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da clínica diária.
Os editores
Índice
Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial como solução estética para perda óssea alveolar vestibular
PerioNews 2012;6(2):165-70
Utilização de enxerto ósseo autógeno para tratamento de lesão de bifurcação proximal classe II
PerioNews 2011;5(5):540-4
Pericárdio bovino acelular, matriz dérmica acelular ou tecido conjuntivo para recobrimento radicular
PerioNews 2011;5(2):183-9
Comparação entre duas técnicas para enxerto de tecido conjuntivo em recessões classes I ou II de Miller
PerioNews 2011;5(1):25-33
Retalho reposicionado apical modificado e retalho posicionado coronário. Combinação de técnicas cirúrgicas para
tratamento de recessão radicular
PerioNews 2011;5(1):35-40
Desconforto e dor após aumento de coroa clínica realizado com instrumentos rotatórios e manuais
PerioNews 2011;5(1):71-6
Restauração subgengival e cirurgia plástica periodontal no tratamento de recessão gengival associada à lesão cervical não
cariosa
PerioNews 2011;5(1):59-62
Subepithelial connective tissue graft as aesthetic solution for vestibular alveolar bone loss
RESUMO ABSTRACT
Dentre as opções para reabilitação oral, os implantes osseointegrados são Among the options for oral rehabilitation, endosseous implants are an
um excelente artifício para o restabelecimento estético e funcional de excellent option for aesthetic and functional restoration of edentulous
pacientes edêntulos. Com o advento da carga imediata, vantagens ainda patients. With the advent of immediate loading, even greater benefits
maiores são observadas, já que o tempo do tratamento é significativamen- are seen as the demanded treatment time is significantly reduced. One
te reduzido. Uma das consequências do edentulismo é a perda de estrutu- of the consequences of edentulism is the loss of bone structure in the
ra óssea no sentido horizontal e/ou vertical. Seibert, em 1983, classificou horizontal and/or vertical direction. Seibert in 1983 classifeid bone defects
os defeitos ósseos com interesse na terapêutica e no prognóstico. Este with interest in therapy and prognosis. This paper aims to illustrate and
trabalho objetivou ilustrar e relatar a reabilitação de uma paciente com report a rehabilitation of a patient with absence of a premolar associated
ausência de um pré-molar superior, associada a um defeito na tábua óssea. with a defect in the bone edge. A 35-year-old female patient sought
Paciente, gênero feminino, 35 anos, procurou tratamento para reabilita- for treatment for rehabilitation of the area of the tooth 14, which had
ção da região do dente 14, que apresentava depressão vestibular devido à a vestibular depression due to bone resorption, characterizing a Seibert
reabsorção óssea, caracterizando um defeito ósseo Classe I de Seibert. Foi class I bone defect. An implant under immediate loading was conducted in
realizado um implante sob carga imediata em campo cirúrgico fechado. closed surgical field. A subepithelial connective tissue graft was performed
Um enxerto de tecido conjuntivo subepitelial foi conduzido para restabe- to restore the bone defect. The donor site was the very region of the
lecimento do defeito ósseo. O sítio doador foi o próprio rebordo alveolar edentulous alveolar ridge to receive the implant. The tissue was obtained
da região edêntula que receberia o implante. O tecido foi obtido com a with the aid of a punch and the graft was positioned to fill the defect
utilização de um punch e o enxerto foi posicionado, para o preenchimento through an envelope flap. A temporary crown was prepared and installed
do defeito, através de um retalho em envelope. Uma coroa provisória foi on the same day of surgery. Six months later, the patient received the final
confeccionada e instalada no mesmo dia da cirurgia. Seis meses depois, a crown and the aesthetic and functional result was extremely satisfactory.
paciente recebeu a coroa definitiva e o resultado estético e funcional foi Key Words – Dental implants; Periodontics; Alveolar bone loss; Aesthetics.
extremamente satisfatório.
Unitermos – Implantes dentários; Periodontia; Perda óssea alveolar; Es-
tética.
*Aluno do curso de Especialização em Periodontia – Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo.
**Doutor em Periodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo; Professor da disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Goiás.
***Professor associado do Departamento de Implantodontia – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
****Doutora em Ciências da Saúde – Universidade Federal de Goiás.
de recursos oferecidos
tem sido utilizado geralmente submerso a um retalho de espessu-
ra parcial e excelentes resultados estéticos são possíveis de serem
pela Odontologia atual1,
encontrados, mas relata-se que uma grande desvantagem desta
entretanto, alguns obstáculos
técnica está na presença de dois leitos cirúrgicos, o que aumenta
são enfrentados pelo clínico
o desconforto pós-operatório do paciente. Deste modo, este tra-
para que bons resultados balho teve por objetivo apresentar um caso de reabilitação unitária
estéticos sejam alcançados. com implante em carga imediata e correção de um defeito na tá-
bua óssea vestibular de uma maneira simples e eficaz.
Figura 1 – Condição inicial da paciente por vestibular. Figura 2 – Defeito ósseo Classe I de Seibert observado por oclusal.
Figura 3 – Obtenção do tecido a ser enxertado com o auxílio de um punch. Figura 4 – Crista edêntula/leito doador após a remoção do enxerto.
Em seguida, o leito receptor foi preparado por meio de um Seis meses mais tarde, foi observada sugestão radiográfi-
retalho parcial do tipo envelope na face vestibular (Figura 7). Com ca de osseointegração e a coroa protética definitiva foi instalada
o auxílio de um fio de sutura, o enxerto foi levado em posição (Figura 11). Os resultados previamente alcançados pelo ECSE se
e o preenchimento do defeito ósseo foi alcançado (Figuras 8 e mantinham estáveis, proporcionando um contorno mais estético
9). Uma coroa protética provisória foi instalada e as orientações ao rebordo. A satisfação da paciente e a excelência clínica foram
e as prescrições pós-operatórias necessárias foram repassadas à obtidas por meio desta modalidade terapêutica.
paciente (Figura 10).
Figura 7 –
Preparo do leito
receptor através
de um retalho
parcial em
envelope.
Figura 8 –
Posicionamento
do enxerto por
meio de um fio
de sutura.
Figura 9 –
Preenchimento do
defeito ósseo foi
observado após o
posicionamento do
enxerto. Observar a
correção no contorno
do rebordo.
trouxe como impacto clínico a redução no desconforto pós-opera- perda na dimensão vestíbulolingual do rebordo. Deste modo, me-
tório para a paciente, já que não houve extensão do leito cirúrgico nor tempo cirúrgico será requerido e não será necessário o em-
até o palato e o retalho total que seria necessário para a prepara- prego de biomateriais, que muitas vezes aumentam consideravel-
ção do sítio que receberia o implante não foi realizado. mente o valor do tratamento.
A utilização do retalho em envelope certamente pode ser
apontada como outro aspecto que contribuiu para que os resul- Conclusão
tados estéticos fossem alcançados no caso em questão. Embora
as diferentes técnicas de ECSE não demonstrem diferenças nos Reabilitações unitárias são sempre desafiadoras. Um bom
índices de sucesso , a ausência de relaxantes no envelope evitou
20
diagnóstico e um planejamento preciso levaram a um resultado
que recessões gengivais fossem desencadeadas, não trouxe ne- funcional e estético bastante satisfatório para o caso apresentado.
nhuma cicatriz pós-cirúrgica e minimizou a necessidade de múl-
Nota de esclarecimento
tiplas suturas. Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
Embora, atualmente, exista uma variedade de técnicas e re- por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
cursos que favorecem os resultados dos tratamentos propostos, fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
uma visão ampla das necessidades do paciente e um planejamento
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
integrado são desejáveis e necessários para que o sucesso clínico honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
seja alcançado. Um planejamento restrito a reposição do dente entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
perdido limitaria a excelência dos resultados que foram oferecidos royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
à paciente.
Endereço para correspondência:
O emprego desta manobra clínica descrita pode ser indicado
Guilherme Henrique Costa Oliveira
nos casos em que situações semelhantes são encontradas, como Rua Doutor Olímpio de Macedo, 2-32 – Apto. 23 – Vila Universitária
17012-533 – Bauru – SP
reabilitações não complexas, unitárias e que apresentem pouca guilhermehco2@gmail.com
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Connective tissue graft to increase gingival thickness in correcting the root dyschromia
RESUMO ABSTRACT
A cirurgia plástica periodontal tem sido cada vez mais utilizada para o tra- The periodontal plastic surgery has been increasingly used for treating alte-
tamento de alterações nos tecidos de proteção, de acordo com as exigên- rations in protective tissues, following the esthetic demands of the current
cias estéticas da sociedade atual. Este relato de caso clínico demonstra a society. This case report demonstrates the use of subepithelial connective
utilização do enxerto de tecido conjuntivo subepitelial para aumento de tissue graft for thickening the esthetic zone, by means of Bruno’s Techni-
espessura na zona estética, pela Técnica de Bruno, como alternativa tera- que, as an alternative therapy for treating radicular dyschromia. According
pêutica no tratamento da discromia radicular. De acordo com os resultados to the obtained results, we consider that the periodontal plastic surgery,
obtidos, considerou-se que, com a correta indicação clínica, a cirurgia plás- with the correct clinical indication, can be a feasible choice for thickening
tica periodontal pode ser uma escolha viável para aumento de espessura the gingiva, masking the radicular dyschromia problem.
gengival, de forma a mascarar a discromia radicular. Key Words – Periodontics; Connective tissue; Esthetic dental.
Unitermos – Periodontia; Tecido conjuntivo; Estética dentária.
A busca por um sorriso perfeito é to das demandas públicas para procedimentos de cirurgia
cosmética e reconstrutiva periodontal8. Dentre estes, o enxer-
crescente na sociedade atual e algumas
to de tecido conjuntivo subepitelial é o modo mais efetivo de se
condições desafiam o cirurgião-
obter alto grau de melhora cosmética do tecido gengival7.
dentista. O tratamento multidisciplinar O espessamento gengival por meio de enxerto de conjuntivo
é uma forma de se obter melhores permite conservar a estabilidade da gengiva marginal durante a
resultados estéticos e de favorecer realização da prótese (aplicação de fios retratores, moldagem, pro-
visórios etc.) e reestruturar o complexo mucogengival para resistir
a longevidade do trabalho. Desta
às trações das partes móveis e à agressão da escovação6.
forma, a Periodontia e a Odontologia
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso clínico no qual
restauradora devem estar associadas.
o enxerto de tecido conjuntivo foi utilizado para tratar a discromia
radicular na região estética, pelo aumento de espessura gengival.
Figura 1 –
Sorriso inicial.
Figura 2 –
Escurecimento
gengival devido
a discromia
radicular.
Figura 3 –
Núcleo
metálico
fundido.
Figura 6 –
Aspecto ao
final da
cirurgia.
Figura 7 –
Pós-operatório
de 15 dias.
Figura 8 –
Aparência do
tecido gengival
após um ano.
Figura 9 –
Vista oclusal.
Figura 10 –
Coroa em
cerâmica
pura.
Figura 11 –
Coroa
cimentada.
Figura 12 –
Sorriso final.
cavidade oral são comumente os enxertos autógenos, o enxerto de conjuntivo parece ser o mais
apropriado, com a vantagem de manter o aspecto do tecido de
observadas na prática clínica e podem
recobrimento6. O enxerto de tecido conjuntivo subepitelial
ter etiologia fisiológica, não fisiológica
possui como principais vantagens a garantia de duplo supri-
ou patológica11. Os pacientes com mento sanguíneo, proveniente do tecido sobrejacente e do
sorriso gengival preocupam-se com periósteo subjacente, e a melhor estética pela combinação
discromias da gengiva inserida, que de cores dos tecidos moles vizinhos19. A técnica preconizada
RESUMO ABSTRACT
O presente trabalho teve como objetivo relatar um caso clínico de aumen- The main purpose of the present case report is to describe a clinical solu-
to de coroa clínica associado ao clareamento dental, no qual um planeja- tion for an esthetic unbalanced situation through dental cleaning of an-
mento integrando entre Periodontia e Dentística foi realizado para a re- terior superior teeth involving periodontics and restorative planning. The
solução definitiva do desequilíbrio estético. Os resultados clínicos até dois clinical aspect after two years showed a satisfactory clinical result.
anos demonstraram resolução estética satisfatória do sorriso. Key Words – Crown lengthening; Dental esthetics; Dental cleaning.
Unitermos – Aumento de coroa clínica; Estética dentária; Clareamento
dental.
PerioNews 2012;6(1):83-8 83
Bessa GT • Macêdo DR • Mendonça JS • Pereira SLS
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Periodontia
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Bessa GT • Macêdo DR • Mendonça JS • Pereira SLS
periodontal, verificou-se a necessidade de claramento dental, visto moldeiras individuais, com peróxido de carbamida a 16% (Whitness
que a paciente queixava-se da cor dos dentes, que se caracterizava Perfect 16% – FGM), cuja aplicação foi feita duas horas por dia,
como A3 (Figura 7). A associação das técnicas de clareamento em durante duas semanas.
consultório e de clareamento caseiro supervisionado foi o planeja- Terminado o tratamento clareador, procedeu-se ao poli-
mento escolhido. A primeira foi realizada com peróxido de hidro- mento das superfícies dentárias com discos de feltro e pastas de
gênio a 35% (Whitness HP Max – FGM) em duas sessões, com três polimento de granulação média e fina (Poli-I e Poli-II – Kota). O
aplicações de 15 minutos do agente clareador por sessão, confor- acompanhamento clínico de seis meses demonstrou resultados
me recomendações do fabricante (Figuras 8 e 9). Posteriormente, estéticos favoráveis (Figuras 10 e 11), que foram mantidos em um
procedeu-se ao clareamento caseiro supervisionado, utilizando-se período de até dois anos de acompanhamento (Figuras 12 e 13).
Figura 4 – Pós-operatório imediato e sutura tipo colchoeiro interno. Figura 5 – Visão frontal aproximada da região anterossuperior após 60 dias.
Figura 6 – Visão frontal do sorriso da paciente após 60 dias, antes do Figura 7 – Visão frontal aproximada da região anterossuperior, demonstrando a
clareamento dental. cor dos dentes (A3) antes do início do clareamento dental.
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Periodontia
Figura 10 – Visão frontal aproximada da região anterossuperior, demonstrando Figura 11 – Visão frontal do sorriso da paciente após seis meses.
a cor dos dentes (B1).
Figura 12 – Visão frontal aproximada da região anterossuperior após dois anos. Figura 13 – Visão frontal do sorriso da paciente após dois anos.
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Bessa GT • Macêdo DR • Mendonça JS • Pereira SLS
estrutura após o tratamento clareador. A associação das técnicas de aumento de coroa clínica e
Existem divergências quanto ao grau dos efeitos adversos clareamento dental possibilitou resolução estética satisfatória do
causados pelo clareamento em dentes vitais. Embora alguns traba- sorriso da paciente em um período de avaliação de até dois anos.
lhos não tenham encontrado alterações superficiais significativas
Nota de esclarecimento
em dentes clareados12,23-26, a maioria dos estudos in vitro e in situ
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
tem relatado alterações nos tecidos dentários mineralizados após por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
o uso de géis de clareamento à base de peróxido de carbamida ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
hidrogênio5,22,26-27. Entre as alterações descritas na literatura, des- publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
tacam-se mudanças no conteúdo mineral de dentes clareados28-29, honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
que podem acarretar em aumento da porosidade7,28-29 e permea-
entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
bilidade do esmalte30, diminuição da microdureza do esmalte e da royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
dentina7,27, diminuição da resistência adesiva após o clareamento14
e sensibilidade dentinária trans e pós-operatória5,9,13. Endereço para correspondência:
Sérgio Luís da Silva Pereira
Como os efeitos dos agentes clareadores sobre a estrutu- Av. Engenheiro Leal Lima Verde, 2.086 – José de Alencar
60830-055 – Fortaleza – CE
ra dental ainda são controversos na literatura, no presente caso Tel.: (85) 3477-3200/3474-4108 – Fax: (85) 3477-3082
clínico optou-se pela associação das duas técnicas, uma vez que luiss@unifor.br
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88 PerioNews 2012;6(1):83-8
Relato de caso clínico
Periodontal plastic surgery for treatment multiple gingival recession: a less invasive approach
Fausto Frizzera*
Rafael S. Molon*
William Kabach**
Mario H. A. Verzola***
Silvana R. P. Orrico****
José Eduardo C. Sampaio*****
RESUMO ABSTRACT
A terapêutica periodontal tem passado por mudanças significativas nas Periodontal therapy has undergone significant changes in recent decades.
últimas décadas. Enquanto no passado seu objetivo era apenas restabelecer While in the past the only goal was to restore gingival health, with no
a saúde gengival sem haver preocupação com as possíveis sequelas do concern about the possible consequences of the disease treatment,
tratamento da doença, atualmente, os procedimentos são realizados currently the procedures are performed in a less invasive manner, to
de maneira menos invasiva com intuito de manter os padrões estéticos maintain aesthetic periodontal results or even recover them. Gingival
periodontais ou até de recuperá-los. A recessão gengival é uma alteração recession is an alteration frequently found in patients and may be a
frequentemente encontrada em pacientes, podendo ser uma queixa complaint for causing various complications. For their treatment, several
importante por provocar diversas complicações. Para seu tratamento, surgical techniques are reported in the literature. The techniques that are
diversas técnicas cirúrgicas são relatadas na literatura. As que possuem more predictable are those that associate a subepithelial connective tissue
maior previsibilidade são aquelas que associam um enxerto de conjuntivo graft and a coronally repositioned flap. The original technique consists in
subepitelial a um retalho coronalmente reposicionado. A técnica original performing two vertical incisions for an extensive release of the flap and
consiste na realização de duas incisões relaxantes para ampla liberação do its stabilization in a coronal position. Although this procedure is extremely
retalho e para sua estabilização em uma posição mais coronal. Embora widespread in the literature, the search for less invasive surgeries without
este procedimento seja extremamente difundido na literatura, a busca por the use of vertical incisions are the current aim of periodontal plastic
cirurgias menos invasivas sem a utilização de incisões relaxantes pode ser surgeries, since they present several advantages. The aim of this paper
considerada como um dos atuais objetivos da cirurgia plástica periodontal, is to demonstrate a case where adjacent, deep and multiple recessions
já que apresentam uma série de vantagens. O objetivo deste artigo were present resulting in aesthetic problems, which was resolved by a less
foi demonstrar um caso clínico onde recessões múltiplas, profundas e invasive approach using a surgical technique in envelope and a subepithelial
adjacentes, que causavam como queixa principal a estética, foram sanadas connective tissue graft.
por meio de uma abordagem menos invasiva, utilizando técnica cirúrgica Key Words – Gingival recession; Aesthetics; Subepithelial connective tissue
em envelope, associada ao enxerto de tecido conjuntivo subepitelial. graft.
Unitermos – Recessão gengival; Estética; Enxerto de tecido conjuntivo
subepitelial.
18 PerioNews 2012;6(1):18-28
Periodontia
PerioNews 2012;6(1):18-28 19
Frizzera F • Molon RS • Kabach W • Verzola MHA • Orrico SRP • Sampaio JEC
Figuras 1 e 2 – Sorriso
inicial da paciente, vista
frontal e lateral.
20 PerioNews 2012;6(1):18-28
Periodontia
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Frizzera F • Molon RS • Kabach W • Verzola MHA • Orrico SRP • Sampaio JEC
Figura 7 – Incisões anguladas realizadas nas papilas. Figura 8 – Retalho em envelope liberado após incisão em
periósteo.
Figura 9 – Enxerto de tecido conjuntivo removido da região de palato duro. Figura 10 – Enxerto de tecido conjuntivo posicionado entre os dentes para
avaliar seu comprimento. Seu tamanho foi aumentado com pequenas incisões.
Figura 11 – Retalho reposicionado coronalmente suturado. Figura 12 – Incisões anguladas e retas realizadas no hemiarco superior direito.
22 PerioNews 2012;6(1):18-28
Periodontia
Figura 13 –
Retalho de
espessura
parcial e total
realizado.
Figura 14 –
Tracionamento
do retalho após
sua liberação.
Figuras 15 e 16 – Enxerto de tecido conjuntivo removido pela técnica de incisão única, face mais externa e interna.
PerioNews 2012;6(1):18-28 23
Frizzera F • Molon RS • Kabach W • Verzola MHA • Orrico SRP • Sampaio JEC
Figura 17 – Enxerto de tecido conjuntivo suturado. Figura 18 – Preenchimento de todo defeito ósseo e gengival com o enxerto.
Figura 19 – Reposicionamento coronal do retalho. Figura 20 – Aspecto pós-cirúrgico de um mês do lado esquerdo, notar
diferença de coloração das papilas.
Figura 21 – Pós-operatório de seis meses do lado direito. Figura 22 – Pós-operatório de sete meses do lado esquerdo, notar presença de
placa interproximal. IHO deve ser reforçada a cada visita para permitir sucesso
em longo prazo do tratamento.
24 PerioNews 2012;6(1):18-28
Periodontia
Figura 23 – Visão
lateral do sorriso,
notar presença
de infiltração na
restauração entre
dentes 11 e 21.
Figura 26 – Aspecto
imediato após restauração
dos dentes.
PerioNews 2012;6(1):18-28 25
Frizzera F • Molon RS • Kabach W • Verzola MHA • Orrico SRP • Sampaio JEC
Figura 27 – Aspecto final após a realização dos procedimentos cirúrgicos. Notar Figura 28 – Aspecto dos dentes anteriores após os procedimentos, visão
melhor harmonia no contorno gengival dos dentes. angulada.
Figuras 31 e 32
– Sorriso final da
paciente, visão
frontal e lateral.
26 PerioNews 2012;6(1):18-28
Periodontia
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Frizzera F • Molon RS • Kabach W • Verzola MHA • Orrico SRP • Sampaio JEC
tes anseios que devem ser minimizados. Para tanto, uma técnica Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
cirúrgica delicada com a menor quantidade de incisões possíveis por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
deve ser planejada. A remoção do ETCS realizada pela técnica de
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
incisão única17 promove menor perda de tecido do palato e pro- publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
move a possibilidade da coaptação borda a borda da região ope- honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
rada, permitindo que a cicatrização ocorra por primeira intenção. ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
Por motivo de conforto, uma placa protetora no palato também royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
pode ser utilizada pelo paciente nas primeiras semanas após o pro-
cedimento cirúrgico. Endereço para correspondência:
Fausto B. F. Frizzera
Av. Moacir Avidos, 487/202 – Ed. Santa Isabel – Praia do Canto
Conclusão 29057-230 – Vitória – ES
faustofrizzera@yahoo.com.br
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1985;56:715-20. connective tissue graft and guided tissue regenera-
28 PerioNews 2012;6(1):18-28
Relato de caso clínico
ABSTRACT
Molar proximal furcation defect is one of the most challenging clinical problems
to be treated by clinicians due to its limit access to perform scaling and root
planing even in the presence of a flap procedure. The proximal location of this
particular defect jeopardizes its visualization and proper management. The
literature presents just few studies aimed to evaluate the best treatment for
this specific defect. Thus, the aim of the present case report is to show a mesial
proximal furcation defect treated with flap for scaling and root planing followed
by autogenous bone graft. After 6 months, a significantly improvement in the
periodontal clinical parameters could be observed.
Key Words – Periodontal disease; Furcation defects; Periodontal flap.
A doença periodontal caracteriza-se por ser uma doença tagens dessa técnica.
Figura 1a – Vista inicial do defeito. Profundidade de sondagem: Figura 1b – Vista radiográfica do elemento.
7 mm.
Figura 6 – Após seis meses do tratamento: 3 mm de profundida- Figura 7 – Notar que o defeito passou de Grau II para Grau I.
de de sondagem.
Lesões de furca em dentes multirradiculares acometidos então pela escolha de uma terapia periodontal com cirurgia de
por doença periodontal se constituem em um problema bas- acesso associada à técnica de enxerto ósseo autógeno, obtido
tante comum na clínica odontológica. Em virtude da grande da região retromolar. Além disso, a paciente relatou a vontade
complexidade anatômica radicular, pela presença de concavi- de manter o dente, que não apresentava mobilidade e estava
dades e pela dificuldade de acesso a essa região, os dentes em função. Outras alternativas possíveis para esse caso seriam
multirradiculares apresentam grande dificuldade de instru- os enxertos xenógenos (osso bovino) e aloplásticos (vidro bio-
mentação, o que pode dificultar adequada descontaminação ativo e hidroxiapatita), técnicas de regeneração tecidual guiada
da região radicular e biocompatibilização das superfícies afeta- (como o uso de membrana bioabsorvíveis e não absorvíveis),
das. Por esta razão, lesões de furca em dentes multirradicula- uso de biomodificador de superfície radicular (derivados da
res têm se tornado a principal causa de extrações dentárias1-2. matriz de esmalte) ou a combinação dessas técnicas.
No presente caso, o defeito de furca encontrado na face O uso de enxertos para reposição óssea é uma boa op-
mesial do molar superior era de Grau II, sendo que o mesmo ção para tratamento de dentes com lesões de furca. Apesar
apresentava sangramento a sondagem e profundidade de son- de existirem poucas evidências que a regeneração periodontal
verdadeira (fibras inseridas em novo cemento e novo osso al- uso por sua aplicação simples e por não haver necessidade de
veolar) ocorra no local enxertado, existem evidências de que o um segundo sítio cirúrgico para obtenção do mesmo. Todavia,
enxerto de osso autógeno pode promover preenchimento do esse material ainda apresenta alto custo para utilização. Pou-
defeito ósseo e ganho nos níveis de inserção clínica . Enxertos 6
cos estudos têm demonstrado a eficiência das proteínas deri-
ósseos autógenos apresentam como vantagens um potencial vadas da matriz do esmalte no tratamento de furcas proximais.
osteogênico por poderem apresentar células ósseas vivas, os- Em um estudo recente, autores9 relataram maior fechamento
teoindutor por possuírem BMPs e osteocondutor, o que o di- de furca proximal com a utilização das proteínas derivadas da
fere de enxertos ósseos alógenos, xenógenos e aloplásticos, matriz do esmalte, quando comparadas com o controle (aces-
que apresentam apenas capacidade osteocondutora (arcabou- so, raspagem e alisamento radicular). Porém, ainda não há es-
ço). As áreas para obtenção dos enxertos autógenos podem tudos comparando esse material com outras técnicas, como
ser intraorais (região de túber, ramo de mandíbula e sínfise enxertos e membranas em furcas proximais.
mentoniana) e extraorais (calota craniana, crista do ilíaco). Após seis meses, a paciente apresentava saúde periodon-
Quando comparado à regeneração tecidual guiada com tal na boca toda, incluindo o elemento com lesão de furca. A
o uso de membranas, os enxertos ósseos autógenos podem profundidade de sondagem na região de furca do dente 26
apresentar algumas vantagens. A dificuldade encontrada na reduziu para 3 mm, sem sangramento a sondagem, e também
adaptação das membranas nas regiões proximais, a possibili- havia ausência de supuração, indicando saúde periodontal na
dade das membranas poderem colaborar para dentro do de- área. A paciente relatou leve desconforto de sensibilidade, o
feito, reduzindo o espaço disponível para a formação de um qual foi solucionado com o uso de material dessensibilizante,
novo tecido capaz de formar ligamento periodontal e osso e em sessão única, e a mesma estava satisfeita com o resultado
a possibilidade de ficarem expostas na cavidade bucal devido final. A paciente foi incluída em um programa de terapia perio-
a retração do tecido mole nos períodos iniciais de cicatrização, dontal de suporte trimestral, a qual é condição sine qua non
com consequente contaminação bacteriana, fazem com que a para manutenção da saúde periodontal.
técnica de regeneração tecidual guiada em regiões proximais
se torne imprevisível7-8. A utilização de membranas nas áreas CONCLUSÃO
proximais não tem apresentado bom resultado clínico e, por
isso, nesses defeitos específicos de áreas proximais, o enxerto Podemos concluir, a partir do caso demonstrado e da li-
ósseo pode ser uma opção à regeneração tecidual guiada. Po- teratura disponível, que o uso de enxertos ósseos autógenos
rém, vale resaltar que diversos outros estudos demonstraram pode ser uma alternativa às outras formas de tratamento de
a eficácia de barreiras tanto absorvíveis como não absorvíveis dentes multirradiculares com lesões de furca.
nos tratamentos de outros defeitos como, por exemplo, as
Endereço para correspondência:
lesões de furcas em faces livres de molares inferiores6. Mauro Pedrine Santamaria
Já os materiais regenerativos biologicamente ativos, Avenida Limeira, 901
13414-901 – Piracicaba – SP
como proteínas derivadas da matriz do esmalte, quando com- Tel.: (19) 3412-5301
maurosantamaria@gmail.com
parados aos enxertos ósseos, apresentam maior facilidade de
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Importância do tratamento
Importance of aesthetic periodontal
estético periodontal na treatment on prosthetic rehabilitation: a
reabilitação protética case report
ABSTRACT
Gingival recession is a common deformity that affects a large number of people.
This condition is frequently associated with esthetic complains and may lead to
dental hypersensitivity. Thus, various surgical procedures have been proposed
to provide root coverage. Since the 1950s, free and pedicle gingival grafts have
been greatly used for treating gingival recession. However, after the 1985 Miller
gingival recession classification, and with the development of other appropriated
techniques that use subepithelial connective tissue grafts, gingival recession
treatments have resulted in more predictable outcomes, especially with respect
to Class I and II sites, i.e., in the absence of interproximal bone loss. This article
reported the importance of aesthetical periodontal treatment in the prosthetic
rehabilitation of a patient with a class I gingival recession with 3 mm of vertical
extension in the superior canine. The treatment plan consisted of root coverage
using subepithelial connective tissue graft (SCTG) associated with construction
of new prosthesis.
Key Words – Gingival recession; Connective tissue; Graft.
O principal objetivo da terapia periodontal é restabelecer seria a colocação definitiva de prótese fixa em tal condição, o
a saúde dos tecidos periodontais e manter a dentição natural que poderia acarretar perda de todo o trabalho e agravamento
do paciente durante toda a vida. Entretanto, nos dias atuais, do quadro periodontal em um curto espaço de tempo8.
a estética representa uma parte inseparável da terapia oral e Com o desenvolvimento de técnicas cirúrgicas apropria-
inúmeros procedimentos têm sido propostos para preservar e das, o tratamento de recessões gengivais tem se mostrado
A recessão gengival é definida como o deslocamento da Destaca-se a técnica de enxerto de tecido conjuntivo subepi-
margem gengival apical à junção cemento-esmalte (JCE), com telial (ETCSE) com a finalidade de recobrimento radicular total9.
exposição da superfície radicular ao ambiente oral2, podendo Este procedimento apresenta vantagens sobre os enxertos
envolver uma ou mais superfícies dentárias3. A etiologia das re- gengivais livres epitelizados, tais como: similaridade de colo-
cessões é considerada multifatorial e os fatores predisponen- ração entre o enxerto e o tecido gengival adjacente e melhor
tes agem simultaneamente com os fatores desencadeantes4. vascularização do enxerto ao leito receptor, permitindo o tra-
Os fatores anatômicos, considerados predisponentes, incluem: tamento de retrações unitárias ou múltiplas, hipersensibilidade
a) deiscência óssea; b) fenestração óssea; c) cortical óssea fina; dentinária e pequenas abfrações cervicais.
d) má posição dentária; e) freios e bridas com inserção alta; Sendo assim, o objetivo deste estudo foi apresentar a im-
f) vestíbulo raso; g) altura e espessura reduzida do tecido que- portância do tratamento periodontal prévio, com a técnica de
ratinizado. Já os fatores desencadeantes estão relacionados tecido conjuntivo subepitelial e deslocamento coronal do reta-
com: escovação traumatogênica, inflamação; lesões cervicais lho, para posterior reabilitação protética do paciente.
Figura 1 – Aspecto clínico inicial frontal mostrando desarmonia Figura 2 – Aspecto lateral evidenciando recessão gengival no
estética dos elementos 13, 14 e 15. canino.
Figura 3 – Perda de tecido gengival com consequente retração Figura 4 – Incisão inicial delimitando a área a ser enxertada.
de 3 mm, sem sinais clínicos de inflamação.
Figura 5 – Retalho dividido além da junção cemento-esmalte Figura 6 – Tracionamento do retalho evidenciando total liberação
para permitir exposição da superfície radicular e deslocamento do do mesmo sem tensão.
retalho.
Figura 7 – Raspagem e alisamento radicular da raiz envolvida. Figura 8 – Aplainamento radicular com broca diamantada tronca
cônica.
Figura 9 – Condicionamento da superfície radicular com EDTA 24%. Figura 10 – Remoção do tecido conjuntivo da região palatina.
O enxerto de tecido conjuntivo foi removido do palato, recer a perfeita adaptação à região recém-operada (Figura 13).
seguindo uma técnica já descrita , com a realização de uma
11
A paciente foi medicada com analgésico (500 mg de dipi-
única incisão, perpendicular ao longo eixo dos dentes, se es- rona sódica) e instruída a fazer bochechos duas vezes por dia
tendendo profundamente até atingir a tábua óssea palatina na com digluconato de clorexidina a 0,12% durante dez dias.
região entre a distal do canino até a mesial do primeiro molar. Uma semana após a cirurgia, as suturas da região do pala-
Uma segunda incisão no mesmo ponto, direcionada para o to e da área enxertada foram removidas. Exames clínicos foram
centro do palato, porém, mais superficial, foi feita para permi- realizados semanalmente no primeiro mês, quinzenalmente
tir a remoção do tecido conjuntivo, com uma espessura apro- até completar três meses e trimestralmente até o término do
ximada de 1,5 mm (Figura 10). Depois de removido, o enxerto primeiro ano de pós-operatório, para avaliação da adaptação
de tecido conjuntivo foi posicionado na área doadora e sutura- dos provisórios e ajuste, quando necessário, do mesmo. A pa-
do com fio Vicryl 5.0 (Figuras 11). Os retalhos foram suturados ciente está em pós-operatório de dois anos, já com as próteses
sobre o enxerto com uma sutura simples e fio de Nylon 5.0 (Fi- definitivas e mostra excelentes resultados estéticos com a raiz
gura 12). O palato, também, foi suturado com fio de seda 4.0. completamente recoberta e com ganho de gengiva queratini-
Posteriormente, os provisórios foram reembasados para favo- zada (Figuras 14).
A B
Figura 12 – Sutura do retalho com total cobertura do tecido Figura 13 – Reembasamento e colocação de novos provisórios
enxertado sem tensão. após o procedimento cirúrgico.
A B
Figuras 14 – Pós-operatório de dois anos com a instalação das próteses definitivas metalocerâmicas.
A paciente recebeu instruções sobre os métodos de hi- ca clínica para o tratamento de recessões gengivais localizadas
giene bucal mais adequado sem causar danos para os tecidos Classe I e II de Miller. Esta técnica restabeleceu o contorno, a
periodontais e superfícies de raiz. Estas instruções foram re- textura e a coloração do enxerto, devolvendo as características
vistas e reforçadas em cada consulta de acompanhamento. de normalidade aos tecidos. Em conclusão, o restabelecimen-
Intenso controle de placa utilizando uma técnica correta e to da saúde periodontal permitiu a reabilitação estética do pa-
cuidadosa de escovação é importante para a manutenção da ciente com sucesso.
saúde em longo prazo, principalmente, em áreas submetidas à
Nota de esclarecimento
cirurgia de recobrimento radicular associada a procedimentos Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
restauradores20. por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
Embora este procedimento requeira uma área doadora, fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
correspondendo a um segundo sítio cirúrgico a ser reparado, a
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
técnica de remoção do enxerto proposta, utilizada no presente honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam
ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela
caso, apresenta alta taxa de sucesso e baixo risco de complica- entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou
ções pós-cirúrgicas21. royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
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Encurtamento do músculo
depressor do septo nasal
Shortening of the depressor muscle
para redução do sorriso of the nasal septum to reduce
gengival gummy smile
ABSTRACT
The composition of a smile is considered beautiful, attractive and healthy
involves the balance between form, symmetry of the teeth, lips and gums,
and the way they relate and blend with the face of patients. The smile is
considered high when, in addition to the upper front teeth are quite apparent,
a variable amount of gum is visible. While often this is not a functional change,
is a cosmetic problem. This paper aims to present an alternative surgical
treatment where the shortening of the nasal septum depressor muscle
provides a new insert with consequent lowering of the smile line.
Key Words – Gummy smile; Plastic gingival smile; Depressor muscle of the
nasal septum.
O músculo elevador do lábio superior tem especial inte- sendo o ventre medial o principal responsável pelas alterações
resse nos pacientes com sorriso gengival, pois, por inserir-se dinâmicas e estéticas do nariz e do lábio superior. Sua contra-
anatomicamente na derme do lábio superior e no músculo or- ção está principalmente relacionada ao abaixamento da ponta
bicular da boca, age de maneira dominante encurtando o lábio nasal e encurtamento do lábio superior durante o sorriso. Esse
superior na sua movimentação. Pacientes com sorriso gengival encurtamento adquire maior importância estética quando ele-
têm os músculos elevadores do lábio significantemente mais va muito a linha do sorriso tornando-o não harmônico.
eficientes que aqueles com linhas labiais médias1. A escolha por esta técnica se deveu a insatisfação de-
Já o músculo depressor do septo nasal é o responsável monstrada por alguns pacientes frente à opção por cirurgias
pela tração inferior do nariz durante a mímica facial e, de for- ortognáticas e ao tempo reduzido de efeito da toxina botu-
movimentos. Quando existe apenas hiperatividade do músculo O objetivo deste trabalho foi demonstrar por meio do
depressor septal, pode-se simplesmente seccioná-lo ou blo- relato de caso clínico um procedimento cirúrgico para con-
queá-lo com toxina botulínica, o que certamente promoverá tenção da elevação do lábio superior e redução da exposição
elevação da ponta nasal, aumento do comprimento do lábio gengival, no âmbito de um consultório odontológico.
Figura 1 – Vista frontal do sorriso gengival. Figura 2 – Vista lateral do sorriso gengival.
Figura 3 – Vedamento
dos lábios na posição
de repouso.
O bloqueio do nervo infraorbitário foi realizado por meio o reveste como na inserção muscular no osso (Figura 6). Neste
do injetor computadorizado de anestesia Morpheus e da técnica momento, a manipulação do músculo mostrou a sua relação
convencional infiltrativa, totalmente indolor, como preconiza o com a ponta do nariz. Por meio de uma incisão vertical com a lâ-
equipamento. Fez-se a incisão em forma de Z sobre o freio labial mina 15 C Swuann-Morton, perpendicular ao osso, iniciando-se
(Figura 4) e uma dissecção estendida distalmente até a região na base do nariz em direção à linha média dos incisivos centrais
do canino, de maneira que o músculo depressor do septo nasal (Figura 7), o feixe muscular foi dividido e descolado subperios-
(Figura 5) ficasse totalmente visível. Uma incisão horizontal to- ticamente desde a sua porção mais alta (crista nasal) até encon-
tal se fez necessária para que a dissecação romba do músculo trar-se com a incisão horizontal, indo assim cada feixe muscular
depressor do septo fosse realizada tanto na mucosa labial que para um lado, dando a aparência de um “V” invertido (Figura 8).
Figura 7 – Incisão
vertical com a lâmina 15
(marca) perpendicular Figura 8 – “V” invertido
ao osso exatamente na ilustrando a divisão dos
porção medial. Iniciando feixes musculares do
na base do nariz em músculo depressor do
direção a linha média septo nasal cada um
dos incisivos centrais. para um lado.
Com a intenção de promover o encurtamento muscular Finalmente, foi aplicada bandagem com fita adesiva com-
e evitar que os feixes musculares se reinserissem no leito de pressiva antialergênica no lábio superior, mantida por 24 horas
origem, pinçou-se o feixe intermediário do lado direito com o (Figura 13) e já no pós-operatório se observou a limitação do
esquerdo e tensionou-se os feixes para então realizar o nó du- sorriso (Figura 14).
plo (Figuras 9) com fio absorvível vicryl 4-0 Ethicon. O número A sutura foi removida após sete dias (Figuras 15) e a pa-
de suturas foi suficiente para que se tivesse a certeza de que ciente foi examinada com 30, 90 e 120 dias do pós-operatório
realmente haveria encurtamento do músculo (Figura 10). Na re- (Figuras 16 a 18), observando-se durante esse período a pro-
composição tecidual mucogengival utilizou-se fio de seda não gressiva redução do sorriso gengival e aumento da espessura
reabsorvível seda 4-0 Ethicon, realizando-se o alongamento da do vermelhão labial durante o sorriso, juntamente com o grau
mucosa pela transposição dos retalhos em Z (Figuras 11 e 12). de satisfação da paciente.
Figuras 11 – A síntese do tecido mucogengival foi realizada com fio de seda Ethicon 4-0
pela técnica de transposição dos retalhos em Z.
Figura 12 – Sutura da
transposição do retalho
em Z concluída.
Figura 13 – Bandagem com fita adesiva compressiva (micropore) Figura 14 – Pós-operatório imediato – observou-se limitação do
no lábio superior, mantida por 24 horas. sorriso e aumento da espessura do vermelhão labial.
Figura 16 – Acompanhamento após 30 do ato cirúrgico. Figura 17 – Acompanhamento após 90 do ato cirúrgico.
Figura 18 – Acompa-
nhamento após 120
dias do ato cirúrgico.
O tratamento cirúrgico do músculo depressor do septo meses, pois pode resultar em um acúmulo de anticorpos con-
nasal se reportou mais às correções de alterações estéticas da tra o Botox, o que diluiria o efeito de tratamentos adicionais9.
região nasal, visando principalmente elevação da ponta nasal, Diagnosticada a causa muscular do sorriso gengival,
alongamento da columela e aumento do ângulo nasolabial6, 20 pacientes com mais de 4 mm de exposição gengival supe-
do que propriamente à redução do sorriso gengival, efeito rior foram selecionados e operados por meio da técnica de
que surgiu como consequência do tratamento. Referências liberação do músculo depressor do septo nasal, observando-se
ao funcionamento destas estruturas faciais se encontram na em todos eles o alongamento do lábio superior na posição em
área médica; fazendo-se necessário, no entanto, mais experi- repouso, bem como redução importante do seu encurtamen-
mentos na área odontológica para consolidação da técnica de to ao sorrir, elevação da ponta nasal ao repouso e aumento
Dentre os recursos terapêuticos para redução do sorriso so experimento foi motivado por essa publicação e os nossos
gengival resume-se de forma didática os seguintes procedi- achados corroboram o estudo supracitado, proporcionando o
mentos (que são, muitas vezes, associados para benefício do abaixamento da linha do sorriso superior a uma altura natural,
c. Gengivectomia, com ou sem redução óssea, quando o sor- Dentro dos limites deste estudo para redução do sorriso
riso gengival se associa à presença de dente curto, hipertro- gengival por meio de encurtamento e reinserção do músculo
fias gengivais ou erupção incompleta do dente . 8 depressor do septo nasal, os resultados demonstraram que a
d. Toxina botulínica para redução e/ou paralisação da muscula- técnica é segura e precisa para ser utilizada em consultórios
tura9. odontológicos, constituindo-se em uma opção terapêutica
duradoura de baixa morbidade com satisfação imediata do
O lábio superior não hiperativo geralmente se translada paciente.
cerca de 6 mm a 8 mm da posição de repouso para um am-
Endereço para correspondência
plo sorriso. Ao contrário, no lábio superior hiperativo essa dis- Evelyn Juri Rezende Lacerda
Rua Santa Cruz, 39/103
tância pode ser de uma e meia a duas vezes maior10. A toxina
36500-000 – Ubá – MG
botulínica se mostrou uma opção interessante para reduzir a Tel.: (32) 3541-0798
evelynlacerda@uol.com.br
hiperatividade labial, considerando 500 injeções aplicadas com
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ABSTRACT
The search for graft materials substitute to autogenous tissue is based, among
other factors, the reduction of postoperative morbidity and the possibility of
treating large areas. The aim of this study was to evaluate unprecedentedly
the heterogenous graft of acellular bovine pericardium in the treatment of
gingival recessions, comparing it to the subepithelial connective tissue (au-
tograft) and the acellular dermal matrix, recognized substitute graft used in
several mucogingival surgeries. Eighteen large gingival recessions, measuring
at least 3mm in height, were treated, six of them in each group. The clinical
parameters of gingival recession, probing depth, relative clinical attachment
level, and width of keratinized tissue were measured at baseline and 6 months
post surgery. Gingival recession and keratinized tissue evaluations presented
statistically significant improvements in all the experimental groups, without
statistically significant differences between them. The percentages of root
coverage was of 78.82% for the acellular bovine pericardium, 71.67% for the
acellular dermal matrix and 79.68% for the connective tissue graft, which are
in accordance with the results described in the scientific literature or even
better. Based on this, the acellular bovine pericardium could be suggested as
a possible substitute of the connective tissue graft in root coverage proce-
dures in the same way that has been used with the acellular dermal matrix.
Key Words – Gingival recession; Comparative study; Periodontics.
Medidas clínicas
Os parâmetros clínicos avaliados foram: retração gengival
(RG), profundidade de bolsa a sondagem (PBS), nível clínico de
inserção (NCI) e quantidade de mucosa queratinizada (MQ). As
medidas foram feitas por um único periodontista experiente
no sítio central da superfície vestibular dos dentes seleciona-
dos para tratamento e seus adjacentes, uma semana antes dos
procedimentos cirúrgicos e após seis meses. Uma placa acrílica
Figura 1 – Foto inicial de uma das retrações gengivais (primeiro
foi confeccionada com marcas de referência nos sítios de me-
pré-molar inferior direito) selecionadas para tratamento.
dida para que os parâmetros fossem avaliados exatamente no
mesmo sítio nos diferentes momentos de investigação. A RG,
a PBS e o NCI foram mensurados com uma sonda periodontal
computadorizada (Florida Probe, Gainesville, FL, USA), a qual
possui uma força constante de sondagem de 25 g, precisão
eletrônica de 0,1 mm de mensuração e armazenamento com-
putadorizado dos dados. A MQ ou distância entre a margem
gengival e a linha mucogengival foi acessada com um compas-
so de ponta seca e as medidas lidas por um paquímetro digital
(0,05 mm de resolução).
Procedimentos cirúrgicos
Figura 2 – Com o objetivo de constituir o retalho estendido, as
As cirurgias foram realizadas somente após a obtenção de
incisões relaxantes foram realizadas partindo da face mesial e
índices de placa bacteriana satisfatórios, ou seja, inferiores a distal dos dentes adjacentes àquele selecionado para tratamen-
10% do total de superfícies dentárias. to, assim, as papilas foram totalmente dissecadas e incluídas no
retalho parcial.
Cada retração gengival de cada paciente foi tratada indi-
vidualmente pelo mesmo operador (Figura 1). Após anestesia
local, os retalhos estendidos foram delineados para acomodar
subepitelialmente cada um dos enxertos utilizados. Incisões Os enxertos foram recortados para cobrir toda a retração dos
intrassulculares foram realizadas acompanhando o dente a ser dentes selecionados para tratamento, com extensão lateral
tratado e seus adjacentes; nestes foram traçadas as incisões de 2 mm sobre o periósteo, foram posicionados de forma a
relaxantes e a partir destas o retalho parcial foi sendo disse- coincidir sua porção coronal com a linha cemento-esmalte e
cado, incluindo as papilas interproximais (Figura 2). Esta dis- suturados com fio absorvível 5.0 (Figura 3). Finalmente, os re-
secção foi realizada o mais próxima do periósteo possível, até talhos foram tracionados sobre os enxertos e reposicionados
ultrapassar o limite da linha mucogengival, permitindo o des- coronalmente, inclusive sobre as possíveis retrações gengivais
locamento coronal do retalho sem tensões. Neste momento, dos dentes adjacentes (Figura 4). Não foi utilizado cimento ci-
as superfícies radiculares expostas foram alisadas com curetas rúrgico.
do tipo Gracey (Hu-Friedy, Chicago, IL, USA) e condicionadas
com gel de EDTA a 24% por dois minutos, imediatamente após
Cuidados pós-operatórios
foram irrigadas abundantemente com solução salina fisioló-
Todos os pacientes foram orientados a evitar qualquer
gica. A matriz dérmica acelular e o pericárdio bovino acelular
tipo de trauma na região, até mesmo com a interrupção mo-
foram hidratados através de imersão em solução salina fisio-
mentânea dos métodos de higienização nas áreas tratadas.
lógica, enquanto que o enxerto de conjuntivo foi obtido para
Foram instruídos a fazer bochechos com digluconato de clore-
cada paciente da região do palato referente aos pré-molares.
xidina a 0,12% duas vezes ao dia. Amoxicilina 500 mg foi pres-
Figura 3 – Enxerto de pericárdio bovino acelular recortado e Figura 4 – Finalmente, o retalho foi tracionado sobre o enxerto
suturado (sutura em alça) sobre o defeito selecionado para trata- e reposicionado coronalmente, inclusive sobre as possíveis retra-
mento com fio absorvível 5,0. ções gengivais dos dentes adjacentes.
crita por sete dias de oito em oito horas e nimesulida 100 mg se algum grupo foi superior em relação aos demais após seis
foi prescrita por três dias de 12 em 12 horas para controle an- meses das cirurgias. Já o teste de Friedman foi aplicado para
ti-inflamatório e analgésico. As suturas foram removidas após avaliar a eficácia de cada tipo de tratamento, individualmente,
15 dias e neste momento os bochechos foram substituídos entre o período pré e pós-operatório. O nível de significância
pela limpeza das áreas, com cotonete embebido na solução de 5% foi adotado para todas as avaliações.
de digluconato de clorexidina a 0,12% duas vezes ao dia por
30 dias. A partir de então, os métodos de higienização conven- RESULTADOS
cionais foram retomados. Os pacientes foram chamados para
controle de placa bacteriana semanalmente no primeiro mês Um total de 18 retrações gengivais foi tratado com enxer-
e mensalmente até completar seis meses. Com seis meses, os to de pericárdio bovino acelular, matriz dérmica acelular ou te-
parâmetros clínicos foram reavaliados com o intuito de com- cido conjuntivo, utilizando a técnica de retalho estendido des-
parar os resultados alcançados (Figura 5). crita10 (seis retrações gengivais em cada grupo de tratamento).
Os grupos experimentais apresentaram defeitos iniciais
Análise estatística de tamanhos similares, sem diferenças estatisticamente signi-
A média e o desvio-padrão de cada parâmetro clínico para ficantes quanto aos parâmetros avaliados (retração gengival,
cada grupo de tratamento foram calculados. O teste não pa- quantidade de mucosa queratinizada, profundidade de sonda-
ramétrico de Wilcoxon foi utilizado para determinar se os de- gem e nível clínico de inserção), Tabela 1.
feitos eram similares no pré-operatório e também para avaliar Houve uma redução nos índices de retração gengival,
res7 obtiveram resultados clínicos satisfatórios, sem diferen- TABELA 3 – PORCENTAGENS DE RECOBRIMENTO RADICULAR (RR)
OBTIDAS APÓS O PERÍODO DE AVALIAÇÃO DE SEIS MESES NOS TRÊS
ças estatisticamente significantes entre os grupos com 65,9%
GRUPOS DE ESTUDO
de recobrimento radicular para o grupo tratado com MDA e
Grupo % RR
74,1% para o grupo tratado com enxerto de tecido conjuntivo
Pericárdio bovino acelular 78,82%
subepitelial (ECS). Resultados semelhantes foram obtidos por
autores6 que em outro estudo que tratou um número maior Matriz dérmica acelular 71,67%
de retrações (30 no total) com o mesmo período de acom- Tecido conjuntivo 79,68%
panhamento de seis meses. Neste, obteve-se uma média de
redução de retração de 1,83 ± 0,83 mm no grupo do enxerto
autógeno e 2,10 ± 1,0 mm para o grupo do enxerto alógeno,
sem diferenças estatisticamente significantes entre eles. Assim periodontal com valores inferiores a 3 mm. Após seis meses,
como este, outros trabalhos certificaram a eficácia da utiliza- estes valores não sofreram modificações significativas. Em re-
ção da MDA no recobrimento radicular3-8, o que impulsiona e lação ao nível clínico de inserção, foram observadas melhoras
suporta a busca por outros biomateriais capazes de substituir numéricas nos três grupos experimentais, no entanto, sem re-
o tecido autógeno. levância estatística. As porcentagens de 78,82% para o enxerto
De forma inovadora, o presente estudo avaliou o tra- de PBA, de 71,67% para o enxerto de MDA e de 79,68% para o
tamento de retrações gengivais com enxerto de pericárdio ECS (Tabela 3) condizem com aqueles observados na literatura
bovino acelular (PBA), obtendo resultados de recobrimento científica, no que diz respeito a um período pós-operatório de
radicular promissores e estatisticamente semelhantes àque- seis meses, até mesmo superando os índices de recobrimento
les obtidos com o enxerto de MDA e com o enxerto autóge- radicular demonstrados6-7 (66,5% para MDA e 64,9% para ECS;
65,9% para MDA e 74,1% para ECS), por estu-
dos citados anteriormente.
É bem verdade, no entanto, que este es-
tudo representa uma análise preliminar com
Os critérios de inclusão para a pesquisa são rigorosos e a
apenas seis indivíduos na amostra. Os critérios
exigência de encontrar, em cada indivíduo selecionado, pelo de inclusão para a pesquisa são rigorosos e
a exigência de encontrar, em cada indivíduo
menos três retrações gengivais similares no tamanho (largura
selecionado, pelo menos três retrações gen-
e altura) e na classificação de Miller, em diferentes quadrantes, givais similares no tamanho (largura e altura)
para receber os três diferentes tipos de tratamento dificulta ainda e na classificação de Miller, em diferentes qua-
drantes, para receber os três diferentes tipos
mais a seleção e, portanto, a composição da amostra. de tratamento dificulta ainda mais a seleção e,
portanto, a composição da amostra. Por ou-
tro lado, ainda sobre a igualdade de resultados
dos diferentes tratamentos, as observações
no de tecido conjuntivo. De fato, todos os grupos avaliados feitas durante o acompanhamento pós-operatório mostraram
se mostraram capazes para diminuir de forma significativa o que o enxerto de PBA apresentou um padrão cicatricial seme-
tamanho das retrações gengivais e, ainda, de aumentar a fai- lhante entre os indivíduos (avaliação intragrupo) e também
xa de mucosa queratinizada da região tratada também com semelhante em relação aos demais grupos (avaliação entre
relevância estatística. Pode-se afirmar que a melhora nestes grupos), produzindo uma coloração e textura gengivais homo-
dois parâmetros representa no tratamento destes defeitos gêneas em relação aos tecidos vizinhos, sem sinais evidentes
periodontais o principal indicativo de sucesso. Paralelamente, de inflamação ou infecção na área enxertada.
foram avaliados os índices de profundidade de sondagem e Os altos índices de recobrimento radicular, no entanto,
nível clínico de inserção. Os valores iniciais para a profundidade podem estar relacionados com a técnica cirúrgica selecionada.
de sondagem revelaram que as áreas selecionadas para trata- Existe um consenso, quando se lida com enxertos gengivais,
mento encontravam-se dentro dos limites aceitáveis de saúde sobre a importância da nutrição ou irrigação dos mesmos para
o sucesso de resultados. No caso dos enxertos utilizados neste de recobrimento radicular estatisticamente superior (63% x
estudo, é importante ressaltar que os mesmos são estrutu- 79%). Portanto, tal técnica de retalho estendido foi seleciona-
ralmente diferentes, o que implica em processos cicatriciais da para comparar o enxerto de pericárdio bovino acelular com
também diferentes, indicando a importância pela escolha ade- a MDA e com o ECS. Particularmente, nos grupos tratados com
quada da técnica cirúrgica ou do desenho de retalho. Enquan- pericárdio bovino acelular e com a MDA, esta técnica permite
to o enxerto de conjuntivo tem sua incorporação baseada na o tracionamento coronal do retalho de forma passiva sobre
anastomose dos vasos sanguíneos do próprio enxerto autó- o enxerto, o que no caso destes que são matrizes acelulares
geno com aqueles disponíveis na área receptora11-13, o enxerto representa uma manobra eficaz em evitar a exposição dos en-
alógeno e o enxerto heterógeno não dispõem de vasos san-
2
xertos, ainda que parcial, o que os tornaria mais suscetíveis aos
guíneos e nem mesmo de células próprias, dependendo total- processos necróticos.
mente da migração dos mesmos por parte da área receptora.
Com base na técnica proposta10, a qual abordou exata- CONCLUSÃO
mente esta questão da qualidade de irrigação sanguínea para
utilização do enxerto de matriz dérmica acelular no tratamen- Os altos índices de recobrimento radicular obtidos com a
to de retrações gengivais localizadas, observou-se que o sim- utilização do enxerto de pericárdio bovino acelular, o indicam
ples deslocamento das incisões relaxantes de forma a englo- como um possível substituto do enxerto de tecido conjuntivo
bar os dentes adjacentes em um retalho estendido é capaz subepitelial, qualidade também atribuída ao enxerto de matriz
de favorecer o recobrimento radicular, muito provavelmente dérmica acelular, o qual tem tido sua comercialização limitada
por ampliar o suprimento sanguíneo e, consequentemente, no Brasil.
aumentar a fonte de células e nutrientes. A comparação entre
Endereço para correspondência:
a técnica rotineiramente utilizada, com as incisões relaxantes Raquel Rezende Martins de Barros
posicionadas a partir dos ângulos proximais do dente a ser tra- Av. do Café, s/n
14040-904 – Ribeirão Preto – SP
tado, e a técnica modificada permitiu que autores10 concluís- Tel.: (16) 9773-6226
rachbarros@hotmail.com
sem que a segunda foi mais adequada por alcançar resultados
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Erupção passiva
alterada: diagnóstico,
classificação e plano de Delayed passive eruption: diagnosis,
tratamento classification and treatment plan
ABSTRACT
The gingiva plays a fundamental role in the esthetics of smile. The gummy
smile, which presents excessive gingival exposure, may have as etiologic
factors the vertical maxillary excess (skeletal), short or hyperactive upper lip,
extruded tooth positioning, short clinical crown, or delayed passive eruption.
The latter occurs when there is no correct apical migration of the gingival
margin and part of the anatomical crown of the tooth remains covered by
gingiva. The present study aims at discussing the classification, methods
for diagnosis and treatment plan for the gummy smile caused by delayed
passive eruption, illustrated by means of a case report.
Key Words - Tooth eruption; Esthetics dental; Smiling; Gingiva; Tooth
crown.
Figura 4 - Medida
da margem gengival
até a crista óssea
realizada com auxílio
da sonda milimetrada.
Figura 2 - Vista frontal intrabucal: desarmonia do nível da margem
dos dentes ântero-superiores.
com lâmina de bisturi 15c, demarcando um arco côncavo em arco côncavo regular da margem gengival e da papila
regular, mais apicalmente, próximo ao nível da JCE, sem interproximal (Figura 9). A comparação entre o sorriso inicial
atingir a região interproximal2,8, para não alterar a papila in- (Figura 1) e final do paciente (Figura 10) demonstrou a harmo-
terproximal e não comprometer a estética da área (Figura nia do lábio com as estruturas dentárias e gengivais obtidas
5). Removeu-se o colar de gengiva de aproximadamente 2 a após o procedimento cirúrgico periodontal.
3 mm (Figura 6), eliminando-se o tecido gengival em excesso
e expondo a coroa anatômica do dente. DISCUSSÃO
O retalho total foi rebatido com um descolador, possibi-
litando a visualização da crista óssea vestibular ao nível da O planejamento cirúrgico do aumento de coroa clínica
JCE. A osteotomia com cinzéis acompanhou a JCE, estenden- se baseia na avaliação do sorriso, comprimento anatômico
do-se aproximadamente 1 a 2 mm apicalmente para permitir da coroa, comprimento do lábio superior e altura do osso
espaço para as distâncias biológicas (Figura 7). maxilar. A apresentação do caso clínico enfoca também a
Finalmente, as suturas simples foram realizadas nas re- importância do planejamento, considerando-se a distância da
giões interproximais, com fio Vicryl 6.0 (Johnson & Johnson), JCE à crista óssea alveolar e localização da JMG em relação
Figura 8, e removidas após uma semana. A avaliação pós- ao nível da JCE e a quantidade de mucosa ceratinizada, para
operatória de três meses revelou um adequado aumento de obter um sorriso com harmonia entre lábios, coroa clínica
coroa clínica dos dentes com a preservação da característica dentária e tecidos periodontais.
Figura 5 - Incisão em bisel interno delimitado a nova margem Figura 6 - Aumento de coroa clínica dos dentes ântero-superiores
gengival para expor mais a coroa anatômica dos dentes. após a remoção do tecido gengival marginal posicionado a margem
gengival do incisivo lateral 1 mm coronal em relação à margem dos
incisivos centrais e caninos.
Figura 7 - Osteotomia manual realizada após rebatimento do reta- Figura 8 - Retalho posicionado e suturado com fio Vicryl 6-0.
lho total, localizando a crista óssea vestibular de 1 a 2 mm apical à
junção cemento-esmalte.
Nos casos em que a A erupção passiva alterada foi classificada em dois tipos
principais, de acordo com a relação entre junção cemento-
crista óssea encontra-
esmalte (JCE) e junção mucogengival e então subdividiram
se de 1,5 a 2 mm
em duas classes conforme a posição da crista óssea7.
apical a JCE, Tipo IA O caso clínico apresentado corresponde ao Tipo IB de
e IIA, o tratamento erupção passiva alterada, um dos tipos mais frequentes des-
do sorriso gengival ta alteração15.
O Tipo I apresenta ampla faixa de gengiva, o excesso
baseia-se apenas no
de tecido gengival pode ser removido por gengivectomia ou
deslocamento apical retalho em bisel interno. Ao contrário o Tipo II, necessita pre-
do tecido gengival, servar a pouca faixa de gengiva, sendo indicada a realização
sem a necessidade de retalho posicionado apicalmente13.
de osteotomia. Nesta No subgrupo B, como a crista óssea está ao nível da
JCE, indica-se a realização da ressecção óssea para criar
fase, deve-se avaliar
espaço para a reinserção de fibras gengivais e restabelecer
a simetria da margem as distâncias biológicas para o remodelamento do tecido
gengival com o dente gengival no nível mais apical4,8.
contralateral. O ponto Nos casos em que a crista óssea encontra-se de 1,5
a 2 mm apical a JCE, Tipo IA e IIA, o tratamento do sorriso
mais alto do contorno
gengival baseia-se apenas no deslocamento apical do teci-
gengival do incisivo
do gengival, sem a necessidade de osteotomia. Nesta fase,
central e canino está deve-se avaliar a simetria da margem gengival com o dente
distal à linha média (no contralateral. O ponto mais alto do contorno gengival do in-
ângulo distovestibular) cisivo central e canino está distal à linha média (no ângulo
distovestibular) e do incisivo lateral está centralizado mesio-
e do incisivo lateral
distalmente8,13.
está centralizado O tratamento realizado foi a gengivectomia interna (reta-
mesiodistalmente8,13. lho com bisel inverso) e osteotomia. Se o tipo IB fosse trata-
do apenas com gengivectomia e o excesso de gengiva fosse
removido até a JCE, a distância biológica seria eliminada,
ocorrendo o retorno da margem gengival a nível pré-cirúrgico
com recidiva do sorriso gengival. Portanto, é necessária a
Figura 9 - Vista frontal da região ântero-superior, três meses após Figura 10 - Sorriso final do paciente.
a cirurgia periodontal.
redução tanto do tecido gengival como do tecido ósseo, pro- Os procedimentos cirúrgicos periodontais estéticos só
porcionando uma distância de pelo menos 2 mm entre a JCE devem ser conduzidos se houver saúde gengival. Não deve
e a crista óssea13, criando espaço para a formação da inser- haver sinais de doença periodontal como: sangramento após
ção conjuntiva e do epitélio juncional durante a cicatrização a sondagem, supuração, inflamação e perda óssea10,15. No
da área. entanto, os elementos chaves para se determinar posição
A avaliação estética cuidadosa é necessária para tornar e contorno da margem gengival são posição e contorno do
mais realista as expectativas do tratamento do sorriso gengi- osso alveolar subjacente15.
val com aumento de coroa clínica. Deve ser considerada linha A opção pelo tratamento estético periodontal que visa
média da face, posição da borda incisal e linha do sorriso. corrigir o sorriso gengival implica em diagnosticar correta-
Para a harmonia gengival, a posição do lábio superior deve mente sua etiologia18. Depois de diagnosticada a erupção
ser paralela ou seguir a linha gengival dos dentes superiores passiva alterada, o plano de tratamento cirúrgico para au-
17
e a incisal dos mesmos deve seguir a linha do lábio inferior . mento de coroa clínica segue o tipo de alteração16.
A posição ideal da margem gengival é ditada pelo limite ver-
tical do sorriso, nos incisivos centrais e caninos está posi- CONCLUSÃO
cionada no mesmo nível da parte inferior do lábio superior.
A margem gengival dos incisivos centrais superiores está O sucesso do tratamento do sorriso gengival está no
localizada 1 a 2 mm mais incisalmente do que os incisivos la- diagnóstico adequado da real etiologia do problema e no pla-
terais e caninos. O ponto mais alto da margem é distal à linha nejamento de um tratamento preocupado com a manutenção
média do incisivo central e canino e é localizado no centro do das distâncias biológicas.
13
incisivo lateral .
Endereço para correspondência:
Devem ser avaliados os limites vertical e horizontal do Ana Lúcia Pompéia Fraga de Almeida
sorriso. A dimensão vertical ideal é quando a margem gengi- Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisola, 9-75 – Vila Universitária
17012-901 – Bauru – SP
val do incisivo central e canino superiores toca a borda infe- Tel.: (14) 3235-8081/3235-8272 – Fax: (14) 3235-8182
rior do lábio superior no sorriso completo e o limite horizontal analmeida@usp.br
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Comparação entre
duas técnicas para
enxerto de tecido
Comparison between two techniques
conjuntivo em recessões of connective tissue grafting in Miller
Classes I ou II de Miller recession Class I and II
ABSTRACT
The gingival recession is a common condition in pacients, in different ages,
increasing its frequency with the age. Patients are frequently complaining
about gingival recession, mostly in cases of root sensibility and non
esthetical aspect. There are a variety of gingival recession treatment,
where gingival grafts surgery are the most used procedure. Nowadays,
the most indicated treatment are the graft surgeries combined with some
kind of flap design. The goal of this study was to compare, in deep gingival
recessions, Miller class I or II; if there were differences between grafts
with Envelope technique and Langer and Langer technique. The choice
for those techniques were that in the Envelope technique the graft remains
partially exposed, while in Langer and Langer it remains covered. It was
possible to conclude that both techniques had root coverage, while the
Envelope present better results concerning the width of keratinized tissue
and faster wound healing.
Key Words - Gingival recession; Connective tissue grafts; Root coverage.
Figura 1 - Foto inicial evidenciando recessão gengival do dente 14, Figura 2 - Confecção do envelope em espessura parcial.
com 3 mm de profundidade.
Figura 3 - Após o enxerto ser posicionado, foi feita compressão Figura 4 - Sutura do leito doador após remoção do enxerto pela
com gaze, por cinco minutos, para sua estabilização. técnica da incisão única.
Figura 5 - Aspecto com sete dias pós-operatórios. Notar a boa Figura 6 - Sete dias pós-operatórios na região doadora.
maturação do enxerto.
Figura 9 - Pós-operatório de seis meses, evidenciando o ganho de Figura 10 - Controle após 18 meses da cirurgia. Paciente em
tecido ceratinizado. tratamento ortodôntico.
Figura 11 - Foto inicial do dente 24 com recessão de 4 mm de Figura 12 - Retalho parcial elevado, com o enxerto estabilizado
altura. por suturas laterais.
Caso Clínico 2
Paciente EOG, sexo masculino, leucoderma, 23 anos,
procurou a Clínica de Periodontia da PUC/PR com queixa de
lesões por recessão gengival em vários dentes, principalmen-
te nos dentes 13 e 23.
Técnica do Envelope, Figuras 17 a 24, e técnica de Lan-
ger e Lange, Figuras 24 a 32 (Tabela 2).
Figura 18 - Envelope criado na região da recessão. Figura 19 - Enxerto conjuntivo posicionado sobre a recessão.
Figura 22 - Três meses de controle. Figura 23 - Após seis meses da cirurgia, houve um aumento de
volume do tecido enxertado, devido ao Creeping attatchment.
Figura 24 - Recobrimento obtido após 18 meses da cirurgia, com Figura 25 - Recessão inicial no dente 13 (4 mm).
aumento da faixa de tecido ceratinizado.
Figura 26 - Incisões relaxantes e intrassulcular. Preservação das Figura 27 - Deslocamento apical do retalho, recobrindo toda a
papilas. área da recessão.
Figura 28 - Estabilização do retalho por pontos simples isolados. Figura 29 - Um mês pós-operatório.
DISCUSSÃO
clínica, a técnica do túnel foi superior 77,1% contra 56,4% segundo caso apresentado com a técnica do envelope, o re-
23
da Langer e Langer . Independente da técnica aplicada, a cobrimento poderia ter sido melhor se o tamanho do enxerto
presença de um periodonto normal na área interproximal tivesse sido maior, por ter havido limitação de quantidade
confere ótimo suprimento sanguíneo ao enxerto, o que não de tecido na área doadora. Entretanto, houve um aumento
ocorre nas Classes III e IV. Em casos de recessões profun- considerável na faixa de tecido ceratinizado pelo fenômeno
das, a técnica do envelope deixa grande parte do enxerto do Creeping attatcment, que pode ocorrer de seis meses
exposto, sem suprimento sanguíneo por estar em contato a um ano após o procedimento cirúrgico. A cicatrização do
apenas com a superfície dentária que é avascular. Portanto, leito doador em todos os casos foi considerada ótima, por
apesar de esta estrutura poder ser incorporada e tornar-se não ter havido necrose tecidual e consequentemente com
tecido ceratinizado, existe o risco de necrose desta região pós-operatório favorável ao paciente.
e consequente reabsorção de parte do enxerto. Nos casos
aqui apresentados, houve um aumento significativo na faixa CONCLUSÃO
de tecido ceratinizado quando usada a técnica do envelope.
Na técnica de Langer e Langer, como todo o enxerto deve • As duas técnicas foram igualmente satisfatórias quanto
ser recoberto pelo retalho, a vascularização é maior24, sen- a recobrimento radicular em recessões Classe I ou II de
do maior a chance de sucesso nesta terapia. Contudo, se o Miller, até 3 mm de altura.
tecido preexistente não apresentar uma faixa adequada de • Houve maior formação de tecido ceratinizado nas áreas
mucosa ceratinizada, toda a área do recobrimento também que receberam a técnica de envelope.
será desprovida deste tecido, podendo haver limitação estéti-
Endereço para correspondência:
ca pela alteração da posição da junção mucogengival após o Fábio Bonamin dos Santos
posicionamento coronário do retalho. Além disto, a cicatriza- Rua Francisco Alves Guimarães, 333 - Cristo Rei
80050-210 – Curitiba – PR
ção das áreas tratadas com esta técnica foram mais demora- Tel.: (41) 3264-4001
das do que nas tratadas com o envelope, devido as incisões fabiobond@yahoo.com.br
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Retalho reposicionado
apical modificado e
retalho posicionado
coronário. Combinação
de técnicas cirúrgicas The modified apically repositioned flap
and coronally positioned flap. Combined
para tratamento de techniques for treatment of root
recessão radicular recession
ABSTRACT
This paper aims to report a clinic case of root coverage performed in a tooth
with an exacerbated sensitivity due to gingival recession Class I Miller. The
modified apically repositioned flap was performed in order to increase the
amount of keratinized tissue apical to the defect, prior to the use of coronally
positioned flap. This combination of techniques was effective at a long term
in resolution of the root sensitivity, providing 100% root coverage with less
surgical trauma, absence of palatal donor tissue and excellent aesthetic
result.
Key Words - Root coverage; Gingival recession; Modified apically
repositioned flap; Coronally advanced flap.
INTRODUÇÃO
gaze, por cinco minutos, foi efetuada no local para manter frina 1:100.000 ). Tratou-se a raiz exposta, somente com
o retalho estável em contato com periósteo adjacente. Não raspagem radicular por meio de curetas manuais. Uma in-
houve necessidade de sutura. Para proteção da ferida, utili- cisão intrassulcular foi realizada conectada com duas inci-
zou-se cimento cirúrgico (Coe-Pack). Foi prescrita uma me- sões relaxantes verticais nas extremidades mesial e distal à
dicação analgésica e anti-inflamatória (Ibuprofeno, 600 mg incisão horizontal, estendidas além da linha mucogengival13.
a cada 12 horas) para dor, caso fosse necessária. Após a Um retalho parcial foi confeccionado e posicionado corona-
remoção do cimento cirúrgico, recomendou-se a interrupção riamente ao nível da junção cemento-esmalte. Suturas absor-
da escovação na área cirúrgica e iniciou-se o bochecho, com víveis foram usadas para manutenção do retalho em posição
clorexidina a 0,12%, por um período de quatro semanas. A (6,0 Catgut - Ethycon). Os mesmos cuidados pós-operatórios
cicatrização ocorreu dentro dos parâmetros da normalidade, realizados na técnica do Marf foram instruídos ao paciente. O
sem sangramento e nenhuma necessidade de medicação pós- pós-cirúrgico transcorreu dentro dos limites da normalidade.
operatória (Figura 4). Após oito semanas, o tecido neoformado Um ano após o emprego da combinação das técnicas ci-
apresentou aspecto clínico de normalidade, aumento de tecido rúrgicas (Figura7), os resultados obtidos foram satisfatórios
ceratinizado de 2,5 mm em relação às medidas pré-cirúrgicas em relação aos parâmetros analisados (profundidade de son-
(Figuras 5 e 6), proporcionando, dessa forma, condições favo- dagem, aumento de tecido ceratinizado, cobertura radicular
12,14 10
ráveis para a execução da técnica de RPC . e estética). Estes resultados se mantiveram estáveis por um
A técnica do RPC foi então executada com anestesia período de oito anos, quando as medições finais foram reali-
local infiltrativa no fundo de fórnix (Lidocaína 2% com epine- zadas (Figuras 8 e 9; Tabela 1).
Figura 3 - Realização da técnica do Marf. Figura 4 - Uma semana após o procedimento do Marf.
Figura 5 - Oito semanas após o procedimento do Marf. Figura 6 - Oito semanas após o procedimento do Marf. Solu-
ção de Schiller delimitando a área cirúrgica.
Figura 7 - Um ano após o procedimento do RPC. Figura 8 - Oito anos após o procedimento do RPC.
PrO PO 8s PO – 1A PO – 8A
Recessão 2 2 0 0
Tecido ceratinizado 1,5 4 4 4
Profundidade de sondagem 1 1 1 1
Gengiva inserida 0,5 3 3 3
PrO – Pré-operatório. PO 8s – Pós-operatório Marf de oito semanas. PO 1A – Pós-operatório Marf/RPC
de um ano. PO 8A – Pós-operatório Marf/RPC de oito anos.
do simplicidade na realização da técnica e baixa morbidade positivamente na realização do RPC. A associação das téc-
em razão de não depender, necessariamente, do uso de nicas obteve 100% de recobrimento radicular e solucionou
21
área doadora palatal . Ele é indicado principalmente em re- o problema de sensibilidade, que era a queixa principal da
cessões rasas Classe I de Miller6,12-13,22-23. No entanto, sua paciente. Baseando-se em estudos anteriores realizados com
grande limitação é a necessidade de uma faixa de tecido maior quantidade de dentes25, nota-se que o Marf mostra-se
ceratinizado ao redor de 3 mm apical à margem gengival mais eficiente em relação ao aumento gengival estético do
o que, quando ausente, exige a realização de uma manobra que os procedimentos citados anteriormente.
cirúrgica para aumentar a quantidade desse tecido12,14. Após oito anos de acompanhamento, o dente envolvido
Entre os tratamentos cirúrgicos para o aumento de ainda apresentava recobrimento total da raiz, com 4 mm de
área doadora, a técnica mais realizada é o enxerto gengival tecido ceratinizado e profundidade de sondagem de 1 mm.
6,15-17
livre . Porém, a necessidade de um enxerto leva muitas Dessa forma, o presente estudo demonstrou ser o Marf uma
vezes a complicações no local doador, como sangramento técnica previsível no aumento de gengiva, elevando a previsi-
excessivo, uma exposição óssea pós-operatória, uma ferida bilidade do RPC. Ainda apresenta benefícios, como a redução
palatal dolorosa, além do risco de necrose do enxerto e de significativa da morbidade aos tecidos, diminuição do tempo
18-19
área doadora . Há também um segundo local de ferida, o operatório e resultado estético excelente e duradouro.
que despende maior tempo cirúrgico e acarreta em maior
desconforto pós-operatório19. Somando-se a tudo isso, mui- CONCLUSÃO
tas vezes, a realização de um enxerto cria uma faixa de te-
cido ceratinizado muito mais ampla e volumosa do que as No presente trabalho, a existência de sensibilidade
dimensões topográficas normais e a estética se torna com- exacerbada persistente devido a uma recessão gengival de
prometida, devido a uma coloração pálida do tecido enxer- 2 mm, que era a queixa principal da paciente, foi solucionada.
tado21. A técnica do Marf combinada com a técnica do RPC obteve
No caso clínico aqui apresentado, o Marf foi realizado resultados clínicos satisfatórios. O Marf tornou previsível o
em menor tempo cirúrgico que o habitual para a realização recobrimento radicular, apresentando vantagens, se compa-
de técnicas que envolvem enxertos com área doadora pala- rado a outras técnicas, pela simplicidade do procedimento,
tal. Apesar de exigir a realização de dois tempos cirúrgicos estética duradoura, redução de morbidade aos tecidos. Esta
separados, a associação do Marf com o RPC se justifica pela é, portanto, uma técnica a mais a ser introduzida, dentre os
exigência de menor tempo operatório, redução de complica- tratamentos cirúrgicos periodontais para o aumento de área
ções trans e pós-cirúrgicas, o que gera mínimo desconforto doadora, previamente ao RPC.
ao paciente20,24, além de proporcionar solução estética ideal.
Endereço para correspondência:
Na oitava semana após a realização do Marf (Tabela 1), João Carnio
houve um ganho de 2,5 mm de gengiva inserida com uma Rua Pistóia, 245 – Jd. Canadá
86020-450 – Londrina – PR
coloração semelhante à área doadora, o que comprova a pre- Tel.: (43) 3324-7090
visibilidade da técnica em relação à estética. Isso influenciou jcarnio@onda.com.br
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advanced flap procedure for root coverage. Flap with tension versus flap without 24. Carnio J, Camargo PM, Passanezi E. Increasing the apico-coronal dimension of
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13. Allen EP, Miller PD. Coronal positioning of existing gingiva: Short term results in the
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the aspects related to the patient’s
subjective perceptions related to surgical procedures after crown lengthening
surgery (CLS) in need of osteotomy performed with rotary instruments (RO)
and manual instruments (MO). The design of study was a randomized clinical
trial with parallel groups. Study participants were 34 patients of both genders
requires surgery for CLS, which were divided randomly into two groups: first
group (16 patients) osteotomy performed with rotary instruments and the
second group (18 patients) with manual instruments. Immediately after
surgery and after seven days was assessed using a visual analogue scale
(VAS) discomfort during the procedure and postoperative pain, respectively.
Surgical time was also recorded. The results showed no statistically
significant differences between the surgical time (90.8 versus 99.1 minutes)
for RO and MO, respectively. The discomfort and postoperative pain were
(7.5 and 11.1 versus 14.8 and 19.9) for group OR and OM, respectively,
without statistical differences between groups. Therefore, the type of
osteotomy does not influence the subjective perceptions of the patient and
clinician during surgery. However, studies with larger samples are needed to
confirm or refute these findings.
Key Words - Pain postoperative; Pain measurement; Crown lengthening;
Osteotomy.
dias no pós-operatório
Análise dos resultados
cirúrgico.
Os resultados foram analisados considerando o indiví-
duo como unidade de análise. Foram apresentadas médias e
desvio-padrão dos parâmetros analisados. Os mesmos foram
comparados considerando as variáveis independentes, o tipo
de osteotomia e o tempo cirúrgico. As variáveis dependentes
ção para o procedimento experimental foi realizada por uma foram às percepções de desconforto e dor pós-operatória.
pessoa não envolvida na cirurgia. A osteotomia foi conduzida Foram utilizados testes bivariados não paramétricos (Mann
com instrumentos manuais (cinzéis de Rhodes 36/37, Fedi Whitney).
1, 2 e 3, limas Buck 11/12 e Schluger 9/10 PHD da marca
Neumar, São Paulo, Brasil) ou por meio de instrumentos rota- RESULTADOS
tórios (pontas diamantadas esféricas números 1011, 1012,
1014, 1016, e cônica – extremidade de chama – número Participaram do estudo 34 pacientes do laboratório de
3203, heritage SSwhite, Duflex, Rio de Janeiro, Brasil) com práticas clínicas do curso de Odontologia do Centro Univer-
irrigação através da caneta de alta rotação, segundo a ran- sitário Franciscano (Unifra), de ambos os sexos, com neces-
domização. Na sequência, a sutura (simples ou colchoreiro sidade de cirurgia de aumento de coroa clínica, com idades
vertical) do retalho foi confeccionada. Por fim, o cimento ci- variando entre 18 e 60 anos. Dos quais 16 receberam osteo-
rúrgico (PerioBond, Dentisply, Petrópolis, RJ, Brasil) foi colo- tomia com instrumentos rotatórios e 18 com manuais.
cado em todas as cirurgias realizadas. A maioria dos pacientes era do sexo masculino nos dois
A duração do ato cirúrgico foi registrada a partir da grupos e a média de idade foi de 37,2 anos para osteotomia
primeira incisão até a sutura. Todos os pacientes foram com instrumentos rotatórios e 36,1 anos para osteotomia
instruídos a fazerem controle químico de placa com diglu- com instrumentos manuais. Não houve diferença estatistica-
conato de clorexidina 0,12% (15 mililitros de 12/12 horas) mente significante entre as variáveis demográficas dos gru-
durante dez dias, e uso de analgésico paracetamol 750 mg pos experimentais (Tabela 1).
(um comprimido de seis em seis horas) durante três dias no Em relação aos parâmetros periodontais dos grupos
pós-operatório cirúrgico. experimentais, pôde-se observar que o percentual médio de
No pós-operatório imediato e no momento da remoção placa visível e sangramento gengival para o grupo OR foi de
da sutura (sete dias), o registro de desconforto e dor pós- 66,7% e 68,8%, respectivamente, e de 77,8% e 61,1% para
operatória, respectivamente, foram coletados através de es- o grupo OM, respectivamente. As médias de profundidade e
nível de inserção clínica foram respectivamente 2,43 e 2,46 grupo OM apresentou desconforto médio levemente maior
para o grupo OR e 1,94 e 2,05, respectivamente, para o que o grupo OR, porém, sem diferenças estatísticas intergru-
grupo OM (Tabela 1). pos (Tabela 2).
A média do tempo cirúrgico, calculado a partir da incisão A dor pós-operatória (sete dias), também aferida através
até a finalização dos procedimentos de síntese, não diferiu da escala analógica visual, apresentou-se levemente maior no
de forma estatisticamente significante entre os grupos ex- grupo OM, porém, sem diferença estatisticamente significan-
perimentais. Os procedimentos tiveram duração média 90,8 te entre os grupos. A média de dor pós-operatória para os
minutos para o grupo OR e 99,1 minutos para o grupo OM pacientes do grupo OR foi 11,1 pontos e 19,9 pontos para o
(Figura 1). grupo OM (Tabela 3).
Em relação ao desconforto pós-operatório imediato, afe- A Tabela 4 apresenta uma correlação entre o tempo ci-
rido através de uma escala analógica visual com variações rúrgico e as variáveis desconforto pós-operatório imediato e
de zero (ausência de desconforto) a 100 (máximo descon- dor pós-operatória (sete dias), a qual demonstrou fraca cor-
forto já percebido), foi encontrado desconforto médio de 7,5 relação entre o tempo cirúrgico e as variáveis de desconforto
pontos para o grupo OR e 14,8 pontos para o grupo OM. O e dor para ambos os grupos experimentais.
TABELA 3 - DOR PÓS-OPERATÓRIA (SETE DIAS) ATRAVÉS DA ESCALA ANALÓGICA VISUAL DE ACORDO COM
OS GRUPOS EXPERIMENTAIS
Instrumentos Média (± dp) Mediana (P 25% - P75%) Mínimo/máximo
Rotatórios 11,1 (± 9,67) 9 (2,25 – 21,5) 0 – 28
Manuais 19,9 (± 23,2) 8 (4,75 – 39) 2 – 87
Valor de p 0,37*
* Teste Mann Whitney a um nível de significância de 5%.
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Restauração
subgengival e cirurgia
plástica periodontal no
tratamento de recessão
gengival associada Subgingival restoration and periodontal
plastic surgery in the treatment of gingival
à lesão cervical não recession associated with non-carious
cariosa cervical lesion
ABSTRACT
The presence of gingival recession associated with non-carious cervical
lesions (NCCL) is a commum complaint of patients seeking dental treatment.
Different surgical and restorative techniques have been proposed to correct
these deformities. In most cases, only the restorative treatment plan does
not meet the aesthetics desired by the patient. Thus, the periodontal
plastic surgery has been associated with restorative treatment to resolve
aesthetic disadvantage cases. The aim of this paper is to review and discuss
the literature on the association of restorative materials and mucogingival
surgery.
Key Words - Gingival recession; Surgery plastic; Periodontics; Glass
ionomer cements; Dental materials; Tooth abrasion.
Em outro estudo onde sítios restaurados com cimento tos alcançaram recobrimento radicular após seis meses de
de ionômero de vidro modificado por resina, compômeros acompanhamento. Além disso, relataram que no grupo que
e resina composta foram associados à presença de maior combinou o tratamento restaurador e cirúrgico periodontal
quantidade de fluido gengival comparados a sítios não restau- houve redução da sensibilidade radicular. O sucesso clínico
rados. No entanto, o índice gengival e o índice de placa não deste procedimento foi observado após dois anos de acom-
mostraram diferenças significativas entre os sítios restaura- panhamento25.
21
dos e não restaurados . Em recente relato de caso clínico26 foi observado que
Analisando os níveis de interleucina-1 presentes no fluido recessões gengivais múltiplas adjacentes associadas com
gengival adjacente a restaurações subgengivais de cimento abrasão cervical profunda podem ser tratadas com sucesso
de aluminato de cálcio, resina composta e esmalte, foi con- quando combinado cirurgia mucogengival e dentística restau-
cluído que as restaurações não afetaram a saúde gengival e radora.
nem alteraram significativamente os níveis de interleucina-1 A técnica de recobrimento radicular com enxerto de te-
no fluido gengival ou iniciaram a inflamação gengival22. cido conjuntivo associada ao tratamento restaurador, com
Em estudo realizado em cães19 foi avaliada histologica- ionômero de vidro, também tem sido considerada um trata-
mente a resposta dos tecidos periodontais a restaurações mento de sucesso em estudo clínico27 e em relatos de casos
subgengivais, Classe V, com resina composta e cimento de clínicos6.
ionômero de vidro modificado por resina e observada biocom-
patibilidade de todos os materiais restauradores testados. A DISCUSSÃO
formação de epitélio juncional longo foi o tipo de cicatrização
predominante, com ausência de inserção de tecido conjunti- Atualmente, dentro do plano de tratamento odontológico
vo e neoformação óssea sobre os materiais restauradores. integrado, a importância de um sorriso harmônico tem sido
A resposta periodontal de restaurações subgengivais de considerada pelos periodontistas e pelo próprio paciente. A
amálgama e cimento de ionômero de vidro modificado por presença de recessão gengival associada a lesão cervical
resina também foi avaliada em estudo realizado em cães. não cariosa é uma queixa frequente dos pacientes que procu-
Os autores observaram um infiltrado inflamatório mais inten- ram os recursos da Odontologia. Muitas vezes, o tratamento
so relacionado às restaurações de amálgama que aquele restaurador somente não satisfaz a necessidade estética de-
relacionado às restaurações com cimento de ionômero de sejada pelo paciente, por deixar o dente com a coroa clínica
vidro modificado por resina. O controle de placa bacteriana longa. Sendo assim, a cirurgia plástica periodontal tem sido
minimizou a resposta inflamatória na maioria dos sítios res- associada ao tratamento restaurador para solucionar estes
23
taurados . casos de estética desfavorável.
Em estudo clínico6 foi avaliado o tratamento de reces- O cimento de ionômero de vidro e a resina composta
sões gengivais associadas a abrasões cervicais com cimen- são os materiais restauradores de escolha para restaura-
to de ionômero de vidro modificado por resina ou com resina ções onde fator estético é primordial. Contudo, quando estes
composta microparticulada e retalho posicionado coronal- materiais são colocados subgengivalmente pode ocorrer in-
mente. Aos seis meses pós-operatórios, os autores observa- flamação dos tecidos periodontais, bem como aumento da
ram recobrimento radicular sem dano aos tecidos periodon- perda de inserção16-17. Em estudo realizado com acompanha-
24
tais. Outros autores também observaram clinicamente que mento de 26 anos, a detecção clínica destes fatores poderá
tanto o ionômero de vidro modificado com resina, como a ser observada somente após um a três anos do tratamento
resina microparticulada usadas subgengivalmente não mos- restaurador16. Alguns trabalhos recentes1,3 mostraram resul-
traram efeitos negativos na saúde periodontal. Contudo, o tados efetivos quando avaliaram clinicamente o tratamento
ionômero de vidro mostrou efeitos mais positivos quanto à de recessões gengivais associadas a abrasões cervicais res-
diminuição da composição do biofilme subgengival em rela- tauradas com cimento de ionômero de vidro modificado por
ção a resina composta. resina ou com resina composta microparticulada e retalho
O tratamento de recessão gengival associada à lesões posicionado coronalmente. Resultados satisfatórios também
cervicais não cariosas com retalho posicionado coronal- foram observados clinicamente quando a técnica de enxerto
mente ou associado com restauração de ionômero de vidro de tecido conjuntivo foi realizada sobre materiais restaurado-
modificado por resina foi avaliado clinicamente em estudo res5,25-26. Contudo, estes resultados apresentam acompanha-
clínico1. Os autores concluíram que ambos os procedimen- mento pós-operatório de seis meses a dois anos somente.
Histologicamente, a resina composta e o cimento de io- consideração. Todos estes fatores irão favorecer o sucesso
nômero de vidro modificado por resina se mostraram biocom- do tratamento.
patíveis quando aplicados subgengivalmente19. Clinicamente,
a resposta inflamatória dos tecidos periodontais frente a res- CONCLUSÃO
taurações adesivas subgengivais pode ser prevenida quando
os materiais restauradores são aplicados sobre isolamento A cirurgia periodontal combinada ao procedimento res-
absoluto, quando forem aplicados respeitando as distâncias taurador leva a solução tanto da recessão gengival como da
biológicas e quando forem bem polidos. abrasão cervical podendo ser considerada um tratamento de
Outros aspectos importantes devem ser avaliados quan- sucesso clínico. Contudo, estudos longitudinais com acompa-
do a associação dos procedimentos (cirurgia periodontal e nhamento em longo prazo devem ser realizados para validar
tratamento restaurador) é realizada. Entre eles, os fatores esta forma de tratamento associada.
etiológicos da recessão gengival e das lesões cervicais não
cariosas devem ser removidos antes de realizar o tratamento Endereço para correspondência:
restaurador e cirúrgico periodontal. Ainda, a conscientização Tatiana Miranda Deliberador
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 – Campo Cumprido
do paciente em relação a um excelente controle de placa 81280-330 – Curitiba – PR
deve ser reforçada. Por fim, a indicação correta da técnica tdeliberador@up.edu.br
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Correção de erupção
passiva através de
cirurgia plástica Correction of passive eruption by
periodontal periodontal plastic surgical. Case report
ABSTRACT
Features that influencing characteristics of the smile are the midline, dental
position, smile line and gingival. Altered passive eruption is a clinical condition
characterized by an altered coronary placement of the gingival tissue, with
or without the placement of the bone margin, which interferes with the
aesthetic smile and is considered etiological factor for short clinical crowns
and to be associated with gum smile. This paper presents a case report
that describe the correction of altered passive eruption by the technique
of gingivectomy. Female patient, 20 years old, caucasian, without systemic
complications, complains about the aesthetics of the tooth 12. After the
diagnosis of altered passive eruption associated only change of the gingival
position, gingivectomy was the treatment performed with the internal bevel
incision, on the buccal surface of the element 12. After 1 year of treatment,
the patient reports to be satisfied with the aesthetic result, the teeth 12 and
22 show the same size of the clinical crown. Therefore, in cases of altered
passive eruption with changes in the gingival position only, the gingivectomy,
a periodontal plastic surgery technique, is effective in your correction and to
reestablish the harmony of smile.
Key Words - Smiling; Esthetics; Periodontics; Gingivectomy.
2B
Limitada faixa de tecido queratinizado com distância entre mia, realizada com incisão de bisel interno na face vestibular
COA/JCE < 2 mm.
do elemento dental 12.
A B
Figuras 1 - Diferença do tamanho das coroas clínicas dos elementos 12 (A) e 22 (B)
demonstrada com uso da sonda milimetrada.
Figura 2 - Sorriso da paciente evidencia a excessiva exposição Figura 3 - Erupção passiva alterada presente no elemento 12, sen-
do tecido gengival na face vestibular do dente 12 e a diferença no do caracterizada pela presença de coroa clínica curta, associada à
tamanho das coroas clínicas dos incisivos laterais. ausência de inflamação tecidual e de desgaste incisal.
A B
Figuras 4 - Característica de erupção passiva alterada tipo 1A evidenciada. Figura 5 - Execução de anestesia infiltrativa prévia a
A. Extensa faixa de tecido queratinizado ao redor do elemento 12. B. Aspecto de técnica cirúrgica.
normalidade da distância da COA a JCE nas faces proximais.
Após a assepsia intraoral usando bochecho com 15 ml estabelecer a quantidade de tecido gengival a ser removido
de gluconato de clorexidina a 0,12% por um minuto, realizou- e guiar a incisão a ser realizada (Figuras 6).
se assepsia extraoral com gel de clorexidina a 2%. Para a remoção do tecido gengival na região, realizou-se
A anestesia da região foi obtida pela técnica infiltra- incisão de bisel interno (Figura 7a), tendo sua finalização na
tiva com uso de anestésico cloridrato de prilocaína a 3% superfície dental, seguida de incisão sulcular (Figura 7b) utili-
(Figura 5). Em seguida, fez-se a sondagem periodontal e a zando a lâmina de bisturi número 15c e o colarinho gengival
marcação do ponto sangrante na face vestibular do elemento foi removido com cureta McCall 13/14 (Figuras 8).
dental 12 com uso de sonda milimetrada de Willians para Após a constatação da regularização do tamanho da
A B C
Figuras 6 - Sequência para obtenção do ponto sangrante para guiar a incisão cirúrgica. A. Obtenção da profundidade de
sondagem. B. Transferência da profundidade de sondagem. C. Marcação do ponto sangrante.
A B
B
Figuras 8 - A. Remoção do colarinho
gengival com uso de cureta McCall 13/14.
B. Nota-se exposição do esmalte cervical
durante remoção do colarinho gengival.
Figura 9 - Aspecto pós-operatório imediato após a realização da Figura 10 - Aspecto do sorriso da paciente após um ano pós-
gengivectomia. operatório.
A B
Figuras 11 - Após um ano pós-operatório. A. Aspecto das coroas clínicas dos dentes 12 e 22. B. Manuten-
ção do comprimento restabelecido da coroa clínica do dente 12.
a margem gengival, assimetria gengival devido à ausência ou co de erupção passiva alterada foi baseado na associação da
8
excesso tecidual . sondagem periodontal com o exame radiográfico.
A excessiva exposição do tecido gengival durante o sor- A ocorrência de erupção passiva alterada é imprevisível,
riso pode estar associada a uma variedade de condições, sendo que é diagnosticada em 12% da população geral11.
como erupção passiva, excessivo crescimento maxilar verti- Clinicamente, o tecido gengival é considerado saudável e o
5
cal, hipermobilidade labial ou ainda lábios curtos . paciente apresenta índice de placa satisfatório12. Estas ca-
A erupção passiva alterada é uma condição clínica racterísticas coincidem com os parâmetros apresentados no
caracterizada por um posicionamento coronário do tecido caso relatado.
gengival, associado ou não à alteração no posicionamento Pelo fato dos casos de erupção passiva alterada tipo 1A
da margem óssea, que interfere na estética do sorriso, por apresentarem ampla faixa de tecido gengival e a alteração
originar coroas clínicas curtas e ser associada ao sorriso ser limitada apenas ao posicionamento coronário do tecido
gengival. O termo erupção passiva retardada também pode gengival, a gengivectomia é a técnica cirúrgica de eleição
ser utilizado para definir esta condição clínica9. para sua correção em concordância com diversos relatos na
literatura3,6,8.
Com o objetivo de igualar o tamanho da coroa clínica do
elemento 12 em relação ao 22, a técnica de gengivectomia
foi realizada com incisão de bisel interno. Esta incisão pro-
A erupção passiva picia a remoção do tecido gengival em excesso em áreas
alterada é uma condição em que não há necessidade de alterar a topografia do teci-
clínica caracterizada do gengival. Como vantagem, foi relatado pelo paciente um
maior conforto, pois não há exposição do tecido conjuntivo
por um posicionamento
gengival na cavidade bucal e, consequentemente, não há indi-
coronário do tecido
cação para colocação de cimento cirúrgico durante o período
gengival, associado pós-operatório13.
ou não à alteração no Durante a execução do procedimento cirúrgico, o profis-
posicionamento da sional deve conhecer a característica do zênite gengival para
restabelecer o contorno adequado ao redor do elemento den-
margem óssea, que
tal. O zênite gengival para o incisivo lateral coincide com o
interfere na estética longo eixo do elemento dental4.
do sorriso, por originar A curvatura e o comprimento labial influenciam na quan-
coroas clínicas curtas tidade de dentes e de tecido gengival que ficam expostos
tamentos estéticos não alcançam os resultados desejados Nos casos de erupção passiva alterada associada ape-
por focarem apenas o elemento dental e não o sorriso do nas a necessidade de correção do posicionamento do tecido
paciente e os aspectos periodontais que interferem em sua gengival, a técnica de gengivectomia é indicada para a obten-
18
harmonia . ção de um resultado estético satisfatório.
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ABSTRACT
Crown lengthening has progressively become a very much used procedure
to improve the aesthetic condition, mainly in the anterior superior region of
patients with gingival smile. Patients with such condition very often visit the
dentist in order to reduce the aesthetic discomfort. Restorative and bleaching
procedures may be associated to periodontal surgery for creating a more
harmonious and aesthetic smile. This work presents both a review on recent
literature to demonstrate the use of crown lengthening as a supporting
factor for the aesthetic rehabilitation of gingival smile and a case report. It
was concluded that the association of the mentioned procedures constitutes
a feasible alternative for producing an aesthetically pleasant smile.
Key Words - Oral surgical procedures; Periodontics; Cosmetic remodeling.
INTRODUÇÃO gengival (Figuras 5 a 11). Após três meses (Figuras 12 e 13), foi
realizado clareamento dentário a laser, em consultório, asso-
O sucesso de qualquer tratamento estético depende ciado ao clareamento caseiro com peróxido de carbamida 16%
da obtenção da harmonia entre os componentes da região Whitness HP. Finalizado o clareamento, restaurações diretas
peribucal e da cavidade oral . O tratamento periodontal tra-
1 em resina composta Opallis foram realizadas para reanatomi-
dicional tem como objetivo poupar os dentes, muitas vezes, zação dentária. Após o término do tratamento, a paciente re-
deixando-os com problemas estéticos. Hoje, a Periodontia latou satisfação estética, inclusive nas consultas periódicas de
não só trata o periodonto como realiza procedimentos com controle e manutenção (Figura 14).
finalidade estética, como o aumento de coroa clínica e o
recobrimento radicular2. A excessiva exposição gengival du-
rante o sorriso é considerada um problema estético por muitos
pacientes que procuram o consultório odontológico. O clínico
deve entender completamente os vários fatores envolvidos
nesta situação, para fornecer aos seus pacientes uma solu-
ção apropriada3. A justificativa para a realização de aumento
de coroa tem, progressivamente, se tornado mais estética
devido ao crescente desejo por um sorriso ideal4. Nestas ci-
rurgias, o guia cirúrgico é um assistente importante para a
obtenção de resultados bem-sucedidos4. Os procedimentos
laboratoriais de enceramento para planejamento do reposi-
Figura 1 – Sorriso inicial.
cionamento gengival pode ser reproduzido no guia cirúrgico,
otimizando o procedimento5. A combinação de técnicas, como
movimentação dentária, alterações de tecidos moles e pro-
cedimentos restauradores podem ser utilizadas para otimi-
zação da estética6. Entender a etiologia, realizar um correto
diagnóstico e definir a melhor opção de tratamento é crucial
no processo de tratamento do sorriso gengival3. O presente
estudo pretende demonstrar a utilização do aumento de coroa clíni-
ca como um procedimento coadjuvante na reabilitação estética de
pacientes com sorriso gengival.
Figura 11 – Sutura.
O design do sorriso se refere ao grande número de prin- ralmente apresenta uma coincidência de disposição entre as
cípios artísticos e científicos considerados coletivamente para bordas incisais dos dentes anterosuperiores e a curvatura do
poder criar um sorriso bonito. A percepção da beleza pode ser lábio inferior1. O impacto da retração dos incisivos nos teci-
influenciada por cultura, etnia ou conceitos raciais de beleza e dos moles, especialmente no lábio superior, pode influenciar
pode variar do padrão estabelecido das comunidades odonto- a estética do sorriso negativamente8. O típico sorriso gengival
lógicas regionais8. O sorriso é a soma de vários atributos, tanto é considerado um problema estético, assim como a assimetria
positivos quanto negativos . 9 do contorno gengival, superfície radicular exposta e perda das
O sucesso de qualquer tratamento estético do sorriso papilas. Estes problemas podem limitar o sucesso de produtos
estética9. A gengivectomia é indicada quando há gengiva cera- porção áurea, harmonia dentária e dentofacial17. O aumento de
tinizada em excesso e o contorno ósseo está apropriado. Re- coroa estético pode ser considerado como um componente
posicionamento apical sem ressecção óssea é recomendado cirúrgico da terapia restauradora.
quando contorno e volume do tecido ósseo são apropriados, O tratamento estético de um sorriso gengival associado a
mas a quantidade de gengiva ceratinizada é menor que 3 mm. dentes cromaticamente alterados deve incluir procedimentos
Reposicionamento apical com ressecção óssea é recomenda- periodontais para restabelecimento da saúde periodontal e da
do para todos os outros casos onde volume e contorno do estética vermelha, associado ao procedimento restaurador e/
tecido ósseo são inapropriados. Os procedimentos de osteo- ou clareador necessário18. Com a valorização da estética, as téc-
tomia e osteoplastia modificam o contorno ósseo, facilitando nicas de clareamento proporcionaram mais um artifício dentro
o reposicionamento do tecido gengival mais apicalmente3,15. da atual filosofia conservadora na Odontologia16. O resultado
Para aumento de coroa clínica estética, a ressecção óssea deve do procedimento clínico deve corresponder à expectativa do
trazer a crista óssea de 2,5 a 3 mm distante apicalmente da jun- paciente quanto ao fator estético, porém, esse resultado será
ção amelocementária3. Enquanto a cirurgia periodontal con- prolongado se o profissional estiver ciente dos princípios bio-
vencional consiste em retalho e recontorno ósseo, alterações lógicos que preservam a saúde periodontal19.
técnicas são muitas vezes necessárias de modo a assegurar um A inter-relação entre a Dentística e a Periodontia pode le-
resultado esteticamente satisfatório9. A cirurgia de aumento var ao sucesso do tratamento e a satisfação do paciente de
de coroa clínica sem elevação do retalho, denominada flapless, acordo com o correto planejamento dos procedimentos nas
é uma evolução das técnicas, de abordagem minimamente in- duas áreas20.
vasiva, com a osteotomia realizada via sulco gengival, o que
confere menor morbidade pós-operatória10. CONCLUSÃO
O estabelecimento de uma harmonização do sorriso
depende de procedimentos integrados, como o recontorno A cirurgia para aumento de coroa estética deve ser con-
gengival, restaurações estéticas, reanatomizações dentárias siderada uma possibilidade de tratamento do sorriso gengival,
e colorações dentais16. O recontorno cosmético proporciona de acordo com a etiologia, e estar inter-relacionada a proce-
benefícios na aparência do sorriso e melhora na função oclu- dimentos restauradores e clareamento dentário, de forma a
sal, higienização e condições do complexo periodontal16, não proporcionar a excelência estética do sorriso.
somente através do nivelamento dos dentes, mas também
Endereço para correspondência:
envolve ajustes tanto no dente natural quanto no material res- Euro Luiz Elerati
taurador acrescentado, incluindo a manipulação de cores. Para Av. Barão do Rio Branco, 2.588 – Sala 1405 – Centro
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isso, é necessário conhecer a anatomia original do dente, pro- Tel.: (32) 3215-3763
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ABSTRACT
Gingival recession lesions are characterized by apical migration of gingival
margin with consequent exposure of the root surface, which constitutes an
aesthetic problem for the patient. Several surgical techniques have been used
for the root coverage, and the technique of subepithelial connective gingival
graft has greater predictability of root coverage and best aesthetic results
with fewer postoperative side effects in relation to the epithelial free gingival
graft. The goal of this case repot is to describe the technique of subepithelial
connective tissue graft and demonstrates its result in a coverage Miller class
I root recessions. After two years we can see excellent root coverage with
significant aesthetic improvement of the case. The free subepithelial connective
tissue graft technique was effective in coverage Miller class I root recession
presented in this clinical case.
Key Words - Gingival recession; Aesthetics; Subepithelial connective tissue
graft.
As recessões gengivais são conceituadas como uma mi- evidentes e resultados estéticos menos satisfatórios10.
gração apical da margem gengival com consequente exposi- O enxerto gengival livre subepitelial é a técnica mais pre-
apontados como responsáveis pelo desenvolvimento das re- dos estéticos com menores efeitos colaterais pós-operatórios
cessões, tais como escovação traumática, mal posicionamento em relação ao enxerto gengival livre epitelizado11. O objetivo
dos dentes, doença periodontal, inserção anormal de freios e da descrição desse caso clínico foi de descrever a técnica de
bridas, trauma oclusal, restaurações em contato com a gen- enxerto gengival livre subepitelizado demonstrando seu resul-
giva, coroas provisórias mal adaptadas, extração de dentes, tado no recobrimento de uma recessão Classe I de Miller.
Com enxerto fixado (Figura 6), o retalho rebatido foi posi- dor persistente. As suturas foram removidas sete dias após a
cionado e suturado coronalmente, com suturas interrompidas cirurgia. O controle da área por meio de tomadas fotográficas
simples (Figura 7) e a área doadora também foi suturada. foi realizado em 15 dias (Figura 8) e 730 dias (Figura 9). Após
No pós-operatório foi orientada a utilização de diglucona- dois anos percebe-se excelente recobrimento radicular com
to de clorexidina a 0,12% por dez dias e analgésico em caso de significante melhora estética do caso.
No caso clínico apresentado, a paciente possuía uma reces- estabilidade na obtenção de faixa de gengiva queratinizada e
são Classe I de Miller associada ao dente 13. Essa recessão era um recobrimento adicional proporcionado pelo creeping atta-
aparente quando a paciente sorria e, devido a isso, existia uma chment9. Essa técnica é de mais fácil execução que a técnica de
queixa estética por parte da mesma. Adicionalmente a isso, a enxerto gengival livre subepitelial, porém, a mesma não possui
recessão gengival é classificada como uma condição anatômica qualidade na obtenção da estética e a intervenção no sítio doa-
adquirida, que é um fator local para a retenção de biofilme12, dor é mais agressiva, promovendo uma cicatrização que ocor-
e também é considerada como um dos fatores etiológicos da re por segunda intenção, sendo que o pós-operatório dessa
derações, o recobrimento radicular se fez necessário. do comparou o desconforto promovido pela técnica de enxer-
A técnica escolhida para essa finalidade foi a técnica de to gengival livre epitelizado e subepitelial e foi demonstrado
enxerto gengival livre subepitelial, que tem sido indicada como que no período de três dias de pós-operatório, os pacientes
a técnica de escolha para recobrimento radicular em áreas es- submetidos a cirurgia de enxerto gengival livre epitelizado re-
recobrimento de recessões onde o tecido interdental está in- sofreram a cirurgia de enxerto gengival livre subepitelial, po-
tacto (Classe I e II de Miller), com boa estabilidade na manuten- rém, esse desconforto se igualou a partir da terceira semana16.
ção dos resultados, como foi exposto em um estudo de dez Os bons resultados apresentados pela técnica de enxerto
anos de acompanhamento8. gengival livre subepitelial nesse caso clínico podem ser explica-
desconfortos em relação aos pacientes que sofreram a cirurgia de enxerto gengival livre
dos pelas fontes de irrigação para o tecido enxertado no sítio Uma preocupação após essa cirurgia foi a instrução de hi-
receptor. Nesse caso, foi executado um retalho parcial elevan- giene oral para o paciente. O trauma de escovação foi conside-
do coronalmente e, devido a isso, o enxerto recebeu irrigação rado o fator etiológico da recessão gengival nesse caso clínico
de duas fontes no sítio doador, do retalho e do periósteo, e devido aos baixos índices de placa. A remoção desse fator etio-
esse fato é importante para a revascularização e posterior in- lógico é essencial para evitar a recidiva dessa lesão5.
tegração do tecido enxertado a área receptora . A tentativa 17
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