Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Unidade II
3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO
ESCRIBA
Refletir sobre a educação no Antigo Egito é necessário, uma vez que parece ser consenso entre os
estudiosos o fato de o Egito ser o “berço” de todas as civilizações. Embora a civilização ocidental, da
qual fazemos parte, seja herdeira do mundo Greco-Romano, tanto a Grécia quanto o Império Romano
“beberam” das fecundas fontes do Egito. Vários livros de história nos trazem a informação de que Platão
era um admirador da antiga sabedoria egípcia, reconhecendo no deus egípcio Thoth o inventor dos
números, do cálculo, da geometria, da astronomia e das letras.
O que sabemos é que realmente o Egito foi fecundo na produção de conhecimentos. Quem já não
ouviu falar dos processos de mumificação dos mortos e das monumentais pirâmides? Com certeza muito
conhecimento teve que ser desenvolvido para que elas fossem erguidas e, mais, para que durassem
tanto tempo, chegando até os dias de hoje.
Mas como é que os caçadores e coletores do Período Paleolítico e os agricultores do Período Neolítico
se transformaram nos poderosos faraós do Egito? Os primeiros registros que temos acerca do Egito datam
do ano 4.000 A.C., quando caçadores nômades fixaram-se no Vale do Nilo, nordeste da África. Aos
poucos a tecnologia foi se desenvolvendo, o trabalho se especializando, a agricultura tornando-se mais
eficaz e a sociedade mais complexa. O Egito, provavelmente a civilização mais antiga da humanidade,
desenvolveu a agricultura de forma extraordinária, graças, principalmente, ao regime de cheias do rio
Nilo. Este povo, especializando-se na agricultura, teve que desenvolver vastos conhecimentos para
torná-la cada vez mais eficaz. Com isto, o Egito desenvolveu notadamente a geometria, a astronomia, a
matemática e as ciências úteis e necessárias para a realização das atividades práticas diárias referentes
ao desenvolvimento da agricultura, como atesta, por exemplo, a elaboração de um eficiente calendário
solar para prever as cheias do rio Nilo. Os trabalhos de irrigação, os conhecimentos de geometria,
particularmente úteis para a medição de terras destinadas ao plantio e à construção das pirâmides,
mostram-nos o grau de desenvolvimento da engenharia praticada.
Os antigos caçadores que se fixaram no vale do rio Nilo foram se transformando em exímios
agricultores e desenvolveram extensos conhecimentos em torno das necessidades agrícolas. Passaram,
17
Unidade II
então, a dominar as técnicas de plantio e colheita de trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas
e papiro, bem como desenvolveram as práticas para a criação de bois, asnos, gansos, patos, cabras e
carneiros e, na mineração, se destacaram na extração de ouro, cobre e pedras preciosas.
O desenvolvimento dos conhecimentos permitiu aos egípcios alcançarem uma alta produtividade
agrícola e exercerem um eficiente controle populacional, disponibilizando recursos e mão de obra,
o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da
ourivesaria e as guerras de expansão. Como podemos perceber, esta sociedade se tornou extremamente
poderosa e rica, portanto, a estrutura social e cultural deste povo, marcada pelo desenvolvimento das
atividades econômicas ligadas especialmente á agricultura, foi se tornando cada vez mais complexa.
Desenvolveu-se, portanto, uma sociedade de classes, dividida em diferentes camadas sociais: as que
tinham privilégios, tais como: sacerdotes, nobres, funcionários; e as que compunham o restante da
população: artesãos, camponeses e escravos. O governo se concretizou como um governo centralizador
e teocrático. O faraó exercia uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de
origem divina.
Podemos pensar a sociedade egípcia como uma pirâmide cuja base é composta pelos camponeses
livres, que eram a maioria da população, viviam nas aldeias e pagavam diversos tributos ao Estado e
aos templos. Nesta base da sociedade ainda estavam os escravos, que se encontravam nesta condição
por dívidas ou por dominação de outros povos por meio das conquistas militares. Quase todos eram de
origem estrangeira e faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas. Acima
destes havia uma camada intermediária formada pelos artesãos, trabalhadores que exerciam diferentes
ofícios, tais como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Havia,
ainda, os soldados que não atingiam os postos de comando, pois estes eram reservados à nobreza.
A classe dominante era formada pelo faraó e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos
funcionários do Estado, dentre eles os escribas. O faraó, soberano teocrático e centralizador,
concentrava em suas mãos o poder político e espiritual; era cultuado como um deus vivo, filho de
deuses e intermediário entre estes e os homens; era a pessoa sagrada cuja autoridade absoluta não
era e nem podia ser questionada.
18
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Portanto, podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, por sua
vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de classes, a transmissão
do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada para todos, ao contrário, era
restrita a poucos. Com a diversificação da economia podemos perceber que começa a existir certa
hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia pede um trabalhador mais especializado
e qualificado e uma educação condizente com esse propósito.
Manacorda nos mostra que provavelmente houve o desenvolvimento de três tipos de escolas: as
escolas “intelectuais”, em que eram cultivados os estudos de matemática, de geometria e de astronomia;
as escolas “práticas”, destinadas à qualificação de artesãos e
treinamento de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas O que é literatura sapiencial?
e sagradas, voltadas para a formação de sacerdotes. É um tipo de literatura proverbial
de sabedoria que tem uma finalidade
O autor enfatiza a existência da educação destinada basicamente didática. A Bíblia, por
exemplo, é um livro de literatura
às classes dominantes, especialmente no que se refere à
sapiencial. Segundo os historiadores
educação para a vida política, ou seja, para o exercício do este tipo de literatura foi introduzida
poder. Esta educação era baseada em literatura sapiencial e em Israel pelo rei Salomão, mas antes
tinha como objetivo o ensinamento dos comportamentos e disso, se tem registros dessa literatura
em todo o Oriente e, especialemte, no
da moral referentes ao exercício do poder. Antigo Egito.
política do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que comandar pressupõe a arte da
obediência e, para que isso funcione, é necessário haver disciplina, castigo e rigor.
Saiba mais
Podemos afirmar que o processo educativo no Antigo Egito tinha as seguintes características:
• Mnemônica.
• Baseada na escrita (hieróglifos).
• Transmitida autoritariamente.
• Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de
aprendizagem.
• Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de
sabedoria prática).
• Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos).
• Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão,
mas a ideia de escola já bem consolidada.
• Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote).
• Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais”
ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados à classe dominante (formação do homem político,
de escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e
formação de guerreiros).
Resumidamente, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito primava pelo desenvolvimento
da fala, no sentido da arte da oratória, da obediência e da moral. Isso acontecia dentro de um rígido
regime disciplinar em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados para quem não aprendia
corretamente.
O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos
detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das
castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos
jovens, e à sociedade em geral, como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente
uma forma de ascensão social. Assim, lemos em Manacorda:
“Quanto ao escriba, ele nunca sairá do bem-estar, e em qualquer lugar onde ele morar
não haverá mais necessidade”. (Manacorda, 2004)
20
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
A literatura disponível nos informa que a ideia de trabalho manual como sendo um trabalho menor,
inferior e desgastante em contraposição com o trabalho intelectual, especialmente do escriba, parece
ser bastante comum, como nos informa a passagem abaixo, recolhida do trabalho de Manacorda:
Nessa passagem há, claramente, um repúdio às profissões artesanais, ao trabalho manual, enquanto
que na passagem seguinte observamos um enaltecimento à profissão de escriba:
Em uma sociedade como a egípcia, fortemente marcada pelas desigualdades sociais e com pouca
mobilidade social, estes relatos podem nos indicar que dominar a escrita e o conhecimento eram formas
de ascender socialmente. Já encontramos, portanto, na antiguidade egípcia elementos que nos mostram
que o sábio, o intelectual ou aquele que detém o conhecimento é sempre diferenciado em relação
aos demais. Percebemos, também, que deter conhecimentos é uma forma de exercer o poder sobre os
outros.
Como já indicamos anteriormente, o Egito foi o berço cultural de nossa civilização, que por sua vez
é herdeira dos ideais greco-romanos no que se refere ao conhecimento, à ciência e à cultura. Dos povos
da Antiguidade, foram os gregos e os romanos que tiveram maior influência na formação da civilização
ocidental. Portanto, é fundamental entendermos estas civilizações.
21
Unidade II
4.1 A Grécia
Nosso mundo atual tem muito em comum com o universo dos gregos antigos. Vários conceitos
que usamos diariamente são herdados dos gregos, como, por exemplo, os conceitos de cidadania e
democracia. Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos, criaram a filosofia e estabeleceram
os fundamentos da ciência e do teatro. A Grécia ainda é considerada o berço da Pedagogia. Produziu
filósofos conhecidos e populares até os dias de hoje, como Sócrates, Platão e Aristóteles, além dos
sofistas que tiveram influência decisiva na profissionalização da educação.
• Invenção da poesia épica, da história, da literatura dramática, da filosofia e das ciências físicas.
Do ponto de vista social, sabemos que em todo tempo e lugar a expansão das atividades comerciais
e de conquista gera profundas desigualdades sociais. Na Grécia isto não foi diferente e as desigualdades
se tornaram mais acentuadas com a consolidação da propriedade privada e com a introdução da
escravidão. Desta forma, os processos educativos vão se estabelecendo em conformidade com as classes
sociais, mas devido aos valores culturais desenvolvidos entre os gregos, já há uma tendência para a
existência de uma educação mais democrática.
Os valores culturais desenvolvidos pelos gregos permite formar uma visão de mundo muito
diferente dos outros povos da antiguidade. Enquanto estes povos baseavam suas vidas debaixo da
obdiência cega à religião, aos deuses ou às autoridades teocráticas, os gregos, ao contrário, colocavam
a razão humana como um instrumento que pudesse servir ao próprio homem. Os gregos não se
submetiam aos sacerdotes nem se humilhavam diante dos deuses, pois tinham o homem como o ser
mais importante do universo. A religião era politeísta e Zeus ocupava o primeiro lugar na hierarquia,
22
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
conhecido como deus do trovão. Apolo era o deus do sol, Athenas era a deusa da guerra e das
atividades domésticas e Hades era o deus do mundo do além. Mas nada neste “modelo” religioso
apontava para um possível rebaixamento do homem. Os deuses eram expressões das forças e formas
do próprio homem ou da natureza.
Para fins didáticos, podemos dividir a história da educação grega da seguinte maneira:
Corresponde à Educação Heroica, Cavalheiresca, fase retratada pelos poemas de Homero: Ilíada e
Odisseia.
Fase da formação das cidades-estado (polis). Introdução da escrita, da moeda e da lei. Corresponde
à Educação Cívica (Atenas e Esparta).
Como podemos perceber, o período intitulado de Antiguidade Clássica grega é muito longo, portanto
a educação, bem como a sociedade, assumiu formas diferentes no decorrer do tempo. Em Esparta,
por exemplo, a educação assume um papel de preparação para a guerra, enquanto que em Atenas
assume um papel mais intelectual. Vejamos mais detalhadamente como se processou a educação nestes
diferentes períodos:
A Educação Heroica ou Cavalheiresca do Período Homérico tem sua origem e base em dois poemas
épicos atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia.
Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto o processo educativo se realizava
a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a guerra de Troia)
e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses à Grécia). Estes dois grandes poemas épicos serão redigidos
sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, de forma marcante, toda a
educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo eram obrigatórios na educação básica
da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas influenciaram os autores clássicos do mundo
todo e podem ser considerados como fundadores da literatura ocidental.
23
Unidade II
Estes poemas dominaram o processo educativo na Grécia, divulgando ideais que perpassaram a
cultura grega, atingindo o patrimônio romano. Mas o que estes poemas tinham de tão especial? Quais
ideais foram espalhadas pela cultura grega e romana?
Na verdade, estes poemas tratam das venturas e desventuras de heróis que servem de modelos
permanentes para a juventude. Seus heróis mais importantes, como Aquiles e Ulisses, atravessaram os
séculos. Estes heróis são modelos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, apesar dos
mais temidos obstáculos, coragem, perseverança e cumprimento do dever. Os feitos heroicos destes
personagens são aprendidos de memória pelas crianças e detalhadamente anlisados pelos jovens.
Arete: o conceito que originalmente
Como esta é uma sociedade dos tempos heroicos e exprime o ideal educativo grego é o
guerreiros, o ideal da educação desta época se estabelece em de arete. Originalmente formulado e
estreita relação com os ideais e as aspirações da sociedade. explicitado nos poemas homéricos, a arete
Portanto, neste período, a educação, chamada de Heroica é entendida como um atributo próprio
da nobreza, um conjunto de qualidades
ou Cavalheiresca, é fortemente alicerçada nos conceitos de físicas, espirituais e morais, tais como a
honra e valor, no espírito de luta e sacrifício, bem como nas bravura, a coragem, a força, a destreza,
capacidades e nos feitos individuais. Percebe-se, porém, mais a eloquência, a capacidade de persuasão,
claramente, o ideal educativo grego “Arete”. ou, em uma palavra, a heroicidade.
Podemos perceber que durante este período a educação visava ao preparo para a Guerra e para
a capacidade de falar com facilidade. Este “treinamento” obviamente não era destinado a todos. A
educação formal e institucionalizada ainda não existia. Não sendo pública nem gratuita a educação
tinha um caráter elitista. Era ministrada nos palácios ou castelos dos nobres, onde se recebia uma
formação integral que incluía atividades físicas, manejo de armas, arco e flecha, exercícios militares, a
arte da caça, da música, da dança e do canto, história e poesia.
Largos espaços para exercícios físicos, o que devia cultivar não só a força, mas a
beleza; os jogos festivos nos quais elas se demonstravam; o ensino de poesia e canto,
acompanhado de instrumentos musicais; os relatos e as memórias de Homero; as leis,
a sabedoria vital depositada em poesias morais; bem como os elementos com os quais
se cultivava o jovem grego para estar preparado para a guerra e para a eloquência das
assembleias. (Luzuriaga, 2001)
24
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
A educação tinha, sobretudo, a função e o objetivo de fazer com que o jovem assimilasse os valores
da sociedade, ou seja, o espírito de superioridade, a habilidade de falar e de se expressar e a valentia
para agir.
No final do período homérico, por volta de 800 a.C., ocorreram grandes mudanças na vida política,
social, cultural e econômica dos gregos. Dentre estas mudanças podemos citar: o desenvolvimento das
chamadas cidades-estado, as polis; o desenvolvimento da racionalidade e da reflexão em detrimento
do mito; a utilização da escrita; o uso da moeda; a elaboração de leis escritas por legisladores; e o
aparecimento dos primeiros filósofos.
Neste período ocorre o que muitos autores denominam de Educação Cívica, ou seja, uma educação
para a cidadania, capaz de formar bons cidadãos comprometidos com os interesses de suas sociedades.
As cidades-estado mais conhecidas foram Esparta e Atenas e normalmente são muito citadas para
exemplificar modelos educacionais que são antagônicos entre si, mas que estão de acordo com o ideal
de homem e de sociedade pensados por elas. Neste momento, ocorre um alargamento do ideal educativo
arete, que passa a ser denominado kaloskagathia.
A sociedade espartana é muito comumente identificada como sendo composta por um povo
guerreiro, de modos rudes e de pouca cultura. A verdade é que, em virtude das conquistas políticas,
os espartanos tinham que manter os povos conquistados com punhos de aço e, para tal, todos os
cidadãos foram convertidos em soldados. Desta forma, Esparta vive um clima de constante estado
de guerra, o que impõe a necessidade de um Estado forte que controle e discipline totalmente os
indivíduos. A forma de governo que se estabelece é próxima ao que conhecemos como sendo um
governo totalitário.
Neste tipo de sociedade era necessário que a educação fosse calcada na severidade e na disciplina.
Neste sentido, a educação espartana era essencialmente militar, embora os esportes e a música
também fossem incentivados. Nos esportes, por exemplo, Esparta alcançou grandes feitos e vitórias,
especialmente aqueles relacionados às necessidades militares, enquanto que as atividades artísticas
ficaram visivelmente comprometidas.
25
Unidade II
A educação da criança, especialmente do menino após os sete e até os vinte anos de idade, é
realizada diretamente pelo Estado.
Saiba mais
Giles (2006) nos faz o seguinte relato: “Poucos dias após o nascimento, o filho é inspecionado
por um conselho de anciões. Estes decidem se o menino deve viver ou morrer. A decisão depende
de o menino ser sadio e forte ou doente e frágil. No segundo caso, será exposto até morrer. No
caso de a decisão se pela vida será entregue à mãe até os sete anos de idade. A ela compete
enrijá-lo por meio de práticas, tais como o jejum compulsório, criando-o de maneira que seja
totalmente destemido. Aos sete anos de idade, em nome dos conselhos de governadores, o menino
será entregue aos cuidados da escola oficial do Estado, pois a frequência à escola é compulsória e,
até mesmo, condição imprescindível para o reconhecimento da cidadania e a outorga de qualquer
assistência por parte do Estado. Entretanto, todo ensino destina-se a formar o soldado indômito.
Ao ingressar na escola, o menino recebe uma cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta.
Deve andar descalço. Para acostumar-se a passar fome em tempo de guerra só recebe o mínimo
de comida. O resto ele deve conseguir como pode. Deve, pois, aprender a roubar. É o meio de
desenvolver a astúcia. Só que, se for apanhado em flagrante, será severamente castigado por falta
de habilidade. O castigo para qualquer falta contra a disciplina será a flagelação com o chicote.
Ademais, haverá periodicamente a chamada “prova do chicote”. Esta se realiza diante do altar, em
que o menino apanha até verter sangue. A prova se realiza na presença dos pais e dos parentes dos
alunos. Estes o animam para que se mantenha corajoso e demonstre a devida resolução. O medo de
decepcionar os pais e parentes leva muitos alunos a suportar a prova até a morte. Uma vez por ano
dava-se a licença de empreender o combate mortal. Podia-se matar qualquer escravo ou servo com
a finalidade de aprender a matar antes de enfrentar o campo de batalha. Na escola, os exercícios
comuns são a corrida, o salto, a natação, o arremesso de disco, a caça e a luta livre. O objetivo de
tal formação é embrutecer ao máximo o jovem aspirante”.
Segundo Luzuriaga (2001), a educação da mulher também era preocupação do Estado. A formação
destinada a elas era parecida com a dos homens, mas se fazia com a intenção de prepará-las o mais
adequadamente possível para gerarem os filhos de Esparta:
26
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Exercita-se os corpos das donzelas no correr, lutar, arremessar o disco e atirar com o
arco para que a concepção dos filhos, em corpos robustos, brotasse com mais força...
proscrevendo, por outro lado, a comodidade, o resguardo e toda delicadeza feminina,
acostumou as moças a apresentar-se nas reuniões desnudas como os mancebos.
(Luzuriaga, 2001)
Muito diferente do que se estabeleceu em Esparta foi o modelo de educação estabelecido em Atenas.
Enquanto Esparta se preocupou com a formação do patriota guerreiro, Atenas se preocupou com a
formação do homem livre.
Estes modelos de educação tão antagônicos estão profundamente relacionados com o tipo de
sociedade vigente em cada um deles. Como vimos, Esparta precisava de uma educação militarista, rígida
e disciplinada, para manter os povos conquistados. Entretanto, a sociedade ateniense se tornou uma
sociedade democrática. De fato, Atenas é considerada o berço da democracia. Este tipo de governo e
sociedade, por não prescindir de uma formação militarista, têm outros anseios e outras necessidades,
muito diferentes dos anseios e necessidades de uma sociedade fortemente militarista.
Por volta do século V a.C. a democracia foi consolidada em Atenas e a cidade viveu um clima
de efervescência artística e literária. Pisístrato e seus filhos foram patronos ardorosos das artes
e atraíram artistas e poetas estrangeiros para obras de embelezamento e concursos musicais e
poéticos.
Em Atenas floresceu uma vida urbana muito mais plena, que contrastava com Esparta, onde os
homens viviam muito mais em aldeias e acampamentos se preparando para as guerras.
27
Unidade II
A educação em Atenas, em conformidade com este modo de vida, possuía um enfoque muito mais
social do que estatal. Obviamente esta educação segue alguns parâmetros que são comuns por toda
a Grécia como o ensino de educação física e música. Os ideais educacionais do arete e kaloskagathia
foram ultrapassados e se transformaram em paideia.
Saiba mais
Paideia: enquanto os ideais educacionais do arete e kaloskagathia tianham como foco a formação
do homem individual, a partir do século V a. C., a educação precisou dar conta de uma outra
realidade, que era a formação do cidadão. A educação baseada apenas na ginástica, na música e
na gramática não é suficiente. Neste momento, o ideal educativo grego aparece como Paideia, cujo
foco essencial era a formação geral capaz de construir o cidadão pretendido. Platão definiu paideia
da seguinte forma “(...) a essência de toda a verdadeira educação ou paideia é a que dá ao homem o
desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça
como fundamento”. Jaeger nos informa, ainda, que os gregos deram o nome de paideia a todas as
formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por
Bildung ou pela palavra latina, “cultura.” Daí que, para traduzir o termo paideia, “não se pode evitar
o emprego de expressões modernas como: civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma
delas coincidindo, porém, com o que os Gregos entendiam por Paideia. Cada um daqueles termos
se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total dos conceitos
gregos, teríamos de empregá-los todos de uma só vez.” (Jaeger, 1995)
Podemos perceber que o conceito de paideia é muito amplo e abrangente, reunindo em si os termos
arete e kaloskagathia, e indo além deles. Não é exclusivamente uma técnica para ensinar a criança a ser
adulto. Na verdade é muito maios do que isto. Este conceito serve também para especificar o resultado
do processo educativo, ou seja, aquilo que o processo educativo consegue fazer pelo homem. Se
pudéssemos imaginar um ser humano que nunca tivesse tido contato com nenhum processo educativo,
provavelmente nos depararíamos com um ser no nível do animal, pois, o homem não nasce homem, ele
precisa aprender o que é ser um “ser humano”. O resultado do processo educativo, portanto, se prolonga
por toda vida, muito para além dos anos escolares.
Também em Atenas existia o costume de sacrificar os filhos que não eram fortes e sadios, entretanto
esta era uma decisão exclusiva do pai e não do Estado.
Saiba mais
“Aos sete anos de idade, sob os cuidados do pedagogo, todo cidadão ateniense livre enviava o
filho a três tipos de escola elementar: Palestra ou Escola de Ginástica, Escola de Música e Escola de
Escrita. O local de funcionamento variava, algumas vezes funcionando ao ar livre, em algum canto
de rua ou de templo, outras em alguma loja alugada, ou mesmo à sombra de algum monumento
público. A instrução começava logo cedo e durava até o pôr-do-sol. (...) Além de visar ao
28
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Durante o período clássico, Atenas se fortalece como centro da vida social econômica política e
cultural da Grécia, em virtude do crescimento do comércio, da economia, do artesanato e das artes
militares. Atenas viveu, ainda, durante este período, um processo de fortalecimento da ideia e do
conceito de democracia.
Esta democracia, que se fortalece na Grécia, é uma democracia direta, ou seja, não é estabelecida por
eleição de representantes no governo, mas, sim, por meio da participação de todos no governo. Todos,
desde que fossem cidadãos, tinham o direito de expor e defender em público suas ideias e opiniões
sobre as resoluções políticas mais adequadas para a cidade. No entanto, para se exercer este direito, era
necessário ter competência. Era necessário ter ideias e opiniões, além de ser versado na arte de falar
em público de modo a convencer aos que escutavam. Com esta necessidade estabelecida, a educação
foi buscar supri-la. A formação do cidadão pleno, capaz de unir virtude, beleza, força, intelectualidade,
capacidade de persuasão e comprometimento social, se faz muito necessário em virtude do modelo de
sociedade democrática.
Os sofistas foram os primeiros “educadores pagos” da Grécia e cobravam altas taxas pelos
ensinamentos que ministravam. Mas o que ensinavam os sofistas? Como neste período a
maior necessidade pedagógica da Grécia era a habilidade na política, os sofistas se esmeravam
no ensino da retórica, da arte de falar em público, da arte da persuasão, das técnicas que
ajudavam os homens a defenderem suas opiniões. Mas não só. Os sofistas não eram filósofos,
mas ensinavam tudo aquilo que fosse necessário: retórica, política, gramática, história, física
e matemática.
29
Unidade II
Os sofistas foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, basicamente por dois motivos:
por cobrarem por seus ensinamentos e por se considerarem sábios, pois, para Sócrates, os ensinamentos
não deveriam ser cobrados e o verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância. Existe
uma célebre frase atribuída a ele: “Só sei que nada sei”. Esta frase exemplifica sua posição em relação à
sabedoria.
Podemos destacar os seguintes sofistas: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias,
Antifonte e Trasímaco e destes, os mais importantes são: Protágoras, Górgias e Isócrates. Eles tinham
grande apreço pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão.
Duas frases famosas de dois destes sofistas devem ser registradas - a de Protágoras: “o homem é a
medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são”, e
a de Górgias: “o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”.
Apesar de os sofistas serem alvos de preconceitos é preciso que se afirme a grande importância
deles. Se existiram sofistas enganadores, fúteis e gananciosos, existiram, também, os sérios, responsáveis,
comprometidos com o ensino, como os citados acima. Eles foram os primeiros professores da história
que se tem notícia; foram os primeiros a fazer do magistério uma profissão.
Não foram cientistas nem filósofos, mas tiveram muita influência na cultura e na educação de seu
tempo. Por meio de suas atuações, contribuíram para a sistematização da educação e para a difusão da
filosofia de um grande número de pessoas das polis. Os sofistas não consideravam que a virtude, a arete,
fosse patrimônio exclusivo da aristocracia, mas que deveria ser de todos, uma vez que era passível de
ser transmitida e ensinada.
Mal o dia surgia, o rapaz acordava e o pedagogo, com a sua lanterna, o ajudava a lavar-se e a
vestir-se.
De regresso à casa, e sempre acompanhado pelo pedagogo, o rapaz estudava as suas lições, fazia
os trabalhos de casa, jantava e ia deitar-se.
Não existiam fins de semana nem férias, exceto os frequentes dias de festivais religiosos ou
cívicos, que constituíam bons dias de descanso para os jovens gregos (Castle, 1962).
Foi durante o Período Clássico que surgiram os filósofos, tanto que este período também é identificado
com Período Socrático (séculos V a IV a.C.), marcado pela influência de três grandes filósofos: Sócrates,
Platão e Aristóteles.
Período Socrático
O Período Socrático tem início com os sofistas e os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, bem como
com as disputas políticas e conflitos de ideias provocadas pelas ações destes homens. Sócrates rivalizava
visivelmente com os sofistas.
Neste período há o desabrochar da filosofia, bem como das ideias pedagógicas, sendo que Platão
e Aristóteles são considerados dois grandes clássicos da pedagogia grega, tendo exprimido suas ideias
educacionais em suas monumentais obras filosóficas.
Sócrates
Dissemos já que os primeiros educadores profissionais da Grécia foram os sofistas, mas Sócrates é
considerado o grande educador espiritual. Seja como filósofo ou como pensador, Sócrates foi, antes de
tudo, um educador.
Nascido em Atenas no ano de 469 a.C. Sócrates não era de família nobre, seu pai era escultor e sua
mãe era parteira. Nasceu pobre e pobre morreu, apesar de frequentar a melhor sociedade da época.
Embora tenha tido uma vida exemplar, participando de atividades políticas e militares da Grécia, seus
grandes feitos e realizações se encontram na área intelectual. Foi um dos maiores pensadores e filósofos
31
Unidade II
de toda a Grécia, influenciando gerações e gerações de pensadores no mundo todo até os dias atuais.
Apesar de sua enorme influência sobre todos os homens da época e de sua enorme cultura, não ficou
rico nem ocupou cargos importantes.
Xenofonte, grande historiador grego, citado por Luzuriaga (2001) faz a seguinte afirmação:
Assim como os sofistas, Sócrates utilizava as palavras faladas, o discurso e o diálogo em suas
atividades educacionais e, assim como eles, acreditava que a virtude deveria se ensinada a todos. Mas,
se Sócrates concordava com algumas ideias pedagógicas dos sofistas, discordava de outras.
• Ao contrário dos sofistas, Sócrates não concordava que a educação fosse uma profissão remunerada,
utilitária.
• A educação não deveria ser de caráter prático nem de proveito pessoal, mas deveria, antes, ser de
tipo espiritual e moral.
• Os sofistas usavam o diálogo em seus ensinamentos para impor ideias ou para fins egoístas.
Sócrates, ao contrário, usava o diálogo para conduzir à descoberta da verdade.
• Os sofistas não se preocupavam com as ideias morais, enquanto que, para Sócrates, a moral, a
virtude e a ética deveriam ser o cerne da educação e da vida.
Sócrates foi um gênio pedagógico sem igual na antiguidade. (...) com ele se introduz um
elemento inteiramente novo na história da educação: a penetração no mais profundo da
juventude. Nele estavam indissoluvelmente unidos o Eros platônico, o amor pedagógico, a
intenção de liberar pela conversação os conceitos que se achavam no espírito e a tendência de
fazer do saber e das verdades a diretriz da ação. Que grande foi a sedução que exerceu!
32
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Platão
Platão foi um dos mais importantes discípulos de Sócrates. Também nasceu em Atenas, mas,
diferentemente do mestre, era de uma família ilustre. Enquanto Sócrates foi o primeiro educador da
Grécia, alguns autores admitem que Platão tenha sido o fundador da teoria da educação, ou seja,
da pedagogia, pois Platão se destacou muito mais pela reflexão pedagógica do que pela atividade
educativa.
Platão considerava que a educação deveria ser obrigação do Estado, bem como admitia que a mesma
deveria ser universal e igual para homens e mulheres.
Para Platão, o processo educacional deveria ser algo longamente elaborado para que o indivíduo
fosse suficientemente preparado e a educação teria que ser capaz de revelar os talentos do
indivíduo.
A ginástica, que deveria se iniciar na infância e se estender por toda a vida adulta, fazia
parte do programa de educação pensado por Platão e deveria ser composta de exercícios de
caráter militar, além de jogos, lutas, corridas, esgrima, arremesso e arco e flecha. Mas deveria
ser uma maneira de complementar a formação do caráter e da personalidade. Portanto, Platão
não entendia a ginástica como forma de incentivar a competição nem de alcançar a melhoria da
forma física, pois esta podia até ser uma consequência, porém nunca deveria ser seu objetivo.
A música também deveria ser ensinada na medida em que favorecesse o desenvolvimento do
espírito, o desejo pelo belo e a repulsa pelo feio.
Assim como para Sócrates, a finalidade da educação, para Platão, era a formação do homem moral,
e o meio era a educação do Estado. Para tanto, o Estado deveria encarnar a ideia de justiça.
33
Unidade II
Aristóteles
Aluno e discípulo de Platão, Aristóteles considerava, tal como o mestre, que a educação deveria ser
pública e ter como objetivo a virtude. Foi um grande filósofo, educador e pedagogo. Esteve aos seus
encargos a educação de Alexandre Magno, filho de Filipe, Rei da Macedônia, iniciando aquilo que ficou
conhecido como “educação do príncipe”.
Saiba mais
• A família deveria se responsabilizar pela educação na primeira infância (até os sete anos).
• A partir dos sete anos a educação deveria ser dividida em dois períodos: dos sete anos à
puberdade e da puberdade aos vinte e um anos.
• As duas partes essenciais eram a ginástica e a música: a ginástica para desenvolver a coragem
e a música para desenvolver a moral.
No período helenístico ocorre a decadência das cidades-estado. Foi neste período que Alexandre
Magno, Rei da Macedônia, conquistou a Grécia, colocando-a sob o seu domínio. Contudo, este também
é um momento em que a cultura grega se amplia de tal maneira que se universaliza e se espalha
para todo o mundo. Isto ocorre porque Alexandre admirava muito a cultura grega, inclusive havia sido
34
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
educado por Aristóteles e, em sua empreitada de conquistar o mundo, acabou difundindo-a de forma
magistral.
Na verdade o contato da cultura grega com as diferentes culturas do mundo, especialmente com
o mundo oriental (Pérsia e Egito) gerou uma fusão cultural que passou a caracterizar o helenismo.
Portanto, podemos pensar o helenismo como um período em que se processou uma mistura de diferentes
culturas, principalmente a grega, a persa e a egípcia, mistura esta que foi difundida por todo o mundo.
A educação particular, mantida com os pagamentos dos alunos, continua a existir, porém a educação
pública se expande, passa a ser uma obrigação dos municípios e das cidades. Apenas a educação militar
é que continua a cargo do Estado.
Os conteúdos da educação continuam parecidos com os das épocas anteriores, contudo há uma
diminuição da importância da educação física e dos aspectos estéticos, em geral, e uma valorização
dos aspectos intelectuais. Nesta época, a paideia se transformou em enkyklios paideia (enciclopédia). A
partir do método da memorização, a leitura, a escrita e o cálculo ganharam maior destaque em relação
às outras épocas e a disciplina era muito rígida, inclusive adotando o uso de castigos corporais.
No período helenístico, a divisão entre matérias humanistas e realistas foi estabelecida por meio do
trivium (gramática, retórica e filosofia) e quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia).
Resumindo
35
Unidade II
EXERCÍCIOS:
2) Identifique, pelo menos, cinco valores presentes na cultura grega que influenciaram, diretamente,
os rumos da educação da Grécia.
1) Podemos fazer algumas generalizações em relação à educação no Antigo Egito: era uma
educação mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e transmitida autoritariamente do pai para
o filho. O conteúdo específico girava em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de
sabedoria prática. A característica principal destes ensinamentos estava voltada para a formação
do homem político. Portanto, os temas pedagógicos fundamentais são: “educação para falar”
e “obediência”. Devemos entender que “educação para falar” refere-se ao exercício da oratória,
fundamental na arte política do comando. Vale ressaltar que o processo educativo acontecia
dentro de um rígido regime disciplinar em que a punição e o castigo para quem não aprendesse
corretamente eram frequentemente utilizados.
2) De uma forma geral todos os valores culturais gregos influenciaram nos rumos e
estabelecimento da educação na Grécia, no entanto podemos destacar como especialmente
importantes:
5) Platão considerava que a educação deveria ser obrigação do Estado e direito universal e
igual para homens e mulheres. Para ele, a educação teria que ser capaz de revelar os talentos do
indivíduo. Os conteúdos ministrados na educação básica, por exemplo, deveriam ter o objetivo de
desenvolver o equilíbrio do corpo e do espírito. A ginástica deveria ser iniciada na infância e se
estender por toda a vida adulta, mas deveria ser uma maneira de complementar a formação do
caráter e da personalidade. Portanto, Platão não entendia a ginástica como forma de incentivar
a competição nem de alcançar a melhoria da forma física, esta podia até ser uma consequência,
mas nunca deveria ser seu objetivo. A música também deveria ser ensinada, pois favorece o
desenvolvimento do espírito, o desejo pelo belo e a repulsa pelo feio. A finalidade da educação,
para Platão, é a formação do homem moral, e o meio para se conquistar isso é a educação do
Estado. Para tanto, o Estado deve encarnar a ideia de justiça.
Discípulo de Platão, Aristóteles também considerava que a educação deveria ser responsabilidade
do Estado, bem como igual para todos em solo grego. Portanto, a lei deveria regular a educação e
esta deveria ser pública. Cabia à família a responsabilidade pela educação na primeira infância. A
partir dos sete anos, a educação deveria ser dividida em dois períodos: dos sete anos à puberdade
e da puberdade aos vinte e um anos. Deveria-se ensinar letras e desenho, mas os conteúdos
essenciais eram a ginástica e a música. A ginástica para desenvolver a coragem e a música para
desenvolver a moral.
37