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RESUMO: Este artigo tem como objetivo analisar a prática educativa com as crianças na
Ciranda Infantil do pré-assentamento Elizabeth Teixeira do Movimento de Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST) a partir da Sociologia da Infância e da Educação Popular. As
crianças são o ponto de partida da prática educativa, e da análise realizada, uma vez que são
reconhecidas como sujeitos da história, atores no mundo e protagonistas da luta pela terra.
A análise partiu da minha participação como educador-pesquisador na Ciranda Infantil
do pré-assentamento e dos relatos de atividades do coletivo de extensão Universidade
Popular, utilizados como fonte da pesquisa. Os relatos apresentam o protagonismo das
crianças como sujeitos no mundo e produtoras de culturas infantis (FERNANDES, 2004;
CORSARO, 2011). Como espaço de educação das crianças Sem Terrinhas, a Ciranda
Infantil insere-se na trajetória da Educação Popular, coloca o movimento social como
espaço e princípio educativo de formação dos sujeitos, garante espaço de encontro do
coletivo infantil e reconhece as crianças enquanto pequenos sujeitos da luta pela terra,
elementos que contribuem para caracterizá-la como uma experiência de Educação Infantil
Popular.
PALAVRAS-CHAVE: Criança; Infância; Culturas Infantis; Sociologia da Infância;
Educação Infantil Popular; Movimento Social; Ciranda Infantil.
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Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Educação, na linha de Conhecimento e
Inclusão Social, na Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: fabioaccardo@gmail.com
88 Fábio Accardo de Freitas
ABSTRACT: This article aims to analyze the educational practice with children in the
Ciranda Infantil of the pre-settlement Elizabeth Teixeira of the Movement of Landless
Rural Workers (MST) from the Sociology of Childhood and Popular Education. The
children are the basis of educational practice, and in the analysis performed, once they
are recognized as subjects of history, actors in the world and protagonists in the struggle
for land. The analysis was based on my participation as an educator-researcher in the
Ciranda Infantil of the pre-settlement and in the reports of activities of the Popular
University extension group, that was used as the research source. The reports present
the protagonism of children as subjects in the world and producers of children’s cultures
(FERNANDES, 2004; CORSARO, 2011). As a educacional space of the children without
landmarkers, the Ciranda Infantil inserts itself into the Popular Education trajectory,
set the social movement as a space and educational principle for the formation of the
subjects, guarantees the space for the children’s collective meeting and recognizes children
as small subjects of the struggle for land, elements that contribute to characterize it as an
experience of Popular Children’s Education.
KEYWORDS: Children, Childhood, Peers Cultures, Sociology of Childhood, Popular
Early Childhood Education, Social Movement, Ciranda Infantil.
INTRODUÇÃO
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Mestrado realizado junto ao grupo de pesquisa GEPEDISC – Culturas Infantis que vem
produzindo pesquisas sobre experiências de educação infantil com as classes populares,
evidenciando a produção das culturas infantis e as experiências de infância das crianças que são
atravessadas pelas questões de raça, etnia, gênero e classe social.
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O nome do pré-assentamento foi escolhido em homenagem a Elizabeth Teixeira (1925-),
mulher, militante e liderança da Liga Camponesa de Sapé, no estado da Paraíba.
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Sobre o histórico da luta pela área e a constituição do pré-assentamento ver as dissertações de
Rodrigo Taufic (2014) e Gabriela Furlan Carcaioli (2014).
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A Universidade Popular foi um coletivo de extensão da Unicamp que realizava trabalhados na
área da educação junto ao MST na região de Campinas, principalmente no pré-assentamento
Elizabeth Teixeira. Para o histórico do coletivo e das atividades realizadas, ver livro “Na
autonomia do povo, o poder popular: experiências com Educação Popular no acampamento
Elizabeth Teixeira”, de organização do Coletivo Universidade Popular e lançado em abril de
2015.
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As falas de Clara e Manoel foram retiradas do curta-metragem Entre Terras e Céus, que
acompanhou a história do pré-assentamento Elizabeth Teixeira a partir dos relatos das próprias
acampadas e acampados. Fizeram parte da produção do vídeo Raquel Minako e Andréa Bertelli,
que na época eram estudantes de pedagogia e ciências sociais da Unicamp e educadoras infantis
na Ciranda Infantil do pré-assentamento Elizabeth Teixeira. Acessar ao vídeo em: https://
www.youtube.com/watch?v=rQ8uAXV7U3o
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Esse depoimento de Pedro foi dado a mim em uma das atividades da Ciranda Infantil no
final do ano de 2014.
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Manifestações das crianças palestinas soltando pipas, pedindo paz e o fim do massacre ao povo
palestino na faixa de Gaza, ver em: https://pimentacomlimao.wordpress.com/2010/08/01/
a-esperanca-colore-o-ceu-de-gaza/
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O vídeo “Manifestação de apoio ao assentamento Milton Santos, Sem
Terrinhas do Elizabeth Teixeira” está disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=ciAZzr0DQvk&feature=youtu.be.
delas, onde as próprias crianças leem seu mundo e falam sobre ele,
reinventando-o e redescobrindo-o nas brincadeiras, numa tentativa de
reelaborar coletivamente as suas experiências de infância, criando uma
identidade coletiva com o processo de luta em que vivem e um respeito
pela história de resistência que constroem.
A Ciranda Infantil, ao estar vinculada ao cotidiano do pré-
assentamento, possibilita um espaço educativo como extensão da vida e,
por isso, preocupado com a liberdade das crianças de brincar, de produzir
culturas infantis no compartilhamento dessa cultura do cotidiano e
como experiência histórica que as constitui – como sujeitos da história,
protagonistas da luta pela terra e da transformação do mundo.
- Você todos têm que ficar aqui fora da casa por enquanto
para que a gente arrume o café lá dentro. Podem ficar aqui
na varanda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS