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O desenvolvimento saudável

da criança na primeira infância


0 - 3 anos
Se cada criança que chega ao mundo
renova o seu entorno, se os adultos
assim permitirem, quanta renovação
chega ao mundo, a cada dia,
com cada nascimento?
COMO TEMOS ACOLHIDO
AS CRIANÇAS NO MUNDO?

Trago aqui reflexões sobre a forma como podemos


receber o novo – as crianças – no mundo e nossa
responsabilidade enquanto adultos.
Observemos a semente na terra, o pássaro no ovo,
o feto no útero... todo ser vivo precisa do aconche-
go e da segurança de dentro para poder crescer.
Após o nascimento, o núcleo familiar precisa for-
necer esse caráter de cuidado, vínculo e afeto para
que a criança se desenvolva em sua potência, de
forma saudável, plena e feliz.
Qual o papel dos adultos (pai, mãe, avós, tios,
padrinhos, educadores...) no cuidado e acolhida da
criança no mundo? Estamos preparados para sermos
atravessados e transformados pelo novo - a criança -
que nos chega?

Qual a nossa responsabilidade, enquanto adultos que


acolhemos essa criança, em permitir que ela imprima
no mundo toda a sua potência, seu caráter de novi-
dade? Estamos preparados para o papel de
apresentar-lhe o mundo? Como apresentamos o
mundo às crianças?
O VÍNCULO

Apresentamos o mundo às crianças, desde o útero,


na forma como nos vinculamos a elas.
Quando uma criança nasce, tudo é muito novo para ela:
as luzes, os sons, o ar, a temperatura, as cores, as texturas...
Como podemos auxiliar na transição do útero ao mundo,
de forma amorosa, segura e tranquila?

Emmi Pikler, médica húngara, nos ensina


que pelo olhar nos vinculamos ao bebê.
Mesmo com os recém nascidos, antes de
tocá-los, podemos buscar olhar em seus
olhos. Ao falar com o bebê, a voz do
adulto cria um banho de palavras que, deli-
cadamente, toca a pele do bebê.
As mãos do adulto, ao tocar o corpo da criança, podem ser
delicadas, amorosas e respeitosas. A forma como nos
conectamos com a criança impacta na sua relação consigo
mesma, com o outro e com o mundo ao longo de toda a
sua vida.

O vínculo que o adulto estabelece com o bebê estrutura


a base de aprendizado para a vida inteira da criança.
"A maneira como a educadora
trata a criança transmite para
ela muitas informações. Os
movimentos ternos e delica-
dos expressam atenção e
interesse, ao passo que os
gestos bruscos e rápidos
são sinais de indiferença,
desatenção ou impaciência"
(Ana Tardos, 2016)
OS SENTIDOS
A criança, na primeira infância, não percebe a separação entre ela
e o mundo. É através da pele que começamos a compreender o
nosso limite, na relação com o mundo, na relação com o outro.
De acordo com Rudolf Steiner, na primeira infância a criança
desenvolve os quatro sentidos: sentido vital, tato, movimento e
equilíbrio.

O sentido vital
Este sentido tem relação com o
bem estar da criança. Relações
amorosas, respeitosas e vínculo
com os cuidadores são funda-
mentais à sua vitalidade. O ambi-
ente precisa ser seguro, tranquilo,
limpo e oferecer os estímulos
adequados a sua fase de desen-
volvimento. O sentido vital traz
aconchego e harmonia à criança.
O sentido do tato
Começamos a compreender a Assim começa o exercício da
ideia de limites na medida em autonomia e o fortalecimento
que somos tocados, ainda da vontade. É importante que
bebês, no começo da vida. A os objetos sejam ricos em tex-
pele é o nosso maior órgão e é turas, cores e formas. Que se
também o órgão de contato adaptem à fase de desenvolvi-
com o mundo, o órgão que mento da criança.
nos limita. Com a pele tocamos
o mundo e por ele somos
tocados. Por meio do tato, a
criança registra segurança e
confiança existencial.
A base para o desenvolvimento
do tato é o vínculo: o olhar, a
voz, o toque. Na medida em
que cresce, o bebê despertará o
desejo que tocar e pegar obje-
tos. De acordo com a Aborda-
gem Pikler, é importante que ele
conquiste, por si mesmo, a ca-
pacidade de pegar os objetos.
O sentido do movimento
A criança apreende o mundo pelo
seu corpo. Portanto, a motricidade é
fundamental para o seu desenvolvi-
mento. É importante que os espaços
e a atitude dos adultos permitam que
a criança se desloque e se movi-
mente livremente. A motricidade livre
é um dos pilares da Abordagem
Pikler. Pois o vínculo e a motricidade
moldam a arquitetura cerebral da cri-
ança. O sentido do movimento traz a experiência de liberdade e
autodomínio.

O sentido do equilíbrio
Está diretamente ligado ao
sentido do movimento. Quando
um bebê vive a motricidade
livre, conquistando por si cada
nova posição (virar de bruços,
rastejar, sentar, engatinhar,
andar, etc...) ele está desenvol-
vendo plenamente o equilíbrio.
Pois a cada nova conquista
motora, o sentido do equilíbrio
se reorganiza. Traz à criança a
noção de centro, de centramen-
to. O exercício do equilíbrio gera
autoconfiança.
O PRIMEIRO ANO DE VIDA: O ANDAR
"Precisamos ensinar as crianças a andar? Ou elas
são capazes de aprenderem por si mesmas?"
Perguntou-se Emmi Pikler. Em suas investigações,
ela percebeu que não é preciso ensinar uma
criança a andar. O que precisamos fazer é oferecer
estímulos adequados para que ela, por si, experien-
cie cada fase do desenvolvimento motor até
adquirir a capacidade de caminhar.

Quando colocamos o bebê em uma posição que ele ainda não


adquiriu por si, seu corpo se torna tenso. Um corpo tenso não apren-
de. Logo, segundo a Abordagem Pikler, não devemos colocar o
bebê de bruços ou sentado, se ele ainda não conquistou tal postura.
O tempo de maturação em cada fase do desenvolvimento motor vai
variar de criança para criança.
Quanto mais o bebê explorar cada
fase, mais sinapses estará criando e
fortalecendo em seu cérebro. Ao con-
quistar por si a postura ereta e a ca-
pacidade de andar por seus próprios
pés, o bebê estará fortalecendo a sua
vontade no mundo.
O SEGUNDO ANO DE VIDA: O FALAR

Nós nascemos com os neurônios.


Mas as sinapses são estabelecidas a
partir do desenvolvimento motor, que
acontece no primeiro ano de vida.
Essas sinapses que foram criadas
através da motricidade da criança são
a estrutura que o cérebro precisa
para a aprendizagem da linguagem e
do desenvolvimento da fala, que
acontece no segundo ano de vida.
Por volta do primeiro ano, a criança
adquire o seu lugar no mundo,
conquistando o andar. É mais ou
menos o mesmo período em que ela
começa a expressar as primeiras pala-
vras. Portanto, o desenvolvimento
adequado do caminhar será a estrutu-
ra que garantirá o bom desenvolvi-
mento da linguagem.
Como a criança aprende por imitação,
é importante que conversemos com
ela, como já citado no capítulo sobre
o vínculo. A criança precisa perceber,
presencialmente, a boca e o corpo
que se comunicam com ela por
inteiro.
O SEGUNDO ANO DE VIDA: O FALAR
Ao aprender a falar, a criança adquire uma língua-
mãe e passa a fazer parte de uma comunidade,
uma nação. Se ao aprender a andar ela desenvol-
veu a vontade, ao aprender a falar, desenvolverá
o sentir. A criança passa a criar relações com o
mundo e com a nação
à qual pertence sua
língua-mãe.
O TERCEIRO ANO DE VIDA: O PENSAR
O andar e o falar são Já que todo o aprendizado da cri-
estruturantes para o desen- ança se faz por imitação, ela
volvimento do pensamento. começará a pensar imitando os
Podemos perceber com muita pensamentos dos adultos. Perce-
clareza que uma criança beremos que ela começa a
começou a andar, porque pensar por si, quando estabelece
vemos a criança andando. relações entre fatos por conta
Também conseguimos perce- própria. O pensar vai amadurecer
ber que a criança começou a e se estruturar ao longo de toda
falar, porque escutamos a cri- infância e juventude. Mas é nos
ança falando. Mas como a três primeiros anos de vida que
gente percebe que a criança adquirimos as estruturas funda-
está começando a estruturar mentais para todo o aprendizado
os próprios pensamentos? ao longo da vida.
A IMAGINAÇÃO
Nós percebemos que a criança começa a imaginar,
quando ela começa a brincar de faz de conta,
quando transforma uma coisa em outra, quando
brinca de imitar: de ser papai, de ser mamãe, ser
professora, ser cachorro, gatinho, passarinho... Ela
brinca de imitar as ações dos adultos com quem
ela convive e do mundo ao seu entorno.

O exercício da imaginação requer envolvimento.


Esse envolvimento é a força que move a criança a
querer ir de encontro ao mundo.

Podemos então refletir que um ambiente que


propicie o exercício da imaginação estabelece
laços profundos entre a criança e o mundo.
A NATUREZA DO BRINCAR
A criança apreende o mundo brincando. Portanto, quanto
mais liberdade ela tiver para se vincular, se relacionar e desco-
brir os elementos do mundo, melhor será o seu aprendizado.
Os brinquedos mais adequados ao desenvolvimento da
imaginação e da criação, fundamentais para a estruturação de
todo ser humano, são os mais simples. Quanto menos
estruturados forem os brinquedos, melhor.

É importante que, ao brincar, a


criança seja capaz de se vincular
à natureza: brincar ao ar livre,
botar o pé no chão, se sujar,
tocar nas plantas, sentir o
cheiro, contemplar as flores, as
cores, as frutas, subir em árvore
e pegar a fruta do pé...
Pois os sentidos se
desenvolvem na sua relação
com o mundo.
O PAPEL DO ADULTO
O nosso papel, enquanto adultos, é permitir o tempo e o
espaço para a criança relacionar-se consigo mesma, com o
outro e com o mundo. Estar presente. Silenciar e observar.
Ser uma presença de fato! Não uma presença que está no
celular!
A criança necessita de liberdade
para descobrir-se a si e ao mundo
brincando. São elas que nos
convocam e nos chamam para
brincar e redescobrir o mundo.
PARA UM MUNDO MELHOR
É muito importante que compreendamos a importân-
cia de cuidar e acolher as crianças de forma saudável
no mundo. Assim estaremos construindo bases
seguras para adultos saudáveis. As mudanças que
desejamos ver no mundo começam nos cuidados
com a acolhida das crianças no mundo nos primeiros
3 anos de vida.
Mariene Perobelli é mãe,
professora, pesquisadora
no campo das Artes e
Educação, doutora com
pesquisa sobre a infância
e ancestralidade.
O Instituto Aripe é uma plataforma digital de
compartilhamento de conteúdos que facilitam
processos de transformação e de expansão da
consciência. Estamos a coletar e a reunir algumas
pérolas que nascem dos processos de reflexão na
busca essencial do ser, começando por temas
relacionados a maternidade e paternidade.

aripe.com.br
@institutoaripe
facebook.com/institutoaripe
(34) 9918-8934
Referências bibliográficas:

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São


Paulo: Perspectiva, 2000.

FALK, Judit. Abordagem Pikler, educação infantil.


São Paulo: Omnisciência, 2016.

SOARES, Suzana. Vínculo, movimento e autono-


mia: educação até 3 anos. São Paulo:
Omnisciência, 2017.

STEINER, Rudolf. Os primeiros anos da infância:


material de estudo dos jardins de infância Waldorf.
São Paulo: Antroposófica, 2013.

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