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Introdução
Desenvolvimento
A Teoria de Prevenção de Crimes por meio de Projetos, que tem a sigla em inglês
CPTED, iniciais para Crime Prevention trouhg Environmental Design, também tem outros
nomes em português. Chamam-na de Criminologia Ambiental ou de Teoria Situacional e da
Escolha Racional, Prevenção Criminal através do Espaço Construído e Prevenção do Crime
através do Desenho Urbano.
Teve origem nas abordagens anglo-saxônicas do urbanismo de segurança, nos
trabalhos dos anos 1980. Começou nos Estados Unidos com os trabalhos de Ronald V. Clark,
com sua Teoria da Escolha Racional, segundo a qual o indivíduo leva em conta diversos
fatores que influenciam sua escolha para cometer o crime, entre eles o ambiente social e a
arquitetura.
Ramos e Cardoso (2012) define o CPTED como uma área multidisciplinar que
congrega psicologia e sociologia comportamental com o design e tem em vista a criação de
ambientes mais seguros e menos propícios ao crime. Tem como meta prevenir tipos
específicos de crime num ambiente concreto, em que se recorre a variáveis manipuláveis,
condicionando determinados comportamentos humanos e enfatizando o elemento dissuasor do
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cuja iluminação pode orientar os percursos ou circulação viária, visando diminuir a prática de
crimes. Pode também ser simples como colocar uma recepção ou um gabinete para controlar
os acessos em espaços de grandes dimensões.
Nos espaços públicos ou nas ruas o controle é mais difícil exigindo outros tipos de
técnicas, tais como barreiras não físicas ou psicológicas. Pode assumir a forma de sinalética
de diferentes texturas de pavimentos de sebes ou outro tipo de vegetação, ou ainda estruturas
físicas que transmitam ideia de integridade ou singularidade do espaço que se deseja
controlar. A ideia da barreira psicológica é retirar a atratividade que o potencial alvo inspira
nos delinquentes. Essas medidas devem ser ponderadas a fim de não atrapalharem igualmente
as vítimas com fuga ou pedidos de socorro.
O princípio do reforço territorial parte da ideia de que normalmente as pessoas
protegem o espaço e respeitam as fronteiras delimitadas. Espaços públicos e privados têm
suas fronteiras mais respeitadas quando expressam uma ideia de apropriação, tais como
cercas, muros, muretes, sebes, relevos, diferentes pavimentos, elementos artísticos, sinalética,
boa manutenção e construção de jardins. Identificação de intrusos é bem mais fácil de se fazer
em espaços bem definidos.
Nesse princípio, a legibilidade, a transparência e a clara definição do espaço
desencorajam potenciais criminosos em virtude da familiaridade que os usuários constroem
entre si mesmos e o meio. São os utilizadores legítimos que fazem da relação entre seu espaço
e a si mesmos, que desponta como reforço territorial e um elemento constitutivo da CPTED.
O princípio da manutenção e gestão dos espaços está relacionado com o
sentimento de pertencimento, apropriação e zelo que utilizadores demonstram, como, por
exemplo, os moradores de um bairro cuidam dos espaços comuns. Ele se relaciona
intimamente com o reforço territorial. Quanto mais degradada estiver uma área mais atraente
ela fica para atividades indesejáveis. A manutenção e a imagem do ambiente são fatores
impactantes para a visão dos delinquentes e a forma como ele é atraído a praticar delitos. O
princípio reforça também a identidade e a imagem da comunidade, melhorando a imagem que
a população tem de si própria e do local onde mora, sua responsabilidade, porém fica muito
mais evidente a imagem que transmitem aos estranhos ao lugar.
A manutenção e a gestão do espaço devem ser olhadas com bastante atenção
desde a fase de planejamento para que os materiais utilizados tenham uma longa duração ou
que árvores depois da maturidade não atrapalhem o campo de visão das pessoas. Dentro desse
quatro princípios aparece ainda uma abordagem, chamada de 3 Ds, que são a Designação, a
Definição e o Design, sendo que este último tem a significação de Projeto. Isso por que a
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CPTED tem a concepção de que o meio físico tem um contexto de utilização normal e
esperada pelos frequentadores.
A abordagem dos 3 Ds tem como objetivo a aferição sobre a melhor utilização dos
espaços, combinadas com três funções específicas: todo espaço humanizado tem um objetivo
ou vários objetivos bem designados; todo espaço humano tem uma definição social, cultural,
legal e física que indica comportamentos aceitáveis e desejados; e todo espaço humano deve
ser projetado para prover comportamentos desejados.
Costa (2017) acredita que esses princípios podem enfrentar os crimes nas grandes
cidades ou nos espaços urbanos quaisquer que eles sejam. Segundo ele, essa abordagem
assegura que características físicas dos espaços construídos ou naturais reduzem o crime.
Incluem desde a defesa e apropriação dos espaços pelos usuários, a que se dá o nome de
territorialidade, e a vigilância natural, a oportunidade de ver e ser visto. São os dois princípios
que mais destaca em seus estudos. Para Costa (2017, p. 14), “o medo do crime influencia
como as pessoas sentem, pensam e agem no quotidiano mais do que a criminalidade real.”
Esta é uma razão por que a CPTED torna-se bastante eficaz com algumas medidas baseadas
em seus princípios e em suas características mais evidentes.
Segundo essas características, o comportamento humano é fortemente
influenciado por elementos naturais como luz, temperatura, cor, permeabilidade visual, dentre
outros. Portanto, o que deve fazer é eliminar elementos físicos do ambiente que facilitam o
crime. Na vigilância natural, por exemplo, tem que se transmitir ao delinquente a sensação de
que está sendo observado e o risco de ser capturado é grande.
Existem, na concepção de Matsunaga (2016), com base nos estudos de princípios
de criminologia, três maneiras de se prevenir um crime. O primeiro é punitivo, que vai
estender o temor nos demais delinquentes e criminosos. O segundo é o isolamento ou
encarceramento. O terceiro se dá pela modificação dos contextos e das condições em que o
criminoso está presente, podendo ser um contexto econômico, político ou social. Nas décadas
de 1970 e 1980, esse contexto foi ampliado para uma análise do ambiente físico, tornando-se
ele, por meio de estudos científicos, uma variável certa na realização dos crimes.
O resultado veio de análises sociodemográficas, temporais e espaciais com auxílio
de mapas para predição de crimes e variáveis ambientais em correlação com o comportamento
criminoso. Em outro contexto, arquitetos e psicólogos desenvolviam estudos sobre a
importância dos projetos e do design do ambiente físico e comunitário para a prevenção de
crimes. Esse modelo fortalece o policiamento comunitário e a territorialidade.
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Conclusão
REFERÊNCIAS