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PROGRAMA INTEGRADO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA (PIC)

PERÍODO DE AGOSTO/2018 A JULHO/2019

RELATÓRIO PARCIAL DE ATIVIDADES

PLANO DE TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

A CONCUPISCÊNCIA COMO MISÉRIA HUMANA: UM ESTUDO DO


CONCEITO DE GRAÇA A PARTIR DA MÍSTICA PASCALIANA

Jocinei Godói Lima, RA 17752106


Faculdade de Filosofia
Prof. Dr. Renato Kirchner
Grupo de pesquisa: Ética, Epistemologia e Religião
Linha de pesquisa: Fenômeno religioso: dimensões epistemológicas
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião

Modalidade: ( ) PIBIC/CNPq
( X ) FAPIC/Reitoria
( ) FAPESP
( ) Outra Agência: _____________

Campinas (SP), 15 de fevereiro de 2019.

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1. Desenvolvimento do Plano de Trabalho de Iniciação Científica

1.1. Atividades Previstas no Cronograma Original


Como exposto no Plano de Trabalho, o cronograma até o momento abarcava as seguintes
atividades: encontros de orientação; leitura e fichamento dos textos de Pascal, em especial, a obra
“Os Pensamentos”. Elaboração de síntese conceitual a partir da leitura dos textos, além da
confecção e apresentação de um pôster na Mostra de Pôster dos alunos de Iniciação Científica
PIBIC/CNPq.

1.2. Atividades Realizadas e Justificativas


A apresentação prévia do projeto ao grupo de pesquisa foi a primeira atividade efetivamente
realizada com vistas a introduzir o trabalho nas discussões. Com a ciência de todos os membros e
a orientação do respectivo orientador realizou-se a produção do Plano de Pesquisa, o qual pontuou
a abrangência da pesquisa e direcionou os trabalhos para a realização dos objetivos.
Posteriormente, amparados pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas na realização da
Semana da Iniciação Científica esse projeto foi exposto para toda a universidade. De forma
especial, a exposição contemplou os principais elementos do trabalho tornando-o conhecido pela
comunidade acadêmica, bem como os objetivos e resultados esperados durante o biênio
2018/2019.
Nos meses seguintes, além dos encontros com o orientador e com o grupo de pesquisa,
ocorreram as leituras, análises temáticas, interpretações e sínteses das obras elencadas em nossa
referência.
Esses esforços resultaram na afirmação da ideia de que Pascal, como bom jansenista de sua
época, via na religião algo que a ciência e a razão não poderiam oferecer ao homem. A
superioridade da religião se dava na distinção feita por Blaise Pascal das ordens das coisas, quais
sejam, a ordem da razão, do corpo e do coração.
Pascal via o homem como totalmente miserável, cuja capacidade de raciocínio chegava até
certo limite, onde, a fé (que pertence à ordem do coração) dada por Deus é quem assumia as
rédeas a partir desse limite. Eis aí o que se pode chamar de graça. A miséria humana – explicitada
na ideia bíblica de concupiscência – só poderia ser aplacada no reconhecimento humano de sua
condição decadente, o que remeteria o homem a um estado de grandeza proporcionado pela graça
– conceito caro a tradição agostiniana.
Dentre os aspectos paradoxais de miséria e grandeza citados acima, encontra-se aquilo que
Pascal chamava de divertissment, isto é, o divertimento em oposição ao tédio. Este tema também
foi explorado nas leituras feitas e forneceu insights importantes para a confecção do trabalho final.

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Contudo, houve uma virada em relação à leitura da obra principal do Pascal “Os
Pensamentos”. A edição que estava sendo lida era a de Léon Brunschvicg que é uma espécie de
tentativa de ordenamento póstumo dos escritos de Pascal. Mesmo com o labor adicional provocado
por tal decisão, optou-se por ler esta obra magna de Pascal (não concluída em função do
agravamento de sua doença) a partir da edição de Louis Lafuma que, mesmo com a dificuldade de
encadeamento lógico dos fragmentos, visava manter a ordem encontrada dos fragmentos daquilo
que era a principal obra da vida de Pascal.
Na esteira destas atividades está em concepção o artigo final dessa pesquisa que buscará
lançar luz a tensão entre miséria e grandeza, concupiscência e graça, a partir do corpus
pascaliano. Outrossim, este trabalho fornece a oportunidade de transitar nas diversas áreas daquilo
que se pode chamar “Ciências da Religião”, uma vez que Blaise Pascal transitava em suas obras
pela filosofia, antropologia, sociologia, teologia, ciência política, psicologia, etc.

1.3. Resultados Obtidos


A pesquisa se mostrou muito produtiva até este ponto no que tange a admissão de
conhecimentos da epistemologia pascaliana, em especial, as questões sobre a condição finita do
ser humano em contraste com a ideia de infinito.
Na leitura da edição de Brunschvicg é possível notar o esforço do editor em dar coesão e
encadeamento lógico aos textos pascalianos na tentativa de mostrar um Pascal “racionalista”, haja
vista que as ideias racionalistas – capitaneadas por Descartes – estavam em evidência no século
XVII. Por outro lado, a edição de Lafuma possui alguns fragmentos não concluídos e
aparentemente desconexos, pois obedece a mesma ordem dos maços de textos encontrados após
sua morte. Apesar da dificuldade, a leitura desta última edição revelou-se mais original e produtiva,
uma vez que aproxima o pesquisador da ordem deixada por Pascal.
Outro importante resultado obtido através da pesquisa dos escritos pascalianos foi o
contraste ou dialética da condição humana. Influenciado pelo Jansenismo que consistia em uma
doutrina cristã de tradição agostiniana e também por sua condição existencial de muitas
enfermidades desde muito jovem, Pascal se utiliza da dialética para descrever a natureza humana
através de sua procedência divina, do mesmo modo em que tenta conhecer algo de Deus por meio
de sua imagem impressa no coração do homem.
As contradições são muito presentes nas análises de Pascal no que pese a natureza
humana. A grandeza do homem está em sua própria origem divina ao passo que a sua miséria está
em seu desejo de preferir a si mesmo em sua soberba, além de viver separado de Deus – o que se
pode chamar de concupiscência. Fato este representado pela ideia de pecado original.
A partir daí as consequências de ordem prática da vida humana tem se mostrado cada vez
mais claras nesta dialética que acompanha o homem até o fim de sua existência. Dois conceitos

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extensamente abordados por Pascal são fundamentais para a compreensão desta tensão
existencial humana. São eles: a noção de tédio e de divertimento. É nesta esteira das contradições
da natureza humana que a presente pesquisa tem colhido resultados importantes em consonância
ao tema delimitado.

1.4. Análise de Resultados


A análise dos resultados obtidos até aqui demonstra a extensa contribuição de Pascal à
investigação da natureza humana e seus desdobramentos existenciais. Ao se opor ao racionalismo
do século XVII, sobretudo, nas discussões que teve com René Descartes, percebe-se que as
contradições humanas por ele apontadas remetem a um debate antigo entre fé e razão.
A tensão dialética citada acima típica da nossa humanidade é condição fundamental para que
haja conhecimento. Somente a razão ou somente a fé não são suficientes para levar o homem ao
pleno conhecimento das coisas, bem como, de si mesmo. É por isso que Pascal coloca a religião
como meio privilegiado para apreensão do conhecimento total que deriva desta tensão existencial.
Neste caso, a graça fornecida pelo Criador à sua criatura, atinge o coração como órgão que
recebe a Deus, de tal modo que o ser humano passa compreender a sua posição no mundo, seus
desdobramentos enquanto humano que pensa, age, sente e reflete sobre o seu próprio ser-aí no
mundo.
Segue-se, portanto, que as informações colhidas até aqui são de grande relevância para que
o problema apontado nesta pesquisa seja aclarado, a partir da melhor elucidação dos conceitos
dialéticos selecionados neste trabalho, bem como a relação que possuem entre si.

1.5. Considerações Finais e Previsão de Atividades


A presente pesquisa resultará em artigo científico que encontra-se em fase de elaboração.
Após a sua conclusão objetiva-se que este artigo seja publicado em periódico científico. Até que
isto ocorra, as leituras preestabelecidas no cronograma, os encontros no grupo de pesquisa, a
participação em eventos e atividades relacionadas à pesquisa em questão serão realizadas,
mediante o acompanhamento do professor orientador. Também, está prevista para o mês de
agosto a apresentação final dos resultados obtidos nesta pesquisa. Além disso, ocorrerá na
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, o Encontro de Iniciação Científica 2019, no qual
apresentaremos nosso trabalho via comunicação oral.

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1.6. Referências
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Trad. Maria Luiza Jardim Amarante. São Paulo: Paulus,
1984.
BINGEMER, M. C.; PINHEIRO, M. R. Narrativas místicas: antologia de textos místicos da
história do cristianismo. São Paulo: Paulus, 2016, p. 293-308.
BORRIELLO, L., CARUANA, E., DEL GENIO, M.R. e SUFFI, N. Dicionário de mística. São
Paulo: Paulus; Loyola, 2003, p. 578-580; 845-846.
MARTINS, A. V. Cornelius Jansenius: Discurso da reforma do homem interior. Trad. Andrei
Venturini Martins. São Paulo: Filocalia, 2006.
MARTINS, A. V. Do reino nefasto do amor próprio: a origem do mal em Blaise Pascal. São
Paulo: Filocalia, 2018.
PASCAL, B. Pensamentos. Edição Brunschvicg. Trad. Sergio Milliet. São Paulo: Difusão
Europeia do Livro, 1961.
PASCAL, B. Pensamentos. Edição Louis Lafuma. Trad. Mario Laranjeira. São Paulo: Folha
de São Paulo, 2015.
SILVA, A. G. Pascal: cientista e filósofo místico. São Paulo: Escala, 2012.

2. Produção Técnico-Científica Associada

2.1. Produção sob a forma de artigo científico em co-autoria com o orientador


Não há produção associada sob a forma de artigo científico em co-autoria com o orientador.

2.2. Participação em Sessões de Comunicação Oral e Painéis de Eventos Científicos


- Apresentação de pôster no “XXIII Encontro de Iniciação Científica e VIII Encontro de
Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação” da PUC-Campinas.
- Apresentação de Comunicação Oral sob a temática “O entretenimento como meio de
desconhecimento de si mesmo” apresentado na XXXII Semana Filosófica da PUC-Campinas.
- Apresentação de Comunicação Oral sob a temática “O entretenimento como fuga de si
mesmo” apresentado no XX Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da Unicamp.

2.3. Demais produções técnico-científicas desenvolvidas


Não há outras formas de produção técnico-científicas associadas ao desenvolvimento do
plano de trabalho de IC.

3. Parecer do orientador sobre o desempenho do aluno


Campo do professor orientador

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4. Anexos

Anexo 1: Certificado de apresentação de trabalho no “XXIII Encontro de Iniciação Científica e


VIII Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação” da PUC-Campinas.

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Anexo 2: Pôster apresentado no “XXIII Encontro de Iniciação Científica e VIII Encontro de
Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação” da PUC-Campinas.

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Anexo 3: Certificado de Comunicação Oral sob a temática “O entretenimento como meio de
desconhecimento de si mesmo” apresentado na XXXII Semana Filosófica da PUC-Campinas.

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Anexo 4: Certificado de Comunicação Oral sob a temática “O entretenimento como fuga de si
mesmo” apresentado no XX Encontro de Pesquisa na Graduação em Filosofia da Unicamp.

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Anexo 5: Fichamento de Leitura

Obra:
PASCAL, Blaise. Pensamentos. Tradução de Sergio Milliet. Difusão Europeia do Livro. p. 15-92, 1973.
Resumo da obra:
Introdução – Vida de Pascal:
Blaise Pascal nasceu em Clermont Ferrand, na França, em 19 de Junho de 1623. Perdeu a mãe ainda criança e, seu
pai se encarregou dos seus cuidados. Pascal nunca frequentou o ensino formal, tendo sido educado pelo seu
próprio pai. Logo cedo o gênio de Pascal foi sendo conhecido por todos que o cercavam. Segundo relata sua irmã,
com 12 anos Pascal já entendia e reproduzia as 32 proposições de Euclides. Com 16 para 18 anos, Pascal inventou
uma máquina de calcular que ficou conhecida como Pascaline. Várias obras e tratados foram escritos por Pascal.
Seu gênio para a matemática era extraordinário. Tornou-se grande cientista e debatedor das questões filosóficas e
teológicas de seu tempo. Influenciado pelo Jansenismo, Pascal levou uma vida austera e devota a Cristo. Isso
também se deu em função de graves enfermidades que o acompanharam desde jovem. Converteu-se,
aproximadamente, com 31 anos, tendo trabalhado intensamente em obras de filosóficas e teológicas, em especial,
uma apologia da religião cristã que ficou inacabada por conta da sua morte. Esta apologia ficou conhecida como
Pensamentos – Pensèes. Também ficaram bastante conhecidas as Cartas Provinciais escritas por ele (que entraram
no Index da igreja), sua discussão com Descartes sobre o vácuo. Pascal morreu com 39 anos de idade. Depois de
sua morte houve grande dificuldade para a publicação de sua obra póstuma, pois não havia consenso acerca da
forma de publicação, ou seja, se se mantinha as lacunas textuais da obra encontrada ou se era possível preencher
estas lacunas com alguma inferência lógica dos seus textos. Ocorreram várias edições da sua obra que visava uma
apologia da religião cristã. Em 1873 chegaram a um consenso na edição a partir de manuscritos originais, edição
esta que ficou conhecida como Brunscvicg.
Pensamentos Sobre o Espírito e Sobre o Estilo:
Pascal dividia a inteligência ou o conhecimento em dois tipos: espírito geométrico e espírito de finura (ou de
sutileza). No espírito geométrico, as questões da vida lhe são tratadas a partir da visão dos seus princípios, uma
visão que se ocupa dos fundamentos, da conceptualização, o que não é comum para a maioria dos seres humanos,
pois, é necessário que haja paciência para este tipo de pensamento que não se apressa no entendimento das coisas.
Já o espírito de finura ou de sutileza, a visão sobre os detalhes ocorrem de forma mais rápida, instantânea, não
havendo preocupação com os princípios que fundamentam as coisas. É um olhar atento as sutilezas da vida, sem
maior atenção aos princípios requeridos pelo espírito geométrico.
Miséria do Homem sem Deus:
A partir do jansenismo, de tradição agostiniana, Pascal compreendia a natureza humana como decaída, carente de
uma ação de Deus, através da graça, para que saísse de sua condição de miséria para alcançar um estado de
grandeza. Pascal via o homem como termo médio entre dois infinitos. O infinito que tende a expansão do universo
e o infinito que tende a retração das coisas a tamanhos infinitamente pequenos. Neste sentido há uma importante
frase de Blaise Pascal que diz: “Afinal, que é o homem dentro da natureza? Nada em relação ao infinito; tudo em
relação ao nada; um ponto intermediário entre tudo e nada”. Para Pascal a condição humana marcada pela miséria
era insuportável quanto a ideia de repouso total, pois, no repouso total o homem sente seu nada, seu abandono, sua
insuficiência e sua impotência. É o tédio que sobe do fundo da alma humana que nos lança ao encontro de nós
mesmos, de nossa mazela existencial. Para evitar o tédio o ser humano se lança constantemente aos divertimentos
– divertissment. Assim, nos agradamos de ver o combate, mas não a vitória. Não gostamos de contemplar a
verdade encontrada, mas, apenas a sua busca. Os homens não sabem ficar quietos sozinhos em um quarto (sentem-
se infelizes). Mesmo o homem rico não se contenta em ficar em sua casa, servido por todos. O rei, como tendo o
posto mais belo de todos, se ficar sozinho, pensa nos problemas de várias naturezas e se torna infeliz. O ruído nos
desvia de nossa condição mesma e nos diverte. O rei é feliz quando alguém o diverte, está cercado de pessoas para
tal. Procura o tumulto para fugir de si mesmo. É a caça e não a presa que procuram. O homem procura o repouso
pela agitação (o repouso como resquício da natureza anterior a queda e a agitação para aplacar as suas misérias do
pós-queda – dialética). O tédio tem sua raiz natural no coração do homem. Quando se supera obstáculos em busca
do repouso, vem então o tédio avassalador expondo as misérias humanas. Assim, um simples taco empurrando
uma bola o basta para diverti-lo. Na esfera da intelectualidade, o intelectual ou filósofo procura resolver aporias
para depois se gabar da sua resolução aos outros e não para propriamente resolver a aporia em questão. Outros se
matam para ver e saber sobre os feitos (notar as coisas), não para saberem em si, mas para mostrar que sabem. São
mais tolos que os outros, pois, são tolos com o saber. Dê a alguém o dinheiro que ele ganharia jogando todos os
dias, provavelmente, ele recusará. Contudo, se jogar valendo nada ele não se entusiasmará (pois a ilusão de ser
feliz por causa da vitória não existirá neste caso). As pessoas de grande condição financeira possuem pessoas ao
seu redor para mantê-las felizes ainda que de forma falsa. No mundo se pensa em tornar-se algo, sem pensar em o

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que é ser este algo. Não nos contentamos com a nossa vida, mas viver a ideia dos outros, fingindo sempre.
Embelezamos nosso ser imaginário com muitos esforços, mas negligenciamos o verdadeiro. A estima de cinco ou
seis pessoas que nos rodeia nos diverte e nos contenta. Os filósofos não são diferentes das demais ocupações no
que tange a vaidade arraigada no coração. Quando escrevem, fazem pela glória de escrever bem. Quem os lê leem
pela glória de tê-los lido. É vergonhoso ao homem sucumbir ao prazer, mas não ao sucumbir pela dor. Na dor
voluntária somos senhores, no prazer, somos escravos. Como não se podia curar a morte, a miséria, etc., o homem
preferiu não pensar em tudo isso. A nossa miséria é aplacada pelo divertimento, mas isso é a maior das nossas
misérias, pois usamos de subterfúgios exteriores para fugir de nós mesmos, assim, não buscamos verdadeiramente
o nosso ser. Anulamos o presente com o passado e o futuro. Ao buscar ser felizes, nunca somos. Os grandes e
pequenos sofrem das mesmas paixões, contudo o que faz um sentir mais que o outro, é que os grandes estão no
alto da roda e os pequenos estão próximos do seu centro: o mesmo movimento agita diferentemente a cada um.
Corremos rumo ao precipício quando colocamos algo a frente de nós para não o vê-lo.
Obra:
BRAGA, A. C. Coleção pensamento & vida: Pascal. São Paulo: Editora escala. 2012.
Resumo da obra:
Perfil biográfico de Pascal: Ver a seção Introdução – Vida de Pascal (fichamento anterior).
Pascal e o Jansenismo
O jansenismo foi uma corrente religiosa nascida no seio da Igreja Católica, influenciado por Santo Agostinho. Seu
criador foi Cornelius Jansenius que focava a tensão entre a graça divina e a liberdade humana no processo de
salvação. Foi uma corrente condenada pela Igreja e que tinha fortes implicações políticas, uma vez que a relação
entre Igreja e Estado era afetada por sua visão de mundo. Havia um conflito teológico muito grande decorrente da
Reforma Protestante e, consequentemente, da Contrarreforma católica. É neste contexto que o jansenismo
encontra-se inserido. Ele escreve uma obra Augustinus que é publicada após a sua morte. Em resumo, esta obra diz
que a partir da queda o homem teve a sua vontade corrompida totalmente, sempre pronta a praticar o mal. A única
saída para o restabelecimento de uma vontade que tem a Deus como objeto, decorre da própria ação de Deus por
meio da sua graça. Havia frequentes querelas teológicas na abadia de Port-Royal. Blaise Pascal frequentava esta
abadia, chegando a morar um tempo nela. Com a condenação do jansenismo e a expulsão de um grande defensor
do movimento, Antoine Arnauld, Pascal se lança a escrever algumas cartas em sua defesa denominas de “As
Provinciais”.
Pascal e a Ciência:
Pascal teve grandes contribuições à matemática, com seu ensaio sobre as cônicas. O tratado do triangulo
aritmético, hoje conhecido como triangulo de Pascal; desenvolveu uma máquina de calcular por volta dos 19 anos.
Também na área da física, Pascal contribuiu com suas teorias sobre o vácuo e sobre os líquidos ou fluidos.
Publicou vários tratados, ajudando hoje no entendimento moderno sobre a pneumática, hidrostática, etc. No
campo da filosofia e teologia, Pascal foi grande conhecedor dos temas da filosofia e da teologia, produzindo obras
como o Espírito Geométrico, a Arte de Persuadir, a escrita de seus colóquios, sendo o principal deles o que
ocorreu com o senhor De Sacy sobre Epicteto e Montaigne. Escreveu o discurso sobre A Condição dos Grandes.
A sua principal obra de teologia ficou conhecida como Pensamentos – Pensèes. A principio esta obra era uma
apologia da religião cristã. Escreveu também As Provinciais. Por fim, escreveu os Escritos sobre a Graça.
Pensamentos de Pascal:
Ver o fichamento anterior.
Sobre algumas obras de Pascal:
Pascal dizia que se pode ter três objetos principais no estudo da verdade: descobri-la ao procura-la; demonstrá-la
ao possuí-la; discerni-la do falso ao examiná-la. Pascal mostra o método das demonstrações geométricas, isto é,
metódicas e perfeitas. Também trata daquilo que ficou conhecido como a arte de persuadir, em que estabelece
regras para as definições, regras para os axiomas e regras para as demonstrações. Em seu Tratado sobre o Vácuo,
Pascal trazia para a época uma novidade um tanto escandalosa aos cientistas, que era a existência do vácuo (hoje
se sabe da sua existência e também da sua utilidade cotidiana). Seu Colóquio com De Sacy sobre Epicteto e
Montaigne, foi publicado após a sua morte. É um texto que discorre sobre filosofia à luz da religião ou da teologia.
Nos três discursos sobre a condição dos grandes, as anotações destes discursos proferidos por Pascal foram
publicados após sua morte, por pessoas que ouviram estes discursos. Era um texto de educação política e
diplomática do jovem filho do duque de Luynes. Tratam do defeito de desconhecer a si próprio; do defeito de se
achar acima de tudo e de todos; do defeito de se deixar levar pelas suas inclinações, satisfações de prazeres e
demais ações oportunizadas por uma posição de nobreza.
Por último há uma seleção de pontos da sua obra Pensamentos e dos Escritos sobre a Graça, tratando sobre o
tema da graça divina e embasando todo o seu discurso sobre a metafísica.

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