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( X ) FAPIC/Reitoria
( ) FAPESP
( ) Outra Agência: _____________
Obra:
PASCAL, Blaise. Pensamentos. Tradução de Sergio Milliet. Difusão Europeia do Livro. p. 15-92, 1973.
Resumo da obra:
Introdução – Vida de Pascal:
Blaise Pascal nasceu em Clermont Ferrand, na França, em 19 de Junho de 1623. Perdeu a mãe ainda criança e, seu
pai se encarregou dos seus cuidados. Pascal nunca frequentou o ensino formal, tendo sido educado pelo seu
próprio pai. Logo cedo o gênio de Pascal foi sendo conhecido por todos que o cercavam. Segundo relata sua irmã,
com 12 anos Pascal já entendia e reproduzia as 32 proposições de Euclides. Com 16 para 18 anos, Pascal inventou
uma máquina de calcular que ficou conhecida como Pascaline. Várias obras e tratados foram escritos por Pascal.
Seu gênio para a matemática era extraordinário. Tornou-se grande cientista e debatedor das questões filosóficas e
teológicas de seu tempo. Influenciado pelo Jansenismo, Pascal levou uma vida austera e devota a Cristo. Isso
também se deu em função de graves enfermidades que o acompanharam desde jovem. Converteu-se,
aproximadamente, com 31 anos, tendo trabalhado intensamente em obras de filosóficas e teológicas, em especial,
uma apologia da religião cristã que ficou inacabada por conta da sua morte. Esta apologia ficou conhecida como
Pensamentos – Pensèes. Também ficaram bastante conhecidas as Cartas Provinciais escritas por ele (que entraram
no Index da igreja), sua discussão com Descartes sobre o vácuo. Pascal morreu com 39 anos de idade. Depois de
sua morte houve grande dificuldade para a publicação de sua obra póstuma, pois não havia consenso acerca da
forma de publicação, ou seja, se se mantinha as lacunas textuais da obra encontrada ou se era possível preencher
estas lacunas com alguma inferência lógica dos seus textos. Ocorreram várias edições da sua obra que visava uma
apologia da religião cristã. Em 1873 chegaram a um consenso na edição a partir de manuscritos originais, edição
esta que ficou conhecida como Brunscvicg.
Pensamentos Sobre o Espírito e Sobre o Estilo:
Pascal dividia a inteligência ou o conhecimento em dois tipos: espírito geométrico e espírito de finura (ou de
sutileza). No espírito geométrico, as questões da vida lhe são tratadas a partir da visão dos seus princípios, uma
visão que se ocupa dos fundamentos, da conceptualização, o que não é comum para a maioria dos seres humanos,
pois, é necessário que haja paciência para este tipo de pensamento que não se apressa no entendimento das coisas.
Já o espírito de finura ou de sutileza, a visão sobre os detalhes ocorrem de forma mais rápida, instantânea, não
havendo preocupação com os princípios que fundamentam as coisas. É um olhar atento as sutilezas da vida, sem
maior atenção aos princípios requeridos pelo espírito geométrico.
Miséria do Homem sem Deus:
A partir do jansenismo, de tradição agostiniana, Pascal compreendia a natureza humana como decaída, carente de
uma ação de Deus, através da graça, para que saísse de sua condição de miséria para alcançar um estado de
grandeza. Pascal via o homem como termo médio entre dois infinitos. O infinito que tende a expansão do universo
e o infinito que tende a retração das coisas a tamanhos infinitamente pequenos. Neste sentido há uma importante
frase de Blaise Pascal que diz: “Afinal, que é o homem dentro da natureza? Nada em relação ao infinito; tudo em
relação ao nada; um ponto intermediário entre tudo e nada”. Para Pascal a condição humana marcada pela miséria
era insuportável quanto a ideia de repouso total, pois, no repouso total o homem sente seu nada, seu abandono, sua
insuficiência e sua impotência. É o tédio que sobe do fundo da alma humana que nos lança ao encontro de nós
mesmos, de nossa mazela existencial. Para evitar o tédio o ser humano se lança constantemente aos divertimentos
– divertissment. Assim, nos agradamos de ver o combate, mas não a vitória. Não gostamos de contemplar a
verdade encontrada, mas, apenas a sua busca. Os homens não sabem ficar quietos sozinhos em um quarto (sentem-
se infelizes). Mesmo o homem rico não se contenta em ficar em sua casa, servido por todos. O rei, como tendo o
posto mais belo de todos, se ficar sozinho, pensa nos problemas de várias naturezas e se torna infeliz. O ruído nos
desvia de nossa condição mesma e nos diverte. O rei é feliz quando alguém o diverte, está cercado de pessoas para
tal. Procura o tumulto para fugir de si mesmo. É a caça e não a presa que procuram. O homem procura o repouso
pela agitação (o repouso como resquício da natureza anterior a queda e a agitação para aplacar as suas misérias do
pós-queda – dialética). O tédio tem sua raiz natural no coração do homem. Quando se supera obstáculos em busca
do repouso, vem então o tédio avassalador expondo as misérias humanas. Assim, um simples taco empurrando
uma bola o basta para diverti-lo. Na esfera da intelectualidade, o intelectual ou filósofo procura resolver aporias
para depois se gabar da sua resolução aos outros e não para propriamente resolver a aporia em questão. Outros se
matam para ver e saber sobre os feitos (notar as coisas), não para saberem em si, mas para mostrar que sabem. São
mais tolos que os outros, pois, são tolos com o saber. Dê a alguém o dinheiro que ele ganharia jogando todos os
dias, provavelmente, ele recusará. Contudo, se jogar valendo nada ele não se entusiasmará (pois a ilusão de ser
feliz por causa da vitória não existirá neste caso). As pessoas de grande condição financeira possuem pessoas ao
seu redor para mantê-las felizes ainda que de forma falsa. No mundo se pensa em tornar-se algo, sem pensar em o