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Módulo II
1.2
1. O que é o determinismo?
2. O que é o livre-arbítrio?
O livre-arbítrio consiste em poder escolher entre várias ações possíveis. As ações resultantes
de escolhas livres não são inevitáveis. Há livre-arbítrio se pudermos agir de modo
diferente do que agimos, se tendo feito uma coisa poderíamos ter feito outra.
6. Em que condições uma pessoa pode ser considerada moralmente responsável por
uma ação? Em que condições atribuímos responsabilidade moral a um agente?
Uma pessoa pode ser considerada moralmente responsável por uma ação quando podia
não ter feito o que fez. Assim, se decido invadir o quintal do vizinho para me apropriar
de algumas laranjas apetitosas, posso ser responsabilizado porque podia não ter feito o
que fiz. Quando alguém me censura dizendo «Não devias ter feito o que fizeste!» está
precisamente a dizer-me que havia outra alternativa. Mas, se o que aconteceu se
verificou em estado de sonambulismo, não posso ser responsabilizado porque
momentaneamente perdi o controlo dos meus atos e não podia não ter feito o que fiz.
7. Que relação há entre agir livremente e ser moralmente responsabilizado pelo que
se faz?
A relação é esta: a) ser responsável implica ser livre. Não se pode responsabilizar uma
pessoa por uma ação se ela não agiu livremente. Que um agente seja responsabilizável
por uma ação implica que podia ter agido de modo diferente, não ter feito o que fez ou
que podia ter evitado fazer o que fez (fosse a ação boa ou má).
b) Ser livre implica ser responsável. Se alguém pratica livremente uma ação, então faz
algo que podia não ter feito. Se o fez nestas condições, é o autor da ação e por ela pode
responder. Se agiu livremente, não pode evitar ter de enfrentar e responder pelas
consequências dos seus atos. Se forem, boas pode ser elogiado. Se forem más, pode ser
censurado e mesmo sentir remorso.
1.2.1
4. O que é o libertismo?
O libertismo é a teoria que considera que há ações que não são nem causalmente
determinadas nem produto do acaso, mas livres, e que, portanto, as pessoas são
responsáveis por essas ações. As ações do ser humano decorrem das suas deliberações
decisões e não de acontecimentos anteriores que escapem ao seu controlo.
O libertista pensa que, apesar das influências hereditárias e das influências do meio
(relativas ao modo como somos educados e criados), escolhemos livremente o que
fazemos. Não é o passado que decide por nós.
8. Das três teorias que referimos, somente o determinismo moderado é uma teoria
compatibilista. Justifique.
11. Para o determinista moderado, uma ação livre é causada. É causada pelo quê?
É causada pelas suas crenças e desejos, isto é, pela sua personalidade.
12. Por que razão para o determinista moderado é importante que a ação do agente
seja causada ou determinada pelas suas crenças e desejos?
Se as ações não fossem causadas pelas nossas crenças e desejos, não poderíamos ser
responsabilizados pelas nossas ações. Não seriam as nossas ações.
Para os deterministas moderados, uma ação é livre desde que o sujeito, caso o tivesse
desejado, tivesse agido de outra forma. Imagine, por exemplo, que tem amanhã um
teste da disciplina de Filosofia para o qual está a estudar afincadamente porque acredita
que assim terá boa nota. Uma vez que a sua ação resulta dos seus desejos e crenças e
não lhe foi imposta (por exemplo, pelos seus pais, devido a maus resultados em testes
anteriores), ela é uma ação livre. Mas, se a sua ação de estudar resultasse de uma
imposição paterna que não lhe deixasse qualquer alternativa, então ela não era uma
ação livre. Repare que em ambos os casos a sua ação tem causas. Contudo, no primeiro
caso as causas são os seus próprios desejos e crenças, ao passo que no segundo caso as
causas são os desejos e crenças dos seus pais. É essa diferença que faz com que num
caso a ação seja livre e no outro não. No primeiro caso, a sua ação é livre porque está
sob o controlo das suas crenças e desejos e, se tivesse tido outros desejos, poderia ter
escolhido e realizado uma ação diferente. No segundo caso, de nada lhe valeria ter
outros desejos e crenças porque não poderia agir de acordo com eles.
14. Esclareça, através de exemplos, que fatores podem impedir o agente de fazer o
que tem vontade de fazer.
Sirvam estes dois exemplos: quero beber água, mas estou no deserto e não há água
disponível; quero viajar, mas não tenho dinheiro.
15. Segundo o determinismo moderado, para que uma ação seja livre ela, tem de ser
causada de uma certa maneira. O que significa esta afirmação?
Esta afirmação significa que a distinção entre ações livres e não livres implica a distinção
entre causalidade interna e causalidade externa.
Assim:
a) Ações, escolhas e decisões cuja causa imediata é um estado de coisas interno (desejos
e crenças do agente e também a sua personalidade) são livres.
b) Ações, escolhas e decisões cuja causa imediata é um estado de coisas externo não
são livres.
16. O sentido comum de liberdade consiste em dizer que agir livremente é, não só
fazer o que queremos fazer, como também poder não ter feito o que se fez, ou seja, a
ausência de coação é acompanhada por outra condição que é o agente possuir
alternativas reais de ação. Será que o determinismo moderado salvaguarda esta ideia
de liberdade?
Parece que sim e parece que não. Vejamos: Um agente dispõe de alternativas reais se a
sua ação pudesse ter sido diferente da que realizou. Assim, ajo livremente se,
escolhendo comer um bolo, pudesse não o ter feito e, eventualmente, tivesse escolhido
uma peça de fruta. Vejamos como o determinista moderado explica a mesma ação.
Comi uma peça de fruta e agi livremente porque o fiz de acordo com as minhas crenças
– fruta é mais saudável, assim me ensinaram – e os meus desejos – quero ser saudável.
O que significa dizer que podia ter agido de modo diferente e comer o bolo em vez da
fruta? Que os meus desejos e crenças teriam de ser diferentes. Por outras palavras, teria
de ser uma pessoa diferente do que sou, de ter outra personalidade (esta é constituída
pelas nossas crenças e desejos). Mas, se somos deterministas, mesmo moderados,
temos de reconhecer que não temos controlo sobre o passado, que somos o resultado
necessário da educação e criação que tivemos. Não podemos ser uma pessoa diferente
da que somos.
17. Qual é uma das principais críticas de que o determinismo moderado é alvo?
Uma crítica que se faz ao determinismo moderado é a de não explicar o comportamento
compulsivo. Quando alguém age compulsivamente, age de acordo com os seus próprios
desejos e crenças. Contudo, dificilmente se pode dizer que quem o faz é livre. É o caso
do cleptómano. Parece também difícil acreditar que uma pessoa que, por exemplo, seja
uma compradora ou jogadora compulsiva e que, por causa disso, contraia muitas dívidas
e destrua o casamento, seja livre. No entanto, ela, ao agir compulsivamente, respeita
completamente o critério do determinismo moderado, segundo o qual uma ação é livre
se resultar dos desejos e crenças da pessoa que a realiza.
18. Que outra crítica podemos dirigir a quem defende o determinismo moderado?
A principal crítica é esta: Se não somos responsabilizáveis pelo que fazemos – porque
não podemos agir de modo diferente –, então:
1. Como condenar e ilibar alguém?
2. Como elogiar e censurar?
3. Como dizer a alguém que não devia ter feito o que fez?
4. Como explicar sentimentos de remorso, de arrependimento e de culpa?
Muitos críticos do determinismo radical pensam que não é possível construir a vida
social sem a ideia de responsabilidade moral.
Por outro lado, os nossos juízos morais perderão qualquer fundamento. Se o
determinismo implica a negação da liberdade e da responsabilidade, se é verdade
afirmar que as nossas ações são o resultado de causas que de modo algum podemos
controlar, que diferença moral há entre um criminoso como Hitler e Nelson Mandela?
Faz sentido condenar Hitler e admirar Nelson Mandela?
Segundo o determinismo moderado, a minha ação é livre se for causada por desejos ou
crenças – estados internos − que são meus. Segundo o libertismo, a minha ação é livre
se for causada por mim e não por um dos meus estados internos.
O que é este eu que através das suas deliberações é, segundo os libertistas, a causa de
certas ações? Uma entidade física? Então não escapa ao determinismo universal, ao
encadeamento causal necessário que rege todas as coisas físicas. Uma entidade não
física? Mas as ações são atos físicos, acontecem num dado momento e lugar.
Será que este eu é uma entidade puramente mental? Mas como é que uma causa
puramente mental pode produzir efeitos físicos? Se é a mente que causa as nossas
ações, será que é possível que ela exista independentemente do cérebro, que é
obviamente uma realidade física?
Este contra-argumento parece condenar os libertistas a reconhecerem o seguinte: que
as ações de uma pessoa só são livres se não tiverem nenhuma causa, nem mesmo as
suas próprias crenças e desejos. Ora, deste modo, o libertismo transforma-se numa
espécie de indeterminismo, algo que os libertistas sempre rejeitaram.
QUADRO ESQUEMÁTICO 1
1. Todos os acontecimentos, sem exceção, Se todas as ações são o Se não há ações livres, não
são causalmente determinados por desfecho inevitável de podemos ser
acontecimentos anteriores causas anteriores, não há responsabilizados pelo que
ações livres. fazemos.
2. As escolhas e ações humanas são
acontecimentos.
3. Logo,todas as escolhas e ações humanas
são causalmente determinadas por
acontecimentos anteriores.
O determinismo radical é a teoria que só reconhece como verdadeira a crença no determinismo. Todos
os acontecimentos são o resultado inevitável de causas anteriores.
QUADRO ESQUEMÁTICO 2
A resposta do libertismo
Crença no determinismo
Crença no livre-arbítrio Crença na responsabilidade moral
Falsa Verdadeira Verdadeira
O libertismo é a teoria que só reconhece como verdadeira a crença no livre-arbítrio porque não aceita o
determinismo universal – que todo o acontecimento seja o resultado necessário e inevitável de causas
anteriores.
QUADRO ESQUEMÁTICO 3
O determinismo moderado é a teoria que reconhece como verdadeiras as crenças no determinismo e no livre-
arbítrio.
3.1.3
A PERSPETIVA DEONTOLÓGICA DE KANT
Considera-se que a ética kantiana é deontológica porque defende que o valor moral de
uma ação reside em si mesma – na sua intenção – e não nas suas consequências.
Em geral, uma teoria é deontológica se considera que agir moralmente consiste em
cumprir o dever pelo dever e que há deveres absolutos, ou seja, deveres que é
obrigatório cumprir independentemente das consequências.
2. Segundo Kant, uma ação pode ter boas consequências e não ter valor moral.
Porquê?
As consequências de uma ação não têm qualquer relevância para determinar o valor
moral dessa ação, quer essas consequências sejam boas ou más, uma vez que o valor
moral de uma ação é determinado pela intenção do agente. Uma ação com valor moral
pode ter boas consequências, mas não são as boas consequências que a tornam
moralmente valiosa.
Agir por dever é fazer do cumprimento do dever a única razão de ser da minha ação.
Faço do cumprimento do dever um fim em si: é isso que quero e mais nada.
A intenção de cumprir o dever não se apoia em mais nenhuma outra. Não há «segundas
intenções». O cumprimento do dever é o único motivo em que a ação se baseia.
Se cumpro o dever de não roubar por medo das consequências, não estou a agir por
dever. Se cumpro o dever de roubar porque considero que é sempre errado roubar,
então estou a agir por dever. Não roubo porque considero que assim é que deve ser, isto
é, porque esse ato é errado em si mesmo, por melhores que até possam ser as
consequências.
Agir por dever é cumprir o dever pelo dever.
6. Kant distingue ações feitas por dever e ações em conformidade com o dever. O que
são ações conformes ao dever?
Ações conformes ao dever são ações que têm como única motivação o cumprimento do
dever, mas um interesse pessoal. São ações que cumprem o dever com a intenção de
evitar uma má consequência – perder dinheiro, reputação – ou porque daí resulta uma
boa consequência – a satisfação de um interesse. O comerciante que pratica preços
justos para criar boa reputação e aumentar a clientela cumpre o dever por interesse,
mas não cumpre o dever por dever.
7. Uma ação pode ser conforme ao dever e não ser por dever. Justifique.
Ações contrárias ao dever são ações que violam o dever. Por exemplo, matar, roubar,
mentir.
9. Por que razão distingue Kant entre ações por dever e ações em conformidade com
o dever?
1. Defender que o valor moral das ações depende unicamente da intenção com que são
praticadas.
2. Mostrar que duas ações podem ter consequências igualmente boas e uma delas não ter valor
moral.
É uma lei da nossa consciência racional que exige que se cumpra o dever por dever.
A lei moral exige respeito absoluto pelo dever, pelo cumprimento de certas normas como
não matar, não roubar e não mentir.
Obedeço à lei moral quando respeito absolutamente o dever, quando não preciso de
mais nenhum motivo – a não ser a honestidade – para cumprir o dever (para ser
honesto).
11. Por que razão, Segundo Kant, a lei moral tem um caráter formal?
Porque me diz a forma como é correto cumprir o dever. Não é uma regra concreta como
«Não matarás!», mas um princípio geral que deve ser seguido quando cumpro essas
regras concretas que proíbem o roubo, o assassinato, a mentira, etc. Pense em normas
morais como «Não deves mentir», «Não deves matar», «Não deves roubar». A lei moral,
segundo Kant, diz-nos como cumprir esses deveres, qual a forma correta de os cumprir.
Assim sendo, é uma lei puramente racional e puramente formal.
12. Por que razão, segundo Kant, a lei moral tem a forma de um imperativo categórico?
A lei moral exige respeito absoluto pelo dever, pelo cumprimento de certas normas como
não matar, não roubar e não mentir. A palavra imperativo designa dever, ordem,
obrigação. A palavra categórico significa absoluto, incondicional.
Assim, respeitar a lei moral ou o que ela ordena é uma obrigação absoluta.
O que a lei moral ordena – cumprir o dever por puro e simples respeito pelo dever – é,
para Kant, uma exigência que tem a forma de um imperativo categórico.
Ordena que uma ação boa seja realizada pelo seu valor intrínseco, que seja querida por
ser boa em si e não por causa dos seus efeitos ou consequências. O cumprimento de
deveres como não roubar ou não mentir é uma obrigação absoluta.
13. O que são deveres absolutos?
Deveres absolutos, ou perfeitos, são deveres que não admitem exceções. Os deveres
absolutos são deveres incondicionais (não dependem de condições ou interesses). Os
deveres morais propriamente ditos são deveres absolutos. A lei moral enquanto
imperativo categórico diz-nos que deveres é obrigatório respeitar de forma absoluta.
14. Por que razão o cumprimento do dever é uma obrigação absoluta ou categórica?
Se cumprir o dever dependesse dos nossos interesses ou sentimentos, teríamos a
obrigação, por exemplo, de cumprir a palavra dada apenas em certas condições, mas
não sempre. Esta obrigação dependeria, digamos, do desejo de ficarmos bem vistos aos
olhos de Deus ou aos olhos dos outros, do desejo de agradar a alguém, etc. Se agradar
a Deus ou aos outros deixasse de nos preocupar, a obrigação de cumprir a palavra dada
simplesmente desapareceria. Ora, não é isso que deve acontecer, segundo Kant.
Continuamos a ter o dever de cumprir a palavra dada quer isso nos agrade quer não.
Deveres relativos são deveres cujo cumprimento depende de se querer ou desejar algo,
isto é, que se devem cumprir apenas quando se deseja algo.
Os imperativos hipotéticos são ordens que expressam deveres relativos, isto é, deveres
que devemos cumprir na condição de querermos ou desejarmos uma dada coisa. Os
imperativos hipotéticos expressam ações conformes ao dever. Exemplos: «Deves
cumprir o Código da Estrada se não queres ser multado»; «Se queres ser louvado pelos
teus concidadãos, deves fazer apenas ações que a comunidade aprove».
As duas formulações do imperativo a que Kant dá mais importância são a fórmula da lei
universal e a fórmula da humanidade. A primeira diz que devemos agir apenas segundo
uma máxima tal que possamos querer ao mesmo tempo que se torne uma lei universal;
a segunda afirma que devemos agir de tal maneira que usemos a humanidade, tanto na
nossa pessoa como na pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca
apenas como meio.
Está presente a máxima que deve orientar a nossa ação para que ela tenha valor moral.
A máxima dá-nos a conhecer a intenção ou o motivo que está na base da ação do agente.
Kant atribui a estas duas formulações do imperativo categórico a função de critérios
para determinar se uma máxima expressa ou não um dever moral.
A fórmula é: «Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo
que se torne lei universal».
Cumpro o imperativo categórico (equivalente a obedecer à lei moral ou a agir por dever)
quando a minha máxima pode ser universalizada sem contradição.
Poderá esta máxima ser universalizada? Não será contraditória? O que aconteceria se
esta regra fosse universalizada, se funcionasse como modelo para todos, se todos a
seguissem? Ninguém confiaria em ninguém. Ora, a mentira só é eficaz se as pessoas
confiarem umas nas outras. É preciso que Bernardo confie em Eva, para poder ser
enganado por ela. Mas, se eu souber que todos mentem sempre que isso lhes convém,
deixarei de confiar nos outros e por isso Bernardo não confiará em Eva. Não vale a pena
Eva prometer porque Bernardo não irá acreditar em nada que ela diga. Logo, Bernardo
não lhe iria emprestar o dinheiro se a máxima de Eva fosse uma lei universal. Por
estranho que pareça, ao exigir que todos mintam, estou a tornar a mentira impossível.
Sim. Só podemos universalizar a máxima da nossa ação se não nos deixarmos influenciar
pelos nossos interesses e pelo egoísmo.
22. Como é que a fórmula da lei universal determina se uma máxima expressa um
dever moral?
A fórmula é: Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na
pessoa de outrem, sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.
Segundo esta fórmula, cada ser humano é um fim em si e não um simples meio. Por isso,
será moralmente errado instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio
para alcançar um objetivo. Os seres humanos têm valor intrínseco, absoluto, isto é,
dignidade. Por exemplo, a vida de um ser humano não vale mais do que a de outro.
Quem pede dinheiro emprestado sem intenção de o devolver está a tratar a pessoa que
lhe empresta dinheiro sem respeito pela sua dignidade. É evidente que está a tratá-la
como um meio para resolver um problema e não como alguém que merece respeito,
consideração. Pensa unicamente em utilizá-la para resolver uma situação financeira
grave sem ter qualquer consideração pelos interesses próprios de quem se dispõe a
ajudá-lo.
Kant pretende mostrar que a sua ética é a ética do respeito absoluto pelos direitos da
pessoa humana e não simplesmente uma ética do dever.
Para Kant, a pessoa tem de ser tratada sempre como um fim em si mesma e nunca
somente como um meio, porque é o único ser de entre as várias espécies de seres vivos
que pode agir moralmente. Se não existissem os seres humanos, não poderia haver
bondade moral no mundo e, nesse sentido, o valor da pessoa é absoluto.
A ação moralmente correta é decidida pelo indivíduo quando adota uma perspetiva
universal. Como? Colocando de parte os seus interesses, a pessoa pensará como
qualquer outra que também faça abstração dos seus interesses, adotando, portanto,
uma perspetiva universal. Pense em deveres morais comuns como «Paga o que deves»,
«Sê leal», «Não roubes». Só o interesse e a parcialidade do agente podem levar à
violação de tais regras ou deveres morais. Eliminada a parcialidade, pensamos segundo
uma perspetiva universal e aprovamo-los. Sempre que fazemos da satisfação dos nossos
interesses a finalidade única da nossa ação, não estamos a ser imparciais e a máxima
que seguimos não pode ser universalizada. Assim sendo, estamos a usar os outros
apenas como meios, simples instrumentos que utilizamos para nosso proveito.
É uma vontade que cumpre o dever respeitando absolutamente a lei moral, ou seja, cuja
única intenção é cumprir o dever.
É uma vontade que age segundo regras ou máximas que podem ser seguidas por todos.
É uma vontade que respeita todo e qualquer ser humano considerando-o uma pessoa e
não uma coisa ou um simples meio ao serviço deste ou daquele interesse.
É uma vontade autónoma porque decide cumprir o dever por sua iniciativa e não por
receio de autoridades externas ou da opinião dos outros.
A boa vontade é a vontade que age por respeito pela lei moral. A boa vontade é a única
coisa absolutamente boa. O que a torna boa é a intenção que preside à realização da
ação. Quando um agente age com a intenção de cumprir o dever pelo dever, age de boa
vontade.
É a vontade que age com a intenção de cumprir o dever pelo dever. Por isso é também
dita uma boa vontade ou uma vontade que respeita a lei moral. A autonomia da vontade
designa a capacidade de a vontade decidir respeitar uma lei – a lei moral – que exige o
respeito absoluto pela dignidade e autonomia da pessoa humana. A autonomia da
vontade não é fazer o que apetece. O agente autónomo aceita a lei moral porque essa
lei é criada por ele mesmo, quando faz escolhas morais imparciais e desinteressadas
determinadas pela sua razão. Uma vontade autónoma é uma vontade puramente
racional, que faz sua uma lei da razão, que diz a si mesma «Eu quero o que a lei moral
exige». Ao agir por dever, obedeço à voz da minha razão e nada mais.
É a vontade que não cumpre o dever pelo dever. Não é uma boa vontade. O
cumprimento do dever não é razão suficiente para agir tendo de se invocar razões
externas como o receio das consequências, o temor a Deus, etc. A vontade submete-se
a autoridades que não a razão.
Para Kant, há ações que, apesar das boas consequências previsi ́veis, nunca devem ser
praticadas.
Há ações que é sempre obrigatório ou sempre errado fazer. Há ações que são
moralmente erradas, quaisquer que sejam as consequências que resultem delas. Matar,
roubar, mentir são exemplos de ações que são sempre erradas, por mais vantagens que
resultem delas, e temos a absoluta obrigação de não matar, não roubar e não mentir.
Isto quer dizer que há deveres morais absolutos, ou seja, obrigações que devemos
cumprir sempre.
Mas por que razão há deveres morais absolutos? Porque há direitos invioláveis. Os
direitos da pessoa humana. Como pessoa, o ser humano tem direitos que, em
circunstância alguma, podem ser violados ou infringidos. Estes direitos implicam
deveres, e estes deveres implicam restrições. Nem tudo é permissi ́vel em nome, por
exemplo, do bem-estar geral ou da felicidade do maior nú mero.
Segundo Mill o que faz com que uma ação tenha valor moral é a utilidade. O critério da
moralidade de um ação é o princípio de utilidade. Este princípio é o teste da moralidade
das ações. Uma ação deve ser realizada se e só se dela resultar a máxima felicidade
possível para o maior número possível de pessoas que são por ela afetadas. O princípio
de utilidade é por isso também conhecido como o princípio da maior felicidade. Uma
ação boa é a mais útil, ou seja, a que produz mais felicidade global ou, dadas as
circunstâncias, menos infelicidade. Quando não é possível produzir felicidade ou prazer,
devemos tentar reduzir a infelicidade. É costume resumir-se o princípio de utilidade
mediante a fórmula «A maior felicidade para o maior número».
O valor moral de uma ação depende das suas consequências. A ação boa é a ação que
tem boas consequências ou, dadas as circunstâncias, melhores consequências do que
ações alternativas. Uma ação moralmente correta, para John Stuart Mill, é a que, de
todas as ações possi ́veis, tem as melhores consequências.
Também, mas não só. Prevalece a ideia de felicidade geral, embora não se despreze a
felicidade individual. A felicidade de que fala o utilitarismo não é simplesmente a
felicidade individual. Mas também não é a felicidade geral à custa da felicidade do
agente. A minha felicidade é tão importante como a dos outros envolvidos, nem mais
nem menos. Dada a tendência humana para o egoísmo, Mill acentua esta ideia: a minha
felicidade não conta mais do que a felicidade dos outros.
Sim. Para decidir o que é moralmente correto fazer, o agente deve ter tanto em conta,
não só o seu bem-estar, como o de todas as outras pessoas que são afetadas pela ação.
A sua felicidade não conta mais do que a felicidade dessas outras pessoas e não deve
abrir exceções, mesmo para conhecidos, familiares e amigos. Quando delibera sobre o
que vai fazer, o agente tem de ser completamente imparcial. Por isso, o utilitarismo
rege-se pelo princi ́pio da imparcialidade.
5. Considera-se que o utilitarismo de Mill é uma teoria hedonista. O que significa isso?
Significa que todas as atividades humanas têm um objetivo último, isto é, são meios para
uma finalidade que é o ponto de convergência de todas. Esse fim é a felicidade ou bem-
estar que Mill identifica com o prazer.
A resposta é não, e Mill faz questão de ser bem claro. Nenhuma felicidade humana é
verdadeiramente possível sem um «sentido de dignidade». Nem todos os prazeres se
equivalem. Há prazeres superiores e prazeres inferiores. Não podemos reduzir a
felicidade à satisfação dos prazeres físicos. Sem negar estes, Mill afirma convictamente
que os prazeres do espírito ou os prazeres intelectuais são superiores e qualitativamente
distintos.
1. É o critério que permite distinguir uma ação moralmente correta de uma ação
moralmente incorreta.
A ação com boas consequências é aquela cujos resultados contribuem para um aumento
da felicidade (bem-estar) ou diminuição da infelicidade do maior número possível de
pessoas por ela afetadas. É uma ação subordinada ao princípio de utilidade.
A ação com más consequências é aquela cujos resultados não contribuem para um
aumento da felicidade (bem-estar) ou diminuição da infelicidade do maior número
possível de pessoas por ela afetadas.
É a ação parcial em que a felicidade do maior número não é tida em conta ou a ação
egoísta em que só o meu bem-estar ou satisfação é procurado. Em suma, é a ação que
não se subordina ao princípio de utilidade.
A ética de John Stuart Mill é uma ética consequencialista, porque defende que o valor
moral de uma ação depende das suas consequências. A ação boa é a que tem as
melhores consequências possíveis. Para Mill, ao contrário de Kant, não determinamos a
correção moral de uma ação com base no motivo ou intenção do agente, mas sim nos
resultados da ação. Mill discorda completamente da posição segundo a qual a intenção
do agente é vital para determinar o valor moral de uma ação. Para ele, uma ação que
tenha boas consequências é sempre boa qualquer que seja a motivação do agente.
Mill pensa também que a ação a realizar é aquela da qual resulta a maior felicidade ou
bem-estar para todas as pessoas envolvidas. Uma ação boa é, portanto, a mais útil, ou
seja, a que produz mais felicidade global. A este princípio que funciona como critério da
moralidade chama-se princípio de utilidade e afirma que a ação que deve ser realizada
é aquela de que resulta a máxima felicidade possível para as pessoas que são afetadas
por ela. O princípio de utilidade é, por isso, conhecido também como princípio da maior
felicidade.
Em que consiste esta felicidade que deve, segundo Mill, ser o objetivo de toda a ação
moral? A felicidade consiste no prazer e na ausência de dor. Chama-se hedonismo a esta
conceção da felicidade. O consequencialismo de Mill é, por este motivo, um
consequencialismo hedonista. A esta forma de consequencialismo chama-se
utilitarismo. Mill é, portanto, utilitarista.
A felicidade consiste no prazer, mas nem todos os prazeres são considerados da mesma
maneira. Mill distingue dois tipos de prazeres, os inferiores e os superiores. Os prazeres
inferiores são os prazeres físicos. Os superiores são os do espírito. Sem negar os prazeres
físicos, Mill afirma que os prazeres do espírito ou os prazeres intelectuais são superiores
e qualitativamente distintos.
10. Por que razão o princípio de utilidade é superior às normas morais comuns tais
como não matar, não roubar e não mentir?
É superior porque por vezes – especialmente em casos de conflito moral – temos de
recorrer ao princípio de utilidade para resolver uma situação moral a que as normas
morais não respondem cabalmente.
Ex.: Tenho de optar entre salvar e deixar morrer. As regras morais comuns dizem-me que
não devo deixar morrer inocentes. Mas neste caso tenho de tomar uma decisão, por
mais difícil que seja.
11. O utilitarismo implica o abandono das normas morais aceites na generalidade das
sociedades?
O utilitarismo não implica necessariamente o abandono das normas morais aceites na
generalidade das sociedades. Estas normas resistiram à prova do tempo, e em muitas
situações fazemos bem em segui-las nas nossas decisões. Mas há situações em que não
respeitar uma determinada norma moral e seguir o princípio de utilidade tem melhores
consequências do que respeitá-la. O princípio de utilidade ajuda-nos a deliberar e a
tomar decisões quando as regras morais vigentes não nos permitem determinar como
agir. É o caso quando há conflitos e dilemas morais. Há quem pense, por isso, que a ética
de Mill é ao mesmo tempo um utilitarismo das regras e um utilitarismo dos atos. O
utilitarismo das regras é a ideia de que devemos agir de acordo com as regras que mais
promovem a felicidade. Ao defender a importância das normas morais comuns para a
ação, Mill está, supostamente, a abraçar esta forma de utilitarismo, porque como estas
regras passaram o teste do tempo são as que têm as melhores consequências. No
entanto, ao defender que, quando há um conflito entre normas, se deve deliberar com
base no princípio da utilidade, Mill está a defender o utilitarismo dos atos, isto é, uma
escolha com base nas consequências, de cada ato específico.
Em primeiro lugar, um utilitarista pode objetar que esta crítica é hipócrita, porque afinal
acusa o utilitarismo de uma prática comum da sociedade. Embora exista a ideia muito
difundida de que matar pessoas inocentes é errado, a verdade é que em situações
excecionais, as pessoas e as sociedades às vezes têm do tomar decisões que conduzem
à morte de pessoas inocentes. Por exemplo, quando se manda soldados para a guerra,
o objetivo não é, obviamente matá-los, mas tal ato acabará inevitavelmente por causar
a morte de muitas pessoas que, normalmente, não são responsáveis pelo conflito e que
tinham a intenção de ocupar melhor a sua vida do que a disparar sobre outros seres
humanos. Quando um médico durante a guerra divide os seus pacientes em aqueles que
sobrevivem sem o tratamento, os que morrem mesmo que tratados e os que se tratados
sobrevivem, está a tomar decisões que, se se enganar, podem conduzir à morte de
inocentes. Quando, numa epidemia, os governos decidem, na ausência de vacinas para
todos (como aconteceu em Portugal durante a recente ameaça da gripe A), que grupos
sociais e profissionais devem levar em primeiro lugar a vacina, estão a tomar decisões
que podem conduzir à morte de muitos cidadãos inocentes. E em muitos casos, como
nestes exemplos, em nome de fazer o que tem as melhores (ou as menos más)
consequências para as pessoas envolvidas! E, no entanto, ninguém contesta que, dadas
as circunstâncias, essas são as melhores ações. Porquê, então, acusar os utilitaristas de
uma prática frequente e aceite da sociedade? Em vez de criticar o utilitarismo, o que se
deveria fazer era elogiá-lo por fornecer uma justificação racional para ações que,
intuitivamente, já sabemos serem corretas.
Mas atenção! O utilitarismo defende que é correto roubar, mentir ou matar apenas em
certas circunstâncias muito excecionais, quando as regras morais comuns pelas quais as
sociedades se regem não podem ser aplicadas. Em todos esses exemplos, as situações
são excecionais e levam a escolhas, elas também, excecionais. Mandar inocentes para a
guerra é, geralmente, a resposta encontrada para evitar, correta ou erradamente, um
mal maior. E o mesmo se passa nos exemplos do médico e dos governos. Também desta
perspetiva, a crítica parece injustificada, pois os utilitaristas limitam-se a defender o que
é prática comum em situações fora do comum.
Pode parecer natural a exigência de que os interesses, por exemplo, dos nossos filhos
sejam considerados de modo diferente dos de estranhos, devido às fortes relações
afetivas que mantemos com eles e que são inexistentes no segundo caso. É claro que
somos seres afetivos e que as nossas afeções têm um papel importante nas nossas
relações com os outros. Essas afeções tornam difícil agir de acordo com o princípio da
imparcialidade e levam de facto a que não ajamos em algumas situações. Mas se
baseássemos a nossa conduta nas afeções, as nossas ações variariam ao sabor dessas
afeções, favorecendo uns, prejudicando outros. Retirar o princípio da imparcialidade ao
utilitarismo seria transformá-lo numa espécie de egoísmo que incorpora, para além dos
nossos interesses, os interesses daqueles que nos são próximos. Uma tal doutrina,
embora praticável e praticada por muitos, tem pouco de moral. O princípio da ação
moral tem de ser um princípio racional, sob pena da moral se tornar completamente
arbitrária. O princípio da imparcialidade parece estar de acordo com as nossas intuições
morais mais básicas. Uma pessoa que, tendo de tomar uma decisão por um grupo de
pessoas, decida de forma vantajosa para si ou para os que lhe são próximos é objeto de
crítica e não de louvor. É preciso lembrar o que o povo português pensa do suposto
favorecimento dos políticos a amigos e familiares? Uma vez mais parece haver aqui
alguma hipocrisia da parte dos críticos do utilitarismo. Criticam o utilitarismo por
defender aquilo que é, vistas bem as coisas, é o ponto de vista aceite pela generalidade
das pessoas sobre o assunto. Outra coisa, diferente, é se somos capazes de agir sempre
segundo esse princípio. Talvez não sejamos, talvez sejamos uns mais do que outros,
talvez uns muito e outros pouco. Somos seres racionais, mas também afetivos. Talvez a
nossa afetividade se sobreponha algumas vezes à nossa racionalidade. Mas isso mudará
alguma coisa relativamente à nossa obrigação, se o princípio da imparcialidade for
verdadeiro?
1. Compare a ética de Kant com a ética de Mill a respeito do critério para avaliar
moralmente uma ação.
Para a ética de Kant, a moralidade ou o valor moral de uma ação depende da intenção
com que a ação é praticada. Embora Kant não as despreze completamente, as
consequências das ações não são o critério de que depende a moralidade da ação. Com
efeito, uma ação pode ter consequências boas e ainda assim não ser moralmente boa.
Kant ilustra este ponto com o exemplo do merceeiro honesto. Quer o merceeiro que é
honesto para não perder clientes (que age conforme ao dever) quer o merceeiro que é
honesto porque pensa que é essa a sua obrigação (que age por dever) fazem
exatamente a mesma ação (são honestos), com as mesmas consequências boas para os
clientes, e, no entanto, apenas a ação do segundo é moralmente boa. A ação do primeiro
é realizada por interesse, isto é, a pensar no que aconteceria se fosse desonesto. A do
segundo merceeiro não é realizada por interesse, mas por esse merceeiro ter
consciência da sua obrigação de ser honesto. O que é diferente num e noutro caso não
é a ação nem as consequências da ação, mas a intenção com que a ação é praticada.
Num caso, a intenção é incorreta e no outro é correta. Só nesse caso, isto é, quando a
ação é praticada pela intenção correta, a ação é moralmente boa. Portanto, segundo
Kant, o que determina se uma ação é moralmente boa é a intenção e uma ação só é
moralmente boa se a intenção for a de cumprir o dever pelo dever. Por esse motivo, a
ética de Kant é uma ética deontológica.
Para Kant os fins nunca justificam os meios. Há ações que são moralmente erradas
quaisquer que sejam as consequências que resultem delas. Matar, roubar, mentir são
exemplos de ações que são sempre erradas por mais vantagens que resultem delas, e
temos a absoluta obrigação de não matar, não roubar e não mentir. Suponhamos, por
exemplo, que alguém pensa que a maneira de acalmar a população de uma cidade
agitada pela ocorrência de uma série de homicídios seria condenar um indigente que
apareceu a vaguear por essa cidade. Fazendo um cálculo custo-benefício, essa seria a
ação com as melhores consequências, embora o indigente claramente não fosse o
responsável pelos homicídios. Será que, neste caso, os meios se justificavam tendo em
conta o benefício, isto é, o fim em vista? Para Kant não. Por melhores que sejam, as
consequências de uma ação, se essa ação viola um imperativo categórico, é imoral
praticá-la. Seria o caso no exemplo dado. Prender o indigente seria agir de acordo com
uma máxima que não passa o teste do imperativo categórico, seja porque não pode ser
universalizada seja porque implica tratar o indigente apenas como um meio para um
fim. Numa palavra, os meios, para Kant, nunca justificam os fins, seja porque não são as
consequências que decidem da moralidade de uma ação seja porque desse modo violar-
se-iam deveres absolutos e direitos invioláveis. Para Mill, as coisas são diferentes. Não
há à partida nem direitos invioláveis nem deveres absolutos. Não há ações que seja
sempre obrigatório ou sempre errado fazer. As ações são erradas ou corretas em função
das suas consequências ou fins. Podemos, portanto, dizer que do ponto de vista de Mill
os fins justificam sempre os meios, porque é em função dos fins (consequências
esperadas) que os meios (as ações a praticar) são determinados. Isto é verdade mesmo
nos casos que a opinião comum tende a considerar imoral. Embora, em geral, seja útil
respeitar normas como «Não matar» ou «não mentir», pode haver circunstâncias em
que violar essas normas se justifique porque fazê-lo é o que produz o melhor estado de
coisas para todas as pessoas envolvidas. Quer dizer, há situações em que matar ou
mentir, sendo condição para a obtenção de certos fins, pode em certas circunstâncias
ser o correto a fazer. O exemplo do indigente dado acima pode ser uma dessas
situações. Normalmente consideramos errado prender pessoas inocentes. Para Kant,
como vimos, seria absolutamente errado fazê-lo porque há deveres absolutos. Para Mill
não há deveres absolutos, e uma análise custo-benefício pode justificar uma ação que o
senso comum tende a considerar imoral.
3. Compare a ética de Kant com a ética de Mill a respeito da questão dos deveres
absolutos, ou seja, dos deveres que é nossa obrigação cumprir sempre.
Segundo Kant, como pessoa, o ser humano tem direitos que, em circunstância alguma,
podem ser violados ou infringidos. Estes direitos implicam deveres, e estes deveres
implicam restrições. Nem tudo é permissível em nome do bem-estar geral ou da
felicidade do maior número. Se maximizar o bem-estar implica violar esses direitos, a
ação não é moralmente admissível.
Para Kant, há ações que, apesar das boas consequências previsíveis, não devem nunca
ser praticadas. Há direitos invioláveis e por isso há deveres absolutos. Para Mill, certas
ações, dadas as suas consequências, devem ser praticadas. Não há direitos invioláveis e
por isso não há deveres absolutos.
As consequências são o que mais Não. A minha ética não é Sim. A minha ética é consequencialista.
conta para decidir se uma ação é ou consequencialista.
não moralmente boa?
A intenção é o critério ou fator Sim. A minha ética considera boa a ação Não. O fator que decide se uma ação é
decisivo para avaliar se uma ação é cuja máxima exprime a intenção de boa ou não é o que dela resulta. As
moralmente boa? cumprir o dever pelo dever. A intenção de consequências são o critério decisivo da
fazer o que é devido sem mais outro moralidade de um ato. A intenção diz
motivo que não o cumprimento do dever é respeito ao caráter do agente e não à
a única coisa que torna uma ação boa. A qualidade moral da ação. Se uma ação é
moralidade consiste em cumprir o dever motivada pela vontade de obter o
pelo dever. A minha ética é deontológica. melhor resultado possível mas tem más
consequências, diremos que, apesar de o
agente ser bom, a ação não é boa.
Há ações boas em si mesmas, isto é, Sim. O valor moral de uma ação depende Não. Não podemos dizer que uma ação é
que tenham um valor intrínseco? da máxima que o agente adota, sendo boa ou má antes de olharmos para as
independente das consequências, efeitos suas consequências.
ou resultados do que fazemos.
Há deveres absolutos? Há normas Sim. Mentir, roubar e matar, por exemplo, Não, exceto o dever de promover a
morais que não devemos nunca são atos sempre errados. Há normas felicidade geral. Há situações em que não
desrespeitar? morais absolutas que proíbem o cumprir certo dever tem como
assassínio, o roubo, a mentira e que consequência um melhor estado de
devem ser incondicionalmente coisas. Há normas morais que se têm
respeitadas em todas as circunstâncias. revelado úteis para organizar a vida dos
seres humanos, mas devemos ter em
conta que nem sempre o seu
cumprimento produz bons resultados.
Qual é o princípio moral fundamental O princípio moral fundamental a respeitar O princípio moral fundamental a
que temos de respeitar para que a é o que exige que nunca trate os outros – respeitar é o princípio de utilidade. Exige
nossa ação seja moralmente boa? nem a minha pessoa – como meio ou que das nossas ações resulte a maior
instrumento útil para um certo fim. felicidade possível para o maior número
Respeitar a nossa humanidade, eis o possível de pessoas. É também
princípio incondicional. Para isso ser conhecido como princípio da maior
possível, devo agir segundo máximas que felicidade possível. A minha ética é
possam ser seguidas pelos outros, isto é, consequencialista e utilitarista.
que possam ser universalizadas.
Há valores absolutos? Sim. A dignidade da pessoa humana é um Sim. O único valor absoluto é a felicidade
valor absoluto. Nenhuma ação pode ser entendida como prazer. Todas as outras
boa se desrespeita esse valor absoluto. A coisas só têm valor se produzirem
boa vontade é a vontade de nunca violar a felicidade.
dignidade absoluta e incondicional da
pessoa humana.
Maximizar o bem-estar ou a Não. Não é obrigatório e muitas vezes não Sim. Se o valor moral das ações depende
felicidade é obrigatório? é permissível. Porquê? Porque há direitos da sua capacidade para maximizar o bem-
das pessoas que são absolutos. Os deveres estar dos agentes afetados pelas
absolutos de que falo são restrições que consequências de uma ação, então obter
impõem limites à instrumentalização dos esse resultado é obrigatório, mesmo que
indivíduos em nome do bem-estar geral. A por vezes isso implique a violação de
minha ética é deontológica porque o algum direito. A minha ética não é
respeito absoluto pelos direitos da pessoa deontológica porque não admite que
humana implica que haja deveres haja deveres absolutos que impõem
absolutos ou coisas que é absolutamente restrições ao que é possível fazer. A
proibido fazer. minha ética centra-se no bem-estar geral
que das ações pode resultar, e
maximizar esse bem-estar é a única
obrigação moral.
O que é a felicidade? É o fim ou A felicidade é um bem, mas não deve A felicidade é o objetivo fundamental
objetivo último das ações humanas? influenciar as nossas escolhas morais. O da ação moral, embora não se trate da
fim último da ação moral é o respeito pela felicidade individual nem da felicidade
pessoa humana, pelo valor absoluto que a que se traduza na redução do bem-estar
sua racionalidade lhe confere. da maioria das pessoas a quem a ação
diz respeito.
Porquê ambas? Porque, se apenas houver liberdade, põe-se em causa a igualdade (uns
indivíduos possuirão sempre mais bens do que outros e os que possuem mais possuirão
sempre mais – a riqueza gera mais riqueza). Se apenas houver igualdade, põe-se em
causa a liberdade (limita-se a liberdade de os indivíduos possuírem mais bens do que a
quantidade de bens que possuem).
3. A posição que uma pessoa ocupa na sociedade – se é rico, se é pobre, por exemplo
‒ deve depender das suas escolhas e do seu empenho e do seu mérito. Mas não há
obstáculos que podem impedir a realização deste ideal?
Há, sem dúvida. Quando começamos a nossa vida, nem todos estamos em iguais
condições. Uns nascem em meios socioeconómicos mais favoráveis do que outros. Isto
significa que se a nossa vida social fosse uma corrida uns partiriam mais à frente do que
outros. As circunstâncias sociais e económicas em que nasci e que eventualmente me
favorecem não são mérito meu. São obra do acaso. Mas prejudicam uns e beneficiam
outros.
4. O que defende Rawls para evitar que as circunstâncias sociais impeçam que o
esforço e o mérito tenham a última palavra? Como combater as desigualdades devidas
a fatores ambientais como a posição social que detemos em virtude do nascimento?
6. Mas será que a igualdade de oportunidades é suficiente para que se construa uma
sociedade justa? Supondo que há efetiva igualdade de oportunidades, será que isso
resolve o problema da justiça social?
Rawls pensa que não. Porquê? Porque só é justo o resultado que decorre das escolhas
pelas quais somos responsáveis. Se estudamos pouco ou trabalhamos com pouco
empenho, não temos legitimidade para argumentar que não é justa a posição social em
que nos encontramos, dada a igualdade de oportunidades que tivemos. Não
aproveitámos as oportunidades. Mas há outro fator que pode desequilibrar. Qual? Os
dons da natureza. O que há de insuficiente na ideia de justiça social como igualdade
de oportunidades é que se esquece de que o sucesso também depende do talento
natural ou dos dons da natureza. As diferenças socioeconómicas devem derivar do
exercício da liberdade individual em condições de igualdade. Ora, o talento natural é um
dom que não decorre da liberdade de escolha. Não somos responsáveis pelos nossos
talentos naturais – grau de inteligência, aptidões musicais, físicas ‒ nem por limitações
físicas e intelectuais herdadas. Sendo assim, na corrida pelas melhores posições sociais,
o talento natural é um elemento perturbador na chegada à «meta».
7. O sucesso social de alguém favorecido pela natureza – elevado QI, força, destreza –
não é merecido no sentido em que estes dons não são adquiridos, mas oferecidos pela
natureza. Os talentos naturais não foram escolha sua. Foram dons da natureza. A este
respeito, o insucesso dos desfavorecidos pela natureza também não é merecido. Foi
obra do acaso natural e não responsabilidade sua. O que fazer para que este obstáculo
impeça uma injusta desigualdade?
A solução de Rawls é esta: os mais favorecidos têm o direito de usufruir dos bens cuja
aquisição foi favorecida pelo talento natural, desde que compensem os menos
favorecidos por desigualdades que não têm origem no mérito, ou seja, que foram
condicionadas por fatores que não são da sua responsabilidade. Por outras palavras,
posso, em virtude de dons que ninguém me pode subtrair, ganhar mais do que os outros,
ter melhor emprego e melhor estatuto social desde que isso reverta a favor dos mais
desfavorecidos. As pessoas que, em boa parte, devido ao seu talento natural, acederam
às profissões socialmente mais valorizadas e mais bem pagas não devem ser as únicas a
beneficiar com a sua situação. Ronaldo não deve ser o único a beneficiar do talento e da
capacidade que, em grande parte, deriva de a natureza ter sido generosa com ele. A
solução é proceder à redistribuição da riqueza. Os mais favorecidos pela natureza devem
contribuir – impostos ‒ para a melhoria da situação económica dos que a natureza não
beneficiou.
10. Vemos que, apesar de querer conciliar liberdade e igualdade, Rawls admite a
desigualdade económica. Porquê?
Sim, Rawls pensa que este modelo económico, social e político é condição necessária
para que se possa falar de sociedade justa ou de justiça social.
Rawls pensa que este seria o tipo de sociedade que escolheria pessoas que não
soubessem, no momento de criar uma sociedade, o seguinte:
1. O que seriam (se seriam homens ou mulheres, se pertenceriam a esta ou àquela etnia,
se seriam muito ou pouco inteligentes, dotados de muita força ou fracos, com muita
destreza e habilidade física ou não).
Não iriam escolher uma sociedade em que, por exemplo, um certo grupo racial, uma
certa etnia ou um dado género fossem discriminados. Porquê? Porque, não sabendo
qual vai ser a sua condição, é razoável que queiram uma sociedade em que há liberdade
igual.
Não iriam escolher uma sociedade em que não se defende a igualdade de oportunidades
porque poderiam vir a pertencer a classes desfavorecidas no acesso às melhores
profissões.
Não iriam escolher uma sociedade em que os mais desfavorecidos quer em dotes
naturais quer em meios económicos seriam a bem dizer abandonados à sua sorte ou
ficariam dependentes da compaixão ou da boa vontade dos mais favorecidos.
Nesta situação, optaríamos por uma sociedade que assegurasse as liberdades básicas,
nos desse a oportunidade de melhorar a nossa condição social e impedisse um fosso
gigantesco entre favorecidos e desfavorecidos.
O princípio maximin é uma estratégia de decisão que pessoas razoáveis seguem, numa
situação de incerteza – o véu de ignorância. É a estratégia do menor mal. São preferíveis
princípios de justiça que estejam na base de uma sociedade em que o pior não será
muito mau do que uma sociedade que, por exemplo, haja muita pobreza e muita
riqueza. A sociedade preferível é aquela em que a pobreza e a riqueza sejam
moderadas. Se escolher uma sociedade em que a pobreza extrema convive com a
riqueza extrema, corro o risco de fazer parte do grupo de pessoas que serão
extremamente pobres.
OS PRINCÍPIOS DA JUSTIÇA OU DE UMA SOCIEDADE JUSTA
Princípio da igual liberdade Princípio da igualdade de oportunidades Princípio da diferença
Todos temos direito a Muitas pessoas tiveram a sorte de É injusto que muitos membros de uma
conduzir as nossas vidas de encontrar boas condições sociais e sociedade sejam impedidos, por
acordo com a nossa vontade. económicas para conquistarem um lugar fatores pelos quais não são
Mas a minha liberdade tem confortável ou de destaque na sociedade. responsáveis, de alcançar os seus
de ser compatível com a dos Outras são desfavorecidas ou pouco objetivos.
outros. É injusto que umas favorecidas por nascerem em meios O principal obstáculo é a desigualdade
pessoas tenham mais sociais e económicos que impedem o económica, ou seja, condições
liberdade do que outras. Por acesso a uma razoável ou boa posição económicas desfavoráveis.
isso, cada pessoa deve ter um social. Devemos tentar corrigir essa
máximo de liberdade que seja O princípio da igualdade de desigualdade.
compatível com idêntico grau oportunidades pretende garantir que Como? Os que tiveram sorte na lotaria
de liberdade de todos os apenas o mérito e o esforço pessoal, e natural e social e ascenderam a uma
outros. não outros fatores, são decisivos para boa posição social e económica devem
O princípio da igual liberdade alguém realizar as suas ambições no contribuir para benefício dos que não
para todos refere-se a plano social. No acesso às profissões mais foram favorecidos. Qual o meio? Os
liberdades básicas como a valorizadas, todos os cidadãos devem, à impostos que permitem indiretamente
liberdade de voto, de partida, estar em igualdade de condições. assistir e subsidiar quem precisa de
associação, de religião, de ajuda para tentar melhorar a sua
expressão, e a direitos como o condição social.
direito à integridade física, à Haverá sempre pessoas em melhor
propriedade e a um situação social do que outras, mas a
tratamento legal justo. todos deve ser dada a oportunidade de
O princípio da liberdade igual melhorar a sua vida.
ou do direito a iguais O princípio da diferença defende que a
liberdades básicas é o mais distribuição da riqueza se deve fazer
importante. A promoção da de forma igualitária, exceto se as
igualdade de oportunidades e desigualdades beneficiarem os menos
a redução da desigualdade favorecidos e lhes derem a
económica não são legítimas oportunidade de melhorar a sua
se violarem o direito à igual situação. É injusta a sociedade em que
liberdade. as vantagens dos mais favorecidos não
são benéficas para mais ninguém.
17. Explicite uma das principais críticas que se faz à teoria de Rawls.
Uma das principais críticas a Rawls é a difícil harmonização entre os princípios da igual
liberdade e da diferença. Em primeiro lugar, pode haver igual liberdade se não houver
igual riqueza? Quem mais bens possui não tem mais liberdade? Maior poder económico
não significa poder fazer mais coisas, sobretudo influenciar as decisões de quem governa
a seu favor? Se isto for verdade, o princípio de diferença, admitindo as desigualdades
económicas, restringe indevidamente o princípio de igual liberdade. Em segundo lugar,
se as pessoas têm igual liberdade de adquirir bens e riqueza, limitar a quantidade de
bens que uma pessoa pode adquirir ou receber restringe a liberdade de cada indivíduo.
Neste caso, uma correta aplicação do princípio da liberdade igual negaria o princípio de
diferença.
18. O princípio da diferença tem sido um dos aspetos da teoria de Rawls mais
criticados. Exponha essa crítica.
O princípio da diferença diz que as desigualdades de rendimento são permitidas se
beneficiarem os menos favorecidos.
Mas será isto sempre correto? Não haverá pessoas que possuem mais bens porque
trabalham e se empenham mais e outras porque optam por trabalhar menos e «gozar a
vida»? Os críticos de Rawls pensam que, antes de transferirmos recursos e bens para
melhorar a posição dos que têm menos rendimentos, devemos primeiro saber como
chegaram a essa posição menos favorecida.
Alguns poderão estar nessa posição porque estão incapacitados para trabalhar ou
porque não conseguem encontrar trabalho. Mas outros podem ter escolhido não
trabalhar ou trabalhar muito pouco. Merecem igualmente beneficiar do trabalho dos
outros?
Não será injusto que as pessoas esforçadas sejam obrigadas indiretamente a contribuir
para melhorar o nível de vida dos que, sendo capazes, são contudo preguiçosos? Será
isto correto?
Módulo III
1.1
1. O que é a lógica?
A lógica é o estudo da validade dos argumentos.
2. Que tipos de validade existem?
Há, em termos gerais, dois grandes tipos de validade: a validade dedutiva e a validade
não dedutiva.
3. O que as distingue?
A validade dedutiva de um argumento depende exclusivamente da sua forma lógica. A
validade não dedutiva não depende unicamente da forma lógica, mas também do
conteúdo e do contexto da argumentação.
4. A que tipo de argumentos estão associados estes tipos de validade?
A validade dedutiva está associada aos argumentos dedutivos. A validade não dedutiva
está associada aos argumentos não dedutivos, como é o caso dos argumentos indutivos,
por analogia, e de outros que iremos estudar.
5. O que é um argumento dedutivamente válido?
É um argumento em que a verdade das premissas – suposta, imaginada ou de facto –
implica a verdade da conclusão. Esta é uma consequência lógica daquelas.
6. Em que condições podemos considerar que um argumento não dedutivo é válido?
Um argumento não dedutivo é válido quando: 1. A verdade das premissas torna mais
provável do que improvável a verdade da conclusão e 2. A verdade das premissas é
relevante para que aceitemos a conclusão.
7. O que são argumentos?
Os argumentos são inferências em que certas proposições denominadas premissas
visam defender, apoiar ou sustentar a verdade de uma outra – a conclusão.
8. Como são constituídos os argumentos?
Os argumentos são constituídos por uma determinada ligação entre proposições.
9. O que são proposições?
As proposições são ideias ou pensamentos expressos através de frases declarativas
(atribuem, declaram ou constatam) com sentido que podem ser verdadeiras ou falsas,
isto é, que têm valor de verdade.
10. O que distingue os argumentos das proposições?
Apenas as proposições podem ser verdadeiras (ou falsas); apenas os argumentos podem
ser válidos (ou inválidos). Em lógica, é incorreto dizer que um argumento é verdadeiro
ou que uma proposição é válida.
2.1. Podemos dizer que os argumentos são verdadeiros ou falsos?
Não. Os argumentos são válidos ou inválidos, bons ou maus, fracos ou fortes, mas nunca
verdadeiros ou falsos. Falsas ou verdadeiras podem ser as premissas ou a conclusão, ou
seja, as proposições que constituem o argumento.
A validade de um argumento tem a ver com a relação entre o valor de verdade das
premissas e o valor de verdade da conclusão. Em termos gerais, a validade de um
argumento significa que as premissas sustentam e apoiam logicamente a conclusão.
Há, em termos gerais, dois tipos de validade: a validade própria dos argumentos
dedutivos e a validade caraterística dos argumentos não dedutivos.
1.2
Percurso A
1. O que é um silogismo categórico?
É um argumento dedutivo formado por três proposições que afirmam ou negam algo
sem restrições, ou seja, incondicionalmente.
2. Que termos o constituem?
O silogismo categórico é formado por três termos: maior, médio e menor.
3. O que distingue o termo médio do termo maior?
O termo médio só pode ocorrer nas premissas, ao passo que o termo maior aparece
numa das premissas e é predicado na conclusão.
4. O que distingue o termo médio do termo menor?
O termo médio só pode ocorrer nas premissas, ao passo que o termo menor aparece
numa das premissas e é sujeito na conclusão.
5. Que tipo de proposições podem surgir num silogismo categórico?
Num silogismo categórico, podem surgir quatro tipos de proposições: universais
afirmativas (A), particulares afirmativas (I), universais negativas (E) e particulares
negativas (O).
6. O que significa dizer que um termo está distribuído? O que significa dizer que não
está distribuído?
Quando um termo está tomado em toda a sua extensão, dizemos que está distribuído
ou que tem extensão universal. Quando um termo está tomado em parte da sua
extensão, dizemos que não está distribuído ou que tem extensão particular.
7. Nas proposições de tipo A, I, E e O, como estão distribuídos o sujeito e o predicado?
Numa proposição universal afirmativa, o sujeito está distribuído ou é universal, mas o
predicado é particular (não está distribuído). Numa proposição universal negativa, o
sujeito está distribuído ou é universal, e o predicado também (está distribuído). Numa
proposição particular afirmativa, o sujeito não está distribuído e o predicado também
não. Numa proposição particular negativa, o sujeito não está distribuído, mas o
predicado está.
1. Só se admitem três termos e usados sem ambiguidades (a infração a esta regra origina
a falácia dos EIO
quatro termos ouAOO
do equívoco). EAO EAO
2. O termo médio só deve aparecer nas premissas.
3. Os termos maior e menor não podem ter,EIO na conclusão, maior
EIO extensão do que nas
premissas. Devem estar distribuídos nas premissas se estiverem distribuídos na
conclusão, ou seja, não podem ser universais na conclusão e particulares nas premissas (a
infração da regra origina a falácia da ilícita maior
OAOou a falácia da ilícita menor).
4. O termo médio deve ter extensão universal – estar distribuído – pelo menos em uma
EAO AEO AEO
Modos
5. Premissas afirmativas
AAI pedem conclusão
EAO afirmativa. (De duas premissas afirmativas não
se pode tirar conclusão negativa.)
6. De duas premissas negativas nada se pode concluir.
7. De duas premissas particulares nada se pode concluir. (O termo médio não é universal
em nenhuma.)
8. A conclusão segue sempre a parte mais fraca: será negativa se houver uma premissa
negativa e particular se houver uma premissa particular.
Notas importantes
1 – Dizer que um termo está distribuído é dizer que tem extensão universal.
2 – O termo médio pode ser universal nas duas premissas. O que não pode é ser particular nas
duas. Tem de ser universal – estar distribuído – pelo menos numa delas.
3 – O termo maior pode ser universal na premissa e na conclusão. Pode ser também particular
na premissa e particular na conclusão. Pode ser igualmente universal na premissa e particular
na conclusão. O que não pode é ser particular na premissa e universal na conclusão.
4 – O termo menor pode ser universal na premissa e na conclusão. Pode ser também particular
na premissa e particular na conclusão. Pode ser igualmente universal na premissa e particular
na conclusão. O que não pode é ser particular na premissa e universal na conclusão.
5 – Nas proposições do tipo E e O – universais negativas e particulares negativas –, o predicado
é sempre universal. Nas proposições do tipo A e I – universais afirmativas e particulares
afirmativas –, o predicado é sempre particular.
O termo médio não tem O termo maior tem mais O termo menor tem
extensão universal em extensão na conclusão do mais extensão na
nenhuma das premissas. que na premissa. conclusão do que na
premissa.
Vejamos qual a sua extensão quer na premissa quer na conclusão. Vemos que na
primeira premissa ‒ Todos os filósofos são pessoas com e espírito crítico – ele está
quantificado universalmente ou tem extensão universal. Está distribuído.
Um problema está resolvido. O termo maior passou no teste. Vamos assinalar esse facto
a verde.
Vejamos qual a sua extensão quer na premissa quer na conclusão. Vemos que na
segunda premissa ‒ Algumas pessoas com espírito crítico são cientistas – ele tem
extensão particular. Dizer que algumas pessoas com espírito crítico são cientistas
equivale a dizer que alguns cientistas são pessoas com espírito crítico. Lembre-se que
predicado de proposição afirmativa é, regra geral, particular.
Mais um problema está resolvido. O termo menor passou no teste. Vamos assinalar esse
facto a verde.
Como se perguntou que falácia comete este silogismo, antevê-se que é a falácia do
termo médio não distribuído. É verdade, mas temos de justificar essa afirmação.
O termo médio pode ser universal nas duas premissas. O que não pode é ser particular
nas duas. Tem de ser universal – estar distribuído – pelo menos em uma delas
Percurso B
LÓGICA PROPOSICIONAL
Operadores verofuncionais
empirista.
Hume é empirista.
Hume é empirista.
Uma proposição é todo o enunciado que tem a propriedade de ser verdadeiro ou falso.
2. O que é uma proposição simples?
Uma proposição simples é aquela que não possui conetiva ou operador lógico, ou seja,
é a proposição que não é abrangida pela negação, conjunção, disjunção, pelo
condicional ou pelo bicondicional.
4. O que é uma proposição composta?
Uma proposição composta é a proposição que possui pelo menos uma conetiva ou
operador lógico.
PQ
Proposição simples: P
Proposição simples: Q
verdade das proposições simples que a compõem e do conetor usado para ligar essas
proposições.
(P Q) P
O que é preciso para a proposição ser verdadeira?
8. Construa três proposições compostas com pelo menos duas conetivas cada uma e
explique o que é preciso para serem verdadeiras.
1. (P Q) (P Q)
Para a proposição ser verdadeira, é suficiente que P seja verdadeiro (outra hipótese
ainda era Q ser verdadeira).
2. (P Q) (Q P)
Para a proposição ser verdadeira, é necessário que as proposições P e Q sejam ambas
verdadeiras (ou, então, que as proposições P e Q sejam ambas falsas).
3. P [(P Q) Q)]
Para a proposição ser verdadeira, é suficiente que a proposição P seja verdadeira (outro
caso possível era o de a proposição Q ser verdadeira).
(Também existe o caso de a proposição Q ser verdadeira para a disjunção ser verdadeira.
A segunda das disjuntas é uma conjunção. Para uma conjunção ser verdadeira, é
necessário que as conjuntas sejam verdadeiras. Uma das conjuntas é Q, à qual
atribuímos o valor verdadeiro. A outra das conjuntas é o condicional P Q. Um
condicional apenas é falso quando o antecedente for verdadeiro e o consequente for
falso. Sendo Q verdadeira, o condicional fica verdadeiro. Ora, verificamos deste modo
que, se Q for verdadeira, a conjunção fica verdadeira. Sendo a conjunção uma das
disjuntas, a disjunção fica verdadeira. Logo, é suficiente a proposição Q ser verdadeira
para a disjunção ser verdadeira.)
A A
V F
F V
A negação de uma proposição P gera a proposição P (que se lê «não P» ou «é falso que
P»). P será verdadeira se P for falsa e P será falsa se P for verdadeira. Isto significa
disser «É falso que Espinosa não seja empirista», simbolizo como P.
Por sua vez, uma dupla negação de P, P, equivale a P ‘P’, porque, se a negação altera
P Q P Q
V V V
V F F
F V F
F F F
A conjunção de duas proposições P e Q é simbolizada pela seguinte proposição
complexa P Q (que se lê «P e Q»). Esta proposição complexa P Q apenas será
verdadeira se ambas as conjuntas P e Q forem verdadeiras.
11. Apresente várias formas de exprimir conjunções.
P Q P Q
V V V
V F V
F V V
F F F
A disjunção inclusiva de duas proposições, P e Q, expressa-se pela
quando pelo menos uma das frases disjuntas for verdadeira, quando P ou Q for
verdadeira.
Podem constatar-se os quatro casos ou circunstâncias possíveis que dão conta das várias
Verificamos que apenas no caso em que as disjuntas são falsas a disjunção inclusiva é
falsa. Assim:
A disjunção inclusiva apenas é falsa quando ambas as frases disjuntas forem falsas.
Ou então:
É suficiente uma disjunta ser verdadeira para que a disjunção inclusiva seja verdadeira.
O que verificamos a partir desta afirmação? Que a afirmação apenas será falsa se a
Verificamos assim que, na disjunção inclusiva P Q, a verdade de uma das disjuntas não
exclui a verdade de P. Esta irá ser uma caraterística que vai distinguir a disjunção
Concluímos deste modo que a disjunção inclusiva «A ou B» é verdadeira, desde que pelo
ser ambas verdadeiras. Por exemplo, atenta na seguinte proposição disjunta exclusiva:
verdadeira.
Portanto, a disjunção exclusiva já não terá a forma P Q, mas sim a forma (P Q), e é
P Q P Q
V V V
V F F
F V V
F F V
Assim:
for falso.
Mas já não é a mesma coisa que afirmar «Se é peixe, então é sardinha», porque, se o
Se ficares, fico.
Todas estas afirmações simbolizam-se da mesma forma, P Q, sendo «P: ficas» e «Q: fico»,
traduzindo-se assim por «Se ficas, então fico». Se reparar, o consequente surge em primeiro
para o consequente. Para não se enganar, uma boa maneira de simbolizar sempre corretamente
P Q P ↔ Q
V V V
V F F
F V F
F F V
Q».
Pela análise da tabela, podemos constatar que o bicondicional apenas é verdadeiro quando A e
conjunção de dois condicionais, «(Se A, então B) e (Se B, então A)», a qual se usa para as
situações em que «A» e «B» são simultaneamente a condição necessária e suficiente uma da
condição necessária e suficiente uma da outra, podendo permutar-se sem que haja alteração
do valor de verdade da proposição. Neste aspeto, o bicondicional torna-se útil para determinar
equivalências.
II
1. Se é falso que a Mona Lisa é bela, então a arte não precisa de beleza.
Seguimos os seguintes passos:
1. Identificamos as proposições simples:
P: A Mona Lisa é bela.
Q: A arte precisa de beleza.
2. Apresentamos uma simbolização parcial:
Se (não P), então (não Q).
Mas como a negação só se aplica à proposição que se lhe segue e tem precedência sobre
os outros operadores, omitimos os parênteses e escrevemos apenas:
Se não P, então não Q.
3. Simbolizamos:
¬P Q
2. É falso que, se a Mona Lisa é bela, então a arte não precisa da beleza.
É falso que (se P, então não Q).
¬ (P ¬Q)
Compare as simbolizações 1. e 2. A primeira é uma condicional e a segunda uma
negação, sendo a diferença dada pela posição das expressões «se» e «é falso que» nas
proposições originais.
3. É falso que, se a que a Mona Lisa não é bela, então a arte não precisa da beleza.
É falso que (se não P, então não Q).
¬ (¬P ¬Q)
4. Caso a pena de morte seja aceitável, os tribunais não erram ou é aceitável executar
inocentes.
A paráfrase do enunciado deve expor os operadores na sua leitura canónica:
Se a pena de morte é aceitável, então os tribunais não erram ou é aceitável condenar
inocentes.
P: A pena de morte é aceitável.
Q: Os tribunais erram.
R.: É aceitável condenar inocentes.
Se P, então (¬Q ou R).
P (¬Q R)
5. A pena de morte é aceitável, a menos que os tribunais errem ou que não aceitemos
executar inocentes.
P: A pena de morte é aceitável.
Q: Os tribunais erram.
R: É aceitável executar inocentes.
Uma primeira simbolização parcial «P a menos que (Q ou não R)» não dispensa a
paráfrase. Como «…a menos que…» significa «… se não suceder que…» ou «… exceto
se…», obtemos:
A pena de morte é aceitável, se não se der que ou os tribunais errem ou que não
aceitemos condenar inocentes.
Note que o primeiro «ou» foi inserido para evitar a leitura errada «(P, se não Q) ou não
R» e tornar clara a leitura correta «P se não (Q ou não R)». Com o mesmo objetivo,
também se poderia escrever: «P se for falso o seguinte (Q ou não R)». Falta enunciar o
antecedente e o consequente na sua ordem canónica:
Se for falso que ou os tribunais errem ou que não aceitemos a pena de morte, então a
pena de morte é aceitável.
Se não (Q ou não R), então P.
¬(Q ¬R) P
Sem igualdade económica, não há paz social, e, não havendo esta, o Estado periga.
Se não há igualdade económica, então não há paz social, e, se não há paz social, então
o Estado periga.
Q: «Há segurança.»
R: «O Estado periga.»
10. Traduza simbolicamente a seguinte afirmação: Não é verdade que os touros sofram
e que as touradas não sejam condenáveis.
P: Os touros sofrem.
(P Q)
Esta mesma proposição pode ainda ser simplificada para o seguinte modo:
P V Q
PQ
P: A alma é material.
P (Q R)
III
Tabelas de verdade
1.1. P (Q P)
P Q P (Q P)
V V V F V F F
V F V F F F F
F V F F V V V
F F F F F F V
1.2.P (Q Q)
P Q P (Q Q)
V V F F V F F
V F F F F F V
F V V V V F F
F F V V F F V
1.3.P (Q Q)
P Q P (Q Q)
V V F F V V F
V F F F F V V
F V V V V V F
F F V V F V V
V V V V F F F
V F V V V F F
F V F F F F V
F F F V V V V
1.5. (P Q) P
P Q (P Q) P
V V V V V V V
V F V F F V V
F V F F V V F
F F F F F V F
V V F F V V V V F F
V F V F F F V V V V
F V F V V V V F F F
F F F V V F V F F V
V V V V V V F V V V F
V F V V F V F V F V V
F V F V V V V V V V F
F F F F F V V V F V V
IV
Argumentos válidos e inválidos
1. O que é um argumento válido?
Somos livres.
Uma proposição implica a outra quando não se der o caso de a primeira proposição ser
verdadeira e de a segunda proposição ser falsa.
P Q P ¬Q ¬Q |= P
V V F F F V
V F V V V V
F V V F F F
F F V V V F
Comete-se a falácia da afirmação do consequente. Pode provar que a pessoa que usou
tal argumento fez um mau raciocínio apresentando um contraexemplo. Um
contraexemplo é um argumento que se simboliza da mesma maneira que o argumento
que se quer refutar, mas que tem premissas obviamente verdadeiras e conclusão
obviamente falsa. O objetivo é tornar claro que aquela é uma má forma de raciocínio
porque nos pode conduzir de verdades a falsidades. Eis um contra exemplo:
2.1
1- Distinção entre discurso argumentativo e demonstrativo.
Argumentar é fornecer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma
determinada tese.
A prova demonstrativa diz respeito à verdade de uma conclusão ou, pelo
menos, à sua relação necessária com as premissas.
Enquanto um sistema dedutivo se apresenta como isolado de todo o contexto,
uma argumentação é necessariamente situada.
Demonstração Argumentação
2.2
Principais tipos de argumentos: indução , analogia , autoridade.
É um silogismo ao qual falta uma das premissas, geralmente a menor, ou então
as duas. Por vezes, falta a conclusão. Trata-se, portanto, de um argumento incompleto:
Parte dele fica subentendida, muitas vezes porque se admite que essas posições são
do conhecimento do auditório.
Ex: Sou homem. Logo sou mortal. (Falta a premissa maior: Todo o homem é
mortal.)
Todo o texto é subversivo. Logo, todo o poema é subversivo. (Falta a premissa
menor. Todo o poema é um texto.)
Todos os homens voam. João é um homem. (Falta a conclusão: João voa).
Indução
O raciocínio indutivo pode ser divido em dois tipos: a generalização e a
previsão. A indução como generalização consiste num argumento cuja conclusão é
mais geral que as premissas, e cuja validade não advém da sua forma lógica, mas sim
do seu conteúdo. Assim, uma generalização é válida se cumprir 2 requisitos:
- Se partir de casos particulares representativos;
- Se não existirem contraexemplos.
Ex: Algumas galinhas têm penas, Logo todas as galinhas têm penas.
Ex: Os alunos da minha escola gostam de praticar desporto, logo todos os
alunos do meu país gostam de praticar desporto.
Ao nível da indução, podemos falar ainda da previsão. A indução como previsão pode
ser definida como argumento que baseando-se em casos passados antevê casos não
observados presentes ou futuros. A sua validade está dependente da probabilidade de
a conclusão corresponder ou não à realidade. Este é o tipo de argumento usado pelas
ciências.
Ex: Todos os corpos que observámos hoje são atraídos pelo respetivo centro de
gravidade. Por conseguinte, todos os corpos que doravante observamos serão atraídos
pelo respetivo centro de gravidade.
Trata-se de uma previsão válida, na medida em que é provável que a conclusão
corresponda realidade.
Analogia
Consiste, partindo de certas semelhanças ou relações entre dois objetos ou
duas realidades em encontrar novas semelhanças ou relações.
Ex: As casas bonitas e bem construídas têm de ter criadores: autores e
construtores inteligentes.
O mundo é como uma casa bonita e bem construída.
Logo, o mundo tem também de ter um criador: um autor e arquiteto – Deus.
Autoridade
Embora seja a maior parte das vezes falacioso, sobretudo em filosofia, pode ser
definido do seguinte modo: é o argumento que se apoia na opinião de um especialista
para fazer valer a sua conclusão. Para o argumento ser válido deve cumprir quatro
requisitos:
O especialista usado deve ser um perito no tema em questão;
Não pode existir controvérsia entre especialistas do tema em questão;
O especialista invocado não pode ter interesses pessoais no tema em causa;
O argumento não pode ser mais fraco do que outro argumento contrário.
Ex: Newton disse que dois corpos se atraem na razão direta das suas massas e
na razão inversa do quadrado da distância entre eles. Logo, dois corpos atraem-se na
razão direta das suas massas e na razão inversa do quadrado da distância entre eles.
Silogismo
É um raciocínio formado por 3 proposições, de tal maneira, que sendo dadas as
duas primeiras (as premissas), se segue necessariamente a terceira (a conclusão).
2.2.2. Falacias informais: Petição de principio, falso dilema, apelo á
ignorência, ad hominem, derrapagem (ou bola de neve) e boneco
de palha.
Ex:
Ex:
Maria: Eu não sei o que se passa. Há muito tempo que são só problemas e
ele anda tão esquisito. Estou farta de sofrer o que achas que devo fazer?
contrário.
Ex:
Nunca ninguém conseguiu provar que os fantasmas não existem. Por isso
eles existem.
a emite.
Ex:
Exemplos:
Exemplos: