DIREITO PENAL

Concurso de Crimes – Concurso Formal

Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

CONCURSO DE CRIMES – CONCURSO FORMAL

1. CONCURSO FORMAL (ART. 70 DO CP)

Concurso Formal

Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão
é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.

Vamos à análise do caput do Art. 70 do CP:

O concurso formal ocorre sempre que o agente, mediante uma só conduta,
atinge uma pluralidade de infrações penais.
Exemplo: Fulano dispara um tiro contra seu desafeto Beltrano, matando-o.
Entretanto, acidentalmente, com esse mesmo disparo, acabou atingindo Sicrano,
lesionando-o.

a) Espécies de Concurso Formal

Homogêneo: É aquele concurso formal em que as infrações penais pra-

ticadas são idênticas. Exemplo: Fulano invade um ônibus e, mediante grave
ameaça, subtrai os bens de todos os passageiros ali presentes.

Atenção!
• Unidade de conduta não significa que não possa haver pluralidade de
atos. Nesse caso, o STF entende que há uma única conduta dividida em
diversos atos (ação única desdobrada).
ANOTAÇÕES

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Heterogêneo: É aquele concurso formal em que as infrações penais prati-

cadas são distintas. Exemplo: Fulano dispara um tiro contra seu desafeto Bel-
trano, matando-o. Entretanto, acidentalmente, com esse mesmo disparo, acaba
atingindo Sicrano, lesionando-o.
Próprio: O agente, apesar de provocar dois ou mais resultados, não tem a
intenção independente em relação a cada crime (não há desígnios autônomos).
Exemplo: Fulano dispara um tiro contra seu desafeto Beltrano, matando-o. Entre-
tanto, acidentalmente, com esse mesmo disparo, acaba atingindo Sicrano, lesio-
nando-o.
Impróprio: O agente atua com desígnios autônomos em relação a cada
crime. Exemplo: Fulano lança uma bomba caseira contra o ônibus que trans-
portava a torcida rival de seu time, lesionando vários passageiros.

b) Regras de Aplicação da Pena no Concurso Formal

No concurso formal, o sistema utilizado para a aplicação da pena dependerá

da espécie de concurso. Se estivermos diante de um concurso formal próprio,
adotaremos uma regra; e, diante de um concurso formal impróprio, outra. Vamos
às regras:

b.1) Regra de Aplicação da Pena no Concurso Formal Próprio

No concurso formal próprio, trabalha-se com o sistema da exasperação,

segundo o qual o juiz aplica a pena mais grave dentre as cominadas para os
vários crimes cometidos pelo agente, ou apenas uma delas se idênticas. Em
seguida, majora essa pena de 1/6 até a metade.
Exemplo: “A”, conduzindo seu carro imprudentemente, atropela “B” e “C”,
matando B e machucando C. (Arts. 302 e 303 do CTB c/c Art. 70 do CP).
• Art. 302: Pena 2 a 4 anos
• Art. 303: Pena 6 meses a 2 anos
ANOTAÇÕES

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Logo será aplicada a pena do crime mais grave (Art. 302) com um aumento
de 1/6. Se “A” receber uma pena de 2 anos, esses 2 anos serão somados a 1/6
dessa mesma pena.
O que define o quantum de aumento em cada caso? 2 crimes geram um
aumento de 1/6; 3 crimes geram um aumento de 1/5; 4 crimes geram um aumento de
1/4; 5 crimes geram um aumento de 1/3; 6 crimes ou mais geram um aumento de 1/2.

b.2) Regra de Aplicação da Pena no Concurso Formal Impróprio

No concurso formal impróprio, trabalha-se com o sistema do cúmulo mate-

rial, segundo o qual o juiz deverá fixar de maneira individualizada as penas de
cada um dos crimes (seguindo o critério trifásico de aplicação da pena) e, ao final
somar, todas elas.
Exemplo: Fulano lança uma bomba caseira contra o ônibus que transportava
a torcida rival de seu time, lesionando vários passageiros.

c) Análise do Parágrafo Único do Art. 70

Parágrafo Único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do Art.
69 deste Código.

Esse parágrafo único do Art. 70 tem aplicação restrita aos casos em que
ocorra um concurso formal próprio, cujo sistema de aplicação da pena é o da
exasperação.
O instituto do concurso formal foi criado para beneficiar o réu, e, por essa
razão, o dispositivo acima prevê que caso a aplicação do sistema de exaspera-
ção no concurso formal próprio seja mais prejudicial ao réu do que a utilização
do sistema do cúmulo material, o juiz deverá abandonar a exasperação e somar
as penas. Veja o exemplo a seguir:
Exemplo: “A” atira para matar “B”, mas, por erro na execução, não só mata
“B” como culposamente também provoca lesões em “C” (Art. 121 CP e Art. 129,
§ 6º CP c/c Art. 70 CP).
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Sistema da Exasperação:
• Homicídio: Pena 6 a 20 anos
• Lesão Corporal Culposa: Pena 2 meses a 1 ano
Logo, será aplicada a pena do crime mais grave (Art. 302) com um aumento
de 1/6. Se “A” receber uma pena de 6 anos, esses 6 anos serão somados a 1/6
dessa mesma pena. Logo, será 6 anos mais 1 ano, o que resultará 7 anos.

Sistema do Cúmulo Material:

• Homicídio: Pena 6 a 20 anos
• Lesão Corporal Culposa: Pena 2 meses a 1 ano

Se “A” receber a pena mínima pelo crime de homicídio, que é de 6 anos,

esses 6 anos, segundo esse sistema, serão somados aos 2 meses da pena
mínima do outro delito, resultando em 6 anos e 2 meses.

2. APLICAÇÃO DA PENA DE MULTA NO CONCURSO FORMAL

Diante de um concurso formal próprio, as penas de multas eventualmente

aplicadas cumulativamente às penas privativas de liberdade, serão somadas.
Não se aplica o sistema da exasperação nas penas de multa.
Exemplo: Um agente que comete um crime “A” recebe como pena 3 anos
e 40 dias de multa (cada dia pode equivaler de 1/30 até 5x o valor do salário
mínimo). Esse mesmo agente comete outro crime “B” e recebe como pena 2
anos e 50 dias de multa (cada dia pode equivaler de 1/30 até 5x o valor do salário
mínimo). Logo, não se pode aplicar 1/6 sobre os dias de multas! Serão somados
os dias de multas na penalidade total, resultando em 90 dias de multa.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Paulo Igor.
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