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Formação Modular

C O M U N ID A D E E U R O P E IA IN S T IT U TO D O E M P R E G O
F un d o S o cia l E u ro pe u E F O R M A Ç Ã O P R O F IS S IO N A L
IEFP · ISQ

Colecção MODULFORM - Formação Modular

Título Electrotecnia Industrial

Suporte Didáctico Guia do Formando

Coordenação Técnico-Pedagógica IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional


Departamento de Formação Profissional
Direcção de Serviços de Recursos Formativos

Apoio Técnico-Pedagógico ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Coordenação do Projecto ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Autores Carlos Moreira

Capa SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA

Maquetagem e Fotocomposição ISQ / Alexandre Pinto de Almeida

Revisão OMNIBUS, LDA

Produção SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA

Propriedade Instituto do Emprego e Formação Profissional


Av. José Malhoa, 11 1099 - 018 Lisboa

1.ª Edição Portugal, Lisboa, Julho de 2000

Tiragem 200 Exemplares

Depósito Legal 154680/00

ISBN 972 - 732 - 600 - 5

Copyright, 2000
Todos os direitos reservados
IEFP

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo sem o
consentimento prévio, por escrito, do IEFP.

Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo Estado Português, e pela
União Europeia, através do FSE.
M.T.01

Electrotecnia Industrial
Guia do Formando
IEFP · ISQ

Actividades / Avaliação

Bibliografia

Caso de estudo
ou exemplo

Destaque

Índice

Objectivos

Recurso a diapositivos
ou transparências

Recurso a software

Recurso a videograma

Resumo
M.T.01

Electrotecnia Industrial
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IEFP · ISQ Índice Geral

ÍNDICE GERAL

I - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ELECTRICIDADE

• Lei de Ohm I.2


• Circuitos série e paralelo I.11
• Grandezas alternadas I.15
• Diagramas vectoriais I.18
• Factor de potência I.21
• Fecho de um circuito monofásico I.22
• Fecho de um circuito trifásico I.24
• Resumo I.25
• Actividades / Avaliação I.26

II - TRANSFORMADORES

• Introdução II.2
• Transformadores de potência e de distribuição II.2
• Transformadores trifásicos II.9
• Protecção de transformadores II.14
• Manutenção de transformadores II.15
• Transformadores de medida II.16
• Resumo II.18
• Actividades / Avaliação II.21

III - GERADORES ELÉCTRICOS

• Direcção F.E.M. induzida III.2


• Força electromotriz gerada pela rotação de uma espira III.2
M.T.01

Electrotecnia Industrial IG . 1
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IEFP · ISQ Índice Geral

• Geradores industriais III.4


• Alternadores III.5
• Queda de tensão III.12
• Rendimento III.13
• Manutenção de geradores III.14
• Resumo III.15
• Actividades / Avaliação III.16

IV - MÁQUINAS DE CORRENTES CONTÍNUA

• Componentes básicos IV.2


• Enrolamento do induzido IV.2
• Enrolamento do indutor IV.3
• Aplicações dos motores de corrente contínua IV.4
• Resumo IV.5
• Actividades / Avaliação IV.6

V - MOTORES DE CORRENTE ALTERNA

• Introdução V.3
• Campo giratório V.3
• Motores monofásicos V.4
• Motores trifásicos de indução V.4
• Momento de rotação dos motores de rotor em curto-circuito V.6
• Ligação dos motores de indução V.7
• Sentido de rotação dos motores trifásicos V.8
• Motores síncronos V.9
• Protecção de motores eléctricos V.10
• Instalação e manutenção de motores V.11
• Resumo V.14
• Actividades / Avaliação V.15
M.T.01

Electrotecnia Industrial IG . 2
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IEFP · ISQ Índice Geral

VI - ILUMINAÇÃO

• Sistemas de iluminação Vl.2


• Fundamentos de um projecto de iluminação Vl.3
• Necessidade de manutenção de sistemas de iluminação Vl.8
• Programa de manutenção de um sistema de iluminação Vl.9
• Resumo Vl.15
• Actividades / Avaliação Vl.16

VII - CABOS ELÉCTRICOS

• Introdução Vll.3
• Elementos constituintes Vll.3
• Características eléctricas Vll.7
• Características mecânicas Vll.11
• Outras características Vll.11
• Marcação Vll.12
• Dimensionamento de cabos eléctricos Vll.12
• Manutenção Vll.14
• Resumo Vll.16
• Actividades / Avaliação Vll.17

VIII - INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS

• Projecto Vlll.2
• Circuitos eléctricos Vlll.3
• Redes de terra Vlll.40
• Inspecções das instalações eléctricas Vlll.47
• Regulamentação e normalização Vlll.56
• Resumo Vlll.57
• Actividades / Avaliação Vlll.58

BIBLIOGRAFIA B.1
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Electrotecnia Industrial IG . 3
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IEFP · ISQ Conceitos Fundamentais de Electricidade

Conceitos Fundamentais de
Electricidade
M.T.01 Ut.01

Electrotecnia Industrial
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IEFP · ISQ Conceitos Fundamentais de Electricidade

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar a Lei de Ohm;

• Aplicar a Lei de Ohm a circuitos de corrente alternada e corrente contínua;

• Definir grandezas alternadas, nomeadamente amplitude, período, frequência;

• Ler e interpretar diagramas vectoriais;

• Conhecer os vários tipos de potência;

• Diferenciar curvas de tensão e curvas de corrente num circuito eléctrico.

TEMAS

• Lei de Ohm

• Circuitos série e paralelo

• Grandezas alternadas

• Diagramas vectoriais

• Factor de Potência

• Fecho de um circuito monofásico

• Fecho de um circuito trifásico

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Electrotecnia Industrial I.1


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LEI DE OHM

Lei de Ohm

A Lei de Ohm diz que "a diferença de potencial ou tensão (U) entre dois
pontos A e B (fig. l.1) de um circuito eléctrico é proporcional à intensidade da Lei de Ohm
corrente (I) que passa nesse circuito. À constante de proporcionalidade dá-se
o nome de resistência (R).

(l.1)
U=R. I (V = A . Ω )

A tensão ou diferença de potencial (U) corresponde à diferença de níveis de Tensão ou diferença de


electrização entre dois pontos de um circuito eléctrico e mede-se em Volts potencial
(V).

Gerador

R
U

Interruptor

Fig. l.1 - Lei de Ohm em corrente contínua

A intensidade (I) exprime o fluxo de corrente eléctrica no circuito e mede-se


em Ampere (A).

A resistência (R) traduz a dificuldade à passagem da corrente eléctrica e mede- Resistência


-se em Ohm ( Ω ).
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.2


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As seguintes expressões da Lei de Ohm são também dedutíveis:

U U
I= ou R = (l.2)
R I

Resistência e indutância

A Resistência é equivalente ao atrito mecânico que se opõe a qualquer


movimento físico.

Fig. l.2 - Analogia com uma pedra de amolar

Imaginemos uma pedra de amolar velha, como ilustra a fig. l.2, com rolamentos
envelhecidos e enferrujados, provocando um grande atrito.

Se tentarmos rodar a manivela, mesmo devagar, teremos que vencer esse


atrito, que, provocando calor, se traduz em perda de energia.

Outro tipo de oposição à tentativa de rodar a pedra é a sua inércia. Se


pretendermos acelerar o movimento de rotação da pedra, teremos não só de
aplicar-lhe uma força que vença o atrito, mas também uma força de aceleração,
de modo a que a pedra ganhe velocidade.

Quanto maior for o peso da pedra e a aceleração desejada, maior terá que
ser a força a aplicar.

Também num circuito eléctrico com uma resistência é necessário existir


uma tensão (pressão) que faça circular a corrente.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.3


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Note: Quanto maior for a corrente (intensidade) pretendida, maior será a tensão
que necessitamos de aplicar.

A inércia num circuito eléctrico é chamada Indutância (é o equivalente eléctrico Indutância


à energia cinética) e é devida ao facto de qualquer circuito eléctrico causar
magnetização. O seu efeito é ampliado pela presença de ferro, que se
magnetiza facilmente.

Alguns circuitos, especialmente aqueles sem bobinas e/ou sem ferro, têm Circuitos resistivos
resistência e uma pequena indutância desprezável, sendo chamados
circuitos resistivos.

Outros circuitos que têm bobinas e particularmente aqueles com ferro, como
alternadores, motores e transformadores, têm tanto resistência como
indutância, sendo denominados circuitos "parcialmente Indutivos".

R
R
X

U U

R X

U
U

Fig. l.3 - Circuito de corrente contínua

Nos casos em que a resistência, quando comparada com a indutância, é


tão pequena que pode ser desprezada, o circuito é chamado "indutivo puro".

Na fig. l.3, uma tensão contínua é aplicada pelo fecho de um interruptor:

• A um circuito resistivo (Fig. I.3-a);

• A um circuito parcialmente indutivo, ou seja, com uma resistência e


uma indutância (Fig. I.3-b);
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.4


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No caso do circuito resistivo, a corrente aumenta imediatamente para um


valor determinado pela Lei de Ohm e permanece nesse valor.

U
I= (l.3)
R

No circuito parcialmente indutivo, a corrente aumenta devagar, pois a tensão


aplicada tem que vencer primeiro a inércia do sistema. Quando a inércia for
ultrapassada, o valor de corrente atingirá um valor constante, determinado
pela Lei de Ohm.

Considere a mesma figura, mas agora com uma tensão alternada aplicada
da mesma forma pelo fecho de um interruptor a:

• Um circuito resistivo (Fig. I.3-c).

• Um circuito indutivo puro (Fig. I.3-d).

No caso do circuito resistivo, a tensão só tem a resistência para vencer e


a corrente segue exactamente a tensão, sendo o seu valor em qualquer
instante determinado pela Lei de Ohm. Como os picos da onda de corrente
coincidem com os picos da onda de tensão, diz-se que a corrente está em
fase com a tensão.

No caso do circuito puramente indutivo, se o interruptor se fechar no instante


em que a tensão está num pico (maior valor) positivo, esta provoca o aumento
da corrente até à posição A onde a tensão é nula. Neste ponto, a tensão torna-
se progressivamente mais negativa, opondo-se ao fluxo da corrente e
provocando a diminuição desta.

No ponto B, a tensão atinge o seu máximo negativo, a corrente passa por zero
e torna-se negativa.

Entre os pontos B e C, a tensão ainda é negativa, logo a corrente continua a


ser negativa.

No ponto C, a onda da tensão volta a ser nula e a corrente atinge o pico


negativo Q.

A partir do ponto C, a tensão volta a ser positiva, opondo-se ao fluxo negativo


da corrente, tornando-se a corrente "menos" negativa até atingir o zero no
momento D, repetindo-se o ciclo a partir daqui.

Na fig.(l.3.d) e (l.4.b) podemos ver ainda que a onda da corrente está atrasada
¼ de ciclo (90º) relativamente à onda da tensão.

Como na prática, num circuito indutivo, há sempre alguma resistência, a onda


da corrente estará atrasada menos de 90º (fig. l.4.b).
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.5


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Fig. l.4 - Correntes resistivas (a) e indutivas (b) e (c)

Reactância e impedância

A reactância (símbolo X) é uma medida da inércia, ou seja, uma força de Reactância


oposição às variações da corrente eléctrica. Esta surge quando se submete
um circuito indutivo a uma tensão alternada.

O valor da reactância do circuito depende da sua indutância L e da frequência


f da tensão aplicada, ou seja,

XL = 2πf.L [ Ohms ] (l.4)

onde XL é a reactância e mede-se em Ohm (Ω), π é uma constante = (3,14), f


é a frequência, isto é, o número de vezes que o mesmo fenómeno se repete e
mede-se em Hertz (Hz), L é a indutância e expressa-se em Henrys (H).

Como uma corrente reactiva está desfasada 90º de uma corrente resistiva,
a reactância (X) e a resistência (R) podem ser representadas por um triângulo
rectângulo, onde X e R são catetos e Z a hipotenusa.

Através teorema de Pitágoras, verifica-se que:

Z2 = R2 + X2 (l.5)
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.6


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sendo R a resistência, X a reactância e Z a Impedância do circuito. Impedância

ZZ
X

90º

R
R

Fig. l.5 - Teorema de Pitágoras

A impedância mede-se em Ohm (Ω) e representa a dificuldade à passagem


da corrente eléctrica.

A Lei de Ohm adaptada a circuitos de corrente alternada é representada por:

U=Z.I (l.6)

Existe ainda outra forma de reactância, (medida em Ohm), devido à Capacitância


capacitância de um circuito que, de forma análoga a uma mola, num sistema
mecânico, armazena energia.

Este tipo de reactância produz na corrente um avanço no tempo em relação


à tensão, ao contrário do que, acontece com uma indutância.

Nota: Em instalações industriais só se encontram valores apreciáveis de


capacitância em cabos de energia longos, podendo, em termos gerais, o seu
valor ser desprezado. Deixa-se, pois, ao interesse do estudante, o estudo do
caso de um circuito capacitivo que é feito de modo análogo ao exposto
anteriormente.

Potência

Conforme já se afirmou, a tensão (U) é uma pressão e a corrente (I) um Potência


fluxo. Em circuitos eléctricos, a potência (P) é o produto destas grandezas,
ou seja:

Em corrente contínua, a potência exprime-se em Watts pelo produto (U.I)


pois U e I são quantidades fixas.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.7


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P =U.I (l.7)

onde U vem em Volt (V) , I em Ampere (A) e P em Watt (W).

Em corrente alternada, a potência é, num dado instante, o produto da tensão


e da corrente nesse instante. No entanto, como aquelas grandezas são
variáveis no tempo, a potência tem também um valor variável.

U.I

Valor Médio

Fig. l.6 - Carga resistiva: Potência

Na fig. l.6, vemos uma tensão alternada a alimentar uma carga puramente
resistiva.

A onda superior representa a tensão alternada (U), a segunda representa a


corrente (I), (que como vemos está em fase com a tensão) e a terceira
representa a potência (U.I) que em qualquer instante é o produto da tensão e
corrente nesse instante.

Nos instantese t0, t4, t8 , ambas as ondas são zero e, portanto, o seu produto é
também nulo.

Em qualquer outro instante, como a tensão e a corrente são ambas negativas


ou ambas positivas, o produto é sempre positivo com máximos em t2 e t6 .
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.8


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0 t

0 t

U. I

0 Zero Watts

Fig. l.7 - Carga indutiva: Potência

Ainda se pode observar que a potência tem uma frequência dupla da


frequência da tensão e é sempre positiva, sendo o seu valor médio a meia
altura entre os picos e os zeros de potência.

Na fig l.7 , a onda superior representa a tensão (U), a segunda representa a


corrente (I), desfasada em atraso de 90º e a terceira a potência (U.I) em cada
instante.

Analisando a fig. l.7, verificamos que:

No 1º- quarto de ciclo Tensão positiva, corrente negativa, logo potência


negativa.

No 2º- quarto de ciclo: Tensão positiva, corrente positiva, logo potência


positiva.

No 3º- quarto de ciclo: Tensão negativa, corrente positiva, logo potência


negativa.

No 4º- quarto de ciclo: Tensão negativa, corrente negativa, logo potência


positiva.

Como em A, C, E, G e J, ou a tensão ou a corrente são nulas, a potência


também é nula.

A onda da potência (U.I) tem uma frequência dupla e simétrica relativamente


à linha do zero da onda da tensão, sendo a potência média igual a zero.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I.9


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No caso mais geral, em que o circuito tem uma carga parcialmente resistiva e
indutiva, aplicando-se o mesmo processo de multiplicação da tensão e da
corrente em qualquer instante, a forma de onda de potência terá igualmente
dupla frequência, mas não será simétrica em relação à linha de zero, pelo que
o seu valor médio será positivo, ficando entre o zero e o valor mediano dos
picos
(fig. l.6). A componente activa da potência terá um valor entre o valor máximo
do caso da carga resistiva e o zero da carga puramente indutiva.

Factor de potência

Das figuras anteriores, conclui-se que só é transmitida potência se uma


resistência estiver presente.

No caso de uma carga indutiva, os valores medidos no voltímetro (V) e no


amperímetro (A) não representam uma potência verdadeira, mas sim uma
potência aparente (S).

S
Q
ϕ
P

Fig. l.8 - Triângulo das potências

Potência real
Em corrente alternada há a considerar três potências distintas: a potência Potência reactiva
real, activa ou simplesmente potência (P), a potência reactiva (Q) e a Potência aparente
potência aparente (S), cujas relações se podem tirar pelo triângulo da fig. l.8.

S = U.I

P = S.Cosϕ = U.I.Cosϕ (l.8)

Q = S.Senϕ = U.I.Senϕ

A potência aparente (S) medida em VA (Volt- Ampere), a potência real (P)


medida em W (watt) e a potência reactiva (Q) medida em VAr (Volt-ampere
reactivo).

Ao co-seno do ângulo de desfasamento (cosϕ), entre a tensão e a corrente,


chama-se factor de potência .

Factor de Potência
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I . 10


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CIRCUITOS SÉRIE E PARALELO

Circuitos série e paralelo

No lado esquerdo da fig. l.9, estão ligadas 2 resistências (R1 e R2 ) em série.


Se uma tensão (U) for aplicada entre o par de resistências, a corrente (I) é
comum e pela Lei de Ohm:

U = R1 . I + R2 . I = (R1 + R2 ). I (l.9)
U

U
U
R.I
R.I

Fig. l.9 - Resistência equivalente

Se R for a resistência equivalente, ou seja, uma resistência que absorva a Resistência equivalente
corrente I, então:

U = R.I (l.10)

e ainda

R . I = (R1 + R2 ). I (l.11)
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I . 11


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R = R1 + R 2 (I.12)

Ou seja, a resistência equivalente, num circuito série, é a soma das


resistências individuais, sendo esta expressão válida, quer em corrente
contínua, quer em corrente alternada, se aquelas forem resistências puras.

Circuito com resistências em paralelo

No lado direito da fig. l.9, estão ligadas 2 resistências em paralelo. Se for


aplicada uma tensão aos seus terminais, a corrente dividir-se-á, mas a tensão
em ambas será a mesma.

Pela Lei de Ohm, as correntes nos dois ramos serão:

U U
I1 = e I2 = (l.13)
R1 R2

sendo a corrente total

U U 1 1
I = I1 + I2 = + = U.( + )
R1 R 2 R1 R 2 (l.14)

Se for R a resistência equivalente, então

U = R .I (l.15)

U 1 1
=U.( + ) (l.16)
R R1 R 2
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ou seja,

1 1 1 (l.17)
= +
R R1 R 2

O inverso da resistência equivalente ( 1


) num circuito paralelo é a soma
R

1
+
1 Resistência equivalente
dos inversos das resistências individuais, ( R R
) tanto para circuitos de
1 2

corrente contínua como alternada, se aquelas forem resistências puras.

Impedâncias em série

O mesmo raciocínio pode ser aplicado em impedâncias, num circuito de


corrente alternada, em série. Deve, no entanto, recordar-se que num circuito
com uma resistência, a corrente que nele passa está em fase com a tensão,
fig. l.6, e num circuito com uma reactância, a corrente terá um desfasamento
de 90º em atraso, fig. l.7.

Como quantidades que fazem ângulos rectos não podem ser adicionadas
algebricamente, mas, sim, vectorialmente, temoS:

A +B = C (l.18)

Considere-se a fig. l.10, onde à esquerda se representa uma resistência R


em série com uma reactância X.
U

Fig. I.10 - Impedâncias equivalentes


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Se I for a corrente através de X e de R, as quedas de tensão são ( R.I )e (


X.I), sendo o valor da tensão U representado pela soma vectorial de IR e IX

U = R.I + X.I ou U = (R + X ).I (l.19)

Se Z for a impedância equivalente a R e X, então:

š
r š
U = Zš
.I (l.20)

r r r
š
Z =š
R +š
X (l.21)

ou, numericamente,

Z2 = R2+X2 (I.22)

Impedâncias em paralelo

Na direita da fig. l.10, R e X estão em paralelo. Seguindo-se um raciocínio Impedância


idêntico, e considerando Z como a impedância equivalente, obter-se-á: equivalente

1 1 1 (l.23)
= +
Z R X

ou numericamente

1 1 1 (l.24)
= ( 2 + 2)
Z R X

Nota: Um raciocínio idêntico poder-se-ia fazer, caso os circuitos também


englobassem capacitâncias. Deixa-se esse exercício ao cuidado dos
estudantes.
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GRANDEZAS ALTERNADAS

Uma corrente ou tensão alternada é periódica, ou seja, repete-se a si própria


exactamente após um período ou ciclo. Período

U I Período
Amplitude

t
Amplitude

(a)
U I

(b)

Fig. I.11- Movimento harmónico simples

Na sua forma ideal, uma grandeza alternada pode ser representada por uma
forma de onda sinusoidal pura. (Ver figura l.11).

Na prática, as ondas raramente são puras pois têm alguma distorção,(ver


fig.I.11b) mas, nas unidades formativas que se seguem, consideraremos que
as tensões e correntes têm a forma sinusoidal pura.

Chamamos amplitude (A) à distância vertical entre a linha central e o pico da


onda . Se uma grandeza alternada, se repete f vezes por segundo, a esse
valor de f chama-se frequência da grandeza e mede-se em Hertz (Hz).

A grandeza alternada gerada por uma máquina rotativa pode ser explicada
pela fig. l.12, onde se representa uma barra (OP) de comprimento A, rodando
no ponto 0 a uma velocidade angular (ω) constante.
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ϕ
(rad/ s)
t
P
N Amplitude= OP=A
A
ϕ (rad)

O t=0

Período

Fig. I.12 - Grandezas alternadas

Se o deslocamento angular ϕ (radianos) da barra, desde o momento inicial, Velocidade angular


t = 0 demora um tempo t (segundos), então, a sua velocidade angular ω é
dada por:

ϕ
ω= ( rad/s ) (l.25)
t

e mede-se em ( rad/s - radianos por segundo).

Se o ponto N no eixo vertical que passa por O é a projecção do ponto P, então Movimento harmónico
N move-se verticalmente para cima e para baixo, no que se designa por simples
"movimento harmónico simples", sendo o comprimento ON uma grandeza
alternada pura.

Em qualquer instante, o valor de ON será:

ON = A.Sen ϕ (l.26)

O valor máximo do comprimento ON é igual a OP e designa-se por amplitude


(A).

O ponto N completará um ciclo completo no período de tempo em que P


completa um ciclo correspondente a uma rotação de 360º (2π radianos), à
velocidade angular constante de ϕ/t radianos, por segundo.
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O número de ciclos por segundo, ou frequência, f, conforme já definido, será


então:
ϕ
f= ou seja ϕ 2 π.f .t (l.27)
2 π .t

e como

ON = A.Sen ϕ (l.28)

A expressão para o movimento harmónico simples será, portanto:

ON = A.Sen(2π.f.t ) (l.29)

Supondo que N é a caneta de um registador gráfico, com o papel a mover-se Amplitude


da esquerda para a direita, a velocidade constante, a curva desenhada é uma
onda sinusoidal pura, que representa, portanto, qualquer grandeza alternada
(ON) de amplitude A e frequência f.

Esta expressão contém variáveis mensuráveis por instrumentos, sendo t o


tempo em segundos, f a frequência em Hertz e A a amplitude ou valor de
pico da onda.

Nos primeiros instrumentos de corrente contínua, a amplitude era medida por


um amperímetro analógico, em que a deflexão do ponteiro dependia do
quadrado da corrente.

Nos instrumentos de corrente alternada, a deflexão também dependia do


quadrado da corrente. No entanto, como a corrente varia contínua e
alternadamente, o instrumento era sensível à média do quadrado da corrente
e não à média da corrente.

A corrente indicada pelo aparelho seria, assim, a raíz quadrada da média do Corrente eficaz
quadrado da corrente, ou seja, ao que se designa "corrente eficaz".

Como todos os instrumentos operam em valores eficazes da corrente ou da


tensão, é este valor que se utiliza para especificar grandezas alternadas e não
o valor da amplitude.

Se a grandeza é uma onda sinusoidal pura, o valor eficaz ( Aef ) e a amplitude


(A) estão relacionadas pela expressão:

Valor eficaz
A= 2 .A ef (l.30)
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Fig. l.13 - Amplitude e valor eficaz de grandezas alternadas

Na fig. l.13 (a), representa-se uma curva da corrente em função do tempo Valor eficaz
para uma grandeza alternada pura, onde se assinala a amplitude (A) e o
valor eficaz
A
A ef = (I.32)
2

Na fig. l.13 (b), representa-se a curva da mesma grandeza correspondente ao


valor do quadrado da corrente em função do tempo, onde se assinala o valor
médio do quadrado da corrente.

Deve ter-se atenção para não confundir os valores de pico e eficazes de


grandezas alternadas, sendo este último o normalmente usado, quando se
fala em valores de tensão e corrente alternadas.

Os valores eficazes são importantes quando se analisa, por exemplo, os


efeitos térmicos da passagem de corrente em cabos ou outros equipamentos,
enquanto a amplitude é importante quando se analisam os esforços
mecânicos nesses componentes, se sujeitos a correntes de curto-circuito
ou, ainda, quando se analisam problemas de isolamento.

DIAGRAMAS VECTORIAIS

As grandezas em corrente alternada têm valores numéricos, mas também


uma relação de tempo entre elas. Embora os seus valores numéricos possam Graus eléctricos
seguir uma forma de onda sinusoidal pura, os instantes em que atingem as
suas amplitudes máximas podem ser diferentes estando uma em atraso ou
em avanço em relação às outras. Estas diferenças de tempo são expressas
M.T.01 Ut.01

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não em segundos mas como uma fracção do tempo de um ciclo, expresso em


"graus eléctricos", sendo a diferença angular a relação de fase entre essas
grandezas.

B ϕ
ϕ

Fig. l.14 - Diagrama vectorial

Esta relação pode ser expressa por um diagrama, como se exemplifica na Grandeza de referência
fig. l.14 onde (OA) representa a grandeza de referência (uma tensão), o seu
comprimento representa o valor numérico da amplitude dessa grandeza e a
seta a direcção tomada como referência. A linha OA é, por convenção,
considerada a rodar no sentido contrário aos ponteiros do relógio a uma
velocidade angular (ϕ) que provocará uma rotação completa durante um
período de tempo (t), OB representa outra grandeza (“uma corrente”) e o
ângulo ϕ representa o atraso dessa grandeza (OB) em relação à grandeza
de referência (OA).

Como consideramos que ambas têm o mesmo sentido de rotação, num dado
instante, a relação entre as 2 grandezas será a representada na fig. l.14, c).

O caso que nos interessa é quando OA representa a tensão aplicada a um


circuito com uma impedância e OB representa a corrente que percorre esse
circuito. Considerando que a impedância tem resistência e indutância, a Ângulo de fase
corrente estará em atraso em relação à tensão de um ângulo que depende
do valor relativo das resistência e da indutância, e que é dado pela expressão:

X (l.32)
tan ϕ =
R

Sendo X = 2 π f.L a reactância e R a resistência expressas em Ohm.

A situação descrita está exemplificada na fig. l.15.


M.T.01 Ut.01

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Fig. l.15 - Relação corrente/tensão

Se X=0, então, tanϕ = 0, o que significa que não existe ângulo entre a corrente
e a tensão, que se dizem em fase.

Se R = 0, tanϕ é infinita o que significa que a corrente está em atraso 90º em


relação à tensão.

O mesmo raciocínio pode fazer-se para o caso de um circuito capacitivo


puro, em que se concluiria que a corrente apresentaria um avanço de 90º em
relação à tensão.

No caso geral da maioria das aplicações práticas, o ângulo de fase está


compreendido entre 0 e 90º, dependente dos valores dos componentes
resistivos, indutivos ou capacitivos da impedância, (fig. l.16).

Fig. l.16 - Relação corrente/tensão - caso geral


M.T.01 Ut.01

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FACTOR DE POTÊNCIA

Conforme já se referiu nesta unidade, a potência real ou activa fornecida ou Potência real ou activa
absorvida por uma máquina é expressa por:

P= U.I.Cosϕ (l.33)

Sendo P a potência em (Watt - W), U a tensão em (Volt - V), I a intensidade


em (Ampere - A) e cosϕ o factor de potência.

Esta expressão pode ser evidenciada a partir do diagrama vectorial da fig.


l.17.

ϕ ϕ

Fig. I.17 - Factor de Potência

Se OA representar a tensão, OB a corrente, e ϕ o ângulo entre eles, então,


OP = I cosϕ e a potência real ou activa (P) é dada por:

P = OA.OP (l.34)

P = U.I.Cosϕ ( em Watts). (l.35)

ϕ denomina-se o Factor de Potência.


O valor de cosϕ
M.T.01 Ut.01

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial I . 21


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Do mesmo modo

OQ = I.Senϕ (l.36)

Então, o produto OA x OQ representa a potência reactiva dada por: Potência reactiva

Q = U.I.Senϕ (expressa em VAr) (l.37)

Se somarmos os quadrados das potências activa e reactiva, obteremos:

2 2 2 2 2 2 2 2
P + Q = U .I .(Cos ϕ + Sen ϕ) = U .I (I.38)

Chamamos potência aparente (S) ao produto (U.I) e esta é expressa em Potência aparente
Volt--Ampere (VA).

S = U.I (l.39)

FECHO DE UM CIRCUITO MONOFÁSICO

Conforme se referiu no início desta unidade formativa, quando se fecha um


circuito em corrente contínua, a corrente aumenta gradualmente de zero até
um valor constante. O grau da variação do valor dependerá da impedância do
circuito.

Quando se fecha um circuito de corrente alternada, o comportamento é


bastante diferente e irá ser descrito em termos gerais nesta secção.

A fig. l.18 mostra as curvas de tensão e corrente num circuito alternado Curvas de tensão e
indutivo puro, em que os picos de corrente ocorrem no mesmo instante de corrente
que os zeros de tensão. A curva (b) mostra a onda da corrente antes e
depois do fecho do circuito, que se assume ser feito num ponto M em que a
tensão é nula.

A linha a tracejado representa a forma de onda que a corrente deveria ter, o


que significa que o seu valor deveria saltar de zero, no ponto M, para o seu
M.T.01 Ut.01

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máximo no instante imediatamente a seguir, o que obviamente não é possível.


O que sucede é que a corrente aumenta de modo a que toda a onda de corrente
se movimenta em conjunto para cima de um valor igual à sua amplitude,
conforme se mostra no traço grosso da curva (b), com um aumento gradual
de zero até ao pico no mesmo instante em que a tensão é nula. É
completamente assimétrica no instante do fecho do circuito, ganhando
gradualmente simetria, alguns ciclos mais tarde. Quanto maior for a resistência
presente, mais rapidamente se torna simétrica.

Fig. l.18 - Fecho de um circuito indutivo puro

Se, no entanto, o circuito foi fechado no ponto N em que a tensão está em


pico, curva (c), o efeito é diferente. No pico de tensão, a corrente atrasada de
90º estaria em zero e não há, lugar a nenhuma mudança súbita no momento
de fecho do circuito. Não há, nenhuma assimetria para compensar o salto e a
corrente começa e mantem-se completamente simétrica.

As fig.I.18 (b) e (c) são dois casos extremos, para uma desfasagem em atraso
de 90º, em que se fecha o circuito no instante de tensão nula ou no instante de
tensão máxima.

O caso geral é, normalmente, uma situação intermédia onde se verifica uma


assimetria parcial.

No caso, ainda mais geral, de um circuito com componentes resistivos e


indutivos, a corrente deve saltar do valor nulo, antes do fecho do circuito, para
um valor inferior ao pico no instante imediatamente a seguir.

Fig. l.19 - Fecho de um circuito parcialmente indutivo


M.T.01 Ut.01

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A assimetria para compensar este salto é inferior à da amplitude máxima,


como se representa na fig. l.19.

FECHO DE UM CIRCUITO TRIFÁSICO

No caso existe um circuito trifásico, as tensões nas 3 fases estão desfasadas


de 120º entre si. Portanto, mesmo que o instante de fecho do circuito ocorra
num pico ou num zero da tensão numa fase, nas outras fases os valores de
tensão estarão em valores intermédios. Ou seja, mesmo que numa fase a
corrente seja totalmente simétrica ou totalmente assimétrica, nas outras duas
fases, as correntes serão parcialmente simétricas. Isso é mostrado na fig.
l.20, onde se considerou uma fase totalmente assimétrica, sendo as outras
duas 50% assimétricas em direcções opostas, num circuito puramente
indutivo.

Fig. l.20 - Fecho de um circuito trifásio (cosϕ = 0)

O problema da assimetria, durante o fecho de um circuito em redes trifásicas,


é importante, especialmente no estudo das correntes de curto circuito. No
entanto, dada a sua complexidade, este problema não é estudado neste curso.
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RESUMO

Um circuito eléctrico é constituído, em geral, por um gerador, um receptor,


um interruptor e fios condutores.

A intensidade (I) da corrente mede-se em amperes utilizando amperímetros-


-instrumentos de medida de pequena resistência que são colocados em série
no circuito.

A diferença de potencial ou tensão (U) é a diferença de níveis de electrização.


A tensão mede-se em Volts, utilizando voltímetros-instrumentos de medida
com grande resistência, ligados entre os pontos cuja diferença de potencial
se pretende medir.

Potencial (V) corresponde ao nível de electrização (considera-se nulo o


potencial da terra).

A resistência (R) é a maior dificuldade à passagem dos electrões.

Corrente eléctrica é o movimento das dos electrões.

A Lei de Ohm diz-nos que " a diferença de potencial ou tensão (U) entre dois
pontos A e B (fig. l.1) de um circuito eléctrico é proporcional à intensidade da
corrente (I) que passa nesse circuito ". À constante de proporcionalidade dá-
se o nome de resistência (R).

A Indutância traduz a inércia num circuito eléctrico.

A potência (P) corresponde ao trabalho realizado por unidade de tempo.

Em circuitos de corrente contínua puramente resistivos, a corrente segue


exactamente a tensão. Se o circuito for indutivo, a corrente aumenta
progressivamente até um valor constante.

Em circuitos de corrente alternada puramente resistivos, a corrente


também segue exactamente a tensão.

No circuito indutivo puro, a corrente alternada estará desfasada de 90º da


forma de onda da tensão.

No caso do circuito apresentar uma resistência e uma indutância, a corrente


estará atrasada da onda da tensão de um valor inferior a 90º.
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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Uma resistência de 60Ω está ligada aos terminais de uma bateria de 12 V.

a) Calcule a intensidade de corrente que atravessa a resistência.

b) Enuncie a Lei de Ohm

2. Determinar a resistência equivalente ao agrupamento em série das


resistências de 60 Ω ,30 Ω e 20 Ω.

3. Calcule a reactância apresentada por um circuito indutivo a uma corrente


eléctrica, sabendo que a frequência da corrente é de 60 Hz e a indutância
é de 0,2 Henry.

4. Uma bobina, com 50 Ω de resistência e 0,2 H de indutância, é ligado a uma


rede cuja tensão é de 220V e a frequência é de 50 Hz. Determinar:

a) A impedância da bobina.

b) A intensidade da corrente na bobina.

c) O factor de potência.

d) A potência.

5. Uma resistência de 120 Ω está ligada a uma tensão de 48 V.

a) Calcule a intensidade de corrente que atravessa a resistência.

b) Enuncie a lei em que se baseou para efectuar os cálculos.

6. Um circuito eléctrico está a ser percorrido por uma corrente contínua de


0.5 A e encontra-se ligado a uma tensão de 50 V. Refira o valor da
resistência no circuito.

7. Determinar a resistência equivalente ao agrupamento em paralelo das


resistências de 60 Ω, 30 Ω e 20 Ω .

8. Considere-se um circuito que tem em série uma resistência de 50 Ω, uma


indutância de 0,25 henry e uma capacitância de 25 mF, alimentado por
uma tensão alternada de 220 Volt, 50 Hertz.

Calcular:

a) A impedância do circuito;

b) A intensidade de corrente;
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Componente Prática Electrotecnia Industrial I . 26


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c) A tensão aos terminais da resistência;

d) A tensão aos terminais da indutância;

e) A tensão aos terminais da capacitância;

f) O factor de potência.
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Transformadores
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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Explicar o conceito de transformador;

• Descrever a constituição de um transformador;

• Definir relação de transformação de um transformador;

• Indicar as características eléctricas de um transformador;

• Descrever os tipos de ligações nos transformadores trifásicos;

• Identificar os diversos tipos de protecção de transformadores.

TEMAS

• Introdução

• Transformadores de potência e de distribuição

• Transformadores trifásicos

• Protecção de transformadores

• Manutenção de transformadores

• Transformadores de medida

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Electrotecnia Industrial II . 1
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INTRODUÇÃO

A corrente alternada deve a sua importância ao facto de poder ser produzida


economicamente, por meio de grandes unidades (alternadores de potências
até 700 MW); a sua tensão pode elevar-se ou reduzir-se facilmente, de modo a
que a energia possa ser transportada com perdas reduzidas e condutores mais
finos, a grandes distâncias do ponto de produção (centrais eléctricas) ao ponto
de utilização (fábricas, escritórios, casas, etc.) .

A energia é normalmente produzida nas centrais a tensões de 6, 10, 15, 20 ou


até 25kV e elevada nas subestações de transformação a 150, 220 ou 400 kV.
É, em seguida, transportada através de linhas de alta tensão até outras
subestações próximas dos centros de consumo, sendo a partir daí e em
subestações e postos de transformação reduzida a sua tensão até aos níveis
correntes de utilização, 380/220 V (futuramente 400/230 V).

Os transformadores de potência e de distribuição são os órgãos principais,


neste processo de transformação da corrente alterna, a uma dada tensão, noutra
da mesma frequência, mas de tensão diferente. São máquinas eléctricas
estáticas de dimensões variáveis conforme a sua potência, e de rendimento,
próximo dos 100%.

Encontram-se também transformadores, por vezes, de muito reduzidas


dimensões, em diverso tipo de equipamento eléctrico, nomeadamente aparelhos
de rádio, som, vídeo, computadores, campainhas, brinquedos, etc. Na indústria,
a utilização de transformadores é também muito comum.

Na medição e controlo da energia eléctrica, deparamo-nos com os


transformadores de medida, de que falaremos mais adiante.

TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA E DE DISTRIBUIÇÃO

Definições e aspectos construtivos

Um transformador é uma máquina electromagnética que transforma um nível de Primário e secundário


voltagem alterna num outro. É constituído, no mínimo, por dois enrolamentos e de transformadores
um núcleo.

Ao enrolamento que recebe a energia da fonte chamamos primário, e todos os


valores a ele respeitantes (tensão, corrente, potência) são referidos como tensão
primária, corrente primária, etc. Às letras que os designam atribui-se o índice 1
(U1, I1, P1).
M.T.01 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial II . 2


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Ao enrolamento que transmite a energia eléctrica recebida do enrolamento


primário, por meio do fluxo magnético comum, chamamos secundário, e os
seus valores característicos de tensão, corrente e potência chamados de tensão
secundária, entre outros, possuíndo as letras que os designam o índice 2 (U2,
I2, P2).

Ao enrolamento ligado à rede de mais alta tensão chamamos enrolamento de


alta tensão (AT) e o outro, enrolamento de baixa tensão (BT).
Transformador abaixador / elevador.

No caso de um transformador com um terceiro enrolamento, este chamar-se-á Enrolamento terciário


enrolamento terciário.

Um transformador em que a tensão no primário é superior à do secundário Transformador


chama-se abaixador (U1>U2). abaixador / elevador

Chamar-se-á transformador elevador aquele em que a tensão no primário é


inferior à do secundário (U1<U2).

Os enrolamentos dos transformadores são constituídos por fios ou barras de Enrolamentos e núcleos
cobre, devidamente isolados para as tensões a que vão trabalhar. Esses fios ou
barras de cobre são "enrolados" em torno do núcleo, constituído por finas
chapas de material ferro-magnético.

O conjunto enrolamentos / núcleo está, na generalidade dos transformadores Isolamento arrefecimento


de potência e de distribuição, contido no interior de um tanque ou cuba, cheio
de óleo isolante, o qual tem como função adicional facilitar o arrefecimento dos
enrolamentos, através a circulação por convecção nas alhetas ou radiadores
exteriores à cuba.

O ar ambiente em contacto com as alhetas "extrai" o calor contido no óleo.

Nos transformadores de grandes dimensões é usual o recurso a ventiladores


para o seu arrefecimento, dizendo-se, neste caso, que os transformadores têm Arrefecimento forçado
um arrefecimento forçado (caso não se utilizem ventiladores, o arrefecimento
designa-se por natural).

A tampa da cuba contém os terminais para ligação aos cabos de alta ou baixa
tensão e outros acessórios.

Fig. ll.1 - Transformadores abertos e estanques


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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial II . 3


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De referir, ainda, que as cubas podem ser estanques ou abertas, sendo, neste
caso, os transformadores dotados de um depósito conservador de óleo.

Os transformadores de distribuição podem também ser do tipo seco, isto é, os Transformadores tipo seco
enrolamentos não estão contidos numa cuba com óleo, mas são sim moldados
em resina sintética. Neste tipo de transformadores, o arrefecimento faz-se
geralmente por meio de ventilação forçada.

Relação de transformação

No transformador da figura ll.2, a corrente I1 fornecida pelo gerador G circula no Força electromotriz induzida
enrolamento primário P, induzindo no núcleo ferro-magnético um flux ο Φ,o qual, ( F.e.m. )
por sua vez, induzirá no enrolamento secundário S uma força electromotriz E2.

Devido a esta força electromotriz induzida, a corrente I2 circula no enrolamento


secundário. A energia eléctrica transfere-se, assim, do enrolamento primário P
ao secundário S, por meio do fluxo magnético Φ , fluxo comum ou mútuo.

Primário Secundário
I2
I1 Φ

S Φ
U2

G
U1

N1

Alternador Φ

Fig. ll.2 - Transformador monofásico

Fig. ll.3 - Representação gráfica de um transformador monofásico

Se o número de espiras do enrolamento primário N1 for igual ao do secundário,


N2, a tensão induzida no secundário é igual à do primário.
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Se, como acontece na maioria dos transformadores N1=N2, a f.e.m. total induzida
(ou a tensão U nos mesmos originada) é directamente proporcional ao número
de espiras N do enrolamento. Assim:

N1 E1 U1
= = (ll.1)
N2 E2 U2

Desprezando as perdas no transformador, isto é, nos seus enrolamentos e no Perdas no transformador


núcleo ferro-magnético, e aplicando a lei da conservação da energia, conclui-se
que:

U1 .I1 = U2 .I2 (ll.2)

e assim:

I1 U1 N1
= =
I2 U2 N2 (ll.3)

ou seja, as intensidades de corrente (I) nos enrolamentos primário e secundário Relação de transformação
são inversamente proporcionais ao número de espiras (N) e à tensão (U).

Ao quociente (U1/U2) entre as tensões no primário e no secundário chama-


-se relação de transformação.

Características eléctricas

Num transformador , a corrente, que circula nos enrolamentos I1 e I2, provoca o Perdas no cobre
aquecimento dos mesmos; este calor representa uma perda de energia, a que
chamamos perdas no cobre. O seu valor (PC) é dado pela soma dos produtos
do quadrado da intensidade (I2) pela resistência de cada enrolamento (R).

2 2
P C = R 1 .I1 + R 2 .I 2 [ Watt] (ll.4)
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Por outro lado, verifica-se também que para a magnetização do núcleo de um


transformador é necessário dispender energia; a essa energia dá-se o nome de
perdas no ferro, ou no núcleo, e é a soma das perdas de histerese e das Perdas no ferro
perdas originadas pelas correntes de Focault.

As perdas de histerese podem ser comparadas com as perdas devidas à Perdas de histerese
fricção, e o seu valor depende das características do material de que o núcleo
é formado. As substâncias com reduzidas perdas de energia durante a
magnetização cíclica são designadas por substâncias magneticamente
macias. Alguns exemplos de tais materiais são o ferro macio, o silício, o aço,
as ligas ferro-níquel, entre outros.

As correntes de Focault são correntes parasitas que circulam nos núcleos Correntes de Focault
ferro-magnéticos, originando o aquecimento do circuito magnético. A fim de
diminuir estas correntes e as perdas que lhe são devidas, os núcleos magnéticos
são construídos de finas chapas, em vez de blocos maciços de metal.

Tal como as perdas no cobre são proporcionais ao quadrado da corrente, as


perdas no ferro são proporcionais ao quadrado do fluxo magnético.

Na prática, as perdas no ferro determinam-se com a ajuda de tabelas especiais,


e o seu valor está normalmente compreendido entre 1,3 e 3 W/Kg.

A medição das perdas no cobre e no ferro de um transformador é feita através Perdas totais
de ensaios. Pelo ensaio em vazio determinam-se as perdas no núcleo ferro-
-magnético, e pelo ensaio em curto circuito determinam-se as perdas no
cobre ou nos enrolamentos. As perdas totais serão a soma daquelas duas.

Ensaio em vazio ou em circuito aberto

A W
eeeeeeeeeeeeeeeeeeee

llllllllllllllll
eeeeeeeeeeeeeeeeeeee

V
AT
BT

Fig. ll.4 - Ligações para o ensaio em vazio

A fig. ll.4 representa um transformador com a sua baixa tensão (BT) ligada a um
gerador de corrente alterna (G) e a um auto-transformador ou divisor de tensão,
e a alta tensão (AT) em circuito aberto.

No circuito primário estão ligados um wattímetro (W), um amperímetro (A) e um


voltímetro (V).
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O voltímetro dá-nos a tensão entre os terminais do primário, o amperímetro Wattímetro


a corrente em vazio, e o wattímetro a potência absorvida pelo transformador Amperímetro
nestas condições, que corresponde às perdas no núcleo. De notar que a medição Voltímetro
deste valor deve ser corrigida, tendo em atenção as perdas no próprio wattímetro
e no voltímetro.

Na fig. ll.5 está representada a curva das perdas no núcleo, que se obtém, Perdas no núcleo
medindo o valor W para vários valores da tensão. Verifica-se que as perdas no
núcleo são aproximadamente proporcionais ao quadrado da tensão.
Perdas no núcleo

Tensão
de regime

Tensão

Fig. ll.5 - Relação entre as perdas no núcleo e a tensão de um transformador

Um ligeiro aumento da tensão nominal do transformador produz um sensível Sobreaquecimentos


aumento das perdas no núcleo, as quais dão origem ao aumento da temperatura
do transformador. É, portanto, de evitar fazer trabalhar um transformador em
sobretensão, o que pode originar sobreaquecimentos perigosos.

Ensaio em curto-circuito ou de impedância

O Fig. ll.6 representa o transformador anterior, invertido e com a baixa tensão


em curto-circuito.

Verifica-se que a tensão necessária para fazer circular a corrente nominal


nos enrolamentos se situa entre 3 a 5% da tensão nominal.

Assim, um transformador de 10 000 V/220 V necessitará apenas de 300 a 500 Tensão de curto - circuito
V, no primário, para, com o secundário em curto-circuito, fazer circular nos
seus enrolamentos a corrente nominal dos mesmos. A esta tensão, expressa
normalmente em percentagem, dá-se o nome de tensão de curto-circuito e
representa a queda de tensão no transformador sob carga nominal.
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W A

eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
/\/\/\/\/\/\/\

lllllllllllllllllll
I2

G V

BT
AT I1

Fig. ll.6 - Ligações para o ensaio em curto-circuito

Neste ensaio, as perdas no núcleo são negligenciáveis pois que a tensão utilizada
é inferior a 5% da tensão normal de serviço. Mede-se, assim, o valor das perdas
no cobre que é dado por:

2 2
P = R 1 .I1 + R 2 .I 2 (ll.5)

Nota: Conhecida a corrente no primário, não é necessário medir a corrente no


secundário, a qual se deduz da expressão:

I2 N1 U1
= = (ll.6)
I1 N2 U2

Grupos de ligação

Na fig. ll.7, assinala-se o sentido relativo das correntes nos enrolamentos de


um transformador monofásico convencional:

A circulação da corrente no enrolamento secundário pode ter o mesmo sentido


da do primário, se tal for pretendido. Diz-se, assim, que num transformador
monofásico, o ângulo entre os vectores de alta tensão e de baixa tensão pode
ser aproximadamente igual a 0º ou 180º e os grupos de ligação, por analogia
com os ponteiros de um relógio, serão, desta forma, 12 (posição 0º ou das 12
horas) ou 6 (posição 180º ou das 6 horas).
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A I1 X

a I2 x

I2

Fig. ll.7 - Esquema do sentido relativo das correntes nos enrolamentos


do transformador monofásico e na carga

Este assunto será referido em mais detalhe quando tratarmos dos


transformadores trifásicos, onde este aspecto se reveste da maior importância
para o funcionamento em paralelo dos transformadores.

TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

A produção de energia eléctrica é geralmente feita por geradores ou alternadores


trifásicos e o seu transporte e distribuição é feito por linhas aéreas ou cabos
trifásicos.

Fig. ll.8 - Esquema de conversão de três transformadores monofásicos em um trifásico

Os transformadores de uso corrente em redes de distribuição são, por esta


razão, também trifásicos.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial II . 9


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Do ponto de vista do circuito eléctrico, um transformador trifásico é equivalente


a três transformadores monofásicos.

A construção de um transformador com núcleo magnético como o da fig. ll.8 b)


é demasiado complexa, pelo que actualmente os transformadores trifásicos
são constituídos com o núcleo como o da fig. ll.8 c).

Fig. ll.9 - Corte parcial de um transformador trifásico com arrefecimento a óleo.


Legenda: 1 - Rodas; 2 - Válvula para óleo; 3 - Cilindro isolante para
separação dos enrolamentos; 4 - Enrolamento de AT; 5 - Enrolamento
de BT; 6 - Núcleo; 7 - Terminais de AT; 8 - Terminais de BT;
9 - Conservador de óleo; 10 - Nível de óleo; 11 - Radiadores.

A assimetria das correntes de magnetização deste núcleo não tem importância


pois não modifica as relações básicas. Fisicamente, em cada momento, o
fluxo de cada barra fecha-se através de duas outras barras do circuito magnético.

Um transformador trifásico, com uma dada potência, é de construção mais


económica do que três transformadores monofásicos da mesma potência e
ocupa menos espaço, tendo menos peso.

Apenas com potências muito elevadas, da ordem dos 100 MVA ou mais, os
transformadores trifásicos dão lugar a grupos de três transformadores
monofásicos, isto porque um transformador trifásico de tal potência seria
demasiado pesado e volumoso para o seu transporte e instalação.
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Ligação dos transformadores trifásicos

Se ligarmos o lado de AT do transformador da fig. ll.8 c), como se representa na


fig. ll.10, estamos perante uma ligação em triângulo ou em delta (D),

A B C

a b c

Fig. ll.10 - Ligação em triângulo ou delta (D)

pois, a mesma é equivalente ao esquema da fig. ll.11: Ligação em triângulo

B C

Fig. ll.11 - Esquema da ligação em triângulo


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Se ligarmos os enrolamentos de BT, como mostra a fig. ll.12, estamos em


presença de uma ligação em estrela, ou Y.

Fig. ll.12 - Ligação em estrela.

O esquema equivalente é o da fig. ll.13. Ligação em estrela

b c

Fig. II.13 - Esquema da ligação em estrela

O ponto comum da ligação em estrela é chamado neutro (N).

Um transformador que tenha o primário ligado em triângulo e o secundário em Tensão em relação ao neutro
estrela designa-se abreviadamente por DY. Se o neutro for acessível, isto é,
utilizado no lado do secundário, a designação abreviada do transformador será
DYN. Este é o caso mais comum do transformador de distribuição.
1
A tensão em relação ao neutro é 3 da tensão entre fases. Assim, se a
tensão entre as fases do secundário de um transformador for de 380 V, a tensão
entre as fases e o neutro é:
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380
= 219,4 V (ll.7)
3

Na prática, a tensão dos sistemas de distribuição em corrente trifásica com


neutro é indicada como 380/220 V. Futuramente, será utilizada a tensão de
distribuição de 400/230 V.

Grupos de ligação

É da maior importância que transformadores que se pretendam fazer trabalhar Grupos de ligação
em paralelo tenham o mesmo grupo de ligações. Nos transformadores trifásicos,
as possibilidades de ligação dos enrolamentos primário e secundário são
variadas. Tal como para os transformadores monofásicos, é também aqui utilizada
a analogia com as posições dos ponteiros de um relógio, para designar os
diferentes modos ou grupos de ligação. Se no transformador das figuras
anteriores, o diagrama vectorial das tensões no primário e secundário for o da
fig. ll.14,

U ab a
A U AB
B º U aN U ab
U CA 330 N
U BC c U CN b
C U BN

Fig. ll.14 - Diagrama vectorial das tensões no primário e secundário

verifica-se que a tensão UAB do primário forma com a tensão Uab do secundário
um ângulo de 330º, correspondente à posição das 11 horas dos ponteiros de
um relógio.

Fig. ll.15 - Posição correspodente ao ângulo de 330º


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Dir-se-á que o grupo de ligação deste transformador é 11. Outros grupos


correntemente utilizados são 0, 5, entre outros.

Funcionamento em paralelo

Um regime de funcionamento em paralelo significa que se pode ligar em Ligação em paralelo


paralelamente o primário e o secundário de dois ou mais transformadores. Para
assegurar este funcionamento e uma correcta repartição de cargas é necessário
que sejam iguais:

• As tensões nominais primárias e secundárias;

• As impedâncias de curto-circuito;

• Os grupos de ligação.

PROTECÇÃO DE TRANSFORMADORES

O custo de um transformador pode atingir dezenas de milhares de contos e, por


conseguinte, são tomadas medidas por forma a evitar a sua danificação ou
mesmo destruição, por factores internos ou externos (sobreaquecimento, curto-
-circuitos internos ou externos, sobretensões). Do correcto funcionamento dos
órgãos de protecção depende, pois, a longevidade do transformador, a qual
pode atingir 20 ou mais anos, e a fiabilidade das redes de distribuição.

Os órgãos ou aparelhos de protecção de transformadores mais usuais são Órgãos de protecção


os seguintes:

• Termómetro com ou sem contactos; no primeiro caso, ao atingir-se deter- Termómetro


minada temperatura do óleo ou dos enrolamentos, o fecho dos contactos
faz disparar os órgãos de comando, normalmente disjuntores;

• Relé Bucholz - actua por acção dos gases libertados no interior das cubas, Relé Bucholz
em caso de defeito interno;

• Secador de ar de silicagel - é utilizado nos transformadores com depósito Secador de ar de silicagel


conservador de óleo - o ar que entra no transformador, quando o volume de
óleo se contrai, devido ao arrefecimento, passa por um recipiente contendo
silicagel que retém a humidade.
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• Blocos de protecção - aparelhos destinados a proteger transformadores Blocos de protecção


herméticos e que têm várias funções (temperatura, baixa do nível de óleo,
libertação de gases). Podem fazer actuar um alarme ou disparar os disjuntores
de protecção;

• Relés de sobreintensidade e de curto-circuito, que fazem igualmente Relés de


disparar os disjuntores quando as intensidades de corrente atingem valores sobreintensidade
considerados perigosos;

• Relés de sobretensão - função idêntica à dos relés de sobreintensidade, Relés de sobretensão


mas actuando em caso de sobretensão;

• Fusíveis - normalmente utilizados em conjunto com um seccionador, Fusíveis


protegem os transformadores contra curto-circuitos.

Outros tipos de Relés

Os transformadores de grande potência são, ainda, protegidos por outros tipos Outros tipos de relés
de relés (relés de fuga à terra, relés diferenciais, relés de sub ou sobrefrequência,
etc.).

Nos relés de protecção, circulam correntes e tensões de pequena amplitude


(1 ou 5 Amperes, 48V ou 110 V), que são obtidas através dos transformadores
de medida, de que trataremos adiante.

MANUTENÇÃO DE TRANSFORMADORES

Os transformadores requerem, por norma, pouca manutenção, devendo esta Manutenção


ser limitada a operações de limpeza dos terminais e alhetas ou radiadores de
óleo. A frequência destas operações depende do local de instalação não devendo,
contudo, ser inferior a um ano.

Deve também verificar-se com regularidade o nível do óleo e substituir ou


reactivar o silicagel nos transformadores com depósito.

Os dispositivos de protecção devem ser ensaiados periodicamente (durante a


manutenção anual) e deve igualmente ser feita uma análise do óleo e verificação
da sua rigidez dieléctrica. Se as características de isolamento do óleo se
revelarem insuficientes, deve este ser feito circular através de máquinas de
secagem próprias para o efeito.
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TRANSFORMADORES DE MEDIDA

As tensões e correntes nos sistemas eléctricos de potência (correntes fortes)


são, por regra, demasiado elevadas para permitir a ligação directa de aparelhos Transformadores de medida
de medida ou relés de protecção. Faz-se, assim, recurso a transformadores
de medida, de tensão ou de intensidade, a cujo secundário são ligados os
aparelhos que se pretende. Estes transformadores de medida são pequenos
transformadores, de características especiais de funcionamento, e, por regra,
de grande precisão, quando utilizados em contagem de energia. São, na gíria,
conhecidos por TT's ou TI's, e o modo de ligação dos mesmos é o da fig. ll.16:

1000/5 400/1

TI TT
A V

Fig. ll.16 - Transformadores de Intensidade e de Tensão - representação gráfica

Os terminais do secundário de um transformador de tensão não deverão nunca


ser curto-circuitados, pois, se tal acontecer, uma forte corrente ocasionará danos
ao enrolamento.

Os transformadores de intensidade ou de corrente não têm, por vezes,


enrolamento primário, sendo este constituído pelo próprio circuito que se
pretende medir.

Quando a corrente flui no primário de um TI, o enrolamento secundário deve ser


mantido fechado, quer através do aparelho a que se encontra ligado (amperímetro,
wattímetro, relé de protecção, etc.), quer por meio de curto-circuito propositado.

Se os terminais do secundário de um TI forem deixados abertos, há a


possibilidade de elevadas e perigosas tensões se gerarem, ocasionando a
destruição do enrolamento.

Para a ligação correcta dos transformadores de medida aos relés de protecção


ou aparelhos de medida, aqueles têm marcados os seus terminais com letras
ou símbolos P1, P2, S1, S2, etc., que estão relacionadas com a polaridade dos
enrolamentos primário e secundário.
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Fig. ll.17 - Transformadores de intensidade do tipo de anel

Fig. ll.18 - Transformador de tensão trifásico

P1 P2
- S2 S1 +

Fig. ll.19 - Verificação da polaridade de um transformador de intensidade


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RESUMO

A indústria moderna é inteiramente dependente da energia eléctrica, assim


como toda a vida económica da sociedade.

Os transformadores desempenham um papel essencial no abastecimento de


energia, de forma continuada e fiável.

Os transformadores de potência e distribuição, com que deparamos na indústria,


são, na grande maioria, construídos de forma clássica, isto é, com os seus
enrolamentos contidos em cubas cheias de óleo isolante. No entanto, nos
últimos anos, tem-se vindo a verificar uma crescente utilização de
transformadores secos.

Os transformadores são aparelhos de corrente alternada formados, no mínimo,


por dois enrolamentos e um núcleo.

Quando se liga uma corrente alternada ao primário do transformador, o


enrolamento secundário fica submetido a uma variação de fluxo pelo que se
induz nele uma F.E.M.

O rendimento dos transformadores é próximo dos 100%.

Nos transformadores trifásicos, os seus três enrolamentos podem ser ligados


em estrela ou em triângulo. O ponto comum da ligação em estrela é denominado
neutro.

Desprezando as perdas no transformador, isto é, nos seus enrolamentos e


no núcleo ferro-magnético, e aplicando a lei da conservação da energia, conclui-
-se que:

I1 U2 N2
= =
I2 U1 N1

ou seja, as intensidades de corrente (I) nos enrolamentos primário e secundário


são inversamente proporcionais ao número de espiras (N) e à tensão (U).

Ao quociente (U1 / U2) entre as tensões no primário e no secundário, chama-se


relação de transformação.

Num transformador, a corrente que circula nos enrolamentos I1 e I2, provoca o


aquecimento dos mesmos; este calor representa uma perda de energia. Por
outro lado, para a magnetização do núcleo de um transformador é necessário
dispender energia; a essa energia dá-se o nome de perdas no ferro.

As correntes de Focault são correntes parasitas que circulam nos núcleos


ferro-magnéticos, originando o aquecimento do circuito magnético.
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O voltímetro dá-nos a tensão entre os terminais do primário, o amperímetro


a corrente em vazio, e o wattímetro a potência absorvida pelo transformador.

É de evitar fazer trabalhar um transformador em sobretensão, pois poder-se-ão


originar sobreaquecimentos perigosos.

A tensão necessária para fazer circular a corrente nominal nos enrolamentos


de um transformador é entre 3% a 5% da tensão nominal. A esta tensão,
expressa normalmente em percentagem, dá-se o nome de tensão de curto-
-circuito, e representa a queda de tensão no transformador sob carga nominal.

A produção de energia eléctrica é geralmente feita por geradores ou alternadores


trifásicos e o seu transporte e distribuição é feito por linhas aéreas ou cabos
trifásicos.

Os transformadores de uso corrente em redes de distribuição são, por esta


razão, também trifásicos.

Do ponto de vista do circuito eléctrico, um transformador trifásico é equivalente


a três transformadores monofásicos.

Um transformador que tenha o primário ligado em triângulo e o secundário em


estrela designa-se abreviadamente por DY. Se o neutro for acessível, isto é,
utilizado no lado do secundário, a designação abreviada do transformador será
DYN. Este é o caso mais comum do transformador de distribuição. A tensão
em relação ao neutro é 13 da tensão entre fases.

Um regime de funcionamento em paralelo significa que se pode ligar


paralelamente o primário e o secundário de dois ou mais transformadores. Para
assegurar este funcionamento e uma correcta repartição de cargas é necessário
que sejam iguais:

1- As tensões nominais primárias e secundárias;

2- As impedâncias de curto-circuito ;

3- Os grupos de ligação.

Os órgãos ou aparelhos de protecção de transformadores mais usuais são


os seguintes:

Termómetros, Relés Bucholz, Secadores de ar de silicagel, Blocos de


protecção, Relés de sobreintensidade e de curto-circuito, Relés de
sobretensão, Fusíveis, etc.

Os transformadores requerem pouca manutenção, devendo esta ser limitada a


operações de limpeza, verificação do nível do óleo, substituição ou reactivação
do silicagel e ensaios periódicos dos sistemas de segurança.

Os transformadores de medida, de tensão ou de intensidade, conhecidos


por TT's ou TI's, são pequenos transformadores, de características especiais
de funcionamento, e de grande precisão, utilizados em contagem de energia.
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Os transformadores de intensidade ou de corrente não têm, por vezes,


enrolamento primário, sendo este constituído pelo próprio circuito que se
pretende medir.

Os terminais do secundário de um TT não deverão nunca ser curto-circuitados,


pois, se tal acontecer, uma forte corrente ocasionará danos ao enrolamento.

Pelo contrário, se os terminais do secundário de um TI forem deixados abertos,


há a possibilidade de elevadas e perigosas tensões se gerarem, ocasionando a
destruição do enrolamento.

Sendo os transformadores, regra geral, equipamentos dispendiosos e dado que


do seu bom funcionamento depende o fornecimento de energia ao equipamento
utilizador, os aspectos ligados à protecção e manutenção são da maior
importância.

Protecção e manutenção de transformadores. Poder-se-á dizer que, requerem,


por regra equipamentos dispendiosos, e dado que do seu bom funcionamento
depende o fornecimento de energia ao equipamento utilizador, os aspectos
ligados à protecção e manutenção de transformadores são da maior importância.

Transformadores de medida - as elevadas tensões e correntes obrigam ao recurso


a transformadores de medida para contagem e controle da energia eléctrica. A
ligação destes equipamentos requer especiais cuidados.
M.T.01 Ut.02

Componente Prática Electrotecnia Industrial II . 20


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IEFP · ISQ Transformadores

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Por que razão o transporte de energia é feito a tensões muito elevadas?

2. Quais são as partes constituintes de um transformador?

3. Em que fenómeno electromagnético se baseia o funcionamento de um


transformador?

4. A tensão medida entre a fase e o neutro de um transformador trifásico é


230 V; qual é a tensão entre fases?

5. Indique uma ou mais vantagens de transformadores secos em relação aos


transformadores isolados a óleo.

6. O que entende por relação de transformação?

7. Quais são as relações entre as tensões e correntes num transformador?

8. Como se podem determinar as perdas no cobre de um transformador?


E as perdas no ferro?

9. Que efeito têm as correntes de Focault num transformador?

10. Como se relacionam as perdas no núcleo e a tensão?

11. Por que razão não devem os transformadores trabalhar em sobretensão?

12. Que condições são necessárias para o funcionamento dos transformadores


em paralelo?

13. A um transformador 5000/220 V, de 20 kVA é feito um ensaio de curto-


-circuito. A corrente nominal do primário, 4 A, foi atingida com uma tensão
U1 = 200 V. Determine:

a) - A tensão de curto-circuito.

b) - A corrente no secundário.

c) - A relação de transformação do transformador.

14. De que forma podem ser ligados os enrolamentos dos transformadores


trifásicos?

15. Indique três dos órgãos de protecção de transformadores mais usuais.

16. Que tipos de transformadores de medida conhece? Qual é a sua finalidade?


M.T.01 Ut.02

Componente Prática Electrotecnia Industrial II . 21


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IEFP · ISQ A - Apresentação Global do Módulo

Geradores Eléctricos
M.C.02

Electrotecnia Industrial
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IEFP · ISQ Geradores Eléctricos

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Definir o conceito de gerador eléctrico;

• Identificar as partes constituintes de um gerador;

• Descrever o princípio de funcionamento de um gerador eléctrico;

• Explicar a forma de geração de uma força electromotriz;

• Diferenciar um gerador de corrente contínua de um gerador de corrente


alterna;

• Caracterizar as formas de ligação dos alternadores;

• Descrever o rendimento de um gerador.

TEMAS

• Direcção F.E.M. induzida

• Força electromotriz gerada pela rotação de uma espira

• Geradores industriais

• Alternadores

• Queda de tensão

• Rendimento

• Manutenção de geradores

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.T.01 Ut.03

Electrotecnia Industrial III . 1


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IEFP · ISQ Geradores Eléctricos

DIRECÇÃO DA F.E.M. INDUZIDA

Existe uma relação definida entre a direcção do fluxo, a direcção do movimento Força electromotriz
do condutor e a direcção da f.e.m. induzida neste último.

Fig. lll.1 - Regra da mão direita, de Fleming

Uma regra útil para determinar esta relação é a regra da mão direita, de Regra de Fleming
Fleming. Para a sua aplicação, utilizam-se os dedos da mão direita, em que o
indicador, o polegar e o dedo médio fazem entre si ângulos de 90º como na fig.
lll.1.

Com o fluxo magnético na direcção indicada pelo indicador e o condutor movendo-


-se na direcção apontada pelo polegar, o dedo médio indicará a direcção na
qual a f.e.m. é induzida no condutor.

FORÇA ELECTROMOTRIZ GERADA PELA ROTAÇÃO DE UMA ESPIRA

A fig. lll.2 (a) representa uma espira que gira no sentido contrário ao dos ponteiros
de um relógio e a uma velocidade constante, num campo magnético. Segundo
a posição da espira, a f.e.m. induzida na mesma, varia.

Fig. lll.2 - F.e.m. induzida numa espira que gira a velocidade


constante num campo magnético uniforme
M.T.01 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial III . 2


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IEFP · ISQ Geradores Eléctricos

Quando está na posição 1, não se gera qualquer f.e.m., porque nenhum condutor
activo corta linhas magnéticas, já que se movem paralelamente àquelas.

Quando a espira alcança a posição 2, os seus condutores activos cortam


obliquamente as linhas, e a f.e.m. tem o valor indicado em 2 na fig. lll.2 (b). Ao
chegar à posição 3, os condutores cortam as linhas perpendicularmente e,
portanto, o máximo número possível de linhas. Nesta posição, a f.e.m. é pois
máxima. Na posição 4, a f.e.m. diminui porque o número de linhas cortadas vai
diminuindo. Na posição 5 não corta nenhuma linha e, como na posição 1, a
f.e.m. é nula. Na posição 6, a direcção da f.e.m. nos condutores inverte-se, já
que estes se encontram agora frente a um pólo de sinal contrário ao
correspondente às posições 1 a 5. A f.e.m. cresce até um máximo negativo,
que se alcança em 7 e logo decresce até que a espira ocupa de novo a posição
1. O ciclo repete-se com a continuação do movimento. A região corresponde Zona neutra
aos pontos 1 e 5, em que não se induz f.e.m. na espira, chama-se zona neutra.

A f.e.m. induzida é, portanto, alterna e segue uma lei de variação sinusoidal.


Esta f.e.m. alternativa pode actuar sobre um circuito exterior ligado a dois anéis
com escovas, e estamos assim em presença de um gerador de corrente
alterna.

Fig. lll.3 - Tomada de corrente por anéis colectores

Se se pretender obter uma corrente contínua, isto é, que tenha sempre a Corrente contínua
mesma direcção, não se podem utilizar os anéis colectores. A corrente nas anéis colectores
espiras é necessariamente alterna, como atrás referido (fig. lll.2 (b)). É, assim,
necessário rectificar a corrente antes de a enviar ao circuito externo, o que se
consegue por meio de um colector não em forma de anel fechado, mas de dois Semi-anéis
semi-anéis como na fig. lll.4 (a).

Fig. lll.4 - Efeito de rectificação do colector


M.T.01 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial III . 3


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IEFP · ISQ Geradores Eléctricos

Nesta figura vê-se que, quando se inverte a direcção da corrente na espira,


invertem-se também as ligações com o circuito externo. Portanto, a direcção
de circulação da corrente é invariável. As escovas passam sobre os cortes no
anel quando a espira é perpendicular ao campo magnético, isto é, no plano
neutro, quando não se produz qualquer f.e.m. como sucedia nos pontos 1 e 5
da fig. lll.2. Estes pontos neutros estão marcados com 0-0-0 na fig. lll.4 (b).

Comparando as figuras lll.2 (b) e lll.4 (b), verifica-se que a metade negativa da
ondulação se inverteu convertendo-se em positiva.

GERADORES INDUSTRIAIS

O exemplo precedente de gerador de uma só espira não tem aplicação prática


e só foi aqui referido para uma mais fácil compreensão do fenómeno de geração
da energia eléctrica. Do acima exposto, conclui-se que a f.e.m. induzida é
alterna, e a diferente forma de ligação ao circuito externo é que nos faz estar
em presença de um alternador ou de um dínamo. A f.e.m. induzida numa A f.e.m. induzida é alterna
espira depende da intensidade do campo magnético, do comprimento dos
condutores activos, e da velocidade relativa entre condutor e campo magnético.

Um íman permanente produz um campo magnético de reduzida intensidade, Indutor


pelo que se faz recurso a electroímans, ou seja, enrolamentos sobre materiais
ferro-magnéticos, a que se dá o nome de bobines indutoras ou simplesmente Electroíman
indutor. O comprimento do condutor activo é tão grande quanto se queira,
recorrendo a múltiplas espiras, ligadas entre si. A esse enrolamento dá-se o
nome de induzido. Induzido

Estator
Escova
Rotor

Comutador
Escova
Anéis colectores
Dínamo Alternador
a) b)

Fig. lll.5 - Geradores de c.c.(a) e c.a.(b)

Na fig. lll.5, estão representados, de uma forma que se aproxima da realidade, Estator rotor
os induzidos de um dínamo e de um alternador.

Na fig. lll.5 a) vemos um gerador de corrente contínua e em (b) um gerador de


corrente alterna. À parte fixa que constitui o indutor chamamos estator, e à
parte móvel, rotor.
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IEFP · ISQ Geradores Eléctricos

Na máquina de c.a., a f.e.m. de todos os condutores são adicionadas em Máquina de c.a.


série e a corrente é conduzida ao exterior através dos anéis e escovas.

Na máquina de c.c., cada condutor é ligado a um segmento do comutador Máquina de c.c.


que inverte a direcção da f.e.m., quando ele muda de sinal, ao passar do pólo N
para o pólo S (ou do S para o N). O comutador faz, então, com que a f.e.m. nas
escovas seja unidireccional e, portanto, contínua. A corrente nos condutores é
conduzida ao exterior pelo comutador e escovas. Não há, assim, uma diferença Comutador
básica entre um gerador c.a. e um de c.c., excepto no comutador.

De facto, não há também diferença entre um gerador e um motor de c.c., ou Geradores


entre um alternador e um motor síncrono. Por exemplo, quando uma máquina
de c.c. é accionada, ela gera energia, mas a corrente que circula nos seus
enrolamentos tentará produzir uma força que se opõe ao movimento, (força
contra electromotriz), aumentando a carga na unidade accionadora. O mesmo
acontece numa máquina de c.a. . Se a corrente nos seus enrolamentos for
invertida, o alternador comportar-se-á como um motor. De igual modo, um motor
em funcionamento se for subitamente desligado da sua fonte, gerará corrente
enquanto, devido à inércia, se mantiver em movimento.

Na indústria moderna raramente deparamos com geradores de corrente contínua


ou dínamos. A energia é produzida quase exclusivamente por alternadores e,
se necessário, rectificada para produção de corrente contínua. Mesmo nos
automóveis, onde até à 15-20 anos atrás era vulgar a existência de um dínamo
(de 6 ou 12 V), estes foram substituídos por alternadores. Isto deve-se ao melhor
rendimento e facilidade de construção e manutenção dos alternadores, pois
eram comuns as avarias nos dínamos devido ao depósito de carvão das escovas
nas ranhuras do comutador ou colector.

Os motores de corrente contínua, por outro lado, continuam a ter larga Motores de corrente
aplicação, devido, sobretudo, à facilidade de regulação da sua velocidade, através contínua
da variação da intensidade do campo. Referir-nos-emos na Unidade formativa
4 a alguns aspectos construtivos dos geradores e motores de corrente contínua.

ALTERNADORES

A corrente alterna de frequência industrial (50 Hz) é produzida por alternadores Frequência industrial
accionados por turbinas hidráulicas, a vapor, a gás, motores de combustão
interna, entre outros.

As diferentes máquinas motrizes têm velocidades de funcionamento muito Velocidades de


variadas; assim, os alternadores podem funcionar a 75 rpm (rotações por funcionamento
minuto) se accionados por turbinas hidráulicas, ou a 3000 rpm no de accionados
por turbinas a gás ou a vapor.
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IEFP · ISQ Geradores Eléctricos

O aspecto construtivo dos alternadores varia conforme a velocidade a que Aspecto construtivo dos
trabalham. Para velocidades lentas têm grande número de pólos, enquanto alternadores
que para velocidades rápidas têm pequeno número de pólos. A frequência, o
número de pólos e a velocidade de rotação estão relacionadas da seguinte Número de pólos
forma:

n.p
f= (lll.1)
60

em que f = frequência, em Hz;


n = velocidade de rotação (rpm);
p = número de pares de pólos.

Um gerador que funcione a 1500 rpm (caso típico dos alternadores industriais
de pequena e média potência accionados por motores diesel), terá um número
de pares de pólos

60 .f
p= =2 (lll.2)
n

ou seja, terá 4 pólos.

Uma diferença fundamental entre os alternadores e os dínamos, ou entre os


motores de corrente alterna e os de corrente contínua, reside nos enrolamentos
indutor e induzido (a outra, como vimos atrás, são o comutador e os anéis
colectores).

Num alternador, o enrolamento indutor ou excitador situa-se no rotor, enquanto


o estator contém o enrolamento induzido. Assim, o campo magnético é
giratório, e as linhas de fluxo no seu movimento "cortam" os condutores do
enrolamento estatório, induzindo nestes a f.e.m.

Na fig. lll.6 está representado um alternador bipolar, onde se observam os


enrolamentos do estator e do rotor.

Este, também denominado enrolamento de excitação do gerador, está ligado Enrolamento de excitação
através de anéis e escovas à fonte de corrente contínua que serve de excitador.
A f.e.m. induzida é dada por:

f.e.m. = B.l. V. (lll.3)

sendo B a indução magnética, l o comprimento activo do fio condutor e v a


velocidade de deslocamento do campo magnético em relação ao fio.
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Estator
Rotor

Excitador

Fig. lll.6 - Esquema de um gerador de corrente alterna

Quando o gerador trabalha, a velocidade v é constante, e, por isso, a variação


da força electromotriz em função do tempo deve-se somente às variações da
indução magnética ao longo da circunferência do rotor.

Excitação sem escovas

Nos alternadores modernos, a excitação é feita com recurso a díodos rotativos,


eliminando-se, assim, a necessidade dos anéis colectores e escovas.

Este sistema está representado na fig. lll.7 e consta essencialmente de um


pequeno gerador colocado na extremidade do veio do alternador principal; a
corrente alterna produzida neste gerador de excitação é rectificada pelo conjunto
de díodos que rodam conjuntamente com o veio, fornecendo, assim, corrente
contínua ao enrolamento do rotor do alternador principal.

Induzido de
excitação Estator do alternador
Veio Diodos
comum excitativos

Enrolamento
de excitação
Corrente
Rotativo Alterna

Enrolamento
de excitação fixo

Fig. lll.7 - Gerador sem escovas - esquema de princípio


M.T.01 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial III . 7


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Alternadores trifásicos

Tal como foi referido para os transformadores, a distribuição de energia para fins Distribuição de energia
industriais faz-se quase exclusivamente sob a forma de corrente alterna trifásica.

Fig. lll.8 - Gerador trifásico

Pela mesma razão, exceptuando pequenos geradores até 5 ou 10 kVA, os


alternadores de uso corrente são trifásicos. Estes diferem dos alternadores
monofásicos por terem no estator três enrolamentos, distintos e isolados uns
dos outros, dispostos de forma que as forças electromotrizes induzidas neles
estejam deslocadas em fase umas em relação às outras de 120º.

Se o gerador é bipolar, como na fig. lll.8, então, os eixos das bobinas dos Gerador bipolar
enrolamentos de fase estão deslocados um em relação ao outro 1/3 da
circunferência do estator (1/3 x 360º = 120º). Quando o rotor gira, o seu campo
magnético atravessa os condutores dos enrolamentos do estator não
simultaneamente. A f.e.m. do enrolamento A atinge o seu valor máximo quando
perto dele passa a parte central do pólo do rotor. A f.e.m. no enrolamento seguinte
B atinge o máximo, um terço de volta mais tarde.

Num gerador de dois pólos, 1/3 do período da f.e.m. induzida corresponde a


1/3 da rotação. A f.e.m. no enrolamento B está atrasada em fase em relação ao
enrolamento A em 1/3 de período. De igual modo, a f.e.m. no enrolamento C
está atrasada 1/3 de período em relação à f.e.m. do enrolamento ( B ) e 2/3 em
relação ao enrolamento A . As equações dos valores instantâneos da força
electromotriz são:

E A = EM .senω.t (lll.4)

T
E A = EM .senω .( t − ) (lll.5)
3
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2T
E C = EM .senω.( t − ) (lll.6)
3

a)
Curvas dos valores
Instantâneos da
força electromotriz
dum sistema
trifásico

b)
Vectores da força electromotriz
de um sistema trifásico

Fig. lll.9 - Sistema trifásico simétrico

As curvas dos valores instantâneos são mostrados na fig. lll.9 a), e o diagrama
vectorial das forças electromotrizes na fig. lll.9 b).

A soma destes vectores é nula, constituindo um sistema trifásico simétrico de


força electromotriz.

E A + EB + E C = 0 (lll.7)

Ligação dos enrolamentos dos alternadores trifásicos

Os enrolamentos dos alternadores trifásicos podem ligar-se em triângulo ou


estrela, sendo este último o tipo de ligação mais usual.

Na prática, aos terminais dos alternadores vão ligar 6 condutores, sendo cada
par de condutores as extremidades das bobinas A, B ou C.

No caso da montagem em estrela (fig. lll.10), o ponto comum de ligação a'b'c' Neutro do sistema
(ponto 0) é chamado o neutro do sistema.
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Fig. lll.10 - Ligação em estrela das bobinas de um alternador

As tensões nos terminais do alternador ligado em estrela são dadas por:

Uab = Ubc = Uca = 3 .Ua0 (lll.8)

isto é, as tensões de linha (Uab - diferença de potencial entre duas fases) Tensões de linha e de fase
excedem as tensões de fase (Ua0 - diferença de potencial entre fase e neutro)
em 3 vezes.

A corrente é, neste sistema

Ia0 = Ib0 = Ic 0 = Iab = Ibc = Ica (lll.9)

isto é, as correntes de linha são iguais às correntes de fase.

Sendo a soma vectorial das correntes, num sistema equilibrado, igual a zero.

A potência num enrolamento é: Potência

P = 3.Ua0 .Ia0 . cos ϕ (lll.10)

e a potência total do sistema,


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P = 3 .Uab .Iab . cos ϕ [ Watt ] (lll.11)

No caso da montagem em triângulo (fig. lll.11)

c Icc’
c Ibc c’
Ubc Uca Iaa’
o
a’
o Ica
o a b Ibb’
Iab a
Uab
b b’
b
(a) (b)

Fig. lll.11 - Ligação em triângulo dos bobines de um alternador

a tensão de linha é igual à tensão de fase, e a soma vectorial das três


tensões é zero. A intensidade de linha, um sistema triângulo equilibrado, é
3 vezes a intensidade de fase

Uac = Ucb = Uba = Ua0 (lll.12)

Iba = 3 .Iaa (lll.13)

A potência é como para o sistema estrela,

P = 3 .Uab .I. cos ϕ (lll.14)

Funcionamento em paralelo

Tal como para os transformadores, também para os alternadores é necessário Condições para o
que se verifiquem determinadas condições para que estes possam trabalhar funcionamento em paralelo
em paralelo, isto é, fornecer energia em simultâneo ao mesmo sistema eléctrico.
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As condições necessárias para o funcionamento em paralelo são a mesma Sincronoscópios


tensão, a mesma frequência e o sincronismo de fase, isto é, que a fase A
do alternador que se vai ligar à rede atinja o seu valor máximo instantâneo no
mesmo momento que a fase A da rede.

A verificação desta condição faz-se com o auxílio de aparelhos chamados


sincronoscópios e relés de sincronização.

A tensão pode ser ajustada através do regulador de tensão que equipa o Ajuste da tensão
alternador, e a frequência faz-se variar, regulando a velocidade da máquina motriz.

QUEDA DE TENSÃO

Quando um gerador está em carga e a debitar corrente, esta circula pelo


enrolamento do induzido e, no caso de corrente contínua, causa uma queda
de tensão interna (r.i), em que (I) é a corrente e r a resistência interna. A
tensão (U) que aparece nos terminais do gerador é igual à f.e.m. gerada (E)
menos a queda de tensão interna (r.i).

U = E - r.I (lll.15)

No caso de corrente alterna, em vez da resistência interna, temos uma


impedância (z), e a tensão nos terminais é dada por

U = E − Z.I (lll.16)

sendo as quantidades acima vectoriais.

Com factor de potência 1,

2 2
E = U + (r.I) + ( X.I) (lll.17)

sendo x a reactância do induzido.


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RENDIMENTO

O rendimento de uma máquina é a relação entre a potência que fornece e a que Rendimento
absorve, ou seja,

Potência Útil
Re n dim ento = (lll.18)
Potência Absolvida

Esta relação pode também pôr-se numa das seguintes formas:

Potência Útil
Re n dim ento = (lll.19)
Potência Útil + Perdas

Potência Absolvida − Perdas


Re n dim ento = (lll.20)
Potência Absolvida

Portanto, se as perdas da máquina se conhecem, pode obter-se o rendimento


correspondente a qualquer potência útil ou absorvida.

A expressão (III.19) utiliza-se para geradores, uma vez que é fácil determinar a
potência útil eléctrica. Por razão idêntica (determinação da potência útil
absorvida), utiliza-se a expressão (III.20) para motores.

A energia dispendida em perdas inclui as perdas eléctricas, magnéticas e


mecânicas (resistência, impedância, atrito, ventilação, etc.), e a sua
determinação faz-se com o auxílio de freios ou dinamómetros.
Perdas
Os fabricantes de máquinas eléctricas indicam os valores do rendimento das
mesmas, o qual deve ser tão alto quanto possível (80 a 90% nos geradores e 75
a 90% nos motores de corrente contínua, a plena carga). Os alternadores e
motores de corrente alterna podem atingir valores próximos dos 95%.
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MANUTENÇÃO DE GERADORES

As máquinas eléctricas rotativas apresentam todas aspectos construtivos muito


semelhantes, pelo que as operações de manutenção são também idênticas.
Desta forma, deverá o formando reportar-se à Unidade Temática V - Motores
de Corrente Alterna, onde o assunto da manutenção é tratado com detalhe.
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RESUMO

Os geradores eléctricos são máquinas rotativas ,constituídas por um estator


e um rotor, destinadas a transformar a energia mecânica em eléctrica. Esta
transformação consegue-se por acção de um campo magnético sobre condutores
dispostos sobre uma armadura. Se mecanicamente se produzir um movimento
relativo dos condutores e do campo, gerar-se-á naqueles uma força
electromotriz.

Os geradores podem fornecer energia sob a forma de corrente contínua ou


alterna; no primeiro caso, designam-se dínamos e, no segundo, alternadores.

Os princípios teóricos do funcionamento dos dínamos e dos alternadores são


os mesmos pois que, em ambos os casos, estamos em presença de um campo
magnético indutor, e de um condutor que se move nesse campo, onde é induzida
a força electromotriz (f.e.m).

Os geradores industriais de corrente contínua foram, na generalidade,


substituídos por alternadores; os motores de corrente contínua continuam a ter
aplicação, embora na indústria a predominância seja dos motores de corrente
alterna.

A regra da mão direita de Fleming define a relação entre a direcção do fluxo


magnético, do movimento do condutor e da força electromotriz induzida.

Nos alternadores, a corrente é conduzida ao exterior através de anéis e escovas,


enquanto nos dínamos é através de um colector (comutador) e escovas.

Num alternador, a velocidade é inversamente proporcional ao número de pólos.

Os alternadores trifásicos dispõem de três enrolamentos dispostos de forma


que as f.e.m neles induzidas estejam deslocadas em fase, em relação umas
às outras, de 120º.

Os enrolamentos dos alternadores trifásicos podem ligar-se em triângulo ou em


estrela. Ao ponto comum da ligação em estrela chamamos neutro.

O rendimento dos geradores eléctricos varia entre 80% - 90% nos geradores de
corrente contínua, 75% - 90% nos motores de corrente contínua e
aproximadamente 95% nos alternadores e motores de corrente alterna.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial III . 15


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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Como se designam as máquinas geradoras de corrente alterna? E de corrente


contínua?

2. Quais as razões que levam à crescente utilização dos alternadores em


detrimento dos dínamos?

3. Um alternador de 50 Hz tem 48 pólos. A que velocidade funciona?

4. Qual o rendimento de um alternador que debita uma potência útil de 30 Kw


e tem perdas totais de 3 500 W?

5. Que dispositivos se utilizam na condução das correntes induzidas a um


circuito exterior, no caso de um gerador de corrente alterna e de um de
corrente contínua?

6. Qual é a frequência industrial, em Portugal? E nos EUA?

7. Sob que ângulo estão dispostos os eixos dos enrolamentos de fase do


estator de um alternador trifásico?

8. Em que condições é possível fazer trabalhar dois alternadores em paralelo?

9. Como se regula a frequência de um alternador?

10. Um gerador trifásico de 60 kVA, 380 V, alimenta uma instalação a 4 fios,


com factor de potência 0,8. Considerando que as correntes são
equilibradas, calcule:

a) A tensão entre fase e neutro;

b) A corrente por fase;

c) A potência activa debitada;

d) A potência reactiva.

11. O induzido de um alternador de 60 kVA a 220 V tem uma resistência de


0,016 ohm e uma reactância de 0,070 ohm. Determinar a f.e.m. induzida
quando o alternador fornece a corrente de regime a um receptor de factor
da potência 1, e o valor da queda de tensão interna.

12. Qual é a potência útil de um alternador que tem um rendimento de 80% e


perdas totais de 2 800 W?
M.T.01 Ut.03

Componente Prática Electrotecnia Industrial III . 16


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Máquinas de Corrente Contínua


M.T.01 Ut.04

Electrotecnia Industrial
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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar as partes constituintes de uma máquina rotativa de corrente


contínua;

• Reconhecer circuitos de excitação dos enrolamentos do indutor;

• Descrever as aplicações dos motores de corrente contínua.

TEMAS

• Componentes básicos

• Enrolamento do induzido

• Enrolamento do indutor

• Aplicações dos motores de corrente contínua

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.T.01 Ut.04

Electrotecnia Industrial IV . 1
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COMPONENTES BÁSICOS

Os componentes básicos de uma máquina de corrente contínua (fig. IV.1) são Componentes básicos
a parte fixa onde se encontram os enrolamentos do indutor, o estator, e a parte
móvel ou rotor como referido anteriormente, que consta do induzido e do
comutador, por vezes, também chamado colector.

Carcaça Tampa derolamento

Induzido Travessa

Fig. IV.1 - Componentes básicos de uma máquina de corrente contínua

ENROLAMENTOS DO INDUZIDO

Os condutores que formam o enrolamento do induzido podem ser ligados entre


si e aos segmentos do comutador de variadas formas.

As mais usuais são os chamados enrolamento imbricado ou paralelo, e o Enrolamento imbricado


enrolamento ondulatório ou série. ondulatório

O enrolamento imbricado simples utiliza-se nos motores de dois pólos de


pequena potência (até 1 kW) e em máquinas de potência superior a 500 kW. O
enrolamento ondulatório utiliza-se em máquinas de pequena e média potência
(até 500 kW).
M.T.01 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial IV . 2


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Fig. IV.2 - a) Secções do enrolamento do induzido Legenda: 1- Imbricado


2- Ondulatório b) Ligações dos condutores no caso de Legenda: 1-
Enrolamento Imbricado 2- Enrolamento Ondulatório

ENROLAMENTOS DO INDUTOR

As características de trabalho das máquinas de corrente contínua dependem Origem do campo magnético
do método de excitação do campo magnético. Os ímanes permanentes somente
são utilizados em motores de potência muito reduzida. Na generalidade dos
motores e geradores, o campo magnético resulta da corrente de excitação
que passa nas bobinas que cercam os pólos magnéticos, fixos ao estator.

O circuito do enrolamento de excitação pode ser independente em relação ao


circuito do induzido, mas, na maioria dos casos, estes circuitos estão ligados
em paralelo, em série, ou em série-paralelo. As máquinas são assim
designadas em função do modo como essa ligação é feita. A variação ou a
regulação da intensidade da corrente de excitação permite comandar a
tensão dos geradores e a velocidade nos motores.

No caso de excitação independente o enrolamento do indutor deve ser ligado Excitação independente
a uma fonte de energia eléctrica independente (fig. IV.3 - a). A tensão nos bornes
do induzido da máquina não exerce influência sobre a intensidade da corrente
de excitação. Uma vez que a corrente de excitação é independente, somente a
reacção do induzido provoca alterações do fluxo magnético da máquina no
caso de variação da carga.

Fig. IV.3 - Circuitos de excitação


a) independente; b) paralelo; c) série; d) série-paralelo
M.T.01 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial IV . 3


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No caso de excitação em paralelo (também denominada excitação shunt), o Excitação em paralelo


circuito do enrolamento de excitação é ligado em paralelo ao circuito do induzido
(figura IV.3 - b).

Uma vez que a intensidade da corrente de excitação deve ser muito inferior à
intensidade da corrente do induzido (1 a 5%) e a tensão U nos bornes do
induzido e no circuito de excitação é a mesma, a resistência do enrolamento
de excitação deve ser relativamente grande. O enrolamento terá, pois, um elevado
número de espiras, de fio relativamente fino. O fluxo magnético desta máquina
pode ser regulado por meio de reóstato, ligado no circuito de excitação.

No caso da excitação em série, o circuito de excitação é ligado em série ao Excitação em série


induzido (figura IV.3 - c). Para evitar quedas da tensão de alimentação, a secção
dos condutores deve ser relativamente grande e o número de espiras reduzido.

Uma vez que a corrente no induzido, que é a mesma que a de excitação, é


relativamente grande, ela garante a força magnetizante necessária apesar do
pequeno número das espiras de excitação.

No caso da excitação em série-paralelo, ou compound, em cada núcleo Excitação em série-paralelo


polar encontram-se duas bobinas, fazendo uma delas parte do enrolamento de
excitação ligado em série e outra, do enrolamento, ligado em paralelo ao
induzido. Na maioria dos motores de excitação em série-paralelo as forças
magnetizantes dos dois enrolamentos somam-se, e o motor designa-se por
motor compound acumulativo; no caso em que as acções dos dois enrolamentos
estão em oposição, diz-se que o motor é compound diferencial.

APLICAÇÕES DOS MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Os diferentes tipos de enrolamento do estator determinam a utilização dos Motores de enrolamento


motores de corrente contínua; assim, os motores de excitação em paralelo, série
caracterizados pela sua velocidade quase constante, são utilizados em
ventiladores, máquinas ferramentas, bombas, etc.. Os motores de
enrolamento série ou compound, caracterizam-se por grande momento de
arranque e velocidade variável, e utilizam-se em tracção eléctrica, gruas, e
transportadores. Os motores de enrolamento compound acumulativo Motores de enrolamento
aplicam-se sobretudo em máquinas ferramentas (balancés, guilhotinas), prensas compound acumulativo
e aparelhos de elevação. Estes motores possuem um momento motor também
elevado.
M.T.01 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial IV . 4


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RESUMO

Os componentes básicos que constituem as máquinas de corrente contínua


são: a parte móvel ou rotor e a parte fixa ou estator.

As características de trabalho de uma máquina de corrente contínua dependem


do método de excitação do campo magnético.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial IV . 5


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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Quais são os componentes básicos de uma máquina de corrente contínua?

2. Que forma de excitação conhece nos motores de corrente contínua?

3. Em que caso se utiliza o enrolamento imbricado simples?

4. De que dependem as características de trabalho das máquinas de corrente


contínua?

5. Dê exemplos de aplicação dos diferentes tipos de motores de corrente


contínua.

6. De que forma é que, na maioria dos casos, estão ligados o circuito do


enrolamento de excitação em relação ao circuito do induzido?
M.T.01 Ut.04

Componente Prática Electrotecnia Industrial IV . 6


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Motores de Corrente Alterna


M.T.01 Ut.05

Electrotecnia Industrial
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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Caracterizar motores monofásicos, trifásicos de indução, síncronos e


assíncronos;

• Explicar o fenómeno do campo magnético giratório;

• Definir velocidade síncrona;

• Definir deslizamento;

• Referir algumas vantagens e desvantagens nos motores de rotor em curto-


-circuito;

• Identificar as formas mais usuais de ligação de motores;

• Indicar alguns dispositivos de protecção de motores eléctricos;

• Referir alguns cuidados a ter na instalação e manutenção de motores


eléctricos.

TEMAS

• Introdução

• Campo giratório

• Motores monofásicos

• Motores trifásicos de indução

• Momento de rotação dos motores de rotor em curto-circuito

• Ligação dos motores de indução

• Sentido de rotação dos motores trifásicos

• Motores síncronos
M.T.01 Ut.05

Electrotecnia Industrial V . 1
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• Protecção de motores eléctricos

• Instalação e manutenção de motores

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Electrotecnia Industrial V . 2
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INTRODUÇÃO

Os motores eléctricos têm por principal finalidade a transformação da energia


eléctrica em energia mecânica. A sua utilização em larga escala na indústria
começou a desenvolver-se depois da substituição da máquina a vapor pela
electricidade, no accionamento de máquinas e aparelhos utilizados em diversas
operações industriais.

A força desenvolvida pela corrente eléctrica através da geração de um campo


magnético, continua a ser o princípio elementar da construção dos motores
eléctricos.

Esta unidade formativa tem por finalidade dar a conhecer os diversos tipos de
motores de corrente alterna, bem como a sua constituição, funcionamento,
tipos de ligação, cuidados de instalação e de protecção.

CAMPO GIRATÓRIO

Os motores de corrente alterna utilizam, para o seu funcionamento, o fenómeno


do campo magnético giratório, já referido na Unidade Temática III, referente aos
Geradores Eléctricos.

O campo magnético giratório surge como resultado da sobreposição de Campo giratório


dois ou mais campos magnéticos alternos que têm a mesma frequência ( f ),
mas que estão desfasados um em relação ao outro no espaço. No caso da
alimentação trifásica, o campo giratório obtém-se facilmente, dispondo os
enrolamentos do estator de um motor, formando um ângulo de 120º.

Na fig.V.1 está representada a obtenção de um campo giratório num sistema


trifásico de correntes.

B
y
BC
A
BA x

BB
-y
0
C

Fig. V.1 - Campo magnético giratório num sistema trifásico


M.T.01 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial V . 3


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MOTORES MONOFÁSICOS

No caso dos motores monofásicos, o campo rotativo obtém-se pelo uso de Campo rotativo
dois enrolamentos separados no espaço de 90º; um, o enrolamento de
arranque, é alimentado através de um condensador em série. Desta forma, a
corrente no enrolamento de arranque está adiantada cerca de 90º em relação à
do enrolamento de marcha, de modo que o motor fica convertido em bifásico,
ou comporta-se como tal. Estes motores são muito frequentes para pequenas Motores condensadores
potências e são chamados de motores condensadores.

Outra forma construtiva dos motores monofásicos é idêntica à dos motores de


corrente contínua, isto é, utilizam um colector em que as escovas, colocadas
com um ângulo de 18 a 20º em relação ao eixo do campo, são postas em curto-
-circuito. Estes motores, utilizados para potências muito reduzidas, são Motores de repulsão
chamados motores de repulsão.

MOTORES TRIFÁSICOS DE INDUÇÃO

Os motores mais usuais na indústria são os chamados motores assíncronos Motores assícronos
trifásicos, ou de indução. Estes motores têm de uma maneira geral o seu
induzido (rotor) constituído em forma de gaiola de esquilo, que lhe confere
grande robustez. A estes motores é também frequente designá-los por motores
de rotor em curto-circuito. Na fig. V.2, está representado o rotor deste tipo de
motores.

Dada a grande importância destes motores, devido, sobretudo, ao baixo custo


e à sua já referida robustez, vamos referir-nos aos mesmos com maior detalhe.

O rotor do motor de indução é constituído de chapas de aço magnético Constituição do rotor


laminado, na periferia do qual são inseridas barras de cobre ou alumínio, curto-
-circuitadas em ambas as extremidades por anéis metálicos do mesmo material.

As barras e os anéis formam como que uma gaiola, daí a designação de motores Gaiola de esquilo
com o rotor em gaiola de esquilo. O campo rotativo do estator atravessa
estas barras, gerando nas mesmas forças electromotrizes que fazem circular a
corrente.

Estas correntes reagem com o campo rotativo e, segundo a lei da mão


esquerda de Fleming, os condutores são submetidos a uma força na direcção
do campo rotativo.
M.T.01 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial V . 4


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Anel de Barras do rotor


curto - circuito

Campo Sentido
de rotação Correntes
giratório
circulando
devido às
nas barras
correntes
e anéis
no estator

Núcleo do rotor
(aço laminado)

Fig. V.2 - Motor de indução - rotor

Isto produz um torque ou momento no rotor que faz com que este inicie o seu
movimento e acelere. Em termos mais simples, pode dizer-se que o rotor é
arrastado pelo campo rotativo.

Campo

Força do
movimento
Corrente

Fig. V.3 - Regra da mão esquerda, de Fleming

À medida que o rotor acelera, a velocidade relativa entre este e a do campo


giratório vai diminuindo, da mesma forma que as f.e.m. e correntes induzidas, e
a força mecânica nos condutores. O rotor estabiliza, então, a uma velocidade
ligeiramente inferior à do campo giratório (a velocidade síncrona), altura em que
as f.e.m. no induzido são o estritamente necessário para manter a corrente no
rotor e o momento requeridos para mover a carga. Esta velocidade final é Deslizamento
tipicamente 1 a 2% abaixo da velocidade síncrona, e a diferença entre as duas
chama-se deslizamento.

Com uma carga inferior à carga nominal, o deslizamento é reduzido, e a Velocidade síncrona
velocidade aproxima-se da velocidade síncrona. Contrariamente, se a carga
aumenta, o deslizamento aumenta também, e as f.e.m induzidas no rotor e por
consequência a sua corrente aumentam também, o que produz um momento
maior para fazer face à maior carga.

Assim, os motores de indução têm uma velocidade próxima, mas não igual à
velocidade síncrona, e o controlo da sua velocidade só muito recentemente
M.T.01 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial V . 5


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IEFP · ISQ Motores de Corrente Alterna

se tornou possível de uma forma económica, por meio de equipamento estático


que faz variar a frequência da corrente de alimentação.

As velocidades de sincronismo (n) em rpm, relacionam-se com a frequência


(f ) em Hz e o número de pares de pólos (p), tal como para os alternadores, pela
seguinte fórmula:

n.p
f= (V.1)
60

Um outro tipo de motor de indução é o motor de rotor bobinado, que como o Rotor bobinado
próprio nome indica, apresenta o rotor formado por bobinas de fio isolado
semelhantes às dos induzidos dos motores de corrente contínua, com as
extremidades do enrolamento ligadas em estrela a três anéis colectores. Os
anéis estão em contacto com escovas, que se ligam regra geral a um reóstato
(resistência variável) ou conjunto de resistências de arranque, para assim
limitar a corrente de arranque.

MOMENTO DE ROTAÇÃO DOS MOTORES DE ROTOR EM


CURTO-CIRCUITO

Uma desvantagem dos motores de indução de rotor em curto-circuito é a Desvantagens dos motores de
elevada corrente consumida no arranque (cerca de 7 vezes a corrente nominal), rotor em curto-circuito
o baixo factor de potência e o pequeno momento desenvolvido.

Quando o motor está parado, o rotor actua como o secundário de um


transformador posto em curto-circuito, que absorve uma corrente excessiva se
se aplicar toda a tensão.

A fig. V.4 (a) indica a variação do momento com o deslizamento para três valores
diferentes da tensão de alimentação.

A fig. V.4 (b) mostra-nos a curva característica do momento de um motor Curva característica
assíncrono moderno que se divide em três trechos; o primeiro que corresponde de Momento
ao regime de trabalho vai da marcha em vazio até à carga nominal; o segundo,
que corresponde ao regime de sobrecarga, vai da carga nominal ao momento
máximo Mrot.max e o terceiro, a parte instável, vai do momento máximo ao
momento inicial de arranque Marr.

Quando a carga corresponde ao regime de trabalho da curva característica, o


motor pode funcionar durante um período ilimitado.
M.T.01 Ut.05

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Te
n sã
on
om Momento
ina de
l
90 % arranque
de t
ens
ão
nom
inal
50 % d
e tensã
o no m in al

Fig. V.4 - Relação entre o momento e o desligamento

A sobrecarga é admissível para um período relativamente curto. Finalmente,


se a carga ultrapassa, mesmo durante um intervalo de tempo curto, o momento
máximo, o motor pára.

O motor parado continua a consumir uma grande corrente, igual à corrente de


arranque, e portanto os enrolamentos do estator e do rotor estão sujeitos a um
sobreaquecimento. Nestas circunstâncias, é necessário desligar rapidamente
o motor. Utilizam-se para este efeito dispositivos designados por relés térmicos Termopares
que fazem desligar os disjuntores ou contactores quando o motor é sujeito a
sobrecarga inadmissível. Há também dispositivos chamados termopares que,
embebidos nos enrolamentos do estator, detectam um aumento de temperatura
e fazem accionar os órgãos de paragem do motor.

LIGAÇÃO DOS MOTORES DE INDUÇÃO

Tal como os alternadores, os motores trifásicos de indução podem ser ligados Ligação estrela - triângulo
em estrela ou triângulo. Esta possibilidade é aproveitada para o arranque de
motores de rotor em curto-circuito, com recurso aos arrancadores estrela-
-triângulo, isto é, o motor inicia o seu funcionamento ligado em estrela, e é
posteriormente comutado para ligação triângulo.
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L1 L1

L2 L2

L3 L3

a) Arranque b) Plena marcha

Fig. V.5 - Arranque do motor de indução pelo método estrela-triângulo

Desta forma, reduz-se a corrente de arranque que, como já foi referido, é cerca
de 7 vezes a corrente nominal na ligação triângulo.

Na ligação em estrela, a tensão de alimentação é 1 3 da tensão da rede, ou Tensão e corrente


seja, cerca de 58% da tensão normal de alimentação, e a corrente é 1/3 do (ligação estrela)
valor que teria se o motor fosse ligado directamente.

SENTIDO DE ROTAÇÃO DOS MOTORES TRIFÁSICOS

Tal como referido no início da unidade formativa, o movimento do campo Alteração do sentido
giratório "arrasta" o rotor nos motores de indução, fazendo com que estes de rotação do motor
girem na mesma direcção do campo. Para alterar o sentido de rotação destes
motores, apenas há que alterar a sequência de ligação das fases do sistema
trifásico.

Para este efeito utiliza-se um comutador tripolar apropriado, conforme a fig.


V.6, ou empregam-se dois contactores, também tripolares.

Conforme se vê na figura, apenas se muda a ligação de duas fases.

Enrolamento
do estador

Rotor curto-circuito

Fig. V.6 - Circuito de comutação para mudança da


direcção de rotação de um motor assíncrono.
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MOTORES SÍNCRONOS

Tal como os dínamos podem funcionar como geradores, também os Sincronismo


alternadores podem funcionar como motores síncronos e vice-versa. Estes
motores são assim chamados porque a sua velocidade é a mesma da do campo
giratório. Esta particularidade confere ao motor síncrono uma velocidade
constante, que é uma das suas principais características.

Construtivamente, os motores síncronos são muito semelhantes aos Características dos motores
alternadores. O rotor é bobinado. Nele circula uma corrente contínua de síncronos
excitação, através de dois anéis e escovas; que induz um campo magnético,
de intensidade regulável. Esta característica, traduz uma vantagem notória deste
tipo de motores em relação aos motores assíncronos, que é a de poderem
fornecer energia reactiva à rede, e, assim, compensar o factor de potência
de uma instalação.

Na generalidade dos motores síncronos, o rotor é também provido de condutores


ou barras curto-circuitadas na sua periferia. Tal como nos motores de gaiola
de esquilo, este enrolamento adicional é utilizado no arranque, em que o motor
funciona como um normal motor de indução.

Na maioria dos casos a potência dos motores síncronos é bastante grande, e Autotransformador de
por isso, para diminuir a corrente de arranque, a tensão é reduzida por meio de arranque
ligação do rotor através de um autotransformador de arranque ou bobina de
choque (reactância).

Nos motores síncronos, quando a corrente de excitação é normal, o campo Corrente de excitação
magnético do rotor induz no enrolamento do estator uma força electromotriz normal
que pode ser considerada aproximadamente igual à tensão da rede aplicada
aos bornes do estator. Nestas condições, o motor carrega a rede apenas
com a corrente activa (kW), e o seu factor de potência é unitário (Cosj =
1).

Se a corrente de excitação é menor do que a nominal, o fluxo magnético Corrente de excitação menor
do rotor induz no enrolamento do estator uma f.e.m. menor do que a tensão que a nominal
da rede; além da corrente activa, o motor consome da rede corrente reactiva,
desfasada em relação à tensão num quarto de ciclo, como a corrente de
magnetização do motor assíncrono.

Mas se a corrente contínua de excitação é superior à nominal, a f.e.m. (E) é Corrente de excitação maior
superior à tensão da rede (V) e o motor diz-se sobreexcitado. Nesta que a nominal
condição, o motor fornece corrente reactiva à rede, adiantada em fase em
relação à tensão da rede, tal como a corrente da capacidade de um condensador.

Portanto, um motor síncrono sobreexcitado pode melhorar, assim como uma Sobreexcitação
bateria de condensadores, o factor de potência de uma instalação.
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PROTECÇÃO DE MOTORES ELÉCTRICOS

Tal como no caso dos transformadores, os motores eléctricos devem ser


protegidos de forma conveniente contra os efeitos externos como: excessiva
carga, variações de tensão, etc. Ao proteger-se um motor, está também a
proteger-se a restante instalação eléctrica, o que aliás deve ser sempre o objectivo
do equipamento de protecção eléctrica, isto é, proteger o equipamento a jusante
e a montante, de forma a que um curto-circuito não afecte partes da instalação
em perfeitas condições de funcionamento.

O dispositivo mais comum de protecção de motores de indução é o relé térmico, Relé térmico
por vezes, associado a um relé magnético; o primeiro é regulado para a corrente
nominal do motor; quando a corrente excede a nominal, o relé actua, fazendo
desligar o contactor ou disjuntor utilizado na alimentação do motor; o segundo
actua em caso de curto-circuito. Ocasionalmente, são utilizados fusíveis para
esta protecção.

Nos motores de grande potência, aqueles relés são substituídos por outros que Relés electrónicos
contêm um microprocessador que verifica as condições ideais de
funcionamento do motor.

Fig. V.7 - Relé electrónico de protecção de motores - GEC tipo MCHN

Estes relés electrónicos providenciam uma protecção total do motor contra


sobrecargas, curto-circuito, sequência negativa de fases, falta de tensão
numa ou mais fases, fuga à terra, tempo de arranque excessivo e
paragem. Estes relés são ligadas através de transformadores de
intensidade. No caso de motores de alta tensão, faz-se também recurso a
transformadores de tensão.
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Nos motores síncronos, utilizam-se relés adicionais para protecção contra Relés adicionais
sobrecargas repentinas que podem causar uma perda de sincronismo, contra
religação após falha da tensão de alimentação; contra sobretensão e
subfrequência; protecção do enrolamento do rotor contra sobreaquecimento;
contra desequilíbrios de fase, devidos quer a deficiente isolamento nos
enrolamentos, quer a desiguais tensões de alimentação, entre outros.

INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO DE MOTORES

Os motores eléctricos são máquinas de grande fiabilidade, se adequadamente


instaladas e assistidas.

Assim, antes da instalação de um motor deve verificar-se:

• A resistência de isolamento dos enrolamentos; se este valor for inferior


ao recomendado pelo fabricante, o motor não deve ser posto em serviço sem
os mesmos sejam devidamente secos ou isolados. A secagem dos
enrolamentos pode fazer-se com ar quente ou por injecção de corrente.

Fig. V.8 - Alinhamento horizontal de máquinas

• O correcto posicionamento, isto é, deve ter-se em atenção a sua forma


construtiva, já que há motores para montagem horizontal, vertical, com
uma ou duas flanges, entre outras.

• Se o motor roda livremente à mão, sem provocar ruídos anormais,


principalmente nos rolamentos.

• Se a ligação dos cabos de alimentação e dos órgãos de protecção está


correcta. Estes devem também ser ensaiados para confirmar o seu correcto
funcionamento.

• Se o maciço de fundação, e o alinhamento do motor e do órgão a


accionar é o mais correcto.
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• No caso de se utilizarem correias para a transmissão do movimento, se


estas não foram montadas com tensão excessiva. Note que: após o período
inicial de funcionamento, as correias têm tendência a ficar largas, devendo
proceder-se ao seu ajustamento.

Fig. V.9 - Alinhamento angular de máquinas

No primeiro arranque do motor, verificar: a ausência de choques ou vibrações Verificações


exageradas; o tempo de arranque, e a corrente consumida nas três fases,
a qual deve ser próxima da indicada na placa de características (se o motor
estiver a trabalhar à carga nominal) e o equilíbrio das três correntes. Dispondo
do equipamento apropriado, pode medir-se e fazer um registo gráfico da corrente
e tempo de arranque.

A manutenção dos motores divide-se em manutenção corrente e manutenção


bienal.

A manutenção corrente resume-se à lubrificação das chumaceiras de Manutenção corrente


rolamentos, reposição do nível de óleo nas chumaceiras lubrificadas a óleo,
e substituição das escovas nos motores com colectores de anéis. Deve também
verificar-se as condições de ventilação do motor.

Na manutenção bienal, ou anual, se as condições de trabalho forem adversas


(local com poeiras finas, vapores químicos, etc.), há que verificar os seguintes
órgãos:

• Chumaceiras de rolamento - limpeza e inspecção dos rolamentos.

• Chumaceiras de deslizamento - desmontagem das capas e verificação


das superfícies de rolamento; limpeza do reservatório de óleo e substituição
do óleo.

• Bobinagens - soprar os enrolamentos com ar comprimido seco para remoção


das poeiras acumuladas; verificação da resistência de isolamento e verificação
das barras do rotor.
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• Terminais e colector - limpeza de poeiras acumuladas e verificação do


estado dos isoladores; limpeza do colector e verificação do estado dos cabos
de ligação dos porta-escovas aos terminais do rotor. A resistência de
isolamento dos rotores bobinados deve também ser verificada.

Em todo o caso, devem seguir-se sempre as indicações dos fabricantes no


que respeita à instalação e manutenção de motores eléctricos. O mesmo se
aplica obviamente a outras máquinas e equipamentos eléctricos
(transformadores, disjuntores, alternadores, etc.).
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RESUMO

O campo giratório, resultado da sobreposição de dois ou mais campos


magnéticos alternos, é o responsável pelo funcionamento dos motores de
corrente alterna.

Nos motores monofásicos, também conhecidos por motores condensadores, o


campo rotativo ou giratório obtém-se pelo uso de dois enrolamentos separados
de 90º.

Os motores trifásicos de indução são os motores de mais vasta aplicação na


indústria, devido ao baixo custo comparativamente com outros tipos de motores
e à robustez construtiva do rotor em gaiola de esquilo.

À diferença entre a velocidade do campo giratório e a velocidade do rotor chama-


-se deslizamento.

Velocidade síncrona é a velocidade do campo giratório.

A velocidade de rotação (n) de um motor trifásico varia na razão directa da


frequência (f) e na inversa do número par de pólos (p)

60 . f
n=
p

Algumas desvantagens dos motores de indução de rotor em curto-circuito são


o seu elevado consumo de corrente no momento de arranque , que é cerca de
sete vezes a corrente nominal; o seu baixo factor de potência e o fraco momento
desenvolvido.

Na ligação em estrela, a tensão de alimentação é 3 da tensão da rede.

Os motores trifásicos podem ser ligados em estrela ou em triângulo, sendo a


inversão do sentido de rotação conseguida por alteração da sequência da ligação
de duas das três fases.

Os motores síncronos podem funcionar como alternadores e são, assim,


designados por a sua velocidade ser a mesma do campo giratório.Os motores
eléctricos devem ser protegidos contra cargas excessivas, variações de tensão,
etc.

Antes da instalação e ligação dos motores deverá ser verificada a resistência


de isolamento dos enrolamentos, a livre rotação sem ruídos anormais do rotor,
o seu correcto posicionamento, ligação e alinhamento.

A manutenção dos motores deverá ser periódica e deverá ter em conta


verificações de ausência de choques; vibrações; lubrificação das chumaceiras
e rolamentos; reposição do nível de óleo; substituição das escovas e condições
de ventilação, etc.
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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Qual é o ângulo formado pelos enrolamentos do estator de um motor num


campo giratório trifásico ? E no caso dos motores monofásicos?

2. Um motor síncrono de 8 pólos está ligado a uma corrente cuja frequência


é de 50 Hz. Refira a sua velocidade síncrona.

3. Que desvantagens apresentam os motores de rotor em curto-circuito?

4. Qual é a principal característica dos motores síncronos?

5. Faça um esquema de um motor condensador monofásico.

6. Que tipo de motores são mais usuais na indústria?

7. Como é constituído o rotor destes motores? O que os caracteriza?

8. Que nome se dá à diferença entre a velocidade síncrona e a velocidade de


funcionamento dos motores assíncronos e como se expressa?

9. Um motor bipolar, de 50 Hz, tem um deslizamento de 1,8%. Qual é a sua


velocidade de funcionamento?

10. Um motor de 4 pólos, ligado a uma corrente de 50 Hz. ,sabendo que o


deslizamento a plena carga é de 1,7%, calcule:

a) A sua velocidade síncrona.

b) A sua velocidade a plena carga.

11. Que outro tipo de motores de indução conhece, para além dos de rotor em
curto-circuito?

12. Que consequências podem advir do funcionamento de um motor em so-


brecarga prolongada?

13. Que dispositivo se utiliza para limitar a corrente de arranque de um motor


de indução?

14. Faça o esquema das ligações de dois contactores para inversão de


marcha de um motor trifásico.

15. Por que razão podem os motores síncronos ser utilizados para correcção
do factor de potência de uma instalação?

16. Que outros dispositivos são utilizados para melhoria do factor de potência?
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17. Um motor de 22 CV é alimentado a 380 V, e funciona em triângulo; para o


arranque, é utilizado um arrancador estrela triângulo; calcule a corrente de
arranque (em estrela), considerando que a corrente nominal de arranque
em triângulo é sete vezes a corrente nominal, 1 CV = 735 W, e o factor de
potência do motor é 0,8.

18. Por que razão se devem utilizar aparelhos de protecção de motores? Qual
é o dispositivo mais comum na protecção de motores?

19. Que tipo de protecções conferem os relés electrónicos?

20. Que dispositivos são utilizados na ligação destes relés?

21. Que verificações se devem fazer aquando da instalação de motores?

22. Que órgãos devem ser inspeccionados durante a manutenção bienal?


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Iluminação
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Electrotecnia Industrial
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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Descrever alguns factores que contribuem para a redução dos índices de


iluminação;

• Identificar os diversos sistemas de iluminação;

• Referir os principais tipos de fontes de luz;

• Calcular o valor da iluminação média;

• Indicar alguns factores que contribuem para o custo da manutenção;

• Apontar alguns benefícios de um bom programa de manutenção.

TEMAS

• Sistemas de iluminação

• Fundamentos de um projecto de iluminação

• Necessidade de manutenção de sistemas de iluminação

• Programas de manutenção de sistemas de iluminação

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

Um sistema de iluminação, se projectado e instalado convenientemente, deve


fornecer uma intensidade de iluminação adequada ao local e à utilização
prevista, fig.VI.1, tão economicamente quanto possível.

Níveis de iluminação requeridos 5375


por diversas actividades industriais

Os números indicam o número médio


de luz sobre o plano de trabalho

2150

1075
c

b 540
a

107.5 115

Fig.VI.1 - Níveis de iluminação requeridos por diversas actividades industriais


Legenda: a) Armazenamento;Embalamentos; Expedições b) Tratamento de
matérias-primas (operações grosseiras) c) Montagens; Produção;
Escritórios d) Trabalhos c\máquinas; Montagens de precisão;
Desenhos e) Montagens e verificações de precisão
f) Trabalhos de precisão a cores.

O nível de iluminação devem ser mantidos para a protecção de pessoas e


para se reduzirem os custos derivados das perdas por falta de manutenção.

A experiência mostra que sistemas de iluminação, sem uma manutenção


adequada, sofrem uma quebra de rendimento nos seus índices de iluminação.

A conservação de energia eléctrica em sistemas de iluminação deve Conservação de energia


obedecer a dois princípios fundamentais:

• Não usar índices de iluminação maiores do que os necessários, pois isso


implicaria desperdício de energia.

• Não usar índices menores do que o necessário, pois isso implicaria riscos
de higiene, saúde e segurança para pessoas.
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Existem vários estudos para determinar os níveis de iluminação adequados


para os locais, consoante as condições ambientais e os tipos de actividade
neles existentes, existindo Normalização e Regulamentação aprovada que
impõe os procedimentos a adoptar nesses casos.

Uma maximização dos níveis de iluminação e da conservação de energia em


sistemas de iluminação, nas fases de projecto ou de manutenção, pode ser
conseguida se forem seguidos os seguintes princípios básicos: Princípios básicos

• Projectar a instalação de acordo com a actividade nela desenvolvida.

• Projectar, utilizando luminárias adequadas ao local (conjunto de lâmpada(s),


suporte(s), protecções e acessórios necessários ao seu funcionamento).

• Utilizar fontes de luz mais eficientes.

• Utilizar luminárias de maior rendimento.

• Utilizar tintas e revestimentos de elevado índice de reflexão para paredes,


tectos, pavimentos e mobiliário.

• Sempre que possível, utilizar a luz do dia e escolher vidros para as janelas
de tipo adequado.

• Manter os sistemas de iluminação limpos e em boas condições de


funcionamento.

• Preparar instruções de operação e programas de manutenção do sistema de


iluminação.

FUNDAMENTOS DE UM PROJECTO DE ILUMINAÇÃO

Princípios fundamentais da Iluminação

Para planear um Programa de Manutenção de sistemas de iluminação, é


necessário conhecer os princípios fundamentais da Iluminação, pelo que
se apresentam alguns conceitos básicos, aconselhando-se a consulta de alguma
bibliografia especializada para estudos mais detalhados.

• Os sistemas de iluminação são normalmente classificados em 5 tipos gerais Classificação de sistemas de


de acordo com as características de distribuição de luz das luminárias, das iluminação
suas características estruturais, de localização, etc., que são o tipo "directo",
"indirecto", semi-directo, semi-indirecto e geral.
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Fig.VI.2 - Sistemas de iluminação

- Cada projecto deve ser estudado, de modo a escolher o equipamento


e método de instalação mais adequado à instalação e utilização
respectiva.

• Existem 3 tipos principais de fontes de luz: incandescentes, fluorescentes


e de intensidade de descarga elevada (vapor de mercúrio, sódio, etc.), Fontes de luz
sendo qualquer deles usado extensivamente em unidades industriais pois
todos eles apresentam características particulares de utilização com
vantagens e desvantagens entre eles.

Qualquer um dos 3 tipos de fontes de luz são fabricadas numa gama de


tamanhos e formatos, de modo a possibilitar o máximo grau de flexibilidade
para a aplicação desejada.

• A escolha do sistema de iluminação e do tipo de fonte de luz depende de


vários factores a ter em consideração na fase do projecto como a
intensidade uniforme pretendida, número de luminárias necessárias, o
espaçamento entre elas, a cor da luz produzida em relação à actividade a
desenvolver, o tipo de manutenção a implementar, a vida média da
luminária, etc.

Iluminação
individual
Iluminação
de grupo

Iluminação geral

Fig. VI.3 - Sistemas de iluminação e sua aplicação


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- Existem tabelas com os valores mínimos recomendados para os níveis


de iluminação que variam com o grau de severidade da actividade a
desenvolver no local e com as condições ambientais respectivas.

- No projecto de novos sistemas de iluminação, é prática comum escolher


um valor médio de iluminação superior ao valor mínimo recomendado
pois este é o valor que deve ser mantido durante a utilização da
instalação.

• O projectista utiliza um "Factor de Manutenção" que entra em consideração Factor de Manutenção


com os factores de perda de luz, quer estas sejam recuperáveis ou não.

- Existem tabelas que auxiliam a analisar estes factores de perda de luz


e a estimar qual será o "Factor de Manutenção" para uma específica
instalação industrial tomando em consideração os graus de sujidade,
acumulação de poeiras, vapor de água, vapores corrosivos, atmosferas
especiais, etc., assim como o tipo de equipamento presente, os
revestimentos de paredes, tectos e pavimentos, o tipo de manutenção
implementada, etc.

• Uma vez seleccionado e instalado um sistema de iluminação, o responsável


pela manutenção deve ter em consideração que não é o valor inicial
projectado de índice de iluminação que é importante, mas o índice que
existe em qualquer momento na instalação.

- Aquele é importante como ponto de referência pois indica a quantidade


de iluminação que existia quando as fontes de luz, luminárias, etc.
estavam novas e limpas e os índices de reflexão no seu ponto mais
elevado.

- A diferença em percentagem dos valores dos índices de iluminação


inicial e num dado momento representa o Factor de Manutenção para
aquele período de tempo.

Projecto de um sistema de iluminação

Se o procedimento para o cálculo do valor de iluminação a manter for um


programa de manutenção, este consistirá na implementação das seguintes
acções, divididas em 4 grupos:

A - Objectivos e Especificações

1. Definir o nível de iluminação exigido em função da actividade.

2. Definir a qualidade exigida para os factores de iluminação, de brilho das


luminárias, índices de reflexão, variações mínima e máxima admissíveis,
etc.

3. Definir a quantidade de luminárias requerida para garantir os valores


mínimos e máximos de iluminação.

4. Verificar as condições ambientais (temperatura, poeiras no ar, etc.).


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5. Elaborar a descrição do local: dimensões, índices de reflexão das paredes,


tecto e pavimentos, planos de trabalho, número de horas de funcionamento,
etc.

6. Efectuar a selecção da luminária,dependente dos valores especificados


nos números anteriores.

B - Identificar as perdas de luz irrecuperáveis

Os factores que os procedimentos de manutenção não podem normalmente Perdas de luz irrecuperáveis
controlar, mas que devem ser tomadas em consideração no cálculo do Factor
de Manutenção são:

1. Temperatura ambiente.

2. Tensão de alimentação.

3. Factor dos balastros utilizados.

4. Depreciação da superfície da luminária.

C - Identificar perdas de luz recuperáveis

Os seguintes factores de perda de luz podem ser controlados e corrigidos com Perdas de luz recuperáveis
a existência de procedimentos de manutenção para o sistema de iluminação:

5. Depreciação do índice de reflexão das superfícies dos tectos, paredes,


etc., por acumulação de poeiras e sujidades.

6. Número de lâmpadas inoperativas e não substituídas.

7. Depreciação do índice de iluminação das lâmpadas devido ao seu


envelhecimento após períodos de tempo prolongados.

8. Depreciação do índice luminoso das luminárias por acumulação de poeiras.

D - Cálculos

Existem três métodos para o cálculo da intensidade luminosa de um local de


uma instalação:

• Método do cálculo do fluxo luminoso.

• Método da cavidade da zona.

• Método ponto a ponto.

O método do cálculo do fluxo luminoso, utilizando coeficientes conhecidos de


utilização, é o mais simples e genericamente mais usado para o cálculo dos
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níveis de iluminação e é baseado na teoria de que a iluminação média de um


local é igual ao número de Lúmens por unidade de área de trabalho do local.

Este método baseia-se em valores experimentais para os diversos factores a


ter em consideração (utilização do equipamento, tipo de actividade, condições
ambientais, índices de acumulação de poeiras, etc.) e que se encontram
publicados em tabelas.

Os valores extraídos destas tabelas são introduzidos nas fórmulas adiante


indicadas para se obter o valor médio da iluminação para o local e para um
tipo de luminária específico.

É o método mais simples e tem a precisão suficiente para os objectivos a


atingir na preparação de Programas de Manutenção para a maioria das
instalações.

A partir dos conhecimentos dos factores acima descritos, que se podem obter
através de tabelas publicadas pelos fabricantes de aparelhos de iluminação e
pela análise das condições ambientais e construtivas da instalação, o
procedimento de cálculo de um sistema de iluminação é simples:

a) O factor total de perda de iluminação é obtido pela multiplicação de todos


os factores de perda de luz recuperáveis e irrecuperáveis, mencionados
em B e C, ou seja, pela multiplicação do coeficiente de utilização, CU,
pelo Factor de Manutenção, F.M.

b) Iluminação Média

A partir do valor dos factores de perdas de luz, que tem que ser ultrapassado, Iluminação média
o valor da iluminação média pode agora ser calculado.

I x CU x FM (VI.1)
IM =
S

Sendo: I M: A iluminação média no plano de trabalho.


I: Índice de iluminação pretendido.
S: Superfície do local.

ou ainda:

Ii x CU x FM (VI.2)
IM =
Si

IL x CU x FM (VI.3)
IM =
SL
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IL = N x Ii (VI.4)

Sendo:

Ii: Iluminação inicial da lâmpada.


IL: Iluminação inicial da luminária.
Si: Área por lâmpada.
SL: Área por luminária.
N: Número de lâmpadas por luminária.

c) Quando se pretende fazer a distribuição das luminárias, conhecendo o


número necessário para se obter a iluminação média a ser mantida por
um período de tempo determinado, devem ser considerados os tipos e
características da luminária escolhida, a superfície da sala e o grau de
uniformidade de distribuição da iluminação.

NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DE SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO

A finalidade da Manutenção de Sistemas de Iluminação é minimizar as perdas


Finalidade da manutenção
de luz e maximizar a iluminação disponível, tão economicamente quanto
possível.
Perdas de luz
Os factores que contribuem para reduzir os índices de iluminação e aumentar
as perdas de luz são:

• Acumulação de poeiras e sujidades.

• Envelhecimento ou defeito de luminárias.

• Perda de rendimento de luminárias.

• Tensão de serviço inferior ao valor nominal.

• Baixos factores de reflexão ( paredes, tecto, chão, mobiliário, máquinas


e equipamento).

Estes factores devem ser tomados em consideração quando se prepara um


programa de manutenção de um sistema de iluminação ou quando se projecta
uma instalação nova, não só para aumentar a vida útil do equipamento,
como também para aumentar a sua eficácia e reduzir os consumos de
energia a eles associados.
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IEFP · ISQ Iluminação

Um estudo efectuado numa instalação industrial que não possuí um Programa


de Manutenção e na qual se mediu a evolução dos índices de iluminação, em
percentagem dos valores projectados, durante a implantação progressiva de
5 acções básicas, revelou que:

• Índice encontrado na instalação: 33% do valor projectado.

• Índice após limpeza de luminárias: 41%.

• Índice após substituição de luminárias defeituosas: 56%.

• Índice após correcção do valor da tensão: 58%.

• Índice após pintura com cores claras do tecto e paredes: 68%;

• Índice após substituição de luminárias por outras de rendimento mais


elevado: 75%.

PROGRAMA DE MANUTENÇÃO DE UM SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

Elaboração do programa de manutenção

Antes de se iniciar a elaboração de um programa de manutenção do Sistema Arquivo de manutenção


de iluminação, é importante analisar em detalhe o sistema existente, os seus
principais factores e criar um arquivo com todas as características importantes.

Este arquivo deve incluir informação detalhada sobre pelo menos o seguinte:

• Características técnicas do sistema de iluminação.

• Custo inicial do equipamento.

• Desenhos de implantação das luminárias.

• Esquemas ou diagramas eléctricos da instalação.

• Manutenção efectuada, procedimentos e práticas habituais, para o caso


de uma instalação já existente.

• O resultado de uma série de testes a ser conduzidos para se conhecerem


os seguintes factores:
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• Intensidade de iluminação inicial.

• Intensidade de iluminação mantida.

• Número de lâmpadas defeituosas e frequência da sua substituição.

• Depreciação do índice luminoso das lâmpadas.

• Cálculo do rendimento das luminárias.

• Valor da tensão de alimentação.

• Factores de reflexão das superfícies existentes.

• Índices de acumulação de poeiras e sujidades.

Este arquivo, se suficientemente detalhado e organizado, dá ao responsável


pela manutenção do equipamento uma base coerente para analisar o sistema
de iluminação e permite-lhe propor o programa a implementar.

De modo a estimarem-se os custos da manutenção, é também necessário


apontar o número e categoria dos empregados envolvidos na realização dos
testes ao sistema, no tempo necessário a executá-los; os custos associados
ao seu salário; os custos unitários das diferentes operações de manutenção
(substituição de lâmpadas, limpeza de luminárias, medição de índices de
iluminação, etc.).

Com os elementos obtidos na análise do sistema, conjuntamente com a


informação dos custos iniciais do sistema, e dos custos da manutenção, é
possível relacioná-los com os valores das intensidades luminosas médias.

• Não se deve esquecer que, em termos gerais, os benefícios de um bom


programa de manutenção do sistema de iluminação são:

• mais luz;

• melhor aparência das instalações;

• melhores condições de trabalho;

• aumento de produtividade;

• redução de custos de energia;

• maior segurança;

que no seu conjunto realçam a importância daquele.


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Equipamento de manutenção

O equipamento a ser utilizado na manutenção de um sistema de iluminação


deve ser seleccionado de modo a tornar a sua realização eficiente, com um
mínimo de esforço e com redução de tempos.

A escolha deste equipamento depende de vários factores, tais como:

• a altura dos compartimentos e a área destes.

• a acessibilidade das luminárias.

• os obstáculos existentes.

Deste modo, podem ser escolhidas:

• escadas.

• escadotes.

• andaimes portáteis.

• plataformas, telescópicas, quer hidráulicas ou eléctricas.

• plataformas montadas em veículos.

Em instalações especiais, encontram-se ainda suportes desconectáveis com


a possibilidade de baixar as luminárias a um nível de trabalho mais baixo.

Embora mais caro durante a instalação, o seu custo é recuperado após um


período de tempo face aos valores inferiores de mão de obra e outro
equipamento necessário para realizar a limpeza e substituição de componentes
do sistema.

Para mover poeiras e sujidades é conveniente usar um aspirador eléctrico e


um tanque de água para lavagem de depósitos oleosos.

É ainda necessário adquirir instrumentos de medida e ensaio para as


verificações periódicas das intensidades luminosas (luxímetros) e da tensão
de alimentação (voltímetros), que se encontram largamente difundidos no
mercado.
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Precisão Display
4 1/2 Dígitos Panorâmico

Medição
Capacímetro
HEF
incorporado

Aj
Zero

Zoa Data
Hold

LUXÍMETRO MULTÍMETRO

Fig VI.4 - Instrumentos de medida (Luxímetro e Multímetro)

Para algumas instalações especiais pode ainda ser considerado a aquisição Luminancímetro
de aparelhos para medir o brilho das superfícies das luminárias, tectos,
paredes, etc., assim como um Luminancímetro que indica o índice de
iluminação num determinado local de trabalho.

Fig VI.5 - Medidor de luminância (Luminómetro)

Para a correcção de defeitos encontrados, deve adquirir-se um conjunto de


ferramentas típicas de um electricista:

• ferro de soldar e solda

• alicates isolados

• fita isolante
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• chaves de fendas

• busca pólos Busca - pólos

• multímetro

• etc.

Custos de substituição de lâmpadas

Existem dois métodos principais para a substituição de uma lâmpada, a Métodos para a substituição
ter em conta no cálculo dos custos: de uma lâmpada

• Individual: Substituição das lâmpadas defeituosas após cada uma das


falhas.

• Em grupo: Substituição de um grupo de lâmpadas do sistema de iluminação


a intervalos regulares,baseadas quer no cálculo do período médio
de vida expectável quer na utilização de tabelas fornecidas pelos
fabricantes.

Resultados estatísticos mostram que, para lâmpadas fluorescentes, após 70%


do tempo de vida médio, 12% das lâmpadas estarão fora de serviço ou que,
após 80% da vida média, o ritmo de defeitos aumenta rapidamente.

O intervalo escolhido para a substituição em grupo deve ser seleccionado


convenientemente, de modo a obter-se um equilíbrio entre o custo mínimo por
unidade de iluminação e o custo mínimo de manutenção.

Em termos gerais, o custo de substituição de uma lâmpada é a soma do


custo da lâmpada mais o custo da mão de obra necessária para efectuar essa
Custo de substituição
tarefa.

Ou seja:

C= L+M (VI.5)

onde C = Custo unitário da substituição de uma lâmpada

L = Custo de uma lâmpada

M = Custo da mão de obra por lâmpada


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Na substituição em grupo o custo é:

L+G
C= (VI.6)
I

onde G = Custo de mão de obra por lâmpada

I = Intervalo de substituição em percentagem da vida média


da lâmpada.
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RESUMO

Uma manutenção periódica do sistema de iluminação permite uma melhoria


bastante acentuada dos índices de iluminação.

Os sistemas de iluminação são normalmente classificados como: directo,


indirecto, semi-directo, semi-indirecto e geral.

As principais fontes de luz são: a incandescente, a fluorescente e a de


intensidade de descarga elevada.

A escolha do sistema de iluminação depende: da intensidade pretendida,


do número de luminárias; do espaçamento entre elas, da cor da luz produzida;
do tipo de manutenção; da vida média da luminária, etc.

O factor de manutenção traduz a diferença, em percentagem, entre o valor


do índice de iluminação inicial (ou projectado) e o índice real (que pode ser
medido num dado momento).

A iluminação média (IM) é a relação entre o índice de luz (I) pretendida e a


superfície do local a iluminar (S), multiplicada pelo factor total de perda (FTP).

I
IM = x FTP
S

A finalidade da manutenção consiste em minimizar as perdas de luz e


maximizar a iluminação da forma mais económica.
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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Refira os princípios fundamentais de conservação de energia em sistema


de iluminação.

2. Indique alguns dos factores de que depende a escolha de um sistema de


iluminação?

3. Indique os principais objectivos da manutenção de um sistema de


iluminação.

4. Referencie três factores que contribuam para a redução dos índices de


iluminação.

5. Refira três tipos de iluminação estudados.

6. Enumere os principais tipos de fonte de luz estudados.

7. Descreva os factores a ter em conta no cálculo da iluminação média e


apresente a fórmula utilizada no seu cálculo.

8. Referencie alguns dos benefícios de um bom programa de manutenção.


M.T.01 Ut.06

Componente Prática Electrotecnia Industrial VI . 16


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IEFP · ISQ B - Explor ação P
Exploração eda
Peda gógica das Unidades Temáticas
edagógica

Cabos Eléctricos
M.C.02

Electrotecnia Industrial
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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Definir os seguintes conceitos:

• Condutor eléctrico;

• Cabo eléctrico;

• Secção nominal;

• Alma condutora;

• Isolamento.

• Identificar as cores dos condutores eléctricos;

• Descrever os tipos de revestimento dos condutores utilizados na protecção


dos cabos condutores;

• Referir algumas características que um condutor ou cabo deve possuir;

• Indicar formas de manutenção requeridas pelos cabos.

TEMAS

• Introdução

• Elementos Constituintes

• Características eléctricas

• Características mecânicas

• Outras características

• Marcação

• Dimensionamento de cabos eléctricos


M.T.01 Ut.07

Electrotecnia Industrial VII . 1


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• Manutenção

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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INTRODUÇÃO

O contínuo crescimento do número de instalações industriais tem sido, ao


longo das últimas décadas, um incentivo para os fabricantes produzirem mais e
melhores os tipos de cabos, adequados quer a instalações de uso geral, quer a
instalações industriais que operam em condições de ambiente adversas.

Este facto resultou na utilização de diferentes materiais quer para os condutores


quer para os isolamentos e bainhas que implicam a utilização de técnicas
diferenciadas tanto na sua instalação, quanto na execução de caixas de junção
ou de terminais.

Até meados do século, o tipo de cabo mais usado, em instalações de média


tensão até 11kV, consistia em condutores de cobre isolados em papel impregnado
a óleo com blindagens e armaduras metálicas revestidas de material betuminoso.

Atendendo às desvantagens apresentadas por estes cabos, principalmente no


que diz respeito ao envelhecimento dos seus compostos isolantes, ao
comportamento sob condições de ambiente adversas e às dificuldades de
execução de junções, a técnica evoluiu utilizando-se agora condutores de cobre
ou alumínio, com isolamentos em PVC ou outro material mais adequado e
menos vulnerável à deterioração.

A maioria dos cabos eléctricos, actualmente fabricados, encontram-se abrangidos


por normalização, comunitária ou nacional, existindo laboratórios acreditados
para a realização de ensaios de verificação da sua conformidade com os
diferentes requisitos normativos.

Dada a grande diversidade do tipo de cabos actualmente fabricados, não está


no âmbito deste curso a sua descrição e análise exaustiva.

Apresentam-se apenas aqueles conceitos principais ao entendimento das


características construtivas, dimensionais, eléctricas e mecânicas mais
importantes, assim como dos factores a ter em consideração na correcta escolha
e dimensionamento do tipo de cabo a utilizar nas instalações industriais.

ELEMENTOS CONSTITUINTES

Alma condutora

Entende-se por alma condutora ou condutor, o elemento metálico destinado à Condutor


condução da corrente eléctrica, podendo ser constituído por um fio ou conjunto
de fios devidamente reunidos ou, ainda, por perfis adequados fig. VII.1.
M.T.01 Ut.07

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial VII . 3


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Isolamento
Cobre
Isolamento

Bainha Isolamento Grupo de fios de


Cobre cobre

Fig. VII.1 - Condutores eléctricos a) Unifilares, b) Multifilares

O material das almas condutoras, por exemplo cobre ou alumínio, deve Condutor isolado
obedecer às características definidas em normas próprias para cada tipo de
condutor isolado ou cabo.

Ao conjunto de alma condutora revestida por uma ou mais camadas de


material isolante que asseguram o seu isolamento eléctrico dá-se o nome de
condutor isolado.

Ao conjunto de condutores isolados devidamente agrupados, providos de Cabo


bainha, trança ou envolvente comum, dá-se o nome de cabo.

À secção pela qual se designa o condutor e que corresponde a um valor Secção nominal
aproximado da soma das secções rectas dos seus fios dá-se o nome de secção
nominal.

Os valores das secções nominais dos condutores isolados constituintes de


cabos são normalizados, encontrando-se publicados em tabelas.

Igualmente, o número de condutores por cabo deve também ser escolhido


entre os valores especificados nas normas (mencionadas na Bibliografia).

A verificação da disposição dos condutores isolados e a medição do passo de


cablagem do conjunto devem ser feitas por exame visual sobre um troço do
cabo, depois de liberto do enchimento e da bainha exterior e amarrado nas
extremidades, por forma a que os condutores isolados não saiam do conjunto,
mantendo a posição inicial.

Deve ainda proceder-se à verificação do valor do diâmetro exterior médio que


não deve exceder o valor indicado na norma para cada tipo de cabo (mencionadas
na Bibliografia).
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial VII . 4


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Isolamento

O isolamento é a camada, ou conjunto de camadas, de material não condutor Isolamento


que, envolvendo a alma condutora, assegura o seu isolamento eléctrico.

As características do material isolante encontram-se indicadas nas


respectivas normas (mencionadas na Bibliografia).

No entanto, seja qual for o material do isolamento, este deve ajustar-se à alma
condutora da melhor maneira, mas devendo, porém, ser possível removê-lo sem
deteriorar aquela.

Os valores das espessuras nominais do isolamento para cada tipo de cabo


são indicadas nas Normas respectivas, que também indicam os métodos a
utilizar para a verificação desses valores em provetes retirados dos respectivos
condutores.

A superfície exterior do isolamento dos condutores deve ter cor indelével, de


modo a que permita uma rápida e inequívoca identificação de acordo com as
normas de cada tipo de cabo.

Por exemplo, as cores de identificação são:

• Condutores isolados e cabos monocondutores: azul clara, preta, castanha Cores de identificação
ou verde/amarela.

• Cabos de 2 condutores: azul clara e preta.

• Cabos rígidos de 3 condutores: azul clara, preta e verde/amarela ou azul


clara, preta, preta e castanha.

• Cabos de 4 condutores: azul clara, preta, castanha e verde/amarela ou azul


clara, preta e castanha.

O processo de identificação por cores dos condutores isolados para cabos de


mais de cinco condutores encontram-se especificado nas normas respectivas.

De salientar, no entanto, que como condutor de protecção deve ser utilizado Condutor de protecção
unicamente o condutor verde/amarelo.

Nos cabos de tensão nominal superior a 450/750 V, isolados a plastómeros ou


a elastómeros, os condutores isolados devem ter todos a cor natural do material
de isolamento.
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Enchimento

Para regularizar a forma do cabo, utiliza-se um material, designado por Enchimento


enchimento, que preenche os interstícios entre os condutores isolados, e
não deve ter acção prejudicial sobre os restantes elementos do cabo.

O material do enchimento não deve, de forma alguma, ficar colado aos


elementos do cabo que com ele contactam, deve poder ser facilmente removível
e assegurar a forma regular do conjunto. As características deste material são
especiais e estão definidas nas normas respectivas dos diferentes tipos de
cabo.

Elementos de protecção

Para assegurar a protecção do cabo contra acções mecânicas ou determinadas


características eléctricas, existem quatro tipos de revestimento dos
condutores isolados que a seguir se descrevem,fig. VII.2

Isolamento
Bainha Armadura Enchimento
Condutores
Blindagem Trança

Fig. VII.2 - Cabo de alta tensão (5,8/10kV)

Blindagem

É um revestimento metálico que envolve cada um dos condutores isolados Blindagem


ou o seu conjunto a fim de assegurar determinadas características eléctricas.
É constituído por fitas metálicas ou metalizadas, por fios metálicos ou por
bainhas metálicas.

Bainha

É um revestimento contínuo que, envolvendo completamente o condutor Bainha


isolado ou o conjunto cableado de condutores isolados, contribui para a protecção
mecânica dos cabos, podendo ainda ter uma função de enchimento, ou, se
metálica, de blindagem.
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As bainhas metálicas são normalmente de chumbo ou de suas ligas, devendo


ser homogéneas, sem poros, defeitos de superfície ou soldaduras.

O material das bainhas não metálicas não deve, de igual forma, apresentar
poros, incrustações ou outros defeitos similares.

Trança

A trança é um revestimento constituído por elementos filiformes, têxteis Trança


ou metálicos, devidamente entrelaçados. As tranças devem apresentar-se
regulares e bem ajustadas ao cabo, sem, todavia, lhe diminuir sensivelmente a
sua flexibilidade.

Armaduras

A armadura é um revestimento metálico que tem como principal finalidade Armaduras


proteger o cabo contra acções mecânicas exteriores, podendo, no entanto, ter
também funções de natureza eléctrica. Estas podem ser constituídas por duas
fitas de aço macio, por fios ou barrinhas de aço macio galvanizado ou ainda por
materiais não magnéticos como o alumínio rijo, cobre, bronze, etc.

As fitas da armadura devem ser resistentes à oxidação e revestidas por um


produto de acção anti-corrosiva ou por uma bainha exterior contínua.

As dimensões nominais dos elementos constituintes da armadura são dadas


em função do diâmetro teórico sobre o qual esta é aplicada. (ver Normas no
fim desta Unidade).

CARACTERÍSTICAS ELÉCTRICAS

Tensão Nominal

A tensão nominal de um condutor isolado ou cabo é a tensão pela qual o Tensão nominal
condutor isolado ou cabo é designado e em relação ao qual é dimensionado o
seu isolamento.

A tensão nominal é designada por dois valores Uo/U, sendo o primeiro o valor
da tensão mais elevada admissível entre qualquer condutor e a terra ou a
blindagem, e o segundo, o valor da tensão mais elevada admissível entre dois
quaisquer condutores.
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Os valores das tensões nominais dos condutores isolados ou cabos são


normalizados e indicados no quadro VII.1.

U O /U 1 0 0 /1 0 0 V
U O /U 3 0 0 /5 0 0 V
U O /U 4 5 0 /7 5 0 V
U O /U 0 ,8 /1 ,2 k V
U O /U 2 ,4 /3 ,6 k V
U O /U 4 ,8 /7 ,2 k V
U O /U 7 ,2 /1 2 k V
U O /U 1 2 /1 7 ,5 k V
U O /U 1 7 ,5 /2 4 k V
U O /U 2 4 /3 6 k V
U O /U 3 6 /5 2 k V
U O /U 5 2 /7 2 ,5 k V

Quadro VII.1 - Tensões nominais normalizadas

É de salientar que, numa instalação eléctrica, os valores de tensão nominal


do condutor isolado ou do cabo não podem ser inferiores aos valores da
tensão mais elevada da instalação, respectivamente entre qualquer condutor
e a terra e entre quaisquer condutores.

Para instalações trifásicas com o neutro isolado, e em que mercê de um defeito


da terra possam vir a aparecer, entre condutores e a terra, tensões de valores
aproximadamente iguais aos que existem normalmente entre condutores, devem
ser previstos condutores com valores de Uo não inferiores à tensão nominal.

Exemplo VII. 1

Numa instalação trifásica de tensão nominal de 15 kV, com o neutro à terra, os


condutores isolados e os cabos devem ser de Uo/U = 12/17,5 kV. No entanto,
se a instalação funcionar com o neutro isolado, os condutores isolados e os
cabos devem ser de tensão nominal 17,5/24 kV.

Intensidade de corrente máxima admissível

A intensidade de corrente máxima admissível num condutor ou cabo deve


ser tal que a temperatura junto da alma condutora não exceda os valores Corrente máxima
especificados nas normas para esse tipo de cabo, e referem-se a um regime admissível
permanente de funcionamento.
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Condutores à vista
Condutores em tubos
Afastamento mútuo
Secção 1a3 4a6 7a9 < que o = ou > que o
mm2 condutores condutores condutores diâm. exterior diâm. exterior
1 13 10 9 17 21
1,5 17 14 12 22 27
2,5 22 18 15 30 36
4 29 23 20 40 48
6 37 30 26 50 60
10 50 40 35 70 85
16 70 56 49 95 110
25 95 76 66 125 145
35 120 96 84 150 180
50 140 112 98 180 210
70 185 148 130 230 275
95 225 180 158 275 330
120 265 212 186 315 390
150 320 256 224 360 440
185 350 280 245 410 505
240 415 332 290 480 595
300 480 384 336 550 685
400 580 464 406 650 820
500 670 536 469 810 935

Quadro VII.2 - Tabela de intensidade de corrente admissível


para condutores tipo V (PBT)

Os valores admissíveis para cada tipo de cabo, indicados nas normas


respectivas, têm em consideração o tipo de instalação, a temperatura
ambiente e a ausência de influência térmica de outros condutores, cabos
ou outras fontes de calor.

Temperatura de referência

A temperatura ambiente de referência é igual a 20ºC, devendo utilizar-se


factores de correcção para o cálculo das intensidades de corrente máximas
admissíveis a temperaturas diferentes daquela.

As intensidades da corrente máxima admissíveis, especificadas nas Normas,


são, em regra, indicadas para os tipos de instalação seguintes:

• Condutores isolados enfiados em tubo.

• Condutores isolados ou cabos instalados no ar.

• Cabos enterrados.

Deve ser tomado em consideração, no valor das intensidades de corrente


máximas admissíveis para os cabos, o caso de instalações em condutas,
canais ou galerias , onde possa existir um aumento de temperatura ambiente,
por motivo de deficiente ventilação.
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No caso da instalação de condutores, isolados ou cabos em grupos, se houver


interferência térmica entre eles, devem ter-se em consideração os factores de
correcção indicados na norma de cada tipo de condutor isolado ou cabo.

Para um regime não permanente de funcionamento, os condutores podem Resistência de isolamento


ser percorridos por uma corrente de intensidade superior à máxima admissível
em regime permanente, desde que se não exceda a temperatura de regime.

Resistências

Os valores das resistências: da alma condutora, de isolamento e da


blindagem, devem estar de acordo com os valores especificados na norma de
cada tipo de condutor isolado ou cabo e para o material constituitivo respectivo.

Os valores das resistências podem ser verificados através da realização de


ensaios, como o que adiante se descreve para a determinação da resistência
de isolamento:

A resistência de isolamento deve ser medida após o mínimo de um minuto de


aplicação de uma tensão contínua de 500 V e o seu valor deve ser o obtido
depois da estabilização da corrente de fuga. Assim, o condutor é ligado ao
pólo negativo, sendo utilizado um dos métodos seguintes:

• O ensaio é feito sobre um provete de 5 m de condutor despojado de todos os


revestimentos exteriores ao isolamento.

- O provete é mergulhado em água, a 60ºC ± 2ºC, por um período de 4


horas, deixando-se cerca de 25 cm das extremidades de fora. A tensão
é aplicada entre o condutor e a água.

• O ensaio é feito sobre a peça ou sobre bobina completa do cabo , no meio


ambiente. A tensão de ensaio é aplicada entre cada condutor e os restantes
ligados aos revestimentos metálicos.

Temperatura Factor de correcção


ambiente ºC
Cabos até 7,2kv Cabos de 12kv
10 1,10 1,13
15 1,05 1,07
20 1,00 1,00
25 0,94 0,93
30 0,88 0,85
35 0,82 0,76
40 0,75 0,66

Quadro VII.3 - Factores de correcção para temperaturas ambientes


diferentes de 20ºC
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- Os valores obtidos à temperatura ambiente são corrigidos para a


temperatura de 20ºC por meio dos factores de correcção próprios do
material do isolamento.

• O ensaio é feito sobre a peça ou bobina completa do cabo, mergulhada em


água à temperatura ambiente, por um período de 4 horas. Ao fim desse
período, aplica-se a tensão entre cada condutor e os restantes ligados à
água.

- Os valores obtidos são corrigidos para a temperatura de 20ºC por meio


dos factores de correcção próprios do material do isolamento.

CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS

Os componentes de um condutor isolado ou cabo devem possuir um conjunto Características mecânicas


de características mecânicas, cujos valores e métodos de verificação são:

• Resistência mecânica da bainha de chumbo.

• Resistência dos condutores isolados ou cabos a acções mecânicas.

• Resistência à dobragem de condutores isolados ou cabos do tipo rígido.

• Resistência à flexão de condutores isolados ou cabos dos tipos flexível e


extraflexível.

OUTRAS CARACTERÍSTICAS

Alguns tipos de condutores isolados ou cabos devem apresentar, de acordo


com a normalização respectiva, um conjunto de outras características, de que
se salienta:

• Resistência à corrosão por agentes atmosféricos.

• Resistência à corrosão por agentes químicos.

• Resistência à propagação da chama.


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• Adequado coeficiente mássico das tranças, que se define como a massa


da trança, expressa em gramas por centímetro quadrado da superfície
coberta, tomando como base o diâmetro de aplicação.

MARCAÇÃO

Os condutores isolados e os cabos devem conter as indicações seguintes:

• Uma marca de origem, oficialmente reconhecida, que identifique o fabricante.

• Uma marca que identifique o tipo de condutor isolado ou cabo, de acordo


com os símbolos fixados na Norma NP 665.

A marca de origem é constituída, em regra, por oposição de símbolos ou por Marca de origem
inclusão de fios ou fitas coloridas ou impressas. Em qualquer dos caso, deve
permitir uma rápida e duradoura identificação.

A aposição de símbolos deve ser feita no isolamento dos condutores isolados


ou na bainha exterior dos cabos, de forma indelével e facilmente legível. O
afastamento entre marcas não deve ser superior a 50 cm.

Não podem ser empregues processos, como o de gravação em depressão,


que possam prejudicar as características do isolamento ou da bainha, no local
da marcação.

Quando as dimensões ou a natureza da superfície dos condutores isolados ou


dos cabos não permitirem qualquer das marcações atrás referidas, elas devem Etiquetas
constar de etiquetas colocadas nas peças ou rolos de fabrico.

DIMENSIONAMENTO DE CABOS ELÉCTRICOS

Deve salientar-se a importância do cálculo da instalação e da escolha do tipo e


dimensões do cabo, para cada aplicação particular, nos quais se devem ter em
consideração os factores de correcção aplicáveis e o cálculo das quedas de
tensão.

A queda de tensão é uma consequência da resistência (R) dos cabos Queda de tensão
condutores que é directamente proporcional ao seu comprimento ( l ) e
inversamente proporcional à sua secção (S). Assim, quanto mais comprido e
fino for o condutor, mais resistência oferece e, por isso, maior queda de tensão
produz e vice-versa.
M.T.01 Ut.07

Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial VII . 12


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l  2 m 
R = ρ.  Ω = Ω.mm / m. 
2  (VII.1)
S  mm 

onde ( ρ ) - leia-se ró - define a resistividade do metal condutor.

Para os factores de correcção, é essencial analisar as condições de instalação Influências externas


dos cabos, as influências externas presentes, tais como: temperatura
ambiente; proximidade de outros cabos, ou ainda, de isolamento térmicos.

No que diz respeito à queda de tensão, é necessário obter: os comprimentos


de cabo a instalar; a corrente máxima em regime permanente da carga e outros
parâmetros, específicos da utilização, como por exemplo, a corrente de arranque
de motores, etc.

Factores de correcção

Os factores de correcção no dimensionamento de cabos são principalmente Temperatura de


os seguintes: funcionamento
admissível
• Correcção de temperatura ambiente.

• Factor de agrupamento.

• Isolamento térmico.

Correcção da temperatura ambiente

A temperatura de funcionamento admissível de um cabo depende,


principalmente, do tipo de material do isolamento, por exemplo, 70ºC para PVC,
85ºC para borracha, etc.

Consequentemente, se um cabo é instalado numa área com uma temperatura


ambiente igual à temperatura de referência de 20ºC, a temperatura do isolamento,
nas condições sem carga, estará de acordo com a do ambiente.

No caso de a temperatura ambiente ser maior, a diferença entre aquela e a


máxima admissível é menor.

Portanto, qualquer aumento provocado pela corrente no condutor deve ser inferior
àquela diferença, o que só se consegue por redução do valor nominal indicado
nas tabelas, ou seja, por imposição de um factor de correcção.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial VII . 13


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Factor de agrupamento

Este factor deve ser aplicado quando se instalam diversos condutores agrupados Factor de agrupamento
e nos quais se deve considerar a passagem simultânea da corrente
correspondente à plena carga, o que pode implicar instalações economicamente
desvantajosas.

Pode, no entanto, permitir-se uma redução desse factor, levando em


consideração: cargas flutuantes, a não simultaneidade de plena carga e ainda
o espaçamento entre condutores.

Isolamento térmico

Este factor deve ser aplicado nos casos em que os cabos estão instalados na
proximidade ou cobertos com algum material isolante instalado para outros
fins, não associados à instalação eléctrica, como por exemplo, isolamento
térmico de paredes.

Queda de tensão

Os efeitos da redução da tensão de uma instalação abaixo do seu valor Queda de tensão admissível
nominal vão desde uma perda de rendimento até à completa impossibilidade
de funcionamento de um equipamento, sendo, portanto, essencial reduzir a
queda de tensão a um valor mínimo.

A restrição no valor da queda de tensão admissível numa instalação é de 5%


do valor da tensão nominal, sendo, em muitos casos, este o factor principal
no dimensionamento de cabos.

MANUTENÇÃO

É normalmente aceite que defeitos ou falhas em cabos, excepto quando Defeitos ou falhas
provocados por causas externas, acontecem geralmente nos terminais, ligadores
e junções.

Os cabos eléctricos requerem poucas acções de manutenção, à excepção da Cabos eléctricos


inspecção de condutas, galerias, caminhos de cabos, terminais e seus
acessórios, para a identificação de contactos deficientes, sobreaquecimentos,
humidades e corrosões, etc.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial VII . 14


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As condutas, galerias e outros caminhos de cabos devem ser mantidos Condutas, Galerias
limpos, particularmente de materiais inflamáveis, sendo de boa prática a
selagem das passagens entre paredes e tectos para se evitar a propagação
de fogos originados em defeitos de cabos.

Existem vários dispositivos no mercado para a detecção de defeitos em cabos Detecção de defeitos
de média e alta tensão, particularmente quando enterrados, baseados em
diferentes métodos, como por exemplo, a reflexão de um sinal produzido por
uma fonte de impulsos cujo eco é analisado por um detector.

Não existem, no entanto, métodos similares para a localização de defeitos em


cabos, aparelhagens eléctricas, como por exemplo em quadros eléctricos. A
prática habitual é a de se seccionar circuitos até o defeito ter sido isolado.

É importante que se estabeleça uma rotina de inspecção e ensaio dos cabos Inspecção e ensaio dos
eléctricos que deve incluir, como mínimo, a medida da resistência de cabos eléctricos
isolamento, a verificação da continuidade dos circuitos e a análise da
condição dos acessórios, terminais, junções, entre outros, assim como a
limpeza dos caminhos de cabos.
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Componente Científico-Tecnológica Electrotecnia Industrial VII . 15


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RESUMO

Os elementos constituintes de um cabo eléctrico são:

A alma condutora, o isolamento, o enchimento e os elementos de protecção.

A secção nominal de um condutor multifilar corresponde ao valor aproximado


da soma das secções rectas dos fios que o constituem.

No dimensionamento de cabos eléctricos, deve ter-se em consideração os


factores de correcção e a queda de tensão admissível.

O isolamento de um cabo consiste na camada ou conjunto de camadas de


material não condutor que envolve a alma condutora.

A blindagem, bainha, trança e armadura são revestimentos de condutores


isolados ou cabos que asseguram a sua protecção ou características eléctricas.

A tensão nominal de um condutor isolado é aquela pela qual este é designado


e em relação à qual é dimensionado o seu isolamento.

Os condutores devem possuir um conjunto de características que lhes permita


resistir às agressões mecânicas, químicas e térmicas a que estão sujeitos
numa utilização normal.

Os cabos eléctricos requerem poucas acções de manutenção pois as falhas e


defeitos acontecem, normalmente, nos terminais, ligadores e junções.
M.T.01 Ut.07

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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Diga o que entende por secção nominal de um condutor.

2. Indique como localizar, na prática, defeitos em cabos.

3. Defina:

a) Alma condutora

b) Condutor eléctrico

c) Cabo eléctrico

d) Isolamento eléctrico

4. Indique que cor (ou cores) é (ou são) atribuída(s) a um condutor de protecção.

5. Diga o que entende, relativamente a um cabo ou condutor, por:

a) Isolamento.

b) Blindagem.

c) Bainha.

d) Armadura.

6. Explique o que significa para si:

a) Tensão nominal.

b) Temperatura ambiente de referência.

c) Corrente máxima admissível.

d) Queda de tensão.

7. Numa instalação eléctrica, o valor da tensão nominal é de 220 V. Diga qual


é o valor da queda de tensão admissível.
M.T.01 Ut.07

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Instalações Eléctricas
M.C.02 Ut.01

Electrotecnia Industrial
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OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Indicar as características de uma rede eléctrica;

• Identificar os documentos que uma instalação eléctrica deve conter;

• Referir os aparelhos eléctricos e suas funções;

• Descrever algumas funções de protecção da rede eléctrica;

• Explicar a constituição e aplicação das baterias de condensadores;

• Identificar o princípio de funcionamento e aplicação das baterias de


acumuladores UPS.

TEMAS

• Projecto

• Circuitos eléctricos

• Redes de terra

• Inspecções das instalações eléctricas

• Regulamentação e normalização

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.T.01 Ut.08

Electrotecnia Industrial Vlll . 1


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PROJECTO

As instalações eléctricas nas unidades industriais começam a partir da rede Instalação eléctrica
de distribuição de energia e são constituídas pelo conjunto de condutores
eléctricos e seus acessórios, aparelhos de manobra, protecção e receptores,
fig.VIII.1.

Central de
produção térmica
Caixa de Contador
coluna
Boca de
entrada
Interruptor
principal Contador
de entrada
Posto de transformação
Cotovelo Fio de
de entrada terra
Entrada principal
numa Unidade
Industrial Barra para
ligação à terra

Fig. VIII.1 - Produção, trasformação e distribuição de energia eléctrica

O objectivo principal de um industrial é o de fabricar produtos, tendo em atenção Objectivo


o duplo critério de quantidade e qualidade, respeitando as exigências de
rentabilidade.

Para satisfazer este objectivo, a produção deve ser organizada, tendo em


atenção a hierarquização dos riscos, em particular os que têm uma incidência
directa sobre a produção, não só do ponto de vista técnico como económico.

O projecto de uma rede eléctrica deve respeitar as prescrições dos Projecto de uma rede
Regulamentos de Segurança, prever o melhor custo de investimento e eléctrica
exploração e garantir:

• Ao processo de fabrico, uma continuidade de alimentação compatível com


as necessidades de produção.

• A segurança das pessoas, bens e ambiente, onde se insere.

• A possibilidade de resposta às evoluções do processo do sistema produtivo.

• Fácil manutenção das instalações.


M.T.01 Ut.08

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O projecto deverá conter os seguintes documentos:

• Memória Descritiva das soluções adoptadas.

• Cálculos justificativos do dimensionamento.

• Esquemas unifilares, geral e parciais.

• Sistemas de protecção, comando e controlo.

Para uma adequada manutenção das instalações eléctricas deverão ainda


estar disponíveis os seguintes documentos:

• Estudos de execução.

• Documentos de construção.

• Documentos de verificação, ensaio e recepção.

• Licenciamento e colocação em serviço industrial.

CIRCUITOS ELÉCTRICOS

Aparelhos eléctricos

Nos circuitos eléctricos, utilizam-se aparelhos destinados a estabelecer ou


interromper o circuito, (interruptores, contactores, disjuntores, fusíveis, etc.),
fig. VIII.2.

Estes aparelhos garantem dois tipos de funções: Tipos de funções

• Funções activas relativas ao papel do aparelho na rede.

• Funções passivas, que materializam a aptidão do aparelho em suportar as


condições impostas ao seu funcionamento, normal ou perturbado, na rede.
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Tumbler

Gardy

Rolo
Contactor-dijuntor
Tripolar Cartucho Dijuntor
(esquema de funcionamento)
monofásico
Fusíveis Contactor-dijuntor e Dijuntor

Fig. VIII.2 - Aparelhos eléctricos legenda: a) interruptores b) fusíveis


c) contacdor-dijuntor e dijuntor

Funções activas

As funções activas podem enunciar-se como: Funções activas

• Função "isolamento".

• Função "comando".

• Função "eliminação de defeito".

• Função "vigilância".

Função "isolamento"

É uma função de segurança que tem por finalidade separar ou isolar da rede
uma parte da instalação onde se poderá trabalhar sem risco.

Função "comando"

Consiste numa operação voluntária, manual ou automática que permite abrir


ou fechar um circuito nas suas condições normais de funcionamento.

Função "eliminação de defeito"

Consiste em separar, da alimentação, uma parte do circuito em situação


anormal, cujas consequências podem ser perigosas para os trabalhadores e ou
equipamento. Esta função é, muitas vezes, impropriamente, chamada de
"protecção". Com efeito, o aparelho não pode prever o aparecimento de um
defeito, mas pode limitar as suas repercussões sobre as restantes secções
da rede.
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Quadro 1 - Funções activas dos aparelhos eléctricos

Funções
Aparelhos
Isolamento Comando Eliminação de defeito Vigilância

Seccionadores X

Interruptores X

Contactores X

Disjuntores X X

Fusíveis X X

Réles (por memória) X

Quadro VIII.1 - Funções activas dos aparelhos eléctricos

Função "vigilância"

Consiste na vigilância dos parâmetros de exploração da rede (tensão, corrente,


temperatura, etc.) provocando um alarme ou uma abertura do circuito.

Associação de funções

Tal como indicado no Quadro VIII.1, estas funções podem estar associadas Associação de funções
em determinados aparelhos:

• ou por associação de duas funções num mesmo aparelho, caso, por


exemplo, dos "interruptores - seccionadores", agrupando num só aparelho
as funções "isolamento" e "comando".

• ou por associação de dois ou três aparelhos de base, como por


exemplo, a associação com fusíveis de um interruptor ou de um
contactor para obter um "combinado", executando as funções
"comando" e "eliminação de defeito".

• ou por associação com um outro elemento, como por exemplo, o


"discontactor" que é uma associação de um contactor com um relé,
realizando parcialmente as funções "comando", "eliminação de defeito"
e "vigilância".

Nestes dois últimos casos de associação, as características dos aparelhos


que a compõem devem ser coordenados para que o funcionamento de uma
parte não perturbe o cumprimento das funções exigidos à outra parte.
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Funções passivas

Os aparelhos instalados numa rede são submetidos, ao longo do tempo, a Funções passivas
esforços, independentemente da sua função activa.

Por exemplo, um seccionador que não manobra, nem com um circuito em


carga, nem durante um curto-circuito, está sujeito à corrente de carga normal
ou às correntes de defeito, que deve suportar sem dano.

A aptidão para suportar esses esforços, função dos parâmetros de


dimensionamento, de tensão e de corrente, da rede é:

• materializada por parâmetros de dimensionamento coordenados entre si


e fixados por Normas.

• definida por ensaios, na maioria dos casos, ensaios de tipo.

Parâmetro de tensão

São três os parâmetros de tensão, comumente associados:

• Tensão máxima admissível, em regime permanente (tensão nominal Parâmetros de tensão


de isolamento) - é a tensão máxima que o aparelho deve suportar em
permanência sem dano e à qual mantém as características correspondentes
às suas funções activas.

• Tensão de rigidez admissível, à frequência industrial - é a tensão de


valor superior ao anterior que o aparelho deve suportar num ensaio durante
um minuto; este parâmetro é representativo da qualidade do seu isolamento
e da sua adequação ao uso.

• Tensão de rigidez admissível, às ondas de choque; este ensaio


geralmente reservado aos equipamentos de Média e Alta tensão define o
comportamento do equipamento às sobretensões transitórias ou de origem
exterior (descargas atmosféricas) ou originadas na própria rede (sobretensões
de manobra).

Parâmetros de corrente

• Corrente nominal (corrente nominal térmica) - é a corrente que o aparelho Corrente nominal
deve suportar em permanência sem que o seu aquecimento ultrapasse os
valores compatíveis com as características dos materiais constituintes,
expressando a sua aptidão de transmitir energia.
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• Corrente admissível, de curta duração - expressa a aptidão do aparelho a Corrente admissível


suportar, sem dano, as correntes de defeito da rede, ou seja, é a comprovação
de que o aquecimento resultante de um curto-circuito, superior ao atingido
em regime permanente, não altera o seu funcionamento.

Nota: Este parâmetro é associado a um tempo de aplicação de um segundo


para um valor de corrente igual ao valor da corrente de curto circuito máxima.

Corrente admissível, de crista de onda

• Corrente admissível, de crista de onda - este parâmetro, que está


relacionado com o anterior, expressa a capacidade do aparelho a suportar
os esforços electrodinâmicos, considerando o valor máximo que surge no
instante inicial do curto circuito.

Corte da corrente eléctrica

Para realizar o corte de uma corrente eléctrica alternada bastaria que a


resistência do interruptor, nula antes do começo do corte, crescesse e se
tornasse infinita.

Durante o corte, a energia no interruptor seria tanto mais baixa, quanto maior
fosse a variação da resistência e quanto mais próximo da passagem da corrente
alternada por zero, se produzisse o corte.

Um interruptor ideal, Fig.VIII.3, seria então, perfeitamente condutor até à Interruptor ideal
passagem a zero da corrente e perfeitamente isolante no instante imediatamente
a seguir. A energia, neste caso, seria teoricamente nula.

R Z
I

i
Tempo

r Tempo

i - Corrente do circuito r - Resistência no interruptor

Fig. VIII.3 - Interruptor ideal

Na realidade, é impossível atingir tal sincronismo. No entanto, o melhor método


de aproximação passa pela utilização das características do arco eléctrico.
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Arco eléctrico

Quando se interrompe um circuito forma-se um arco eléctrico. Este possui a Arco Eléctrico
característica de passar num determinado instante do estado condutor ao
estado isolante.

O estado condutor do arco eléctrico provém do fenómeno da ionização que se Ionização


produz ao longo do seu trajecto, resultante da expulsão de electrões a muito
alta temperatura. A queda de tensão no arco fornece, por efeito Joule, o calor
necessário à manutenção da temperatura elevada, indispensável à continuação
da ionização.

Logo que a corrente decresce, a energia calorífica do arco diminui, devido à


cedência de potência térmica ao meio ambiente; o arco arrefece, os iões
recombinam-se e a resistência cresce simultaneamente com a aproximação
da passagem da corrente pelo zero.

O sincronismo referido não é, no entanto, sempre perfeito.

Tensão de restabelecimento

Desde o início do corte, aparece nos contactos do aparelho uma tensão que Tensão de restabelecimento
tende a manter a força electromotriz da rede. Esta tensão é chamada tensão
de restabelecimento.

I
R Z
U

Fig. VIII.4 - Tensão de restabelecimento


Legenda: I = Corrente no circuito; E = Força electromotriz;
U = Tenção de restabelecimento
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Esta tensão, geralmente mais elevada do que a frequência nominal da rede,


segue um regime transitório com um amortecimento que depende,
principalmente, das características do circuito.

Critérios de bom funcionamento

Para que um aparelho seja capaz de interromper correctamente uma corrente


eléctrica, devem simultaneamente ser satisfeitas as três condições seguintes:

• O aparelho deve ser capaz de suportar, sem dano, toda a energia desenvolvida
no corte.

• A resistência interna do aparelho não deve crescer instantaneamente.

Note que: Sob o efeito da tensão de restabelecimento existe uma corrente que Fenómeno de embalamento
produz calor; o arrefecimento do meio envolvente deve ser suficiente para evitar térmico
que, por elevação de temperatura, uma nova ionização se produza (fenómeno
de embalamento térmico).

• A rigidez dieléctrica do meio envolvente, ou seja, a sua resistência à Rigidez dieléctrica


perfuração sob o efeito de um campo eléctrico, não deve crescer
instantaneamente; no entanto, a velocidade de crescimento da rigidez
dieléctrica deve manter-se superior à velocidade de crescimento da tensão
transitória de restabelecimento.

Os fenómenos relacionados com o corte da corrente eléctrica, de duração muito


curta, não são facilmente redutíveis a modelo. Assim, a sua construção dependeu
de larga experimentação até se atingirem aparelhos fiáveis.

Principais casos de funcionamento

• Carga fundamentalmente activa

A corrente e a força electromotriz da rede estão, neste caso, pouco desfasadas Carga fundamentalmente
e passam quase simultaneamente pelo zero. Os valores da corrente são activa
moderados (corrente nominal) e os fenómenos de sobretensão transitória são
pouco importantes. Neste caso, o corte da corrente não apresenta, em geral,
nenhuma dificuldade.

• Circuitos indutivos

Neste caso a corrente e a força electromotriz estão fortemente desfasadas. No Corte indutivo
ponto zero da corrente, a força electromotriz está próxima do seu máximo.

Funcionamento sobre um curto-circuito

No fecho, o curto-circuito estabelece-se com o aparecimento de uma


sobretensão transitória elevada, cujo valor depende dos parâmetros da rede.
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Para as utilizações nominais, as normas CEI indicam que a relação da


intensidade da corrente de crista com o valor eficaz de corrente de curto-
circuito é de 2,5.

O aparelho tem que suportar os esforços electrodinâmicos que se produzem Esforços electrodinâmicos
(repulsão dos contactos).

No corte, a corrente e a força electromotriz da rede estão fortemente desfasadas


(próximo de 90º), e a tensão transitória tem a forma de uma sobreoscilação.

Na Fig. VIII.5, mostra-se a ocorrência do fenómeno na vizinhança do momento


do corte.

Na vizinhança do zero natural da corrente, a tensão de arco cresce e a corrente


torna-se instável, realizando-se o corte um pouco antes do zero natural da
corrente (fenómeno de esmagamento).

I I

U Ur Ub

I
I

IO Tempo Tempo
0 0
U
Uc
U
E U
Ub
Ua Tempo Tempo

Ur

a) Corte em curto-circuito
Io: corrente esmagada
Ua: tensão de arco b) Corte de corrente indutiva fraca
Uc: valor de crista da T. de restabelecimento Ur: tensão de rede
E: força electromotriz da rede Ub: tensão nos terminais do trasformador

Fig. VIII.5 - Funcionamento sobre circuito indutivo

Corte de um transformador em vazio ou de uma reactância

Se a tensão de arco fosse nula, não haveria esmagamento da corrente e o


valor de crista da tensão transitória nos terminais do transformador não
ultrapassaria o valor da rede.
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Na realidade, há um certo esmagamento da corrente; aparece nos terminais do


transformador uma sobretensão tanto mais elevada quanto maior o valor da
corrente.

Circuitos capacitivos Corte capacitivo

No caso de circuitos capacitivos, a corrente e a tensão estão também


fortemente desfasadas. A tensão está próxima do seu máximo no ponto zero
natural da corrente. São os casos, por exemplo, de:

• corte de baterias de condensadores.

• corte de cabos em vazio.

Fecho do circuito

No fecho do circuito, a colocação em tensão brusca do circuito capacitivo


desencadeia um regime transitório oscilatório de frequência elevada
correspondente à frequência de ressonância da capacidade associado com
a indutância da rede.

Embora rapidamente amortecido, este fenómeno é acompanhado de uma forte


sobreintensidade, podendo a sua velocidade de crescimento ser superior à
verificada no fecho sobre um curto-circuito.

Corte do circuito

O circuito capacitivo, após a interrupção da corrente, mantém-se carregado


com uma tensão Us, que é igual ao valor máximo da tensão de alimentação.

Três situações podem, então, produzir-se, conforme o comportamento do


aparelho, face às características dieléctricas, neste tipo de corte (ver Fig. VIII.6).

Corte simples

Se a regeneração dieléctrica na zona de corte é suficientemente rápida, então


a corrente é cortada à passagem pelo zero. A tensão de restabelecimento atinge
num meio-período um valor igual ao dobro da tensão máxima da rede. Não há,
neste caso, regime transitório nem sobretensão.

Corte com reacendimento

A regeneração dieléctrica, na zona de corte, não é suficientemente rápida e o


arco restabelece-se entre os contactos. Se este fenómeno se produz antes do
primeiro quarto de período, dá-se o reacendimento. Produz-se um regime
transitório, mas a amplitude da oscilação da tensão nos terminais do capacitivo,
mantém-se inferior à amplitude de tensão da rede.
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UA: tensão da rede


UB: tensão aos terminais da capacidade
U : tensão de restabelecimento

I I I
I t1 t2
AB
U UA U
UA UA
U UB = 5U A max
UB Tempo
UB UA UB
E U UB
UB u u
UB = 3U A max
u b) Corte com reacendimento
- reacendimento em t1
a) Corte simples - corte em t2 c) corte com reabastecimento

Fig. VIII.6 - Corte da corrente capacitiva

Corte com restabelecimento

O arco restabelece-se após um quarto de período. A amplitude da oscilação da


tensão ultrapassa, então, o valor da tensão da rede; ela pode atingir nos
restabelecimentos sucessivos valores de três, cinco, sete vezes o valor da
tensão da rede.

Esta situação conduz a um defeito à terra, se não se conseguir rapidamente


uma interrupção definitiva.

Tipos de aparelhos eléctricos

Seccionadores

O seccionador é fundamentalmente um órgão de segurança que cumpre a função Função isolamento


activa de "isolamento", já definida anteriormente.

No entanto, pode, em alguns casos, ter também as seguintes funções:

• isolamento dos transformadores de tensão, caso em que se admite que seja


capaz de cortar a corrente magnetizante do TT.

• selecção dum circuito (caso dos seccionadores selectores num sistema


de dois jogos de barras, por exemplo).

Em qualquer caso o seccionador é um aparelho sem poder de corte.

Os seccionadores são especificados pelas normas CEI 129 para média tensão
e CEI 408 para baixa tensão.
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A manobra de um seccionador consiste na separação dos contactos, Manobra de um seccionador


normalmente lenta, podendo ser:

• realizada no ar;

• realizada num meio dieléctrico, geralmente SF6, para os monoblocos


blindados em alta tensão.

Com excepção deste último caso, o corte é visível.

Interruptores

O interruptor é um aparelho que serve para cortar ou estabelecer um circuito Interruptor


percorrido por uma corrente de carga normal. Executa a função activa de
"comando", já definida anteriormente. Os interruptores são normalmente
utilizados em Baixa e em Média Tensão até 36 kV.

Os interruptores são especificados pelas normas CEI 265 em média tensão e


CEI 408 em BT.

Tipos de interruptores

Interruptores de corte no ar

É o caso normal em Baixa Tensão até 1000 V em corrente alternada 50 Hz.

Interruptores de autoformação de gás

Em geral, estes aparelhos derivam dos seccionadores de facas pela adição de Interruptores de
uma faca auxiliar de abertura retardada em relação à faca principal. A abertura autoformação de gás
desta faca produz-se num espaço estreito entre duas placas, cuja matéria é
decomposta sob a acção do calor do arco eléctrico, produzindo gases que
garantem a sopragem do arco.

Interruptores autopneumáticos no ar

No momento da abertura, os movimentos das partes móveis provocam a Interruptores


compressão de um volume de ar que é soprado axialmente na zona de corte. autopneumáticos no ar

Esta compressão pode ser efectuada, quer nas peças de contacto, formando
um cilindro, quer num sistema pistão-cilindro separado.

Interruptores de autocompressão em SF6

O princípio de funcionamento é o mesmo dos aparelhos do tipo anterior, sendo, Interruptores de


neste caso, o SF6 o gás comprimido pelo movimento das peças. É utilizado no autocompressão em SF6
equipamento de celas de monoblocos de Média Tensão.
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Disjuntores

O disjuntor é um aparelho que serve para estabelecer ou interromper qualquer Disjuntores


corrente que possa aparecer num circuito.

Deve ser capaz de cortar ou estabelecer:

• As correntes de carga normais.

• As correntes de sobrecargas normais ou anormais.

• As correntes de defeito.

Funções comando e eliminação do defeito

O disjuntor executa, assim, as funções activas "comando" e "eliminação de


defeito", já definidas anteriormente.

O disjuntor não é, no entanto, um órgão de segurança.

De facto, embora o disjuntor seja capaz da função "isolamento", não lhe é


pedida regularmente essa função.

Os disjuntores são especificados pelas normas CEI 56 em Média Tensão e CEI


157-1 em Baixa Tensão.

Tipos de disjuntores

Podem encontrar-se diferentes tipos de disjuntores: Tipos de disjuntores

• Corte no ar

São utilizados três métodos principais:

• placas metálicas no ar.

• sopragem magnética.

• sopragem com ar comprimido.

• Corte no óleo

São ainda frequentes os disjuntores de pequeno volume de óleo, cada vez mais
substituídos pelos de corte no SF6.

Os disjuntores de grande volume de óleo já praticamente inexistentes foram


abandonados, em face dos inconvenientes que apresentavam:
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• fragilidade dieléctrica.

• dimensionamento.

• factor de risco elevado em caso de incêndio.

• Corte no SF6

Existem três tecnologias principais de corte no SF6:

• Autocompressão.

• Corte magnético por arco rotativo.

• Corte por termosopragem.

Estas tecnologias, que podem estar associadas, utilizam as seguintes


propriedades do SF6:

• Rigidez dieléctrica elevada. Tecnologias principais de


corte
• Grande condutividade térmica às temperaturas atingidas na proximidade
do arco.

• Característica electronegativa do flúor elevada.

Contactores

O contactor é um aparelho que executa a função activa de "comando", já


definida anteriormente.

O contactor é capaz de estabelecer, interromper e de suportar qualquer corrente Contactor


de carga normal do circuito e também as correntes de sobrecarga em serviço.

Normalmente, a posição de repouso de um contactor é a de aparelho aberto,


sendo fundamentalmente utilizado para comandar os circuitos de motores, daí,
que, na sua concepção, seja dada grande importância à sua robustez e
durabilidade.

As correntes de sobrecarga em serviço, referidas anteriormente, são sobretudo


as relacionadas com o funcionamento dos motores, nomeadamente as correntes
de arranque.
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Alguns contactores dispõem de características de corte mais elevadas, o


que permite:

• ou uma utilização marginal como disjuntor.

• ou uma associação com fusíveis, possibilitando uma utilização em redes


de corrente de curto-circuito elevada.

Os contactores são especificados pelas normas CEI 470 e CEI 158-1.

Podem encontrar-se os seguintes tipos de contactores:

• Contactores de Baixa Tensão

A tecnologia dominante é de corte no ar, ou seja:

• de placas metálicas;

• de sopragem magnética;

• associação das duas tecnologias.

• Contactores de Média Tensão

Na média tensão, encontra-se principalmente as tecnologias seguintes:

• Tecnologia ar com sopragem magnética (em desuso). Tensão máxima admissível

• Tecnologia SF6 por arco rotativo.

Corta-Circuitos Fusíveis

O corta-circuitos fusível tem por função interromper as correntes elevadas Fusíveis


pela fusão de um elemento.

O corta-circuitos fusível executa as funções activas "eliminação de defeito" e


"vigilância", já definidas anteriormente.

O corta-circuito fusível é composto pelas seguintes duas partes:

• o elemento de substituição, normalmente chamado fusível, que é a


parte que assegura o corte.

• a base, por vez fazendo parte de um outro aparelho, como o interruptor,


sendo o seu principal papel o de permitir a ligação ao circuito exterior, garantir
o isolamento à massa e de suportar os esforços electrodinâmicos.
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Os fusíveis são especificados pelas normas CEI 282, em Média Tensão e CEI
269-1 e 2, em Baixa Tensão.

O elemento fusível é constituído por um ou mais condutores colocado no Constituição de um fusível


interior de um tubo isolante. O conjunto é preenchido com areia de sílica. Os
condutores ou são fios (pequenos calibres) ou lâminas de cobre ou de prata. Na
Média Tensão, os elementos fusíveis são enrolados em hélice à volta de um
suporte isolante central, não se utilizando o cobre.

Quando a corrente atinge um valor elevado, os condutores liquefazem-se e


depois volatilizam-se: o arco é, então, rapidamente arrefecido pelo material
pulvurulento. No início do corte, a tensão de arco toma instantaneamente um
valor muito elevado que limita a amplitude da corrente. A forma de onda da
corrente modifica-se bastante e a corrente é cortada antes da passagem natural
pelo zero.

Muitos tipos de fusíveis dispõem de um dispositivo que permitem o accionamento


brusco de uma peça, quando o fusível funde.

Estes dispositivos são de duas espécies:

• indicadores de fusão, que permitem a visualização do estado do fusível,


ou, eventualmente, o accionamento de um microcontacto.

• percutores, capazes pela sua energia mecânica de desencravar


mecanicamente o orgão de manobra de um interruptor.

Nos dois casos referidos, os dispositivos são, muitas vezes, equipados com
um fio fusível que mantém uma mola é montado em paralelo com o elemento de
fusão principal.

Regras para especificação de aparelhos eléctricos

Definição de um aparelho

Um aparelho é totalmente definido por:

• Parâmetros característicos da sua ou suas funções activas.

• Parâmetros característicos das funções passivas comuns a todos os


aparelhos.

• Correcção das suas características de funcionamento ou construtivas


adequadas ao local e ambiente onde vão ser instalados.
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Estes parâmetros não são independentes uns dos outros.

As normas aplicáveis a cada aparelho fixam, com efeito, uma coordenação


daqueles valores, a partir dos parâmetros principais. Indicam também os valores
preferenciais das grandezas principais.

Regras para especificação

Indicam-se, a seguir, os pontos fundamentais para especificação de um aparelho


eléctrico:

• Norma de referência

Deverá indicar-se a norma ou normas de referência aplicáveis ao aparelho a


especificar.

• Local de instalação

Deverão indicar-se as condições próprias do local, bem como as condições


climáticas, sempre que divirjam das situações convencionais.

• Utilização

Deverá indicar-se a natureza e a função do circuito ou dos receptores


comandados. Na maioria dos casos, um esquema eléctrico evita todas as
ambiguidades.

Tensão máxima admissível, em regime permanente (Tensão de isolamento). Tensão máxima admissível
Esta indicação permite definir os ensaios dieléctricos, que o aparelho deve
suportar.

Tensão de serviço

Esta indicação não é redundante, relativamente à anterior, como se mostra nos


seguintes exemplos:

• Uma rede industrial de isolamento 7,2 kV pode ser explorada a uma


tensão inferior, o que interfere com as intensidades de corrente
admissíveis.

• Uma rede industrial de isolamento 30 kV, funcionando provisoriamente a


uma tensão de 15 kV, para permitir a alteração da tensão em fase posterior.

Potência de curto-circuito

Se não for conhecido o seu valor, numa rede industrial interna, deverá ser fornecido
um esquema completo da rede com indicação das potências dos
transformadores e o valor da sua tensão de curto-circuito.
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Corrente de serviço

Deverá indicar-se o valor da corrente máxima admissível e da sua utilização


prevista com o maior rigor possível.

Relés de protecção e de vigilância

Generalidades

Os relés de protecção são aparelhos que comparam em permanência as Relés de protecção


grandezas eléctricas das redes (corrente, tensão, frequência, potência,
impedância, etc.) com valores predeterminados e que dão ordens lógicas quando
o valor vigiado atinge o valor de funcionamento.

O conjunto coerente dos relés, numa instalação, constitui o elemento de base


do sistema de protecção dessa instalação.

O papel dos relés de protecção é o de detectar qualquer fenómeno anormal


que se produza num circuito eléctrico, tendo por objectivo, de acordo com o
seu tipo, accionar as seguintes acções:

• eliminação dos defeitos, a fim de limitar os esforços eléctricos (sobre-


-intensidades, sobretensões) e os esforços mecânicos a que são submetidos
os materiais em face daqueles defeitos; esta eliminação é obtida isolando a
menor parte possível do circuito onde apareceu o defeito.

• vigilância das grandezas eléctricas da rede para controlar em permanência


a qualidade da energia fornecida e garantir a protecção das pessoas contra
os perigos da electricidade.

Cadeia de protecção

O princípio da cadeia de protecção é constituído pelos captores das grandezas


eléctricas, isto é, os transformadores de corrente e os transformadores de
tensão.

A qualidade da detecção efectuada por um relé é função do sinal que lhe é


fornecido pelo secundário dos transformadores de medida ao qual está ligado.

O sinal depende essencialmente da relação de transformação, da potência e Transformadores de medida


da classe de precisão dos transformadores de medida.
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(Controlo da corrente)

Órgão de
corte (Controlo de tensão)
transformador de
medida
Relé
Accionador de Tensão
protecção auxiliar de
alimentação

Fig. VIII.7 - Ligação de um relé de protecção

Na extremidade da cadeia de protecção situam-se os órgãos que são


comandados pelos relés: bobinas de disparo dos disjuntores, visores de
sinalização, alarmes e outros dispositivos de segurança. Estes órgãos são
ligados aos contactos de saída dos relés de protecção, directamente, ou por
intermédio de relés auxiliares conforme o valor da potência necessária.

Os relés de protecção Fig. VIII.7, ficam situados electricamente, entre os


transformadores de medida que lhes fornecem as grandezas a vigiar, e os órgãos
comandados pelas ordens lógicas que eles fornecem. A estas ligações é
necessário adicionar a ligação do próprio relé de protecção ao circuito auxiliar
de alimentação.

Critérios de escolha

A escolha de um relé de protecção deve ser conduzida por diferentes critérios. Critérios de escolha de um
relé de protecção
A título de exemplo, podemos indicar os seguintes:

Função (medida da corrente, tensão, frequência, potência, impedância, fase);

Apresentação (de acordo com o tipo de equipamento);

Alimentação (tipo, calibre e frequência para as grandezas de medida e a


alimentação auxiliar);

Gama de regulação, ou seja, o intervalo compreendido entre o maior e o


menor múltiplo do calibre nominal;

Condições ambientais, isto é, resistência às condições particulares do local


de instalação como: temperatura, salinidade, poeiras, atmosfera explosiva,
parasitas electromagnéticos, sobretensões de manobra ou atmosféricas,
vibrações, choques e sismos.
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Cuidados na manutenção

Independentemente da manutenção das condições ambientais, onde os relés Operações de manutenção


estão instalados, para o adequado funcionamento do sistema de protecção e
tendo em conta as necessidades de exploração, devem realizar-se as seguintes
operações de manutenção:

• Verificação do funcionamento (verificação das sinalizações).

• Possibilidade de modificação das regulações, em função da evolução da


rede ou do processo.

• Controlo periódico do bom funcionamento,por simulação para o que será


necessário dispor de tomadas de ensaio.

• Intermutabilidade das partes activas dos relés, tendo em conta a sua


manutenção ou substituição; é recomendável, por esse facto, a utilização
de relés extraviáveis para reduzir as interrupções de serviço.

De um modo geral, para facilitar as operações acima referidas é desejável que


os relés estejam instalados à altura de um homem.

Relés de protecção contra os defeitos

Como já referido, o papel dos relés de protecção é de eliminar, o mais


rapidamente possível, os elementos da rede: linha, cabo, transformador, motor
ou alternador, fontes de um defeito de isolamento entre fase ou entre fase e
terra.

Os relés de protecção, contra os defeitos, são relés sensíveis: às


sobreintensidades; às quedas de tensão; às variações de impedância (variações
simultâneas de tensão e de corrente), à fase da corrente e às diferenças de
corrente entre dois pontos.

Como exemplos de relés de protecção, citamos os seguintes:

• Relés de Máximo de Intensidade .

• Relés de Máximo de Corrente Homopolar. Exemplos de relés


de protecção
• Relés Direccionais de Corrente.

• Relés Diferenciais de Corrente.

• Relés de Frequência.
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Relés de exploração ou de vigilância

O seu papel é o de detectar as condições anormais de funcionamento da rede Relés de vigilância


e das máquinas que a ela estão ligadas.

Estas condições anormais, que não acarretam perigo imediato para as


instalações, podem, se se prolongarem, ter consequências graves.

É o caso, por exemplo de:

• sobrecargas prolongadas para os cabos ou máquinas. Condições anormais

• sobretensões nos transformadores.

• desequilíbrios de carga e baixas de tensão devidas ao funcionamento


em motor de alternadores.

Como exemplos de relés de exploração ou de vigilância, citamos


nomeadamente, os seguintes:

• Relés de Sobrecarga.

• Relés de Tensão.

• Relés de Desequilíbrio. Exemplo de relés


de vigilância
• Relés de Retorno de Potência Activa.

• Relés de Controlo de Isolamento à Massa do Rotor.

Relés de Vigilância para a Segurança das Pessoas

Pela sua importância nas unidades industriais, referimos ainda o problema Protecção das pessoas
importante da protecção dos trabalhadores contra os perigos de electricidade.

Assim, para além das protecções contra os curto-circuitos e as sobrecargas,


obtidos por dispositivos de protecção, tais como, disjuntores equipados de Dispositivos de protecção
relés magneto-térmicos, para a adequada protecção das pessoas é necessário
ter em atenção as seguintes medidas:

• protecção das partes sob tensão.

• ligação à terra das massas.

• controlo do isolamento das redes.

• verificações periódicas das instalações.


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A adopção destas medidas conduzirá à diminuição do número de acidentes de


origem eléctrica.

Os relés de Controlo de Isolamento da Rede fazem parte dos relés de vigilância.

Neutro isolado

No caso de redes de neutro isolado, o controle do isolamento das redes Controlo do isolamento
conduz à utilização de dispositivos que injectam na rede uma tensão contínua
ou de muito baixa frequência. A ocorrência de um defeito de isolamento provoca
a circulação de uma corrente no circuito de injecção. Esta corrente origina o
funcionamento do relé.

Neutro à terra

Detecção da corrente de defeito.

No caso de redes de neutro à terra, directamente, ou por intermédio de uma


impedância, utiliza-se, então, a detecção da corrente de defeito por intermédio
de um transformador toroidal, abrangendo o conjunto dos condutores activos e
associado a um relé diferencial de corrente de defeito.

Existem relés com sensibilidades de 10-30-300-500-650 mA. A escolha da


sensibilidade deve ser feita de acordo com as regras da instalação.

Conclusões

Entre as numerosas funções de protecção das redes industriais, apenas as


principais foram, aqui, evocadas.

A escolha dos relés de protecção de uma rede ou duma máquina é sempre o


resultado de um compromisso entre o seu custo e a ponderação das falhas de
produção, das reparações e das substituições.

É preciso ter também em atenção a prevenção dos acidentes corporais.

Daí resulta que os sistemas de protecção variem conforme as tensões de serviço,


as potências em jogo e a utilização da energia eléctrica.

Para além daquele compromisso, intervém igualmente na selecção do sistema


de protecção, as prescrições regulamentares, que, cada vez mais, obrigam ao
cumprimento de determinadas disposições, com vista à salvaguarda das pessoas
e do meio ambiente.
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Compensação de energia reactiva e filtragem de harmónicas

Generalidades

Num ponto qualquer de uma rede trifásica alternada, a tensão simples e a


corrente só raramente estão em fase.

Potência real ou activa

Se considerarmos apenas uma fase da rede, a potência real ou activa (P)


que transita nesse ponto é de:

P = U.I. Cosϕ (VIII.1)

em que, U é o valor eficaz da tensão simples, I é o valor eficaz da corrente e ϕ


o âgulo de desfasagem (contado positivamente se a corrente estiver em atraso
em relação à tensão).

Potência aparente

Relativamente à potência aparente (S):

S = U.I. (VIII.2)

jϕ,chamado factor
a potência real (P) é reduzida do factor de potência Cosj
de potência:

P = S.Cosϕ (VIII.3)

O objectivo de um sistema eléctrico é o de fornecer uma potência real ou activa


(P), pelo que a existência de um factor de potência significa uma perda de
eficácia do sistema.

Por outro lado da expressão:

Q = S.Senϕ (VIII.4)

obtem-se a Potência Reactiva (Q ), a partir da Potência real ou Activa (P).


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Potência reactiva

Esta Potência Reactiva (Q) é gerada, numa rede, pelos elementos indutivos e
capacitivos que a constituem.

Energia reactiva

Convencionalmente, dizemos que os elementos indutivos consomem energia


reactiva e que os elementos capacitivos produzem energia reactiva.

A potência (QL) de uma indutância (L) percorrida por uma corrente (I), à
frequência (f), é dado pela expressão:

Q = 2π.f.L.I 2 (VIII.5)

A produção ( Prc ) de uma capacidade ( C ) e submetida a uma tensão ( U ), à


frequência ( f ) é dada pela expressão:

QC = 2π.f.C.U 2 (VIII.6)

Compensação de energia reactiva

Poder-se-á pensar, então, que, colocando indutâncias e condensadores em Soluções para melhorar o
determinados pontos da rede, se pode melhorar o factor de potência. Isto é factor de potência
verdade, e é aplicável em alguns pontos da rede, por exemplo na iluminação
com lâmpadas fluorescentes ou lâmpadas de descarga, em que se associam
um condensador para compensar a energia reactiva. No entanto, na prática,
isto não é suficiente, já que nos restantes aparelhos de utilização é dominante
a existência de elementos indutivos, como por exemplo, transformadores,
motores assíncronos, etc.

Uma outra solução para melhorar o factor de potência consiste em utilizar um


compensador síncrono (motor síncrono, funcionamento em vazio), em que a
regulação da corrente de excitação possibilita um comportamento produtor ou
consumidor de energia reactiva. Esta solução não é, no entanto, muito utilizada.

As soluções mais comummente utilizadas são o recurso a compensadores Compensadores


estáticos (conjunto de indutâncias e condensadores comandados por tirístores). estáticos

Além da energia reactiva presente numa rede, outro problema, que pode ocorrer
em maior ou menor grau, é a existência de harmónicas. De facto, a forma das
ondas de corrente ou de tensão pode afastar-se da sinusóide pura teórica.

A deformação destas ondas provém de ondas sinusoidais de frequências


múltiplas (harmónicas), que se sobrepõem à onda fundamental.
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A existência dessas harmónicas pode perturbar o funcionamento dos aparelhos Filtros anti-harmónicas
eléctricos. Para atenuar este fenómeno, recorre-se aos filtros anti-harmónicas
obtidos por associação de condensadores e indutâncias ajustados para as
harmónicas a reduzir.

Baterias de condensadores

Os condensadores de potência são normalmente instalados em derivação sobre Compensação com


a rede a compensar. Podem ser ligados em estrela ou em triângulo, produzindo condensadores
a energia reactiva.

a) Elementos de
condensador misto b) Elementos de
condensador tratado
A: Folha de alumínio
B: Filme de polipropileno Ad: Folha de alumínio deformado
C: Folha de papel Br: Filme de polipropileno rugoso

Fig. VIII.8 - Elemento de condensador de polipropileno metalizado

O elemento de um condensador de potência é constituído por folhas finas de


metal (Al, Zn) separadas por vários filmes de papel ou de polipropileno. As
folhas e os filmes são enrolados, formando uma bobina,fig VIII.9. O condensador
é obtido a partir de um elemento ou de uma associação de vários elementos.

Camadas eléctrodo Rolo Terminal Pernos

Camadas
eléctricas

Rolos

Dieléctrico
(isolador) Cápsula
Dieléctricos

a) Eléctrodos salientes b) Eléctrodos não salientes

Fig. VIII.9 - Elementos de condensador A.T. do tipo impregnado


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Os condensadores são especificados pelas normas CEI 70, tanto para Baixa Elementos que caracterizam
Tensão, como para Média Tensão. São caracterizados por: os condensadores

• Capacidade, expressa em F ( Farad ).

• Potência unitária, expressa em kVAR.

• Tensão, expressa em volts.

• Nível de isolamento, expresso em kV.

• Frequência, expressa em Hz.

Se a compensação é constante, utilizam-se baterias ditas fixas, que podem


ser ligadas, quando a compensação é necessária.

Se a compensação é variável, é necessário fraccionar a bateria em escalões.

As baterias são constituídas por condensadores unitários ligados em série- Baterias de condensadores
-paralelo e montados sobre uma estrutura de tipo aberto ao ar livre, ou encerrados
em armário, para montagem exterior ou interior.

Na Figura VIII.10 podem ver-se disposições típicas de condensadores numa


bateria de compensação.

A aparelhagem de manobra deve ser capaz de garantir o corte das correntes


capacitivas, o que pressupõe a utilização de aparelhos previstos para aquele
efeito e com o dimensionamento adequado.

Para reduzir as correntes de ponta (ligação ou descarga da bateria sobre um


curto-circuito externo), podem utilizar-se indutâncias para limitação da corrente.

Fusível
interno

100 kVAR - 11,6 kV 200 kVAR - 11,6 kV 200 kVAR - 5,8 kV


Disposições clássicas Disposição “fusíveis internos”

Fig. VIII.10 - Disposição dos condensadores numa bateria de compensação


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Antes de qualquer manobra de ligação à terra, é necessário esperar, por razões Comando dos escalões
de segurança, que os condensadores sejam descarregados pelo seu próprio
dispositivo de descarga.

Como já referimos, se a compensação tiver de ser fraccionada, utilizam-se


baterias com escalões iguais ou desiguais.

Cada escalão é constituído do mesmo modo que uma bateria fixa, incluindo as
protecções. Cada escalão possui o seu próprio aparelho de manobra, mas o
disjuntor pode ser comum ao conjunto de bateria.

Se a colocação em paralelo de vários escalões é efectuada sob tensão, é


necessário dispor de indutâncias de limitação em cada escalão. O comando
dos escalões pode ser efectuado de diversos modos, em função das
necessidades da compensação, ou seja:

• por relógio.

• por relé com regulação de corrente ou de potência.

• por regulador automático do factor de potência.

Compensação Estática

Quando a potência reactiva absorvida por uma instalação eléctrica varia


lentamente, os efeitos destas variações sobre a tensão não são relevantes e
poderão, caso necessário, ser corrigidas se se dispuser de regulação de tensão
em carga nos transformadores. Neste caso, a compensação pode, sem
problemas, ser realizada com baterias de condensadores, como já foi referido
anteriormente. No entanto, para outro tipo de cargas, como fornos de indução,
conversores estáticos de potência, etc, a sua alimentação origina variações
brutais da potência reactiva absorvida, variações que são susceptíveis de
produzir perturbações graves. Neste caso, portanto, a solução passa ou pela
compensação síncrona, motor síncrono funcionando em vazio, já referida, ou
mais usualmente pela compensação estática.

Os principais tipos de compensadores estáticos são os seguintes:

• Compensadores estáticos, utilizando uma indutância saturável. Tipos de compensadores


estáticos

• Compensadores estáticos, utilizando uma indutância linear controlada


por tirístores.

• Compensadores estáticos, utilizando condensadores comutados por


tirístores.
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Condensador
Dispositivos de
fornecedor da
regulação da
potência
potência
reactiva
reactiva
absorvida

Rectificador regulável
para comando da
saturação

Fig. VIII.11 - Esquema de Princípio de um Compensador utilizando uma


indutância saturável comandada em corrente contínua

A título indicativo apresentam-se nas Figuras VIII.9, VIII.10, VIII.11, VIII.12 e


VIII.13 esquemas típicos dos compensadores estáticos referidos:

Condensador
Dispositivo de auto- fornecedor da
-regulação da potência
potência reactiva reactiva
absorvida

Fig. VIII.12 - Esquema de princípio de um compensador,


utilizando uma indutância autosaturável

Para-raios

Pára-raios Filtro
Indutância
comandada

Para-raios

Fig. VIII.13 - Indutância comandada por tirístores


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Transformador

Indutância
de limitação

Interruptores

Fig. VIII.14 - Esquema de princípio de um compensador estático,


utilizando condensadores comutados por tirístores

Controlo

Filtro
anti-harmónica
Indutância Capacidades
requerida por comutadas por
tirístores tirístores

Fig. VIII.15 - Associação de condensadores comutados por tirístores


e indutâncias comandadas por tirístores

Filtragem anti-harmónicas

A forma das ondas de corrente ou de tensão nas redes industriais afasta-se,


muitas vezes, da sinusóide pura teórica.

A deformação destas ondas resulta de ondas sinusoidais, com frequência


múltipla de frequência fundamental, que se sobrepõem à outra fundamental de
50 Hz.

A deformação qualitativa de uma onda depende não só da amplitude das Harmónicas


harmónicas, mas também da sua desfasagem em relação à onda fundamental.
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656 GRAPHICAL AND NUMERIC ANALYSIS (C) 1988-89 D. Technologies, Inc.


Phase A Number 31 Channel D setup 4 02/09/88 14:00 :29.92

Horizontal 2500
microsec./divison Vertical 200 Amps/division

Fig. VIII.16 - Forma de onda deformada pela existência de harmónicas

Causas

A presença de harmónicas na onda de tensão das redes pode ser atribuída a Causas das harmónicas
causas diversas:

• rectificadores.

• tirístores.

• transformadores saturados.

• fornos de indução.

• etc.

Os aparelhos geradores de harmónicas podem ser de dois tipos: Geradores de harmónicas

• geradores de tensões harmónicas.

• geradores de correntes harmónicas.

Para os primeiros, a intensidade debitada depende da impedância da rede,


enquanto que para os segundos é imposta a sua corrente à rede.

São assimiláveis a geradores de tensões harmónicas:

• as máquinas assíncronas.

• as máquinas síncronas.

• os transformadores de potência.
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As forças electromotrizes harmónicas provêm da inadaptação destes F.e.m. harmónicas


geradores em fornecer tensões perfeitamente sinusoidais, seja por construção,
seja numa situação de exploração para além do regime nominal, como, por
exemplo, em saturação.

São assimiláveis a geradores de correntes harmónicas:

• os transformadores de medida de intensidade.

• os arcos eléctricos (fornos, máquinas de soldar). Geradores de correntes


harmónicas
• as reactâncias com núcleo de ferro.

• os rectificadores, conversores estáticos, onduladores.

Para estes, a relação entre a corrente que os atravessam e a tensão aos seus
terminais não é constante. A sua impedância interna não é linear.

Qualquer equipamento eléctrico ligado a uma rede deve poder funcionar, quer
seja ou não poluidor de harmónicas.

As harmónicas perturbam o funcionamento de muitas máquinas e aparelhos


electrónicos.

Em particular, os condensadores de potência são perturbados pois a sua


impedância decresce proporcionalmente com o número de harmónicas que
neles circulem.

z (W )

n
no

Fig. VIII.17 - Curva de Impedância de um filtro

Da existência de harmónicas resulta, assim, que:

• A taxa de corrente harmónica seja maior do que a taxa de tensão


harmónica;

• A corrente eficaz seja mais elevada para uma tensão não sinusoidal de
igual valor eficaz.
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Da análise de harmónicas, a efectuar com aparelhos analisadores de harmónicas, Filtragem de harmónicas


resulta a necessidade de filtragem com filtros série, associando resistências,
indutâncias e capacitâncias, para as frequências de harmónicas que é
necessário reduzir.

Esquema unifilar
Esquema equivalente

Rede

Receptor
emissor de
correntes Filtro
harmónicas

Fig. VIII.18 - Esquema unifilar e esquema equivalente da ligação de um filtro

Os filtros são calculados, caso por caso, em função das características de


rede e das frequências de harmónicas que é necessário reduzir.

Por outro lado, um conjunto de filtros é um todo indissociável, pois, retirando-


-se um só filtro, vamos alterar a impedância nesse ponto de rede e sobrecarregar
os restantes filtros.

Subestações e postos de trasformação

Generalidades

Uma subestação, fig. VIII.1, ou um posto de transformação são pontos de


trânsito de energia que, recebendo, transformando, repartindo e entregando a
energia, permitem alimentar a partir de uma rede de alta ou média tensão quer
seja:

• outras redes de média tensão.

• directamente as instalações eléctricas de utilização.

Podem ser instalados: no exterior (ao ar livre, ou em invólucro exterior pré-


-fabricado) ou no interior (em celas de alvenaria, ou com celas metálicas).

Subestações e postos de transformação

Os esquemas das subestações e postos de transformação dependem do


seguinte:
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• estrutura da rede onde se inserem.

• características da exploração da rede a estabelecer.

• repartição, hierarquia e importância dos consumos.

• necessidades previstas a curto prazo e evolução prevista no futuro.

• nível de qualidade e continuidade de serviço exigidos.

As subestações e postos de transformação incluem os seguintes


equipamentos:

• uma ou várias chegadas para alimentação.

• uma ou várias saídas de distribuição.

• uma ou várias saídas de tensão transformada ou quadros de Baixa


Tensão.

O projecto, construção e exploração de subestações e postos de transformação Regulamento de segurança


devem satisfazer, em Portugal, às prescrições do Regulamento de Segurança
de Subestações e Postos de Transformação e de Seccionamento, Decreto nº
42895 de 31 de Março de 1960 e Decretos Regulamentares nº 14/77 de 18 de
Fevereiro e nº 56/85 de 6 de Setembro.

Quadros

Todo o conjunto de aparelhos de Baixa Tensão pode ser considerado como


uma combinação de aparelhos eléctricos BT, (seccionadores, interruptores,
disjuntores, contactores, fusíveis, terminais, barramentos, etc.), com os seus
equipamentos associados de comando, medida, protecção, regulação e
com os seus dispositivos de instalação (estruturas, armários, etc.).

Estes conjuntos podem classificar-se em:

• conjuntos com equipamentos fixos.

• conjuntos com equipamentos desconectáveis.

• conjuntos com equipamentos extraíveis.

A escolha do tipo de material deve ter em conta, o seguinte:

• local de instalação e índice de protecção IP exigível.

• qualificação do pessoal de exploração.


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• segurança das pessoas.

• necessidade de previsão da circulação e evacuação das pessoas.

• Necessidade de efectuar rapidamente certas manobras, em caso de


urgência.

A concepção e execução dos Quadros de Baixa Tensão devem satisfazer o


prescrito nas normas CEI 439 e CEI 529.

Quadros M.T.

Os aparelhos de Média Tensão de uma instalação são incluídos, tal como no


caso da Baixa Tensão, em conjuntos. Estes combinam os aparelhos com os
elementos associados de comando, medida e protecção e os seus
dispositivos de instalação.

Quadros eléctricos

A prefabricação do conjunto dos aparelhos de média tensão, incluída em


armários metálicos, é a solução mais utilizável, e tem as seguintes vantagens:

• vigilância e intervenção centralizadas.

• segurança de exploração e de manutenção.

• protecção das pessoas contra os riscos eléctricos.

• nível de fiabilidade constante pelo emprego de componentes


normalizados.

A concepção e execução dos Quadros de Média Tensão deve satisfazer o


prescrito nas normas CEI 298 e CEI 529.

Baterias de acumuladores e "UPS"

Baterias de acumuladores

Para além das grandes fontes de energia destinadas à alimentação das redes Fontes de energia
de transporte e de distribuição de electricidade, é necessário dispor, para certas autónomas
utilizações de fontes de energia autónomas, aptas a fornecer energia em
condições económicas rentáveis e sem interrupção.

Os geradores de energia eléctrica de origem electroquímica são os mais aptos


a desempenhar essa missão.
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O princípio de funcionamento de um gerador electroquímico é essencialmente Gerador electroquímico


baseado na conversão de energia química em energia eléctrica. Qualquer reacção
química que é acompanhada por uma diminuição de energia, é susceptível de
dar lugar ao aparecimento de uma corrente eléctrica, logo que se criem as
condições apropriadas.

Se esta reacção se decompuser em duas reacções parciais, simultâneas e


distintas no espaço, então uma dá lugar a uma captura e outra a uma libertação
de electrões. É preciso, além disso, para fechar o circuito assim constituído,
que uma transferência de carga se efectue entre os eléctrodos no interior do
sistema.

Receptor

Placas
(eléctrodos)

Carga Descarga
Bateria

Esquema de carga e de descarga

Fig. VIII.19 - Bateria, processo de carga e de descarga

Esta função é assegurada por um meio líquido ou sólido entreposto entre os Electrólito
eléctrodos. É o electrólito.

Este meio deve ter uma condutibilidade electrónica nula, sob pena de curto-
-circuitar os eléctrodos e ser dissociável em iões portadores de cargas eléctricas.

A passagem da corrente no electrólito é devida ao deslocamento dos iões sob


influência do campo eléctrico existente entre os eléctrodos.

Em alguns casos, a passagem de uma corrente, de sentido oposto à produzida


pela descarga, permite recompor os eléctrodos ao seu estado inicial. É o caso
do acumulador.

Exemplo VIII.1

Por exemplo, um acumulador de Níquel - Cádmio, (Ni - Cd) descarrega-se Acumuladores


segundo a reacção 1 e é recarregado pela corrente oposta segundo a reacção
2:

2 Ni (OH2 ) + Cd (OH )2 Reacção 1

2 NiOOH + Cd + 2H2O Reacção 2


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Do mesmo modo, para o acumulador de chumbo (Pb):

2 Pb SO 4 + 2H2O Reacção 1
Pb + PbO 2 + 2 H2 SO 4 Reacção 2

A quantidade de electricidade correspondente ao número de electrões trocados


na reacção é produzida sob uma diferença de potencial ou força electromotriz
de:

• 1,299 V para o par Ni - Cd.

• 2,110 V para o par Pb - Pb.

Na realidade, um gerador electroquímico fornece uma quantidade de energia


inferior à prevista teoricamente, pelas seguintes razões:

a) - A tensão de descarga é inferior à f.e.m., em face dos seguintes fenómenos


limitativos que se produzem no gerador:

• Queda de potencial puramente óhmica devida à resistência eléctrica dos


diferentes componentes (polarização óhmica).

• Queda de potencial correspondente à energia necessária para efectuarem


as transferências electrónicas (polarização de activação).

• Queda de potencial ligada aos transportes dos materiais e da concentração


dos reagentes nos eléctrodos e electrólito (polarização de concentração).

b) - A totalidade da matéria contida nos eléctrodos não toma parte na reacção.


Um acumulador é caracterizado pelas seguintes grandezas:

Tensão nominal - tensão de descarga em regime nominal para aproximadamente Características dos
50% da capacidade descarregada (Ni - Cd = 1,2 V Pb = 2 V). acumuladores

Capacidade - Quantidade de electricidade susceptível de ser fornecida por um


elemento numa descarga normal. Expressa-se em Ampère-hora.
Note que: a capacidade não é constante, dependendo do regime de descarga.

Se a descarga for rápida, a capacidade diminui, se a descarga for lenta, a


capacidade aumenta.

Para a carga de um acumulador, utilizam-se carregadores-rectificadores que Carregadores de Baterias


fornecem a energia necessária à carga dos seus elementos, sempre que a sua
fonte de alimentação estiver presente.
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Transformador
220/ 12-6\

Ponte
rectificadora
3A
220 V B.R. 12 V
OU
6V

Fig. VIII.20 - Esquema de funcionamento de um carregador de baterias

Na maioria dos casos, nas instalações de serviços auxiliares de uma rede


eléctrica, pretende-se manter a tensão constante, pelo que se impõe um regime
de carga-descarga designado regime "floating", mantendo-se, assim,
constante a tensão fornecida pela bateria aos circuitos de utilização.

Entre outras aplicações dos acumuladores, citamos, por exemplo, a iluminação


de emergência e de socorro, o equipamento de comunicações portátil, etc. Aplicações dos acumuladores

Unidades de alimentação interrupta (UPS)

Para determinados equipamentos alimentados por uma rede de corrente


alternada e, consoante a sua utilização, é imprescindível, por um lado, que
nunca ocorra a descontinuidade da sua alimentação e, por outro lado, que a
qualidade dessa alimentação se mantenha dentro de níveis elevados.

É caso, por exemplo, dos equipamentos informáticos em que as anomalias


referidas afectam a sua adequada exploração.

De facto, numa rede eléctrica podem ocorrer diversas perturbações, de que


destacamos:

• Cortes.

• Micro-cortes.

• Variações de tensão.

• Variações de frequência.

• Harmónicas.
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Nestes casos, é assim indispensável dispor de um equipamento adicional que


vai garantir que a sua alimentação em corrente alternada não seja perturbada.

É a função das Unidades de Alimentação Ininterrupta, designadas pela Unidades de alimentação


sigla inglesa "U.P.S.", que, no fundo, contêm uma bateria de acumuladores, ininterrupta
que é o órgão que vai garantir a autonomia de fornecimento de energia, associado
a um carregador-rectificador e a um ondulador, fig.VIII.21.

O ondulador transforma a corrente contínua (procedente do rectificador quando Ondulador


há rede ou das baterias, em caso de falha) em corrente alternada.

Alimentação
~
dupla

Utilização

Carregador Ondulador
rectificador

Bateria de
acumuladores

Fig. VIII.21 - Esquema básico de funcionamento

Estas unidades permitem também utilizar a alimentação da rede directamente


sempre que as suas características sejam compatíveis com a utilização,
permitindo instantaneamente a transferência de alimentação da carga para o
circuito descrito anteriormente.

REDES DE TERRA

Introdução

A camada de material que cobre o nosso planeta é o que em Electricidade se Terra


refere por "terra", cuja definição pode ser dada como "a massa condutora da
Terra cujo potencial eléctrico em qualquer ponto é, convencionalmente, igual a
zero".
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Ligando um voltímetro entre um condutor activo e a terra medimos 220 V.

Por convenção, o condutor tem um potencial (V) de 220 V e a Terra um potencial


nulo.

Um dos métodos de protecção contra os efeitos da corrente eléctrica no


corpo humano consiste em ligar todas as partes metálicas entre si e à terra,
assegurando, assim, que ficam ao mesmo potencial (zero). Em caso de defeito,
não havendo diferença de potencial entre as partes metálicas e a terra, não há
a possibilidade de um choque eléctrico por contacto acidental com aquelas.

Infelizmente, a Terra não é um bom condutor e pode apresentar uma resistência


elevada à passagem da corrente de defeito. É, portanto, necessário criar um
caminho para a corrente, de resistência tão baixa quanto possível.

Existem vários métodos para executar a ligação à terra de modo a reduzir o


valor da resistência de terra.

Sistemas de terra

De modo a seleccionar as medidas de protecção adequadas às instalações


eléctricas, é essencial que certas características da fonte de energia de instalação
sejam examinadas.

A escolha das medidas de protecção contra o choque eléctrico dependem,


entre outros factores, do tipo de sistema de terras utilizado e do tipo de caminho
pretendido para a corrente de defeito de terra.

Nas descrições dos sistemas de terra aparecem as designações TN, TT e IT.

Nestas designações, a primeira letra designa o tipo de ligação à terra na Sistemas de ligação
fonte de energia. do neutro à terra

T - Ligação directa a um ou mais pontos da Terra.

I - Todas as partes activas isoladas da Terra ou um ponto ligado à Terra através


de uma impedância.

a segunda letra indica a relação entre as partes condutoras acessíveis da


instalação e a Terra.

T - Ligação eléctrica directa à Terra, das partes condutoras acessíveis,


independentemente da ligação de algum ponto da fonte de energia à Terra.

N - Ligação eléctrica directa, das partes condutoras acessíveis, ao ponto de


ligação à Terra da fonte de energia, que, para corrente alternada, é
normalmente o ponto neutro de instalação.

A designação TN é ainda subdividida, dependendo do modo de instalação do


neutro e dos condutores de protecção. Essa subdivisão é referenciada por letra
ou letras adicionais, a saber:
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S - Designa as funções de neutro e de protecção asseguradas por condutores


separados.

C - Designa as funções de neutro e de protecção combinadas num condutor


único.

As figuras que se apresentam a seguir mostram diagramas esquemáticos


explicativos de sistemas TN-C, TN-S, TN-C-S, TT e IT.

Fig. VIII.22 - Sistema TN-C


Legenda : Função de neutro e protectoras combinada num simples
condutor em toda a instalação. Todas as partes condutoras
externas de instalação estão ligadas ao condutor PEN

O Sistema TN-C-S é normalmente encontrado quando a fonte energia incorpora


ligações múltiplas do neutro à Terra.
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Fig. VIII.23 - Sistema TN-S


Legenda: Condutores de protecção e de neutro separados em toda a
instalação.O condutor de protecção à bainha metálica do cabo,alimentando a
instalação ou um condutor separado.Todas as partes condutoras externas da
instalação estão ligadas ao condutor de protecção por intermédio do terminal
principal de terra.

Fig. VIII.24 - Sistema TN-C-S


Legenda: As funções de neutro e de protecção combinadas num condutor
numa parte do sistema.O condutor PEN é ligado à terra em vários pontos da
instalação a instalação e um eléctrodo de terra adicional pode ser
necessário.Todas as partes condutoras externas da instalação estão ligadas
ao condutor PEN por intermédio dos terminais de Terra e de neutro, com estes
ligados entre si.
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Fig. VIII.25 - Sistema TT


Legenda: Todas as partes condutoras expostas da instalação são ligadas ao
eléctrodo de terra que é electricamente independente da Terra da fonte de
alimentação

Fig. VIII.26 - Sistema IT


Legenda: Todas as partes condutoras externas da instalação são ligadas a
um eléctrodo de terra.A fonte de alimentação é ligada à terra por intermédio de
uma impedância de terra ou, então, está isolada da Terra.

Execução dos sistemas de terra e dos circuitos de protecção

• Ligação à Terra
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O sistema de terras pode ser usado, separadamente ou em conjunto, para


funções operacionais ou de protecção, e a sua selecção dever ser tal que:

• O valor da resistência de terra esteja de acordo com os requisitos


funcionais e de protecção da instalação e que seja permanentemente
efectiva.

• As correntes de defeito à terra ou de fugas podem circular sem perigo


de danos devidos aos esforços térmicos, termomecânicos e
termoeléctricos.

Os eléctrodos de terra podem ser de cobre, aço galvanizado ou aço revestido Formas dos eléctrodos de
de cobre e terem as seguintes formas: terra

• Varetas ou tubos.

• Barramentos, chapas ou fitas.

• Eléctrodos embebidos em fundações.

• Cabos condutores.

• Estrutura metálica do betão armado.

A eficácia dos eléctrodos de terra depende das condições do solo, podendo Eficácia dos eléctrodos de
ser necessário instalar mais do que um. Devemos medir o valor da resistência terra
de terra de cada um dos eléctrodos e do sistema de terras no seu conjunto.

Devemos tomar em consideração, quando projectamos um sistema de terras,


a profundidade de enterramento e as características electrolíticas e corrosivas
do solo, de modo a não haver aumento no valor da resistência da terra, devido
às variações provocadas por essas características.

Os condutores de terra devem estar adequadamente ligados aos eléctrodos de


terra e ter uma secção nominal de acordo com a Normalização e
Regulamentação aplicáveis.

Em todas as instalações, deve existir um terminal ou barramento principal de


terra e a ele devem ser ligados os seguintes condutores :

• Condutores de terra.

• Condutores de protecção.

• Condutores da ligação equipotencial principal.

• Condutores de terra funcionais, se aplicável.

Deve ser previsto que as ligações acima mencionadas estejam acessíveis,


possibilitando a sua desligação por meio de ferramenta apropriada e a fim de
permitir a medida de resistência das terras.
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• Condutores de protecção

A secção de um condutor de protecção não deve ser inferior ao valor calculado


por:

2
l .t
S= (VIII.7)
K

sendo: Condutor de protecção

S - Secção em mm2

I - Valor eficaz em amperes da corrente de defeito que pode circular no


dispositivo de protecção

t - Tempo de operação em segundos do dispositivo de protecção

K - Factor dependente do tipo de material do condutor de protecção, do


seu isolamento e das temperaturas inicial e final.

Se a aplicação da fórmula indicar valores de secção não normalizados, devem


ser utilizados condutores de secção imediatamente superior.

A secção de qualquer condutor de protecção que não faça parte de um cabo de


alimentação não deverá ser inferior, a 2,5 mm2, se tiver protecção mecânica ou
4 mm2 se não tiver.

Os condutores de protecção podem ser:

• Condutores em cabos multicondutores.

• Condutores isolados ou nus num invólucro comum com condutores activos.

• Condutores isolados ou nus, fixos. Tipos de condutores


de protecção
• Condutas metálicas ou outros invólucros metálicos de condutores.

• Bainhas ou écrans metálicos em certos tipos de cabos armados.

• Partes condutoras externas.

Os invólucros metálicos de alguns equipamentos montados em fábrica, as


bainhas e écrans metálicos de alguns cabos armados e as partes condutoras
externas podem ser usadas como condutores de protecção, desde que
obedeçam aos requisitos Normativos aplicáveis para cada caso.

Os condutores de protecção devem estar adequadamente protegidos contra


efeitos mecânicos, químicos e esforços electrodinâmicos e claramente
identificados em toda a sua extensão (cor verde/amarela).
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As caixas de ligação de condutores de protecção devem estar acessíveis


para inspecção e ensaio, sempre que possível.

Execução da terra para função de protecção

Quando dispositivos de protecção contra sobreintensidades são utilizados


para protecção contra choque eléctrico, a incorporação do condutor de
protecção no mesmo sistema de cablagem dos condutores activos é fortemente
recomendada.

Para dispositivos de protecção operados por falta de tensão, um eléctrodo


auxiliar de terra, deve ser instalado, electricamente independente de todas as
outras partes metálicas ligadas à terra.

O condutor de terra, do eléctrodo auxiliar, deve ser isolado para evitar o contacto
com o condutor de protecção.

O condutor de protecção deverá ser ligado unicamente às partes condutoras


acessíveis, dos equipamentos eléctricos, cuja alimentação seja interrompida
pela operação, sob condições de defeito, de um dispositivo de protecção.

Execução de terras para funções operativas

O tipo de terras a instalar, para fins funcionais, deve permitir a correcta operação
do equipamento e o funcionamento fiável das instalações.

Execução de terras para funções simultâneas de protecção e de operação

Quando é necessário prever terras para uma função combinada de protecção e


operação, os requisitos para as medidas protectoras prevalecem.

Em sistemas TN, para cabos de secção não inferior a 10mm2 e instalações


fixas, um condutor único, pode servir de protecção e de neutro, desde que a
instalação não esteja protegida por um dispositivo operado por corrente residual.

A secção mínima de um condutor PEN pode ser de 4mm2 desde que o cabo
seja do tipo concêntrico e em conformidade com as Normas IEC aplicáveis e
existam ligações de continuidade duplas em todas as caixas de ligação ou
terminais.

O condutor PEN deve ser isolado para a tensão mais elevada a que pode estar
sujeito.

Se, em alguma parte da instalação, as funções de neutro e de protecção,


forem garantidas por condutores separados, não é possível ligar esses condutores
entre si, devendo existir terminais e barramentos de terra separados para cada
um desses condutores.

Condutores de ligação equipotencial

Os condutores de ligação equipotencial principal devem ter uma secção Ligações


não inferior a metade da secção do maior condutor de protecção, com um equipotenciais
mínimo de 6mm2, não necessitando de exceder os 25mm2, se forem de cobre
ou de outros metais de idêntica capacidade de corrente nominal.
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Os condutores da ligação equipotencial suplementar, ligando duas partes


condutoras acessíveis, podem ter uma secção não inferior à do menor condutor
de protecção ligado à parte condutora exposta.

INSPECÇÕES DAS INSTALAÇÕES ELÉCTRICAS

Introdução

O grau máximo de Segurança só será conseguido se assegurarmos que Finalidade principal


todo o trabalho de escolha de materiais, instalação, procedimentos de inspecção, de uma instalação
ensaio e manutenção são executados com um nível elevado de Qualidade. eléctrica

A finalidade principal de uma instalação eléctrica é obedecer aos requisitos


do consumidor (utente), garantindo ao mesmo tempo, a máxima segurança
a pessoas, equipamentos, e meio ambiente.

Para além dos riscos directamente associados à instalação, o projecto deve


ter em conta outros aspectos de Segurança, tais como: uma adequada
iluminação, (normal ou de emergência), um sistema de detecção e extinção
de incêndios e uma protecção contra os efeitos de descargas atmosféricas
ou outras.

Deste modo, é conveniente que as instalações eléctricas sejam inspeccionadas


e ensaiadas de acordo com os Regulamentos aplicáveis.

Os Métodos de Inspecção e Ensaio devem ser estabelecidos de modo a Inspecção e ensaio


confirmar que não existem riscos para pessoas, equipamento ou
instalações, mesmo quando o circuito a ensaiar esteja defeituoso.

A legislação nacional não contempla um sistema de controle eficaz e periódico


da Segurança e Qualidade das instalações eléctricas.

As recomendações que apresentamos deverão ser entendidas como um guia,


de modo a que as equipas de manutenção de uma instalação industrial, possam
comprovar que os requisitos de Segurança foram respeitados e que as
características das instalações eléctricas podem ser mantidas durante a sua
vida útil.

Tipos de inspecção

Entende-se por Inspecção de uma instalação eléctrica, o conjunto de acções Inspecção


que consistem numa análise meticulosa dos componentes dessa instalação,
de modo a poder obter-se uma conclusão inequívoca sobre o estado actual
desses componentes.

As inspecções às instalações eléctricas dividem-se em três tipos, consoante Tipos de inspecção


o estágio da vida útil do equipamento que se considere:
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Inspecção inicial

Inspecção realizada antes do equipamento, do sistema das instalações


serem colocadas em serviço.

Esta inspecção tem, basicamente, duas componentes:

• verificação visual, que consiste numa análise detalhada do equipamento


e da compatibilidade dos seus componentes normalmente acessíveis ou
que necessitam de uma ferramenta (chave ou chave de fendas) para se
obter acesso ou ainda aqueles para os quais é necessário desligar a
alimentação.

• realização de ensaios, que consistem num conjunto de acções para


verificar a resposta do componente ou do sistema a uma simulação
apropriada.

Inspecção após uma alteração

Consiste na realização de acções idênticas à de uma Inspecção Inicial,


efectuada após alterações substanciais à instalação ou após a adição
de componentes, dos quais resultam alterações significativas às
características da instalação, tais como:

• aumento de potência de curto circuito

• alteração no circuito de terras

• aumento do número de circuitos de potência

• alteração da instalação eléctrica.

Inspecção periódica

Consiste numa inspecção sistemática realizada a intervalos regulares,


de modo a verificar a durabilidade dos componentes da instalação e a
sua condição de funcionamento. Pode consistir unicamente nas acções de
uma verificação visual e ou num conjunto de ensaios considerados necessários
e aplicáveis.

Âmbito das inspecções

Em linhas gerais, as instalações eléctricas exibem um grau de complexidade


que não permite estabelecer o esquema do circuito por observação visual. É,
portanto, importante que os inspectores tenham desenhos e esquemas
actualizados sobre a instalação a inspeccionar.

Estes documentos devem indicar, as características técnicas da instalação,


localização e disposição dos equipamentos, em particular daqueles que
impliquem riscos especiais.
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As inspecções devem compreender, pelo menos, as seguintes acções:

Análise das condições gerais de funcionamento

• identificação de circuitos e equipamentos.

• partição dos circuitos.

• equipamento de paragem ou corte de emergência.

• adaptação às condições ambientais (influência externa).

• localização e implementação do equipamento.

• estado do equipamento.

• identificação de cabos enterrados relativamente à especificação dos


desenhos.

Análise da protecção contra contactos directos de partes em tensão

• distâncias de segurança e protecção físicas.

• condição dos isolamentos.

• conformidade das tomadas, conectores e luminárias.

• conformidade com instruções especiais de alguns equipamentos.

Análise das protecções contra contactos indirectos

• eléctrodos de terra.

• condutores de protecção.

• ligações equipotenciais.

• protecções contra correntes residuais de defeito.

• protecções de máximo de corrente.

• controle de isolamentos.

• separação de circuitos.
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• protecções contra sobretensões.

• outras protecções, quando aplicável.

Análise das protecções contra os riscos de incêndio, explosão e queimaduras

• aquecimento anormal.

• protecção contra sobrecargas.

• protecção contra curto circuitos.

• poder de corte dos órgãos de protecção.

• adequabilidade do equipamento ao ambiente nos locais onde existe risco


de incêndio ou explosão.

• protecção de qualquer equipamento contendo dieléctricos inflamáveis.

• protecção contra descargas atmosféricas.

Realização de medições e ensaios

• verificação da continuidade dos circuitos.

• medição da resistência dos condutores de protecção.

• medição da resistência dos eléctrodos de terra.

• medição da impedância dos circuitos de terra de protecção.

• medição da resistência de isolamento das instalações.

• medição do isolamento de paredes e do pavimento, de materiais não


condutores, quando aplicável.

• verificação da instalação de protecção e barreiras antifogo, quando


aplicável.

• verificação da polaridade e sequência de fases dos circuitos.

• ensaio de funcionamento dos órgãos de protecção.

• ensaio de funcionamento das protecções por corrente diferencial de


defeito.
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• ensaio de funcionamento dos controladores permanentes de isolamento.

• ensaio de funcionamento da iluminação de emergência.

Métodos de medição e ensaio das instalações

Os métodos aqui descritos são dados como exemplo.

Verificação da continuidade dos circuitos

Para funcionarem correctamente, os condutores de um circuito devem apresentar


continuidade. Embora, por vezes, num teste com um Ohmímetro, verifiquemos
continuidade, a mesma poderá não ser correcta.

Para uma verificação correcta de continuidade, sugerem-se dois métodos


alternativos, baseados no princípio de que a resistência varia, proporcionalmente,
com o comprimento e secção do condutor, e ainda que se conhece a posição
da tomada mais próxima do ponto médio do circuito.

Método 1:

A continuidade de cada condutor do circuito, incluindo o condutor de protecção,


é verificada, com a ajuda de um Ohmímetro, entre as duas extremidades do
condutor, em circuito aberto, anotando-se o valor da resistência medida.

Fechamos, em seguida, o circuito, ligando as duas extremidades do condutor


e medimos, utilizando um condutor de teste e um Ohmímetro, a resistência
entre os terminais correspondentes no quadro de distribuição e o contacto mais
próximo do ponto médio do circuito.

Ao valor da resistência deduz-se a do condutor de teste. O valor, assim, obtido


deve ser aproximadamente um quarto do valor obtido antes do fecho do circuito.

Método 2:

A continuidade de cada condutor do circuito, incluindo o condutor de protecção,


é medida entre as duas extremidades antes do fecho do circuito e o respectivo
valor de resistência anotado.

Depois do fecho do circuito, os vários condutores do circuito são curto-circuitados


no ponto mais próximo do meio do circuito.

A resistência medida, no início do circuito, entre fase e neutro, no quadro de


distribuição, deve ser aproximadamente metade do valor obtido inicialmente
para a fase correspondente com o circuito aberto.

Verificação da continuidade dos condutores de protecção e da ligação


equipotencial

O ensaio do condutor de protecção tem por finalidade verificar se a sua


montagem e ligação estão correctas. Deverá ser feito antes da instalação ser
energizada e outros ensaios efectuados.
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O ensaio é realizado a uma tensão não superior 50 volts a.c ou c.c e uma Regulamento de
corrente aproximadamente igual a 1,5 vezes a corrente nominal do circuito a segurança
ser testado, mas nunca superior a 25 amperes.

Se for utilizada corrente alternada, deve ser utilizada a frequência de tensão da


rede ( 50 Hz ).

Medição da resistência do eléctrodo de terra

Faz-se circular uma corrente alternada entre o eléctrodo de terra T e um eléctrodo


de terra auxiliar T2, colocado a uma distância de T suficiente para que as zonas
de influência dos 2 eléctrodos não se sobreponham.

Um segundo eléctrodo auxiliar T2, deverá ser colocado a meia distância entre T
e T1 e medida a diferença de potencial entre T e T2.

A resistência do eléctrodo de terra é o quociente entre a diferença de potencial,


dividida pela corrente ( I ) que passa entre T e T1 .

Para verificar que o valor de resistência está correcto, fazem-se mais duas
leituras com o segundo eléctrodo auxiliar T2 deslocado cerca de 6 metros para
uma distância maior e menor de T, respectivamente.

Se os três resultados forem próximos, toma-se o seu valor médio como o valor
da resistência do eléctrodo de terra T.

Se os três valores obtidos forem substancialmente diferentes é necessário


repetilos, aumentando a distância entre T e T2.

Os testes são efectuados utilizando um dos aparelhos existentes no mercado


desde que convenientemente dimensionados para o efectuar.

Ensaio da resistência de isolamento

Os testes aqui descritos devem ser feitos antes da instalação estar


permanentemente ligada à rede.

Se a instalação for de grandes dimensões, pode ser subdividida por grupos de


saídas de potência, cada um contendo, pelo menos, 50 saídas ou o comprimento
total das respectivas canalizações não exceda 100 metros.

Por "saída" entende-se qualquer aparelho de seccionamento ou corte, Saída


incluindo-se ainda tomadas, interruptores ou luminárias incorporando um
interruptor.

Uma corrente contínua, não inferior ao dobro da tensão nominal do circuito em


ensaio, deve ser usada na medição da resistência de isolamento, sempre
que a tensão de ensaio não exceda 500 Vdc, caso de instalações
dimensionadas até 500V, e não exceda 1000 Vdc, no caso de instalações
dimensionadas para valores superiores a 500 V, mas inferiores a 1000 V.
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A medição é feita nas duas situações seguintes:

1 - Com todos os fusíveis colocados e todos os interruptores (incluindo, se


possível, o interruptor principal) fechados e, excepto para sistemas TN -C,
todas as fases dos circuitos ligadas electricamente entre si.

2 - Entre todos os condutores ligados a uma das fases da alimentação e,


rotativamente, todos os condutores a cada uma das outras fases.

A resistência de isolamento deve ser, expressa em Ohms, de valor, pelo


menos, igual a 1000 Un, sendo Un a tensão nominal da instalação expressa
em volt, com um mínimo de 250.000 Ohm ou 50.000 Ohm, respectivamente
para instalações de baixa tensão ou de tensão reduzida.

Se praticável, e para que toda a cablagem seja ensaiada, todas as


lâmpadas devem ser removidas, todos os equipamentos desligados e todos
os interruptores locais, controlando lâmpadas ou outro equipamento, devem
estar fechados.

Se o anterior não for praticável, os interruptores locais respectivos devem


ser abertos.

Qualquer aparelhagem electrónica ligada à instalação deve ser isolada


para se evitar riscos de ser danificada pela tensão de ensaio.

Se o equipamento que for desligado, para se efectuarem os ensaios


anteriores, tiver massas ligadas a condutores de protecção, a resistência
de isolamento, entre as massas e as partes activas do equipamento, deve
ser medida separadamente e deve ter um valor, correspondente à Norma
respectiva, mas nunca inferior a 0,5 megaohm.

Verificação da polaridade

A polaridade dos circuitos deve ser verificada de modo a garantir-se que todos
os fusíveis e interruptores unipolares estejam ligados a condutores de fase e as
tomadas correctamente cabladas.

Verificação da separação de circuitos

A separação eléctrica de circuitos, entre os quais a protecção contra choque


eléctrico, feita por alimentação a tensão reduzida de segurança ou por
diferenciação de circuitos, deve também ser verificada.

Se a alimentação do circuito independente não é feita por um transformador de


segurança de isolamento, é necessário verificar se a fonte utilizada assegura
um grau de protecção equivalente ao de um transformador de segurança de
isolamento, segundo a IEC 742.

Deve ser, ainda, verificado se, partes activas do circuito independente, excepto
cabos, têm um grau de protecção em relação aos outros circuitos, não inferior
ao existente entre o primário e o secundário do transformador de segurança de
isolamento.
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Verificação do isolamento de paredes e pavimentos não


condutores

O Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica


descreve um método para a medida da resistência de isolamento de
pavimentos.

Em alternativa, apresenta-se um outro método de verificação:

Quando a protecção contra contactos indirectos é feita pela utilização de parede


e pavimento não condutores, a resistência destes, em relação ao condutor de
protecção da instalação, deve ser medida em, pelo menos, três pontos em
cada superfície, dos quais um deles deve estar a uma distância entre 1 e 1,2
metros de qualquer parte condutora externa do local.

Em condições normais de uso, o material deve suportar uma tensão de ensaio


de, pelo menos, 2 kV, com uma corrente de fuga inferior a 1 mA.

Medição da impedância do circuito de defeito à terra

O circuito de defeito à terra (fase à terra), é composto das seguintes partes,


começando no ponto de defeito:

• O condutor de protecção

• O terminal ou o condutor de terra

• A parte metálica de retorno, para sistemas TN

• O caminho de retorno à terra para sistemas TT e TI

• O caminho através do ponto neutro do transformador e o seu enrolamento.

• O condutor de fase desde o transformador ao ponto de defeito.

A impedância do circuito de defeito à terra designa-se Zs.

Estes testes são feitos utilizando um instrumento que mede a corrente que
circula quando uma resistência de valor conhecido é ligada entre o condutor de
fase e o terminal de terra.

A medição de Zs é feita com os condutores da ligação equipotencial, se existirem,


ligados.

Verificação das protecções das correntes residuais de defeito

Quando a protecção contra contactos indirectos é feita por protecção das


correntes residuais de defeito, deve ser efectuado um ensaio de funcionamento,
com simulação das condições de defeito.
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O teste é feito no lado da carga do disjuntor, entre um condutor de fase do


circuito protegido e o condutor de protecção, por forma a que uma corrente
residual circule. Todas as cargas normalmente alimentadas por este disjuntor
são desligadas durante o teste.

A corrente de disparo calculada deve fazer com que o disjuntor dispare em


menos de 0,2 segundos ou outro intervalo de tempo garantido pelo fabricante
do aparelho.

Se o disjuntor tiver uma corrente de disparo nominal inferior a 30 mA, e tiver


sido instalado para reduzir o risco associado a um contacto directo no caso de
falhar outra protecção instalada no mesmo circuito, uma corrente de 250 mA
deve causar o disparo do disjuntor em menos de 40 ms.

A corrente de ensaio não deve ser aplicada por um período superior a um segundo.

Licenciamento de instalações eléctricas

O Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica Regulamento de segurança


impõe que as instalações devem ser verificadas quando da sua entrada ao
serviço, por ocasião de modificação importante e, ainda, sujeitas a
inspecções periódicas durante a exploração.

O Regulamento refere algumas verificações que devem ser efectuadas, embora


não exija que sejam feitas todas as acções referidas nos números anteriores.

O Decreto-Lei nº 272/92 de 3 de Dezembro de 1992, do qual ainda se espera a Licenciamento


publicação da respectiva Portaria Regulamentadora, vem alterar o modo como
se processa o Licenciamento das Instalações de Utilização de Energia Eléctrica,
prevendo-se a criação de associações inspectoras para aprovar, inspeccionar e
certificar algumas categorias de instalações eléctricas.

Tanto a nível do CENELEC como da CEOC, foram constituídos grupos de trabalho


no âmbito dos quais tem sido abordada a problemática da Inspecção a
Instalações Eléctricas, prevendo-se para um futuro próximo a elaboração de
um projecto de Norma a ser posto à discussão e consideração dos países
membros.

Para finalizar, refira-se que o documento do CENELEC 64 / secretariado / 639


propõe a elaboração da Norma IEC-1200, Guia de Instalações Eléctricas.

Nesse mesmo documento, o capítulo 61 dá explicações e esclarecimentos


sobre as condições de verificação de instalações eléctricas, de acordo com a
norma IEC-364.

Algumas das recomendações feitas neste projecto de Norma foram incluídas


no capítulo referente a Métodos de Medição e Ensaio.
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REGULAMENTAÇÃO E NORMALIZAÇÃO

• Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica.

• Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e


Seccionamento.

• Projecto de Norma Portuguesa: Instalações Eléctricas de Baixa Tensão.

• Norma Portuguesa NP 999: Aparelhos para Instalações Eléctricas - Tipos de


protecção assegurada pelos invólucros.

• Normas Portuguesas da série NP EN 29000 e NP EN 45000.

• Decretos Lei nºs 234/93 e 272/92.

• Directiva Comunitária 73/23/CEE.

• Normas CEI da série IEC-364: Electrical Instalations in Buildings.

• Normas CEI da série IEC-479: Effects of the electrical current passing


through the human body.
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RESUMO

As instalações eléctricas constituem um sistema complexo, pelo que a garantia


de um adequado funcionamento, em condições de segurança, implica o
cumprimento da Regulamentação, Normas e técnicas aplicáveis.

A necessidade de qualquer instalação dispor de um projecto, tão detalhado


quanto possível, é uma exigência fundamental.

O conhecimento das principais características tecnológicas dos equipamentos


utilizados nas instalações eléctricas e também dos aspectos ligados ao seu
funcionamento, nomeadamente os fenómenos relacionados com o
estabelecimento e corte da corrente eléctrica, é um auxiliar importante para a
sua adequada exploração e manutenção.

Os riscos, para pessoas e bens, ligados à utilização da energia eléctrica, devem


estar sempre presentes ao projectar, construir e explorar, pelo que, a
operacionalidade dos órgãos e dispositivos, necessários para a obtenção das
condições de segurança, devem ser periodicamente vigiados e mantidos ao
longo do tempo.
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ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Refira o que deve garantir um projecto de uma rede?

2. Indique alguns dos aparelhos eléctricos que estudou e quais as suas


funções?

3. Qual é a documentação que deverá estar presente para uma boa manutenção
e um bom estudo da rede?

4. Defina as funções, comando, isolamento, eliminação de defeito e vigilância.

5. Descreva alguns dos aparelhos eléctricos que estudou.

6. O que é um condensador eléctrico e como é constituído?

7. Descreva como é constituída uma bateria de acumuladores e para que


serve.

8. O que é uma subestação ou posto de transformação?

9. Indique algumas das acções a efectuar durante as inspecções às


instalações eléctricas.
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BIBLIOGRAFIA

CEI 502, Cabos de transporte de energia isolados por dieléctricos maciços


extrudidos, para tensões nominais de 1 kV A 30 kV.

COOPER, W. Fordham, “Electrical Safety Engineering”, London, Butterworths


& Co (Publishers) Ltd, 2ª edição 1986.

DAWES, Chester L., “A Course in Electrical Engineering”, N. York, Mac Graw-


- Hill.

Folheto sobre Transformadores de Distribuição - EFACEC.

FOUILLÉ, A., “Electrotechnique a L’usage des ingenieurs”, Paris, Dunod.

HD 21 - Cabos isolados a policloreto de vinilo com tensões nominais até 450/


750 V.

HD 22 - Cabos isolados a borracha com tensões nominais até 450/750 V.

HD 308 (NP-2359) - Identificação e utilização de cores de condutores de cabos


flexíveis.

HD 361 S2 (NP-2361) - Condutores isolados e cabos eléctricos: sistemas de


designação.

HD 383 - Almas condutoras de cabos isolados.

HIGGINS, L.R e MORROW L.C., “Maintenance Engineering Handbook”, N.


York, Mcgraw Hill.

“IEC Safety Book”, Bureau Central de la Comission Electrotechnique


Internationale, Geneve,Suisse - 1ª edição 1985.

IEE Regulations: Regulations for Electrical Installations (16th edition).

Kassatkin, A.S., “Fundamentos da Electrotecnia”, Moscovo, Editora Mir.

Manual do Formando, “Electrotecnia Industrial”, Lisboa, I.S.Q, edição 1994.

Manual de Instruções, “Motores Assíncronos Trifásicos”, da EFACEC.

Norma Francesa NFC 15.100: Installations électriques de base tension.

NP 917: Canalizações eléctricas: características gerais e ensaios dos


condutores e cabos isolados.
M.T.01 An.01

Electrotecnia Industrial B . 1
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IEFP · ISQ Bibliografia

PINTO, L.M.Vilela - “MG Calc”, Lisboa,Merlin Gerin de Portugal, 1ª edição 1993.

PINTO, L.M.Vilela - “Segurança Eléctrica - Técnicas para Baixa Tensão”,


Porto,Reguladora,S.A., 1ª edição 1988.

POOLE, C.Dennis - “Electrical Distribution in Buildings” , London ,BSP


Professional Books, 2ª edição 1987.

Regulamento de Segurança de Instalações de Utilização de Energia Eléctrica.

RODRIGUES, José e MATIAS, José - “Máquinas Eléctricas - Transformadores”,


Lisboa,Didática Editora.

RODRIGUES, Leão - “Prevenção de Riscos Eléctricos”, Seminário sobre


Prevensão de Riscos Profissionais,Lisboa 1986.

SOLIGNAC, Gerard - “Guide de L’Ingénierie Eléctrique des Reseaux Internes


D’Usines”, Paris,Technique et Documentation Lavoisier,2ª edicão.
M.T.01 An.01

Electrotecnia Industrial B . 2
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