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Bruno Henrique Justo a*, Débora dos Santos Mota a, Samuel Coelho a
dos Santos, Km 110 - SP-264, Bairro do Itinga, Sorocaba - São Paulo – Brasil
* + 55 17 9167-2301 brunohjusto@hotmail.com
ABSTRACT
Brazil is a country that presents a great biodiversity of flora and fauna. This wide
variety of plants, animals and ecosystems, among other things, is because of the vast
territorial extension and the diversity of climates in the country. In studies of the plants,
the ethnobotany enters as a tool that understanding the relationship between plants and
objective of this work was to raise the knowledge that common people have about
plants, their medicinal utilities and so on. Two studies of case were done with people
residents in Sorocaba, São Paulo. The manner proposed to obtain the data was the
always with the concern of design for the purposes of work. It was raised a total of 47
species, distributed in 44 genres and 27 families, and the vast majority of species is
referred as herbaceous and are very common to urbanized environment, which confirms
the idea that the convenience of cultivation of these plants contributes in its greatest use,
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and that knowledge about cosmopolitan species may be related to the replacement of so-
called popular values for an industrial culture. The aim of this paper is show the
environmental preservation.
RESUMO
estudo da flora, a etnobotânica entra como uma ferramenta que busca a compreensão
vegetais, suas utilidades medicinais e outras. Para tanto, foram realizados dois estudos
urbanizado. Tal fato confirma a idéia de que a praticidade do cultivo destes vegetais
contribui no seu maior uso, além de que o conhecimento sobre espécies cosmopolitas
pode estar relacionado com a substituição dos valores ditos “populares” para uma
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botânica e o homem servem como forma de conscientização para a preservação
ambiental.
INTRODUÇÃO
relações entre os vegetais com as sociedades ditas “primitivas”. Com o passar do tempo
esta limitação foi sendo superada e sua investigação expandiu-se, fazendo parte agora
das espécies vegetais, seu estudo deve ter como foco, também, na reversão do
conhecimento fornecido pelos informantes para sua própria comunidade. Desta forma, a
tradicional, mas também é importante no resgate dos próprios valores das culturas que
etnográfico referente a plantas brasileiras foi realizado por Caminha, no ano de 1500
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(Ming, 2009). Espécies como o urucum (Bixa orellana L.) e o inhame (Manihot spp)
foram citadas, aclarando que a primeira era utilizada pelos indígenas na pintura do
2009).
favorece a área de produtos naturais, notadamente oriundos das plantas superiores, das
ativas presentes na planta como um todo, ou em parte dela, na forma de extrato total ou
sedativos, anestésicos, analgésicos e laxantes são oriundos desta fonte Gallote &
estudo de plantas medicinais, mas abrange também o uso de espécies vegetais para
úteis para outros fins, como alimentação, artesanato, fibras, religião, utensílios e outros.
METODOLOGIA
devido os dados terem sido obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas, ou seja,
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deste trabalho, com a metodologia qualitativa, abrange uma construção socioafetiva do
conhecimento, uma vez que tal conhecimento faz parte integrante da história e da
realidade dos sujeitos (Gomes, 1999). Pelo motivo de ter sido um estudo detalhado de
feitas por Darrell A. Posey (1987) no capítulo de seu livro intitulado Etnobiologia:
Teoria e Prática, com algumas adaptações por se tratar de uma sociedade industrial e/ou
urbana, no qual o autor diz que as perguntas devem ser as mais abertas possíveis para
que não haja o risco de restringir as respostas dadas pelos entrevistados. Assim, as
Segundo Posey (1987), entre outros (Albuquerque, 2005; Prance 1987) para uma
plantas é importante o registro de como são feitos esses usos e quais as partes dos
vegetais utilizados.
Para esta pesquisa foram realizados 2 (dois) estudos de caso, feitos com pessoas
escolha dos entrevistados deu-se com base no conhecimento com relação ao uso de
plantas medicinais e, por pessoas que pelo motivo de terem um jardim contendo uma
grande variedade de plantas, nos chamou a atenção para questioná-las se naquele jardim
havia alguma planta que não era meramente ornamental. O conhecimento que ambas as
pessoas possuem sobre as plantas foi adquirido durante a vida, principalmente com
parentes e amigos.
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A confirmação da grafia dos nomes científicos e sinonímia botânica foi obtida
usos medicinais, onde buscou-se bibliografia para verificar se já havia estudos com tais
RESULTADOS E DISCUSSÃO
cidade de interior e, por este motivo, ainda é possível encontrar modos de pensar
tradicionais que abrange várias áreas do conhecimento, inclusive no que diz respeito à
saúde. Desta forma, embora haja centros médicos, é muito comum o uso de plantas com
Na prática, havia sim muitas espécies presentes nos jardins dos entrevistados; no
entanto, a maioria das plantas não era cultivada para fins medicinais. Um dos
entrevistados aclarou que, quando necessário, compra as plantas para seu uso e nos
(Tabela 1). A grande variedade de gêneros levantados demonstrou que o uso das plantas
é bem abrangente e que o uso de diversas plantas para um mesmo fim não está
A grande maioria das espécies citadas são herbáceas. Sendo assim, normalmente
são plantas rasteiras que não tem preferência de habitat, ou seja, são fáceis de encontrar
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mesmo em calçadas (Ex: Poejo, Beldroega), podendo esse fator ser um dos que
influência o uso popular destas ervas e o plantio em seus quintais. As outras, de porte
arbustivo ou mesmo arbóreo, tem menor freqüência nos relatos, o que corrobora com a
idéia de que a facilidade em encontrar estas plantas implica num maior uso.
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Poaceae Phalaris canariensis L. Alpiste
Potulacaceae Portulaca halimoides L. Beldroega
Punicaceae Punica granatum L. Romã
Rosaceae Fragaria vesca L. Morango
Rosaceae Malus communis Poir. Maça
Rutaceae Ruta graveolens L. Arruda
Sapindaceae Paullinia cupana Kunth Guaraná
Solanaceae Capsicum frutescens L. Pimenteira
Urticaceae Parietaria officinalis L. Parietária
Zingiberaceae Renealmia exaltata L. f. Pacova
Zingiberaceae Zingiber officinale Roscoe Gengibre
(2002), pode ser devido à substituição dos valores, o que significa que a cultura
deixa cair no esquecimento espécies de plantas que curariam aqueles males, não sendo
partes mais usadas são as folhas para os preparos medicamentosos, e seu uso geralmente
presentes nestas para inibição da predação por insetos, fungos e bactérias e são
formados por polifenóis, que tem importância medicinal por serem capazes de precipitar
as proteínas superficiais das células (Pansera, 2003). Assim, é possível que o motivo
pelo qual, em muitos casos, sejam utilizadas as folhas em infusões é devido à suposição
de que o sucesso ocorrido em uma determinada planta possa ser expandido à outra.
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consideradas mais sérias como inflamação urinária e colesterol alto, com a justificativa
Como pode ser visto na Tabela 2, não há indicação de quantas vezes ao dia, por
exemplo, deve-se fazer o uso dos medicamentos naturais. Como também foi dito no
trabalho de Silva-Almeida & Amorozo (1998), uma das explicações de não haver
dosagem é a crença em que “se bem não faz, mal é que não vai fazer” (fala de um dos
entrevistados). No entanto, como alerta neste mesmo trabalho, há plantas que são
alérgicas por conter cristais de oxalato de cálcio, que causam a lise da membrana
celular.
A romã (Punica granatum L.) também é outra planta tóxica e pode ser fatal
provocando náuseas e vômitos (Plantas e Ervas Medicinais, 2009). Ainda assim, seu uso
foi confirmado, servindo dentre outros fins também para dores de garganta (Biazzi,
confirmação de seu uso para este fim). No entanto, talvez essa fama tenha sido cunhada
de algumas plantas para os fins dados, como a cebola (Allium cepa L.) que aliviaria a
saúde (Plantas e Ervas medicinais, 2009). Algumas, como a alface, que tem como
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antiácida e diurética e corrobora com o citado pelo entrevistado, possuindo ação
Há outras como o poejo que suas propriedades indicam uma finalidade diferente
do citado. Sendo boa como digestivo, expectorante e antiespasmódico, também pode ser
utilizado como combate a vermes, mas nada dito sobre o ranger de dentes (bruxismo)
(Plantas e Ervas medicinais, 2009). Outros usos, como confecção de sabão (sementes de
outros, são usos que não necessitam de confirmação literária, servindo apenas para
Posey (1987).
Tabela 2. Os usos indicados para as espécies citadas, as partes utilizadas e seu modo de
preparo.
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Banho de O banho na vagina
Casca do assento enrijece a musculatura e
Barbatimão tronco Infusão é cicatrizanteA
Alimentação e elimina as
Beldroega Folhas Ao natural Via oral “vermes” do intestinoA
Boldo-do-Chile Folhas Infusão Via oral Para má digestãoA
Cambuquira Brotos Cozimento Via oral Alimentação (sopa)A
Cana-da-Índia Caule Infusão Via oral Inflamação na bexigaB
Emagrecimento, má
Infusão e curtido no digestão e confecção de
Carqueja Folhas álcool Via oral pingaA
Caruru-de-
porco Folhas Ao natural Via oral Alimentação na saladaA
Ao natural (fatiado Aplicação
Cebola Bulbo em rodelas) na testa Dor de cabeçaA
Cebolinha Folhas Ao natural Via oral AlimentaçãoA
Coentro Folhas Ao natural Via oral AlimentaçãoA
Infusão; plantar; Espantar mau olhado,
Comigo- secagem das Banho e protecão espiritual,
ninguém-pode1 Folhas folhas; vapor defumar a casaA
Caules e Batido no
Couve folhas liquidificador Via oral Azia, gastrite e mal-estarB
Erva-cidreira Folhas Infusão Via oral CalmanteA
Erva-de-Santa- Regulação da
Maria Folhas Infusão Via oral menstruaçãoA
Erva-doce Folhas Infusão Via oral Gripe e resfriadoB
Infusão; plantar Espantar mau olhado,
Espada-de-São- num vaso; secagem Banho e banho espiritual, defumar a
Jorge1 Folhas das folhas; vapor casa (proteção)A
Dificuldade em respirar,
Tronco e Infusão e ao Inalar e aroma para saunas,
Eucalipto folhas natural vapor lenha e repelenteA
Curtido em álcool e Bebida de festa junina e
Gengibre Bulbo desnaturado Via oral irritação da gargantaA
Emagrecer e diminuição
Guaraná Fruto Infusão Via oral do colesterolB
infusão; plantar num Espantar mau olhado,
vaso; secagem das Banho e banho espiritual, defumar a
Guiné1 Folhas folhas; vapor casa (proteção)A
Calmante e para matar
vermesA; relaxamento e
Hortelã Folhas Infusão Via oral ajuda na respiraçãoB
Jatobá Sementes Ao natural Via oral AlimentaçãoA
Curtir para fazer Baixa o peso e fortalece
Linhaça Sementes óleo; triturar Via oral o corpoB
Louro Folhas Secagem das folhas Via oral Alimentação (tempero)B
Emagrecimento e
Maça2 Fruto Infusão Via oral diminuição do colesterol
Tronco, Confecção de cachimbos,
folhas e Ao natural, folhas como fumo e
Mamona sementes secagem das folhas Via oral confecção de sabãoA
Manjerona Folhas Ao natural Via oral Alimentação (tempero)A
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Confecção de travesseiros,
aroma calmante e melhora
Marcela Flores Secagem das flores Inalar a respiraçãoA
Morango Fruto Ao natural Via oral Controle de ácido úricoB
Eliminação de vermes e
Pacová Sementes Infusão do triturado Via oral diminuição do bruxismoB
Parietária Folhas Infusão Via oral Inflamação urináriaB
Infusão; plantar Espantar mau olhado,
num vaso; secagem Banho e banho espiritual, defumar a
Pimenteira1 Folhas das folhas vapor casa (proteção)A
Infusão do Eliminação de vermes e
Poejo Folhas triturado Via oral diminuição do bruxismoB
Via oral e
Infusão, curtido no aplicação Dor de garganta, diarréia e
Romã Casca e fruto guaraná local cicatrizanteB
Alimentação e elimina as
Serralha Folhas Ao natural Via oral vermes do intestinoA
Soja Sementes Leite Via oral Azia, gastrite e mal-estarB
Antibiótico e inflamação
Tanchagem Folhas Infusão Via oral na gargantaB
Nota1: Chamados sete ervas, apenas juntas elas são eficazes para os usos indicados.
Nota2: Para eficácia do uso é preciso que estas plantas estejam em conjunto.
NotaA: Estudo de caso realizado com um homem que viveu muitos anos em sítio.
CONCLUSÃO
comprovado com o presente trabalho, muitas indicações feitas pelos entrevistados têm
citadas. Por fim, como resgata Posey (1987), as relações estabelecidas entre botânica e
homem são importantes para preservação ambiental; assim, caso se perca estes
conhecimentos populares, também será perdido uma parcela importante que preserva e
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Farmacognosia, 2003.
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Plantas e Ervas medicinais. Fitoterapias e Fototerápicos 2009 (website). Disponível em:
Município de Rio Claro, Estado de São Paulo. Brazilian Journal of Ecology 2:36-
46, 1998.
http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html.
AGRADECIMENTOS
pesquisa pelo amor incondicional; e à docente Célia Regina Tomiko Futemma pela
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