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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Instituto Politécnico

Ranulfo Martins Carneiro Neto

Análise numérica e experimental de juntas coladas em duas configurações:


junta de cisalhamento simples e junta de carregamento combinado

Nova Friburgo
2017
Ranulfo Martins Carneiro Neto

Análise numérica e experimental de juntas coladas em duas configurações: junta de


cisalhamento simples e junta de carregamento combinado

Dissertação apresentada, como requisito para


obtenção do título de Mestre, ao Programa de
Pós-Graduação em Modelagem Computacional
do Instituto Politécnico, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Linha de Pesquisa:
Dinâmica, Acústica, Vibrações e Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Joaquim Teixeira de Assis

Nova Friburgo
2017
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CTC/E

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
dissertação, desde que citada a fonte.

______________________________________ _______________________
Ranulfo Martins Carneiro Neto Data
Ranulfo Martins Carneiro Neto

Análise numérica e experimental de juntas coladas em duas configurações: junta de


cisalhamento simples e junta de carregamento combinado

Dissertação apresentada como requisito para


obtenção do título de Mestre, ao Programa de
Pós-Graduação em Modelagem Computacional
do Instituto Politécnico, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Linha de Pesquisa:
Dinâmica, Acústica, Vibrações e Materiais.

Aprovada em 28 de Agosto de 2017.

Banca examinadora:

____________________________________________
Prof. Dr. Joaquim Teixeira de Assis (Orientador)
Instituto Politécnico - UERJ

_____________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Martins Sampaio
Instituto Politécnico - UERJ

_____________________________________________
Prof. Dr. Mauro Carlos Lopes Souza
Universidade Estadual da Zona Oeste– UEZO-RJ

_____________________________________________
Prof. Dr. Diego Campos Knupp
Instituto Politécnico - UERJ

Nova Friburgo
2017
DEDICATÓRIA

À minha família, que muito me honra fazer parte dela.


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade da vida.


A minha companheira e toda família pelo apoio e presença constante.
Ao meu orientador, Prof. Joaquim Assis, pelo apoio, disposição e confiança.
Ao Prof. Eduardo Sampaio pelo empenho e motivação dedicados nesse trabalho, a sua
paciência agilidade e amizade.
Igualmente a toda equipe do laboratório de adesão e aderência (LAA), em especial ao
Ricardo Hudson e ao Marcelo Correia por todo o trabalho experimental realizado, onde não
mediram esforços para fazerem o melhor trabalho possível.
Ao Prof. João Reis pela realização dos ensaios para medição do coeficiente de Poisson
do adesivo ARC 858 na UFF.
A Chesterton por ceder o adesivo ARC 858.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho, meu
muito obrigado.
RESUMO

CARNEIRO NETO, Ranulfo Martins. Análise numérica e experimental de juntas coladas em


duas configurações: junta de cisalhamento simples e junta de carregamento combinado.
2017. 158 f. Dissertação (Mestrado em Modelagem Computacional) – Instituto Politécnico,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, 2017.

A junção de materiais metálicos utilizando adesivos estruturais têm se tornando um


processo cada dia mais utilizado, sendo preferível a outros métodos de fixação como parafusos
e rebites em diversas aplicações devido as vantagens oferecidas pela sua aplicação. Destacam-
se como principais benefícios das juntas coladas a distribuição mais uniforme de tensões,
redução do peso da estrutura, maior resistência a fadiga, além de ser um trabalho realizado a
frio. Nessa dissertação foi feita uma análise numérica e experimental de juntas coladas com
substratos de aço carbono e adesivo ARC 858 em duas configurações: junta de cisalhamento
simples e junta de carregamento combinado. As energias críticas de fratura (𝐺 e 𝐺 )do
adesivo estrutural ARC 858 foram medidas através dos ensaios DCB (Double cantil ever beam)
e ENF (end notch flexure), respectivamente, sendo utilizados em ambos ensaios o método
CBBM (compliance based beam method) para medição das energias. Com as energias críticas
de fratura e demais propriedades do ARC 858, medidas através de ensaios destrutivos,
procedeu-se com a análise numérica das juntas coladas, recorrendo-se aos modelos de danos
coesivos (MDC), os quais permitem a simulação do crescimento do dano em estruturas,
utilizados juntamente com o método dos elementos finitos através do software comercial
Abaqus. Os experimentos consideraram a variação da área colada, sendo modificados tanto o
comprimento como a largura da junta, além da variação da espessura da camada adesiva para
as juntas de carregamento combinado. Adicionalmente, foram rompidos corpos de prova
colados há cerca de sete anos, sendo os resultados comparados, em uma das configurações, com
corpos de prova recentemente colados. Os experimentos foram devidamente modelados através
do método dos elementos finitos, obtendo-se boa concordância com os resultados
experimentais. Analisando juntas com mesma área colada, de maneira geral as análises
confirmaram a preferência por maiores larguras nas juntas de cisalhamento simples, e por
maiores alturas nas juntas de carregamento combinado. A resistência mecânica das juntas de
carregamento combinado coladas há cerca de sete anos se mostrou próxima das juntas coladas
recentemente, considerando a mesma configuração.

Palavras-chave: Juntas coladas. Elementos finitos. Modelagem numérica. Juntas de


cisalhamento simples. Junta de carregamento combinado.
ABSTRACT

CARNEIRO NETO, Ranulfo Martins. Numerical and experimental bonded joints analysis in
two configurations: single lap joints and combined loading joint. 2017. 158 f. Dissertação
(Mestrado em Modelagem Computacional) – Instituto Politécnico, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, 2017.

The metallic materials union using structural adhesives has become an increasingly used
process and is preferable to other fastening methods such as screws and rivets in various
applications, due the advantages offered by their application. The main benefits of bonded joints
are the more uniform distribution of stresses, reduction of structure weight, greater resistance
to fatigue, besides being a cold work. This work made a numerical and experimental bonded
joints analysis with carbon steel substrates and ARC 858 adhesive in two configurations: single
lap joint and combined loading joint. The ARC 858 critical fracture energies (𝐺 e 𝐺 ) were
measured by the DCB (double cantilever beam) and ENF (end notch flexure) tests, respectively,
and the CBBM (compliance based beam method) method was used to measure the energies.
Knowing the critical fracture energies and other properties of the ARC 858, measured by
destructive tests, the numerical analysis of the bonded joints was done using the cohesive zone
models (CZM), which allow the damage growth simulation in structures, used together with the
finite element method through commercial software Abaqus. The experiments considered the
bonded area variation, both the joint length and width being modified, as well as the adhesive
layer thickness variation for the combined loading joints. In addition, specimens glued together
for about seven years ago were tested, and the results were compared in one of the
configurations with newly bonded specimens. The experiments were modeled using the finite
element method, obtaining good agreement with the experimental results. Considering joints
with the same bonded area, in general the analysis confirmed the preference for larger widths
in the single lap joints, and higher heights in the combined loading joint. The mechanical
strength of the combined loading joints glued about seven years ago was close to the newly
bonded joints, considering the same configuration.

Keywords: Bonded joints. Finite elements. Numerical modeling. Single lap joints. Combined
loading joint.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Adesivos estruturais utilizados no carro Lexus IS. ................................................ 29


Figura 2 - Junta adesiva........................................................................................................ 31
Figura 3 - Exemplos de falhas coesivas e adesivas ............................................................... 32
Figura 4 - Tipos de esforços em juntas adesivas. .................................................................. 33
Figura 5 - Suportes para tubulação. ...................................................................................... 34
Figura 6 - Juntas de cisalhamento simples. ........................................................................... 35
Figura 7 - Tipos de juntas coladas mais comuns. .................................................................. 36
Figura 8 - Detalhe da junta de sobreposição simples com alteração geométrica nos substratos
nas condições 1 (a) e condição 2 (b). .................................................................. 36
Figura 9 - Juntas de sobreposição em chanfro externo (a), com chanfro interno (b) e em degraus
(c) para diminuir a concentração de tensões na extremidade da sobreposição. .... 38
Figura 10 - Curva força x deslocamento uniaxial de juntas adesivas com diferentes geometrias
na interface. ....................................................................................................... 39
Figura 11 - Distribuição das tensões de cisalhamento no adesivo para juntas de cisalhamento
simples com diferentes valores de espessura. ..................................................... 40
Figura 12 - Força de ruptura média e desvio padrão em função de ta para Lo = 20 e 60 mm. 41
Figura 13 – Comparação da capacidade de carga das juntas de cisalhamento simples para
diferentes valores de Lo. .................................................................................... 41
Figura 14 - Força versus área para variações no comprimento e largura da área colada na JCS.
.......................................................................................................................... 41
Figura 15 - Carregamento combinado - modelo de junta. ..................................................... 43
Figura 16 – Junta L representada em dois arranjos com mesma área colada.......................... 45
Figura 17 - Resistência nas singularidades em juntas adesivas. ............................................. 46
Figura 18 - Geometrias dos filetes para juntas de cisalhamento simples................................ 47
Figura 19 - Excentricidade do carregamento numa junta sobreposta simples ........................ 50
Figura 20 - Análise de Volkersen. ........................................................................................ 51
Figura 21 – Representação geométrica do fator de momento fletor de Goland e Reissner ..... 52
Figura 22 - Distribuição da tensão de corte no adesivo no caso que a tensão não é nula na
extremidade da sobreposição e no caso em que ela é nula. ................................. 53
Figura 23 - Curva tensão x deformação de um material dúctil .............................................. 59
Figura 24 - Localização dos diferentes elementos na simulação das juntas. .......................... 60
Figura 25 - Elementos coesivos (a) para simular espessura zero na interface - aproximação local
(b) para simular uma pequena camada de adesivo com espessura constante -
abordagem contínua. .......................................................................................... 61
Figura 26 - Representação espacial de um elemento coesivo tridimensional. ........................ 61
Figura 27 - Formas diferentes em modo puro das leis coesivas: triangular e exponencial (a) e
trapezoidal (b).................................................................................................... 63
Figura 28 - Modelo coesivo de dano triangular..................................................................... 63
Figura 29 - Evolução linear do dano ..................................................................................... 66
Figura 30 - Modos de ruptura ............................................................................................... 68
Figura 31 - Teste para caracterização da fratura de uma fina camada adesiva - DCB. ........... 69
Figura 32 - Dimensões (mm) e geometria dos corpos de prova DCB usados no ensaio em modo
I conforme a norma ASTM D3433-99................................................................ 70
Figura 33 - Representação esquemática da FPZ e conceito de trinca equivalente. ................. 71
Figura 34 - Representação esquemática da calibração da flexibilidade como função do
comprimento da trinca em ensaios DCB............................................................. 73
Figura 35 - Representação esquemática da obtenção do fator de correção do comprimento de
fenda inicial. ...................................................................................................... 73
Figura 36 - Representação esquemática do ensaio TDCB (dimensões em mm). .................... 74
Figura 37 - Representação esquemática dos ensaios ENF e 4ENF. ....................................... 75
Figura 38 - Representação esquemática do ensaio MMF. ..................................................... 77
Figura 39 - Representação esquemática do ensaio ADCB. .................................................... 77
Figura 40 - Dimensões do corpo de prova de tração segundo norma ASTM D 638-03.......... 80
Figura 41 - Adesivo estrutural ARC 858. ............................................................................. 80
Figura 42 - Processo de mistura dos componentes do ARC 858 e fabricação dos corpos de
prova. ................................................................................................................ 81
Figura 43 – Ensaio de tração com corpo de prova do adesivo ARC 858 com extensômetro
biaxial. ............................................................................................................... 81
Figura 44 - Esboço dos corpos de prova para os ensaios DCB e ENF. .................................. 82
Figura 45 – Ilustração do processo de colagem das juntas com ARC 858. ............................ 83
Figura 46 - Corpos de prova para ensaio DCB e dispositivo de fixação. Espessura adesiva: 0,4
mm. ................................................................................................................... 83
Figura 47 - Corpos de prova para ensaio DCB. Espessura adesiva: 1,5 mm. ......................... 84
Figura 48 - Ensaio DCB. Espessura adesiva de 0,4 mm. ....................................................... 84
Figura 49 - Corpos de prova do ensaio ENF com espessura adesiva de 1,5 mm. ................... 85
Figura 50 - Ensaio ENF com espessura adesiva de 0,4 mm. ................................................. 86
Figura 51 - Dimensões da JCS conforme ASTM D1002 (dimensões em mm). ..................... 87
Figura 52 – Junta de cisalhamento simples - largura constante. ............................................ 87
Figura 53 – Junta de cisalhamento simples - comprimento constante. ................................... 88
Figura 54 – Dimensões teóricas dos corpos de prova (caráter ilustrativo). ............................ 90
Figura 55 – Representação dos pontos de aplicação da força nas juntas L em diversas
configurações. ................................................................................................. 90
Figura 56 - Fabricação dos CP do grupo 1. ........................................................................... 92
Figura 57 - Fixação das juntas L para ensaio com carregamento combinado. ........................ 93
Figura 58 – Junta de sobreposição simples com partições. .................................................... 97
Figura 59 – Módulo Property - definição das propriedades dos materiais no Abaqus. ........... 98
Figura 60 - Módulo Property – definição do critério de ruptura e inserção das energias críticas
de fratura. ........................................................................................................ 98
Figura 61 - Criação de uma seção coesiva no Abaqus........................................................... 99
Figura 62 – Módulo Step – definição dos incrementos. ...................................................... 100
Figura 63 - Módulo Interaction – interligação do ponto de referência a base da junta L. ..... 101
Figura 64 - Condições de contorno da junta de cisalhamento simples. ................................ 101
Figura 65 - Módulo Load – condições de contorno. ............................................................ 102
Figura 66 - Módulo Mesh – ferramenta bias-ratio. .............................................................. 103
Figura 67 - Malhas dos elementos no Abaqus - JCS. .......................................................... 103
Figura 68 - Módulo Results – ferramenta combine. ............................................................ 104
Figura 69 - Bolha no corpo de prova rompido no ensaio de tração (CP-03). ....................... 105
Figura 70 - Curva força versus deslocamento para os CP do adesivo ARC 858 no ensaio de
tração. .............................................................................................................. 106
Figura 71 - Fluxograma com o sequenciamento de tarefas para aplicação do método CBBM
para cálculo de 𝑮𝑰𝒄 no ensaio DCB. ................................................................ 107
Figura 72 - Fluxograma com o sequenciamento de tarefas para aplicação do método CBBM
para cálculo de 𝑮𝑰𝑰𝒄 no ensaio ENF. ............................................................... 108
Figura 73 - Modos de ruptura do ensaio DCB: a) Ruptura adesiva (espessura adesiva 0,4 mm)
e b) Ruptura coesiva (espessura adesiva 1,5 mm). ............................................ 108
Figura 74 - Gráfico força versus deslocamento para os 4 corpos de prova do ensaio DCB com
espessura adesiva 1,5 mm. ............................................................................... 109
Figura 75 - Curva R - Ensaio DCB - CP2 – espessura adesiva = 0,4 mm. ........................... 109
Figura 76 - Gráfico força versus deslocamento para os 4 corpos de prova do ensaio ENF com
espessura adesiva 1,5 mm. ............................................................................. 111
Figura 77 - Curva R - Ensaio ENF – CP1 – espessura adesiva = 0,4 mm. ........................... 111
Figura 78 – Gráfico força versus deslocamento. Junta L7, grupo 1, braço da força 50 mm,
espessura adesiva 1,5 mm. ............................................................................. 114
Figura 79 – Gráfico força versus deslocamento. Junta L7, grupo 4, braço da força 50 mm,
espessura adesiva 1,5 mm. ............................................................................. 114
Figura 80 - Gráfico força versus deslocamento. Junta L, grupo 1, braço da força 100 mm,
espessura adesiva 1,5 mm. ............................................................................. 115
Figura 81 – Base dos corpos de prova rompidos. G1-F100 (superior) e G1-F50 (inferior),
espessura adesiva 1,5 mm. ............................................................................. 116
Figura 82 – Condições de contorno para as juntas de cisalhamento simples (grupo 1). ....... 118
Figura 83 - Gráfico força versus deslocamento para a junta de cisalhamento simples do G7
extraído do Abaqus. ....................................................................................... 119
Figura 84 – Distribuição das tensões nas juntas de cisalhamento simples do grupo 5. A legenda
indica os valores das tensões de Von Misses (S) em MPa. ............................. 119
Figura 85 - Início do processo de propagação da trinca. ..................................................... 120
Figura 86 - Condições de contorno para as juntas L (F50). ................................................. 121
Figura 87 - Gráfico força versus deslocamento para a junta L - grupo 1 (G1-F50) extraído do
Abaqus. Espessura adesiva 0,4 mm................................................................ 124
Figura 88 - Início da fratura na simulação numérica. Junta L - G2-F50. Espessura adesiva 0,4
mm. ............................................................................................................... 124
Figura 89 - Gráfico de barras comparando os valores experimentais e numéricos das JCS. . 127
Figura 90 - Início da ruptura nas juntas L. .......................................................................... 128
Figura 91 - Base dos corpos de prova rompidos para os grupos 1 e 2 (F50). Espessura adesiva:
1,5 mm. ......................................................................................................... 129
Figura 92 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L - F50 com
espessura 0,4 mm. ......................................................................................... 130
Figura 93 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L – F100 com
espessura 0,4 mm. ......................................................................................... 132
Figura 94 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L - F50 com
espessura 1,5 mm. ......................................................................................... 134
Figura 95 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L – F100 com
espessura 1,5 mm. ......................................................................................... 135
Figura 96 - Comparação entre as forças de rupturas experimentais dos grupos 1 a 6 – F50 com
diferentes espessuras adesivas. ......................................................................... 137
Figura 97 - Comparação entre as forças de rupturas experimentais dos grupos 1 a 6 – F100 com
diferentes espessuras adesivas. ......................................................................... 139
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Força na ruptura. ................................................................................................. 42


Tabela 2 - Comparação entre os grupos de mesma área. ....................................................... 43
Tabela 3 – Resultados do carregamento combinado – braço de momento 50 mm. ................ 44
Tabela 4 – Forças de ruptura (kN) para os diversos carregamentos nas juntas L. .................. 44
Tabela 5 - Análise da redução de força máxima da junta com carregamento fletor. .............. 45
Tabela 6 – Redução percentual das tensões máximas de juntas de sobreposição simples (JCS)
com diferentes geometrias de filetes de acabamento em relação a JCS sem filetes.
.......................................................................................................................... 48
Tabela 7 – Dados do adesivo ARC 858 ................................................................................ 79
Tabela 8 - Dimensões dos corpos de prova para o ensaio DCB. ............................................ 85
Tabela 9 – Dimensões dos corpos de prova para o ensaio ENF. ............................................ 86
Tabela 10 - Definição dos grupos de trabalho. ...................................................................... 88
Tabela 11 - Dimensões comerciais adotadas e grupos avaliados. .......................................... 89
Tabela 12 – Grupos de trabalho para os CP colados há cerca de 7 anos. ............................... 91
Tabela 13 - Propriedades macroscópicas do adesivo ARC 858. .......................................... 107
Tabela 14 - Resultados do ensaio DCB para o adesivo ARC 858. ....................................... 110
Tabela 15 - Valores resultantes da energia de fratura dos ensaios DCB. ............................. 110
Tabela 16 - Resultados do ensaio ENF para o adesivo ARC 858. ....................................... 112
Tabela 17 – Força de ruptura das juntas L7 coladas há cerca de sete anos. Espessura adesiva de
1,5 mm. ........................................................................................................... 113
Tabela 18 - Forças de ruptura das juntas L coladas recentemente (julho/2017). Espessura
adesiva: 1,5 mm. .............................................................................................. 116
Tabela 19 - Forças de ruptura numérica nas JCS com espessura adesiva de 0,4 mm. .......... 118
Tabela 20 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura adesiva
de 0,4 mm. Braço da força: 50 mm (F50). ........................................................ 121
Tabela 21 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura adesiva
de 1,5 mm. Braço da força: 50 mm (F50). ........................................................ 122
Tabela 22 – Forças de ruptura do G1-F50 para diferentes quantidades de elementos de malha.
........................................................................................................................ 122
Tabela 23 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura adesiva
de 0,4 mm. Braço da força: 100 mm (F100). .................................................... 123
Tabela 24 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura adesiva
de 1,5 mm. Braço da força: 100 mm (F100). .................................................. 123
Tabela 25 – Força de ruptura experimental e numérica para as JCS. ................................... 125
Tabela 26 – Diferenças experimentais e numéricas de grupos com mesma área colada nas JCS.
...................................................................................................................... 126
Tabela 27 - Diferença percentual entre os valores numéricos e experimentais das juntas L-F50,
com espessura adesiva 0,4 mm. ..................................................................... 130
Tabela 28 - Resultados numéricos e experimentais para as juntas L-F100, espessura de 0,4 mm.
...................................................................................................................... 131
Tabela 29 - Comparativo percentual de redução da força de ruptura para F50 e F100. Espessura
0,4 mm. ......................................................................................................... 132
Tabela 30 - Resultados numéricos e experimentais para as juntas L-F50, espessura de 1,5 mm.
...................................................................................................................... 133
Tabela 31 - Resultados numéricos e experimentais para as juntas L-F100, espessuras de 1,5
mm. ............................................................................................................... 134
Tabela 32 - Comparativo percentual de redução da força de ruptura para F50 e F100. ........ 136
Tabela 33 – Força de ruptura em JCC: junta antiga versus junta nova................................. 136
Tabela 34 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F50, com diferentes
espessuras adesivas. Dados experimentais. .................................................... 138
Tabela 35 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F50, com diferentes
espessuras adesivas. Dados numéricos. .......................................................... 138
Tabela 36 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F100, com diferentes
espessuras adesivas. Dados experimentais. .................................................... 140
Tabela 37 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F100, com diferentes
espessuras adesivas. Dados numéricos. .......................................................... 140
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileria de Normas Técnicas


ASTM American Society for Testing and Materials
CP Corpo de prova
Dp Desvio padrão
EF Elementos finitos
FPZ Zona de processo de fratura (fractureprocess zone)
GDL Graus de liberdade
ISO International Organization for Standardization
JCC Junta com carregamento combinado
JCS Junta de cisalhamento simples (single lap joint)
LAA Laboratório de adesão e aderência
MDC Modelo de dano coesivo
MEF Método dos elementos finitos
MEFL Mecânica da fratura elástica linear
PPR Park-Paulino-Roesler
UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFF Universidade Federal Fluminense
LISTA DE SÍMBOLOS

Caracteres romanos

a Comprimento da fenda
𝑎 Comprimento da fenda equivalente
𝑎 Comprimento inicial da fenda
A Amplitude da onda nas juntas onduladas
B Largura dos corpos de prova dos ensaios DCB e ENF
C Flexibilidade inicial
C Flexibilidade
C Flexibilidade inicial corrigida
C Flexibilidade corrigida
df Distância entre a área colada e o ponto de aplicação da força
dS Elemento infinitesimal de área
dV Elemento infinitesimal de volume
D Variável de dano
E Módulo de Young
E Matriz rigidez
E Módulo de flexão equivalente
E Módulo de elasticidade (modo I)
E Módulo de elasticidade (modo II)
E Módulo de elasticidade (modo III)
F Força
F Vetor de cargas
G Módulo de elasticidade ao cisalhamento
𝐺 Energia crítica de fratura modo normal (modo I)
𝐺 Energia crítica de fratura em modo cisalhante (modo II)
𝐺 Energia crítica de fratura em modo cisalhante (modo III)
𝐺 Energia de fratura no modo normal (modo I)
𝐺 Energia de fratura no modo de cisalhamento (modo II)
𝐺 Energia de fratura no modo de cisalhamento (modo III)
𝐺 Energia crítica total liberada até a ruptura
H Altura da junta de cisalhamento combinado
I Momento de inércia de área
k Fator de momento fletor
K Matriz das constantes do material
𝐿 Comprimento de sobreposição
L Comprimento dos CP no ensaio DCB ou metade no ensaio ENF
m Parâmetro característico dos materiais da junta colada
m’ Constante adimensional do modelo PPR
M Momento fletor
n Constante adimensional do modelo PPR
P Carga aplicada durante os ensaios destrutivos
𝑃 Carga máxima registrada durante o ensaio
P Força por unidade de largura
𝑡 Espessura do adesivo
𝑡 Espessura do aderente
𝑡 Tensão normal máxima em modo puro (modo I)
𝑡 Tensão de cisalhamentomáxima em modo puro (modo II)
𝑡 Tensão máxima em modo misto (modo III)
t Tensão nominal normal (modo I)
t Tensão nominal cisalhante (modo II)
t Tensão nominal cisalhante (modo III)
t Vetor tensão nominal
𝑇 Vetor de tensões coesivas nas interfaces da trinca
𝑇 Componente normal do vetor de tensões coesivas
𝑇 Componente tangencial do vetor de tensões coesivas
𝑇 Vetor das forças externas
U Energia de deformação
w Largura da junta adesiva
Caracteres gregos

α Constante dependente do tipo de critério energético


α’ Parâmetro responsável pela forma do amolecimento
β Constante dependente do tipo de critério energético
β’ Parâmetro responsável pela forma do amolecimento
γ Constante dependente do tipo de critério energético
ε Deformação normal
ε Deformação cisalhante (modo II)
ε Deformação cisalhante (modo III)
ε Deformação transversal
ε Deformação longitudinal
ε Matriz deformação
δ Deslocamento linear
δ Vetor deslocamento
𝛿 Deformação linear em modo puro (modo I) no início do dano
𝛿 Deformação linear em modo puro (modo II) no início do dano
𝛿 Deformação linear em modo misto no início do dano
𝛿 Máximo deslocamento em tração
𝛿 Máximo deslocamento em cisalhamento
𝛿 Máximo deslocamento em modo misto
𝛿 Deformação linear máxima em modo puro (modo I)
𝛿 Deformação linear máxima em modo puro (modo II)
𝛿 Deformação linear máxima em modo misto
𝛿𝜀 Deformações virtuais
𝛿𝑢 Deslocamento virtuais
𝛿𝛥 Abertura da trinca virtual
Γ Área externa
𝛤 Área da interface
𝛤 Constante de energia do modo normal
𝛤 Constante de energia do modo tangencial
Δ Fator de correção do comprimento da trinca
Δ Separação normal ao longo da superfície de fratura
Δ Separação tangencial ao longo da superfície de fratura
σ Tensões de Cauchy
𝜎 Tensão normal de ruptura
𝜎 Tensão normal ao longo do adesivo
𝜎 Tensão normal de descascamento
𝜏 Tensão máxima cisalhante
𝜏 Tensão cisalhante de ruptura
Ω Volume
𝜆 Indicador relacionado com a inclinação pós pico no modo I
𝜆 Indicador relacionado com a inclinação pós pico no modo II
ψ Potencial PPR
ν Módulo de Poisson
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 21
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................25
1.1 Adesivos estruturais............................................................................................. 25
1.1.1. Tipos de adesivos estruturais.................................................................................. 26
1.1.2. Determinação das propriedades dos adesivos........................................................ 27
1.2. Juntas coladas....................................................................................................... 28
1.2.1. Mecanismos de falha.............................................................................................. 31
1.2.2. Tipos de carregamento........................................................................................... 32
1.2.3. Configurações das juntas coladas........................................................................... 34
1.2.4. Principais fatores de influência na resistência de juntas coladas.......................... 36
1.2.4.1. Influência da geometria.......................................................................................... 37
1.2.4.1.1. Geometria dos substratos....................................................................................... 37
1.2.4.1.2. Espessura adesiva e comprimento de sobreposição............................................... 39
1.2.4.2. Filetes de adesivos.................................................................................................. 44
1.2.4.3. Tratamento superficial............................................................................................ 47
1.3. Métodos de previsão de resistência..................................................................... 48
1.3.1. Métodos analíticos.................................................................................................. 48
1.3.2. Métodos numéricos................................................................................................ 52
1.3.2.1. Descrição do método dos elementos finitos........................................................... 52
1.3.2.2. Abordagem da mecânica contínua......................................................................... 55
1.3.2.3. Abordagem da mecânica da fratura........................................................................ 56
1.3.2.4. Abordagem da mecânica do dano.......................................................................... 57
1.3.3. Modelos de dano coesivo ...................................................................................... 58
1.3.3.1. Início do dano......................................................................................................... 63
1.3.3.2. Evolução do dano................................................................................................... 64
1.3.3.2.1. Evolução baseada no deslocamento efetivo........................................................... 65
1.3.3.2.2. Evolução baseada em critérios energéticos............................................................ 65
1.4. Ensaios para determinação da tenacidade a fratura........................................ 66
1.4.1. Modo puro I............................................................................................................ 67
1.4.2. Modo puro II.......................................................................................................... 72
1.4.3. Modo misto (I + II)................................................................................................. 74
2 METODOLOGIA................................................................................................ 75
2.1. Trabalho experimental........................................................................................ 75
2.1.1. Adesivo ARC 858.................................................................................................. 75
2.1.1.1. Propriedades Macroscópicas.................................................................................. 76
2.1.1.2. Propriedades coesivas............................................................................................ 78
2.1.2. Juntas de cisalhamento simples.............................................................................. 82
2.1.3. Juntas com carregamento combinado.................................................................... 84
2.2. Simulação numérica............................................................................................. 88
3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÉRICOS................................... 96
3.1. Experimentos........................................................................................................ 96
3.1.1. Adesivo ARC 858.................................................................................................. 96
3.1.2. Junta de cisalhamento simples............................................................................. 102
3.1.3. Junta com carregamento combinado.................................................................... 103
3.2. Simulação Numérica.......................................................................................... 108
3.2.1. Junta de cisalhamento simples............................................................................. 108
3.2.2. Junta de carregamento combinado....................................................................... 111
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS....................................................................... 115
4.1. Junta de cisalhamento simples ......................................................................... 115
4.2. Junta de carregamento combinado.................................................................. 117
4.2.1. Tipos de fraturas................................................................................................... 117
4.2.2. Juntas com mesma espessura e pontos de aplicação da força diferentes ............ 119
4.2.2.1. Espessura adesiva 0,4 mm.................................................................................... 119
4.2.2.2. Espessura adesiva 1,5 mm.................................................................................... 122
4.2.3. Juntas antigas versus juntas novas ...................................................................... 125
4.2.4. Juntas com espessuras diferentes e mesmos pontos de aplicação da força ......... 126
CONCLUSÕES.................................................................................................. 130
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................ 132
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 133
APÊNDICE A – Curvas R – Ensaios DCB ....................................................... 139
APÊNDICE B – Curvas R – Ensaios ENF ........................................................ 143
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INTRODUÇÃO

Contextualização

A utilização de adesivos estruturais vem obtendo cada dia mais importância nas uniões
entre diferentes tipos de materiais. As juntas coladas, que são as uniões de materiais através de
adesivos, são projetadas para obtenção de elevada resistência ao cisalhamento, oferecendo
diversas vantagens em relação aos meios convencionais de uniões, tais como parafusos, rebites
e soldas (SAMPAIO, 1998). A distribuição mais uniforme das tensões, redução do peso da
estrutura e elevada resistência a fadiga são algumas das vantagens obtidas por esse meio de
ligação. Apesar de apresentar também algumas desvantagens, como a impossibilidade de
desmontagem e condições de temperaturas limitadas, as juntas coladas possuem áreas de
aplicações abrangentes, sendo utilizadas de maneira significativa na indústria aeronáutica,
construção civil, indústria petrolífera, etc.
A resistência das juntas coladas depende de diversos fatores: materiais e espessuras dos
adesivo e substratos, geometria da junta, comprimento de sobreposição, dentre outros. Devido
a essa complexidade associada às juntas coladas, a previsão do seu comportamento não é trivial,
dessa forma, obter modelos de previsão da resistência de juntas coladas não é uma tarefa
simples. Como resultado da falta de modelos que permitam prever com rigor a resistência das
juntas, diversos projetistas não confiam no seu desempenho, e assim, além das juntas coladas,
adicionam rebites ou parafusos nas estruturas. Consequentemente, a estrutura final, além de ter
um custo adicional, fica em muitos casos superdimensionada, além de ter o peso adicional dos
fixadores mecânicos e mais pontos de concentração de tensões.
Para a resolução de problemas complexos de engenharia, tais como a previsão da
resistência de juntas coladas, a modelagem computacional tem se tornado cada dia mais
importante. Sendo uma área de investigação científica interdisciplinar, a modelagem
computacional engloba pelo menos dois pressupostos para o estudo de determinados assuntos:
descrição dos problemas avaliados usando-se linguagem e modelos matemáticos, e que sejam
resolvidos numericamente com o auxílio de um computador (PLATT et al., 2010).
O método dos elementos finitos (MEF) é uma ferramenta computacional aplicável a
diversas áreas, que auxilia o engenheiro desde a fase de projeto. Trata-se de um método
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aproximado de cálculo de sistemas contínuos, onde o corpo contínuo é discretizado, sendo


subdividido em um número finito de partes (ALVES FILHO, 2000).
Diversas instituições em vários países aplicam o MEF ao estudo das juntas coladas
buscando prever sua resistência. O modelo de dano coesivo (MDC), associado aos elementos
finitos, tem sido muito utilizado com esse objetivo, permitindo a simulação do crescimento do
dano considerando princípios de energia (CAMPILHO et al., 2013). A dificuldade da
determinação das propriedades da interface da junta colada, que são diferentes daquelas dos
substratos e do adesivo, é uma das principais dificuldades na modelagem de uniões adesivas.
Assim, para aplicação do MDC associado ao MEF, são necessárias as medições das
propriedades coesivas, caracterizando as energias liberadas no início da propagação das trincas
nas direções normais e de cisalhamento (𝐺 e𝐺 , respectivamente). Além da dificuldade no
tratamento de dados desses ensaios, alguns métodos necessitam da medição da propagação da
trinca durante aplicação dos esforços, o que na prática é difícil de obter.
Poder prever os esforços da estrutura projetada em diversos pontos, possibilitando
modificar o material a ser instalado ou reforçá-lo, ou ainda modificar o arranjo ou geometria
dos perfis antes da montagem são algumas das vantagens em se utilizar o MEF, possibilitando
a solução de problemas de maneira mais rentável, prática e segura. No entanto, a confiabilidade
dos resultados está relacionada a concordância dos resultados numéricos das simulações com
os resultados experimentais obtidos em laboratórios.

Objetivos

A presente dissertação tem como objetivo principal a modelagem computacional do


comportamento mecânico das juntas de aço carbono coladas com adesivo estrutural e a
comparação dos resultados numéricos com os experimentais. Alguns resultados experimentais
foram obtidos anteriormente em ensaios realizados no LAA, e outros foram realizados nesta
dissertação para comparação com a modelagem numérica.
Os experimentos realizados foram divididos em três grupos: juntas de cisalhamento
simples; juntas de carregamento combinado e juntas para o levantamento de propriedades.
24

Essa dissertação tem como objetivos específicos:

- Realizar experimentos para medição das propriedades mecânicas do adesivo


estrutural ARC 858 com substratos de aço carbono.
- Realizar os ensaios DCB (double cantilever beam) e ENF (end notched flexure)
para determinação das energias críticas de fratura do adesivo estrutural ARC
858 com substratos de aço carbono, possibilitando, assim, a modelagem
computacional das juntas utilizando o MEF.
- Executar novos ensaios em juntas com carregamento combinado coladas há
cerca de 7 anos, considerando a variação da espessura dos adesivos.
- Fabricar novas juntas com carregamento combinado com as mesmas
configurações daquelas coladas há cerca de 7 anos, avaliando a possível perda
de resistência com o tempo.
- Executar a modelagem computacional das juntas de cisalhamento simples e
juntas de carregamento combinado para as configurações avaliadas
experimentalmente utilizando o MEF.
- Comparar e avaliar os resultados da modelagem numérica com os
experimentos, investigando as possíveis convergências e divergências.

Os trabalhos numéricos foram realizados utilizando o programa de elementos finitos


ABAQUS. Esse software comercial foi escolhido por possuir módulo integrado com o MDC, e
ser amplamente utilizado em pesquisas com juntas coladas em diversos trabalhos científicos,
como aqueles das referências (RIBEIRO, 2012; ASHRAFI et al., 2012; CAMPILHO et al.,
2013; AZEVEDO, 2014; ARAÚJO, 2016).
O trabalho experimental envolveu a fabricação de corpos de prova (CP) e realização de
ensaios experimentais para obtenção da resistência das juntas, em especial a força de ruptura
para cada arranjo.

Estrutura da dissertação

A presente dissertação foi dividida em cinco capítulos.


25

No primeiro capítulo é feita uma introdução sobre os principais temas abordados no


trabalho, além de apresentar os objetivos da dissertação.
No segundo capítulo a revisão bibliográfica é feita, sendo descritos os adesivos
estruturais e as juntas coladas com os seus respectivos tipos de carregamentos e configurações.
Os principais fatores de influência na resistência das juntas coladas também são abordados. São
descritos métodos analíticos e numéricos utilizados na análise de juntas coladas. As diversas
abordagens utilizadas nos métodos numéricos são investigadas, com foco na mecânica do dano,
sendo detalhado os conceitos do modelo de dano coesivo. São também descritos alguns métodos
para medição das propriedades coesivas dos adesivos.
O terceiro capítulo descreve a metodologia do trabalho, sendo detalhado inicialmente
os trabalhos experimentais, que além dos experimentos realizados por outros autores, inclui os
experimentos feitos para essa dissertação, tanto para medição das propriedades coesivas, tanto
para verificação da resistência das juntas coladas. Na segunda parte do capítulo é feita uma
descrição do método utilizado na modelagem das juntas coladas.
No quarto capítulo são apresentados os resultados experimentais e numéricos, sendo
descritas as dimensões dos corpos de prova utilizados, as propriedades dos materiais envolvidos
(aço carbono e adesivo ARC 858) e as normas envolvidas. Para apresentação dos resultados são
utilizados gráficos e tabelas.
No quinto capítulo é feita a análise dos resultados obtidos, sendo os resultados
numéricos e experimentais comparados.
Por fim, no sexto capítulo, as conclusões da dissertação são apresentadas, sendo também
dadas sugestões para trabalhos futuros.
26

1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Adesivos estruturais

O adesivo é um material que possui propriedades para unir a superfície de dois materiais
sólidos. Considerados polímeros termofixos rígidos ou elastoméricos, os adesivos estruturais
são formados pela reação química de dois componentes que apresentam elevada resistência
mecânica e química (QUINI, 2011). Portanto, para que aconteça a união, ocorrem dois tipos de
mecanismos de ligação: mecânico e químico. O mecânico é caracterizado por uma efetiva
penetração do adesivo no interior dos poros e fendas superficiais, ou seja, depende da
rugosidade da superfície. O mecanismo químico após a polimerização envolve forças
intermoleculares entre o adesivo e aderente, podendo ser forças covalentes ou de van der Waals.
Além de unir as superfícies, os adesivos também podem funcionar também como vedantes,
minimizando os efeitos corrosivos em montagens mecânicas. Fundamentalmente, um adesivo
deve distribuir as cargas e tensões sobre a área de sobreposição da junta, possibilitando uma
distribuição mais uniforme das tensões em comparação com outros métodos de fixação como
os rebites (CALLISTER, 2007).
Diante de um mercado cada vez mais competitivo, é essencial a utilização de estruturas
complexas formadas por diferentes materiais com objetivo de obter a combinação desejada de
propriedades para aplicações particulares. Os adesivos são utilizados na colagem de uma grande
variedade de materiais, incluindo madeira, metais e compósitos. Dentre suas vantagens frente
a outros processos de junção, se destacam a não ocorrência de furos (como ocorre com rebites
e parafusos), diminuição do peso da estrutura e a melhor distribuição de tensão sobre a estrutura.
Em processos de soldagem, por exemplo, as superfícies são permanentemente alteradas pelas
tensões térmicas, enquanto nas juntas adesivas as tensões são dissipadas sobre toda a estrutura
sem criar tensões locais (COGNARD, 2005).
Os adesivos, de maneira geral, podem ser classificados como sintéticos (feitos pelo
homem) ou naturais. A utilização das resinas sintéticas propiciou o desenvolvimento de
adesivos mais resistentes, duradouros e versáteis na colagem de superfícies (CALLISTER,
2007). Os adesivos estruturais se caracterizam pela utilização em aplicações permanentes, onde
há a necessidade de elevada resistência (DA SILVA, 2007). Os adesivos utilizados em
construção mecânica são da família dos polímeros, caracterizados por uma longa cadeia de
27

átomos ligados entre si por ligações covalentes. Portanto, os adesivos sintéticos são decorrentes
de reações de polimerização, intervendo nessas reações outros componentes como os agentes
de cura (endurecedores), os catalizadores e os solventes (MONTEIRO, 1995).

1.1.1. Tipos de adesivos estruturais

Os principais tipos de adesivos estruturais incluem:


 Epóxis
 Fenólicos
 Uretanos
 Metacrilatos
 Silicones

Um dos principais adesivos estruturais são os epóxis, os quais estão destacados nesse
trabalho, possuindo larga utilização em diversos ramos da engenharia, tais como na indústria
aeronáutica e automotiva. São considerados versáteis, pois aderem bem a diversos substratos,
além de possuírem boa resistência química e mecânica, formando ligações fortes e duráveis
com diversos materiais (AZEVEDO, 2014). Tipicamente, esses adesivos possuem diversos
componentes químicos, que são essenciais para que ocorram reações químicas com
catalizadores, diluentes reativos e solventes. Todos esses aditivos têm considerável efeito nas
propriedades do adesivo resultante antes, durante e depois do processo de cura (COGNARD,
2005).
Nos adesivos epóxis que possuem dois componentes, a reação de cura é exotérmica,
podendo ocorrer a 5ºC, com possibilidade de ser acelerada com a ação da temperatura. De
maneira geral, o aumento na temperatura conduz a menores tempos de cura. Não é necessária
aplicação de pressão no processo de cura, pois não há liberação de água ou outros produtos
voláteis durante a reação de cura (MONTEIRO, 1995). Caso necessário, suas propriedades
podem ser modificadas através da adição de outras resinas (poliamida, fenólicos, vinílicos, etc.),
ou elastômero (AZEVEDO, 2014) (DA SILVA, 2007).
Os adesivos fenólicos foram os primeiros disponibilizados para colagem de metais. Para
evitar o aparecimento de vazios na zona de colagem, esses adesivos exigem superfícies de
colagem porosas ou aplicação de elevada pressão, pois há liberação de água no processo de
28

cura. Em geral, possuem baixo custo, boa resistência mecânica e boa resistência a altas
temperaturas (DA SILVA, 2007).
Os adesivos uretânicos destacam-se pela alta aderência em diferentes tipos de
substratos, além de boas propriedades como baixa contração. É essencial realizar um tratamento
superficial adequado para o alcance de uma boa adesão (QUINI, 2011; PASSOS, 2016).
Outras classes de adesivos estruturais podem ser encontradas nas referências Cognard
(2005) e da Silva (2007).

1.1.2. Determinação das propriedades dos adesivos

Na análise de tensões e deformações de juntas coladas, tanto em métodos analíticos


como numéricos, o conhecimento das propriedades mecânicas e da fratura dos adesivos são
essenciais para avaliação da resistência mecânica. Para os adesivos com comportamento linear
(tensão versus deformação), são necessários o módulo de Young (E), o módulo de elasticidade
ao cisalhamento (G), o coeficiente de Poisson (ν), as tensões de ruptura normal (𝑡 ) e de
cisalhamento (𝑡 ), além das energias liberadas no início do processo de fratura. Para materiais
isotrópicos com comportamento linear, caso dos adesivos epóxis, pode-se calcular o módulo de
elasticidade ao cisalhamento (G) com os valores de E e ν, através da relação:

𝐺= (1.1)
( )

Para realização dos ensaios de tração devem ser preparados corpos de prova (CP), cujas
dimensões são definidas pela norma EN ISO 527-2, ou ainda pela norma ASTM D 638-03. O
ensaio consiste em aplicar uma carga longitudinal ao CP até a ocorrência da fratura, registrando-
se os dados em uma curva tensão x deformação, onde a inclinação da curva define o módulo de
Young (E). A tensão normal máxima (ruptura) corresponderá ao ponto em que a força aplicada
atinge valor máximo. As deformações são medias utilizando-se transdutores conectados nos
CP, podendo ser utilizada a técnica de medição sem contato (AZEVEDO, 2014).
Para medição do coeficiente de Poisson, deve-se medir os deslocamentos transversais
(𝜀 ) e longitudinais (𝜀 ), sendo válida a seguinte equação:
29

𝜈=− (1.2)

1.2. Juntas coladas

O desenvolvimento da engenharia vem exigindo produtos cada dia mais resistentes e


com características mais adequadas as suas aplicações. As juntas coladas vêm tendo crescente
aplicação em diversas áreas da engenharia. A indústria aeronáutica é a principal responsável
pelo desenvolvimento das uniões adesivas, utilizando a colagem de materiais de madeira desde
o período entre 1910 e 1920. No período da segunda guerra mundial já utilizavam alumínio, e
na década de 1980 materiais compósitos (COGNARD, 2005). Esse desenvolvimento propiciou
o estudo de soluções para gerar adesivos mais resistentes, permitindo também a ligação de
materiais metálicos com madeira, resultando em uma estrutura mais leve. As uniões adesivas
também têm gerado soluções inovadoras para industrias automotivas, proporcionando carros
mais leves, com melhor distribuição de cargas, e ainda com melhor resistência a corrosão
(ROSIOARÃ, 2015). O carro Lexus IS, lançado em 2012, possui cerca de 100 metros de
adesivos estruturais, em diversas partes do carro (figura 1). Além da redução de peso, fatores
como resistência a fadiga e diminuição das concentrações de tensões estão entre os fatores mais
atrativos para sua aplicação.

Figura 1 - Adesivos estruturais utilizados no carro Lexus IS

Fonte: ROSIOARĂ, 2015.

Uma junta colada, também chamada de junta adesiva, ou ainda união adesiva, consiste
na união de duas superfícies, utilizando, para isso, um material que deve aderir as superfícies a
30

serem unidas. As superfícies são denominadas substratos, que podem ser ou não do mesmo
material. O material inserido entre os substratos, responsável por aderir suas superfícies, é
denominado adesivo. Da Silva (2007) define adesivo como um material polimérico que quando
aplicado em superfícies pode ligá-las e resistir à sua separação.
Queiroz (2013) investigou o comportamento das juntas de cisalhamento simples
submetidas a fluência. Os resultados mostraram que apenas o conhecimento das tensões médias
de ruptura das juntas coladas não são suficientes para garantir a confiabilidade da junta quando
submetidas a fluência. O autor concluiu que até mesmo juntas coladas a temperatura ambiente
(em torno de 20°) são susceptíveis a fluência. Adicionalmente, um modelo foi proposto para
juntas coladas submetidas a fluência, havendo necessidade de que cada adesivo seja ensaiado
em fluência e os dados experimentais sejam utilizados no ajuste das equações do modelo.
Um aspecto interessante das juntas coladas é a existência do fator forma, ou seja, áreas
iguais, porém com dimensões lineares diferentes conduzem a tensões de rupturas diferentes. Da
Silva (2015), estudou o fator forma de área em reparo com chapa colada em tubulações com
furo. O autor verificou a alta influência na resistência do reparo com o aumento da área da
chapa, porém não observou fator forma para esse caso específico. Já Da Silva (2010a) verificou
a existência do fator forma nas juntas de cisalhamento simples, concluindo através dos
experimentos que para uma mesma área colada, é preferível uma maior largura ao invés de
maior comprimento de sobreposição.
O efeito da temperatura na resistência das juntas de cisalhamento simples foi estudado
por Osanai (2011), que utilizou nos experimentos o adesivo estrutural ARC 858 trabalhando na
faixa de temperatura entre 21°C e 70°C. O autor concluiu que as maiores perdas de resistência
ao cisalhamento ocorreram na faixa de 30°C a 50°C, sendo que a partir de 40°C as perdas de
resistência são superiores a 50%.
A atração entre os substratos e adesivos é denominada de adesão. Esse conceito é
diferente da coesão, que envolve forças intermoleculares internas a uma mesma substância.
A descrição das propriedades dos adesivos e aderentes separadamente pode ser feita
através de ensaios mecânicos normalizados, sem maiores dificuldades. Porém, a junta colada
traz uma particularidade muito importante, a interfase (figura 2), conceito que difere da
interface. A interfase é a região entre o adesivo e o substrato (espessura finita), enquanto a
interface é apenas o plano de contato entre o substrato e o adesivo (espessura infinitesimal) (DA
SILVA, 2007). A resistência dos esforços mecânicos nas juntas coladas é resistida pela interfase
(SAMPAIO, 1998). Saber descrever a interfase de juntas adesivas é um dos grandes desafios
da ciência dos materiais, pois as propriedades desta são distintas das propriedades dos substratos
31

e dos adesivos. Diversas áreas do conhecimento estão inseridas nesse contexto, o que geram
algumas dificuldades no desenvolvimento de modelos para descrição das juntas coladas
(SAMPAIO, 1998).

Figura 2 - Junta adesiva

Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2007.

Devida a dificuldade associada a previsão da resistência das juntas, dependente de


fatores de difícil controle, como tratamento superficial, umidade, etc., alguns projetistas ainda
utilizam juntas aparafusadas ou rebitadas juntamente com juntas coladas, havendo em alguns
casos fixadores não necessários a segurança do projeto, gerando aumento no peso da estrutura,
concentrações de tensões, além de acréscimo nos custos na compra dos materiais e instalação.
Diante desse quadro, o aprimoramento dos métodos de previsão de resistência de juntas
coladas tem grande relevância, sendo essencial a realização de experimentos que comprovem a
validade dos métodos, além de uma análise numérica, normalmente utilizando o MEF.
Dentre as principais vantagens da utilização de juntas coladas se destacam:

 Une materiais diferentes sem permitir contato entre eles. Em outros casos
poderia ocorrer corrosão galvânica;
 Distribuem os esforços de maneira mais uniforme do que a junção com
fixadores mecânicos, reduzindo-se assim as concentrações de tensão;
 Alta capacidade de amortecer vibrações devido à natureza visco elástico dos
adesivos;
 Boa resistência a fadiga;
 Boa resistência a corrosão;
 Além de possuir boa vedação, impede a entrada de umidade e detritos;
 Reduz o peso da estrutura;
32

 Permitem uniões com diversas geometrias dos substratos.

As principais desvantagens da utilização de juntas adesivas são:

 Os substratos geralmente necessitam de tratamento superficial;


 Os tempos de cura dos adesivos podem ser elevados;
 Baixa resistência ao fogo e a altas temperaturas;
 Difícil inspeção para verificação da qualidade da junta;

1.2.1. Mecanismos de falha

As falhas nas juntas coladas podem ser classificadas como adesivas (ocorrem na
interface) ou coesivas, que são internas ao material, podendo ocorrer tanto no adesivo como no
aderente (SAMPAIO, 1998). Uma junta colada é considerada satisfatória quando a falha que
ocorre devido ao carregamento é predominantemente coesiva, o que indica uma junta com boa
união entre o substrato e adesivo.

Figura 3 - Exemplos de falhas coesivas e adesivas

Fonte: PAIS NETO, 2011.

Apesar da causa exata de uma falha prematura ser de difícil determinação


(D’ALMEIDA, 1994), diversos estudos mostraram que os principais fatores da falha prematura
são decorrentes da falta de compatibilidade química entre o adesivo e o aderente, ou seja, o
adesivo não molha completamente a superfície do substrato (SAMPAIO, 1998).
33

1.2.2. Tipos de carregamento

Os modos de carregamento principais de uniões adesivas, conforme ilustrados na figura


4, são: cisalhamento (corte), tração, compressão, arrancamento e clivagem.

Figura 4 - Tipos de esforços em juntas adesivas

Fonte: Adaptado de SOARES, 2015.

As tensões de tração se caracterizam por ter carregamento perpendicular ao plano da


junta, devendo os substratos estarem paralelos, sendo afastados por forças normais. Na prática,
dificilmente a espessura do adesivo se mantém constante em todo comprimento, e as forças
dificilmente são totalmente axiais. As tensões de compressão possuem a força aplicada no
sentido oposto ao de tração, sendo que o rompimento de uma junta exclusivamente devido a
compressão dificilmente ocorrerá (BUENO, 2002; RIBEIRO 2012).
As tensões de cisalhamento estão entre as mais importantes do universo das juntas
coladas, Além de serem de fácil fabricação, possuem boa resistência aos esforços de
cisalhamento, sendo sempre recomendada para colar substratos submetidos a esforços no modo
cisalhante, quando se deseja um aumento da resistência (COGNARD, 2005; OLIVA, 2016).
Os esforços tipo clivagem e o arrancamento são considerados como a principal
deficiência das juntas adesivas. A tensão de clivagem é caracterizada pelas tensões que se
desenvolvem quando os substratos são separados por forças que atuam na extremidade da junta
colada. De maneira semelhante, a tensão de arrancamento ocorre quando um ou ambos os
substratos são flexíveis. Nesses carregamentos, a resistência é consideravelmente menor do que
34

por exemplo nas juntas de cisalhamento. Isso ocorre porque a tensão fica concentrada em uma
área muito pequena, enquanto na junta de cisalhamento há uma maior distribuição na área
colada (DA SILVA, 2007; SOARES, 2015).
De maneira geral, as cargas ocorrem através de combinações desses esforços. A figura
5 ilustra algumas possibilidades de suportes para tubulações, considerando a utilização de
outras formas de junção. Caso fosse utilizada juntas coladas verifica-se claramente a existência
de um carregamento complexo, existindo tensões de tração, além das tensões de cisalhamento.

Figura 5 - Suportes para tubulação

Fonte: DA SILVA, 2010a.

1.2.3. Configurações das juntas coladas

A junta de cisalhamento simples (JCS) (single lap joint), também chamada de junta de
sobreposição simples, é a mais comum dentre os tipos de juntas coladas. A tensão de corte é
obtida através da razão entre a força aplicada (F) e a área colada. Na figura 6 também estão
representadas o comprimento de sobreposição (𝐿 ), a espessura do adesivo (𝑡 ), espessura do
substrato (𝑡 ), além da largura da junta (w).
35

Figura 6 - Juntas de cisalhamento simples

Fonte: DA SILVA, 2010a.

No trabalho de (Campilho et al., 2013) juntas de cisalhamento simples (JCS) com


substratos de materiais compósitos com fibras de carbono, coladas com o adesivo araldite2015
foram estudadas. O comprimento de sobreposição (Lo) foi variado de 10 a 80 mm, observando-
se nas análises numéricas das diversas configurações picos de tensão nas extremidades (tração).
Verificou-se também tensões compressivas na vizinhança, as quais são suavizadas quando o
comprimento de sobreposição diminui. A simulação de juntas coladas utilizando elementos
finitos tem a vantagens de possibilitar o estudo das distribuições de tensões de corte e normais
ao longo do comprimento de sobreposição das juntas de cisalhamento simples.
As concentrações de tensões podem ser suavizadas de diversas formas. Uma das
possibilidades é a utilização de adesivos mais flexíveis (SOARES, 2015). Pode-se também
utilizar filetes ou ainda, modificar a geometria da junta, conforme será visto no item 1.2.4 dessa
dissertação.
Diversas outras configurações podem ser aplicadas nas juntas coladas, conforme figura
7. O projeto de uniões adesivas deverá prever os pontos de concentrações de tensões, e buscar
minimizar esse gradiente através da definição do tipo de carregamento das juntas. Essas
concentrações de tensões ocorrem nas extremidades da camada adesiva, e nos pontos de
descontinuidade geométrica.
36

Figura 7 - Tipos de juntas coladas mais comuns

Fonte: RIBEIRO, 2012.

O estudo experimental e numérico de duas alterações na geometria das juntas de


sobreposição simples foi feito por Ribeiro (2012). Foram estudados os efeitos das resistências
das juntas quando a geometria dos substratos na extremidade foi alterada através de rasgos de
comprimento 𝐿 e espessura 𝑡 (condição 1), e também quando a geometria do substrato no
meio da sobreposição foi modificada (condição 2), conforme figura 8, onde 𝑡 , 𝑡 são as
espessuras do substrato e adesivo, respectivamente, e 𝐿 o comprimento de sobreposição da
junta. Foram testados quatro comprimentos de sobreposição (15, 30, 45 e 60 mm), obtendo
como resultados um aumento na resistência das juntas coladas, em ambas condições. Na
condição 1, o maior aumento (em relação a junta de cisalhamento simples) ocorreu para a junta
com comprimento de sobreposição de 45 mm, tendo um aumento de 21,2%. Para a condição 2
obteve-se um aumento de resistência de 42%, também ocorrendo para um comprimento de
sobreposição de 45 mm.

Figura 8 - Detalhe da junta de sobreposição simples com alteração geométrica

Legenda: Substratos: (a) - nas condições 1; (b) - condição 2.


Fonte: RIBEIRO, 2012.
37

1.2.4. Principais fatores de influência na resistência de juntas coladas

Prever a resistência mecânica de uma junta colada não é uma tarefa simples, pois existem
diversos fatores de influência, alguns deles de difícil controle e inspeção. Adicionalmente, nas
juntas coladas existem regiões com altos gradientes de tensão, além de contornos com possíveis
singularidades. Da Silva (2007) destaca como principais fatores de influência as propriedades
mecânicas dos materiais envolvidos, as características geométricas da junta e os efeitos
térmicos. Soma-se a estes fatores o tratamento superficial (SAMPAIO, 1998), cuja avaliação é
dependente da rugosidade da superfície, além da compatibilidade química entre substrato e
adesivo. As propriedades mecânicas das juntas consideram tanto as propriedades dos adesivos,
como dos aderentes. Com relação a geometria, além dos exemplos de rasgos no substrato e
filetes nos adesivos já citados, se destacam a espessura do adesivo, além do comprimento de
sobreposição da junta. O efeito térmico está relacionado a diferença dos coeficientes de
expansão térmica dos materiais a serem unidos, além das mudanças nas propriedades dos
materiais com a variação de temperatura. O tratamento superficial visa obter uma interligação
mecânica mais resistente, além de maior compatibilidade química entre os materiais
(SAMPAIO, 1998), buscando propiciar na junta uma ruptura coesiva, no adesivo ou substrato
(CARBAS, 2008).
Diversos estudos têm sido feitos por pesquisadores em muitos países visando avaliar os
diversos fatores de influência na resistência das juntas coladas. Aqui são descritos com mais
detalhes os fatores relacionados as mudanças geométricas, filetes nos adesivos e a influência
do tratamento superficial.

1.2.4.1. Influência da geometria

A geometria das juntas coladas pode ser alterada de diversas formas, visando sempre
uma melhoria na resistência mecânica. Dentre as principais técnicas destacam-se a modificação
da própria geometria dos substratos, variação no comprimento de sobreposição, variação na
espessura adesiva e utilização de filetes nos adesivos.
38

1.2.4.1.1. Geometria dos substratos

A geometria dos substratos é alterada com o intuito de aliviar as concentrações de


tensões nas extremidades da sobreposição das juntas. A figura 9 mostra algumas alterações
possíveis. Ikegami (1990) estudou as juntas com chanfros internos, concluindo que sua
utilização diminui as concentrações de tensões quando comparadas com as juntas de
cisalhamento simples.

Figura 9 - Juntas de sobreposição

Legenda: (a) - em chanfro externo; (b) - com chanfro interno; (c) - em degraus.
Fonte: DA SILVA, 2007.

O estudo de interfaces não planas (onduladas) foi realizado por (ÁVILA, 2004), que
descreveu as vantagens e desvantagens dessa configuração através de uma análise estatística.
Uma análise numérica utilizando elementos finitos também foi realizada para avaliar a
distribuição de tensões ao longo de comprimento de sobreposição da junta. Os resultados
mostraram uma média de crescimento da carga de falha de 41%, comparando-se a junta
ondulada com uma junta de cisalhamento simples. A análise com elementos finitos demonstrou
a existência de tensões cisalhantes e compressivas no centro da junta.
Esse tipo de geometria também foi estudado por (ASHRAFI et al., 2012), que avaliou
os resultados experimentais e numéricos de juntas onduladas em duas configurações,
comparando-as com a junta de cisalhamento simples. O resultado para uma das configurações
apresentou maior resistência ao cisalhamento, conforme figura 10, onde A é a amplitude da
onda, e 𝑡 é a espessura do substrato. Os resultados da simulação utilizando elementos finitos
sugere que a falha dos corpos de prova ocorre principalmente devido as tensões de
arrancamento.
39

Figura 10 - Curva força x deslocamento uniaxial


de juntas adesivas com diferentes
geometrias na interface

Fonte: ASHRAFI et al., 2012.

1.2.4.1.2. Espessura adesiva e comprimento de sobreposição

A espessura do adesivo (ta) na junta colada tem considerável influência na resistência


mecânica da junta, conforme comprovado por diversos estudos experimentais e numéricos.
Normalmente as espessuras utilizadas estão no intervalo entre 0,1 e 0,5 mm, embora na maioria
das aplicações seja recomendado pelos fabricantes espessuras de 0,1 a 0,2 mm (DA SILVA,
2007). Normalmente os estudos que envolvem variação das camadas adesivas também
consideram variações no comprimento de sobreposição (Lo), buscando-se uma configuração
com espessura e comprimento de sobreposição ideais.
Crocombe (1989) mostrou que o rompimento completo do adesivo em juntas de
cisalhamento simples ocorre prematuramente em juntas mais espessas, concluindo que uma
análise não linear é de fundamental importância no estudo da influência da espessura dos
adesivos na resistência das juntas, principalmente nos adesivos dúcteis, já que a ruptura em
adesivos frágeis normalmente ocorre antes da plastificação completa. A distribuição de tensão
para JCS com diferentes espessuras adesivas está mostrada na figura 11.
40

Figura 11 - Distribuição das tensões de


cisalhamento no adesivo para juntas
de cisalhamento simples com
diferentes valores de espessura

Fonte: NASCIMENTO, 2013.

O trabalho de Nassar (2012) estudou a influência da espessura adesiva e do comprimento


de sobreposição em juntas coladas com substratos de compósito (vidro com resina epóxi) e
adesivo epóxi, além de avaliar a plasticidade do adesivo. O autor concluiu que a influência na
distribuição de tensões relacionada a Lo são significativas em locais distantes do centro de Lo,
onde o aumento do comprimento de sobreposição resulta em aumento das tensões nas
extremidades. Os resultados da variação da espessura adesiva para o comprimento de
sobreposição de 2,5 pol (63,5 mm) também mostraram influências relevantes próximos as zonas
de descontinuidade, ocorrendo menores tensões (menor resistência) para maiores espessuras
adesivas. Adicionalmente, o aumento das deformações plásticas nos adesivos conduz a uma
distribuição de tensão significativamente mais uniforme (exceto próximo as descontinuidades
da junta). A deformação plástica também reduz a diferença entre os valores máximos e mínimos
das tensões.
O efeito da variação do comprimento de sobreposição e espessura adesiva em juntas
coladas também foi estudo por Nascimento (2013), utilizando para isso substratos de materiais
compósitos e adesivos SikaForce® 7888 (poliuretano) e XNR6852 (epóxi). Além da análise
experimental, também foi feita uma análise numérica utilizando elementos finitos. A avaliação
da resistência para diferentes espessuras para o adesivo SikaForce® 7888 mostrou que grandes
espessuras adesivas (3 mm) suportam apenas cerca de 50% da força de ruptura que a mesma
junta de cisalhamento simples com a espessura menor (0,2 mm), conforme figura 12, o que está
em acordo com a literatura desse tema. Uma pequena variação na espessura adesiva, por
exemplo, 0,3 mm, pode reduzir a resistência da junta em cerca de 15% (Lo = 20 mm). A variação
41

de Lo foi investigada utilizando-se o adesivo XNR6852. Os resultados mostraram que o


aumento do comprimento de sobreposição conduz a um aumento da resistência da junta. A
(figura 13) mostra uma comparação percentual entre a carga máxima que uma junta suporta em
relação ao maior valor obtido (Lo = 60 mm).

Figura 12 - Força de ruptura média e desvio padrão em função de ta


para Lo = 20 e 60 mm

Fonte: NASCIMENTO, 2013.

Figura 13 – Comparação da capacidade de carga das juntas de


cisalhamento simples para diferentes valores de Lo

Fonte: NASCIMENTO, 2013.


42

Da Silva (2010a), apresentou um procedimento sistemático para a análise de juntas


coladas com diferentes geometrias, considerando duas formas de carregamento: cisalhamento
puro, e carregamento combinado cisalhamento e flexão. O objetivo principal foi estudar o efeito
da área colada na resistência das juntas. O autor também obteve equações analíticas para
descrição dos diversos carregamentos das juntas, utilizando fatores de forma para uma maior
proximidade com os experimentos. Como os resultados obtidos pelo autor serão utilizados para
comparação com a modelagem numérica das juntas coladas nessa dissertação, os resultados
serão apresentados com alguns detalhes, incluindo tabelas e gráficos.
Nas juntas de cisalhamento simples, Da Silva (2010a) considerou dois cenários para a
área colada: largura constante, variando-se o comprimento (grupos 1 a 5), e, comprimento
constante, variando-se a largura (grupos 6 a 9), conforme tabela 1. Os resultados mostraram
que, de maneira geral, é desejável que a maior dimensão da área seja posicionada
ortogonalmente a solicitação mecânica, pois o aumento no comprimento produz juntas com
resistência a ruptura inferior às juntas aumentadas em largura. Foi tomado como padrão os
valores das JCS definidos pela ASTM D1002 (grupo 3).

Tabela 1 - Força na ruptura

Fonte: DA SILVA, 2010a.

A comparação entre os grupos com mesma área está apresentada na tabela 2, onde são
mostradas as diferenças da força de ruptura para grupos de mesma área. Os únicos grupos com
mesma área cujo estudo estatístico do autor mostrou que a mudança nas dimensões não tem
influência relevante na força de ruptura foram os grupos 4 e 8.
43

Tabela 2 - Comparação entre os grupos de mesma área

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Na análise das juntas com carregamento combinado (figura 14), o autor considerou, além
dos resultados das juntas de cisalhamento simples, a aplicação da força na junta L em três pontos
distintos, considerados a partir da área colada: 25, 50 e 100mm, aqui descritos pela variável df.
Variações na área da junta L também foram investigadas, as quais estão mostradas na tabela 3,
onde a dimensão da seção do perfil é a própria área a ser colada.

Figura 14 - Carregamento combinado - modelo de junta

Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2010ª.

O autor concluiu que a influência da altura da junta colada é mais significativa do que a
influência da largura na resistência final das juntas, diferentemente do estudo das JCS. Ou seja,
verificou-se que em juntas tipo L coladas com a mesma área, a resistência é maior quando a
altura (paralela aplicação da carga) era a grandeza maximizada, e não a largura. Os resultados
da força de ruptura para os diversos pontos de aplicação da força estão apresentados na tabela
4.
44

Tabela 3 – Resultados do carregamento combinado – braço de momento 50 mm

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Tabela 4 – Forças de ruptura (kN) para os diversos carregamentos nas juntas L

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Os perfis das juntas L dos grupos 1 e 6 estão representados na figura 15. Apesar de serem
submetidos aos mesmos esforços e possuírem a mesma área colada, o arranjo do grupo 1 se
mostrou quase quatro vezes mais resistente que o grupo 6 para a força aplicada a 25 mm da área
colada, e 3 vezes mais resistente para os valores de df iguais a 50 mm e 100 mm.
45

Figura 15 – Junta L representada em dois arranjos com mesma área colada

Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2010ª.

Através de uma análise estatística, o autor obteve o percentual de redução da força de


ruptura da junta L com carregamento em comparação com a junta de cisalhamento simples
equivalente, conforme dados da tabela 5. Para todos os grupos avaliados observa-se uma
diminuição da força de ruptura quando o comprimento utilizado para aplicação da força e
geração de momento é aumentado (maior valor de df). Verificou-se também que quanto menor
a altura utilizada, (grupos 4 e 5), maior é a redução da resistência da junta em relação a JCS de
mesma área.

Tabela 5 - Análise da redução de força máxima da junta com carregamento fletor

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Observa-se também na tabela 5, que nos grupos 6 a 10, cujas áreas foram variadas
através da largura, mantendo-se a altura constante, observa-se uma redução da força de ruptura
a medida que se aumenta o braço de aplicação do momento, ocorrendo essa redução a uma taxa
praticamente constante.
46

1.2.4.1.3. Filetes de adesivos

Diversos estudos relacionados aos filetes nos adesivos das juntas coladas mostraram que
os picos de tensão na extremidade da sobreposição no adesivo têm considerável melhoria, pois
permite que transferência da carga seja suavizada, reduzindo-se as tensões máximas. Essa
redução não depende apenas da presença do filete, mas também da sua forma e tamanho
(OSANAI, 2011). Mesmo estando sempre presente nas juntas, muitas vezes a presença do filete
não é considerado nas análises de tensão.
Esse assunto foi inicialmente estudado por Harris (1984), que concluiu que a
configuração de filete recomendada para diminuir as concentrações de tensões é de
aproximadamente 45°, conforme figura16.

Figura 16 - Resistência nas singularidades em juntas adesivas

Fonte: DA SILVA, 2012.

Lang (1998) investigou como a geometria e tamanho dos filetes afeta os picos de tensões
em juntas de cisalhamento simples coladas. Foram estudadas as geometrias dos filetes
mostradas na figura 17. A tabela 6 mostra o percentual de redução entre as tensões máximas
nas juntas coladas comparadas com a junta sem filete de acabamento para as tensões ao longo
do adesivo (𝝈𝒙𝒙 ), tensões de descascamento (𝝈𝒚𝒚 ), e tensões máximas cisalhantes (𝝉𝒙𝒚 ), sendo
47

observado uma considerável redução nos picos de tensão, principalmente 𝝈𝒚𝒚 . A correlação dos
itens da tabela pode ser feita observando-se a figura 17.
Taibet al. (2008), através de experiências com dois compósitos de mesmo material, mas
com sequências de empilhamentos diferentes ([0/90°] e [± 45°]), unidos com adesivo epóxi,
concluiu que o filete é mais efetivo quando os adesivos são mais dúcteis do que os aderentes.
Os resultados mostraram que os compósitos [0/90°] sofreram falha coesiva na maioria dos
experimentos, e no compósito [± 45°] ocorreu falha na interface (adesiva), como menor carga
de falha. Em ambos casos o filete melhorou a tensão de ruptura, e melhorou ainda mais quando
os adesivos eram dúcteis.

Figura 17 - Geometrias dos filetes para juntas de cisalhamento simples

Fonte: Adaptado de LANG, 1998.


48

Tabela 6 – Redução percentual das tensões máximas de juntas de


sobreposição simples (JCS) com diferentes geometrias de
filetes de acabamento em relação a JCS sem filetes.

Fonte: LANG, 1998.

1.2.4.1.4. Tratamento superficial

A limpeza das superfícies dos substratos a serem unidos é uma etapa crítica do processo
colagem, pois a presença de contaminantes como óleos, graxas e poeiras interfere na vida útil
da junta e prejudica sua resistência (DOS SANTOS, 2007). Uma maneira de avaliar a qualidade
do tratamento superficial é realizar ensaios destrutivos e avaliar como ocorre a ruptura. Se
ocorrer ruptura coesiva, então assume-se que o tratamento superficial é adequado. Caso
contrário (ruptura adesiva), é necessário rever a preparação superficial.
A influência dos tratamentos superficiais na resistência das juntas coladas vem sendo
amplamente estudada. Para cada conjunto substrato e adesivo existe uma condição de
tratamento superficial que conduz a uma maior resistência, sendo, portanto, uma investigação
específica para cada junta, o que traz algumas dificuldades para a análise.
Da Silva et al. (2009a) realizou estudos experimentais em JCS de aço carbono para
investigar o efeito do tratamento superficial na resistência da junta. Foram utilizados três
adesivos: Sikaflex – 255 FC (muito dúctil), Araldite AV138/HV998 (muito frágil) e o Araldite
2015 (intermediário com dois componentes de adesivo epóxi). O autor concluiu que os
tratamentos superficiais realizados não resultaram em aumento da resistência das juntas. Já
Pereira (2010) realizou ensaios de tração com substratos de alumínio colados com adesivo epóxi
utilizando cinco tratamentos superficiais diferentes, concluindo que a resistência ao
cisalhamento dos corpos de prova aumentou com o decréscimo da rugosidade superficial.
49

A influência das ranhuras na preparação de superfícies coladas foi estudada por Da Silva
et al. (2010b). Os resultados mostram que o padrão de superfície tem influência na resistência
mecânica da junta, sendo esse efeito mais acentuado em corpos de prova sem tratamento
superficial. Os corpos de prova com ranhuras apresentaram rupturas mistas (coesivas e
adesivas), enquanto aqueles sem ranhuras apresentaram rupturas adesivas (na interface).
Passos (2016) realizou experimentos com substratos de material pultrudado, sendo
colados com adesivo MasterPur, na configuração de juntas de cisalhamento simples. As tensões
de ruptura média foram avaliadas para os seguintes tipos de tratamento: lixamento manual,
Primer de silano hidrolisado, Primer ALMASUPER, além de uma junta sem tratamento. Os
resultados, apesar da alteração do nível de rugosidade, não demonstraram aumento da
resistência mecânica nas juntas.

1.3. Métodos de previsão de resistência

O desenvolvimento de métodos para previsão da resistência de uniões adesivas teve


grande importância para os projetos das juntas coladas, pois devido à falta de critérios
adequados, os projetistas optavam por sobredimensionar a junta, originando estruturas mais
pesadas e mais caras.
Existem duas abordagens matemáticas para realização da análise de juntas coladas, que
são os métodos analíticos e os métodos numéricos. Em ambas abordagens, a resistência
mecânica das juntas coladas é estudada através de equações diferenciais que são derivadas da
aplicação dos princípios físicos como conservação da massa, momento ou energia. Essas
equações governam o comportamento mecânico e cinemáticos dos corpos.
Os modelos analíticos mais simples foram primeiramente propostos considerando
apenas o comportamento elástico dos materiais, além de deformações somente devido as
tensões cisalhantes. Apesar de simples, esses modelos tiveram grande importância, pois
qualquer análise linear fornece uma previsão segura, gerando resultados com valores inferiores
aos verificados experimentalmente (DA SILVA, 2010a; DA SILVA, 2009b).
As deformações plásticas, a utilização de substratos compósitos, ou ainda a utilização
de substratos diferentes em uma mesma junta são fatores que toram a análise das juntas mais
complexa (RIBEIRO, 2012). Os diversos modelos desenvolvidos normalmente são restritos a
determinadas condições dos substratos e adesivos. O modelo de Hart-Smith por exemplo é
50

utilizado para adesivos não lineares com comportamento dúctil e substratos com alta resistência
(DA SILVA, 2010a).
Complementando os modelos analíticos, surgiram os métodos numéricos. Adams
(1974) foi o primeiro a utilizar o MEF para prever a resistência mecânica das uniões adesivas.
Atualmente alguns programas de EF já fornecem módulos integrados com a mecânica da
fratura, além da mecânica do dano, que supera algumas dificuldades da mecânica da fratura,
como a necessidade da reconstrução da malha durante a propagação do dano (HARRIS, 1984;
RIBEIRO, 2012). Dessa forma, desenvolveu-se através da análise numérica os modelos de
danos coesivos (MDC).

1.3.1. Métodos Analíticos

O estudo dos métodos analíticos das juntas adesivas coladas teve início por volta de
1938, através de Volkersen, que utilizou uma aproximação da mecânica dos meios contínuos
para previsão da resistência (SEBASTIÃO, 2012). Em seu modelo, Volkersen considerou que
os adesivos e aderentes se comportam elasticamente, e que a camada adesiva sofria apenas
deformações de cisalhamento. Uma das limitações desse modelo é desconsiderar a
excentricidade do carregamento (figura 18), pois devido a geometria não simétrica da junta,
surgem momentos fletores, que induzem tensões de normais nos aderentes.

Figura 18 - Excentricidade do carregamento numa junta sobreposta simples

Fonte: SEBASTIÃO, 2012.

Esse modelo considera uma deformação diferencial (differential straining). Os


paralelogramos mostrados na figura 19a ficam distorcidos, conforme mostra a figura 19b. A
tensão de cisalhamento considerada por Volkersen está esquematizada na figura 19c, onde
pode-se constatar que o valor mínimo da tensão de cisalhamento ocorre no ponto médio do
comprimento de sobreposição e os valores máximos nas extremidades.
51

Figura 19 - Análise de Volkersen

Fonte: DA SILVA, 2007.

Os efeitos da excentricidade foram estudados por Goland e Reissner, em 1944. Eles


desenvolveram um modelo considerando o momento fletor causado pelas duas forças não
colineares, levando em conta dessa forma o efeito da rotação da junta e a consequente mudança
da direção da linha de carregamento (LI, 2010; OLIVA, 2016).
Goland e Reissner, em 1944, utilizaram um fator de momento fletor (k) para relacionar
o momento no substrato (M) com a força aplicada através da equação (DA SILVA. 2010a):

𝑀 = 𝑘𝑃 (1.3)

onde 𝑡 representa a espessura do substrato e 𝑃a força por unidade de largura.


Quando a força aplicada é relativamente pequena, a rotação da junta é desprezível, e
nesse caso k ≈ 1. Quando a força aumenta, a sobreposição rotaciona, e assim a linha de ação da
carga se aproxima do centro do substrato, o que reduz o momento fletor (BUENO, 2002),
conforme ilustrado na figura 20.
52

Figura 20 – Representação geométrica do fator de


momento fletor de Goland e Reissner

Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2007.

Essa análise permitiu a obtenção das tensões de arrancamento no adesivo, o que não era
possível calcular com o modelo de Volkersen.
Posteriormente, o modelo de Hart-Smith apresentou o significativo diferencial de
considerar a deformação plástica dos adesivos e substratos, além de estudar grandes
deslocamentos. Esse avanço é de grande importância, pois alguns adesivos estruturais
modernos, tais como os epóxis modificados com borracha, estão sujeitos a deformações
plásticas antes do rompimento (BANEA, 2011).
O modelo de Hart-Smith considerou que a influência do adesivo na resistência mecânica
da junta colada é determinada pela energia de deformação. Seus estudos mostraram que
adesivos que experimentam deformações plásticas tem maior resistência do que aqueles que
apresentam apenas deformação elástica. Assim, é preferível ter um adesivo dúctil, pois além de
ser mais resistente, é mais seguro devido a deformação plástica que ocorre antes de romper,
redistribuindo e reduzindo os picos de deformação de corte.
Em 1975, Renton e Vinson, impuseram o estado de tensão nula na extremidade do pico
(RENTON, 1975), melhorando dessa forma os modelos existentes que não consideravam a
tensão de cisalhamento nula da extremidade da sobreposição.
53

Figura 21 - Distribuição da tensão de corte no adesivo

Nota: No caso que a tensão não é nula na extremidade da sobreposição e no caso


em que ela é nula.
Fonte: DA SILVA, 2007.

Diversos outros modelos analíticos foram desenvolvidos com o objetivo de superar as


limitações dos que existiam, ficando dessa forma mais exatos e mais complexos. Apesar do
esforço no desenvolvimento dos modelos analíticos ao longo dos anos, eles têm sido
substituídos por análises numéricas, principalmente se forem utilizados aderentes compósitos,
ou se existirem deformações plásticas e filetes no adesivo, o que torna os modelos analíticos
muito complexos (SEBASTIÃO, 2012).

1.3.2. Métodos Numéricos

O método dos elementos finitos (MEF) é o método numérico mais utilizado na


modelagem de juntas adesivas. Surgiu a partir de 1952, atendendo a demanda da aviação. Em
1960, Claugh, numa conferência sobre computação eletrônica, pela primeira vez utilizou o
termo elemento finito (CLOUGH, 1990). Nessa ocasião, oportuna por não ser restritiva ao
mercado da aviação, foi apresentado o paper The Finite Element Method in Plane Stress
Analysis (o método dos elementos finitos na análise do estado plano de tensão).
54

Na modelagem de juntas coladas, o primeiro que utilizou o MEF foi Adam (1974), cujo
trabalho considerou o filete triangular do adesivo, e deu atenção especial as tensões nas
extremidades da camada adesiva.

1.3.2.1. Descrição do método dos elementos finitos

Aplicável a diversos campos da engenharia, a ideia básica do MEF é dividir uma


estrutura contínua em pedaços manejáveis, ou seja, transforma um problema complexo em
diversos problemas simples, obtendo-se assim uma solução aproximada (SINGIRESU, 2011).
Os subdomínios envolvidos na discretização são os elementos, os quais são conectados através
dos nós. Dessa forma, o contínuo é agora representado por um número finito de graus de
liberdade (GDL) por nó. Em um elemento, um determinado campo (por exemplo o
deslocamento δ na análise de tensão) é interpolado a partir dos valores da quantidade do campo
(no caso δ) no nó (BAKER, 2012). Conectando os elementos pelos nós, a quantidade do campo
pode ser então interpolada sobre toda a estrutura. Equações diferenciais parciais são resolvidas,
sendo criado um sistema de equações algébricas para a quantidade do campo nos nós. Para
problemas elásticos, a equação matricial é (DA SILVA, 2012):

𝑲𝜹 = 𝑭 (1.4)

onde δ é um vetor com valores da quantidade do campo considerado, Fé um vetor de cargas


conhecido e K é matriz das constantes do material, que representa as propriedades dos
elementos. No caso dos problemas elásticos, K é a matriz rigidez. Assim, nas análises de
tensões, para simular dada carga no modelo, são aplicadas cargas e condições de contorno,
sendo obtido os valores de δ.
O MEF pode estudar qualquer tipo de geometria, considerando variações nas formas
dos aderentes, filetes no adesivo, fatores praticamente impossíveis de se descrever pelos
métodos analíticos.
Existem diversos programas comerciais de EF, tais como ABAQUS, ANSYS,
COMSOL, dentre outros. Esses programas permitem a inclusão de não linearidades
geométricas, como as que ocorrem na junta de cisalhamento simples. Para simular as
deformações plásticas nas juntas coladas, a definição de modelos para o adesivo é necessária,
55

assim como para os aderentes em alguns casos. Para os substratos metálicos, o critério de falha
de Von Misses pode ser aplicado. Para substratos feitos de materiais compósitos, raramente os
critérios de falha são utilizados, sendo necessário algumas considerações da mecânica do dano,
conforme será visto no item 1.3.2.4.
Alguns pontos da estrutura das juntas possuem concentrações de tensões, especialmente
os cantos vivos, sendo necessário considerar malhas mais finas nesses pontos, para considerar
os gradientes de tensão com maior precisão. Tal refinamento pode levar a problemas na
convergência do modelo desde que as tensões tendam ao infinito nos elementos mais finos. As
análises elasto-plásticas ou os conceitos da mecânica da fratura são aconselháveis nesses casos.
Um pré-processador é usado para gerar a geometria e malha. As condições de contorno devem
simular a realidade o tanto quanto possível, assim como as cargas. A distribuição das malhas
pode ser facilmente modificada sem alterar os parâmetros já definidos.
As malhas dos modelos numéricos devem ser construídas considerando elementos
menores na sobreposição das bordas, pois essas são as regiões com maiores picos de tensão.
Normalmente os softwares comerciais de EF possuem a opção de refinamento crescente ao
longo de uma aresta do modelo, processo denominado bias ratio, que é a razão entre o elemento
maior e o menor (ABAQUS, 2014). A escolha do tipo de elementos e da distribuição dos
mesmos tem um importante efeito sobre os resultados finais. Os modelos mais refinados são
mais próximos dos modelos contínuos, porém exigem maior tempo e custo computacional. As
vantagens e desvantagens devem ser consideradas para a melhor escolha. Os elementos sólidos
contínuos são os mais utilizados na análise lineares de juntas coladas (DA SILVA, 2012).
As juntas coladas com adesivos podem ser modeladas tanto em duas dimensões (2D)
tanto em três dimensões (3D). O estado plano de tensões (2D) é utilizado quando uma das
dimensões do corpo é muito pequena em relação as outras, situação que ocorre em placas, onde
as tensões na direção da espessura são consideradas nulas. Já o estado plano de deformação é
usado quando a largura é muito maior do que a espessura, que é o caso a ser estudado nessa
dissertação. Tal situação ocorre na junta de cisalhamento simples, onde as deformações na
direção da espessura são consideradas nulas. A análise em três dimensões fornece resultados
mais exatos, porém o tempo e o esforço computacional da análise 3D é maior.
A análise por EF para juntas coladas iniciou-se utilizando a mecânica contínua, e evoluiu
para modelos mais exatos com a introdução dos conceitos da mecânica da fratura. Tais
conceitos, por sua vez, vem sendo cada dia mais aprimorados pela mecânica do dano, sendo
esta abordagem fundamental no estudo de juntas adesivas.
56

1.3.2.2. Abordagem da Mecânica Contínua

Na abordagem da mecânica do contínuo, os valores máximos de tensão, deformação ou


energia, previstos pela análise por EF, são normalmente utilizadas em um critério de falha e
então comparadas com os valores correspondentes dos materiais utilizados (De Souza, 2016).
O critério da tensão máxima principal foi inicialmente proposto para materiais frágeis,
os quais apresentam pouca deformação antes da ruptura. Apesar da limitação desse critério por
conta de só considerar as tensões principais na direção perpendicular ao local do modo de falha,
foi utilizado com êxito para prever a resistência de juntas coladas com adesivos frágeis com
sucesso (Da Silva, 2012).
Quando adesivos dúcteis são utilizados, o critério da máxima deformação principal é
mais adequado para prever a resistência da junta. Adams e Harris (1984) utilizaram esse critério
para avaliar a resistência mecânica de juntas coladas.
A energia de deformação equivale a área sobre a curva tensão versus deformação.
Assim, deve-se notar que o critério baseado na energia de deformação leva em conta todos os
componentes das tensões e deformações. Como resultado, eles são mais adequados como
critério de falha do que outros que considerem tensão ou deformação somente. A densidade de
energia plástica também foi usada como critério de falha por Adams e Harris (1987), sendo
similar ao critério de energia de deformação.
Todos os critérios citados acima são aplicáveis somente a estruturas contínuas. Quando
defeitos ocorrem, ou mais de um material compõe a estrutura, tais critérios encontram
dificuldades na simulação. Daí a necessidade da mecânica da fratura e mecânica do dano na
modelagem de juntas coladas.
57

1.3.2.3. Abordagem da Mecânica da Fratura

A existência de defeitos nos materiais conduz a necessidade de um estudo mais


rigoroso do que a mecânica contínua, considerando tais fatores nas análises dos esforços nas
estruturas. O defeito mais comum em estruturas são as fendas, motivo do desenvolvimento da
mecânica da fratura.
A teoria da mecânica da fratura considera que existem dois tipos de concentração
de tensões: as concentrações finitas (ocorrem nos furos), e as concentrações infinitas, que
ocorrem nas pontas das fendas (ARAÚJO, 2016). As tensões infinitas ocorrem devido a ponta
da trinca ser um ponto de descontinuidade, delimitando uma região com tensão nula (vazio), e
outra com tensão não definida (infinita).
Diversos segmentos da engenharia têm utilizado a mecânica da fratura
satisfatoriamente, principalmente a indústria aeronáutica, a qual introduziu o conceito de
projeto com tolerância ao dano. Considerando a mecânica da fratura elástica linear (MFEL),
através de uma abordagem energética, o conceito de projeto com tolerância ao dano pode ser
aplicado ao estudo de juntas adesivas, através da taxa de liberação da energia de deformação a
tração e ao cisalhamento (𝐺 e𝐺 , respectivamente) e o respectivo valor da tenacidade a fratura
a tração e ao cisalhamento (𝐺 e𝐺 , respectivamente). A fratura em laminados foi estudada
por Dillard (2009), que observou o crescimento em modo misto (tração e cisalhamento) das
trincas nas juntas coladas. O autor constatou que o valor total da tenacidade a fratura não
permanece constante nos carregamentos mistos, tendo uma redução significativa ao valor
observado para as condições de modo puro I ou de modo puro II.
A dependência da tenacidade a fratura no modo misto pode ser definida considerando
uma interação das energias necessárias para causar falha nos modos individual (um normal e
dois de cisalhamento). O critério em três dimensões é definido por (ABAQUS, 2014) e (DA
SILVA, 2012):

+ + =1 (1.5)

Onde α, β e γ são constantes que dependem do tipo de critério energético. No caso do


critério linear α = β = γ = 1, e no caso do critério quadrático α = β = γ = 2, sendo este último o
mais utilizado.
58

Quando ocorre deformação plástica dos materiais os conceitos da MFEL devem ser
estendidos para a mecânica da fratura elasto-plástica. Em 1968, Rice e Rosengren propuseram
o método da integral J, que é utilizada na previsão da resistência de juntas adesivas onde há
propagação de dano.
Apesar do avanço científico obtido com a mecânica da fratura, algumas limitações
motivaram a melhor descrição de alguns aspectos. Essas limitações são percebidas avaliando-
se as tensões em pontos muito próximos da ponta de uma trinca. Matematicamente, as tensões
nesses pontos tendem ao infinito, o que não ocorre na prática. Outra limitação é a não
representação do processo de degradação do material responsável pela formação da trinca
(BARBOZA, 2014).

1.3.2.4. Abordagem da Mecânica do Dano

Apesar da aplicação da MFEL aos métodos numéricos com bons resultados, esse
método considera que nas proximidades da trinca o comportamento é elástico. Adicionalmente,
há a dependência da existência de um defeito inicial, além do comprimento característico, cuja
medição não é simples (SOUZA, 2016). Uma análise com EF considerando apenas elementos
sólidos contínuos nas fases elástica e plástica tem como resultado a curva ‘abcd’ (figura 22)
devido a plastificação generalizada sem considerar a evolução do dano. Já o modelo que
considera a mecânica do dano, e consequentemente sua evolução, pode prever a curva real abcd
(figura 22) devido ao acompanhamento do dano desde o seu início (ponto c), até a falha
completa (ponto d).
As técnicas disponíveis para modelagem de danos são:

 Abordagem local – O dano é considerado com área ou volume nulo, permitindo


a simulação da falha interfacial entre os materiais, ou seja, entre o adesivo e o
aderente.
 Abordagem contínua – O dano é considerado com espessura finita, podendo
ser modelado através dos modelos de materiais convencionais no programa de
EF. Nesse caso poderá ocorrer fratura coesiva, podendo ocorrer ao longo do
substrato, ou ao longo da espessura adesiva.
59

Figura 22 - Curva tensão x deformação de um material dúctil

Fonte: DA SILVA, 2012.

1.3.3. Modelos de dano coesivo

Os modelos de dano coesivo (MDC) exploram as vantagens da MFEL, e ultrapassaram


as suas limitações. Esses modelos consideram que uma ou múltiplas interfaces ou regiões de
fratura podem ser artificialmente introduzidas nas estruturas, o que é feito através de leis de
tração separação, onde a resposta inicial é elástica. Enquanto os elementos volumétricos
tradicionais representam as deformações dos meios contínuos, os elementos coesivos
representam o comportamento das fraturas (ESPINHA, 2011).
Conforme já descrito, uma boa preparação de superfície deve garantir que a falha na
junta colada não ocorra na interface. Os MDC se caracterizam pela inserção dos elementos
coesivos nas interfaces entre pares de elementos volumétricos adjacentes. Sua vasta utilização
na modelagem numérica de juntas coladas se justifica por diversas vantagens, sendo uma das
principais a possibilidade de também considerar a falha coesiva no modelo, possibilitando a
ruptura em diferentes regiões dos materiais. Essa abordagem deve considerar elementos
coesivos não só nos adesivos, mas também nos substratos. Pais Neto (2011) e Nascimento
(2013) utilizaram essa abordagem visando ter maior proximidade entre os resultados numéricos
e experimentais, pois em alguns dos corpos de prova rompidos ocorreram fraturas coesivas.
Dessa forma, parte dos substratos foram modelados com zonas coesivas (figura 23), sendo as
distâncias em relação a camada adesiva consideradas a partir da observação dos corpos de
60

provas fraturados, comparando-os com o estado inicial. Para aplicação dessa abordagem, foram
utilizadas propriedades coesivas medidas anteriormente em outros trabalhos utilizando-se uma
metodologia inversa. Tal metodologia pode ser estudada no trabalho de Campilho (2009).

Figura 23 - Localização dos diferentes elementos na simulação das juntas

Fonte: PAIS NETO, 2011.

O MDC, inicialmente proposto por Berenblatt (1959 e 1962) e Dugdale (1960)


(AZEVEDO, 2014), apresenta a significativa vantagem de considerar tanto os conceitos da
resistência dos materiais, tanto da mecânica da fratura. Considerando carregamentos estáticos,
esses autores propuseram o conceito de zona coesiva, região localizada a frente da ponta da
fenda. Assim, o fenômeno da fratura é considerado como um fenômeno gradual, ocorrendo a
propagação da trinca na zona coesiva, sendo a mesma resistida por trações coesivas. A base do
modelo são as denominadas leis coesivas, que em alguns softwares estão identificadas como
leis de tração-separação, as quais permitem a modelagem da interface ou regiões finitas mais
propensas a ocorrência de falhas (DA SILVA, 2012).
A camada do elemento coesivo com abordagem local e contínua estão representadas na
figura 24. A abordagem local considera que o dano ocorre em uma área (simulação 2D) ou
volume (simulação 3D) nulo, simulando assim falhas na interface. Os nós sobrepostos dos
elementos coesivos podem representar diferentes materiais, ou ainda camadas diferentes de um
mesmo material, como ocorrem nos compósitos. Já a abordagem contínua considera a aplicação
das leis entre dois materiais a serem ligados, simulando a existência de outro material entre os
mesmos, com espessura finita, exatamente como uma junta adesiva (DA SILVA, 2012). Dessa
forma, podem ser simuladas rupturas internas nos substratos, ou fratura coesiva no adesivo
(CARVALHO, 2016).
61

A geometria dos elementos coesivos é considerada como composta por duas faces
(figura 25), separadas por uma espessura. O movimento relativo das faces superior e inferior
medidas em relação a direção da espessura representam a abertura ou fechamento da interface.

Figura 24 - Elementos coesivos

Legenda: (a) - para simular espessura zero na interface - aproximação local; (b) - para simular uma
pequena camada de adesivo com espessura constante - abordagem contínua.
Fonte: ARAÚJO, 2016.

Figura 25 - Representação espacial de um elemento coesivo tridimensional

Fonte: ABAQUS, 2014.

As leis de tração-separação consideram inicialmente um comportamento elástico linear,


acompanhado do início e propagação do dano dentro do material. O comportamento linear é
descrito como uma matriz constitutiva elástica que relaciona as tensões e deformações nominais
na interface (ABAQUS, 2014). Uma das desvantagens do modelo é a necessidade de determinar
um caminho para o dano, ou seja, colocar os elementos coesivos nos potenciais planos de
62

ruptura. Porém, em juntas adesivas essa tarefa é facilitada, pois a ruptura se restringe a poucos
planos possíveis de propagação do dano (CARVALHO, 2016). Também são necessários os
valores de liberação de energia em tração e corte (𝐺 e 𝐺 , respectivamente), e os valores
críticos da tenacidade a fratura também em tração e corte (𝐺 e𝐺 , respectivamente1). Os
valores das tensões de ruptura de tração e cisalhamento (𝜎 e𝜏 ) do adesivo, além dos módulos
de Young (E) e módulo de cisalhamento (G) também são requeridos. Se a modelagem for
tridimensional, é necessário mais um parâmetro para as energias e para as tensões de ruptura.
Diversos critérios podem ser aplicados utilizando tais grandezas, podendo ser baseados no
deslocamento efetivo ou em critérios energéticos. No capítulo 3 será detalhado como essas
informações devem ser inseridas no software ABAQUS.
As leis coesivas podem ser descritas por diferentes formas, sendo a triangular,
exponencial e trapezoidal as mais utilizadas (figura 26). A escolha dependerá do
comportamento do material e da interface a ser simulada. Campilho et al. (2013) estudou a
influência da forma das leis coesivas utilizadas para modelar finas camadas de adesivo em
juntas de cisalhamento simples na resistência da junta colada para diferentes comprimentos de
sobreposição, com adesivos dúcteis e frágeis. Os experimentos mostraram que as juntas coladas
com o adesivo dúctil (araldite 2015) obtiveram maior ganho de resistência com o aumento do
comprimento de sobreposição (Lo), sendo a forma trapezoidal a que mais se aproximava desse
resultado. A forma exponencial obteve valores da força de separação maiores que os
experimentos para baixos valores de Lo, e menores para maiores valores de Lo. Já a forma
triangular obteve valores de resistência cerca de 5,5% abaixo dos valores experimentais. Para o
adesivo AV 138, a lei triangular se mostrou como a mais adequada, apesar das outras leis
também terem obtido bons resultados.
O modelo triangular é representado graficamente através da relação entre as tensões e
deslocamentos relativos entre os nós emparelhados dos elementos coesivos (figura 27). A reta
crescente simula o comportamento elástico linear nos modos puros (𝑡 e 𝑡 ). O subsequente
amolecimento (reta decrescente) representa a degradação das propriedades dos materiais até a
fratura completa. Os valores de 𝐺 e 𝐺 representam a área sobre a curva de tração separação
nos carregamentos puros de tração e cisalhamento, respectivamente. A definição dos máximos
deslocamentos em tração e cisalhamento (𝛿 e 𝛿 , respectivamente) é realizada fazendo-se

1Alguns autores utilizam a simbologia 𝐺 e 𝐺 , ou ainda 𝐺 e 𝐺 para os valores críticos de tenacidade a


fratura nos modos normais e de cisalhamento, respectivamente.
63

𝐺 =𝐺 e 𝐺 =𝐺 . O pico das curvas representa o início do dano, quando ocorre redução da


rigidez do elemento coesivo. No modo de carregamento misto (ocorrente na maioria das
situações práticas), identificado na curva pelo índice ‘m’ nas tensões (t) e deslocamentos (δ),
critérios de energia são usados através da combinação dos modos puros. A influência dos
parâmetros coesivos no modelo triangular foi estudada por (Campilho et al., 2012), que
investigou o efeito da variação desses parâmetros na força máxima sustentada pelos corpos de
prova. O autor concluiu que as variações de 𝐺 ,𝐺 , 𝑡 e 𝑡 , retornam valores da força
proporcionais as variações percentuais dos parâmetros, exceto para grandes comprimentos de
sobreposição das juntas.

Figura 26 - Formas diferentes em modo puro das leis coesivas

Legenda: (a) - triangular e exponencial; (b) – trapezoidal.


Fonte: CAMPILHO et al., 2012.

Figura 27 - Modelo coesivo de dano triangular

Fonte: CAMPILHO et al., 2012.


64

Além da simplicidade do modelo de dano coesivo triangular, o número de parâmetros


necessários para sua descrição é reduzido em relação a outros modelos, tais como os modelos
exponencial e trapezoidal.
Conforme já descrito, a primeira parte do modelo triangular traduz um comportamento
elástico linear, que pode ser descrito pela matriz constitutiva elástica, que relacionam as tensões
e deformações nominais na interface. Considerando uma análise tridimensional, o vetor tensão
nominal 𝒕, cujas componentes são𝑡 (normal), e as tensões de cisalhamento𝑡 e 𝑡 , está
relacionado com a matriz deformação (ε) através da matriz rigidez (E) (CAMPILHO et al.,
2013; ABAQUS, 2014):

𝒕𝒏 𝑬𝒏𝒏 𝑬𝒏𝒔 𝑬𝒏𝒕 𝜺𝒏


𝒕 = 𝒕𝒔 = 𝑬𝒏𝒔 𝑬𝒔𝒔 𝑬𝒔𝒕 𝜺𝒔 = 𝑬𝜺 (1.6)
𝒕𝒕 𝑬𝒏𝒕 𝑬𝒔𝒕 𝑬𝒕𝒕 𝜺𝒕

Onde a matriz de rigidez contém os parâmetros da união adesiva, que no caso da


abordagem contínua considera-se a aproximação 𝐸 = E (módulo de Young), 𝐸 = 𝐸 = G
(módulos de elasticidade ao cisalhamento).
Apesar do constante aperfeiçoamento dos MDC para simular o início e propagação das
trincas, ainda existem algumas limitações: o significado físico do processo de fratura foi
prejudicado, pois na realidade a separação coesiva é geralmente acompanhada por
comportamentos plásticos localizados ao longo de toda camada adesiva. Outra limitação é a
dependência da geometria, principalmente das espessuras dos substratos e da camada adesiva,
pois esses parâmetros afetam o tamanho da zona de processo de fratura e plasticidade em torno
da ponta da fenda, tornando as leis do modelo dependentes dessas espessuras (NASCIMENTO,
2013).

1.3.3.1. Início do dano

O início do dano pode ser modelado através de diversos critérios. As representações 𝑡 ,


𝑡 , 𝑡 se referem aos picos do gráfico tensão versus separação sobre carregamento puro, seja o
carregamento normal (prefixo n) ou.de cisalhamento (prefixos s e t) ou
65

O critério da máxima tensão nominal assume que o início do dano ocorre quando a
máxima razão da tensão nominal pela tensão do pico possui valor um (ABAQUS, 2014):

〈 〉
𝑚𝑎𝑥 , , =1 (1.7)

Outro critério bastante utilizado é o critério da tensão nominal quadrática, onde o


início do dano é considerado quando a soma das razões quadráticas entre as tensões de
carregamento com as tensões dos picos resulta no valor um (OINONEM, 2013). Esse critério
pode ser representado como:

〈 〉
+ + =1 (1.8)

Em ambos critérios o símbolo 〈𝑠〉 representa o a função de Macaulay, que são usados
com o significado que somente tensões compressivas não são suficientes para iniciar o dano.

1.3.3.2. Evolução do dano

A evolução do dano é descrita nos MDC considerando-se a taxa na qual a rigidez do


material é degradada (ABAQUS, 2014). A definição da evolução do dano pode ocorrer através
de dois componentes: o deslocamento efetivo até a ocorrência da falha (rompimento) do
material (𝛿 ), medida relativamente ao deslocamento ocorrido até o início do dano (𝛿 ), ou a
energia dissipada até a ocorrência da falha (tenacidade), representada por 𝐺 na figura 28,
equivalente a área do gráfico tração x separação.
66

Figura 28 - Evolução linear do dano

Fonte: ABAQUS, 2014.

1.3.3.2.1. Evolução baseada no deslocamento efetivo

Nesse critério, o deslocamento efetivo quando ocorre a falha (𝛿 ), relativo ao


deslocamento efetivo no início do dano (𝛿 ), deve ser especificado. Pode-se escolher uma lei
linear ou exponencial para descrever a transição detalhada da variável de dano (D), medida
entre o início do dano e a falha completa. A variável de dano escalar (D) representa o dano geral
no material considerando todos os esforços combinados (ABAQUS, 2014).
A evolução linear do dano é descrita por:

( )
𝐷= (1.9)

onde 𝛿 representa o valor máximo do deslocamento efetivo alcançado em todo o histórico


do carregamento (ABAQUS, 2014).
Para a descrição do dano utilizando a função exponencial utiliza-se a equação:
67

⎧ ⎫
⎪ ⎪
𝐷 =1− 1− ( )
(1.10)
⎨ ⎬
⎪ ⎪
⎩ ⎭

onde α é um parâmetro não dimensional que define a taxa de evolução do dano.

1.3.3.2.2. Evolução baseada em critérios energéticos

A análise baseada no critério energético é implementada considerando como


entrada do programa de elementos finitos a energia de fratura (𝐺 ). Escolhe-se uma lei de
comportamento linear ou exponencial, e então o programa garante que a área sobre a curva será
igual a energia de fratura (ABAQUS, 2014). Para um modo misto de carregamento, algum
critério baseado na energia necessariamente deve ser utilizado.
O critério de fratura da lei de potência (power law fracture criterion) considera que a
fratura é governada pela energia necessária para causar a fratura nos modos individuais (normal
ou cisalhamento). A equação que representa esse critério é (MORENO, 2015; ABAQUS,
2014):

+ + =1 (1.11)

Onde o critério linear (α = 1) e o quadrático (α = 2) são os mais utilizados. (ARAÚJO,


2016). As entradas necessárias são as energias críticas de fratura requeridas para causar falha
no material, considerando-se o modo normal (𝐺 ), e os modo de cisalhamento (𝐺 ) e (𝐺 ).
Benzeggagh e Kenane (1996) propuseram um critério semi empírico de ruptura
energético que define a taxa crítica de liberação da energia total (𝐺 ) em função da proporção
de modos 𝐺 ⁄𝐺 :

𝐺 = 𝐺 + (𝐺 −𝐺 ) (1.12)
68

onde m é um parâmetro característico dos materiais da junta colada, e 𝐺 = 𝐺 + 𝐺 .

1.4. Ensaios para determinação da tenacidade a fratura

Para o cálculo da tenacidade a fratura é necessário recorrer a mecânica da fratura, pois


a mecânica do contínuo não considera os defeitos nos materiais. Como o objetivo é calcular a
energia necessária para a propagação de uma trinca ou fenda existente no material, a existência
desses defeitos deve ser considerada.
Conforme (RIPLING, 1963), o uso de critérios energéticos na análise de juntas coladas
considera a não homogeneidade das juntas coladas, sendo essa uma das vantagens. Como
desvantagem, existe a obrigatoriedade de dano no material (CARVALHO, 2016).
Existem diversos ensaios para determinação dessa propriedade, sendo divididos em três
modos de carregamento diferentes (figura 29). O modo de carregamento I considera apenas a
força de tração, já os modos II e III consideram apenas forças cisalhantes, porém em direções
diferentes, ambas perpendiculares a direção normal. A combinação desses modos caracteriza o
modo misto. Cada carregamento está associado a uma taxa de liberação de energia,
caracterizada pela resistência ao crescimento de trincas no material, 𝐺 , 𝐺 e𝐺 .

Figura 29 - Modos de ruptura

Fonte: CARVALHO, 2016.


69

1.4.1. Modo puro I

Os ensaios para o modo I são definidos pela norma ASTM D3433-99, além da ISO
25217. O ensaio DCB (double cantilever beam) é um dos mais utilizados devido a sua
simplicidade, além da possibilidade de utilizar a teoria das vigas para calcular 𝐺 (DA SILVA,
2012). Nesse ensaio, duas vigas são unidas por um adesivo, sendo criada uma pré-fenda (figura
30). O crescimento da fenda é induzido através de forças com direção perpendicular ao corpo
de prova. A aplicação da carga deve ocorrer a uma velocidade entre 0,5 e 3 mm/min. Durante
o ensaio devem ser registrados os valores da carga aplicada (P) e deslocamento (δ), além do
comprimento da fenda (a) a depender do critério adotado para cálculo da energia.

Figura 30 - Teste para caracterização da fratura de uma


fina camada adesiva - DCB

Fonte: DA SILVA, 2012.

As dimensões requeridas pela norma ASTM D3433-99 estão apresentadas na figura 31.
No mínimo doze corpos de prova (CP) devem ser testados conforme a ASTM D3433-99, e um
mínimo de quatro CP conforme ISO 25217.
70

Figura 31 - Dimensões (mm) e geometria dos corpos de prova DCB


usados no ensaio em modo I conforme a norma ASTM
D3433-99

Fonte: CARVALHO, 2016.

O cálculo de 𝐺 dependerá, além do próprio adesivo, dos substratos a serem colados.


As propriedades do epóxi na colagem de substratos de compósitos reforçados com fibras de
carbono e aço carbono foram estudadas por (Andresen, 2006), que concluiu que interface se
constitui de um elo fraco para essa combinação, porém comparando-se com as propriedades do
laminado, a interface obteve melhor performance no modo I do que no modo II.
A ISO 25217 preconiza que o ensaio deve ser interrompido assim que a fenda começa
a se propagar, apesar de diversos trabalhos publicados não utilizarem esse procedimento, como
por exemplo (MORENO, 2010) e (CARVALHO, 2016). O crescimento da fenda é
acompanhado e registrado, enquanto os valores da carga P são registrados até que atinjam um
valor aproximadamente constante. Para o cálculo de 𝐺 devem ser registrados o valor da carga
máxima (Pmáx), e o comprimento da fenda (a), medido com relação ao comprimento da fenda
inicial (ao). O processo é reiniciado, com a nova propagação de fenda, seguida da nova
estabilização do crescimento da mesma, de modo a obter-se de maneira repetida os valores de
Pmáx (CARVALHO, 2016).
Existem diversos métodos nas literaturas para determinação de 𝐺 . O Compliance
Calibration Method (CCM) é baseado na equação de Irwin-Kies (BLACKMAN, 1991; WANG,
1992):

𝐺 = (1.13)

Sendo B a largura da junta e C a flexibilidade, medida através da razão entre


deslocamento e carga. É essencial o registro contínuo dos valores de P, δ (alongamento) e a.
A energia 𝐺 é medida pelo método DBT (Direct Beam Theory) através da equação
(BLACKMAN, 1991):
71

𝐺 = (1.14)

onde E é o módulo de elasticidade dos substratos e h é a espessura dos substratos.


De Moura (2008) desenvolveu o CBBM (compliance based beam method), que
considera alguns fatores limitantes dos demais métodos. O método é baseado no conceito de
trinca equivalente, dependendo somente da flexibilidade dos CP durante o teste, não
dependendo, portanto, da medição exata do tamanho da trinca propagada. O autor considera a
zona de processo de fratura (FPZ – fracture process zone) que ocorre a frente da trinca em
consequência da nucleação de múltiplas micro trincas através de processos inelásticos (figura
32).

Figura 32 - Representação esquemática da FPZ e


conceito de trinca equivalente

Fonte: DA SILVA, 2008.

Através dos conceitos da resistência dos materiais, e aplicando o Teorema de


Castigliano, obtêm-se a seguinte equação para o deslocamento (δ):

𝛿= = + (1.15)

 𝜕𝑈 ⁄𝜕𝑃 é a taxa de variação da energia (U) em relação a força aplicada (P)


 Go módulo de elasticidade ao cisalhamento.

O comprimento da trinca (ou fenda) equivalente pode ser obtido substituindo na equação
2.15 ‘a’ por ‘𝑎 ’, resultando numa equação de terceiro grau, que pode ser escrita da seguinte
maneira:
72

𝛼𝑎 + 𝛽𝑎 +𝛾 =0 (1.16)

A solução dessa equação pode ser obtida através do software Matlab (Fernandes, 2013),
resultando em:

𝑎 = − (1.17)

onde

𝑇= −108𝛾 + 12 3 𝛼 (1.18)

As equações acima não consideram a influência dos efeitos do comportamento dos


corpos de prova, como por exemplo as concentrações de tensões que surgem ao redor da ponta
da trinca. Para corrigir esses fatores um módulo de flexão equivalente é calculado (𝐸 ) a partir
de duas condições iniciais, que são o comprimento inicial da fenda (𝑎 ) e flexibilidade inicial
(𝐶 ). Assim, 𝐸 pode ser obtida por:

( | |) ( | |)
𝐸 𝐶 − (1.19)

onde ∆ é o fator de correção do tamanho da trinca (figura 32). Esse valor pode ser calculado

através de uma regressão linear de 𝐶 = f(𝑎 ), utilizando para isso diferentes valores de 𝑎 ,
conforme figuras 33 e 34. Uma forma alternativa para calcular o Δ é utilizar o parâmetro Δ no
lugar do mesmo, proposto por Wang e Willians (1992):

𝛥 =𝑡 3−2 (1.20)

Onde 𝛤 = 1,18 .
73

Figura 33 - Representação esquemática da


calibração da flexibilidade como função do
comprimento da trinca em ensaios DCB

Fonte: DA SILVA, 2008.

Figura 34 - Representação esquemática da obtenção do fator


de correção do comprimento de fenda inicial

Fonte: DA SILVA, 2008.

Finalmente, pode-se então calcular a energia de fratura do adesivo (𝐺 ):

𝐺 = + (1.21)

São também utilizados os ensaios TDCB (tapered double cantilever beam), também
definido pela norma ASTM D3433-99. Sua principal vantagem é que a energia 𝐺 pode ser
obtida independente do comprimento da fenda (a). Em comparação com o ensaio DCB, a maior
74

dificuldade do ensaio TDCB é a fabricação dos corpos de prova, principalmente para materiais
compósitos (DA SILVA, 2007).
As dimensões dos corpos de prova para o ensaio, bem como o arranjo dos substratos e
adesivo estão mostrados na figura 35.

Figura 35 - Representação esquemática do ensaio TDCB (dimensões em mm)

Fonte: DA SILVA, 2007.

A energia de fratura 𝐺 pode ser calculada através da seguinte equação:

𝐺 = (1.22)

onde m é uma constante relacionada com a e h:

𝑚= + (1.23)

1.4.2. Modo puro II

Apesar dos ensaios para obtenção de 𝐺 não estarem normalizados, a literatura fornece
alguns arranjos com resultados satisfatórios. Devido a sua simplicidade, o método mais
utilizado é o ENF (end notched flexure). O ensaio 4ENF (four point end notched flexure) requer
um dispositivo de ensaio mais sofisticado, tendo a dificuldade adicional de apresentar
75

problemas que tem relação com o atrito na região da pré-fenda (DA SILVA, 2007). Ambos
ensaios estão mostrados na figura 36.

Figura 36 - Representação esquemática dos ensaios ENF e 4ENF

Fonte: DA SILVA, 2007.

O ensaio ENF também possui alguns métodos para determinação de 𝐺 . Para aplicação
do método CCM (baseado na equação de Irwin Kies), é válida a seguinte relação (, 2007):

𝐺 = (1.24)

Uma outra possibilidade é realizar os ensaios de flexão (ENF) em CP com diferentes


valores de ao.
Utilizando-se o método DBT, 𝐺 é dada por (AZEVEDO, 2014):

𝐺 = ( )
(1.25)

onde L é a metade da distância entre apoios do corpo de prova.


O método CBBM também pode ser utilizado para cálculo de 𝐺 ., sendo um método
mais robusto e confiável, já que evita a medição do comprimento da fenda, eliminando dessa
forma esta fonte de erro no cálculo de 𝐺 (AZEVEDO, 2014). A flexibilidade experimental
(C) é obtida em função do comprimento real da fenda (a) a partir do teorema de Castigliano:

𝐶= + (1.26)
76

O módulo de flexão equivalente, em função da flexibilidade inicial, é dado por:

𝐸 = (1.27)

onde 𝐶 é calculado pela seguinte equação:

𝐶 =𝐶 − (1.28)

O comprimento de trinca equivalente é então calculado pela equação:

𝑎 = 𝑎 + ∆𝑎 = 𝑎 + −1 𝐿 (1.29)

onde 𝐶 é dado pela equação 2.27, considerando nesse caso o valor de C (e não 𝐶 ).
Finalmente, pode-se calcular a energia de fratura em modo II:

𝐺 = (1.30)

1.4.3. Modo misto (I + II)

A grande maioria das aplicações de juntas coladas exibem efeitos combinados de


tensões normais e de cisalhamento. Apesar de ainda não estar normalizado, os ensaios do modo
misto têm como objetivo contemplar essa combinação de carregamentos.
O ensaio MMF (mixed mode flexure) é similar ao ENF. Porém, conforme arranjo
mostrado na figura 37, o apoio das extremidades não está nivelado, originando tensões de
abertura (normal), além das tensões de cisalhamento já existentes no ENF.
77

Figura 37 - Representação esquemática do ensaio MMF

Fonte: DA SILVA, 2007.

Outro ensaio é o ADCB (asymmetric DCB), cuja diferença para o DCB é a diferença na
espessura dos CP, consequentemente gerando uma combinação de solicitações normais e
cisalhamento.

Figura 38 - Representação esquemática do ensaio ADCB

Fonte: DA SILVA, 2007.

Em todos os ensaios e métodos utilizados nos diversos modos de carregamento, para se


chegar as equações das energias críticas de fratura, são utilizadas equações da teoria das vigas
que preveem um carregamento linear dos corpos de prova.
Outros ensaios podem ser encontrados na referência (DA SILVA, 2007)
78

2. METODOLOGIA

A modelagem computacional das juntas coladas exige a realização de alguns ensaios


para medição de propriedades coesivas do adesivo. Dessa forma, procedeu-se com os ensaios
de tração, DCB e ENF, medindo-se assim as propriedades do adesivo essenciais a modelagem
numérica.
Adicionalmente, complementando o trabalho experimental das juntas com
carregamento combinado (juntas L) com espessura adesiva de 0,4 mm, realizado por Da Silva
(2010a), seis grupos de juntas L com mesmas geometrias utilizadas pelo autor foram ensaiadas,
com a alteração da espessura adesiva para 1,5 mm.
De posse desses resultados, procedeu-se com a comparação das análises experimental e
numérica.

2.1. Trabalho experimental

O trabalho experimental dessa dissertação se mostrou essencial devido a necessidade do


conhecimento das propriedades macroscópicas (E, ν, 𝑡 , 𝑡 ) do adesivo ARC 858, utilizado nas
juntas coladas estudadas nessa dissertação, além da necessidade de medição das propriedades
coesivas do adesivo (𝐺 e𝐺 ). Adicionalmente, foram realizados os ensaios nas juntas de
carregamento combinado, divididas em 6 grupos, que se encontravam coladas há cerca de 7
anos no LAA em Nova Friburgo. Para levar em consideração o fator tempo, foram
confeccionadas novas juntas com os mesmos materiais e procedimentos para um dos seis
grupos testados. Soma-se a esses experimentos os resultados experimentais obtidos na tese de
doutorado de Da Silva (2010a), tanto com o mesmo A1020 colado com ARC 858, porém com
espessura diferente das juntas citadas, tanto com juntas de cisalhamento simples com adesivo
ARC 858 e substratos de aço carbono A36.
79

2.1.1. Adesivo ARC 858

O adesivo estrutural ARC 858é um adesivo epóxi de alta resistência com diversas
aplicações industriais. Alguns dados do adesivo fornecidos pelo fabricante (Chesterton) estão
mostrados na tabela 7. Como algumas propriedades requeridas para a simulação em elementos
finitos não foram fornecidas, foi solicitada a empresa fornecedora do adesivo uma amostra do
produto para que essas propriedades fossem medidas através de experimentos.

Tabela 7 – Dados do adesivo ARC 858


NORMA BASE PARA
PROPRIEDADE VALORES
DETERMINAÇÃO
Resistência a Compressão ASTM D 695 89,24 MPa
Resistência a Flexão ASTM D 790 60,80 MPa
Módulo de Flexão ASTM D 790 6766,59 MPa
Resistência a Tração ASTM D 638 42,17 MPa
Dureza Hockwell ASTM D 785 R105
Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2010ª.

O tempo de cura recomendado pelo fabricante para o adesivo ARC 858 é de 24 horas.

2.1.1.1. Propriedades Macroscópicas (E, G, ν)

Foram fabricados os corpos de prova do adesivo ARC 858 conforme com as dimensões
da norma ASTM D638 (figura 39).
80

Figura 39 - Dimensões do corpo de prova de tração segundo norma ASTM D 638-03

Fonte: PETROBRAS, 2008.

Conforme orientação do fabricante (Chesterton), foi utilizada a proporção 4 x 1, sendo


utilizado para cada três corpos de prova cerca 60 gramas do componente A e 15 gramas do
componente B do adesivo.

Figura 40 - Adesivo estrutural ARC 858

Fonte: O autor, 2017.

Após a mistura dos componentes, a solução resultante é pressionada aos poucos no


molde, buscando-se evitar o aparecimento de bolhas no CP resultante. O molde para fabricação
é composto de chapas de aço carbono (A36), sendo as mesmas submetidas a uma leve camada
de cera (marca Ingleza) através de pincel, para evitar a colagem do adesivo no molde metálico.
Esse molde é então apertado por quatro parafusos e oito porcas.
81

Figura 41 - Processo de mistura dos componentes do ARC 858 e fabricação dos corpos de
prova

Fonte: O autor, 2017.

No laboratório de mecânica teórica e aplicada (LMTA) da UFF, procedeu-se com o


ensaio de tração para medição do módulo de Young, módulo de Poisson e tensão normal
máxima do ARC 858. Foram utilizados extensômetros biaxiais, dispositivo que mede o
deslocamento em duas direções.

Figura 42– Ensaio de tração com corpo de prova do adesivo ARC 858 com extensômetro
biaxial

Fonte: O autor, 2017.


82

Por não haver equipamentos disponíveis para a medição da tensão máxima de


cisalhamento do ARC 858, essa propriedade foi considerada através da concordância das
simulações numéricas com os experimentos. Considerou-se como entrada no Abaqus uma
determinada tensão de cisalhamento, e foi verificado se a respectiva força de ruptura numérica
da junta colada era igual ao valor experimental. O valor da tensão máxima cisalhante foi sendo
variado até que a força de ruptura numérica fosse aproximadamente igual ao valor obtido nos
experimentos.

2.1.1.2. Propriedades coesivas

Foram realizados os ensaios DCB e ENF para medição das energias de fratura nos
modos normal e de cisalhamento, respectivamente. O esboço dos CP utilizados em ambos
ensaios está representado na figura 43. As espessuras das camadas adesivas utilizadas foram de
0,4 mm e 1,5 mm para cada tipo de ensaio.

Figura 43 - Esboço dos corpos de prova para os ensaios DCB e ENF

Fonte: ANDRESEN, 2006.

Os corpos de prova do ensaio DCB foram fabricados em conformidade com as


recomendações da norma ASTM D3433-99, com exceção do comprimento total (2L), que foi
ajustado para 250 mm, valor considerado em conformidade com diversos trabalhos publicados
que consideraram comprimentos menores que 356 mm, como Carvalho (2016) e Andresen
(2006). Para a fabricação, as chapas de aço A1050 foram jateadas, sendo colocado sobre as
mesmas um calço de calibração em uma das extremidades com a mesma espessura adesiva
desejada (0,4 ou 1,5 mm), e uma chapa com duplo bisel na outra extremidade (também com a
83

mesma espessura adesiva), para que o comprimento inicial da trinca fosse considerado. O duplo
bisel foi utilizado para forçar uma ruptura coesiva no adesivo. A chapa inserida tem um excesso
de comprimento para auxiliar na sua retirada após a cura do adesivo (figura 44). O adesivo ARC
858 foi aplicado com uma espátula nas duas faces das chapas, tendo cuidado para que não
ocorressem bolhas. As chapas foram então coladas, sendo retirado o excesso de adesivo que sai
pelas bordas durante o aperto, resultando assim a camada adesiva requerida. O tempo de cura
médio foi de 24 horas.
Para possibilitar o carregamento do corpo de prova na máquina de ensaio, foram feitos
dois furos próximos a extremidade, sendo fabricados dois dispositivos para permitir a
transmissão dos esforços da máquina de ensaio para os corpos de prova, conforme mostrado na
figura 45.

Figura 44 – Ilustração do processo de colagem das juntas com ARC 858.

Fonte: Adaptado de ESTEVES, 2010.

Figura 45 - Corpos de prova para ensaio DCB e dispositivo de fixação.


Espessura adesiva: 0,4 mm.

Fonte: O autor, 2017.


84

Figura 46 - Corpos de prova para ensaio DCB. Espessura adesiva: 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Figura 47 - Ensaio DCB. Espessura adesiva de 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.

A tabela 8 mostra os quantitativos dos corpos de prova fabricados, além das dimensões
utilizadas.
85

Tabela 8 -Dimensões dos corpos de prova para o ensaio DCB


ENSAIO DCB 1 ENSAIO DCB 2
2L = 250 mm w = 25 mm 2L = 250 mm w = 25 mm
h = 12,7 mm (1/2") h = 12,7 mm (1/2")
Esp. Adesiva = 0.4 mm Esp. Adesiva = 1.5 mm
a QNT CP a QNT CP
51 1 51 1
59 1 59 1
67 1 67 1
75 1 75 1
Fonte: O autor, 2017.

Para o ensaio ENF, foram utilizadas as mesmas dimensões dos corpos de prova
utilizados nos ensaios DCB, sendo também a fabricação feita da mesma maneira.

Figura 48 - Corpos de prova do ensaio ENF com espessura adesiva de 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.


86

Figura 49 - Ensaio ENF com espessura adesiva de 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.

A tabela 9 mostra os quantitativos dos corpos de prova fabricados, além das dimensões
dos mesmos para o ensaio ENF.

Tabela 9–Dimensões dos corpos de prova para o ensaio ENF


ENSAIO ENF 1 ENSAIO ENF 2
2L = 200 mm w = 25 mm 2L = 200 mm w = 25 mm
h = 12,7 mm (1/2") h = 12,7 mm (1/2")
Esp. Adesiva = 0.4 mm Esp. Adesiva = 1.5 mm
a QNT CP a QNT CP
51 1 51 1
59 1 59 1
67 1 67 1
75 1 75 1
Fonte: O autor, 2017.

2.1.2. Juntas de cisalhamento simples (JCS)

A JCS com substratos de aço carbono e adesivo ARC 858 foi estudada por Da Silva
(2010a), sendo avaliado o efeito das variações nas dimensões dos CP, mantendo-se a mesma
87

espessura adesiva (0,4 mm). A norma ASTM D1002 define as dimensões do CP padrão (figura
50), que serviu como base para o estudo de Da Silva (2010a).

Figura 50 - Dimensões da JCS conforme ASTM D1002


(dimensões em mm)

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Para as alterações geométricas foram definidos 8 grupos de juntas, além do grupo padrão
da ASTM D1002.Quatro grupos consideraram a largura da junta (w) constante, variando-se
apenas o comprimento de sobreposição (L). Outros quatro grupos consideraram a variação de
w, mantendo-se L constante.

Figura 51 – Junta de cisalhamento simples - largura


constante

Fonte: DA SILVA, 2010a.


88

Figura 52 – Junta de cisalhamento simples - comprimento constante

Fonte: DA SILVA, 2010a.

A partir desses dados, foram considerados os grupos conforme tabela 10.

Tabela 10 - Definição dos grupos de trabalho

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Os resultados experimentais dessas juntas, em especial a força de ruptura, foram


utilizados para comparação com as juntas modeladas computacionalmente utilizando o MEF.
89

2.1.3. Juntas com carregamento combinado (JCC)

Da Silva (2010a) também estudou corpos de prova submetidos a carregamentos


combinados, submetendo a região colada de dimensões A = h x w a um carregamento de
cisalhamento e tração a partir da aplicação de uma força a junta L, promovendo uma força
cortante e momento fletor na região colada.
Para variação das áreas coladas foram adotados valores similares aqueles das juntas de
cisalhamento simples. Foram determinados mais 8 grupos experimentais além do grupo padrão
ASTM.
As dimensões comerciais adotadas com os respectivos grupos avaliados estão listadas
na tabela 11, e alguns detalhes das juntas L nas figuras 53 e 54. A espessura adesiva considerada
foi de 0,4 mm.
Os ensaios realizados por Da Silva (2010a) foram realizados para três diferentes pontos
de aplicação da força F, medidos em relação a área colada, além da configuração de
cisalhamento puro:
i. 100mm (momento máximo de aplicação na configuração proposta) – 05
CP;
ii. 50mm (metade do tamanho total da haste em balanço da junta) – 10 CP;
iii. 25mm (um quarto do tamanho total da haste em balanço da junta) – 05 CP;
iv. 0 mm (simulando uma configuração da junta de cisalhamento puro).

Tabela 11 - Dimensões comerciais adotadas e grupos avaliados

Fonte: DA SILVA, 2010a.


90

Figura 53 – Dimensões teóricas dos corpos de prova (caráter ilustrativo)

Fonte: DA SILVA, 2010a.

Figura 54– Representação dos pontos de aplicação da força nas juntas L em


diversas configurações

Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2010ª.


91

Os diferentes pontos de aplicação da força foram obtidos a partir do posicionamento de


batentes nas regiões dos corpos de prova, conforme ilustrado na figura 54.
Além desses resultados experimentais apresentados por Da Silva (2010a) para espessura
0,4 mm, foram realizados outros experimentos. O LAA possuía diversos corpos de prova não
testados com as mesmas configurações descritas acima, exceto a espessura adesiva, que nesse
caso foi de 1,5 mm. O processo de colagem das juntas foi feito há cerca de 7 anos, o que também
será avaliado qualitativamente, através da análise da resistência mecânica de juntas
recentemente coladas, verificando-se dessa forma a resistência das juntas coladas com o tempo.
Esses corpos de prova foram divididos nos grupos conforme a tabela 12. São 6 grupos,
numerados em conformidade com o trabalho de Da Silva (2010a), sendo que cada grupo possui
10 CP, exceto o grupo 2, que possui 9. Realizaram-se ensaios considerando a aplicação da força
em duas posições: a uma distância de 50 mm da junta colada, e a uma distância de 100 mm
(extremidade). Foram testados 5 CP de cada grupo para cada distância de aplicação da força,
exceto o grupo 2, sendo 4 CP para aplicação da força a 50 mm. A seguinte simbologia é adotada:
GXX-FYY-ZZ, onde X identifica o grupo, YY o ponto de aplicação da força e ZZ o número
do corpo de prova (caso descrito). Por exemplo, G5-F100-03 indica o corpo de prova 3 do grupo
5 com a força aplicada a 100 mm da junta colada.

Tabela 12 – Grupos de trabalho para os CP colados há cerca de 7 anos


Ponto de
Identificação dos Quantida Altura Largura
Grupos Altura Largura aplicação da Perfil chato comercial
CP de de CP (mm) (mm)
Força (mm)
50 G1-F50-01 a 05 5
1 2H w 25,4 25,4 1 x 1 pol (25,4 x 25,4 mm)
100 G1-F100-01 a 05 5
50 G2-F50-01 a 04 4
2 1,5H w 19,1 25,4 ¾ x 1 pol (19,1 x 25,4 mm)
100 G2-F100-01 a 05 5
50 G3-F50-01 a 05 5
3 (ASTM) H w 12,7 25,4 ½ x 1 pol (12,7 x 25,4 mm)
100 G3-F100-01 a 05 5
50 G4-F50-01 a 05 5
4 0,75H w 9,5 25,4 3/8 x 1 pol (9,5 x 25,4 mm)
100 G4-F100-01 a 05 5
50 G5-F50-01 a 05 5
5 0,5H w 6,4 25,4 ¼ x 1 pol (6,4 x 25,4 mm)
100 G5-F100-01 a 05 5
50 G6-F50-01 a 05 5
6 H 2w 12,7 50,8 ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm)
100 G6-F100-01 a 05 5

Fonte: O autor, 2017.

Para comparação com os corpos de provas antigos, foram fabricados mais 10 corpos de
prova com as mesmas dimensões do grupo 1.A colagem ocorreu através de um molde
apropriado desenvolvido no LAA (figura 55), que também foi utilizado em trabalhos anteriores.
92

Como o objetivo era comparar a força de ruptura dos novos CP fabricados com aqueles
fabricados há 7 anos, foi considerada a mesma espessura da camada adesiva (1,5 mm). Foram
ensaiados 5 CP com a força aplicada a 50 mm da junta colada, e 5 a uma distância de 100 mm.

Figura 55 - Fabricação dos CP do grupo 1

Fonte: O autor, 2017.

Para os ensaios de ruptura foi utilizada a máquina de ensaio universal Shimadzu modelo
Autography AG-X Plus 100 kN, localizada na IPRJ (Nova Friburgo). Os ensaios foram
conduzidos de acordo com a norma ASTM D1002, com velocidade de deslocamento das garras
de 0.5 mm/min e célula de carga com capacidade máxima de 5 kN. A temperatura ambiente e
umidade foram aferidas, com valores médios de 22 °C e 62 %, respectivamente. Para exercer a
força capaz de gerar momento sobre a viga colada, utilizou-se um punção triangular típico de
ensaios de flexão, como mostra a figura 56. Os corpos de prova foram fixados na base da
máquina a partir de uma mossa mecânica aparafusada na base do equipamento.
93

Figura 56 - Fixação das juntas L para ensaio com carregamento combinado

Fonte: O autor, 2017.

2.2. Simulação numérica

Para a modelagem numérica foi utilizado o software comercial Abaqus. Todas as


configurações das JCS e JCC foram simuladas utilizando o MEF com aplicação do modelo de
dano coesivo. Utilizou-se o critério da tensão nominal quadrática (quadratic nominal stress
criterion). A modelagem foi feita em duas dimensões, devido ao estado plano de deformação
dos carregamentos analisados. O principal objetivo é comparar as tensões de ruptura fornecidas
pelo Abaqus através de dados e gráficos com os valores experimentais.
O princípio dos trabalhos virtuais é utilizado para a implementação computacional das
interfaces coesivas (Needleman, 1987), sendo considerada a introdução de um termo de
trabalho interno referente ao trabalho que é realizado na abertura da trinca (Barboza, 2015).
Dessa forma, a equação global que descreve o problema é:

∫ 𝛿𝜀: 𝜎𝑑𝑉 + ∫ 𝛿𝛥: 𝑇 𝑑𝑆 = ∫ 𝛿𝑢: 𝑇 𝑑𝑆 (2.1)


94

onde 𝛿𝜀 representa as deformações virtuais, 𝛿𝑢 os deslocamento virtuais, 𝛿𝛥 é a abertura da


trinca virtual, σ são as tensões de Cauchy que atuam no domínio Ω (volume), 𝑇 é o vetor de
tensões coesivas nas interfaces da trinca que atuam no domínio𝛤 (área da interface),𝑇 éo
vetor das forças externas aplicadas em Γ (área externa), dV é um elemento de volume e dS um
elemento de área.
O modelo polinomial de zona coesiva com base no potencial PPR (Park-Paulino-
Roesler) utiliza a estrutura unificada de Needleman, e define um potencial próprio considerando
um modo misto (modo I e II). O potencial PPR é dado por:

𝛥 𝑚′ 𝛥
𝜓(𝛥 , 𝛥 ) = min(𝐺 , 𝐺 ) + 𝛤 1− + + 〈𝐺 − 𝐺 〉
𝛿 𝛼′ 𝛿

| | | |
𝛤 1− + + 〈𝐺 −𝐺 〉 (2.2)

onde os índices n e t representam as componentes normal e tangencial, sendo que Γ representa


constantes de energia, Δ a separação ao longo da superfície de fratura,𝛿 e 𝛿 as aberturas de
separação completas em modo normal e tangencial, respectivamente. Os parâmetros α’ e β’ são
responsáveis pela forma do amolecimento da curva tensão versus deslocamento, e m’ e n são
constantes adimensionais do modelo PPR.
As componentes do vetor tensões coesivas podem ser obtidas através das seguintes
relações:

𝑇 =− (2.3)

𝑇 =− (2.4)

A partir das equações 3.2, 3.3 e 3.4, obtém-se:

𝛤 𝛥 𝑚 𝛥 𝛥 𝑚′ 𝛥
𝑇 (𝛥 , 𝛥 ) = 𝑚′ 1 − + − 𝛼′ 1 − +
𝛿 𝛿 𝛼 𝛿 𝛿 𝛼′ 𝛿

| | | |
𝛤 1− − + 〈𝐺 −𝐺 〉 (2.5)
95

𝛤 |𝛥 | 𝑛 |𝛥 | |𝛥 | 𝑛 |𝛥 |
𝑇 (𝛥 , 𝛥 ) = 𝑛 1− + − 𝛽′ 1 − +
𝛿 𝛿 𝛽′ 𝛿 𝛿 𝛽′ 𝛿

𝛤 1− + + 〈𝐺 −𝐺 〉 (2.6)

Um total de 9 parâmetros de entrada são necessários para aplicação do modelo.


O cálculo dos parâmetros𝐺 e 𝐺 (energias críticas de fratura nos modos I e II,
respectivamente), que equivale a área do gráfico tensão coesiva versus separação, são obtidos
através dos ensaios de fratura descritos no item 1.4.
As constantes adimensionais m’ e n são dependentes da inclinação inicial da fase de
carregamento do diagrama tensão – deslocamento, sendo seus valores obtidos pelas seguintes
expressões:

( )
𝑚′ = (2.7)

( )
𝑛= (2.8)

Os indicadores 𝜆 e 𝜆 estão relacionados com a inclinação no início do comportamento


após o pico da tensão ser atingido. Podem ser calculados por:

𝜆 = (2.9)

𝜆 = (2.10)

As aberturas de separação 𝛿 e 𝛿 representam as aberturas críticas nos modos normal


e tangencial, respectivamente. Esses deslocamentos ocorrem no pico do gráfico tração versus
separação, onde se inicia o processo de perda de rigidez do material, e então, a partir desse
ponto, as tensões coesivas diminuem até que se anulam, quando ocorre a ruptura completa do
material. No momento da ruptura os deslocamentos em modos normal e tangencial são,
respectivamente, 𝛿 e 𝛿 , que são calculados através das equações:
96

𝛿 = 𝛼′𝜆 (1 − 𝜆 ) +1 𝜆 +1 (2.11)

𝛿 = 𝛽′𝜆 (1 − 𝜆 ) +1 𝜆 +1 (2.12)

Finalmente, para o cálculo das constantes de energia, quando 𝐺 for diferente de 𝐺 ,


as seguintes equações são utilizadas:

〈 〉

𝛤 = −𝐺 (2.13)

〈 〉

𝛤 = −𝐺 (2.14)

Já quando 𝐺 for igual a 𝐺 , as seguintes equações são válidas:

𝛤 = −𝐺 (2.15)

𝛤 = −𝐺 (2.16)

Através do fornecimento de alguns parâmetros pelo usuário, o Abaqus calcula os demais


parâmetros necessários para aplicação do modelo e então executa a modelagem computacional
da junta colada. O método de Newton-Raphson é utilizado pelo programa para obter a solução
de sistemas de equações não lineares. A interpolação é definida através de elementos
isoparamétricos, sendo utilizado a quadratura Gaussiana para a integração, seja ela completa ou
reduzida (Abaqus, 2014).
Para execução dos modelos, os diversos módulos do programa devem ser devidamente
utilizados. As principais funções de cada módulo do Abaqus estão abaixo descritas:
97

I. MÓDULO PART

Nesse módulo a junta adesiva é desenhada. Inicialmente decide-se se será feita uma
análise 2D ou 3D. Há diversas maneiras de desenhar uma junta adesiva: pode-se desenhar dois
substratos e modelar a interação entre as superfícies com elementos coesivos; pode-se, além de
desenhar os dois substratos, desenhar uma camada para o adesivo, principalmente se deseja-se
estudar a influência da espessura da camada adesiva; e por fim, pode-se desenhar apenas uma
peça (part), e dividi-la em três partições (dois substratos e um adesivo), sendo utilizado nesse
trabalho o desenho com peça única com partições.
Além das três partições principais, podem ser feitas partições auxiliares que servirão na
fase de refinamento das malhas. A figura 57 mostra as partições realizadas em uma JCS. As
cores diferentes indicam materiais diferentes (substratos e adesivos).

Figura 57 – Junta de sobreposição simples com partições

Fonte: O autor, 2017.

II. MÓDULO PROPERTY

Nesse módulo as propriedades mecânicas do substrato e do adesivo são atribuídas.


Foram criadas duas seções, uma para o aço carbono (substrato) e uma para o adesivo ARC 858
(figura 58).
Como não foi possível medir a tensão de ruptura ao cisalhamento (𝜏 ) do ARC 858,
optou-se por considerar, inicialmente, um valor abaixo da tensão de ruptura normal, pois assim
ocorre com os adesivos epóxis. Dessa forma, através de algumas simulações o valor de 𝜏 foi
ajustado até que a força de ruptura fosse aquela obtida no ensaio experimental de uma das
juntas.
Nessa seção é definido o critério de ruptura a ser utilizado, através do caminho mostrado
na figura 59. Através do “Damage Evolution”, os valores de 𝐺 (normal mode fracture energy),
98

𝐺 (shear mode fracture energy first direction) e 𝐺 (shear mode fracture energy second
direction) podem ser inseridos no programa. No caso do arranjo considerado 𝐺 =𝐺 .

Figura 58 – Módulo Property - definição das propriedades dos materiais no Abaqus

Fonte: O autor, 2017.

Figura 59 - Módulo Property – definição do critério de ruptura e inserção das


energias críticas de fratura

Fonte: O autor, 2017.


99

Ainda nesse módulo, é necessário definir-se as sessões do adesivo e do substrato. Aqui


o programa entende que os elementos coesivos serão utilizados, podendo-se definir o tipo de
resposta aos esforços, que na presente dissertação foi a Lei de Tração Separação. A largura da
junta, ou seja, a dimensão z perpendicular ao plano da junta desenhada, é inserida no campo
“out-of-plane thickness”.

Figura 60 - Criação de uma seção coesiva no Abaqus

Fonte: O autor, 2017.

III. ASSEMBLY

Como foi considerada apenas uma peça (part), esse módulo não se aplica. Caso a junta
fosse desenhada a partir de três partes, aqui deveria ocorrer o arranjo de montagem.

IV. STEP

Esse módulo fornece um caminho conveniente para estudar mudanças nos esforços da
junta. Normalmente utiliza-se uma análise estática para a análise das juntas coladas, porém,
quando são encontrados problemas de convergência, um dos caminhos é considerar uma análise
dinâmica quase estática.
Os parâmetros de computação são definidos, em especial o número máximo de
incrementos, além dos tamanhos desses incrementos, conforme figura 61.
100

Figura 61 – Módulo Step–definição dos incrementos

Fonte: O autor, 2017.

V. INTERACTION

Novamente, no caso de uma peça com partições esse módulo também não se aplica
considerando a interação do adesivo e aderente. No caso de três partes desenhadas, aqui deve
ser definido o tipo de interação entre o substrato e adesivo. Pode ser utilizado restrição do tipo
“tie-constraint”, que considera uma colagem perfeita, ou ainda, “surface-to-surface”, que exige
algumas propriedades relativas a interação.
No entanto, pode-se utilizar uma ferramenta disponível nesse módulo para melhor
obtenção do resultado de força de ruptura. Desenha-se um ponto externo a estrutura (reference
point), interligando o mesmo a alguma parte da peça desenhada através da criação da restrição
(contraints) tipo acoplamento (coupling). No caso da junta L esse ponto foi interligado a base
engastada. Dessa forma, se considerarmos qualquer por exemplo que o ponto está engastado, o
programa entende que a base (acoplada a ele) está submetida a esse tipo de reação.
101

Figura 62 - Módulo Interaction–interligação do ponto de referência a base da junta L

Fonte: O autor, 2017.

VI. LOAD

A aplicação das cargas pertinentes, além das condições de contorno ocorrem nesse
módulo. Como deseja-se simular os experimentos, onde a carga é crescente, optou-se em impor
deslocamentos ao invés de impor cargas. Com a imposição dos deslocamentos as tensões
crescem com o aumento do deslocamento, assim como ocorre nos ensaios.
As condições de contorno para a junta de cisalhamento simples (bidimensional) podem
ser consideradas conforme representado na figura 63, ou seja, uma das extremidades engastada
(esquerda), e a outra extremidade com deslocamento nulo no eixo y, sendo imposto um
deslocamento na direção x.

Figura 63 - Condições de contorno da junta de cisalhamento simples

Fonte: CAMPILHO et al., 2012.

onde tp e ta são as espessuras do aderente e adesivo, respectivamente. Lo é o comprimento de


sobreposição, e δ o deslocamento imposto ao modelo.
102

Considerou-se, no caso da junta L, que a base estava engastada (figura 64), assim como
ocorreu no ensaio. O deslocamento foi imposto em duas situações: uma a 50 mm da camada
adesiva (mostrada na figura 64), e outra na extremidade da junta L (não mostrada).

Figura 64 - Módulo Load–condições de contorno.

Fonte: O autor, 2017.

VII.MESH

Uma boa definição das malhas é caracterizada pelo refinamento nos locais onde ocorrem
os gradientes de tensões. Tanto na junta de cisalhamento simples, como na junta L, as maiores
tensões ocorrem nas extremidades das juntas, o que justifica o refinamento das malhas nessa
região.
O Abaqus possui a ferramenta bias-ratio, que permite refinar a malha de maneira
crescente em um sentido (single) tendo uma aresta como referência, ou ainda em dois sentidos
(double) a partir do centro da aresta, conforme figura 65. No caso das juntas coladas, deseja-se
que os elementos finitos sejam menores a medida que extremidades da junta colada se
aproxima, fornecendo assim resultados mais precisos. A figura 66 mostra a distribuição de
malhas para uma JCS.
103

Figura 65 - Módulo Mesh–ferramenta bias-ratio.

Fonte: O autor, 2017.

Figura 66 - Malhas dos elementos no Abaqus - JCS.

Fonte: O autor, 2017.

Os substratos foram previamente divididos através da ferramenta partition, disponível


nos módulos PART e INTERACTION, para a melhor divisão dos elementos finitos.

VIII.JOB

Nesse módulo o usuário deverá, após definição do nome do trabalho, executara


simulação através do comando submit. Alguns erros básicos como não definição de
propriedades, pendência de malhas em elementos, etc., são avisados antes do início da
simulação. As iterações da simulação podem ser acompanhadas através do comando monitor,
onde pode-se acompanhar o andamento do processo, com as devidas observações e possíveis
erros.
Quando a estrutura é simulada sem erros, os resultados poderão então ser visualizados.
104

IX.RESULTS

Nesse módulo diversas ferramentas para análise da simulação são disponibilizadas,


incluindo vídeos e imagens com diferentes cores para indicação dos locais com maiores
concentrações de tensões. Diversos gráficos podem ser obtidos, como força versus
deslocamento, tensão versus deformação, dentre outros. As variáveis de interesse do usuário
devem ser previamente definidas antes da simulação em history output.
Para projetar o gráfico de duas variáveis previamente definidas, deve-se utilizar a
ferramenta combine, que é uma dentre as diversas ferramentas gráficas disponíveis na biblioteca
do Abaqus (figura 67).

Figura 67 - Módulo Results–ferramenta combine

Fonte: O autor, 2017.


105

3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS E NUMÉRICOS

Nesse capítulo serão apresentados os resultados dos experimentos para medição das
propriedades do adesivo ARC 858, dos experimentos com as juntas de cisalhamento simples e
carregamento combinado, além da modelagem dessas juntas no Abaqus.

3.1. Experimentos

3.1.1. Adesivo ARC 858

Foram testados três corpos de prova para o ensaio de tração, sendo obtidos o módulo de
Poisson (ν), módulo de Young (E) e tensão normal máxima (𝜎 á ). Para o cálculo da 𝜎 á os
dados obtidos através do terceiro corpo de prova foi desconsiderado, devido ao aparecimento
de bolha no corpo de prova (figura 68). As curvas tensão versus deformação para os três CP
testados apresentaram boa concordância (figura 69), principalmente no início do carregamento,
podendo ser observado o comportamento frágil do adesivo ARC 858.

Figura 68 - Bolha no corpo de prova rompido


no ensaio de tração (CP-03)

Fonte: O autor, 2017.


106

Assim, após a medição de E, ν e 𝜎 á , pôde-se calcular o módulo de elasticidade ao


cisalhamento (G), através da equação (1.1). Para determinação do valor da tensão máxima de
cisalhamento, os demais dados já conhecidos do ARC 858 foram utilizados como entrada no
Abaqus em uma das modelagens das juntas L com espessura 0,4 mm (G3-F50). Como, de
maneira geral os adesivos possuem tensões normais maiores do que as cisalhantes, considerou-
se inicialmente o valor de 20 MPa, sendo obtida uma força de ruptura correspondente diferente
daquela experimental. O valor de 20 MPa foi sendo ajustado, chegando-se ao valor de 18 MPa,
o qual gerou uma força de ruptura com valor aproximadamente igual ao experimental, sendo,
portanto, considerado esse valor como tensão de cisalhamento máxima do adesivo. As
propriedades macroscópicas do adesivo ARC 858 estão listadas na tabela 13, sendo comparadas
com outros dois adesivos epóxis, um dúctil e um frágil, obtidos no trabalho de Ribeiro (2012).

Figura 69 - Curva força versus deslocamento para os CP do


adesivo ARC 858 no ensaio de tração

Fonte: O autor, 2017.


107

Tabela 13 - Propriedades macroscópicas do adesivo ARC 858


ARALDITE ARALDITE AV
DESCRIÇÃO ARC 858
2015 (DÚCTIL) 138 (FRÁGIL)
TENSÃO NORMAL MÁXIMA (MPa) 28,963 21,63 39,45
COEFICIENTE DE POISSON 0,329 0,33 0,35
MÓDULO DE ELASTICIDADE (MPa) 7073,031 1850 4890
MÓDULO DO CISALHAMENTO (MPa) 2660,819 560 1560
TENSÃO CISALHAMENTO MÁXIMA (MPa) 18,0 17,9 30,2
Fonte: O autor, 2017.

Para o cálculo das energias críticas de fratura, 𝐺 e𝐺 , utilizou-se o método CBBM.


Foram testados 8 corpos de prova para o ensaio DCB (4 com espessura 0,4 mm e 4 com
espessura 1,5 mm), e da mesma forma 8 CP para o ensaio ENF. As figuras 70 e 71 descrevem
a sequência das atividades cada um dos ensaios realizados (DCB e ENF), seguindo as diretrizes
das literaturas a respeito do método CBBM, conforme descrito nos itens 1.4.1 e 1.4.2.

Figura 70 - Fluxograma com o sequenciamento de tarefas para aplicação do método


CBBM para cálculo de 𝑮𝑰𝒄 no ensaio DCB

Calcular o fator de
Determinar as
Ensaio DCB - Dados correção teórico (Δ)
flexibilidades iniciais
necessários: Força (P) através da curva
para cada corpo de
x deslocamento (δ) Co^(1/3) versus 'ao' ou
prova (CP): Co = δ/F
método alternativo

Calcular o Calcular a energia de


Calcular o módulo de comprimento de trinca fratura em modo I
flexão equivalente (Ef) equivalente (aeq) para (GIc) para cada
para cada CP cada conjunto de conjunto de dados P x
dados P x δ δ

Repetir o
Gerar a curva R (GIc
procedimento para
versus aeq) e
cada CP, e obter o
determinar GIc através
valor final de GIc
da identificação do
através de uma média
patamar da curva
aritmética

Fonte: O autor, 2017.


108

Figura 71 - Fluxograma com o sequenciamento de tarefas para aplicação do método


CBBM para cálculo de 𝑮𝑰𝑰𝒄 no ensaio ENF
Calcular o módulo
Ensaio ENF - Dados Calcular a
de flexão
necessários: Força (P) flexibilidade inicial
equivalente (Ef)
x deslocamento (δ) (Co) para cada CP
para cada CP

Calcular o
Calcular a energia de Gerar a curva R (GIc
comprimento de
fratura em modo II versus aeq) e determinar
trinca equivalente
(GIIc) para cada GIIc através da
(aeq) para cada
conjunto de dados P identificação do patamar
conjunto de dados P
xδ da curva

Repetir o procedimento
para cada CP, e obter o
valor final de GIIc
através de uma média
aritmética

Fonte: O autor, 2017.

Para o ensaio DCB com espessura adesiva de 0,4 mm, foi observada falha
predominantemente coesiva, sendo adesiva em alguns pontos, principalmente no CP 2. Já no
caso da espessura de 1,5 mm, toda a fratura foi coesiva, conforme a figura 72. A figura 73
mostra o gráfico obtido no experimento (força x deslocamento). As curvas R foram geradas
para cada corpo de prova, porém nem todas apresentaram um patamar bem definido. Uma das
curvas está mostrada na figura 74, e as demais no Apêndice A. Os valores de 𝐺 para ambas
espessuras estão mostrados na tabela 14.

Figura 72 - Modos de ruptura do ensaio DCB: a) Ruptura adesiva (espessura


adesiva 0,4 mm) e b) Ruptura coesiva (espessura adesiva 1,5 mm)

Fonte: O autor, 2017.


109

Figura 73 - Gráfico força versus deslocamento para os 4 corpos de prova do


ensaio DCB com espessura adesiva 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Figura 74 - Curva R - Ensaio DCB - CP2 – espessura adesiva = 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.


110

Tabela 14 - Resultados do ensaio DCB


para o adesivo ARC 858
ENSAIO DCB - ARC 858
CORPO GIC (N/mm)
Espessura Espessura
DE
adesiva: adesiva:
PROVA 0,4 mm 1,5 mm
1 0,15 0,68
2 0,62 0,22
3 0,18 0,26
4 0,075 0,15
MÉDIA 0,26 0,33

DESVIO 0,25 0,24


PADRÃO (96%) (73%)
Fonte: O autor, 2017.

Pode-se observar na tabela 14um desvio padrão muito elevado para ambas espessuras
adesivas, devido principalmente a um item de cada espessura, destacados em vermelho. Diante
desse quadro, decidiu-se por excluir os valores de 𝐺 do corpo de prova 2 para a espessura de
0,4 mm, e o valor do corpo de prova 1 para espessura adesiva de 1,5 mm, resultando nos valores
listados na tabela 15.

Tabela 15 - Valores resultantes da energia de fratura


dos ensaios DCB
ENSAIO DCB - ARC 858
GIC (N/mm)
CORPO DE
PROVA Espessura adesiva: Espessura adesiva:
0,4 mm 1,5 mm

1 0,15 0,22
2 0,18 0,26
3 0,075 0,15
MÉDIA 0,135 0,21
DESVIO
0,05 (40%) 0,06 (27%)
PADRÃO
Fonte: O autor, 2017.

Os valores de 𝐺 obtidos estão próximos aos obtidos por Campilho (2013), com o
adesivo AV 138 (também epóxi), cujo valor de 𝐺 foi 0,2 N/mm.
111

No ensaio ENF não há total separação do corpo, o que dificulta a visualização do tipo
de fratura. As figuras 75 e 76 mostram o gráfico obtido nos experimentos (força x
deslocamento) e uma das curvas R geradas (as demais se encontram no Apêndice B), que assim
como no ensaio DCB, nem todas apresentaram um patamar bem definido.

Figura 75 - Gráfico força versus deslocamento para os 4 corpos de prova do


ensaio ENF com espessura adesiva 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Figura 76 - Curva R - Ensaio ENF – CP1 – espessura adesiva = 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.


112

Os valores de 𝐺 para ambas espessuras estão mostrados na tabela 16. Campilho


(2013) obteve para o adesivo AV 138 (epóxi) o valor de 𝐺 de 0,38 N/mm, estando os valores
obtidos para o ARC 858 consideravelmente acima deste.

Tabela 16 - Resultados do ensaio ENF para o adesivo


ARC 858.
ENSAIO ENF - ARC 858
GIIC (N/mm)
CORPO DE
Espessura adesiva: Espessura adesiva:
PROVA
0,4 mm 1,5 mm
1 1,76 0,96
2 2,50 1,36
3 2,08 1,60
4 1,76 1,28
MÉDIA 2,025 1,300

DESVIO PADRÃO 0,351 (17%) 0,264 (20%)


Fonte: O autor, 2017.

3.1.2. Junta de cisalhamento simples

Os resultados experimentais da força de ruptura para as JCS encontrados por Da Silva


(2010a) são aqueles apresentados na revisão bibliográfica item XXX.

3.1.3. Junta com carregamento combinado

Para a junta com carregamento combinado (junta L), foram feitos experimentos com
duas espessuras da camada adesiva: 0,4 mm (10 grupos) e 1,5 mm (6 grupos).
Os resultados para a espessura de 0,4 mm foram também obtidos por Da Silva (2010a)
e foram apresentados na revisão bibliográfica (1.2.4.1.2). Os resultados para os pontos de
aplicação da força (df) iguais a 50 e 100 mm serão utilizados nessa dissertação para comparação
com a modelagem computacional.
113

Os resultados da força de ruptura para a junta L com espessura adesiva de 1,5 mm para
as juntas coladas há cerca de 7 anos, a partir de agora representadas por junta L7, estão
apresentados na tabela 17.O grupo 3 é considerado como padrão (ASTM) devido a sua área
colada ser a mesma daquelas citadas para a JCS.

Tabela 17 – Força de ruptura das juntas L7 coladas há cerca de sete anos. Espessura adesiva
de 1,5 mm.

Altura Largura Área FORÇADE RUPTURA FORÇADE RUPTURA


Grupos Altura Largura
(mm) (mm) (mm²) BRAÇO DA FORÇA: 50mm BRAÇO DA FORÇA: 100mm

1 2H w 25,4 25,4 645,16 3,622 ± 0,542 (14,96%) 1,774 ± 0,201 (11,33%)


2 1,5H w 19,1 25,4 485,14 1,882 ± 0,214 (11,37%) 0,906 ± 0,087 (9,60%)
3
H w 12,7 25,4 322,58 0,646 ± 0,112 (17,34%) 0,328 ± 0,047 (14,33%)
(ASTM)
4 0,75H w 9,5 25,4 241,3 0,315 ± 0,044 (13,97%) 0,157 ± 0,032 (20,38%)
5 0,5H w 6,4 25,4 162,56 0,146 ± 0,015 (10,27%) 0,075 ± 0,009 (12,00%)
6 H 2w 12,7 50,8 645,16 1,076 ± 0,103 (9,57%) 0,533 ± 0,062 (11,63%)
Fonte: O autor, 2017.

A figura 77 mostra o gráfico força versus deslocamento para as juntas L7 do G1F50.


Nesse caso a ruptura foi verificada com a queda da haste, ocorrendo o decrescimento
praticamente momentâneo da força aplicada. Esse comportamento não foi verificado para os
grupos 4 e 5 com braço de força de 50 mm. A figura 78 mostra o gráfico força versus
deslocamento para um desses casos (grupo 4). Para o braço de 100 mm, a fratura foi verificada
sem a queda da haste para alguns corpos de prova dos grupos 2, 3, 5 e 6.
114

Figura 77–Gráfico força versus deslocamento. Junta L7, grupo 1, braço da força 50 mm,
espessura adesiva 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Figura 78–Gráfico força versus deslocamento. Junta L7, grupo 4, braço da força 50 mm,
espessura adesiva 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.


115

Com o objetivo de validar os dados obtidos com as juntas L7, ou seja, demonstrar que
mesmo após o tempo de colagem de sete anos não houve perda da resistência mecânica da junta,
procedeu-se com uma nova colagem em condições idênticas as das juntas L7, sendo escolhido
apenas o grupo 1.
Foram testados 10 corpos de prova recentemente colados com ARC 858, mantendo-se
os substratos de aço carbono, sendo cinco deles com a força aplicada a 50 mm da camada
adesiva, e outros cinco a 100 mm.
Os resultados para o G1-F50 mostraram boa repetição, sendo obtido um desvio padrão
17,42%. Os resultados para o G1-F100 também mostraram boa repetibilidade dos resultados,
com exceção do primeiro corpo de prova testado, cuja tensão de ruptura ficou muito abaixo das
demais (figura 79). Verificando o corpo de prova rompido, observou-se uma área bastante
enrugada (figura 80), com potencial formação de bolhas de ar, o que certamente influenciou o
resultado do ensaio. Devido ao exposto, esse corpo de prova foi excluído da análise, sendo
aproveitado todos os demais.

Figura 79 - Gráfico força versus deslocamento. Junta L, grupo 1, braço da força 100 mm,
espessura adesiva 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.


116

Figura 80 – Base dos corpos de prova rompidos. G1-F100 (superior) e


G1-F50 (inferior), espessura adesiva 1,5 mm.

Fonte: O autor, 2017.

Em ambos carregamentos as rupturas observadas foram mistas, sendo parte coesivas,


parte adesivas, conforme figura 80. Pode-se observar uma repetição das zonas de fraturas
coesivas e adesivas. As forças de ruptura obtidas estão representadas na tabela 18.

Tabela 18 - Forças de ruptura das juntas L coladas recentemente


(julho/2017). Espessura adesiva: 1,5 mm.

Aplicação da Força de Ruptura


Grupos Altura Largura
força (Ensaio - junta nova)
F50 3,330 ± 0,579 (17,42%)
1 2H w
F100 1,552 ± 0,083 (5,36%)
Fonte: O autor, 2017.
117

3.2. Simulação numérica

Conforme descrito na metodologia, não foi possível realizar o ensaio para medição da
tensão de ruptura ao cisalhamento (𝜏 ) do ARC 858. Dessa forma, optou-se por considerar o
ajuste desse valor de acordo com o valor de um dos experimentos realizados, no caso, G3-F50,
com espessura 0,4 mm. O valor de 𝜏 que fornecia valores condizentes com o experimento foi
18 MPa, sendo, portanto, esse valor considerado nas modelagens das JCS e JCC.
Para os substratos foram utilizados elementos sólidos de 4 nós com integração reduzida
(CPE4R), que são elementos bidimensionais quadriláteros com estado plano de deformação. Já
para a camada adesiva foram utilizados elementos coesivos (COH2D4 do Abaqus), também
com 4 nós.
Foi realizado o teste de dependência de malha para uma configuração da JCC (grupo 1),
o qual não resultou em mudanças significativas na força de ruptura.

3.2.1. Junta de cisalhamento simples

Para as JCS foram analisadas apenas a espessura de 0,4 mm, sendo avaliada a resistência
mecânica da junta quando há variação na área colada. Diversos grupos apresentaram problemas
de convergência no Abaqus, sendo então realizados refinamentos nas malhas, ou mudança dos
deslocamentos impostos em uma das extremidades.
Foram consideradas duas condições de contorno (boundary conditions): um
engastamento em uma extremidade, e uma imposição de deslocamento na outra, incluindo a
limitação do deslocamento vertical.
118

Figura 81 – Condições de contorno para as juntas de cisalhamento simples (grupo 1)

Fonte: O autor, 2017.

Os resultados da modelagem computacional das juntas de cisalhamento simples para os


9 grupos avaliados estão descritos na tabela 19.

Tabela 19 - Forças de ruptura numérica nas JCS com espessura adesiva de 0,4 mm
ELEMENTO
FORÇA DE RUPTURA
GRUPOS COMPRIMENTO LARGURA ÁREA S DA
ABAQUS (kN) - Fa
MALHA
1 2L w 2A 7,9 5320
2 1,5L w 1,5A 6,4 2860
3 (ASTM) L w A 4,8 2860
4 0,75L w 0,75A 3,7 2690
5 0,5L w 0,5A 2,5 2430
6 L 2w 2A 8,9 2700
7 L 1,5w 1,5A 7,2 3700
8 L 0,75w 0,75A 3,3 3700
9 L 0,5w 0,5A 2,4 3700
Fonte: O autor, 2017.

Pode-se observar que a força de ruptura decresce com a diminuição da área. Também é
notável que mesmo aqueles grupos com áreas iguais possuem resistências diferentes.
Nota-se também que assim como ocorre nos ensaios, a força simulada cresce
linearmente, consequência da imposição do deslocamento no Abaqus em uma das extremidades
da junta. A figura 82 mostra um gráfico extraído do Abaqus, relacionando força e deslocamento.
O momento de início do decréscimo da força no gráfico indica o início do processo de ruptura
na junta.
119

Figura 82 - Gráfico força versus deslocamento para a junta de cisalhamento simples do G7


extraído do Abaqus

Fonte: O autor, 2017.

Quando ocorre a total separação das partes a força se anula. Dessa forma, o
deslocamento imposto na JCS do grupo 7 (figura 82) poderia ter sido menor. De qualquer forma,
maiores deslocamentos impostos não influenciam os resultados, porém há maior custo
computacional.
As partes da JCS submetidas aos maiores esforços são identificadas através da cor
vermelha (ou outra cor pré-determinada), conforme legenda mostrada na figura 83. Conforme
previsto nas literaturas, as maiores tensões estão localizadas nas bordas das juntas, ou seja, onde
há mudanças abruptas na geometria, ocorrendo nesses pontos o início da ruptura.

Figura 83 – Distribuição das tensões nas juntas de cisalhamento simples do grupo 5. A


legenda indica os valores das tensões de Von Misses (S) em MPa

Fonte: O autor, 2017.


120

A figura 84 mostra o início do processo de propagação da trinca, que assim como


exposto acima, ocorre nas extremidades, que são os locais com maiores gradientes de tensão.

Figura 84 - Início do processo de propagação da trinca

Fonte: O autor, 2017.

Apesar das JCS terem esforços predominantemente cisalhantes, existem tensões


normais causadas pelo momento fletor devido a excentricidade do carregamento, conforme
descrito no item 1.3.1. A modelagem computacional considera esse efeito, que pode ser
visualizado nas figuras 83 e 84.

3.2.2. Junta de carregamento combinado

Foram simuladas as juntas L com espessuras de 0,4 mm e 1,5 mm. Para a primeira
espessura foram considerados os grupos de 1 a 9, e para a segunda espessura foram
considerados os grupos de 1 a 6. Para cada grupo analisado foi considerado a aplicação da força
em dois pontos (F50 e F100). Diferentemente das JCS, não houve problemas de convergência
nessas simulações.
Foram aplicadas duas condições de contorno, assim como nas JCS. A base vertical foi
engastada, e o deslocamento foi imposto conforme ocorreu no ensaio (F50 ou F100).
121

Figura 85 - Condições de contorno para as juntas L (F50)

Fonte: O autor, 2017.

Os resultados das forças de ruptura encontradas numericamente no Abaqus se


encontram nas tabelas 20 e 21, para espessuras de 0,4 e 1,5 mm respectivamente, considerando
F50. Estão destacadas com a mesma cor aqueles grupos com mesma área colada. Apesar de
alguns grupos possuírem áreas iguais, na maioria dos casos a força de ruptura é diferente,
indicando a existência do fator forma também na análise numérica.

Tabela 20 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura
adesiva de 0,4 mm. Braço da força: 50 mm (F50)

ÁREA DO
FORÇA DE RUPTURA ELEMENTOS DA
GRUPO ALTURA LARGURA PERFIL CHATO COMERCIAL PERFIL pol²
EM kN (ABAQUS) MALHA
(mm²)

1 2H w 1 x 1 pol (25,4 x 25,4 mm) 1 (645,2) 1,96 4840


2 1,5H w ¾ x 1 pol (19,1 x 25,4 mm) ¾ (485,14) 1,17 4840
3 (ASTM) H w ½ x 1 pol (12,7 x 25,4 mm) ½ (322,6) 0,54 3830
4 0,75H w 3/8 x 1 pol (9,5 x 25,4 mm) 3/8 (241,3) 0,31 2820
5 0,5H w ¼ x 1 pol (6,4 x 25,4 mm) ¼ (162,6) 0,14 1810
6 H 2w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 1 (645,2) 1,03 3830
7 H 1,5w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 2 (645,2) 0,79 3830
8 H 0,75w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 3 (645,2) 0,41 3830
9 H 0,5w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 4 (645,2) 0,28 3830
Fonte: O autor, 2017.
122

Tabela 21 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura
adesiva de 1,5 mm. Braço da força: 50 mm (F50)

ÁREA DO FORÇA DE
ALTUR LARGUR PERFIL CHATO ELEMENTOS DA
GRUPO PERFIL pol² RUPTURA EM kN
A A COMERCIAL MALHA
(mm²) (ABAQUS)
1 2H w 1 x 1 pol (25,4 x 25,4 mm) 1 (645,2) 1,77 4270
2 1,5H w ¾ x 1 pol (19,1 x 25,4 mm) ¾ (485,14) 1,04 4270
3 (ASTM) H w ½ x 1 pol (12,7 x 25,4 mm) ½ (322,6) 0,43 4270
4 0,75H w 3/8 x 1 pol (9,5 x 25,4 mm) 3/8 (241,3) 0,26 2690
5 0,5H w ¼ x 1 pol (6,4 x 25,4 mm) ¼ (162,6) 0,12 2295
6 H 2w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 1 (645,2) 0,93 4270
Fonte: O autor, 2017.

Para o G1-F50, foi realizado um teste de dependência de malhas, para avaliação da


sensibilidade do modelo ao refinamento das malhas. Conforme tabela 22, não houve mudanças
significativas no valor da força de ruptura, mesmo após sucessivos refinamentos da malha.

Tabela 22 – Forças de ruptura do G1-F50 para diferentes quantidades de


elementos de malha
QUANTIDADE DE FORÇA DE
GRUPO 1
ELEMENTOS RUPTURA (kN)
G1-1 2740 1,96
G1-2 3840 1,96
G1-3 4840 1,96
G1-4 5640 1,96
G1-5 10550 1,95
Fonte: O autor, 2017.

As forças de ruptura para os 9 grupos avaliados considerando F100 em ambas espessuras


(0,4 e 1,5 mm) estão mostrados nas tabelas 23 e 24.
123

Tabela 23 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura
adesiva de 0,4 mm. Braço da força: 100 mm (F100)

ÁREA DO
FORÇA DE RUPTURA ELEMENTOS DA
GRUPO ALTURA LARGURA PERFIL CHATO COMERCIAL PERFIL pol²
EM kN (ABAQUS) MALHA
(mm²)

1 2H w 1 x 1 pol (25,4 x 25,4 mm) 1 (645,2) 1,03 4840


2 1,5H w ¾ x 1 pol (19,1 x 25,4 mm) ¾ (485,14) 0,59 4840
3 (ASTM) H w ½ x 1 pol (12,7 x 25,4 mm) ½ (322,6) 0,27 3830
4 0,75H w 3/8 x 1 pol (9,5 x 25,4 mm) 3/8 (241,3) 0,15 2920
5 0,5H w ¼ x 1 pol (6,4 x 25,4 mm) ¼ (162,6) 0,07 1710
6 H 2w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 1 (645,2) 0,54 3830
7 H 1,5w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 2 (645,2) 0,41 3830
8 H 0,75w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 3 (645,2) 0,20 3830
9 H 0,5w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 4 (645,2) 0,14 3830
Fonte: O autor, 2017.

Tabela 24 - Valores da força de ruptura obtidos no Abaqus para juntas L com espessura
adesiva de 1,5 mm. Braço da força: 100 mm (F100)

ÁREA DO
FORÇA DE RUPTURA ELEMENTOS DA
GRUPO ALTURA LARGURA PERFIL CHATO COMERCIAL PERFIL pol²
EM kN (ABAQUS) MALHA
(mm²)

1 2H w 1 x 1 pol (25,4 x 25,4 mm) 1 (645,2) 0,89 4270


2 1,5H w ¾ x 1 pol (19,1 x 25,4 mm) ¾ (485,14) 0,53 4270
3 (ASTM) H w ½ x 1 pol (12,7 x 25,4 mm) ½ (322,6) 0,24 2690
4 0,75H w 3/8 x 1 pol (9,5 x 25,4 mm) 3/8 (241,3) 0,13 3310
5 0,5H w ¼ x 1 pol (6,4 x 25,4 mm) ¼ (162,6) 0,06 3310
6 H 2w ½ x 2 pol (12,7 x 50,8 mm) 1 (645,2) 0,47 3310
Fonte: O autor, 2017.

Novamente verifica-se o fator forma associado aos grupos com mesma área.
Considerando os grupos 1 e 6 por exemplo, verifica-se que a força de ruptura do G1-F100 com
espessura adesiva de 1,5 kN foi de 1,03 kN, mais do que o dobro daquela do grupo 6 (0,54kN),
que possui mesma área.
124

Figura 86 - Gráfico força versus deslocamento para a junta L - grupo 1


(G1-F50) extraído do Abaqus. Espessura adesiva 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.

Os resultados numéricos indicam maiores forças de ruptura para menores espessuras


adesivas. Com relação ao início da ruptura, as simulações indicam que a trinca se inicia na parte
superior da junta, onde ocorrem as máximas tensões normais. O pico da força máxima no
gráfico força x deslocamento (figura 86) indica o início do processo de fratura, sendo esse
fenômeno também representado na figura 87.

Figura 87 - Início da fratura na simulação numérica. Junta L - G2-F50.


Espessura adesiva 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.


125

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Nesse capítulo os resultados experimentais e numéricos são apresentados


conjuntamente, já que o obtivo da dissertação é modelagem consistente dos experimentos feitos
em laboratórios.

4.1. Junta de cisalhamento simples

Os dados experimentais e numéricos estão mostrados na tabela 25, sendo indicado o


quantitativo percentual da mudança da força de ruptura numérica em relação a força média
obtida nos experimentos. A tabela 26 mostra a diferença percentual numérica e experimental
entre os pares de grupos com mesma área, considerando a variação do grupo maior em relação
ao grupo menor. Por exemplo, o grupo 6 possui força de ruptura 13% maior que o G1, tanto na
análise numérica como na análise experimental.

Tabela 25 – Força de ruptura experimental e numérica para as JCS


FORÇA DE
COMPRIMENT ÁRE FORÇADE RUPTURA DIFERENÇA %
GRUPOS LARGURA RUPTURA
O A ENSAIO (kN) - Fe [(Fa/Fe) – 1]
ABAQUS (kN) - Fa
1 2L w 2A 7,9 6,16 ± 1,03 (16,74%) 28%
2 1,5L w 1,5A 6,35 5,45 ± 0,96 (17,58%) 17%
3 (ASTM) L w A 4,8 3,70 ± 0,58 (15,75%) 30%
0,75
4 0,75L w 3,7 3,62 ± 0,40 (11,04%)
A 2%
5 0,5L w 0,5A 2,5 2,97 ± 0,45 (14,99%) -16%
6 L 2w 2A 8,9 6,96 ± 0,86 (12,33%) 28%
7 L 1,5w 1,5A 7,2 6,43 ± 0,63 (9,79%) 12%
0,75
8 L 0,75w 3,3 3,40 ± 0,44 (12,82%)
A -3%
9 L 0,5w 0,5A 2,4 2,26 ± 0,25 (10,86%) 6%
Fonte: O autor, 2017.
126

Tabela 26 – Diferenças experimentais e numéricas de grupos com mesma área colada nas JCS
PARES DE GRUPOS COM DIFERENÇA % EXPERIMENTAL DOS DIFERENÇA % NUMÉRICA DOS
MESMA ÁREA VALORES DA FORÇA DE VALORES DA FORÇA DE
COLADA RUPTURA RUPTURA
G1 E G6 13% 13%
G2 E G7 18% 13%
G4 E G8 -6% -11%
G5 E G9 -24% -4%
Fonte: O autor, 2017.

Os dados experimentais mostraram que as JCS com a mesma área, porém com
dimensões diferentes, possuem de maneira geral resistências distintas, conforme estudo de Da
Silva (2010a). Os resultados numéricos também apresentaram esse comportamento. Por
exemplo, para os grupos 1 e 5, ambos com mesma área colada, a força de ruptura numérica do
grupo 1 foi de 7,9 kN, cerca de 13% maior que a força da JCS do grupo 2 (8,9 kN), ou seja,
para essa configuração de JCS com mesma área, é preferível ter uma maior largura ao invés do
comprimento da junta colada. Esse mesmo aumento percentual (13%) foi observado nos valores
experimentais. Esse perfil de aumento da resistência para larguras maiores também ocorre para
os grupos 2 e 7. Para o par de grupos 4 e 8 a diferença experimental foi de apenas 6%, não
caracterizando o fator forma devido a pequena variação obtida, conforme análise estatística
realizada por Da Silva (2010a). Já o par de grupos 5 e 9 apresentaram experimentalmente um
significativo decréscimo de 24%, ou seja, a força de ruptura da JCS do grupo 9 é 24% menor
do que a do grupo 1, tendo a análise numérica obtido um decréscimo de 4%, existindo nesse
caso uma preferência por juntas com maior comprimento de sobreposição ao invés da largura.
Dos nove grupos estudados, seis deles apresentaram diferenças de até 20% entre os
resultados numéricos e experimentais, sendo que quatro deles estão situados dentro do desvio
padrão obtido nos ensaios experimentais (grupos 2, 4, 8 e 9).
A maior diferença percentual encontrada entre os valores numéricos e experimentais
ocorreu para os grupos 1 e 6, sendo de cerca de 28% em ambos casos. A figura 88 mostra
através de gráficos em colunas os valores absolutos experimentais e numéricos das forças de
ruptura, podendo-se observar também a tendência de aumento ou diminuição concordante de
ambas análises.
127

Figura 88 - Gráfico de barras comparando os valores experimentais e numéricos das JCS

Fonte: O autor, 2017.

Um dos fatores que pode ter contribuído para algumas diferenças encontradas nos
valores experimentais e numéricos é o resultado da energia crítica de fratura em modo II.O
ensaio ENF apresenta algumas dificuldades experimentais intrínsecas ao ensaio, como os
mecanismos de dano complexos que ocorrem na extremidade da fenda durante o ensaio, além
dos efeitos de atrito entre os substratos na zona sem adesivo. Esteves (2010), também utilizando
o método CBBM, calculou a energia crítica em modo II (𝐺 ) para o adesivo Araldite 2015,
obtendo o valor 2,1 N/mm, enquanto que outros trabalhos citados pelo autor obtiveram valores
diferentes, como por exemplo 4,7 N/mm. Ou seja, mesmo sendo o ensaio ENF realizado em
conformidade com os procedimentos previstos na literatura utilizando o método CBBM, é
possível que o valor de 𝐺 obtido através de outros métodos seja diferente, havendo dessa
forma a possibilidade de obtenção de resultados numéricos mais próximos dos experimentais.
O método CBBM considera um carregamento linear dos corpos de prova (força versus
deslocamento), o que não ocorreu com exatidão nos ensaios ENF, o que pode ter gerado algum
erro associado no valor calculado de 𝐺 .
O valor da energia crítica de fratura em modo I (𝐺 ) não foi predominante para os
resultados, já que os esforços são muito mais cisalhantes do que normais para esse tipo de
carregamento.
Adicionalmente, fatores como impossibilidade de saber-se com precisão o valor da
tensão máxima de cisalhamento, além da existência de filetes no adesivo na realização dos
experimentos, o que não foi considerado na análise computacional, também podem ter
contribuído para algumas divergências encontradas.
128

4.2. Junta de carregamento combinado

4.2.1. Tipos de Fraturas

A aplicação da força nos pontos analisados nas juntas L provoca, além das tensões
de cisalhamento já ocorrentes nas juntas de cisalhamento simples, tensões normais, causadas
pelo momento fletor na viga. A partir do eixo neutro, localizado na metade da altura da junta
colada (figura 89), as tensões são compressivas abaixo do eixo neutro, e de tração acima do
eixo neutro, sendo seus módulos máximos nas extremidades. Como as tensões de tração são as
responsáveis pela propagação das trincas, o início da ruptura tende a ocorrer no ponto mais
afastado do eixo neutro, onde a tensão de tração é máxima, se propagando no sentido
descendente, conforme indicado na análise numérica.

Figura 89 - Início da ruptura nas juntas L

Fonte: Adaptado de DA SILVA, 2010ª.

Considerando a espessura adesiva de 1,5 mm, de maneira geral, as JCC dos grupos
1 e 2 com força aplicada a 50 mm da camada adesiva apresentaram rupturas mistas, ocorrendo
falhas coesivas nos pontos acima do eixo neutro, o que mostra uma boa qualidade da junta.
Após o início da ruptura na parte superior do eixo neutro, a trinca se propagou em sentido
descendente chegando na região com tensões compressivas, onde ocorreram rupturas adesivas
em pontos mais afastados do eixo neutro e mais próximos da extremidade inferior da junta.
129

Figura 90 - Base dos corpos de prova rompidos para os grupos 1 e 2 (F50). Espessura
adesiva: 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Os grupos 3, 4 e 5, por apresentarem menor altura adesiva, dimensão mais relevante


para o aumento da resistência mecânica da junta para uma mesma largura, apresentaram fraturas
quase que na totalidade coesivas em alguns casos, e, praticamente totalmente adesivas em
outros casos.
Para as JCC, F100, houveram diversas variações no tipo de ruptura, sendo mistas,
mas principalmente coesivas.

4.2.2. Juntas com mesma espessura adesiva e pontos de aplicação da força diferentes

4.2.2.1. Espessura adesiva 0,4 mm

A figura 91 mostra os resultados experimentais e numéricos das forças de ruptura


para os grupos 1 a 9 – F50, com espessuras adesivas de 0,4 mm, em um mesmo gráfico. A
tabela 27 traz a diferença percentual dos valores numéricos em relação aos experimentais. O
grupo 1 se mostrou com valores numéricos com maior decréscimo em relação aos
experimentais, tendo redução de 26%. Já o grupo 5 teve o maior acréscimo percentual (27%).
Os demais grupos apresentaram bons resultados, sendo os grupos 3 e 8 aqueles com melhor
130

aproximação dos resultados numéricos e experimentais, sendo a diferença de 6% e 5%


respectivamente.
Dos nove grupos estudados, a máxima diferença entre os valores numéricos e
experimentais foi de 27%. Desses nove grupos avaliados, seis estão com os valores numéricos
situados dentro do desvio padrão obtido nos ensaios experimentais (grupos 2, 3, 4, 5, 7 e 8).

Figura 91 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L - F50 com
espessura 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.

Tabela 27 - Diferença percentual entre os valores numéricos e experimentais das juntas L-


F50, com espessura adesiva 0,4 mm
FORÇA DE
FORÇA DE RUPTURA - DESVIO PADRÃO DIFERENÇA %
RUPTURA - ENSAIO
GRUPO ABAQUS - Fa (kN) DO EXPERIMENTO (Fa/Fe - 1)
- Fe (kN)
Espessura: 0.4 mm
G1-2H-w 1,96 2,64 ± 18% -26%
G2-1.5H-w 1,17 1,47 ± 21% -20%
G3-H-w 0,54 0,51 ± 17% 6%
G4-0.75H-w 0,31 0,27 ± 23% 15%
G5-0.5H-w 0,14 0,11 ± 27% 27%
G6-H-2w 1,03 0,88 ± 15% 17%
G7-H-1.5w 0,79 0,70 ± 20% 13%
G8-H-0.75w 0,41 0,39 ± 18% 5%
G9-H-0.5w 0,28 0,24 ± 11% 17%
Fonte: O autor, 2017.
131

É válido observar que para dois pares de grupos de mesma área (1 e 6; 2 e 7) a maior
força de ruptura diminuiu do primeiro para o segundo grupo, já para os outros dois pares de
grupos com mesma área (4 e 8; 5 e 9) a força de ruptura aumentou do primeiro para o segundo
grupo, estando esses resultados em concordância numérica e experimental. Portanto, conforme
descrito no trabalho de Da Silva (2010a), os experimentos demonstram que a para juntas com
mesma área colada é preferível uma maior altura, dimensão paralela a aplicação da força, o que
foi também confirmado para a análise experimental.
Para as juntas com momento aplicado a 100 mm da área colada (F100), foram
obtidos os dados da tabela 28.

Tabela 28 - Resultados numéricos e experimentais para as juntas L-F100, espessura de


0,4 mm

FORÇA DE RUPTURA - FORÇA DE RUPTURA - DESVIO PADRÃO DIFERENÇA %


GRUPO ABAQUS - Fa (kN) ENSAIO - Fe (kN) DO EXPERIMENTO (Fa/Fe - 1)
Espessura: 0.4 mm
G1-2H 1,03 1,19 ± 34% -13%
G2-1.5H 0,59 0,61 ± 28% -3%
G3-H 0,27 0,24 ± 28% 13%
G4-0.75H 0,15 0,14 ± 34% 7%
G5-0.5H 0,07 0,06 ± 24% 17%
G6-H (2w) 0,54 0,40 ± 27% 35%
G7-H-1.5w 0,41 0,34 ± 34% 21%
G8-H-0.75w 0,20 0,18 ± 38% 11%
G9-H-0.5w 0,14 0,12 ± 29% 17%
Fonte: O autor, 2017.

A figura 92 mostra esses resultados graficamente. Com exceção do grupo 6, todos os


demais apresentaram valores da força de ruptura obtida numericamente em excelente acordo
com os valores experimentais, estando os valores numéricos dentro da faixa do desvio padrão
dos resultados experimentais.
A análise dos valores da força de ruptura para F50 e F100 demonstrou uma considerável
redução da resistência da junta quando o ponto de aplicação da força aumenta de 50 mm para
100 mm. A tabela 29 mostra essa redução percentual, considerando as análises experimentais e
numéricas, podendo-se observar que em ambas ocorre uma redução da força de ruptura na faixa
de 50%. Como maiores braços de momentos geram momentos fletores maiores, e
consequentemente maiores esforços normais, esses resultados já eram esperados.
132

Figura 92 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L – F100


com espessura 0,4 mm

Fonte: O autor, 2017.

Tabela 29 - Comparativo percentual de redução da força de ruptura para F50 e F100.


Espessura 0,4 mm

DADOS EXPERIMENTAIS DADOS NUMÉRICOS


Altura Largura Área FORÇA FORÇA FORÇA FORÇA
Grupos DE DE REDUÇÃO DE DE REDUÇÃO
(mm) (mm) (mm²)
RUPTURA RUPTURA % RUPTURA RUPTURA %
- F50 - F100 - F50 - F100
1 25,4 25,4 645,16 2,64 1,19 55% 1,96 1,03 53%
2 19,1 25,4 485,14 1,47 0,61 59% 1,17 0,59 50%
3 (ASTM) 12,7 25,4 322,58 0,51 0,24 53% 0,54 0,27 50%
4 9,5 25,4 241,3 0,27 0,14 48% 0,31 0,15 48%
5 6,4 25,4 162,56 0,11 0,06 45% 0,14 0,07 50%
6 12,7 50,8 645,16 0,88 0,40 55% 1,03 0,54 52%
7 12,7 38,1 483,87 0,70 0,34 51% 0,79 0,41 52%
8 12,7 19,1 242,57 0,39 0,18 54% 0,41 0,20 49%
9 12,7 12,7 161,29 0,24 0,12 50% 0,28 0,14 50%
Fonte: O autor, 2017.

Apesar dos bons resultados na maioria dos grupos avaliados, algumas divergências de
valores absolutos numéricos e experimentais sugerem algum erro associado as medições das
energias críticas de fratura, seja pela complexidade do ensaio, ou também por conta do método
adotado (CBBM), que não mede efetivamente o comprimento da trinca, sendo feito ao invés
disso cálculo do comprimento de trinca equivalente. Esse cálculo é dificultado quando adesivos
frágeis são utilizados, como é o caso do ARC 858, pois ocorrem mudanças abruptas dos valores
de força e deslocamento, e consequentemente das energias críticas, dificultando a obtenção de
valores exatos de 𝐺 e 𝐺 .
133

4.2.2.2. Espessura adesiva 1,5 mm

Assim como os resultados das juntas L com espessura adesiva de 0,4 mm obtidos por
Da Silva (2010a), as juntas L com espessura adesiva de 1,5 mm também mostraram maior
resistência para maiores áreas coladas, considerando os grupos de 1 a 5. Os dados numéricos e
experimentais se encontram na tabela 30.
Para o G6-F50 a resistência foi 47,5% menor do que aquela do G1-F50, que possui
mesma área colada, novamente indicando que para juntas L com mesma área colada é desejável
maior altura do que largura para obter-se maior resistência. Todos os resultados numéricos
nessa análise estão inferiores aqueles experimentais, sendo que três grupos estão com diferenças
entre as análises menores que 20%.

Tabela 30 - Resultados numéricos e experimentais para as juntas L-F50, espessura de 1,5 mm

FORÇA DE RUPTURA -FORÇA DE RUPTURA - DESVIO PADRÃO DIFERENÇA %


GRUPO ABAQUS - Fa (kN) ENSAIO - Fe (kN) DO EXPERIMENTO (Fa/Fe - 1)
Espessura: 1.5 mm
G1-2H-w 1,77 3,622 ± 15% -51%
G2-1.5H-w 1,04 1,882 ± 11% -45%
G3-H-w 0,43 0,646 ± 17% -33%
G4-0.75H-w 0,26 0,315 ± 14% -17%
G5-0.5H-w 0,12 0,146 ± 10% -18%
G6-H-2w 0,93 1,076 ± 10% -14%
Fonte: O autor, 2017.

Conforme figura 93, os resultados numéricos e experimentais dos grupos 4 a 6 (F50)


estão com boa concordância. Já os grupos 1 a 3 estão com diferenças acima de 30%. Ou seja, a
análise numérica forneceu melhores resultados para menores alturas da camada adesiva. Os
grupos 1 e 2 são aqueles que possuem maior altura (25,4 e 19,1 mm, respectivamente), sendo
os grupos com maior divergência dos dados obtidos pelo MEF em relação aos resultados
experimentais. Esse fato sugere que o valor da energia crítica de fratura em modo I, 𝐺 , pode
ter sido subestimado através do método CBBM, pois no caso das juntas L, ao contrário das JCS,
esse valor tem influência significativa nos resultados devido a aplicação do momento fletor,
gerando tensões normais. Quanto maior a altura da junta L, maior o pico de tensão normal na
extremidade superior da junta, e então maior relevância de 𝐺 na análise. O fato do método
134

CBBM prever um comportamento linear no carregamento do corpo de prova pode ter sido uma
fonte de erro, pois de maneira geral as curvas força versus deslocamento apresentaram
curvaturas (mesmo que suaves), conforme apresentado na descrição do ensaio DCB, item 4.1.1.

Figura 93 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L - F50


com espessura 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Para as juntas com momento aplicado a 100 mm da área colada (F100), foram obtidos
os dados da tabela 31. Diferentemente da análise com espessura adesiva 0,4 mm, as análises
numéricas com espessura 1,5 mm obtiveram todos os resultados da força de ruptura menores
do que os resultados experimentais.

Tabela 31 - Resultados numéricos e experimentais para as juntas L-F100, espessuras de 1,5


mm

FORÇA DE RUPTURA - FORÇA DE RUPTURA - DESVIO PADRÃO DIFERENÇA %


GRUPO ABAQUS - Fa (kN) ENSAIO - Fe (kN) DO EXPERIMENTO (Fa/Fe - 1)
Espessura: 1.5 mm
G1-2H 0,89 1,77 ± 11% -50%
G2-1.5H 0,53 0,906 ± 10% -42%
G3-H 0,24 0,328 ± 14% -27%
G4-0.75H 0,13 0,157 ± 20% -17%
G5-0.5H 0,06 0,075 ± 12% -20%
G6-H (2w) 0,47 0,533 ± 12% -12%
Fonte: O autor, 2017.

A figura 94 mostra esses resultados de maneira gráfica. Novamente, para os grupos com
maior altura (G1 e G2) ocorrem as maiores divergências entre os resultados numéricos e
135

experimentais, o que confirma a possibilidade de subestimação da energia crítica de fratura em


modo I. Os grupos 4 a 6 apesentaram bons resultados, com diferença percentual numérica em
relação a experimental de no máximo 20%.

Figura 94 - Comparação entre os valores numéricos e experimentais das juntas L – F100


com espessura 1,5 mm

Fonte: O autor, 2017.

Também é notória a preferência pelas juntas com maior altura, considerando aquelas
com mesma área colada. Considerando novamente o par de grupos 1 e 6, a força de ruptura do
grupo 1 foi de 1,77kN, mais que três vezes maior que a do grupo 6 (0,53kN), considerando a
análise experimental. Na análise numérica o aumento foi de 89%.
Comparando-se os valores da força de ruptura para F50 e F100, também se observa uma
considerável redução da resistência da junta quando o braço de momento é aumentado, o que
já era esperado devido a existência de tensões normais maiores para maiores momentos fletores
aplicados. A tabela 32 compara, separadamente, as reduções ocorridas considerando os dados
experimentais e numéricos.
136

Tabela 32 - Comparativo percentual de redução da força de ruptura para F50 e F100


DADOS EXPERIMENTAIS DADOS NUMÉRICOS
Altura Largura Área Força de Força Força
Grupos Força de
de Redução de Redução
(mm) (mm) (mm²) Ruptura - Ruptura
Ruptura % Ruptura %
F50 - F50
- F100 - F100
1 25,4 25,4 645,16 3,622 1,774 49% 1,77 0,89 50%
2 19,1 25,4 485,14 1,882 0,906 48% 1,04 0,53 51%
3 (ASTM) 12,7 25,4 322,58 0,646 0,328 51% 0,43 0,24 56%
4 9,5 25,4 241,30 0,315 0,157 50% 0,26 0,13 50%
5 6,4 25,4 162,56 0,146 0,075 51% 0,12 0,06 50%
6 12,7 50,8 645,16 1,076 0,533 50% 0,93 0,47 51%
Fonte: O autor, 2017.

Tanto nos dados experimentais como nos dados numéricos, a diminuição da força de
ruptura do carregamento F50 para F100 foi próximo de 50%, o que demonstra uma boa relação
entre os resultados numéricos e experimentais nesse aspecto.

4.2.3. Juntas antigas versus juntas novas

Na comparação dos resultados das juntas L7 (coladas há 7 anos) com as juntas L


recentemente coladas, houve pouca diferença (máximo de 13%), o que demonstra uma boa
durabilidade do adesivo ARC 858. Os valores médios das forças de ruptura para as juntas novas
foram menores do que para as juntas antigas, tanto para o arranjo F50 tanto para o F100.

Tabela 33 – Força de ruptura em JCC: junta antiga versus junta nova

FORÇADE RUPTURA FORÇADE RUPTURA DIFERENÇA % DOS


Aplicação da
Grupos Altura Largura (ENSAIO - JUNTA (ENSAIO - JUNTA VALORES MÉDIOS
força
ANTIGA) - Fra NOVA) - Frn [(Frn/Fra) - 1]
F50 3,622 ± 0,542 (14,96%) 3,330 ± 0,579 (17,42%) -8,06%
1 2H w
F100 1,774 ± 0,201 (11,33%) 1,552 ± 0,083 (5,36%) -12,51%
Fonte: O autor, 2017.
137

4.2.4. Juntas com espessuras diferentes e mesmos pontos de aplicação da força

Para as juntas com mesmas dimensões, porém com espessuras adesivas diferentes, os
resultados experimentais analisados tanto para F50 e F100 mostraram que a camada adesiva
com maior espessura possui maior resistência.
Considerando inicialmente a análise para F50, a figura 95 mostra graficamente um
comparativo entre os valores experimentais para ambas espessuras adesivas. Em todos os
grupos houve aumento da resistência para a espessura maior (1,5 mm).
A tabela 34 mostra o aumento percentual da força de ruptura das juntas L – F50, com
espessura adesiva de 1,5 mm comparadas com aquelas com 0,4 mm. Os resultados mostram
que quando o corpo está submetido a tensões de arrancamento, é desejável uma maior espessura
adesiva, pois assim obtém-se maiores resistências, diferentemente do que ocorre nas juntas de
cisalhamento simples, onde a resistência da junta diminui com o aumento da espessura. O maior
aumento percentual foi de 37 %, ocorrendo nas juntas do grupo 1. O G4-F50 foi o que
apresentou menor aumento percentual, sendo de 17%.

Figura 95 - Comparação entre as forças de rupturas experimentais dos


grupos 1 a 6 – F50 com diferentes espessuras adesivas

Fonte: O autor, 2017.


138

Tabela 34 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F50, com


diferentes espessuras adesivas. Dados experimentais

FORÇA DE FORÇA DE
DESVIO DESVIO
RUPTURA RUPTURA AUMENTO %
GRUPO PADRÃO PADRÃO
(kN) – F1 (kN) – F2 (F2/F1 – 1)
Espessura: 0.4 mm Espessura: 1.5 mm
G1-2H 2,64 0,46 3,622 0,542 37%
G2-1.5H 1,47 0,31 1,882 0,214 28%
G3-H 0,51 0,085 0,646 0,112 27%
G4-0.75H 0,27 0,062 0,315 0,044 17%
G5-0.5H 0,11 0,029 0,146 0,015 33%
G6-H (2w) 0,88 0,14 1,076 0,103 22%
Fonte: O autor, 2017.

A análise numérica, apesar de boa concordância com alguns grupos estudados, não
forneceu resultados maiores da força de ruptura para espessuras maiores, conforme dados da
tabela 35. Isso ocorreu porque os valores de 𝐺 para espessura 1,5 mm (0,21 N/mm), apesar de
maior do que aquele obtido para espessura 0,4 mm (0,135 N/mm), é um valor relativamente
baixo, tendo essa variação de uma espessura para outra pouca influência nos resultados da força
de ruptura. Ou seja, um aumento de 𝐺 de 0,135 N/mm para 0,21 N/mm, não resulta em
diferenças consideráveis da força de ruptura no Abaqus. Adicionalmente, a energia crítica em
modo II (𝐺 ) obtida para espessura de 1,5 mm (2,02 N/mm) foi menor do que aquela obtida
para espessura 0,4 mm (1,25 N/mm), o que teve como consequência os resultados apresentados.

Tabela 35 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F50, com


diferentes espessuras adesivas. Dados numéricos

FORÇA DE RUPTURA (kN) DIMINUIÇÃO %


GRUPO
Espessura: 0.4 mm – F1 Espessura: 1.5 mm – F2 (F2/F1 – 1)
G1-2L-w 1,96 1,77 -10%
G2-1.5H-w 1,17 1,04 -11%
G3-H-w 0,54 0,43 -20%
G4-0.75H-w 0,31 0,26 -16%
G5-0.5H-w 0,14 0,12 -14%
G6-H-2w 1,03 0,93 -10%
Fonte: O autor, 2017.

A figura 96 apresenta a comparação dos resultados experimentais dos carregamentos


com diferentes espessuras, com aplicação da força a 100 mm da camada adesiva (F100).
139

Novamente, observa-se em todos os casos um aumento da força de ruptura quando a espessura


adesiva é maior.

Figura 96 - Comparação entre as forças de rupturas experimentais dos grupos 1 a 6 –


F100 com diferentes espessuras adesivas

Fonte: O autor, 2017.

A tabela 36 mostra o aumento percentual da força de ruptura das juntas L – F100, com
espessura adesiva de 1,5 mm comparadas com aquelas com 0,4 mm, considerando os resultados
dos experimentos. Nesse caso o maior aumento percentual foi de 49%, ocorrendo nas juntas
dos grupos 1 e 2, sendo o G4-F100 o que apresentou menor aumento percentual, sendo de 12%.
Assim como ocorrido com as juntas com momento aplicado a 50 mm da camada adesiva
(F50), a análise numérica das juntas F100 não forneceu resultados maiores da força de ruptura
para espessuras maiores, conforme dados da tabela 37. Isso ocorreu pelas mesmas razões
citadas nas juntas F50, ou seja, é possível que o valor de 𝐺 calculado pelo método CBBM
esteja subestimado.
140

Tabela 36 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F100, com


diferentes espessuras adesivas. Dados experimentais

FORÇA DE FORÇA DE
DESVIO DESVIO
RUPTURA (kN) RUPTURA (kN) – AUMENTO %
GRUPO PADRÃO PADRÃO
– F1 F2 (F2/F1 – 1)

Espessura: 0.4 mm Espessura: 1.5 mm


G1-2H 1,19 0,40 1,770 0,201 49%
G2-1.5H 0,61 0,17 0,906 0,087 49%
G3-H 0,24 0,07 0,328 0,047 37%
G4-0.75H 0,14 0,05 0,157 0,032 12%
G5-0.5H 0,06 0,01 0,075 0,009 25%
G6-H (2w) 0,40 0,11 0,533 0,062 33%
Fonte: O autor, 2017.

Tabela 37 - Comparação percentual da força de ruptura dos grupos 1 a 6, F100, com


diferentes espessuras adesivas. Dados numéricos

FORÇA DE RUPTURA FORÇA DE RUPTURA


(kN) – F1 (kN) – F2 DIFERENÇA %
GRUPO
(F2/F1 – 1)
Espessura: 0.4 mm Espessura: 1.5 mm
G1-2H 1,03 0,89 -14%
G2-1.5H 0,59 0,53 -10%
G3-H 0,27 0,24 -11%
G4-0.75H 0,15 0,13 -13%
G5-0.5H 0,07 0,06 -14%
G6-H (2w) 0,54 0,47 -13%
Fonte: O autor, 2017.

A obtenção de resultados numéricos com maior exatidão comparando-se com os


experimentais foi dificultada devido à grande fragilidade do adesivo ARC 858, somando-se
também a incerteza associada aos valores das energias críticas de fratura devido as limitações
do método CBBM utilizado.
141

CONCLUSÕES

O desenvolvimento do presente trabalho propiciou ao LAA o início da implantação da


ferramenta computacional na análise do comportamento mecânico de juntas coladas. Para isso,
foram desenvolvidos novos procedimentos de preparação de juntas coladas para o levantamento
de propriedades coesivas através dos ensaios DCB e ENF, utilizando o método CBBM para
cálculo das energias críticas de fratura em modo I e II.
A análise numérica das juntas de cisalhamento simples (JCS) apresentou boa
concordância com os resultados experimentais na maioria dos grupos, sendo que em seis dos
nove grupos testados a diferença máxima entre essas análises foi de 20%. Assim como ocorrido
nos ensaios experimentais, foi verificado numericamente em alguns pares de grupos com
mesma área a ocorrência do fator forma, ou seja, a preferência por uma das dimensões para
obtenção de maiores resistências. Devido a não linearidade total das curvas de carregamento
dos corpos de prova no ensaio ENF (força versus deslocamento), fator que é considerado na
aplicação do método CBBM, o valor da energia de fratura em modo II pode ter algum erro
associado. Adicionalmente, fatores intrínsecos ao ensaio como os mecanismos de danos
complexos que ocorrem na extremidade da fenda, ou ainda os efeitos de atrito entre os
substratos na zona sem adesivo (trinca inicial), podem ter contribuído para algumas
divergências encontradas entre os valores numéricos e experimentais.
A análise numérica das juntas L com espessura de 0,4 mm também apresentou boa
concordância entre os resultados numéricos e experimentais, como as preferências por juntas
com maior altura ao invés do comprimento, considerando pares de juntas com mesma área. Dos
nove grupos estudados quando a força foi aplicada a 50 mm da área colada (F50), seis estão
com os valores numéricos dentro da região do desvio padrão dos resultados experimentais. Já
para a força aplicada a 100 mm da área colada, somente o grupo 6 não está com o valor numérico
dentro da faixa de desvio padrão dos ensaios experimentais, o que atesta uma análise numérica
consistente, em excelente concordância com os experimentos.
As juntas L com espessura adesiva de 1,5 mm foram rompidas, mostrando-se mais
resistentes do que aquelas com espessura 0,4 mm, tanto para aplicação dos momentos fletores
a 50 ou a 100 mm a partir da área colada. Foi feita também a análise numérica dessas juntas
com espessura adesiva de 1,5 mm, que apresentou bons resultados para os grupos com menores
alturas. As diferenças entre os valores numéricos e experimentais encontradas nos grupos 1 a
3, aqueles com maior altura da área colada, sugerem que a energia crítica de fratura em modo
142

I, 𝐺 , pode ter sido subestimado no ensaio DCB, pois, quanto maior a altura, maior é a
influência dessa energia na análise. Isso pode ter ocorrido pela dificuldade da realização do
ensaio com o adesivo frágil (ARC 858), onde em algumas curvas o patamar da energia não fica
bem definido, dificultando a obtenção mais exata de 𝐺 . Adicionalmente, o método CBBM
não mede efetivamente o comprimento da trinca, sendo calculado um comprimento equivalente
através de equações que consideram a linearidade nos carregamentos dos corpos de prova (força
versus deslocamento). As curvas força versus deslocamento dos ensaios DCB não foram
totalmente lineares, podendo ser esse um fator gerador de algum erro no valor de 𝐺 .
Em ambas espessuras adesivas avaliadas, ambas análises (numérica e experimental)
mostraram que para qualquer grupo, quanto maior o braço do momento, menor é a força de
ruptura. Essa redução em todos os grupos ficou próximo de 50%, tanto na análise numérica
como na experimental, atestando também a consistência das análises.
Os resultados da força de ruptura das juntas L coladas há sete anos, comparadas com
juntas L coladas recentemente, se mostraram sem significativas variações, mostrando uma boa
qualidade do adesivo estrutural ARC 858.
143

SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Obter as energias críticas de fratura através de outros métodos de cálculo, e outros


ensaios.
Elaborar programa em linguagem de programação, por exemplo, C++, que tenha como
entrada os valores dos ensaios DCB e ENF (força versus deslocamento) e que retorne os valores
das energias críticas de fratura para cada ensaio.
Obter a tensão de ruptura ao cisalhamento para obtenção de resultados mais exatos no
Abaqus.
Realizar novos ensaios nas juntas de cisalhamento simples com maior espessura
adesiva, para verificar se as juntas com o adesivo ARC 858 também são mais resistentes com
maiores espessuras adesivas para esse tipo de carregamento.
Utilizar outros critérios de ruptura disponíveis no Abaqus para a modelagem das juntas
L e juntas de cisalhamento simples.
144

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composites materials, Composites Science and Technology 43, p. 251-256, 1992.
150
151

APÊNDICE A - Curvas R – Ensaio DCB

A.1 – CURVA R - CORPO DE PROVA 1 – ESPESSURA ADESIVA 0,4 mm

A.2 – CURVA R –CORPO DE PROVA 3 – ESPESSURA ADESIVA 0,4 mm


152

A.3 – CURVA R – CORPO DE PROVA 4 – ESPESSURA ADESIVA 0,4 mm

A.4 – CURVA R – CORPO DE PROVA 1 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm


153

A.5 – CURVA R – CORPO DE PROVA 2 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm

A.6 – CURVA R – CORPO DE PROVA 3 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm


154

A.7 – CURVA R – CORPO DE PROVA 4 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm


155

APÊNDICE B - Curvas R – ensaio ENF

B.1 –CURVA R – CORPO DE PROVA 2 – ESPESSURA ADESIVA 0,4 mm

B.2 –CURVA R – CORPO DE PROVA 3 – ESPESSURA ADESIVA 0,4 mm


156

B.3 –CURVA R – CORPO DE PROVA 4 – ESPESSURA ADESIVA 0,4 mm

B.4 –CURVA R – CORPO DE PROVA 1 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm


157

B.5 –CURVA R – CORPO DE PROVA 2 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm

B.6 –CURVA R – CORPO DE PROVA 3 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm


158

B.7 –CURVA R – CORPO DE PROVA 4 – ESPESSURA ADESIVA 1,5 mm

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