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Liliane Tojeira Velozo

Metodização do Estudo das Fundações para Suportes de


PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0611868/CA

Linhas de Transmissão

Tese de Doutorado

Tese apresentada como requisito parcial para


obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.

Orientadoras: Deane de Mesquita Roehl


Andréia Abreu Diniz de Almeida

Rio de Janeiro, maio de 2010


Liliane Tojeira Velozo

Metodização do Estudo das Fundações para Suportes de


Linhas de Transmissão

Tese apresentada como requisito parcial para obtenção


do título de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0611868/CA

Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão


Examinadora abaixo assinada.

Deane de Mesquita Roehl


Orientadora
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Andréia Abreu Diniz de Almeida


Co-orientadora
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Paulo Gonçalves Batista


Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

Elisa Dominguez Sotelino


Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio

João Luis Pascal Roehl


Consultor Independente

Nelson Henrique Costa Santiago


UFRJ

Prof. José Eugenio Leal


Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico – PUC-Rio

Rio de Janeiro, 27 de maio de 2010


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da
autora e do orientador.

Liliane Tojeira Velozo


Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidade
Estadual do Rio de Janeiro em 2004. Mestre em Engenharia
Civil com Ênfase em Estruturas pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, em
2006. Iniciou o curso de doutorado na PUC-Rio em 2006.

Ficha Catalográfica
Tojeira Velozo, Liliane
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0611868/CA

Metodização do estudo das fundações para


suportes de linhas de transmissão / Liliane Tojeira Velozo ;
orientadoras: Deane de Mesquita Roehl, Andréia Abreu
Diniz de Almeida. – 2010.
152 f. : il. (color.) ; 30 cm

Tese (Doutorado)–Pontifícia Universidade


Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia
Civil, Rio de Janeiro, 2010.
Inclui bibliografia

1. Engenharia civil – Teses. 2. Linhas aéreas de


transmissão. 3. Fundações de LT’s. 4. Confiabilidade de
fundações. 5. Avaliação de risco. I. Roehl, Deane de
Mesquita. l. II. Almeida, Andréia Abreu Diniz de. III.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Departamento de Engenharia Civil. IV. Título.

CDD: 624
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A minha avó Leonida, que sempre me incentivou a estudar,


mesmo não tendo a mesma oportunidade.

Ao meu filho Pedro Augusto, que está a caminho


e a quem desde já dedico minha vida e tudo ligado a ela.
Agradecimentos

À Deus, por tudo que sou e tenho. A Ele toda Honra e toda a Glória;

A minha avó Leonida, que nesses últimos meses disse-me algumas vezes: “estou
morta que acabes logo com isso”;

Aos meus pais, Luiz e Luiza, e a meu irmão, Luiz Paulo, pela contribuição na
minha formação como ser humano e pelo apoio em todas as minhas decisões;
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Ao meu amor, Rafael Augusto, que tem contribuído para meu amadurecimento,
pessoal e profissional, e para a formação de uma nova família;

A professora Deane que compreendeu minhas escolhas e incentivou o seguimento


deste trabalho;

A professora Andréia pela disponibilidade e pela importante contribuição neste


trabalho;

Ao professor João Luis Pascal Roehl, por todos os ensinamentos, técnico e de


vida, a mim transmitidos. Obrigada pela compreensão e paciência;

Ao professor Jorge Martins Falcão, pela gentil colaboração, pelos materiais


doados e emprestados e pelos conhecimentos técnicos compartilhados;

À Fluxo Engenharia, pela disponibilidade do suporte técnico necessário ao


desenvolvimento desta tese de doutorado.

Ao CNPq, pelo apoio financeiro no início deste doutorado.


Resumo
Velozo, Liliane Tojeira; Roehl, Deane de Mesquita; Almeida, Andréia
Abreu Diniz de. Metodização do Estudo das Fundações para Suporte de
Linhas de Transmissão. Rio de Janeiro, 2010. 143p. Tese de Doutorado -
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro.

As fundações dos elementos de apoio de uma linha aérea de transmissão de


energia elétrica situam-se ao longo de extensos traçados, onde diferentes
condições de apoio para as estruturas são encontradas em razão da variação
natural dos horizontes. Tal configuração pode levar alternativamente a se
programarem estudos e sondagens especiais em cada local de suporte, fazendo
crescer os custos e prazos de projeto, ou ao contrário, reduzindo drasticamente a
investigação, com prejuízos evidentes ao planejamento, execução e economia da
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obra de implantação da linha de transmissão. Dessa maneira, são organizados e


propostos procedimentos para avaliação do terreno segundo as suas orografia,
hidrografia, geologia e pedologia e do ambiente atmosférico local, cujas
manifestações são capazes de impor severas solicitações às torres e,
indiretamente, às fundações. É eleita a região da bacia do rio da Prata para
constituir o grande cenário do estudo, quer pela abundância de dados e
informações disponíveis sobre linhas de transmissão já em carga, ou ainda em
construção, nessa região. Assim sendo, desenvolve-se uma metodização para
orientar o estudo dessas fundações, considerando o conjunto torre x terreno x
fundação e buscando soluções técnicas convenientes e economicamente
aceitáveis, atendendo assim ao binário desempenho-custo. Para as torres são
considerados os modelos auto-suportados e estaiados, o terreno é variado entre
algumas categorias identificadas na região e as fundações são representadas pelas
superficiais, em sapatas, e pelas profundas do tipo tubulão. Buscando, ainda,
auxiliar no aprimoramento dos projetos de fundações para suportes de linhas de
transmissão, é desenvolvido um estudo de confiabilidade estrutural tendo como
modelo algumas das fundações pré-selecionadas para a metodização
primariamente desenvolvida. São determinadas as probabilidades de falha dessas
fundações através do programa FERUM e, a partir do levantamento dos prejuízos
financeiros causados pela falha desses elementos, determina-se o risco de falha.
Por último, é desenvolvido um estudo paramétrico para avaliar a influência do
projeto de fundação, do tipo de solo e da velocidade de vento sobre a
probabilidade de falha.

Palavras-chave
1 - Linhas Aéreas de Transmissão; 2 - Fundações de LT’s; 3 - Confiabilidade
de Fundações; 4 - Avaliação de Risco.
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Abstract
Velozo, Liliane Tojeira; Roehl, Deane de Mesquita (Advisor); Almeida,
Andréia Abreu Diniz de (Co-advisor). Methodization of Transmission
Line Foundation - Study and Design. Rio de Janeiro, 2010. 143p. D.Sc.
Thesis – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.

The transmission line tower foundations are executed following extensive


paths, where different structural foundation conditions are found, in reason of
natural horizontal ground layer variations. Then, one may alternatively to
schedule and to execute special and specific studies or, conversely, to
substantially reduce the geothecnical investigation, with sensible economical loses
in the transmission line design and behavior. In such way, a methodology is
proposed to evaluate conveniently the site according to its geology, orography ,
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hydrography and pedology as well to related atmospheric local manifestations,


able to submit severe mechanical solicitations to the towers and their foundations.
In this way, one proposes a methodology to govern the study of these foundations,
considering the tower x site x foundation relations and searching for convenient
technical and acceptable economical solutions. Guyed and self-supported models
are considered for towers, and the foundations are represented by footings, as the
superficial type, and piers, as the deep type. The “rio do Prata” basin is chosen to
constitute the large scenery of the study, because its abundant available data
concerned to already operational transmission lines, or still under design and
construction ones. Moreover, seeking the improvement of the tower foundation
design a study based on structural reliability is developed considering some
foundation models selected as mentioned above. Foundation failure probabilities
are determined by the FERUM computational program and the risk of failure is
obtained from economical damages caused by foundation failures. In the last, a
parametric study is developed to evaluate how does the failure probability behave
according to variations in the foundation soil, wind velocity and footing
dimensions and depth.

Keywords
1 - Power Transmission Lines; 2 - TL’s Foundations; 3 - Foundations
Reliability; 4 - Risk Evaluation.
Sumário

1 Introdução 19
1.1 Motivação 20
1.2 Objetivo 21
1.3 Apresentação da Tese 21

2 Linhas de Transmissão na Região da Bacia do Prata 23


2.1 Situação Atual 23
2.1.1 Região Sul e Mato Grosso do Sul 24
2.1.2 São Paulo 25
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2.1.3 Minas Gerais 26


2.1.4 Goiás 26
2.2 Previsão de expansão com novas linhas de transmissão 27

3 Descrição Fisiográfica e Geológica da Região 28


3.1 Hidrografia 28
3.2 Orografia 32
3.3 Geologia 36
3.3.1 Evolução da Bacia: Superseqüências, Formações e suas
características físicas 37
3.4 Pedologia 42

4 Investigações Geotécnicas 51
4.1 Situação 51
4.2 Diretrizes para programa de investigações geotécnicas 53
4.3 Conclusões sobre o estudo gelógico e geotécnico 61
4.4 Normatização 61

5 Torres, Terrenos e Fundações – Conceitos Gerais 62


5.1 Torres 62
5.2 Terrenos 63
5.3 Fundações 66
5.3.1 Fundações aplicáveis a estruturas autoportantes (FURNAS, 2003)70
5.3.2 Fundações aplicáveis a estruturas estaiadas (FURNAS, 2003) 73

6 Proposta dos Conjuntos Torre x Terreno x Fundação 75


6.1 Conjuntos torre x terreno x fundação 75
6.1.1 Torre 76
6.1.2 Terreno 78
6.1.3 Fundação 79
6.2 Comentários finais sobre os conjuntos torre x terreno x fundação 92

7 Confiabilidade das Fundações das Torres em LT’s 94


7.1 Situação 94
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7.2 Função de estado limite 96


7.3 Modelagem da Solicitação 96
7.3.1 Ação de vento segundo NBR5422 97
7.3.2 Esforços Globais 99
7.3.3 Modelo probabilístico para a Velocidade Básica do Vento 101
7.4 Modelagem da Resistência 101
7.4.1 Equação de Terzagui 102
7.4.2 Modelo Probabilístico para as Propriedades do Solo 103
7.5 Rotinas Computacionais 104
7.6 Avaliação da Probabilidade de Falha e do Risco para fundações
existentes na Bacia do Prata 107
7.7 Estudo Paramétrico 114
7.8 Sensibilidade da probabilidade de falha 116

8 Síntese do Procedimento de Metodização e Constatações Particulares


119
8.1 Visão geral 119
8.2 Constatações particulares e cenários 120
8.2.1 Cenário determinístico 120
8.2.2 Cenário não-determinístico 121
8.3 Trabalhos complementares 123
9 Referências bibliográficas 124

Anexo A 129
Linhas de transmissão na porção brasileira da Bacia do Prata 129
Expansão prevista das Linhas de transmissão na porção brasileira da
Bacia do Prata 133

Anexo B 137
Confiabilidade Estrutural 137
Estado Limite e Coeficientes de Segurança 137
O Problema Básico da Confiabilidade Estrutural 138
Métodos Analíticos 140
FORM (“First Order Reliability Method”) 141
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SORM (“Second Order Reliability Method”) 142


Programa para análise de confiabilidade: FERUM 143

Apêndice A 146
Sondagens Geofísicas 146

Apêndice B 148
Normatização 148

Apêndice C 150
NBR5422 150

Apêndice D 153
Lista de figuras

Figura 2.1 – Relação gráfica entre as bacias hidrográficas e os estados brasileiros....... 24


Figura 2.2 - Mapa do Sistema de Transmissão Eletrosul (eletrosul.gov.br). .................... 25
Figura 2.3 – Mapa do Sistema de Transmissão Paulista (cteep.com.br). ........................ 26
Figura 3.1 – Divisão Hidrográfica Nacional (ANA,2007).................................................. 29
Figura 3.2 - Regiões hidrográficas, sub-regiões e unidades hidrográficas de referência
(ANA,2007). ............................................................................................................ 29
Figura 3.3 - Sub-bacias da Bacia do Paraná. ................................................................... 30
Figura 3.4 - Rios da porção brasileira da Bacia do Prata. ................................................ 31
Figura 3.5 - Sub-bacias da Bacia do Uruguai. .................................................................. 32
Figura 3.6 – Relevo do estado do Paraná (mapas.ibge.gov.br). ...................................... 33
Figura 3.7 - Relevo do estado de Santa Catarina (mapas.ibge.gov.br)............................ 33
Figura 3.8 - Relevo do estado do Rio Grande do Sul (mapas.ibge.gov.br). ..................... 34
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Figura 3.9 - Relevo do estado do Mato Grosso do Sul (mapas.ibge.gov.br).................... 34


Figura 3.10 - Relevo do estado de São Paulo (mapas.ibge.gov.br). ................................ 35
Figura 3.11 - Relevo do estado de Minas Gerais (mapas.ibge.gov.br). ........................... 35
Figura 3.12 - Relevo do estado de Goiás (mapas.ibge.gov.br). ....................................... 36
Figura 3.13 - Mapa de localização da Bacia do Paraná (Silva, 2006). ............................. 37
Figura 3.14 - Mapa geológico simplificado da Bacia do Prata, seus principais elementos
tectônicos e agentes geográficos (Silva, D.R.A, 2006).......................................... 38
Figura 3.15 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná (Silva, D.R.A, 2006)..................... 42
Figura 3.16 - Pedologia do Rio Grande do Sul – IBGE. ................................................... 44
Figura 3.17 - Pedologia de Santa Catarina – IBGE. ......................................................... 44
Figura 3.18 - Pedologia do Paraná– IBGE........................................................................ 45
Figura 3.19 - Pedologia do Mato Grosso do Sul – IBGE. ................................................. 45
Figura 3.20 - Pedologia de São Paulo – IBGE.................................................................. 46
Figura 3.21 - Pedologia de Minas Gerais – IBGE. ............................................................ 47
Figura 3.22 - Pedologia de Goiás– IBGE.......................................................................... 47
Figura 4.1 – Esquema para especificação da profundidade máxima de sondagens a
percussão. .............................................................................................................. 58
Figura 5.1 – Exemplos de torres: (a) autoportante; (b) estaiada (Garcia, 2005). ............. 63
Figura 5.2 – Ligação entre a torre autoportante e a fundação em concreto, com
materialização do ponto de aplicação dos esforços (Garcia, 2005). ..................... 67
Figura 5.3 – Exemplos de árvores de carregamento. ....................................................... 67
Figura 6.1 – Linhas de transmissão na Bacia do Prata (ons.gov.br). ............................... 75
Figura 6.2 – Torre autoportante – Fluxo Engenharia. ....................................................... 77
Figura 6.3 – Torre estaiada – Fluxo Engenharia............................................................... 77
Figura 6.4 – Fundação em sapata da torre autoportante de suspensão na LT Chavantes-
Botucatu.................................................................................................................. 82
Figura 6.5 – Armadura da fundação em sapata da torre autoportante de suspensão na
LT Chavantes-Botucatu.......................................................................................... 82
Figura 6.6 – Fundação em sapata para torre autoportante de suspensão na LT Salto
Santiago-Cascavel Oeste....................................................................................... 83
Figura 6.7 – Armadura da fundação-tipo em sapata para torre autoportante de
suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste................................................. 83
Figura 6.8 – Elevação, forma e armação da fundação em tubulão para torre autoportante
de suspensão na LT Chavantes-Botucatu. ............................................................ 84
Figura 6.9 – Fundação em estaca para torre autoportante de suspensão na LT
Chavantes-Botucatu. .............................................................................................. 85
Figura 6.10 – Armação da fundação em estaca para torre autoportante de suspensão na
LT Chavantes-Botucatu.......................................................................................... 85
Figura 6.11 – Fundação em bloco ancorado para torre autoportante de suspensão na LT
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Chavantes-Botucatu. .............................................................................................. 86
Figura 6.12 –Fundação em sapata para o mastro de torre estaiada de suspensão na LT
Salto Santiago-Cascavel Oeste. ............................................................................ 87
Figura 6.13 – Armação da fundação em sapata para o mastro de torre estaiada de
suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste................................................. 87
Figura 6.14 –Fundação em bloco ancorado para o mastro de torre estaiada de
suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste................................................. 88
Figura 6.15 – Armação da fundação em bloco ancorado para o mastro de torre estaiada
de suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste........................................... 88
Figura 6.16 – Fundação em tubulão para o mastro de torre estaiada de suspensão na LT
Salto Santiago-Cascavel Oeste. ............................................................................ 89
Figura 6.17 – Armação da fundação em tubulão para o mastro de torre estaiada de
suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste................................................. 89
Figura 6.18 – Fundação em tubulão para estais de torre estaiada de suspensão na LT
Garabi-Itá................................................................................................................ 90
Figura 6.19 – Fundação em bloco ancorado para estais de torre estaiada de suspensão
na LT Garabi-Itá. .................................................................................................... 91
Figura 6.20 – Planta e detalhe da fundação em grelha para torre autoportante de
suspensão na LT Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto. .................................................... 91
Figura 6.21 – Corte da fundação em grelha para torre autoportante de suspensão na LT
Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto. ................................................................................. 92
Figura 6.22 – Detalhe e Corte da fundação em grelha para torre autoportante de
suspensão na LT Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto. .................................................... 92
Figura 7.1 – Ângulo de incidência do vento (NBR5422)................................................... 99
Figura 7.2 -Tensões na base da fundação. .................................................................... 100
Figura 7.3 – Modelo de Terzaghi (PUC-Rio, 2002)......................................................... 102
Figura 7.4 – Probabilidades de falha para fundações existentes na Bacia do Prata. .... 109
Figura 7.5 – Risco associado ao custo de reposição das estruturas.............................. 111
Figura 7.6 – Risco associado à falha por dia do sistema elétrico................................... 112
Figura 7.7 – Resultados do estudo paramétrico. ............................................................ 115
Figura 7.8 – Gráfico comparativo dos fatores de importância. ....................................... 117
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Lista de tabelas

Tabela 4.1 – Aplicação da metodologia de investigação geotécnica nas diversas fases de


projeto para a implantação de uma LT (ABGE, 1998). .......................................... 54
Tabela 5.1 – Limites para os parâmetros geotécnicos dos solos. .................................... 64
Tabela 5.2 – Limites para os parâmetros geotécnicos das rochas................................... 64
Tabela 5.3 – Descrição dos tipos de solos. ...................................................................... 65
Tabela 5.4 – Descrição dos tipos de rochas. .................................................................... 66
Tabela 6.1 – Torres autoportante e estaiadas. ................................................................. 78
Tabela 6.2 – Exemplos de classificação dos tipos de solos dos projetos de fundação de
LT’s na Bacia do Prata. .......................................................................................... 79
Tabela 6.3 – Conjunto torre x terreno x fundação para o exemplo de torre estaiada tipo
suspensão pesada - Mastros. ................................................................................ 79
Tabela 6.4 – Conjunto torre x terreno x fundação para o exemplo de torre estaiada tipo
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suspensão pesada- Estais. .................................................................................... 80


Tabela 6.5 – Conjunto torre x terreno x fundação para o exemplo de torre autoportante
tipo suspensão pesada........................................................................................... 80
Tabela 7.1 – Exemplos avaliados de fundações existentes em torres de suspensão na
Bacia do Prata. ..................................................................................................... 107
Tabela 7.2 – Variáveis aleatórias, médias e coeficientes de variação. .......................... 108
Tabela 7.3 – Análise de risco dos exemplos avaliados de fundações existentes na Bacia
do Prata. ............................................................................................................... 113
Tabela 7.4 – Fatores de importância para as fundações em sapata com he = 3,0 m. ... 116
Lista de símbolos

A - área da fundação, em m2
ALT - altitude média da região de implantação da linha, em m
At - esforço horizontal do vento, em N
B – largura da fundação corrida na Teoria de Terzaghi
C – coesão, em kN/m2
Cmax – força de compressão máxima, em kN
CxT1 e CxT2 - coeficiente de arrasto próprio das faces 1 e 2
D – profundidade de assentamento da fundação corrida na Teoria de Terzaghi
E[G(X)] – valor esperado da função de falha
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Var[G(X)] – variância da função de falha


FR(.) - função de distribuição acumulada de probabilidades
FX(x) - função de distribuição acumulada de probabilidades
G(X) – função de desempenho ou função de falha
Hmi – altura do ponto médio do módulo i da torre ao nível do terreno, em m
Ht – altura total da torre, em m
Kd - relação entre os valores médios de vento a 10 m de altura do solo para
diferentes períodos de integração e rugosidade de terrenos
Kr - o coeficiente de rugosidade
M – momento global, em kNm
N – soma das cargas gravitacionais, em kN
Ni – fatores de capacidade de carga na equação de Terzaghi
Pf – probabilidade de falha
P[.] – probabilidade
Q – carregamento
R – resistência ou capacidade
S – solicitação, demanda ou carregamento
ST1 e ST2 - área líquida total de cada face projetada ortogonalmente sobre o plano
vertical situado na direção das faces 1 e 2, em m2
T – período de retorno
Tmax – força de tração máxima, em kN
U – vetor de variáveis normais não correlacionadas
U* - ponto de projeto
Vb – velocidade básica do vento, em m/s
Vp - velocidade do vento de projeto, em m/s
W - módulo de resistência da fundação, em m3
X – vetor das variáveis originais

b – menor dimensão da base da fundação, em m


dp – distância entre as pernas da torre na direção da ação do vento
fR,S(r,s) - função de densidade conjunta das variáveis R e S
fS(s) - função densidade de probabilidade da variável S
fX(x) - função densidade de probabilidade
he – profundidade de assentamento das fundações
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hi – altura do ponto médio da cada módulo da torre ao ponto equivalente à


profundidade de assentamento, em m
h(u) – função de linearização
l – comprimento do módulo da torre
m – número total de módulos da torre
mi – módulo i da torre
n - parâmetro dependente da rugosidade do terreno e do período de integração
q0 - pressão dinâmica de referência
qult - capacidade de suporte da fundação na ruptura, em kN
si - fatores de forma na equação de Terzaghi
t – temperatura, em ºC

α - vetor normal à superfície


α – ângulo de arrancamento, em º
β – índice de confiabilidade
δ – coeficiente de variação
φ – ângulo de atrito, em º
γ – peso específico, em kN/m3
κi – curvaturas principais da superfície de falha do ponto de projeto
µG – valor médio da função G
ρ - massa específica do ar, em kg/m3
σG – desvio padrão da função G
σNglobal – tensão normal global
θ – ângulo de incidência do vento
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1
Introdução

Nas últimas décadas, o crescente aumento da demanda de energia elétrica


motivou não apenas o incremento na quantidade de linhas de transmissão (LT’s),
mas também a elevação da tensão de transmissão. Diante desse fato, houve a
necessidade de adequar as estruturas de sustentação de tais linhas, substituindo os
postes ou cruzetas de madeira ou concreto por torres de aço treliçadas espaciais ou
estaiadas.
O aprimoramento dos projetos das LT’s e dos seus suportes torna-se cada
vez mais viável e melhor com o avanço da tecnologia e da ciência e à medida que
mais estudiosos interessam-se pelo assunto. Entretanto, apesar do esforço dos
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profissionais atuantes na área, o estudo das fundações dos suportes dessas LT’s
ainda permanece pouco explorado e divulgado (Chaves, 2004).
Sabe-se que as fundações dos elementos de apoio de uma LT situam-se ao
longo de extensos traçados, usualmente de dezenas a centenas de quilômetros,
com espaçamento típicos de 400 a 600 metros, podendo ser superiores a 1000
metros. Num país de grande extensão territorial como o Brasil, tal aspecto adquire
maior relevância, visto que esses traçados atravessam regiões de grande
diversidade morfológica, rios, ambientes marinhos costeiros e regiões
metropolitanas. Deve-se, por isso, esperar que possam existir diferentes condições
de apoio para as estruturas, em razão da variação natural dos horizontes onde
devem ser implantadas as suas fundações. Tal configuração pode levar
alternativamente a se programarem sondagens especiais e específicas em cada
local de suporte (fazendo crescer os custos e prazos de projeto) ou, ao contrário,
reduzindo drasticamente a investigação geotécnica, com prejuízos evidentes ao
planejamento, execução e economia da obra de implantação da LT.
Também é fato que, uma linha de transmissão reúne projetos diversificados
relacionados aos seus vários subcomponentes, tais como suporte, fundação, cabos
e isoladores. Para os projetos de fundações devem ser contrapostas as ações
recebidas pelos suportes da LT com as reações provocadas pelo terreno de
20

fundação. Nessas verificações são considerados o estado limite último e o estado


limite de serviço. Essas rotinas para o dimensionamento das fundações ainda são
baseadas exclusivamente em procedimentos determinísticos e não levam em
consideração as incertezas que envolvem os parâmetros do projeto.

1.1
Motivação

Atualmente, procura-se padronizar os tipos de torres, com o objetivo de se


obter uma economia na fabricação, no transporte e na montagem, atendendo ao
princípio da economia de escala nessas atividades (Chaves, 2004). Isso se reflete
também nos projetos de fundações, nos quais se procura desenvolver projetos-
tipo, de acordo com as ações transmitidas pelos suportes das LT’s e com as
características do terreno onde as fundações são implantadas. A interação entre o
projetista da torre e o da fundação limita-se ao fornecimento das ações da torre
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sobre a fundação e não há consideração da interação torre-fundação nas rotinas


dos projetos de LT’s.
Existe, ainda, a escassez de estudos que avaliem o risco de falha das
fundações para suportes de LT’s, quantificando o consequente prejuízo financeiro
causado pelo corte de fornecimento de energia.
Esse atual cenário para a elaboração dos projetos de fundações dos suportes
de LT’s motiva o desenvolvimento de uma metodização do estudo dessas
fundações. Uma metodização considerando conjuntos torre x terreno x fundação e
a análise dos mesmos com recursos da Confiabilidade Estrutural com foco na
probabilidade de falha da fundação pode ser bastante útil e eficaz para a
elaboração e racionalização dos projetos de fundação e de toda a linha de
transmissão.
Para a aplicação da metodologia desenvolvida, seleciona-se a Bacia do
Prata. Tal escolha é motivada pela existência de uma gama de informações sobre
essa região, sobretudo a respeito dos solos, relevo, hidrografia, geologia e,
principalmente, geotecnia. Além disso, a região da Bacia do Prata é responsável
por uma parte significativa do potencial hidrelétrico brasileiro, concentrando
quase 60% da capacidade hidrelétrica instalada no país.
21

1.2
Objetivo

Focalizando-se o estudo das fundações para estruturas de sustentação de


linhas aéreas de transmissão de energia elétrica, objetiva-se propor uma
metodização para orientar esse desenvolvimento, considerando o conjunto torre x
terreno x fundação em cenários determinísticos e não-determinísticos, chegando-
se a uma avaliação de risco. Busca-se, dessa forma, soluções técnicas
convenientes e economicamente aceitáveis, atendendo assim ao binário
desempenho-custo.

1.3
Apresentação da Tese

Esta tese de doutorado é apresentada em 8 capítulos, sendo este o primeiro.


O capítulo 2 apresenta a situação atual da rede de distribuição de energia
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elétrica na região da Bacia do Prata, escolhida como cenário auxiliar para o estudo
da metodização pretendida. Enumera-se as linhas de transmissão existentes e
expõe-se as previsões de expansão dessa rede, procurando com isso limitar a área
de investigação e definir os trechos de LT’s em que se podem buscar informações
de investigações já feitas.
No capítulo 3, é feita uma sucinta investigação fisiográfica e geológica da
região em estudo, abrangendo o relevo, a hidrografia, a geologia e a pedologia.
Este estudo serve não só como base para inferir a caracterização geral da
geotecnia em cada trecho de linha, mas também, para avaliar a potencialidade de
eventos excepcionais que possam vir a solicitar as LT’s e respectivas estruturas.
No capítulo 4, expõe-se o faseamento das investigações geotécnicas
específicas, onde é considerado todo o acervo informativo já obtido nas fases
anteriores. São apresentadas algumas sugestões propostas por empresas
renomadas na área, além de reunir diretrizes para programas de investigações
geotécnicas e normas usuais e recomendadas para projetos de linhas de
transmissão.
Prossegue-se, então, com o capítulo 5, onde são definidos e descritos os
elementos integrantes deste estudo, ou seja, os tipos de suportes mais comuns em
22

projetos de linhas de transmissão, os solos da região e os tipos de fundação usuais


nesta classe de projeto.
No capítulo 6, são apresentados alguns exemplos de conjuntos torre x
terreno x fundação. Tais exemplos são baseados em projetos de linhas de
transmissão desenvolvidos para a região em foco e que estão em operação.
O capítulo 7 fornece a aplicação dos conceitos de Confiabilidade Estrutural
a alguns exemplos selecionados para o presente trabalho. Assim, define-se uma
função de estado limite genérica aplicável a alguns conjuntos torre x terreno x
fundação existentes na Bacia do Prata. São determinadas algumas probabilidades
de falha desses conjuntos e definidos os custos de reposição da torre e da
fundação e a perda monetária decorrente da falha de cada fundação. Dessa forma,
são avaliados os riscos de falha de algumas fundações existentes na região eleita.
Também são apresentados, neste capítulo, um estudo paramétrico, desenvolvido
para estimar a influência do projeto de fundação e do tipo de solo sobre a
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probabilidade de falha, e uma avaliação da participação relativa das diversas


variáveis aleatórias nessa mesma probabilidade.
Finalmente, no capítulo 8 são apresentadas as etapas da metodização
proposta e a aplicação da mesma a região eleita, considerando os cenários
determinísticos e não-determinísticos.
2
Linhas de Transmissão na Região da Bacia do Prata

O procedimento inicial para a metodização proposta consiste no


levantamento das linhas de transmissão existentes e das expansões previstas para a
rede de transmissão de uma determinada região. Essa etapa visa delimitar a área
de investigação e definir trechos de linhas de transmissão onde é possível a busca
de informações obtidas anteriormente, especialmente sobre a geologia e geotecnia
local.
Tendo a Bacia do Prata como cenário auxiliar para o desenvolvimento do
presente estudo, algumas informações sobre o sistema elétrico dessa região são
apresentadas neste capítulo.
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2.1
Situação Atual

A transmissão de energia elétrica na região da Bacia do Prata, ou Bacias do


rio Paraná e do rio Uruguai, relativa ao território brasileiro, é realizada por
diferentes companhias, visto que tal região abrange sete estados do país, a saber:
Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. A Figura 2.1 mostra uma sobreposição aproximada das bacias
hidrográficas brasileiras no mapa geopolítico do Brasil, onde podem ser
observados os estados envolvidos pelas Bacias do rio Paraná (em laranja) e do rio
Uruguai (em verde).
Dessa forma, a região das Bacias dos rios Paraná e Uruguai é dividida em
grupos, de acordo com a companhia que administra a distribuição de energia
elétrica, a fim de organizar as informações sobre a situação atual da transmissão
de energia no local e as prováveis ampliações e reforços. Assim sendo, esta etapa
do trabalho apresenta-se dividida da seguinte forma: região Geoelétrica Sul (Rio
Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul), São Paulo, Minas
Gerais e Goiás.
24
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Figura 2.1 – Relação gráfica entre as bacias hidrográficas e os estados brasileiros.

O levantamento das linhas de transmissão existentes na região em foco está


baseado em informações divulgadas pelas companhias responsáveis pela
transmisão de energia na região e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico
(ONS – ons.gov.br). As ampliações e os reforços da rede básica necessários para
preservar o adequado desempenho da rede e garantir o funcionamento pleno do
mercado de energia elétrica representam a visão desse órgão. Para exemplificar a
situação atual e a provável expansão da rede na Bacia do Prata, o Anexo A cita as
linhas de transmissão com tensões a partir de 230 kV, de acordo com o mapa do
ONS (ons.gov.br) de fevereiro de 2007 e com o relatório do Plano de Ampliações
e Reforços do mesmo órgão (PAR - ONS, 2007) .

2.1.1
Região Sul e Mato Grosso do Sul

O consumo total de energia elétrica na Região Geoelétrica Sul, em 2001, foi


da ordem de 56.000 GWh, representando cerca de 20% do mercado nacional,
sendo 91,3% deste total, ou seja, 51.120 GWh, fornecidos pelas seis principais
distribuidoras: Companhia Energética do Mato Grosso do Sul S.A – ENERSUL;
25

Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A – CELESC; Companhia Paranaense de


Energia – COPEL; Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE;
Distribuidora Gaúcha de Energia - AES SUL ; Rio Grande Energia – RGE
(eletrosul.gov.br).
Tais empresas são clientes da Eletrosul Centrais Elétricas S.A. – Eletrosul,
criada em 23 de dezembro de 1968, subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras
S.A. - Eletrobrás e vinculada ao Ministério de Minas e Energia.
O Sistema de Transmissão Eletrosul responde pelo transporte de energia
elétrica do subsistema Sul e interliga esse subsistema ao sistema de transmissão da
região Sudeste e dos países do Mercosul. É constituído por 11.300 km de linhas,
59 subestações, 23.000 torres e uma conversora de frequência, o que resulta numa
capacidade de transformação de mais de 13.638 MVA.
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Figura 2.2 - Mapa do Sistema de Transmissão Eletrosul (eletrosul.gov.br).

2.1.2
São Paulo

A transmissão de energia elétrica no estado de São Paulo é realizada pela


Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP). A CTEEP
opera uma complexa infra-estrutura composta por 102 subestações que somam
uma capacidade de transformação acima de 40.000 MVA e mais de 12.144 km de
LT’s, ultrapassando 18.495 km de circuitos (cteep.com.br).
26

Figura 2.3 – Mapa do Sistema de Transmissão Paulista (cteep.com.br).

2.1.3
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Minas Gerais

Praticamente toda transmissão de energia elétrica no estado de Minas Gerais


é da responsabilidade da CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais. A
área de concessão da CEMIG cobre cerca de 96,7% desse território, ou seja,
567.478 km². Atualmente, o sistema de transmissão da CEMIG possui 5.313 km
de linhas de transmissão e 472 subestações, com capacidade de transformação de
28.757 MVA (cemig.com.br).

2.1.4
Goiás

A transmissão de energia elétrica em 237 dos 246 municípios goianos é


responsabilidade da Companhia Energética de Goiás – CELG – servindo,
portanto, a 96,37% da população do Estado de Goiás. Isso corresponde a 5.734
km de linhas de transmissão (celg.com.br) aproximadamente.
27

2.2
Previsão de expansão com novas linhas de transmissão

O Plano de Ampliações e Reforços (PAR - ONS, 2007) apresenta a visão do


ONS sobre as ampliações e os reforços da rede básica necessários para preservar o
adequado desempenho da rede e garantir o funcionamento pleno do mercado de
energia.
No PAR 2008-2010 são apresentados quatro elencos de ampliações e
reforços, os quais abrangem as ampliações e os reforços cuja concessão ainda não
foi equacionada, os empreendimentos que ainda não foram considerados pelo
planejamento do setor (EPE), os empreendimentos de transmissão que já tiveram
a concessão equacionada, por meio de licitação ou de ato autorizativo e,
finalmente, as obras da rede básica já construídas e que não dispõem de ato
autorizativo.
Para fornecer uma visão breve e geral das possíveis expansões, as
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ampliações e reforços planejados pelo ONS são apresentados num único elenco no
Anexo A. Considera-se apenas a separação em grupos correspondentes ao ano
previsto para a efetivação do projeto e a mesma divisão territorial do item
anterior.
3
Descrição Fisiográfica e Geológica da Região

As linhas de transmissão de energia elétrica, como comentado


anteriormente, possuem traçados longos com grande espaçamento entre seus
suportes. Num país de grande extensão territorial como o Brasil, é inevitável que
tais traçados atravessem regiões com diferentes formações geológicas e com
grande diversidade morfológica, rios, ambientes marinhos costeiros e regiões
metropolitanas. Consequentemente, são exigidos projetos de engenharia também
diversificados para as fundações das estruturas de sustentação das LT’s.
O estudo do ambiente fisiográfico e geológico pode representar uma
otimização não apenas do traçado da LT, mas também do programa das
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investigações geotécnicas e do projeto de fundações em si. Com base na


conformação da superfície e das bacias hidrográficas da região, nas características
do embasamento geológico e da cobertura dos solos nos trechos de interesse,
pode-se inferir a caracterização geral da geotecnia, avaliar a potencialidade de
eventos excepcionais que possam a vir solicitar as LT’s e suas respectivas
estruturas e transpor para a área de geotecnia informações originalmente
produzidas pra o uso na agricultura.

3.1
Hidrografia

A instituição da Lei nº 9.433/97 define bacia hidrográfica como a unidade


territorial brasileira compreendida por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias
hidrográficas contíguas e com características naturais, sociais e econômicas
homogêneas ou similares. Dessa forma, o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos instituiu a Divisão Hidrográfica Nacional, segundo a Resolução nº32, de
15 de outubro de 2003, como mostra a Figura 3.1.
Para fins de planejamento e com a finalidade de estudar, detalhar e
caracterizar as 12 regiões hidrográficas brasileiras, as mesmas são divididas em 83
unidades (nível 2) e 332 unidades hidrográficas de referência (nível 3), Figura 3.2.
29

Essas divisões levam em consideração aspectos diversos, como hidrográficos,


socioeconômicos e políticos.

Figura 3.1 – Divisão Hidrográfica Nacional (ANA,2007).


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Figura 3.2 - Regiões hidrográficas, sub-regiões e unidades hidrográficas de referência


(ANA,2007).

Como o desenvolvimento do presente estudo tem como referência as regiões


das Bacias dos rios Paraná e Uruguai, apenas as mesmas são apresentadas com
mais detalhes, a seguir.
A região da Bacia do Paraná abrange uma área de 879.860 km², distribuídos
pelos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Distrito Federal. Possui uma vazão média anual de 15.620 m3/s,
30

uma área de drenagem de 1.237.000 km2 e um volume médio anual de 495 km3. A
Bacia do Paraná é constituída por oito sub-bacias: Paranaíba (60), Grande (61),
Tietê (62), Peixe e Pardo (63), Paranapanema (64), Iguaçu (65), Alto Paraguai
(66) e Nabileque e Apa (67), como mostra a Figura 3.3.
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Figura 3.3 - Sub-bacias da Bacia do Paraná.

O rio Paraná é o principal curso d'água da Bacia Hidrográfica do Paraná,


nascendo em pleno Triângulo Mineiro da confluência dos rios Paranaíba e
Grande, pertencentes à mesma bacia. O rio Paraná possui 2.570 km de extensão
que somados aos 1.170 km do próprio Paranaíba, totalizam 3.740 km, sendo o
terceiro rio mais extenso das Américas. Os rios Paranapanema, Iguaçu e Tietê
destacam-se como afluentes de grande porte do Rio Paraná (Figura 3.4). O rio
Paranapanema nasce no Estado de São Paulo, percorrendo 392 km dos limites
com o Estado do Paraná e tem importância para aproveitamento hidrelétrico. O rio
Iguaçu nasce no Planalto de Curitiba, nas proximidades da Serra do Mar, e segue
na direção oeste até desaguar no rio Paraná. Apresenta 1.200 km de trechos
navegáveis e é uma grande fonte de energia hidrelétrica para a região sul, gerando
cerca de 12.900.000 kW. O rio Iguaçu representa uma grande fonte de energia
hidrelétrica para a Região Sul do Brasil, gerando 12,9 milhões de kW.
Finalmente, o rio Tietê, com 1.136 km, percorre o estado de São Paulo de leste a
oeste.
31

Figura 3.4 - Rios da porção brasileira da Bacia do Prata.

A bacia do rio Uruguai abrange uma área de 384.000 km2,


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aproximadamente, dos quais 176.000 km2 situam-se em território nacional,


compreendendo 46.000 km2 do estado de Santa Catarina e 130.000 km2 no estado
do Rio Grande do Sul. Possui uma vazão média anual de 3.600 m3/s e volume
médio anual de 114 km3. A bacia do Uruguai é delimitada ao norte e nordeste pela
Serra Geral, ao sul pela fronteira com a República Oriental do Uruguai, a leste
pela Depressão Central Riograndense e à oeste pelo território argentino. Para
efeito de estudos, a bacia do Uruguai foi dividida em nove sub-bacias: Canoas
(70), Pelotas (71), Peixe(72), Passo Fundo e Chapecó(73), Várzea(74), Ijuí (75),
Ibicuí (76), Quaraí (77) e Negro (79), Figura 3.5.
O rio Uruguai nasce pela fusão dos rios Canoas (SC) e Pelotas (RS), como
pode ser observado na Figura 3.4, servindo de divisa entre Rio Grande do Sul e
Santa Catarina, Brasil e Argentina, e mais ao sul, entre Uruguai e Argentina. Sua
extensão é de aproximadamente 1.500 km e sua foz é no Estuário do Prata. Os
afluentes do rio Uruguai mais relevantes são os rios Ibicuí, Ijuí e Quaraí.
32

Figura 3.5 - Sub-bacias da Bacia do Uruguai.

3.2
Orografia
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Os principais compartimentos do relevo brasileiro são os planaltos, as


depressões e as planícies. Na região das Bacias dos rios Paraná e Uruguai
prevalecem os planaltos.
O relevo da região sul é diversificado, apresentando diversas restingas,
baías, enseadas e ilhas ao longo do litoral e vastas superfícies elevadas de terrenos
cristalinos, sedimentares e de lavas basálticas no interior. O planalto marca
presença em todos os estados da região sul. O Planalto das Araucárias, segundo
mapa do IBGE, estende-se desde o norte do Rio Grande do Sul (RS) até o Sul do
Paraná (PR), dominando a porção centro-oeste de Santa Catarina (SC). Outros
destaques, nos três estados da região sul do país, são o Patamar Oriental da Bacia
do Paraná, presente na porção centro-leste do PR e SC e separado do litoral por
escarpas e planícies, e o Planalto da Campanha Gaúcha, a sudoeste do RS, que
junto com a porção relativa aos estados do RS e SC do Planalto das Araucárias,
domina a região da Bacia do rio Uruguai.
33

Figura 3.6 – Relevo do estado do Paraná (mapas.ibge.gov.br).


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Figura 3.7 - Relevo do estado de Santa Catarina (mapas.ibge.gov.br).


34

Figura 3.8 - Relevo do estado do Rio Grande do Sul (mapas.ibge.gov.br).

No estado do Mato Grosso do Sul (MS), o relevo apresenta paisagens


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distintas, com o complexo do pantanal a extremo oeste, planícies na parte noroeste


e planaltos e escarpas a leste. O Planalto da Bacia do Paraná ocupa toda a porção
leste-sul do estado, região pertencente à Bacia do rio Paraná.

Figura 3.9 - Relevo do estado do Mato Grosso do Sul (mapas.ibge.gov.br).

O estado de São Paulo (SP) é praticamente todo envolvido pela Bacia do rio
Paraná e está situado sobre um amplo planalto no sentido sudeste-noroeste, sendo
orlado por uma estreita planície litorânea. O planalto segue do litoral para o
35

interior, dividindo-se em três seções: Planalto de Paranapiacaba, Patamar Oriental


da Bacia do Paraná e Planalto Central da Bacia do Paraná.

Figura 3.10 - Relevo do estado de São Paulo (mapas.ibge.gov.br).

O relevo do estado de Minas Gerais (MG) é o mais acentuado do país, sendo


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caracterizado pela existência de planaltos com grandes extensões planas ou com


pouca ondulação. Na porção de MG pertencente à Bacia do Prata, ou seja, parte
do sul e sudoeste, localizam-se parte do Planalto Central da Bacia do Paraná, o
Planalto da Canastra, parte do Planalto de Poços de Caldas, Planalto do Alto Rio
Grande, além da Depressão Periférico Paulista e Escarpas e Reversos da Serra da
Mantiqueira.

Figura 3.11 - Relevo do estado de Minas Gerais (mapas.ibge.gov.br).


36

Finalizando, o estado de Goiás está localizado no coração do Planalto


Central Brasileiro, entre chapadas, planaltos, depressões e vales. As porções sul e
sudeste também abrigam parte do Planalto Central da Bacia do Paraná, pequena
parcela do Planalto Central Brasileiro, além do Planalto da Caiapônia.
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Figura 3.12 - Relevo do estado de Goiás (mapas.ibge.gov.br).

3.3
Geologia

Os primeiros trabalhos científicos sobre a Bacia do Prata remontam ao


século passado (Silva, 2006). Desde então, diversos trabalhos sobre sua geologia
são publicados e várias classificações litoestratigráficas são propostas tentando
explicar o empilhamento de suas rochas e a sua evolução.
Pretende-se, neste item, apresentar sucintamente o desenvolvimento do
embasamento geológico da região da Bacia do Prata, sem lecionar o assunto.
A região das Bacias dos rios Paraná e Uruguai é uma vasta bacia
intracratônica, caracterizada por uma sedimentação ocorrida entre as eras
Paleozóica e Mesozóica, com registro estratigráfico com idades entre os períodos
Neo-Ordoviciano e Neocretáceo. Situa-se na porção centro-sudoeste da América
do Sul, compreendendo cerca de 1.700.000 km2 e abrangendo parte dos territórios
do Brasil (aproximadamente 64% da área da bacia), Argentina (24%), Uruguai
(6%) e Paraguai (6%).
37

Essa unidade geológica apresenta formato alongado com cerca de 1.700 km


de extensão na direção nordeste-sudoeste e 900 km na direção leste-oeste, sendo a
espessura máxima do pacote sedimentar-vulcânico em torno de 8.000 m no
depocentro da bacia.
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Figura 3.13 - Mapa de localização da Bacia do Paraná (Silva, 2006).

O conjunto de rochas sedimentares e vulcânicas que constituem a Bacia do


Paraná representa a superposição de pacotes depositados em, no mínimo, três
diferentes ambientes tectônicos (Silva, 2006), cujas geometrias e limites variam
de uma para outra, em decorrência da movimentação de placas que conduziu a
evolução do Gondwana no tempo geológico.

3.3.1
Evolução da Bacia: Superseqüências, Formações e suas
características físicas

A Bacia do Prata foi desenvolvida na parte mais jovem da plataforma sul-


americana, sobre um embasamento cratonizado no Eo-Paleozóico e controlado
38

por zonas de fraqueza noroeste-sudeste. A Bacia do Prata é dividida em seis


superseqüências que abrangem, aproximadamente, 400 milhões de anos (Silva,
2006). São elas: ordovicio-siluriana, devoniana, carbonífera-eotriássica,
neotriássica, jurássica-eocretácea e neocretácea. As três primeiras correspondem a
ciclos transgressivos paleozóicos e as demais são representadas por pacotes de
sedimentos continentais e rochas ígneas associadas. As seqüências constituem o
registro preservado de sucessivas fases de acumulação sedimentar que se
intercalam a períodos de erosão em larga escala.
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Figura 3.14 - Mapa geológico simplificado da Bacia do Prata, seus principais elementos
tectônicos e agentes geográficos (Silva, D.R.A, 2006).

A seqüência mais antiga, superseqüência Rio Ivaí, tem idade entre o Neo-
Ordoviciano e o Eossiluriano, relacionando-se à implantação da bacia. A
geometria de sua área, com depocentros alongados de orientação geral
sudoeste/nordeste, sugere um controle por algum tipo de rifteamento. A
superseqüência Rio Ivaí corresponde litoestratigraficamente ao Grupo Rio Ivaí.
Constitui-se de um pacote arenoso inferior, arcoseano em sua base e quartizítico
39

no topo (Formação Alto Garças), encimado por diamictitos (Formação Iapó) e


culminando com pelitos fossilíferos (Formação Vila Maria). O Grupo Ivaí ocorre
numa ampla porção da Bacia do Prata, com reduzidas espessuras remanescentes,
seções incompletas e geometria descontínua.
Ao final do ciclo Ordoviciano-siluriano, um importante episódio regressivo
originou a discordância que marca o topo do Grupo Rio Ivaí, visto que sobre esse
se depositou a superseqüência Paraná. Tal superseqüência acumulou-se durante
um afogamento marinho das áreas cratônicas do Gondwana. Corresponde
litoestratigraficamente ao Grupo Paraná, que ocorre nas porções central e norte da
bacia, e é constituído pelas Formações Furnas e Ponta Grossa. A Formação Furnas
é representada por arenito branco a amarelado, caolinítico, médio a grosso, por
vezes conglomerático e mostrando estratificações cruzadas predominantemente
acanaladas de um ambiente ocidental fluvial. A Formação Ponta Grossa é
constituída por folhelhos, folhelhos sílticos, siltitos e arenitos, com marcas
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onduladas e frequentemente bioturbados, indicando condições marinhas rasas


predominantes durante sua deposição. Em subsuperfície são identificados
folhelhos pretos, carbonosos, finamente laminados.
No Eocarbonífero, a Bacia do Prata sofreu um dos episódios de maior
instabilidade em sua evolução. Uma conjugação de fatores climáticos e tectônicos
atuantes sobre uma ampla área da margem meriodional do Gondwana inibiu a
sedimentação nessa área durante um longo período, dando origem à discordância
regional de maior intervalo no registro litológico da Bacia do Paraná, estimado em
cerca de 45 milhões de anos. O desenvolvimento de calotas de gelo nessa área,
associado à epirogênese positiva, é condicionante decisivo à inexistência de um
registro sedimentar extensivo de idade mississipiana na bacia.
Com o degelo, foi retomada a sedimentação da Bacia do Paraná.
A porção basal aflorante da superseqüência Gondwana I, com idade entre o
Carbonífero e o Eotriássico, no intervalo coincidente com o Grupo Itararé (na
parte sul) e a Formação Aquidauana (na porção norte da bacia), corresponde à
seção acumulada, ainda sob marcante influência do clima glacial. Um forte afluxo
sedimentar, proveniente das áreas expostas pela deglaciação, favoreceu processos
deposicionais de intenso fluxo de massa, predominando, nessas unidades, pacotes
diamictiticos intercalados a espessas seções de arenitos.
40

A unidade basal não aflorante do Grupo Itararé, a Formação Lagoa Azul,


tem ocorrência restrita à região centro-sul do Estado de São Paulo, norte do estado
do Paraná e sudeste do estado do Mato Grosso do Sul. Constitui-se de um pacote
arenoso inferior, sobreposto por folhelhos e diamictitos. Acima desse, ocorre a
Formação Campo Mourão, que corresponde ao intervalo arenoso principal do
Grupo Itararé, de ampla distribuição através da bacia.
No Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pela ausência da Formação Lagoa
Azul, a Formação Campo Mourão assenta diretamente sobre formações mais
antigas e, mesmo, sobre o embasamento cristalino. Na porção média da Formação
Campo Mourão, surge, em algumas áreas da bacia, um importante pacote de
diamictitos.
A Formação Taciba compõe a porção superior do Grupo Itararé, aparecendo
ao longo de toda bacia, recobrindo as demais unidades do grupo e até
extrapolando a área de ocorrência daquelas. Constitui-se de folhelhos com
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intercalações arenosas, que ocorrem predominantemente na parte sul da Bacia do


Paraná, e diamictitos nas porções central e norte. Na porção norte-noroeste, as
rochas sedimentares equivalentes as do Grupo Itararé, tanto nos aspectos
cronológicos quanto na natureza dos seus depósitos, são denominados de
Formação Aquidauana, que se distinguem daquelas por sua cor vermelha. A
sedimentação carbonífera-permiana assumiu, no seu topo, um caráter
transgressivo em função do degelo e consequente subida do nível do mar. A
tendência transgressiva, no entanto, foi quebrada momentaneamente pela entrada
das cunhas arenosas da Formação Rio Bonito. Arenitos associados a leitos de
carvão, siltitos e folhelhos, esses localmente carbonosos, formam um contexto
clássico de sedimentação deltaica, que adentra a bacia por seu flanco leste.
Retomadas as condições transgressivas, depositou-se a Formação Palermo,
representada por siltitos e siltitos arenosos, intensamente bioturbados, depositados
numa ampla plataforma marinha muito rasa.
Durante o intervalo de tempo em que foram depositadas as Formações Rio
Bonito e Palermo na Bacia do Paraná, acumulou-se, em sua porção centro-oeste,
um espesso pacote arenoso cronocorrelato àquelas provenientes do seu flanco
central. Tal unidade, denominada Formação Dourados, constitui-se de arenitos
finos a muito finos, de cor cinza esverdeada, também grossos a médios,
41

caoliníticos e levemente calcíferos. A Formação Dourados inclui também níveis


de siltitos, folhelhos e calcários.
Mais acima, a Formação Irati foi depositada em condições de um mar
restrito, progressivamente salino da base para o topo, sendo caracterizada por uma
faciologia bastante complexa, com folhelhos, folhelhos betuminosos, arenitos,
marga, carbonatos e anidrita. Tal formação foi afogada ao tempo da deposição dos
folhelhos da Formação Serra Alta, seguindo-se um ciclo regressivo de ampla
magnitude.
A porção superior da superseqüência Carbonífera-eotriássica documenta a
progressiva continentalização da Bacia do Paraná. A Formação Teresina constitui-
se de argilitos e siltitos cinza-claro, depositados sob a ação de ondas e maré, e
calcários oolíticos e bancos de coquinas em seu topo.
Completa o quadro a Formação Rio do Rasto, constituída por arenitos,
siltitos e folhelhos arroxeados, esverdeados e avermelhados. É interpretada como
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produto do avanço de sistemas deltaicos desde a borda oeste da bacia. Para o norte
da bacia, sedimentos areno-argilosos, de cores cinza na porção basal e
avermelhada em direção ao topo, cronoequivalentes aos das formações Teresina e
Rio do Rasto, constituem a Formação Corumbataí. Com sua subsidência já
fortemente atenuada, um avançado estado de arrasamento das áreas-fonte e uma
nitidez crescente, a Bacia do Prata teve gradativamente encerrados seus
mecanismos de dinâmica sedimentar relacionados a um corpo de água contínuo,
como havia sido até então.
A superseqüência Gondwana II, com idade Neotriássica, é representada
pelas Formações Pirambóia e Rosário do Sul, constituídas por arenitos
avermelhados e esbranquiçados, médios a finos, localmente conglomeráticos, com
estratificação cruzada acanalada e planar, acumulados por sistemas continentais
fluvio-eólicos associados a lagos rasos e localizados. Segundo Scherer et al (apud
Silva, D.R.A., 2006), a superseqüência Gondwana II da Bacia do Paraná,
correspondente ao intervalo Triássico, possui ocorrência restrita à porção
meridional da bacia, com afloramentos apenas no Rio Grande do Sul.
No Jurássico, um extenso campo de dunas cobriu inteiramente essa porção
do continente, constituindo a Formação Botucatu. Seguiu-se, no Eocretáceo, o
mais volumoso episódio de extravasamento intracontinental de lavas do planeta
(Formação Serra Geral), com manifestação magmática dos estágios precoces da
42

ruptura Gondwana e abertura do Atlântico Sul, que resultou no empilhamento de


até 2.000 m de basalto sobre os sedimentos da Bacia do Paraná, além de se
intrudir por entre os mesmos, na forma de uma intrincada rede de diques e
soleiras. Na porção basal da Formação Serra Geral, os arenitos eólicos da
Formação Botucatu intercalam-se com as lavas. As duas unidades constituem-se,
em conjunto, a superseqüência Gondwana III, com idade Jurássica-Eocretácea.
A Figura 3.15 resume e ilustra a evolução da Bacia do Prata.
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Figura 3.15 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná (Silva, D.R.A, 2006).

3.4
Pedologia

A Pedologia estuda a origem e o desenvolvimento dos solos, procurando


uma caracterização completa, física e química, para otimizar o uso dos solos pela
agricultura. Seu campo de estudo vai desde a superfície do solo até a rocha
decomposta, concentrando a atenção nos extratos superiores e subsuperficiais.
43

Os resultados obtidos nos levantamentos pedológicos podem ser utilizados


pela geotecnia como informações básicas dos diferentes tipos de solos, bem como
sua distribuição espacial ao longo de uma região. Essas informações (mapas com
a distribuição dos tipos de solos, resultados de ensaios químicos e físicos etc.)
podem reduzir o volume de investigações necessárias para um projeto, diminuindo
custos e prazos. No caso específico de linhas de transmissão, que são obras de
engenharia que abarcam grandes extensões, a utilização dos dados trazidos pelos
estudos pedológicos é de auxílio evidente.
Na Pedologia, o perfil do solo é decomposto em camadas que possuem
características originadas de processos genéticos diferenciados, denominadas
horizontes. Os horizontes A e B representam o solo superficial no qual o material
de origem sofre alterações através dos processos pedogenéticos. O horizonte C
representa o material de origem alterado principalmente por processos de
intemperismo. O Horizonte A, nas várias aplicações de engenharia, em geral não é
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de importância, enquanto que o horizonte B é considerado o horizonte diagnóstico


mais importante na diferenciação das classes de solo.
A seguir são apresentados os solos predominantes na região brasileira da
Bacia do Prata e uma síntese de suas características pedológicas.
Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ocorrem
Argissolos (P), Latossolos (L), Planossolos Hidromórficos (SG), Planossolos
Háplicos (SX), Vertissolos (V), Chernossolos (M), Nitossolos Vermelhos (NV) e
Nitossolos Háplicos (NX). As maiores áreas de Nitossolos Vermelhos
Eutroférricos (NVef) do Brasil localizam-se o estado do Paraná. Os Cambissolos
Háplicos (CX) ocorrem em grandes áreas de Santa Catarina (SC), e os
Cambissolos Húmicos (CH) concentram-se mais na região de Lajes (SC).
Neossolos Litólicos (RL) e Gleissolos (G) são também comuns nessa região.
44

Figura 3.16 - Pedologia do Rio Grande do Sul – IBGE.


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Figura 3.17 - Pedologia de Santa Catarina – IBGE.


45

Figura 3.18 - Pedologia do Paraná– IBGE.

Na porção centro-leste do estado do Mato Grosso do Sul predominam os


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Latossolos (L), Argissolos (P) e Neossolos (R). Esses últimos concentram-se mais
ao centro-norte do estado. Uma diversidade de classes de solos pode ser observada
a oeste do estado: Vertissolos Ebânicos (VE), Espodossolos Ferrocárbico (ES),
Planossolos Hidromórficos (SG), Háplicos (SX) e Nátricos (SN), Luvissolos
Crômicos (TC), Chernossolos Rêndzicos (MD) e Argilúvicos (MT) e Plintossolos
Háplicos (FX).

Figura 3.19 - Pedologia do Mato Grosso do Sul – IBGE.


46

Em São Paulo, predominam Latossolos (L) e Argissolos (P). Cambissolos


(C) ocorrem nesse estado, principalmente nos locais de relevo mais movimentado.
Nos tabuleiros costeiros, além de Argissolos e Latossolos, existem menores áreas
de Espodossolos (E). Neossolos Litólicos (RL) e Gleissolos (G) também podem
ser observados nessa região.
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Figura 3.20 - Pedologia de São Paulo – IBGE.

Observa-se, na parte leste do estado de Minas Gerais, desde o norte até o


sul, o predomínio dos Latossolos (L) e Argissolos (P). Os primeiros correspondem
às partes mais planas e os segundos correspondem às partes do relevo mais
ondulado. De norte a sul do estado, na parte central, observa-se uma faixa de solos
menos profundos: Neossolos Litólicos (RL) e Cambissolos (C). Esses últimos
correspondem às coberturas que se desenvolvem em área de relevo acidentado
e/ou sobre rochas mais resistentes ao intemperismo. A parte oeste do estado
apresenta uma distribuição de solos mais complexa: no noroeste, em função dos
menores índices pluviométricos, e principalmente, da rocha-matriz (arenitos),
encontram-se zonas de Neossolos Quartzênicos (RQ), intercaladas aos Latossolos
(L) e Argissolos (P). No centro-oeste aparece uma grande área de Cambissolos,
correspondente à região das Serras da Canastra e da Saudade. Em partes do
sudoeste e do Triângulo Mineiro predominam, novamente, os Latossolos e
47

Argissolos.

Figura 3.21 - Pedologia de Minas Gerais – IBGE.


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Na parcela do estado de Goiás correspondente à região da Bacia do rio


Paraná predominam os Latossolos (L) e Argissolos (P). Alguns focos de
Neossolos (R) e Nitossolos (N) também podem ser observados. Ao norte do
estado presenciam-se algumas regiões de Plintossolos (F) e uma pequena região
de Chernossolo Argilúvico (MT).

Figura 3.22 - Pedologia de Goiás– IBGE.


48

Portanto, conforme descrito no texto e observado nos mapas, os solos que


predominam na região das Bacias dos rios Paraná e Uruguai são os Latossolos e
os Argissolos. Entretanto, também são observadas expressivas áreas de
Cambissolos, Neossolos e Nitossolos, sendo esses últimos mais presentes em
Santa Catarina e Paraná.
Assim sendo, algumas características pedogenéticas e geotécnicas dessas
cinco classes de solos são descritas, brevemente, a seguir.

• Latossolos
Representam o grupamento dos solos com horizonte diagnóstico B
latossólico. Encontra-se em avançado estágio de intemperização, praticamente
destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes. Possuem
variação de fortemente a bem drenados. Normalmente, são solos muito profundos
(espessura do horizonte B, em geral, maior que 2,5 m). Existe pouca diferenciação
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entre os sub-horizontes nessa classe de solos.


Geotecnicamente, o horizonte B latossólico é conhecido por solo maduro
com alta porosidade, podendo constituir fonte natural de materiais para aterro e
núcleos argilosos impermeáveis. O lençol freático é profundo, situado abaixo do
horizonte B, em geral, próximo ao contato do horizonte C com a rocha subjacente.
O horizonte C é denominado solo residual jovem ou solo saprolítico, apresentando
comportamento geotécnico variável em função das características
mineralógicas/estruturais da rocha de origem. O horizonte A não apresenta
informação significativa em termos geotécnicos devido a pouca espessura em
relação ao horizonte B.

• Argissolos
Representam o grupamento de solos com horizonte diagnóstico B textural.
O horizonte diagnóstico B textural é um horizonte mineral subsuperficial, onde
houve incremento de argila decorrente de processos de iluviação e/ou formação in
situ e/ou herdada do material de origem. O conteúdo de argila do horizonte B
textural é maior que o do horizonte A e pode ou não ser maior que o do horizonte
C. A transição do horizonte A para o horizonte B textural é abrupta, clara ou
gradual, mas o teor de argila aumenta com nitidez suficiente para que a parte
limítrofe entre eles não ultrapasse uma distância vertical de 30 cm.
49

Entre as características geotécnicas do grupamento de solos com horizonte


B textural destaca-se a presença do lençol freático abaixo do horizonte B, em
geral próximo ao contato do horizonte C com a rocha subjacente. Destaca-se,
também, o horizonte A relativamente espesso, em geral, essencialmente arenoso, e
os horizontes B e C geotecnicamente denominados solo maduro e solo residual
jovem ou solo saprolítico, respectivamente. O horizonte B apresenta moderada a
baixa permeabilidade, baixa compressibilidade, expansibilidade nula a moderada,
fácil a moderada escavibilidade, moderada a alta erodibilidade e moderada
resistência ao desmoronamento. O horizonte C exibe comportamento geotécnico
variável em função das características mineralógicas/estruturais da rocha de
origem. É um horizonte bastante permeável devido a sua própria natureza,
conservando características da rocha-matriz, como a descontinuidade. Apresenta,
em geral, fácil escavação, alta erodibilidade e baixa resistência ao
desmoronamento em taludes artificiais.
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• Cambissolos
Representam o grupamento dos solos pouco desenvolvidos com horizonte
diagnóstico B incipiente. A espessura mínima é de 10 cm e máxima de 50 cm e
5% ou mais do volume do solo apresenta estrutura da rocha original, como
estratificações finas, ou saprólito, ou fragmentos de rocha semi ou não
intemperizada. As características de interesse geotécnico dos solos com horizonte
B câmbico são muito variáveis, dependendo muito das características
mineralógicas e texturais de seus materiais de origem e dos tipos de relevo em que
ocorrem.

• Neossolos
São solos pouco evoluídos, com ausência de horizonte B diagnóstico e
pouco espessos (menos de 30 cm de espessura). Os neossolos quartzênicos,
conhecidos como areias quartzosas na classificação anterior, apresentam as
seguintes características de interesse geotécnico: lençol freático profundo, abaixo
do horizonte C; textura arenosa, tanto no horizonte A, como no C; alta
permeabilidade; baixa compressibilidade; expansividade nula; boa capacidade de
carga e suporte; fácil escavabilidade; e, variável suscetibilidade à erosão, em
função da declividade, baixa em planícies e altas em colinas e morrotes.
50

• Nitossolos
Representam o grupamento de solos com horizonte B nítico (reluzente). São
não-hidromórficos, profundos e bem drenados. A transição é gradual ou difusa
entre os subhorizontes e o horizonte B nítico pode ser encontrado à superfície se o
solo foi erodido. Apresenta blocos ou agregações com superfícies cerosas e com
brilho natural. Os Nitossolos possuem características geotécnicas semelhantes aos
Latossolos, embora sejam mais argilosos. Entretanto, as argilas são pouco
expansíveis e de baixa atividade. São solos profundos, porosos, com alta
permeabilidade e baixa erodibilidade.

Pode-se concluir que, no geral, os solos da região da Bacia do Prata


apresentam boa capacidade de carga, permeabilidade moderada a alta, NA
profundo e predominância de argilas e areias.
Mais informações sobre as características pedológicas ou geotécnicas das
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classes de solos apresentadas ou citadas neste estudo podem ser obtidas através
das referências bibliográficas “Manual Técnico da Pedologia”, IBGE (2007), e
“Geologia de Engenharia”, ABGE (1998).
4
Investigações Geotécnicas

No desenvolvimento de um projeto de fundações é indispensável o


reconhecimento dos perfis dos solos envolvidos e de suas respectivas
características geotécnicas. Para tal, são planejadas investigações geotécnicas com
respaldo no estudo da hidrografia, orografia, geologia e pedologia da região,
conforme apresentado anteriormente.

4.1
Situação

No Brasil, a investigação dos solos para projetos de fundações de estruturas


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é usualmente feita mediante sondagens que permitem conhecer a variação da


resistência do solo com a profundidade através de descrições e índices das
diversas camadas. Em projetos de linhas de transmissão, no qual os suportes das
mesmas se situam ao longo de grandes extensões e, consequentemente, ao longo
de uma enorme variação natural dos horizontes e diversidade de solos, a
investigação geotécnica em todo traçado torna-se essencial para que as fundações
das estruturas sejam dimensionadas com segurança e otimização.
É comum, como procedimento auxiliar às investigações geotécnicas, o uso
orientado dos levantamentos pedológicos já existentes para a região em estudo.
Apesar de, em geral, somente as indicações dos horizontes superficiais serem
apresentadas nos levantamentos pedológicos, pode-se ter uma estimativa dos tipos
de solos ou material consolidado que ocorrem em maiores profundidades. É
possível obter, por exemplo, o grau de saturação do solo, a profundidade do lençol
freático (quando esse ocorre nos horizontes superficiais), as características de
drenagem, a granulometria, a plasticidade, entre outras. Enfim, a pedologia pode
ser aplicada como uma ferramenta auxiliar das investigações geotécnicas,
apresentando as seguintes vantagens (Dias, 1987):
• complementação dos levantamentos geológicos, principalmente em locais
onde ocorrem espessas camadas de solos;
52

• identificação das camadas de solos como horizontes pertencentes a


unidades de mapeamento;
• conhecimento dos mecanismos de formação dos solos, através dos
processos pedogenéticos e processos geológicos;
• definição com maior precisão, através de métodos padronizados, das
características morfológicas dos solos;
• indicação de unidades geotécnicas através das classificações pedológicas
em associação às geológicas;
• extrapolação dos resultados de experimentos para outros locais
semelhantes de acordo com as unidades geotécnicas;
• e, finalmente, orientação na escolha do universo para o estabelecimento de
correlações e índices utilizando-se a estatística para solos de mesma
unidade e horizonte.
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Normalmente, as investigações geotécnicas envolvem sondagens tipo SPT


e, eventualmente, rotativas. Recomenda-se executar sondagens tipo SPT próximas
ao piquete central, em todas as estruturas de ancoragem e fim de linha, e em locais
tais como travessias de rios, aterros, fundos de vale, alagados, erosões e encostas
(Ashcar, 1999).
A CESP (Ashcar, 1999) faz, em média, uma sondagem SPT a cada cinco
estruturas e, dependendo do conhecimento da região, essa proporção poderá variar
de 1 até 10. Também são executadas sondagens tipo borro em todas as estruturas
da linha, exceto nos locais das sondagens SPT/rotativa. A sondagem tipo borro
diferencia-se da sondagem a percussão por não utilizar bomba d'água nem
barrilete amostrador. As sondagens a trado, os poços de inspeção e a determinação
da densidade natural/compactada e da umidade natural fornecem informações de
solo que auxiliam os projetos de fundação.
A ELETROBRAS (Ashcar, 1999) sugere que, em uma segunda etapa,
após a definição do traçado da LT, sejam realizados os estudos necessários para a
obtenção de dados essenciais ao projeto: identificação e classificação do solo,
densidade e umidade do solo natural, densidade máxima e umidade ótima do solo
compactado, coesão e ângulo de atrito interno, nível do lençol freático,
resistividade elétrica, entre outros.
53

Segundo FURNAS (2003), após a definição e locação das estruturas no


campo, as investigações devem ser realizadas em todos esses locais, constando,
inicialmente, em terrenos elevados, de sondagens a trado junto ao piquete central
de locação da estrutura e da determinação do peso específico natural do solo local.
Com base nos resultados das sondagens, selecionam-se alguns locais de cada
domínio geomorfológico onde devem ser executadas investigações mais
detalhadas. Em geral, são sondagens a percussão e poços manuais para
determinação dos pesos específicos naturais a diversas profundidades, e,
eventualmente, para a coleta de amostras indeformadas para ensaios especiais,
visando à tipificação dos solos existentes e à determinação de outros parâmetros
que se julguem necessários para a padronização dos projetos de cada tipo de
estrutura a ser utilizada na obra. Em regiões de baixadas, sujeitas a inundações
e/ou com nível de água superficial, sugere-se a execução de sondagens a
percussão em todos os locais de estrutura. Podem ser programadas sondagens
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rotativas e/ou mistas em casos específicos, nos quais a importância da estrutura


(como a travessia de grandes vãos sobre cursos d'água) e a natureza do maciço de
fundação exijam maior detalhamento das suas propriedades para o projeto (como
no caso de fundações ancoradas), ou em zona de tálus, com matacões em
profundidade.

4.2
Diretrizes para programa de investigações geotécnicas

A escolha do traçado de uma linha de transmissão deve ser orientada por


critérios geométricos e geológico-geotécnicos. Os traçados retilíneos são
preferíveis por representarem significativa economia em relação ao sistema, mas a
opção por uma alternativa de traçado, na qual se minimizem os condicionantes
geológicos desfavoráveis, é desejável, pois resulta em custos mais baixos e maior
segurança. Torna-se imprescindível, portanto, uma avaliação dos traçados
geométricos propostos, dentro do contexto geológico regional, de forma a se
diagnosticar os problemas geotécnicos esperados para cada um deles e até propor
novas alternativas, geologicamente mais interessantes. Na tabela 4.1 são
apresentados os diversos métodos aplicados às diferentes fases, desde a escolha do
traçado até os serviços de reparo e recuperação de obras de linhas de transmissão.
54

Tabela 4.1 – Aplicação da metodologia de investigação geotécnica nas diversas


fases de projeto para a implantação de uma LT (ABGE, 1998).

Fases
Viabilidade
Escolha do
Metodologia traçado
técnico Projeto Construção Conservação
econômica

1. Análise dos dados


disponíveis
2. Fotointerpretação

3. Reconhecimento
geológico-geotécnico de
campo
4. Sondagens geofísicas
- Sísmica de refração
- Eletroresistividade
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5. Sondagens a trado e
poços de inspeção
- Cortes e aterros
- Jazidas
6. Análises químicas (1)
7. Sondagens a percussão e
ensaios in situ
8. Ensaios geotécnicos e de
laboratório
- Caracterização
- Especiais (2)
9. Acompanhamento
técnico das obras
10. Monitoração

Aplicação usual Aplicação eventual


(1) Na análise química dos solos, comumente, recorre-se aos levantamentos pedológicos
existentes.
(2) Incluem-se, nesse caso, principalmente, as provas de carga.
55

Essa metodologia, na seqüência considerada ideal para a coleta de


informações e evolução do conhecimento, é descrita, brevemente, a seguir:

1. Análise de dados disponíveis


Na fase de estudo de traçado, a obtenção de dados cartográficos,
levantamentos aerofotogramétricos e imagens de satélite assumem particular
importância. Sondagens e ensaios de laboratório já disponíveis e projetos de
escavações, contenções e fundações de obras lineares, como rodovias e ferrovias,
ou de preferência, outras linhas de transmissão já implantadas nas mesmas
formações, são consultados.

2. Fotointerpretação
A fotointerpetração é importante para a escolha do traçado, mas pode
também ser desenvolvida para apoiar os estudos geológicos do projeto das LT’s.
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3. Reconhecimento de campo
A verificação das informações obtidas na fotointerpretação deve ser feita
através da inspeção de afloramentos, barrancos, escavações e taludes, onde é
analisado o comportamento das estruturas geológicas e caracterizados os maciços
de rocha e solo quanto ao grau de fraturamento, grau de alteração e granulometria.
Também devem ser registradas as nascentes de água, zonas alagadiças e a
fenomenologia local no terreno natural, como trincas, escorregamentos, erosões,
assoreamentos, fenômenos de erosão interna, além de efeitos de eventuais
recalques, empuxo de solo e corrosão em estruturas.

4. Sondagens geofísicas
A aplicação desse método de investigação é mais adequada na fase de
viabilidade das linhas de transmissão devido ao seu baixo custo e facilidade de
execução. No entanto, as informações são obtidas de forma indireta, através de
cálculos e inferências, necessitando de aferição por métodos diretos. As
sondagens geofísicas são raramente utilizadas nas fases posteriores de um projeto
de linhas de transmissão, sendo mais aplicáveis em casos de subestações. Assim,
esse método de investigação geotécnica é apresentado, sucintamente no Apêndice
A e mais bem explicado na referência correspondente.
56

5. Sondagens a trado e poços de inspeção


As sondagens a trado e os poços de inspeção são realizados a partir da fase
de viabilidade técnico-econômica de um empreendimento. Na fase de projeto e
construção podem ser utilizados como apoio, pela sua versatilidade e baixo custo,
e na pesquisa de materiais naturais de construção, para cubagem de jazidas e
retirada de amostras.
Os critérios para espaçamento dessas sondagens variam com a
complexidade da região, fase de estudo do projeto e até mesmo com normas e
diretrizes executivas estabelecidas pelos órgãos estatais, baseadas em obras
realizadas e estatísticas. Para as fases de escolha do traçado e estudo da
viabilidade, recomenda-se a adoção de critérios geológicos que garantam a
representatividade das diferentes formações atravessadas, quanto às informações
básicas. Nas fases de projeto, considera-se a realização de sondagens nos locais de
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fundação de blocos de ancoragem em torres de transmissão, complementadas por


sondagens a percussão.
Nos furos de sondagem a trado, executados em terrenos de baixa
resistência, podem ser realizados ensaios como o ensaio de palheta (vane test)
para obter índices de resistência ao cisalhamento do solo. Esse ensaio consiste em
cravar a palheta no fundo do furo e girar gradualmente, empregando-se um
torquímetro, até a ruptura do solo (ABGE, 1998).

6. Análises químicas
Em qualquer fase de estudo podem ser realizadas análises químicas em
associação com medidas de resistividade para diagnóstico da agressividade do
subsolo. Essas análises envolvem a água do lençol freático, os materiais das
fundações e, no caso de sistemas já em operação, amostras de metal ou concreto.
Nas sondagens a trado e poços de inspeção, realizados nas situações mais
variadas de geologia, topografia e posição do nível de água, podem ser coletadas
amostras de cada horizonte do solo para determinação do pH e umidade natural.
Entretanto, para o conhecimento das substâncias químicas existentes no subsolo
investigado e sua agressividade, é mais comum recorrer aos levantamentos
pedológicos disponíveis.
57

7. Sondagens a percussão
As sondagens a percussão, com ensaios SPT e de permeabilidade, são um
tipo de investigação utilizado nas fases de projeto, quando se deseja avaliar com
precisão a sua capacidade de suporte e definir a geometria das escavações e os
tipos de fundações. Também podem ser utilizadas nas fases de estudo, em nível de
reconhecimento, quando se deseja investigar espessuras de solos abaixo do nível
do lençol freático ou em outras situações nas quais as sondagens a trado e os
poços de inspeção não se aplicam.
Para essas sondagens e seus ensaios, é também recomendado o critério
geológico de locação, de maneira a fornecer apenas os parâmetros geotécnicos dos
diferentes materiais, cuja disposição e espessuras são determinadas com as
sondagens a trado e poços, em número significativamente maior. Para o caso de
linhas de transmissão com estruturas em ângulo, sempre se executam sondagens a
percussão em função dos esforços maiores e permanentes.
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As sondagens a percussão podem ser executadas através do equipamento


denominado trado oco (hollow stem auger), composto por uma perfuratriz rotativa
com martelo automático, sendo o conjunto montado sobre chassi de esteira ou
caminhão (ABGE, 1998). Uma de suas vantagens é a execução dos ensaios SPT
empregando-se o martelo automático, sem o uso do sistema de lavagem, além de
evitar possíveis falhas cometidas pelas equipes de sondagem. Sob o ponto de vista
geotécnico, a maior vantagem do trado oco é a cravação estática, em solo residual,
de um barrilete bipartido, permitindo recuperar amostras contínuas, preservando
as estruturas geológicas de interesse à investigação. Em contrapartida, uma grande
desvantagem desse equipamento é a dificuldade da execução de sondagens em
locais de difícil acesso.
Em projetos específicos ou quando a sondagem a percussão tem o seu
avanço impedido pelo topo da rocha ou matacões, pode ser necessário o avanço
pelo método rotativo. Isso pode ocorrer em depósitos de tálus e cascalheiras.
Nesses casos, os critérios para distribuição e paralisação dessas sondagens devem
ser adequados a cada situação, em função da necessidade do projeto. O esquema
representado pela Figura 4.1, elaborado a partir da prática de investigações
geotécnicas, fornece uma orientação para a especificação da profundidade
máxima de sondagens a percussão.
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58

LT 230 kV
Profundidade
SPT Procedimento
(m) Profundidade
30 Procedimento SPT
Suspender a sondagem (1) (m)
Prosseguir a sondagem após NA 4,00 m Suspender sondagem (1) 30
0,00 a 5,45
30 determinação cuidadosa da Prosseguir a sondagem 6,45 a 15,45
30
posição do NA NA 4,00 m (3); (4) e (5)

Profundidade (m) SPT Procedimento


30 Suspender a sondagem (1)
6,45 a 8,45
30 Prosseguir a sondagem
5 Suspender a sondagem em 15,45 m
9,45 a 15,45 Prosseguir a sondagem até o
5
“impenetrável a percussão” (4) e (5)

1. Suspender a sondagem caso seja observado um aumento da resistência com a profundidade, atingindo camada de solo resistente ou rocha (ver
observação 2). No caso de dúvida de que a resistência oferecida seja motivada por matacão, verificar através do uso do trépano com circulação d’água se
é possível atravessar o trecho, bem como tentar definir com tal procedimento a extensão lateral do trecho impenetrável, executando até quatro furos
afastados 2,00 m do furo inicial. Devem ser tomados cuidados especiais pra a definição do subsolo em zona de tálus em que houver matacões;
2. Quando for atingido o embasamento rochoso até 3,00 m de profundidade, prosseguir com sondagem rotativa (diâmetro NX ou BX) até obter
recuperação maior ou igual a 50% ao longo de 3,00 m consecutivos, limitando a extensão da sondagem rotativa em rocha a um máximo de 5,00 m em
cada furo;
3. Caso à profundidade de 15,45 m ainda ocorra solo de baixa resistência (SPT < 5) prosseguir até o “impenetrável à percussão”;
4. Em zona de baixada, em solos fracos (SPT < 5) ou com nível d’água elevado (NA < 4,00 m), parar a sondagem após atravessar camada de areia de
3,00 m ou mais de espessura com SPT maior ou igual a 25. Caso contrário prosseguir até o “impenetrável a percussão”;
5. Em qualquer caso limitar a profundidade máxima da sondagem a 30,00 m.

Figura 4.1 – Esquema para especificação da profundidade máxima de sondagens a percussão.


59

Para agilizar as manobras de perfuração em sondagens rotativas profundas,


emprega-se o sistema a cabo (wire line), composto por cabos de aço que
possibilitam a introdução ou remoção do amostrador ou equipamento de ensaio in
situ. Outra opção é uma variante do wire line, composta por três tubos, sendo que
o mais interno é bipartido e serve para proteger o testemunho. Emprega-se esse
tipo de equipamento para obter excelente recuperação de rocha branda ou rocha
alterada e muito fraturada (ABGE, 1998).
Assim como nos furos de sondagem a trado, nos furos de sondagem a
percussão também podem ser executados, em terrenos de baixa resistência,
ensaios como o ensaio de palheta (vane test), já mencionado no item 5.

8. Ensaios geotécnicos
Para o perfeito conhecimento das propriedades dos materiais e avaliação
do seu comportamento, nas escavações e fundações ou como materiais naturais de
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construção, são realizados ensaios de laboratório sobre amostras deformadas e


indeformadas de solo, coletadas através de sondagens a trado e poços. Salvo raras
exceções, esses ensaios são utilizados nas fases de projeto, porque já se tem um
diagnóstico geológico de todo o traçado do sistema, conhecendo-se a
fenomenologia e os condicionantes intervenientes.
Com amostras deformadas de solo, são realizados os ensaios de
caracterização e compactação, que permitem a obtenção da sua granulometria,
plasticidade e umidade natural, e a densidade máxima que poderá ser obtida
quando da sua compactação em reaterros das fundações.
As amostras indeformadas possibilitam a obtenção da densidade natural e
de parâmetros de resistência e permeabilidade, através de ensaios de compressão,
adensamento e colapsividade, chamados ensaios especiais. No caso de argilas
expansivas, as pressões de expansão também podem ser medidas por ensaios
específicos.
Ensaios geotécnicos de campo também podem ser realizados, sendo
comum a determinação da umidade natural e o controle da compactação de aterros
em construção. Também se realizam ensaios com penetrômetro em fundo de
cavas e de densidade in situ, antes da definição do tipo de fundação, subsidiando-
se o projeto.
60

9. Acompanhamento técnico das obras


O principal objetivo do acompanhamento técnico das obras de uma linha
de transmissão é a garantia de sua qualidade. Um acompanhamento técnico das
obras bem documentado, afinado com o projeto, possibilita um diagnóstico
preciso de qualquer problema geotécnico que, eventualmente, venha a ocorrer e,
após a entrada do sistema em operação, orienta a sua observação e as medidas
corretivas a serem tomadas.

10. Monitoração
A inspeção sistemática de todo o sistema de transmissão constitui a forma
de controle mais rápida e, em muitos casos, mais eficiente, de monitoração para a
prevenção e reparação de problemas geotécnicos. Do ponto de vista preventivo,
podem ser detectados rompimentos de linhas, carreamentos de solos de aterros por
infiltração, vazamentos, afundamentos, deteriorações e outras evidências de
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defeitos construtivos ou de manutenção que, direta ou indiretamente, podem afetar


as fundações.

Com o avanço da tecnologia, a aquisição de informações técnicas em furos


de sondagem passou a ser feita na forma digital, que, além de reduzir o tamanho
dos instrumentos, permite o uso de recursos de processamento e interpretação
bastante elaborados (ABGE, 1998). Portanto, empregam-se outros métodos e
equipamentos nos furos de sondagem das investigações geológico-geotécnicas,
além daqueles citados anteriormente.
Em bancos de areia e cascalho, a pesquisa pode ser realizada por meio de
varejão ou com sonda manual constituída por um amostrador, denominado
sondina, que é introduzido no terreno com sucessivos movimentos de queda livre.
A sondina possui, na parte inferior, uma válvula de sentido único, que retém os
sedimentos no interior do amostrador.
Amostras pouco deformadas de terrenos argilosos, não muito resistentes,
podem ser obtidas por meio de um barrilete especial denominado amostrador
Shelby. Trata-se de amostrador cilíndrico de parede fina que deve ser introduzido
lentamente no terreno; contém uma válvula na parte superior para evitar a queda
da amostra no momento de sua retirada.
61

A resistência à penetração de um depósito de argila ou areia pode ser


obtida por meio do cone de penetração contínua (Cone Penetration Test – CPT).
Em tal ensaio, uma ponteira, formada por um cone padronizado, é introduzida
estaticamente no terreno por um sistema hidráulico, sendo a profundidade de
investigação de 20 m, em solos argilosos duros ou arenosos compactos, até 40 m,
em solos argilosos moles.
Existem outros equipamentos que permitem medidas da pressão neutra
(piezocone – CPTU), determinação do módulo de cisalhamento (piezocone
sísmico – CPTS), coeficientes de tensões dilatométricos, resistência não drenada
de argilas e módulo de Janbu (dilatômetro de Marchetti).

4.3
Conclusões sobre o estudo gelógico e geotécnico

Os estudos geotécnicos em grandes extensões lineares envolvendo pequenas


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profundidades, como nas linhas de transmissão, podem apoiar-se em informações,


devidamente interpretadas, de levantamentos pedológicos. As informações de
geologia e da topografia, associadas à da pedologia, completam o quadro em que
se estabelece uma unidade geotécnica (Dias, 1987). Entre as informações dos
perfis pedológicos que podem interessar ao estudo geotécnico das fundações das
LT’s pode-se citar: espessura dos horizontes, granulometria, condições de
drenagem, macroestrutura, lençol freático, presença de minerais expansivos e
profundidade de ocorrência da rocha ou de alteração de rocha. Tais informações
podem auxiliar na escolha do traçado de uma LT, além de reduzir os ensaios de
caracterização dos solos e direcionar melhor as investigações geotécnicas.

4.4
Normatização

As normas brasileiras consideradas aplicáveis em um projeto de linhas de


transmissão, principalmente, na fase da investigação geotécnica, encontram-se
enumeradas no Apêndice B.
5
Torres, Terrenos e Fundações – Conceitos Gerais

Definem-se e se descrevem, de maneira breve e geral, os elementos


integrantes deste estudo, ou seja, os tipos de suportes mais comuns em projetos de
linhas de transmissão, o terreno da região e os tipos de fundação mais usuais nessa
classe de projeto.

5.1
Torres

As estruturas de suporte das linhas de transmissão têm como finalidade


sustentar os cabos condutores e pára-raios, respeitando uma distância adequada
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de segurança, desempenho e custo. Tais estruturas são, em geral, construídas em


treliças com perfis de aço galvanizado ou em postes de aço, concreto ou madeira.
No Brasil, é comum o uso de postes de madeira para tensões de 33 kV e 69 kV e
postes de concreto para o intervalo de 69 a 230 kV (Santiago, 1983). Para tensões
superiores a 138 kV, as estruturas mais usuais são as do tipo treliçado. Todavia,
observa-se, na região norte do país, o uso de postes de concreto para tensões entre
138 kV e 230 kV.
No Brasil, as torres metálicas treliçadas são mais usuais, pois permitem,
em um espaço limitado, obter uma estrutura alta, esbelta, mais leve e versátil.
Além disso, as estruturas dessas torres têm composição modular, a fim de melhor
se ajustarem aos locais de sua implantação. Resulta disso que o seu projeto deve
considerar, necessariamente, além das diversas hipóteses de carregamento, as
muitas hipóteses de composição da torre, com diferentes alturas associadas a
diversas extensões das pernas, que podem estar niveladas ou com desníveis.
Vários aspectos permitem agrupar os tipos de torres metálicas existentes,
sendo a funcionalidade estrutural e a forma de resistir às cargas os mais
importantes para este estudo. Segundo a forma de resistir aos esforços que lhe são
impostos, as estruturas são ditas autoportantes ou estaiadas. A Figura 5.1 mostra
exemplos desses tipos de estruturas.
63

Figura 5.1 – Exemplos de torres: (a) autoportante; (b) estaiada (Garcia, 2005).

A função estrutural define estruturas de suspensão, de ancoragem, para


ângulos e fim de linha, de derivação e de transposição de fases (Aguilera, 2007).
As estruturas de suspensão em alinhamento ou pequenas deflexões são suportes
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dimensionados para resistir aos esforços verticais devido ao vento e ao peso dos
cabos e dos isoladores e suas ferragens. As estruturas de ancoragem são de dois
tipos: para deflexões grandes e terminais e para deflexões médias. As primeiras
são utilizadas no início e no fim das linhas e em grandes deflexões, sendo mais
reforçadas por serem mais solicitadas. As estruturas de ancoragem para deflexões
médias são semelhantes às primeiras, porém são empregadas no meio das linhas,
com trações longitudinais equilibradas, sendo menos reforçadas, pois devem
resistir unilateralmente apenas aos reforços decorrentes do tensionamento dos
cabos durante a montagem ou após a ruptura de alguns deles. As estruturas de
transposição ou rotação de fase asseguram equilíbrio magnético da linha com
rotação de fases, exigindo estruturas especiais. E, finalmente, as estruturas de
derivação são utilizadas em casos de se efetuarem sangrias na linha para alimentar
um ramal, sem necessidade de pátio de seccionamento e manobras.

5.2
Terrenos

A seleção das fundações a serem adotadas em projetos de linhas de


transmissão depende principalmente do terreno. Geralmente, para cada projeto
de linha de transmissão, são definidos tipos de solo e de rocha, de acordo com as
64

propriedades encontradas nos maciços da região. No presente trabalho a


descrição dos maciços encontrados na Bacia do Prata está baseada em
informações fornecidas por sondagens e análises anteriores. Portanto, como
exemplo, cita-se a classificação dos solos e das rochas definida pela
especificação técnica EP-5029 de FURNAS (2003). Essa EP define os tipos de
solos e de rochas mais comuns nas regiões de atuação da empresa Furnas, o que
inclui parte da Bacia do Prata, região eleita para o presente estudo.

Tabela 5.1 – Limites para os parâmetros geotécnicos dos solos.

Taxa Adesão
Tipo admissível Concreto-
Coesão γ
de SPT φ à solo/ α
(kN/m3) (kN/m3)
solo compressão rocha
(kN/m2) (kN/m2)
I 9 a 18 30 a 40 ≤32º 16 a 18 200 a 400 ≤ 25 20º a 25º

II 6 a 12 25 a 30 ≤28º 15 a 17 100 a 200 ≤ 20 17,5º a


22,5º
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III 6 a 12 25 a 30 ≤25º 14 a 16 100 a 200 ≤ 20 15º a 20º


IV 3a6 ≤ 15 ≤20º 12 a 14 ≤ 100 ≤ 10 10º a 15º
(1) A taxa admissível refere-se à profundidade do solo a 2,0 m, deve-se reportar à
NBR6122 para aumento da pressão admissível com a profundidade para solos de
natureza arenosa;
(2) Valores do ângulo de arrancamento α para o dimensionamento pelo método do
tronco de cone invertido (Método do Cone);
(3) Os valores indicados são considerados minorados conforme NBR6122 (1996);

Tabela 5.2 – Limites para os parâmetros geotécnicos das rochas.

Taxa Adesão
Tipo admissível Concreto-
Coesão γ
de RQD φ à solo/ α
(kN/m3) (kN/m3)
rocha compressão rocha
(kN/m2) (kN/m2)
75 a 300 a 35 a 1000 a 35º a
V 24 a 29 ≤ 1600
100 400 45 3000 45º
25 a 100 a 15 a 30º a
VI 20 a 22 600 a 1200 ≤ 700
75 300 35 35º
(1) Valores do ângulo de arrancamento α para o dimensionamento pelo método do
tronco de cone invertido (Método do Cone);
(2) Rck é a resistência característica da rocha ou do concreto, sendo considerada a
menor entre elas;
(3) Os valores indicados são considerados minorados conforme NBR6122 (1996);
65

Tabela 5.3 – Descrição dos tipos de solos.

Tipos de solos Descrição


Solos residuais jovens, passando, eventualmente, em
profundidade, à rocha completamente decomposta, tendo
cobertura de solo coluvial/residual maduro, de no máximo 1 m
I de espessura. Os solos residuais jovens apresentam, geralmente,
constituição silto-arenosa ou areno-siltosa, às vezes micáceos,
exibindo as feições remanescentes da rocha matriz e, tendo
cores variegadas.
Solos residuais maduros, não porosos e não colapsíveis,
podendo passar a solo residual jovem em profundidade, com
cobertura de solo coluvionar de no máximo 1,5 m de espessura.
Os solos residuais maduros apresentam constituição mais
II
argilosa que os solos residuais jovens, têm coloração mais
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uniforme, vermelha, amarela ou rósea e confundem-se com os


solos coluvionares, que, geralmente, em sua transição para o
substrato, apresentam uma camada de fragmentos de quartzo.
Solos coluvionares ou aluvionares (transportados), não
colapsíveis e não porosos, em zonas permanentemente acima do
nível d’água subterrâneo. São mais argilosos que os eventuais
residuais maduros sotopostos. Têm cor em geral marrom e/ou
III
amarela. Os aluvionares, ou transportados, têm as mesmas
características que os coluvionares, diferenciando-se desses pela
existência de um nível de seixos rolados no contato com o
substrato.
Solos que, em geral, exigem fundações especiais: solos porosos
e colapsíveis, em zona permanentemente acima do nível d’água
subterrâneo; solos sedimentares com nível d’água alto ou
IV
subsuperficial; solos de talus com matacões e nível d’água alto;
solos expansivos; solos residuais em zona cárstica (vazios em
calcários), etc.
66

Tabela 5.4 – Descrição dos tipos de rochas.

Tipos de rocha Descrição


Rocha sã ou pouco decomposta, escavável apenas com
explosivos, com poucas fraturas, podendo apresentar oxidação
V
superficial, sem ou com pouca decomposição da rocha com
matriz sã.
Rocha medianamente decomposta, impenetrável a picareta e
escavável com rompedor, com resistência crescente com a
profundidade, apresentando cobertura de solo de, no máximo,
1,5 m de espessura. Apresenta matriz rochosa decomposta e
VI
descolorida, com presença das descontinuidades e outras feições
da rocha original. Habitualmente, aparece como impenetrável a
percussão nas sondagens de simples reconhecimento e pode ter
recuperação nula ou pequena nas sondagens rotativas.
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5.3
Fundações

Os tipos de fundações de emprego corrente em estruturas de suportes de


linhas de transmissão dependem, em geral, do tipo de solo e do dimensionamento
da torre e seu carregamento. O carregamento proveniente dos suportes de
sustentação de LT’s, especialmente em torres autoportantes, pode ser transmitido
às fundações através de um elemento metálico de ligação denominado “stub”
(Figura 5.2). Para o dimensionamento da fundação, considera-se como ponto de
aplicação desse carregamento o último furo de ligação das pernas da torre com o
“stub”. Os desenhos do stub e da silhueta da torre apresentam importantes
informações para o projeto das fundações, tais como composição e dimensão do
stub, ângulos de inclinação das faces e dos montantes da torre e forma e
dimensões dos módulos de composição da torre. Muitos desses elementos são
considerados essenciais ao cálculo das cargas nas fundações.
67

Figura 5.2 – Ligação entre a torre autoportante e a fundação em concreto, com


materialização do ponto de aplicação dos esforços (Garcia, 2005).
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Usualmente, as estruturas de suporte das linhas de transmissão são


dimensionadas para suportar as seguintes cargas (FURNAS, 2003): cargas
provenientes dos cabos condutores e pára-raios e da cadeia de isoladores; peso
próprio da estrutura e carga de vento incidente diretamente sobre a torre.
Normalmente essas cargas são agrupadas em desenhos esquemáticos,
denominados “árvores de cargas”, e correspondem às várias hipóteses de
carregamento da estrutura da torre
A Figura 5.3 mostra exemplos de árvores de cargas, nas quais são incluídos
o peso próprio da estrutura e a carga de vento.

Figura 5.3 – Exemplos de árvores de carregamento.


68

As memórias de cálculo das estruturas fornecem as reações em seus apoios,


a partir das quais são obtidas as cargas nas fundações. Os recursos de cálculo das
estruturas das torres permitem que sejam resumidos os valores extremos das
reações de apoio que são apresentados na memória de cálculo, em geral com a
indicação das hipóteses de carregamento e composição física da torre que lhe dão
origem. Para o dimensionamento das fundações, sugere-se a consideração dos
seguintes valores extremos das reações (FURNAS, 2003): máxima reação vertical
de compressão, máxima reação vertical de tração, máxima reação horizontal com
compressão vertical e máxima reação horizontal com tração vertical. Observa-se
que, normalmente, as hipóteses de máxima compressão ou de máximo
arrancamento cobrem a hipóteste de máximo cortante.
Os esforços podem ser considerados segundo dois eixos usuais: esforços
segundo os eixos ortogonais da torre, apropriados para projeto de fundações com
fustes verticais, e esforços segundo o eixo da montante (decomposição), porém
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com cortante agindo horizontalmente no topo da fundação. Essa última opção


aplica-se para fundação com fustes inclinados, na mesma direção do montante.
As fundações das torres de uma linha de transmissão de energia elétrica são
subdivididas em dois grupos conforme suas aplicações (FURNAS, 2003). As
fundações de uso corrente são aquelas cujos projetos, chamados “projetos-tipo”,
são de aplicação generalizada de acordo com o tipo de terreno e de torre. Já as
fundações especiais são tais cujos projetos aplicam-se especificamente em
determinados locais, estruturas e condições de terreno. A escolha do tipo de
fundação é sempre em função das condições do subsolo e das condições de acesso
ao local da estrutura.
Para os projetos-tipo das fundações são considerados os valores extremos
das reações de apoio relativos a cada tipo de torre, cobrindo as diferentes
hipóteses de carregamento e de composição física da torre. Para um projeto
especial, em geral com local de implantação e composição física da estrutura bem
definidos, a fundação deve ser dimensionada para as cargas correspondentes à
situação específica da torre, manifestada nas árvores de carga, na ação do vento
sobre a torre, além, naturalmente, do seu peso próprio.
Há um princípio importante a ser considerado no projeto das fundações
dessas estruturas: a segurança global da fundação deve ser maior que a da própria
estrutura, razão pela qual as cargas nas fundações resultantes do cálculo da
69

estrutura são afetadas de uma majoração adicional, através de fatores que são
apresentados mais adiante. Tal princípio é justificado pelo fato de que a
recuperação de uma linha, interrompida eventualmente por colapso estrutural de
uma torre, é muito mais fácil e rápida mediante a montagem de uma nova torre,
desde que a fundação não tenha sido danificada.
A Norma NBR8681 - “Ações e segurança nas estruturas” define os estados
ditos limite nos quais as estruturas devem ser verificadas, ou seja, os estados
limites de utilização ou de serviço (ELS) e os estados limites últimos (ELU). No
caso das estruturas de fundação para suportes de LT’s, são consideradas as
seguintes verificações no ELS: as que tratam dos deslocamentos da fundação a
fim de mantê-los abaixo dos limites aceitáveis pela superestrutura; as que
consideram as tensões no solo a fim de limitá-las aos valores admissíveis
compatíveis com as hipóteses de cálculo dos deslocamentos; e, as que tratam das
limitações de tensão nas armaduras ou do seu detalhamento com o propósito de
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manter as fissuras no concreto dentro do padrão aceitável segundo a NBR6118.


No ELU, consideram-se como verificações as que avaliam a segurança contra o
arrancamento da fundação e as que confrontam a compressão máxima na
fundação com a capacidade de suporte do solo, levados em conta o tipo de
fundação, sua forma, suas dimensões e profundidade e os parâmetros geotécnicos
do solo. Em certos casos, a segurança contra o tombamento da fundação também é
verificada. No ELU, são realizadas, ainda, as verificações que tratam da
estabilidade interna do elemento de fundação, tendo como objetos as seções de
concreto e as suas armaduras.
É importante ter em conta que as estruturas dos suportes são, geralmente,
dimensionados no ELU. Portanto, os valores que se encontram na memória de
cálculo – os das árvores de carga, das cargas de vento e das cargas ou reações nas
fundações – são os correspondentes ao ELU do suporte. As árvores de carga
comumente especificam os fatores de ponderação do peso próprio da estrutura que
são incluídos nos carregamentos a ela correspondentes.
Para a verificação no ELU da fundação, FURNAS (2003) recomenda os
seguintes fatores para os pesos da fundação e do solo ao participarem da
composição de carregamentos: 1,1 - se contribuem desfavoravelmente para a
estabilidade ou 0,9 - se contribuem favoravelmente para a estabilidade.
70

Pelas razões expostas anteriormente, são sugeridos os seguintes fatores


adicionais para as cargas procedentes da superestrutura, com seus valores
correspondentes ao ELU da superestrutura, ao comporem os carregamentos para
as verificações no ELU da fundação: 1,1 para fundação de suporte de suspensão
ou 1,2 para fundação do suporte terminal ou de ancoragem.
Não havendo indicação, podem ser adotados os seguintes valores para as
cargas de fundações no ELS:
a) Para torre de suspensão: 50% das cargas dela provenientes,
correspondentes ao ELU da torre, antes da aplicação da majoração adicional
correspondente ao ELU;
b) Para torre de ancoragem média (deflexão até 30º): 70% das cargas citadas
anteriormente;
c) Para torre de ancoragem pesada (deflexão acima de 30º) ou terminal: 80%
das mesmas cargas.
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Apresenta-se, a seguir, a descrição das fundações mais adotadas em cada


tipo de suporte segundo a especificação técnica de FURNAS (2003). Verifica-se
que, no caso das estruturas estaiadas, são projetadas fundações diferentes para o
mastro central e para os estais, enquanto que para as estruturas autoportantes é
comum o uso de um mesmo tipo de fundação para cada pé da torre.

5.3.1
Fundações aplicáveis a estruturas autoportantes (FURNAS, 2003)

• Sapata de concreto armado


Esse tipo de fundação é constituído por uma placa de concreto armado, em
geral quadrada, encimada por pilar, também de concreto armado, que recebe o
“stub”. O pilar da sapata costuma ter a mesma inclinação do stub e da perna da
torre, pois os momentos atuantes na sua base são menores, reduzindo o custo da
fundação (Ashcar, 2001). Pode, no entanto, ser vertical, quando em geral resulta a
necessidade de maiores dimensões para a fundação.
A viabilidade desse tipo de fundação ocorre quando: o solo, a profundidade
não maior que 2 a 3 metros, apresenta condições de receber a base de uma
fundação direta, tendo, preferencialmente, a resistência crescente com a
profundidade; a posição do NA subterrâneo situa-se abaixo do leito da fundação;
71

o local não está sujeito à erosão; e, o local está sujeito a eventuais alagamentos,
situação em que o projeto deve necessariamente levar em conta a variação do NA.
As sapatas são mais adotadas para as torres de suspensão, em virtude dos
menores esforços horizontais na fundação.

• Bloco ancorado em rocha


Os blocos ancorados são prismas retos de dimensões, em planta, menores e
de maior altura que as sapatas, associados a chumbadores constituídos por barras
de aço. São utilizados na ocorrência de rocha não escavável manualmente a
pequena profundidade (até cerca de 2,5 m). Como as sapatas, os blocos podem ter
pilares de concreto armado para receber os “stubs”.
Em virtude dos valores reduzidos das dimensões desse tipo de fundação, é
importante a atenção para a reserva de espaço para a colocação do “stub”. Nesse
tipo de fundação, os esforços de arrancamento são transmitidos ao maciço de
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fundação pelos chumbadores.

• Tubulões
O tubulão é uma fundação profunda de concreto armado, de forma
cilíndrica, em geral escavado a céu aberto e com base alargada, destinado a
transmitir ao maciço de fundação, os esforços da superestrutura.
O tubulão com base alargada é utilizado em solos com resistência crescente
com a profundidade e, em geral, que tenham condições de escavação a céu aberto.
Sua profundidade varia de 3,0 m a 10,0 m, dependendo do tipo de solo e dos
esforços na fundação (Ashcar, 2001). A atual NBR6122 estabelece a base
alargada tronco-cônica com até 1,8 m de altura e com um trecho inicial cilíndrico
de, no mínimo, 20 cm.
Eventualmente, podem ser utilizados tubulões sem a base alargada, quando
escavados em rocha, em geral branda, sã ou pouco decomposta ou quando em
solos com profundidades de 10 m ou maiores, escaváveis com equipamento
mecânico. Em solo submerso, por exemplo, tem-se dado preferência à fundação
cilíndrica, sem alargamento da base, com uso de camisas metálicas ou de concreto
(sem bolsa), mas com profundidade maior que o tubulão com a base alargada.
72

• Estacas
Sempre que o maciço de fundação só tenha capacidade para receber as
cargas em profundidade e/ou as condições do nível d'água subterrâneo impeçam o
uso de outro tipo de fundação, recorre-se ao uso de estacas.
As fundações estaqueadas geralmente são constituídas de estacas verticais
e/ou inclinadas, sendo essas destinadas a combater também os esforços
horizontais (Ashcar, 2001). São constituídas, em geral, por um bloco de
coroamento e um pilar de concreto armado (vertical ou inclinado segundo a perna
da torre) sobre um número variável de estacas. O pilar deve receber o stub e,
portanto, pode ter suas dimensões condicionadas pelas daquela peça.
Eventualmente, as quatro pernas das torres autoportantes com fundações em
estacas podem ter os blocos de coroamento ligados por vigas de concreto armado.
Os tipos mais utilizados em linhas de transmissão são as estacas pré-
moldadas de concreto armado ou protendido e as metálicas (Ashcar, 2001).
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Entretanto, antes da seleção de estacas, deve-se observar, no campo, as


condições de acesso para o equipamento de cravação ou de execução da fundação,
no caso das estacas injetadas.
Quando o maciço em que as estacas se apóiam estiver em profundidades que
impeçam o prosseguimento da execução das mesmas sem que se alcance a
resistência ao arrancamento necessária, as seguintes soluções podem ser tomadas:
atirantamento do bloco de coroamento; fundação em caixa estaqueada ou estacas
tipo raiz para embutimento no terreno resistente. O sistema em caixa estaqueada
utiliza, em geral, uma caixa de concreto armado cheia de terra compactada e
apoiada em estacas. A caixa provê o peso necessário para que sejam evitados ou
minimizados os esforços de tração nas estacas.

• Grelha metálica
Esse tipo de fundação pode ser aplicado nas mesmas condições em que são
empregadas as sapatas de concreto armado, com a desvantagem de apresentar
menor resistência à agressividade do terreno natural. Portanto, devem ser tomadas
medidas de proteção adicionais, além da galvanização das peças metálicas,
especialmente em locais de solos agressivos. Por outro lado, as principais
vantagens da grelha consistem na rapidez de execução da fundação (escavação,
73

montagem e reaterro) e na facilidade de transporte, principalmente em locais de


difícil acesso para o uso de concreto (Ashcar, 2001).
Embora em desuso, esse tipo de fundação está em operação em linhas de
trnasmissão mais antigas e ainda é utilizada em casos de emergência, por
exemplo, quando é necessária a instalação de uma torre provisória para reparos na
torre permanente ou na sua fundação. Justifica-se, assim, a inclusão da grelha
metálica como um dos tipos de fundação ainda em pauta.

5.3.2
Fundações aplicáveis a estruturas estaiadas (FURNAS, 2003)

• Fundações para o Mastro


Para suportar os esforços de compressão (verticais e horizontais) que atuam
sobre o mastro central das estruturas estaiadas, podem ser selecionadas fundações
em sapatas e blocos de concreto armado. As sapatas e blocos podem ser de
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concreto pré-moldado ou concretados no local da estrutura. O emprego dessas


fundações é feito nas mesmas circunstâncias em que tais fundações são escolhidas
para as torres autoportantes. No entanto, admitem-se, aqui, condições menos
severas para os recalques sob as cargas de serviço, em razão do sistema estrutural
e da consequente possibilidade de ajustes dos estais pelos serviços de manutenção.
Em solos fracos podem ser utilizadas as fundações em tubulões ou em
estacas, com as mesmas características previstas para as estruturas autoportantes.
Na ocorrência de rocha não escavável manualmente a pequena profundidade (até
cerca de 2,5 m), recorre-se aos blocos ancorados, também com as mesmas
características previstas para as estruturas autoportantes.

• Fundações para os Estais


Os estais são peças alongadas constituídas por cabos de aço associados a
barras que se ligam a peças enterradas. As peças enterradas suportam os esforços
de tração nos cabos provenientes da outra extremidade e são ligadas ao mastro
central da estrutura.
As fundações para os estais podem ser placas de concreto armado pré-
moldadas, com forma poligonal ou circular. Outra forma de ancoragem dos cabos
dos estais é feita mediante uso de tubulões curtos, desde que o solo local permita a
74

escavação a céu aberto. Essa solução tem sido preferida em virtude de exigir
menor volume de escavação e é feita aproveitando as vantagens da escavação e
concretagem em poço de seção circular. Outras soluções podem ser utilizadas para
a ancoragem dos estais como, por exemplo, blocos ancorados, no caso de rocha
não escavável manualmente a pequena profundidade (até cerca de 2,5 m).
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6
Proposta dos Conjuntos Torre x Terreno x Fundação

6.1
Conjuntos torre x terreno x fundação

Para o estudo dos conjuntos torre x terreno x fundação, são selecionados os


seguintes projetos de fundação de linhas de transmissão implantados na região da
Bacia do Prata (Figura 6.1): LT 230 kV – Chavantes-Botucatu, localizada na
região sudoeste de São Paulo; LT 525 kV – Salto Santiago-Ivaiporã-Cascavel
Oeste, localizada na região oeste do Paraná; LT 525 kV – Garabi-Itá, localizada
na região noroeste do Rio Grande do Sul; LT 750 kV – Ivaiporã-Itaberá-Tijuco
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Preto, localizada ao longo da região centro-sudoeste do Paraná até a região sul de


São Paulo.

Figura 6.1 – Linhas de transmissão na Bacia do Prata (ons.gov.br).

Cada um desses projetos possui singularidades que motivam sua inclusão no


presente estudo.
76

A linha Chavantes-Botucatu possui uma extensão de 137 km,


aproximadamente, na qual estão distribuídas 302 torres autoportantes. Não
existem torres estaiadas ao longo dessa linha. Outra peculiaridade é o fato das
fundações das torres possuírem “stub” dobrado, mantendo o pilarete da sapata na
posição vertical. No presente estudo, essa linha representa as linhas de
transmissão com tensão de 230 kV.
A linha Salto Santiago-Ivaiporã-Cascavel Oeste prolonga-se por 372 km e é
constituída por 765 torres, entre autoportantes e estaiadas. Nessa linha, as
fundações em sapatas apresentam pilaretes inclinados para acompanhar a
angularidade da torre.
A linha Garabi-Itá estende-se por, aproximadamente, 360 km,
compreendendo 745 torres, também entre autoportantes e estaiadas. O projeto das
fundações dessas torres inclui uma tipificação de solos bem definida e variada,
além de incluir o exemplo de dimensionamento da fundação em bloco ancorado
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para os estais de uma torre estaiada.


Finalmente, a linha Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto prolonga-se por 585 km e
representa as linhas de transmissão com a maior tensão no Brasil. Outra razão
para incluir tal linha no presente trabalho é a representação das fundações do tipo
grelha metálica.

6.1.1
Torre

Geralmente, ao longo de uma linha de transmissão são necessárias estruturas


de suspensão, de ancoragem, para ângulos e fim de linha, de derivação e de
transposição de fases (Aguilera, 2007). Muitas vezes ainda se faz necessária a
utilização dos dois tipos de torres: autoportante e estaiada.
Outro procedimento comum no projeto de linhas de transmissão é a
composição das torres metálicas treliçadas por módulos intermediários e
diferentes comprimentos de pernas, permitindo a variação de altura para o
enquadramento dessas ao perfil do terreno no local de implantação. As figuras 6.2
e 6.3 apresentam, respectivamente, exemplos de torres de suspensão autoportante
e estaiada constituídas por módulos intermediários e diferentes comprimentos de
77

pernas. Tais exemplos pertencem à linha de transmissão de energia elétrica “LT


525 kV Salto Santiago-Ivaiporã-Cascavel Oeste.
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Figura 6.2 – Torre autoportante – Fluxo Engenharia.

Figura 6.3 – Torre estaiada – Fluxo Engenharia.


78

Para o projeto das fundações, tais torres são agrupadas de acordo com a
forma de resistir ao carregamento e com a função estrutural. As estruturas de
suspensão, tanto autoportante quanto a estaiada, estão em maior quantidade ao
longo de uma linha, devido a sua própria função estrutural. Por essa razão, do
grupo relativo à função estrututural, as torres de suspensão são as únicas
representadas neste trabalho.
Além disso, por ser uma metodização, estão incluídas, como exemplos,
apenas as torres com maiores alturas, constituídas por todos os módulos
intermediários mais altos e por pernas com maiores comprimentos.
A tabela 6.1 apresenta as torres selecionadas como exemplos de cada linha,
informando as alturas máximas e o carregamento máximo à compressão e à
tração.

Tabela 6.1 – Torres autoportante e estaiadas.

Torre estaiada
Torre autoportante
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Mastro Estais
Ht Cmax Tmax Ht Cmax Tmax
Projeto
(m) (kN) (kN) (m) (kN) (kN)
S. Santiago-Cascavel O. 49,5 938,3 781,9 42,2 766,41 330,0
Chavantes-Botucatu 42,2 575,3 510,6 - - -
Garabi-Itá 51,2 871,6 738,6 43,9 436,6 326,4

6.1.2
Terreno

Como visto no item 3.4 do capítulo 3, a região da Bacia do Prata apresenta,


no geral, boa capacidade de carga, permeabilidade moderada a alta, NA profundo
e predominância de argilas e areias. Tais características geotécnicas decorrem,
principalmente, devido à presença significativa de Latossolos e Argissolos.
Todavia, para a definição e dimensionamento das fundações dos suportes
das LT’s, são necessárias informações mais precisas quanto ao perfil solo. Essas
são obtidas através de sondagem e investigações geotécnicas. A partir dessas
informações, é feita uma tipificação do solo, conforme mencionado no capítulo 5
do presente trabalho, de acordo com as necessidades de cada projeto de linha de
transmissão. Assim sendo, a título de ilustração, apresenta-se, na Tabela 6.2, a
tipificação dos solos elaborada para as linhas de transmissão Chavantes-Botucatu,
Garabi-Itá e Salto Santiago-Cascavel Oeste.
79

Tabela 6.2 – Exemplos de classificação dos tipos de solos dos projetos de fundação de
LT’s na Bacia do Prata.

γ φ C α
Projetos Ex SPT
(kN/m3) (°) (kN/m2) (°)
1 2a6 10 20 10 15
Garabi-Itá 2 7 a 10 14 20 20 20
3 >10 16 25 40 30
4 4a6 12 a15 20 a 25 10 a 20 14
Chavantes-Botucatu
5 >6 16 30 20 25
6 - 13 24 15 15
S. Santiago- Cascavel O.
7 - 15 29 25 20

6.1.3
Fundação

Geralmente, em uma linha de transmissão, as sapatas e os tubulões são


dimensionados como “projetos-tipo”, enquanto os blocos ancorados e as estacas
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são dimensionados como projetos especiais. Em projetos de linhas de transmissão


mais antigos, as grelhas são fundações de uso corrente. Dessa forma, as sapatas e
os tubulões estão mais presentes nas fundações de LT’s. Nas tabelas 6.3 a 6.5 são
apresentadas informações sobre algumas fundações para os mastros e estais das
torres estaiadas e para as torres autoportantes implantadas nas LT’s selecionadas.
Observa-se que, nessas tabelas, NA é o nível do lençol freático e NE indica que o
mesmo não é encontrado até a profundidade determinada pela sondagem.

Tabela 6.3 – Conjunto torre x terreno x fundação para o exemplo de torre estaiada tipo
suspensão pesada - Mastros.

Volume
Tipo Consumo
he NA B L de
Projeto Fundação de de aço
(m) (m) (m) (m) concreto
Solo (kg)
(m3)
Tubulão 4,50 NE 7 1,4 - 3,99 229,9
Santiago Sapata 1,50 NE 7 1,4 2,6 1,65 71,80
Cascavel Tubulão 5,50 NE 6 1,8 - 5,38 310,0
Sapata 2,00 NE 6 1,9 3,2 2,87 124,8
Sapata 1,50 NE 2 2,0 2,0 1,88 81,8
Garabi
Itá Bloco
0,05 NE R1 1,0 1,0 0,85 65,4
Ancorado
1 – Fundação em rocha, cujas propriedades não estão definidas no corpo da tese.
80

Tabela 6.4 – Conjunto torre x terreno x fundação para o exemplo de torre estaiada tipo
suspensão pesada- Estais.
Volume
Tipo Consumo
he NA B L de
Projeto Fundação de de aço
(m) (m) (m) (m) concreto
Solo (kg)
(m3)
Santiago Tubulão 4,23 NE 7 1,2 - 5,44 313,5
Cascavel Tubulão 4,23 NE 6 1,4 - 8,64 497,8
Tubulão 3,50 NE 2 1,8 - 7,2 -
Garabi Tubulão 2,50 NE 3 1,8 - 4,16 -
Itá Bloco
2,00 NE R1 1,2 - 3,2 218,4
Ancorado
1 – Fundação em rocha, cujas propriedades não estão definidas no corpo da tese.

Tabela 6.5 – Conjunto torre x terreno x fundação para o exemplo de torre autoportante
tipo suspensão pesada.

Volume
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Tipo Consum
he NA B L de
Projeto Fundação de o de aço
(m) (m) (m) (m) concreto
Solo 3 (kg)
(m )
Tubulão 5,90 NE 7 1,4 - 21,92 1240,0
S. Sapata 3,05 NE 7 3,05 3,05 25,64 1468,0
Santiago
Bloco
Cascavel 3,65 NE R1 2,00 - 11,64 1424,0
Ancorado
O.
Tubulão 7,00 NE 6 1,9 - 28,72 1252,0
Sapata 3,30 NE 6 3,3 3,3 31,04 1680,0
Sapata 2,93 NE 5 2,5 2,5 23,22 1841,0
Tubulão 6,50 NE 4 1,50 - 21,58 924,00
Chavantes Sapata 2,80 NE 5 2,5 2,5 17,13 1342,0
Botucatu
Tubulão 5,70 NE 4 1,4 - 15,66 1076,0
Estaca 9,00 2,38 S2 1,95 2,0 13,25 1092,0
Bloco
3,80 NE R1 1,0 2,3 18,28 1704,0
Ancorado
Sapata 3,55 NE 3 2,15 2,15 12,16 1302,98
Garabi –
Itá Tubulão 7,70 NE 2 1,8 - 24,68 1649,76
Tubulão 6,70 NE 3 1,5 - 19,72 1371,24
1 – Fundação em rocha, cujas propriedades não estão definidas no corpo da tese.
2 – Fundação em solo, cujas propriedades não estão definidas no corpo da tese.
81

Dessas tabelas são extraídos alguns exemplos de fundações. São levados em


consideração os tipos de fundação que mais se destacam entre os projetos,
contemplando as torres apresentadas no item 6.1.1 e a fundação em grelha da LT
Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto.
Assim, para as torres autoportantes das linhas Salto Santiago-Cascavel
Oeste e Chavantes-Botucatu são exemplificadas as fundações em sapata, pois são
solucionadas de duas formas diferentes: a primeira com o pilarete inclinado e a
segunda com o “stub” dobrado. Da linha Chavantes-Botucatu também são
destacadas as fundações em bloco ancorado, tubulão e estaca para torre
autoportante.
Para os mastros das torres estaiadas, exemplifica-se o tubulão, a sapata e o
bloco ancorado da linha Salto Santiago-Cascavel Oeste. Para os estais, são
apresentadas as fundações em bloco ancorado e em tubulão da linha Garabi-Itá.
Finalmente, o último exemplo é o da grelha metálica para torre autoportante
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da linha Ivaiporã-Itaberá III e Itaberá-Tijuco Preto.


Para todas as fundações apresentadas são feitas verificações no ELU que
tratam da estabilidade interna dos elementos da fundação, tendo como objetos
suas seções de concreto e as suas armaduras.

6.1.3.1
Exemplo 1: fundação em sapata para torre autoportante da LT 230 kV
Chavantes-Botucatu

Como mencionado anteriormente, a fundação em sapata da linha Chavantes-


Botucatu para a torre autoportante em suspensão possui “stub” dobrado e pilarete
vertical. Outra particularidade é a viga de enrigecimento, que além de facilitar o
processo construtivo, reduz o esforço no dimensionamento por não necessitar da
verificação ao puncionamento. Todavia, essa solução é discutível devido ao custo
associado a uma quantidade maior de forma.
No dimensionamento são consideradas as verificações no ELU que avaliam
a segurança contra o arrancamento da fundação e que confrontam a compressão
máxima na fundação com a capacidade de suporte do solo, levados em conta o
tipo de fundação, sua forma, suas dimensões e profundidade e os parâmetros
geotécnicos do solo.
82

Figura 6.4 – Fundação em sapata da torre autoportante de suspensão na LT


Chavantes-Botucatu.
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Figura 6.5 – Armadura da fundação em sapata da torre autoportante de suspensão na


LT Chavantes-Botucatu.

6.1.3.2
Exemplo 2: fundação em sapata para torre autoportante da LT 525 kV
Salto Santiago-Cascavel Oeste

Nessa linha, verifica-se, no ELU, a segurança contra o arrancamento da


fundação e a relação entre a compressão máxima na base da sapata e a capacidade
de suporte do solo. Na determinação da tensão pela equação geral de Terzaghi são
83

adotados fatores para a consideração da inclinação do terreno conforme


recomenda Bowles (1988). Outra particularidade no dimensionamento dessa
sapata é a verificação do cisalhamento na base devido ao pilarete inclinado.

Figura 6.6 – Fundação em sapata para torre autoportante de suspensão na LT Salto


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Santiago-Cascavel Oeste.

Figura 6.7 – Armadura da fundação-tipo em sapata para torre autoportante de


suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste.
84

6.1.3.3
Exemplo 3: fundação em tubulão para torre autoportante da LT
230kV Chavantes-Botucatu

Para essa fundação, são verificadas, no ELU, a segurança contra o


arrancamento e o tombamento do elemento estrutural. Também são contrapostas
as tensões exercidas pela base e pelo fuste e a resistência do solo.
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Figura 6.8 – Elevação, forma e armação da fundação em tubulão para torre


autoportante de suspensão na LT Chavantes-Botucatu.

6.1.3.4
Exemplo 4: fundação em estaca para torre autoportante da LT 230 kV
Chavantes-Botucatu

As estacas metálicas são implantadas nos locais onde o solo exige fundação
profunda, geralmente onde é possível encontrar o lençol freático próximo à
superfície, como é o caso dessa torre na linha Chavantes-Botucatu (NA = 2,38m,
Tabela 6.5).
Nesse dimensionamento, prefere-se estacas metálicas H 6” x 37,1 kg/m,
sendo necessárias três estacas por bloco em cada perna da torre. Posteriormente a
uma análise estática do grupo de estacas, verifica-se, no ELU, a relação entre a
85

compressão máxima no topo das estacas e a capacidade de suporte do solo. A


verificação da estabilidade interna considera o bloco de coroamento e o pilarete.
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Figura 6.9 – Fundação em estaca para torre autoportante de suspensão na LT


Chavantes-Botucatu.

Figura 6.10 – Armação da fundação em estaca para torre autoportante de suspensão na


LT Chavantes-Botucatu.
86

6.1.3.5
Exemplo 5: fundação em bloco ancorado para torre autoportante da
LT 230 kV Chavantes-Botucatu

O pilarete dessa fundação possui eixo vertical e, junto com o bloco e os


chumbadores, apresenta um arranjo simétrico em relação ao plano vertical que
contém a quina do stub inclinado e do montante da torre. A distribuição das
tensões na base considera as seguintes hipóteses: estádio II, com possibilidade de
escoamento parcial dos chumbadores; tensões compressivas no concreto inferiores
à resistência garantida na rocha do leito de fundação; e, concreto e rocha não
resistentes à tração. São feitas as verificações, no ELU, da segurança contra o
arrancamento do bloco e dos chumbadores e contra o deslizamento da base.
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Figura 6.11 – Fundação em bloco ancorado para torre autoportante de suspensão na LT


Chavantes-Botucatu.

6.1.3.6
Exemplo 6: fundação em sapata para mastro de torre estaiada da LT
525 kV Salto Santiago-Cascavel Oeste

Sapatas pré-moldadas são adotadas como solução para a fundação dos


mastros das torres estaiadas nessa linha. São verificadas, no ELU, a segurança
87

contra o arrancamento da fundação e a relação entre a compressão máxima na


base da sapata e a capacidade de suporte do solo. Assim como nas sapatas para as
torres autoportantes, são adotados fatores para a consideração da inclinação do
terreno na determinação da tensão pela equação geral de Terzaghi (Bowles, 1988).

Figura 6.12 –Fundação em sapata para o mastro de torre estaiada de suspensão na LT


Salto Santiago-Cascavel Oeste.
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Figura 6.13 – Armação da fundação em sapata para o mastro de torre estaiada de


suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste.
.
6.1.3.7
Exemplo 7: fundação em bloco ancorado para mastro de torre
estaiada da LT 525 kV Salto Santiago-Cascavel Oeste

Para o dimensionamento da fundação em bloco ancorado são verificadas, no


ELU, a segurança contra o arrancamento do conjunto, a segurança contra o
deslizamento, as tensões de compressão da base, a ancoragem do chumbador na
calda ou argamassa e a ancoragem do chumbador na rocha.
88

Figura 6.14 –Fundação em bloco ancorado para o mastro de torre estaiada de


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suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste.

Figura 6.15 – Armação da fundação em bloco ancorado para o mastro de torre estaiada
de suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste.
89

6.1.3.8
Exemplo 8: fundação em tubulão para mastro de torre estaiada da LT
525 kV Salto Santiago-Cascavel Oeste

Verifica-se, no ELU, a relação entre a compressão máxima na base do


tubulão e a capacidade de suporte do solo. Na determinação da tensão pela
equação geral de Terzaghi também são adotados fatores para a consideração da
inclinação do terreno conforme recomenda Bowles (1988). Uma particularidade
dessa fundação é a verificação da estabilidade lateral no ELU e no ELS.
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Figura 6.16 – Fundação em tubulão para o mastro de torre estaiada de suspensão na


LT Salto Santiago-Cascavel Oeste.

Figura 6.17 – Armação da fundação em tubulão para o mastro de torre estaiada de


suspensão na LT Salto Santiago-Cascavel Oeste.
90

6.1.3.9
Exemplo 9: fundação em tubulão para estais de torre estaiada da LT
525 kV Garabi-Itá

Para essa fundação, verifica-se, no ELU, a segurança contra ao


arrancamento, a estabilidade do fuste e da base, o engastamento da âncora dos
estais no concreto e o tracionamento da barra de ancoragem.
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Figura 6.18 – Fundação em tubulão para estais de torre estaiada de suspensão na LT


Garabi-Itá.

6.1.3.10
Exemplo 10: fundação em bloco ancorado para estais de torre
estaiada da LT 525 kV Garabi-Itá

Para essa fundação, são feitas as seguintes verificações no ELU: segurança


contra o arrancamento do bloco e dos chumbadores; segurança contra o
deslizamento da base; resistência do bloco e chumbadores; aderência dos
chumbadores; engastamento da âncora; e, verificação ao puncionamento.
91

Figura 6.19 – Fundação em bloco ancorado para estais de torre estaiada de suspensão
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na LT Garabi-Itá.

6.1.3.11
Exemplo 11: fundação em grelha metálica para torre autoportante da
LT 750 kV Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto

Para as grelhas metálicas são verificadas, no ELU, a segurança contra o


arrancamento e as tensões na base.

Figura 6.20 – Planta e detalhe da fundação em grelha para torre autoportante de


suspensão na LT Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto.
92

Figura 6.21 – Corte da fundação em grelha para torre autoportante de suspensão na LT


Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto.
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Figura 6.22 – Detalhe e Corte da fundação em grelha para torre autoportante de


suspensão na LT Ivaiporã-Itaberá-Tijuco Preto.

6.2
Comentários finais sobre os conjuntos torre x terreno x fundação

Dos conjuntos torre x terreno x fundação pode-se inferir que as fundações


de torres de linhas de transmissão são basicamente de cinco tipos: sapata, tubulão,
bloco ancorado, estaca e grelha, havendo algumas variações e particularidades em
cada tipo. A definição do tipo a ser adotado é função das cargas atuantes,
características do terreno e das condições de execução.
93

Os modelos utilizados para o dimensionamento das fundações baseiam-se


nas verificações da estabilidade interna e externa, comumente no ELU. Em alguns
casos especiais, são feitas verificações no ELS, como no caso do tubulão para o
mastro de torre estaiada do exemplo 8 (item 6.1.3.8).
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7
Confiabilidade das Fundações das Torres em LT’s

O projeto de uma linha de transmissão, como o de qualquer grande obra de


engenharia civil, é semelhante a uma peça teatral; compreende um amplo cenário,
um argumento atraente e um elenco de peso compreendendo autores, atores e
contra-regras.
O cenário é inteiramente natural, uma região terrestre envolvendo os sub-
cenários: continental (orografia e hidrologia), geológico-pedológico e o
atmosférico.
O argumento é o transporte de energia elétrica.
E, o elenco encarna, além das subestações, as linhas, torres de transmissão e
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respectivas fundações.
O resultado final é avaliado em termos de transferência de potência elétrica
entre dois sítios, medida em Kwh. Entretanto, o compromisso Demanda x Oferta é
tremendamente exigente quanto à disponibilidade. O elenco deve estar pronto para
agir a qualquer instante, não sendo possível a utilização de recursos outros como
gravações para exibições de emergência; e, o tempo não aproveitado para exibição
transforma-se em extenso prejuízo!

O valor da potência deixada de transferir, o dinheiro já dispendido e


ainda por gastar e as multas transformam-se em prejuízo;

É um espetáculo, um serviço que requer, sem dúvida, uma criteriosa


avaliação para controle de risco.

7.1
Situação

Durante os últimos 40 anos, um progresso significativo tem sido feito no


campo da segurança estrutural, onde a análise de confiabilidade tem se destacado
como o tema principal. Qualquer projeto que incorpore o princípio da análise de
95

confiabilidade, seja explicitamente ou não, pode ser classificado como projeto


baseado na confiabilidade. No campo dos projetos de linhas de transmissão, o
Eletrical Power Reserach Institute (EPRI) tem patrocinado estudos de pesquisa
voltados à implementação desses conceitos de segurança para o projeto de
estruturas de linhas de transmissão. Pesquisas paralelas e esforço de
desenvolvimento nesse campo também têm sido desenvolvidos pelo Comitê
Técnico do IEC e pela ASCE.
Segundo a IEC60826, a metodologia dos projetos de sistemas é baseada na
concepção de que uma linha de transmissão é projetada como um sistema feito de
vários subcomponentes tais como torres, fundações, cabos condutores, etc. A
avaliação de confiabilidade do sistema leva em conta a confiabilidade de cada
componente, e a falha verificada em um subcomponente implica na falha em todo
o sistema. Outra importante constatação é que falhas de qualquer origem em
fundações encerram maiores dificuldades de manutenção, consequentemente, de
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intervenção. Sendo assim, a sequência preferencial de falha passa pela torre, e a


fundação é seu último ponto. Em resumo, uma linha de transmissão é projetada
para que as fundações sejam preferencialmente as últimas a falharem (Azevedo,
2007).
A partir dos capítulos 5 e 6 pode-se inferir que um projeto de fundações
deve atender, no estado limite último (ELU), aos requisitos de estabilidade externa
e estabilidade interna. No presente trabalho, a avaliação da probabilidade de falha
das fundações considera apenas a estabilidade externa com foco na relação entre a
compressão máxima na base da fundação e a capacidade de suporte do solo. Essa
proposta é justificada pelo fato dessa verificação ser realizada em todas as
fundações, para ambos tipos de torre, exceto para os estais da torre estaiada.
Neste capítulo, as variáveis aleatórias do problema são caracterizadas e
empregadas na definição de uma função de estado limite que represente a
estabilidade externa e a partir da qual se avalie a probabilidade de falha de alguns
exemplos de conjuntos torre x terreno x fundação existentes na Bacia do Prata.
Com as probabilidades de falha e com o levantamento do custo esperado da falha,
determina-se o risco de falha dessas fundações. Prossegue-se com um estudo
paramétrico que permite avaliar a influência do projeto de fundação e do tipo de
solo sobre a probabilidade de falha e finaliza-se avaliando a participação relativa
das diversas variáveis aleatórias nessa mesma probabilidade.
96

7.2
Função de estado limite

Uma medida probabilística de violação de estados limites é a probabilidade


de falha. O primeiro passo na avaliação da probabilidade de falha da estrutura é
decidir quais grandezas são consideradas variáveis aleatórias e qual a relação
funcional entre elas, designada como função de estado limite. Num problema
básico de confiabilidade estrutural, onde se deseja garantir que a resistência
supere a solicitação, a função de estado limite genérica é descrita
matematicamente como:

G (R, S ) = R − S < 0,0 (7.1)

onde R é a resistência da fundação e S é a solicitação.


Para função de estado limite da estabilidade externa da fundação, a
resistência e a solicitação são consideradas em termos de tensão de ruptura da
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fundação e tensão normal atuante na base da fundação, respectivamente. As


tensões de ruptura da fundação, em sapata ou tubulão, são determinadas a partir da
Equação de Terzaghi e a tensão normal atuante na base da fundação resulta da
ação do vento e das cargas permanentes. Ressalta-se que as parcelas da resistência
e da solicitação variam de acordo com a torre e com o tipo e características
geométricas e geotécnicas das fundações.

7.3
Modelagem da Solicitação

A origem e a natureza das cargas aplicadas nas fundações são as mesmas


das atuantes nas torres. Portanto, as ações atuantes nas fundações e seu
desempenho são avaliados mediante o estudo das cargas que solicitam as torres.
Além das cargas verticais de peso próprio, cabos condutores e pára-raios e
cadeia de isoladores, existe a solicitação exercida pelo vento sobre a torre e seus
componentes, sendo essa uma das mais severas (Aguilera, 2007; Verzenhassi,
2008).
A avaliação numérica da ação do vento sobre as linhas de transmissão é
regulamentada pela norma brasileira NBR5422, na qual se incorporam
procedimentos da norma européia IEC60826 (International Electrotechnical
Comission). A NBR5422 fornece fórmulas para se obter o valor das cargas
97

provocadas pela ação direta do vento, que é suposto agindo horizontalmente nos
cabos condutores, nos cabos pára-raios, nas cadeias de isoladores e suas ferragens
e na torre.
Embora o procedimento estabelecido na NBR5422 seja comumente
utilizado em análises determinísticas, a partir da atribuição de um determinado
valor para a velocidade básica do vento, sabe-se que a mesma é uma incerteza do
problema. A própria NBR5422, em seu anexo C, recomenda meios para medição
da velocidade do vento através de aparelhos registradores e, como em qualquer
medição, é suscetível a erro. Além disso, não há registros das velocidades do
vento para todas as regiões do país, sendo muitas vezes necessárias aproximações
com base na Figura 2 do Apêndice C. Existem, ainda, outras incertezas envolvidas
na determinação da velocidade básica do vento, tais como a rugosidade da região
de implantação da linha, o intervalo de tempo necessário para que o obstáculo
responda à ação do vento e o período de retorno adotado.
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Portanto, a determinação mais adequada do carregamento das torres de LT’s


e, consequentemente, das fundações, é através de uma análise não-determinística,
considerando a velocidade básica do vento como uma variável aleatória. Todavia,
antes da definição do modelo probabilístico para a solicitação, faz-se necessária
uma breve apresentação do procedimento determinístico para a obtenção do valor
do carregamento resultante da ação do vento sobre a torre com base na NBR5422.
São desconsideradas a ação do vento sobre a cadeia de isoladores e a ação do
vento sobre os cabos condutores e pára-raios, já que essa depende de uma situação
específica devida ao vão de vento. Esses procedimentos são mais simples que o da
ação do vento sobre a torre.

7.3.1
Ação de vento segundo NBR5422

Tanto a NBR5422 quanto a IEC60826 tratam a ação do vento mediante uma


pressão dinâmica de referência q0, fornecida pela seguinte expressão:
1
q0 = ρVP2 (7.2)
2
onde ρ é a massa específica do ar, em kg/m3 e VP é a velocidade do vento de
projeto, em m/s.
98

O valor da massa específica do ar é determinado pela expressão:


1,263 16000 + 64t − ALT
ρ= × (7.3)
1 + 0,00367t 16000 + 64t + ALT
onde t é a temperatura coincidente, em ºC e ALT é altitude média da região
de implantação da linha, em metros.
Por sua vez, a velocidade do vento de projeto é determinada a partir de uma
velocidade básica do vento (Vb) corrigida para levar em consideração a
rugosidade da região de implantação da linha, o intervalo de tempo necessário
para que o obstáculo responda à ação do vento, a altura do obstáculo e o período
de retorno adotado, conforme seguinte equação:
1
 H n
VP = K r K d  m i  Vb (7.4)
 10 
onde Kr é o coeficiente de rugosidade, Kd é a relação entre os valores
médios do vento a 10 m de altura do solo para diferentes períodos de integração e
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rugosidade de terreno e (Hmi/10)1/n é o fator de correção da velocidade de vento


para alturas diferentes. O parâmetro n depende da rugosidade do terreno e do
período de integração.
No que segue, Kr assume o valor 1, considerando um terreno aberto com
poucos obstáculos, comum ao longo das LT’s e Kd é igual a 1,0. O período de
integração do vento considerado é de 2 segundos para a ação do vento sobre a
torre e as cadeias de isoladores e, finalmente, n é igual a 12. Esses e outros valores
podem ser obtidos a partir das tabelas 1 e 2 e da Figura 1 do Apêndice C.
O valor da velocidade básica do vento pode ser obtido através da Figura 2
do Apêndice C, sugerida pela norma NBR 5422.
A partir da pressão dinâmica de referência determina-se a ação do vento. O
procedimento indicado pela NBR 5422 para a avaliação do efeito de vento direto
nas torres sugere que ela seja subdividida em troncos (módulos) de comprimentos
l menores que 10 m. A velocidade do vento deve ser corrigida pela altura de cada
centro de gravidade dos troncos. No caso de torres metálicas constituídas por
painéis treliçados de seção transversal retangular, o esforço do vento, At (em N),
atuante no centro de gravidade do painel mi, cuja altura é denominada Hm, pode
ser avaliado pela expressão seguinte:

At = q0 (1 + 0,2sen 2 2θ )(ST 1C xT 1sen 2θ + ST 2C xT 2 cos 2 θ ) (7.5)


99

onde q0 é a pressão dinâmica de referência (equação 7.2), θ é o ângulo de


incidência do vento conforme a Figura 7.1, ST1 e ST2 são a área líquida total (em
m2) de cada face projetada ortogonalmente sobre o plano vertical situado na
direção das faces 1 e 2, CxT1 e CxT2 são o coeficiente de arrasto próprio das faces 1
e 2, tudo respectivamente, para um vento perpendicular a cada face, tomado
conforme a Figura 7.1, que já leva em consideração as faces de sota-vento e
barlavento.
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Figura 7.1 – Ângulo de incidência do vento (NBR5422).

Para simplificar a análise não-determinística do problema, considera-se


apenas o vento transversal máximo. Portanto, o ângulo de incidência do vento θ é
igual a 90º, tornando a equação 7.5 mais simples.

7.3.2
Esforços Globais

É comum no cálculo determinístico de uma fundação para suporte de LT


considerar os máximos carregamentos de tração e compressão entre todas as
hipóteses avaliadas. Esses carregamentos máximos podem ocorrer em qualquer
perna na torre. No entanto, para a consideração da ação do vento como uma
variável aleatória não é útil a determinação de valores máximos para os
carregamentos, pois esses devem ser definidos em função da velocidade básica do
vento, Vb. Portanto, define-se uma função de estado limite explicitando Vb com
base na equação 7.5, que contribui para a determinação dos esforços globais no
centro da base da torre.
100

Têm-se como esforços globais no centro da base da torre as cargas


gravitacionais, provenientes do peso próprio da torre, cabos condutores e pára-
raios e cadeia de isoladores, o momento e o esforço horizontal do vento, esse
último absorvido e equilibrado diretamente pelo terreno.
As solicitações são avaliadas em termos de tensões aplicadas ao terreno,
que, nesse caso, não são uniformes devido ao momento causado pela presença do
esforço do vento (Figura 7.2). Assim sendo, no centro da base da torre tem-se:

N M
σ Nglobal = ± (7.6)
A W

onde σNglobal é a tensão normal global, N é a soma das cargas gravitacionais,


A é a área da fundação, M é o momento global no centro da torre, considerando a
profundidade de assentamento da fundação, e W é o módulo de resistência da
fundação.
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Figura 7.2 -Tensões na base da fundação.

O momento global máximo no centro da torre é avaliado pelo somatório dos


produtos da altura do ponto médio dos módulos da torre pelo esforço horizontal
do vento em cada módulo da torre, Ati, conforme a equação (7.7).

 m 
M =  ∑ Ati hi  (7.7)
 i=1 

onde m é o número de módulos da torre e hi é a altura do ponto médio de


cada módulo ao ponto equivalente à profundidade de assentamento.
Como a velocidade básica de vento é uma variável aleatória, a tensão
também será uma variável aleatória. Considerando as equações (7.2), (7.3), (7.4),
101

(7.5), (7.6) e (7.7) é possível escrever a tensão aplicada no solo, σS, para cada
fundação isolada, como uma função explícita da velocidade do vento (equação
7.8), onde dp é a distância entre as pernas da torre, útil para determinar o binário
que equilibra o momento global.

 m 2

 1  H  n 
 ∑ ρK r K d   Vb (ST 1C xT 1 )hi 
2 2 mi 2

 i =1 2  10  
N+  
dp
σs = (7.8)
A

Essa relação é muito útil para a avaliação da probabilidade de falha devido à


ruptura da fundação através do método First Order Reliability Method (FORM,
anexo B).

7.3.3
Modelo probabilístico para a Velocidade Básica do Vento
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Para a consideração da velocidade básica de vento, Vb, como variável


aleatória é necessário determinar sua distribuição probabilística. A análise de
informações meteorológicas tem mostrado que a distribuição de ventos máximos
anuais pode ser representada com boa aproximação por uma lei de distribuição de
valores extremos. Nesse caso, a distribuição Tipo I para máximo (Gumbel) é
adotada, conforme sugere a NBR5422. A função de distribuição acumulada e a
função de densidade ou probabilidade desse tipo de distribuição estão
apresentadas no Apêndice D.

7.4
Modelagem da Resistência

Segundo Bowles (1988), alguns métodos empíricos auxiliam na obtenção da


capacidade de carga última da fundação. Esses métodos baseiam-se em modelos
desenvolvidos em menor escala e não produzem resultados precisos quando
comparados ao comportamento estrutural in situ. Além disso, existe a influência
da aleatoriedade dos parâmetros dos solos. Todavia, esses métodos são largamente
aplicados em projetos de engenharia orientando o dimensionamento
102

determinístico de fundações e outras estruturas que envolvem a interação com o


solo.
Dentre esses métodos, a Teoria de Terzaghi foi a primeira a ser
desenvolvida, servindo de referência para as demais metodologias. Atualmente é,
ainda, uma das mais conhecidas e empregadas. Assim sendo, adota-se esse
método para avaliar a capacidade de suporte da fundação, brevemente apresentado
a seguir.

7.4.1
Equação de Terzagui

A equação de Terzaghi origina-se a partir de uma pequena modificação na


Teoria da Capacidade de Carga desenvolvida por Prandtl, usando a Teoria da
Plasticidade para analisar o puncionamento de uma base rígida em um material
flexível (Bowles, 1988).
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A capacidade de carga de fundações superficiais, inicialmente abordada por


Terzaghi, considera uma fundação corrida de largura B a uma profundidade D, de
acordo com as indicações da Figura 7.3, em solo resistente, sendo, portanto, a
ruptura do tipo geral.

Figura 7.3 – Modelo de Terzaghi (PUC-Rio, 2002).

Conforme Terzaghi, o solo imediatamente abaixo da fundação forma uma


cunha (I) que se desloca verticalmente forçando o solo adjacente a produzir duas
zonas de cisalhamento, sendo a primeira radial (II) e a segunda linear (III). A
análise de ruptura nessas condições fornece a seguinte equação para capacidade de
suporte na ruptura:

qult = CN c sc + qN q + 0,5γbN γ sγ (7.9)


103

onde C é a coesão do solo, q é a pressão efetiva na cota de assentamento da


fundação, b é a menor largura da sapata e γ é o peso específico do solo na cota de
assentamento da fundação. Os fatores de capacidade de carga Ni dependem
exclusivamente do ângulo de atrito interno, φ, e são obtidos a partir do conjunto
de equações 7.10. Os fatores de forma si consideram a forma da fundação, tendo
em vista que a equação 7.9 é válida somente para fundações corridas com B e D
da mesma ordem de grandeza.

Nq =
(e ( )
0 , 75π −φ / 2 ) tan φ 2

2 cos (45 + φ / 2 )
2

N c = (N q − 1)cot φ (7.10)

tan φ  K pγ 
Nγ =  2
− 1
2  cos φ 

Os fatores de capacidade de carga Ni são substituídos na equação 7.9 por


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suas respectivas equações, definindo diretamente a capacidade de carga em função


do ângulo de atrito, conforme a equação 7.11.

 e (0, 75π −φ / 2 ) tan φ  e (0 , 75π −φ / 2 ) tan φ tan φ  K pγ 


qult = Cs c  − 1 cot φ + q + 0,5γbsγ  − 1 (7.11)
 2 cos 2
(45 + φ / 2 )  2 cos 2
(45 + φ / 2 ) 2  cos 2
φ 

Essa relação representa a parcela da capacidade da função de estado limite


da estabilidade externa da fundação.

7.4.2
Modelo Probabilístico para as Propriedades do Solo

O termo “propriedades do solo” refere-se a um conjunto de características


de uma porção do substrato que contribui para a resposta ao carregamento ou a
outras ações. Tais propriedades incluem a estatigrafia, ou seja, os limites contendo
um único tipo de solo, e os parâmetros físicos e mecânicos de cada unidade do
solo, como por exemplo, compressibilidade, permeabilidade e resistência ao
cisalhamento. Distinguem-se três principais origens para as incertezas das
propriedades do solo: variabilidade espacial, ensaios de solo limitados e
imprecisão do método de investigação do solo. A variabilidade espacial relaciona-
se à variação das propriedades dentro de uma mesma unidade de solo. Pode ser
caracterizada por uma tendência média de variação dos parâmetros. Dessa forma,
104

os parâmetros de uma análise geotécnica referem-se, usualmente, às médias das


propriedades sobre uma superfície ou volume e suas incertezas referem-se às
incertezas em torno dessas médias. Os ensaios de solo fornecem dados que são
geralmente avaliados para uma pequena porção de um volume significativo de
substrato, tornando impossível a reprodução das condições reais de campo em
laboratório. Isso implica, necessariamente, em incertezas que podem ser reduzidas
a partir de uma quantidade significativa de ensaios. No entanto, não é possível
eliminá-las. A imprecisão do método de investigação do solo pode ser causada por
interferência na coleta de amostras, por imperfeições durante os ensaios e por
fatores humanos na condução dos ensaios e na interpretação dos seus resultados.
Mesmo sendo uma fonte de incertezas, a imprecisão do método de investigação
tende a ser excluída da análise probabilística, pois erros grosseiros na coleta de
amostras, na condução dos ensaios e na interpretação dos ensaios podem ser
evitados através do controle de qualidade nos procedimentos. Considerando que
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são realizados ensaios em quantidade e qualidade suficientes para reduzir as


incertezas em torno desses, admite-se que as incertezas dos solos proveem da
variação das propriedades dentro de uma mesma unidade de solo.
Como o interesse é a determinação da capacidade de suporte do solo através
da equação de Terzaghi, as incertezas do problema estão relacionadas às seguintes
propriedades do solo: a coesão, o peso específico e o ângulo de atrito.
A consideração de uma distribuição de probabilidade normal para as
propriedades do solo é bastante comum na análise de confiabilidade geotécnica.
Todavia essa simplificação pode conduzir a inconsistências físicas, tal como
valores negativos para a resistência ao cisalhamento. A fim de evitar esse tipo de
inconsistência, é recomendável a adoção das distribuições log-normal para as
propriedades do solo, as quais são estritamente positivas (Baker et all, 2006). As
funções da distribuição probabilística log-normal estão apresentadas na tabela do
Apêndice D.

7.5
Rotinas Computacionais

A análise de confiabilidade é realizada através do programa FERUM


(www.ce.berkeley.edu/FERUM/), que é um código aberto desenvolvido em
105

linguagem para MATLAB voltado ao desenvolvimento de análises de


confiabilidade estrutural conjuntamente com modelos de elementos finitos, ou
independentemente deles.
Os seguintes aspectos estão incluídos na versão 3.0 do FERUM:
• Análise de confiabilidade de Primeira-ordem (FORM – ver anexo B);
• Análise de confiabilidade através de simulação de amostragem por
importância;
• Definição de uma função de estado limite tanto por expressões analíticas em
termos de variáveis aleatórias básicas quanto por deslocamentos obtidos
por análise de elementos finitos;
• Cálculo dos fatores de importância dos parâmetros aleatórios;
• Definição das distribuições de probabilidade para as variáveis aleatórias,
considerando as distribuições normal, lognormal, uniforme e beta. A
distribuição de probabilidade conjunta para o caso das variáveis aleatórias
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dependentes são consideradas como sendo do tipo Nataf;


• Emprego de um código relativamente simples de elementos finitos para
avaliação da função de estado limite formulada em termos de
deslocamentos. O programa oferece ainda a opção de caracterizar como
aleatórias várias propriedades relativas à força, à geometria e aos
materiais;
• Cálculos de gradiente tanto por diferenciação direta quanto pelo método das
diferenças finitas. O método da diferenciação direta está incluído nos
códigos de elementos finitos fornecidos como parte do programa FERUM;
• Opção de um campo aleatório simples, permitindo que o módulo de
elasticidade seja caracterizado como um campo aleatório para uma
estrutura unidimensional. Adicionalmente, é fornecido um pacote de
funções para campos aleatórios mais avançados;
• Disponibilização de um pacote para análise de confiabilidade de sistemas. O
sistema pode ser formulado por conjuntos de reduções mínimas em termos
de funções de estado limite especificadas;
• Disponibilização de uma função de “conexão” para atuar como interface
entre o FERUM e o código de elementos finitos não-linear FedeasLab;
• Fornecimento de exemplos de arquivos de entrada;
106

O FERUM satisfaz os conceitos da ferramenta MATLAB, no sentido que


ele é constituído por um conjunto de funções que o usuário pode utilizar
separadamente. Cada subrotina/função do pacote FERUM é um novo comando do
MATLAB. Existe uma subrotina externa que é uma função que comanda diversos
tipos de análise através do uso de uma caixa de ferramentas. Assim, o usuário
pode facilmente executar uma análise de confiabilidade sem necessariamente
entender a estrutura de comando e listas de argumentos de todas as funções.
O programa FERUM é uma função de interface com o usuário que utiliza os
dados que este cria na área de trabalho do MATLAB para executar a análise.
Assim, o usuário, primeiramente, cria um arquivo de entrada como variáveis na
área de trabalho, e então, edita o comando ferum no MATLAB para iniciar a
subrotina externa e executar a análise.
Apresenta-se, brevemente a seguir, uma visão geral das estruturas de dados
necessárias para a execução de uma análise com o FERUM.
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O probdata contém as informações sobre as distribuições marginais e a


matriz de correlação para as variáveis aleatórias. O femodel contém informações
sobre o modelo de elementos finitos, tais como nós, elementos, forças etc. No
analysisopt, o usuário fornece valores e flags para várias opções de análise, como
por exemplo, o número de iterações no algoritmo para encontrar o ponto de
projeto e o método para calcular o gradiente. O gfundata contém os dados da
função do estado limite. O randonfield contém o campo aleatório possível. E,
finalmente, o systems contém as especificações necessárias para executar uma
análise de confiabilidade do sistema.
Essas estruturas de dados são carregadas na área de trabalho, através do
nome do arquivo (sem a extensão .m) como um comando no MATLAB. Uma
análise pode ser executada editando o comando ferum no MATLAB e escolhendo
o tipo de análise desejada no menu apresentado.
O Anexo B apresenta trechos do arquivo inputfile_template.m, que é um
arquivo de entrada explicativo incluído no ferumcode e no qual as estruturas de
dados necessárias à execução da análise de confiabilidade são exemplificadas.
107

7.6
Avaliação da Probabilidade de Falha e do Risco para fundações
existentes na Bacia do Prata

Dada a grandeza e a importância do potencial hidrelétrico brasileiro


concentrado na Bacia do Prata, são avaliadas as probabilidades de falha de
algumas fundações existentes nessa região com recursos da Confiabilidade
Estrutural. São também calculados custos de reposição da fundação e da torre e a
perda financeira devido à falha do sistema elétrico.
Apesar do número de fundações ser muito grande, são selecionadas algumas
fundações representativas em sapata e em tubulão da LT 230 kV Chavantes-
Botucatu e da LT 525 kV Salto Santiago-Ivaiporã-Cascavel Oeste. Tais linhas
juntas apresentam os tipos de torre e fundação mais comuns na região eleita e têm
um acervo amplo de informações disponíveis.
A Tabela 7.1 mostra os conjuntos torre x terreno x fundação considerados
na análise de confiabilidade.
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Tabela 7.1 – Exemplos avaliados de fundações existentes em torres de suspensão na


Bacia do Prata.

Fundações LT Torre Solos


he = 1,50 m LT 525 kV Estaiada
S1 Sapata 7
b = 1,40 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 42 m
he = 2,0 m LT 525 kV Estaiada
S2 Sapata 5
b = 1,90 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 42 m
he = 2,80 m LT 230 kV Autoportante
S3 Sapata 6
b = 1,90 m Chavantes-Botucatu 42,2 m
he = 3,05 m LT 525 kV Autoportante
S4 Sapata 7
b = 3,05 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 49,5 m
he = 3,30 m LT 525 kV Autoportante
S5 Sapata 6
b = 3,30 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 49,5 m
he = 5,50 m LT 525 kV Estaiada
T1 Tubulão 6
b = 1,80 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 42m
he = 4,50 m LT 525 kV Estaiada
T2 Tubulão 7
b = 1,40 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 42m
he = 6,50 m LT 230 kV Autoportante
T3 Tubulão 4
b = 1,50 m Chavantes-Botucatu 42,2 m
he = 7,00 m LT 525 kV Autoportante
T4 Tubulão 6
b = 1,90 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 49,5 m
he = 5,90 m LT 525 kV Autoportante
T5 Tubulão 7
b = 1,90 m Salto Santiago-Cascavel Oeste 49,5 m
108

Com base na combinação das equações 7.8 e 7.11 apresentadas


anteriormente, a função do estado limite associada à estabilidade externa com
foco na relação entre a compressão máxima na base da fundação e a capacidade
de suporte do solo é a seguinte

G (R, ) = R − S = σ Re sistência − σ Solicitação = σ R − σ S (7.12)

onde:
  0,75π − φ / 2  tan φ  
0,75π − φ / 2  tan φ
tan φ  pγ 
K
e  e 
σ R = Cs  − 1 cot φ + q + 0,5γbs − 1
c 2
2 cos (45 + φ / 2 )  2
2 cos (45 + φ / 2 )
γ 2 cos φ 
 2
   
(7.13)
 m 2

 1  H  n 
 ∑ ρK r K d   Vb (ST 1C xT 1 )hi 
2 2 mi 2

 i =1 2  10  
N+  
dp
σS = (7.14)
A
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As variáveis aleatórias consideradas na análise de confiabilidade das


fundações são: coesão, C, ângulo de atrito, φ, peso específico, γs, e velocidade
básica do vento, Vb.. A Tabela 7.2 resume as variáveis aleatórias consideradas e
suas respectivas médias e coeficientes de variação.

Tabela 7.2 – Variáveis aleatórias, médias e coeficientes de variação.


SOLOS
Solo 2 Solo 3 Solo 4 Solo 5 Solo 6 Solo 7
V.a.’s
µ δ µ δ µ δ µ δ µ δ µ δ
γs 14 0,07 16 0,07 12 0,07 16 0,07 13 0,07 15 0,07
(kN/m3)
φ (º) 20 0,13 25 0,13 25 0,13 30 0,13 24 0,13 29 0,13
C
20 0,14 40 0,14 30 0,14 20 0,14 15 0,14 20 0,14
(kN/m2)
VENTO
Torre autoportante Torre autoportante LT Torre estaiada LT
LT Chavantes-Botucatu S.Santiago-Cascavel O. S.Santiago-Cascavel O.
Vb µ δ µ δ µ δ
(m/s) 21,0 0,12 23,0 0,12 23,0 0,12

δ = desvio padrão / média


109

Os valores médios das propriedades do solo são obtidos diretamente da


memória de cálculo das fundações, sem a consideração de fatores de segurança. O
valor médio da velocidade básica de vento é determinado a partir do valor dessa
variável na memória de cálculo da torre, considerando-o como o máximo ocorrido
em um período de 50 anos.
Inicialmente, as probabilidades de falha são determinadas pelo método
analítico FORM e pela Simulação de Monte Carlo (ver Anexo B), com o intuito
de verificar se a alta não linearidade da função de estado limite prejudicaria os
resultados do método FORM. Uma vez que os resultados obtidos pelos dois
métodos mostram-se muito próximos, prossegue-se na avaliação das
probabilidades de falha empregando apenas o FORM, que é uma ferramenta mais
rápida. O gráfico da Figura 7.4 apresenta a probabilidade de falha das fundações
avaliadas.
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Figura 7.4 – Probabilidades de falha para fundações existentes na Bacia do Prata.

Para o critério selecionado para a análise de confiabilidade, ou seja, tensão


de compressão na base das fundações, verifica-se que os valores das
probabilidades de falha para as fundações em tubulão são, no geral, maiores que
para as fundações em sapata.
Analisando as informações obtidas da memória de cálculo das fundações
aqui avaliadas, identifica-se que, na verificação da tensão de compressão na base,
as sapatas apresentam uma margem de segurança relativamente maior que os
tubulões. A consideração de uma margem de segurança um pouco mais elevada
110

para as sapatas no dimensionamento determinístico reflete na análise não-


determinística, que aponta valores de pf’s maiores para os tubulões.
Porém, para as sapatas terem maior confiabilidade é exigido investimento
financeiro mais elevado, uma vez que o custo inicial para a implantação desse tipo
fundação é maior em função dos maiores volumes de concreto e escavação, maior
área de formas e maior quantidade de aço.
O nível de probabilidade de falha proposto pelo Joint Committee on
Structural Safety (JCSS, www.jcss.ethz.ch) para estruturas existentes varia entre
10-3 e 10-6 (Baker et all, 2006 e Diamantidis et all, 2007 ). Dado esse limiar,
verifica-se que as fundações avaliadas apresentam probabilidade de falha inferior.
Pode-se concluir que, levando em conta a abordagem sugerida, as fundações
estão, no geral, superdimensionadas. Os tubulões T4 e T5 encontram-se próximo
ao limite proposto pelo JCSS (Baker et all, 2006), sendo, dentre os casos
estudados, os que apresentam a melhor relação custo-benefício, para o critério
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proposto.
Em um ambiente competitivo como o que envolve o sistema elétrico, não é
suficiente que as estruturas sejam projetadas levando-se em conta apenas a sua
função estrutural. É importante considerar o custo total de construção e operação
da estrutura, bem como a capacidade de geração de lucro da mesma. Para
estruturas dedicadas diretamente à atividade produtiva, como as estruturas de
linhas de transmissão, que, geralmente, não envolvem perda de vida humana
quando falham, (LT`s com tensões acima de 138 kV, geralmente, estão ao longo
de áreas isoladas), é a capacidade de geração de lucro e a continuidade e qualidade
do serviço prestado que devem ser, principalmente, observadas.
Cabe ainda ressaltar que as linhas de transmissão da Bacia do Prata, além de
aumentarem o intercâmbio eletroenergético entre as regiões Sul–Sudeste e
contribuírem para a melhoria da qualidade do abastecimento de energia na região,
fazem parte do Sistema Integrado Nacional (SIN). O SIN é responsável por
transferir e exportar excedentes de energia elétrica gerados por usinas hidráulicas
em uma região com níveis de armazenamento elevados para outras regiões com
deficiência energética. Portanto, a falha na transmissão de energia de uma linha
provoca transtornos sociais e econômicos não apenas a uma determinada região
por ela abastecida, como para todo o país, podendo gerar processos indenizatórios
bastante perturbadores e de valores elevados.
111

Tanto o custo total da estrutura quanto sua capacidade de geração de lucro


estão diretamente ligados ao risco que a construção e operação da mesma
oferecem. O risco deve ser entendido como o produto de um custo de falha pela
probabilidade de que essa falha aconteça. Considera-se, neste trabalho, que a falha
está relacionada à ruptura da fundação acompanhada da queda da torre, havendo,
portanto, interrupção na transmissão de energia elétrica.
Dado esse cenário, faz-se a avaliação do risco financeiro de reposição da
estrutura, Figura 7.5, que também pode ser designado de custo esperado de
reposição da estrutura. Para isso, são empregados os valores das probabilidades de
falha de algumas fundações existentes na Bacia do Prata, além dos valores gastos
com o material, com a mão-de-obra e com todos os demais recursos necessários à
reposição da fundação da torre e de seus elementos. O risco financeiro diário
associado a não comercialização da energia também é avaliado e ilustrado na
Figura 7.6. Tudo isso referente às linhas Chavantes-Botucatu e Salto Santiago-
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Ivaiporã-Cascavel Oeste.
Embora represente a maior parcela do prejuízo financeiro causado por uma
falha na fundação e a conseqüente interrupção do sistema elétrico, as multas
estabelecidas pela ANEEL não estão incluídas no custo total, pois seus valores
não dependem apenas das características da linha e não têm relação alguma com a
fundação.

Figura 7.5 – Risco associado ao custo de reposição das estruturas.


112

Figura 7.6 – Risco associado à falha por dia do sistema elétrico.

Conforme se pode observar na Figura 7.5, os valores do custo esperado de


reposição não são representativos, pois as probabilidades de falha e os gastos são
baixos.
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A análise de risco de falha de algumas fundações existentes na Bacia do


Prata mostra que as parcelas não estruturais dominam o custo. Sabe-se que os
valores das multas estabelecidas pela ANEEL e das indenizações a terceiros são
muito maiores que os valores apresentados pelos resultados aqui obtidos. Além
disso, percebe-se que o valor da perda monetária devido à falha na transmissão de
energia durante apenas 24 horas é maior que o custo necessário para a reposição
das estruturas. Pode-se concluir, portanto, que um projeto super dimensionado não
representa grande perda econômica, como no caso das sapatas, enquanto um
projeto sub-dimensionado pode causar insuportáveis prejuízos (Verzenhassi,
2008).
A análise de risco dos exemplos de fundações avaliadas encontra-se
resumida na Tabela 7.3.
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113

Tabela 7.3 – Análise de risco dos exemplos avaliados de fundações existentes na Bacia do Prata.
Custo da Resultado
Risco Risco diário relativo à
Torre de reposição da não Custo
Fundações LT Solos Pf relativo à parada de transmissão
Suspensão estrutura1 realizado total2
reposição de energia
(R$) (R$/dia)
he = 1,50 m LT 525 kV Estaiada
S1 Sapata 7 5,50E-17 50.274 2.016.000 2.066.274 2,8E-12 1,1E-10
b = 1,40 m Santiago-Cascavel 42 m
he = 2,0 m LT 525 kV Estaiada
S2 Sapata 6 1,11E-16 51.738 2.016.000 2.067.738 5,7E-12 2,2E-10
b = 1,90 m Santiago-Cascavel 42 m
he = 2,80 m LT 230 kV Autoportante
S3 Sapata 5 1,38E-13 80.824 273.600 354.424 1,1E-08 3,8E-08
b = 1,90 m Chavantes-Botucatu 42,2 m
he = 3,05 m LT 525 kV Autoportante
S4 Sapata 7 1,91E-12 139.309 2.016.000 2.155.309 2,7E-07 3,8E-06
b = 3,05 m Santiago-Cascavel 49,5 m
he = 3,30 m LT 525 kV Autoportante
S5 Sapata 6 1,57E-09 145.789 2.016.000 2.161.789 2,3E-04 3,2E-03
b = 3,30 m Santiago-Cascavel 49,5 m
he = 5,50 m LT 525 kV
T1 Tubulão Estaiada 42m 6 2,93E-12 54.750 2.016.000 2.070.750 1,6E-07 5,9E-06
b = 1,80 m Santiago-Cascavel
he = 4,50 m LT 525 kV
T2 Tubulão Estaiada 42m 7 6,59E-12 53.082 2.016.000 2.069.082 3,5E-07 1,3E-05
b = 1,40 m Santiago-Cascavel
he = 6,50 m LT 230 kV Autoportante
T3 Tubulão 4 1,71E-07 78.856 273.600 352.456 0,01 0,05
b = 1,50 m Chavantes-Botucatu 42,2 m
he = 7,00 m LT 525 kV Autoportante
T4 Tubulão 6 2,97E-04 144.013 2.016.000 2.160.013 43 599
b = 1,90 m Santiago-Cascavel 49,5 m
he = 5,90 m LT 525 kV Autoportante
T5 Tubulão 7 4,57E-04 135.901 2.016.000 2.151.901 62 921
b = 1,40 m Santiago-Cascavel 49,5 m
1 – Considera o custo do material da nova torre, o custo de montagem da mesma e o custo da fundação (incluindo material, mão de o-bra e custo da escavação do solo).
2 – Custo total = Custo da reposição da estrutura + Resultado não realizado.
114

7.7
Estudo Paramétrico

Para os solos encontrados na Bacia do Prata, considerando a torre em


suspensão autoportante da LT 230 kV Chavantes-Botucatu e a fundação do tipo
sapata, avalia-se o comportamento da probabilidade de falha em relação à
geometria da fundação e ao tipo de solo através de um estudo paramétrico. Varia-
se o valor da profundidade de assentamento, he, e da menor dimensão da base da
fundação, b.
Admitem-se sapatas quadradas com dimensões de base iguais a 1,5 m, 2,0 m
e 3,0 m. Já as profundiades de assentamento são tomadas iguais a 2,5 m, 3,0 m e
3,5 m, por serem esses os valores mais próximos daqueles encontrados com mais
freqüência nos projetos das LT´s analisados.
A Figura 7.7 mostra os resultados do estudo paramétrico agrupados de
acordo com a profundidade de assentamento.
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Um aspecto importante a ser observado é o comportamento da


probabilidade de falha em função da variação do tipo de solo. Identifica-se a
formação de dois grupos distintos de curvas de probabilidade de falha: o primeiro
formado pelos solos 2, 4 e 6, que exibem Pf mais altas, e o segundo formado pelos
solos 3, 5 e 7, que exibem Pf mais baixas. O primeiro grupo representa solos mais
fracos, cujos valores de propriedades são mais baixos em relação às propriedades
do segundo grupo, que representa solos mais resistentes. Consequentemente, os
solos do primeiro grupo apresentam uma tensão de ruptura de Terzaghi menor que
a do segundo grupo, justificando, assim, a obtenção de menores valores de Pf.

he = 2,5 m
1,E-02
1,E-03
1,E-04
1,E-05
1,E-06
Probabilidade de falha

1,E-07
1,E-08 Solo 4
1,E-09 Solo 2
1,E-10 Solo 6
1,E-11 Solo 5
1,E-12 Solo 7
1,E-13 Solo 3
1,E-14
1,E-15
1,E-16
1,E-17
1,5 2 b 2,5 3
115

he = 3,0 m
1,E-03
1,E-04
1,E-05
1,E-06
1,E-07

Probabilidade de falha
1,E-08 Solo 4
1,E-09 Solo 2
1,E-10 Solo 6
1,E-11 Solo 5
1,E-12 Solo 7
1,E-13
Solo 3
1,E-14
1,E-15
1,E-16
1,E-17
1,5 2 b 2,5 3

he = 3,5 m
1,E-03
1,E-04
1,E-05
1,E-06
1,E-07
Probabilidade de falha

1,E-08
Solo 4
1,E-09
Solo 2
1,E-10
Solo 6
1,E-11
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Solo 5
1,E-12
Solo 7
1,E-13
Solo 3
1,E-14
1,E-15
1,E-16
1,E-17
1,5 2 b 2,5 3

Figura 7.7 – Resultados do estudo paramétrico.

Ainda, analisando os gráficos da Figura 7.7, observa-se que aumentando a


profundidade de assentamento, he, e a base da fundação, b, menores valores de
probabilidade de falha são exibidos. Todavia, percebe-se que a influência da
profundidade he é pouco expressiva em relação à influência da dimensão da base
b. Enquanto o aumento de he diminui a probabilidade de falha na ordem de 10-1, o
aumento de b diminui o valor de Pf em 10-11, aproximadamente. Sabe-se que o
aumento tanto de he quanto de b contribui para uma maior tensão de ruptura do
solo, o que consequentemente, diminui a probabilidade de falha. Todavia, a
influência mais expressiva de b para a redução da probabilidade de falha é
justificada pela maior contribuição desse parâmetro na redução da tensão atuante
na base da fundação.
116

7.8
Sensibilidade da probabilidade de falha

Outro tipo de avaliação realizada no estudo relaciona-se aos fatores de


importância das variáveis aleatórias. Tais fatores permitem a análise de
sensibilidade da probabilidade de falha em relação às variáveis aleatórias.
Uma das etapas do FORM, método analítico adotado para a obtenção da
probabilidade de falha, consiste na linearização da função de estado limite através
de um hiperplano tangente a essa função no ponto de projeto (Anexo B). Para
isso, é determinado o vetor dos cossenos diretores, α, normal à superfície de falha
no ponto de projeto. Cada componente αi desse vetor representa um coeficiente de
sensibilidade da probabilidade de falha em relação à variável aleatória xi.
Portanto, se o valor αi2 (αi2 ≅ 0) é pequeno em relação à unidade (∑αi2 = 1)
significa que a variável aleatória xi tem pouca influência na probabilidade de falha
da estrutura e pode até ser substituída por um valor determinístico na análise de
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confiabilidade.
A Tabela 7.4 apresenta os valores de αi2 correspondente a cada v.a. para um
dos exemplos usados no estudo paramétrico, cuja profundidade de assentamento é
de 3,0m. Os fatores de importância α1, α2, α3 e α4 correspondem,
respectivamente, às v.a’s coesão, peso específico, velocidade básica de vento e
ângulo de atrito. Os gráficos da Figura 7.8 ilustram os valores de αi2 para esse
exemplo.

Tabela 7.4 – Fatores de importância para as fundações em sapata com he = 3,0 m.


Solo 4 Solo 6 Solo 2
b= 1,5 2,0 3,0 1,5 2,0 3,0 1,5 2,0 3,0
α12 0,018 0,015 0,015 0,026 0,023 0,023 0,037 0,032 0,032
α22 0,010 0,009 0,009 0,007 0,006 0,007 0,005 0,005 0,006
α32 0,699 0,769 0,803 0,741 0,792 0,810 0,792 0,832 0,857
α42 0,272 0,206 0,173 0,226 0,179 0,161 0,166 0,131 0,106
Solo 7 Solo 5 Solo 3
b = 1,5 2,0 3,0 1,5 2,0 3,0 1,5 2,0 3,0
α12 0,027 0,027 0,032 0,019 0,020 0,020 0,042 0,042 0,046
α22 0,005 0,005 0,006 0,006 0,007 0,009 0,003 0,003 0,004
α32 0,741 0,767 0,857 0,724 0,755 0,767 0,785 0,803 0,799
α42 0,227 0,201 0,106 0,251 0,218 0,203 0,170 0,152 0,151
117
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Figura 7.8 – Gráfico comparativo dos fatores de importância.

Observando a Tabela 7.4 e os gráficos da Figura 7.8, nota-se que com o


aumento da dimensão da base da fundação, os fatores de importância
correspondentes às variáveis do solo assumem valores menores, enquanto que os
fatores de importância relativos à velocidade básica do vento aumentam. Entende-
se que, para fundações com menores dimensões de base, as propriedades do solo
influenciam mais no comportamento probabilístico das estruturas, especialmente
o ângulo de atrito. Em contrapartida, a influência da velocidade do vento torna-se
cada vez mais relevante à medida que se aumenta a base da fundação. Justifica-se
esse comportamento devido à maior contribuição da dimensão da base da
118

fundação sobre a tensão atuante (solicitação), que é função da velocidade básica


do vento, do que sobre a tensão de Terzagui (capacidade), que depende das
propriedades do solo.
Portanto, para o desenvolvimento de um projeto de fundação que atenda de
maneira satisfatória ao binário desempenho-custo, um maior investimento deve
ser feito no estudo das incertezas relativas às variáveis aleatórias, especialmente
velocidade básica do vento e ângulo de atrito.
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8
Síntese do Procedimento de Metodização e Constatações
Particulares

8.1
Visão geral

O desenvolvimento de uma metodização do estudo das fundações para


suportes de linhas aéreas de transmissão é particularmente atraente tendo em vista
a extensão e diversidade territoriais brasileiras e as características próprias desses
projetos. Os suportes de LT's situam-se ao longo de extensos traçados, com
espaçamentos usualmente superiores a 400 m, o que representa diferentes
condições de apoio para as fundações. Assim sendo, a disponibilidade de material
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contendo informações sobre as características físicas, geológicas e geotécnicas de


uma determinada região representa uma redução de custo e de tempo na etapa
inicial dos projetos de fundação. Por outro lado, como ainda existe uma tradição
em elaborar projetos-tipo para as fundações de suportes de LT's visando uma
economia de escala nesse tipo de atividade, uma metodização que considera a
interação do conjunto torre x terreno x fundação orienta na busca por soluções
técnicas convenientes e economicamente aceitáveis.
De uma maneira breve e geral, a metodização dos projetos de fundações
para suportes de LT's proposta nesta tese consiste nas seguintes etapas:
1) Levantamento das linhas de transmissão existentes e previstas na
área;
2) Definição do ambiente fisiográfico, geológico e geotécnico da região
de interesse, incluindo assim, estudo do relevo, hidrografia, geologia
e pedologia;
3) Identificação dos procedimentos de investigações geotécnicas mais
úteis para esse tipo de projeto;
4) Tipificação dos solos e rochas da região;
120

5) Conhecimento dos tipos de suportes de LT's mais comuns e,


consequentemente, das cargas mais usuais para o dimensionamento
das fundações;
6) Definição de conjuntos torre x terreno x fundação;
7) Caracterização de soluções e procedimentos para esses conjuntos.

8.2
Constatações particulares e cenários

8.2.1
Cenário determinístico

Para estudar e propor uma metodização do estudo de fundações para linhas


de transmissão e, paralelamente, ilustrar as atitudes e procedimentos
recomendados, elege-se como guia a Bacia Hidrográfica do Prata, mormemente
pela riqueza e densidade dos elementos analíticos disponíveis e pela riqueza de
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exemplos das LT's implantadas e previstas.


Primeiramente, expõe-se a situação atual das LT’s existentes na Bacia do
Prata e as suas prováveis expansões. Como a porção brasileira dessa bacia abrange
sete estados, a transmissão de energia elétrica na região é realizada por diferentes
companhias, envolvendo mais de 28.000 km de linhas aéras de transmissão.
Prossegue-se com o levantamento de informações sobre a conformação da
superfície e da hidrografia, que mostra uma região, no geral, dominada por
planaltos e com diversos cursos d'água, dentre os quais se destacam os rios Paraná
e Uruguai. O estudo da evolução geológica da Bacia do Prata indica uma
superposição, principalmente, de arenitos e siltitos provenientes de rochas
sedimentares e vulcânicas. A última etapa para a caracterização fisiográfica e
geológica da Bacia do Prata está relacionada à pedologia da região, onde
predominam os latossolos e argissolos, e em menor escala, os cambissolos,
neossolos e nitossolos. Em geral, essa região apresenta lençol freático profundo e
camada de solo maduro sobreposta à camada de solo residual jovem.
Em cenário determinístico, a metodização desenvolvida busca apresentar
procedimentos ultimamente adotados para orientar as investigações geotécnicas
necessárias à implantação das fundações das torres de LT’s a partir das áreas
correlatas descritas nas estapas anteriores. Normalmente, as investigações
121

geotécnicas envolvem sondagens a trado para simples reconhecimento dos solos,


sondagens tipo SPT e, eventualmente, sondagens rotativas.
Para as etapas da metodização relacionadas diretamente aos projetos de
fundação, inicialmente, são expostos e exemplificados os tipos e as características
mais comuns de suportes de LT's na Bacia do Prata, ou seja, torres metálicas em
suspensão autoportantes e estaiadas. Segue-se com a tipificação dos solos e
rochas, de acordo com as propriedades encontradas nos maciços da região eleita.
Como essa tipificação depende de cada projeto relacionado a uma determinada
LT, um exemplo é apresentado. Por último, são apresentados alguns critérios e
diretrizes comumente adotados no desenvolvimento dos projetos de fundação,
assim como são descritos e, posteriormente exemplificados, os tipos mais comuns
de fundação encontrados para os suportes das LT's em foco. São eles: bloco
ancorado em rocha, sapata de concreto armado, grelha metálica, tubulão e estaca.
Dessa forma, é possível definir alguns conjuntos torre x terreno x fundação para a
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região eleita. Tais conjuntos auxiliam na busca por projetos tecnicamente e


economicamente melhores.
Portanto, pode-se inferir que a metodização proposta, no que tange ao
cenário determinístico, é útil no desenvolvimento de projetos de fundação para
suportes de linha de transmissão, contribuindo para a redução do tempo de
elaboração dos mesmos e para a racionalização das investigações geotécnicas.

8.2.2
Cenário não-determinístico

O estudo de projetos de fundações para torres de LT's mostra que utiliza, em


geral, apenas critérios determinísticos. Todavia, essa área da engenharia envolve
diversas incertezas que justificam uma análise não-determinística, tais como ações
atmosféricas intensas, propriedades do terreno e peculiariedades de
funcionamento da demanda. Assim sendo, uma segunda vertente exemplificadora,
considerando a Confiabilidade Estrutural, é incorporada à metodização
desenvolvida, com o intuito de abordar a avaliação do nível de segurança através
de uma aproximação probabilística, que auxilia no emprego de estratégias de
manutenção otimizada e no projeto de reparos e reforços.
122

Inicialmente, analisa-se a falha do conjunto torre x terreno x fundação


devido à estabilidade externa, com foco na relação entre a compressão máxima na
base da fundação e a capacidade de suporte do solo, e, então, se avalia a
probabilidade de falha para diferentes conjuntos existentes nas amostras
examinadas.
Os resultados obtidos estão dentro da faixa de probabilidade de falha alvo
fixada pelo JCSS (Baker et all, 2006) que varia entre 10-3 a 10-6, dependendo do
custo relativo das providências de segurança e do nível das conseqüências das
incertezas. Ressalta-se que a maioria dos conjuntos torre x terreno x fundação
analisados apresentam probabilidade de falha inferior a 10-6. Conclui-se, então,
que os modelos de cálculo das fundações fornecem resultados confiáveis, mas ao
mesmo tempo muito conservadores.
Quanto à participação relativa das diversas variáveis aleatórias nesta análise
de confiabilidade, identifica-se que a velocidade do vento e o ângulo de atrito do
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solo são mais importantes para a determinação da probabilidade de falha; também


observa-se que o caráter incerto do peso específico do solo pode ser desprezado.
É importante esclarecer que as avaliações não-determinísticas das fundações
selecionadas constituem um exemplo de análise de confiabilidade, no qual
simplificações são adotadas e alguns critérios são escolhidos. Para uma resposta
mais conclusiva sobre a confiabilidade de uma fundação em linhas de transmissão
é necessário uma abordagem probabilística mais ampla, considerando todos os
demais modos de falha da fundação ou, pelo menos, os mais importantes. Isso
inclui, por exemplo, o arrancamento da fundação e a relação entre a resistência do
solo e compressão atuante na base da fundação (critério exemplificado). Deve-se
considerar também a ação do vento, nas principais direções (transversal,
longitudinal e a 45º), sobre todos os componentes da linha, ou seja, torre, cabos e
isoladores. Recorda-se que, no exemplo desenvolvido, considera-se somente a
ação do vento transversal máximo sobre a torre.
Essa abordagem mais ampla, assim como as conseqüências associadas a
falhas da linha, devem alimentar as árvores lógicas que são formuladas e usadas
para uma análise conclusiva do risco do sistema. A análise de risco de uma linha
de transmissão garante ao proprietário da mesma construir e operar a linha com
vantajoso balanço entre as três principais condicionantes: desempenho-segurança-
custo.
123

8.3
Trabalhos complementares

O estudo do comportamento determinístico e não-determinístico das


fundações para suportes de linhas de transmissão é extenso e muitos trabalhos
podem ainda ser desenvolvidos. Seguindo a abordagem adotada nesta tese de
doutorado, as seguintes sugestões podem ser citadas:
• Incorporação do comportamento das demais torres, que não as de
sustentação;
• Consideração dos tipos particulares de fundação, como por exemplo, estacas
em hélice;
• Incorporação do efeito dos tornados na análise;
• Construção de árvores lógicas, considerando os modos de falha mais
importantes da fundação, e emprego das mesmas na avaliação de risco do
sistema.
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124

9
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Faculdade de Engenharia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
PUC-Rio.

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299 p. Notas de aula. Departamento de Eletrotécnica, Programa de Engenharia
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SILVA, D. R. A. - Aplicação de métodos radiométricos (Rb-Sr e Sm-Nd) na


análise das bacias sedimentares – o exemplo da Bacia do Paraná. Porto
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Geociências) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
127

VERZENHASSI, C.C. Otimização de Risco Estrutural baseada em


Confiabilidade. São Carlos, SP, 2008. 154 p. Dissertação de Mestrado
(Estruturas). Escola de Engenharia de São Carlos.

Sites consultados

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www.ons.org.br em novembro de 2007
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www.cteep.com.br/portugues.shtml em janeiro de 2008
www.cemig.com.br em março de 2008
www.celg.com.br em março de 2008
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0611868/CA

http://mapas.ibge.gov.br/ em novembro de 2007


www.cefetsc.edu.br/~meteoro/HP_CEFET/biblioteca_virtual/modulo1/cli/Regiao
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http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo em novembro de 2007
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http://www.geocities.com/mantiqueira2000/relevo.htm em março de 2008
http://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A1s em março de 2008
http://www.pedologiafacil.com.br/enq_17.php em março de 2008
www.ce.berkeley.edu/FERUM em agosto de 2009
www.jcss.ethz.ch/publications/publications_pmc.html em agosto de 2009
www.ripid.ethz.ch em fevereiro de 2010
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0611868/CA
128
Anexo A

Linhas de transmissão na porção brasileira da Bacia do Prata

Região Sul e Mato Grosso do Sul


• LT 230 kV - Campo Assobio / Umbara C-1- PR: 21,8 km;
• LT 230 kV - Farroupilha / Monte Claro C-1- RS: 29 km;
• LT 230 kV - Gralha Azul / Umbara C-1- PR: 4,2 km;
• LT 230 kV - Macambara / Santo Ângelo C-1- RS: 205 km;
• LT 230 kV - Monte Claro / Passo Fundo C-1- RS: 213,4 km;
• LT 230 kV - Santo Ângelo / Santa Rosa 1 C-2 - RS: 54 km;
• LT 230 kV - Uruguaiana / Macambara C-1 - RS: 130 km;
• LT 230 kV - Barra Grande / Campos Novos C-1- SC: 34,63 km;
• LT 230 kV - Barra Grande / Lagoa Vermelha 2 C-1 - SC/RS: 58,11 km;
• LT 230 kV - Bateias / C.Comprido C-3 - PR: 17,8 km;
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• LT 230 kV - Farroupilha / Caxias Sul 5 C-1 - RS: 17,8 km;


• LT 230 kV - Ibiporã / Londrina ESU C-2 - PR: 20,3 km;
• LT 230 kV – J.Lacerda-b / Palhoca ESU c-1 - SC: 120,6 km;
• LT 230 kV - L.Grande / Caxias Sul 5 C-1 - RS: 65,6 km;
• LT 230 kV - Lagoa Vermelha 2 / Santa Marta C-1- RS: 95,63 km;
• LT 230 kV - Londrina ESU / Assis c-1 - PR/SP: 156,1 km;
• LT 230 kV – Londrina (Copel) / Assis – PR/SP;
• LT 230 kV – Londrina (Copel) / Londrina ESU – PR/SP;
• LT 230 kV - Londrina ESU / Maringa C-1 – PR: 94,3 km;
• LT 230 kV - Passo Real / Tapera 2 C-1- RS: 59,2 km;
• LT 230 kV - Presidente Médici / Pelotas 3 C-1 - RS: 135 km;
• LT 230 kV - Santa Marta / Tapera 2 C-1 - RS: 59,5 km;
• LT 230 kV - U.D.Francisca / Itauba c-2 - RS: 23,13 km;
• LT 230 kV - Apucarana / Sarandi C-1 - PR: 40.6 km;
• LT 230 kV - Cidade Industrial / Nova Sta Rita C-1 - RS: 22,5 km;
• LT 230 kV - Cidade Industrial / Nova Sta Rita C-2 - RS: 22,4 km;
• LT 230 kV - Cidade Industrial / Nova Sta Rita C-3 – RS: 23,7 km;
• LT 230 kV - Itauba / Nova Sta Rita C-1 - RS: 216,84 km;
• LT 230 kV - Maringa / Sarandi C-1 - PR: 18,8 km;
• LT 230 kV - Passo Real / Nova Sta Rita C-1 - RS: 224,68 km;
• LT 230 kV - Atlantida 2 / Osório 2 C-1 - RS: 36 km;
• LT 230 kV - Barra Grande / Lages C-1 - SC: 96 km;
• LT 230 kV - Barra Grande / Lages C-2 - SC: 96 km;
• LT 230 kV - Lages / Rio do Sul C-1 - SC: 99 km;
• LT 230 kV - Lages / Rio do Sul C-2 - SC: 99 km;
• LT 230 kV - P.Petroquimico / Nova Sta Rita C-1 - RS: 14 km;
• LT 230 kV - Parigot Souza/ Santa Monica C-1 - PR: 55,2 km;
• LT 230 kV - Santa Monica / Pilarzinho C-1 - PR: 27.9 km;
• LT 230 kV - N.P.Primavera / Dourados C-1 - SP/MS : 223 km;
130

• LT 230 kV - N.P.Primavera / Imbirussu C-1 - SP/MS : 293 km;


• LT 230 kV - Guaira / Dourados / Dourados Santa Cruz – MS/PR;
• LT 230 kV - Dourados – Dourados Santa Cruz / Anastácio – MS;
• LT 525 kV - Cascavel Oeste/Ivaiporã C-1 PR: 209 km;
• LT 525 kV - Ivaipora /Ivaiporã C-3 PR: 0,7 km;
• LT 525 kV - Ivaipora /S.Santiago C-2 PR: 167 km;
• LT 525 kV - Londrina esu /Assis C-1 PR /SP: 120 km;
• LT 525 kV - Blumenau /Campos Novos C-2 SC: 375 km;
• LT 525 kV - Gravatai /Nova Sta Rita C-1 RS: 29,5 km;
• LT 525 kV - Ita /Nova Sta Rita C-1 SC /RS: 313,95 km;
• LT 525 kV - Ivaipora /Londrina esu C-2 PR;
• LT 525 kV – Campos Novos /Machadinho C-2 SC: 39 km;

São Paulo
• LT 230 kV - B. Santista / Carbocloro C-1: 1,54 km;
• LT 230 kV - Carbocloro / H.Borden sub C-1: 4,79 km;
• LT 230 kV - Chavantes / Botucatu C-4: 137 km;
• LT 230 kV – Assis / Salto Grande;
• LT 230 kV – Salto Grande / Chavantes;
• LT 230 kV – Chavantes / Piraju;
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• LT 230 kV – Piraju / Jurumim;


• LT 230 kV – Jurumim / Avaré Nova;
• LT 230 kV – Avaré Nova / Botucatu;
• LT 230 kV – Botucatu / Capão Bonito;
• LT 230 kV – Botucatu / Edgar de Souza;
• LT 230 kV – Edgar de Souza / Cabreúna;
• LT 230 kV – Interlagos – Xavantes – Bandeirantes / Nova Piratininga;
• LT 230 kV – Nova Piratininga / Henry Borden;
• LT 230 kV –Itapeti - Mogi / Mogi das Cruzes;
• LT 230 kV – Itapeti - Mogi / S. J. dos Campos;
• LT 230 kV – Mogi da Cruzes / S. J. dos Campos;
• LT 230 kV – S. J. dos Campos / Taubaté;
• LT 230 kV – Anhanguera / Anhanguera PR C-1 SP : 1.396 km;
• LT 230 kV – Anhanguera / Anhanguera C-2 SP : 1.396;
• LT 230 kV - Anhanguera V./ Anhanguera PR C-1 SP : 1.396 km;
• LT 230 kV - Anhanguera V./ Centro-CTT C-1 SP : 6.139 km;
• LT 230 kV - Anhanguera V./ Edgard Souza C-1 SP : 15.26 km;
• LT 230 kV - Anhanguera V./ Edgard Souza C-2 SP : 15.26 km;
• LT 345 kV - Anhanguera /M. Fornasaro C-1 SP: 4.5 km;
• LT 345 kV - Guarulhos /Anhanguera C-1 SP: 22 km;
• LT 345 kV - Guarulhos /Anhanguera C-2 SP: 22 km;
• LT 345 kV - M. Fornasaro /Anhanguera PR C-1 SP : 3.046 km
• LT 440 kV - Cabreuva /Gerdau SP C-1 SP: 18 km;
• LT 440 kV - Gerdau sp /Embu-guacu C-1 SP: 55 km;
• LT 440 kV - Cia.B.Alum.2 /Embu-guacu C-1 SP: 63.47 km;
• LT 440 kV - Cia.B.Alum.2 /Oeste C-1 SP: 19.1 km;
• LT 440 kV - Embu-guacu /Oeste C-1 SP: 81.02 km;
• LT 440 kV - Oeste /Bauru C-1 SP: 226.6 km;
131

• LT 440 kV - Oeste /Bauru C-2 SP: 226.6 km;


• LT 440 kV - P. Primavera /N.P.Primavera C-1 SP: 1 km;
• LT 440 kV - P. Primavera /N.P.Primavera C-2 SP: 1 km;
• LT 440 kV - Bauru /Embu-guacu C-1 SP: 305.97 km;
• LT 440 kV - Bauru /Embu-guacu C-2 SP: 305.97 km;
• LT 440 kV - Embu-guacu /Oeste C-2 SP: 81.02 km;
• LT 525 kV C. Paulista /Tijuco Preto C-2 SP : 181 km;
• LT 525 kV Assis /Araraquara C-1 SP: 250 km;
• LT 525 kV Londrina Esu /Assis C-1 PR/SP: 120 km;

Minas Gerais
• LT 230 kV - Barão Cocais 2 / Barão Cocais 3 C-1: 0,7 km;
• LT 230 kV - Aracuai 2 / Irape-se C-1: 61 km;
• LT 230 kV - Sabara 3 / Taquaril C-1: 14,95 km;
• LT 230 kV - Porto Estrela / Ipatinga 1 – Mesquita – Usiminas 1;
• LT 230 kV - Ipatinga 1 – Mesquita – Usiminas 1 / Gov. Valadares 2;
• LT 230 kV - Ipatinga 1 – Mesquita – Usiminas 1 / Baguari;
• LT 230 kV- Baguari / Gov. Valadares 2;
• LT 230 kV - Gov. Valadares 2 / C. Pena;
• LT 230 kV - Gov. Valadares 2 / Aimorés;
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• LT 230 kV - Aimorés / Mascarenhas;


• LT 230 kV - Ipatinga 1 / Mesquita – Usiminas 1- Acesita;
• LT 230 kV - Ipatinga 1 / Mesquita – Usiminas 1 – Guilman Amorim;
• LT 230 kV - Porto Estrela / Itabira 2;
• LT 230 kV - Itabira 2 / Guilman Amorim;
• LT 230 kV - Itabira 2 / Nova Era 2;
• LT 230 kV - Itabira 2 / João Monlevade 2;
• LT 230 kV - Itabira 2 / Sabara 3 c-1: 70,75 km;
• LT 230 kV - Barão Cocais 3/ João Monlevade 2 C-1: 34,7 km;
• LT 230 kV - Barão de Cocais 2 - 3 / Taquaril;
• LT 230 kV - Itabira 2 / Taquaril;
• LT 345 kV – Marimbondo / Porto Colombia / Itumbiara;
• LT 345 kV – Jaguara / I.C. Barreto / Furnas;
• LT 345 kV – Jaguara / Pimenta;
• LT 345 kV – I.C.Barreto / Furnas;
• LT 345 kV – I.C. Barreto / Poços de Caldas;
• LT 345 kV – Furnas / Pimenta;
• LT 345 kV – Furnas / Poços de Caldas;
• LT 345 kV – Poços de Caldas / Mogi das Cruzes;
• LT 345 kV – Poços de Caldas / Guarulhos Norte Miguel Reale;
• LT 345 kV – Furnas / Itutinga / Adrianópolis;
• LT 345 kV – Itutinga / Juiz de Fora;
• LT 345 kV – Juiz de Fora / Barbacena;
• LT 345 kV – Barbacena / Conselheiro Lafaiete;
• LT 345 kV – Conselheiro Lafaeite / Ouro Preto;
• LT 345 kV – Pimenta / Taquaril;
• LT 345 kV – Pimenta / Barreiro / Taquaril;
• LT 345 kV – Barreiro / Neves;
• LT 345 kV – Neves / Três Marias;
132

• LT 345 kV – São Gotardo / Três Marias;


• LT 345 kV – Neves / Taquaril;
• LT 345 kV – Ouro Preto / Taquaril;
• LT 345 kV – Ouro Preto / Vitória;
• LT 525 kV – Ipatinga / Vespeslano / Neves;
• LT 525 kV – Neves/ Bom Despacho 3;
• LT 525 kV- Bom Despacho 3 / São Gonçalo do Pará / Ouro Preto;
• LT 525 kV – Bom Despacho 3/ Jaguará;
• LT 525 kV – Bom Despacho 3 / São Gotardo 2 / Emborcação;
• LT 525 kV – Jaguará / Nova Ponte / Emborcação;
• LT 525 kV – Emborcação / Itumbiara;
• LT 525 kV – Jaguará / São Simão;
• LT 525 kV – São Simão / Água Vermelha;
• LT 525 kV – São Simão / Iumbiara;

Goiás
• LT 230 kV - Pirineus / Xavantes C-1: 40 km;
• LT 230 kV - Ribeirãozinho / B. Peixe;
• LT 230 kV - Rondonópilis / B. Peixe;
• LT 230 kV - Rondonópolis / Rio Verde;
• LT 230 kV – B. Peixe / Rio Verde;
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• LT 230 kV – Rio Verde / Cachoeira Dourada;


• LT 230 kV – Rio Verde / Itumbiara;
• LT 230 kV – Itumbiara / Paranaíba;
• LT 230 kV – Cachoeira Dourada / Anhanguera – Bandeirantes;
• LT 230 kV - Cachoeira Dourada / Planalto;
• LT 230 kV - Planalto / Anhanguera – Bandeirantes;
• LT 230 kV - Anhanguera- Bandeirantes / Palmeiras;
• LT 230 kV - Anhanguera – Bandeirantes / Firminópolis;
• LT 230 kV - Anhanguera – Bandeirantes / Goiânia Leste;
• LT 230 kV - Goiânia Leste / Xavantes;
• LT 230 kV - Anhanguera – Bandeirantes / Xavantes;
• LT 230 kV - Pirineus / Brasília Geral;
• LT 230 kV - Brasília Sul / Brasília Geral;
• LT 230 kV - Brasília Sul / Barro Alto;
• LT 230 kV - Barro Alto / Itapaci;
• LT 230 kV - Barro Alto / Niquelândia;
• LT 230 kV - Niquelândia / Serra da Mesa;
• LT 230 kV - Serra da Mesa / Cana Brava;
• LT 345 kV – Itumbiara / Corumbá / Samambaia;
• LT 345 kV – Itumbiara / Anhanguera / Samambaia;
• LT 525 kV – Itumbiara / Rio Verde Norte / Ribeirãozinho;
• LT 525 kV – Itumbiara / Samambaia;
• LT 525 kV – Emborcação / Samambaia;
• LT 525 kV – Samambaia / Serra da Mesa;
• LT 525 kV – Serra da Mesa / Rio das Éguas;
133

Expansão prevista das Linhas de transmissão na porção brasileira


da Bacia do Prata

Região Sul e Mato Grosso do Sul

Ampliações e reforços previstos para 2007


• LT 230 kV – Blumenau / Joinville C2 – SC: 3,5 km;
• LT 230 kV – Curitiba / Joinville C2 – PR/SC: 2 x 0,3 km;
• LT 230 kV – Siderópolis / Lajeado Grande – RS/SC: 2 x 15 km;
• LT 230 kV – Biguaçu / Palhoça – SC: 17 km;
• LT 230 kV – Blumenau / Jorge Lacerda B – SC: 2 x 25 km;
• LT 230 kV – Jorge Lacerda A / Jorge Lacerda B – SC: 1 km;
• LT 230 kV – Lajes / Rio do Sul – SC: 99 km;
• LT 230 kV – Uberaba / Gov. Parigot de Souza – PR: 2 x 31 km;
• LT 230 kV – Atlântida 2 / Gravataí 3 – RS: 102 km;
• LT 230 kV – Gravataí 2 / Fibraplac / Osório 3 – RS: 2,32 km;
• LT 230 kV – Gravataí / CIAG – RS: 3,2 km;
• LT 525 kV – Campos Novos/Blumenau C2 – SC: 2 x 25 km
(seccionamento na SE Biguaçu 525/230 kV);
• LT 525 kV – Campos Novos/Nova Santa Rita – SC/RS: 273 km;
LT 525 kV – Machadinho/Campos Novos C2 – SC: 50,6 km;
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Ampliações e reforços previstos para 2008


• LT 230 kV – Jorge Lacerda B / Siderópolis C3 – SC: 50 km;
• LT 230 kV – Imbirussu / Anastácio – MS: 117 km;
• LT 230 kV – Cascavel / Cascavel Oeste C3 – PR: 11,3 km;
• LT 230 kV – Caxias / Caxias 5 – RS: 25 km;
• LT 230 kV – D.I. São José dos Pinhais / Santa Mônica – PR: 25 km;
• LT 230 kV – Gralha Azul / D.I. São José dos Pinhais – PR: 31 km
• LT 230 kV – Gravataí 2 / Porto Alegre 8 – RS: 16,5 km;
• LT 230 kV – Passo Real / Tapera 2 – RS: 58 km;
• LT 230 kV – ITAÚBA / CHARQUEADAS - RS:18 km;
• LT 230 kV – Camaquã / Porto Alegre 2 – RS;
• LT 230 kV – Blumenau / Itajaí – SC: 2 x 37,5 km;
• LT 525 kV - Foz do Iguaçu/Cascavel Oeste – PR: 125 km;

Ampliações e reforços previstos para 2009


• LT 230 kV – Bateias / Pilarzinho – PR: 31 km;
• LT 230 kV – Joinville Norte /Curitiba – PR/SC: 97 km;
• LT 230 kV – Presidente Médici / Santa Cruz 1 – RS: 245 km;
• LT 230 kV – Campo Comprido / Umbará C2 – PR;
• LT 230 kV – Cidade industrial de Curitiba / Gralha Azul – PR;
• LT 230 kV – Londrina / Maringá – PR: 88 km;
• LT 230 kV – Canoinhas / São Mateus do Sul – SC/PR: 48 km;
• LT 230 kV – Santa Maria 3 / Dona FraNcisca – RS: 63 km;
• LT 230 kV – Apucarana / Figueira – PR: 2 x 15 km;
• LT 230 kV – Cascavel / Foz do Chopim – PR: 73,1 km;
134

Ampliações e reforços previstos para o menor tempo possível


• LT 230 kV – Nova Santa Rita / Scharlau – SC: 23 km;
• LT 230 kV – Salto Osório / Pato Branco / Xanxerê – PR/SC: 165 km;
• LT 230 kV – Salto Osório / Xanxerê – PR/SC: 162 km;
• LT 230 kV – Cidade industrial / Pelotas 3 – RS: 2 km;
• LT 230 km – Canoas 1 – RS: complementação do seccionamento da LT
230 kV Cidade Industrial / Porto Alegre 9 (adequação do setor de 230
kV);
• LT 230 kV – Eldorado – RS: complementação do seccionamento da LT
230 kV Porto Alegre 9 / Camaquã (adequação do setor de 230 kV);
• LT 230 kV – São Vicente – RS: complementação de seccionamento da LT
230 kV Alegrete 2 / Santa Maria 3 (adequação do setor de 230 kv);

Ampliações e reforços sem previsão


• LT 230 kV – Biguaçu / Desterro – SC: 57 km;
• LT 230 kV – Garibaldi / Monte Claro – RS: 25 km;
• LT 230 kV – Nova Santa Rita / Porto Alegre 9 – SC: 29 km;
• LT 230 kV – Porto Alegre 9 / Porto Alegre 4 – RS: 15 km;
• LT 230 kV – Porto Alegre 9 / Porto Alegre 8 – RS: 12 km
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São Paulo

Ampliações e reforços previstos para 2008


• LT 230 kV – Ilha Solteira / Araraquara C1 e C2: 2 x (2 x 1,8 km);
• LT 345 kV – Itapeti/Nordeste: 29 km;

Ampliações e reforços previstos para 2009


• LT 230 kV – Itararé II / Jaguariaíva: 44 km;
• LT 345 kV – Poços/Mogi: 2 x 1 km (seccionamento de um circuito dessa
linha para conexão da SE Atibaia 345/138 kV);
• LT 440 kV – Jupiá/Bauru: 2 x (2 x 1) km (seccionamento de um circuito
dessa linha para conexão da SE Getulina 440/138 kV);
• LT 440 km – Araraquara/Santo Ângelo: 2 x 2 km (seccionamento de um
circuito dessa linha para conexão da nova SE Araras 440/138 kV);

Ampliações e reforços previstos para o menor tempo possível

• LT 230 kV – Edgar de Souza / Pirituba: 2 x 21 km;


• LT 345 kV – Alto da Serra/Sul: 2 x 15 km (construção de LT, circuito
duplo, Alto da Serra – derivação para Embu Guaçu – Sul, 2 x 2 x 954
MCM, 2200 A);
• LT 345 kV – Interlagos/Piratininga II C1 e C2: 2 x 1 km (construção de
trecho de LT 2 x 2 x 954 MCM, associada à nova SE Piratininga II 345/88
kV – 3 x 400 MVA);
• LT 345 kV – Alto da Serra/Baixada: 6,3 km (recondutoramento de LT
circuito duplo para 2 x 2 x 954 MCM, 2200A);
135

Minas Gerais

Ampliações e reforços previstos para 2007


• LT 345 kV – L.C.Barreto / Mascarenhas de Moraes: 2 x 2 x 0,5;
• LT 345 kV – L.C.Barreto / Furnas: 2 x 2 x 0,5;

Ampliações e reforços previstos para 2008


• LT 345 kV – Furnas / Pimenta: 75 km;
• LT 525 k V – Paracatu 4 / Emborcação: 188 km;
• LT 525 kV – Emborcação / Nova Ponte: 88 km;
• LT 525 kV – Nova Ponte / São Gotardo 2 : 198 km;
• LT 525 kV – São Gotardo 2 / Bom Despacho 3: 93 km;
• LT 525 kV – Neves 1 / Mesquita: 172,5 km;

Ampliações e reforços previstos para 2008


• LT 525 kV – Bom Despacho 3 / Ouro Preto 2: 180 km;
• LT 525 kV – Estreito / Jaguará: 53 km;
• LT 525 kV – Estreito / Ribeirão Preto: 118 km;
• LT 525 kV – Poços de Caldas / Ribeirão Preto: 137 km;
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• LT 525 kV – Marimbondo / Ribeirão Preto: 196 km;


• LT 525 kV – Marimbondo / São Simão: 216 km;
• LT 525 kV – Paracatu 4 / Pirapora 2: 246 km;

Ampliações e reforços previstos para o menor tempo possível


• LT 230 kV – Taquaril / Itabira 2: 65 e 94 km;
• LT 230 kV – Taquaril / B. Cocais: 46 km;
• LT 230 kV - B. Cocais /João Monlevade: 34 km;
• LT 230 kV – João Monlevade 2 / Itabira 2: 27 km;
• LT 230 kV – Itabira 2 / P. Estrela: 64 km;
• LT 230 kV – P. Estrela / Ipatinga: 44 km;
• LT 230 kV – Gov. Valadares / Aimorés;

Goiás

Ampliações e reforços previstos para 2008


• LT 230 kV – Brasília Sul / Barro Alto: 2 X 0,05 km;
• LT 230 kV – Anhanguera / Firminópolis: 2 x 0,05 km;
• LT 230 kV – Anhanguera / Cachoeira Dourada: 2 x 0,07 km ;
• LT 525 kV – Luziânia / Paracatu: 118 km;
• LT 525 kV – Peixe 2 / Serra da Mesa 2: 195 km;
• LT 525 kV – Samambaia / Luziânia: 65 km;
• LT 525 kV – Serra da Mesa 2 / Luziânia: 310 km;

Ampliações e reforços previstos para 2009


• LT230 kV – Bandeirantes / XavanteS C2: 20 km;
• LT230 kV – Anhanguera / Goiânia Leste: 12 km;
136

• LT230 kV – Anhanguera / Cachoeira Dourada: 12 km;

Ampliações e reforços previstos para o menor tempo possível


• LT230 kV – Carajás / Anhanguera: 1,8 km;
• LT230 kV – Carajás / Anhanguera: 2 X 2,1 km;
• LT230 kV – Serra da Mesa / Barro Alto: 192 km;
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137

Anexo B

Confiabilidade Estrutural

Sistemas estruturais são projetados, construídos e mantidos de modo a


cumprir uma determinada função estrutural ao longo de sua vida útil e com um
nível adequado de segurança. No estudo da segurança estrutural tem-se uma
preocupação com a violação dos estados limites último ou de serviço.
Tradicionalmente, a violação dos estados limites é medida de forma
determinística, porém essa sistemática não permite considerar adequadamente as
incertezas pertinentes as grandezas envolvidas. Para tal, é apropriado o emprego
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de uma abordagem probabilística, onde a medida de chance de ocorrência da


violação de um estado limite é dada pela probabilidade de falha. Aqui, entende-se
por falha um estado indesejável da estrututa.
Apresentam-se, sucintamente, os conceitos fundamentais de confiabilidade
estrutural aplicados como auxílio na racionalização dos projetos de fundações
para suportes de linhas de transmissão.

Estado Limite e Coeficientes de Segurança

O critério de segurança mais comum e atual é baseado no Método dos


Estados Limites, no qual são verificadas a resistência última e o estado limite de
utilização. Define-se como estado limite a condição na qual a estrutura torna-se
inadequada para desempenhar a função proposta. A idéia central desse critério é
minoração das resistências e a majoração do carregamento.
A NBR 6118 (2003) adota o formato do Método dos Estados Limites como
critério de segurança, sendo que para minorar a resistência são usados fatores de
minoração para cada material.
Os fatores de minoração e majoração são conhecidos como coeficientes de
segurança e são determinados a partir da relação entre os valores médios das
138

variáveis de resistência e de solicitação de um elemento estrutural. Na estrutura


real, a resistência e solicitação podem assumir valores maiores ou menores que os
valores médios utilizados; portanto, tais coeficientes de segurança não refletem a
segurança da estrutura uma vez que não refletem as incertezas das variáveis
envolvidas no problema.

O Problema Básico da Confiabilidade Estrutural

Devido à presença de incertezas na determinação da capacidade (resistência)


e/ou da demanda (solicitação), a segurança de uma estrutura pode ser medida
apenas em termos probabilísticos, ou seja, em termos da probabilidade da
resistência ser menor do que o carregamento. Surge, então, o conceito da
confiabilidade estrutural. Confiabilidade estrutural é a capacidade que uma
estrutura tem de cumprir seu propósito de projeto por um determinado período de
referência (Thoft-Christensen e Murotsu, 1986, apud Verzenhassi, 2008).
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De outra forma, a probabilidade de falha representa uma medida


probabilística da violação dos estados limites. Assumindo um problema com duas
variáveis aleatórias, a resistência (R) e a solicitação (S), tem-se:
∞ S
Pf = ∫ ∫ f R ,S (r , s )drds (1)
0 0

onde fR,S (r, s) é a função densidade de probabilidade conjunta das variáveis


R e S. Se R e S são estatisticamente independentes, a probabilidade de falha pode
ser calculada através da seguinte expressão:

Pf = ∫ FR ( s ) f S ( s )ds (2)
0

onde FR(.) é a função de distribuição acumulada da variável R; fS(s) é a


função densidade de probabilidade da variável S.
139

Figura 1 – Problema fundamental da Confiabilidade

Para muitos casos não é possível reduzir o problema de confiabilidade


estrutural a uma formulação simples de solicitação versus resistência, com R e S
variáveis aleatórias independentes. Logo, uma formulação geral é exigida. A
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avaliação de probabilidade de falha é baseada em uma função de desempenho do


problema, G(X), formulada em termos das variáveis aleatórias básicas de projeto
Xi. Para cada conjunto de valores dessas variáveis é preciso definir se a estrutura
falha ou não. O desempenho limite é definido como G(X) = 0 (representa o
“estado limite”), enquanto G(X) > 0 define o domínio seguro e G(X) < 0 define o
domínio de falha.

Figura 2 – Representação da probabilidade de falha.

Tomando-se fX(x) como função densidade de probabilidade conjunta de


todas as variáveis aleatórias x envolvidas no problema, a probabilidade de falha
pode ser representada pela seguinte equação:
140

Pf = P[G ( X) ≤ 0] = ∫ .. ∫ f X (x )dx (3)


G ( X) ≤ 0

O cálculo da probabilidade de falha (Pf) requer o conhecimento da


distribuição conjunta fX(x). Na prática, essa informação usualmente não está
disponível ou é difícil de ser obtida devido à insuficiência de dados. Além disso, a
avaliação numérica da expressão 3 não é simples, pois envolve a resolução de
uma integral n-dimensional, com n variáveis aleatórias (v.a.’s), em um domínio
complexo. Mesmo com o desenvolvimento de técnicas modernas de integração
numérica e com computadores cada vez mais eficientes, na prática, a avaliação
dessas equações tem se restringido a problemas com 5 ou 6 v.a.’s.
Diante dessas dificuldades, algumas ferramentas podem ser utilizadas para
avaliar a probabilidade de falha. São elas: Simulação de Monte Carlo, Superfície
de Resposta e Métodos Analíticos.
A Simulação de Monte Carlo é basicamente um experimento amostral cujo
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objetivo é estimar a distribuição de resultados possíveis da variável de interesse


com base em uma ou mais variáveis básicas que se comportam de acordo com
alguma distribuição estipulada (Azevedo, 2007). Geralmente, soluções de Monte
Carlo de amostras finitas não são “exatas”, a menos que a amostra seja
infinitamente grande (Azevedo, 2007).
O Método de Superfície de Resposta consiste, sucintamente, em aproximar a
equação de estado limite por uma expressão polinômica aproximada, que pode ser
utilizada, de forma mais simples, para avaliar as probabilidades de falha.
Os métodos analíticos são apresentados mais detalhadamente a seguir, já
que um deles é a ferramenta utilizada no presente trabalho.

Métodos Analíticos

Diante das dificuldades em se determinar diretamente a função conjunta de


densidade, fX(x), das variáveis aleatórias de um problema, as primeiras técnicas
desenvolvidas para avaliar a probabilidade de falha consideram um índice
denomidado índice de confiabilidade de segunda ordem, β, para auxiliar na
avaliação da probabilidade de falha. Tal índice baseia-se nos momentos de
segunda ordem (média e no desvio-pradrão) das variáveis aleatórias e no
coeficiente de correlação entre as mesmas. Portanto, essas técnicas não
141

consideram o tipo de distribuição das variáveis aleatórias, sendo apenas exata para
uma função linear de variáveis aleatórias com distribuições normais.
Assim sendo, determina-se um índice de confiabilidade que é estimado pela
expressão 4 e a partir do mesmo avalia-se a probabilidade de falha pela expressão
5.
µG E [G ( X )]
β= = (4)
σG Var [G ( X )]

Pf = Φ(− β ) (5)

As técnicas inicialmente elaboradas possuem certas inconsistências, como


por exemplo, a obtenção de índices de confiabilidade diferentes para um problema
cuja função de falha pode ser representada por duas funções de estado limite
diferentes, porém equivalentes. Atualmente, essa questão já é superada pelo uso
de métodos mais evoluídos, como o FORM e SORM, apresentados a seguir.
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FORM (“First Order Reliability Method”)

O método de confiabilidade de primeira ordem ou FORM “First Order


Reliability Method” considera toda a informação estatística a respeito das v.a.´s
do problema. Isso inclui qualquer tipo de distribuição e correlação entre as
variáveis.
Tal método baseia-se na linearização da função de falha em um espaço de
variáveis normais padrão não correlacionadas. Para isso, é necessário transformar
o vetor de variáveis originais, X, em um vetor de variáveis normais não
correlacionadas, U. Geralmente emprega-se a transformação de Nataf, a qual
envolve uma transformação em normais equivalentes, e a eliminação da
correlação entre as variáveis. A transformação de Rosenblatt (que é uma
sistemática mais completa) também pode ser empregada, desde que a distribuição
de probabilidade condicional seja conhecida.
No espaço normal padrão, visa-se determinar o ponto mais provável de
falha, denominado ponto de projeto, U*, que é o ponto sobre a superfície de
estado limite que está mais próximo da origem. Isso ocorre porque a função de
densidade conjunta diminui exponencialmente conforme a distância para a origem
do sistema aumenta. Para determinar esse ponto, um procedimento de busca é
142

necessário. O algoritmo de Hasofer, Lind, Rackwitz e Fiessler, ou HLRF, é


comumente utilizado (Verzenhassi, 2008).
Conhecido o ponto de projeto, passa-se por ele um hiperplano (equação 6)
tangente à função de estado limite que tem por função a linearização da mesma.
h(u ) = −αu + β = 0 (6)
Na expressão anterior α é o vetor normal à superfície de falha no ponto de
projeto e é definido pela equação 7. β é o índice de confiabilidade obtido através
da equação 9. Avaliado o índice de confiabilidade, a probabilidade de falha é
então aproximada pela equação (10).
∇g
α= , (7)
∇g

 ∂g (u ) ∂g (u ) ∂g (u ) 
∇g =  , ,Λ  (8)
 ∂u1 ∂u2 ∂un 

β = sign[g (0)] u * (9)


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p f ≈ Φ (− β ) (10)

SORM (“Second Order Reliability Method”)

A idéia do SORM é basicamente a mesma do FORM. A diferença entre


ambos consiste na aproximação feita para superfície de falha no espaço reduzido.
No SORM, ao invés de se fazer uma superfície linear no ponto de projeto faz-se
uma aproximação por uma superfície quadrática, como mostra a Figura 3.

Figura 3 – Ilustração dos métodos FORM e SORM (COPPE).


143

Para essa aproximação, várias expressões para o cálculo da probabilidade de


falha, Pf, são propostas, porém a mais simples delas é a fórmula de Breitung
(Breitung, 1984, apud COPPE):
n −1
−1 / 2
Pf = Φ(− β ) ∏ (1 + βκ i ) (11)
i =1

onde κ i são as curvaturas principais da superfície de falha no ponto de

projeto e n o número de variáveis randômicas na análise. A avaliação de κ i é feita


segundo procedimentos apresentados em Liu e Kiureghian, 1989, Madsen et al.,
1986 e Breitung, 1984 (COPPE). Esses procedimentos envolvem a avaliação das
derivadas de segunda ordem da função de falha no ponto de projeto. A expressão
11 é uma aproximação assintótica, ou seja, tende ao valor exato para valores
pequenos de Pf.

Programa para análise de confiabilidade: FERUM


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Para uma breve familiarização com as estruturas de dados do programa


FERUM, são apresentados alguns trechos do inputfile_template.m, que é um
arquivo de entrada explicativo incluído no ferumcode.

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% DATA FIELDS IN 'PROBDATA': %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

% Marginal distributions for each random variable:


probdata.marg(1,:) = [ (type) (mean) (std.dev.) (startpoint) (p1) (p2) (p3) (p4) (Input_type)];
probdata.marg(2,:) = [ (type) (mean) (std.dev.) (startpoint) (p1) (p2) (p3) (p4) (Input_type)];
...
%Notes:
% - Each field (mean, std.dev., p1, p2, p3, p4, Input_type) must be fill in. If not used input a
dummy value.
%
% - Input_type = 0 when distribution defined thanks to the mean and std.dev.
% Input_type = 1 when distribution defined thanks to the distribution parameters pi
%
% - For Type III Smallest value marginal distribution
% You must give the value of epsilon as p3 when using the mean and std.dev. input
%
% - For Beta marginal distribution , you have to give the value of a as p3 and b as p4 when using
% the mean and std. dev. input.
% User will not be able to use this beta distribution while using a student version of MATLAB.
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% FERUM distributions library %
% Type: 1 = Normal distribution %
% 2 = Lognormal distribution %
% 3 = Gamma %
% 4 = Shifted Exponential marginal distribution %
144

% 5 = Shifted Rayleigh marginal distribution %


% 6 = Uniform distribution %
% 7 = Beta %
% 8 = Chi-square %
% %
% 11 = Type I Largest Value marginal distribution %
% 12 = Type I Smallest Value marginal distribution %
% 13 = Type II Largest Value marginal distribution %
% 14 = Type III Smallest Value marginal distribution %
% 15 = Gumbel (same as type I largest value) %
% 16 = Weibull marginal distribution (same as Type III Smallest Value marginal distribution
with epsilon = 0 ) %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% Determine the parameters,the mean and standard deviation associated with the distribution of
each random variable
probdata.parameter = distribution_parameter(probdata.marg);

% Correlation matrix (square matrix with dimension equal to number of r.v.'s)


probdata.correlation=[1.0 0.2 0.3 ;
0.2 1.0 0.4 ;
0.3 0.4 1.0 ];

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% DATA FIELDS IN 'ANALYSISOPT': %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
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% Parameters in search algorithm


analysisopt.ig_max = 100; % Maximum number of global iterations allowed in the search
algorithm
analysisopt.il_max = 5; % Maximum number of line iterations allowed in the search
algorithm
analysisopt.e1 = 0.001; % Tolerance on how close design point is to limit-state surface
analysisopt.e2 = 0.001; % Tolerance on how accurately the gradient points towards the origin
analysisopt.step_code = 0; % 0: step size by Armijo rule, otherwise: given value (0 < s <= 1) is
the step size.
analysisopt.grad_flag = 'DDM'; % 'DDM': direct differentiation, 'FFD': forward finite difference

% Simulation analysis
analysisopt.sim_point = 'dspt'; % 'dspt': design point, 'origin': origin in standard normal space
analysisopt.stdv_sim = 1; % Standard deviation of sampling distribution
analysisopt.num_sim = 1000; % Number of simulations
analysisopt.target_cov = 0.05; % Target coefficient of variation of failure probability estimate

% Inverse FORM analysis


analysisopt.beta_target = 2; % Target reliability index
analysisopt.e3 = 0.001; % Tolerance on target beta

%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%
% DATA FIELDS IN 'GFUNDATA' (one structure per gfun): %
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%

% User can define limit-state function parameters


% if there is no parameter in the limit-state function
gfundata(1).parameter = 'no';

% Type of limit-state function evaluator (Alternatives: 'basic', 'FERUMlinearfecode',


'FERUMnonlinearfecode', 'fedeas')

gfundata(1).evaluator = 'basic';
145

% Type of limit-state function


% (Alternatives: 'expression','matlabfile')
%In case of 'expression'
gfundata(1).type = 'expression';
% if there is no parameter in the limit-state definition
gfundata(1).expression = '1.0 - x(2)/(1000*x(3)) - (x(1)/(200*x(3)))^2';
% Give explicit gradient expressions with respect to the involved quantities (in the order x(1),
x(2), ...) if DDM is used:
gfundata(1).dgdq = { '-x(1)/(20000*x(3)^2)' ;
'-1/(1000*x(3))' ;
'(20*x(2)*x(3)+x(1)^2)/(20000*x(3)^2)'};
% Give explicit gradient expressions with respect to the limit-state function parameters
%(in the order thetag(1), thetag(2), ...) if DDM is used:
gfundata(1).dgthetag = {'1'};
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146

Apêndice A

Sondagens Geofísicas

As sondagens geofísicas são raramente utilizadas nas fases posteriores de


um projeto envolvendo linhas de transmissão, sendo mais aplicáveis em casos de
subestações. Assim, este método de investigação geotécnica será apresentado,
sucintamente, a seguir, a título de ilustração.
Normalmente são utilizados o método sísmico de refração (crosshole) e
perfilagem de eletroresistividade e/ou eletromagnética. O primeiro consiste em
gerar ondas de cisalhamento e de compressão num dos furos e medir os tempos de
propagação até um segundo ou terceiro furos. Fornece informações sobre a
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profundidade do topo da rocha, com as quais pode-se calcular os parâmetros


elásticos dinâmicos do maciço, bem como avaliar sua qualidade, podendo auxiliar,
ainda, na determinação da profundidade do nível da água no subsolo. Tal método
é mais aplicado nos trechos ou locais onde são realizadas escavações, executando-
se, normalmente, seções ortogonais nos locais de implantação de torres de linhas
de transmissão.
A perfilagem, na geotecnia, encontra aplicações no estudo de porosidades,
fraturamentos, mudanças litológicas, etc, a partir de parâmetros físicos como
resistividade, densidade e potencial espontâneo.
A perfilagem de eletroresistividade também pode fornecer informações
sobre o topo da rocha e a posição do nível da água, mas é mais utilizado na
determinação da resistividade do subsolo, para diagnóstico de agressividade.
Recomenda-se, então, a sua realização ao longo do traçado do sistema, nos trechos
de formações geológicas com características que favoreçam esse condicionante,
levando-se também em consideração a posição do nível da água, pois o valor da
resistividade é função também de sua presença. Adicionalmente, este método
produz parâmetros, em cada local da estrutura, para o dimensionamento do
aterramento das linhas de transmissão.
147

Existe, ainda, o sistema de radar para furos de sondagens (ABGE, 1998), em


duas versões: na primeira, o transmissor e o receptor de ondas eletromagnéticas
são posicionados em um único furo para obter imagens das estruturas geológicas
(falhas e fraturas) localizadas nas proximidades (reflexão de onda de radar); na
segunda, o transmissor é posicionado num dos furos e o receptor num outro,
obtendo-se informações sobre a qualidade da rocha (fraturamento, alteração)
situada entre furos (crosshole).
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148

Apêndice B

Normatização

Tabela 1 – Norma brasileira relacionada à terminologia aplicada.

TERMINOLOGIA
Norma Descrição
NBR 6502 Rochas e Solos

Tabela 2 – Normas brasileiras sobre ensaios de laboratório.

ENSAIOS DE LABORATÓRIO
Norma Descrição
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Amostras de solo preparação para ensaios de compactação e


NBR 6457
caracterização
Grãos de solo que passam na peneira de 4,8 mm –
NBR 6508
determinação da massa específica
Grãos de pedregulho retidos na peneira de 4,8 mm –
NBR 6458
determinação da massa específica e de absorção de água
NBR 6459 Solo – determinação do limite de liquidez
NBR 7180 Solo – determinação do limite de plasticidade
NBR 7181 Solo – análise granulométrica
NBR 7182 Solo – ensaio de compactação
NBR 7183 Determinação do limite de contração
NBR 9252 Solo – determinação do grau de acidez
Solo – determinação da massa específica aparente de
NBR 10838
amostras indeformadas com emprego da balança hidrostática
Solo – determinação do índice de vazios máximo de solos não
NBR 12004
coesivos
NBR 12007 Solo – ensaio de adensamento unidimensional
Solo – determinação do índice de vazios mínimo de solos não
NBR 12005
coesivos
Solo – determinação da resistência a compressão não
NBR 12770
confinada
149

Tabela 3 – Normas brasileiras sobre estudo para projeto e execução de obras de linhas
de transmissão.

ESTUDO PARA PROJETO E EXECUÇÃO DE OBRAS DE LT'S


Norma Descrição
NBR 6122 Projeto e execução de fundações
Estrutura ancorada no terreno. Ancoragem injetada no
NBR 6497
terreno
NBR 6497 Levantamento geotécnico
NBR 8044 Projeto geotécnico
NBR 9061 Segurança de escavação a céu aberto
NBR 9288 Emprego de terrenos reforçados
NBR 11682 Estabilidade de taludes
NBR 9285 Micro ancoragem
NBR 9286 Terra armada

Tabela 4 – Normas brasileiras sobre ensaios de campo, prospecção e controle


tecnológico.

ENSAIOS DE CAMPO, PROSPECÇÃO E CONTROLE TECNOLÓGICO


Norma Descrição
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NBR 6121 Estaca e tubulão – prova de carga


NBR 6489 Prova de carga direta sobre o terreno de fundação
Reconhecimento e amostragem para fins de caracterização de
NBR 6490
ocorrências de rochas
Reconhecimento e amostragem para fins de caracterização de
NBR 6491
pedregulho e areia
NBR 7389 Apreciação petrográfica de agregados
NBR 7390 Análise petrográfica de rochas
Solo – determinação da massa específica aparente in situ com o
NBR 7185
frasco de areia
Identificação e descrição de amostras obtidas em sondagens
NBR 7250
de simples reconhecimento dos solos
NBR 9603 Sondagens a trado
Abertura de poço e trincheira de inspeção em solo com
NBR 9604
retirada de amostras deformadas e indeformadas
Solo – determinação da massa específica aparente in situ com
NBR 9813
emprego do cilindro de cravação
NBR 9820 Coleta de amostras indeformadas de solo em furos de sondagem
NBR 6484 Execução de sondagem de simples reconhecimento dos solos
NBR 10905 Execução de ensaios de palheta in situ
NBR 12069 Solo – ensaio de penetração de cone in situ (CPT)
NBR 12102 Controle de compactação pelo método de Hilf
150

Apêndice C

NBR5422

Tabela 1 – Coeficientes de rugosidade do terreno.

Coeficiente
Categoria
de
do Características do terreno
rugosidade
Terreno
Kr
Vastas extensões de água; áreas planas costeiras;
A 1,08
desertos planos
B Terreno aberto com poucos obstáculos 1,00
C Terreno com obstáculos numerosos e pequenos 0,85
D Áreas urbanizadas; terrenos com muitas árvores altas 0,67
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Notas:
a) em vales que possibilitem uma canalização de vento em direção desfavorável para o efeito em
questão, deve-se adotar para Kr uma categoria imediatamente anterior à que foi definida com as
características apresentadas na tabela.
b) os valores de Kr correspondem a uma velocidade de vento média sobre 10 minutos (período de
integração de 10 minutos), medida a 10 m de altura do solo.
c) as mudanças previstas nas características da região atravessada devem ser levadas em conta na
escolha de Kr.

Tabela 2 – Valores de n para correção da velocidade do vento em função da altura.

Categoria do Terreno n
t=2s t = 30 s
A 13 12
B 12 11
C 10 9,5
D 8,5 8
151
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Figura 1 – Relação entre as velocidade médias a 10m de altura.


152
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Figura 2 – Velocidade básca do vento (Vb).


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153

Apêndice D

Tabela 1 – Distribuições de probabilidades.

Distribuição fx(x), PDF FX ( x) , CDF E(X), (média) Var ( X ) , (des. padrão)


1  1x−µ 2
  x−µ 
Normal exp −   Φ 
2π σ  2  σ    σ  µ σ
 
1  1  ln(x) − λ 2   ln(x) − λ   1  E ( X ) exp(ξ 2 ) − 1
Lognormal exp −    Φ  exp λ + ξ 2 
2π ξx  2  ξ    ξ   2 

λ exp(−λx ) 1 − exp(−λx ) 1 1
Exponencial λ λ
 1  x 2   1 x 
2
 π  
Rayleigh
x
exp −    1 − exp −    σR  2− π σ R
σ R2  2  σ R    2 σR 
  2  2 
     
1 x−a a+b b−a
Uniforme b−a b−a 2 12
Tipo I (máx.) α exp(−α (x − u ) − exp(−α (x − u ))) exp( − exp( −α ( x − u )))
u+
0.5772 π
(Gumbel) α 6α
α exp(α (x − u ) − exp(α (x − u ))) 1 − exp( − exp(α ( x − u ))) 0.5772 π
Tipo I (mínimos) u−
α 6α
1

Tipo II kv  vk +1 k


  v k
  1   2
  exp −    exp −    vΓ1 −   1  2
  x   k v Γ1 −  − Γ2 1 −  
(máximos) vx   x      k  k 
1

Tipo III (min.) k x


k −1
  x k    x k   1   2
  exp −    1 − exp −    vΓ1 +   1  2
 v   k v Γ1 +  − Γ 2 1 +  
(Weibull) vv  v      k  k 
Nota: Γ( ) é a função Gamma.

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