Вы находитесь на странице: 1из 15

A etnobotânica e o conhecimento popular: estudos de caso na cidade de

Sorocaba, SP, Brasil.

Bruno Henrique Justo a*, Débora dos Santos Mota a, Samuel Coelho a

a Universidade Federal de São Carlos - Campus Sorocaba, Rodovia João Leme

dos Santos, Km 110 - SP-264, Bairro do Itinga, Sorocaba - São Paulo – Brasil

* + 55 17 9167-2301 brunohjusto@hotmail.com

Palavras-chave: conhecimento etnobotânico, biodiversidade, plantas medicinais.

A etnobotânica e o conhecimento popular.

ABSTRACT

Brazil is a country that presents a great biodiversity of flora and fauna. This wide

variety of plants, animals and ecosystems, among other things, is because of the vast

territorial extension and the diversity of climates in the country. In studies of the plants,

the ethnobotany enters as a tool that understanding the relationship between plants and

humans societies, contributing in the achievements of scientific knowledge. The

objective of this work was to raise the knowledge that common people have about

plants, their medicinal utilities and so on. Two studies of case were done with people

residents in Sorocaba, São Paulo. The manner proposed to obtain the data was the

qualitative boarding, with semi-structured interviews derived from themes generators,

always with the concern of design for the purposes of work. It was raised a total of 47

species, distributed in 44 genres and 27 families, and the vast majority of species is

referred as herbaceous and are very common to urbanized environment, which confirms

the idea that the convenience of cultivation of these plants contributes in its greatest use,

1
and that knowledge about cosmopolitan species may be related to the replacement of so-

called popular values for an industrial culture. The aim of this paper is show the

relevance on the study of ethnobotany, because it is noticed that understanding the

interrelations between human and botany serves as a means of awareness to

environmental preservation.

RESUMO

O Brasil é um país que apresenta uma grande biodiversidade de flora e fauna.

Essa enorme variedade de plantas, animais e ecossistemas, sendo alguns de caráter

ímpar, se devem à grande extensão territorial e à diversidade de climas no país. No

estudo da flora, a etnobotânica entra como uma ferramenta que busca a compreensão

sobre a relação existente entre os vegetais e as sociedades humanas, contribuindo no

acervo do conhecimento científico. O objetivo deste trabalho foi levantar o

conhecimento adquirido e acumulado que pessoas comuns possuem sobre as espécies

vegetais, suas utilidades medicinais e outras. Para tanto, foram realizados dois estudos

de caso com pessoas residentes no município de Sorocaba, São Paulo. Utilizou-se da

abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semi-estruturadas derivadas de temas

geradores, sempre com a preocupação do delineamento para os objetivos do trabalho.

Foram levantadas um total de 47 espécies distribuídas em 44 gêneros e 27 famílias,

sendo a grande maioria das espécies denominadas herbáceas e comuns ao ambiente

urbanizado. Tal fato confirma a idéia de que a praticidade do cultivo destes vegetais

contribui no seu maior uso, além de que o conhecimento sobre espécies cosmopolitas

pode estar relacionado com a substituição dos valores ditos “populares” para uma

cultura industrializada. O presente trabalho mostra a relevância sobre o estudo de

etnobotânica, pois é percebido que a compreensão sobre as relações existentes entre

2
botânica e o homem servem como forma de conscientização para a preservação

ambiental.

INTRODUÇÃO

A Etnobotânica é a ciência que estuda as interações dinâmicas entre as plantas e

o homem; consistindo também na compreensão dos usos e aplicações tradicionais dos

vegetais pelas pessoas. Ligada à botânica e à antropologia, é uma ciência

interdisciplinar que também engloba conhecimentos farmacológicos, médicos,

tecnológicos, ecológicos e lingüísticos (Amorozo, 1996).

No seu início, a Etnobotânica tinha um caráter mais restrito, estudando as inter-

relações entre os vegetais com as sociedades ditas “primitivas”. Com o passar do tempo

esta limitação foi sendo superada e sua investigação expandiu-se, fazendo parte agora

do seu campo de estudo, não somente as sociedades indígenas, mas também as

sociedades industriais e suas relações estabelecidas com a flora (Albuquerque, 2005).

Além de o conhecimento etnobotânico contribuir para o conhecimento científico

das espécies vegetais, seu estudo deve ter como foco, também, na reversão do

conhecimento fornecido pelos informantes para sua própria comunidade. Desta forma, a

etnobotânica não serve apenas como ferramenta para resgatar o conhecimento

tradicional, mas também é importante no resgate dos próprios valores das culturas que

entra em contato (Prance, 1987; Delwing et al, 2007).

O Brasil, por possuir a maior biodiversidade vegetal do planeta, utiliza a

etnobotânica como ferramenta importante na compreensão de vários fatores referentes

ao desenvolvimento e conservação de espécies utilizadas por populações que habitaram

ou habitam diferentes biomas brasileiros. Na história do Brasil, o primeiro registro

etnográfico referente a plantas brasileiras foi realizado por Caminha, no ano de 1500

3
(Ming, 2009). Espécies como o urucum (Bixa orellana L.) e o inhame (Manihot spp)

foram citadas, aclarando que a primeira era utilizada pelos indígenas na pintura do

corpo para rituais e proteção e, a segunda espécie, utilizada na alimentação (Ming,

2009).

Fortemente ligada à etnofarmacologia, o conhecimento etnobotânico do Brasil

favorece a área de produtos naturais, notadamente oriundos das plantas superiores, das

toxinas animais e dos microorganismos. Estes são usados como matéria-prima na

síntese de moléculas complexas de interesse farmacológico, utilizando substâncias

ativas presentes na planta como um todo, ou em parte dela, na forma de extrato total ou

processado (Calixto, 2003).

O conhecimento tradicional, neste âmbito, constitui um recurso importante na

elaboração de drogas terapêuticas, sendo que muitos antibióticos, tranqüilizantes,

sedativos, anestésicos, analgésicos e laxantes são oriundos desta fonte Gallote &

Ribeiro, (2005). Contudo, como já explicitado, a etnobotânica não se refere apenas ao

estudo de plantas medicinais, mas abrange também o uso de espécies vegetais para

diversos outros fins (Prance, 1987).

O objetivo geral deste trabalho foi realizar um levantamento do conhecimento

popular que pessoas comuns possuem sobre a etnobotânica, enfocando no uso de

espécies medicinais. No entanto, durante as entrevistas, levantou-se também espécies

úteis para outros fins, como alimentação, artesanato, fibras, religião, utensílios e outros.

METODOLOGIA

A abordagem utilizada neste presente estudo foi qualitativa, caracterizado assim

devido os dados terem sido obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas, ou seja,

dados descritivos oriundos de relatos do público alvo. A fundamentação na abordagem

4
deste trabalho, com a metodologia qualitativa, abrange uma construção socioafetiva do

conhecimento, uma vez que tal conhecimento faz parte integrante da história e da

realidade dos sujeitos (Gomes, 1999). Pelo motivo de ter sido um estudo detalhado de

um contexto específico e bem delimitado, foi qualificado como um estudo de caso.

Para elaboração do questionário foi levada em consideração as advertências

feitas por Darrell A. Posey (1987) no capítulo de seu livro intitulado Etnobiologia:

Teoria e Prática, com algumas adaptações por se tratar de uma sociedade industrial e/ou

urbana, no qual o autor diz que as perguntas devem ser as mais abertas possíveis para

que não haja o risco de restringir as respostas dadas pelos entrevistados. Assim, as

entrevistas foram pautadas em temas geradores e, conforme o andamento, essas eram

conduzidas aos objetivos estabelecidos por este trabalho.

Segundo Posey (1987), entre outros (Albuquerque, 2005; Prance 1987) para uma

pesquisa de qualidade em etnobotânica, além de informações referentes aos usos de

plantas é importante o registro de como são feitos esses usos e quais as partes dos

vegetais utilizados.

Para esta pesquisa foram realizados 2 (dois) estudos de caso, feitos com pessoas

de ambos os sexos, residentes no município de Sorocaba no estado de São Paulo. Um

entrevistado possui ensino superior completo e, a outra, ensino básico incompleto. A

escolha dos entrevistados deu-se com base no conhecimento com relação ao uso de

plantas medicinais e, por pessoas que pelo motivo de terem um jardim contendo uma

grande variedade de plantas, nos chamou a atenção para questioná-las se naquele jardim

havia alguma planta que não era meramente ornamental. O conhecimento que ambas as

pessoas possuem sobre as plantas foi adquirido durante a vida, principalmente com

parentes e amigos.

5
A confirmação da grafia dos nomes científicos e sinonímia botânica foi obtida

através da consulta ao índice de espécies do Missouri Botanical Garden's VAST

(VAScular Trópicos – W3TRÓPICOS), Nomenclatural Database and Associated

Authority Files (conforme referência).

A discussão fundamentou-se principalmente acerca de espécies indicadas para

usos medicinais, onde buscou-se bibliografia para verificar se já havia estudos com tais

plantas que comprovassem seus princípios de “cura”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A área estudada, embora esteja em constante crescimento, é considerada uma

cidade de interior e, por este motivo, ainda é possível encontrar modos de pensar

tradicionais que abrange várias áreas do conhecimento, inclusive no que diz respeito à

saúde. Desta forma, embora haja centros médicos, é muito comum o uso de plantas com

finalidades terapêuticas. Além do uso medicinal, nos dados coletados, pudemos

observar o emprego de plantas em outras situações.

Na prática, havia sim muitas espécies presentes nos jardins dos entrevistados; no

entanto, a maioria das plantas não era cultivada para fins medicinais. Um dos

entrevistados aclarou que, quando necessário, compra as plantas para seu uso e nos

indicou onde consegui-las, no Mercado Municipal de Sorocaba.

Listou-se um total de 47 espécies, distribuídas em 44 gêneros e 27 famílias

(Tabela 1). A grande variedade de gêneros levantados demonstrou que o uso das plantas

é bem abrangente e que o uso de diversas plantas para um mesmo fim não está

relacionado com a proximidade taxonômica das espécies.

A grande maioria das espécies citadas são herbáceas. Sendo assim, normalmente

são plantas rasteiras que não tem preferência de habitat, ou seja, são fáceis de encontrar

6
mesmo em calçadas (Ex: Poejo, Beldroega), podendo esse fator ser um dos que

influência o uso popular destas ervas e o plantio em seus quintais. As outras, de porte

arbustivo ou mesmo arbóreo, tem menor freqüência nos relatos, o que corrobora com a

idéia de que a facilidade em encontrar estas plantas implica num maior uso.

Tabela 1. Espécies vegetais citadas pelos entrevistados.

Família Nome Científico Nome Popular


Amaranthaceae Amaranthus viridis L. Caruru-de-porco
Apiaceae Coriandrum sativum L. Coentro
Apiaceae Pimpinella spp Erva-doce
Araceae Dieffenbachia picta Schott Comigo-ninguém-pode
Asteraceae Baccharis trimera (Less.) DC. Carqueja
Asteraceae Egletes viscosa (L.) Less. Marcela
Asteraceae Lactuca sativa L. Alface
Asteraceae Sonchus oleraceus L. Serralha
Brassicaceae Brassica oleracea L. Couve
Cannaceae Canna indica L. Cana-da-Índia
Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides L. Erva-de-Santa-Maria
Cucurbitaceae Cucurbita spp Cambuquira
Euphorbiaceae Ricinus communis L. Mamona
Fabaceae Glycine max (L.) Merr. Soja
Fabaceae Hymenaea courbaril L. Jatobá
Fabaceae Stryphnodendron obovatum Benth. Barbatimão
Lamiaceae Mentha pulegium L. Poejo
Lamiaceae Mentha viridis (L.) L. Hortelã
Lamiaceae Ocimum basilicum L. Alfavaca
Lamiaceae Origanum majorana L. Manjerona
Lamiaceae Rosmarinus officinalis L. Alecrim
Lauraceae Laurus nobilisL. Louro
Lauraceae Persea americana Mill. Abacate
Liliaceae Allium cepa L. Cebola
Liliaceae Allium fistulosum L. Cebolinha
Liliaceae Allium sativum L. Alho
Liliaceae Aloe succotrina Lam. Babosa
Liliaceae Sansevieria trifasciata Prain Espada-de-São-Jorge
Linaceae Linum usitatissimum L. Linhaça
Monimiaceae Peumus boldus Molina Boldo-do-Chile
Moraceae Morus nigra L. Amora
Myrtaceae Eucalyptus spp Eucalipto
Phytolaccaceae Petiveria tetrandra B.A. Gomes Guiné
Plantaginaceae Plantago spp L. Tanchagem
Poaceae Andropogon schoenanthus L. Erva-cidreira ou capim-limão
Poaceae Bambusa spp Bambu

7
Poaceae Phalaris canariensis L. Alpiste
Potulacaceae Portulaca halimoides L. Beldroega
Punicaceae Punica granatum L. Romã
Rosaceae Fragaria vesca L. Morango
Rosaceae Malus communis Poir. Maça
Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda
Sapindaceae Paullinia cupana Kunth Guaraná
Solanaceae Capsicum frutescens L. Pimenteira
Urticaceae Parietaria officinalis L. Parietária
Zingiberaceae Renealmia exaltata L. f. Pacova
Zingiberaceae Zingiber officinale Roscoe Gengibre

No entanto, o conhecimento de apenas espécies cosmopolitas, ressalta Amorozo

(2002), pode ser devido à substituição dos valores, o que significa que a cultura

industrial, na qual os remédios já estão prontos e é só comprar, diminui a procura ou

deixa cair no esquecimento espécies de plantas que curariam aqueles males, não sendo

mais necessário procurar um vegetal de tão difícil acesso.

Para cada espécie os entrevistados indicaram um ou mais usos (Tabela 2). As

partes mais usadas são as folhas para os preparos medicamentosos, e seu uso geralmente

se dá por meio de chá, provavelmente devido à facilidade de se extrair suas

propriedades por meio do cozimento.

Algumas espécies apresentam em suas folhas os chamados taninos, que estão

presentes nestas para inibição da predação por insetos, fungos e bactérias e são

formados por polifenóis, que tem importância medicinal por serem capazes de precipitar

as proteínas superficiais das células (Pansera, 2003). Assim, é possível que o motivo

pelo qual, em muitos casos, sejam utilizadas as folhas em infusões é devido à suposição

de que o sucesso ocorrido em uma determinada planta possa ser expandido à outra.

As doenças que foram indicadas são consideradas de fácil tratamento, segundo a

classificação da Organização Mundial da Saúde (2009), como gripe, dor de garganta,

dor de estômago. Porém, ao contrário do que se alega no trabalho de Silva-Almeida &

Amorozo (1998), um dos entrevistados utiliza somente as plantas para doenças

8
consideradas mais sérias como inflamação urinária e colesterol alto, com a justificativa

de não querer ficar “refém” de remédios.

Como pode ser visto na Tabela 2, não há indicação de quantas vezes ao dia, por

exemplo, deve-se fazer o uso dos medicamentos naturais. Como também foi dito no

trabalho de Silva-Almeida & Amorozo (1998), uma das explicações de não haver

dosagem é a crença em que “se bem não faz, mal é que não vai fazer” (fala de um dos

entrevistados). No entanto, como alerta neste mesmo trabalho, há plantas que são

tóxicas, como é o caso da “comigo-ninguém-pode” (Dieffenbachia picta Schott). O uso

indiscriminado desta planta, segundo Carneiro et al (1985), pode desencadear crises

alérgicas por conter cristais de oxalato de cálcio, que causam a lise da membrana

celular.

A romã (Punica granatum L.) também é outra planta tóxica e pode ser fatal

dependendo da quantidade ingerida; sua toxidade é devido à presença de alcalóides,

provocando náuseas e vômitos (Plantas e Ervas Medicinais, 2009). Ainda assim, seu uso

foi confirmado, servindo dentre outros fins também para dores de garganta (Biazzi,

2002); e uso como cicatrizante (informação não encontrada na literatura para

confirmação de seu uso para este fim). No entanto, talvez essa fama tenha sido cunhada

devido a ser um bom anti-séptico, limpando a ferida e conseqüentemente ocasionando

uma boa cicatrização.

Embora não tenha sido encontrada nenhuma confirmação medicinal a respeito

de algumas plantas para os fins dados, como a cebola (Allium cepa L.) que aliviaria a

dor de cabeça, outras citadas foram comprovadas cientificamente seus benefícios à

saúde (Plantas e Ervas medicinais, 2009). Algumas, como a alface, que tem como

constituintes químicos vitaminas A e C, cálcio, fósforo e ferro, possui ações como

9
antiácida e diurética e corrobora com o citado pelo entrevistado, possuindo ação

sonífera (Biazzi, 2002).

Há outras como o poejo que suas propriedades indicam uma finalidade diferente

do citado. Sendo boa como digestivo, expectorante e antiespasmódico, também pode ser

utilizado como combate a vermes, mas nada dito sobre o ranger de dentes (bruxismo)

(Plantas e Ervas medicinais, 2009). Outros usos, como confecção de sabão (sementes de

mamona), repelente (fumaça de eucalipto), espantar mau-olhado (do folclore), dentre

outros, são usos que não necessitam de confirmação literária, servindo apenas para

demonstrar a variedade de utilidades/relações que se pode ter/estabelecer com uma

determinada planta, levando as pessoas que as utilizam a preservá-las, como anuncia

Posey (1987).

Tabela 2. Os usos indicados para as espécies citadas, as partes utilizadas e seu modo de

preparo.

Nome Popular Parte usada Modo de preparo Posologia Usos populares


Polpa da Com leite de soja, Diminuir o colesterolB;
Abacate fruta ou com açúcar Via oral lavagem do cabeloA
Via oral, CalmanteB; proteção
Infusão; plantar banho e espiritual e defumar a
Alecrim1 Folhas num vaso; vapor casaA
2
Alface Folhas Infusão Via oral Para dormirB
Alfavaca ou Infusão; secagem Banho, e Proteção espiritual e como
Manjericão1 Folhas das folhas; natural via oral temperoA
Bulbos Aplicação
Alho (dentes) Curtido em óleo no local Dor de ouvidoA
Alpiste Sementes Infusão Via oral Baixar a pressãoB
Equilibrar
Cortar um galho na altura
de 1 metro em da Achar água no
Amora Galho forma de Y. cintura. subterrâneo
Infusão; plantar Banho, Espantar mau olhado,
num vaso; secagem vapor e via banho espiritual, defumar a
Arruda1 Folhas das folhas; oral casa (proteção)A
Aplicação
Babosa Folhas Extração do sumo no local Lavar o cabeloA
Artesanatos diversos,
Bambu Caule Deixar secar ao sol lanças e vara de pescarA

10
Banho de O banho na vagina
Casca do assento enrijece a musculatura e
Barbatimão tronco Infusão é cicatrizanteA
Alimentação e elimina as
Beldroega Folhas Ao natural Via oral “vermes” do intestinoA
Boldo-do-Chile Folhas Infusão Via oral Para má digestãoA
Cambuquira Brotos Cozimento Via oral Alimentação (sopa)A
Cana-da-Índia Caule Infusão Via oral Inflamação na bexigaB
Emagrecimento, má
Infusão e curtido no digestão e confecção de
Carqueja Folhas álcool Via oral pingaA
Caruru-de-
porco Folhas Ao natural Via oral Alimentação na saladaA
Ao natural (fatiado Aplicação
Cebola Bulbo em rodelas) na testa Dor de cabeçaA
Cebolinha Folhas Ao natural Via oral AlimentaçãoA
Coentro Folhas Ao natural Via oral AlimentaçãoA
Infusão; plantar; Espantar mau olhado,
Comigo- secagem das Banho e protecão espiritual,
ninguém-pode1 Folhas folhas; vapor defumar a casaA
Caules e Batido no
Couve folhas liquidificador Via oral Azia, gastrite e mal-estarB
Erva-cidreira Folhas Infusão Via oral CalmanteA
Erva-de-Santa- Regulação da
Maria Folhas Infusão Via oral menstruaçãoA
Erva-doce Folhas Infusão Via oral Gripe e resfriadoB
Infusão; plantar Espantar mau olhado,
Espada-de-São- num vaso; secagem Banho e banho espiritual, defumar a
Jorge1 Folhas das folhas; vapor casa (proteção)A
Dificuldade em respirar,
Tronco e Infusão e ao Inalar e aroma para saunas,
Eucalipto folhas natural vapor lenha e repelenteA
Curtido em álcool e Bebida de festa junina e
Gengibre Bulbo desnaturado Via oral irritação da gargantaA
Emagrecer e diminuição
Guaraná Fruto Infusão Via oral do colesterolB
infusão; plantar num Espantar mau olhado,
vaso; secagem das Banho e banho espiritual, defumar a
Guiné1 Folhas folhas; vapor casa (proteção)A
Calmante e para matar
vermesA; relaxamento e
Hortelã Folhas Infusão Via oral ajuda na respiraçãoB
Jatobá Sementes Ao natural Via oral AlimentaçãoA
Curtir para fazer Baixa o peso e fortalece
Linhaça Sementes óleo; triturar Via oral o corpoB
Louro Folhas Secagem das folhas Via oral Alimentação (tempero)B
Emagrecimento e
Maça2 Fruto Infusão Via oral diminuição do colesterol
Tronco, Confecção de cachimbos,
folhas e Ao natural, folhas como fumo e
Mamona sementes secagem das folhas Via oral confecção de sabãoA
Manjerona Folhas Ao natural Via oral Alimentação (tempero)A

11
Confecção de travesseiros,
aroma calmante e melhora
Marcela Flores Secagem das flores Inalar a respiraçãoA
Morango Fruto Ao natural Via oral Controle de ácido úricoB
Eliminação de vermes e
Pacová Sementes Infusão do triturado Via oral diminuição do bruxismoB
Parietária Folhas Infusão Via oral Inflamação urináriaB
Infusão; plantar Espantar mau olhado,
num vaso; secagem Banho e banho espiritual, defumar a
Pimenteira1 Folhas das folhas vapor casa (proteção)A
Infusão do Eliminação de vermes e
Poejo Folhas triturado Via oral diminuição do bruxismoB
Via oral e
Infusão, curtido no aplicação Dor de garganta, diarréia e
Romã Casca e fruto guaraná local cicatrizanteB
Alimentação e elimina as
Serralha Folhas Ao natural Via oral vermes do intestinoA
Soja Sementes Leite Via oral Azia, gastrite e mal-estarB
Antibiótico e inflamação
Tanchagem Folhas Infusão Via oral na gargantaB
Nota1: Chamados sete ervas, apenas juntas elas são eficazes para os usos indicados.

Nota2: Para eficácia do uso é preciso que estas plantas estejam em conjunto.

NotaA: Estudo de caso realizado com um homem que viveu muitos anos em sítio.

NotaB: Estudo de caso realizado com uma mulher possuidora de um jardim.

CONCLUSÃO

Ao realizar essa pesquisa constatou-se a importância de se haver estudos em

etnobotânica, primeiro pela necessidade de resgatar um conhecimento popular que está

desaparecendo conforme a sociedade se torna mais urbanizada. Segundo, como foi

comprovado com o presente trabalho, muitas indicações feitas pelos entrevistados têm

fundamentos farmacológicos reais, mostrando a relevância de se estudar as espécies

citadas. Por fim, como resgata Posey (1987), as relações estabelecidas entre botânica e

homem são importantes para preservação ambiental; assim, caso se perca estes

conhecimentos populares, também será perdido uma parcela importante que preserva e

mantêm em seus quintais as espécies vegetais.

12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Albuquerque, U. P. Introdução a Botânica. Interciência. 2ª ed. 2005.

Amorozo, M.C.M. A abordagem etnobotânica na pesquisa de plantas medicinais.

Pp.47-68. In: L.C. Di Stasi (org.). Plantas medicinais: arte e ciência - Um guia de

estudo interdisciplinar. São Paulo, Editora da Universidade Estadual Paulista, 1996.

Amorozo, M.C.M. Uso e Diversidade de Plantas Medicinais em Santo Antonio do

Leverger, MT, Brasil. Acta botanica brasilica. 16(2): 189-203, 2002.

Biazzi, E. O maravilhoso poder das plantas. Casa publicadora brasileira. 2ª Ed. 2002.

Calixto, J. B. Biodiversidade como fonte de medicamentos. Ciência e Cultura., São

Paulo, v. 55, n. 3, Sept. 2003 . Disponível em:

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-

67252003000300022&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 08/08/2009.

Carneiro, C.M.T.S.; Neves, L.J. & Pereira, N.A. (1985). Mecanismo tóxico de

Dieffenbachia picta Schott (Araceae). Anais da Academia Brasileira de Ciências

57(3): 392-393.

Delwing, A. B.; Franke, L. B; Barros, I. B. I. de; Pereira, F. S.; Barroso, C. M. A

etnobotânica como ferramenta da validação do conhecimento tradicional:

manutenção e resgate dos recursos genéticos. Resumos do II Congresso

Brasileiro de Agroeologia. Revista Brasileira de Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007.

13
Gallote D. C. & Ribeiro L. F. (2005). Levantamento etnobotânico das plantas

medicinais do horto da Escola Superior São Francisco de Assis – ESFA, Santa

Teresa, ES. 3(1): 19–24. Disponível em:

http://www.naturezaonline.com.br/natureza/ conteudo/pdf/horto.pdf. Acesso em:

05/08/09.

Gomes, A. M. S. Resumo: Etnobotânica dos quintais do bairro Havaí. Comissão do

Meio Ambiente do bairro Havaí e Adjacências. Centro Universitário de Belo

Horizonte. 1999.

Ming, L. C. A Etnobotânica na recuperação do conhecimento popular.

Departamento de Produção Vegetal. Faculdade de Ciências Agronômicas –

UNESP, 2009. Disponível em:

http://www.fazendadocerrado.com.br/Lin_Chau_Ming.pdf. Acesso em:

23/05/2009.

Organização Mundial da Saúde, 2009. Classificação Estatística Internacional de

Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Disponível em:

http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php?area=361A3B372C2D2356E3F372G

902H0I1Jd3L1M0N&VInclude=../site/din_sist.php&VSis=1&VAba=0&VCoit=23

56 Acesso em: 06/06/2009

Pansera, M. R. et al. Análise de taninos totais em plantas aromáticas e medicinais

cultivadas no Nordeste do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de

Farmacognosia, 2003.

14
Plantas e Ervas medicinais. Fitoterapias e Fototerápicos 2009 (website). Disponível em:

www.plantamed.com.br. Acesso em: 06/06/2009

Posey, D. Etnobiologia: teoria e prática. In RIBEIRO, B. Suma Etnológica Brasileira.

Etnobiologia. Petrópolis: Vozes/FINEP: 15-25, 2ª Ed. 1987.

Prance, G. T. Etnobotânica de algumas tribos amazônicas. SUMA Etnológica

Brasileira - Etnobiologia. 2ª.ed. Petrópolis, 1987. p. 119-134.

Silva-Almeida, M. F. & Amorozo, M. C. M. Medicina popular no Distrito de Ferraz,

Município de Rio Claro, Estado de São Paulo. Brazilian Journal of Ecology 2:36-

46, 1998.

W3TRÓPICOS, Missouri Botanical Garden’s VAST (VAScular Trópicos)

Nomenclatural Database and Associated Authority Files. Disponível em:

http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html.

AGRADECIMENTOS

Somos profundamente gratos às pessoas entrevistadas, pela acolhida, pela

colaboração irrestrita e pela amizade ao nos receber. Aos amigos e companheiros de

pesquisa pelo amor incondicional; e à docente Célia Regina Tomiko Futemma pela

ajuda e guia na realização deste trabalho.

15

Вам также может понравиться