Вы находитесь на странице: 1из 14

I – COMISSÃO DA SOBERANIA E DOS DIREITOS E GARANTIAS DO

HOMEM E DA MULHER

Presidente: João Menezes

Constituintes:

Arnaldo Moraes, Eliel Rodrigues, Silvio Abreu, Paulo Macarini, José Carlos Coutinho,
José Fernandes, Homero Santos, Mário Assad, José Paulo Bisol, José Teixeira, Flávio
Palmier da Veiga, Luiz Viana Neto, Joaquim Haickel, Djenal Gonçalves, Ubiratan
Spinelli, Costa Ferreira, Mauricio Ferreira Lima, Ziza Valadares, Antônio de Jesus,
Manoel Castro, Jairo Carneiro, Maguito Vilela, Raul Belém, Anna Maria Rattes,
Christóvam Chiaradia, Maluly Netto, João Rezek, Aécio Neves, Roberto D'Ávila,
Antônio Câmara, Milton Barbosa, Orlando Pacheco, Jarbas Passarinho, Manuel Viana,
Narciso Mendes, Lysaneas Maciel, Cid Carvalho, João Hermann Neto, João de Deus,
Nyder Barbosa, Fábio Lucena, Antônio Mariz, Antônio Ferreira, José Mendonça de
Morais, Abigail Feitosa, Paulo Almada, José Mendonça Bezerra, Uldurico Pinto,
Adauto Pereira, Mauricio Nasser, Jairo Azi, Jonival Lucas, Jayme Paliarin, Aluízio
Bezerra, Samey Filho, Vitor Trovão, Lídice da Mata, Samir Achôa, Matheus lensen e
Lúcia Vânia.

COMISSÃO DA SOBERANIA E DOS


DIREITOS E GARANTIAS DO HOMEM
E DA MULHER
Ata da 2ª Reunião

Presidência
do Senhor Constituinte Aécio Neves, 1º
Vice-Presidente

Constituinte:
Antônio Mariz,
José Mendonça de Morais, Antônio
Câmara, Ubiratan Spinelli, João
Hermman Neto, Maurílio Ferreira Lima,
Paulo Almada, Ziza Valadares, Costa
Ferreira, Jairo Azi, Jonival Lucas, Djenal
Gonçalves, Luiz Roberto Ponte,
Lysâneas Maciel, Aluízio Bezerra,
Joaquim Haickel, José Paulo Bisol, José
Carlos Grecco, Antônio Ferreira, Ana
Maria Rattes, Narciso Mendes, Mário
Lima Roberto D'Ávila, Lúcia Vânia,
Sarney Filho, Luiz Viana Neto, Nyder
Barbosa, Leite Chaves, Manuel Viana,
João Agripino, Lúcia Braga, Eliel
Rodrigues, Manoel Castro, Milton Lima,
Darcy Pozza, Homero Santos, José
Fernandes, Paulo Macarini e Jorge
Uequed.

1) Constituinte João Herrmann Neto:

Gostaríamos, neste momento, de,


através do nosso Presidente, passar às mãos do
Sr. Presidente Mário Assad, o Relatório. Apenas
gostaria de dizer, após a fala do Presidente
Ulysses Guimarães, que nossa premissa foi não
trabalhar com o homem abstrato. Há uma
premissa quase farisaica de que todo poder
emana do povo e em seu nome é exercido. De
que povo? Desse povo sem qualidade de vida,
ou de um povo no pleno gozo dos seus direitos
sociais, políticos e econômicos?

Estava no norte fluminense,


conversando com um lavrador, contando-lhe as
dificuldades que tínhamos para fazer uma lei que
representasse os anseios populares. Ele me
escutou atentamente. Havia passado um
parlamentar naquele lugar despejando carradas
de dinheiro, comprando literal-mente, sua
eleição. Eu dizia àquele lavrador das dificuldades
da futura Assembléia Nacional Constituinte
composta por esses elementos que compram
seus mandatos, e ele me disse: – "Deputado,
por que o senhor não coloca um dispositivo na
Constituição" – ele usou uma linguagem mais
simples – "obrigando todo grande proprietário a
plantar 30% de suas terras com o "de-comer"?
Sou do interior, e se alguém aqui não sabe o que
é'"de-comer": é o arroz, é o feijão, é a lavoura
branca. Somos de Minas Gerais e sabemos o
que quer dizer isto, não é, Sr. Presidente?
Notem bem a sabedoria desse homem. Se eu
fizer esta proposta ao PT – até brinquei com o
prezado representante petista, por quem tenho
grande admiração – eles me matam, porque
dizem que a reforma agrária tem de ser ampla,
geral, irrestrita e comandada pelos
trabalhadores. Mas, como não há condição de
se fazer isto no momento, aquele homem de 60
anos, na sua sabedoria, fez essa sugestão. E
disse-me: "Sou analfabeto, Deputado". Lá, em
Minas, há uma expressão: "analfabeto de-pai-emãe".
Mas, vejam a sabedoria desse analfabeto.
Qual é o problema principal, quando 42% de
uma população vai dormir com fome? É a fome!
E se, ao invés de ficarmos discutindo módulo
para cá, módulo para lá, obrigarmos os grandes
proprietários a plantar 5% de suas terras com o
"de-comer" – nem precisa ser 30%. Sr.
Presidente – o País vai ter abundância de
alimentos e vai resolver seu primeiro e maior
problema.

Estou citando esses fatos Sr.


Presidente, para mostrar que no parecer da
nosso Subcomissão, o povo, que é o grande
ausente, foi ouvido. Propostas feitas até em
papel de pão – repito – foram encaminhadas
à Subcomissão e aproveitadas. E
entendemos que era tempo de mudar esse
direito disperso, difuso, sem qualquer
organicidade, sem qualquer lógica,
transformando a Subcomissão, que, por
inadvertência – creio eu – caiu nas mãos de
um Constituinte da Oposição, porque talvez
não lhe tivessem dado grande importância,
num Instrumento da participação popular
equilibrada, sábia e absolutamente necessária
nesse processo.

Sr. Presidente, instituímos o voto


destituíste para aqueles que decaem na
confiança popular. Sugerimos a iniciativa popular
das leis ordinárias ou constitucionais, para que o
povo esteja sempre presente no processo. E
nós, avós, Presidente, que jamais pudemos
exercer o direito de votar no Presidente da
República, sugerimos que esse direito elementar
seja instituído imediatamente. Há brasileiros de
45 anos que jamais votaram num Presidente da
República. E, se for instituído o regime
parlamentar, os avós brasileiros também não
exercerão esse direito. Abrimos a oportunidade
do voto para os militares de todos os níveis.
Queremos acabar com essas primeira e
segunda categorias de brasileiros.

2) Constituinte Darcy Pozza

A necessidade de garantir a
nova realidade política, que se quer para o País,
leva-nos à redação de uma Constituição
analítica, que tente disciplinar, do modo mais
preciso possível, a distribuição do poder e
seu uso em relação à autonomia privada e
pública.
Lutamos, hoje, pelos direitos civis, pelos
direitos políticos e sociais – 3 (três) espécies de
direitos – que, para serem verdadeiramente
garantidos, devem existir solidários.
Esses direitos, várias vezes
sofrem ameaças violadoras. Estas podem vir
do Estado, mas podem vir também de
segmentos sócio-econômicos com a sua
desumanização.
As pessoas carecem da necessidade de
saber o que lhes é facultado fazer e o que
podem pretender das outras pessoas e dos
Poderes Públicos. Por isso, a Carta
Constitucional deve ser clara e precisa ao
declinar os princípios e as normas de caráter
geral, orientadoras de toda a vida jurídica nas
relações entre os indivíduos da Nação. Analítica
para que, com perfil moderno e democrático,
possibilite a sociedade se organizar, observando
a ordem pública.

Isso para que todas as pessoas possam


buscar "enxergar" a proteção dos seus direitos e
interesses legítimos.
Todo cidadão deve ser igual perante a
lei. Ter direito à sua própria liberdade particular.
O cidadão pode e deve ter a proteção à sua
integridade física e mental, resguardada peio
Estado, para que possa manifestar livremente o
seu pensamento, as suas crenças religiosas, as
suas convicções políticas, fazê-las publicarem
livros, jornais ou periódicos sem perigos ou
ameaças.
Esta Subcomissão recebeu colaboração
de vários segmentos da sociedade, traduzida na
forma de subsídios e da presença efetiva nas
audiências públicas que realizou em nome
próprio ou por representantes de instituições ou
de entidades.

O nosso trabalho levou em conta, para a


elaboração do Capítulo constitucional, tais
sugestões e mais numerosas propostas dos
Senhores Constituintes e, especialmente, dos
Membros desta Subcomissão.
Tivemos, ainda, em vista, além das
constituições de vários países, as anteriores
constituições brasileiras, entre elas as de 1891,
1934, 1946 e a atual, considerando, inclusive, a
valiosa contribuição da Comissão de Estudos
Constitucionais.
Assim, tendo recebido propostas
e sugestões das mais diversas tendências
e orientações do pensamento, defendendo
os mais diversos interesses, sentidos e
entendidos como direitos, as audiências
públicas nos auxiliaram a homogeneizar o que se
apresentava de forma heterogênea, resultando
este trabalho, que pretende contribuir para a
melhor organização da sociedade brasileira.
Buscamos o seu delineamento
de forma a ir ao encontro dos desejos do
povo, no sentido de garantir, como
elementos fundamentais do seu direito, as mais significativas aspirações da
coletividade.

sociedade, e desta para com ele.


Recebemos, nesta Subcomissão, um
total de 1.121 (mil cento e vinte e uma)
sugestões de normas constitucionais, de autoria
dos Senhores Constituintes. A sua grande
maioria foi acolhida no anteprojeto; outras, foram
parcialmente atendidas; poucas, muito poucas,
não pudemos atender, eis que não se alinharam
com o tema de nosso capítulo.
A feitura do texto que ora
apresentamos a esta Subcomissão para
apreciação e análise, tornou-se possível pela
consideração às seguintes propostas:

Dentre os temas polêmicos,


destacam-se, pelo caráter da atualidade de
que se revestem com a mobilização de
alentados segmentos da sociedade, a pena
de morte, o aborto, a prisão perpétua, o tráfico
de tóxicos e a tortura.
A prudência e o respeito às nossas
mais autênticas tradições, apontam para a
adoção da prisão perpétua nos casos de
estupro ou seqüestro seguidos de morte, no
lugar da pena de morte, e para a condenação
à egoísta eliminação da vida indefesa, que se
aninha no ventre materno. Daí a condenação
que se faz ao aborto.
Repudiam-se os crimes de tortura e
tráfico de drogas, perniciosos e horrendos,
imputando-os como crimes inafiançáveis,
imprescritíveis e inanistiáveis.

Cabe citar, a inclusão e a explicitação


dos direitos do homem e da mulher, a
vedação a trabalhos forçados, a gratuidade
dos atos necessários ao exercício da
cidadania, a não discriminação, a
ampliação do conceito de lesão de
direito, a ampliação do escopo do direito de
resposta, a necessidade de prévia
autorização judicial para a quebra de sigilo
nas comunicações em geral, o acesso às
informações e a criação do habeas data, a adoção do serviço civil alternativo ao serviço
militar, a ampliação da proteção aos autores,
o aumento da abrangência na área de marcas
e patentes, o direito à habitação condigna, a
nulidade do ato expropriatório praticado com
desvio de finalidade ou abuso de poder, o
direito à propriedade e à herança e
conotações sociais, a proteção do
consumidor, o direito ao meio ambiente sadio,
a ampliação da assistência judiciária gratuita,
a punição por enriquecimento ilícito, o direito
ao silêncio do acusado, o direito ao preso de
conhecer as causas da sua prisão e da
comunicação desta à sua família. a aplicação
de penalidade ao responsável pela retenção
de tributos recolhidos ou descontados de
terceiros e a criação da Defensoria do Povo,
incumbida de zelar pelos direitos
Constitucionais, apurar abusos de autoridades
e propor medidas conetivas, entre outras.

representam aquilo
que de mais atual existe na sociedade para a
qual a norma se dirige. Por conseguinte,
mesclamos a tradição e o moderno, tendo
como alvo o presente e o futuro democráticos.

3) CONSTITUINTE JOSÉ MENDONÇA DE MORAIS: – Sr. Presidente,


Srs. Constituintes, estamos numa fase de
muita liberação do comportamento social
brasileiro. Ontem, nesta Comissão, ouvi o
Relator Lysâneas Maciel dizer que, para que
tenhamos mudanças exeqüíveis, precisamos
acompanhar o compasso, o ritmo do povo.
Tenho ouvido de minha base política, em
Minas Gerais, uma reclamação muito forte
contra o excesso de liberalidade na televisão,
nos programas humorísticos, nas novelas,
principalmente contra os costumes brasileiros.
Quero deixar claro que ao dizer "costumes
brasileiros", não julgo se são maus ou bons.
Trata-se, isto sim, do respeito aos costumes
brasileiros. E quais são os costumes
brasileiros, principalmente os de minha
região? É de disciplina no trato de alguns
assuntos, como, por exemplo, os que se
referem à família, à liberdade do uso do sexo,
à liberdade de expressão dos artistas.
Há costumes brasileiros que devem
ser preservados, e democracia é respeito à
vontade da maioria. E a maioria da minha
região tem-se manifestado contrária a
essa libertinagem total que estamos tendo
na televisão. Vou citar alguns exemplos.
Há um programa de televisão, na emissora
SBT, do Sr. Sílvio Santos, a partir da
meia-noite, que e um verdadeiro achincalhe
à ética e à moral. Basta ligar a televisão num
sábado para esse programa. Há um programa
na TV-Bandeirantes, aos sábados também,
que não tem nenhum limite: o ridículo é
pouco para esse programa, onde tudo é permitido e tolerado. Há uma liberdade
excessiva nos programas de televisão da Rede
Globo, a despeito da beleza estética da
apresentação, que foge à realidade da média
brasileira. Padrões de vida são impostos à
sociedade. Há luxo, há esbanjamento, há
liberdade total para tudo, o que não encontra
correspondência na realidade social. Há uma
provocação, há um aviltamento daquilo que é
costume brasileiro.
Então, diante disso, apelo para o Sr.
Relator, para os componentes desta grande
Comissão no sentido de que respeitemos o
ritmo do povo nas mudanças. E o ritmo do
povo exige que tenhamos respeito àquilo que é
fundamental. Não é abrir demais, porque isso
não significa avanço. Podemos até ter uma
reação em contrário a essa abertura total, o
que nos poderá deixar, inclusive, num posição
refratária à vontade majoritária do povo.
Então, com referência a essa abertura
da censura, que fala que não há censura para
nada, que tudo é livre, acho que é abusar dos
costumes brasileiros, é avançar além daquilo
que é norma no nosso comportamento social.
Acho que não há liberdade total. Toda
liberdade é relativa. Eu, por exemplo, não
tenho liberdade de aqui esbofetear o meu
colega Samir Achôa, que está ao meu lado.
Não tenho essa liberdade. Ora, se tudo é livre,
então rasguemos o Código Penal, os códigos
éticos das religiões, o Decálogo dos cristãos e
dos judeus, que é um só. Por quê? Porque, se
tudo é livre, se não há limite na censura, nada
disso é necessário.
Por outro lado, busca-se estabelecer a
censura apenas por horários. Mas quem
assegura que a criança de nove anos está
obrigada a dormir às oito horas? Onde está
escrito que ela não pode ficar acordada até
uma hora da madrugada, assistindo aos
programas de televisão da SBT no domingo de
madrugada? Será que assim estaremos
formando o caráter dos brasileiros?
Nos países socialistas, por exemplo,
não há essa liberdade. Estive em visita a
alguns deles, como a China Comunista, a
Bulgária, a Romênia, onde todos os programas
são censurados previamente. E depois das dez
horas findam a televisão e os rádios são todos
direcionados. Não estou defendendo aquele
sistema, não. Estou defendendo é que não
tenhamos um avanço além do ritmo da vontade
do povo de mudar. Pode ser que, no futuro,
venhamos a ter essa abertura total. Aí vamos
ter uma Babel total, uma Sodoma, uma
Gomorra. Mas então vamos ter de arcar com
as conseqüências naturais. Agora, sermos
instrumentos desse avanço para chegarmos a
esse ponto, com meu apoio, não chegaremos
lá.
Portanto, início o debate posicionandome
contra a liberdade total e contra a
supressão total da censura. Há necessidade de
termos algumas coisas censuradas; não as
idéias políticas, não os avanços da liberdade
do pensamento, mas, sim, a revelação de
comportamentos que contrariem os costumes
brasileiros. Não sei se é bom ou mau, mas é o
costume que aí está e quero ver respeitado.
Esta, a primeira colocação que faço para
chamar a atenção nesse aspecto.
Tenho outros enfoques, mas, como
sei que o tempo é curto para cada assunto,
quero limitar-se a esta reflexão e agradecer
ao Sr. Relator, que acredito tenha prestado
bastante atenção no que eu disse, assim
como todos os demais membros desta
Comissão, particularmente o meu Presidente,
pois que sei da sua formação jurídica,
ética e moral, que certamente comunga de
muitas das coisas que aqui eu disse.

4) CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Sr. Presidente, faço minhas as
palavras do nobre Constituinte José Mendonça
de Morais. Quero dizer que não sou nem me
considero quadrado, antiquado, superado. Mas
afirmo que não existe nenhum país do mundo
civilizado onde inexista a censura dos
costumes. O Brasil está adotando uma linha,
principalmente na televisão, que, como diz o
nosso colega José Mendonça de Morais, não
corresponde à formarão do povo brasileiro.
Entendo que não deve existir censura em uma
peça teatral, a não ser por uma questão etária,
porque é evidente que o desenvolvimento do
ser humano, da sua formação intelectual se faz
através do tempo, através do amadurecimento.
Então, a censura etária deve existir, por
exemplo, num teatro, num cinema, onde são
barrados os menores. Evidentemente, sou
favorável à liberação total, desde que haja
restrição quanto à faixa etária.
No que diz respeito à televisão, o Brasil
é muito "avançadinho". Em nenhum país do
mundo seja os Estados Unidos ou outra
civilização oposta a essa, como a Rússia,
inexiste a censura.
O que é mais grave, o que vem
ocorrendo acentuadamente nos últimos tempos
é que a própria propaganda tem sido objeto dos
maiores descaminhos. Diariamente, em
qualquer horário, mulheres e até homens, agora
mais recentemente, postam-se nus. Um
determinado produto, "Playboy", fez uma
promoção em que duas jovens lésbicas se
amam no vídeo dizendo-se uma geração que
assume o que faz. Uma menina de 16 anos diz:
eu transo com o meu namorado e minha mãe
não tem nada com isso, porque sou de uma
geração que assume o que faz. Eu consegui
tirar esse tipo de promoção do ar, recorrendo ao
Conar. Eles hoje fazem uma promoção bem
mais inteligente, que está todas as horas aí, com
um reformulação em matéria de marketing.
Entendo que colocar a censura no
campo ideológico, como se quer no Brasil, é
um absurdo. Dizem que a esquerda é contra a
censura e a direita, a favor dela. Mas acho que
os costumes no Brasil pertencem à família
brasileira.
Sou um homem de comunicação.
Diariamente deixo os meus programas de rádio
gravados em São Paulo e não me julgo,
realmente, nenhum quadrado. Acho que deve
haver censura, sim, em todos os sentidos,
observando-se a faixa etária e os costumes.
Vemos nos carnavais a deterioração completa
daquela festa popular, daquela alegria. Nos
salões, homens e mulheres são vistos em
posições as mais estapafúrdias possíveis. E há
as revistas, que podem, realmente, circular
restritamente.
Temos de dar mostras, como diz o
nobre Constituinte José Mendonça de Morais,
de que atendemos à corrente do pensamento
médio brasileiro – é o que podemos fazer. E
tenho certeza absoluta de que não existe um
brasileiro, por mais devasso que seja, que não
defenda a sua família e os seus filhos. É muito
bonito colocar aqui: não haverá censura de
qualquer espécie. Agora, perguntemos a quem
pensa assim se deixaria seu filho de oito, nove
ou dez anos assistir a filmes pornográficos
num canal de televisão. Nada dessa estória de que nesse horário os senhores pais
retiram os seus filhos, não. Tem de haver
censura mesmo – e rigorosa – dos costumes
na televisão.

Faço esta primeira colocação, na


medida em que entendo que esta Comissão
não se deixará levar por ideologismos
absurdos, porque não é ideologia a questão
dos costumes. Existem no Brasil os
progressistas e os conservadores. Quem se
coloca contra determinada posição, sai no
jornal como conservador; quem se coloca a
favor é progressista. O que importa é a
família, que deve ser preservada. Acho que
ela ainda é o grande alicerce da nossa
salvação. Sem a família – e há interesses os
mais variados, há até políticos que estimulam
a deterioração da família – sem que haja a
estrutura da família, não chegaremos a
resultado algum; nem com Constituição nova,
nem com Constituinte, nem com sistema
político novo.

CONSTITUINTE COSTA FERREIRA:

Aqui também há um outro problema, o


do homossexual. Fala-se em discriminação. Na
sociedade não devemos discriminar ninguém,
mas entendemos a discriminação até certo
ponto. Por exemplo, se uma pessoa faz um
concurso e é aprovada, deve ser chamada
para assumir o seu emprego, não importando
que seja homossexual ou o que for. O que
importa é que passou e, como pessoa da
sociedade, deve ser preservado e garantido o
seu direito. Agora, defender um sargento que
foi expulso da Polícia do Exército por ter sido
apanhado cometendo pederastia passiva, a
título de discriminação, é querer confundir
discriminação com libidinagem, com
imoralidade.
Não podemos permitir que alguém seja
discriminado, mas também não devemos, de
maneira alguma, aceitar argumentos ilusórios,
para introduzirmos maus costumes, entre nós,
que só serviriam para perverter a ordem
pública, os bons costumes e a moral. Acredito
que todos têm direitos, na sociedade, e
devemos preservá-los. Isso é o que estamos
fazendo aqui, e o faremos com todo o denodo,
com todo o cuidado e com toda a preocupação,
a fim de não cometermos injustiça para com o
nosso povo. Entretanto, não podemos
concordar com dialéticas, seja qual for a
corrente de onde venham, para justificar que,
em se fazendo isto ou aquilo, estamos
cometendo discriminação. Não aceitamos
discriminação de espécie alguma, nem com o
idoso, nem com o religioso, nem com o
homossexual, mas também não aceitamos, de
maneira alguma, que se modifiquem os
padrões e os níveis de compreensão para
implantar-se uma nova ordem que, por certo,
irá liquidar com a estrutura moral deste País.
Portanto, com estas argumentações,
queremos deixar aqui patente que
concordamos com o ilustre Constituinte
Farabulini Júnior no brilhante comentário que
fez com relação ao anteprojeto. Temos certeza
de que haveremos de melhorá-lo, para
felicidade do povo brasileiro.

CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Sr. Presidente, Srs. Constituintes, o
trabalho das subcomissões que compõem esta
comissão, que agora inicia a discussão do
tema a ela afeto, e de responsabilidade
extrema, por representar um título novo da
Constituição que então se escreve. E começa
pela soberania do povo, pela soberania do
nosso País, que se inscreve nos direitos e
garantias individuais, nos direitos políticos, nos
direitos coletivos e nas garantias. Se o povo, se
o cidadão não estiver no pleno gozo de sua
cidadania, no que toca a seus direitos e
garantias individuais, aos seus direitos políticos
e coletivos, não se pode falar em soberania do
País.
Portanto, sendo um capítulo novo a esta
comissão cabe agora inscrever no texto da
Constituição a ampla participação popular. Aqui,
os colegas constituintes falaram muito da
situação caótica que atravessa o nosso País. Ao
longo do tempo vivemos sob a égide do
autoritarismo. Nunca saímos dele. E a cada dia
se deteriorou mais a nossa situação política e
caímos no descrédito absoluto das instituições.
Não há o que se falar, hoje, das nossas
autoridades, absolutamente desmoralizadas.
Cabe, então, a nós, constituintes, estabelecer
um texto na Constituição que dê nova diretriz ao
nosso povo, assegurando-lhe de fato a
participação em todos os atos praticados no
País. E que se possa realmente punir aqueles
que dizem estar ao lado do povo, ao lado dos
interesses nacionais, mas que, à sua maneira,
concebem o que se deve e o que não se deve
fazer, ao arrepio da lei, da vontade e das
aspirações do nosso povo.
Portanto, é de se louvar a
impecabilidade do conteúdo do relatório da
Subcomissão dos Direitos Políticos, dos
Direitos Coletivos e Garantias. Qualquer
alteração desse texto poderá piorá-lo, se
buscar afastar o povo dos seus reais direitos e
se for no sentido de não querer que este País
seja, de fato, soberano através da soberania do
seu povo.
No que toca aos direitos e garantias
individuais, V. Ex.ª, Sr. Presidente desta
comissão, meu coestaduano, homem afeito às
coisas do povo, quando Secretário de Estado
do Trabalho de Minas Gerais, em uma época
dura que atravessamos, no Governo Geisel,
pôde abrir espaço para a atuação
dos sindicatos, para que direitos elementares,
mesmo não sendo exercidos, pelo
menos pudessem ser discutidos no âmbito
da Secretaria que V. Ex.ª dirigiu. E V. Ex.ª
é testemunha da reação das autoridades
diante da abertura encontrada na Secretaria à
época de sua gestão. E, mesmo assim, V. Ex.ª,
insubmisso, propiciou ao movimento sindical
de Minas Gerais o início, àquela época,
de uma articulação intersindical, que se
somou, posteriormente, à de outros Estados.
E sem essa abertura à atuação do
trabalhador sequer poderíamos falar em
participação, em democracia, em liberdade
política.
Estranho profundamente o que está
escrito nos itens XXII e XXIII, do texto final da
Subcomissão dos Direitos e Garantias
Individuais. Fala-se aqui na livre sindicalização,
na forma da lei; fala-se aqui da greve, nos
termos da lei. Apresentei, no entanto, sugestões
a Subcomissão, apresentei emendas, para que
se não colocasse a expressão "na forma da lei".
A liberdade de sindicalizar-se não pode sofrer
restrição alguma, é uma decisão. Em
regulamentação alguma pode-se prever pena.
Mas, então, que não se remeta à legislação
ordinária, como aconteceu no passado, a
regulamentação. Que pelo menos fique
integralmente no texto a que se refere o
Anteprojeto da Subcomissão o que se pretende,
para que seja uma colocação limpa, cristalina,
que não implique a interpretação de um
subterfúgio, de uma vontade maléfica de remeter
para a legislação ordinária não com a finalidade
de regulamentar, mas com a intenção de
extinguir ou de restringir o direito.
Posso prestar meu depoimento a esta
Comissão, e acredito que V. Ex.ª possa
endossar meu depoimento. Posso citar fatos
recentes. Vou citar uma eleição sindical realizada
na Usiminas, em 1985, em dois escrutínios. A
empresa, através de sua direção, informou que
haveria de prevalecer, em Ipatinga, Minas
Gerais, onde está instalada essa grande
empresa siderúrgica, estatal, a "cultura da
Usiminas". A Usiminas julga-se dona do destino
de todos os que vivem naquela cidade, e se
comporta de forma fascista, impondo sua
vontade, discricionariamente. E nessa eleição a
empresa impediu os trabalhadores de votarem livremente, pois a sindicalização é feita segundo
a vontade, da empresa, e no momento em que
ela o deseja. Pude testemunhar operários sendo levados pela chefia da empresa para
exercerem o direito do voto, e sendo policiados
por trás da cabina de votação. A empresa,
antes do segundo escrutínio, levantou os
dados, através de seus computadores, e
convocou individualmente os operários para
dizer-lhes o seguinte: "A empresa sabe em
quem o senhor votou. Se a Chapa 1 voltar a
ganhar, vamos demitir todos aqueles que
julgamos eleitores dela. "Isto foi amplamente
denunciado".
Trabalho numa empresa siderúrgica,
também, na cidade de João Monlevade,
próximo de Ipatinga, a poderosa Campanhia
Siderúrgica Belgo-Mineira, uma das empresas
que participaram da conspiração de 1964 e do
golpe, conforme pode-se ler no livro de
Dreyfuss, "1964: A Conquista do Estado".
Recentemente, essa empresa chamou
individualmente os seus operários e
apresentou-lhes duas opções: aceitar uma
carta de demissão ou assinar a desfiliação do
sindicato.
Estamos, agora, às vésperas da
eleição da nova diretoria do sindicato, e essa
mesma empresa montou seu lobby aqui no
Congresso Nacional. Um dos seus diretores
cruzou comigo hoje. Chama-se João Pessoa
Ribeiro Fenelon e estava nesta Casa. Que isso
fique registrado nos nossos Anais. Esse
homem determinou que os componentes da
Chapa 1, registrada no nosso sindicato, fossem
sumariamente demitidos. E nada se faz.
Remeter isso à lei ordinária é inadmissível. Tem
de constar da Constituição a liberdade de
sindicalização, e qualquer investida contra essa
liberdade será considerada crime contra a
organização do trabalho – punível, de fato.

CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Há alguns sindicatos que barram o
ingresso de pessoas que exercitam aquela
atividade, que seus dirigentes continuem no
poder. Pratica-se ainda uma forma de
peleguismo. Deve haver uma regulamentação,
até para proteger o trabalhador. Por exemplo,
em São Paulo, há sindicatos com as portas
fechadas... Ora, se não há uma lei, quem
protegerá esses que V. Ex.ª quer defender?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Nobre Constituinte Samir Achôa,
defendo a punibilidade. Que sejam punidos os
empresários. Mas, que isso conste da
Constituição e não seja remetida a
regulamentação para uma legislação ordinária.
O SR. CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Mas, se não existe a lei, como
puniremos o pelego que impede o ingresso de
um operário no seu sindicato?
O SR. CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Qualquer um deverá ser punido por
infringir um artigo ou um item da Constituição
referente a isso.
O SR. CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Mas não há isso. Como pode
haver punição, se não existir uma
lei regulamentadora? Eu, como advogado,
e até como cidadão comum, desconheço a
forma pela qual será regulamentada a
sindicalização. Ora, se é na forma da lei,
vamos lutar juntos para que essa lei seja justa,
para que ela preveja todas as possibilidades,
mas também dê garantias. Tenho visto, em
nosso País, até na questão da greve,
sindicatos tomarem posições ao arrepio dos
mais legítimos... São pessoas preparadas para
agüentar um, dois, três dias, quando aqueles
desavisados se retiram – 1% da categoria
– contrariando a própria categoria. Ora, não adianta poesia, não adianta falar em direitos,
quando esses direitos existem apenas para
alguns. Temos de ser realistas. No Brasil, as
greves decretadas nem sempre atendem aos
interesses da categoria, mas aos interesses
políticos de alguns. Sou favorável à greve, mas
também à regulamentação rigorosa dela, até
porque há aqueles que nunca se guiaram pelo
espírito democrático da maioria. Democracia,
para mim, é decisão de maioria, respeitados os
direitos das minorias.

Fala-se em liberação total, sem uma


forma legal. Quero, porém, uma legislação que
estabeleça até restrições à greve em serviços
essenciais, porque não se pode sacrificar a
população de um modo geral. A greve hospitalar,
por exemplo, deve ser proibida. Quando o
cidadão abraça uma dessas carreiras, tem de
saber que lhe é proibido fazer greve. Se não
estiver contente, que vá embora, mas não
coloque em risco toda uma comunidade, em
nome de reivindicações justas, até, mas que
devem ser buscadas nos Tribunais, eis que a
greve é apenas um instrumento a mais, além
daquele da Justiça. O que é a greve? A greve é
uma forma mais adequada para o imediatismo
de que se necessita. Por isso defendo a greve.
Mas, na medida em que ela prejudica a
comunidade, deve haver, como há em qualquer
país do mundo, restrição à greve. Nos países
mais democráticos do mundo, os serviços
essenciais não são passíveis de greve. Quando
se fala que uma lei deverá regulamentar a
sindicalização e as greves, não entendo que
haja, portanto, a própria regulamentação da
greve. O puro e simples conceito estabelecido
na Constituição não pode ser auto-aplicável,
porque tomaria sem efeito a proposta, tão bem
definida, de V. Ex.ª.

CONSTITUINTE JOÃO PAULO:


– Vou buscar uma proposta que torne aplicável,
através da Constituição, aquilo que o nobre
Constituinte Samir Achôa se refere. Mas, S. Ex.ª
deve lembrar-se de que, contra isso, durante
muito tempo ninguém investiu. E a anomalia que
ele explicitou, dos sindicatos que não querem
afiliados, existe em função do atrelamento do
sindicato ao Estado, existe em função da
ilegitimidade de diretorias de sindicatos que se
sustentam através da contribuição sindical.
Lutamos contra esses institutos há muitos anos,
mas não interessa à elite brasileira, aos
empresários brasileiros – pelo menos não
interessou até agora – mudar essa legislação.
Haja vista a votação que se faria, no Senado, da
Convenção nº 87, da OIT, que previa ampla
liberdade de organização. Infelizmente,
considerável parcela de sindicatos associou-se
ao empresariado nacional e impediu que essa
convenção internacional fosse ratificada, por fim,
pelo Senado. São sindicatos ilegítimos. O dia em
que essa anomalia deixar de existir, não haverá
restrição da parte de um sindicato sequer à
sindicalização.

CONSTITUINTE JOÃO
PAULO: – Permita V. Ex.ª que eu siga
falando, sem querer impor seu ponto de vista,
que não é muito democrático.
O direito de greve abole a escravidão,
Constituinte Samir Achôa. Se não for um
direito individual, V. Ex.ª consolida a
escravidão por outros instrumentos.

O SR. CONSTITUINTE JOÃO PAULO:


– Este é o meu entendimento, Sr. Presidente.
Não se pode embuçar a escravidão no nosso
País. Quem quiser limitar ou restringir a greve,
em qualquer categoria, quer que essa categoria,
fique submissa às intenções dos poderosos
desta terra. O trabalhador não é irresponsável,
Constituinte Samir Achôa; ele sabe exercitar o
seu direito. V. Ex.ª não queira qualificar o
trabalhador de irresponsável, querendo restringir
os seus direitos.
Era só isso que tinha a dizer, Sr.
Presidente.

O SR. CONSTITUINTE SAMIR


ACHÔA: – Permite V. Ex.ª, Sr. Presidente? O
Constituinte João Paulo pós palavras em minha
boca.
Estou dizendo que sou favorável à
greve, mas não posso aceitar que essa
liberalidade total atinja os foros da
irracionalidade.
Entendo que a greve é um direito
legítimo, mas externo.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO PAULO:
– Trabalhador não é irracional, Constituinte
Samir Achôa.
O SR. CONSTITUINTE SAMIR
ACHÔA: – Existem trabalhadores
e trabalhadores; existem Deputados e
Deputados.
O SR. CONSTITUINTE JOÃO PAULO:
– Existem trabalhadores e exploradores,
trabalhadores e dominadores.

Constituinte João de Deus Antunes

Onde é que o sexo causa problema


moral? – perguntou V. Ex.ª O sexo causa
problema moral quando encontramos homens
desavergonhados, que perderam seus
sentimentos e que se inflamaram na sua
sensualidade, e andam até tentando, em
algumas partes do mundo – quem sabe se no
Brasil, amanhã, teremos isso? – o casamento
entre homossexuais, homem com homem,
mulher com mulher. É nesta parte que o
assunto nos toca.
Falou-nos Não estamos interessados na apologia dos
desavergonhados, com seus trejeitos e
requebrados. As prioridades somos nós que
vamos dizer quais são. A moral, os bons
costumes, a censura são prioridades. Porque
uma nação depende da moral de seus filhos.
Sodoma e Gomorra chegaram à podridão
diante do nariz de Deus. Este não resistiu e
mandou o anjo descer à Terra para destruí-Ias.
Não estamos criando nossos filhos
para vê-los desavergonhados. Teremos
vergonha, até. de ver seus trejeitos e
requebrados – quem sabe? – no futuro; até
lutaremos contra isso, se for possível. Não
estamos aqui para copiar programas e
costumes da Suécia; não estamos aqui para
copiar uma Constituinte nem abrir
desavergonhadamente para aquilo que se faz
lá. Estamos aqui para inovar, para fazer com
que este Brasil seja uma nova sociedade.

*Farabulini Junior – PTB


* Amaral Neto – Pena de morte (PDS)
Lysaneas Maciel – (ver partido) = defende e cita uma fala indígena
José Paulo Bisol – Relator (Ver partido) = questão da igualdade e cidadania no texto
constitucional, com ênfase na questão homossexual. Como tratá-los no texto?

Вам также может понравиться