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Natal (RN)
2009
2
CATEGORIAS DE BASE
Natal (RN)
2009
3
Desempenho Esportivo de Futebolistas das Categorias de Base”, elaborada por Hugo César
Reis Câmara foi considerada aprovada por todos os membros da Banca Examinadora e aceita
Mestre em Psicologia.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. Dr. João Carlos Alchieri (UFRN, Orientador)
_______________________________________________
Prof. Dr. Benno Becker Junior (ULBRA/RS, Membro Externo)
_______________________________________________
Prof. Dr. João Roberto Liparotti (UFRN, Membro Interno)
5
“Se quiserdes cultivar vossa inteligência, cultivai as forças que ela deve governar. Exercitai
continuamente o vosso corpo, tornai-o robusto e são, para torná-lo sábio e inteligente. Fazei-o
Que em se fazendo um homem pelo vigor físico, ele será também pelo espírito”.
Dedico este sonho, primeiramente a DEUS por ter sempre me guiado pelos melhores
LOURDES REIS CÂMARA (in memorian) por toda educação que passaram, por todo carinho
que tiveram, por todos os conselhos que deram e por toda a compreensão que sempre tiveram
comigo.
A minha linda filha, LUNA CLARA, por dar-me sempre alegria ao acordar e por
À minha tia, MAGDA (in memorian) por ter sido minha mãe em potencial, sempre
Aos meus pais, CLÉIA MARIA E FRANCISCO LIMA por terem me dado a vida
Ao meu tio, CARLOS por sempre me acolher (não só em seu lar como em seu
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por ter me dado a vida, por ter permitido desde sempre e até hoje que eu
todas as horas, nas mais difíceis erguendo-me e nas mais alegres prendendo meus pés ao chão.
Ao meu orientador, ALCHIERI (Tchê), por ter acreditado em meu potencial e valorizado-
me, permitindo-me adentrar em uma área de conhecimento até então distante de mim,
possibilitando meu ingresso no mestrado e incentivando meus estudos (sempre com bom humor).
Ao mestre, “pai” e amigo, LIPAROTTI pela dedicação e compreensão que teve e pelos
conhecimentos passados em toda minha trajetória acadêmica, por ter aparecido quando eu mais
precisava, provocando-me com suas questões, por ter despertado o interesse pela pesquisa e pela
Educação Física, por ter acreditado em meu potencial e em meu trabalho, e, sobretudo, por ter
Ao professor BENNO BECKER JUNIOR, por ter me honrado em aceitar fazer parte
dessa banca, fato que deu e dará muito mais credibilidade a este trabalho.
trabalho no Seminário de Dissertação e pelas valiosas contribuições para que o mesmo fosse bem
trabalho.
A ANDREA, pelo tempo que passou comigo auxiliando-me nas traduções dos textos para
a língua inglesa.
A KATYUCE, por ter dedicado grande parte de seu tempo a mim, até mais do que a ela
mesma, por ter estado sempre ao meu lado (apoiando-me e incentivado-me) quando tudo parecia
estar perdido e por ter dado-me forças para continuar e vencer; por ter compreendido meus
momentos de angústias e aflições. Sem ela não teria conseguido nem ingressar no Mestrado.
SUZANA e RECY e os de não tão longa, DANI, MANU, BIANCA e JOANA por terem, mesmo
que à distância, estado presentes durante toda essa trajetória, dividindo angústias e alegrias, pelas
brincadeiras, pelas horas de conversa e por terem sempre me apoiado quando mais precisei.
ingressou orientada pelo o mesmo orientador que eu, ALYSON (uma das pessoas mais
inteligentes que tive a oportunidade de conhecer) e a REMERSON (uma das pessoas mais
pessoas que são. Além dos também colegas de mestrado, CARLA, DANI, FELIPE, ISABEL E
concedida, a qual ajudou-me a concluir com êxito mais essa etapa em minha carreira acadêmica.
Aos técnicos que colaboraram com a pesquisa, respondendo às perguntas, sem os quais
RESUMO: Atualmente uma das maiores preocupações na área esportiva é identificar, selecionar,
descobrir e revelar talentos no futebol. Como motivos principais verificam-se a busca por
recursos diretos ou indiretos para jogadores, clubes, meios de comunicação, marcas esportivas e
seus patrocinadores. Contudo, grandes salários são uma exceção e não uma regra, pois a maioria
dos jogadores profissionais no Brasil recebe 1 salário mínimo por mês. Sabe-se também que nos
clubes profissionais, diariamente, chegam vários jogadores para tentar ser um jogador de futebol
profissional, entretanto, a maioria dos clubes – quase que a totalidade – não apresenta um aspecto
metodológico, sistemático e analítico para selecionar os jogadores promissores. Os processos
seletivos (“peneiras” ou “peneirões”) desenvolvidos pelos observadores técnicos (“olheiros”)
resumem-se na observação do desempenho esportivo de um grande grupo de jogadores em um
período de tempo de alguns minutos dado a cada jogador. Neste período o comportamento alvo é
a habilidade com a bola. Caso sejam identificados jogadores promissores nessa seleção, estes são
encaminhados ao clube para uma nova observação, a qual será conduzida pelo técnico
responsável pela categoria de base em questão. Entende-se por categorias de base, as categorias
amadoras (não profissionais), que deverão servir de “base” para a formação do plantel (elenco)
dos clubes profissionais. E que são: sub-13 (abaixo de 13 anos), sub-15 (abaixo de 15 anos), sub-
17 (abaixo de 17 anos) e sub-20 (abaixo de 20 anos). A ausência de critérios comuns e
indicadores de desempenho entre estes profissionais podem obstaculizar a avaliação de jogadores
promissores, bem como ser uma atividade onerosa para o clube. Esse estudo propõe identificar,
caracterizar e categorizar os critérios e os métodos de avaliação comportamentais, utilizados por
técnicos das categorias de base do Rio Grande do Norte (RN) para avaliar o desempenho
esportivo de jovens futebolistas, com a finalidade de comparar os critérios de avaliação do
desempenho esportivo de jovens futebolistas, utilizados por técnicos com diferentes tempo de
experiência na função. A proposta teve 2 estudos piloto, no primeiro (junho e julho de 2007)
foram entrevistados 29 técnicos, sendo 17 da categoria sub-13 e 12 da categoria sub-17. Os dados
foram tabulados e organizados em planilhas com vistas à descrição, sendo elaborado um conjunto
de descritores do comportamento. E no segundo (maio e junho de 2008), com as reformulações
realizadas com base nas observações, análises e descritores encontrados no primeiro, foram
entrevistados 14 técnicos da categoria sub-15. Após os resultados encontrados nos pilotos, pôde-
se delinear o estudo em questão, que contou com 46 técnicos de categorias de base do RN. E a
partir dos resultados encontrados demonstram que a característica de maior importância, segundo
os entrevistados foi o comportamento; a 2ª característica considerada mais importante foi a
motivação; a 3ª foi a habilidade; a 4ª foi a condição física e a última foi a afiliação. E ao analisar
os resultados em relação aos métodos de avaliação de desempenho esportivo utilizados pelos
técnicos, notou-se claramente que a maioria utiliza apenas a observação para selecionar jovens
futebolistas. Portanto, nota-se que precisa haver uma sistematização na seleção desses
futebolistas, uma vez que há complexidade na verificação de aspectos e características
envolvidas, para que se possa evitar avaliações e seleções equivocadas e resultados pouco
significativos.
ABSTRACT: Currently one of the major concerns in sports is to identify, select, discover and
reveal talents in soccer. As principal reasons is perceived the search direct or indirect for
resources for players, clubs, media, sports brands and their sponsors. However, high salaries are
an exception and not a rule, because the majority of professional players in Brazil receives 1
minimum salary per month. It is also known that on professional clubs, daily, arriving several
players to try to be a professional soccer player, however, the majority of clubs - almost all - does
not present methodological, systematic and analytical aspects to select promising players. The
selective processes ("sieves" or "big sieves") developed by technical observers (“olheiros")
summarized in the observation of the sportive performance of a big group of players in a period
of few minutes given to each player. In this period the target behavior is the ability with the ball.
If promising players are identified on that selection, they are referred to the club for a new
observation, which will be conducted by the responsible coach of base category in question. It is
understood by base categories, the amateur categories (not professional), to serve as a "base" for
the formation of the cast of professional clubs. What are sub-13 (under 13 years), sub-15 (under
15 years), sub-17 (under 17 years) and sub-20 (under 20 years). The absence of common criterias
and performance indicators of these professionals may hamper the evaluation of promising
players, and be a costly activity for the club. This study proposes to identify, characterize and
categorize the criterias and methods of behavioral evaluation, used by coaches of base categories
of Rio Grande do Norte (RN) to evaluate the sportive performance of young soccer players, with
the purpose of to compare the criterias of evaluation of sportive performance of young soccer
players, used by coaches with different time of experience in function. The proposal had 2 pilot
studies, the first (June and July, 2007) were interviewed 29 coaches, 17 of category sub-13 and
12 of category sub-17. The data were tabulated and organized into spreadsheets in order to
describe, and developed a set of descriptors of behavior. And the second (May and June, 2008),
with revisions made based on observations, analysis and descriptions found in the first, were
interviewed 14 technical of category sub-15. After the results found in pilots, it was possible to
outline the study in question, which had 46 coaches base categories of the RN. And from the
results show that the characteristic of greatest importance, according to the interviewees was the
behavior, the 2nd most important characteristic considered was the motivation, the 3rd was the
ability and the 4th was the physical condition and the last was the affiliation. And by analyzing
the results to the methods of evaluation of sportive performance used by coaches, it was noted
clearly that most uses only the observation to select young soccer players. Therefore, needs a
systematization to the selection of soccer players, since there is complexity in the verification of
characteristics and aspects involved with purpose to avoid wrong evaluations and selections and
the results negligible.
Índice
LISTA DE FIGURAS____________________________________________________ 14
LISTA DE GRÁFICOS__________________________________________________ 15
LISTA DE TABELAS___________________________________________________ 16
1 INTRODUÇÃO_______________________________________________________ 18
2 REVISÃO DE LITERATURA__________________________________________ 21
2.1 O futebol de campo___________________________________________________ 21
2.1.1 Categorias de base__________________________________________________ 22
2.1.2 Contexto histórico-geográfico-cultural__________________________________ 23
2.2 A psicologia no Esporte_______________________________________________ 26
2.2.1 Áreas de atuação da Psicologia no Esporte_______________________________ 31
2.2.1.1 Esporte de alto desempenho__________________________________________ 31
2.2.1.2 Esporte escolar ou educação__________________________________________ 31
2.2.1.3 Esporte recreativo__________________________________________________ 31
2.2.1.4 Prevenção, saúde e reabilitação_______________________________________ 32
2.2.2 Características psicológicas do jogador de alto desempenho_________________ 32
2.2.3 Treinadores de alto desempenho (“Experts Coaches”)_____________________ 33
2.2.4 Psicologia no Esporte, o futebol_______________________________________ 35
2.3 O talento esportivo___________________________________________________ 36
2.4 Seleção de talentos nos esportes________________________________________ 37
2.4.1 Seleção e orientação esportiva_________________________________________ 38
2.4.1.1 Aptidões hereditárias_______________________________________________ 39
2.4.1.2 Análise genotípica do indivíduo_______________________________________ 40
2.4.1.3 Critérios de seleção_________________________________________________41
2.4.1.3.1 Idade dos jogadores______________________________________________ 41
2.4.1.3.2 Capacidades avaliadas____________________________________________ 42
2.4.1.3.3 Objetivos da seleção______________________________________________ 42
2.4.1.3.4 Idade anatômica_________________________________________________ 43
2.4.2 Seleção de talentos nos esportes coletivos________________________________43
2.5 Observadores técnicos (“Olheiros”)____________________________________ 44
13
3 OBJETIVOS_________________________________________________________ 47
3.1 Objetivo geral_______________________________________________________ 47
3.2 Objetivos específicos__________________________________________________ 47
3.3 Justificativa_________________________________________________________ 47
4 MATERIAL E MÉTODO______________________________________________ 49
4.1 Tipo de pesquisa_____________________________________________________ 49
4.2 Critérios de inclusão__________________________________________________ 49
4.3 Estudos piloto_______________________________________________________ 49
4.4 População e amostra__________________________________________________50
4.5 Instrumentos de coleta de dados________________________________________ 50
4.6 Procedimentos de coleta de dados_______________________________________ 51
4.7 Instrumentos e procedimentos para análise de dados_______________________52
5 RESULTADOS_______________________________________________________ 53
5.1 Resultados dos estudos piloto__________________________________________ 53
5.2 Resultados do estudo_________________________________________________ 58
6 DISCUSSÃO_________________________________________________________ 90
7 CONCLUSÕES_______________________________________________________ 96
8 REFERÊNCIAS______________________________________________________ 98
9 APÊNDICES________________________________________________________ 103
9.1 Glossário__________________________________________________________ 103
ANEXOS_____________________________________________________________117
14
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Áreas da perícia no esporte ____________________________________________ 30
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Características observadas por técnicos da categoria sub-13________________ 53
Gráfico 20: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos defensivos_86
Gráfico 21: Percentuais de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos ofensivos__87
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Número de técnicos da categoria sub-15 e nível de escolaridade_____________ 56
Tabela 23: Número de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos defensivos____ 85
Tabela 24: Número de técnicos por tempo de experiência e aspectos táticos ofensivos ____ 87
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos dois séculos, sabe-se que, no Brasil e no mundo, uma das maiores
motivos principais verificam-se a busca por recursos que direta ou indiretamente criam
expectativas para jogadores (em 2008 - em lista publicada por uma das revistas mais
conceituadas no mundo esportivo - a France Football, o jogador mais bem pago do mundo foi o
inglês David Beckham que recebeu 32,4 milhões de Euros por ano, que igualando 1 Euro a 2,899
Reais, cerca de 93.927.600 Reais por ano ou 257.336 Reais por dia; o segundo lugar foi do
jogador Lionel Messi com 28,6 milhões de Euros/ano; e o terceiro lugar foi para Ronaldinho com
19,6 milhões de Euros/ano. (France Football, 2009). Em 2009, já tiveram 2 das maiores
Madrid por 94 milhões de Euros e tornando-se a transação mais cara de um jogador de futebol de
todos os tempos e Kaká vendido do Milan ao mesmo Real Madrid por 65 milhoes de Euros e
Cristiano Roaldo e de Zinedine Zidane). (Agência EFE) . Assim como para clubes (na temporada
2003/2004: o Manchester United era o clube mais rico do mundo, com faturamento de
estava o Milan - 213.400.000 de Euros. (Estadão, 2005). Os 20 clubes mais ricos do mundo são
da Europa, meios de comunicação, marcas esportivas (a parceria entre a FIFA e a Adidas para a
Copa de 2006, foi estimada em US$ 351.000.000) e seus patrocinadores (por exemplo, Sansung
com o Chelsea foi acertada em cerca de R$ 243.000.000) (Último segundo esportes, 2005). Além
19
de gerar recursos para os profissionais que trabalham na área, como treinadores. E na lista dos
mais bem pagos o primeiro, do ano de 2008, foi Luiz Felipe Scolari (Felipão) com 12,5 milhões
de Euros/ano, seguido por José Mourinho com 11 milhões de Euros/ano. (France Football, 2009).
Devido à divulgação maciça da mídia todos os dias chegam, nos clubes de futebol, vários
jovens que tentam vislumbrar a possibilidade de ser um jogador de futebol profissional no futuro.
Entretanto a maioria dos clubes não apresenta um aspecto metodológico, sistemático e analítico
para selecionar os jogadores promissores, apesar de compreenderem que investir nas Categorias
Os processos seletivos (“peneiras” ou “peneirões”) que ainda são utilizados para essa
a cada jogador. Neste período o comportamento-alvo é a habilidade com a bola. Caso sejam
identificados jogadores promissores nessa seleção, estes são encaminhados ao clube para uma
nova observação, a qual será conduzida pelo técnico responsável pela categoria de base em
questão. O problema que surge diante de tais fatos é: será que há indicadores e concordância
entre os critérios comportamentais utilizados pelos técnicos, mais e menos experientes, das
categorias de base? A resposta para esse questionamento é importante, pois caso não haja
concordância entre esses critérios, muitos jovens promissores podem estar sendo perdidos no
cada indivíduo pode influenciar na performance do mesmo. Segundo Corrêa et al (p. 448, 2002).
“…em toda ação, presente em um jogo de futebol, existe um envolvimento psíquico, sendo esse
consciente ou não”
20
motivação, assim como da própria natureza da tarefa que está sendo executada. Dessa forma, o
esportivo. Além disso, em um estudo realizado por Corrêa et al (2002) em que foram
em atividade) foram citados fatores que dizem respeito à influência da confiança, da motivação e
Então, esse estudo propõe identificar os perfis sócio-profissionais dos técnicos das
categorias de base do RN e verificar que critérios comportamentais eles utilizam para avaliar o
desempenho esportivo dos jovens futebolistas que participam de processos seletivos em seus
clubes. Para tentar elucidar melhor a questão proposta é preciso identificar que características
estes técnicos descrevem como mais importantes para um futebolista da categoria de base e que
2 REVISÃO DE LITERATURA
momento, sobre sua origem. No Japão e na China, há mais de 4000 anos, havia jogos em que se
confrontavam grupos de homens em volta de uma bola de couro. Há, ainda, relatos que os Gregos
e, em seguida, os Romanos praticavam jogos com bola que autorizavam tanto o uso dos pés como
o das mãos, em partidas encarniçadas. Já outros estudos garantem que na idade Média a famosa
“soule” causou muitos estragos, por ser um jogo muito explosivo, que deixava alguns jogadores
livro, Campos (2000) – no México pré-colombiano. Segundo o autor, o jogo da bola, nesse
período e local, possuía significação cósmica, em que o campo simbolizava o céu noturno e a
partida representava o antagonismo luz e treva. Cada equipe tinha 10 (dez) ou mais jogadores, a
bola era uma bexiga inflada e a trave era um anel de pedra entalhado. O autor revela ainda que os
jogadores podiam usar todas as partes do corpo, a exceção de mãos e antebraços, para manejar a
bola. Os seja, partes do corpo como cotovelo e braço, que hoje não podem ser utilizadas para tal
Porém, a grande maioria afirma que foi na Inglaterra, em suas escolas, que o futebol
nasceu e desenvolveu-se. Além de ter o primeiro clube a ser criado, o Sheffield, no ano de 1862.
E pouco depois, muito rapidamente, o futebol, estendeu-se por toda a Europa, tornando-se um
Brasil, pois envolve pessoas de todos os níveis sociais, raças e religiões. Além disso, o futebol é o
esporte mais praticado no mundo, envolvendo mais de 200 milhões de pessoas, 191 (cento e
noventa e um) países (A ONU, órgão internacional para a paz e os direitos humanos envolve
apesar de ser o esporte coletivo mais estudado no mundo, ainda existem pouquíssimos estudos
em seu âmbito, especialmente, no que se refere à psicologia do esporte. Cozac (2004, p.144) faz
um breve comentário sobre o futebol brasileiro: “O nosso futebol, por mais pentacampeão que
possa ser dentro de campo, disputa a quinta divisão mundial diante do atraso em termos de
concepção e treinamento. Um dia a terra seca. Os craques não são eternos. A paixão do brasileiro
pela bola, talvez.” E é pra que esta terra não seque que aprofundaremos o conhecimento científico
Entende-se por categorias de base, as categorias amadoras (não profissionais), que servem
de “base” para a formação do plantel (elenco) dos clubes profissionais. E que são sub-13 ou
mirim (abaixo de 13 anos), sub-15 ou infantil (abaixo de 15 anos), sub-17 ou juvenil (abaixo de
17 anos) e sub-20 ou juniores (abaixo de 20 anos). Ou seja, o que delimita a categoria é a idade
superior e não a inferior, assim meninos de 13 anos, por exemplo, podem participar da categoria
compararem o futebol jogado por volta da década de 70 com o futebol moderno (década de 90 em
futebolistas; e por outro lado, criticando o futebol moderno por sua truculência e pouca técnica o
que estaria debilitando o “espetáculo das multidões”. Entretanto, sabe-se que tudo evolui e no
estudiosos da área acreditam que a parte física é responsável por aproximadamente 70% para se
A técnica perdeu espaço e está sendo possível verificar futebolistas com pouca técnica em
grandes clubes, pois os mesmos ganham espaço, devido as suas fortes capacidades físicas.
disputa e seus respectivos campeonatos. Podemos perceber, por exemplo, que em Países como
observarmos os dados das competições internacionais que serão citados nesse momento.
Das dezoito Copas do Mundo realizadas até o momento, seleções da América do Sul
sendo que Alemanha e Itália foram responsáveis por somar 13 (treze) participações em finais das
23 dos Europeus. Já Portugal e Espanha não estiveram presentes em nenhuma delas. Nos Jogos
Olímpicos (Olimpíadas), das 25 (vinte e cinco) realizadas até o momento, as seleções da Europa
conseguiram vencer a competição por 4 (quatro) vezes – o Brasil não conseguiu nenhuma – e
A seleção Argentina é uma exceção latina, pois consegue unir futebolistas de extrema
Libertadores da América, em que nas 49 (quarenta e nove) edições realizadas até o momento, os
oportunidades, ou seja, chegaram à final em 59,2% das vezes que disputaram a competição. (Bola
na área, 2009).
Já no futebol brasileiro, nota-se que existem diferenças regionais, onde o futebol do sul e
do sudeste possui jogadores fisicamente mais fortes embora tecnicamente mais fracos, enquanto
que o futebol do centro-oeste, norte e nordeste possui futebolistas tecnicamente melhores e mais
fracos fisicamente.
só verificar que dos 12 (doze) mundiais sub-20 realizados, 6 (seis) foram vencidos por seleções
Européias e (seis) por seleções Sul-americanas, sendo que estas levam uma pequena vantagem
(doze) mundiais sub-17, as seleções Européias têm 2 (dois) campeonatos e 5 vice e as Sul-
As diferenças existentes no futebol brasileiro talvez possam ser explicadas pelas histórias
dos Estados e seus respectivos imigrantes e dos primeiros habitantes pós-descobrimento. Nesse
contexto, sabemos que a região nordeste teve uma ocupação maciça de portugueses e africanos,
os quais posteriormente ocupariam as regiões norte e centro-oeste enquanto que a parte sul-
de base do País, a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Dos 38 (trinta e oito) campeonatos
Copa do Brasil, das 20 (vinte) edições realizadas, os clubes da região Sudeste foram campeões
No principal campeonato das categorias de base do País (Copa São Paulo de Futebol
ampla e indiscutível superioridade dos clubes da região Sudeste que foram campeões em 35
(trinta e cinco) oportunidades contra 5 (cinco) dos clubes da região Sul (Bola na área, 2009).
Quando comparado aos demais esportes, o futebol se destaca não só por ter mais países
a Organização das Nações Unidas (ONU), mas por ser o esporte que menos muda regras desde
sua criação, por sempre ter tido resistência à abrir suas portas aos cientistas e estudiosos, por ter
em muitos países supersticiosos e místicos envolvidos, entre outras (Liparotti et al, 2002).
adquiridos em no mínimo 4 (quatro) anos para dentro dos clubes de futebol já tiveram dificuldade
em ser aceitos, imaginem como é a aceitação por parte de dirigentes e técnicos com relação a um
Psicólogo do Esporte. Felizmente outros esportes, como vôlei, basquete, tênis e golfe abriram
26
suas portas aos Psicólogos do Esporte e com os resultados obtidos a tendência é que os clubes de
futebol notem a importância desses profissionais. Para que se tenha um melhor entendimento da
atuação de um Psicólogo do Esporte, será abordado um pouco sobre essa área de conhecimento
Segundo o Colégio Oficial de Psicólogos (n.d), a Psicologia no Esporte tem como eixo
básico e fundamental, a Psicologia Científica, da qual se constitui como uma área de aplicação.
Por outro lado, esta disciplina apóia-se, embora em menor proporção, nos conhecimentos
In Cozac (2004), a Psicologia do Esporte deve ter por finalidade investigar e intervir nas
variáveis que estejam ligadas ao ser humano que pratica determinada modalidade esportiva e ao
seu desempenho.
Pode-se entender que este campo de aplicação da Psicologia tem um grande histórico de
Pode-se dizer que suas raízes estão na Psicologia Experimental de Wundt e nos trabalhos de
laboratório, centrados no estudo dos tempos de reação e nas respostas motoras. Por outro lado,
aplicada ao esporte, deve-se referir ao começo do Século XX. Estas contribuições produziram-se,
igualmente, em outras áreas de conhecimento e diversos países, tais como: a antiga URSS,
Alemanha e Estados Unidos. Embora o conhecimento sobre as contribuições dos países do leste
europeu ser limitados, pode-se mencionar os trabalhos realizados na década de 20 por Rudik ou
personalidade, entre outras). Essa orientação modificar-se-ia com o tempo, centrando-se mais em
esportes específicos e sua vertente aplicada, com uma crescente atenção na preparação
laboratório de psicologia do esporte nos EUA. Griffith dedicou boa parte de seu trabalho a
entre outras), complementando-o com contribuições mais aplicadas - inclusive foi contratado em
1925 por uma equipe esportiva da Universidade de Illinois, e em 1932 por uma equipe
(Colégio Oficial de Psicólogos, n.d; Shaw, D. F.; Gorley, T.; Corban, R. M, 2005).
Em conjunto podemos dizer que o momento crucial para a formalização desta disciplina
1965. Neste, contribuíram de forma significativa alguns espanhóis como Cagigal, Ferrer-
primeiro ligado à criação, em Madrid, do Instituto Nacional de Educação Física (INEF) em 1967
A partir dos núcleos de trabalho nos INEFs de Madrid e Barcelona, e, posteriormente, por
meio da criação de associações profissionais (locais onde se agrupavam pessoas da área, tanto em
Psicólogos, n.d).
Segundo Barreto (2003), no Brasil, essa área de atuação tem crescido muito nos últimos
anos, apesar da resistência por parte de dirigentes, treinadores e até jogadores desinformados,
Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação (SOBRAPE) foi fundada e teve como
seu primeiro presidente o professor Benno Becker Junior, que em 1986 viria a ser fundador e
Recreação (SOSUPE). Em 1983 foi criada, pelo professor João Alberto Barreto, a Sociedade de
Psicologia do Esporte do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), a qual foi a primeira entidade
estadual a ser legalizada no Brasil, sendo filiada à SOBRAPE. Desde então a Psicologia do
Esporte têm ganhado terreno e tendo pesquisadores e professores de renome internacional, como:
Becker Junior, Dietmar Samulski, João Carvalhaes, Athayde Ribeiro da Silva, Dante de Rose,
Regina Brandão, Katia Rubio, João Alberto Barreto, Antonio Roberto Santos e Suzy Fleury.
29
do Esporte da América do Sul) e o XIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte, cujo tema
central foi “talento e excelência esportiva”. Neste evento estiveram presentes alguns dos maiores
- Austrália).
Sobre este evento especificamente pode-se verificar que dos 85 trabalhos apresentados, 47
(55%) eram do Sudeste e destes 40 (85%) eram de Minas Gerais. Do Nordeste apenas 3 (4%)
trabalhos, tendo sido 2 (do autor) de Natal, RN. Se observarmos em que área da Psicologia os
autor). A segunda área que mais teve estudos foi a motivação, com 15 (18%) trabalhos
apresentados; ao passo que 19 (22%) destes estudos referiam-se ao futebol de campo. Os outros
estudos foram da área de validação, adaptação e tradução, da área de futsal e da área de natação
cada uma com 8 (9%) trabalhos apresentados. Tendo em vista os relatos apresentados acima,
pode-se perceber que a Psicologia do Esporte é ainda uma área de pouca investigação no Brasil e
por isso há a necessidade de serem realizados mais estudos nesse âmbito (Anais, 2008)
Psicologia no Esporte analisa as bases e efeitos psíquicos das ações esportivas, considerando por
um lado análises de processos psíquicos básicos (cognição, motivação, emoções) e, por outro, a
consideração os princípios éticos (Nitsch 1986, in Samulski, 2006). Sabe-se que as habilidades
Fonte: Janelle, C.M., Hillman, C.H., & Hatfield, B.D. (2000: 6, 21-29.) in Samulski, 2006.
31
Segundo Samulski (2006), existem 4 (quatro) grandes áreas de atuação para o psicólogo
excelência esportiva, planejamento da carreira esportiva, influência da família nas carreiras dos
por outro, processos de educação e socialização. Os principais temas de investigação neste campo
atitudes. Nos últimos anos, tem sido investigado o fenômeno da animação nos esportes de tempo
livre.
o sentido de regulação psíquica por meio de condutas esportivas (terapia para o movimento, jogos
- estabelecimento de metas;
- diálogo interno; e
quando comparados aos demais, utilizam mais as habilidades mentais, empregando estas durante
o treinamento e competição (Wilson, 1999 in Samulski, 2006). Ainda segundo o citado autor,
o jogador de alto desempenho é mais eficiente e efetivo em reconhecer e responder perante uma
situação de jogo estruturada, demonstrando uma adequada capacidade para enfrentar e utilizar
consegue perceber de uma forma mais eficiente e efetiva a informação proveniente do meio
33
estratégias de observação adequadas. Todos esses elementos levam o jogador a uma tomada de
um alto grau de atenção e coordenação que dificilmente vai ser influenciado por seu estado
emocional.
seus jogadores representam um impacto positivo nos desempenhos dos mesmos. As expectativas
Segundo Simões in Lobo (1973), numa pesquisa realizada em 1972 na Inglaterra pelos
Psicólogos Robert Cooper e Roy Payne, com 17 (dezessete) equipes da primeira divisão Liga
exclusivamente com o momento. O estudo sugere que isso significa que a personalidade deles é
fortemente voltada para a tarefa. Os psicólogos concluem dizendo que o treinador precisa saber
mundiais manifestam um alto grau de autoconfiança no início de suas carreiras atléticas. Pode-se
afirmar que isto é produto da confiança que pais e treinadores demonstraram neles, como
jogadores e pessoas. Um aspecto crítico para os treinadores é criar as condições necessárias para
34
desenvolver um ambiente que evite as comparações sociais e uma alta motivação para o
Para Leonhardt in Rubio (2003), há uma exigência cada vez maior sobre o treinador
(principalmente no caso do futebol). E é nesse aspecto que o Psicólogo do Esporte pode ser
fundamental para que o treinador consiga ter em mãos jogadores campeões, que formem uma
equipe vitoriosa para que tal treinador obtenha sucesso. Já o treinador da categoria de base não
cuidados a serem tomados com jogadores entre 11 e 20 anos são outros. Nesse período (pré-
adolescência e adolescência) os treinadores têm em suas mãos garotos que estão no período das
Psicólogo no Esporte pode ser importante, auxiliando o treinador a tomar decisões, expressar-se e
emocional e intelectual) adequado dos mesmos. Finalmente, é oportuno dizer que o treinador de
alto desempenho não só prepara o jogador para a competição, como também, o prepara para a
vida (Samulski, 2006). No próximo tópico começará a ser abordada a psicologia no esporte
específica ao futebol, o que poderá clarear idéias a respeito do tema em um esporte de alta
Falar em Psicologia no Esporte já é uma tarefa dificílima, pois se para muitos Psicólogos
aspectos físico-fisiológicos, respectivamente - tendem a não saber exatamente como deve atuar o
Psicólogo do Esporte, os leigos então sabem muito menos. O futebol, como muitos sabem - ou
por serem torcedores fanáticos, ou por conviverem com torcedores desse tipo, ou por meio da
“entendedor”. A mídia mesmo veicula que no Brasil há 180.000.000 (cento e oitenta milhões) de
mundo futebolístico surgem algumas questões sobre o psicólogo do esporte no futebol: por que
um clube de futebol precisaria de um? Para que serviria? Quais seriam as suas atribuições? Onde
E quando se é uma psicóloga do esporte no futebol? Será que essa profissional terá espaço
para desempenhar suas funções no meio machista desse esporte? Esse parece ser mais um aspecto
“complicador”. Outra questão que vários leigos que trabalham no meio do futebol questionam é a
de o psicólogo ou qualquer outra pessoa que venha a trabalhar com futebol ter tido experiência
como jogador. Ou seja, se foi jogador eles entendem que essa pessoa saberá trabalhar com eles,
psicologia clínica para tentar auxiliar jogadores e técnicos, tentando levá-los à sala ou ao
Essa área de conhecimento no Brasil teve como pioneiro o psicólogo João Carvalhaes,
que de acordo com Waeny & Azevedo (2003), trabalhava com Psicotécnica e Psicologia
Aplicada ao Esporte desde o inicio da década de 50. Isso provavelmente contribuiu para que ele
fosse convocado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para que realizasse testes
psicólogicos e desse a “fibra” necessária aos jogadores durante o período de preparação na Copa
do Mundo de 1958, realizada na Suécia. Após a Copa do Mundo, João Carvalhaes foi citado, em
vários jornais de circulação na época, como um dos responsáveis pelo título. Depois (1964)
surgiram publicações sobre o tema, escritas por Emilio Mira y López e Athayde Ribeiro da Silva.
(1997), que citou - mas só citou e tentou brevemente justificar - por posição de jogo, quais as
“qualidades psicológicas” necessárias para esses futebolistas. E usou termos como coragem,
“talento” esportivo, sua respectiva seleção e outros aspectos relevantes a essa temática.
Considera-se talento esportivo o indivíduo que por meio de suas condições herdadas e
adquiridas, possui uma aptidão especial para o desempenho esportivo, acima da população em
geral (Böhme, 1999 in Silva, 2003). Os traços psicológicos - definidos geneticamente na pessoa
denominada talentosa - também devem fazer parte da análise, já que atuam como co-formadores
do esporte competitivo (Prudêncio, 2006). Vale lembrar que alguns destes traços psicológicos
futuramente irão contribuir para obtenção de altos desempenhos esportivos; incluindo-se entre
alta concentração e a capacidade para mantê-la por um período de tempo prolongado, assim como
A seleção de talentos nos esportes é recomendada por muitos autores (Bompa, 2002; Filin
& Volkov, 1998; Gomes, 2002; Moskotova, 1997; Torreles & Alcaraz, 2003; Gomes & Erichsen,
2004) e treinadores. Pois se sabe que quando tal seleção existe, de forma criteriosa, em um clube
universal, cientificamente fundamentada, de jovens talentosos, os quais muitas vezes são capazes
& Volkov, 1998). Com a seleção moderna das crianças e dos adolescentes nas escolas esportivas,
o processo pedagógico é de grande importância, e sua etapa inicial predetermina todo o processo
posterior do aperfeiçoamento esportivo. (Filin & Fomin, 1980 in Gomes, 2002). Porém, a
avaliação objetiva das capacidades individuais ocorre na base das observações das crianças e dos
adolescentes, assim como não existe nenhum outro critério de aptidão esportiva” (Gomes, 2002;
Gomes & Erichsen, 2004). Ou seja, tal avaliação é realizada de maneira subjetiva, já que os
A prática evidencia que elevadas realizações esportivas mostram indivíduos que possuem
uma combinação ótima em determinadas características, que pode ser entendida de forma quase
utópica como uma perfeição indiscutível de capacidades especiais, a qual dá ao jogador uma
significativa vantagem em relação a outros colegas, mas sem nenhuma característica especial em
destaque. (Nikolic & Paranosic, 1984 in Moskotova, 1997). E são indivíduos com estas
sistema de seleção esportiva pode ser definido também como sendo um sistema de medidas
(Filin & Volkov, 1998). O objetivo principal é o estudo total e a revelação das capacidades, que
especialistas utilizam o termo revelação das aptidões esportivas. Por isso, entende-se o sistema de
determinação dos meios e métodos, como também a avaliação das aptidões e capacidades do
morais e psicológicas, além de domínio da técnica e da tática. Ou seja, teoricamente, essas são as
modalidade esportiva (Filin & Volkov, 1998). A orientação e seleção esportiva pressupõem a
visando um maior entendimento do que já foi escrito anteriormente, a seguir este estudo
convém atentar primeiramente para os sinais instáveis que condicionam os êxitos na atividade
esportiva futura. Atualmente, sabe-se que o papel da hereditariedade é condicionado por sinais
Sabe-se que as manifestações individuais das capacidades motoras são bastante variáveis
das diferenças sociais, culturais e étnicas dos grupos e das populações demográficas. (Moskotova,
sua mutabilidade sob ação das condições de vida, educação e treinamento especial, é
idade. (Moskotova, 1997). “As diferenças genotípicas individuais são determinadas pelas
O prognóstico dos valores definitivos das características motoras tem que considerar os
ambientais. A biometria - ramo da ciência que estuda e analisa os dados estatísticos referentes à
hereditariedade, à evolução e aos fenômenos do metabolismo e nutrição dos seres vivos - facilita
a análise genotípica das características finais entre os menores, sendo útil na seleção esportiva e
aspectos: a idade dos jogadores, as capacidades avaliadas e os objetivos da seleção. Tais critérios
são importantes por determinarem a qualidade de uma seleção esportiva. (Torrelles & Alcaraz,
2003). Nesse sentido, Gomes & Erichsen (2004) propõem as seguintes capacidades ou
características a serem avaliadas, em seu sistema de seleção de talentos para o futebol, como
também os testes que utilizam para realizar tais avaliações, descritos na figura 2.
psicológicas) e diversos níveis de manifestação das mesmas, que caracterizam cada uma das
42
diferentes etapas que compõem este processo. Portanto, de acordo com a idade do jogador, as
O termo capacidades avaliativas refere-se aos aspectos técnicos, táticos e psicológicos que
tanto, tal aspecto deve observar seu nível de manifestação em relação à idade (ver sub-item
anterior) e aos objetivos que regem a seleção. (Torrelles & Alcaraz, 2003).
A seleção de talentos esportivos deverá ser definida, segundo Torreles & Alcaraz (2003),
- captação de jogadores, com idade entre 9 e 16 anos, com aptidão para seguir um
- captação de jogadores em etapa profissional, que pela idade, já finalizaram seu período
de formação, que apresentem um alto desempenho imediato e que suportem ser exigidos
- captação de jogadores com aptidão para seguir um processo de formação, e que além
- jogadores entre 16 e 19 anos que cumprem a passagem de sua etapa de formação para a
de alto desempenho.
Com esse intuito é possível incluir jogadores de menor idade que cumpram ambos os
requisitos, mesmo sendo pouco comum a existência de jogadores que, além de manifestar um alto
43
nível de desempenho, disponham de altos níveis nas capacidades que lhes permitam seguir num
futebol de base, o objetivo deveria ser captar jogadores correspondentes ao terceiro item. Porém,
caso não se encontre jogadores suficientes com essas características, a seleção deve ser
complementada com jogadores do primeiro item, que, por meio de um trabalho adequado,
Alcaraz, 2003).
A idade anatômica refere-se aos vários estágios de crescimento anatômico que podem ser
A criança com melhor desenvolvimento anatômico adquirirá mais habilidades com maior
rapidez do que a criança menos desenvolvida. Embora muitas crianças sigam padrões de
crescimento similares, há variações. O clima, a latitude, o relevo (montanhoso versus
plano) e o ambiente (urbano versus rural) podem influenciar bastante o índice de
desenvolvimento do jovem. Por exemplo, crianças de países de clima quente apresentam
amadurecimento sexual, emocional e físico muito mais rápido. Em consequência, o
desempenho esportivo pode ser mais veloz entre os 14 e 18 anos de idade nesses países do
que em países de clima mais frio. Da mesma forma, crianças que vivem em grandes
altitudes tendem a ser mais eficazes em esportes de resistência do que as outras, que
vivem em baixas altitudes. (Bompa, 2002, p. 14).
Nos esportes coletivos, as perspectivas dos jogadores devem ser determinadas baseando-
se na análise das qualidades específicas, garantindo com êxito a solução dos objetivos técnico-
44
crianças nos jogos esportivos realiza-se na base do estudo do complexo das propriedades
realização das recepções e meios de condução da competição esportiva; e direção dos seus
estados emocionais em situações extremas. (Gomes, 2002). É preciso que haja uma intervenção
responsáveis por esta seleção, os observadores técnicos ("olheiros"), como será descrito a seguir.
Segundo estudo realizado por Silva (2005, p. 64), "a linha de produção e montagem dos
jogadores de alto nível. Estes são revelados pelos "olheiros" e treinados sem critérios e normas".
- os que percebem pela intuição, que é uma forma indireta e utiliza o inconsciente,
combinações, o "olheiro" pode ser mais ou menos produtivo; relata ainda que por não existir uma
45
bateria de testes padronizada, o resultado da seleção de talentos depende do avaliador. Se ele for
mais sensorial, menor será sua capacidade preditiva; quanto menos sensorial, maior intuição terá.
O "garimpo", no futebol brasileiro, tem nichos com formas históricas e culturais de revelar
"talento". O modelo é semelhante em todo o Brasil, onde em minutos, "olheiros" batem o martelo
e afirmam: aquele jogador é craque. Fazem uma avaliação "simplista", a qual potencializa
conseguiu obter a reprodutibilidade de 2 dos 5 propostos por ele, que foram: o teste de habilidade
com bola e cones (agilidade, drible, condução e velocidade) e o teste de controle de bola (pés,
coxas e cabeça). Os testes que o autor não obteve êxito foram: o teste de tiro livre de 11m, o teste
de tiro livre de 22m e o teste de condução e chute. Os testes propostos neste estudo foram
baseados nas observações e na vivência que o autor tinha em processos seletivos do qual
participava e percebia a dificuldade em se selecionar jovens com critérios bem definidos. Por isso
considerou um dos princípios mais importantes do treinamento esportivo para elaboração desses
habilidades motoras específicas do futebol: teste de domínio e controle da bola com o pé, teste de
Figueiredo (2002) in Figueiredo; Silva; Mailna (2006) realizou um estudo com descritores
É notório que ainda é preciso ter critérios e testes específicos também por posições de
jogo, já que as características que jogadores de cada posição devem possuir são diferentes.
constata que 'pseudotalentos', na idade adulta não "explodem", e jogadores medianos, na idade
madura, se tornam 'craques'". (Silva, 2005, p. 65). O autor conclui dizendo que "...'olheiros' não
anos, o mesmo modo de avaliação". (Silva, 2005, p. 65). Portanto, para que ocorra uma avaliação
mais adequada na seleção de talentos, os conhecimentos mais importantes serão tratados neste
estudo, permitindo que haja uma melhor compreensão da complexidade que envolve tal seleção.
comportamentais e métodos, utilizados por técnicos das categorias de base do Rio Grande do
Norte. Assim como se há diferenças entre técnicos mais e menos experientes, em relação às
características que avaliam e aos métodos que utilizam para tal avaliação.
47
3 OBJETIVOS
comportamentais, utilizados por técnicos das categorias de base do Rio Grande do Norte, para
avaliação de futebolistas das categorias de base, por técnicos com diferentes tempos de
experiência;
3.3 Justificativa
O interesse por esse tema veio a partir da formação em Educação Física e da atuação
Grupo de Estudos em Futebol do Rio Grande do Norte (atual Ciência no Futebol), quando sempre
características mais importantes dos jovens futebolistas a serem avaliadas nas categorias de base,
será possível selecionar ou criar testes adequados para tentar minimizar os erros nos processos
sobre este tema, já que famílias que apresentam uma vulnerabilidade econômico-social e de um
baixo nível escolar estão investindo tudo que têm na formação desses candidatos a futuros atletas
sem saber em quais critérios os mesmos serão avaliados e quais as habilidades são necessárias
4 MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa do tipo descritivo transversal, com grupo único, de campo,
Só poderiam participar do estudo, técnicos que entre os anos de 2007 e 2009 treinaram
clubes de futebol em campeonatos estaduais do Rio Grande do Norte em uma das 4 (quatro)
categorias de base (sub-13 ou mirim, sub-15 ou infantil, sub-17 ou juvenil e sub-20 ou juniores)
do Estado.
A proposta teve 2 (dois) estudos piloto, o primeiro realizado em junho/julho de 2007, com
29 (vinte e nove) técnicos das categorias sub-13 e sub-17, cujos dados coletados foram tabulados
do comportamento.
Como foram verificados alguns problemas nas respostas e na forma de aplicação, além de
2008, já com as reformulações realizadas com base nas observações, análises e descritores
50
sub-20.
maio/junho de 2008 (sub-15 e sub-20), foram de caráter censitário. Assim como esse estudo, que
buscou atingir a totalidade (Censo) dos técnicos das equipes que participaram dos campeonatos
estaduais de futebol das 4 (quatro) categorias de base (sub-13, sub-15, sub-17 e sub-20)
foram entrevistados 14 (quatorze) técnicos e no estudo atual, 46 (quarenta e seis) técnicos, com
médias de idade e tempo de experiência como técnico, respectivamente iguais a 43,4 anos e 10,6
(cinquenta e quatro possíveis), mas os 8 (oito) não foram localizados (não-resposta). Daí, foi se
buscar, nos estudos pilotos, as respostas destes oito técnicos que não foram localizados com o
intuito de saber se suas respostas destoavam das respostas dos demais técnicos para saber se eles
interfeririam nos resultados desse estudo caso conseguissem ser entrevistados, inviabilizando a
inferência e não permitindo a generalização para os técnicos das categorias de base do RN.
Analisando tais respostas, percebeu-se que as mesmas não divergiam e por isso pôde-se
no segundo estudo piloto utilizou-se um questionário estruturado elaborado a partir dos dados
51
coletados e categorizados no primeiro estudo piloto. Por fim, um novo questionário foi gerado,
O questionário do primeiro estudo piloto conteve somente questões abertas, pois não se
questionário do segundo estudo piloto conteve questões abertas, fechadas dicotômicas e fechadas
de múltiplas escolhas com múltiplas respostas. O questionário final continha questões abertas
(tempo de experiência como técnico, tempo de experiência como técnico no clube, dentre outras),
escolhas com múltiplas respostas (aspectos de condição física, de habilidade, dentre outras).
No primeiro estudo piloto, o próprio autor deste trabalho foi responsável pelas entrevistas,
as quais foram realizadas nos estádios de futebol onde ocorreram os jogos, antes ou após os
No segundo estudo, o autor contratou entrevistadores, os quais foram treinados por ele e,
em duplas mistas (um entrevistador e uma entrevistadora), que ficaram responsáveis pela coleta
de dados – conforme o estudo piloto – antes ou após os jogos, nos Estádios onde os mesmos
ocorreram. A idéia de duplas mistas ocorreu por três motivos: primeiro, se fosse só um
entrevistador do sexo masculino poderia haver uma maior rejeição a responder à pesquisa;
segundo, se fosse só a entrevistadora do sexo feminino poderia correr o risco de sofrer assédio; e
terceiro a entrevista pode ser mais rápida e eficiente quando um integrante da dupla pergunta
No estudo atual, o autor teve que contatar os técnicos por telefone e marcar entrevistas em
diversos locais (residências, locais de trabalho e locais de estudo) e horários, como melhor
conviesse ao entrevistado. Além de conseguir algumas entrevistas indo aos locais dos jogos do
campeonato estadual sub-15 de futebol do ano de 2009, o qual teve início em abril do mesmo
ano. As entrevistas foram realizadas em dupla, sendo composta por um entrevistador e uma
Foram utilizados os softwares SPSS (Statistical Package for the Social Science) for
Windows 11.0 e o Microsoft Excel 2007 para análise e tabulação dos dados, gerando gráficos e
tabelas, gerando estatísticas descritivas com totais, percentuais, medidas de tendência central
(média) e de dispersão (desvio-padrão). Como o estudo pôde ser considerado censitário, não foi
necessário realizar testes estatísticos para verificar a possível generalização da amostra para a
população. Então a inferência foi realizada com base nas estatísticas descritivas tabuladas em
números e em percentuais.
53
5 RESULTADOS
avaliadas, no processo de seleção de jovens futebolistas, por técnicos com mais e menos tempo
de experiência na função. Além de, também, comparar as características avaliadas pelos técnicos
gráficos 3 e 4.
55
enquanto que os com experiência entre 2 e 5 anos (3 técnicos), observam habilidade e condição
outras.
Por sua vez os técnicos da categoria sub-17 com 2 anos ou menos de experiência (3
técnicos), observam em seus jogadores, diversas características (outras); os com experiência entre
outras.
Na tabela 1, como se pode perceber, dos 14 técnicos entrevistados, 1 (um) possuía ensino
fundamental incompleto, 1 (um) possuía ensino médio incompleto, 14 (quatorze) possuía ensino
categorias de base. Ou seja, a maioria dos técnicos considera a estatura o aspecto mais importante
seja, o aspecto considerado mais importante de se avaliar em um processo seletivo foi o passe,
das categorias de base, nenhum afirmou utilizar apenas testes e 3 (três afirmaram utilizar
observação associada a testes. Ou seja, a maioria dos técnicos afirmaram utilizar apenas a
Resultados obtidos nesse estudo serão disponibilizados abaixo em tabelas e gráficos para
15) serão descritos e ilustrados as características que eles observam quando realizam os processos
A tabela 5 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 7 (sete)
possuem idade entre 20 (vinte) e 29 (vinte e nove) anos, 10 (dez) possuem idade entre 30 (trinta)
59
e 39 (trinta e nove) anos, 15 (quinze) possuem idade entre 40 (quarenta) e 49 (quarenta e nove)
anos, 10 (dez) possuem idade entre 50 (cinquenta) e 59 (cinquenta e nove) anos e 4 (quatro)
possuem idade acima de 60 (sessenta) anos. Ou seja, a faixa etária que predomina é dos 30 aos 59
A tabela 6 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 5 (cinco)
possuem nível fundamental incompleto, 6 (seis) possuem nível fundamental completo, 5 (cinco)
possuem nível médio incompleto, 16 (dezesseis) possuem nível médio completo, 3 (três)
possuem nível superior incompleto (considerados somente os que abandonaram seus cursos), 5
(três) possuem nível superior cursando (considerados somente os que continuam cursando seus
cursos), 4 (um) possui nível superior completo (considerados somente os que concluíram a
graduação, mas não fizeram nenhuma pós-graduação) e 2 (dois) possuem nível especialização
graduação). Ou seja, a escolaridade que conteve a maioria dos técnicos foi o nível médio
(quatro) possuem menos de 3 (três) anos de experiência como técnico, 16 (dezesseis) possuem
entre 3 (três) e 6 (seis) anos de experiência, 6 (seis) possuem entre 7 (sete) e 10 (dez) anos de
experiência e 20 (vinte) possuem mais de 10 (dez) anos de experiência como técnico. Ou seja,
pode-se perceber claramente que há duas gerações bem definidas de técnicos no Rio Grande do
Norte. A primeira é a dos veteranos, que ainda é a maior parcela, com 20 técnicos possuindo mais
A tabela 8 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 9 (nove)
estavam sem clube, 18 (dezoito) estavam no clube atual há menos de 3 (três) anos como técnico,
8 (oito) estavam no clube de 3 (três) a 6 (seis) anos, 4 (quatro) estavam no clube de 7 (sete) a 10
(dez) anos e 7 (sete) estavam no clube há mais de 10 (dez) anos como técnico. Ou seja, pode-se
perceber que a maioria (18 técnicos) ou está sem clube ou está há menos de 3 anos no clube e que
9 (nove) técnicos estavam sem clube. Isso demonstra que há uma alta rotatividade dos técnicos e
uma instabilidade de emprego nas categorias de base dos clubes de futebol do Rio Grande do
Norte. Um resultado como esse, de alta rotatividade, é muito comum nas categorias profissionais,
63
mas nas categorias de base, chama muita atenção, já que esses treinadores são responsáveis pela
Em relação à questão sobre ter atuado ou não profissionalmente como jogador, temos que
dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 27 (vinte e sete) ou 58,7% foram jogadores
profissionais de futebol e 19 (dezenove) 41,3% não foram. Ou seja, pode-se perceber que apesar
64
da maioria (27 técnicos) ter sido jogador profissional, esse não é um fator determinante para que
se exerça a profissão de treinador de futebol no Rio Grande do Norte, já que um elevado número
A tabela 9 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 2 (dois)
possuem menos de 3 (três) anos de experiência como jogador, 10 (dez) possuem de 3 (três) a 6
(seis) anos, 4 (quatro) possuem de 7 (sete) a 10 (dez) anos e 30 (trinta) possuem mais de 10 (dez)
anos de experiência como jogador. Ou seja, pode-se perceber que a maioria (30 técnicos) possui
dos técnicos possuem mais de 10 anos de experiência como jogador (amador ou profissional).
65
Para finalizar a parte dos resultados em relação ao “perfil” dos técnicos, resolveu-se
pesquisar qual o número de técnicos que estaria atualmente habilitado (registro junto ao Conselho
que tipos de habilitações (Provisionado ou Graduado) os técnicos se incluíam, já que pela lei
Física legalmente habilitados têm por obrigatoriedade registrarem-se junto ao CONFEF. E para
tanto, é preciso que se saiba que dois tipos de Profissionais têm direito a esse registro, os
graduados em Curso Superior de Educação Física e os não graduados em Educação Física que
tinham exercido a profissão há pelo menos 3 (três) anos antes da aprovação da Lei em 1998, ou
seja, profissionais que até 1995 já trabalhavam na área e que fizerem um curso de atualização
Então, como se verificou nesse estudo que apenas 6 (seis) dos 46 (quarenta e seis)
técnicos tinham curso superior concluído (sem ou com especialização) decidiu-se investigar sobre
A tabela 10 permite visualizar que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 2 (dois)
provisionados no Sistema CONFEF/CREFs. O que faz com que os resultados sejam ainda mais
possam ter.
A tabela 11 permite visualizar que dos 46 (trinta e um) técnicos entrevistados, 29 (vinte e
nove) descreveram a estatura como um aspecto da característica condição física a ser avaliado em
ser avaliado em um processo seletivo. Ou seja, pode-se perceber que o aspecto da característica
de condição física mais descrita foi a velocidade (34 técnicos), seguido da estatura (29 técnicos) e
Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia
73,9% dos técnicos descreveram a velocidade como o aspecto da característica de condição física
a ser avaliado em um processo seletivo, seguido pela estatura com 63% e da resistência com
profissionais, temos que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados, 39 (trinta e nove) ou
84,8% disseram ter a motivação dos jogadores como um dos critérios de seleção e 7 (sete) ou
15,2% disseram não utilizá-lo. Ou seja, com um número surpreendentemente alto de treinadores
Em relação à questão sobre a característica afiliação, temos que dos 31 (trinta e um)
que a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais (individualismo dentro
de campo) seria um aspecto importante de tal característica para a essa seleção. Ou seja, pode-se
perceber que o aspecto mais importante nessa característica está relacionado ao que se passa
dentro das quatro linhas do campo. Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no
questionário, cada técnico podia citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas
respostas.
(quarenta e cinco) afirmaram que o respeito aos colegas de clube é um aspecto importante da
(quarenta e um) afirmaram que o respeito aos horários é um aspecto importante para tal processo
perceber que a característica comportamento (disciplina) precisa ter sua avaliação sistematizada,
Vale reforçar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia
Para uma melhor apresentação dos resultados na tabela 13, resolveu-se remover da
característica habilidade, dois aspectos, a visão de jogo e os aspectos táticos que possuem
modalidade em questão.
31 (trinta e um) descreveram o drible e 43 (quarenta e três) descreveram o passe como sendo um
futebolistas das categorias de base. Ou seja, pode-se perceber que o fundamento técnico mais
descrito pelos técnicos foi o passe, com quase a totalidade dos técnicos descrevendo-o. Outras
observações importantes a se fazer sobre esse resultado foi em relação ao elevado número de
jogador. Além de, normalmente, os jogadores que o realizam com maestria terem os mais altos
70
salários e os melhores contratos (dos três mais bem pagos, dois - Messi e Ronaldinho - são
Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia
93,5% dos técnicos descreveram o passe como o fundamento técnico da característica habilidade
a ser avaliado em um processo seletivo, seguido pelo domínio com 73,9% dos técnicos
descrevendo-o.
71
Em relação à questão do aspecto visão de jogo da característica habilidade, temos que dos
seleção de futebolistas. Vale lembrar que na questão referente a essa tabela, no questionário, cada
técnico podia citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era de múltiplas respostas.
Em relação à questão sobre os aspectos táticos, temos que dos 46 (quarenta e seis)
(quarenta e seis) descreveram algum aspecto tático ofensivo como critérios para seleção de
futebolistas, o que nos leva a crer, apesar da pequena diferença, que ocorre devido a uma maior
posições mais ofensivas tendem a ser mais observados e levar vantagem nas seleções realizadas
72
pelos clubes. Basta observar os jogadores mais bem pagos do mundo que foram citados
anteriormente. Na questão referente a essa tabela, no questionário, cada técnico podia citar mais
(trinta e sete) descreveram a antecipação como um aspecto tático defensivo importante a servir
como critério de seleção de futebolistas das categorias de base, 31 (trinta e um) descreveu a
como aspecto tático defensivo importante no processo seletivo. Ou seja, pode-se perceber que
entre os aspectos táticos defensivos, a marcação foi o mais descrito pelos técnicos, seguido pela
antecipação. No questionário, cada técnico podia citar mais de um aspecto, ou seja, a questão era
de múltiplas respostas.
82,6% dos técnicos descreveram a marcação como o mais importante aspecto tático defensivo a
ser observado em um processo seletivo de futebolistas das categorias de base, seguido pela
(trinta e três) descreveram a assistência como um aspecto tático ofensivo importante a servir
como critério de seleção de futebolistas das categorias de base, 41 (quarenta e um) descreveram a
progressivo e 36 (trinta e seis) descreveram o preenchimento dos espaços vazios como aspecto
tático ofensivo importante no processo seletivo. Ou seja, pode-se perceber que entre os aspectos
89,1% dos técnicos descreveram a criatividade como o mais importante aspecto tático ofensivo a
técnicos quando realizam os processos seletivos, será apresentada nesse momento, a tabela 16, a
qual ilustrará quais os métodos de avaliação são utilizados por esses técnicos para realização de
Então, a tabela 16 permite visualizar, que dos 46 (quarenta e seis) técnicos entrevistados,
desempenhos esportivos dos jovens futebolistas que participam de processos seletivos das
categorias de base dos clubes de futebol; 4 utilizam a observação aliada à verificação da estatura;
75
e 2 utilizam a observação aliada a testes de habilidade. Ou seja, pode-se perceber que o método
Outras análises feitas tomaram por base cruzamentos da variável tempo de experiência
como técnico (anos) e as características e seus respectivos aspectos como serão descritos a seguir.
Na tabela 17, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
visualizar que no aspecto velocidade, 75% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência,
75% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 83,3% dos técnicos com experiência entre 7 e
10 anos e 70% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência a descreveram como aspecto
Na tabela 18, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
base; dos 16 técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 15 a descreveram como importante; dos 6
técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, 3 a descreveram como importante; e dos 20 técnicos
seleção de jovens futebolistas. O que revela que a motivação só não foi descrita como importante,
visualizar que 100% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência, 93,8% dos técnicos com
experiência entre 3 e 6 anos, 50% dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 85% dos
atividades profissionais como uma característica importante a ser avaliada no processo seletivo
de jovens futebolistas.
78
Na tabela 19, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
descreveram a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais; dos 16
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 4 descreveram os contatos sociais e 5 a percepção das
relações com os demais nas atividades profissionais; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10
anos, 1 descreveu os contatos sociais e 1 a percepção das relações com os demais nas atividades
sociais e 8 a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais. O que revela que
o aspecto da característica afiliação mais importante, independente dos tempos de experiência dos
técnicos, é a percepção das relações com os demais nas atividades profissionais, ou seja, há uma
maior preocupação com o coletivo ou coletividade dentro de campo que fora dele.
79
visualizar que 50% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência, 31,3% dos técnicos com
experiência entre 3 e 6 anos, 16,7% dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 40% dos
técnicos com mais de 10 anos de experiência descreveram a percepção das relações com os
Na tabela 20, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, todos descreveram o respeito aos colegas de clube como um aspecto da característica
de base, 3 o respeito aos horários e todos descreveram o respeito à comissão técnica; dos 16
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 15 descreveram o respeito aos colegas de clube como
de futebolistas das categorias de base, 15 o respeito aos horários e todos descreveram o respeito à
comissão técnica; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, todos descreveram o respeito
consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base, todos o respeito aos
horários e todos descreveram o respeito à comissão técnica; e dos 20 técnicos com mais de 10
anos de experiência, todos descreveram o respeito aos colegas de clube como um aspecto da
das categorias de base, 17 o respeito aos horários e todos descreveram o respeito à comissão
técnica. O que revela que o respeito à comissão técnica foi o aspecto mais descrito em todas as
experiência.
visualizar que o aspecto respeito à comissão técnica obteve a unanimidade em todas as categorias
Na próxima tabela, dois aspectos (visão de jogo e aspectos táticos) foram retirados para
tabelas.
Na tabela 21, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, nenhum descreveu o chute como um aspecto da característica habilidade a ser levado
controle, nenhum o domínio, 2 o drible e 2 o passe; dos 16 técnicos com experiência entre 3 e 6
passe; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, 5 descreveram o chute, 4 a condução, 4
o controle, 3 o domínio, 6 o drible e todos o passe; e dos 20 técnicos com mais de 10 anos de
todos o passe. O que revela que o passe foi o aspecto mais descrito em todas as faixas de tempo
visualizar que no aspecto passe, 50% dos técnicos com menos de 3 anos de experiência, 93,8%
dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 100% dos técnicos com experiência entre 7 e 10
anos e 100% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência o descreveram como aspecto
Na tabela 22, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
de jogo a ser levado em consideração no processo seletivo de futebolistas das categorias de base e
2 descreveram o deslocamento do companheiro como aspecto importante para tal processo; dos
do companheiro foi o aspecto mais descrito. A exceção ficou por parte da categoria com menos
visualizar que o aspecto deslocamento do companheiro, 50% dos técnicos com menos de 3 anos
de experiência, 100% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 100% dos técnicos com
experiência entre 7 e 10 anos e 95% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência o
Na tabela 23, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
experiência, todos descreveram a antecipação como um aspecto tático defensivo a ser levado em
desarme e 18 a marcação. O que revela, apesar da pouca diferença numérica, que as 2 categorias
com menos tempo de experiência descreveram a antecipação como sendo o aspecto tático
defensivo mais importante, diferentemente das 2 categorias com mais tempo de experiência, que
visualizar que no aspecto tático defensivo antecipação, 100% dos técnicos com menos de 3 anos
de experiência e 87,5% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, sendo o aspecto mas
importante para os técnicos com menos de 7 anos de experiência. Já no aspecto tático defensivo
marcação, 83,3% dos técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 90% dos técnicos com mais de
10 anos de experiência a descreveram como aspecto tático defensivo mais importante no processo
Na tabela 24, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
o drible progressivo e 11 o preenchimento dos espaços vazios; dos 6 técnicos com experiência
progressivo e 5 o preenchimento dos espaços vazios; e dos 20 técnicos com mais de 10 anos de
progressivo e 17 o preenchimento dos espaços vazios. O que revela que a criatividade foi o
aspecto tático ofensivo mais descrito em todas as faixas de tempo de experiência, sendo
visualizar que no aspecto tático ofensivo criatividade, 100% dos técnicos com menos de 3 anos
de experiência, 93,8% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 83,3% dos técnicos com
experiência entre 7 e 10 anos e 85% dos técnicos com mais de 10 anos de experiência a
Outra análise realizada foi verificada no cruzamento entre a variável tempo de experiência
como técnico (anos) e os métodos de avaliação que os técnicos das categorias de base utilizam
para selecionar jovens futebolistas para seus clubes, os quais serão descritos a seguir.
Na tabela 25, é possível visualizar que dos 4 técnicos com menos de 3 anos de
processo seletivo de futebolistas das categorias de base; dos 16 técnicos com experiência entre 3
aliada à verificação da estatura; dos 6 técnicos com experiência entre 7 e 10 anos, todos
descreveram a observação como método de avaliação utilizado; e dos 20 técnicos com mais de 10
visualizar que o método de avaliação observação é utilizado por 100% dos técnicos com menos
de 3 anos de experiência, 87,5% dos técnicos com experiência entre 3 e 6 anos, 100% dos
técnicos com experiência entre 7 e 10 anos e 80% dos técnicos com mais de 10 anos de
maior diversidade de respostas em relação ao método de avaliação utilizado foi encontrada nos
6 DISCUSSÃO
A partir dos resultados encontrados no primeiro estudo piloto podemos concluir que
quanto maior o tempo de experiência, maior a heterogeneidade de respostas, o que pode apontar
que cada um adota uma “filosofia de trabalho” diferente. Percebemos ainda que a característica
mais citada pelos técnicos em ambas as categorias é a habilidade, citada por 11 técnicos da sub-
13 e por 6 da sub-17; seguida, na sub-13, pela característica comportamento, que foi citada 5
condição física mais descrita foi a estatura, o de habilidade foi o passe e o método de avaliação
mais utilizado pelos técnicos da categoria sub-15 é a observação. E depois de todos os ajustes
realizados no instrumento de coleta de dados, após os dois estudos piloto, os resultados mais
do Rio Grande do Norte, temos que a faixa etária em que se situa a maior parte dos técnicos, é a
de 40 até 49 anos; que a maior parte possui ensino médio completo, seguida, das faixas etárias de
30 a 39 e de 50 a 59, que empataram em segunda posição; que a maior parte dos técnicos possui
mais de 10 anos de experiência, mas há uma boa parcela dos entrevistados que possuem entre 3 e
6 anos de experiência, o que demonstra haver 2 grupos bem distintos o da “velha guarda”, que
gramados do RN; que a maior parte dos técnicos está a menos de 3 anos no clube e que uma
grande parte está desempregada, o que demonstra haver uma alta rotatividade nos clubes de
futebol do RN; que a maior parte dos técnicos foi jogador profissional de futebol, embora uma
91
grande parcela destes não ter sido, o que demonstra que ter sido jogador profissional não é um
fator determinante para atuar nessa área; que a maior parte dos técnicos não possui registro junto
desempenho esportivo de jovens futebolistas das categorias de base do Rio Grande do Norte,
temos que o aspecto da condição física mais descrita foi a velocidade, seguido pela estatura na
segunda posição e a resistência na terceira, o que em parte corrobora com o que nos revela a
literatura (Weineck, 2000; Gomes & Ecichsen, 2004), onde os aspectos que deveriam ser
seguidos de massa muscular e impulsão vertical, e por último resistência e percentual de gordura.
Para tanto, a mais plausível e aceita na comunidade científica justificativa refere-se ao fato dos
temos que a maior parte dos técnicos relatou que a mesma é importante no processo de seleção, o
que revela a necessidade de se avaliar tal característica de maneira sistemática e com auxílio de
dos jovens futebolistas; em relação à característica afiliação, observou-se que a maior parte dos
entrevistados não acha importante avaliar tal característica no período de seleção de futebolistas;
respeito aos horários quase atingiram a totalidade de respostas e que o aspecto respeito à
comissão técnica, o que demonstra a importância de se avaliar esses aspectos com mais
aspecto mais descrito foi o passe, obtendo quase a unanimidade de respostas, mas vale ressaltar
92
ainda, que todos os aspectos dessa característica foram descritos por mais de 63% dos
respaldada por testes de habilidade, além da mera observação, possibilitando avaliações mais
precisas e pautadas no âmbito científico; na questão referente à visão de jogo, a maior parte dos
técnicos, com mais de 70% das respostas, descreveu que esse aspecto é importante tanto em
relação à bola quanto em relação ao companheiro; no que concerne aos aspectos táticos
defensivos, mais de 67% considerou algum dos itens, tendo a marcação sido o mais descrito e a
defensivos com cautela e rigor; e por último, os aspectos táticos defensivos, em que mais de %
considerou algum dos itens, tendo a criatividade sendo o item mais descrito e a desmarcação o
item menos descrito, o que demonstra a necessidade em se avaliar de forma eficiente esses
aspectos.
avaliar o desempenho esportivo no processo seletivo, temos que o a maior parte dos entrevistados
utiliza apenas a observação para selecionar tais futebolistas, e isto é algo problemático, já que
essa subjetividade gera uma dificuldade para que os técnicos justifiquem suas escolhas por um
jogador em detrimento do outro. Essa ausência de sistematização faz com que dêem respostas do
tipo: eu o escolhi porque jogou bem. Sem parâmetros sistemáticos e sem nenhum fundamento
científico.
divergindo nos últimos aspectos, onde os técnicos com menos de 3 anos de experiência,
93
a massa muscular.
dos demais por apresentarem 50% das respostas como favoráveis à observação desta
seletivo, pois em nenhuma faixa de tempo de experiência, a mesma conseguiu superar os 50%.
tempo de experiência, o respeito à comissão técnica, seguida pelo respeito aos colegas de clube e
pelo respeito aos horários. Mas todos os aspectos tiveram mais de 70% de respostas.
tempo de experiência, e a partir daí os outros aspectos divergiram de categoria pra categoria de
tempo de experiência. Então, o 2º aspecto mais descrito para os com menos de 3 anos de
experiência e os técnicos com experiência entre 7 e 10 anos foi o drible, enquanto para os
técnicos com experiência entre 3 e 6 anos e os com mais de 10 anos de experiência foi o domínio.
O 3º aspecto mais descrito também divergiu entre as faixas de tempo de experiência, onde para os
técnicos com menos de 7 anos de experiência foi o controle, enquanto os com tempo de
experiência iguais ou maiores que 7 anos foi o chute. Ou seja, não há nenhuma relação do tempo
descreveram a antecipação como item mais importante no processo seletivo, diferentemente dos
94
técnicos com 7 ou mais anos de experiência, que descreveram a marcação. Já o 2º mais descrito
para a categoria com experiência entre 7 e 10 anos foi a cobertura, diferentemente das demais que
teve o desarme como o 2º item mais descrito. Isto demonstra que assim como nos outros aspectos
experiência descreveram a criatividade como o item mais importante desse aspecto no processo
seletivo. Assim, o preenchimento dos espaços vazios, foi o 2º item mais descrito por técnicos de
todas as faixas de tempo de experiência, exceto a faixa entre 3 e 6 anos, que descreveu a
assistência. E o 3º item mais descrito para todas as faixas foi o drible progressivo, exceto a entre
3 e 6 anos de experiência, a qual teve o preenchimento dos espaços vazios como 3º item mais
descrito. Ou seja, assim como a característica habilidade e os aspectos tático defensivos não dá
para se estabelecer nenhuma relação lógica entre o tempo de experiência dos técnicos e os
9º - Com relação aos métodos de avaliação utilizados pelos técnicos das categorias de
base do Rio Grande do Norte para avaliar o desempenho esportivo dos jovens futebolistas,
percebe-se que há uma maior variabilidade entre os métodos utilizados na faixa de tempo de
experiência que contém os técnicos com mais de 10 anos de experiência, que utilizam a
habilidade. É importante lembrar que nenhum dos técnicos afirmou utilizar os 3 métodos de
avaliação, apesar da faixa de experiência ter contido-os. Ou seja, o que os referenciais teóricos
(Gomes; Erichsen, 2004; Torrelles; Alcaraz, 2003) recomendam seria o método mais adequado,
permitiria avaliações mais precisas sobre o desempenho esportivo dos futebolistas das categorias
de base.
96
7 CONCLUSÕES
Durante o processo de realização do primeiro estudo piloto, pôde-se perceber que para a
realização mais adequada deste estudo, deve-se evitar que os entrevistados respondam por si
mesmos ao questionário (como feito), já que a maioria tem dificuldade para ler e analisar as
questões. Diante de tais dificuldades, no segundo estudo piloto, algumas modificações foram
implantadas, como: as entrevistas eram realizadas por duas duplas mistas de entrevistadores
(contratados e treinados pelo autor). Cada dupla ia ao encontro dos técnicos e o entrevistava e
maioria (76%) dos técnicos das categorias de base do tem entre 30 e 59 anos de idade,
demonstrando certa maturidade, possui nível médio completo e não possui registro profissional
exercício ilegal da profissão. Também se verificou que existem 2 grupos bem definidos em
relação ao tempo de experiência como técnicos, um bem experiente (mais de 10 anos como
técnico), com técnicos veteranos e outro iniciante (entre 3 e 6 anos de experiência). Percebeu-se
também a alta rotatividade dos técnicos em seus clubes, pois a maioria (58,7%) ou está sem clube
Em relação aos critérios comportamentais utilizados pelos técnicos das categorias de base
comportamento, que teve mais de 89% em seus 3 aspectos, chegando à unanimidade de respostas
dos técnicos no aspecto respeito à comissão técnica e a 97,8% no aspecto respeito aos colegas de
97
clube; a segunda característica considerada mais importante, quando analisados os resultados, foi
a motivação, a qual contou com 84,8% dos técnicos a descrevendo como importante no processo
de seleção de jovens futebolistas nas categorias de base; a terceira foi a habilidade, com todos os
aspectos sendo descritos por mais de 63% dos técnicos entrevistados; a quarta foi a condição
física, com 3 dos 6 aspectos sendo descritos por mais de 56% dos técnicos e a quinta e última foi
a afiliação, cujo aspecto mais descrito foi a percepção das relações com os demais nas atividades
profissionais que obteve 34,8% das respostas dos entrevistados, demonstrando que a maioria dos
treinadores não dá importância ao fator grupo ou coletivo nem dentro nem fora de campo para
utilizados pelos técnicos das categorias de base do RN, percebe-se que a maioria (87%) utiliza
apenas a observação para selecionar jovens futebolistas para seus clubes. Portanto, nota-se que
precisa haver uma sistematização no processo seletivo de jovens futebolistas nas categorias de
complexidade e amplitude de características e aspectos envolvidos são tão altas tende a gerar
8 REFERÊNCIAS
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Barreto, J. A. (2003). Psicologia do Esporte para o atleta de alto rendimento. Rio de Janeiro:
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Prova.
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Becker Junior, B (Org.). (2000). Psicologia do Esporte aplicada à Criança no Esporte. Novo
Hamburgo: FEEVALE.
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Treinamento Físico. Rio de Janeiro: Sprint.
9 APÊNDICES
9.1 Glossário
Afiliação:
grupo. Ou oportunidades que envolvem fazer amigos ou manter as amizades já existentes, que
são percebidas como confirmação social de alguém que é aceito ou valorizado. (Barbanti, 2003).
Necessidade que o indivíduo tem em ser aceito e estimado por outro, ou seja, de
estabelecer relações afetivas. (Pestana; Páscoa, 1998). Ou necessidade social que se manifesta no
desejo de ser amado e aceitado pelos demais e, portanto, integrado ao grupo que dê garantias de
Antecipação:
futebolista reagir rapidamente ultrapassando seu adversário e impedindo que bola chegue a este.
Ou seja, é a capacidade que o jogador tem de antever situações e tomar a frente do adversário,
Aspectos:
Aspectos Táticos:
jogador ordenar um conjunto de ações a curto prazo com objetivos limitados de tal forma que o
sucesso no esporte contra um ou mais adversários se torna possível. Ou seja, são ações planejadas
de decisão que possibilitam ao jogador visualizar um conjunto de alternativas para uma tomada
Para o desenvolvimento dos aspectos táticos é necessário conduzir uma análise das
Aspectos táticos com preocupações defensivas, normalmente realizados pela equipe que
Podem ser subdivididos em: antecipação, cobertura, desarme e marcação. (Frisselli &
Mantovani, 1999).
Aspectos táticos com preocupações ofensivas, normalmente realizados pela equipe que
Assistência:
Atividades Profissionais:
Avaliação:
(Barbanti, 2003).
Características:
Atributo que caracteriza algo ou alguém. No caso desse trabalho, caracteriza o jogador
Categorias de Base:
Categorias amadoras (não profissionais), que são deverão servir de “base” para a
formação do plantel (elenco) dos clubes profissionais. E que são: sub-13 ou mirim (abaixo de 13
anos), sub-15 ou infantil (abaixo de 15 anos), sub-17 ou juvenil (abaixo de 17 anos) e sub-20 ou
Chute:
Ação de tocar a bola com o pé, golpeando a mesma de diversas maneiras e em várias
trajetórias, visando desviar ou dar trajetória à mesma, que pode estar parada ou em movimento.
gol). E também, quanto à região do corpo, podendo ser com o pé, coxa, peito e cabeça. E tendo a
região do pé dividida em parte interna, externa (trivela, três dedos), dorso (peito do pé),
arremate).
Cobertura:
Ação que consiste em colocar-se em posição de ajudar um companheiro que pode ser
Comissão Técnica:
Uma comissão técnica básica é composta por: técnico, preparador físico, treinador de
goleiros, massagista e roupeiro. Mas na maioria dos clubes mais estruturados, a comissão técnica
é composta por: técnico, auxiliar técnico, preparador físico, auxiliar de preparação física,
Comportamento:
aos estímulos recebidos do seu meio. (Barbanti, 2003). Ou respostas ou conjunto de respostas de
Condição Física:
Condição física pode ser observada em relação ao desempenho físico em geral (condição
(condição física específica). Ou, nesse trabalho, pode estar relacionada ao estado que denota o
Condução:
Ação de progredir com a bola por todos os espaços disponíveis no campo. Movimentar-se
(deslocar-se) com a bola, seja caminhando ou correndo. Pode-se conduzir a bola com as seguintes
regiões do pé: interna, externa, dorso (peito do pé), ponta (bico) e planta (sola). (Frisselli &
Mantovani, 1999).
Contatos Sociais:
Controle:
Ato de manter a bola sob o seu raio de ação visando realizar a ação técnica subseqüente.
Ou seja, geralmente os jogadores o executam com o objetivo de dificultar a roubada de bola, por
parte do adversário ou para ajeitar (arrumar, melhor posicionar) a bola para que o passe, ou o
Pode utilizar-se qualquer parte do corpo para controlar a bola (em um jogo, devem-se
respeitar as regras, e, portanto não poderá ser utilizada nenhuma parte dos membros superiores do
Criatividade:
No esporte, é a habilidade que o atleta possui para produzir ações esportivas originais e
adaptáveis a diversas situações, visando obter êxito em benefício próprio ou para sua equipe.
(Samulski, 2002).
Esse termo tem sido descrito por expressões como originalidade, imaginação e
Critérios:
Medidas ou padrões pré-estabelecidos que servem como normas para avaliar ou julgar a
Desarme:
Desempenho Esportivo:
determinada tarefa. Ou seja, resultado que um jogador obtém quando realiza uma ação ou que a
Desmarcação:
sua equipe está de posse de bola. Ou seja, ficar em uma situação favorável dentro das ações do
jogo para receber a bola de seu companheiro. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Domínio:
Ação de diminuir a velocidade da bola. Ou seja, quando a bola vem é o ato de amortecer,
Drible:
Ato ou recurso que um jogador utiliza para, de posse da bola, executa com o objetivo de
ultrapassar o adversário sem perder o controle da mesma, livrando-se do marcador. (Frisselli &
Drible Progressivo:
Estatura:
Sua medida é realizada com o avaliado em posição ortostática, pés descalços e unidos,
com seus calcanhares em contato com o instrumento de medida. Ao final de uma inspiração o
cursor toca o ponto mais alto da cabeça (vértex), que deve estar orientada no plano de Frankfurt.
mesma pode sofrer variações no decorrer do dia. (Petroski, 2003; Barbanti, 2003).
Fundamentos técnicos:
Futebolistas:
Habilidade:
(Barbanti, 2003).
111
Impulsão Vertical:
Ato de aplicar forças contra o solo para impulsionar o corpo verticalmente no ar (saltar).
(Barbanti, 2003).
Marcação:
ação, do futebolista que está sem a posse da bola, de aproximar-se do futebolista que está da
A marcação pode ser individual ou por zona. (Frisselli & Mantovani, 1999).
Massa Muscular:
Métodos:
Barbanti, 2003).
Motivação:
Caracterizada como um processo dirigido a uma meta e que depende da interação entre a
(felicidades, tarefas atraentes, desafios, influências sociais). (Samulski, 2002). E a motivação para
objetivo pelo ser humano. Tanto que os treinadores, tanto nos treinamentos quanto nas
competições, reconhecem constantemente essa característica como uma das principais. (Becker
junior., 2000).
Passe:
fundo). E também, quanto à região do corpo, podendo ser com o pé, coxa, peito e cabeça. E tendo
a região do pé dividida em parte interna, externa (trivela, três dedos), dorso (peito do pé),
Nos clubes mais estruturados têm-se percebido que esses processos seletivos ocorrem no
período de 1 (uma) a 2 (duas) semanas, dando aos jovens um tempo maior para mostrarem seu
potencial.
Percentual de Gordura:
Percepção:
Consiste em filtrar e analisar as informações que chegam para que possamos entender as
características e relações do mundo, e dessa forma fazê-lo previsível com o intuito de nos
organizarmos e nos adaptarmos a ele. (Schubert, 1981 in Samulski, 2002). No caso desse
trabalho, é a percepção por um jogador, dos comportamentos de outros jogadores, que revelam
2003).
sido abandonados pelo futebolista que está de posse de bola e seu marcador. (Frisselli &
Mantovani, 1999).
Resistência:
Respeito:
Teste:
Teste coletivo:
(Barbanti, 2003).
Teste de aptidão:
Teste de desempenho:
Exige uma combinação de respostas motoras e psicológicas por parte do jogador avaliado.
(Barbanti, 2003).
Teste individual:
Teste objetivo:
Planejado e organizado com itens para os quais as respostas podem ser antecipadamente
estabelecidas e cujos escores não são afetados pela opinião ou julgamento dos observadores
Teste padronizado:
Elaborado de acordo com certas técnicas que visam dar ao teste, qualidades desejadas de
Teste prognóstico:
Utilizado para predizer o êxito do jogador avaliado como futebolista. (Barbanti, 2003).
Teste subjetivo:
Velocidade:
Visão de Jogo:
Capacidade que o jogador possui, quando está sem a posse da bola, de observar a
Capacidade que o jogador possui, quando está com a posse da bola, de observar um
companheiro que está em deslocamento para que assim, ele possa tomar a decisão mais correta
ANEXOS
Nome: ________________________________________________________________
Telefone: ______________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
6) Que critérios (meios) você utiliza para avaliar (perceber, verificar) cada uma das
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
119
Nome: ________________________________________________________________
Telefone: ______________________________________________________________
______________________________________________________________________
□ Condição física
О Estatura О Massa muscular О Resistência
О Velocidade О Impulsão vertical
□ Vontade
О Briga pela bola О Determinação
121
□ Coletividade
О Ser companheiro О Não ser individualista
□ Comportamento
О Disciplina quanto a horários О Respeito à comissão técnica О Respeito aos atletas
□ Habilidade
О Chute О Passe О Domínio
О Condução О Drible О Controle
О Aspectos táticos:
defensivos:
◊ antecipação
◊ cobertura
◊ desarme
◊ marcação
ofensivos:
◊ assistência
◊ criatividade
◊ desmarcação
◊ drible progressivo
◊ preenchimento dos espaços vazios
О Visão de jogo:
∆ profundidade
∆ distância
∆ deslocamento do companheiro
∆ deslocamento da bola
cada uma das características que foram apontadas por você na questão anterior?
□ Observação
□ Testes
Quais? ________________________________________________________________
□ Observação e Testes.
Quais? ________________________________________________________________
122
5.2. □ Motivação
5.2.1. О Para realização de atividades profissionais
5.3. □ Afiliação
5.3.1. О Contatos sociais
5.3.2. О Percepção das relações com os demais nas atividades profissionais
5.4. □ Comportamento
5.4.1. О Respeito aos colegas de clube/equipe 5.4.2. О Respeito aos horários
5.4.3. О Respeito à comissão técnica
5.5. □ Habilidade
5.5.1. О Chute 5.5.2. О Condução 5.5.3. О Controle
5.5.4. О Domínio 5.5.5. О Drible 5.5.6. О Passe
5.5.7. О Visão de jogo:
5.5.7.1. ∆ deslocamento da bola
5.5.7.2. ∆ deslocamento do companheiro
124
6.2. □ Motivação
6.2.1. О Para realização de atividades profissionais ___________________________________
6.3. □ Afiliação
6.3.1. О Contatos sociais _______________________________________________________
6.3.2. О Percepção das relações com os demais nas atividades profissionais __________________
6.4. □ Comportamento
6.4.1. О Respeito aos horários _________________________________________________
6.5. □ Habilidade
6.5.1. О Condução __________________________________________________________
Nome: ________________________________________________________________________
Telefone: _____________________________________________________________________
E-mail: _______________________________________________________________________