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A TEORIA DE PREVENÇÃO DE CRIMES POR MEIO DE PROJETOS (CPTED)

Introdução

A Teoria de Prevenção de Crimes por meio de Projetos (CPTED) vem ganhando


uma larga utilização no cenário urbano das últimas décadas, tendo início nos estudos de
cientistas sociais, nos anos 1980, na Inglaterra. Este trabalho de pesquisa procura dar sua
definição, suas características principais e os princípios gerais que o regem. A CPTED tem
como finalidade reduzir o cometimento de crimes em espaços físicos através de projetos que
levem em consideração a supressão de estímulos aos delinquentes e criminosos.
Ao todo, cinco princípios sustentam essa teoria, o da vigilância natural, que se
consegue com mais observadores e mais espaços de onde se pode assegurar o ver e o ser
visto, o princípio do controle natural dos acessos, que se baseia na disposição de elementos
físicos nos espaços, o do reforço territorial, que expressa a ideia de apropriação do espaço
pelas pessoas, e o da manutenção e gestão dos espaços, que legitima a existência de uma
responsabilidade e proteção, afastando pessoas indesejáveis e estranhas. Além disso,
acrescenta-se um quinto princípio, da justaposição geográfica, que permite a observação do
aumento ou diminuição de crimes dependentes de áreas adjacentes importantes.

Desenvolvimento

A Teoria de Prevenção de Crimes por meio de Projetos, que tem a sigla em inglês
CPTED, iniciais para Crime Prevention trouhg Environmental Design, também tem outros
nomes em português. Chamam-na de Criminologia Ambiental ou de Teoria Situacional e da
Escolha Racional, Prevenção Criminal através do Espaço Construído e Prevenção do Crime
através do Desenho Urbano.
Teve origem nas abordagens anglo-saxônicas do urbanismo de segurança, nos
trabalhos dos anos 1980. Começou nos Estados Unidos com os trabalhos de Ronald V. Clark,
com sua Teoria da Escolha Racional, segundo a qual o indivíduo leva em conta diversos
fatores que influenciam sua escolha para cometer o crime, entre eles o ambiente social e a
arquitetura.
Ramos e Cardoso (2012) define o CPTED como uma área multidisciplinar que
congrega psicologia e sociologia comportamental com o design e tem em vista a criação de
ambientes mais seguros e menos propícios ao crime. Tem como meta prevenir tipos
específicos de crime num ambiente concreto, em que se recorre a variáveis manipuláveis,
condicionando determinados comportamentos humanos e enfatizando o elemento dissuasor do
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que a eventual detenção do criminoso. Privilegia, assim, a relação entre os indivíduos e o


meio ambiente em que estão inseridos com a qual se estabelece estratégias de prevenção mais
eficazes.
Esta forma de prevenção criminal é diferente das abordagens tradicionais que
antes procuravam negar o acesso ao alvo por meio de barreiras artificiais, tais como
fechaduras, alarmes, dentre outras. O CPTED tem reduzido a incidência e o medo do crime
em áreas urbanas. Lojas têm aumentado seu faturamento apenas com a mudança do ambiente.
É um problema a mais quando o espaço comercial, por exemplo, possui um design pobre ,
com pouca ou má manutenção, grande quantidade de saídas, ângulos de visão fracos, pouca
iluminação ou ainda um parque de estacionamento com existência de grafitis que incita
sentimentos e medo nas pessoas.
Ao contrário, uma superfície comercial de manutenção constante, design
apropriado, iluminação adequada e sem zonas de reduzida visibilidade, atenuaram bastante
esses sentimentos de ansiedade e de medo. A superfície comercial deve ser concebida para
que tudo possa ser observado de qualquer local, sem um espaço fechado ou de pouca
visibilidade.
Os princípios que regem a teoria da CPTED são o da vigilância natural, o do
controle natural dos acessos, o do reforço territorial e o da manutenção e gestão (CPTED,
2011). Quanto ao primeiro, a ideia de que os delinquentes ou criminosos não querem ser
observados é uma premissa fundamental. A vigilância aumenta a percepção do risco ou,
melhor dizendo, a vigilância natural aumenta o risco para o causador do delito. Seu objetivo
primário não é impedir a entrada do indivíduo, mas controlar visualmente a entrada.
A vigilância natural pode ser conseguida através da utilização dos espaços pelas
atividades econômicas ou lúdicas, aumentando o controle do espaço, com maior número de
observadores em áreas de crime ou insegurança. Também se pode lançar mão de materiais
transparentes, aumento do número de janelas, boa iluminação, remoção de obstruções visuais,
melhorando o campo de visão a partir de edifícios.
O segundo princípio, o controle de acessos, se baseia na disposição de elementos
naturais como arbustos ou vegetação semelhante, estruturas físicas como portas, cercas e
muros que indicam às pessoas a legitimidade de sua permanência num determinado espaço.
Podem ser aplicados em espaços privados ou em estabelecimentos comerciais, através da
utilização de cadeados, fechaduras, portas e janelas, que têm o efeito de criarem barreiras. Na
transição do espaço privado para o semiprivado requer uma atenção maior, podendo ser
utilizados colocação adequada de entradas e saídas, cercas, muros ou espaços ajardinados,
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cuja iluminação pode orientar os percursos ou circulação viária, visando diminuir a prática de
crimes. Pode também ser simples como colocar uma recepção ou um gabinete para controlar
os acessos em espaços de grandes dimensões.
Nos espaços públicos ou nas ruas o controle é mais difícil exigindo outros tipos de
técnicas, tais como barreiras não físicas ou psicológicas. Pode assumir a forma de sinalética
de diferentes texturas de pavimentos de sebes ou outro tipo de vegetação, ou ainda estruturas
físicas que transmitam ideia de integridade ou singularidade do espaço que se deseja
controlar. A ideia da barreira psicológica é retirar a atratividade que o potencial alvo inspira
nos delinquentes. Essas medidas devem ser ponderadas a fim de não atrapalharem igualmente
as vítimas com fuga ou pedidos de socorro.
O princípio do reforço territorial parte da ideia de que normalmente as pessoas
protegem o espaço e respeitam as fronteiras delimitadas. Espaços públicos e privados têm
suas fronteiras mais respeitadas quando expressam uma ideia de apropriação, tais como
cercas, muros, muretes, sebes, relevos, diferentes pavimentos, elementos artísticos, sinalética,
boa manutenção e construção de jardins. Identificação de intrusos é bem mais fácil de se fazer
em espaços bem definidos.
Nesse princípio, a legibilidade, a transparência e a clara definição do espaço
desencorajam potenciais criminosos em virtude da familiaridade que os usuários constroem
entre si mesmos e o meio. São os utilizadores legítimos que fazem da relação entre seu espaço
e a si mesmos, que desponta como reforço territorial e um elemento constitutivo da CPTED.
O princípio da manutenção e gestão dos espaços está relacionado com o
sentimento de pertencimento, apropriação e zelo que utilizadores demonstram, como, por
exemplo, os moradores de um bairro cuidam dos espaços comuns. Ele se relaciona
intimamente com o reforço territorial. Quanto mais degradada estiver uma área mais atraente
ela fica para atividades indesejáveis. A manutenção e a imagem do ambiente são fatores
impactantes para a visão dos delinquentes e a forma como ele é atraído a praticar delitos. O
princípio reforça também a identidade e a imagem da comunidade, melhorando a imagem que
a população tem de si própria e do local onde mora, sua responsabilidade, porém fica muito
mais evidente a imagem que transmitem aos estranhos ao lugar.
A manutenção e a gestão do espaço devem ser olhadas com bastante atenção
desde a fase de planejamento para que os materiais utilizados tenham uma longa duração ou
que árvores depois da maturidade não atrapalhem o campo de visão das pessoas. Dentro desse
quatro princípios aparece ainda uma abordagem, chamada de 3 Ds, que são a Designação, a
Definição e o Design, sendo que este último tem a significação de Projeto. Isso por que a
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CPTED tem a concepção de que o meio físico tem um contexto de utilização normal e
esperada pelos frequentadores.
A abordagem dos 3 Ds tem como objetivo a aferição sobre a melhor utilização dos
espaços, combinadas com três funções específicas: todo espaço humanizado tem um objetivo
ou vários objetivos bem designados; todo espaço humano tem uma definição social, cultural,
legal e física que indica comportamentos aceitáveis e desejados; e todo espaço humano deve
ser projetado para prover comportamentos desejados.
Costa (2017) acredita que esses princípios podem enfrentar os crimes nas grandes
cidades ou nos espaços urbanos quaisquer que eles sejam. Segundo ele, essa abordagem
assegura que características físicas dos espaços construídos ou naturais reduzem o crime.
Incluem desde a defesa e apropriação dos espaços pelos usuários, a que se dá o nome de
territorialidade, e a vigilância natural, a oportunidade de ver e ser visto. São os dois princípios
que mais destaca em seus estudos. Para Costa (2017, p. 14), “o medo do crime influencia
como as pessoas sentem, pensam e agem no quotidiano mais do que a criminalidade real.”
Esta é uma razão por que a CPTED torna-se bastante eficaz com algumas medidas baseadas
em seus princípios e em suas características mais evidentes.
Segundo essas características, o comportamento humano é fortemente
influenciado por elementos naturais como luz, temperatura, cor, permeabilidade visual, dentre
outros. Portanto, o que deve fazer é eliminar elementos físicos do ambiente que facilitam o
crime. Na vigilância natural, por exemplo, tem que se transmitir ao delinquente a sensação de
que está sendo observado e o risco de ser capturado é grande.
Existem, na concepção de Matsunaga (2016), com base nos estudos de princípios
de criminologia, três maneiras de se prevenir um crime. O primeiro é punitivo, que vai
estender o temor nos demais delinquentes e criminosos. O segundo é o isolamento ou
encarceramento. O terceiro se dá pela modificação dos contextos e das condições em que o
criminoso está presente, podendo ser um contexto econômico, político ou social. Nas décadas
de 1970 e 1980, esse contexto foi ampliado para uma análise do ambiente físico, tornando-se
ele, por meio de estudos científicos, uma variável certa na realização dos crimes.
O resultado veio de análises sociodemográficas, temporais e espaciais com auxílio
de mapas para predição de crimes e variáveis ambientais em correlação com o comportamento
criminoso. Em outro contexto, arquitetos e psicólogos desenvolviam estudos sobre a
importância dos projetos e do design do ambiente físico e comunitário para a prevenção de
crimes. Esse modelo fortalece o policiamento comunitário e a territorialidade.
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Esses estudos de criminologistas, psicólogos e arquitetos demonstraram que a


criminalidade aumenta com a urbanização. Mostram que nas cidades grandes a
responsabilidade entre as pessoas é mínima, quando se trata de envolvimento moral e social
entre os indivíduos. O apinhamento e o grande movimento nas grandes cidades são uma
variável modificadora dos sentimentos de ansiedade, estresse e medo nas pessoas, acarretando
menor vínculo de intimidade. Com essas diretrizes, concluiu-se que os locais podem se tornar
atrativos para o cometimento de crimes.
Matsunaga (2016) aponta os princípios da CPTED como elementos importantes
para a prevenção dos crimes nas cidades. O da territorialidade, afirma, é importante por
definir claramente o que é público e privado, além de eliminar becos e outros lugares que
podem ser ocupados por estranhos. O da vigilância natural deve evitar a sobreposição de
elementos que impeçam a visualização da vizinhança. O terceiro elemento deve ser a
manutenção para deixar os locais limpos e ordenados. Trata-se da teoria das janelas
quebradas. Se uma janela em um prédio estiver quebrada e não for reparada em curto prazo,
todas as outras também serão quebradas por vândalos, porque acham que não há ninguém
para cuidar desse edifício e que ele provavelmente está vazio.
Matsunaga (2016) acrescenta um outro princípio aos demais, o da justaposição
geográfica, em que áreas adjacentes a determinado local influenciam na segurança. Assim,
áreas comerciais, estabelecimentos institucionais, hospitais, shoppings e mercados podem
aumentar a segurança ou aumentar o crime em áreas adjacentes. De qualquer modo, com
esses princípios entra-se na área do design seguro, escolhendo e reunindo características,
materiais e sistemas que permitam a criação de lugares mais seguros para as pessoas. De
qualquer modo, com CPTED multiplicam-se as maneiras e os métodos para dar segurança a
espaços e a ambientes físicos que reduzam o medo da criminalidade nas cidades.

Conclusão

A teoria da Prevenção de Crimes por meio de Projetos ou Design (CPTED), uma


área multidisciplinar, que comporta criminologistas, psicólogos, sociólogos e arquitetos, tem
como precípua finalidade a criação de ambientes mais seguros e menos propícios ao crime. Os
estudos científicos dessa área mostram que os delinquentes e os criminosos têm maior
estabilidade no cometimento de crimes se o ambiente e o espaço físico favorecerem a sua
prática. Isso tem criado cada vez mais uma resposta ao medo, ao estresse e à ansiedade
provocados pela criminalidade nas grandes cidades.
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A CPTED se baseia em quatro princípios básicos: a vigilância natural, o controle


natural dos acessos, o reforço territorial e a manutenção e a gestão do espaço. Ainda figura
um quinto, que é o da justaposição geográfica. Esses pressupostos servem de base para o
desenvolvimento de estratégias de prevenção dos crimes. A realidade é que os simples
tratamento da luminosidade de um ambiente ou uma superfície comercial, além de outro
elemento, podem reduzir o crime e dar seguranças para as pessoas, o que vem recebendo cada
vez mais uma atenção de profissionais no combate à criminalidade.

REFERÊNCIAS

COSTA, Isângelo Senna. Prevenção Criminal pelo Design do Ambiente (CPTED) e o


medo do crime: Teoria, mensuração, efeitos e aplicações. 2017. Dissertação (Mestrado em
Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações) – Instituto de Psicologia, Universidade de
Brasília, 2017. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/31340> Acesso em:
13/09/2018.
CPTED – PREVENÇÃO CRIMINAL ATRAVÉS DO ESPAÇO CONSTRUÍDO, 2011.
Disponível em: <http://www.veilig-ontwerp-beheer.nl/publicaties/cpted-prevencao-criminal-
atraves-do-espaco-construido-guia-de-boas-praticas> Acesso em: 13/09/2018.
MATSUNAGA, Lucas Heiki. Prevenção criminal por meio da análise do ambiente físico e
social. Revista Ciência & Política, v. 1, n. 2, p. 1-12, 2016. Disponível em:
<http://influencia.unb.br/wp-content/uploads/2017/02/Matsunaga-
Prevenc%CC%A7a%CC%83o-criminal-por-meio-da-ana%CC%81lise-do-ambiente-
fi%CC%81sico-e-social.pdf> Acesso em: 13/09/2018.
RAMOS, Óscar; CARDOSO, Carla. Questões de segurança em superfícies comerciais.
Estado da arte criminológica. In: AGRA, Cândido da (Dir.). A criminologia: um arquipélago
interdisciplinar. Porto: U.Porto Editorial, 2012, p. 249-281.

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