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Instalações Eléctricas
3º Ano da Licenciatura em
Engenharia Electrotécnica e Computadores
Setembro de 2000
Indice
1. Introdução ……………………………………………………………………… 2
2. Estrutura de uma rede de distribuição de energia eléctrica ……………………. 3
3. Conceitos base e objectivo …………………………………………………….. 8
4. Corrente de serviço e factor de simultaneidade ……………………………….. 12
4.1. Cálculo da corrente de serviço ………………………………………… 12
4.2. Exemplos ……………………………………………………………… 17
5. Condição de aquecimento ……………………………………………………… 20
6. Secção económica ……………………………………………………………… 26
6.1. Posicionamento do problema ………………………………………….. 26
6.2. Custos de investimento ………………………………………………… 27
6.3. Custos de exploração …………………………………………………... 27
6.4. Expressão da secção económica ……………………………………….. 29
7. Condição de queda de tensão …………………………………………………... 31
7.1. Cálculo da queda de tensão e aproximações usuais …………………… 31
7.2. Exemplo 4 ……………………………………………………………… 34
8. Protecção contra sobreintensidades ……………………………………………. 36
8.1. Aspectos gerais ………………………………………………………… 36
8.2. Condição de protecção contra sobrecargas ……………………………. 36
8.3. Condição de protecção contra curto-circuitos …………………………. 40
8.4. Localização dos aparelhos de protecção contra sobrecargas e contra
curto-circuitos …………………………………………………………. 48
8.5. Coordenação das protecções contra sobrecargas e contra
curto-circuitos …………………………………………………………. 52
8.6. Selectividade das protecções ………………………………………….. 53
8.7. Aspectos genéricos sobre protecção de motores ……………………… 56
9. Exemplo 7 ……………………………………………………………………… 60
Bibliografia 69
1
1. Introdução
2
2. Estrutura de uma rede de distribuição de energia eléctrica
Um outro aspecto que pode ser utilizado para diferenciar os diversos tipos de redes está
relacionado com a sua estrutura topológica. A rede de transporte constitui a estrutura
fundamental que permite interligar os centros produtores aos grandes centros de
consumo pelo que a obtenção de adequados níveis de fiabilidade e segurança de
exploração e abastecimento levaram a que, durante muitos anos, muitos investimentos
tivessem sido direccionados para esta área. As redes de transporte actuais são
caracteristicamente emalhadas e cobrem, em geral de uma forma bastante completa,
toda a área geográfica de um país. A obtenção de níveis mais elevados de segurança de
exploração explicou a construção de linhas de interligação entre diversos países.
Actualmente, num contexto económico e legislativo cada vez mais modificado, este
sistema transfronteiço e transcontinental começa a ser aproveitado para suportar
transacções de energia eléctrica no âmbito da implementação de mercados de energia
eléctrica.
As redes que se podem denominar de grande distribuição cobrem uma zona geográfica
bem delimitada, com grande frequência associada a uma companhia distribuidora, e
interligam-se em diversas subestações com a rede de transporte. São redes estabelecidas
normalmente em linha aérea e que apresentam, em geral, uma estrutura emalhada. Este
emalhamento é contudo menos denso que o existente numa rede de transporte. Em
diversas situações, estas redes, apesar de terem estrutura emalhada são exploradas de
forma radial. A estrutura emalhada confere capacidade de reconfiguração tornando
possível modificar a estrutura topológica em exploração. Desta forma, em caso de
defeito torna-se possível reduzir a potência cortada e diminuir os tempos de interrupção
do abastecimento.
3
A partir das redes de grande distribuição encontram-se estabelecidas as redes de
distribuição em Média Tensão, normalmente a 30 ou 15 kV, que alimentam Postos de
Transformação. Estas redes podem ser aéreas ou subterrâneas. As primeiras são
características de zonas rurais em que a densidade de cargas é pouco elevada e em que a
fiabilidade e segurança de abastecimento não são tão prementes. Nestas zonas, as redes
apresentam estrutura radial pelo que a existência de um defeito implica normalmente
tempos de reposição de serviço elevados. Em zonas urbanas as redes são normalmente
subterrâneas e podem apresentar uma estutura topológica emalhada. Em todo o caso,
com grande frequência, apesar de se encontrar presente a estrutura emalhada, as redes
são exploradas em anel aberto. Isto significa que não existem malhas em exploração
normal. Em caso de defeito, existe a possibilidade de reconfigurar a rede de forma a
garantir que o número de ramos fora de serviço, ou se se pretender, o número de Postos
de Transformação cujo serviço foi interrompido seja minimizado. Os Postos de
Transformação estão equipados com transformadores que permitem, do seu lado
secundário, o desenvolvimento de redes de distribuição em Baixa Tensão.
Este ramal alimenta então uma instalação eléctrica que inclui um conjunto de elementos
constituintes tal como se pode verificar na Figura 2.1. Nesta figura encontra-se
representada esquematicamente uma instalação eléctrica de um edifício estabelecida a
partir de um ramal e incluindo uma portinhola, um quadro de colunas, um quadro de
4
serviços comuns, colunas montantes - principal e derivadas - e caixas de colunas,
contadores de energia eléctrica, aparelhos de corte de entrada e quadro de entrada e
respectiva instalação de utilização.
5
- coluna derivada - canalização eléctrica que tem início numa caixa de coluna de
outra coluna (Artigo 10);
- caixa de coluna - quadro existente numa coluna, principal ou derivada, para ligação
de entradas ou de colunas derivadas e contendo ou não os respectivos aparelhos de
protecção contra sobreintensidades (Artigo 11);
- entrada - canalização eléctrica de baixa tensão compreendida, nomeadamente, entre:
- uma caixa de coluna e a origem de uma instalação de utilização;
- um quadro de colunas e a origem de uma instalação utilização;
- uma portinhola que sirva uma instalação de utilização e a origem dessa
instalação (Artigo 12);
- aparelho de corte de entrada - aparelho de corte intercalado numa entrada e que
pode constituir o aparelho de corte geral da respectiva instalação de utilização
(Artigo 13). Este aparelho encontra-se normalmente regulado para uma intensidade
de corrente correspondente à potência contratada para a instalação de utilização;
- instalação de utilização de energia eléctrica ou, simplesmente, instalação de
utilização - instalação eléctrica destinada a permitir aos seus utilizadores a aplicação
de energia eléctrica pela sua transformação noutra forma de energia (Artigo 15);
Como se pode verificar pela análise da Figura 2.1, a instalação eléctrica do edifício
inicia-se na portinhola de onde parte a alimentação do Quadro de Colunas. Com origem
neste quadro, encontram-se estabelecidas canalizações eléctricas correspondentes às
colunas montantes e à alimentação do Quadro de Serviços Comuns. Ao longo das
colunas montantes existem caixas de colunas a partir das quais se encontram
estabelecidas colunas derivadas para alimentação de instalações de utilização de energia
eléctrica. Estas instalações estão dotadas de contagens de energia, de um aparelho de
corte de entrada e de um quadro. A partir deste quadro, finalmente, encontram-se
estabelecidos os condutores destinados a alimentar as cargas existentes nessa instalação
de utilização.
6
- canalizações fixas, à vista ou ocultas, prefabricadas;
- o Artigo 24 indica as dimensões mínimas dos tubos a utilizar;
- o Artigo 25 fornece indicações relativas ao dimensionamento das secções dos
condutores das colunas. O número 1 deste artigo indica que "a secção nominal das
colunas deverá ser determinada em função da potência a fornecer às instalações de
utilização de energia eléctrica por elas alimentadas e dos respectivos coeficientes de
simultaneidade, tendo em atenção as quedas de tensão, as intensidades de corrente
máximas na canalização e a selectividade das protecções. O número 3 indica que as
colunas deverão ser trifásicas e não ter secção nominal inferior a 10 mm 2 .
7
3. Conceitos base e objectivo
8
- intensidade de corrente convencional de não fusão - I nf - o funcionamento dos
aparelhos de protecção é caracterizado, para além do calibre ou valor nominal, pela
maior intensidade de corrente que esse aparelho pode suportar durante o tempo
convencional sem actuar. De acordo com a normalização existente, o tempo
convencional é de 1 hora para fusíveis com calibre até 63 A, é de 2 horas para
calibres entre 63 e 160 A, é de 3 horas para calibres entre 160 e 400 A e é de 4
horas para calibres superiores a 400 A;
9
Desta forma, a regulamentação existente apenas impõe que a queda de tensão em
qualquer ponto da rede não ultrapasse um limite máximo que se encontra definido.
Como se compreende, a comparação com o limite máximo admissível deverá
realizar-se utilizando o valor da queda de tensão no ponto onde a tensão seja mais
baixa, isto é, utilizando o maior valor da queda de tensão. Sendo a rede radial o
ponto em que a tensão é mais baixa, ou seja, em que a queda de tensão é mais
elevada, corresponde a um ponto extremo da instalação. A queda de tensão será
referenciada neste texto por ∆ U e a queda de tensão máxima admissível será
representada por ε.U ns em que U ns representa a tensão nominal simples da
instalação e ε corresponde a uma percentagem definida em regulamentos;
IS ≤ I Z (3.1)
∆U ≤ ε.U ns (3.2)
Protecção contra sobreintensidades
Secções mínimas impostas regulamentarmente
A condição (3.2) está associada à condição de queda de tensão significando que a queda
de tensão mais elevada que pode ocorrer na instalação não pode, em qualquer caso,
ultrapassar um limite máximo estabelecido como uma percentagem da tensão nominal
simples.
10
Finalmente, os textos regulamentares impõem valores mínimos para a secção dos
condutores de cabos em ramais de entrada e em colunas montantes. Assim, o número 3
do Artigo 25 do Regulamento de Segurança de Instalações Colectivas de Edifícios e
Entradas impõe que a secção das colunas montantes deverá ser não inferior a
10 mm 2 indicando ainda que estas deverão ser trifásicas. O número 3 do Artigo 36 do
mesmo Regulamento indica também que nos ramais de entrada destinados a alimentar
locais residenciais ou de uso profissional não poderão ser utilizados condutores com
secção nominal inferior a 4 mm 2 . Finalmente, o número 2 do Artigo 25 deste
Regulamento indica ainda que a secção nominal das colunas montantes deverá ser, pelo
menos, igual à dos condutores de entrada que dela derivam.
11
4. Corrente de serviço e factor de simultaneidade
S
IS = (4.1)
3.U nc
S
IS = (4.2)
U ns
12
efeito, estas cargas não apresentam, em geral, uma utilização simultânea pelo que a
actuação do aparelho referido só ocorre se as potências das cargas ligadas
simultaneamente corresponder a um valor superior ao contratado. Em geral, uma
distribuição adequada das cargas pelas fases tendo em conta o seu valor e a
simultaneidade da sua utilização revela-se útil visto que permite optar por valores de
potências contratadas não demasiadamente elevados.
13
potências contratadas das instalações de utilização situadas a jusante. Assim, se forem
conhecidos elementos que indiciem que existirá uma utilização mais simultânea das
potências de carga deverão ser adoptados, como se compreende, valores mais elevados
para o Factor de Simultaneidade que, numa situação extema, poderá assumir o valor
1.00. Se tal não for feito, isto é, se a instalação for dimensionada para uma potência
excessivamente baixa tendo em conta a simultaneidade da utilização das cargas a ela
ligadas os condutores ficarão sujeitos a situações de sobrecarga que serão detectadas e
interrompidas pelos aparelhos de protecção respectivos.
A este respeito, nas Figuras 4.1 a 4.4 estão representados diagramas de carga de
diversas cargas, consumidores e conjuntos de consumidores que nos permitem
compreender melhor o interesse associado à utilização do factor de simultaneidade.
14
A não simultaneidade associada à utilização das cargas já referida no parágrafo anterior
encontra-se ilustrada de forma evidente nos diagramas de carga associados a conjuntos
de 2, de 5 e de 50 termoacumuladores, representados na Figura 4.3. Em relação ao
diagrama do lado esquerdo pode notar-se que apesar de cada termoacumulador ter uma
potência de 5 kW são muito curtos os intervalos de tempo em que os dois aparelhos se
encontram simultaneamente ligados. A diferença entre a soma das potências dos
aparelhos e a potência de pico da instalação é notória nos dois restantes diagramas de
carga. Repare-se que o diagrama apresentado no centro da Figura se refere a 5
aparelhos pelo que a soma das suas potências é 25 kW. Em todo o caso, a potência de
pico, isto é, a potência que em simultâneo é utilizado corresponde apenas a 20 kW. Esta
situação é ainda mais evidente no diagrama da direita. Neste caso, a soma das potências
dos aparelhos é de 250 kW enquanto que a potência simultânea não atinge sequer 100
kW.
Deste modo, pode constatar-se que a não simultaneidade associada à utilização das
cargas dentro de cada habitação permite que exista uma diferença elevada e crescente
entre a soma das potências nominais dos aparelhos existentes em todas as instalações e
a potência que é efectivamente consumida em cada instante. Esta não simultaneidade é
ainda responsável pelo "alisamento" progressivo do diagrama de cargas resultante à
medida que esse diagrama de cargas se refere a um número cada vez mais elevado de
instalações. Este aspecto contribui para tornar mais facilmente previsível as potências
de carga facilitando a exploração das redes eléctricas.
15
Figura 4.4 - Diagramas de cargas de conjuntos de 2, 5, 20 e 100 instalações domésticas.
16
Figura 4.5 - Evolução do factor de simultaneidade em função do número
de instalações a jusante.
4.2. Exemplos
Consideremos uma coluna montante que alimentará dez habitações onde existem
instalações de utilização de energia eléctrica. Para cada uma destas instalações foi
contratada a potência de 13.8 kVA em regime trifásico. Nestas condições, a potência
que servirá de base ao dimensionamento da coluna montante é dada por (4.3). Na
determinação desta potência foi utilizado, de acordo com a Tabela 4.1, o valor 0.63 para
o coeficiente de simulataneidade uma vez que existem 10 ou mais instalações de
utilização a jusante. Finalmente, utilizando esta potência, a intensidade de corrente de
serviço é dada por (4.4).
Consideremos, agora, um edifício em que existem duas colunas montantes cada uma
delas alimentando, tal como no Exemplo 1, dez habitações possuindo cada uma uma
potência contratada em regime trifásico de 13,8 kVA. Por outro lado, encontra-se ainda
prevista a existência de um quadro de serviços comuns possuindo uma potência
contratada de 10,35 kVA em regime trifásico.
17
A potência que servirá de base ao dimensionamento do ramal de alimentação do quadro
de colunas é dada por (4.5). Nesta expressão pode notar-se que o valor do factor de
simultaneidade corresponde a 20 instalações existentes a jusante (10 de cada coluna
montante) e que a potência associada ao quadro de serviços comuns não é afectada por
este factor. Apesar de não existir doutrina estabelecida em relação a este aspecto, esta
opção é explicada pelo facto de esta potência apresentar uma utilização diferente das
potências contratadas para as instalações existentes nas habitações. A intensidade de
corrente de serviço no ramal é, então, dada por (4.6).
Por último, deve notar-se que as intensidades de corrente de serviço nas colunas
montantes (126 A em cada uma) não são utilizadas no cálculo da intensidade de
corrente de serviço no ramal. Se essas intensidades fossem utilizadas seriamos
conduzidos a uma intensidade dada por (4.7). Nesta expressão, o valor 1.0 corresponde
ao valor do factor de simultaneidade associado a 3 instalações (duas colunas montantes
e quadro de colunas). O cálculo assim realizado é incorrecto já que os valores das
potências contratadas para as habitações seriam afectados duas vezes por factores de
simultaneadade.
A CMA
SCA
CMB
B SCB
QBT C
Figura 4.6 - Representação esquemática de uma rede de distribuição de energia
eléctrica.
Esta rede alimenta dois edifícios possuindo cada um deles 8 habitações (13.8 kVA de
potência contratada em regime trifásico, cada uma) e serviços comuns (10,35 kVA de
potência contratada em regime trifásico). Em cada um deles existe uma coluna
montante - CMA e CMB - a partir das quais são derivadas as alimentações para as
habitações. Os dois quadros de colunas - A e B - são alimentados a partir de um armário
de distribuição - C - que, por sua vez, é alimentado a partir do quadro de um Posto de
Transformação - QBT.
18
As intensidades de corrente de serviço das colunas montantes CMA e CMB em cada
edifício, dos ramais CA e CB e da canalização QBTC são dadas por (4.8), (4.9), (4.10),
(4.11) e (4.12).
0,78.13800.8 86112
I S −CMA = = = 124,8 A (4.8)
3.230 3.230
0,78.13800.8 86112
I S −CMB = = = 124,8 A (4.9)
3.230 3.230
0,78.13800.8 + 10350 96462
I S −CA = = = 139,8 A (4.10)
3.230 3.230
0,78.13800.8 + 10350 96462
I S −CB = = = 139,8 A (4.11)
3.230 3.230
0,53.13800.16 + 10350.2 137724
I S −QBTC = = = 199,6 A (4.12)
3.230 3.230
Em relação a estas expressões convém salientar que 0.78 e 0.53 são os valores do
coeficiente de simultaneidade correspondentes a 8 instalações e a 16 instalações a
jusante. Em relação à potência que sevirá de base ao dimensionamento do ramal entre o
QBT e o armário C pode notar-se que, tal como no Exemplo 2, se optou por não afectar
as potências contratadas para os quadros de serviços comuns pelo factor de
simultaneidade.
19
5. Condição de aquecimento
IS ≤ I Z (5.1)
COBRE
1 condutor 2 condutores 3 condutores
secção Tipo de instalação
mm2 enterrado ao ar enterrado ao ar enterrado ao ar
1,5 34 27 30 22 25 20
2.5 45 36 40 30 35 28
4 60 48 50 40 45 36
6 75 60 65 50 60 48
10 105 85 90 70 80 65
16 135 110 120 95 110 90
25 180 145 155 125 135 110
35 225 180 185 150 165 130
50 260 210 220 180 190 150
70 345 275 280 225 245 195
95 410 330 335 270 295 235
120 485 390 380 305 340 270
150 550 440 435 350 390 310
185 630 505 490 390 445 355
240 740 595 570 455 515 410
300 855 685 640 510 590 470
400 1015 820 760 610 700 560
500 1170 935 - - - -
20
A este propósito convém salientar que os fabricantes de cabos eléctricos disponibilizam
tabelas contendo, para diversos tipos de cabos e condições de instalação, os valores
respectivos de intensidade máxima admissível. As Tabelas 5.1 e 5.2 contêm informação
relativa a estas intensidades de corrente para condutores de cobre e de alumínio
instalados ao ar ou enterrados e, ainda, para cabos monocondutores, para cabos
constituídos por dois condutores ou por três condutores. Os valores de intensidade de
corrente referidos são indicados para cada uma destas situações em função das secções
normalizadas cujos valores figuram na primeira coluna de cada uma das tabelas.
Alumínio
1 condutor 2 condutores 3 condutores
secção Instalação
mm2 enterrado ao ar enterrado ao ar enterrado ao ar
1,5 - - - - - -
2.5 - - - - - -
4 48 38 40 32 35 29
6 60 48 50 40 48 38
10 85 70 70 55 65 50
16 110 90 95 75 90 70
25 145 115 125 100 110 90
35 185 145 150 120 130 105
50 210 170 175 145 150 120
70 275 220 225 180 195 155
95 330 265 270 215 235 190
120 390 310 305 245 270 215
150 440 350 350 280 310 250
185 505 405 390 310 355 285
240 590 475 455 365 410 330
300 685 550 510 410 470 375
400 810 655 610 490 580 450
500 935 750 - - - -
Por outro lado, surgem com frequência situações de instalação diferentes das que estão
subjacentes à determinação dos valores de intensidade de corrente máxima admissível
indicados nas Tabelas 5.1 ou 5.2. Isto significa que os valores constantes destas tabelas
foram obtidos ou calculados em condições de instalação bem definidas de que resultam
condições de aquecimento, ou se se pretender de arrefecimento dos cabos, também bem
definidas. Portanto, se as condições de instalação forem diferentes das consideradas
para a determinação dos valores indicados nas Tabelas 5.1 e 5.2, as condições de
aquecimento dos condutores serão também modificadas pelo que será natural a
alteração dos valores de intensidade de corrente máxima admissível.
21
As alterações aos valores das intensidades de corrente máxima admissível indicadas nas
Tabelas 5.1 e 5.2 são realizadas adoptando Factores de Correcção que dependem das
condições particulares de estabelecimento da instalação.
22
termos do número de cabos que se encontram próximos (até 3 e de 4 a 6) e em termos
da distância entre os cabos. Em relação à distância são consideradas duas situações: os
cabos encontram-se a distâncias inferiores ao seu diâmetro ou a distância é igual ou
superior ao diâmetro. A título de exemplo, consideremos uma instalação eléctrica
estabelecida ao ar em que os condutores se encontram colocados sobre suportes
metálicos ao longos das paredes de um edifício. Consideremos, ainda, que num desses
suportes estão instalados 3 cabos de cobre de 120 mm2 e que a distância entre eles é
inferior ao diâmetro. De acordo com a Tabela 5.1, a intensidade I Z de um cabo de
cobre de 120 mm2 é 270 A (última coluna da Tabela 5.1 para a secção indicada). Dado
que existem três cabos instalados com distâncias inferiores ao diâmetro este valor será
reduzido para 80%, isto é, o valor de I Z a considerar é de 216 A.
Finalmente, a Tabela 5.6. indica os valores dos Factores de Correcção a considerar para
cabos instalados ao ar tendo em conta a temperatura ambiente no local da instalação.
Este factor de correcção resulta do facto de os valores de intensidade de corrente
máxima admissível constantes das Tabelas 5.1 e 5.2 terem sido determinados
considerando a temperatura ambiente de 20o. Assim, se a temperatura ambiente for
inferior a este valor será de esperar que as condições de arrefecimento dos cabos fiquem
melhoradas pelo que os valores de intensidade de corrente I Z lidos nas Tabelas 5.1 ou
5.2 deverão ser multiplicados por Factores de Correcção superiores à unidade. Ao
contrário, o Factor de Correcção a considerar será inferior à unidade se a temperatura
ambiente for superior a 20o já que, nestes casos, o arrefecimento dos cabos fica
dificultado.
temp (oC) 5 10 15 25 30 35 40
factor
de 1,15 1,10 1,05 0,94 0,88 0,82 0,75
correcção
23
eléctrica de acordo com os artigos 179 e 615 do Regulamanto de Segurança de
Instalações de Utilização de Energia Eléctrica. Em redes de distribuição de energia
eléctrica em baixa tensão o artigo 151 do Regulamento de Segurança de Redes de
Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão indica que a secção do condutor
neutro será igual à secção dos condutores de fase em redes aéreas trifásicas constituídas
por condutores nus de alumínio ou suas ligas. Se a rede for subterrânea ou for aérea
constituída por condutores nus de cobre, cabos auto-suportados ou supensos de fiadores
e, ainda, em condutores isolados em feixe (torçadas) o condutor neutro terá a secção
indicada na Tabela 5.8.
24
Secção do condutor neutro
secção mm2 Rede aérea
condutores de cabos autos- Condutores Rede
cobre nu suportados ou isolados em subterrânea
suspensos de feixe
fiadores
6 - 6 6 6
10 10 10 10 10
16 16 16 16 16
25 25 16 25 16
35 35 16 35 16
50 50 25 50 25
70 50 35 70 35
95 50 50 - 50
120 70 70 - 70
150 - - - 70
185 - - - 95
240 - - - 120
300 - - - 150
400 - - - 185
25
6. Secção económica
Ctot
Custo
Cinv
Cexp
secção
Figura 6.1 - Custos de investimento, de exploração e total em função da secção.
26
A análise desta figura indica que, considerando as duas parcelas já referidas, será
possível identificar um valor de secção mais económica no sentido em que a utilização
desse valor conduz à minimização do custo ou encargo total associado à instalação
eléctrica.
Os custos de exploração da rede estão associados aos encargos com as perdas por efeito
de Joule nos condutores. Consideremos os seguintes elementos:
- L - comprimento da instalação em m;
- ρ - resistividade do metal constituinte da alma condutora;
- I - valor eficaz da intensidade de corrente suposto constante. Este valor corresponde
ao valor da corrente de serviço supondo um diagrama de carga constante ao longo
de todo o período em análise;
- n - número de anos de exploração;
- E - custo da energia em $/kWh;
27
O encargo associado às perdas por efeito de Joule durante um ano considerando, como
foi referido, que o valor eficaz da intensidade de corrente de serviço é constante, é dado
por (6.3). Desta forma, e como primeira aproximação, o encargo de exploração ao longo
de n anos seria dado por (6.4).
L
C1 ano = 3.ρ. .I 2 .8760.E.10 −3 (6.3)
exp s
L 2
C exp = 3.ρ. .I .8760.E.n.10 −3 (6.4)
s
Esta expressão deverá ser, ainda, modificada por dois conjuntos de razões. Em primeiro
lugar, o valor eficaz da intensidade de corrente não se mantém em geral constante ao
longo de todo o período de exploração da rede. Para considerar esta situação é
conveniente estimar o diagrama de carga da instalação por forma a calcular o valor da
corrente média quadrática. Recorde-se que a corrente média quadrática corresponde,
exactamente, ao valor da intensidade de corrente, suposta constante, que provoca a
mesma potência de perdas que uma intensidade de corrente cujo valor eficaz varia ao
longo do tempo. Assim, na expressão (6.3) I deverá ser substituído pela corrente média
quadrática, I MQ , obtendo-se (6.5). Esta intensidade de corrente é obtida utilizando a
expressão (6.6) e a informação disponibilizada pelo diagrama de cargas diário que se
prevê para os condutores em estudo.
l
C1 ano = 3.ρ. .I 2MQ .8760.E.10 −3 (6.5)
exp s
1 T 2
I MQ = .∫ i ( t ).dt (6.6)
T 0
Em segundo lugar, o valor do encargo anual dado por (6.5) pode ser interpretado como
uma renda que o proprietário da instalação deverá pagar todos os anos. Por esta razão, é
incorrecto adicionar custos que deverão ser suportados no instante inicial com custos
que se encontram distribuídos ao longo do período de exploração da instalação. Desta
forma, atendendo à taxa de actualização real que se estima para o período em análise
verifica-se que, para pagar o encargo associado às perdas no final do primeiro ano de
exploração da instalação, não é necessário dispor hoje do valor correspondente a (6.5).
Com efeito sendo ta a taxa referida, para pagar o encargo associado às perdas no ano 1 é
apenas necessário dispor hoje de um valor dado por (6.7).
L
3.ρ. .I 2MQ .8760.E.10 − 3 C1 ano
s exp
C ano 1 = = (6.7)
exp 1+ ta 1+ ta
De uma forma análoga, para pagar os encargos associados às perdas por efeito de Joule
correspondentes, por exemplo, ao segundo ano ou ao último ano de exploração da
instalação será necessário dispor hoje dos valores associados a (6.8) e (6.9).
28
L
3.ρ. .I 2MQ .8760.E.10 −3 C1exp
ano
C ano 2 = s = (6.8)
exp (1 + t a )2 (1 + t a )2
L
3.ρ. .I 2MQ .8760.E.10 −3 C1exp
ano
C ano n = s = (6.9)
exp (1 + t a )n (1 + t a )n
Assim, o encargo total associado às perdas por efeito de Joule é dado pela soma dos
encargos anuais devidamente referidos ao instante inicial, pelo que se obtém (6.10).
C1exp
ano
C1exp
ano
C1exp
ano
C exp = + +K+ (6.10)
1+ ta (1 + t a )2 (1 + t a )n
Esta expressão corresponde a uma progressão geométrica cujo termo é dado por (6.11)
e cuja razão é dada (6.12). Sabe-se que a soma dos primeiros n termos de uma
progressão geométrica é dada por (6.13) pelo que, substituindo nesta expressão o termo
e a razão já indicadas, se obtém finalmente (6.14).
C1exp
ano
termo = (6.11)
1+ ta
1
razão = (6.12)
1+ ta
1 − razão n
S n = termo. (6.13)
1 − razão
n
ano (1 + t a ) − 1
C exp = C1exp . (6.14)
t a .(1 + t a ) n
Atendendo a (6.1) o custo total é dado pela soma de (6.2) com (6.14) obtendo-se (6.15).
L
C total = 3.ρ. .I 2MQ .8760.E.10 −3.f act + (F + V.s).L $ (6.15)
s
29
(1 + t a ) n − 1
f act = (6.16)
t a .(1 + t a ) n
O custo total dado por (6.15) é função da secção s. Se aceitarmos que s varia
continuamente é possível calcular o valor de secção que minimiza este encargo
igualando a zero a derivada de (6.15) em ordem a s (6.17). Obtém-se, assim, a
expressão (6.18) para a secção económica de um condutor trifásico.
∂C total L
= −3.ρ. 2 .I 2MQ .8760.E.10 −3.f act + V.L = 0 (6.17)
∂s s
3.ρ.I 2MQ .8760.E.10 −3.f act
s= (6.18)
V
Esta secção foi determinada considerando que o seu valor poderia variar continuamente.
Na verdade, como sabemos, existe um número finito e discreto de valores de secções
normalizadas pelo que a opção em termos da instalação se deverá realizar entre um
desses valores disponíveis. Desta forma, a última etapa deste processo de cálculo
corresponde à normalização. Para este efeito deverão ser calculados os custos totais
associados aos dois valores de secção que enquadram a secção s obtida a partir de
(6.18). O valor de secção associado ao menor custo será, então, o valor de secção
disponível mais económico. Repare-se que dada a natureza não linear e discreta deste
problema não se pode assegurar que o valor de secção normalizada mais próximo da
secção s calculada por (6.18) corresponde ao menor custo. Por esta razão, torna-se
necessário calcular os custos totais das secções normalizadas que enquadram o valor s
calculado.
Uma estratégia alternativa de cálculo consiste em calcular o custo total (6.15) associado
à secção identificada de acordo com a condição de aquecimento. Este cálculo deverá
repetir-se para valores normalizados sucessivos e crescentes. De início, será de esperar
que o custo total diminua progressivamente significando isto que novos aumentos de
secção originam uma diminuição do encargo associado à potência de perdas que
compensa o aumento dos custos de investimento. Este processo deverá ser interrompido
logo que o custo total inverter esta tendência. Nesta altura, poderá concluir-se que o
custo mínimo - admitindo que a secção era representada por uma variável contínua - se
encontra enquadrado pelos dois últimos custos totais calculados. De entre as duas
secções associadas a estes dois custos deverá seleccionar-se a secção correspondente ao
menor deles.
30
7. Condição de queda de tensão
Como se referiu no ponto 3 deste texto a qualidade de serviço pode ser avaliada
considerando diversos critérios. Em relação às redes de distribuição de energia eléctrica
e sem prejuízo de outra regulamentação ou normas existentes, o Artigo 9 do
Regulamento de Segurança de Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa
Tensão indica um conjunto de aspectos a considerar na concepção das redes de
distribuição. Assim:
- o número 1 deste artigo indica que "as redes de distribuição deverão ser concebidas
de forma a permitir desempenhar com eficiência e em boas condições de segurança
os fins a que se destinam";
- o número 2 estipula que "as redes de distribuição deverão ser convenientemente
subdivididas, por forma a limitar os efeitos de eventuais perturbações e a facilitar a
pesquisa e a reparação de avarias";
- o número 3 indica que "no dimensionamento das redes de distribuição deverão ter-
se em conta as necessidades e características das zonas a servir, bem como as
condições fixadas nos projectos-tipo elaborados ou aprovados pela fiscalização do
Governo";
- o número 4, finalmente, indicava que "as variações de tensão em qualquer ponto da
rede de distribuição não deverão ser superiores a ± 8 % da tensão nominal". Por
outro lado, o comentário número 3 a este artigo indica, ainda, que "nas redes de
distribuição em centros urbanos recomenda-se que as variações de tensão em
relação ao valor nominal não excedam ± 5 % ";
- entretanto, estas disposições foram alteradas no âmbito da elevação do valor
nominal da tensão em redes de BT de 220V/380V para 230V/400V. Assim, o valor
máximo da queda de tensão total admissível é de 10% da tensão nominal simples. O
valor da queda tensão deve ser decomposto em dois valores paprcelares: queda de
tensão no ramal de ligação e queda de tensão nas colunas montantes. A primeira
parcela não poderá exceder 8,5% do valor da tensão nominal simples enquanto que
a segunda não deverá exceder 1,5% desse mesmo valor;
Assim, deverá ser avaliada a variação de tensão mais elevada na rede a dimensionar ou,
se se pretender, deverá ser identificado o ponto da rede em que a tensão assume um
valor mais baixo e mais alto. A variação percentual referida ao valor nominal não
deverá exceder 10% na generalidade das redes, devendo ainda ser respeitados os limites
impostos para as duas parcelas referidas. Admitindo que as redes de distribuição em
baixa tensão são passivas e que as capacidades instaladas (quer associadas a
dispositivos de correcção do factor de potência, quer a capacidade distribuída de linhas
e cabos) são insuficientes para originar elevações de tensão a verificação desta condição
resume-se ao cálculo da queda de tensão mais elevada que pode ocorrer na rede, à
verificação da condição (7.1) e à verificação dos limites impostos a cada uma das duas
parcelas referidas.
∆U ≤ ε.U ns (7.1)
31
Em relação a esta condição convém salientar que as redes trifásicas em estudo são
consideradas, em geral, equilibradas pelo que a soma das intensidades de corrente de
fase, isto é, a intensidade de corrente no condutor neutro será nula. Nestas condições, a
queda de tensão a calcular corresponderá à que está associada a um condutor de fase.
Em redes de corrente alternada monofásica é necessário dispôr de um condutor de
retorno pelo que a queda de tensão deverá ser calculada não apenas no condutor de fase
mas também no de retorno. Algo de semelhante ocorre, aliás, em redes de corrente
contínua.
Nestas condições, a queda de tensão no troço i é dada por (7.2). Admitindo que a rede é
puramente radial e que possui n troços verifica-se que as impedâncias dos diferentes
condutores se encontram ligadas em série pelo que, conhecendo a tensão na
extremidade emissão U e , a tensão na extremidade recepção U r é dada por (7.3).
Nestas condições, a diferença do módulo das tensões é dada por (7.4).
(
∆ U i = (R i + jX i ). I if − jI iq ) (7.2)
n n
(
U r = U e − ∑ ∆ U i = U e − ∑ (R i + jX i ). I if − jI iq ) (7.3)
n n
(
∆ U = U e − U r = U e − U e − ∑ ∆ U i = U e − U e − ∑ (R i + jX i ). I if − jI iq ) (7.4)
32
componente reactiva da intensidade de corrente ser pequena, dado que o factor de
potência é elevado, justifica ainda a utilização da expressão (7.6).
(
∆ U = U e − U r ≅ ∑ R i .I if + X i .I iq
n
) (7.5)
∆ U = Ue − Ur ≅ ∑ (R .I )
f
i i (7.6)
n
33
α (oC-1)
Cobre 0,0039
Alumínio 0,0040
7.2. Exemplo 4
50 m A 20 m B 50 m D
20 m
I SA = 50 − j20 A (7.7)
I SC = 100 − j40 A (7.8)
I SD = 50 − j20 A (7.9)
o
R 70 C = 0,32026 Ω/km (7.10)
X = 0,07226 Ω/km (7.11)
Uma vez que a rede é passiva, as intensidades de corrente circulam desde o Posto de
Transformação em direcção aos pontos C e D. Por esta razão, estes serão os pontos da
rede em que a tensão será mais baixa. A maior diferença dos módulos das tensões
ocorrerá, portanto, num destes dois pontos sendo necessário realizar o seu cálculo para
se verificar, então, qual das duas é mais elevada. A queda de tensão no ponto C é dada
por (7.13) e no ponto D por (7.15). Verifica-se, assim, que a diferença do módulo das
tensões é mais elevada no ponto D pelo que será o valor associado a este ponto que será
comparado com o limite de 8,5% de queda tensão admissível nos ramais de ligação.
34
∆ U C = 4,8039 + 0,4336 = 5,2375 V (7.13)
35
8. Protecção contra sobreintensidades
IS ≤ I n ≤ I Z (8.1)
I f ≤ 1,45.I Z (8.2)
36
IS IZ 1,45.IZ
corrente de corrente
serviço máxima
admissível
calibre, corrente corrente
nominal ou de convencional de
regulação da funcionamento da
protecção, In protecção, If
Figura 8.1. - Características dos aparelhos de protecção contra sobrecargas.
Refira-se, por outro lado, que por vezes pode ocorrer que não existam aparelhos
possuindo valores de I n , I f que satisfaçam em simultâneo as condições (8.1) e (8.2)
37
face aos valores de I S e I Z disponíveis na altura. Nestas condições, a secção do
condutor deverá ser aumentada até que seja possível verificar essas condições.
In Inf If
2 3 4
4 6 8
6 9 11
8 12 15
10 15 19
12 17 21
16 22 28
20 28 35
25 35 44
32 42 51
40 52 64
50 65 80
63 82 101
80 104 128
100 130 160
125 150 200
160 192 256
200 240 320
250 300 400
315 378 504
400 480 640
500 650 800
630 756 1008
800 960 1280
1000 1200 1600
1250 1500 2000
38
In Inf If
2 - -
4 - -
6 6,3 8,1
8 8,4 10,8
10 10,5 13,5
12 12,6 16,2
16 16,8 21,6
20 21 27
25 26,3 33,8
32 33,6 43,2
40 42 54
50 53 68
63 66 85
80 84 108
100 105 135
125 131 169
160 168 216
200 210 270
250 263 338
315 331 425
400 420 540
500 525 675
630 662 851
800 840 1080
1000 1050 1350
1250 1313 1688
1600 1680 2160
2000 2100 2700
2500 2625 3375
Exemplo 5
I Z = 165 A (8.3)
1,45.I Z = 239,25 A (8.4)
39
Se a protecção contra sobrecargas for assegurada por disjuntores, a corrente nominal
deverá ser de 160 A. Se se utilizasse o disjuntor com a corrente nominal seguinte, 200
A, a corrente de funcionamento respectiva If=270 A, já não verificava a condição (8.2).
t ap ≤ t ft (8.5)
t ap ≤ 5 s (8.6)
S
t ft = k. (8.7)
I cc
40
Figura 8.2. - Características tempo/corrente de fusíveis de diversos calibres.
Na expressão (8.7):
- k é uma constante cujo valor depende das características do material isolante e do
material condutor. O seu valor é:
- 115 - condutores com alma de cobre isolada a policloreto de vinilo;
- 135 - condutores de alma de cobre isolada a borracha natural, borracha butílica,
polietileno reticulado ou etileno-propileno;
- 159 - condutores nus de cobre;
- 74 - condutores com alma de alumínio isolada a policloreto de vinilo;
- 87 - condutores de alma de cobre isolada a borracha natural, borracha butílica,
polietileno reticulado ou etileno-propileno;
- 104 - condutores nus de alumínio;
- 97 - condutores nus de ligas de alumínio;
- 115 - ligações dos condutores de cobre soldadas a estanho;
- S é a secção dos condutores expressa em mm2;
- Icc é a corrente de curto-circuito mínima, isto é, a corrente que resulta de um curto-
circuito franco verificado no ponto mais afastado do circuito, em A;
41
De entre os possíveis pontos de localização deste defeito, Icc assume o valor mínimo se
a impedância desde o ponto de alimentação até ao local de defeito for máxima. Isto
significa que o defeito fase-neutro deverá ser simulado no ponto extremo da
canalização. O comentário 7 ao Artigo 130 do Regulamento de Segurança de Redes de
Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão indica a expressão (8.8) para
calcular o valor desta corrente de defeito.
0,95.U
I cc = (8.8)
LF L
ρF. + ρN. N
SF SN
Nesta expressão:
- U representa a tensão entre condutores (230 V se houver condutor neutro na
canalização e 400 V no caso contrário);
- ρ F e ρ N são as resistividades dos condutores de fase e neutro da canalização para a
temperatura média durante o curto-circuito;
- L F e L N são os comprimentos dos condutores de fase e neutro;
- S F e S N são as secções dos condutores de fase e neutro;
Esta expressão pode ser reescrita considerando que são conhecidos os valores da
resistência dos condutores de fase e neutro por unidade de comprimento à temperatura
o o
de 20oC - R 20
F
C
e R 20
N
C
. Considerando que a temperatura média durante o curto-
circuito é de 145 C, verifica-se que a correcção de temperatura de 20oC para 145oC
o
Admitindo que α assume o valor 0,004/oC quer para o cobre quer para o alumínio,
então f assume o valor 1,5 pelo que o valor da corrente de curto-circuito fase-neutro é
dado por (8.10).
0,95.U
I cc = o o
(8.10)
1,5.(R 20
F
C
.L F + R 20
N
C
.L N )
Esta expressão é de fácil utilização atendendo a diversas aproximações de que foi alvo a
expressão de onde deriva, isto é, a expressão exacta da corrente de curto-circuito fase-
neutro. A expressão exacta referida é dada por (8.11) e corresponde à intensidade de
corrente de curto-circuito fase-neutro. Nesta expressão E representa a tensão simples
disponibilizada pela rede, Z cc , Z d , Z i e Z o representam a impedância de curto-
circuito circuito, e as impedâncias directa, inversa e homopolar do gerador.
E
I cc = (8.11)
1
Z cc + .( Z d + Z i + Z o )
3
42
Em relação à expressão (8.11):
- admitamos que o defeito ocorre entre uma fase e o neutro de um condutor trifásico
como o representado na Figura 8.3. As impedâncias directa, inversa e homopolar
que figuram em (8.11) correspondem às impedâncias directa, inversa e homopolar
desta linha de transmissão de energia. Por esta razão vamos analisar, com um pouco
mais de detalhe, o funcionamento deste sistema. Em relação a esta Figura, Z F e
Z N representam os valores das impedâncias dos condutores de fase e neutro sendo
I F1 , I F2 , I F3 e I N as intensidades de corrente nos condutores de fase e neutro.
IF1 ZF
IF2 ZF
ZN IN = IF1+IF2+IF3
A aplicação da lei das malhas permite obter as quedas de tensão nos condutores de
fase, de acordo com (8.12). Repare-se, por outro lado, que a soma das intensidades
de corrente nos três condutores de fase é igual à intensidade de corrente no condutor
neutro. Assim, a expressão (8.12) dá origem à equação matricial (8.13).
V F11 V F12 Z F + Z N ZN ZN I F1
V F21 − V F22 = Z N ZF + Z N Z N .I F2 (8.13)
V F31 V F32 Z N ZN Z F + Z N I F3
43
impedâncias directa, inversa e homopolar do cabo trifásico com neutro são dadas
por (8.16), (8.17) e (8.18).
Z F + Z N ZN ZN
Z CS = T . Z N
−1
ZF + ZN Z N .T (8.14)
Z N ZN Z F + Z N
Z F 0 0
Z CS = 0 ZF 0
(8.15)
0 0 Z F + 3.Z N
Zd = ZF (8.16)
Zi = Z F (8.17)
Z h = Z F + 3.Z N (8.18)
E
I cc = (8.19)
ZF + Z N
ii) O tempo até à fadiga térmica dado pela expressão (8.7) depende da secção S dos
condutores. Consideremos, então, que estamos a dimensionar um ramal ligado ao
quadro de baixa tensão de um Posto de Transformação. O valor da intensidade de
corrente de curto circuito mínima deverá ser calculada para um defeito fase-neutro no
extremo desse ramal. Isto significa que a corrente de curto-circuito percorre o condutor
de fase da fase afectada e retorna, quando se atinge o extremo desse ramal, pelo
condutor neutro. Por esta razão, as resistências destes condutores aparecem adicionadas
- ligação série - no denominador de (8.8) ou (8.10). Uma vez que há dois condutores
44
possuindo secções diferentes envolvidos existirão também dois tempos de fadiga
térmica diferentes. Sejam t ftF e t ftN esses tempos correspondentes ao condutor de fase
e ao condutor neutro (8.20) e (8.21).
2
k.S
t ftF = minF (8.20)
I
cc
2
k.S
t ftN = minN (8.21)
I
cc
Uma vez que a secção SN é não superior à secção SF, o tempo de fadiga térmica t ftN é
não superior a t ftF . Dado que este tempo constitui um dos limites superiores impostos
ao tempo de actuação do aparelho de protecção conclui-se que a comparação de tempo
deverá envolver t ftN . De outro modo, o condutor de menor secção possui menor
capacidade calorífica pelo que se degradará em primeiro ligar se for percorrido por uma
intensidade de corrente com o mesmo valor no mesmo intervalo de tempo. Isto
significa, ainda, que se a adequação da protecção for avaliada em relação ao condutor
neutro, estará simultaneamente verificada a protecção do condutor de fase.
0,95.U
I min
cc
= o o o o
(8.22)
1,5.(R 20 C
F− R .L F− R + R 20 C
F−CM .L F−CM + R 20 C
N −CM .L N −CM + R 20 C
N − R .L N − R )
Nesta expressão:
o
R 20 C o
- F− R e R N − R representam as resistências por unidade de comprimento dos
20 C
min
Uma vez calculado o valor de I cc deveremos calcular o tempo de fadiga térmica
utilizando (8.23) em que S N −CM representa a secção do condutor neutro da coluna
montante, visto ser a menor das secções envolvidas.
45
2
k.S −CM
t ft = Nmin (8.23)
I
cc
t
C F
Ia I
Admitindo que estas duas curvas se intersectam num ponto a que corresponde a
intensidade de corrente Ia, pode concluir-se que o fusível F protege a canalização de
forma adequada se a corrente de curto-circuito mínima exceder Ia. Com efeito, para
intensidades de corrente superiores a Ia encontra-se, em primeiro lugar, a curva F e só
depois a curva C. Isto significa que o tempo de fadiga térmica é superior ao tempo de
actuação do aparelho de protecção pelo que este actua antes de o condutor se degradar.
Desta forma, fica verificada a condição (8.5).
min
I cc ≥ Ia (8.24)
min
I cc ≥ I(5 s) (8.25)
46
iv) O comentário 3b) do mesmo artigo refere-se à protecção por disjuntores. Na Figura
8.5 encontram-se representadas a característica de funcionamento do disjuntor - D1 - e
a curva C de fadiga térmica admissível na canalização protegida.
t
C F
Ia I
Para além desta verificação, no caso da protecção por disjuntores temporizados torna-
se, ainda, necessário verificar se, durante o tempo de funcionamento do aparelho de
protecção, a passagem da corrente de curto-circuito prevista no ponto de instalação do
disjuntor (corrente de curto-circuito máxima) não origina que os condutores na
vizinhança do disjuntor fiquem sujeitos a uma temperatura excessiva.
De acordo com o comentário 3b) referido, esta verificação pode realizar-se utilizando as
curvas C' e D2 representando a curva admissível I2.t dos condutores e a característica
I2.t do disjuntor, tal como se mostra na Figura 8.6.
I2.t
C'
D2
Ib2.tIb
tIb t
Figura 8.6 - Protecção contra curto-circuitos por disjuntores temporizados.
47
impõe um tempo de actuação mínimo. Nestas condições, o valor de I2.t poderá
aumentar - I aumentou e t não diminuiu - para além do limite admissível podendo
originar a degradação da instalação;
0,95.U
LF = LN = o o
(8.26)
1,5.(R 20
F
C
+ R 20
N
C min
).I cc
Este racciocínio permite concluir que, a cada par corrente nominal do aparelho de
protecção/ secções SF ou SN se pode associar o comprimento máximo LF ou LN que essa
canalização poderá ter se for estabelecida com condutores de fase e neutro possuindo as
secções referidas. Os quadros 13.3 a 13.7 em anexo ao Regulamento de Segurança de
Redes de Distribuição de Energia Eléctrica em Baixa Tensão indicam os comprimentos
máximos que as canalizações podem assumir considerando que a protecção é
assegurada por fusíveis APC de tipo gI para diversas condições de instalação e diversos
tipos de condutores.
- o Artigo 129 indica que "no ponto onde a intensidade de corrente máxima
admissível de uma canalização sofrer redução em resultado de uma mudança da sua
secção nominal, da natureza, do tipo ou do modo de estabelecimento deverão ser
48
colocados aparelhos de protecção contra sobrecargas, a não ser que a canalização de
menor corrente máxima admissível esteja protegida contra sobrecargas e curto-
circuitos por aparelhos colocados a montante";
- o ponto 1 do Artigo 131 estipula que "no ponto onde a intensidade de corrente
máxima admissível de uma canalização sofrer redução em resultado de uma
mudança da sua secção nominal, da natureza, do tipo ou do modo de
estabelecimento deverão ser colocados aparelhos de protecção contra curto-
circuitos";
- o ponto 2 do Artigo 131 indica "os aparelhos de protecção poderão ser colocados
em qualquer ponto do percurso da canalização desde que se verifiquem,
simultaneamente, as condições seguintes:
M S1 O L1,S1 B
AP
S2
S1≥S2
L2
S2
V
Nesta figura:
- AP representa o aparelho de protecção;
- MB=L1 é o comprimento máximo da canalização de secção nominal S1
protegida contra curto-circuitos pelo aparelho AP colocado em M;
- MC=L2 é o comprimento máximo da canalização de secção nominal S2
protegida contra curto-circuitos pelo aparelho AP colocado em M;"
Exemplo 6
49
A título de exemplo, e antes de se justificar o conteúdo deste artigo consideremos a rede
cujo esquema unifilar se apresenta na Figura 8.8. Em relação a esta rede sabe-se que o
ramal é constituído por um cabo em que os condutores de fase possuem 70 mm2 de
secção de nominal.
160 A 120 m O B
M
VAV 3x70+35 mm2
VAV 3x25+16 mm2
O quadro 13.6 já referido indica que o fusível com In=160 A protege de forma adequada
um cabo com secção nominal de 25 mm2 possuindo, no máximo, um comprimento de
75 m. Nestas condições, e atendendo à Figura 8.7, verifica-se que:
S1 = 70 mm2 (8.27)
MB = L1 = 170 m (8.28)
S2 = 25 mm2 (8.29)
MC = L2 = 75 m (8.30)
OB = 50 m (8.31)
OB - - - - OV
(8.32)
MB - - - - MC
OB.MC 50.75
OV = = = 22,06 m (8.33)
MB 170
50
ocorresse, a resistência da malha de defeito aumentava pelo que a corrente de curto-
min
circuito para um defeito no ponto extremo da canalização seria inferior a I cc
originando que o tempo de actuação do aparelho de protecção fosse superior a 5 s. Os
comprimentos máximos Lmax 1 e Lmax
2 associados a SF1/ SN1, por um lado, e a SF2/ SN2,
por outro, são dados por (8.34) e (8.35).
0,95.U
I ccmin = (8.34)
o 1 1 max
1,5.ρ 120 C . + .L1
S F1 S N1
0,95.U
I ccmin = (8.35)
o 1 1 max
1,5.ρ 220 C . + .L2
SF2 SN 2
Por outro lado, se num ponto da canalização de secção SF1 situado a uma distância
L1 < L1max do seu início for realizada uma derivação com um condutor de secção SF2, o
comprimento L2 que este ramal poderá possuir será obtido a partir de (8.36). Esta
expressão corresponde, aliás, à corrente de curto-circuito no ponto extremo do condutor
de secção SF2.
0,95.U
I ccmin = (8.36)
20o C 1 1 o 1 1
1,5.ρ 1 . + .L1 + 1,5.ρ 220 C . + .L2
S F1 S N1 SF2 SN2
min
A análise das expressões (8.34), (8.35) e (8.36) permite concluir que o valor de I cc
poderá ser atingido considerando um único condutor de secção SF1, ou um único
condutor de secção SF2, ou a série de dois condutores de secção SF1 e SF2 tal que os seus
min
comprimentos L1 e L2 respeitem a condição (8.36). De outro modo, a um valor de I cc
está associado um valor máximo do denominador da expressão da corrente de curto-
circuito fase-neutro que não poderá ser excedido apesar de poder ser atingido
considerando diversas configurações da instalação. Assim, os denominadores de (8.34),
(8.35) e (8.36) são afinal iguais resultando (8.37) ou, o que é equivalente, (8.38).
51
Dividindo membro a membro estas duas equações, obtém-se a relação (8.39) que
corresponde à representação gráfica apresentada na Figura 8.7.
Lmax
1 Lmax
2
= (8.39)
Lmax
1 − L1 L2
A este respeito, o comentário número 3 desse artigo apresenta a Figura 8.9 em que se
representam as curvas de funcionamento de um disjuntor - D - e de um fusível - F -
coordenadas de modo que o fusível actue primeiro se a intensidade de corrente for
superior a um valor Io.
t
D F
ID IF Io I
Este valor Io deverá ser não superior ao que está associado ao poder de corte do
aparelho de protecção contra sobrecargas. Desta forma, assegura-se que se a intensidade
de corrente de defeito for inferior a Io actua, em primeiro lugar, o disjuntor já que este
tem poder de corte suficiente para cortar a intensidade de corrente de defeito em boas
condições. Este facto decorre de Io ser não superior à intensidade de corrente
correspondente ao poder de corte do disjuntor. Se a intensidade de corrente de defeito
52
for superior a Io actuará, em primeiro lugar, o fusível, isto, é o aparelho de protecção
contra curto-circuitos.
AP4
A
AP2 CMA
SCA
AP1 AP5
AP6
CMB
QBT AP3
C B SCB
AP7
Figura 8.10 - Esquema unifilar de uma rede de distribuição de energia eléctrica.
Se esta condição for verificada garante-se que actua o aparelho AP4 em primeiro lugar
pelo que apenas serão interrompidas as cargas ligadas à coluna montante CMA. Por
outras palavras, as cargas ligadas aos dois quadros de serviços comuns e à coluna
montante CMB continuam a ser alimentadas contribuindo-se, assim, para diminuir a
energia cortada, os tempos de interrupção e, de forma mais geral, para melhorar a
qualidade de serviço.
Se, por qualquer razão, o aparelho AP4 não actuar, a condição (8.40) permite concluir
que o aparelho AP2 será chamado a interromper a corrente de defeito. Repare-se que,
neste caso, a corrente de defeito percorre a instalação durante um tempo mais longo,
t AP 2 (I cc−CMA ) . Por outro lado, a actuação de AP2 origina, ainda, a interrupção da
53
alimentação a mais cargas - todas as cargas ligadas ao quadro A - quando comparado
com o que ocorria se AP4 tivesse actuado.
Finalmente, se quer AP4 quer AP2 não actuassem então o aparelho AP1 seria chamado
a actuar. Novamente, o tempo ao fim do qual a corrente de defeito era interrompida
sofria um novo aumento, neste caso para t AP1 (I cc−CMA ) sendo agora interrompidas
todas as cargas ligadas aos quadros A e B.
54
prática, as normas CEI relativas a este assunto indicam que esta condição é
verificada se a corrente nominal, calibre ou regulação de um aparelho a montante
for pelo menos o dobro da corrente nominal, calibre ou regulação do aparelho
situado a jusante. A verificação desta regra garante que as curvas características dos
dois aparelhos se encontram suficientemente afastadas de modo que o tempo de
actuação do aparelho situado a jusante seja inferior ao do aparelho a montante;
AP1
AP2
AP4
55
- aquecimento exagerado do motor causando a fadiga térmica dos isolamentos e a sua
consequente destruição. Esta situação pode ser devida a sobrecargas mecânicas, a
diminuição da tensão de alimentação, à falta de uma fase do circuito de alimentação
ou a situações de curto-circuito;
RT2
M
RT1
θ1
tRT2 tM tRT1 t
- por outro lado, repare-se que no parágrafo anterior se admitiu que o motor funciona
de forma contínua. Se, pelo contrário, o motor funcionar de forma intermitente
verifica-se que ficará sujeito a condições de aquecimento mais desfavoráveis. Neste
caso, é usual seleccionar um relé térmico que, para uma mesma temperatura θ1 ,
possua um tempo de actuação um pouco mais reduzido quando comparado com o
56
indicado no parágrafo anterior. Por outras palavras, o motor deverá ser ligeiramente
sobreprotegido contra sobreelevações de temperatura;
- relés diferenciais que permitam detectar de forma rápida e segura situações em que
falta uma fase ao sistema de alimentação de motores trifásicos. Nesta situação, pelo
menos um dos enrolamentos do motor poderá ficar em sobrecarga e determinar, por
isso, um aumento da temperatura. Os relés diferenciais baseam-se no facto de em
serviço normal a soma das intensidades de corrente de alimentação ser nula.
Quando um condutor de fase é interrompido, a soma das intensidades de corrente
nas restantes duas fases é não nula sendo este facto interpretado como estando
associado a uma situação anormal de funcionamento;
C2
C1
M S
T
RT
Noutras situações, pode optar-se por instalar dois relés de protecção contra
sobrecargas sendo um deles regulado para uma menor intensidade de corrente e
outro mais elevada. Neste caso, durante o período de arranque o relé com menor
corrente de regulação está inactivo. Esta montagem tem a vantagem de estar
sempre presente no circuito um aparelho de protecção, mesmo durante o período de
arranque. Noutros casos, pode optar-se por utilizar o arranque estrela-triangulo.
Este esquema de arranque permite diminuir a intensidade de corrente de arranque
contribuindo, assim, para tornar mais fácil a regulação das protecções contra
sobrecargas;
57
- finalmente, deve assinalar-se que as protecções contra sobrecargas e curto-circuitos
deverão estar coordenadas. Nas Figuras 8.14 e 8.15 escontram-se esquematizadas
duas situações típicas. Na Figura 8.14 estão assinaladas as curvas características do
relé térmico de protecção contra sobrecargas - RT - e do fusível para protecção
contra curto-circuitos - F. Na Figura 8.15 estão representadas as curvas
características do relé térmico de protecção contra sobrecargas - RT - e do disjuntor
para protecção contra curto-circuitos - D. Em ambas as Figuras estão representados
o poder de corte - IC1 - do contactor C1, de acordo com o esquema da Figura 8.13,
bem como o ponto P correspondente à característica de arranque do motor.
ta P RT
F
Ia IC1 I
Figura 8.14 - Coordenação entre a protecção por relé térmico e por fusíveis.
RT
ta P
D
Ia IC1 I
Figura 8.15 - Coordenação entre a protecção por relé térmico e por disjuntor.
58
9. Exemplo 7
Resolução
60
apenas, que a optimização do investimento a realizar e do custo de exploração da instalação
podem justificar elevações do valor da secção a adoptar.
A saída S1 alimenta 2 habitações com 13,8 kVA de potência contratada cada, 8 habitações
com 10,35 kVA de potência contratada cada e o quadro de Serviços Comuns (potência
contratada de 10,35 kVA). Assim, a potência que servirá de base ao dimensionamento da
canalização é dada por:
79902
I S1 = = 115,8 A
3 × 230 (9.2)
I f ≤ 1,45 × I Z (9.3)
If 200
IZ ≥ = = 137,931 A (9.4)
1,45 1,45
Significa isto que a intensidade de corrente máxima admissível em cada fase do cabo a
instalar deverá ser superior a 137,931 A. Consultando a Tabela 5.1 - Intensidades de
corrente máxima admissíveis em cabos de tipo VAV - verifica-se que a secção de 35 mm2 é
a primeira que satisfaz esta condição. O condutor será então um cabo VAV 3x35 + 16 mm2
a que corresponde, de acordo com a tabela indicada, a corrente máxima admissível Iz = 165
A.
61
IS ≤ I n ≤ I Z (9.5)
I f ≤ 1,45 × I Z (9.6)
S QGBT − A = (6 × 13800 + 10 × 10350) × 0,53 + 10350 + 13800 + 10350 = 133239 kVA (9.9)
133239
I QGBT − A = = 193,1 A
3 × 230 (9.10)
62
O cálculo da queda de tensão será realizado considerando que as cargas a alimentar são
exclusivamente activas e que, no seu conjunto, se comportam como uma carga trifásica
equilibrada quer porque, individualmente, existem cargas trifásicas equilibradas quer
porque, sendo cargas monofásicas, se realizou a sua distribuição pelas três fases por forma
a obter, em termos equivalentes, o comportamento equilibrado já referido. Por outro lado, o
cáculo da queda de tensão é realizado considerando que os condutores se encontram a
trabalhar em regime permanente a que corresponde a temperatura de 70oC. Assim, torna-se
necessário converter a resistência por unidade de comprimento dos condutores de fase de
70 mm2 (QGBT-A) e de 35 mm2 (S1) para esta temperatura. Consultando a Tabela 7.1 e
aproveitando para multiplicar as resistências por unidade de comprimento pelo
comprimento dos cabos respectivos, obtém-se:
S1 ---- 35 mm2
R (20 o C) = 0,524 Ω / km
(9.12)
R (70 o C) = 0,524 × (1 + 0,00393 × (70 − 20)) × 0,05 = 0,0313 Ω
As variações de tensão não deverão exceder 10% da tensão nominal no conjunto ramal de
ligação e colunas montantes. Neste caso, o valor limite da queda de tensão no ramal de
ligação é portanto, de 8,5%.230V, isto é, de 19,55V. O dimensionamento das colunas
montantes derivadas do Quadro de Colunas seria realizado atendendo a que queda de
tensão nessas colunas não deverá exceder 1,5% do valor da tensão nominal simples, isto é,
3,45 V.
63
Quadro de Baixa Tensão do Posto de Transformação - até ao ponto em que ocorre o
defeito. Neste caso os cabos a considerar são dois: desde QGBT até ao Armário de
Distribuição, por um lado, e o cabo da saída S1, por outro. As respectivas resistências dos
condutores de fase e neutro são dadas por:
Atendendo à curva característica do fusível com calibre de 125 A e considerando este valor
da corrente de curto circuito, verifica-se que o tempo de actuação respectivo é de cerca 1 s.
Por outro lado, o tempo ao fim do qual a canalização atinge a sua temperatura limite
admissível - tempo de fadiga térmica - é dado por:
2
115 × 16
t fadiga = = 4,23 s (9.19)
893,21
64
b) Cálculo do poder de corte do fusível F
c × U n 11
, ×1
x cc = = = 11
, pu (9.20)
I cc 1
500 × 10 6
x f = 0,1 × = 79,365 pu (9.21)
630 × 10 3
Z eq = j11
, + j79,365 = j80,465 pu (9.22)
O valor eficaz da componente simétrica da corrente de curto circuito será dada por:
c × Un 1×1
I cc = = = 0,0124 pu (9.23)
Z eq 80,465
Atendendo aos valores de base utilizados - 500 MVA e 400 V - a corrente de base tem o
valor de 721687,8 A pelo que o valor eficaz da componente simétrica da corrente de curto
circuito tem o valor de 8969 A.
65
Sb 500 × 10 6
I base = = = 721687,8 A (9.24)
3 × Ub 3 × 400
R
− 3×
k = 1,02 + 0,98 × e X
(9.26)
i pico = 2 × k × I cc = 2 × 1,8 × 8969 ≈ 22831 A (9.27)
66
curto-circuito. O valor obtido para a impedância do cabo deverá ser calculado em pu,
considerando a impedância de base respectiva.
U 2b 400 2
Z base = = = 0,00032 Ω (9.30)
S b 500 × 10 6
0,0268 + j0,00722
Z= = 83,75 + j22,5625 pu (9.31)
0,00032
c × Un 1×1
I cc = = = 0,00753 pu (9.33)
Z eq 132,773
min 0,95 × U n
I cc = o o
(9.37)
1,5 × (R 20
F
C
+ R 20
N
C
)
67
Analisando esta expessão pode concluir-se que o seu denominador não poderá exceder um
limite máximo. Se esse limite for excedido a corrente de curto-circuito torna-se inferior ao
valor mínimo referido e o fusível actuará em mais de 5 s. Supondo conhecida a secção do
condutor a utilizar - fase e neutro - facilmente se conclui que o valor da corrente de curto-
circuito só depende do comprimento da canalização. Por esta razão, a pergunta refere-se ao
cálculo do comprimento máximo que o condutor poderá ter de modo que o tempo de
actuação do fusível não ultrapasse 5 s.
Para calcular esse comprimento deveremos, em primeiro lugar, verificar qual o valor da
corrente que origina a actuação do fusível de calibre 250 A ao fim de 5 s. Este valor de
corrente pode ser obtido na curva característica do fusível com calibre 250 A para um
tempo de actuação de 5 s. O valor de corrente assim obtido utilizando a curva da Figura 8.2
correspondente a In = 250 A é de cerca de 1700 A. O comprimento referido será obtido
utilizando a expressão da corrente de curto-circuito fase-neutro considerando os valores
seguintes para as resistências dos condutores de fase e neutro:
0,95.230
1700 = (9.40)
1,5.(0,268.Lmax + 0,524.Lmax )
Desta forma, o comprimento máximo referido tem o valor de 108,2 m. Nestas condições,
pode concluir-se que o cabo QGBT-A poderá ter secção de 70 mm2 supondo que tem 100 m
de comprimento e que é protegido por um fusível com In = 100 A Em todo o caso, assinala-
se que se ocorrer um defeito fase-neutro no extremo deste condutor o tempo de actuação do
aparelho de protecção será muito próximo de 5 s.
68
Bibliografia
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