Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
índice - títulos
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
RESUMO
Foram realizados ensaios em aço inox martensítico “macio” CA-6NM, visando estabelecer
procedimentos de reparo pela técnica da “dupla-camada”, que permite dispensar a
necessidade do tratamento térmico posterior, normalmente recomendado para atingir os
níveis de tenacidade do material original.
A deposição de cordões em chapa previamente temperada mostrou que o efeito de revenido
produzido por um passe de soldagem subseqüente ocorre numa estreita faixa da ZTA, o
que está associado à baixa temperatura Ac1 desse material. Adicionalmente, quando da
soldagem com eletrodo similar (E 410NiMo) a dureza dentro do metal de solda atingiu
valores ainda maiores (450HV) que aqueles da ZTA produzida no metal de base.
Assim sendo, explorou-se uma variante de reparo com reaquecimento por TIG, com o uso
de uma primeira camada de amanteigamento com material de adição autenítico (E 309), em
cima do qual foram efetuados três passes TIG com energias gradativamente menores. A
redução da dureza máxima na ZTA para o nível de 360 HV e a tenacidade ao impacto da
junta soldada são promissores quando confrontados com dados da literatura sobre a
aplicação da técnica da dupla-camada para esse aço.
Palavras-chave: aços inoxidáveis martensíticos; soldagem de reparo; soldagem sem
tratamento térmico posterior.
ABSTRACT
Tests were done in “soft” martensitic stainless steel CA-6NM, in order to specify welding
procedures by the double-layer technique, that avoids the need of postweld heat treatment
frequently recommended to meet original base metal toughness.
Bead on plate welds made on base metal quenched plate revealed that the tempering effect
imposed by a subsequent pass occurs over a narrow band of HAZ, due to the low Ac1
temperature of that material. When welding with a similar consumable (E 410NiMo) the weld
metal showed hardness values (450 VHN) in excess of that of the base metal HAZ.
Accordingly, an alternative technique was explored, which involves a buttering layer with an
austenitic material (E 309) followed by three TIG reheating passes, applied with gradually
decreasing energies. The observed reduction in the HAZ maximal hardness to 360 VHN and
the level of weld joint toughness are encouraging when compared to reported data on the
application of the double-layer technique to this kind of steel.
Keywords: martensitic stainless steels; repair welding; welding without PWHT.
1
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
1– INTRODUÇÃO
Um número significativo de rotores de turbinas hidráulicas e componentes da indústria
química e petroquímica vem sendo fabricado com aços inoxidáveis martensíticos “macios”
(AIMM) contendo 11-13% Cr e 1-6% Ni. Tais aços, além de possuírem uma tensão de
escoamento cerca de duas vezes superior aos convencionais aços C-Mn e melhor
soldabilidade se comparados aos tradicionais aços inoxidáveis martensíticos com 12% Cr e
0-1% Ni, oferecem uma maior resistência à erosão por cavitação, o que os torna
economicamente viáveis para uso em rotores de turbinas com até 100 ton [1].
Dentro desta categoria de aços a mais conhecida é a liga fundida CA-6NM,
classificada conforme a norma ASTM A743-93, que contém 13% Cr , 4% Ni e C máximo de
0,06%.
Quando de sua soldagem com eletrodos similares são recomendados tratamentos
térmicos na faixa de 550 a 650°C, a fim de se obter no metal de solda e ZTA propriedades
próximas às do metal base.
O uso de metais de solda da classe austenítica não é recomendado em componentes
estruturais, devido à sua baixa tensão de escoamento comparada aos da classe
martensítica. No entanto, suas propriedades mecânicas não inviabilizam o seu uso na
reconstrução de superfícies erodidas por cavitação em rotores de turbinas hidráulicas.
Neste trabalho são avaliadas técnicas alternativas de soldagem que permitam eliminar
a necessidade de tratamentos térmicos posteriores à soldagem (TTPS), atendendo
satisfatoriamente as exigências relacionadas ao uso dos AIMM do tipo CA-6NM.
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1- Aços inoxidáveis martensíticos macios AIMM
Um dos problemas enfrentado quando da utilização dos aços inoxidáveis martensíticos
convencionais− essencialmente ligas Fe-Cr-C com teores de 11.5-18% Cr e 0.1-1.2% C− é
a baixa soldabilidade, particularmente sua susceptibilidade a trincas a frio no metal de solda
ou na ZTA. Os AIMM surgiram no mercado no final da década de 50 atendendo à
necessidade de reduzir a dureza e conseqüentemente aumentar a tenacidade em tais
regiões pelo abaixamento do teor de carbono. Entretanto, a redução do teor de carbono em
aços contendo 13% de Cr resulta na contração do campo austenítico, o que exige a adição
de elementos austenitizantes como o níquel, a fim de manter a capacidade de obtenção de
uma estrutura totalmente martensítica isenta de ferrita delta.
No final dos anos 80 a família dos aços inoxidáveis martensíticos macios era
constituída por ligas contendo um teor máximo de 0.08% C, 12-17% Cr, 3.5-6% Ni e até
2.5% Mo [2].
Apesar do seu baixo teor de C, os aços AIMM possuem pouca tenacidade na condição
temperada (inferior a 35 J) de modo que, na maioria das vezes, necessitam tratamento de
revenido a fim de se obter a tenacidade e resistência mecânica requeridas (figura 1). A
melhor tenacidade é conseguida mediante o revenido a cerca de 600 ºC, graças à formação
de uma austenita estável, finamente distribuída, que não se transforma em martensita no
resfriamento. Essa austenita só é detectável por microscopia eletrônica [3], difratometria de
raio-X [4,5] ou efeito Mössbauer [6].
2.2- Soldabilidade dos aços inoxidáveis martensíticos macios
A formação de uma martensita de baixo carbono “macia e tenaz”- tanto no metal de
solda como na ZTA−, a baixa quantidade de ferrita delta (o que reduz o risco de crescimento
de grão) e, ainda, o fato de apresentarem uma menor tendência à fissuração provocada pelo
hidrogênio (devido à presença de austenita residual), são os principais fatores que
proporcionam uma melhor soldabilidade a tais aços [3, 4, 5, 7].
A fim de garantir a qualidade da solda, são recomendados os seguintes
procedimentos:
2
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
3- MATERIAIS E MÉTODOS
Para os ensaios foram usadas placas medindo 200x100x30 mm, cortadas a partir de
tarugos de aço CA-6NM (fundidos em conjunto com rotores para turbinas hidráulicas) com
composição química e propriedades mecânicas dadas nas tabelas 1 e 2, respectivamente.
Esse material mostrou tenacidade ao impacto a 20 ºC de 119 J.
3
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
4
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
Para o preenchimento da junta foi utilizado eletrodo do mesmo material porém com
diâmetro de 3.25 mm e energia de soldagem inferior a 7 kJ/cm. As temperaturas de pré-
aquecimento e interpasse utilizadas durante todas as operações de soldagem foram 130 e
150 °C, respectivamente.
4- RESULTADOS E DISCUSSÃO.
4.1- Microestrutura e dureza da ZTA
A figura 4 apresenta a evolução da microestrutura ao longo da ZTA, resultante do
depósito de um cordão sobre chapa temperada do aço CA-6NM conforme teste de Higuchi.
Inicialmente, como particularidade metalúrgica desse tipo de material, revela-se uma zona
refinada junto à linha de fusão, associada à temperatura Ac4 próxima a 1200 ºC, e a
conseqüente reação γ-δ em uma faixa mais ampla de temperaturas. O crescimento de grão
não é excessivo, o que concorda com resultados de outros autores [8].
A figura 5 apresenta os perfis de dureza resultantes da aplicação dos cordões de solda
sobre material temperado. As espessuras relativas das subregiões da ZTA aparecem na
figura 6, onde revela-se bastante estreita a faixa revenida relativamente à largura da zona
endurecida (inferior a 25%). Isso se atribui à elevada resistência ao revenido desse aço
inoxidável martensítico ligado ao Mo, assim como à sua baixa temperatura Ac1 (630 °C), que
impede a redução mais efetiva da dureza a temperaturas mais altas. Para outra classe de
aços temperáveis com composição mais favorável, como no exemplo de Higuchi [10] a faixa
de revenimento pode ser bem mais larga (1.5 vezes a faixa endurecida) e maior a queda de
dureza (de 440 HV para 340 HV).
No presente caso, conforme mostra a figura 7, o efeito do aquecimento controlado por
3 passes TIG foi limitado à uma redução de aproximadamente 30 HV na dureza máxima da
ZTA do metal de base, que atingiu o nível de 360 HV.
Na zona de ligação foram observadas zonas parcialmente diluídas (ZPD), na forma de
ilhas ou penínsulas com 30 a 300µm, com dureza da ordem de 300 HV [11]. Essas ZPDs
não tiveram aparentemente papel relevante na fragilização do metal de solda E309L
conforme relatado em seguida.
Por outro lado, no metal de solda obtido com eletrodo similar martensítico foram
medidos, no estado como soldado, valores de dureza próximos a 450 HV, isto é, maiores
que na ZTA, decorrentes do maior teor de carbono do metal de adição em relação ao metal
de base (0.050% e 0.035%, respectivamente).
5
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
nível superior de tenacidade. Haja visto que Akhtar [8], na soldagem de aço 13Cr/4Ni com
material de aporte austenítico (15Cr-25Ni) verificou para uma dureza na ZTA de 400 HV
resistência ao impacto de 50-60 J no estado como soldado.
5- CONCLUSÕES
A baixa temperatura Ac1 e a resistência ao revenido do aço CA-6NM impedem a
aplicação eficaz da técnica da dupla-camada.
A alternativa de reparo com reaquecimento por TIG, proposta nesse trabalho, permite
reduzir a dureza máxima na ZTA para o nível de 360 HV, o que conforme dados da literatura
permitiria atender os requisitos de tenacidade.
A técnica de reaquecimento por TIG exige para sua aplicação metais de adição
resistentes a trincas a quente tipo E309L e E309Mo, ficando descartadas as ligas de Níquel
ENiCrFe2 e ENiCrFe3.
Deve ser explorado o uso de metal de adição similar com baixo teor de carbono e
determinada sua resistência à erosão por cavitação.
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] AKHTAR, A. Field welding of stainless steel hydraulic turbines. Water Power & Dam
Construction, August 1995, p. 21-25.
[2] STRAUBE, H. Developments for additional improvement of low carbon martensitic Cr-Ni
stainless steels. In: Conference on Materials Development in Turbo-Machinery
Design. Cambridge, UK, Sep. 12-14, 1988.
[3] NIEDERAU H.J. State of development of soft martensitic stainless chromium-nickel
steels. Ed. Kurt H. Miska, Climax Molybdenum Company, 1977.
[4] BREZINA, P. Martensitic CrNi steels with low carbon content. Escher Wyss News, 1/2,
1980, p. 218-235.
[5] BAGGSTRÖM, G. New steel for turbine runners. Water Power, Dec. 1964.
[6] BILMES, P. et al. Microestruturas y propiedades de metales de soldadura de aceros
inoxidables soft martensíticos. Congresso ABM, São Paulo, 1997.
[7] FOLKHARD, E. Welding metallurgy of stainless steels. Ed. Springer Verlag,
Wien/Austria, 1988, 280 p.
[8] AKHTAR, A. Materials technology for turbine performance. Water Power & Dam
Construction, Aug. 1986, p. 13-19.
[9] NIÑO, C.E.; CORRÊA, J.A., BUSCHINELLI, A.J.A. Técnicas de reparo por soldagem em
aços 5Cr-0.5Mo. Soldagem e Materiais, vol 4 n2, 1992, p. 28-33.
[10] HIGUCHI, M. et.al. A study on weld repair through half bead method. IHI Engineering
Review, v 13 n2, 1980, p. 15-19.
[11] HENKE, S.L: Desenvolvimento de procedimento de soldagem do aço inoxidável
martensítico macio CA-6NM sem TTPS, Dissertação de mestrado EMC-UFSC,
1998.
6
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
7
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
8
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
a) b)
Fig. 4- Microestruturas encontradas na ZTA do aço CA-6NM: a) iluminação em campo claro;
b) com luz polarizada.
Fig. 5- Perfis de dureza no metal de solda e ZTA dos cordões depositados sobre placa
temperada (e não revenida) do aço CA-6NM, utilizando eletrodo E NiCrFe-2 e E 410
NiMo com dois níveis de energia (teste de Higuchi).
9
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
ELETRODO E 410NiMo
4
Metal de Metal Depositado
Solda
(mm)
Zona Fundida
2
Fig. 6- Dimensões das várias sub-
Linha de Fusão 0
regiões do metal de solda e da
ZTA em função da energia de
ZTA Zona Endurecida
-2
soldagem, para cordões
(mm) -4 depositados com eletrodo E
Zona Revenida 410NiMo (teste de Higuchi
-6
21,4 16,5 14,3 10,4 5,6 3,8
Energia (kJ/cm)
10
XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
a)
b) c)
11