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Sem medo do
é valorizado por ter sido responsável cações. “Em 2011, eram 20 ao mês. Depois
do treinamento, o número mensal subiu
e permitir agir com rapidez para 75”, diz o cardiologista Dario Ferrei-
ra, coordenador clínico da instituição.
ty in Health Care e presidente da Canadian “Os números crescem, mas isso é bom
Network for International Surgery. sinal. Estamos enxergando a realidade
No Brasil, há boas experiências com a para melhorá-la e ainda desenvolvendo a
criação de um ambiente não punitivo. Na cultura da segurança”, diz Ferreira.
Casa de Saúde São José, dez anos atrás, o O colaborador que quer relatar um caso
cenário era de medo. “Quando se investi- ao gestor, na Casa de Saúde São José, entra
gava um caso, sempre se chegava a indi- no sistema informatizado e preenche os
víduos, havia punição para quem errava. dados do caso de que tem conhecimento.
Pessoas eram advertidas e até afastadas. “Ao acrescentar as informações, o sistema
Havia medo de notificar e em ser notifica- já puxa todo o prontuário do paciente”,
do”, conta Alessandra Ladain, gerente de diz Alessandra. Na instituição, a notifica-
qualidade da instituição. ção pode ser anônima: “É opcional”.
Desde 2004, com o processo de acredi- Há instituições, porém, que exigem
tação, a equipe de qualidade faz campa- que o autor da informação se identifique:
nhas e treinamentos em que se fala aber- “Isso facilita o rastreamento de dados e é
tamente do medo de notificar. “Mas isso sinal de que as coisas são tratadas aberta-
só funciona se você não punir. Aqui quem mente, que há amadurecimento da ques-
traz a informação é valorizado por ter sido tão”, diz Nilton Brandão, superintenden-
A identificação do autor responsável e nos permitir agir com rapi- te médico do Hospital Moinhos de Vento.
da informação facilita
dez”, diz. A política deu certo. Hoje o nú- Para isso, o entendimento da não punição
com que se rastreie os
dados e é sinal de que mero de notificações ao mês é dez vezes também vigora: “A não punição é a única
as coisas são tratadas superior do que uma década atrás. maneira de não ter subnotificação”.
abertamente
Dreamstime
A
utoridade mundial em segurança dano após o sistema ter falhado. Neste caso,
do paciente, Robert Wachter aca- o caracterizamos como problema de sistema e
ba de publicar a segunda edição também humano.
do best-seller Compreendendo a Segu-
rança do Paciente (Editora Artmed). Em MP: Que tipo de estratégias de feedback
quatro anos, desde a primeira edição, diz poderiam ser adotadas em um ambiente
ter visto o setor evoluir muito em relação não punitivo?
à segurança do paciente. Professor do RW: É notável quão bem os clínicos respon-
Departamento de Medicina da Universi- dem a feedback. Ninguém gosta de ficar iso-
dade da Califórnia e chefe de divisão do lado, é incrível como quantas vezes simples-
Hospital Medicine, Wachter fala com ex- mente deixar as outras pessoas saberem como
clusividade à Melhores Práticas. o comportamento e as práticas delas diferem
de seus pares, ou do que dita a evidência, leva
MP: Que mudanças o sr. observou em ter- a uma rápida melhoria. Estou bem impres-
mos de seguraça do paciente desde a pri- sionado com uma nova estratégia chamada
meira edição do seu livro? “measure-vention” – o que significa basica-
RW: Fiquei muito surpreso em quanto mudou mente combinar medição com intervenção.
Em vez de zero dano, nos últimos quatro anos. Em 2008, eu mal
uma meta factível:
“Estar entre até os 20% mencionei checklists e hoje é um tema domi- MP: Como funciona?
menores índices de um nante no setor de segurança. Há quatro anos, RW: É um sistema eletrônico que permite que
grupo de comparação”
a ênfase era em medir erros, enquanto hoje é se meça a performance em tempo real e for-
em mesurar danos. A divulgação dos erros aos neça feedback imediato. Um estudo descobriu
pacientes se tornou uma questão maior, assim que monitoramento da higiene das mãos dos
como erros ambulatoriais e erros de diagnós- médicos por câmera, com feedback automáti-
tico. E em 2008, era tudo sobre sistemas, en- co sobre performance para a unidade (um qua-
quanto hoje há muito mais foco em balancear dro eletrônico na unidade mostra o percentual
sistema pensando e uma abordagem “sem cul- de compliance durante a hora anterior) leva a
pa” com responsabilidade. uma rápida e contínua melhora. Outro grupo
desenvolve um scorecard eletrônico que indi-
MP: Indicadores mostram qual percentual ca, por meio de um código de cores, se as prá-
de erros são realmente sistêmicos? ticas recomendadas para a prevenção de PAV
RW: Isso é algo muito difícil de ser estuda- nos pacientes da UTI foram implementadas.
do. Minha própria estimativa é de que 90% O comportamento rapidamente melhorou e os
dos erros estejam relacionados a problemas índices de infecção caíram.
do sistema e menos de 10% estão ligados so-
mente a erros humanos. Claro que há muita MP: Quais limites ou regras deveriam ter
sobreposição. Quando profissionais incompe- uma boa política de não culpabilização?
tentes ou que não seguem as regras causam RW: A não punição é apropriada para erros