente que o houver causado ao Sujeito que mantém conjunção carnal com menor
menos culposamente. de 13 anos que aparenta ter 20 anos pela sua proporção
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Quando o resultado agravador for imputado a título de física.


culpa, estaremos diante de um crime PRETERDOLOSO. Nele, Bêbado que sai de uma festa e liga carro alheio com
o agente quer praticar um crime, mas acaba excedendo-se e sua chave normalmente, sendo o carro de mesma cor e
produzindo culposamente um resultado mais gravoso do que modelo que o seu.
o desejado. Erro Evitável (Vencível ou Inescusável)
Ex.: O agente desfere soco no rosto da vítima com inten-
ção de lesioná-la, no entanto, ela perde o equilíbrio, bate É aquele que poderia ser evitado pela prudência normal
a cabeça e morre. do homem médio. Exclui o dolo, mas permite a modalidade
culposa se prevista em lei. Quando não prevista a modalida-
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
de culposa, não ocorre o crime.
outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa,
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido a Ex.: Caçador confunde vulto em uma moita com o animal
impossibilidade de resistência: que caçava e atira, vindo a causar a morte de um lavrador.
Nessa situação, caso o fato pudesse ser previsível, deverá
Pena - Reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
o caçador responder por homicídio culposo.
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a Bêbado sai de uma festa, ao observar carro idêntico
pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da ao seu, tenta desativá-lo com a chave do próprio carro,
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta não obtendo êxito, quebra o vidro com uma pedra, força
anos, sem prejuízo da multa. a ignição e vai para sua casa. Nesse caso, o agente será
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de punido na modalidade culposa, embora não tendo a in-
outrem: tenção, utilizou-se de uma conduta reprovável.
§ 3º. Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam Erro do Tipo
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
Essencial
de produzi-los;
Pena - Reclusão, de quatro a doze anos.
Inevitável Evitável
Erro sobre Elemento do Tipo
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo le- Dolo/Culpa Dolo/Culpa
gal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
crime culposo, se previsto em lei.
Elementares: é a descrição típica do crime. Geralmente o Permite a punição
próprio caput. Quando se extrai a elementar, o crime não existe. Excluir a tipicidade por crime culposo SE
Art. 155. Subtrair coisa alheia móvel: Caso o indivíduo previsto em lei
subtraia coisa própria por engano não haverá o crime,
pouco importando sua intenção. Assim, se o agente Acidental
subtrai sua própria bicicleta por “engano”, pensando ▷ Erro sobre a pessoa Art. 20, § 3º - Aberractio in perso-
que está a subtrair bicicleta de seu vizinho não comete na - A pessoa não sofre perigo
crime algum. Não há como punir uma pessoa que sub- ▷ Erro na execução - Aberractio ictus - A pessoa sofre
trai suas próprias coisas. perigo
▷ Erro Sucessivo - Aberractio causae - Dolo Geral Municipal, circunstância que sugeriam o desempenho de
Irrelevante atividade lícita.
▷ Erro sobre a pessoa Art. 20, §3º. Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o
▷ Não exclui nada, independentemente o agente responde. agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
Erro sobre a Pessoa ou atingir essa consciência.
Art. 20, § 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime Erro Evitável ou Inescusável = Não isenta de pena, mas terá
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste direito a uma redução de pena 1/6 a 1/3.
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da Ex.: Atendente de farmácia que, apesar de ciente de que a
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. venda de medicamentos com tarja preta configura trans-
gressão administrativa, não tem consciência de que tal
É o erro na representação do agente, que olha um desco-
prática, com relação a alguns dos medicamentos controla-
nhecido e o confunde com a pessoa que quer atingir. O erro é
dos, caracteriza também o crime de tráfico de drogas.
tão irrelevante, que o legislador determinou que o autor fosse
Diferenças
punido pelo crime que efetivamente cometeu contra o terceiro
inocente - vítima efetiva - como se tivesse atingido a pretendi- Erro de Tipo X Erro de Proibição
da - vítima virtual -, por exemplo: Agente erra sobre dados do O agente acha que sua condu-
“A” atira em “B” por próprio crime. Isenta do dolo e ta é legal, quando na verdade
engano, pois pensei que culpa se inevitável e isenta de é ilegal. Aqui o agente comete
“B” fosse seu pai, quem Vítima efetiva
sósia de “C” dolo mas permite a punição crime, mas não tem pena pois
realmente queria matar por culpa se evitável. culpabilidade fica excluída.
A B É importante que diferenciemos bem a relação entre erro do
Nessa situação será con- Vítima virtual tipo - exclui o crime - com o erro de proibição - isenta de pena .
siderado para aplicação Naquele o agente sabe que sua conduta é ilícita, entretanto, erra
de pena como se tivesse C
matado”C” seu pai
sobre o próprio tipo penal, ou seja, sua intenção é realizar uma
Pai de “A” conduta, mas acaba cometendo outra. Contudo, nesse o agen-
Esta situação é considerada um irrelevante penal, ou seja, o te desconhece o caráter ilícito do fato, imagina estar praticando
agente quer cometer uma coisa - matar “C” - entretanto, aca- uma conduta lícita, quando na verdade é ilícita - criminosa.
ba matando “B”, porém, independente do resultado, o Código
Penal sempre adota o elemento subjetivo, ou seja, irá puni-lo Coação Irresistível e
pelo fato que ele realmente queria praticar, como na situação Obediência Hierárquica
exposta era contra seu pai, incidirá ainda aumento de pena.
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou

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Erro sobre a Ilicitude do Fato em estrita obediência a ordem, não manifestamente
Erro de Proibição ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro coação ou da ordem.
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; Para que se possa considerar alguém culpado do come-
se evitável, poderá diminui-la de um sexto a um terço. timento de uma infração penal, é necessário que esta tenha
É a errada compreensão de uma determinada regra legal. sido praticada em condições e circunstâncias normais, pois, do
Pode levar o agente a supor que certa conduta seja lícita. contrário, não será possível exigir do sujeito conduta diversa
Ex.: Um rústico aldeão, que nasceu e passou toda a sua da que, efetivamente acabou praticando.
vida em um vilarejo afastado do sertão, agride levemente Nessa situação, o agente obriga uma terceira pessoa a co-
sua mulher, por suspeitar que ela o traísse. É de irrelevan- meter um crime ou ao cumprimento de uma ordem ilegal, a
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

te importância se o aldeão sabia ou não que sua conduta pessoa coagida não será punida, mas sim, quem o coagiu e o
era ilícita. obrigou a realizar a conduta contra seu consentimento.
Nesse caso é crime, porém o CP determina que, devido às Coação Irresistível
circunstâncias - por força do ambiente onde vive e as expe-
riências acumuladas -, o sujeito não terá PENA, ou seja, exclui- É o emprego de força física ou de grave ameaça para que
se a culpabilidade. alguém faça ou deixe de fazer alguma coisa.
Nesta situação, devido à origem do agente ser de lugar Coação Física - vis absoluta - o sujeito não comete crime.
ermo, e o mesmo não possuiu conhecimento suficiente sobre Ex.: “A” imobiliza “B”, depois, coloca uma arma em sua
fatos que não são permitidos, embora sua conduta seja crimi- mão e força-o a apertar o gatilho. O disparo acerta “C”, que
nosa, nesse caso fático o Juiz não aplicará pena sobre o agente. morre. Nessa situação, devido à coação FÍSICA irresistível,
“B” NÃO comete crime. “A” responderá por homicídio.
Tipos de Erro de Proibição A coação física recai sobre a conduta do agente - elemento
Erro Inevitável ou Escusável = Isenta de Pena do fato típico - pois este foi forçado, nessa situação, exclui-se
Ex.: Dona de casa de prostituição cujo funcionamento era o crime.
de pleno conhecimento das autoridades fiscais, tendo, in- Coação Moral - vis relativa - o sujeito comete crime, mas 387
clusive, licença de funcionamento fornecido pela Prefeitura ocorre isenção de pena.
Ex.: “A” encosta uma arma carregada na cabeça “B” e or- ferindo João. Mesmo após a cessação da agressão por
388 dena que ele atire em “C”, caso contrário quem irá morrer é parte de João, Manoel efetua mais dois disparos para ga-
“B”. “B” atira e “C” morre. Nessa situação, ambos cometem rantir o resultado.
crime (“A” e “B”). Contudo, somente “A” terá PENA, “B” es- Nessa situação, Manoel excedeu-se e deverá responder
tará ISENTO de pena devido a coação MORAL irresistível. por homicídio na modalidade dolosa.
Assim sendo, mesmo “B” tendo praticado o ato, sua con- Excesso - responderá
duta foi forçada mediante grave ameaça moral, em que este, por homicídio doloso
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

temendo por sua própria vida, cometeu o crime. Nessa situa- Legítima defesa
ção a conduta de “B” é típica e ilícita, contudo, não culpável, A B
pois ficará isento de pena. “B” é atingido e cessa a agressão

Obediência Hierárquica “A” mesmo depois de


“A” atira em “B” para se cessada a agressão de “B”
É a obediência à ordem não manifestamente ilegal de su- defender de injusta agressão efetua mais dois disparos
perior hierárquico, tornando viciada a vontade do subordinado para garantir o resultado
e afastando a exigência de conduta diversa. Também exclui a Não obstante, as excludentes de ilicitude, como o próprio
culpabilidade. nome já diz, excluem o caráter ilícito do fato, tornando a con-
Ordem de superior hierárquico: é a manifestação de von- duta lícita e jurídica.
tade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe Crime
é subordinado.
Ex.: Um delegado de polícia manda seu subordinado,
aspirante recém-chegado da corporação, que prenda Ilícito
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Fato Típico (Antijurídico)


um desafeto seu, para que esse aprenda uma lição.
Caso o aspirante cumpra esta ordem ilegal de seu superior,
ambos estarão cometendo crime, abuso de autoridade; pois,
embora ordem de superior, o aspirante no caso não é obrigado Estado de
Legítima Defesa
Necessidade
a cumpri-la.
Ordem manifestamente não ilegal: a ordem deve ser
aparentemente legal. Se for manifestamente ilegal, deve o su-
Estrito Compri-
bordinado responder pelo crime. mento do Dever
Exercício Regular
Ex.: Delegado de polícia determina que agente prenda do Direito
Legal
Antônio, indiciado por crime de latrocínio e alega que
Antônio tem contra si um mandado de prisão expedido Ocorrendo o fato diante de uma dessas excludentes, ex-
pela autoridade judiciária. O agente então prende Antô- clui-se também o crime.
nio e o conduz até a delegacia. Acontece que não existia São situações em que a norma penal permite que se cometa
mandado algum contra Antônio. Nessa situação, tanto o crime em determinadas situações, pois, apesar de serem condutas
delegado quanto o agente cometeram crime de abuso de ilícitas, o agente não será punido.
autoridade. Contudo, somente o delegado terá PENA, o
agente ficará isento devido à “aparência” de ordem mani- Estado de Necessidade
festamente NÃO ilegal. Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem
Nessa conduta, o agente pensava estar praticando uma pratica o fato para salvar de perigo atual, que não pro-
ação lícita, entretanto, este foi enganado por seu superior, sob vocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
alegação de posse de falso mandado de prisão. direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstân-
cias, não era razoável exigir-se.
Exclusão da Ilicitude Ocorre quando um bem é lesado para se salvar outro bem
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: em perigo de ser igualmente ofendido. Ambos possuidores
I. Em estado de necessidade; desses bens têm direito de agir para proteger-se.
II. Em legítima defesa; ї Requisitos para configuração do estado de necessida-
III. Em estrito cumprimento de dever legal ou no de:
exercício regular de direito. ▷ Perigo atual.
Excesso Punível ▷ Direito próprio ou alheio.
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses ▷ Perigo não causado voluntariamente pelo agente.
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou cul- ▷ Inevitabilidade de comportamento.
poso. ▷ Razoabilidade do sacrifício.
O agente que extrapolar os limites das excludentes deve ▷ Requisito subjetivo.
responder pelo resultado produzido de forma dolosa ou cul- Ex.: Em um cruzeiro marítimo, 10 passageiros estão a
posa. bordo de um navio. No entanto, só existem 9 salva-vidas
Ex.: João saca sua arma para matar Manoel, esse, pre- e o navio está afundando em alto-mar. O único que ficou
vendo o ocorrido, vale-se de sua arma e atira primeiro, sem o apetrecho não sabe nadar e para salvar sua vida do
perigo atual desfere facadas em outro passageiro a fim Estrito Cumprimento do Dever Legal
de conseguir se salvar.
Em síntese, é a ação praticada por um dever imposto
Ex.: Trabalhador desempregado e vendo os filhos passa-
por lei. É necessário que o cumprimento seja nos exatos
rem fome, entra em supermercado e furta dois pacotes
ditames da lei. Do contrário, o agente incorrerá em excesso,
de arroz e um pedaço de carne seca (furto famélico).
podendo responder criminalmente.
Ex.: Cidadão não tem carteira de motorista e observa um
Exs.: Policial que prende foragido da justiça vindo a cau-
motorista em avançado estado de infarto, nessa situação,
sar-lhe lesões devido sua resistência.
toma a direção de veículo automotor e dirige perigosa-
Soldado que, em tempos de guerra, executa inimigo.
mente até o hospital, gerando perigo de dano.
A execução efetuada pelo carrasco, quando o orde-
Não irá incidir em estado de necessidade caso o agente dê namento jurídico admite.
causa ao acontecimento.
§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem ti- Exercício Regular de Direito
nha o deve legal de enfrentar o perigo. É o desempenho de uma atividade ou a prática de uma
Um exemplo disso é o bombeiro. Poderá, no entanto, re- conduta autorizada em lei.
cusar-se a uma situação perigosa quando impossível o salva- ▷ Tratamento médico ou intervenção cirúrgica, come-
mento ou o risco for inútil. te lesão corporal para realizar o ato cirúrgico.
▷ Ofendículos - (exercício regular do direito de defesa
Legítima Defesa da propriedade), cerca elétrica, cacos de vidro, ara-
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando me farpado, etc.
moderadamente dos meios necessários, repele injusta A lei não permite o emprego da violência física como meio
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. para repelir injúrias ou palavras caluniosas, visto que não exis-
Ocorre um efetivo ataque ilícito contra o agente ou tercei- te legítima defesa da honra. Somente a vida ou a integridade
ro, legitimando repulsa. física são abrangidas pelo instituto da legítima defesa.
Requisitos para que subsista a legítima defesa: Admite-se a excludente de legítima defesa real contra
▷ Agressão humana. quem pratica o fato acobertado por causa de exclusão da cul-
▷ Agressão injusta. pabilidade, como o inimputável.
▷ Agressão atual ou iminente. Nos termos do Código Penal e na descrição da excludente
de ilicitude, haverá legítima defesa sucessiva na hipótese de
▷ Agressão a direito próprio ou de terceiro.
excesso, que permite a defesa legítima do agressor inicial.
▷ Meios necessários.
É possível legítima defesa de provocações por meio de
▷ Requisito subjetivo.
injúrias verbais, segundo a sua intensidade e conforme as

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Ex.: “A” desafeto de “B” arma-se com um machado e
prestes a desferir um golpe é surpreendido pela reação circunstâncias, pode ou não ser agressão.
de “B”, que saca um revólver e efetua um disparo. Agressão de inimputável constitui legítima defesa.
Ex.: “A” munido de um cão, atiça o animal na direção de Agressão decorrente de desafio, duelo, convite para briga
“B” que para repelir a injusta agressão atira no enfurecido não constitui legítima defesa.
animal. Agressão passada constitui vingança e não legítima defesa.
Ex.: “A”, menor de idade, pega um fuzil e, prestes a atirar Agressão futura não autoriza legítima defesa (mal futuro).
em “B”, é surpreendido por esse que pega uma bazuca, Não existe legítima defesa da honra.
único meio disponível no momento, vindo a “explodir” O agente tem que saber que está na legítima defesa.
“A”.
Legítima defesa e porte ilegal de arma de fogo: Se por-
Os meios necessários para conter a injusta agressão po- tar anteriormente, responde pelo crime do Art. 14 ou Art. 16,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dem ser quaisquer que estejam disponíveis, inexiste equipara- caput do estatuto do desarmamento. Se for contemporâneo,
ção dos meios utilizados. não responde pelo crime dos artigos mencionados.
É necessário que seja atual e iminente. Caso “B” ferido por
“A” desloque-se até sua casa, depois de sofrida agressão, para Da Imputabilidade Penal
apanhar revólver com intuito de se defender, não será mais vá-
Inimputáveis
lido, caso venha efetuar disparos contra “A”.
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença
Não Configura Legítima Defesa mental ou desenvolvimento mental incompleto ou re-
Ex.: “A” marido traído chega a casa e surpreende “C” tardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteira-
sua esposa em conjunção carnal com “B”. Enfurecido, mente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou
pega sua arma e dispara contra a esposa traidora. de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Ex.: “A” surpreendido por cão feroz, dispara para que não Redução de Pena
seja atacado. Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois
Ex.: “A” desafeto de “B” vai a sua procura e efetua disparo. terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde
Mais tarde provou-se que “B” também estava armado e mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 389
queria igualmente executar “A”. retardado não era inteiramente capaz de entender o ca-
ráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com A embriaguez não exclui a imputabilidade, quais sejam: a
390 esse entendimento. voluntária - toma por conta própria -, a culposa - toma além da
Imputabilidade: é a capacidade de entender o caráter conta - e a preordenada - toma para criar coragem - sendo que
ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse enten- a última, é causa de aumento de pena, actio libera in causa.
dimento. É a capacidade de entendimento e a faculdade de § 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

controlar e comandar suas próprias ações. o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortui-
to ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou
ї Imputável (regra): Pode-se imputar (aplicar) pena ao da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
sujeito. ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
ї INImputável (exceção): Não pode sofrer pena. Ou seja, entendimento.
é a capacidade de compreensão do agente de que sua No caso da embriaguez por caso fortuito, caso ela seja
conduta é ilícita, inapropriada, é uma das espécies da completa, será causa de isenção de pena, caso seja semicom-
culpabilidade que compõem o fato típico, ou seja, a ca- pleta (semi-imputabilidade), incidirá em diminuição de pena
pacidade de punir, ou não, o agente da conduta. - redução de culpabilidade - de 1/3 a 2/3.

Exclusão da Imputabilidade Emoção e Paixão


Doença Mental Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal:
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I. A emoção ou a paixão;
É a doença mental de qualquer ordem. Compreende a in-
findável gama de moléstias mentais. A emoção pode, em alguns casos, servir como diminuição
de pena - privilégio -, como no caso do homicídio e lesão cor-
Ex.: Alcoolismo patológico.
poral privilegiado. Os requisitos são: a emoção deve ser inten-
Desenvolvimento Mental Incompleto ou Retardado sa; o agente deve estar sob o domínio dessa emoção; deve ter
Ex.: Silvícola inadaptado - índio - menor de 18 anos. sido provocado por ato injusto da vítima; a reação do agente
deve ser logo após a essa provocação.
Sistema Adotado pela
A injusta provocação pode ser de forma indireta, por
Legislação Brasileira exemplo, alguém que maltrata um animal, com intenção de
provocar o agente, utilizando desse objeto - cachorro - para
Regra: BIOpsicológico
obter seu desejo.
Não basta ter a enfermidade. No momento da ação ou
omissão, o sujeito tem que ser inteiramente incapaz de en- Menores de Dezoito Anos
tender e compreender o caráter ilícito do fato e determinar- Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
se de acordo com esse entendimento. mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas esta-
Exceção: Biológico belecidas na legislação especial.

Basta tão somente a menoridade - menos de 18 anos - Fundamento Constitucional


para configurar a inimputabilidade. O Art. 228 da CF prevê que são penalmente inimputáveis
os menores de dezoito anos, sujeitos às normas de legislação
Embriaguez
especial.
Art. 28, II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo
álcool ou substância de efeitos análogos. Critério adotado pelo Código Pe-
§ 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez com- nal: Sistema Biológico
pleta, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao ї Crime + contravenção penal maior de 18 anos.
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de ї Ato infracional menor de 18 anos.
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de Não sofrem sanção penal pela prática do ilícito, em decor-
acordo com esse entendimento. rência da ausência de culpabilidade. Estão sujeitos ao procedi-
mento e as medidas socioeducativas previstas no ECA em vir-
NÃO Exclui a Imputabilidade Exclui a Imputabilidade
tude das condutas descritas como crime e contravenção penal
Voluntária Caso Fortuito
ser consideradas ato infracional.
Culposa Força Maior
Para auxiliar, convém esquematizar as Excludentes de Im-
Preordenada putabilidade:
Relevância Causal
Menoridade Doença mental
A conduta deverá ser relevante. Do contrário, não ocorrerá
o concurso de pessoas.
Excluída imputabilidade
(inimputabilidade) Ex.: “A” empresta arma para “B”, que para matar “C” usa
um pedaço de pau. Nessa situação, o auxilio de “A” foi
Desenvolvimento Embriaguez irrelevante para que o crime existisse. Somente “B” res-
mental Completa ponde por homicídio. Contudo, se ao emprestar a arma,
“A” de qualquer forma incentivou moralmente a atitude
de “B”, esse será partícipe do crime de homicídio.
Incompleto Retardado Caso for- Não houve nexo entre o homicídio e o empréstimo da
Força maior
tuito arma, nessa situação, a conduta de “A” é atípica.
Liame Subjetivo
De acordo com entendimento, essas são as causas justifi-
cantes para a exclusão da imputabilidade, podemos dizer que É a vontade de participar do crime. Pelo menos um agente
são subespécies da culpabilidade, e a espécie que compõem tem que querer participar do crime do outro.
os elementos do crime, juntamente com fato típico e a anti- Ex.: “A”, desafeto de “B”, posiciona-se para matá-lo. “C”,
juridicidade. também inimigo mortal de “B”, sabendo da vontade de
“A”, adere à vontade dele e juntos disparam a arma. Am-
Do Concurso de Pessoas bos responderão por homicídio como coautores.
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o cri- Identidade de Infração
me incide nas penas a este cominadas, na medida de O Código Penal adotou a teoria Unitária ou Monista, em
sua culpabilidade. que todos que concorrem para o crime, responderão pelo mes-
Sujeitos da infração penal: mo crime, na medida de sua culpabilidade (responsabilidade).
▷ Sujeito Ativo (quem comete a ação). • Teorias do Concurso de Pessoas
▷ Sujeito Passivo (quem sofre a ação). Teoria do Caput
Foco do estudo = Sujeito Ativo do Crime. ▷ Regra:
Quem pode ser sujeito ativo da infração penal: » Monista/ Igualitária / Unitária
▷ Maiores de dezoito anos: ▷ Exceção:
Menor comete ato infracional (tudo que representa crime, » Pluralista (não tem concurso de pessoas)
para o menor é ato infracional, que, na verdade, constitui um Ex.: Corrupção passiva e ativa.

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tipo específica, tratado no ECA). • Teoria do Autor
▷ Pessoas Jurídicas em atos lesivos ao meio ambien- ▷ REGRA:
te. » Restritiva (Código Penal)
As pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas penal- » Quem pratica o núcleo do tipo (verbo).
mente. ▷ EXCEÇÃO
O Concurso de Pessoas também conhecido como concurso » Domíno do Fato (Doutrina e Jurispridência)
de agentes, ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem » Teoria do Partícipe
para o mesmo crime. Colaborar ou concorrer para o crime é ▷ Acessoriedade Limitada
praticar o ato (moral ou material) que tenha relevância para a Não pratica o verbo; contudo, auxilia de qualquer forma.
» Moral: instigado ou induzido.
perpetração do ilícito. » Material: qualquer auxílio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Requisitos para que Ocorra ▷ Não Ocorre Concurso de Pessoas


» Autor Mediato (homem por traz)
o Concurso de Pessoas » Autoria Colateral
Pluralidade de Agentes » Participação Inócua (ineficaz)
Quem participa na execução do crime é coautor. Quem não » Crimes de concurso necessário
executa o verbo do tipo é partícipe. Ex.: Associação criminosa - Art. 288
Ex.: “A” segura “B” enquanto “C” o esfaqueia até a mor- A exceção é a teoria pluralista:
te. “A” e “C” são coautores do crime de homicídio. (divi- Ex.: Corrupção passiva e ativa.
são de tarefas no crime, ambos participam da execução) Autor (Teoria Restrita):
Ex.: “A” empresta arma para “B”. “B” usa-se da arma ▷ Quem pratica o núcleo do tipo (verbo).
para executar “C”. “B” é autor (executou) e “A” é partíci- Partícipe:
pe (auxiliou de forma material). ▷ Não pratica o verbo; contudo, auxilia de qualquer
O código penal adotou a Teoria Monista de agentes, ou forma.
seja, todos responderão pelo mesmo crime, independente, de » Moral: instigado ou induzido. 391
qual seja sua participação. » Material: qualquer auxílio.
392
Mandante = Partícipe.
Autor Mediato (não ocorre concurso):
3. Concurso de Crimes
▷ São usados como instrumentos do crime: Sabemos que, no Direito Penal, a prática de um crime leva
à aplicação de uma sanção penal.
» Inimputável.
Assim, segundo a lógica, entendemos que se um agente
» Doente mental.
cometer um crime, a ele será aplicada uma pena. Da mesma
» Coação irresistível.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

forma, se um agente cometer mais de um crime, para cada


» Obediência hierárquica. crime cometido será aplicada uma pena correspondente.
Exceção: Teoria Pluralista. Dessa forma, a matéria concurso de crimes vem explicar
Participação em Crime Diverso como deverão ser aplicadas as penas quando o agente, me-
diante uma ou várias condutas, cometer uma pluralidade de
§ 1º Se a participação for de menor importância, a pena
crimes.
pode ser diminuída de um sexto a um terço
Nesse sentido, o Código Penal Brasileiro traz três espécies
§ 2º Se algum dos concorrentes quis participar de cri-
de concurso de crimes: Concurso Material (Art. 69); Concurso
me menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter Formal (Art. 70) e Crime Continuado (Art. 71), que serão estu-
sido previsível o resultado mais grave. dados a seguir:
Há hipóteses, todavia, em que o partícipe colabora com Concurso Material
um crime e o autor, no momento da prática do ilícito vai além
do imaginado pelo partícipe. Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação
ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
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Ex.: É o caso em que dois indivíduos combinam um furto.


Sendo que, um deles fica esperando no carro da fuga e não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas
o outro entra na residência. No interior da casa, o autor de liberdade em que haja incorrido. No caso de apli-
além de furtar, encontra a moradora e contra ela dispara cação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
vários tiros. Nessa situação, por força do Art. 29, § 2º, do executa-se primeiro aquela.
CP, os agentes deverão responder por crimes diferentes. § 1º. Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido
O que ficou no carro por furto (pois era esse que queria aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por
praticar) e o autor, por latrocínio. um dos crimes, para os demais será incabível a substitui-
Executem o núcleo ção de que trata o Art. 44 deste Código.
Autor do tipo § 2º. Quando forem aplicadas penas restritivas de
Partícipe
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as
Coautor
que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
Cogitação Preparação Execução Consumação demais.
- Ajuste A principal característica do concurso material é a plurali-
Regra: teoria Monista,
- Determinação todos responderão pelo
dade de condutas.
- Instigação mesmo crime. Para se configurar o concurso material, devem estar pre-
- Auxílio Exceção: Teoria Pluralista, sentes os seguintes requisitos:
quem quis participar Requisitos Cumulativos:
- Se não chegar a ser tentado do crime menos grave,
(executado) não ocorre crime. ▷ Pluralidade de Condutas (mais de uma ação ou
responderá por ele.
Salvo se por si só configurar omissão).
crime autônomo. ▷ Pluralidade de Crimes (dois ou mais crimes, idênti-
cos ou não).
Circunstâncias Incomunicáveis Consequência: aplicação cumulativa das penas privativas
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as con- de liberdade. Ou seja, somam-se as penas de cada crime co-
dições de caráter pessoal, salvo quando elementares metido.
do crime.
Com mais Pratica dois Pena privativa de
Ex.: “A”, funcionário público, convida “B” para furtar re- de uma ação + ou mais crimes = liberdade aplicada
partição pública em que trabalha. “B”, desconhecendo a ou omissão (idênticos ou comulativamente
função de “A”, acaba aceitando. Nesse caso, “A” respon- não)
derá por peculato (Art. 312 CP) e “B” por furto (Art. 155
CP). Porém, caso “B” soubesse da função pública de “A”, Ex.: José, ao chegar em casa, encontra sua esposa com o
ambos responderiam por peculato. amante. Tomado pela raiva, José pega a sua arma de fogo
Art. 31. O ajuste, a determinação ou instigação e o e atira no amante, vindo a matá-lo. Logo em seguida, dis-
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não para contra sua esposa, que também morre no local.
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser No exemplo em questão, verifica-se a ocorrência do con-
tentado. curso material, uma vez que José, com mais de uma ação,
Ex.: “A” é induzido por “B” a cometer suicídio em mo- cometeu dois crimes. Dessa forma, José responderá pela
mento depressivo por qual passava, entretanto, “A” nada prática de dois homicídios dolosos, devendo as penas serem
faz. Nessa situação, a conduta de “B” é atípica. aplicadas de forma cumulativa.
No concurso material é indiferente para a aplicação da No entanto, se a conduta for dolosa e houver desígnios
pena se os crimes são idênticos ou não. No entanto, a doutrina autônomos (dolo de cometer isoladamente cada crime), por
traz a distinção entre concurso material homogêneo e hete- questão de justiça, será aplicada a regra do concurso material,
rogêneo. ou seja, aplicam-se as penas de forma cumulativa.
▷ Concurso Material Homogêneo: Os crimes pratica- Para se configurar o concurso formal impróprio devem es-
dos são idênticos. tar presentes, além dos requisitos do concurso formal próprio,
▷ Concurso Material Heterogêneo: Os crimes pratica- os seguintes requisitos:
dos são diferentes. Requisitos Específicos Cumulativos:
▷ Conduta Dolosa.
Concurso Formal ▷ Desígnios Autônomos.
Consequência: aplicação Cumulativa das penas privativas
Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omis-
de liberdade. Ou seja, somam-se as penas de cada crime co-
são, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-
metido.
lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente
uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto Com apenas
até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativa- uma ação ou Conduta dolosa Pena privativa de
mente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concor- omissão prati- + e desígnios autô- = liberdade aplicada
ca dois ou mais nomos comulativamente
rentes resultam de desígnios autônomos, consoante o dis- crimes
posto no artigo anterior.
Ex.: José, ao chegar em casa, encontra sua esposa com
Parágrafo único Não poderá a pena exceder a que seria
o amante. Tomado pela raiva, com intenção de matar os
cabível pela regra do Art. 69 deste Código.
dois, joga na direção deles uma granada, vindo a matar a
A principal característica do concurso formal é a Unidade sua esposa e o amante.
de Condutas. No exemplo em questão, verifica-se a ocorrência do con-
Quanto ao Concurso Formal, ele pode ser Próprio ou Im- curso formal impróprio, uma vez que José, ainda que com
próprio. apenas uma ação tenha cometido dois crimes, agiu de forma
Concurso Formal Próprio ou Perfeito dolosa e com desígnios autônomos. Dessa forma, José res-
ponderá pela prática de dois homicídios dolosos, devendo as
Art. 70, caput, 1ª parte penas serem aplicadas de forma cumulativa.
Para se configurar o concurso formal próprio, devem estar
presentes os seguintes requisitos: Crime Continuado
Requisitos Cumulativos: Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação
▷ Unidade de Condutas (uma só ação ou omissão). ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma es-

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▷ Pluralidade de Crimes (dois ou mais crimes, idênti- pécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
cos ou não). execução e outras semelhantes, devem os subsequen-
tes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-
Consequência: aplica-se a Exasperação da pena. Ou seja,
se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
se as penas forem diversas, aplica-se a mais grave; se idênti-
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso,
cas, aplica-se apenas uma delas, sendo em ambos os casos
de um sexto a dois terços.
aumentadas de um sexto até a metade.
A principal característica do Crime Continuado é a pre-
Exasperação sença do Nexo de Continuidade Delitiva, por meio do qual os
Penas diferentes:
Com uma Pratica dois ou aplica-se a mais grave crimes subsequentes serão concebidos como continuação do
ação ou + mais crimes = aumentada de 1/6 primeiro.
omissão (idênticos ou não) a 1/2 Por isso, o crime continuado é uma ficção jurídica, tendo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Penas idênticas: sido criado para beneficiar o réu, atenuando a pena imposta.
aplica-se apenas uma, Para se configurar o crime continuado devem estar pre-
aumentada de 1/6
a 1/2
sentes os seguintes requisitos:
Requisitos Cumulativos:
Ex.: Um motorista dirigindo em alta velocidade atropela
e mata três pessoas. ▷ Pluralidade de Condutas (mais de uma ação ou
omissão).
Concurso Formal Impróprio ou Imperfeito ▷ Pluralidade de Crimes da mesma espécie (dois ou
Art. 70, caput, 2ª Parte mais crimes da mesma espécie).
Art. 70, caput, 2ª parte. (...) As penas aplicam-se, entre- ▷ Nexo de Continuidade Delitiva (condições de tem-
tanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e po, lugar, maneira de execução e outras condições
os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, semelhantes).
consoante o disposto no artigo anterior. Consequência: aplica-se a exasperação da pena. Ou seja,
O Concurso Formal Impróprio possui os mesmos requisi- se as penas forem diversas, aplica-se a mais grave; se idênti-
tos do concurso formal próprio, isto é: unidade de condutas e cas, aplica-se apenas uma delas; sendo, em ambos os casos, 393
pluralidade de crimes. aumentadas de um sexto até dois terços.
Ex.: Um caixa de supermercado que subtrai diariamen- culposo pode ser resultado qualificado, mas crime autônomo
394 te uma pequena quantia do dinheiro de seu caixa. ele não é. Não temos infanticídio culposo também. Só o homi-
cídio admite a forma culposa.
Crime Continuado Específico
ou Qualificado Dos Crimes Contra a Vida
Art. 71, Parágrafo Único Homicídio Simples
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 71, Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra


Art. 121. Matar alguém:
vítimas diferentes, cometidos com violência ou gra- Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
ve ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a Caso de Diminuição de Pena
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
personalidade do agente, bem como os motivos e as de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a
observadas as regras do parágrafo único do Art. 70 e um terço.
do Art. 75 deste Código.
Homicídio Qualificado
Para a configuração do crime continuado específico, é neces-
§ 2º Se o homicídio é cometido:
sária a presença dos requisitos previstos no Art. 71, caput, mais os I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou
seguintes requisitos específicos: por outro motivo torpe;
ї Requisitos Específicos Cumulativos: II. Por motivo fútil;
▷ Crimes Dolosos. III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
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tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que pos-


▷ Vítimas Diferentes. sa resultar perigo comum;
▷ Violência e grave ameaça à pessoa. IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
Consequência: o juiz poderá aumentar a pena de um só lação ou outro recurso que dificulte ou torne im-
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o possível a defesa do ofendido;
triplo. V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
nidade ou vantagem de outro crime:
ї Para tanto, o juiz deverá considerar: Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
▷ Do agente:
» Culpabilidade. Feminicídio
» Antecedentes. VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo
» Personalidade. feminino:
▷ Motivos de circunstâncias do crime. VII. Contra autoridade ou agente descrito nos Arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
Multas no Concurso de Crimes sistema prisional e da Força Nacional de Segurança
Pública, no exercício da função ou em decorrência
Art. 72. No concurso de crimes, as penas de multa são
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou pa-
aplicadas distinta e integralmente.
rente consanguíneo até terceiro grau, em razão
4. Dos Crimes Contra a Pessoa dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de
2015).
Os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto, Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
por esse motivo, o direito à vida é relativo. § 2º-A. Considera-se que há razões de condição de
Ex.: Pena de morte em caso de guerra externa. (Art. 5º, sexo feminino quando o crime envolve:
XLVII, “a”, CF/88). O crime de homicídio, capitulado nos I. Violência doméstica e familiar;
crimes contra a vida, está descrito no Art. 121 do Código II. Menosprezo ou discriminação à condição de mu-
Penal, e versa sobre a eliminação da vida humana extrau- lher.
terina. § 7º A Pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
Vejamos no quadro abaixo quais são os crimes dolosos con- terço) até a metade se o crime for praticado:
tra a vida, e suas principais peculiaridades:
I. Durante a gestação ou nos 3 (três) meses poste-
Crimes Contra a Vida riores ao parto;
Homicídio (Art. 121, CP) São todos crimes de Ação II. Contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior
penal incondicionada. de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
Participação em Suicídio (Art. 122, CP) São Julgados pelo tribunal
III. Na presença de descendente ou de ascendente
do Júri.
Infanticídio (Art. 123, CP) Obs.: O homicídio culposo
da vítima.
é julgado pelo Juiz. Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Aborto (Arts. 124 a 126, CP) A Lei nº 13.104/2015 introduziu no Código penal uma nova
figura típica: o feminicídio. A pena para homicídio qualificado
Dos crimes culposos contra a vida, só temos o homicídio. é de 12 a 30 anos de prisão, e será aumentada em um terço se
Os demais não comportam a modalidade culposa, o aborto o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses pos-
teriores ao parto; se for contra adolescente menor de 14 anos • São autoridades previstas no Art. 142 da CF/88
ou adulto acima de 60 anos ou ainda pessoa com deficiência. Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Mari-
Também se o assassinato for cometido na presença de descen- nha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições
dente ou ascendente da vítima. nacionais permanentes e regulares, organizadas com
Conceito base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
Podemos definir como uma qualificadora do crime de homi- suprema do Presidente da República, e destinam-se
cídio motivada pelo ódio contra as mulheres, tendo como ente à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitu-
motivador por circunstâncias específicas em que o pertenci- cionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da
mento da mulher ao sexo feminino é central na prática do delito. ordem.
Entre essas circunstâncias estão incluídos: os assassinatos em • São autoridades do Art. 144 da CF/88
contexto de violência doméstica ou familiar e o menosprezo ou Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
discriminação à condição de mulher. responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
Temos essa qualificadora conhecida como crime fétido. da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
trimônio, através dos seguintes órgãos:
Razões de Gênero
I. Polícia federal;
A qualificadora do feminicídio não poderá ser provada por
um laudo pericial ou exame cadavérico, porque nem sempre II. Polícia rodoviária federal;
um assassinado de uma mulher será considerado “feminicí- III. Polícia ferroviária federal;
dio”. Assim, para ser configurada a qualificadora do feminicí- IV. Polícias civis;
dio, a acusação tem que provar que o crime foi cometido con- V. Polícias militares e corpos de bombeiros milita-
tra a mulher por razões da condição de sexo feminino. res.
O feminicídio foi acrescentado no § 2º-A. Essa conduta §8º Guardas municipais
tomou a forma de uma norma explicativa do termo razões da
condição de sexo feminino, podendo ocorrer em duas situações: Homicídio Culposo
▷ Violência doméstica e familiar; § 3º Se o homicídio é culposo:
▷ Menosprezo ou discriminação à condição de mulher; Pena - detenção, de um a três anos.
O § 7º do Art. 121 do CP estabelece causas de aumento de Aumento de Pena
pena para o crime de feminicídio. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
A pena será aumentada de 1/3 até a metade se for prati- (um terço), se o crime resulta de inobservância de re-
cado: gra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
▷ Durante a gravidez ou nos 3 meses posteriores ao deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procu-

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parto; ra diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
▷ Contra pessoa menor de 14 anos, maior de 60 anos evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
ou com deficiência; pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é pra-
▷ Na presença de ascendente ou descendente da ví- ticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
tima. de 60 (sessenta) anos.
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes cri- § 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá
mes, todos tipificados no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra-
de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que
tentados: a sanção penal se torne desnecessária.
I. homicídio (Art. 121), quando praticado em ativi- § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me-
dade típica de grupo de extermínio, ainda que co- tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

metido por um só agente, e homicídio qualificado pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
(Art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); grupo de extermínio.
Como todo homicídio qualificado, o feminicídio também é
considerado hediondo de acordo com o Art. 1º da Lei nº 8.072/90
Conceito
(Lei de Crimes Hediondos). O homicídio é morte injusta de uma pessoa praticada por
Essa qualificadora foi inserida pela Lei nº 13.142/2015, que outrem. De acordo com Nelson Hungria É o Crime por exce-
acrescentou objetivamente essa ação no rol dos crimes he- lência.
diondos no Art. 1º inciso I-A e também aumentou a pena de 1/3 No Art. 121, caput tem-se o chamado Homicídio Doloso Sim-
a 2/3 no Art. 129 (lesão corporal). ples. No Art. 121, § 1º, tem-se o chamado Homicídio Doloso Pri-
VII. Contra autoridade ou agente descrito nos Arts. vilegiado. O Art. 121, § 2 º, traz o Homicídio Doloso qualificado. O
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do Art.121, § 3º, traz o Homicídio Culposo. O Art. 121, § 4º, do CP traz
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança as Majorantes de Pena, o § 5º traz o Perdão Judicial.
Pública, no exercício da função ou em decorrência E o homicídio preterdoloso? Está previsto no Art. 129, § 3º do
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou pa- CP: é a lesão corporal seguida de morte.
rente consanguíneo até terceiro grau, em razão Homicídio não é genocídio, são dois crimes distintos. Nem 395
dessa condição: todo homicídio em massa vai ser genocídio. Para ser genocídio
tem que se enquadrar na lei, o propósito tem que ser de exter- Ex.: “A”, portador do vírus HIV (AIDS) e sabedor desta
396 minar total ou parcialmente um grupo étnico, social ou religioso. condição, com a intenção de matar, tem relação sexual
Se o objetivo não for esse, não temos o genocídio. Pode ser ge- com “B”, com o fim de transmitir voluntária e dolosa-
nocídio segregando membros de um grupo, impedindo o nasci- mente o vírus a este último. Nesta situação, após a trans-
mento no seio de um grupo. Foi o que Saddam Hussein fez com missão, enquanto “B” não morrer, “A” responderá por
os Curdos no Iraque. tentativa de homicídio, após a morte de “B”, “A” respon-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

derá por homicídio consumado.


Homicídio Simples
Art. 121. Matar alguém:
Homicídio Privilegiado
Sujeito Ativo: é crime comum, pode ser praticado por Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por
qualquer pessoa. motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o do-
mínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
Sujeito Passivo: da mesma forma, pode ser praticado por provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de
qualquer pessoa. Noronha entende que o Estado também fi- um sexto a um terço.
gura como vítima do homicídio, justificando existir um inte-
O Homicídio Privilegiado é caso de diminuição de pena,
resse do ente político na conservação da vida humana, sua
havendo diminuição de pena de 1/6 a 1/3. Essa diminuição de
condição de existência. pena é direito subjetivo do réu, sendo que, presentes os requi-
Alguns autores dizem ainda que, quando a vítima for Pre- sitos, o juiz deve reduzir a pena.
sidente da República, do Senado Federal ou da Câmara dos
Deputados, o crime pode ser contra a Segurança Nacional. Hipóteses Privilegiadoras
Pode estar enquadrado no Art. 121 do CP ou do Art. 29 da Lei • Se o agente comete o crime por motivo de relevan-
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nº 7.170/83, que é matar alguém com motivação política. Caso te valor social
isso ocorra, se está diante do Princípio da Especialidade. No valor social, o agente mata para atender os interesses
Conduta Punida de toda coletividade.
A conduta punível nesse tipo penal nada mais é que tirar a Ex.: Matar estuprador do bairro; matar um assassino que
vida de alguém. Atente-se para a diferença: aterroriza a cidade.
▷ Vida intrauterina: abortamento – aborto. • Se o agente comete o crime por relevante valor
▷ Vida extrauterina: homicídio ou infanticídio. moral: o agente mata para atender interesses par-
Quanto ao início do parto, existem três correntes: ticulares, diferente do valor social
▷ 1ª Corrente: dá-se com o completo e total despren- Esses interesses morais são ligados aos sentimentos de
dimento do feto das entranhas maternas; compaixão, misericórdia ou piedade.
▷ 2ª Corrente: ocorre desde as dores do parto; Ex.: Eutanásia; A mata B porque matou o filho.
Alguns autores salientam que há uma doutrina cada vez mais
▷ 3ª Corrente: ocorre com a dilatação do colo do útero.
recente de que a ortotanásia não seja crime, mas essa questão,
Forma de execução: trata-se de delito de execução livre, indagada em concurso do MP de SC, foi considerada tão crime
podendo ser praticado por ação ou omissão, meios de execu- como a eutanásia.
ção diretos ou indiretos.
• Se o agente comete o crime sob o domínio de vio-
Tipo Subjetivo: o Art. 121, caput é punido a título de dolo lenta emoção, logo em seguida a injusta provoca-
direto ou dolo eventual. ção da vítima - Homicídio Emocional
Verifica-se o dolo eventual quando o agente assumiu o
Atente-se que domínio não se confunde com mera influên-
risco de praticar a conduta delituosa. Atualmente os tribunais cia. A mera influência é uma atenuante de pena prevista no
vêm entendendo que quando o agente, embriagado, pratica Art. 65 do CP.
homicídio de trânsito, pode ser condenado pelo homicídio do
É necessário observar que o homicídio deve ocorrer logo
Art. 121 do CP, tendo em vista que, ao ingerir bebida alcoólica
após a injusta provocação da vítima, ou seja, deve haver ime-
e tomar a direção de um veículo, assumiu o risco de produzir
diatidade da reação (reação sem intervalo temporal). Entende
o evento danoso.
a jurisprudência que, enquanto perdurar o domínio da violenta
Consumação e Tentativa emoção, a reação será considerada imediata.
Trata-se de delito material ou de resultado, ou seja, o deli- Observa-se ainda que a provocação da vítima deve ser in-
to consuma-se com a morte. A morte dá-se com a cessação da justa, e isso não traduz, necessariamente, um fato típico. Pode
atividade encefálica. Cessando a atividade encefálica, o agente haver injusta provocação sem configurar fato típico, mas serve
será considerado morto, conforme se extrai da Lei nº 9.434/97 para configurar o homicídio emocional.
– Lei de Transplantes. A tentativa é possível, considerando que Ex.: Adultério.
o homicídio se trata de crime plurissubsistente, permitindo a Se for injusta a agressão da vítima, será caso de legitima
execução fracionamento. defesa.
O homicídio simples pode ser considerado crime hediondo O privilégio é sempre circunstância do crime. Sendo que
quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. as circunstâncias subjetivas são incomunicáveis, nos termos do
É o chamado homicídio condicionado. O homicídio pode ser Art. 30 do CP. Já as circunstâncias objetivas são comunicáveis,
praticado através de relações sexuais ou atos libidinosos. nos termos do Art. 30, in fine.
Circunstâncias Subjetivas Circunstâncias Objetivas Nesse inciso I o legislador aqui encerrou de forma genéri-
Não se comunicam. Comunicam-se. ca, o que permite a interpretação analógica, ou seja, permite
Ligam-se ao motivo ou estado anímico Ligam-se ao meio / modo
ao juiz a análise de outras situações que aqui podem se en-
do agente de execução quadrar.
Como as privilegiadoras aqui citadas são Por Motivo Fútil
subjetivas, não haverá comunicabilidade em Segundo alguns autores é aquele que ocorre quando o
relação aos demais autores do crime, logo
não se aplica ao coautor se não restarem móvel apresenta real desproporção entre o delito e a sua cau-
comprovados os mesmos requisitos. sa moral. Tem-se a pequeneza do motivo (matar por pouca
coisa).
Homicídio Qualificado Ex.: Briga de trânsito.
O homicídio qualificado é sempre crime hediondo. Tem caráter SUBJETIVO, pois se refere à motivação do
agente para cometer o crime.
Homicídio Qualificado
É um motivo insignificante, de pouca importância, comple-
§ 2º Se o homicídio é cometido:
tamente desproporcional à natureza do crime praticado.
I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe; Atente-se que, motivo fútil não se confunde com motivo
injusto, uma vez que a injustiça é característica de todo e qual-
II. Por motivo fútil;
quer crime - injusto penal.
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de Se não há motivo comprovado nos autos, poderá ser de-
que possa resultar perigo comum; nunciado por homicídio qualificado pelo motivo fútil? Aqui há
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimu- duas correntes:
lação ou outro recurso que dificulte ou torne im- 1ª Corrente: a ausência de motivos equipara-se ao motivo fú-
possível a defesa do ofendido; til, pois seria um contrassenso conceber que o legislador punisse
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impu- com pena mais grave quem mata por futilidade, permitindo que
nidade ou vantagem de outro crime: o que age sem qualquer motivo receba sanção mais branda. (MA-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. JORITÁRIA)
Motivo Torpe 2ª Corrente: a ausência de motivos não pode ser equiparada
É o motivo abjeto, ignóbil, vil, espelhando ganância. ao motivo fútil, sob pena de se ofender o princípio da reserva
É indagado se a qualificadora da torpeza se aplica também legal. É o que entende Cezar Roberto Bitencourt – para ele o
ao mandante, ou apenas para o executor. legislador que deve incluir a ausência de motivo no rol das qua-

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Alguns autores dizem que a resposta depende se se en- lificadoras.
tende que essa qualificadora é uma elementar ou se é circuns- Com Emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, As-
tância. Entendendo que se trata de circunstância, somente o
fixia, Tortura ou Outro Meio Insidioso ou Cruel,
executor responde pelo homicídio qualificado já que a circuns-
tância subjetiva não se comunica. Por outro lado, entendendo- ou de que Possa Resultar Perigo Comum
se que se trata de elementar subjetiva do crime, haverá co- Neste inciso, novamente se permite a interpretação analó-
municabilidade, estendendo-se a qualificadora ao mandante gica, trazendo alguns exemplos o inciso.
(ambos respondem pela qualificadora – mandante e executor). Tem caráter objetivo, pois se refere aos meios emprega-
Atualmente, prevalece a segunda hipótese, ou seja, que se dos pelo agente para o cometimento do homicídio.
trata de elementar subjetiva do crime, e mandante e executor
Esse inciso permite igualmente a interpretação analógica,
respondem pelo crime qualificado.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

trazendo como exemplos o emprego de veneno, fogo, explosi-


Mediante Paga ou Promessa de Recompensa vo, asfixia ou tortura.
No caso de o agente matar mediante paga ou promessa de
No caso do emprego de veneno, é imprescindível que a
recompensa de natureza diversa da econômica, por exemplo,
sexual, continua se tratando de motivo torpe, pois não deixa vítima desconheça estar ingerindo a substância letal.
de se ajustar ao encerramento genérico, somente não con- No caso de tortura, o sofrimento é aquele desnecessário da
figurando o exemplo dado no início do inciso. É o chamado vítima antes da sua morte.
homicídio mercenário. Homicídio qualificado pela Tortura com resultado morte (Art.
Esse homicídio mercenário que nada mais é que um exem- tortura (Art. 121, § 2º, III, CP) 1º, § 3º, Lei nº 9.455/97)
plo de torpeza. O executor é chamado de matador de aluguel. Morte DOLOSA. Morte PRETERDOLOSA.
O crime, mediante paga ou promessa, é crime de concur- O agente tem o dolo de torturar
O agente utiliza a tortura para
so necessário (plurisubsistente – plurilateral – plurisubjetivo), provocar a morte da vítima.
a vítima, e da tortura resulta
exigindo-se pelo menos duas pessoas (mandante e executor). culposamente sua morte.
Neste caso, necessariamente a natureza é econômica, logo Competência do tribunal do júri. Competência do juiz.
se a vantagem era promessa sexual, entre outras, não incidirá A tortura foi o meio utilizado A tortura foi o fim desejado, mas a 397
a qualificadora. para a morte. morte foi culposa.
A Traição, de Emboscada, ou Mediante Dis- Homicídio Culposo
398 simulação ou Outro Recurso que Dificulte ou § 3º Se o homicídio é culposo:
Torne Impossível a Defesa do Ofendido Pena - detenção, de um a três anos.
O legislador cita como exemplos a traição, emboscada ou
dissimulação, finalizando de maneira genérica o que também Conceito
permite a interpretação analógica. Ocorre o homicídio culposo quando o agente realiza uma
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Tem caráter objetivo (modo de execução do crime). conduta voluntária, com violação de dever objetivo de cuida-
do a todos imposto, por negligência, imprudência ou impe-
Conceitos:
rícia, produzindo, por consequência, um resultado (morte)
Traição: ataque desleal, quebra de confiança. involuntário, não previsto e nem querido, mas objetivamente
Emboscada: aquele que ataca a vítima com surpresa. Ele previsível, que podia ter sido evitado caso observasse a devida
se oculta para surpreender a vítima. atenção.
Dissimulação: significa fingimento, disfarçando o agente
Modalidades de Culpa
a sua intenção hostil.
Ex.: Aquele que convida para ir à casa de outrem e, lá Culpa negativa. O agente deixa de fazer aquilo que a
Negligência cautela manda.
chegando, mata o convidado.
Ex.: Viajar de carro com os freios danificados.
Para Assegurar a Execução, Ocultação, a Im- Culpa positiva. O agente pratica um ato perigoso.
Imprudência
punidade ou Vantagem de Outro Crime Ex.: Trafegar com veículo no centro da cidade a 180 km/h.
Tem caráter subjetivo (refere-se aos motivos do crime). Culpa profissional. É a falta de aptidão para o
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Trata das hipóteses de conexão teleológica e consequencial. exercício de arte, profissão ou ofício para a qual o
agente, apesar de autorizado a exercê-la, não possui
ї Quando se comete o crime para assegurar a execução, Imperícia conhecimentos teóricos ou práticos para tanto.
classifica-se o homicídio como qualificado teleológico. Ex.: Médico ginecologista que começa a realizar
Ex.: “A” pretendendo cometer um crime de extorsão me- cirurgias plásticas sem especialização para tanto.
diante sequestro contra uma pessoa muito importante e Por se tratar de infração de médio potencial ofensivo (já
para assegurar a execução mata o segurança do empresário. que a pena mínima é de um ano) há possibilidade de suspen-
ї Já no homicídio consequencial são as seguintes hipóteses: são condicional do processo.
Conexão Consequencial Já quando ocorre o delito previsto no Art. 302 do CTB –
Quer evitar a descoberta do crime cometido pelo agente. homicídio culposo na condução de veículo automotor – a pena
Ocultação é detenção de dois a quatro anos + a suspensão ou proibição
Ex.: Ocultar o cadáver após o homicídio.
O criminoso procura evitar que se descubra que ele foi da permissão de conduzir veículo.
Impunidade o autor do crime. Art. 121, §3º, CP Art. 302, CTB
Ex.: Matar a testemunha ocultar de um crime.
O agente que usufruir a vantagem decorrente da Norma especial: na direção de
Norma geral
prática de outro crime. veículo automotor.
Vantagem
Ex.: Um ladrão mata o outro para ficar com todo o A pena é de 02 a quatro anos
dinheiro do roubo praticado por ambos. Pena varia de 01 a 03 anos à infração
à infração penal de grande
penal de médio potencial ofensivo.
O STF tem admitido a coexistência do privilégio (caráter sub- potencial ofensivo.
jetivo) com as qualificadoras de caráter objetivo (chamado homi- Não admite suspensão condi-
cídio privilegiado-qualificado). Admite a suspensão do processo.
cional do processo.
Ex.: “A” matou “B” envenenado porque este último es-
tuprou a filha de “A”. Aumento de Pena
O homicídio privilegiado-qualificado não é considerado § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3
hediondo (pois a existência do privilégio afasta a hediondez (um terço), se o crime resulta de inobservância de re-
do homicídio qualificado). gra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
Matar por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico, deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procu-
não qualifica o crime. ra diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
O crime futuro deve ocorrer para gerar a conexão teleoló- evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
gica? O crime futuro não precisa ocorrer para gerar esta quali- pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é pra-
ficadora, bastando matar para essa finalidade. ticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior
de 60 (sessenta) anos.
Há possibilidades do homicídio qualificado ser privilegia-
do? Sim. Há essa possibilidade, quando as qualificadoras são Aqui se tem o rol das majorantes do homicídio doloso e o
objetivas. rol das majorantes do homicídio culposo.
Ou seja, uma da privilegiadoras, e uma das qualificadoras • Aumento de pena de 1/3
do meio cruel ou da torpeza (objetivas). Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de
Para a maioria da doutrina, o homicídio qualificado quan- profissão, arte ou ofício: neste caso, apesar do agente dominar
do também privilegiado não será hediondo, uma vez que o a técnica, não observa o caso concreto. É diferente da imperí-
privilégio é preponderante. cia, pois nessa hipótese, o agente não domina a técnica.
Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima: grave que a sanção penal se torne desnecessária.
neste caso, é necessário para a incidência da majorante que o Ex.: Pai culposamente atropela filho na garagem de casa.
socorro seja possível, e que o agente não tenha risco pessoal Natureza jurídica da sentença concessiva de perdão ju-
na conduta. dicial: De acordo com a Súmula 18 do STJ: A sentença conces-
Não incide aumento quando terceiros prestarem socorro siva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibili-
ou morte instantânea incontestável. dade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
Neste caso, não incide também o Art. 135 do CP (omissão
Perdão Judicial e Código de Trânsito Brasileiro: O perdão
de socorro), para evitar o bis in idem.
judicial no CTB estava previsto no Art. 300, mas este foi vetado.
De acordo com o STF, se o autor do crime, apesar de reunir
condições de socorrer a vítima não o faz, concluindo pela inutilida- Causa Específica de Aumento de Pena
de da ajuda em face da gravidade da lesão, sofre a majorante do § 6º. A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me-
Art. 121, § 4º, do CP: tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
Se não procura diminuir as consequências do seu ato; pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
Se foge para evitar prisão em flagrante: para a maioria da grupo de extermínio.
doutrina esta majorante é aplicável, pois o agente demonstra, ao Esse parágrafo foi introduzido no Código Penal pela Lei nº
fugir do flagrante, ausência de escrúpulo e diminuta responsabili- 12.720 de 27 de setembro de 2012, juntamente com a mudança
dade moral, lembrando que prejudica as investigações. no § 7º do crime de lesão corporal (Art. 129 do CP) e o novo
Para a doutrina moderna, essa majorante não deveria incidir,
crime de constituição de milícia privada (Art. 288-A do CP).
pois a pessoa estaria obrigada, nessa hipótese, a produzir prova
contra si mesma, o que vai de encontro ao instituto de liberdade, É uma majorante de concurso necessário, visto que um
e já que a fuga sem violência não é crime e daí que não poderia grupo não pode ser constituído por uma ou duas pessoas.
também incidir essa majorante. (Defensoria Pública). O legislador omitiu qual o número mínimo exigido para a
No homicídio doloso a pena é aumentada de 1/3 se o crime configuração desses grupos de extermínio ou milícias, mas a
é praticado contra:
interpretação que predomina é de no mínimo 03 pessoas.
▷ Menor de 14 anos;
Para que ocorra essa causa especial de aumento de
▷ Maior de 60 anos (não abrange aquele que tem ida-
de igual a 60 anos). pena, se faz necessário um especial fim de agir do grupo
A idade da vítima deve ser conhecida pelo agente. de milícia privada (pretexto de prestação de serviço de
segurança). Essa majorante também é aplicada se for co-
E se, quando do disparo de arma de fogo, a vítima tenha
menos de 14 anos, e quando falece já é maior de 14, incide a metida por somente um integrante do grupo, somente se
majorante? SIM, neste caso analisa-se se na ocasião da ação a o referido homicídio já teria sido planejado pela milícia an-
teriormente.

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vítima era menor de 14 anos.
• Perdão Judicial Ex.: O que ocorre nas favelas do Rio de Janeiro.
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá Induzimento, Instigação ou
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra-
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que
Auxílio ao Suicídio
a sanção penal se torne desnecessária. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
Conceito: Segundo alguns autores, perdão judicial é o insti- prestar-lhe auxílio para que o faça:
tuto pelo qual o Juiz, não obstante a prática de um fato típico e Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
ilícito, por um agente comprovadamente culpado, deixa de lhe consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentati-
aplicar, nas hipóteses taxativamente previstas em lei, o preceito va de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
sancionador cabível, levando em consideração determinadas cir- Parágrafo único. A pena é duplicada:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

cunstâncias que concorrem para o evento.


Aumento de Pena
O perdão judicial somente é concedido após a sentença.
I. Se o crime é praticado por motivo egoístico;
O perdão judicial é uma causa extintiva da punibilidade.
E caso seja indagado pelo examinador acerca da diferença do II. Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qual-
perdão judicial para o perdão do ofendido, é necessário ob- quer causa, a capacidade de resistência.
servar que: Introdução
Perdão Judicial Perdão do Ofendido Para o Direito Penal Brasileiro, não é passível de punição a
conduta do agente que tem como objetivo o extermínio da sua
É ato unilateral (não precisa ser É ato bilateral (precisa ser aceito própria vida, ou seja, aquele que comete o suicídio (autocídio/
aceito pelo agente). pelo agente).
autoquíria), bem como a possível lesão que o sujeito venha a
sofrer caso sua tentativa não obtenha sucesso, devido à falta
Homicídio culposo ou lesão corporal
culposa.
Somente na ação penal privada. de previsão legal para tal conduta.
Contudo, o objetivo da norma penal ao tipificar essa con-
O perdão judicial somente ocorre no homicídio culposo, se duta é punir o agente que participa na ocorrência do crime, au- 399
as circunstâncias da infração atingirem o agente de forma tão xiliando, induzindo ou instigando alguém a cometer o suicídio.
Classificação O auxílio deve ser eficaz, ou seja, precisa contribuir efetiva-
400 É crime simples, comum, e material, pois sua consumação mente para o suicídio. Desse modo, se “A” empresta uma arma
exige resultado. É crime de forma livre. Pode ser praticado por de fogo para “B” se matar, mas este acabe utilizando uma corda
ação ou por omissão IMPRÓPRIA, quando presente o dever de (enforcamento), nesse caso, a conduta de “A” será atípica.
agir. (Art. 13, § 2º, CP) Apontamentos
Condutas acessórias à prática do suicídio: Exige-se que o agente imprima seriedade em sua condu-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

▷ Induzir: Implantar a ideia. ta, querendo que a vítima efetivamente se suicide (dolo).
▷ Instigar: Reforçar a ideia preexistente. Não há crime se o agente fala, por brincadeira, para a víti-
▷ Auxiliar: Intromissão no processo físico de causação. ma se matar e esta realmente se mata.
Sujeitos Não caracteriza constrangimento ilegal a coação (força)
exercida para impedir o suicídio (Art. 146, § 3º, II, CP).
Sujeito Ativo: crime comum, pode ser praticado por qual-
quer um. Causas de Aumento de Pena
Sujeito Passivo: alguém que tenha capacidade para agir, (Art. 122, Parágrafo Único) A pena será duplicada
se o crime for cometido:
pois caso contrário será crime de homicídio. Se ela tiver relati-
va capacidade (de 14 até fazer 18 anos – Art. 224, “a” e 217-A, É o que revela individualismo exagerado.
O agente almeja alcançar algum proveito,
CP), incorrerá na pena do Art. 122, parágrafo único, II, CP. econômico ou não, como consequência do
Natureza Jurídica do Art. 122, CP: Nelson Hungria, Luiz Re- suicídio da vítima.
gis Prado, Aníbal Bruno e Rogério Greco – Condição Objetiva Por motivo egoístico Ex.: filho único induz o pai a se suicidar para
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de Punibilidade, porque o crime se perfaz quando se instiga, ficar com sua herança. O Vice-presidente
de uma empresa instiga o presidente (o
induz ou auxilia. Mas a lei condiciona a punibilidade dessa con- qual está com depressão) a se matar para
duta à ocorrência do suicídio, ou pelo menos da lesão grave. assumir seu cargo.
São resultados que se encontram fora do Tipo e, por isso, são ATENÇÃO: A vítima tem que ser menor de
condições que a Lei coloca para que o Estado possa exercer o Se a vítima é menor 18 e maior que 14 anos. Caso a vítima seja
ius puniendi. menor de 14 anos o crime será de homicídio.
Art. 13, § 2º, CP. A omissão é penalmente relevante É a pessoa mais propensa a ser influenciada
quando o omitente devia e podia agir para evitar o re- pela participação em suicídio.
sultado. O dever de agir incumbe a quem: Se a vítima tem di-
Ex.: pessoa parcialmente embriagada,
minuída, por qualquer
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção sob efeito de entorpecente, com idade
causa, a capacidade
ou vigilância; avançada.
de resistência
Obs.: Se o ébrio estiver completamente
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de
inconsciente o crime será homicídio.
impedir o resultado;
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco Pacto de Morte ou Suicídio a Dois
da ocorrência do resultado.
Duas pessoas resolvem se suicidar conjuntamente. Ex.: câmara de gás.
A conduta só é punida na forma dolosa (o agente que par-
Podem ocorrer as seguintes situações:
ticipa), NÃO existindo previsão para modalidade culposa.
Descrição do crime: é conhecido também como o crime de “A” e “B” sobre-
viveram e não
participação em suicídio. Ademais, a participação deve dirigir- ocorreu lesão
Os dois abriram a Os dois responderão por
se a pessoa(as) determinada (as), pois NÃO é punível a parti- torneira de gás. tentativa de homicídio.
corporal grave (ou
cipação genérica (um filme, livro, que estimule o pensamento gravíssima).
suicida). “A” e “B” sobre-
“A” responderá por tentati-
Sendo a conduta criminosa composta de vários verbos viveram e não
“A” abriu a va de homicídio e “B” não
(induzir, instigar, auxiliar), ainda que o agente realize as três ocorreu lesão
torneira. responderá por nada (Fato
corporal grave (ou
condutas, o crime será único, respondendo desta forma, ape- gravíssima).
Atípico).
nas pelo Art. 122 do CP.
“A” e “B” sobre-
Considerações viveram, mas “B”
“A” responderá por tenta-
“A” abriu a tiva de homicídio e “B” re-
Na participação material, o auxílio deve ser acessório, ficou com lesão
torneira. sponderá por participação
pois, caso seja direto e imediato, o crime será o de homicí- corporal grave (ou
em suicídio (Art. 122).
gravíssima).
dio, visto que o sujeito não pode, em hipótese alguma, realizar
uma conduta apta a eliminar a vida da vítima. “A” morreu e “B” “A” abriu a
“B” responderá por
Ex.: “A” empresta sua arma de fogo para “B”, contudo, participação em suicídio
sobreviveu. torneira.
(Art. 122).
“B” solicita para que esse (“A”) efetue o disparo em sua
cabeça. “A” morreu e “B” “B” abriu a “B” responderá por
sobreviveu. torneira. homicídio.
Roleta-Russa e Duelo Americano na qualidade de partícipe. Mas aqui surgem duas correntes em
face da injustiça existente:
Os Sobreviventes Responderão pelo Crime: Corrente Majoritária: o médico responde pelo Art. 121 do
A arma de fogo (revólver) é municiada com um CP e a parturiente responde pelo Art. 123 para sanar a injustiça
único projétil, sendo o gatilho acionado por ambos existente.
Roleta-russa os participantes – conforme sua ordem – girando o Sujeito Passivo: é próprio, ou seja, somente aquele que é
“tambor” da arma a cada nova tentativa. “A” gira o
tambor, mira em sua cabeça, e aciona o gatilho. o nascente (durante o parto) ou neonato (logo após o parto).
Diante da especialidade, tanto do sujeito ativo como do
Existem duas armas, sendo que apenas uma sujeito passivo, o crime é considerado bipróprio.
está municiada, cada um escolhe a sua e efetiva
Duelo-Americano Supondo que a mãe mate aquele que supõe ser seu filho,
o disparo contra si mesmo, desconhecendo qual
efetivamente está carregada. mas na verdade é filho de outrem. Nesse caso continuará res-
pondendo pelo crime de infanticídio, diante da aplicação do
Infanticídio Art. 20 do CP, que determina a consideração das qualidades
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o da vítima virtual.
próprio filho, durante o parto ou logo após: Conduta
Pena - detenção, de dois a seis anos. A conduta punível é tirar a vida extrauterina do próprio fi-
Conceito lho, durante ou logo após o parto.
O Art. 123 do CP é um homicídio especial, dotado de especia- ї Tem-se o matar + as seguintes especializantes:
lizastes, possuindo pena menor, o que implica o fato de ser consi- Elemento temporal constitutivo do tipo: durante ou logo
derado Homicídio Privilegiado. após o parto. Se for antes do parto, o crime é de aborto. Se,
após o parto, o crime é de homicídio.
Requisitos Influência do estado puerperal: a doutrina afirma que, o
▷ Praticado pela própria mãe contra seu filho; logo após perdura enquanto presente a influência do estado
▷ Durante ou logo após o parto; puerperal. Enquanto a gestante estiver sob a influência do es-
▷ Contra recém-nascido (neonato); tado puerperal, o elemento temporal constitutivo estará pre-
▷ Sob influência de estado puerpério (lapso temporal sente. Estado puerperal é um desequilíbrio fisio-psíquico.
até que a mulher volte ao ciclo menstrual normal). Estado puerperal: Conforme Sanches, é o estado que
Trata-se de um crime próprio (praticado pela própria envolve a parturiente durante a expulsão da criança do
mãe). ventre materno, produzindo profundas alterações psíqui-
cas e físicas.
É um crime comissivo (ação) ou omissivo (omissão im-
Puerpério é o período que se estende do início do parto

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própria), sendo também um crime material, consuma-se, efe-
até a volta da mulher às condições pré-gravidez.
tivamente, com a morte da vítima.
É preciso, também, que haja uma relação de causa e efei-
Sujeitos to entre o estado puerperal e o crime, pois nem sempre ele
Sujeito Ativo: o sujeito ativo aqui é a mãe, sob influência produz perturbações psíquicas na parturiente. Esse alerta se
do estado puerperal. encontra na exposição de motivos do CP.
Indaga-se se o crime em questão admite concurso de pes- Dependendo do grau do estado puerperal é possível que
soas (coautoria e participação)? a parturiente seja tratada como inimputável ou semi-imputá-
Sobre essa pergunta existem duas correntes: vel? Sim. Dependendo do grau de desequilíbrio fisio-psíquico,
a parturiente pode sofrer o mesmo tratamento do inimputável
1ª Corrente: o estado puerperal é condição personalís- ou semi-imputável. Essa é a posição de Mirabete.
sima incomunicável, logo, não admite concurso de pessoas.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Mas atente-se que o CP não reconhece essa condição perso- Tipo Subjetivo
nalíssima – não tem previsão do Art. 30 do CP. O crime descrito no Art. 123 é punido a título de dolo, não
2ª Corrente: o estado puerperal é condição pessoal comu- havendo possibilidade de punição na modalidade culposa.
nicável, pelo que é admitido o concurso de agentes. (Majori- Consumação e tentativa:
tária) O crime se consuma com a morte, sendo perfeitamente
ї Alguns autores dividem dessa forma: possível a tentativa.
1ª Situação: parturiente e médico matam o nascente ou
neonato. Parturiente responde pelo Art. 123 e o médico tam-
Aborto Provocado pela Gestante
bém responde pelo Art. 123 em coautoria. ou com seu Consentimento
2ª Situação: parturiente, auxiliada pelo médico, mata nas- Art. 124. Provocar aborto em si mesma ou consentir
cente ou neonato. A parturiente responde pelo Art. 123 e o mé- que outrem lhe provoque:
dico também, como partícipe. Pena - detenção, de um a três anos.
3ª Situação: médico, auxiliado pela parturiente, mata nas- O crime de aborto ocorre quando há a interrupção da gra-
cente ou neonato. O médico responderá pelo crime de homi- videz, ocasionando a morte do produto da geração, procria- 401
cídio e a parturiente, também responderia pelo Art. 121 do CP ção, concepção, ou seja, é a eliminação da vida intrauterina.
Sob o aspecto jurídico, a gravidez tem início com a nidação Consumação e Tentativa
402 (implantação do óvulo fecundado no útero – parede uterina). Ocorre com a morte do feto. É dispensável a expulsão do
Portanto, não há crime de aborto quando da utilização de produto da concepção.
meios que inibem a fixação do ovo na parede uterina. É o que É admitida a tentativa.
ocorre com o DIU (diafragma intrauterino).
Espécies de Aborto Classificação Doutrinária
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Criminoso Interrupção dolosa da gravidez (Arts. 124 a 127, CP).


O aborto é crime: material, próprio e de mão própria ou co-
mum, instantâneo, comissivo ou omissivo, de dano, unissubjetivo,
Não há crime por expressa previsão legal. Art. 128, CP:
unilateral ou de concurso eventual, plurissubjetivo ou de concurso
I) Quando não há outro meio para salvar a vida da
Legal ou
gestante (aborto necessário ou terapêutico);
necessário, plurissubsistente, de forma livre, progressivo.
Permitido O Art. 20 da LCP diz que constitui contravenção penal a
II) Quando a gravidez resulta de estupro (aborto
sentimental ou humanitário). conduta de anunciar processo, substância ou objeto destinado
Natural Interrupção espontânea da gravidez. Não há crime. a provocar aborto.

Acidental
A gestante sofre um acidente qualquer e perde o Análise do Tipo Penal
bebê. Não é crime, por ausência de dolo.
1ª parte: provocar aborto em si.
Eugênico ou Interrupção da gravidez para evitar o nascimento da É o autoaborto, um crime próprio e de mão própria.
Eugenésico criança com graves deformidades genéticas. É crime.
Admite participação:
Econômico Interrupção da gravidez para não agravar a situação de
ou Social miséria enfrentada pela mãe ou por sua família. É crime. Ex.: Mulher gestante ingere medicamento abortivo que
lhe foi dado por seu namorado e provoca o aborto. Nesta
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Objetividade Jurídica situação a gestante é autora de autoaborto e seu namo-


Vida humana. No aborto provocado por terceiro SEM o con- rado é partícipe (induzir, instigar ou auxiliar) deste crime.
sentimento da gestante (Art. 125), protege-se também a integri- Todavia, se o namorado tivesse executado qualquer ato
dade física e psíquica da gestante. de provocação do aborto seria autor do crime previsto no
Art. 126, CP (aborto com o consentimento da gestante).
Objeto Material O partícipe do autoaborto, além de responder por este
O produto da concepção (óvulo fecundado, embrião ou crime, pratica ainda homicídio culposo ou lesão corporal cul-
feto). posa se ocorrer morte ou lesão corporal grave em relação à
Deve haver prova da gravidez, pois se a mulher não está gestante, pois o disposto no Art. 127 não se aplica ao crime do
grávida, ou se o feto já havia morrido por outro motivo qual- Art. 124.
quer será crime impossível por absoluta impropriedade do Quanto à gestante que provoca aborto em si mesma, o
objeto (Art. 17, CP). aborto legal ou permitido, duas situações podem ocorrer:
O feto deve estar alojado no útero materno. Desse modo, ▷ Se for aborto necessário ou terapêutico: não há cri-
se ocorrer a destruição de um tubo de ensaio que contém um me (estado de necessidade);
óvulo fertilizado in vitro não haverá aborto. ▷ Se for aborto sentimental ou humanitário: há crime,
O feto não necessita ter viabilidade. Basta que esteja vivo pois nesta modalidade somente é autorizado no
antes do crime. aborto praticado pelo médico.
Sujeitos do Crime 2ª parte: consentir para que 3º lhe provoque o aborto.
Sujeito Ativo: Os crimes do Art. 124, CP são de mão pró- O legislador criou uma exceção à teoria monista ou unitá-
pria, pois somente a gestante pode provocar aborto em si ria no concurso de pessoas (Art. 29, Caput, CP) e criou crimes
mesma ou consentir que um terceiro lhe provoque. Não admi- distintos: a gestante responde pelo Art. 124, 2ª parte, CP e o
tem coautoria, mas admite participação. É crime comum nos terceiro que provoca o aborto responde pelo Art. 126, CP.
demais casos. Esse crime é de mão própria, pois somente a gestante
Sujeito Passivo: é o feto. No aborto provocado por terceiro pode prestar o consentimento. Não admite coautoria, mas ad-
SEM o consentimento da gestante (Art. 125) as vítimas são o mite participação.
feto e a gestante. A gestante dever ter capacidade e discernimento para
É crime de forma livre. Pode ser praticado de forma co- consentir (ser maior de 14 anos e ter integridade mental). E o
missiva ou omissiva (Ex.: deixar dolosamente de ingerir me- consentimento deve ser válido (isento de fraude e não tenha
dicamentos necessários para a preservação da gravidez). Se, sido obtido por meio de violência ou grave ameaça).
contudo, o meio de execução for absolutamente ineficaz será Aborto Provocado por Terceiro
crime impossível (Ex.: despachos, rezas e simpatias).
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da
Elemento Subjetivo gestante:
É o dolo, direto ou eventual. Pena - reclusão, de três a dez anos.
Não existe o crime de aborto culposo Sujeito ativo: qualquer pessoa
Se a própria gestante agir culposamente e ensejar o abor- Sujeito passivo: produto da concepção e a gestante.
to, o fato será atípico. Já o terceiro que provoca aborto por Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da
culpa responde por lesão corporal culposa contra a gestante. gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos. Se o aborto necessário for realizado por ENFERMEIRA, ou
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se por qualquer pessoa que não o médico, duas situações podem
a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ocorrer:
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido me- ▷ Há perigo atual para a gestante: estado de necessi-
diante fraude, grave ameaça ou violência. dade (Art. 24, CP);
Considerações ▷ Não há perigo atual: há crime de aborto.
É crime de concurso necessário. Aborto no Caso de Gravidez Resultante de Estupro
O legislador criou uma exceção à teoria monista ou unitá- II. Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é pre-
ria no concurso de pessoas (Art. 29, Caput, CP) e criou crimes cedido de consentimento da gestante ou quando
distintos: a gestante responde pelo Art. 124, 2ª parte, CP e o incapaz, de seu representante legal.
terceiro que provoca o aborto responde pelo Art. 126, CP. Necessita de três requisitos:
O consentimento da gestante (expresso ou tácito) deve ▷ Ser praticado por médico;
subsistir até a consumação do aborto. Se durante a prática ▷ Consentimento válido da gestante ou de seu repre-
do crime ela se arrepender e solicitar ao terceiro a parali- sentante legal (se for incapaz);
sação das manobras letais, mas não for obedecida, para ela ▷ Gravidez resultante de estupro.
o fato será atípico, e o terceiro responderá pelo crime do
Nesta hipótese, como não há perigo atual para a vida da
Art. 125, CP.
gestante, haverá o crime de aborto se praticado por qualquer
Se três ou mais pessoas associarem-se para o fim de pessoa que não seja o médico.
praticarem abortos, responderão pelo crime de Associação O aborto será permitido mesmo que a gravidez resulte
Criminosa (Art. 288, CP) em concurso material com os abor- de ato libidinoso diverso da conjunção carnal (Ex.: Sexo anal,
tos efetivamente realizados. estupro de vulnerável) em razão da mobilidade dos esperma-
Se não tiver o consentimento da gestante responde pelo tozoides. É considerada uma hipótese de analogia in bonam
Art. 125 do CP. partem.
Caso a gestante consentir, mas seu consentimento não Não se exige autorização judicial para a realização desta
seja válido, por se enquadrar em alguma das hipóteses do pa- espécie de aborto permitido.
rágrafo único do Art. 126 (gestante não maior de 14 anos ou
alienada mental ou consentimento obtido através de fraude, Considerações
grave ameaça ou violência), os agentes responderão pelo cri- São causas especiais de exclusão da ilicitude. Embora o
me do Art. 125 do CP. aborto praticado em tais situações seja fato típico, não há cri-
Forma Qualificada me pelo fato de serem hipóteses admitidas pelo ordenamento

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jurídico.
Art. 127. As penas cominadas nos dois artigos anterio- Ambos devem ser praticados por médico (este não precisa
res são aumentadas de um terço, se, em consequência de autorização judicial para realizar estas espécies de aborto).
do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são Aborto sentimental também é autorizado quando a gra-
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobre- videz decorrer de estupro de vulnerável (analogia in bonam
vém a morte. partem).
Esses resultados são preterdolosos advindos da prática Aborto Econômico: não está previsto no ordenamento ju-
abortiva, ou seja, são resultados que só poderão ser imputa- rídico. Se praticado será crime de aborto.
dos a título de culpa. Se houver dolo em relação a esses resul- De acordo com o Código Penal, existem apenas duas moda-
tados haverá concurso. lidades permissivas de aborto previstas no Art. 128 do CP (abor-
to necessário e aborto sentimental).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Aborto Necessário No entanto, em abril de 2012, o STF no julgamento da


Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: ADPF 54 passou a admitir uma terceira modalidade: o aborto
Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; de feto anencefálico (malformação fetal que leva à ausência de
Depende de dois requisitos: cérebro e à impossibilidade de vida).
▷ Que a vida da gestante corra perigo em razão da Para tanto, não há necessidade de autorização judicial.
gravidez; Basta um laudo formal do médico atestando a anencefalia e a
▷ Que não exista outro meio de salvar sua vida. (Desse inviabilidade de vida.
modo, há crime de aborto quando interrompida a O aborto de feto anencefálico é uma espécie de aborto
gravidez para preservar a saúde da gestante). eugênico.
O risco para a vida da gestante não precisa ser atual. Basta
que exista, isto é, que no futuro possa colocar em perigo a vida Das Lesões Corporais
da mulher. Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
Não necessita do consentimento da gestante e não haverá outrem:
crime quando a gestante se recusa a fazê-lo e o médico provo- Pena - detenção, de três meses a um ano. 403
ca o aborto necessário. Lesão Corporal de Natureza Grave
§ 1º Se resulta: § 12 Se a lesão for praticada contra autoridade ou
404 I. Incapacidade para as ocupações habituais, por agente descrito nos Arts. 142 e 144 da Constituição
mais de trinta dias; Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
II. Perigo de vida; Nacional de Segurança Pública, no exercício da função
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, com-
III. Debilidade permanente de membro, sentido ou
panheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,
função;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

em razão dessa condição, a pena é aumentada de um


IV. Aceleração de parto: a dois terços.
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Essa qualificadora foi inserida pela Lei nº 13.142/2015.
§ 2º Se resulta: São autoridades previstas no Art. 142 da CF/88:
I. Incapacidade permanente para o trabalho; Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
II. Enfermidade incurável; rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são institui-
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou ções nacionais permanentes e regulares, organiza-
função; das com base na hierarquia e na disciplina, sob a
IV. Deformidade permanente; autoridade suprema do Presidente da República, e
V. Aborto:
destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos po-
deres constitucionais e, por iniciativa de qualquer
Pena - reclusão, de dois a oito anos. destes, da lei e da ordem.
Lesão Corporal Seguida de Morte São autoridades do Art. 144 da CF/88:
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
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que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
de produzi-lo: da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. trimônio, através dos seguintes órgãos:
Diminuição de Pena: I. Polícia federal;
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo de II. Polícia rodoviária federal;
relevante valor social ou moral ou sob o domínio de vio- III. Polícia ferroviária federal;
lenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da IV. Polícias civis;
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
V. Polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Substituição da Pena:
§8º Guardas municipais
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda
Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integrida-
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzen-
de corporal ou à saúde de outra pessoa, quer do ponto de vista
tos mil réis a dois contos de réis:
anatômico, quer do ponto de vista fisiológico ou mental. A dor,
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo por si só, não caracteriza lesão corporal.
anterior; No crime de lesão corporal, protege-se a incolumidade
II. Se as lesões são recíprocas. física em sentido amplo: Saúde física ou corporal; Saúde fisio-
Lesão Corporal Culposa lógica (correto funcionamento do organismo) e Saúde mental
§ 6º Se a lesão é culposa: (psicológica).
Pena - detenção, de dois meses a um ano. Topografia do Art. 129
Aumento de Pena Art. 129, caput Lesão dolosa leve.
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do Art. 121 deste Lesão dolosa grave - Atenção! O § 1º não traz so-
Código. Art. 129, §1º mente a lesão dolosa grave. Ele também tem lesão
preterdolosa grave.
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
Art. 121. Lesão dolosa gravíssima - também no § 2º tem
Art. 129, §2º
Violência Doméstica preterdolo.
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des- Lesão seguida de morte (está genuinamente
cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com Art. 129, §3º
preterdolosa).
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi- Art. 129, §4º Lesão dolosa privilegiada.
tação ou de hospitalidade. Art. 129, §5º Lesão culposa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. Art. 129, §6º Majorantes.
§ 10 Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se Art. 129, §7º Perdão judicial.
as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
Art. 129, §§ 9, Violência doméstica e familiar (aqui não é só
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
10 e 11 contra mulher).
§ 11 Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
mentada de um terço se o crime for cometido contra Art. 129, § 12 Praticada contra autoridade policial.
pessoa portadora de deficiência.
Classificação Lesão Corporal de Natureza Grave
Pode ser praticado por ação ou omissão, quando presente § 1º Se resulta
o dever de agir para evitar o resultado, Art. 13, § 2º, CP. I. Incapacidade para as ocupações habituais, por
Ex.: A mãe que deixa o filho pequeno sozinho na cama, mais de trinta dias;
desejando que ele caísse e se machucasse. II. Perigo de vida;
É crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou III. Debilidade permanente de membro, sentido ou
omissão. Pratica lesão quem cria ferimento ou quem agrava o função;
ferimento que já existe.
IV. Aceleração de parto:
Elemento subjetivo é o dolo (direto ou eventual) conhe- Pena - reclusão, de um a cinco anos.
cido como animus laedendi, mas há também a culpa no § 6º
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, conside-
(lesão corporal culposa) e o preterdolo no § 3º (lesão corporal rando que a pena mínima é de um ano.
seguida de morte).
A ação penal é pública incondicionada.
Sujeitos do Crime I. Incapacidade para as ocupações habituais por
Sujeito Ativo: é crime comum, podendo ser praticado por mais de trinta dias.
qualquer pessoa. As ocupações habituais são aquelas rotineiras, física ou
Sujeito Passivo: em regra, qualquer pessoa. mental, do cotidiano do ofendido e não apenas seu trabalho. É
Exceções: Art. 129, § 1º, IV (aceleração de parto) e Art. suficiente tratar-se de ocupação concreta, pouco importando
129, § 2º, V (lesão que resulta aborto). Nestas duas hipóteses se lucrativa ou não.
as vítimas são, necessariamente, gestantes. Também na le- A atividade deve ser lícita, sendo indiferente se moral ou
são qualificada pela violência doméstica a vítima precisa ser imoral.
ascendente, descendente, irmã, cônjuge ou companheira do Ex.: Prostituta pode. Ladrão não pode.
agressor. Um bebê de tenra idade pode ser vítima dessa lesão? A
resposta é afirmativa e há jurisprudência nesse sentido, tra-
Exceções: zendo como exemplo a hipótese em que o bebê, em razão da
▷ Art. 129, § 1º, IV (aceleração de parto). agressão não pode ser alimentado, pelo prazo de 30 dias.
▷ Art. 129, § 2º, V (lesão que resulta aborto). É irrelevante a idade da vítima (pode ser idosa ou criança).
Nestas duas hipóteses as vitimas são, necessaria- São exigidos dois exames periciais: um inicial realizado
mente, gestantes. logo após o crime; e um exame complementar realizado logo
▷ Contra ascendente, descendente, irmã, cônjuge ou que decorra o prazo de 30 dias da data do crime.
companheira do agressor. Supondo que a vítima sofra uma lesão ficando com um

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▷ Agentes de Segurança descritos no Art. 129, § 12, hematoma no olho, e, por vergonha não saiu de casa pelo pra-
assim com parente consanguíneo até terceiro grau. zo superior a trinta dias, nessa hipótese, restou configurado o
delito de lesões corporais graves? Ensina a doutrina, seguida
Consumação e Tentativa pela jurisprudência, que a relutância por vergonha de praticar
Por ser crime material se consuma com a efetiva lesão da as ocupações habituais não agrava o crime. É a lesão que deve
vítima. A pluralidade de lesões contra a mesma vítima e no incapacitar o agente e não a vergonha da lesão.
mesmo contexto temporal caracteriza crime único, mas deve II. Perigo de vida.
influenciar na dosimetria da pena-base (Art. 59, CP). Perigo de vida é a possibilidade grave, concreta e imediata
A tentativa só é cabível nas modalidades dolosas. Não de a vítima morrer em consequência das lesões sofridas. Tra-
cabe tentativa na lesão culposa e na lesão corporal seguida ta-se de perigo concreto, comprovado por perícia médica, que
de morte. deve indicar, de modo preciso e fundamentado, no que consis-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Contravenção penal de vias de tiu o perigo de vida proporcionado à vítima.


Lesão corporal (Art. 29, CP)
fato (Art. 21, LCP) Nesta hipótese, é crime tipicamente PRETERDOLOSO, pois
Agredir a vítima, sem lesioná-la o resultado agravador deve resultar de culpa do agente.
Lesionar a vítima.
Ex.: empurrão, puxão de cabelo. Se o agente, ao praticar a lesão, quis o resultado ou assumiu
o risco de produzi-lo, responderá por tentativa de homicídio.
Lesão Corporal Leve O crime preterdoloso não está apenas na lesão corporal
A ação penal é pública condicionada à representação seguida de morte. O perigo de vida é um resultado necessa-
da vítima, de competência dos Juizados Especiais Crimi- riamente preterdoloso. O inciso II ora discutido nada mais é
que um crime preterdoloso, isto é, dolo na lesão e culpa no
nais. perigo de vida. Está-se, pois, diante de um crime necessaria-
O conceito de Lesão Leve é considerado por exclusão: mente preterdoloso.
será de natureza leve se não for a lesão de natureza grave III. Debilidade permanente de membro, sentido ou
ou gravíssima. função.
Há jurisprudência admitindo o princípio da insignificância Debilidade é a diminuição ou o enfraquecimento da capa-
na lesão corporal, quanto às lesões levíssimas. Na doutrina, esse cidade funcional. Há de ser permanente, isto é, duradoura e de 405
posicionamento é Pierangeri. recuperação incerta. Não se exige perpetuidade.
Ex.: O agente não fica cego, mas tem reduzida a capaci- Também é considerada incurável a enfermidade que
406 dade visual. somente pode ser enfrentada por procedimento cirúrgi-
Membros São os braços, pernas, mãos e pés.
co complexo ou mediante tratamentos experimentais ou
penosos, pois a vítima não pode ser obrigada a enfrentar
São os mecanismos sensoriais por meio dos quais percebemos tais situações.
Sentidos
o mundo externo: visão, audição, tato, olfato e paladar. A transmissão intencional do vírus da AIDS no Brasil é tida
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

É a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo


como de natureza letal, pelo que é considerada tentativa de
Função homicídio. O certo seria a criação de tipo penal específico so-
humano: respiratória, circulatória, digestiva etc.
bre a transmissão intencional do vírus da AIDS.
A perda ou inutilização de membro sentido ou função é Em recente julgado o STF afastou essa ideia. Entendeu o
lesão corporal gravíssima (Art. 129, §2º, III, CP). STF, recentemente, que não se trata de tentativa de homicídio
Órgãos duplos: (Ex.: Rins, olhos, pulmões) a perda de um a transmissão intencional do vírus da AIDS.
deles caracteriza lesão grave pela debilidade permanente. Já a III. Perda ou inutilização de membro, sentido ou
perda de ambos configura lesão corporal gravíssima pela per- função.
da ou inutilização. Perda: é a ablação, a destruição ou privação de mem-
A recuperação do membro, sentido ou função por meio cirúr- bro (Ex.: arrancar um braço), sentido (Ex.: perda da audi-
gico ou ortopédico não exclui a qualificadora, pois a vítima não é ção), função (Ex.: ablação do pênis que extingue a função
obrigada a submeter-se a tais procedimentos. reprodutora). Pode concretizar-se por meio de mutilação
IV. Aceleração de parto. (o membro, sentido ou função é eliminado diretamente
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É a antecipação do parto, o parto prematuro. A criança pela conduta do agressor) ou amputação (resulta da in-
nasce com vida e continua a viver. tervenção médico-cirúrgica realizada para salvar a vida do
Para incidir essa qualificadora do inciso IV, é imprescindível ofendido).
que o agente saiba ou pudesse saber que a vítima da lesão era Inutilização: falta de aptidão do órgão para desempenhar sua
gestante, sob pena de restar caracterizada a responsabilidade função específica. O membro ou órgão continua ligado ao corpo
penal objetiva, vedada pelo ordenamento jurídico. É necessá- da vítima, mas incapacitado para desempenhar as atividades que
rio observar ainda que, em nenhuma dessas hipóteses o agen- lhe são próprias.
te aceita ou quer o abortamento. Ex.: A vítima ficou paraplégica.
Se em consequência da lesão o feto for expulso morto do ven- A perda de parte do movimento de um membro (braço, per-
tre materno, o crime será de lesão corporal gravíssima em razão do na, mão ou pé) configura lesão grave pela debilidade permanente.
aborto (Art. 129, § 2º, V, CP). Todavia, a perda de todo o movimento caracteriza lesão corporal
Lesão Corporal Dolosa Gravíssima gravíssima pela inutilização.
§ 2º Se resulta A correção corporal da vítima por meios ortopédicos ou
I. Incapacidade permanente para o trabalho; próteses não afasta a qualificadora, ao contrário do reimplante
realizado com êxito.
II. Enfermidade incurável;
IV. Deformidade permanente.
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou
função; Segundo doutrina e jurisprudências majoritárias, esta qua-
lificadora está intimamente relacionada a questões estéticas.
IV. Deformidade permanente;
Desse modo, precisa ser visível, mas não necessariamente na
V. Aborto: face, e capaz de causar impressão vexatória em quem olha a
Pena - reclusão, de dois a oito anos. vítima.
Em concurso, restou indagado se a expressão gravíssima A vítima não é obrigada a se submeter a intervenção cirúrgica
era criação da lei, doutrina ou jurisprudência. Referida expres- para a reparação da deformidade. Caso, no entanto, se submeta, e
são é criação da doutrina que foi seguida pela jurisprudência. a deformidade for corrigida, desaparecerá a qualificadora, sendo
A Lei nº 9.455/97, que é a lei de tortura, adotou a expres- cabível, inclusive, a revisão criminal. A correção da deformidade
são doutrinária gravíssima. Na lei de tortura, no Art. 1º, § 3º, com o uso de prótese (Ex.: olho de vidro, orelha de borracha ou
há expressa menção à lesão grave ou gravíssima. aparelho ortopédico) não exclui a qualificadora.
I. Incapacidade permanente para o trabalho. V. Aborto.
Deve tratar-se de incapacidade genérica para o traba- Essa qualificadora é necessariamente preterdolosa. Há dolo
lho, ou seja, a vítima fica impossibilitada de exercer qual- na lesão e culpa no aborto. Se o agente quer, ou assume o risco do
quer tipo de atividade laborativa remunerada. aborto haverá concurso de crimes.
A incapacidade não significa perpetuidade, basta que A interrupção da gravidez, com a consequente morte
seja uma incapacidade duradoura, dilatada no tempo. do produto da concepção, deve ter sido provocada culpo-
II. Enfermidade incurável. samente, pois se trata de crime preterdoloso.
É a alteração prejudicial da saúde por processo patológico, Se a morte do feto foi proposital, o sujeito responderá por
físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com dois crimes: lesão corporal em concurso formal impróprio com
os recursos da medicina à época do crime. Deve ser provada por aborto sem o consentimento da gestante (Art. 125). É obriga-
exame pericial. tório o conhecimento da gravidez por parte do agressor.
Lesão Corporal Seguida de Morte gligência ou imperícia. Desse modo, as consequências, embora
previsíveis, não foram previstas pelo agente, ou se foram, ele
§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
não assumiu o risco de produzir o resultado.
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco
de produzi-lo. Essa espécie de lesão depende de representação
da vítima ou de seu representante legal (Art. 88, Lei nº
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
9.099/95), pois é crime de ação penal pública condicionada
É crime exclusivamente preterdoloso (dolo no anteceden- a representação e infração penal de menor potencial ofen-
te – lesão - e culpa no consequente – morte). Esse crime não sivo (pena máxima menor que dois anos).
vai a júri, considerando que não há dolo na morte.
A morte foi ocasionada a título culposo – temos o típico Aumento de Pena
caso de crime preterdoloso (dolo na conduta antecedente e § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qual-
culpa na posterior). quer das hipóteses do Art. 121, §§ 4º e 6º.
Se presente o dolo direto ou dolo eventual quanto ao re- Art. 121, § 4º, CP. No homicídio culposo, a pena é au-
sultado morte, o sujeito responderá por homicídio doloso. mentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inob-
Essa modalidade de lesão corporal não admite tentativa. servância de regra técnica de profissão, arte ou ofício,
Lesão Corporal Privilegiada ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima, não procura diminuir as consequências do seu
Diminuição de Pena ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo
§ 4º Se o agente comete o crime impelido por motivo DOLOSO o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um Art. 121, § 4º, CP. A pena é aumentada de 1/3 (um ter-
terço. ço) até a metade se o crime for praticado por milícia
Esse privilégio se aplica a todos os tipos de lesão dolosa, privada, sob o pretexto de prestação de serviço de se-
contudo, é incabível nas lesões culposas. gurança, ou por grupo de extermínio.
Mesmas características do homicídio privilegiado (Art. 121, § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
§ 1º, do CP). Art. 121.
Substituição da Pena Art. 121, § 5º, CP. Na hipótese de homicídio CULPOSO, o
§ 5º O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequên-
cias da infração atingirem o próprio agente de forma
substituir a pena de detenção pela de multa:
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo

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anterior; Violência Doméstica
II. Se as lesões são recíprocas. § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, des-
A situação da substituição de penas somente se aplica ao cendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
caput, considerando que exige que as lesões corporais não se- quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevale-
jam graves. A possibilidade de substituição, assim, somente se cendo-se o agente das relações domésticas, de coabi-
dá com a hipótese de lesões leves. tação ou de hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Quando a Lesão Corporal Leve for Privilegiada
§ 10 Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se
Desse modo, caso as lesões sejam leves, o juiz terá duas as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo,
opções: reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (§ 4º) ou substituí-la por aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
multa (§ 5º).
§ 11 Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será au-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Se as Lesões Leves Forem Recíprocas mentada de um terço se o crime for cometido contra
Uma pessoa agride outra e, cessada essa primeira agres- pessoa portadora de deficiência.
são, ocorrer uma outra lesão pela primeira vítima. § 12 Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
te descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,
Lesão Corporal Culposa integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
§ 6º Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
Pena - detenção, de dois meses a um ano. corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão des-
Diferentemente do que ocorre com as lesões dolosas (que
sa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
podem ser leves, graves ou gravíssimas) o CP não fez distinção
(Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
com relação às lesões culposas. Desse modo, qualquer que
seja a intensidade da lesão, o agente responderá por lesão A forma qualificada do § 9º só se aplica à lesão corporal LEVE.
corporal CULPOSA. A gravidade da lesão será levada em con- Considerações
sideração na fixação da pena-base (Art. 59). Pode ser causa supralegal de exclusão da ilicitude (so-
Ocorre lesão corporal culposa quando o agente faltou com mente na lesão corporal leve), desde que presentes os se- 407
seu dever de cuidado objetivo por meio de imprudência, ne- guintes requisitos, cumulativos:
▷ Deve ser expresso; noso (ação que satisfaça a libido do agente, beijo lascivo, sexo
408 ▷ Livre (não pode ter sido concedido em razão de coa- oral, sexo anal, masturbação, etc.).
ção ou ameaça); Se a intenção é transmitir, por tratar-se de crime formal,
▷ Ser moral e respeitar os bons costumes; não é necessária a transmissão.
▷ Deve ser prévio à consumação da lesão; O § 1º traz a forma qualificada do crime, ou seja, quando o
▷ O ofendido deve ser capaz para consentir (maior de agente tem intenção de transmitir a doença.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

18 anos e mentalmente capaz). Perigo de Contágio de Moléstia Grave


Ex.: Durante a relação sexual, a mulher pede ao seu par-
ceiro que a bata com força. Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
É irrelevante o consentimento do ofendido nos crimes de
produzir o contágio:
lesão corporal grave, gravíssima e seguida de morte, pois o
bem jurídico protegido nestas hipóteses é indisponível. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
É crime de Dano (caso exponha a perigo sem querer ou as-
Apontamentos sumir o risco será hipótese do Art. 132, CP), Formal (não precisa
Autolesão: em razão do princípio da alteridade, não se transmitir) e de Forma Livre.
pune a autolesão. Todavia, pode caracterizar o crime descrito Nesse delito, o agente tem o fim especial de agir, ou seja,
no Art. 171, § 2º, V, CP. pratica um ato (diverso do contato sexual) com a intenção de
Ex.: Jogador de golfe quebra o próprio braço para rece- transmitir uma moléstia grave (qualquer doença que acarre-
ber o valor do seguro. te em prejuízo a saúde da vítima – não sendo venérea), por
Lesões em atividades esportivas: há a exclusão da ilicitu- exemplo, sarampo, tuberculose etc.
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de em razão do exercício regular do direito. Ademais, em relação à AIDS, visto seu grau letal, é consi-
Cirurgias emergenciais: se há risco de morte de paciente, derado como tentativa de homicídio (Art. 121 do CP), não há
o médico que atua sem o consentimento do operado estará possibilidade alguma de enquadrá-la como moléstia grave.
amparado pelo estado de necessidade de terceiro. Se não há
risco de morte, a cirurgia depende de consentimento da vítima Perigo para Vida ou Saúde de Outrem
ou de seu representante legal para afastar o crime pelo exercí- Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
cio regular do direito. direto e iminente:
Cirurgia de mudança de sexo: não há crime de lesão cor- Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
poral gravíssima por ausência de dolo de lesionar a integrida- constitui crime mais grave.
de corporal ou a saúde do paciente. Atualmente é permitida a Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
realização dessa cirurgia – redesignação sexual – inclusive na terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
rede pública de saúde (Portaria do Ministério da Saúde nº 1.707 perigo decorre do transporte de pessoas para a presta-
de 19/08/08). Desse modo, o médico que realiza esta cirurgia ção de serviços em estabelecimentos de qualquer natu-
não comete crime por estar acobertado pelo exercício regular reza, em desacordo com as normas legais.
de direito. Estará configurado o crime quando o agente, de qualquer
forma, expor em perigo a vida de uma pessoa determinada.
Cirurgia de esterilização sexual: não há crime na conduta
Tal ação pode ser praticada de forma livre, ou seja, não exige
do médico que realiza esta cirurgia (vasectomia, ligadura de uma conduta específica.
trompas etc.) com a autorização do paciente, apesar da elimi-
Ex.: Soltar uma pedra do alto de um viaduto em um carro
nação da função reprodutora. Exercício regular de direito. que passa pela rodovia com intenção de causar um acidente.
Da Periclitação da Vida e da Saúde Caso a conduta do agente não seja contra uma pessoa de-
terminada, será configurado um crime diverso que será avalia-
Perigo de Contágio Venéreo do de acordo com a situação (Arts. 250 a 259 do CP).
Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais Abandono de Incapaz
ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia ve- Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
nérea, de que sabe ou deve saber que está contami- guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo-
nado: tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. abandono:
§ 1º Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º Se do abandono resulta lesão corporal de natureza
grave:
§ 2º Somente se procede mediante representação.
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Esse crime configura-se quando o agente transmite ou
expõe a perigo de contágio de uma doença venérea (sífilis, § 2º Se resulta a morte:
gonorreia etc.), bem como, caso ele a desconheça, venha a Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
infectar uma possível vítima. Aumento de Pena
A forma de transmitir a doença pode ser por meio de rela- § 3º As penas cominadas neste artigo aumentam-se de
ções sexuais (pênis x vagina), ou por qualquer outro ato libidi- um terço:
I. Se o abandono ocorre em lugar ermo; É um crime OMISSIVO PRÓPRIO ou PURO, pois a conduta
II. Se o agente é ascendente ou descendente, côn- omissiva está prevista no artigo em tela do Código Penal que
juge, irmão, tutor ou curador da vítima. ocorre quando o agente deixa de fazer o que lhe é imposto por
III. Se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. lei – prestar socorro.
Essa figura típica incrimina a conduta do agente, que Comumente é praticado apenas por uma pessoa, sendo
tendo o dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade que é perfeitamente possível que haja o concurso de agentes,
abandona, desampara, deixa de prestar o devido cuidado para Art. 29 do CP.
quem seja incapaz. Sujeitos do Crime
Ex.: A mãe deixa o filho em um parque central enquan- Sendo um crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer
to percorre lojas realizando compras, ou então, deixa-o pessoa, enquanto o sujeito passivo são as pessoas elencadas
dentro do veículo enquanto está no interior de um super- no caput do próprio artigo: Criança abandonada ou extraviada
mercado. Uma babá, que deixa a criança sozinha dentro (Perigo Abstrato). Pessoa ferida ou inválida com sérias dificul-
de casa enquanto vai à feira. dades de movimentação (Perigo Abstrato). Ao desamparo ou
Ademais, existem as figuras qualificadas caso, do abando- em grave e eminente perigo (Perigo Concreto).
no, resulte em lesão corporal de natureza grave, ou a morte do
Consumação e Tentativa
incapaz. Por conseguinte, ocorre também o aumento de pena
nas hipóteses descritas nos incisos do § 3º deste artigo. O crime se consuma no momento da omissão, ademais,
não será configurado o crime quando a vítima ofereça resis-
Exposição ou Abandono tência que torne impossível a prestação de auxílio, ou então,
caso ela esteja manifestamente em óbito.
de Recém-Nascido
Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para Não admite tentativa.
ocultar desonra própria: Descrição do Crime
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. O crime pode ser cometido de duas formas distintas:
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Falta de assistência imediata: o agente pode prestar so-
Pena - detenção, de um a três anos. corro, sem risco pessoal, mas deliberadamente não o faz.
§ 2º Se resulta a morte: Falta de assistência mediata: o agente não pode prestar
Pena - detenção, de dois a seis anos. pessoalmente o socorro, mas também não solicita o auxílio da
Esse delito é considerado uma forma privilegiada do cri- autoridade pública.
me de abandono de incapaz, artigo anterior, no entanto, nesse Observações
caso, a vítima é determinada – o recém-nascido – ademais, tal
A simples condição de médico não o coloca como garan-

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conduta visa proteção da honra do agente.
tidor.
Ex.: Uma jovem de 18 anos, mãe solteira, que abandona
seu filho recém-nascido para preservar sua imagem pe- Pessoa inválida e pessoa ferida: é imprescindível que se
rante a família. encontrem ao desamparo no momento da omissão.
Por conseguinte, também existe a forma qualificada do Se apenas uma pessoa presta o socorro, quando diversas
crime, expressa nos parágrafos primeiro e segundo, no caso poderiam tê-lo feito sem risco pessoal, não há crime para nin-
de a ação resultar em lesão corporal de natureza grave ou a guém.
morte do recém-nascido. Omissão de socorro a pessoa idosa (igual ou superior a 60
anos), responde conforme o Art. 97, Lei nº 10.741/03 – Estatuto
Omissão de Socorro do Idoso.
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível
Considerações
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou ex-


traviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses ca- da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
sos, o socorro da autoridade pública: triplicada, se resulta a morte.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. A causa de aumento de pena é exclusivamente preterdo-
losa, o agente tem o dolo de se omitir (não presta o socorro)
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
e disto, acaba resultando uma consequência não deseja pelo
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
omitente.
triplicada, se resulta a morte.
Essa norma penal tipifica a conduta omissa do agente que não Condicionamento de Atendimento
presta auxílio – desde que tal prestação não incorra em risco pes- Médico-Hospitalar Emergencial
soal – ou, quando não puder fazê-lo, deixa de pedir socorro para
autoridade pública. Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio
Classificação de formulários administrativos, como condição para o
É considerado um crime COMUM, visto que pode ser prati- atendimento médico-hospitalar emergencial: 409
cado por qualquer pessoa. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da Descrição do Crime
410 negativa de atendimento resulta lesão corporal de natu- Apenas pode ser executado pelos meios/condutas indica-
reza grave, e até o triplo se resulta a morte. dos no tipo penal, sendo as seguintes:
Esse delito tipifica a conduta do estabelecimento que ▷ Privar a vítima de alimentos ou cuidados indispensá-
presta atendimento médico-hospitalar emergencial e venha veis: caso a intenção do agente, ao privar a vitima de
a exigir cheque, nota promissória ou qualquer garantia, como alimentos, seja matá-la, responderá pelo crime de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

também, que sejam preenchidos formulários como condição homicídio (tentado ou consumado);
necessária para que o socorro possa ser prestado. ▷ Sujeitar a vítima a trabalhos excessivos ou inade-
Existe ainda o aumento de pena, tratado no parágrafo úni- quados;
co, que é quando resulta em lesão corporal grave ou ainda a ▷ Abusar dos meios de disciplina ou correção.
morte. As formas qualificadas do crime de maus-tratos (lesão
Inserido no Código Penal pela Lei nº 12.653/2012 coibindo corporal de natureza grave e morte) são exclusivamente pre-
uma prática que era comum em estabelecimentos médico- terdolosas – conduta dolosa no antecedente e culpa no con-
-hospitalares particulares. sequente.
Maus-Tratos Aumenta-se a pena de 1/3 se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 anos.
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de Considerações
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- A esposa não pode ser vítima de maus-tratos pelo ma-
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, rido, visto que não se encontra sob sua autoridade, guarda
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quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, ou vigilância. Desse modo, o marido poderá responder pelo
quer abusando de meios de correção ou disciplina: crime de lesão corporal (Art. 129 do CP).
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Tratando-se de criança ou adolescente sujeita à autori-
§ 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza dade, guarda ou vigilância de alguém e submetida a vexame
grave: ou constrangimento, aplica-se o Art. 232 da Lei nº 8.069/90
Pena - reclusão, de um a quatro anos. (ECA): submeter criança ou adolescente sob sua autorida-
§ 2º Se resulta a morte: de, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. pena: detenção de seis meses a dois anos.
§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é prati- A diferença entre o crime de maus-tratos e o crime de
cado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. Tortura (Lei nº 9.455/97), reside no fato de que nesta a víti-
ma é submetida a intenso sofrimento físico ou mental como
Esse artigo tipifica a conduta do agente que pratique, sob
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
a pessoa que esteja subordinada à sua autoridade, guarda ou
vigilância, atos não condizentes como forma ou a pretexto de ventivo (Art. 1º, II, Lei nº 9.455/97).
educá-la, ensiná-la, tratá-la ou reprimi-la. Caso a vítima seja idosa, incide o crime previsto no Art. 99
da Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
Classificação
Trata-se de um crime PRÓPRIO, ou seja, o sujeito ativo Da Rixa
deve ser superior hierárquico do sujeito passivo. Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os con-
É um crime comissivo ou omissivo, porém suas condutas tendores:
são vinculadas, ou seja, o artigo traz, expressamente, a forma Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
como a conduta do agente deve ocorrer. Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de na-
Haverá crime único desde que as condutas sejam pratica- tureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a
das contra a mesma vítima e no mesmo contexto fático. pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Sujeitos do Crime Introdução
Sujeito Ativo: é um crime próprio, ou seja, somente aquele A rixa é um conflito tumultuoso que ocorre entre três ou
que tem o sujeito passivo sob sua autoridade, guarda ou vigi- mais pessoas, acompanhada de vias de fato (luta, briga), em
lância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. que os participantes desferem violências recíprocas, não sen-
Sujeito Passivo: é aquele que se encontra sob a autoridade, do possível identificar dois grupos distintos.
guarda ou vigilância de outra pessoa, para fins de educação, en-
sino, tratamento ou custódia. Classificação
É um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer
Consumação e Tentativa pessoa.
O crime consuma-se com a exposição da vítima ao perigo. Ainda, enquadra-se em um delito plurissubjetivo, plurila-
Não se exige o dano efetivo. teral ou de concurso necessário, visto que, para configurar o
A conduta de privação de alimentos ou cuidados indispen- crime, devem existir no mínimo três pessoas. Por conseguinte,
sáveis (modalidade omissiva) não admite tentativa. Contudo, basta que apenas um dos participantes seja imputável (dois
as demais condutas admitem a tentativa. menores e um maior de 18 anos).
Também é considerado um crime de condutas contrapos- agravador – lesão corporal grave ou morte - todos aqueles que
tas, ou seja, todos os participantes estão trocando agressões participaram responderão na modalidade qualificada.
entre si, ora apanha, ora bate. Ainda, não importa se a morte ou a lesão corporal grave
Sujeitos do Crime seja produzida em um dos rixosos ou então em uma terceira
pessoa, alheia à rixa (apaziguador ou mero transeunte).
No crime de rixa, ao mesmo tempo em que o agente é
Há aqui três sistemas de punição:
sujeito ativo, ele também é um sujeito passivo, pois assim
como ele agride também está sofrendo uma agressão - reci- Sistema da solidariedade absoluta: se da rixa resultar
procidade. lesão grave ou morte, todos os participantes respondem
pelo evento (lesão grave ou homicídio), independentemen-
Consumação e Tentativa te de se apurar quem foi o seu real autor.
A consumação ocorre no momento em que os participan- Sistema da cumplicidade correspectiva: havendo lesão
tes iniciam as vias de fato ou ainda as violências recíprocas. grave ou morte, e não sendo apurado seu autor, todos os par-
Admite a tentativa, quando ocorre, por exemplo, a inter- ticipantes respondem por esse resultado, sofrendo, entretanto,
venção policial no momento em que iriam se iniciar as agres- sanção intermediária à de um autor e de um partícipe.
sões. Sistema da autonomia: a rixa é punida por si mesma, in-
dependentemente do resultado morte ou lesão grave, o qual,
Descrição do Crime se ocorrer, somente qualificará o delito. Apenas o causador da
Os três ou mais rixosos devem combater entre si, pois lesão grave ou morte, se identificado, é que responderá tam-
participa da rixa quem nela pratica, agressivamente, atos de bém pelos delitos dos Arts. 121 e 129 do CP.
violência material. O CP adotou o princípio ou sistema da autonomia, nos ter-
Não há rixa quando lutam entre si dois ou mais grupos mos do Art. 137, parágrafo único:
contrários, perfeitamente definidos. Nesse caso, os membros Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de
de cada grupo devem ser responsabilizados pelos ferimentos natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
produzidos nos membros do grupo contrário. rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
O crime pode ser praticado de forma comissiva (o agente
que participa efetivamente da rixa), ou omissiva (quando o Apontamentos
omitente podia e devia agir para evitar o resultado). Até mesmo o rixoso que sofreu lesão corporal grave res-
Ex.: O policial que assiste a três pessoas brigando entre ponde pela rixa qualificada (todos os que se envolvem no tu-
si e nada faz para impedir o resultado. multo, daí sobrevindo lesão corporal grave ou morte respon-
Não há crime na conduta de quem ingressou no tumulto dem pela rixa qualificada).
somente para separar os contendores. O resultado agravador (lesão corporal grave ou a morte)
Considerações pode ser doloso ou culposo, não se tratando de crime essen-

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cialmente preterdoloso.
Sendo considerado um crime de perigo abstrato, para que
se configure o crime não há necessidade de que os participan- Caso o resultado seja lesões leves ou ocorra uma tentativa de
tes sofram lesões, o simples fato de participar da rixa já acar- homicídio, não é capaz de qualificar a rixa.
reta em crime. Dos Crimes Contra Honra
O contato físico é dispensável, sendo perfeitamente pos-
sível a rixa a distância com o arremesso de objetos, tiros, etc. Crime Conduta Honra ofendida
Há ofensa da honra objetiva.
Na possibilidade em que ocorre lesão corporal de natureza Calúnia: Art. Imputar fato criminoso Ofende-se a reputação, diz
leve em algum dos participantes e o agente que a causou pos- 138, CP sabidamente falso. respeito ao conceito perante
sa ser identificado, nessa hipótese, ele responderá pelo crime terceiros.
de rixa em concurso material com o crime de rixa, se resulta Imputar fato desonroso,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

em lesão corporal grave/gravíssima ou a morte, estará confi- Difamação: em regra não importan-
Ofende-se a honra objetiva.
gurado o crime de rixa qualificada. Art. 139, CP do se verdadeiro ou
falso.
Quando houver briga entre torcidas, não configura rixa,
Ofende-se a honra subjetiva,
mas sim o tipo penal descrito no Art. 41-B da Lei nº 10.671/2003 Injúria: É a atribuição de quali-
a autoestima, ou seja, o que
– Estatuto do Torcedor - tem-se um tipo penal específico in- Art. 140, CP dade negativa.
a vítima pensa dela mesma.
cluído pela Lei nº 12.299/2010.
Rixa qualificada: também é conhecida como rixa comple-
Calúnia
xa, sendo: Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de fato definido como crime:
natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. § 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im-
A rixa qualificada é um dos últimos resíduos da respon- putação, a propala ou divulga.
sabilidade penal objetiva - antigamente adotada pelo orde- § 2º É punível a calúnia contra os mortos.
namento jurídico brasileiro - pois, nesta hipótese, independe Exceção da Verdade 411
qual dos rixosos foi o responsável pela produção do resultado § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
I. Se, constituindo o fato imputado crime de ação Consumação
412 privada, o ofendido não foi condenado por senten- O crime de calúnia se consuma quando 3ª pessoa toma co-
ça irrecorrível; nhecimento do fato imputado. Não é necessário que a vítima
II. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas in- tome conhecimento da ofensa.
dicadas no nº I do Art. 141; Calúnia X Denunciação Caluniosa
III. Se do crime imputado, embora de ação pública, Calúnia (Art. 138, CP) Denunciação Caluniosa (Art. 339, CP)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.


Dar causa à instauração de investigação
Honra objetiva (o que os outros pensam de mim). policial, de processo judicial, instau-
Caluniar alguém, imputan-
ração de investigação administrativa,
Sujeitos do Crime do-lhe falsamente fato
inquérito civil ou ação de improbidade
Sujeito Ativo/Passivo: qualquer pessoa (crime comum). definido como crime.
administrativa contra alguém, imputan-
Os mortos também podem ser caluniados, mas seus pa- do-lhe crime de que o sabe inocente.
rentes é que serão os sujeitos passivos do crime. Não há regra É crime contra a Administração da
É crime contra honra.
semelhante no tocante aos demais crimes contra a honra. Justiça.
Podem, ainda, serem vítimas os menores e os loucos. Regra: Ação Penal Privada. Ação Penal Pública Incondicionada.
A pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo do Admite (é circunstância que importa na
Não admite a imputação
diminuição da pena pela metade (Art.
crime de calúnia, pois pode cometer crimes ambientais (Lei falsa de contravenção.
339 §2º, CP).
nº 9.605/98).
§ 1º Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a im-
Mas, observe-se que não podem praticar tal crime pessoas
putação, a propala ou divulga.
que desfrutam de inviolabilidade.
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Ex.: Parlamentares. ▷ Propalar: relatar verbalmente.


Aqui se indaga se advogados são imunes à prática do cri- ▷ Divulgar: relatar por qualquer outro meio (panfle-
me de calúnia. Os advogados não têm imunidade profissional tos, outdoors, gestos etc).
na calúnia, possuindo a imunidade somente no que tange à Considerações
difamação e à injúria. Observa-se que também é punível a conduta daquele
Objeto Material que propaga, divulga a calúnia criada por outrem.
É a pessoa que tem sua honra objetiva ofendida. Responde pelo caput quem cria a falsidade e responde pelo
§ 1º do CP a pessoa que divulga (diversa da pessoa que criou – se
Núcleo do Tipo for a mesma pessoa, o §1º configura pos facto impunível).
A conduta típica consiste em caluniar alguém (imputar fal- Exclui-se o crime quando o agente age:
samente um fato definido como crime). ▷ Com animus jocandi: intenção de brincar.
A imputação de fato definido como Contravenção Penal ▷ Com animus consulendi: intenção de aconselhar.
(Decreto-Lei nº 3.688/41) não constitui calúnia, pois não é crime,
▷ Com animus narrandi: intenção de narrar (é o ani-
mas poderá caracterizar difamação.
mus da testemunha).
Atribuir falsamente a alguém a prática de um fato atípico não
▷ Com animus corrigendi: intenção de corrigir.
constitui crime de calúnia, mas poderá configurar outro crime con-
tra a honra. ▷ Com animus defendendi: intenção de defender direito
Ex.: dano culposo. Exceção da Verdade
Fato Determinado § 3º Admite-se a prova da verdade, salvo:
É imprescindível a imputação da prática de um fato deter- I. Se, constituindo o fato imputado crime de ação
minado, ou seja, de uma situação concreta, contendo autor, privada, o ofendido não foi condenado por senten-
objeto e suas circunstâncias. ça irrecorrível;
Pessoa Certa e Determinada II. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas in-
A ofensa deve se dirigir a pessoa certa e determinada. dicadas no nº I do Art. 141;
Ex.: Dizer que no dia 25 de dezembro, por volta de III. Se do crime imputado, embora de ação pública,
20h00min, Roberto se fantasiou de papai noel e praticou o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
um furto na casa de Pedro, o qual reside no centro da Trata-se de incidente processual, forma de defesa indireta,
cidade de Cascavel/PR. por meio da qual o acusado de ter praticado calúnia pretende
provar a veracidade do que alegou.
Falsidade da Imputação
Somente haverá o crime de calúnia quando o fato for falso.
Deve ser falsa a imputação do fato definido como crime.
Essa falsidade pode recair sobre o fato (o crime imputado à Desse modo, se a imputação é verdadeira o fato é atípico.
vitima não ocorreu) ou sobre o envolvimento no fato (o crime A exceção da verdade é o instrumento adequado para se pro-
ocorreu, mas a vítima não praticou tal delito). var a veracidade do fato imputado a outrem.
Quando o ofensor, agindo de boa-fé, supõe erroneamen- A regra é a admissibilidade da exceção da verdade. Toda-
te ser verdadeira a afirmação, incidirá em Erro de Tipo. Desse via, em três situações previstas pelo CP não será admitida a
modo, o fato será atípico, pois excluirá o dolo do fato típico. sua utilização:
I. Se, constituindo o fato imputado crime de ação Art. 138 Art. 139
privada, o ofendido não foi condenado por senten-
ça irrecorrível; Admite prova da verdade.
A regra é não admitir a prova da
II. Se o fato é imputado a qualquer das pessoas in- verdade.
dicadas no inciso I do Art. 141; Exceção: Art. 139, Parágrafo único.
(Presidente da República ou chefe de governo es- Exceções: Art. 138, § 3º I, II e III. Ofendido funcionário público mais
trangeiro). ofensa funcional.
III. Se do crime imputado, embora de ação pública, Procedência gera a absolvição Procedência gera a absolvição, pois se
o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. sob o fundamento da atipi- trata de hipótese de exercício regular
cidade. de direito. Descriminante especial.
Difamação
Admite exceção de notorie-
Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo Também.
dade.
à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Injúria
Conceito Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
Difamar é imputar a alguém um fato ofensivo à sua repu- ou o decoro:
tação. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Subsiste o crime de difamação ainda que seja verdadeira § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
a imputação (salvo quando o ofendido é funcionário público I. Quando o ofendido, de forma reprovável, provo-
e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções), desde que cou diretamente a injúria;
dirigida a ofender a honra alheia.
II. No caso de retorsão imediata, que consista em
Objetividade Jurídica outra injúria.
Honra objetiva (o que os outros pensam de mim). § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
Objeto Material considerem aviltantes:
É a pessoa que tem sua honra objetiva ofendida.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
Espécie de Honra Ofendida além da pena correspondente à violência.
A difamação ofende a honra objetiva. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
Consumação e Tentativa
pessoa idosa ou portadora de deficiência:

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Se consuma no momento em que um terceiro toma co-
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
nhecimento da ofensa.
Considerações Conceito
Morto não pode ser vítima de difamação. Injuriar é atribuir qualidade negativa à alguém.
Tendo em vista que pessoa jurídica tem reputação, então Espécie de Honra Ofendida
pode ser vítima de difamação. Ofende a honra subjetiva da pessoa (o que a pessoa acha
O crime é punido a título de dolo, sendo imprescindível a de si própria). A consumação ocorre quando a ofensa chega ao
vontade de ofender a reputação, a intenção de ofender a honra. conhecimento da vítima.
Em regra, admite tentativa. No caso de difamação verbal, Ofende a dignidade ou o decoro da vítima:
não se admite a tentativa.
Na injúria, é irrelevante o fato de a qualidade negativa atri-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Exceção da Verdade buída à vítima ser ou não verdadeira. Desse modo, se o agente
Parágrafo único. A exceção da verdade somente se chama uma pessoa de gorda, com a intenção de injuriar, estará
admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é configurado o crime de injúria, mesmo que a vítima seja mes-
relativa ao exercício de suas funções. mo gorda ou obesa.
Na difamação, a exceção da verdade somente é admitida ▷ Dignidade: ofende as qualidades morais da pessoa.
se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao Ex.: Chamar alguém de vagabundo.
exercício de suas funções. É indispensável a relação de causali- ▷ Decoro: ofende as qualidades físicas (Ex.: Chamar
dade entre a imputação e o exercício da função pública. alguém de monstro) ou intelectuais
Na difamação, a consequência da exceção da verdade, Ex.: Chamar alguém de retardado, idiota.
ao contrário da calúnia, atinge a ilicitude, e não a atipicida-
de da conduta, pois é uma hipótese especial de exercício Queixa-Crime ou Denúncia
regular do direito. A queixa-crime ou denúncia ajuizada pelo crime de injúria
A procedência da exceção da verdade na difamação gera deve descrever, minuciosamente sob pena de inépcia, quais
a absolvição, sendo uma forma especial de exercício regular foram as ofensas proferidas contra a vítima, por mais baixas e 413
de direito. repudiáveis que possam ser.
Formas de Execução O perdão judicial é causa de extinção da punibilidade (Art.
414 Pode ser praticado por ação ou omissão. 107, IX, CP). A sentença que concede o perdão judicial é decla-
Ex.: “A” estende a mão para cumprimentar “B” e este ratória da extinção da punibilidade (Súmula 18, STJ).
recusa o cumprimento. Só o perdão do ofendido tem que ser aceito, o perdão do
juiz não é oferecido, mas sim imposto.
Consumação e Tentativa Trata-se de um direito subjetivo do acusado, e não uma fa-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

É crime de execução livre: pode ser praticado por meio culdade do juiz. Preenchidos os requisitos, o juiz deve perdoar.
de palavras, gestos, escritos etc. Aliás, pode ser praticado por ▷ Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
ação ou omissão (o único exemplo dado pela doutrina de in- diretamente a injúria;
júria por omissão é ignorar ou não retribuir um cumprimento,
como forma de humilhar a pessoa na frente de outras). A provocação tem que ser reprovável e direta.
▷ No caso de retorsão imediata, que consista em outra
Como a injúria protege a honra subjetiva, o crime se consu-
injúria.
ma quando a vítima toma conhecimento da injúria, dispensan-
do-se o efetivo dano à sua honra (é crime formal). Consuma Retorsão é o revide. Deve ser imediata. É modalidade anô-
mala de legítima defesa. Não há retorsão contra ofensa passa-
no momento em que o fato chega ao conhecimento da vítima,
da. Existe apenas retorsão imediata no crime de injúria.
dispensando efetivo dano a sua dignidade ou decoro.
A tentativa é possível somente na forma escrita. A injúria Injúria Real
realizada verbalmente não admite tentativa. § 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Exceção da verdade: a injúria não admite exceção da que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
verdade, pois o ofensor atribui uma qualidade negativa à ví- considerem aviltantes:
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tima e não um fato. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,


além da pena correspondente à violência.
Elemento Subjetivo É a injúria praticada com um meio de execução especial:
É o dolo (direto ou eventual). Não admite a modalidade mediante violência ou vias de fato. Aqui a violência ou as vias
culposa de injúria. de fato são o meio e a injúria é o fim. O agente usa da violência
Injúria Contra Funcionário Público X Desacato para injuriar.
Injúria contra funcionário público Desacato (Art. 331, CP) Ex.: Jogar ovos em um cantor, cuspir na cara, dar tapa
A ofensa é realizada na presença
no rosto.
Atribuir qualidade negativa ao Aviltantes: humilhantes.
do funcionário público no
funcionário público durante sua
ausência.
exercício da função ou em razão O meio de execução é a violência ou então as vias de fato.
dela. Se a injúria real for praticada com vias de fato, a vias de fato
É crime contra a Administração fica absorvida.
É crime contra a honra.
Pública. A lei impõe o concurso material obrigatório entre as penas
Ação Penal Pública Incondicio- de injúria real e do resultante da violência (homicídio, lesão
Ação Penal Privada (Regra). corporal etc.).
nada.
Ex.: “A” Durante uma audiência Injúria Qualificada
Ex.: “A” Fala a seus vizinhos que o
judicial chama o Juiz de
Promotor da cidade é bandido. § 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos refe-
corrupto.
rentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de
Considerações pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Atenção às imunidades! Quem detém imunidade por Pena - reclusão de um a três anos e multa.
palavras, opiniões e votos não pratica calúnia, injúria ou Assim como nos demais crimes contra a honra, a ofensa
difamação. São eles: senadores, deputados federais, depu- deve ser dirigida a pessoa ou pessoas determinadas.
tados estaduais/distritais, vereadores no limite da verean- Injúria Qualificada X Crime de Racismo
ça, advogado (que tem imunidade profissional na injúria Injúria Qualificada (Art. 140,
- Art. 7º, § 2º, do EOAB - a calúnia foi afastada pelo STF). Crime de Racismo (Lei nº 7.716/89)
§ 3º, CP)
Pessoa jurídica pode ser vítima de injúria? Não, pois ela É crime afiançável. É crime inafiançável.
não tem honra subjetiva, não tem dignidade, decoro. Quanto a
isso não há divergência. Ação Penal Pública Condicio-
Ação Pública Incondicionada.
Mirabete entende que pessoa jurídica não pode ser vítima nada a Representação.
de nenhum crime contra a honra, pois esse capítulo se aplicaria Prescritível. Imprescritível.
apenas às pessoas físicas. Atribuir a alguém qualidade Manifestações preconceituosas gen-
Perdão Judicial negativa. eralizadas ou segregação racial.
§ 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena: Ex.: Hotel que proíbe a hospedagem
Ex.: Chamar uma pessoa de pessoas negras.
I. Quando o ofendido, de forma reprovável, provo- negra de macaco. Ex.: Empresa que não contrata
cou diretamente a injúria; pessoas da religião evangélica.
II. No caso de retorsão imediata, que consista em
outra injúria.
Prevalece na doutrina, que a injúria preconceito não admite o Não se aplica este inciso no caso de injúria, pois neste cri-
perdão judicial do Art. 140, § 1º, tratando-se de violação mais séria me já existe a figura da injúria qualificada (Art. 140, § 3º, CP)
à honra da vítima, ferindo uma das metas fundamentais do Estado razão pela qual evita-se o bis in idem desta forma.
Democrático de Direito, qual seja, dignidade da pessoa humana. Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena
Disposições Comuns em dobro.
Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam- Hipótese de crime plurissubjetivo ou de concurso necessá-
se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: rio. O pagamento, em ambos os casos, pode ser em dinheiro
I. Contra o Presidente da República, ou contra chefe ou qualquer outro bem e a vantagem não precisa ser necessa-
de governo estrangeiro; riamente econômica.
II. Contra funcionário público, em razão de suas Ex.: Promessa de emprego, de casamento, de favores
funções; sexuais.
III. Na presença de várias pessoas, ou por meio que Essa majorante não se aplica ao mandante, apenas ao executor.
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou
da injúria. Exclusão do Crime
IV. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. I. A ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
Parágrafo único. Se o crime é cometido mediante sa, pela parte ou por seu procurador;
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena II. A opinião desfavorável da crítica literária, artís-
em dobro. tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten-
Este artigo não traz qualificadoras, mas sim causas de au- ção de injuriar ou difamar;
mento de pena, majorantes (a serem consideradas pelo juiz na III. O conceito desfavorável emitido por funcionário
terceira fase de aplicação da pena). público, em apreciação ou informação que preste
É uma majorante aplicada a todos os crimes do capítulo – no cumprimento de dever do ofício.
injúria, difamação e calúnia. Nenhum desses crimes escapa do Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela
aumento quando preenchidos os requisitos. injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é co- Esse dispositivo não se aplica ao crime de calúnia, pois há
metido: neste crime o interesse do Estado e da sociedade em realizar
I. Contra o Presidente da República, ou contra chefe a sua apuração.
de governo estrangeiro; Ex.: advogado diz que o promotor foi subornado pelo
A pena é aumentada de 1/3, em razão da importância das réu para pedir sua absolvição.

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funções desempenhadas pelo Presidente da República e pelo A imunidade é relativa: para a maioria, a ressalva exarada
chefe de governo estrangeiro. A conduta criminosa, além de pela expressão salvo quando se tem intenção de injuriar ou
atentar contra a honra de uma pessoa, ofende também os in- difamar se aplica não apenas ao inciso II, como também aos
teresses de toda a nação que ela representa. incisos I e III. Esse é o entendimento da maioria.
II. Contra funcionário público, em razão de suas Nas hipóteses dos incisos I e III responde pela injúria ou difa-
funções. mação aquele que dá publicidade ao fato. É imprescindível, para
Esse aumento de pena não se aplica quando a conduta se tanto, o animus ofendendi.
refere à vida privada do funcionário público. I. A ofensa irrogada em juízo, na discussão da cau-
É necessário o nexo de causalidade entre a ofensa e o exer- sa, pela parte ou por seu procurador;
cício da função pública. Esta excludente de ilicitude não se aplica quando a ofensa
III. Na presença de várias pessoas, ou por meio que é dirigida ao juiz (magistrado), pois este não é parte na causa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou Para o advogado, de acordo com o Art. 7º, § 2º, da Lei nº
da injúria. 8.906/94 (Estatuto da OAB): O advogado tem imunidade pro-
A expressão “várias pessoas” se refere a no mínimo três fissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato pu-
pessoas. Não se incluindo neste número o ofensor, a vítima e níveis em qualquer manifestação de sua parte, no exercício de
eventuais coautores e partícipes. sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções
O STF, após o julgamento da ADPF nº 130-7/DF decidiu que disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
a Lei de Imprensa (Lei nº 5.250/67) não foi recepcionada pela A expressão ou desacato foi declarada inconstitucional pelo
CF/88. Desse modo, aos crimes contra a honra praticados por STF, nos autos da ADIN 1.127-8. Desse modo, o advogado pode
meio da imprensa (oral ou escrita) serão aplicadas as disposi- praticar o crime de desacato.
ções do Código Penal (Arts. 138 a 145). II. A opinião desfavorável da crítica literária, artís-
IV. Contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou tica ou científica, salvo quando inequívoca a inten-
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. ção de injuriar ou difamar;
Esse inciso foi inserido no CP pela Lei nº 10.741/03 (Estatuto III. O conceito desfavorável emitido por funcionário
do Idoso). O ofensor tem que ter conhecimento da idade da víti- público, em apreciação ou informação que preste 415
ma no momento do crime. no cumprimento de dever do ofício.
Cuida-se de modalidade especial de estrito cumprimento Espécies de Ação Penal
416 do dever legal. A regra geral é que os crimes contra a honra (Calúnia/Difa-
Ex.: Delegado de Polícia que, ao relatar o inquérito poli- mação/Injúria) são de Ação Penal privada.
cial, refere-se ao indiciado como pessoa de alta periculo- ▷ Todavia, há três exceções:
sidade, covarde e impiedoso.
» Pública Condicionada: a requisição do Ministro
Retratação da Justiça (crime contra o Presidente da Repú-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

blica ou chefe de governo estrangeiro);


Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retra- » Pública Condicionada: a representação do
ta cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento ofendido (crime contra funcionário público em
de pena. razão de suas funções ou crime de injúria quali-
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha ficada – discriminação);
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de » Pública incondicionada: injúria real se resulta
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim lesão corporal.
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se Crime contra a honra de funcionário público: Tratando-
praticou a ofensa. se de ofensa em razão da função, a ação penal é pública con-
É necessário observar que, retratação não se confunde dicionada a representação.
com confissão da calúnia ou da difamação. Retratar-se é escu- Tratando-se de ofensa sem vínculo com a função pública,
sar-se, retirar o que disse, trazer a verdade novamente à tona. a ação penal é privada.
Trata-se de causa extintiva da punibilidade.
Súm. 714, STF. É concorrente a legitimidade do ofendi-
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Se o querelado se retrata, há exclusão do crime, mas isso do mediante queixa e do MP condicionada a represen-
não importa em exclusão de indenização na seara cível. tação do ofendido, para a ação penal por crime contra
Atente-se que, somente em relação a calúnia e a difama- a honra de servidor público em razão do exercício de
ção há possibilidade de retratação, não abrangendo a injúria. suas funções.
Atente-se que, na lei de imprensa, havia previsão relativa a
injúria, mas esta não foi recepcionada pela CF, nos termos de Dos Crimes Contra
decisão proferida pelo STF.
Na retratação não se exige a concordância do ofendido.
Liberdade Individual
A retratação deve ser total e incondicional. Deve ainda, Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal
abranger tudo o que foi dito pelo ofensor. Constrangimento ilegal
Pedido de Explicações Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
Art. 144. Se, de referências, alusões ou frases, se infere qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
responde pela ofensa. Aumento de Pena
Possui as seguintes características: § 1º As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro,
▷ É medida facultativa, pois a vítima não precisa dele quando, para a execução do crime, se reúnem mais de
se valer para o oferecimento da ação penal. três pessoas, ou há emprego de armas.
▷ Somente pode ser utilizado antes do ajuizamento da § 2º Além das penas cominadas, aplicam-se as corres-
ação penal. pondentes à violência.
▷ Não possui procedimento específico. § 3º Não se compreendem na disposição deste artigo:
▷ Não interrompe ou suspende o prazo decadencial. I. A intervenção médica ou cirúrgica, sem o consenti-
mento do paciente ou de seu representante legal, se
O requerido não pode ser compelido a prestar as informa-
justificada por iminente perigo de vida;
ções solicitadas. Desse modo, caso se omita, não poderá sofrer
II. A coação exercida para impedir suicídio.
qualquer espécie de sanção.
Ameaça
Ação Penal
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges-
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente to, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do mal injusto e grave:
Art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do Art. sentação.
141 deste Código, e mediante representação do ofendi-
do, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no Sequestro e Cárcere Privado
caso do § 3º do Art. 140 deste Código. (Redação dada Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
pela Lei nº 12.033. de 2009). questro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos. Consuma-se com a efetiva privação da liberdade ou
§ 1º A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: locomoção da vítima.
I. Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge A tentativa é perfeitamente difícil já que a privação da li-
ou companheiro do agente ou maior de 60 (ses- berdade pode ser antecedida de violência e se o agente age
senta) anos; de forma violenta, mas não consegue privar sua liberdade por
II. Se o crime é praticado mediante internação da circunstâncias alheias a sua vontade, terá havido tentativa.
vítima em casa de saúde ou hospital; ▷ Qualificadoras: Art. 148, § 1º:
III. Se a privação da liberdade dura mais de quinze I. Ascendente, descendente, cônjuge ou compa-
dias. nheiro do agente ou maior de 60 anos.
IV. Se o crime é praticado contra menor de 18 (de- Neste caso, para qualificar não abrange o parentesco cola-
zoito) anos; teral, por afinidade, padrasto, ou madrasta do agente.
V. Se o crime é praticado com fins libidinosos. O idoso deve ter MAIS de 60 anos quando de sua liberta-
§ 2º Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou ção, não importando se quando da privação da liberdade tinha
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou menos de 60 anos.
moral: II. Se o crime é praticado mediante internação da
Pena - reclusão, de dois a oito anos. vítima em casa de saúde ou hospital: Neste caso,
Trata-se de infração de médio potencial ofensivo, admitin- tem que ser internação simulada ou fraudulenta.
do-se a suspensão condicional do processo. III. Se a privação da liberdade dura mais de quinze
As pessoas que são impossibilitadas de se locomover po- dias: Este prazo inicia-se no momento da privação
dem ser vítimas do delito? A liberdade de movimento não dei- da vítima, até sua libertação.
xa de existir quando se exerce à custa de aparelhos ou com o IV. Crime praticado contra menor de 18 anos: neste
auxílio de outrem. inciso basta que a vítima seja maior de 18 anos ao fi-
Essa é a posição que prevalece no Brasil. Há doutrinadores nal do sequestro, pouco importando se tinha menos
estrangeiros que afirmam que não seria esse o delito, mas sim que 18 anos no inicio do cárcere.
o de constrangimento ilegal em se tratando de pessoas que não V. Se praticado com fins libidinosos: trata-se de
podem se locomover. ação penal pública incondicionada (e não ação pri-
Caso a vítima seja Presidente da República, do SF, CD e vada, como era anterior a 2005).
STF, e, havendo motivação política, o delito pode ser consi- Redução a Condição Análoga à de Escravo
derado crime contra a Segurança Nacional (Art. 28 da Lei nº
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
7.170/83).
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a
▷ Conduta: é a privação da liberdade. Pode ser execu-

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jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
tada mediante: gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
» Sequestro: é privação da liberdade sem confi- meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
namento. o empregador ou preposto:
Ex.: Sítio, casa. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
» Cárcere Privado: é a privação da liberdade com pena correspondente à violência.
confinamento. § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Ex.: Porão. I. Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por
Quando o crime for praticado mediante cárcere privado, parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local
deve fixar esse meio mais gravoso na fixação da pena. de trabalho;
▷ O crime pode ser praticado por ação ou omissão. II. Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ex.: Médico que não concede alta para paciente já cura- ou se apodera de documentos ou objetos pessoais
do. do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de
▷ Tipo subjetivo: O dolo é a finalidade especial do trabalho.
crime. § 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é co-
Se a finalidade for obter vantagem econômica, o delito metido:
será o previsto no Art. 159 do CP. Se o fim for satisfazer preten- I. Contra criança ou adolescente;
são, deixa de ser o delito do Art. 148 e passa a ser o delito pre-
II. Por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, re-
visto no Art. 345 (exercício arbitrário das próprias razões). Ex.:
médico que não concede alta para paciente com a finalidade ligião ou origem.
de satisfazer pretensão tida como legítima – pagamento do Dos Crimes contra a
tratamento – o delito será de exercício arbitrário das próprias
razões. Inviolabilidade do Domicílio
Na hipótese em que a finalidade é causar sofrimento físico Violação de Domicílio
ou mental, o delito será o de tortura. Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosa-
▷ Consumação e tentativa: Trata-se de delito per- mente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de 417
manente, e sua consumação se protrai no tempo. direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. § 4º Somente se procede mediante representação, sal-
418 § 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar vo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou Correspondência Comercial
por duas ou mais pessoas:
Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da de estabelecimento comercial ou industrial para, no
pena correspondente à violência. todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é come- correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
tido por funcionário público, fora dos casos legais, ou Pena - detenção, de três meses a dois anos.
com inobservância das formalidades estabelecidas em
Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
lei, ou com abuso do poder.
sentação.
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em
casa alheia ou em suas dependências: Dos Crimes contra a
I. Durante o dia, com observância das formalidades Inviolabilidade dos Segredos
legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
II. A qualquer hora do dia ou da noite, quando al-
Divulgação de Segredo
gum crime está sendo ali praticado ou na iminência Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteú-
de o ser. do de documento particular ou de correspondência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e
§ 4º A expressão “casa” compreende:
cuja divulgação possa produzir dano a outrem:
I. Qualquer compartimento habitado;
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
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II. Aposento ocupado de habitação coletiva;


§ 1º Somente se procede mediante representação.
III. Compartimento não aberto ao público, onde al-
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas
guém exerce profissão ou atividade.
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não
§ 5º Não se compreendem na expressão “casa”: nos sistemas de informações ou banco de dados da
I. Hospedaria, estalagem ou qualquer outra habita- Administração Pública:
ção coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
nº II do parágrafo anterior; § 2º Quando resultar prejuízo para a Administração Pú-
II. Taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. blica, a ação penal será incondicionada.
Dos Crimes contra a Inviolabilidade Violação do Segredo Profissional
de Correspondência Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício
Violação de Correspondência ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a
Art. 151. Devassar indevidamente o conteúdo de cor- outrem:
respondência fechada, dirigida a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
sentação.
Sonegação ou Destruição de Correspondência
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co-
§ 1º Na mesma pena incorre:
nectado ou não à rede de computadores, mediante
I. Quem se apossa indevidamente de correspon- violação indevida de mecanismo de segurança e com
dência alheia, embora não fechada e, no todo ou o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor-
em parte, a sonega ou destrói; mações sem autorização expressa ou tácita do titular
Violação de Comunicação Telegráfi- do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
ca, Radioelétrica ou Telefônica
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul-
II. Quem indevidamente divulga, transmite a ou-
ta. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
trem ou utiliza abusivamente comunicação tele-
gráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou con- § 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distri-
versação telefônica entre outras pessoas; bui, vende ou difunde dispositivo ou programa de com-
putador com o intuito de permitir a prática da conduta
III. Quem impede a comunicação ou a conversação definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
referidas no número anterior;
§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da
IV. Quem instala ou utiliza estação ou aparelho ra- invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei
dioelétrico, sem observância de disposição legal. nº 12.737, de 2012)
§ 2º As penas aumentam-se de metade, se há dano § 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
para outrem. comunicações eletrônicas privadas, segredos comer-
§ 3º Se o agente comete o crime, com abuso de função ciais ou industriais, informações sigilosas, assim defini-
em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico: das em lei, ou o controle remoto não autorizado do dis-
Pena - detenção, de um a três anos. positivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e § 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a
multa, se a conduta não constitui crime mais grave. subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) portado para outro Estado ou para o exterior.
§ 4º Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
terços se houver divulgação, comercialização ou transmis- a subtração for de semovente domesticável de produção,
são a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações ainda que abatido ou dividido em partes no local da sub-
obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) tração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o O crime de furto está descrito no rol dos crimes contra o pa-
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, trimônio, mais precisamente, no Título II do Código Penal. Furto
de 2012) é se apropriar de algo alheio para si ou para outra pessoa.
I - Presidente da República, governadores e prefei- Existem várias modalidades de furto, dentre as quais se desta-
tos; (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) cam: o furto de coisa comum, furto privilegiado e o furto qualifica-
do. Há que se distinguir furto de roubo: a principal diferença entre
II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (In- os dois é que no roubo há emprego de violência e no furto não há.
cluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Se- Bem Jurídico Tutelado
nado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, Tutela-se a propriedade, a posse e a detenção, desde que
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de legítimas.
Câmara Municipal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737,
de 2012) Classificação
IV - dirigente máximo da administração direta e indi- É considerado um crime COMUM (praticado por qualquer pes-
reta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. soa) e MATERIAL (para sua consumação exige um resultado).
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) É um crime doloso (ânimo de assenhoramento definitivo
Ação penal da coisa. Vontade de se tornar dono / proprietário do bem).
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Sujeitos do Crime
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, so- Sujeito Ativo: qualquer pessoa (exceto o proprietário).
mente se procede mediante representação, salvo se o Sujeito Passivo: qualquer pessoa (proprietário, possuidor
crime é cometido contra a administração pública direta ou detentor do bem). Pode ser pessoa física ou jurídica.
ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas con- Consumação e Tentativa
cessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº De acordo com a teoria da inversão da posse, ocorre a

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12.737, de 2012) consumação do furto no momento em que o bem sai da esfera
de disponibilidade da vítima e passa para a do autor do delito.
5. Dos Crimes Contra o Patrimônio E de acordo com o STJ não se exige a posse mansa e pa-
cífica do bem para a sua consumação, bastando que o agente
Do Furto obtenha a simples posse do bem, ainda que por um curto pe-
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
ríodo de tempo.
móvel: Precedentes do STJ e STF considera-se consumado o cri-
me de furto com a simples posse, ainda que breve, do bem
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
subtraído, não sendo necessária que a mesma se dê de forma
§ 1º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é pra- mansa e pacífica, bastando que cesse a clandestinidade, ainda
ticado durante o repouso noturno. que por curto espaço de tempo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a


coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão Furto Consumado
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou Há perda dos bens subtraídos;
aplicar somente a pena de multa. APF (Auto de Prisão em Flagrante) de apenas um dos
§ 3º Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou agentes e fuga dos comparsas;
qualquer outra que tenha valor econômico. Subtração e posse de apenas parte dos bens;
Furto Qualificado APF (Auto de Prisão em Flagrante) no caso de flagrante
§ 4º A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, presumido.
se o crime é cometido: Por circunstâncias alheias à vontade do agente, este
a) com destruição ou rompimento de obstáculo à
não consegue consumar o furto. É admitida a tentativa,
subtração da coisa; pois se trata de crime material (exige resultado).
b) com abuso de confiança, ou mediante fraude, Tipo Subjetivo
escalada ou destreza; O delito é punido a título de dolo. Mas, atente-se que é
c) com emprego de chave falsa; necessária a vontade de apoderamento definitivo, ou seja, a 419
d) mediante concurso de duas ou mais pessoas. intenção de não mais devolver a coisa à vítima.
O furto de uso é fato atípico. Mas para ser caracterizado o Coisa subtraída de pequeno valor: bem cujo valor seja de
420 furto de uso são necessários três requisitos: a internação desde até um salário mínimo na data do fato.
o início de uso momentâneo da coisa, ser coisa não consumível
“Coisa de pequeno valor” não se confunde com “coisa de
(infungível) e a restituição seja imediata e integral à vítima.
valor insignificante”. A primeira, se também presente a prima-
Qual crime pratica o proprietário que subtrai coisa sua na
legítima posse de terceiro? Há prática do delito de exercício riedade do agente, enseja a incidência do privilégio; a segunda
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

arbitrário das próprias razões. E, aqui, pode se enquadrar no conduz à atipicidade do fato, em decorrência do princípio da
Art. 345 ou 346 do CP, a depender da qualidade da posse do insignificância (criminalidade de bagatela).
agente. Presentes estes dois requisitos legais, o juiz é obrigado a
E a coisa pública de uso comum, pode ser objeto material aplicar o privilégio ao criminoso (direito subjetivo do acusado).
de furto?
A coisa pública, de uso comum, a todos pertence, não Furto Qualificado-Privilegiado
podendo ser subtraída e configurar furto. Sucede que, depen- O STF aceita a possibilidade de se aplicar o privilégio (Art.
dendo da situação, há possibilidade da prática de crime am- 155, §2º, CP) às figuras qualificadas (Art. 155, §§ 4º e 5º, CP)
biental, do delito de usurpação de águas e do crime de dano. desde que não haja imposição isolada de pena de multa em de-
Ex.: Furto de parte de estátua. corrência do privilégio.
A vigilância física ou eletrônica em estabelecimentos comer- STF entendeu que no furto qualificado pelo concurso de
ciais torna o crime impossível? Primeiramente, deve-se analisar agentes, não há óbice ao reconhecimento do privilégio, desde
a natureza do equipamento. Se, por exemplo, se tem um equi- que estejam presentes os requisitos ensejadores de sua aplica-
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pamento que impede por si só a saída do estabelecimento com ção, quais sejam, a primariedade do agente e o pequeno valor
o bem seria configurado o crime impossível. O fato de haver câ- da coisa furtada.
meras ou seguranças apenas dificulta a consumação. § 3º. Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou
Furto Noturno qualquer outra que tenha valor econômico.
Art. 155, § 1º, CP. A pena aumenta-se de um terço, se o Trata-se de normal penal interpretativa. Entende por qual-
crime é praticado durante o repouso noturno. quer outra energia térmica, mecânica, radioatividade e gené-
O repouso noturno só era aplicado ao furto simples (caput). tica (sêmen de animal).
Porém a jurisprudência hoje admite a previsão do aumento de
pena tanto para o furto simples (caput) quanto para o furto qua- Furto de Sinal de TV a Cabo
lificado (§§ 4º, 5º). 1ª Corrente: não é crime. A energia se consome, se esgota
Aplica-se esta causa de aumento de pena, desde que o e pode, inclusive, terminar, ao passo que sinal de TV não se
fato seja praticado durante o repouso noturno. gasta, não diminui. É adotada por Bittencourt.
Não importa se a casa estava ou não habitada, ou o seu mo- 2ª Corrente: o furto de sinal de TV se encaixa no §3º do
rador estava ou não dormindo (divergência). Art. 155, pois é uma forma de energia. É uma corrente adotada
Aplica-se esta majorante, também, aos furtos cometidos pelo STJ.
durante o repouso noturno em veículos estacionados em vias Furto de Energia X estelionato no Consumo de Energia
públicas, bem como em estabelecimentos comerciais (Diver-
Estelionato no Consumo de
gência jurisprudencial). Furto de Energia Elétrica
Energia
Repouso Noturno Noite No furto de energia elétrica, o Nesse caso o agente está
agente não está autorizado via autorizado, via contrato, a gastar
Período em que as pessoas se recolhem em contrato, a gastar energia. energia.
Ausência de luz solar.
suas casas para descansarem (dormirem).
Período que vai da O agente, mediante fraude, altera
Varia conforme a região: grandes metrópoles O agente, mediante artifício, por
aurora ou crepúsculo. o medidor de consumo da ener-
ou pequenas cidades do interior. exemplo, ligação clandestina,
gia, indicando valor menor que o
subtrai a energia.
efetivamente consumido.
Furto Privilegiado
§ 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a Furto Qualificado
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão § 4º. A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa,
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou se o crime é cometido:
aplicar somente a pena de multa.
I. Com destruição ou rompimento de obstáculo à
Aplica-se apenas ao furto simples (caput) e ao furto noturno. subtração da coisa;
Não se aplica ao furto qualificado (§§ 4º e 5º).
Ex.: Arrombamento de fechaduras, janelas, portas, ca-
Criminoso primário: aquele que não é reincidente. Não deados, cofres, trincos.
precisa ser portador de bons antecedentes. Se já transcorrido Se o obstáculo destruído for inerente à própria coisa não
o prazo de 5 anos entre a data de cumprimento ou extinção incidirá esta forma qualificada.
da pena e a infração penal posterior, o agente readquire a sua Ex.: Quebrar o vidro da porta de um carro com o objetivo
condição de primário (Art. 64, I, CP). de furtar o veículo (furto simples).
Todavia, caso o agente quebre o vidro apenas para viabi- Furto Mediante Fraude Estelionato (Art. 171, CP)
lizar o furto do CD-Player, ou de qualquer outro objeto que É qualificadora do crime. É elementar do crime.
se encontra em seu interior, responderá por furto qualificado. Deve ser empregada antes ou
Antecede o apossamento da coisa.
durante a subtração do bem.
Se o agente, apenas desliga o alarme não incidirá a qualifi-
É utilizada para diminuir a vigilân- É utilizada para induzir a vítima
cadora, pois não houve destruição ou rompimento de obstáculo. F cia da vítima sobre o bem, permitin- em erro, mediante uma falsa
Caso a violência seja empregada após a consumação do R do ou facilitando a substrução. percepção da realidade.
furto, o agente responderá por furto em concurso com o crime A
Há a subtração do bem sem que
Ocorre a entrega espontânea (em-
U bora viciada) do bem pela vítima
de dano (Art. 163). a vítima perceba.
D ao agente.
De acordo com Fernando Capez, o furto da bolsa para Ex.: “A” e “B”, banidos, se dis-
E
obter o que está em seu interior não qualifica o delito, pois a farçam de técnicos de TV a cabo Ex.: “A” se disfarça de manobrista e
bolsa não é obstáculo e sim forma de transportar as coisas. O e pedem para consertar a TV de fica parado em frente a um restau-
“C”. Enquanto “C” permanece em rante. “B” entrega seu veículo para
obstáculo seria um cadeado. seu quarto “A” e “B” aproveitam que o falso manobrista o estacione.
Há decisões que entendem pela aplicabilidade da qualifi- sua distração para furtar objetos “A” desaparece com o carro.
na sala de estar.
cadora quando há ligação direta no veículo.
III. Com emprego de chave falsa;
II. Com abuso de confiança, ou mediante fraude, Segundo alguns autores, chave falsa é todo o instrumento,
escalada ou destreza; com ou sem forma de chave, destinado a abrir fechaduras
▷ Confiança é circunstância subjetiva incomunicável o Ex.: Grampos, arames, estiletes, micha etc.
concurso de pessoas (Art. 30, CP). A chave verdadeira, obtida fraudulentamente, não gera a
Ex.: Famulato (furto praticado por empregado domésti- qualificadora do inciso III.
co contra o patrão). IV. Mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Essa qualificadora pressupõe dois requisitos: Responderá por furto qualificado mesmo se um dos inte-
▷ A vítima tem que depositar, por qualquer motivo (amiza- grantes for menor de 18 anos.
de, parentesco, relações profissionais etc.), uma especial § 5º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a
confiança no agente; subtração for de veículo automotor que venha a ser trans-
portado para outro Estado ou para o exterior.
▷ O agente deve se aproveitar de alguma facilidade
§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se
decorrente da confiança nele depositada para co-
a subtração for de semovente domesticável de produ-
meter o crime. ção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
A vítima tem que depositar, por qualquer motivo (amiza- da subtração.

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de, parentesco, relações profissionais etc.), uma especial con-
fiança no agente; Considerações Gerais
O agente deve se aproveitar de alguma facilidade decor- Bens Imóveis e Energia Elétrica
rente da confiança nele depositada para cometer o crime. Os bens considerados imóveis pela legislação civil e que
puderem ser deslocados de um local para outro podem ser
Furto Mediante Abuso de Confiança Apropriação Indébita
objeto de furto.
O agente exerce a posse em
O agente tem mero contato com a coisa.
nome de outrem.
Ex.: Navios, prédios, terrenos, carro, moto, animal de es-
O agente pode até ter posse, mas essa é uma timação, celular.
O agente tem posse
posse precária vigiada. A energia elétrica ou qualquer outra que possua valor eco-
desvigiada
O dolo é superveniente à nômico é equiparada a coisa móvel (Art. 155, § 3º, CP).
O dolo está presente desde o início da posse.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

posse. Ex.: Energia genética, energia nuclear, energia mecâni-


Fraude é o artifício (emprego de algum objeto, instru- ca. Desse modo, a ligação clandestina de energia elétrica
mento ou vestimenta para enganar o titular do bem) ou ardil “gato” é crime de furto.
(conversa enganosa), isto é, o meio enganoso empregado pelo Modalidades de Furto
agente para diminuir a vigilância da vítima ou de terceiro sobre
Abigeato: furto de gado.
um bem móvel, permitindo ou facilitando sua subtração.
Famulato: furto praticado pelo empregado doméstico
▷ A fraude como qualificadora há de ser empregada an- contra o patrão. Não precisa ser realizado na residência do pa-
tes ou durante a subtração da coisa, ou seja, antecede a trão, pode ser em qualquer lugar.
consumação do crime. Furto famélico: hipótese em que o agente subtrai alimentos
▷ Um ponto muito relevante é a diferenciação entre fur- para saciar sua fome ou de sua família, pois se encontra em situa-
to mediante fraude e estelionato. ção de extrema miséria e pobreza.
Destreza: trata-se de peculiar habilidade física ou manual O furto famélico configura estado de necessidade, preen-
permitindo ao agente despojar a vítima sem que esta perceba. chidos os seguintes requisitos: 421
Ex.: Batedores de carteira ou punguistas. ▷ Fato praticado para mitigar a fome;
▷ Que haja subtração de coisa capaz de contornar Ex.: Cabelo.
422 imediatamente e diretamente a emergência (fome). Cadáver pode ser objeto de furto, desde que possua dono.
▷ Inevitabilidade do comportamento lesivo. Ex.: Cadáver de faculdade de medicina.
§ 5º A pena é de reclusão de três a oito anos, se a sub-
▷ Impossibilidade de trabalho ou insuficiência dos re-
tração for de VEÍCULO AUTOMOTOR que venha a ser
cursos auferidos. transportado para outro Estado ou para o exterior. (In-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Somente pode ser aplicado o furto famélico àquele que cluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
está desempregado? Não. Caso os recursos obtidos sejam in- Esta majorante só incide quando o furto for de veículo
suficientes, pode ser reconhecido o furto famélico. automotor, não abrangendo embarcação nem aeronave, além
disso, o veículo automotor deve ser levado para outro Estado
Princípio da Insignificância no Furto ou país. Esqueceu-se de colocar o DF na qualificadora, porém a
O princípio da insignificância é causa supralegal de exclu- doutrina penal entende que o DF está abrangido também, pois
são da tipicidade (o fato não será crime). o legislador ao utilizar a expressão Estado considerou os entes
Exige a Presença dos Seguintes Requisitos da federação, dentre eles o DF.
Requisitos objetivos: mínima ofensividade da conduta; au- Não basta a intenção de ultrapassar os limites do Estado
sência de periculosidade social; reduzido grau de reprovabilida- ou do país, sendo necessário que este ato seja consumado.
de do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica. Furto de Coisa Comum
Requisitos subjetivos: importância do objeto material para
Art. 156. Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para
a vítima (situação econômica + valor sentimental do bem); e cir-
si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
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cunstâncias e resultado do crime.


coisa comum:
O princípio da insignificância, desde que presentes seus re-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
quisitos objetivos e subjetivos, é em tese aplicável tanto ao furto
simples como ao furto qualificado. § 1º Somente se procede mediante representação.
Ex.: Duas pessoas, em concurso de agentes, furtam uma § 2º Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
penca de bananas. cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Subtração de cartão bancário ou de crédito: não há crime
de furto (princípio da insignificância). Eventual utilização do
Do Roubo e da Extorsão
cartão, para saques em dinheiro ou compras em geral, carac- Roubo
teriza o crime de estelionato (Art. 171, CP).
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou-
Apontamentos trem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa,
Principais diferenças entre os crimes que mais são confun- ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
didos em provas de concurso: impossibilidade de resistência:
• Furto X Apropriação Indébita Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
O furto é diferente da apropriação indébita (Art. 168, CP), pois § 1º Na mesma pena incorre quem, LOGO DEPOIS de sub-
no primeiro a posse é vigiada e a subtração reside exatamente na traída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
retirada do bem desta esfera de vigilância. Já no segundo, a vítima ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
entrega ao agente a posse desvigiada de um bem. detenção da coisa para si ou para terceiro.
• Furto X Peculato § 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I. Se a violência ou ameaça é exercida com empre-
O funcionário público que subtrai ou concorre para que
go de arma;
seja subtraído bem público ou particular, que se encontra sob
a guarda ou custódia da Administração Pública, valendo-se II. Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
da facilidade que seu cargo lhe proporciona, pratica o crime III. Se a vítima está em serviço de transporte de va-
de peculato furto (Art. 312, §1º, CP), também conhecido como lores e o agente conhece tal circunstância.
peculato impróprio. IV. Se a subtração for de veículo automotor que ve-
nha a ser transportado para outro Estado ou para
• Furto X Exercício Arbitrário das Próprias Razões o exterior;
Se um credor subtrai bens do devedor para se ressarcir de dívida V. Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
não paga, o crime não será de furto, mas de exercício arbitrário das tringindo sua liberdade.
próprias razões (Art. 345, CP). § 3º Se da VIOLÊNCIA resulta lesão corporal grave, a
É pacífico o entendimento de que a coisa abandonada (res pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
derelicta), a coisa de ninguém (res nullius) não podem ser multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
objeto do crime de furto, como também a coisa perdida (res anos, sem prejuízo da multa.
desperdita), porém a coisa perdida constitui o crime de apro- O crime de roubo está tipificado no rol dos crimes contra o
priação de coisa achada, Art.169, II, do CP. patrimônio. Esse crime assemelha-se muito ao crime de furto,
O ser humano não pode ser objeto de furto, salvo se forem contudo possui elementos que, agregados à conduta “subtrair”,
partes definidas e com valor econômico. formam um novo crime.
No roubo há a subtração de coisa móvel alheia, porém com Situações nas quais o roubo é considerado consumado:
o emprego de violência ou grave ameaça contra a pessoa, ele- ▷ Destruição ou perda do bem subtraído;
mentos esses que empregados, fazem com que a vítima entre- ▷ Prisão em flagrante de um dos ladrões e fuga do(s)
gue a coisa móvel, funcionando como circunstâncias especiais
comparsa(s) com o bem subtraído.
que relevam a distinção para o crime furto.
Classificação Roubo Impróprio
§ 1º Na mesma pena incorre quem, logo depois de sub-
É crime comum / Formal (STJ e STF) / instantâneo / plurissub- traída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave
sistente / de dano / de concurso eventual. ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a
Ofende o patrimônio, integridade física e liberdade indivi- detenção da coisa para si ou para terceiro.
dual do indivíduo (Crime COMPLEXO).
Roubo Próprio (caput) Roubo Impróprio (§ 1º)
É crime de forma livre: admite qualquer meio de execução.
Emprego de Grave Ameaça Violência ou Grave
ameaça ou qualquer
Também denominada de violência moral ou vis compulsi- Meios de outro meio que reduza a Violência ou Grave
va (consiste na promessa de mal grave, iminente e passível de Execução vítima à impossibilidade Ameaça.
realização). de resistência (violência
Emprego de Violência imprópria).
Momento
Também denominada de violência própria, violência física Logo depois de subtrair
de Emprego Antes ou Durante a sub-
ou vis absoluta (consiste no emprego de força física sobre a a coisa, mas antes da
do meio de tração do bem.
vítima, mediante lesão corporal ou vias de fato, para facilitar consumação do furto.
execução
a subtração do bem. Assegurar a impunidade
Qualquer Outro Meio que Reduza a Vítima à Impossibilidade Finalidade
Permitir a subtração do do crime ou a detenção
do meio de
de Resistência execução
bem. da coisa (o bem já foi
Também conhecida como violência imprópria ou violên- subtraído).
cia indireta. Abrange todos os outros meios (diferentes da
O roubo impróprio não admite a violência imprópria
violência ou grave ameaça) que impossibilitam a resistência
(qualquer outro meio que reduza a vítima à impossibilidade
da vítima no momento da execução do roubo.
de resistência).
Ex.: Drogar ou embriagar a vítima, usar soníferos (o famo-
so “Boa noite Cinderela”) ou hipnose etc. Para falarmos em roubo impróprio é imprescindível o
Não admite o princípio da insignificância, pois o desvalor prévio apoderamento da coisa.
da conduta é elevado, o que justifica a rigorosa atuação do O roubo impróprio consuma-se no momento em que o sujeito
direito penal. utiliza a violência à pessoa ou grave ameaça, ainda que não tenha

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O elemento subjetivo é o dolo e exige-se o fim de assenho- êxito em sua finalidade de assegurar a impunidade do crime ou
ramento definitivo da coisa (animus rem sibi habendi). Não é a detenção da coisa subtraída para si ou para terceiro (é Crime
admitida a modalidade culposa. Formal).
O crime de roubo admite arrependimento posterior? Para
Causas de Aumento de Pena
a maioria da doutrina o roubo próprio admite arrependimento
posterior quando praticado mediante violência imprópria (Ex.: § 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
uso de psicotrópicos). Para a minoria, violência imprópria não I. Se a violência ou ameaça é exercida com empre-
admite arrependimento posterior, pois não deixa de ser espé- go de arma;
cie de violência. II. Se há o concurso de duas ou mais pessoas;
Sujeitos do Crime III. Se a vítima está em serviço de transporte de va-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lores e o agente conhece tal circunstância.


Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum), exceto o
proprietário da coisa alheia móvel. IV. Se a subtração for de veículo automotor que ve-
Sujeito Passivo: o proprietário, possuidor ou detentor da nha a ser transportado para outro Estado ou para
coisa alheia móvel, assim como qualquer outra pessoa que o exterior;
seja atingida pela violência ou grave ameaça. Pessoa Jurídica V. Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
também pode ser sujeito passivo. tringindo sua liberdade.
Consumação e Tentativa Se a violência ocorrer nos termos do inciso um deste pará-
Consuma-se o crime de roubo, no momento em que o grafo, aplica-se tanto às armas próprias quanto às impróprias.
agente se torna possuidor do bem subtraído mediante grave Ex.: (Próprias) revólveres, pistolas, espingardas etc.)
ameaça ou violência. Para que o agente se torne possuidor, é (Impróprias) facas, navalhas, taco de beisebol, te-
desnecessário que a coisa saia da esfera de vigilância da víti- souras, machado etc.
ma, bastando que cesse a clandestinidade ou a violência. (Para Se o crime é cometido em concurso de agentes e somente
esta corrente, o crime de Roubo é Formal). um deles utiliza a arma, a causa de aumento de pena se es-
A tentativa é plenamente admitida, haja vista o caráter tende a todos os envolvidos no roubo, independentemente de 423
plurissubsistente do crime de roubo. serem coautores ou partícipes.
agente de transpor a fronteira para a aplicação do aumento
Efetivo uso: incide a causa de aumento.
424 de pena.
Porte ostensivo: Incide a causa de aumento.
Arma de fogo Ex.: Um veículo foi roubado e desmanchado em Casca-
Porte simulado de arma: não incide a causa
de aumento, mas caracteriza o roubo simples vel/PR e suas peças foram encaminhadas para São Paulo
(grave ameaça). ou para o Paraguai.
Esta majorante só incide quando o roubo for de veículo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Absoluta ineficácia de arma: não incide a automotor, não abrangendo embarcação nem aeronave, além
causa de aumento, mas caracteriza o roubo disso, o veículo automotor deve ser levado para outro Estado
Arma com defeito simples (grave ameaça). ou país.
Relativa ineficácia de arma: incide a causa do
aumento. • Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
tringindo sua liberdade
Não incide a causa de aumento, mas caracteri- Na hipótese desta qualificadora, a vítima deve ter restrin-
za o roubo simples (grave ameaça). gida sua liberdade por tempo juridicamente relevante.
Arma Conforme o STF, arma desmuniciada ou sem Ex.: Pedro, mediante grave ameaça, subtrai o carro de
desmuniciada possibilidade de pronto municiamento não Rafael, e com ele permanece até abandoná-lo em um lo-
configura o crime tipificado no Art. 14 da Lei
cal distante, evitando, dessa forma, o pedido de socorro
10.826/03 (Estatuto do Desarmamento).
às autoridades.
Não incide a causa de aumento, mas caracteri- Roubo Qualificado
Arma de brinquedo
za o roubo simples (grave ameaça). § 3º Se da VIOLÊNCIA resulta lesão corporal grave, a
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pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da


• Se há o concurso de duas ou mais pessoas multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta
anos, sem prejuízo da multa.
Incide esta qualificadora ainda que um dos envolvidos seja
inimputável (Ex.: Menor de 18 anos) ou não possa ser identi- Roubo qualificado pela lesão corporal grave (7 a 15 anos);
ficado. Roubo qualificado pela morte [latrocínio] (20 a 30 anos).
Essa qualificadora incide ainda que apenas um dos envol- De acordo com o texto legal, somente é possível a incidência
vidos no roubo pratique atos executórios ou esteja presente das qualificadoras quando o resultado agravador resultar de vio-
no local do crime. Desse modo, aplica-se tanto aos coautores lência. Desse modo, se resultar de grave ameaça não incidirá esta
quanto aos partícipes. qualificadora.
• Se a vítima está em serviço de transporte de valo- Imagine a seguinte situação hipotética: “A” apontou uma
arma de fogo para “B”, senhora de 80 anos, e anunciou o as-
res e o agente conhece tal circunstância salto. “B”, com o susto da situação, sofreu um infarto fulmi-
Tem por finalidade conceder maior proteção às pessoas nante e morreu em razão da grave ameaça empregada, mo-
que prestam serviços relacionados ao transporte de valores, mento em que “A” subtrai a bolsa da vítima. Nesta situação,
exclui-se o proprietário dos bens. “A” responderá por roubo consumado em concurso formal
Ex.: Carros-fortes, office-boys, estagiários, funcionários com homicídio culposo.
de bancos etc. Segundo o Art. 1º da Lei nº 8.072/90, O latrocínio, consu-
Exige-se que o agente tenha conhecimento desta circuns- mado ou tentado, é crime hediondo.
tância. De acordo com a Súmula 603 do STF a competência
• Se a subtração for de veículo automotor que ve- para o processo e julgamento do latrocínio é do Juiz Singu-
nha a ser transportado para outro Estado ou para lar e não do Tribunal do Júri. Isso ocorre porque o latrocínio
o exterior é crime contra o patrimônio e o Tribunal do Júri só julga os
crimes dolosos contra a vida.
Fundamenta-se na maior dificuldade de recuperação do
bem pela vítima, quando ocorre a ultrapassagem das frontei- O resultado agravador (morte) pode ter sido causado de
ras estaduais ou internacionais. forma dolosa ou culposa. Percebe-se, então, que o latrocínio
não é crime exclusivamente preterdoloso (dolo no anteceden-
Não incide esta causa de aumento de pena na hipótese de
te e culpa no consequente). Admite-se a tentativa se o resulta-
transporte de componentes isolados (peças) do veículo auto-
do agravador, morte, ocorrer de forma dolosa.
motor para outro Estado ou para o exterior.
Qual crime pratica o assaltante que, duas semanas após o
Esta majorante só incide quando o roubo for de veiculo
assalto, mata gerente que o reconheceu como um dos crimino-
automotor, não abrangendo embarcação nem aeronave. Além
sos? Não pode ser o Art. 157, § 3º, uma vez que exige o fator tem-
disso a causa de aumento de pena somente terá incidência
po e o fator nexo. O crime será de roubo em concurso material
quando o veículo automotor efetivamente for transportado
com homicídio qualificado pela conexão consequencial.
para outro Estado ou para o Exterior.
De acordo com Cleber Masson, a majorante é compatível Considerações
com a forma tentada em uma única hipótese: quando o agente De acordo com a Súmula 610 do STF: Há crime de latrocí-
é perseguido logo após a subtração e foge em direção a fron- nio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize
teira de outro País ou Estado, mas acaba sendo preso antes o agente a subtração de bens da vítima. Atenção para as se-
que transponha a fronteira. Nesse caso basta a intenção do guintes situações:
Subtração do Bem Morte da Vítima Latrocínio Extorsão (Art. 158, §1º, primeira
Roubo (Art. 157, §2º, II, CP)
parte, CP)
Consumado Consumado Consumado
Crime COMETIDO por duas ou Se há o CONCURSO de duas ou
Tentada Consumado Consumado mais pessoas. mais pessoas.
Tentada Tentada Tentada Admite coautoria, mas não admite Admite coautoria e partici-
participação. pação.
Consumado Tentada Tentada
Extorsão Qualificada
Extorsão Art. 158, § 2º, CP. Aplica-se à extorsão praticada me-
Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou gra- diante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
ve ameaça, e com o intuito de obter para si ou para ou- Se, da violência resulta lesão corporal grave (7 a 15
trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que anos), se resulta morte (20 a 30 anos).
se faça ou deixar fazer alguma coisa: Se, o resultado agravador (lesão corporal grave ou morte)
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. ocorrer em razão da grave ameaça empregada, o agente res-
§ 1º Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ponderá pelo crime de Extorsão simples (caput).
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um A extorsão qualificada pela morte, consumada ou tentada
terço até metade. é crime hediondo (Art. 1º, IV, Lei nº 8.072/90).
§ 2º Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
• Extorsão mediante restrição da liberdade da vítima
o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da li-
liberdade da vítima, e essa condição é necessária
berdade da vítima, e essa condição é necessária para a
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclu-
de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
são, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se re-
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte,
sulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as pe-
aplicam-se as penas previstas no Art. 159, §§ 2º e 3º,
nas previstas no Art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
respectivamente.
A extorsão, ao contrário do roubo, não pode ser praticada Popularmente conhecido como o crime de “Sequestro re-
mediante violência imprópria (Qualquer outro meio que redu- lâmpago”.
za a vítima à impossibilidade de resistência).
Este crime, além de atentar contra o patrimônio da vítima,
Segundo Nelson Hungria, uma das formas mais frequen- viola também sua liberdade de locomoção.
tes de extorsão é a famosa “Chantagem” (praticada mediante Ex.: “A”, mediante uso de arma de fogo, ameaça de mor-
ameaça de revelação de fatos escandalosos ou difamatórios, te “B”, o qual estava saindo de sua residência, e o cons-
para coagir o ameaçado a “comprar” o silêncio do ameaça- trange a dirigir seu veículo até um caixa eletrônico para

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dor). É um crime de ação penal pública incondicionada. que “B” saque dinheiro para entregar a “A”.
Diferencia-se do Roubo (Art. 157, § 2º, V, CP), pois é im-
Classificação
prescindível um comportamento de “B” (digitar a senha do
Extorsão é crime comum / de forma livre / formal / instantâ- cartão do banco) para a consumação do crime de extorsão.
neo / plurissubsistente / de dano / doloso (não admite a modali- Diferenças entre o “sequestro relâmpago” com a extorsão
dade culposa) / de concurso eventual. mediante sequestro
É considerado um crime complexo, pois protege vários
bens jurídicos. (patrimônio, integridade física e liberdade in- Sequestro Relâmpago Extorsão Mediante
dividual). (Art. 158, §3º, CP) Sequestro (Art. 159, CP)
É crime formal / de consumação antecipada. A obtenção da Restrição da liberdade. Privação da liberdade.
indevida vantagem econômica pelo agente é exaurimento do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

crime que será levado em consideração na dosimetria da pena- Não há encarceramento da vítima.
A vítima é colocada no
-base (Art. 59, CP). cárcere.

Sujeitos do Crime Finalidade de se obter


Finalidade de se obter indevida
Por ser um crime comum, não se exige uma qualidade es- qualquer vantagem, como
vantagem econômica.
pecial do sujeito ativo ou passivo, portanto pode ser cometido/ condição ou preço do resgate.
sofrido por qualquer pessoa.
Considerações
Consumação e Tentativa Se a vantagem é devida (legítima), verdadeira ou suposta-
Súm. 96, STJ. O crime de extorsão consuma-se inde- mente, o agente responderá pelo crime de exercício arbitrário das
pendentemente da obtenção da vantagem indevida. próprias razões (Art. 345, CP).
A tentativa é admitida. A vantagem indevida deve ser econômica, pois se não o
for, estará afastado o crime de extorsão.
Causa de Aumento de Pena
Ex.: “A”, mediante violência ou grave ameaça, coage “B”
▷ Se o crime é COMETIDO por duas ou mais pessoas; a assumir a autoria de um crime de difamação praticado
▷ Se o crime é cometido com emprego de arma; contra “C”. 425
Diferenças entre o crime de extorsão e roubo: ї É crime complexo.
426 Roubo Extorsão Resulta da fusão da extorsão (Art. 158) e sequestro (Art. 148).
O extorsionário faz com que a Objeto Material
O ladrão subtrai.
vítima lhe entregue. A pessoa privada de sua liberdade e também aquela lesa-
O agente busca vantagem O agente busca vantagem
da em seu patrimônio.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

imediata. mediata (futura). É crime hediondo em todas as suas modalidades (tenta-


dos ou consumados). (Art. 1º, IV, Lei nº 8.072/90).
Não admite bens imóveis. Admite bens imóveis também.
Núcleo do Tipo
Admite violência imprópria. Não admite violência imprópria.
“Sequestrar”: privar uma pessoa de sua liberdade de loco-
A colaboração da vítima é dis- A colaboração da vítima é moção por tempo juridicamente relevante.
pensável. indispensável. Sujeitos do Crime
Diferenças entre o crime de Extorsão e Constrangimento Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum). Se o sujei-
ilegal to ativo for funcionário público e cometer o crime no exercício
A extorsão se distingue do crime de constrangimento de suas funções, responderá também pelo crime de abuso de
ilegal (Art. 146, CP), pois, no primeiro há a presença de um autoridade (Arts. 3º, “a” e 4º, “a”, Lei nº 4.898/65).
elemento subjetivo do tipo (especial fim de agir do agente) Pessoa que simula o próprio sequestro para extorquir seus
representado pela vontade de obter indevida vantagem eco- pais, mediante o auxílio de terceiros, responde por extorsão
nômica, para si ou para outrem. (Art. 158).
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Diferenças entre o crime de Extorsão e Concussão Sujeito Passivo: pessoa que sofre a lesão patrimonial e
pessoa privada de sua liberdade.
Extorsão (Art. 158) Concussão (Art. 316)
A vítima deve ser necessariamente uma pessoa humana.
Crime contra a Administração Desse modo, a privação da liberdade de um animal (de extin-
Crime Contra o Patrimônio.
Pública. ção ou raça) configura o crime de extorsão (Art. 158, CP).
Se a vítima for menor de 18 anos ou maior de 60 anos o
Há emprego de violência ou Não há emprego de violência ou
grave ameaça. grave ameaça. crime será qualificado (§ 1º).
Supondo que haja subtração de animal de outrem e infor-
Em regra é praticado por particu-
Em regra é praticado por fun-
ma que somente será devolvido caso seja pago resgate. Há
lar, mas funcionário público pode prática do crime de extorsão mediante sequestro? Não haverá
cionário público, mas particular
praticar caso empregue violência tal crime já que o tipo penal se remete à pessoa. Nessa hipóte-
pode ser coautor ou partícipe.
ou grave ameaça. se, será configurado o delito de extorsão.
É possível concurso de crimes de roubo e extorsão, por Elemento Subjetivo
exemplo o agente, após roubar o carro da vítima, a obriga a Dolo + (especial fim de agir) com o fim de obter, para si
entregar o cartão 24h com a senha, conforme STJ. ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
do resgate. Não se admite a modalidade culposa.
Extorsão Mediante Sequestro
Art. 159. Sequestrar pessoa com o fim de obter, para Espécie da Vantagem
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição A maioria da doutrina entende que a vantagem deve ser
ou preço do resgate: econômica e indevida.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Se a vantagem for devida, o agente responderá pelos
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho- crimes de sequestro (Art. 148) e exercício arbitrário das pró-
ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior prias razões (Art. 345) em concurso formal.
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por Consumação e Tentativa
bando ou quadrilha: Consuma-se com a privação da liberdade da vítima, in-
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. dependente da obtenção da vantagem pelo agente. É crime
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: formal. A tentativa é possível.
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. Juízo Competente
§ 3º Se resulta a morte: O Juízo Competente para julgamento é o do local em que
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. ocorreu o sequestro da vítima, e não o da entrega do even-
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente tual resgate.
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação Se os parentes da vítima realizarem o pagamento do res-
do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois gate, ocorrerá o exaurimento do crime.
terços.
Crime Permanente
Objetividade Jurídica É Crime Permanente (a consumação se prolonga no tempo
Patrimônio e liberdade individual. Integridade física e vida e dura todo o período em que a vítima estiver privada de sua
humana (§ 2º e § 3º). liberdade).
Por ser crime permanente, é cabível a prisão em flagrante ▷ Prática do crime em concurso de pessoas: não é
a qualquer tempo, enquanto durar a permanência. exigível Associação Criminosa, basta o concurso de
A privação da liberdade do sequestrado há de ser mantida pessoas;
por tempo juridicamente relevante. ▷ Esclarecimento por parte de um dos criminosos a
autoridade sobre o crime;
Classificação Doutrinária
▷ Facilitação da libertação do sequestrado, ou seja,
Crime comum / de forma livre/ FORMAL / PERMANENTE /
que a delação seja eficaz.
plurissubsistente / de dano / de concurso eventual.
De acordo com a jurisprudência, deve ser aplicada a dela-
Ação Penal ção premiada quando a vítima é libertada diretamente por um
A Ação Penal é pública incondicionada em todas as espé- dos sequestradores.
cies do crime. A redução de pena é proporcional conforme a maior ou
Figuras Qualificadas menor colaboração do agente. Quanto mais auxiliar, maior
a redução.
§ 1º Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou A delação deve ser EFICAZ, ou seja, deve ter contribuí-
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é come- do decisivamente para a libertação da vítima. Desse modo, a
tido por bando ou quadrilha. Pena - reclusão de 12 a pena não será diminuída se o refém foi solto por outro motivo
20 anos. qualquer, diverso da informação prestada pelo sequestrador.
Incide a qualificadora quando na data do sequestro a ví- Presentes os requisitos legais, o juiz é obrigado a reduzir
tima possuía, por exemplo, 59 anos e 11 meses e na data da a pena do criminoso (é direito subjetivo do réu).
libertação possuía mais de 60 anos, pois o crime de extorsão A redução da pena da delação premiada não se comunica
mediante sequestro é crime permanente (a consumação pro- aos demais coautores ou partícipes que não denunciaram o
longa-se no tempo por vontade do agente). fato à autoridade (circunstância pessoal), pois não facilita-
E se o crime se deu em exatas 24 horas, incide a qualifi- ram a libertação do refém.
cadora? Não. Tem que ser mais de 24 horas. Extorsão Indireta
Se o crime é cometido por associação criminosa e esta for
Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
usada para qualificar o delito, não pode haver a punição pelo
abusando da situação de alguém, documento que
Art. 288 do CP, sob pena de ocorrência do bis in idem.
pode dar causa a procedimento criminal contra a víti-
§ 2º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: ma ou contra terceiro:
Pena - reclusão de 16 a 24 anos. Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

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§ 3º Se resulta a morte: O crime de extorsão se consuma no momento em que é
Pena - reclusão de 24 a 30 anos. realizada a conduta de constrangimento mediante o uso de
No roubo e na extorsão só existe a qualificadora quan- violência ou grave ameaça, portanto considerado crime for-
do a lesão corporal de natureza grave ou a morte resultam mal. A obtenção da vantagem indevida configura mero exau-
da “violência”, ao passo que nesta hipótese o crime será rimento do crime.
qualificado quando do FATO resultar lesão corporal de na-
tureza grave ou morte. Portanto o resultado agravador pode Da Usurpação
ser provocado por violência própria, violência imprópria ou Alteração de Limites
GRAVE AMEAÇA.
Art. 161. Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual-
Não incidirá esta qualificadora se o resultado agravador for quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro-
produzido por força maior, caso fortuito ou culpa de terceiro.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

priar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:


Ex.: cai um raio no barraco onde a vítima era mantida Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
em cativeiro e esta morre.
§ 1º Na mesma pena incorre quem:
A morte ou lesão corporal grave podem ter sido provo-
cadas dolosa ou culposamente. Não é crime exclusivamente Usurpação de Águas
preterdoloso (dolo no antecedente e culpa no consequente). I. Desvia ou represa, em proveito próprio ou de ou-
A pena da extorsão mediante sequestro qualificada pela trem, águas alheias;
morte (24 a 30 anos) é a maior do Código Penal. Esbulho Possessório
Delação Premiada II. Invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
§ 4º Se o crime é cometido em concurso, o concorrente ou mediante concurso de mais de duas pessoas,
terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho
que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do possessório.
sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. § 2º Se o agente usa de violência, incorre também na
É causa especial de diminuição da pena que somente pode pena a esta cominada.
ser aplicada pelo Juiz (Delegados e Promotores não podem). § 3º Se a propriedade é particular, e não há emprego de 427
Requisitos para a incidência deste parágrafo: violência, somente se procede mediante queixa.
Supressão ou Alteração de Núcleos do Tipo
428 Destruir: extinguir a coisa (dano físico total).
Marca em Animais
Ex.: Quebrar totalmente um espelho; queimar um tele-
Art. 162. Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado fone celular.
ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de pro- Inutilizar: tornar uma coisa imprestável aos fins a que se
priedade: destina.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Ex.: Retirar a bateria de um carro.
Deteriorar: estragar parcialmente um bem, diminuindo-
Do Dano lhe o valor ou a utilidade (dano físico parcial).
Art. 163. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Ex.: Riscar a lataria de um veículo.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Sujeitos do Crime
Dano Qualificado Sujeito Ativo: é crime comum, pode ser praticado por
Parágrafo único. Se o crime é cometido: qualquer pessoa, exceto o proprietário da coisa.
I. Com violência à pessoa ou grave ameaça; Se o proprietário danificar coisa própria, que se acha
II. Com emprego de substância inflamável ou explosi- em poder de terceiro por determinação judicial ou conven-
va, se o fato não constitui crime mais grave; ção, responderá pelo previsto no Art. 346, CP.
III. Contra o patrimônio da União, Estado, Municí- Sujeito Passivo: qualquer pessoa (proprietário ou possui-
pio, empresa concessionária de serviços públicos dor legítimo da coisa).
ou sociedade de economia mista; Elemento Subjetivo
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IV. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerá- É o Dolo. A finalidade do agente deve ser unicamente des-
vel para a vítima: truir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, Importante: não existe o crime de dano culposo.
além da pena correspondente à violência. Se o dano constituir-se em meio para a prática de outro
Objetividade Jurídica crime, ou então como qualificadora de outro crime, será por
este absorvido. Ex.: Furto qualificado pela destruição ou rom-
Patrimônio das pessoas físicas ou jurídicas.
pimento de obstáculo (Art. 155, § 4º, I, CP): o dano, crime-
Não há crime de dano quando a conduta do agente recair meio, será absorvido pelo furto, crime-fim.
sobre res derelicta (coisa abandonada) ou res nullius (coisa
de ninguém). Todavia se a conduta recair sobre res despedita Consumação e Tentativa
(coisa perdida) haverá crime, pois se trata de coisa alheia. É crime material. Desse modo, ele se consuma quando
o agente efetivamente destrói, inutiliza ou deteriora a coisa
Objeto Material alheia. A tentativa é plenamente possível.
Coisa alheia, móvel ou imóvel, sobre a qual incide a con-
duta do agente. Dano Simples
O crime de dano simples (caput) é IMPO, Infração de Me-
Dano em Documentos (Públicos ou Privados) nor Potencial Ofensivo, de competência do Juizado Especial
Se o agente danificou para impedir utilização do docu- e de ação penal privada (Art. 167, CP).
mento como prova de algum fato juridicamente relevante,
Classificação Doutrinária
responderá pelo crime de supressão de documento (Art. 305,
CP). Todavia, se a conduta foi praticada unicamente com o Crime comum / material / doloso / de forma livre / instan-
tâneo / plurissubjetivo / de concurso eventual e não transeun-
objetivo de prejudicar o patrimônio da vítima, responderá o
te (deixa vestígios materiais).
agente pelo crime de dano (Art. 163, CP).
Tipo Misto Alternativo, Crime de Ação Dano Qualificado
Múltipla ou de Conteúdo Variado Parágrafo único. Se o crime é cometido:
I. Com violência à pessoa ou grave ameaça;
Haverá crime único na prática de várias condutas com ob-
II. Com emprego de substância inflamável ou explosi-
jeto material no mesmo contexto fático.
va, se o fato não constitui crime mais grave;
É Crime de Forma Livre = Admite qualquer meio de exe-
III. Contra o patrimônio da União, Estado, Municí-
cução. pio, empresa concessionária de serviços públicos
Pode ser praticado por omissão, desde que presente o ou sociedade de economia mista;
dever jurídico de agir (Art. 13, §2º, CP). IV. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerá-
Ex.: Empregada doméstica deixa, dolosamente, de fe- vel para a vítima:
char as janelas da casa da patroa durante uma chuva para Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
que sejam danificados os objetos eletrônicos da casa. além da pena correspondente à violência.
O agente que pratica a conduta de pichar, grafitar ou por
qualquer outro meio conspurcar (poluir) edificação ou monu- Com Violência à Pessoa ou Grave Ameaça
mento urbano responderá pelo crime previsto no Art. 65 da Lei A vítima da violência ou grave ameaça pode ser pessoa
nº 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais). diversa da vítima do dano.
Ex.: Ameaçar a empregada doméstica de seu vizinho aprovados na segunda fase do concurso de Delegado de Polícia
para quebrar a vidraça de sua janela. Civil de um Estado qualquer. Então, no dia da prova oral, “A” sa-
A violência ou grave ameaça deve ocorrer antes ou duran- bota o carro de “B” para que este não consiga chegar a tempo
te a prática do crime de dano, pois, se ocorrer depois, o agente para realizar o exame e seja eliminado do concurso.
responderá pelo crime de dano simples em concurso material De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano a
com o crime de lesão corporal (Art. 129) ou ameaça (Art. 147). ação penal é privada.
De acordo com o Art. 167, CP, nesta hipótese de dano a
ação penal será pública incondicionada. Introdução ou Abandono de
Com Emprego de Substância Inflamável ou Explo-
Animais em Propriedade Alheia
Art. 164. Introduzir ou deixar animais em propriedade
siva, se o Fato não Constitui Crime Mais Grave
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde
A expressão “se o fato não constitui crime mais grave” que o fato resulte prejuízo:
informa que esta qualificadora é expressamente subsidiá-
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
ria, ou seja, somente incidirá o dano qualificado quando a
lesão ao patrimônio alheio não caracterizar um crime mais Dano em Coisa de Valor Artístico,
grave, nem funcionar como meio de execução de um delito
mais grave. Arqueológico ou Histórico
Ex.: “A” explode o carro de “B” que estava no estacio- Art. 165. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada
namento: “A” responderá pelo crime de dano qualifica- pela autoridade competente em virtude de valor artís-
do. Todavia se “A” explodiu o carro de “B” com a inten- tico, arqueológico ou histórico:
ção de matá-lo, e efetivamente alcançou este resultado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
responderá pelo crime de homicídio qualificado (Art.
121, §2º, III, CP). Alteração de Local
De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano, a Especialmente Protegido
ação penal será pública incondicionada. Art. 166. Alterar, sem licença da autoridade competen-
Contra o Patrimônio da União, Estado, Mu- te, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
nicípio, Empresa Concessionária de Serviços Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Públicos ou Sociedade de Economia Mista Ação Penal
Não incide esta qualificadora na hipótese de dano contra Art. 167. Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo
o patrimônio de autarquias, empresas públicas, fundações pú- e do Art. 164, somente se procede mediante queixa.
blicas e empresas permissionárias de serviços públicos. Res-

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ponderá o agente pelo crime de dano simples nesta situação. Da Apropriação Indébita
Também não incide esta qualificadora na conduta prati-
cada contra imóveis locados ou usados pelos entes descritos Apropriação Indébita
neste inciso.
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem
De acordo com o entendimento do STJ, o preso que da- a posse ou a detenção:
nifica (destrói, deteriora ou inutiliza) as paredes e grades da
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
cela dos presídios ou delegacias, com o objetivo de fuga não
responde pelo crime de dano. Vejamos uma jurisprudência so- Aumento de Pena
bre o tema: § 1º. A pena é aumentada de um terço, quando o agen-
Conforme entendimento, há muito fixado nesta Corte te recebeu a coisa:
Superior (STF), para a configuração do crime de dano, I. Em depósito necessário;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

previsto no Art. 163 do CPB, é necessário que a vontade II. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
seja voltada para causar prejuízo patrimonial ao dono inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
da coisa (animus nocendi). Dessa forma, o preso que III. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
destrói ou inutiliza as grades da cela onde se encontra,
com o intuito exclusivo de empreender fuga, não comete Conceito
crime de dano. 2. Parecer do MPF pela concessão da A principal característica do crime de apropriação indébita
ordem. 3. Ordem concedida, para absolver o paciente é a existência de uma situação de quebra de confiança, pois a
do crime de dano contra o patrimônio público (Art. 163, vítima entrega, voluntariamente, uma coisa móvel ao agente,
Parágrafo Único, III, do CPB). e este, logo após, inverte seu ânimo no tocante ao bem, pas-
De acordo com o Art. 167 do CP, nesta hipótese de dano a sando a comportar-se como seu dono.
ação penal será pública incondicionada. Objetividade Jurídica
Por Motivo Egoístico ou com Prejuí- Patrimônio.
zo Considerável para a Vítima Objeto Material
Motivo egoístico é aquele ligado à obtenção de um futuro Coisa alheia móvel sobre a qual recai a conduta criminosa 429
benefício, de ordem moral ou econômica. Ex.: “A” e “B” foram (imóveis não).
Para o STJ é possível a prática do crime de apropriação A pessoa recebe a posse ou
O agente já possuía a intenção
430 indébita de coisas fungíveis (móveis que podem substituir-se detenção de coisa de maneira
de se apropriar do bem antes de
por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade). legítima, surgindo a vontade de
alcançar a sua posse ou detenção.
Ex.: Dinheiro. se apropriar posteriormente.

Núcleo do Tipo Ex.: Pessoa vai a uma locadora de Ex.: Pessoa vai a uma locadora
veículos, aluga um veículo, gosta de veículos, já com a intenção de
É o verbo “apropriar” que significa tomar para si, fazer sua
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dele e decide não devolver. alugar o veículo e não devolvê-lo.


coisa alheia.
• Posse/Detenção Legítima e Desvigiada Consumação
Ocorre no momento em que o agente inverte seu ânimo
A posse ou a detenção do bem deve ser LEGÍTIMA e tam-
em relação a coisa alheia móvel, ou seja, ele passa a se com-
bém desvigiada. Desse modo, o crime de apropriação indébita
portar como dono do bem. Pode se dar de duas maneiras:
deve preencher os seguintes requisitos:
Se consuma com a prática de algum ato de disposição
A vítima entrega o bem voluntariamente: se houver fraude Apropriação do bem, incompatível com a condição de possuidor ou
para a entrega o crime será de estelionato, se houver violência indébita detentor.
ou grave ameaça à pessoa o crime será de roubo ou de extor- própria
Ex.: Vender, doar, permutar, emprestar o bem.
são. Negativa de Se consuma no momento em que o agente se recusar
O agente tem a posse ou detenção desvigiada do bem: se restituição expressamente a devolver o bem ao seu proprietário.
a posse ou detenção for vigiada e o bem for retirado da vítima
sem sua autorização o crime será de furto. Tentativa
A apropriação indébita própria admite tentativa.
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O agente recebe o bem de boa-fé: se ao receber o bem o


agente já tinha a intenção de apropriar-se dele, o crime será de Ex.: “A” é preso em flagrante no momento em que doava
estelionato. Obs.: a boa-fé é presumida. os DVDs de “B”, do qual tinha a posse legítima e desvi-
giada.
Modificação posterior no comportamento do agente: após
A apropriação indébita negativa de restituição não admite
entrar licitamente (de boa-fé) na posse ou detenção da coisa,
tentativa (conatus), pois é crime unissubsistente: ou o sujeito
o agente passa a se comportar como se fosse dono. Momento
recusa a devolver o bem, e o crime estará consumado, ou o de-
em que apresenta seu ânimo de assenhoramento definitivo
volve ao dono, e o fato será atípico.
(animus rem sibi habendi). Essa alteração no comportamento
do agente ocorre de duas formas: Ação Penal
a) Prática de algum ato de disposição (venda, doação, A Ação Penal é pública incondicionada.
locação, troca etc.). Também conhecida como apro- Competência
priação indébita própria.
Local em que o agente se apropria da coisa alheia móvel,
b) Recusa na restituição (a vítima solicita a devolução dela dispondo ou negando-se a restituí-la ao seu titular. (Art.
do bem e o agente expressamente se recusa a devol- 70, caput, CPP).
ver). Também denominada negativa de restituição.
Quando o crime de apropriação indébita for praticado por
Sujeitos do Crime algum representante (comercial ou não) da vítima, a competên-
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, desde que tenha a posse cia será do local em que o agente deveria ter prestado contas
ou detenção lícita da coisa alheia móvel. Sempre pessoa di- dos valores recebidos.
versa do proprietário. Classificação Doutrinária
Sujeito Passivo: proprietário ou possuidor (pessoa física Crime comum / material / de forma livre / de concurso even-
ou jurídica) do bem. tual / doloso / em regra plurissubsistente, ou unissubsistente (ne-
Elemento Subjetivo gativa de restituição) / instantâneo.
Dolo. Doutrina e jurisprudência defendem a necessidade 01. O Art. 102 do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) pre-
do ânimo de assenhoramento definitivo da coisa. Desse modo, vê uma modalidade especial de apropriação indébita,
não responderá por este crime aquele que simplesmente se quando praticada contra idoso:
esquece de devolver o bem na data previamente combinada. Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
Não se admite a modalidade culposa. pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-
lhes aplicação diversa da de sua finalidade:
Apropriação Indébita “De Uso” Pena - reclusão de 1 a 4 anos.
Não se pune a apropriação indébita “de uso”: situação em 02. O Art. 5º, “caput”, da Lei dos Crimes Contra o Sistema
que a pessoa usa momentaneamente a coisa alheia, para em Financeiro Nacional (Lei nº 7.492/86) também contém
seguida restituí-la integralmente ao seu proprietário. uma modalidade especial de apropriação indébita:
Apropriação Indébita X Estelionato Art. 5º. Apropriar-se, quaisquer das pessoas menciona-
Apropriação indébita das no Art. 25 desta lei, de dinheiro, título, valor ou qual-
Estelionato (Art. 171, CP)
(Art. 168, CP) quer outro bem móvel de que tem a posse, ou desviá-lo
O dolo é posterior ou subsequente. O dolo é anterior ou antecedente.
em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão de 2 a 6 anos e multa.
Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser prati- Apropriação Indébita Previdenciária
cado pelo controlador e pelos administradores de instituição
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
financeira (diretores e gerentes).
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
Aumento de Pena forma legal ou convencional:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de um terço, quando o agente
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
recebeu a coisa:
I. Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
I. Em depósito necessário; portância destinada à previdência social que tenha
II. Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida- sido descontada de pagamento efetuado a segura-
tário, inventariante, testamenteiro ou depositário dos, a terceiros ou arrecadada do público;
judicial; II. Recolher contribuições devidas à previdência so-
cial que tenham integrado despesas contábeis ou
III. Em razão de ofício, emprego ou profissão.
custos relativos à venda de produtos ou à prestação
A pena será aumentada de um terço quando o agente re- de serviços;
cebeu a coisa: III. Pagar benefício devido a segurado, quando as
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
Em Depósito Necessário bolsados à empresa pela previdência social.
De acordo com a doutrina majoritária, esta causa de au- § 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea-
mento de pena incide apenas no depósito necessário miserá- mente, declara, confessa e efetua o pagamento das
vel, previsto no Art. 647, II, CC (é o que se efetua por ocasião contribuições, importâncias ou valores e presta as in-
de alguma calamidade, como inundação, incêndio, saque ou formações devidas à previdência social, na forma de-
naufrágio). finida em lei ou regulamento, antes do início da ação
fiscal.
Na Qualidade de Tutor, Curador, Síndi- § 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar
co, Liquidatário, Inventariante, Testa- somente a de multa se o agente for primário e de bons
antecedentes, desde que:
menteiro ou Depositário Judicial I. Tenha promovido, após o início da ação fiscal e an-
O fundamento do tratamento penal mais rigoroso repousa tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contri-
na relevância das funções exercidas pelas pessoas indicadas buição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
neste inciso, as quais recebem coisas alheias para guardar con- II. O valor das contribuições devidas, inclusive aces-
sigo, necessariamente, até o momento da devolução. sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
previdência social, administrativamente, como sen-
A palavra “síndico” deve ser substituída pela expressão “ad- do o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
ministrador judicial”, em razão da alteração ocorrida pela Lei nº fiscais.
11.101/2005 (Lei de Falência e Recuperação Judicial do Empresá-

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rio e da Sociedade Empresária). Objetividade Jurídica
Seguridade social (saúde, previdência e assistência social
Em Razão de Ofício, Emprego ou Profissão - Art. 194, CF/88). Não se trata de crime contra o patrimônio.
Não necessita de relação de confiança entre o agente e a
vítima. Objeto Material
Contribuição previdenciária arrecadada e não recolhida.
Prestação de serviço em subordinação e dependência.
Emprego Núcleo do Tipo
Ex.: Dono de um supermercado e seus funcionários.
Deixar de repassar, significa deixar de recolher. (Recolher
Ocupação mecânica ou manual, que necessita de um é depositar a quantia recebida - descontada ou cobrada).
determinado grau de habilidade, e que seja útil ou
Ofício necessário às pessoas em geral. É crime omissivo próprio ou puro (não admite tentativa).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Ex.: Mecânico, sapateiro etc. Lei Penal em Branco Homogênea


Atividade em que não há hierarquia e necessita de Deve ser complementada pela legislação previdenciária
Profissão conhecimentos específicos (técnico e intelectual). em relação aos prazos de recolhimento.
Ex.: Advogado, dentista, médico, arquiteto, contador etc.
Sujeitos do Crime
Apropriação Indébita Privilegiada Sujeito Ativo: qualquer pessoa, crime comum (admite
O Art. 170 do Código Penal dispõe o seguinte: coautoria e participação).
Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o dis- Sujeito Passivo: União Federal.
posto no Art. 155, § 2º. Competência
Art. 155, § 2º, CP. Se o criminoso é primário, e é de peque- Sendo o sujeito ativo União Federal, a competência será da
no valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de Justiça Federal (crime praticado em detrimento dos interesses
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, da União).
ou aplicar somente a pena de multa.
Portanto, é possível a caracterização da apropriação in- Elemento Subjetivo 431
débita privilegiada, em qualquer de suas espécies. É o dolo.
É dispensável (prescindível) o fim de assenhoramento A hipótese do inciso I não se aplica mais, em razão regra
432 definitivo (animus rem sibi habendi), pois o núcleo do tipo é contida no Art. 9, §2º, Lei nº 10.684/03 e do entendimento do
“deixar de repassar”, e não “apropriar-se” como no crime de STJ sobre o assunto.
apropriação indébita. Justa Causa e Prévio Esgotamento
Não se admite a forma culposa. da Via Administrativa
Consumação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Lei nº 9.430/96. Dispõe sobre a legislação tributária


Para a maioria da doutrina é crime formal. Para o STF é federal, as contribuições para a seguridade social, o
crime material, pois deve haver a efetiva lesão aos cofres da processo administrativo de consulta; e dá outras pro-
União. vidências:
Se a conduta for praticada mediante fraude, o crime será Art. 83. A representação fiscal para fins penais relativa aos
de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no Art. crimes contra a ordem tributária previstos nos Arts. 1º e 2º
337-A, CP. da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e aos crimes
contra a Previdência Social, previstos nos Arts. 168-A e
É Crime Unissubsistente 337-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
A conduta se exterioriza em um único ato, suficiente para (Código Penal), será encaminhada ao Ministério Público
a consumação. depois de proferida a decisão final, na esfera administrati-
Ação Penal va, sobre a exigência fiscal do crédito tributário correspon-
dente. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010).
Ação penal pública incondicionada.
§ 1º Na hipótese de concessão de parcelamento do
Hipótese de Dificuldades Financeiras
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crédito tributário, a representação fiscal para fins pe-


Firmou-se o entendimento de que há inexigibilidade de con- nais somente será encaminhada ao Ministério Público
duta diversa (causa supralegal de exclusão da culpabilidade). após a exclusão da pessoa física ou jurídica do parce-
O STJ já decidiu que o fato é atípico em face da ausência lamento. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
de dolo. § 2º É suspensa a pretensão punitiva do Estado refe-
rente aos crimes previstos no caput, durante o período
Extinção da Punibilidade em que a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontanea- com o agente dos aludidos crimes estiver incluída no
mente, declara, confessa e efetua o pagamento das parcelamento, desde que o pedido de parcelamento
contribuições, importâncias ou valores e presta as in- tenha sido formalizado antes do recebimento da de-
formações devidas à previdência social, na forma de- núncia criminal. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
finida em lei ou regulamento, antes do início da ação § 3º A prescrição criminal não corre durante o período
fiscal. de suspensão da pretensão punitiva. (Incluído pela Lei
A ação fiscal tem início com a lavratura do Termo de Início nº 12.382, de 2011).
da Ação Fiscal (TIAF). § 4º Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no
Para que ocorra a extinção da punibilidade, devem-se caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica re-
preencher, cumulativamente, três requisitos: lacionada com o agente efetuar o pagamento integral
▷ Espontânea declaração e confissão do débito; dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios,
▷ Prestação de informações à Previdência Social; que tiverem sido objeto de concessão de parcelamen-
▷ Pagamento integral do débito previdenciário ANTES to. (Incluído pela Lei nº 12.382, de 2011).
do início da Ação Fiscal.
Princípio da Insignificância
Para o STJ o pagamento integral do débito previdenciário,
ANTES ou DEPOIS do recebimento da denúncia, é causa de Para o STF, é possível a aplicação do princípio da insigni-
extinção da punibilidade (Art. 9º, § 2º, Lei nº 10.684/03). HC ficância (causa supralegal de exclusão da tipicidade - o fato
63.168/SC. não será crime) quando o valor do débito previdenciário não
ultrapassar R$10.000,00 (dez mil reais). O fundamento está
Perdão Judicial e Aplicação Iso- no Art. 20 da Lei nº 10.522/2002, que determina o arquiva-
lada de Pena de Multa mento das execuções fiscais, sem cancelamento na distribui-
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli- ção, quando os débitos inscritos como dívida ativa da União
car somente a de multa se o agente for primário e de não excedam este valor.
bons antecedentes, desde que: Forma Privilegiada
I. Tenha promovido, após o início da ação fiscal e an- Nos termos do Art. 170 do CP aplica-se o Art. 155, § 2º, para
tes de oferecida a denúncia, o pagamento da contri- este crime (forma privilegiada).
buição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II. O valor das contribuições devidas, inclusive Apropriação de Coisa Havida por Erro,
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
cido pela previdência social, administrativamente, Caso Fortuito ou Força da Natureza
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
execuções fiscais. seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Classificação
Parágrafo único. Na mesma pena incorre: É um crime COMUM, ou seja, pode ser praticado por qual-
Apropriação de Tesouro quer pessoa.
I. Quem acha tesouro em prédio alheio e se apro- É um crime instantâneo - consuma-se no momento da prá-
pria, no todo ou em parte, da quota a que tem di- tica do ato - com efeitos permanentes.
reito o proprietário do prédio;
Admite a modalidade comissiva (pratica a conduta do es-
Apropriação de Coisa Achada telionato) ou omissiva (mantém a vítima em erro).
II. Quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono Sujeitos do Crime
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade Sujeito Ativo: sendo um crime comum, admite qualquer
competente, dentro no prazo de quinze dias. pessoa.
Art. 170. Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se
o disposto no Art. 155, § 2º. Sujeito Passivo: qualquer pessoa - física ou jurídica - que
seja mantida em erro, desde que seja determinada, NÃO se
Do Estelionato e outras Fraudes admite uma vítima incerta.
O crime de estelionato exige VÍTIMA CERTA E DETERMI-
Estelionato NADA, logo, se a vítima for incerta ou indeterminada, trata-se
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, de crime contra a economia popular - Art. 2º, XI, Lei nº 1.521/51.
em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em Ex.: Adulteração de balança, de bomba de combustível,
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio de taxímetro.
fraudulento:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui- Se a vítima for incapaz ou alienada, o crime será o do Art.
nhentos mil réis a dez contos de réis. 173 do CP: abuso de incapazes - Abusar, em proveito próprio
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o
ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor,
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o dispos- ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
to no Art. 155, § 2º. qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro.
Disposição de Coisa Alheia Como Própria Consumação e Tentativa
I. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou ADMITE tentativa, ademais a fraude deve ser idônea a lu-
em garantia coisa alheia como própria; dibriar a vítima, pois, do contrário, será crime impossível em
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria face da ineficácia absoluta do meio de execução (Art. 17 do

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II. Vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia CP).
coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, Consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita causando o
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
prejuízo à vitima, passando pelos momentos de:
pagamento em prestações, silenciando sobre qual-
quer dessas circunstâncias; ▷ Emprego de fraude pelo agente;
Defraudação de Penhor ▷ Situação de erro na qual a vítima é colocada ou man-
III. Defrauda, mediante alienação não consentida tida;
pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno- ▷ Obtenção de vantagem ilícita pelo agente;
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
Fraude na Entrega de Coisa ▷ Prejuízo sofrido pela vítima.
IV. Defrauda substância, qualidade ou quantidade
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Descrição
de coisa que deve entregar a alguém;
A vantagem ilícita deve ser de natureza econômica (pa-
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro
trimonial): se a vantagem for lícita, estará configurado o cri-
V. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró- me de exercício arbitrário das próprias razões, Art. 345 do CP:
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão,
consequências da lesão ou doença, com o intuito de
embora legítima, salvo quando a lei o permite.
haver indenização ou valor de seguro;
Fraude no Pagamento por Meio de Cheque ▷ Daí que o STF entendeu que o ponto eletrônico, ou a
cola eletrônica são fatos atípicos em face da inexis-
VI. De instituto de economia popular, assistência
social ou beneficência. tência de vantagem econômica. Esse foi o entendi-
mento prevalecente, apesar de haver minoria do STF
§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi-
do contra idoso. que afirma tratar-se de fato típico.
Esse crime tem o objetivo de punir a conduta do agente ▷ O silêncio pode ser usado como meio fraudulento
que, utilizando-se de uma fraude, induz ou mantém alguém para a prática de estelionato, bem como a mentira
em erro, no intuito de obter uma vantagem ilícita sobre essa (tem que ser fraudulenta). 433
vítima. ▷ A fraude bilateral não exclui o crime.
Formas de Execução enquanto o título não é convertido em valor material, não há
434 Ardil - caracteriza-se pela fraude de forma intelectual, efetivo proveito do agente, podendo ser impedido de realizar
fraude moral, representada pela conversa enganosa. É a lábia. a conversão por circunstâncias alheias a sua vontade. Assim,
Ex.: “A”, alegando ser especialista em conserto de com- o crime ainda está na fase de execução. (MAJORITÁRIA).
putadores, convence “B” a entregar-lhe seu notebook Figuras Equiparadas
para conserto.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Artifício - caracteriza-se pela fraude de forma material. § 2º Nas mesmas penas incorre quem:
O agente utiliza algum instrumento ou objeto para enganar a • Disposição de Coisa Alheia como Própria
vítima. I. Vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
Ex.: “A” se disfarça de manobrista e fica parado na por- em garantia coisa alheia como própria;
ta de um restaurante para que “B” voluntariamente lhe Nessa situação, admite-se que o bem seja móvel ou imó-
entregue seu carro. Ou ainda, aquele que utiliza o bilhe- vel. É quando o agente, na posse do bem de um terceiro, utili-
te premiado ou um documento falso. za-o como se fosse próprio.
Qualquer Outro Meio Fraudulento - é uma situação de in- Ex.: O inquilino de um imóvel, que aluga para uma ter-
terpretação analógica.
ceira pessoa por um valor superior, na intenção de obter
Ex.: O silêncio. “A” comerciante entrega a “B”, cliente, lucro, sem o consentimento ou ciência do proprietário
troco além do devido, mas este nada fala e nada faz, fi-
real do imóvel.
cando com o dinheiro para si.
Estelionato e Crime Impossível - Qualquer que seja o meio • Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria
de execução (artifício, ardil ou outro meio fraudulento) empre- II. Vende, permuta, dá em pagamento ou em ga-
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gado na prática da conduta, somente haverá a tentativa quando rantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a tercei-
apresentar idoneidade para enganar a vítima. A idoneidade leva
ro, mediante pagamento em prestações, silencian-
em conta as condições pessoais do ofendido. do sobre qualquer dessas circunstâncias;
Se o meio fraudulento for capaz de enganar a vítima, esta- Nessa situação, o bem é da própria pessoa, podendo tam-
rá caracterizado o conatus. Caso não tenha intenção de iludir bém ser imóvel ou móvel.
a vítima ou apresente-se grosseiro será crime impossível, pois Ex.: O agente vende veículo para três pessoas ao mes-
há impropriedade absoluta do meio de execução. (Art. 17 do mo tempo, no entanto, tal bem se encontra em busca e
CP). apreensão por falta de pagamento, existe um ônus judi-
Estelionato e Reparação do Dano: a reparação do cial sobre o patrimônio.
dano não apaga o crime de estelionato, porém, depen- Trata-se de crime de duplo resultado: vantagem + prejuízo,
dendo do momento que ocorrer a indenização à vítima, punindo-se aquele que pratica um dos núcleos do tipo, silen-
podem ocorrer as seguintes situações: ciando sobre a circunstância.
▷ Se ANTERIOR ao RECEBIMENTO da DENÚNCIA ou • Defraudação de Penhor
QUEIXA, é possível o reconhecimento do arrepen-
III. Defrauda, mediante alienação não consentida
dimento posterior, isso irá diminuir a pena de um a
dois terços, nos termos do Art. 16 CP. pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno-
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
▷ Se ANTES da SENTENÇA, pode ser aplicada a ate-
nuante genérica de acordo com o Art. 65, III, c, parte Seria a hipótese em que, um devedor, recebendo algo
final, do CP. como penhor (garantia) de um credor, pratica ato de posse
▷ Se POSTERIOR à SENTENÇA, não surte efeito algum. do bem, sem o consentimento dele (credor).
Ex.: Um empresário resolve penhorar seu veículo para le-
Estelionato Privilegiado vantar fundos para o investimento na sua empresa, entre-
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o tanto a empresa que penhorou o veículo decide alugá-lo
prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto para que possa obter lucro.
no Art. 155, § 2º. • Fraude na Entrega de Coisa
O prejuízo de “pequeno valor” deve ser dano igual ou infe-
IV. Defrauda substância, qualidade ou quantidade
rior a um salário mínimo vigente à época do fato.
de coisa que deve entregar a alguém;
Considerações Pode ocorrer tanto em bens móveis quanto imóveis.
Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, Ex.: Uma construtora vende imóveis na planta com di-
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. mensão de 200m2, contudo, ao cabo das obras, na en-
Empregando a fraude, sem a intenção de se enriquecer e trega da chave aos proprietários, esses constatam que os
só com a intenção de prejudicar alguém, não se trata de este- imóveis só possuem 170m2.
lionato. É necessário buscar a obtenção de indevida vantagem Caso a qualidade, quantidade do objeto seja superior, não
econômica. existe o crime (se o imóvel tivesse 230m2, por exemplo).
Quando o agente, mediante fraude, consegue obter da Deve-se ter em mente que, na hipótese de RELAÇÃO CO-
vítima um título de crédito, o delito está consumado? Não, MERCIAL, pode-se estar diante do Art. 175 do CP.
• Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor título, o agente retira todo o numerário depositado
de Seguro ou apresenta uma contraordem de pagamento (sus-
V. Destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa tação).
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou Fraude do cheque ocorre pelo agente que tem a conta
agrava as consequências da lesão ou doença, com encerrada, não é este estelionato do inciso VI, é estelionato
o intuito de haver indenização ou valor de seguro; simples do caput.
É pressuposto fundamental deste crime, a prévia existên- Considerações
cia de um contrato de seguro em vigor. Caso não exista seguro, Súm. 521, STF. O foro competente para o processo e jul-
será crime impossível, diante da impropriedade absoluta do gamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
objeto material (Art. 17 do CP). Nessa situação o sujeito pas- da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos,
sivo deste crime será necessariamente a seguradora, sendo é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo
também admissível a hipótese de tentativa. sacado.
Por conseguinte, é um crime FORMAL, ou seja, consuma- Súm. 244, STJ. Compete ao foro do local da recusa pro-
se com a prática da conduta típica (destruir, ocultar, autole- cessar e julgar o crime de estelionato mediante cheque
sionar e agravar), ainda que o sujeito NÃO consiga alcançar a sem provisão de fundos.
indevida vantagem econômica pretendida.
O Art. 70, caput, 1ª parte, CPP diz que a competência é, em
Na hipótese em que a fraude é perpetrada por terceiro, regra, do local da consumação do delito.
sem o conhecimento do segurado, sabendo que esse será o
Súm. 554, STF. O pagamento de cheque emitido sem pro-
beneficiário do valor da apólice, o delito será o previsto no Art.
visão de fundos, APÓS o recebimento da denúncia, não
171, caput, do CP.
obsta ao prosseguimento da ação penal.
• Fraude no Pagamento por meio de Cheque Desse modo, entende-se que o pagamento de cheque sem
VI. Emite cheque, sem suficiente provisão de fun- previsão de fundos, ATÉ o RECEBIMENTO da DENÚNCIA, impe-
dos em poder do sacado, ou lhe frustra o paga- de o prosseguimento da ação penal, ou seja, é causa extintiva
mento. de punibilidade.
Sujeito Ativo: é um crime próprio (o titular da conta ban- Na hipótese do inciso VI do Art. 171, a tentativa é possível,
cária), ademais, ADMITE coautoria e participação. por exemplo: o correntista dolosamente emite um cheque sem
Sujeito Passivo: a pessoa física ou jurídica que suporta suficiente provisão de fundos, mas seu pai, agindo sem seu
prejuízo patrimonial. conhecimento, deposita montante superior em sua conta cor-
Somente existe o crime, quando provado que, desde o iní- rente antes da apresentação da folha de cheque.
cio, EXISTE a má-fé do agente, ou seja, desde o momento em Segundo STJ, a emissão de cheques como garantia de dí-
que colocou o cheque em circulação ele já não tinha intenção vida (pós-datado), e não como ordem de pagamento à vista,

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de honrar seu pagamento; seja pela ausência de suficiência de não constitui crime de estelionato, na modalidade prevista
provisão de fundos, seja pela frustração de seu pagamento. no Art. 171, § 2º, VI, CP. Entretanto, é possível a responsabiliza-
Sendo assim, deve haver a finalidade específica que é a inten- ção do agente pelo estelionato na modalidade fundamental,
ção de fraudar / enganar a vítima. se demonstrado seu dolo em obter vantagem ilícita em pre-
Súm. 246, STF. Comprovado NÃO ter havido fraude, não juízo alheio no momento da emissão fraudulenta do cheque.
se configura crime de emissão de cheque sem fundos. Mas atente-se que, se o agente pós-datar o cheque saben-
Ex.: “A” compra um produto na loja de “B”, no momento da do da inexistência de fundos, há má-fé e configurará o Art. 171,
compra não possui dinheiro na conta. Ocorre que pretendia caput, do CP. Assim, se emissão do cheque é fraudulenta - pre-
realizar o depósito na conta antes que “B” apresentasse a sente a má-fé - caracteriza o Art. 171, caput.
folha de cheque ao banco. Todavia acaba se esquecendo de
realizar o depósito. Desse modo o cheque é devolvido por Apontamentos
▷ Emitir cheque, encerrando, logo após, a conta: tem-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

falta de fundos. NÃO É CRIME, pois o inciso VI do Art. 171 do


CP, NÃO admite a forma culposa. se o Art. 171, § 2º, VI, aplicando-se as Súmulas 521 do
Esse crime se consuma no instante em que o banco se STF e 224 do STJ.
nega a efetuar o pagamento do cheque, quer pela ausência ▷ Emitir cheque de conta encerrada: aplica-se o Art. 171,
de fundos, quer pelo recebimento de contraordem (sustação) caput, sem aplicação das súmulas.
expedida pelo correntista, daí resulta o prejuízo patrimonial do ▷ Frustrar pagamento de cheque para não pagamento
ofendido. É crime material. de dívida de jogo é crime? Nos termos do Art. 814
A falsidade ideológica é ante factum impunível, pois quem do CC, as dívidas de jogo não obrigam a pagamen-
assina o cheque é o responsável pela fraude e não outra pessoa. to, mas não se pode recobrar dívida dessa natureza
O crime do inciso VI do Art. 171, pode ser praticado de então paga.
DUAS formas: Causa de Aumento de Pena
▷ O agente coloca o cheque em circulação sem ter di- Art. 171, § 3º, CP. A pena aumenta-se de um terço, se o
nheiro suficiente na conta; crime é cometido em detrimento de entidade de direi-
▷ O agente possui fundos quando da emissão do che- to público ou de instituto de economia popular, assis-
que, no entanto, antes do beneficiário apresentar o 435
tência social ou beneficência.
Fundamenta-se na maior extensão dos danos produzidos, Duplicata Simulada
436 pois com a lesão ao patrimônio público e ao interesse social Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
toda coletividade é prejudicada. não corresponda à mercadoria vendida, em quantida-
Súm. 24, STJ. Aplica-se ao crime de estelionato, em que de ou qualidade, ou ao serviço prestado.
figure como vítima entidade autárquica da Previdência Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Social, a qualificadora do § 3º do Art. 171, CP. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Não se aplica o § 3º no caso de estelionato contra o Ban- que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de
co do Brasil, considerando que esta não é entidade de Direito Registro de Duplicatas.
Público.
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido Abuso de Incapazes
contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessi-
Jogos de Azar: há o crime de estelionato caso seja empregado dade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação
meio fraudulento visando eliminar totalmente a possibilidade de ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer de-
vitória por parte dos jogadores. les à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico,
em prejuízo próprio ou de terceiro:
Ex.: Adulteração de máquina de caça-níquel para que os
apostadores nunca vençam. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Falsidade Documental: o sujeito que falsifica documen- Induzimento à Especulação
to (público ou particular) e, posteriormente, dele se vale Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inex-
para enganar alguém, obtendo vantagem ilícita em prejuízo periência ou da simplicidade ou inferioridade mental
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alheio responderia, EM TESE, por dois crimes: estelionato e de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou
falsidade documental (Art. 171, caput, e Art. 297 - documen- à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
to público ou 298 - documento particular), contudo, nessa devendo saber que a operação é ruinosa:
situação, o crime de estelionato absorve o crime de falsidade Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
documental. É esse o teor da súmula do STJ:
Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato,
Fraude no Comércio
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o
adquirente ou consumidor:
Ocorre o “Princípio da Consumação”, que é quando o crime-
fim (estelionato) absorve o crime-meio (falsidade documental). I. Vendendo, como verdadeira ou perfeita, merca-
Isso desde que a fé pública, o patrimônio ou outro bem jurídico doria falsificada ou deteriorada;
qualquer não possam mais ser atacados pelo documento falsifi- II. Entregando uma mercadoria por outra:
cado e utilizado por alguém como meio fraudulento para obten- Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
ção de vantagem ilícita em prejuízo alheio. § 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qualida-
de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
Competência pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor va-
O Art. 70 do CPP prevê que a competência será, em re- lor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como
gra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração. precioso, metal de outra qualidade:
Verifica-se nesta regra que no estelionato o juízo competente Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
será o do local em que o sujeito obteve a vantagem ilícita em § 2º É aplicável o disposto no Art. 155, § 2º.
prejuízo alheio.
Súm. 107, STJ. Compete à justiça comum estadual pro- Outras Fraudes
cessar e julgar crime de estelionato praticado mediante Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
falsificação das guias de recolhimento das contribuições hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor
previdenciárias, quando não ocorre lesão à autarquia federal. de recursos para efetuar o pagamento:
É crime de competência da Justiça Estadual. No entanto, Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
será de competência da Justiça Federal quando for praticado Parágrafo único. Somente se procede mediante repre-
em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou suas sentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
entidades autárquicas ou empresas públicas. (Art. 109, IV, CF). deixar de aplicar a pena.
Súm. 48, STJ. Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato Fraudes e Abusos na Fundação ou
cometido mediante falsificação de cheque. Esta súmula Administração de Sociedade por Ações
está relacionada ao crime definido pelo estelionato em Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações,
sua modalidade fundamental (caput). fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público
Súm. 521, STF. O foro competente para o processo e julga- ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição
mento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o ela relativo:
do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
(Ou seja, local da agência bancária) não constitui crime contra a economia popular.
§ 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui Receptação Qualificada
crime contra a economia popular: § 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
I. O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, ex-
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan- por à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
ço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
afirmação falsa sobre as condições econômicas da industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
em parte, fato a elas relativo; § 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito
II. O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de irregular ou clandestino, inclusive o exercício em re-
outros títulos da sociedade; sidência.
III. O diretor ou o gerente que toma empréstimo à § 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter- pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia au- dição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
torização da assembleia geral; meio criminoso:
IV. O diretor ou o gerente que compra ou vende, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
por conta da sociedade, ações por ela emitidas, ambas as penas.
salvo quando a lei o permite; § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou
V. O diretor ou o gerente que, como garantia de isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
crédito social, aceita em penhor ou em caução § 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode
ações da própria sociedade; o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar
VI. O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o dis-
desacordo com este, ou mediante balanço falso, dis- posto no § 2º do Art. 155.
tribui lucros ou dividendos fictícios; § 6º Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
VII. O diretor, o gerente ou o fiscal que, por inter- da União, Estado, Município, empresa concessionária
posta pessoa, ou conluiado com acionista, conse- de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a
gue a aprovação de conta ou parecer; pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro.
VIII. O liquidante, nos casos dos nºs I, II, III, IV, V e Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
VII; ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
produção ou de comercialização, semovente domesti-
IX. O representante da sociedade anônima estran-
cável de produção, ainda que abatido ou dividido em
geira, autorizada a funcionar no País, que pratica os

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partes, que deve saber ser produto de crime: (Incluído
atos mencionados nos nºs I e II, ou dá falsa informa- pela Lei nº 13.330, de 2016)
ção ao Governo.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
Esse artigo tipifica a conduta do agente que adquire, re-
para si ou para outrem, negocia o voto nas delibera-
cebe, transporta, conduz, dentre outras condutas, com intuito
ções de assembleia geral.
de obter vantagem, produto de crime (furto, roubo, extorsão,
Emissão Irregular de Conhecimento estelionato etc.). É considerado como delito, a conduta de
adquirir (receptação própria), como a de influenciar para que
de Depósito ou “Warrant” uma terceira pessoa adquira esses produtos (receptação im-
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, própria).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

em desacordo com disposição legal:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Classificação
A conduta do caput é considera como um crime comum,
Fraude à Execução pois pode ser praticada por qualquer agente. Ademais, no § 1º,
Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, des- considera-se um crime PRÓPRIO, pois exige uma qualidade es-
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: pecífica do agente, devendo ele ser comerciante ou industrial,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. mesmo que ele exerça de forma clandestina ou ilegal.
Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa. Ex.: Um ferro velho que vende peças de veículos furtados.
A receptação é crime acessório, pois depende da existên-
Da Receptação cia do crime anterior. Não é necessário que o crime anterior
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou seja contra o patrimônio.
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe Ex.: Receptar bem oriundo do crime de corrupção passiva.
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de É um crime de ação múltipla e conteúdo variado, ou seja,
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: a prática de várias condutas contra o mesmo bem, caracteriza 437
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. crime único (adquire e vende).
O bem imóvel não pode ser objeto material do crime de ▷ Desproporção entre valor e preço;
438 receptação, somente bens móveis. ▷ Condição de quem a oferece.
Sujeitos do Crime No crime de receptação simples (caput) é necessário que o
agente tenha certeza de que o bem é produto de crime, pois,
Sujeito Ativo (caput): pode ser qualquer pessoa, exceto em caso de dúvida (culpa ou dolo eventual), o agente respon-
quem seja autor ou coautor do crime antecedente (furto, ex- derá pelo crime de receptação culposa (§ 3º).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

torsão, roubo).
Sujeito Ativo (da receptação qualificada §1º): é um crime Norma Penal Explicativa
próprio, somente aquela pessoa que desempenha atividade § 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido
comercial ou industrial. ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
Ex.: Dono de ferro velho de carros e peças usadas. coisa.
▷ Admite a participação. Ainda que ocorra a extinção da punibilidade do crime an-
▷ A atividade deve ser habitual ou contínua. tecedente, haverá o crime de receptação (Art. 180 do CP).
Ex.: A morte do agente do crime anterior, prescrição etc.
Sujeito Passivo: é a vítima do crime anterior, ou seja, don-
de veio o produto do furto. Esse parágrafo dá certa autonomia ao crime de receptação
em relação ao crime antecedente.
Consumação e Tentativa Ex.: Ricardo, menor de idade, subtrai o DVD de um
Receptação Própria (caput): Adquirir, receber - crime ma- veículo e o vende a Pedro, o qual conhece a origem cri-
minosa do bem. Nesta situação, mesmo sendo Ricardo
terial/instantâneo - transportar, conduzir ou ocultar - crime
inimputável, Pedro responderá pelo crime de receptação.
permanente - ambos admitem a tentativa.
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Segundo alguns autores, a receptação é crime acessório


Receptação Imprópria (2ª parte do caput): INFLUIR - cri-
e pressupõe outro crime para que exista. Sucede que não há
me FORMAL e UNISSUBSISTENTE - NÃO admite tentativa.
submissão à punição do crime principal para que seja punido,
Descrição ou seja, sua punição é independente.
Se o crime pressuposto está prescrito ou teve extinta a pu-
Própria: adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
nibilidade, não desaparece a receptação.
em proveito próprio ou alheio, coisa que SABE ser produto de
crime. Receptação Privilegiada
Imprópria: ou Influir para que terceiro, de boa-fé, a adqui- § 5º Na hipótese do § 3º. Receptação CULPOSA. se o cri-
ra, receba ou oculte: minoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração
Na receptação imprópria, caso o agente influenciador seja as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
o autor do crime antecedente, responderá APENAS por este Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do Art. 155:
delito, e não pela receptação. Trata-se de post factum impuní- Art. 155, § 2º. Se o criminoso é primário, e é de pequeno
vel (Ex.: “A” coautor do furto de um computador, influi para valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de re-
que “B”, de boa-fé, o compre). clusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços,
Considerações ou aplicar somente a pena de multa.
A expressão “coisa que sabe” é indicativa de dolo direto A receptação privilegiada (2ª parte do §5º) somente se
e implicitamente abrange o dolo eventual? Prevalece que, a aplica à receptação dolosa (própria ou imprópria); culposa e
expressão coisa que sabe indica apenas dolo direto. Assim, o qualificada NÃO!
caput do artigo não pune o dolo eventual. Receptação dolosa (caput)
Imaginando que Rogério venda um carro à Vânia. Após uma Receptação Culposa (§3º) +
semana que vendeu o carro, Vânia fica sabendo que o carro é + Criminoso primário
produto de crime, mas permanece com ele. Houve prática de re- Criminoso primário +
ceptação? Nesse caso, não se pode esquecer que se trata de dolo + Coisa de pequeno valor
superveniente, e esse não configura o crime. Assim, o dolo super- Tendo em consideração as =
veniente não configura o crime. A má-fé deve ser contemporânea circunstâncias Art. 155, §2º, CP:
a qualquer das condutas previstas no tipo. = Substituir a pena de reclusão pena
Perdão Judicial de detenção;
Receptação Culposa (Juiz deixa de aplicar a pena) Diminuí-la de um a dois terços ou
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou aplicar somente a pena de multa.
pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela con- Causa de Aumento de Pena
dição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por
§6º Tratando-se de bens e instalações do patrimônio
meio criminoso: (Alterado pela Lei nº 9.426, de 1996):
da União, Estado, Município, empresa concessionária
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa, de serviços públicos ou sociedade de economia mista,
ou ambas as penas. a pena prevista no caput deste artigo APLICA-SE EM
É necessário observar três circunstâncias que indicam ser o DOBRO.
bem produto de crime: Aplicável somente para a receptação SIMPLES (caput).
▷ Sua natureza; Não se aplica à receptação qualificada nem à culposa.
É possível a receptação da receptação, por exemplo, “A” É aplicada a imunidade na violência doméstica e familiar
adquire um relógio produto de furto e o vende a “B”, este ven- contra a mulher no ambiente familiar?
de o mesmo bem a “C” ciente de sua origem criminosa. 1ª Corrente: para Maria Berenice Dias, jurista brasileira, não
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, se admite imunidade patrimonial na violência doméstica e fa-
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de miliar contra a mulher, benefício afastado pelo Art. 7º, IV, da
produção ou de comercialização, semovente domesti- Lei nº 11.340/06.
cável de produção, ainda que abatido ou dividido em 2ª Corrente: diz que a Lei Maria da Penha não vedou, ex-
partes, que deve saber ser produto de crime: pressamente, qualquer imunidade, diferente do Estatuto do
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Idoso que vedou a imunidade para o idoso.
Tem prevalecido a 2ª Corrente.
Disposições Gerais
Imunidades Penais Absolutas 6. Dos Crimes Contra a Dignidade
ou Escusas Absolutórias Sexual
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos
crimes previstos neste título, em prejuízo: Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual
I. Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
II. De ascendente ou descendente, seja o parentes-
Estupro
co legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
Trata-se de causa de extinção da punibilidade. permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
No caso do inciso I, abrange-se também a união estável, os Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
separados de fato e ainda as uniões homoafetivas. § 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Não importa o Regime de comunhão de bens do casamento. grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 14 (catorze) anos:
Ex.: Separação total de bens. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
No caso do inciso II, não se aplica esta escusa na hipótese § 2ºSe da conduta resulta morte:
de parentesco por afinidade (sogra, genro, cunhado...). Ou- Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
trossim, verifica-se que não há abrangência aos colaterais e
afins. Sujeitos
Sujeito Ativo: na conjunção carnal, podem ser sujeitos ati-
Imunidade Patrimonial Relativa vo e passivo tanto homem quanto mulher. Trata-se de crime
Art. 182. Somente se procede mediante representa- comum.

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ção, se o crime previsto neste título é cometido em Da mesma forma, os atos libidinosos diversos, pode ser su-
prejuízo: jeito passivo e ativo qualquer pessoa, ainda que do mesmo sexo.
I. Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; Sujeito Passivo: trata-se de delito comum, qualquer um
II. De irmão, legítimo ou ilegítimo; pode ser vítima do crime, inclusive a prostituta e a esposa,
III. De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. quando cometido pelo marido.
Após a entrada em vigor da Lei nº 6.515/77, o desquite não Art. 7º, III, da Lei Maria da Penha: afirma que a violência
existe mais no ordenamento jurídico brasileiro. sexual é forma de violência contra a mulher sim.
Aos ex-cônjuges divorciados não se aplica essa imunidade. Art. 226, II ,do CP: fala que é causa de aumento de pena
No caso dos incisos II e III, é necessária efetiva coabitação, nos crimes sexuais se o crime é cometido por cônjuge
para incidência desta imunidade. ou companheiro:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Este é um dos artigos do Código Penal que mais caem em Conduta


concurso. Portanto, é muito importante decorá-lo! O Art. 213 pune “constranger”, que é o núcleo do tipo.
Inaplicabilidade das Imunidades Esse constrangimento deve se dar mediante violência ou
grave ameaça.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos an-
É necessário observar que, a violência é uma das formas
teriores:
de se executar o crime. A outra forma é a grave ameaça, e aqui
I. Se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em é necessário observar que não basta a ameaça, devendo essa
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou ser grave.
violência à pessoa; O constrangimento se dá para a prática de conjunção carnal
II. Ao estranho que participa do crime; ou pela prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal.
III. Se o crime é praticado contra pessoa com idade Abrange o beijo lascivo? Beijo lascivo, de acordo com Nel-
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. son Hungria é aquele beijo que causa desconforto para quem
Este inciso foi incluído pelo Estatuto do Idoso (Lei nº olha. É interessante observar que beijo lascivo já foi conside-
10.741/03). Preste muita atenção, pois este é um dos dispositi- rado atentado violento ao pudor por conta dessa expressão 439
vos deste assunto que mais cai em concurso público. porosa (atos libidinosos).
Assim, atos libidinosos devem ser considerados os atos de Conduta
440 natureza sexual que atentam, de forma intolerável e relevante, Este artigo visa punir o ato de ter conjunção carnal ou pra-
contra a dignidade sexual da vítima. ticar atos libidinosos diversos da conjunção carnal, mediante:
Aqui se indaga se o contato físico é ou não dispensável ї Fraude: quando, por exemplo, há o relacionamento amo-
para a prática de estupro. roso com o irmão gêmeo.
▷ 1ª Corrente: O contato físico entre os sujeitos é in- ї Outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dispensável. de vontade da vítima: quando ocorre por exemplo, o te-


▷ 2ª Corrente: diz que o contato físico entre os sujeitos mor reverencial, a embriaguez moderada.
é dispensável. Ex. obrigar a vítima a se masturbar. A fraude utilizada na execução do crime não pode anular
Mas atente-se que aqui deve haver resistência da a capacidade de resistência da vítima, caso em que estará
vitima. configurado o delito de estupro de vulnerável.
ї Tipo subjetivo: o crime é punido a título de dolo. Ex.: boa noite Cinderela.
▷ Consumação e tentativa: Consumação e Tentativa
Consuma-se o delito com a prática do ato de libidinagem, O crime consuma-se com a prática do ato de libidinagem
que é gênero de conjunção carnal e atos libidinosos, visado pelo agente, sendo admissível a tentativa.
pelo agente.
Trata-se de delito plurissubsistente, admitindo tentativa. Assédio Sexual
A depender do caso concreto, já entendeu o STJ que po- Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
derá haver o concurso de crimes, levando-se em conta os vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se
o agente da sua condição de superior hierárquico ou
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momentos da prática de cada conduta.


ї Qualificadora Idade da Vítima: ascendência inerente ao exercício de emprego, cargo
ou função.
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior
de 14 (catorze) anos: Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.224,
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. de 15 de 2001)
Essa questão deve ser analisada antes e depois da Lei § 2º A pena é aumentada em até um terço se a vítima é
nº12.015/2009. menor de 18 (dezoito) anos.

Antes da Lei 12.015/09 Após a Lei 12.015/09


Objetividade Jurídica
Trata-se de delito pluriofensivo, resguardando a dignidade
Atualmente, trata-se de qual-
A idade da vítima era mera circun- ificadora prevista no §1º, cuja
sexual do indivíduo e a liberdade de exercício do trabalho, o
stância judicial a ser analisada pelo pena varia de 08 a 12 anos. É direito de não ser discriminado.
juiz no momento do art. 59 do CP. qualificadora irretroativa, vez Sujeitos
que maléfica.
Sujeito Ativo: só pode ser praticado por superior hierár-
quico ou ascendente em relação de emprego, cargo ou função.
Estavam previstos no Art. 223 do CP. Previu o Art. 213, §1º que:
Se da violência resultar lesão grave, Se da conduta resultar lesão Sujeito Passivo: é o subalterno ou subordinado do autor.
a pena era de 08 a 12 anos. grave: a pena será de 08 a
Nessa hipótese, a grave ameaça não 12 anos.
Conduta
estava abrigada. Se da conduta resultar morte, É a insistência inoportuna de alguém em posição privile-
A expressão “do fato” amplia exag- nos termos do §2, a pena é de giada, que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de
eradamente o espectro punição. 12 a 30 anos. um subalterno.
Considerações
Tratando-se de resultado qualificador morte, o agente res- Alguns autores ditam que não é crime a mera relação entre
ponderá pelos dois crimes, e, em se tratando de morte dolosa, o docente e aluno, por ausência entre os dois sujeitos do vínculo
agente irá responder perante o Tribunal do Júri. do trabalho.
Trata-se de crime habitual, logo é imprescindível a prática
Violação Sexual Mediante Fraude de reiterados atos constrangedores. Neste caso, não se admite
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato li- tentativa.
bidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio
que impeça ou dificulte a livre manifestação de vonta- Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável
de da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Sedução
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de Este crime foi revogado pelo Art. 217.
obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
Trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qual- Estupro de Vulnerável
quer pessoa, contra qualquer pessoa, devendo ser observado que, Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
no que tange à conjunção carnal. libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos; § 3º Na hipótese do inciso II do § 2º, constitui efeito
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações obrigatório da condenação a cassação da licença de
descritas no caput com alguém que, por enfermidade localização e de funcionamento do estabelecimento.
ou deficiência mental, não tem o necessário discer- Do Rapto
nimento para a prática do ato, ou que, por qualquer
outra causa, não pode oferecer resistência. (Incluído Este crime foi revogado pelos Arts. 219 a 222.
pela Lei nº 12.015, de 2009)
§ 2º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Disposições Gerais
Este crime foi revogado pelos Arts. 223 e 224.
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. Ação Penal
§ 4º Se da conduta resulta morte: Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. Título, procede-se mediante ação penal pública condi-
cionada à representação.
Corrupção de Menores Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a ação penal pública incondicionada se a vítima é me-
satisfazer a lascívia de outrem: nor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. ї Regra: ação penal pública condicionada a representação
da vítima.
Parágrafo único. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009). ї Exceção: Vítima menor de 18 anos: ação penal pública
incondicionada.
Sujeitos ї Exceção: Vítima vulnerável: ação penal pública incondi-
Sujeito Ativo: qualquer pessoa. cionada.
Sujeito Passivo: somente a pessoa menor de 14 anos. Aumento de Pena
Consumação e Tentativa Art. 226. A pena é aumentada:
Consuma-se com a prática do ato que importa na satisfa- I. de quarta parte, se o crime é cometido com o
ção da lascívia de outrem, independentemente deste conside- concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
rar-se satisfeito. Admite tentativa. II. de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
Satisfação de Lascívia Mediante curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
Presença de Criança ou Adolescente qualquer outro título tem autoridade sobre ela;

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Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de
14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção
Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoa
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascí- Para Fim de Prostituição ou Outra
via própria ou de outrem:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Forma de Exploração Sexual
Favorecimento da Prostituição ou de Mediação Para Servir a Lascívia de Outrem
Art. 227. Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Outra Forma de Exploração Sexual de Pena - reclusão, de um a três anos.
Criança ou Adolescente ou de Vulnerável § 1º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, des-
outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 cendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiên- curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
cia mental, não tem o necessário discernimento para educação, de tratamento ou de guarda:
a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
abandone: § 2º Se o crime é cometido com emprego de violência,
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. grave ameaça ou fraude:
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vanta- Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena cor-
gem econômica, aplica-se também multa. respondente à violência.
§ 2º Incorre nas mesmas penas: § 3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
I. quem pratica conjunção carnal ou outro ato libi- também multa.
dinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior
de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput Favorecimento da Prostituição ou
deste artigo; Outra Forma de Exploração Sexual
II. o proprietário, o gerente ou o responsável pelo Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra
local em que se verifiquem as práticas referidas no forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou difi- 441
caput deste artigo. cultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
442 § 1º Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, ir- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, I. vende, distribui ou expõe à venda ou ao público
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, qualquer dos objetos referidos neste artigo;
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção II. realiza, em lugar público ou acessível ao público,
ou vigilância: representação teatral, ou exibição cinematográfica
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo,
§ 2º Se o crime é cometido com emprego de violência, que tenha o mesmo caráter;
grave ameaça ou fraude: III. realiza, em lugar público ou acessível ao públi-
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena co, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter
correspondente à violência. obsceno.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se
também multa.
Disposições Gerais
Aumento de Pena
Casa de Prostituição
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, esta- aumentada:
belecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou
I. (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietá-
rio ou gerente: 2009).
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II. (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de


Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
2009).
Rufianismo III. de metade, se do crime resultar gravidez; e
Art. 230. Tirar proveito da prostituição alheia, parti- IV. de um sexto até a metade, se o agente transmite
cipando diretamente de seus lucros ou fazendo-se à vitima doença sexualmente transmissível de que
sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: sabe ou deveria saber ser portador.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes defini-
dos neste Título correrão em segredo de justiça.
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascenden- Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de
te, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, com- 2009).
panheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador
da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra for- 7. Dos Crimes Contra a Fé Pública
ma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Da Moeda Falsa
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave Art. 289. Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificul- metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
te a livre manifestação da vontade da vítima: estrangeiro:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
da pena correspondente à violência. § 1º Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria
ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca,
Tráfico Internacional de Pessoa cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moe-
da falsa.
para Fim de Exploração Sexual
§ 2º Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira,
Este crime foi revogado pelos Arts. 231 a 232. moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois
de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de
Do Ultraje Público ao Pudor seis meses a dois anos, e multa.
Ato Obsceno § 3º É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fis-
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou
aberto ou exposto ao público: cal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza
a fabricação ou emissão:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
I. De moeda com título ou peso inferior ao deter-
Escrito ou Objeto Obsceno minado em lei;
Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob II. De papel-moeda em quantidade superior à au-
sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de torizada.
exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa § 4º Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circu-
ou qualquer objeto obsceno: lar moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
Modos de Falsificar instrumento ou qualquer objeto especialmente desti-
nado à falsificação de moeda:
Fabricando a moeda (manufaturando, fazendo a cunha-
gem): o próprio agente produz (cria) a moeda. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Alterando (modificando, adulterando): utilizando moe- Emissão de Título ao Portador
da verdadeira (autêntica), a altera (transforma cédula de dois
reais em cem reais).
sem Permissão Legal
Art. 292. Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha,
Considerações vale ou título que contenha promessa de pagamento em
O objeto material também pode ser a moeda estrangeira, dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome
desde que tenha curso legal no Brasil, ou no país de origem, da pessoa a quem deva ser pago:
ou seja, quando circulada não pode ser recusada como meio Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
de pagamento. Parágrafo único. Quem recebe ou utiliza como dinheiro
Fragoso, ensina que inexistirá o crime quando houver qualquer dos documentos referidos neste artigo incor-
adulteração para que o valor nominal seja diminuído em rela- re na pena de detenção, de quinze dias a três meses,
ção ao verdadeiro. ou multa.
É imprescindível, além das características apontadas, que
a falsificação seja convincente, isto é, capaz de iludir os desti- Da Falsidade de Títulos e
natários da moeda. Outros Papéis Públicos
Nem sempre a falsificação grosseira constituirá fato atípi-
co, já que este ocorrerá somente quando não haja qualquer Falsificação de Papéis Públicos
possibilidade de iludir alguém. Do contrário, poderá se confi- Art. 293. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
gurar o crime de estelionato. Este, aliás, é o entendimento do I. Selo destinado a controle tributário, papel selado
Superior Tribunal de Justiça: ou qualquer papel de emissão legal destinado à ar-
Súm. 73. A utilização de papel-moeda grosseiramente recadação de tributo;
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, II. Papel de crédito público que não seja moeda de
de competência da Justiça Estadual. curso legal;
III. Vale postal;
Crimes Assimilados ao de Moeda Falsa IV. Cautela de penhor, caderneta de depósito de
Art. 290. Formar cédula, nota ou bilhete representativo caixa econômica ou de outro estabelecimento
de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes mantido por entidade de direito público;
V. Talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro do-
verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete reco- cumento relativo a arrecadação de rendas públicas

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lhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indica- ou a depósito ou caução por que o poder público
tivo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota seja responsável;
ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim VI. Bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
de inutilização: transporte administrada pela União, por Estado ou
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. por Município:
Parágrafo único. O máximo da reclusão é elevado a doze Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
anos e multa, se o crime é cometido por funcionário que § 1º Incorre na mesma pena quem:
trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhi- I. Usa, guarda, possui ou detém qualquer dos pa-
do, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.(Vide péis falsificados a que se refere este artigo;
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II. Importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, em-
Observações presta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Neste delito, da mesma forma, é necessário que a forma- falsificado destinado a controle tributário;
ção da moeda com fragmentos e a supressão do sinal indicati- III. Importa, exporta, adquire, vende, expõe à ven-
vo sejam capazes de iludir. da, mantém em depósito, guarda, troca, cede,
Não é necessário o dano para consumar-se o delito, basta empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma,
a mera formação da cédula a partir dos fragmentos, com a su- utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício
pressão do sinal identificador de recolhimento. de atividade comercial ou industrial, produto ou
Há autores que ditam que, ao contrário do que ocorre com o mercadoria:
crime de moeda falsa (Art. 298, CP), a aquisição e o recebimento a) em que tenha sido aplicado selo que se destine
da moeda nas condições descritas no Art. 290, caput, não foram a controle tributário, falsificado;
elevados à categoria de crime principal, subsistindo o delito de b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação
receptação. tributária determina a obrigatoriedade de sua
aplicação.
Petrechos para Falsificação de Moeda § 2º Suprimir, em qualquer desses papéis, quando le-
Art. 291. Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, 443
gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Ex.: Uma impressora de alta capacidade que tenha con-
444 § 3º Incorre na mesma pena quem usa, depois de alte- dições de imprimir cédulas falsas. Contudo, depende - lo-
rado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo gicamente - do contexto fático em que se apresente.
anterior.
§ 4º Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido
Da Falsidade Documental
de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou altera- Falsificação do Selo ou Sinal Público
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dos, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois de


Art. 296. Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. I. Selo público destinado a autenticar atos oficiais
da União, de Estado ou de Município;
§5º Equipara-se a atividade comercial, para os fins do
inciso III do § 1º, qualquer forma de comércio irregular II. Selo ou sinal atribuído por lei à entidade de di-
ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou reito público, ou a autoridade, ou sinal público de
outros logradouros públicos e em residências. tabelião:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Esse artigo do Código Penal traz a tipificação da conduta
daquele agente que pratica atos de falsificação de papéis pú- § 1º Incorre nas mesmas penas:
blicos, ou seja, aqueles que são chancelados pelo Estado como I. Quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
sendo verdadeiros. Dessa forma, o crime possui diversas con- II. Quem utiliza indevidamente o selo ou sinal ver-
dutas típicas, mas a principal está no caput, pois pune quem: dadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito pró-
falsifica ou adultera O documento. prio ou alheio.
De acordo com o § 1º, pune-se com a mesma pena do III. Quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
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caput - reclusão de dois a oito anos - quem guarda, possui marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros sím-
ou detém quaisquer dos papéis que constam no inciso I ao bolos utilizados ou identificadores de órgãos ou
VI do caput. Ademais, a falsificação engloba nos incisos II e III entidades da Administração Pública.
deste parágrafo, aplica punição às outras condutas ligadas, es- § 2º Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
pecificamente, à falsificação de selo destinado ao controle tri- me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
butário, ou então, de produtos ou mercadorias sobre os quais sexta parte.
incide o controle tributário. Esse delito visa incriminar o agente que falsifica SELOS ou
Em relação ao § 2º, pune-se quem efetuou a supressão SINAIS públicos - objetos que atestam um documento como
do sinal indicativo de inutilização com intenção de tornar no- verdadeiro - por meio da fabricação (contrafação - próprio
vamente utilizável. agente fabrica um selo ou sinal falso), ou pela alteração (mo-
dificação de selo ou sinal verdadeiro).
O § 3º diz que é punido quem USA, desde que esse não
seja o mesmo autor que suprimiu o documento, pois senão, Tais itens - selo ou sinal - não são considerados docu-
mentos públicos, e sim, objetos que o criminoso utiliza para
responderá pela caput.
falsificação.
O § 4º é a figura privilegiada do Art. 293, pois pune quem Ex.: Carimbo, selo de identificação etc.
recebe de boa-fé e repassa o documento falsificado após re- A falsidade tipificada nesse artigo é MATERIAL, ou seja, a
conhecer a sua falsidade. forma do documento é modificada (alteração), ou fabricada
Por fim, o § 5º trata da equiparação das condutas reco- (contrafação).
nhecidas como atividade comercial expressa no Art. 1º, inciso
III, exercidas em locais irregulares e clandestinos, em locais pú- Falsificação de Documento Público
blicos ou até mesmo se praticada dentro da própria residência Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento pú-
do agente. blico, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Petrechos de Falsificação
§ 1º Se o agente é funcionário público, e comete o cri-
Art. 294. Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer sexta parte.
dos papéis referidos no artigo anterior: § 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento pú-
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. blico o emanado de entidade paraestatal, o título ao por-
Art. 295. Se o agente é funcionário público, e comete o tador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
sexta parte. § 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz in-
A figura típica do Art. 294, prevê a conduta do agente que serir:
possua objetos que tenham como fim específico a falsificação I. Na folha de pagamento ou em documento de
de quaisquer papéis públicos mencionados no Art. 293 do Có- informações que seja destinado a fazer prova pe-
digo Penal. rante a previdência social, pessoa que não possua
Caso esse objeto possua a capacidade de falsificar, mas sua a qualidade de segurado obrigatório;
função principal não é esta, a sua posse não será considerada II. Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
como objeto (petrecho). empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração falsa 171), estelionato, do Código Penal, visto que, a conduta visa
ou diversa da que deveria ter sido escrita; obter vantagem indevida mediante o uso de fraude. Sendo
III. Em documento contábil ou em qualquer outro assim, a falsificação é “meio” (uso da fraude) para o fim (a
documento relacionado com as obrigações da em- vantagem), que é o crime de estelionato. Por conseguinte, de
presa perante a previdência social, declaração falsa acordo com o princípio da consunção, o crime mais grave ab-
ou diversa da que deveria ter constado. sorve o menos grave.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos do- Súm. 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato,
cumentos mencionados no § 3º, nome do segurado sem mais potencialidade lesiva, é por ele absorvido.
e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
Falsificação de Documento Particular
Para provar a materialidade do crime, é INDISPENSÁVEL a Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento
realização de exame de corpo de delito, direto ou indireto, no particular ou alterar documento particular verdadeiro:
documento, NÃO podendo supri-lo pela confissão do acusado Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
(Art. 158 do CPP), ou seja, pela perícia no documento. Este artigo do Código Penal tem por objetivo tipificar a
Este título do Código Penal tem por objetivo tipificar a con- conduta do agente que falsifica, total ou parcialmente, docu-
duta do agente que falsifica, total ou parcialmente, documen- mento particular, bem como aquele que altera documentos
to público, bem como aquele que altera documentos públicos particulares verdadeiros com intenção de obter vantagem ilí-
verdadeiros com intenção de obter vantagem ilícita. cita.
A falsidade tipificada nesse artigo é material, ou seja, a Para configurar o crime de falsificação, faz-se necessário
forma do documento é modificada (alteração), ou falsificada que esse tenha capacidade de ludibriar terceiros, pois a falsifi-
(contrafação), total ou parcialmente. cação ou modificação grosseira ou sem potencialidade lesiva
Documento para o Direito Penal deve possuir as seguintes não configura o crime, ou seja, de acordo com o Art. 17 do CP
características: é um crime impossível por absoluta impropriedade do objeto,
podendo configurar estelionato.
▷ Forma escrita;
Nessa situação, o documento em si é falso, porém os da-
▷ Elaborado por pessoa determinada;
dos podem ser verdadeiros, pois o agente que emite/falsifica
▷ Conteúdo revestido de relevância jurídica; o documento, não tem competência para fazê-lo.
▷ Possuir eficácia probatória.
▷ Portanto, documento público é aquele confecciona- Considerações
do pelo funcionário público, nacional ou estrangeiro, Se a falsidade do documento é material, o agente respon-
no desempenho de suas atividades, em conformi- de pelo Art. 298 do CP, falsificação de documento particular,
dade com as formalidades legais. caso seja ideológica, o agente responderá pelo Art. 299 do CP,

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Caso a agente seja funcionário público, responde com au- falsidade ideológica.
mento de pena de sexta parte, conforme preceitua o §1º desse Caso o agente que utilize o documento falsificado ou mo-
artigo. dificado seja o mesmo que o falsificou, responderá pelo crime
A fotocópia (xerox/traslado), sem autenticação, não tem do Art. 304 do CP, uso de documento particular falsificado.
eficácia probatória. Desse modo, não é classificado como do- Documento público nulo, se torna documento particular.
cumento público para fins penais. Atos públicos nulos, feitos por oficiais incompetentes, são do-
§ 2º Para os efeitos penais, equiparam-se a documento cumentos particulares.
público o emanado de entidade paraestatal, o título ao Na hipótese de documento particular, com firma reconheci-
portador ou transmissível por endosso, as ações de so- da em cartório, temos um documento público? Falsificando os
ciedade comercial, os livros mercantis e o testamento escritos do documento, o delito será o do Art. 298 do CP. Porém,
particular. se a conduta for para falsificar o selo do tabelião, o delito é o do
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Entidades paraestatais, integrantes do terceiro setor, são Art. 297.


as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que Na hipótese em que um indivíduo falsifica um docu-
atuam ao lado e em colaboração com o Estado (ex.: SESC, SE- mento particular com o objetivo de praticar o CRIME DE
NAI, SESI, SENAC e ONGs). SONEGAÇÃO FISCAL, responderá pelo crime previsto no
Título ao portador: cheque ao portador (nominal). Art. 1º, III e IV, da Lei nº 8.137/90.
Título transmissível por endosso: cheque, duplicata, nota Falsidade Ideológica
promissória, letra de câmbio.
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular,
Ações de sociedade comercial: sociedades anônimas, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou
sociedades em comandita por ações. fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia
Livros mercantis: destinados a registrar as atividades em- ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obri-
presariais. gação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
Testamento particular. relevante:
Na hipótese em que o agente que faz uso do documento Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu-
falsificado ou modificado seja o mesmo que falsificou - os pa- mento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, 445
péis públicos - esse delito (Art. 297) será absorvido pelo (Art. se o documento é particular.
Parágrafo único. Se o agente é funcionário público, e Esse delito tipifica a conduta do funcionário público que,
446 comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a fal- devido às qualidades que seu cargo propicia, atesta ou certi-
sificação ou alteração é de assentamento de registro fica aquilo que sabe ser falso, em benefício de terceiros, para
civil, aumenta-se a pena de sexta parte. que obtenham vantagem, isenção ou ônus de obrigações junto
Diferentemente dos Arts. 297 e 298, que tratam da falsi- à Administração Pública (caput).
dade material, em que o conteúdo pode ser verdadeiro, mas o A certidão ou atestado são verdadeiros, porém os dados
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

documento em si é falso, esse artigo aborda a falsidade ideo- informados para que tal pessoa obtenha vantagem sobre a
Administração são falsos.
lógica, em que o documento é verdadeiro, mas o conteúdo, a
ideia é falsa. A falsidade ideológica também é conhecida como Falsidade Material de
falso ideal, falso intelectual ou falso moral. Atestado ou Certidão
Falsidade Material Falsidade Ideológica § 1º Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão,
A forma do documento é falsa, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro,
A forma do documento é verda- para prova de fato ou circunstância que habilite alguém
porém os dados podem ser verda-
deira, mas a ideia contida é falsa. a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
deiros.
caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Núcleos do Tipo Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Omitir: o funcionário público no momento da elaboração § 2º Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se,
de um documento, deixa de inserir (omissão) informação que além da pena privativa de liberdade, a de multa.
nesse deveria constar. É a falsidade imediata. Configura também a conduta do agente que, ao contrário
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Inserir: aquele que insere no documento público ou par- de atestar ou certificar, falsifica atestado, certidões ou altera o
ticular informação falsa ou diversa que deveria ser escrita. É a seu conteúdo em benefício de terceiros que desejam obter as
falsidade imediata. mesmas vantagens já mencionadas no caput (§ 1º).
Fazer inserir: é o particular que fornece a informação falsa De acordo com o § 2º, caso a conduta tenha o fim de ob-
ao funcionário público competente, que por erro a insere no tenção de lucro, além da pena de restrição de liberdade, o
documento verdadeiro. É chamada falsidade mediata. agente será apenado também com o pagamento de multa.
Caso o agente que utilizar o documento falsificado ou mo-
dificado seja o mesmo, esse delito (Art. 299) será absorvido Falsidade de Atestado Médico
pelo Art. 171, estelionato, do Código Penal, visto que a conduta Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão,
busca obter vantagem indevida mediante o uso de fraude. atestado falso:
Para que seja configurado o crime de falsidade ideológica, Pena - detenção, de um mês a um ano.
o agente deve ter um especial fim de agir, ou seja, um dolo Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de
específico, de prejudicar um direito, criar uma obrigação ou lucro, aplica-se também multa.
alterar a verdade sobre um fato. O artigo visa punir o médico que, no exercício da sua pro-
fissão, fornece atestado falso independente de ele ser espe-
Falso Reconhecimento de Firma ou Letra cialista ou não na área, imputando diagnóstico falso ao pacien-
Art. 300. Reconhecer, como verdadeira, no exercício de te que o solicita.
função pública, firma ou letra que o não seja: NÃO é necessário que o médico seja especialista da área a
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o do- qual ele tenha fornecido o atestado falso.
cumento é público; e de um a três anos, e multa, se o Ex.: Um médico cirurgião plástico, atesta um distúrbio
documento é particular. psiquiátrico para que a pessoa consiga obter licença ou
Esse crime é classificado como próprio, pois somente pode qualquer alguma outra vantagem. Embora ele não seja
ser cometido por funcionário público no exercício da função, neurologista, responderá pelo crime de falso atestado.
ou seja, aquele que tem a competência para o reconhecimento. Caso o médico seja funcionário público, responderá pelo
O delito configura-se quando o funcionário público reco- crime do Art. 301, caput do Código Penal.
nhece (atesta, afirma), como verdadeiro a firma ou letra que Sendo a conduta realizada com o objetivo de obter lucros,
sabe ser falsa. além da pena de detenção, será aplicada também uma multa
Não admite a modalidade culposa, porém o agente pode- (parágrafo único).
rá vir a responder na esfera administrativa e civil. (STJ. RMS
26.548/PR - 2010) Reprodução ou Adulteração
Certidão ou Atestado de Selo ou Peça Filatélica
Art. 303. Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
Ideologicamente Falso que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodu-
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de ção ou a alteração está visivelmente anotada na face
função pública, fato ou circunstância que habilite al- ou no verso do selo ou peça:
guém a obter cargo público, isenção de ônus ou de ser- Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
viço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, para fins
Pena - detenção, de dois meses a um ano. de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
Artigo revogado pelo Art. 39 da Lei 6.538/78 que trata do É necessário que o documento suprimido, o alterado ou
mesmo crime. ocultado tenha seu valor probatório insubstituível, ou seja,
caso seja cópia do documento original, NÃO estará configu-
Uso de Documento Falso rado o crime.
Art. 304. Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados O autor deve agir com finalidade específica, qual seja, exe-
ou alterados, a que se referem os Arts. 297 a 302: cutar o crime em benefício próprio ou de outrem, ou em pre-
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração. juízo alheio (ausente esse elemento, outro poderá ser o delito).
O crime de documento falso é um crime classificado dou-
trinariamente como remetido e acessório. De Outras Falsidades
Crime remetido: pois tem a conduta típica descrita em ar- Falsificação do Sinal Empregado
tigos diferentes: Arts. 297 a 302, ou seja, é quando o agente
efetivamente faz o uso dos documentos mencionados nesses no Contraste de Metal Precioso
artigos. ou na Fiscalização Alfandegária,
Crime acessório: pois necessita da prática de crime an- ou para Outros Fins
terior - Art. 297 a 302 - para caracterizar-se crime. Antes de
ocorrer efetivamente o uso do documento falso, já houve um Art. 306. Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca
crime anterior, consumado no momento em que esse foi fabri- ou sinal empregado pelo poder público no contraste de
cado, alterado, modificado etc. metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar
marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Apontamentos Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
A consumação ocorre no momento da utilização de quais-
quer dos documentos falsificados dos Arts. 297 a 302 do Có- Falsa Identidade
digo Penal. Art. 307. Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden-
É necessário que haja o uso, não sendo suficiente a simples tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
alusão ao documento falso. alheio, ou para causar dano a outrem:
Para configurar o instituto da tentativa, irá depender de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o
que maneira que o crime de uso de documento falso seja pra- fato não constitui elemento de crime mais grave.
ticado. Esse delito torna típica a conduta de atribuir, para si pró-
No caso do comento ser mal feito e a falsidade seja eviden- prio ou parar terceira pessoa, falsa identidade para obtenção
te (GROSSEIRA), afasta a falsidade do documento. de vantagem ou causar dano a terceiro, na tentativa de incri-
miná-lo, por exemplo:
Apesar de haver corrente sustentando que, para a carac-
Da leitura do verbo nuclear “atribuir” conclui-se que o cri-
terização do crime basta que o escrito saia da esfera de dis-

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me é comissivo (praticado por ação), não ocorrendo a hipótese
ponibilidade do agente, ainda que empregado em finalidade
em que o agente silencia acerca da identidade equivocada que
diversa daquela a que se destinava, de acordo com a maioria,
lhe atribuem.
é imprescindível que o documento falso seja utilizado em sua
Não ocorre o uso de documento falso (Art. 304 do CP),
específica destinação probatória.
quando o agente somente atribui - verbalmente - ser outra
Agente deve apresentar de forma espontânea o docu- pessoa, deve ser capaz de iludir.
mento a terceiros. A doutrina vem aceitando que, se o agente O crime de falsa identidade é um CRIME SUBSIDIÁRIO, ou
for solicitado a entregar por agente policial, o crime persiste. seja, caso venha a ser utilizado para prática de um crime mais
Ex.: Em uma blitz de trânsito, quando o condutor apre- grave, será atribuída a pena desse. Seria o caso do estelionato
senta uma Carteira Nacional de Habilitação ao ser essa (Art. 171 do CP), por exemplo, pois o agente utiliza-se da frau-
solicitada pelo agente público. de da falsa identidade para obtenção de vantagem. Ocorre o
Caso o agente que utilize o documento falsificado ou mo- chamado princípio da consunção, em que o crime fim (estelio-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

dificado seja o mesmo que praticou a falsificação, responderá nato) absorve o crime meio (falsa identidade).
apenas pelo crime da falsificação do documento.
Uso de Documento de Identidade Alheia
Supressão de Documento Art. 308. Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,
Art. 305. Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício caderneta de reservista ou qualquer documento de iden-
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, docu- tidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize,
mento público ou particular verdadeiro, de que não documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
podia dispor: Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o do- o fato não constitui elemento de crime mais grave.
cumento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e Esse crime descreve a conduta do agente que utiliza de
multa, se o documento é particular. documento - verdadeiro - de uma terceira pessoa para se pas-
O crime desse artigo, tem por objetivo tipificar a conduta sar por ela, sendo conhecido como o “Uso de documento de
do agente que dispõe de documento público ou particular ver- identidade alheia”. Se utilizar documento falso é o Art. 304 CP.
dadeiro, quando não o podia, com intuito de destruir, suprimir O agente efetivamente utiliza o documento alheio como se fos-
ou ocultar informações na intenção de causar prejuízo para se próprio, sendo que a simples posse de documentos de terceiro 447
outrem ou vantagem para si ou para terceiros. não caracteriza o crime.
É punido tanto o agente que fez o uso do documento alheio, O §2º é uma figura equiparada. Esse parágrafo versa u ma
448 quanto a pessoa que o emprestou - cedeu - para que aquele o forma própria de crime, podendo ser cometido somente por
utiliza-se. funcionário público que tenha competência legítima para tais
O crime de falsa identidade é subsidiário, ou seja, caso condutas.
constituir crime mais grave será atribuído ao autor o crime Considerações
mais grave. Desse modo, se o agente USAR documento falso,
A alteração de placa com utilização de fita adesiva é obje-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

embora em nome de 3ª pessoa, (Ex.: colar sua fotografia em


to de controvérsia. Para alguns autores, não se apresentando
um documento de identidade alheio) responderá pelo crime adulteração concreta e definitiva com objetivo de fraudar a
de uso de documento falso (Art. 304, CP), haja vista que a propriedade, o licenciamento ou o registro do veículo, trata-se
substituição de fotografia em documento público caracteriza de simples infração administrativa. Para outros doutrinadores,
o crime de falsificação de documento público (Art. 297, CP). há o crime do Art. 311 do CP.
Fraude de Lei Sobre Estrangeiro Guilherme Nucci, ensina que a falsificação grosseira não
constitui o delito, mas mera infração administrativa
Art. 309. Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer
Ex.: O agente modifica a placa do carro utilizando uma
no território nacional, nome que não é o seu:
fita isolante preta.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. Atribuir a estrangeiro falsa qualidade Das Fraudes em Certames
para promover-lhe a entrada em território nacional:
(Acrescentado pela L-009.426-1996)
de Interesse Público
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Fraudes em Certame de Interesse Público
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De acordo com Mirabete, a expressão território nacional Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o
deve ser tomada no seu sentido jurídico, incluindo, portanto, fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer
o mar territorial e o espaço aéreo correspondente à coluna at- a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de:
mosférica.
I. Concurso público;
O parágrafo único, traz um crime comum, cuja conduta
II. Avaliação ou exame público;
típica consiste em atribuir a estrangeiro falsa qualidade para
III. Processo seletivo para ingresso no ensino supe-
promover-lhe a entrada em território nacional.
rior;
Art. 310. Prestar-se a figurar como proprietário ou
IV. Exame ou processo seletivo previstos em lei:
possuidor de ação, título ou valor pertencente a es-
trangeiro, nos casos em que seja vedada por lei a Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
propriedade ou a posse de tais bens: (Alterado pela § 1º Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita,
L-009.426-1996). por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa. às informações mencionadas no caput.
§ 2º Se da ação ou omissão resulta dano à administra-
Adulteração de Sinal Identificador ção pública:
de Veículo Automotor Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§3º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o fato é
Art. 311. Adulterar ou remarcar número de chassi ou
qualquer sinal identificador de veículo automotor, de cometido por funcionário público.
seu componente ou equipamento: Introduzido no Código Penal em 2011 pela Lei 12.550, visa
evitar as fraudes cometidas em provas de concursos públicos,
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
devido às precárias condições de fiscalização do Estado. Pro-
§ 1º Se o agente comete o crime no exercício da função tege o sigilo da boa administração pública, vestibulares, pro-
pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um cessos seletivos, concursos públicos etc.
terço.
Por ser um crime comum, pode ser praticado por qualquer
§ 2º Incorre nas mesmas penas o funcionário público pessoa e, se praticado por funcionário público, a pena aumen-
que contribui para o licenciamento ou registro do veí- ta-se de um terço (Art. 311-A, § 3º do CP).
culo remarcado ou adulterado, fornecendo indevida- Figura equiparada (Art. 311 - A, § 1º): em análise ao tipo
mente material ou informação oficial. referido, a conduta é autenticamente um concurso de pessoas
O sinal de identificação é a placa do veículo, numeração do na modalidade participação, ou seja, um agente auxilia o outro
motor, marcação dos vidros etc. na prática do crime.
A pessoa que recebe o veículo já adulterado, sabendo des- Qualificadora (Art. 311 - A, § 2º): o dano que afeta a Admi-
sa circunstância, não pratica o crime do Art. 311, mas sim o do nistração Pública é analisado em sentido amplo, e não somen-
Art. 180 (receptação). te o dano material. Por ser um crime contra a fé pública, afeta
O § 1º é uma causa especial de aumento de pena, se o principalmente a moral da Administração e abala a credibilida-
funcionário público comete o crime prevalecendo-se do car- de depositada pelas pessoas no Estado.
go. Exige-se, para incidir o aumento de pena, uma qualidade Consumação: Consuma-se com a simples prática dos núcleos,
especial do agente, ser funcionário público, ou seja, um crime dispensando a obtenção da vantagem particular buscada pelo
PRÓPRIO. agente ou mesmo eventual dano à credibilidade do certame.
Considerações Peculato Furto § 1º
Aplicando-se o princípio da especialidade, a violação de Também chamado de peculato impróprio. Só haverá este
sigilo funcional envolvendo certames de interesse público, não crime se o funcionário público valer-se dessa qualidade para
caracteriza o crime do Art. 325, mas sim o do Art. 311-A do CP. subtrair o bem. Caso contrário, o crime será o de furto (Art.
Entendeu o STF que o uso de cola eletrônica não é crime. 155 do CP). Caso o particular não tenha conhecimento da qua-
Entretanto, se o candidato teve acesso privilegiado ao gabarito lidade de funcionário público, responderá por furto, enquanto
da prova, pratica o crime junto com a pessoa que lhe forneceu. esse último, responderá por peculato.
Exs.: “A” funcionário público, valendo-se do cargo, sub-
8. Dos Crimes Contra a Administração trai bem móvel da administração com auxílio de “B”, o
qual conhecia sua função. Ambos respondem por pecu-
Pública lato, Art. 312 do CP.
“A” funcionário público, valendo-se do cargo, subtrai
Dos Crimes Praticados por bem móvel da administração com auxílio de “B”, o qual
desconhecia a função de “A”. “A” responderá por pecula-
Funcionário Público Contra a to (Art. 312 do CP), e “B” por furto (Art. 155 do CP).
Administração em Geral “A” funcionário público, sem aproveitar do cargo que
ocupa, com auxilio de “B”, subtrai bem móvel da repar-
Peculato tição em que “A” trabalha. Ambos respondem por furto
Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, (Art. 155 do CP).
valor ou qualquer outro bem móvel, público ou parti- São considerados crimes próprios, pois exigem a quali-
cular, de que tem a posse em razão do cargo, ou des- dade de funcionário público para sua classificação.
viá-lo, em proveito próprio ou alheio: A conduta é sempre dolosa (apropriar-se, desviar, sub-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. trair). Existe, no entanto, previsão para modalidade culposa
§ 1º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, (vide § 2º, peculato culposo).
embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe pro-
porciona a qualidade de funcionário. dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
Peculato Culposo (Art. 13, § 2°, CP).
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o Peculato Culposo
crime de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Sujeitos do Crime

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ŝ#-ŝŦ
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), mas
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a admite-se coautoria e participação de particulares, desde que
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a tenham conhecimento da qualidade de funcionário público do
pena imposta. agente.
Esse artigo tem por objetivo tipificar a conduta do fun-
Se, comprovado que o particular desconhecia a qualidade
cionário público que, aproveitando do cargo que ocupa,
funcional do agente, responde por apropriação indébita.
apropria-se de bem público ou particular. É necessário que o
agente utilize das facilidades do seu cargo, pois, se não o fizer, Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
responderá normalmente, a depender do caso concreto, nos pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimônio.
crimes elencados no Titulo II. Dos Crimes Contra O Patrimônio, Consumação e Tentativa
do Código Penal, por exemplo, o furto. (Art. 155 do CP). Admite tentativa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Peculato Apropriação Tratando-se do peculato apropriação, peculato furto e pe-


Art. 312. apropriar-se o funcionário público de dinhei- culato culposo, são crimes materiais, pois estarão consumados
ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou par- com a efetiva posse do bem móvel. No caso do peculato des-
ticular, de que tem a posse em razão do cargo.(...) vio, é um crime formal, pois se consuma no momento em que
Nessa situação o funcionário público já possui a posse ou ocorre o desvio do destino da verba.
detenção lícita do bem (em razão do cargo que ocupa), porém Figura Culposa
passa a se comportar como se fosse o dono (pratica atos de
§ 2º Se o funcionário concorre culposamente para o
disposição da coisa, venda, troca, doação etc.), não mais de-
crime de outrem:
volvendo ou restituindo o bem à Administração Pública.
Essa situação é quando o funcionário público, por impru-
Peculato-Desvio dência, imperícia ou negligência, diante de sua conduta, per-
Art. 312. (...) ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. mite que um terceiro pratique um crime contra a Administra-
Também chamado de peculato próprio, valendo-se do ção Pública.
cargo, o agente desvia, em proveito próprio ou de outrem; Caso o agente não seja funcionário público, ou sendo,
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou par- não se utilize das facilidades que o cargo lhe proporciona 449
ticular. para a subtração, incorrerá no crime de furto.
É importante considerar que: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
450 ▷ É o único crime culposo da espécie dos delitos fun- Conduta
cionais.
Pune-se a conduta do agente que inverter, no exercício do seu
▷ É o único crime de menor potencial ofensivo entre os cargo, a posse de valores recebidos por erro de terceiro. O bem
delitos funcionais.
apoderado, ao contrário do que ocorre no peculato apropriação,
O funcionário público só responderá por este crime se o
não está naturalmente na posse do agente, derivando de erro
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

crime doloso de outrem (terceiro) chegar a se consumar.


alheio.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a O erro do ofendido deve ser espontâneo, pois, se provoca-
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a do pelo funcionário, poderá configurar o crime de estelionato.
pena imposta. Classificação
No crime de peculato culposo, a reparação do DANO, se
São considerados crimes próprios, pois exigem a qualidade de
precede (é anterior) à sentença irrecorrível , extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena im- funcionário público para sua Classificação.
posta. Somente para o peculato culposo. No Peculato Doloso A conduta é sempre dolosa (apropriar-se). Não existe, no
não é possível aplicação do § 3°. entanto, a forma culposa.
Sentença Irrecorrível É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
Antes da sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
A reparação do dano após a sentença irrecorrível, há re- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
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dução de metade da pena imposta. E, isso é feito pelo juiz da (Art. 13, § 2º, CP).
execução penal.
Considerações Sujeitos do Crime
Se a posse do bem (peculato apropriação ou desvio) de- Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), mas
corre de violência ou grave ameaça, há crime de roubo (Art. admite-se coautoria e participação de particulares, desde que
157) ou extorsão (Art. 158 do CP). tenham conhecimento da qualidade de funcionário público do
agente.
Peculato
Peculato apropriação (caput 1ª parte);
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
Peculato Peculato desvio (peculato próprio) (caput 2ª parte); pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimônio.
Doloso Peculato mediante erro de outrem (peculato estelionato) Consumação e Tentativa
(Art. 313).
Peculato • ADMITE Tentativa
(§2)
Culposo Sendo esse um crime material, consuma-se com a efetiva
O Peculato de Uso não é crime, mas pode caracterizar ato apropriação. Neste caso há divergência, alguns autores sus-
de improbidade administrativa (Art. 9º, Lei nº 8.429/92). É o tentam que a consumação se dará somente no momento em
fato em que, por exemplo, um funcionário público apropria- que o agente percebe o erro de terceiro e não o desfaz, ou seja,
se temporariamente de veículo público, no intuito de realizar a consumação não se dá no momento do recebimento da coi-
diligências de caráter pessoal, restituindo o veículo ao pátio da sa, mas sim no instante em que o agente se apropria da coisa
repartição logo após o uso. recebida por erro, agindo como se dono fosse.
Se há desvio da verba em proveito da própria Adminis-
tração, com utilização diversa da prevista em sua destinação, Descrição
temos configurado o crime do Art. 315 do CP. O funcionário público que, no exercício do cargo, recebeu
de terceiro, o qual estava em erro, dinheiro ou qualquer outra
Apontamentos
utilidade, e não prossegue com a efetiva destinação correta
O princípio da insignificância é causa supralegal de exclu- do recurso.
são da tipicidade, ou seja, o fato não será considerado crime.
Sendo assim, há duas posições sobre o assunto: Apontamentos
▷ STJ: não admite a incidência do princípio da insigni- Se o funcionário público se apropriou de dinheiro ou qual-
ficância nos crimes contra a Administração Pública, quer utilidade que recebeu fora do exercício do cargo, respon-
pois a norma penal busca resguardar não somente derá pelo crime de: Apropriação de coisa havida por erro, caso
o aspecto patrimonial, mas a moral administrativa. fortuito ou força da natureza.
▷ STF: admite a aplicação do princípio da insignificân-
Art. 169, CP. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
cia nos crimes contra a administração pública. (HC
107370/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 26.4.2011). ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Se o particular, por engano quanto à pessoa, coisa ou
Peculato Mediante Erro de Outrem obrigação, entrega objeto a funcionário público, em razão do
Art. 313. Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade cargo deste, e se ele se apropria do bem, há crime de peculato
que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: mediante erro de outrem (Art. 313, CP).
Inserção de Dados Falsos em Modificação ou Alteração Não
Sistema de Informações Autorizada de Sistema de Informações
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevida- de informações ou programa de informática sem auto-
mente dados corretos nos sistemas informatizados ou rização ou solicitação de autoridade competente:
bancos de dados da Administração Pública com o fim Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou multa.
para causar dano:
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. até a metade se da modificação ou alteração resulta
Pune-se a conduta do funcionário público autorizado que dano para a Administração Pública ou para o adminis-
insere ou facilita inserção de dados falsos, altera ou exclui in- trado.
devidamente dados nos sistema de informação da Administra- Consiste em punir a conduta do funcionário público que
ção Pública com o objetivo de receber vantagem indevida, tal modifica ou altera, sem autorização, os sistemas de informa-
crime é também conhecido como peculato eletrônico. ções da Administração Pública.
Classificação Classificação
Trata-se de crime de mão própria, pois exige a qualida- São considerados crimes próprios, pois exigem a qualida-
de de funcionário público autorizado para sua Classificação, de de funcionário público para sua Classificação.
ou seja, não é qualquer funcionário público, mas sim aquele A conduta é sempre dolosa (modificar, alterar). NÃO exis-
autorizado a inserir, alterar ou excluir dados nos sistemas in-
te, no entanto, a possibilidade da forma culposa.
formatizados ou banco de dados.
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em
A conduta é sempre dolosa (inserir, alterar ou excluir).
Não existe, no entanto, a possibilidade da forma culposa. omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- (Art. 13, § 2º, CP).
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado Sujeitos do Crime
(Art. 13, § 2º, CP). Sujeito Ativo: o funcionário público (crime próprio), não
Sujeitos do Crime exige a qualidade de ser funcionário autorizado, ademais é
possível a coautoria e participação do particular que tenha
Sujeito Ativo: o funcionário público autorizado (crime de consciência da função pública do agente.
mão própria), sendo possível a coautoria e participação do

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Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
particular que tenha consciência da função pública do agente. pessoa física ou jurídica, diretamente prejudicada.
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
pessoa física ou jurídica, diretamente lesada em seu patrimô- Consumação e Tentativa
nio. • ADMITE Tentativa
O crime se consuma no momento da efetiva modificação
Consumação e Tentativa ou alteração do sistema de informação, sendo que, se resultar
• ADMITE Tentativa em dano, é causa de aumento de pena conforme parágrafo
Sendo um crime formal, consuma-se com a devida inser- único desse artigo.
ção, alteração ou exclusão, não sendo necessário o efetivo re- Descrição
cebimento da vantagem indevida, considerada apenas mero Para configuração do crime em tela é necessário que a mo-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

exaurimento do crime. dificação ou alteração ocorra sem autorização, pois tal conduta
Descrição resume-se ao dolo do agente, à vontade livre de provocar as
Visa punir o funcionário autorizado, o qual detém aces- modificações.
so aos sistemas de informação da Administração Pública, e, Os crimes previstos nos Arts. 313-A e 313-B, ambos do CP,
aproveitando-se dessa situação, realiza condutas indevidas são conhecidos como peculato eletrônico.
causando prejuízo para Administração, bem como, aos parti-
culares.
Extravio, Sonegação ou Inutilização
de Livro ou Documento
Apontamentos
Art. 314. Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
É possível a ocorrência do erro do tipo, escusável ou ines- de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
cusável, do agente que acredita estar agindo corretamente e inutilizá-lo, total ou parcialmente:
acaba inserindo, excluindo ou alterando de forma equivocada, Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
dados verdadeiros. constitui crime mais grave.
Mesmo sendo um crime de mão própria, é possível a figura Para configuração deste crime, é indispensável que o fun- 451
da participação e coautoria, seja ela material ou moral. cionário público tenha a posse do livro ou documento em ra-
zão do cargo que ocupa. É considerado como sendo um crime
Extraviar, sonegar ou
452 subsidiário, pois comumente sendo aplicado, caso o resultado Destruir, suprimir ou ocul- inutilizar livro oficial ou
não constitua crime mais grave. Conduta tar documento público ou qualquer documento
particular verdadeiro. de que tem guarda em
Classificação razão do cargo.
É considerado crime próprio, pois exige a qualidade de funcio-
Há finalidade específica de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

nário público para sua Classificação.


Tipo tirar proveito próprio ou de Não se exige qualquer
A conduta é sempre dolosa (extravio, inutilização, sone- Subjetivo outrem, ou visando causar finalidade específica.
gação). Não existe, no entanto, a possibilidade da forma cul- prejuízo alheio.
posa.
É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em Reclusão, de 2 a 6 anos,
e multa, se o documento Reclusão de 1 a 4 anos,
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- Pena é público, e reclusão, de se o fato não constitui
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado 1 a 5 anos, e multa, se o crime mais grave.
(Art. 13, § 2º, CP). documento é particular.

Sujeitos do Crime Emprego Irregular de Verbas


Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
prio), ademais é possível a coautoria e participação do parti- ou Rendas Públicas
cular que tenha consciência da função pública do agente. Art. 315. Dar às verbas ou rendas públicas aplicação di-
Sendo o sujeito ativo servidor em exercício junto a reparti- versa da estabelecida em lei:
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ção fiscal ou tributária, o extravio de livre oficial, processo fis- Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
cal, ou qualquer documento por ele causado, configura crime Este tipo penal visa penalizar o administrador público que
especial previsto no Art. 3°, I, da Lei nº 8.137/90. destina a verba pública para projetos, despesas ou gastos que
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, não foram previstos no Orçamento Público, ou então, que não
pessoa física ou jurídica prejudicada. foram autorizados pela Lei Orçamentária Anual.
Consumação e Tentativa Classificação
• ADMITE Tentativa São considerados crimes próprios, pois exigem a qualida-
O crime se consuma no momento do efetivo extravio ou de específica do funcionário público dotado de competência
inutilização, mesmo que seja de forma parcial, bem como, com para utilizar e destinar as verbas públicas.
a sonegação. A conduta é sempre dolosa (destinar a verba para outra
Descrição situação a qual não era prevista). Não existe possibilidade
para modalidade culposa.
Por ser um crime subsidiário, há depender do resultado
É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
naturalístico que ocasionar, o crime será absorvido de acordo
com sua especificidade (princípio da consunção), conforme
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
em alguns dos casos exposto abaixo. dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
(Art. 13, §2°, CP).
▷ Quando há o dolo específico de agir, responde pelo
Art. 305 do CP. Sujeitos do Crime
▷ Caso o funcionário não seja o responsável pela guar- Sujeito Ativo: é crime próprio, pois o sujeito ativo será so-
da do livro ou do documento, responderá pelo Art. mente aquele funcionário público que tenha o poder de ad-
337 do CP. ministração de verbas ou rendas pública (Ex.: Presidente da
▷ Se praticado por advogado ou procurador, respon- República, Ministros, Governadores etc.), ademais, é possível
derá pelo Art. 356 do CP. a coautoria e participação do particular que tenha consciência
O crime tipificado no Art. 314, além de ser próprio, é subsi- da função pública do agente.
diário em relação ao delito previsto no Art. 305, que exige dolo Tratando-se de Prefeito Municipal, há crime próprio, preva-
específico. Veja as diferenças: lecendo pelo principio da especialidade o disposto no Art. 1º, III,
do Decreto-Lei nº 201/67.
Art. 314. Extra-
Art. 305. Supressão de vio, sonegação ou
Sujeito Passivo: o Estado e secundariamente o particular,
documento público. inutilização de livro ou pessoa física ou jurídica, diretamente prejudicada.
documento.
Consumação e Tentativa
Objetividade Crime contra a adminis- • ADMITE Tentativa
Crime contra a fé pública.
Jurídica tração pública. O crime se consuma no momento da efetiva destinação ou
aplicação das verbas ou rendas públicas.
Qualquer pessoa (crime Funcionário público
Sujeito Ativo
comum). (crime próprio).
A simples destinação, sem posterior aplicação, constitui
tentativa, gerando perigo para a regularidade administrativa.
Descrição Descrição
Caso o agente público seja o Presidente da República, ele Sendo um crime formal, e a consumação ocorrendo com
responderá pela lei de improbidade administrativa, Art. 11, Lei a mera exigência da vantagem indevida. Pouco importa se o
nº 1.079/50. Por conseguinte, sendo prefeito, responderá pelo funcionário público recebe ou não. Porém, caso receba, haverá o
Art. 1º, III, do Decreto-Lei nº 201/67. exaurimento do crime.

Apontamentos Considerações
Segundo o STF Se a vantagem for devida, o agente funcionário públi-
co responderá pelo crime de abuso de autoridade, Lei nº
RT 617/396. Se o orçamento for aprovado por decreto 4.898/65.
do próprio Poder Executivo, e não por lei, não há o que
Caso a vantagem seja para a própria Administração Pú-
se falar neste crime.
blica, poderá haver o crime de excesso de exação (Art. 316, §
RT 883/462. Para que caracterize esse crime, é neces- 1º, CP).
sário que a lei que destina as verbas ou rendas públi- O particular que se disfarça de policial e exige dinheiro (van-
cas, seja em sentido formal e material. tagem indevida) para não efetuar a prisão de alguém, respon-
derá pelo crime de extorsão (Art. 158, CP).
Concussão
Mesmo que seja funcionário público, mas que não tenha a
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indireta- competência para a prática do mal prometido, não responde por
mente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, este crime, mas por extorsão.
mas em razão dela, vantagem indevida: No crime de concussão, o agente exige a vantagem indevida.
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Ademais, no crime de corrupção passiva, Art. 317 do CP, O agente
§ 1º Se o funcionário exige tributo ou contribuição so- solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida.
cial que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gra-
Excesso de Exação
voso, que a lei não autoriza: Art. 316, § 1º Se o funcionário exige tributo ou contri-
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
buição social que sabe ou deveria saber indevido, ou,
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
§ 2º Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou ou gravoso, que a lei não autoriza:
de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
aos cofres públicos:
Art. 316, § 2º Se o funcionário desvia, em proveito pró-
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. prio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para
No crime de concussão, o funcionário público exige uma recolher aos cofres públicos:

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vantagem indevida e a vítima, temendo represálias, cede a Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
essa exigência. Trata-se da cobrança integral e pontual de tributos, em
Trata-se de uma forma especial de extorsão, executada que o funcionário público exige ilegalmente tributo ou con-
por funcionário público. tribuição social em benefício da Administração Pública.
Classificação Classificação
São considerados crimes próprios, pois exigem uma quali- São considerados crimes próprios, pois exige uma quali-
dade específica, ser funcionário público. dade específica, ser funcionário público.
A conduta é sempre dolosa (exigir). Não existe possibili- A conduta é sempre dolosa (exigir tributo ou contribuição
dade para modalidade culposa. social ou desviar o recebimento indevido). NÃO existe possi-
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em bilidade para modalidade culposa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
(Art. 13, §2º, do CP). dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
(Art. 13, § 2º, CP).
Sujeitos do Crime Sujeitos do Crime
Sujeito ativo: somente funcionário público (crime pró- Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
prio), ademais, é possível a coautoria e participação do parti- prio), ademais, é possível a coautoria e participação do parti-
cular que tenha consciência da função pública do agente. cular que tenha consciência da função pública do agente.
Sujeito passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
pessoa física ou jurídica prejudicada. pessoa física ou jurídica prejudicada.
Consumação e Tentativa Consumação e Tentativa
• ADMITE Tentativa • ADMITE Tentativa
O crime é formal, sendo assim, está consumado no mo- O § 1º diz que o crime é formal, sendo assim, está con- 453
mento da exigência. sumado no momento da exigência do tributo ou contribuição
social por meio vexatório e gravoso, mesmo que a vítima não Classificação
454 realize o pagamento. São considerados crimes próprios, pois exigem uma quali-
O § 2º refere-se ao crime material, sendo consumado no dade específica, ser funcionário público.
momento que ocorre o desvio em proveito próprio ou de ou- A conduta é sempre dolosa (solicita, recebe ou aceita pro-
trem, tendo recebido indevidamente. messa). Não existe possibilidade para modalidade culposa.
Descrição É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1º do Excesso de Exação omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-


Exigir um tributo ou contribuição social que sabe ou deve- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
ria saber indevido. (Art. 13, § 2º, do CP).
Ex.: Tributo que já foi pago pelo contribuinte; ou a quan- Sujeitos do Crime
tia cobrada é superior à fixada em lei. Sujeito Ativo: é o funcionário público no exercício da fun-
Exigir um tributo ou contribuição social devido, porém em- ção, aquele fora da função, mas em razão dela, ou o particular
pregando meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza. que está na iminência de assumir, e atue criminosamente em
Ex.: Meio vexatório: humilhar, causar vergonha ou cons- razão dela. Pode ter a participação do particular que tenha
trangimento na vítima. Meio gravoso: causar maiores consciência da função pública do agente.
despesas ao contribuinte. Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
§ 2º da Qualificadora pessoa física ou jurídica prejudicada.
O desvio do tributo ou contribuição social indevido ocor- O particular só será vítima se a corrupção partir do funcio-
re antes de sua incorporação aos cofres públicos, pois, caso nário corrupto.
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ocorra depois, o funcionário público responderá pelo crime de Consumação e Tentativa


peculato desvio (Art. 312, caput, 2ª parte do CP). Admite tentativa somente na modalidade solicitar, quando
Considerações formulada por meio escrito (carta interceptada).
De acordo com o STF, existem cinco espécies de tributos: im- O crime é formal, sendo assim, nesse delito, existem
postos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compul- três momentos em que o crime pode se consumar. No mo-
sórios e contribuições sociais. mento da solicitação, no momento do recebimento, ou
Segundo o STJ, a custa e emolumentos concernentes então no instante em que o agente aceita a promessa de
recebimento, independe do efetivo pagamento ou rece-
aos serviços notariais e registrais possuem natureza tribu-
bimento para o crime estar consumado, caso ocorra, será
tária, qualificando-se como taxas remuneratórias de serviços mero exaurimento do crime.
públicos. Desse modo, comete o crime de excesso de exação
aquele que exige custas ou emolumentos que sabe ou deve- Descrição
ria saber indevido. Solicitar: a conduta parte do funcionário público que pede
Prevalece que a expressão deveria saber configura dolo a vantagem indevida. Nesta situação, o funcionário público
eventual, entretanto há doutrina no sentido de que se trata de responde por corrupção passiva e o particular, caso entregue
modalidade culposa do tipo. a vantagem indevida, não responderá por crime algum (fato
atípico).
Corrupção Passiva Receber: a conduta parte do particular que oferece a van-
Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, tagem indevida e o funcionário público recebe. Nesta situação,
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou o funcionário público responde por corrupção passiva e o par-
antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem in- ticular por corrupção ativa.
devida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Aceitar promessa de tal vantagem: a conduta parte do
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. particular que promete vantagem indevida ao funcionário
público e este aceita a promessa. Nesta situação, o funcio-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em conse-
nário público responde por corrupção passiva e o particular
quência da vantagem ou promessa, o funcionário re-
por corrupção ativa. OBS.: não é necessário que o funcionário
tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o público efetivamente receba a vantagem prometida, pois o
pratica infringindo dever funcional. crime estará consumado com a mera aceitação de promessa.
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re- Espécies de Corrupção Passiva
tarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem: Corrupção Passiva Própria Corrupção Passiva Imprópria
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. O funcionário público negocia um O funcionário público negocia um
Apesar de possuir certas semelhanças com o delito de con- ato ILÍCITO. ato LÍCITO.
cussão, nesse delito podemos dizer que é menos constrange- Ex.: PRF solicita R$ 100,00 para Ex.: Juiz de Direito recebe dinheiro
não multar motorista sem carteira de autor de ação judicial para
dor para a vítima, pois não há a coação moral da exigência, a de habilitação. agilizar os trâmites do processo.
honra da imagem do emprego vexatório, ocorre simplesmente
a solicitação, o recebimento ou a simples promessa de rece- Ex.: Comerciantes dão dinheiro para que policiais mili-
bimento. tares realizem rondas diárias no bairro onde os comer-
ciantes trabalham. É crime, pois os servidores públicos veículo. O policial atende ao pedido. Nesta situação, o po-
já são remunerados pelo Estado para realizarem estas licial praticou o crime de corrupção passiva privilegiada e
atividades. Pedro é partícipe deste crime.
Considerações O § 2º tem grande incidência em concursos. É o famoso
Dar um jeitinho.
Particular que oferece ou promete vantagem indevida: O
particular que oferece ou promete vantagem indevida ao fun- Diferenças Importantes
cionário público, responde pelo crime de corrupção ativa, Art. Corrupção Passiva Privilegiada
Prevaricação (Art. 319, CP)
333, do CP. (Art. 317, §2º, CP)
Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pessoas: Retardar ou deixar de praticar,
Art. 29, CP. Quem, de qualquer modo, concorre para o indevidamente, ato de ofício,
Se o funcionário pratica, deixa de ou praticá-lo contra disposição
crime incide nas penas a este cominadas, na medida de praticar ou retarda ato de ofício, expressa de lei, PARA SATISFAZ-
sua culpabilidade. com infração de dever funcio- ER INTERESSE OU SENTIMENTO
Portanto, a regra é que todos aqueles que concorrem nal, CEDENDO A PEDIDO OU PESSOAL.
para a prática de um crime responderão pelo mesmo crime. INFLUÊNCIA DE OUTREM.
Obs.: Não há intervenção alheia
Como se trata de exceção, o funcionário público que recebe nesse crime.
ou aceita promessa de vantagem indevida responde por cor-
rupção passiva, Art. 317, enquanto o particular que oferece Facilitação de Contrabando
ou promete vantagem indevida responde por corrupção ati-
va, Art. 333.
ou Descaminho
Não configura o crime de corrupção passiva o recebimen- Art. 318. Facilitar, com infração de dever funcional, a prá-
to, pelo funcionário público, de gratificações usuais de peque- tica de contrabando ou descaminho (Art. 334):
no valor por serviços extraordinários (desde que não se trate Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
de ato contrário à lei), ou pequenas doações ocasionais, geral- Conduta: a conduta criminosa consiste em facilitar, por
mente no Natal ou no Ano Novo. ação ou omissão, o contrabando ou o descaminho.
Caso a vantagem recebida seja revertida em favor da pró- Sujeitos do Crime
pria Administração Pública não haverá o crime de corrupção
Sujeito Ativo: é crime próprio, somente o funcionário pú-
passiva. Todavia, o funcionário público estará sujeito à prática
blico incumbido de impedir a prática do contrabando ou des-
de ato de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/92).
caminho poderá intentá-lo. Caso não ostente essa atribuição
Causa de Aumento de Pena funcional, responderá pelo delito de contrabando ou descami-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se, em conse- nho, na condição de partícipe.

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quência da vantagem ou promessa, o funcionário re- Sujeito Passivo: O Estado.
tarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o Exceção à teoria unitária ou monista no concurso de pes-
pratica infringindo dever funcional. soas (Art. 29, CP)
O que seria o exaurimento do crime funciona como causa O funcionário público que facilita, com infração de dever
de aumento de pena para o funcionário público. A pena será funcional, a prática de contrabando ou descaminho, responde
aumentada em 1/3. pelo crime do Art. 318. Já o particular que realiza o contraban-
Se a violação praticada pelo agente público constitui, por do ou descaminho responde pelo crime do elo crime do Art.
si só, um novo crime, haverá concurso formal ou material entre 334 ou Art. 334 - A.
a corrupção e a infração dela resultante. Todavia, nessa hipó-
tese, a corrupção deixa de ser qualificada, pois do contrário Conceito
incidirá no bis in idem, considerando-se o mesmo fato duas Contrabando: é a importação ou exportação de mercado-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

vezes em prejuízo do funcionário réu. ria cuja entrada ou saída é proibida no Brasil. Ex.: máquinas
caça-níquel, cigarros, quando em desacordo com autorização
Corrupção Passiva Privilegiada legal.
§ 2º Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou re- Descaminho: a importação ou exportação é permitida, po-
tarda ato de ofício, com infração de dever funcional, rém o agente frauda o pagamento do tributo devido.
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Consumação
Punem-se, nesse dispositivo, os famigerados favores ad- Ocorre no momento em que o funcionário público efe-
ministrativos. tivamente facilita o contrabando ou descaminho. É crime
Nesta hipótese, o particular não oferece ou promete van- formal ou de consumação antecipada.
tagem indevida ao funcionário público. Ele apenas pede para Não é necessário que a outra pessoa (autor do crime de
que esse DÊ UM JEITINHO de praticar, deixar de praticar ou contrabando ou descaminho - Art. 334) tenha sucesso em sua
retardar ato de ofício, com infração de dever funcional. empreitada criminosa. Desse modo, mesmo que esta outra
Ex.: Pedro é abordado numa Blitz e seu veículo está pessoa não obtenha êxito na realização do crime do Art. 334,
com o IPVA atrasado. Diante disso, ele pede ao policial o crime de contrabando e descaminho estará consumado, pois 455
rodoviário que não aplique a devida multa ou apreenda o é crime formal.
Tentativa Descrição
456 Admitida somente na forma comissiva (ação). A forma Crime de ação múltipla ou de conteúdo variado: Retardar,
omissiva não admite o conatus. deixar de praticar ou praticá-lo. A realização de mais de um des-
tes verbos, no mesmo contexto fático, caracteriza crime único.
Elemento Subjetivo Todavia, tal fato será levado em conta pelo juiz no momento de
Dolo. Não se admite a modalidade culposa. fixação da pena-base (Art. 59 do CP).
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Competência Considerações
Os crimes de contrabando e descaminho são decompetên- Retardar (atrasar / adiar): o funcionário público não realiza
cia da Justiça Federal, pois ofendem interesse da União (Art. o ato de ofício dentro do prazo legal. Deixar de praticar (abs-
109, IV, CF/88). ter-se de praticar): não praticar o ato de ofício.
Súm. 151, STJ. A competência para o processo e jul- +
gamento por crime de contrabando e descaminho Indevidamente: (injustificavelmente / ilegalmente)
define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da =
apreensão dos bens. Prevaricação
Prevenir e reprimir o contrabando e o descaminho são atri- Nessas duas hipóteses a prevaricação é crime omissivo
buições da Polícia Federal (Art. 144, § 1º, II, CF/88). próprio ou puro (condutas omissivas). Não admite tentativa
(conatus).
Prevaricação NÃO há crime quando o funcionário público deixa de agir
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, em razão de caso fortuito ou força maior.
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ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa Ex.: A falta de efetivo (pessoal) na repartição, incêndio,
de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: inundação etc.
Praticar (realizar um ato)
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Para que configure o delito de prevaricação, faz-se ne- +
cessário que a ação ou omissão seja praticada de forma in- Contra Disposição Expressa de Lei
devida, infrinja o dever funcional do agente público. =
Classificação Prevaricação
É considerado crime de mão própria, pois exige uma qua- Nesta hipótese a prevaricação é crime comissivo. Admite
lidade específica, ser funcionário público e possuir determina- tentativa (conatus).
do dever funcional. Apontamentos
Assim, é imprescindível que o funcionário tenha a atribui- Interesse Pessoal: é qualquer vantagem ou proveito de
ção para a prática do ato, pois, do contrário, não se pode con- caráter moral ou patrimonial. Caso o funcionário público exi-
siderar violação ao dever funcional. ja ou receba uma vantagem indevida a pretexto de praticar,
A conduta é sempre dolosa, a qual se divide em três tipos: retardar ou omitir a prática de um ato de ofício, o crime será
1) Retardar indevidamente ato de ofício; 2) Deixar de praticar de concussão (Art. 316 do CP) ou corrupção passiva (Art. 317
ato de ofício; 3) Praticar contra disposição expressa em lei. do CP).
NÃO admite a forma culposa. Sentimento Pessoal: vingança, ódio, amizade, inimizade,
inveja, amor.
Sujeitos do Crime Ex.: Promotor de Justiça solicita o arquivamento de in-
Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró- quérito policial o qual investiga crime que supostamen-
prio). te foi praticado por seu amigo de infância.
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular, A desídia (preguiça), negligência ou comodismo (sem
pessoa física ou jurídica prejudicada. o fim de satisfazer interesse ou sentimento pessoal): não há
crime de prevaricação. Todavia, o funcionário público poderá
Consumação e Tentativa incorrer em ato de improbidade administrativa.
Consuma-se o crime com o retardamento, a omissão ou Diferenças Importantes
a prática do ato, sendo dispensável a satisfação do interesse
visado pelo servidor. Condescendência Criminosa
Prevaricação (Art. 319, CP)
(Art. 320, CP)
A tentativa não é admitida nas condutas retardar deixar de
praticar, pois é crime omissivo próprio ou puro. Já a conduta DEIXAR o funcionário, POR
praticá-lo contra disposição expressa de lei admite a tentativa Retardar ou DEIXAR de PRATICAR,
INDULGÊNCIA, DE RESPONSABIL-
indevidamente, ATO DE OFÍCIO,
por ser crime comissivo, ou seja, que exige uma ação. ou praticá-lo contra disposição
IDADE subordinado que cometeu
infração no exercício do cargo ou,
É um crime formal. Para a consumação basta a intenção expressa de lei, para SATISFAZER
quando lhe falte competência, não
do funcionário público de satisfazer interesse ou sentimento INTERESSE OU SENTIMENTO
levar o fato ao conhecimento da
pessoal, mesmo que não consiga êxito na concretização deste PESSOA.
autoridade competente.
resultado.
Prevaricação Imprópria racteriza-se a conduta, até mesmo quando o aparelho não tiver
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agen- bateria, visto que existem meios alternativos para a sua ativação.
te público de cumprir seu dever de vedar ao preso o Condescendência Criminosa
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de res-
ambiente externo: ponsabilizar subordinado que cometeu infração no exer-
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. cício do cargo ou, quando lhe falte competência, não
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Esse crime foi introduzido pela Lei nº 11.466/07 e recebe
várias denominações por parte da doutrina, prevaricação im- Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
própria, prevaricação em presídios, omissão do dever de vedar Esse tipo penal tem por objetivo punir o superior hierárquico
ao preso o acesso a aparelhos de comunicação. Todas essas que por indulgência (clemência) deixa de punir seu subordina-
classificações são aceitáveis, haja vista o legislador não confe- do, bem como aquele que, sem competência para responsa-
rir, na elaboração do tipo, o nomem iuris da conduta, deixando bilização, tendo conhecimento de alguma infração, não leva a
para que a doutrina o fizesse. informação aquém de competência para punir o agente público.
Tem como base o poder disciplinar da Administração Pú-
Classificação blica.
É um crime doloso, não exigindo qualquer fim específico
da conduta. Não é admitida a culpa. Classificação
É um crime simples, pois ofende um único bem jurídico e É considerado um crime próprio: omissivo próprio: sendo
é um crime próprio, ou seja, podendo ser cometido somente que ato está na inação (deixar de agir).
por agente público que tenha o dever funcional de impedir a O dolo está na conduta de se OMITIR, sendo assim, não
entrada de aparelhos de comunicação ou Diretor de Peniten- admite a forma culposa.
ciária.
Sujeitos do Crime
Sujeitos do Crime Sujeito Ativo: somente funcionário público hierarquica-
Sujeito Ativo: por ser um crime próprio, pode ser come- mente superior ao servidor infrator.
tido por agente público que deve ser interpretado de forma Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
restrita, pois o agente deve ser incumbido de evitar a conduta pessoa física ou jurídica prejudicada.
descrita no tipo, para exemplificar podemos citar os agentes
penitenciários, carcereiros e até mesmo pelos policiais respon- Consumação e Tentativa
sáveis pela escolta. • NÃO Admite Tentativa
O preso que for encontrado na posse de aparelho de co- É um crime formal e omissivo próprio ou PURO. Con-
municação não comete este crime, contudo incide em falta

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suma-se no momento em que o funcionário superior, de-
grave. Já o particular que fornece o aparelho para o preso pois de tomar conhecimento da infração, suplanta prazo
comete o crime do Art. 349-A do CP. legalmente previsto para a tomada de providências contra
Consumação e Tentativa o subordinado infrator.
Por ser um crime formal, dá-se a consumação no momen- Descrição do Crime
to em que o agente público ou Diretor de Penitenciária não O crime ocorre com a mera omissão do funcionário pú-
faz nada para impedir a entrada de aparelho de comunicação blico que, ao tomar conhecimento da infração (administrativa
ao preso, contudo devendo saber que tal situação é ilícita. É ou penal) cometida pelo subordinado no exercício do cargo,
dispensável o efetivo acesso do preso ao aparelho de comu- deixa de tomar qualquer providência para responsabilizá-lo,
nicação. ou, quando lhe faltar competência para tanto, não levar o fato
Não é possível a tentativa, haja vista ser este um crime ao conhecimento da autoridade competente. Não necessita da
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

omissivo próprio. efetiva impunidade do infrator.


Descrição do Crime O fato será atípico quando o superior hierárquico, por ne-
gligência, não tomar conhecimento da infração cometida pelo
A finalidade deste crime é impedir que o preso tenha aces- funcionário público subalterno no exercício do cargo.
so a qualquer tipo de aparelho de comunicação que possa se
comunicar com qualquer pessoa (familiares, advogados, ou- Considerações
tros presos). Deve haver o nexo funcional, ou seja, a infração deve ter
Os aparelhos eletrônicos podem ser, telefones (fixos ou sido praticada no exercício do cargo público ocupado pelo fun-
móveis) walkie-talkies ou até mesmo uma webcam. cionário público.
O fato é atípico quando o aparelho não tem nenhuma ca- Ex.: Policial civil pratica peculato e o Delegado, após to-
pacidade de comunicação ou, de qualquer forma, impossibi- mar conhecimento do caso, por indulgência (tolerância)
litado de funcionar. O mesmo acontece para cópias falsas de nada faz.
aparelhos. Indulgência: é sinônimo de tolerância, perdão, clemência.
Telefones celulares sem crédito tipificam a conduta, pois se Se o funcionário público superior hierárquico se omite para
verifica a possibilidade da obtenção de créditos de formas ilíci- atender sentimento ou interesse pessoal, responderá pelo crime 457
tas, por exemplo, extorsões baseadas em falsos sequestros. Ca- de prevaricação.
Se o superior hierárquico se omite com o objetivo de rece- Apontamentos
458 ber alguma vantagem indevida do funcionário público infrator, Caso o patrocínio seja referente à instauração de proces-
responderá pelo crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). so licitatório ou a celebração de contrato junto à Administra-
Não configura o crime em tela, eventuais irregularidades ção Pública, cuja invalidação seja decretada pelo Judiciário, o
praticadas pelo subordinado “extra officio” (fora do cargo) e agente responderá pelo Art. 91 da Lei nº 8.666/90.
toleradas pelo superior hierárquico.
Violência Arbitrária
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Advocacia Administrativa Art. 322. Praticar violência, no exercício de função ou a


Art. 321. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pretexto de exercê-la:
privado perante a administração pública, valendo-se Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
da qualidade de funcionário: pena correspondente à violência.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Esse delito tem por objetivo tipificar a conduta do agente
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo: público que atua com violência no exercício da sua função ou
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. a pretexto dela.
Esse delito visa tipificar a conduta do agente que tem por Grande parte da doutrina entende que o presente artigo
objetivo defender, apadrinhar, advogar, interesse alheio pe- foi revogado tacitamente pela Lei nº 4.898/65 (Lei de abuso
rante a Administração Pública. de autoridade). Entretanto, há decisões de Tribunais Superio-
res reconhecendo a vigência do artigo em comento.
Classificação
É considerado crime próprio, pois exige uma qualidade Classificação
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específica, ser funcionário público. A conduta é sempre dolosa: que pode ser praticada pela
A conduta é sempre dolosa. que pode ser praticada pela ação ou omissão. Não existe possibilidade para modalidade
ação ou omissão. Não existe possibilidade para modalidade culposa.
culposa. É um crime comissivo, por conseguinte, pode incorrer em
É um crime comissivo, por conseguinte pode incorrer em omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po-
omissão imprópria, quando o agente, como garantidor, po- dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado
dendo evitar, nada faz para que o crime não seja consumado (Art. 13, §2º, CP).
(Art. 13, §2º, CP). Sujeitos do Crime
Sujeitos do Crime Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró-
Sujeito Ativo: somente funcionário público (crime pró- prio), não exige a qualidade específica de ser um policial, ade-
prio). Não necessariamente advogado, como diversas ques- mais, é possível a coautoria e participação do particular que
tões afirmam. tenha consciência da função pública do agente.
Admite-se o concurso de terceiro não qualificado, na mo- Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
dalidade de coautoria ou participação, desde que conhecedor pessoa física ou jurídica prejudicada.
da condição funcional do agente público. Consumação e Tentativa
Sujeito Passivo: o Estado e, por conseguinte, o particular,
pessoa física ou jurídica prejudicada. • ADMITE Tentativa
Consuma-se no momento da prática do ato de violência
Consumação e Tentativa (ação), com a lesão provocada.
• ADMITE Tentativa Descrição do Crime
Consuma-se com a prática de ato revelador do patrocínio, Conforme já mencionado, não é condição necessária que
que ofenda a moralidade administrativa, independente de ob- para incidir em violência arbitrária ou abuso de autoridade a
tenção de vantagem. condição específica de policial.
Descrição do Crime Ex.: Um fiscal sanitário que, no gozo de suas atribuições,
Utilizando da qualidade de funcionário, o agente público de- ao encontrar uma bandeja de iogurte vencida, decide
fende interesse alheio de forma direta: pelo próprio funcionário, por lacrar o estabelecimento pelo prazo de noventa dias,
ou então, de forma indireta: participação de uma terceira pessoa. além da aplicação da multa de R$ 100.000,00. Nessa hi-
pótese, é claro observar que o agente abusou da atribui-
Considerações ção do seu cargo prejudicando um particular. Pois, sua
A advocacia administrativa exige mais do que um mero ato decisão, não foi proporcional ao agravo.
de encaminhamento ou protocolado de papéis. É necessário Considerações
que se verifique o efetivo patrocínio de uma causa, complexa
ou não, perante a administração. • Figura Qualificadora Especial
• Figura Qualificadora Caso o agente seja ocupante de cargo em comissão, fun-
ção de direção ou assessoramento, Art. 327,§2º, CP.
Parágrafo único. Se o interesse é ilegítimo:
O simples emprego de intimidação moral, formada por
Para ensejar na qualificadora, o agente que pratica o ato de ameaças, não é suficiente para caracterizar o crime desse artigo.
patrocínio deve ter conhecimento de que o pleito é ilegítimo.
A pena do crime de violência arbitrária será somada à pena Exercício Funcional Ilegalmente
correspondente à violência.
Antecipado ou Prolongado
Abandono de Função Art. 324. Entrar, no exercício de função pública antes de
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos per- satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-
mitidos em lei: -la, sem autorização, depois de saber oficialmente que
foi exonerado, removido, substituído ou suspenso:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º. Se do fato resulta prejuízo público:
O exercício ilegal de função pública afeta toda uma estru-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. tura organizacional da Administração Pública, influindo dire-
§ 2º. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa tamente na prestação de serviço público e no seu normal fun-
de fronteira: cionamento. O referido crime tem por finalidade punir quem
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. entra, exerce ou continua no serviço público de forma ilegal. É
Tutela-se o regular desenvolvimento das atividades admi- um crime de ação penal pública incondicionada.
nistrativas, punindo-se a interrupção do trabalho do servidor Classificação
público que abandona suas atividades, fora dos casos permi- É um crime simples, de mão própria e formal.
tidos em lei. É um crime doloso, não existindo a modalidade culposa.
Classificação Sujeitos do Crime
Trata-se de um crime de mão própria, ou seja, que só pode Sujeito Ativo: é o funcionário público já nomeado que ain-
ser cometido pelo próprio agente. da não cumpriu todas as exigências para entrar no cargo ou
É um crime omissivo próprio, cometido por um funcionário que deixou de ser funcionário por ter sido exonerado, suspen-
específico, no momento em que não cumpre com suas fun- so, removido etc.
ções. Se for pessoa inteiramente alheia à função pública, o crime
Pune-se somente na modalidade dolosa. é o previsto no Art. 328 do CP.
Sujeito Passivo: é o Estado.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: embora o dispositivo diga abandono de fun-
Consumação e Tentativa
Por ser um crime formal, o delito se consuma com o pri-
ção, entende a doutrina que somente o funcionário ocupante de
meiro ato realizado pelo funcionário público em alguma das
cargo público pode cometer o crime, logo não prevalece a regra condições do tipo penal, não necessitando que a Administra-
do Art. 327, CP. ção Pública sofra um efetivo dano ou prejuízo. A tentativa é

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Sujeito Passivo: A Administração Pública. possível, haja vista o caráter plurissubsistente do crime.
Consumação e Tentativa Descrição do Crime
• NÃO Admite Tentativa A primeira parte do caput versa uma norma penal em
É consumado após um tempo relevante, sendo previsto branco homogênea, pois necessita de complementação por
uma probabilidade de dano à Administração, porém sem ne- legislação específica para saber quais são as exigências legais.
cessidade que esse realmente ocorra para a efetiva consuma- A segunda parte do caput descreve um elemento norma-
ção do crime. tivo específico, sendo necessário que o agente tenha o efetivo
conhecimento de sua situação perante a Administração Pública.
Há doutrinadores que dizem que só haverá o crime de
Aquele que ingressa no exercício da função pública, antes
abandono após 31 dias ou mais de ausência injustificada no
de apresentar sua declaração de bens, incide no crime em tela
trabalho.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

se praticar algum ato inerente ao cargo.


Descrição do Crime
Violação de Sigilo Funcional
• Forma Qualificada pelo Prejuízo Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do
§ 1º Se do fato resulta prejuízo público: cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. lhe a revelação:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, ou multa, se
Nessa hipótese, compreende duas espécies de prejuízo,
o fato não constitui crime mais grave.
sendo o prejuízo social ou coleto, bem como aquele que afeta
§1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
os serviços públicos e o interesse da coletividade.
I. Permite ou facilita, mediante atribuição, forneci-
• Forma Qualificada Pelo Lugar de Fronteira mento e empréstimo de senha ou qualquer outra
§ 2º Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sis-
temas de informações ou banco de dados da Admi-
de fronteira: nistração Pública;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. II. Se utiliza, indevidamente, do acesso restrito.
Considera-se fronteira a faixa situada até 150 Km de largu- §2º Se da ação ou omissão resulta dano á Administra- 459
ra, ao longo das fronteiras terrestres. ção Pública ou a outrem:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. Funcionário Público
460 Certos assuntos da Administração Pública possuem caráter Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efei-
sigiloso e são imprescindíveis à segurança da sociedade e do tos penais, quem, embora transitoriamente ou sem re-
Estado. Esse artigo tem por finalidade preservar os interesses muneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
públicos, privados e coletivos do sigilo das informações ne- § 1º Equipara-se a funcionário público: quem exerce car-
cessárias ao normal funcionamento da máquina pública. É um go, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

crime de ação penal pública incondicionada. trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
Classificação ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
É um crime simples, de mão própria (somente pode ser
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando os
cometido por funcionário público que tenha o dever de asse- autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocu-
gurar o sigilo) e formal. pantes de cargos em comissão ou de função de direção
É considerado um crime doloso não tendo especificado ou assessoramento de órgão da administração direta,
em seu tipo penal um especial fim de agir. Não admite a mo- sociedade de economia mista, empresa pública ou fun-
dalidade culposa. dação instituída pelo poder público.
Sujeitos do Crime São funcionários públicos não só aqueles que desempe-
nham cargos criados por lei, regularmente investidos e no-
Sujeito Ativo: por ser um crime de mão própria, exige-se meados, remunerados pelo cofres públicos, como também os
uma qualidade especial do sujeito ativo do crime, podendo que exercem emprego público (contratados, mensalistas, dia-
ser tanto o funcionário público em efetivo exercício, quanto o ristas, tarefeiros, nomeados a título precário) e, ainda, todos
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aposentado, afastado ou em disponibilidade, podendo o par- que, de qualquer forma, exercem função pública.
ticular ser partícipe do crime (Art. 325 do CP) se concorreu de Para fins penais, considera-se funcionário público aquele
qualquer modo com a revelação da informação. que trabalha para uma empresa particular que mantém convê-
Sujeito Passivo: é o ente público que teve o seu segredo nio com o Poder Público, e para este presta serviço.
revelado e, eventualmente, o particular lesado pela revelação
do segredo.
Dos Crimes Praticados por Particular
Consumação e Tentativa Contra a Administração em Geral
O delito passa a ser consumado no momento em que a Usurpação de Função Pública
informação sigilosa é revelada a terceira pessoa, não exigindo Art. 328. Usurpar o exercício de função pública:
que tal informação seja de conhecimento geral do público.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
A tentativa somente é aceita se for uma conduta por es- Parágrafo único. se do fato o agente aufere vantagem:
crito e, por circunstâncias alheias à vontade do agente, a carta
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
não chega ao destino.
Introdução
Descrição do Crime
Esse crime foi criado com o intuito de punir aquele que
Figuras Equiparadas do § 1º
exerce função pública sem possuir legitimidade para tanto,
Inciso I, exemplo: “A”, um analista da Receita Federal, re- pois o Estado tem interesse em preservação da função das
vela a senha do banco de dados do cadastro dos contribuintes, pessoas realmente investidas ao exercício das funções públi-
para que sua amiga encontre o endereço de seu ex-namorado.
cas. É um crime de ação penal pública incondicionada.
Inciso II, exemplo: “A”, analista da Receita Federal, utiliza a
senha restrita do banco de dados dos servidores para desco- Classificação
brir informações fiscais de seus colegas de repartição. É um crime simples, comum e formal.
Qualificadora § 2º É considerado um crime doloso, não dependendo de nenhu-
Nessa figura, existe a lesão à Administração Pública ou a ma finalidade. Não é admitida a culpa.
algum particular, ou seja, é considerado um crime de dano. Sujeitos do Crime
Aplicando-se o princípio da especialidade, a violação de Sujeito Ativo: Por ser um crime comum, pode ser prati-
sigilo funcional envolvendo certames de interesse público não cado por qualquer pessoa, inclusive por funcionário público.
caracteriza o crime do Art. 325, mas sim o do Art. 311-A do CP. Ex.: um escrivão que atue exercendo tarefas exclusivas de um
Delegado de Polícia.
Violação de Sigilo de Proposta
Sujeito Passivo: Imediatamente é a Administração Pública
de Concorrência e secundariamente a pessoa física ou jurídica à qual recaiu a
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência conduta criminosa.
pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: Consumação e Tentativa
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Trata-se de crime formal. Consuma-se o delito com a prá-
Revogado tacitamente pelo Art. 94 da Lei nº 8.666/93 (Lei tica de ato exclusivo, que só pode ser praticado por pessoa
das Licitações). legalmente investida no ofício usurpado.
A tentativa é plenamente possível. No caso do agente ser Ex.: “A”, policial civil, vai cumprir um mandado de prisão
impedido de executar ato de ofício por circunstâncias alheias preventiva expedido em face de “B”, este se agarra a um
a sua vontade. poste para não ser preso.
Nesta hipótese, (Resistência Passiva) não se configura o cri-
Descrição do Crime me de Resistência. Todavia, o agente responderá pelo crime de
A figura qualificada (Art. 328, parágrafo único) se refere Desobediência (Art. 330, CP).
a um crime material, visto que o agente aufere vantagem do Violência:
delito, sendo a vantagem de qualquer natureza.
A violência deve ser dirigida contra pessoa, pois se for di-
Resistência rigida contra coisa o agente responderá pelo crime de dano
qualificado (Art. 163, parágrafo único, III, CP).
Art. 329. Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para A violência deve ser empregada durante a execução do
executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: ato legal, pois se for empregada antes ou depois o agente res-
ponderá pelo crime de ameaça (Art. 147, CP) ou lesão corporal
Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
(Art. 129, CP).
§ 1º Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
A violência deve ser empregada para impedir o cumpri-
Pena - reclusão, de um a três anos. mento da ordem, se for outra a causa, o crime será outro.
§ 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo Figura qualificada (Art. 329, § 1º, CP): O que seria o exau-
das correspondentes à violência. rimento do crime funciona como uma qualificadora. Nesta hi-
Introdução pótese o crime é material.
Esse crime visa proteger a Administração Pública e, tam- Considerações
bém, a atuação do funcionário público na realização de atos Legalidade do Ato: o ato deve ser legal, mesmo que in-
legais e a integridade física e moral do particular que lhe pres- justo.
ta auxílio. É um crime de ação penal pública incondicionada. Ex.: O juiz decretou a prisão preventiva de “A” pois ele é
Classificação o principal suspeito de ter estuprado oito mulheres numa
É um crime pluriofensivo (atinge mais de um bem jurídi- pequena cidade do interior. No momento da realização da
co), comum e formal. prisão, “A” agrediu os policiais militares, pois jurava que era
inocente. Uma semana após a prisão, “B” o verdadeiro es-
É um crime doloso e mais a intenção de impedir a execu-
tuprador fez duas novas vítimas e foi preso em flagrante. O
ção de ato legal (especial fim de agir). Não se admite a moda- juiz mandou soltar “A”, mas este responderá pelo crime de
lidade culposa. resistência, pois o ato, apesar de injusto, era legal.
Sujeitos do Crime
Desobediência

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Sujeito Ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (cri-
me comum). Art. 330. Desobedecer a ordem legal de funcionário
público:
O funcionário público pode ser sujeito ativo deste crime
nas situações em que age como particular. Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
O sujeito ativo (autor) pode ser pessoa alheia à execução O crime de desobediência, também conhecido como “re-
do ato legal. Ex.: Filho que procura resistir à prisão legítima sistência passiva”, apresenta pontos em comum com o crime
do pai mediante violência ou grave ameaça. de resistência (Art. 329 do CP), porém se diferencia pela au-
sência de violência ou grave ameaça ao funcionário público ou
Sujeito Passivo: primariamente o Estado e, secundaria- a pessoa que está auxiliando o funcionário. É um crime de ação
mente, o funcionário público agredido ou ameaçado pela re- penal pública incondicionada.
sistência.
Classificação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Consumação e Tentativa
É um crime simples, comum e formal.
É crime formal. Não importa se o agente consegue ou não
Dolo. O agente deve ter consciência da legalidade da or-
impedir a execução do ato legal, o crime estará consumado.
dem e da competência do funcionário público, sob pena de
Em regra admite tentativa, com exceção de ameaça verbal. atipicidade do fato (o fato não será crime). Não se admite a
Descrição do Crime modalidade culposa.
Opor-se: impedir a execução do ato legal. O ato legal deve Pode ser praticado por ação ou por omissão.
ser específico e concreto, isto é, apto a gerar efeitos imediatos Sujeitos do Crime
e dirigido a pessoa(s) determinada(s).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, desde que vinculada ao
• Espécies de Resistência cumprimento da ordem legal imposta pela autoridade pública.
Resistência ATIVA: é o crime de resistência do Art. 329, Se o agente devia cumprir a ordem, por dever de ofício,
caput, do Código Penal. tipifica-se, em tese, o delito de prevaricação.
Resistência PASSIVA: o agente, sem o emprego de violên- Sujeito Passivo: é o Estado de forma imediata e mediata-
cia ou ameaça a funcionário público competente ou a quem mente é o funcionário público o qual teve a ordem descumpri- 461
lhe presta auxilio, se opõe à execução de ato legal. da injustificadamente.
Consumação e Tentativa Classificação
462 ї A consumação depende do tipo de ordem: Crime de forma livre, admitindo qualquer meio de execu-
Se for uma omissão do agente: no momento em que o ção.
agente atuar, violando, assim, a ordem de abster-se; Dolo. Vontade livre e consciente de agir com a finalidade
Se for uma ação do agente: no momento em que transcor- de desprestigiar a função pública do ofendido. Não se admite
rer o prazo para que o agente realize determinado ato e este a modalidade culposa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

não cumpra a ordem dada. É um crime formal. Independe, para sua consumação, de
Admite-se a tentativa na modalidade comissiva (ação). um resultado naturalístico.
Não é cabível na modalidade omissiva.
Sujeitos do Crime
Conduta Sujeito Ativo: crime comum (pode ser praticado por qual-
Desobedecer (Recusar cumprimento / Desatender / Des- quer pessoa).
cumprir) ordem legal de funcionário público competente para É possível que o funcionário público seja autor do crime
emiti-la. Necessita da presença de dois requisitos: de desacato, pois, ao cometer este delito, ele se despe de sua
Existência de uma ordem legal: não se trata de uma mera qualidade de funcionário público e passa a atuar como um
solicitação ou pedido. particular. Nesta situação não importa se o agente é ou não
Ordem emanada de funcionário público competente: o superior hierárquico do funcionário público ofendido.
funcionário deve possuir competência funcional para emitir a O advogado pode praticar (ser sujeito ativo) o crime de
ordem. desacato caso ofenda funcionário público no exercício da fun-
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Considerações ção ou em razão dela.


Segundo a Jurisprudência, pratica o crime de desobediência Sujeito Passivo: o Estado, primariamente, e o funcionário
o indivíduo que se recusa a identificar-se criminalmente nos casos público ofendido, secundariamente.
previstos em lei. Assim, como o indiciado que se recusa a identifi- Será vítima somente o funcionário público assim definido
car-se civilmente. no caput do Art. 327 do CP, não abrangendo o equiparado.
Pratica o crime previsto no Art. 307 da Lei nº 9.503/97 (Código Consumação e Tentativa
de Trânsito Brasileiro), o indivíduo que viola a suspensão ou proi-
bição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo É crime Formal. Ocorre no momento em que o funcionário
automotor. público é ofendido. Não importa se sente ou não ofendido com
Desobediência X Resistência os atos praticados. Não é necessário que outras pessoas pre-
senciem a ofensa proferida.
Desobediência (Art. 330, CP) Resistência (Art. 329, CP)
Admite-se a tentativa, salvo quando a ofensa é praticada
Não há emprego de violência ou Há emprego de violência ou verbalmente.
ameaça. ameaça.
Descrição do Crime
Apontamentos
O autor deste crime deve ter ciência de que o ofendido é
ї Não é crime de desobediência a conduta do agente que
funcionário público e se encontra no exercício da função públi-
se recusa a realizar:
ca ou que a ofensa é proferida em razão dela. Deve ter ainda
▷ Teste de bafômetro; o propósito de desprestigiar a função pública do funcionário
▷ Exame de sangue (hematológico); público (especial fim de agir).
▷ Exame de DNA; Não é necessário que o funcionário público se encontre no
▷ Dosagem alcoólica; interior da repartição pública. Basta que esteja no exercício da
▷ Exame grafotécnico. função pública.
Lembre-se de que ninguém é obrigado a produzir prova Ex.: Pedro encontra o Juiz de Direito no supermercado e
contra si mesmo, pois trata-se de desdobramento lógico da ga- o chama de corrupto.
rantia constitucional ao silêncio. Haverá crime único de desacato caso o agente ofenda
vários funcionários públicos no mesmo contexto fático, pois
Desacato o sujeito passivo é a Administração Pública.
Art. 331. Desacatar funcionário público no exercício da
função ou em razão dela: Considerações
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Não haverá o crime de desacato caso a ofensa diga res-
Todo funcionário público representa o Estado e age em peito à vida particular do funcionário público. Todavia, poderá
seu nome a todo o momento em que exerce sua função. O caracterizar crime contra a honra.
crime de desacato (Art. 332 do CP) foi criado com o intuito Ex.: Afirmar que o Promotor de Justiça foi visto saindo
de proteger o agente público e o prestígio da função exercida de um prostíbulo.
pelo funcionário público. É um crime de ação penal pública Vejamos as diferenças entre os crimes de injúria (Art. 140
incondicionada. do CP) e desacato (Art. 331 do CP).
Desacato (Art. 331, CP) Injúria (Art. 140, CP) valor a pretexto de convencer (influir) o Delegado a não
instaurar uma investigação contra o filho de “A”.
A ofensa é proferida na PRE- A ofensa é proferida na AUSÊN-
SENÇA do funcionário público. CIA do funcionário público. Considerações
Caso a aludida influência seja real, poderá haver outro cri-
Crime contra a Administração me (corrupção).
Crime contra a honra.
Pública.
Ação Penal Pública Incondicio- Regra: Ação Penal iniciativa Causa de Aumento de Pena, Parágrafo Único
nada. privada. Caso o agente, além de toda a fraude empregada, alega
Tráfico de Influência que a vantagem também se destina ao funcionário público,
será aquele merecedor de pena majorada, visto que o bem ju-
Art. 332. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para rídico tutelado no tipo é mais gravemente afetado, qual seja, o
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pre- prestígio da Administração Pública.
texto de influir em ato praticado por funcionário públi-
co no exercício da função: Corrupção Ativa
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa Art. 333. Oferecer ou prometer vantagem indevida a
Parágrafo único. a pena é aumentada da metade, se o funcionário público, para determiná-lo a praticar, omi-
agente alega ou insinua que a vantagem é também tir ou retardar ato de ofício:
destinada ao funcionário. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
O crime de tráfico de influência foi criado pela Lei nº Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se,
9.127/95, porém antes de sua criação, o delito era chamado de em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re-
exploração de prestígio (Art. 357 do CP), sendo esse um crime tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo
contra a Administração da justiça e o tráfico de influência (Art. dever funcional.
332 do CP) contra a Administração Pública. O crime em apreço O crime de corrupção ativa está tipificado no Art. 333 do
é de ação penal pública incondicionada. Código Penal e faz parte dos crimes cometidos por particular
Classificação contra a Administração Pública. Isso não quer dizer que não
possa ser cometido por funcionário público que, se praticá-
É classificado como crime simples, comum e FORMAL.
-lo, estará se despindo de sua função pública e agindo como
É um crime doloso e com um especial fim de agir (vanta- um particular.
gem para si ou para outrem). Não é admitida a modalidade
É um crime de ação penal pública incondicionada.
culposa.
Sujeitos do Crime Classificação
É considerado um crime formal, que para sua consumação
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser pratica-

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não se exige um resultado.
do por qualquer pessoa.
Classificado como plurissubsistente, podendo sua conduta
Sujeito Passivo: de maneira imediata é o Estado e media-
ser fracionada em diversos atos.
tamente, o comprador da influência (pessoa que paga ou pro-
mete vantagem), com o fim de obter benefício do funcionário É um crime doloso, acrescido de um especial fim de agir
público. (determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retar-
dar ato de ofício).
Consumação e Tentativa
É um crime de consumação antecipada ou formal, caracte-
Sujeitos do Crime
rizando-se pela realização da conduta descrita no tipo penal, Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
independentemente da obtenção da vantagem. Observação: Funcionário público também pode ser sujeito ativo deste
com o núcleo do tipo “obter”, o crime é material, consumando crime, desde que realize a conduta sem aproveitar-se das faci-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

o delito no momento da obtenção da vantagem. lidades inerentes à sua condição funcional.


Tentativa é possível em determinados casos, do contrá- Ex.: Pedro, analista judiciário do TRF, oferece dinheiro a
rio não será admitida, pois se a conduta for realizada ver- um Delegado de Polícia para que este não o prenda em
balmente não há que se falar em tentativa. flagrante pela prática do crime de porte ilegal de arma
de fogo.
Descrição do Crime O particular só responderá por corrupção ativa se este ofe-
Por haver vários núcleos do tipo (exigir, solicitar, obter, recer ou prometer vantagem indevida. A simples entrega de
cobrar), o crime de tráfico de influência é classificado como vantagem ilícita solicitada por funcionário público não confi-
crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, responden- gura crime nestes casos, o particular será vítima secundária de
do o agente se praticado no mesmo contexto fático, por crime corrupção passiva (Art. 317 do CP).
único, mesmo se realizar mais de um núcleo do tipo. Sujeito Passivo: o Estado e, secundariamente, a pessoa
Segundo STJ é dispensável para a caracterização do delito que física ou jurídica prejudicada pela conduta criminosa.
o agente efetivamente influa em ato praticado por funcionário pú-
blico, basta que o mesmo alegue ter condições para tanto. Consumação e Tentativa
Ex.: “A”, dizendo ser amigo de um Delegado de Polícia, É crime formal. Ocorre a consumação com a oferta ou 463
sem realmente sê-lo, solicita a “B” que entregue certo promessa de vantagem indevida ao funcionário público,
independentemente da sua aceitação. Ofereceu ou prome- ção ativa, pois o agente não ofereceu nem prometeu vanta-
464 teu, o crime já está consumado. gem indevida. Nessa hipótese, duas situações podem ocorrer:
Também não é necessária a prática, omissão ou retarda- ▷ O funcionário público Dá o jeitinho. Responderá por
mento do ato de ofício. Desse modo, se o agente oferece ou corrupção passiva privilegiada (Art. 317, § 2º, CP) e o
promete a vantagem indevida ao funcionário público, o crime particular será partícipe deste crime;
estará consumado. ▷ O funcionário público Não dá o jeitinho. O fato é atí-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A tentativa é possível, salvo quando o crime é praticado pico para ambos.


verbalmente.
Contrabando e Descaminho
Descrição do Crime
Vantagem Indevida: não precisa ser necessariamente pa- Descaminho (Art. 334)
trimonial/econômica. Pode ter qualquer natureza: patrimonial, Antes da publicação da Lei nº 13.008/2014, o Art. 334 do
sexual, moral etc. Código Penal tipificava a prática dos crimes de contrabando
Meios de Execução: o delito de corrupção ativa pode ser e descaminho como crime único, atribuindo pena de reclusão
praticado de duas formas: de um a quatro anos. Com a nova redação ocorre a separação
dos crimes de contrabando e descaminho, tornando-os crimes
Oferecer vantagem indevida: nesta hipótese, a conduta
autônomos.
parte do particular que põe à disposição a vantagem indevida
ao funcionário público e este a recebe. Desse modo, o particular Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de
praticou o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP) e o funcio- direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou
nário público o crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). pelo consumo de mercadoria
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PROMETE vantagem indevida: nesta hipótese, a conduta Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
parte do particular que promete a vantagem indevida ao fun- § 1º Incorre na mesma pena quem:
cionário público e este a aceita. Desse modo, o particular prati- I. pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
cou o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP) e o funcionário permitidos em lei;
público o crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). Não é II. pratica fato assimilado, em lei especial, a des-
necessário que o particular efetivamente cumpra sua promes- caminho;
sa para que ocorra a consumação do delito, basta a simples III. vende, expõe à venda, mantém em depósito
promessa. ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
Não se configura a infração penal quando a oferta ou ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
promessa tem o fim de impedir ou retardar ato ilegal. industrial, mercadoria de procedência estrangeira
que introduziu clandestinamente no País ou impor-
Causa de Aumento de Pena tou fraudulentamente ou que sabe ser produto de
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se, introdução clandestina no território nacional ou de
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário re- importação fraudulenta por parte de outrem;
tarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo IV. adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
dever funcional. ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
A corrupção ativa é um crime formal. Desse modo, o que industrial, mercadoria de procedência estrangei-
seria o exaurimento do crime (retardar ou omitir ato de ofí- ra, desacompanhada de documentação legal ou
cio, ou o praticar infringindo dever funcional) funciona como acompanhada de documentos que sabe serem
uma causa de aumento de pena. falsos.
Considerações § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efei-
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
O crime de corrupção ativa é uma exceção à Teoria Unitária
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
ou Monista do concurso de pessoas (Art. 29 do CP), pois o par-
exercido em residências.
ticular que oferece ou promete vantagem indevida responde
pelo crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP), já o funcionário § 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de desca-
público que recebe ou aceita promessa de vantagem indevida minho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
responde pelo crime de corrupção passiva (Art. 317 do CP). fluvial.
No Descaminho, as mercadorias apreendidas são legais no
Corrupção Ativa território brasileiro, porém não há o devido pagamento de tri-
Corrupção Passiva (Art. 317, CP)
(Art. 333, CP)
butos pela entrada e saída de mercadorias.
Sujeito Ativo: Particular Sujeito Ativo: Funcionário Público
• Descrição do Crime
Fato Atípico ՚ Solicitar ▷ Objeto Material: tributos não recolhidos.
Oferecer ՜ Receber ▷ Núcleo do Tipo: iludir, ou seja, ludibriar, frustrar o
Prometer ՜ Aceitar Promessa pagamento do tributo.
▷ Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa) por
Apontamentos ser um crime comum, pode ser praticado por qual-
Na hipótese em que o particular pede para o funcionário quer pessoa, até mesmo um funcionário público,
público dar um jeitinho não responderá pelo crime de corrup- desde que o funcionário não tenha o dever funcio-
nal de impedir a prática do crime de contrabando e crimes tipificam o mesmo resultado, qual seja, o descaminho
descaminho. ou o contrabando.
▷ Sujeito Passivo: o Estado São crimes materiais
Ex.: Tício, policial civil, auxilia Caio a contrabandear caixas (consumam-se com a produção de um resultado)
de cigarro para o outro lado da fronteira. Tício não tem um O agente importa ou exporta a mercadoria proibida
especial dever funcional de evitar tal conduta, portanto res- pelas vias ordinárias (caminhos normais), ou seja,
ponderá pelo crime de descaminho ou contrabando capitu- pela fiscalização alfandegária: o crime estará
lados, respectivamente, nos Art. 334 e 334-A do CP, como consumado no instante em que a mercadoria é
partícipe ou coautor, a depender do contexto fático. Contrabando liberada pela autoridade alfandegária.

Contrabando (Art. 334-A) O agente se vale dos meios clandestinos para


importar ou exportar a mercadoria proibida. O
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: crime estará consumado no momento da entrada
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. ou saída da mercadoria do território nacional.
§ 1º Incorre na mesma pena quem:
Se consuma com a liberação da mercadoria (per-
I. pratica fato assimilado, em lei especial, a contra- Descaminho mitida) sem o pagamento de tributo devido pela
bando; sua entrada ou saída do Brasil.
II. importa ou exporta clandestinamente mercado-
ria que dependa de registro, análise ou autorização Crimes específicos: por ter natureza genérica ou residual,
de órgão público competente; o crime de contrabando e descaminho somente será aplicado
III. reinsere no território nacional mercadoria brasi- quando a conduta de descaminho ou contrabando de merca-
leira destinada à exportação; doria não configurar algum crime específico.
IV. vende, expõe à venda, mantém em depósito Ex.: O indivíduo que importar ou exportar drogas, sem
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio autorização ou em desacordo com determinação legal,
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou responderá pelo crime de tráfico internacional de drogas
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira; (Art. 33, Lei nº 11.343/06. Lei de Drogas).
V. adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio O indivíduo que importar ou exportar arma de fogo,
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou acessório ou munição, sem autorização da autoridade
industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. competente, responderá pelo crime de tráfico internacio-
§ 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efei- nal de arma de fogo (Art. 18, Lei nº 10.826/03. Estatuto do
tos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular Desarmamento).
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o Competência para julgamento: Justiça federal, pois
exercido em residências. ofendem interesses da União (Art. 109, IV, CF/88).

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§ 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de contra- Súm. 151, STJ: A competência para o processo
bando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou e julgamento por crime de contrabando ou
fluvial. descaminho define-se pela prevenção do Juízo
Diferentemente do que ocorre no Descaminho, no crime Federal do lugar da apreensão dos bens.
de Contrabando as mercadorias são proibidas no território
brasileiro. Dessa forma, NÃO é possível a aplicação do princí- Impedimento, Perturbação ou
pio da insignificância. Fraude de Concorrência
• Descrição do Crime: Art. 335. Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
▷ Objeto Material: mercadoria contrabandeada. pública ou venda em hasta pública, promovida pela
▷ Núcleos do Tipo: importar, exportar mercadoria con- administração federal, estadual ou municipal, ou por
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

trabandeada. entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar con-


corrente ou licitante, por meio de violência, grave
▷ Sujeito Ativo: crime comum (qualquer pessoa).
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
▷ Sujeito Passivo: o Estado.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
• Importante além da pena correspondente à violência.
A importação de bebidas é legal, porém a legislação traz Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abstém
uma restrição quanto à quantidade. Caso ocorra o excesso da de concorrer ou licitar, em razão da vantagem oferecida.
quantidade permitida incidirá o Contrabando, Art. 334-A. Dife- Revogado tacitamente pelos Art. 93 e 95 da Lei nº 8.666/93
rentemente ocorre no caso do crime de Descaminho, Art. 334, (Lei das Licitações)
no qual ocorre a sonegação do tributo devido.
É mais uma exceção à teoria monista ou unitária no con- Inutilização de Edital ou de Sinal
curso de pessoas (Art. 29, caput, CP). Haja vista ser a conduta Art. 336. Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou cons-
do funcionário público que facilita o contrabando ou desca- purcar edital afixado por ordem de funcionário público;
minho (Art. 318 do CP) ser mais reprovável em razão de sua violar ou inutilizar selo ou sinal, empregado por deter-
natureza funcional perante a administração pública, as condu- minação legal ou por ordem de funcionário público, para 465
tas foram separadas e com penas distintas, porém, ambos os identificar ou cerrar qualquer objeto:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. É um crime doloso, e não depende de nenhuma finalidade
466 O que é protegido nesse crime é a Administração Pú- específica. Não admite a modalidade culposa.
blica, pois acarreta complicação ao interesse público e o
normal desenvolvimento de suas atividades.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser cometi-
Classificação do por qualquer pessoa, desde que não seja pelo funcionário
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

É considerado um crime simples, pois ofende um único bem público responsável pela custódia dos documentos.
jurídico e também material, pois para sua consumação gera um Sujeito Passivo: primeiramente é o Estado, e secundaria-
resultado naturalístico. mente a pessoa jurídica ou física que foi prejudicada pela ação
É um crime doloso, não possuindo um especial fim de agir. criminosa.
Não é admitida a modalidade culposa. Consumação e Tentativa
Sujeitos do Crime Consuma-se o crime no momento da subtração de livro
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser pratica- oficial, processo ou documento, mediante apoderamento
do por qualquer pessoa, até mesmo funcionário público. do agente ou no momento da inutilização total ou parcial
Sujeito Passivo: o Estado. da coisa.
A tentativa é possível devido o crime ser de caráter pluris-
Consumação e Tentativa subsistente.
É exigido para sua consumação um resultado natura-
Descrição do Crime
lístico, não sendo suficiente para a consumação a conduta
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descrita no tipo. Subtrair e inutilizar são os núcleos do tipo. Subtrair


é retirar um dos elementos do tipo (livro oficial, proces-
É possível que haja o fracionamento do iter criminis, por-
so ou documento) da custódia do funcionário público, se
tanto é admitida a tentativa. apoderando do item.
Descrição do Crime
Sonegação de Contribuição
Edital: tem natureza administrativa (licitação) ou judicial
(citação). Previdenciária
Selo ou sinal: qualquer tipo de marca feita por determi- Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social pre-
nação legal (lacre de interdição da vigilância sanitária). videnciária e qualquer acessório, mediante as seguin-
Núcleos do tipo: rasgar, inutilizar, conspurcar (sujar) e tes condutas:
violar. I. Omitir de folha de pagamento da empresa ou de
Não haverá o crime se os objetos materiais referidos no documento de informações previsto pela legislação
tipo perderam utilidade, como na hipótese do edital com previdenciária segurados, empregado, empresário,
prazo vencido. trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a
Não pratica o crime aquele que reage, moderadamente, este equiparado que lhe prestem serviços;
contra ato abusivo (ilegal) de funcionário público, rasgando, II. Deixar de lançar mensalmente nos títulos pró-
por exemplo, tira de papel afixada por oficial de justiça na prios da contabilidade da empresa as quantias des-
porta de sua moradia, anunciando seu despejo. contadas dos segurados ou as devidas pelo empre-
gador ou pelo tomador de serviços;
Subtração ou Inutilização de
III. Omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros
Livro ou Documento auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
Art.337. Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, li- demais fatos geradores de contribuições sociais
vro oficial, processo ou documento confiado à custódia previdenciárias:
de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
serviço público: § 1º É extinta a punibilidade se o agente, esponta-
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não neamente, declara e confessa as contribuições, im-
constitui crime mais grave. portâncias ou valores e presta as informações devi-
Essa conduta de subtração, inutilização de livro oficial, das à previdência social, na forma definida em lei ou
processo ou documento é prevista em vários tipos do Código regulamento, antes do início da ação fiscal.
Penal. As leituras dos Arts. 305, 314, 337 e 356 são relativa- § 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou apli-
mente semelhantes, porém cada crime possui uma especifi- car somente a de multa se o agente for primário e de
cação diferente que os caracteriza. Esse crime é de ação penal bons antecedentes, desde que:
pública incondicionada. II. O valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabele-
Classificação cido pela previdência social, administrativamente,
Considerado um crime simples, pois ofende um único bem como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
jurídico e comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. execuções fiscais.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua fo- Dos Crimes Contra a
lha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir Administração da Justiça
a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a
Reingresso de Estrangeiro Expulso
de multa.
Art. 338. Reingressar no território nacional o estrangei-
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será
ro que dele foi expulso:
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo
do reajuste dos benefícios da previdência social. de nova expulsão após o cumprimento da pena.
No caso do § 1º, preenchidos os requisitos para a concessão, A expulsão do estrangeiro está regulada na Lei nº 6.815/80.
é dever do juiz conceder o perdão ou aplicar a pena de multa. Estatuto do Estrangeiro. Ocorrendo qualquer das hipóteses
Trata-se de direito público subjetivo do réu. elencadas no Art. 65 desta lei, caberá ao Presidente da Repú-
blica, por meio de decreto, analisar o cabimento e conveniên-
Dos Crimes Praticados por cia da expulsão (ato discricionário administrativo).
Particular Contra a Administração Para tipificar a conduta, é indispensável, após a edição do
decreto de expulsão, que o agente tenha efetivamente saído
Pública Estrangeira do país, retornando em seguida. Desta forma, não configura o
crime a recusa do estrangeiro expulso em deixar o país.
Corrupção Ativa em Transação
Denunciação Caluniosa
Comercial Internacional Art. 339. Dar causa à instauração de investigação poli-
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indi- cial, de processo judicial, instauração de investigação
retamente, vantagem indevida a funcionário público administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à que o sabe inocente:
transação comercial internacional: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. § 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), serve de anonimato ou de nome suposto.
se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário § 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é
público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o de prática de contravenção.
pratica infringindo dever funcional. O crime de denunciação caluniosa está capitulado no Art.

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339 do Código Penal e versa sobre dar causa à instauração de
Tráfico de Influência em Transação algum procedimento de investigação contra alguém, imputan-
Comercial Internacional do-lhe falsamente crime, sabendo que esse não o cometeu. O
crime de denunciação caluniosa é de ação penal pública in-
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou
condicionada.
para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou
Tal crime é também chamado calúnia qualificada.
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público estrangeiro no exer- Classificação
cício de suas funções, relacionado a transação comer- É considerado um crime pluriofensivo, ou seja, ofende
cial internacional:) mais de um bem jurídico como estudaremos no tópico Sujei-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. tos do Crime, desse mesmo artigo.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o É um crime comum, podendo ser praticado por qualquer
agente alega ou insinua que a vantagem é também pessoa e unissubjetivo, praticado por um só agente, mas ad-
destinada a funcionário estrangeiro. mite concurso de pessoas.
O elemento subjetivo é o dolo direto, pois é indispensável
Funcionário Público Estrangeiro que o agente tenha o conhecimento da inocência da pessoa a
Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, quem imputou falsamente o crime, segundo STJ.
para os efeitos penais, quem, ainda que transitoriamen- Sujeitos do Crime
te ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou fun- Sujeito Ativo: qualquer pessoa (crime comum).
ção pública em entidades estatais ou em representações
diplomáticas de país estrangeiro. Sujeito Passivo: o Estado e a pessoa acusada falsamente
de crime.
Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função Consumação e Tentativa
em empresas controladas, diretamente ou indireta- Por ser um crime material, consuma-se no momento em
mente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou que se tem a efetiva instauração da investigação policial, de 467
em organizações públicas internacionais. processo judicial, instauração de investigação administrativa,
inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra Comunicação Falsa de Crime
468 alguém que o sabe ser inocente.
É admitida a tentativa.
ou Contravenção
Art. 340. Provocar a ação de autoridade, comunicando-
Ex.: “A” vai à Delegacia e de forma dolosa, imputa “B” a
prática de um crime de roubo, de que o sabia não ter co- lhe a ocorrência de crime ou contravenção que sabe
metido, com o fim de instaurar inquérito policial contra “B”. não se ter verificado:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O Delegado, contudo, já havia encerrado o referido caso e Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
prendido o verdadeiro responsável pelo crime. Constatando
a manobra de “A”, o Delegado o prendeu em flagrante. Introdução
É necessário observar que não se faz necessário que seja a Em que pese ser muito semelhante o caput ao crime de
informação formalizada no inquérito policial. Basta que a con- denunciação caluniosa, veremos que suas diferenças são facil-
duta criminosa desencadeie atos preliminares de investigação. mente perceptíveis.
Aqui já se encontra consumado o crime e esse é o entendimen-
to que prevalece.
Classificação
É considerado um crime SIMPLES por ofender um único
Descrição do Crime bem jurídico e COMUM, podendo ser cometido por qualquer
A falsa imputação deve estar relacionada com crime, se pessoa.
for contravenção, estará caracterizada a forma privilegiada de
É um crime CAUSAL ou MATERIAL, sendo que a consuma-
denunciação caluniosa (Art. 339, § 2º, do CP).
ção depende de alguma medida tomada pela autoridade.
A expressão “contra alguém” versa que deve ser dada a
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falsa imputação de pessoa determinada, indicando nome e O elemento subjetivo do agente é o DOLO direto, portanto
atributos pessoais. se a pessoa tem DÚVIDA sobre a existência da infração o fato
é atípico.
Considerações
Ex.: “A” não tem certeza se seu relógio foi furtado ou se
Diferença entre o crime de calúnia e denunciação caluniosa.
foi perdido, e mesmo assim comunica à autoridade), não
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (Art. tendo previsão da modalidade culposa.
CALÚNIA (Art. 138, CP)
339, CP)
Sujeitos do Crime
Dar causa à instauração de in- Sujeito Ativo: por ser um crime comum ou geral, pode ser
vestigação policial, de processo
Caluniar alguém, imputan- judicial, instauração de investigação cometido por qualquer pessoa.
do-lhe falsamente fato administrativa, inquérito civil ou ação Sujeito Passivo: o Estado.
definido como crime. de improbidade administrativa contra
alguém, imputando-lhe crime de que Consumação e Tentativa
o sabe inocente. Por ser um crime material, a mera comunicação falsa não é
É crime contra a Administração da suficiente para a consumação do delito, exigindo a provocação
É crime contra a honra.
Justiça. da ação da autoridade para fazer algo (conduta positiva). Con-
suma-se no momento em que a autoridade toma providência
Regra: Ação Penal Privada. Ação Penal Pública Incondicionada.
para apurar a ocorrência do crime, ou contravenção, comuni-
Não admite a imputação
Admite (é circunstância que importa cado falsamente.
na diminuição da pena pela metade
falsa de Contravenção Penal.
(Art. 339, §22, CP).
A tentativa é possível. Vejamos como exemplo um indi-
víduo que comunica à autoridade um crime ou contravenção
Ex.: José assaltou o Banco do Brasil o Calúnia. que sabe inexistente e, por circunstâncias alheias a sua von-
José assaltou o Banco do Brasil: eu afirmo isso para o Dele- tade, a autoridade não toma nenhuma providência, tem-se o
gado, querendo a instauração de procedimento inútil e crimino- crime tentado.
so o denunciação caluniosa.
Pode ser praticado o crime de denunciação caluniosa até Descrição do Crime
mesmo pelo Promotor de Justiça que denuncia alguém saben- O delito é comunicação falsa de crime ou contravenção
do ser inocente. Essa denúncia criminosa do Promotor de Jus- (Art. 340 do CP). O agente não acusa nenhuma pessoa, mas
tiça é denominada denúncia temerária ou abusiva. a ocorrência de um crime inexistente. Se o agente vier a indi-
O advogado não tem imunidade penal na calúnia e, nem vidualizar o autor, o STF já decidiu: responde por denuncia-
tampouco, na denunciação caluniosa. ção caluniosa (Art. 339 do CP).
Denunciação Caluniosa Privilegiada O núcleo do tipo provocar significa dar causa à ação da
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação é autoridade, podendo ocorrer de várias formas, uma delas é
de prática de contravenção. que o crime ou contravenção penal comunicado não existiu
A pena é reduzida de metade se a imputação é de con- ou houve o fato, mas foi absolutamente diverso do comuni-
travenção penal. Passa-se a ter infração de menor potencial cado para a autoridade. Por isso é considerado um crime de
ofensivo, admitindo-se a suspensão condicional do processo. forma livre.
Considerações A autoridade que recebe essa notícia de crime legalmente
Caracteriza uma figura equiparada de estelionato (Art. 171, deve ter poderes de investigar a prática de delitos.
§ 2º, V, do CP) quando a comunicação falsa de crime ou con- Não configura o crime quando o réu chama para si a exclu-
travenção é um meio fraudulento para que o agente obtenha siva responsabilidade de ilícito penal de que deve ser conside-
o valor do seguro. O delito (Art. 340 do CP) se torna um ante- rado concorrente (RT 371/160).
factum impunível. Aplica-se o princípio da consunção. Considerações
Ex.: “A” esconde seu automóvel que é amparado por Para facilitar o entendimento do crime, exemplos:
contrato de seguro e comunica à autoridade que sofreu
Vantagem Pecuniária:
um furto, já com a intenção de receber o dinheiro do se-
Ex.: “A” recebe dinheiro do verdadeiro autor do crime
guro.
para autoacusar-se.
Atentem-se às diferenças: Sacrifício:
Na denunciada caluniosa, o agente imputa a infração penal Ex.: Mãe se autoacusa para livrar o filho que cometeu um
imaginária a pessoa certa e determinada. crime.
Na comunicação falsa de crime, apenas comunica a Exibicionismo:
fantasiosa infração, não a imputando a ninguém ou, im- Ex.: Criminoso se autoacusa para que tenha reputação
putando, aponta personagem fictício. entre a bandidagem de sua comunidade.
Álibi:
Autoacusação Falsa Ex.: “A” imputa a si próprio crime menos grave para se
Art. 341. Acusar-se, perante a autoridade, de crime ine- livrar de crime mais grave, alegando ser no mesmo horá-
xistente ou praticado por outrem: rio, porém em lugar diferente.
Supondo que João assuma autoria de crime pratica-
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. do por outrem, e não só assume a autoria, mas também
O que leva uma pessoa a se autoacusar falsamente tem imputa a coautoria a outrem, que não o autor do delito.
fundamento em vários motivos, por exemplo, alguém que Nessa situação, Fernando Capez1 diz que o agente irá res-
recebe certa vantagem para assumir um crime praticado por ponder pelos Art. 341 e 339, em concurso formal imperfeito,
outra pessoa ou o próprio pai diz ter sido o autor de um deli- soma das penas.
to para que o filho não seja preso.
Para evitar esse comportamento, o crime de autoacusa- Falso Testemunho ou Falsa Perícia
ção falsa está tipificado no Art. 341 do Código Penal. Crime Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
de ação penal pública incondicionada. verdade como testemunha, perito, contador, tradutor
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
Classificação

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inquérito policial, ou em juízo arbitral:
Considerado um crime simples por ofender um único bem Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
jurídico que é a Administração da justiça. Comum, podendo
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço se
ser cometido por qualquer pessoa.
o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
É um crime doloso, não tendo previsão para crime culposo. com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
Crime formal, não exigindo para sua consumação um re- em processo penal, ou em processo civil em que for
sultado naturalístico, sendo possível então a tentativa. parte entidade da administração pública direta ou in-
Sujeitos do Crime direta.
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser pratica-
processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata
do por qualquer pessoa, porém se ocorreu realmente o crime,
ou declara a verdade.
não pode ser sujeito ativo o próprio autor, coautor ou partícipe
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

do crime ocorrido. Muitas vezes o testemunho é o único meio probatório para


Sujeito Passivo: é o Estado. a autoridade competente louvar-se da decisão. A testemunha
que mente, nega ou cala a verdade não sacrifica apenas inte-
Consumação e Tentativa resses individuais, mas atinge o Estado, responsável por asse-
É um crime formal, consumando-se no momento em que o gurar a eficácia da justiça.
sujeito efetua a autoacusação perante a autoridade, indepen-
dentemente se a autoridade tomou alguma providência. O Código Penal, visando preservar a busca pela verdade,
A tentativa só é possível quando a autoacusação é come- versa em seu Art. 342 o crime de falso testemunho ou falsa
tida por meio escrito, não se admitindo quando praticado ver- perícia, sendo esse um crime de ação penal pública incondi-
balmente. cionada.
Descrição do Crime Classificação
Não há que se falar em autoacusação falsa quando essa É um crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, pois
conduta for de CONTRAVENÇÃO PENAL. a prática de várias condutas típicas no tocante ao mesmo objeto
O agente que se autoacusa não pode ser autor, coautor ou material acarreta crime único. 469
partícipe do delito anterior. 1 - Fernando Capez é um professor, jurista e político brasileiro.
Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, admitindo- ї Calar a Verdade:
470 se a suspensão condicional do processo. ▷ Reticência;
É um crime doloso, não exigindo qualquer finalidade es- ▷ Permanecer em silêncio sobre a verdade de deter-
pecífica. minado fato.
Crime de mão própria, comissivo ou omissivo e instantâneo. Ex.: O juiz, durante a oitiva da testemunha formula várias
Sujeitos do Crime perguntas a esta, mas ela nada responde.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Sujeito Ativo: crime de mão própria, somente podendo O agente deve saber que falta com a verdade. Não há
ser praticado pela testemunha, perito, contador, tradutor ou crime quando a testemunha ou perito é acometido por erro
intérprete. indesejado, pelo esquecimento dos fatos ou mesmo pela de-
formação inconsciente da lembrança em razão da passagem
Crime de mão própria. Em que pese o STF já ter admitido
do tempo.
a coautoria quando o advogado instrui a testemunha, são fre-
quentes as decisões de nossos Tribunais afirmando a incompa- É imprescindível que a falsidade verse sobre fato ju-
tibilidade do instituto com o delito de falso testemunho, face a ridicamente relevante (apto a influir de algum modo na
sua característica de mão própria. Desta forma, deve se tratar decisão final da causa). Desse modo, exige-se que a fal-
de mera participação. sidade tenha potencialidade lesiva, de modo a influir no
Toda testemunha pratica o delito, ou apenas aquela que futuro julgamento da causa.
presta compromisso? A corrente majoritária entende que se a Considerações
lei não submete a testemunha informante ao compromisso de
Falso Testemunho e Carta Precatória: na hipótese de fal-
dizer a verdade, não pode cometer o ilícito do Art. 342 do CP.
so testemunho prestado através de carta precatória, o foro
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Entretanto, já teve julgados no STF dizendo ser crime.


competente para processar e julgar este crime é do juízo de-
A vítima, por não ser testemunha (sequer equiparada),
precado (comarca onde o falso testemunho foi prestado e
não pratica o crime do Art. 322, podendo ser autora de outro
delito, como por exemplo, denunciação caluniosa. Art. 339 do onde o delito se consumou).
CP. Falso Testemunho em CPI: responde pelo crime previsto
Sujeito Passivo: é o Estado e, secundariamente, a pessoa no Art. 4º, II da Lei nº 1.579/52 a pessoa que presta falso teste-
prejudicada pelo falso testemunho ou pela falsa perícia. munho perante CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).
Consumação e Tentativa Apontamentos
Consumação ocorre no momento em que o depoimento
é encerrado ou que o laudo pericial, os cálculos, a tradução Teoria Subjetiva: O crime em estudo adotou a teoria subje-
ou interpretação são entregues concluídos. Sendo admitida a tiva: só há crime quando o depoente (testemunha) tem cons-
tentativa. ciência da divergência entre sua versão e o fato presenciado.
Desse modo, é possível que haja o crime de falso testemunho
É fato atípico a conduta de mentir para evitar sua própria
incriminação, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra ainda que o fato seja verdadeiro. Nesta hipótese, é necessário
si mesmo. que a testemunha narre um fato que realmente ocorreu, mas
não foi presenciado por ela.
Descrição do Crime Se o falso testemunho ou falsa perícia se der perante a jus-
Testemunha: aquela pessoa chamada para depor no pro- tiça do trabalho, o seu processo e julgamento estarão afetos
cesso, sob o compromisso de dizer a verdade fática. Perito: ao juízo criminal federal, por ser atingido interesse da União.
quem fornece laudos técnicos de conhecimentos específicos,
que escapam da ciência do Juiz. Contador: especialista em Aumento de Pena
assuntos contábeis. Pessoa que apresenta os cálculos a se- § 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se
rem eventualmente efetuados. Tradutor: tem a função de o crime é praticado mediante suborno ou se cometido
adaptar textos em língua estrangeira para o vernáculo (idio- com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
ma pátrio). Intérprete: responsável pela comunicação daque- em processo penal, ou em processo civil em que for
le que não conhece o idioma nacional. parte entidade da administração pública direta ou in-
O crime em tela possui três núcleos: direta.
ї Fazer Afirmação Falsa: ї São três as causas de aumento de pena:
▷ Falsidade positiva; ▷ Mediante suborno;
▷ Mentir para a autoridade. ▷ Com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
Ex.: Pedro mente para o juiz, dizendo que na data do em processo penal;
crime estava viajando com Ronaldo (acusado) para Flo- ▷ Com o fim de obter prova destinada a produzir efeito
rianópolis. em processo civil em que for parte entidade da ad-
ї Negar a Verdade: ministração pública direta ou indireta.
▷ Falsidade negativa; Retratação: Art. 342, § 2º. O fato deixa de ser punível se,
▷ Recusar-se a confirmar a veracidade de um fato. antes da sentença, no processo em que ocorreu o ilícito, o
Ex.: “A” nega que presenciou o latrocínio praticado por agente se retrata ou declara a verdade. Trata-se de causa de
“B” contra “C”. extinção da punibilidade (Art. 107, VI, do CP).
A retratação formulada pelo autor deve comunicar-se aos Sujeito Passivo: é o Estado e de forma mediata, e secun-
partícipes do delito. dariamente, figurará no polo passivo o indivíduo que sofreu a
Em processo de competência do Tribunal do Júri, é possí- coação.
vel a retratação extintiva da punibilidade, mesmo após a de- Ex.: Magistrado, delegado, réu, testemunha, jurado
cisão de pronúncia, desde que anterior à sentença de mérito. etc.
Corrupção Ativa de Testemunha ou Perito Consumação e Tentativa
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer Ocorre a consumação no momento do emprego da violên-
outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor cia ou grave ameaça do agente.
ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar A tentativa é possível, visto que o crime tem caráter plu-
a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução rissubsistente.
ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de Ex.: “A” manda uma carta ameaçadora para uma teste-
28.8.2001) munha de um processo judicial, mas por circunstâncias
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação
alheias a sua vontade, a carta se extravia nos Correios.
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Segundo STJ, o crime de coação no curso do processo, por
ser um crime formal, se consuma tão só com o emprego da grave
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a
ameaça ou violência contra qualquer das pessoas referidas no Art.
um terço, se o crime é cometido com o fim de obter pro-
344 do CP, independentemente do efetivo resultado pretendido
va destinada a produzir efeito em processo penal ou em
ou de a vítima ter ficado intimidada. (STJ. REsp 819.763/PR)
processo civil em que for parte entidade da administra-
ção pública direta ou indireta. Descrição do Crime
Conduta: trata-se de modalidade especial de corrupção Se a conduta descrita no tipo penal for realizada no curso de
ativa, abrangendo o mesmo comportamento criminoso, acres- processo de uma CPI, o agente incidirá no crime previsto no Art.
cido do núcleo dar. 4º, I, da Lei nº 1.579/52 que versa sobre as Comissões Parlamen-
Para configurar o delito em tela é necessário que haja al- tares de Inquérito.
gum procedimento oficial em andamento. Não basta para a configuração do delito que a violência ou
Consumação: trata-se de crime formal, logo se consuma grave ameaça seja proferida às pessoas do Art. 344. É neces-
com a simples realização de uma das condutas previstas no sário que se faça tal injusto com o interesse de favorecimento
caput, sendo desnecessária a prática de qualquer ato pelos pos- próprio ou alheio.
síveis corrompidos. Ex.: “A” amigo do réu, ameaça a testemunha a depor em
favor do amigo. / “B” réu em processo judicial, intimida
Coação no Curso do Processo o perito a não revelar o verdadeiro resultado do laudo

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Art. 344. Usar de violência ou grave ameaça, com o pericial.
fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra Considerações
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que fun-
Se da conduta criminosa resulta violência, restarão carac-
ciona ou é chamada a intervir em processo judicial, terizados dois crimes, incidindo em concurso material obriga-
policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: tório, somando as penas da coação no curso do processo mais
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da o crime de violência (lesão corporal ou homicídio).
pena correspondente à violência.
A razão pela qual existe esse crime é para impedir que Exercício Arbitrário das Próprias Razões
frustrem a eficiência da Administração da justiça com vio- Art. 345. Fazer justiça pelas próprias mãos, para satis-
lência ou ameaças e para garantir o regular andamento dos fazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o
processos ou em juízo arbitral. Crime esse de ação penal permite:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

pública incondicionada. Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,


Classificação além da pena correspondente à violência.
É um crime pluriofensivo, pois atinge mais de um bem Parágrafo único. Se não há emprego de violência, so-
jurídico, primeiramente a Administração da justiça, e secunda- mente se procede mediante queixa.
riamente a integridade física ou a liberdade individual. Como disposto no Art. 345 do Código Penal, não é aceita
Doloso e com um especial fim de agir, apresentado no tipo a justiça entre particulares e a ninguém é dado o direito de
com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. Não admi- versar sobre a justiça privada se não o próprio poder judiciário,
te a modalidade culposa. que tem a competência para resolver as divergências existen-
Considerado um crime comum, instantâneo, de concurso tes entre os indivíduos. Em regra, esse crime é de ação penal
eventual, e em regra comissivo. privada, contudo será de ação penal pública incondicionada se
estiver presente a violência.
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: por ser um crime comum, pode ser cometido Classificação
por qualquer pessoa, não sendo necessário que o agente tenha Crime simples, pois atinge um único bem jurídico. Co- 471
interesse no próprio processo. mum, cometido por qualquer pessoa.
É um crime doloso, acompanhado com um elemento sub- Fraude Processual
472 jetivo específico “para satisfazer pretensão, embora legítima”.
Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de pro-
Não sendo admitida a modalidade culposa.
cesso civil ou administrativo, o estado de lugar, de coi-
Em regra é comissivo e instantâneo, consumando-se em
sa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou
um momento determinado.
o perito:
A ação penal será pública incondicionada quando o cri- Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

me é praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da


Parágrafo único. Se a inovação se destina a produzir
União, Estado ou Município.
efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as
Sujeitos do Crime penas aplicam-se em dobro.
Sujeito Ativo: pode ser cometido por qualquer pessoa, mas O crime de fraude processual é um crime tacitamente sub-
se o agente for funcionário público e comete o delito prevale- sidiário, somente sendo aplicável quando o fato não constituir
cendo-se de sua condição, serão imputados dois crimes: exer- crime mais grave. Delito esse de ação penal pública incondi-
cício arbitrário das próprias razões + abuso de autoridade (Lei cionada.
nº 4.898/65).
Classificação
Ex.: “A” policial, proprietário de uma casa, encosta a
viatura na frente de seu imóvel, entra na residência e, de Considera-se um crime simples, pois ofende um único
arma em punho, expulsa “B”, que não pagara o aluguel bem jurídico que é a Administração da justiça.
do mês anterior. O crime de fraude processual também é considerado um
Sujeito Passivo: primeiramente é o Estado, e secunda- crime formal ou de consumação antecipada, pois independe
Ş
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riamente a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta do resultado naturalístico.


criminosa. Em regra é comissivo, considerado também um crime
de dano, pois causa lesão à Administração da justiça.
Consumação e Tentativa Crime de concurso eventual, normalmente praticado por
Existe divergência entre os doutrinadores, mas majorita- um só agente, mas o concurso é plenamente possível.
riamente foi classificado como um crime formal, consumando-
se mesmo que a pretensão não seja atingida. Sujeitos do Crime
É plenamente aceitável a tentativa, visto o caráter pluris- Sujeito Ativo: considerado um crime comum, logo, é pas-
subsistente (ação composta por vários atos) do crime. sível de ser cometido por qualquer pessoa. (vítima, acusado ou
mesmo advogado)
Descrição do Crime
Foge do alcance do tipo o perito, uma vez que, se inovar
O núcleo do tipo fazer justiça pelas próprias mãos, tem
o estado de coisa, pessoa ou lugar no decorrer dos exames
sentido de satisfazer pretensão pessoal. Essa pretensão pode
periciais, incorrerá no crime previsto no Art. 342 do CPl.
ser de qualquer natureza, ligada ou não à propriedade, mas
exigindo-se ao menos uma aparência de direito legítimo. Sujeito Passivo: de forma imediata é o Estado, e de forma
mediata é a pessoa prejudicada no processo administrativo,
Ex.: Marido indignado com a traição da esposa, a expulsa
da casa que construíram juntos. penal ou civil.
A pretensão deve ser legítima, pois do contrário, a condu- Consumação e Tentativa
ta acarretará na incidência de outros crimes, tais como o furto, Consuma-se no momento em que o agente utiliza o meio
roubo, estelionato, apropriação indébita, entre outros. fraudulento para a inovação na pendência do processo.
Ex.: “A”, indignado com a traição de sua esposa, vai até a A tentativa, entretanto, deve apresentar potencialidade
casa de “B” que é o homem que se deitou com ela e, para real para enganar o juiz ou o perito. Se o artifício (fraude) for
fazer justiça com as próprias mãos, obriga a mulher de grosseiro ou perceptível é crime impossível (Art. 17 do CP) por
“B” a manter relações sexuais com “A”. ineficácia absoluta do meio.
Subtração ou Dano de Coisa Para o STJ não é exigido para a consumação do crime de
fraude processual que o Juiz ou o perito sejam realmente in-
Própria em Poder de Terceiro duzidos a erro, basta que a inovação seja apta para produzir o
Art. 346. Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa pró- resultado, mesmo que a pessoa não tenha interesse no proces-
pria, que se acha em poder de terceiro por determina- so. (STJ. HC 137.206/SP).
ção judicial ou convenção: Descrição do Crime
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. É um crime doloso e também necessita de um elemento
Sujeitos do Crime subjetivo específico que é a intenção de induzir a erro o juiz ou
Sujeito Ativo: somente pode ser executado pelo proprie- perito, não sendo admitida a modalidade culposa.
tário da coisa (crime próprio). Sendo que o concurso de pes- Estado de lugar, de coisa ou de pessoa é onde deve recair a
soas é plenamente possível. conduta artificiosa, para enganar o juiz ou perito.
Sujeito Passivo: será o estado, e secundariamente o indiví- Ex.: Limpar as manchas de sangue onde ocorreu o crime /
duo possuidor da coisa ou aquele contra quem foi empregada Colocar uma arma de fogo na mão de uma pessoa assassi-
violência. nada para simular um suicídio.
Nem toda a inovação caracteriza o surgimento do crime de É plenamente possível a tentativa.
fraude processual, pois esse elemento normativo do tipo deve
ser empregado de forma artificiosa (ardil, fraude). Descrição do Crime
O parágrafo único aparentemente versa uma causa espe- Não é necessário que o autor do crime esteja em persegui-
cial de aumento de pena sendo um tipo penal autônomo, pois ção, fuga ou esteja sendo procurado pela autoridade pública no
a conduta de inovar artificiosamente foi cometida em processo momento em que recebe o auxílio. Basta que, de forma idônea,
penal que ainda não foi iniciado. o agente auxilie o criminoso a escapar da ação da autoridade
▷ Trata-se de infração subsidiária, logo absorvida pública.
quando a finalidade constituir crime mais grave. Não existe o crime de favorecimento pessoal (Art. 348
Conduta: os objetos materiais do crime são taxativos, do CP) quando a conduta de auxiliar a subtrair-se à ação de
e desta forma, descabida qualquer integração analógica em autoridade pública for referente a um crime cometido por
relação às inovações que poderão ser praticadas pelo agente. um agente menor de idade ou qualquer outro inimputável,
Pressupõe-se a existência de processo - civil ou adminis- já que estes inimputáveis não cometem crimes, mas atos
trativo - em andamento. infracionais que acabarão sofrendo medidas de proteção ou
medidas socioeducativas no caso dos menores de idade ou
Em atenção ao princípio da inexigibilidade de conduta di-
versa, já se entendeu que não ocorre o ilícito quando o autor medidas de segurança quando forem doentes mentais ou
de um crime de homicídio nega a autoria e dá sumiço à arma, tiverem desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
atuando no direito natural de autodefesa (RT 258/356). Não há crime quando o agente estiver em escusa absolu-
tória (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão), quando o
Favorecimento Pessoal agente que cometeu o crime anterior estiver acobertado por
Art. 348. Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pú- uma excludente de ilicitude ou causa excludente de culpabi-
blica autor de crime a que é cominada pena de reclusão: lidade. E se o agente for absolvido pelo crime anterior, estará
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. excluído o crime de favorecimento pessoal.
§ 1º Se ao crime não é cominada pena de reclusão: O favorecimento deve ocorrer APÓS o cometimento do cri-
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. me e nunca para o cometimento do crime. Se o favorecimento
for ajustado previamente, antes da consumação do crime, in-
§ 2º Se quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
cidirá o agente como partícipe segundo o Art. 29 do Código
te, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
Penal: Quem de qualquer modo concorre para o crime, incide
O crime de favorecimento pessoal basicamente consiste
nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
em prestar auxílio ao agente condenado com pena de reclusão
para que escape da ação da autoridade pública. É um crime de O agente que presta o auxílio deve ter ciência da atual
ação penal pública incondicionada. situação do criminoso, se não, tem-se excluído o dolo.

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Ex.: Tício de forma voluntária, empresta seu carro a Mé-
Classificação vio para que este faça uma viajem de negócios, quando
Em análise ao Art. 348 do CP pode ser verificado que se na verdade, Mévio, que acabara de cometer um crime,
trata de um crime acessório, pois depende da prática anterior pretendia fugir da polícia. Desta forma Tício não respon-
de um crime com pena de reclusão (contravenção não). de pelo crime.
Somente pode ser praticado de forma comissiva (ação),
não havendo possibilidade de auxílio à subtração de autor Favorecimento Real
de crime mediante uma conduta omissiva. Art. 349. Prestar a criminoso, fora dos casos de coauto-
O agente que deixa de comunicar à autoridade pública o ria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
local onde está escondido o autor do crime, mesmo que esta o proveito do crime:
circunstância seja de conhecimento do agente, não comete Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
crime algum.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O Código Penal prevê mais uma espécie de favorecimen-


Sujeitos do Crime to, demonstrando ser este um crime acessório, pois necessita
Sujeito Ativo: não é exigida qualquer qualidade específica de algum crime já praticado anteriormente não alcançando as
do agente. contravenções penais.
A vítima do crime anterior pode ser sujeito ativo do crime Classificação
de favorecimento pessoal (Art. 348 do CP). Ex.: uma vítima de É um crime de forma livre, ou seja, o favorecimento pode
roubo (Art. 157 do CP), logo após a ocorrência do crime, enga- acontecer de diversas formas, como esconder o bem subtraí-
na os policiais, prestando-lhes falsas informações do paradeiro do, aplicar no banco os valores provenientes de um esteliona-
do criminoso para que tenha êxito em sua fuga. to, deixar um cofre aberto para que o agente que cometeu o
Consumação e Tentativa crime guarde os documentos roubados no assalto.
Por ser um crime material, o crime se consuma com o efe- É um crime doloso com um elemento subjetivo específi-
tivo auxílio, ainda que seja por curto período de tempo. Caso co, no qual a finalidade do agente é tornar seguro o proveito
o criminoso tenha sido pego, o agente responderá pelo crime do crime, porquanto o agente deve ter a ciência de que seu
da mesma forma, já que a conduta de auxiliar o criminoso teve comportamento será efetivo para auxiliar o criminoso, não se 473
êxito, mesmo que breve. admitindo portanto a modalidade culposa.
Sujeitos do Crime
474 Receptação própria “ocultar” Favorecimento real
Sujeito Ativo: o crime de favorecimento real é comum, (Art. 180, caput, 1ª parte, CP) (Art. 349, CP)
podendo ser praticado por qualquer pessoa, salvo coautor ou
partícipe do crime que antecede o favorecimento. Crime contra a Administração da
Crime Contra o Patrimônio.
Justiça.
Ex.: Tício, conhecido de Mévio, se dispõe a auxiliar Mévio
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

a esconder o dinheiro que será roubado de uma casa lo- Quem se beneficia é qualquer
O próprio autor do crime
outra pessoa que não seja o
térica. Se efetivamente vier a ocorrer o roubo, Tício será autor do crime anteriormente
anteriormente cometido é o
partícipe do crime, por auxiliar Mévio. O intuito de auxiliar beneficiado pela conduta.
praticado.
deve vir de forma posterior ao cometimento do crime.
O proveito pode ser tanto
Sujeito Passivo: é o Estado e secundariamente, a vítima Exige-se que o proveito seja
econômico quando de outra
econômico.
do delito anterior. natureza.

Consumação e Tentativa Favorecimento Real Impróprio


É considerado um crime formal ou de consumação anteci- Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou
pada, ou seja, o crime se consuma no instante em que o agente facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunica-
presta devido auxílio ao criminoso no intuito de tornar seguro ção móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal,
o proveito do crime, mesmo que não venha a ocorrer efetiva- em estabelecimento prisional.
mente essa finalidade. A tentativa é plenamente aceitável em Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
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face do caráter plurissubsistente do delito. Esse crime foi introduzido pela Lei nº 12.012/2009 e o le-
gislador não atribuiu denominação alguma para esse crime,
Descrição do Crime transferindo essa tarefa à jurisprudência e à doutrina.
O auxílio deve ser destinado a tornar seguro o proveito do Classificação
crime.
É um crime de ação múltipla ou de conteúdo variado, ou
Favorecimento Pessoal. Art. 348 CP: seja, se o agente vier a cometer mais de um núcleo do tipo no
▷ Objeto material: autor de crime anterior; Se busca a mesmo contexto fático, configurará crime único.
fuga do criminoso. É um crime de forma livre, admitindo qualquer meio de
▷ Quanto ao resultado: crime material (prevalece). execução.
▷ Escusa absolutória: possui hipótese de escusa ab- Ex.: A esposa de um detento que oculta um aparelho ce-
lular em suas partes íntimas e leva ao interno no dia de
solutória, se quem presta o auxílio é cônjuge, as-
visita ou joga o aparelho por cima dos muros da cadeia e
cendente, descendente ou irmão do criminoso, fica
até mesmo coloca os aparelhos no interior de alimentos
isento de pena. É a chamada escusa absolutória, (bolo, torta).
presente no § 2º do Art. 348 do CP.
Sujeitos do Crime
Favorecimento Real. Art. 349 CP:
Sujeito Ativo: é um crime comum, podendo ser praticado
▷ Objeto material: proveito de crime anterior; Pres-
por qualquer pessoa, vale ressaltar que até mesmo um preso
ta-se auxílio não ao criminoso em si, mas indireta- pode ser sujeito ativo do crime tipificado no Art. 349-A, so-
mente, assegurando para ele a ocultação da coisa, mente se este estiver em alguma permissão de saída ou saída
proveito do crime (real). temporária e também pode ser partícipe, por exemplo, o preso
▷ Quanto ao resultado: crime formal. que induz sua esposa a levar a ele o aparelho de comunicação.
▷ Escusa absolutória: não tem previsão de escusa ab- Sujeito Passivo: é o Estado.
solutória. Consumação e Tentativa
Para que possa ocorrer o crime do Art. 349, é necessário É considerado crime de mera conduta, ou seja, a lei sequer
que o crime anterior tenha alcançado a consumação e se no prevê qualquer resultado naturalístico. Consuma-se o crime
crime não houve qualquer tipo de proveito, também não ha- quando é praticada qualquer das condutas descritas no tipo
verá o crime de favorecimento real. (ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entra-
da de aparelho de comunicação ou similar em estabelecimen-
Considerações to prisional).
Quem estuda de maneira superficial o crime de favoreci- A tentativa é plenamente possível.
mento real, certamente poderia interpretar de forma errônea Ex.: Tício, em horário de visita, ao tentar ingressar no
as diferenças entre os crimes de receptação própria (CP, Art. presídio onde seu primo está preso, esconde em sua blu-
180, caput, 1ª parte) na modalidade “ocultar” e favorecimento sa um aparelho celular e acaba sendo preso em flagrante
real (CP, Art. 349). Vamos observar as diferenças: durante a revista pessoal.
Descrição do Crime Arrebatamento de Preso
O objeto material do crime pode ser qualquer instrumento Art. 353. Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do po-
que tenha potencial de comunicação. (aparelho telefônico, wal- der de quem o tenha sob custódia ou guarda:
kie-talkie, webcam). Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena
Não é exigido qualquer fim específico, basta o dolo, por correspondente à violência.
parte do agente, de levar ao poder do preso o aparelho de co-
municação. Conduta
Somente uma conduta é prevista para a prática do crime,
Exercício Arbitrário ou Abuso de Poder consubstanciada no núcleo arrebatar preso, com o fim de mal-
Art. 350. Ordenar ou executar medida privativa de li- tratá-lo (linchamento). Arrebatar significa arrancar, levar, retirar
berdade individual, sem as formalidades legais ou com com violência.
abuso de poder: Se não tiver o fim de maltratá-lo, não configurará este cri-
Pena - detenção, de um mês a um ano. me, mas poderá incorrer no Art. 351 do CP. promover ou facili-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre o funcioná- tar fuga de pessoa presa.
rio que:
I. Ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou
Motim de Presos
a estabelecimento destinado a execução de pena Art. 354. Amotinarem-se presos, perturbando a ordem
privativa de liberdade ou de medida de segurança; ou disciplina da prisão:
II. Prolonga e execução de pena ou de medida de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
segurança, deixando de expedir em tempo opor- pena correspondente à violência.
tuno ou de executar imediatamente a ordem de Considerações
liberdade; No tipo penal não há descrição de quantos presos são ne-
III. Submete pessoa que está sob sua guarda ou cessários para configurar o motim. Para alguns autores, três
custódia a vexame ou a constrangimento não au- presos são suficientes. Já Mirabete exige no mínimo quatro. To-
torizado em lei; davia, nenhum entendimento está consolidado, sendo essencial
IV. Efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. que constitua um ajuntamento tumultuário de aprisionados.
Os crimes de exercício arbitrário e abuso de poder, tanto o
caput como as figuras equiparadas do parágrafo único foram re- Patrocínio Infiel
vogados pela Lei nº 4.898/65. Art. 355. Trair, na qualidade de advogado ou procura-
dor, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo

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Fuga de Pessoa Presa ou Submetida patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
a Medida de Segurança Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
Art. 351. Promover ou facilitar a fuga de pessoa legal-
mente presa ou submetida a medida de segurança Patrocínio Simultâneo ou Tergiversação
detentiva: Parágrafo único. Incorre na pena deste artigo o advoga-
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. do ou procurador judicial que defende na mesma causa,
§ 1º Se o crime é praticado à mão armada, ou por mais simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é Sujeitos
de reclusão, de dois a seis anos. Sujeito Ativo: o crime em tela somente poderá ser pratica-
§ 2º Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se do por advogado ou procurador judicial devidamente inscrito
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

também a pena correspondente à violência. nos quadros da OAB. Não estão incluídos no dispositivo os
§ 3º A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o cri- promotores e procuradores de justiça.
me é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda Sujeito Passivo: é o Estado e, possivelmente, o outorgante
está o preso ou o internado. do mandato que foi prejudicado.
§ 4º No caso de culpa do funcionário incumbido da cus-
tódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três Conduta
meses a um ano, ou multa. Pode se dar por ação (Ex.: Manifesta-se no processo de
forma contrária aos interesses da parte defendida), ou por
Evasão Mediante Violência omissão (Ex.: Deixa de recorrer).
contra a Pessoa Conforme alguns autores, o patrocínio infiel deve ser em-
Art. 352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o in- preendido em causa judicial, pouco importando a natureza
divíduo submetido a medida de segurança detentiva, ou espécie. Desta forma, a atuação extrajudicial do profissio-
usando de violência contra a pessoa: nal, como em inquérito policial, sindicância etc. não caracte-
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena riza o crime em estudo, sendo o agente passível, apenas, de 475
correspondente à violência punição disciplinar.
Consumação e Tentativa Consumação e Tentativa
476 Consuma-se com a ocorrência do efetivo prejuízo ao pa- A consumação dependerá da conduta praticada:
trocinado, ainda que a situação possa ser revertida. Se a conduta do agente for solicitar, o crime se consuma
A tentativa é possível apenas na forma comissiva. com o simples pedido, independentemente do aceite da víti-
O dispositivo traz duas formas de infidelidade profissional: ma enganada (crime formal).
Patrocínio simultâneo: consiste na conduta do advogado
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A TENTATIVA é possível, porém dependerá de como será


ou procurador que, concomitantemente, zela (ainda que por praticado o delito.
interposta pessoa) os interesses de partes contrárias.
STF diz que, para a configuração do delito de exploração
Patrocínio sucessivo ou tergiversação: consiste na condu- de prestígio, não é necessário que o agente influa na atuação
ta do advogado que renuncia ao mandato de uma parte (ou
das pessoas do tipo (juiz, jurado, perito etc.), bastando que
por ela é dispensado) e passa, em seguida, a representar a
o pedido da vantagem seja a PRETEXTO de influir. (STF. RHC
outra.
75.128/RJ)
No parágrafo único é dispensável a comprovação de
Ex.: “A”, alegando conhecer um jurado, sem realmente
efetivo prejuízo ao patrocinado traído - delito formal.
conhecê-lo, solicita a “B” uma determinada vantagem
Sonegação de Papel ou Objeto para supostamente convencer o jurado a absolver seu
irmão, réu em determinada ação penal.
de Valor Probatório
Art. 356. Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de Descrição do Crime
restituir autos, documento ou objeto de valor proba- Exige-se um especial fim de agir por parte do agente, por-
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tório, que recebeu na qualidade de advogado ou pro- tanto só caracteriza o crime na forma dolosa, não admitindo
curador: a forma culposa.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Causa de Aumento de Pena
Exploração de Prestígio Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se
o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
Art. 357. Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra
também se destina a qualquer das pessoas referidas
utilidade, a pretexto de INFLUIR em juiz, jurado, órgão
do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tra- no artigo.
dutor, intérprete ou testemunha: Não é exigida a afirmação explícita de qualquer das pes-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. soas indicadas no caput desse artigo, basta a insinuação.
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço, se Se restar provado que o destinatário da vantagem é uma
o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade das pessoas indicadas no tipo penal, restará a este a corrup-
também se destina a qualquer das pessoas referidas ção passiva (Art. 317 do CP) e ao particular e ao intermediador
neste artigo. o crime de corrupção ativa (Art. 333 do CP).

Introdução Considerações
Versa de forma similar ao crime de tráfico de influência Art. Exploração de prestígio Tráfico de influência
332 do CP. Com a edição da Lei nº 9.127/95, esses dois crimes (Art. 357 do CP) (Art. 332 do CP)
foram diferenciados e o Art. 332 passou a ser o crime de tráfico Solicitar ou receber. Solicitar, exigir, cobrar ou obter.
de influência. Esse delito é de ação penal pública incondicio- Ato de disposição específica
Ato praticado por funcionário
nada. relativa aos órgão ou funcionários
público no exercício da função.
da administração da justiça.
Classificação
É um crime simples, pois ofende um único bem jurídico Violência ou Fraude em
que é a administração da justiça. Arrematação Judicial
Considerado um crime comum, podendo ser praticado por Art. 358. Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
qualquer pessoa. judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou lici-
É um crime formal quando o agente (SOLICITAR) ou ma- tante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
terial (RECEBER). oferecimento de vantagem:
É conhecido como um crime de ação múltipla ou de con- Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
teúdo variado, mesmo o agente praticando mais de um verbo além da pena correspondente à violência.
do tipo no mesmo contexto, responderá por um único crime.
Desobediência a Decisão Judicial
Sujeitos do Crime
Sujeito Ativo: por ser considerado um crime comum, pode sobre Perda ou Suspensão de Direito
ser cometido por qualquer pessoa, pois a própria Descrição do Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autoridade
Crime não exige qualquer qualidade do agente. ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
Sujeito Passivo: o Estado, e também o servidor utilizado judicial:
na fraude, bem como a pessoa ludibriada pelo agente. Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Dos Crimes contra as Finanças Públicas Oferta Pública ou Colocação
de Títulos no Mercado
Contração de Operação de Crédito
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pú-
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de
blica ou a colocação no mercado financeiro de títulos da
crédito, interno ou externo, sem prévia autorização le-
dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou
gislativa:
sem que estejam registrados em sistema centralizado de
Pena - reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
liquidação e de custódia:
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, au-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
toriza ou realiza operação de crédito, interno ou externo:
I. Com inobservância de limite, condição ou mon-
tante estabelecido em lei ou em resolução do Se- 9. Lei nº 8.072/1990 Crimes
nado Federal;
II. Quando o montante da dívida consolidada ultra-
Hediondos
passa o limite máximo autorizado por lei. A Lei dos Crimes Hediondos não vem trazer novas tipifica-
ções de delitos, mas sim um tratamento diferenciado a alguns
Inscrição de Despesas Não crimes que o legislador considerou de maior reprovabilidade; e
Empenhadas em Restos a Pagar a Constituição já os denominava crimes hediondos.
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
Sistema Legal
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: É importante observar que quem define quais os crimes
serão hediondos será a presente lei. O juiz não pode nem ex-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
cluir algumas condutas já consideradas como hediondas, nem
Assunção de Obrigação no Último tampouco concluir que determinado crime é hediondo, sem
que este esteja previsto na presente lei.
Ano do Mandato ou Legislatura
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obri- Crimes Equiparados a Hediondos
gação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser Um detalhe muito interessante sobressai quando se fala
paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste par- em crimes equiparados a hediondos. Não muito raro, as ques-
cela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha tões tentam confundir os candidatos, dizendo que os crimes
contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa: equiparados a hediondos são crimes hediondos. Então, preste
atenção, o rol dos crimes hediondos está na Lei dos Crimes

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Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Hediondos e será tratado neste material. Já o rol dos crimes
Ordenação de Despesa não Autorizada equiparados a hediondos é previsto pela Constituição Federal,
a saber:
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei:
ї Tráfico de drogas.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
ї Tortura.
Prestação de Garantia Graciosa ї Terrorismo.
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
sem que tenha sido constituída contragarantia em va-
Rol dos Crimes Hediondos
lor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na O primeiro tópico importante em relação ao rol dos crimes
forma da lei: hediondos é notar que a lei trata dos crimes hediondos, seja na
forma consumada ou na forma tentada.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.


ї Homicídio Simples (Art. 121, caput, CP): o homicídio
Não Cancelamento de Restos a Pagar simples, em regra, não é crime hediondo, a não ser
que seja praticado em atividade típica de grupo de
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover extermínio, ainda que praticado por um só agente.
o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito
ї Homicídio Qualificado (Art. 121, §2°, CP): este sempre
em valor superior ao permitido em lei:
será hediondo.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
A Lei nº 13.104/2015 introduziu no Código Penal uma nova fi-
Aumento de Despesa Total com Pessoal gura típica: o feminicídio. Com essa alteração, o Art. 1º, I, da Lei nº
8.072/90 passa ter a seguinte redação:
no Último Ano do Mandato ou Legislatura I - homicídio (Art. 121), quando praticado em atividade
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acar- típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por
rete aumento de despesa total com pessoal, nos cento um só agente, e homicídio qualificado (Art. 121, § 2º, I,
e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da II, III, IV, V , VI - Feminicídio e VII - Policídio).
legislatura: I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (Art. 477
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (Art. 129, § 3o),
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito ї Estupro de vulnerável (Art. 217-A): a conduta do Art.
478 nos Arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do 217-A não prevê o constrangimento, portanto, para sua
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pú- configuração, basta tão somente ter conjunção carnal ou
blica, no exercício da função ou em decorrência dela, ou praticar outro ato libidinoso com menores de 14 anos.
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguí- ї Epidemia com resultado a morte (Art. 267, §1º): a con-
neo até terceiro grau, em razão dessa condição;
duta de causar epidemia, mediante a propagação de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

▷ O homicídio privilegiado-qualificado, é crime he- germes patogênicos, somente será hediondo se dessa
diondo? conduta resultar em morte.
▷ Primeiro, veremos o que é crime privilegiado-qua-
ї Alterações de produtos destinados a fins terapêuticos
lificado:
(Art. 273, CP): todos os demais delitos também estão
» Homicídio Qualificado (Art. 121, §2°, CP)
previstos na lei que trata das prisões temporárias (Lei nº
I. mediante paga ou promessa de recompensa, ou
7.960/89), salvo esse delito, por isso, uma pergunta boa
por outro motivo torpe.
de concurso é se também cabe prisão temporária nesse
II. por motivo fútil.
delito, mesmo ele não estando previsto na Lei de Prisões
III. com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- Temporárias. A resposta só pode ser positiva, uma vez
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que a Lei dos Crimes Hediondos aumentou as hipóte-
que possa resultar perigo comum.
ses de cabimento de prisão temporária e com um prazo
IV. à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
maior. Aumenta-se a esse rol, que também cabe prisão
lação ou outro recurso que dificulte ou torne im-
temporária, mesmo não estando na Lei de Prisão Tempo-
possível a defesa do ofendido.
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rária, a tortura e o terrorismo.


V. para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
nidade ou vantagem de outro crime. ї Genocídio (Art. 1º, lei nº 2.889/56): o genocídio é o único
» Homicídio Privilegiado (Art. 121, §1°, CP) crime hediondo que não está previsto no Código Penal.
I. Por motivo de relevante valor social.
Importante observar que o genocídio pode ser praticado
de várias formas e não somente por homicídio.
II. Por relevante valor moral.
III. Sob o domínio de violenta emoção, logo, em se-
ї A Lei nº 12.978 de 2014 introduziu o inciso VIII no rol dos
guida, a injusta provocação da vítima. crimes hediondos. A partir desse momento, é considerado
Homicídio privilegiado-qualificado é aquele em que se encon- hediondo o crime do Art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º, chamado
tram uma qualificadora e uma privilegiadora numa mesma con- de favorecimento da prostituição ou de outra forma de ex-
duta. Como as privilegiadoras são de caráter subjetivo, somente ploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável.
poderá ocorrer a “fusão” com as qualificadoras de caráter objeti-
Vedações
vo, quais sejam, as condutas do inciso III e IV do Art. 121, §2º.
O Art. 2º da lei dos crimes hediondos dispõe que os cri-
Entende o STJ que, nesses casos, deve prevalecer o caráter
subjetivo, portanto, prevalece a parte privilegiadora, logo, o mes hediondos e equiparados são insuscetíveis de:
homicídio privilegiado-qualificado não é hediondo. ▷ Anistia, graça e indulto;
ї Latrocínio (Art. 157, §3º, in fine): latrocínio é a forma qua- ▷ Fiança.
lificada do roubo, quando da violência utilizada para a Antes da Lei nº 11.464/07, previa-se que também não era
prática do roubo resulta morte. cabível a liberdade provisória, redação alterada pelo legislador
ї Extorsão qualificada pela morte (Art. 158, §2º, CP): vale res- por essa, lei que agora só prevê a vedação da fiança. Uma par-
saltar que somente será crime hediondo a extorsão quando te da doutrina se posicionou no sentido de, mesmo assim, não
qualificado pela morte. ser cabível a liberdade provisória, pois esta estava implícita na
E o sequestro relâmpago com fiança. No entanto, o STF se pronunciou no sentido de que, a
resultado morte, é crime hediondo? partir de 2007, a lei possibilitou a liberdade provisória para os
Sequestro relâmpago é a conduta prevista pelo Art. 158, §3°, que crimes hediondos.
prevê a modalidade de extorsão com restrição da liberdade. Mesmo Em julgado recente, o STF declarou a inconstitucionalidade
que resulte em morte, não será hediondo, simplesmente por não estar
da vedação de liberdade provisória para o tráfico de drogas,
previsto na lei dos crimes hediondos que adotou o sistema legal.
confirmando tal posicionamento.
ї Extorsão mediante sequestro (Art. 159, CP): a extorsão
mediante sequestro é um crime formal que se consuma Até 2007, a lei previa que a pena seria cumprida integral-
com o sequestro da vítima, sendo o recebimento do res- mente em regime fechado, regra esta que foi declarada in-
gate mero exaurimento do crime. A extorsão mediante constitucional pelo STF em 2006. Portanto, a partir de 2006,
sequestro será crime hediondo, tanto na forma simples, o agente que cometia crime hediondo poderia progredir de
quanto nas formas qualificadas. regime com o cumprimento de um sexto da pena (regra geral
ї Estupro (Art. 213, CP): o estupro, depois das alterações fei- de progressão de regime). No entanto, em 2007, com a Lei nº
tas pela Lei nº 12.015/90, engloba também o antigo Art. 11.464/2007, a redação foi alterada e passou a dispor que a
214 – atentado violento ao pudor, portanto, tanto a conjun- pena seria cumprida inicialmente em regime fechado e a pro-
ção carnal como a prática de outro ato libidinoso, mediante gressão de regime dar-se-ia de forma diferenciada. Portanto,
o constrangimento, serão considerados crimes hediondos. a progressão de regime é feita da seguinte forma:
Natureza do crime Prazo para progressão
Crime não hediondo Cumprimento de 1/6 da pena
Crime hediondo, se primário Cumprimento de 2/5 da pena
Crime hediondo, se reincidente Cumprimento de 3/5 da pena

Direito de Recorrer
Outra regra, trazida pela Lei nº 11.464/07, é o direito de o réu
recorrer em liberdade. Tal regra deve ser entendida da seguinte
forma: após a sentença, se não existirem pressupostos para a
prisão preventiva, o réu deverá responder em liberdade. Se, ao
contrário, existirem pressupostos para a prisão preventiva, o réu
recorrerá preso, sempre o juiz fundamentando as decisões.

Prisão Temporária
Como já citado, os prazos para as prisões temporárias são
diferenciados quando se trata de crimes hediondos. Outro
ponto importante é que a prisão temporária será cabível ao
crime hediondo ou equiparado, mesmo que ele não esteja pre-
visto na Lei das Prisões Temporárias (Lei nº 7.960/89).
Natureza do crime Prisão temporária
Crime não hediondo 05 dias, prorrogáveis por mais 05.
Crime hediondo 30 dias, prorrogáveis por mais 30.

Livramento Condicional
A Lei dos Crimes Hediondos trouxe uma alteração em re-
lação ao livramento condicional, previsto no Art. 83 do Código
Penal, ficando dessa forma:
Requisitos para concessão do livramento Cumprimento de pena
Primário + bons antecedentes + de 1/3 da pena
Reincidente + de 1/2 da pena
Crime hediondo ou equiparado + de 2/3 da pena

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Causas de Aumento de Pena
O Art. 9º da Lei dos Crimes Hediondos prevê aumento
de metade da pena para os crimes de latrocínio, extorsão
qualificada pela morte, extorsão mediante sequestro e es-
tupro se a vítima se encontrar em algumas das hipóteses
do Art. 224 do Código Penal. No entanto, esse Art. foi revo-
gado pela Lei nº12.015/2009 e, por consequência, o Art. 9º
da Lei dos Crimes Hediondos foi revogado implicitamente.

ANOTAÇÕES
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

479
480 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Ş
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ÍNDICE
1. Disposições Constitucionais Aplicáveis ao Processo Penal ..........................................482
2. Introdução ao Direito Processual Penal .....................................................................483
Lei Processual Penal no Espaço .................................................................................................. 483
Lei Processual Penal no Tempo ..................................................................................................484
Interpretação da Lei Processual Penal .......................................................................................484
3. Inquérito Policial ..................................................................................................... 484
Polícia Administrativa X Polícia Judiciária .................................................................................484
Atribuição ...................................................................................................................................484
Características do Inquérito Policial ........................................................................................... 485
Valor Probatório do Inquérito Policial ........................................................................................ 487
Vícios .......................................................................................................................................... 487
Incomunicabilidade .................................................................................................................... 487
Notícia Crime ..............................................................................................................................488
Procedimentos do Inquérito Policial ..........................................................................................489
Arquivamento do Inquérito .......................................................................................................490
Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) ..............................................................................491
4. Ação Penal ............................................................................................................... 491
Classificação das Ações (Titular do Direito) ................................................................................491
Ação Penal Pública ......................................................................................................................491
Ação Penal Privada ..................................................................................................................... 493
Ação Penal em Alguns Casos Especiais ......................................................................................494
5. Jurisdição e Competência ........................................................................................ 495
Classificação da Competência ................................................................................................... 495
Competência Absoluta X Competência Relativa ........................................................................500
Conexão e Continência ...............................................................................................................500
6. Prova ....................................................................................................................... 501
Teoria Geral da Prova ..................................................................................................................501
Provas em Espécies .................................................................................................................... 503
Exame de Corpo Delito ...............................................................................................................504
Interrogatório ............................................................................................................................. 505
Ofendido ..................................................................................................................................... 505
Testemunha ................................................................................................................................506
Reconhecimento de Pessoas e Objetos ...................................................................................... 507
Acareação ................................................................................................................................... 507
Documentos................................................................................................................................508
Dos Indícios.................................................................................................................................508
Busca e Apreensão .....................................................................................................................508
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ŝ#-ŝŦ NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 481

7. Do Juiz, do Ministério Público, do Acusado e Defensor, dos Assistentes e Auxiliares


da Justiça ................................................................................................................... 509
Juiz..............................................................................................................................................509
Ministério Público ........................................................................................................................510
Acusado (Réu ou Querelado) ......................................................................................................510
Defensor ......................................................................................................................................510
Assistente ....................................................................................................................................510
Funcionários da Justiça ................................................................................................................511
Peritos e Intérpretes .....................................................................................................................511
Atos de Terceiros ..........................................................................................................................511
8. Da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade Provisória ...................................... 511
O que é Prisão? .............................................................................................................................511
Principais Prisões Disciplinares/Administrativas .........................................................................511
Prisão Preventiva......................................................................................................................... 515
Prisão Temporária (Lei nº 7.960/89) ..........................................................................................516
Uso de Algemas ........................................................................................................................... 517
Liberdade Provisória ................................................................................................................... 517
9. Procedimento dos Crimes de Responsabilidade do Funcionário Público ..................... 518
Ação Penal Instruída por Inquérito Policial .................................................................................519
10. Habeas Corpus e seu Processo ................................................................................. 519
Surgimento ..................................................................................................................................519
Natureza Jurídica .........................................................................................................................519
Pedidos do Habeas Corpus............................................................................................. 519
Espécies de Habeas Corpus ............................................................................................ 519
Legitimidade............................................................................................................................... 520
Coação Ilegal .............................................................................................................................. 520
Formalidade do Pedido de Habeas Corpus ....................................................................... 521
Competência para Conhecimento do Habeas Corpus ................................................................521
482
1. Disposições Constitucionais A plenitude da defesa significa que, em se tratando de
tribunal do júri, pode o acusado alegar quaisquer tipos de
Aplicáveis ao Processo Penal justificativas, mesmo não sendo técnicas. Pode, por exemplo,
apelar para o sentimentalismo a fim de convencer o conselho
ї Princípio da presunção de inocência ou do estado de de sentença. Pode até invocar uma excludente de ilicitude não
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

inocência, da situação jurídica de inocência ou da não existente, como, por exemplo, a legítima defesa da honra.
culpabilidade ї Princípio do favor rei, favor libertatis, in dubio pro réu,
Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado favor inocente ou da prevalência do interesse do réu
até o trânsito em julgado de sentença penal condena- Art. 5º, LVII, da CF: ninguém será considerado culpado até
tória. o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Decorrente desse princípio é que o ônus da prova perten- Esse princípio decorre diretamente do princípio da inocên-
ce à acusação, cabendo-lhes provar que o fato é típico e de cia, de forma que, havendo dúvida sobre a culpabilidade do
circunstâncias qualificadoras ou causas de aumento de pena. réu, deve o juiz absolvê-lo. Importante notar que ele não tem
Caberá ao réu, no entanto, provar as excludentes da ilicitu- aplicação na denúncia, pois na dúvida o promotor denuncia, e
de, culpabilidade e as causas extintivas da punibilidade. Vale também não tem aplicação na pronúncia (1° fase do júri).
ressaltar que a acusação deverá trazer um juízo de certeza Esse princípio não está expresso na Constituição Federal;
para que se condene o réu e, ao contrário, caso o réu crie uma está implícito.
dúvida sobre a existência de uma excludente, deverá o juiz ї Princípio do contraditório ou da bilateralidade da au-
sentenciar em favor do acusado. diência
ї Princípio da igualdade processual ou da paridade das Art. 5º, LV, da CF: aos litigantes, em processo judi-
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armas - par conditio cial ou administrativo, e aos acusados em geral são


Art. 5º, da CF: Todos são iguais perante a lei, sem dis- assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi- meios e recursos a ela inerentes.
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- É o princípio pelo qual oportuniza a parte contraditar tudo o
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à que é dito contra ela. Se a acusação alega algum fato, deverá o
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: acusado ter a oportunidade de desconstituir a alegação da acu-
Procede desse princípio a necessidade de um advogado sação. É com base nisso que o tempo de audiência é distribuído.
para defesa do acusado, exceto quando ele mesmo o for. Esse Se no júri a acusação tem uma hora e meia para falar e mais uma
princípio se materializa sempre que para uma das partes for hora de réplica, a defesa também terá uma hora e meia para
deferida uma oportunidade de se pronunciar no processo, da falar mais uma hora para a tréplica.
mesma forma a outra parte terá esse direito. ї Princípio do juiz natural
ї Princípio da ampla defesa Art. 5º, LIII, da CF: ninguém será processado nem sen-
Art. 5º, LV, da CF: aos litigantes, em processo judicial tenciado senão pela autoridade competente.
ou administrativo, e aos acusados em geral são asse- Esse princípio garante ao acusado que ele seja julgado por
gurados o contraditório e ampla defesa, com os meios um juiz imparcial e definido anteriormente à ocorrência do cri-
e recursos a ela inerentes. me; veda-se, portanto, o juízo ou tribunal de exceção ou tribu-
A ampla defesa se subdivide em autodefesa e defesa téc- nais ad hoc. Vale ressaltar que não fere o princípio do juiz natural
nica. a convocação de juízes de primeiro grau feita pelos tribunais e a
A segunda é aquela exercida pelo advogado, pois este sim criação de novas varas para igualar os acervos do juízo.
tem capacidade postulatória, com exceção de o próprio acusa- ї Princípio da publicidade
do ser advogado. A defesa técnica é indisponível. Art. 5º, XXXIII, da CF: todos têm direito a receber dos
A primeira é exercida pelo próprio acusado de forma que órgãos públicos informações de seu interesse particu-
pode influenciar o magistrado no seu interrogatório. Vale no- lar, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres-
tar que a autodefesa é disponível, podendo o acusado ficar tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
calado quando da audiência (direito ao silêncio). No entanto, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
o interrogatório é dividido em duas partes: a qualificação e segurança da sociedade e do Estado. 
as perguntas, não podendo o acusado mentir na 1ª, sob pena Art. 5º, LX, da CF: a lei só poderá restringir a publicida-
de estar cometendo a contravenção Penal prevista no Art. 68 de dos atos processuais quando a defesa da intimidade
da Lei de Contravenções penais; caso atribua outra identida- ou o interesse social o exigirem.
de a si, restará configurado o crime do Art. 307 do CP (falsa Art. 93, IX, da CF: todos os julgamentos dos órgãos
identidade). Na segunda parte do interrogatório não pode o do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas
acusado imputar falsamente um crime a si, pois estaria co- todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei
metendo o delito de autoacusação falsa (Art. 341, CP). limitar a presença, em determinados atos, às próprias
ї Princípio da plenitude da defesa partes e a seus advogados, ou somente a estes, em ca-
Art. 5º, XXXVIII, da CF: é reconhecida a instituição do sos nos quais a preservação do direito à intimidade do
júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: interessado no sigilo não prejudique o interesse públi-
a) plenitude de defesa. co à informação.
É o princípio que traduz a transparência da atividade ju- sentença justa, que se fundamentem na verdade dos fatos, a
risdicional do Estado, de forma que, em regra, os atos serão fim de respeitar todos os direitos constitucionais do homem,
públicos. Essa norma, porém, admite exceções, de forma que, a ampla defesa, a presunção de inocência, dentre outros.
se a defesa da intimidade ou o interesse social o exigir, o ato A manifestação da aplicação das normas de processo pe-
não será público. No inquérito policial vigora o sigilo. nal é o que chamamos de persecução penal, sendo esta o ob-
ї Princípio da vedação das provas ilícitas jeto do nosso estudo.
Art. 5º, LVI, da CF: são inadmissíveis, no processo, as Ela comporta duas fases distintas: uma preliminar, de na-
provas obtidas por meios ilícitos. tureza administrativa, em que ocorrem as investigações presi-
Provas ilícitas são aquelas que violam dispositivos legais didas pela autoridade policial; e outra fase de natureza judicial,
ou constitucionais, não acolhendo o CPP a posição doutrinária em que se desenrola o processo propriamente dito e é presidi-
de que ela seria aquela que violasse direito material, e pro- da por um juiz de direito.
va ilegítima a que violasse direito processual. Também são Persecução penal
vedadas as provas derivadas das ilícitas pela teoria do fruto Crime Pena
das árvores envenenadas ou do efeito à distância (fruits of the Investigações + Processo Judicial
poisonous tree). Os princípios do Direito Processual Penal serão trabalha-
Como exceções à vedação das provas derivadas das ilíci- dos ao longo do material, para que assim você veja a aplicação
tas, temos a teoria da fonte independente, a da descoberta deles nas diversas fases da persecução penal.
inevitável, a da mancha purgada ou tinta diluída e, por último,
a teoria da proporcionalidade que aceita a utilização da prova Lei Processual Penal no Espaço
ilícita em defesa do acusado inocente.
Aqui estudaremos a abrangência territorial do Código de
ї Princípios da economia processual, celeridade proces- Processo Penal, ou seja, o código é aplicado, em regra, nos cri-
sual e duração razoável do processo mes praticados em todo o território nacional. Porém, há algu-
Art. 5º, LXXVIII, da CF: a todos, no âmbito judicial e mas exceções que estão previstas no Art. 1º do código:
administrativo, são assegurados a razoável duração do I. Os tratados, as convenções e regras de direito
processo e os meios que garantam a celeridade de sua internacional;
tramitação. Quando o Brasil homologa a sua participação em um tra-
O princípio em comento traduz a ideia de, que para que o tado ou convenção internacional que disciplina regras proces-
processo penal seja justo, deverá ele também ser célere. São suais próprias, o Código de Processo Penal Brasileiro não é
consequências desse princípio da duração razoável das prisões adotado, ou seja, determinados crimes, mesmo que cometidos
cautelares e a chamada carta precatória itinerante. no território brasileiro, podem ser julgados por tribunal estran-
ї Princípio do devido processo legal (due process of law) geiro. Ex.: a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas

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Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade estabelece que os diplomatas, quando cometerem crimes no
ou de seus bens sem o devido processo legal. território de outro país, serão julgados pelas leis de sua nação
Esse princípio traduz a ideia da própria existência do pro- de origem.
cesso penal, de forma que não se poderá culpar alguém sem II. As prerrogativas constitucionais do Presidente
um mínimo de produção de provas por meio de um processo e da República, dos ministros de Estado, nos crimes
que possa ser garantido o seu direito de defesa. conexos com os do Presidente da República, e dos
ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes
2. Introdução ao Direito Processual de responsabilidade (Constituição, Arts. 86, 89, §
2º, e 100);
Penal
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Aqui tratamos das infrações político-administrativas, defi-
nidas na Lei nº 1.079/50, os chamados de crimes de responsa-
Após a prática de um crime, cabe ao Estado a sua apuração
bilidade que, na verdade, não se referem à matéria criminal e
para fins da aplicação da pena prevista no Direito Penal. Ele é são julgados pelo Senado Federal, adotando o procedimento
o único titular do jus puniendi, que é o direito de aplicar uma específico da referida lei para o seu processo e julgamento.
sanção a quem comete um delito. III. Os processos da competência da Justiça Militar;
Como vivemos em um Estado Democrático de Direito, o Es- A Justiça Militar tem a competência constitucional para
tado sofre limitações quanto ao uso de determinadas modalida- a deliberação das infrações penais militares, descritas nos
des de penas, quanto aos meios utilizados para apurar um cri- Arts. 9º e 10 do Código Penal Militar. No julgamento desses
me, às medidas adotadas e ao andamento processual, visando a casos, a justiça militar adota os procedimentos previstos no
respeitar a dignidade da pessoa humana, harmonizando-a com Código Processual Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.002/69).
as medidas legais pertinentes à elucidação de um delito, bem IV. Os processos da competência do tribunal especial;
como com a consequente aplicação posterior da pena. V. Os processos por crimes de imprensa.
Dessa forma, definimos o processo penal como um con- Quanto às duas últimas exceções referentes à aplicação do
junto de normas jurídicas tendentes a direcionar a atuação CPP na apuração e julgamento dos crimes, o parágrafo úni-
da polícia judiciária, assim como de todo o poder judiciário co do Art. 1º prevê que, na falta de norma, sejam aplicada as 483
criminal, objetivando a uma investigação, um processo e uma regras previstas no Código de Processo Penal de forma subsi-
diária. Um exemplo de tribunal especial seria o próprio tribu- tiva (PM, por exemplo) é suficiente para impedir a criminalida-
484 nal militar que adota procedimentos próprios. Nos casos de de. Sua atuação é marcada pela realização de diligências que
crimes de imprensa, vale o CPP, pois a referida Lei teve os seus objetivam descobrir a autoria e a existência de um crime.
efeitos suspensos temporariamente pelo STF, enquanto aguar- ї Características da Polícia Judiciária
da decisão do plenário quanto à constitucionalidade da Lei. Direção: delegado de polícia de carreira (bacharel em di-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

A regra então é a aplicação do CPP nos delitos cometidos reito aprovado em concurso público).
no território nacional, somente não sendo aplicadas suas nor- Espécies: a polícia judiciária é dividida em Polícia Judiciá-
mas, nas hipóteses acima descritas. ria Estadual e Federal.
Lei Processual Penal no Tempo Nível Estadual
Polícia
A lei processual penal é aplicada no tempo da sua vigên- Civil
Polícia
cia, ou seja, a partir do momento em que ela entra em vigor, Judiciária
começa a regular todos os atos processuais penais que serão Polícia
praticados daquele dia em diante, até a revogação da Lei. Nível Federal
Federal
É importante analisarmos que, se um processo estiver em ї Conceito de Inquérito Policial
andamento, sendo regulado pelas normas vigentes do CPP, e
Inquérito policial é um procedimento administrativo inqui-
tivermos uma alteração nas normas, os atos praticados na vi-
sitivo, anterior ao processo, presidido pela autoridade policial
gência da lei anterior continuarão válidos, pois o que importa
(delegado de polícia) que conduz diligências, as quais objeti-
é o tempo da vigência da lei. A legislação nova será aplicada
vam apurar a autoria (responsável pelo crime) e a materialida-
aos processos futuros e não aos passados.
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de (existência) da infração penal. Essas informações colhidas


Interpretação da Lei Processual Penal no inquérito policial (indícios de autoria e materialidade do
crime) serão disponibilizadas ao titular da ação penal para que
A aplicação da lei processual penal segue as mesmas re- este possa promover o processo judicial, que é a 2ª fase da
gras de hermenêutica que disciplinam a interpretação da le- persecução penal. Mas fiquemos ainda com o inquérito.
gislação em geral. Interpretar significa definir o sentido e al- ї Finalidade
cance de determinado conceito.
Informar o titular da ação penal sobre o resultado da in-
Em função da impossibilidade de se poder escrever na lei vestigação, colaborando na formação da sua opinião quanto à
todo o seu significado ou ainda se prever todas as situações existência e à autoria de determinado crime.
possíveis de ocorrer na vida real, o Art. 3º do Código de Proces-
ї Natureza
so Penal prevê que a lei processual penal admitirá:
Procedimento administrativo inquisitivo.
▷ Interpretação extensiva.
ї Procedimento
▷ Aplicação analógica.
Não pode ser confundido com processo, pois as regras são
▷ Suplemento dos princípios gerais de direito.
outras; é comum as provas de concursos falarem que o inqué-
3. Inquérito Policial rito policial é um PROCESSO, o que está errado.
ї Administrativo
Vamos partir da ideia de que a persecução penal é fer- O inquérito policial é um procedimento administrativo,
ramenta utilizada pelo Estado para materializar a aplicação porque é realizado pela polícia judiciária, que é um órgão do
da pena ao autor de um crime. Ela se compõe de duas fases poder executivo, a qual tem a função de administrar a coisa
distintas: uma administrativa e outra judicial. Vamos agora es- pública. Apesar do nome polícia judiciária, ela não é subordi-
tudar essa fase administrativa, chamada de inquérito policial. nada ao poder judiciário e sim ao poder executivo, haja vista
o delegado de polícia ser subordinado ao secretário de segu-
Polícia Administrativa X rança pública e este ser submisso ao governador do Estado,
Polícia Judiciária responsável pela administração pública.

Polícia Administrativa Atribuição


É chamada também de polícia ostensiva, pois manifesta É a delimitação legal do poder conferido à autoridade po-
a sua atuação por meio do uso de fardas e viaturas carac- licial para investigar crimes. Por essas regras, saberemos se a
terizadas, para que, dessa forma, mostre à sociedade que investigação é de competência da polícia federal ou estadual
está presente. A polícia administrativa não é responsável e de qual delegacia ou comarca. As regras são as seguintes:
pela produção do inquérito policial, pois ela atua visando Territorial
prevenir o crime.
Regra Geral: teoria do resultado.
Ex.: Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer-
roviária Federal, Polícia Marítima (desempenhada pela PF). A atribuição é definida pela circunscrição (delimitação terri-
torial da atuação daquela delegacia) da Consumação do crime.
Polícia Judiciária Exceção: teoria da atividade.
É polícia de Repressão, que atua após a prática do crime, A atribuição é definida pela circunscrição da Prática dos
pois é utopia acreditar que a existência da polícia administra- Atos Executórios.
Essa regra é aplicada nos seguintes casos: Escrito
▷ Crimes tentados Todas as diligências realizadas no curso de um inquérito
▷ Homicídio doloso (STJ) policial devem ser passadas a termo (escritas), para que seja
Apesar de o homicídio doloso ser um crime que tem resul- facilitada a troca de informações entre os órgãos responsáveis
tado, o STJ decidiu que as investigações referentes a tal fato pela persecução penal.
devem ser realizadas pela polícia com circunscrição no local O delegado de polícia tem a faculdade de filmar ou gra-
da prática dos atos executórios, pois assim se garante uma co- var diligências realizadas, mas isso não afasta a obrigação de
lheita de provas mais eficiente e também pode ser dada uma transcrever todas por escrito.
resposta mais satisfatória à sociedade lesada. Art. 405, § 1º, CPP. Sempre que possível, o registro
Ex.: Uma pessoa dispara uma arma de fogo com a in- dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido
tenção de matar outra em uma pequena cidade do in-
e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de
terior do país e o disparo não mata imediatamente a
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
vítima, que é levada para o pronto socorro de uma cida-
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior
de vizinha maior e lá ocorre o óbito. Se fosse adotada a
teoria do resultado, toda a investigação ficaria por con- fidelidade das informações.
ta da polícia do local onde a vítima morreu, mas adota- Sendo assim, é possível que o delegado, havendo meios,
se a teoria da atividade e a investigação é realizada pela documente os atos do IP através das formas de tecnologia
polícia do local da prática dos atos executórios. existentes, inclusive captação de som e imagem.

Material Discricionário
A atribuição é definida pela natureza do crime, com a atua- Discricionariedade é a liberdade dentro da lei (esta deter-
ção de uma delegacia especializada em determinado tipo de mina ou autoriza a atuação do Estado). Assim sendo, o de-
delito. legado tem liberdade na adoção e condução das diligências
Essa regra é subsidiária à territorial, pois, em regra, temos adotadas no curso de um inquérito policial.
que descobrir a atribuição territorial e, se no local do crime O Art. 6º do CPP traz um rol de possíveis procedimentos
tiver uma delegacia especializada, ela assumirá a investigação. que podem ser adotados pela polícia na condução de um in-
Ex.: Delegacias especializadas: Delegacia Antisseques- quérito; ele não é taxativo, pois a polícia pode adotar qualquer
tro, Delegacia de Repressão a Roubos e Assaltos, Dele- uma daquelas diligências na ordem que entender melhor, ou
gacia da Mulher, Delegacia de Homicídios e Proteção à seja, o rol é exemplificativo.
Pessoa, dentre outras. Não podemos entender discricionariedade como uma facul-
Por meio da aplicação das normas de atribuição material, dade do delegado de iniciar ou não uma investigação, porque,
nós teremos a definição da investigação realizada pela polícia conforme veremos adiante, em alguns casos a investigação é

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civil (âmbito estadual) e polícia federal (âmbito federal). obrigatória. A discricionariedade se refere ao fato de o delegado,
sendo obrigado ou não a investigar, poder adotar as diligências
Características do Inquérito Policial que considere convenientes para a solução do crime, desde que
esteja prevista tal diligência na lei.
Inquisitivo Explica essa regra o fato de que cada crime é um aconte-
Assunto comum de ser cobrado em concurso público. No cimento único no mundo e, sendo assim, a solução deles não
inquérito policial não há partes, acusação e defesa; temos tem uma receita certa, devendo a autoridade policial saber
somente o delegado de polícia investigando um crime e, utilizar, dentre os meios disponíveis, aqueles adequados à so-
consequentemente, um suspeito.Nele não há contraditório lução do caso. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
nem ampla-defesa.
Realmente, a investigação não observa o contraditório,
Sigiloso
pois a polícia não tem a obrigação de avisar um suspeito Não aplicamos o princípio da publicidade ao inquérito po-
que o está investigando; e não há ampla-defesa, porque o licial, pois as investigações são sigilosas. Se a polícia anuncia
inquérito não pode, em regra, fundamentar uma sentença em veículo de informação oficial, e ainda na mídia convencio-
condenatória, tendo o suspeito possibilidade de se defender nal, que tenciona iniciar uma investigação a determinado con-
durante o processo. trabandista (que deveria se preparar para isso), este poderia
Atenção à redação do Art. 5º, LV, da CF: prejudicar todo o sucesso da averiguação.
Compete ao delegado zelar pelo sigilo do inquérito poli-
Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
cial, pois ele é a autoridade responsável pela condução.
aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. ї Finalidade do sigilo
Como na fase da investigação não existe nenhuma acusação O sigilo do inquérito policial tem a finalidade de preservar
e nem partes, não há que se falar em contraditório e ampla de- a imagem do suspeito e, ainda, garantir a eficiência das in-
fesa, pois o direito constitucional previsto no Art. 5º, LV, da CF é vestigações.
válido para as partes de um processo. Além do inquérito policial ї Classificação do sigilo
não ter partes, é um procedimento e não um processo, conforme Sigilo Externo: destinado aos terceiros desinteressados e 485
descrito na Constituição Federal. a imprensa.
Sigilo Interno: destinado aos interessados no processo. ▷ Decretação do segredo de justiça (preservar a ima-
486 O sigilo do inquérito policial não atinge o juiz, o Ministé- gem da vítima)
rio Público e o advogado do suspeito. Como acabamos de ver, o delegado pode, em alguns casos,
quando achar conveniente, divulgar informações à imprensa.
Promotor Para evitar tal conduta, visando especificamente a proteger
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Não atinge o a imagem da vítima ou do acusado, o juiz pode decretar o


acesso aos autos da segredo de justiça da investigação; então as informações não
investigação Juiz
poderão vazar. Mas, nesse caso, é mantido o acesso aos autos
pelo juiz, MP e advogados.
Advogado
Indisponível
- Art. 7º , XIV, da Lei nº Toda investigação iniciada deve ser concluída e encami-
Ferramentas para nhada ao juízo competente, ou seja, o delegado não pode de-
8.906/94 - Estatuto
combater o arbítrio sistir de uma investigação iniciada.
OAB
- Mandado de segurança
- Súmula Vinculante ▷ O delegado não pode arquivar o inquérito policial
- Reclamação ao supremo Questões de prova envolvendo esse tema também são fre-
nº 14
quentes e a dica é a seguinte: o delegado nunca pode arquivar o
inquérito, independente do motivo trazido; essa regra é absoluta.
Art. 7º, XIV, Estatuto da OAB. São direitos do ad- Quanto ao arquivamento do inquérito, estudaremos logo adian-
vogado: examinar em qualquer repartição policial, te, mas é bom saber: o delegado não pode, nunca, arquivar um
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mesmo sem procuração, autos de flagrante e de in- inquérito policial. Vale a pena ser redundante aqui.
quérito, findos ou em andamento, ainda que con- Dispensável
clusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
O inquérito visa coletar indícios de autoria e materialida-
apontamentos.
de do crime para que o titular da ação penal possa ingressar
Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no inte- em juízo. Assim sendo, se ele tiver esses indícios colhidos por
resse do representado, ter acesso amplo aos elemen- outros meios, como por um inquérito não policial, o inquérito
tos de prova que, já documentados em procedimento policial se torna dispensável.
investigatório realizado por órgão com competência Assim, pode ser promovido um processo sem que seja
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do realizado um inquérito policial. Aproveitando o tópico, vamos
direito de defesa. falar de outras espécies de inquérito.
É comum, em questões de concurso público, perguntar so- Inquéritos extra-policiais ou não policiais: são aqueles
bre esse tema, e as questões geralmente falam que o sigilo do presididos por outras autoridades e não pelo do delegado de
inquérito se estende ao advogado, podendo o delegado negar polícia (Art. 4º do CPP).
a ele o acesso aos autos do inquérito policial. É evidente que Inquéritos parlamentares (CPI): presidido por parlamentares.
se trata de questão errada, uma vez que ao advogado e, para Inquéritos policiais militares: presididos por oficiais de
acabar de vez com a dúvida, o STF editou a Súmula Vinculante carreira, visa à apuração das infrações militares.
14. Sendo assim, o advogado pode se valer de duas ferramen- Inquéritos presididos pelo promotor (MP): não é possí-
tas, caso algum delegado viole o seu direito de acesso aos vel a presidência do IP por membro do MP, haja vista este ter
autos de inquérito: um mandado de segurança ou uma recla- o poder de requisitar a abertura de inquérito, a realização de
mação ao supremo, que é a ferramenta eficaz para combater o diligências, bem como fiscalizar a atuação da polícia judiciária.
desrespeito a uma súmula vinculante. O STF trouxe, em recente decisão, a possibilidade do pro-
É importante saber que o advogado somente tem acesso motor presidir investigação criminal, porém, esta não deve ser
confundida com a realizada a cargo da polícia. A investigação
aos autos do inquérito policial referente às investigações já
realizada sob a presidência do membro do MP conviverá har-
concluídas e passadas a termo, ele não deve e não pode ter
monicamente com a realizada pela polícia, assim como as de-
acesso às investigações em andamento, sendo tal acesso dis- mais formas de inquérito.
ponibilizado ao advogado após o término da diligência.
Devemos observar também o teor da Súmula 234 do STJ:
Ex.: Se um advogado, ao ter acesso aos autos do inqué-
A participação de membro do Ministério Público na
rito policial, ficar sabendo que a polícia está fazendo uma fase investigatória criminal não acarreta seu impedi-
interceptação telefônica das conversas de seu cliente e mento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
estiver mal intencionado, irá informar o seu cliente e pre- Ressaltamos mais uma vez que o promotor não pode pre-
judicar todo o sucesso das investigações. sidir um inquérito policial. É questão comum no mundo do
Apesar do inquérito policial ser sigiloso, o delegado, quan- concurso público e a resposta é negativa, pois somente o de-
do achar conveniente, pode quebrar o sigilo, prestando infor- legado de polícia, e mais ninguém, preside o inquérito policial.
mações à imprensa, tais como: diligências que serão realiza- Além disso, aquele pode presidir a sua própria investigação,
das, divulgar o retrato de um suspeito, etc. que não se confunde com a policial.
Oficialidade ou então que a vítima se mude definitivamente para outro lugar,
inviabilizando a sua audição. Nesse caso, não tem o que se falar
A realização do inquérito policial é atribuição de um órgão em contraditório e ampla defesa diferido, pois o exercício des-
oficial do Estado (Polícia Judiciária). ses direitos acontecerá durante a realização da prova, que será
Oficiosidade antecipada para o inquérito policial. Esse é o contraditório real.
Art. 225, CPP. Se qualquer testemunha houver de ausen-
Na maioria dos casos (crimes de ação penal pública in- tar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio
condicionada), a polícia judiciária é obrigada a investigar, de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o
independente de provocação de terceiros. Para isso, bas- juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das
ta que aconteça o crime e que, de alguma forma, a polícia partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
tome conhecimento para que ela atue de ofício, ou seja,
sem provocação. Vícios
Os vícios do inquérito policial são seus defeitos ou nulida-
Autoritariedade des e a dúvida é se aqueles podem ou não causar nulidades ao
O presidente do inquérito policial (delegado de polícia) é a processo futuro. A resposta é negativa, pois o inquérito policial
Autoridade oficial do Estado. não tem a força de condenar ninguém, sendo assim, os seus
defeitos serão apurados pelos órgãos competentes (correge-
Valor Probatório do Inquérito Policial doria, MP). Dessa forma, podemos concluir que o delegado
O Inquérito Policial tem valor probatório relativo, pois ele não pode ser considerado impedido ou suspeito de presidir o
serve para embasar o início do processo, mas não tem a força IP pelas futuras partes.
de, sozinho, sustentar uma sentença condenatória, porque as Prazos para a Conclusão dos Inquéritos Policiais
provas colhidas durante o IP não se submeteram ao contradi-
tório e à ampla defesa. Enfatizamos que o valor probatório é Autoridade Indiciado Preso Indiciado Solto
relativo, uma vez que não fundamenta uma decisão judicial,
porém pode dar margem à abertura de um processo criminal 30 dias prorrogáveis
Delegado Estadual pelo juiz por quan-
contra alguém. 10 dias improrrogáveis
Art. 10 do CPP tas vezes forem
Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apre- necessárias
ciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos Delegado Federal 15 dias prorrogáveis
Mesma regra do
elementos informativos colhidos na investigação, ressal- Art. 66 da Lei nº uma única vez por mais
delegado Estadual
vadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 5.010/66 15 dias
Investigações rela-
Provas Cautelares, Não 30 dias prorrogáveis

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tivas ao combate ao 90 dias prorrogáveis
uma única vez por mais
Repetíveis e Antecipadas tráfico de drogas e
30 dias
uma única vez
ao crime organizado
São as provas extraídas do IP e que têm a força de, even-
tualmente, sustentar uma sentença condenatória, conforme Toda prorrogação de prazo para a conclusão de um inqué-
orienta o Art. 155 do CPP. rito policial deve ser feita somente pelo juiz, pois o delegado
Provas Cautelares não tem essa competência.
São aquelas em que existe um risco de desaparecimento No caso das prorrogações referentes às investigações sobre
do objeto pelo decurso do tempo. Justificam-se pela necessi- tóxicos (Lei nº 11.343/2006), é condicionada a prévia oitiva do
dade, pela urgência. MP. Esta não vincula a decisão do juiz de prorrogar ou não o pra-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ex.: Interceptação telefônica, busca e apreensão. zo do inquérito, mas é uma formalidade que deve ser respeitada.
Provas Não Renováveis ou Irrepetíveis Incomunicabilidade
São colhidas na fase investigatória, porque não podem ser
A incomunicabilidade visava a impedir a comunicação
produzidas novamente na fase processual devido ao seu fácil
do suspeito preso com terceiros, durante um prazo de tem-
perecimento.
po, para que assim não viesse a interferir nas investigações.
Ex.: Perícia nos vestígios do crime.
Tal regra é considerada não recepcionada pela Constituição
Para que essas provas tenham valor probatório de justi- Federal, ou seja, ela não tem mais aplicação prática, pois a
ficar uma sentença na fase processual, é necessário que elas CF em seu Art. 136, que trata do Estado de Defesa, veda a
sejam submetidas à ampla defesa e ao contraditório diferido adoção dessa medida em tal ocasião. Então, o entendimen-
ou postergado, ou seja, durante a fase processual.
to é que se eu não posso utilizar da incomunicabilidade em
Prova Antecipada uma situação de anormalidade, não posso fazer uso dela
Aqui nos referimos às provas que, em regra, deveriam ser em caso de normalidade.
colhidas durante o curso do processo e não durante o inquérito É importante saber que a incomunicabilidade não foi re-
policial. Em alguns casos, é possível que o juiz antecipe a oitiva cepcionada pela CF e está tacitamente sem efeitos, mas suas
de uma testemunha para a fase das investigações, quando hou- regras são cobradas em questão de concurso público e vamos 487
ver receio de que ela morra (idade avançada ou doença grave), estudá-las, a fim de que possamos enfrentá-las com facilidade.
Regras res de 18 anos de idade ou loucos). Além de comunicar o crime,
488 também serve como um pedido para que a polícia inicie as in-
Cabimento:
vestigações.
» Interesse da sociedade.
Segundo o CPP, diante de um requerimento, o delegado
» Conveniência da investigação o exigir. pode se recusar a iniciar as investigações e, neste caso, é cabí-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Prazo: vel recurso ao chefe de polícia (Art. 5º, §2º, do CPP). O código
» 3 dias. usa a expressão chefe de polícia, entretanto, tal cargo hoje não
Forma: existe mais, mas é a resposta certa para a sua prova. Pense
» Decreto fundamentado do juiz a requerimento assim: O delegado pode negar o requerimento? SIM. Cabe re-
do delegado ou do MP. curso ao Requerente? SIM. A quem é encaminhado o recurso?
A incomunicabilidade não atinge o juiz, o MP e os advo- Ao Chefe de Polícia.
gados. ▷ Requisição
É a comunicação do crime feita à autoridade policial pelo
Notícia Crime promotor ou pelo juiz e também uma determinação para o
Notícia crime (notitia criminis) é a forma como é denomi- início das investigações. O delegado não pode se recusar a
nado o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da cumprir uma requisição.
autoridade policial de um fato aparentemente criminoso. Por É importante falarmos que, apesar da requisição ser si-
meio dela, a autoridade policial dará início às investigações. nônimo de ordem, o delegado não é subordinado hierarqui-
Destinatários da Notícia Crime camente ao MP ou ao Juiz, entretanto, a requisição é uma
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ordem lastreada na lei. O Art. 13, § 2º, do CPP, determina que


Um fato aparentemente criminoso pode ser comunicado aquele deve cumprir as requisições emanadas pelo juiz ou
ao Juiz, ao MP ou ao Delegado. pelo membro do MP.
Quando quem recebe a notícia crime é o juiz ou o MP, eles Caso o delegado se negue a cumprir uma requisição, ele
requisitarão ao delegado o início das investigações. será responsabilizado na esfera administrativa e, em tese,
Classificação da Notícia Crime pode haver responsabilização criminal por prevaricação, e
não por desobediência, pois não existe desobediência de
Ela é classificada em direta ou indireta, conforme veremos um servidor público para outro.
a seguir:
▷ Delação
Notícia Crime Direta (Cognição É a comunicação do crime realizada por um terceiro iden-
Imediata ou Espontânea) tificado, também visa a pedir que a polícia inicie as investiga-
A autoridade policial toma conhecimento de um fato su- ções. A delação só é cabível em crimes de ação penal pública
postamente criminoso por meio da atuação da própria polícia, incondicionada.
quando noticiado o crime pela imprensa ou comunicado ano- ▷ Representação
nimamente por um particular.
É a comunicação do crime e também uma autorização para
Quanto à anônima, também chamada de notícia crime que o Estado atue, seja investigando, seja processando o possí-
apócrifa, é uma forma de comunicação válida do crime, haja vel autor. A representação é apresentada pela vítima ou por seu
vista a existência, em todos os Estados, do serviço de disk-de- representante legal nos crimes de ação penal pública condicio-
núncia, pelo qual as pessoas podem comunicar delitos sem se nada a ela.
identificarem.
É importante saber que a falta da representação, nos casos
É comum encontrarmos questões de concursos falando em que a investigação dependa dela, impede definitivamente a
que tal modalidade de notícia é inválida, pois a CF veda o ano- atuação do Estado, ou seja, a polícia não pode investigar o fato,
nimato. Tal afirmativa está errada, porque apesar da CF vedar não pode lavrar um auto de prisão em flagrante e não haverá
o anonimato, a denúncia anônima, hoje, é estimulada pelos processo.
órgãos oficiais do Estado responsável pela persecução do cri-
me. Antes que uma comunicação anônima leve a instauração ▷ Requisição do Ministro da Justiça
do inquérito, a autoridade policial deverá realizar diligências É a comunicação do crime e também uma autorização
preliminares a fim de constatar se existe possibilidade da de- política para que o delegado inicie as investigações. Será
claração anônima ser verdadeira. necessária especificamente em crimes de ação penal pública
condicionada à requisição do Ministro da Justiça, a qual não
Notícia Crime Indireta (Cogni-
tem caráter de ordem como a do juiz ou do promotor. O nome
ção Mediata ou Provocada) requisição foi adotado, porque o ato é praticado por uma au-
A polícia judiciária toma conhecimento do crime por meio da toridade da alta cúpula do Poder Executivo.
comunicação de um terceiro identificado.
A falta da requisição do Ministro da Justiça nos casos em
• Espécies de Notícia Crime Indireta que a apuração do fato dependa dela tem os mesmos efeitos da
▷ Requerimento falta da representação, pois impede a investigação pela polícia,
É a comunicação de um fato supostamente criminoso, rea- a lavratura de auto de prisão em flagrante e ainda o início do
lizado pela vítima ou por seu representante legal (para meno- processo.
Notícia Crime com Força Coercitiva VIII. Ordenar a identificação do indiciado pelo proces-
so datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos
ou Notícia Crime por Apresentação sua folha de antecedentes;
É comunicação de um crime decorrente de uma prisão em IX. Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o
flagrante, porque a notícia crime se manifesta com a simples
ponto de vista individual, familiar e social, sua con-
apresentação do autor do delito à autoridade policial, pela
pessoa que realizou a prisão. Essa modalidade de notícia crime dição econômica, sua atitude e estado de ânimo
pode ser classificada como direta ou indireta. antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
Direta: prisão em flagrante realizada por forças policiais. outros elementos que contribuírem para a aprecia-
ção do seu temperamento e caráter.
Indireta: prisão em flagrante feita por qualquer pessoa do
povo. Reprodução Simulada do Fato
Também chamada de reconstituição do crime, é uma di-
Procedimentos do Inquérito Policial ligência prevista no Art. 7º do CPP, cobrada em questões de
Após estudarmos as regras fundamentais sobre o inqué- concursos públicos com frequência.
rito policial, podemos ver os procedimentos adotados na sua
confecção. São eles: o início, o desenvolvimento e o final do A reprodução simulada do fato é a famosa reconstitui-
Inquérito Policial. ção do crime; tem a finalidade de verificar se a infração foi
praticada de determinado modo. Nesse caso, o suspeito
Início não é obrigado a contribuir com a diligência, mas é obri-
Após o recebimento da notícia crime, o delegado dá início gado a comparecer.
ao inquérito policial através de um documento chamado POR-
Não será admitida uma reprodução simulada do fato que
TARIA. Ela é a peça que inicia o inquérito policial e nela deve
contrarie a moralidade ou a ordem pública. Imagine uma re-
conter as seguintes informações:
produção simulada do fato que tentasse reproduzir um crime
▷ O fato a ser investigado.
de estupro; não é possível, pois estaria contrariando a morali-
▷ Envolvidos.
dade. Ou imagine uma reconstituição do delito que tentasse
▷ Diligências a serem imediatamente realizadas. reproduzir um incêndio; também não é possível, porque esta-
▷ Determinação do início das investigações. ria contrariando a ordem pública.
Desenvolvimento Indiciamento
O IP se desenvolve por meio da realização de diligências
É o ato da autoridade policial que comunica a uma pessoa
que objetivam apurar a autoria e a materialidade do crime. O que ela é a suspeita de ter praticado determinado crime e está

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Art. 6º do CPP traz um rol exemplificativo de algumas diligên- sendo investigada em um inquérito policial. O indiciamento
cias que podem ser adotadas pela polícia judiciária no curso de não é um ato discricionário, pois se fundamenta nas provas
um inquérito policial. colhidas durante as diligências. Se as provas apontam um sus-
Esse rol é exemplificativo, pois o inquérito é um procedi- peito, ele DEVE ser indiciado; se não apontam, o delegado não
mento discricionário, ou seja, o delegado tem liberdade para pode indiciar ninguém.
escolher as diligências que achar conveniente para o sucesso
da investigação. A seguir, veja a redação do Art. 6º do CPP. Indiciado Menor
Art. 6º. Logo que tiver conhecimento da prática da infra- O CPP, em seu Art. 15, fala da figura do indiciado menor
ção penal, a autoridade policial deverá: que era a pessoa suspeita de ter praticado determinado cri-
me e que tinha entre 18 e 21 anos na data do fato. Segundo o
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
I. Dirigir-se ao local, providenciando para que não
se alterem o estado e conservação das coisas, até código, nesse caso, o acusado deveria ser acompanhado de
a chegada dos peritos criminais; um curador. Entretanto, esse artigo está tacitamente revogado
pelo Código Civil, pois à época da edição do código de proces-
II. Apreender os objetos que tiverem relação com o so penal, a maioridade civil era atingida somente aos 21 anos,
fato, após liberados pelos peritos criminais; e tal regra foi alterada no ano de 2002. Sendo assim, a maiori-
III. Colher todas as provas que servirem para o es- dade hoje é atingida aos 18 anos de idade, ou seja, não existe
clarecimento do fato e suas circunstâncias; mais o indiciado menor, porque ninguém é menor de idade
IV. Ouvir o ofendido; tendo entre 18 e 21 anos. Essa norma então está tacitamente
V. Ouvir o indiciado, com observância, no que for apli- revogada.
cável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por Final do Inquérito Policial
duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; Após a abertura do inquérito, realizada por meio da porta-
VI. Proceder a reconhecimento de pessoas e coisas ria, e o seu desenvolvimento, veremos o seu desfecho.
e a acareações; O inquérito policial é finalizado com a produção de um do-
VII. Determinar, se for caso, que se proceda a exa- cumento chamado relatório. Nele, o delegado vai relatar as di- 489
me de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; ligências realizadas, dentre outras. Veja as suas características:
▷ É uma peça descritiva.
490 ▷ Vai indicar as diligências realizadas durante o IP. Homologar Concorda
▷ Justifica as diligências que não foram realizadas por
algum motivo.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Requerer o
▷ O delegado não deve emitir opinião. Promotor Juiz
Arquivamento
Após a confecção desse relatório o inquérito policial estará
concluído.

Destino do Relatório Discorda


Encaminha o Procurador
IP ao Geral
Concluído o relatório, o delegado o encaminhará ao Juiz e
este irá remetê-lo ao Ministério Público. O Procurador de Justiça, nesse caso, poderá adotar as
Classificação dos Destinatários seguintes medidas:
Os destinatários do relatório são classificados da seguinte ▷ Caso concorde com o juiz:
forma: » Oferecer a denúncia.
» Destinatário IMEDIATO: MP » Designar outro membro do MP para oferecer a
denúncia.
» Destinatário MEDIATO: Juiz
Neste caso, o Procurador de Justiça somente pode designar
É pertinente reparar na inversão que temos aqui. O de- outro promotor para oferecer a denúncia e não pode determinar
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legado encaminha o relatório ao juiz (destinatário mediato) que o mesmo que requereu o arquivamento apresente a acu-
que encaminha ao promotor (destinatário imediato). Essa sação, pois os membros do MP tem independência funcional, e
classificação não leva em consideração a ordem de rece- se o promotor entendeu que não há denúncia a oferecer, não é
bimento e sim a finalidade dada por essas autoridades ao justo que este deva oferecê-la simplesmente por que o Procura-
inquérito. O juiz exerce um certo controle e, por isso, ele é dor de Justiça determinou, pois assim não haveria empenho do
destinatário também do inquérito, mas o inquérito policial promotor para conduzir o processo.
é feito para que o titular da ação penal, em regra o MP, pos- ▷ Caso o Procurador de Justiça concorde com o Promotor:
sa promover o processo. » Determina o arquivamento do IP e, nesse caso,
o juiz está obrigado a arquivar.
Ministério É importante notarmos o procedimento que leva ao arqui-
Delegado Juiz
Público vamento do inquérito policial. Quem arquiva é somente o juiz,
mas desde que provocado pelo MP, ou seja, o juiz não pode
De posse do inquérito policial, o promotor terá as arquivar o IP de ofício; o ato de arquivamento do inquérito po-
seguintes opções: licial é considerado complexo, pois depende da manifestação
de vontade de dois órgãos, um que requere (MP) e outro que
▷ Iniciar a Ação Penal
homologa (Judiciário).
Acontece através do oferecimento da denúncia. Resulta
do êxito obtido pelo IP, ou seja, ele conseguiu provas da mate- Efeitos do Arquivamento do IP
rialidade do crime e traz indícios de autoria. Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a re-
▷ Requisitar Novas Diligências ao Delegado querimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser
Caso o inquérito policial não tenha conseguido colher os iniciada sem novas provas (Súmula 524 do STF). Assim sendo,
indícios necessários de autoria e materialidade do crime, mas o arquivamento do IP veda o oferecimento da denúncia para a
as investigações estejam no caminho certo. É a hipótese que promoção da ação penal, mas tal vedação não é absoluta, pois,
justifica a prorrogação de um inquérito policial. se surgirem novas provas, a acusação poderá ser oferecida e
▷ Requerer o Arquivamento do IP ao Juiz ser iniciada a ação penal.
Caso o MP entenda que o inquérito não obteve êxito al- Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do
gum, não prova nem quanto ao fato nem quanto a autoria. inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
Arquivamento do Inquérito a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
Quando o MP entender que o inquérito não obteve êxito Essa regra também é importante, pois encontramos, com
algum, não prova nada quanto a fato ou quanto à autoria, nem frequência, questões de concurso falando que, se surgirem no-
existe, no momento, expectativa de que novas diligências vão vas provas, a autoridade policial poderá proceder a novas pes-
mudar esse cenário, o promotor irá requerer ao juiz o arquiva- quisas, desde que autorizado pelo poder judiciário. Tal questão
mento do inquérito policial e, caso este concorde com o pedi- está errada, uma vez que não é necessária autorização alguma.
do, ele irá homologá-lo, arquivando o IP. Se discordar do pedi- O simples surgimento de novas provas autoriza a polícia a rei-
do, ele irá encaminhar ao Procurador Geral de República (Nível niciar as investigações, independente de autorização judicial,
Federal), para que este decida sobre o arquivamento do IP. pois a lei já autorizou.
Conjugando o Art. 18 do CPP, acima estudado, com a Súmula Processo Judicialiforme: Previsto no Art. 26 do CPP, era a
524 do STF, concluímos que o arquivamento do inquérito policial possibilidade do delegado ou juiz, por meio de uma portaria,
não tem caráter definitivo, porque, em regra, quando surgirem exercer a Ação Penal Pública. O instituto não foi recepcionado
novos indícios, a investigação poderá ser reiniciada pela polícia pela CF, estando tacitamente revogado, pois a esta declara ex-
judiciária independente de autorização judicial. pressamente que pertence ao MP privativamente o exercício
desse direito.
Arquivamento Definitivo
Existe uma única hipótese em que o arquivamento do in- Ação Penal Pública
quérito policial terá um caráter definitivo quanto ao fato in-
vestigado, ou seja, funcionará como uma sentença absolutória Princípios / Características
transitada em julgado, acabando definitivamente com qual- Obrigatoriedade/Compulsoriedade: havendo provas sufi-
quer acusação contra uma pessoa referente àquela situação. cientes e preenchidas as condições legais, a ação penal pública
Isso acontece quando o promotor requerer o arquivamen- é obrigatória, em decorrência do dever funcional do promotor.
to do IP alegando que o fato é atípico, ou seja, não constitui Indisponibilidade: o promotor não poderá desistir da ação
iniciada. Ele pode requerer a absolvição do réu caso se conven-
crime, e o juiz homologa esse pedido de arquivamento.
ça da inocência deste. Mas, mesmo que o promotor requeira a
É comum questão de concurso falar que quando o fato é absolvição, recorra em favor do réu, ou até mesmo ingresse
atípico ou presente um excludente de ilicitude, o arquivamento com HC, não significa que ele está desistindo da ação, pois se-
do inquérito será definitivo. Questão errada, pois é definitivo ria ficar inerte, deixando de agir.
quando baseado, unicamente, em fato atípico, excludente de Divisibilidade (STF/STJ): a ação penal pública pode ser
ilicitude não causa tal efeito. desmembrada, tendo o seu início contra parte dos criminosos
e depois a respectiva complementação via aditamento para o
Termo Circunstanciado lançamento dos demais (posição adotada pelo CESPE).
de Ocorrência (TCO) A doutrina majoritária, entretanto, entende que a ação pe-
Na apuração dos crimes de menor potencial ofensivo (cri- nal pública é indivisível, pois, já que todos precisam ser pro-
mes com pena máxima de até 2 anos e todas as contravenções cessados, o aditamento nada mais faz do que consolidar o polo
comuns), o IP será substituído pelo Termo Circunstanciado de passivo da ação (não é a posição adotada pelo CESPE).
Ocorrência. Este será lavrado no momento da prática criminosa Intranscendência / Pessoalidade: os efeitos da ação penal
pela polícia civil ou militar e será diretamente encaminhado ao não ultrapassam a figura do réu.
juizado especial criminal, para que se processe o julgamento. Autoritariedade: o titular da ação pública é autoridade pú-
blica: Promotor de Justiça
4. Ação Penal

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Oficialidade: a titularidade da ação pública é conferida a
Ação Penal é o direito público subjetivo, previsto na Cons- um órgão oficial do Estado (MP).
tituição Federal, de exigir do Estado, por meio do seu poder Oficiosidade (Ex officio): o MP vai atuar, em regra, de ofí-
jurisdicional, a aplicação da pena ao autor do crime. Assim cio, ou seja, sem a necessidade de provocação ou autorização
sendo, ação não é o processo, mas o direito de exigir que seja de terceiros.
processado o causador de um delito para que o Estado possa
aplicar ao criminoso a pena prevista na lei. Início da Ação Penal Pública
Conceito de Processo A ação penal é iniciada com o oferecimento da denúncia
É a ferramenta que vai efetivar o direito de ação, com a pelo MP. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

aplicação da lei ao caso concreto. Prazo Indiciado preso Indiciado solto


Oferecimento da Denúncia 5 dias 15 dias
Classificação das Ações
O prazo para o oferecimento da queixa é de 5 dias, caso o
(Titular do Direito) indiciado esteja preso, e de 15 dias se estiver solto.
Ação Penal Pública O prazo de 15 dias é impróprio, pois, estando o indiciado
É aquela cuja titularidade pertence privativamente ao Mi- solto, o promotor pode oferecer a denúncia até que ocorra a
prescrição do crime. Entretanto, se o promotor não cumprir
nistério Público, pois este é o órgão de acusação oficial do Es-
esse prazo, é oportunizado à vítima, ou seu representante le-
tado (Art. 129, I, da CF e Art. 257 do CPP).
gal, o direito de queixa, para iniciar a ação penal privada sub-
Ação Penal Privada sidiária da pública.
É aquela titularizada pela própria vítima, ou o seu re- Espécies / Modalidades
presentante legal, que vai atuar na condição de substituição
processual, pois aquela atua em nome próprio pedindo um Ação Penal Pública Incondicionada
direito alheio que pertence ao Estado, qual seja, o direito de É aquela em que o MP pode atuar de ofício, sem necessi- 491
punir (jus puniendi). dade de provocação (representação ou requisição do Ministro
da Justiça). A maioria dos crimes são de ação penal pública ▷ Prazo da representação:
492 incondicionada. Seis meses contados do dia do conhecimento do autor do
De acordo com o Art. 100 do CP, quando o texto de lei que crime.
disciplina um determinado delito é omisso, entendemos que Natureza do prazo: Decadencial
este é de ação pública incondicionada. Esse prazo é fatal, ou seja, não se interrompe, se sus-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

pende, e ou se prorroga, e a sua perda ocasiona a perda do


Ação Penal Pública Condicionada direito de representar, havendo assim a preclusão. Para con-
É aquela titularizada pelo MP, mas que tem o seu exercício tarmos o período, usaremos a seguinte técnica: considera-se
subordinado a uma condição, a qual tanto pode ser a manifes- o dia do conhecimento do autor do crime pela vítima (1º dia)
tação de vontade do ofendido ou de seu representante legal e exclui-se o último dia.
(representação), como também a requisição do Ministro da Ex.: A vítima descobre quem é o autor do delito no dia
Justiça. Vejamos agora as características especiais da repre- 30 de março de 2011. Esse será o primeiro dia da conta-
sentação e da requisição. gem. Após seis meses, teríamos o dia 30 de setembro
Como condições de procedibilidade para a apuração do de 2011, porém, excluímos o último dia e temos então o
suposto evento criminoso, em alguns casos, a lei penal exige dia 29 de setembro de 2011.
uma manifestação de vontade da vítima ou do seu represen- ▷ Retratação da representação:
tante legal, bem como, em outras hipóteses, a lei penal exige Em consequência da representação, a vítima ou seu re-
uma autorização expressa do Ministro da Justiça. Nesses casos,
presentante legal poderá se arrepender e retratar-se até antes
temos a representação e a requisição do Ministro Justiça. As
do oferecimento da denúncia, que se caracteriza pelo ato do
características dessas duas condições representam o conteúdo
promotor de apresentá-la ao juiz para que ação seja iniciada.
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mais cobrado do tema ação penal pública, sendo assim, veja-


mos as suas regras: ▷ Retratação da retratação da representação
Caso a vítima, após se retratar de uma representação, se
• Representação
arrependa novamente, ela pode representar de novo até o es-
É o pedido e ao mesmo tempo a autorização necessária gotamento do prazo que ela tem para apresentar a represen-
para que a persecução penal possa ser iniciada, ou seja, é uma tação, ou seja, 6 meses contados do momento em que a vítima
condição subjetiva de procedibilidade. Assim sendo, sem a re- descobriu quem é o autor do delito, ou seja, “cabe retratação
presentação, não haverá ação, inquérito e nem mesmo a lavra- da retratação da representação” (expressão da banca CESPE).
tura do auto de flagrante. ▷ Forma (STF/STJ):
ї Legitimidade Ativa (quem pode representar): A representação não tem forma especial, ou seja, pode ser
» Vítima. apresentada oralmente ou por escrito a qualquer dos destina-
» Representante legal. tários.
» Casos Especiais. ▷ Efeitos da Representação:
Caso a vítima represente ao MP ou ao Juiz, essas autori- Caso a vítima, ao representar, cite parte dos infratores e o
dades requisitarão ao delegado que instaure o inquérito, se MP conclua que o crime foi praticado por outra pessoa ou por
necessário para a Ação. mais, ele está autorizado a oferecer denúncia contra todos os
O emancipado pela lei civil (por exemplo: menor que se demais agentes, porque é o promotor o titular da ação penal
casa) não tem legitimidade para representar, devendo o juiz e a vítima representa contra o fato e não contra as pessoas.
nomear curador especial para que possa apresentar a repre- Assim sendo, a representação não vincula o promotor, pois ele
sentação em favor do emancipado, afinal de contas, a maiori- não é obrigado a oferecer a acusação contra os suspeitos cita-
dade civil não tem efeitos na esfera penal. dos na representação. Se o membro do MP acredita que, ape-
Caso a vítima venha a falecer, ou seja, declarada ausente sar da representação, o fato não constitui crime ou que houve
pelo juizado cível, o direito de representar vai ser transferido delito, mas não foi encontrado o suspeito, ele não é obrigado a
às seguintes pessoas: cônjuge, ascendentes, descendentes e oferecer a denúncia, já que a representação autoriza a atuação
irmãos. Esse rol é preferencial e taxativo. do Estado, não o obriga a atuar diante de um fato que não seja
criminoso.
C = Cônjuge
▷ Requisição do Ministro da Justiça
A = Ascendentes
É o pedido e ao mesmo tempo a autorização de caráter
D = Descendentes eminentemente político que condiciona o início da perse-
I = Irmãos cução penal. Sem ela não há inquérito policial, processo e
As pessoas jurídicas também poderão representar, desde lavratura do auto de flagrante. Assim sendo, a requisição
que o façam por intermédio da pessoa indicada no respectivo do Ministro da Justiça é uma condição de procedibilidade;
contrato ou estatuto social, ou, no silêncio desses, pelos seus sem ela, nenhuma providência pode ser tomada contra o
diretores ou sócios-gerentes (Art. 37 do CPP). infrator.
▷ Destinatário (Legitimidade Passiva): ▷ Legitimidade Ativa (quem pode representar)
» Delegado (IP). » Ministro da Justiça
» Ministério Público. ▷ Destinatário (Legitimidade Passiva)
» Juiz. » Procurador Geral da República
▷ Prazo é a mesma regra da contagem realizada para a decadência da
Não há prazo para que o Ministro da Justiça apresente a representação, estudado anteriormente.
requisição, podendo apresentá-la até que ocorra prescrição do ▷ Renúncia
crime. A renúncia ocorre pela declaração expressa da vítima de
▷ Retratação que não deseja exercer a ação, ou acontece quando ela pra-
A doutrina moderna entende que a requisição é retratá- tica um ato incompatível com esta vontade (renúncia tácita).
vel, em analogia ao que ocorre com a representação da vítima. Exemplo: temos a vítima que mantém relação de amizade, in-
Entretanto, consagrados autores, como Tourinho Filho, enten- timidade com o criminoso mesmo após a ocorrência do crime;
dem que o ato é irretratável, não só por ausência de previsão vítima que convida o criminoso para ir a uma festa durante o
legal, mas também porque a retratação caracterizaria imaturi- prazo para apresentação da queixa.
dade do Ministro, comprometendo a imagem política do país » A renúncia tácita admite qualquer meio de pro-
(posição prevalente para concursos). va legal.
Os tribunais superiores nunca julgaram a matéria, sendo » A consequência da renúncia é a extinção da pu-
absolutamente omissos em relação à possibilidade ou não da nibilidade.
retratação do Ministro.
▷ Efeitos da Requisição do Ministro da Justiça Disponibilidade
Caso o Ministro da Justiça, na sua requisição, se mani- A vítima poderá desistir da ação que ela tenha iniciado,
feste apenas contra parte dos infratores, está o MP autori- assim sendo, tem a faculdade de decidir se continua ou desiste
zado a oferecer denúncia contra todos os demais agentes, da causa iniciada.
pois é o promotor o titular da ação penal. Assim sendo, a • Institutos Derivados do Princípio da Disponibilida-
requisição não vincula este, pois ele não é obrigado a ofe- de
recer a denúncia contra os suspeitos citados na requisição, ▷ Perdão
porque se o membro do MP acredita que, apesar da requi-
sição, a situação não constitui crime ou que houve crime, É o instituto que permite que a vítima desista da ação em
mas não foi encontrado o suspeito, ele não é obrigado a curso. Pode ser expresso, quando ela declara que não deseja
oferecer a delação, pois a representação autoriza a atuação continuar com o processo, ou tácito, praticando um ato incom-
do Estado, mas não o obriga a atuar diante de um fato que patível com essa vontade.
não seja criminoso. Como perdão tácito, ver o exemplo trazido na renúncia
tácita.
Ação Penal Privada O perdão pode ser ofertado até o trânsito em julgado da
É aquela titularizada pela própria vítima, ou o seu re- sentença.
presentante legal, que vai atuar na condição de substitui- Ele admite qualquer meio de prova legal.

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ção processual, pois ela atua em nome próprio, pedindo » Bilateralidade do Perdão
um direito alheio que pertence ao Estado, qual seja, o direi- Os efeitos do perdão (extinção da punibilidade) estão con-
to de punir (jus puniendi). dicionados à aceitação dele pelo querelado.
Nomenclatura » Procurador
Vítima Querelante Tanto o oferecimento do perdão quanto a sua aceitação
podem ser apresentados por procurador, desde que este pos-
Réu Querelado sua PODERES ESPECIAIS.
Petição Inicial Queixa-crime » Aceitação Tácita
Caso o querelante ofereça o perdão por meio de uma peti-
Princípios / Características
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ção nos autos, o juiz estará incumbido em notificar o réu, que


Oportunidade em 3 dias deverá se manifestar. Se este se calar, será entendido
A vítima tem a faculdade de ingressar ou não com a ação, que houve aceitação tácita do perdão.
de acordo com a sua conveniência. ▷ Perempção
• Institutos Derivados do Princípio da Oportunidade É a penalidade imposta ao querelante negligente ocasio-
nada pelo descaso da vítima na condução da ação privada.
▷ Decadência
As hipóteses de perempção são apresentadas de forma
É a perda do direito de agir, pelo decurso do prazo, que é, exemplificativa no Art. 60 do CPP e que, por consequência,
em regra, de 6 meses, contados do dia em que a vítima tem co-
levam à extinção da punibilidade. Veja a redação desse artigo:
nhecimento do responsável pelo crime. Geralmente, as questões
de concurso tentam confundir o candidato, falando que a con- Art. 60. Nos casos em que somente se procede me-
tagem do prazo para a apresentação da queixa-crime inicia o a diante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
partir da prática do delito, o que está errado, pois o tempo para I. Quando, iniciada esta, o querelante deixar de
apresentar a denúncia começa a decair a partir do momento em promover o andamento do processo durante 30
que a vítima descobre quem é o autor do crime. dias seguidos;
A consequência da decadência é a extinção da punibilidade. II. Quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo 493
Seu prazo é contado nos termos do Art. 10 do CP, ou seja, sua incapacidade, não comparecer em juízo, para
prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 Ação Penal Privada Personalíssima
494 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem cou- Essa modalidade de ação penal privada tem somente
ber fazê-lo, ressalvado o disposto no Art. 36; um titular, qual seja, a vítima. Não há representante legal e
III. Quando o querelante deixar de comparecer, nem sucessão por morte ou ausência.
sem motivo justificado, a qualquer ato do processo
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

O único crime de ação personalíssima está no Art. 236 do


a que deva estar presente, ou deixar de formular o CP: o crime de induzimento ou ocultação de impedimento ao
pedido de condenação nas alegações finais; casamento.
IV. Quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta
Ação Penal Privada Subsidiária da Pública
se extinguir sem deixar sucessor.
Tem seu fundamento no Art. 5º, LIX, da CF, e na hipótese
Indivisibilidade de o MP, nos casos de ação penal pública, não apresentar a
Caso a vítima opte por exercer a ação, deverá fazê-la con- denúncia nos prazos estabelecidos em lei (5 dias para o agen-
tra todos aqueles que contribuíram para o delito e que ela tem te preso ou 15 dias para o agente solto), a vítima, ou seu re-
conhecimento. Ou seja, ou processa todos, ou nenhum. presentante legal, poderá ingressar com a ação penal privada
Cabe ao promotor, como fiscal da lei, zelar pelo respeito ao subsidiária da pública. (Art. 29 do CPP).
princípio da indivisibilidade. » Prazo
• Consequências do Descumprimento Seis meses, contados do esgotamento do prazo que o
Caso a vítima, sabendo quem são todos os infratores, pro- promotor tinha para oferecer a denúncia, qual seja, 5 dias
cesse apenas parte deles, estará renunciando ao direito em fa- para o agente preso ou 15 dias se ele está solto.
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vor dos não processados, o que leva à extinção da punibilidade » Poderes do MP


em favor de todos. Por sua vez, se deseja apresentar o perdão, O promotor vai funcionar na ação penal privada subsidiária
caso ela faça em favor de parte dos infratores, o ato se esten- da pública como fiscal e ele tem amplos poderes para:
derá a todos que desejem aceitar o perdão. Ou processa todos I. Propor prova;
os envolvidos, ou nenhum. Ou perdoa todos os envolvidos, ou II. Apresentar recursos;
nenhum. III. Complementar a ação (inclusive lançando mais
Intranscendência /Pessoalidade réus);
Os efeitos da ação penal privada não ultrapassam a figura IV. Caso a vítima desista da ação, ela será afastada
do réu. e o promotor retoma a ação como parte principal
(na ação privada subsidiária não há perdão nem
Quadro Comparativo
perempção).
Ação Penal Pública Ação Penal Privada
Caso o promotor entenda que não houve inércia da sua
Obrigatoriedade Oportunidade parte, ele irá repudiar a petição apresentada pelo advogado
Indisponibilidade Disponibilidade da vítima (queixa-crime substitutiva) e, na sequência, ofere-
Divisibilidade Indivisibilidade cerá denúncia (substitutiva).
Intranscendência Intranscendência Ação Penal em Alguns Casos Especiais
Oficialidade
Oficiosidade Ação Penal nos Crimes Sexuais
Autoritariedade Os crimes sexuais, com a reforma do Código Penal, são de
ação penal pública condicionada à representação, ainda que
Espécies (Classificação) resulte lesão grave, gravíssima ou até mesmo a morte.
Ação Penal Privada Exclusiva (Propriamente Dita) A Súmula 608 do STF, declarando que o estupro praticado
É a ação exercida pela própria vítima ou por seu represen- com agressão física seria em regra de ação pública incondicio-
tante legal (vítima < 18 anos). nada, não tem mais eficácia em razão da nova redação do Art.
225 do CP, já que a lei passa a ser a ação pública condicionada.
• Sucessão por Morte ou Ausência
Exceções (casos de ação penal pública incondicionada):
Caso a vítima venha a falecer, ou seja, declarada ausente » Vítima menor de 18 anos.
pelo juizado cível, o direito de representar vai ser transferido » Vítima não possui capacidade de resistir (Vul-
às seguintes pessoas: cônjuge, ascendentes, descendentes e nerável).
irmãos. Esse rol é preferencial e taxativo.
C = Cônjuge Ação Penal nos Crimes contra a Honra
Nos crimes contra a honra (calúnia, injúria ou difamação),
A = Ascendentes
a regra é a ação penal privada. Entretanto, nos casos de in-
D = Descendentes júria com conotação discriminatória, a modalidade de ação é
I = Irmãos pública condicionada à representação, fazendo de tal hipótese
uma exceção à regra. Também desta forma é a ação penal nos 1ª Regra: Teorias Territoriais
crimes contra a honra do funcionário público, em que dispõe • Teoria do Resultado (Art. 70 caput do CPP)
o funcionário da ação penal privada ou da ação penal públi-
É a regra no processo penal e por ele o juízo territorialmen-
ca condicionada à representação, podendo ele utilizar a que
te competente é o que atua no local da consumação do delito,
achar mais adequada. ou seja, onde ocorreu o resultado do crime.
Segundo o STF, na Súmula 714, o funcionário público, Ex.: Mévio foi assaltado na cidade de Cascavel, então, o
quando vítima de um crime contra a honra, terá duas possibi- juiz territorialmente competente é de Cascavel, não im-
lidades, podendo representar. Neste caso, a ação será pública portando se a justiça será a especial ou a comum, pois foi
condicionada ou poderá contratar advogado e a ação será pri- nessa cidade que houve a consumação do crime.
vada. Isso é o que se chama de legitimidade concorrente.
Entretanto, em muitos casos não podemos aplicar a teoria
Súmula 714 do STF. É concorrente a legitimidade do do resultado para definir o juiz territorialmente capacitado,
ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, porque o crime pode ficar na tentativa, não sendo consumado.
condicionada à representação do ofendido, para a ação Então adotaremos a seguinte teoria:
penal por crime contra a honra de servidor público em
razão do exercício de suas funções. • Teoria da Ação /Atividade
A competência territorial é definida pelo local da prática
5. Jurisdição e Competência dos atos executórios, pouco importando o momento da con-
sumação do crime. Ela é aplicada nos seguintes casos:
Jurisdição: é o poder-dever, previsto na Constituição Fede- ▷ Crimes Tentados.
ral, conferido ao poder judiciário de aplicar a lei ao caso concre- ▷ Lei nº 9.099/95 - Jecrim.
to, visando à solução do crime. ▷ Homicídio Doloso (STJ).
Competência: é a medida da jurisdição, ou seja, a compe- Segundo o STJ, o homicídio doloso será julgado no local
tência é a quantidade de poder previamente disciplinada pela da ação, pela facilidade na produção de provas e para mostrar
lei, atribuída a um juiz ou a um tribunal. Assim sendo, pelas uma melhor resposta à sociedade. É a mesma regra dos inqué-
regras de competência, nós vamos descobrir a seguir o juiz rito policiais.
competente a julgar um determinado crime.
• Teoria da Ubiquidade (híbrida, mista)
O estudo da jurisdição e competência se resume em en-
É a chamada teoria do “tanto faz”, o que significa que
contrar: o juiz de qual local e justiça irá julgar o crime, ou seja,
tanto faz o local da prática dos atos executórios ou o do re-
é a busca pelo juiz competente para avaliar o delito, conforme
sultado. Ela é aplicada aos crimes à distância (são aqueles
veremos abaixo. em que a ação se origina no Brasil e o resultado ocorre no

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estrangeiro ou ainda quando a ação se origina no estrangeiro
Classificação da Competência e o resultado ocorre no Brasil).
Razão do Ex.: Tício envia uma carta-bomba de Foz do Iguaçu,
no PR, a um desafeto seu que está na Cidade do Leste,
Local
no Paraguai, e quando o destinatário recebe a carta
e a abre, explode e morre. Nesse caso, a prática dos
Razão da atos executórios se deu na cidade de Foz do Iguaçu e
Material
Matéria o resultado no Paraguai, então, o juiz territorialmen-
te competente é o de Foz do Iguaçu, pois foi o local
no Brasil que ocorreu a ação. Agora, veja o contrá-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Razão da
Pessoa rio: uma carta bomba é confeccionada no Paraguai e
Competência enviada a uma pessoa no Rio de Janeiro (RJ), que a
Fases do abre e morre. Então, temos a prática dos atos execu-
Processo tórios no Paraguai e o resultado no Rio de Janeiro, as-
sim sendo, o juiz que irá julgar o caso é o do Rio, pois
foi o local no Brasil em que o crime gerou resultado.
Objeto do
Funcional Dessa forma, a competência brasileira será firmada pelo
Juízo local no Brasil em que ocorrer a ação ou o resultado.
As teorias territoriais estudadas acima são utilizadas isola-
Graus de damente, o que quer dizer: se o crime teve consumação, usa-
Jurisdição se a teoria do resultado; se ficou na tentativa ou é homicídio
doloso, teoria da atividade; e, caso seja um crime à distância,
Competência em Razão do Lugar utiliza-se a teoria da ubiquidade.
Por meio do estudo da competência em razão do lugar, 2ª Regra: Domicílio ou Residência do Réu
nós descobriremos o juiz territorialmente apto, ou seja, o juiz Quando a primeira regra não puder ser aplicada por não 495
de qual cidade do Brasil irá avaliar o crime. se saber o local do resultado ou da ação do fato criminoso,
a competência será definida pelo domicílio ou residência do » Navios e aeronaves privados de bandeira brasi-
496 réu. Aquele não define a competência territorial em matéria leira são Brasil aqui e em alto mar;
criminal. » Navios e aeronaves privados de bandeira es-
• Ação Penal Privada trangeira viram Brasil quando ingressam em
nosso território.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Mesmo que o querelante saiba o local da consumação do


crime, ele poderá optar por exercê-la no local do seu domicílio Assim, como um navio ou uma aeronave pública de ban-
ou residência. Isso é uma faculdade do querelante; ele então deira brasileira é Brasil em qualquer lugar do mundo, um de
pode promover a ação penal privada tanto no local da con- bandeira estrangeira será parte do território do seu país em
sumação como pela regra do domicílio ou residência do réu. qualquer lugar do mundo, bem como no Brasil.
• 3ª Regra: Prevenção Ex.: O avião do presidente dos Estados Unidos (Força
Aérea 1) será Estados Unidos em qualquer lugar do mun-
Juiz prevento é aquele que pratica o primeiro ato da per-
do, inclusive quando estiver no Brasil.
secução penal, seja durante o IP, determinando a aplicação de
medidas cautelares, ou durante a fase processual. ▷ Viagens nacionais
O juiz de plantão, quando praticar o primeiro ato da per- A competência é definida pelo 1º local em que o navio atra-
secução penal, não poderá ser considerado prevento, isto é, ao car ou a aeronave pousar após a prática do crime.
juiz de plantão não se aplica a prevenção. Ex.: Um avião sai da cidade de Curitiba com destino a São
Paulo e uma passageira em início de gestação realiza o
• Aplicação aborto do feto no banheiro do avião, enquanto a aero-
Crime consumado na divisa entre comarcas nave faz o seu trajeto. Chegando a São Paulo, o crime é
Quando um crime é consumado na divisa de comarcas,
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descoberto. Sendo assim, o juiz competente será da cida-


pode haver dúvida quanto à definição do juiz competente, e, de de São Paulo, pois lá foi o primeiro lugar que o avião
nessa hipótese, qualquer juiz das comarcas envolvidas é apto pousou após o crime.
para julgar o caso. Sendo assim, a competência será definida O que importa é o local do primeiro pouso, tanto faz se
pela prevenção. foi emergencial ou uma escala. Quando o avião pousar após o
Pluralidade de domicílios ou réu sem domicílio crime, será definida a competência territorial definida.
Se o réu possui mais de um domicílio, qualquer deles pode ▷ Viagens internacionais
definir a competência, assim sendo, esta será firmada pela A competência é fixada pelo local de saída se o navio ou
prevenção. avião estão se distanciando do Brasil, ou seja, o último local no
Quando o réu não tiver residência fixa e as outras regras Brasil em que esse navio ou aeronave esteve pousado ou atra-
supracitadas não puderem definir o juiz competente, a com- cado antes de seguir para o estrangeiro; e pelo local de chega-
petência será definida pela prevenção. da se estiverem se aproximando (como local de chegada, nós
Crimes permanentes e continuidade delitiva temos o primeiro local no Brasil que esse navio ou aeronave
Tendo o crime se estendido por mais de uma comarca, a atracar ou pousar).
competência será definida pela prevenção. Ex.: Um navio de cruzeiro sai da Itália com destino ao porto
Ex.: Tício sequestrou Mévio e o colocou num cativeiro na de Santos, no Brasil, e durante o percurso, um passageiro
cidade de Cascavel-PR. Após algum tempo, o cativeiro é esfaqueia outro, então, o juiz competente será o do primei-
transferido para Toledo-PR e, na sequência, o crime é so- ro lugar no Brasil em que o navio atracar, isto é, a cidade
lucionado pela polícia, que resgata Mévio e prende Tício. de Santos.
Nesse caso, houve um crime permanente e tanto o juiz de Vale ressaltar que o importante é o local no Brasil em que
Cascavel quanto o de Toledo são competentes para julgar primeiro esse navio ou avião atracar ou pousar, ou, então, o
o crime, mas como haverá somente um processo, a compe- último local no Brasil. Pouco importa se foi um pouso de emer-
tência será definida pela prevenção. gência ou escala.
Competência Territorial para os Crimes Ocor- Essas regras só são aplicadas se o navio ou avião estiverem
ridos a Bordo de Navios ou Aeronaves no conceito de território brasileiro por equiparação.
Primeiro vamos definir o conceito de território brasileiro, ▷ Direito de passagem inocente
a fim de aplicar as regras sobre a definição da competência O Brasil não vai se intrometer na apuração de delitos ocorridos
territorial para crimes a bordo de navios e aeronaves. no interior de navios privados de bandeira estrangeira (quando o
• Conceito de Território Brasileiro navio ou a aeronave estiver no conceito de território brasileiro por
equiparação) que estejam apenas navegando à costa brasileira,
▷ Fronteira. ou de aeronaves privadas de bandeira estrangeira que estejam
▷ Espaço aéreo (vai até a nossa camada atmosférica, apenas sobrevoando o nosso espaço aéreo, desde que o fato não
não englobando o espaço cósmico). tenha reflexos no nosso território.
▷ Mar territorial (0 a 12 milhas contadas na maré Ex.: Se um navio sai da Argentina em direção à Inglaterra
baixa). e, no seu percurso, ele passe pelo território brasileiro, po-
▷ Território por equiparação: rém sem aqui atracar, e caso ocorra um crime em seu in-
» Navios e aeronaves públicos de bandeira bra- terior enquanto passa por aqui, o Brasil não irá julgar esse
sileira são Brasil em qualquer lugar do mundo; crime, pois o fato não teve reflexos na justiça brasileira.
Competência Territorial Brasileira para os Bens: É o patrimônio da União, tanto faz se móvel ou imó-
Crimes Consumados no Estrangeiro vel, sua previsão está no art. 20 da CF.
Devido à extraterritorialidade do Código Penal Brasileiro Serviços: Referente à prestação pública federal e, por-
(Art. 7º do CP), é possível que o Brasil venha a julgar crimes tanto, os delitos praticados contra servidor público federal
ocorridos no exterior e teremos também que descobrir quem ou pelo servidor no exercício funcional serão julgados pela
será o juiz brasileiro apto para avaliá-los. justiça federal.
Regras: Interesses:
▷ O criminoso será julgado na capital do Estado brasi- União: toda a administração pública direta
leiro que por último tenha residido; federal.
▷ Caso ele nunca tenha residido no Brasil, será julgado Autarquias Federais: INSS, BC, Ag. Regula-
em Brasília. doras;
Após descobrirmos, vamos atrás da justiça competente, ou Empresas Públicas Federais: CEF, ECT;
seja, se é justiça estadual, federal, eleitoral ou militar. E para Fundações Públicas Federais: FUNAI, Bibliote-
isso, aplicaremos as regras da competência em razão da ma- ca Nacional.
téria.
Entes que não têm foro na Justiça Federal e que são roti-
Competência em Razão da Matéria neiramente cobrados nos Concursos Públicos.
A competência em razão da matéria vai nos levar a des- ▷ Sociedade de economia mista (BB, Petrobrás).
cobrir a justiça competente para julgar determinado crime, e ▷ Entidades particulares de ensino superior.
essa descoberta se baseia na natureza deste, conforme estu- ▷ Sindicatos.
daremos a seguir. ▷ Conselhos de fiscalização profissional.
Aqui dividiremos a justiça em justiça comum e especial. Quem julga crime envolvendo esses entes é a justiça es-
Aquela vai se dividir em Estadual e Federal. tadual. Ex.: crime contra o sindicato dos policiais federais de
Estadual Salvador-BA são julgados pela justiça estadual.
Ordem dos Advogados do Brasil: o STF, recentemente, ao
Comum
analisar uma ação direta de inconstitucionalidade, retirou da
Federal OAB o status de autarquia, entretanto, a competência criminal
da justiça federal foi mantida nos crimes envolvendo essa enti-
Justiça
dade. Então, crime envolvendo essa instituição é julgado pela
Eleitoral justiça federal.
Especial V. Crimes previstos em tratados ou convenções in-

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ternacionais que o Brasil assumiu o dever de com-
Militar bater.
Justiça Comum
Além da previsão em tratado ou convenção internacional,
• Justiça Estadual é necessário também que o crime tenha caráter de Interna-
Vai julgar o que não compete as demais justiças, ou seja, cionalidade, ultrapassando as fronteiras do país, ou seja, se
tem competência residual. Então, o que faremos é estudar as o delito se inicia no Brasil, o seu resultado deve ocorrer no
hipóteses que atraem a alçada das outras justiças e tudo que estrangeiro e vice-versa. São os chamados crimes a distância.
for crime e não se enquadrar nas hipóteses estudadas será de Ex.: Tráfico internacional de drogas; tráfico internacional
domínio da justiça estadual. de armas. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
• Justiça Federal V-A. (Emenda Constitucional 45/2004): crimes
Art. 109 CF (Justiça de 1º grau) e Art. 108 CF (TRFs). que ofendam os direitos humanos fundamentais,
A competência dos juízes federais de 1º grau é definida em que o Brasil obrigou-se por tratado ou conven-
no Art. 109 da CF, mas somente se trata da competência dos ção internacional a reprimir.
juízes federais criminais as regras previstas a partir do inciso Aqui não é necessário o caráter de internacionalidade e
IV do Art. 109. pode ser qualquer crime.
IV. Os crimes políticos e as infrações penais pra- Um homicídio é um crime contra a vida e a vida é um direi-
ticadas em detrimento de bens, serviços ou inte- to humano fundamental, mas quem julga homicídio, em regra,
resse da união ou de suas entidades autárquicas é a justiça estadual. É que, para atrair a competência desta, o
ou empresas públicas, excluídas as contravenções caso deve ter uma repercussão internacional.
e ressalvada a competência da justiça militar e da Remessa da Competência da Justiça Federal para a Esta-
justiça eleitoral; dual: O § 5º do Art. 109, que foi inserido pela Emenda Cons-
Ela somente julga crimes, ou seja, não julga contravenção titucional nº 45, traz a possibilidade ao Procurador Geral da
penal. E costuma ser cobrado em questões de concursos so- República de provocar o STJ quando a persecução penal que
bre a competência da justiça federal para avaliar contravenção se refira a crimes que violem direitos humanos fundamentais
penal. A resposta é negativa, pois a justiça federal não julga estiver tramitando na justiça estadual, para que seja feita a re- 497
contravenção penal. messa à federal.
Segundo o STJ, para que ocorra a remessa da persecução 73. A utilização de papel-moeda grosseiramente falsifi-
498 penal para a esfera federal, é imprescindível que a justiça te- cado configura, em tese, o crime de estelionato, da com-
nha se mostrado morosa, ineficiente. petência da Justiça Estadual.
VI. Os crimes contra a organização do trabalho 104. Compete à Justiça Estadual o processo e julga-
e nos casos determinados por lei contra o sis- mento dos crimes de falsificação e uso de documento
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

tema financeiro e a ordem econômico-financei- falso relativo a estabelecimento particular de ensino.


ra;(Art. 197 a 207 do CP);
140. Compete à Justiça Comum Estadual processar e
Segundo o STJ, os crimes contra a organização do traba- julgar crime em que o indígena figure como autor ou
lho, somente quando ofender a coletividade dos trabalhado- vítima.
res, serão de competência da justiça federal.
147. Compete à Justiça Federal processar e julgar os
No caso dos delitos contra o sistema financeiro, é impres-
crimes praticados contra funcionário público federal,
cindível que a lei ordinária que regule-os declare expressa-
quando relacionados com o exercício da função.
mente que a competência é da justiça federal.
Ex.: Lei do Colarinho Branco. Caso a lei que trate do cri- 151. A competência para o processo e julgamento por
me não atraia a competência da justiça federal, a justiça crime de contrabando ou descaminho define-se pela pre-
competente será a estadual. venção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Quando envolver crime contra a ordem econômica e fi- 165. Compete à Justiça Federal processar e julgar crime
nanceira é necessário que a lei ordinária que discipline o delito de falso testemunho cometido no processo trabalhista.
declare expressamente que a competência é da justiça federal 200. O Juízo Federal competente para processar e julgar
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(não existe previsão legal dessa competência no Brasil). acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar
VII. Os Habeas Corpus, em matéria criminal de sua onde o delito se consumou.
competência ou quando o constrangimento provier ▷ Súmulas TFR (Tribunal Federal de Recursos)
de autoridade, cujos atos não estejam diretamente 31. Compete à Justiça Estadual o processo e julga-
sujeitos a outra jurisdição; mento de crime de falsificação ou de uso de certifi-
VIII. Os mandados de segurança e os Habeas Data cado de conclusão de curso de 1º e 2º Graus, desde
contra ato de autoridade federal, excetuados os ca- que não se refira a estabelecimento federal de ensino
sos de competência dos tribunais federais; ou a falsidade não seja de assinatura de funcionário
IX. Crimes ocorridos a bordo de Navios ou Aero- federal.
naves; 98. Compete à Justiça Federal processar e julgar os
Esta última não se aplica quando o navio ou a aeronave for crimes praticados contra servidor público federal, no
militar, pois, nesses casos, impõe-se o código processual penal exercício de suas funções e com estas relacionados.
militar e não o que estamos estudando. 254. Compete à Justiça Federal processar e julgar os
Navio: é a embarcação de grande porte que tenha aptidão delitos praticados por funcionário público federal, no
para realizar viagens internacionais. exercício de suas funções e com estas relacionados.
X. Crimes de Ingresso ou a Permanência Irregular • Competência da Justiça Especial
do Estrangeiro.
A justiça especial se divide em justiça eleitoral e militar.
Como essa conduta é atípica, ou seja, não existe previsão
expressa tanto no Código Penal quanto em leis penais extrava- Justiça Eleitoral: julga os crimes eleitorais e os crimes co-
gantes, é fundamental destacar que os delitos praticados para muns conexos a eles.
que o estrangeiro consiga ingressar ou permanecer irregular- Justiça Militar: julga apenas as infrações penais militares
mente no Brasil é que serão julgados na Justiça Federal. (ver (são descritas nos Arts. 9º e 10 do CPM).
Art. 338 do CP e Art. 125, XI a XIII, da Lei nº 6.815/80 – Estatuto Vale ressaltar que a tortura, o abuso de autoridade, a faci-
do Estrangeiro). litação de fuga de presos e os crimes dolosos contra a vida de
XI. Crimes que envolvem interesses indígenas. civil são crimes comuns, sem previsão no código penal militar
Segundo o STJ, na Súmula 140, para que a competência da e, por isso, quando praticados por militares, não são julgados
justiça federal se estabeleça, é essencial que o delito ofenda os na justiça militar mas na justiça comum.
interesses da coletividade indígena. Quem é julgado na Justiça Militar?
▷ Súmulas STJ (Superior Tribunal de Justiça) Estadual: julga somente PMs e bombeiros mili-
42. Compete à Justiça Comum Estadual processar e tares. Nunca civil.
julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de Federal: os membros das forças armadas e os
economia mista e os crimes praticados em seu detri- civis que praticarem crimes militares federais.
mento. • Competência pela Natureza na Infração
62. Compete à Justiça Estadual processar e julgar o Os legisladores podem estabelecer, dentro de cada justiça,
crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Pre- o órgão competente para julgar um determinado tipo de crime
vidência Social, atribuído à empresa privada. em razão da sua natureza.
▷ Hipóteses Constitucionais Após concluirmos o estudo da competência em razão do
a) Júri (Art. 5º, XXXVIII, da CF) – Crimes dolosos contra lugar e da matéria, podemos saber quem é o juiz que irá julgar
a vida: determinado crime e qual é a sua justiça.
▷ Homicídio. Ex.: Tício atira em um policial federal durante uma per-
seguição e este vem a óbito; o fato acontece na cidade de
▷ Infanticídio.
Corumbá. Então, nós temos que quem julgará esse crime
▷ Aborto. é o tribunal do júri da justiça federal de Corumbá.
▷ Auxílio, induzimento ou instigação ao suicídio.
A ocorrência do resultado morte não indica que o crime Competência em Razão da Pessoa
seja doloso contra a vida, assim sendo, o genocídio e o latro- Essa regra é uma exceção que é aplicada a algumas au-
cínio não vão a júri, afinal, este é um crime contra o patrimônio toridades do país e, aqui, as anteriormente estudadas (razão
e aquele é contra a humanidade. do lugar e matéria) não são utilizadas, ou seja, estudaremos a
b) Juizados Especiais Criminais (Art. 98 da CF) exceção à regra.
Julga as infrações de menor potencial ofensivo, que são: Estabelecida na CF de 88 e nas Constituições Estaduais,
confe às principais autoridades do país a prerrogativa de julga-
▷ Crimes com pena máxima de até 2 anos. mento diretamente perante tribunal. Iremos estudar somente
▷ Todas as contravenções comuns. o foro por prerrogativa de função, previsto na CF.

Constituição Federal Executivo Legislativo Judiciário Outros


Procurador Geral da República;
Pres. da Ministros do Tribunal de Contas da União;
Membros do Congresso
República Membros dos tribunais Comandantes das Forcas Armadas;
Nacional:
STF Vice- Presidente superiores (STF, STJ, Chefes de Missão Diplomática Permanente;
Deputados Federais
Ministros de TST, TSE, STM) Presidente do BC;
Senadores
Estado Chefe da AGU;
Controlador Geral da União.
Membros dos Tribunais
Membros do MPU que atuam perante tribunal;
Regionais Federais;
STJ Governadores Conselheiros dos tribunais de contas estaduais
Membros dos Tribunais
e municipais.
Estaduais.
TJ Prefeitos Deputados Estaduais Juiz Estadual de 1º grau Todos os membros do MPE

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TRF Prefeitos Deputados Estaduais Juiz Federal de 1º grau Membros do MPU que atuam no 1º grau

Têm status de Ministro e, por isso, são julgados pelo STF Súm. 721, STF. A competência constitucional do Tribu-
mesmo sem ser ministro: nal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de
» Presidente do BC. função estabelecido exclusivamente pela Constituição
» Chefe da AGU. Estadual.
» Controlador Geral da União. Foro Privilegiado X Deslocamento
Súm. 208, STJ. Compete à Justiça Federal processar e As autoridades com foro por prerrogativa de função pe-
julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita à rante o TJ ou o TRF, ao praticarem delito fora de seu Estado ou
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

prestação de contas perante órgão Federal. da sua região, serão julgadas no seu tribunal de origem.
Súm. 209, STJ. Compete à Justiça Estadual processar Ex.: Prefeito de São Paulo, durante uma viagem a Bra-
e julgar prefeito por desvio de verba transferida e in- sília, se envolve numa discussão de trânsito e agride
corporada ao patrimônio municipal. outra pessoa fisicamente, praticando o crime de lesão
Prefeitos e Deputados Estaduais, quando cometerem cri- corporal. Sendo assim, ele será julgado pelo Tribunal
mes de natureza federal, são julgados pelo TRF e, ao comete- de Justiça de São Paulo, independente do crime ter
rem crimes de natureza estadual, são julgados pelo TJ. acontecido em outro estado.
As autoridades com foro por prerrogativa de função no TJ
e no TRF, ao praticarem crime eleitoral, são julgados no TRE. Foro Privilegiado X Término do Mandato
Foro Privilegiado X Júri Após a declaração de inconstitucionalidade dos §§ 1º
e 2º do Art. 84 do CPP, o foro por prerrogativa de função
As autoridades cujo foro por prerrogativa de função é defini-
passou a ser interpretado da seguinte forma:
do na CF de 88 não vão a júri, pois serão julgadas no seu tribunal
de origem, entretanto, se o foro privilegiado é definido apenas na Crimes: uma vez encerrado o cargo ou mandato, encerra-
Constituição Estadual, a autoridade irá a júri (Súmula 721 do STF). se o foro por prerrogativa de função ou seja, o processo irá
Ex.: O Presidente da República, caso cometa um homi- para o juiz de primeiro grau. 499
cídio doloso, não irá a júri, porque será julgado pelo STF.
Improbidade Administrativa: não há tramitação peran- A rixa não se caracteriza como exemplo de conexão in-
500 te foro por prerrogativa de função, e a ação deve ser julgada tersubjetiva por reciprocidade, pois ela é crime único e, para
pelo juiz de primeiro grau. conexão, precisamos de ao menos 2 delitos.
Lógica/Teleológica/Finalista
Competência Absoluta X
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Um crime é praticado para levar vantagem, para criar im-


Competência Relativa punidade ou para ocultar outro delito.
Ex.: Após um assalto realizado por duas pessoas, uma
Chama-se absoluta a hipótese de fixação de competência que
mata a outra para ficar com todo o dinheiro do crime.
não admite prorrogação, isto é, deve o processo ser remetido ao
Nesse caso, temos dois crimes: um assalto a banco e um
juiz natural determinado por normas constitucionais ou processuais
homicídio. Então, haverá a união processual.
penais, sob pena de nulidade do feito. Encaixam-se nesse perfil a
competência em razão da matéria e em razão da pessoa. Probatória/Instrumental
Chama-se relativa a hipótese de fixação de competência A prova da existência de um crime é fundamental para de-
que admite prorrogação, ou seja, não invocada a tempo a monstrar a ocorrência de outro delito.
incompetência do foro, reputa-se apto o juízo que conduz o Ex.: Vínculo entre a receptação e o furto do bem adquirido.
feito, não se admitindo qualquer alegação posterior de nuli-
dade. É o caso da competência territorial, tanto pelo lugar da Continência
infração quanto pelo domicílio ou residência do réu. (Manual A continência é caracterizada quando:
de Processo Penal e Execução Penal, 6ª Edição, NUCCI, Gui- ▷ Dois ou mais delitos são praticados com uma só con-
lherme Souza). duta;
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Razão da ▷ Duas ou mais pessoas contribuem para um só crime.


Matéria São dividas em:
Absoluta Continência por cumulação objetiva: uma só conduta
que provoca 2 ou mais resultados delitivos, ou seja, havendo
Razão da concurso formal de crimes, todos serão julgados no mesmo
Pessoa processo. Por exemplo: um único tiro disparado que venha a
Relativa
atingir mais de uma pessoa, matando ambas.
Razão do Continência por cumulação subjetiva: um só delito é pra-
Local ticado por 2 ou mais pessoas. Por exemplo: vários agindo em
concurso para assaltar um banco.
Prorrogação da Competência Foro Prevalente
Nas hipóteses de competência relativa, ou seja, em razão Com base nas regras do foro prevalente, nós saberemos
do local, caso o vício não seja alegado no momento oportuno, quem é o juízo ou o tribunal que, por imposição legal, terá a
o juiz incompetente passará a ser competente. responsabilidade de julgar todos os criminosos ou todos os cri-
mes nas hipóteses de conexão ou continência.
Conexão e Continência
Justiça Especial > Justiça Comum
São as regras processuais as quais possibilitam que sejam
Quando houver conexão ou continência entre crimes de
reunidos, num mesmo processo, vários crimes ou criminosos
competência da justiça comum e da justiça especial, prevale-
que poderiam ser julgados isoladamente. Elas têm a finalidade
cerá a da justiça especial para julgar ambos os delitos. Ressal-
de proporcionar maior celeridade ao processo, além de uma
vada a competência da justiça militar que não se mistura, ou
colheita de provas mais eficientes e também evitar a ocorrên-
seja, não avalia crimes comuns.
cia de decisões contraditórias.
Conexão Justiça Federal > Justiça Estadual
Quando houver conexão ou continência de crimes de com-
É a ligação entre 2 ou mais crimes e que, por isso, são petência da justiça federal e estadual, a justiça federal irá jul-
julgados no mesmo processo. Suas modalidades são: gar ambos os crimes. (Súmula 122 do STJ)
Intersubjetiva Justiça de Maior Hierarquia > Jus-
Dois ou mais delitos praticados por dois ou mais agentes: tiça de Menor Hierarquia
Simultaneidade: as infrações penais ocorreram na mes- Quando a conexão e a continência se der entre a justiça de
ma circunstância de tempo e espaço, sem prévio acordo. 1º grau e tribunal, este será prevalente.
Ex.: Briga em estádio de futebol. Por essa regra, as pessoas comuns do povo podem ser
Concursal: dois ou mais delitos praticados por duas ou julgadas perante o tribunal quando praticarem delito com a
mais pessoas, que estavam previamente combinadas. autoridade que desfruta do foro privilegiado. E segundo o STF,
Reciprocidade: dois ou mais crimes praticados por 2 ou na Súmula 704, essa atração não viola princípios estabelecidos
mais agentes uns contra os outros. na Constituição Federal.
Ex.: Lesões corporais recíprocas (as partes são ao mes- Ex.: Alisson e o Presidente da República premeditam e
mo tempo vítima e réu do processo). executam um crime, sendo assim, o STF irá julgar o Presi-
dente da República e também Alison que, em regra, seria classifique essa infração, continuará competente para julgar os
julgado pela justiça comum. crimes conexos. (Art. 81 do CPP).
Súmula 704, STF. Não viola as garantias do juiz natural,
da ampla defesa e do devido processo legal a atração 6. Prova
por continência ou conexão do processo do corréu ao
É tudo aquilo que é apresentado ao juiz, com o objetivo
foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. de contribuir na formação da sua opinião quanto aos fatos ou
Júri > demais Órgãos da Jurisdição Comum atos do processo que sejam relevantes para auxiliá-lo a chegar
Quando a concorrência se der entre o Júri e demais órgãos à sentença.
da jurisdição comum, aquele será prevalente. Isso significa di-
zer que o Júri tem competência para julgar os crimes dolosos Teoria Geral da Prova
contra a vida e, além deles, os delitos comuns conexos. Destinatários
Juízes da Mesma Justiça e de Mes- Imediato: Juiz.
ma Hierarquia Concorrendo Mediato: As partes.
» A competência será definida pelo local da con-
sumação do crime que tenha a pena em abstra- Dispensa Probatória
to (a prevista no código penal) mais alta; Não é necessário provar os seguintes itens:
» Se os crimes têm a mesma gravidade, prevalece Direito Federal: é um dever funcional do juiz conhecer o
o juiz que atua no local da consumação do maior direito federal, sendo assim, é desnecessário querer provar
número de delitos; que existe ou não determinada lei federal. Os direitos estadual,
» Se os crimes têm a mesma gravidade e idêntica municipal, alienígena, estrangeiro e consuetudinário (costu-
quantidade de pena, a competência será defini- meiro) precisam ser provados quanto à existência e à vigência.
da pela prevenção. Fatos Notórios ou Verdade Sabida: são os fatos de co-
nhecimento de parcela significativa da sociedade.
Separação de Processos Ex.: Ex.: Feriados Nacionais.
Mesmo nas hipóteses de conexão ou continência, é possí-
vel, ainda que os processos tramitem separadamente, que seja Fatos Axiomáticos ou Intuitivos: são os fatos que se au-
por imposição legal ou por um ato discricionário do juiz. todemonstram. Por exemplo: se encontramos um corpo sem
cabeça, temos um morto.
Modalidades Presunções: é a observação daquilo que normalmente
Obrigatória: é aquela imposta por lei (Art. 79 do CPP). acontece e que nos permite realizar conclusões. São classifi-
Como exemplo podemos citar o caso de um crime militar co- cadas em:

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nexo com um comum; haverá separação de processos, pois a ▷ Presunção Homnis: presunção vulgar.
justiça militar não julga crime comum e nem a justiça comum
▷ Presunção Legis: presunção positivada na Lei.
julga crime militar.
» Absoluta: não admite prova em contrário.
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade
de processo e julgamento, salvo: Ex.: Inimputabilidade de menores.
» Relativa: é aquela que admite prova em con-
I. No concurso entre a jurisdição comum e a militar;
trário.
II. No concurso entre a jurisdição comum e a do
Ex.: Buscar provar que uma pessoa que alega insanidade
juízo de menores.
mental e saudável intelectualmente.
§ 1º. Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, Fatos Inúteis: são os fatos irrelevantes à demonstração da
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso previs- verdade.


to no Art. 152.
§ 2º. A unidade do processo não importará a do julga- Meios de Prova
mento, se houver corréu foragido que não possa ser São todos os recursos utilizados para produzir a prova e
julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do Art. 461. levá-la ao conhecimento do juiz.
Facultativa: é aquela que tem cabimento por discriciona-
riedade do juiz (Art. 80 do CPP). Classificação das Provas
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos Provas Nominadas: são aquelas cujo meio de produção
quando as infrações tiverem sido praticadas em cir- estão previstas em lei (Arts. 158 a 250 do CPP).
cunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, Provas Inominadas: são aquelas cujos meios de produ-
quando pelo excessivo número de acusados e para não ção não estão previstas na lei.
Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo
relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Princípio da Liberdade na Produção de Provas
É possível a utilização de qualquer uma das duas modali-
Perpetuação da Jurisdição dades de provas acima descritas, ou seja, as nominadas e as
É o reconhecimento de que o juiz prevalente, mesmo que inominadas, em razão do princípio da liberdade na produção 501
absolva o réu pelo crime que o tornou prevalente ou que des- da prova.
Não há nenhuma hierarquia entre as provas, ou seja, tanto nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando
502 as nominadas quanto as inominadas têm o mesmo valor. as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte inde-
Tal princípio encontra exceção nas seguintes hipóteses: pendente das primeiras. Considera-se fonte indepen-
▷ Estado civil das pessoas dente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
e de praxe, próprios da investigação ou instrução cri-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Art. 155, parágrafo único, CPP. Somente quanto ao


estado das pessoas serão observadas as restrições es- minal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.
tabelecidas na lei civil. A prova derivada de uma ilícita poderá ser utilizada
Para provar o estado civil é necessária a apresentação de quando, seguindo os trâmites típicos e de praxe da investi-
certidão, não admitindo nenhum outro modo, como exemplo, gação, ou da instrução criminal, pudermos chegar a mesma
a prova testemunhal. prova obtida por meio de uma ilícita.
Ex.: Por meio de uma escuta ilegal, obtém-se a loca-
▷ Provas Ilícitas
lização de um documento incriminador em relação ao
Recebem conceituação diferente pelo Código de Proces- indiciado. Ocorre que uma testemunha, depondo regu-
so Penal e também pela doutrina. Veja a seguir: larmente, também indicou à polícia o lugar onde se en-
» Conceito de provas Ilícitas dentro do CPP contrava a referida prova. Podemos concluir que mesmo
Para o CPP, não há distinção entre as provas ilícitas e ile- que esse documento não fosse confeccionado por meio
gítimas, sendo todas elas espécies de provas ilícitas, ou seja, de um procedimento ilegal, ele seria produzido após o
estas, para o CPP, são aquelas que ferem normas constitu- interrogatório, por fonte independente.
cionais e infraconstitucionais. Assim sendo, tanto faz se fere Teoria da prova absolutamente independente:
norma de direito penal ou de direito processual penal. Art. 157, § 3º. Preclusa a decisão de desentranhamento
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Art 157, CPP. São inadmissíveis, devendo ser desentra- da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada
nhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendi- por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
das as obtidas em violação a normas constitucionais incidente
ou legais. A mera existência de uma prova ilícita no processo não ne-
» Conceito de provas Ilícitas para a doutrina cessariamente o contamina, pois, havendo outras provas líci-
Nesse caso, as provas ilícitas recebem uma subclassifica- tas absolutamente independentes da ilícita no processo serão
ção: ilícitas e ilegítimas. aproveitadas.
▷ Provas Ilícitas A prova declarada ilícita pelo juiz será desentranhada dos
São as que ofendem o direito material (Código Penal ou le- autos e destruída com a presença facultativa das partes.
gislação penal extravagante) e também aquelas que ofendem Dever de Produzir Provas
os princípios constitucionais penais.
É de responsabilidade das partes, devendo demonstrar
Ex.: Violar uma correspondência para conseguir uma aquilo que alegarem ao longo do processo.
prova.
▷ Acusação
▷ Provas Ilegítimas
» Autoria.
São as provas que ofendem o direito formal, processual,
ou seja, o Código de Processo Penal e a legislação processual » Materialidade.
penal extravagante. Também são aquelas que violam os prin- » Dolo.
cípios constitucionais processuais penais. Por exemplo: laudo » Culpa.
pericial confeccionado somente por um perito não oficial. ▷ Defesa
» Excludente de ilicitude.
Teorias sobre a Utilização das Provas Ilícitas
» Excludente de culpabilidade.
Teoria da proporcionalidade (Razoabilidade): uso da Prova
Ilícita para Defesa do Réu. » Causas de extinção da punibilidade.
Quando uma prova de origem ilícita é apresentada com a Princípio da Busca da Verdade Real
finalidade de defender o réu, o juiz deve aceitá-la, pois entre
O juiz não deve se conformar somente com o que lhe é
a formalidade na produção da prova e o risco de prisão do réu
apresentado pelas partes, devendo, durante o processo, bus-
inocente, o direito fundamental de liberdade deve prevalecer.
car a verdade, procurando reconstruir na audiência o que real-
Teoria dos frutos da Árvore Envenenada (Fruits Of The mente aconteceu, e, para isso, pode até mesmo determinar a
Poisonous Tree): Teoria da Prova Ilícita Por Derivação. produção de provas de ofício.
Art, 157, § 1º, primeira parte. São também inadmissí-
veis as provas derivadas das ilícitas, Prova Emprestada
As provas que decorrem de uma ilícita também estarão É a que, mesmo tendo sido produzida em um processo,
contaminadas, não devendo ser utilizadas no processo. pode servir de prova em outro.
Teoria da descoberta Inevitável: prova originária de fonte Requisitos:
independente. » Mesmas partes em ambos os processos.
§ 1º e 2º, CPP. São também inadmissíveis as provas » Mesmos fatos (o fato deve ser importante para
derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o a demonstração da verdade nas duas ações).
» Respeito ao contraditório (a prova que se pre- Art. 159, § 1º, CPP. Na falta de perito oficial, o exame
tende emprestar deve ter sido produzida sob o será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portado-
crivo do contraditório). ras de diploma de curso superior preferencialmente na
» A prova que se pretende emprestar deve ser lícita. área específica, dentre as que tiverem habilitação téc-
Não é possível o empréstimo probatório do IP para o pro- nica relacionada com a natureza do exame
cesso, pois as provas do IP não passaram pelo contraditório e
pela ampla-defesa, salvo provas antecipadas. Laudo Pericial
O laudo pericial é o instrumento que formaliza a atuação
Sistemas de Avaliação da Prova do perito, apresentando ao juiz a percepção técnica do objeto
periciado.
Sistema do Livre Convencimento Motivado Prazo: 10 dias (prorrogáveis a requerimento do perito e por
O juiz tem ampla liberdade para decidir, podendo utilizar deliberação da autoridade).
provas nominadas ou inominadas, devendo sempre, é claro,
motivar as suas decisões (Art. 93 IX da CF; Art. 155 do CPP). É Art. 160, parágrafo único, CPP. O laudo pericial será
a regra no Brasil. elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo
esse prazo ser prorrogado, em casos excepcionais,
Sistema da Verdade Judicial / Íntima Convicção a requerimento dos peritos.
Por esse sistema, o juiz está livre para decidir e não precisa É admitido que o perito acesse os autos do IP ou do pro-
motivar a sua decisão. cesso, visando assim a uma melhor elaboração do laudo.
Ex.: Júri.
• Conteúdo do Laudo Pericial
Sistema da Verdade da Legislação 1º Preâmbulo
Por esse sistema, o legislador pré-estabelece o valor de
▷ Classificação do Perito.
cada prova e o magistrado funciona como um intérprete em
razão dos limites impostos pela lei. ▷ Indicação do objeto da perícia.
Ex.: A exigência da perícia para demonstrar a existência 2º Esboço do Fato
do crime que deixar vestígios. ▷ É a narração daquilo que os peritos perceberam
sensorialmente.
Provas em Espécies 3º Esboço Crítico
Perícias (Considerações Gerais) ▷ É a aplicação dos conhecimentos técnicos aos fa-
É o meio de prova em que o juiz vai se valer de especialis- tos percebidos sensorialmente.
tas em determinada área do conhecimento humano, pois ele 4º Resposta aos Quesitos

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é o perito do direito e não de todas as áreas de conhecimento. ▷ São as perguntas que podem ser formuladas pelo
MP, assistente de acusação, ofendido, querelante,
Perito acusado e também pelo juiz e que serão respon-
É o especialista em determinada área do conhecimento hu- didas pelos peritos.
mano que vai auxiliar o juiz por meio de seus saberes técnicos.
O perito deve ter nível superior completo. Art. 159, § 3º, CPP. Serão facultadas ao Ministério
Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao
Art. 159, CPP. O exame de corpo de delito e outras
querelante e ao acusado a formulação de quesitos e
perícias serão realizados por perito oficial, portador de
indicação de assistente técnico.
diploma de curso superior (Lei nº 11.690/2008).
Até o ano de 2008, não era exigido aos peritos o diploma A doutrina majoritária entende que, nas perícias realiza-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

de curso superior, sendo assim, todos os que assumiram seus das durante o IP, a defesa não pode formular quesitos, pois é
cargos por meio de aprovação em concurso público antes da um procedimento inquisitivo, ou seja, não comporta contra-
alteração e não possuem nível superior continuam atuando, ditório nem ampla-defesa.
mas não podem realizar perícia, pois se passou a exigir o nível A lei segue a mesma linha, pois, analisando o Art. 159 na
superior completo na área. íntegra, não encontramos nenhuma hipótese em que seja dis-
Classificação dos Peritos ponibilizado esse direito à defesa.
Oficial: é o perito nomeado por meio de aprovação em con- 5º Autenticação
curso público; ele pode atuar isoladamente. Não precisa prestar ▷ Data e assinatura dos peritos.
o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo 6º Divergência entre os Peritos
toda vez que atua, pois já o fez quando entrou em exercício. ▷ Caso a perícia seja realizada por mais de um perito,
Art. 159, § 2º, CPP. Os peritos não oficiais prestarão o com- e possível que eles tenham conclusões conflitantes,
promisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. e, quando isso acontecer, poderão realizar laudos
Não Oficial/Juramento: é a pessoa comum, portadora individuais ou confeccionar um único laudo, porém,
de diploma de nível superior, que é convocada a atuar como devem deixar claros os motivos da divergência. Caso
perito e compromissada a desempenhar esse encargo. Devem isso aconteça, o juiz poderá resolver a celeuma da 503
atuar em conjunto, ou seja, ao menos dois. seguinte forma:
» Nomear um 3º perito para solucionar a di- Quem pode autorizar:
504 vergência. ▷ Juiz.
» Determinar uma nova perícia com a intervenção ▷ Delegado.
de outros peritos.
Art. 180, CPP. Se houver divergência entre os peritos, Exame Complementar de Lesão Corporal
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

serão consignadas no auto do exame as declarações e É a perícia que visa a atestar a lesão corporal, podendo ser
respostas de um e de outro, ou cada um redigirá se- complementada em duas situações:
paradamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um ▷ Para atestar a real gravidade da lesão em razão da
terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade pode- alteração do estado de saúde da vítima.
rá mandar proceder a novo exame por outros peritos. Ex.: Quando uma vítima de lesão corporal tem um
Sistema de Apreciação do Laudo membro do corpo debilitado permanentemente em
▷ O Brasil adota o sistema LIBERATÓRIO de apreciação virtude dessa lesão, isso indica um crime de lesão
do laudo, o que significa que o juiz é livre para deci- corporal grave, porém, com o passar de algum tempo,
dir, podendo até mesmo contrariar a decisão, desde dessa mesma lesão resulta a amputação do mesmo
que de forma motivada. membro, muda-se a tipificação do crime para lesão
Art. 182, CPP. O juiz não ficará adstrito ao laudo, po- corporal gravíssima. Sendo assim, o exame é funda-
dendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. mental para que ocorra o aumento de pena, conforme
previsto no art. 129 do CP.
Exame de Corpo Delito ▷ No crime de Lesão Corporal Grave por impossibi-
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lidade de desempenho das ocupações habituais


Corpo de Delito: vestígios deixados vestígios deixados
pelo crime, ou seja, é tudo aquilo que podemos perceber sen- por mais de 30 dias (Art. 129, § 1º, I, do CP), deve
sorialmente. ser realizado o exame complementar de lesão
Exame de Corpo de Delito: perícia que tem por objeto corporal para que o delito não seja desclassificado
analisar os vestígios deixados pelo crime. para lesão leve, para qual a pena é mais branda.
Exame direto: é realizado diretamente sobre os vestígios A prova testemunhal pode suprir a ausência do exame
do crime. complementar em casos que já tenha ocorrido o desapareci-
Exame indireto: não é realizado diretamente sobre os mento dos vestígios do crime.
vestígios do crime. Nesse caso, é realizado sobre elementos Art. 167, CPP. Não sendo possível o exame de corpo de
acessórios para elaboração do laudo, como exemplo, uma oi- delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
tiva de testemunha. testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 176, CPP. Não sendo possível exame direto ou indi-
reto, a prova testemunhal suprirá a omissão.
Perícia Laboratorial
Segundo o STJ, o exame indireto é o ato do juiz de ouvir a Em alguns casos, os exames periciais devem ser realizados
testemunha, não se falando nesse caso da participação do perito. em laboratório, com o uso de reagentes químicos, para que se
atinja o resultado esperado.
A perícia nos vestígios do crime poderá ser realizada du-
Ex.: Exame para comprovar se determinada substância
rante as 24 horas do dia (Art. 161, CPP. O exame de corpo de
é droga ou não.
delito poderá ser feito em qualquer dia e a qualquer hora.),
devendo-se somente respeitar a inviolabilidade domiciliar Nesses casos, é imprescindível que seja guardada amostra
(Art. 5º, XI, da CF). do produto periciado até o final do processo para, se for neces-
sário, servir de contraprova.
Autópsia Art. 170, CPP. Nas perícias de laboratório, os peritos
É a perícia que visa à identificação da causa da morte. guardarão material suficiente para a eventualidade de
▷ É realizada, em regra, 6 horas após o óbito. nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão
ilustrados com provas fotográficas ou microfotográfi-
▷ Em razão da evidência da morte (ex: decapitação),
cas, desenhos ou esquemas.
esse prazo pode ser antecipado por meio da justifi-
cativa dos peritos Perícia em Objetos Relacionados a Crimes
Art. 162, CPP. A autópsia será feita pelo menos seis ho- É a perícia realizada em objetos destruídos, deteriorados ou
ras depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência que constituam produto ou proveito do crime. Pode ser decisiva
dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes para o cálculo da pena nos delitos de furto e de estelionato.
daquele prazo, o que declararão no auto.
Exame Grafotécnico
Exumação É a perícia que tem a finalidade de identificar a autoria de
É a perícia que tem por finalidade desenterrar o cadáver, determinada letra ou escrita.
seja porque o corpo foi enterrado sem autópsia, ou se for ne- O juiz pode se valer de todos os meios a sua disposição
cessário complementar uma análise anteriormente realizada. para produzir o material necessário à realização da perícia.
Ex.: O juiz pode requisitar, de órgãos públicos e privados, dos auxiliares bem como a presença do defensor e a
documentos que, indiscutivelmente, foram produzidos publicidade do ato.
pelo réu para, dessa forma, realizar a perícia. ▷ Ida do réu ao fórum.
Segundo o STF, a contribuição do réu com a autoridade, ▷ Vídeo conferência (§ 2º e seus incisos, Art. 185 do
escrevendo aquilo que lhe for narrado, é mera faculdade, já CPP).
que ninguém é obrigado a se autoincriminar.
Hipóteses
Perícia nos Instrumentos do Crime ▷ Havendo risco à segurança pública
É a perícia realizada nos objetos utilizados para a prática » Risco de fuga.
do delito, visando a aferir se o objeto é apto ao fim almejado, » Réu que integra organização criminosa.
pois se o meio é absolutamente ineficaz, estaremos diante de
crime impossível. » Risco de intimidação da vítima ou da testemu-
Ex.: Perícia realizada numa arma de fogo para verificar nha.
se ela é apta a funcionar e se esse funcionamento é capaz » Risco da ordem pública.
de levar alguém a óbito. ▷ Impossibilidade de deslocamento do preso
Teste de Alcoolemia » Doença.
Bafômetro / Etilômetro: Nenhuma pessoa pode ser obri- » Idade avançada.
gada a realizar tal exame, pois ninguém é obrigado a produzir Interrogatório da Pessoa Jurídica
prova contra si mesmo. Entretanto, a polícia poderá utilizar de
qualquer outro meio para atestar a embriaguez. Atualmente, a pessoa jurídica pode ser autora de crime,
Exame de sangue: As vítimas fatais de acidente de trânsito no caso de delitos ambientais. Sendo assim, ela será ré em um
serão submetidas obrigatoriamente a esse exame, por disposi- processo criminal e também poderá ser interrogada, mas o
ção do Art. 3º da Resolução nº 206/06 do Contran. interrogatório da pessoa jurídica se dará por meio de um pre-
posto (advogado) de seus diretores ou dos seus sócios admi-
Interrogatório nistradores, e essas declarações serão vinculadas à ré.
É o momento processual no qual o juiz e também as partes
farão perguntas ao réu, e também quando este poderá exerci- Ofendido
tar a sua ampla-defesa, apresentando, se quiser, a sua versão É a vítima identificada do suposto crime. Ela presta as suas
dos fatos pelos quais está sendo acusado. declarações contribuindo para solucionar o fato.
Sempre que possível, o ofendido será qualificado e pergunta-
Natureza do sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser

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Por ser um meio de defesa, oportunizar o interrogatório é o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as
obrigatório sob pena de nulidade absoluta. suas declarações.
Procedimento Se o intimado para esse fim deixar de comparecer sem
motivo justo, o ofendido poderá ser conduzido à presença da
Direito de Entrevista Preliminar Reservada autoridade e ainda responderá criminalmente por desobe-
O réu tem o direito de ser orientado previamente pelo diência.
seu advogado, na expectativa de que tome conhecimento do
que está por vir e de como se comportar durante a audiência. Direitos do Ofendido
Art. 185, § 5º, CPP. Em qualquer modalidade de inter- O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos
rogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevis- ao ingresso e à saída do acusado da prisão; à designação de
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ta prévia e reservada com o seu defensor; se realizado data para audiência; e à sentença e respectivos acórdãos que a
por videoconferência, fica também garantido o aces- mantenham ou modifiquem.
so a canais telefônicos reservados para comunicação As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no ende-
entre o defensor que esteja no presídio e o advogado reço por ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o
presente na sala de audiência do Fórum, e entre este uso de meio eletrônico.
e o preso. Antes do início da audiência e durante a sua realização, será
Presença do Advogado no Interrogatório reservado espaço separado para o ofendido. Se o juiz entender
▷ Obrigatório. necessário, poderá encaminhá-lo para atendimento multidisci-
▷ Nulidade absoluta (Súmula 523 do STF). plinar, especialmente nas áreas: psicossocial, de assistência jurí-
dica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado.
Interrogatório do Réu Preso O juiz tomará as providências necessárias à preservação
▷ Ida do Juiz ao estabelecimento prisional (é a regra) da intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, po-
Art. 185, § 1º, CPP. O interrogatório do réu preso será dendo, inclusive, determinar o segredo de justiça em relação
realizado, em sala própria, no estabelecimento em aos dados, depoimentos e outras informações constantes dos
que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a autos a seu respeito para evitar sua exposição aos meios de 505
segurança do juiz, do membro do Ministério Público e comunicação.
Testemunha » Atividade de assistência social.
506 » Advogados.
É a pessoa que percebeu sensorialmente (por meio dos
sentidos: visão, audição, tato etc.) o fato apurado no processo. » Médicos.
Ela vai prestar declarações sobre essa situação ou sobre algum » Tutores.
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ato processual. » Curadores.


As pessoas impedidas poderão, excepcionalmente, fun-
Princípios cionar como testemunhas se forem autorizadas pelo interes-
Judicialidade sado e se assim desejarem. Nesse caso, se elas mentirem,
responderão por falso testemunho, já que estarão compro-
Para que um testemunho tenha aptidão de sustentar uma missadas com a verdade.
sentença, é necessário que ele seja produzido perante um juiz,
pois, nesse momento, ele será submetido ao contraditório e à Art. 207, CPP. São proibidas de depor as pessoas que,
ampla defesa. em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
Retrospectividade parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Os fatos narrados pela testemunha são relativos ao passa- ▷ Demais Impedimentos
do (nunca ao futuro). » Juízes e membros do MP: estão impedidos de
Oralidade atuar funcionalmente no processo e funcionar
Prevalece a palavra falada. como testemunha nele.
Exceção: algumas autoridades prestarão suas declarações » Corréu: havendo pluralidade de réus, um não
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por escrito e o juiz deve lhes encaminhar as perguntas previa- poderá testemunhar nem a favor nem contra
mente: os demais.
» Presidente da República. » Deputados e Senadores: essas autoridades não
estão obrigadas a funcionar como testemunha
» Vice-Presidente.
em razão de fatos que tomaram conhecimento
» Presidente do Senado. durante o desempenho das funções.
» Presidente da Câmara dos Deputados.
» Presidente do STF. Número de Testemunhas
Art. 204, CPP. O depoimento será prestado oralmente, ▷ Procedimento comum ordinário: 8 testemunhas.
não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito. ▷ Procedimento comum sumário: 5 testemunhas.
Art. 221, § 1º, CPP. O Presidente e o Vice-Presidente da ▷ Procedimento sumaríssimo: 3 testemunhas.
República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara ▷ 2ª fase do júri: 5 testemunhas.
dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão
optar pela prestação de depoimento por escrito, caso Classificação das Testemunhas
em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferi- ▷ Numerárias
das pelo juiz, Ihes serão transmitidas por ofício. São aquelas que integram o número legal (conforme es-
Basta lembrarmo-nos das hipóteses de sucessão presiden- tudado acima);, elas têm o compromisso de dizer a verdade.
cial que não mais nos esqueceremos quem são as autoridades ▷ Extranumerárias
que poderão prestar suas declarações por escrito. Não integram o número legal, mas também têm o compro-
Recusas misso de dizer a verdade.
▷ Informantes
Toda pessoa poderá ser testemunha, que não poderá eximir-
se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê- São as pessoas que não prestam compromisso (Art. 208,
CPP. Não se deferirá o compromisso a que alude o Art. 203 aos
-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge,
doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze)
ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do
anos, nem às pessoas a que se refere o Art. 206.). São elas:
acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se
ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. » Parentes do réu.
Caso esses parentes do réu sejam a única fonte de prova, en- » Menores de 14 anos.
tão, serão obrigados a figurar como testemunha, não podendo » Loucos.
exercer a recusa, porém não serão obrigadas a dizer a verdade. ▷ Testemunha da coroa
De acordo com a lei, que disciplina o combate ao crime
Impedimentos organizado, os agentes de polícia poderão atuar infiltrados em
Algumas pessoas, devido à função, ministério, ofício ou organização criminosa por decisão judicial motivada, e, caso
profissão exercida na sociedade, estarão impedidas por lei de presenciem um crime, poderão funcionar como testemunha.
funcionar como testemunha, devendo guardar segredo dos fa- ▷ Testemunha direta
tos que tomam conhecimento. São elas: É a testemunha que presta declaração sobre o fato princi-
▷ Pessoas que exercem Ministério: pal da causa, sem que tenha havido nenhum tipo de interfe-
» Atividade religiosa. rência na formação da sua percepção.
▷ Testemunha indireta substituição do funcionário no dia da sua ausência, em home-
É aquela que não teve uma percepção sensorial do fato, e nagem ao princípio da continuidade do serviço público.
sim acidental, ou seja, é que ouviu dizer alguma coisa da si- Já o militar será convocado por meio do seu superior,
tuação. em respeito à hierarquia e para evitar que o oficial de jus-
▷ Testemunha própria tiça transite no quartel, respeitando-se a respectiva invio-
É aquela que presta declaração sobre o fato a ser provado. labilidade do quartel.
▷ Testemunha imprópria / instrumentária / Federa- Art. 221, §§ 2º e 3º, CPP. Os militares deverão ser
tiva requisitados à autoridade superior. Aos funcionários
É a que concede declaração sobre um ato da persecução públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218, deven-
penal. do, porém, a expedição do mandado ser imediata-
Ex.: Testemunha instrumental da prisão em flagrante. mente comunicada ao chefe da repartição em que
▷ Laudador / testemunha de beatificação servirem, com indicação do dia e da hora marcados.
É a testemunha que presta declaração sobre os anteceden- Reconhecimento de Pessoas e Objetos
tes do réu.
É o meio de prova que tem por finalidade identificar se de-
Deveres da Testemunha terminada pessoa ou objeto teve algum tipo de ligação com o
Comparecer: o não comparecimento acarretará: crime apurado no processo. Sendo assim, alguém que já tenha
visto uma coisa ou outra será chamado a identificá-lo.
» Condução coercitiva.
» Pagamento de multa. Reconhecimento de Pessoas
» Pagar as custas da diligência. Por meio deste expediente, busca-se identificar não so-
» Responsabilidade criminal por desobediência. mente o infrator, mas, em alguns casos, até mesmo a vítima
Art. 218, CPP. Se, regularmente intimada, a testemu- e as testemunhas
nha deixar de comparecer sem motivo justificado, Procedimento
o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua Art. 226, I, CPP. a pessoa que tiver de fazer o reconhe-
apresentação ou determinar que seja conduzida por cimento será convidada a descrever a pessoa que deva
oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da for- ser reconhecida;
ça pública.
Art. 226, II, CPP. a pessoa, cujo reconhecimento se
Art. 219, CPP. O juiz poderá aplicar à testemunha falto- pretender, será colocada, se possível, ao lado de outras
sa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do proces- que com ela tiverem qualquer semelhança, convidan-
so penal por crime de desobediência, e condená-la ao do-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apon-

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pagamento das custas da diligência. tá-la;
▷ Dizer a Verdade Reconhecimento de Objetos
» Dizer a verdade. Se for necessário proceder ao reconhecimento de objetos
» Não calar a verdade. que tenham algum tipo de vínculo com o crime, se adotará o
mesmo procedimento realizado para reconhecer uma pessoa
» Não negar a verdade. (Art. 227, CPP. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á
Caso a testemunha não cumpra com o compromisso, co- com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no que for
meterá o crime de Falso Testemunho. aplicável.).
▷ Informar sobre qualquer mudança de endereço no
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
É possível o reconhecimento de pessoas tanto por fotogra-
prazo de um ano a contar da data que a testemunha fias como também pela voz (modalidade de provas inominadas).
foi ouvida.
Se a testemunha não informar sua mudança de endereço
Acareação
e for convocada novamente pela autoridade, será considerada É o meio de prova que tem por finalidade esclarecer diver-
testemunha faltante e, assim, sofrerá todas as consequências gências nas declarações de qualquer cidadão sobre fatos ou
por sua falta: condução coercitiva, pagar as custas da diligên- circunstâncias relevantes. A acareação pode se dar tanto entre
cia, pagar multa, e ainda será responsabilizada criminalmente acusados, acusado e testemunha, etc.
por desobediência. Art. 229, CPP. A acareação será admitida entre acusa-
Art. 224, CPP. As testemunhas comunicarão ao juiz, dos, entre acusado e testemunha, entre testemunhas,
dentro de um ano, qualquer mudança de residência, entre acusado ou testemunha e a pessoa ofendida, e
sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
comparecimento. em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias re-
levantes.
Funcionários Públicos e Militares Natureza: meio de prova.
Deve o oficial de justiça notificar o respectivo funcioná- Pressupostos: divergência substancial sobre fato ou circuns- 507
rio público e o chefe da repartição para que ele providencie a tância relevante, prestada previamente pelos confrontantes.
Procedimento: os acareados serão convocados à pre- Dos Indícios
508 sença da autoridade (juiz ou delegado). Na sequência,
serão provocados pela autoridade a mudar ou ratificar o Art. 239, CPP. Considera-se indício a circunstância
depoimento anteriormente prestado.
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato,
Documentos autorize, por indução, concluir-se a existência de outra
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

ou outras circunstâncias.
É o papel ou meio digital, fotográfico, etc, que tem por fi-
Ex.: Alguém passeia pela rua e se depara com uma
nalidade transmitir uma informação.
pessoa com a roupa suja de sangue e uma faca na
Classificação mão. Essa pessoa passa pela outra correndo e, após
alguns metros, encontra um cidadão caído no chão
Instrumento com várias facadas no corpo. Pode-se concluir, logi-
É o documento produzido com a finalidade de provar algo.
camente, que aquela primeira que passou com a faca
Ex.: Um comprovante de pagamento, declaração do IR.
cometeu a agressão, mesmo que não se tenha visto o
Documentos Eventuais crime acontecer.
Não possuem a finalidade de provar nada, mas, excepcio- Indício negativo: É aquele que contradiz a conclusão ex-
nalmente, podem funcionar como prova. traída, ou seja, é o álibi.
Ex.: Uma foto familiar.
Documentos Originais Busca e Apreensão
São aqueles produzidos na fonte. Busca: é a procura de uma determinada pessoa ou de um
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Cópias objeto do rol do Art. 240 do CPP.


É uma cópia do original. Apreensão: é resultante da busca bem sucedida, em que
se apreende a respectiva pessoa ou objeto procurado.
Públicos
Para a doutrina moderna, a busca e apreensão seria uma
São produzidos por funcionário público no seu exercício
medida cautelar, que tem por finalidade prospectar objetos ou
funcional.
pessoas.
Particular Momento: pode ser produzida a qualquer momento, an-
É confeccionado por particular ou até mesmo por funcio- tes, durante ou até mesmo após a persecução penal, ou seja,
nário público, estando este fora do seu exercício funcional. durante a execução da pena.

Momento de Produção Modalidades


A qualquer momento da persecução penal. Busca Domiciliar
Quem pode produzir documento:
É a diligência realizada num domicílio ou residência deter-
▷ Acusação. minados.
▷ Defesa. O que é casa?
▷ Juiz (ex-ofício).
Segundo o Art. 150 do CP, casa é qualquer ambiente de ocu-
▷ Delegado (ex-ofício). pação individual ou coletiva onde se possa invocar a intimidade.
Tradução Em qual horário pode
Os documentos em língua estrangeira poderão ser traduzi- ser realizada a Busca Domiciliar?
dos para que se obtenha a exata compreensão. Durante o dia (das 6h às 18 horas), de acordo com o horário
Segundo a doutrina, o que escrito em língua estrangeira, de cada localidade.
para que tenha valor de prova, deve ser traduzido para o por- Se a diligência começar durante o dia, poderá se estender
tuguês, respeitando-se assim o princípio da publicidade. pela noite, desde que exista proporcionalidade. Caso contrário,
deve ser interrompida.
Restituição A busca pode ser realizada aos
Após a sentença transitar em julgado, será possível a devo- sábados, domingos e feriados?
lução dos documentos originais ao proprietário, adotando-se Pode, não há obstáculo algum.
o seguinte procedimento:
▷ Requerimento do proprietário. • Procedimento
▷ Prévia oitiva do MP antes da decisão juiz. ▷ Decretação: Juiz.
▷ Se o juiz deferir o pedido, deve ficar cópia nos autos. ▷ Apresentação do mandado:
Art. 238, CPP. Os documentos originais, juntos a pro- A autoridade que preside a diligência deverá apresentar o
cesso findo, quando não exista motivo relevante que respectivo mandado.
justifique a sua conservação nos autos, poderão, me- Caso o juiz realize o ato pessoalmente, estará dispensado
diante requerimento, e ouvido o Ministério Público, da apresentação do mandado, o que não acontece com os
ser entregues à parte que os produziu, ficando tras- delegados e, assim sendo, o Art. 244 do CPP, nesse item, está
lado nos autos. tacitamente revogado.
▷ Mandado genérico: O juiz também é responsável pela presidência do processo
É aquele que não especifica concretamente o local, obje- penal, estando acima das partes (acusação e réu) na tríplice
to ou pessoa que está sendo procurado, ou seja, nesse caso a relação processual.
busca é ilícita.
Juiz
▷ Busca e apreensão em escritório de advocacia:
De acordo com o preceituado no Art. 7º do Estatuto da
OAB, a diligência será acompanhada por um advogado indi- Acusação Réu
cado pela própria ordem e, segundo o STF, se a OAB for pro-
vocada e se omitir, a diligência acontecerá sem a presença do Para que ele possa cumprir com a função de aplicar a lei ao
advogado. caso concreto, está nas mãos dele o poder de polícia durante
as audiências que ele preside e não se admite que as forças de
Busca e Apreensão Pessoal segurança presentes numa audiência criminal se subordinem a
É a busca realizada no corpo da pessoa, abrangendo os qualquer outra autoridade que não seja o juiz.
objetos na sua esfera imediata de domínio: roupas, mochilas, Também é o responsável por dar o impulso necessário ao
automóveis. É a famosa “GERAL”. bom andamento do processo, sendo sua competência zelar
• Requisitos: Ordem judicial motivada pela celeridade do processo, conforme preceituado no Art. 5º,
▷ Dispensa da ordem judicial: LXXVIII, da CF.
» Efetivação da prisão. A pessoa do juiz representa o poder jurisdicional do Estado
e tal poder, apesar de tão grande, é totalmente vinculado à lei.
» No cumprimento da busca domiciliar.
Assim sendo, o juiz, na condução dos processos que preside,
» Fundada suspeita de que o indivíduo esteja com deve respeitar e fazer respeitar cada etapa procedimental e se,
armas ou objetos que integram o corpo de de- por acaso, houver um descumprimento na sequência dos atos,
lito. tal será nulo.
• Busca pessoal em mulher
Será feita, preferencialmente, por outra mulher. Em casos Impedimento dos Juízes
de extrema urgência e necessidade, para que não se retarde Impedimento é obstáculo ou embaraço ao exercício da
ou traga prejuízo à diligência, poderá ser feita por um homem função no processo. Nesses casos, o juiz é declarado parcial,
(Art. 249 do CPP: A busca em mulher será feita por outra mu- pois existe vínculo entre ele e o objeto do litígio. Dessa forma,
lher, se não importar retardamento ou prejuízo da diligência.). é inadmissível que ele presida o processo, e a atuação de um
• Inviolabilidade das correspondências e a Busca e juiz impedido no processo é a inexistência dos atos praticados
Apreensão (observe bem que não se fala em nulidade mas no ato inexis-
tente, o próprio processo não existe).

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Quanto às correspondências, devemos analisar os seguin-
tes aspectos: As hipóteses de impedimento são descritas taxativamente
no Art. 252 do CPP. São elas:
Correspondência aberta: comporta a medida.
Correspondência fechada: não comporta a medida (Art. I. Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, con-
5º, XII da CF). sanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o
O STF entende que a correspondência fechada do preso terceiro grau, inclusive, como defensor ou advoga-
pode ser fiscalizada pela administração penitenciária, pois o do, órgão do Ministério Público, autoridade policial,
direito a intimidade não pode ser usado para a prática de cri- auxiliar da justiça ou perito.
mes por quem está preso. II. Ele próprio houver desempenhado qualquer
dessas funções ou servido como testemunha.
7. Do Juiz, do Ministério Público, do
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

III. Tiver funcionado como juiz de outra instância,


pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
Acusado e Defensor, dos Assistentes e questão.
Auxiliares da Justiça IV. Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, con-
sanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até
o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
Juiz interessado no feito.
É o responsável pela aplicação do direito ao caso concre-
to, mas não é parte no processo penal, pois esta é quem tem Suspeição dos Juízes
interesse na causa. O juiz deve sempre ser imparcial, ou seja, Suspeição é obstáculo ao exercício da função. Nesse caso,
não pode tomar partido para nenhuma das partes, cabendo existe interesse do juiz na matéria em debate.
a ele somente a condução do processo e o julgamento justo, Se o juiz for declarado suspeito, os atos por ele praticados
lembrando que até o trânsito em julgado de uma sentença são nulos e, em alguns casos, podem ser ratificados pelo juiz
condenatória todos são inocentes. Sendo assim, é inadmissível substituto que irá julgar a lide. A suspeição difere do impedi-
no processo a presença do juiz parcial, que já formou o seu mento em vários aspectos, conforme visto acima; dentre eles
juízo quanto ao caso antes mesmo de ouvir as partes e receber destaca-se que as suspeições podem ser vencidas pelas par- 509
as hipóteses de defesas e acusações. tes, ou seja, estas podem aceitar o julgamento do juiz suspeito
(desde que ele também não se importe em julgar o conflito) e,
510 caso isso aconteça, a suspeição será vencida; já o impedimento Ministério Público
não poderá ser vencido pelas partes. Federal (Desempenha a
As hipóteses de suspeição estão descritas no Art. 254. Ministério função do MP Eleitoral)
São elas: Público da União
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ministério Público do
I. Se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer
Ministério Trabalho
deles.
Público Estadual
II. Se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, Ministério Público Militar
estiverem respondendo a processo por fato análogo,
sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. Ministério Público do DF
III. Se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou
afim até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda Acusado (Réu ou Querelado)
ou responder a processo que tenha de ser julgado por É parte no processo penal, está no polo passivo da ação
qualquer das partes. penal, assim sendo, é a pessoa denunciada. Possui interesse
IV. Se tiver aconselhado qualquer das partes. na demonstração da inocência e, por isso, não tem obrigação
de colaborar com a acusação, pois não é obrigado a produzir
V. Se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
provas contra si mesmo, mas a confissão é aceita, desde que
quer das partes. balizada em outras provas.
VI. Se for sócio, acionista ou administrador de socie- Ao acusado é garantido o direito de ser assistido por defe-
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dade interessada no processo. sa técnica (também é um dever a defesa técnica para o deslin-
O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco de do processo e a ausência de defesa é hipótese de nulidade
por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe absoluta do processo); mesmo que o acusado seja fugitivo da
tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas ainda justiça, tal direito é garantido.
que dissolvido sem descendentes, não funcionará como juiz o Caso o acusado seja pobre e não tenha condições de cons-
sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for tituir advogado, a defesa será feita por defensor dativo ou pela
parte no processo. defensoria pública.
Por dissolução do casamento entende-se o divórcio, pois O CPP, em seu Art. 262, fala que o acusado menor será
em caso de separação judicial, enquanto não for julgado o di- acompanhado por curador. É importante ressaltar, nesse caso,
vórcio, haverá impedimento. que não existe mais a figura do acusado menor (pessoa entre
Caso a parte gere a suspeição supervenientemente ao processo, 18 e 21 anos de idade), uma vez que o Código Civil declara que
motivada por má-fé e com a única intenção de protelar o julgamen- o maior de 18 anos é plenamente capaz, o que não acontecia
to, a suspeição não será reconhecida. Seria, por exemplo, o caso de na época da redação do Código de Processo Penal.
uma das partes ofender o juiz fora do julgamento e até mesmo do Defensor
fórum e alegar depois que entre a parte e o juiz existe inimizade.
Tal fato não é caracterizado suspeição, pois ela deve existir antes do Não é parte no processo, mas o representante do acusado
julgamento e como decorrência natural das relações humanas, não e sua atuação deve ser intencionada a garantir a decisão mais
favorável ao seu cliente, ou seja, caso este seja culpado do fato
por má-fé para garantir um estado de ilegalidade.
imputado, o advogado deve lutar pela pena mais branda. Se
Ministério Público for inocente, deve pleitear a absolvição.
A ausência de defesa é hipótese de nulidade absoluta, as-
O promotor é sujeito e parte imparcial no processo, por- sim sendo, o CPP admite que, quando o advogado não puder
que, apesar de ser o responsável pela promoção da ação, sua comparecer, por motivo justificado, a audiência poderá ser re-
conduta não pode ser balizada pela relação com as partes ou marcada, mas, nesse caso, cabe ao advogado provar a causa
com a causa, mas pela promoção da justiça, que é sempre o justificadora de sua ausência.
objetivo da atuação do membro do parquet.
O MP é o titular da ação penal pública e o fiscal da privada. Nomeação do Advogado
As hipóteses de impedimento ou suspeição dos membros O advogado pode ser nomeado por instrumento de man-
do Ministério Público são as mesmas estudadas anteriormente dato ou de termo de audiência, quando for indicado no curso
que podem ser imputadas aos juízes, ou seja, o rol de impedi- do interrogatório.
mentos vem descrito no Art. 252 e o de suspeições no Art. 254. Caso o advogado seja parente do juiz ou do promotor,
estaremos diante de hipótese de impedimento.
Classificação do Ministério Público
O MP é dividido em MP Estadual e MP da União, e fazem Assistente
parte do MPU os seguintes órgãos: Ministério Público Federal Assistente é o ofendido ou seu representante legal, ou seja,
(também desempenha a função de Ministério Público Eleito- a vítima do fato criminoso, pode ser pessoa física ou jurídica,
ral), Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e basta, para isso, que seja a vítima da ação criminosa.
Ministério Público do DF. Tem o objetivo de auxiliar o MP na acusação.
▷ Ao assistente são garantidas as seguintes prerro- são aqueles que, não sendo indispensáveis à existência da re-
gativas: lação processual, nela intervêm de alguma forma.
» Propor meios de prova. Os principais são o juiz, o autor (que pode ser o Ministério
» Requerer perguntas às testemunhas. Público ou o ofendido) e o acusado. Os acessórios ou colaterais
» Aditar o libelo e os articulados. são o assistente, os auxiliares da justiça e os terceiros, interes-
» Participar do debate oral. sados ou não, que atuam no processo.
» Arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério
Público ou por ele próprio. 8. Da Prisão, das Medidas Cautelares
O MP será sempre previamente ouvido quando o juiz tiver
que decidir pela participação do ofendido como assistente, bem
e da Liberdade Provisória
como quando o juiz for decidir quanto à produção de provas so- O que é Prisão?
licitadas pelo assistente. Caso ele não admita este, é vedada a
É uma restrição à liberdade de ir e vir (liberdade ambula-
utilização de quaisquer recursos para impugnar a decisão.
torial ou de locomoção), por meio do recolhimento ao cárcere.
Funcionários da Justiça Constitucionalidade das Prisões
São os servidores públicos que atuam no poder judiciário. Art. 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
As hipóteses de suspeição dos juízes se estendem aos fun- grante delito ou por ordem escrita e fundamentada
cionários da justiça no que lhes for aplicável. de autoridade judiciária competente, salvo nos casos
de transgressão militar ou crimes propriamente mili-
Peritos e Intérpretes tares definidos em lei.
Assim sendo, exceto nas transgressões militares, a prisão
Peritos só ocorrerá, em regra, por ordem escrita e fundamentada do
Perito é o especialista em determinada área do conheci- juiz competente e, excepcionalmente, nos casos de flagrante
mento humano que atua como auxiliar da administração da delito. Somente o juiz pode decretar a prisão de alguém e mais
justiça. Tem a incumbência de produzir laudos periciais dentro nenhuma outra autoridade.
da sua área de conhecimento para contribuir na busca da ver-
dade real, que é o objetivo do processo penal. Princípio da Presunção de Inocência
Classificação Durante a Prisão Cautelar
Os peritos são classificados em oficiais e não oficiais, Art. 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado até
conforme visto no capítulo pertinente às provas. o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

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Impedimentos Com base nessa norma, o STF consagrou o entendimento
▷ Não poderão funcionar como peritos no processo as se- de que o princípio da presunção de inocência se estende até
guintes pessoas: a sentença condenatória transitar em julgado, e, antes desse
» Sujeitas à pena restritiva de direitos impeditivas do marco, a prisão é exceção que só se justifica naquelas situa-
cargo, emprego ou função pública. ções expressamente consagradas em lei.
» Os que tiverem prestado depoimento no processo
ou opinado anteriormente sobre o objeto da perícia. Modalidades de Prisão
» Os analfabetos e os menores de 21 anos. Prisão Pena: é aquela que decorre do trânsito em julgado
Suspeição de uma sentença condenatória. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

São as mesmas hipóteses aplicadas ao juiz (Art. 254 do CPP). Prisão sem pena (Processual / Provisória / Cautelar): é
modalidade de prisão cabível à persecução penal, ou seja, du-
Intérprete rante o inquérito policial e também durante o processo penal, e
É a pessoa especialista em idiomas ou linguagens (exemplo: antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
libras) que vai intermediar as partes quando for necessário. ▷ Prisão em Flagrante.
É espécie de perito e, assim sendo, todos as regras acima ▷ Prisão Preventiva.
estudadas quanto aos peritos são aplicadas a eles.
▷ Prisão Temporária.
Atos de Terceiros ▷ Prisão por Pronúncia.
Fala-se, assim, em partes parciais — demandante e de- ▷ Prisão por sentença recorrível.
mandado — e parte imparcial — o juiz. Demandante é aquele
que deduz em juízo uma pretensão, ao passo que demandado Principais Prisões Disciplinares/
é aquele em face de quem a pretensão é deduzida. Administrativas
Os sujeitos processuais subdividem-se em principais e
acessórios (ou colaterais). Por principais entendem-se aqueles Prisão em Flagrante
cuja ausência torna impossível a existência ou a complemen- É a prisão cautelar de natureza administrativa que fun- 511
tação da relação jurídica processual; acessórios, por exclusão, ciona como ferramenta de preservação social, autorizando
a captura daquele que é surpreendido no instante em que e foge, sem ser preso no local, fazendo com que se inicie uma
512 pratica ou termina de concluir a infração penal. Caracte- perseguição, seja pela polícia, pela vítima ou por terceiro.
riza-se pela imediatidade entre o crime e a prisão. Essa Ex.: O agente dispara vários tiros de arma de fogo contra
modalidade de prisão comporta várias delas, e, a seguir, a vítima, sai da casa desta com a arma na mão e logo
exemplificaremos cada hipótese de flagrante, conforme o após é visto pela polícia que estava de patrulha na região.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

que vem sendo cobrado nos principais concursos do país. Inicia-se, então, uma perseguição que acaba resultando
Modalidades de Flagrante na prisão do agente.
Art. 301, III, CP. Considera-se em flagrante delito quem:
Existem várias modalidades de flagrantes; elas são es-
tabelecidas nas leis, nas doutrinas e também na jurispru- III. É perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
dência. A seguir, veremos cada uma delas: ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
Flagrante Obrigatório ou Compulsório presumir ser autor da infração.
É o flagrante imposto pela lei às forças policiais (polícia Notas quanto à Perseguição:
militar e civil), ou seja, é um dever funcional do policial a rea- Tanto a polícia quanto qualquer pessoa do povo podem
lização da prisão em flagrante sempre que necessário, e, caso prender alguém em flagrante. Sendo assim, será caracterizada
o policial não cumpra com o seu dever, ele é responsabilizado a perseguição quando o perseguidor, por informação própria
tanto na esfera criminal quanto na administrativa. ou de terceiro, logo após o crime, descobrir que o criminoso
Art. 301 do CPP. Qualquer do povo poderá e as autorida- partiu em determinada direção e, a partir daí, seguir em seu
des policiais e seus agentes deverão prender quem quer encalço.
que seja encontrado em flagrante delito. Não há prazo pré-fixado em lei. A perseguição se estende
pelo tempo que for necessária, mesmo que não exista contato
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Flagrante Facultativo
visual. Ela não pode ser interrompida; existe um mito quanto a
É a possibilidade da realização da prisão em flagrante por
um prazo para a perseguição, que seria de 24 horas.
qualquer do povo, pois a lei nos traz que, enquanto as forças
policiais têm a obrigação de prender em flagrante, aquele Esse prazo não existe e a perseguição pode durar o tempo
pode realizar a prisão em flagrante. Quando uma pessoa co- que for necessária, como exemplo, um mês, um ano. Ela só não
mum do povo a realiza, ela está amparada pelo excludente de pode ser interrompida.
ilicitude denominado exercício regular de direito. Parte da doutrina entende que a invasão domiciliar só se
Art. 301 do CPP. Qualquer do povo poderá e as autori- justifica no flagrante próprio, sendo assim, em qualquer out-
dades policiais e seus agentes deverão prender quem ra modalidade de flagrante, incluindo esta, não poderá haver
quer que seja encontrado em flagrante delito. invasão domiciliar para realizar a prisão. Também adota essa
Flagrante Próprio (Real / Perfeito / Propriamente dito) posição a Polícia Federal (instrução normativa 1/92 publica-
da no Diário Oficial da União, do Diretor do Departamento de
Tem cabimento em duas hipóteses:
Polícia Federal):
▷ Quando o agente está cometendo o delito, ou seja,
Art. 73. A autoridade policial somente procederá à
está em plena prática dos atos executórios.
busca domiciliar sem mandado judicial quando houver
Ex.: O agente saca uma faca e parte na direção de outra
consentimento espontâneo do morador ou quando ti-
pessoa na tentativa de produzir lesões corporais, entre-
tanto, antes que consiga ter sucesso é surpreendido pela ver certeza da situação de flagrância. (...) 73.2: Na se-
polícia ou por terceiro que lhe domina e lhe dá a voz de gunda hipótese, é imprescindível ter-se certeza de que
prisão. o delito está sendo praticado naquele momento.
▷ Acaba de cometer o delito, isto é, o agente terminou Flagrante Presumido (Ficto ou Assimilado)
de concluir a prática da infração penal, ficando evi- O criminoso é encontrado, logo depois de praticar o crime,
dente que é o autor do crime. Apesar do delito já ter com objetos, armas ou papéis que faça presumir ser ele o autor
se consumado, o agente ainda continua no local do do delito. Nesse caso, não há perseguição.
crime, e por isso pode ser preso. Caso o autor con- Ex.: É o que acontece com frequência nos crimes patri-
siga sair do de lá, o flagrante não será mais próprio. moniais, quando a vítima comunica à polícia a ocorrência
Ex.: O agente saca uma faca e parte na direção de outra de um roubo e a viatura sai pelas ruas próximas do bair-
pessoa na tentativa de produzir um homicídio; consegue, ro à procura do objeto subtraído, por exemplo. Então, o
então, desferir os golpes e provocar a morte da vítima. criminoso é encontrado de posse do bem logo após e a
Imediatamente a isso e antes de conseguir empreender polícia lhe dá voz de prisão.
fuga, o assassino é surpreendido ainda no local do crime Art. 301, IV, CPP. Considera-se em flagrante delito
pela polícia ou por terceiros e é preso. quem:
Art. 302, I e II, CPP. Considera-se em flagrante delito IV. É encontrado, logo depois, com instrumentos,
quem: armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
I. Está cometendo a infração penal; ele autor da infração.
II. Acaba de cometê-la; Flagrante Forjado
Flagrante Impróprio (Irreal / Imperfeito / Quase Flagrante) É o flagrante realizado para incriminar um inocente. A pri-
É a espécie de flagrante que ocorre quando o criminoso são é ilegal e o forjador irá responder criminalmente por de-
conclui o crime ou é interrompido pela chegada de terceiros nunciação caluniosa (Art. 339 do CP). E, caso o forjador seja
um funcionário público, além da denunciação caluniosa, res- II. A não atuação policial sobre os portadores de
ponde também por Abuso de Autoridade. drogas, seus precursores químicos ou outros pro-
Ex.: Alguém coloca na mochila de outra pessoa certa dutos utilizados em sua produção, que se encon-
quantidade de entorpecente, para, abordando-o depois, trem no território brasileiro, com a finalidade de
conseguir dar voz de prisão em flagrante por transportar identificar e responsabilizar maior número de inte-
ou portar a droga. grantes de operações de tráfico e distribuição, sem
Flagrante Esperado prejuízo da ação penal cabível.
Ocorre quando a polícia toma conhecimento da possibi- Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
lidade da ocorrência de um crime, então, fica em campana, a autorização será concedida desde que sejam conhe-
aguardando que se iniciem os primeiros atos executórios, na cidos o itinerário provável e a identificação dos agentes
expectativa de concretizar a captura. Devido à falta de previ- do delito ou de colaboradores.
são legal do flagrante esperado, quando a tomada se concre- Dentre as modalidades de flagrante aqui estudadas, é im-
tiza, ele se transforma em flagrante próprio, sendo assim, essa portante ressaltar que estão previstos, no Código de Processo
é uma modalidade viável para autorizar a prisão em flagrante. Penal, somente os flagrantes facultativo, obrigatório, próprio,
No flagrante esperado, a polícia em nada contribui com a impróprio e presumido.
prática do delito, ela simplesmente toma conhecimento do cri- Os flagrantes esperado, preparado e forjado são construções
me que está por vir e aguarda o delito acontecer para realizar doutrinárias que caem com frequência em concursos públicos,
a prisão. Não confundir com o flagrante preparado. conforme você poderá ver nos exercícios no final do capítulo.
Flagrante Preparado (Provocado / Delito Putativo por O postergado não vem no Código Penal, mas tem previsão
Obra do Agente Provocador) legal na lei que trata do crime organizado e também na Lei de
Ocorre quando o agente provocador (em regra, a polí- Tráfico de Drogas.
cia, podendo também ser terceiro) induz ou instiga alguém
a cometer um crime. Não é admitido no Brasil, a prisão é Procedimento
ilegal, e o fato praticado não constitui crime, pois o é atípi- Captura: é a restrição ao direito de locomoção que ocorre
co, sendo a consumação da ação impossível, haja vista que, imediatamente ao crime.
durante os atos executórios, haverá a prisão. Condução Coercitiva: é a apresentação do capturado à
Súm. 145, STF. Não há crime, quando a preparação do autoridade policial.
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação. Formalização da Prisão: ocorre por meio da lavratura do
Flagrante Postergado (Diferido / Estratégico / Ação Controlada) auto de prisão em flagrante.
Caracteriza-se pela possibilidade que a polícia (e somente Recolhimento à Prisão: lavratura do Auto de Prisão em
ela) tem de retardar a prisão em flagrante, na expectativa de Flagrante.

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realizá-lo num momento mais adequado para a colheita de Formalização
provas, para a captura do maior número de infratores e tam- Observação quanto aos sujeitos envolvidos na Formal-
bém a fim de conseguir o enquadramento no delito principal ização:
da facção criminosa. Ele é possível:
» Condutor: quem captura o criminoso e o leva à
No Art. 2º caput e inciso II da Lei nº 9.034/95 – Crime Or- autoridade policial.
ganizado
» Conduzido: é o capturado.
Art. 2º. Em qualquer fase de persecução criminal, são
» Delegado: é a autoridade que vai presidir a
permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os se-
lavratura do auto de prisão em flagrante.
guintes procedimentos de investigação e formação de
A autoridade que vai presidir a lavratura do auto é o dele-
provas:
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
gado do local da prisão, e, caso não tenha um, o auto de prisão
II. A ação controlada, que consiste em retardar a em flagrante será lavrado no local mais próximo onde haja
interdição policial do que se supõe ação praticada delegado.
por organizações criminosas ou a ela vinculado,
Art. 308, CPP. Não havendo autoridade no lugar em
desde que mantida sob observação e acompanha-
que se tiver efetuada a prisão, o preso será logo apre-
mento para que a medida legal se concretize no
sentado à do lugar mais próximo.
momento mais eficaz do ponto de vista da forma-
É possível que o juiz presida a lavratura do auto de prisão
ção de provas e fornecimento de informações.
em flagrante caso:
Art. 53, Lei nº 11.343/06. Tráfico de Drogas
▷ O crime seja praticado contra ele.
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal re-
lativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, ▷ O crime seja realizado na presença dele.
além dos previstos em lei, mediante autorização judi- É imprescindível que o juiz esteja no seu exercício funcional.
cial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedi- Art. 307, CPP. Quando o fato for praticado em presen-
mentos investigatórios: ça da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
I. A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz
investigação, constituída pelos órgãos especializa- de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoi- 513
dos pertinentes; mentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido são em flagrante será assinado por duas testemunhas,
514 imediatamente ao juiz a quem couber tomar conheci- que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
mento do fato delituoso, se não o for a autoridade que Art. 304, § 4o, CPP. Da lavratura do auto de prisão em
houver presidido o auto. flagrante deverá constar a informação sobre a existên-
cia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Sequência dos Atos


deficiência e o nome e o contato de eventual respon-
• Oitiva do Condutor sável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
» Serão colhidas as declarações do condutor, e presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
reduzidas a termo; A presença do advogado não é necessária, nem obrigató-
» Na sequência, é recolhida também a sua as- ria para a lavratura do auto de prisão em flagrante, ela é um
sinatura; direito e não uma obrigação.
» E, por fim, ao condutor é entregue pelo delega- • Desfecho
do um recibo de entrega atestando que o preso Caso o delegado entenda que:
lhe foi apresentado e também as condições fí- » O crime existiu;
sicas deste; » Que a captura foi legal;
» É dispensado o condutor. » O conduzido é o responsável pelo crime.
Art. 304, CPP, primeira parte. Apresentado o preso à Lavrará o auto de prisão em flagrante e o conduzido será
autoridade competente, ouvirá esta o condutor e co- recolhido ao cárcere, caso contrário, o auto não será lavrado e
lherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este a prisão será relaxada.
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cópia do termo e recibo de entrega do preso. Art. 304, § 1º, primeira parte. Resultando das respos-
tas fundada a suspeita contra o conduzido, a autorida-
• Oitiva das Testemunhas de mandará recolhê-lo à prisão.
Devem ser ouvidas ao menos duas testemunhas, as quais
são chamadas de numerárias, porque elas têm conhecimento • Comunicação da prisão
do fato ocorrido: A prisão de qualquer pessoa deve ser comunicada imedia-
» Serão colhidas suas declarações e reduzidas a tamente ao:
termo; » Juiz competente;
» Na sequência, serão recolhidas suas assinaturas; » MP;
» As testemunhas serão dispensadas. » Família do preso à pessoa por ele indicada.
Art. 304, CPP, segunda parte e parte final. Em segui- Art. 306, CPP. A prisão de qualquer pessoa e o local
da, procederá à oitiva das testemunhas que o acom- onde se encontre serão comunicados imediatamente
panharem colhendo, após cada oitiva, suas respectivas ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do
assinaturas. preso ou à pessoa por ele indicada.
Art. 304, § 2º, CPP. A falta de testemunhas da infração Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da pri-
não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nes- são, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão
se caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu
duas pessoas que hajam testemunhado a apresenta- advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
ção do preso à autoridade. Art. 306, § 1º, CPP. Em até 24 (vinte e quatro) horas
Qualquer um pode ser uma testemunha instrumental, in- após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
clusive o delegado de polícia, pois, segundo o STJ, quem esco- competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
lhe aquela não é a autoridade, é o destino. autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
integral para a Defensoria Pública.
• Oitiva do Conduzido
Art. 306, § 2º, CPP. No mesmo prazo, será entregue
Ao preso será informado o direito ao silêncio e também o ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada
de assistência, ou seja, de comunicar alguém da sua escolha
pela autoridade que lavrou o auto, com o motivo da
que ele está preso.
prisão, o nome do condutor e os das testemunhas,
Fundamentação legal:
com o objeto de materializar a regra constitucional
Art. 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus direi- abaixo exposta.
tos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
Art. 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
assegurada a assistência da família e de advogado.
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
As declarações prestadas serão reduzidas a termo, ou
tório policial.
seja, a escrito e o conduzido irá assinar as suas declara-
ções. Caso o preso não saiba assinar, não queira ou não Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
possa, a falta da sua assinatura será sanada com a utiliza- fundamentadamente:
ção de duas testemunhas. » Relaxar a prisão ilegal.
Art. 304, § 3º, CPP. Quando o acusado se recusar a » Converter a prisão em flagrante em preventiva,
assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de pri- quando cabível.
» Quando a prisão for legal, mas não for cabível a no momento da captura. O entendimento prevalente é de que
sua conversão em prisão preventiva, será então não cabe flagrante.
concedida a liberdade provisória, com ou sem
fiança. Prisão Preventiva
Quando o crime acontecer amparado por um excludente É a medida cautelar de constrição da liberdade pessoal,
de ilicitude e o agente aceitar comparecer a todos os atos cabível durante toda a persecução penal (IP + processo),
processuais para que for convocado, o juiz poderá também decretada pelo juiz ex officio no curso da ação penal, ou
a requerimento do MP, do querelante, do assistente ou por
conceder a liberdade provisória.
representação da autoridade policial. Não tem prazo e se jus-
• Prazo tifica na presença dos requisitos estabelecidos nos Art. 312 e
A lei não fala nada quanto ao prazo da prisão em flagran- 313 do CPP.
te, entretanto, com a alteração sofrida recentemente pelo CPP, Requisitos
subentende-se que agora ela tem a duração de 24 horas, pois
» Fumus commissi delicti (fumaça da prática do
esse é o prazo que o juiz tem para analisá-la e, conforme for o crime): prova da materialidade e indícios de
caso, relaxá-la, convertê-la em prisão preventiva ou conceder autoria.
a liberdade provisória. » Periculum libertatis (perigo da liberdade): são as
Se a prisão em flagrante se estender por mais de 24 hipóteses de decretação da prisão preventiva:
horas, ela se tornará ilegal e deverá ser relaxada. Garantia da ordem pública: objetiva evitar que o agente
Caso um militar seja preso em flagrante, após a lavratu- continue a delinquir. Só pode ser aplicada quando, provavel-
ra do auto de prisão em flagrante, ele deverá ser conduzido a mente, se possa concluir isso por meio dos seus antecedentes
uma prisão militar. ou modo de vida.
Art. 300, parágro único, CPP. O militar preso em fla- Não justifica a decretação da prisão preventiva com base na
grante delito, após a lavratura dos procedimentos le- garantia da ordem pública visando a proteger a integridade fí-
gais, será recolhido a quartel da instituição a que per- sica do indiciado ou réu, tampouco com base no clamor social.
tencer, onde ficará preso à disposição das autoridades Garantia da ordem econômica: o objetivo é evitar a prá-
competentes. tica de novos delitos contra a ordem econômica.
Análise da Prisão em Flagrante em Al- Garantia da instrução criminal: é a prisão que tem por ob-
guns Casos Específicos jetivo garantir a livre produção de provas.
Garantia da aplicação da lei penal: objetiva evitar a
Em regra, a prisão em flagrante é possível para todos os
ocorrência de fugas. Caso o réu não compareça, injustifica-
crimes e contravenções. Destacaremos agora algumas situa- damente, a um ato do processo, caberá condução coercitiva e

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ções especiais. não prisão preventiva.
▷ Crimes Permanentes Também é cabível a prisão preventiva quando houver des-
Nessa hipótese, a prisão em flagrante pode ocorrer a qual- cumprimento de qualquer das obrigações impostas por força
quer tempo, enquanto perdurar a consumação, autorizando- das medidas cautelares previstas no Art. 319 do CPP.
se inclusive invasão domiciliar independente da hora do dia Art. 312, Parágrafo único. A prisão preventiva também
ou da noite. poderá ser decretada em caso de descumprimento de
▷ Crimes de ação penal privada e de ação penal pú- qualquer das obrigações impostas por força de outras
blica condicionada medidas cautelares (Art. 282, § 4º)
A lavratura do auto de prisão em flagrante depende de Art. 282, § 4º. No caso de descumprimento de qual- NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
uma manifestação de vontade do legítimo interessado. quer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou
▷ Infrações de menor potencial ofensivo (crimes com mediante requerimento do Ministério Público, de seu
pena de até 2 anos e todas as contravenções co- assistente ou do querelante, poderá substituir a me-
muns) dida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
Nessas hipóteses, o auto de prisão em flagrante é substi- decretar a prisão preventiva (Art. 312, parágrafo único).
tuído pelo TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), des-
de que o agente se comprometa a comparecer ao juizado, ou Cabimento da Prisão Preventiva
seja, imediatamente para lá encaminhado. Caso ele não aceite I. Nos crimes dolosos punidos com pena privativa
o compromisso, o APF será lavrado e o indivíduo recolhido ao de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.
cárcere. II. Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em
▷ Porte para uso de drogas e cultivo para uso próprio sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto
Nesse caso, o APF é substituído pelo TCO, mesmo que o no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848,
capturado não assuma o compromisso de comparecer aos jui- de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
zados, afinal, esses crimes não levam o criminoso à prisão. III. Se o crime envolver violência doméstica e fa-
▷ Crimes Habituais miliar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
É crime que exige reiteração de condutas para a sua con- enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a 515
sumação e pela dificuldade de constatarmos a habitualidade execução das medidas protetivas de urgência.
Também será admitida quando houver dúvida sobre a c) roubo (Art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
516 identidade civil da pessoa ou se ela não fornecer elementos d) extorsão (Art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado e) extorsão mediante sequestro (Art. 159,
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se ou-
caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
tra hipótese recomendar a manutenção da medida.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

f) estupro (Art. 213, caput, e sua combinação


Impossibilidade de Decretação da Prisão Preventiva com o Art. 223, caput, e parágrafo único);
Havendo indícios nos autos da presença de uma exclu- g) atentado violento ao pudor (Art. 214,
dente de ilicitude, o juiz estará impedido de decretar a prisão caput, e sua combinação com o Art. 223, caput, e
preventiva. Por analogia, a mesma regra é aplicada quando parágrafo único);
existirem, nos autos, indícios de excludente de culpabilidade.
h) rapto violento (Art. 219, e sua combinação
Fundamentação do Mandado com o Art. 223 caput, e parágrafo único);
De acordo com o Art. 93, IX, da CF e com o Art. 315 do CPP, i) epidemia com resultado de morte (Art.
a ordem judicial que decretar a preventiva deve ser obrigato- 267, § 1°);
riamente motivada. A referência genérica ao texto da lei não j) envenenamento de água potável ou subs-
substitui a exigência da motivação e, segundo o STJ, a prisão
tância alimentícia ou medicinal qualificado pela
é ilegal.
morte (Art. 270, caput, combinado com Art. 285);
Tempo da Prisão Preventiva k) quadrilha ou bando (Art. 288), todos do
Não há prazo definido em lei acerca da duração dela, e se Código Penal;
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estende no tempo enquanto houver necessidade, que é dosa- l) genocídio (Arts. 1°, 2° e 3° da Lei nº 2.889,
da pela presença de seus requisitos legais. Se eventualmente de 1° de outubro de 1956), em qualquer de sua
estes desaparecem, a prisão preventiva será revogada e nada formas típicas;
impede que ela seja decretada novamente, caso algum dos re-
quisitos reapareça. m) tráfico de drogas (Art. 12 da Lei nº 6.368,
de 21 de outubro de 1976);
Por sua vez, se ela se estende no tempo de maneira des-
proporcional, se transforma em prisão ilegal, e, nesse caso, n) crimes contra o sistema financeiro (Lei nº
merecerá relaxamento. 7.492, de 16 de junho de 1986).
o) crimes previstos na Lei de Terrorismo (Incluído
Prisão Temporária (Lei nº 7.960/89) pela Lei nº 13.260, de 2016)
É a prisão cautelar cabível apenas ao longo do IP, decre- Esse rol de crimes descrito acima é taxativo, o que signi-
tada pelo juiz a requerimento do MP ou por representação fica que somente esses delitos comportam a medida e mais
da autoridade policial (o juiz não pode decretar a medida de nenhum outro. Para facilitar a memorização, vai uma dica: o
ofício e também não pode ser requerida pelo querelante nos rol acima comporta todos os crimes hediondos e mais alguns.
casos de ação penal privada), com prazo pré-estabelecido Interpretação dos Incisos
em lei, uma vez presente os requisitos do Art. 1º da Lei nº Inc. III + (Inc. I e/ou Inc. II) = Prisão temporária.
7.960/89.
Prisão Temporária: Procedimento
▷ É a prisão cautelar. Requerimento do MP ou representação feita pelo delega-
▷ Cabível apenas ao longo do IP. do e apresentadas ao juiz, que não pode decretar de ofício. Ele
▷ Decretada pelo juiz. tem 24 horas para decidir e, antes de decidir, deve ouvir o MP.
▷ Requerida pelo MP ou pelo delegado. O mandado prisional será expedido em duas vias, a 1ª via
▷ Com prazo pré-estabelecido em lei. ficará nos autos e a 2ª será entregue ao preso, funcionando
▷ Uma vez presente os seus requisitos. como nota de culpa, a qual tem por finalidade informá-lo so-
bre os motivos da prisão e os seus responsáveis.
Cabimento Tanto a Lei nº 7.960/89, no seu Art. 3º, quanto o CPP, em
Art. 1º da Lei nº 7.960/89. Caberá prisão temporária: seu Art. 300, estabelecem que o preso provisório (aquele
I. Se for imprescindível para as investigações po- que sofre prisão cautelar) deve ficar separado do definitivo,
liciais. entretanto, segundo a doutrina, a separação dependerá da
II. Se o criminoso não possui residência fixa ou não existência de estrutura prisional.
possui identificação civil • Prazo
III. Havendo indícios de autoria ou de participação ▷ Crimes Comuns:
em um dos crimes graves indicados a seguir: Em regra, o prazo máximo é de 5 dias, mas esse tempo
a) homicídio doloso (Art. 121, caput, e seu § 2°); pode ser prorrogado por + 5 dias, havendo necessidade e des-
b) sequestro ou cárcere privado (Art. 148, de que autorizado pelo juiz.
caput, e seus §§ 1° e 2°); ▷ Crimes Hediondos e Equiparados:
Em regra, o prazo máximo é de 30 dias, mas pode ser Liberdade Provisória sem Fiança
prorrogado por + 30 dias, havendo necessidade e desde que É o direito de permanecer em liberdade ao longo da per-
autorizado pelo juiz.
secução penal, quando não presente os requisitos que provo-
Só o juiz pode decretar a prisão temporária e também au- cam a decretação da prisão preventiva, como forma de não
torizar a prorrogação do seu prazo.
enfrentar a persecução penal preso.
Fiscalização da Prisão Temporária pelo Juiz • Cabimento
No curso da prisão temporária, como forma de fiscalizar se O juiz concederá a liberdade provisória, quando entender,
o preso não está sofrendo maus tratos, o juiz, a qualquer tempo,
pela leitura do auto de prisão em flagrante, que o capturado
pode adotar as seguintes medidas:
não se enquadra nos requisitos que justificariam a decretação
▷ Determinar que o preso lhe seja apresentado.
da prisão preventiva (Art. 312, CPP).
▷ Submeter o preso a exame de corpo de delito.
• Formalidades
▷ Requisitar informações ao delegado.
▷ Obrigação de comparecimento a todos os atos do IP
Uso de Algemas e do processo para os quais seja convocado.
Devido a uma ausência de Decreto Federal tratando da ▷ O juiz, antes de decidir pela concessão da liberdade
matéria, o STF publicou a Súmula Vinculante nº 11 para discipli- provisória sem fiança, deve ouvir o MP.
nar o uso das algemas no Brasil.
Liberdade Provisória com Fiança
Cabimento A fiança é uma garantia pecuniária paga pelo acusado pre-
▷ Risco de fuga; so em flagrante, até antes do trânsito em julgado da sentença,
▷ Possibilidade de resistência: caracteriza-se pelo em- como meio para garantir que ele possa permanecer em liber-
prego de violência ou de ameaça para que o ato não dade durante o curso do processo penal.
se concretize; • Vedação da Fiança
▷ Risco à integridade física dos envolvidos (tanto o A fiança não poderá ser concedida ao acusado nos seguin-
capturado como os executores da prisão e também
tes casos:
terceiros).
▷ Nos crimes de racismo.
Formalidade ▷ Nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecen-
Fundamentação por escrito da autoridade que decretou a tes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como
medida ou dos agentes executores, a qual será lançada nos crimes hediondos.

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autos (IP ou processo). ▷ Nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou
Consequências do Descumprimento das Regras militares, contra a ordem constitucional e o Estado
▷ A prisão é ilegal, cabendo relaxamento. Democrático.
▷ Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado
▷ Nulidade do ato processual ou do ato praticado com
fiança anteriormente concedida ou infringido, sem
a utilização irregular das algemas.
motivo justo, qualquer das seguintes obrigações:
▷ Responsabilização dos agentes responsáveis pela
▷ Deixar o afiançado de comparecer perante à autori-
medida nas esferas:
dade todas as vezes que for intimado para atos do
» Cível. inquérito e da instrução criminal e para o julgamen-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

» Administrativa. to.
» Criminal. ▷ Quando o réu não comparecer, a fiança será consi-
▷ Responsabilização do Estado na esfera: derada quebrada.
» Cível (responsabilidade objetiva). ▷ Se o afiançado mudar de residência, sem prévia
permissão da autoridade processante, ou ausentar-
Liberdade Provisória se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem
comunicar àquela autoridade o lugar onde será en-
É o remédio destinado ao combate da prisão em fla- contrado.
grante legal, porém, desnecessária, porque não estão pre-
▷ Em caso de prisão civil ou militar.
sentes os requisitos da prisão preventiva, permitindo que o
▷ Quando presentes os motivos que autorizam a decreta-
agente enfrente a persecução penal em liberdade, evitando
ção da prisão preventiva (Art. 312).
os prejuízos da prisão a ele.
• Quem Pode Aplicar a Fiança
Modalidades ▷ Delegado: quando a pena máxima da infração penal
▷ Liberdade provisória sem fiança. não for superior a 4 anos. 517
▷ Liberdade provisória mediante fiança. ▷ Juiz: qualquer pena.
• Valor da Fiança ▷ Resistir, injustificadamente, à ordem judicial.
518 O valor da fiança será estabelecido pela autoridade que con- ▷ Praticar nova infração penal dolosa.
ceder a medida e obedecerá os seguintes critérios: a natureza Caso a fiança seja quebrada, o réu perderá a metade do
da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa seu valor, além do juiz poder impor outras medidas cautelares,
do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a decretação da prisão preventiva.
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

bem como a importância provável das custas do processo, até Se for condenado e não comparecer para dar cumprimento
final julgamento. Além dos seguintes padrões: à pena, perderá a fiança em sua totalidade e, nesse caso, será
▷ De 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se deduzido de tal valor as custas judiciais e os demais encargos
tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, que o acusado estiver obrigado a pagar e o restante será reco-
no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos. lhido ao fundo penitenciário. Caso o réu compareça para cum-
▷ De 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos prir a pena, o valor da fiança será utilizado para o pagamento
quando o máximo da pena privativa de liberdade das custas judiciais também, além do pagamento de demais
cominada for superior a 4 (quatro) anos. encargos que couber ao acusado e o restante será devolvido a
O afiançado, após pagar a fiança, estará obrigado a com- quem houver prestado a fiança (terceiros podem pagar a fian-
parecer a todos os atos processuais ou da investigação que for ça para o réu, se quiserem e, nesse caso, eles sofrerão as con-
convocado e, caso descumpra com tal obrigação, a fiança será sequências pecuniárias advindas dos casos acima estudados.
considerada quebrada e a liberdade provisória convertida em As demais medidas, é claro, somente serão aplicadas ao réu).
prisão preventiva. A Liberdade Provisória e Alguns Casos Específicos
• Formas de Pagamento da Fiança Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90)
▷ Depósito de dinheiro.
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Não se admite a liberdade provisória com fiança, mas


▷ Pedras.
a sem fiança.
▷ Objetos ou metais preciosos.
Crimes Equiparados a Hediondos
▷ Títulos da dívida pública, federal, estadual ou mu-
nicipal. ▷ Tortura (Lei nº 9.455/97) e Terrorismo
▷ Hipoteca inscrita em primeiro lugar. Não se admite fiança, mas a liberdade provisória sem fiança.
• Destino da Fiança ▷ Tráfico de Drogas (Art. 44 da Lei nº 11.343/06)
O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pa- Segundo a lei, não é admitida a liberdade provisória com
gamento das custas, da indenização do dano, da prestação ou sem fiança. Entretanto, os tribunais superiores já a conce-
pecuniária e da multa, se o réu for condenado. deram para traficantes. O assunto ainda não está concluso,
• Restituição da Fiança devemos esperar o parecer final do STF. Mas, caso caia na sua
Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado prova alguma questão a respeito da liberdade provisória no
sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extinta crime de tráfico de drogas, pode dizer que cabe a sem fiança,
a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituí- pois já foi concedida; agora, caso a sua prova pergunte com
do sem desconto. base no texto da Lei nº 11.343/06, não caberá a liberdade pro-
• Cassação da Fiança visória.
A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será Crime Organizado (Lei nº 9.034/95)
cassada em qualquer fase do processo, quando reconhecida a Não é admitida a liberdade provisória com ou sem fiança
existência de delito inafiançável, no caso de inovação na clas- para as pessoas que tiveram intensa participação na organi-
sificação do delito. zação criminosa.
• Reforço da Fiança Lavagem de Dinheiro (Lei nº 9.613/98)
▷ Quando a autoridade tomar, por engano, fiança in- Não se admite liberdade provisória com ou sem fiança.
suficiente. Estatuto do Desarmamento
▷ Quando houver depreciação material ou perecimen- ▷ Comércio ilegal de arma.
to dos bens hipotecados ou caucionados, ou depre-
▷ Tráfico internacional de arma.
ciação dos metais ou pedras preciosas.
▷ Porte ilegal de arma de uso proibido.
▷ Quando for inovada a classificação do delito.
Caso seja exigido o reforço e o réu não atenda à exigência, Esses três crimes são inafiançáveis, mas, de acordo com
a fiança se tornará sem efeito e o réu será levado à prisão. o STF, passaram a comportar liberdade provisória sem fiança.
• Quebra da Fiança
▷ Regularmente intimado para ato do processo, deixar
9. Procedimento dos Crimes de
de comparecer sem motivo justo. Responsabilidade do Funcionário
▷ Deliberadamente praticar ato de obstrução ao anda-
mento do processo. Público
▷ Descumprir medida cautelar imposta cumulativa- São Crimes de Responsabilidade: peculato, concussão,
mente com a fiança. corrupção passiva, prevaricação, condescendência criminosa.
Nos crimes comuns: procedimento comum. Art. 516. O juiz rejeitará a queixa ou denúncia, em des-
Tal atuação não se aplica aos crimes inafiançáveis. pacho fundamentado, se convencido, pela resposta do
▷ Particular partícipe ou coautor: não se aplica. acusado ou do seu defensor, da inexistência do crime
▷ Procedimento de competência originária dos tribu- ou da improcedência da ação.
nais: aplica-se o procedimento da Lei nº 8.038/90.
▷ Crimes de menor potencial ofensivo: juizado espe- 10. Habeas Corpus e seu Processo
cial, mesmo sendo de procedimento especial, salvo Algumas doutrinas entendem que teria o Habeas Corpus
se enviado para o juízo comum. nascido no Direito Romano, mas é com a Magna Carta de João
Oferecimento: resposta preliminar (prazo de 15 dias) Sem Terra (1215) que deu a forma mais expressiva ao Habeas
▷ Recebimento. Corpus, semelhante ao formato que possui hoje.
▷ Citação.
Surgimento
Ação Penal Instruída por O Habeas Corpus também apareceu de forma expressa e
foi evoluindo com o tempo em diversos documentos históri-
Inquérito Policial cos, a saber:
Súm.330, STJ. É desnecessária a resposta preliminar ▷ Habeas Corpus ACT (1679 e 1816).
de que trata o Art. 514 do Código de Processo Penal, na
ação penal instruída por inquérito policial. Aparecimento do Habeas Corpus no Brasil
Art. 514, CPP. Nos crimes afiançáveis, estando a de- ▷ No Brasil, apareceu expressamente no código crimi-
núncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará nal de 1832.
autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para ▷ 2.003: estendeu o Habeas Corpus para os estrangeiros.
responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias.
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do
Habeas Corpus nas Constituições
acusado, ou este se achar fora da jurisdição do juiz, ser- Federais Brasileiras
lhe-á nomeado defensor, a quem caberá apresentar a 1891: Habeas Corpus Brasileiro: nessa época o Habeas Cor-
resposta preliminar. pus abrangia qualquer direito líquido e certo (o chamado Ha-
Defesa técnica por advogado: PAD é desnecessário. beas Corpus brasileiro).
Súm. 5, STF. A sanção do projeto supre a falta de inicia- 1926: a partir da CF de 1926, o Habeas Corpus passou a
tiva do Poder Executivo. abranger tão somente a liberdade de locomoção.
A denúncia ou queixa será instruída com documentos ou 1934: Habeas Corpus e mandado de segurança (criação deste).

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justificação que façam presumir a existência do delito ou de-
claração fundamentada da impossibilidade de apresentação Natureza Jurídica
de provas. O Habeas Corpus é um remédio constitucional. Também é
Nos crimes afiançáveis, denúncia ou queixa em devida forma, uma ação de conhecimento de caráter fundamental. É uma ação
o juiz manda autuá-la e ordena a notificação do acusado, para res- autônoma de impugnação.
ponder no prazo de 15 dias.
Residência do acusado ou acusado fora da jurisdição. Pedidos do Habeas Corpus
▷ Nomeado defensor. O pedido pode se apresentar de diversas formas, a de-
Durante o prazo: pender do momento em que é impetrado o Habeas Corpus,
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

▷ Autos em cartório para acusação de defesa. podendo ser:


▷ A resposta poderá ser instruída com documentos ou ▷ Meramente declaratório
justificações. Ex.: Habeas corpus que busca a extinção da punibilidade.
Art. 515. No caso previsto no artigo anterior, durante ▷ Constitutivo
o prazo concedido para a resposta, os autos permane- Ex.: Anulação da sentença.
cerão em cartório, onde poderão ser examinados pelo ▷ Condenatório
acusado ou por seu defensor. Ex.: Ex.: Pedido de condenação nas custas àquele que
agiu de má-fé no cerceamento da liberdade.
Parágrafo único. A resposta poderá ser instruída com
documentos e justificações. Art. 653, parágrafo único, CPP. Neste caso, será reme-
tida ao Ministério Público cópia das peças necessárias
Rejeição da denúncia ou queixa (RESE): para ser promovida a responsabilidade da autoridade.
▷ Despacho fundamentado.
▷ Inexistência do crime ou improcedência da ação. Espécies de Habeas Corpus
Recebida a Denúncia: ▷ Liberdade ou repressivo (efetivamente preso).
▷ Procedimento comum - 10 dias: nova resposta. ▷ Preventivo (ameaça de prisão ou detenção): se a 519
▷ Absolvição sumária. ordem de Habeas Corpus for concedida para evitar
ameaça de violência ou coação ilegal, dar-se-á ao Súm. 695 do STF. Não cabe Habeas Corpus quando já ex-
520 paciente salvo-conduto assinado pelo juiz. tinta a pena privativa de liberdade.
▷ Habeas Corpus para trancamento de ação ou inquérito. ▷ Decisão condenatória à pena de multa:
» Não é cabível habeas corpus em virtude de uma
Legitimidade
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

pena de multa, pois a liberdade de locomoção


▷ Qualquer pessoa (não somente o cidadão como no não estará sendo coagida.
caso da ação popular).
Súm. 693 do STF. Não cabe habeas corpus contra de-
» Em seu favor ou de outrem.
cisão condenatória à pena de multa, ou relativo a pro-
Paciente Autoridade Coatora Impetrante cesso em curso por infração penal a que a pena pecu-
Pode ser impetrante niária seja a única cominada.
qualquer pessoa:
Autoridade coatora é ▷ Pessoa maior ou
▷ Habeas Corpus em favor de pessoa jurídica:
aquela que é responsável menor. » Não é cabível, pois pessoa jurídica não sofre
pela coação, pode ser ato
de autoridade pública ou ▷ Nacional ou es- coação à liberdade de locomoção.
particular. trangeiro. ▷ Habeas Corpus por causa do Art. 28 da Lei nº
O paciente é
o coagido da É importante diferenciar ▷ Pessoa jurídica em 11.343/06 (usuário de drogas):
liberdade de a figura do coator, que favor de terceiro.
locomoção e é o responsável pela ▷ Analfabeto.
» Não há a possibilidade de pena privativa de li-
não pode ser prisão, e o detentor, que ▷ Ministério Público berdade, no de usuário, previsto no Art. 28 da
pessoa jurídica. é o agente responsável Lei de Drogas, portanto não é cabível Habeas
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(muito importante).
diretamente pela prisão.
▷ O próprio paciente. Corpus por causa do crime do usuário.
Este declarará à ordem
de quem o paciente Obs.: o assistente de ▷ Medida cautelar de recolhimento domiciliar.
estiver preso. acusação não pode
» É cabível Habeas Corpus.
impetrar Habeas
Corpus.
▷ Habeas Corpus contra prisão administrativa:
▷ Habeas Corpus de ofício pelo juiz: este não poderá
» Não cabe o Habeas Corpus contra a prisão ad-
impetrar Habeas Corpus em favor de um terceiro, ministrativa, atual ou iminente, dos responsáveis
mas poderá concedê-lo de ofício num processo o por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pú-
qual preside. blica, alcançados ou omissos em fazer o seu reco-
▷ Habeas Corpus coletivo: lhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for
» Não é possível por falta de previsão legal. O STF acompanhado de prova de quitação ou de depó-
já se manifestou pela possibilidade do mandado sito do alcance verificado, ou se a prisão exceder
de injunção coletivo. o prazo legal.
▷ Capacidade postulatória: ▷ A concessão do Habeas Corpus não obstará, nem
porá termo ao processo, desde que este não esteja
» Não há necessidade de capacidade postulatória,
em conflito com os fundamentos daquela.
que é aquela de “falar” em juízo, competência
▷ Muito importante: se o Habeas Corpus for concedido
esta outorgada aos advogados em geral. Dife-
em virtude de nulidade do processo, este será reno-
rentemente da capacidade processual, pois a vado.
banca Cespe, em suas provas, entende que esta
é necessária para poder impetrar Habeas Corpus. Coação Ilegal
▷ Punições disciplinares militares: O tópico coação ilegal trata das condutas que ensejam a
» Não é cabível para discutir o mérito da punição, impetração de Habeas Corpus. Essas condutas estão previstas
mas para se discutir a legalidade. no Art. 648 do Código de Processo Penal, mas é importante
▷ Pena de exclusão de militar ou de perda de patente: ressaltar que estão previstas em um rol exemplificativo, pois
outras, mesmo que não previstas nesse rol, podem ensejar a
» Não é cabível Habeas Corpus.
impetração de Habeas Corpus (rol exemplificativo - numerus
▷ Habeas Corpus após o trânsito em julgado: apertus).
» É cabível o Habeas Corpus após o trânsito em ї Não houver justa causa
julgado para alegar alguma nulidade. Nesse A ausência de justa causa se dá sempre que não existirem
momento, também será cabível a revisão cri- um mínimo de provas que sustentem a situação de prejuízo
minal. para o acusado.
▷ Habeas corpus após a extinção da pena privativa de ї Possibilidade da Prisão:
liberdade: » Flagrante.
» Não é cabível Habeas Corpus após a extinção da » Ordem escrita e fundamentada: salvo transgres-
pena privativa de liberdade. sões militares de crime propriamente militar.
Portanto, se a prisão se der fora desses casos, será ilegal. ▷ Nome do paciente e do coator;
▷ Inquérito Policial: abertura de inquérito policial sem ▷ Espécie de constrangimento;
um mínimo de materialidade. ▷ Assinatura do impetrante.
» Nesse caso, cabe o Habeas Corpus para tranca- Obs.: É possível o habeas corpus ser impetrado por
mento do inquérito policial. telegrama, radiograma, telex ou até telefone.
ї Quando alguém estiver preso por mais tempo que de-
termina a lei Competência para Conhecimento
▷ Prisão temporária:
» 05 dias + 05 dias.
do Habeas Corpus
» 30 dias + 30 dias, em caso de crime hediondo. A competência para conhecimento do Habeas Corpus será
▷ Prisão definitiva: a autoridade jurisdicional hierarquicamente superior à autori-
dade coatora.
» Pena já cumprida e réu ainda preso.
Súmula 21, STJ. Pronunciado o réu, fica superada a ale- Exs.:
gação do constrangimento ilegal da prisão por excesso ▷ Se a autoridade coatora for Juiz de direito ou mem-
de prazo na instrução. bro do MP, a competência será do Tribunal de Justiça.
Súmula 52, STJ. Encerrada a instrução criminal, fica ▷ Se a autoridade coatora for juiz federal ou Procura-
superada a alegação de constrangimento por excesso dor da República, a competência para julgamento
de prazo. será do Tribunal Regional Federal (TRF).
Obs.: O excesso de prazo provocado pela defesa não en- ▷ Se a autoridade coatora for membro do Tribunal de
seja a aplicação de Habeas Corpus. Justiça ou do Tribunal Regional Federal, a compe-
ї Quando quem ordenar a coação não tiver competência tência para julgamento será do Superior Tribunal de
para fazê-lo. Justiça (STJ).
ї Quando houver cessado o motivo que autorizou a coação. ▷ Se a autoridade coatora for promotor que atua pe-
ї Quando não for alguém admitido a prestar fiança nos ca- rante o tribunal, a competência para julgamento é
sos em que a lei autoriza. do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Obs.: Se a ilegalidade decorrer do fato de não ter sido
o paciente admitido a prestar fiança, o juiz arbitrará o ▷ Se a autoridade coatora for membro do Ministério
valor desta, que poderá ser prestada perante ele, reme- Público do Distrito Federal e Territórios, a compe-
tendo, neste caso, à autoridade os respectivos autos, tência para julgamento será do Tribunal Regional
para serem anexados aos do inquérito policial ou aos do Federal (TRF) e não do TJDFT.
processo judicial. ▷ Decisão no âmbito dos Juizados Especiais Criminais:

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ї Quando o processo foi manifestamente nulo. » Se a decisão for de juiz do Juizado Especial, a
ї Quando extinta a punibilidade. competência será da Turma Recursal.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: » Se a decisão for da Turma Recursal:
I. Quando não houver justa causa. Súm. 690 do STF. Compete originariamente ao Supre-
II. Quando alguém estiver preso por mais tempo mo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus
do que determina a lei. contra decisão de turma recursal de juizados especiais
III. Quando quem ordenar a coação não tiver com- criminais.
petência para fazê-lo. ▷ A competência do juiz cessará sempre que a vio-
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
IV. Quando houver cessado o motivo que autorizou lência ou coação provier de autoridade judiciária de
a coação. igual ou superior jurisdição.
V. Quando não for alguém admitido a prestar fiança,
nos casos em que a lei a autoriza. Procedimento
VI. Quando o processo for manifestamente nulo. Recebida a petição, a autoridade judiciária competente
VII. Quando extinta a punibilidade. poderá intimar o Ministério Público?
Se for juiz de 1º grau: não intima (será intimado da decisão
Formalidade do Pedido para que possa recorrer).
de Habeas Corpus Se for Tribunal: intima-se o MP.
O Habeas Corpus, em regra, não possui muitas formalida- O assistente de acusação não participa do procedimento
de Habeas Corpus, por esse motivo não precisa ser intimado.
des para que haja a impetração. Como exemplo, os internos do
presídio federal impetram Habeas Corpus em folhas simples Requisição de Informação da Autoridade Coatora
denominadas requerimentos, que são usadas para o preso pe- No Tribunal: há previsão para requisição de informações
dir alguma coisa aos agentes penitenciários. No entanto, exi- da autoridade coatora.
ge-se que o Habeas Corpus possua um mínimo de requisitos, Nos casos de 1º grau: não há previsão para requisição, mas 521
quais sejam: é usualmente feita.
O juiz, se julgar necessário e estiver preso o paciente, man- As diligências ditas anteriormente não serão ordenadas,
522 dará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e se o presidente entender que o Habeas Corpus deva ser inde-
hora que designar. ferido liminarmente. Nesse caso, levará a petição ao tribunal,
Em caso de desobediência, será expedido mandado de pri- câmara ou turma, para que delibere a respeito.
são contra o detentor, que será processado na forma da lei, e
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Recebidas as informações, ou dispensadas, o Habeas Cor-


o juiz providenciará para que o paciente seja tirado da prisão e pus será julgado na primeira sessão, podendo, entretanto,
apresentado em juízo.
adiar-se o julgamento para a sessão seguinte.
Se o paciente estiver preso, nenhum motivo escusará sua
apresentação, salvo: A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo em-
pate, se o presidente não tiver tomado parte na votação, pro-
▷ Grave enfermidade do paciente (nesse caso, o juiz
poderá ir ao local em que o enfermo se encontrar). ferirá voto de desempate; caso contrário, prevalecerá a decisão
mais favorável ao paciente.
▷ Não estar ele sob a guarda da pessoa a quem se atri-
buiu a detenção. O secretário do tribunal lavrará a ordem que, assinada pelo
▷ Comparecimento não tiver sido determinado pelo presidente do tribunal, câmara ou turma, será dirigida, por ofí-
juiz ou tribunal. cio ou telegrama, ao detentor, ao carcereiro ou autoridade que
Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou exercer ou ameaçar exercer o constrangimento.
coação ilegal, julgará prejudicado o pedido. A ordem transmitida por telegrama obedecerá ao disposto
O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial no Art. 289, parágrafo único, in fine.
de justiça ou a autoridade judiciária ou policial que emba-
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ŝ#-ŝŦ

Os regimentos dos Tribunais de Apelação estabelecerão as


raçar ou procrastinar a expedição de ordem de Habeas Cor- normas complementares para o processo e julgamento do pe-
pus, as informações sobre a causa da prisão, a condução e dido de Habeas Corpus de sua competência originária.
apresentação do paciente, ou a sua soltura, serão multados,
No processo e julgamento do Habeas Corpus de compe-
sem prejuízo das penas em que incorrer. As multas serão
impostas pelo juiz do tribunal que julgar o Habeas Corpus, tência originária do Supremo Tribunal Federal, bem como
salvo quando se tratar de autoridade judiciária, caso em nos de recurso das decisões de última ou única instância,
que caberá ao Supremo Tribunal Federal ou ao Tribunal de denegatórias de Habeas Corpus, observar-se-á, no que lhes
Apelação a imposição das multas. for aplicável, o disposto nos artigos anteriores, devendo o
Efetuadas as diligências e interrogado o paciente, o juiz regimento interno do tribunal estabelecer as regras comple-
decidirá, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e qua- mentares.
tro) horas.
Preferência e Prazo
▷ Se a decisão for favorável ao paciente, será logo pos-
to em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser A ação de Habeas Corpus terá preferência às demais e não
mantido na prisão. possui prazo para que seja impetrada, desde que a coação à
▷ Se os documentos que instruírem a petição eviden- liberdade ainda exista.
ciarem a ilegalidade da coação, o juiz ou o tribunal Gratuidade: de acordo com a Constituição Federal, o Ha-
ordenará que cesse imediatamente o constrangi- beas Corpus será gratuito.
mento.
Será imediatamente enviada cópia da decisão à autorida- ANOTAÇÕES
de que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua dispo-
sição, a fim de juntar-se aos autos do processo.
Quando o paciente estiver preso em lugar que não seja o
da sede do juízo ou do tribunal que conceder a ordem, o alvará
de soltura será expedido pelo telégrafo, se houver, observadas
as formalidades estabelecidas no Art. 289, parágrafo único, in
fine, do Código de Processo Penal ou por via postal.
Em caso de competência originária dos Tribunais, a peti-
ção de Habeas Corpus será apresentada ao secretário, que a
enviará imediatamente ao presidente do tribunal, da câmara
criminal ou da turma que estiver reunida ou primeiro tiver de
reunir-se.
Se a petição contiver os requisitos mínimos do Habeas
Corpus, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade
indicada como coatora informações por escrito. Faltando, po-
rém, qualquer daqueles requisitos, ele mandará preenchê-lo,
logo que Ihe for apresentada a petição.
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ŝ#-ŝŦ LEGISLAÇÃO ESPECIAL 523

ÍNDICE
1. Estatuto da Criança e do Adolescente ........................................................................526
Prática de Ato Infracional ........................................................................................................... 526
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável .................................................................... 527
Do Conselho Tutelar ................................................................................................................... 527
Dos Crimes .................................................................................................................................. 528
Das Infrações Administrativas .................................................................................................... 530
2. Lei nº 10.826/2003 Estatuto do Desarmamento ........................................................ 531
Do Registro ................................................................................................................................. 532
Do Porte ...................................................................................................................................... 532
Dos Crimes e das Penas ............................................................................................................. 533
Omissão de Cautela .................................................................................................................... 534
Disparo de Arma de Fogo ........................................................................................................... 535
Posse ou Porte Ilegal de Arma de Fogo de Uso Restrito ............................................................ 535
Comércio Ilegal de Arma de Fogo .............................................................................................. 536
Tráfico Internacional de Arma de Fogo ...................................................................................... 536
3. Lei nº 9.605/1998 Lei dos Crimes Ambientais ...........................................................537
Da Apreensão do Produto e do Instrumento de Infração Administrativa ou de Crime.............. 537
Mandados Expressos de Penalização/Criminalização ................................................................ 537
Concurso de Pessoas .................................................................................................................. 537
Omissão Penalmente Relevante ................................................................................................. 537
Denúncia Geral x Denúncia Genérica .......................................................................................... 537
Responsabilidade Penal da Pessoa Jurídica ............................................................................... 537
Responsabilidade Penal por Ricochete, por Procuração ou de Empréstimo ............................. 538
Aplicação da Pena ...................................................................................................................... 538
Perícia de Dano Ambiental ......................................................................................................... 539
Competência em Crimes Ambientais.......................................................................................... 539
Dos Crimes em Espécie ...............................................................................................................540
4. Lei nº 9.455/1997 Lei de Tortura ...............................................................................543
Caráter Bifronte .......................................................................................................................... 543
Prescrição ................................................................................................................................... 543
Modalidades de Tortura .............................................................................................................. 543
5. Lei nº 7.716/1989 Lei de Discriminação Racial ............................................................545
Mandado Expresso de Criminalização / Penalização ................................................................. 545
Outras Formas de Discriminação ................................................................................................ 545
6. Lei nº 10.741/2003 Estatuto do Idoso - Dos Crimes ................................................... 546
Estatuto do Idoso - Considerações Gerais .................................................................................. 546
Crimes em Espécie ...................................................................................................................... 547
524 LEGISLAÇÃO ESPECIAL Ş
ŝ#-ŝŦ

7. Lei nº 5.553/1968 Apresentação e Uso de Documento de Identificação Pessoal ..........548


Disposições Gerais ...................................................................................................................... 548
8. Decreto-Lei nº 3.688/1941 Lei das Contravenções Penais.......................................... 549
Infração Penal ............................................................................................................................. 549
Penas Acessórias ........................................................................................................................ 550
Ação Penal ................................................................................................................................... 551
Contravenções Penais em Espécie .............................................................................................. 551
Contravenções Referentes ao Patrimônio .................................................................................. 552
Contravenções Referentes à Incolumidade Pública ................................................................... 552
Omissão de Cautela da Guarda ou Condução de Animais .......................................................... 552
Contravenções Referentes à Paz Pública ................................................................................... 553
Perturbação do Trabalho ou do Sossego.................................................................................... 553
Contravenções Referentes à Fé Pública ..................................................................................... 554
Contravenções Relativas à Organização do Trabalho ................................................................ 554
Contravenções Relativas à Polícia de Costumes ........................................................................ 554
Contravenções Referentes à Administração Pública .................................................................. 555
9. Lei nº 11.340/2006 Lei Maria da Penha ......................................................................556
Finalidades da Lei ....................................................................................................................... 556
Inconstitucionalidade da Lei Maria da Penha ............................................................................. 556
Conceito de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher .................................................... 556
Formas de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher ...................................................... 556
Medidas de Prevenção ................................................................................................................ 557
Formas de Assistência ................................................................................................................ 557
Regras de Organização Judiciária .............................................................................................. 559
10. Lei nº 12.850/2013 Da Organização Criminosa (Revoga a Lei nº 9.034/1995) ............559
Da Investigação e dos Meios de Obtenção da Prova ..................................................................560
11. Decreto nº 7.901, de 4 de Fevereiro de 2013 ............................................................ 564
12. Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008 ..........................................................................565
13. Decreto nº 6.877, de 18 de Junho de 2009 ...............................................................566
14. Decreto nº 5.948, de 26 de Outubro de 2006 ...........................................................567
15. Decreto nº 6.347, de 8 de Janeiro de 2008...............................................................572
16. Lei nº 10.259/2001 Juizados Especiais Federais .......................................................572
Juizados Especiais Federais Cíveis e Criminais........................................................................... 572
17. Lei nº 9.099/1995 Juizados Especiais Cíveis e Criminais ...........................................574
Disposições Gerais ..................................................................................................................... 574
Dos Juizados Especiais Cíveis ..................................................................................................... 575
Dos Juizados Especiais Criminais ............................................................................................... 579
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ŝ#-ŝŦ LEGISLAÇÃO ESPECIAL 525

Disposições Finais Comuns ..........................................................................................................581


18. Lei nº 4.898/1965 Abuso de Autoridade................................................................... 581
19. Lei nº 11.343/2006 Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad) .....583
Disposições Preliminares ............................................................................................................ 583
Do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas ........................................................... 583
Das Atividades de Prevenção do Uso Indevido, Atenção e Reinserção Social de Usuários e
Dependentes de Drogas ............................................................................................................. 584
Da Repressão à Produção não Autorizada e ao Tráfico Ilícito de Drogas................................... 586
Da Cooperação Internacional .....................................................................................................590
Disposições Finais e Transitórias ................................................................................................590
526
1. Estatuto da Criança e do Direito de ser ouvido, pessoalmente, pela autoridade com-
petente.
Adolescente Direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
O Estatuto da Criança e do adolescente, nesta terceira par- em qualquer fase do procedimento.
te, trata, precipuamente, do ato infracional e das medidas que
o Estado dispõe para proteger o menor de sua própria con- Das Medidas Socioeducativas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

duta. São essas as medidas socioeducativas e também a que


se referem aos direitos assegurados aos adolescentes privados Se uma criança comete ato infracional, será ela subme-
de liberdade, bem como as medidas pertinentes aos pais e aos tida a uma medida de proteção. Se um adolescente comete
responsáveis e sobre o conselho tutelar. ato infracional, será ele submetido a uma medida sócioedu-
cativa ou uma medida de proteção.
Prática de Ato Infracional ї São medidas socioeducativas
Advertência, consiste em uma admoestação verbal, redu-
Considerações Iniciais zida a termo e assinada.
Ato infracional é a conduta descrita como infração penal: Obrigação de reparar o dano, sempre que o ato infracional
crime ou contravenção penal. tiver reflexos patrimoniais.
São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, Prestação de serviços à comunidade, consiste na realiza-
sujeitos às medidas previstas no ECA. ção de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não ex-
Teoria da atividade: para os efeitos do ECA, deve ser consi- cedente a 6 meses, junto a entidades assistenciais, hospitais,
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ŝ#-ŝŦ

derada a idade do adolescente à data do fato. escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
Se um ato infracional for cometido por criança, ela será programas comunitários ou governamentais.
submetida às medidas de proteção anteriormente citadas e As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do ado-
não sofrerá processo de investigação de ato infracional. lescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de
oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou
Dos Direitos Individuais em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola
As crianças não podem ter sua liberdade privada e para ou à jornada normal de trabalho.
os adolescentes terem sua liberdade privada, deverá ser ou Liberdade assistida, consiste na designação de pessoa ca-
em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- pacitada (orientador) para acompanhar o caso, a qual poderá
mentada da autoridade judiciária competente. O adolescente ser recomendada por entidade ou programa de atendimento e
terá direito à identificação dos responsáveis pela sua apreen- será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qual-
são, devendo ser informado acerca de seus direitos.
quer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se en- medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
contra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade São incumbências do orientador, com o apoio e a super-
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa visão da autoridade competente, a realização dos seguintes
por ele indicada, sob pena de cometer crime do ECA.
encargos, entre outros:
Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilida- ▷ Promover socialmente o adolescente e sua família,
de, a possibilidade de liberação imediata.A internação, antes fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se neces-
da sentença de aplicação de medida sócio-educativa, pode ser
sário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
de assistência social.
O adolescente civilmente identificado não será submetido ▷ Supervisionar a frequência e o aproveitamento es-
à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida matrícula.
fundada. ▷ Diligenciar, no sentido da profissionalização do ado-
Das Garantias Processuais lescente e de sua inserção no mercado de trabalho.
▷ Apresentar relatório do caso.
Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem Inserção em regime de semi-liberdade, que pode ser de-
o devido processo legal e será assegurada ao adolescente, terminado desde o início, ou como forma de transição para o
entre outras, as seguintes garantias: meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas,
Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio- independente de autorização judicial.
nal, mediante citação ou meio equivalente. No regime de semiliberdade, são obrigatórias a escolari-
Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se zação e a profissionalização, devendo, sempre que possível,
com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas neces- serem utilizados os recursos existentes na comunidade. A me-
dida não comporta prazo determinado, aplicando-se, no que
sárias à sua defesa.
couber, às disposições relativas à internação.Internação em
Defesa técnica por advogado. estabelecimento educacional.
Assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, Uma das medidas de proteção, salvo acolhimento institu-
na forma da lei. cional ou familiar e colocação em família substituta.
As medidas previstas de 2 a 6 serão impostas desde que Ser tratado com respeito e dignidade.
existam provas suficientes da autoria e materialidade da in- Permanecer internado na mesma localidade ou naquela
fração e a medida aplicada ao adolescente levará em conta a mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável.
sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade Receber visitas, ao menos, semanalmente.
da infração.
Corresponder-se com seus familiares e amigos.
Para aplicação da advertência, basta a prova da materiali-
Ter acesso aos objetos necessários à higiene e ao asseio
dade e os indícios suficientes de autoria.
pessoal.
Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
Habitar alojamento em condições adequadas de higiene e
prestação de trabalho forçado.
salubridade.
Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
Receber escolarização e profissionalização.
mental receberão tratamento individual e especializado, em
local adequado às suas condições. Realizar atividades culturais, esportivas e de lazer.
Ter acesso aos meios de comunicação social.
Internação Receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des-
A internação é uma medida privativa da liberdade aplicada de que assim o deseje.
ao adolescente que comete ato infracional e possui as seguin- Manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
tes características: local seguro para guardá-los, recebendo comprovante da-
▷ Brevidade. queles porventura depositados em poder da entidade.
▷ Excepcionalidade. Receber, quando de sua desinternação, os documentos
▷ Respeito à condição peculiar do adolescente. pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
A medida será declarada judicialmente e não comporta
prazo determinado, devendo sua manutenção ser avaliada, no Das Medidas Pertinentes aos
máximo, a cada seis meses e a internação não excederá a três Pais ou Responsável
anos, devendo após esse prazo, o adolescente ser liberado, co-
locado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida, ї São medidas aplicáveis aos pais ou responsável
sempre precedido de autorização judicial, ouvido o Ministério Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de
Público. proteção à família.
O adolescente internado será autorizado a realização de Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
atividades externas, a critério da equipe técnica, salvo expres- orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos.
sa determinação judicial em contrário, podendo a determina- Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico.
ção judicial de internação ser revista a qualquer tempo. Encaminhamento a cursos ou programas de orientação.

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Hipóteses de aplicação da medida de internação Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua
Hipótese Prazo frequência e aproveitamento escolar.
Hipótese Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tra-
de internação
tamento especializado.
Trata-se de ato infracional cometido mediante
03 anos Advertência.
grave ameaça ou violência a pessoa.
Perda da guarda.
Por reiteração no cometimento de outras
03 anos Destituição da tutela.
infrações graves.
Suspensão ou destituição do poder familiar.
Por descumprimento reiterado e injustificável da
medida anteriormente imposta.
03 meses Não serão aplicadas as medidas de destituição da tutela e
suspensão do poder familiar se os pais deixarem de cumprir o
A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva dever de sustento por falta ou carência de recursos materiais e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao caso sejam aplicadas, serão decretadas judicialmente.
abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, Se for verificado que os pais ou responsáveis estão agindo
compleição física e gravidade da infração. em relação aos menores com maus-tratos, abuso sexual ou
Durante o período de internação, inclusive provisória, se- opressão, o juiz poderá determinar, como medida cautelar, o
rão obrigatórias atividades pedagógicas. afastamento do agressor da moradia comum e fixação provisó-
ria dos alimentos de que necessitam a criança ou adolescente
• Direitos do Adolescente Privado da Liberdade
dependentes do agressor.
ї São direitos do adolescente privado de liberdade,
entre outros, os seguintes: Do Conselho Tutelar
Entrevistar-se, pessoalmente, com o representante do Mi- O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autôno-
nistério Público. mo, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimen-
Peticionar diretamente a qualquer autoridade. to dos direitos da criança e do adolescente.
Avistar-se, reservadamente, com seu defensor. Ele é um órgão não jurisdicional, e será composto de cinco
Ser informado de sua situação processual, sempre que so- membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de 527
licitada. quatro anos, permitida uma recondução.
Em cada município, haverá, no mínimo, um conselho tu- Representar ao Ministério Público, para efeito das ações
528 telar. de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as
ї Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente
serão exigidos os seguintes requisitos: junto à família natural.
▷ Reconhecida idoneidade moral. Disposições Finais
▷ Idade superior a vinte e um anos.
Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar en-
▷ Residir no município.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tender necessário o afastamento do convívio familiar, comu-


O local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tute- nicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
lar e a remuneração de seus membros serão previstos em lei informações sobre os motivos de tal entendimento e as pro-
municipal e quanto aos recursos necessários ao funcionamento vidências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção
do Conselho, estarão previstos na lei orçamentária municipal. social da família.
O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá servi- As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser re-
ço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral vistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legí-
e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o jul- timo interesse.
gamento definitivo.
Das Atribuições do Conselho Dos Crimes
No capítulo referente a crimes no Estatuto da Criança e
ї São atribuições do Conselho Tutelar Adolescente, estão tipificados crimes que são praticados contra
Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses em que a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo
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deva ser aplicada medida de proteção, salvo inclusão em pro- do disposto na legislação penal, aplicando-se as normas perti-
grama de acolhimento familiar e colocação em família subs- nentes a parte geral do Código Penal e ao processo Código de
tituta. Processo Penal. Aqui a criança e adolescente é a vítima.
Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando Ainda, os crimes previstos no Estatuto a ação é pública in-
as medidas aplicáveis aos pais e responsáveis, salvo medidas condicionada.
aplicáveis somente judicialmente (perda da guarda, destitui- A maneira que é cobrada a matéria em concursos é con-
ção da tutela, suspensão ou destituição do poder familiar). ceituando, cobrando o texto de lei, vamos abordar os crimes
Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: em espécie.
▷ Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,
educação, serviço social, previdência, trabalho e se- Crimes Ligados a Hospitais, Médicos,
gurança. Centros Médicos entre Outros
▷ Representar, junto à autoridade judiciária, nos casos de Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o di-
descumprimento injustificado de suas deliberações. rigente de estabelecimento de atenção à saúde de
Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons- gestante de manter registro das atividades desenvol-
titua infração administrativa ou penal contra os direitos da vidas, na forma e prazo referidos no Art. 10 desta Lei,
criança ou adolescente. bem como de fornecer à parturiente ou a seu respon-
Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua com- sável, por ocasião da alta médica, declaração de nasci-
petência. mento, onde constem as intercorrências do parto e do
Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi- desenvolvimento do neonato:
ciária, dentre as previstas como medida de proteção (exceto Pena - detenção de seis meses a dois anos.
acolhimento institucional, inclusão em programa de acolhi- Parágrafo único. Se o crime é culposo:
mento familiar e colocação em família substituta), para o ado- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
lescente autor de ato infracional.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
Expedir notificações. de estabelecimento de atenção à saúde de gestante
Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança de identificar corretamente o neonato e a parturiente,
ou de adolescente, quando necessário. por ocasião do parto, bem como deixar de proceder
Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro- aos exames referidos no Art. 10 desta Lei:
posta orçamentária para planos e programas de atendimento Pena - detenção de seis meses a dois anos.
dos direitos da criança e do adolescente. Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Representar, em nome da pessoa e da família, contra a vio- Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
lação dos direitos previstos no Art. 220, § 3º, II, da Constituição
Federal. Crimes Ligados aos Procedimentos
Art. 220, § 3°, II. (Estabelecer os meios legais que garan- Apuração do Ato Infracional
tam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de
programas ou programações de rádio e televisão que contra- Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
riem o disposto no Art. 221, bem como da propaganda de pro- liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar
dutos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem
meio ambiente.) escrita da autoridade judiciária competente:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que § 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
procede à apreensão sem observância das formalida- recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
des legais. participação de criança ou adolescente nas cenas refe-
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável ridas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
pela apreensão de criança ou adolescente de fazer contracena.
imediata comunicação à autoridade judiciária com- § 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
petente e à família do apreendido ou à pessoa por comete o crime
ele indicada: I. No exercício de cargo ou função pública ou a pre-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. texto de exercê-la;
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua II. Prevalecendo-se de relações domésticas, de
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a cons- coabitação ou de hospitalidade; ou
trangimento: III. Prevalecendo-se de relações de parentesco con-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por ado-
ção, de tutor, curador, preceptor, empregador da
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou autoridade sobre ela, ou com seu consentimento.
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegali- Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
dade da apreensão: outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
nesta Lei em benefício de adolescente privado de li- Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
berdade: distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, in-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. clusive por meio de sistema de informática ou telemá-
Crime que Dificulta Ação Judiciária, do tico, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Conselho Tutelar e Ministério Público criança ou adolescente:
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou represen- § 1º Nas mesmas penas incorre quem:
tante do Ministério Público no exercício de função pre- I. Assegura os meios ou serviços para o armazena-
vista nesta Lei: mento das fotografias, cenas ou imagens de que
Pena - detenção de seis meses a dois anos. trata o caput deste artigo;

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Vinculados a Colocação Irregular II. Assegura, por qualquer meio, o acesso por rede
de computadores às fotografias, cenas ou imagens
em Família Substituta de que trata o caput deste artigo.
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de § 2º o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem deste artigo são puníveis quando o responsável legal
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: pela prestação do serviço, oficialmente notificado, dei-
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. xa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou trata o caput deste artigo.
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de regis-
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofe- tro que contenha cena de sexo explícito ou pornográ-
fica envolvendo criança ou adolescente:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

rece ou efetiva a paga ou recompensa.


Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
destinado ao envio de criança ou adolescente para o § 1º A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços)
exterior com inobservância das formalidades legais ou se de pequena quantidade o material a que se refere o
com o fito de obter lucro: caput deste artigo.
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. § 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave a finalidade de comunicar às autoridades competentes a
ameaça ou fraude: ocorrência das condutas descritas nos Arts. 240, 241, 241-
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por:
pena correspondente à violência. I. Agente público no exercício de suas funções;
II. Membro de entidade, legalmente constituída,
Crimes Diversos que inclua, entre suas finalidades institucionais,
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar o recebimento, o processamento e o encaminha-
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito mento de notícia dos crimes referidos neste pará- 529
ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: grafo;
III. Representante legal e funcionários responsá- § 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
530 veis de provedor de acesso ou serviço prestado por rente ou o responsável pelo local em que se verifique a
meio de rede de computadores, até o recebimento submissão de criança ou adolescente às práticas referi-
do material relativo à notícia feita à autoridade po- das no caput deste artigo.
licial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. § 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cas-
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão sação da licença de localização e de funcionamento do
manter sob sigilo o material ilícito referido. estabelecimento.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou ado- Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me-
lescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração
meio de adulteração, montagem ou modificação de penal ou induzindo-o a praticá-la:
fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de represen- Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
tação visual: § 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de ba-
vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica te-papo da internet.
ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou ar- § 2º As penas previstas no caput deste artigo são au-
mazena o material produzido na forma do caput deste mentadas de um terço no caso de a infração cometida
artigo. ou induzida estar incluída no rol do Art. 1º da Lei nº
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, 8.072, de 25 de julho de 1990.
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
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de com ela praticar ato libidinoso: Das Infrações Administrativas


Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. As infrações tem natureza administrativa como conse-
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: quência de violação dos direitos da criança e adolescente, pu-
nível com multa.
I. Facilita ou induz o acesso à criança de material
contendo cena de sexo explícito ou pornográfica São as infrações:
com o fim de com ela praticar ato libidinoso; Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por
II. Pratica as condutas descritas no caput deste arti- estabelecimento de atenção à saúde e de ensino funda-
go com o fim de induzir criança a se exibir de forma mental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade
pornográfica ou sexualmente explícita. competente os casos de que tenha conhecimento, en-
volvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos con-
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, tra criança ou adolescente:
a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
compreende qualquer situação que envolva criança ou Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou si- cando-se o dobro em caso de reincidência.
muladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti-
ou adolescente para fins primordialmente sexuais. dade de atendimento o exercício dos direitos constantes
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do Art. 124 desta Lei:
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
arma, munição ou explosivo: cando-se o dobro em caso de reincidência.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza-
ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome,
Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, mi-
ato ou documento de procedimento policial, adminis-
nistrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou ado-
trativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a
lescente, sem justa causa, produtos cujos componentes
que se atribua ato infracional:
possam causar dependência física ou psíquica, ainda
que por utilização indevida: Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
cando-se o dobro em caso de reincidência.
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
se o fato não constitui crime mais grave. § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
cialmente, fotografia de criança ou adolescente envol-
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou vido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescen- diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuí-
te fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles dos, de forma a permitir sua identificação, direta ou
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de indiretamente.
provocar qualquer dano físico em caso de utilização
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
indevida:
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como a apreensão da publicação ou a suspensão da progra-
tais definidos no caput do Art. 2º desta Lei, à prostitui- mação da emissora até por dois dias, bem como da pu-
ção ou à exploração sexual: blicação do periódico até por dois números. (Expressão
Pena - reclusão de quatro a dez anos, e multa. declara inconstitucional pela ADIN 869-2).
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária pensão do espetáculo ou o fechamento do estabeleci-
de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de mento por até quinze dias.
regularizar a guarda, adolescente trazido de outra co- Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
marca para a prestação de serviço doméstico, mesmo de programação em vídeo, em desacordo com a classi-
que autorizado pelos pais ou responsável: ficação atribuída pelo órgão competente:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
aplicando-se o dobro em caso de reincidência, inde- caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
pendentemente das despesas de retorno do adoles- determinar o fechamento do estabelecimento por até
cente, se for o caso. quinze dias.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os Art. 257. Descumprir obrigação constante dos Arts. 78
deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de e 79 desta Lei:
tutela ou guarda, bem assim determinação da autori- Pena - multa de três a vinte salários de referência, du-
dade judiciária ou Conselho Tutelar: plicando-se a pena em caso de reincidência, sem pre-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- juízo de apreensão da revista ou publicação.
cando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom- o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, ou sobre sua participação no espetáculo:
pensão, motel ou congênere: Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
Pena - multa. caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena determinar o fechamento do estabelecimento por até
de multa, a autoridade judiciária poderá determinar quinze dias.
o fechamento do estabelecimento por até 15 (quin- Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro-
ze) dias. videnciar a instalação e operacionalização dos cadas-
§ 2º Se comprovada a reincidência em período inferior tros previstos no Art. 50 e no § 11 do Art. 101 desta Lei:
a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitiva- Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
mente fechado e terá sua licença cassada. (três mil reais).
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autori-
quer meio, com inobservância do disposto nos Arts. 83, dade que deixa de efetuar o cadastramento de crianças
84 e 85 desta Lei: e de adolescentes em condições de serem adotadas, de
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e
cando-se o dobro em caso de reincidência. adolescentes em regime de acolhimento institucional

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Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá- ou familiar.
culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
à entrada do local de exibição, informação destacada estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efe-
sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa tuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
etária especificada no certificado de classificação: de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- interessada em entregar seu filho para adoção:
cando-se o dobro em caso de reincidência. Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer (três mil reais).
representações ou espetáculos, sem indicar os limites Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcio-
de idade a que não se recomendem: nário de programa oficial ou comunitário destinado à
Pena - multa de três a vinte salários de referência, garantia do direito à convivência familiar que deixa de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

duplicada em caso de reincidência, aplicável, separa- efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.
damente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divul-
gação ou publicidade. 2. Lei nº 10.826/2003
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem Estatuto do Desarmamento
aviso de sua classificação: O estatuto do desarmamento, editado em 2003, veio
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du- para regulamentar registro, posse e comercialização de ar-
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária mas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Armas
poderá determinar a suspensão da programação da – Sinarm. O primeiro ponto fundamental é saber se a com-
emissora por até dois dias. petência é federal ou estadual.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congêne- Em regra, a competência da lei é da Justiça Estadual,
re classificado pelo órgão competente como inadequado mesmo sendo regulamentado pela Polícia Federal. Contudo,
às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: se houver interesse direto da União, será da Justiça Federal.
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na Podemos citar, como exemplo, crime cometido por um policial 531
reincidência, a autoridade poderá determinar a sus- federal ou policial rodoviário federal.
Devemos lembrar que se o crime for de tráfico internacio- cito, no prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas,
532 nal de arma de fogo, a competência será da Justiça Federal. para destruição ou doação aos órgãos de segurança
Se o crime atingir interesse genérico e indireto da União, a pública ou às Forças Armadas, na forma do regula-
competência é da Justiça Estadual. mento desta Lei.
Sendo interesse direto e específico da União, a competên-
cia é federal.
Do Registro
O Art. 2º da Lei nº 10.826/2003 prevê a competência do Outro ponto importante é o registro das armas. O Art. 3º
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Sinarm. Devemos nos atentar e não confundirmos as compe- prevê que as armas de fogo de uso restrito serão registradas
tências da Polícia Federal com as do Sinarm. A Polícia Federal no Comando do Exército. Já o Art. 4º prevê que o interessado
expede o registro de arma de fogo, mediante autorização do deverá, além de declarar a necessidade, apresentar os seguin-
Sinarm. Assim: tes requisitos para compra, sendo a que autorização será con-
cedida ou recusada, com da devida fundamentação, no prazo
São competências do Sinarm:
de 30 dias úteis a contar da data do requerimento.
I. Identificar as características e a propriedade de
I. Comprovação de idoneidade, com a apresenta-
armas de fogo, mediante cadastro.
ção de certidões negativas de antecedentes cri-
II. Cadastrar as armas de fogo produzidas, impor- minais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual,
tadas e vendidas no País. Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a
III. Cadastrar as autorizações de porte de arma de inquérito policial ou a processo criminal, que po-
fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal. derão ser fornecidas por meios eletrônicos.
IV. Cadastrar as transferências de propriedade, ex- II. Apresentação de documento comprobatório de
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travio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis ocupação lícita e de residência certa.
de alterar os dados cadastrais, inclusive as decorren- III. Comprovação de capacidade técnica e de aptidão
tes de fechamento de empresas de segurança priva- psicológica para o manuseio de arma de fogo, ates-
da e de transporte de valores. tadas na forma disposta no regulamento desta Lei.
V. Identificar as modificações que alterem as caracte- Observação: esses requisitos deverão ser comprovados
rísticas ou o funcionamento de arma de fogo. periodicamente, em período não inferior a 3 (três) anos, na
VI. Integrar no cadastro os acervos policiais já exis- conformidade do estabelecido no regulamento desta Lei, para
tentes. a renovação do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
VII. Cadastrar as apreensões de armas de fogo,
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e Do Porte
judiciais. O Art. 6º prevê quem possui o porte de arma:
VIII. Cadastrar os armeiros em atividade no País, I. Os integrantes das Forças Armadas.
bem como conceder licença para exercer a atividade. II. Os integrantes de órgãos referidos nos incisos do
IX. Cadastrar mediante registro os produtores, ata- caput do Art. 144 da Constituição Federal; trata-se
cadistas, varejistas, exportadores e importadores dos integrantes da segurança pública.
autorizados de armas de fogo, acessórios e muni- III. Os integrantes das guardas municipais das capitais
ções. dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000
X. Cadastrar a identificação do cano da arma, as (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabele-
características das impressões de raiamento e de cidas no regulamento desta Lei.
microestriamento de projétil disparado, conforme IV. Os integrantes das guardas municipais dos
marcação e testes obrigatoriamente realizados Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil)
pelo fabricante. e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes,
XI. Informar às Secretarias de Segurança Pública quando em serviço.
dos Estados e do Distrito Federal os registros e V. Os agentes operacionais da Agência Brasileira
autorizações de porte de armas de fogo nos res- de Inteligência e os agentes do Departamento de
pectivos territórios, bem como manter o cadastro Segurança do Gabinete de Segurança Institucional
atualizado para consulta. da Presidência da República.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não al- VI. Os integrantes dos órgãos policiais referidos
cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Au- no Art. 51, IV, e no Art. 52, XIII, da Constituição
xiliares, bem como as demais que constem dos seus Federal; ou seja, polícia da Câmara e polícia do
registros próprios. Senado.
Outro ponto importante é que a competência para a des- VII. Os integrantes do quadro efetivo dos agentes
truição das armas apreendidas não é de competência da Polí- e guardas prisionais, os integrantes das escoltas
cia Federal e sim do Exército, como prevê o Art. 25, da lei: de presos e as guardas portuárias.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabo- VIII. As empresas de segurança privada e de trans-
ração do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando porte de valores constituídas, nos termos desta Lei.
não mais interessarem à persecução penal serão enca- IX. Para os integrantes das entidades de desporto,
minhadas pelo juiz competente ao Comando do Exér- legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do re- O Art. 9º traz como competência do Ministério da Justiça a
gulamento desta Lei, observando-se, no que couber, autorização do porte de arma para os responsáveis pela segu-
a legislação ambiental. rança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e,
X. Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei,
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo
cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes
XI. Os tribunais do Poder Judiciário descritos no estrangeiros em competição internacional oficial de tiro, realiza-
Art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios da no território nacional.
Públicos da União e dos Estados, para uso exclu- O Art. 10 traz a competência para a autorização para o porte
sivo de servidores de seus quadros pessoais que de arma de fogo de uso permitido, em todo o território nacional,
efetivamente estejam no exercício de funções de que é de competência da Polícia Federal e somente será concedi-
segurança, na forma de regulamento a ser emiti- da após autorização do Sinarm. A autorização poderá ser conce-
do pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo dida com eficácia temporária e territorial limitada, nos termos de
Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. atos regulamentares, e dependerá do requerente.
O § 1º-B foi incluído pela Lei nº 12.993, de 17 de junho de O Art. 10, § 2º, traz a forma de perda da autorização de
2014 e permitiu – com alguns pré-requisitos – o porte de arma porte de arma de fogo, que será dada automaticamente em
de fogo para os agentes penitenciários e guardas prisionais. caso de o portador dela ser detido ou abordado em estado
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes e
de embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou alu-
guardas prisionais poderão portar arma de fogo de pro- cinógenas.
priedade particular ou fornecida pela respectiva corpo- Devemos lembrar que a autorização para compra de arma é
ração ou instituição, mesmo fora de serviço, desde que de natureza intransferível. Outro ponto importante da lei é que
estejam: a comercialização entre pessoas físicas deve ser antecedida de
autorização do Sinarm.
I. Submetidos a regime de dedicação exclusiva.
O certificado de registro de arma de fogo será expedido
II. Sujeitos à formação funcional, nos termos do
pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.
regulamento.
III. Subordinados a mecanismos de fiscalização e Dos Crimes e das Penas
de controle interno.
Estamos no capítulo IV da lei, com toda certeza o mais
O Art. 6º, § 3º, prevê que a autorização para o porte de cobrado nas provas de concursos. Assim, vamos, em primeiro
arma de fogo das guardas municipais está condicionada à for- plano, explicar o que é porte e o que é posse ilegal de arma
mação funcional de seus integrantes em estabelecimentos de de fogo.
ensino de atividade policial e à existência de mecanismos de

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O Art. 12 versa sobre a posse irregular de arma de fogo de
fiscalização e de controle interno, nas condições estabelecidas
uso permitido, enquanto o porte está previsto no Art. 14 da
no regulamento desta Lei, observada a supervisão do Coman-
lei. Assim:
do do Exército.
A posse se dá na residência do infrator ou dependência
O Art. 6º, § 5º, faz menção ao porte para os que residem em
desta e no local de trabalho, desde que seja o proprietário ou
áreas rurais. O porte – concedido pela Polícia Federal após autori-
responsável pelo local. Já o porte ilegal se dá em todos os lu-
zação do Sinarm - somente pode ser dado a maiores de 25 (vinte
gares.
e cinco) anos que comprovem depender do emprego de arma de
fogo para prover sua subsistência alimentar. O caçador para sub- Já o porte ilegal se dá em todos os lugares fora da residên-
sistência, que der outro uso à sua arma de fogo, independente- cia do infrator ou dependências desta.
mente de outras tipificações penais, responderá, conforme o caso, Posse Irregular de Arma de
por porte ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.
Fogo de Uso Permitido
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

O Art. 7º, § 1º, traz a responsabilidade do proprietário ou di-


retor responsável de empresa de segurança privada e de trans- Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
porte de valores, que responderá pelo crime previsto no parágrafo fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
único do Art. 13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções ad- desacordo com determinação legal ou regulamentar,
ministrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência policial e de no interior de sua residência ou dependência desta,
comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o
de extravio de armas de fogo, acessórios e munições que estejam titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas, depois de empresa:
ocorrido o fato. Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Art. 7º-A, § 5º. As instituições de que trata este artigo O delito em questão possui as condutas de possuir ou
são obrigadas a registrar ocorrência policial e a comu- manter sob sua guarda armas de fogo de uso permitido. Con-
nicar à Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou tudo, se a arma for de uso restrito, o crime é do Art. 16 da lei.
outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios e O objeto material do crime é, além da arma de fogo, tam-
munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 bém acessórios ou munições. Assim, qualquer dos três já tipi- 533
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. fica o crime.
O crime é uma norma penal em branco, uma vez que pede gistrada em nome do agente. (Esse parágrafo foi de-
534 complementação do que seria arma de uso permitido, assim clarado inconstitucional pelo STF.)
como o Art. 14 da lei. Esse crime é de porte ilegal de arma de fogo de uso permi-
Esse crime não admite a forma tentada tido e só pode se cometido se o agente não estiver nos locais
Atenção! Vamos considerar como acessório aquele que descritos no Art. 12 (posse irregular). Assim, se o agente esti-
modifica o aspecto visual ou a eficiência (desempenho da ver em sua casa, responde pelo crime de posse irregular, mas,
arma), por exemplo, mira-laser, silenciador. Parte da arma, por se sair de sua casa com a arma, responde por porte ilegal.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

exemplo, é o cano de arma. Neste caso, o cano não e conside-


rado acessório, e sim parte, assim não responde pelo crime em
Diferença entre a Posse Irregular (Art. 12)
tela. Contudo, se a arma estiver desmontada e com todas as e o Porte Ilegal de Arma de Fogo (Art. 14)
peças, o autor responderá pelo crime, mas se a arma estiver Responde por posse irregular de arma de fogo o agente
incompleta, o autor não responderá, assim como o coldre da que possui arma no interior de sua residência, se esta não es-
arma, pois não é considerado um acessório. tiver registrada.
Se houver munição com o agente, ele responde. Aqui Já no porte ilegal, responde o agente que possuindo a
temos o crime de posse de munição de arma de fogo de uso arma registrada, retira-a de sua residência para levá-la consi-
permitido, pois está previsto no próprio tipo. go, sem a autorização da autoridade competente. Aqui temos
Como diferenciarmos a posse e o porte de uso permitido o crime do Art. 14 da lei.
(Art. 12 e Art. 16)?
Abolitio Criminis Temporária
Posse Porte
É o sinônimo de Vacatio Legis indireta ou descriminação
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Residência do Infrator
temporária. Esse fenômeno ocorreu com o Art. 12 do estatuto
Local de Trabalho Todos os lugares
do desarmamento. Assim, quando o diploma legal foi editado,
Tem de ser o proprietário ou responsável a eficácia do Art. 12 ficou suspensa para que as pessoas pudes-
Ex.: gerente de uma padaria possui arma de uso per- sem entregar os armamentos.
mitido, guardada em armário no interior da padaria. Esse entendimento foi regulamentado assim pelo STJ:
No mesmo contexto, o padeiro dessa padaria também Súm. 513, STJ/2014. A “abolitio criminis” temporária previs-
possui uma outra arma de uso permitido no seu armário, ta na Lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de
no interior do mesmo estabelecimento. Por qual ou por arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou
quais crimes respondem os autores? qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido
O gerente da padaria é considerado responsável pelo esta- ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
belecimento. Assim, de acordo com o Art. 12, ele responde pela Assim, é claro ver que até 23/10/2005 a posse de arma de
posse irregular de arma de fogo de uso restrito. Já o padeiro, fogo de uso permitido, mesmo que raspada, não iria configurar
como está portando arma de fogo fora de sua residência ou crime. Contudo, após essa data, a abolitio criminis temporária
local de trabalho (desde que não seja o proprietário ou respon- não será aplicada à conduta de portar ilegalmente e possuir
sável pelo local) responderá pelo Art. 14 da lei, ou seja, porte arma de fogo com a numeração raspada.
ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Omissão de Cautela
Posse Legal de Arma de Fogo Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias
É fato atípico, não confundir, em provas, com posse ilegal. para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pes-
Depende de autorização do Sinarm e deve ser expedida soa portadora de deficiência mental se apodere de
pela Polícia Federal. arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja
Caso o proprietário esteja com arma em sua residência, de sua propriedade.
mas com o documento vencido, responde pela posse irregular O crime em tela pune os sujeitos ativos que se omitirem
de arma de fogo. Atenção para o fato de que o registro deve e forem os proprietários ou possuidores que, por negligência,
estar no prazo de validade, para não constituir crime. No mes- não impedirem menores de 18 anos ou doentes mentais – não
mo caso, se o indivíduo sair com a arma na rua, será o crime do englobando os físicos – que se apoderarem de arma de fogo.
Art. 14, ou seja, porte ilegal de arma de fogo. Aqui respondem tanto se as armas forem de uso per-
mitido ou de uso restrito e não responderão por munição ou
Porte Ilegal de Arma de acessório, pois esses não fazem parte do Art. 13 do Estatuto do
Fogo de Uso Permitido Desarmamento.
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em O crime só se consuma com o apoderamento do menor
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, ou do doente mental, por isso é chamado de crime omissivo
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou condicionado.
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso per- O crime não admite tentativa, pois trata-se de um crime
mitido, sem autorização e em desacordo com determi- omissivo culposo e crimes culposos não admitem a forma ten-
nação legal ou regulamentar: tada.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é É também classificado como crime omissivo próprio. Crime
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver re- omissivo próprio é aquele que se consuma com a mera omissão
do agente. Desta forma, não há necessidade de ocorrência de no caso concreto, haja uma única ação, com lesão de um
resultado algum. único bem jurídico.
Ex.: Pai esquece a arma de fogo de uso permitido em Já no caso de homicídio, se a arma for utilizada exclusi-
cima da mesa, filho de 22 anos doente físico a encontra vamente para o crime, teremos um crime único. Diferente si-
e fica brincando com a arma de fogo. Fique atento, pois tuação será se o porte já for anterior à conduta, assim, não
nessa situação não teremos o crime do Art. 13, pois a lei devemos considerá-lo como exclusivo.
não se refere a doente físico. A figura típica é “doente
mental”. Disparo de Arma de Fogo
Art. 13, parágrafo único – omissão de comunicação. Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em
Parágrafo único. Nas mesmas penas, incorrem o pro- lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
prietário ou diretor responsável de empresa de se- ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
gurança e de transporte de valores que deixarem de como finalidade a prática de outro crime:
registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de ex- Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é
travio de arma de fogo, acessório ou munição, que es- inafiançável. (Esse parágrafo foi declarado inconstitu-
tejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) cional pelo STF)
horas depois de ocorrido o fato. As condutas aqui são disparar arma de fogo ou acionar
O sujeito ativo aqui é o proprietário ou diretor de empresa munição. É o chamado delito subsidiário expresso, pois o pró-
responsável pela empresa de segurança de transporte de valo- prio tipo diz que responderá somente se não configurar crime
res. Diferentemente do crime previsto no caput do Art. 13 desta mais grave. Se ocorrer o crime mais grave, responderá o agen-
Lei, que somente se refere a “arma de fogo”, a infração penal te pelo mais grave.
descrita no parágrafo único abrange “arma de fogo, acessório Somente pode ser cometido em lugar habitado ou adja-
ou munição. cências ou em via pública ou direção a ela. Fora disso, esse
As condutas típicas são: deixar de comunicar a ocorrência crime torna-se atípico.
policial e de comunicar à Polícia Federal sobre perda, furto ou Ex.: local totalmente inabitado.
roubo de arma de fogo, acessório ou munição. Esse crime admite a tentativa, mas que dificilmente possa
Crime a prazo: são crimes que exigem o preenchimento ocorrer na prática.
de um lapso temporal para se consumarem. Na infração penal ▷ Questões importantes:
em tela, a consumação somente ocorre 24 horas após o agente Disparo + lesão leve: nesse caso responde pela lesão leve,
tomar conhecimento da perda, do furto ou do roubo. porque essa é a finalidade do agente.
▷ Questões potenciais de prova: Disparo + lesão grave ou gravíssima (Art. 129, § 1º e 2º):
De acordo com o STF, a arma desmuniciada configurará

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Responde pela lesão, porque essa é a finalidade do agente.
crime previsto na Lei nº 10.826/2003. Assim, o fato de o agen- Disparo + homicídio (Art. 121): responde somente pelo
te trazer a arma desmuniciada e desmontada (se estiver com homicídio, porque essa é a finalidade do agente.
todas as peças) já caracteriza a conduta incriminada ou seja, Disparo + perigo para a vida ou saúde de outrem (Art.
transportar, possuir e manter sob guarda. 132): responde pelo disparo.
Aqui a lei passou a considerar crime a figura de transportar
Concurso de crimes O que vai prevalecer
munição ou acessório (lembrando que partes de armas não
são acessórios, assim, será crime se estivermos frente à arma Disparo + lesão leve Disparo
desmontada com todas as peças, não sendo crime o transpor- Disparo + homicídio Homicídio
te do cano, pois não configura acessório). Disparo + lesão grave/gravíssima Lesão grave/gravíssima
Contudo, será necessário comprovar - em exame pericial Disparo + Perigo a vida/saúde Disparo
- a eficácia da munição ou do acessório. Caso sejam considera-
Posse ou Porte Ilegal de Arma
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

dos imprestáveis, não colocando em risco o bem jurídico tute-


lado, não podem configurar crime. de Fogo de Uso Restrito
A posse de munição, sem que a arma esteja presente – se- Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber,
gundo o STF – configura o crime, pois há previsão no próprio ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita-
tipo penal. mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua
A arma quebrada – se for totalmente (absolutamente) guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição
inapta não pode configurar crime, pois aqui temos o crime de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desa-
impossível previsto no Art. 17 do código penal. Contudo, se a cordo com determinação legal ou regulamentar:
arma for relativamente capaz, teremos o crime configurado. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
Vale lembrar que se a arma for absolutamente incapaz (total- Estamos diante do uso restrito ou proibido. O uso dessas
mente inapta) mas estiver com munição, responderá o autor armas só pode ser efetuado por certos órgãos, como é o exem-
pelo crime, em razão da munição. plo da Polícia Federal. Devemos lembrar que a posse e o porte
Segundo precedentes do STJ, o crime de manter sob de arma de uso permitido constitui dois crimes distintos, já a
guarda munição de uso permitido e de uso proibido não posse ou o porte ilegal de uso restrito constituem um crime 535
configura concurso formal, mas crime único, desde que, único, previsto no Art. 16.
Temos aqui vários verbos, como, por exemplo possuir, de- atividade comercial ou industrial, arma de fogo, aces-
536 ter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, trans- sório ou munição, sem autorização ou em desacordo
portar, ceder, emprestar, remeter, ocultar. Todos esses verbos, com determinação legal ou regulamentar:
quando efetuados mais de um vez, no mesmo contexto, irão Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou
configurar crime único.
industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
Fato importante é o objeto material do parágrafo único, que
prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular
diz respeito também ao uso de calibre permitido e vai equiparar
ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ao uso restrito. Certas condutas de uso permitido serão equipa-


radas ao Art. 16. Neste caso, o sujeito ativo é o comerciante, podendo ser o
I. Suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer agente que exerce atividade comercial ou industrial, ou ainda
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato. aquele que exerce comércio irregular ou clandestino. Seja ele
Aqui, tanto faz se é restrito ou permitido, o importante é legal ou ilegal. Imagina o comerciante que tem autorização
estar com a numeração “raspada”. para vender certa arma e vende um calibre não permitido para
II. Modificar as características de arma de fogo, de ele. Isso engloba também o vendedor ilegal.
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso Imagine a seguinte situação hipotética: “A” tem uma arma
proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou, de e vende essa arma, responde ele por esse crime?
qualquer modo, induzir a erro autoridade policial,
Resposta: não, porque se for praticado de forma eventual,
perito ou juiz.
não existe o Art. 17, podendo responder pelo porte de uso per-
O agente pega uma arma de uso permitido e a torna de uso
restrito. Por exemplo, pega uma pistola calibre .380 e modifica a mitido (Art. 14) ou mesmo de uso restrito ou proibido (Art. 16).
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arma para calibre 9 milímetros. Doutrinariamente, exige-se que a ação criminosa seja rea-
Entra aqui também quem modifica a arma para enganar a lizada de forma habitual para o delito se aperfeiçoar.
autoridade, a fim de induzir a erro, alterando calibre proibido
para parecer de uso permitido. Tráfico Internacional de Arma de Fogo
III. Possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saí-
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em de- da do território nacional, a qualquer título, de arma de
sacordo com determinação legal ou regulamentar. fogo, acessório ou munição, sem autorização da auto-
IV. Portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer ridade competente.
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer Considerações finais sobre os crimes: no crime de comér-
outro sinal de identificação raspado, suprimido ou cio ilegal de arma de fogo (Art. 17) e tráfico internacional de
adulterado. arma de fogo (Art. 18), a pena será aumentada da metade, se a
V. Vender, entregar ou fornecer, ainda que gra- arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou
tuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou restrito. Esses crimes, assim como o crime de posse ou porte
explosivo a criança ou a adolescente. ilegal de arma de fogo de uso restrito (Art. 16), são insuscetí-
Aqui, as condutas são dolosas e direcionadas à venda, à veis de liberdade provisória.
entrega e ao fornecimento de arma, acessório ou explosivo a
As condutas são importar ou exportar, assim, esse crime é
criança ou a adolescente. Vale aqui a diferenciação para o ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente). Esse inciso V derrogou de competência da Justiça Federal. Importar ou exportar arma
o Art. 242 do ECA, que ficou restrito às armas brancas. de fogo prevalece sobre o crime de contrabando ou descami-
Assim, se for arma de fogo, responde pelo Estatuto do De- nho, do Código Penal, pois a norma penal especial prevalece
sarmamento, no Art. 16, V. sobre a geral, princípio da especialidade.
Sendo arma branca, responde pelo Art. 242 do ECA: Assim, se “A” vai ao Paraguai e traz arma ilegal, não
Art. 242. Vender, fornecer, ainda que gratuitamente, responderá pelo contrabando ou descaminho, bem como o
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adoles- agente público que facilitar a entrada de arma ilegal não res-
cente arma, munição ou explosivo: ponderá pela facilitação do contrabando, mas sim por tráfico
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. internacional de arma de fogo, nos dois casos mencionados.
VI. Produzir, recarregar ou reciclar, sem autoriza- Temos o aumento de pena nos Arts. 17 e 18, caso a arma
ção legal, ou adulterar, de qualquer forma, muni- de fogo, e/ou acessório forem de uso restrito ou proibido.
ção ou explosivo. Aqui, aumenta-se da metade.
Temos que ter cuidado na reciclagem da munição. Por Por fim, temos nos Arts. 16, 17 e 18, a vedação da liberdade
exemplo, comete esse crime aquele que “usa” munição fora provisória. Contudo, segundo o STF, essa vedação é inconsti-
da validade de uso. tucional. Desta forma, atualmente, todos os crimes do Estatu-
Comércio Ilegal de Arma de Fogo to do Desarmamento admitem, em tese, a liberdade provisó-
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ria, inclusive fiança.
ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, No STF, a maioria dos ministros considerou que o dispositi-
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma vo (Art. 21) viola os princípios da presunção de inocência e do
utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de devido processo legal (ampla defesa e contraditório).
3. Lei nº 9.605/1998 Lei dos Crimes Teoria monista: a teoria monista é aquela que, quando os
agentes praticam crime em concurso de pessoas, eles respon-
Ambientais derão por crime único.
Teoria Dualista: para a teoria dualista, os autores respon-
A presente lei trata dos crimes cometidos contra o meio derão por um crime e os partícipes por outro crime.
ambiente e seu principal objetivo é a reparação ou compen- Teoria Pluralista: cada agente responde por um crime, de
sação dos danos ambientais, por isso, prevê, em sua maioria, acordo com sua conduta.
crimes de menor potencial ofensivo (princípio do poluidor -
Ex.: Corrupção ativa e corrupção passiva.
pagador).

Da Apreensão do Produto e Omissão Penalmente Relevante


Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prá-
do Instrumento de Infração tica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a
Administrativa ou de Crime estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o administrador, o membro de conse-
Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e ins- lho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto
trumentos, lavrando-se os respectivos autos. ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da
Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, des- prática, quando podia agir para evitá-la.
de que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados. A parte destacada prevê que esses sujeitos responderão
Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes pelo crime assim como os autores, ou seja, mesmo agindo
avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e omissivamente, eles responderão como se tivessem agido co-
outras com fins beneficentes. missivamente, por isso, se fala em omissão penalmente rele-
Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão vante, que está prevista no Art. 13, §2º, do CP:
destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou Art. 13 § 2º. A omissão é penalmente relevante quando
educacionais. o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
Os instrumentos utilizados na prática da infração serão dever de agir incumbe a quem:
vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da re- a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção
ciclagem. ou vigilância.
Como se percebe, a alínea “a” prevê a omissão determina-
Mandados Expressos de da por lei e foi justamente isso que a lei ambiental fez.
Penalização/Criminalização Requisitos para responder por Omissão:

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Mandados expressos de penalização/criminalização são ▷ Saber da prática criminosa.
situações em que a própria Constituição Federal considera ▷ Poder agir para evitá-la.
determinada conduta como crime, independente de legislação
ordinária. A Constituição Federal serve como vertente para que Denúncia Geral x Denúncia Genérica
o legislador ordinário crie as leis e, dessa forma, estará obriga- Denúncia genérica é aquela denúncia que descreve apenas
do a considerar tal conduta como crime, pois assim prevê a CF. o tipo penal e o imputa genericamente a todos os sócios; e
Como exemplo de mandados expressos de penalização, temos denúncia geral é a que descreve minuciosamente a conduta
o caso da tortura e do racismo que, mesmo antes de existir lei delituosa e imputa a todos os sócios da empresa. Importante
sobre o assunto, a CF já determinava que essas condutas se- lembrar que a denúncia genérica é tida como inapta pelo STJ,
riam consideradas crimes e já elencavam certas consequências já a denúncia geral é aceita. Essa regra vale para todos os cri-
para elas. Quanto ao Crime ambiental, a CF já previa que a mes societários.
conduta provocadora de dano ao meio ambiente seria crime
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

em seu artigo 225, §3º. Responsabilidade Penal


Concurso de Pessoas da Pessoa Jurídica
Art. 2º. Quem, de qualquer forma, concorre para a prá- Art. 3º. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas
tica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a administrativa, civil e penalmente, conforme o dispos-
estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem to nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida
como o diretor, o administrador, o membro de conse- por decisão de seu representante legal ou contratual,
lho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício
ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da da sua entidade.
conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua A lei ambiental prevê que a pessoa jurídica poderá ser res-
prática, quando podia agir para evitá-la. ponsabilizada administrativa, civil e penalmente, e essa res-
O Art. 2º da Lei Ambiental prevê, na parte destacada, a ponsabilidade penal está baseada na teoria da realidade ou
teoria monista quanto ao concurso de crimes adotada pelo da personalidade real, entendida como a teoria que explica a
Código Penal no Art. 29º Quanto ao concurso, existem teorias, existência da pessoa jurídica no mundo real, dotada de vonta- 537
a saber: des e, por esse motivo, poderá cometer crimes. Em contrapar-
tida a essa teoria, existe a teoria da ficção jurídica, de Savigni, Circunstâncias Judiciais
538 entendida como a teoria que defende que a pessoa jurídica
não passa de uma ficção jurídica e, desse modo, não existe no Nas circunstâncias judiciais, o juiz aplicará a pena-base e
mundo real e jamais poderá cometer crimes. observará os seguintes requisitos (Sangra):
▷ Situação Econômica
Requisitos para Responsabilização ▷ Antecedentes
da Pessoa Jurídica ▷ Gravidade do Fato
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Decisão de representante legal ou contratual, ou órgão


colegiado. Circunstâncias Legais
No interesse ou benefício da pessoa jurídica. Na segunda fase, o juiz partirá da pena-base para aplica-
ção da pena provisória e observará as seguintes Atenuantes e
Responsabilidade Penal por Ricochete, Agravantes:

por Procuração ou de Empréstimo Atenuantes (Barcoco)


A responsabilidade da pessoa jurídica não exclui a das Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente.
pessoas físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
fato. Se a pessoa física for imputada penalmente e estiverem reparação do dano ou limitação significativa da degradação
presentes os demais requisitos, a pessoa jurídica sofrerá essa ambiental causada.
imputação por ricochete, de empréstimo. Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de
Teoria da Dupla Imputação não é mais adotada no Bra-
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degradação ambiental.
sil! Atualização! De acordo com a teoria da dupla imputação, Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e
a responsabilidade penal da pessoa jurídica está vinculada à
do controle ambiental.
responsabilidade penal da pessoa física. O STJ e o STF não
adotam mais a teoria da dupla imputação. Desta forma, atual- Agravantes
mente, a responsabilidade penal da pessoa jurídica independe Reincidência nos crimes de natureza ambiental (crimes de
da responsabilidade penal da pessoa física. outra natureza não geram reincidência).
Desconsideração da Pessoa jurídica Ter o agente cometido a infração:
Art. 4º. Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica ▷ Para obter vantagem pecuniária.
sempre que sua personalidade for obstáculo ao res- ▷ Coagindo outrem para a execução material da infração.
sarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ▷ Afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
ambiente. saúde pública ou o meio ambiente.
De acordo com o Art. 4º, a pessoa jurídica poderá ser des- ▷ Concorrendo para danos à propriedade alheia.
considerada para alcançar os bens dos sócios, para que os ▷ Atingindo áreas de unidades de conservação ou
prejuízos causados sejam ressarcidos. No entanto, a descon-
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime
sideração só é válida para pagamento da multa administrativa
ou condenação de reparação civil e nunca para pagamento de especial de uso.
multa decorrente de condenação penal, pois esta última não ▷ Atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamen-
poderá transcender a pessoa jurídica (princípio da intranscen- tos humanos.
dência da pena). ▷ Em período de defesa à fauna.
▷ Em domingos ou feriados.
Aplicação da Pena ▷ À noite.
Serão estudadas etapas diferentes para aplicação da pena ▷ Em épocas de seca ou inundações.
em pessoas físicas e em pessoas jurídicas:
▷ No interior do espaço territorial especialmente protegido.
Pessoa Física Pessoa Jurídica ▷ Com o emprego de métodos cruéis para abate ou
1º Etapa: Quantidade da pena 1º Quantidade
captura de animais.
▷ Mediante fraude ou abuso de confiança.
2º Etapa: Regime inicial
▷ Mediante abuso do direito de licença, permissão ou
3º Etapa: Possibilidade de substituição por restriti- autorização ambiental.
va de direitos, multa ou “sursis” ▷ No interesse de pessoa jurídica mantida, total ou par-
cialmente, por verbas públicas ou beneficiada por in-
1ª Etapa: quantidade da pena centivos fiscais.
A aplicação da pena passa por três fases: ▷ Atingindo espécies ameaçadas, listadas em relató-
▷ Circunstâncias judiciais. rios oficiais das autoridades competentes.
▷ Circunstâncias legais (Agravantes/Atenuantes). ▷ Facilitada por funcionário público no exercício de
▷ Causas de aumento/diminuição. suas funções.
2º etapa: regime inicial Liquidação Forçada da Pessoa Jurídica
3º etapa: possibilidade de substituição por restritivas de
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
direito, multa ou “sursis”.
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar
Restritiva de Direitos ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei, terá
Características: decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será
considerado instrumento do crime e, como tal, perdido
▷ Autonomia.
em favor do Fundo Penitenciário Nacional.
▷ Substitutividade.
▷ Conversibilidade em prisão (CP). Perícia de Dano Ambiental
Duração: em regra, a restritiva de direitos durará o tempo A perícia criminal ambiental, além de constatar a materialida-
da pena substituída. Exceção: a interdição temporária de direi- de delitiva, também deve, se possível, calcular o valor do prejuízo
tos durará 05 anos, se o crime for doloso, e 03 anos, se o crime causado pelo crime ambiental para fins de concessão de fiança ou
for culposo. aplicação de multa.
Espécies
▷ Prestação de serviços à comunidade. Prova Emprestada
▷ Interdição temporária de direitos. Art. 19, parágrafo único. A perícia produzida no inqué-
▷ Suspensão parcial ou total de atividades (não possui rito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no
corresponde no CP). processo penal, instaurando-se o contraditório (con-
▷ Prestação pecuniária (no CP, a prestação pode ser traditório diferido ou postergado).
aos dependentes). Sentença Penal Ambiental
▷ Recolhimento domiciliar (parecido com limitação de
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que
fim de semana do CP).
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos
Requisitos para Substituição causados pela infração, considerando os prejuízos sofri-
▷ Ser crime culposo ou doloso inferior a 04 anos. dos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
▷ Circunstâncias judiciais favoráveis. Isso mesmo, o juiz criminal fixará o valor mínimo para re-
paração dos danos na área cível.
Multa
Transporte “In Utilibus” da Sentença Penal: nas ações co-
A prisão com pena não superior a um ano pode ser substi- letivas, quando procedente o pedido, a coisa julgada pode ser
tuída por multa e, caso ainda seja ineficaz, poderá ser aumen- utilizada em ações individuais de execução.
tada em até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem
Trancamento de Ação Penal

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econômica auferida (no CP, observa-se a situação econômica
do réu). No caso de manifesta ilegalidade, a pessoa física impetrará
“Sursis” um Habeas Corpus para trancamento da ação penal. No entan-
to, a pessoa jurídica não sofre de coação a sua liberdade e para
A suspensão condicional da pena no Código Penal pode trancamento de ação penal, deverá usar o remédio constitu-
ser aplicada em condenações não superiores a 02 anos. na Lei cional do mandado de segurança.
Ambiental, poderá ocorrer a substituição em condenações não
superiores a 03 anos. Competência em Crimes Ambientais
No caso de “sursis” em que se exija reparação do dano,
para a Lei Ambiental a comprovação se dará por laudo de re- Entendimento dos Tribunais
paração do dano ambiental. Se atingir interesse direto e específico da União: Justiça
Federal.
Penas Aplicáveis à Pessoa Jurídica
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Se atingir interesse apenas genérico e indireto da União:


Multa. Justiça Estadual.
Restritiva de direitos. Os crimes contra a fauna seguem a regra acima. (Súmula
Prestação de serviços à comunidade. 91 cancelada)
As penas restritivas de direitos são: Contravenções penais ambientais, a competência será
Suspensão parcial ou total de atividades. sempre da Justiça Estadual.
Interdição temporária de estabelecimento, obra ou ativi- Se o interesse da União surgir ou desaparecer no meio do
dade. processo, a competência não será modificada e sim permane-
Proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele cerá com àquela que começou (perpetuatio jurisditionis).
obter subsídios, subvenções ou doações. Tráfico internacional de animais: Justiça Federal.
A proibição de contratar com o Poder Público poderá ser
de até 10 anos, no caso de pessoa jurídica. Se for pessoa física, Aspectos Processuais Penais
o prazo é de 05 anos, se crime doloso, e 03 anos, se crime Nas infrações penais previstas na Lei dos Crimes Ambien- 539
culposo. tais, a ação penal é pública incondicionada.
A transação penal nas infrações de menor potencial ofen- IV. Com abuso de licença.
540 sivo ambiental tem como requisito a composição civil dos V. Em unidade de conservação.
danos (compromisso formal de reparar o dano), salvo dano VI. Com emprego de métodos ou instrumentos ca-
irreparável. pazes de provocar destruição em massa.
A suspensão condicional do processo, prevista na Lei dos § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos
Juizados, prevê que serão suspensos os processos de crimes atos de pesca.
cuja pena mínima não seja superior a um ano. No entanto, a Lei
Art. 30. Exportar, para o exterior, peles e couros de
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Ambiental prevê a suspensão para crimes de menor potencial


anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da auto-
ofensivo (pena máxima de até dois anos).
ridade ambiental competente:
Dos Crimes em Espécie Pena - reclusão de um a três anos e multa.
As normas penais incriminadoras ambientais são, em sua Art. 31. Introduzir espécime animal no país, sem pa-
maioria, normas penais em branco. recer técnico oficial favorável e licença expedida por
É cabível o princípio da insignificância em crimes ambien- autoridade competente:
tais (STJ). Pena - detenção de três meses a um ano e multa.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
Dos Crimes Contra a Fauna mutilar animais silvestres, domésticos ou domestica-
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espé- dos, nativos ou exóticos:
cimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, Pena - detenção de três meses a um ano e multa.
sem a devida permissão, licença ou autorização da au- § 1º. Incorre nas mesmas penas quem realiza experiên-
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toridade competente, ou em desacordo com a obtida: cia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa. fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
§ 1º. Incorre nas mesmas penas: alternativos.
I. Quem impede a procriação da fauna, sem licença, § 2º. A pena é aumentada de um sexto a um terço se
autorização ou em desacordo com a obtida. ocorre morte do animal.
II. Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou car-
ou criadouro natural. reamento de materiais, o perecimento de espécimes
III. Quem vende, expõe à venda, exporta ou adqui- da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
re, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna sil- Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
vestre, nativa ou em rota migratória, bem como pro- cumulativamente.
dutos e objetos dela oriundos, provenientes de cria- Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
douros não autorizados ou sem a devida permissão, I. Quem causa degradação em viveiros, açudes ou
licença ou autorização da autoridade competente. estações de aquicultura de domínio público.
Perdão Judicial II. Quem explora campos naturais de invertebrados
§ 2º. No caso de guarda doméstica de espécie silves- aquáticos e algas, sem licença, permissão ou auto-
tre não considerada ameaçada de extinção, pode o rização da autoridade competente.
juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar III. Quem fundeia embarcações ou lança detritos
a pena. de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou
§ 3º. São espécimes da fauna silvestre todos aqueles corais, devidamente demarcados em carta náutica.
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quais- Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibi-
quer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo da ou em lugares interditados por órgão competente:
ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais ambas as penas cumulativamente.
brasileiras.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
Causas de Aumento de Pena I. Pesca espécies que devam ser preservadas ou es-
Caso haja o concurso entre essas causas de aumento de pécimes com tamanhos inferiores aos permitidos.
pena e as agravantes da parte geral, prevalecerão as causas de II. Pesca quantidades superiores às permitidas, ou
aumento de pena. Não se pode aplicar as duas, em respeito ao mediante a utilização de aparelhos, petrechos, téc-
princípio da vedação do bis in idem. nicas e métodos não permitidos.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é pra- III. Transporta, comercializa, beneficia ou indus-
ticado: trializa espécimes provenientes da coleta, apanha
I. Contra espécie rara ou considerada ameaçada de e pesca proibidas.
extinção, ainda que somente no local da infração. Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
II. Em período proibido à caça. I. Explosivos ou substâncias que, em contato com a
III. Durante a noite. água, produzam efeito semelhante.
II. Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela ção de Proteção Integral será considerada circunstân-
autoridade competente: cia agravante para a fixação da pena.
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à me-
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca tade.
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos pei- Pena - reclusão de dois a quatro anos e multa.
xes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetí- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
veis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas detenção de seis meses a um ano, e multa.
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
oficiais da fauna e da flora. que possam provocar incêndios nas florestas e demais
Causas Excludentes da Ilicitude formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer
Nesses casos, apesar de o agente cometer a conduta, esta tipo de assentamento humano:
não será ilícita por incidir as causas especiais de exclusão da Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
ilicitude prevista na Lei dos Crimes Ambientais. as penas cumulativamente.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando rea- Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou
lizado: consideradas de preservação permanente, sem prévia
I. Em estado de necessidade, para saciar a fome do autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
agente ou de sua família. minerais:
II. Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
ação predatória ou destruidora de animais, desde Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de
que legal e expressamente autorizado pela autori- lei, assim classificada por ato do Poder Público, para
dade competente. fins industriais, energéticos ou para qualquer outra
III. Por ser nocivo o animal, desde que assim caracte- exploração, econômica ou não, em desacordo com as
rizado pelo órgão competente. determinações legais:
Pena - reclusão de um a dois anos e multa.
Dos Crimes Contra a Flora Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos
preservação permanente, mesmo que em formação, de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: vendedor, outorgada pela autoridade competente, e
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas sem munir-se da via que deverá acompanhar o produ-
as penas cumulativamente. to até final beneficiamento:

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Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
reduzida à metade. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta
ou secundária, em estágio avançado ou médio de re- ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de
generação, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo
infringência das normas de proteção: da viagem ou do armazenamento, outorgada pela au-
Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos ou multa, ou toridade competente.
ambas as penas cumulativamente. Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será florestas e demais formas de vegetação:
reduzida à metade. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de pre- Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qual-
quer modo ou meio, plantas de ornamentação de lo-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

servação permanente, sem permissão da autoridade


competente: gradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas Pena - detenção de três meses a um ano, ou multa, ou
as penas cumulativamente. ambas as penas cumulativamente.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a
de Conservação e às áreas de que trata o Art. 27 do seis meses, ou multa.
Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independen- Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plan-
temente de sua localização: tadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de
Pena - reclusão, de um a cinco anos. mangues, objeto de especial preservação:
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de Pro- Pena - detenção de três meses a um ano, e multa.
teção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Bio- Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou
lógicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de do-
e os Refúgios de Vida Silvestre. mínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaça- competente: 541
das de extinção no interior das Unidades de Conserva- Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
Causa Excludente da Ilicitude § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo
542 anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir
§ 1º Não é crime a conduta praticada quando neces- a autoridade competente, medidas de precaução em
sária à subsistência imediata pessoal do agente ou de
caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível.
sua família.
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de re-
§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 há (mil
cursos minerais, sem a competente autorização, per-
hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por
missão, concessão ou licença, ou em desacordo com
milhar de hectare.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

a obtida:
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em flo-
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
restas e nas demais formas de vegetação, sem licença
ou registro da autoridade competente: Parágrafo único. Nas mesmas penas, incorre quem
deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada,
Pena - detenção de três meses a um ano, e multa.
nos termos da autorização, permissão, licença, conces-
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação condu- são ou determinação do órgão competente.
zindo substâncias ou instrumentos próprios para caça
ou para exploração de produtos ou subprodutos flores- Art. 56º Produzir, processar, embalar, importar, ex-
tais, sem licença da autoridade competente: portar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar,
guardar, ter em depósito ou usar produto ou substân-
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa. cia tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
Causas de Aumento de Pena meio ambiente, em desacordo com as exigências esta-
belecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é au-
Pena - reclusão de um a quatro anos e multa.
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mentada de um sexto a um terço se:


I. Do fato resulta a diminuição de águas naturais, a § 1º Nas mesmas penas, incorre quem:
erosão do solo ou a modificação do regime climático. I. Abandona os produtos ou substâncias referidos
II. O crime é cometido: no caput ou os utiliza em desacordo com as normas
ambientais ou de segurança.
a) no período de queda das sementes;
II. Manipula, acondiciona, armazena, coleta, trans-
b) no período de formação de vegetações;
porta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a re-
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extin- síduos perigosos de forma diversa da estabelecida
ção, ainda que a ameaça ocorra somente no local em lei ou regulamento.
da infração;
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioati-
d) em época de seca ou inundação; va, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
e) durante a noite, em domingo ou feriado. § 3º Se o crime é culposo:
Da Poluição e Outros Crimes Ambientais Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis Causas Gerais de Aumento de
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde
humana ou que provoquem a mortandade de animais ou Pena dos Crimes Contra a Flora
a destruição significativa da flora: Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
Pena - reclusão de um a quatro anos e multa. penas serão aumentadas:
§ 1º Se o crime é culposo: I. De um sexto a um terço, se resultar dano irrever-
sível à flora ou ao meio ambiente em geral.
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa.
II. De um terço até a metade, se resultar lesão corpo-
Hipóteses Qualificadoras ral de natureza grave em outrem.
§ 2º Se o crime: III. Até o dobro, se resultar a morte de outrem.
I. Tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
a ocupação humana. somente serão aplicadas se do fato não resultar crime
II. Causar poluição atmosférica que provoque a re- mais grave.
tirada, ainda que momentânea, dos habitantes das Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde funcionar, em qualquer parte do território nacional, es-
da população. tabelecimentos, obras ou serviços potencialmente polui-
III. Causar poluição hídrica que torne necessária a dores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais
interrupção do abastecimento público de água de competentes, ou contrariando as normas legais e regu-
uma comunidade. lamentares pertinentes:
IV. Dificultar ou impedir o uso público das praias. Pena - detenção de um a seis meses ou multa, ou am-
V. Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, bas as penas cumulativamente.
líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou subs- Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que
tâncias oleosas, em desacordo com as exigências possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna,
estabelecidas em leis ou regulamentos: à flora ou aos ecossistemas:
Pena - reclusão de um a cinco anos. Pena - reclusão de um a quatro anos e multa.
Dos Crimes Contra o Ordenamento Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou con-
tratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
Urbano e o Patrimônio Cultural interesse ambiental:
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: Pena - detenção de um a três anos e multa.
I. Bem especialmente protegido por lei, ato admi- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
nistrativo ou decisão judicial. meses a um ano, sem prejuízo da multa.
II. Arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Po-
instalação científica ou similar protegido por lei, der Público no trato de questões ambientais:
ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - detenção de um a três anos e multa.
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento,
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis concessão florestal ou qualquer outro procedimento ad-
meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. ministrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão:
local especialmente protegido por lei, ato administrativo Pena - reclusão de 3 (três) a 6 (seis) anos e multa.
ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico,
ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, § 1º Se o crime é culposo:
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autori- Pena - detenção de 1 (um) a 3 (três) anos.
zação da autoridade competente ou em desacordo com § 2º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
a concedida: terços) se há dano significativo ao meio ambiente, em
Pena - reclusão de um a três anos e multa. decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, enganosa.
ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu
valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico,
4. Lei nº 9.455/1997 Lei de Tortura
cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monu- A presente lei regulamenta o mandamento constitucional
mental, sem autorização da autoridade competente ou previsto no Art. 5º, III para os crimes de tortura. Tal preocupa-
em desacordo com a concedida: ção ocorreu apenas após a II Guerra Mundial, quando se co-
Pena - detenção de seis meses a um ano e multa. meçou a falar em direitos humanos e, com isso, aumentou a
proteção relativa aos abusos praticados contra o ser humano.
Art. 65. Pichar ou, por outro meio, conspurcar edifica-
ção ou monumento urbano: Caráter Bifronte
Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa. No âmbito do Direito Internacional, a tortura só pode ser
§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa praticada por agente público, ou seja, é um crime próprio.
tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológi-

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No entanto, o legislador brasileiro tratou a tortura de forma
co ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano que ela pode ser praticada tanto por agente público quan-
de detenção e multa. to por particular, por isso, fala-se em caráter bifronte da Lei
§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada de Tortura (tanto por agente público quanto por particular).
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou Importante ressaltar que se for agente público, ainda incide
privado mediante manifestação artística, desde que uma causa de aumento de pena (Art. 1º §4º, I).
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo
locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de Prescrição
bem público, com a autorização do órgão competente e Uma questão muito boa consiste em se questionar se a
a observância das posturas municipais e das normas edi- tortura prescreve. Façamos uma análise em relação à prescri-
tadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela ção da tortura, antes de responder à pergunta.
preservação e pela conservação do patrimônio histórico
De acordo com a Carta-mãe, são imprescritíveis o racismo
e artístico nacional.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e a ação de grupos armados contra ordem constitucional e o


Crimes Contra a Administração Ambiental estado democrático.
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou De acordo com os tratados internacionais de direitos hu-
enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou manos sobre o tema, a tortura é imprescritível.
dados técnico-científicos em procedimentos de autori- A lei de tortura nada fala sobre o tema. Portanto, coube
zação ou de licenciamento ambiental: ao STF decidir se a tortura prescreve ou não; e o STF, na lei de
Pena - reclusão de um a três anos e multa. anistia, entendeu que os crimes de tortura prescrevem.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autori- Modalidades de Tortura
zação ou permissão em desacordo com as normas am-
As modalidades de tortura estão previstas no Art. 1º e pa-
bientais, para as atividades, obras ou serviços cuja rea-
rágrafos. Vamos a elas:
lização depende de ato autorizativo do Poder Público:
Art. 1º. Constitui crime de tortura:
Pena - detenção de um a três anos e multa.
I. Constranger alguém com emprego de violência
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico 543
meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
ou mental.
Se o constrangimento for de pessoa menor, mesmo assim Tortura Imprópria, Anômala ou Atípica
544 o agente responderá pelo crime de tortura desta lei, pois a Lei
§ 2º. Aquele que se omite em face dessas condutas,
de Tortura revogou expressamente o Art. 233 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, que tratava da tortura contra menor. quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre
na pena de detenção de um a quatro anos.
Vale ressaltar também que a tortura é crime formal que se
consuma com o constrangimento, independentemente das fina- Esse inciso prevê uma modalidade de tortura que muitos
lidades que veremos a seguir: doutrinadores consideram inconstitucional, por ferir o Art.5º,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

XLIII, CF:
Tortura persecutória ou tortura prova: com o fim de obter
informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira Art. 5º, XLIII. A lei considerará crimes inafiançáveis e in-
pessoa. suscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o trá-
Tortura crime: para provocar ação ou omissão de natureza fico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo
criminosa. e os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
Ex.: Ex.: Roberval, mediante coação moral irresistível, dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
coage Márcio a matar Daniel. Nesse caso, Márcio não res- evitá-los, se omitirem.
ponderá por nada, pois agiu sob coação moral irresistível Entende a doutrina, considerando o Art. 5º, XLIII, e o Art. 13
e será isento de pena. Já Roberval responderá pelo ho- §2º, CP (omissão imprópria) que aquele que se omite deveria
micídio mediante autoria mediata e também por tortura, responder pela tortura e não por uma modalidade atenuada da
pois “torturou” Márcio a praticar um crime. tortura, como ocorre no §2º.
Tortura discriminatória: em razão de discriminação racial No entanto, o §2º do Art. 1º da Lei de Tortura, ainda não
ou religiosa. foi declarado inconstitucional pelo STF. Portanto, aquele que
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Importante notar que o inciso engloba apenas a discrimi- se omite, responderá pelo §2º. Como se sabe, a tortura é um
nação racial ou religiosa e não a discriminação homossexual, crime equiparado a hediondo, porém a conduta do §2º não é
xenofóbica, etária, vingança ou de gênero. equiparada a hediondo e por ter a pena de detenção, a pena
não iniciará no regime fechado.
II. Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave Homicídio qualificado pela
Tortura qualificada pela morte
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, tortura
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida No homicídio qualificado pela
Na tortura qualificada, o dolo do
tortura, o dolo do agente, mesmo
de caráter preventivo. agente é direcionado à tortura,
que eventual, tem que ser, pelo
Esse inciso trata de uma forma de tortura em que são e a morte advém como um re-
menos em algum momento, a
sultado culposo (preterdoloso =
próprios tanto o sujeito ativo quanto o sujeito passivo (crime dolo no antecedente, culpa no
morte da vítima. Nesse caso, a
bipróprio). Embora sejam muito parecidos, esse inciso não re- tortura não é consequência, mas
consequente).
meio de execução.
vogou o crime de maus tratos, previsto no Art. 136 do Código
Penal: Tortura Qualificada pelo
Maus tratos: Resultado ou Preterdolosa
Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa §3º. Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gra-
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de víssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer pri- resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
vando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis,
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, Causas de Aumento de Pena
quer abusando de meios de correção ou disciplina. O juiz observará, na terceira fase de aplicação da pena, as
Como se percebe, as finalidades são diferentes, porém, se seguintes circunstâncias para aumento da pena de um sexto
for verificado que houve intenso sofrimento físico ou mental, até um terço:
estará configurada a tortura. ▷ Se o autor do crime é agente público.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ▷ Se a vítima é criança ou adolescente, gestante, por-
ou sujeita à medida de segurança a sofrimento físico ou tador de deficiência ou maior de 60 anos.
mental, por intermédio da prática de ato não previsto em ▷ Se o crime é cometido mediante sequestro (abrange
lei ou não resultante de medida legal. cárcere privado e extorsão mediante sequestro).
Quanto à modalidade do parágrafo primeiro, pode se
observar que é crime próprio apenas em relação ao sujeito Efeitos da Condenação
passivo (sujeito passivo qualificado), pois o sujeito ativo não Art. 1º § 5º. A condenação acarretará a perda do cargo,
precisa ser quem mantém a pessoa presa, por exemplo, par- função ou emprego público e a interdição para seu exercí-
ticulares que “lincham” uma pessoa que acabou de ser presa. cio pelo dobro do prazo da pena aplicada.
Outro detalhe interessante é que essa modalidade não
necessariamente precisa ser praticada mediante violência ou Vedações
grave ameaça, ou seja, pode ser praticada pela violência im- Art. 1º, § 6º. O crime de tortura é inafiançável e insuscetí-
própria (hipnose, substância psicoativa, sonífero). vel de graça ou anistia + indulto (acrescentado pelo STF).
Regime de Cumprimento de Pena VIII. repúdio ao terrorismo e ao racismo;
Art. 1º, § 7º. O condenado por crime previsto nesta E por último e mais importante deles:
Lei, salvo a hipótese do § 2º (tortura imprópria), ini- Art. 5º, XLII: A prática do racismo constitui crime
ciará o cumprimento da pena em regime fechado. inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclu-
são, nos termos da lei;
Princípio da Extraterritorialidade
Inafiançável = Não se admite a fiança para concessão da
Art. 2º. O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o liberdade provisória, vale ressaltar que é possível a liberdade
crime não tenha sido cometido em território nacional, provisória sem fiança.
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
Imprescritível = Poderá ser punido a qualquer tempo, não
em local sob jurisdição brasileira.
cabendo a causa extintiva da punibilidade pela prescrição. De
O princípio da extraterritorialidade está previsto no CP acordo com a Constituição Federal são imprescritíveis apenas
em seu Art. 7º, sendo que as causas que não dependerão de o racismo e ação de grupos armados, civis ou militares, contra
nenhuma condição são chamados de territorialidade incon- a ordem constitucional e o Estado Democrático.
dicionada e estão no inciso I: Pena de Reclusão = O legislador ordinário não poderia
▷ Contra a vida ou a liberdade do Presidente da Re- cominar penas diferentes de reclusão por causa da previsão
pública. constitucional.
▷ Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis- Art. 1º da Lei de Discriminação Racial:
trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de:
empresa pública, sociedade de economia mista, autar- Discriminação (é o ato de separar, segregar ou diferenciar
quia ou fundação instituída pelo Poder Público. pessoas, animais ou coisas, no caso da lei trata-se apenas de
▷ Contra a administração pública, por quem está a seu pessoas) ou preconceito (é a opinião formada precipitada-
serviço. mente e, normalmente, de forma negativa/pejorativa).
▷ De genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- Além de ser discriminação ou preconceito, tal discriminação
miciliado no Brasil. ou preconceito têm que serem voltados a:
O que a Lei de Tortura fez foi aumentar esse rol, prevendo ▷ Raça, Cor, Etnia, Religião ou Procedência Nacional.
mais um caso de extraterritorialidade incondicionada. Esses requisitos, tratados no Art. 1º, servirão como norte
para praticamente todas as condutas previstas na lei, ou seja,
5. Lei nº 7.716/1989 Lei de os crimes previstos nessa lei dependem do dolo do agente,
voltado para esses tipos de discriminação ou preconceito.
Discriminação Racial
A presente lei define os crimes de preconceito de raça e de
Outras Formas de Discriminação

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cor, conforme expressão utilizada na própria lei, no entanto, com Discriminação resultante de sexo ou estado civil são trata-
alteração posterior, o artigo primeiro da lei, amplia esse rol para dos pela Lei nº 7437/85. Como nessa lei, as penas cominadas
tratar também da etnia, religião ou procedência nacional. não são de reclusão, entende parte da doutrina que ela é in-
constitucional.
Mandado Expresso de Discriminação resultante de deficiência física ou mental
são tratadas pela Lei nº 7853/89.
Criminalização / Penalização
O crime de “racismo” encontra previsão e citações em vá- Crimes em Espécie
rias passagens constitucionais, entendendo-se como mandado Art. 3º Impedir ou obstar o acesso a alguém, devida-
expresso de penalização porque a própria Constituição Federal mente habilitado, a qualquer cargo da administração
já previa a conduta de racismo como crime, logo não poderia o direta ou indireta, bem como em concessionárias de
legislador ordinário tratar a matéria de outra maneira. serviço público.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Essa previsão encontra respaldo, principalmente, no Art. 5º Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por
XLII, mas também pode ser entendido nos artigos 1º III, 3º IV e motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
4º II e VIII, todos da Constituição Federal. procedência nacional, obstar a promoção funcional.
Art. 1º: A República Federativa do Brasil (...) tem como Crime formal - Independe do prejuízo causado à vítima.
fundamentos: Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa pri-
III. a dignidade da pessoa humana; vada.
Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da Repú- §1º. Condutas equiparadas:
blica Federativa do Brasil: Deixar de conceder os equipamentos necessários em
VI. promover o bem de todos, sem preconceitos igualdade de condições.
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer ou- Impedir a ascensão funcional do empregado.
tras formas de discriminação. Proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no
Art. 4º: A República Federativa do Brasil rege-se nas ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
suas relações internacionais pelos seguintes princípios: § 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de 545
I. prevalência dos direitos humanos; serviços à comunidade, incluindo atividades de promo-
ção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qual- Efeitos da Condenação
546 quer outra forma de recrutamento de trabalhadores,
Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia pública, para o servidor público, e a suspensão do funciona-
para emprego cujas atividades não justifiquem essas mento do estabelecimento particular por prazo não superior
exigências. a três meses.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Os efeitos não são automáticos, devendo ser motivada-
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento mente declarados na sentença.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

comercial, negando-se a servir, atender ou receber Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
cliente ou comprador. preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
Pena: reclusão de um a três anos. nacional.
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres- Pena: reclusão de um a três anos e multa.
so de aluno em estabelecimento de ensino público ou § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular sím-
privado de qualquer grau. bolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa-
ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para
Pena: reclusão de três a cinco anos.
fins de divulgação do nazismo.
Causa de Aumento de Pena Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come-
pena é agravada de 1/3 (um terço). tido por intermédio dos meios de comunicação social
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em ho- ou publicação de qualquer natureza:
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tel (períodos predeterminados), pensão (períodos inde- Pena -reclusão de dois a cinco anos e multa. § 3º No
terminados), estalagem, ou qualquer estabelecimento caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar,
similar (interpretação analógica - albergue). ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda
Pena - Reclusão de três a cinco anos. antes do inquérito policial, sob pena de desobediência:
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em I. O recolhimento imediato ou a busca e apreensão
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes dos exemplares do material respectivo;
abertos ao público (cafeteria, sorveteria). II. A cessação das respectivas transmissões radio-
fônicas ou televisivas.
Pena: reclusão de um a três anos.
III. A interdição das respectivas mensagens ou pá-
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em ginas de informação na rede mundial de compu-
estabelecimentos esportivos, casas de diversões (espe- tadores.
táculos, circo, cinema), ou clubes sociais abertos ao pú- § 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condena-
blico (não abrange clubes privativos a sócios). ção, após o trânsito em julgado da decisão, a destrui-
Pena - reclusão de um a três anos. ção do material apreendido.
A mera interpelação para apresentação de ingresso não ca-
racteriza discriminação racial nesse artigo. 6. Lei nº 10.741/2003
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em sa-
lões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de mas- Estatuto do Idoso - Dos Crimes
sagem, ou estabelecimento com as mesmas finalidades. A presente seção tratará dos crimes praticados contra os
Pena - reclusão de um a três anos. idosos, previstos no Estatuto do Idoso. Ao final da aula, você
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifí- será capaz de identificar as condutas que estão previstas como
cios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de crime e diferenciá-las entre si, de forma que o entendimento
acesso aos mesmos: da lei fique amplo.
Pena - reclusão de um a três anos. Estatuto do Idoso -
Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públi-
cos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, Considerações Gerais
metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
(táxi). as disposições da lei 7.347, de 24 de julho de 1985.
Pena - reclusão de um a três anos. Esse artigo trata da aplicação subsidiária da lei de ação
civil pública ao Estatuto do Idoso, a lei de ação civil pública
Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao servi-
trata da ação intentada pelo Ministério Público quando se
ço (remunerado ou não) em qualquer ramo das Forças
tratar de direitos coletivos e difusos.
Armadas (PM e Bombeiro).
Idoso: Prevê o art. 1º que o Estatuto do Idoso é destinado a
Pena: reclusão de dois a quatro anos. regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou
Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, superior a 60 anos.
o casamento ou convivência familiar e social. Em relação ao benefício para o transporte, o estatuto con-
Pena: reclusão de dois a quatro anos. sidera o benefício apenas aos maiores de 65 anos.
A prescrição pela metade do tempo, prevista pelo Código (art. 181) e transforma em condicionada a representação quan-
penal, estende-se aos menores de 21 anos à data da conduta do o vínculo é de menor relevância (art. 182). No entanto, es-
delitiva e aos maiores de 70 anos na data da sentença. sas situações não são cabíveis quando se trata de vítima idosa,
Art. 94. Aos crimes previstos nesta lei, cuja pena má- pois o próprio Código Penal já trouxe essa previsão no art. 183
xima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) (alterado pelo estatuto do idoso) e o Estatuto do Idoso, em seu
anos, aplica-se o procedimento previsto na lei 9.099, artigo 95, confirmou a exceção.
de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no
que couber, as disposições do código penal e do código Crimes em Espécie
de processo penal. (grifo nosso). Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou difi-
A Lei 9.099/95 trata dos juizados especiais criminais e cultando seu acesso a operações bancárias, aos meios
trouxe uma série de medidas despenalizadoras. No entanto, de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer
a Lei dos Juizados é aplicável aos crimes de menor potencial outro meio ou instrumento necessário ao exercício da
ofensivo, sendo estes todas as contravenções e os crimes cuja cidadania, por motivo de idade:
pena máxima não ultrapasse dois anos. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Fácil perceber a contradição entre as duas leis, no sentido § 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humi-
de que as medidas despenalizadoras são aplicadas apenas aos lhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
crimes com penas máximas até 02 anos e, no caso do Esta- qualquer motivo.
tuto do Idoso, que, diga-se de passagem, veio para proteger Causa de Aumento de Pena (1/3)
os idosos, essa idade é aumentada para 04 anos para aqueles
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima
que praticam algum crime contra os idosos. Essa interpretação
se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do
seria absurda.
agente.
Portanto, o STF no julgamento da ADI 3096/10 entendeu
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando
que nos crimes contra o idoso se aplica somente o procedi-
possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de imi-
mento previsto pela Lei 9.099/95, não se aplicando os institu-
tos despenalizadores previsto pela Lei dos Juizados Especiais. nente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua as-
sistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses
Todavia, se o crime contra o idoso for com pena máxima casos, o socorro de autoridade pública:
não superior à dois anos, estará de acordo com a regra geral e
será de menor potencial ofensivo. Portanto, aplicar-se-á a Lei Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
dos Juizados. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
Art. 95. Os crimes definidos nesta lei são de ação penal da omissão resulta lesão corporal de natureza grave,
e triplicada, se resulta a morte.
pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts.
181 e 182 do Código Penal. Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saú-

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de, entidades de longa permanência, ou congêneres,
Para os crimes definidos no Estatuto do Idoso, não é ne-
ou não prover suas necessidades básicas, quando obri-
cessário que o idoso manifeste sua vontade, no sentido de que
gado por lei ou mandado ( art. 1694 e seguintes, CC):
o Estado possa agir em direção a punição do agente (perse-
cução criminal). Nesses casos, o Estado poderá agir de ofício, Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
seja na figura no Delegado, iniciando um inquérito policial ou Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física
na figura do Promotor de Justiça, realizando uma denúncia. ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições de-
Por isso, os crimes do Estatuto do Idoso são chamados de ação sumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos
penal pública incondicionada. e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo,
O Código Penal prevê em seus artigos 181 e 182 as chama- ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:
das escusas absolutórias: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
Código penal § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos grave:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

crimes previstos neste título, em prejuízo: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
I. Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal. § 2º Se resulta a morte:
II. De ascendente ou descendente, seja o parentes- Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
co legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6
Art. 182 - Somente se procede mediante represen- (seis) meses a 1 (um) ano e multa:
tação, se o crime previsto neste título é cometido em I. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo pú-
prejuízo: blico por motivo de idade.
I. Do cônjuge desquitado ou judicialmente separa- II. Negar a alguém, por motivo de idade, emprego
do. ou trabalho.
III. Recusar, retardar ou dificultar atendimento ou
II. De irmão, legítimo ou ilegítimo. deixar de prestar assistência à saúde, sem justa
III. De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. causa, a pessoa idosa.
Escusas absolutórias são situações que ocorrem nos cri- IV. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem jus-
mes contra o patrimônio que o Código Penal isenta de pena os to motivo, a execução de ordem judicial expedida 547
agentes do crime por causa do vínculo existente com a vítima na ação civil a que alude esta Lei.
V. Recusar, retardar ou omitir dados técnicos indis- ▷ Comprovante de quitação com o serviço militar (cer-
548 pensáveis à propositura da ação civil objeto desta tificado de reservista).
Lei, quando requisitados pelo Ministério Público. ▷ Título de eleitor.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem ▷ Carteira profissional.
justo motivo, a execução de ordem judicial expedida
nas ações em que for parte ou interveniente o idoso: ▷ Certidão de registro do nascimento.
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. ▷ Certidão de casamento.
▷ Comprovante de naturalização.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,


pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dan- ▷ Carteira de identidade de estrangeiro.
do-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: Este rol é exemplificativo, podendo valer como documen-
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. to de identificação qualquer outro previsto em lei, como, por
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do exemplo, a carteira de motorista e a carteira profissional da
idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar OAB.
procuração à entidade de atendimento:
Art. 1º A nenhuma pessoa física, bem como a nenhuma pes-
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
soa jurídica, de direito público ou de direito privado, é lícito
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária
relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, reter qualquer documento de identificação pessoal, ainda
bem como qualquer outro documento com objetivo de que apresentado por fotocópia autenticada ou pública-for-
assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida: ma, inclusive comprovante de quitação com o serviço militar,
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e título de eleitor, carteira profissional, certidão de registro de
multa. nascimento, certidão de casamento, comprovante de natu-
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Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de co- ralização e carteira de identidade de estrangeiro.
municação, informações ou imagens depreciativas ou Exceções:
injuriosas à pessoa do idoso: A vedação a retenção é a regra geral que possui exceções,
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. sendo a primeira delas o caso em que o documento de iden-
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de tificação for indispensável para a entrada de pessoa em órgão
seus atos a outorgar procuração para fins de adminis- público ou particular. Nesse caso, o dados do documento serão
tração de bens ou deles dispor livremente: anotados e o documento será IMEDIATAMENTE devolvido.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 2º. § 2º. Quando o documento de identidade for
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, indispensável para a entrada de pessoa em órgãos pú-
contratar, testar ou outorgar procuração: blicos ou particulares, serão seus dados anotados no
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. ato e devolvido o documento imediatamente ao inte-
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa ressado.
sem discernimento de seus atos, sem a devida repre-
sentação legal: Além disso, tem-se a exceção da necessidade do docu-
mento para realização de determinado ato. Nesse caso, a pes-
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
soa que fizer a exigência extrairá os dados que interessarem,
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante
do Ministério Público ou de qualquer outro agente fis- no prazo de 05 dias, em seguida devolvendo o documento ao
calizador: seu exibidor.
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e Art. 2º. Quando, para a realização de determinado ato, for
multa. exigida a apresentação de documento de identificação, a
pessoa que fizer a exigência fará extrair, no prazo de até 5
7. Lei nº 5.553/1968 Apresentação e (cinco) dias, os dados que interessarem devolvendo em se-
guida o documento ao seu exibidor.
Uso de Documento de Identificação Para ultrapassar esse prazo de 05 dias, somente com au-
torização judicial.
Pessoal Art. 2º. § 1º. Além do prazo previsto neste artigo, so-
A referida lei traz as vedações à retenção de documento de mente por ordem judicial poderá ser retirado qualquer
identificação pessoal, constituindo infração penal sua retenção documento de identificação pessoal.
dolosa. No entanto, a própria lei traz as exceções em que o Na Lei das Contravenções Penais, o artigo 68 se assemelha
documento poderá ser retido. à infração penal prevista nesta lei, a saber:
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justi-
Disposições Gerais ficadamente solicitados ou exigidos, dados ou indica-
Vedação à retenção de qualquer documento de identifica- ções concernentes à própria identidade, estado, profis-
ção pessoal (seja o próprio documento, a fotocópia autentica- são, domicílio e residência:
da ou a pública-forma, entendida esta como a cópia autêntica Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
de um documento feita por um tabelião). réis.
A vedação à retenção abrange a retenção feita por pessoa Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples,
física ou jurídica, seja de direito público ou privado. de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a
Documentos equiparados pela própria lei: dois contos de réis, se o fato não constitui infração
penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias, § 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela
faz declarações inverídicas a respeito de sua identida- Lei nº 10.803, de 11.12.2003).
de pessoal, estado, profissão, domicílio e residência. I. Cerceia o uso de qualquer meio de transporte
Pena – prisão simples, de três meses a um ano. por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no
No entanto, esta contravenção traz a situação contrária à local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de
da Lei de Identificação Pessoal. Pois no artigo 68, o agente se 11.12.2003).
fornecer dados necessários à sua identificação (normalmente II. Mantém vigilância ostensiva no local de tra-
nega o documento). Vale lembrar que, no caso do artigo 68 da balho ou se apodera de documentos ou objetos
Lei das Contravenções Penais, as informações são solicitadas pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no
de forma justificada e na contravenção da Lei 5553/68, a re- local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 10.803, de
tenção não pode estar justificada. 11.12.2003).
Infração praticada por preposto Se a retenção tem a finalidade de impedir que alguém se
Quando a infração for praticada por preposto (agente que desligue de serviços de qualquer natureza, a infração pratica-
recebe ordens) ou por agente de pessoa jurídica, será conside- da será a de frustação de direito assegurado por lei trabalhista
rado responsável quem deu a ordem de retenção. No entanto, (art. 203, $ 1°, I CP).
se houver desobediência ou inobservância de ordens por parte Art. 203. Frustrar, mediante fraude ou violência, direi-
do preposto ou agente de pessoa jurídica, este será conside- to assegurado pela legislação do trabalho:
rado o infrator. Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, de dois
Art. 3°. Parágrafo único. Quando a infração for pra- contos a dez contos de réis, alem da pena correspon-
ticada por preposto ou agente de pessoa jurídica, dente à violência.
considerar-se-á responsável quem houver ordena- Pena - detenção de um ano a dois anos, e multa, além
do o ato que ensejou a retenção, a menos que haja, da pena correspondente à violência. (Redação dada
pelo executante, desobediência ou inobservância de pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
ordens ou instruções expressas, quando, então, será § 1º Na mesma pena incorre quem: (Incluído pela Lei nº
este o infrator. 9.777, de 29.12.1998)
Infração penal I. Obriga ou coage alguém a usar mercadorias de
A retenção de documento de identificação pessoal, sem determinado estabelecimento, para impossibilitar
previsão legal, constitui contravenção penal com pena de o desligamento do serviço em virtude de dívida;
prisão simples (sem rigor penitenciário) de 01 a 03 meses ou (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998)
multa II. Impede alguém de se desligar de serviços de
Prevê a lei que a multa será no valor de NCR$ 0,50 (cin- qualquer natureza, mediante coação ou por meio
quenta centavos) a NCR$ 3,00 (três cruzeiros novos). No en-

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da retenção de seus documentos pessoais ou con-
tanto, o art. 2° da Lei 7209/84 que alterou toda a parte geral tratuais.
do Código Penal revogou toda previsão expressa relativa a § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço
multas, de forma que a multa será calculada de acordo com o se a vítima é menor de dezoito anos, idosa, ges-
Código Penal. Primeiro, se calcula a quantidade de dias-multa tante, indígena ou portadora de deficiência física
(de 10 a 360 dias-multa) e depois se calcula o valor do dia- ou mental.
-multa (de 1/30 avos até 5 vezes o salário mínimo vigente)
podendo ainda ser triplicada se não for suficiente.
Art. 3º Constitui contravenção penal, punível com pena
8. Decreto-Lei nº 3.688/1941 Lei das
de prisão simples de 1 (um) a 3 (três) meses ou multa Contravenções Penais
de NCR$ 0,50 (cinquenta centavos) a NCR$ 3,00 (três
A referida lei traz as regras gerais e tipifica as condutas
cruzeiros novos), a retenção de qualquer documento a
entendidas como contravenção penal, trazendo as regras
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

que se refere esta Lei.


que distinguem as contravenções dos crimes/delitos. Esse
Outras Infrações Relativas a Retenção de Documentos tema se torna muito relevante diante da realidade expressa-
Se a retenção tem a finalidade de reter a pessoa no local da atualmente, no sentido de incriminação ainda maior das
de trabalho, a infração praticada será a de redução à condição condutas, deixando de lado as contravenções penais, salvo o
análoga a de escravo (Art. 149 $ 1°, II, CP). jogo do bicho, pois, provavelmente, tornar-se-á crime.
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a Infração Penal
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de- No Brasil, o conceito de infração penal foi subdividido
gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer em duas espécies (teoria bipartite). Infração penal é o gê-
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com nero e as espécies são ou crime ou contravenção penal. Se
o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº olharmos para a conduta em si, não dá para diferenciar cri-
10.803, de 11.12.2003). me de contravenção, por isso se diz que ontologicamente
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da (na essência) são iguais, o que os diferencia é a valoração
pena correspondente à violência. (Redação dada pela dada pelo legislador (ontologicamente iguais, mas axiolo- 549
Lei nº 10.803, de 11.12.2003). gicamente diferentes).
Contravenção penal - sinônimos: Crime formiga, delito lili- A Lei das Contravenções Penais prevê que a multa não
550 putiano, crime vagabundo, crime-anão. pode ultrapassar cinquenta contos, no entanto, o Art. 2° da Lei
IMPO = infrações de menor potencial ofensivo: São todas nº 7.209/84 que alterou a parte geral do Código Penal prevê
as contravenções e os crimes cuja pena máxima não seja su- que as expressões de multa estão revogadas, aplicando-se a
perior a 02 anos. regra contida no Código Penal.
Crime Conversão da Multa em Pena Privativa de Liberdade
Reclusão Regime fechado, semi-aberto e aberto A Lei das Contravenções Penais prevê, em seu Art. 9º, a
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Detenção Regime semi-aberto e aberto conversão da multa em pena privativa de liberdade:


Art. 9º. A multa converte-se em prisão simples, de
Contravenção Penal acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a con-
A prisão simples é sem rigor penitenciário e será versão de multa em detenção.
em regime semiaberto ou aberto.
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada,
Será em estabelecimento especial ou em seção
especial de prisão comum (colônia agrícola ou a conversão em prisão simples se faz entre os limites
casa do albergado), desde que fique sempre de quinze dias e três meses.
Prisão simples e
Multa
separado. No entanto, toda doutrina entende que quando se revo-
Se a pena não ultrapassa 15 dias o trabalho é gou a parte do Código Penal relativa à conversão de multas
facultativo. em pena privativa de liberdade, isso não seria mais possível,
No caso de prisão comum, o trabalho é facultativo em nenhuma legislação específica, ou seja, o Art. 9° estaria
para os presos provisórios (somente o trabalho tacitamente revogado.
interno) e para os presos políticos.
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Suspensão Condicional da Pena (Susis)


Penas Acessórias Na Lei das Contravenções Penais a pena pode ser suspen-
As penas acessórias são a publicação da sentença (jornal sa pelo prazo de 01 a 03 anos, essa é a previsão do Art. 11:
de grande circulação na região) e as seguintes interdições de Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz
direitos: pode suspender por tempo não inferior a um ano nem
▷ A incapacidade temporária para profissão ou superior a três, a execução da pena de prisão simples,
atividade, cujo exercício dependa de habilitação bem como conceder livramento condicional.
especial, licença ou autorização do poder público; No Código Penal a suspensão da pena é vinculada a quanti-
▷ A suspensão dos direitos políticos (enquanto dure a dade de pena recebida na sentença, a saber:
execução da pena privativa de liberdade ou aplica- Art. 77. A execução da pena privativa de liberdade,
ção da medida de segurança detentiva). não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa,
Limites das Penas por 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Paras os crimes prevê o Código Penal em seu Art. 75 que o § 2º A execução da pena privativa de liberdade,
máximo da pena cumprida será de 30 anos: não superior a quatro anos, poderá ser suspensa,
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas por quatro a seis anos, desde que o condenado seja
de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) anos. maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde
Já para as contravenções penais, a regra é diferente, pois o justifiquem a suspensão.
tempo máximo de cumprimento de pena é de 05 anos, Art. 10 Internação em Manicômio Judiciário
da Lei das Contravenções Penais:
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não pode,
ou em Casa de Custódia
em caso algum, ser superior a cinco anos, nem a im- Leis das Contravenções Penais Código Penal
portância das multas ultrapassarem cinquenta contos. Art. 96, § 1º - A internação, ou
Art. 16. O prazo mínimo de tratamento ambulatorial, será por
Multa duração da internação em tempo indeterminado, perdurando
A multa prevista pelo Código Penal será aplicada de acor- manicômio judiciário ou em enquanto não for averiguada, me-
do com o Art. 49 e seguintes: casa de custódia e tratamento é diante perícia médica, a cessação
de seis meses. de periculosidade. O prazo mínimo
▷ A pena de multa consiste no pagamento, ao fundo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.
penitenciário, da quantia fixada na sentença e cal-
culada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) Internação em Colônia Agrícola ou
e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias- Instituto de Trabalho, de Reeducação
-multa.
▷ O valor do dia-multa será fixado pelo juiz, não po- ou de Ensino Profissional
dendo ser inferior a um trigésimo do maior salário São internados em colônia agrícola ou em instituto de
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem su- trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, pelo prazo
perior a 5 (cinco) vezes esse salário. mínimo de um ano: 
▷ A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz ▷ O condenado por vadiagem (Art. 59);
considerar que, em virtude da situação econômica ▷ O condenado por mendicância (Art. 60 e seu pará-
do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. grafo).
Essa previsão está no Art. 15 da Lei das Contravenções Penais Art. 2º. A lei brasileira só é aplicável à contravenção
e prevê que, além das penas cominadas aos crimes vadiagem ou praticada no território nacional.
mendicância (a mendicância foi revogada), o agente também
sofreria uma medida de internação concomitante, esse é o cha- Reincidência
mado duplo binário, não mais aceito pela doutrina moderna. Crime (no Brasil ou no exterior) + contravenção penal =
reincidência.
Ação Penal Contravenção (no Brasil) + contravenção penal = reinci-
Nos crimes previstos pelo Código Penal, com aplicação dência:
subsidiária à legislação extravagante, a ação penal em regra Art. 7º. Verifica-se a reincidência quando o agente pra-
é pública incondicionada, sendo privada ou condicionada a re- tica uma contravenção depois de passar em julgado a
presentação quando a lei assim exigir. sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no es-
Art. 100. A ação penal é pública, salvo quando a lei trangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo
expressamente a declara privativa do ofendido. de contravenção.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Públi- Presunção de Periculosidade
co, dependendo, quando a lei o exige, de representação
do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. Presumem-se perigosos
Crime o Ação penal o privada o Vítima (queixa-crime) ▷ O condenado por motivo de contravenção cometido,
o pública o Condicionada a representação ou incondiciona- em estado de embriaguez pelo álcool ou substância
da o MP (denúncia). de efeitos análogos, quando habitual a embriaguez;
No caso de contravenção penal, a ação sempre será públi- ▷ O condenado por vadiagem ou mendicância.
ca incondicionada: Voluntariedade
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade
Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a ação
proceder de ofício.
ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta
Crítica da doutrina: a Lei nº 9.099/95 transformou os de- o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de
litos de lesão dolosa leve e lesão culposa em crimes de ação outra, qualquer efeito jurídico.
penal pública condicionada à representação. No entanto, a
Diz o Art. 3º que para a existência da contravenção penal, é
contravenção penal de vias de fato (empurrão, socos, desde
desnecessária a existência do dolo ou da culpa. No entanto, para
que não tenha lesão), continua a ser pública incondicionada.
Se o mais (lesão corporal) é condicionada à representação, o o Direito Penal Moderno, não há que se falar em infração penal
menos (vias de fato) também deveria o ser. sem que exista o elemento subjetivo dolo ou culpa, pois senão
estaríamos diante de uma responsabilização penal objetiva.
Tentativa de Contravenção Penal Tanto na teoria causalista (o dolo e a culpa estavam na cul-

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A tentativa é um instituto que tem a natureza jurídica mu- pabilidade), quanto na teoria finalista (dolo e culpa estão na con-
tacional, pois de acordo com a infração penal ela terá uma na- duta) o dolo e a culpa são necessários para a existência do crime.
tureza jurídica diferente.
Erro de Direito
Nos chamados delitos de empreendimento ou de atenta-
do, a tentativa é impossível de ocorrer na prática, pois a pró- Art. 8º No caso de ignorância ou de errada compreen-
pria tentativa já configura o delito. Também ocorre quando a são da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de
própria legislação pune a tentativa como se fosse consumada, ser aplicada.
como no caso das faltas graves praticadas pelos presos.
Há aqueles crimes que inadmitem a tentativa, como nos
Contravenções Penais em Espécie
crimes culposos e nos omissivos próprios. No entanto, a regra Contravenções Referentes à Pessoa
geral é que a tentativa é uma causa de diminuição de pena,
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

pois é o que prevê o Art. 14, parágrafo único, do CP.


ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou mu-
Art. 14, Parágrafo único - Salvo disposição em contrá-
rio, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao nição:
crime consumado, diminuída de um a dois terços. Pena - prisão simples, de três meses a um ano, ou mul-
No caso das contravenções penais, muitas questões dão ta, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumulati-
como correta que a tentativa é inadmissível. Logicamente, vamente, se o fato não constitui crime contra a ordem
isso se pode marcar. No entanto, não se poderia dizer que a política ou social.
tentativa é inadmissível, pois, no mundo dos fatos, ela existe, Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de depen-
somente não será punida, pois assim entendeu o legislador. dência desta, sem licença da autoridade:
Art. 4º. Não é punível a tentativa de contravenção. Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou am-
Territorialidade bas cumulativamente.
Somente será punida a contravenção penal, se for pratica- § 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o
da no território nacional. Portanto, a contravenção penal não agente já foi condenado, em sentença irrecorrível, por 551
será motivo de extradição. violência contra pessoa.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias Pena - prisão simples, de seis meses a dois anos, e
552 a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
de réis, quem, possuindo arma ou munição: Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de conde-
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à nado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto su-
autoridade, quando a lei o determina; jeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como
b) permite que alienado menor de 18 anos ou vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas
pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha ou instrumentos empregados usualmente na prática
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

consigo; de crime de furto, desde que não prove destinação


c) omite as cautelas necessárias para impedir legítima:
que dela se apodere facilmente alienado, menor Pena - prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de
de 18 anos ou pessoa inexperiente em manejá-la. duzentos mil réis a dois contos de réis.
Os Arts. 18 e 19 foram tacitamente derrogados (revogação Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de
parcial) pelo Estatuto do Desarmamento, permanecendo a con- serralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incum-
travenção relativa a armas brancas. bência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha
certificado previamente, fechadura ou qualquer outro
Anúncio de Meio Abortivo aparelho destinado à defesa de lugar nu objeto:
Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto desti- Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou
nado a provocar aborto:  multa, de duzentos mil réis a um conto de réis.
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. Pena - prisão simples, de um a seis meses, e multa,
A contravenção anterior prevê apenas a pena de multa; já de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
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no crime de incitação pública para a prática de crimes, a pena


é de detenção de 3 a 6 meses ou multa. Contravenções Referentes à
Vias de Fato Incolumidade Pública
Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou suas adjacências, em via pública ou em direção a ela:
multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não Pena - prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de
constitui crime. trezentos mil réis a três contos de réis.
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um ter- Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de
ço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil
anos. réis a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou
em suas adjacências, em via pública ou em direção a
Internação Irregular em ela, sem licença da autoridade, causa deflagração pe-
Estabelecimento Psiquiátrico rigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso.
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por
nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apre- erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa:
sentada como doente mental: Pena - multa, de um a dez contos de réis, se o fato não
Pena - multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. constitui crime contra a incolumidade pública.
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comuni- Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo
car a autoridade competente, no prazo legal, interna- Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja
ção que tenha admitido, por motivo de urgência, sem conservação lhe incumbe:
as formalidades legais. Pena - multa, de um a cinco contos de réis.
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
a três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco
Omissão de Cautela da Guarda
contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições ou Condução de Animais
legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa
psiquiátrico pessoa nele, internada. inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora perigoso:
do caso previsto no Art. anterior, sem autorização de Pena - prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa,
quem de direito: de cem mil réis a um conto de réis.
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga
Contravenções Referentes corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segu-
ao Patrimônio rança alheia;
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumen- c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
to empregado usualmente na prática de crime de furto: segurança alheia.
Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a tra- Art. 36. Deixar do colocar na via pública, sinal ou obs-
balho excessivo: táculo, determinado em lei ou pela autoridade e desti-
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de nado a evitar perigo a transeuntes:
cem a quinhentos mil réis. Pena - prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou exposto ao Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
publico, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo. a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove
§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal sinal de outra natureza ou obstáculo destinado a
é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, evitar perigo a transeuntes;
em exibição ou espetáculo público. b) remove qualquer outro sinal de serviço pú-
Art. 32, da Lei dos Crimes Ambientais: blico.
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa
dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ofender, sujar ou molestar alguém:
ou científicos, quando existirem recursos alternativos. Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele
ocorre morte do animal. que, sem as devidas cautelas, coloca ou deixa sus-
pensa coisa que, caindo em via pública ou em lugar
Direção sem Habilitação de uso comum ou de uso alheio, possa ofender sujar
ou molestar alguém.
Direção Perigosa de Veículo Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fuma-
e Embarcação ça, vapor ou gás, que possa ofender ou molestar
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via alguém:
pública, ou embarcação a motor em águas públicas: Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de
réis.
Contravenções Referentes
O Art. 32 da Lei das Contravenções Penais foi tacitamente à Paz Pública
revogado pelo Art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pes-
subsistindo a contravenção na direção sem habilitação de em- soas, que se reúnam periodicamente, sob compromis-
barcação (Súmula 720, STF). so de ocultar à autoridade a existência, objetivo, orga-
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou embarcações nização ou administração da associação:

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em águas públicas, pondo em perigo a segurança alheia: Pena - prisão simples, de um a seis meses, ou multa,
Pena - prisão simples, de quinze a três meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
de trezentos mil réis a dois contos de réis. § 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou ocupan-
Há que se considerar que algumas condutas do CTB absor- te de prédio que o cede, no todo ou em parte, para
vem a infração penal do Art. 34: reunião de associação que saiba ser de caráter secreto.
▷ Dirigir veículo com concentração de álcool - Art. 306 § 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, dei-
CTB. xar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da asso-
▷ Participando de rachas - Art. 308 CTB. ciação.
▷ Com velocidade incompatível transitando próximo a Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo in-
escolas, hospitais, local de embarque e desembarque, conveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato
logradouros estreitos, onde haja grande circulação de oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

pessoas - Art. 311 CTB. não constitui infração penal mais grave;
Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
Direção sem Habilitação e Direção multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Perigosa de Aeronave Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou
Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente licen- perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz
ciado: de produzir pânico ou tumulto:
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, e Pena - prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a acrobacias Perturbação do Trabalho
ou a voos baixos, fora da zona em que a lei o permite,
ou fazer descer a aeronave fora dos lugares destinados ou do Sossego
a esse fim: Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou alheio: 553
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. I. Com gritaria ou algazarra;
II. Exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em § 2º Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois
554 desacordo com as prescrições legais; mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem
III. Abusando de instrumentos sonoros ou sinais é encontrado a participar do jogo, ainda que pela in-
acústicos; ternet ou por qualquer outro meio de comunicação,
IV. Provocando ou não procurando impedir baru- como ponteiro ou apostador. (Redação dada pela Lei
lho produzido por animal de que tem a guarda: nº 13.155, de 2015)
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou § 3º Consideram-se, jogos de azar:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. c) o jogo em que o ganho e a perda depen-
dem exclusiva ou principalmente da sorte;
Contravenções Referentes à Fé Pública d) as apostas sobre corrida de cavalos fora de
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, moeda de hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
curso legal no país: e) as apostas sobre qualquer outra competi-
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. ção esportiva.
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou obje- § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar
to que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir acessível ao público:
com moeda: a) a casa particular em que se realizam jogos
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. de azar, quando deles habitualmente participam
Art. 45. Fingir-se funcionário público: pessoas que não sejam da família de quem a ocu-
Pena - prisão simples, de um a três meses, ou multa, pa;
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de quinhentos mil réis a três contos de réis. b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a
Art 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou distintivo cujos hóspedes e moradores se proporciona jogo
de função pública que não exerce; usar, indevidamen- de azar;
te, de sinal, distintivo ou denominação cujo emprego c) a sede ou dependência de sociedade ou
seja regulado por lei. associação, em que se realiza jogo de azar;
Pena - multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o fato d) o estabelecimento destinado à exploração
não constitui infração penal mais grave.  de jogo de azar, ainda que se dissimule esse des-
tino.
Contravenções Relativas à Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem autori-
Organização do Trabalho zação legal:
Pena - prisão simples, de seis meses a dois anos, e
Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os
anunciar que a exerce, sem preencher as condições a efeitos da condenação à perda dos moveis existentes
que por lei está subordinado o seu exercício: no local.
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou § 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou
multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de ven-
Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições le- da, introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de
gais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de loteria não autorizada.
manuscritos e livros antigos ou raros:
§ 2º Considera-se loteria toda operação que, mediante
Pena - prisão simples de um a seis meses, ou multa, de a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, sinais,
um a dez contos de réis. símbolos ou meios análogos, faz depender de sorteio
Art. 49. Infringir determinação legal relativa à matrí- a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra
cula ou à escrituração de indústria, de comércio, ou de natureza.
outra atividade: § 3º Não se compreendem na definição do parágrafo
Pena - multa, de duzentos mil réis a cinco contos de réis. anterior os sorteios autorizados na legislação especial.
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio, bi-
Contravenções Relativas à lhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras:
Polícia de Costumes Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e
Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar multa, de um a cinco contos de réis.
público ou acessível ao público, mediante o pagamen- Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
to de entrada ou sem ele: expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de ven-
Pena - prisão simples, de três meses a um ano, e mul- da, introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete
ta, de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os de loteria estrangeira.
efeitos da condenação à perda dos moveis e objetos de Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de
decoração do local. loteria estadual em território onde não possa legal-
§ 1º A pena é aumentada de um terço, se existe entre mente circular:
os empregados ou participa do jogo pessoa menor de Pena - prisão simples, de dois a seis meses, e multa, de
dezoito anos. um a três contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de ven- A partir da nova redação do Art. 243, do ECA (Lei nº
da, introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete 8.069/90), dada pela Lei nº 13.106/15, passa a ser crime a con-
de loteria estadual, em território onde não possa legal-
duta de vender bebidas alcóolicas a crianças e adolescentes. O
mente circular.
inciso I do Art. 63 da LCP encontra-se revogado tacitamente.
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de
loteria estrangeira: II. A quem se acha em estado de embriaguez;
Pena - prisão simples, de um a três meses, e multa, III. A pessoa que o agente sabe sofrer das faculda-
de duzentos mil réis a um conto de réis. des mentais;
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe IV. A pessoa que o agente sabe estar judicial-
ou tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria es- mente proibida de frequentar lugares onde se
tadual, em território onde esta não possa legalmente consome bebida de tal natureza:
circular.
Pena - prisão simples, de dois meses a um ano, ou mul-
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de
ta, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
feitura de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes
relativos a loteria, em lugar onde ela não possa legal- Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquili-
mente circular: dade, por acinte ou por motivo reprovável:
Pena - prisão simples, de um a seis meses, e multa, de Pena - prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou
duzentos mil réis a dois contos de réis. multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de
sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possa legal- Contravenções Referentes à
mente circular:
Pena - prisão simples, de um a três meses, e multa, de
Administração Pública
cem a quinhentos mil réis. Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade competente:
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impres- I. Crime de ação pública, de que teve conhecimento
so, de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda no exercício de função pública, desde que a ação
que disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de penal não dependa de representação;
extração de loteria, onde a circulação dos seus bilhe-
II. Crime de ação pública, de que teve conhecimen-
tes não seria legal:
to no exercício da medicina ou de outra profissão
Pena - multa, de um a dez contos de réis.
sanitária, desde que a ação penal não dependa
Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo
de representação e a comunicação não exponha o

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do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua reali-
zação ou exploração: cliente a procedimento criminal:
Pena - prisão simples, de quatro meses a um ano, e Pena - multa, de trezentos mil réis a três contos de réis.
multa, de dois a vinte contos de réis. Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das
Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de duzen- disposições legais:
tos mil réis a dois contos de réis, aquele que participa Pena - prisão simples, de um mês a um ano, ou multa,
da loteria, visando a obtenção de prêmio, para si ou de duzentos mil réis a dois contos de réis.
para terceiro.
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justi-
Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à ociosida-
de, sendo válido para o trabalho, sem ter renda que lhe ficadamente solicitados ou exigidos, dados ou indica-
assegure meios bastantes de subsistência, ou prover à ções concernentes à própria identidade, estado, profis-
própria subsistência mediante ocupação ilícita: são, domicílio e residência:
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses. Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. A aquisição superveniente de ren- Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples,
da, que assegure ao condenado meios bastantes de de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a
subsistência, extingue a pena. dois contos de réis, se o fato não constitui infração
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou aces- penal mais grave, quem, nas mesmas circunstâncias,
sível ao público, de modo ofensivo ao pudor: faz declarações inverídicas a respeito de sua identida-
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. de pessoal, estado, profissão, domicílio e residência.
Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de Pena - prisão simples, de três meses a um ano.
embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha
em perigo a segurança própria ou alheia: Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do
Pena - prisão simples, de quinze dias a três meses, ou monopólio postal da União:
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Pena - prisão simples, de três meses a um ano, ou mul-
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o contra- ta, de três a dez contos de réis, ou ambas cumulativa- 555
ventor é internado em casa de custódia e tratamento. mente.
556
9. Lei nº 11.340/2006 Lei Maria da Aplicação da Lei Maria da
Penha aos Transexuais
Penha De acordo com a doutrina majoritária, será aplicada a Lei
A Lei Maria da Penha, apesar de ser uma lei penal especial, Maria da Penha aos transexuais que já tenham realizado a
não veio tipificar condutas que sejam crimes contra a mulher, operação de transmutação de suas características sexuais, por
em âmbito de violência doméstica e familiar, mas sim trazer cirurgia irreversível.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

uma proteção para essa mulher, que se encontra vulnerável,


no ambiente doméstico e familiar. Conceito de Violência Doméstica
Finalidades da Lei e Familiar Contra a Mulher
Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência
As finalidades da lei estão previstas no Art. 1°: doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
Art. 1º. Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte,
violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção moral ou patrimonial:
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra I. No âmbito da unidade doméstica, compreen-
a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Pu- dida como o espaço de convívio permanente de
nir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tra- pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as
tados internacionais ratificados pela República Federativa esporadicamente agregadas;
do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
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II. No âmbito da família, compreendida como a


Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medi-
das de assistência e proteção às mulheres em situação de comunidade formada por indivíduos que são ou
violência doméstica e familiar. se consideram aparentados, unidos por laços na-
turais, por afinidade ou por vontade expressa;
Apesar de a Lei Maria da Penha tratar da violência domés-
tica e familiar contra mulher, ela reconhece que o homem tam- III. Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
bém pode sofrer violência doméstica, pois alterou o Art. 129, § agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
9º, do Código Penal, a saber: independentemente de coabitação.
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas nes-
outrem: te artigo independem de orientação sexual. (Relações
homoafetivas femininas).
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descen-
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se uma das formas de violação dos direitos humanos.
o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: Formas de Violência Doméstica
O § 9º é uma qualificadora do crime de lesões corporais, e Familiar Contra a Mulher
quando praticado nas relações domésticas e familiares, e Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar
abrange a violência praticada pela mulher contra o homem; contra a mulher, entre outras:
no entanto, neste caso, a Lei Maria da Penha não será aplicada.
I. A violência física, entendida como qualquer con-
Inconstitucionalidade da duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II. A violência psicológica, entendida como qualquer
Lei Maria da Penha conduta que lhe cause dano emocional e diminuição
da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o ple-
Parte da doutrina entende que a Lei Maria da Penha é in- no desenvolvimento ou que vise degradar ou contro-
constitucional, pois viola o Art. 226, §8, CF: lar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
proteção do Estado. manipulação, isolamento, vigilância constante, perse-
§ 8º. O Estado assegurará a assistência à família na guição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
pessoa de cada um dos que a integram, criando me- exploração e limitação do direito de ir e vir ou qual-
canismos para coibir a violência no âmbito de suas quer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psico-
relações. lógica e à autodeterminação;
Também defendem a inconstitucionalidade pautados no III. A violência sexual, entendida como qualquer
poder familiar que deve ser exercido igualmente pelos pais. conduta que a constranja a presenciar, a manter
No entanto, prevalece a corrente que defende a consti- ou a participar de relação sexual não desejada,
tucionalidade da Lei Maria da Penha, pois a lei é uma forma mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da
de proteção especial e, por isso, tem destinatário certo, assim força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça
Idoso, etc. Somente assim a mulher consegue concretizar a de usar qualquer método contraceptivo ou que a
igualdade constitucional. force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à
prostituição, mediante coação, chantagem, subor- VIII. A promoção de programas educacionais que
no ou manipulação; ou que limite ou anule o exer- disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
cício de seus direitos sexuais e reprodutivos; dignidade da pessoa humana com a perspectiva de
IV. A violência patrimonial, entendida como qualquer gênero e de raça ou etnia;
conduta que configure retenção, subtração, destruição IX. O destaque, nos currículos escolares de todos
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de traba- os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
lho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou direitos humanos, à equidade de gênero e de raça
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfa- ou etnia e ao problema da violência doméstica e
zer suas necessidades; familiar contra a mulher.
V. A violência moral, entendida como qualquer con-
duta que configure calúnia, difamação ou injúria. Formas de Assistência
A violência doméstica e familiar contra mulher pode vir de A assistência à mulher, em situação de violência doméstica
um crime, de uma contravenção ou até de um fato atípico. e familiar, será prestada de forma articulada e conforme os prin-
cípios e as diretrizes previstas na Lei Orgânica da Assistência So-
Medidas de Prevenção cial, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança
Art. 8º. A política pública que visa coibir a violência do- Pública (Polícia Civil - Art. 11), entre outras normas e políticas
públicas de proteção e, emergencialmente, quando for o caso.
méstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-go- situação de violência doméstica e familiar no cadastro de pro-
vernamentais, tendo por diretrizes: gramas assistenciais do Governo Federal, Estadual e Municipal.
I. A integração operacional do Poder Judiciário, do O juiz assegurará à mulher em situação de violência do-
Ministério Público e da Defensoria Pública com as méstica e familiar, para preservar sua integridade física e psi-
áreas de segurança pública, assistência social, saúde, cológica:
educação, trabalho e habitação; I. Acesso prioritário à remoção quando servidora pú-
blica, integrante da administração direta ou indireta;
II. A promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
outras informações relevantes, com a perspectiva de II. Empregada da iniciativa privada: manutenção do
vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às
do local de trabalho, por até seis meses.
consequências e à frequência da violência doméstica
e familiar contra a mulher, para a sistematização de Prevalece, na doutrina, que o afastamento previsto para a
dados, a serem unificados nacionalmente, e a avalia- empregada de iniciativa privada, em situação de violência do-
ção periódica dos resultados das medidas adotadas; méstica e familiar contra mulher, é do tipo suspensão do contra-
to de trabalho, mantendo-se o vínculo empregatício, porém sem

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III. O respeito, nos meios de comunicação social, dos
recebimento de salário do empregador (há doutrina que defen-
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de de a criação de um benefício da previdência para este caso).
forma a coibir os papéis estereotipados que legiti-
mem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, A assistência à mulher, em situação de violência doméstica
de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, e familiar, compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes
no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os ser-
viços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças
Constituição Federal;
Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imuno-
IV. A implementação de atendimento policial es- deficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos
pecializado para as mulheres, em particular nas necessários e cabíveis, nos casos de violência sexual.
Delegacias de Atendimento à Mulher;
V. A promoção e a realização de campanhas edu- Atendimento pela Autoridade Policial
cativas de prevenção da violência doméstica e fa- Na hipótese da iminência ou da prática de violência do-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

miliar contra a mulher, voltadas ao público escolar méstica e familiar contra a mulher, ou do descumprimento de
e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos medida protetiva de urgência deferida, a autoridade policial
instrumentos de proteção aos direitos humanos que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato,
das mulheres; as providências legais cabíveis.
VI. A celebração de convênios, protocolos, ajustes, No atendimento à mulher, em situação de violência do-
termos ou outros instrumentos de promoção de par- méstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras
ceria entre órgãos governamentais ou entre estes e providências:
entidades não-governamentais, tendo por objetivo I. Garantir proteção policial, quando necessário, co-
a implementação de programas de erradicação da municando de imediato ao Ministério Público e ao
violência doméstica e familiar contra a mulher; Poder Judiciário;
VII. A capacitação permanente das Polícias Civil e II. Encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombei- saúde e ao Instituto Médico Legal;
ros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às III. Fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
áreas enunciados no inciso I quanto às questões de dentes para abrigo ou local seguro, quando houver 557
gênero e de raça ou etnia; risco de vida;
IV. Se necessário, acompanhar a ofendida para asse- II. Afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
558 gurar a retirada de seus pertences do local da ocor- vência com a ofendida;
rência ou do domicílio familiar; III. Proibição de determinadas condutas, entre as
V. Informar à ofendida os direitos a ela conferidos quais:
nesta Lei e os serviços disponíveis. a) aproximação da ofendida, de seus familiares
Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra e das testemunhas, fixando o limite mínimo de
a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade distância entre estes e o agressor;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem b) contato com a ofendida, seus familiares e tes-
prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: temunhas por qualquer meio de comunicação;
I. Ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e c) frequentação de determinados lugares a fim
tomar a representação a termo, se apresentada; de preservar a integridade física e psicológica da
II. Colher todas as provas que servirem para o esclare- ofendida;
cimento do fato e de suas circunstâncias;
IV. Restrição ou suspensão de visitas aos dependen-
III. Remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, tes menores, ouvida a equipe de atendimento multi-
expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, disciplinar ou serviço similar;
para a concessão de medidas protetivas de urgência;
V. Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
IV. Determinar que se proceda ao exame de corpo de
delito da ofendida e requisitar outros exames peri- § 1º. As medidas referidas neste artigo não impedem
ciais necessários; a aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
V. Ouvir o agressor e as testemunhas;
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân-
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cias o exigirem, devendo a providência ser comunicada


VI. Ordenar a identificação do agressor e fazer juntar
ao Ministério Público.
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indi-
cando a existência de mandado de prisão ou registro §3º. Para garantir a efetividade das medidas protetivas
de outras ocorrências policiais contra ele; de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer mo-
VII. Remeter, no prazo legal, os autos do inquérito po- mento, auxílio da força policial.
licial ao juiz e ao Ministério Público. Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
O pedido da ofendida será tomado a termo pela autorida- Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
de policial e deverá conter: de outras medidas:
I. qualificação da ofendida e do agressor; I. Encaminhar a ofendida e seus dependentes a
programa oficial ou comunitário de proteção ou de
II. Nome e idade dos dependentes;
atendimento;
III. Descrição sucinta do fato e das medidas prote-
II. Determinar a recondução da ofendida e a de
tivas solicitadas pela ofendida.
seus dependentes ao respectivo domicílio, após
A autoridade policial deverá anexar ao documento, referi- afastamento do agressor;
do no § 1º, o boletim de ocorrência e a cópia de todos os docu-
III. Determinar o afastamento da ofendida do lar,
mentos disponíveis em posse da ofendida.
sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda
Serão admitidos como meios de prova os laudos ou pron- dos filhos e alimentos;
tuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.
IV. Determinar a separação de corpos.
Medidas Protetivas Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da socie-
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o dade conjugal ou daqueles de propriedade particular
Agressor da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica seguintes medidas, entre outras:
e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz I. Restituição de bens indevidamente subtraídos
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto pelo agressor à ofendida;
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de II. Proibição temporária para a celebração de atos
urgência, entre outras: e contratos de compra, venda e locação de pro-
I. Suspensão da posse ou restrição do porte de ar- priedade em comum, salvo expressa autorização
mas, com comunicação ao órgão competente, nos judicial;
termos do Estatuto do Desarmamento; III. Suspensão das procurações conferidas pela
Na hipótese de o agressor pertencer a órgão ou instituição ofendida ao agressor;
que admite o porte de arma referente ao cargo, casos esses IV. Prestação de caução provisória, mediante de-
previstos no art. 6° do Estatuto, o juiz comunicará ao respec- pósito judicial, por perdas e danos materiais decor-
tivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de rentes da prática de violência doméstica e familiar
urgência concedidas e determinará a restrição do porte de ar- contra a ofendida.
mas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório com-
cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos petente para os fins previstos nos incisos II e III deste
crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. artigo.
Prisão Preventiva tação. O STF julgou o Art. 16 inconstitucional e, pacificando
As medidas protetivas poderão ser concedidas no proces- o tema, entendeu que não se aplica nenhum benefício da
so cível ou processo-crime. O Art. 42 da Lei Maria da Penha Lei 9.099/95. Portanto, a lesão dolosa leve é de ação penal
alterou o Art. 313 do Código de Processo Penal, autorizando a pública incondicionada.
prisão preventiva, para garantir as medidas protetivas: No entanto, ainda na violência doméstica e familiar, os
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será ad- crimes que não possuem violência real ainda serão tratados
mitida a decretação da prisão preventiva: como de ação penal pública condicionada à representação da
ofendida. Logo, o Art. 16 terá validade para esses casos.
se o crime envolver violência doméstica e familiar
Retratação
contra a mulher, criança, adolescente, idoso, en-
fermo ou pessoa com deficiência, para garantir a O Art. 16 da Lei Maria da Penha prevê a possibilidade de
execução das medidas protetivas de urgência;  retratação (o termo utilizado foi renúncia, incorretamente)
da representação somente perante o Juiz e em audiência
Regras de Organização Judiciária especialmente designada com tal finalidade, desde que seja
antes do recebimento da denúncia.
1ª situação: Juizado já criado
Já o Art. 25 do Código de Processo Penal prevê que a re-
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
tratação da representação somente pode se dar até o ofereci-
contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com com-
mento da denúncia:
petência cível e criminal, poderão ser criados pela União,
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, Art. 25. A representação será irretratável, depois de
para o processo, o julgamento e a execução das causas oferecida a denúncia.
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher. 10. Lei nº 12.850/2013 Da Organização
Parágrafo Único: Os atos processuais poderão realizar-
se em horário noturno, conforme dispuserem as nor-
Criminosa (Revoga a Lei nº
mas de organização judiciária. 9.034/1995)
2ª situação: Juizado não criado: O primeiro capítulo da Lei traz a definição legal do que se-
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de ria “organização criminosa”. Prevê também os meios de inves-
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as tigação, tratando ainda da territorialidade e da formalização
varas criminais acumularão as competências cível e de vários atos. Continua tipificando condutas e disciplinando
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes materialmente e formalmente procedimentos que combatem
da prática de violência doméstica e familiar contra a o crime organizado.
mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, Art. 1º. Esta Lei define organização criminosa e dispõe

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subsidiada pela legislação processual pertinente. sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da
Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, prova, infrações penais correlatas e o procedimento cri-
para o processo e o julgamento das causas decorrentes da prá- minal a ser aplicado.
tica de violência doméstica e familiar contra mulher. § 1º Considera-se organização criminosa a associação
Entende a doutrina que, nesse caso, a competência cível re- de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente orde-
fere-se tão somente às medidas protetivas de urgência, ficando nada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que
as demais causas (divórcio, alimentos, guarda) para o Juiz da informalmente, com objetivo de obter, direta ou indire-
Vara de Família. tamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
Conflito de Normas prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
Art. 41. Aos crimes (para o STJ, a expressão abrange superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
contravenção penal) praticados com violência domés- transnacional.
tica e familiar contra a mulher, independentemente da O Art. 288 do Código Penal continua a vigorar normalmente,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de ou seja, não ocorreu a derrogação de tal dispositivo. Aplicaremos
setembro de 1995. a Lei de Organização Criminosa a crimes de natureza grave, com
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à re- participação de 4 (quatro) ou mais pessoas, operados de forma
presentação da ofendida de que trata esta Lei, só será organizada e integrada, com vínculo subjetivo para a obtenção
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em do fim criminoso planejado, com união de desígnios e divisão de
audiência especialmente designada com tal finalidade, tarefas, ainda que informalmente e hierarquia de comando, a lei
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministé- possua uma abrangência maior.
rio Público. Fato importante é que não necessita o agente ter o víncu-
Esses artigos, ambos da Lei Maria da Penha, encontram- lo subjetivo total da empreitada criminosa, visto que existem
se em dissonância, porque o Art. 41, ao prever a não apli- organizações bem estruturadas em que uma pessoa comanda
cação da Lei dos Juizados, fez com que os crimes de lesão e as demais executam (de forma terceirizada) vários crimes,
dolosa leve voltassem a ser de ação penal pública incondi- como é o caso dos sequestros.
cionada, e o Art. 16 prevê uma hipótese de renúncia (retra- Um requisito primordial é que os crimes dessa lei devem
tação) da representação. Ora, se o crime é de ação penal ter penas superiores a 4 (quatro) anos, excetuados os de ca- 559
público incondicionada, não há que se falar em represen- ráter transnacional na conduta criminosa. Nesse caso, a abran-
gência da lei não está presa ao montante da pena, mas sim à liciais em esquema de organização criminosa. A lei atrela a par-
560 circunstância da transposição de fronteiras nacionais. ticipação de membros do Ministério Público à apuração, sendo
§ 2º Esta Lei se aplica também: a competência da mesma data a Corregedoria de Polícia. Vale
I.Ààs infrações penais previstas em tratado ou con- lembrar que o MP acompanha, mas não faz a direção do proce-
venção internacional quando, iniciada a execução dimento instaurado.
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido § 5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário
no estrangeiro, ou reciprocamente; público integra organização criminosa, poderá o juiz de-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

II. Às organizações terroristas internacionais, reco- terminar seu afastamento cautelar do cargo, emprego ou
nhecidas segundo as normas de direito internacio- função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
nal, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos de se fizer necessária à investigação ou instrução processual.
suporte ao terrorismo, bem como os atos preparató- § 6º A condenação com trânsito em julgado acarretará
rios ou de execução de atos terroristas, ocorram ou ao funcionário público a perda do cargo, função, em-
possam ocorrer em território nacional. prego ou mandato eletivo e a interdição para o exercí-
A Lei das Organizações Criminosas aplica-se aos crimes cio de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito)
transnacionais ou a organizações criminosas de outros países, anos subsequentes ao cumprimento da pena.
bem como a atos terroristas e a crimes que o Brasil se compro- § 7º Se houver indícios de participação de policial nos
meteu a combater. crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia
Assim, as ações típicas compreendem os atos prepara- instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
tórios, executórios, consumados e de apoio, incluindo aqui o Público, que designará membro para acompanhar o
financeiro e o de suporte, e também os atos executados em feito até a sua conclusão.
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todo o território brasileiro.


Art. 2º. Promover, constituir, financiar ou integrar, Da Investigação e dos Meios
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização de Obtenção da Prova
criminosa:
Com referência aos meios de obtenção de prova, a lei de-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, termina, além dos meios usuais investigativos, a utilização das
sem prejuízo das penas correspondentes às demais in- tecnologias que surgiram nos últimos anos e a união de forças
frações penais praticadas. dos órgãos e instituições das esferas federal, estadual e muni-
Quem de qualquer forma, promover, financiar ou integrar cipal, conforme disciplina o Art. 3º.
organização criminosa também estará previsto nas penas da Art. 3º. Em qualquer fase da persecução penal, serão
lei. permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei,
§ 1º. Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de os seguintes meios de obtenção da prova:
qualquer forma, embaraça a investigação de infração I. Colaboração premiada;
penal que envolva organização criminosa.
II. Captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
As qualificadoras para o aumento de pena estão previstas ópticos ou acústicos;
nos parágrafos 2º, 3º e 4º do Art. 2º:
III. Ação controlada;
§ 2º. As penas aumentam-se até a metade se na atua- IV. Acesso a registros de ligações telefônicas e tele-
ção da organização criminosa houver emprego de máticas, a dados cadastrais constantes de bancos de
arma de fogo. dados públicos ou privados e a informações eleito-
§ 3º. A pena é agravada para quem exerce o comando, rais ou comerciais;
individual ou coletivo, da organização criminosa, ainda V. Interceptação de comunicações telefônicas e te-
que não pratique pessoalmente atos de execução.
lemáticas, nos termos da legislação específica;
§ 4º. A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois
VI. Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e
terços):
fiscal, nos termos da legislação específica;
I. Se há participação de criança ou adolescente;
VII. Infiltração, por policiais, em atividade de inves-
II. Se há concurso de funcionário público, valendo- tigação, na forma do art. 11;
se a organização criminosa dessa condição para a
VIII. Cooperação entre instituições e órgãos fede-
prática de infração penal;
rais, distritais, estaduais e municipais na busca de
III. Se o produto ou proveito da infração penal des- provas e informações de interesse da investigação
tinar-se, no todo ou em parte, ao exterior; ou da instrução criminal.
IV. Se a organização criminosa mantém conexão
com outras organizações criminosas independen- Da Colaboração Premiada
tes; Analisando a redação do Art. 4º, vemos que o Juiz poderá,
V. Se as circunstâncias do fato evidenciarem a a requerimento das partes, conceder os benefícios da delação
transnacionalidade da organização. premiada; e também a dedução lógica que esses benefícios
Temos também a penalização de maneira especial quando poderão ser requeridos tanto pelos interessados no desba-
ocorre a participação de funcionário público. Podemos dar como ratamento da associação criminosa quanto pelo Defensor do
exemplo – pois é muito comum – a participação de agentes po- agente criminoso que se disponha a colaborar.
Contudo, devemos considerar o interesse da investiga- § 6º O juiz não participará das negociações realizadas
ção pela polícia e as condições para a propositura da de- entre as partes para a formalização do acordo de co-
núncia pelo representante do Ministério Público, cabendo laboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o
a eles a iniciativa da proposta. Os critérios objetivos para investigado e o defensor, com a manifestação do Mi-
a concessão dos benefícios da delação premiada estão nos nistério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério
incisos do referido artigo. Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
Art. 4º. O juiz poderá, a requerimento das partes, con- § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º, o respectivo
ceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) termo, acompanhado das declarações do colaborador
a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restri- e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para
tiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e homologação, o qual deverá verificar sua regularidade,
voluntariamente com a investigação e com o processo legalidade e voluntariedade, podendo para este fim,
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu
mais dos seguintes resultados: defensor.
I. A identificação dos demais coautores e partícipes § 8º O juiz poderá recusar homologação à proposta
da organização criminosa e das infrações penais que não atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao
por eles praticadas; caso concreto.
II. A revelação da estrutura hierárquica e da divisão § 9º Depois de homologado o acordo, o colaborador
de tarefas da organização criminosa; poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser
III. A prevenção de infrações penais decorrentes ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo de-
das atividades da organização criminosa; legado de polícia responsável pelas investigações.
IV. A recuperação total ou parcial do produto ou do § 10 As partes podem retratar-se da proposta, caso
proveito das infrações penais praticadas pela orga- em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo
nização criminosa; colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente
V. A localização de eventual vítima com a sua inte- em seu desfavor.
gridade física preservada. § 11 A sentença apreciará os termos do acordo homo-
§ 1º Em qualquer caso, a concessão do benefício levará logado e sua eficácia.
em conta a personalidade do colaborador, a natureza, § 12 Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não
as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social do denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo
fato criminoso e a eficácia da colaboração. a requerimento das partes ou por iniciativa da autori-
O § 1º prevê um rol para a concessão do benefício: a análise dade judicial.
da personalidade do delator (chamado de colaborador), a na- § 13 Sempre que possível, o registro dos atos de cola-
tureza, as circunstâncias, a gravidade, a repercussão social do boração será feito pelos meios ou recursos de gravação

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crime, bem como a eficácia da delação. magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclu-
sive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade
§ 2º Considerando a relevância da colaboração pres-
das informações.
tada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o dele-
gado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a § 14 Nos depoimentos que prestar, o colaborador renun-
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ciará, na presença de seu defensor, ao direito ao silêncio
ou representar ao juiz pela concessão de perdão judi- e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
cial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha § 15 Em todos os atos de negociação, confirmação e
sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que execução da colaboração, o colaborador deverá estar
couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outu- assistido por defensor.
bro de 1941 (Código de Processo Penal). § 16 Nenhuma sentença condenatória será proferida
Em caso de colaboração de excepcional relevância o bene- com fundamento apenas nas declarações de agente
colaborador.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

fício da delação premiada poderá ocorrer a qualquer tempo.


§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o proces- Art. 5º. São direitos do colaborador:
so, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até I. Usufruir das medidas de proteção previstas na
6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que se- legislação específica;
jam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo- II. Ter nome, qualificação, imagem e demais infor-
se o respectivo prazo prescricional. mações pessoais preservados;
§ 4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Públi- III. Ser conduzido, em juízo, separadamente dos
co poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: demais coautores e partícipes;
I. Não for o líder da organização criminosa; IV. Participar das audiências sem contato visual
II. For o primeiro a prestar efetiva colaboração nos com os outros acusados;
termos deste artigo. V. Não ter sua identidade revelada pelos meios de
§ 5º Se a colaboração for posterior à sentença, a pena comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem
poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a sua prévia autorização por escrito;
progressão de regime ainda que ausentes os requisitos VI. Cumprir pena em estabelecimento penal diver- 561
objetivos. so dos demais corréus ou condenados.
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada Art. 9º. Se a ação controlada envolver transposição de
562 deverá ser feito por escrito e conter: fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou
I. O relato da colaboração e seus possíveis resul- administrativa somente poderá ocorrer com a coope-
tados; ração das autoridades dos países que figurem como
II. As condições da proposta do Ministério Público provável itinerário ou destino do investigado, de modo
ou do delegado de polícia; a reduzir os riscos de fuga e extravio do produto, obje-
III. A declaração de aceitação do colaborador e de to, instrumento ou proveito do crime.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

seu defensor; Esse artigo trata da ação controlada que envolva a trans-
IV. As assinaturas do representante do Ministério posição de fronteiras, com a cooperação das autoridades de
Público ou do delegado de polícia, do colaborador outros países. Assim, esse artigo prevê as necessidades para
e de seu defensor; que se evitem conflitos diplomáticos.
V. A especificação das medidas de proteção ao cola- As ações devem ser controladas pela Interpol. No Brasil, a
borador e à sua família, quando necessário. Polícia Federal é o órgão integrado a Interpol, que, aliás, nos ter-
Art. 7º. O pedido de homologação do acordo será sigilo- mos do § 1º do Art. 144 Constituição Federal de 88, tem por atri-
samente distribuído, contendo apenas informações que buição o combate às infrações com repercussão internacional.
não possam identificar o colaborador e o seu objeto. Art. 144 da Constituição Federal de 1988.
§ 1º As informações pormenorizadas da colaboração § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão per-
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a distri- manente, organizado e mantido pela União e estrutu-
buição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito) rado em carreira, destina-se a:
horas.
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I. Apurar infrações penais contra a ordem polí-


§ 2º O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Minis- tica e social ou em detrimento de bens, servi-
tério Público e ao delegado de polícia, como forma de ços e interesses da União ou de suas entidades
garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao autárquicas e empresas públicas, assim como
defensor, no interesse do representado, amplo acesso outras infrações cuja prática tenha repercussão
aos elementos de prova que digam respeito ao exer- interestadual ou internacional e exija repressão
cício do direito de defesa, devidamente precedido de uniforme, segundo se dispuser em lei;
autorização judicial, ressalvados os referentes às dili- Assim, é claro que nada impede que a Polícia Estadual pos-
gências em andamento. sa agir em conjunto com a Polícia Federal em se tratando de
§ 3º O acordo de colaboração premiada deixa de ser investigação de organização criminosa de um Estado membro.
sigiloso assim que recebida a denúncia, observado o
disposto no art. 5º. Da Infiltração de Agentes
Da Ação Controlada O Art. 10 vem disciplinando como se dará a infiltração
dos agentes. Assim, dar-se-á a pedido do Delegado de Po-
O capítulo trata da chamada “ação controlada”. Esta signi- lícia, por meio de representação, ou a requerimento do Mi-
fica o retardamento da ação policial ou dos órgãos de combate nistério Público. No caso de requerimento com o inquérito
e execução de atos de ofício, passando por instaurações de policial em curso, deverá haver manifestação técnica do De-
procedimentos até chegar à prisão em flagrante. legado de Polícia. Dessa forma, deverá explanar, em relatório
Art. 8º. Consiste a ação controlada em retardar a inter- circunstanciado, se há condições e recursos para a realização
venção policial ou administrativa relativa à ação pra- da infiltração; o número de agentes necessários, tanto para a
ticada por organização criminosa ou a ela vinculada, infiltração como o efetivo de apoio necessário, sempre pre-
desde que mantida sob observação e acompanhamen- vendo a possibilidade da descoberta do agente infiltrado; as
to para que a medida legal se concretize no momento condições técnicas necessárias para a obtenção e formaliza-
mais eficaz à formação de provas e obtenção de infor- ção das provas, como gravações de conversas, intercepta-
mações. ções telefônicas e telemáticas; e outras formas.
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou admi- Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas
nistrativa será previamente comunicado ao juiz com- de investigação, representada pelo delegado de po-
petente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites lícia ou requerida pelo Ministério Público, após mani-
e comunicará ao Ministério Público. festação técnica do delegado de polícia quando soli-
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de citada no curso de inquérito policial, será precedida
forma a não conter informações que possam indicar a de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização
operação a ser efetuada. judicial, que estabelecerá seus limites.
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos § 1º Na hipótese de representação do delegado de
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o
delegado de polícia, como forma de garantir o êxito Ministério Público.
das investigações. § 2º Será admitida a infiltração se houver indícios de infra-
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto cir- ção penal de que trata o art. 1º e se a prova não puder ser
cunstanciado acerca da ação controlada. produzida por outros meios disponíveis.
§ 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 IV. Não ter sua identidade revelada, nem ser foto-
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, grafado ou filmado pelos meios de comunicação,
desde que comprovada sua necessidade. sem sua prévia autorização por escrito.
§ 4º Findo o prazo previsto no § 3º, o relatório cir-
cunstanciado será apresentado ao juiz competente, Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais,
que imediatamente cientificará o Ministério Público. Documentos e Informações
§ 5º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público te-
poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Públi-
rão acesso, independentemente de autorização judicial,
co poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da ativi-
apenas aos dados cadastrais do investigado que infor-
dade de infiltração.
mem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas te-
representação do delegado de polícia para a infiltra-
lefônicas, instituições financeiras, provedores de internet
ção de agentes conterão a demonstração da neces-
e administradoras de cartão de crédito.
sidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes
e, quando possível, os nomes ou apelidos das pes- Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo
soas investigadas e o local da infiltração. prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente do
juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente dis-
tribuído, de forma a não conter informações que pos- aos bancos de dados de reservas e registro de viagens.
sam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel
agente que será infiltrado. manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição
§ 1º As informações quanto à necessidade da ope- das autoridades mencionadas no art. 15, registros de
ração de infiltração serão dirigidas diretamente ao identificação dos números dos terminais de origem e
juiz competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte de destino das ligações telefônicas internacionais, in-
e quatro) horas, após manifestação do Ministério terurbanas e locais.
Público na hipótese de representação do delegado
de polícia, devendo-se adotar as medidas necessá- Dos Crimes Ocorridos na Investigação
rias para o êxito das investigações e a segurança do e na Obtenção da Prova
agente infiltrado.
Os Arts. 18, 19, 20 e 21 tratam da tipificação de condutas
§ 2º Os autos contendo as informações da operação decorrentes da revelação indevida da identidade de colabo-

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de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
rador, da desobediência ou obstrução da investigação e da
Público, quando serão disponibilizados à defesa, asse-
gurando-se a preservação da identidade do agente. obtenção da prova.
Art. 18º. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o
§ 3º Havendo indícios seguros de que o agente infiltra-
colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:
do sofre risco iminente, a operação será sustada me-
diante requisição do Ministério Público ou pelo delega- Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
do de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colabora-
Público e à autoridade judicial. ção com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a
a devida proporcionalidade com a finalidade da in- estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
vestigação, responderá pelos excessos praticados. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltra- Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das inves-
ção, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso tigações que envolvam a ação controlada e a infiltração
da investigação, quando inexigível conduta diversa. de agentes:
Art. 14. São direitos do agente: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
I. Recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros,
documentos e informações requisitadas pelo juiz, Mi-
II. Ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que
nistério Público ou delegado de polícia, no curso de
couber, o disposto no art. 9º da Lei nº 9.807, de 13 de
julho de 1999, bem como usufruir das medidas de investigação ou do processo:
proteção a testemunhas; Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
III. Ter seu nome, sua qualificação, sua imagem,
sua voz e demais informações pessoais preserva- Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de
das durante a investigação e o processo criminal, forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso 563
salvo se houver decisão judicial em contrário; dos dados cadastrais de que trata esta Lei.
564
11. Decreto nº 7.901, de 4 de Fevereiro públicos, organizações da sociedade civil e orga-
nismos internacionais no Brasil e no exterior envol-
de 2013 vidos no enfrentamento ao tráfico de pessoas;
III. reduzir as situações de vulnerabilidade ao tráfi-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o co de pessoas, consideradas as identidades e espe-
art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
cificidades dos grupos sociais;
Decreta:
IV. capacitar profissionais, instituições e organiza-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 1º Fica instituída a Coordenação Tripartite da Polí- ções envolvidas com o enfrentamento ao tráfico de
tica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, pessoas;
para coordenar a gestão estratégica e integrada da Po-
V. produzir e disseminar informações sobre o tráfi-
lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas,
co de pessoas e as ações para seu enfrentamento; e
aprovada pelo Decreto no 5.948, de 26 de outubro de
2006, e dos Planos Nacionais de Enfrentamento ao VI. sensibilizar e mobilizar a sociedade para preve-
Tráfico de Pessoas. nir a ocorrência, os riscos e os impactos do tráfico
Parágrafo único. A Coordenação Tripartite da Política de pessoas.
Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas será §2º O II PNETP deverá ser implementado por meio de
integrada pelos seguintes órgãos: ações articuladas nas esferas federal, estadual, distrital
I. Ministério da Justiça; e municipal, e em colaboração com organizações da
II. Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presi- sociedade civil e organismos internacionais.
dência da República; e §3º Os Ministérios responsáveis por ações desenvol-
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III. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência vidas no âmbito do II PNETP deverão ser consultados
da República. sobre seu conteúdo previamente à assinatura do ato
Art. 2º São atribuições da Coordenação Tripartite da Po- conjunto de que trata o caput.
lítica Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: Art.4º Fica instituído o Comitê Nacional de Enfrenta-
I. analisar e decidir sobre aspectos relacionados à mento ao Tráfico de Pessoas - CONATRAP, para articu-
coordenação das ações de enfrentamento ao tráfi- lar a atuação dos órgãos e entidades públicas e priva-
co de pessoas no âmbito da administração pública das no enfrentamento ao tráfico de pessoas.
federal; Art.5º São atribuições do CONATRAP:
II. conduzir a construção dos planos nacionais de
I. propor estratégias para gestão e implementação
enfrentamento ao tráfico de pessoas e coordenar
de ações da Política Nacional de Enfrentamento
os trabalhos dos respectivos grupos interministe-
ao Tráfico de Pessoas, aprovada pelo Decreto no
riais de monitoramento e avaliação;
5.948, de 2006;
III. mobilizar redes de atores e parceiros envolvidos
no enfrentamento ao tráfico de pessoas; II. propor o desenvolvimento de estudos e ações
IV. articular ações de enfrentamento ao tráfico de
sobre o enfrentamento ao tráfico de pessoas;
pessoas com Estados, Distrito Federal e Municípios III. acompanhar a implementação dos planos na-
e com as organizações privadas, internacionais e cionais de enfrentamento ao tráfico de pessoas;
da sociedade civil; IV. articular suas atividades àquelas dos Conselhos
V. elaborar relatórios para instâncias nacionais e Nacionais de políticas públicas que tenham inter-
internacionais e disseminar informações sobre en- face com o enfrentamento ao tráfico de pessoas,
frentamento ao tráfico de pessoas; e para promover a intersetorialidade das políticas;
VI. subsidiar os trabalhos do Comitê Nacional de V. articular e apoiar tecnicamente os comitês esta-
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, propondo duais, distrital e municipais de enfrentamento ao
temas para debates. tráfico de pessoas na definição de diretrizes co-
Art. 3º Ato conjunto dos Ministros de Estado com re- muns de atuação, na regulamentação e no cumpri-
presentação na Coordenação Tripartite da Política Na- mento de suas atribuições;
cional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas disporá
VI. elaborar relatórios de suas atividades; e
sobre o II Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
de Pessoas - II PNETP, para o período de 2013 a 2016, VII. elaborar e aprovar seu regimento interno.
e instituirá grupo interministerial para seu monitora- Art.6º O CONATRAP será integrado por:
mento e avaliação. I. quatro representantes do Ministério da Justiça;
§1º O II PNETP terá os seguintes objetivos:
II. um representante da Secretaria de Políticas para
I. ampliar e aperfeiçoar a atuação de instâncias
as Mulheres da Presidência da República;
e órgãos envolvidos no enfrentamento ao tráfi-
co de pessoas, na prevenção e repressão do cri- III. um representante da Secretaria de Direitos Hu-
me, na responsabilização dos autores, na aten- manos da Presidência da República; e
ção às vítimas e na proteção de seus direitos; IV. um representante do Ministério de Desenvolvi-
II. fomentar e fortalecer a cooperação entre órgãos mento Social e Combate à Fome.
§ 1º Será assegurada, na composição da CONATRAP, a Art. 8º O Ministério da Justiça prestará suporte técnico
participação de: e administrativo para a execução dos trabalhos e o fun-
I. sete representantes de organizações da socie- cionamento dos colegiados instituídos por este Decreto.
dade civil ou especialistas em enfrentamento ao Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
tráfico de pessoas; blicação.
II. um representante de cada um dos seguintes co- Art. 10. Ficam revogados os arts. 2º a 9º do Decreto no
legiados: 5.948, de 26 de outubro de 2006.
a) Conselho Nacional de Assistência Social;
b) Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
12. Lei nº 11.671, de 8 de maio de 2008
Adolescente; Art. 1º A inclusão de presos em estabelecimentos pe-
nais federais de segurança máxima e a transferência
c) Conselho Nacional dos Direitos da Mulher;
de presos de outros estabelecimentos para aqueles
d) Comissão Nacional Para a Erradicação do Tra- obedecerão ao disposto nesta Lei.
balho Escravo; Art. 2º A atividade jurisdicional de execução penal nos
e) Conselho Nacional de Promoção da Igualdade estabelecimentos penais federais será desenvolvida
Racial; pelo juízo federal da seção ou subseção judiciária em
f) Conselho Nacional de Imigração; que estiver localizado o estabelecimento penal federal
g) Conselho Nacional de Saúde; de segurança máxima ao qual for recolhido o preso.
h) Conselho Nacional de Segurança Pública; Art. 3º Serão recolhidos em estabelecimentos penais
i) Conselho Nacional de Turismo; e federais de segurança máxima aqueles cuja medida
j) Conselho Nacional de Combate à Discriminação se justifique no interesse da segurança pública ou do
e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bisse- próprio preso, condenado ou provisório.
xuais, Travestis e Transexuais; Art. 4º A admissão do preso, condenado ou provisó-
III. um representante a ser indicado pelos Núcleos rio, dependerá de decisão prévia e fundamentada
Estaduais de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do juízo federal competente, após receber os autos
e pelos Postos Avançados de Atendimento Huma- de transferência enviados pelo juízo responsável
nizado ao Migrante formalmente constituídos; e pela execução penal ou pela prisão provisória.
IV. um representante a ser indicado pelos comitês § 1º A execução penal da pena privativa de liberdade,
estaduais e do Distrito Federal de enfrentamento no período em que durar a transferência, ficará a cargo
ao tráfico de pessoas. do juízo federal competente.
§2º O CONATRAP será presidido pelo Secretário Nacio- § 2º Apenas a fiscalização da prisão provisória será

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nal de Justiça do Ministério da Justiça ou por pessoa deprecada, mediante carta precatória, pelo juízo de
por ele designada. origem ao juízo federal competente, mantendo aquele
§3º Os representantes titulares referidos nos incisos I, juízo a competência para o processo e para os respec-
II, III e IV do caput e seus suplentes serão indicados pe- tivos incidentes.
los titulares dos órgãos que representam e designados Art. 5º São legitimados para requerer o processo de
por ato do Ministro de Estado da Justiça. transferência, cujo início se dá com a admissibilidade
§4º Os representantes titulares referidos nos incisos I, pelo juiz da origem da necessidade da transferência do
II, III e IV do §1º e seus suplentes serão designados por preso para estabelecimento penal federal de seguran-
ato do Ministro de Estado da Justiça, após indicação ça máxima, a autoridade administrativa, o Ministério
pelas entidades, conselhos, núcleos, postos ou comitês. Público e o próprio preso.
§5º A designação dos representantes titulares referi- § 1º Caberá à Defensoria Pública da União a assistência
dos nos incisos II, III e IV do § 1º e seus suplentes de- jurídica ao preso que estiver nos estabelecimentos pe-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

verá atender à proporção de cinquenta por cento de nais federais de segurança máxima.
representantes governamentais e cinquenta por cen- § 2º Instruídos os autos do processo de transferência, se-
to de representantes da sociedade civil, observada a rão ouvidos, no prazo de 5 (cinco) dias cada, quando não
paridade da composição do CONATRAP, na forma do requerentes, a autoridade administrativa, o Ministério
regimento interno. Público e a defesa, bem como o Departamento Peniten-
§6º O mandato dos integrantes do CONATRAP referi- ciário Nacional – DEPEN, a quem é facultado indicar o
dos nos incisos I, II, III e IV do § 1º será de dois anos, estabelecimento penal federal mais adequado.
admitida apenas uma recondução, por igual período. § 3º A instrução dos autos do processo de transferência
§7º Poderão ser convidados a participar das reuniões do será disciplinada no regulamento para fiel execução
CONATRAP especialistas e representantes de outros ór- desta Lei.
gãos ou entidades públicas e privadas, com atribuições § 4º Na hipótese de imprescindibilidade de diligências
relacionadas ao enfrentamento ao tráfico de pessoas. complementares, o juiz federal ouvirá, no prazo de 5
Art. 7º A participação nos colegiados instituídos por (cinco) dias, o Ministério Público Federal e a defesa e,
este Decreto será considerada prestação de serviço pú- em seguida, decidirá acerca da transferência no mes- 565
blico relevante, não remunerada. mo prazo.
§ 5º A decisão que admitir o preso no estabelecimento § 2º No julgamento dos conflitos de competência, o
566 penal federal de segurança máxima indicará o período tribunal competente observará a vedação estabelecida
de permanência. no caput deste artigo.
§ 6º Havendo extrema necessidade, o juiz federal poderá Art. 12. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
autorizar a imediata transferência do preso e, após a ins- cação.
trução dos autos, na forma do § 2º deste artigo, decidir
pela manutenção ou revogação da medida adotada. 13. Decreto nº 6.877, de 18 de Junho
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 7º A autoridade policial será comunicada sobre a


transferência do preso provisório quando a autorização de 2009
da transferência ocorrer antes da conclusão do inquéri-
Art. 1º Este Decreto regulamenta o processo de inclu-
to policial que presidir.
são e transferência de presos para estabelecimentos
Art. 6º Admitida a transferência do preso condenado, o
penais federais de segurança máxima, nos termos da
juízo de origem deverá encaminhar ao juízo federal os Lei no 11.671, de 8 de maio de 2008.
autos da execução penal.
Art. 2º O processo de inclusão e de transferência, de
Art. 7º Admitida a transferência do preso provisório,
caráter excepcional e temporário, terá início mediante
será suficiente a carta precatória remetida pelo juízo
requerimento da autoridade administrativa, do Minis-
de origem, devidamente instruída, para que o juízo fe-
tério Público ou do próprio preso.
deral competente dê início à fiscalização da prisão no
estabelecimento penal federal de segurança máxima. § 1º O requerimento deverá conter os motivos que justi-
Art. 8º As visitas feitas pelo juiz responsável ou por
fiquem a necessidade da medida e estar acompanhado
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membro do Ministério Público, às quais se referem os da documentação pertinente.


arts. 66 e 68 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, se- § 2º O processo de inclusão ou de transferência será
rão registradas em livro próprio, mantido no respectivo autuado em apartado.
estabelecimento. Art. 3º Para a inclusão ou transferência, o preso deverá
Art. 9º Rejeitada a transferência, o juízo de origem pode- possuir, ao menos, uma das seguintes características:
rá suscitar o conflito de competência perante o tribunal I. ter desempenhado função de liderança ou partici-
competente, que o apreciará em caráter prioritário. pado de forma relevante em organização criminosa;
Art. 10. A inclusão de preso em estabelecimento penal II. ter praticado crime que coloque em risco a sua
federal de segurança máxima será excepcional e por integridade física no ambiente prisional de origem;
prazo determinado. III. estar submetido ao Regime Disciplinar Diferen-
§ 1º O período de permanência não poderá ser superior ciado - RDD;
a 360 (trezentos e sessenta) dias, renovável, excepcio- IV. ser membro de quadrilha ou bando, envolvido
nalmente, quando solicitado motivadamente pelo juízo na prática reiterada de crimes com violência ou
de origem, observados os requisitos da transferência. grave ameaça;
§ 2º Decorrido o prazo, sem que seja feito, imediatamente V. ser réu colaborador ou delator premiado, desde
após seu decurso, pedido de renovação da permanência que essa condição represente risco à sua integrida-
do preso em estabelecimento penal federal de seguran- de física no ambiente prisional de origem; ou
ça máxima, ficará o juízo de origem obrigado a receber o
VI. estar envolvido em incidentes de fuga, de vio-
preso no estabelecimento penal sob sua jurisdição.
lência ou de grave indisciplina no sistema prisional
§ 3º Tendo havido pedido de renovação, o preso, re-
de origem.
colhido no estabelecimento federal em que estiver,
aguardará que o juízo federal profira decisão. Art. 4º Constarão dos autos do processo de inclusão ou
de transferência, além da decisão do juízo de origem
§ 4º Aceita a renovação, o preso permanecerá no es-
sobre as razões da excepcional necessidade da medida,
tabelecimento federal de segurança máxima em que
estiver, retroagindo o termo inicial do prazo ao dia se- os seguintes documentos:
guinte ao término do prazo anterior. I. tratando-se de preso condenado:
§ 5º Rejeitada a renovação, o juízo de origem poderá a) cópia das decisões nos incidentes do processo
suscitar o conflito de competência, que o tribunal apre- de execução que impliquem alteração da pena e
ciará em caráter prioritário. regime a cumprir;
§ 6º Enquanto não decidido o conflito de cometência b) prontuário, contendo, pelo menos, cópia da
em caso de renovação, o preso permanecerá no esta- sentença ou do acórdão, da guia de recolhimen-
belecimento penal federal. to, do atestado de pena a cumprir, do documento
Art. 11. A lotação máxima do estabelecimento penal fe- de identificação pessoal e do comprovante de
deral de segurança máxima não será ultrapassada. inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF,
§ 1º O número de presos, sempre que possível, será ou, no caso desses dois últimos, seus respectivos
mantido aquém do limite de vagas, para que delas o números; e
juízo federal competente possa dispor em casos emer- c) prontuário médico; e
genciais. II. tratando-se de preso provisório:
a) cópia do auto de prisão em flagrante ou do Art. 11. Na hipótese de obtenção de liberdade ou pro-
mandado de prisão e da decisão que motivou a gressão de regime de preso custodiado em estabele-
prisão cautelar; cimento penal federal, caberá ao Departamento Peni-
b) cópia da denúncia, se houver; tenciário Nacional providenciar o seu retorno ao local
c) certidão do tempo cumprido em custódia de origem ou a sua transferência ao estabelecimento
cautelar; penal indicado para cumprimento do novo regime.
d) cópia da guia de recolhimento; e Parágrafo único. Se o egresso optar em não retornar ao
local de origem, deverá formalizar perante o diretor do
e) cópia do documento de identificação pessoal
estabelecimento penal federal sua manifestação de
e do comprovante de inscrição no CPF, ou seus vontade, ficando o Departamento Penitenciário Nacio-
respectivos números. nal dispensado da providência referida no caput.
Art. 5º Ao ser ouvido, o Departamento Penitenciário Art. 12. Mediante requerimento da autoridade admi-
Nacional do Ministério da Justiça opinará sobre a per- nistrativa, do Ministério Público ou do próprio preso,
tinência da inclusão ou da transferência e indicará o poderão ocorrer transferências de presos entre estabe-
estabelecimento penal federal adequado à custódia, lecimentos penais federais.
podendo solicitar diligências complementares, inclusi- § 1º O requerimento de transferência, instruído com os
ve sobre o histórico criminal do preso. fatos motivadores, será dirigido ao juiz federal corre-
Art. 6º Ao final da instrução do procedimento e após a gedor do estabelecimento penal federal onde o preso
manifestação prevista no art. 5º, o juiz de origem, ad- se encontrar, que ouvirá o juiz federal corregedor do
mitindo a necessidade da inclusão ou da transferência estabelecimento penal federal de destino.
do preso, remeterá os autos ao juízo federal compe- § 2º Autorizada e efetivada a transferência, o juiz fe-
tente. deral corregedor do estabelecimento penal federal em
Art. 7º Recebidos os autos, o juiz federal decidirá sobre que o preso se encontrava comunicará da decisão ao
a inclusão ou a transferência, podendo determinar di- juízo de execução penal de origem, se preso conde-
ligências complementares necessárias à formação do nado, ou ao juízo do processo, se preso provisório, e à
seu convencimento. autoridade policial, se for o caso.
Art. 8º Admitida a inclusão ou a transferência, o juízo Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
de origem deverá encaminhar ao juízo federal compe- blicação.
tente:
I. os autos da execução penal, no caso de preso 14. Decreto nº 5.948, de 26 de
condenado; e
II. carta precatória instruída com os documentos Outubro de 2006

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previstos no inciso II do art. 4º, no caso de preso Aprova a Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e
provisório. institui Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de elaborar
Art. 9º A inclusão e a transferência do preso poderão proposta do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas -
PNETP.
ser realizadas sem a prévia instrução dos autos, desde
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o
que justificada a situação de extrema necessidade. art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
§ 1º A inclusão ou a transferência deverá ser requerida Decreta:
diretamente ao juízo de origem, instruída com elemen-
Art.1º Fica aprovada a Política Nacional de Enfrenta-
tos que demonstrem a extrema necessidade da medida.
mento ao Tráfico de Pessoas, que tem por finalidade
§ 2º Concordando com a inclusão ou a transferência, o estabelecer princípios, diretrizes e ações de prevenção
juízo de origem remeterá, imediatamente, o requeri- e repressão ao tráfico de pessoas e de atendimento às
mento ao juízo federal competente. vítimas, conforme Anexo a este Decreto.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 3º Admitida a inclusão ou a transferência emergencial Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
pelo juízo federal competente, caberá ao juízo de ori- blicação.
gem remeter àquele, imediatamente, os documentos Anexo
previstos nos incisos I e II do art. 4º. Política Nacional De Enfrentamento Ao Tráfico De Pessoas
Art. 10. Restando sessenta dias para o encerramento Capítulo I
do prazo de permanência do preso no estabelecimento Disposições Gerais
penal federal, o Departamento Penitenciário Nacional Art.1º A Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico
comunicará tal circunstância ao requerente da inclusão de Pessoas tem por finalidade estabelecer princípios,
ou da transferência, solicitando manifestação acerca diretrizes e ações de prevenção e repressão ao tráfico
da necessidade de renovação. de pessoas e de atenção às vítimas, conforme as nor-
Parágrafo único. Decorrido o prazo estabelecido no § mas e instrumentos nacionais e internacionais de direi-
1º do art. 10 da Lei nº 11.671, de 2008, e não havendo tos humanos e a legislação pátria.
manifestação acerca da renovação da permanência, o Art.2º Para os efeitos desta Política, adota-se a ex-
preso retornará ao sistema prisional ou penitenciário pressão “tráfico de pessoas” conforme o Protocolo 567
de origem. Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o
Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, e indiretas, independentemente de nacionalidade
568 Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em espe- e de colaboração em processos judiciais;
cial Mulheres e Crianças, que a define como o recru- IV. Promoção e garantia da cidadania e dos direitos
tamento, o transporte, a transferência, o alojamento humanos;
ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou V. Respeito a tratados e convenções internacionais
uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à de direitos humanos;
fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situa-
VI. Universalidade, indivisibilidade e interdepen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ção de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de


dência dos direitos humanos; e
pagamentos ou benefícios para obter o consentimento
de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para VII. Transversalidade das dimensões de gênero,
fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a orientação sexual, origem étnica ou social, proce-
exploração da prostituição de outrem ou outras formas dência, raça e faixa etária nas políticas públicas.
de exploração sexual, o trabalho ou serviços forçados, Parágrafo único. A Política Nacional de Enfrentamento
escravatura ou práticas similares à escravatura, a servi- ao Tráfico de Pessoas observará os princípios da pro-
dão ou a remoção de órgãos. teção integral da criança e do adolescente.
§1º O termo “crianças” descrito no caput deve ser en- Seção II
tendido como “criança e adolescente”, de acordo com Diretrizes Gerais
a  Lei no  8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto da Art.4º São diretrizes gerais da Política Nacional de En-
Criança e do Adolescente. frentamento ao Tráfico de Pessoas:
I. Fortalecimento do pacto federativo, por meio da
§2º O termo “rapto” descrito no caput deste artigo
atuação conjunta e articulada de todas as esferas
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deve ser entendido como a conduta definida no  art.


de governo na prevenção e repressão ao tráfico de
148 do Decreto-Lei no  2.848, de 7 de dezembro de
pessoas, bem como no atendimento e reinserção
1940,  Código Penal Brasileiro, referente ao sequestro social das vítimas;
e cárcere privado.
II. Fomento à cooperação internacional bilateral ou
§3º A expressão “escravatura ou práticas similares à multilateral;
escravatura” deve ser entendida como: III. Articulação com organizações não-governa-
I. A conduta definida no  art. 149 do Decreto-Lei mentais, nacionais e internacionais;
no 2.848, de 1940, referente à redução à condição IV. Estruturação de rede de enfrentamento ao trá-
análoga a de escravo; e fico de pessoas, envolvendo todas as esferas de
II. A prática definida no art. 1º da Convenção Suple- governo e organizações da sociedade civil;
mentar sobre a Abolição da Escravatura, do Tráfico V. Fortalecimento da atuação nas regiões de frontei-
de Escravos e das Instituições e Práticas Análogas à ra, em portos, aeroportos, rodovias, estações rodo-
Escravatura, como sendo o casamento servil. viárias e ferroviárias, e demais áreas de incidência;
§4º A intermediação, promoção ou facilitação do recru- VI. Verificação da condição de vítima e respectiva
tamento, do transporte, da transferência, do alojamen- proteção e atendimento, no exterior e em território
to ou do acolhimento de pessoas para fins de explora- nacional, bem como sua reinserção social;
ção também configura tráfico de pessoas. VII. Incentivo e realização de pesquisas, conside-
§5º O tráfico interno de pessoas é aquele realizado rando as diversidades regionais, organização e
dentro de um mesmo Estado-membro da Federação, compartilhamento de dados;
ou de um Estado-membro para outro, dentro do ter- VIII. Incentivo à formação e à capacitação de profis-
ritório nacional. sionais para a prevenção e repressão ao tráfico de
pessoas, bem como para a verificação da condição
§6º O tráfico internacional de pessoas é aquele realiza-
de vítima e para o atendimento e reinserção social
do entre Estados distintos. das vítimas;
§7º O consentimento dado pela vítima é irrelevante IX. Harmonização das legislações e procedimentos
para a configuração do tráfico de pessoas. administrativos nas esferas federal, estadual e mu-
Capítulo II nicipal relativas ao tema;
Princípios E Diretrizes X. Incentivo à participação da sociedade civil em
Seção I instâncias de controle social das políticas públicas
Princípios na área de enfrentamento ao tráfico de pessoas;
Art.3º São princípios norteadores da Política Nacional XI. Incentivo à participação dos órgãos de classe e
de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas: conselhos profissionais na discussão sobre tráfico
I. Respeito à dignidade da pessoa humana; de pessoas; e
II. Não-discriminação por motivo de gênero, orien- XII. Garantia de acesso amplo e adequado a infor-
tação sexual, origem étnica ou social, procedência, mações em diferentes mídias e estabelecimento
nacionalidade, atuação profissional, raça, religião, de canais de diálogo, entre o Estado, sociedade
faixa etária, situação migratória ou outro status; e meios de comunicação, referentes ao enfrenta-
III. Proteção e assistência integral às vítimas diretas mento ao tráfico de pessoas.
Seção III Capítulo III
Diretrizes Específicas Ações
Art.5º São diretrizes específicas de prevenção ao tráfico Art.8º Na implementação da Política Nacional de En-
de pessoas: frentamento ao Tráfico de Pessoas, caberá aos órgãos e
I. Implementação de medidas preventivas nas polí- entidades públicos, no âmbito de suas respectivas com-
ticas públicas, de maneira integrada e intersetorial, petências e condições, desenvolver as seguintes ações:
nas áreas de saúde, educação, trabalho, segurança, I. Na área de Justiça e Segurança Pública:
justiça, turismo, assistência social, desenvolvimen- a) proporcionar atendimento inicial humanizado
to rural, esportes, comunicação, cultura, direitos às vítimas de tráfico de pessoas que retornam ao
humanos, dentre outras;  País na condição de deportadas ou não admitidas
II. Apoio e realização de campanhas socioeducati- nos aeroportos, portos e pontos de entrada em
vas e de conscientização nos âmbitos internacional, vias terrestres;
nacional, regional e local, considerando as diferen- b) elaborar proposta intergovernamental de
tes realidades e linguagens; aperfeiçoamento da legislação brasileira relativa
III. Monitoramento e avaliação de campanhas com ao enfrentamento do tráfico de pessoas e crimes
a participação da sociedade civil; correlatos;
IV. Apoio à mobilização social e fortalecimento da c) fomentar a cooperação entre os órgãos fede-
sociedade civil; e rais, estaduais e municipais ligados à segurança
pública para atuação articulada na prevenção e
V. Fortalecimento dos projetos já existentes e fo-
repressão ao tráfico de pessoas e responsabiliza-
mento à criação de novos projetos de prevenção ao
ção de seus autores;
tráfico de pessoas.
d) propor e incentivar a adoção do tema de tráfico
Art.6º São diretrizes específicas de repressão ao tráfico de
de pessoas e direitos humanos nos currículos de
pessoas e de responsabilização de seus autores: formação dos profissionais de segurança pública
I. Cooperação entre órgãos policiais nacionais e in- e operadores do Direito, federais, estaduais e mu-
ternacionais; nicipais, para capacitação, quando do ingresso na
II. Cooperação jurídica internacional; instituição e de forma continuada, para o enfren-
III. Sigilo dos procedimentos judiciais e administra- tamento a este tipo de crime;
tivos, nos termos da lei; e e) fortalecer as rubricas orçamentárias existen-
IV. Integração com políticas e ações de repressão e tes e criar outras voltadas para a formação dos
responsabilização dos autores de crimes correlatos. profissionais de segurança pública e de justiça na
área de enfrentamento ao tráfico de pessoas;

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Art.7º São diretrizes específicas de atenção às vítimas
do tráfico de pessoas: f) incluir nas estruturas específicas de inteligência
I. Proteção e assistência jurídica, social e de saúde policial a investigação e repressão ao tráfico de
às vítimas diretas e indiretas de tráfico de pessoas; pessoas;
g) criar, nas Superintendências Regionais do
II. Assistência consular às vítimas diretas e indiretas
de tráfico de pessoas, independentemente de sua Departamento de Polícia Federal e da Polícia
Rodoviária Federal, estruturas específicas para
situação migratória e ocupação;
o enfrentamento do tráfico de pessoas e outros
III. Acolhimento e abrigo provisório das vítimas de crimes contra direitos humanos;
tráfico de pessoas;
h) promover a aproximação dos profissionais de
IV. Reinserção social com a garantia de acesso à segurança pública e operadores do Direito com a
educação, cultura, formação profissional e ao tra- sociedade civil;
balho às vítimas de tráfico de pessoas;
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

i) celebrar acordos de cooperação com organiza-


V. Reinserção familiar e comunitária de crianças e ções da sociedade civil que atuam na prevenção
adolescentes vítimas de tráfico de pessoas; ao tráfico de pessoas e no atendimento às vítimas;
VI. Atenção às necessidades específicas das vítimas, j) promover e incentivar, de forma permanente,
com especial atenção a questões de gênero, orien- cursos de atualização sobre tráfico de pessoas,
tação sexual, origem étnica ou social, procedência, para membros e servidores dos órgãos de justiça
nacionalidade, raça, religião, faixa etária, situação e segurança pública, preferencialmente por meio
migratória, atuação profissional ou outro status; de suas instituições de formação;  
VII. Proteção da intimidade e da identidade das ví- l) articular os diversos ramos do Ministério Públi-
timas de tráfico de pessoas; e co dos Estados e da União, da Magistratura Esta-
VIII. Levantamento, mapeamento, atualização e dual e Federal e dos órgãos do sistema de justiça
divulgação de informações sobre instituições go- e segurança pública;
vernamentais e não-governamentais situadas no m) organizar e integrar os bancos de dados exis-
Brasil e no exterior que prestam assistência a víti- tentes na área de enfrentamento ao tráfico de 569
mas de tráfico de pessoas. pessoas e áreas correlatas;
n) celebrar acordos de cooperação técnica com em todas modalidades de ensino, inclusive no en-
570 entidades públicas e privadas para subsidiar a sino superior;
atuação judicial e extrajudicial; IV. Na área de Saúde:
o) incluir o tema de tráfico de pessoas nos cursos a) garantir atenção integral para as vítimas de
de combate à lavagem de dinheiro, ao tráfico de tráfico de pessoas e potencializar os serviços
drogas e armas e a outros crimes correlatos; existentes no âmbito do Sistema Único de Saúde;
p) desenvolver, em âmbito nacional, mecanismos b) acompanhar e sistematizar as notificações
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de prevenção, investigação e repressão ao tráfico compulsórias relativas ao tráfico de pessoas so-


de pessoas cometido com o uso da rede mundial bre suspeita ou confirmação de maus-tratos, vio-
de computadores, e consequente responsabiliza- lência e agravos por causas externas relacionadas
ção de seus autores; ao trabalho;
q) incluir a possível relação entre o desapareci- c) propor a elaboração de protocolos específicos
mento e o tráfico de pessoas em pesquisas e in- para a padronização do atendimento às vítimas
vestigações policiais; de tráfico de pessoas; e
II. Na área de Relações Exteriores: d) capacitar os profissionais de saúde na área de
a) propor e elaborar instrumentos de cooperação atendimento às vítimas de tráfico de pessoas;
internacional na área do enfrentamento ao tráfico V. Na área de Assistência Social:
de pessoas; a) oferecer assistência integral às vítimas de trá-
b) iniciar processos de ratificação dos instrumentos fico de pessoas no âmbito do Sistema Único de
internacionais referentes ao tráfico de pessoas; Assistência Social;
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c) inserir no Manual de Serviço Consular e Jurídico b) propiciar o acolhimento de vítimas de tráfico,


do Ministério das Relações Exteriores um capítulo em articulação com os sistemas de saúde, segu-
específico de assistência consular às vítimas de rança e justiça;
tráfico de pessoas; c) capacitar os operadores da assistência social
d) incluir o tema de tráfico de pessoas nos cursos na área de atendimento às vítimas de tráfico de
de remoção oferecidos aos servidores do Ministé- pessoas; e
rio de Relações Exteriores; d) apoiar a implementação de programas e pro-
e) promover a coordenação das políticas referen- jetos de atendimento específicos às vítimas de
tes ao enfrentamento ao tráfico de pessoas em tráfico de pessoas;
fóruns internacionais bilaterais e multilaterais; VI. Na área de Promoção da Igualdade Racial:
f) propor e apoiar projetos de cooperação técnica a) garantir a inserção da perspectiva da promoção
internacional na área de enfrentamento ao tráfico da igualdade racial nas políticas governamentais
de pessoas; de enfrentamento ao tráfico de pessoas;
g) coordenar e facilitar a participação brasileira b) apoiar as experiências de promoção da igualdade
em eventos internacionais na área de enfrenta- racial empreendidas por Municípios, Estados e orga-
mento ao tráfico de pessoas; e nizações da sociedade civil voltadas à prevenção ao
h) fortalecer os serviços consulares na defesa e tráfico de pessoas e atendimento às vítimas; e
proteção de vítimas de tráfico de pessoas; c) promover a realização de estudos e pesquisas
III. Na área de Educação: sobre o perfil das vítimas de tráfico de pessoas,
a) celebrar acordos com instituições de ensino e com ênfase na população negra e outros seg-
pesquisa para o desenvolvimento de estudos e mentos étnicos da população brasileira;
pesquisas relacionados ao tráfico de pessoas; VII. Na área do Trabalho e Emprego:
b) incluir a questão do tráfico de pessoas nas a) orientar os empregadores e entidades sindicais
ações e resoluções do Fundo Nacional de Desen- sobre aspectos ligados ao recrutamento e des-
volvimento da Educação do Ministério da Educa- locamento de trabalhadores de uma localidade
ção (FNDE/MEC); para outra;
c) apoiar a implementação de programas e proje- b) fiscalizar o recrutamento e o deslocamento de
tos de prevenção ao tráfico de pessoas nas escolas; trabalhadores para localidade diversa do Municí-
d) incluir e desenvolver o tema do enfrentamento pio ou Estado de origem;
ao tráfico de pessoas nas formações continuadas c) promover articulação com entidades profissio-
da comunidade escolar, em especial os trabalha- nalizantes visando capacitar e reinserir a vítima
dores da educação; no mercado de trabalho; e
e) promover programas intersetoriais de educa- d) adotar medidas com vistas a otimizar a fiscaliza-
ção e prevenção ao tráfico de pessoas para todos ção dos inscritos nos Cadastros de Empregadores
os atores envolvidos; e que Tenham Mantido Trabalhadores em Condições
f) fomentar a educação em direitos humanos com Análogas a de Escravo;
destaque ao enfrentamento ao tráfico de pessoas VIII. Na área de Desenvolvimento Agrário:
a) diminuir a vulnerabilidade do trabalhador e X. Na área da Proteção e Promoção dos Direitos da
prevenir o recrutamento mediante políticas espe- Mulher:
cíficas na área de desenvolvimento rural; a) qualificar os profissionais da rede de atendi-
b) promover ações articuladas com parceiros que
mento à mulher em situação de violência para o
atuam nos Estados de origem dos trabalhadores
recrutados; atendimento à mulher traficada;
c) formar parcerias no que tange à assistência b) incentivar a prestação de serviços de atendi-
técnica para avançar na implementação da Po- mento às mulheres traficadas nos Centros de
lítica Nacional de Assistência Técnica e Extensão Referência de Atendimento à Mulher em Situação
Rural; de Violência;
d) excluir da participação em certames licitatórios c) apoiar e incentivar programas e projetos de
e restringir o acesso aos recursos do crédito rural qualificação profissional, geração de emprego
a todas as pessoas físicas ou jurídicas que explo-
e renda que tenham como beneficiárias diretas
rem o trabalho forçado ou em condição análoga
a de escravo; mulheres traficadas;
e) promover a reinclusão de trabalhadores liber- d) fomentar debates sobre questões estruturan-
tados e de resgate da cidadania, mediante cria- tes favorecedoras do tráfico de pessoas e relati-
ção de uma linha específica, em parceria com o vas à discriminação de gênero;
Ministério da Educação, para alfabetização e for- e) promover ações de articulação intersetoriais
mação dos trabalhadores resgatados, de modo
visando a inserção da dimensão de gênero nas
que possam atuar como agentes multiplicadores
para a erradicação do trabalho forçado ou do tra- políticas públicas básicas, assistenciais e especiais;
balho em condição análoga a de escravo; f) apoiar programas, projetos e ações de educa-
f) incentivar os Estados, Municípios e demais ção não-sexista e de promoção da diversidade no
parceiros a acolher e prestar apoio específico aos ambiente profissional e educacional;
trabalhadores libertados, por meio de capacita- g) participar das capacitações visando garantir a
ção técnica;
temática de gênero; e
IX. Na área dos Direitos Humanos:
h) promover, em parceria com organizações go-
a) proteger vítimas, réus colaboradores e teste-
munhas de crimes de tráfico de pessoas; vernamentais e não-governamentais, debates
b) receber denúncias de tráfico de pessoas sobre metodologias de atendimento às mulheres

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através do serviço de disque-denúncia nacio- traficadas;
nal, dando o respectivo encaminhamento; XI. Na área do Turismo:
c) incluir ações específicas sobre enfrentamento a) incluir o tema do tráfico de pessoas, em espe-
ao tráfico de pessoas e fortalecer ações existentes cial mulheres, crianças e adolescentes nas capaci-
no âmbito de programas de prevenção à violên-
tações e eventos de formação dirigidos à cadeia
cia e garantia de direitos;
produtiva do turismo;
d) proporcionar proteção aos profissionais que
atuam no enfrentamento ao tráfico de pessoas e b) cruzar os dados dos diagnósticos feitos nos
que, em função de suas atividades, estejam amea- Municípios para orientar os planos de desenvol-
çados ou se encontrem em situação de risco; vimento turístico local através do programa de
e) incluir o tema do tráfico de pessoas nas capaci- regionalização; e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tações dos Conselhos de Direitos da Criança e do c) promover campanhas de sensibilização contra


Adolescente e Conselhos Tutelares;
o turismo sexual como forma de prevenção ao
f) articular ações conjuntas de enfrentamento ao
tráfico de pessoas;
tráfico de crianças e adolescentes em regiões de
fronteira; XII. Na área de Cultura:
g) promover, em parceira com os órgãos e enti- a) desenvolver projetos e ações culturais com
dades diretamente responsáveis, a prevenção foco na prevenção ao tráfico de pessoas; e
ao trabalho escravo, através da sensibilização de b) fomentar e estimular atividades culturais, tais
operadores de Direito, orientação a produtores
como programas regionais de rádio, peças e ou-
rurais acerca dos direitos trabalhistas, educação e
capacitação de trabalhadores rurais; e tros programas veiculados por radiodifusores,
h) disponibilizar mecanismos de acesso a direitos,
que possam aumentar a conscientização da po-
incluindo documentos básicos, preferencialmen- pulação com relação ao tráfico de pessoas, tra-
te nos Municípios identificados como focos de ali- balho escravo e exploração sexual, respeitadas as 571
ciamento de mão-de-obra para trabalho escravo; características regionais.
572
15. Decreto nº 6.347, de 8 de Janeiro §1º Os integrantes do Grupo Assessor serão indicados
pelos titulares dos órgãos representados e designados
de 2008 pelo Ministro de Estado da Justiça. 
§2º Poderão ser convidados a participar das reuniões
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o do Grupo Assessor representantes do Ministério Pú-
art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
blico Federal, do Ministério Público do Trabalho e de
Decreta: outros órgãos e entidades da administração pública e
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 1º. Fica aprovado o Plano Nacional de Enfrentamento da sociedade civil. 


ao Tráfico de Pessoas - PNETP, com o objetivo de pre- Art.5º. As atividades desenvolvidas no âmbito do Grupo
venir e reprimir o tráfico de pessoas, responsabilizar os Assessor serão consideradas serviço público relevante,
seus autores e garantir atenção às vítimas, nos termos não remunerado.
da legislação em vigor e dos instrumentos internacionais Art.6º. Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
de direitos humanos, conforme Anexo a este Decreto.   blicação. 
§1º O PNETP será executado no prazo de dois anos. 
§2ºCompete ao Ministério da Justiça, em articulação
com o órgão responsável pelo cumprimento de cada
16. Lei nº 10.259/2001 Juizados
meta estabelecida no PNETP: Especiais Federais
I. Definir as metas de curto, médio e longo prazos; e
II. Definir os órgãos e entidades que atuarão como
Juizados Especiais Federais
parceiros no cumprimento de cada meta, levando- Cíveis e Criminais
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se em consideração suas atribuições e competên- Essa lei regulamentou a instituição do Juizados Especiais
cias institucionais. Cíveis e Criminais, no âmbito da Justiça Federal.
Art. 2º. Caberá ao Ministério da Justiça a função de ava- Como regra geral, o disposto na Lei nº 9.099/95 (Juizados
liar e monitorar o PNETP.  Especiais) é utilizado no âmbito da Justiça Comum Estadual.
Art. 3º. Fica instituído, no âmbito do Ministério da Jus- Entretanto, pode ser aplicado subsidiariamente à presente Lei.
tiça, o Grupo Assessor de Avaliação e Disseminação do Dessa forma, naquilo que não confrontar com o tratado
PNETP, com as seguintes atribuições: na Lei nº 10.259, de 12 de Julho de 2001, poderá ser aplicado
I. Apoiar o Ministério da Justiça no monitoramento também no âmbito da Justiça Federal o disposto na lei dos
e avaliação do PNETP; Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95).
II. Estabelecer a metodologia de monitoramento e Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar
avaliação do PNETP e acompanhar a execução das e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos
ações, atividades e metas estabelecidas; às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as re-
III.  Efetuar ajustes na definição de suas prioridades; gras de conexão e continência.
IV. Promover sua difusão junto a órgãos e entidades Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal
governamentais e não-governamentais; e do júri, decorrente da aplicação das regras de conexão e continên-
cia, observar-se-ão os institutos da transação penal e da compo-
V. Elaborar relatório semestral de acompanhamento.
sição dos danos civis.
Art. 4º. O Grupo Assessor será integrado por um repre-
Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, con-
sentante, e respectivo suplente, de cada órgão a seguir
ciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o
indicado:
valor de 60 salários-mínimos, bem como executar as suas
I. Ministérios: sentenças.
a) da Justiça, que o coordenará; Algumas causas, independentemente do valor, não se
b) do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; incluem na competência do Juizado Especial Cível:
c) da Saúde; ▷ As referidas no Art. 109, incisos II, III e XI, da Consti-
d) do Trabalho e Emprego; tuição Federal.
e) do Desenvolvimento Agrário; ▷ As ações de mandado de segurança, de desapro-
f) da Educação; priação, de divisão e demarcação, populares, exe-
g) das Relações Exteriores; cuções fiscais e por improbidade administrativa e
as demandas sobre direitos ou interesses difusos,
h) do Turismo;
coletivos ou individuais homogêneos.
i) da Cultura;
▷ Sobre bens imóveis da União, autarquias e funda-
II. Da Presidência da República: ções públicas federais.
a) Secretaria Especial dos Direitos Humanos; ▷ Para a anulação ou cancelamento de ato administra-
b) Secretaria Especial de Políticas para as Mulhe- tivo federal , salvo o de natureza previdenciária e o
res; e de lançamento fiscal.
c) Secretaria Especial de Políticas de Promoção ▷ Que tenham como objeto a impugnação da pena de
da Igualdade Racial; e demissão imposta a servidores públicos civis ou de
III. Advocacia-Geral da União. sanções disciplinares aplicadas a militares.
Constituição Federal, Art. 109: As partes poderão designar, por escrito, representantes
II. as causas entre Estado estrangeiro ou organismo para a causa, advogado ou não.
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou Os representantes judiciais da União, autarquias, funda-
residente no País. ções e empresas públicas federais, bem como os indicados
III. as causas fundadas em tratado ou contrato na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir ou
da União com Estado estrangeiro ou organismo desistir, nos processos da competência dos Juizados Especiais
internacional. Federais.
A entidade pública ré deverá fornecer ao Juizado a docu-
XI. a disputa sobre direitos indígenas.
mentação de que disponha para o esclarecimento da causa,
Quando a pretensão versar sobre obrigações vincendas, apresentando-a até a instalação da audiência de conciliação.
para fins de competência do Juizado Especial, a soma de
Para a audiência de composição dos danos resultantes de
doze parcelas não poderá exceder o valor de 60 salários-
ilícito criminal (Arts. 71, 72 e 74 da Lei nº 9.099, de 26 de se-
mínimos (se exceder, foge do valor limite para que tramite
tembro de 1995), o representante da entidade que comparecer
no Juizado Especial Federal).
terá poderes para acordar, desistir ou transigir.
Diferentemente do que ocorre na Lei nº 9.099/95 (Jui-
Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou
zados Especiais), na Lei nº 10.259/01 existe expressa previ-
ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa habilitada,
são de que, nas localidades onde houver Vara do Juizado
que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, in-
Especial Federal instalada, a competência é absoluta, isto dependentemente de intimação das partes.
é, a parte não pode optar entre propor a ação na Justiça
Comum ou no Juizado Especial. Os honorários do técnico serão antecipados à conta de
verba orçamentária do respectivo Tribunal e, quando vencida
O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, na causa, a entidade pública, seu valor será incluído na ordem
deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar de pagamento, a ser feita em favor do Tribunal.
dano de difícil reparação (cabe recurso nesse caso).
Nas ações previdenciárias e relativas à assistência social,
No Juizado Especial Federal Cível, somente será admitido havendo designação de exame, serão as partes intimadas
recurso de sentença definitiva (salvo caso de deferimento de
para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes.
medidas cautelares no curso do processo).
Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei
Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cível:
federal quando houver divergência entre decisões sobre ques-
▷ Como AUTORES: tões de direito material proferidas por Turmas Recursais na
» As pessoas físicas. interpretação da lei.
» As microempresas. O pedido fundado em divergência entre Turmas da mesma
» E empresas de pequeno porte. Região será julgado em reunião conjunta das Turmas em con-
▷ Como RÉS:

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flito, sob a presidência do Juiz Coordenador.
» A União. O pedido fundado em divergência entre decisões de Tur-
» Autarquias federais. mas de diferentes regiões ou da proferida em contrariedade a
súmula ou jurisprudência dominante do STJ será julgado por
» Fundações públicas federais.
Turma de Uniformização, integrada por juízes de Turmas Re-
» Empresas públicas federais. cursais, sob a presidência do Coordenador da Justiça Federal.
As citações e intimações da União serão feitas na forma A reunião de juízes domiciliados em cidades diversas será
prevista nos Arts. 35 a 38 da Lei Complementar nº 73, de 10 de feita pela via eletrônica.
fevereiro de 1993 (essa LC define na pessoa de quem a União
Quando a orientação acolhida pela Turma de Uniformi-
será citada, variando do tipo de ação).
zação, em questões de direito material, contrariar súmula ou
A citação das autarquias, fundações e empresas públicas jurisprudência dominante no Superior Tribunal de Justiça -STJ,
será feita na pessoa do representante máximo da entidade, no a parte interessada poderá provocar a manifestação deste, que
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

local onde proposta a causa, quando ali instalado seu escritó- dirimirá a divergência.
rio ou representação; se não, na sede da entidade. Nesse caso, presente a plausibilidade do direito invocado
As partes serão intimadas da sentença, quando não pro- e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, poderá
ferida esta na audiência em que estiver presente seu repre- o relator conceder, de ofício ou a requerimento do interessado,
sentante, por ARMP (aviso de recebimento em mão própria). medida liminar determinando a suspensão dos processos nos
As demais intimações das partes serão feitas na pessoa quais a controvérsia esteja estabelecida.
dos advogados ou dos Procuradores que oficiem nos respecti- Eventuais pedidos de uniformização idênticos, recebidos
vos autos, pessoalmente, ou por via postal. subsequentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficarão
Os tribunais poderão organizar serviço de intimação das retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Supe-
partes e de recepção de petições por meio eletrônico. rior Tribunal de Justiça.
Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer Se necessário, o relator pedirá informações ao Presidente
ato processual pelas pessoas jurídicas de Direito Público, in- da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformiza-
clusive a interposição de recursos, devendo a citação para au- ção e ouvirá o Ministério Público, no prazo de cinco dias. Even-
diência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima tuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, 573
de trinta dias. poderão se manifestar, no prazo de 30 dias.
Decorridos os prazos acima referidos, o relator incluirá o Na capital dos Estados, no Distrito Federal e em outras ci-
574 pedido em pauta na Seção, com preferência sobre todos os dades onde for necessário, neste último caso, por decisão do
demais feitos, ressalvados os processos com réus presos, os Tribunal Regional Federal, serão instalados Juizados com com-
habeas corpus e os mandados de segurança. petência exclusiva para ações previdenciárias.
Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos (pedidos Onde não houver Vara Federal, a causa poderá ser pro-
de uniformização idênticos) serão apreciados pelas Turmas Recur- posta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro de-
sais, que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los preju- finido no Art. 4º da Lei nº 9.099/95 (regras de competência
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

dicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior Tribunal para interposição da ação), vedada a aplicação desta Lei no
de Justiça. juízo estadual.
Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal de Justiça e o Su- As Turmas Recursais serão instituídas por decisão do Tri-
premo Tribunal Federal, no âmbito de suas competências, expedi- bunal Regional Federal, que definirá sua composição e área de
rão normas regulamentando a composição dos órgãos e os proce- competência, podendo abranger mais de uma seção.
dimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento Os Juizados Especiais serão coordenados por Juiz do res-
do pedido de uniformização e do recurso extraordinário. pectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com man-
dato de dois anos.
O cumprimento do acordo ou da sentença, com trânsito em
O Juiz Federal, quando o exigirem as circunstâncias, pode-
julgado, que imponham obrigação de fazer, não fazer ou entre-
rá determinar o funcionamento do Juizado Especial em caráter
ga de coisa certa, será efetuado mediante ofício do juiz à autori-
itinerante, mediante autorização prévia do Tribunal Regional
dade citada para a causa, com cópia da sentença ou do acordo.
Federal, com antecedência de dez dias.
Tratando-se de obrigação de pagar quantia certa, após o O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, por até três
trânsito em julgado da decisão, o pagamento será efetuado no
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anos, contados a partir da publicação desta Lei, a competência


prazo de 60 dias, contados da entrega da requisição, por or- dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à necessidade da or-
dem do juiz, à autoridade citada para a causa, na agência mais ganização dos serviços judiciários ou administrativos.
próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil, O Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça
independentemente de precatório. Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribunais Regionais
Para os efeitos do § 3º do Art. 100, da Constituição Federal, Federais criarão programas de informática necessários para
as obrigações ali definidas como de pequeno valor, a serem subsidiar a instrução das causas submetidas aos Juizados e
pagas independentemente de precatório, terão como limite promoverão cursos de aperfeiçoamento destinados aos seus
o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a competência do magistrados e servidores.
Juizado Especial Federal Cível . Não serão remetidas aos Juizados Especiais as de-
Dessa forma, para que a dívida seja considerada de peque- mandas ajuizadas até a data de sua instalação (somente
no valor (e dispensada a expedição de precatório para paga- as ações ajuizadas após a instalação dos Juizados Espe-
mento), ela deve ser de até 60 salários mínimos. ciais Federais é que tramitarão nestes).
Desatendida a requisição judicial, o juiz determinará o se- Competirá aos Tribunais Regionais Federais prestar o su-
questro do numerário suficiente ao cumprimento da decisão. porte administrativo necessário ao funcionamento dos Juiza-
São vedados o fracionamento, repartição ou quebra do va- dos Especiais.
lor da execução, de modo que o pagamento se faça, em parte, Esta Lei entrou em vigor seis meses após a data de sua
na forma estabelecida no § 1º deste artigo, e, em parte, me- publicação (publicada em 12 de julho de 2001).
diante expedição do precatório, e a expedição de precatório
complementar ou suplementar do valor pago. 17. Lei nº 9.099/1995 Juizados
Se o valor da execução ultrapassar o limite de 60 salários
mínimos, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do preca-
Especiais Cíveis e Criminais
tório, sendo facultado à parte exequente a renúncia ao crédito
do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do
Disposições Gerais
saldo sem o precatório, da forma lá prevista. Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos da Justiça
Ordinária, serão criados pela União, no Distrito Federal e nos
Os Juizados Especiais serão instalados por decisão do Tri-
Territórios, e pelos Estados, para conciliação, processo, julga-
bunal Regional Federal.
mento e execução, nas causas de sua competência.
O Juiz presidente do Juizado designará os conciliadores Essa Lei aplica-se para a Justiça Comum Estadual. Na
pelo período de dois anos, admitida a recondução. O exercício Justiça Federal ela pode ser utilizada de forma subsidiária,
dessas funções será gratuito, assegurados os direitos e prer- pois o Juizado Especial Federal tem legislação própria (Lei nº
rogativas do jurado (Art. 437 do Código de Processo Penal). 10.259/2001).
Serão instalados Juizados Especiais Adjuntos nas locali- O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, sim-
dades cujo movimento forense não justifique a existência de plicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
Juizado Especial, cabendo ao Tribunal designar a Vara onde buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
funcionará. O sistema dos Juizados Especiais Civis (JEC) aplica-se
No prazo de seis meses, a contar da publicação desta Lei, para causas cíveis de menor complexidade, enquanto os Jui-
deverão ser instalados os Juizados Especiais nas capitais dos zados Especiais Criminais (JECRIM) são utilizados em infra-
Estados e no Distrito Federal. ções penais de menor potencial ofensivo.
Dos Juizados Especiais Cíveis Ele adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa
e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências
Competência do bem comum.
O juizado especial é fortemente caracterizado pelos prin-
O Juizado Especial Cível tem competência para concilia-
cípios da conciliação e da celeridade. Para privilegiar esses
ção, processo e julgamento das causas cíveis de menor com-
princípios, a Lei nº 9.099/95 traz a figura de dois auxiliares da
plexidade, sendo que essa Lei define quais são esses casos.
justiça no âmbito da competência dessa lei.
Podem ser apreciadas pelo JEC:
São auxiliares da Justiça:
▷ Causas que não excedam 40 vezes o salário mínimo. ▷ Conciliadores (bacharéis em Direito).
▷ Hipóteses enumeradas no Art. 275, II, do Código de ▷ Juízes leigos (advogados com mais de 5 anos de ex-
Processo Civil (rito sumário do CPC). periência – impedidos de exercer a advocacia peran-
▷ A ação de despejo para uso próprio. te os Juizados Especiais enquanto no desempenho
▷ As ações possessórias sobre bens imóveis de va- de suas funções).
lor não excedente a 40 salários-mínimos.
Essa competência é facultativa, isto é, o autor pode optar
Das Partes no Juizado Especial
por ingressar com ação na Justiça Comum, mesmo que esteja No Juizado Especial não podem ser partes:
enquadrada uma dessas hipóteses. ▷ O incapaz.
Se determinada ação for de valor superior a 40 salá- ▷ O preso.
rios-mínimos, e a parte optar por esse procedimento, esta- ▷ As pessoas jurídicas de direito público.
rá renunciando ao crédito excedente ao teto estabelecido, ▷ As empresas públicas da União.
salvo conciliação (as partes podem fazer um acordo de va- ▷ A massa falida.
lor superior). ▷ O insolvente civil.
O Juizado Especial também é competente para execu- Independente do valor da causa ou matéria tratada, não
tar seus próprios julgados e dos títulos executivos extra- poderão ser partes no JEC qualquer um dos acima indicados.
judiciais de valor até 40 salários-mínimos (observadas as Esse dispositivo também é muito cobrado.
restrições estabelecidas na Lei nº 9.099/95). Somente podem propor ação perante o Juizado Especial
Algumas ações, independentemente do valor, não podem (legitimados ativos):
ser apreciadas pelo Juizado Especial Cível, devendo tramitar ▷ As pessoas físicas capazes (cessionários de direito
na via comum. de pessoas jurídicas são excluídos; considera-se ca-
São excluídas da competência do JEC as causas: paz o maior de 18 anos, inclusive para conciliação).
▷ De natureza Alimentar, Falimentar e Fiscal. ▷ As microempresas.

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▷ De interesse da Fazenda Pública. ▷ OSCIP (pessoas jurídicas qualificadas como Organi-
zação da Sociedade Civil de Interesse Público).
▷ Relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao es-
▷ As sociedades de crédito ao microempreendedor.
tado das pessoas (ainda que de cunho patrimonial).
Nos termos dessa Lei, a obrigatoriedade de assistência por
Mesmo quando o valor for igual ou inferior a 40 salários advogado depende do valor da causa:
mínimos, essas causas não poderão tramitar no JEC. Esse ▷ Até 20 salários-mínimos – Facultativa (as partes
também é um dos pontos mais cobrados em prova.A Lei nº comparecem pessoalmente, elas constituem advoga-
9.099/95 também traz algumas regras de competência (locais dos apenas se quiserem).
em que a ação deve ser proposta). ▷ Valor superior – Obrigatória (devem obrigatoria-
Competência do foro: mente constituir um advogado, não podem praticar
▷ Domicílio do réu (autor pode optar pelo local onde os atos processuais pessoalmente).
o réu exerça atividades profissionais ou econômicas No caso de assistência facultativa, se uma das partes com-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucur- parecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica
sal ou escritório). ou firma individual, terá a outra parte, se quiser, assistência
▷ Local onde a obrigação deva ser satisfeita. judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Es-
▷ Domicílio do Autor ou do local do ato/fato – Repara- pecial, na forma da lei local.
ção de danos de qualquer natureza. O Juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por
Apesar dessas regras, em qualquer hipótese o autor pode advogado, quando a causa o recomendar.
optar por propor a ação no domicílio do réu. O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto
aos poderes especiais (não precisa de procuração escrita para
Do Juiz, dos Conciliadores conferir poderes gerais de foro para o advogado).
e dos Juízes Leigos O Ministério Público intervirá nos casos previstos em lei.
A Lei nº 9.099/95 traz um procedimento simplificado. O Atos Processuais
juiz possui ampla liberdade para determinar as provas a se- Os atos processuais são públicos e poderão ser realizados
rem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor as em horário noturno, de acordo com o disposto nas normas de 575
regras de experiência comum ou técnica. organização judiciária.
Sempre que preencherem as finalidades para as quais fo- engano o vizinho por exemplo), mas ele compareça esponta-
576 rem realizados, eles serão considerados válidos (atendidos os neamente em juízo, esse vício estará sanado.
critérios definidos pela Lei nº 9.099/05, Art. 2º). A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e hora para
Aqui a Lei adota o princípio da instrumentalidade das comparecimento do citando e advertência de que, não com-
formas, isto é, caso a Lei preveja determinada forma para a parecendo este, considerar-se-ão verdadeiras as alegações
prática de um ato, sem cominação de nulidade, e o ato seja iniciais, e será proferido julgamento, de plano (efeitos gera-
praticado de forma diversa, tendo ele alcançado a sua finalida- dos pela revelia do réu).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de essencial, não será o mesmo anulado. Intimações - feitas na forma prevista para citação, ou por
A prática de atos processuais em outras comarcas poderá qualquer outro meio idôneo de comunicação.
ser solicitada por qualquer meio idôneo de comunicação. Dos atos praticados na audiência, considerar-se-ão, des-
Registro dos atos – serão registrados apenas aqueles atos de logo, cientes as partes (não precisam ser intimados, pois
que forem considerados essenciais (de forma resumida), em tiveram ciência desses atos no momento em que os mesmos
notas manuscritas, datilografada ou estenotipadas. foram praticados).
Os demais atos (não considerados essenciais) poderão ser As partes devem comunicar as mudanças de endereço
gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutiliza- que ocorrerem no curso do processo. Se não o fizerem, as
da após o trânsito em julgado da decisão. intimações enviadas ao local anteriormente indicado serão
reputadas eficazes.
Do Pedido
O processo é instaurado com a apresentação do pedido Da Revelia
à Secretaria do Juizado (isso pode ser feito por escrito ou até Não comparecendo o demandado à sessão de conciliação
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mesmo de forma oral). Nele constará de forma simples e em ou à audiência de instrução e julgamento, reputar-se-ão ver-
linguagem acessível: dadeiros os fatos alegados no pedido inicial, salvo se o contrá-
▷ O nome, a qualificação e o endereço das partes. rio resultar da convicção do Juiz.
▷ Os fatos e os fundamentos, de forma sucinta.
▷ O objeto e seu valor (pode ser formulado pedido Da Conciliação e do Juízo Arbitral
genérico quando não for possível determinar, desde Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo esclarecerá as
logo, a extensão da obrigação). partes presentes sobre as vantagens da conciliação, mostran-
No caso de pedido oral, ele será reduzido a escrito pela do-lhes os riscos e as consequências do litígio, especialmente
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fi- quanto ao disposto no § 3º do Art. 3º desta Lei (renúncia ao
chas ou formulários impressos.
crédito que exceder a 40 salários-mínimos).
Os pedidos Lei poderão ser alternativos ou cumulados. No
caso de cumulação de pedidos, eles devem ser conexos e a A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou
soma não ultrapasse o limite fixado na Lei (40 salários-mí- por conciliador sob sua orientação. Obtida a conciliação, esta
nimos). será reduzida a escrito e homologada pelo Juiz togado, me-
Registrado o pedido, independentemente de distribuição diante sentença com eficácia de título executivo.
e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de con- Não comparecendo o demandado (revelia), o Juiz togado
ciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. proferirá sentença.
Comparecendo inicialmente ambas as partes, instaurar-
Não obtida a conciliação, as partes poderão optar, de
se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispensados o re-
gistro prévio de pedido e a citação. comum acordo, pelo juízo arbitral. O juízo arbitral conside-
Havendo pedidos contrapostos, poderá ser dispensada a con- rar-se-á instaurado, independentemente de termo de com-
testação formal e ambos serão apreciados na mesma sentença. promisso, com a escolha do árbitro pelas partes. Se este não
estiver presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de ime-
Das Citações e Intimações diato, a data para a audiência de instrução. Esse árbitro será
A citação é a forma pela qual o réu tem ciência de que escolhido dentre os juízes leigos.
contra ele, corre um processo, sendo, nesse ato, chamado para O árbitro conduzirá o processo com os mesmos critérios do
integrar a relação processual. Juiz (dirigirá o processo com liberdade para determinar as pro-
A citação é feita: vas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial
▷ Por correspondência, com aviso de recebimento em valor às regras de experiência comum ou técnica), podendo
mão própria. decidir por equidade.
▷ Tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, O árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado para homo-
mediante entrega ao encarregado da recepção, que logação por sentença irrecorrível ao término da instrução, ou
será obrigatoriamente identificado. nos cinco dias subsequentes.
▷ Sendo necessário, por oficial de justiça, independen-
temente de mandado ou carta precatória. Da Instrução e Julgamento
O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou nu- Caso não seja instituído o juízo arbitral, proceder-se-á ime-
lidade da citação. Dessa forma, caso o réu não tenha sido diatamente à audiência de instrução e julgamento, desde que
citado ou a mesma tenha ocorrido de maneira nula (citou por não resulte prejuízo para a defesa.
Não sendo possível a sua realização imediata, será a audiên- A prova oral não será reduzida a escrito, a sentença deve-
cia designada para um dos quinze dias subsequentes, cientes, rá referir, no essencial, os informes trazidos nos depoimentos.
desde logo, as partes e testemunhas eventualmente presentes. A instrução do processo poderá ser dirigida por Juiz leigo,
Na audiência de instrução e julgamento, serão ouvidas as sob a supervisão de Juiz togado.
partes, colhidas as provas e, em seguida, proferida a sentença
(as partes serão inquiridas ou interrogadas antes da produção Da Sentença
das demais provas). A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz
Serão decididos de plano (imediatamente) todos os inci- (com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiên-
dentes que possam interferir no regular prosseguimento da cia), dispensado o relatório.
audiência. As demais questões serão decididas na sentença. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilí-
As partes irão se manifestar imediatamente sobre os do- quida, ainda que genérico o pedido. Dessa forma, mesmo
cumentos apresentados pela parte contrária, sem interrupção que a parte tenha formulado um pedido genérico, o juiz não
da audiência. pode proferir sentença ilíquida, ela já deve apresentar o valor
Da Resposta do Réu da condenação.
A contestação pode ser apresentada de forma escrita ou É ineficaz a sentença condenatória na parte que exceder
oral. Na contestação, deve estar contida toda a matéria de de- a alçada estabelecida nesta Lei. Dessa forma, caso a senten-
fesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, ça condene o réu em quantia superior à 40 salários mínimos,
que se processará na forma da legislação em vigor. ela será ineficaz (sem produção de efeitos) no que ultrapassar
No âmbito dos Juizados Especiais, não se admitirá a re- esse valor.
convenção. Entretanto, é lícito ao réu, na contestação, formular O Juiz Leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua de-
pedido em seu favor, nos limites do Art. 3º desta Lei, desde que cisão e, imediatamente a submeterá ao Juiz Togado, que po-
fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da contro- derá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes
vérsia (pedido contraposto). de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios
O autor poderá responder ao pedido do réu na própria au- indispensáveis.
diência ou requerer a designação da nova data, que será desde Da sentença proferida, caberá recurso para o próprio Jui-
logo fixada, cientes todos os presentes. zado (excetuada a homologatória de conciliação ou laudo ar-
Das Provas bitral). Esse recurso será julgado por uma turma composta por
Todos os meios de prova moralmente legítimos, ainda que três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdi-
não especificados em lei, são hábeis para provar a veracidade ção, reunidos na sede do Juizado (Turma Recursal).
dos fatos alegados pelas partes. Apesar de, em determinados casos, a assistência de advoga-
do ser facultativa no âmbito dos Juizados Especiais, no recurso,

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Dessa forma, mesmo que determinado meio de prova não
esteja previsto na legislação, mas seja moralmente legítimo, ele as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.
poderá ser utilizado para demonstrar a veracidade dos fatos nar- O prazo para interposição de recurso é de dez dias, conta-
rados pelas partes. dos da ciência da sentença, por petição escrita, da qual cons-
Todas as provas serão produzidas na audiência de instru- tarão as razões e o pedido do recorrente.
ção e julgamento, ainda que não requeridas previamente, Após a interposição, a parte recorrente tem que realizar o
podendo o Juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, preparo em 48 horas, independentemente de intimação, sob
impertinentes ou protelatórias. Assim, não é requisito para a pena de deserção. Após o preparo, a Secretaria intimará o re-
produção da prova que a parte a tenha requerido previamente. corrido para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
No Juizado Especial Cível, é possível trazer até três testemu- O recurso terá somente efeito devolutivo, mas o Juiz po-
nhas. Essas testemunhas comparecem à audiência de instrução e derá dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável
julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado, indepen-
para a parte.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

dentemente de intimação, ou mediante esta, se assim for reque-


rido (só ocorre a intimação de testemunha se a parte o requerer). O julgamento em segunda instância constará apenas da ata,
Esse requerimento para intimação das testemunhas será com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta
apresentado à Secretaria, no mínimo, cinco dias antes da au- e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios
diência de instrução e julgamento. fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.
Se, mesmo após regularmente intimada, a testemunha Dos Embargos de Declaração
não comparecer, o Juiz poderá determinar sua imediata con-
dução, valendo-se, se necessário, do auxílio da força pública Os embargos de declaração constituem o recurso cabível
(condução coercitiva). quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, contra-
Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir téc- dição, omissão ou dúvida. Tratando-se apenas de erros mate-
nicos de sua confiança, permitida às partes a apresentação de riais, esses podem ser corrigidos de ofício.
parecer técnico. No curso da audiência, poderá o Juiz, de ofício Os embargos de declaração serão interpostos por escrito
ou a requerimento das partes, realizar inspeção em pessoas ou ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da ciência da
coisas, ou determinar que o faça pessoa de sua confiança, que decisão. Quando interpostos contra a sentença, os embargos 577
lhe relatará informalmente o verificado. de declaração suspenderão o prazo para recurso.
Da Extinção do Processo Sem aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça
578 ou leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as
Julgamento do Mérito partes serão ouvidas. Se o pagamento não for à vis-
O processo será extinto (sem resolução do mérito), além ta, será oferecida caução idônea, nos casos de alie-
dos casos previstos em lei, quando: nação de bem móvel, ou hipotecado o imóvel.
▷ O autor deixar de comparecer a qualquer das au- ▷ É dispensada a publicação de editais em jornais,
diências do processo (caso comprove ter sido por quando se tratar de alienação de bens de pequeno
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

motivo de força maior, a parte poderá ser isentada valor.


pelo Juiz do pagamento das custas).
▷ O devedor poderá oferecer embargos, nos autos da
▷ Inadmissível o procedimento instituído por esta Lei execução, versando sobre:
ou seu prosseguimento, após a conciliação.
» Falta ou nulidade da citação no processo, se ele
▷ For reconhecida a incompetência territorial.
correu à revelia.
▷ Falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou
» Manifesto excesso de execução.
não se der no prazo de trinta dias.
▷ Falecido o réu, o autor não promover a citação dos » Erro de cálculo.
sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato. » Causa impeditiva, modificativa ou extintiva da
A extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, obrigação, superveniente à sentença.
de prévia intimação pessoal das partes. A execução de título executivo extrajudicial, no valor de
até 40 salários-mínimos, obedecerá ao disposto no Código de
Da Execução Processo Civil, com as modificações introduzidas por esta Lei.
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O Juizado possui competência para executar suas próprias Efetuada a penhora, o devedor será intimado a compare-
decisões. A execução da sentença processar-se-á, no próprio cer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embar-
Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de gos (Art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
Processo Civil, com as seguintes alterações: Na audiência, será buscado o meio mais rápido e eficaz
▷ As sentenças serão necessariamente líquidas, con- para a solução do litígio, se possível com dispensa da alienação
tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional judicial, devendo o conciliador propor, entre outras medidas ca-
- BTN ou índice equivalente. bíveis, o pagamento do débito a prazo ou a prestação, a dação
▷ Os cálculos de conversão de índices, de honorários, em pagamento ou a imediata adjudicação do bem penhorado.
de juros e de outras parcelas serão efetuados por Não apresentados os embargos em audiência, ou julgados
servidor judicial. improcedentes, qualquer das partes poderá requerer ao Juiz a
▷ A intimação da sentença será feita, sempre que adoção de uma das alternativas acima descritas.
possível, na própria audiência em que for profe-
Não encontrado o devedor ou inexistindo bens penhorá-
rida. Nessa intimação, o vencido será instado a
cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em veis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os
julgado, e advertido dos efeitos do seu descumpri- documentos ao autor.
mento (inciso V). Das Despesas
▷ Não cumprida voluntariamente a sentença transitada
Em primeiro grau de jurisdição, o acesso ao Juizado Espe-
em julgado, e tendo havido solicitação do interessa-
do, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo cial independerá do pagamento de custas, taxas ou despesas.
à execução, dispensada nova citação. O preparo do recurso, na forma do § 1º do Art. 42 desta
▷ Nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de Lei (O preparo será feito, independentemente de intimação,
não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execu- nas quarenta e oito horas seguintes à interposição, sob pena
ção, cominará multa diária, arbitrada de acordo com de deserção), compreenderá todas as despesas processuais,
as condições econômicas do devedor, para a hipóte- inclusive aquelas dispensadas em primeiro grau de jurisdição,
se de inadimplemento. Não cumprida a obrigação, ressalvada a hipótese de assistência judiciária gratuita.
o credor poderá requerer a elevação da multa ou a Em primeiro grau de jurisdição, não há condenação do
transformação da condenação em perdas e danos, vencido em custas e honorários de advogado (salvo se confi-
que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a exe- gurada litigância de má-fé)
cução por quantia certa, incluída a multa vencida de Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas
obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do e honorários de advogado, que serão fixados entre 10% e 20%
devedor na execução do julgado.
do valor de condenação (não havendo condenação, utiliza-se
▷ Na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o do valor corrigido da causa como base de cálculo).
cumprimento por outrem, fixado o valor que o de-
vedor deve depositar para as despesas, sob pena de Na execução não serão contadas custas, salvo quando:
multa diária. ▷ Reconhecida a litigância de má-fé.
▷ Na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá auto- ▷ Improcedentes os embargos do devedor.
rizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea ▷ Tratar-se de execução de sentença que tenha sido
a tratar da alienação do bem penhorado, a qual se objeto de recurso improvido do devedor.
Disposições Finais por oficial de justiça, independentemente de mandado ou
carta precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de co-
Instituído o Juizado Especial, serão implantadas as curado- municação.
rias necessárias e o serviço de assistência judiciária. Dos atos que forem praticados em audiência, são conside-
O acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, radas intimadas desde logo cientes as partes, os interessados
poderá ser homologado, no juízo competente, independen- e defensores.
temente de termo, valendo a sentença como título executivo Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de
judicial. citação do acusado, constará a necessidade de seu compareci-
Valerá como título extrajudicial o acordo celebrado pelas mento acompanhado de advogado, com a advertência de que,
partes, por instrumento escrito, referendado pelo órgão com- na sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.
petente do Ministério Público.
Nas causas sujeitas ao procedimento instituído pela Lei Da Fase Preliminar
nº 9.099/95 não é admitida a ação rescisória. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocor-
rência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará ime-
Dos Juizados Especiais Criminais diatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, provi-
denciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Disposições Gerais do JECRIM Depois da ocorrência do fato, a autoridade policial lavra o
O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou TC (Termo Circunstanciado) e encaminha para o Juizado. Não
togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julga- há inquérito.
mento e a execução das infrações penais de menor potencial Se o autor do fato (trata-se do réu, mas a Lei usa o termo
ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. “autor do fato”) que, após a lavratura do termo, for imedia-
Na hipótese de reunião de processos, perante o juízo co- tamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromis-
mum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras so de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante,
de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da nem se exigirá fiança.
transação penal e da composição dos danos civis. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determi-
O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pe- nar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicí-
los critérios da oralidade, informalidade, economia processual lio ou local de convivência com a vítima.
e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não sendo pos-
dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não pri- sível a realização imediata da audiência preliminar, será desig-
vativa de liberdade. nada data próxima, da qual ambos sairão cientes.
Na falta do comparecimento de qualquer dos envolvidos, a
Da Competência e dos Atos Processuais Secretaria providenciará sua intimação e, se for o caso, a do res-
Competência do Juizado o determinada pelo lugar em

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ponsável civil (intimação feita na forma dos Arts. 67 e 68 da Lei nº
que foi praticada a infração penal. 9.099/95, acima visto).
Os atos processuais serão públicos e poderão realizar-se Na audiência preliminar, presente o representante do Mi-
em horário noturno e em qualquer dia da semana, conforme nistério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o
dispuserem as normas de organização judiciária. responsável civil, acompanhados por seus advogados, o Juiz
Os atos processuais serão válidos sempre que preenche- esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e
rem as finalidades para as quais foram realizados, atendidos da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
os critérios indicados no Art. 62 da Lei nº 9.099/95 (critérios da privativa de liberdade.
oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, ob-
A conciliação será conduzida pelo Juiz ou também por
jetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos
conciliador (sob orientação do juiz).
pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade).
No âmbito do Juizado Especial Criminal, a nulidade so- Esses conciliadores são auxiliares da Justiça, recruta-
mente será pronunciada se houver prejuízo para alguma das dos, na forma da lei local, preferentemente entre bacharéis
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

partes. em Direito (mas aqueles que exerçam funções na admi-


A prática de atos processuais em outras comarcas poderá nistração da Justiça Criminal estão excluídos, não podem
ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação. atuar como conciliadores).
Somente serão registrados por escrito os atos havidos por Na audiência de conciliação, devem estar presentes o Juiz,
essenciais. Os atos realizados em audiência de instrução e jul- o Promotor, a vítima e o autor do fato. Nessa audiência eles
gamento poderão ser gravados em fita magnética ou equiva- podem fazer acordo.
lente. A composição (acordo) dos danos civis:
A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sem- ▷ Será reduzida a escrito.
pre que possível, ou por mandado. Não encontrado o acusado ▷ Homologada pelo Juiz (sentença irrecorrível).
para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juí-
zo comum para adoção do procedimento previsto em lei. ▷ Eficácia de título a ser executado no juízo civil com-
A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de petente.
recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa jurídica ou fir- Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação
ma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, penal pública condicionada à representação, o acordo homolo- 579
que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, gado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação.
Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediata- Na ação penal de iniciativa do ofendido, poderá ser ofereci-
580 mente ao ofendido a oportunidade de exercer o direito de repre- da queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a complexidade e as
sentação verbal, que será reduzida a termo. O não oferecimento circunstâncias do caso determinam a adoção das providências
da representação na audiência preliminar não implica decadência previstas no parágrafo único do Art. 66 dessa lei (anteriormente
do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. citado).
Havendo representação ou tratando-se de crime de ação Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida a termo,
penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamen- entregando-se cópia ao acusado, que com ela ficará citado
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

to, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata e imediatamente cientificado da designação de dia e hora
de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na para a audiência de instrução e julgamento, da qual tam-
proposta. bém tomarão ciência o Ministério Público, o ofendido, o
Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o responsável civil e seus advogados.
Juiz poderá reduzi-la até a metade. Se o acusado não estiver presente, será citado na forma
Entretanto, não se admitirá a proposta se ficar comprovado: dos Arts. 66 e 68 da Lei nº 9.099/95 (pessoalmente no próprio
Juizado ou por mandado) e cientificado da data da audiên-
▷ Ter sido o autor da infração condenado, pela prática cia de instrução e de julgamento, devendo a ela trazer suas
de crime, à pena privativa de liberdade, por senten- testemunhas ou apresentar requerimento para intimação, no
ça definitiva. mínimo, cinco dias antes de sua realização.
▷ Ter sido o agente beneficiado anteriormente, no pra- Não estando presentes o ofendido e o responsável civil, se-
zo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva rão intimados nos termos do Art. 67 desta Lei para comparece-
ou multa, nos termos deste Art..
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rem à audiência de instrução e julgamento (intimado por carta


▷ Não indicarem os antecedentes, a conduta social e a com aviso de recebimento ou qualquer outro meio idôneo).
personalidade do agente, bem como os motivos e as As testemunhas arroladas serão intimadas por correspondên-
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção cia com aviso de recebimento ou qualquer outro meio idôneo.
da medida. No dia e hora designados para a audiência de instrução e
Se a proposta for aceita pelo autor da infração e seu defen- julgamento, se na fase preliminar não tiver havido possibilida-
sor, será submetida à apreciação do Juiz. de de tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta
pelo Ministério Público, proceder-se-á a tentativa de concilia-
Se acolher essa proposta, o Juiz aplicará a pena restriti-
ção (na forma acima estudada – fase preliminar).
va de direitos ou multa, que não importará em reincidência,
sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, quando im-
benefício no prazo de cinco anos. prescindível, a condução coercitiva de quem deva comparecer.
Aberta a audiência, será dada a palavra ao defensor para
A imposição dessa sanção não constará de certidão de an-
responder à acusação. Após isso o Juiz receberá, ou não, a de-
tecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo
núncia ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a víti-
dispositivo, e não terá efeitos civis, cabendo aos interessados
ma e as testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se
propor ação cabível no juízo cível.
a seguir o acusado, se presente, passando-se imediatamente
Dessa sentença cabe apelação (mas ela segue as regras aos debates orais e à prolação da sentença.
previstas para esse recurso na Lei nº 9.099/95).
Todas as provas serão produzidas na audiência de instru-
Do Procedimento Sumaríssimo ção e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as que
considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias.
Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver
aplicação de pena, pela ausência do autor do fato (ou pela não De todo o ocorrido na audiência será lavrado termo, as-
ocorrência da aceitação da proposta acima estudada) o Minis- sinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos
tério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se fatos relevantes ocorridos em audiência e a sentença. A sen-
não houver necessidade de diligências imprescindíveis. tença, dispensado o relatório, mencionará os elementos de
Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com convicção do Juiz.
base no termo de ocorrência acima tratado, com dispensa do O recurso cabível no caso de decisão que rejeite a denúncia
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito ou queixa e também da sentença é a APELAÇÃO, que poderá
quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no
médico ou prova equivalente (nesse caso, então, não é preciso primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
o exame de corpo de delito). A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados
Se a complexidade ou circunstâncias do caso não da ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu
permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Públi- defensor, por petição escrita, da qual constarão as razões e o
co poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças pedido do recorrente (o recorrido será intimado para oferecer
existentes, na forma do parágrafo único do Art. 66 da Lei resposta escrita também no prazo de dez dias).
nº 9.099/95 (Não encontrado o acusado para ser citado, o As partes poderão requerer a transcrição da gravação da
Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para fita magnética e serão intimadas da data da sessão de julga-
adoção do procedimento previsto em lei). mento pela imprensa.
Se a sentença for confirmada pelos próprios fundamentos, O Juiz poderá especificar outras condições a que fica
a súmula do julgamento servirá de acórdão (nesse caso a Tur- subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à
ma recursal confirmou a sentença dada, o acórdão é simplifi- situação pessoal do acusado.
cado, consistirá apenas na súmula do julgamento). A suspensão PODERÁ SER REVOGADA se o acusado vier a
Embargos de declaração: ser processado, no curso do prazo, por contravenção, ou des-
▷ Recurso cabível quando houver obscuridade, con- cumprir qualquer outra condição imposta.
tradição, omissão ou dúvida (em sentença ou em Se no curso do prazo da suspensão o beneficiário vier a
acórdão). ser processado por outro crime ou não efetuar a reparação do
▷ Serão opostos por escrito ou oralmente. dano (sem motivo justificado) a suspensão SERÁ REVOGADA.
Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a
▷ Opostos no prazo de cinco dias (contados da ciência
punibilidade. Não correrá a prescrição durante o prazo de sus-
da decisão).
pensão do processo.
Quando opostos contra sentença, os embargos de declara-
Se o acusado não aceitar a proposta para que seja feita a
ção suspenderão o prazo para o recurso.
suspensão o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.
Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício (o pró- As disposições desta Lei não se aplicam aos processos pe-
prio Juiz corrige, sem que ninguém requeria). nais cuja instrução já estiver iniciada.
Da Execução Sobre esse Art.: ADIN nº 1.719/9O do STF: O Tribunal , por vo-
Se a única pena aplicada for a de multa, seu cumprimento tação unânime , deferiu , em parte , o pedido de medida cautelar
far-se-á mediante pagamento na Secretaria do Juizado. Efe- , para , sem redução de texto e dando interpretação conforme à
tuado o pagamento, o Juiz declarará extinta a punibilidade, Constituição , excluir , com eficácia ex tunc , da norma constante
determinando que a condenação não fique constando dos do Art. 090 da Lei nº 9099 /95, o sentido que impeça a aplicação
registros criminais, exceto para fins de requisição judicial. de normas de direito penal , com conteúdo mais favorável ao
réu , aos processos penais com instrução já iniciada à época da
Mas caso não seja efetuado o pagamento de multa, será feita
vigência desse diploma legislativo.
a conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva de di-
reitos, nos termos previstos em lei. As disposições previstas na Lei nº 9.099/95 não se aplicam
no âmbito da Justiça Militar.
A execução das penas privativas de liberdade e restritivas
Nos casos em que esta Lei passa a exigir representação para a
de direitos, ou de multa cumulada com estas, será processada
propositura da ação penal pública, o ofendido ou seu representante
perante o órgão competente, nos termos da lei.
legal será intimado para oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena
Das Despesas Processuais de decadência.
Aplicam-se subsidiariamente as disposições dos Códigos

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Nos casos de homologação do acordo civil e aplicação de
pena restritiva de direitos ou multa, as despesas processuais Penal e de Processo Penal, no que não forem incompatíveis
serão reduzidas, conforme dispuser lei estadual. com esta Lei.

Disposições Finais Disposições Finais Comuns


Além das hipóteses do Código Penal e da legislação es- Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juizados Especiais
pecial, dependerá de representação a ação penal relativa aos Cíveis e Criminais, sua organização, composição e competência.
crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. Os serviços de cartório poderão ser prestados, e as audiên-
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou cias realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou cidades
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério a ela pertencentes, ocupando instalações de prédios públicos,
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão de acordo com audiências previamente anunciadas.
do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão e instala-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por rão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a contar da
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam vigência desta Lei.
a suspensão condicional da pena (Os requisitos para suspen- No prazo de 6 meses, contado da publicação desta Lei, se-
são da pena são tratados no Art. 77 do Código Penal). rão criados e instalados os Juizados Especiais Itinerantes, que
Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presen- deverão dirimir, prioritariamente, os conflitos existentes nas
ça do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o áreas rurais ou nos locais de menor concentração populacional
processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as
seguintes condições: 18. Lei nº 4.898/1965
▷ Reparação do dano (salvo impossibilidade de fazê-lo).
▷ Proibição de frequentar determinados lugares.
Abuso de Autoridade
▷ Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, Esta lei regula o direito de representação e o processo de
sem autorização do Juiz. responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autori-
▷ Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, men- dades que, no exercício de suas funções, cometerem abusos. 581
salmente, para informar e justificar suas atividades. O direito de representação será exercido por meio de petição:
▷ Dirigida à autoridade superior que tiver competên- A sanção administrativa será aplicada de acordo com a
582 cia legal para aplicar, à autoridade civil ou militar gravidade do abuso cometido e consistirá em:
culpada, a respectiva sanção. ▷ Advertência.
▷ Dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver ▷ Repreensão.
competência para iniciar processo-crime contra a ▷ Suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
autoridade culpada. cinco a cento e oitenta dias, com perda de venci-
A representação será feita em duas vias e conterá a exposi- mentos e vantagens.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ção do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as ▷ Destituição de função.


suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de teste- ▷ Demissão.
munhas, no máximo de três, se as houver. ▷ Demissão, a bem do serviço público.
O crime de abuso de autoridade decorre de uma conduta A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano,
comissiva (ação) ou omissiva (omissão), mas somente pode consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a
ser cometido na modalidade dolosa, não existe abuso de au- dez mil cruzeiros.
toridade culposo.
A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:
▷ À liberdade de locomoção.
▷ Multa de cem a cinco mil cruzeiros.
▷ À inviolabilidade do domicílio.
▷ Detenção por dez dias a seis meses.
▷ Ao sigilo da correspondência.
▷ À liberdade de consciência e de crença. ▷ Perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo até três
▷ Ao livre exercício do culto religioso.
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anos.
▷ À liberdade de associação.
Essas penas poderão ser aplicadas de forma autônoma ou
▷ Aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
cumulativa.
cício do voto.
▷ Ao direito de reunião. Quando o abuso for cometido por agente de autoridade poli-
cial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser comi-
▷ À incolumidade física do indivíduo.
nada a pena autônoma ou acessória1, de não poder o acusado
▷ Aos direitos e garantias legais assegurados ao exer- exercer funções de natureza policial ou militar no município
cício profissional. da culpa, por prazo de um a cinco anos.
Também constitui abuso de autoridade:
Recebida a representação em que for solicitada a aplicação
▷ Ordenar ou executar medida privativa da liberdade de sanção administrativa, a autoridade civil ou militar compe-
individual, sem as formalidades legais ou com abu- tente determinará a instauração de inquérito para apurar o fato.
so de poder.
O inquérito administrativo obedecerá às normas estabele-
▷ Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- cidas nas leis municipais, estaduais ou federais, civis ou milita-
xame ou a constrangimento não autorizado em lei. res, que estabeleçam o respectivo processo.
▷ Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com-
Não existindo no município no Estado ou na legislação
petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa.
militar normas reguladoras do inquérito administrativo serão
▷ Deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou aplicadas supletivamente, as disposições da Lei 8.112/90.
detenção ilegal que lhe seja comunicada.
A sanção aplicada será anotada na ficha funcional da auto-
▷ Levar à prisão e nela deter quem quer que se pro-
ridade civil ou militar.
ponha a prestar fiança, permitida em lei.
▷ Cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial Simultaneamente com a representação dirigida à autori-
dade administrativa ou independentemente dela, poderá ser
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra
promovida pela vítima do abuso a responsabilidade civil ou
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em
penal ou ambas da autoridade culpada.
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor.
▷ Recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial À ação civil serão aplicáveis as normas do Código de Pro-
recibo de importância recebida a título de carceragem, cesso Civil.
custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa. A ação penal será iniciada, independentemente de inqué-
▷ O ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa rito policial ou justificação por denúncia do Ministério Públi-
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou co, instruída com a representação da vítima do abuso.
desvio de poder ou sem competência legal. Apresentada ao Ministério Público a representação da ví-
▷ Prolongar a execução de prisão temporária, de pena tima, aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o
ou de medida de segurança, deixando de expedir réu, desde que o fato narrado constitua abuso de autoridade, e
em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a designação de
ordem de liberdade. audiência de instrução e julgamento.
Para os efeitos desta lei, considera-se autoridade quem A denúncia do Ministério Público será apresentada em
exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou duas vias.
militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
1 As penas acessórias foram extintas após a reforma do Código Penal. Embora
O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção ad- exista quem defenda que essa pena não possa mais ser aplicada, o STJ entende
ministrativa civil e penal. que essa pena é a principal, podendo, dessa forma, ser aplicada.
Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade hou- Não comparecendo o réu nem seu advogado, o Juiz nomeará
ver deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá: imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos ulte-
▷ Promover a comprovação da existência de tais vestí- riores termos do processo.
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas (a Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a
representação poderá conter a indicação de mais de palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado
duas testemunhas). que houver subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do
▷ Requerer ao Juiz, até 72 horas antes da audiência de réu, pelo prazo de 15 minutos para cada um, prorrogável por
instrução e julgamento, a designação de um perito mais 10 minutos, a critério do Juiz.
para fazer as verificações necessárias. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a sen-
O perito ou as testemunhas farão o seu relatório e pre- tença.
starão seus depoimentos verbalmente, ou o apresentarão por Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no livro pró-
escrito, querendo, na audiência de instrução e julgamento. prio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em resumo, os de-
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresen- poimentos e as alegações da acusação e da defesa, os requeri-
tar a denúncia requerer o arquivamento da representação, mentos e, por extenso, os despachos e a sentença.
o Juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invo- Subscreverão o termo o Juiz, o representante do Ministério
cadas, fará remessa da representação ao Procurador-Geral Público ou o advogado que houver subscrito a queixa, o advo-
e este oferecerá a denúncia ou designará outro órgão do gado ou defensor do réu e o escrivão.
Ministério Público para oferecê-la ou insistirá no arquiva- Nas comarcas onde os meios de transporte forem difíceis
mento, ao qual só então deverá o Juiz atender. e não permitirem a observância dos prazos fixados nesta lei, o
Se o órgão do Ministério Público não oferecer a denúncia no juiz poderá aumentá-las, sempre motivadamente, até o dobro.
prazo fixado nesta lei, será admitida ação privada. O órgão do Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas do Código
Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e de Processo Penal, sempre que compatíveis com o sistema de
oferecer denúncia substitutiva e intervir em todos os termos do instrução e julgamento regulado por esta lei.
processo, interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negli- Das decisões, despachos e sentenças, caberão os recursos
gência do querelante, retomar a ação como parte principal. e apelações previstas no Código de Processo Penal.
Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de 48 horas,
proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia. 19. Lei nº 11.343/2006 Sistema
No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julga- Nacional de Políticas Públicas sobre
mento, que deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro
de cinco dias.
Drogas (Sisnad)

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A citação do réu para se ver processar, até julgamento final
e para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será Disposições Preliminares
feita por mandado sucinto que será acompanhado da segunda A Lei nº 11.343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas
via da representação e da denúncia. Públicas sobre Drogas - Sisnad. Ela prescreve medidas para pre-
As testemunhas de acusação e defesa poderão ser apre- venção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários
sentadas em juízo, independentemente de intimação. e dependentes de drogas, além de estabelecer normas para re-
Não serão deferidos pedidos de precatória para a audiên- pressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas
cia ou a intimação de testemunhas ou, salvo o caso de perícia e define crimes relacionados a esse assunto.
(requerimento no caso em que o ato tenha deixado vestígios,
acima estudado), requerimentos para a realização de diligên- Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas,
cias, perícias ou exames, a não ser que o Juiz, em despacho bem como o plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
motivado, considere indispensáveis tais providências. vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou pro-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro dos au- duzidas drogas, ressalvada a hipótese de autorização legal ou
ditórios ou o oficial de justiça declare aberta a audiência, regulamentar, assim como estabelece a Convenção de Viena,
apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o perito, o re- de 1971, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas a
presentante do Ministério Público ou o advogado que tenha respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso.
subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu. Pode a União autorizar o plantio, a cultura e a colheita dos
Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz não hou- vegetais acima referidos, exclusivamente para fins medicinais
ver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ou científicos, em local e prazo predeterminados, mediante fis-
ocorrido constar no livro de termos de audiência. calização, respeitadas as ressalvas supramencionadas.
A audiência de instrução e julgamento será pública, se
contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á em dia útil, Do Sistema Nacional de Políticas
entre 10 horas e 18 horas, na sede do Juízo ou, excepcional-
mente, no local que o Juiz designar. Públicas sobre Drogas
Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o interroga- O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, organi- 583
tório do réu, se estiver presente. zar e coordenar as atividades relacionadas com:
▷ A prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser- ▷ Promover a construção e a socialização do conheci-
584 ção social de usuários e dependentes de drogas. mento sobre drogas no país.
▷ A repressão da produção não autorizada e do tráfico ▷ Promover a integração entre as políticas de prevenção
ilícito de drogas. do uso indevido, atenção e reinserção social de usuá-
rios e dependentes de drogas e de repressão à sua
Dos Princípios e dos Objetivos produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políti-
cas públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo
do Sistema Nacional de Políticas
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

da União, Distrito Federal, Estados e Municípios.


Públicas sobre Drogas ▷ Assegurar as condições para a coordenação, a inte-
Princípios do Sisnad gração e a articulação das atividades de prevenção
e repreensão.
▷ O respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
mana, especialmente quanto à sua autonomia e à Da Composição e da Organização
sua liberdade. do Sistema Nacional de Políticas
▷ O respeito à diversidade e às especificidades popu-
lacionais existentes.
Públicas sobre Drogas
▷ A promoção dos valores éticos, culturais e de cida- A organização do Sisnad assegura a orientação central e
a execução descentralizada das atividades realizadas em seu
dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como
âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e municipal e se
fatores de proteção para o uso indevido de drogas e
constitui matéria definida no regulamento desta Lei.
outros comportamentos correlacionados.
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▷ A promoção de consensos nacionais, de ampla par- Da Coleta, Análise e Disseminação


ticipação social, para o estabelecimento dos funda- de Informações sobre Drogas
mentos e estratégias do Sisnad.
As instituições com atuação nas áreas da atenção à saúde
▷ A promoção da responsabilidade compartilhada en- e da assistência social, que atendam usuários ou dependentes
tre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância de drogas, devem comunicar ao órgão competente do respec-
da participação social nas atividades do Sisnad. tivo sistema municipal de saúde os casos atendidos e os óbitos
▷ O reconhecimento da intersetorialidade dos fatores ocorridos, preservando a identidade das pessoas, conforme
correlacionados com o uso indevido de drogas, com orientações emanadas da União.
a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao tráfico
▷ A integração das estratégias nacionais e internacionais ilícito de drogas integrarão sistema de informações do Poder
de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção so- Executivo.
cial de usuários e dependentes de drogas e de repressão
à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito. Das Atividades de Prevenção
▷ A articulação com os órgãos do Ministério Público e do Uso Indevido, Atenção e
dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à coo-
peração mútua nas atividades do Sisnad.
Reinserção Social de Usuários
▷ A adoção de abordagem multidisciplinar que reco- e Dependentes de Drogas
nheça a interdependência e a natureza complemen-
tar das atividades de prevenção do uso indevido, Da Prevenção
atenção e reinserção social de usuários e dependen- Constituem atividades de prevenção do uso indevido de
tes de drogas, repressão da produção não autoriza- drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para a re-
da e do tráfico ilícito de drogas. dução dos fatores de vulnerabilidade e risco e para a promo-
▷ A observância do equilíbrio entre as atividades de ção e o fortalecimento dos fatores de proteção.
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção As atividades de prevenção do uso indevido de drogas de-
social de usuários e dependentes de drogas e de vem observar os seguintes princípios e diretrizes:
repressão à sua produção não autorizada e ao seu ▷ O reconhecimento do uso indevido de drogas como
tráfico ilícito, visando a garantir a estabilidade e o fator de interferência na qualidade de vida do in-
bem-estar social. divíduo e na sua relação com a comunidade à qual
pertence.
▷ A observância às orientações e normas emanadas
▷ A adoção de conceitos objetivos e de fundamenta-
do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
ção científica como forma de orientar as ações dos
Objetivos do Sisnad serviços públicos comunitários e privados e de evi-
▷ Contribuir para a inclusão social do cidadão, visando tar preconceitos e estigmatização das pessoas e dos
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamen- serviços que as atendam.
tos de risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ▷ O fortalecimento da autonomia e da responsabilida-
ilícito e outros comportamentos correlacionados. de individual em relação ao uso indevido de drogas.
▷ O compartilhamento de responsabilidades e a cola- ▷ A adoção de estratégias diferenciadas de atenção
boração mútua com as instituições do setor priva- e reinserção social do usuário e do dependente de
do e com os diversos segmentos sociais, incluindo drogas e respectivos familiares que considerem as
usuários e dependentes de drogas e respectivos fa- suas peculiaridades socioculturais.
miliares, por meio do estabelecimento de parcerias. ▷ Definição de projeto terapêutico individualizado,
▷ A adoção de estratégias preventivas diferenciadas orientado para a inclusão social e para a redução de
e adequadas às especificidades socioculturais das riscos e de danos sociais e à saúde.
diversas populações, bem como das diferentes dro- ▷ Atenção ao usuário ou dependente de drogas e aos
gas utilizadas; o reconhecimento do “não uso”, do respectivos familiares, sempre que possível, de for-
“retardamento do uso” e da redução de riscos como ma multidisciplinar e por equipes multiprofissionais.
resultados desejáveis das atividades de natureza ▷ Observância das orientações e normas emanadas do
preventiva, quando da definição dos objetivos a se- Conad.
rem alcançados.
▷ O alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle
▷ O tratamento especial dirigido às parcelas mais social de políticas setoriais específicas.
vulneráveis da população, levando em considera-
ção as suas necessidades específicas. As redes dos serviços de saúde da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão programas de
▷ A articulação entre os serviços e organizações que atenção ao usuário e ao dependente de drogas, respeitadas as
atuam em atividades de prevenção do uso indevido diretrizes do Ministério da Saúde e os princípios acima explici-
de drogas e a rede de atenção a usuários e depen- tados, obrigatória a previsão orçamentária adequada.
dentes de drogas e respectivos familiares.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
▷ O investimento em alternativas esportivas, culturais,
derão conceder benefícios às instituições privadas que desen-
artísticas, profissionais, entre outras, como forma de
volverem programas de reinserção no mercado de trabalho, do
inclusão social e de melhoria da qualidade de vida.
usuário e do dependente de drogas encaminhados por órgão
▷ O estabelecimento de políticas de formação continuada oficial.
na área da prevenção do uso indevido de drogas para
As instituições da sociedade civil, sem fins lucrativos, com
profissionais de educação nos três níveis de ensino.
atuação nas áreas da atenção à saúde e da assistência social,
▷ A implantação de projetos pedagógicos de prevenção que atendam usuários ou dependentes de drogas poderão re-
do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino ceber recursos do Funad, condicionados à sua disponibilidade
público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares orçamentária e financeira.
Nacionais e aos conhecimentos relacionados a drogas.
O usuário e o dependente de drogas que, em razão da
▷ A observância das orientações e normas emanadas prática de infração penal, estiverem cumprindo pena privati-
do Conad. va de liberdade ou submetidos à medida de segurança, têm

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▷ O alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle garantidos os serviços de atenção à sua saúde, definidos pelo
social de políticas setoriais específicas. respectivo sistema penitenciário.
As atividades de prevenção do uso indevido de drogas di-
rigidas à criança e ao adolescente deverão estar em consonân- Dos Crimes e das Penas
cia com as diretrizes emanadas pelo Conselho Nacional dos Essas penas poderão ser aplicadas isolada ou cumulati-
Direitos da Criança e do Adolescente - Conanda. vamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvi-
dos o Ministério Público e o defensor.
Das Atividades de Atenção e de
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou
Reinserção Social de Usuários trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autoriza-
ou Dependentes de Drogas ção ou em desacordo com determinação legal ou regulamen-
Constituem atividades de atenção ao usuário e depen- tar será submetido às seguintes penas:
▷ Advertência sobre os efeitos das drogas.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

dente de drogas e respectivos familiares, para efeito desta Lei,


aquelas que visem à melhoria da qualidade de vida e à redu- ▷ Prestação de serviços à comunidade (prazo máximo
ção dos riscos e dos danos associados ao uso de drogas. de 5 meses; em caso de reincidência o até 10 meses).
Constituem atividades de reinserção social do usuário ou ▷ Medida educativa de comparecimento a programa
do dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito ou curso educativo (prazo máximo de 5 meses; em
desta Lei, aquelas direcionadas para sua integração ou reinte- caso de reincidência o até 10 meses).
gração em redes sociais. Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo
As atividades de atenção e as de reinserção social do usuá- pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à prepa-
rio e do dependente de drogas e respectivos familiares devem ração de pequena quantidade de substância ou produto capaz
observar os seguintes princípios e diretrizes: de causar dependência física ou psíquica.
▷ Respeito ao usuário e ao dependente de drogas, Para determinar se a droga destinava-se a consumo pes-
independentemente de quaisquer condições, obser- soal, o Juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância
vados os direitos fundamentais da pessoa humana, apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a
os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta 585
e da Política Nacional de Assistência Social. e aos antecedentes do agente.
A prestação de serviços à comunidade será cumprida em Dos Crimes
586 programas comunitários, entidades educacionais ou assisten-
ciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou pri- Tráfico de Drogas
vados sem fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
dependentes de drogas. transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, en-
Para garantia do cumprimento das medidas educativas a tregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamen-
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

que se refere essa lei (penas aplicadas aos usuários), a que in- te, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
justificadamente se recuse o agente, poderá o juiz submetê-lo, ou regulamentar.
sucessivamente a: Pena: reclusão de 5 a 15 anos e pagamento de 500 a 1.500
▷ Admoestação verbal. dias-multa.
▷ Multa. Crimes Equiparados ao Tráfico de Drogas
O juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposi- Nas mesmas penas incorre quem:
ção do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, pre- ▷ Importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire,
ferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado. vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
Na imposição da pena de medida educativa de multa (em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda
caso de recusa injustificada) o juiz, atendendo à reprovabilida- que gratuitamente, sem autorização ou em desacor-
de da conduta, fixará o número de dias-multa, em quantidade do com determinação legal ou regulamentar, maté-
nunca inferior a 40 nem superior a 100, atribuindo depois a ria-prima, insumo ou produto químico destinado à
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cada um, segundo a capacidade econômica do agente, o valor preparação de drogas.


de um trinta avos (1/30) até três vezes o valor do maior salá- ▷ Semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização
rio-mínimo.
ou em desacordo com determinação legal ou regu-
Os valores decorrentes da imposição dessa multa serão lamentar, de plantas que se constituam em matéria-
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. -prima para a preparação de drogas.
Prescrevem em dois anos a imposição e a execução das
▷ Utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
penas, observado, no tocante à interrupção do prazo, o dispos-
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
to nos Arts. 107 e seguintes do Código Penal.
vigilância, ou consente que outrem dele se utilize,
Da Repressão à Produção ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamen-
não Autorizada e ao Tráfico tar, para o tráfico ilícito de drogas.
Ilícito de Drogas Tráfico Privilegiado: essas penas (itens 1 e 2) poderão ser
reduzidas de 1/6 a 2/3, desde que o agente seja primário, de
Disposições Gerais bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas
É indispensável a licença prévia da autoridade compe- nem integre organização criminosa2.
tente para produzir, extrair, fabricar, transformar, preparar, Maquinário, Aparelho, Instrumento ou
possuir, manter em depósito, importar, exportar, reexportar, Objetos Destinados aPreparação
remeter, transportar, expor, oferecer, vender, comprar, trocar, Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,
ceder ou adquirir, para qualquer fim, drogas ou matéria-pri- distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou for-
ma destinada à sua preparação, observadas as demais exi- necer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instru-
gências legais. mento ou qualquer objeto destinado à fabricação, preparação,
As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em
delegado de polícia (incineração, em no máximo 30 dias da desacordo com determinação legal ou regulamentar.
apreensão) que recolherá quantidade suficiente para exame Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 1.200 a
2.000 dias-multa.
pericial, de tudo lavrando auto de levantamento das condições
encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as me- Associação para o Tráfico
didas necessárias para a preservação da prova. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de prati-
Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plan- car, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes acima previs-
tação, observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção tos (itens 1, 2 e 3).
ao meio ambiente, o disposto no Decreto nº 2.661, de 8 de julho Pena: reclusão, de 3 a 10 anos, e pagamento de 700 a 1.200
dias-multa.
de 1998, no que couber, dispensada a autorização prévia do ór-
gão próprio do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão expro-
2 De acordo com a resolução 5 do Senado Federal, a parte desse dispositivo que
priadas, conforme o disposto no Art. 243 da Constituição Fe- dizia ser vedada a conversão em penas restritivas de direitos foi suspensa. Dessa
deral, de acordo com a legislação em vigor. forma, a pena privativa de liberdade pode ser convertida em restritiva de direitos.
Colaborador do Tráfico Pena: detenção, de 1 a 3 anos, e multa de 100 a 300 dias-
Colaborar, como informante, com grupo, organização ou -multa.
associação destinados à prática de qualquer dos crimes pre- Oferecimento de Droga para Consumo em Conjunto
vistos nos itens 1, 2 e 3, e também do crime previsto no item 6
Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, à
(financiar ou custear).
pessoa de seu relacionamento para juntos a consumirem:
Pena: reclusão, de 2 a 6 anos, e pagamento de 300 a 700
dias-multa. Pena: detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de 700 a
1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas previstas para usuários.
Financiamento ou Custeio do Tráfico
Prescrição ou Ministração Culposa de Drogas
Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes aci-
ma previstos (itens 1, 2 e 3). Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que
Pena: reclusão, de 8 a 20 anos, e pagamento de 1.500 a delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou
4.000 dias-multa. em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Causa de Aumento de Pena Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos, e pagamento de 50
a 200 dias-multa.
As penas dos itens 1 ao 6 são aumentadas de um sexto a
dois terços (1/6 a 2/3), se: O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da
▷ A natureza, a procedência da substância ou do pro- categoria profissional a que pertença o agente.
duto apreendido e as circunstâncias do fato eviden- Condução de Embarcação ou Aeronave
ciarem a transnacionalidade do delito. Pós-Consumo de Drogas
▷ O agente praticar o crime prevalecendo-se de fun- Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de
ção pública ou no desempenho de missão de educa-
drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
ção, poder familiar, guarda ou vigilância.
Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão
▷ A infração tiver sido cometida nas dependências
do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de
ensino ou hospitalares, de sedes de entidades es- de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade
tudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, aplicada, e pagamento de 200 a 400 dias-multa.
ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente
recintos onde se realizem espetáculos ou diversões com as demais, serão de 4 a 6 anos e de 400 a 600 dias-multa,
de qualquer natureza, de serviços de tratamento de se o veículo for de transporte coletivo de passageiros.
dependentes de drogas ou de reinserção social, de O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente
unidades militares ou policiais ou em transportes com a investigação policial e o processo criminal na identifi-
públicos. cação dos demais coautores ou partícipes do crime e na re-

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▷ O crime tiver sido praticado com violência, grave cuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
processo de intimidação difusa ou coletiva. O juiz, na fixação das penas, considerará, com pre-
▷ Caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ponderância sobre o previsto no Art. 59 do Código Penal,
ou entre estes e o Distrito Federal. a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
▷ Sua prática envolver ou visar a atingir criança ou ado- personalidade e a conduta social do agente.
lescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi- Na fixação da multa, o juiz, atendendo ao acima disposto
nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e para fixação das penas, determinará o número de dias-multa,
determinação. atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas dos
▷ O agente financiar ou custear a prática do crime. acusados, valor não inferior a um trinta avos nem superior a
Esses crimes (itens 1 ao 6) são inafiançáveis e insuscetíveis cinco vezes o maior salário-mínimo.
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada As multas, que em caso de concurso de crimes serão
a conversão de suas penas em restritivas de direitos. impostas sempre cumulativamente, podem ser aumenta-
Nesses crimes, dar-se-á o livramento condicional após o das até o décuplo se, em virtude da situação econômica do
cumprimento de dois terços da pena, vedada sua concessão acusado, considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplica-
ao reincidente específico. das no máximo.
Induzimento ou Auxílio ao Con- É isento de pena o agente que, em razão da dependência
sumo Indevido de Droga ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior,
de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que
Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga3: tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acor-
3 ADI nº 4.274 (STF) O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do
Relator, julgou procedente a ação direta para dar ao § 2º do Art. 33 da Lei nº
do com esse entendimento.
11.343/2006 interpretação conforme à Constituição, para dele excluir qualquer Quando absolver o agente, reconhecendo, por força peri-
significado que enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca cial, que este apresentava, à época do fato, as condições acima
da descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer substância 587
que leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou então viciado, das suas referidas, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu encami-
faculdades psicofísicas. nhamento para tratamento médico adequado.
As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
588 se, por força das circunstâncias previstas para isenção de pena estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o lau-
(acima estudadas), o agente não possuía, ao tempo da ação ou do de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado
da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. O perito que subscrever esse laudo não ficará impedido
Na sentença condenatória, o juiz, com base em avaliação de participar da elaboração do laudo definitivo.
que ateste a necessidade de encaminhamento do agente para Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

tratamento, realizada por profissional de saúde com compe- no prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do
tência específica na forma da lei, determinará que a tal se pro- laudo de constatação e determinará a destruição das dro-
ceda, observado o disposto no Art. 26 desta Lei. (O usuário e gas apreendidas, guardando-se amostra necessária à reali-
o dependente de drogas que, em razão da prática de infração zação do laudo definitivo.
penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou A destruição das drogas será executada pelo delegado de
submetidos a medida de segurança, têm garantidos os servi- polícia competente no prazo de 15 dias na presença do Minis-
ços de atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema tério Público e da autoridade sanitária.
penitenciário.) O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destrui-
ção das drogas, sendo lavrado auto circunstanciado pelo dele-
Do Procedimento Penal gado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas.
O procedimento relativo aos processos por crimes defi- A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de
nidos neste Título rege-se pelo a seguir, aplicando-se, sub- prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máxi-
sidiariamente, as disposições do Código de Processo Penal mo de 30 dias contado da data da apreensão, guardando-se
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e da Lei de Execução Penal. amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-


O agente de qualquer das condutas previstas no Art. 28 se, no que couber, o procedimento de destruição acima citado.
desta Lei (adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se
trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autoriza- o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando solto. Esses
ção ou em desacordo com determinação legal ou regulamen- prazos podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
tar), salvo se houver concurso com os crimes previstos nos Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia
itens 1 a 8 do tópico anterior, será processado e julgado na for- judiciária.
ma dos Arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro Findos esses prazos, a autoridade de polícia judiciária, re-
de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais. metendo os autos do inquérito ao juízo:
Tratando-se da conduta prevista no Art. 28 (acima citado) ▷ relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor justificando as razões que a levaram à classificação
do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente do delito, indicando a quantidade e natureza da
ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele compare- substância ou do produto apreendido, o local e as
cer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as condições em que se desenvolveu a ação criminosa,
requisições dos exames e perícias necessários. as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação
Se ausente a autoridade judicial, as providências acima e os antecedentes do agente; ou
previstas serão tomadas de imediato pela autoridade policial, ▷ requererá sua devolução para a realização de dili-
no local em que se encontrar, vedada a detenção do agente. gências necessárias.
Concluídos esses procedimentos (encaminhamento ao A remessa dos autos far-se-á sem prejuízo de diligências
juízo), o agente será submetido a exame de corpo de delito, complementares:
se o requerer ou se a autoridade de polícia judiciária entender ▷ Necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo
conveniente, e em seguida liberado. resultado deverá ser encaminhado ao juízo compe-
Para os fins do disposto no Art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, tente até três dias antes da audiência de instrução e
que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, o Ministério julgamento.
Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista ▷ Necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos e
no Art. 28 (acima citado) desta Lei, a ser especificada na pro- valores de que seja titular o agente, ou que figurem
posta. em seu nome, cujo resultado deverá ser encaminha-
do ao juízo competente até três dias antes da au-
Tratando-se de condutas tipificadas nos itens 1 ao 6 do
diência de instrução e julgamento.
tópico anterior, o juiz, sempre que as circunstâncias o re-
comendem, empregará os instrumentos protetivos de cola- Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos cri-
boradores e testemunhas previstos na Lei nº 9.807, de 13 de mes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em
julho de 1999. lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público,
os seguintes procedimentos investigatórios:
Da Investigação ▷ A infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia ju- investigação, constituída pelos órgãos especializa-
diciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente, dos pertinentes.
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ▷ A não atuação policial sobre os portadores de dro-
ao órgão do Ministério Público, em 24 horas. gas, seus precursores químicos ou outros produtos
utilizados em sua produção, que se encontrem no Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de ime-
território brasileiro, com a finalidade de identificar diato, ou o fará em dez dias, ordenando que os autos para isso
e responsabilizar maior número de integrantes de lhe sejam conclusos.
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da Nos crimes dos itens 1 ao 6 do capítulo anterior o réu não
ação penal cabível. poderá apelar sem recolher-se à prisão, salvo se for primário
» Nessa hipótese, a autorização será concedida e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença con-
desde que sejam conhecidos o itinerário prová- denatória.
vel e a identificação dos agentes do delito ou de
colaboradores. Da Apreensão, Arrecadação e
Da Instrução Criminal
Destinação de Bens do Acusado
Recebidos em juízo os autos do inquérito policial, de Co- O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou
mediante representação da autoridade de polícia judiciária,
missão Parlamentar de Inquérito ou peças de informação,
ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes,
dar-se-á vista ao Ministério Público para, no prazo de dez dias,
poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a
adotar uma das seguintes providências:
apreensão e outras medidas assecuratórias relacionadas aos
▷ Requerer o arquivamento. bens móveis e imóveis ou valores consistentes em produtos
▷ Requisitar as diligências que entender necessárias. dos crimes previstos nesta Lei, ou que constituam proveito
▷ Oferecer denúncia, arrolar até cinco testemunhas e auferido com sua prática, procedendo-se na forma dos Arts.
requerer as demais provas que entender pertinentes. 125 a 144 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 -
Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusa- Código de Processo Penal.
do para oferecer defesa prévia, por escrito, no prazo de dez dias. Decretadas quaisquer dessas medidas, o juiz facultará ao
Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, acusado que, no prazo de cinco dias, apresente ou requeira a
o acusado poderá arguir preliminares e invocar todas as razões produção de provas acerca da origem lícita do produto, bem
de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as ou valor objeto da decisão.
provas que pretende produzir e arrolar até cinco testemunhas. Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, o juiz
As exceções serão processadas em apartado, nos termos decidirá pela sua liberação.
dos Arts. 95 a 113 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de Nenhum pedido de restituição será conhecido sem o com-
1941 - Código de Processo Penal. parecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar
Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz no- a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos
meará defensor para oferecê-la em dez dias, concedendo- ou valores.
lhe vista dos autos no ato de nomeação. A ordem de apreensão ou sequestro de bens, direitos ou

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Apresentada a defesa, o juiz decidirá em cinco dias. valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Pú-
Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máximo de blico, quando a sua execução imediata possa comprometer as
dez dias, determinará a apresentação do preso, realização de investigações.
diligências, exames e perícias. Não havendo prejuízo para a produção da prova dos fa-
tos e comprovado o interesse público ou social, mediante
Recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para a au-
autorização do juízo competente, ouvido o Ministério Pú-
diência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal
blico e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão
do acusado, a intimação do Ministério Público, do assistente,
ser utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam
se for o caso, e requisitará os laudos periciais.
na prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção so-
Tratando-se de condutas tipificadas como infração do dis- cial de usuários e dependentes de drogas e na repressão à
posto nos itens 1 a 6 do tópico anterior, o juiz, ao receber a de- produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, ex-
núncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denuncia- clusivamente no interesse dessas atividades.
do de suas atividades, se for funcionário público, comunicando
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Recaindo a autorização sobre veículos, embarcações ou


ao órgão respectivo.
aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito, ou ao
Essa audiência será realizada dentro dos 30 dias se- equivalente órgão de registro e controle, a expedição de cer-
guintes ao recebimento da denúncia, salvo se determinada tificado provisório de registro e licenciamento, em favor da
a realização de avaliação para atestar dependência de dro- instituição à qual tenha deferido o uso, ficando esta livre do
gas, quando se realizará em 90 dias. pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, até o
Na audiência de instrução e julgamento, após o interroga- trânsito em julgado da decisão que decretar o seu perdimento
tório do acusado e a inquirição das testemunhas, será dada em favor da União.
a palavra, sucessivamente, ao representante do Ministério Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros
Público e ao defensor do acusado, para sustentação oral, pelo meios de transporte, os maquinários, utensílios, instrumen-
prazo de 20 minutos para cada um, prorrogável por mais dez tos e objetos de qualquer natureza, utilizados para a prática
minutos, a critério do juiz. dos crimes definidos nesta Lei, após a sua regular apreensão,
Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes ficarão sob custódia da autoridade de polícia judiciária, exce-
se restou algum fato para ser esclarecido, formulando as per- tuadas as armas, que serão recolhidas na forma de legislação 589
guntas correspondentes se o entender pertinente e relevante. específica.
Comprovado o interesse público na utilização de qualquer tas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito em julgado
590 dos bens acima mencionados, a autoridade de polícia judiciá- da decisão que decretar o seu perdimento em favor da União.
ria poderá deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o
objetivo de sua conservação, mediante autorização judicial, perdimento do produto, bem ou valor apreendido, sequestra-
ouvido o Ministério Público. do ou declarado indisponível.
Feita essa apreensão acima referida, e tendo recaído sobre Os valores apreendidos em decorrência dos crimes tipi-
dinheiro ou cheques emitidos como ordem de pagamento, a ficados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cautelar,
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

autoridade de polícia judiciária que presidir o inquérito deve- após decretado o seu perdimento em favor da União, serão
rá, de imediato, requerer ao juízo competente a intimação do revertidos diretamente ao Funad.
Ministério Público.
Compete à Senad a alienação dos bens apreendidos e
Intimado, o Ministério Público deverá requerer ao juízo, não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já tenha
em caráter cautelar, a conversão do numerário apreendido em sido decretado em favor da União.
moeda nacional, se for o caso, a compensação dos cheques A Senad poderá firmar convênios de cooperação, a fim
emitidos após a instrução do inquérito, com cópias autênti- de dar imediato cumprimento a essa alienação.
cas dos respectivos títulos, e o depósito das correspondentes Transitada em julgado a sentença condenatória, o juiz do
quantias em conta judicial, juntando-se aos autos o recibo. processo, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
Após a instauração da competente ação penal, o Ministério remeterá à Senad relação dos bens, direitos e valores declara-
Público, mediante petição autônoma, requererá ao juízo com- dos perdidos em favor da União, indicando, quanto aos bens,
petente que, em caráter cautelar, proceda à alienação dos bens o local em que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo
apreendidos, excetuados aqueles que a União, por intermédio poder estejam, para os fins de sua destinação nos termos da
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da Senad, indicar para serem colocados sob uso e custódia da legislação vigente.
autoridade de polícia judiciária, de órgãos de inteligência ou A União, por intermédio da Senad, poderá firmar convê-
militares, envolvidos nas ações de prevenção ao uso indevido nio com os Estados, com o Distrito Federal e com organismos
de drogas e operações de repressão à produção não autoriza- orientados para a prevenção do uso indevido de drogas, a
da e ao tráfico ilícito de drogas, exclusivamente no interesse atenção e a reinserção social de usuários ou dependentes e a
dessas atividades. atuação na repressão à produção não autorizada e ao tráfico
Excluídos esses casos acima, o requerimento de alienação ilícito de drogas, com vistas na liberação de equipamentos e
deverá conter a relação de todos os demais bens apreendi- de recursos por ela arrecadados, para a implantação e execu-
dos, com a descrição e a especificação de cada um deles, e ção de programas relacionados à questão das drogas.
informações sobre quem os tem sob custódia e o local onde
se encontram. Da Cooperação Internacional
Requerida a alienação dos bens, a respectiva petição será De conformidade com os princípios da não intervenção
autuada em apartado, cujos autos terão tramitação autônoma em assuntos internos, da igualdade jurídica e do respeito à in-
em relação aos da ação penal principal. tegridade territorial dos Estados e às leis e aos regulamentos
nacionais em vigor, e observado o espírito das Convenções das
Autuado o requerimento de alienação, os autos serão con-
Nações Unidas e outros instrumentos jurídicos internacionais
clusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo de instru-
relacionados à questão das drogas, de que o Brasil é parte, o
mentalidade entre o delito e os objetos utilizados para a sua
governo brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a
prática e risco de perda de valor econômico pelo decurso do
outros países e organismos internacionais e, quando necessá-
tempo, determinará a avaliação dos bens relacionados, cienti-
rio, deles solicitará a colaboração, nas áreas de:
ficará a Senad e intimará a União, o Ministério Público e o inte-
ressado, este, se for o caso, por edital com prazo de cinco dias. ▷ Intercâmbio de informações sobre legislações, expe-
riências, projetos e programas voltados para ativida-
Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre des de prevenção do uso indevido, de atenção e de re-
o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará o valor inserção social de usuários e dependentes de drogas.
atribuído aos bens e determinará sejam alienados em leilão.
▷ Intercâmbio de inteligência policial sobre produção
Realizado o leilão, permanecerá depositada em conta ju- e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o
dicial a quantia apurada, até o final da ação penal respectiva, tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio
quando será transferida ao Funad, juntamente com os demais de precursores químicos.
valores. ▷ Intercâmbio de informações policiais e judiciais so-
Terão apenas efeito devolutivo os recursos interpostos bre produtores e traficantes de drogas e seus pre-
contra as decisões proferidas no curso do procedimento pre- cursores químicos.
visto neste artigo.
Quanto aos bens, recaindo a autorização sobre veículos, Disposições Finais e Transitórias
embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de Para fins do conceito de drogas instituído nessa lei, até
trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a expe- que seja atualizada a terminologia da lista mencionada no
dição de certificado provisório de registro e licenciamento, em preceito, denominam-se drogas substâncias entorpecentes,
favor da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais te- psicotrópicas, precursoras e outras sob controle especial, da
nha deferido o uso, ficando estes livres do pagamento de mul- Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998.
A liberação dos recursos previstos na Lei nº 7.560, de 19
de dezembro de 1986, em favor de Estados e do Distrito Fede- ANOTAÇÕES
ral, dependerá de sua adesão e respeito às diretrizes básicas
contidas nos convênios firmados e do fornecimento de dados
necessários à atualização do sistema previsto no Art. 17 desta
Lei, pelas respectivas polícias judiciárias.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
derão criar estímulos fiscais e outros, destinados às pessoas
físicas e jurídicas que colaborem na prevenção do uso indevido
de drogas, atenção e reinserção social de usuários e depen-
dentes e na repressão da produção não autorizada e do tráfico
ilícito de drogas.
No caso de falência ou liquidação extrajudicial de empre-
sas ou estabelecimentos hospitalares, de pesquisa, de ensino,
ou congêneres, assim como nos serviços de saúde que pro-
duzirem, venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem
ou fornecerem drogas ou de qualquer outro em que existam
essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo perante o
qual tramite o feito:
▷ Determinar, imediatamente, à ciência da falência ou
liquidação, que sejam lacradas suas instalações.
▷ Ordenar à autoridade sanitária competente a urgen-
te adoção das medidas necessárias ao recebimento
e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas.
▷ Dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
acompanhar o feito.
Da licitação para alienação de substâncias ou produtos
não proscritos referidos no inciso II do caput deste artigo, só
podem participar pessoas jurídicas regularmente habilitadas
na área de saúde ou de pesquisa científica que comprovem a
destinação lícita a ser dada ao produto a ser arrematado.

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Ressalvada a hipótese a seguir citada, o produto não arrema-
tado será, ato contínuo à hasta pública, destruído pela autoridade
sanitária, na presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
Ministério Público.
Figurando entre o praceado e não arrematadas especiali-
dades farmacêuticas em condições de emprego terapêutico,
ficarão elas depositadas sob a guarda do Ministério da Saúde,
que as destinará à rede pública de saúde.
O processo e o julgamento dos crimes previstos nos itens
de 1 a 6 do tópico acima estudado, se caracterizado ilícito
transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Os crimes praticados nos Municípios que não sejam sede
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de vara federal serão processados e julgados na vara federal


da circunscrição respectiva.
Encerrado o processo penal ou arquivado o inquérito poli-
cial, o juiz, de ofício, mediante representação do delegado de
polícia ou a requerimento do Ministério Público, determinará a
destruição das amostras guardadas para contraprova, certifi-
cando isso nos autos.
A União poderá estabelecer convênios com os Estados e
o com o Distrito Federal, visando à prevenção e à repressão do
tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e com os Municípios,
com o objetivo de prevenir o uso indevido delas e de possibilitar a
atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
Esta Lei entra em vigor 45 dias após a sua publicação (23
de agosto de 2006) e revogam-se a Lei nº 6.368, de 21 de ou- 591
tubro de 1976, e a Lei nº 10.409, de 11 de janeiro de 2002.
592 DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA Ş
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ÍNDICE
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Normativa e Fundamentação ................................593
Conceito e Terminologia............................................................................................................. 593
Estrutura Normativa ................................................................................................................... 593
Fundamentação .......................................................................................................................... 594
2. Evolução Histórica, Classificação e Características dos Direitos Humanos .................. 594
Evolução Histórica dos Direitos Humanos .................................................................................. 594
Classificação dos Direitos Humanos ........................................................................................... 595
Características dos Direitos Humanos ........................................................................................ 595
3. Direitos Humanos, Direito Humanitário e Direito dos Refugiados ...............................596
Introdução .................................................................................................................................. 596
Direito Humanitário .................................................................................................................... 596
Direito dos Refugiados ............................................................................................................... 597
4. Direitos Humanos e o Ordenamento Jurídico Brasileiro .............................................597
Direitos Humanos na Constituição Federal ................................................................................ 597
5. Programa Nacional de Direitos Humanos .................................................................. 603
1. Conceito, Terminologia, Estrutura Esse sistema tem como normas básicas:
▷ A Carta das Nações Unidas ou Carta da ONU, de 1945.
Normativa e Fundamentação É o tratado que cria a ONU, fixando seus propósitos
e princípios. Este documento não relaciona nenhum
direito humano, mas fixa a promoção da dignidade da
Conceito e Terminologia pessoa humana como um dos principais objetivos da
Iniciaremos o estudo dos direitos humanos a partir da ex- organização. Foi promulgado no Brasil pelo Decreto
planação de alguns conceitos básicos, imprescindíveis para a nº 19.841, de 1945;
correta compreensão da matéria. ▷ A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Assim, em primeiro lugar, o que é o direito? O direito represen- (DUDH), de 1948. Foi adotada e proclamada pela
ta as opções, os valores, os bens que a comunidade humana, as Resolução 217-A, da Assembleia Geral das Nações
sociedades organizadas, em determinados momento e lugar, es- Unidas. Sua veiculação por meio de uma Resolução
colheram como os mais relevantes, para que fossem respeitados não lhe confere, contudo, força jurídica vinculante.
A DUDH também não cria nenhum órgão voltado à
por todos e protegidos pela própria comunidade e pelo Estado,
proteção ou promoção dos direitos humanos. Ape-
como, por exemplo, a vida, a liberdade, a igualdade. sar disso é, hoje, um dos principais documentos de
Os direitos humanos são aqueles direitos de que são titu- direitos humanos em todo o mundo;
lares todas as pessoas, pela sua tão só condição de serem hu- ▷ O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos
manos, e que visam garantir, resguardar um patamar mínimo (PIDCP) de 1966. É um instrumento adicional à
necessário para uma vida digna. DUDH e que visa detalhar alguns de seus direitos,
São direitos que existem com o objetivo de proteger e notadamente de primeira dimensão (civis e políti-
promover a dignidade de toda pessoa humana podendo ser cos). O PIDCP é um tratado com força jurídica vincu-
exigidos, opostos em face do Estado (eficácia vertical) ou dos lante. Foi promulgado no Brasil pelo Decreto nº 592,
particulares, pessoas físicas ou jurídicas (eficácia horizontal). de 1992;
Eles estão previstos na esfera internacional, escritos em do- ▷ O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, So-
ciais e Culturais (PIDESC), de 1966. É, também, um
cumentos internacionais (tratados, convenções, resoluções, etc.),
instrumento adicional à DUDH, e visa detalhar al-
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e a guns de seus direitos, notadamente de segunda di-
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH). mensão (econômicos, sociais e culturais). O PIDESC
Ainda, prefere-se a expressão direitos humanos à direitos é um documento com força jurídica vinculante. Foi
do homem, porque, quando se usa esta expressão, fazemos promulgado no Brasil pelo Decreto nº 591, de 1992.
referência a direitos naturais ainda não positivados, ou seja, Por sua vez, os Sistemas Regionais são três, o Interameri-

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que não estão escritos em uma lei, um tratado; não estão cano, o Europeu e o Africano. Estes sistemas reúnem parte dos
formalizados, decorrem da razão, da consciência do homem países de determinadas regiões do globo.
sobre si mesmo. Interessa-nos, por enquanto, apenas o Sistema Interame-
Quando os direitos humanos são transportados para o ricano, o qual está constituído em torno da Organização dos
nosso direito interno e inseridos em nossa Constituição Fede- Estados Americanos (OEA), criada em 1948 por meio da Carta
da Organização dos Estados Americanos, e da qual são mem-
ral, passam a ser chamados de direitos fundamentais. bros todos os 35 (trinta e cinco) países das Américas, inclusive
Na Constituição Federal de 1988, foram incorporados di- o Brasil.
versos direitos humanos, distribuídos por todo o texto, mas O Sistema Interamericano possui como normas básicas:
em especial nos Arts. 5º a 17, sob o Título II - Dos Direitos e
▷ A Carta da Organização dos Estados Americanos
Garantias Fundamentais.
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
ou Carta de Bogotá, de 1948. Apesar de não rela-
Em nosso direito eles também desempenham a função de cionar nenhum direito humano, a Carta prevê a sua
garantir patamares mínimos para a manutenção da dignidade proteção e promoção, sem qualquer discriminação
da pessoa humana. pelos Estados membros, como um de seus princí-
pios. Foi promulgada no Brasil por meio do Decreto
Estrutura Normativa n. 30.544, de 1952;
A reconhecida importância internacional da promoção da ▷ A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
dignidade da pessoa humana, por meio da garantia efetiva dos Homem (DADDH), de 1948, foi aprovada na IX Con-
direitos humanos, resultou na criação de diversas instituições, ferência Internacional Americana, em Bogotá. Assim
dando origem a sistemas internacionais, os quais constituem como a DUDH, a DADDH foi veiculada por meio de
ferramenta adicional e subsidiária ao nosso Sistema Nacional uma resolução - Resolução XXX -, o que não lhe con-
de proteção àqueles direitos, cada qual com uma estrutura fere força jurídica vinculante. É considerada, contu-
normativa (normas) própria. do, um marco dos direitos humanos nas Américas;
O Sistema Global ou Universal de proteção dos direitos ▷ A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
humanos gira em torno da Organização das Nações Unidas (CADH), também chamada de Pacto de São José da
(ONU) e é, por isso, também chamado de sistema das Nações Costa Rica, foi firmada no âmbito da Organização 593
Unidas. dos Estados Americanos (OEA), em 22 de novembro
de 1969, tendo sido promulgada no Brasil pelo De- fases: a primeira, situada na Idade Média até meados do século
594 creto n. 678, de 1992. Diferentemente da Declaração XVIII; a segunda, iniciada com a Declaração de Direitos do Bom
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e da Decla- Povo da Virginia (1776).
ração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
A primeira fase dos Direitos Humanos teve a contribuição
(DADDH), a CADH é um documento internacional
com força jurídica vinculante e é o principal instru- teórica da filosofia clássica greco-romana, do pensamento
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

mento do Sistema Interamericano; cristão primitivo e, mais tarde, da doutrina jusnaturalista.


Desse período, ressaltamos apenas dois marcos importantes:
▷ O Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre
Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômi- ▷ A Magna Carta (Magna Charta Libertatum), 1215 - 1225
cos, Sociais e Culturais ou Protocolo de San Salvador, (Inglaterra). Assinada pelo Rei João Sem-Terra, ela li-
de 1988. É um documento adicional à CADH, e que mitava os poderes do monarca, garantindo algumas
traz relação detalhada de direitos econômicos, so- liberdades a um grupo específico de “homens livres”,
ciais e culturais a serem respeitados pelos Estados a nobreza. Dela surgem as bases das liberdades públi-
Americanos. Foi promulgado no Brasil pelo Decreto cas do direito constitucional inglês;
n. 3.321, de 1999. ▷ A Carta de Direitos (Bill of Rights), 1689 (Inglaterra).
Esses sistemas internacionais se complementam soman- Formulada no seio da Revolução Inglesa de 1688,
do-se ao nosso Sistema Nacional de proteção dos direitos instituiu definitivamente a monarquia constitucional
humanos, o qual está organizado em torno das instituições subordinada à soberania popular. Ela limitava ainda
internas e nos direitos fundamentais previstos na Constituição mais os poderes do monarca em face do fortaleci-
Federal de 1988. mento do Parlamento, representante do povo.
Na segunda fase tem-se início o processo de introdução
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Fundamentação dos direitos humanos no direito interno dos Estados, em de-


Ao tratarmos da fundamentação dos direitos humanos, clarações de direitos e em especial nas suas Constituições.
estamos querendo saber quais as razões que justificam o res- Servem de fontes ideológicas nesta fase o pensamento Ilu-
peito aos mesmos. minista, as doutrinas liberais (em especial no campo econômi-
Os fundamentos mais conhecidos são o direito natural – ou co) e, mais tarde, as doutrinas sociais e o direito humanitário.
jusnaturalismo – e o positivismo jurídico. Além da Declaração de Direitos do Bom Povo da Vir-
Para o jusnaturalismo os direitos humanos decorrem da ginia (1776), redigida no contexto da proclamação da
razão, da consciência do homem sobre si mesmo, existindo, independência Americana, podemos destacar, ainda, os
portanto, antes ainda de que qualquer previsão sua em leis, em seguintes marcos:
tratados e constituições. ▷ Constituição Americana, 1787 (EUA). Ao texto inicial-
Como consequência da adoção deste fundamento há que mente adotado, foram introduzidas 10 (dez) emen-
se reconhecer os direitos humanos como preceitos universal- das em 1791, as quais continham, efetivamente, al-
mente válidos, para todos os lugares e todos os tempos. guns Direitos Humanos, considerados fundamentais;
Para o positivismo jurídico os direitos humanos surgem da ▷ Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
necessidade dos homens, vivendo em sociedade, de proteger 1789 (França). Foi escrita durante a Revolução Fran-
certos valores e bens que são, em dado contexto histórico e cesa, era influenciada pelos ideais iluministas e pos-
social, importantes. suía caráter individualista, mas “universalizante”.
Assim, os direitos humanos seriam direitos históricos, va- Constitui-se, também, como o principal documento
riáveis e relativos. na formação do modelo do Estado Liberal;
Da predominante adoção desta fundamentação é que po- ▷ Convenção de Genebra, 1864. Assinada em Genebra,
demos identificar certas características dos direitos humanos, Suíça, em 22 de agosto de 1864, por alguns países
como a relatividade e a historicidade, além de procedermos a europeus, visava minorar os efeitos desastrosos das
sua classificação em dimensões ou gerações. guerras, estabelecendo regras de tratamento aos
combatentes e às populações civis. É o marco do
2. Evolução Histórica, Classificação e chamado Direito Humanitário;
▷ Carta Encíclica Rerum Novarum, 1891. Elaborada
Características dos Direitos Humanos pelo Papa Leão XIII, e publicada em 15 de maio de
1891, trata da “condição dos operários” e é conside-
Evolução Histórica dos rada um marco do direito do trabalho no mundo;
▷ Constituição Mexicana, 1917. Introduziu em seu texto
Direitos Humanos um longo rol de direitos sociais, especificadamente
Os direitos humanos não surgiram subitamente, a partir direitos fundamentais para os trabalhadores;
de um único evento, de um único fato. Sua formação possui ▷ Constituição Alemã ou Constituição de Weimar,
diversas origens, diversos fundamentos e vários acontecimen- 1919. Também incorporou diversos direitos sociais,
tos que marcam a sua longa história. Uma história de lutas, instituindo as linhas mestras do Estado Democrático
conquistas e reconquistas. Social que serviu de modelo para inúmeros países;
Apenas para fins didáticos e para o objetivo de nosso estu- ▷ Organização Internacional do Trabalho - OIT, 1919. É
do, podemos dividir a história dos direitos humanos em duas um organismo internacional, criado logo após o fim
da Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de es- Constitui-se de direitos Econômicos, Sociais e Culturais
tabelecer, mundialmente, a melhoria das condições como a educação, a saúde, o trabalho, a previdência;
de trabalho; ▷ Direitos de Terceira Dimensão, os quais surgem a
▷ Liga das Nações, 1920. Organismo Internacional partir da metade do século XX, como resultado do
criado, também, logo após a Primeira Guerra Mun- movimento de internacionalização dos direitos hu-
dial com o objetivo de estabelecer o diálogo entre os manos.
Países, evitar um novo conflito e manter a paz;
Sua nota distintiva reside no fato de que são direitos, são
▷ Organização das Nações Unidas - ONU, 1945. É um bens jurídicos que se desligam, desprende-se da figura do ho-
organismo internacional criado pelos Estados sobe-
mem-indivíduo como seu titular, sendo direitos de titularida-
ranos a partir da aprovação da Carta das Nações Uni-
de coletiva ou difusa (“direitos de fraternidade”).
das, em 1945, substituindo a Liga das Nações. Dentre
seus objetivos está a promoção de todos os Direitos São os direitos de Solidariedade e Fraternidade como o
Humanos; direito à paz, à autodeterminação dos povos, ao meio-ambien-
▷ Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948. te e à sadia qualidade de vida, ao desenvolvimento, à comu-
Aprovada no âmbito da ONU e veiculada por meio nicação, ao patrimônio comum da humanidade, à democracia
de uma Resolução. Apesar de não ter força jurídica participativa.
vinculante é considerado o principal documento no
que se refere à proteção internacional dos Direitos Características dos Direitos Humanos
Humanos atualmente. Os direitos humanos possuem algumas características jurí-
dicas. Dentre as principais, destacamos:
Classificação dos Direitos Humanos ▷ A Universalidade: todos os indivíduos, todos os se-
Dentre as diversas classificações que podemos fazer dos res humanos são deles titulares, sem distinção de
direitos humanos, interessa-nos apenas aquela que os agrupa. qualquer espécie;
a) Segundo o momento histórico em que passaram a ▷ A Inalienabilidade e a Irrenunciabilidade: são direi-
ser reconhecidos em documentos nacionais e inter- tos que não possuem conteúdo patrimonial e, por
nacionais. isso, são intransferíveis, inegociáveis. Uma vez con-
b) Segundo algumas características comuns, em dimen- feridos, deles o indivíduo não pode se desfazer e tão
sões ou gerações. pouco pode a eles renunciar. Os direitos humanos
Para a doutrina a expressão “gerações” sugere uma ideia podem não ser exercidos, mas isso não significa que
de alternância, de substituição dos direitos humanos ao longo possam ser renunciados;
de sua história. ▷ A Imprescritibilidade: justamente porque não pos-

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Por outro lado, o termo “dimensões”, dentro do movimen- suem conteúdo patrimonial, o seu não-exercício no
to de mutação, transformação dos direitos humanos, transmite decurso do tempo não importa em sua perda, sua
a ideia de um processo cumulativo, de complementaridade, de inexigibilidade;
expansão e de fortalecimento. ▷ A Interdependência ou Indivisibilidade: apesar de
Aqui nos valeremos da segunda expressão, para dividir os estarem escritos em diversos documentos e de te-
direitos humanos em: rem conteúdo distinto, os direitos humanos se com-
▷ Direitos de Primeira Dimensão, os quais correspon- plementam, são dependentes uns dos outros para a
dem à fase inicial de afirmação, de reconhecimento sua realização plena. Somente a efetivação integral
dos direitos humanos em documentos nacionais ou e completa de todos os direitos humanos garante
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
internacionais, situada nos séculos XVIII e XIX. que o respeito à dignidade da pessoa humana seja
São direitos de conteúdo individualista, de defesa do in- realizado;
divíduo em face do Estado. Por isso são chamados de direi- ▷ A Relatividade: nenhum direito humano é absoluto
tos negativos (“direitos de liberdade”), pois exigem do poder a ponto de afastar, em todas as situações, os demais.
constituído uma abstenção, uma não-interferência na órbita Havendo “confronto” entre eles, somente na análise
de direitos dos indivíduos. do caso concreto, aplicando-se os critérios de pro-
Constitui-se de direitos Civis e Políticos, como, por exem- porcionalidade e razoabilidade, um deles poderá ser
plo, o direito à vida, à liberdade, à propriedade privada, à mitigado em relação ao outro. Prevalecerá aquele
igualdade perante a lei, à segurança; que, no caso concreto, melhor proteja a dignidade
▷ Direitos de Segunda Dimensão, cujos surgimento e da pessoa humana – princípio da primazia da nor-
afirmação se dão a partir do final do século XIX e ma mais favorável;
início do século XX. ▷ A Historicidade: significa que eles nascem, modifi-
Estes direitos possuem dimensão positiva – direitos po- cam-se, evoluem acompanhando as mudanças da
sitivos, prestacionais (“direitos de igualdade”) – impondo ao sociedade. Não nasceram em um único momento da
Estado, ao Poder Público um comportamento ativo na realiza- história ou possuem outra origem que não a dialeti- 595
ção da justiça social, da igualdade material. cidade da vida em sociedade.
596
3. Direitos Humanos, Direito mas dos Conflitos Armados não Internacionais, ado-
tado em 7 de dezembro de 1979;
Humanitário e Direito dos Refugiados g) Protocolo III - Adicional às Convenções de Genebra
de 12 de agosto de 1949, relativo à Adoção de Emble-
Introdução ma Distintivo Adicional, adotado em 8 de dezembro
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

de 2005.
Os direitos humanos expressam aquelas normas interna-
Todas as Convenções de Genebra e os Protocolos Adicio-
cionais voltadas à proteção e promoção da dignidade da pes-
nais já forma promulgados internamente pelo Brasil.
soa humana em toda e qualquer situação, como a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e a Convenção Ame- As Convenções e os Protocolos Adicionais possuem algu-
ricana sobre Direitos Humanos (CADH). mas normas que lhes são comuns, ou seja, que devem ser apli-
cadas a qualquer tipo de conflito armado, seja ele nacional ou
O direito humanitário e o direito dos refugiados, por sua
internacional.
vez, também compõem-se de normas de direitos humanos,
somente que voltadas para a proteção da pessoa em situações Assim, as pessoas que não tomem parte diretamente
específicas. nas hostilidades, incluindo os membros das forças armadas
que tenham deposto as armas e as pessoas que tenham sido
Direito Humanitário postas fora de combate por doença, ferimentos, detenção, ou
por qualquer outra causa, serão, em todas as circunstâncias,
O direito humanitário – conhecido, também, como Direito tratadas com humanidade, sem nenhuma distinção de cará-
de Genebra - é o ramo dos direitos humanos que visa restrin- ter desfavorável baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo,
gir a violência própria das guerras, a partir do estabelecimento nascimento ou fortuna, ou qualquer outro critério análogo.
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de regras mínimas para o tratamento dos ex-combatentes e


das populações civis. Para este efeito, são e manter-se-ão proibidas, em qual-
quer ocasião e lugar, relativamente às pessoas acima mencio-
O objetivo é a proteção dos bens e das pessoas que não nadas:
participam do conflito (civis) e das pessoas que deixaram de
participar do conflito (os feridos, os doentes, os náufragos, os a) as ofensas contra a vida e a integridade física, espe-
prisioneiros de guerra, os combatentes que depuseram as ar- cialmente o homicídio sob todas as formas, mutila-
mas). ções, tratamentos cruéis, torturas e suplícios;
O direito humanitário surge, principalmente, dos esforços b) a tomada de reféns;
do suíço Henri Dunant, o qual defende, inclusive, a criação de c) as ofensas à dignidade das pessoas, especialmente
uma entidade voltada a prestar assistência aos feridos nas os tratamentos humilhantes e degradantes;
guerras, chamada de Comitê Internacional e Permanente de d) as condenações proferidas e as execuções efetuada
Socorros dos Feridos Militares, conhecido, hoje, como Cruz sem prévio julgamento, realizado por um tribunal re-
Vermelha. gularmente constituído, que ofereça todas as garan-
O marco do direito humanitário é a Convenção para a Me- tias judiciais reconhecidas como indispensáveis pelos
lhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em Cam- povos civilizados.
panha, adotada por potências europeias no ano de 1864, em Ainda, todos os feridos e doentes serão recolhidos e trata-
Genebra, na Suíça. dos pelas partes no conflito.
Atualmente, os principais documentos internacionais de O direito humanitário possui ao menos dois princípios que
direito humanitário são as quatro conhecidas “Convenções de são universamente aceitos: a neutralidade e a universalidade.
Genebra” e seus três Protocolos Adicionais: Pelo primeiro, a prestação de assistência humanitária pelas
a) Convenção I - Convenção para Melhorar a Situação entidades que a ele se dedicam, não pode ser encarada como
dos Feridos e Doentes das Forças Armadas em Cam- uma intromissão no conflito ou tomada de posição em favor
panha, adotada em 12 de agosto de 1949; de qualquer um dos lados. Já em vista do segundo, a assis-
b) Convenção II - Convenção para Melhorar a Situação tência humanitária deve ser prestada a todas aquelas pessoas
dos Feridos, Doentes e Náufragos das Forças Arma- envolvidas no conflito e que necessitem, sem qualquer discri-
das no Mar, adotada em 12 de agosto de 1949; minação.
c) Convenção III - Convenção Relativa ao Tratamento Por fim, estão encarregados da aplicação das regras de di-
dos Prisioneiros de Guerra, adotada em 12 de agosto reito humanitário, além dos Estados signatários dos tratados,
de 1949; principalmente os órgãos da Organização das Nações Unidas
(ONU), o Tribunal Penal Internacional (TPI) e as entidades
d) Convenção IV - Convenção para a Proteção das Pes-
que fazem parte do Movimento Internacional da Cruz Verme-
soas Civis em Tempo de Guerra, adotada em 12 de lha e do Crescente Vermelho.
agosto de 1949;
Lembrando que as entidades que fazem parte desse movi-
e) Protocolo I - Adicional às Convenções de Genebra de mento – o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, as Socieda-
12 de Agosto de 1949, relativo à Proteção das Vítimas des Nacionais da Cruz Vermelha ou do Crescente Vermelho e
dos Conflitos Armados Internacionais, adotado em 7 a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e
de dezembro de 1979; do Crescente Vermelho – não são organizações internacionais
f) Protocolo II - Adicional às Convenções de Genebra ou governamentais. São organizações não-governamentais,
de 12 de agosto de 1949, relativo à Proteção das Víti- de direito privado e sem fins lucrativos.
Direito dos Refugiados a) “já desfrutem de proteção ou assistência por parte
de organismo ou instituição das Nações Unidas que
Refugiado, segundo consta do artigo 1º, da Convenção Re- não o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
lativa ao Estatuto dos Refugiados, da ONU, de 1951 é qualquer
Refugiados – ACNUR”;
pessoa que, “temendo ser perseguida por motivos de raça,
religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se b) “sejam residentes no território nacional e tenham di-
encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, reitos e obrigações relacionados com a condição de
em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse nacional brasileiro”;
país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do c) “tenham cometido crime contra a paz, crime de guer-
país no qual tinha sua residência habitual em consequência de ra, crime contra a humanidade, crime hediondo, par-
tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, ticipado de atos terroristas ou tráfico de drogas”;
não quer voltar a ele”. d) “sejam considerados culpados de atos contrários aos
Aquela Convenção e o Protocolo sobre o Estatuto dos Re- fins e princípios das Nações Unidas”.
fugiados, também da ONU, de 1967 formam o que se conhece A Lei ainda cria o Comitê Nacional para os Refugiados
como o Estatuto dos Refugiados. Aqueles dois documentos já (CONARE), órgão de deliberação coletiva, no âmbito do Minis-
foram promulgados pelo Brasil. tério da Justiça, ao qual compete, dentre outros, (a) analisar o
Internamente, o Brasil ainda adotou a Lei nº 9.474, de 1997, pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da
a qual define mecanismos para a implementação do Estatuto condição de refugiado, (b) decidir a cessação, em primeira ins-
dos Refugiados. tância, ex officio ou mediante requerimento das autoridades
Nesta Lei (art. 1º) o conceito de refugiado é mais amplo, competentes, da condição de refugiado e (c) determinar a per-
compreendendo todo indivíduo que: da, em primeira instância, da condição de refugiado (Art. 12).
a) “devido a fundados temores de perseguição por
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo so- 4. Direitos Humanos e o Ordenamento
cial ou opiniões políticas encontre-se fora de seu
país de nacionalidade e não possa ou não queira
Jurídico Brasileiro
acolher-se à proteção de tal país”; Direitos Humanos na
b) “não tendo nacionalidade e estando fora do país
onde antes teve sua residência habitual, não possa ou Constituição Federal
não queira regressar a ele, em função das circunstân- Fundamento da Dignidade
cias descritas no inciso anterior”;
da Pessoa Humana
c) “devido a grave e generalizada violação de direitos

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Em primeiro lugar, temos que observar que a Constituição
humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionali-
Federal coloca, como princípio fundamental da República Fe-
dade para buscar refúgio em outro país”. derativa do Brasil, em seu artigo 1º, inciso III, a “dignidade da
O refúgio não se confunde com o asilo político, colocado pessoa humana”.
como princípio que rege as relações internacionais da Repú- A dignidade da pessoa humana é considerada o princípio
blica Federativa do Brasil (art. 4º, inciso X, da CF). O asilo está com maior hierarquia axiológica da Constituição Federal.
relacionado notadamente com uma perseguição normalmente Ao erigir a dignidade da pessoa humana como fundamen-
individual, fundada em dissidência política ou de opinião, ao to da República, a Constituição Federal de 1988 coloca o indiví-
passo que o refúgio, como vimos, decorre de uma convulsão duo como sujeito de direitos, a razão de ser do próprio Estado
generalizada no país de origem do refugiado, motivadas por que, pela efetiva garantia dos direitos fundamentais deve per-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
questões diversas como raça, religião, nacionalidade, além de mitir o seu desenvolvimento integral.
opiniões políticas.
Na lei, os efeitos da condição de refugiado adquirida por Direitos Humanos e Cidadania
uma pessoa serão extensivos ao cônjuge, aos ascendentes e A cidadania representa um vínculo existente entre uma
descendentes, assim como aos demais membros do grupo fa- determinada sociedade política e seus membros e que é fonte
miliar que do refugiado dependerem economicamente, desde de diversas obrigações daquela para com estes e, é claro, de
que se encontrem em território nacional (art. 2º). deveres destes para com a aquela. A cidadania pressupõe a
Atentemos que o reconhecimento da condição de refugia- conquista e a efetiva fruição de diversos direitos - para além
dos políticos - a todos os cidadãos.
do obstará o seguimento de qualquer pedido de extradição
baseado nos fatos que fundamentaram a concessão de refúgio É desta forma que a encontramos em alguns documentos
internacionais de direitos humanos.
(art. 33).
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), o
Ainda, não será expulso do território nacional o refugiado artigo XXI prevê que “Todo ser humano tem o direito de fazer
que esteja regularmente registrado, salvo por motivos de se- parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio
gurança nacional ou de ordem pública (art. 36). de representantes livremente escolhidos. Todo ser humano
No entanto, não serão beneficiados da condição de refu- tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. A 597
giado os indivíduos que (Art. 3º): vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta
vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por possui deveres para com a comunidade onde ele está inserido e
598 sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente os cumpre.
que assegure a liberdade de voto”. O conteúdo da cidadania, segundo nossa Constituição Fe-
Já o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos deral, inclui, então, não só direitos, mas também responsabili-
(PIDCP) assegura, em seu artigo 25, que “Todo cidadão terá dades, deveres individuais e coletivos, como os (a) de presta-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de discri- ção do serviço militar obrigatório (art. 143, da CF), (b) de pagar
minação mencionadas no artigo 2 e sem restrições infundadas: tributos, (c) de voto (art. 14, parágrafo 1º, da CF).
▷ De participar da condução dos assuntos públicos, Em um Estado Democrático de Direito, não há um direito sem
diretamente ou por meio de representantes livre- um dever que seja imediatamente correlato, mesmo que implícito.
mente escolhidos. Assim, apesar de o texto constitucional não relacionar expressa-
▷ De votar e de ser eleito em eleições periódicas, au- mente todos os deveres que devem ser cumpridos pelos cidadãos,
tênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitá- o Capítulo I, do Título II deixa claro que ao lado “dos direitos” exis-
rio e por voto secreto, que garantam a manifestação tem os “deveres individuais e coletivos”.
da vontade dos eleitores”.
Da Prevalência dos Direitos Humanos
Apesar da ênfase dada aos direitos políticos, é consenso
que a cidadania, atualmente, exige a concretização de diversos nas Relações Internacionais
direitos humanos, também de natureza civil, econômica, social Como uma consequência da adoção do fundamento da
e cultural. dignidade da pessoa humana (art. 1o, inciso III, da CF), a Cons-
Na Constituição Federal de 1988, a cidadania está colocada tituição Federal coloca como princípio a reger as relações in-
com um dos fundamentos da República, conforme se vê no ternacionais da República Federativa do Brasil, a “prevalência
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artigo 1º, inciso II, possuindo um significado amplo de garan- dos direitos humanos” (art. 4º, inciso II, da CF).
tia de participação dos indivíduos não só na vida política, mas A partir da leitura conjugada deste dispositivo com aque-
também social, econômica e cultural do Estado brasileiro. le do artigo 5º, caput, podemos afirmar que a Constituição
Em nosso ordenamento jurídico, a cidadania é um status Federal adotou o chamado Princípio da Universalidade dos
conferido apenas aos nacionais, natos ou naturalizados. Neste Direitos Fundamentais, o que significa que se deve assegurar
contexto devemos entender a nacionalidade como um vínculo o gozo daqueles a todas as pessoas que estejam em nosso
jurídico-político que se forma entre o Estado e o indivíduo e território, e não apenas aos brasileiros e estrangeiros residen-
que faz deste um componente do povo. Este vínculo confere tes no país.
aos indivíduos certos direitos e lhes impõe determinadas obri- Este é o entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Fe-
gações existentes naquele Estado de que é nacional, ou seja, deral (STF) e que pode ser visto em diversos de seus julgados.
confere-lhe o status de cidadão. A adoção daquele princípio não significa, no entanto, que
A cidadania, na atual Constituição Federal materializa-se, não possa haver diferenças a serem consideradas na titularida-
dentre outras formas, por meio: de de alguns direitos.
▷ Do exercício dos direitos políticos. Estes asseguram,
efetivamente, a participação do cidadão no proces-
Institucionalização dos Direitos
so político, na administração do Estado, por meio do e Garantias Fundamentais
direito de sufrágio (art. 14, da CF) – ativo (votar) e Além de extenso rol de princípios fundamentais (arts. 1º a
passivo (ser votado) -, que é exercido nas eleições, 4º), a Constituição Federal de 1988 ainda incorporou uma série
nos plebiscitos, e nos referendos. O exercício dos di- de direitos humanos, previstos em documentos internacionais
reitos políticos também se verifica na possibilidade como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e
de organização e participação em partidos políticos a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH).
(art. 17, da CF). Na Carta Magna foram reunidos direitos humanos das três
▷ Da iniciativa popular, ou seja, na possibilidade de um dimensões, os quais receberam o nome de direitos funda-
cidadão propor um projeto de lei (art. 61, “caput” e mentais.
parágrafo 2º, da CF); No âmbito interno são direitos que também buscam res-
▷ Da propositura da ação popular visando anular ato guardar, assegurar um patamar mínimo necessário para a
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que garantia de uma vida digna a todos, buscando concretizar
o Estado participe, à moralidade administrativa, ao o princípio fundamental da “dignidade da pessoa humana”
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (art. 1º, inciso III, da CF).
(art. 5º, LXXIII, da CF). Os direitos fundamentais estão presentes principalmente nos
Em vista do atual texto constitucional, para que o exercício artigos 5º a 17 – é o chamado “catálogo” - sob o “Título II - Dos
da cidadania seja pleno, para que se cumpra o princípio de- Direitos e Garantias Fundamentais”, em cinco Capítulos: “Capí-
mocrático (art. 1º, da CF) é necessário que a todos sejam asse- tulo I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos” (Art. 5º),
gurados não só direitos civis e políticos, mas também direitos “Capítulo II – Dos Direitos Sociais” (arts. 6º a 11), “Capítulo III – Da
econômicos, sociais e culturais. Nacionalidade” (arts. 12 e 13), “Capítulo IV – Dos Direitos Políticos”
O cidadão é, então, aquele consciente de que têm direitos e (arts. 14 a 16) e “Capítulo V – Dos Partidos Políticos” (art. 17).
de que pode e deve exigir do Estado o estabelecimento de con- Este rol não é, contudo, taxativo, fechado. Segundo dispõe
dições para tanto. O cidadão é, também, aquele ciente de que o parágrafo 2º, do artigo 5º, da Constituição Federal, “Os direi-
tos e garantias expressos nesta Constituição não excluem ou- Por sua vez, o direito fundamental à propriedade está ex-
tros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, presso nos incisos XXII e XXIII (direito de propriedade vincu-
ou dos tratados internacionais de que a República Federativa lado a sua função social), incisos XXVII e XXIX (propriedade
do Brasil seja parte”. intelectual).
Garantias Fundamentais Além dos direitos, nos incisos do artigo 5º, da Constituição
Do Título II da Constituição Federal, devemos fazer uma Federal encontramos diversas garantias, diversas ações cons-
rápida observação acerca da distinção entre direitos funda- titucionais – chamadas de “remédios constitucionais” – como
mentais e garantias fundamentais. o habeas corpus, o habeas data, o mandado de segurança e o
Os direitos são bens, são valores escolhidos pela socieda- mandado de injunção.
de como os mais importantes e que são, então, escritos em
leis, na Constituição Federal (ex.: a liberdade, a legalidade, a
Titulares dos Direitos Fundamentais
propriedade). O artigo 5º, caput, da Constituição Federal ainda dispõe
Apesar de ligadas a determinados valores e bens, as ga- que são titulares dos direitos fundamentais, então, os bra-
rantias possuem um aspecto instrumental. São instituições sileiros (natos e naturalizados) e os estrangeiros residentes
e mecanismos gerais (Ministério Público, Defensoria Pública no Brasil.
etc.) ou específicos de proteção aos Direitos Fundamentais. No entanto, segundo entendimento já pacífico no Supremo
Tribunal Federal (STF), fundado no Princípio da Universalida-
Deste último grupo podemos citar, por exemplo, (a) o Ha-
de dos Direitos Fundamentais, guardadas as peculiaridades
beas corpus (art. 5º, LXVIII, da CF), (b) o Mandado de Seguran- de alguns direitos, os quais exigem uma qualidade específica
ça (art. 5º, LXIX, da CF), (c) o Habeas data (art. 5º, LXXII, CF), da pessoa – como, por exemplo, ser nacional -, os direitos fun-
(d) a irretroatividade da lei (art. 5º, XXXVI, CF), (e) o acesso damentais devem ser garantidos, também, aos estrangeiros
ao judiciário (art. 5º, XXXV, da CF), (f) o devido processo legal não residentes.
(art. 5º, LIV, da CF).
Ainda, apesar de os direitos fundamentais dirigirem-se, em
Direitos e Deveres Individuais E Coletivos princípio, às pessoas físicas, naturais, o nosso ordenamento ju-
No Capítulo I, do Título II, da Constituição Federal estão rídico também reconhece às pessoas jurídicas a titularidade
contemplados os “Direitos e Deveres Individuais e Coletivos”, de alguns deles, desde que compatíveis com a sua natureza,
todos relacionados no artigo 5º, cujo caput possui a seguin- como os direitos de propriedade e de imagem.
te redação: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estran- Reserva do Possível
geiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à O parágrafo 1º, do Art. 5º, da Constituição Federal prevê
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.” que “As normas definidoras dos direitos e garantias funda-
São direitos predominantemente de primeira dimensão, mentais têm aplicação imediata”.

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direitos civis, relacionados à vida, à liberdade, à igualdade, à Apesar do que sua redação possa deixar transparecer,
segurança e à propriedade, os quais têm uma redação muito não se deve extrair do dispositivo a conclusão de que toda e
parecida com aquela que lhes é dada pelos documentos inter- qualquer norma de direito fundamental é direta e plenamen-
nacionais de direitos humanos. te aplicável, ou seja, de que todas possuem imediata eficácia
Os 78 (setenta e oito incisos) do artigo 5º são desdobra- jurídica e social.
mentos daqueles direitos básicos mencionados no seu caput. Segundo Ingo Wolfgang Sarlet1, citando Robert Alexy,
Assim, o direito fundamental à vida e, consequente- este dispositivo contém uma espécie de “mandado de otimi-
mente, à integridade física e mental podem ser encontra- zação”, estabelecendo, impondo aos órgãos estatais a tarefa
dos no inciso III (proibição da tortura, de tratamento desu- de reconhecerem a maior eficácia possível aos direitos fun-
mano ou degradante) e no inciso XLIX (integridade física e damentais, a todos eles, não só os constantes do “catálogo”
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
moral dos presos). ou do artigo 5º.
O direito fundamental à liberdade está expresso no inci- Aquela norma põe o Poder Público na obrigação de tudo
so IV (liberdade de manifestação do pensamento), inciso VI fazer no sentido de realizar os direitos fundamentais. Reco-
(liberdade de consciência e de crença), inciso IX (liberdade nhece-se, desta forma, que os direitos fundamentais podem
de expressão da atividade intelectual, artística, científica e ser implementados em “graus distintos” conforme as possibi-
de comunicação), inciso XIII (liberdade de exercício profissio- lidades fáticas e jurídicas existentes.
nal), inciso XV (liberdade de locomoção), inciso XVI (liberda- A “reserva do possível” constitui-se, assim, em um limi-
de de reunião), incisos XVII e XX (liberdade de associação). te fático e jurídico comumente utilizado pelo Estado como
O direito fundamental à igualdade – igualdade de todos obstáculo à implementação dos direitos fundamentais, prin-
no tratamento dispensado pela lei - está reproduzido no inciso cipalmente os direitos sociais, os quais exigem, normalmente,
I (igualdade em direitos e obrigações entre homens e mu- substancial utilização de recursos públicos para a sua concre-
lheres). tização. A “reserva do possível” não é, no entanto, um limite
imanente, inseparável, dos direitos fundamentais.
O direito fundamental à segurança pode ser encontrado
no inciso XXXIX (legalidade penal), inciso XL (irretroatividade Aceita-se, assim, que em face principalmente da escassez
da lei penal), inciso XLV (personalidade da pena, intranscen- de recursos públicos os Direitos Fundamentais possam não ser
dência da pena), inciso LVI (inadmissão da prova ilícita), inciso implementados ou o serem apenas de maneira limitada. 599
LVII (presunção de inocência). 1 A eficácia dos direitos fundamentais. POA: Livraria do Advogado, 2008. p. 288.
O Supremo Tribunal Federal entende, contudo (conferir o prisão do depositário infiel em vista do artigo 7º, parágrafo 7,
600 julgamento da ADPF n. 45/DF, em 29 de abril de 2004), que a da CADH, o Supremo Tribunal Federal passou a entender que
escassez de recursos deve ser cabalmente provada pelo Poder todos os demais tratados e convenções de Direitos Humanos
Público, pois em nome da mesma não se pode adiar indefini- aprovados pelo rito comum (arts. 49, inciso I e 84, incisos IV e
damente a concretização dos Direitos Fundamentais. VIII, da CF) possuem status “supralegal”. Ou seja, estão abaixo
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

Ainda, os limites impostos pela “reserva do possível” não da Carta Magna e acima da legislação ordinária.
serão obstáculo à implementação de direitos que garantam um Desta forma, apenas os tratados de direitos humanos, já
“mínimo existencial”. aprovados ou que vierem a ser aprovados pelo rito ordinário
Apesar de não haver parâmetros legais ou mesmo uniformi- integram o ordenamento jurídico brasileiro com status de nor-
dade doutrinária e jurisprudencial, podemos dizer que o “míni- ma “supralegal”.
mo existencial” corresponde a um conjunto menor, mais especí- Acompanhe o esquema abaixo:
fico de Direitos Fundamentais (ex: educação, saúde e assistência
CF, EC´s e documentos aprovados
social), essenciais para subsistência de qualquer pessoa. nos termos do § 3o, art. 5º, CF.
A Constituição Brasileira e os Tratados
Internacionais de Direitos Humanos Status “Supralegal”: tratados de
direitos humanos aprovados segundo
O parágrafo 2º, do Art. 5º, da Constituição Federal prevê o rito comum dos arts. 49, I e 84, IV
que “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não e VIII, CF.
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
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Federativa do Brasil seja parte”. Lei Ordinária, Lei Complementar, Lei


Delegada, Medida Provisória etc.
O dispositivo afirma, em um primeiro momento e como
vimos, que existem direitos fundamentais na Constituição Fe-
deral e que não só aqueles do “catálogo”, ou seja, aqueles que Decretos, Portarias,
estão escritos no “Titulo II – Dos Direitos e Garantias Funda- Instruções Normativas etc.
mentais” (arts. 5º ao 17).
Além das disposições constantes do “catálogo” existem Direitos Sociais
direitos fundamentais espalhados por toda a Constituição Fe-
deral, como, por exemplo, no artigo 201 (previdência social), No Capítulo II do Título II, nos artigos 6º a 11, da Constitui-
artigo 203 (assistência social), artigo 205 (educação). ção Federal estão relacionados os “Direitos Sociais”; direitos
A leitura deste parágrafo nos faria concluir ainda, pela notadamente de segunda dimensão, ligados predominante-
existência de direitos fundamentais em documentos interna- mente ao valor igualdade, à igualdade material, substancial.
cionais de direitos humanos. Muitos dos direitos ali arrolados implementam as dispo-
O entendimento do Supremo Tribunal Federal é, no en- sições existentes em documentos internacionais de direitos
tanto, o de que somente os tratados de direitos humanos humanos, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos
incorporados ao ordenamento jurídico por meio do rito (DUDH) e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, So-
previsto no parágrafo terceiro, do artigo 5º, da Constitui- ciais e Culturais (PIDESC).
ção Federal é que podem se constituir em nova fonte de
direitos fundamentais. No artigo 6º estão previstos 10 (dez) direitos sociais, a sa-
ber: “a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a mo-
O parágrafo 3º, do Art. 5º, da Constituição Federal prevê
que “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos radia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congres- maternidade e à infância, a assistência aos desamparados”.
so Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos No entanto, no Capítulo II, nos artigos 7º a 11 vamos encontrar
respectivos membros, serão equivalentes às emendas cons- apenas direitos individuais e coletivos dos trabalhadores. Sem,
titucionais”. contudo, estarem vinculados especificadamente às relações de
Só os tratados e as convenções firmados e que forem apro- trabalho, deparamo-nos com os direitos sociais nominados no
vados, agora, sob este rito especial – introduzido na Constitui- artigo 6º em outros dispositivos da Constituição Federal como,
ção Federal por meio da EC n. 45, de 2004 - é que passam a por exemplo, a Saúde, no artigo 196, a Previdência Social, no ar-
ocupar o status de Emenda Constitucional, ou seja, serão for-
tigo 201 e a Educação, no artigo 205.
mal e materialmente constitucionais.
Observe, ainda, que, apesar de estarmos tratando aqui de
Os únicos documentos internacionais com este status até
direitos “positivos”, que exigem uma prestação, um fazer por
o presente momento são a Convenção Internacional sobre
os Direitos das Pessoas com Deficiência ou Convenção de parte do Estado, podemos encontrar no Capítulo II disposições
Nova Iorque e seu Protocolo Facultativo, da ONU, assinados que impõem uma abstenção, uma atuação negativa, como,
em Nova York, em 30 de março de 2007 e promulgados in- por exemplo, a não interferência do Estado nas organizações
ternamente pelo Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. sindicais (art. 8º) e o livre exercício do direito de greve (art. 9º).
Ainda, a partir do julgamento do RExt n. 466.343/SP, em No Art. 7º, incisos I a XXXIV, estão relacionados especifi-
01 de dezembro de 2008, em que se discutia a possibilidade da cadamente direitos que devem ser respeitados nas relações
de trabalho urbanas ou rurais e que concretizam as previsões Mas atentemos que, segundo o parágrafo 1º do artigo II,
dos artigos XXIII e XXIV, da DUDH e dos artigos 6º e 7º, do da DUDH, a titularidade dos Direitos Humanos e o dever de
PIDESC. proteção dos mesmos pelos Estados-Membros não dependem
Ali, tentando implementar a garantia “a uma remunera- da nacionalidade da pessoa ou mesmo do fato de ser ela apá-
ção justa e satisfatória” que assegure ao trabalhador, “assim trida: “Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e
como à sua família, uma existência compatível com a dig- as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
nidade humana”, prevista no artigo XXIII, parágrafo 3, da qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opi-
DUDH e, também, no artigo 7º, “a”, “ii”, do PIDESC, a nossa nião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
Constituição Federal estabelece no artigo 7º, inciso IV, um riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”.
piso remuneratório mínimo, um “salário mínimo” nacional. O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PI-
No artigo 8º trata-se do direito à associação profissional e DCP) trata expressamente do direito à nacionalidade apenas
sindical. Observemos que o dispositivo constitucional está ga- quando faz referência, no artigo 24, parágrafo 3º, ao direito
rantindo direitos distintos, ou seja, de associação profissional que toda a criança tem de adquirir uma. Mas é claro que todas
e sindical. as pessoas têm, independentemente de sua idade, o direito a
O direito à associação sindical está garantido no artigo uma nacionalidade.
XXIII, parágrafo 4, da DUDH e, também, no artigo 8º, do PI- O PIDCP também prevê em seu artigo 2, parágrafo 1º, o
DESC. O parágrafo 2, do artigo 8º, do PIDESC admite, contu- dever dos Estados Partes de assegurar o gozo dos Direitos
do, que os “Estados-Partes” possam estabelecer restrições ao Humanos a todas as pessoas, independentemente de sua na-
exercício deste direito pelos “membros das forças armadas, da cionalidade: “1 Os Estados Partes do presente pacto compro-
polícia ou da administração pública.” metem-se a respeitar e garantir a todos os indivíduos que se
Nossa Constituição Federal assegura o direito à associação achem em seu território e que estejam sujeitos a sua jurisdição
sindical aos servidores públicos civis, no artigo 37, inciso VI, os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação
mas acaba vedando-o aos servidores militares, conforme os alguma por motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
artigos 42, § 1º e 142, § 3º, inciso IV, da Constituição Federal. política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situa-
ção econômica, nascimento ou qualquer condição.”
Já o artigo 9º trata do direito de greve, o qual também se
De sua parte, a Convenção Americana sobre Direitos Hu-
encontra previsto expressamente no artigo 8º, parágrafo 1, “d”,
manos (CADH) já em seu preâmbulo informa que “os direitos
do PIDESC, e que deve ser exercido “de conformidade com as
essenciais do homem não derivam do fato de ser ele nacional
leis de cada país”.
de determinado Estado, mas sim do fato de ter como funda-
O artigo 9º garante o direito de greve especificadamente mento os atributos da pessoa humana (...)”.
aos trabalhadores da iniciativa privada. Este direito deverá ser
O direito à nacionalidade está expresso no artigo 20, em
exercido nos termos da Lei n. 7.783/1989.
que se assegura, inclusive, que “Toda pessoa tem direito à na-

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A Constituição Federal também assegura o direito de gre- cionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se
ve aos servidores civis, no artigo 37, inciso VII, o qual pode ser não tiver direito a outra.”
exercido, segundo o Supremo Tribunal Federal, dentro dos
E, da mesma forma como ocorreu na DUDH e no PIDCP,
parâmetros estabelecidos pela Lei n. 7.783/1989, até que seja
o artigo 1, parágrafo 1º, do Pacto de São José da Costa Rica
editada a “lei especifica” de que trata aquele artigo.
também impõe aos Estados-Partes a obrigação de respeitar
Aos servidores militares veda-se, contudo, o exercício do di- os Direitos Humanos, a todos, independentemente de sua
reito de greve, conforme os artigos 42, § 1º e 142, § 3º, inciso IV, nacionalidade: “Os Estados-Partes nesta Convenção compro-
da Constituição Federal. metem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconheci-
Da Nacionalidade dos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que
esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma por
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
No Capítulo III do Título II, nos artigos 12 e 13, da Constitui- motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas
ção Federal está previsto o direito à nacionalidade, um direito ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social,
fundamental de primeira dimensão. posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição
A nacionalidade é um vínculo jurídico-político que se social.”
forma entre o Estado e o indivíduo e que faz deste um com- No entanto, o fato de os documentos internacionais ci-
ponente do povo. Este vínculo confere aos indivíduos certos tados não permitirem distinções fundadas na nacionalidade,
direitos e lhes impõe determinadas obrigações existentes na- no que diz com o reconhecimento dos Direitos Humanos, não
quele Estado de que é nacional. significa que todos, nacionais e estrangeiros possam gozar, in-
Aquele que não possui uma nacionalidade é chamado de distintamente, dos mesmos direitos.
apátrida ou de “heimatlos”. O que possui múltiplas nacionali-
dades é chamado de polipátrida. Dos Direitos Políticos
O direito a uma nacionalidade está garantido em docu- No Capítulo IV do Título II, nos artigos 14 a 16, da Consti-
mentos internacionais, em primeiro lugar, na Declaração Uni- tuição Federal foram relacionados os Direitos Políticos, direi-
versal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu artigo XV, o tos fundamentais marcadamente de primeira dimensão.
qual dispõe: “1 Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. São direitos conferidos às pessoas para participar da vida
2 Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, e dos negócios políticos do Estado. Eles são a expressão da 601
nem do direito de mudar de nacionalidade.” soberania popular, do poder popular.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), Cláusulas Pétreas
602 no artigo XXI, os direitos políticos aparecem assegurados com
a seguinte redação: “Toda pessoa tem o direito de tomar parte Dada a importância que possuem os direitos e as garantias
no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de re- fundamentais, a Constituição Federal impõe uma limitação ab-
soluta à sua supressão.
presentantes livremente escolhidos. (...)
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

A vontade do povo será a base da autoridade do governo. Dispõe o artigo 60, parágrafo 4º, inciso IV, da Constitui-
Essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, ção Federal que não será objeto de deliberação a proposta de
por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalen- emenda tendente a abolir, dentre outros, os direitos e garan-
te que assegure a liberdade de voto”. tias individuais.
O direito de participação na vida política do Estado pode Esse dispositivo impõe uma limitação material ao poder
se dar, então, de forma direta ou indireta; neste último caso, de reforma da Constituição Federal - criando as assim chama-
por meio de pessoas que representam a vontade popular. E é das “cláusulas pétreas” – mas que, em princípio, dirigem-se
a vontade popular, expressa de forma direta ou indireta, o que apenas aos “direitos e garantias individuais”, não a todos os
legitima as ações governamentais. direitos fundamentais.
Já o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos
(PIDCP) assegura, no artigo 25, que “Todo cidadão terá o direi-
Direitos Humanos e
to e a possibilidade, sem qualquer das formas de discrimina- Responsabilidade do Estado
ção mencionadas no artigo 2º e sem restrições infundadas: a) Por expressa disposição constitucional (art. 21, inciso I) é o
de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ente federado União aquele que representa a República Fede-
ou por meio de representantes livremente escolhidos; b) de rativa do Brasil em suas relações internacionais, responsabili-
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votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realiza- zando-se junto à Comunidade Internacional pelas obrigações
das por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que assumidas, inclusive aquelas decorrentes de tratados e con-
garantam a manifestação da vontade dos eleitores”. venções de Direitos Humanos já ratificados.
Com uma redação muito parecida àquela do PIDCP, a Con-
Apesar disso, a apuração e processamento da maioria dos
venção Americana sobre Direitos Humanos (CADH) dispõe
em seu artigo 23, parágrafo 1º, ao tratar dos Direitos Políticos, casos em que se poderiam encontrar uma violação aos direitos
que “1 Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos consagrados naqueles documentos não era de sua competên-
e oportunidades: cia, mas dos Estados.
a) de participar da direção dos assuntos públicos, Visando equalizar, então, as responsabilidades da União no
diretamente ou por meio de representantes li- âmbito interno e internacional, em dezembro de 2004, a Emen-
vremente eleitos; da Constitucional n. 45 introduziu no artigo 109, da Constituição
Federal - o qual trata da competência dos Juízes Federais -, o in-
b) de votar e ser eleitos em eleições periódicas
ciso V-A e o parágrafo 5º, instituindo a possibilidade de federali-
autênticas, realizadas por sufrágio universal e
zação dos crimes que implicassem grave violação dos Direitos
igual e por voto secreto que garanta a livre ex-
pressão da vontade dos eleitores”. Humanos. Criou-se, assim, um novo instituto jurídico chamado
de “incidente de deslocamento de competência (IDC)”.
Apesar de os Estados terem assumido o compromisso de
garantir os Direitos Humanos a todos (artigo 1, parágrafo 1º, da Além do fato de ser interesse da União a correta apura-
CADH), inclusive independentemente de sua nacionalidade, ção dos casos de violação a Direitos Humanos, presentes em
origem nacional, a fruição de alguns deles pode ser limitada tratados nos quais se obrigou, este Incidente foi instituído,
em vista de uma qualidade especial da pessoa e da natureza sem sombra de dúvidas, em vista da importância que os Di-
do próprio direito. reitos Humanos possuem atualmente, no cenário nacional e
Este é o caso em relação aos direitos políticos que, con- internacional.
forme prevê o parágrafo 2º, do artigo 23, da CADH pode ser Seu principal objetivo é assegurar, portanto, o cumpri-
limitado nos seguintes termos: “2 A lei pode regular o exercício
mento das obrigações decorrentes de documentos internacio-
dos direitos e oportunidades a que se refere o inciso anterior,
exclusivamente por motivos de idade, nacionalidade, residên- nais sobre Direitos Humanos firmados pelo Brasil.
cia, idioma, instrução, capacidade civil ou mental, ou condena- O parágrafo 5º, do artigo 109, da Constituição Federal pre-
ção, por juiz competente, em processo penal”. vê: “Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o
Nossa Constituição Federal, no parágrafo 2º, do artigo 14, Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar
estabelece expressamente algumas restrições ao exercício dos o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados inter-
direitos políticos, prevendo que “Não podem alistar-se como nacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte,
eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço mili- poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em
tar obrigatório, os conscritos”.
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de desloca-
Como se pode ver são, então, direitos que somente podem
mento de competência para a Justiça Federal.”
ser exercidos pelos cidadãos, ou seja, pelos brasileiros natos ou
naturalizados. O exercício dos direitos políticos tem, dessa for- Assim, diante de um caso que represente significativa
ma, como pressuposto, a aquisição da nacionalidade brasileira. violação aos Direitos Humanos o Superior Tribunal de Justiça
E os brasileiros adquirem os direitos políticos, por sua vez, poderá autorizar o “deslocamento” da apuração, do processa-
com o alistamento eleitoral. mento do mesmo para a competência da Justiça Federal.
Atentemos, a partir da leitura daquele parágrafo, que:
▷ o IDC somente pode ser suscitado pelo Procurador-
5. Programa Nacional de Direitos
Geral da República (PGR). O PGR é o chefe de todo o Humanos
MPU (art. 128, § 1º, da CF);
O Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009 aprovou o
▷ o órgão do Poder Judiciário com competência para Terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3).
a análise do IDC é, única e exclusivamente, o Supe- O PNDH-3 é um grande projeto de ação do Estado bra-
rior Tribunal de Justiça (STJ); sileiro, uma “política de Estado para os direitos humanos”,
▷ o IDC pode ser suscitado em qualquer fase do in- com orientações, diretrizes e metas a serem cumpridas gra-
quérito ou do processo. dualmente e de forma integrada pela Administração Pública
Julgado procedente, o Incidente desloca a competência Federal, com vistas à efetiva e ampla promoção dos Direitos
para a apuração, o processo e a punição dos crimes para a Humanos e dos Direitos Fundamentais.
unidade da Justiça Federal com jurisdição no local do fato. Em relação aos dois programas anteriores (PNDH-1 (Decreto
O procedimento investigatório passa a ser de responsabilida- n. 1.904/1996) e PNDH-2 (Decreto n. 4.229/2002), neste Tercei-
de da Polícia Federal. ro Programa há uma sensível ampliação dos temas de Direitos
Contudo, o IDC não afasta permanentemente a respon- Humanos objeto das ações do Estado, com a incorporação de
algumas “demandas sociais” como a “apuração e o esclareci-
sabilidade dos Estados. Eles continuam tendo responsabi-
mento público das violações de Direitos Humanos” praticadas
lidade primária, sendo que a responsabilidade da União é no contexto da repressão política, no período compreendido
apenas subsidiária e só existirá naqueles casos que preen- entre 1946 a 1988, e de questões presentes em documentos in-
cham os requisitos estabelecidos na Constituição Federal. ternacionais recentes, como a “Convenção Internacional sobre
Apesar da relevância deste novo instituto, não há re- os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facul-
gulamentação infraconstitucional acerca do processo/pro- tativo”, aprovados no âmbito da ONU, em 30 de março de 2007,
cedimento do IDC. Assim, a partir do texto constitucional e promulgados no Brasil pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto
e das decisões já proferidas pelo STJ (no IDC 1, em 08 de de 2009.
junho de 2005 e no IDC 2, em 27 de outubro de 2010), po- No PNDH-3 os Direitos Humanos são colocados, no en-
demos estabelecer os seguintes pressupostos de admissão tanto, como tema transversal, o que significa dizer que eles
do IDC: estão presentes, permeiam de forma explícita todas as ações,
▷ A existência de uma grave violação de Direitos as políticas do Estado. Eles serão trabalhados de diferentes
Humanos. Não existem critérios objetivos para formas nos diversos assuntos (meioambiente, educação, ha-
determinar em que consiste uma “grave violação”. bitação, segurança pública etc.), mas sempre tendo em vista a
Assim, a gravidade deverá ser analisada a partir do sistematicidade e a integralidade dos Direitos Humanos.
Reafirmam-se, deste modo, as características já vistas da

Ş
ŝ#-ŝŦ
contexto em que o caso está inserido;
universalidade e da interdependência ou indivisibilidade
▷ Deve haver risco de o Brasil responder internacio- quando se pugna pela efetivação de todos os Direitos Huma-
nalmente, em vista do descumprimento de obriga- nos, de Primeira, Segunda e Terceira dimensões.
ções já assumidas em documentos internacionais;
Para o que aqui nos interessa, que é o estudo dos Direitos
▷ A verificação da incapacidade, de inércia, de negli- Humanos na administração da justiça, temos que atentar que
gência, de falta de vontade política ou de condi- o PNDH-3:
ções materiais ou de pessoal do Estado - da sua ▷ estabelece, em primeiro lugar, a primazia dos Di-
Polícia e da sua Justiça -, em dar respostas efetivas reitos Humanos em todas as políticas relacionadas
às ocorrências de graves violações a Direitos Hu- ao tema;
manos. ▷ considera necessária uma ampla reforma no mode-
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

O primeiro Incidente a ser julgado procedente foi o IDC lo de polícia e de policiamento;


n. 02, em 27 de outubro de 2010, deslocando para a compe- ▷ busca a transparência e a participação popular no
tência da Justiça Federal da Paraíba o processo e julgamento que compete às questões de Segurança Pública;
do caso envolvendo o assassinato, em 24 de janeiro de 2009, ▷ propõe medidas voltadas primordialmente à preven-
do advogado e ex-vereador Manoel Bezerra de Mattos Neto, ção da violência e da criminalidade;
o qual denunciava a existência de grupos de extermínio que ▷ amplia o controle sobre o uso da força e das armas
atuavam nos municípios de Itambé/PE, Timbaúba/PE e Pe- de fogo.
dras de Fogo/PB. O Decreto ainda institui em seu art. 4º, o Comitê de Acom-
Reconheceu-se estarem presentes no caso os pressupos- panhamento e Monitoramento do PNDH-3, vinculado à Se-
tos que levam à admissão do IDC, dentre eles a “incapacida- cretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da Re-
de das instâncias e autoridades locais de oferecer respostas pública (SEDH/PR), com os objetivos básicos de promover a
efetivas como levantar provas, combater, reprimir ou punir articulação dos órgãos e entidades envolvidos e acompanhar
as ações desses grupos de extermínio que deixaram de ser a implementação do Programa.
feitas, muitas vezes, pela impossibilidade de condições” (STJ. Apesar de serem disposições voltadas à Administração
IDC 2/DF. Rel. Min. Laurita Vaz. Julgamento em 27 de outubro Federal, o art. 5º, do Decreto convida os “Estados, o Distri- 603
de 2010). to Federal, os Municípios e os órgãos do Poder Legislativo,
do Poder Judiciário e do Ministério Público” a aderirem ao da República e Secretaria Especial de Políticas para
604 Programa. as Mulheres da Presidência da República.
No Anexo ao Decreto, seguindo especificadamente 06 ▷ Elaborar diretrizes nacionais sobre uso da força e de
(seis) “Eixos Orientadores” foram estabelecidas 25 (vinte e armas de fogo pelas instituições policiais e agentes
cinco) “diretrizes”, 82 (oitenta e dois) “objetivos estratégi- do sistema penitenciário.” Responsáveis: Ministério
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

cos” e mais de quinhentas “ações programáticas”, a serem da Justiça e Secretaria Especial dos Direitos Huma-
cumpridas, implementadas por determinados órgãos federais, nos da Presidência da República. Visando imple-
isoladamente ou em conjunto. mentar a presente ação programática, a Portaria In-
Os Eixos Orientadores são: terministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010,
▷ Eixo Orientador I: Interação democrática entre Esta- estabelece as “Diretrizes sobre o Uso da Força pelos
do e sociedade civil (Diretrizes 1 a 3). Agentes de Segurança Pública”, a serem obrigato-
▷ Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Hu- riamente cumpridas pelo Departamento de Polícia
manos (Diretrizes 4 a 6). Federal, pelo Departamento de Polícia Rodoviária
▷ Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um con- Federal, pelo Departamento Penitenciário Nacional
texto de desigualdades (Diretrizes 7 a 10). e pela Força Nacional de Segurança Pública.
▷ Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Finalizando, no Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à
Justiça e Combate à Violência (Diretrizes 11 a 17). Verdade, Diretriz 23, Objetivo estratégico I, prevê-se a cria-
▷ “Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos ção, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, da
Humanos” (Diretrizes 18 a 22). “Comissão Nacional da Verdade”. Esta Comissão teria a tarefa
▷ Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade de “examinar as violações de direitos humanos praticadas no
Ş
ŝ#-ŝŦ

(Diretrizes 23 a 25). contexto da repressão política” ocorrida no período determi-


Dentre todas as ações programáticas previstas, vejamos nado pelo art. 8º, do ADCT, ou seja, entre 1946 a 1988.
inicialmente algumas relacionadas no O Projeto de Lei nº 7.376/2010, de autoria do Poder Exe-
Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e cutivo, o qual cria a “Comissão Nacional da Verdade” foi apro-
Combate à Violência. vado pela Câmara dos Deputados na data de 22 de setembro
Na Diretriz 11, relacionada à “Democratização e moderni- de 2011 e posteriormente encaminhado ao Senado Federal. No
zação do sistema de segurança pública”, no Objetivo estra- Senado Federal, o Projeto de Lei (PLC n. 88/11) foi aprovado na
tégico III, que trata da “Promoção dos Direitos Humanos dos data de 26 de outubro de 2011, obtendo a sanção presidencial
profissionais do sistema de segurança pública, assegurando no dia 18 de novembro de 2011 e sendo convertido na Lei nº
sua formação continuada e compatível com as atividades que 12.528/2011.
exercem” preveem-se diversas medidas visando à defesa dos
Direitos Humanos dos agentes de segurança pública, como: ANOTAÇÕES
▷ O fornecimento de “equipamentos de proteção in-
dividual efetiva”.
▷ O “acompanhamento permanente da saúde mental
dos profissionais”.
▷ Processos de reabilitação e reintegração ao trabalho
para os casos de “deficiência adquirida no exercício
da função”.
▷ A instituição de um seguro para os “casos de aciden-
tes incapacitantes ou morte em serviço”.
Na Diretriz 14, que trata do “Combate à violência insti-
tucional, com ênfase na erradicação da tortura e na redução
da letalidade policial e carcerária”, no Objetivo estratégico II
“Padronização de procedimentos e equipamentos do siste-
ma de segurança pública”, encontramos as seguintes ações
programáticas:
▷ “Elaborar procedimentos operacionais padroniza-
dos para as forças policiais federais, com respeito
aos Direitos Humanos.” Responsáveis: Ministério da
Justiça e Secretaria Especial dos Direitos Humanos
da Presidência da República.
▷ “Elaborar procedimentos operacionais padronizados
sobre revistas aos visitantes de estabelecimentos
prisionais, respeitando os preceitos dos Direitos Hu-
manos.” Responsáveis: Ministério da Justiça, Secre-
taria Especial dos Direitos Humanos da Presidência
Ş
ŝ#-ŝŦ FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS 605

ÍNDICE
1. Cinemática............................................................................................................... 606
Cinemática Escalar ......................................................................................................................606
Cinemática Vetorial ....................................................................................................................608
Movimento Circular .....................................................................................................................610
2. Dinâmica ...................................................................................................................611
Leis de Newton e suas Aplicações ...............................................................................................612
Trabalho .......................................................................................................................................614
Potência .......................................................................................................................................615
Energia .........................................................................................................................................615
Conservação de Energia e suas Transformações .........................................................................616
Impulso, Quantidade de Movimento e Conservação da Quantidade de Movimento ..................616
Colisões........................................................................................................................................617
3. Estática .................................................................................................................... 617
Estática dos Corpos Rígidos ........................................................................................................617
Estática dos Fluidos - Hidrostática ..............................................................................................618
4. Ondulatórias ........................................................................................................... 620
Movimento Harmônico Simples (MHS).......................................................................................620
Ondas .......................................................................................................................................... 622
Ondas Sonoras ............................................................................................................................ 623
Efeito Doppler............................................................................................................................. 624
Ondas Eletromagnéticas............................................................................................................. 625
Frequências Naturais e Ressonância .......................................................................................... 625
5. Óptica ......................................................................................................................626
Reflexão da Luz .......................................................................................................................... 626
Refração da Luz .......................................................................................................................... 629
Instrumentos Óticos ................................................................................................................... 632
606
1. Cinemática A velocidade instantânea é dada em um momento especí-
fico, no qual não há variações para o tempo.
É o campo da física que estuda os movimentos realizados A medida da velocidade pode ser expressa tanto em Km/h
pelos corpos. (quilômetro por hora) como em m/s (metro por segundo).
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Para transformar de uma unidade para outra, basta multiplicar


Cinemática Escalar ou dividir por 3,6.
Ponto Material Ex.: 90Km/h o 25m/s (de Km/h para m/s divide-se
É um corpo cujas dimensões podem ser desprezadas, le- por 3,6)
vando-se em conta um referencial. Ex.: 30m/s o 108Km/h (de m/s para Km/h multiplica-
Ex.: Uma pessoa no deserto. se por 3,6)
Corpo Extenso Velocidade Relativa
É um corpo cujas dimensões são levadas em conta de acor- Existem duas regras práticas para se chegar ao módulo de
do com o referencial.
uma velocidade escalar relativa entre dois corpos:
Ex.: Uma pessoa numa sala.
▷ Quando dois ou mais corpos vão para o mesmo sen-
Referencial, Repouso e Movimento
tido, a velocidade escalar relativa (Vrel) é dada pelas
Referencial é o que se toma por base para avaliar se um corpo
está em repouso ou em movimento. Quando a distância entre o diferenças entre as velocidades desses corpos.
referencial e o corpo aumenta (ou diminue), diz-se que há mo- ▷ Quando dois ou mais corpos estão em sentidos con-
vimento, mas quando a distância entre eles fica inalterada, então trários, a velocidade escalar relativa (Vrel) é dada
Ş
ŝ#-ŝŦ

há repouso. pelas somas entre as velocidades desses corpos.


Ex.: Uma pessoa caminhando (referencial = árvore) = Movimento Uniforme (MU)
movimento. É quando um corpo se desloca com velocidade constante
Ex.: Duas pessoas dentro de um mesmo carro (referen- durante todo o percurso.
cial = próprias pessoas) = repouso.
Para calcular a posição do corpo no decorrer do tempo,
Trajetória
usa-se a seguinte equação:
É uma linha que une todas as posições ocupadas por um
corpo durante o seu movimento. A trajetória também depen-
de do referencial adotado. Resumindo, trajetória é o caminho
feito pelo corpo em relação ao referencial adotado.
Ex.: Objeto lançado de um avião. Para uma pessoa que Em que:
observa a queda de dentro do avião, o objeto cairá em li- S = espaço final;
nha, mas para uma pessoa que observa do solo, o objeto
terá uma trajetória oblíqua. So = espaço inicial;
Espaço v = velocidade;
É a medida algébrica, ao longo de uma trajetória, da dis- t = tempo.
tância do ponto onde se encontra o corpo ao ponto de referên- Acompanhe-me: quando o corpo se desloca no mesmo
cia adotado como origem. sentido da orientação da trajetória indicada (v > 0 e 'S > 0),
Deslocamento Escalar diz-se que ele está em movimento progressivo. Já quando o
É a variação do espaço, ou seja, diferença entre o espaço corpo se desloca no sentido contrário da orientação da traje-
final e o espaço inicial. Em outras palavras, é a distância entre tória indicada (v < 0 e 'S < 0), diz-se que ele está em movi-
as posições inicial e final. mento retrógrado.
Distância Percorrida Gráficos do Movimento Uniforme
É a soma dos valores dos deslocamentos parciais. São dois os gráficos do movimento uniforme, um do Espa-
Velocidade Escalar ço X tempo e outro da Velocidade X tempo.
É a relação entre o deslocamento de um corpo em deter- Gráfico: espaço X tempo:
minado tempo. Em outras palavras, é a rapidez com que o
corpo se desloca. Divide-se em velocidade escalar média e ve- s
locidade escalar instantânea. Matematicamente, a velocidade
média é representada pela equação:

Vm
t
Em que:
Vm = velocidade média;
'S = variação do espaço = espaço final (S) – espaço inicial (So);
't = variação do tempo = tempo final (t) – tempo inicial (to). Gráfico: Velocidade X tempo:
s
s

Em que:
t V = velocidade final;
Vo = velocidade inicial;
a = aceleração;
'S = variação do espaço = espaço final (V) – espaço inicial (Vo).
Movimento Uniformemente Variado (MUV) Gráficos do Movimento Uniformemente Variado
É quando um corpo se desloca com velocidade variada São três os gráficos do movimento uniformemente varia-
durante o percurso, existindo, nesse deslocamento, uma ace-
do, um do Espaço X tempo, outro da Velocidade X tempo e um
leração que produz essa variação de velocidade. É também
conhecido como movimento acelerado (ou retardado). da Aceleração X tempo.
Para calcular a aceleração média do corpo no movimento, Gráfico: espaço X tempo:
usa-se a seguinte fórmula:
s

Em que:
Dm = velocidade média; t
'V = variação da velocidade = velocidade final (V) – velo-
cidade inicial (Vo);
't = variação do tempo = tempo final (t) – tempo inicial
(to). Gráfico: Velocidade X tempo:
A aceleração instantânea é dada em um momento es- v
pecífico, no qual não há variações para o tempo.
A medida da aceleração deve ser expressa em m/s2
(metro por segundo ao quadrado).
α

Ş
ŝ#-ŝŦ
Para calcular a velocidade do corpo no decorrer do tem-
po, usa-se a seguinte equação: t

Em que:
V = velocidade final;
Vo = velocidade inicial; A tangente do ângulo formado é igual à medida da acele-
ração, e a área formada entre dois tempos é igual ao desloca-
a = aceleração;
mento (variação do espaço).
t = tempo.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Gráfico: Aceleração X tempo:
Já, para calcular o deslocamento (variação do espaço),
usa-se outra equação: a

at2

Em que: t
S = espaço final;
So = espaço inicial;
Vo = velocidade inicial;
a = aceleração; Obs.: A área formada entre dois tempos é igual à varia-
ção da velocidade.
t = tempo.
Movimento Vertical
Existe outra equação, usada tanto para encontrar a veloci-
dade, como para o deslocamento, que não necessita do tempo É uma variação do MUV quando os corpos são lançados
(observe que todas as equações anteriores usam o tempo), é a para cima ou para baixo. 607
chamada equação de TORRICELLI: Obs.: no movimento vertical, deve-se desprezar a resistência do ar.
As equações são as mesmas do MUV, devendo apenas tro-
608 car a aceleração “a” pela aceleração da gravidade “g”, que tem Quando temos um caso particular, no qual os vetores estão
valor de g = 9,80m/s2 (na maioria dos cálculos, usa-se o valor em posições ortogonais entre si, basta aplicar o teorema de
de 10m/s2 – por aproximação), e o espaço “S” pela altura “h”.
Pitágoras.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Obs.: Deve-se também atentar para quando um corpo é lançado


para cima ou para baixo. Quando for para cima, o valor de “g” será
negativo; quando for para baixo, o valor de “g” será positivo. R
a
As equações são:

± gt b
gt2
▷ Subtração entre dois vetores
2g¨h Dados dois vetores e , o vetor resultante é dado por
, em que A é a extremidade e B é a origem.

Em que:
V = velocidade final; a R
Vo = velocidade inicial;
Ş
ŝ#-ŝŦ

g = aceleração da gravidade;
t = tempo; O B
h = altura final;
b
ho = altura inicial; Analiticamente, o vetor é dado por:
'h = variação da altura = altura final (V) - altura inicial (Vo). » Módulo:
» Direção: da reta AB
Cinemática Vetorial » Sentido: de B para A
Grandezas físicas que não ficam totalmente determinadas
com um valor e uma unidade são chamadas de grandezas ve- ▷ Produto de um número por um vetor:
toriais. Os vetores têm, além do valor numérico, a direção e o O produto de um número a por um vetor resultará em
sentido determinados. outro vetor dado por:
Um vetor pode ser representado da seguinte forma: com Módulo: | | = a .
uma seta acima da letra que o representa para indicar que se Direção: a mesma de ;
trata de uma grandeza vetorial. Sentido:
Graficamente, um vetor é representado por um segmento
▷ se a > 0 - o mesmo sentido de
orientado de reta.
▷ se a < 0 - contrário de .
▷ Cálculos com vetores.
Alguns cálculos com vetores necessitarão do conhecimen- ▷ Vetor Oposto
to sobre trigonometria. Denomina-se vetor oposto de um vetor o vetor - com as
▷ Adição de vetores. seguintes características:
Quando é feita uma operação com vetores, chama-se o seu
resultado de resultante . Dado dois vetores e , a resultan- Direção de é a mesma de
te é obtida graficamente traçando-se pelas extremidades de Sentido de é contrário ao de
cada um deles uma paralela ao outro.
A C

a R

a
O b B -a
Em que é o vetor soma.
Como a figura formada é um paralelogramo, este método
é denominado método do paralelogramo.
A intensidade do vetor é dada por:
A figura representa o vetor e o seu oposto - . ▷ Vetor soma de mais de dois vetores:
Preste atenção para dois detalhes: Quando um sistema é formado por mais de dois vetores
▷ Quando dois vetores tiverem a mesma direção e o concorrentes e coplanares, a solução analítica é possível. Para
mesmo sentido (a = 0º), o vetor resultante será: tanto, deve-se empregar o método das projeções de cada ve-
tor em dois eixos perpendiculares. Neste item, vamos conside-
Intensidade: R = a + b rar o ângulo que o vetor forma com o eixo de referência como
Direção: Mesma de e sendo um ângulo menor ou igual a 90º. O eixo de referência
Sentido: Mesmo de e será sempre o eixo x. De acordo com essa convenção, observa-
se o ângulo que cada vetor da figura forma com o eixo x.
y
▷ Quando dois vetores tiverem a mesma direção e os
sentidos opostos (a = 180º), o vetor resultante será:
c
b
Intensidade: R = a - b
d
Direção: Mesma de e 45o
30o
Sentido: Mesmo do vetor x
de maior módulo e a
45o
60o
▷ Decomposição de um vetor
h
São dados um vetor e um sistema de dois eixos ortogonais
x e y: f
g
y

P” P
Movimento em Duas Direções
ay Também conhecido como Principio de Galileu, diz que se
um corpo realiza um movimento em várias direções ao mes-
mo tempo, pode-se estudar o movimento de cada direção em
O ax P’ x separado.
Projeta-se ortogonalmente as extremidades do vetor nos

Ş
ŝ#-ŝŦ
Ex.: um barquinho se movimentando em um rio.
eixos x e y, obtendo-se suas componentes retangulares ax e ay.
Analiticamente, temos: o triângulo OP’P é retângulo, portanto: Observe que se não houvesse correnteza, a velocidade do
barquinho em relação a um observador parado na margem
seria VB, porém, com a correnteza, o movimento do barco em
relação a este observador seria uma composição do movimen-
to do rio e do próprio barco, de forma que em relação a este
observador, o barco apresentaria uma velocidade resultante
diferente da velocidade do barco, o que pode ser observado
▷ Adição de mais de dois vetores (método do polígono):
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
nos exemplos abaixo.
Neste método, o objetivo é formar um polígono com os
vetores que se deseja somar. O vetor soma ou resultante será ▷ Barco se movimentando a favor da correnteza:
aquele que tem origem na origem do primeiro e extremidade Vc
do último.
Note que:
Quando a extremidade do último vetor coincidir com a VB
origem do primeiro, isto é, quando o polígono for fechado, o
vetor resultante será nulo. (R = 0)
Sendo a velocidade do barco em relação ao observador pa-
rado na margem, B a velocidade do barco e C a velocidade da
correnteza, podemos observar que a velocidade é resultante
de B e C, e conforme a teoria, quando vetores atuam na mes-
ma direção e mesmo sentido, o módulo do vetor resultante é
dado pela soma dos módulos dos vetores, então: V = VB + VC
(o barco desce o rio mais rapidamente do que desceria se não 609
existisse a correnteza).
▷ Barco se movimenta contra a correnteza:
610 Vc

VB
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Agora, B e C possuem sentidos opostos, sendo assim, o 45º


módulo da velocidade resultante será: V = VB – VC (o barco
gastará mais tempo para subir o rio do que para descer).
O que interessa aqui são as medidas da altura máxima
▷ Barco se movimentando perpendicularmente às atingida e do alcance máximo.
margens.
Para calcular a altura máxima, usa-se a seguinte fórmula:
B

=
Trajetória do VB V
Barco
Em que:
Vo = velocidade inicial;
Vc g = aceleração da gravidade;
Ş
ŝ#-ŝŦ

T = ângulo formado com o eixo “x”.


A Para calcular o alcance máximo, usa-se a seguinte fórmula:
Neste caso, B e C são perpendiculares entre si. O barco
deslocar-se-á na trajetória AB, como mostra a figura. O mó- =
dulo da velocidade resultante será determinado pelo Teorema
de Pitágoras. Em que:
Vo = velocidade inicial;
g = aceleração da gravidade;
T = ângulo formado com o eixo “x”.

Pode-se, então, observar que a velocidade do barco e a Movimento Circular


velocidade da correnteza são perpendiculares entre si, e que Define-se o movimento circular e uniforme (MCU) como
a velocidade do barco B não tem componente na direção de sendo um movimento em círculos (podendo ser uma circunfe-
C, ou seja, a correnteza não terá nenhuma influência no tempo rência ou um arco de circunferência) e com velocidade cons-
em que o barco gasta para atravessar o rio; haja ou não cor- tante.
renteza, o tempo de travessia será o mesmo, pois o efeito da Parece que não, mas é um movimento bastante usual, pre-
correnteza é unicamente o de deslocar o barco rio abaixo. Do sente nos ventiladores, liquidificadores, rodas gigantes, etc.
mesmo modo, sendo nula a componente de B na direção da Um corpo descreve um movimento circular uniforme
correnteza, a velocidade do barco não terá influência no seu quando passa, de tempo em tempo, no mesmo ponto da traje-
movimento rio abaixo. É essa independência de dois movi- tória, sempre com a mesma velocidade. Assim, podemos dizer
mentos simultâneos que constitui o princípio da independên- que esse movimento é repetitivo e pode ser chamado de mo-
cia dos movimentos de Galileu. vimento periódico. Nos movimentos periódicos, existem dois
conceitos muito importantes que são o período e a frequência.
Movimento Oblíquo Período (T): é o tempo gasto para se completar uma volta.
É um movimento que une uma parte vertical e uma parte
horizontal. =
Ex.: O lançamento de uma bola.
Trajetória A unidade do período é o segundo (s).
y g do corpo Frequência (f): é o número de voltas que o corpo efetua em
um determinado tempo.

f=
X
0
A unidade da frequência é o Hertz (Hz). Em que:
Já quando um corpo descreve uma trajetória circular, mas T = ângulo final;
sua velocidade não é constante, ele está realizando um movi-
mento circular uniformemente variado (MCUV). T0 = ângulo inicial;
Equações do Movimento Circular Z= velocidade angular final;
As equações que determinam o movimento circular são as Z0 = velocidade angular inicial;
seguintes:
▷ Posição (deslocamento) angular: S = ‫ צ‬. R J = aceleração angular;
Em que: t = tempo;
S = espaço percorrido; 'T= variação de ângulo.
‫ = צ‬ângulo; Para o MCUV, ainda há a seguinte fórmula:
R = raio de circunferência. t

▷ Velocidade angular média:

Em que:
Z = velocidade angular; r

'‫ = צ‬variação de ângulo;


't = variação de tempo.
A velocidade angular é medida em radianos por segundo
(rad/s).
Relação entre velocidade escalar “v” e velocidade angular “Z”:
Em que:
▷ Aceleração centrípeta (ac): ar = aceleração resultante;
at = aceleração tangencial;
ac = ou ac = 2 ·R
ac = aceleração centrípeta.
Em que:
Transmissão de movimento circular

Ş
ŝ#-ŝŦ
V = velocidade escalar;
Z = velocidade angular;
Ra Rb
R = raio de circunferência.
▷ Aceleração angular:
Na transmissão de movimento circular, a velocidade linear
é a mesma em todos os pontos e, por isso, vale a seguinte re-
Em que: lação entre raios e frequência de rotação.
J = aceleração angular; FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

'Z = variação de velocidade;


't = variação do tempo.
A aceleração angular é medida em radianos por segundo Em que:
ao quadrado (rad/s2). R = raio da circunferência;
▷ Relação entre aceleração escalar D e aceleração an- f = frequência da circunferência.
gular J:
2. Dinâmica
Outras equações do Movimento Circular são: É o estudo do movimento com a força, e força é a interação
entre dois corpos.
Associado ao conceito de força, tem-se outros três conceitos:
Aceleração: faz com que o corpo altere a sua velocidade
quando uma força é aplicada.
Deformação: faz com que o corpo mude seu formato 611
quando sofre a ação de uma força.
Força Resultante: É a força que produz o mesmo efeito O Peso de um corpo é a força com que a Terra o atrai, po-
612 que todas as outras aplicadas a um corpo. dendo ser variável, quando a gravidade variar, mas a massa do
corpo, por sua vez, é constante, ou seja, não varia.
Leis de Newton e suas Aplicações Uma das unidades da Força Peso é o kilograma-força, que
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

por definição é:
A 1ª lei de Newton, também conhecida como Princípio da
Inércia, diz: 1 kgf é o peso de um corpo de massa 1kg submetido à ace-
leração da gravidade de 9,8 m/s2.
“Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e
um corpo em movimento tende a permanecer em movimento.” A sua relação com o Newton é:
Ex.: Você dentro de um veículo. P = mg
A 2ª lei de Newton, também conhecida como Princípio 1 Kgf = 1 kg . 9,8 m/s2
Fundamental da Dinâmica, diz: 1 Kgf = 9,8 Kg . m/s2 = 9,8 N
“A força é sempre diretamente proporcional ao produto Existe outra força que também é vertical, a Força Normal,
da aceleração de um corpo pela sua massa.” porém, essa é vertical na perpendicular ao plano em que o cor-
Em outras palavras, pode ser também: a aceleração que um po está. Trata-se de uma força de reação do plano ao corpo.
corpo adquire é diretamente proporcional à força que atua sobre ele. Quando as forças que atuam na vertical se anulam e o
Ou seja: corpo se encontra em equilíbrio, diz-se que o Peso é igual a
Normal.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Força de Atrito
Em que: É uma força que se opõe ao movimento.
F = resultante de todas as forças que agem sobre o corpo (em N);
m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg);
a = aceleração adquirida (em m/s2).
A unidade de força é o N (Newton).
Em que:
Ex.: Empurrar um carro.
Fat = força de atrito;
A 3ª lei de Newton, também conhecida como Princípio da
P = coeficiente de atrito;
Ação e Reação, diz:
N = força Normal.
“As forças atuam sempre em pares; para toda força de
A força de atrito pode ser estática ou dinâmica, depende
ação, existe uma força de reação, de igual intensidade, mesma
se há movimento ou não. Sempre que não tiver movimento, o
direção e sentido contrário.”
atrito será estático; agora, quando houver movimento, então o
Ex.: Para se deslocar, o nadador empurra a água para trás, e atrito será dinâmico.
esta, por sua vez, empurra-o para frente.
Força Elástica
Força de Tração
É a força que atua nas molas, calculando a sua deformi-
T F dade.

Dado um sistema no qual um corpo é puxado por um fio


ideal, ou seja, que seja inextensível, flexível e tem massa des- Em que:
prezível, podemos considerar que a força é aplicada no fio, F = intensidade da força;
que, por sua vez, aplica uma força no corpo, a qual se chama k = constante elástica da mola;
Força de Tração , que faz com que o corpo se mova. x = deformidade da mola.
Força Peso Força Centrípeta
Ocorre quando a aceleração que um corpo assume é a É a força que atua no corpo para garantir que o ele man-
aceleração da gravidade. É uma força vertical. tenha sua trajetória circular. É uma força voltada para o centro
da circunferência.

Em que:
P = força Peso (em N); Em que:
m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg); Fc = força centrípeta;
g = aceleração da gravidade (em m/s2). m = massa do corpo no qual as forças atuam (em kg);
ac = aceleração centrípeta;
v = velocidade escalar;
Z = velocidade angular;
ma + mb
R = raio da circunferência. 
Plano Inclinado
No plano inclinado, ocorre uma decomposição de força.
y

Depois de sabermos a aceleração, que é igual para ambos


Px os blocos, podemos calcular as forças que atuam entre eles,
utilizando a relação que fizemos acima:
0
x Py

P
0
▷ Corpos ligados por um fio ideal:
A força Peso se divide em duas outras: Px e Py. Um fio ideal é caracterizado por ter massa desprezível, ser
Logo, a força resultante no eixo “y” é: inextensível e flexível, ou seja, é capaz de transmitir totalmen-
te a força aplicada nele de uma extremidade à outra.
(na vertical há equilíbrio)

Como o fio ideal tem capacidade de transmitir integral-


mente a força aplicada em sua extremidade, podemos tratar o
E a força resultante no eixo “x” é:
sistema como se os corpos estivessem encostados:

Ş
ŝ#-ŝŦ
ou
A tração no fio será calculada por meio da relação feita
(se houver força de atrito) acima:

FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Sistemas de Forças ▷ Corpos ligados por um fio ideal através de polia


A resultante das forças que atuam em vários corpos ao ideal:
mesmo tempo depende da forma como esses corpos estão Uma polia ideal tem a capacidade de mudar a direção do
relacionados, veja algumas situações e como ficam: fio e transmitir a força integralmente.
▷ Corpos em contato: A
A
B

Quando uma força é aplicada a corpos em contato existem


“pares ação-reação” de forças que atuam entre eles e que se 613
anulam. Podemos fazer os cálculos, neste caso, imaginando: Das forças em cada bloco:
Então, conforme a 2ª Lei de Newton:
Na
614
T
T
A
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Mas F = k · x e P = m · g, então:
B
Pa

Pb
Trabalho
Como as forças Peso e Normal no bloco se anulam, é fácil
verificar que as forças que causam o movimento são a Tração Quando se fala de trabalho, está se falando do trabalho de
e o Peso do Bloco B. uma força, que produz deslocamento de um corpo.
Utilizamos a letra grega “tau” minúscula (t) para expressar
trabalho.
A unidade de Trabalho é o Joule (J)
Ş
ŝ#-ŝŦ

Quando uma força tem a mesma direção do movimento, o


Conhecendo a aceleração do sistema, podemos calcular a trabalho realizado é positivo: t > 0;
Tensão no fio: Quando uma força tem direção oposta ao movimento, o
trabalho realizado é negativo: t < 0.

Força Paralela ao Deslocamento


Quando a força é paralela ao deslocamento, ou seja, o ve-
▷ Corpo preso a uma mola:
tor deslocamento e a força não formam ângulo entre si, calcu-
Dado um bloco, preso a uma mola:
lamos o trabalho:

Força Não Paralela ao Deslocamento


Sempre que a força não é paralela ao deslocamento, de-
vemos decompor o vetor em suas componentes paralelas e
perpendiculares:

Dadas as forças no bloco:

Considerando FII a componente paralela da força. Ou seja:

P Quando o móvel se desloca na horizontal, apenas as forças


paralelas ao deslocamento produzem trabalho. Logo:
Energia Cinética
É a energia ligada ao movimento dos corpos, que põe os
corpos em movimento.
Sua equação é dada por:

Trabalho da Força Peso A unidade de energia é a mesma do trabalho:


Para realizar o cálculo do trabalho da força peso, devemos o Joule (J)
considerar a trajetória, como a altura entre o corpo e o ponto
de origem, e a força a ser empregada, a força Peso. Então: Teorema da Energia Cinética
Considere um corpo movendo-se em MUV.
vi vf
m m

Potência O Teorema da Energia Cinética (TEC) diz que:


Está diretamente relacionado ao Trabalho, pois nada mais “O trabalho da força resultante é medido pela variação da
é que o Trabalho em função do tempo.
energia cinética.”
Definimos, então, potência relacionando o Trabalho com o
tempo gasto para realizá-lo: Ou seja:

Como sabemos que:

Ş
ŝ#-ŝŦ
Energia Potencial
Então: Energia Potencial é a energia que pode ser armazenada
e tem a capacidade de ser transformada em energia cinética.
Conforme o corpo perde energia potencial, ganha energia
cinética ou vice-e-verso.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
Energia Potencial Gravitacional
A unidade de potência é o watt (W).
É a energia que corresponde ao trabalho que a força Peso
realiza.
Além do watt, usa-se com frequência as unidades: É obtido quando consideramos o deslocamento de um
▷ 1kW (1 quilowatt) = 1.000W corpo na vertical, tendo como origem o nível de referência
▷ 1MW (1 megawatt) = 1.000.000W = 1.000kW (solo, chão de uma sala...).
▷ 1cv (1 cavalo-vapor) = 735W
▷ 1HP (1 horse-power) = 746W

Energia Enquanto o corpo cai, vai ficando mais rápido, ou seja, ga-
É a capacidade de executar um Trabalho. nha Energia Cinética, e como a altura diminui, perde Energia
Dentre tantas energias, aprenda sobre: Potencial Gravitacional.
▷ Energia Cinética;
▷ Energia Potencial Gravitacional; Energia Potencial Elástica 615
▷ Energia Potencial Elástica. Corresponde ao trabalho que a força Elástica realiza.
Impulso, Quantidade de
616
Movimento e Conservação da
x0
Quantidade de Movimento
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Impulso
É a atuação de uma força em um corpo durante um perío-
x
do de tempo.
Calcula-se o impulso por:
Como a força elástica é uma força variável, seu trabalho é
calculado através do cálculo da área do seu gráfico, cuja Lei de
Hooke diz ser:
Força No gráfico de uma força constante, o valor do impulso é
numericamente igual à área entre o intervalo de tempo de in-
teração:
F Força
Ş
ŝ#-ŝŦ

A
A
x Deformação

Como a área de um triângulo é dada por: t1 t2 Tempo

Quantidade de Movimento
É a transferência de movimento de um corpo para outro.
Então: A quantidade de movimento relaciona a massa de um cor-
po com sua velocidade:

Relação entre Impulso e


Quantidade de Movimento
▷ Teorema do Impulso:
Conservação de Energia e Considerando a 2ª Lei de Newton:
suas Transformações
A energia mecânica de um corpo é igual à soma das ener-
gias potenciais e cinética dele. Então:

E utilizando-a no intervalo do tempo de interação:

Quando não são consideradas as forças dissipativas (atrito,


por exemplo), a energia mecânica é conservada, então:
Mas sabemos que: , logo:

Já quando são levadas em conta as forças dissipativas, fica:


Como vimos: Tipos de Choque
No choque entre dois corpos, podem ocorrer perdas de
energia em virtude do aquecimento, da deformação e do som
provocados pelo impacto, porém, jamais haverá ganho de
Então: energia. Portanto, o módulo da velocidade de afastamento
deve ser menor ou, no máximo, igual ao módulo da velocidade
de aproximação.

O impulso de uma força, devido à sua aplicação em certo


intervalo de tempo, é igual à variação da quantidade de mo-
Como a velocidade de afastamento (Vaf) apresenta mó-
vimento do corpo ocorrida neste mesmo intervalo de tempo.
dulo menor ou igual ao módulo da velocidade de aproximação
Conservação da Quantidade (Vap), a razão entre elas determina um coeficiente de restitui-
ção compreendido entre zero e um.
de Movimento ▷ Choque inelástico:
Assim como a energia mecânica, a quantidade de movi- É o tipo de choque que ocorre quando, após a colisão, os
mento também é mantida quando não há forças dissipativas, corpos seguem juntos (com a mesma velocidade).
ou seja, o sistema é conservativo, fechado ou mecanicamente
▷ Choque parcialmente elástico:
isolado.
É o tipo de choque que ocorre quando, após a colisão, os
Um sistema é conservativo se:
corpos seguem separados (velocidade diferentes), tendo o sis-
tema uma perda de energia cinética.
▷ Choque perfeitamente elástico:
É o tipo de choque que ocorre quando, após a colisão, os
corpos seguem separados (velocidade diferentes) e o sistema
não perde energia cinética.

Então, se o sistema é conservativo, temos:


3. Estática
Estática é a parte da física que estuda e explica o equilíbrio
das forças que atuam em um corpo, fazendo com que esse cor-

Ş
ŝ#-ŝŦ
po não se mova ou fique em MU.
Como a massa de um corpo, ou mesmo de um sistema, Quando o corpo está parado (v = 0), diz-se que ele está
dificilmente varia, o que sofre alteração é a velocidade deles. em equilíbrio estático, já quando o corpo está em Movimento
Uniforme (v = constante), ele está em equilíbrio dinâmico.
Colisões
Durante uma colisão de dois corpos, as forças externas são
Estática dos Corpos Rígidos
desprezadas se comparadas às internas, portanto, o sistema Para que um ponto esteja em equilíbrio, ele precisa satisfa-
pode ser sempre considerado mecanicamente isolado: zer a seguinte condição:
A resultante de todas as forças aplicadas a este ponto deve FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ser nula.
Chamamos de corpo rígido ou corpo extenso todo o objeto
que não pode ser descrito por um ponto. Para conhecermos
o equilíbrio nestes casos, é necessário estabelecer dois con-
ceitos:

Coeficiente de Restituição Centro de Massa


Antes do choque (colisão), os corpos A e B se aproximam Seja CM o ponto em que podemos considerar concentrada
com velocidade Vap (velocidade de aproximação). Após o toda a massa do corpo, este ponto será chamado Centro de
choque, os corpos A e B se afastam com velocidade Vaf (velo- Massa do corpo.
cidade de afastamento). O coeficiente de restituição (e) de um Para corpos simétricos, que apresentam distribuição uni-
choque é definido pela razão entre as velocidades de afasta- forme de massa, o centro de massa é o próprio centro geomé-
mento e velocidade de aproximação. trico do sistema, como no caso de uma esfera homogênea ou
de um cubo perfeito.
Para os demais casos, o cálculo do centro de massa é feito
através da média aritmética ponderada das distâncias de cada 617
ponto do sistema.
Momento de uma Força Particularmente, ao falar em fluídos líquidos, deve-se falar
618 em sua viscosidade, que é o atrito existente entre suas mo-
Imagine uma pessoa tentando abrir uma porta: ela preci- léculas durante um movimento. Quanto menor a viscosidade,
sará fazer mais força se for empurrada na extremidade con- mais fácil o escoamento do fluido.
trária à dobradiça, onde a maçaneta se encontra, ou no meio
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

da porta? Pressão
Claramente, percebemos que é mais fácil abrir ou fechar a É a força exercida sobre a superfície de determinada área.
porta se aplicarmos força em sua extremidade, onde está a ma- Matematicamente, a pressão é igual ao quociente entre a
çaneta. Isso acontece, pois existe uma grandeza chamada Mo- força aplicada e a área desta superfície.
mento de Força , que também pode ser chamado Torque.
Esta grandeza é proporcional à Força e à distância da apli-
cação em relação ao ponto de giro, ou seja:

Em que:
▷ p = Pressão (Pa);
Como este é um produto vetorial, podemos dizer que o ▷ F = Força (N);
módulo do Momento da Força é:
▷ A = Área (m2).
A unidade de pressão é o Pascal (Pa), que é o nome ado-
tado para N/m2.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Em que: Densidade
M = Módulo do Momento da Força; A densidade é a grandeza que relaciona a massa de um
F = Módulo da Força; corpo ao seu volume.
d = distância entre a aplicação da força ao ponto de giro; braço
de alavanca;
sen T = menor ângulo formado entre os dois vetores.
Em que:
Como sen 90° = 1, se a aplicação da força for perpendicular
▷ d = Densidade (kg/m3);
à “d”, o momento será máximo;
▷ m = Massa (kg);
Como sen 0° = 0, quando a aplicação da força é paralela à
▷ V = Volume (m3).
“d”, o momento é nulo.
O Momento da Força de um corpo é: Pressão Hidrostática
▷ Positivo quando girar no sentido anti-horário; Da mesma forma como os corpos sólidos, os fluídos tam-
▷ Negativo quando girar no sentido horário. bém exercem pressão sobre outros, devido ao seu peso. Para
obtermos essa pressão, consideremos um recipiente contendo
Condições de Equilíbrio um líquido de densidade “d” que ocupa o recipiente até uma
de um Corpo Rígido altura “h”, em um local do planeta onde a aceleração da gravi-
dade é “g”. A Força exercida sobre a área de contato é o peso
Para que um corpo rígido esteja em equilíbrio, além de não do líquido.
se mover, esse corpo não pode girar. Por isso, precisa satisfazer
duas condições:
▷ A resultante das forças aplicadas sobre seu centro de P=
massa deve ser nula (não se move ou se move com
velocidade constante).
▷ A resultante dos Momentos da Força aplicados ao
corpo deve ser nula (não gira ou gira com velocida-
de angular constante). Como:

Estática dos Fluidos - Hidrostática d=


Chamamos hidrostática a ciência que estuda os líquidos
em equilíbrio estático.
Fluido
Fluido é uma substância que tem a capacidade de escoar.
Quando um fluído é submetido a uma força tangencial, de- Mas:
forma-se de modo contínuo, ou seja, quando colocado em um
recipiente qualquer, o fluído adquire o seu formato. V=
Podem-se considerar como fluidos líquidos e gases.
Logo: Teorema de Pascal
“O acréscimo de pressão exercida num ponto em um líqui-
do ideal em equilíbrio se transmite integralmente a todos os
pontos desse líquido e às paredes do recipiente que o contêm.”
Ou seja, a pressão hidrostática não depende do formato do
recipiente, apenas da densidade do fluído, da altura do ponto Quando aplicamos uma força a um líquido, a pressão cau-
onde a pressão é exercida e da aceleração da gravidade. sada se distribui integralmente e igualmente em todas as di-
reções e sentidos.
Pressão Atmosférica Pelo teorema de Stevin sabemos que:
Atmosfera é uma camada de gases que envolvem toda a
superfície da Terra.
Aproximadamente, todo o ar presente na Terra está abai-
xo de 18000 metros de altitude. Como o ar é formado por
Então, considerando dois pontos, A e B:
moléculas que têm massa, o ar também tem massa e, por
consequência, peso. A pressão que o peso do ar exerce sobre
a superfície da Terra é chamada Pressão Atmosférica, e seu
valor depende da altitude do local onde é medida. Quanto
maior a altitude menor a pressão atmosférica e vice-versa.
Teorema de Stevin
“A diferença entre as pressões de dois pontos de um fluído
F
em equilíbrio é igual ao produto entre a densidade do fluído, a ________
aceleração da gravidade e a diferença entre as profundidades B h
dos pontos.” ________
A
Seja um líquido qualquer de densidade d em um recipiente
Ao aplicarmos uma força qualquer, as pressões no ponto A
qualquer.
e B sofrerão um acréscimo:
Escolhemos dois pontos arbitrários R e T.

Ş
ŝ#-ŝŦ
hQ
________ hR
Q Se o líquido em questão for ideal, ele não sofrerá compres-
________
são, então, a distância h será a mesma após a aplicação da
R força.
Assim:
As pressões em Q e R são: FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

A diferença entre as pressões dos dois pontos é:

▷ Prensa hidráulica:

S2

S1
Por meio desse teorema, podemos concluir que todos os
pontos a uma mesma profundidade, em um fluido homogê-
neo (que tem sempre a mesma densidade), estão submetidos 619
à mesma pressão.
Uma das principais aplicações do teorema de Pascal é a Assim:
620 prensa hidráulica.
Essa máquina consiste em dois cilindros de raios diferen-
tes A e B, interligados por um tubo. No seu interior, existe um
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

líquido que sustenta dois êmbolos de áreas diferentes S1 e S2.


Se aplicarmos uma força de intensidade F no êmbolo de
área S1, exerceremos um acréscimo de pressão sobre o líquido Em que:
dado por: = Empuxo (N);
dF = Densidade do fluido (kg/m3);
VFD = Volume do fluido deslocado (m3);
g = Aceleração da gravidade (m/s2).
O valor do empuxo não depende da densidade do corpo
Pelo teorema de Pascal, sabemos que esse acréscimo de pres-
que é imerso no fluido, mas podemos usá-la para saber se o
são será transmitido integralmente a todos os pontos do líquido,
corpo flutua, afunda ou permanece em equilíbrio com o fluido.
inclusive ao êmbolo de área S2, porém, transmitindo uma força
Então, se:
diferente da aplicada:
▷ Densidade do corpo > densidade do fluido: o corpo
afunda;
▷ Densidade do corpo = densidade do fluído: o corpo
Ş
ŝ#-ŝŦ

fica em equilíbrio com o fluido;


▷ Densidade do corpo < densidade do fluído: o corpo
Como o acréscimo de pressão é igual para ambas as ex-
flutua na superfície do fluido.
pressões, pode-se igualá-las:
Peso Aparente
Conhecendo o princípio de Arquimedes, podemos es-
tabelecer o conceito de peso aparente, que é o responsável,
no exemplo dado da piscina, por nos sentirmos mais leves ao
Empuxo submergirmos.
Ao entrarmos em uma piscina, nos sentimos mais leves do Peso aparente é o peso efetivo, ou seja, aquele que real-
que quando estamos fora dela. mente sentimos. No caso de um fluido:
Isso acontece devido a uma força vertical para cima exerci-
da pela água a qual chamamos Empuxo, e a representamos
por .
O Empuxo representa a força resultante exercida pelo flui-
do sobre um corpo. Como tem sentido oposto à força Peso,
causa o efeito de leveza, no caso da piscina.
A unidade de medida do Empuxo é o Newton (N).

4. Ondulatórias
Chamamos de ondulatória a parte da física que é respon-
m sável por estudar as características e propriedades em comum
dos movimentos das ondas.

Movimento Harmônico Simples (MHS)


Os movimentos harmônicos simples estão presentes em
vários aspectos de nossas vidas, como nos movimentos do
pêndulo de um relógio, de uma corda de violão ou de uma
mola. Esses movimentos realizam um mecanismo de “vai e
Princípio de Arquimedes vem” em torno de uma posição de equilíbrio, sendo caracteri-
Arquimedes descobriu que todo o corpo imerso em um zados por um período e por uma frequência.
fluido em equilíbrio, dentro de um campo gravitacional, fica O período “T” é o menor intervalo de tempo para uma re-
sob a ação de uma força vertical, com sentido oposto a este petição desse fenômeno. A frequência “f” é o número de vezes
campo, aplicada pelo fluido, cuja intensidade é igual à intensi- que um movimento é repetido em um determinado intervalo
dade do Peso do fluido que é ocupado pelo corpo. de tempo.
Assim, pode-se verificar que:

ou

Posição do Móvel em MHS


A unidade de “T” é o segundo e a de f é hertz (Hz). A equação que representa a posição de um móvel em MHS
No estudo feito do MHS, utilizaremos como referência um será dada a seguir em função do tempo.
sistema massa-mola, que pode ser visualizado na figura a seguir.
m

-a x0 a
x0
As posições a e -a são deformações máximas que a mola
O bloco em vermelho ligado a uma mola tendo como terá quando o bloco de massa m for colocado em oscilação.
posição de equilíbrio do sistema a posição Xo. A posição X é dada em função do tempo.
Nesse sistema, desprezaremos as forças dissipativas (atri-
to e resistência do ar). O bloco, quando colocado em oscilação,
movimentar-se-á sob a ação da força restauradora elástica,
que pode ser calculada pela seguinte expressão: Em que:
▷ A = elongação máxima (m);
Z = frequência angular (rad/s);
▷ = espaço angular que um ponto projetado pelo
bloco sobre uma circunferência realiza (rad);

Ş
ŝ#-ŝŦ
Período ▷ t = intervalo de tempo.
O período de um corpo em MHS é o intervalo de tempo re- Velocidade do Móvel em MHS
ferente a uma oscilação completa e pode ser calculado através
da seguinte expressão:

Sendo:

FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Logo:
O período [T(s)] depende da massa do corpo colocado em
oscilação [m(kg)] e da constante elástica da mola [k(N/m)].

Frequência
Em que:
A frequência de um corpo em MHS corresponde ao número ▷ a = elongação máxima (m);
de oscilações que esse corpo executa por unidade de tempo e ▷ Z= frequência angular (rad/s);
essa grandeza pode ser determinada pela seguinte expressão: ▷ = espaço angular que um ponto projetado pelo
bloco sobre uma circunferência realiza (rad);
▷ t = intervalo de tempo.
Aceleração do Móvel em MHS

Frequência é inversamente proporcional ao período e pode ser 621


expressa matematicamente pela seguinte relação:
Sendo: Para todos os outros pontos do sistema:
622
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Então:

Como não há dissipação de energia nesse modelo, toda a


energia mecânica é conservada durante o movimento de um
▷ A fase é sempre medida em radianos. oscilador massa-mola horizontal.
▷ A pulsação pode ser definida por: Pêndulo Simples
▷ A fase inicial é o igual ao ângulo inicial do mo- Um pêndulo é um sistema composto por uma massa aco-
vimento em um ciclo trigonométrico, ou seja, é o
plada a um pivô que permite sua movimentação livremente. A
ângulo de defasagem da onda senoidal.
massa fica sujeita à força restauradora causada pela gravidade.
Energia do Oscilador O pêndulo simples consiste em uma massa presa a um fio
Analisando a energia mecânica do sistema, tem-se que: flexível e inextensível por uma de suas extremidades e livre
por outra, representado da seguinte forma:
v=0
Ş
ŝ#-ŝŦ

v=0
ы
-A 0 A x
Quando o objeto é abandonado na posição x = A, a
energia mecânica do sistema é igual à energia potencial
elástica armazenada, pois não há movimento e, consequen-
temente, energia cinética. Assim: m
O período de um pêndulo simples pode ser expresso por:

Ondas
No estudo da física, onda é uma perturbação que se propa-
ga no espaço ou em qualquer outro meio, como, por exemplo,
na água. Uma onda transfere energia de um ponto para outro,
Ao chegar na posição x = -A, novamente o objeto ficará
momentaneamente parado (v = 0), tendo sua energia mecâni- mas nunca transfere matéria entre dois pontos. As ondas po-
ca igual à energia potencial elástica do sistema. dem se classificar de acordo com a direção de propagação de
energia, quanto à natureza das ondas e quanto à direção de
No ponto em que x = 0, ocorrerá o fenômeno inverso ao da
propagação.
máxima elongação, sendo que:
ї Quanto à direção de propagação de energia, as ondas se
classificam da seguinte forma:
▷ Unidimensionais: propagam-se em uma única di-
mensão;
▷ Bidimensionais: propagam-se num plano;
▷ Tridimensionais: propagam-se em todas as direções.
ї Quanto à natureza, as ondas se classificam em:
▷ Ondas mecânicas: são aquelas que necessitam
de um meio material para se propagar como, por
exemplo, onda em uma corda ou mesmo as ondas
Assim, podemos concluir que, na posição x = 0, ocorre sonoras;
a velocidade máxima do sistema massa-mola, já que toda a ▷ Ondas eletromagnéticas: são aquelas que não ne-
energia mecânica é resultado dessa velocidade. cessitam de meio material para se propagarem,
elas podem se propagar tanto no vácuo (ausência É comum aos movimentos uniformes, mas, conhecendo a es-
de matéria) como também em certos tipos de ma- trutura de uma onda:
teriais. São exemplos de ondas eletromagnéticas: a ʄ
luz solar, as ondas de rádio, as micro-ondas, raios X,
entre muitas outras.
ї Quanto à direção de propagação, as ondas se classificam em:
▷ Ondas transversais: são aquelas que têm a direção
de propagação perpendicular à direção de vibração,
como, por exemplo, as ondas eletromagnéticas.
▷ Ondas longitudinais: nessas ondas, a direção de pro-
pagação se coincide com a direção de vibração. Nos
líquidos e gases, a onda se propaga dessa forma.
Para descrever uma onda, é necessária uma série de gran-
dezas, entre elas, temos: velocidade, amplitude, frequência, Temos que 'S = O e que 't = T, assim:
período e o comprimento de onda.
Componentes de uma onda
Uma onda é formada por alguns componentes básicos,
quais sejam:
Crista

Esta é a equação fundamental da Ondulatória, já que é valida


A para todos os tipos de onda.
Desse modo, é comum utilizar-se frequências na ordem
de kHz (1quilohertz = 1.000Hz) e de MHz (1megahertz =
Vale 1.000.000Hz)
Em que:

Ş
ŝ#-ŝŦ
▷ A = amplitude da onda.
Ondas Sonoras
São ondas mecânicas, pois somente se propagam através
É denominada comprimento da onda, e expressa pela letra de um meio material. Diferentemente das ondas eletromagné-
grega lambida (O), a distância entre duas cristas ou dois vales ticas (como, por exemplo, a luz), as ondas sonoras não podem
consecutivos. se propagar no vácuo.
Chamamos período da onda (T) o tempo decorrido até que As ondas sonoras são consideradas ondas de pressão. Por
duas cristas ou dois vales consecutivos passem por um ponto, e exemplo, quando um músico bate em um tambor musical, a
frequência da onda (f) o número de cristas ou vales consecutivos vibração da membrana produz alternadamente compressões
que passam por um mesmo ponto, em uma determinada unidade e rarefações do ar, ou seja, produz variações de pressão que se FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
de tempo. propagam através do meio, no caso, o ar.
Portanto, o período e a frequência são relacionados por: Dependendo da fonte emitente, as ondas sonoras podem
apresentar qualquer frequência, desde poucos hertz (como as
ondas produzidas por abalos sísmicos), até valores extrema-
mente elevados (comparáveis às frequências da luz visível).
Porém, nós, seres humanos, só conseguimos ouvir ondas so-
A unidade internacionalmente utilizada para a frequência noras cujas frequências estejam compreendidas entre 20 Hz e
é Hertz (Hz), sendo que 1Hz equivale à passagem de uma 20.000 Hz, sendo chamadas, genericamente, de sons.
crista ou de um vale em 1 segundo. Ondas sonoras que possuem frequência abaixo de 20 Hz
são denominadas infrassons e as ondas que possuem fre-
Velocidade de Propagação das Ondas quência superior a 20.000 Hz são denominadas ultrassons.
Como não transportam matéria em seu movimento, é previ- A propagação do som em meios gasosos depende fortemen-
sível que as ondas se desloquem com velocidade contínua, logo, te da temperatura do gás. É possível, inclusive demonstrar experi-
estas devem ter um deslocamento que valide a expressão: mentalmente que a velocidade do som em gases é dada por:

623
Em que: Efeito Doppler
624 ▷ k = constante que depende da natureza do gás; O Efeito Doppler é a alteração da frequência sonora per-
▷ T = temperatura absoluta do gás (em kelvin). cebida pelo observador em virtude do movimento relativo de
aproximação ou afastamento entre a fonte e o observador.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Intensidade Sonora Veja, inicialmente, o caso de uma fonte sonora fixa e um


A intensidade do som é a qualidade que nos permite ca- observador movendo-se ao longo de uma mesma reta, ado-
racterizar se um som é forte ou fraco, e depende da energia tando um referencial que esteja em repouso em relação ao
que a onda sonora transfere. meio através do qual as ondas se propagam. Se ambos, fonte
A intensidade sonora (I) é definida fisicamente como a po- e observador, estivessem em repouso, o número de ondas re-
tência sonora recebida por unidade de área de uma superfície, cebidas na unidade de tempo seria dada por:
ou seja: ї Número de ondas =
Em que:
▷ v é a velocidade do som;
▷ O é o comprimento de onda emitido pela fonte.
No entanto, em virtude do movimento do observador, em
Mas como a potência pode ser definida pela relação de energia direção à fonte de ondas, ela receberá um número adicional de
ondas (simultaneamente) que será dado por:
por unidade de tempo:
ї Numero adicional de ondas =
Ş
ŝ#-ŝŦ

Em que:
▷ vo é a velocidade do observador.
Como a frequência de uma onda pode ser definida como o
Então, também podemos expressar a intensidade por: número de comprimentos de onda que serão produzidos (re-
cebidos) na unidade de tempo, então, a frequência percebida
pelo observador será a seguinte:

As unidades mais usadas para a intensidade são


J/m2 e W/m2.
É chamada mínima intensidade física, ou limiar de audi-
bilidade, o menor valor da intensidade sonora ainda audível:

É chamada máxima intensidade física, ou limiar de dor, o


maior valor da intensidade sonora suportável pelo ouvido:
Tornando a relação mais geral, para o caso em que o ob-
servador se aproxime (sinal positivo) ou se afaste (sinal nega-
tivo), a frequência percebida pelo observador poderá ser dada
pela seguinte expressão:
Conforme um observador se afasta de uma fonte sonora, a
intensidade sonora ou nível sonoro (E) diminui logaritmica-
mente, sendo representado pela equação:
Em que: o termo f´ representa a frequência percebida pelo
observador (chamada frequência aparente), e f é a frequência
emitida pela fonte (chamada frequência real).
Agora, no caso em que a fonte se move enquanto o observa-
dor permanece em repouso, os comprimentos de ondas tornar-
A unidade utilizada para o nível sonoro é o Bel (B), mas se-ão cada vez menores (som mais agudo). Então, sabendo que
como essa unidade é grande, se comparada com a maioria dos a frequência da fonte é f e vs é a velocidade das ondas emitidas
valores de nível sonoro utilizados no cotidiano, seu múltiplo (lembremo-nos que estamos tratando do som), o comprimento
usual é o decibel (dB), de maneira que 1B = 10dB. de onda que chegará ao observador será dado por:
Tanto a luz como o infravermelho ou ondas de rádios são
iguais, e o que diferencia uma onda eletromagnética da outra
é a sua frequência. Quanto mais alta for essa frequência, mais
energética é a onda.
Em uma onda eletromagnética, o campo elétrico variável
Dessa forma, como o som torna-se mais agudo (maior fre- e o campo magnético variável estão intimamente ligados:
quência), essa fonte poderá ser calculada da seguinte forma: ambos variam em fase, ou seja, quando um deles atinge a in-
tensidade máxima, o mesmo ocorre com o outro e, quando um
deles se anula, o outro também se anula.
Além disso, os campos e são perpendiculares um ao outro
e também à direção de propagação da onda que se desloca com
velocidade v. Isso nos permite classificar a onda eletromagnética
como onda transversal. A figura abaixo mostra-nos a disposição
Generalizando, mais uma vez, os resultados para os casos dos campos elétricos e magnéticos de uma onda eletromagnética,
em que a fonte aproxima-se (sinal negativo) ou afasta-se (si- e a direção e o sentido de sua propagação.
nal positivo) do observador:
x
ʄ v

z
Portanto, se ambos movem-se relativamente entre si, a y
expressão resultante será:

Representação esquemática da oscilação dos campos elé-


trico e magnético de uma onda eletromagnética.
Observe que a distância entre dois pontos vizinhos de máximo do
Fenomenologicamente, podemos compreender o Efei- campo elétrico, ou do campo magnético, corresponde ao compri-
to Doppler da seguinte forma: no caso de aproximação, a mento de onda Oda onda eletromagnética. Para as ondas eletro-
frequência aparente da onda recebida pelo observador fica magnéticas, vale, também, a equação fundamental das ondas: v =
maior que a frequência emitida. Ao contrário, no caso de afas- O . f, em que f é a frequência com que os campos variam.
tamento, a frequência aparente diminui. Um exemplo típico é

Ş
ŝ#-ŝŦ
o caso de uma ambulância com sirene ligada que passe por Assim, é possível estabelecer uma relação entre a inten-
um observador. Ao se aproximar, o som é mais agudo (maior sidade E do campo elétrico e a intensidade B do campo mag-
frequência e menor comprimento de onda), enquanto que, ao nético:
se afastar, o som é mais grave (menor frequência e maior com-
primento de onda).
Por um viés mais prático, o efeito Doppler permite a me-
dição da velocidade de objetos através da reflexão de ondas
emitidas pelo próprio equipamento de medição, que podem Em que v é a velocidade de propagação da onda eletro-
ser radares, baseados em radiofrequência, ou lasers, que magnética.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
utilizam frequências luminosas. Muito utilizado para medir a
velocidade de automóveis, aviões, na Mecânica dos fluidos e Frequências Naturais e Ressonância
na Hidráulica, em partículas sólidas dentro de um fluido em Sempre que um corpo capaz de oscilar sofrer uma série
escoamento. periódica de impulsos, com uma frequência igual a uma das
frequências naturais de vibração do corpo, este, em geral, é
Ondas Eletromagnéticas posto em vibração com uma amplitude relativamente grande.
O resultado da interação de campos variáveis é a produ- Esse fenômeno é chamado de ressonância e diz-se que o cor-
ção de ondas de campos elétricos e magnéticos que podem po entra em ressonância com os impulsos aplicados.
se propagar até mesmo pelo vácuo e apresentam proprieda- Cada sistema físico capaz de vibrar possui uma ou mais
des típicas de uma onda mecânica, como reflexão, retração, frequências naturais, isto é, que são características do sistema,
difração, interferência e transporte de energia. A essas ondas, mais precisamente da maneira como este é construído. Como,
dá-se o nome de ondas eletromagnéticas. por exemplo, um pêndulo ao ser afastado do ponto de equilí-
As ondas eletromagnéticas têm como característica prin- brio, cordas de um violão ou uma ponte para a passagem de
cipal a sua velocidade. Da ordem de 300.000Km/s no vácuo, pedestres sobre uma rodovia movimentada.
no ar, sua velocidade é um pouco menor. Considerada a maior Todos esses sistemas possuem sua frequência natural, que
velocidade do universo, elas podem vencer vários obstáculos lhes é característica. Quando ocorrem excitações periódicas
físicos, tais como gases, atmosfera, água, paredes, dependen- sobre o sistema, como quando o vento sopra com frequência 625
do da sua frequência. constante sobre uma ponte durante uma tempestade, acon-
tece um fenômeno de superposição de ondas que alteram a ї 1ª lei da reflexão: O raio de luz refletido e o raio de luz
626 energia do sistema, modificando sua amplitude. incidente, assim como a reta normal à superfície, perten-
Conforme estudamos anteriormente, se a frequência na- cem ao mesmo plano, ou seja, são coplanares.
tural de oscilação do sistema e as excitações constantes sobre ї 2ª Lei da reflexão: O ângulo de reflexão (r) é sempre
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ele estiverem sob a mesma frequência, a energia do sistema igual ao ângulo de incidência (i).
será aumentada, fazendo com que vibre com amplitudes cada
vez maiores. i=r
O fenômeno da ressonância é facilmente demonstrado ao
colocarmos dois diapasões idênticos no ar, quando um é posto Espelho Plano
a vibrar, naturalmente o outro poderá ser ouvido, pois iniciará
Um espelho plano é aquele em que a superfície de reflexão
uma vibração.
é totalmente plana.
5. Óptica Os espelhos planos têm utilidades bastante diversificadas,
desde as domésticas até como componentes de sofisticados
Óptica é o ramo da física que estuda os fenômenos re- instrumentos ópticos.
lacionados à luz. A óptica explica os fenômenos da reflexão, Representa-se um espelho plano por:
refração e difração. N
A C
Reflexão da Luz
Reflexão é um fenômeno físico no qual ocorre a mudança da i r
direção de propagação da luz (desde que o ângulo de incidência
Ş
ŝ#-ŝŦ

Espelho plano
não seja de 90°). Ou seja, consiste no retorno dos feixes de luz
B
incidentes em direção à região de onde ela veio, após eles en-
trarem em contato com uma determinada superfície refletora.
Quando a luz incide sobre uma superfície e retorna para o
meio em que estava se propagando, dizemos que ela sofreu
As principais propriedades de um espelho plano são a si-
reflexão. A reflexão difere da refração, pois a refração consiste
metria entre os pontos objeto e imagem e que a maior parte
no desvio de luz para um meio diferente do qual a luz estava se
da reflexão que acontece é regular.
propagando. A reflexão pode ser de dois tipos: reflexão regular,
quando os raios de luz incidem sobre superfícies totalmente poli- ї Construção das imagens em um espelho plano:
das, e reflexão difusa, quando os raios incidem sobre superfícies Para se determinar a imagem em um espelho plano, bas-
irregulares. Essa última é a responsável pela percepção do am- ta imaginarmos que o observador vê um objeto que parece
biente que nos cerca. estar atrás do espelho. Isso ocorre porque o prolongamento
É possível esquematizar a reflexão de um raio de luz, ao atingir do raio refletido passa por um ponto imagem virtual (PIV),
uma superfície polida, da seguinte forma: “atrás” do espelho.
N Nos espelhos planos, o objeto e a respectiva imagem têm
A C sempre naturezas opostas, ou seja, quando um é real o outro
deve ser virtual, portanto, para se obter geometricamente a
imagem de um objeto pontual, basta traçar por ele, através
i r do espelho, uma reta e marcar simetricamente o ponto ima-
gem.
T
ї Translação de um espelho plano:
B Considerando a figura:

Em que:
AB = raio de luz incidente;
d1 d1
BC = raio de luz refletido; x
N = reta normal à superfície no ponto B;
T = reta tangente à superfície no ponto B;
i = ângulo de incidência, formado entre o raio incidente e a ы
d2 d2
reta normal;
r = ângulo refletido, formado entre o raio refletido e a reta normal.
A parte superior do desenho mostra uma pessoa a uma
Leis da Reflexão distância “d1”do espelho, logo, a imagem aparece a uma dis-
Os fenômenos em que acontece reflexão, tanto regular tância “d1” em relação ao espelho.
quanto difusa e seletiva, obedecem a duas leis fundamentais Na parte inferior da figura, o espelho é transladado “l” para
que são: a direita, fazendo com que o observador esteja a uma distância
“d2” do espelho, fazendo com que a imagem seja deslocada x Espelhos Esféricos
para a direita.
Chamamos espelho esférico qualquer calota esférica que
Pelo desenho, podemos ver que:
seja polida e possua alto poder de reflexão.
x = 2d2 - 2d1

Que pode ser reescrito como:

x = 2(d2 - d1)
É fácil observar-se que a esfera da qual a calota acima faz
Mas, pela figura, podemos ver que: parte tem duas faces, uma interna e outra externa. Quando a
superfície refletiva considerada for a interna, o espelho é cha-
l = d2 - d 1 mado côncavo, já nos casos em que a face refletiva é a externa,
o espelho é chamado convexo.
Logo:
espelho convexo

x = 2l

Assim, pode-se concluir que sempre que um espelho é


transladado paralelamente a si mesmo, a imagem de um ob-
jeto fixo sofre translação no mesmo sentido do espelho, mas
com comprimento equivalente ao dobro do comprimento da espelho côncavo
translação do espelho. ї Reflexão da luz em espelhos esféricos:
Se utilizarmos essa equação, e medirmos a sua taxa de Assim como para espelhos planos, as duas leis da reflexão
variação em um intervalo de tempo, podemos escrever a ve- também são obedecidas nos espelhos esféricos, ou seja, os ân-
locidade de translação do espelho e da imagem da seguinte gulos de incidência e reflexão são iguais, e os raios incididos,
forma: refletidos e a reta normal ao ponto incidido.
refletido
normal

incidente

Ş
ŝ#-ŝŦ
refratado
Ou seja, a velocidade de deslocamento da imagem é igual
ao dobro da velocidade de deslocamento do espelho.
Quando o observador também se desloca, a velocidade ao ser
considerada é a velocidade relativa entre o observador e o espe- ї Aspectos geométricos dos espelhos esféricos:
lho, ao invés da velocidade de translação do espelho, ou seja:
Para o estudo dos espelhos esféricos, é útil o conhecimen-
to dos elementos que os compõe, esquematizados na figura
abaixo: FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ї Associação de dois espelhos planos


Dois espelhos planos podem ser associados, com as su- calota
perfícies refletoras se defrontando e formando um ângulo “D”
entre si, com valores entre 0° e 180°.
R
Para se calcular o número de imagens que serão vistas na as-
sociação, usa-se a fórmula: e.p.
ɲ V
C

Sendo “D” o ângulo formado entre os espelhos.

Quando a expressão for um número par, o ponto ob-


▷ C é o centro da esfera;
jeto P poderá assumir qualquer posição entre os dois espelhos.
▷ V é o vértice da calota;
Se a expressão for um número ímpar, o ponto objeto O eixo que passa pelo centro e pelo vértice da calota é cha- 627
P, deverá ser posicionado no plano bissetor de “ɲ”. mado eixo principal.
As demais retas que cruzam o centro da esfera são chama- ї Determinação de imagens:
628 das eixos secundários. Analisando objetos diante de um espelho esférico, em
O ângulo “D”, que mede a distância angular entre os dois eixos posição perpendicular ao eixo principal do espelho, podemos
secundários que cruzam os dois pontos mais externos da calo- chegar a algumas conclusões importantes.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

ta, é a abertura do espelho. Um objeto pode ser real ou virtual. No caso dos espelhos,
O raio da esfera R que origina a calota é chamado raios de dizemos que o objeto é virtual se ele se encontra “atrás” do
espelho. No caso de espelhos esféricos, a imagem de um ob-
curvatura do espelho. jeto pode ser maior, menor ou igual ao tamanho do objeto. A
Um sistema óptico que consegue conjugar, a um ponto imagem pode, ainda, aparecer invertida em relação ao objeto.
objeto, um único ponto como imagem é dito estigmático. Os Se não houver sua inversão, dizemos que ela é direita.
espelhos esféricos normalmente não são estigmáticos, nem Nos espelhos côncavos:
aplanéticos ou ortoscópicos, como os espelhos planos. ▷ Se o objeto estiver antes do centro de curvatura, sua
No entanto, espelhos esféricos só são estigmáticos para imagem será real, invertida e menor do que o obje-
os raios que incidem próximos do seu vértice V e com uma to e estará entre o centro de curvatura e o foco do
espelho;
pequena inclinação em relação ao eixo principal. Um espelho
▷ Se o objeto estiver no centro de curvatura, sua ima-
com essas propriedades é conhecido como espelho de Gauss. gem será real, invertida e do mesmo tamanho do
Um espelho que não satisfaz as condições de Gauss (in- objeto e estará no centro de curvatura do espelho;
cidência próxima do vértice e pequena inclinação em relação ▷ Se o objeto estiver entre o centro de curvatura e o
ao eixo principal) é dito astigmático. Um espelho astigmático foco do espelho, sua imagem será real, invertida e
Ş
ŝ#-ŝŦ

conjuga a um ponto uma imagem parecendo uma mancha. maior do que o objeto e estará antes do centro de
ї Focos dos espelhos esféricos: curvatura;
▷ Se o objeto estiver no foco, sua imagem não existirá;
Para os espelhos côncavos de Gauss, pode-se verificar que
▷ Se o objeto estiver depois do foco, sua imagem
todos os raios luminosos que incidirem ao longo de uma di-
será virtual, normal e maior do que o objeto.
reção paralela ao eixo secundário passam por (ou convergem
Nos espelhos convexos:
para) um mesmo ponto F - o foco principal do espelho.
▷ As imagens são sempre virtuais, normais e meno-
res do que o objeto.
ї Equação fundamental dos espelhos esféricos:
y

F
i

o
x C F
p p’
espelho côncavo
No caso dos espelhos convexos, a continuação do raio re-
fletido é que passa pelo foco. Tudo se passa como se os raios
refletidos se originassem do foco.
Dadas a distância focal e posição do objeto, é possível de-
terminar, analiticamente, a posição da imagem por meio da
equação de Gauss, que é expressa por:

ї Aumento linear transversal:


A ampliação ou aumento da imagem é dada por:

espelho convexo
Sendo o foco do espelho aproximadamente igual ao ponto
médio do centro de curvatura ao vértice do espelho, tem-se:

Ou seja:
Refração da Luz
A refração é o fenômeno que ocorre com a luz quando ela
passa de um meio homogêneo e transparente para outro meio
também homogêneo e transparente, porém, diferente do pri-
meiro. Nessa mudança de meio, podem ocorrer mudanças na
velocidade de propagação e na direção de propagação.
Refringência
▷ Meio homogêneo: é o meio no qual todos os pontos Dizemos que um meio é mais refringente que outro quando
apresentam as mesmas propriedades físicas, como seu índice de refração é maior que do outro. Ou seja, o etanol é
densidade, pressão e temperatura. mais refringente que a água.
▷ Meio transparente: é o meio através do qual pode- De outra maneira, podemos dizer que um meio é mais
mos visualizar nitidamente os objetos. refringente que outro quando a luz se propaga por ele com
▷ Meio isotrópico: é o meio no qual a velocidade da velocidade menor que no outro.
luz é a mesma em qualquer que seja sua direção de
propagação. Leis de Refração
Observe o desenho:
Índice de Refração Absoluto
Para o entendimento completo da refração, convém a in-
Meio de incidência
Raio 1
trodução de uma nova grandeza que relacione a velocidade da
radiação monocromática no vácuo e em meios materiais. Essa v .ʄ .f
1 1 ɽ1
grandeza é o índice de refração da luz monocromática no meio
apresentado, e é expressa por: dioptro

Ş
ŝ#-ŝŦ
ɽ2
Raio 2
Em que n é o índice de refração absoluto no meio, e c é a v2 . ʄ2 . f
velocidade da luz no vácuo (300.000.000m/s ou 3.108m/s). Meio de refração
É importante observar que o índice de refração absoluto
Em que:
nunca pode ser menor do que 1, já que a maior velocidade
possível em um meio é c, se o meio considerado for o próprio ▷ Raio 1 é o raio incidente, com velocidade e compri-
vácuo. mento de onda característico;
Para todos os outros meios materiais, n é sempre maior ▷ Raio 2 é o raio refratado, com velocidade e compri-
que 1. mento de onda característico; FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

▷ A reta tracejada é a linha normal à superfície;


Índice de Refração Relativo ▷ O ângulo formado entre o raio 1 e a reta normal é o
entre Dois Meios ângulo de incidência;
Chama-se índice de refração relativo entre dois meios a ▷ O ângulo formado entre o raio 2 e a reta normal é o
relação entre os índices de refração absolutos de cada um dos ângulo de refração;
meios, de modo que: ▷ A fronteira entre os dois meios é um dioptro plano.
Conhecendo os elementos de uma refração, podemos en-
tender o fenômeno através das duas leis que o regem.
ї 1ª Lei da Refração: diz que o raio incidente (raio 1), o raio
refratado (raio 2) e a reta normal ao ponto de incidência
Mas, como visto: (reta tracejada) estão contidos no mesmo plano, que, no
caso do desenho acima, é o plano da tela.
ї 2ª Lei da Refração - Lei de Snell: é utilizada para calcu-
lar o desvio dos raios de luz ao mudarem de meio, e é 629
Então, podemos escrever: expressa por:
A fórmula que determina essa distância é:
630
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

No entanto, sabemos que:


Prisma
Um prisma é um sólido geométrico formado por uma face
superior e uma face inferior paralelas e congruentes (também
= chamadas de bases) ligadas por arestas. As laterais de um pris-
ma são paralelogramos.
No entanto, para o contexto da óptica, é chamado prisma
Além de que: o elemento óptico transparente com superfícies retas e poli-
das que é capaz de refratar a luz nele incidida. O formato mais
usual de um prisma óptico é o de pirâmide com base quadran-
gular e lados triangulares.

Ao agruparmos essas informações, chegamos a uma forma


completa da Lei de Snell:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Dioptro
É todo o sistema formado por dois meios homogêneos e
transparentes.
Quando essa separação acontece em um meio plano, cha- A aplicação usual dos prismas ópticos é seu uso para sepa-
mamos, então, dioptro plano. rar a luz branca policromática nas sete cores monocromáticas
ar do espectro visível, além de que, em algumas situações, pode
refletir tais luzes.
dioptro ї Funcionamento do prisma:
Quando a luz branca incide sobre a superfície do prisma, sua
água
velocidade é alterada, no entanto, cada cor da luz branca tem
um índice de refração diferente, e logo, ângulos de refração di-
ferentes, chegando à outra extremidade do prisma separadas.
A figura acima representa um dioptro plano, na separação ї Tipos de prismas:
entre a água e o ar, que são dois meios homogêneos e trans- ▷ Prismas dispersivos são usados para separar a luz
parentes. em suas cores de espectro.
ї Formação de imagens através de um dioptro: ▷ Prismas refletivos são usados para refletir a luz.
Considere um pescador que vê um peixe em um lago. ▷ Prismas polarizados podem dividir o feixe de luz
O peixe encontra-se a uma profundidade H da superfície da em componentes de variadas polaridades.
água. O pescador o vê a uma profundidade h. Conforme mos- Lentes Esféricas Convergentes
tra a figura a seguir: Em uma lente esférica com comportamento convergente,
Observador a luz que incide paralelamente entre si é refratada, tomando
direções que convergem a um único ponto.
ɽ1 Tanto lentes de bordas finas como de bordas espessas
Ar - meio 1 podem ser convergentes, dependendo do seu índice de re-
h Água - meio 2 fração em relação ao do meio externo.
ɽ2
H O caso mais comum é aquele em que a lente tem índice
x
de refração maior que o índice de refração do meio externo.
Nesse caso, um exemplo de lente com comportamento con-
vergente é o de uma lente biconvexa (com bordas finas):
Focos de uma Lente e Vergência
ї Focos principais:
Uma lente possui um par de focos principais: foco principal
n1 objeto (F) e foco principal imagem (F’), ambos localizam-se a
sobre o eixo principal e são simétricos em relação à lente, ou
seja, a distância OF é igual a distância OF’.
▷ Foco imagem (F’): É o ponto ocupado pelo foco
n1 < n2 imagem, podendo ser real ou virtual.
Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem me- ▷ Foco objeto (F): É o ponto ocupado pelo foco obje-
nor índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo to, podendo ser real ou virtual.
de lente com comportamento convergente é o de uma lente ▷ Distância focal: É a medida da distância entre um
bicôncava (com bordas espessas): dos focos principais e o centro óptico, esta medida é
caracterizada pela letra f.
▷ Vergência: Dada uma lente esférica em determina-
do meio, chamamos vergência da lente (V) a unida-
de caracterizada como o inverso da distância focal,
n1 ou seja:
n2

n1 > n2

Lentes Esféricas Divergentes A unidade utilizada para caracterizar a vergência no Siste-


Em uma lente esférica com comportamento divergente, ma Internacional de Medidas é a dioptria, simbolizado por di.
a luz que incide paralelamente entre si é refratada, tomando Um dioptria equivale ao inverso de um metro, ou seja:
direções que divergem a partir de um único ponto.
Tanto lentes de bordas espessas como de bordas finas po-
dem ser divergentes, dependendo do seu índice de refração 1di = 1m-1
em relação ao do meio externo.
O caso mais comum é aquele em que a lente tem índice de Uma unidade equivalente à dioptria, muito conhecida por

Ş
ŝ#-ŝŦ
refração maior que o índice de refração do meio externo. Nes- quem usa óculos, é o “Grau”.
se caso, um exemplo de lente com comportamento divergente
é o de uma lente bicôncava (com bordas espessas):
1di = 1grau

Quando a lente é convergente, usa-se distância focal posi-


tiva (f > 0), e para uma lente divergente, usa-se distância focal
negativa (f < 0).
n1 Associação de Lentes FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

n2 Duas lentes podem ser colocadas de forma que funcionem


como uma só, desde que sejam postas coaxialmente, isto é,
n1 < n2 com eixos principais coincidentes. Nesse caso, elas serão cha-
Já o caso menos comum ocorre quando a lente tem menor madas de justapostas, se estiverem encostadas, ou separa-
índice de refração que o meio. Nesse caso, um exemplo de len- das, caso haja uma distância d separando-as.
te com comportamento divergente é o de uma lente biconvexa Essas associações são importantes para o entendimento
(com bordas finas): dos instrumentos ópticos.
Quando duas lentes são associadas, é possível obter uma
lente equivalente. Esta terá a mesma característica da associa-
ção das duas primeiras.
Se a lente equivalente tiver vergência positiva, será con-
vergente, e se tiver vergência negativa, será divergente.
n1
ї Associação de lentes justapostas:
n2 Quando duas lentes são associadas de forma justaposta,
utiliza-se o teorema das vergências para definir uma lente 631
n1 > n2 equivalente.
Como exemplo de associação justaposta temos: do anteparo consiste em um dispositivo eletrônico, conheci-
632 do como CCD (Charge-CoupledDevice), que converte as in-
tensidades de luz que incidem sobre ele em valores digitais
Lente 1 Lente 2 armazenáveis na forma de Bits (pontos) e Bytes (dados). O
funcionamento óptico da câmera fotográfica é basicamente
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

E.p. equivalente ao de uma câmera escura, com a particularidade


que, no lugar do orifício, uma lente convergente é utilizada. No
fundo da câmera, encontra-se o anteparo no qual a imagem
será gravada.
Esse teorema diz que a vergência da lente equivalente à
associação é igual à soma algébrica das vergências das lentes
componentes. Ou seja:

Veq = V1 + V2

Que também pode ser escrita como:


A

B’
Ş
ŝ#-ŝŦ

0 i
0
ї Associação de lentes separadas: A’
Quando duas lentes são associadas de forma separada, B
utiliza-se uma generalização do teorema das vergências para
definir uma lente equivalente.
Um exemplo de associação separada é:
Lente 1 p p’

Lente 2

E.p.
d

Projetor
A generalização do teorema diz que a vergência da lente Um projetor é um equipamento provido de uma lente con-
equivalente à tal associação é igual à soma algébrica das ver- vergente (objetiva) que é capaz de fornecer imagens reais, in-
gências dos componentes menos o produto dessas vergências vertidas e maiores que o objeto, que pode ser um slide ou filme.
pela distância que separa as lentes. Desta forma: Normalmente, os slides ou filmes são colocados invertidos,
assim, a imagem projetada será vista de forma direta.
Veq = V1 + V2 - V1V2d

Que também pode ser escrito como:

Instrumentos Óticos Lupa


A Lupa é o mais simples instrumento óptico de observa-
Câmera Fotográfica ção. Também é chamada de lente de aumento. Uma lupa é
A câmera fotográfica é um equipamento capaz de proje- constituída por uma lente convergente com distância focal na
tar e armazenar uma imagem em um anteparo. Nos antigos ordem de centímetros, capaz de conjugar uma imagem virtual,
equipamentos, nos quais um filme deve ser posto dentro da direta e maior que o objeto.
câmera, o anteparo utilizado é um filme fotossensível capaz No entanto, esse instrumento se mostra eficiente apenas
de propiciar uma reação química entre os sais do filme e a luz quando o objeto observado estiver colocado entre o foco prin-
que incide nele. No caso das câmeras digitais, uma das partes cipal objeto e o centro óptico.
Olho Humano
O olho humano é um sistema óptico complexo, formado
por vários meios transparentes, além de um sistema fisiológico
com inúmeros componentes.
Todo o conjunto que compõe a visão humana é chamado
globo ocular.
humor vítreo conjuntiva
retina íris
Quando uma lupa é presa a um suporte, recebe a denomi- esclera cristalino
nação de microscópio simples. coróide pupila
Microscópio Composto mácula córnea
nervo ópitico humor aquoso
Um microscópio composto é um instrumento óptico com-
posto fundamentalmente por um tubo delimitado nas suas ex-
A luz incide na córnea e converge até a retina, formando
tremidades por lentes esféricas convergentes, formando uma
as imagens.
associação de lentes separadas.
Para essa formação de imagem, acontecem vários fenô-
A lente mais próxima do objeto observado é chamada
menos fisiológicos, no entanto, para o estudo da óptica, po-
objetiva, e é uma lente com distância focal na ordem de milí-
demos considerar o olho como uma lente convergente, com
metros. A lente próxima ao observador é chamada ocular, e é
distância focal variável. Sendo representado:
uma lente com distância focal na ordem de centímetros.
lente
O funcionamento de um microscópio composto é bastan-
te simples. A objetiva fornece uma imagem real, invertida e córnea
maior que o objeto. Essa imagem funciona como objeto para o retina
ocular, que funciona como uma lupa, fornecendo uma imagem
final virtual, direta e maior.
Ou seja, o objeto é aumentado duplamente, fazendo com
que objetos muito pequenos sejam melhores observados.

5mm 15mm

Ş
ŝ#-ŝŦ
Tal representação é chamada olho reduzido, e traz a repre-
sentação das distâncias entre a córnea e a lente e entre a lente
e a retina, sendo a última a distância da imagem produzida em
relação a lente (p’).
Esse microscópio composto também é chamado Microscó- ї Adaptação visual:
pio Óptico, sendo capaz de aumentar até 2.000 vezes o objeto Chama-se adaptação visual a capacidade apresentada
observado. Existem também Microscópio Eletrônicos capazes
de proporcionar aumentos de até 100.000 vezes e Microscó- pela pupila de se adequar à luminosidade de cada ambiente,
pios de Varredura que produzem aumentos superiores a 1 mi- comprimindo-se ou dilatando-se.
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS
lhão de vezes. Em ambientes com grande luminosidade, a pupila pode
atingir um diâmetro de até 1,5mm, fazendo com que entre me-
Luneta nos luz no globo ocular, protegendo a retina de um possível
Lunetas são instrumentos de observação a grandes dis- ofuscamento.
tâncias, sendo úteis para observação de astros (luneta astro-
Já em ambientes mais escuros, a pupila se dilata, atingindo
nômica) ou para observação da superfície terrestre (luneta
terrestre). diâmetro de até 10mm. Assim, a incidência de luminosidade
Uma luneta é basicamente montada da mesma forma que aumenta no globo ocular, possibilitando a visão em tais am-
um microscópio composto, com objetiva e ocular, no entanto, bientes.
a objetiva da luneta tem distância focal na ordem de metros, ї Acomodação visual:
sendo capaz de observar objetos afastados. As pessoas que têm visão considerada normal, emétropes,
têm a capacidade de acomodar objetos de distâncias de 25cm
em média, até distâncias no infinito visual.
ї Ponto próximo:
A primeira distância (25cm) corresponde ao ponto próxi-
mo, que é a mínima distância que uma pessoa pode enxergar 633
corretamente. O que caracteriza essa situação é que os múscu-
los ciliares encontram-se totalmente contraídos.
634 Nesse caso, pela equação de Gauss: ANOTAÇÕES
FÍSICA APLICADA À PERÍCIA DE ACIDENTES RODOVIÁRIOS

Considerando o olho com distância entre a lente e a retina


de 15mm, ou seja, p’=15mm:
Ş
ŝ#-ŝŦ

Nesse caso, o foco da imagem será encontrado 14,1mm


distante da lente.
ї Ponto remoto:
Quando a distância infinita corresponde ao ponto remo-
to que a distância máxima alcança para uma imagem focada.
Nessa situação, os músculos ciliares encontram-se totalmente
relaxados.
Da mesma forma que para o ponto próximo, podemos uti-
lizar a equação de Gauss para determinar o foco da imagem.

No entanto, é um valor indeterminado, mas se pensar-


mos que infinito corresponde a um valor muito alto, veremos
que essa divisão resultará em um valor muito pequeno, po-
dendo ser desprezado.
Assim, teremos que:
Ş
ŝ#-ŝŦ LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF 635

ÍNDICE
1. Lei nº 4.878, 3 de Dezembro de 1965.........................................................................637
2. Lei nº 9.654 de 2 de Junho de 1998 .......................................................................... 644
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Trânsito Brasileiro ........................................................647
Conceito ......................................................................................................................................648
Sistema Nacional de Trânsito (SNT) ...........................................................................................649
3. 1. Competências dos Órgãos do Sistema ................................................................... 650
CONTRAN ...................................................................................................................................650
Câmara Temática .........................................................................................................................651
CETRAN e CONTRANDIFE ............................................................................................................651
JARIs ........................................................................................................................................... 652
Órgão Executivo da União .......................................................................................................... 652
Polícia Rodoviária Federal .......................................................................................................... 654
Órgão Executivo Rodoviário da União, dos Estados e dos Municípios ....................................... 655
Órgãos Executivos dos Estados, DETRANS e CIRETRANS .......................................................... 656
Polícia Militar .............................................................................................................................. 657
Órgãos Executivos de Trânsito dos Municípios .......................................................................... 657
Circunscrição Regional de Trânsito - CIRETRAN ........................................................................ 658
Quadro Resumo do SNT.............................................................................................................. 658
3. 2. Das Normas Gerais de Circulação e Conduta ...........................................................659
Regras Gerais para Colocar um Veículo em Circulação .............................................................. 659
Regras de Preferência de Passagem em Cruzamentos .............................................................. 659
Regras para Ultrapassagem........................................................................................................ 659
Regras para Manobras à Esquerda, à Direita e Retornos ............................................................661
Regras para o Uso de Luzes e Buzina ..........................................................................................661
Regras de Limites de Velocidades Máxima e Mínima ................................................................. 662
Regras de Estacionamento, Paradas e Operações de Carga e de Descarga............................... 663
Regras para Veículos de Tração Animal, Propulsão Humana, Ciclos e Motos ............................ 663
Classificação de Vias ...................................................................................................................664
Regras para o Uso do Cinto de Segurança..................................................................................664
Regras para Pedestres e Condutores de Veículos não Motorizados .......................................... 665
Do Cidadão .................................................................................................................................666
Da Educação para o Trânsito ......................................................................................................666
3. 3. Da Sinalização de Trânsito .................................................................................... 668
Princípios da Sinalização ............................................................................................................668
Sinalização Vertical.....................................................................................................................669
Sinalização Horizontal ...............................................................................................................670
636 LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF Ş
ŝ#-ŝŦ

Dispositivos de Sinalização Auxiliar - Luminosos - Sonoros e Gestos ....................................... 672


Ordem de Prevalência da Sinalização......................................................................................... 673
Da Engenharia de Tráfego .......................................................................................................... 673
3. 4. Dos Veículos .........................................................................................................674
Da Classificação dos Veículos ..................................................................................................... 674
Da Identificação do Veículo ........................................................................................................ 678
Dos Veículos em Circulação Internacional .................................................................................. 679
Do Registro de Veículos..............................................................................................................680
Do Licenciamento ........................................................................................................................681
Da Condução de Escolares .......................................................................................................... 682
Da Condução de Moto Frete ...................................................................................................... 683
Da Habilitação............................................................................................................................. 683
3. 5. Das Infrações ........................................................................................................687
Dirigir, Conduzir e Transportar ................................................................................................... 687
3. 6. Das Penalidades .................................................................................................. 699
3. 7. Das Medidas Administrativas.................................................................................703
3. 8. Do Processo Administrativo ..................................................................................705
Do Julgamento das Autuações e Penalidades ............................................................................ 705
3. 9. Dos Crimes de Trânsito ........................................................................................ 706
Dos Crimes em Espécie ............................................................................................................... 708
3. 10. Disposições Finais e Transitórias ......................................................................... 709
4. Decreto nº 6.061/2007 Estrutura Regimental do Ministério da Justiça ....................... 713
Disposições Gerais ....................................................................................................................... 713
Anexo I - Estrutura Regimental do Ministério Da Justiça ............................................................ 713
1. Lei nº 4.878, 3 de Dezembro de V. Ter procedimento irrepreensível e idoneidade
moral inatacável, avaliados segundo normas baixa-
1965 das pela Direção-Geral do Departamento de Polícia
Federal;
A Lei 4.878, de 3 de dezembro de 1965 dispõe sobre o Re- VI. Gozar de boa saúde, física e psíquica, compro-
gime Jurídico Peculiar dos Funcionários Policiais Civis da União vada em inspeção médica;
e do Distrito Federal. VII. Possuir temperamento adequado ao exercício
Aplica-se as disposições da Lei 8.112/90 naquilo que couber da função policial, apurado em exame psicotécnico
aos servidores policiais militares da União. realizado pela Academia Nacional de Polícia;
Das Disposições Preliminares VIII. Ter sido habilitado previamente em concurso
público de provas ou de provas e títulos.
Art. 1º. Esta Lei dispõe sobre as peculiaridades do re- § 1º. A prova da condição prevista no item IV deste arti-
gime jurídico dos funcionários públicos civis da União go não será exigida da candidata ao ingresso na Polícia
e do Distrito Federal, ocupantes de cargos de atividade Feminina.
policial. § 2º. Será demitido, mediante processo disciplinar re-
Art. 2º. São policiais civis abrangidos por esta Lei os gular, o funcionário policial que, para ingressar no De-
brasileiros legalmente investidos em cargos do Serviço partamento Federal de Segurança Pública e na Polícia
de Polícia Federal e do Serviço Policial Metropolitano, do Distrito Federal, omitiu fato que impossibilitaria a
previstos no Sistema de Classificação de Cargos apro- sua matrícula na Academia Nacional de Polícia.
vado pela Lei nº 4.483, de 16 de novembro de 1964, Art. 10. São competentes para dar posse:
com as alterações constantes da Lei nº 4.813, de 25 de I. O Diretor-Geral do Departamento Federal de Se-
outubro de 1965. gurança Pública, ao Chefe de seu Gabinete, ao Cor-
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, é considera- regedor, aos Delegados Regionais e aos diretores e
do funcionário policial o ocupante de cargo em comis- chefes de serviço que lhe sejam subordinados;
são ou função gratificada com atribuições e responsa- II. O Diretor da Divisão de Administração do mesmo
bilidades de natureza policial. Departamento nos demais casos;
Art. 3º. O exercício de cargos de natureza policial é pri- III. O Secretário de Segurança Pública do Distrito
vativo dos funcionários abrangidos por esta Lei. Federal, ao Chefe de seu Gabinete e aos Diretores
Art. 4º. A função policial, fundada na hierarquia e na que lhe sejam subordinados;
disciplina, é incompatível com qualquer outra atividade. IV. O Diretor da Divisão de Serviços Gerais da Polí-
Art. 5º. A precedência entre os integrantes das clas- cia do Distrito Federal, nos demais casos.

Ş
ŝ#-ŝŦ
ses e séries de classes do Serviço de Polícia Federal Parágrafo único. O Diretor-Geral do Departamento Fe-
e do Serviço Policial Metropolitano se estabelece, deral de Segurança Pública, o Secretário de Segurança
básica e primordialmente, pela subordinação fun- Pública do Distrito Federal e o Diretor da Divisão de Ad-
cional. ministração do referido Departamento poderão delegar
competência para dar posse.
Das Disposições Peculiares Art. 11. O funcionário policial não poderá afastar-se de
Art. 6º. A nomeação será feita exclusivamente: sua repartição para ter exercício em outra ou prestar
I. em caráter efetivo, quando se tratar de cargo serviços ao Poder Legislativo ou a qualquer Estado
integrante de classe singular ou inicial de série de da Federação, salvo quando se tratar de atribuição
classes condicionada à anterior aprovação em cur- inerente à do seu cargo efetivo e mediante expressa
autorização do Presidente da República ou do Prefei-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

so específico da Academia Nacional de Polícia;


to do Distrito Federal, quando integrante da Polícia do
II. em comissão, quando se tratar de cargo isolado que
Distrito Federal.
em virtude de lei, assim deva ser provido.
Art. 12. A frequência aos cursos de formação profissio-
Art. 7º. A nomeação obedecerá à rigorosa ordem de
nal da Academia Nacional de Polícia para primeira in-
classificação dos candidatos habilitados em curso à que
vestidura em cargo de atividade policial é considerada
se tenham submetido na Academia Nacional de Polícia.
de efetivo exercício para fins de aposentadoria.
Art. 8º. A Academia Nacional de Polícia manterá, per-
Art. 13. Estágio probatório é o período de dois anos
manentemente, cursos de formação profissional dos
de efetivo exercício do funcionário policial, durante
candidatos ao ingresso no Departamento Federal de o qual se apurarão os requisitos previstos em lei.
Segurança Pública e na Polícia do Distrito Federal.
Parágrafo único. Mensalmente, o responsável pela re-
Art. 9º. São requisitos para matrícula na Academia Na- partição ou serviço, em que esteja lotado funcionário
cional de Polícia: policial sujeito a estágio probatório, encaminhará ao
I. Ser brasileiro; órgão de pessoal relatório sucinto sobre o comporta-
II. Ter completado dezoito anos de idade; mento do estagiário.
III. Estar no gozo dos direitos políticos; Art. 14. Sem prejuízo da remessa prevista no parágrafo 637
IV. Estar quite com as obrigações militares; único do artigo anterior, o responsável pela repartição
ou serviço em que sirva funcionário policial sujeito a Das Vantagens Específicas
638 estágio probatório, seis meses antes da terminação
Art. 22. O funcionário policial fará jus ainda às seguin-
deste, informará reservadamente ao órgão de pessoal
tes vantagens:
sobre o funcionário, tendo em vista os requisitos pre-
I. Gratificação de função policial;
vistos em lei.
II. Auxílio para moradia.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Art. 15. As promoções serão realizadas em 21 de abril


e 28 de outubro de cada ano, desde que verificada a Art. 23. O policial fará jus à gratificação de função
policial por ficar, compulsoriamente, incompatibiliza-
existência de vaga e haja funcionários em condições de
do para o desempenho de qualquer outra atividade,
a ela concorrer.
pública ou privada, e em razão dos riscos à que está
Art. 16. Para a promoção por merecimento é requisito sujeito.
necessário a aprovação em curso da Academia Nacio- § 1º. A gratificação a que se refere este artigo será cal-
nal de Polícia correspondente à classe imediatamente culada, percentualmente, sobre o vencimento do cargo
superior àquela a que pertence o funcionário. efetivo do policial, na forma a ser fixada pelo Presiden-
Art. 17. O órgão competente organizará para cada vaga te da República.
a ser provida por merecimento uma lista não exceden- § 2º. Quando se tratar de ocupante de cargo ou função
te de três candidatos. de direção, chefia ou assessoramento, com atribuições
Art. 18. O funcionário policial, ocupante de cargo de e responsabilidades de natureza policial, a gratificação
classe singular ou final de série de classes, poderá ter será calculada sobre o valor do símbolo do cargo em co-
acesso à classe inicial de séries afins, de nível mais ele- missão ou da função gratificada.
Ş
ŝ#-ŝŦ

vado, de atribuições correlatas porém mais complexas. § 3º. Ressalvado o magistério na Academia Nacional
§ 1º. A nomeação por acesso, além das exigências de Polícia e a prática profissional em estabelecimen-
legais e das qualificações em cada caso, obedecerá a to hospitalar, para os ocupantes de cargos da série de
provas práticas que compreendam tarefas típicas re- classes de Médicos Legistas, ao funcionário policial é
lativas ao exercício do novo cargo e, quando couber, vedado exercer outra atividade, qualquer que seja a
forma de admissão, remunerada ou não, em entidade
à ordem de classificação em concurso de títulos que
pública ou empresa privada.
aprecie a experiência profissional, ou em curso espe-
cífico de formação profissional, ambos realizados pela Art. 24. O regime de dedicação integral obriga o fun-
cionário policial à prestação, no mínimo, de 200 (du-
Academia Nacional de Polícia.
zentas) horas mensais de trabalho.
§ 2º. As linhas de acesso estão previstas nos Anexos IV
Art. 25. A gratificação de função policial não será paga
dos Quadros de Pessoal do Departamento Federal de enquanto o funcionário policial deixar de perceber o
Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal, apro- vencimento do cargo em virtude de licença ou outro
vados pela Lei nº 4.483, de 16 de novembro de 1964. afastamento, salvo quando investido em cargo em co-
Art. 19. As nomeações por acesso abrangerão meta- missão ou função gratificada com atribuições e respon-
de das vagas existentes na respectiva classe, ficando sabilidades de natureza policial, hipótese em que conti-
a outra metade reservada aos provimentos na forma nuará a perceber a gratificação na base do vencimento
prevista no Art. 6º desta Lei. do cargo efetivo.
Art. 20. O funcionário policial que, comprovadamen- Art. 26. A gratificação de função policial incorporar-se-
te, se revelar inapto para o exercício da função policial, -á aos proventos da aposentadoria à razão de 1/30 (um
sem causa que justifique a sua demissão ou aposenta- trinta avos) do seu valor por ano de efetivo exercício de
doria, será readaptado em outro cargo mais compatí- atividade estritamente policial.
vel com a sua capacidade, sem decesso nem aumento Parágrafo único. Para os efeitos da incorporação de
de vencimento. que trata este artigo, levar-se-á em conta, também, o
Parágrafo único. A readaptação far-se-á mediante a tempo de efetivo exercício em atividade estritamente
transformação do cargo exercido em outro mais compa- policial, anterior à data da concessão ao funcionário da
tível com a capacidade física ou intelectual e vocação. vantagem prevista no Art. 23.
Art. 27. O funcionário policial casado, quando lota-
Art. 21. O funcionário policial não poderá ser obriga-
do em Delegacia Regional, terá direito a auxílio para
do a interromper as suas férias, a não ser em virtude moradia correspondente a 10% (dez por cento) do seu
de emergente necessidade da segurança nacional ou vencimento mensal.
manutenção da ordem, mediante convocação da auto-
Parágrafo único. O auxílio previsto neste artigo será
ridade competente. pago ao funcionário policial até completar 5 (cinco)
§ 1º. Na hipótese prevista neste artigo, in fine, o funcio- anos na localidade em que, por necessidade de ser-
nário terá direito a gozar o período restante das férias viço, nela deva residir, e desde que não disponha de
em época oportuna. moradia própria.
§ 2º. Ao entrar em férias, o funcionário comunicará ao Art. 28. Quando o funcionário policial, de que trata o ar-
chefe imediato o seu provável endereço, dando-lhe ciên- tigo anterior, ocupar imóvel sob a responsabilidade do
cia, durante o período, de suas eventuais mudanças. órgão em que servir, 20% (vinte por cento) do valor do
auxílio previsto no artigo anterior serão recolhidos como e) os menores que, em virtude de decisão ju-
receita da União e o restante, empregado conforme for dicial, forem entregues à sua guarda;
estabelecido pelo referido órgão de acordo com as suas f) os irmãos menores e órfãos, sem arrimo.
peculiaridades. Parágrafo único. Continuarão compreendidos nas dis-
Art. 29. Quando o funcionário policial ocupar imóvel de posições deste capítulo a viúva do policial, enquanto
outra entidade, a importância referida no Art. 28 terá o perdurar a viuvez, e os demais dependentes mencio-
seguinte destino: nados nas letras “b” a “f”, desde que vivam sob a res-
a) a importância correspondente ao aluguel, ponsabilidade legal da viúva.
recolhida ao órgão responsável pelo imóvel; Art. 36. Os recursos para a assistência de que trata este
b) o restante, empregado na forma estabele- capítulo provirão das dotações consignadas no Orça-
cida no artigo anterior, “in fine”. mento Geral da União e do pagamento das indeniza-
Art. 30. Esgotado o prazo previsto no parágrafo único ções referidas no Art. 34.
do Art. 27, o funcionário que continuar ocupando imó-
vel de responsabilidade da repartição em que servir in- Das Disposições Especiais
denizá-la-á da importância correspondente ao auxílio sobre Aposentadoria
para moradia. Art. 37. O funcionário policial será aposentado compulso-
Parágrafo único. Se a ocupação for de imóvel perten- riamente aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, qual-
cente a outro órgão, o funcionário indenizá-la-á pelo quer que seja a natureza dos serviços prestados.
aluguel correspondente. Art. 38. O provento do policial inativo será revisto sem-
Da Assistência Médico-Hospitalar pre que ocorrer:
a) modificação geral dos vencimentos dos
Art. 31. A assistência médico-hospitalar compreenderá: funcionários policiais civis em atividade; ou
a) assistência médica contínua, dia e noite, b) reclassificação do cargo que o funcionário
ao policial enfermo, acidentado ou ferido, que se policial inativo ocupava ao aposentar-se.
encontre hospitalizado;
Art. 39. O funcionário policial, quando aposentado em
b) assistência médica ao policial ou sua famí- virtude de acidente em serviço ou doença profissional,
lia, através de laboratórios, policlínicas, gabinetes ou quando acometido das doenças especificadas no Art.
odontológicos, pronto-socorro e outros serviços 178, item III, da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, in-
assistenciais.
corporará aos proventos de inatividade a gratificação de
Art. 32. A assistência médico-hospitalar será prestada função policial no valor que percebia ao aposentar-se.
pelos serviços médicos dos órgãos a que pertença ou
tenha pertencido o policial, dentro dos recursos pró- Da Prisão Especial

Ş
ŝ#-ŝŦ
prios colocados à disposição deles. Art. 40. Preso preventivamente, em flagrante ou em
Art. 33. O funcionário policial terá hospitalização e tra- virtude de pronúncia, o funcionário policial, enquanto
tamento por conta do Estado quando acidentado em não perder a condição de funcionário, permanecerá em
serviço ou acometido de doença profissional. prisão especial, durante o curso da ação penal e até que
Art. 34. O funcionário policial em atividade, excetua- a sentença transite em julgado.
do o disposto no artigo anterior, o aposentado e, bem § 1º. O funcionário policial nas condições deste artigo
assim, as pessoas de sua família, indenizarão, no todo ficará recolhido a sala especial da repartição em que
ou em parte, a assistência médico-hospitalar que lhes sirva, sob a responsabilidade do seu dirigente, sendo-
for prestada, de acordo com as normas e tabelas que lhe defeso exercer qualquer atividade funcional, ou sair
forem aprovadas. da repartição sem expressa autorização do Juízo a cuja
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Parágrafo único. As indenizações por trabalhos de disposição se encontre.


prótese dentária, ortodontia, obturações, bem como § 2º. Publicado no “Diário Oficial” o decreto de demis-
pelo fornecimento de aparelhos ortopédicos, óculos são, será o ex-funcionário encaminhado, desde logo, a
e artigos correlatos, não se beneficiarão de reduções, estabelecimento penal, onde permanecerá em sala es-
devendo ser feitas pelo justo valor do material aplicado pecial, sem qualquer contato com os demais presos não
ou da peça fornecida. sujeitos ao mesmo regime, e, uma vez condenado, cum-
Art. 35. Para os efeitos da prestação de assistência mé- prirá a pena que lhe tenha sido imposta, nas condições
dico-hospitalar, consideram-se pessoas da família do previstas no parágrafo seguinte.
funcionário policial, desde que vivam às suas expensas § 3º. Transitada em julgado a sentença condenatória,
e em sua companhia: será o funcionário encaminhado a estabelecimento
a) o cônjuge; penal, onde cumprirá a pena em dependência isolada
b) os filhos solteiros, menores de dezoito anos dos demais presos não abrangidos por esse regime,
ou inválidos e, bem assim, as filhas ou enteadas, mas sujeito, como eles, ao mesmo sistema disciplinar
solteiras, viúvas ou desquitadas; e penitenciário.
c) os descentes órfãos, menores ou inválidos; § 4º. Ainda que o funcionário seja condenado às penas 639
d) os ascendentes sem economia própria; acessórias dos itens I e II do Art. 68 do Código Penal,
cumprirá a pena em dependência isolada dos demais XVI. Pleitear, como procurador ou intermediário,
640 presos, na forma do parágrafo anterior. junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
tar de percepção de vencimentos, vantagens e
Dos Deveres e das Transgressões proventos de parentes até segundo grau civil;
Art. 41. Além do enumerado no Art. 194 da Lei nº 1.711, XVII. Faltar à verdade no exercício de suas funções,
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

de 28 de outubro de 1952, é dever do funcionário poli- por malícia ou má-fé;


cial frequentar com assiduidade, para fins de aperfei- XVIII. Utilizar-se do anonimato para qualquer fim;
çoamento e atualização de conhecimentos profissio- XIX. Deixar de comunicar, imediatamente, à auto-
nais, curso instituído periodicamente pela Academia ridade competente, faltas ou irregularidades que
Nacional de Polícia, em que seja compulsoriamente haja presenciado ou de que haja tido ciência;
matriculado.
XX. Deixar de cumprir ou de fazer cumprir, na es-
Art. 42. Por desobediência ou falta de cumprimento fera de suas atribuições, as leis e os regulamentos;
dos deveres, o funcionário policial será punido com a
XXI. Deixar de comunicar à autoridade competente,
pena de repreensão, agravada em caso de reincidência.
ou a quem a esteja substituindo, informação que
Art. 43. São transgressões disciplinares: tiver sobre iminente perturbação da ordem pú-
I. Referir-se de modo depreciativo às autoridades e blica, ou da boa marcha de serviço, tão logo disso
atos da administração pública, qualquer que seja o tenha conhecimento;
meio empregado para esse fim; XXII. Deixar de informar com presteza os processos
II. Divulgar, através da imprensa escrita, falada ou que lhe forem encaminhados;
televisionada, fatos ocorridos na repartição, propi-
Ş
ŝ#-ŝŦ

XXIII. Dificultar ou deixar de levar ao conhecimen-


ciar-lhes a divulgação, bem como referir-se desres- to de autoridade competente, por via hierárquica
peitosa e depreciativamente às autoridades e atos e em 24 (vinte e quatro) horas, parte, queixa, re-
da administração; presentação, petição, recurso ou documento que
III. Promover manifestação contra atos da adminis- houver recebido, se não estiver na sua alçada re-
tração ou movimentos de apreço ou desapreço a solvê-lo;
quaisquer autoridades; XXIV. Negligenciar ou descumprir a execução de
IV. Indispor funcionários contra os seus superiores qualquer ordem legítima;
hierárquicos ou provocar, velada ou ostensivamente, XXV. Apresentar maliciosamente parte, queixa ou
animosidade entre os funcionários; representação;
V. Deixar de pagar, com regularidade, as pensões a XXVI. Aconselhar ou concorrer para não ser cumpri-
que esteja obrigado em virtude de decisão judicial; da qualquer ordem de autoridade competente, ou
VI. Deixar, habitualmente, de saldar dívidas legíti- para que seja retardada a sua execução;
mas; XXVII. Simular doença para esquivar-se ao cumpri-
VII. Manter relações de amizade ou exibir-se em públi- mento de obrigação;
co com pessoas de notórios e desabonadores antece- XXVIII. Provocar a paralisação, total ou parcial, do
dentes criminais, sem razão de serviço; serviço policial ou dela participar;
VIII. Praticar ato que importe em escândalo ou que XXIX. Trabalhar mal, intencionalmente ou por ne-
concorra para comprometer a função policial; gligência;
IX. Receber propinas, comissões, presentes ou au- XXX. Faltar ou chegar atrasado ao serviço, ou
ferir vantagens e proveitos pessoais de qualquer deixar de participar, com antecedência, à auto-
espécie e, sob qualquer pretexto, em razão das ridade a que estiver subordinado, a impossibili-
atribuições que exerce; dade de comparecer à repartição, salvo motivo
X. Retirar, sem prévia autorização da autoridade justo;
competente, qualquer documento ou objeto da XXXI. Permutar o serviço sem expressa permissão
repartição; da autoridade competente;
XI. Cometer a pessoa estranha à repartição, fora XXXII. Abandonar o serviço para o qual tenha sido
dos casos previstos em lei, o desempenho de en- designado;
cargo que lhe competir ou aos seus subordinados;
XXXIII. Não se apresentar, sem motivo justo, ao fim
XII. Valer-se do cargo com o fim, ostensivo ou de licença, para o trato de interesses particulares,
velado, de obter proveito de natureza político- férias ou dispensa de serviço, ou, ainda, depois de
-partidária, para si ou terceiros; saber que qualquer delas foi interrompida por or-
XIII. Participar da gerência ou administração de dem superior;
empresa, qualquer que seja a sua natureza; XXXIV. Atribuir-se a qualidade de representante de
XIV. Exercer o comércio ou participar de sociedade qualquer repartição do Departamento Federal de
comercial, salvo como acionista, cotista ou coman- Segurança Pública e da Polícia do Distrito Federal,
ditário; ou de seus dirigentes, sem estar expressamente
XV. Praticar a usura em qualquer de suas formas; autorizado;
XXXV. Contrair dívida ou assumir compromisso LV. Adquirir, para revenda, de associações de classe
superior às suas possibilidades financeiras, com- ou entidades beneficentes em geral, gêneros ou
prometendo o bom nome da repartição; quaisquer mercadorias;
XXXVI. Frequentar, sem razão de serviço, lugares LVI. Impedir ou tornar impraticável, por qualquer
incompatíveis com o decoro da função policial; meio, na fase do inquérito policial e durante o in-
XXXVII. Fazer uso indevido da arma que lhe haja terrogatório do indiciado, mesmo ocorrendo inco-
sido confiada para o serviço; municabilidade, a presença de seu advogado;
XXXVIII. Maltratar preso sob sua guarda ou usar de LVII. Ordenar ou executar medida privativa da li-
violência desnecessária no exercício da função po- berdade individual, sem as formalidades legais, ou
licial; com abuso de poder;
XXXIX. Permitir que presos conservem em seu po- LVIII. Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
der instrumentos com que possam causar danos vexame ou constrangimento não autorizado em lei;
nas dependências a que estejam recolhidos, ou LIX. Deixar de comunicar imediatamente ao Juiz
produzir lesões em terceiros; competente a prisão em flagrante de qualquer
XL. Omitir-se no zelo da integridade física ou moral pessoa;
dos presos sob a sua guarda; LX. Levar à prisão e nela conservar quem quer que se
XLI. Desrespeitar ou procrastinar o cumprimento proponha a prestar fiança permitida em lei;
de decisão ou ordem judicial, bem como criticá-las; LXI. Cobrar carceragem, custas, emolumentos ou
XLII. Dirigir-se ou referir-se a superior hierárquico qualquer outra despesa que não tenha apoio em lei;
de modo desrespeitoso; LXII. Praticar ato lesivo da honra ou do patrimônio da
XLIII. Publicar, sem ordem expressa da autoridade pessoa, natural ou jurídica, com abuso ou desvio de
competente, documentos oficiais, embora não re- poder, ou sem competência legal;
servados, ou ensejar a divulgação do seu conteúdo, LXIII. Atentar, com abuso de autoridade ou prevale-
no todo ou em parte; cendo-se dela, contra a inviolabilidade de domicílio.
XLIV. Dar-se ao vício da embriaguez;
XLV. Acumular cargos públicos, ressalvadas as ex-
Das Penas Disciplinares
ceções previstas na Constituição; Art. 44. São penas disciplinares:
XLVI. Deixar, sem justa causa, de submeter-se à I. Repreensão;
inspeção médica determinada por lei ou pela au- II. Suspensão;
toridade competente; III. Multa;
XLVII. Deixar de concluir, nos prazos legais, sem mo- IV. Detenção disciplinar;

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tivo justo, inquéritos policiais ou disciplinares, ou, V. Destituição de função;
quanto a estes últimos, como membro da respectiva VI. Demissão;
comissão, negligenciar no cumprimento das obriga- VII. Cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
ções que lhe são inerentes; Art. 45. Na aplicação das penas disciplinares serão
XLVIII. Prevalecer-se, abusivamente, da condição considerados:
de funcionário policial; I. A natureza da transgressão, sua gravidade e as
XLIX. Negligenciar a guarda de objetos pertencen- circunstâncias em que foi praticada;
tes à repartição e que, em decorrência da função II. Os danos dela decorrentes para o serviço público;
ou para o seu exercício, lhe tenham sido confiados, III. A repercussão do fato;
IV. Os antecedentes do funcionário;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
possibilitando que se danifiquem ou extraviem;
L. Dar causa, intencionalmente, ao extravio ou da- V. A reincidência.
nificação de objetos pertencentes à repartição e Parágrafo único. É causa agravante da falta disciplinar
que, para os fins mencionados no item anterior, o haver sido praticada em concurso com dois ou mais
estejam confiados à sua guarda; funcionários.
LI. Entregar-se à prática de vícios ou atos atentató- Art. 46. A pena de repreensão será sempre aplicada
por escrito nos casos em que, a critério da Adminis-
rios aos bons costumes;
tração, a transgressão seja considerada de natureza
LII. Indicar ou insinuar nome de advogado para as- leve, e deverá constar do assentamento individual do
sistir pessoa que se encontre respondendo a pro- funcionário.
cesso ou inquérito policial; Parágrafo único. Serão punidas com a pena de re-
LIII. Exercer, a qualquer título, atividade pública ou preensão as transgressões disciplinares previstas nos
privada, profissional ou liberal, estranha à de seu itens V, XVII, XIX, XXII, XXIII, XXIV, XXV, XLIX e LIV do
cargo; Art. 43 desta Lei.
LIV. Lançar em livros oficiais de registro anotações, Art. 47. A pena de suspensão, que não excederá de
queixas, reivindicações ou quaisquer outras maté- noventa dias, será aplicada em caso de falta grave ou 641
rias estranhas à finalidade deles; reincidência.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, são de III. O Ministro da Justiça e Negócios Interiores ou o
642 natureza grave as transgressões disciplinares previstas Secretário de Segurança Pública do Distrito Fede-
nos itens I, II, III, VI, VII, VIII, X, XVIII, XX, XXI, XXVI, XX- ral, respectivamente, nos casos de suspensão até
VII, XXIX, XXX, XXXI, XXXII, XXXIII, XXXIV, XXXV, XXXVII, noventa dias;
XXXIX, XLI, XLII, XLVI, XLVII, LVI, LVII, LIX, LX e LXIII do IV. O Diretor-Geral do Departamento Federal de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Art. 43 desta Lei. Segurança Pública, no caso de suspensão até ses-


Art. 48. A pena de demissão, além dos casos previstos senta dias;
na Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 1952, será também V. Os diretores dos órgãos centrais do Departa-
aplicada quando se caracterizar: mento Federal de Segurança Pública e da Polícia
I. Crimes contra os costumes e contra o patrimônio, do Distrito Federal, os Delegados Regionais e os
que, por sua natureza e configuração, sejam consi- titulares das Zonas Policiais, no caso de suspensão
derados como infamantes, de modo a incompatibi- até trinta dias;
lizar o servidor para o exercício da função policial; VI. Os diretores de Divisões e Serviços do Departa-
II. Transgressão dos itens IV, IX, XI, XII, XIII, XIV, XV, mento Federal de Segurança Pública e da Polícia do
XVI, XXVIII, XXXVI, XXXVIII, XL, XLIII, XLIV, XLV, XLVIII, Distrito Federal, no caso de suspensão até dez dias;
L, LI, LII, LIII, LV, LVIII, LXI e LXII do Art. 43 desta Lei. VII. A autoridade competente para a designação,
§ 1º. Poderá ser, ainda, aplicada a pena de demissão, no caso de destituição de função;
ocorrendo contumácia na prática de transgressões dis- VIII. As autoridades referidas nos itens III a VII, no
ciplinares. caso de repreensão.
§ 2º. A aplicação de penalidades pelas transgressões Da Suspensão Preventiva
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disciplinares constantes desta Lei não exime o funcio-


nário da obrigação de indenizar a União pelos prejuízos Art. 51. A suspensão preventiva, que não excederá
causados. noventa dias, será ordenada pelo Diretor-Geral do
Departamento Federal de Segurança Pública ou pelo
Art. 49. Tendo em vista a natureza da transgressão e Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal,
o interesse do Serviço Público, a pena de suspensão conforme o caso, desde que o afastamento do funcio-
até 30 (trinta) dias poderá ser convertida em deten- nário policial seja necessário, para que este não venha
ção disciplinar até 20 (vinte) dias, mediante ordem por a influir na apuração da transgressão disciplinar.
escrito do Diretor-Geral do Departamento Federal de Parágrafo único. Nas faltas em que a pena aplicável
Segurança Pública ou dos Delegados Regionais, das seja a de demissão, o funcionário poderá ser afastado
respectivas jurisdições, ou do Secretário de Segurança do exercício de seu cargo, em qualquer fase do proces-
Pública, na Polícia do Distrito Federal. so disciplinar, até decisão final.
Parágrafo único. A detenção disciplinar, que não
acarreta a perda dos vencimentos, será cumprida: Do Processo Disciplinar
I. Na residência do funcionário, quando não exce- Art. 52. A autoridade que tiver ciência de qualquer ir-
der de 48 (quarenta e oito) horas; regularidade ou transgressão a preceitos disciplinares é
II. Em sala especial, na sede do Departamento Fe- obrigada a providenciar a imediata apuração em proces-
deral de Segurança Pública ou na Polícia do Distrito so disciplinar, no qual será assegurada ampla defesa.
Federal, quando se tratar de ocupante de cargo em Art. 53. Ressalvada a iniciativa das autoridades que lhe
comissão ou função gratificada ou funcionário ocu- são hierarquicamente superiores, compete ao Diretor-
pante de cargo para cujo ingresso ou desempenho Geral do Departamento Federal de Segurança Pública,
seja exigido diploma de nível universitário; ao Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
III. Em sala especial na Delegacia Regional, quando e aos Delegados Regionais nos Estados, a instauração
se tratar de funcionário nela lotado; do processo disciplinar.
IV. Em sala especial da repartição, nos demais ca- § 1º. Promoverá o processo disciplinar uma Comissão
sos. Permanente de Disciplina, composta de três membros
de preferência bacharéis em Direito, designada pelo Di-
Da Competência para retor-Geral do Departamento Federal de Segurança Pú-
blica ou pelo Secretário de Segurança Pública do Distrito
Imposição de Penalidades Federal, conforme o caso.
Art. 50. Para imposição de pena disciplinar, são com- § 2º. Haverá até três Comissões Permanentes de Disci-
petentes: plina na sede do Departamento Federal de Segurança
I. O Presidente da República, nos casos de demis- Pública e na da Polícia do Distrito Federal e uma em
são e cassação de aposentadoria ou disponibilida- cada Delegacia Regional.
de de funcionário policial do Departamento Fede- § 3º. Caberá ao Diretor-Geral do Departamento Federal de
ral de Segurança Pública; Segurança Pública a designação dos membros das Comis-
II. O Prefeito do Distrito Federal, nos casos previstos sões Permanentes de Disciplina na sede da repartição e
no item anterior, quando se tratar de funcionário po- nas Delegacias Regionais mediante indicação dos respec-
licial da Polícia do Distrito Federal; tivos Delegados Regionais.
§ 4º. Ao Secretário de Segurança Pública do Distrito Fe- pela procedência ou não da transgressão, deliberará
deral compete designar as Comissões Permanentes de sobre a penalidade a ser aplicada e, finalmente, o Presi-
Disciplina da Polícia do Distrito Federal. dente proferirá a decisão final.
Art. 54. A autoridade competente para determinar a Parágrafo único. Votará em primeiro lugar o relator
instauração de processo disciplinar: do processo e, por último, o Presidente do órgão,
I. Remeterá, em três vias, com o respectivo ato, à assegurado a este o direito de veto às deliberações
Comissão Permanente de Disciplina de que trata do Conselho.
o § 1º do artigo anterior, os elementos que funda- Das Disposições Gerais
mentaram a decisão;
Art. 61. O dia 21 de abril será consagrado ao Funcioná-
II. Providenciará a instauração do inquérito po-
licial quando o fato possa ser configurado como rio Policial Civil.
ilícito penal. Art. 62. Aos funcionários do Serviço de Polícia Federal e
Art. 55. Enquanto integrarem as Comissões Permanen- do Serviço Policial Metropolitano aplicam-se as disposi-
tes de Disciplina, seus membros ficarão à disposição do ções da legislação relativa ao funcionalismo civil da União
respectivo Conselho de Polícia e dispensados do exercí- no que não colidirem com as desta Lei.
cio das atribuições e responsabilidades de seus cargos. Parágrafo único. Os funcionários dos quadros de pes-
§ 1º. Os membros das Comissões Permanentes de soal do Departamento Federal de Segurança Pública e
Disciplina terão o mandato de seis meses, prorrogá- da Polícia do Distrito Federal ocupantes de cargos, não
integrantes do Serviço de Polícia Federal e do Serviço
vel pelo tempo necessário à ultimação dos processos
Policial Metropolitano, continuarão subordinados inte-
disciplinares que se encontrem em fase de indiciação,
gralmente ao regime jurídico instituído pela Lei nº 1.711,
cabendo o estudo dos demais aos novos membros que
de 28 de outubro de 1952.
foram designados.
Art. 63. O disposto nesta Lei aplica-se aos funcionários
§ 2º. O disposto no parágrafo anterior não constitui im-
que, enquadrados no Serviço Policial de que trata a Lei
pedimento para a recondução de membro de Comis- nº 3.780, de 10 de julho de 1960 e transferidos para a
são Permanente de Disciplina. Administração do Estado da Guanabara, retornaram ao
Art. 56. A publicação da portaria de instauração do pro- Serviço Público Federal.
cesso disciplinar em Boletim de Serviço, quando indicar Art. 64. Os funcionários do Quadro de Pessoal do De-
o funcionário que praticou a transgressão sujeita a apu- partamento Federal de Segurança Pública ocupantes de
ração, importará na sua notificação, para acompanhar o cargos não incluídos no Serviço de Polícia Federal, quando
processo em todos os seus trâmites, por si ou por defensor removidos ex officio, farão jus ao auxílio previsto no Art.
constituído, se assim o entender. 22, item II, nas mesmas bases e condições fixadas para o

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Art. 57. Na hipótese de autuação em flagrante do fun- funcionário policial civil.
cionário policial como incurso em qualquer dos crimes Art. 65. O disposto no Capítulo IV desta Lei é exten-
referidos no Art. 48 e seu item I, a autoridade que sivo a todos os funcionários do Quadro de Pessoal do
presidir o ato encaminhará, dentro de vinte e quatro Departamento Federal de Segurança Pública e respec-
horas, à autoridade competente para determinar a tivas famílias.
instauração do processo disciplinar, traslado das peças Art. 66. É vedada a remoção ex officio do funcionário
comprovadoras da materialidade do fato e sua autoria. policial que esteja cursando a Academia Nacional de
§ 1º. Recebidas as peças de que trata este artigo, a au- Polícia, desde que a sua movimentação impossibilite a
toridade procederá na forma prevista no Art. 54, item frequência no curso em que esteja matriculado.
I, desta Lei. Art. 67. O funcionário policial poderá ser removido:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Dos Conselhos da Polícia I. ex officio;


Art. 58. Os Conselhos de Polícia, levando em conta a II. a pedido;
repercussão do fato, ou suas circunstâncias, poderão, III. por conveniência da disciplina.
por convocação de seu Presidente, apreciar as trans- § 1º. Nas hipóteses previstas nos itens II e III deste arti-
gressões disciplinares passíveis de punição com as go, o funcionário não fará jus a ajuda de custo.
penas de repreensão, suspensão até trinta dias e de- § 2º. A remoção ex officio do funcionário policial, salvo
tenção disciplinar até vinte dias. imperiosa necessidade do serviço devidamente justifica-
Parágrafo único. No ato de convocação, o Presidente da, só poderá efetivar-se após dois anos, no mínimo, de
do Conselho designará um de seus membros para re- exercício em cada localidade.
lator da matéria. Art. 68. Não são considerados herança os vencimentos
Art. 59. O funcionário policial será convocado, através e vantagens devidos ao funcionário falecido, os quais
do Boletim de Serviço, a comparecer perante o Conse- serão pagos, independentemente de ordem judicial, à
lho para, em dia e hora previamente designados e após viúva ou, na sua falta, aos legítimos herdeiros daquele.
a leitura do relatório, apresentar razões de defesa. Art. 69. Será concedido transporte à família do funcio-
Art. 60. Após ouvir as razões do funcionário, o Conselho, nário policial falecido no desempenho de serviço fora 643
pela maioria ou totalidade de seus membros, concluirá da sede de sua repartição.
Parágrafo único. A família do funcionário falecido em nação, capacitação, controle e execução admi-
644 serviço na sede de sua repartição terá direito, dentro nistrativa e operacional, bem como articulação e
de seis meses após o óbito, a transporte para a locali- intercâmbio com outras organizações policiais, em
dade do território nacional em que fixar residência. âmbito nacional, além das atribuições da classe de
Agente Operacional; (Incluído pela Lei nº 11.784, de
Das Disposições Transitórias
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

2008).
Art. 70. A competência atribuída por esta Lei ao Pre- III. Classe de Agente Operacional: atividades de
feito do Distrito Federal e ao Secretário de Segurança natureza policial envolvendo a execução e controle
Pública do Distrito Federal será exercida, em relação administrativo e operacional das atividades ine-
à Polícia do Distrito Federal, respectivamente, pelo rentes ao cargo, além das atribuições da classe de
Presidente da República e pelo Chefe de Polícia do Agente; e (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008).
Distrito Federal, até 31 de janeiro de 1966. IV. Classe de Agente: atividades de natureza policial
Art. 71. Ressalvado o disposto no Art. 11 desta Lei, os envolvendo a fiscalização, patrulhamento e policia-
funcionários do Departamento Federal de Segurança mento ostensivo, atendimento e socorro às vítimas
Pública e da Polícia do Distrito Federal, que se encon- de acidentes rodoviários e demais atribuições relacio-
trem à disposição de outros órgãos, deverão retornar ao nadas com a área operacional do Departamento de
exercício de seus cargos no prazo máximo de trinta dias, Polícia Rodoviária Federal (Incluído pela Lei nº 11.784,
contados da publicação desta Lei. de 2008).
Art. 72. O Poder Executivo, no prazo de noventa dias, § 2º. As atribuições específicas de cada uma das classes
contados da publicação desta Lei, baixará por decre- referidas no § 1º deste artigo serão estabelecidas em
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to o Regulamento-Geral do Pessoal do Departamento ato dos Ministros de Estado do Planejamento, Orça-


Federal de Segurança Pública, consolidando as dispo- mento e Gestão e da Justiça (Incluído pela Lei nº 11.358,
sições desta Lei com as da Lei nº 1.711, de 28 de outubro de 2006).
de 1952 e legislação posterior relativa a pessoal.
§ 3º. Os cargos efetivos de Policial Rodoviário Federal,
Art. 73. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- estruturados na forma do caput deste Artigo, têm a sua
cação.
correlação estabelecida no Anexo II desta Lei (Incluído
Art. 74. Revogam-se as disposições em contrário. pela Lei nº 11.358, de 2006).
Art. 2º-A. A partir de 1º de janeiro de 2013, a Carreira
2. Lei nº 9.654 de 2 de Junho de 1998 de que trata esta Lei, composta do cargo de Policial
Art. 1º. Fica criada, no âmbito do Poder Executivo, a car- Rodoviário Federal, de nível superior, passa a ser es-
reira de Policial Rodoviário Federal, com as atribuições truturada nas seguintes classes: Terceira, Segunda,
previstas na Constituição Federal, no Código de Trânsito Primeira e Especial, na forma do Anexo I-A, observa-
Brasileiro e na legislação específica. da a correlação disposta no Anexo II-A (Incluído pela
Parágrafo único. A implantação da carreira far-se-á me- Lei nº 12.775, de 2012).
diante transformação dos atuais dez mil e noventa e oito § 1º. As atribuições gerais das classes do cargo de Poli-
cargos efetivos de Patrulheiro Rodoviário Federal, do qua- cial Rodoviário Federal são as seguintes: (Incluído pela
dro geral do Ministério da Justiça, em cargos de Policial Lei nº 12.775, de 2012).
Rodoviário Federal. I. Classe Especial: atividades de natureza policial e
Art. 2º. A Carreira de que trata esta Lei é composta do administrativa, envolvendo direção, planejamento,
cargo de Policial Rodoviário Federal, de nível inter- coordenação, supervisão, controle e avaliação admi-
mediário, estruturada nas classes de Inspetor, Agente nistrativa e operacional, coordenação e direção das
Especial, Agente Operacional e Agente, na forma do atividades de corregedoria, inteligência e ensino,
Anexo I desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.784, de 2008). bem como a articulação e o intercâmbio com outras
§ 1º. As atribuições gerais das classes do cargo de Poli- organizações e corporações policiais, em âmbito na-
cial Rodoviário Federal são as seguintes: (Incluído pela cional e internacional, além das atribuições da Pri-
Lei nº 11.784, de 2008). meira Classe; (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012).
I. Classe de Inspetor: atividades de natureza policial II. Primeira Classe: atividades de natureza policial, en-
e administrativa, envolvendo direção, planejamen- volvendo planejamento, coordenação, capacitação,
to, coordenação, supervisão, controle e avaliação controle e execução administrativa e operacional,
administrativa e operacional, coordenação e dire- bem como articulação e intercâmbio com outras or-
ção das atividades de corregedoria, inteligência e ganizações policiais, em âmbito nacional, além das
ensino, bem como a articulação e o intercâmbio atribuições da Segunda Classe; (Incluído pela Lei nº
com outras organizações e corporações policiais, 12.775, de 2012).
em âmbito nacional e internacional, além das atri- III. Segunda Classe: atividades de natureza policial
buições da classe de Agente Especial; (Incluído envolvendo a execução e controle administrativo e
pela Lei nº 11.784, de 2008). operacional das atividades inerentes ao cargo, além
II. Classe de Agente Especial: atividades de natu- das atribuições da Terceira Classe; e (Incluído pela
reza policial, envolvendo planejamento, coorde- Lei nº 12.775, de 2012).
IV. Terceira Classe: atividades de natureza policial en- Art. 6º. Fica extinta a Gratificação Temporária, no ter-
volvendo a fiscalização, patrulhamento e policiamen- mos do § 3º do Art. 1º da Lei nº 9.166, de 20 de dezem-
to ostensivo, atendimento e socorro às vítimas de aci- bro de 1995.
dentes rodoviários e demais atribuições relacionadas Art. 7º. Os ocupantes de cargos da carreira de Policial
com a área operacional do Departamento de Polícia Rodoviário Federal ficam sujeitos a integral e exclusiva
Rodoviária Federal. (Incluído pela Lei nº 12.775, de dedicação às atividades do cargo.
2012). Art. 8º. Os cargos em comissão e as funções de con-
§ 2º. As atribuições específicas de cada uma das classes fiança do Departamento de Polícia Rodoviária Federal
referidas no § 1º serão estabelecidas em ato dos Minis- serão preenchidos, preferencialmente, por servidores
tros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e integrantes da carreira que tenham comportamen-
da Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012). to exemplar e que estejam posicionados nas classes
§ 3º. Para fins de enquadramento na Terceira Classe, finais, ressalvados os casos de interesse da adminis-
será observado o tempo de exercício do servidor, de tração, conforme normas a serem estabelecidas pelo
acordo com os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº Ministro de Estado da Justiça.
12.775, de 2012). Art. 9º. É de quarenta horas semanais a jornada de
I. Menos de 1 (um) ano de exercício na classe de trabalho dos integrantes da carreira de que trata
Agente: Padrão I; (Incluído pela Lei nº 12.775, de esta Lei.
2012). Art. 10. Compete ao Ministério da Administração Fede-
II. De 1 (um) ano completo até menos de 2 (dois) ral e Reforma do Estado, ouvido o Ministério da Justiça,
anos de exercício na classe de Agente: Padrão II; e a definição de normas e procedimentos para promoção
(Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012). na carreira de que trata esta Lei.
III. 2 (dois) anos completos ou mais de exercício na Art. 11. O disposto nesta Lei aplica-se aos proventos de
classe de Agente: Padrão III. (Incluído pela Lei nº aposentadoria e às pensões.
12.775, de 2012). Art. 12. As despesas decorrentes da execução desta Lei
§ 4º. O tempo que exceder o período mínimo de 1 (um) correrão à conta das dotações constantes do orçamen-
ano para enquadramento no padrão de que trata o § 3º to do Ministério da Justiça.
será computado para fins da progressão ou promoção Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
subsequente. (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012). ção, retroagindo seus efeitos financeiros a 1º de janeiro
Art. 3º. O ingresso nos cargos da carreira de que tra- de 1998.
ta esta Lei dar-se-á mediante aprovação em concurso Anexo I
público, constituído de duas fases, ambas eliminatórias (Incluído pela Lei nº 12.775, de 2012)

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e classificatórias, sendo a primeira de exame psicotéc- ESTRUTURA DA CARREIRA DE POLICIAL
nico e de provas e títulos e a segunda constituída de RODOVIÁRIO FEDERAL
curso de formação. CARGO CLASSE PADRÃO
§ 1º. São requisitos para o ingresso na carreira o diplo-
ma de curso superior completo, em nível de graduação,
devidamente reconhecido pelo Ministério da Educação, III
ESPECIAL II
e os demais requisitos estabelecidos no edital do con-
curso. (Redação dada pela Lei nº 11.784, de 2008). I
§ 2º. A investidura no cargo de Policial Rodoviário Fede-
VI
ral dar-se-á no padrão único da classe de Agente, onde o
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
V
titular permanecerá por pelo menos 3 (três) anos ou até
IV
obter o direito à promoção à classe subsequente. (Reda- PRIMEIRA
III
ção dada pela Lei nº 11.784, de 2008). II
POLICIAL
§ 3º. A partir de 1º de janeiro de 2013, a investidura no RODOVIÁRIO I
cargo de Policial Rodoviário Federal dar-se-á no pa- FEDERAL
drão inicial da Terceira Classe. (Redação dada pela Lei VI
nº 12.775, de 2012). V
§ 4º. O ocupante do cargo de Policial Rodoviário Fe- SEGUNDA IV
deral permanecerá preferencialmente no local de sua III
primeira lotação por um período mínimo de 3 (três) II
anos exercendo atividades de natureza operacional I
voltadas ao patrulhamento ostensivo e à fiscalização
III
de trânsito, sendo sua remoção condicionada a concur- TERCEIRA II
so de remoção,
Art. 4º. (Revogado pela Lei nº 11.358, de 2006). Este material foi revisado e atualizado de acordo com a le- 645
Art. 5º. (Revogado pela Lei nº 11.358, de 2006). gislação em vigor que segue abaixo.
As resoluções que podem ser previstas em edital, estão colocadas junto a cada Art. ao longo de todo o material para que seja
646 como apoio ao estudante, que a depender do seu concurso, poderá utilizar ou não.

Texto de Lei Palavras chave de busca.


LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Lei nº 9.602, de 21 de janeiro de 1998; Fund. Nac. de Segurança e educação no trânsito (Funset)

Lei nº 9.792, de 14 de abril de 1999; Kit de primeiros socorros (revogado Art. 112).

Lei nº 10.350, de 21 de dezembro de 2001; Obrigatoriedade do exame psicológico, Art. 147 §3º CTB

Lei nº 10.517, de 11 de julho de 2002; Semirreboque acoplado a motocicleta /motoneta

Lei nº 10.830, de 23 de dezembro de 2003; 110 Km/h automóveis, camionetas e motocicletas;

Lei nº 11.334, de 25 de julho de 2006; Nova redação do Art. 218 velocidades; Resolução nº 396/11

Lei nº 11.275, de 07 de fevereiro de 2006 Tolerância zero (sem eficácia por causa do Art. 276)

Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008; Zero definitivamente, admitindo outras provas (lei seca);
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Lei nº 12.006, de 29 de julho de 2009; Mensagem educativa de trânsito Art. 77-A

Lei nº 12.009, de 29 de julho de 2009; Regulamenta “mototaxista” e “motoboy” criou o cap. XIII - A

Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009; Autoridade portuária poderá celebrar convênios;

Lei nº 11.910, de 18 de março de 2009; Uso de “air bag” – implementado em janeiro de 2014;

Lei nº 12.217, de 17 de março de 2010; Obrigatória a aprendizagem noturna; (§ 2º ao Art. 158)

Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010; Revogou o § 2º do Art. 288 (recurso de multa era pago)

Lei nº 12.452, de 21 de julho de 2011; Alterou o Art. 143, V e acresc. § 2º ao Art. 6 ton pra trailer

Lei nº 12.547, de 14 de dezembro de 2011; Reciclagem com 20 pontos no prontuário;

Lei nº 12.619, de 30 de abril de 2012; Motoristas profissionais; criou o Cap. III-A, (Art. 230, XXIII)

Lei nº 12.694, de 24 de julho de 2012; Placas especiais - caso Juíza Patrícia Acioli (Art. 115, § 7º)

Lei nº 12.760, de 20 de dezembro de 2012; Conceitos de “ar alveolar” e “Etilômetro” - inf. Gravíssimas.

Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013; Art. 10 composição do CONTRAN; 9 ministérios + ANTT

Lei nº 12.971, de 9 de maio de 2014; Arts.: 173, 174, 175, 191, 202, 203, 292, 302, 303, 306 e 308

Lei nº 12.977, de 20 de maio de 2014; Regula a desmontagem de veículos; altera o Art. 126.

Lei nº 12.998, de 18 de junho de 2014; No Art. 145-A, para conduzir ambulâncias - treinamento.

Lei nº 13.097, de 19 de janeiro de 2015; Tratores pneu Cat. “B” Alterou os Arts. 115, 130 e 144.

Lei nº 13.103 de 2 de março de 2015; Exercício da profissão de motorista;

Lei nº 13.160 de 25 de agosto de 2015; Retenção, remoção e leilão de veículo - Arts. 270, 271 e 328

Lei nº 13.146 de 6 de julho de 2015; Pessoa com Deficiência (Arts. 2º, 86-A, 147-A, 181, XVII)

Lei nº 13.154 de 30 de julho de 2015; Art. 24 competências, e placas externas (Art. 115, §8º)

Lei nº13.281, de 04 de maio de 2016 Uma das maiores alterações do CTB de toda a sua história.
Lei 13.290, de 23 de maio de 2016. Faróis em Rodovias. ( art. 40,I e 205,I “B”).
3. Lei nº 9.503/1997 Código de Outro ponto essencial é entender que os 341 Arts estão
dispostos da seguinte forma: O CTB pode ser doutrinariamen-
Trânsito Brasileiro te dividido em duas partes para facilitar o estudo.
A Lei nº 9.503 foi publicada em Diário Oficial, em 23 de
A primeira é administrativa/educativa (Art. 1º ao Art.
Setembro de 1997, entrando em vigor a partir de 22 de janeiro
de 1998. Portanto, com 120 dias de vacatio legis, que é o pe- 290 e do Art. 313 até o Art. 341) caracterizando, assim, uma
ríodo compreendido entre a publicação e a entrada em vigor atividade de administração pública, pautada em princípios
de uma lei.
basilares da administração, tais como: a supremacia do in-
Trata-se de legislação de trânsito que define as atribuições
das diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito, forne- teresse público sobre o particular e a indisponibilidade
cendo diretrizes para a Engenharia de Tráfego e estabelecendo do interesse público. Vale ressaltar que o ônus da prova é do
normas de conduta, infrações e penalidades para os diversos condutor/infrator, ou seja, basta o agente de trânsito verificar
usuários desse complexo sistema.
a infração e relatá-la à autoridade com circunscrição sobre a
O Art. 144 da CF/88:
via, em documento próprio, notificação, para que seja iniciado
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preserva- o processo de penalização, o agente da autoridade não preci-
ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e sa, portanto, produzir provas do fato imputado, sendo asse-
do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
gurado, todavia, o direito Constitucional da ampla defesa e do
II. polícia rodoviária federal;
contraditório, (Art. 5º, LV, CF/88). A isto as doutrinas denomi-
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu nam de inversão do ônus da prova.
patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda A principal característica educativa é a penalidade de
Constitucional nº 82, de 2014)
multa, que além de um valor pecuniário que, a depender da
I. compreende a educação, engenharia e fiscaliza-
ção de trânsito, além de outras atividades previstas gravidade, pode ser multiplicado em até 10 vezes, o condutor
em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mo- infrator é submetido a outras regras criadas no CTB. Ex.: Pon-
bilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda
tuação no prontuário.
Constitucional nº 82, de 2014)
II. compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fe- Art. 259. A cada infração cometida são computados os

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deral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou seguintes números de pontos:
entidades executivos e seus agentes de trânsito,
estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluí- I. Gravíssima - sete pontos;
do pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014)
II. Grave - cinco pontos;
É importante observar, desde já, o previsto na Constituição
Federal de 1988 (CF/88), em seu Art. 22. III. Média - quatro pontos;
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: IV. Leve - três pontos.
XI - trânsito e transporte;
A segunda parte é Penal/Criminal (Art. 291 até o 312),
Cabe salientar que não há necessidade de ser bacharel
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

em Direito para interpretar corretamente o Código de Trânsito ou seja, algumas ações, devido à sua gravidade, são tratadas
Brasileiro o qual doravante denominaremos, simplesmente, como crimes, e, para tanto, são aplicadas as previsões legais
como CTB. do Código Penal, CP, (Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro
A sistematização das leis mais complexas observa, entre
de 1940) e de outros diplomas legais, com o ônus da prova
nós, o seguinte esquema básico: Livros, Títulos, Capítulos,
Seções, Subseções e Artigos. cabendo a quem alegar. Logo, o Agente da autoridade de trân-
Manual de Redação Oficial da Presidência da República.(MRPR) sito deve produzir provas da existência deste crime de trânsito.
Faz-se necessário apenas observar que os textos de lei são Vejamos, então, a tipificação do Art. 291 do CTB:
organizados em: Artigos. (Art.) representados por números
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos au-
ordinais do 1º ao 9º e na sequência por números cardinais, 10,
11, ... é a unidade básica para apresentação; Parágrafos (§§) tomotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas
constituem, na técnica legislativa, a imediata divisão de um gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
Art.; Incisos são utilizados como elementos discriminativos
de Art.; Alíneas ou Letras constituem desdobramentos dos este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a 647
incisos e dos parágrafos. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
PRESIDENTE Ministério das Objetivos (Art. 6º, CTB)
648 dA REPÚBLICA Cidades Sistema Nacional de Segurança/ FLuidez/
Subordinação /
(ART. 84, VI, designação Dec. nº 4.711/03 Trânsito (SNT) Art. 5º Conforto/ Meio Ambiente/
CF/88) 9º CTB Educação
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Subordinação / Vinculação
Delegação Câmaras Temáticas
Art. 13 CTB;
CONTRAN 7º I Vinculação
Composição - Res.
Nº 218, de 20-12-2006
Presidente

ÓRGÃO CONSULTIVO E NORMATIVO E


DENATRAN (Órgão COORDENADOR DE TRÂNSITO 7º II
Diretor
máximo) Executivo

Federal Estadual/DF
Federal DENATRAN - Art.19
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ORGÃOS CETRAN/CON
CONTRAN
EXECUTIVOS Estadual /DF DETRAN - Art. 22 CIRETRAN’S TRANDIFE
III

Órgão Exec. de
Município Atua mediante convênio
Trânsito Art. 24

DNIT/ Lei.º 10.233, POLICIAIS MILITARES E PolICÍA RODOVIÁRIA


de 5-6-2001 - DISTRITO FEDERAL ART. FEDERAL
Federal
(antigo DNER) 23 CTB ART. 20 CTB
VI V
ÓRGÃOS
EXECUTIVOS União
Órgão \Rodoviário
RODOVIÁRIOS Estadual /DF
Estadual
ART. 21 CTB JARIS Estado/DF
IV VII
Órgão \Rodoviário
Município Estado/DF
Municipal

Conceito § 3º. Os órgãos e entidades componentes do Sistema Na-


Ao conceituar o Código de Trânsito Brasileiro, deve ser ob- cional de Trânsito respondem, no âmbito das respectivas
servado o previsto no Art. 1º e em seus parágrafos, do CTB: competências, objetivamente, por danos causados aos
Art. 1º. O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execu-
do território nacional, abertas à circulação, rege-se por
este Código. ção e manutenção de programas, projetos e serviços que
§ 1º. Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, garantam o exercício do direito do trânsito seguro.
veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou ▷ Dica de leitura Art. 37, §6º, da CF.
não, para fins de circulação, parada, estacionamento e ope- § 5º. Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao
ração de carga ou descarga. Sistema Nacional de Trânsito darão prioridade em suas
§ 2º. O trânsito, em condições seguras, é um direito de ações à defesa da vida, nela incluída a preservação da
todos e dever dos órgãos e entidades componentes do
saúde e do meio-ambiente.
Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito
das respectivas competências, adotar as medidas desti- Para ajudar a compreender o conceito, veja o esquema a
nadas a assegurar esse direito. seguir:
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são conside-
1 ÚNICO LIVRO PARA FINS DE: radas vias terrestres as praias abertas à circulação pública,
as vias internas pertencentes aos condomínios constituídos
por unidades autônomas e as vias e áreas de estaciona-
- CIRCULAÇÃO; mento de estabelecimentos privados de uso coletivo.
- ESTACIONAMENTO; Art. 3º. As disposições deste Código são aplicáveis a qual-
- PARADA; quer veículo, bem como aos proprietários, condutores
- OPERAÇÕES DE CARGA E DESCARGA. dos veículos nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele
FÍSICA expressamente mencionadas.
Art. 4º. Os conceitos e definições estabelecidos para os efei-
PESSOAS JURÍDICA tos deste Código são os constantes do Anexo I.
c
t TRÂNSITO VEÍCULOS TODOS Sistema Nacional de Trânsito (SNT)
b Agora que já se conhece a territorialidade do CTB, passa-
ISOLADOS se a conhecer os agentes que formam esse sistema. Vamos
ANIMAIS ressaltar que os órgãos de trânsito, sejam eles executivos,
EM GRUPO normativos ou julgadores fazem parte do Poder Executivo, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Em
BRASILEIRO vias urbanas ou rurais:
(NACIONAL) Art. 5º. O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de
- E NÃO SÓ NÃO
CONDUZIDOS órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fe-
FEDERAL CONDUZIDOS
deral e dos Municípios que tem por finalidade o exercício
das atividades de planejamento, administração, norma-
TRÂNSITO TRÂNSITO tização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos,
REGULAR IRREGULAR formação, habilitação e reciclagem de condutores, educa-
SEGUE O CTB NÃO SEGUE O CTB ção, engenharia, operação do sistema viário, policiamen-
to, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos e
Aplicação aplicação de penalidades.
▷ Resolução do CONTRAN n.º 576 de 24-02-2016: Dispõe
Territorialidade sobre o intercâmbio de informações, entre órgãos e en-
Redações dadas pela Lei nº 7.209, de 1984 tidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal e os demais órgãos e entidades executivos de

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Art. 5º, Código Penal. Aplica-se a lei brasileira, sem
prejuízo de convenções, tratados e regras de direito trânsito e executivos rodoviários da União, dos Estados,
internacional, ao crime cometido no território nacional. Distrito Federal e dos Municípios que compõem o Siste-
ma Nacional de Trânsito e dá outras providências.
§ 1º. Para os efeitos penais, consideram-se como exten-
▷ Resolução do CONTRAN nº 351, de 14-06-10: estabelece
são do território nacional as embarcações e aeronaves
procedimentos para veiculação de mensagens educati-
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo vas de trânsito em toda peça publicitária destinada à di-
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as vulgação ou promoção, nos meios de comunicação social,
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de produtos oriundos da indústria automobilística ou afins.
de propriedade privada, que se achem, respectivamen- ▷ Resolução do CONTRAN nº 360, de 29-09-10: dispõe so-
te, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. bre a habilitação do candidato ou condutor estrangeiro
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- para direção de veículos em território nacional.
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras Art. 6º. São objetivos básicos do Sistema Nacional de
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no Trânsito:
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon- I. Estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito,
dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa
Com esta previsão do CP, infere-se que, nos crimes de trân- ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu
sito, as partes envolvidas respondem pelo CTB, quer seja em cumprimento;
via pública, quer seja em via particular, a menos que a questão ▷ Resolução do CONTRAN n.º 514 de 18-12-2014: dis-
deixe explícita a palavra “via pública”, restringindo o tipo pe- põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e
nal. (Princípio da especificidade da lei). aplicação, e dá outras providências.
O legislador teve o cuidado de conceituar o que é VIA TER- II. Fixar, mediante normas e procedimentos, a padro-
RESTRE, no Art. 2º do CTB observe: nização de critérios técnicos, financeiros e adminis-
Art. 2º. São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as aveni- trativos para a execução das atividades de trânsito;
das, os logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas III. Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes
e as rodovias, que terão seu uso regulamentado pelo órgão de informações entre os seus diversos órgãos e enti-
ou entidade com circunscrição sobre elas, de acordo com as dades, a fim de facilitar o processo decisório e a inte- 649
peculiaridades locais e as circunstâncias especiais. gração do Sistema.
▷ Resolução nº 142, de 26-03-03 (CONTRAN): dispõe 3. 1. Competências dos
650 sobre o funcionamento do Sistema Nacional de Trân-
sito (SNT), a participação dos órgãos e entidades de Órgãos do Sistema
trânsito nas reuniões do sistema e as suas modalidades.
Art. 7º. Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os se- CONTRAN
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

guintes órgãos e entidades:


É o órgão máximo normativo e consultivo do SNT, sendo
I. O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, coor- ele que regulamenta, por meio de resoluções, diversos dispo-
denador do Sistema e órgão máximo normativo e sitivos lacunosos do CTB, bem como de outras leis relaciona-
consultivo;
das ao trânsito.
▷ A Lei nº 10.683, de 28-5-2003, dispõe sobre a organi- Sua composição, de acordo com Art. 10 do CTB, teve re-
zação da Presidência da República e dos Ministérios, e
cente mudança com a Lei nº 12.865, de 09-10-2013. São nove
dá outras providências.
pessoas indicadas por Ministérios, uma pessoa indicada pela
II. Os Conselhos Estaduais de Trânsito - CETRAN e o Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e mais
Conselho de Trânsito do Distrito Federal - CONTRAN-
DIFE, órgãos normativos, consultivos e coordenadores;
uma que é seu presidente, este por vez é, concomitantemen-
te, o Diretor do DENATRAN. Perfazendo, portanto, onze inte-
▷ Resolução do CONTRAN nº 244, de 22-06-2007: es- grantes, um número ímpar, caracterizando, assim, sua função
tabelece diretrizes para a elaboração do Regimento atípica de julgar.
Interno dos Conselhos Estaduais de Trânsito – CE-
TRAN e do Conselho de Trânsito do Distrito Federal ▷ Vejamos o texto de lei, com as seguintes observações:
– CONTRANDIFE. Art. 8º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios orga-
nizarão os respectivos órgãos e entidades executivos de
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III. Os órgãos e entidades executivos de trânsito da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; trânsito e executivos rodoviários, estabelecendo os limites
circunscricionais de suas atuações.
IV. Os órgãos e entidades executivos rodoviários da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Art. 9º. O Presidente da República designará o ministério ou
órgão da Presidência responsável pela coordenação máxima
▷ Lei nº 10.233, de 05-06-2001, dispõe sobre a rees- do Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará vinculado o
truturação dos transportes aquaviário e terrestre, CONTRAN e subordinado o órgão máximo executivo de trân-
cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas sito da União.
de Transporte, a Agência Nacional de Transportes Art. 10. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN),
Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aqua- com sede no Distrito Federal e presidido pelo dirigente
viários e o Departamento Nacional de Infraestrutura do órgão máximo executivo de trânsito da União, tem a
de Transportes e dá outras providências. seguinte composição:
Art. 178 da CF/88: ▷ Decreto nº 4.711/2003.
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos trans- III. 1 (um) representante do Ministério da Ciência e
portes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto Tecnologia;
à ordenação do transporte internacional, observar os IV. 1 (um) representante do Ministério da Educação e
acordos firmados pela União, atendido o princípio da do Desporto;
reciprocidade. (Redação dada pela Emenda Constitu- V. 1 (um) representante do Ministério do Exército;
cional nº 7, de 1995). VI. 1 (um) representante do Ministério do Meio Am-
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a biente e da Amazônia Legal;
lei estabelecerá as condições em que o transporte de mer- VII. 1 (um) representante do Ministério dos Trans-
cadorias na cabotagem e a navegação interior poderão portes;
ser feitos por embarcações estrangeiras. VIII ao XIX. VETADOS
V. A Polícia Rodoviária Federal; XX. 1 (um) representante do Ministério ou órgão
coordenador máximo do Sistema Nacional de
VI. As Polícias Militares dos Estados e do Distrito Fe- Trânsito;
deral; e XXI. VETADO
VII. As Juntas Administrativas de Recursos de Infra- XXII. 1 (um) representante do Ministério da Saúde.
ções - JARI. (Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998)
Art. 7º-A. A autoridade portuária ou a entidade conces- XXIII . 1 (um) representante do Ministério da Jus-
sionária de porto organizado poderá celebrar convênios tiça.(Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008 (lei seca).
com os órgãos previstos no Art. 7º, com a interveniência Art. 11. (Vetado.)
dos Municípios e Estados, juridicamente interessados, Vejamos o que preceitua o Art. 12 CTB, quanto a sua com-
para o fim específico de facilitar a autuação por descum- petência:
primento da legislação de trânsito. (Incluído pela Lei nº Art. 12. Compete ao CONTRAN:
12.058, de 2009.) I. Estabelecer as normas regulamentares referidas
§ 1º O convênio valerá para toda a área física do porto orga- neste Código e as diretrizes da Política Nacional de
nizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfandegados, nas Trânsito;
estações de transbordo, nas instalações portuárias públicas ▷ Resolução do CONTRAN n.º 514 de 18-12-2014, dis-
de pequeno porte e nos respectivos estacionamentos ou vias põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e
de trânsito internas. aplicação, e dá outras providências.
II. Coordenar os órgãos do Sistema Nacional de Trân- Art. 2º As Câmaras Temáticas são:
sito, objetivando a integração de suas atividades; I. De Assuntos Veiculares;
III. (VETADO) II. De Educação para o Trânsito e Cidadania;
IV. Criar Câmaras Temáticas;
III. De Engenharia de Tráfego, da Sinalização e da
▷ Art. 13: CTB.
Via;
▷ Resolução do CONTRAN nº 514, de 18-12-2014, dis-
IV. De Esforço Legal: infrações, penalidades, crimes
põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e
de trânsito, policiamento e fiscalização de trânsito;
aplicação, e dá outras providências.
V. Estabelecer seu regimento interno e as diretrizes V. De Formação e Habilitação de Condutores;
para o funcionamento dos CETRAN e CONTRANDIFE; VI. De Saúde e Meio Ambiente no Trânsito.
▷ Resolução do CONTRAN nº 244, de 22-06-2007 es- Dentre outras que possam vir a ser constituídas, de
tabelece diretrizes para a elaboração do Regimento acordo com a necessidade ou o interesse público,
Interno dos Conselhos Estaduais de Trânsito – CE- com a formação e o conhecimentos necessários. Es-
TRAN e do Conselho de Trânsito do Distrito Federal tes colegiados NÃO fazem parte do STN.
– CONTRANDIFE. Art. 20 Os serviços prestados às Câmaras Temáticas serão
VI. Estabelecer as diretrizes do regimento das JARI; considerados, para todos os efeitos, como de interesse pú-
▷ Resolução do CONTRAN nº 357, de 2-8-2010: estabe- blico e relevante valor social.
lece diretrizes para a elaboração do Regimento Interno Vejamos o que preceitua o CTB, com relação ao assunto:
das Juntas Administrativas de Recursos de Infrações - Art. 13. As Câmaras Temáticas, órgãos técnicos vincu-
JARI. lados ao CONTRAN, são integradas por especialistas
VII. Zelar pela uniformidade e cumprimento das nor- e têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e
mas contidas neste Código e nas resoluções comple- embasamento técnico sobre assuntos específicos para
mentares;
decisões daquele colegiado.
VIII. Estabelecer e normatizar os procedimentos § 1º Cada Câmara é constituída por especialistas represen-
para a aplicação das multas por infrações, a arreca- tantes de órgãos e entidades executivos da União, dos Es-
dação e o repasse dos valores arrecadados; tados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, em igual nú-
IX. Responder às consultas que lhe forem formuladas, mero, pertencentes ao Sistema Nacional de Trânsito, além
relativas à aplicação da legislação de trânsito;
de especialistas representantes dos diversos segmentos da
X. Normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, sociedade relacionados com o trânsito, todos indicados se-
habilitação, expedição de documentos de condutores, e
gundo regimento específico definido pelo CONTRAN e de-
registro e licenciamento de veículos;
signados pelo ministro ou dirigente coordenador máximo
XI. Aprovar, complementar ou alterar os dispositivos
do Sistema Nacional de Trânsito.

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de sinalização e os dispositivos e equipamentos de
trânsito; § 2º Os segmentos da sociedade, relacionados no parágrafo
XII. Apreciar os recursos interpostos contra as deci- anterior, serão representados por pessoa jurídica e devem
sões das instâncias inferiores, na forma deste Código; atender aos requisitos estabelecidos pelo CONTRAN.
XIII. Avocar, para análise e soluções, processos sobre Apenas o CONTRAN tem a prerrogativa de criar câmaras
conflitos de competência ou circunscrição, ou, quan- temáticas, sendo vedada esta atribuição aos CETRANS.
do necessário, unificar as decisões administrativas; e As câmaras temáticas são formadas por dezoito membros
XIV. Dirimir conflitos sobre circunscrição e competên- com seus respectivos suplentes, indicados pelos ministérios e
cia de trânsito no âmbito da União, dos Estados e do órgãos de trânsito da sociedade, sendo custeado pela entida-
Distrito Federal. de que o indicou.
XV. Normatizar o processo de formação do can-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
As câmaras temáticas não possuem subordinação ao CON-
didato à obtenção da Carteira Nacional de Ha- TRAN e sim apenas VINCULAÇÃO.
bilitação, estabelecendo seu conteúdo didático- O mandato dos membros da Câmara terá duração de dois
-pedagógico, carga horária, avaliações, exames, anos, admitidas reconduções.
execução e fiscalização. (NR)

Câmara Temática CETRAN e CONTRANDIFE


São órgãos criados pelo CONTRAN, com o intuito de em- São conselhos estaduais e distrital, respectivamente, elenca-
basarem cientificamente a edição de suas resoluções. dos no Art. 7º, II, do CTB. Têm funções consultivas e normativas.
▷ Resolução do CONTRAN n.º 586 de 23-03-2016, Cabe ao CETRAN/CONTRANDIFE, atipicamente, o julgamento,
estabelece o Regimento Interno das Câmaras Te- em segunda instância, dos recursos das infrações aplicadas por
máticas do CONTRAN. órgãos executivos e rodoviários de trânsito, de estradas e rodo-
vias estaduais e distritais.
O CONTRAN, como vimos, é de natureza política, com seus
membros indicados pelos Ministérios, e, notadamente, não Ainda com relação a recursos, o CETRAN é a única instân-
possuem o conhecimento necessário para normatizar assuntos cia recursal quando as decisões do DETRAN indeferirem, defi-
de alta complexidade, razão pela qual os componentes dessas nitivamente, o candidato por inaptidão psicológica, mental ou 651
câmaras formam equipes multidisciplinares, a saber: física nos exames para a habilitação ou permissão.
Vejamos o que está previsto referente ao assunto no CTB: veis pelo julgamento dos recursos interpostos contra pena-
652 Art. 14. Compete aos Conselhos Estaduais de Trânsito lidades por eles impostas.
- CETRAN e ao Conselho de Trânsito do Distrito Federal Parágrafo único. As JARI têm regimento próprio, obser-
- CONTRANDIFE: vado o disposto no inciso VI do Art. 12, e apoio adminis-
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trativo e financeiro do órgão ou entidade junto ao qual
funcionem.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

trânsito, no âmbito das respectivas atribuições;


II. Elaborar normas no âmbito das respectivas com-
petências;
JARIs
III. Responder a consultas relativas à aplicação da le- As JARIs - ou juntas administrativas - são juntas destinadas à
gislação e dos procedimentos normativos de trânsito; primeira instância de recurso de infrações.
IV. Estimular e orientar a execução de campanhas O número de juntas é proporcional ao número de recur-
educativas de trânsito; sos do órgão, uma vez que a lei estipulou o prazo máximo de
▷ Resolução do CONTRAN nº 351, de 14-06-2010 es- 30 dias para julgar o recurso da infração, buscando a verdade
tabelece procedimentos para veiculação de mensa- material e, procurando, ainda, as próprias provas, por meio de
gens educativas de trânsito em toda peça publicitá- colegiados que funcionam anexos aos órgãos executivos de
ria destinada à divulgação ou promoção, nos meios trânsito, garantindo, assim, o contraditório e a ampla defesa
de comunicação social, de produtos oriundos da (Art. 5º, LIV e LV, CF/88).
indústria automobilística ou afins. Caso o recurso não seja julgado no prazo, a penalidade fica
V. Julgar os recursos interpostos contra decisões:
com efeito suspensivo. Veja o texto da lei:
▷ Art. 285, do CTB. O recurso previsto no Art. 283 será in-
a) das JARI;
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terposto perante a autoridade que impôs a penalidade,


b) dos órgãos e entidades executivos estaduais, nos a qual remetê-lo-á à JARI, que deverá julgá-lo em até
casos de inaptidão permanente constatados nos trinta dias.
exames de aptidão física, mental ou psicológica; ▷ § 1º O recurso não terá efeito suspensivo. (Resolução do
VI. Indicar um representante para compor a comissão CONTRAN nº 299, de 04-12-2008: dispõe sobre a padro-
examinadora de candidatos portadores de deficiência nização dos procedimentos para apresentação de defesa
física à habilitação para conduzir veículos automotores; de autuação e recurso, em 1ª e 2ª instâncias, contra a im-
posição de penalidade de multa de trânsito).
VII. (VETADO)
Toda JARI existente no país (União, Estado/DF, Municípios)
VIII. Acompanhar e coordenar as atividades de admi- possui diretrizes de seus regimentos internos. De acordo com
nistração, educação, engenharia, fiscalização, policia-
Art. 12, VI do CTB, uma parte desta regulamentação é comum a
mento ostensivo de trânsito, formação de conduto-
todas as JARIs. Essas normas são padronizadas pelo CONTRAN e
res, registro e licenciamento de veículos, articulando
os órgãos do Sistema no Estado, reportando-se ao
têm o objetivo de dar à sociedade uma segurança jurídica.
CONTRAN; Art. 17. Compete às JARI:
IX. Dirimir conflitos sobre circunscrição e competência I. Julgar os recursos interpostos pelos infratores;
de trânsito no âmbito dos Municípios; II. Solicitar aos órgãos e entidades executivos de
X. Informar o CONTRAN sobre o cumprimento das trânsito e executivos rodoviários informações com-
exigências definidas nos §§ 1º e 2º do Art. 333. plementares relativas aos recursos, objetivando uma
melhor análise da situação recorrida;
XI. Designar, em caso de recursos deferidos e na hi-
pótese de reavaliação dos exames, junta especial de III. Encaminhar aos órgãos e entidades executivos de
saúde para examinar os candidatos à habilitação para trânsito e executivos rodoviários informações sobre
conduzir veículos automotores (Resolução Incluído problemas observados nas autuações e apontados
pela Lei nº 9.602, de 1998) em recursos, e que se repitam sistematicamente.
Parágrafo único. Dos casos previstos no inciso V, julgados Art. 18. (VETADO.)
pelo órgão, não cabe recurso na esfera administrativa.
Art. 15. Os presidentes dos CETRAN e do CONTRANDIFE
Órgão Executivo da União
são nomeados pelos Governadores dos Estados e do Dis- É um órgão conhecido como DENATRAN (expressão her-
trito Federal, respectivamente, e deverão ter reconhecida dada do código de trânsito anterior). Subordinado à Secretaria
experiência em matéria de trânsito. Executiva do Ministério das Cidades.
§ 1º Os membros dos CETRAN e do CONTRANDIFE são Logo no primeiro inciso do Art. 19 CTB temos as palavras
nomeados pelos Governadores dos Estados e do Distrito “fazer cumprir”. Estas palavras podem induzir a um raciocínio
Federal, respectivamente. equivocado. Considerando que não existe, neste órgão, o per-
§ 2º Os membros do CETRAN e do CONTRANDIFE deverão sonagem da autoridade de trânsito, não há que se falar em
ser pessoas de reconhecida experiência em trânsito. emissão de multa deste Departamento, pois a mesma pessoa
§ 3º O mandato dos membros do CETRAN e do CON- que preside o CONTRAN é também o diretor do DENATRAN.
TRANDIFE é de dois anos, admitida à recondução. Sendo assim, seria incompatível a aplicação de uma penalida-
Art. 16. Junto a cada órgão ou entidade executivos de trân- de e, na sequência, a apreciação em grau de recurso.
sito ou rodoviário funcionarão Juntas Administrativas de Vamos ao texto de lei e à enumeração das principais reso-
Recursos de Infrações - JARI, órgãos colegiados responsá- luções, em vigor, ligadas ao assunto:
Art. 19. Compete ao órgão máximo executivo de trânsito Coordenar a administração do registro das infrações
da União: de trânsito, da pontuação e das penalidades aplica-
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação de trânsito e a exe- das no prontuário do infrator, da arrecadação de mul-
cução das normas e diretrizes estabelecidas pelo CON- tas e do repasse de que trata o § 1º do art. 320;
TRAN, no âmbito de suas atribuições; ▷ Resolução do CONTRAN nº 155, de 28-01-2004: es-
II. Proceder à supervisão, à coordenação, à correição tabelece as bases para a organização e o funciona-
dos órgãos delegados, ao controle e à fiscalização da mento do Registro Nacional de Infrações de Trânsito
execução da Política Nacional de Trânsito e do Progra- (RENAIF).
ma Nacional de Trânsito; III. Articular-se com os órgãos
XIV. Fornecer aos órgãos e entidades do Sistema Na-
dos Sistemas Nacionais de Trânsito, de Transporte e de
Segurança Pública, objetivando o combate à violência cional de Trânsito informações sobre registros de veí-
no trânsito, promovendo, coordenando e executando o culos e de condutores, mantendo o fluxo permanente
controle de ações para a preservação do ordenamento de informações com os demais órgãos do Sistema;
e da segurança do trânsito; XV. Promover, em conjunto com os órgãos compe-
IV. Apurar, prevenir e reprimir a prática de atos de tentes do Ministério da Educação e do Desporto, de
improbidade contra a fé pública, o patrimônio, ou a acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elaboração e
administração pública ou privada, referentes à segu- a implementação de programas de educação de trân-
rança do trânsito; sito nos estabelecimentos de ensino;
V. Supervisionar a implantação de projetos e pro-
gramas relacionados com a engenharia, educação, XVI. Elaborar e distribuir conteúdos programáticos
administração, policiamento e fiscalização do trânsito para a educação de trânsito;
e outros, visando à uniformidade de procedimento; XVII. Promover a divulgação de trabalhos técnicos
VI. Estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem sobre o trânsito;
e habilitação de condutores de veículos, a expedição XVIII. Elaborar, juntamente com os demais órgãos e
de documentos de condutores, de registro e licencia- entidades do Sistema Nacional de Trânsito, e subme-
mento de veículos; ter à aprovação do CONTRAN, a complementação ou
VII. Expedir a Permissão para Dirigir, a Carteira Nacio- alteração da sinalização e dos dispositivos e equipa-
nal de Habilitação, os Certificados de Registro e o de
mentos de trânsito;
Licenciamento Anual mediante delegação aos órgãos
executivos dos Estados e do Distrito Federal; XIX. Organizar, elaborar, complementar e alterar os
VIII. Organizar e manter o Registro Nacional de Car- manuais e normas de projetos de implementação da
teiras de Habilitação - RENACH; sinalização, dos dispositivos e equipamentos de trân-
▷ Resolução do CONTRAN nº 19, de 18-02-1998: estabe- sito aprovados pelo CONTRAN;

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lece as competências para nomeação e homologação XX. Expedir a permissão internacional para conduzir
dos coordenadores do RENAVAM e do RENACH. veículo e o certificado de passagem nas alfândegas,
IX. Organizar e manter o Registro Nacional de Veícu- mediante delegação aos órgãos executivos dos Esta-
los Automotores - RENAVAM; dos e do Distrito Federal;
X. Organizar a estatística geral de trânsito no territó- XXI. Promover a realização periódica de reuniões re-
rio nacional, definindo os dados a serem fornecidos gionais e congressos nacionais de trânsito, bem como
pelos demais órgãos e promover sua divulgação;
propor a representação do Brasil em congressos ou re-
▷ Resolução do CONTRAN nº 208, de 26-10-2006: uniões internacionais;
estabelece as bases para a organização e o funcio-
namento do Registro Nacional de Acidentes e Esta- XXII. Propor acordos de cooperação com organismos
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

tísticas de Trânsito (RENAEST). internacionais, com vistas ao aperfeiçoamento das


XI. Estabelecer modelo padrão de coleta de informa- ações inerentes à segurança e educação de trânsito;
ções sobre as ocorrências de acidentes de trânsito e XXIII. Elaborar projetos e programas de formação,
as estatísticas do trânsito; treinamento e especialização do pessoal encarrega-
XII. Administrar fundo de âmbito nacional destinado à do da execução das atividades de engenharia, edu-
segurança e à educação de trânsito; cação, policiamento ostensivo, fiscalização, operação
▷ Resolução do CONTRAN nº 335, de 24-11-2009: es- e administração de trânsito, propondo medidas que
tabelece os requisitos necessários à coordenação do estimulem a pesquisa científica e o ensino técnico-
sistema de arrecadação de multas de trânsito e a im- -profissional de interesse do trânsito, e promovendo
plantação do sistema de informatizado de controle a sua realização;
de arrecadação dos recursos do Fundo Nacional de XXIV. Opinar sobre assuntos relacionados ao trânsito
Segurança de Trânsito (FUNSET).
interestadual e internacional;
XIII. Coordenar a administração da arrecadação de
multas por infrações ocorridas em localidade diferen- XXV. Elaborar e submeter à aprovação do CONTRAN
te daquela da habilitação do condutor infrator e em as normas e requisitos de segurança veicular para
unidade da Federação diferente daquela do licencia- fabricação e montagem de veículos, consoante sua 653
mento do veículo; destinação;
XXVI. Estabelecer procedimentos para a concessão do Ex.: Lei nº 8.069/90 ( ECA) Art. 208, § 2º. A investigação
654 código marca-modelo dos veículos para efeito de regis- do desaparecimento de crianças ou adolescentes será
tro, emplacamento e licenciamento; realizada imediatamente após notificação aos órgãos
XXVII. Instruir os recursos interpostos das decisões competentes, que deverão comunicar o fato aos portos,
aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte
do CONTRAN, ao ministro ou dirigente coordenador
interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

máximo do Sistema Nacional de Trânsito; dados necessários à identificação do desaparecido. (Incluí-


XXVIII. Estudar os casos omissos na legislação de do pela Lei nº 11.259, de 2005).
trânsito e submetê-los, com proposta de solução, ao Vejamos agora o texto do CTB quanto à competência da
Ministério ou órgão coordenador máximo do Sistema PRF.
Nacional de Trânsito; Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no âmbito
XXIX. Prestar suporte técnico, jurídico, administrativo das rodovias e estradas federais:
e financeiro ao CONTRAN. I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trân-
XXX - Organizar e manter o Registro Nacional de sito, no âmbito de suas atribuições;
Infrações de Trânsito (Renainf). II. Realizar o patrulhamento ostensivo, executando
§ 1º Comprovada, por meio de sindicância, a deficiência operações relacionadas com a segurança pública,
técnica ou administrativa ou a prática constante de atos com o objetivo de preservar a ordem, incolumidade
de improbidade contra a fé pública, contra o patrimônio
das pessoas, o patrimônio da União e o de terceiros;
ou contra a administração pública, o órgão executivo de
trânsito da União, mediante aprovação do CONTRAN, as- III. Aplicar e arrecadar as multas impostas por infra-
sumirá diretamente ou por delegação, a execução total ções de trânsito, as medidas administrativas decor-
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ou parcial das atividades do órgão executivo de trânsito rentes e os valores provenientes de estada e remoção
estadual que tenha motivado a investigação, até que as de veículos, objetos, animais e escolta de veículos de
irregularidades sejam sanadas. cargas superdimensionadas ou perigosas;
▷ Lei nº 8.429, de 02-07-1992. (Lei da Improbidade IV. Efetuar levantamento dos locais de acidentes de
Administrativa) trânsito e dos serviços de atendimento, socorro e sal-
§ 2º O regimento interno do órgão executivo de trânsito vamento de vítimas;
da União disporá sobre sua estrutura organizacional e seu V. Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado-
funcionamento. tar medidas de segurança relativas aos serviços de
§ 3º Os órgãos e entidades executivos de trânsito e execu- remoção de veículos, escolta e transporte de carga
tivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal indivisível;
e dos Municípios fornecerão, obrigatoriamente, mês a mês,
os dados estatísticos para os fins previstos no inciso X. VI. Assegurar a livre circulação nas rodovias fede-
rais, podendo solicitar ao órgão rodoviário a adoção
Polícia Rodoviária Federal de medidas emergenciais, zelar pelo cumprimento
das normas legais relativas ao direito de vizinhança,
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por sua natureza poli-
promovendo a interdição de construções e instala-
cial, está prevista no Capítulo da Segurança Pública da Consti- ções não autorizadas;
tuição Federal de 1988. VII. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos so-
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e bre acidentes de trânsito e suas causas, adotando ou
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação indicando medidas operacionais preventivas e enca-
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa- minhando-os ao órgão rodoviário federal;
trimônio, através dos seguintes órgãos: VIII. Implementar as medidas da Política Nacional de
II. Polícia rodoviária federal; Segurança e Educação de Trânsito;
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, or- IX. Promover e participar de projetos e programas de
ganizado e mantido pela União e estruturado em carreira, educação e segurança, de acordo com as diretrizes
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo estabelecidas pelo CONTRAN;
das rodovias federais. (Redação dada pela Emenda Cons- X. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema
titucional nº 19, de 1998). Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e com-
A PRF tem sua competência restrita, pelo CTB, às rodovias pensação de multas impostas na área de sua com-
e estradas federais. petência, com vistas à unificação do licenciamento,
O Decreto Federal nº 1.655, de 03-10-1995, define a compe- à simplificação e à celeridade das transferências de
tência da Polícia Rodoviária Federal. veículos e de prontuários de condutores de uma para
Uma competência legal da PRF e das Polícias Militares que outra unidade da Federação;
atuam em rodovias estaduais e vias urbanas, que merece total XI. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído
atenção por não constar no CTB, é a que está prevista na Lei nº produzidos pelos veículos automotores ou pela sua
8.069, de 13-07-1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além
e do Adolescente. É muito recorrente em concursos de várias de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas
instituições e de vários cargos. Veja a seguir: dos órgãos ambientais.
▷ Dica de Leitura: Art. 225 da CF. Veja o quadro resumo:
PRF Art.20
▷ Lei nº 8.723, de 28-10-1993: dispõe sobre a redução (CTB)
Área Rural
de emissão de poluentes por veículos automotores. Federal Res. nº
289/08
DNIT Art.21
▷ Resolução do CONTRAN nº 289, de 29-08-2008: Competências
(CTB)
territoriais (CTB) dos
dispõe sobre normas de atuação a serem adotadas Órgãos Executivos
Rodoviários
pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Municípios
Área Rural Art. 24 (CTB)
Transportes - DNIT e o Departamento de Polícia Ro- Res. nº 121/01

doviária Federal - DPRF na fiscalização do trânsito Estados Art.


22 (CTB)
nas rodovias federais.

Vejamos o texto de lei e as principais resoluções que po-


COMPARAÇÃO EM PRF E PM
dem ser alvo de questionamentos no concurso:
Art. 21. Compete aos órgãos e entidades executivos ro-
Art. 144 CF/88 doviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
PRF / Art.20 Cap. Segurança PM / Art.23 Municípios, no âmbito de sua circunscrição:
CTB Pública CTB I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de
trânsito, no âmbito de suas atribuições;
Existe a possibilidade do descumprimento autorizado
- Órgãos subordinados aos seus Respectivos
chefes, dos Poderes Executivos:
através de um instituto jurídico, PRIORIDADE DE TRÂNSITO.
- PRF - Presidente da República; Art. 29, VII, do CTB.
- PM - Governador de Estado; II. Planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de
- Características básicas: Administrativas, veículos, de pedestres e de animais, e promover o de-
- Ostensivas e Preventivas senvolvimento da circulação e da segurança de ciclistas;
III. Implantar, manter e operar o sistema de sinalização,
Alguns são os dispositivos e os equipamentos de controle viário;

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Todos os Policiais
agentes da Vias Urbanas IV. Coletar dados e elaborar estudos sobre os aciden-
são agentes da auto-
autoridade tes de trânsito e suas causas;
ridades de trânsito
V. Estabelecer, em conjunto com os órgãos de policia-
Trânsito mento ostensivo de trânsito, as respectivas diretrizes
Estradas rápido para o policiamento ostensivo de trânsito;
(sem pavimento)
Vias Rurais VI. Executar a fiscalização de trânsito, autuar, aplicar
as penalidades de advertência, por escrito, e ainda as
Rodovia Via Arterial multas e medidas administrativas cabíveis, notifican-
(sem pavimento) do os infratores e arrecadando as multas que aplicar;
VII. Arrecadar valores provenientes de estada e re-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Via Coletora moção de veículos e objetos, e escolta de veículos de


cargas superdimensionadas ou perigosas;
VIII. Fiscalizar, autuar, aplicar as penalidades e medi-
das administrativas cabíveis, relativas a infrações por
Via Local excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos,
bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar;
IX. Fiscalizar o cumprimento da norma contida no Art.
Órgão Executivo Rodoviário da 95 (Obras e eventos a serem feitos na via), aplicando
as penalidades e arrecadando as multas nele previstas;
União, dos Estados e dos Municípios X. Implementar as medidas da Política Nacional de
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito;
Os órgãos executivos rodoviários têm, basicamente, a ▷ Resolução nº 514, de 18 de Dezembro 2014: dispõe
sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e apli-
competência delimitada pela localização geográfica da via, ca- cação, e dá outras providências.
racterizando, assim, uma competência concorrente, ora com a XI. Promover e participar de projetos e programas de
educação e segurança, de acordo com as diretrizes 655
PRF, ora com órgãos executivos estaduais ou municipais. estabelecidas pelo CONTRAN;
XII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Por ocasião da vistoria, faz-se a inspeção, que está relacio-
656 tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação nada com a segurança, como por exemplo o estado de conser-
e compensação de multas impostas na área de sua vação e de equipamentos obrigatórios, dentre outros.
competência, com vistas à unificação do licenciamen- IV. Estabelecer, em conjunto com as Polícias Militares,
to, à simplificação e à celeridade das transferências as diretrizes para o policiamento ostensivo de trân-
de veículos e de prontuários de condutores de uma sito;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

para outra unidade da Federação;


Implicitamente, verifica-se a questão dos convênios dos DE-
O DNIT integra o RENAINF, Resolução do CONTRAN n.º TRANS com as Polícias Militares dos Estados.
576, de 24/02/2016, dispõe sobre o intercâmbio de infor-
Lembrando que, conforme o convênio, a PM poderá fazer
mações, entre órgãos e entidades executivos de trânsito dos
o levantamento de locais de acidentes com ou sem vítima no
Estados e do Distrito Federal e os demais órgãos e entidades
perímetro urbano.
executivos de trânsito e executivos rodoviários da União, dos
Estados, Distrito Federal e dos Municípios que compõem o Sis- Outro ponto importante é a questão da presença das Po-
tema Nacional de Trânsito e dá outras providências. lícias Militares na via pública, a fim de coibir crimes de furto e
XIII. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruí-
roubo de veículos entre outros, de acordo com o previsto no
do produzidos pelos veículos automotores ou pela sua §5º do Art. 144 da CF/88.
carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além V. Executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar
de dar apoio às ações específicas dos órgãos ambien- as medidas administrativas cabíveis pelas infrações
tais locais, quando solicitado; previstas neste Código, excetuadas aquelas relaciona-
XIV - Vistoriar veículos que necessitem de autorização es- das nos incisos VI e VIII do Art. 24, no exercício regular
pecial para transitar e estabelecer os requisitos técnicos a do Poder de Polícia de Trânsito;
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serem observados para a circulação desses veículos. VI. Aplicar as penalidades por infrações previstas nes-
Parágrafo único. (VETADO) te Código, com exceção daquelas relacionadas nos
incisos VII e VIII do Art. 24, notificando os infratores
e arrecadando as multas que aplicar;
Órgãos Executivos dos Estados, VII. Arrecadar valores provenientes de estada e remo-
DETRANS e CIRETRANS ção de veículos e objetos;
Mesmo não encontrando o nome DETRAN no CTB, esta no- VIII. Comunicar ao órgão executivo de trânsito da
menclatura ficou popular com a Lei nº 5.108/66 que instituía o União a suspensão e a cassação do direito de dirigir
Código Nacional de Trânsito que foi totalmente revogado em e o recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação;
1997, mas o nome permaneceu, na cultura popular. O DENATRAN é responsável pelos bancos de dados, po-
Algumas de suas atribuições são divididas com os órgãos rém, estas informações são repassadas pelos DETRANS dos
executivos municipais de trânsito. Estados e pelas CIRETRANS dos Municípios. Como, por exem-
Mediante delegação, executa algumas atribuições do ór- plo, o RENACH.
gão federal, DENATRAN. IX. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre
acidentes de trânsito e suas causas;
ї Vejamos agora o texto legal do CTB:
Art. 22. Compete aos órgãos ou entidades executivos de É também uma atribuição da PRF. Este inciso tem que ser
trânsito dos Estados e do Distrito Federal, no âmbito de estudado, combinado com Art. 19, X, e 19, §3º, do CTB, agindo
sua circunscrição: como órgão integrado.
I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de X. Credenciar órgãos ou entidades para a execução
trânsito, no âmbito das respectivas atribuições; de atividades previstas na legislação de trânsito, na
forma estabelecida em norma do CONTRAN;
Infere-se que são vias urbanas: Trânsito Rápido, Arteriais,
Coletora e Local. ▷ Resolução do CONTRAN nº 411, de 08-02-2012, re-
II. Realizar, fiscalizar e controlar o processo de for- gulamenta o credenciamento de instituições ou
mação, aperfeiçoamento, reciclagem e suspensão entidades públicas ou privadas para o processo de
de condutores, expedir e cassar Licença de Apren- capacitação, qualificação e atualização de profissio-
dizagem, Permissão para Dirigir e Carteira Nacional nais, e de formação, qualificação, atualização e reci-
de Habilitação, mediante delegação do órgão federal clagem de candidatos e condutores.
competente; XI. Implementar as medidas da Política Nacional de Trân-
Infere-se que o processo de habilitação é padrão em todo sito e do Programa Nacional de Trânsito;
território nacional, delegação do DENATRAN, pois se trata de Neste inciso, podemos entender que, de acordo com a
competência privativa, advinda do texto constitucional. conveniência e oportunidade, o Presidente da República de-
III. Vistoriar, inspecionar quanto às condições de se- termina seu plano de governo e implementa a sua gestão,
gurança veicular, registrar, emplacar, selar a placa, e através dos órgãos executivos do sistema.
licenciar veículos, expedindo o Certificado de Registro XII. Promover e participar de projetos e programas de
e o Licenciamento Anual, mediante delegação do órgão educação e segurança de trânsito de acordo com as
federal competente; diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN;
Por ocasião do licenciamento do veículo, faz-se o registro, Como, por exemplo, o contido no Art. 326, do CTB: - A Se-
este relacionado à autenticidade do CRLV e à legitimidade da mana Nacional de Trânsito será comemorada, anualmente, no
propriedade. período compreendido entre 18 e 25 de setembro.
XIII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Art. 24. Compete aos órgãos e entidades executivos
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circun-
e compensação de multas impostas na área de sua scrição:
competência, com vistas à unificação do licenciamen- I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas
to, à simplificação e à celeridade das transferências de trânsito, no âmbito de suas atribuições;
de veículos e de prontuários de condutores de uma
para outra unidade da Federação; II. Planejar, projetar, regulamentar e operar o
trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e
XIV. Fornecer, aos órgãos e entidades executivos de
trânsito e executivos rodoviários municipais, os dados promover o desenvolvimento da circulação e da
cadastrais dos veículos registrados e dos condutores segurança de ciclistas;
habilitados, para fins de imposição e notificação de III. Implantar, manter e operar o sistema de sinal-
penalidades e de arrecadação de multas nas áreas de ização, os dispositivos e os equipamentos de con-
suas competências; trole viário;
Os DETRANS são os coordenadores básicos e permanentes Por exemplo, os radares, os semáforos, dentre outros.
no fluxo de informações do sistema RENACH e RENAVAN. IV. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos
XV. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído sobre os acidentes de trânsito e suas causas;
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua Mais uma vez, o convênio entre os Municípios e os órgãos
carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além executivos de trânsito e rodoviários tem que prever esta situ-
de dar apoio, quando solicitado, às ações específicas ação.
dos órgãos ambientais locais;
V. Estabelecer, em conjunto com os órgãos de polí-
Considerando que o projeto de lei do CTB foi elaborado em cia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o polici-
meados de 1993 e, na época, o Brasil sediou a “ECO 92”, havia amento ostensivo de trânsito;
uma preocupação acentuada com relação à emissão de poluen-
tes e de ruídos. VI. Executar a fiscalização de trânsito em vias ter-
XVI. Articular-se com os demais órgãos do Sistema
restres, edificações de uso público e edificações
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do privadas de uso coletivo, autuar e aplicar as me-
respectivo CETRANº didas administrativas cabíveis e as penalidades
de advertência por escrito e multa, por infrações
Polícia Militar de circulação, estacionamento e parada previstas
A Polícia Militar, embora faça parte da Segurança Pública neste Código, no exercício regular do poder de
em nosso país (Art. 144, V, CF/88) e também faça parte do polícia de trânsito, notificando os infratores e ar-
Sistema Nacional de Trânsito (Art. 23 do CTB), é órgão inerte, recadando as multas que aplicar, exercendo iguais
quando o assunto é trânsito, necessitando, assim, de um con- atribuições no âmbito de edificações privadas de
uso coletivo, somente para infrações de uso de va-

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vênio entre a PM e os órgãos executivos de trânsito, estadual,
distrital ou municipal para estes policiais atuarem como agen- gas reservadas em estacionamentos;
tes da autoridade. VII. Aplicar as penalidades de advertência por
ї Vejamos o que preceitua o CTB: escrito e multa, por infrações de circulação, esta-
Art. 23. Compete às Polícias Militares dos Estados e do cionamento e parada previstas neste Código, noti-
Distrito Federal: ficando os infratores e arrecadando as multas que
I e II vetados. aplicar;
III. Executar a fiscalização de trânsito, quando e con- Ao ler o Art. 22, V e VI, combinado com o Art. 24, VI e VII,
forme convênio firmado, como agente do órgão ou extraímos que a lógica da separação das competências para as
entidade executivos de trânsito ou executivos rodo- autuações é a seguinte:
viários, concomitantemente com os demais agentes ▷ As notificações que dependerem da abordagem do
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

credenciados; veículo e do condutor serão feitas pelos órgãos do


Estado Federado e também pela Polícia Rodoviária
Órgãos Executivos de Federal.
Trânsito dos Municípios ▷ As notificações que puderem ser feitas sem “tal
Os Municípios não faziam parte do SNT na Lei nº 5.108/66 abordagem” ficarão a cargo dos Municípios.
(Código Nacional de Trânsito - CNT). A inserção foi uma novi- ▷ Esta não é uma regra, mas pode ser útil na hora de
dade trazida pela Lei nº 9.503/97. Sendo assim, os municípios resolver algumas questões.
têm que observar e cumprir o Art. 333, § 1º e 2º, do CTB. A título de conhecimento, havia uma Resolução do CON-
▷ Resolução do CONTRAN nº 296, de 28-10-2008 TRAN nº 66, de 23-09-1998, que instituía uma tabela de dis-
dispõe sobre a integração dos órgãos e entidades tribuição de competência dos órgãos executivos de trânsito.
executivos de trânsito e rodoviários municipais ao Porém, esta foi revogada pela Resolução nº 121, 14-02-2001.
Sistema Nacional de Trânsito. VIII. Fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e
Somente após o reconhecimento do DENATRAN, os mu- medidas administrativas cabíveis relativas a in-
nicípios poderão exercer as atividades de órgão executivo de frações por excesso de peso, dimensões e lotação
trânsito e de órgão executivo rodoviário, dentro de sua base dos veículos, bem como notificar e arrecadar as 657
territorial. Vejamos a previsão legal: multas que aplicar;
IX. Fiscalizar o cumprimento da norma contida no § 2º Para exercer as competências estabelecidas neste
658 Art. 95, aplicando as penalidades e arrecadando as Art., os Municípios deverão integrar-se ao Sistema Na-
multas nele previstas; cional de Trânsito, conforme previsto no Art. 333 deste
▷ O Art. 95 diz respeito a OBRAS. Código.
X. Implantar, manter e operar sistema de esta- ▷ Resolução do CONTRAN nº 296, de 28-10-2008:
dispõe sobre a integração dos órgãos e entidades
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

cionamento rotativo pago nas vias;


Esta é uma forma que o legislador encontrou de motivar executivos de trânsito e rodoviários municipais ao
($) os Municípios a aderirem ao SNT. Sistema Nacional de Trânsito.
XI. Arrecadar valores provenientes de estada e remoção
de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas su-
Circunscrição Regional de
perdimensionadas ou perigosas; Trânsito - CIRETRAN
XII. Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e ado- São órgãos dos DETRANs nos Municípios do interior dos
tar medidas de segurança relativas aos serviços de Estados, têm a responsabilidade de exigir e impor a obediên-
remoção de veículos, escolta e transporte de carga cia e o devido cumprimento da legislação de trânsito, no âm-
indivisível; bito de sua jurisdição.
XIII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sis- Art. 25. Os órgãos e entidades executivos do Sistema Na-
tema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação cional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando
e compensação de multas impostas na área de sua as atividades previstas neste Código, com vistas à maior
competência, com vistas à unificação do licenciamen- eficiência e à segurança para os usuários da via.
to, à simplificação e à celeridade das transferências Parágrafo único. Os órgãos e entidades de trânsito po-
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de veículos e de prontuários dos condutores de uma derão prestar serviços de capacitação técnica, assessoria
para outra unidade da Federação; e monitoramento das atividades relativas ao trânsito du-
XIV. Implantar as medidas da Política Nacional de rante prazo a ser estabelecido entre as partes, com ressar-
Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; cimento dos custos apropriados.
▷ Resolução do CONTRAN nº 514, de 18-12-2014, dis-
põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e Quadro Resumo do SNT
aplicação, e dá outras providências. Os integrantes do SNT são:
XV. Promover e participar de projetos e programas de
CTB ÓRGÃO SIGNIFICADO
educação e segurança de trânsito de acordo com as
diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; Art. 7º, I - Conselho Nacional de
CONTRAN - Art. 10 CTB.
▷ Dicas de leitura: Art. 75 CTB CTB. Trânsito.
XVI. Planejar e implantar medidas para redução da Art. 7º, III - Departamento Nacio-
circulação de veículos e reorientação do tráfego, com DENATRAN - Art. 19 CTB.
CTB. nal de Trânsito.
o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes;
Departamento de
Exemplo disso é o rodízio de veículos nos grandes centros. Art. 7º, III -
DETRAN - Art. 22 CTB. Trânsito dos Estados e
XVII. Registrar e licenciar, na forma da legislação, veí- CTB.
do Distrito Federal.
culos de tração e propulsão humana e de tração ani-
mal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e Conselho de Trânsito
Art. 7º, II - CETRAN/CONTRANDIFE
arrecadando multas decorrentes de infrações; dos Estados e do
CTB. - Art. 14 CTB.
Distrito Federal.
XVIII. Conceder autorização para conduzir veículos de
propulsão humana e de tração animal; Art. 7º , V - Polícia Rodoviária
PRF - Art. 20 CTB.
XIX. Articular-se com os demais órgãos do Sistema CTB. Federal.
Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do
respectivo CETRAN; Departamento Nacio-
Art. 7º IV -
XX. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído DNIT - Art. 21 CTB. nal de Infraestrutura
CTB.
produzidos pelos veículos automotores ou pela sua de Transporte.
carga, de acordo com o estabelecido no Art. 66, além
de dar apoio às ações específicas de órgão ambiental Junta Administra-
Art. 7º, VII -
local, quando solicitado; JARI - Art. 17 CTB. tiva de Recurso de
CTB.
Infração.
▷ Dica de leitura: Art. 225 CF/88.
▷ Lei nº 8.723, de 28-10-1993: dispõe sobre a redução Cada Município deno-
Art. 7º III - Órgãos Municipais - Art.
de emissão de poluentes por veículos automotores. mina o órgão como
CTB. 24 CTB.
XXI. Vistoriar veículos que necessitem de autorização bem entende.
especial para transitar (AET) e estabelecer os requi- Cada Estado da
sitos técnicos a serem observados para a circulação Art. 7º, VI - Policia Militar - Art. 23
federação delimita sua
desses veículos. CTB. CTB.
competência
§ 1º As competências relativas a órgão ou entidade muni-
cipal serão exercidas no Distrito Federal por seu órgão ou Art. 7º IV - Ex.: Departamento de
Ex.: DER.
CTB. Estrada e Rodagem.
entidade executivos de trânsito.
3. 2. Das Normas Gerais de Art. 27. Antes de colocar o veículo em circulação nas
vias públicas, o condutor deverá verificar a existência e
Circulação e Conduta as boas condições de funcionamento dos equipamentos
de uso obrigatório, bem como assegurar-se da existência
Estas normas procuram regular a convivência entre todos de combustível suficiente para chegar ao local de destino,
os usuários das vias terrestres, principalmente em locais não Obs.: (Arts. 180 e 230 IX do CTB, são referências de onde
sinalizados. É importante estudarmos essas regras, tendo em mais aparece o assunto).
mente o previsto no Art. 89, do CTB, no que se refere à ordem
de prevalência. Vejamos este dispositivo legal: Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio
de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indis-
Art. 89, do CTB. A sinalização terá a seguinte ordem pensáveis à segurança do trânsito,
de prevalência:
▷ Art. 169 do CTB, Art. 13, §1º, da CTVV.
I. As ordens do agente de trânsito sobre as normas de
circulação e outros sinais; Regras de Preferência de
II. As indicações do semáforo sobre os demais sinais;
III. As indicações dos sinais sobre as demais normas Passagem em Cruzamentos
de trânsito. As regras de preferências são utilizadas quando nenhum
outro tipo de sinalização está presente na via. Quando houver
Regras Gerais para Colocar sinalização, seguimos a ordem do Art. 89 já elencada.
um Veículo em Circulação ▷ Vejamos:
O usuário do sistema de trânsito, antes de utilizar a via pú- Art. 29. O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à
blica, deve se atentar às seguintes regras gerais: circulação obedecerá às seguintes normas:
O proprietário e o condutor serão responsabilizados sem- I. A circulação far-se-á pelo lado direito da via, admi-
pre que legalmente possível, individual ou solidariamente. tindo-se as exceções devidamente sinalizadas;
Vejamos o texto do CTB: ▷ Art. 184, 185 e 186 do CTB; Art. 10, § 1º, da CTVV.
Art. 257, § 2º. Ao proprietário caberá sempre a respon- II. O condutor deverá guardar distância de segurança
sabilidade pela infração referente à prévia regularização lateral e frontal entre o seu e os demais veículos, bem
e preenchimento das formalidades e condições exigidas como em relação ao bordo da pista, considerando-se,
para o trânsito do veículo na via terrestre, conservação no momento, a velocidade e as condições do local, da
e inalterabilidade de suas características, componentes, circulação, do veículo e as condições climáticas;
agregados, habilitação legal e compatível de seus condu- ▷ Art. 192 e 201 do CTB; Art. 13, § 3º, da CTVV.
tores, quando esta for exigida, e outras disposições que III. Quando veículos, transitando por fluxos que se
deva observar. cruzem, se aproximarem de local não sinalizado, terá

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§ 3º. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infra- preferência de passagem:
ções decorrentes de atos praticados na direção do veículo. a) No caso de apenas um fluxo ser proveniente de
Observe este quadro de resumo rodovia, aquele que estiver circulando por ela;
b) No caso de rotatória, aquele que estiver circulan-
Responsabilidade Responsabilidade
do por ela;
pela penalidade pela infração
(R$) (Pontos na CNH)
c) Nos demais casos, o que vier pela direita do con-
dutor;
▷ Art. 215, I, do CTB.
Res. nº 109/99 Art. 257 Art. 257
Sempre terá §2º do §3º do Regras para Ultrapassagem
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

responsabilidade CTB CTB O conceito de ultrapassagem e passagem, anexo I do CTB:


Ultrapassagem: movimento de passar à frente de outro
veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor veloci-
dade e na mesma faixa de tráfego, necessitando sair e retornar
PROPRIETÁRIO CONDUTOR
à faixa de origem.
Passagem: movimento de passagem à frente de outro veí-
Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem: culo que se desloca no mesmo sentido, em menor velocidade,
mas em faixas distintas da via.
I. Abster-se de todo ato que possa constituir perigo
ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas IV. Quando uma pista de rolamento comportar várias
ou de animais, ou ainda causar danos a proprieda- faixas de circulação no mesmo sentido, são as da di-
des públicas ou privadas; reita destinadas ao deslocamento dos veículos mais
II. Abster-se de obstruir o trânsito ou torná-lo peri- lentos e de maior porte, quando não houver faixa es-
goso, atirando, depositando ou abandonando na via pecial a eles destinada, e as da esquerda, destinadas
objetos ou substâncias, ou nela criando qualquer ou- à ultrapassagem e ao deslocamento dos veículos de
tro obstáculo, maior velocidade; 659
▷ Arts. 173 e 245 do CTB. ▷ Art. 185 do CTB.
V. O trânsito de veículos sobre passeios, calçadas c) A faixa de trânsito que vai tomar esteja livre numa
660 e nos acostamentos, só poderá ocorrer para que se extensão suficiente para que sua manobra não po-
adentre ou se saia dos imóveis ou áreas especiais de nha em perigo ou obstrua o trânsito que venha em
estacionamento; sentido contrário;
▷ VI. Os veículos precedidos de batedores terão priori- ▷ Art. 191 do CTB; Art. 11, § 2º “A” a “C”, da CTVV.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

dade de passagem, respeitadas as demais normas de XI. Todo condutor ao efetuar a ultrapassagem deverá:
circulação; a) Indicar com antecedência a manobra pretendida,
acionando a luz indicadora de direção do veículo ou
▷ VII. Os veículos destinados a socorro de incêndio e sal- por meio de gesto convencional de braço;
vamento, os de polícia, os de fiscalização e operação ▷ Art. 196 do CTB.
de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de b) Afastar-se do usuário ou usuários aos quais ul-
trânsito, gozam de livre circulação, estacionamento e trapassa, de tal forma que deixe livre uma distância
parada, quando em serviço de urgência e devidamente lateral de segurança;
identificados por dispositivos regulamentares de alar- ▷ Art. 192 e 201 do CTB; Art. 11, §4º, da CTVV.
me sonoro e iluminação vermelha intermitente, obser- c) Retomar, após a efetivação da manobra, a faixa
vadas as seguintes disposições. de trânsito de origem, acionando a luz indicadora
▷ Arts. 189, 190, 222 e 230, XII e XIII, do CTB. de direção do veículo ou fazendo gesto convencio-
nal de braço, adotando os cuidados necessários
a) Quando os dispositivos estiverem acionados, in-
para não pôr em perigo ou obstruir o trânsito dos
dicando a proximidade dos veículos, todos os con- veículos que ultrapassou;
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dutores deverão deixar livre a passagem pela faixa XII. Os veículos que se deslocam sobre trilhos terão
da esquerda, indo para a direita da via e parando, preferência de passagem sobre os demais, respeita-
se necessário; das as normas de circulação.
b) Os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão ▷ Art. 212 do CTB.
aguardar no passeio, só atravessando a via quando o § 1º As normas de ultrapassagem previstas nas alíneas a
veículo já tiver passado pelo local; e b do inciso X e a e b do inciso XI aplicam-se à transpo-
sição de faixas, que pode ser realizada tanto pela faixa da
c) O uso de dispositivos de alarme sonoro e de ilu- esquerda como pela da direita.
minação vermelha intermitente só poderá ocorrer § 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta es-
quando da efetiva prestação de serviço de urgência; tabelecidas neste Art., em ordem decrescente, os veículos
de maior porte serão sempre responsáveis pela seguran-
d) A prioridade de passagem na via e no cruzamento ça dos menores, os motorizados pelos não motorizados e,
deverá se dar com velocidade reduzida e com os de- juntos, pela incolumidade dos pedestres.
vidos cuidados de segurança, obedecidas as demais Art. 30. Todo condutor, ao perceber que outro que o se-
normas deste Código; gue tem o propósito de ultrapassá-lo, deverá:
VIII. Os veículos prestadores de serviços de utilidade I. Se estiver circulando pela faixa da esquerda, deslocar-
pública, quando em atendimento na via, gozam de li- se para a faixa da direita, sem acelerar a marcha;
vre parada e estacionamento no local da prestação de II. Se estiver circulando pelas demais faixas, manter-se
serviço, desde que devidamente sinalizados, devendo naquela na qual está circulando, sem acelerar a marcha.
estar identificados na forma estabelecida pelo CON- ▷ Art. 198 do CTB.
TRAN; Art. 230, XII e XIII, do CTB; Parágrafo único. Os veículos mais lentos, quando em
fila, deverão manter distância suficiente entre si para per-
▷ Resolução do CONTRAN nº 268, 15-02-2008: dispõe mitir que veículos que os ultrapassem possam se interca-
sobre o uso de luzes intermitentes ou rotativas em lar na fila com segurança.
veículos. Art. 31. O condutor que tenha o propósito de ultrapassar
IX. A ultrapassagem de outro veículo em movi- um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efe-
mento deverá ser feita pela esquerda, obedecida tuando embarque ou desembarque de passageiros, deve-
a sinalização regulamentar e as demais normas es- rá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada
tabelecidas neste Código, exceto quando o veículo ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres.
a ser ultrapassado estiver sinalizando o propósito ▷ Art. 200 do CTB.
de entrar à esquerda; Art. 32. O condutor não poderá ultrapassar veículos em
▷ Arts. 199, 200 e 202, I, do CTB; Art. 11, § 1º, “A” a “C” vias com duplo sentido de direção e pista única, nos tre-
da CTVV. chos em curvas e em aclives sem visibilidade suficiente,
nas passagens de nível, nas pontes e viadutos e nas tra-
X. Todo condutor deverá, antes de efetuar uma ultra- vessias de pedestres, exceto quando houver sinalização
passagem, certificar-se de que: permitindo a ultrapassagem.
a) Nenhum condutor que venha atrás haja começado ▷ Art. 203 do CTB.
uma manobra para ultrapassá-lo; Art. 33. Nas interseções e suas proximidades, o condutor
b) Quem o precede na mesma faixa de trânsito não não poderá efetuar ultrapassagem.
haja indicado o propósito de ultrapassar um terceiro; ▷ Art. 202, II, do CTB.
Regras para Manobras à Art. 39. Nas vias urbanas, a operação de retorno deverá
ser feita nos locais para isto determinados, quer por meio
Esquerda, à Direita e Retornos de sinalização, quer pela existência de locais apropriados,
Esse caso é muito encontrado em rodovias, em que se faz ou, ainda, em outros locais que ofereçam condições de
necessária a entrada a lotes lindeiros e quase sempre não exis- segurança e fluidez, observadas as características da via,
te nenhum tipo de sinalização. Nestes casos o motorista deve do veículo, das condições meteorológicas e da movimen-
sinalizar a manobra à direita, parar seu veículo no acostamen- tação de pedestres e ciclistas.
to, sinalizar a manobra à esquerda, ceder a preferência de pas- ▷ Art. 206 do CTB.
sagem aos pedestres, condutores de veículos não motorizados Portanto, levando-se em consideração que, em regra ge-
e aos condutores que estejam usando a via nos dois sentidos ral, no Brasil, os veículos transitem pelo lado direito, podemos
de circulação e depois efetuar a manobra de conversão. afirmar que, para uma conversão à direita, o condutor deve:
No caso de realizar uma conversão à esquerda, em uma via manter o seu conduzido mais à direita, sinalizar a intenção e
de sentido duplo de circulação, desprovida de acostamento, o executar a manobra.
condutor deve aproximar-se do eixo central divisor de faixas, Porém, quando se trata de realizar conversões para o lado
ceder a preferência a pedestres, veículos não motorizados e
esquerdo da via, há algumas peculiaridades às quais não se
outros veículos que circulem em sentido contrário e, só então,
realizar a manobra com segurança. pode aplicar a regra geral.
Em algumas vias, o local para aguardo fica sinalizado com Regras para o Uso de Luzes e Buzina
marcas de canalização viária, o que facilita muito a realização
da manobra. Quando se tratar do uso de luzes em veículos, tem-se de
Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra levar em conta o disposto no Art. 40 do CTB e seus incisos:
deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo Art. 40. O uso de luzes em veículo obedecerá às seguin-
para os demais usuários da via que o seguem, precedem tes determinações:
ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua I. O condutor manterá acesos os faróis do veículo, uti-
direção e sua velocidade. lizando luz baixa, durante a noite e durante o dia nos
Art. 35. Antes de iniciar qualquer manobra que implique túneis providos de iluminação pública e nas rodovias;
um deslocamento lateral, o condutor deverá indicar seu (NR, incluído pela Lei n.º 13.290, de 23 de maio de
propósito de forma clara e com a devida antecedência, 2016).
por meio da luz indicadora de direção de seu veículo, ou Art. 250, I, a e b do CTB.
fazendo gesto convencional de braço. Obs.: 1º com relação ao novo texto, e a 2º com relação a
▷ Art. 196 do CTB. referencia do artigo 250 I “a” e “b” do CTB
Parágrafo único. Entende-se por deslocamento lateral a II. Nas vias não iluminadas o condutor deve usar luz
transposição de faixas, movimentos de conversão à direi- alta, exceto ao cruzar com outro veículo ou ao segui-lo;

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ta, à esquerda e retornos. ▷ Art. 223 do CTB.
Art. 36. O condutor que for ingressar numa via, procedente III. A troca de luz baixa e alta, de forma intermiten-
de um lote lindeiro a essa via, deverá dar preferência aos te e por curto período de tempo, com o objetivo de
veículos e pedestres que por ela estejam transitando. advertir outros motoristas, só poderá ser utilizada
▷ Arts. 214, V e 216 do CTB. para indicar a intenção de ultrapassar o veículo que
Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão à segue à frente ou para indicar a existência de risco à
esquerda e a operação de retorno deverão ser feitas nos segurança para os veículos que circulam no sentido
locais apropriados e, onde estes não existirem, o condutor contrário;
deverá aguardar no acostamento, à direita, para cruzar a ▷ Art. 251, II, do CTB.
pista com segurança. IV. O condutor manterá acesas pelo menos as luzes de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

▷ Art. 204 do CTB. posição do veículo quando sob chuva forte, neblina
Art. 38. Antes de entrar à direita ou à esquerda, em outra ou cerração;
via ou em lotes lindeiros, o condutor deverá: ▷ Art. 250,II, do CTB.
I. Ao sair da via pelo lado direito, aproximar-se o má- V. O condutor utilizará o pisca-alerta nas seguintes
ximo possível do bordo direito da pista e executar sua situações:
manobra no menor espaço possível;
a) Em imobilizações ou situações de emergência;
II. Ao sair da via pelo lado esquerdo, aproximar-se o
b) Quando a regulamentação da via assim o deter-
máximo possível de seu eixo ou da linha divisória da
minar;
pista, quando houver, caso se trate de uma pista com
circulação nos dois sentidos, ou do bordo esquerdo, ▷ Arts. 179 e 251, I, do CTB.
tratando-se de uma pista de um só sentido, VI. Durante a noite, em circulação, o condutor mante-
▷ Art. 197 do CTB. rá acesa a luz de placa;
Parágrafo único. Durante a manobra de mudança de ▷ Art. 250, III, do CTB.
direção, o condutor deverá ceder passagem aos pedes- VII. O condutor manterá acesas, à noite, as luzes de
tres e ciclistas, aos veículos que transitem em sentido posição quando o veículo estiver parado para fins de
contrário pela pista da via da qual vai sair, respeitadas embarque ou desembarque de passageiros e carga ou 661
as normas de preferência de passagem. descarga de mercadorias.
▷ Art. 249 do CTB.
662 Parágrafo único. Os veículos de transporte coletivo re-

80
gular de passageiros, quando circularem em faixas pró-
prias a eles destinadas, e os ciclos motorizados deverão
utilizar-se de farol de luz baixa durante o dia e a noite.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

▷ Art. 250, I, c e d, do CTB.


▷ Resolução do CONTRAN nº 18, de 21-05-1998: re- km/h
comenda o uso, nas rodovias, de farol baixo aceso
durante o dia, e dá outras providências. Em locais onde não houver sinalização, os condutores de-
O condutor poderá fazer uso da buzina somente por meio vem observar o previsto nos Arts. 60 e 61 do CTB, como vere-
de um breve toque e apenas nos casos previstos no Art. 41 do mos posteriormente.
CTB. Não é admitido, pelo código, o uso prolongado de dispo- VELOCIDADE MÁXIMAS art. 61 do CTB
sitivo sonoro de buzina veicular, assim como não é admitido o
seu uso, mesmo que de forma intermitente, por longo espaço URBANAS - VIAS RURAIS - VEÍCULOS
de tempo.
Art. 41. O condutor de veículo só poderá fazer uso de bu- 80 km/h - rápido AUTOMÓVEIS
zina, desde que em toque breve, nas seguintes situações: 110
CAMINHONETAS
I. Para fazer as advertências necessárias a fim de evi- 60 km/h - arterial kM/H
tar acidentes; MOTOCICLETAS
Ş
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40 km/h - coletora
II. Fora das áreas urbanas, quando for conveniente
advertir a um condutor que se tem o propósito de RODOVIA 90 ÔNIBUS
ultrapassá-lo. 30 KM/H - LOCAL PAVIMENTADA kM/H MICROÔNIBUS
(asfalto)
▷ Art. 227 do CTB. QUANDO ESTUDA-
▷ Resolução do CONTRAN nº 35 de 21-05-1998: esta- MOS A VELOCIDADE 80 DEMAIS
belece método de ensaio para medição de pressão MÁXIMA NA VIA kM/H VEÍCULOS
sonora por buzina ou equipamento similar. URBANA, CONSIDERA-
MOS A CLASSIFICAÇÃO TODOS OS
Art. 42. Nenhum condutor deverá frear bruscamente seu das VIAS ESTRADAS
60 VEÍCULOS INDE-
veículo, salvo por razões de segurança. SEM PENDENTE DE
kM/H
▷ Situações excepcionais do uso do sistema de ilu- QUANDO VAMOS ESTU- PAVIMENTO SUA CLASSIFI-
DAR A VELOCIDADE EM ASFÁLTICO CAÇÃO
minação: VIAS RURAIS, CONSIDE-
▷ A troca de luz alta e baixa por um curto período só RAMOS A CLASSIFICA-
é permitida para informar outros usuários da via de ÇÃO DOS VEÍCULOS E O
PAVIMENTO.
perigos na via, ou para alertar o veículo que vai à
frente de sua intenção de ultrapassá-lo.
▷ Os condutores de ciclos motorizados (motocicletas, Vale lembrar que, tanto o Art. 218 do CTB quanto a resolu-
motonetas, ciclomotor) deverão manter as luzes de ção nº 396/12 do CONTRAN, levam em conta critérios objeti-
seus conduzidos ligadas com facho baixo em todo o vos, não sendo, portanto, considerada infração a transgressão
deslocamento e mesmo durante o dia. de velocidade média desenvolvida na via, mesmo que essa
seja muito superior à velocidade estabelecida.
▷ Os condutores de veículos regulares de transporte
de passageiros, quando circulando em faixas pró- Somente existe punição para o excesso de velocidade ins-
tantânea, e apenas se sinalizada devidamente a via.
prias, devem manter ligado o farol no facho baixo,
Art. 43. Ao regular a velocidade, o condutor deverá ob-
inclusive durante o dia.
servar constantemente as condições físicas da via, do
▷ Resolução do CONTRAN nº 36, de 21-05-1998: esta- veículo e da carga, as condições meteorológicas e a inten-
belece a forma de sinalização de advertência para os sidade do trânsito, obedecendo aos limites máximos de
veículos que, em situação de emergência, estiverem velocidade estabelecidos para a via, além de:
imobilizados no leito viário. I. Não obstruir a marcha normal dos demais veículos
em circulação sem causa justificada, transitando a
Regras de Limites de Velocidades uma velocidade anormalmente reduzida;
II. Sempre que quiser diminuir a velocidade de seu
Máxima e Mínima veículo deverá antes certificar-se de que pode fazê-lo
sem risco nem inconvenientes para os outros condu-
Velocidade Máxima tores, a não ser que haja perigo iminente;
A velocidade máxima da via deve ser estabelecida por III. Indicar, de forma clara, com a antecedência neces-
meio de sinalização vertical. Placas R-19 (Velocidade máxima sária e a sinalização devida, a manobra de redução de
permitida) como o exemplo a seguir: velocidade.
Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamen- e junto à guia da calçada (meio-fio), admitidas as exce-
to, o condutor do veículo deve demonstrar prudência ções devidamente sinalizadas.
especial, transitando em velocidade moderada, de forma ▷ Arts. 181, IV e 182, IV, do CTB.
que possa deter seu veículo com segurança para dar pas- § 1º Nas vias providas de acostamento, os veículos para-
sagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de dos, estacionados ou em operação de carga ou descarga
preferência. deverão estar situados fora da pista de rolamento.
Art. 45. Mesmo que a indicação luminosa do semáforo § 2º O estacionamento dos veículos motorizados de duas
lhe seja favorável, nenhum condutor pode entrar em uma rodas será feito em posição perpendicular à guia da cal-
interseção se houver possibilidade de ser obrigado a imo- çada (meio-fio) e junto a ela, salvo quando houver sinali-
bilizar o veículo na área do cruzamento, obstruindo ou zação que determine outra condição.
impedindo a passagem do trânsito transversal.
§ 3º O estacionamento dos veículos sem abandono do
▷ Art. 183 do CTB. condutor poderá ser feito somente nos locais previstos
Art. 46. Sempre que for necessária a imobilização tempo- neste Código ou naqueles regulamentados por sinaliza-
rária de um veículo no leito viário, em situação de emer- ção específica.
gência, deverá ser providenciada a imediata sinalização ▷ Resolução do CONTRAN nº 302, de 18-12-2008: de-
de advertência, na forma estabelecida pelo CONTRAN. fine e regulamenta as áreas de segurança e de esta-
▷ Arts. 179, 180, 225, I, do CTB. cionamentos específicos de veículos.
▷ Resolução do CONTRAN nº 36, de 22-05-1998: esta- Art. 49. O condutor e os passageiros não deverão abrir
belece a forma de sinalização de advertência para os a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo
veículos que, em situação de emergência, estiverem sem antes se certificarem de que isso não constitui peri-
imobilizados no leito viário. go para eles e para outros usuários da via.
Quando se trata de velocidade, a primeira lembrança que ▷ Art. 24 da CTVV.
surge é a da desobediência e a da penalidade imposta quan- Parágrafo único. O embarque e o desembarque devem
do do descumprimento da norma. Para tanto, o CTB traz dois ocorrer sempre do lado da calçada, exceto para o condu-
dispositivos: o Art. 218 do CTB, que estabelece as regras no tor.
caso de descumprimento da velocidade máxima permitida. É
necessário que esse Art. seja utilizado de acordo com a reso- Art. 50. O uso de faixas laterais de domínio e das áreas
lução nº 396/12. adjacentes às estradas e rodovias obedecerá às condições
de segurança do trânsito estabelecidas pelo órgão ou enti-
Velocidade Mínima dade com circunscrição sobre a via.
Assim como o excesso de velocidade deve ser punido, o Art. 51. Nas vias internas pertencentes a condomínios
constituídos por unidades autônomas, a sinalização de
legislador também pensou no transtorno gerado se o condu-
regulamentação da via será implantada e mantida às ex-
tor desenvolve velocidade muito abaixo daquela estabelecida

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pensas do condomínio, após aprovação dos projetos pelo
para a via, uma vez que prejudica o fluxo viário ali estabeleci- órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.
do. Para tanto, o CTB definiu de forma simples a velocidade
mínima a ser estabelecida na via. ▷ Arts. 2º, parágrafo único, 90, § 1º e 95, §1º, do CTB.
▷ Art. 62 do Código de Trânsito Brasileiro Regras para Veículos de Tração Animal,
É interessante ressaltar que existem exceções a esta regra,
quais sejam: Propulsão Humana, Ciclos e Motos
Art. 52. Os veículos de tração animal serão conduzidos
Regras de Estacionamento, Paradas pela direita da pista, junto à guia da calçada (meio-fio)
ou acostamento, sempre que não houver faixa especial
e Operações de Carga e de Descarga a eles destinada, devendo seus condutores obedecer, no
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

O uso da via pública não se restringe apenas à circulação que couber, às normas de circulação previstas neste Códi-
de veículos, mas também à utilização dos bordos da via para go e às que vierem a ser fixadas pelo órgão ou entidade
estacionamento, paradas, operações de embarque e desem- com circunscrição sobre a via.
barque de passageiros e de carga e de descarga, que devem Art. 53. Os animais isolados ou em grupos só podem cir-
seguir as normas gerais, quando não houver sinalização es- cular nas vias quando conduzidos por um guia, observado
pecífica. o seguinte:
Art. 47. Quando proibido o estacionamento na via, a I. Para facilitar os deslocamentos, os rebanhos deve-
parada deverá restringir-se ao tempo indispensável para rão ser divididos em grupos de tamanho moderado
embarque ou desembarque de passageiros, desde que e separados uns dos outros por espaços suficientes
não interrompa ou perturbe o fluxo de veículos ou a lo- para não obstruir o trânsito;
comoção de pedestres II. Os animais que circularem pela pista de rolamento
Parágrafo único. A operação de carga ou descarga será regu- deverão ser mantidos junto ao bordo da pista Art. 10,
lamentada pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a § 2º, da CTVV.
via e é considerada estacionamento. Art. 54. Os condutores de motocicletas, motonetas e ci-
Art. 48. Nas paradas, operações de carga ou descarga e clomotores só poderão circular nas vias.
nos estacionamentos, o veículo deverá ser posicionado no I. Utilizando capacete de segurança, com viseira ou 663
sentido do fluxo, paralelo ao bordo da pista de rolamento óculos protetores;
▷ Arts. 230, XI, e 244, I, do CTB. II. Vias rurais:
664 II. Segurando o guidom com as duas mãos; a) Rodovias;
▷ Art. 244, VII, do CTB. b) Estradas.
III. Usando vestuário de proteção, de acordo com as Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será
especificações do CONTRAN. indicada por meio de sinalização, obedecidas suas carac-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

terísticas técnicas e as condições de trânsito.


▷ Art. 244, I, do CTB.
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velo-
Art. 55. Os passageiros de motocicletas, motonetas e ci- cidade máxima será de:
clomotores só poderão ser transportados: I. Nas vias urbanas:
I. Utilizando capacete de segurança; a) Oitenta quilômetros por hora, nas vias de trânsito
▷ Arts. 230, X e 244, II, do CTB. rápido:
II. Em carro lateral acoplado aos veículos ou em as- b) Sessenta quilômetros por hora, nas vias arteriais;
sento suplementar atrás do condutor; c) Quarenta quilômetros por hora, nas vias coletoras;
▷ Art. 244, II, do CTB. d) Trinta quilômetros por hora, nas vias locais;
III. Usando vestuário de proteção, de acordo com as II. Nas vias rurais:
especificações do CONTRAN. a) Nas rodovias de pista dupla:
Art. 56. (VETADO) 1) 110 (cento e dez) quilômetros por hora para auto-
Art. 57. Os ciclomotores devem ser conduzidos pela di- móveis, camionetas e motocicletas; (Redação dada
reita da pista de rolamento, preferencialmente no centro pela Lei nº 10.830, de 2003)
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da faixa mais à direita ou no bordo direito da pista sempre 2) 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os
que não houver acostamento ou faixa própria a eles desti- demais veículos;
nada, proibida a sua circulação nas vias de trânsito rápido 3) oitenta quilômetros por hora, para os demais
e sobre as calçadas das vias urbanas. veículos;(Revogado)
b) nas rodovias de pista simples: sessenta quilôme-
Parágrafo único. Quando uma via comportar duas ou
tros por hora.
mais faixas de trânsito e a da direita for destinada ao uso
▷ Art. 218 do CTB
exclusivo de outro tipo de veículo, os ciclomotores deve-
rão circular pela faixa adjacente à da direita. § 2º O órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com
circunscrição sobre a via poderá regulamentar, por meio
▷ Arts. 185,I, 193 e 244, § 2º, do CTB. de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àque-
Art. 58. Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a las estabelecidas no parágrafo anterior.
circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não hou- Art. 62. A velocidade mínima não poderá ser inferior à
ver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não metade da velocidade máxima estabelecida, respeitadas
for possível a utilização destes, nos bordos da pista de as condições operacionais de trânsito e da via.
rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamen- ▷ Art. 219 do CTB.
tado para a via, com preferência sobre os veículos auto- Art. 63. (VETADO)
motores.
Parágrafo único. A autoridade de trânsito com circuns- Regras para o Uso do
crição sobre a via poderá autorizar a circulação de bicicle- Cinto de Segurança
tas no sentido contrário ao fluxo dos veículos automoto-
res, desde que dotado o trecho com ciclofaixa. Art. 64. As crianças com idade inferior a dez anos devem
ser transportadas nos bancos traseiros, salvo exceções re-
Art. 59. Desde que autorizado e devidamente sinaliza- gulamentadas pelo CONTRAN.
do pelo órgão ou entidade com circunscrição sobre a via,
será permitida a circulação de bicicletas nos passeios.
▷ Art. 168 do CTB.
▷ Resolução do CONTRAN nº 277, de 28-05-2008: dis-
Classificação de Vias põe sobre o transporte de menores de 10 anos e a
De acordo com os últimos concursos, este tema merece utilização do dispositivo de retenção para o trans-
atenção, pois vem sendo cobrado com frequência. Esse assun- porte de crianças em veículos.
to é correlato com os limites de velocidade, e se forem estu- ▷ Resolução do CONTRAN nº 48/98 também fala so-
dados concomitantemente, ficará mais fácil para memorizar a bre o mesmo assunto.
matéria. Vejamos o texto de lei.
Art. 65. É obrigatório o uso do cinto de segurança para
Art. 60. As vias abertas à circulação, de acordo com sua condutor e passageiros em todas as vias do território na-
utilização, classificam-se em: cional, salvo em situações regulamentadas pelo CONTRAN.
I. Vias urbanas: ▷ A Resolução nº 518, do CONTRAN de 29 de Janeiro
a) Via de trânsito rápido; de 2015: estabelece os requisitos de instalação e os
b) Via arterial; procedimentos de ensaios de cintos de segurança,
c) Via coletora; ancoragem e apoios de cabeça dos veículos auto-
d) Via local; motores.
Art. 66. (VETADO) § 5º Entende-se como início de viagem a partida do veí-
Art. 67. As provas ou competições desportivas, inclusive culo na ida ou no retorno, com ou sem carga, consideran-
seus ensaios, em via aberta à circulação, só poderão ser do-se como sua continuação as partidas nos dias subse-
realizadas mediante prévia permissão da autoridade de quentes até o destino.
trânsito com circunscrição sobre a via e dependerão de: § 6º O condutor somente iniciará uma viagem após o
▷ Arts. 167 e 230, IX, do CTB. cumprimento integral do intervalo de descanso previsto
▷ Resolução do CONTRAN nº 278 de 28-05-2008: no § 3º deste artigo.
proíbe a utilização de dispositivos que travem, § 7º Nenhum transportador de cargas ou coletivo de
afrouxem ou modifiquem o funcionamento dos cin- passageiros, embarcador, consignatário de cargas,
tos de segurança. operador de terminais de carga, operador de transpor-
te multimodal de cargas ou agente de cargas ordenará
I. Autorização expressa da respectiva confederação a qualquer motorista a seu serviço, ainda que subcon-
desportiva ou de entidades estaduais a ela filiadas; tratado, que conduza veículo referido no caput sem a
II. Caução ou fiança para cobrir possíveis danos ma- observância do disposto no § 6º.
teriais à via; Art. 67-D. VETADO.
III. Contrato de seguro contra riscos e acidentes em
Art. 67-E. O motorista profissional é responsável por
favor de terceiros;
controlar e registrar o tempo de condução estipulado no
IV. Prévio recolhimento do valor correspondente aos Art. 67-C, com vistas à sua estrita observância.
custos operacionais em que o órgão ou entidade per-
§ 1º A não observância dos períodos de descanso estabe-
missionária incorrerá.
lecidos no Art. 67-C sujeitará o motorista profissional às
Parágrafo único. A autoridade com circunscrição sobre a penalidades daí decorrentes, previstas neste Código.
via arbitrará os valores mínimos da caução ou fiança e do
§ 2º O tempo de direção será controlado mediante regis-
contrato de seguro. Arts. 173, 174 e 308 do CTB.
trador instantâneo inalterável de velocidade e tempo e,
Novidade da legislação que alterou tanto o Deccreto-Lei ou por meio de anotação em diário de bordo, ou papeleta
nº 5.452, de 01-05-1943 (CLT) quanto a Lei nº 9.503, de 23-09- ou ficha de trabalho externo, ou por meios eletrônicos ins-
1997 (CTB), e outras três legislações. talados no veículo, conforme norma do Contran.
Art. 67-A. O disposto neste Capítulo aplica-se aos mo- § 3º O equipamento eletrônico ou registrador deverá fun-
toristas profissionais: (Redação dada pela Lei nº 13.103, cionar de forma independente de qualquer interferência do
de 2015) condutor, quanto aos dados registrados.
I. De transporte rodoviário coletivo de passageiros; § 4º A guarda, a preservação e a exatidão das informa-
II. De transporte rodoviário de cargas. ções contidas no equipamento registrador instantâneo
Art. 67-B. VETADO. LEI nº 12.619/12 inalterável de velocidade e de tempo são de responsabi-
lidade do condutor.

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Art. 67-C. É vedado ao motorista profissional dirigir por
mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas veículos de
transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de trans-
Regras para Pedestres e Condutores
porte rodoviário de cargas. de Veículos não Motorizados
§ 1º Serão observados 30 (trinta) minutos para descanso Os pedestres e os condutores de veículos não motorizados
dentro de cada 6 (seis) horas na condução de veículo de também devem seguir regras específicas no trânsito, as quais
transporte de carga, sendo facultado o seu fracionamento são tratadas nas normas gerais de circulação e ainda recebem
e o do tempo de direção desde que não ultrapassadas 5 um capítulo especial, capítulo IV, no CTB devido a sua impor-
(cinco) horas e meia contínuas no exercício da condução. tância.
§ 1º-A. Serão observados 30 (trinta) minutos para des- Art. 68. É assegurada ao pedestre a utilização dos pas-
canso a cada 4 (quatro) horas na condução de veículo
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
seios ou passagens apropriadas das vias urbanas e dos
rodoviário de passageiros, sendo facultado o seu fracio- acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a
namento e o do tempo de direção. autoridade competente permitir a utilização de parte da
§ 2º Em situações excepcionais de inobservância justifica- calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao
da do tempo de direção, devidamente registradas, o tem- fluxo de pedestres
po de direção poderá ser elevado pelo período necessário Neste momento, é interessante revisar o anexo I, do CTB,
para que o condutor, o veículo e a carga cheguem a um para as corretas definições de passeio e calçada.
lugar que ofereça a segurança e o atendimento demanda-
dos, desde que não haja comprometimento da segurança Passeio: parte da calçada ou da pista de rolamento, neste
rodoviária. último caso, separada por pintura ou elemento físico separa-
§ 3º O condutor é obrigado, dentro do período de 24 (vinte e dor, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva
quatro) horas, a observar o mínimo de 11 (onze) horas de des- de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
canso, que podem ser fracionadas, usufruídas no veículo e Calçada: parte da via, normalmente segregada e em nível
coincidir com os intervalos mencionados no § 1º, observadas diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada
no primeiro período 8 (oito) horas ininterruptas de descanso. ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de
§ 4º Entende-se como tempo de direção ou de condução mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins.
apenas o período em que o condutor estiver efetivamente § 1º O ciclista desmontado empurrando a bicicleta equi- 665
ao volante, em curso entre a origem e o destino. para-se ao pedestre em direitos e deveres.
§ 2º Nas áreas urbanas, quando não houver passeios b) Onde não houver foco de pedestres, aguardar
666 ou quando não for possível a utilização destes, a cir- que o semáforo ou o agente de trânsito interrompa
culação de pedestres na pista de rolamento será fei- o fluxo de veículos;
ta com prioridade sobre os veículos, pelos bordos da III. Nas interseções e em suas proximidades, onde não
pista, em fila única, exceto em locais proibidos pela existam faixas de travessia, os pedestres devem atra-
sinalização e nas situações em que a segurança ficar vessar a via na continuação da calçada, observadas as
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

comprometida. seguintes normas:


§ 3º Nas vias rurais, quando não houver acostamento ou a) Não deverão adentrar na pista sem antes se cer-
quando não for possível a utilização dele, a circulação de tificar de que podem fazê-lo sem obstruir o trânsito
pedestres, na pista de rolamento, será feita com priorida- de veículos;
de sobre os veículos, pelos bordos da pista, em fila única, b) Uma vez iniciada a travessia de uma pista, os pe-
em sentido contrário ao deslocamento de veículos, exceto destres não deverão aumentar o seu percurso, demo-
em locais proibidos pela sinalização e nas situações em rar-se ou parar sobre ela sem necessidade.
que a segurança ficar comprometida. Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via
§ 4º (VETADO) sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade
de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica,
§ 5º Nos trechos urbanos de vias rurais e nas obras de onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
arte a serem construídas, deverá ser previsto passeio
destinado à circulação dos pedestres, que não deverão, Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização
nessas condições, usar o acostamento. semafórica de controle de passagem será dada preferên-
cia aos pedestres que não tenham concluído a travessia,
§ 6º Onde houver obstrução da calçada ou da passagem mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a
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para pedestres, o órgão ou entidade com circunscrição passagem dos veículos.


sobre a via deverá assegurar a devida sinalização e pro-
▷ Arts. 214, I e II, e 270 do CTB
teção para circulação de pedestres.
>- 2m Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a
>- 1,50m <- 40%
via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de
Passeios com largura pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, se-
igual ou superior a 2m
gurança e sinalização.

Do Cidadão
Este é o capítulo V do CTB trata, principalmente, da res-
ponsabilidade do cidadão para com o trânsito seguro, devendo
todo o cidadão contribuir para melhorias no trânsito, indicando
&ĂŝdžĂĚĞƐƟŶĂĚĂĂƉĞĚĞƐƚƌĞƐ

e sugerindo alterações necessárias à autoridade de trânsito com


circunscrição sobre a via. As indicações serão levadas aos órgãos
&ĂŝdžĂĚĞŵŽďŝůŝĄƌŝŽƵƌďĂŶŽ

ĚŝĮĐĂĕĆŽ competentes, que devem analisar e responder ao cidadão das


Via

possibilidades de tais alterações.


Art. 72. Todo cidadão ou entidade civil tem o direito de
solicitar, por escrito, aos órgãos ou entidades do Sistema
Nacional de Trânsito, sinalização, fiscalização e implantação
Vista Superior
de equipamentos de segurança, bem como sugerir altera-
ções em normas, legislação e outros assuntos pertinentes
Faixa de passeio de pedestre em passeios com largura a este Código.
maior ou igual a 2,00m(dois metros)
Art. 73. Os órgãos ou entidades pertencentes ao Sistema
Art. 69. Para cruzar a pista de rolamento o pedestre to- Nacional de Trânsito têm o dever de analisar as solicita-
mará precauções de segurança, levando em conta, prin- ções e responder, por escrito, dentro de prazos mínimos,
cipalmente, a visibilidade, a distância e a velocidade dos sobre a possibilidade ou não de atendimento, esclarecen-
veículos, utilizando sempre as faixas ou passagens a ele do ou justificando a análise efetuada, e, se pertinente, in-
destinadas sempre que estas existirem numa distância formando ao solicitante quando tal evento ocorrerá.
de até cinquenta metros dele, observadas as seguintes Parágrafo único. As campanhas de trânsito devem es-
disposições: clarecer quais as atribuições dos órgãos e entidades per-
Esta é a única multa para o pedestre, o qual tem previsão tencentes ao Sistema Nacional de Trânsito e como proce-
legal em toda a legislação. Porém, não é efetivada por diversos der a tais solicitações.
fatores de ordem prática. (Art. 254, V, do CTB).
I. Onde não houver faixa ou passagem, o cruzamento
Da Educação para o Trânsito
da via deverá ser feito em sentido perpendicular ao Segundo o CTB, em seu capítulo VI, constitui direito do cida-
de seu eixo; dão e obrigação do Estado a educação para o trânsito, visando a
II. Para atravessar uma passagem sinalizada para pe- diminuir os acidentes viários e aumentar a segurança dos usuá-
destres ou delimitada por marcas sobre a pista: rios de vias públicas.
a) Onde houver foco de pedestres, obedecer às in- Tal educação deve ser permanente e com ações efetivas
dicações das luzes; desenvolvidas por uma coordenação especial, em cada um dos
órgãos executivos de trânsito, nos moldes estabelecidos pelo Art. 76. A educação para o trânsito será promovida na
CONTRAN, vale aqui ressaltar que a própria notificação (mul- pré-escola e nas escolas de 1º, 2º e 3º graus, por meio de
ta) tem também caráter educativo, uma vez que é atribuído, planejamento e ações coordenadas entre os órgãos e en-
além do valor pecuniário, um valor de pontos no prontuário do tidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação,
condutor, que demonstram se o infrator está em condições de da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
continuar a dirigir depois de cometê-las ou se precisa passar por pios, nas respectivas áreas de atuação.
uma reeducação. Parágrafo único. Para a finalidade prevista neste Art., o
Art. 74. A educação para o trânsito é direito de todos e Ministério da Educação e do Desporto, mediante proposta
constitui dever prioritário para os componentes do Siste- do CONTRAN e do Conselho de Reitores das Universida-
ma Nacional de Trânsito. des Brasileiras, diretamente ou mediante convênio, pro-
moverá:
▷ Resolução do CONTRAN nº 514, de 18-12-2014, dis-
põe sobre a Política Nacional de Trânsito, seus fins e I. A adoção, em todos os níveis de ensino, de um cur-
aplicação, e dá outras providências. rículo interdisciplinar com conteúdo programático
sobre segurança de trânsito;
▷ Resolução do CONTRAN n.º 515 de 18-12-2014, es-
II. A adoção de conteúdos relativos à educação para o
tabelece critérios de padronização para funciona-
trânsito nas escolas de formação para o magistério e
mento das Escolas Públicas de Trânsito. o treinamento de professores e multiplicadores;
▷ Resolução do CONTRAN nº 314, de 08-05-2009: es- III. A criação de corpos técnicos interprofissionais
tabelece procedimentos para a execução das cam- para levantamento e análise de dados estatísticos re-
panhas educativas de trânsito a serem promovidas lativos ao trânsito;
pelos órgãos e entidades do Sistema Nacional de IV. A elaboração de planos de redução de acidentes de
Trânsito. trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitá-
§ 1º É obrigatória a existência de coordenação educacio- rios de trânsito, com vistas à integração universidades-
nal em cada órgão ou entidade componente do Sistema sociedade na área de trânsito.
Nacional de Trânsito.
Art. 77. No âmbito da educação para o trânsito caberá
§ 2º Os órgãos ou entidades executivos de trânsito deverão ao Ministério da Saúde, mediante proposta do CONTRAN,
promover, dentro de sua estrutura organizacional ou me- estabelecer campanha nacional esclarecendo condutas a
diante convênio, o funcionamento de Escolas Públicas de serem seguidas nos primeiros socorros em caso de aci-
Trânsito, nos moldes e padrões estabelecidos pelo CONTRAN. dente de trânsito.
▷ Resolução do CONTRAN nº 265, de 14-12-2007: dispõe Parágrafo único. As campanhas terão caráter perma-
sobre a formação teórico-técnica do processo de habili- nente por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS,
tação de condutores de veículos automotores elétricos sendo intensificadas nos períodos e na forma estabeleci-
como atividade extracurricular no Ensino Médio e defi- dos no Art. 76.

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ne os procedimentos para implementação nas escolas Art. 77-A. São assegurados aos órgãos ou entidades com-
interessadas. ponentes do Sistema Nacional de Trânsito os mecanismos
instituídos nos Arts. 77-B a 77-E para a veiculação de men-
Art. 75. O CONTRAN estabelecerá, anualmente, os temas sagens educativas de trânsito em todo o território nacional,
e os cronogramas das campanhas de âmbito nacional que em caráter suplementar às campanhas previstas nos Arts.
deverão ser promovidas por todos os órgãos ou entidades 75 e 77.
do Sistema Nacional de Trânsito, em especial nos perío-
dos referentes às férias escolares, feriados prolongados e Art. acrescentado pela Lei nº 12.006, de 29-07-2009: que
à Semana Nacional de Trânsito. estabelece mecanismos para a veiculação de mensagens
educativas de trânsito, nas modalidades de propaganda
▷ Resolução do CONTRAN nº 30, de 21-05-1998: dis- que especifica, em caráter suplementar, as campanhas pre-
põe sobre campanhas permanentes de segurança
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
vistas nos Arts. 75 e 77.
no trânsito .
Art. 77-B. Toda peça publicitária destinada à divulgação
§ 1º Os órgãos ou entidades do Sistema Nacional de Trânsi- ou promoção, nos meios de comunicação social, de pro-
to deverão promover outras campanhas no âmbito de sua duto oriundo da indústria automobilística ou afim, inclui-
circunscrição e de acordo com as peculiaridades locais. rá, obrigatoriamente, mensagem educativa de trânsito a
▷ Resolução do CONTRAN nº 351 de 14 de Junho de 2010: ser conjuntamente veiculada.
estabelece procedimentos para veiculação de mensa- § 1º Para os efeitos dos Arts. 77-A a 77-E, consideram-se
gens educativas de trânsito em toda peça publicitária produtos oriundos da indústria automobilística ou afins
destinada à divulgação ou promoção, nos meios de I. Os veículos rodoviários automotores de qualquer
comunicação social, de produtos oriundos da indústria espécie, incluídos os de passageiros e os de carga
automobilística ou afins. II. Os componentes, as peças e os acessórios utiliza-
§ 2º As campanhas de que trata este artigo são de cará- dos nos veículos mencionados no inciso I
ter permanente, e os serviços de rádio e difusão sonora § 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se à propa-
de sons e imagens explorados pelo poder público são ganda de natureza comercial, veiculada por iniciativa do
obrigados a difundi-las gratuitamente, com a frequência fabricante do produto, em qualquer das seguintes moda-
recomendada pelos órgãos competentes do Sistema Na- lidades: 667
cional de Trânsito. I. Rádio;
II. Televisão; destinados ao órgão coordenador de Sistema Nacio-
668 III. Jornal; nal de Trânsito.
IV. Revista; Art. 79. Os órgãos e entidades executivos de trânsito
V. Outdoor. poderão firmar convênio com os órgãos de educação da
§ 3º Para efeito do disposto no § 2º, equiparam-se ao União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

fabricante o montador, o encarroçador, o importador e o objetivando o cumprimento das obrigações estabelecidas


revendedor autorizado dos veículos e demais produtos dis- neste capítulo.
criminados no § 1º deste artigo. ▷ Resolução do CONTRAN nº 265, de 14-12-2007: dis-
Art. 77-C. Quando se tratar de publicidade veiculada em põe sobre a formação teórico-técnica do processo
outdoor instalado à margem de rodovia, dentro ou fora de habilitação de condutores de veículos automo-
da respectiva faixa de domínio, a obrigação prevista no tores elétricos, como atividade extracurricular no
Art. 77-B estende-se à propaganda de qualquer tipo de Ensino Médio e define os procedimentos para imple-
produto e anunciante, inclusive àquela de caráter institu- mentação nas escolas interessadas.
cional ou eleitoral. Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009.
Art. 77-D. O Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) 3. 3. Da Sinalização de Trânsito
especificará o conteúdo e o padrão de apresentação das
mensagens, bem como os procedimentos envolvidos na A sinalização de trânsito, assim como a conservação das
respectiva veiculação, em conformidade com as diretrizes vias públicas, são de responsabilidade da autoridade com cir-
fixadas para as campanhas educativas de trânsito a que se cunscrição sobre a via, sendo esta autoridade objetivamente
refere o Art. 75. Incluído pela Lei nº 12.006, de 2009. responsabilizada em caso de acidente com danos por falta de
sinalização adequada ou de má conservação da via.
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Art. 77-E. A veiculação de publicidade feita em desacor-


do com as condições fixadas nos Arts. 77-A a 77-D cons-
titui infração punível com as seguintes sanções: Incluído Princípios da Sinalização
pela Lei nº 12.006, de 2009 Legalidade: ter previsão legal no CTB, ou estar autorizada
I. Advertência por escrito; Incluído pela Lei nº 12.006, pelo CONTRAN, em caso de sinalização experimental.
de 2009. Suficiência: permitir fácil percepção dos usuários da via
II. Suspensão, nos veículos de divulgação da publi- com uma quantidade compatível com a necessidade da via.
cidade, de qualquer outra propaganda do produto, Padronização: deve seguir o padrão legal, previamente
pelo prazo de até 60 (sessenta) dias; (Incluído pela determinado no anexo II do CTB.
Lei nº 12.006, de 2009.)
Uniformidade: situações iguais devem ser sinalizadas
III. Multa de R$ 1.627,00 (mil, seiscentos e vinte e sete com os mesmos critérios.
reais) a R$ 8.135,00 (oito mil, cento e trinta e cinco
reais), cobrada do dobro até o quíntuplo em caso de Clareza: deve transmitir mensagens objetivas e de fácil
reincidência. Nova redação dada pela Lei nº 13.281, de compreensão.
04 de maio de 2016. Precisão e Confiabilidade: deve corresponder à situação
§ 1º As sanções serão aplicadas isolada ou cumulativa- existente.
mente, conforme dispuser o regulamento. Incluído pela Visibilidade e Legibilidade: deve ser vista à distância ne-
Lei nº 12.006, de 2009. cessária para ser interpretada em tempo hábil para a tomada
§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput deste Art., qual- de decisão do condutor.
quer infração acarretará a imediata suspensão da veicu- Manutenção e Conservação: estar permanentemente
lação da peça publicitária até que sejam cumpridas as limpa e visível.
exigências fixadas nos Arts. 77-A a 77-D.Incluído pela Lei
nº 12.006, de 2009. Caso não atenda aos princípios supracitados, a sinalização
Art. 78. Os Ministérios da Saúde, da Educação e do Des- pode ser considerada como inexistente e o órgão responsabi-
porto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por in- lizado por sua falta.
termédio do CONTRAN, desenvolverão e implementarão
Para se ter uma padronização em nível nacional, a sinali-
programas destinados à prevenção de acidentes.
zação é definida com base no ANEXO II do CTB (ao final da
Parágrafo único. O percentual de 10% do total dos valo- disciplina), que foi regulamentado pela resolução do CONTRAN
res arrecadados, destinados à Previdência Social, do Prê- nº 160, de 22-04-2004.
mio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais, causados Art. 80. Sempre que necessário, será colocada ao longo da
por Veículos Automotores de Via Terrestre - DPVAT, de via, sinalização prevista neste Código e em legislação com-
que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, serão plementar, destinada a condutores e pedestres, vedada a
repassados, mensalmente, ao Coordenador do Sistema utilização de qualquer outra.
Nacional de Trânsito para aplicação exclusiva em progra- § 1º A sinalização será colocada em posição e condições que
mas de que trata este artigo.. a tornem perfeitamente visível e legível durante o dia e a
▷ Art. 320, parágrafo único, do CTB; noite, em distância compatível com a segurança do trânsi-
▷ Resolução do CONTRAN nº 143, de 31-3-2003: dis- to, conforme normas e especificações do CONTRAN.
põe sobre a utilização de percentual dos recursos § 2º O CONTRAN poderá autorizar, em caráter experimen-
do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais, Causados tal e por período prefixado, a utilização de sinalização não
por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), prevista neste Código.
§ 3º A responsabilidade pela instalação da sinalização nas VI. Gestos do agente de trânsito e do condutor.
vias internas pertencentes aos condomínios constituídos Mesmo observando o Art. 87, com seus 6 (seis) incisos, po-
por unidades autônomas e nas vias e áreas de estaciona- demos, doutrinariamente, dividir a sinalização de trânsito em
mento de estabelecimentos privados de uso coletivo é de 7 (sete) subsistemas que são extraídos do CTB. Veja o quadro
seu proprietário. resumo:
▷ Resolução do CONTRAN nº 550, de 17-09-15, esta-
Sistema de Sinalização de Trânsito
belece em caráter experimental conforme Resolução
do CONTRAN nº 348/10, que estabelece o procedi- Caráter
mento e os requisitos para apreciação dos equipa- Regulamentação
Imperativo
mentos de trânsito e de sinalização não previstos no
Art. 87, I
Código de Trânsito Brasileiro – CTB. - CTB - Advertência
Caráter aviso de
perigo
▷ Resolução do CONTRAN nº 348, de 17-5-2010: esta- Verticais
belece o procedimento e os requisitos para aprecia-
Caráter
ção dos equipamentos de trânsito e de sinalização Indicação
Informativo
não previstos no Código de Trânsito Brasileiro - CTB.
Art. 81. Nas vias públicas e nos imóveis é proibido colocar Art. 87, II
luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobiliário que - CTB - Pinturas: longitudinais, delimitadoras canal-
Horizontal ização e inscrições do pavimento
possam gerar confusão, interferir na visibilidade da sinali-
zação e comprometer a segurança do trânsito.
Art. 87, III -
Art. 82. É proibido afixar sobre a sinalização de trânsito e CTB - disp.sinº Tachões/ Barreiras/ Cones
respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo de auxiliar
publicidade, inscrições, legendas e símbolos que não se
relacionem com a mensagem da sinalização. Art. 87,
IV - CTB - Semáfaros/ Painéis Luminosos
Art. 83. A afixação de publicidade ou de quaisquer legendas
Luminosos
ou símbolos ao longo das vias condiciona-se à prévia apro-
vação do órgão ou entidade com circunscrição sobre a via.
Art. 84. O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição Art. 87, V - Silvos/ Apitos
CTB - Sonoros
sobre a via poderá retirar ou determinar a imediata retirada
de qualquer elemento que prejudique a visibilidade da sina-
lização viária e a segurança do trânsito, com ônus para quem

Ş
ŝ#-ŝŦ
Art. 87, VI -
o tenha colocado. Agente/ Condutor
CTB - Gestos
Art. 85. Os locais destinados pelo órgão ou entidade de
trânsito com circunscrição sobre a via à travessia de pe-
Art. 89, Par.
destres deverão ser sinalizados com faixas pintadas ou Único - CTB Cavaletes/ Placa (cor laranja) de
demarcadas no leito da via. Obras Caráter temporário ou transitório
Art. 86. Os locais destinados a postos de gasolina, oficinas,
estacionamentos ou garagens de uso coletivo deverão ter
suas entradas e saídas devidamente identificadas, na forma
Sinalização Vertical
regulamentada pelo CONTRAN. Placas de Regulamentação
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
Art. 86-A. As vagas de estacionamento regulamentado de Constitui infração de trânsito somente o desrespeito à
que trata o inciso XVII do Art. 181 desta Lei deverão ser sina- sinalização de regulamentação. O infrator será autuado e, a
lizadas com as respectivas placas indicativas de destinação depender da transgressão, responderá por uma infração leve,
e com placas informando os dados sobre a infração por es- média, grave ou gravíssima. As placas de regulamentação têm
tacionamento indevido. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) a função imperativa de PROIBIR, OBRIGAR e RESTRINGIR.
▷ Resolução do CONTRAN nº 38, de 22-5-1998: regula- Por padrão, elas têm o formato circular com cor de fundo
menta o Art. 86 do Código de Trânsito Brasileiro, que branca e orla externa vermelhas, com inscrições em preto. Es-
dispõe sobre a identificação das entradas e saídas de tas placas sempre iniciarão com a letra “R” (podemos associar a
postos de gasolina e de abastecimento de combustí- regulamentação) e em seguida um número, para facilitar a iden-
veis, oficinas, estacionamentos e/ou garagens de uso tificação.
coletivo. O anexo II apresenta duas exceções de formato, sendo
Art. 87. Os sinais de trânsito classificam-se em: uma a R-1 (octogonal) que significa parada obrigatória e R-2
I. Verticais; (triangular) que significa de a preferência.
II. Horizontais; O motivo dessas exceções é que outros usuários da via
III. Dispositivos de sinalização auxiliar; também saibam do conteúdo de sua regulamentação dada a
IV. Luminosos; sua importância, mesmo se aproximando de um cruzamento, 669
V. Sonoros; no sentido contrário do fluxo desta via.
Placas de Advertência Art. 181, XIII. Proíbe o estacionamento do veículo onde
670 houver sinalização horizontal delimitadora de ponto de
As placas de advertência não obrigam e nem proíbem
nada. Sua função é simplesmente de ALERTAR e dar aos usuá- embarque e desembarque de passageiro de transporte
rios da via condições de potencial perigo. coletivo - MÉDIA;
O formato é o quadrado, porém é colocada de uma forma Art. 182, VI. Proíbe a parada do veículo sobre faixa destinada
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

inclinada, justamente para chamar a atenção. A cor de fundo é a pedestres e marcas de canalização-LEVE;
amarela com orla interna preta e externa amarela e inscrições/ Art. 182, VII. Proíbe a parada do veículo na área de cruza-
caracteres em preto.
mento de vias- MÉDIA;
Estas placas são chamadas de “A” (podemos associar “A”
de advertência) seguidas de um número que as identifica. Art. 185, I. Quando o veículo estiver em movimento, deixar
ї Existem duas exceções no formato: de conservá-lo na faixa a ele destinada (ultrapassagem e
passagem) - MÉDIA;
▷ Placa A-26 a - sentido único - formato retangular
▷ Placa A-26 b - sentido duplo - formato retangular Art. 193. Proíbe o trânsito em ciclovias e ciclofaixas e mar-
▷ Placa A-41 - cruz de Santo André - adverte o con- cas de canalização - GRAVISSIMA x 3;
dutor da existência, no local de um cruzamento, de Art. 203, II. Ultrapassar na contramão nas faixas de pe-
linha férrea em nível. destre - GRAVÍSSIMA; Fator multiplicativo de “X5”
ї Existe ainda uma exceção com relação à cor de fundo de Art. 203, V. Proíbe a ultrapassagem pela contramão onde
uma placa de advertência:
houver linha de divisão de fluxos opostos do tipo linha
▷ Placa “A” - Na sinalização de obras, o fundo e a orla
Ş
ŝ#-ŝŦ

dupla contínua ou simples contínua amarela - GRAVÍSSI-


externa devem ser na cor laranja.
MA;Fator multiplicativo de “X5”
Placas de Indicação Art. 206, I. Proíbe a operação de retorno em locais proibi-
As placas de indicação têm a função de MOSTRAR e dos pela sinalização (faixa pintada no pavimento amarela
ORIENTAR. Este grupo de placas tem uma divisão em subgru- contínua) - GRAVÍSSIMA;
pos, a saber: Art. 206, III. Proíbe a operação de retorno passando por
▷ Identificação de rodovias. cima de faixas de pedestres - GRAVÍSSIMA;
▷ Marcos quilométricos. Art. 207. Proíbe a operação de conversão à direita ou à es-
▷ Identificação de limites territoriais. querda em locais proibidos pela sinalização (faixa pintada
▷ Orientação de locais e distâncias. no pavimento amarela contínua) - GRAVE;

▷ Educativa. Art. 214, I. Não dar preferência de passagem a pedestre e


a veículo não motorizado que se encontre na faixa a ele
▷ Serviços Auxiliares.
destinada - GRAVÍSSIMA
▷ Atrativos turísticos.
Art. 88. Nenhuma via pavimentada poderá ser entregue Cores
após sua construção, ou reaberta ao trânsito após a reali- Apresentam-se em 5 (cinco) com Resolução:
zação de obras ou de manutenção, enquanto não estiver
▷ Amarela - regula o fluxo de veículos em sentido
devidamente sinalizada, vertical e horizontalmente, de
oposto, bem como os espaços proibidos para ope-
forma a garantir as condições adequadas de segurança
rações de parada e estacionamento e de carga e
na circulação.
descarga.
Parágrafo único. Nas vias ou trechos de vias em obras de-
verá ser afixada sinalização específica e adequada. ▷ Branca - regula o fluxo de veículos em mesmo sen-
tido, bem como os espaços permitidos para parada,
Sinalização Horizontal estacionamento e operações de carga e descarga.
São pinturas feitas no pavimento que servem para organi- ▷ Azul - regula os espaços destinados ao estaciona-
zar o fluxo dos veículos e orientar os demais usuários da via. mento de pessoas com necessidades especiais, e
Estas pinturas foram estipuladas pelo CONTRAN, através de também embarque e desembarque.
resoluções. ▷ Vermelha - proporciona contraste com o pavimen-
Neste subsistema, o descumprimento de algumas sinaliza- to, delimita ciclofaixas e ciclovias, linhas de marca-
ções horizontais pode gerar notificação. ção de cruzamento de rodocicloviário e símbolos de
Para facilitar o estudo, vamos relacionar alguns casos: socorro (cruz) no caso de estacionamento de farmá-
Art. 181, VIII. Proíbe o estacionamento do veículo sobre cias e hospitais.
faixas de pedestres, ciclofaixa e marcas de canalização - ▷ Preta - assim como a vermelha, proporciona con-
GRAVE; traste entre a pintura e o pavimento.
Classificação Pista dupla
Classificação da Sinalização Horizontal

Simples Contínua Sentidos


Longitudinal Opostos
(amarela) Canteiro central
Dupla Seccionada

Contínua e
Continua Mesmo Sentido seccionada
Somente simples
(branca)
Seccionada
Ou nas laterais (bordo da pista) nas cores amarela ou bran-
Continuada /
ca.
parada obrigatória ї Marcas transversais (MT): marcas que atravessam a
Retenção pista. Exemplos: faixas de pedestres, obstáculo transver-
Seccionada/ sal (lombada), faixa de estímulo à redução de velocidade.
dê a preferência
Amarela
Transversal
Zebrada Calçada
Travessia de
pedestre
Paralela

Estímulo à redução de velocidade Calçada


Amarela

Cruzamento Rodocicloviário

Ş
ŝ#-ŝŦ
Área de Conflito

Área de Cruzamento Calçada

Continuação da Classificação
Calçada
Separar fluxo de sentidos
opostos (Amarela)
Canalizador
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Separa Fluxo de mesmo ї Marcas de canalização (MC): servem para orientar, se-
sentido (Branca) parar, ordenar retorno, acelerar, desacelerar veículos.
DĂƌĐĂĚĞĂůƚĞƌŶąŶĐŝĂĚŽŵŽǀŝŵĞŶƚŽĚĞĨĂŝdžĂƐƉŽƌƐĞŶƟĚŽ
Principais funções
Amarela
Acomodar canteiro central

Proteção para área Aceleração desaceleração


de estacionamento
em ângulo Ilhas de canalização envolvendo obstáculos na pista
Ordenar movimento
^ĞŶƟĚŽjŶŝĐŽ
de retorno

ї Marcas longitudinais (ML): marcas que acompanham a


pista, ao centro, dividindo em fluxos de mesmo sentido, 671
ou sentidos opostos.
Quanto à cor, a mesma regra: amarela para sentidos opos- Calçada
672 tos e Branca para mesmo sentido.

ônibus
Amarela
ї Marcas de delimitação e controle de estacionamen-
to e/ou parada (MD): marcas que servem para delimi-
tar onde é:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Calçada

Opcional

ônibus
Amarela

Calçada
Calçada
ї Delimitadores - reforçam as marcas viárias. Para melho-
Estacionamento em áreas isoladas rar a percepção dos condutores com ou sem elementos
refletivos.
ůĞŵĞŶƚŽZĞŇĞƟǀŽ
Ş
ŝ#-ŝŦ

ї Canalizadores - afixados em série no pavimento.

Calçada
“Permitido parar ou estacionar” (marcação branca) ou,
“Proibido parar ou estacionar” (marcação amarela) ou, “Res-
trito parar ou estacionar”, no caso de estacionamento privati- Tartaruga
vo para serviço de saúde, e em casos de ciclofaixa ou ciclovias
(marcação vermelha). Vaga destinada a pessoas com necessi-
dades especiais (marcação azul).
ї Inscrição no pavimento (IP): orientam a operacionali-
zação da via, melhorando a visibilidade, para que os con-
Calota
dutores tenham tempo hábil para tomar atitudes seguras.

Tachinha
Retorno à
Siga em frente Vire à esquerda Vire à direita
direita

Tachão
Retorno à Siga em frente Siga em frente quebra mola
esquerda ou vire à direita ou vire à esquerda

Dispositivos de Sinalização Auxiliar


- Luminosos - Sonoros e Gestos
Estes dispositivos têm a função de chamar a atenção do
condutor para obstáculos na via, reduzindo, assim, a velocida- Tachão
de, aumentando a segurança e a proteção aos usuários da via.
São constituídos de formas e cores diversas, e agrupados de ї Sinalização de alerta - chamam a atenção dos conduto-
acordo com sua função, podendo ser: res para obstáculos na via que gerem risco, em potencial.
ї Uso temporário - Geralmente utilizados em obras no leito
da via.
Vista Frontal Vista Lateral

ї Luminosos - A mais comum é o semáforo, mas existem Ordem de Prevalência da Sinalização


outras. Art. 89. A sinalização terá a seguinte ordem de prevalência:
I. As ordens do agente de trânsito sobre as normas de
circulação e outros sinais;Art. 195 do CTB;
830 870
450

▷ Art. 6º, §§ 2º e 4º, da CTVV.


II. As indicações do semáforo sobre os demais sinais;
III. As indicações dos sinais sobre as demais normas
de trânsito.
Nivel do tereno Art. 90. Não serão aplicadas as sanções previstas neste
3660 3660 3660
Código por inobservância à sinalização quando esta for
insuficiente ou incorreta.

Ş
ŝ#-ŝŦ
§ 1º. O órgão ou entidade de trânsito com circunscrição
sobre a via é responsável pela implantação da sinalização,
respondendo pela sua falta, insuficiência ou incorreta co-
locação. Art. 51 do CTB
§ 2º. O CONTRAN editará normas complementares no que
se refere à interpretação, colocação e uso da sinalização.
▷ Resolução CONTRAN nº 180, de 21-02-07: aprova o
Volume I - Sinalização Vertical de Regulamentação,
Luz interminante do Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Da Engenharia de Tráfego
Assim como a sinalização deve atender parâmetros para
garantir a segurança e a padronização, deve também as obras,
que tem impacto direto no fluxo de uma via, ter sua parcela de
ї Proteção - Defensas metálicas ou concreto, podem ser responsabilidade com os efeitos causados com o tempo.
simples ou dupla. Neste capítulo, observar-se á, ainda, que operações e fis-
calização têm de se ater a todo um disposto legal, para que o
830 870

usuário da via não seja prejudicado em seu direito.


450

Art. 91. O CONTRAN estabelecerá as normas e regula-


mentos a serem adotados em todo o território nacional
quando da implementação das soluções adotadas pela
Engenharia de Tráfego, assim como padrões a serem
Nivel do tereno
praticados por todos os órgãos e entidades do Sistema
3660 3660 3660 Nacional de Trânsito. 673
▷ Art. 333 do CTB.
Art. 92. (VETADO) dimensão da obra ou do evento e o prejuízo causado
674 Art. 93. Nenhum projeto de edificação que possa transfor- ao trânsito.
mar-se em pólo atrativo de trânsito poderá ser aprovado § 4º. Ao servidor público responsável pela inobser-
sem prévia anuência do órgão ou entidade com circuns- vância de qualquer das normas previstas neste e nos
crição sobre a via e sem que do projeto conste área para Arts. 93 e 94, a autoridade de trânsito aplicará multa
estacionamento e indicação das vias de acesso adequadas. diária na base de cinquenta por cento do dia de ven-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

▷ Resolução do CONTRAN nº 302, de 18-12-2008: de- cimento ou remuneração devida enquanto permane-
fine e regulamenta as áreas de segurança e de esta- cer a irregularidade.
cionamentos específicos de veículos.
▷ Resolução do CONTRAN nº 390, de 11-08-2011: dispõe 3. 4. Dos Veículos
sobre a padronização dos procedimentos administra- Para que um veículo possa ser produzido ou importado
tivos na lavratura de auto de infração, na expedição de para o País, é necessário que atenda a padrões de segurança e
notificação de autuação e de notificação de penalidades que se tenha registro no SNT por meio do (RENAVAM) Regis-
por infrações de responsabilidade de pessoas físicas ou
tro Nacional de Veículos Automotores, para que possa receber
jurídicas, sem a utilização de veículos.
uma placa de identificação que o acompanhará até sua baixa
Art. 94. Qualquer obstáculo à livre circulação e à segu-
rança de veículos e pedestres, tanto na via quanto na definitiva, sendo vedado o reaproveitamento em outro veículo.
calçada, caso não possa ser retirado, deve ser devida e Assim, o capítulo IX do CTB especifica os veículos com suas
imediatamente sinalizado. classificações, finalidades e equipamentos de segurança indis-
▷ Art. 95, § 4º, do CTB; pensáveis.
Ş
ŝ#-ŝŦ

Parágrafo único. É proibida a utilização das ondulações Todos os veículos são classificados no Art. 96 e seguintes
transversais e de sonorizadores como redutores de velo- do CTB.
cidade, salvo em casos especiais definidos pelo órgão ou Sendo assim, vejamos o texto do CTB e, na sequência, al-
entidade competente, nos padrões e critérios estabeleci- guns quadros resumo.
dos pelo CONTRAN.
▷ Art. 334 do CTB. Classificação de Veículos - Art. 96 CTB
▷ Resolução do CONTRAN n.º 600 de 24-05-2016, es-
tabelece os padrões e critérios para a instalação de
ondulação transversal (lombada física) em vias pú- Espécie - INC II
Tração - INC I Categoria -
blicas, disciplinada pelo parágrafo único do art. 94 INC III
do Código de Trânsito Brasileiro e proíbe a utilização
de tachas, tachões e dispositivos similares implanta- a) passageiro
a) automotor
dos transversalmente à via pública. a) oficial
Art. 95. Nenhuma obra ou evento que possa perturbar ou b) carga
interromper a livre circulação de veículos e pedestres, ou b) elétrico b) repre.
colocar em risco sua segurança, será iniciada sem permis- diplom.
são prévia do órgão ou entidade de trânsito com circuns- c) misto
crição sobre a via. c) pro.
humana
▷ Arts. 21, IX, e 24, IX, do CTB; c) particular
▷ Resolução do CONTRAN nº 371, de 10-12-2010: apro- d) competição
va o Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito, d) tração d) aluguel
Volume I - Infrações de competência municipal, in- animal e) tração
cluindo as concorrentes dos órgãos e entidades es-
taduais de trânsito e rodoviários. e) aprendiza-
e) rebo./ gem
§ 1º. A obrigação de sinalizar é do responsável pela execu- semirrebo- f) especial
ção ou manutenção da obra ou do evento. que
§ 2º. Salvo em casos de emergência, a autoridade de trân- g) coleção
sito com circunscrição sobre a via avisará a comunidade,
por intermédio dos meios de comunicação social, com
quarenta e oito horas de antecedência, de qualquer inter- Da Classificação dos Veículos
dição da via, indicando-se os caminhos alternativos a serem Art. 96. Os veículos classificam-se em:
utilizados.
§ 3º O descumprimento do disposto neste artigo será Quanto à Tração
punido com multa de R$ 81,35 (oitenta e um reais e I. Quanto à tração:
trinta e cinco centavos) a R$ 488,10 (quatrocentos e a) Automotor;
oitenta e oito reais e dez centavos), independente- b) Elétrico;
mente das cominações cíveis e penais cabíveis, além
de multa diária no mesmo valor até a regularização c) De propulsão humana;
da situação, a partir do prazo final concedido pela au- d) De tração animal;
toridade de trânsito, levando-se em consideração a e) Reboque ou semirreboque;
5. Caminhonete;
Classificação de veículos Todo veículo que circule com
seus(s) motor (es) próprio(s) 6. Caminhão;
- Art. 96 CTB
e que consome algum tido de 7. Reboque ou semirreboque;
combustível - serve para deslo-
camento viários inclusive conta- 8 - Carroça;
Tração - inc I tados a linhas elétricas - trólebus 9 - Carro de mão;
e bondes, estes sobre trilhos.
Excluem-se deste conceito os c) Misto:
trens e metrôs e qualquer tipo
de composição similar a estas
1 - Camioneta;
a) automotor
duas ultimas citadas. 2 - Utilitário;
3 - Outros;
É uma classificação que o CTB
b) elétrico não apresenta conceituação
De Competição;
mais elaborada, porém pode- e) De Tração:
mos concluir que o legislador e o
CONTRAN previram a possibili-
1 - Caminhão-trator;
c) propulsão Humana dade de Registro, Licenciamento 2 - Trator de rodas;
destes veículos, bem como
Habilitação de seus conduto- 3 - Trator de esteiras;
res. Arts. 120,130,140 res. do 4 - Trator misto;
d) tração animal COTRAN nº 444 de 25-06-13
Especial;
No anexo I, temos a previsão g) De coleção;
da Bicicleta/Carro de Mão/
e) rebo. /semirreboque Ciclo. Existe previsão no CTB de Classificação e Veículos - Art. 96 CTB
regulamentação municipal, logi-
camente desde que o municipio
tenha efetivado sua integração
Espécie - inciso II
ao SNT através de pedido ao
Não de deslocam DENATRAN e seja autorizado
sozinhos necessitando por este a criação daquele órgão
sempre de outros executivo de trânsito municipal. Bicicleta, ciclomotor, motoneta, motocicle-
veículos para tracioná- Art. 24, XVII e XVIII e Art. 129 ta, triciclo, quadriciclo, bonde, semirrebo-
-los; Unidade tratora+ a) passageiro
que/reboque, charrete. Exclusivamente:
reboque engatado = Veí- automóvel/micro-ônibus/ ônibus.
culo conjugado. Unidade No anexo I, temos as seguintes
tratora + Semirreboqure previsões: Carroças - destinados
Apoiado = Veículo a transportar Carga, e Charretes Motoneta, motocicleta, triciclo, quadriciclo
Articulado - destinadas a transportar e reboque /semirreboque. Exclusivamen-

Ş
ŝ#-ŝŦ
pessoas e bagagens. Seguem b) carga
te: carroça, carro de mão, caminhonete,
a mesma regra com relação caminhão.
a municipalização e devida
regulamentação. Art. 24, XVII e
XVIII e Art. 129.
Caminhoneta (pass.+carga), utilitário (Off
c) misto Road), outros Ex.: Veículos ( Funerária,
Quanto à Espécie Ambulância, Viaturas).
II. Quanto à espécie:
a) De passageiros: Art. 110 CTB - Res. do CONTRAN nº 292
1. Bicicleta; d) competição
veículo que circulavam nas vias e foram al-
terado para competir, e veículos protótipos
2. Ciclomotor; criados para competir( Ex. Fórmula 1).
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

3. Motoneta;
4. Motocicleta; Caminhão trator, trator Art. 144 CTB e
5. Triciclo; e) tração 115 §4º, de rodas de esteiras e misto Res.
CONTRAN nº 281 e 14.
6. Quadriciclo;
7. Automóvel;
8. Micro-ônibus; Lei nº 12.452/11 - Trailer e Motor -
f) especial
casa (automotor).
9. Ônibus;
10. Bonde;
Res. CONTRAN nº 127 de 21/08/01 mais
11. Reboque ou semirreboque; de 30 anos de fabricação - ostenta valor
12. Charrete; g) coleção histórico - conserva características originais
e o pleno funcionamento dos equipamentos
b) De carga: de segurança fabricados.
1. Motoneta;
2. Motocicleta; Quanto à Categoria
3. Triciclo; III. Quanto à categoria: 675
4. Quadriciclo; a) Oficial;
b) De representação diplomática, de reparti- ▷ Resolução do CONTRAN nº 479, de 20 de março de
676 ções consulares de carreira ou organismos interna- 2014 altera o Art. 6º da Resolução CONTRAN nº
cionais acreditados junto ao Governo brasileiro; 292, de 09 de agosto de 2008, que dispõe sobre
c) Particular; modificações de veículos previstas nos Arts. 98 e
106 da Lei nº 9503, de 23 de setembro de 1997, que
d) De aluguel; instituiu o Código de Trânsito Brasileiro.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

e) De aprendizagem. Art. 98. Nenhum proprietário ou responsável po-


derá, sem prévia autorização da autoridade compe-
Classificação de veículos - tente, fazer ou ordenar que sejam feitas no veículo
Art. 96 CTB
modificações de suas características de fábrica.
Parágrafo único. Os veículos e motores novos ou usa-
dos que sofrerem alterações ou conversões são obri-
Categoria - inciso III
gados a atender aos mesmos limites e exigências de
emissão de poluentes e ruído previstos pelos órgãos
a) oficial ambientais competentes e pelo CONTRAN, cabendo à
entidade executora das modificações e ao proprietário
b) representação Diplomática, de repartição consular do veículo a responsabilidade pelo cumprimento das
de carreiras ou de organismos internacionais acredi- exigências.
tados junto ao Governo brasileiro ▷ Art. 230 do CTB.
Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias terrestres
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c) particular o veículo cujo peso e dimensões atenderem aos limites


estabelecidos pelo CONTRAN.
▷ Art. 231 do CTB.
d) aluguel
§ 1º O excesso de peso será aferido por equipamento
de pesagem ou pela verificação de documento fiscal,
e) aprendizagem
na forma estabelecida pelo CONTRAN.
§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites de
peso bruto total e peso bruto transmitido por eixo de
Cor veículos à superfície das vias, quando aferido por equi-
Categoria do Veículo Placa e Tarjeta pamento, na forma estabelecida pelo CONTRAN.
Fundo Caracteres § 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados na
Particular Cinza Preto pesagem de veículos serão aferidos de acordo com a
Aluguel Vermelho Branco metodologia e na periodicidade estabelecidas pelo
Experiência/Fabricante Verde Branco CONTRAN, ouvido o órgão ou entidade de metrolo-
Aprendizagem Branco Vermelho gia legal.
Coleção Preto Cinza Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de veículos
Oficial Branco Preto poderá transitar com lotação de passageiros, com peso
Missão Diplomática Azul Branco bruto total, ou com peso bruto total combinado com
Corpo Consular Azul Branco peso por eixo, superior ao fixado pelo fabricante, nem
ultrapassar a capacidade máxima de tração da unidade
Organismo Internacional Azul Branco
tratora.
Corpo Diplomático Azul Branco § 1º Os veículos de transporte coletivo de passageiros
Organismo Consular/Internacional Azul Branco poderão ser dotados de pneus extralargos.
Acordo Cooperação Internacional Azul Branco § 2º O Contran regulamentará o uso de pneus extralar-
Representação Preto Dourado gos para os demais veículos.
§ 3º É permitida a fabricação de veículos de transporte
Art. 97. As características dos veículos, suas especifica- de passageiros de até 15 m (quinze metros) de compri-
ções básicas, configuração e condições essenciais para mento na configuração de chassi 8x2.
registro, licenciamento e circulação serão estabeleci- ▷ Art. 231, V, VII e X, do CTB.
das pelo CONTRAN, em função de suas aplicações. Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos utiliza-
▷ Resolução do CONTRAN nº 210 de 13-11-06: estabe- do no transporte de carga indivisível, que não se en-
lece os limites de peso e dimensões para veículos quadre nos limites de peso e dimensões estabelecidos
que transitem por vias terrestres e dá outras provi- pelo CONTRAN, poderá ser concedida, pela autoridade
com circunscrição sobre a via, autorização especial de
dências. trânsito, com prazo certo, válida para cada viagem,
▷ Resolução do CONTRAN nº 381 de 28-04-11: referen- atendidas as medidas de segurança consideradas ne-
dar a Deliberação nº 108, de 23 de março de 2011, cessárias.
que altera o Art. 7º da Resolução CONTRAN nº 211, de ▷ Art. 231, IV e VI, do CTB.
13 de novembro de 2006, que tratam dos requisitos § 1º A autorização será concedida mediante requeri-
necessários à circulação de Combinações de Veícu- mento que especificará as características do veículo ou
los de Carga - CVC, a que se referem os Arts. 97, 99 e combinação de veículos e de carga, o percurso, a data
314 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB. e o horário do deslocamento inicial.
§ 2º A autorização não exime o beneficiário da responsa- I. Cinto de segurança, conforme regulamentação
bilidade por eventuais danos que o veículo ou a combi- específica do CONTRAN, com exceção dos veículos
nação de veículos causar à via ou a terceiros. destinados ao transporte de passageiros em per-
§ 3º Aos guindastes autopropelidos ou sobre cami- cursos em que seja permitido viajar em pé;
nhões poderá ser concedida, pela autoridade com cir- ▷ Resolução do CONTRAN nº 48 de 21-05-1998: es-
cunscrição sobre a via, autorização especial de trânsito, tabelece requisitos de instalação e procedimentos
com prazo de seis meses, atendidas as medidas de se- para ensaios de cintos de segurança.
gurança consideradas necessárias. II. Para os veículos de transporte e de condução
Art. 102. O veículo de carga deverá estar devidamente escolar, os de transporte de passageiros com mais
equipado quando transitar, de modo a evitar o derra- de dez lugares e os de carga com peso bruto to-
mamento da carga sobre a via. tal superior a quatro mil, quinhentos e trinta e seis
Parágrafo único. O CONTRAN fixará os requisitos míni- quilogramas, equipamento registrador instantâneo
mos e a forma de proteção das cargas de que trata este inalterável de velocidade e tempo;
Art., de acordo com a sua natureza. ▷ Resolução do CONTRAN nº 406, de 12-06-2012: alte-
Art. 103. O veículo só poderá transitar pela via quando ra a Resolução nº 92, de 4 de maio de 1999, que dis-
atendidos os requisitos e condições de segurança es-
tabelecidos neste Código e em normas do CONTRAN. põe sobre requisitos técnicos mínimos do registra-
§ 1º Os fabricantes, os importadores, os montadores e dor instantâneo e inalterável de velocidade e tempo.
os encarroçadores de veículos deverão emitir certificado III. Encosto de cabeça, para todos os tipos de veí-
de segurança, indispensável ao cadastramento no RE- culos automotores, segundo normas estabelecidas
NAVAM, nas condições estabelecidas pelo CONTRAN. pelo CONTRAN;
§ 2º O CONTRAN deverá especificar os procedimentos e a IV. (VETADO)
periodicidade para que os fabricantes, os importadores, V. Dispositivo destinado ao controle de emissão de
os montadores e os encarroçadores comprovem o aten- gases poluentes e de ruído, segundo normas estabe-
dimento aos requisitos de segurança veicular, devendo, lecidas pelo CONTRAN.
para isso, manter disponíveis a qualquer tempo os resul-
tados dos testes e ensaios dos sistemas e componentes VI. Para as bicicletas, a campainha, sinalização notur-
abrangidos pela legislação de segurança veicular. na dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho
Art. 104. Os veículos em circulação terão suas condições retrovisor do lado esquerdo.
de segurança, de controle de emissão de gases poluentes ▷ Resolução do CONTRAN nº 46 de 21-5-1998: esta-
e de ruído avaliadas mediante inspeção, que será obriga- belece os equipamentos de segurança obrigatórios
tória, na forma e periodicidade estabelecidas pelo CON- para as bicicletas.
TRAN para os itens de segurança e pelo CONAMA para VII. Equipamento suplementar de retenção air bag
emissão de gases poluentes e ruído. frontal para o condutor e o passageiro do banco
§ 1º (VETADO) dianteiro. (Incluído pela Lei nº 11.910, de 2009)

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§ 2º (VETADO) ▷ Resolução do CONTRAN nº 534, de 17-06-2015, a
§ 3º (VETADO) qual dispõe sobre a obrigatoriedade do uso do
§ 4º (VETADO) sistema antitravamento das rodas – ABS.
§ 5º Será aplicada a medida administrativa de retenção § 1º O CONTRAN disciplinará o uso dos equipamentos
aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na obrigatórios dos veículos e determinará suas especifi-
de emissão de gases poluentes e ruído. cações técnicas.
§ 6º Estarão isentos da inspeção de que trata o caput, § 2º Nenhum veículo poderá transitar com equipa-
durante 3 (três) anos a partir do primeiro licenciamen- mento ou acessório proibido, sendo o infrator sujeito
to, os veículos novos classificados na categoria parti- às penalidades e medidas administrativas previstas
cular, com capacidade para até 7 (sete) passageiros,
desde que mantenham suas características originais neste Código.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

de fábrica e não se envolvam em acidente de trânsito § 3º Os fabricantes, os importadores, os montadores,


com danos de média ou grande monta. os encarroçadores de veículos e os revendedores de-
§ 7º Para os demais veículos novos, o período de que vem comercializar os seus veículos com os equipamen-
trata o § 6º será de 2 (dois) anos, desde que mante- tos obrigatórios definidos neste Art., e com os demais
nham suas características originais de fábrica e não se estabelecidos pelo CONTRAN.
envolvam em acidente de trânsito com danos de média § 4º O CONTRAN estabelecerá o prazo para o atendi-
ou grande monta. mento do disposto neste artigo.
▷ Resolução do CONTRAN nº 379, de 06-04-2011: § 5º A exigência estabelecida no inciso VII do caput
dispõe inspeção técnica nos veículos utilizados no deste Art. será progressivamente incorporada aos no-
transporte rodoviário internacional de cargas e pas- vos projetos de automóveis e dos veículos deles deri-
sageiros. vados, fabricados, importados, montados ou encarro-
Art. 105. São equipamentos obrigatórios dos veículos, en- çados, a partir do 1º (primeiro) ano após a definição
tre outros a serem estabelecidos pelo CONTRAN: pelo CONTRAN das especificações técnicas pertinentes
▷ Resolução do CONTRAN nº 348, de 17-05-2010: esta- e do respectivo cronograma de implantação e a partir
belece o procedimento e os requisitos para aprecia- do 5º (quinto) ano, após esta definição, para os demais
ção dos equipamentos de trânsito e de sinalização automóveis zero quilômetro de modelos ou projetos já 677
não previstos no Código de Trânsito Brasileiro - CTB. existentes e veículos deles derivados.
§ 6º A exigência estabelecida no inciso VII do caput II. O uso de cortinas, persianas fechadas ou simi-
678 deste artigo não se aplica aos veículos destinados à lares nos veículos em movimento, salvo nos que
exportação. possuam espelhos retrovisores em ambos os lados.
Art. 106. No caso de fabricação artesanal ou de mo- ▷ Art. 230, XVII, do CTB.
dificação de veículo ou, ainda, quando ocorrer substi-
III. Aposição de inscrições, películas refletivas ou não,
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

tuição de equipamento de segurança especificado pelo


painéis decorativos ou pinturas, quando comprometer a
fabricante, será exigido, para licenciamento e registro,
segurança do veículo, na forma de regulamentação do
certificado de segurança expedido por instituição téc-
CONTRAN Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998.
nica credenciada por órgão ou entidade de metrologia
legal, conforme norma elaborada pelo CONTRAN. ▷ Art. 230 XVI, do CTB.
▷ Resolução do CONTRAN nº 232, de 30-03-2007: esta- ▷ Resolução do CONTRAN nº 386 dá nova reda-
belece procedimentos para a prestação de serviços por ção aos Arts. 4º e 5º da Resolução CONTRAN nº
Instituição Técnica Licenciada (ITL) e Entidade Técnica 254/2007, que estabelece requisitos para os vi-
Pública ou Paraestatal (ETP), para emissão do Certifica- dros de segurança e critérios para aplicação de
do de Segurança Veicular (CSV), de que trata o Art. 106 inscrições, pictogramas e películas nas áreas en-
do Código de Trânsito Brasileiro.
vidraçadas dos veículos automotores, de acordo
▷ Resolução do CONTRAN nº 292, de 29-8-2008: dis- com o inciso III, do Art. 111 do CTB.
põe sobre modificações de veículos, previstas nos
Arts. 98 e 106 da Lei nº 9503, de 23 de setembro de Parágrafo único. É proibido o uso de inscrição de caráter
1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro e publicitário ou qualquer outra que possa desviar a aten-
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dá outras providências. ção dos condutores em toda a extensão do pára-brisa e


Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao trans- da traseira dos veículos, salvo se não colocar em risco a
porte individual ou coletivo de passageiros, deverão segurança do trânsito.
satisfazer, além das exigências previstas neste Código, ▷ Art. 230, XV, do CTB.
às condições técnicas e aos requisitos de segurança, hi- Art. 113. Os importadores, as montadoras, as encarro-
giene e conforto estabelecidos pelo poder competente çadoras e fabricantes de veículos e autopeças são res-
para autorizar, permitir ou conceder a exploração des- ponsáveis civil e criminalmente por danos causados aos
sa atividade. usuários, a terceiros, e ao meio ambiente, decorrentes de
Art. 108. Onde não houver linha regular de ônibus, a falhas oriundas de projetos e da qualidade dos materiais
autoridade com circunscrição sobre a via poderá au- e equipamentos utilizados na sua fabricação.
torizar, a título precário, o transporte de passageiros
em veículo de carga ou misto, desde que obedecidas Da Identificação do Veículo
às condições de segurança estabelecidas neste Código Este é um vasto assunto na legislação. A placa é um ele-
e pelo CONTRAN. mento de identificação externa que, ao mesmo tempo em que
Parágrafo único. A autorização citada no caput não po- individualiza o veículo tem, também, a finalidade de fazer um
derá exceder a doze meses, prazo a partir do qual a au- link entre o proprietário e os órgãos do SNT.
toridade pública responsável deverá implantar o serviço Por este motivo, os concursos públicos têm cobrado este
regular de transporte coletivo de passageiros, em conf conhecimento com bastante frequência.
ormidade com a legislação pertinente e com os dispo- Existem também outros números de identificação interna,
sitivos deste Código. Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998. gravados no chassi ou monobloco, bem como em peças e de-
▷ Art. 109. O transporte de carga em veículos destina- mais agregados. O número do chassi, por sua vez, é subdividido
dos ao transporte de passageiros só pode ser reali- em três partes, a saber:
zado de acordo com as normas estabelecidas pelo
Curiosidade: o nome da Fonte que é utilizada nas placas de
CONTRAN.
identificação externa dos veículos, no Brasil chama-se MAN-
▷ Resolução do CONTRAN nº 349 de 17-05-2010: dis- DATORY.
põe sobre o transporte eventual de cargas ou de Entendendo o chassi
bicicletas nos veículos classificados nas espécies au-
Carroceria (H = Hatch)
tomóvel, caminhonete, camioneta e utilitário. Motorização (E = 1,8 turbo / 180cv)


Equipamentos de segurança(2 = ABS
Art. 248 do CTB. e airbags para motorista e passageiros)
Ano de fabricação (X = 2002)
Art. 110. O veículo que tiver alterada qualquer de suas Local de fabricação
(4 = São José dos Pinhais)
características para competição ou finalidade análoga
* 9 B WH E 2 1 J X2 4 0 60 96 0 *
só poderá circular nas vias públicas com licença espe- ŝŐŝƚŽǀĞƌŝĮĐĂĚŽƌ
cial da autoridade de trânsito, em itinerário e horário (Controle interno) Número de série
Modelo ( 1 J = Golf) do carro (060960)
fixados.
Fabricante (W = Volkswagen)
Art. 111. É vedado, nas áreas envidraçadas do veículo: País de Origem (B = Brasil)

I. (VETADO) ZĞŐŝĆŽŐĞŽŐƌĄĮĐĂ;ϵсŵĠƌŝĐĂĚŽ^ƵůͿ
ї Vejamos a previsão do texto legal, bem como as reso- cutar trabalhos de construção ou de pavimentação são
luções pertinentes: sujeitos ao registro na repartição competente, se tran-
Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente sitarem em via pública, dispensados o licenciamento e
por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, o emplacamento.
reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
CONTRAN. § 4º-A. Os tratores e demais aparelhos automotores
▷ Resolução do CONTRAN nº 24 de 21-5-1998: estabe- destinados a puxar ou a arrastar maquinaria agrícola
lece o critério de identificação de veículos; ou a executar trabalhos agrícolas, desde que faculta-
▷ Resolução do CONTRAN nº 332, de 28-09-2009: dos a transitar em via pública, são sujeitos ao registro
dispõe sobre identificações de veículos importados único, sem ônus, em cadastro específico do Ministério
por detentores de privilégios e imunidades em todo da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acessível
o território nacional. aos componentes do Sistema Nacional de Trânsito.
▷ Resolução do CONTRAN nº 433, de 23-01-2013: alte- (Redação dada pela Lei nº 13.154, de 2015)
ra a Resolução nº 412, de 09 de agosto de 2012, que § 5º O disposto neste artigo não se aplica aos veículos
dispõe sobre a implantação do Sistema Nacional de de uso bélico.
Identificação Automática de Veículos - SINIAV. § 6º Os veículos de duas ou três rodas são dispensados
§ 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou mon- da placa dianteira.
tador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e § 7º Excepcionalmente, mediante autorização específica
as suas características, além do ano de fabricação, que e fundamentada das respectivas corregedorias e com a
não poderá ser alterado. devida comunicação aos órgãos de trânsito competen-
§ 2º As regravações, quando necessárias, dependerão tes, os veículos utilizados por membros do Poder Judi-
de prévia autorização da autoridade executiva de trân- ciário e do Ministério Público que exerçam competência
sito e somente serão processadas por estabelecimento ou atribuição criminal poderão temporariamente ter
por ela credenciado, mediante a comprovação de pro-
priedade do veículo, mantida a mesma identificação placas especiais, de forma a impedir a identificação de
anterior, inclusive o ano de fabricação. seus usuários específicos, na forma de regulamento a ser
§ 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permis- emitido, conjuntamente, pelo Conselho Nacional de Jus-
são da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou orde- tiça - CNJ, pelo Conselho Nacional do Ministério Público -
nar que se faça, modificações da identificação de seu CNMP e pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN.
veículo. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
Art. 115. O veículo será identificado externamente por § 8° Os veículos artesanais utilizados para trabalho agrí-
meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada cola (jericos), para efeito do registro de que trata o § 4°
em sua estrutura, obedecidas as especificações e mo- -A, ficam dispensados da exigência prevista no Art. 106.
delos estabelecidos pelo CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)

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▷ Resolução do CONTRAN nº 231, de 15-03-2007: es- § 9º As placas que possuírem tecnologia que permita
tabelece o Sistema de Placas de Identificação de a identificação do veículo ao qual estão atreladas são
Veículos. dispensadas da utilização do lacre previsto no caput, na
§ 1º Os caracteres das placas serão individualizados forma a ser regulamentada pelo Contran.
para cada veículo e o acompanharão até a baixa do re- Art. 116. Os veículos de propriedade da União, dos Es-
gistro, sendo vedado seu reaproveitamento. tados e do Distrito Federal, devidamente registrados
§ 2º As placas com as cores verde e amarela da Bandeira e licenciados, somente quando estritamente usados
Nacional serão usadas somente pelos veículos de repre- em serviço reservado de caráter policial, poderão usar
sentação pessoal do Presidente e do Vice-Presidente placas particulares, obedecidos os critérios e limites
da República, dos Presidentes do Senado Federal e da estabelecidos pela legislação que regulamenta o uso
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Câmara dos Deputados, do Presidente e dos Ministros de veículo oficial.


do Supremo Tribunal Federal, dos Ministros de Estado, Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os coletivos
do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da de passageiros deverão conter, em local facilmente visí-
República. vel, a inscrição indicativa de sua tara, do peso bruto total
§ 3º Os veículos de representação dos Presidentes dos Tri- (PBT), do peso bruto total combinado (PBTC) ou capaci-
bunais Federais, dos Governadores, Prefeitos, Secretários dade máxima de tração (CMT) e de sua lotação, vedado
Estaduais e Municipais, dos Presidentes das Assembleias o uso em desacordo com sua classificação.
Legislativas, das Câmaras Municipais, dos Presidentes dos ▷ Art. 230, XXI, do CTB.
Tribunais Estaduais e do Distrito Federal, e do respectivo
chefe do Ministério Público e ainda dos Oficiais Generais Dos Veículos em Circulação
das Forças Armadas terão placas especiais, de acordo com
os modelos estabelecidos pelo CONTRAN. Internacional
▷ Resolução do CONTRAN nº 275, de 25-04-2008: esta- Alguns países possuem, com o Brasil, tratados e acordos
belece modelo de placa para veículos de representação que permitem a circulação de veículos em seus territórios. Es-
de que trata este §3º. ses veículos devem sempre respeitar as normas de circulação
§ 4º Os aparelhos automotores destinados a puxar ou vigentes no país em que se encontrarem e ficará registrado o 679
a arrastar maquinaria de qualquer natureza ou a exe- seu período de permanência.
Art. 118. A circulação de veículo no território nacional, § 2º O disposto neste Art. não se aplica ao veículo de
680 independentemente de sua origem, em trânsito entre uso bélico.
o Brasil e os países com os quais exista acordo ou tra- ▷ Resolução do CONTRAN,nº 507 de 05-11-14: dispõe
tado internacional, reger-se-á pelas disposições deste sobre a formação de motorista de viatura militar
Código, pelas convenções e acordos internacionais ra- blindada das Forças Armadas e Auxiliares e dá ou-
tificados.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

tras providencias.
Art. 119. As repartições aduaneiras e os órgãos de ▷ Resolução do CONTRAN nº 797, de 16-05-1995: define
controle de fronteira comunicarão diretamente ao RE- a abrangência do termo “viatura militar”, para o SNT.
NAVAM a entrada e saída temporária ou definitiva de Art. 121. Registrado o veículo, expedir-se-á o Certifica-
veículos. do de Registro de Veículo - CRV de acordo com os mo-
§ 1º Os veículos licenciados no exterior não poderão delos e especificações estabelecidos pelo CONTRAN,
sair do território nacional sem o prévio pagamento contendo as características e condições de invulnera-
ou o depósito, judicial ou administrativo, dos valores bilidade à falsificação e à adulteração.
correspondentes às infrações de trânsito cometidas e ▷ Art. 311 do Dececreto-Lei nº 2.848/1940.
ao ressarcimento de danos que tiverem causado ao
patrimônio público ou de particulares, independente- Art. 122. Para a expedição do Certificado de Registro
mente da fase do processo administrativo ou judicial de Veículo o órgão executivo de trânsito consultará o
envolvendo a questão. cadastro do RENAVAM e exigirá do proprietário os se-
guintes documentos:
§ 2º Os veículos que saírem do território nacional sem o
cumprimento do disposto no § 1º e que posteriormente I. Nota fiscal fornecida pelo fabricante ou revende-
dor, ou documento equivalente expedido por auto-
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forem flagrados tentando ingressar ou já em circulação


no território nacional serão retidos até a regularização ridade competente;
da situação. II. Documento fornecido pelo Ministério das Rela-
Parágrafo único. Os veículos licenciados no exterior ções Exteriores, quando se tratar de veículo im-
não poderão sair do território nacional sem prévia qui- portado por membro de missões diplomáticas, de
tação de débitos de multa por infrações de trânsito e repartições consulares de carreira, de representa-
o ressarcimento de danos que tiverem causado a bens ções de organismos internacionais e de seus inte-
do patrimônio público, respeitado o princípio da reci- grantes.
procidade. Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certifi-
▷ Resolução do CONTRAN nº 382, de 02-06-2011: dis- cado de Registro de Veículo quando:
põe sobre notificação e cobrança de multa por infra- I. For transferida a propriedade;
ção de trânsito praticada com veículo licenciado no II. O proprietário mudar o Município de domicílio
exterior em trânsito no território nacional. ou residência;
III. For alterada qualquer característica do veículo;
Do Registro de Veículos IV. Houver mudança de categoria.
O registro veicular é a forma encontrada pelo legislador para ▷ Art. 233 do CTB.
individualizar a “propriedade do objeto”, dando, assim, um ca- § 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo
ráter de responsabilização por quaisquer formas de danos ou para o proprietário adotar as providências necessárias
infrações penais ou administrativas de trânsito destes bens. à efetivação da expedição do novo Certificado de Re-
A competência é do órgão Executivo de Trânsito da União gistro de Veículo é de trinta dias, sendo que nos demais
(DENATRAN) e é realizado por meio de delegação deste órgão casos as providências deverão ser imediatas.
aos Órgãos Executivos de Trânsito dos Estados (DETRAN) e do § 2º No caso de transferência de domicílio ou residên-
cia no mesmo Município, o proprietário comunicará o
Distrito Federal Detran/DF. novo endereço num prazo de trinta dias e aguardará o
Art. 120. Todo veículo automotor, elétrico, articulado, novo licenciamento para alterar o Certificado de Licen-
reboque ou semirreboque, deve ser registrado perante ciamento Anual.
o órgão executivo de trânsito do Estado ou do Distrito § 3º A expedição do novo certificado será comunicada
Federal, no Município de domicílio ou residência de seu ao órgão executivo de trânsito que expediu o anterior
proprietário, na forma da lei. e ao RENAVAM.
▷ Art. 230, V, do CTB. ▷ Resolução do CONTRAN n.º 466, de 11 de dezembro
§ 1º Os órgãos executivos de trânsito dos Estados e do de 2012, estabelece procedimentos para o exercício
Distrito Federal somente registrarão veículos oficiais da atividade de vistoria de identificação veicular.
de propriedade da administração direta, da União, dos Art. 124. Para a expedição do novo Certificado de
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de qual- Registro de Veículo serão exigidos os seguintes docu-
quer um dos poderes, com indicação expressa, por pin- mentos:
tura nas portas, do nome, sigla ou logotipo do órgão I. Certificado de Registro de Veículo anterior;
ou entidade em cujo nome o veículo será registrado, II. Certificado de Licenciamento Anual;
excetuando-se os veículos de representação e os pre- III. Comprovante de transferência de propriedade,
vistos no Art. 116. quando for o caso, conforme modelo e normas es-
▷ Art. 237, do CTB. tabelecidas pelo CONTRAN;
IV. Certificado de Segurança Veicular e de emissão Art. 127. O órgão executivo de trânsito competente só
de poluentes e ruído, quando houver adaptação ou efetuará a baixa do registro após prévia consulta ao ca-
alteração de características do veículo; dastro do RENAVAM.
V. Comprovante de procedência e justificativa da Parágrafo único. Efetuada a baixa do registro, deverá
propriedade dos componentes e agregados adap-
tados ou montados no veículo, quando houver al- ser esta comunicada, de imediato, ao RENAVAM.
teração das características originais de fábrica; Art. 128. Não será expedido novo Certificado de Re-
▷ Resolução do CONTRAN nº 325, de 17-07-2009: gistro de Veículo enquanto houver débitos fiscais e de
altera o prazo previsto no parágrafo 7º do Art. 1º multas de trânsito e ambientais, vinculadas ao veículo,
da Resolução CONTRAN nº 282/2008, que esta- independentemente da responsabilidade pelas infra-
belece critérios para a regularização de nume- ções cometidas.
ração de motores dos veículos registrados ou a Art. 129. O registro e o licenciamento dos veículos de
serem registrados no país. propulsão humana, dos ciclomotores e dos veículos de
VI. Autorização do Ministério das Relações Exte- tração animal obedecerão à regulamentação estabele-
riores, no caso de veículo da categoria de missões cida em legislação municipal do domicílio ou residên-
diplomáticas, de repartições consulares de carreira, cia de seus proprietários.
de representações de organismos internacionais e
de seus integrantes; Art. 129-A. O registro dos tratores e demais aparelhos
automotores destinados a puxar ou a arrastar maqui-
VII. Certidão negativa de roubo ou furto de veículo,
expedida no Município do registro anterior, que po- naria agrícola ou a executar trabalhos agrícolas será
derá ser substituída por informação do RENAVAM; efetuado, sem ônus, pelo Ministério da Agricultura,
VIII. Comprovante de quitação de débitos relativos Pecuária e Abastecimento, diretamente ou mediante
a tributos, encargos e multas de trânsito vincula- convênio. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015)
dos ao veículo, independentemente da responsa-
bilidade pelas infrações cometidas; Do Licenciamento
IX. Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998. Além do registro, para que os veículos possam trafegar, é
X. Comprovante relativo ao cumprimento do dis- necessária uma licença anual do Governo. Será emitido certi-
posto no Art. 98, quando houver alteração nas ficado ao veículo, depois da quitação dos débitos relativos a
características originais do veículo que afetem a tributos, encargos e multas de trânsito e ambientais, vincula-
emissão de poluentes e ruído; dos ao veículo, independentemente da responsabilidade pelas
XI. Comprovante de aprovação de inspeção veicular infrações cometidas.
e de poluentes e ruído, quando for o caso, conforme
Para otimizar o aprendizado, resumimos a leitura do
regulamentações do CONTRAN e do CONAMA.
▷ Resolução do CONTRAN nº 22 de 17-02-1998: esta- que está tipificado nos seguintes Arts: 115, §5º, 120, §2º e
130, § 1º, que nos ensina o seguinte: os veículos bélicos são

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belece, para efeito da fiscalização, forma para com-
provação do exame de inspeção veicular. os únicos veículos automotores que estão isentos do uso
Art. 125. As informações sobre o chassi, o monobloco, de placas de identificação, bem como do referido registro
os agregados e as características originais do veículo e do licenciamento.
deverão ser prestadas ao RENAVAM: Art. 130. Todo veículo automotor, elétrico, articulado,
I. Pelo fabricante ou montadora, antes da comer- reboque ou semirreboque, para transitar na via, deve-
cialização, no caso de veículo nacional; rá ser licenciado anualmente pelo órgão executivo de
II. Pelo órgão alfandegário, no caso de veículo im- trânsito do Estado, ou do Distrito Federal, onde estiver
portado por pessoa física; registrado o veículo.
III. Pelo importador, no caso de veículo importado ▷ Art. 230, V, do CTB.
por pessoa jurídica.
§ 1º O disposto neste Art. não se aplica a veículo de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Parágrafo único. As informações recebidas pelo RE-


NAVAM serão repassadas ao órgão executivo de trân- uso bélico.
sito responsável pelo registro, devendo este comunicar § 2º No caso de transferência de residência ou domi-
ao RENAVAM, tão logo seja o veículo registrado. cílio, é válido, durante o exercício, o licenciamento de
Art. 126. O proprietário de veículo irrecuperável, ou origem.
destinado à desmontagem, deverá requerer a bai- Art. 131. O Certificado de Licenciamento Anual será ex-
xa do registro, no prazo e forma estabelecidos pelo pedido ao veículo licenciado, vinculado ao Certificado
Contran, vedada a remontagem do veículo sobre o de Registro, no modelo e especificações estabelecidos
mesmo chassi de forma a manter o registro anterior. pelo CONTRAN.
(Redação dada pela Lei nº 12.977, de 2014). § 1º O primeiro licenciamento será feito simultanea-
Parágrafo único. A obrigação de que trata este Art. é mente ao registro.
da companhia seguradora ou do adquirente do veículo
destinado à desmontagem, quando estes sucederem § 2º O veículo somente será considerado licenciado
ao proprietário. estando quitados os débitos relativos a tributos, en-
▷ Art. 311 do Decreto-Lei nº 2.848/1940. cargos e multas de trânsito e ambientais, vinculados
▷ Resolução do CONTRAN nº 11, de 23-1-1998: estabe- ao veículo, independentemente da responsabilidade
lece critérios para a baixa de registro de veículos a pelas infrações cometidas. 681
que se refere bem como os prazos para efetivação. ▷ Súm. nº 127 do STJ.
§ 3º Ao licenciar o veículo, o proprietário deverá com- Da Condução de Escolares
682 provar sua aprovação nas inspeções de segurança vei-
Para a condução remunerada de escolares, é necessário
cular e de controle de emissões de gases poluentes e que o condutor cumpra alguns requisitos específicos, que são
de ruído, conforme disposto no Art. 104. inerentes à atividade. Por tal motivo, o CTB destina o capítulo
Art. 132. Os veículos novos não estão sujeitos ao licen- XIII especialmente a este assunto. Os condutores e seus veí-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

ciamento e terão sua circulação regulada pelo CON- culos devem obedecer a critérios mais rígidos de segurança.
TRAN durante o trajeto entre a fábrica e o Município Art. 136. Os veículos especialmente destinados à con-
de destino. dução coletiva de escolares somente poderão circular
§ 1º O disposto neste Art. aplica-se, igualmente, aos veí- nas vias com autorização emitida pelo órgão ou enti-
culos importados, durante o trajeto entre a alfândega ou dade executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
Federal, exigindo-se, para tanto:
entreposto alfandegário e o Município de destino.
▷ Art. 230, XX, e 329 do CTB.
Art. 133. É obrigatório o porte do Certificado de Licen-
I. Registro como veículo de passageiros;
ciamento Anual.
II. Inspeção semestral para verificação dos equipa-
Parágrafo único. O porte será dispensado quando, no mentos obrigatórios e de segurança;
momento da fiscalização, for possível ter acesso ao de-
III. Pintura de faixa horizontal na cor amarela, com
vido sistema informatizado para verificar se o veículo quarenta centímetros de largura, à meia altura, em
está licenciado. toda a extensão das partes laterais e traseira da
▷ Resolução do CONTRAN nº 205, de 20-10-2006: dis- carroçaria, com o dístico ESCOLAR, em preto, sen-
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põe sobre os documentos de porte obrigatório e dá do que, em caso de veículo de carroçaria pintada
outras providências. na cor amarela, as cores aqui indicadas devem ser
▷ Art. 232 do CTB. invertidas;
▷ Art. 237 do CTB.
Art. 134. No caso de transferência de propriedade, o
proprietário antigo deverá encaminhar ao órgão exe- IV. Equipamento registrador instantâneo inalterá-
vel de velocidade e tempo;
cutivo de trânsito do Estado dentro de um prazo de
▷ Resolução do CONTRAN nº 406, de 12-6-2012: alte-
30 (trinta dias), cópia autenticada do comprovante de
ra a Resolução nº 92, de 4 de maio de 1999, dispõe
transferência de propriedade, devidamente assinado e sobre requisitos técnicos mínimos do registrador
datado, sob pena de ter que se responsabilizar solidaria- instantâneo e inalterável de velocidade e tempo,
mente pelas penalidades impostas e suas reincidências conforme o Código de Trânsito Brasileiro.
até a data da comunicação. V. Lanternas de luz branca, fosca ou amarela dispos-
Parágrafo único. O comprovante de transferência de tas nas extremidades da parte superior dianteira e
propriedade de que trata o caput poderá ser substituí- lanternas de luz vermelha dispostas na extremidade
do por documento eletrônico, na forma regulamentada superior da parte traseira;
pelo Contran. (Incluído pela Lei nº 13.154, de 2015) VI. Cintos de segurança em número igual à lotação;
VII. Outros requisitos e equipamentos obrigatórios
▷ Resolução do CONATRAN nº 476/14 com o seguinte
estabelecidos pelo CONTRAN.
texto: Acrescenta o Art. 3-A à Resolução CONTRAN
Art. 137. A autorização a que se refere o Art. anterior
nº 398, de 13 de dezembro de 2011, que estabelece deverá ser afixada na parte interna do veículo, em local
orientações e procedimentos a serem adotados para visível, com inscrição da lotação permitida, sendo veda-
a comunicação de venda de veículos, no intuito de da a condução de escolares em número superior à capa-
organizar e manter o Registro Nacional de Veículos cidade estabelecida pelo fabricante.
Automotores – RENAVAM, garantindo a atualização e Art. 138. O condutor de veículo destinado à condução de
o fluxo permanente de informações entre os órgãos e escolares deve satisfazer os seguintes requisitos:
entidades do Sistema Nacional. I. Ter idade superior a vinte e um anos;
Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao transpor- II. Ser habilitado na categoria D;
te individual ou coletivo de passageiros de linhas regu- III. (VETADO)
lares ou empregados em qualquer serviço remunerado, IV. Não ter cometido nenhuma infração grave ou
para registro, licenciamento e respectivo emplacamento gravíssima, ou ser reincidente em infrações médias
de característica comercial, deverão estar devidamente durante os doze últimos meses;
autorizados pelo poder público concedente. V. Ser aprovado em curso especializado, nos ter-
mos da regulamentação do CONTRAN.
▷ Art. 231, VIII, e 329 do CTB.
▷ Resolução do CONTRAN n º 168, de 14-12-2004: es-
▷ Resolução do CONTRAN nº 378, de 02-8-2010: que tabelece Normas e Procedimentos para a formação
estabelece requisitos mínimos de segurança para o de condutores de veículos automotores e elétricos, a
transporte remunerado de passageiros (Mototaxi) e realização dos exames, a expedição de documentos
de cargas (motofrete) em motocicleta e motoneta. de habilitação, os cursos de formação, especializa-
dos, de reciclagem e dá outras providências. Art. 29, Uma vez que o candidato atingiu estes requisitos, previstos
30, 31 e 32 revogados pela Resolução do CONTRAN em lei, ele passa a ter direito adquirido, sendo um ato vinculado
nº 360/10. da administração, não cabendo ato discricionário (de não con-
Art. 139. O disposto neste Capítulo não exclui a com- ceder) da autoridade de trânsito. Já de posse de sua permissão
petência municipal de aplicar as exigências previstas provisória para conduzir veículo (tanto para CNH quanto para
em seus regulamentos, para o transporte de escola ACC- Autorização para Conduzir Ciclos) ele passará, durante um
Resolução. ano, por um período probatório, para só depois receber a habi-
litação definitiva.
Da Condução de Moto Frete Para as aulas práticas e testes práticos, serão sempre utili-
zados os veículos medianos da categoria.
A motocicleta, como já vimos, é um veículo de transporte
de passageiros e ou de transporte de carga. Porém, quando tal Registro e Comparativo básicos
transporte for realizado de forma remunerada, deve-se aten- Licenciamento entre ACC e CNH
de Ciclos com-
der certos critérios de segurança, que foram incluídos no CTB petência dos Caráter de
pela Lei nº 12.009, de 29-07-2009: Municípios (Art. Licença
O Capítulo XIII-A do CTB foi acrescido pela referida lei, e 24 do CTB) Período de prova
regulamenta o exercício das atividades de mototaxista, moto- 1 ano (permissão) Pena principal,
boy e moto frete. Caráter de Baseada no CTB
(Art. 291 ao 312)
▷ Resolução nº 414 09-08-12, que regulamenta os cur- autorização
sos especializados obrigatórios destinados a profis- ACC CNH
Pena substitu- É possível a
sionais em transporte de passageiros (mototaxista) tiva: interdição aplicação
e em entrega de mercadorias (motofretista) que temporária de de outras
exerçam atividades remuneradas na condução de direitos, medidas
motocicletas e motonetas. baseado no CP pecuniária ou
(Art. 47 III) administrativas
Art. 139-A. As motocicletas e motonetas destinadas
ao transporte remunerado de mercadorias - motofrete
- somente poderão circular nas vias com autorização Art. 140. A habilitação para conduzir veículo automo-
tor e elétrico será apurada por meio de exames que
emitida pelo órgão ou entidade executivo de trânsito deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade exe-
dos Estados e do Distrito Federal, exigindo-se, para cutivos do Estado ou do Distrito Federal, do domicílio
tanto: ou residência do candidato, ou na sede estadual ou dis-
▷ Art. 244, VIII e IX, do CTB. trital do próprio órgão, devendo o condutor preencher
I. Registro como veículo da categoria de aluguel; os seguintes requisitos:
II. Instalação de protetor de motor mata-cachorro, ▷ Resolução do CONTRAN nº 265, de 14-12-2007: dis-

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fixado no chassi do veículo, destinado a proteger o põe sobre a formação teórico-técnica do processo
motor e a perna do condutor em caso de tomba- de habilitação de condutores de veículos automo-
mento, nos termos de regulamentação do Conse- tores elétricos como atividade extracurricular no
lho Nacional de Trânsito - CONTRAN; Ensino Médio e define os procedimentos para imple-
III. Instalação de aparador de linha antena corta-pi- mentação nas escolas interessadas.
pas, nos termos de regulamentação do CONTRAN; I. Ser penalmente imputável;
IV. Inspeção semestral para verificação dos equipa- ▷ Art. 26 a 28 do Decreto-Lei nº 2.848 de 07 dez de
mentos obrigatórios e de segurança. 1940. (Código Penal).
§ 1º A instalação ou incorporação de dispositivos para II. Saber ler e escrever;
transporte de cargas deve estar de acordo com a regu- III. Possuir Carteira de Identidade ou equivalente.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
lamentação do CONTRAN.
Parágrafo único. As informações do candidato à habi-
§ 2º É proibido o transporte de combustíveis, produ- litação serão cadastradas no RENACH.
tos inflamáveis ou tóxicos e de galões nos veículos de
▷ Resolução do CONTRAN nº 432, de 23-01-2013: dis-
que trata este artigo, com exceção do gás de cozinha
e de galões contendo água mineral, desde que com o põe sobre os procedimentos a serem adotados pelas
auxílio de side-car, nos termos de regulamentação do autoridades de trânsito e seus agentes, na fiscaliza-
CONTRAN. ção do consumo de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, para apli-
Art. 139-B. O disposto neste Capítulo não exclui a com-
petência municipal ou estadual de aplicar as exigências cação do disposto nos Arts. 165, 276, 277 e 306 da
previstas em seus regulamentos para as atividades de Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 - Código de
moto-frete no âmbito de suas circunscrições. Trânsito Brasileiro (CTB).
▷ Resolução do CONTRAN nº 361, de 29-09-2010 alte-
Da Habilitação ra a Resolução nº 287/2008 - CONTRAN, que dispõe
A condução de veículos só poderá ser feita por motorista sobre a regulamentação do procedimento de coleta
devidamente habilitado. E, para conseguir o documento de e armazenamento de impressão digital nos processos
habilitação, é necessário que o candidato cumpra os requisitos de habilitação, mudança ou adição de categoria e re- 683
legais. novação da Carteira Nacional de Habilitação - CNH.
▷ Resolução do CONTRAN nº 543, de 15-07-15, re- § 2º São os condutores da categoria B autorizados a con-
684 voga a Resolução CONTRAN nº 207, de 20 de duzir veículo automotor da espécie motor-casa, definida
outubro de 2006 e estabelece critérios de padro- nos termos do Anexo I deste Código, cujo peso não ex-
nização para funcionamento das Escolas Públicas ceda a 6.000 kg (seis mil quilogramas), ou cuja lotação
de Trânsito (SIMULADOR). não exceda a 8 (oito) lugares, excluído o do motorista.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Mesmo sendo apenas três os requisitos para se obter a Incluído pela Lei nº 12.452/11
habilitação, que estão previstos no Art. 140 do CTB, esta § 3º Aplica-se o disposto no inciso V ao condutor da
resolução do CONTRAN nº 168, de 14-12-2004, estabe- combinação de veículos com mais de uma unidade tra-
lece normas e procedimentos para a formação de con- cionada, independentemente da capacidade de tração
dutores de veículos automotores e elétricos, a realização ou do peso bruto total. (incluído pela Lei nº 12.452/11)
dos exames, a expedição de documentos de habilitação, Art. 144. O trator de roda, o trator de esteira, o trator
os cursos de formação, especializados, de reciclagem e misto ou o equipamento automotor destinado à movi-
dá outras providências. O candidato à habilitação tem mentação de cargas ou execução de trabalho agrícola,
que possuir CPF (Cadastro de Pessoa Física).Art. 141. O de terraplenagem, de construção ou de pavimentação
processo de habilitação, as normas relativas à aprendi- só podem ser conduzidos na via pública por condutor
zagem para conduzir veículos automotores e elétricos e habilitado nas categorias C, D ou E.
à autorização para conduzir ciclomotores serão regula- Parágrafo único. O trator de roda e os equipamentos
mentados pelo CONTRAN automotores destinados a executar trabalhos agrícolas
poderão ser conduzidos em via pública também por
§ 1º A autorização para conduzir veículos de propulsão
condutor habilitado na categoria B.
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humana e de tração animal ficará a cargo dos Municípios.


▷ (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015)
§ 2º (VETADO)
Art. 145. Para habilitar-se nas categorias D e E ou para
Art. 142. O reconhecimento de habilitação obtida em conduzir veículo de transporte coletivo de passageiros,
outro país está subordinado às condições estabeleci- de escolares, de emergência ou de produto perigoso,
das em convenções e acordos internacionais e às nor- o candidato deverá preencher os seguintes requisitos:
mas do CONTRAN.
I. Ser maior de 21 (vinte e um) anos;
▷ Resolução do CONTRAN nº 360, de 29-09-2010: dis- II. Estar habilitado:
põe sobre a habilitação do candidato ou condutor
a) No mínimo há dois anos na categoria B, ou no
estrangeiro para direção de veículos em território
mínimo há um ano na categoria C, quando pretender
nacional. habilitar-se na categoria D; e
Art. 143. Os candidatos poderão habilitar-se nas cate- b) No mínimo há um ano na categoria C, quan-
gorias de A a E, obedecida a seguinte gradação: do pretender habilitar-se na categoria E;
I. Categoria A - condutor de veículo motorizado de III. Não ter cometido nenhuma infração grave ou
duas ou três rodas, com ou sem carro lateral; gravíssima ou ser reincidente em infrações médias
II. Categoria B - condutor de veículo motorizado, durante os últimos doze meses;
não abrangido pela categoria A, cujo peso bruto
total não exceda a três mil e quinhentos quilogra- IV. Ser aprovado em curso especializado e em curso
mas e cuja lotação não exceda a oito lugares, ex- de treinamento de prática veicular em situação de
cluído o do motorista; risco, nos termos da normatização do CONTRAN.
III. Categoria C - condutor de veículo motorizado ▷ Resolução nº 522 de 25 de março de 2015, que
utilizado em transporte de carga, cujo peso bruto regulamenta o credenciamento de instituições
total exceda a três mil e quinhentos quilogramas; ou entidades públicas ou privadas para o proces-
IV. Categoria D - condutor de veículo motorizado so de capacitação, qualificação e atualização de
utilizado no transporte de passageiros, cuja lotação profissionais, e de formação, qualificação, atuali-
exceda a oito lugares, excluído o do motorista; zação e reciclagem de candidatos e condutores e
Redação dada pela Lei nº 12.452, de 2011: dá outras providências.
V. Categoria E - condutor de combinação de veículos Parágrafo único. A participação em curso especializa-
em que a unidade tratora se enquadre nas categorias do previsto no inciso IV independe da observância do
B, C ou D e cuja unidade acoplada, reboque, semirre- disposto no inciso III.
boque, trailer ou articulada tenha 6.000 kg (seis mil ▷ (Incluído pela Lei nº 12.619, de 2012)
quilogramas) ou mais de peso bruto total, ou cuja lo- Art. 145-A. Além do disposto no Art. 145, para condu-
tação exceda a 8 (oito) lugares. V. Alterada pela Lei nº zir ambulâncias, o candidato deverá comprovar treina-
12.452/11. mento especializado e reciclagem em cursos específi-
§ 1º Para habilitar-se na categoria C, o condutor deverá cos a cada 5 (cinco) anos, nos termos da normatização
estar habilitado no mínimo há um ano na categoria B e do CONTRAN. (Incluído pela Lei nº 12.998, de 2014).
não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssi- Art. 146. Para conduzir veículos de outra categoria
ma, ou ser reincidente em infrações médias, durante os o condutor deverá realizar exames complementares
últimos doze meses. exigidos para habilitação na categoria pretendida.
Art. 147. O candidato à habilitação deverá submeter-se § 2º Ao candidato aprovado será conferida Permissão
a exames realizados pelo órgão executivo de trânsito, para Dirigir, com validade de um ano.
na seguinte ordem: § 3º A Carteira Nacional de Habilitação será conferida ao
I. De aptidão física e mental; condutor no término de um ano, desde que o mesmo
II. (VETADO) não tenha cometido nenhuma infração de natureza gra-
III. Escrito, sobre legislação de trânsito; ve ou gravíssima ou seja reincidente em infração média.
IV. De noções de primeiros socorros, conforme re- § 4º A não obtenção da Carteira Nacional de Habilita-
gulamentação do CONTRAN; ção, tendo em vista a incapacidade de atendimento do
V. De direção veicular, realizado na via pública, em veí- disposto no parágrafo anterior, obriga o candidato a rei-
culo da categoria para a qual estiver habilitando-se. niciar todo o processo de habilitação.
§ 1º Os resultados dos exames e a identificação dos res- § 5º O Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN po-
pectivos examinadores serão registrados no RENACH. derá dispensar os tripulantes de aeronaves que apre-
sentarem o cartão de saúde expedido pelas Forças
▷ Renumerado do parágrafo único, pela Lei nº
Armadas ou pelo Departamento de Aeronáutica Civil,
9.602, de 1998. respectivamente, da prestação do exame de aptidão
§ 2º O exame de aptidão física e mental será preliminar física e mental.
e renovável a cada cinco anos, ou a cada três anos para Art. 148-A. Os condutores das categorias C, D e E de-
condutores com mais de sessenta e cinco anos de ida- verão submeter-se a exames toxicológicos para a habi-
de, no local de residência ou domicílio do examinado. litação e renovação da Carteira Nacional de Habilitação.
§ 3º O exame previsto no § 2º incluirá avaliação psico- § 1º O exame de que trata este Art. buscará aferir o con-
lógica preliminar e complementar sempre que a ele se sumo de substâncias psicoativas que, comprovadamen-
submeter o condutor que exerce atividade remunerada te, comprometam a capacidade de direção e deverá ter
ao veículo, incluindo-se esta avaliação para os demais janela de detecção mínima de 90 (noventa) dias, nos
candidatos apenas no exame referente à primeira ha- termos das normas do Contran.
bilitação.
§ 2º Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
Redação dada pela Lei nº 10.350,de 2001. Nacional de Habilitação com validade de 5 (cinco) anos
§ 4º Quando houver indícios de deficiência física, deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 2
mental, ou de progressividade de doença que possa (dois) anos e 6 (seis) meses a contar da realização do
diminuir a capacidade para conduzir o veículo, o prazo disposto no caput.
previsto no § 2º poderá ser diminuído por proposta do § 3º Os condutores das categorias C, D e E com Carteira
perito examinador. Lei nº 9.602/98. Nacional de Habilitação com validade de 3 (três) anos

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§ 5º O condutor que exerce atividade remunerada ao veí- deverão fazer o exame previsto no § 1º no prazo de 1
culo terá essa informação incluída na sua Carteira Nacional (um) ano e 6 (seis) meses a contar da realização do
de Habilitação, conforme especificações do Conselho Na- disposto no caput.
cional de Trânsito - CONTRAN. § 4º É garantido o direito de contraprova e de recur-
Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva so administrativo no caso de resultado positivo para o
é assegurada acessibilidade de comunicação, me- exame de que trata o caput, nos termos das normas do
diante emprego de tecnologias assistivas ou de CONTRAN.
ajudas técnicas em todas as etapas do processo de § 5º A reprovação no exame previsto neste artigo.. terá
habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). como consequência a suspensão do direito de dirigir
§ 1º O material didático audiovisual utilizado em aulas teó- pelo período de 3 (três) meses, condicionado o levan-
tamento da suspensão ao resultado negativo em novo
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
ricas dos cursos que precedem os exames previstos no Art.
147 desta Lei deve ser acessível, por meio de subtitulação exame, e vedada a aplicação de outras penalidades,
com legenda oculta associada à tradução simultânea em ainda que acessórias.
Libras. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). § 6º O resultado do exame somente será divulgado
§ 2º É assegurado também ao candidato com deficiência para o interessado e não poderá ser utilizado para fins
auditiva requerer, no ato de sua inscrição, os serviços de estranhos ao disposto neste Art. ou no § 6º do Art. 168
intérprete da Libras, para acompanhamento em aulas da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada
práticas e teóricas. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015). pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
Art. 148. Os exames de habilitação, exceto os de direção § 7º O exame será realizado, em regime de livre con-
veicular, poderão ser aplicados por entidades públicas ou corrência, pelos laboratórios credenciados pelo Depar-
privadas credenciadas pelo órgão executivo de trânsito tamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, nos termos
dos Estados e do Distrito Federal, de acordo com as nor- das normas do Contran, vedado aos entes públicos:
mas estabelecidas pelo CONTRAN. I. fixar preços para os exames;
§ 1º A formação de condutores deverá incluir, obriga- II. limitar o número de empresas ou o número de
toriamente, curso de direção defensiva e de conceitos locais em que a atividade pode ser exercida; e
básicos de proteção ao meio ambiente relacionados III. estabelecer regras de exclusividade territorial. 685
com o trânsito. Art. 149. (VETADO)
Art. 150. Ao renovar os exames previstos no Art. ante- Art. 155. A formação de condutor de veículo automotor
686 rior, o condutor que não tenha curso de direção defen- e elétrico será realizada por instrutor autorizado pelo
siva e primeiros socorros deverá a eles ser submetido, órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito
conforme normatização do CONTRAN. Federal, pertencente ou não à entidade credenciada.
Parágrafo único. A empresa que utiliza condutores Parágrafo único. Ao aprendiz será expedida autoriza-
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

contratados para operar a sua frota de veículos é obri- ção para aprendizagem, de acordo com a regulamen-
gada a fornecer curso de direção defensiva, primeiros tação do CONTRAN, após aprovação nos exames de
socorros e outros conforme normatização do CON- aptidão física, mental, de primeiros socorros e sobre
TRAN. legislação de trânsito.
Art. 151. No caso de reprovação no exame escrito sobre ▷ O Parágrafo único foi acrescido pela Lei nº 9.602, de
legislação de trânsito ou de direção veicular, o candi- 21-1-1998.
dato só poderá repetir o exame depois de decorridos Art. 156. O CONTRAN regulamentará o credenciamen-
quinze dias da divulgação do resultado. to para prestação de serviço pelas autoescolas e outras
Art. 152. O exame de direção veicular será realizado entidades destinadas à formação de condutores e às
perante comissão integrada por 3 (três) membros de- exigências necessárias para o exercício das atividades
signados pelo dirigente do órgão executivo local de de instrutor e examinador.
trânsito. ▷ Resolução do CONTRAN nº 321, de 17-07-2009: ins-
§ 1º Na comissão de exame de direção veicular, pelo titui exame obrigatório para avaliação de instrutores
menos um membro deverá ser habilitado na categoria e examinadores de trânsito, no exercício da função,
igual ou superior à pretendida pelo candidato. em todo o território nacional.
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§ 2º Os militares das Forças Armadas e os policiais e Art. 157. (VETADO)


bombeiros dos órgãos de segurança pública da União, Art. 158. A aprendizagem só poderá realizar-se:
dos Estados e do Distrito Federal que possuírem curso Lei nº 12.217, de 2010. (Que torna obrigatória a apren-
de formação de condutor ministrado em suas corpo- dizagem noturna).
rações serão dispensados, para a concessão do docu- I. Nos termos, horários e locais estabelecidos pelo
mento de habilitação, dos exames aos quais se houve- órgão executivo de trânsito;
rem submetido com aprovação naquele curso, desde II. Acompanhado o aprendiz por instrutor autorizado.
que neles sejam observadas as normas estabelecidas § 1º Além do aprendiz e do instrutor, o veículo utiliza-
pelo Contran. do na aprendizagem poderá conduzir apenas mais um
§ 3º O militar, o policial ou o bombeiro militar inte- acompanhante.
ressado na dispensa de que trata o § 2º instruirá seu § 2º Parte da aprendizagem será obrigatoriamente
requerimento com ofício do comandante, chefe ou di- realizada durante a noite, cabendo ao CONTRAN fixar-
retor da unidade administrativa onde prestar serviço, lhe a carga horária mínima correspondente.
do qual constarão o número do registro de identifica- Art. 159. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida
ção, naturalidade, nome, filiação, idade e categoria em em modelo único e de acordo com as especificações do
que se habilitou a conduzir, acompanhado de cópia das CONTRAN, atendidos os pré-requisitos estabelecidos
atas dos exames prestados. neste Código, conterá fotografia, identificação e CPF
Art. 153. O candidato habilitado terá em seu prontuá- do condutor, terá fé pública e equivalerá a documento
rio a identificação de seus instrutores e examinadores, de identidade em todo o território nacional.
que serão passíveis de punição conforme regulamen- ▷ Art. 234 do CTB.
tação a ser estabelecida pelo CONTRAN. ▷ Resolução do CONTRAN, n.º 598 de 24 de maio de
Parágrafo único. As penalidades aplicadas aos instru- 2016, estabelece o seguinte: regulamenta a produ-
tores e examinadores serão de advertência, suspensão ção e a expedição da Carteira Nacional de Habilita-
e cancelamento da autorização para o exercício da ati- ção, com novo leiaute e requisitos de segurança.
vidade, conforme a falta cometida. § 1º É obrigatório o porte da Permissão para Dirigir ou
▷ Lei nº 12.302 de 02-08-2010, Art. 8º: que regulamen- da Carteira Nacional de Habilitação quando o condutor
ta o exercício da profissão de instrutor de trânsito: estiver à direção do veículo.
Art. 154. Os veículos destinados à formação de con- ▷ Art. 232 do CTB.
dutores serão identificados por uma faixa amarela, de § 2º(VETADO)
vinte centímetros de largura, pintada ao longo da car- § 3 A emissão de nova via da Carteira Nacional de Ha-
roçaria, à meia altura, com a inscrição auto-escola na bilitação será regulamentada pelo CONTRAN
cor preta. § 4º (VETADO)
Parágrafo único. No veículo eventualmente utilizado § 5º A Carteira Nacional de Habilitação e a Permissão
para aprendizagem, quando autorizado para servir a para Dirigir somente terão validade para a condução de
esse fim, deverá ser afixada ao longo de sua carroçaria, veículo quando apresentada em original.
à meia altura, faixa branca removível, de vinte centí- § 6º A identificação da Carteira Nacional de Habilitação
metros de largura, com a inscrição AUTO-ESCOLA na expedida e a da autoridade expedidora serão registra-
cor preta. das no RENACH.
§ 7º A cada condutor corresponderá um único registro Quadro resumo
no RENACH, agregando-se neste todas as informações. A Lei nº 13.281/2016 alterou os valores das multas de trânsito,
§ 8º A renovação da validade da Carteira Nacional de que entra em vigor dia 01 de novembro de 2016.
Habilitação ou a emissão de uma nova via somente Valor atual-
será realizada após quitação de débitos constantes do Gravidade Pontos Valor atual Infração Exemplo
izado
prontuário do condutor. Leve 3 R$ 53,20 R$ 88,38 Art. 169
§ 9º (VETADO) Media 4 R$ 85,13 R$ 130,16 Art. 236
§ 10. A validade da Carteira Nacional de Habilitação Art. 167 + re-
está condicionada ao prazo de vigência do exame de Grave 5 R$ 127,69 R$ 195,23
tenção.
aptidão física e mental. Art. 168 +
§ 11. A Carteira Nacional de Habilitação, expedida na vi- Gravíssima 7 R$ 191,54 R$ 293,47
retenção.
gência do Código anterior, será substituída por ocasião Art. 162, III +
do vencimento do prazo para revalidação do exame de Gravíssima (x2) ------ R$ 586,94 Apreen. Veículo e
aptidão física e mental, ressalvados os casos especiais Rec. da CNH.
previstos nesta Lei. Gravíssima (x3) R$ 574,62 R$ 880,41 Art. 162, I
▷ Incluído pela Lei nº 9.602, de 1998. Gravíssima (x5) R$ 957,70 R$ 1.467,35
Art. 162, II +
Art. 160. O condutor condenado por delito de trânsito Apreen. Veículo.
deverá ser submetido a novos exames para que possa Art. 174 + Rec.
voltar a dirigir, de acordo com as normas estabeleci- Gravíssima (x10) R$ 1.915,40 R$ 2.934,70 CNH e remoção
das pelo CONTRAN, independentemente do reconhe- do veíc.
cimento da prescrição, em face da pena concretizada
na sentença. Gravíssima (x20) R$ 3.830,80 R$ 5.869,70 Art. 253 - A
▷ Art. 263, III, do CTB. Gravíssima (x60) R$ 11.492,40 R$ 17.608,20 Art. 253 - A, § 1º
§ 1º Em caso de acidente grave, o condutor nele envolvido Art. 161. Constitui infração de trânsito a inobservância de
poderá ser submetido aos exames exigidos neste Art., a qualquer preceito deste Código, da legislação comple-
juízo da autoridade executiva estadual de trânsito, asse- mentar ou das resoluções do CONTRAN, sendo o infrator
gurada ampla defesa ao condutor. sujeito às penalidades e medidas administrativas indica-
▷ Resolução do CONTRAN nº 300, de 04-12-2008: esta- das em cada artigo, além das punições previstas no Ca-
belece procedimento administrativo para submissão pítulo XIX.
do condutor a novos exames, para que possa voltar Parágrafo único. As infrações cometidas em relação às re-
a dirigir quando condenado por crime de trânsito, ou soluções do CONTRAN terão suas Penalidades e medidas
quando envolvido em acidente grave, regulamentan- administrativas definidas nas próprias resoluções.

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do o Art. 160 do Código de Trânsito Brasileiro. ▷ Resolução do CONTRAN nº 217 de 14-12-2006: de-
§ 2º No caso do parágrafo anterior, a autoridade exe- lega competência ao órgão máximo executivo de
cutiva estadual de trânsito poderá apreender o docu- trânsito da União para estabelecer os campos de
mento de habilitação do condutor até a sua aprovação preenchimento das informações que devem constar
nos exames realizados. do Auto de Infração.

Dirigir, Conduzir e Transportar


3. 5. Das Infrações Art. 162. Dirigir veículo:
No capítulo XV do CTB, que trata das infrações de trânsito, I. Sem possuir Carteira Nacional de Habilitação ou
encontraremos a tipificação legal dos comportamentos irregula- Permissão para Dirigir:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
res no trânsito e a punição cabível. Note que os comportamen- Infração - gravíssima;
tos já foram elencados, neste Código, nos capítulos anteriores,
Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veículo;
e aqui teremos a sua tipificação, ou seja, como ele deve ocorrer
para que seja considerado infração de trânsito. Medida administrativa - retenção do veículo até a
apresentação de condutor habilitado;
Quando tratamos de infrações, vale ressaltar como carac-
terística principal, seu teor administrativo. Sendo assim, como ▷ Art. 309 do CTB.
já escrito, o ônus da prova cabe ao acusado e não ao acusador. II. Com Carteira Nacional de Habilitação ou Permissão
Portanto, quando um agente flagra uma infração cometida por para Dirigir cassada ou com suspensão do direito de
um usuário do sistema de trânsito, este agente apenas relata dirigir:
a infração cometida e informa o infrator, quando possível, não Infração - gravíssima;
sendo necessário que o agente produza nenhum tipo de prova. Penalidade - multa (três vezes) e apreensão do veículo;
Cabe, sim, ao usuário do sistema, que se sentir lesado e acre- ▷ Arts. 263,I , 307 e 309 do CTB.
ditar não ter cometido a infração, produzir provas e recorrer III. Com Carteira Nacional de Habilitação ou Permis-
da infração. são para Dirigir de categoria diferente da do veículo
Como novidade trazida pelo CTB, temos a questão peda- que esteja conduzindo:
gógica da Penalidade, que se reflete na pontuação do pron- Infração - gravíssima; 687
tuário. Penalidade - multa (duas vezes) e apreensão do veículo;
Medida administrativa - retenção do veículo até a ▷ Resolução do CONTRAN nº 432, de 23-01-2013: dispõe
688 apresentação de condutor habilitado; sobre os procedimentos a serem adotados pelas auto-
▷ Art. 263, II e 309 do CTB. ridades de trânsito e seus agentes na fiscalização do
IV. (VETADO) consumo de álcool ou de outra substância psicoativa
V. Com validade da Carteira Nacional de Habilitação
que determine dependência, para aplicação do dispos-
to nos Arts. 165, 276, 277 e 306 da Lei nº 9.503, de 23 de
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

vencida há mais de trinta dias:


setembro de 1997 – Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Infração - gravíssima;
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
Penalidade - multa;
no caput em caso de reincidência no período de até 12
Medida administrativa - recolhimento da Carteira Nacio- (doze) meses.
nal de Habilitação e retenção do veículo até a apresenta-
ção de condutor habilitado; ▷ Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012
VI. Sem usar lentes corretoras de visão, aparelho au- Art. 165-A. Recusar-se a ser submetido a teste, exame
xiliar de audição, de prótese física ou as adaptações clínico, perícia ou outro procedimento que permita certi-
do veículo impostas por ocasião da concessão ou da ficar influência de álcool ou outra substância psicoativa, na
renovação da licença para conduzir: forma estabelecida pelo Art. 277.
Infração - gravíssima; Infração - gravíssima;
Penalidade - multa; Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito
Medida administrativa - retenção do veículo até o sanea- de dirigir por 12 (doze) meses;
mento da irregularidade ou apresentação de condutor Medida administrativa - recolhimento do documento
habilitado. de habilitação e retenção do veículo, observado o dis-
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Art. 163. Entregar a direção do veículo a pessoa nas condi- posto no § 4º do art. 270.
ções previstas no Art. anterior: Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista
Infração - as mesmas previstas no Art. anterior; no caput em caso de reincidência no período de até 12
Penalidade - as mesmas previstas no Art. anterior; (doze) meses
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III Art. 166. Confiar ou entregar a direção de veículo a pessoa
do artigo anterior. que, mesmo habilitada, por seu estado físico ou psíquico,
▷ Arts. 263, II e 310 do CTB. não estiver em condições de dirigi-lo com segurança:
Art. 164. Permitir que pessoa nas condições referidas nos Infração - gravíssima;
incisos do Art. 162 tome posse do veículo automotor e
passe a conduzi-lo na via: Penalidade - multa.
Infração - as mesmas previstas nos incisos do Art. 162; ▷ Art. 310 do CTB.
Penalidade - as mesmas previstas no Art. 162; Art. 167. Deixar o condutor ou passageiro de usar o cinto
Medida administrativa - a mesma prevista no inciso III do de segurança, conforme previsto no Art. 65:
Art. 162. Infração - grave;
▷ Art. 263, II, e 310 do CTB: Penalidade - multa;
Devemos, no Art. seguinte, dedicar especial atenção por Medida administrativa - retenção do veículo até colocação
se tratar de matéria que recebeu modificações recentes. O Có- do cinto pelo infrator.
digo de Trânsito ainda mantém a redação da Lei nº 11.705, de ▷ Resolução do CONTRAN nº 278, de 28-05-2008:
2008, porém, temos aqui a modificação da Lei nº 12.760, de proíbe a utilização de dispositivos que travem,
20 de dezembro de 2012, que foi sancionada pela Presidente afrouxem ou modifiquem o funcionamento dos cin-
Dilma Rousseff e já se encontra em vigor. tos de segurança.
As alterações ocorrem no artigo seguinte, além dos Arts Art. 168. Transportar crianças em veículo automotor sem
262, 276, 277 e 306, os quais serão tratados de forma indivi- observância das normas de segurança especiais estabele-
dualizada. cidas neste Código:
No Art. 165, a alteração se deu na Penalidade aplicada, Infração - gravíssima;
que passou a ser a maior do Código de Trânsito, indo de multa Penalidade - multa;
agravada de cinco vezes para multa agravada em dez vezes o Medida administrativa - retenção do veículo até que a ir-
valor da Infração gravíssima. regularidade seja sanada.
Temos também as alterações da Lei nº 12.971 de 09 de maio de
▷ Art. 64 do CTB. (Idade inferior a 10 anos)
2014 e da Lei nº 13.103 de 02 de Março de 2015, que foi marcada pelo
movimento grevista dos caminhoneiros. Art. 169. Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indis-
Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer pensáveis à segurança:
outra substância psicoativa que determine dependência: Infração - leve;
▷ Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008 (lei seca) Penalidade - multa.
Infração - gravíssima; ▷ Art. 28 CTB.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam
dirigir por 12 (doze) meses. atravessando a via pública, ou os demais veículos:
Medida administrativa - recolhimento do documento Infração - gravíssima;
de habilitação e retenção do veículo. Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa - retenção do veículo e recolhi- nistrativos na lavratura de auto de Infração, na ex-
mento do documento de habilitação. pedição de notificação de autuação e de notificação
▷ Decreto-Lei nº 2.848/1.940 “Perigo para a vida ou de Penalidades por infrações de responsabilidade
saúde de outrem” de pessoas físicas ou jurídicas, sem a utilização de
▷ Este Art. 132 é do Código Penal. veículos, expressamente mencionadas no Código de
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo Trânsito Brasileiro - CTB, e dá outras providências.
direto e iminente: Art. 175. Utilizar-se de veículo para, em via pública, de-
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não monstrar ou exibir manobra perigosa, arrancada brusca,
constitui crime mais grave. derrapagem ou frenagem com deslizamento ou arrasta-
mento de pneus:
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um
terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a pe- Infração - gravíssima;
rigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em dirigir e apreensão do veículo;
desacordo com as normas legais. Medida administrativa - recolhimento do documento de
▷ Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998. habilitação e remoção do veículo.
Art. 171. Usar o veículo para arremessar, sobre os pedes- ▷ Art. 263, II, do CTB.
tres ou veículos, água ou detritos: Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com
▷ RESOLUÇÃO do CONTRAN nº 480, DE 09 de abril de vítima:
2014 Altera o prazo estipulado no Art. 3º da Resolu- I. de prestar ou providenciar socorro à vítima, poden-
ção CONTRAN nº 371, de 10 de dezembro de 2010, do fazê-lo;
que aprova o Manual Brasileiro de Fiscalização de ▷ Art. 304 do CTB, Art. 31,§1º, “d”, da CTVV
Trânsito-Volume I – Infrações de competência muni- II. de adotar providências, podendo fazê-lo, no senti-
cipal, incluindo as concorrentes dos órgãos e entida- do de evitar perigo para o trânsito no local;
des estaduais de trânsito e rodoviários. III. de preservar o local, de forma a facilitar os traba-
Infração - média; lhos da polícia e da perícia;
Penalidade - multa. IV. de adotar providências para remover o veículo do
Art. 172. Atirar do veículo ou abandonar na via objetos ou local, quando determinadas por policial ou agente da
substâncias: autoridade de trânsito;
Infração - média; V. de identificar-se ao policial e de lhe prestar infor-
Penalidade - multa. (Art. 26 e 245, do CTB). mações necessárias à confecção do boletim de ocor-
rência:
Art. 173. Disputar corrida por espírito de emulação:
Infração - gravíssima;

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Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de
de dirigir;
dirigir e apreensão do veículo;
Medida administrativa - recolhimento do documento de
Com a Lei nº 12.971 de 09 maio 2014 o fator multiplicativo
habilitação.
foi de 3 para 10 vezes. E em casos de reincidência num prazo
Art. 177. Deixar o condutor de prestar socorro à vítima de
de 12 meses, para o dobro. Ou seja 20 vezes.
acidente de trânsito quando solicitado pela autoridade e
Medida administrativa - recolhimento do documento de seus agentes:
habilitação e remoção do veículo.
Infração - grave;
▷ Art. 67, 263, II e 308 do CTB.
Penalidade - multa.
Art. 174. Promover, na via, competição esportiva, eventos
▷ Art. 135 do Código Penal.
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

organizados, exibição e demonstração de perícia em ma-


nobra de veículo, ou deles participar, como condutor, sem Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem
permissão da autoridade de trânsito com circunscrição vítima, de adotar providências para remover o veículo
sobre a via: do local, quando necessária tal medida para assegurar
Infração - gravíssima; a segurança e a fluidez do trânsito:
Penalidade - multa (dez vezes), suspensão do direito de Infração - média;
dirigir e apreensão do veículo; Penalidade - multa.
Medida administrativa - recolhimento do documento de Art. 179. Fazer ou deixar que se faça reparo em veículo
habilitação e remoção do veículo. na via pública, salvo nos casos de impedimento absoluto
§ 1º As penalidades são aplicáveis aos promotores e aos de sua remoção e em que o veículo esteja devidamente
condutores participantes. (Incluído pela Lei nº 12.971, de sinalizado:
2014) ▷ Arts. 40,V, e 46 do CTB.
§ 2º Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em I. Em pista de rolamento de rodovias e vias de trânsito
caso de reincidência no período de 12 (doze) meses da rápido:
infração anterior. (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) Infração - grave;
▷ Resolução do CONTRAN nº 390 de 11-08-2011: dis- Penalidade - multa; 689
põe sobre a padronização dos procedimentos admi- Medida administrativa - remoção do veículo;
II. Nas demais vias: Infração - grave;
690 Infração - leve; Penalidade - multa;
Penalidade - multa. Medida administrativa - remoção do veículo;
Art. 180. Ter seu veículo imobilizado na via por falta de IX. Onde houver guia de calçada (meio-fio) rebaixada
combustível: destinada à entrada ou saída de veículos:
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Infração - média; Infração - média;


Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo. Medida administrativa - remoção do veículo;
▷ Art. 27 e 46 do CTB. X. Impedindo a movimentação de outro veículo:
Art. 181. Estacionar o veículo: Infração - média;
I. Nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo Penalidade - multa;
do alinhamento da via transversal:
Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - média;
XI. Ao lado de outro veículo em fila dupla:
Penalidade - multa;
Infração - grave;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
II. Afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquen-
ta centímetros a um metro: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - leve; XII. Na área de cruzamento de vias, prejudicando a
circulação de veículos e pedestres:
Penalidade - multa;
Infração - grave;
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Medida administrativa - remoção do veículo;


III. Afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de Penalidade - multa;
um metro: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - grave; XIII. Onde houver sinalização horizontal delimitadora
Penalidade - multa; de ponto de embarque ou desembarque de passagei-
ros de transporte coletivo ou, na inexistência desta
Medida administrativa - remoção do veículo;
sinalização, no intervalo compreendido entre dez me-
IV. Em desacordo com as posições estabelecidas nes- tros antes e depois do marco do ponto:
te Código:
Infração - média;
Infração - média;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo;
Medida administrativa - remoção do veículo;
XIV. Nos viadutos, pontes e túneis:
▷ Art. 48 do CTB.
V. Na pista de rolamento das estradas, das rodovias, Infração - grave;
das vias de trânsito rápido e das vias dotadas de acos- Penalidade - multa;
tamento: Medida administrativa - remoção do veículo;
Infração - gravíssima; XV. Na contramão de direção:
Penalidade - multa; Infração - média;
Medida administrativa - remoção do veículo; Penalidade - multa;
VI. Junto ou sobre hidrantes de incêndio, registro de XVI. Em aclive ou declive, não estando devidamente
água ou tampas de poços de visita de galerias subter- freado e sem calço de segurança, quando se tratar de
râneas, desde que devidamente identificados, confor- veículo com peso bruto total superior a três mil e qui-
me especificação do CONTRAN: nhentos quilogramas:
Infração - média; Infração - grave;
Penalidade - multa; Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo; Medida administrativa - remoção do veículo;
▷ Resolução do CONTRAN nº 31 de 21-05-1998: dispõe XVII. Em desacordo com as condições regulamenta-
sobre a sinalização de identificação para hidrantes, re- das especificamente pela sinalização (placa - Estacio-
gistros de água, tampas de poços de visita de galerias namento Regulamentado):
subterrâneas. Obs.: O Art. 47 da Lei n.º 13.146 determina uma regra que
VII. Nos acostamentos, salvo motivo de força maior: caso o condutor desobedeça vai ser punido de acordo com o
Infração - leve; inciso XVII do Art. 181 do CTB.
Infração - Infração - grave; (Redação dada pela Lei nº
Penalidade - multa;
13.146, de 2015)
Medida administrativa - remoção do veículo;
Penalidade - multa;
VIII. No passeio ou sobre faixa destinada a pedestre,
sobre ciclovia ou ciclo faixa, bem como nas ilhas, refú- Medida administrativa - remoção do veículo;
gios, ao lado ou sobre canteiros centrais, divisores de ▷ Resolução do CONTRAN nº 302, de 18-02-2008: de-
pista de rolamento, marcas de canalização, gramados fine e regulamenta as áreas de segurança e de esta-
ou jardim público: cionamentos específicos de veículos.
▷ Resolução do CONTRAN nº 303, de 18-02-2008: dis- Infração - leve;
põe sobre as vagas de estacionamento de veículos Penalidade - multa;
destinadas exclusivamente às pessoas idosas. VII. Na área de cruzamento de vias, prejudicando a
▷ Resolução do CONTRAN nº 304, de 18-02-2008: dispõe circulação de veículos e pedestres:
sobre as vagas de estacionamento destinadas exclusi- Infração - média;
vamente a veículos que transportem pessoas portado- Penalidade - multa;
ras de deficiência e com dificuldade de locomoção.
VIII. Nos viadutos, pontes e túneis:
XVIII. Em locais e horários proibidos especificamente
pela sinalização (placa - Proibido Estacionar): Infração - média;
Infração - média; Penalidade - multa;
Penalidade - multa; IX. Na contramão de direção:
Medida administrativa - remoção do veículo; Infração - média;
XIX. Em locais e horários de estacionamento e parada Penalidade - multa;
proibidos pela sinalização (placa - Proibido Parar e X. Em local e horário proibidos especificamente pela
Estacionar): sinalização (placa - Proibido Parar):
Infração - grave; Infração - média;
Penalidade - multa; Penalidade - multa.
Medida administrativa - remoção do veículo. Art. 183. Parar o veículo sobre a faixa de pedestres na mu-
§ 1º Nos casos previstos neste Art., a autoridade de trânsi- dança de sinal luminoso:
to aplicará a penalidade preferencialmente após a remo- Infração - média;
ção do veículo.
Penalidade - multa.
§ 2º No caso previsto no inciso XVI é proibido abandonar
o calço de segurança na via. ▷ Art. 45 do CTB.
▷ Art. 172 do CTB. Art. 184. Transitar com o veículo:
XX - nas vagas reservadas às pessoas com defi- I. Na faixa ou pista da direita, regulamentada como de
ciência ou idosos, sem credencial que comprove tal circulação exclusiva para determinado tipo de veículo,
condição. exceto para acesso a imóveis lindeiros ou conversões
à direita:
Infração - gravíssima;
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - remoção do veículo.
II. Na faixa ou pista da esquerda regulamentada como
Art. 182. Parar o veículo:

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de circulação exclusiva para determinado tipo de veí-
I. Nas esquinas e a menos de cinco metros do bordo culo:
do alinhamento da via transversal:
Infração - grave;
Infração - média;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa;
II. Afastado da guia da calçada (meio-fio) de cinquen- III. na faixa ou via de trânsito exclusivo, regula-
ta centímetros a um metro: mentada com circulação destinada aos veículos de
Infração - leve;
transporte público coletivo de passageiros, salvo
casos de força maior e com autorização do poder
Penalidade - multa;
público competente: (Incluído pela Lei nº 13.154, de
III. Afastado da guia da calçada (meio-fio) a mais de 2015)
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF
um metro:
Infração - gravíssima; (Incluído pela Lei nº 13.154, de
Infração - média;
2015)
Penalidade - multa;
Penalidade - multa e apreensão do veículo; (Incluído
IV. Em desacordo com as posições estabelecidas nes- pela Lei nº 13.154, de 2015).
te Código:
Medida Administrativa - remoção do veículo. (Incluído
Infração - leve; pela Lei nº 13.154, de 2015)
Penalidade - multa; Art. 185. Quando o veículo estiver em movimento, deixar
▷ Art. 48 do CTB. de conservá-lo:
V. Na pista de rolamento das estradas, das rodovias, I. Na faixa a ele destinada pela sinalização de regu-
das vias de trânsito rápido e das demais vias dotadas lamentação, exceto em situações de emergência;
de acostamento: II. Nas faixas da direita, os veículos lentos e de maior
Infração - grave; porte:
Penalidade - multa; Infração - média;
VI. No passeio ou sobre faixa destinada a pedestres, Penalidade - multa.
nas ilhas, refúgios, canteiros centrais e divisores de ▷ Art. 29, I e IV, e 57 do CTB. 691
pista de rolamento e marcas de canalização: Art. 186. Transitar pela contramão de direção em:
▷ Art. 29, I, do CTB. Art. 193. Transitar com o veículo em calçadas, passeios,
692 I. Vias com duplo sentido de circulação, exceto para passarelas, ciclovias, ciclo faixas, ilhas, refúgios, ajardi-
ultrapassar outro veículo e apenas pelo tempo neces- namentos, canteiros centrais e divisores de pista de rola-
mento, acostamentos, marcas de canalização, gramados
sário, respeitada a preferência do veículo que transi- e jardins públicos:
tar em sentido contrário:
Infração - gravíssima;
LEGISLAÇÃO RELATIVA AO DPRF

Infração - grave;
Penalidade - multa (três vezes).
Penalidade - multa;
▷ Art. 29, V do CTB.
II. Vias com sinalização de regulamentação de senti-
Art. 194. Transitar em marcha à ré, salvo na distância ne-
do único de circulação: cessária a pequenas manobras e de forma a não causar
Infração - gravíssima; riscos à segurança:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 187. Transitar em locais e horários não permitidos pela Penalidade - multa.
regulamentação estabelecida pela autoridade competen- Art. 195. Desobedecer às ordens emanadas da autoridade
te: competente de trânsito ou de seus agentes:
I. Para todos os tipos de veículos: Infração - grave;
Infração - média; Penalidade - multa.
Penalidade - multa; ▷ Art. 89, I, do CTB. (Sinalização)
II. (Revogado pela Lei nº 9.602, de 1998.) Art. 196. Deixar de indicar com antecedência, mediante
Art. 188. Transitar ao lado de outro veículo, interrompen- gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção
do veículo, o início da marcha, a realização da manobra
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do ou perturbando o trânsito:
de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de
Infração - média;
circulação:
Penalidade - multa. Infração - grave;
Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedidos Penalidade - multa.
de batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de
polícia, de operação e fiscalização de trânsito e às ambu- ▷ Art. 29, XI, e 35 do CTB.
lâncias, quando em serviço de urgência e devidamente Art. 197. Deixar de deslocar, com antecedência, o veículo
identificados por dispositivos regulamentados de alarme para a faixa mais à esquerda ou mais à direita, dentro da
sonoro e iluminação vermelha intermitentes: respectiva mão de direção, quando for manobrar para um
Infração - gravíssima; desses lados:
Penalidade - multa. Infração - média;
Penalidade - multa.
▷ Art. 29, VI e VII, do CTB.
Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estando ▷ Art. 38 do CTB.
este com prioridade de passagem devidamente identifi- Art. 198. Deixar de dar passagem pela esquerda, quando
cada por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e solicitado:
iluminação vermelha intermitentes: Infração - média;
Infração - grave; Penalidade - multa.
Penalidade - multa. ▷ Art. 30 do CTB.
▷ Art. 29, VII, do CTB. Art. 199. Ultrapassar pela direita, salvo quando o veículo
Art. 191. Forçar passagem entre veículos que, transitando da frente estiver colocado na faixa apropriada e der sinal
em sentidos opostos, estejam na iminência de passar um de que vai entrar à esquerda:
pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem: Infração - média;
Infração - gravíssima; Penalidade - multa.
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de ▷ Art. 29, XI, do CTB.
dirigir. Art. 200. Ultrapassar pela direita veículo de transporte
▷ (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) coletivo ou de escolares, parado para embarque ou de-
sembarque de passageiros, salvo quando houver refúgio
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no
de segurança para o pedestre:
caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze)
meses da infração anterior. Infração - gravíssima;
▷ (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) Penalidade - multa.
Art. 192. Deixar de guardar distância de segurança lateral ▷ Art. 29, XI e 31 do CTB.
e frontal entre o seu veículo e os demais, bem como em Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro
relação ao bordo da pista, considerando-se, no momento, e cinquenta centímetros ao passar ou ultrapassar bicicleta:
a velocidade, as condições climáticas do local da circula- Infração - média;
ção e do veículo: Penalidade - multa.
Infração - grave; ▷ Art. 29, II e XI, ‘b’, do CTB.
Penalidade - multa. Art. 202. Ultrapassar outro veículo:
▷ Art. 29, II e XI, ‘b’, do CTB. I. Pelo acostamento;
▷ Art. 29, XI, do CTB. Penalidade - multa.
II. Em interseções e passagens de nível; ▷ Resolução nº 458, de 29 de outubro de 2013, que
Infração - gravíssima; regulamenta a utilização de sistemas automáticos não
Penalidade - multa de (cinco vezes). metrológicos de fiscalização, nos termos do § 2º do
E nos casos de reincidência a multa é em dobro, ou seja Art. 280 do Código de Trânsito Brasileiro.
gravíssima (10X) Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio viário com
▷ Art. 33 do CTB. ou sem sinalização ou dispositivos auxiliares, deixar de
adentrar às áreas destinadas à pesagem de veículos ou
Art. 203. Ultrapassar pela contramão outro veículo:
evadir-se para não efetuar o pagamento do pedágio:
I. Nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade su-
Infração - grave;
ficiente;
Penalidade - multa.
II. Nas faixas de pedestre;
III. Nas pontes, viadutos ou túneis; ▷ Art. 278 do CTB.
IV. Parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário po-
cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedi- licial:
mento à livre circulação; Infração - gravíssima;
V. Onde houver marcação viária longitudinal de divi- Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão do
são de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou direito de dirigir;
simples contínua amarela: Medida administrativa - remoção do veículo e recolhi-
Infração - gravíssima; mento do documento de habilitação.
Penalidade - multa. (cinco vezes) ▷ Art. 278 do CTB. Parágrafo Único
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no Art. 211. Ultrapassar veículos em fila, parados em razão de
caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) sinal luminoso, cancela, bloqueio viário parcial ou qual-
meses da infração anterior. quer outro obstáculo, com exceção dos veículos não mo-
▷ (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) torizados:
Art. 204. Deixar de parar o veículo no acostamento à di- Infração - grave;
reita, para aguardar a oportunidade de cruzar a pista ou Penalidade - multa.
entrar à esquerda, onde não houver local apropriado para
operação de retorno: Art. 212. Deixar de parar o veículo antes de transpor linha
férrea:
Infração - grave;
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.
Penalidade - multa.
▷ Art. 37 do CTB.
▷ Art. 29, XII, do CTB.
Art. 205. Ultrapassar veículo em movimento que integre

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cortejo, préstito, desfile e formações militares, salvo com Art. 213. Deixar de parar o veículo sempre que a respecti-
autorização da autoridade de trânsito ou de seus agentes: va marcha for interceptada:
Infração - leve; I. Por agrupamento de pessoas, como préstitos, pas-
seatas, desfiles e outros:
Penalidade - multa.
Infração - gravíssima;
Art. 206. Executar operação de retorno:
Penalidade - multa.
▷ Art. 39 do CTB.
II. Por agrupamento de veículos, como cortejos, for-
I. Em locais proibidos pela sinalização;

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