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Capítulo 1
Biossegurança
e boas práticas laboratoriais
Cíntia de Moraes Borba
Marco Antonio F. da Costa
Maria Eveline de Castro Pereira
Paulo Roberto de Carvalho
Silvio Valle
Introdução
O laboratório é um ambiente extremamente hostil. Convivem no mesmo
espaço equipamentos, reagentes, soluções, microrganismos, pessoas, papéis,
livros, amostras, entre outros elementos. Para que esse sistema funcione de
forma adequada e segura, torna-se necessário:
• Disciplina;
• Respeito às normas e legislações pertinentes;
• Trabalhar no contexto da qualidade e da Biossegurança;
• Consciência ética.
O ambiente laboratorial deve ser entendido como um sistema comple-
xo, onde existem interações constantes entre os fatores humanos, ambientais,
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E Bioética, o que é?
Existem várias definições para o termo Bioética, do grego ‘bios’ (vida) e
ética. Podemos defini-la da seguinte forma:
E o que é Deontologia?
A palavra ‘deontologia’ é originária do grego ‘deontos’ (o que é obri-
gatório) e ‘logos’ (estudo). Com isso, podemos defini-la da seguinte forma:
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E Diceologia?
Diceologia deriva do grego ‘diceo’ (direitos) e ‘logos’ (estudo). Por-
tanto, podemos defini-la como:
Cabe aqui uma referência a um tema que já há algum tempo vem sendo
discutido e aplicado em alguns cursos de especialização e atualização na área
da saúde, notadamente na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio
(EPSJV) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Trata-se da aplicação das
boas práticas nas atividades laboratoriais com foco diferenciado das BPL, ou
seja, capacitar e ampliar conceitos de profissionais que atuam em laboratórios,
no que tange às práticas laboratoriais, com vistas a assegurar: o entendimento
dos procedimentos, a busca da precisão, da validade e da qualidade dos
resultados e a manutenção da integridade das pessoas, das instalações, dos
equipamentos e dos materiais.
Figura 3
O Ministério da Saúde recomenda que o símbolo de ‘risco
Risco Biológico
biológico’ (Figura 3) seja colocado na entrada do laborató-
rio, informando também o microrganismo manipulado, a clas-
se de risco, o nome do pesquisador responsável, o endereço
e o telefone de contato. Além disso, deve conter a frase:
“Proibida a entrada de pessoas não autorizadas.” Figura 3 –
Risco Biológico
contaminados; nunca pipetar com a boca; não fumar, não comer e não beber
no laboratório; descontaminar a superfície de trabalho, etc.
Outra atividade que requer cuidados especiais é o cultivo de micror-
ganismos. Lembre-se de que quando se cultiva um microrganismo visa-se a
obter uma quantidade grande de células e, por isso, o trabalhador deve
estar atento as suas condutas para evitar acidentes. O trabalhador deve abrir
cuidadosamente os tubos e frascos, identificados claramente, que contêm o
agente evitando agitá-los. Sempre se deve manipular os tubos, as pipetas e
as seringas com as extremidades em direção oposta a si. Os sobrenadantes
ou o conteúdo de pipetas devem ser desprezados sobre material absorvente
embebido em desinfetante contido em um frasco de boca larga para evitar a
produção de aerossóis.
Se a atividade laboratorial envolver a infecção de animais de laboratório,
o trabalhador deve tomar os seguintes cuidados: inicialmente, considerar como
potencialmente infectado todo animal, seja ele vertebrado ou invertebrado;
equipamentos de proteção devem ser utilizados durante o procedimento de
inoculação; seringas e agulhas utilizadas durante a inoculação devem ser descar-
tadas em caixas coletoras apropriadas e autoclavadas ao final do procedimento;
identificar as gaiolas dos animais com todas as informações relevantes (número
de animais, linhagem, sexo, idade, peso, data da infecção, microrganismo
inoculado, via e dose de inoculação e nome e telefone do pesquisador res-
ponsável); durante a limpeza da cama e das gaiolas dos animais, equipamentos
de proteção individual devem ser utilizados para minimizar o risco de contami-
nação; autoclavar todos os materiais que tiveram contato com os animais
infectados; notificar todo e qualquer acidente/incidente proveniente do manu-
seio dos animais ou das gaiolas.
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• Classe de risco 1
Microrganismo que representa ‘baixo risco individual e para a coletivida-
de’. Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças
em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Bacillus subtilis, e os
agentes não incluídos nas classes de risco 2, 3 e 4 e que não demons-
traram capacidade comprovada de causar doença no homem ou em
animais sadios. Vale lembrar que a não classificação de agentes biológi-
cos nas classes de risco 2, 3 e 4 não implica na sua inclusão automática
na classe de risco 1. Para isso deverá ser conduzida uma avaliação de
risco, baseada nas propriedades conhecidas e/ou potenciais desses agentes
e de outros representantes do mesmo gênero ou família.
• Classe de risco 2
Microrganismo que representa ‘moderado risco individual e limitado
risco para a comunidade’. Inclui os agentes biológicos que provocam
infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na
comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os
quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo:
Schistosoma mansoni.
• Classe de risco 3
Microrganismo que representa ‘alto risco individual e moderado risco
para a comunidade’. Inclui os agentes biológicos que possuem capaci-
dade de transmissão por via respiratória e que causam patologias huma-
nas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente
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• Classe de risco 4
Microrganismo que representa ‘alto risco individual e para a comuni-
dade’. Inclui os agentes biológicos com grande poder de
transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida.
Até o momento não há qualquer medida profilática ou terapêutica
eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças huma-
nas e animais de alta gravidade, com grande capacidade de dissemina-
ção na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principal-
mente os vírus. Exemplo: vírus ebola.
• Vírus
Os vírus são transmitidos de um hospedeiro a outro de várias maneiras.
Podemos destacar o contato direto através das vias respiratórias, pelo
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contato sexual, por alimentos e água, pelo contato com sangue e seus
derivados. O profissional de laboratório ou aquele que lida com paci-
entes está submetido a um significativo risco de contaminação por via
respiratória. Assim sendo, esses profissionais devem ter pleno conheci-
mento dos riscos durante a manipulação dos espécimes clínicos e dos
pacientes, levando em consideração as boas práticas de laboratório e as
operações que envolvem a produção de aerossóis para prevenção das
infecções por esses agentes.
• Bactérias
As bactérias podem ser transmitidas ao profissional de laboratório por
diferentes processos. A produção de aerossóis e consequente inalação
dessas pequenas partículas é, sem dúvida, a principal via de contamina-
ção. No entanto, existem outras atividades que mal realizadas podem
levar o profissional a adquirir uma infecção associada ao laboratório,
como pipetagem, flambagem de alça bacteriológica, descarte de resídu-
os ou amostras clínicas etc. O uso de equipamentos de proteção e boas
práticas de laboratório minimizam os riscos de infecção.
• Fungos
Os fungos produzem estruturas denominadas esporos que facilmente
ficam em suspensão no ar. Dessa forma, aquele que trabalha em um
laboratório manipulando fungos está submetido a um grande risco de se
expor a uma infecção micótica. As principais vias de contaminação no
laboratório, comprovadas por levantamentos realizados sobre infecções
associadas ao laboratório, estão relacionadas à inalação de partículas
fúngicas, carreadas por aerossóis formados durante procedimentos
laboratoriais e por injúrias causadas por agulhas ou instrumentos
perfurocortantes.
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• Parasitas
Infecções adquiridas em laboratório por parasitas como Ascaris spp.,
Strongyloides spp., Enterobius spp. , Fasciola spp., Shistosoma spp.,
Giardia lamblia e Cryptosporidium parvum não têm sido relatadas com
frequência em laboratórios clínicos (SEWELL, 1995). Casos de giardíase
e criptosporidíase são mais comuns em profissionais que manuseiam
animais infectados. Não há registro de infecções associadas ao laborató-
rio com cestódeos. Os parasitas mais comumente relacionados à conta-
minação durante atividade laboratorial são Toxoplasma gondii, Plasmodium
spp., Trypanosoma spp. e Leishmania spp. De um modo geral, o risco
de se infectar com esses agentes é a autoinoculação com seringas e
agulhas contaminadas, contato de formas infectantes com lesões de pele
ou mucosa ou, ainda, por mordedura de animais infectados. Não pode-
mos descartar a contaminação por via oral de algumas formas infectantes
presentes em material fecal.
Ainda com relação aos produtos químicos, estes podem exercer impac-
to negativo sobre a saúde dos homens e dos animais e afetar sobremaneira o
meio ambiente quando as medidas preventivas não são adotadas. Os produtos
químicos, devido às suas características, podem afetar os trabalhadores de
formas variadas, desde leves processos alérgicos até o câncer (COSTA e
FELLI, 2005).
A diversidade de atividades no ambiente de trabalho promove diversos
efeitos sobre a saúde do trabalhador, que, na maioria das vezes, não conhece
as características dos produtos químicos no que tange ao grau de toxicidade,
inflamabilidade, corrosividade, explosividade e demais riscos de periculosidade
(CARVALHO, 2006).
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Classe de incêndio
Os materiais combustíveis têm características diferentes e, portanto, quei-
mam de modos diferentes. Conforme o tipo de material, existem quatro clas-
ses de incêndios, a saber:
CLASSES DE INCÊNDIO
Classe A Classe B Classe C Classe D Classe K
Referências bibliográficas
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios para a habilitação de labo-
ratórios segundo os princípios das boas práticas de laboratório (BPL). Brasília, 2001.
BRASIL. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Identificação para o transporte terres-
tre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos – NBR 7500. Disponível
em <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: abr. 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância Epidemiológica. Biossegurança em Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia .
Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
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