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ENGENHARIA CIVIL

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES

ESTRUTURA DAS
CONTENÇÕES
Prof: Sidney Barradas

GRUPO:
Cláudio Silva
Rodrigo Friche
Wagner Nunes

2011
ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 6

SOLUÇÕES DE CONTENÇÃO ............................................................... 7

TEMA 1. Muros de Contenção .............................................................. 7

1.2 Influência da água ........................................................................... 12

TEMA 2. Cortinas de Contenção ......................................................... 13

2.1 Deslocamentos ............................................................................... 13

2.2 Rigidez Relativa .............................................................................. 13

2.3 Cortinas “Rígidas” e “Flexíveis” ....................................................... 13

2.4 Observações do Desempenho ........................................................ 15

TEMA 3. Escoramentos ....................................................................... 16

3.1 Madeira ........................................................................................... 17

3.2 Metálico-Madeira............................................................................. 18

3.3 Metálicos ......................................................................................... 20

3.4 De concreto ..................................................................................... 20

3.5 Especiais ......................................................................................... 21

3.6 Dificuldades de Execução ............................................................... 22

3.7 Escolha ........................................................................................... 23

TEMA 4. Dimensionamento de Contenções ........................................ 24

4.1 Dimensionamento Geotécnico ........................................................ 24

4.2 Ação da Água.................................................................................. 25

4.3 Ação de Carregamentos Externos .................................................. 25

4.4 Deslocamentos Induzidos ............................................................... 26

4.5 Carregamentos ............................................................................... 28

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TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

4.6 Dimensionamento do muro de arrimo ............................................. 30

4.7 Verificação de estabilidade geral do muro de arrimo ...................... 30

TEMA 5. Estabilização de Encostas .................................................... 34

5.1 Reforços do terreno ........................................................................ 34

CONCLUSÃO ........................................................................................ 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 43

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Muro de flexão .................................................................................. 9


Figura 2 - Muro de contraforfes ........................................................................ 9
Figura 3 - Muro de gabiôes ............................................................................. 11
Figura 4 - Crib Wall ......................................................................................... 11
Figura 5 - Obra de contenção com estroncas de eucalipto............................. 16
Figura 6 - Cortina atirantada para contenção de encostas ............................. 17
Figura 7 - Escoramento metálico-madeira ...................................................... 19
Figura 8 - Parede Diafragma .......................................................................... 21
Figura 9 - Diagrama esquemático da técnica de melhoria de solos - jet
grouting ..................................................................................................................... 35
Figura 10 - Comparação entre os dois deslocamentos horizontais do solo
grampeado e terra armada ........................................................................................ 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tipos de geossintéticos e principais funções (Koerner, 1994) ....... 40

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INTRODUÇÃO

A contenção de terreno é uma solução comum em obras civis, que visa


aproveitar de melhor maneira o terreno, possibilita a execução de construções em
locais complicados e garante a estabilidade do terreno de construção e a segurança
dos que ali transitam.
A realização de uma obra de fundação quase sempre envolve estruturas de
contenção. Estruturas de Contenção são estruturas cujo projeto é condicionado por
cargas e dependem de deslocamentos. A contenção é feita pela introdução de uma
estrutura ou de elementos estruturais compostos, que apresentam rigidez distinta
daquela do terreno que conterá.
A contenção visa combater esforços horizontais, que provocariam um
desabamento de terra, deixando o sistema em equilíbrio. Vamos ver a seguir que
existem várias soluções de contenção, para as diversas situações encontradas.

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SOLUÇÕES DE CONTENÇÃO

É chamado de contenção todo elemento ou estrutura destinado a contrapor-


se a empuxos ou tensões geradas em maciço cuja condição de equilíbrio foi alterada
por algum tipo de escavação, corte ou aterro.

TEMA 1. Muros de Contenção

São estruturas corridas de contenção, constituída de parede vertical ou quase


vertical apoiada numa fundação rasa ou profunda. Podem ser construídos em
alvenaria (de tijolos ou pedras) ou em concreto (simples ou armado) ou ainda, de
elementos especiais. Sua fundação pode ser direta, rasa e comprida ou profunda,
em estacas ou tubulações.
Sempre que um muro de contenção deva conter um terrapleno é importante
ter em mente que tal terrapleno deve ser construído de modo a atender a condições
conflitantes, porque deve ser adequadamente compactado para que a região que
contenha a superfície potencial de ruptura possua resistência ao cisalhamento não
inferior à que foi adotada no cálculo dos empuxos. Essa compactação, porém, na
vizinhança do parâmetro interno do muro, não deve ser tão intensa a ponto de criar
tensões horizontais superiores às do projeto. Em outras palavras, uma compactação
exagerada junto ao parâmetro de estruturas de arrimo pode elevar os empuxos
horizontais acima dos níveis dos empuxos ativos e mesmo de repouso. Por outro
lado, uma compactação deficiente na zona em que se situa a superfície potencial de
ruptura, também pode levar a empuxos mais elevados por motivo oposto, ou seja,
pelo fato de não desenvolver no maciço suficiente resistência ao cisalhamento.
Tipos de muros:

1.1.1 Muros de Gravidade

São estruturas corridas, massudas, que se opõe aos empuxos horizontais


pelo peso próprio. Em geral são empregadas para conter desníveis pequenos ou

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TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

médios, inferiores a cerca de 5m. Podem ser construídos de concreto simples,


ciclópico ou com pedras argamassadas ou não.
São construídos quando se dispõe de espaço para acomodar sua seção
transversal cuja largura é da ordem de 40% da altura a ser arrimada. São mais
comumente construídos para conter cortes verticais no terreno, pelo fato de
poderem ser executados em trechos no interior de “cachimbos” que são escavações
de largura em geral não superior a 1,5m, com faces verticais. Tais cachimbos
permitem que a escavação se processe parceladamente, evitando o
desconfinamento total do terreno e abrindo espaço para construir o muro em trechos
sucessivos até sua conclusão.
Devido ao fato de serem estruturas pesadas são, quase sempre, escolhidas
quando se dispõe de terreno de boa capacidade de carga, capaz de suportar as
tensões máximas na fundação em sapata corrida.

1.1.2 Muros Atirantados

São estruturas mistas em concreto e alvenaria de blocos de concreto ou


tijolos, com barra quase horizontais, contidas em planos verticais perpendiculares ao
paramento do muro, funcionando como tirantes, amarrando o parâmetro a outros
elementos embutidos no maciço, como blocos, vigas longitudinais ou estacas. São
construções de baixo custo utilizadas para alturas até cerca de 3m.
São estruturas de baixo custo, para pequenas alturas, a serem construídas
sempre que os assim chamados “tirantes” (de armadura envolvida em concreto) não
possam vir a tornar-se obstáculos para obras futuras. Dependendo das condições do
solo de fundação e da altura do arrimo, podem apoiar-se em sapata corrida ou em
estacas ou mesmo em brocas.

1.1.3 Muros De Flexão

São estruturas mais esbeltas, com secção transversal em forma de “L” que
resistem aos empuxos por flexão, utilizando parte do peso próprio do maciço
arrimado, que se apóia sobre a base do “L”, para manter-se em equilíbrio. No mais

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das vezes são construídas em concreto armado, tornando-se em geral,


antieconômicos para alturas acima de 5 a 7m.

Figura 1 - Muro de flexão

1.1.4 Muros De Contrafortes

São os que possuem elementos verticais de maior porte, chamados


contrafortes ou gigantes, espaçados, em planta, de alguns metros e destinados a
suportar os esforços de flexão pelo engastamento na fundação. O parâmetro do
muro, nesse caso, é formado por lajes verticais que se apóiam nesses contrafortes.
Como nos muros de flexão, o equilíbrio externo da estrutura é conseguido tirando-se
proveito do peso próprio do maciço arrimado, o qual se apóia sobre a sapata corrida
ou laje de fundação. A diferença em relação aos muros de flexão é essencialmente
estrutural. Os gigantes ou contrafortes podem ser construídos para o lado externo do
parâmetro vertical ou embutidos no terrapleno arrimado.

Figura 2 - Muro de contraforfes

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1.1.5 Muros Mistos

São muros com características intermediárias entre os supra citados, que


funcionam, portanto, parcialmente pelo peso próprio e parcialmente a flexão,
utilizando parte do terrapleno como peso para atingir uma condição global de
equilíbrio.

• Muros de Flexão, de Contrafortes e Mistos


Destinam-se a conter terraplenos que devem ser compactados
adequadamente sobre a sapata ou bloco de fundação. Exigem espaço para
execução das fundações cuja largura, no caso de se tratar de sapata corrida é, em
média, da ordem de 40% da altura a ser arrimada.
Com fundação direta, em geral, a condição crítica de equilíbrio é a relativa à
translação, o que pode exigir a construção de um dente vertical na fundação para
mobilizar uma parcela maior de resistência a esse deslocamento. Podem ser
apoiados em estacas verticais e/ou inclinadas, dependendo das características do
solo de fundação.

1.1.6 Muros de Gabiões

São muros de gravidade construídos pela superposição de “gaiolões” de


malhas de arame galvanizado cheios com pedras cujos diâmetros mínimos devem
ser superiores à abertura de malha das gaiolas. São empregados para faixas de
alturas da mesma ordem de grandeza das dos muros de gravidade.
São formados por gaiolas que são caixas prismáticas feitas de tela de arame
galvanizado cheias com pedras de mão. Suas características principais são a
flexibilidade, que permite que tal estrutura se acomode a recalques diferenciais, e a
permeabilidade.

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Figura 3 - Muro de gabiôes

1.1.7 Crib Wall

São estruturas formadas por elementos pré-moldados de concreto armado ou


de madeira ou aço, que são montados no local, em forma de “fogueiras”, justapostas
e interligadas longitudinalmente, cujo espaço interno é cheio de preferência com
material granular graúdo.

Figura 4 - Crib Wall

São construídas montando-se as peças pré-moldadas das sucessivas


“fogueiras”, no próprio local e enchendo os espaços centrais, de preferência, com
material granular graúdo (brita grossa ou pedras de mão). São estruturas capazes
de se acomodar a recalques das fundações e funcionam como arrimos de
gravidade.

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1.2 Influência da água

A influência da água é marcante na estabilidade de uma estrutura de arrimo,


basta dizer que o acúmulo de água, por deficiência de drenagem, pode chegar a
duplicar o empuxo atuante.
O efeito da água pode ser direto, resultante do acúmulo de água junto ao
tardoz interno do arrimo e do encharcamento do terrapleno, ou indireto, produzindo
uma redução da resistência ao cisalhamento do maciço em decorrência do
acréscimo das pressões intersticiais.
O efeito direto é o de maior intensidade, podendo ser eliminado ou bastante
atenuado por um sistema eficaz de drenagem.
Todo cuidado, portanto, deve ser dispensado ao projeto do sistema de
drenagem para dar escoamento a precipitações excepcionais, com folga, e para que
a escolha do material drenante seja feita de tal modo a impedir qualquer
possibilidade de colmatação ou entupimento futuro.

1.2.1 Sistemas de drenagem

Os sistemas de drenagem devem ater-se aos seguintes princípios básicos:


• Impedir o acúmulo de água junto ao tardoz interno do arrimo;
• Tanto quanto possível fazer com que a rede de percolação tenha linhas de
fluxo verticais, na região da cunha potencial de ruptura;
• Ter sistema drenante que seja, também, filtrante, para afastar o perigo de
colmatação ou entupimento que resultariam em perda parcial ou total da
eficiência do sistema de drenagem, impedindo, também, o carreamento do
maciço arrimado através dos barbacãs ou buzinotes;
• Procurar separar o sistema de coleta e desvio das águas que escoam pela
superfície do terreno, das que, infiltrando-se, irão atingir o sistema interno de
drenagem, para evitar vazões elevadas e o carreamento de detritos para o
sistema interno de drenagem.

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TEMA 2. Cortinas de Contenção

Cortinas são contenções que, pelo fato de serem ancoradas ou acopladas a


outras estruturas mais rígidas, apresentam menor deslocabilidade o que pode levar
os maciços contidos a comportar-se em regime elastoplástico, dando origem a
solicitações maiores do que as calculadas no equilíbrio limite. Nessas condições, a
“rigidez relativa” da cortina tem influência na distribuição e na intensidade dos
empuxos sobre a cortina, os quais, por sua vez, dependem dos deslocamentos e
das deformações na interface “solo-cortina”.

2.1 Deslocamentos

Os deslocamentos mais importantes a serem considerados em cálculos de


verificação são os que decorrem de esforços cortantes e de flexão, isto é, são as
flexas das linhas elásticas das paredes.

2.2 Rigidez Relativa

É um conceito que diz respeito à interação entre a parede de contenção e o


maciço arrimado, envolvendo deslocamentos relativos, os quais influenciam
fortemente a distribuição de tensões atuantes nessa interface.

2.3 Cortinas “Rígidas” e “Flexíveis”

Qualitativamente, diz-se que uma cortina ou parede é flexível quando seus


deslocamentos, por flexão, são suficientes para influenciar significativamente a
distribuição de tensões aplicadas pelo maciço. Rígidas são cortinas cujas
deformações podem ser desprezadas. Entre os extremos mencionados só um
cálculo de verificação pode realmente estabelecer se a rigidez de uma cortina é tal
que seus deslocamentos por flexão possam ser desprezados ou não.

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Em áreas urbanas, a grande maioria das cortinas é executada em subsolos


de edifícios, apoiadas nos pilares de divisa. Quando há taludes a ser cortados
posteriormente, como acontece com freqüência, as cortinas são construídas em
trechos que resultam do corte do talude em “cachimbos”. Neste caso, dependendo
da profundidade atingida, podem ser empregados tirantes definitivos ou provisórios.
Tirantes provisórios são usados quando as cortinas serão posteriormente apoiadas
ou ancoradas em estruturas definitivas.
Em obras rodoviárias, são empregadas cortinas para contenção de cortes ou
aterros.
No primeiro caso são construídas cortinas atirantadas a partir de seu topo, em
faixas horizontais que vão sendo ancoradas à medida que o corte vai sendo
executado. Após o termino de cada etapa de corte, instalam-se os tirantes para em
seguida concretar os panos da cortina e então fazer a ancoragem.
No caso de aterros o procedimento é inverso: após cada etapa de aterro
instalam-se os tirantes e os lances respectivos da cortina. A construção evolui da
fundação da cortina para seu topo.

2.3.1 Ancoragens

São barras ou tirantes embutidos no próprio maciço a ser arrimado,


localizadas em planos perpendiculares a uma cortina, funcionando a tração, com um
comprimento que lhe confira capacidade para se contrapor aos empuxos gerados
por esse maciço, servindo, na extremidade livre, de apoio à própria cortina de
arrimo.

2.3.2 Drenagem de cortinas

Deve seguir os mesmos princípios acima citados para os sistemas de


drenagem para muros de arrimo.
No caso de cortinas de contenção de cortes que interceptem o nível do lençol
freático é comum o emprego de drenagem profunda por meio de drenos horizontais
perfurados, conhecidos no meio técnico por “DHP”, que consistem na introdução de

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um tubo perfurado de pequeno diâmetro, envolvido por uma tela filtrante, num furo
horizontal aberto por meio de sonda rotativa. Seu comprimento pode chegar a
algumas dezenas de metros, com o objetivo de rebaixar o lençol freático, reduzindo
o efeito da pressão hidrostática sobre a cortina.

2.4 Observações do Desempenho

Considerando a interação entre cortina e maciço arrimado, supra-referida, é


recomendável que sejam medidos os deslocamentos dos protótipos para confrontá-
los com os previstos nos cálculos mais refinados. No caso de cortina rígida é
suficiente a medição dos deslocamentos máximos.

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TEMA 3. Escoramentos

São estruturas provisórias executadas para possibilitar a construção de outras


obras. São utilizados mais comumente para permitir a execução de obras enterradas
ou o assentamento de tubulações embutidas no terreno.
Os escoramentos compõem-se, de um modo geral, dos seguintes elementos:
“paredes”, “longarinas”, “estroncas” e “tirantes”.

• Parede é a parte em contato direto com o solo a ser contido. É, mais


comumente, vertical e formada por materiais como madeira, aço ou concreto.
Quando formada por prancha de madeira, pode ser contínua ou descontínua,
como se verá adiante.
• Longarina é um elemento linear, longitudinal, em que a parede de apóia. Em
geral é disposta horizontalmente e pode ser constituída de vigas de madeira,
aço ou concreto armado.
• Estroncas ou escoras são elementos de apoio das longarinas. Dispõem-se,
portanto, no plano horizontal das longarinas, sendo perpendiculares às
mesmas. Podem ser constituídas de barras de madeira ou aço. Têm o mérito
de não utilizar os terrenos adjacentes a à contenção e de serem reutilizáveis.

Figura 5 - Obra de contenção com estroncas de eucalipto

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• Tirantes são elementos lineares introduzidos no maciço contido e ancorados


em profundidade por meio de um trecho alargado, denominado bulbo.
Trabalhando a tração, podem suportar as longarinas em lugar das estroncas,
quando essa solução for mais adequada ou econômica. Não ocupam o
espaço entre os parâmetros, facilitando, desta forma, as escavações e
execução da estrutura definitiva. Podem ser provisórios ou definitivos.

Figura 6 - Cortina atirantada para contenção de encostas

Os escoramentos podem ser classificados de acordo com os materiais


empregados em sua construção. Assim:

3.1 Madeira

Escoramentos de madeira são mais comumente usados para contenção de


paredes de valas destinadas ao assentamento de tubulações de redes finas de água
ou esgotos. Não é comum seu emprego para profundidades superiores a 3m a 4m.
Podem ser construídos com pranchas verticais ou horizontais, dependendo do solo a
ser contido e da profundidade a ser atingida.

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3.1.1 Pranchas Verticais

As paredes com pranchas verticais são utilizadas para escoramento de valas.


As pranchas verticais vão sendo cravadas à medida que a escavação avança, de
modo a manter uma “ficha” para apoio, abaixo do fundo da escavação. A partir de
uma profundidade de escavação acima da qual as pranchas não podem mais
suportar a flexão devida aos empuxos laterais do terreno, colocam-se longarinas que
são peças longitudinais dispostas de cada lado da vala, num plano horizontal e que
dão suporte às pranchas verticais, funcionando como vigas que se apóiam em
outras peças transversais, denominadas “estroncas”. As estroncas são peças
perpendiculares às longarinas, espaçadas o suficiente para permitir as operações de
escavação e descida dos trechos de tubos. São as peças de maior responsabilidade
no escoramento e são dimensionadas para a flexo compressão e à flambagem.

3.1.2 Pranchas horizontais

São principalmente utilizadas no caso dos escoramentos tipo berlinense,


encaixadas entre as abas de perfis “I” metálicos verticais.

3.2 Metálico-Madeira

São escoramentos constituídos de perfis verticais “I” de aço, cravados ao


longo dos planos das faces laterais das valas antes do início da escavação. A
abertura da vala é feita até atingir uma determinada profundidade que possa ser
contida pelos perfis verticais, funcionando em balanço, e pelas pranchas
horizontais encaixadas em suas abas. Nessa profundidade são instaladas,
correndo paralelamente, de cada lado da vala, junto aos perfis verticais peças
horizontais denominadas longarinas, que passam a suportar os perfis verticais e são
mantidas em posição escoradas por outras peças horizontais, perpendiculares às
faces da vala encunhadas contra as longarinas, denominadas estroncas. As
pranchas horizontais recebem o empuxo do terreno e o transmitem às abas dos

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perfis verticais que, por sua vez, se apóiam nas longarinas mantidas em posição
pelas estroncas.
Esse tipo de escoramento foi empregado na construção do Metrô de Berlim,
motivo pelo qual é conhecido também como “berlinense”.

Figura 7 - Escoramento metálico-madeira

3.2.1 Cuidados Especiais

As pranchas devem sempre manter contato íntimo com o maciço arrimado,


sendo forçadas, por meio de cunhas, contra o solo para evitar vazios responsáveis
por deslocamentos do maciço com consequente abatimento da superfície do terreno
vizinho à escavação. As estroncas, por sua vez, devem ser encunhadas contra as
longarinas também para reduzir qualquer possibilidade de deslocamento horizontal,
sempre prejudicial. Esses cuidados devem ser redobrados quando houver
construções dentro de uma faixa de largura igual à metade da profundidade da
escavação, a contar do bordo da vala.

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TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

No caso de escoramento tipo berlinense (“metálico-madeira”) é preferível


evitar a fixação das pranchas por encunhamento entre as abas interna e externa dos
perfis, porque dessa forma pode-se formar um vazio por trás das pranchas sem que
seja percebido. Ao contrário, se as pranchas forem encunhadas entre a aba externa
dos perfis e o terreno, qualquer fuga de solo provocará a queda das pranchas,
mostrando imediatamente o problema.

3.3 Metálicos

3.3.1 Estacas-Pranchas

São perfis de aço laminados com seções planas ou em forma de “U” ou “Z”,
com encaixes longitudinais, ou de concreto armado, com encaixes tipo “macho-
fêmea”, que permitem construir paredes contínuas pela justaposição das peças que
vão sendo encaixadas e cravadas sucessivamente. Formam paredes com
estanqueidade limitada pela permeabilidade das próprias juntas.

3.4 De concreto

3.4.1 Paredes-Diafragma

São caracterizadas pela concretagem submersa feita com tremonha em


trincheiras escavadas, relativamente estreitas, cuja estabilidade, durante a
escavação, é obtida pela introdução de uma suspensão de “bentonita” em água. A
suspensão estabilizante, denominada “lama bentonítica”, permite a introdução de
armadura e o enchimento da escavação com concreto. As paredes-diafragma são
construídas em, trechos contíguos de comprimentos da ordem de 2 a 3 m, os quais
são escavados sucessivamente ou alternadamente, conforme as características da
obra e do solo.

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Figura 8 - Parede Diafragma

3.4.2 Estacas Justapostas

Podem ser escavadas (secantes ou tangentes) ou cravadas lado a lado (com


encaixe longitudinal ou não), sendo utilizadas para formação de paredes de
contenção. Em geral são solidarizadas por meio de vigas de amarração ao longo de
suas cabeças.

3.5 Especiais

Jet Grouting – É um processo pelo qual ar, água e calda de cimento, numa
combinação adequada, são injetados a pressões muito elevadas, através de orifícios
de alguns milímetros de diâmetro, localizados na extremidade de hastes compostas
de um ou mais tubos concêntricos. O jato produz um corte no solo, misturando-se
com a calda de modo a formar, pela rotação da haste, uma “coluna” de solo-cimento,
embutida no maciço, cuja dosagem pode ser regulada pela composição da calda,

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TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

pela variação da pressão do jato e pelas velocidades de rotação e translação da


haste. A justaposição de “colunas” pode formar “pareces” para conter um maciço ou
para permitir a abertura de uma cavidade ou vala.

3.6 Dificuldades de Execução

A principal dificuldade comum aos vários tipos de escoramentos é a eventual


impossibilidade de se conseguir “ficha” suficiente, o que leva à necessidade de se
criar um ou mais apoios horizontais (estroncas provisórias) para contrabalançar os
empuxos atuantes nas várias fazes de escavação.
A fuga de solos finos não coesivos situados abaixo do nível do lençol freático
é outra dificuldade oriunda da falta de estanqueidade. Tal problema pode ser evitado
pelo rebaixamento adequado do lençol freático por meio de sistema munido de filtros
capazes de impedir o carreamento das partículas sólidas. Quando tal carreamento
não é impedido há a possibilidade da formação de vazios com o perigo de colapso
instantâneo ou de recalques imprevisíveis que podem ocorrer até pontos
relativamente distantes da vala, como no caso de solos com lentes de areia ou
calhas fósseis.
Em solos moles com o aprofundamento da escavação há o perigo de atingir-
se a profundidade crítica em relação à ruptura de fundo. Além do efeito imediato de
recalque acentuada da superfície lateral do terreno há o perigo de que o próprio solo
mole, erguendo-se do fundo da vala, desloque as estroncas inferiores provocando o
colapso instantâneo do escoramento. Mesmo sem atingir a condição de ruptura
pode haver sobrelevação do fundo da vala, provocando ondulações e fissuração
transversal em condutos enterrados.
Mais especificamente, no caso de pranchas verticais, por exemplo, a maior
dificuldade reside no ajuste entre pranchas justapostas, tipo “macho-fêmea”. Para
evitar fendas e aberturas, é importante que haja uma sequência de cravação que
force uma prancha contra o encaixe da que foi cravada anteriormente. Isto de
consegue por meio de chanfro assimétrico das pontas das pranchas.
No caso de escoramento tipo metálico-madeira, deve-se lembrar que as
pranchas sucessivas são encaixadas entre os perfis metálicos, sempre por baixo

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TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

das pranchas já instaladas, de modo que fiquem bem aderentes ao solo da parede
da vala quando encunhadas. Quaisquer vazios entre o maciço e o pranchamento
levam a incrementos indesejáveis dos deslocamentos horizontais e verticais, nas
proximidades da vala.
O maior perigo, no caso de paredes-diafragma é a perda instantânea da
“lama” bentonítica, que pode ocorrer, por exemplo, quando a escavação provoca o
rompimento acidental de algum conduto enterrado. Nesse caso, o preenchimento da
vala com areia deve ser imediato, para impedir um colapso ao redor do elemento
que está sendo escavado.
No caso de emprego de “Jet grouting”, dependendo do tipo de solo e da
qualidade da execução, um problema é a irregularidade da parede da escavação
formada pela justaposição das “colunas” de “Jet grouting”.

3.7 Escolha

A escolha do tipo mais adequado de escoramento depende dos seguintes


fatores:
• Profundidade da vala ou escavação;
• Tipo de solo (coesivo ou não) e Resistência ao cisalhamento;
• Dimensões e tipo de tubulação ou elemento a ser enterrado;
• Existência ou não de edificações ou sobrecargas próximas;
• Profundidade do lençol freático.

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TEMA 4. Dimensionamento de Contenções

4.1 Dimensionamento Geotécnico

Em resumos e em termos mais simples, podemos dizer que existem três


grupos básicos de métodos com características bem distintas:

4.1.1 Métodos clássicos

Métodos clássicos (Rankine, Coulomb, etc), cujas teorias permitem o cálculo


de empuxos ativos e passivos com base apenas em parâmetros geotécnicos
simples. Essa simplicidade faz com que esses métodos continuem a ser
empregados, sobretudo para projeto de obras de pequeno e médio porte, como para
anteprojeto de obras de maior vulto. A grande vantagem dos métodos clássicos é
que se baseiam apenas nos parâmetros de resistência ao cisalhamento: coesão,
ângulo de atrito interno e massa específica, além de serem métodos de
dimensionamento direto, fornecendo como resultado dos cálculos as dimensões da
estrutura.

4.1.2 Métodos modernos

Métodos modernos, ou métodos numéricos, que surgiram com o


aparecimento dos computadores e começaram a ser utilizados permitindo levar em
conta características de deformabilidade dos maciços e das contenções, dando
origem a cálculos de interação entre maciço e estrutura, como o “método dos
elementos finitos” e os baseados no conceito de “módulos de reação”. Esses
métodos exigem uma caracterização dos maciços através de parâmetros
geomecânicos que possam descrever as leis de interação “solo-estrutura”. Tais
parâmetros são mais difíceis de obter, exigindo ensaios mais sofisticados, além da
necessidade de aferir os resultados através de medidas de deformações e
deslocamentos em estruturas reais.

24
ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

O grande problema é que, em estruturas mais rígidas, como paredes-


diafragmas, deformações muito pequenas podem estar associadas a esforços muito
grandes e pequenas variações nos parâmetros provocam variações acentuadas nos
resultados. Além disso, os métodos numéricos permitem fazer apenas cálculos de
verificação do dimensionamento, exigindo, portanto, um pré-dimensionamento que,
quase sempre, é feito a partir do emprego dos métodos clássicos.

4.1.3 Métodos empíricos

Métodos empíricos que se valem de medições feitas em modelos, entre os


quais cabe referir-se ao que foi publicado por Reimbert, M. & A. (1969), para
materiais pulverulentos (não coesivos), além de modelos ensaiados em centrífugas.

4.2 Ação da Água

O dimensionamento da estrutura de contenção depende também dos


esforços gerados pela presença da água no subsolo. Como em outras estruturas
geotécnicas, a análise com água deve ser feita em termos de tensões efetivas. São
considerados os empuxos d’água nos contornos e o peso total do solo (saturado) ou
então a força de percolação e o peso do solo submerso. Usualmente a preferência
recai sobre o primeiro procedimento, por ser o mais simples.

4.3 Ação de Carregamentos Externos

Outra classe de esforços que afeta o dimensionamento da estrutura de


contenção são os empuxos laterais provocados por carregamento externos,
acidentais ou permanentes. Referem-se, por exemplo, a cargas de veículos e de
edificações vizinhas. Se cargas deste tipo não forem críticas ao dimensionamento da
estrutura de contenção, pode-se lançar mão de métodos de cálculo aproximados,
como aqueles da teoria da elasticidade (carga puntual, carga linear, faixa carregada,
etc).

25
ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

Admite-se que o acréscimo de tensão horizontal provocado pela sobrecarga é


duas vezes o dado pela teoria da elasticidade, se o muro não se deslocar
horizontalmente (muro rígido) e é igual ao da teoria, se o muro sofrer deslocamentos
horizontais iguais aos dados pela teoria (como se o muro e a escavação não
existissem).
Para casos intermediários, não existem soluções analíticas simples: é
necessário lançar-se mão de métodos numéricos. Alguns preferem combinar as
soluções da teoria da Elasticidade acima, que permitem o cálculo do acréscimo da
tensão vertical induzido pela sobrecarga, com soluções da teoria da Plasticidade,
multiplicando aqueles valores por coeficientes de empuxos correspondentes. Este
procedimento não é totalmente descabido, tendo em conta que o uso da teoria da
elasticidade para cálculo das tensões horizontais envolve premissas que podem ser
inaceitáveis (resistência à tração no solo, inexistência de plastificação).
Se o carregamento externo for dominante no dimensionamento da estrutura
de contenção, a única alternativa que resta é o cálculo dos empuxos laterais por
métodos numéricos (elementos finitos, diferenças finitas e outros).

4.4 Deslocamentos Induzidos

Outro aspecto geotécnico do dimensionamento de estruturas, de contenção


que é, via de regra, esquecido ou colocado num indevido segundo plano refere-se
aos deslocamentos induzidos pela execução da estrutura. Isto é especialmente
importante quando se lida com contenções de terrenos cortados: a escavação do
terreno induz deslocamentos verticais e horizontais e estes podem induzir danos em
edificações ou utilidades dispostas nas proximidades da escavação.
Dois tipos de deslocamentos são identificados: os de curto e os de longo
prazo. Os primeiros são atribuíveis às inevitáveis alterações no estado de tensões in
situ, decorrentes do alívio de tensões que o corte produz no terreno. São
dependentes da rigidez do solo e da estrutura de contenção e mais que tudo, da
maneira e da sequência como esta é construída. Dependem enormemente da
qualidade da execução medida pelos cuidados em se encunhar estroncas (ou pré-
carregá-las), em se respeitar os níveis de escavação associados aos de

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

escoramento definidos pelo projeto, em se evitar sobre-escavações, em se evitar


vazios atrás da contenção. É claro que a magnitude dos deslocamentos de curto
prazo é afetada pelo tipo de solo e de estrutura de contenção.
Entretanto, a qualidade executiva tem ação preponderante nos
deslocamentos, mascarando os demais fatores. Magnitudes mais elevadas de
deslocamentos notados em argilas moles e em casos de escoramento por perfis-
pranchões são, na verdade, quase sempre atribuídas a descuidos executivos, a
qualidades construtivas inferiores. Técnicas executivas mais modernas ou mais
avançadas têm reduzido sensivelmente os deslocamentos induzidos.
Previsões numéricas de deslocamentos de curto prazo, a despeito das
potencialidades dos processos computacionais de que se dispõe, muitas vezes
falham, pela dificuldade de execução na simulação numérica. Por este motivo, é
usual, ainda hoje, o uso de métodos empíricos ou semi-empíricos para fazer tais
previsões. Os métodos de Peck (1969) e o de Clough e O’Rourke (1990) são
exemplos populares deste tipo de procedimento. Com alguma liberalidade, mas
amplamente baseado em dados destes autores, que fornece, de forma expedita, os
deslocamentos verticais e horizontais máximos notados em contenções de
escavações verticais, em função da qualidade da execução. Notar que os
deslocamentos máximos são diretamente proporcionais à profundidade máxima da
escavação H e que ocorrem em pontos distintos, que dependem do tipo de solo e de
escoramento. De fato, o perfil de recalques adjacentes a uma escavação escorada
depende muito do tipo de solo.
O segundo tipo de deslocamento que com freqüência ocorre em obras de
contenção são os de longo prazo, que são notados em contenções de terrenos
abaixo do lençol freático. Trata-se de deslocamentos de solo associados a
processos de drenagem (forçada ou não por poços de rebaixamento) e de
adensamento conseqüente. Os mecanismos destas ocorrências são amplamente
conhecidos.
Por isso chega a surpreender o elevado número de casos em que não se
tomam medidas para fazer frente a estas ocorrências. Sempre que estiverem
presentes solos aluvionares saturados, orgânicos, compressíveis, os deslocamentos
de longo prazo são muito superiores aos de curto prazo e a extensão da área

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

afetada é muito maior. A forma de previsão da magnitude e extensão destes


deslocamentos é trivial: usa-se a teoria do adensamento dos solos e empregam-se
parâmetros correspondentes.

4.5 Carregamentos

Os carregamentos a serem considerados são os definidos pelas normas


brasileiras vigentes, salvo para casos especiais, os quais serão previamente
definidos pelo DER/SP. Os cálculos devem apresentar, no mínimo, as situações de
carregamento citadas a seguir.

4.5.1 Permanentes

I. verticais
Serão consideradas as seguintes ações:
• peso próprio da estrutura: γconcr = 25 kN/m3;
• peso próprio do solo: γsolo definido nos estudos geotécnicos.

Para o solo abaixo do nível do lençol freático, deve ser considerado o efeito
de submersão, sendo o valor do peso específico saturado γsolo sat definido nos
estudos geotécnicos. O nível d’água – N.A., a ser considerado nos cálculos deve ser
o nível determinado nas sondagens acrescido de 1 m. A carga de reação do solo
atuante na base do muro de arrimo deve sempre ser determinada através do
equilíbrio das cargas verticais atuantes. Salvo para o caso de contenções
estaqueadas, elas podem ser consideradas como uniformemente distribuídas.

II. horizontais
As cargas horizontais permanentes devem ser compostas pelas ações de
empuxo provenientes de solo e água. No cálculo do empuxo de solo deve-se
considerar o efeito de compactação do aterro arrimado e a deformabilidade do muro.
Os valores dos coeficientes de empuxo podem variar desde o estado ativo até maior
do que 1,0. Os valores de pesos específicos dos solos devem ser obtidos a partir

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

dos estudos geotécnicos. A adoção das envoltórias de empuxo deve contemplar a


possibilidade de variação do nível d’água ao longo do tempo.

4.5.2 Acidentais

Para o caso de cargas acidentais, devem ser considerados pelo menos os


seguintes casos de carregamento:

I. verticais
Devem ser adotadas as sobrecargas provenientes de edificações próximas,
depósitos de materiais, equipamentos, trens-tipo previsto em norma etc. Para o caso
de muro de arrimo próximo a rodovias, ferrovias etc., as cargas acidentais e a
geometria do trem-tipo a serem consideradas devem ser as definidas em norma.
O trem-tipo a ser considerado deve ser aplicado ao nível do topo do
pavimento, considerando-se o espraiamento das cargas a 45° desde o ponto de
aplicação até a face vertical da estrutura. Devem ser considerados os coeficientes
de impacto para as cargas acidentais. Para alturas de aterro superiores a 4,0 m
pode ser desprezado o efeito das cargas móveis. Entretanto, deve ser adotada como
carga acidental a carga uniformemente distribuída de 5 kN/m2.

II. horizontais
As ações acidentais horizontais devem ser oriundas dos empuxos do solo,
considerando-se a aplicação das sobrecargas laterais de edificações próximas, de
equipamentos, do trem-tipo etc., no topo do maciço arrimado. Os empuxos a serem
considerados devem ser os empuxos já descritos no item anterior de carregamento
permanente e pressões laterais determinadas pela teoria da elasticidade. Para muro
de arrimo afastado da pista de rolamento, deve-se considerar o empuxo acidental
oriundo de carga acidental de 10 kN/m2, constante e aplicado em faixa de largura
infinita ao nível do terreno. Também se deve considerar uma carga uniformemente
distribuída, dependente dos equipamentos e veículos a serem definidos pela obra
com valor mínimo de 30 kN/m², aplicada em faixa de largura de 1,5 m na crista da
contenção.

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

4.6 Dimensionamento do muro de arrimo

Para estruturas de concreto, o dimensionamento dos elementos estruturais


deve ser feito de acordo com a NBR 6118(1) de Projeto de Estruturas de Concreto.
Devem ser contemplados todos os casos de carregamentos e a envoltória dos
esforços solicitantes. O dimensionamento dos elementos estruturais deve ser
realizado considerando o estado de flexo-compressão para as lajes verticais,
sapatas e blocos de coroamento ou flexo-tração para tração nas estacas dos blocos
de coroamento. Nos casos de muro que não sejam de flexão, os paramentos em
cada ponto devem ser dimensionados de maneira a atender às condições de
tensões e deformações admissíveis. Nesses casos, as solicitações devem ser
determinadas utilizando métodos numéricos condizentes com cada tipo de muro.
Para muros constituídos de inclusões que reforçam o maciço do aterro, como
geossintéticos, telas e fitas metálicas, também é necessária a verificação de
estabilidade interna.

4.7 Verificação de estabilidade geral do muro de arrimo

A verificação deve ser realizada para cada seção típica do muro de arrimo,
em situação de pior representatividade geológico-geotécnica. Os fatores de
segurança – FS, globais ou parciais, devem ser compatíveis em cada fase de
desenvolvimento do projeto e devem considerar: o grau de conhecimento das
solicitações e materiais a serem utilizados, a caracterização do subsolo pelos dados
disponíveis e pela sua dispersão, a complexidade da execução do projeto, a
confiabilidade dos métodos adotados, cálculos e execução, a permanência das
condições previstas durante o tempo da existência da obra, as conseqüências em
caso de acidentes que envolvam danos materiais ou humanos e o caráter da obra,
transitório ou permanente.
As verificações são:

4.7.1 estabilidade local

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

A estabilidade do muro de arrimo deve ser analisada quanto ao tombamento,


deslizamento, capacidade de carga da fundação e tensões máximas e mínimas. Os
esforços atuantes a serem considerados devem ser os obtidos dos carregamentos.
O fator de segurança ao tombamento é definido pela relação entre os momentos
estabilizantes (ΣMest) e os momentos instabilizantes (ΣMinst). Pode ter como
referência o ponto fixo localizado na extremidade da base do muro, do lado do
paramento externo.

Os momentos estabilizantes (ΣMest) são decorrentes do peso do muro e,


quando houver, peso do solo sobre a base ou paramento interno do muro. No caso
de maciços reforçados, devem ser considerados os esforços de tração de cada
elemento. Os momentos instabilizantes (ΣMinst) são decorrentes do empuxo de
solo, do empuxo hidrostático e das cargas acidentais horizontais. Também deve ser
verificada a estabilidade da fundação do muro; as tensões normais solicitantes no
maciço devem ser comparadas às tensões de ruptura do solo de tal modo que:

Fórmula de ruptura geral de Terzaghi

Onde:
c: coesão do solo (N/m2);
q: carga distribuída (N/m2);
γ: peso específico do solo (N/m3);
B: menor dimensão da base do muro (m);
Nc, Nq e Nγ: adimensionais.
A distribuição de tensões na base do muro deve supor uma distribuição
linear do tipo:

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

Onde:
N: força Normal (N);
A: área da base (m2);
M = ΣMest- ΣMinst (N.m);
W: módulo resistente (m3).

Nessa condição tem-se a força resultante vertical dentro do núcleo central de


inércia, evitando-se qualquer esforço de tração na base. No caso de deslizamento, o
muro de arrimo deve atender às condições de segurança quanto ao deslizamento
pela relação entre a somatória dos esforços estabilizantes (ΣFest) e os esforços
instabilizantes (ΣFinst).

Os esforços estabilizantes compreendem a resistência ao deslizamento; neste


caso, é a força de atrito na interface entre o muro e o solo, que é igual ao peso do
muro multiplicado pelo coeficiente de atrito, que depende da rugosidade da base e
do ângulo de atrito efetivo do solo φ’. A garantia dessa condição sugere cuidados
construtivos tais como não afofar, amolgar ou encharcar o solo da fundação e
executar um lastro com brita apiloada para receber a concretagem da base. O
empuxo passivo na frente do muro de arrimo deve considerar a hipótese eventual de
escavação futura do solo. Além disso, a mobilização desse empuxo requer
deformações relativamente maiores que do empuxo ativo, devendo este aspecto ser
considerado nos cálculos de estabilidade. Os esforços instabilizantes são
compreendidos pelo empuxo de solo, considerando a submersão na profundidade
correspondente do empuxo hidrostático e cargas acidentais horizontais (Ea).

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

Onde:
Ep: empuxo passivo considerado na base do muro (N/m2);
tan φ´: coeficiente de atrito na interface entre a base e o solo.

Os fatores de segurança FS a serem adotados são aqueles prescritos


pela norma brasileira e, ainda, FSmínimo igual a 1,3 para obras provisórias e 1,5
para obras definitivas.

4.7.2 estabilidade global

A análise deve contemplar a estabilidade global do muro em que são


abrangidos o paramento, o maciço arrimado e a fundação. Os fatores de segurança
são os mesmos especificados no item anterior de estabilidade local. Os métodos de
cálculo recomendados para o cálculo no estado limite último são os de equilíbrio
limite, podendo ser utilizados aqueles cujas hipóteses melhor se aproximem do caso
em estudo. Conforme já salientado, os programas computacionais utilizados devem
ser justificados quanto à confiabilidade de seus resultados mediante comprovações.
No caso de necessidade de análise de deslocamentos no solo, a verificação de
estabilidade deve ser realizada através de análise numérica pelo método de
elementos finitos.

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

TEMA 5. Estabilização de Encostas

5.1 Reforços do terreno

O processo de reforço de solo consiste em se introduzir no maciço elementos


que possuam elevada resistência à tração (fitas metálicas, mantas geotêxteis,
malhas de aço) ou compressão (calda de cimento). Serão abordados as seguintes
técnicas de reforço e melhoria do terreno.

5.1.1 Jet Grouting

O jet grouting é uma técnica de melhoria de solos realizada diretamente no


interior do terreno sem escavação prévia, utilizando para tal um ou mais jatos
horizontais de grande velocidade (cerca de 250 m/s) que aplicam a sua elevada
energia cinética na desagregação da estrutura do terreno natural e na mistura de
calda de cimento com as partículas de solo desagregado, dando origem a um
material de melhores características mecânicas do que o inicial e de menor
permeabilidade.
A sua origem e desenvolvimento, a partir de 1970, deveu-se à necessidade
de colmatar a lacuna deixada pelas técnicas de injeção de terrenos no que se refere
ao tratamento de solos de reduzidas características mecânicas e de elevada
permeabilidade ou heterogêneos em determinadas condições, como por exemplo,
as que se verificam em zonas urbanas, para as quais a limitação das perturbações
causadas e respectivo controle são condições obrigatórias.

O processo físico da técnica de jet grouting envolve as seguintes etapas:


• Corte: a estrutura inicial ou nativa do solo é quebrada e as partículas de solo
ou fragmentos do solo são dispersos pela ação de um ou mais jatos
horizontais de elevada velocidade.
• Mistura e substituição parcial: uma parte das partículas ou fragmentos do
solo é substituída e a outra parte é misturada intimamente com a calda
injetada a partir dos bicos de injeção.
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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

• Cimentação: as partículas ou fragmentos de solo são aglutinadas entre si


pela ação auto - endurecedora da calda, formando um corpo consolidado.

No que se refere ao procedimento de jet grouting, representado


esquematicamente, este é iniciado pela colocação da sonda em posição nivelada,
com o eixo da vara coincidente com o eixo da coluna, no caso de se pretender obter
um corpo cilíndrico, ou então coincidente com uma das extremidades do painel. Em
seguida, a vara é introduzida no terreno através de um movimento rotacional e com
a ajuda de um jato de água vertical, até atingir a profundidade à qual os bicos se
encontram ao nível que limita inferiormente o tratamento. Finalizada a furação
obtura-se a saída de água inferior através de uma válvula.
A etapa seguinte difere de acordo com o tipo de geometria pretendida. Assim,
no caso de se pretender obter um corpo cilíndrico, imprime-se à vara um movimento
rotacional e inicia-se a bombeamento de calda no seu interior, ao mesmo tempo em
que a vara é elevada através do furo com uma velocidade constante, por forma a
que a cada período de tempo corresponda uma ascensão da vara de um
comprimento fixo, designado por passo vertical.
Concluída a execução do corpo cilíndrico retira-se a vara do furo,
preenchendo aquele de calda por gravidade até ao seu topo. No caso de se
pretender realizar um corpo de geometria plana o processo é idêntico ao descrito,
mas com uma diferença que consiste na ascensão da vara sem movimento
rotacional.

Figura 9 - Diagrama esquemático da técnica de melhoria de solos - jet grouting


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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

5.1.2 Solo Reforçado (“Terra Armada”)

Nesta seção será abordado o processo de solo reforçado com fitas metálicas,
conhecido popularmente como “Terra Armada” ou “Solo Armado”. O processo esteve
sob proteção de patente também no Brasil, entrando, porém, em domínio público há
alguns anos.
O princípio de solo reforçado se assemelha ao do concreto reforçado; em
ambos os sistemas são empregados materiais com elevada resistência à tração
para restringirem as deformações que se desenvolvem no maciço devido ao peso
próprio do solo, associado ou não à aplicação de carregamento externo. Enquanto
no concreto armado a transferência dos esforços para a armadura são transmitidos
pela “aderência” existente na interface concreto-armadura, na “Terra Armada” o
processo de transferência de carga se dá pelo “atrito” entre o solo e as armaduras
metálicas.

III. Características Gerais

Os principais componentes do sistema “Terra Armada” são:


• O solo de aterro, geralmente constituindo-se em solo arenoso, com menos de
15% em peso do material passando na peneira #200.
• Os elementos de reforço (fitas metálicas), conectadas aos elementos de face
e estendendo-se até o interior do maciço.
• Os elementos da face, também chamada de “pele”. Estes elementos não
possuem função estrutural, sendo empregados com objetivo estético e para
evitar instabilizações locais ou o processo erosivo na face do muro.

Desde a sua invenção, o processo “Terra Armada” tem sido empregado com
sucesso em diversas obras de engenharia, tais como muros reforçados em rodovias
e ferrovias, muros marítimos, barragens, encontros de pontes, estruturas industriais
e outros. Destacam-se as seguintes vantagens decorrentes do emprego de
estruturas em solo armada:

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

• Fácil adaptação a vários tipos de taludes e condições de solo, sendo


necessário somente um equipamento de tamanho médio para erigir a
estrutura.
• Estrutura resultante bastante flexível, permitindo construção sobre solos
relativamente moles ou deformáveis. A única limitação construtiva decorrente
de recalques diferenciais relaciona-se aos elementos de face. Recalques
diferenciais devem limitar-se entre 1 e 2%, de forma a prevenir danos
arquitetônicos.
• Estética da estrutura e acabamento arquitetônico da face; o projetista pode
escolher o tipo de acabamento (relevo, textura, cor) e a forma da estrutura
para melhor adequá-la ao ambiente.

5.1.3 SOLO ”GRAMPEADO”

I. Comparação com “Terra Armada”

Os dois sistemas de contenção têm entre si vários pontos em comum, e ao


mesmo tempo diferenças notáveis, muito embora após o término dos serviços
apresentem grande semelhança física.

Semelhanças:
• Em ambos os casos, os reforços são instalados no solo sem tensão, sendo a
mesma mobilizada somente após a deformação do conjunto.
• As ancoragens trabalham basicamente por atrito lateral, assemelhando-se a
região consolidada a um muro de gravidade.
• O revestimento na face do talude não desempenha papel estrutural relevante,
sendo usualmente o concreto projetado para o “Solo Grampeado” e estruturas
pré-moldadas para a terra armada.

Diferenças:
• O método construtivo de ambos é completamente diferente. Enquanto o
chumbamento é executado de cima para baixo, em cortes, ou taludes já
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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

cortados, a terra armada é de baixo para cima, em aterros, o que influencia


sobremaneira a distribuição dos esforços no maciço neste período. Para o
solo grampeado as maiores deformações esperadas se encontram junto à
crista, enquanto na terra armada estão localizadas junto à base.

Figura 10 - Comparação entre os dois deslocamentos horizontais do solo grampeado e terra armada

• O “Solo Grampeado” é aplicado a um solo existente explorando suas


características naturais, o que não ocorre com a terra armada em que as
características do material de aterro são previamente controladas e
determinadas.
• Há uma interação física e química entre os chumbadores e o solo, devido à
injeção de fixação de barra de aço no furo, ou seja, há um trabalho por atrito e
adesão. Na terra armada, o trabalho é sempre por atrito entre o solo e as
nervuras. Além disso, o concreto projetado, aplicado logo após a escavação,
já por si só protege o parâmetro recentemente exposto por meio de uma
compactação, evitando assim rupturas e desmonoramentos localizados.

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

II. Vantagens

A aplicação desta nova técnica está vinculada ao seu conhecimento e


oferecimento de vantagens com relação aos métodos tradicionais existentes.
Algumas vantagens:
• Economia com relação aos sistemas de contenção atirantados entre 10 e
50%.
• Maior rapidez executiva, com o trabalho de forma contínua.
• Equipamentos de execução de pequeno porte com acesso a áreas reduzidas,
densamente ocupadas e instáveis.
• Facilidade de adaptação a geometrias variáveis, acomodando-se
perfeitamente ao perfil existente.
• Os movimentos necessários para mobilização do trabalho dos chumbadores
são muito pequenos, inferiores àqueles sugeridos por Peck (1969) para valas
estroncadas.
• Permitem o avanço dos serviços de contenção de forma contínua não
necessitando de paralisações para aguardar cura, ensaios e protensão das
ancoragens atirantadas.

III. Limitações

• As escavações serão limitadas pelo espaçamento entre duas linhas de


chumbadores, necessitando para tal que o talude permaneça estável por
algumas horas até a execução dos serviços. Neste caso é suficiente que o
solo tenha alguma coesão ou cimentação. Esta mesma dificuldade é em grau
maior encontrada nas cortinas atirantadas tradicionais, quando o tempo de
estabilidade necessário é de cerca de sete dias se utilizado concreto
convencional, ou de três dias utilizando concreto projetado.
• Não é aplicável em escavações em argila mole, uma vez que será necessária
uma alta densidade de chumbadores com comprimentos elevados neste
caso.

39
ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

• Não é aconselhável caso haja forte presença do lençol freático, em solos


permeáveis, uma vez que provavelmente ocorrerão frequentes instabilizações
localizadas, dificultando a aplicação do revestimento em concreto projetado.
Este tipo de problema se manifesta, praticamente para todos tipos de
contenções, exceto, por exemplo, cortinas de microestacas atirantadas, ou
com pré-tratamento por estacas injetadas tipo “Jet grouting” e similares.

5.1.4 GEOSSINTÉTICOS

Os geossintéticos são uma nova família de materiais sintéticos empregados


em geotecnia. O termo deriva de “geo”, referindo-se a terra, e “sintéticos”,
relacionando-se com a matéria-prima com que são fabricados. Os principais tipos de
geossintéticos são:
• geotêxteis
• geogrelhas
• geomalhas
• geomembranas
• geocompostos
• geocélulas e outros geossintéticos

As principais funções normalmente desempenhadas pelos geossintéticos em


obras de engenharia civil têm sido: como separação de solos, reforço de solos,
filtração, drenagem e ainda barreiras impermeáveis. A tabela apresenta um resumo
dos tipos de geossintéticos e correspondentes funções.

Tabela 1 - Tipos de geossintéticos e principais funções (Koerner, 1994)

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

Nos Estados Unidos, o mercado de geossintéticos vem apresentando um


crescimento impressionante nos últimos anos. Os motivos geralmente apontados
como responsáveis por este crescimento têm sido:
• os geossintéticos são, de fato, necessários em obras civis;
• sua instalação é, na maioria das vezes, rápida e simples;
• em geral substituem materiais de obtenção mais difícil;
• facilitam ou, até mesmo, viabilizam a execução de uma obra;
• em alguns casos, sua utilização é exigida por lei;
• o mercado de geossintéticos tem sido bastante agressivo.

Apesar das inúmeras aplicações dos diferentes tipos de geossintéticos, este


item concentrar-se-á na aplicação de reforço de solos. Serão abordados os casos de
reforço de aterro sobre solo mole, muros e taludes reforçados e ainda reforço de
fundações.

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

CONCLUSÃO

A contenção é uma solução indispensável para realização de obras de


engenharia civil, que possibilitam que projetos sejam feitos com segurança e
estabilidade.
O solo é um material de construção que não pode em momento algum ser
desconsiderado. O solo recebe todos os carregamentos de uma construção, e, caso
não garantirmos sua estabilidade para suportar esses esforços, o solo tende a
migrar de posição. Combatendo esses esforços horizontais estamos garantindo uma
nova estabilidade ao sistema, quando necessário.
Com esse trabalho podemos conhecer as diversas soluções existentes no
mundo da engenharia para viabilização de obras. Novas soluções também são
diariamente sendo criadas no mundo todo, enquanto outras vão sendo extinguidas,
muitas vezes devido à dificuldade de execução ou ao alto custo.
As contenções são elementos essenciais que garantem a segurança para
aqueles que na região transitam. Alguns aspectos como percolação de água estão
sempre sendo observados como fator de risco, mas não podem chegar a ser uma
impossibilitador na execução de uma construção.

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ESTRUTURA DE FUNDAÇÕES E CONTENÇÕES
TP02: ESTRURAS DE CONTENÇÕES

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 HACHICH, Waldemar et al. Fundações: teoria e prática. 2. ed. São Paulo:


Pini,1996
2 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 11682 : projeto e
execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 2006. 18p.
3 RODRIGUEZ ALONSO, Urbano. Exercícios de fundações. São Paulo: E.
Blücher, 1983.
4 VARGAS, Milton. - Introdução à mecânica dos solos. São Paulo, 1977. Cap.7,
p.369.
5 CAPUTO, Homero Pint .Mecânica dos Solos e suas Aplicações. 3ªed. Rio de
Janeiro –1973.

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