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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL

JEAN FERREIRA SOARES

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL


Ciclo de vida do produto e reutilização de resíduos sólidos

Rio de Janeiro
2016
Jean Ferreira Soares

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL


Ciclo de vida do produto e reutilização de resíduos sólidos

Monografia apresentada à Universidade


Veiga de Almeida como requisito parcial
para obtenção do título de graduado em
Engenharia Civil.

Orientadora: Maria José Lopes de Araujo Saroldi

Rio de Janeiro
2016
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
SISTEMA DE BIBLIOTECAS
Rua Ibituruna, 108 – Maracanã
20271-020 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 2574-8888

FICHA CATALOGRÁFICA

S676s Soares, Jean Ferreira.


Sustentabilidade na construção civil: ciclo de vida do produto e
reutilização de resíduos sólidos. / por Jean Ferreira Soares. - 2016.
61f.: il. color.; 30 cm.

Digitado (original).
Monografia (Graduação) – Universidade Veiga de Almeida, Curso
de Graduação em Engenharia Civil, Rio de Janeiro, 2016.

Orientação: Profª. Maria José Lopes de Araujo Saroldi,


Coordenação de Engenharia Civil.

1. Engenharia Civil. 2. Sustentabilidade. 3. Resíduos como


1.1 material de construção. 4. Reaproveitamento (sobras, refugos, etc.).
1.2 I. Saroldi, Maria José Lopes de Araujo (Orientador). II. Universidade
1.3 Veiga de Almeida. Curso de Graduação em Engenharia Civil. III.
1.4 Título.
1.5
CDD 658.5
BN

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Setorial Tijucal/UVA


Jean Ferreira Soares

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL


Ciclo de vida do produto e reutilização de resíduos sólidos

Monografia apresentada à Universidade


Veiga de Almeida como requisito parcial
para obtenção do título de graduado em
Engenharia Civil.

Aprovado em 16 de junho de 2016

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________
Maria José Lopes de Araujo Saroldi – Universidade Veiga de Almeida
Mestre Engenharia Ambiental

___________________________________________________________
Carlos Eduardo Soares Canejo P. da Cunha – Universidade Veiga de Almeida
Doutorando em Engenharia Ambiental

___________________________________________________________
Maria Palmira Soares de Mesquita – Universidade Veiga de Almeida
Coordenadora do Curso de Engenharia Civil
DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia a Deus que nunca me abandonou e me manteve forte


até aqui, e aos meus pais que sempre me motivaram e sempre se esforçaram para
que eu conseguisse alcançar este patamar da vida.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, que sempre ouviu meus lamentos,


presenciou meus choros quando eu não estava mais aguentando as pressões, me
fortaleceu nos momentos em que já me sentia fraco e me proporcionou completar todo
este ciclo.
Agradeço ao meu pai que sempre me colocou medo dizendo que se eu não
estudasse, ele me colocaria em uma escola pública. Isso me fez estudar mais. Além
de sempre me ensinar que eu desse o melhor de mim em tudo que eu fizesse.
Agradeço a minha mãe que me falava para descansar quando eu já estava
estudando muito, e por ser minha intercessora.
Agradeço a minha irmã por ser exemplo de pessoa estudiosa e determinada,
alcançando sempre seus objetivos.
Agradeço ao meu sobrinho que vinha ao meu quarto fazer sempre um intervalo
nos estudos e ficava pedindo meus brinquedos.
Agradeço ao meu cunhado por me inspirar a tirar uma nota de qualquer cor
desde que não seja vermelha.
Agradeço a alguns familiares que não acreditavam em mim, pois isso me fez
chegar até aqui demonstrando que com Deus, tudo é possível.
Agradeço ao Movimento Dunamis por me mostrar que havia um propósito além
de somente me formar na faculdade, mas também formar líderes capacitados com o
caráter de Deus, trazendo a realidade dos céus para esta terra.
Por fim, agradeço a minha orientadora, que no momento que eu já me
desesperava com este trabalho, ela me trouxe palavras de ânimo, me motivando a
concluir e fazer meu melhor.

v
RESUMO

Nos últimos tempos identifica-se o alto grau de destruição do Planeta a partir da


observação de espécies que haviam em abundância e hoje são vistas como raras, e
provavelmente estejam entrando na lista das espécies ameaçadas de extinção. Não
por força nem por violência, mas por sabedoria e um despertar, a sociedade tem sido
levada a viver de uma forma diferente, tentando preservar mais o ambiente em que
vive, assegurando-o não só para si, mas para outros que um dia também usufruirão
deste lugar. Com métodos, normas, incentivos e benefícios, a sustentabilidade tem
permeado todas as áreas de atuação do homem, entretanto com foco na construção
civil, tem sido visto um grande avanço de novas tentativas para reverter impactos
ambientais negativos e gerar benefícios, tornando hoje insumo o que antes era visto
somente como lixo. É nítida a preocupação que permeia o mundo da construção civil,
através da implementação de técnicas construtivas sustentáveis e do manejo de seus
resíduos no interior do canteiro de obras visando destinar menor quantitativo de
resíduos sólidos de construção civil para bota-fora e para aterros.

Palavras-chave: Sustentabilidade. Resíduos sólidos de construção civil.


Reutilização..

vi
ABSTRACT

Lately it identifies the high degree of destruction of the Planet from the
observation of species that were abundant and today are seen as rare and are
probably entering the list of endangered species. Not by might, nor by power, but by
wisdom and an awakening, society has been led to live in a different way, trying more
to preserve the environment you live in, ensuring it not only for yourself, but for others
that one day also will enjoy this place. With methods, standards, incentives and
benefits, sustainability has permeated every man practice areas, however focusing on
construction, has been seen a breakthrough of new attempts to reverse negative
environmental impacts and generate benefits, making input what was once seen only
as garbage. There is a clear concern that permeates the world of construction through,
the implementation of sustainable construction techniques and management of their
waste inside the construction site aiming to allocate smaller quantity of solid waste
from construction to boot off and landfills.

Keywords: Sustainability. Solid residues of civil construction. Reuse.

vii
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. ix


LISTA DE QUADROS ................................................................................................. x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................... xi
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 12
2 A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ..... 14
2.1 Conceito de desenvolvimento sustentável ...................................................... 14
2.2 Uso racional dos recursos naturais ................................................................. 15
2.3 Técnicas sustentáveis na construção civil ....................................................... 17
2.3.1 Reuso da água ............................................................................................. 21
2.3.2 Aproveitamento de energia solar ................................................................. 24
2.3.3 Reaproveitamento de resíduos sólidos ........................................................ 26
2.3.4 3 R’s ............................................................................................................. 30
3 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
CIVIL (PGRCC) ......................................................................................................... 32
3.1 Resolução nº 307/2002 do CONAMA .............................................................. 32
3.2 Resolução SMAC nº 519/2012 ........................................................................ 41
3.3 Importância da segregação ............................................................................. 43
3.4 Lei Federal nº 12.305/2010 ............................................................................. 43
4 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL ....................................................................... 45
4.1 Certificação LEED ........................................................................................... 48
4.2 Certificação AQUA-HQE ................................................................................. 50
5 OBRAS CIVIS SUSTENTÁVEIS PROMOVIDAS PELAS COMPETIÇÕES
ESPORTIVAS ........................................................................................................... 53
6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 62
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema PDCA ......................................................................................... 18


Figura 2: Bombona .................................................................................................... 37
Figura 3: Bag ............................................................................................................. 38
Figura 4: Baias .......................................................................................................... 38
Figura 5: Caçamba .................................................................................................... 39
Figura 6: Certificação LEED ...................................................................................... 48
Figura 7: Processo AQUA-HQE ................................................................................ 50
Figura 8: Critérios mínimos Processo AQUA-HQE ................................................... 52
Figura 9: Índice de geração de resíduos para cada etapa de serviço ....................... 56
Figura 10: Demanda e geração de agregado ............................................................ 56
Figura 11: Resíduo gerado ........................................................................................ 57
Figura 12: Pilhas de agregado reciclado ................................................................... 57
Figura 13: Redução da granulometria dos resíduos com britagem móvel ................ 57
Figura 14: Treinamento às equipes ........................................................................... 58

ix
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: PGRCC - Caracterização ......................................................................... 36


Quadro 2: Possível reutilização dos resíduos no canteiro de obras .......................... 39
Quadro 3: Ano de criação e local de algumas certificações ...................................... 45
Quadro 4: Critérios da Certificação LEED ................................................................. 49

x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRECON Associação Brasileira para Reciclagem de RCD
ACV Avaliação do Ciclo de Vida
AQUA Alta Qualidade Ambiental
ART Anotação de Responsabilidade Técnica
ATC Área total construída
ATT Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil
ATTR Área de transbordo, triagem, reciclagem e reservação temporária de
resíduos da construção civil
CECA Comissão Estadual de Controle Ambiental
CERFLOR Certificação Florestal
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CNUMAD Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento
COI Comitê Olímpico Internacional
DORJ Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro
FSC Forest Stewardship Council
INEA Instituto Estadual do Meio Ambiente
ISO International Organization of Standardization
LEED Leadership in Energy and Environmental Design
LMI Licença Municipal de Instalação
NTR Nota de Transporte de Resíduos
PDCA Plan-Do-Check-Act
PGRCC Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
RCD Resíduos de construção e demolição
RCC Resíduos da construção civil
SETAC Society for Environmental Toxicology and Chemisty
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
SMAC Secretaria Municipal de Meio Ambiente
WRI World Resources Institute

xi
12

1 INTRODUÇÃO

A sustentabilidade, por décadas, tem sido um tema discutido em grandes


conferências mundiais, porém hoje é notada a preocupação e cuidado com produtos
que o homem tem os gerado pós-consumo, evitando que os mesmos sejam
descartados no ambiente, mas tentando transformar o lixo em algo útil novamente.
Hoje a construção civil é a maior consumidora de recursos naturais e o volume de
resíduos gerados chega a até duas vezes o volume de lixo urbano, para concordância
Blumenschein (2004) que cita que “estatísticas apontam que em centros urbanos com
mais de 500.000 habitantes os processos construtivos são responsáveis por 40% a
70% do volume dos resíduos sólidos urbanos”.
É necessário avaliar a vida do produto, pois, segundo Chehebe (1998), esta
análise é uma ferramenta que “considera o impacto ambiental ao longo de todo o ciclo
de vida do produto: da extração das matérias-primas utilizadas à produção, ao uso e
à disposição final do produto”. Essa notoriedade dada ao ciclo de vida do produto
prevê os impactos que poderão ser gerados a fim de amenizá-los, fazendo com que
o produto se torne mais limpo, eficaz, gere menos resíduos, possuindo as mesmas
características de como era antes da análise, ou melhor.
A preocupação com o meio ambiente propiciou a criação de diretrizes e normas
protecionistas, talvez pelo fato de não estar totalmente definido que “todo produto, não
importa de que material seja feito, madeira, vidro, plástico, metal ou qualquer outro
elemento, gera impacto no meio ambiente”, segundo Chehebe (1998), seja pelo
processo produtivo, pelo uso ou pela disposição final.
Desta forma, foram criadas normas para a regulamentação da gestão
ambiental das atividades potencialmente poluidoras e manejo dos resíduos gerados
pelas mesmas, tais como as normas da série ISO (International Organization for
Standardization) 14000 – Sistemas de Gestão Ambiental e a resolução CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 307/2002 referente ao manejo de de
Resíduos da Construção Civil (RCC). Porém, observa-se que ainda é necessário
inserir estas normas totalmente em meio ao mercado da construção, sendo este
segmento, como citado acima, um dos maiores geradores de resíduos. Mas já é
possível dizer que uma revolução está acontecendo no mercado da construção civil,
pois por meio delas a construção tende a estar dentro da lei e credibilidade é
13

alcançada, não só, em meio aos protetores do meio ambiente, mas também da
sociedade. Blumenschein (2004) descreve que
[...] o gerenciamento de resíduos sólidos permite a minimização dos
impactos causados, à montante, na exploração de matérias-primas
como areia e cascalho e à jusante, evita a poluição de solos e de
lençóis freáticos, o esgotamento de áreas de aterros, danos à saúde
pública e gastos públicos desnecessários.

Mas é possível ver que quanto mais o tempo passa, mais empresas tenha o
desejo introduzir essas diretrizes aos seus próprios valores, fazendo da
sustentabilidade prioridade e base de tudo o que forem realizar. Segundo Valente
(2009) a sustentabilidade tem se tornado diferencial de mercado conforme transcrito
a seguir.
[...] é importante não apenas construir sustentavelmente, mas também
comprovar que a obra de fato segue tais pressupostos, principalmente
após a ocupação dos usuários. Trata-se de uma garantia para o
cliente, para o mercado e uma maneira de se propagar com
credibilidade, associando a publicidade com as novas construções.

Desde já é notório o esforço de se pensar mais no global e menos no singular,


logo há um esforço grande por trás não só de normas e de certificações, mas de
pensamento de um espaço sustentado para outras gerações a fim de que elas possam
usufruir e compartilhar aquilo que tem conhecido e vivido, e juntos possamos viver um
mundo melhor e mais saudável, onde todos participam de forma igualitária na
proteção ambiental. Destaca-se que a Constituição Federal preconiza o dever de
preservação a todos nós usuários e donos do meio ambiente.
14

2 A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1 Conceito de desenvolvimento sustentável

O conceito de desenvolvimento sustentável é definido como um modelo


político, econômico, cultural, ambiental e social, a fim de satisfazer a necessidade das
gerações atuais, não comprometendo com que as gerações futuras satisfaçam suas
necessidades.
O conceito de sustentabilidade abrange alguns aspectos. São eles:
 social – melhor qualidade de vida à população, igual da renda
distribuída, redução das diferenças sociais;
 econômico – privado e público, coerência dos padrões entre produção e
consumo;
 ecológico – mitigação dos danos ao ambiente através do uso de
recursos naturais, reciclagem de materiais, minimização de gases
poluidores, energia e tecnologia limpas;
 cultural – respeito de valores, ideologias e crenças;
 espacial – harmonia entre campo (rural) e cidade (urbano), práticas
agrícolas inteligentes e não agressivas, controle sustentado de mata e
descentralização de indústrias;
 político – democracia expressiva evoluída para sistemas
descentralizados;
 ambiental – conservação da geografia existente, equilíbrio do
ecossistema.

Esse conceito de desenvolvimento começa a ser colocado em prática quando


confrontado ao estilo anterior, este então verificado que é ecologicamente devastador
no manuseio de recursos naturais, socialmente traiçoeiro com um povo de extrema
pobreza e precariedade, politicamente injusto usufruindo de um abuso de autoridade,
culturalmente insano em plena falta de respeito entre ideologias.
Um “divisor de águas” neste quesito de sustentabilidade foi a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio
de Janeiro em junho de 1992, mais conhecida como Rio 92, onde foram debatidas e
aprovadas metas, dentre elas a Agenda 21, um plano de ação a nível mundial de
15

orientação para uma transformação desenvolvimentista, denominado


“desenvolvimento sustentável”. O termo “Agenda 21” foi utilizado com a finalidade de
um desejo de transformação para esta nova forma de desenvolvimento para o século
XXI. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, ela pode ser considerada como
instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em
diferentes bases geográficas, que conciliam métodos de proteção ambiental, justiça
social e eficiência econômica.

2.2 Uso racional dos recursos naturais

Segundo Braga et al. (2005, p. 4), “recurso natural é qualquer insumo de que
os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção”.
Em vista disso, vê-se um crescimento muito alto da utilização destes recursos, devida
a grande demanda tanto do mercado tecnológico, quanto da construção civil ou
qualquer outro. E, portanto, com esta pesquisa, do que pode ser utilizado hoje para
melhorar a produção, tem aumentado a gama de recursos que antes não tinha
perspectiva de serem aproveitados.
Diferente do pensamento das gerações anteriores os recursos naturais são
finitos e a maioria deles não renováveis, logo, se usados de forma não sustentável,
não estarão disponíveis para as futuras gerações, além disso poder causar danos
irreparáveis à natureza, mesmo em se tratando de recursos utilizados para satisfazer
as necessidades básicas da população, como alimentos, transporte e habitação
(MONTES, 2005).
A partir do fim da 2ª Guerra Mundial, a ideia de desenvolvimento econômico
começou a se intensificar, fazendo com que houvesse uma potencialização do uso de
recursos naturais, sem a preocupação com o meio ambiente, ocasionando uma
degradação ecológica. Então, em 1969, um grupo de cientistas começou a criticar
este modelo, resultando em um manifesto, promovendo um debate sobre a questão
ambiental, enfatizando a sobrevivência humana em risco.
Tal debate ganhou relevância, e tal sistema adotado começou a quebrar de
forma natural a partir de sua base. Devido à maximização dos recursos, fazendo com
que a demanda fosse maior por eles, os preços começaram a encarecer. Isso fez com
que onde havia desperdício, começasse a existir o aproveitamento máximo possível,
atenuando a degradação, dando lugar a racionalização dos recursos.
16

Na atual situação de produção e consumo, vem à tona, novamente, a cultura


do desperdício, que não só foca nas classes altas da sociedade, mas nas classes
baixas também. Os recursos naturais cada vez mais tem ganhado valorização em
meio ao processo de desenvolvimento, sendo introduzidos à atividade econômica,
com uma visão positiva e aceitável, socialmente falando, da utilização desses
recursos. A economia no Brasil tem sido caracterizada pelo alto índice de desperdício
de recursos naturais.
No entanto, é notório o conhecimento científico de que uma grande parte destes
recursos apesar de estarem disponíveis atualmente, no caso de uso indiscriminado
sem observação da capacidade de suporte do meio, estes serão esgotados. Assim,
temos que os recursos naturais podem ser classificados em dois grupos: renováveis
e não renováveis. Sendo os renováveis, aqueles que ficarão disponíveis novamente
após sua utilização; e os não renováveis, aqueles que não poderão ser
reaproveitados. Portanto, os recursos naturais são finitos, e a utilização indevida dos
mesmos pode esgortar a disponibilidade até mesmo dos recursos renováveis
conforme ensina Braga (2005):

Há situações nas quais um recurso renovável passa a ser não


renovável. Esta condição ocorre quando a taxa de utilização supera a
máxima capacidade de sustentação do sistema.

Segundo o site Toda Matéria, segundo a questão do ar:

Além da expansão das indústrias e do aumento dos automóveis,


muitos outros fatores afetam a qualidade do ar, por exemplo, a
redução de espaços verdes, já que as plantas são importantes no
processo do ciclo do oxigênio, as queimadas, o uso de inseticidas e
agrotóxicos na agricultura, dentre outros.
Observe que quando a qualidade do ar é afetada, o ecossistema e os
fatores que o envolvem (clima, solo, água) são também alterados,
provocando assim, diversos fenômenos por exemplo, o efeito estufa,
a chuva ácida, a inversão térmica e a destruição da camada de ozônio.

Ou seja, a falta de racionalização dos recursos naturais, enfatizando as áreas


verdes, impede a melhora da qualidade do ar, afetando assim todo o ciclo natural.
José Márcio Ayres (apud Almeida, 2006) diz que a Amazônia tem ainda um
terço das áreas de florestas tropicais do planeta, representando assim um dos maiores
17

bancos genéticos, seja por tamanho como por metro quadrado, e questiona o que
temos feito para proteger este grandioso patrimônio biológico.
A racionalização de uso dos recursos naturais só produzirá efetividade a partir
da difusão da educação ambiental, trazendo o entendimento àqueles que exploram e
utilizam esses recursos, bem como demonstrando as consequências que tais
atividades podem acarretar ao meio ambiente tanto com um olhar local, relacionado
somente aquela região, quanto com um olhar global, relacionado a todo o planeta.
Neste contexto, referencia-se - a Constituição Federal, no parágrafo 1º, art. 225, inciso
VI, que diz que está incumbido ao Poder Público “promover a educação ambiental em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente”.

2.3 Técnicas sustentáveis na construção civil

As técnicas sustentáveis provêm de uma gestão realizada com enfoque no ciclo


de vida do produto, ou seja, é estudado o progresso desde a extração da matéria até
o descarte do produto, fazendo com que este ciclo torne-se sustentável, e a partir de
então, são criados métodos a fim de melhorar a gestão ambiental, melhorar a
eficiência, demonstrar conformidade, cumprir obrigações legais. Nada disso seria
possível se não fosse a ISO 14000, normatização que ajuda a alcançar os desafios
ambientais, uma vez que tem por objetivo o auxílio às organizações a fim de
minimizarem os efeitos nocivos ao meio ambiente, causados pelas suas atividades,
de modo que esta aplicação seja mais um indicador de sustentabilidade (MONTES,
2005).
Incorporada à série ISO 14000, encontra-se a norma 14001,– Sistemas de
Gestão Ambiental que tem por base a metodologia conhecida como Plan-Do-Check-
Act (PDCA: Planejar-Executar-Verificar-Agir), criada na década de 20 por Walter
Shewhart, também conhecida como Ciclo de Deming ou Ciclo de Shewhart, tendo
como princípio a melhoria contínua. Para Braga et al. (2005), p. 291

a implantação de um sistema de gestão ambiental é baseada no Ciclo


PDCA (Plan, Do, Check and Act), que nada mais é do que um
procedimento sistematizado e estruturado para o planejamento,
implantação, verificação e revisão das estratégias para a obtenção de
uma melhoria do desempenho ambiental da organização.
18

Resumidamente, a norma apresenta as fases do PDCA conforme transcritas a


seguir e apresentadas na figura 1.
 planejar: estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir
os resultados em concordância com a política ambiental da organização.
 executar: implementar os processos.
 verificar: monitorar e medir os processos em conformidade com a política
ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os
resultados.
 agir: agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da
gestão ambiental.

Ressalta-se que a norma ISO 14001 teve sua versão atualizada recentemente,
sendo publicada em setembro de 2015.

Figura 1: Esquema PDCA


Fonte: ABNT ISO 14001
19

Esta norma pode ser adotada em qualquer organização que pretenda implantar
e elaborar um sistema de gestão ambiental, garanta-se em concordância com sua
política ambiental estabelecida, comprove concordância com esta Norma ao realizar
autoavaliação, ou buscar assertiva de sua concordância por parte dos clientes, ou
buscar assertiva de sua autoafirmação através de organização externa, ou procurar
certificação de seu sistema da gestão ambiental por organização externa, do qual será
falado mais a frente. O interessante do PDCA é que não possui um fim, mas torna-se
um ciclo, trazendo melhoria no processo toda vez que é terminado um ciclo e outro é
iniciado.
Dentro da família ISO 14000, encontra-se também a ISO 14040 – Avaliação do
Ciclo de Vida (ACV), que segundo definição da SETAC (Society for Environmental
Toxicology and Chemisty), em 1991 (apud MONTES, 2005, p. 57), é

um processo para avaliar as implicações ambientais de um produto,


processo ou atividade, através da identificação e quantificação dos
usos de energia e matéria e das emissões ambientais; avaliar o
impacto ambiental desses usos de energia e matéria e das emissões;
e identificar e avaliar oportunidades de realizar melhorias ambientais.
A avaliação inclui todo o ciclo de vida do produto, processo ou
atividade, abrangendo a extração e o processamento de matérias-
primas; manufatura, transporte e distribuição; uso, reuso, manutenção;
reciclagem e disposição final (sic).

Neste contexto entendemos a necessidade do compreendimento do processo


e não somente das fases, até porque pensar em um projeto sustentável significa
construir de maneira que o meio ambiente não seja afetado negativamente assim
como considerar a edificação como elemento de sistema maior, que se inicia no
projeto, segue-se para a construção, a utilização e engloba também a destruição ou
pós-uso. Ou seja, são cruciais a escolha dos materiais e a escolha das técnicas de
construção. A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) nada mais é que um método para
avaliar aspectos ambientais e impactos potenciais ligados a um produto mediantes
 a compilação de um inventário de entradas e saídas pertinentes de um
sistema de produto;
 a avaliação dos impactos ambientais potenciais associados a essas
entradas e saídas;
 a interpretação dos resultados das fases de análise de inventário e de
avaliação de impactos em relação aos objetivos de estudo.
20

Podendo a ACV ajudar também:


 na identificação de oportunidades para melhorar os aspectos ambientais
dos produtos em vários pontos de seu ciclo de vida;
 na tomada de decisões na indústria, organizações governamentais ou
não-governamentais;
 na seleção de indicadores pertinentes de desempenho ambiental,
incluindo técnicas de medição; e
 no marketing.

A ACV é o método mais conhecido, porém mais utilizado nos países nórdicos,
portanto, destacam-se alguns outros métodos para análise de impactos ambientais
relacionados a produtos:
 pegada ecológica – método que procura mensurar o impacto de uma
empresa, país, grupo ou indivíduo, através da analogia entre o utilização
de recursos e emissões do elemento analisado com a área
biologicamente disponível. Segundo Dias (2002), a pegada ecológica é
feita baseada nas fases:
o estima-se o consumo médio anual individual de determinados
itens de consumo, utilizando dados agregados locais, regionais
ou nacionais, dividindo-os pelo tamanho da população estudada;
o estima-se a área apropriada per capita para a produção de um
bem, ou para a absorção dos resíduos liberados;
o essa área é dividida pela população, obtendo-se a pegada
ecológica pessoal, ou seja, que área uma pessoa requer
anualmente para produzir um determinado item de consumo;
o finalmente, somam-se todos os itens, obtendo-se a pegada
ecológica.

 mapa de sensibilidade – é o método que analisa questões sociais e


ambientais de forma esquemática, estabelecendo uma relação entre
atividades humanas e ecossistemas, conferindo um valor e um grau de
fragilidade a impactos.

a aferição da sensibilidade ambiental é uma metodologia que permite


formar uma compreensão lúcida das atividades industriais e urbanas
21
dentro de um determinado espaço, bem como classifica os
ecossistemas, atribuindo um valor ecológico a estes, descrevendo
qual é a sua vulnerabilidade a impactos. [FIGUEIREDO (2000) apud
DORNELES, 2005]

Já existem pesquisas disponíveis no Brasil, com aplicação do ACV em


edificações e sistema de elementos construtivos. Como exemplo de uma dessas
pesquisas do Brasil, foi elaborada uma aplicação da ACV dentro do programa Habitare
(programa de tecnologia de habitação), considerando quatro empresas do ramo de
tijolos e pisos, em Santa Catarina, onde foi analisado seu processo produtivo, tendo a
extração da argila como principal matéria-prima dos elementos construtivos e
integrante do sistema de “produção”.
A seguir serão apresentadas as técnicas sustentáveis mais utilizadas na
construção civil.

2.3.1 Reuso da água

Atualmente, a oferta de água já não está sendo mais suficiente à demanda


necessária para atender a população brasileira, pelo menos nas principais metrópoles
do país, pois assim como alguns lugares têm sido anunciados, por exemplo, o sertão
nordestino já não possui quase oferta alguma de água. Deve-se levar em conta a
conscientização da gestão da água, da importância que ela tem e na falta que haverá
se ela, futuramente, não mais existir, além do equilíbrio e oferta a todos deste bem
valioso. A crise hídrica no Brasil tem sido objeto de estudo de diversas instituições de
pesquisa em busca de soluções sustentáveis para o equacionamento destas
questões.
Encontram-se algumas definições sobre reuso no artigo 2º da Resolução nº 54
de novembro de 2005, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH:
I– água residuária: esgoto, água descartada, efluentes líquidos de
edificações, indústrias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;
II – reuso de água: utilização de água residuária;
III – água de reuso: água residuária, que se encontra dentro dos padrões
exigidos para sua utilização nas modalidades pretendidas;
22

IV – reuso direto de água: uso planejado de água de reuso, conduzida ao local


de utilização, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos
superficiais ou subterrâneos;
V – produtor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que produz água de reuso;
VI – distribuidor de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito público
ou privado, que distribui água de reuso; e
VII – usuário de água de reuso: pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, que utiliza água de reuso.

Braga et al.(2005) cita que, em 1985, o Conselho Econômico das Nações


Unidas estabeleceu uma política de gestão para áreas carentes de recursos hídricos,
adotando o conceito: “a não ser que exista grande disponibilidade, nenhuma água de
boa qualidade deve ser utilizada para usos que toleram águas de qualidade inferior”.
Logo, entendemos através deste conceito que um recurso de boa qualidade tem sido
usado em situações que não necessitavam daquele nível de qualidade caracterizando
então o desperdício do recurso ambiental água, não apenas em termos de quantidade,
mas sem qualidade. A respeito disso Braga (2005) relata que:

Embora a prática de reuso seja uma ferramenta bastante útil para


minimizar os problemas de escassez de água, principalmente em
regiões urbanas e industrializadas, a adoção dessa deve ser
devidamente planejada de maneira a minimizar os riscos sobre a
saúde humana e sobre o desempenho das atividades nas quais está
sendo aplicado o reuso.

O reuso da água consiste no reaproveitamento de determinada água que foi


insumo ao desenvolvimento de uma atividade humana, sendo então transformada de
água residuária a água de reuso, mediante a tratamento. Porém este reuso não é feito
de forma igualitária, mas de uma forma diferenciada. Para melhor entendimento
eCycle (2016) e Uniagua (2016) descrevem seus tipos como:
 reuso indireto não planejado: ocorre quando a água, utilizada em alguma
atividade humana, é descarregada no meio ambiente e novamente
utilizada à jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e
não controlada;
 reuso indireto planejado: ocorre quando os efluentes, depois de tratados,
são descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais
23

ou subterrâneas, para serem utilizadas à jusante, de maneira controlada,


no atendimento de algum uso benéfico;
 reuso direto planejado: acontece quando os efluentes, após tratados,
são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do
reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior
ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação;
 reciclagem de água: é o reuso interno da água, antes de sua descarga
em um sistema geral de tratamento ou outro local de disposição. Essas
tendem, assim, como fonte suplementar de abastecimento do uso
original. Este é um caso particular do reuso direto planejado.

Porém ainda assim, segundo Iwaki (2016), a ABES (Associação Brasileira de


Engenharia Sanitária e Ambiental) criou uma classificação para o fim que terá esta
água de reuso, sendo:
 reuso potável direto: quando o esgoto recuperado, por meio de
tratamento avançado, é diretamente reutilizado no sistema de água
potável;
 reuso potável indireto: caso em que o esgoto, após tratamento, é
disposto na coleção de águas superficiais ou subterrâneas para diluição,
purificação natural e subsequente captação, tratamento e finalmente
utilizado como água potável;
 reuso não potável para fins agrícolas: embora, quando se pratica essa
modalidade de reuso haja como subproduto, recarga do lençol
subterrâneo o objetivo dela é a irrigação de plantas alimentícias, tais
como árvores frutíferas, cereais, entre outros, e plantas não alimentícias,
tais como pastagens e forrações, além de ser aplicável para
dessedentação de animais;
 reuso não potável para fins industriais: abrange os usos industriais de
refrigeração, águas de processo, para utilização em caldeiras, entre
outros;
 reuso não potável para fins recreacionais: classificação reservada à
irrigação de plantas ornamentais, campos de esportes, parques e
também para enchimento de lagos ornamentais, entre outros;
24

 reuso não potável para fins domésticos: são considerados aqui os casos
de reuso de água para a rega de jardins para descargas sanitárias e
utilização desse tipo de água em grandes edifícios
 reuso para manutenção de vazões: a manutenção de vazões de cursos
de água promove a utilização planejada de efluentes tratados, visando a
uma adequada diluição de eventuais cargas poluidoras a eles carreadas,
incluindo-se fontes difusas, além de propiciar uma vazão mínima na
estiagem
 aquicultura: consiste na produção de peixes e plantas aquáticas visando
a obtenção de alimentos e/ou energia, utilizando-se os nutrientes
presentes nos efluentes tratados
 recarga de aquíferos subterrâneos: é a recarga dos aquíferos
subterrâneos com efluentes tratados, podendo se dar de forma direta,
pela injeção sob pressão, ou de forma indireta, utilizando-se águas
superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a
montante.

Segundo Rossato (2016), engenheiro de Desenvolvimento da REHAU no


Brasil, conforme estudo realizado pela Instituição Trata Brasil, “cerca de metade da
água que escorre pelos ralos ainda chega na forma de esgoto sem tratamento
aos rios, córregos e represas de São Paulo”. Somente 38,7% do volume é tratado,
sendo ignorado um estoque de água compatível a dois sistemas Cantareira. Conforme
descrito, fica exemplificado que a crise na qual a cidade paulistana passou poderia ter
sido amenizada com o reuso da água já como cultura da cidade.
Reutilizar a água residuária é tornar a água que seria descartada em algo com
uso eficiente e que trará benefícios, tanto reduzindo impactos ambientais como
reduzindo custos de uso e operação.

2.3.2 Aproveitamento de energia solar

Aproveitar a energia solar consiste em aproveitar o sol, um recurso natural


ilimitado, para utilização de sua energia e calor, podendo ser direta ou indiretamente
utilizada. De acordo com a Blue Sol (2011), todas as energias naturais são renováveis,
até mesmo o petróleo, sendo que só teremos daqui a alguns milhões de anos. No
25

entanto, umas se renovam mais facilmente que outras, neste caso, a energia radiante
direta do Sol é a uma energia que se renova em escala humana.
Segundo o Portal Energia:

[...] 15% da energia emitida pelo sol que chega a terra é refletida de
volta para o espaço. Outros 30% são perdidos na evaporação da água
a qual sobe para a atmosfera produzindo chuva. A energia solar é
também absorvida pelas plantas, pela terra e oceanos. A energia
restante, para manter o equilíbrio energético do planeta, deve então
ser emitida sob a forma de radiação térmica.

Dentre as formas mais comuns de aproveitamento de energia solar, segundo a


Blue Sol, estão a fotovoltaica, aquecimento solar e usinas termo-solares, que
consistem em:

 Fotovoltaica
Baseia-se no princípio do efeito fotoelétrico, utilização dos fótons,
partícula contida na luz, para gerar energia elétrica. A geração de
energia depende da incidência de luz na região, não do calor;

 Aquecimento solar
Baseia-se na captação do calor proveniente do sol, através de placas
coletoras, para aquecimento da água. Tendo esta como fins banhos,
piscinas ou processos industriais;

 Usinas termo-solares
Utiliza-se o calor do sol para geração de eletricidade convencional.
Consiste em uma disposição de refletores direcionados para o
aquecimento da água e geração de vapor, que movimentam turbinas
capazes de gerar eletricidade.

Já que há a dependência da incidência de luz e calor, criam-se então não


somente vantagens, mas também desvantagens. Extrai-se do Portal Energia (2016),
uma relação de vantagens e desvantagens transcrita a seguir.
26

Vantagens
 A energia solar não polui durante seu uso;
 As centrais necessitam de manutenção mínima;
 Os painéis solares são a cada dia mais potentes ao mesmo tempo que
seu custo vem decaindo;
 A energia solar é excelente em lugares remotos ou de difícil acesso, pois
sua instalação em pequena escala não obriga enormes investimentos
em linhas de transmissão;
 Em países tropicais, a utilização da energia solar é viável em
praticamente todo o território e, em locais longe dos centros de produção
energética, sua utilização ajuda a diminuir a procura energética nestes e
consequentemente a perda de energia que ocorreria na transmissão.

Desvantagens
 Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com a situação
climatérica, além de que durante a noite não existe produção alguma, o
que obriga a que existam meios de armazenamento da energia
produzida durante o dia em locais onde os painéis solares não estejam
ligados à rede de transmissão de energia;
 Locais em latitudes médias e altas sofrem quedas bruscas de produção
durante os meses de Inverno devido à menor disponibilidade diária de
energia solar. Locais com frequente cobertura de nuvens tendem a ter
variações diárias de produção de acordo com o grau de nebulosidade;
 As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes
quando comparadas, por exemplo, aos combustíveis fósseis e a energia
hidroelétrica;
 Os painéis solares têm um rendimento de apenas 25%, apesar deste
valor ter vindo a aumentar ao longo dos anos.

2.3.3 Reaproveitamento de resíduos sólidos

Atualmente a construção civil alcança os índices de 20 a 50% de consumo dos


recursos naturais no mundo, sendo este segmento de mercado considerado como o
maior consumidor de recursos naturais do mundo. Dentre os recurso naturais
27

consumidos estão os agregados de 1 a 8 toneladas /habitante/ano e 66% da madeira


extraída.
Esta indústria é de grande importância para o crescimento de cidades, seja em
economia, seja em desenvolvimento, porém, também é responsável por grandes
impactos ambientais ao longo de todo o seu processo, onde inclui ocupação de terras,
extração de matérias-primas, produção e transporte de materiais, construção de
edificações e geração e disposição de resíduos sólidos (BLUMENSCHEIN; SPOSTO,
2003).
Dados da ABRECON (Associação Brasileira para Reciclagem de RCD) (apud
TERA, 2016) apontam que os resíduos sólidos gerados na obra chegam a ser 50%
dos materiais desperdiçados, ou seja, tantos recursos naturais, apontados acima,
acabam não sendo utilizados, gerando não só perdas de materiais, mas tempo,
trabalho, transporte e dinheiro desperdiçados.

O desperdício de materiais é muito grande na construção civil que vai


desde o uso de equipamentos, materiais até mão de obra e capital.
Essas perdas envolvem tanto esses desperdícios quanto há execução
de tarefas desnecessárias que vão significar em custos que não
agregam valor, como erros em planejamento, quando o engenheiro
constrói uma parede desnecessária, tendo que ser derrubada, pois
não atende ao projeto inicial, e assim por diante, gerando custos, pois
para ser construída foi utilizado outro material, que não vai ser
reutilizado. (REZENDE, 2012)

Essas perdas poderiam ser facilmente eliminadas, sem prejudicar o trabalho


efetivo, evitando tarefas desnecessárias que elevam o custo sem adicionar valor ao
produto. Essas perdas, segundo Paldolfo (2009), são classificadas como:
 perda por superprodução – processamento em quantidades superiores
às necessárias ou antecipadamente;
 perda por manutenção de estoques – estoques elevados de materiais
originados por erro de planejamento ou programação;
 perda por transporte – atividade de movimentação de materiais que
geram custos e não adicionam valor;
 perda no movimento – esforços realizados pelos trabalhadores
desnecessariamente durante operações, interferindo negativamente na
produtividade;
28

 perda por espera – tempo em que trabalhadores e máquinas não estão


sendo usados produtivamente, agregando valor;
 perda por fabricação de produtos defeituosos – produtos fabricados que
não estão de acordo com requisitos de qualidade especificados no
projeto;
 perdas no processamento em si – oriundas da realização de atividades
de processamento desnecessárias, ou realização das atividades
desnecessárias de maneira inadequada;
 perda por substituição – utilização de materiais com características de
desempenho superiores ao especificado em projeto, no emprego de
mão-de-obra com melhor qualificação que a necessária ou no emprego
de equipamentos com avanços tecnológicos onde equipamentos mais
simples poderiam ser utilizados; e
 outras perdas.

Algumas perdas são responsáveis pela geração de resíduos, e embora outras


perdas não sejam responsáveis por gerarem resíduos, deve-se tomar cuidado ao
eliminá-las, pois além de desperdiçar tempo, geram perdas financeiras.
O entulho da construção civil é uma montanha diária de resíduos formada por
argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras,
tijolos, entre outros, provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de
obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos.
Em praticamente, todas as partes da construção civil, há geração de resíduos sólidos,
e em todo processo há um alto índice de perdas. Correa (2009) diz que “em todo o
mundo, esta quantidade corresponde, em média, a 50% do material desperdiçado. No
Brasil produz-se 850.000 t/mês de entulho, no Reino Unido 53.000 t/mês e no Japão
6.000 t/mês”.

A complexidade de estabelecer a melhor possibilidade dentre as


opções de disposição incluem: a) a redução da geração de lixo na
fonte; b) uma vez gerado o resíduo buscar maneiras de reutilizá-lo sem
comprometer a qualidade do processo ou produto reutilizado; c) o
encaminhamento para reciclagem; d) a utilização do resíduo para
recuperação de energia (incineração) e e) o encaminhamento para
aterros sanitários ou depósitos específicos para resíduos inertes e
29
perigosos [CHERMONT, MOTTA (1996) apud BLUMENSCHEIN,
2004].1

Acima foram citadas algumas disposições que podem ter os resíduos sólidos,
porém aqui trataremos do reaproveitamento deles. Nota-se que há no Japão e em
alguns outros países, logicamente, a cultura do reaproveitamento dos resíduos
sólidos, popularmente denominado entulho, em meio ao processo construtivo
atestando a viabilidade técnica e econômica. Em contrapartida, o Brasil tem iniciado
esta cultura, mas ainda é mínima, restringindo o reaproveitamento à aterros e, em
menor índice, à conservação de estradas.
Os benefícios provenientes do reaproveitamento, analisado segundo Correa
(2009), Rezende (2012) e Jesus (2014) podem ser notados a seguir, por categorias:

 Ambiental
o Diminuição da deposição em locais impróprios;
o Minimização da necessidade de extração de matéria-prima em
jazidas;
o Redução da necessidade de destinação de áreas públicas para a
deposição dos resíduos;
o Redução de emissão de CO2, proveniente do transporte dos
resíduos por caminhões;

 Econômico
o Economia de US$ 7,50/m³ de entulho na substituição da
deposição irregular do entulho pela sua reciclagem;
o 80% de economia na produção de agregados, com base no
entulho;
o 70% de economia na fabricação, com relação a similares com
matéria-prima não reciclada;
o A reciclagem de entulho torna mais baratas as atividades de
construção;
o Vantagem na competitividade com outras empresas;

1
Apesar desta hierarquia ser aprovada sem questionamentos, é importante ressaltar que a decisão com relação
à reciclagem e incineração depende de quantidade de resíduos gerada, custos de beneficiamento; o que requer
estudos de viabilidade econômica da combinação das formas de disposição (BLUMENSCHEIN, 2004).
30

 Social
o Bons resultados no emprego de material reciclado em programas
de habitação popular, além de trazer redução dos custos de
produção da infraestrutura das unidades;
o Diminui o risco de acidentes na obra, além de custos com
eventuais acidentes;
o Melhora na imagem da empresa;
o Melhor relacionamento com órgãos ambientais, imprensa e
população em geral.

O correto nos dias de hoje seria repensar no planejamento para evitar o grande
volume de geração de resíduos, como diz Bumenschein (2004) que “a falta de
qualidade nos processos construtivos exacerba a geração de resíduos”. No entanto
se há tanto volume a ser disposto, deve-se ser repensado em como utilizá-lo a fim de
reduzir impactos. Há tantas formas de dispor, porém a grande questão é saber fazer
pensando grande, em tudo e em todos.

2.3.4 Conceito dos 3 R’s

O conceito dos 3 R’s consiste em etapas hierárquicas da valorização de


resíduos apresentado na Agenda 21 como: redução (do uso de matérias-primas e
energia e do desperdício nas fontes geradoras), reutilização direta dos produtos e
reciclagem de materiais. E preconizado no art. 9º da Lei 12305/2010 - Política
Nacional de Resíduos Sólidos, in verbis:

Art. 9o Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada


a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos.

2.3.4.1 Reduzir

Consiste no processo de mitigação de materiais do processo, reduzindo assim


a geração de resíduos causados por este excesso desnecessário, ou diretamente
evitar o desperdício de materiais. Como forma de redução, podemos citar que o
melhor seria um bom planejamento de materiais necessários para obra.
31

2.3.4.2 Reutilizar

Consiste no aproveitamento de materiais sem que estes tenham sofrido


alteração ou processamento complexo. Ainda que não diretamente, um material
sempre tem outros fins proveitosos a serem dados, sem necessidade de reciclagem.
No caso da obra, os materiais não podem estar acumulados em diferentes categorias,
não só para facilitação do encontro, mas para evitar a contaminação dos mesmos, o
que pode impossibilitar o uso.

2.3.4.3 Reciclar

Consiste na reintegração do material ao processo produtivo, por meio de


processamento, envolvendo gasto de energia, a fim de que alcance uma finalidade
para sua utilização. Por consumir energia, a reciclagem é considerada o último recurso
no aproveitamento de materiais.

A reciclagem é necessária em duas ocasiões: quando há uma


demolição ou na própria construção. No primeiro caso, quando uma
construção está para ser demolida é necessário criar um planejamento
do processo de demolição como foi dito anteriormente. A demolição
seletiva consiste na diferenciação integral dos resíduos sólidos para a
alteração da destinação adotada na reciclagem a fim de evitar a
mistura dos materiais entre si e de contaminantes. (CORRÊA, 2009)
32

3 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL


(PGRCC)

3.1 Resolução nº 307/2002 do CONAMA

A resolução nº 307, criada em 2002, é uma norma do CONAMA que, de acordo


com o seu art. 1º, estabelece “diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de
resíduos da construção civil, disciplinando as ações necessárias de forma a minimizar
os impactos ambientais”, considerando que em grandes casos os resíduos sólidos são
dispostos em locais inadequados contribuindo para a degradação da qualidade
ambiental, entretanto com uma gestão integrada destes resíduos é possível
proporcionar benefícios de ordem social, econômica e ambiental.
O art. 2º descreve algumas definições necessárias para um real e correto
entendimento, como:

I– Resíduos da construção civil: são os provenientes de construções,


reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos,
blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,
colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;
IV – Agregado reciclado: é o material granular proveniente do beneficiamento
de resíduos de construção que apresentem características técnicas para
a aplicação em obras de edificação, de infraestrutura, em aterros
sanitários ou outras obras de engenharia;
V – Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir,
reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades,
práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as
ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e
planos;
IX – Aterro de resíduos classe A de reservação de material para usos futuros:
é a área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de
destinação de resíduos da construção civil classe A no solo, visando a
33

reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro


ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para
confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública
e ao meio ambiente e devidamente licenciado pelo órgão ambiental
competente;
X – Área de transbordo e triagem de resíduos da construção civil e resíduos
volumosos (ATT): área destinada ao recebimento de resíduos da
construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento
temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior
remoção para destinação adequada, observando normas operacionais
específicas de modo a evitar danos ou riscos a saúde pública e a
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos;
XII – Gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a
busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as
dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle
social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável.

Já o art. 3º da resolução é onde está descrita a classificação destes resíduos


da construção civil, sendo:

I– Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,


tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de
terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações:
componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento
etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II – Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como
plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras, embalagens vazias de
tintas imobiliárias e gesso;
34

III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas


tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem ou recuperação;
IV – Classe D – são resíduos perigosos oriundos do processo de construção,
tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou
prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de
clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e
demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos
nocivos à saúde.

Na Resolução CONAMA nº 307/2002 qualquer embalagem de tinta, estava


incluída na Classe D, porém o parágrafo 1º, inciso IV, do art. 3º da Resolução
CONAMA nº 469/2015, alterou o texto original tratando que embalagens tintas
apresentando filme seco de tinta em seu revestimento interno, sem acúmulo de
resíduos líquidos do produto, seriam consideradas como embalagens vazias, logo,
passariam a fazer parte da Classe B.
Tratando-se ainda de embalagens de tinta no parágrafo 2º do mesmo inciso,
descreve que “as embalagens de tintas usadas na construção civil serão submetidas
a sistema de logística reversa, conforme requisitos da Lei nº 12.305/2010”,
contemplando assim a destinação adequada dos resíduos do produto ainda existentes
na embalagem.
O art. 4º, concordando com os 3 R’s descritos anteriormente, determina que
“os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e,
secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem, o tratamento dos resíduos
sólidos e a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”. No parágrafo 1º
é dispõe que os resíduos da construção civil não serão mais dispostos em aterros de
resíduos sólidos urbanos, em “bota-fora”, em encostas, em corpos d’água, em lotes
vagos ou em áreas protegidas por Lei. Porém segue no parágrafo 2º que estas
disposições, após triagem, serão conforme a classificação no art. 10º:

I– Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados


ou encaminhados a aterro de resíduos classe A de reservação de material
para usos futuros;
35

II – Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas


de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua
utilização ou reciclagem futura;
III – Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.
IV – Classe D: deverão ser armazenados, transportados e destinados em
conformidade com as normas técnicas específicas.

Destaca-se nesta resolução o art. 5º, nova redação dada pela Resolução nº
448/2012, que estabelece que “é instrumento para a implementação da gestão dos
resíduos da construção civil o Plano Municipal de Gestão de Resíduos da Construção
Civil, a ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, em consonância com o
Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos”, descrevendo no art. 6º o
que é preciso constar neste plano municipal. Logo, muitos municípios precisaram se
movimentar para implementar seus planos de gestão de resíduos.
O Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil contempla as
seguintes etapas:
 PLANEJAMENTO:
É muito importante esta fase, pois qualquer erro pode acarretar em falta
de produto ou desperdício de produto. Então deve haver análise
detalhada do projeto, especificação correta dos produtos, exatidão das
cotas, fazendo com que assim haja menor geração de RCC (resíduos
da construção civil).
Os itens onde deve-se ter maior atenção antes da obra com relação a
mitigação da geração de resíduos, segundo Lima; Lima (2012) são:
- Compatibilidade entre os vários projetos;
- Exatidão em relação a cotas, níveis e alturas;
- Especificação inexata ou falta de especificação de materiais e
componentes;
- Falta ou detalhamento inadequado dos projetos.

 CARACTERIZAÇÃO:
Através desta fase são analisados, previamente, os resíduos que podem
ser gerados, conforme quadro 1, fazendo assim a caracterização de
36

cada um para desde já realizar o destino de cada um, seja para reutilizar
ou reciclar ou jogar em bota-fora, ou até mesmo reduzir.

TIPOS DE RESÍDUOS POSSIVELMENTE


FASES DA OBRA
GERADOS

LIMPEZA DO Solos
TERRENO Rochas, vegetação, galhos

MONTAGEM DO Blocos cerâmicos, concreto (areia; brita)


CANTEIRO Madeiras
Solos
FUNDAÇÕES
Rochas
Concreto (areia; brita)
SUPERESTRUTURA Madeira
Sucata de ferro, formas plásticas
Blocos cerâmicos, blocos de concreto, argamassa
ALVENARIA
Papel, plástico

INSTALAÇÕES Blocos cerâmicos


HIDROSSANITÁRIAS PVC

INSTALAÇÕES Blocos cerâmicos


ELÉTRICAS Conduites, mangueira, fio de cobre
REBOCO
Argamassa
INTERNO/EXTERNO
Pisos e azulejos cerâmicos
REVESTIMENTOS
Piso laminado de madeira, papel, papelão, plástico
FORRO DE GESSO Placas de gesso acartonado
PINTURAS Tintas, seladoras, vernizes, texturas
Madeiras
COBERTURAS
Cacos de telhas de fibrocimento
Quadro 1: PGRCC - Caracterização
Fonte: VALOTTO (2007) apud LIMA; LIMA, 2012

 TRIAGEM / SEGREGAÇÃO:
A segregação já é realizada no próprio local onde são originados estes
resíduos, fazendo a distinção deles, juntando cada um segundo sua
37

categoria, para isso, a equipe de obra deve estar capacitada para


realizar da forma correta. Os resíduos devem ser alocados em depósitos
distintos para evitar contaminação, o que pode comprometer a
reutilização. Esta etapa ajudará a manter a obra limpa, evitando
materiais e ferramentas espalhadas pelo canteiro.

 ACONDICIONAMENTO:
Após a triagem, e ao fim do dia de trabalho, os resíduos devem ser
acondicionados, ou seja, dispostos, arrumados, acomodados em
recipientes distribuídos de forma estratégica. Estes recipientes podem
ser bombonas, bags, baias e caçambas estacionárias, que deverão estar
identificadas informando o tipo de resíduo a ser disposto.

o Bombonas: recipientes plásticos, de acordo com figura 2,


geralmente da cor azul, com capacidade de 50ℓ que servem como
depósito inicial de restos de madeira, embalagens plásticas,
tubulações, papelão, papéis, ferro, aço, fiação, arame, dentre
outros.

Figura 2: Bombona
Fonte: Comércio de Ferro
38

o Bags: sacos de ráfia com quatro alças e com capacidade de 1 m³,


conforme figura 3. Geralmente são utilizadas para armazenar
serragem, isopor, restos de uniformes, botas, tecidos, panos e
trapos, plásticos, papelão, dentre outros.

Figura 3: Bag
Fonte: Alibaba

o Baias: depósitos fixos, geralmente, de madeira, de diversas


dimensões, como ilustrado na figura 4. São mais utilizados para
restos de madeira, ferro, aço, arames, isopor, serragem, dentre
outros.

Figura 4: Baias
Fonte: Construção Dinâmica na TV

o Caçambas estacionárias: recipientes metálicos com capacidade


de 3 a 5 m³, conforme figura 5, empregadas no acondicionamento
39

final de blocos de concreto/cerâmicos, argamassa, telhas,


madeiras, placas de gesso, solo, dentre outros.

Figura 5: Caçamba
Fonte: MECALUX Logismarket

 TRANSPORTE INTERNO DOS RCC:


O transporte dos resíduos na obra geralmente é realizado com carrinho-
de-mão ou giricos, elevadores de carga, gruas e guinchos.

 REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM NA OBRA:


Para reutilização dos resíduos, eles devem estar dentro do padrão de
qualidade exigido pelas normas regulamentadoras. Este
reaproveitamento segue as recomendações da Agenda 21, que faz com
que materiais que seriam descartados em uma situação, tornem-se
materiais possíveis para utilização em outra situação como descrito no
quadro 2. Por exemplo, escoramentos serão reaproveitáveis até o final
da obra.

TIPOS DE RESÍDUOS POSSÍVEL


FASES DA OBRA POSSIVELMENTE REUTILIZAÇÃO
GERADOS NO CANTEIRO
LIMPEZA DO Solos Reaterros
TERRENO Rochas, vegetação, galhos -
Blocos cerâmicos, concreto Bases de piso,
MONTAGEM DO (areia; brita) enchimentos
CANTEIRO Formas, escoras,
Madeiras
travamentos
FUNDAÇÕES Solos Reaterros
40
Jardinagem, muros
Rochas
de arrimo
Base de piso;
Concreto (areia; brita)
enchimentos
SUPERESTRUTURA Madeira Cercas; portões
Sucata de ferro, formas Reforço para
plásticas contrapisos
Base de piso,
Blocos cerâmicos, blocos de
enchimentos,
ALVENARIA concreto, argamassa
argamassas
Papel, plástico -
Base de piso,
INSTALAÇÕES Blocos cerâmicos
enchimentos
HIDROSSANITÁRIAS
PVC -
Base de piso,
Blocos cerâmicos
INSTALAÇÕES enchimentos
ELÉTRICAS Conduites, mangueira, fio de
-
cobre
REBOCO
Argamassa Argamassa
INTERNO/EXTERNO
Pisos e azulejos cerâmicos -
REVESTIMENTOS Piso laminado de madeira,
-
papel, papelão, plástico
Readequação em
FORRO DE GESSO Placas de gesso acartonado
áreas comuns
Tintas, seladoras, vernizes,
PINTURAS -
texturas
Madeiras -
COBERTURAS Cacos de telhas de
-
fibrocimento
Quadro 2: Possível reutilização dos resíduos no canteiro de obra
Fonte: VALOTTO (2007) apud LIMA; LIMA, 2012 (adaptado LIMA, 2009)

 REMOÇÃO DOS RESÍDUOS DO CANTEIRO – TRANSPORTE


EXTERNO:
A remoção dos resíduos deve ser controlada através de fichas contendo
dados do gerador, tipo e quantidade de resíduos, dados do transportador
e dados do local final onde serão destinados.

 DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS:


Já descrito anteriormente, segundo resolução, variando de acordo com
o tipo de resíduo.
41

3.2 Resolução SMAC nº 519/2012

Para o gerenciamento dos resíduos de construção civil, o Município do Rio de


Janeiro, por sua vez, implementou a Resolução SMAC nº 519/2012 que “disciplina a
apresentação de Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil –
PGRCC”, e considerando o disposto dado na Resolução nº 307/2002 do CONAMA,

visa, dentre outros, minimizar os impactos provenientes da disposição


inadequada dos Resíduos da Construção Civil (RCC), determinando
que todos os geradores, pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou
privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que
gerem resíduos da construção civil, deverão ter como objetivo
prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução,
a reutilização, a reciclagem e a destinação final adequada.

Segundo o art. 1º desta resolução, “As atividades de construção, reforma,


ampliação, demolição e movimentação de terra sujeitas ao Licenciamento Ambiental
Municipal, de acordo com a legislação vigente, deverão apresentar o Plano de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil – PGRCC”, conforme as disposições
nos seguintes casos:

I) EDIFICAÇÕES com área total construída (ATC) igual ou maior que 10.000
m²;
II) EMPREENDIMENTOS OU OBRAS QUE REQUEIRAM MOVIMENTO DE
TERRA com volume superior a 5.000 m³;
III) DEMOLIÇÃO DE EDIFICAÇÕES com área total construída (ATC) igual ou
maior que 10.000 m2 ou volume superior a 5.000 m³.

Este PGRCC deve ser apresentado em 2 vias para visto da SMAC, devendo a
via do PGRCC visada, disponibilizada ao requerente, e a licença ambiental
permanecerem na obra à disposição da fiscalização, conforme parágrafo 1º. A
memória de cálculo dos produtos a serem gerados estará integrada ao PGRCC, de
acordo com parágrafo 2º. E no parágrafo 3º é descrito que “as obras não enquadradas
nesta Resolução não estão isentas do adequado gerenciamento de seus RCC, desde
a geração até a destinação final, mantendo os comprovantes de destinação à
disposição da fiscalização”.
42

O art. 2º estabelece que os Planos de Gerenciamento de Resíduos da


Construção Civil – PGRCC devem ser elaborados a fim de priorizar reaproveitamento
e reciclagem dos resíduos na própria obra ou em unidades de beneficiamento
licenciadas. No parágrafo único deste artigo dispõe que

A utilização de agregados reciclados oriundos de resíduos da


construção civil – RCC será obrigatória, nos casos de obras e serviços
de engenharia do Município do Rio de Janeiro, executadas direta ou
indiretamente pela administração pública, conforme estabelecido pelo
Decreto Municipal nº 33.971/2011, salvo os casos excepcionais
previstos no Art. 2º do referido decreto.

Conforme art. 3º, o PGRCC deverá ser assinado pelo profissional responsável
pela execução da obra ou por outro profissional devidamente habilitado com a
respectiva anotação de responsabilidade técnica (ART) do conselho profissional
correspondente. O PGRCC será apresentado de acordo com o roteiro do ANEXO I da
resolução, segundo parágrafo 1º.
No art. 5º é determinado que a outorga do Parecer de Baixa de Restrições da
Licença Municipal de Instalação – LMI pela SMAC ficará condicionada à apresentação
do Relatório de Implantação e Acompanhamento – RIA relacionado ao gerenciamento
dos RCC, por onde será comprovada a destinação correspondente dos resíduos
gerados em todas as etapas da obra. Dispondo em seu parágrafo único “a
comprovação das informações prestadas no RIA dar-se-á das seguintes formas”:

I– Resíduos Classes A, B e C - Nota de Transporte de Resíduos - NTR,


conforme modelo do ANEXO IV.
II – Resíduos Classe D – Manifesto de Resíduos do Instituto Estadual do
Ambiente - INEA, conforme DZ-1310.R-7 – Sistema de Manifesto de
Resíduos, aprovada pela Deliberação CECA nº 4.497 de 03.09.04 e
publicada no DORJ, em 21.09.04, correlatas e sucedâneas.

“Os resíduos Classes A, B e C deverão ser segregados no canteiro de obras,


preferencialmente, ou em áreas de transbordo, triagem, reciclagem e reservação
temporárias de resíduos da construção civil – ATTRs licenciadas pelo órgão ambiental
competente”, conforme art. 9º da referida norma.
43

3.3 Importância da segregação

A separação facilita a remoção, a reutilização de materiais na própria obra e o


encaminhamento à destinação diferenciada, evitando que materiais sejam
encaminhados para locais inadequados e/ou possam ir contaminados, contaminando
assim, toda área onde está, dependendo de sua classificação. Por isso a segregação
é tão importante não somente na obra, mas também para o meio ambiente.
Como vantagens da segregação, temos:
 Separação na fonte garante a qualidade dos resíduos e reduz os custos
de beneficiamento;
 Diminuição dos custos de remoção dos resíduos;
 Reciclagem de alguns materiais na própria obra, outros separados para
a coleta municipal e para a informal (coletores de material reciclável);
 Identificação dos pontos de desperdício;
 Organização no canteiro de obras;
 Menor índice de acidentes no canteiro de obras.

Vê-se que através da segregação é possível tornar eficaz a prática da


sustentabilidade e mitigar os impactos gerados no meio ambiente, fazendo com que
os grandes vilões, que são os geradores de resíduos, tornem-se em grandes heróis,
transformando o lixo em tesouro.

3.4 Lei Federal nº 12.305/2010

Esta lei federal, criada em 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de


Resíduos Sólidos (PNRS), alterando a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dando
outras providências, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder
público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Segundo o Ministério do Meio
Ambiente (2016), “contém instrumentos importantes para permitir o avanço necessário
ao País no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos
decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos”.
Dentre os objetivos estabelecidos no art. 7º da PNRS destacam-se a seguir:
44

I– proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;


II – não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos
rejeitos;
IV – adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como
forma de minimizar impactos ambientais;
VII – gestão integrada de resíduos sólidos;
IX – capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;
XII – integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações
que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos;
XIII – estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto;
XIV – incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e
empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao
reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o
aproveitamento energético;
XV – estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

No inciso III do art. 20º diz estar “sujeito à elaboração de um plano de


gerenciamento de resíduos sólidos [...] as empresas de construção civil, nos termos do
regulamento ou de normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA”.
O Ministério do Meio Ambiente declara afirmativamente que a Política Nacional de
Resíduos Sólidos “cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos
lixões e institui instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual,
microregional, intermunicipal e metropolitano e municipal”. Nota-se assim, a
importância que tal lei teve para enfatizar a implementação de atitudes sustentáveis
em meio a construção civil.
45

4 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Através da importância da sustentabilidade na sociedade, fomentou-se uma


busca pela qualidade ambiental, unindo organizações a fim de criarem novos modelos
de gestão. Assim foram implantados alguns sistemas de avaliação ambiental para
edificações, conhecidos como certificações, o que hoje constitui uma grande evolução
na busca por um desenvolvimento sustentável e uma responsabilidade
socioambiental, como consta no quadro 3.

ANO LOCAL CERTIFICAÇÃO


1990 Inglaterra BREEAM
1991 EUA LEED
2002 Austrália Green Star
2002 Japão Casbee
2002 França HQE
2003 EUA Cal-Arch
2004 Austrália Nabers
2004 EUA Energy Star
Quadro 3: Ano de criação e local de algumas certificações
Fonte: Pós-Graduação UFSC (2008) apud VALENTE, 2009

Segundo Valente (2009), “encontramos alguns órgãos certificadores que


possuem sistemas de classificação e parâmetros de avaliação diferentes”, sendo que
todos incluem certificação de energias renováveis, reciclagem e consumo racional de
água, a fim de reduzir impactos ao meio ambiente.
Anualmente, todos os órgãos certificadores mundiais juntam-se em um evento
chamado SB Alliance para discutirem normas e indicadores comuns a todos, com o
intuito de assegurar a coerência dos processos.
As certificações têm como objetivo promover a conscientização de todos os
envolvidos no processo, desde a fase de projeto, passando pela construção, até o
usuário final, incorporando soluções que permitirão uma redução no uso de recursos
naturais, promovendo conforto e qualidade para seus usuários.
A vantagem de ganhar uma certificação de um prédio está diretamente
relacionada com os órgãos fiscalizadores, já que para alcançar uma certificação, a
edificação tem que estar totalmente correta, logo preocupações a menos. Além disso,
46

há a vantagem dos consumidores, porque as pessoas não só têm buscado viver uma
vida mais saudável, comendo alimentos saudáveis, mas também têm buscado viver
em um planeta saudável, logicamente, buscarão edificações corretas que não agridam
ao meio ambiente, sendo construídos por pessoas que pensem grande.

Os benefícios trazidos pela certificação de uma construção são


visíveis em longo prazo. Os maiores impactos que os usuários sentirão
estarão ligados à redução do consumo de água e energia, sendo que
nem sempre este fator contribuirá na hora da compra devido ao seu
custo inicial elevado. (Valente, 2009)

De acordo com dados do WRI (World Resources Institute), existem por volta de
340 certificações, os quais alcançam 42 países no mundo. A seguir foram destacadas
algumas certificações nacionais e internacionais:

 SELO CASA AZUL DA CAIXA


 CERTIFICAÇÃO LEED – Leadership in Energy and Environmental Design
 PROCESSO AQUA-HQE – Alta Qualidade Ambiental
 PROCEL EDIFICA
 FSC BRASIL
 SCS CERTIFIED – calCOMPliant
 WATER SENSE
 RECYCLING SYMBOLS
 GREEN SEAL
 ISO – International Organization for Standardization
 SELO BH SUSTENTÁVEL
 DGNB – Deutsche Gesellschaft für Nachhaltiges Bauen e.V.
 FGBC - Florida Green Building Coalition
 SUSHI – Sustainable Social Housing Initiative
 CBCS – Conselho Brasileiro da Construção Sustentável
 SELO SUSTENTAX

Algumas destas possuem mais visibilidade no mercado internacional, outras


não possuem tanta visibilidade, no caso da maioria nacional, porém todas tem o
mesmo intuito, que é não comprometer a vida hoje existente e assegurá-la,
sustentando-a por muitas gerações.
47

Para obter cada uma destas certificações devem ser obedecidos alguns
critérios, onde estão baseados indicadores de desempenho. Tais requisitos, conforme
Leite (2011) relata, “são relacionados aos aspectos construtivos, climáticos e
ambientais levando em conta não somente a edificação em si, mas também o seu
entorno e a relação com a cidade e ambiente global”. Alguns pontos em comum entre
os métodos de avaliação, como é relatado em um artigo da Téchne avaliação
ambiental, são:

 Impactos no meio urbano, representado por itens sobre incômodos


gerados pela execução, acessibilidade, inserção urbana, erosão do solo,
poeira e outros;
 Materiais e Resíduos, relacionando-se com o emprego de madeira e
agregados com origem legalizada, geração e correta destinação de
resíduos, emprego de materiais de baixo impacto, gestão de resíduos
no canteiro e reuso de materiais;
 Uso racional da água, sendo o objetivo maior a economia da água
potável, obtido por uso de equipamentos economizadores de água,
acessibilidade do sistema hidráulico, captação de água de chuva,
tratamento de esgoto, dentre outros;
 Energia e emissões atmosféricas, analisando o sistema de ara
condicionado, iluminação e outros;
 Conforto e salubridade do ambiente interno, considerando a qualidade
do ar e o conforto ambiental.

Vale ressaltar que nestas organizações existe uma classificação de quão


sustentável é a edificação, através de uma pontuação, avaliação em meio aos
indicadores citados acima, especificada pela empresa pela qual a edificação receberá
a certificação.
Para maior esclarecimento, daremos ênfase a duas dessas certificações que
são de suma importância em meio à construção civil no Brasil, e são elas LEED e
AQUA-HQE.
48

4.1 Certificação LEED

Figura 6: Certificação LEED


Fonte: Construir Sustentável

O sistema LEED (Leadership in Energy and Environmental Design – Liderança


em Energia e Modelo Ambiental) é um sistema internacional de certificação e
orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de
incentivar a transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre
com foco na sustentabilidade de suas atuações, segundo site do GBCB (Green
Building Council Brasil – Conselho de Construção Verde Brasil).
O LEED, criado em 2000 pelo USGBC – Conselho de Construção Sustentável
dos EUA, hoje é considerado o principal selo, como popularmente são conhecidas as
certificações, para edificações no país.
Este sistema tem como tipologia, ou seja, categorias nas quais eles definem e
direcionam suas avaliações, separando assim por grupo, que segundo descreve o
GBC, são:

 LEED New Construction & Major Renovation (Novas Construções e


Grandes Reformas) – destinado a edificações que serão construídas, ou
que serão reformadas, onde incluirão o sistema de ar condicionado,
envoltória e realocação;
 LEED Existing Buildings - Operation and Maintance (Edifícios Existentes
- Operação e Manutenção) – direcionado a efetividade operacional e
manutenção do edifício já existente;
 LEED for Commercial Interiors (para Interiores Comerciais) – legitima
escritórios de alto desempenho, que possuindo ambientes internos mais
sustentáveis, auxiliam no aumento de produtividade de quem os ocupa;
 LEED Core and Shell (Envoltória e Estrutura Principal) – designado a
edificações, onde os espaços internos serão comercializados;
49

 LEED Retail (Lojas de Varejo) – legitima as diferentes demandas e


atribuições de uma loja de varejo, quando relacionada a uma edificação
comercial. Segue em duas opções de certificado:
o LEED for Retail NC - LEED para Novas Construções ou Grandes
Reformas em Lojas de Varejo;
o LEED for CI – LEED para Interiores Comerciais, quando a loja
está dentro de um edifício;
 LEED for Schools (para Escolas) - gera ambientes escolares mais
saudáveis e confortáveis, possibilitando a prática de educação ambiental
nas escolas;
 LEED for Neighborhood Development (para Desenvolvimento de
Bairros) - agrega conceitos de desenvolvimento inteligente planejado,
urbanismo sustentável e edificações verdes, por meio de diferentes
modelos de edificações, misturando com o uso de espaços urbanos,
incentiva também o transporte público e as áreas de lazer;
 LEED for Healthcare (para Hospitais) – compreende todas as demandas
de um hospital. De acordo com a GBCB, estudos indicam que hospitais
certificados ajudam na recuperação do paciente, sendo mais rápida que
o comum.

Dentro dessas categorias, podemos ainda encontrar níveis segundo a


pontuação recebida por cada empreendimento, podendo varias de 40 a 110 pontos,
sendo: Certificado (40 a 49 pontos), Prata (50 a 59 pontos), Ouro (60 a 79 pontos) e
Platina (80 ou mais pontos). A seguir, no quadro 4, estão os critérios nos quais são
avaliados os empreendimentos passando por sustentabilidade, eficiência e chegando
até mesmo a prioridade que aquela edificação possui regionalmente.

Desafia métodos que mitigam impactos ao


Espaço Sustentável
ecossistema durante a implantação.

Oferece inovações para o uso racional da


Eficiência do uso da água
água, visando alternativas de uso e reuso.

Proporciona a eficiência energética por meio


Energia e Atmosfera
de métodos inovadores e simples.
50

Instiga o uso de materiais reciclado e de


Materiais e Recursos
reutilização deles, além do descarte correto.

Promove a qualidade ambiental interna do ar


Qualidade ambiental interna
especialmente onde há muitas pessoas.

Estimula a ciência das construções verdes, a


Inovação e Processos
fim de gerar novas medidas para o LEED.

Dispõe créditos estabelecidos com as


Créditos de Prioridade Regional
prioridades regionais de cada país.
Quadro 4: Critérios da certificação LEED
Fonte: Green Building Council Brasil

A análise dos empreendimentos leva em consideração o ciclo de vida,


entendendo todos os aspectos necessários para a certeza de que aquela edificação
não somente será sustentável, mas que alguma parte dela já passou um processo se
tornando parte disso, por exemplo, materiais reciclados e/ou reutilizados usados na
construção. Ao tomar ciência de que algum empreendimento é certificado, é saber
que respeitou todos os critérios analisados, pois como visto anteriormente, a análise
é bem criteriosa e rígida, não possuindo meio termo, está dentro do pedido ou não
está. Brevemente será lançada mais uma categoria, chamada LEED V4, que será
mais exigente.

4.2 Certificação AQUA-HQE

Figura 7: Processo AQUA-HQE


Fonte: Fundação Vanzolini

O Processo AQUA-HQE, lançado em 2008, é uma certificação internacional da


construção sustentável elaborado com base na certificação francesa Démarche HQE
(Haute Qualité Environmentale – Alta Qualidade Ambiental) e aplicado no Brasil,
51

exclusivamente pela Fundação Vanzolini, a quaisquer edifícios, sejam eles


residenciais, comerciais, administrativos, em construção ou reforma, podendo
qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, solicitar um pedido de certificação, a fim
de beneficiar-se da marca, como descreve a própria fundação. Seu modelo técnico foi
adaptado ao clima, à cultura, às normas técnicas e às regulamentações brasileiras,
direcionando sempre a um avanço na melhoria.
O Processo AQUA-HQE se aplica a definir um segundo sua saúde e conforto,
possuindo bom desempenho energético, onde os impactos, ambientais e econômicos,
são os mais controlados possíveis no contexto territorial e em todo seu ciclo de vida.
As auditorias são divididas em três fases, sendo pré-projeto, projeto e
execução. E são realizadas de forma independente e presencial por auditores
(pessoas físicas) formados, qualificados, selecionados, designados e remunerados
pela Fundação Vanzolini, assegurando a conformidade do empreendimento às
exigências e ao desempenho deliberadas por tal. Os mesmos são impedidos de
assessorar e treinar o solicitante.
Ao todo são 14 categorias de qualidade ambiental e todas elas precisam ser
alcançadas para que o empreendimento receba o reconhecimento. As categorias
estão listadas abaixo:

1) Relação do edifício com o seu entorno;


2) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos;
3) Canteiro de obras de baixo impacto ambiental;
4) Gestão da energia;
5) Gestão da água;
6) Gestão de resíduos de uso e operação do edifício;
7) Manutenção – permanência do desempenho ambiental;
8) Conforto higrotérmico;
9) Conforto acústico;
10) Conforto visual;
11) Conforto olfativo;
12) Qualidade sanitária dos ambientes;
13) Qualidade sanitária do ar;
14) Qualidade sanitária da água.
52

Para um empreendimento certificar-se é necessário que o mesmo atinja, no


mínimo, 3 categorias no nível Melhores Práticas, 4 categorias no nível Boas Práticas
e 7 categorias no nível Base, conforme ilustra a figura 8.

Figura 8: Critérios mínimos Processo AQUA-HQE


Fonte: Fundação Vanzolini

O certificado é, somente, entregue após as 3 fases da auditoria, anteriormente


descrito, a fim de compreender o atendimento aos critérios em toda as fases de
implantação do empreendimento.
Como benefício de toda certificação, temos ao empreendedor uma boa
imagem, melhores vendas, relacionamento internacional favorável, além de
comprovação de alta qualidade do empreendimento; ao usuário uma economia de
consumo, mais conforto e saúde, maior vida útil do empreendimento, além de
conscientização ao desenvolvimento sustentável; à sociedade e ao meio ambiente
redução da poluição e dos impactos ambientais, maior gestão dos resíduos e melhor
gestão de riscos.
53

5 OBRAS CIVIS SUSTENTÁVEIS PROMOVIDAS PELAS COMPETIÇÕES


ESPORTIVAS

Para muitos é algo atual juntar esporte e cultura com sustentabilidade, porém
isso tudo começou em 1994, no Congresso Olímpico Centesimal, onde o Comitê
Olímpico Internacional – COI criou um novo pilar aos Jogos Olímpicos, estabelecendo
também a Comissão de Esporte e Meio Ambiente, determinando que os Jogos
deveriam ser realizados de modo a estimular a consciência ambiental e o
desenvolvimento sustentável, segundo site Mundo Sustentável. Em 1999, foi adotado
pelo COI a própria versão da Agenda 21 das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável, sendo chamada de Esporte para Desenvolvimento Sustentável,
conforme declara o Relatório de Sustentabilidade Rio 2016. Nesta agenda consta
como objetivos, da versão nela inserida, dos Jogos Olímpicos:
 Melhorar as condições socioeconômicas das comunidades-sede;
 Melhorar as práticas dos Jogos em relação à conservação ambiental;
 Reforçar a inclusão de mulheres, jovens e povos indígenas nos Jogos.

Desde então exigências têm caído sobre as obras de jogos mundiais, que
através de um marketing social, tornam-se incentivadores e referenciais de que é
possível trazer a sustentabilidade tanto para algo simples assim como para algo
complexo.
Muitos acreditam ter começado a adotar tais exigências nas Olimpíadas de
Sydney 2000, porém antes disso já tinha começado, nas Olimpíadas de Lillehammer,
em 1994 na Noruega, primeiros a adora a designação “Jogos Verdes”. A partir de
então foi constatada a necessidade de redução dos impactos gerados e elaboração
de diretrizes. Depois, outros não só abraçaram esta ideia e continuaram, com mais
rigor e dedicação, o que havia sido começado, como por exemplo, Jogos Olímpicos
de Torino 2006, Jogos Olímpicos de Pequim 2008, Jogos Olímpicos de Vancouver
2010, Jogos Olímpicos de Londres 2012, Jogos Olímpicos de Sochi 2014, além das
Copas do Mundo, como referência daqui a Copa do Mundo Brasil 2014.
A ideologia iniciada na Copa do Mundo 2014 evoluiu e hoje é possível ver o
fruto disto nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro 2016. A prefeitura
do Rio não só introduziu a sustentabilidade às obras dos jogos oficiais, como teve de
54

criar um Plano de Gestão da Sustentabilidade dos Jogos Rio 2016™, devido à


amplitude das obras.
Este documento tem como eixo temático:
 transporte e logística;
 conservação e recuperação ambiental;
 gestão de resíduos;
 envolvimento e conscientização;
 acessibilidade universal;
 diversidade e inclusão;
 cadeia de suprimentos sustentável;
 gestão e reporte.

Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016™ são dirigidos pelos princípios


estabelecidos na norma ABNT NBR ISO 20121 – Sistemas de Gestão para
Sustentabilidade de Eventos, direcionada a sistemas de gestão para sustentabilidade
de eventos. São estes:
 responsabilidade;
 inclusão;
 integridade;
 transparência.

Não sendo o mais importante, mas seguindo a linha de raciocínio deste


trabalho, será focada a meta “Gestão de resíduos”, relatada no Plano de Gestão da
Sustentabilidade dos Jogos Rio 2016™. Esta meta possui quatro etapas sendo estas
descritas a seguir:

1. Desativar e iniciar recuperação ambiental dos lixões e implantar sistema


integrado de tratamento de resíduos sólidos;
2. Alinhar e implantar os planos de gestão de resíduos de todas as
construções, garantindo manejo e tratamento final adequado;
3. Gestão e tratamento responsável dos resíduos sólidos das operações
dos Jogos;
4. Gestão e tratamento responsável de resíduos sólidos corporativos.

Entrando na etapa, referente ao trabalho, “Alinhar e implantar os planos de


gestão de resíduos de todas as construções, garantindo manejo e tratamento final
55

adequado”, é retradado o que foi adotado nas fases de projeto, demolição e


construção.
 Recuperação de material de demolição para reutilização e/ou
reciclagem.
 Utilização de material reciclado e/ou agregados secundários para a
construção de espaços de estacionamento e infraestrutura de grande
porte.
 Garantia contratual de uma taxa alta de recuperação de materiais de
desmontagem de estruturas provisórias durante a transição e no pós-
Jogos.

Como exemplo dessa gestão de resíduos, temos o bairro Ilha Pura, localizado
próximo à Barra da Tijuca, um bairro planejado com modernas tendências urbanísticas
e condomínios de alto padrão, tornando-se a “Vila dos Atletas”, onde serão recebidas
18 mil pessoas (atletas, paratletas e comissão técnica) durante os Jogos Rio 2016™,
além de ser um grande divisor de águas para o movimento nacional de construção
sustentável, tendo como um dos principais pilares de desenvolvimento, a
sustentabilidade, implantada desde a instalação do canteiro até o final da construção.
Possui como as principais vertentes, segundo Coelho; Spignardi (2016),
 redução dos gases de efeito estufa;
 eficiência no uso da água;
 eficiência energética;
 gerenciamento de resíduos;
 meio ambiente e sociedade;
 mobilidade.

Segundo Felipe Faria, diretor executivo do “Green Building Council Brasil”, o


Ilha Pura presenteia o movimento de “green builing” recebendo a primeira certificação
LEED for Neighborhood Development (para Desenvolvimento de Bairros) na América
Latina, entrando para o seleto grupo de projetos com certificação LEED Bairro no
mundo. Além da LEED ND, recebeu também as certificações AQUA Bairros, sendo o
primeiro bairro no Rio de Janeiro a receber, AQUA Edifícios e o Selo Casa Azul.
Dando foco, novamente, em resíduos sólidos, na fase de planejamento da obra,
foram estabelecidos índices de geração de resíduos para cada etapa e serviço,
segundo figura 9, que ao serem confrontadas com o próprio planejamento, foi possível
56

planejar a geração de cada tipo de resíduo, possibilitando estratégias mais exatas de


redução de geração e reutilização destes.

Figura 9: Índice de geração de resíduos para cada etapa de seviço


Fonte: Sustentabilidade Ilha Pura

Com base no planejamento, foram analisadas algumas estratégias como a


britagem de resíduos classe A. Foi identificado que a demanda por agregado
beneficiado era maior que a geração de resíduos, como demonstrado na figura 10,
logo este poderia ser aproveitado após a britagem, sendo uma estratégia que foi
implementada.

Figura 10: Demanda e geração de agregado


Fonte: Sustentabilidade Ilha Pura
57

Essa estratégia fez com que 100% dos resíduos classe A (restos de concreto
e argamassa), gerados na infraestrutura e estrutura, fossem reutilizados no próprio
canteiro de obras, conforme apresentado nas figuras 11 a 13. O volume total de
resíduo beneficiado chegou a 26.000 m³, até 2014.

Figura 11: Resíduo gerado


Fonte: Sustentabilidade Ilha Pura

Figura 12: Pilhas de agregado reciclado


Fonte: Sustentabilidade Ilha Pura

Figura 13: Redução da granulometria dos resíduos com britagem móvel


Fonte: Sustentabilidade Ilha Pura
58

Para que seja possível essa gestão de resíduos, é necessário ter como
estratégia principal a coleta seletiva, mas para que isso também seja possível é
necessário conscientizar os funcionários por meio de treinamento demonstrado na
figura 14. E essa iniciativa, além de minimizar o volume de resíduos destinados aos
aterros e conscientizar os integrantes, gerou empregos em cooperativas.

Figura 14: Treinamento às equipes


Fonte: Sustentabilidade Ilha Pura

Segundo o próprio Ilha Pura, havia como meta que cerca de 80% de todo
resíduo produzido durante a fase de fundação, ao invés de ser descartado, seria
reutilizado na própria obra, porém essa meta foi superada para 85%. “São materiais
nobres que são resíduos coletados de cada edifício, de cada condomínio, eles são
acomodados, estocado e eles são aplicados em aterros e reforços. E não compromete
nada em relação à qualidade da obra”, afirma Frederico Barbosa, encarregado de
resíduos, segundo reportagem à TV Brasil (2015).
O reaproveitamento das madeiras no canteiro de obras possibilitou a
diminuição da exploração dos recursos naturais, economia da compra de madeira e
conscientização da compra sustentável. Neste último caso, o Ilha Pura decidiu realizar
compras somente de madeiras com certificação FSC ou CERFLOR.
Para redução do número de transporte de resíduos não-recicláveis para
destinação adequada, o Ilha Pura optou pela caçamba compactadora, possibilitando
a redução do volume que seria feito em quatro viagens para apenas uma.
59

Através desta reciclagem de resíduos das fundações dos prédios, na vila dos
atletas, foram evitadas 30 mil viagens de caminhões, cheios de entulho, pelas ruas e
avenidas da Barra da Tijuca, gerando assim menos transtornos para os moradores.
Foram evitadas mais viagens de caminhões ao produzirem internamente 90% do
concreto utilizado dentro da obra, podendo então totalizar uma redução da emissão
de mais de 50 mil toneladas de CO2. De acordo com Maurício Cruz, diretor do
consórcio Ilha Pura, uma vez que não é transportado material para fora e não é
necessário transportar material de fora para dentro da obra, é gerada uma economia
na logística que acaba viabilizando a reciclagem na obra. Economia referente à
sustentabilidade em evitar problemas de transtornos à sociedade.
Outra vantagem da reutilização dos resíduos sólidos da construção civil, além
de evitar o desperdício e evitar o descarte desnecessário do material, ajuda na
economia da compra de novos materiais. Como exemplo, temos o reaproveitamento
das sobras de concreto na produção de pré-moldados úteis à obra (vergas,
contravergas e new jersey).
De todo o solo que foi escavado e armazenado, mais de 400.000 m³, 95% foi
reaproveitado no próprio aterro do projeto.
Até março de 2015, mais de 85% dos resíduos gerados, foram desviados de
aterros, ultrapassando a meta inicial de 80%.
Como legado do empreendimento serão implementados:
 coleta seletiva nos depósitos de resíduos temporários localizado nos
pavimentos tipo;
 área para resíduos perigosos nos depósitos finais localizados no
subsolo;
 área destinada à caçamba para eventuais reformas;
 bancada para segregação de resíduos nos depósitos finais localizados
no subsolo.

Ao final da construção é possível ver os grandes resultados gerados pela


sustentabilidade na obra.
 Meio ambiente e sociedade: zero autuações durante a obra → meta
atingida;
 Redução de gases de efeito estuda: - 5% durante a obra → meta
superada para 10%;
60

 Eficiência no uso da água: - 40% no empreendimento → meta modo


legado;
 Eficiência energética: - 10% no empreendimento → meta modo legado;
 Gerenciamento de resíduos: - 80% durante a obra → meta superada
para 85%;
 Mobilidade: redução dos impactos ao entorno da obra → meta atingida.
61

6 CONCLUSÃO

Em vista das informações aqui apresentadas, é perceptível a responsabilidade


que a população possui, podendo assim influenciar a sustentabilidade em todos os
segmentos de mercado. Pequenas atitudes geram grandes influências positivas,
como o caso da Rio 92, onde tudo começou com um acordo e terminou em leis,
normas, chegando a certificações, trazendo a obrigatoriedade da proteção ao meio
ambiente.
O mercado da construção civil tem incentivado o cumprimento das normas, não
só para a elaboração de projetos e implantação de obras que gerem menos impacto,
mas também para trazer boa visibilidade para as empresas, empresas preocupadas
com a qualidade de vida atual e futura. Estas empresas tem o diferencial de mercado
no marketing verde, tendo em vista que os consumidores têm se tornado mais
conscientes exigindo sustentabilidade efetiva e não apenas a “maquiagem verde” das
empresas.
A obediência às normas ambientais faz com que os processos sejam melhor
planejados, sendo assim agir se torna fácil e gera resultados benéficos a curto, médio
e longo prazo. Exemplificando, foi descrito neste trabalho, o fato do bairro Ilha Pura
ter buscado realizar tudo de forma sustentável, mitigando o máximo a geração de
resíduos sólidos, emissão de CO2, dentre outros, deixando um legado para a cidade
do Rio de Janeiro buscando influenciar atitudes dos futuros moradores, tendo em vista
que as pessoas serão influenciadas pelo meio onde vivem e pelas práticas impostas
ao local de viverem de maneira correta, aprendendo a viver de forma sustentável e
impactando de maneira positiva a vida daqueles que as rodeiam.
As técnicas que hoje existem ainda podem ser melhoradas, como foi descrito
no método PDCA, que busca melhoria contínua de processos. Ou seja, é possível
mitigarmos mais os impactos negativos gerados pela construção civil e identificar
práticas inovadoras na engenharia civil que possam influenciar na implantação de
novas obras. A engenharia civil trouxe grandes avanços à sociedade, mas também
trouxe muitos desgastes ao meio ambiente, e a implementação de práticas
sustentáveis se faz necessária para mudança de imagem da engenharia civil no
mercado internacional.
62

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