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O OLHAR DA INTERAÇÃO
Resumo: No presente trabalho, discute-se a dissertação como gênero textual prototípico que
circula no domínio discursivo escolar e a necessidade de ampliar sua esfera comunicativa,
relacionando-a ao funcionamento da língua em situações concretas de interlocução. Critica-se
a perspectiva tradicional que considera a dissertação como uma técnica a ser
ensinada/aprendida e propõe-se que ela seja tratada como um gênero com propriedades sócio-
comunicativas, características temáticas, composicionais e estilísticas próprias O estudo tem
como base teórica os estudos de Bakhtin e Bronckart e a proposta de Schneuwly e Dolz de
que os gêneros são meios de articulação entre as práticas escolares, em especial no que diz
respeito ao ensino da produção e da compreensão de textos.
1 INTRODUÇÃO
A Escola, instituição intermediária entre as instâncias comunicativas privadas e públicas, é o
lugar social destinado à construção da escrita e de vários gêneros orais e escritos. Nela se dá,
de forma mais efetiva, a primeira aproximação do sujeito das esferas públicas de interação
social.
Ao discutirem os gêneros como objeto de ensino, Schneuwly e Dolz (2004, p. 75-76)
ressaltam que a aprendizagem da linguagem se dá no espaço situado entre as práticas e as
atividades de linguagem. Comentam que, nesse espaço, “produzem-se as transformações
sucessivas da atividade do aprendiz, que conduzem à construção das práticas de linguagem.”
Segundo esses autores, do ponto de vista do uso e da aprendizagem, o gênero pode ser
considerado um megainstrumento que fornece um suporte para a atividade, nas situações de
comunicação.
Os gêneros chamados “escolarizados” (ROJO, 1999) são gêneros secundários do discurso
que, produzidos no espaço escolar, objetivam ampliar a competência comunicativa dos
indivíduos, habilitando-os a atuar nas diferentes situações de uso da linguagem. Como
autênticos “produtos culturais da escola” (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004, p. 77) são pontos de
referência, especialmente no ensino da redação/composição.
Dentre os gêneros que circulam no domínio discursivo escolar e são objeto de ensino-
aprendizagem, destaca-se a dissertação, “protótipo por excelência desse tipo de gênero”
(KOCH, 2003, p. 59).
Entretanto, é preciso assinalar, como sugere Souza (2003, p. 163), que o gênero dissertação
“vem extrapolando sua esfera comunicativa, passando a fazer parte das práticas sociais”, visto
que está presente em várias situações da vida social. No mundo acadêmico, tem lugar
garantido desde os exames vestibulares 1 até os diferentes sistemas de avaliação de cursos; no
mundo do trabalho, serve de parâmetro nos concursos públicos, nos processos seletivos de
empresas privadas, em diferentes situações em que se faz necessário avaliar a competência
lingüístico-discursiva dos participantes. Além disso, as sociedades letradas exigem, cada vez
mais, que os indivíduos saibam expor suas idéias, de forma ordenada e coerente, defendam,
com argumentos consistentes, seu ponto de vista, enfim, sejam capazes de articular suas
práticas discursivas para o exercício pleno da cidadania.
Para que isso de fato se realize, é necessário superar o ensino tradicional de dissertação,
calcado em modelos e restrito, quase sempre, à estrutura textual e à obediência aos padrões
gramaticais, reconhecer seu valor sociocultural e, conseqüentemente, ampliar sua esfera
comunicativa. Em outras palavras, mudar seu foco conceitual e relacioná-la ao funcionamento
da língua em situações concretas de interlocução.
A mudança desse foco implica conceber a dissertação não como uma técnica a ser
ensinada/aprendida, mas como um gênero com propriedades sócio-comunicativas,
características temáticas, composicionais e estilísticas próprias, que se realiza num texto
empírico, detentor de um propósito comunicativo. Assim, neste trabalho, considera-se a
dissertação um gênero produzido pela Escola para o ensino-aprendizagem da produção de
textos, tanto expositivos quanto argumentativos, exigidos no mundo do trabalho e em outras
instâncias de uso público da linguagem.
VIOLÊNCIA 06
COMBATE À DENGUE 04
POLÍTICA 03
CRISE ECONÔMICA 02
PREVENÇÃO DA AIDS 02
DROGAS 01
DÉFICIT HABITACIONAL 01
EDUCAÇÃO PÚBLICA 01
Como cada produtor apreende a realidade e a interpreta de forma variada, motivado por
diferentes fatores, entre os quais destacam-se conhecimento de mundo, contexto
sociocognitivo, valores, crenças, padrões ideológicos, um mesmo tema, percebido sob óticas
diversas, gera produtos bastante distintos. Acresça-se a isso o estilo individual de cada
produtor. O tema “combate à dengue”, por exemplo, foi abordado nos textos 1 e 4 do corpus
da seguinte forma:
Texto I
Um, dois, três dengue outra vez
Estamos passando, no Rio de Janeiro, mais uma temporada de chuvas fortes e constantes. Calor intenso e água
parada por todo lado nos traz indícios de mais uma temporada de dengue.
Um pratinho de planta na janela, dois pneus esquecidos no quintal, três garrafas abertas num depósito, aquele
temporal seguido de um forte calor e pronto: A dengue está pronta para matar mais de 100 pessoas como
conseguiu no ano passado.
Colocamos sempre a culpa no governo. “Eles não colocam o fumacê nas ruas” – diz o comerciário indignado.
“Há muito tempo não vem agente de saúde aqui” – se revolta a dona de casa. Porém esquecem que o berçário do
mosquito que transmite a dengue está em suas casas.
A questão não é só do governo, a iniciativa de se viver em um lugar limpo, deve ser nossa. Devemos manter
nossos quintais limpos, nossas plantas bem tratadas e nossos depósitos vistoriados. O governo pode investir no
fumacê, no larvicida, na propaganda à prevenção; mas a responsabilidade de mantermos as casas limpas é nossa.
Prezar pela limpeza é questão de educação.
A melhor arma seria: governo e população unidos para vencer pelo menos uma batalha na guerra contra a
dengue.
Texto 4:
EDITORIAL
Mais um verão se aproxima e, com ele, antigos pesadelos o acompanham. O risco de uma nova epidemia de
dengue no Estado é esperado, eminente. O governo se preocupa com campanhas de conscientização desde o
início da primavera. – “Não acumulem água em pneus!!” – diversas vezes escutamos em nossas casas, em
horários nobres e nos limitamos a policiar nossa vizinhança...
Cabe também ao governo, escolher um dia nacional, mundial, ou sei lá o quê, de combate à dengue. Um dia?
Poderá um dia salvar muitas vidas? Não caberia a esse mesmo governo providenciar carros fumacê, melhorar o
atendimento nos diversos postos de saúde, espalhados pelo Estado, agilizando o atendimento, para assim, dessa
forma, viabilizar melhores resultados, no que diz respeito à dengue? Ou cabe à população aguardar, com
ansiedade, que o verão acabe, para que o clima, este sim, faça sua parte na guerra contra um mosquito?
A aluna, autora do texto 1, embora não explicite o gênero do discurso jornalístico que tomou
como ponto de partida para a sua produção, caracteriza-o como texto dissertativo-
argumentativo. Cria um título sugestivo – “Um, dois, três dengue outra vez” – que revela a
presença de outros enunciados que lhe dão origem (palavras de ordem presentes no discurso
político, por exemplo, frases de jogos e brincadeiras conhecidas pelo interlocutor com o qual
dialoga). Além de nomear o texto, o título tem a função cognitiva de ativar, na memória do
leitor, o conhecimento necessário para a compreensão das informações que virão a seguir.
Em estudo sobre a relevância do título na produção e recepção de textos, Travassos (2003, p.
55), esclarece:
O título é a parte privilegiada do texto, pois, devido a sua posição, é o primeiro elemento a ser processado. Ao
mesmo tempo que nomeia textos de diferentes gêneros sugerindo e despertando o interesse do leitor para o tema,
o título estabelece vínculos com informações textuais e extratextuais orientando o leitor para a conclusão a que o
mesmo deve chegar. Boa parte da compreensão de um texto é monitorada pela interpretação do título e mesmo
não sendo o único organizador de expectativas nem o fator decisivo na compreensão de um texto, um título
pouco claro e mal proposto pode dar margens a distorções na compreensão (Marcuschi, 1986; Menegassi e
Chaves, 2000). (grifo da autora)
Desde o primeiro parágrafo, a presença do locutor é marcada pelo uso da 1ª pessoa do plural.
O uso do “nós” inclusivo, além dos efeitos de subjetividade e aproximação, traz também o de
identificação com o destinatário. Tal uso revela a percepção da autora sobre o tema em
questão – a responsabilidade pelo combate à proliferação do mosquito Aedes não é só do
governo, mas de toda a população – que será demonstrada nos parágrafos seguintes:
“Um pratinho de planta na janela, dois pneus esquecidos no quintal, três garrafas abertas num depósito [...]
Colocamos sempre a culpa no governo. “Eles não colocam o fumacê nas ruas” – diz o comerciário indignado.
“Há muito tempo não vem agente de saúde aqui” – se revolta a dona de casa. Porém esquecem que o berçário do
mosquito que transmite a dengue está em suas casas.
A questão não é só do governo, a iniciativa de se viver em um lugar limpo, deve ser nossa. Devemos manter
nossos quintais limpos, nossas plantas bem tratadas e nossos depósitos vistoriados. O governo pode investir no
fumacê, no larvicida, na propaganda à prevenção; mas a responsabilidade de mantermos as casas limpas é nossa.
Prezar pela limpeza é questão de educação”. (Texto 1, 4-19)
A questão não é só do governo, a iniciativa de se viver em um lugar limpo, deve ser nossa. (1, 13-14)
O governo se preocupa com campanhas de conscientização desde o início da primavera. – “Não acumulem água
em pneus!!” – diversas vezes escutamos em nossas casas, em horários nobres e nos limitamos a policiar nossa
vizinhança... (Texto 4, 3-6)
Segundo a produtora do texto, a informação, ainda que divulgada em “horários nobres”, não
foi capaz de conscientizar os habitantes da cidade, entre os quais se inclui, levando-os às
práticas recomendadas.
O uso do conector e, com valor adversativo, fortalece o comentário (“e nos limitamos a
policiar nossa vizinhança...”) ao mesmo tempo em que enfraquece a tese adversária.
No segundo parágrafo – sustentação da tese – enfatiza seu descrédito nos resultados concretos
da campanha governamental não só ao “sugerir” ironicamente, um dia nacional (“mundial ou
sei lá o quê”) de combate à dengue, como também ao utilizar-se de perguntas retóricas (“Um
dia? Poderá um dia salvar muitas vidas?”).
É importante, ainda, destacar, como recurso lingüístico que concretiza o ponto de vista
adotado, o jogo que estabelece entre as formas do verbo “caber”, no presente do indicativo
(“Cabe também ao governo escolher [...]) e no futuro do pretérito (“Não caberia a esse mesmo
governo [...] no que diz respeito à dengue?”). O que é certo, real, na visão da autora, é a
campanha, a propaganda; as ações do poder público são hipotéticas. Registre-se, também, que
a construção condicional vem em frase interrogativa o que acentua sua função argumentativa.
Caso se compare o último parágrafo do artigo do subsecretário municipal de Saúde, que busca
persuadir o leitor da eficácia do investimento da prefeitura na informação (“[...]mas esse
mérito será todo do povo, que, finalmente, vem dispondo da mais poderosa arma contra esse
inimigo mortal: a informação”), com a orientação do texto em análise e, principalmente, com
a frase final, comprova-se a intenção comunicativa da autora de desmontar a estratégia
argumentativa utilizada no artigo de opinião.
A descrença nas ações do poder público é reafirmada quando, fazendo uso mais uma vez da
ironia, indaga se a população precisaria aguardar o final da estação para que a mudança
climática inibisse a proliferação do mosquito causador da doença:
Ou cabe à população aguardar, com ansiedade, que o verão acabe, para que o clima, este sim, faça sua parte na
guerra contra um mosquito? ( 4, 12-14)
A explicação pressupõe e estabelece, ao mesmo tempo, um contrato cujas condições pragmáticas são:
– O fenômeno a explicar é incontestável: é uma constatação ou um fato.
– O que está em questão é incompleto.
– Aquele que explica está em condição de fazê-lo.
Esse raciocínio apresenta-se, normalmente, na forma de uma seqüência bem simples, que
comporta quatro fases:
Constatação inicial: introdução do fenômeno incontestável.
Problematização: é explicitada uma questão da ordem do porquê ou do como, que
pode estar associada a um enunciado de contradição aparente.
Resolução (explicação propriamente dita): introduz elementos de informações
suplementares que podem responder às questões colocadas.
Conclusão-avaliação: traz a reformulação e pode completar a constatação inicial.
A seqüência descritiva decorre de decisões do agente produtor orientadas pelos efeitos que
deseja produzir em seus destinatários: “fazer ver em detalhe os elementos do objeto do
discurso que não parecem absolutamente necessários à progressão do tema e guiar o olhar do
destinatário, de acordo com procedimentos espaciais, temporais ou hierárquicos” (ADAM,
apud BRONCKART, 2003, p. 35) (grifos do autor).
Em seu protótipo de seqüência descritiva, Adam (1992) inclui os segmentos textuais
chamados de injuntivos, programáticos ou instrucionais, observados, por exemplo, em
receitas de cozinha, instruções de uso, regulamentos etc. Considera esses segmentos como
descrições de ações. Bronckart (2003, p. 237), entretanto, não adota esse ponto de vista e
admite um estatuto específico para esses segmentos de texto. Sustenta que essas seqüências,
por ele chamadas de injuntivas, tem um “objetivo próprio ou autônomo: o agente-produtor
visa a fazer agir o destinatário de um certo modo ou em determinada direção”. Tal objetivo
imprime marcas a essas seqüências (presença de formas verbais no imperativo ou no
infinitivo; ausência de estruturação espacial ou hierárquica etc), o que justifica separá-las das
seqüências descritivas.
Argumenta seu ponto de vista, com base no estatuto dialógico das seqüências: ao produzir
uma seqüência, o emissor é sempre orientado pela representação que tem do destinatário e do
objetivo que deseja alcançar.
De acordo com Bronckart (2003, p. 234), o caráter dialógico já havia sido evidenciado por
Grize (1981b), nas seqüências explicativa e argumentativa. Essas seqüências, geralmente,
isolam um elemento do tema tratado, para apresentá-lo adequado às características do
interlocutor. Se ocorrer de o produtor considerar que um aspecto do tema, embora
incontestável a seu ver, pode ser de difícil compreensão ou problemático, tende a organizar
uma seqüência explicativa. Caso julgue que algum aspecto do tema é contestável, sua escolha
tende a ser uma seqüência argumentativa. Pode ocorrer, ainda, que o tema apresente, ao
mesmo tempo, algum aspecto problemático ou contestável para o destinatário, embora não o
seja para o produtor. A tendência, nesse caso, é que combine seqüências explicativas e
argumentativas.
O que se verifica, portanto, na construção de textos de diversos gêneros, é que o produtor
escolhe, dentre as seqüências disponíveis, a que lhe parece mais adequada aos parâmetros da
situação interlocutiva.
Além das seqüências apresentadas, Bronckart postula, ainda, a existência de segmentos de
textos que não se realizam em seqüências convencionais. Afirma esse autor (2003, p. 239)
que um tema pode não ser considerado contestável ou problemático, apresentar-se como
“neutro ou neutralizado”. Nesse caso, o desenvolvimento de suas propriedades efetua-se em
um segmento de texto “simplesmente informativo” ou “puramente expositivo”, que se realiza
em determinadas formas de esquematização (definição, enumeração, enunciado de regras,
cadeia causal, entre outros).
No estudo que faço dos textos do corpus, além das seqüências argumentativa, explicativa e
descritiva, lanço mão também, por verificar a presença de outras possibilidades de
organização textual, das noções de seqüência injuntiva e de segmento expositivo
(BRONCKART, 2003), a que chamo seqüência expositiva.
Na década de 60 o FGTS, foi criado com esta finalidade. Entretanto as negociações tornam-se inviáveis e
fracassam diante de juros que disparam, deixando os menos favorecidos de fora do programa educacional, digo,
habitacional. (Texto 15, 11-16)
d) Conector condicional
Se voltarmos nossa atenção a dificuldade de um aluno de classe pobre conseguir uma vaga em uma escola
pública, e mais ainda, em que condições este aluno consegue absorver conhecimentos dentro de um sistema que
quer desclassificá-lo, então entenderemos que o fracasso das escolas públicas é para muitos motivo de satisfação
e justificativa para o surgimento em grande quantidade das escolas
particulares, e também, de justificativas das pessoas responsáveis em não desenvolver o ensino de qualidade.
(Texto16, 14-22)
[...] Desta forma, este sequestro, assim como outras coisas que acontecem por aqui, não importa muito pra
ninguém. Se importasse com o tempo as coisas mudariam. (Texto 1,14-17)
Pergunta retórica:
Não tenho mais ouvido falar sobre o salário mínimo. Só eu ou o povo está anestesiado? O cartão da cidadania
seria uma cópia do cheque cidadão? A teoria e a prática precisam andar juntas; não se coloca um médico no
Ministério da Fazenda tão somente porque ele tem fama de bom administrador e pão duro! Colocaríamos nós um
economista para gerir uma Faculdade de Educação? (Texto17, 29-37)
Quem acaba lucrando mais uma vez são os especuladores de aluguéis de imóveis. Quem irá se preocupar em que
um dia a moradia seja vista como um bem essencial que dignifica e recupera a cidadania dos indivíduos?
(Texto15, 17-22)
Quanto é que se precisa investir para reduzir esta carência? Falam em 100 (cem bilhões). De onde virão os
recursos? (Texto 15, 7-10)
Ao longo de sua história, o Brasil vem passando por diversas oscilações na economia. Atualmente enfrentamos
graves problemas econômicos que atingem grande parte da população. (Texto 8, 1-4)
O déficit da casa própria, ronda nosso país, não é de hoje, mas de muitos anos. Uma pesquisa mostrou que
114.594 famílias estão condenadas a pagar aluguel, somente no Rio, e no Brasil este número é dez vezes maior.
(Texto15, 1-6)
Em outubro a inflação alcançou quase 9%. Essa alta de preços era esperada, pela pressão do câmbio nos últimos
meses. (Texto7, 1-3)
Conector causal/explicativo
Na realidade ela serve de “universidade” para os criminosos, que são verdadeiros administradores, pois
comandam suas “empresas” à distância pelo telefone celular. (Texto10, 11-14)
Construções com gerúndio
Mesmo com os maiores traficantes do Rio de Janeiro, talvez do Brasil, presos a situação não muda, eles
continuam controlando o tráfico, decidindo o dia e a hora em que a cidade deve parar, comandando chacinas
dentro e fora dos presídios de “segurança máxima”, isso tudo com a conivência de policiais e agentes
penitenciários, aqueles contratados para cuidar da nossa segurança”.(Texto 12, 6-13)
Apresento exemplos de seqüência descritiva, tipo com baixa presença nos dados do corpus.
Aparece associada à função comunicativa de avaliação.
É impressionante como vemos que nosso Sistema de Segurança está totalmente podre, acabado. (Texto19, 1-3)
A divulgação que foi feita deste seqüestro foi bestial [...]. (Texto 11, 8)
Brasil, acorde e posicione-se como sujeito e não objeto de suas mudanças! (Texto 7, 47-48)
O melhor a fazer é se prevenir, pensar um pouco mais em si mesmo. Quem se gosta, se cuida. E pensa no seu
companheiro ou companheira, namorado ou namorada, amante, esposa ou marido.
Curta a vida. Estude. Faça coisa boas. Pense no próximo. Tenha fé em Deus. Se quiser procure uma igreja. Mas
não se esqueça de se prevenir da AIDS. (Texto 5, 18-24)
O último exemplo, parte final do texto 5, explicita uma “seqüência de comandos” (ROSA
2003, p. 33), a ser seguida pelo destinatário, que concretiza o objetivo maior do produtor, qual
seja, estimular a prevenção da doença, evitando a propagação do vírus HIV.
2, 5, 7, 8, 12, 19 EXPOSITIVA
CONCLUSÃO
As diversas formas de organização seqüencial e o tipo de seqüência predominante no texto –
argumentativa ou expositiva – comprovam que a escolha do produtor se prende a seus
propósitos comunicativos – expor ou explanar idéias, analisar um tema, defender uma opinião
e/ou persuadir. o interlocutor.
Da análise realizada, conclui-se que a dissertação deve ser trabalhada na sala de aula, não
como uma técnica, mas como um gênero, como uma ação sócio-discursiva, objeto de ensino-
aprendizagem de produção de textos, exigidos em instâncias de uso público da linguagem.
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
(Ensino Superior).
CARVALHO, Adriana Cintra de; PUZZO, Miriam Bauab. Textos opinativos: uma questão de
gênero. Rev.. Ciênc. Hum., Taubaté, v.9,n.2, p.155-160, jul-dez. 2003.
SILVA, Vera Lúcia Paredes Pereira da. Variações tipológicas no gênero textual carta. In:
KOCH, Ingedore Villaça; BARROS, kazue Saito Monteiro de. Tópicos em Lingüística de
Texto e Análise da conversação. Natal: EDUFRN, 1997. p.118-124.
SOUZA, Luzinete Vasconcelos. Gêneros jornalísticos no letramento escolar inicial. In:
DIONÍSIO, Angela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (orgs.)
Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 58-72.
TRAVASSOS, Tarcísia. Títulos, para que os quero? In: DIONÍSIO, Ângela Paiva;
BESERRA, Normanda da Silva (Org.). Tecendo textos, construindo experiências. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2003, p.55-79.