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Módulo IV - Partidos Políticos

Ao final do Módulo IV, o aluno deverá ser capaz de:

 Compreender as ideias do autor Maurice Duverger, sobre a origem dos


Partidos Políticos e sua classificação;
 Identificar as propostas para um estudo da morfologia dos Partidos e as
relações estabelecidas entre a Regra Eleitoral e os Sistemas
Partidários.

Introdução

Neste Módulo, vamos abordar os partidos políticos e os sistemas


partidários.

Foi publicada em 1951, há mais de sessenta anos, portanto, a obra


clássica de Maurice Duverger, “Os partidos políticos”. O livro é considerado, com
justiça, um clássico da ciência política por várias razões. Além de, evento raro
nesse campo, estabelecer “leis”, no sentido de conjecturas fortes, que postulam
uma relação causal entre sistemas eleitorais e sistemas partidários, Duverger
construiu uma metodologia de investigação que separa dimensões consideradas
relevantes na análise dos partidos políticos; e elaborou uma tipologia dos
partidos que relaciona suas origens históricas e características estruturais. Em
todas essas direções, formulou um programa de pesquisa que continua a ser
seguido, em graus diversos, pela literatura contemporânea especializada. O livro
tem, portanto, importância histórica e propostas de pesquisa ainda atuais.

Vamos discutir os argumentos de Duverger em três partes, antecedidas


por um breve comentário sobre a situação dos estudos acerca dos partidos
políticos na época de sua publicação.
Unidade 1 – Consolidação Institucional dos Partidos Políticos

Desde a consolidação institucional dos partidos políticos, muito se


debateu sobre eles. Com honrosas exceções, as discussões obedeciam a um
viés jurídico-constitucional, no qual a regra, suas origens, sua articulação com o
sistema político como um todo, importavam mais que o funcionamento concreto
dos partidos. Nesse quadro, duas obras seminais levaram o estudo dos partidos
para o terreno da sociologia política.

A primeira obra, cronologicamente, foi “A democracia e a organização dos


partidos políticos”, de Moisei Ostrogorski, publicado em 1902. Ostrogorski
substituiu a análise formalista e normativa pela tentativa de aplicar
procedimentos de observação dos partidos, descrição de suas características e
generalização empírica. Seu foco foi o conjunto de forças sociais que atuam na
política, representadas nos partidos e nos grupos que atuam no seu interior.

A segunda obra foi “Para uma sociologia dos partidos políticos na


democracia moderna: investigação sobre as tendências oligárquicas na vida dos
agrupamentos políticos”, de 1911, na qual Robert Michels, sob influência direta
de Max Weber, apresentou sua conhecida “lei de ferro” das oligarquias.
Conforme seu argumento, a expansão progressiva do direito de voto, até o
sufrágio universal, teria criado um ambiente político no qual o sucesso eleitoral
dependia cada vez mais de organização.

Organização, por sua vez, dependia da criação e manutenção de uma


burocracia especializada, burocracia esta que tenderia a concentrar o processo
de tomada de decisões. Ou seja, sufrágio universal exige partidos de massa,
partidos de massa existem apenas com burocracias organizadas, burocracias
conduzem, por sua vez, à oligarquia. Paradoxalmente, o aumento da democracia
levaria, “inexoravelmente”, a sua negação.

Origem e Tipologia dos Partidos Políticos

Como já exposto no Módulo I, os partidos políticos surgem, no contexto


europeu, em meados do século XIX, como decorrência do funcionamento da
democracia representativa. Na época, já havia parlamentos em operação e seus
membros eram recrutados entre o pequeno grupo de homens de posses,
tradição, educação, os “notáveis”, de cada localidade. Em pouco tempo, esses
notáveis encontraram-se na situação de exercer seus mandatos como
representantes dos eleitores, ou seja, eleitos por eles para cumprir um mandato
definido. Para enfrentar as eleições, organizaram comitês eleitorais. A relação
entre grupos de parlamentares eleitos e seus respectivos comitês eleitorais
constituiu o embrião do primeiro tipo de partido político a surgir: o partido de
quadros.

A ampliação progressiva do sufrágio, contudo, alterou substancialmente


o ambiente político que deu origem a esses partidos. Não apenas o número de
eleitores, e com ele a complexidade das estratégias eleitorais, aumentou. O fim
do voto censitário, das exigências de renda e propriedade aos eleitores, fez com
que as massas trabalhadoras ingressassem como atores importantes na política
institucional. Nesse ambiente surgiu um novo tipo de partido, o partido de
massas.

O caminho típico de criação desses partidos passa pela organização dos


grupos sociais até então não representados, a constituição de comitês eleitorais
e a eleição de bancadas parlamentares, normalmente sob influência forte das
direções partidárias previamente constituídas. Partidos de massa resultam,
portanto, da combinação de grupos sociais, comitês eleitorais e grupos
parlamentares.

Para Duverger, as diferenças de origem refletem-se em diferenças de


estrutura, ou seja, a lógica que leva à formação de cada tipo de partido estimula
o surgimento de características estruturais distintas.

De forma resumida, podemos constatar que partidos de quadros são,


geralmente, partidos burgueses, liberais ou conservadores, que:

 dedicam pouco esforço ao recrutamento,


 concentram suas atividades nos períodos eleitorais,
 dependem para seu financiamento do aporte das próprias elites
partidárias,
 contentam-se com uma organização interna relativamente simples,
 funcionam com direções concentradas e personalizadas,
 exibem um alto grau de disputa interna entre grupos pequenos de suas
direções,
 trabalham com escassa consistência programática,
 dão pouca importância a fatores ideológicos, e
 operam com uma estrutura decisória descentralizada e pouco hierárquica.

Em contraste, os partidos de massa, tipo construído a partir da observação


dos partidos socialistas e comunistas:

 têm no recrutamento, assim como na propaganda e doutrinação,


atividades permanentes,
 dependem para seu financiamento das contribuições de seus filiados,
 adotam formas complexas de organização, com redes de unidades
políticas e uma burocracia permanente,
 suas lideranças demonstram pouco personalismo na sua atividade,
 a motivação principal da disputa interna é ideológica,
 mostram alta consistência programática, e
 tendem a criar estruturas decisórias hierárquicas e centralizadas.

A Estrutura dos Partidos Políticos - Dimensões Relevantes

Para a análise da estrutura organizacional dos partidos, Duverger propõe


uma série de elementos a serem considerados. Trata-se, na verdade, de uma
relação das perguntas relevantes que devem ser respondidas por toda pesquisa
sobre o assunto. A combinação das respostas definirá tipos de partidos, que
podem ser usados para fins de descrição e classificação dos casos estudados.
Duverger agrupa esses elementos em três conjuntos.

O primeiro conjunto é o que denomina arcabouço partidário, que


contempla a estrutura partidária, os elementos de base e a articulação entre a
estrutura e esses elementos.

Estrutura partidária é definida de acordo com o grau de independência do


partido em relação à sociedade civil organizada. Nessa perspectiva, o autor
chama de partidos diretos aqueles formados sem a mediação de grupos sociais
organizados. Por contraste, partidos indiretos seriam aqueles formados a partir
da iniciativa de grupos desse tipo, como associações e sindicatos. É claro que
partidos diretos coincidem, pelo menos parcialmente, com partidos de quadros
e partidos indiretos, com partidos de massa.
Elementos de base do partido são os diferentes grupos elementares que
o compõe, como os diretórios, comitês, seções, células, entre outros. A
arquitetura organizacional que une essas unidades partidárias pode ser
classificada de acordo com sua complexidade entre os extremos, simples e
complexo.

Finalmente, a interação entre estrutura e elementos de base focaliza a


qualidade das relações verticais e horizontais. O sistema de relações horizontais
estabelece a comunicação sem a intermediação do centro, e as ligações verticais
se dão a partir da instância superior do partido. Essas relações podem ser fortes
ou fracas, horizontais ou verticais, resultando, em cada caso, em partidos
caracterizados por maior ou menor centralização e maior ou menor democracia
interna. Entre as combinações mais frequentes nesse plano de análise estariam
partidos que operam conforme o centralismo autocrático (quando não há
participação da militância partidária nas decisões da cúpula), outros, conforme o
centralismo democrático (quando há participação da militância nas decisões da
cúpula partidária).

O segundo conjunto que Duverger separa refere-se aos membros do


partido. Nesse ponto é relevante, em primeiro lugar, verificar as condições de
adesão. Há exigências de pagamento de contribuições mensais, compromisso
com a disciplina, identificação ideológica, expectativa de militância? Caso
afirmativo, a adesão é regulamentada, caso negativo é aberta.

Em segundo lugar, cabe aferir o grau de participação predominante entre


os filiados, se apenas eleitores, simpatizantes ou militantes.

Em terceiro lugar, cumpre nomear a natureza dessa participação que,


segundo o autor, pode ser sagrada, quando assume um caráter totalizante, ou
profana, quando expressa um compromisso racional; e comunal, quando a
adesão é resultado da pressão do grupo, ou social, quando decorre do cálculo
individual.

O terceiro conjunto diz respeito à direção do partido. As dimensões aqui


selecionadas são a forma de escolha dos dirigentes:

- se por eleição direta de todos os filiados ou por algum colégio eleitoral menor;
- a propensão à oligarquia nessas direções, ou seja, se o acesso aos postos de
comando está restrito aos dirigentes e seus amigos ou se permanece aberto a
todo filiado; e,

- ao sentido da relação de influência entre direção partidária e parlamentares


eleitos, ou seja, se a direção tem comando sobre os parlamentares ou se
simplesmente reflete e transmite suas decisões para o conjunto dos filiados.

Sistemas Partidários

Ao levar a reflexão dos partidos considerados de forma isolada para a


interação dos partidos em sistemas partidários definidos, Duverger tem como
alvo duas questões fundamentais:

1) A diversidade no número de partidos que cada país mantém;

2) a consequência do número de partidos na dinâmica dos governos.

Em ambas questões, as contribuições do autor foram inovadoras. Numa


época em que a dinâmica do governo era relacionada ao sistema de governo,
parlamentarista ou presidencialista, ou ao formato do legislativo, unicameral ou
bicameral, Duverger postulou uma relação entre número de partidos e
estabilidade dos governos. Para ele, sistemas bipartidários tenderiam, tanto na
regra presidencialista quanto na parlamentarista, a serem mais estáveis que
sistemas multipartidários. Sistemas de muitos partidos dependem de coalizões
para formar maiorias e as coalizões tendem a ser mais instáveis que as maiorias
formadas por um só partido.

Mas, quais as razões que levam determinados países a produzir sistemas


bipartidários e outros a alimentar sistemas multipartidários? Duverger distingue
diversos fatores. Há fatores específicos, históricos, como a composição étnica e
religiosa do país, as divisões produzidas pela tradição e a história de cada um,
e fatores gerais, que operam em todos os casos particulares. Os mais
importantes entre os fatores gerais são os econômicos, as divisões de classe,
os ideológicos e os técnicos, entre os quais sobressai o sistema eleitoral.

É claro que Duverger não sustenta que o sistema eleitoral produza a


proliferação de partidos. Partidos refletem diferenças políticas relevantes em
cada sociedade, diferenças que não dependem do sistema eleitoral vigente. O
sistema pode, contudo, favorecer a cristalização dessas diferenças em partidos
autônomos, atuando, conforme a imagem do autor, como um freio ou acelerador
do processo.

Os exemplos são retirados da história observada dos partidos políticos até


o momento da formulação do autor, e as chamadas “leis de Duverger” nada mais
são que a postulação de um caminho lógico particular a cada sistema eleitoral e
a hipótese de sua repetição futura por indução.

Assim, no que respeita exclusivamente ao número de partidos, Duverger


sustenta em sua primeira “lei”, que sistemas eleitorais majoritários de um só
turno levam a sistemas bipartidários. Isso porque nesse sistema partidos
minoritários são sempre sub-representados. A verificação desse resultado ao
longo de várias eleições levaria o eleitor a optar por alguma forma de voto útil, a
concentrar sua escolha nos partidos com possibilidade real de vitória, na prática
aos dois maiores partidos.

Pela mesma razão, sistemas eleitorais majoritários com dois turnos de


votação, como o ballotage na França, tenderiam a produzir sistemas partidários
com mais de dois partidos. Isso porque o eleitor, ao saber que disporá de um
segundo momento de voto, não se vê compelido ao voto útil.

Finalmente, sistemas de voto proporcional tendem a gerar sistemas


multipartidários, sistemas com um número de partidos ainda maior que aqueles
associados ao voto majoritário com dois turnos de votação. Isso porque no
sistema proporcional o número de cadeiras de cada partido deve, idealmente,
espelhar o percentual de votos por ele obtido. Não há descarte de votos no
momento da eleição e a formação da maioria é problema não dos eleitores, mas
deixado ao critério dos eleitos.

Partidos e Democracia

Vimos que o estudo dos partidos políticos, na perspectiva da sociologia


do início do século XX, levou ao ceticismo com relação às possibilidades de
permanência da ordem democrática em expansão nas décadas anteriores. A lei
da circulação das elites, de Pareto e Mosca, assim como a lei de ferro das
oligarquias, de Michels, expressavam esse ceticismo e a crença no retorno à
constante histórica profunda das relações de poder: poucos mandam, muitos
obedecem.

Duverger desenvolve uma relação ambígua com essa vertente. De um


lado, aceita o pressuposto fundamental de seus predecessores: o poder está,
em todos os casos, nas mãos de poucos e a regra democrática nada mais é que
um mecanismo de seleção e renovação das elites. No entanto, o surgimento e
proliferação dos partidos de massa representam, para o autor, uma ampliação
significativa dos espaços de seleção das elites dirigentes. Antes, na época dos
partidos de quadros, dos notáveis, a elite originava-se de um pequeno grupo do
universo das classes proprietárias. Com os partidos de massa, representantes
autênticos das classes trabalhadoras ganham acesso a posições de mando e
passam a constituir uma nova elite, representativa da maioria dos cidadãos de
seus países.

Segundo Duverger, se abandonarmos a definição ilusória de democracia,


governo do povo para o povo, e aderirmos à definição realista, governo para o
povo, veremos que, no regime representativo, a democracia não é ameaçada
pelos partidos de massa e suas burocracias especializadas em propaganda,
doutrinação e campanhas eleitorais. Pelo contrário, esse tipo de partido é
condição para que dirigentes saídos das classes majoritárias e a elas ainda
vinculados assumam o governo e tomem as decisões para o povo.

Democracia representativa com partidos de quadros é, para Duverger,


uma combinação conservadora. Mais conservadora do que ela, só a ausência
de partidos formalizados, o governo de personalidades isoladas, pois, onde não
há partidos a política só se move no sentido de manter a desigualdade pré-
existente.

Conclusão

Vimos neste Módulo que, conforme Maurice Duverger, a eleição dos


representantes do povo no parlamento e a ampliação do direito de voto são os
fatos históricos que estão na origem dos partidos de quadros e dos partidos de
massa, respectivamente.
Vimos também que o autor propõe uma agenda de pesquisa dos partidos
políticos que engloba algumas dimensões. Na dimensão da estrutura partidária
é relevante identificar as unidades mínimas que compõem o partido, sua relação
com grupos sociais organizados e as relações que se estabelecem entre essas
unidades e as diversas instâncias dirigentes.

Na dimensão dos filiados importa perguntar as condições da adesão, os


deveres do filiado e a forma como os filiados percebem sua pertença ao partido.
Finalmente, na dimensão da direção, há que verificar o processo de seleção, a
propensão à oligarquização e as relações da direção com a bancada parlamentar
do partido, um foco de poder autônomo.

Vimos, ainda, as relações que o autor estabelece entre os sistemas


eleitorais e o número de partidos: as relações entre o voto distrital majoritário em
turno único e bipartidarismo, entre voto distrital majoritário em dois turnos e um
sistema com mais de dois partidos e entre voto proporcional e um número ainda
maior de partidos.

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