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HOMEM E DA MULHER
Constituintes:
Arnaldo Moraes, Eliel Rodrigues, Silvio Abreu, Paulo Macarini, José Carlos Coutinho,
José Fernandes, Homero Santos, Mário Assad, José Paulo Bisol, José Teixeira, Flávio
Palmier da Veiga, Luiz Viana Neto, Joaquim Haickel, Djenal Gonçalves, Ubiratan
Spinelli, Costa Ferreira, Mauricio Ferreira Lima, Ziza Valadares, Antônio de Jesus,
Manoel Castro, Jairo Carneiro, Maguito Vilela, Raul Belém, Anna Maria Rattes,
Christóvam Chiaradia, Maluly Netto, João Rezek, Aécio Neves, Roberto D'Ávila,
Antônio Câmara, Milton Barbosa, Orlando Pacheco, Jarbas Passarinho, Manuel Viana,
Narciso Mendes, Lysaneas Maciel, Cid Carvalho, João Hermann Neto, João de Deus,
Nyder Barbosa, Fábio Lucena, Antônio Mariz, Antônio Ferreira, José Mendonça de
Morais, Abigail Feitosa, Paulo Almada, José Mendonça Bezerra, Uldurico Pinto,
Adauto Pereira, Mauricio Nasser, Jairo Azi, Jonival Lucas, Jayme Paliarin, Aluízio
Bezerra, Samey Filho, Vitor Trovão, Lídice da Mata, Samir Achôa, Matheus lensen e
Lúcia Vânia.
Presidência
do Senhor Constituinte Aécio Neves, 1º
Vice-Presidente
Constituinte:
Antônio Mariz,
José Mendonça de Morais, Antônio
Câmara, Ubiratan Spinelli, João
Hermman Neto, Maurílio Ferreira Lima,
Paulo Almada, Ziza Valadares, Costa
Ferreira, Jairo Azi, Jonival Lucas, Djenal
Gonçalves, Luiz Roberto Ponte,
Lysâneas Maciel, Aluízio Bezerra,
Joaquim Haickel, José Paulo Bisol, José
Carlos Grecco, Antônio Ferreira, Ana
Maria Rattes, Narciso Mendes, Mário
Lima Roberto D'Ávila, Lúcia Vânia,
Sarney Filho, Luiz Viana Neto, Nyder
Barbosa, Leite Chaves, Manuel Viana,
João Agripino, Lúcia Braga, Eliel
Rodrigues, Manoel Castro, Milton Lima,
Darcy Pozza, Homero Santos, José
Fernandes, Paulo Macarini e Jorge
Uequed.
A necessidade de garantir a
nova realidade política, que se quer para o País,
leva-nos à redação de uma Constituição
analítica, que tente disciplinar, do modo mais
preciso possível, a distribuição do poder e
seu uso em relação à autonomia privada e
pública.
Lutamos, hoje, pelos direitos civis, pelos
direitos políticos e sociais – 3 (três) espécies de
direitos – que, para serem verdadeiramente
garantidos, devem existir solidários.
Esses direitos, várias vezes
sofrem ameaças violadoras. Estas podem vir
do Estado, mas podem vir também de
segmentos sócio-econômicos com a sua
desumanização.
As pessoas carecem da necessidade de
saber o que lhes é facultado fazer e o que
podem pretender das outras pessoas e dos
Poderes Públicos. Por isso, a Carta
Constitucional deve ser clara e precisa ao
declinar os princípios e as normas de caráter
geral, orientadoras de toda a vida jurídica nas
relações entre os indivíduos da Nação. Analítica
para que, com perfil moderno e democrático,
possibilite a sociedade se organizar, observando
a ordem pública.
representam aquilo
que de mais atual existe na sociedade para a
qual a norma se dirige. Por conseguinte,
mesclamos a tradição e o moderno, tendo
como alvo o presente e o futuro democráticos.
4) CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Sr. Presidente, faço minhas as
palavras do nobre Constituinte José Mendonça
de Morais. Quero dizer que não sou nem me
considero quadrado, antiquado, superado. Mas
afirmo que não existe nenhum país do mundo
civilizado onde inexista a censura dos
costumes. O Brasil está adotando uma linha,
principalmente na televisão, que, como diz o
nosso colega José Mendonça de Morais, não
corresponde à formarão do povo brasileiro.
Entendo que não deve existir censura em uma
peça teatral, a não ser por uma questão etária,
porque é evidente que o desenvolvimento do
ser humano, da sua formação intelectual se faz
através do tempo, através do amadurecimento.
Então, a censura etária deve existir, por
exemplo, num teatro, num cinema, onde são
barrados os menores. Evidentemente, sou
favorável à liberação total, desde que haja
restrição quanto à faixa etária.
No que diz respeito à televisão, o Brasil
é muito "avançadinho". Em nenhum país do
mundo seja os Estados Unidos ou outra
civilização oposta a essa, como a Rússia,
inexiste a censura.
O que é mais grave, o que vem
ocorrendo acentuadamente nos últimos tempos
é que a própria propaganda tem sido objeto dos
maiores descaminhos. Diariamente, em
qualquer horário, mulheres e até homens, agora
mais recentemente, postam-se nus. Um
determinado produto, "Playboy", fez uma
promoção em que duas jovens lésbicas se
amam no vídeo dizendo-se uma geração que
assume o que faz. Uma menina de 16 anos diz:
eu transo com o meu namorado e minha mãe
não tem nada com isso, porque sou de uma
geração que assume o que faz. Eu consegui
tirar esse tipo de promoção do ar, recorrendo ao
Conar. Eles hoje fazem uma promoção bem
mais inteligente, que está todas as horas aí, com
um reformulação em matéria de marketing.
Entendo que colocar a censura no
campo ideológico, como se quer no Brasil, é
um absurdo. Dizem que a esquerda é contra a
censura e a direita, a favor dela. Mas acho que
os costumes no Brasil pertencem à família
brasileira.
Sou um homem de comunicação.
Diariamente deixo os meus programas de rádio
gravados em São Paulo e não me julgo,
realmente, nenhum quadrado. Acho que deve
haver censura, sim, em todos os sentidos,
observando-se a faixa etária e os costumes.
Vemos nos carnavais a deterioração completa
daquela festa popular, daquela alegria. Nos
salões, homens e mulheres são vistos em
posições as mais estapafúrdias possíveis. E há
as revistas, que podem, realmente, circular
restritamente.
Temos de dar mostras, como diz o
nobre Constituinte José Mendonça de Morais,
de que atendemos à corrente do pensamento
médio brasileiro – é o que podemos fazer. E
tenho certeza absoluta de que não existe um
brasileiro, por mais devasso que seja, que não
defenda a sua família e os seus filhos. É muito
bonito colocar aqui: não haverá censura de
qualquer espécie. Agora, perguntemos a quem
pensa assim se deixaria seu filho de oito, nove
ou dez anos assistir a filmes pornográficos
num canal de televisão. Nada dessa estória de que nesse horário os senhores pais
retiram os seus filhos, não. Tem de haver
censura mesmo – e rigorosa – dos costumes
na televisão.
CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes, o
trabalho das subcomissões que compõem esta
comissão, que agora inicia a discussão do
tema a ela afeto, e de responsabilidade
extrema, por representar um título novo da
Constituição que então se escreve. E começa
pela soberania do povo, pela soberania do
nosso País, que se inscreve nos direitos e
garantias individuais, nos direitos políticos, nos
direitos coletivos e nas garantias. Se o povo, se
o cidadão não estiver no pleno gozo de sua
cidadania, no que toca a seus direitos e
garantias individuais, aos seus direitos políticos
e coletivos, não se pode falar em soberania do
País.
Portanto, sendo um capítulo novo a esta
comissão cabe agora inscrever no texto da
Constituição a ampla participação popular. Aqui,
os colegas constituintes falaram muito da
situação caótica que atravessa o nosso País. Ao
longo do tempo vivemos sob a égide do
autoritarismo. Nunca saímos dele. E a cada dia
se deteriorou mais a nossa situação política e
caímos no descrédito absoluto das instituições.
Não há o que se falar, hoje, das nossas
autoridades, absolutamente desmoralizadas.
Cabe, então, a nós, constituintes, estabelecer
um texto na Constituição que dê nova diretriz ao
nosso povo, assegurando-lhe de fato a
participação em todos os atos praticados no
País. E que se possa realmente punir aqueles
que dizem estar ao lado do povo, ao lado dos
interesses nacionais, mas que, à sua maneira,
concebem o que se deve e o que não se deve
fazer, ao arrepio da lei, da vontade e das
aspirações do nosso povo.
Portanto, é de se louvar a
impecabilidade do conteúdo do relatório da
Subcomissão dos Direitos Políticos, dos
Direitos Coletivos e Garantias. Qualquer
alteração desse texto poderá piorá-lo, se
buscar afastar o povo dos seus reais direitos e
se for no sentido de não querer que este País
seja, de fato, soberano através da soberania do
seu povo.
No que toca aos direitos e garantias
individuais, V. Ex.ª, Sr. Presidente desta
comissão, meu coestaduano, homem afeito às
coisas do povo, quando Secretário de Estado
do Trabalho de Minas Gerais, em uma época
dura que atravessamos, no Governo Geisel,
pôde abrir espaço para a atuação
dos sindicatos, para que direitos elementares,
mesmo não sendo exercidos, pelo
menos pudessem ser discutidos no âmbito
da Secretaria que V. Ex.ª dirigiu. E V. Ex.ª
é testemunha da reação das autoridades
diante da abertura encontrada na Secretaria à
época de sua gestão. E, mesmo assim, V. Ex.ª,
insubmisso, propiciou ao movimento sindical
de Minas Gerais o início, àquela época,
de uma articulação intersindical, que se
somou, posteriormente, à de outros Estados.
E sem essa abertura à atuação do
trabalhador sequer poderíamos falar em
participação, em democracia, em liberdade
política.
Estranho profundamente o que está
escrito nos itens XXII e XXIII, do texto final da
Subcomissão dos Direitos e Garantias
Individuais. Fala-se aqui na livre sindicalização,
na forma da lei; fala-se aqui da greve, nos
termos da lei. Apresentei, no entanto, sugestões
a Subcomissão, apresentei emendas, para que
se não colocasse a expressão "na forma da lei".
A liberdade de sindicalizar-se não pode sofrer
restrição alguma, é uma decisão. Em
regulamentação alguma pode-se prever pena.
Mas, então, que não se remeta à legislação
ordinária, como aconteceu no passado, a
regulamentação. Que pelo menos fique
integralmente no texto a que se refere o
Anteprojeto da Subcomissão o que se pretende,
para que seja uma colocação limpa, cristalina,
que não implique a interpretação de um
subterfúgio, de uma vontade maléfica de remeter
para a legislação ordinária não com a finalidade
de regulamentar, mas com a intenção de
extinguir ou de restringir o direito.
Posso prestar meu depoimento a esta
Comissão, e acredito que V. Ex.ª possa
endossar meu depoimento. Posso citar fatos
recentes. Vou citar uma eleição sindical realizada
na Usiminas, em 1985, em dois escrutínios. A
empresa, através de sua direção, informou que
haveria de prevalecer, em Ipatinga, Minas
Gerais, onde está instalada essa grande
empresa siderúrgica, estatal, a "cultura da
Usiminas". A Usiminas julga-se dona do destino
de todos os que vivem naquela cidade, e se
comporta de forma fascista, impondo sua
vontade, discricionariamente. E nessa eleição a
empresa impediu os trabalhadores de votarem livremente, pois a sindicalização é feita segundo
a vontade, da empresa, e no momento em que
ela o deseja. Pude testemunhar operários sendo levados pela chefia da empresa para
exercerem o direito do voto, e sendo policiados
por trás da cabina de votação. A empresa,
antes do segundo escrutínio, levantou os
dados, através de seus computadores, e
convocou individualmente os operários para
dizer-lhes o seguinte: "A empresa sabe em
quem o senhor votou. Se a Chapa 1 voltar a
ganhar, vamos demitir todos aqueles que
julgamos eleitores dela. "Isto foi amplamente
denunciado".
Trabalho numa empresa siderúrgica,
também, na cidade de João Monlevade,
próximo de Ipatinga, a poderosa Campanhia
Siderúrgica Belgo-Mineira, uma das empresas
que participaram da conspiração de 1964 e do
golpe, conforme pode-se ler no livro de
Dreyfuss, "1964: A Conquista do Estado".
Recentemente, essa empresa chamou
individualmente os seus operários e
apresentou-lhes duas opções: aceitar uma
carta de demissão ou assinar a desfiliação do
sindicato.
Estamos, agora, às vésperas da
eleição da nova diretoria do sindicato, e essa
mesma empresa montou seu lobby aqui no
Congresso Nacional. Um dos seus diretores
cruzou comigo hoje. Chama-se João Pessoa
Ribeiro Fenelon e estava nesta Casa. Que isso
fique registrado nos nossos Anais. Esse
homem determinou que os componentes da
Chapa 1, registrada no nosso sindicato, fossem
sumariamente demitidos. E nada se faz.
Remeter isso à lei ordinária é inadmissível. Tem
de constar da Constituição a liberdade de
sindicalização, e qualquer investida contra essa
liberdade será considerada crime contra a
organização do trabalho – punível, de fato.
CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Há alguns sindicatos que barram o
ingresso de pessoas que exercitam aquela
atividade, que seus dirigentes continuem no
poder. Pratica-se ainda uma forma de
peleguismo. Deve haver uma regulamentação,
até para proteger o trabalhador. Por exemplo,
em São Paulo, há sindicatos com as portas
fechadas... Ora, se não há uma lei, quem
protegerá esses que V. Ex.ª quer defender?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Nobre Constituinte Samir Achôa,
defendo a punibilidade. Que sejam punidos os
empresários. Mas, que isso conste da
Constituição e não seja remetida a
regulamentação para uma legislação ordinária.
O SR. CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Mas, se não existe a lei, como
puniremos o pelego que impede o ingresso de
um operário no seu sindicato?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Qualquer um deverá ser punido por
infringir um artigo ou um item da Constituição
referente a isso.
O SR. CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Mas não há isso. Como pode
haver punição, se não existir uma
lei regulamentadora? Eu, como advogado,
e até como cidadão comum, desconheço a
forma pela qual será regulamentada a
sindicalização. Ora, se é na forma da lei,
vamos lutar juntos para que essa lei seja justa,
para que ela preveja todas as possibilidades,
mas também dê garantias. Tenho visto, em
nosso País, até na questão da greve,
sindicatos tomarem posições ao arrepio dos
mais legítimos... São pessoas preparadas para
agüentar um, dois, três dias, quando aqueles
desavisados se retiram – 1% da categoria
– contrariando a própria categoria. Ora, não adianta poesia, não adianta falar em direitos,
quando esses direitos existem apenas para
alguns. Temos de ser realistas. No Brasil, as
greves decretadas nem sempre atendem aos
interesses da categoria, mas aos interesses
políticos de alguns. Sou favorável à greve, mas
também à regulamentação rigorosa dela, até
porque há aqueles que nunca se guiaram pelo
espírito democrático da maioria. Democracia,
para mim, é decisão de maioria, respeitados os
direitos das minorias.
CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Permita V. Ex.ª que eu siga
falando, sem querer impor seu ponto de vista,
que não é muito democrático.
O direito de greve abole a escravidão,
Constituinte Samir Achôa. Se não for um
direito individual, V. Ex.ª consolida a
escravidão por outros instrumentos.