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2 SISTEMAS ELEITORAIS

Incontestada é a afirmação de que nos regimes democráticos o poder político


emana da sociedade e é exercido através de seus representantes, legal e
legitimamente constituídos. No sistema moderno de designação das autoridades por
eleição, faz-se legitimar pelo voto dos cidadãos, ao mesmo tempo em que lhes tira a
possibilidade de recusar a sua aprovação. A eleição tornou-se o meio de designação
de autoridades supremas mais expandido hoje: consiste em fazer designar os
titulares do poder pelo conjunto dos membros da coletividade1.

No entanto, o exercício do poder exige o estabelecimento de regras que


disciplinem a representatividade e, ao mesmo tempo, garantam que a vontade
coletiva, entendida esta, como a vontade da maioria, seja exercida em plenitude.

O antigo regime desintegrou-se, sobretudo porque o povo não aceitava mais


uma sociedade cujo princípio organizador era o privilégio herdado – privilégio
divorciado da capacidade e do mérito. Nosso mundo liberal-democrático nasceu da
afirmação do princípio de que o poder injusto dos que não foram eleitos – daqueles
que exercem o poder pelo direito de hereditariedade ou de conquista – fosse
substituído pelo poder dos “escolhidos”. Os homens queriam escolher quem devia
governá-los e exigiam o direito de substituir o mérito e a capacidade auto-
proclamados pela sua percepção do mérito e da capacidade2.

A eleição, por sua vez, é um instituto típico e indispensável da democracia


representativa e constitui-se em forma de manifestação do consentimento de todos
ou de parte de todos os cidadãos de um país, para designar um limitado número de
cidadãos para representá-los no exercício dos cargos públicos eletivos do Estado.

A democracia representativa brasileira, fundada no Estado de Direito,


incorpora os princípios da liberdade e da igualdade de direitos, e fundamenta-se na
soberania popular, uma das lutas históricas da humanidade. As eleições são

1
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. São Paulo:
Saraiva, 2006, p.29.
2
CAGGIANO, Monica Herman Salem. Sistemas eleitorais x representação política. Brasília:
Senado Federal, 1987, p.74.
realizadas, por sua vez, sob determinadas regras e com o respaldo organizacional
de determinada estrutura, com candidatos, mesários, juízes eleitorais, fiscais,
cidadãos voluntários, eleitores, partidos políticos, cédulas, urnas, cabines, seções
eleitorais, e, finalmente, entre outros componentes, cargos eletivos a serem
disputados.

Não se pode ignorar, no entanto, que a sociedade, concebida como um ente


único é composta de indivíduos que pensam e agem diferenciadamente e que,
portanto, expressam sua vontade de forma igualmente diversa.

É a organização partidária que fundamenta a convivência democrática de


interesses tão desiguais, estabelecendo programas de atuação, finalidades e ação
política, reunindo interesses convergentes. Poder-se-ia dizer, então, que o exercício
do poder político ocorre através da organização partidária, que congrega indivíduos
cujos interesses convergem.

No entanto, ainda que a viabilização do processo democrático seja o mérito


da atuação dos partidos políticos, a sociedade é detentora do poder político
puro, sem rótulos e preferências institucionais, características da organização
partidária.

O sistema representativo de governo exige e pressupõe um sistema eleitoral


que garanta a legitimidade do ato de votar, expresso na liberdade de manifestação
da maioria e na organização de cargos eletivos que viabilizem o exercício
do mandato eletivo.

José Afonso da Silva define o sistema eleitoral como “um conjunto de técnicas
e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a
organizar a organizar a representação do povo no território nacional” (1994, p. 352).

Tradicionalmente os sistemas eleitorais são divididos com base em dois


princípios: o sistema da eleição majoritária e o sistema da eleição proporcional.

2.1 Sistema Majoritário


Os primeiros sistemas eleitorais usados pelas modernas democracias para a
escolha dos representantes ao parlamento foram os de tipo majoritário, ou seja, a
designação do titular do mandato eletivo recaia sobre o candidato que tivesse
alcançado a maioria dos votos. Por este sistema, só o grupo majoritário é que elege
representantes, não importando o número de partidos, não importando também a
amplitude de superioridade eleitoral. Desde que determinado grupo obtenha maioria,
ainda que de um único voto, conquista o cargo de governo objeto da disputa
eleitoral3.

Desta forma, conforme afirma Celso Fernandes Campilongo, a regra da


maioria é o instrumento técnico capaz de obter o grau máximo da liberdade4.

Este sistema é aplicado nas eleições brasileiras para a escolha dos


integrantes do Senado e dos chefes do poder Executivo – Prefeito, Governador e
Presidente, conforme prevê o disposto na Lei Maior Brasileira, em seu art. 46, caput,
“O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados, do Distrito Federal,
eleitos segundo o princípio majoritário” (Brasil, 1988), o qual é dividido em duas
modalidades.

2.1.1 Sistema Majoritário Simples

O sistema majoritário simples é aquele em que a eleição realiza-se em um


único turno, bastando que um dos candidatos obtenha a maioria relativa dos votos,
entre os candidatos participantes do certame.

2.1.2 Sistema Majoritário Absoluto

3
DALLARI, Dalmo de Abreu, op. Cit. p.190.
4
CAMPILONGO, Celso Fernandes. Direito de Democracia. Max Limonad,1994, p.37.
O sistema majoritário absoluto, ou sistema de dois turnos é aquele em que se
exige a realização de um segundo turno caso o concorrente mais votado não tenha
obtido já no primeiro turno a maioria absoluta dos votos. É utilizado no Brasil na
eleições para Presidente, Governador de Estado, Governado do Distrito Federal e
Municípios com mais de duzentos mil eleitores. Somente os dois mais votados é que
participam do pleito do segundo turno.

Maioria absoluta consiste na metade dos cotos mais um, ou seja, mais de
50% dos votos, não se computando os em brancos e os nulos.

2.2 Sistema Proporcional

O sistema proporcional é aquele em que a representação no órgão colegiado


varia conforme a quantidade de votos obtidos pelo partido político ou pela coligação
partidária.

2.3 Os sistemas eleitorais aplicados no Brasil

Os sistemas eleitorais previstos na legislação brasileira são os seguintes:


majoritário, para as eleições de chefes do Executivo e senadores, e proporcional,
para vereadores, deputados estaduais e deputados federais5.

No sistema majoritário, apenas o candidato que recebeu o maior número de


votos consegue se eleger – os demais candidatos, mesmo que tenham recebido
grandes votações, não terão assegurado um mandato. Nota-se, claramente, que
nesse sistema eleitoral apenas a maioria tem representatividade, ficando a minoria
excluída da representação eleitoral. No sistema proporcional é assegurada
representação tanto às forças políticas que ganharam as eleições como às que
perderam, desde que haja a concretização do quociente eleitoral. Este sistema
permite, assim, a representação tanto da maioria quanto da minoria6.

5
AGRA, Walber de Moura. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2008, p.213.
6
AGRA, Walber de Moura. Op. Cit., p.213.
Como forma de aprimoramento do sistema representativo, muitos
doutrinadores têm defendido a substituição do sistema eleitoral proporcional pelo
distrital majoritário misto. Pelo sistema eleitoral distrital majoritário misto, os Estados-
membros e os municípios seriam divididos em distritos e parte dos candidatos seria
eleita pelos distritos (aqueles que obtivessem a maior votação) e parte dos
candidatos seria eleita por todo o Estado-membro ou por toda a cidade.

Não existe mágica jurídica para melhorar a qualidade da representação


política. As imperfeições decorrentes do sistema político brasileiro vão persistir tanto
em um sistema eleitoral quanto no outro. Enquanto prevalecer o predomínio do
poder econômico, a falta de consciência política da população e a ostensiva
influência da mídia, não existirá sistema político que possa aperfeiçoar a nossa
democracia. Mesmo porque até 1932 prevaleceu o sistema distrital majoritário,
vigorando por quase setenta anos, sem alcançar os objetivos pretendidos. Ele foi
criado pelo Decreto Legislativo nº 842, conhecido como Lei dos Círculos, dividindo
as províncias em distritos, estabelecendo a eleição de um membro por distrito7. O
sistema proporcional só foi criado após a Revolução de Trinta.

7
ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Observações sobre o sistema eleitoral brasileiro. In: Estudos
Eleitorais. Brasília: TSE, nº 3, set.-dez. 1997, p. 110.

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