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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

A Psicomotricidade Aplicada a Terceira Idade

POR: Adelaide Lima Gonçalves

Orientadora: Profª /Mestre Fátima Alves

Rio de Janeiro-RJ

Janeiro/2011
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

A Psicomotricidade Aplicada a Terceira Idade

POR: Adelaide Lima Gonçalves

Trabalho apresentado em cumprimento


às exigências para a obtenção do grau de
especialista no curso de Pós-graduação em
Psicomotricidade da Universidade Cândido
Mendes – Projeto a Vez do Mestre.

Rio de Janeiro-RJ

Janeiro/2011
AGRADECIMENTOS

A Deus por ser meu melhor amigo. Por responder as minhas


orações de súplica, por me guiar em tudo que faço. Obrigada
por fazer perseverante para conseguir concluir esse trabalho
monográfico. Sem o Senhor eu não teria conseguido.

Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas; glória
pois a Ele eternamente. Amém. Rm 11:36

Aos meus pais porque sem eles eu hoje não estaria


aqui e não seria o que sou.

Ao meu marido e melhor amigo por estar sempre


comigo em todos os momentos da minha vida sendo
parceiro, cúmplice e auxiliador. Amo-te com todo o amor que
pode conter meu coração.

A minha orientadora que me permitiu crescer


intelectualmente e orientou meus passos para que chegasse
até aqui.

Aos meus amigos pela paciência na minha ausência


em momentos de escrita desse trabalho.
DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia ao meu marido


e aos meus pais que sempre estiveram comigo
em todos os momentos mais importantes da
minha vida, caminhando e me ajudando a
superar as diversidades da vida. Obrigada por
vocês existirem na minha vida.
Sumário

INTRODUÇÃO......................................................................................... 8

CAPÍTULO I
Envelhecimento: Processos e Conceitos ............................................. 13

CAPÍTULO II
Melhorando o corpo............................................................................... 22

CAPÍTULO III
Conceituando psicomotricidade............................................................. 27

CAPÍTULO IV
A Psicomotricidade Aplicada na Terceira Idade.................................... 32

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................... 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 40

ANEXO ................................................................................................. 42

ÍNDICE................................................................................................... 44

FOLHA DE AVALIAÇÃO....................................................................... 45
Resumo
Este trabalho visa apresentar uma relação entre a Psicomotricidade aplicada ao idoso

e a consequente melhoria na qualidade de vida da população com mais de sessenta

anos. Partindo de revisões bibliográficas analisar-se-ão textos que tratam de questões

que contribuem para a longevidade tão crescente nos dias atuais. Foram utilizados

vários artigos científicos, textos publicados e livros sobre este assunto. Discutiremos

também uma análise qualitativa feita através da dissecação de questionários semi-

estruturados aplicados a um grupo de idosos que utilizam atividades físicas

diariamente.

Palavras-chave: Psicomotricidade, Idoso, Qualidade de vida.


METODOLOGIA

Este estudo tem por base em sua metodologia a pesquisa bibliográfica analítico-
comparativa de diversos autores na área da Pedagogia, Psicologia, Geriatria,
Gerontologia, Psicomotricidade e Educação Física. Também serviu de base para essa
monografia uma pesquisa de campo que foi elaborado com um pequeno grupo amostral
em uma praça da grande Tijuca. Também foram aproveitados conceitos aprendidos em
sala enquanto aluna do curso de Pós-graduação em Psicomotricidade desta
Universidade.
8

INTRODUÇÃO

“Aos homens eu provaria quão equivocados estão ao pensar que deixam


de se enamorar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando
deixam de se enamora. (...) Aos velhos lhes ensinaria que a morte não chega
com a velhice, mas sim com o esquecimento”.
Gabriel Garcia Marques

A terceira idade, idade madura ou velhice são apenas nomenclaturas diferentes

que definem um período na nossa vida onde ocorrem profundas mudanças em um

contexto social, biológico e psicológico no decorrer do desenvolvimento humano.

Muitos idosos acabam se tornando dependentes financeiramente de suas

famílias, pois perderam sua capacidade de agir ativamente no mercado financeiro e

suas economias mal dão para se sustentarem. Outros se tornam dependentes por

conta das inúmeras doenças e desgastes físicos proporcionados pela própria idade.

Tudo isso gera um enorme desconforto ao idoso que por muitas vezes acaba se

abatendo psicologicamente.

Tudo isso vem a gerar uma enorme preocupação com a velhice e a maneira

como vamos envelhecer. Segundo NETTO (2002), vemos que envelhecer é uma

preocupação antiga, que vem desde os primórdios da humanidade.

Sabemos ao nascer que um dia morreremos. Se isso não ocorrer através de

fatalidades da vida essa certeza se concretiza na velhice. Sabemos também que a

velhice trás consigo inúmeras limitações e perdas. O corpo não é mais o mesmo, o
9

cansaço chega com mais vigor do que quando somos jovens! As limitações impedem

essa nova fase de se locomover com tanta destreza... Alguns idosos são inclusive

vítimas de acidentes por não terem mais a agilidade de antes e por não perceberem

que seu corpo mudou.

Então, como envelhecer com qualidade? Como melhorar esse processo que

certamente ocorrerá?

Atualmente a população idosa é uma população que está em constante

crescimento, segundo o mesmo autor citado acima, estima-se que no período entre

1950 e 2025, a população total crescerá cinco vezes mais, enquanto que a população

idosa, isto é, com 60 anos ou mais crescerá em média quinze vezes. É bastante

considerável tal crescimento. Seremos essa população idosa de amanhã. Esse

crescimento tem nos trazido um novo olhar para essa população que não para de

crescer.

Através desse novo olhar e baseado em uma motivação inicial, a escolha desse

tema advém de uma inclinação antiga e no contemplar da relação que há no trato com

pessoas que vivem na terceira idade. O interesse pelo assunto visa buscar maiores

informações e reflexões sobre a resultante “qualidade de vida”, em conseqüência das

relações que constituem as atividades da vida diária do idoso e a sua peculiar forma de

“ser no mundo”.

Este trabalho buscará verificar se a atividade psicomotora aplicada à terceira

idade, resulta em melhoria na qualidade de vida dos sujeitos em questão.

Os métodos utilizados para tal tarefa serão assim compostos: 1- discutiremos os

resultados obtidos a partir de um questionário semi-estruturado respondido por uma

amostra de sujeitos escolhidos de forma aleatória dentro de um grupo de idosos que


10

fazem parte de um projeto em uma praça na grande Tijuca, bairro da zona norte do Rio

de Janeiro e atende à população da região e; 2- pesquisa bibliográfica, que consiste no

levantamento de dados e informações contidas em artigos, pesquisas e literaturas já

publicadas.

Desta forma esse trabalho abordará a maneira como o idoso chega à terceira

idade, quais são suas perdas. Com esse novo status sua dinâmica já não é mais a

mesma, o corpo já não é tão ágil e muitos estão com a auto-estima muito baixa por

conta da dependência e também pelo simples fato de não ser aceito como pessoa

atuante e ainda como pessoa que já não produz mais. Será abordado então, como a

psicomotricidade é importante para trazer um novo contexto a esse idoso através de

atividades motoras, sociais e culturais que podem trazer ainda para esse novo idoso um

novo olhar de si mesmo. Portanto, esta pesquisa tem como intenção apresentar a

psicomotricidade como resposta para a melhoria da qualidade de vida do idoso.

Isso tudo será abordado da seguinte maneira:

No capítulo I será apresentado um breve panorama da situação do idoso. Como

ele chega a velhice. Será mostrado um pouco das suas perdas físicas, sociais e

psicológicas. Isto é, como o seu convívio social está afetado por conta das perdas

sociais e dependências financeiras. Como a sua estrutura física e biológica muda com o

passar dos anos e como tudo isso afeta também o seu psicológico.

Já o capítulo II nos mostrará como o exercício físico pode proporcionar uma

melhor qualidade ao idoso em questão e os avanços tecnológicos que possibilitam

também qualidade de vida.

No capítulo III será abordado o que vem a ser a psicomotricidade: seu

surgimento, seu conceito e como trabalhar a psicomotricidade com a terceira idade. E,


11

no capítulo IV será feita uma análise das entrevistas apresentando o que mudou na

vida dos entrevistados depois que a psicomotricidade passou a fazer parte de suas

vidas.
12

CAPÍTULO I

Envelhecimento: Processos e Conceitos


"0 homem é precisamente o que ainda não é. O homem não se define

pelo que é, mas pelo que deseja ser."

ORTEGA Y GASSET.

Nem sempre somos ou estamos da maneira como desejamos. Almejamos a todo

o tempo alguma coisa e, muitas vezes nos frustramos quando não atingimos o

almejado ou quando não conseguimos ser aquilo que almejamos.

Isso se repete por toda a nossa vida mesmo quando nos tornamos idosos. Mas

quando o idoso chega a sua velhice nem sempre tem o seu poder de almejar

respeitado. Este vive uma vida inteira e um dia se encontra “velho”, para muitos sem

“utilidade”.

Precisamos estar em constante mudança e adaptação, necessitamos mudar a

maneira como nos vemos, resgatar a nós mesmo, se reintegrar para sermos bem-

sucedidos e bem-visto pela sociedade, principalmente o idoso que ao chegar nesse

novo contexto, nesse novo corpo, vê em seu corpo como o tempo passou. É preciso

então, resgatar uma nova forma de enxergar o que vê no espelho para que uma

qualidade de vida seja atingida.


13

Será abordado a seguir o que vem a ser o envelhecimento, quais processos

levam o indivíduo a se tornar um idoso e tentar conceituar esse momento.

1.1 – O processo social do envelhecimento:

Com o passar dos anos o vigor da juventude vai dando lugar a uma coleção de

perdas. A elasticidade da pele não é mais a mesma, os músculos não obedecem mais

tão rapidamente os comandos do cérebro, algumas pessoas queridas passam a ser

apenas saudosas lembranças, enfim tudo começa a ganhar uma nova dimensão, uma

nova “cor” e para muitos “cinzenta”. Com tantas mudanças alguns chegam a perder a

alegria de viver.

SILVA (2005), entende que a pessoa que é considerada idosa para uma

sociedade é aquela que a partir de um determinado momento da vida encerra as suas

atividades econômicas e, acrescenta também que "o indivíduo passa a ser visto como

idoso quando começa a depender de terceiros para o cumprimento de suas

necessidades básicas ou tarefas rotineiras".

Quem tanto produziu no passado agora passa em muitos casos a ser

dependente física e financeiramente. Uma parte da sua vida lhe é tirada: a capacidade

de agir por si só. Alguns nem estão tão debilitados assim, mas os filhos e a família

agem como o se o mesmo não tivesse mais autonomia e consciência para guiar sua

própria vida. Outros recebem alguma função: a de cuidar dos netos enquanto os filhos

trabalham.

Okuma ao discutir Neri, nos traz que esse processo é marcado por um

esteriótipo social negativo que é baseado na decadência biológica trazendo uma idéia
14

falsa de incompetência comportamental causada pelo envelhecimento. Alguns quando

chega à aposentadoria perdem poderes políticos, econômicos, respeito e valor.

Essa última perda, o valor, ou seja, a utilidade para alguns dá lugar a sensação

de inutilidade.

Estamos na era tecnológica onde a cada dia surgem novidades no mercado

tecnológico a todo instante. O novo deixa de ser novo muito rápido o consumo e o

descarte caminham lado a lado nos levando cada vez mais a consumir e descartar. E,

em nossa sociedade descartável o que não é mais útil é para ser descartado, jogado

fora, despejado.

Butler e Lewis (1984), também discutem essa questão nos dizendo que:

Na idade avançada, o homem vê-se ameaçado quanto às principais fontes de

significado, tais como trabalho, status social e empreendimentos. A cultura

ocidental, em contraste com a oriental, valoriza o jovem, a vitalidade e a

produtividade econômica, não atribuindo um papel significativo para o idoso.

O idoso precisa conviver com um mundo capitalista, consumista que não vê nele

utilidade e produtividade. E, mais em um mundo onde muitas vezes não se encontra

incluído, pois muitos não conseguem fazer operações em caixas eletrônicos, acessar

internet, entre outros.

MENDES (2005), fala desse novo lugar que o idoso ocupa nessa sociedade e

nas suas perdas sociais:

O modelo capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar um lugar

marginalizado na existência humana, na medida em que a individualidade já teria

os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Desse modo,
15

não tendo mais a possibilidade de produção de riqueza, a velhice perderia o seu

valor simbólico.

Dessa forma o papel social do idoso é de grande importância para o seu

envelhecimento, para a forma de vida que teve até agora e a que terá depois que se

aposentou. A aposentadoria trás nesse momento um distanciamento da vida produtiva

associada a uma sensação de descontinuidade.

1.2 – O processo biológico do envelhecimento:

Com tudo isso o idoso tem uma enorme dificuldade de se RE conhecer e de SE

perceber. O corpo sofre enormes modificações principalmente de dimensão e peso.

Alguns desgastes dão lugar a próteses. Segundo Okuma (2009):

Quando seus meios de comunicação falham, sente-se impotente para transmitir o

que levou uma vida para aprender. A incapacidade é culturalmente aceita,

quando não solicitada. (...) A relação entre passado e presente é outra: o futuro

torna-se curto. (p. 14).

O idoso em seu processo natural de envelhecimento perde na sua estatura

começando o processo inverso da infância, não mais cresce, mas agora passa a

diminuir. O nariz e as orelhas passam a crescer, a pele torna-se mais ressecada,

perdendo sua elasticidade e dando lugar as rugas. Os ossos tornam-se mais fracos e

as fraturas são muito mais complicadas nessa idade. A força dos músculos não é mais

a mesma, o coração bate mais devagar, os órgãos não tem mais tanta eficiência, o

sexo diminui...
16

No decorrer da vida somos expostos a fatores intrínsecos e extrínsecos que ao

longo da nossa vida influenciam no nosso processo de envelhecimento. São cargas

genéticas e antropológicas: características que carregamos que nos foram herdadas

dos nossos antepassados ou que fazem parte da história da nossa civilização; reações

químicas e metabólicas; capacidade imunológica para combater doenças. Por outro

lado sofremos com a radiação ao qual nos expomos; a altitude é outro fator

contribuinte; a temperatura e a maneira como nos prevenimos dela; a poluição que nos

contamina pelo ar; a alimentação que ingerimos – quantidade e qualidade de ingestão;

a tensão emocional ao qual somos submetidos ao longo do nosso curso de vida são

fatores determinantes que influenciam no nosso envelhecimento, na nossa qualidade

de vida e em mortes precoce.

1.3 – O processo psicológico do envelhecimento:

O idoso é como um material descartável sem grandes utilidades depois que é

usado pode ser descartado. Para uma mente “cansada” é muito mais difícil acompanhar

as “facilidades” do mundo moderno e, com tudo isso nos esquecemos de seus

sentimentos, esquecemos da enorme enciclopédia de vida que guarda dentro de si.

Esquecemos-nos do quanto esse idoso significou e cooperou para a sociedade que

temos hoje.

Como podemos ver as perdas do idoso são muitas e as limitações também eles

perdem socialmente e estão biologicamente limitados.

Para não enxergar as perdas e limitações que hoje fazem parte da sua vida,

alguns idosos se desculpam através das doenças: Não podem sair e caminhar por

conta da artrose, problemas no joelho e etc. Não fazem uma atividade física por causa
17

da labirintite e com isso deixam de gozar as coisas boas dessa nova etapa, deixam de

fazer novas amizades... É mais fácil encontrar-se doente do que velho. De fato alguns

realmente precisam implantar e usar próteses, óculos, aparelhos auditivos, meias

elásticas e tudo isso vai dando ma sensação de inautenticidade.

O desejo atrelado a impotência ou para as mulheres a “falta” de desejo do

parceiro traz consigo fortes angústias e contradições.

Baseado na sua condição financeira é mais difícil ter projetos e por conta do

biológico conseguir alcançá-los é muito mais complicado do que antes. Sendo assim, a

falta de alternativas vem trazendo a alienação.

A cognição também sofre alterações é mais difícil a aprendizagem nessa fase da

vida. A memória falha muitas vezes, trazendo alguns desconfortos e confusões e em

alguns casos transtornos de comunicação, produzindo falta de credibilidade no que diz

“incapacidade” até mesmo de ensinar.

Com tantos transtornos o psicológico entra em baixa e a visão de si modifica sua

relação consigo mesmo.

Okuma (2009), fazendo uma análise da velhice nos mostra a situação humana

vinculada à dimensão existencial, onde esta modifica a relação do indivíduo consigo

mesmo, com o outro, com o mundo e com o tempo.

Que utilidade a pessoa de 60 anos ou mais encontra em si para viver ou para se

projetar na vida? Que significado tem atribuído a si? Esse significado só pode ser

construído por cada um através do valor e da satisfação que possui com seu novo

momento de viver. Sendo assim é necessário se ter uma existência cheia de bons

significados com efeitos positivos que facilitem tal satisfação pessoal.


18

Wong (1989) nos mostra vários estudos revisados que enfatizam a importância

do significado existencial para se lidar com a perda e a dor. Em estudos feitos junto a

Reker e Peacock ele nos mostra que o senso de propósito de vida é positivamente

correlacionado com a percepção de bem-estar psicológico e físico.

Dessa forma vemos que quando o idoso está mais satisfeito consigo mesmo

tende a suportar melhor as adversidades da vida e principalmente as da própria idade.

1.4 – O processo bio-psico-social do envelhecimento:

Ser “velho” é habituar-se a alterações biológicas, mentais e sociais que são

difíceis de esconder. Todos terão que envelhecer como processo natural que nos

ocorre, quando nascemos a única certeza que temos é a de que um dia morreremos e

esperamos sempre que isso aconteça na velhice, isto é, quando não temos mais nada

para ganhar... Como diz VELASCO (2005) a velhice é um triste coleção de perdas.

A velhice é o topo da pirâmide quando se chega lá, chega-se então ao fim.

Talvez essa fosse a lógica, mas não devemos olhar a velhice como a espera da morte

que não tarda em nos transportar desse mundo. Ou muito menos olhar a velhice como

uma “triste coleção de perdas”, e sim como um momento da nossa vida diferente do

que já foi vivido. Um dia nascemos, nos tornamos crianças, adolescentes, adultos e

chega o momento de envelhecer.

Em todas as “idades” da vida temos as dificuldades que lhes são próprias e

passamos bem por todos esses momentos mesmo com todas as limitações e doenças

próprias de cada fase. Sofremos por não saber andar e por isso somos dependentes

dos pais, a ter doenças de criança como: poliomielite, sarampo, paralisia infantil entre

outras tantas doenças. Depois aprendemos mais um pouco, crescemos mais um pouco
19

enfrentamos mais dificuldades, temos outras enfermidades e passamos mais uma vez

por elas. Em todo esse trajeto alguns avançam bem, outros apresentam seqüelas no

corpo e/ou na mente, por conta de doenças, maus tratos, violências físicas e

psicológicas; e, ainda temos os que se vão.

Passamos a vida inteira convivendo com as dificuldades da idade e passando

por elas para enfrentar as próximas, assim o ciclo permanece. Na velhice a mesma

coisa: alguns sofrem com as limitações da idade, as enfermidades, as perdas e mais

uma vez temos o desafio de transpor. Cada idade nos traz um novo olhar para dentro

de si e a velhice é mais uma fase que teremos que passar e conviver na história da

vida.

1.5 – Conceituando o envelhecimento:

Vários estudiosos já tentaram conceituar a velhice. Qual o momento em que ela

se constitui? Aos 50, 60, 70... Qual o início dessa nova fase em nossas vidas? Alguns

declaram que nada tem a ver com a idade cronológica, mas mesmo assim

conceituamos primeira idade, segunda idade e terceira idade e há quem nos fale em

quarta idade, a chamada idade da velhice que se inicia aos 84 anos de idade.

Muitos classificam a velhice como um estado de espírito apesar do

envelhecimento não se dar da mesma forma para todos os organismos da espécie

humana. Dessa maneira a diferença entre idosos baseado em idade cronológica e

biológica passa a ser a individualidade.


20

Para o Estatuto do Idoso, regido pela Lei nº. 10.741, de 1º de outubro de 2003,

idoso é toda aquela pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos1.

Para a organização Mundial de saúde o envelhecimento cronológico acontece a

partir dos 60 anos. E, a mesma classifica o idoso em outras três fases: 60 a 69 – jovens

idosos; 70 a 79 – meio idosos e, de 80 anos em diante – idosos velhos. Essa última os

franceses classificam como quarta idade.

Dessa maneira temos o conceito de envelhecimento atrelado à idade

cronológica, mas não idêntico a ela. Sendo assim, o termo pode ser usado de diversas

formas e vinculado a diferentes fenômenos, mudanças e alterações nos trazendo certa

dificuldade de conceituar precisamente o que venha a ser a velhice.

1.6 – Uma nova visão do envelhecimento:

Apesar de todo o pensamento que se tem do idoso e que foi culturalmente

construído sobre o mesmo ao longo da nossa civilização não precisamos acreditar que

a velhice está condenada a esse estereotipo, a todo pensamento negativo que se tem

desse processo. E essa visão de velho já está mudando novas terminologias

determinam esse novo momento em busca de uma velhice normal ou bem-sucedida.

Segundo Néri (1995) essa teoria, a velhice bem sucedida é:

Uma condição individual e grupal de bem–estar físico e social, referenciada aos

ideais da sociedade e às condições e aos valores existentes no ambiente em que

o indivíduo envelhece e às circunstâncias de sua história pessoal e de seu grupo

etário... uma velhice bem-sucedida preserva o potencial para o desenvolvimento,

respeitando os limites da plasticidade de cada um. (p. 34)

1
LEI N.º 10.741, DE 1.º DE OUTUBRO DE 2003 – Título I, artigo 1°
21

O envelhecimento está atrelado naturalmente ao passar do tempo, porém a

cadência desse fenômeno pode ser determinada por cada um.


22

CAPÍTULO II

Melhorando o corpo
Quando falamos em qualidade de vida, não podemos deixar de lado a melhoria

do corpo. O que esse corpo pode fazer? Como esse se organiza para realizar suas

tarefas diárias? E após um derrame será que existe a possibilidade desse corpo se

regenerar? O que faz e pensa o corpo do idoso? Dessa maneira estudaremos a seguir

sobre os benefícios da atividade física e da plasticidade cerebral. Um corpo parado não

faz bem a ninguém, principalmente para o idoso. É preciso exercitar corpo e mente para

que o mesmo se modifique, se regenere a cada dia possibilitando uma qualidade de

vida diária e aumentando cada vez mais e melhor a expectativa de vida do idoso.

2.1 - O Idoso e a Atividade Física:

Cada vez mais vemos e ouvimos falar sobre a necessidade de se fazer

atividades físicas, principalmente o idoso. Porém, o tipo de atividade a ser realizada

deve observar cada organismo e o interesse de cada um.

Para Okuma, coordenadora do grupo de pesquisa em educação física para

idosos da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo, não existe um

procedimento fixo, predeterminado que atenda a toda a terceira idade da mesma

maneira. Cada idoso é diferente um do outro e por isso devem ser considerados os
23

pontos que são principais para cada um e, escolher qual deve ser a melhor atividade

física para cada um.

De início o idoso precisa se conhecer, isto é, saber qual a sua capacidade

funcional nas atividades do dia-a-dia, por exemplo, como subir as escadas de um

ônibus, carregar panelas de pressão, arrumar camas, abaixar-se para ver o forno, etc.

Considerando todos esses e outros fatores, temos a atividade física vindo como um

forte aliado na melhora de sua capacidade para desempenhar estas e outras tarefas.

A atividade física também funciona para o idoso como um importante recurso

para diminuir os efeitos degenerativos provocados pelo envelhecimento dando-lhe a

possibilidade de se ter uma qualidade de vida sendo esta, de maneira mais ativa e

dinâmica. Funciona ainda como um forte aliado no controle de doenças crônico-

degenerativas como a diabetes, hipertensão e osteoporose. Facilita as funções do

aparelho locomotor, melhorando o seu desempenho e, evitando como vimos

anteriormente, que o mesmo se torne um problema social para suas famílias devido a

falta de locomoção tornando-se assim, dependente e sem autonomia.

Vários autores tratam essa questão da qualidade de vida através da atividade

física, mas continuando com Okuma que nos diz:

(...) “o declínio linear natural das capacidades funcionais, que se inicia ao

redor dos 30 anos, pode ser substancialmente modificado pelo exercício físico,

pelo controle do peso e pela dieta. Evidências demonstram que mais da metade

do declínio da capacidade física dos idosos é devida ao tédio, à inatividade e à

expectativa de enfermidade. Pesquisas sugerem que 50% do declínio,

frequentemente atribuído ao envelhecimento biológico, na realidade é provocado

pela atrofia por desuso, resultante da inatividade física que caracteriza os países

industrializados” (p. 52).


24

Várias alterações nas estruturas e funções fisiológicas resultantes da idade

ocorrem por conta da falta de atividade física. A atividade física ajuda também a

diminuir a taxa de morbidade e de mortalidade entre esse grupo. Funciona como uma

proteção para várias doenças principalmente as cardiovasculares.

A atividade física é um importante agente na prevenção de doenças, é

importante essa atividade para a manutenção da capacidade funcional como

capacidade cardiovascular, massa muscular, força muscular e flexibilidade.

Para Astrand (1992), existe uma presente plasticidade e adaptabilidade nas

propriedades funcionais e/ou estruturais de células, tecidos e órgãos do corpo humano,

quando são submetidos a diversos estímulos isso é o que estudaremos no próximo

item.

2.2 – A plasticidade cerebral:

A plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do SNC –

sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria de funcionamento. É a

propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações

estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a

estímulos repetidos.

Este fato é melhor compreendido através do conhecimento do neurônio, da

natureza das suas conexões sinápticas e da organização das áreas cerebrais. A cada

nova experiência do indivíduo, portanto, redes de neurônios são rearranjadas, outras

tantas sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente

tornam-se possíveis.
25

Existem variáveis importantes no sentido de entender o potencial para a

recuperação funcional após lesão. São elas: idade do indivíduo, local e tempo da lesão

e a natureza da mesma2.

KHALSA (1997), médico e gerontólogo, nos traz o que se pensava até bem

pouco tempo: que o cérebro era estático e que não havia como repara-lo de algum

lesão. Hoje existem grandes avanços tecnológicos nessa área nos provando que é

possível sua regeneração. Exames de imagem como Tomografias e Ressonâncias nos

comprovam a regeneração do cérebro e a regeneração das áreas arruinadas.

A complexidade do cérebro faz com que o mesmo consiga restaurar suas

próprias funções ao armazenar todas as suas memórias nos neurônios, com isso, o

cérebro tem sempre presente a memória através de sua rede de neurônios interligados.

Dessa forma se um neurônio morre, a conexão de memória pode ser restabelecida no

cérebro por outro neurônio e com isso preservando sempre a memória.

A célula cerebral possui ramificações que alcançam outras células cerebrais no

intuito de se fazer ligações de memória: são os circuitos redundantes. Sendo assim, a

medida que envelhecemos as células cerebrais se ramificam cada vez mais.

Temos então a possibilidade de se obter um estado mental de regeneração

permanente, ao qual se refere o Dr. Khalsa: “Mente do século XXI”, - a mente que sabe

como se regenerar sempre!

É o surgimento de uma nova era para as Ciências, que permite ao homem não

apenas sonhar, mas achar dentro de si o caminho para a possibilidade de novas

ramificações e novas regenerações. Sendo assim, podemos ver que é possível intervir

2
Baseado no texto de Daniela Cunha Agonilha - http://www.profala.com/artneuro1.htm
26

de maneira positiva na vida dos idosos para que os mesmos tenham uma melhor

qualidade de vida. O importante é estimulá-los sempre.

É maravilhoso como diz Drauzio Varella:

Saber que nossos neurônios são capazes de migrar para áreas cerebrais "vazias"

e que continuam nascendo todos os dias sob a influência de fatores de

crescimento, medicamentos, atividade física e desafios intelectuais é alentador

para os que temem a perda do domínio das faculdades mentais no fim da vida,

porque, como disse Machado de Assis, "A velhice ridícula é, porventura, a mais
3
triste e derradeira surpresa da natureza humana ".

Com tantos avanços temos em nossas mãos a possibilidade de não termos uma

velhice “ridícula”, ao contrário do que se pensava antes hoje a possibilidade de uma

velhice cada vez mais proveitosa é a cada instante mais presente.

3
http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/559/plasticidade-cerebral
27

CAPÍTULO III

Conceituando psicomotricidade.

“Os sentimentos modificam o pensamento, a ação e o entorno;

a ação modifica o pensamento, os sentimentos e o entorno;

o entorno influi nos pensamentos, nos sentimentos e na ação;

os pensamentos influem, na ação e no entorno”.

José Antonio Marina

Nos caminhos da mente humana em que se entrelaçam emoções,

pensamentos, fantasias, ações a serem tomadas, crenças, imaginações, comandos a

serem dados ao corpo, etc. Tudo parece influenciar em tudo e administrar tudo isso em

um corpo/mente já esgotado pelos infortúnios da vida não é tarefa fácil para o idoso.

Como comandar esse corpo que pensa, sente, age e faz? Como trabalhar os

sentimentos de maneira que eles possam vir a nos modificar?

Como vimos no capítulo I o idoso “coleciona” inúmeras perdas, principalmente a

perda da própria identidade, dessa forma controlar os sentimentos, identificar-se,

reconhecer-se dentro de um novo corpo, modificar seu pensamento, suas emoções

seus sentimentos são fatores fundamentais para se obter um melhor contentamento e

uma satisfação com as condições da própria vida. No capítulo II, estudamos sobre os
28

avanços da ciência e sob a nova concepção que nos traz a regeneração do cérebro e a

atividade física como um forte aliado na melhoria do bem estar físico e motor. Sendo

assim, a Psicomotricidade se torna uma aliada para relacionar os processos cerebrais,

afetivos, emocionais com a motricidade.

3.1 – Surgimento do termo psicomotricidade

Segundo o site da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, o termo

psicomotricidade foi empregado pela primeira vez por volta do começo do século XIX,

em uma fala médico/neurológica que tratavam sobre a necessidade de se nomear as

zonas do córtex cerebral localizado muito além das regiões motoras.

Com o decorrer das pesquisas da neurofisiologia, várias disfunções severas

começam a aparecer sem que o cérebro tenha sofrido alguma lesão.

São descobertos distúrbios da atividade gestual, da atividade

práxica. Portanto, o "esquema anátomo-clínico" que determinava para

cada sintoma sua correspondente lesão focal já não podia explicar alguns

fenômenos patológicos. É, justamente, a partir da necessidade médica de

encontrar uma área que explique certos fenômenos clínicos que se

nomeia, pela primeira vez, a palavra PSICOMOTRICIDADE, no ano de

1870. (SBP – 2010).

Sendo assim, o início que vai dar origem ao campo psicomotor vem da linhagem

neurológica.

Dupré, um neuropsiquiatra no ano de 1909, é de essencial valor para o campo

psicomotor, trazendo a afirmativa da independência da debilidade motora (que é um

precedente do indício psicomotor) de um admissível correspondente neurológico.


29

Temos Henry Wallon em 1925, com sua visão médico-psicológica nos trazendo o

movimento humano como construtor do psiquismo, isto é, ele relaciona o movimento ao

afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos do indivíduo.

O neurologista Edouard Guilmain, desenvolve em 1935 um exame psicomotor

com finalidade diagnóstica, terapêutica e de prognóstico. O psiquiatra Julian

Ajuliaguerra traz em 1947, uma nova definição para o conceito de delibilidade motora,

ele a trata como uma síndrome com particularidades próprias, demarcando claramente

os transtornos psicomotores que oscilam entre o neurológico e o psiquiátrico.

Com tantas contribuições a psicomotricidade se distingue e passa a ter suas

características.

Vemos então, na década de 70, vários autores definindo a psicomotricidade

como uma motricidade de relação. Uma diferença surge entre a postura reeducativa e a

terapêutica, passando a se ocupar mais da relação entre o corpo, a afetividade e o

emocional4.

3.2 – Psicomotricidade e a sua definição

Dessa maneira vemos que a psicomotricidade é a ciência que tem como objeto

de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo

interno e externo.

Está arrolada ao processo de maturidade, onde o corpo é o início das obtenções

cognitivas, afetivas e orgânicas. É alicerçada por três noções básicas: o movimento, o

intelecto e o afeto. A psicomotricidade utiliza métodos e técnicas para que cada vez o

4
Texto extraído do site: http://www.psicomotricidade.com.br/historico.htm
30

homem aprenda a dominar e progredir com o seu corpo através do movimento

integrando o seu intelecto e a sua emoção.

A Psicomotricidade é dessa forma um termo utilizado para a compreensão do

movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito

cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização5.

3.3 – Psicomotricidade para a terceira idade

Diante do que foi apresentado até agora e do momento em que o idoso se

encontra temos o exercício físico como um forte aliado para melhorar a diminuir os

efeitos da idade e a psicomotricidade vem como uma ajuda para melhorar tal quadro.

A psicomotricidade trabalha além do motor, pois visa ainda ampliar o seu social,

tonificar o seu biológico e proporcionar uma melhor desenvoltura. Melhorar e apresentar

uma nova visão de si mesmo, organizar o seu emocional, o seu corpo e a sua mente.

Como o próprio nome já diz a psicomotricidade faz referência aos nossos

mecanismos mentais, intelectuais e emocionais somando ainda o movimento, o gesto e

a ação.

A psicomotricidade para o idoso deve se utilizar de métodos científicos,

pedagógicos e criativos que coloquem o idoso com o corpo em movimento, o cérebro

em produção e a sua alma em alegria através de propostas variadas e diversificadas

abrangendo desde a relaxação, formas estáticas e dinâmicas de equilíbrio, tonicidade,

coordenação, atenção, observação e memória ou mesmo uma proposta mais simples

de reflexão e meditação. Deve ainda proporcionar atividades de reintegração da

imagem corporal, simbolização do corpo, explorações viso-motoras sequencializadas

5
Ibidem ao 4 com acesso em 24/11/2010.
31

(espacial e ritmicamente), exploração de atividades de verbalização e situações de

elaboração prática.

Envelhecer também é viver e essa vivência deve movimentar o idoso para

transformar as áreas de sua vida de forma consciente e atuante. Esse último ponto é o

que veremos no capítulo seguinte.


32

CAPÍTULO IV

A Psicomotricidade Aplicada na Terceira Idade


“Tenhas sempre presente que a pele se enruga,

O cabelo embranquece,

Os dias convertem-se em anos,

Mas o que é importante não muda:

A tua força e convicção não tem idade.

O teu espírito é como qualquer teia de aranha,

Atrás de cada conquista vem um novo desafio.

Enquanto estiveres vivo, sente-te vivo.

Se sentes saudades do que fazias, volta-te a faze-lo.

Não vivas de fotografias amarelecidas...

Continua, quando todos esperam que desistas.

Não deixe que enferruje o ferro que existe em ti.

Faz com que em vez de pena, te tenham respeito.

Quando não consigas correr através dos anos, trota.

Quando não consigas trotar, caminha.

Quando não consigas caminhar, use uma bengala,

Mas nunca te detenhas!!!”

Cacilda Gonçalves Velasco


33

Entender a necessidade de ser atuante em seu processo de envelhecimento

deve ser qualidade embutida em cada um de nós. Envelhecer não significa ficar

sentado esperando a morte chegar, mas como já vimos transpor barreiras, transformar

nossas dificuldades...

Nem sempre conseguimos o que sonhamos, muitas vezes trabalhamos uma vida

inteira pensando na aposentadoria e no que vamos fazer dela: descansos, viagens,

visitas, etc. E de repente, nos vemos “afortunados” com a morte de amigos e entes

queridos, doenças entre outros tantos males que já citamos até aqui. Mas como vimos

no capítulo Melhorando o Copo, no item que nos fala sobre a plasticidade cerebral,

devemos trazer a capacidade de se regenerar também para os neurônios da vida.

Não importa quão dura a vida nos foi ou é, o que importa é agir sempre e buscar

a cada dia novos horizontes.

Nesse capítulo faremos uma análise das entrevistas feitas a uma pequena

amostra de um grupo que faz atividades psicomotoras em uma praça da grande Tijuca.

Estudamos até aqui as perdas dos idosos e qual deve ser sua atuação para que

se obtenha uma melhor qualidade de vida.

Como trata o tema desse trabalho, a psicomotricidade quando aplicada à terceira

idade produz uma melhoria na qualidade de vida dos idosos. Pois visa trabalhar corpo,

mente e emoção; justamente as maiores perdas dos idosos. Esses são idosos que

reiventaram a sua história e nos mostram que também estão preocupados, com suas

perdas, assim podemos ver na fala de uma das entrevistadas:


34

A terceira Idade traz limitações no corpo, já não é a mesma vitalidade e

rapidez dos movimentos, raciocínio, coordenação não é igual da época da

juventude.

A qualidade de vida na Terceira Idade pode ser definida como

manutenção da saúde nos aspectos físico, social, psíquico e espiritual.

No aspecto físico o mais importante é a saúde e o cuidado alimentar, isto

é, somos o que comemos...

A prática regular dessas atividades aeróbicas e exercícios com

orientação especializada contribui para a conservação da saúde.

O viver implica em manter-se num processo de aprendizagem eterno.

Ao estudarmos o grupo da Tijuca podemos ver a maneira como esse grupo se

organiza.

Existem dois professores que ministram exercícios físicos alternadamente em

busca de uma maior tonificação dos músculos.

Alongamentos, exercícios que trabalhem a resistência, o contato físico entre

outras atividades, são realizadas com esse grupo.

Antes de cada aula um enfermeiro verifica a pressão de cada integrante evitando

assim o risco cardíaco. Antes de iniciarem sua inserção no grupo todos tiveram que

apresentar uma série de exames exigidos.

Fora os exercícios físicos, festas, passeios e atividades culturais são

organizados com e pelo próprio grupo. Eles são agentes e produto do meio onde estão

inseridos.

Há comemorações dos aniversários trimestralmente que são organizadas no

mesmo local onde acontecem as atividades físicas.


35

As festas juninas representam um momento de grande descontração e

preparação. Eles se reúnem para decidirem os trajes, como se trata de um grupo de

predominância feminina, se organizam de forma democrática para definirem quais

serão os personagens masculinos e quem os fará. A apresentação é feita em uma

igreja próxima do local e conta com a participação também dos familiares em todo esse

processo de arrumação e preparação.

Por se tratar de um grupo que não recebe nenhuma verba, apenas contam com

seus próprios recursos, os passeios nem sempre integram a todos por ter, muitas

vezes, um custo mais elevado.

O trabalho ainda é um pouco precário no que diz respeito a psicomotricidade de

fato. Começou com a realização de atividades físicas apenas e o próprio grupo foi

buscando outras atividades. Mesmo assim já produziu nos idosos uma mudança em

suas vidas eles são como uma grande família. Se um falta os outros procuram saber

como está, realizam visitas de apoio e etc. Vemos isso em uma outra fala: “Estou me

sentindo bem na saúde e alegre em estar junto a uma geração da qual eu pertenço;

brinco, amo a todos e me sinto amado”.

Realmente o apoio ente eles faz bastante diferença em suas vidas, uma outra

entrevistada sinaliza também essa falta. ”Me senti muito bem no grupo. Fiz amizades, a

ponto de quando faltar ser notada a minha ausência. Portanto me faz bem socialmente,

psicologicamente e biologicamente.“

A entrevista não aconteceu com todos os participantes estipulamos um pequeno

grupo amostral. Foram realizadas então, 10 entrevistas.

Ao realizar uma análise temos como entrevistados 9 mulheres e apenas 1

homem, quase não há homens no projeto.


36

Quando perguntado com quem residem temos: 1 morando com filho e irmã; 1

sozinho; 1 com acompanhante; 3 com os filhos apenas; 2 com filhos, netos e

marido/esposa; 1 com filho e neto e, 1 com filho, neto e nora.

Com relação a como se encontram depois que passaram a fazer parte do grupo

eles contam: 1 diz saber as melhoras, mas desistiu devido a problemas de saúde. Um

outro não apontou melhoras e os 8 participantes restante assinalaram mudança em

suas vidas. Alguns sinalizam benefícios não apenas físico como também social e

psíquico. Dizem ser mais felizes depois que passaram a fazer parte do grupo, outros

tiveram suas vidas preenchidas, melhoraram a auto-estima, entre outros benefícios.


37

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos no início dessa monografia, a população idosa está crescendo e

com isso está crescendo também a preocupação com essa idade, uma preocupação

com o aumento da sua expectativa de vida.

Hoje se percebe muito mais quais são as necessidades do idoso, se percebe

mais o seu processo de envelhecimento que não se dá apenas no campo biológico,

mas ainda no campo psicológico e também social.

Muitas são as perdas dos idosos e é necessária uma readaptação e um

reconhecimento dessa nova identidade no idoso, nessa nova fase de sua vida.

Notou-se que a atividade física é muito importante para que se tenha melhor

qualidade, mais agilidade e um melhor desempenho até mesmo das tarefas rotineiras

que se tornam mais pesadas e de difícil realização na velhice.

A Psicomotricidade surge na vida do idoso para unir e exercitar os diferentes

campos de sua vida: social, emocional, físico e motor. O corpo adoece por conta da

emoção, da sua visão de si, dos seus desgastes biológicos e a Psicomotricidade é uma

área de atuação que trabalha com todo o corpo concomitantemente.

Com vistas a tudo isso, vemos que um novo olhar está sendo posto em torno

dessa idade. Há uma preocupação maior com esse grupo em vários campos do saber

e, por conta disso, sua expectativa de vida está aumentando cada vez mais.
38

O idoso de hoje se encontra com grandes perspectivas de melhoria na sua

qualidade de vida, porém a qualidade de vida deve estará atrelada a um equilíbrio e um

bem-estar entre o homem, a sociedade na qual está inserido e as culturas ao seu redor.

Muitos estudos estão sendo feito em prol dessa qualidade e há uma preocupação muito

grande sobre como o idoso deve e pode viver na sua madura idade.

Em dias atuais podemos dizer que estamos conhecendo mais o idoso e isso faz

com que conheçamos também um pouco mais sobre o nosso futuro.

Envelhecer com qualidade deve ser uma preocupação de todos nós, não

devemos deixar para a velhice, mas devemos nos preparar antes para chegar com

qualidade a velhice.

Sendo assim, quando o corpo não obedecer mais aos comandos do cérebro com

tanta rapidez e agilidade, a mente não lembrar mais com tanta facilidade começando a

falhar e o social se modificar é necessário estabelecer um novo olhar para dentro de si.

Antes de qualquer benefício externo é necessário SE reconhecer e perceber que

apesar das limitações que a vida nos traz é preciso sempre RE começar.

Porém, essa não é uma tarefa fácil e o que já está sendo feito ainda não é o

suficiente. Existe ainda uma grande necessidade de divulgação e mais grupos que

efetuem e trabalhem com essa idade para que cada vez mais se obtenha melhorias no

trabalho, para que cada vez mais a ampliação da idéia de se almejar uma vida longa

baseada em uma boa qualidade para se viver do indivíduo como um todo possa estar

mais presente na vida de mais brasileiros.

É necessário que mais profissionais estejam interessados em trabalhar com

esses idosos de forma global, melhorando sua capacidade motora, seu intelecto, sua

socialização, enfim, melhorando por inteiro tal pessoa.


39

A psicomotricidade é uma boa ferramenta a nosso dispor e como diz VELASCO

(2005): “A Psicomotricidade é a Ciência do Homem, que considera os aspectos

Biológicos, Antropológicos, Sociológicos e Culturais,...”, com base nisso vemos que a

Psicomotricidade é a Ciência do Ser Humano, pois observa o homem como um todo, no

nosso caso o idoso.

À medida que mais psicomotricistas se interessarem por essa faixa etária

atuando primeiramente de forma preventiva em seu trabalho e depois visando sua

reinserção no contexto bio-psico-social, fazendo desses idosos seres atuantes,

autônomos e independentes que modifiquem sua própria dinâmica e mudem sua

história, uma qualidade de vida acontecerá e atingirá cada vez mais a um maior número

de idosos.

Deseja-se que cada vez mais que equipes de profissionais capacitados atuem

em prol do bem estar do idoso possibilitando ao mesmo se tornar um agente dinâmico,

construtor da sua identidade, socializado, “reinventor” da sua história a medida que

sonha, desperta, realiza e se torna auto-confiante.


40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASTRAND, P. (1992). “Why exercise?”. Medicine Science Sports Exercise, 24

(2), pp. 153-162.

BUTLER, R.N. e LEWIS, M.I. (1982). Aging and mental health. S. Louis: The C.

V. Mosby.

KHALSA, Dharma Sing. Longevidade do cérebro, RJ, Objetiva. 1997, p. 24

MARINA, J.A. (1996). El laberinto sentimental.Barcelona: Anagrama.

MENDES MRSSB, GUSMÃO JL, FARO ACM, LEITE RCBO (2005). A situação

social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta Paul Enferm; 18 (4): 422-6.

NERI, A.L. (1995). “Psicologia do envelhecimento: Uma área emergente”. In:

NERI, A.L. (org.). Psicologia do envelhecimento. Campinas: Papirus.

NETTO, Papaléo Matheus (2005). Gerontologia. A Velhice e o Envelhecimento

em Visão Globalizada. São Paulo: Atheneu.

OKUMA, S.S. (2009). O idoso e a atividade física: Fundamentos e pesquisa.

Campinas, SP: Papirus – (Coleção Vivaidade).

ORTEGA Y GASSET, (1963). apud SALVADOR, 1977, p. 160.

VELASCO, Gonçalves Cacilda (2005). Aprendendo a Envelhecer... à Luz da

Psicomotricidade. São Paulo: All Print Editora.

WONG, P.T. (1989). Personal meaning and successful aging. Canadian

Psychology, 30 (3), p. 516-525.


41

SITES CONSULTADOS:
http://www.psicomotricidade.com.br/historico.htm. Acesso em: 06 de outubro de

2010 e 24 de novembro de 2010.

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/estatuto_idoso.pdf. Acesso em: 06 de

outubro de 2010.

http://www.pensador.info/autor/Gabriel_Garcia_Marques/. Acesso em: 18 de

outubro de 2010.

SILVA, Roberta Pappen da. Estatuto do Idoso: em direção a uma sociedade

para todas as idades?. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 898, 18 dez. 2005.

Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/7723>. Acesso em: 9 nov. 2010.

http://www.profala.com/artneuro1.htm. Acesso em 23 de janeiro de 2011.

http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/559/plasticidade-cerebral.

Acesso em 24 de janeiro de 2011.


42

Anexo

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DE CAMPO

1. Data do preenchimento do questionário: _____/______/ 2010.

2. Sexo: □ Masculino
□ Feminino
3. Estado civil: ________________
4. Idade: _________ Anos
5. Nível de escolaridade: ______________________
6. Tem filhos/as? (S/N) _______ Quantos? ________
7. Com quem reside atualmente? ____________________________________________
8. Exerce alguma atividade remunerada? Qual? ________________________________
______________________________________________________________________
9. Além da participação no grupo diário de atividades físicas, exerce alguma outra atividade?
(Ex: coral de igreja, grupos de apoio, trabalhos artesanais, trabalhos voluntários, hidroginásticas,
cursos, cuidado de netos, filhos, etc.).
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
10. Há quanto tempo está no projeto? ____________
11. Enumere os fatores que contribuíram para sua decisão de iniciar no projeto “Qualivida”
(atribua grau de importância aos fatos. Ex: 1º - aconselhamento médico, 2º convite de amigos,
etc.).
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
43

12. Também atribuindo grau de importância, enumere os benefícios identificados pela prática da
atividade física diária: ____________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

13. Cite os malefícios identificados em decorrência de suas atividades físicas motoras:


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

14. Elaborando um pequeno texto, disserte sobre as mudanças biológicas, sociais e psicológicas
decorrentes desde a sua iniciação no grupo.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
44

Índice
INTRODUÇÃO......................................................................................................08

CAPÍTULO I – Envelhecimento: Processos e Conceitos................................12


1.1 – O processo social do envelhecimento.....................................................13
1.2 – O processo biológico do envelhecimento...............................................15
1.3 – O processo psicológico do envelhecimento...........................................16
1.4 – O processo bio-psico-social do envelhecimento....................................18
1.5 – Conceituando o envelhecimento..............................................................19
1.6 – Uma nova visão sobre envelhecimento...................................................20

CAPÍTULO II – Melhorando o Corpo..................................................................22


2.1 - O Idoso e a Atividade Física.......................................................................22
2.2 – A plasticidadade cerebral..........................................................................24

CAPÍTULO III - Conceituando psicomotricidade...............................................27


3.1 – O surgimento do termo Psicomotricidade................................................28
3.2 – Psicomotricidade e a sua definição...........................................................29
3.3 – Psicomotricidade para a terceira idade.....................................................30

CAPÍTULO IV – A Psicomotricidade Aplicada na Terceira Idade.....................32

CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................40

ANEXOS.................................................................................................................42

ÍNDICE....................................................................................................................44

FOLHA DE AVALIAÇÃO........................................................................................45

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