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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DA 10ª VARA DO

TRABALHO DE BRASÍLIA/DF

Pedido de remessa dos autos ao


CEJUSC para audiência inicial: pauta
temática da DPU (RECOMENDAÇÃO
DA CORREGEDORIA - TRT 10ª
REGIÃO

Ref. PAJ nº 2017/001-00000

NOME, brasileiro, solteiro, inscrito no RG sob o nº. ____


SSP/DF e no CPF sob o nº. ___, residente e domiciliado na ____, CEP: ____,
por intermédio da Defensoria Pública da União no Distrito Federal, vem,
com fulcro no artigo 5º, inciso XXXV, da CF/88 e nos artigos 840 da CLT e 319
do CPC, perante Vossa Excelência, propor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
PELO RITO ORDINÁRIO

em face de NOME, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº


____, localizada no ____, CEP: ____, pelos fatos e fundamentos jurídicos
aduzidos doravante.

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO


SAUN, Quadra 5, Lote C, Centro Empresarial CNC, Bloco C
CEP: 70.040-250 – Brasília/DF
1. DAS PRELIMINARES

1.1. ATUAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO E PRERROGATIVAS

A Defensoria Pública da União tem atribuição para atuar


perante a Justiça Federal do Trabalho, com fulcro no texto da Constituição
Federal (art. 5º LXXIV c/c art. 134) e na Lei Complementar 80/94 (art. 14,
caput).

Cumpre destacar que a LC 80/94 prevê, em seu art. 44, I, que


é prerrogativa dos Defensores Públicos Federais “receber, inclusive quando
necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação pessoal em
qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-
se-lhes em dobro todos os prazos”.

Ante a expressa disposição legal, prevista, também, na


Cláusula Primeira do Convênio 21/2011, firmado entre o egrégio TRT 10ª
Região e a DPU/DF, requer sejam comunicados os futuros atos processuais via
intimação pessoal eletrônica, destinados ao Núcleo desta Defensoria Pública
da União no Distrito Federal, sendo contados em dobro todos os prazos.

1.2. ATUAÇÃO DO NÚCLEO DE PESQUISA E ASSISTÊNCIA JURÍDICA – NUPAJ

O Núcleo de Pesquisa e Assistência Jurídica – NUPAJ foi


criado por meio do Termo de Cooperação Técnica nº 36/2017 – Proc. SEI nº
15.0.000009102-0, publicado no DOU de 03/03/2017 –, firmado entre a
Defensoria Pública da União (DPU), a Fundação Universidade de Brasília
(FUB)/Faculdade de Direito (FD-UnB)/Grupo de Pesquisa “Trabalho,
Constituição e Cidadania”, e a Escola Judicial do TRT da 10ª Região
(EJUD10).

Trata-se de núcleo de prática jurídica trabalhista de primeiro


grau de jurisdição, institucionalizado com o objetivo de promover cooperação
acadêmica e prestação jurídica com atendimento qualificado a hipossuficientes.
Tem por projeto piloto o atendimento a empregados domésticos
economicamente necessitados.

Destaca-se que a atuação do NUPAJ não obsta a da


Defensoria Pública da União e seus respectivos membros no âmbito desta
Justiça Especializada do Trabalho.

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1.3. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA. INTERPRETAÇÃO CONFORME DO § 4º DO ART. 790
DA CLT.

Nos termos do soberano art. 5º, LXXIV da CF/88, e com


atenção ao art. 99, § 3º do CPC, c/c art. 790, §3º da CLT, destacamos que a
situação econômica do Reclamante não lhe permite demandar sem prejuízo do
sustento próprio e de sua família.

Deveras, o parâmetro estabelecido pelo supracitado dispositivo


da CLT (salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do
Regime Geral de Previdência Social) é observado in caso, e se presume em
todas as hipóteses de assistência jurídica pela Defensoria Pública da
União (DPU).

Isso porque a concessão da gratuidade de justiça é regida pela


Resolução nº 134/2016 do Conselho Superior da DPU, em vigor desde o dia
1º de janeiro de 2017, que prescreve que “o valor de presunção de
necessidade econômica para fim de assistência jurídica integral e gratuita, na
forma do art. 2º da Resolução CSDPU 133/2016, será de R$ 2.000,00 (dois mil
reais)”. Registre-se que o mencionado valor diz respeito à renda mensal bruta
do núcleo familiar.

Ou seja, o assistido da DPU passa por um crivo rigoroso para a


aferição da hipossuficiência, a partir de critérios mais exigentes que aquele
estabelecido pela CLT, com redação dada pela Lei 13.467/17, pois o valor de
R$ 2.000,00, além de inferior ao teto referido na Norma Consolidada, diz
respeito à renda de toda a família.

Acrescente-se que, historicamente, a comprovação da


necessidade econômica para fins de justiça gratuita se dá por mera
declaração da parte, o que pode inclusive ser feita por seu procurador com
poderes especiais para tanto (art. 105 do CPC). A Lei 1.060/50 (Redação dada
pela Lei nº 7.510, de 1986) já previa que “a parte gozará dos benefícios da
assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial,
de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários
de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família”.

E foi firmado que a dita norma não é incompatível com o art. 5º,
LXXIV da Constituição da República, pois confere maior amplitude de proteção
a um direito fundamental, o que deve ser louvado, e não repelido. Ademais, a
declaração enseja presunção relativa de veracidade, podendo ser afastada por
prova contrária.

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Pois bem. Entre outros retrocessos, a Lei 13.467/17 incluiu o §
4º ao art. 790 da CLT positivando que “o benefício da justiça gratuita será
concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento
das custas do processo”, sugerindo que não basta a declaração.

Com tal modificação, o legislador ignorou a conquista que


logrou densificar o princípio do acesso à Justiça, e é mais grave fazê-lo na
Justiça Laboral, que acolhe demandas de trabalhadores necessitados, em sua
maioria desempregados, criando óbices – entre tantos outros também criados
com a reforma trabalhista – ao acesso à Justiça.

Convém destacar que o diploma processual civil é conclusivo


ao prelecionar que “presume-se verdadeira a alegação de insuficiência
deduzida exclusivamente por pessoa natural” (art. 99, § 4º). Essa sistemática,
historicamente consolidada, é que deve ser aplicada no processo laboral, e não
há qualquer razão para que o fator erigido como critério de discrímen (a
“necessidade de comprovação da pobreza”) seja adotado nessa Justiça
especializada, estando clara a inconstitucionalidade da regra ante a explícita
violação ao principio da isonomia (art. 5º, caput, da CF).

Saliente-se que também se vulnera o princípio da vedação do


retrocesso social, implícito na Constituição Federal, pois o dispositivo atacado
restringe direitos relacionados ao acesso à Justiça, e incorporados ao
patrimônio dos hipossuficientes, sendo certo que conquistas no plano dos
direitos fundamentais devem ser irreversíveis. Não há, repise-se, qualquer
motivo a justificar tal restrição de direitos, sendo evidente que a norma também
é inconstitucional por violar o princípio constitucional da proibição do retrocesso
social.

Por todo o argumentado, requer os benefícios da gratuidade de


justiça e a declaração incidental de inconstitucionalidade para, sem
redução de texto, dar interpretação ao § 4º do art. 790 da CLT conforme à
Constituição Federal e declarar que a necessidade de comprovação pode
ser feita por mera afirmação da parte ou de seu advogado com poderes
específicos, em observância ao princípio do acesso à justiça e da vedação do
retrocesso social.

1.4. DO PEDIDO DE DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DOS


ARTS. 790-B, 791-A E 844, § 2º, TODOS DA CLT, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI
13.467/17, POR VÍCIO MATERIAL.

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Na esteira do argumentado no capítulo anterior, verifica-se que
os arts. 790-B, § 4º, 791-A, § 4º e 844 da CLT, com as alterações promovidas
pela Lei 13.467/17, foram absolutamente afrontosos às garantias
constitucionais da gratuidade de justiça e do acesso à Justiça, também
vulnerando o art. 1º, III e IV, art. 3º, art. 5º, caput, incisos XXXV e LXXIV e § 2º,
e art. 7º a 9º da Constituição da República.

Ademais, o acesso à justiça é reconhecido como direito


humano no plano internacional, em diversos diplomas dos quais o Brasil é
signatário (arts. 8 e 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem/1948;
art. 14, item 1, do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos/1966, art.
8 do Pacto de São José da Costa Rica/1969), também sendo pertinente o
controle de convencionalidade dos supracitados dispositivos.

Com efeito, as severas restrições que a Lei 13.467/17 impõe


ao beneficiário da justiça gratuita, atingindo a própria natureza do instituto da
gratuidade (por exemplo, quando prevê situações em que o hipossuficiente
deve pagar custas processuais), violam diretamente o acesso do trabalhador à
jurisdição trabalhista, pois via de regra aquele não poderá assumir os riscos
inerentes à demanda. E, assim, muito infelizmente, a norma antidemocrática
só acentua a desigualdade.

O que se observa, portanto, é que a supracitada lei esvaziou o


conceito de Justiça Gratuita e restringiu sobremaneira o Acesso à Justiça,
garantias constitucionalmente estabelecidas, reforçadas pelo direito
internacional, e historicamente densificadas pela legislação infraconstitucional.

A) Da gratuidade da justiça e da supremacia do crédito


alimentar. Compensação. Inconstitucionalidade do art. 790-B, caput e
§ 4º e art. 791-A, § 4º ambos da CLT, com a alteração da Lei 13.467/17.

Um pressuposto que se deve firmar ante a reforma trabalhista


é que esta não teve – e não deve ter – o condão de suprimir do ordenamento
juslaboralista os seus princípios norteadores, que constituem sua base
fundadora e identificadora.

Sim, pois a identidade do direito do trabalho está calcada no


princípio da proteção (implícito em toda a legislação), da primazia da realidade
(arts. 3º e 442), da irrenunciabilidade (arts. 9º e 468), da norma mais favorável,
da inalterabilidade contratual lesiva (art. 468), dos poderes inquisitórios do juiz
do trabalho (art. 765) e do princípio da supremacia do crédito trabalhista,
para citar alguns.

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Este último princípio, que nos interessa no momento, decorre
da natureza alimentar do crédito trabalhista, peculiaridade que confere
àquele crédito proteção especial, e por isso é intangível.

Sendo assim, atesta-se que a norma que previu


a compensação dos honorários de sucumbência e dos honorários do perito
com os créditos percebidos no processo em que a parte beneficiária da
gratuidade da Justiça é sucumbente ou é vencida no pedido que demandou
prova pericial afronta a proteção do crédito trabalhista, esvaziando, muitas
vezes, a própria prestação jurisdicional. Senão vejamos os dispositivos
inseridos pela Lei 13.467/17:

Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários


periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia,
ainda que beneficiária da justiça gratuita.
§ 4º Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita
não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a
despesa referida no caput, ainda que em outro processo, a
União responderá pelo encargo.
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,
serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa.
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não
tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo,
créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações
decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição
suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas
se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da
decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de
existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo,
tais obrigações do beneficiário.
A situação esdrúxula que se afigura é aquela em que o
indivíduo hipossuficiente, no gozo de direitos fundamentais relacionados
ao acesso à Justiça, demanda o Judiciário e vê seus pleitos parcialmente
acolhidos, porém compensados em razão de honorários de advogado ou
do perito. É a própria negativa da tutela jurisdicional!

Isso porque os créditos trabalhistas porventura reconhecidos


pelo Judiciário podem ser abocanhados pelo advogado ou pelo perito. E não
venham argumentar que o crédito destes também tem natureza alimentar, pois
seria uma falácia. Há outras fontes de garantia da remuneração desses

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profissionais: os advogados recebem seus honorários contratuais e os peritos
sempre foram pagos pela União em situações como essas especuladas,
recebendo, portanto, a contraprestação pelos seus serviços.

Deve-se garantir a intangibilidade do crédito trabalhista do


jurisdicionado, possuindo este natureza alimentar e preferencial, vez que
constitui o patrimônio social mínimo dos trabalhadores, garantidor de sua
subsistência e, portanto, da sua dignidade (mínimo existencial).

E essa lógica estabelecida pelo legislador reformador é


absolutamente avessa ao princípio protetivo, afinal é ínsita a desigualdade
entre os sujeitos de um vínculo empregatício, e o empregado é colocado em
situação de maior desigualdade ainda quando lhe recaem ônus
processuais excessivos, que deveriam inexistir, pois todo processo judicial
envolve um risco.

É dizer, o trabalhador não deve ser penalizado por provocar o


Judiciário, simplesmente em razão do risco de perder a demanda.

O Direito não é ciência exata e envolve, muitas vezes, uma


hermenêutica complexa e que implica, como sabemos, entendimentos
divergentes acerca do mesmo dispositivo/ instituto. Essa contingência é
inerente ao Direito, e o que a reforma trabalhista pretendeu, vulnerando o
Acesso à Justiça, foi onerar excessivamente o jurisdicionado – sobretudo o
beneficiário da Justiça Gratuita – desencorajando-o a buscar seu direito
constitucional perante o Estado-Juiz.

Por todos os argumentos apresentados, entende-se que a


expressão “ainda que beneficiaria da justiça gratuita” inserida no caput do art.
790-B da CLT, e que o instituto da compensação previsto no § 4º do art. 790-B
e no § 4º do art. 791-A da CLT, com as alterações proporcionadas pela Lei
13.467/17, devem ser declarados inconstitucionais, em sede incidental.

Assim, constatada a inaplicabilidade da norma no caso


concreto, em eventual caso de sucumbência, sucumbência recíproca ou
sucumbência no pedido que originou a perícia, o reclamante beneficiário da
gratuidade de Justiça:

i) não deverá ser condenado ao pagamento dos


honorários periciais;
ii) não deverá sofrer compensação dos seus créditos
obtidos em juízo para pagamento de honorários
advocatícios ou honorários periciais.

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B) Condenação a custas processuais quando houver
arquivamento por não comparecimento. Condicionamento do
pagamento em caso de repropositura da ação. Inconstitucionalidade
do art. 844, § 2º, da CLT.

Outro dispositivo que causa perplexidade ao pensador do


Direito, por contrariar a própria essência do instituto da gratuidade da
Justiça, é o da condenação de pagamento de custas processuais ao
beneficiário da Justiça Gratuita no caso de arquivamento por não
comparecimento em audiência. Explica-se.

O art. 844 da CLT, com a redação dada pela Lei 13.457/17,


prevê que a hipótese de ausência do reclamante na audiência inaugural implica
condenação ao pagamento das custas processuais, “ainda que beneficiário da
justiça gratuita”. A ressalva ao dispositivo é a comprovação, em quinze dias,
que “a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável”.

Deveras, o abuso postulatório na Justiça do Trabalho é uma


realidade, e é recomendável que o legislador desenvolva formas de se coibir
condutas de má-fé e demandas temerárias.

Para tanto, devem ser observadas regras de coerência no


ordenamento jurídico, utilizando-se mecanismos que sejam adequados para
as finalidades que se almejam alcançar. Um exemplo é a regra da perempção,
previsto no art. 732 da Norma Consolidada, que penaliza o reclamante que dá
causa ao arquivamento da reclamação por não comparecimento, por duas
vezes seguidas, mediante a proibição de postular perante a Justiça do
Trabalho pelo prazo de seis meses.

O legislador, recrudescendo a penalidade àquele que provoca


o Judiciário e não comparece à audiência injustificadamente, estabeleceu a
penalidade de pagamento das custas processuais, inclusive ao beneficiário
da justiça gratuita, sendo que eventual repropositura da ação estaria
condicionada a tal pagamento.

Cuida-se de mais um excesso normativo que esvaziou o


instituto da Justiça Gratuita, além de impor um tratamento desigual entre as
partes, pois desprotege o empregado, geralmente com frágil situação
econômica, deixando-o também em vulnerabilidade processual, o que não
acontece com o empregador (reclamado).

Ao contrário. O legislador reformador, no mesmo art. 844, no §


5º, atenuou os efeitos da ausência do reclamado à audiência, prescrevendo

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que “presente o advogado na audiência, serão aceitos a contestação e os
documentos eventualmente apresentados. É fácil notar que não se observa o
princípio da paridade de armas no caso.

Decerto, a gratuidade de justiça compreende, entre outras


isenções, as custas judiciais, sendo que a punição proposta pelo legislador se
mostra incoerente com o ordenamento jurídico. Haveria de tecer uma outra
forma de coibir abusos, como o fez ao regulamentar a litigância de má-fé no
direito processual do trabalho.

Por fim, também é inegável que onerar o trabalhador


hipossuficiente com o pagamento de despesas inerentes ao processo pode
significar uma negativa do acesso à Justiça, o que é uma perversidade,
principalmente se considerando que a mesma consequência não incide sobre
os mais abastados.

Desta feita, é imperativa a declaração de inconstitucionalidade


da expressão “ainda que beneficiário da justiça gratuita” no § 2º do art. 844 da
CLT, incidentalmente, pelas razões aduzidas.

Por todo o exposto, requer a declaração incidental de


inconstitucionalidade material dos dispositivos que explicitamos abaixo:

a) Da expressão “ainda que beneficiaria da justiça


gratuita” inserida no caput do art. 790-B da CLT;
b) Da expressão “somente no caso em que o
beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em
juízo créditos capazes de suportar a despesa
referida no caput, ainda que em outro processo”,
inserta no § 4º do 790-B da CLT;
c) Da expressão “desde que não tenha obtido em juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa”, inserta no § 4º do 791-A da
CLT;
d) Da expressão “ainda que beneficiário da justiça
gratuita” no § 2º do art. 844 da CLT.
Com o reconhecimento da inconstitucionalidade dos ditos
dispositivos, devem ser afastados os efeitos da norma tida por inconstitucional,
quais sejam, a condenação do reclamante ao pagamento de honorários
periciais, a compensação de honorários advocatícios e honorários periciais nos

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créditos obtidos em juízo e ao pagamento de custas no caso de arquivamento
dos autos por não comparecimento na audiência inaugural.

1.5. DA REMESSA DOS AUTOS DO PROCESSO ELETRÔNICO AO CEJUSC. PAUTAS


TEMÁTICAS DA DPU.

Em funcionamento desde 24/05/2017, o Centro Judiciário de


Métodos Consensuais de Solução de Disputas (CEJUSC) tem colaborado
sobremaneira para a resolução de conflitos no âmbito da Justiça do Trabalho,
representando um grande benefício ao jurisdicionado.

Em 23/08/2017 foi realizada a primeira Pauta Temática com a


DPU, concentrando 40 audiências, e está se consolidando uma boa prática no
sentido de fomentar as pautas temáticas da DPU via CEJUSC, de modo que
todos os meses de 2018 haverá uma data destinada a tanto. Ademais, é
oportuno mencionar a Recomendação (Corregedoria do TRT-10ª região) “às
Varas do Trabalho do Distrito Federal que encaminhem ao CEJUSC, para
realização das audiências iniciais, todos os processos patrocinados pela
Defensoria Pública da União/DF”.

Sendo assim, considerando que a concentração de audiências


pelo CEJUSC otimiza o trabalho da Instituição, desafoga as pautas das Varas
Trabalhistas em Brasília, requer seja deferida a remessa imediata dos autos do
processo eletrônico ao CEJUSC, para que a audiência inicial seja realizada
naquele Centro.

2. BREVE EXPOSIÇÃO FÁTICA

3. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

3.1. TESE 1

3.2. TESE 2

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3.3. TESE 3

4. DOS HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS EM FAVOR DA DEFENSORIA PÚBLICA

A despeito de se tratar de pedido implícito, na forma do artigo


85 do Código de Processo Civil, diante da novel atuação da Defensoria Pública
da União perante a Justiça Laboral, revela-se importante ressaltar o cabimento
de honorários assistenciais em favor da Defensoria Pública.

Nesse contexto, perceba-se que, dentre as funções


institucionais da Defensoria Pública, previstas no art. 4º, XXI, da LC nº 80/94,
alterada pela LC nº 132/09, encontra-se a de:

Art. 4º (...)
XXI – executar e receber as verbas sucumbenciais
decorrentes de sua atuação, inclusive quando devidas por
quaisquer entes públicos, destinando-as a fundos geridos
pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente, ao
aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação
profissional de seus membros e servidores; (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009). (sem grifos no original)
Deveras, os honorários assistenciais em favor da Defensoria
Pública se destinam exclusivamente ao fundo gerido pela Defensoria
Pública da União para aparelhamento institucional, sendo proibida a
percepção de qualquer valor como honorário, custa ou percentagem pelo
Defensor Público Federal (art. 46, III, da LC nº 80/94).

Nessa ordem de ideias, não há como se afastar da conclusão,


extraída de interpretação sistemático-teleológica de que serão devidos
honorários assistenciais em favor da Defensoria Pública sempre que esta
desempenhar sua função institucional típica, qual seja, o patrocínio de
pretensões jurídicas de hipossuficientes, pessoas que não podem demandar
sem prejuízo do sustento próprio ou do de sua família, como, aliás, é o caso.

Nesse sentido, a jurisprudência já vinha se firmando, mesmo


antes da vigência da Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 (reforma
trabalhista), como bem explicita o decidido pela Egrégia 2ª Turma do
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT10), nos autos do
processo 02000-2011-020-10-00-5, cuja fundamentação de lavra do insigne
Desembargador Federal do Trabalho, Dr. Alexandre Nery de Oliveira, nos
permitimos colacionar:

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[...]
c) honorários assistenciais: Pugna a Defensoria Pública, por
meio do recurso obreiro, para que sejam deferidos honorários
assistenciais, fundamentando-se no art. 4º, da Lei Complementar
80/1994, ressaltando que o dever de prestar a assistência
jurídica integral e gratuita é do Estado, por meio das Defensorias
Públicas (artigos 5º, LXXIV e 134 da Constituição Federal), não
se mostrando razoável a restrição da Súmula 219/TST, como se
aplicável somente aos sindicatos profissionais, diante da
existência de norma constitucional assegurando a defesa dos
direitos do hipossuficiente por meio de suas Defensorias
Públicas, quando menos cabendo ser estendida aquela
orientação à assistência jurídica prestada pelo Estado. Entendo
que assiste razão à parte Autora. O art. 134 da Constituição
Federal declara que a Defensoria Pública é instituição essencial
à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação
jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na
forma do art. 5º, LXXXIV. A Lei Complementar 80/1994, que
organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e
dos Territórios, prevê em sua art. 4º, XXI, ser função institucional
da Defensoria Pública: “executar e receber as verbas
sucumbenciais decorrentes de sua atuação, inclusive quando
devidas por quaisquer entes públicos, destinando-se a fundos
geridos pela Defensoria Pública e destinados, exclusivamente,
ao aparelhamento da Defensoria Pública e à capacitação
profissional de seus membros e servidores”. Nesses termos,
válido se mostra o requerimento formulado pela Defensoria, pois
da análise dos diplomas legais transcritos verifica-se a existência
dos requisitos ensejadores da concessão dos honorários
assistenciais, quais sejam a assistência jurídica e a
hipossuficiência do assistido, além da previsão expressa na Lei
Complementar 80/1994, devendo, contudo, no caso, incidir sobre
o valor da condenação e ser revertido ao fundo gerido pela
Defensoria Pública. Desde a CF de 1988, e, quando menos,
desde a edição da Lei Complementar 80/1994, não se pode mais
ter a assistência jurídica como prestada apenas pelos sindicatos,
inclusive a teor dos artigos 5º, LXXIV e 134 da Constituição
Federal, que ao contrário exige a atuação das Defensorias
Públicas como dever do Estado quanto à assistência aos
hipossuficientes, ainda que sem prejuízo da atuação sindical
complementar, pelo que a atividade exigida do Estado, sob tal
enfoque, e à conta do referido art. 4º, XXI, da LC 80/1994, deve
ser retribuída mediante os honorários decorrentes, reversíveis à
Instituição, na mesma linha do que enuncia a Súmula 219/TST,
assim possível de ser estendida à situação presente. Assim,
dou provimento ao apelo para condenar o Reclamado ao
pagamento de honorários assistenciais no percentual de
15% sobre o valor da condenação.
[...] (original sem grifos)

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No mesmo sentido, citem-se os seguintes precedentes
favoráveis ao deferimento dos honorários assistenciais à Defensoria Pública:
01160-2012-018-10-00-1-RO (TRT10 – 2ª Turma – Julgado em 02/05/2013);
01427-2011-015-10-00-0 RO (ED) (TRT10 – 3ª Turma – Julgado em
03/04/2013); 00001-2012-006-10-00-0 RO (TRT10 – 3ª Turma – Julgado em
05/09/2012).

Com a alteração legislativa, a CLT passou a prever


expressamente os honorários, em seu art. 791-A, devidos em todas as
ações trabalhistas.

Destaca-se que são devidos os honorários mesmo nas ações


contra a Fazenda Pública (art. 791-A, § 1º, da CLT).

Por fim, cumpre registrar que os honorários devidos à


Defensoria Pública são os honorários assistenciais, igualmente devidos aos
Sindicados à razão de 10% a 20%, nos termos da Lei nº 5.584/70 e da Súmula
nº 219 do TST, que equipara a lógica dos honorários assistenciais àquela
praticada pelo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15).

Por tudo quanto foi exposto e forte nos arts. 4º, XXI, da LC nº
80/94, 85 do CPC e 791-A da CLT, requer-se, desde já, a condenação da(s)
reclamada(s) ao pagamento das devidas verbas honorárias, no patamar de
20% (vinte por cento) do valor da condenação, em favor do fundo
institucional mantido na Caixa Econômica Federal (CNPJ 00.375.114.0001-
16, Agência: 0002 (Ag. Planalto), Operação: 006 (Órgãos Públicos) e Conta
corrente nº: 10.000-5), criado exclusivamente para fins de recebimento desses
honorários assistenciais.

5. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) a concessão do benefício da gratuidade de justiça, previstos


nas Leis 1.060/50 e 5.584/70;

b) a observância das prerrogativas legais dos membros da


Defensoria Pública Federal, tais como intimação pessoal,
mediante remessa dos autos, e prazo em dobro;

c) a notificação da reclamada no endereço indicado para que


compareça à audiência inicial/una a ser designada e apresente
contestação, sob pena de confissão (Súmula 74 do TST);

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO


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CEP: 70.040-250 – Brasília/DF
d) sejam os autos do processo eletrônico remetidos ao
CEJUSC para fins de marcação e realização de audiência
inaugural;

e) Seja declarada incidentalmente a inconstitucionalidade do


§ 4º do art. 790 da CLT para, sem redução de texto, dar ao
citado dispositivo interpretação conforme à Constituição
Federal e estabelecer que a necessidade de comprovação
pode ser feita por mera afirmação da parte ou de seu
advogado com poderes específicos, em observância ao
princípio do acesso à justiça e da vedação do retrocesso social.

f) Outrossim, seja declarada incidentalmente a


inconstitucionalidade:

i) Da expressão “ainda que beneficiaria da justiça


gratuita” inserida no caput do art. 790-B da CLT;

ii) Da expressão “somente no caso em que o


beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em
juízo créditos capazes de suportar a despesa
referida no caput, ainda que em outro processo”,
inserta no § 4º do 790-B da CLT;

iii) Da expressão “desde que não tenha obtido em


juízo, ainda que em outro processo, créditos
capazes de suportar a despesa”, inserta no § 4º do
791-A da CLT;

iv) Da expressão “ainda que beneficiário da justiça


gratuita” no § 2º do art. 844 da CLT.

g) Se a Reclamada condenada à obrigação de fazer


consistente na anotação da CTPS do obreiro, constando como
data de entrada o dia ___ e de saída o dia ____, função de ___
e remuneração de R$ ____, sob pena de multa diária. Se
assim a Reclamada não operar, requer-se que a referida
anotação seja procedida pela Secretaria da Vara;

h) Condenação da Reclamada na obrigação de pagar os


seguintes valores, abaixo discriminados e liquidados:

i)

ii)

iii)

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iv)

i) Pagamento dos honorários assistenciais à Defensoria


Pública da União, no percentual de 15% (quinze por cento), no
valor de R$ ______, revertidos em favor do fundo institucional
vinculado à Caixa Econômica Federal (CNPJ 00.375.114.0001-
16, Agência 0002 (Ag. Planalto), Operação: 006 (Órgãos
Públicos) e Conta Corrente nº 10.000-5).

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em Direito.

Dá à causa o valor de R$ _____ (_____).

Nesses termos, pede deferimento.

Brasília, 26 de fevereiro de 2019.

Ana Paula Villas Boas Juliana Morato Camargos


Defensora Pública Federal Professora da UnB
OAB/DF nº 25947

Gabriela Neves Delgado


Professora da UnB
OAB/DF nº 39925

Nome Nome
Aluno da UnB Aluno da UnB

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