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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais


Departamento de Filosofia
História da Filosofia Antiga II
Prof. Daniel Nascimento

Aula 3: A explicação dos movimentos voluntários, involuntários e não-voluntários de


locomoção animal no De anima e no De motu Animalium

05/09/2018

1. A explicação aristotélica dos movimentos (voluntários) de locomoção animal no DA e no


MA

Alguns dizem que a alma move o corpo da mesma forma como move a si mesma. Por exemplo
Demócrito, que fala de forma parecida como Filipo, o comediógrafo. Pois ele afirma que
Dédalo fez sua Afrodite de madeira mover-se despejando mercúrio. Demócrito fala de forma
parecida, pois ele afirma que são os átomos esféricos, que por natureza jamais ficam em
repouso, que arrastam e movem o corpo. Mas nós devemos perguntar como estes átomos
produzem o repouso. Mas isso é difícil, se não impossível, de dizer. Em geral, parece que a
alma não move o animal dessa maneira, mas sim através de alguma escolha deliberada
(προαιρέσις) ou pensamento (νόησις). (DA I 3, 406b16-26).

O que é aquilo que move o animal em relação ao lugar (κατὰ τόπον)? No que concerne o
crescimento e a destruição que pertencem a todos, pensamos que é aquilo que a todos
pertencem, a geração e a nutrição. Nós trataremos mais tarde da respiração e da expiração, e
do sono e da vigília, pois eles trazem muitas aporias. Mas sobre o movimento κατὰ τόπον,
devemos investigar o que move o animal a deslocar-se. (DA III 9, 432b8-14).

Esse movimento sempre possui um fim, sempre se dá acompanhado de fantasia (φαντασία) e


desejo (ὀρέξις), e nada se move sem buscar ou evitar a não ser violentamente. (DA III 9,
432b15-17).

Parece, pois, que o desejo (ὄρεξις) e o pensamento (νοῦς) são moventes, desde que se admita
que a φαντασία é um tipo de pensamento. Muitos seguem suas fantasias em detrimento da
ciência. Nos demais animais, não há pensamento nem raciocínio, mas há φαντασία. Assim,
pois, ambos causam o movimento κατὰ τόπον, o desejo e o pensamento, sendo este pensamento
o pensamento prático que é orientado por um fim e que cacula. Este difere do teeorico em seu
fim. Todo desejo tem um fim. O desejo é o princípio do pensamento prático, e o fim do desejo
é o princípio da ação. Falamos berm, portanto, quando dizemos que ambas parecem ser
moventes, o desejo e o raciocínio prático (διάνοια πρακτική). O objeto do desejo move, e
através dele o raciocínio (διάνοια) move, pois seu princípio é o objeto do desejo (τὸ ὀρεκτόν).
(DA III 10, 433a10-20).

(…) todos os animais movem e são movidos em vista de algo, e isso é o limite de todos os seus
movimentos: o ‘em vista do que’. Nós vemos que o que move o animal é a διάνοια, a φαντασία
a προαίρεσις, a βούλησις and a ἐπιθυµία. E todas estas podem ser reducidas ao pensamento
(νόος) e ao desejo (ὄρεξις). Pois a φαντασία e a αἴσθησις ocupam o mesmo lugar que o νόος,
pois são todas κριτικὰ embora difiram umas das outras de maneiras que dicutimos em outro
lugar. βούλησις, θυµὸς e ἐπιθυµία são formas do desejo, e a προαίρεσις participa da διάνοια e
do desejo. (MA 700b14-23).

Mas como ocorre que o pensamento por vezes leve ao agir e por vezes ao não agir? Por vezes
ao mover-se e por vezes ao não mover-se? Parece que o mesmo acontece no caso do raciocinio
e das inferências acerca dos objetos imóveis (ἀκινήτων). Mas neste caso o fim é o θεώρηµα
(pois quando se pensa duas premissas, pensa-se e postula-se a conclusão), enquanto que no
presente caso a conclusão que resulta das duas premissas é uma ação. Por exemplo, quando um
homem pensa que todo homem deve caminhar, e que ele é um homem, imediatamente ele
caminha. Ou caso se ele pensa que nenhum homem deve caminar agora, e que ele é um homem,
imediatamente ele permanece parado. E ele fará essas duas coisas, se nada o impedir ou
constranger. Eu devo fazer algo bom, uma casa é algo bom. Imediatamente ele faz uma casa,
Eu preciso me cobrir, uma capa me cobrirá. Eu preciso de uma capa. O que eu preciso, eu tenho
que fazer. Eu preciso de uma capa. Eu tenho que fazer uma capa. E a conclusão, “eu tenho que
fazer uma capa”, é uma ação. E ele age de um princípio. Se deve haver uma capa, deve
necessariamente haver primeiro isto, e se isto então aquilo. E isso ele faz imediatamente. Que
a ação é a conclusão está claro. Quando às premissas da ação, elas são de dois tipos – pelo bem
e pelo possível. (MA 701a5-25).

2. Desejo e cognição nos movimentos voluntários de locomoção animal

2.1 Os três ‘objetos dos sentidos’ (De Anima 418a7-26).

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I. As propriedades cuja percepção é própria a cada sentido, isto é que só podem ser
percebidas por um dos sentidos. É o caso da cor para visão, do som para audição, do cheiro
para o olfato e do sabor para o paladar. No caso do tato, os sensíveis próprios são três pares de
contrários (quente/frio, seco/molhado e mole/duro). Segundo Aristóteles, o primeiro sentido se
diferencia dos demais pois é na percepção dos sensíveis próprios – e somente nela – que o erro
é impossível.

II. Os objetos que são percebidos por mais de um sentido. São eles o movimento, o
repouso, a figura, a magnitude, o número e o um. Segundo Aristóteles, os sensíveis próprios e
comuns estão sempre acompanhados uns dos outros nos objetos que percebemos.

III. Por último, Aristóteles afirma que quando usamos o termo para indicar o objeto
percebido como um todo, p.ex. um homem branco, o estamos utilizando para designar aquilo
que é percebido indiretamente através da percepção dos sensíveis próprios e comuns.

2.2 As funções do senso comum

I. A unificação dos dados fornecidos pelos diferentes sentidos.

II. A percepção simultânea de dois ou mais sensíveis próprios.

III. A discriminação de dois ou mais sensíveis próprios.

IV. O controle dos demais sentidos que permite ‘ligá-los’ no despertar e ‘desligá-los’
durante o sono.

V. O monitoramento dos sentidos que implica na percepção de que se está ou não se está
percebendo.

VI. A phantasia.

VII. A memória.

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2.3 Esboço da teoria aristotélica da percepção.

I. O corpo de um animal contém um sistema contínuo de partes homeomeras que vai da


periferia do copo, aonde se encontram os órgãos sensoriais periféricos, até o órgão sensorial
central – o coração – onde situa-se o ‘Senso Comum’.

II. A percepção acontece quando:


(a) os objetos sensíveis causam mudanças qualitativas nos órgãos sensoriais periféricos.
Essas alterações são transmitidas pelas partes homeomeras (mais precisamente, pelo sangue)
que ligam os órgãos periféricos com o órgão central da percepção, onde acontece a percepção.

2.4 A explicação do movimento animal a partir do CIOM [“central ingoing and outgoing
motions”] (Corcilius e Gregoric 2013)
Segundo o CIOM, os animais experimentam alterações térmicas distintas ao redor do coração
dependendo do estado no qual se encontram e conforme percebam coisas que lhes fazem bem
ou mal (Corcilius e Gregoric 2013, 65). Essas alterações “correspondem” tanto aos sentimentos
de prazer e dor quanto ao apetite e à repulsa (Id., 66), e causam tanto a contração e a expansão
do pneuma quanto o endurecimento ou amolecimento das partes ao redor das juntas que, em
conjunto, produzem o movimento local dos membros que permite ao animal perseguir ou evitar
o mesmo objeto externo cuja percepção iniciou todo o processo.

2.5 A explicação do movimento animal a partir da teoria do silogismo prático: “a alma move
os animais através de uma espécie de propósito e de pensamento” (DA 406b24-25).

2.5.1 Exemplos de silogismo prático fornecidos por Aristóteles (Santas 1969):

[Se] Um determinado paciente deve recuperar sua saúde,


[Se] A recuperação da saúde por parte deste paciente será alcançada através do balanceamento
de seus humores
[Se] Os humores do paciente serão balanceados se ele for massageado,
[Então] Eu (o médico) massagearei o paciente

[Se] um indivíduo pensa que] Todo homem deve andar


[E] Ele é um homem

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[Então] Ele anda imediatamente;

[Se um indivíduo pensa que] Nenhum homem deve andar


[E] Ele é um homem
[Então] Ele para imediatamente;

[Se] Eu preciso fazer algo bom


[E] Uma casa é algo bom
[Então] Eu faço uma casa imediatamente
[Se] Eu preciso de roupas
[Se] Uma capa é uma roupa
[Se] Eu preciso fabricar as roupas de que preciso
[Então] Eu fabrico uma capa imediatamente

[Se] Eu quero beber


[E] Tal coisa é uma bebida
[Então] Eu bebo imediatamente

2.5.2 Estrutura geral do silogismo prático


Premissa Maior (fornecida pelo desejo, afirma como necessária ou benéfica a sua satisfação)
Premissa Menor (fornecida pela phantasia, afirma que uma tal ação satisfaz tal desejo)
Conclusão (afirma a realização da ação recomendada na premissa menor).

2.6 Qual o papel do silogismo prático na explicação aristotélica do movimento animal?


Segundo (Corcilius 2008b, 173-177) e (Morel 2013, 45), o silogismo prático teria uma função
meramente didática e ilustrativa, não possuindo nenhum papel causal na produção dos
movimentos de locomoção.
Uma interpretação alternativa: o silogismo prático é o responsável pela transformação do
desejo por um certo fim em um desejo por um certo meio, sendo uma causa necessária para a
explicação de todo movimento voluntário de locomoção animal.
Esta interpretação mantém a diferença entre o silogismo científico e o silogismo prático ao
mesmo tempo que explica a comparação feita por Aristóteles. O critério da necessidade
envolvido na definição aristotélica do silogismo científico exige que um dado efeito seja
explicado pela sua causa adequada sendo esta causa uma condição suficiente e sine qua non

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para a sua explicação. Segundo a interpretação a ser defendida aqui, a causa que o silogismo
prático nos revela – isto é, a articulação entre o desejo e a cognição que orienta um determinado
animal para uma determinada ação – é apenas uma condição sine qua non da explicação dos
movimentos voluntários de locomoção animal.
Além disso, essa explicação liga a eficácia do silogismo prático a produção da motivação em
perseguir algo como meio para um fim, desativando assim uma das objeções mais comuns
contra a tese segundo a qual o silogismo prático teria um papel causal, a saber, que sua forma
geral não garante que todo silogismo prático seja válido. Na medida em que sua função é
produzir uma certa motivação, não há nenhuma necessidade de que ele seja dedutivamente
válido para que ele possa produzir a ação que figura nele como conclusão.

3. Movimento kata mere em Física V 1 e movimento involuntário em MA 11

Tudo o que sofre mudança muda (1) incidentalmente, por exemplo quando dizemos que o
musical anda, pois é musical por acidente aquilo que anda. Ou dizemos ainda que algo mudou
absolutamente quando algo dele mudou, por exemplo quando falamos (2) em relação às partes
(o corpo é sanado quando os olhos ou o tórax, que são partes do corpo, o são). Há ainda a
mudança que não é incidental e nem de alguma coisa outra que a algo pertence, mas sim um
movimento que tem início na coisa ela mesma. Este é o movimento (3) por si mesmo, e o que
é assim movido é algo diferentes em cada variedade de movimento. Por exemplo, a alteração,
e na esfera da alteração o sanar e o esquentar. E as mesmas distinções se aplicam no caso
daquilo que move: uma coisa pode mover outra (1) incidentalmente, (2) em relação a uma parte
(quando algo dela move) ou (3) por si mesmo, por exemplo quando o médico cura e a mão
golpeia. (Física V 1, 254a20-34).

De que forma os animais são movidos aos seus movimentos voluntários, e por que razões, nós
já explicamos. Mas eles também são movidos de forma involuntária em suas partes, e de
maneira ainda mais comum [eles são movidos] de forma não voluntária. Por involuntários eu
entendo os movimentos tais como o do coração e do sexo, pois estes são comumente movidos
quando algo aparece, mas sem que o movimento siga o pensamento, e por não voluntários, os
movimentos tais como o sono, o despertar, a respiração e todos os outros deste tipo. Pois nem
a fantasia (φαντασία) e nem o desejo (ὄρεξις) são soberanos sobre eles: como é necessário que
o os animais sofram alterações naturais, e como dentre as partes alteradas algumas crescem e
outras definham, de modo que ao mesmo tempo movem e sofrem as mudanças que se sucedem

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naturalmente (aquecimentos e resfriamentos, cuja causa pode ser externa ou interna e natural).
E os movimentos sem pensamento (παρὰ τὸν λόγον) das partes mencionadas são gerados
quando essas alterações ocorrem. (MA 11, 703b2-18).

4. A controvérsia sobre o primeiro movente

É o coração que move, quando sente o prazeroso, uma outra de suas partes. (DA III 9, 432b33-
433a1).

Numericamente, os motores podem ser muitos. Nós distinguimos três coisas: o motor, isso
através do que ele move e o móvel. Mas o motor pode ser de dois modos, (a) imóvel ou (b)
movente e movido. O motor imóvel, é o bem prático, e o movente e movido é a faculdade
desiderativa (pois ela move o móvel, e o desejo é uma forma de movimento e atividade). O
móvel é o animal, e o instrumento do desejo é corporal e seu funcionamento deve ser estudado
como parte das funções comuns à alma e ao corpo. (DA III 10, 433b13-21).

De modo que o primeiro movente é o que é desejado e concebido. Não todo e qualquer objeto
de cognição, mas o fim prático. Pois é deste tipo o bem que move, e não tudo o que é belo. Pois
tanto quando algo é feito em vista dele, quanto quando ele é o fim de coisas que são feitas por
algo outro, ele move. E nós devemos supor que o bem aparente conta como um bem, assim
como o que é prazeroso – pois o prazer é um bem aparente. (MA 700b23-30).

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