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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS - TJDFT

ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA


PROFESSOR PEDRO IVO

AULA 03 – DO CRIME – PARTE 02

Caros alunos,

Hoje finalizaremos a parte do Código Penal que trata sobre a teoria do crime e,
com certeza, ao final da aula você já terá garantido importantes pontos na sua
prova.
Bons estudos!!!
********************************************************

3.1 TENTATIVA

3.1.1 CONCEITO

Como vimos no final da aula passada, o crime possui um caminho que se


denomina “iter criminis”. Ele é composto da cogitação, preparação,
execução e consumação, das quais apenas as duas últimas têm importância
para o estudo da tentativa.
Digo isto, pois o legislador deixa claro no Código Penal que tentativa é o
início da execução de um crime que somente não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente. Observe:

Art. 14 - Diz-se o crime:


[...]
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.

A tentativa, muitas vezes, recebe outras denominações, tais como crime


imperfeito ou crime incompleto, em oposição ao crime consumado,
reconhecido como completo ou perfeito.

A TENTATIVA É A REALIZAÇÃO INCOMPLETA DO TIPO


PENAL, DO MODELO DESCRITO NA LEI.
NA TENTATIVA, HÁ PRÁTICA DE ATO DE EXECUÇÃO, MAS
NÃO CHEGA O SUJEITO À CONSUMAÇÃO POR
CIRCUNSTÂNCIAS INDEPENDENTES DE SUA VONTADE.

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3.1.2 ELEMENTOS DA TENTATIVA

De forma bem objetiva, pode-se dizer que 03 elementos compõem a


estrutura do crime tentado. São eles:

1. INÍCIO DA EXECUÇÃO;
2. AUSÊNCIA DE CONSUMAÇÃO POR CIRCUSTÂNCIAS ALHEIAS À
VONTADE;
3. DOLO DE CONSUMAÇÃO.

Observe, caro(a) aluno(a), que uma característica fundamental da tentativa


é o dolo da consumação, ou seja, o agente QUERIA, TINHA VONTADE de
alcançar a consumação, mas por circunstâncias que não havia previsto, não
consegue atingir seu objetivo.
Aqui surge um importante questionamento que deve ser estudado com
muita atenção: É cabível a tentativa no dolo eventual?

PARA LEMBRAR:
NO DOLO EVENTUAL, O SUJEITO PREVÊ O RESULTADO E,
EMBORA NÃO O QUEIRA PROPRIAMENTE ATINGIR, POUCO
SE IMPORTA COM A SUA OCORRÊNCIA (“EU NÃO QUERO,
MAS SE ACONTECER, PARA MIM TUDO BEM, NÃO É POR
CAUSA DESSE RISCO QUE VOU PARAR DE PRATICAR
MINHA CONDUTA; NÃO QUERO, MAS TAMBÉM NÃO ME
IMPORTO COM A SUA OCORRÊNCIA”)

A doutrina é extremamente divergente neste ponto, mas, com foco na


sua PROVA, o que é necessário conhecer é o entendimento das bancas
segundo o qual É CABÍVEL A TENTATIVA NOS CASOS DE DOLO
EVENTUAL.
Este é o entendimento que vem sendo seguido pela maioria dos
Tribunais. Veja:

TJMA - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: RSE 137722007 MA

Não cabe a desclassificação do crime de tentativa de homicídio,


quando presente o dolo eventual na conduta do acusado,
porquanto, o tipo penal não faz diferenciação em relação ao dolo
direto.

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TJDF - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO : RECSENSES


20030510017029 DF

PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO SIMPLES.

[...]

2. AO DESFERIR TIROS NO TÓRAX DA VÍTIMA, REGIÃO DE


LETALIDADE IMEDIATA, FICA EVIDENCIADO, NO MÍNIMO, O
DOLO EVENTUAL, RAZÃO PELA QUAL IMPOSSÍVEL EXCLUIR
ANTECIPADAMENTE O ÁNIMO DO DELITO.

3.1.3 ESPÉCIES DE TENTATIVA

A tentativa apresenta a seguinte divisão:

• TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA O


agente não atinge o objeto material. Imagine
que Tício está com uma blusa branca,
perfeitamente lavada pela sua mãe. Ao
encontrar Mévio, este começa a atirar e Tício
começa a correr. Nenhum tiro é acertado, logo
o que era branco permanece branco, pois o objeto não foi atingido.

• TENTATIVA VERMELHA OU CRUENTA Diferentemente da


tentativa branca, aqui a vítima é atingida, mas o delito não se
consuma.

• TENTATIVA PERFEITA Neste tipo de tentativa fica caracterizada


a INCOMPETÊNCIA do agente, ou seja, o autor do delito utiliza TODOS
os meios executórios disponíveis e, mesmo assim, não atinge a
consumação. É o caso do indivíduo que, portando um revolver com 06
cartuchos, utiliza todos, mas não consegue atingir a vítima em um
ponto letal.

• TENTATIVA IMPERFEITA O agente inicia a execução, mas não


utiliza todos os meios de que dispõe. É o caso do indivíduo que
começa a atirar e, no 3º disparo, é interrompido pela chegada de
policiais que estavam passando pelo local.

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3.1.4 PUNIBILIDADE DA TENTATIVA

Ao punir a tentativa, o Direito está protegendo um bem jurídico, ainda


que este não tenha corrido perigo de maneira efetiva, mas pelo simples
fato de a tentativa poder vir a proporcionar a vivência do perigo. A
ordem jurídica teme pelo sujeito passivo, mesmo que este não tenha
sentido temor algum e nem tenha percebido a ameaça.
Duas teorias existem a respeito da punibilidade da tentativa. A subjetiva
prega a aplicação da mesma pena que a do delito consumado,
fundamentando-se na vontade do autor, contrária ao direito.
Diferentemente, a objetiva propõe para a tentativa pena menor que a
do crime consumado, já que a lesão é menor ou não ocorreu qualquer
resultado lesivo ou perigo de dano. Foi esta a adotada pelo Código Penal
ao determinar que:

Art. 14
[...]
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços

A redução da pena concernente à tentativa deve resultar das


circunstâncias da própria tentativa. Isto quer dizer que não devem ser
consideradas na redução da pena as atenuantes ou agravantes
porventura existentes, mas sim o iter criminis percorrido pelo agente
em direção à consumação do delito.
A diminuição entre os limites legais deve ter como fundamento
elementos objetivos, ou seja, a extensão do iter criminis percorrido pelo
agente, graduando-se o percentual em face da maior ou menor
aproximação da meta objetivada. Ou seja, quanto mais o agente se
aprofundou na execução, quanto mais se aproximou da consumação,
menor a redução.
Na hipótese de homicídio, tem-se considerado em especial a redução
máxima para a tentativa branca e também a maior ou menor gravidade
da lesão efetiva para a dosagem da pena na tentativa.
A lei prevê exceções à regra geral no art. 14, parágrafo único,
cominando a mesma pena para a consumação e a tentativa do resultado
lesivo. É cominada a mesma sanção, por exemplo, para a evasão ou
tentativa de evasão com violência do preso (art. 352), para a conduta
de votar ou tentar votar duas vezes (art. 309 do Código Eleitoral) etc.
Veja:

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Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo
submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência
contra a pessoa:

Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena


correspondente à violência.

Afora as exceções expressas, é obrigatória a redução da pena entre os


limites de um e dois terços.
Podemos resumir:

PROXIMIDADE DA CONSUMAÇÃO

DIMINUIÇÃO
DIMINUIÇÃO
MÍNIMA DA
MÁXIMA DA
PENA
PENA

3.1.5 CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA

A regra geral é a de que os crimes dolosos são compatíveis com a tentativa,


pouco importando se são materiais formais ou de mera conduta.
A título de exemplo, imagine que Mévio e Tícia decidem realizar um show de
sexo explícito em uma praça pública. No momento em que vão tirar a
última peça de roupa, são abordados e presos por policiais. Neste caso, as
condutas se enquadram como tentativa de ato obsceno (crime de mera
conduta).
Sendo assim, REPITO, a regra geral é a COMPATIBILIDADE dos delitos
com a tentativa.
Algumas espécies de infrações penais, entretanto, não admitem tentativa.
São elas:

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1. CRIMES CULPOSOS Como vimos, não se admite tentativa no
crime culposo, pois este só se consuma com a ocorrência do
resultado naturalístico. Pode-se, porém, falar em tentativa na
culpa imprópria, uma vez que, nessa hipótese, o agente visa o
evento que não vem a ocorrer por circunstâncias alheias à sua
vontade. Ocorre na realidade um crime doloso tentado que, por
ter sido executado por erro ou excesso culposo, tem o tratamento
do crime culposo por disposição legal.

2. CRIMES PRETERDOLOSOS Também já tratamos deste delito


e sabemos que ele, por se caracterizar pela culpa no resultado,
não admite tentativa. É ela possível, porém, nos crimes
qualificados pelo resultado em que este é abrangido pelo dolo do
sujeito. Assim, se em um roubo o sujeito tentar matar a vítima, há
tentativa de crime qualificado pelo resultado.

3. CRIMES UNISUBSISTENTES Também chamado de crime


único, é aquele em que a conduta é exteriorizada mediante um
único ato, não se podendo falar em iter criminis e,
consequentemente, na ocorrência da tentativa. É o caso do delito
de desacato cometido verbalmente: ao ser dita a palavra
empregada, com a finalidade de menosprezar a função pública,
consumado está o crime.

4. CRIMES OMISSIVOS PRÓPRIOS Os crimes omissivos puros


também não admitem a tentativa, pois não se exige um resultado
naturalístico decorrente da omissão. Se o sujeito deixou escoar o
momento em que deveria agir, ocorreu a consumação; se ainda
pode atuar, não há que se falar em tentativa.
Atenção que nos crimes omissivos impróprios, admite-se a
tentativa. A mãe que, desejando a morte do filho recém-nascido,
deixa de alimentá-lo, sendo a vítima socorrida por terceiro, pratica
tentativa de infanticídio.

5. CONTRAVENÇÕES PENAIS Segundo a Lei de Contravenções


Penais (que não importa para a sua prova), NÃO É ADMITIDA A
TENTATIVA PARA AS CONTRAVENÇÕES PENAIS.

6. CRIMES CONDICIONADOS São aqueles que dependem do


cumprimento de uma condição para que possam ser punidos. Um
exemplo claro é o crime de participação em suicídio. Exemplo:
Tício, percebendo que seu cunhado está na janela, começa a
gritar: “PULA! PULA! PULA! PULA!. Se o cunhado não pular, não há

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delito, pois só há punição se resultar em morte ou lesão corporal
grave.

7. CRIMES HABITUAIS Entende a doutrina majoritária NÃO ser


possível a tentativa nos crimes habituais. Ex: Tentativa de
curandeirismo.

8. CRIMES DE ATENTADO Fala-se em crime de atentado ou de


empreendimento quando a tentativa é punida com a mesma pena
do crime consumado. Exemplo: art. 352, do CP.

Resumindo:
NÃO ADMITEM TENTATIVA:

1. P RETERDOLOSOS

2. U NISUBSISTENTES
PARA MEMORIZAR!!!
3. C ULPOSOS;

4. C ONTRAVENÇÕES PENAIS;

5. A TENTADO

6. C ONDICIONADOS

7. H ABITUAIS

8. O MISSIVOS PRÓPRIOS;

3.1.6 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

Imagine que Tício, a fim de ocupar a vaga de presidente em uma empresa,


ministra veneno para Mévio. Este ingere o veneno e começa a perder os
sentidos.
Se neste momento Tício já respondesse, de qualquer forma, pela execução,
o que o levaria a interromper o feito, dando, por exemplo, um antídoto para
Mévio?
Exatamente para estimular esta interrupção e impedir o resultado
naturalístico advindo da execução, o legislador optou por colocar um
dispositivo no Código Penal prevendo que caso haja a desistência do
prosseguimento na ação ou o impedimento do resultado, responderá o
agente SOMENTE pelos seus atos já praticados. Observe:

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Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
execução ou impede que o resultado se produza, só responde
pelos atos já praticados.

Deste supracitado artigo, surgem os conceitos da desistência voluntária e


do arrependimento eficaz, que são formas da chamada tentativa
abandonada, assim denominada porque a consumação do crime não ocorre
em razão da VONTADE DO AGENTE.
Vamos estudar cada um destes institutos:

1. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA O agente, por ato voluntário,


interrompe a execução do crime, abandonando a prática dos demais
atos necessários e que estavam à sua disposição para a consumação.
Observe, caro(a) concurseiro(a), que em nenhum momento ocorre de
o agente NÃO PODER PROSSEGUIR na execução, e este
entendimento é importantíssimo para a sua PROVA. Exemplificando:
Imagine que Tício prende Mévio (esse Mévio sofre...) em uma parede
e começa a atirar de uma distância de 50 metros, errando o primeiro
disparo. Efetua o segundo disparo de 25 m e também erra. Nervoso,
resolve se posicionar a 1 metro de Mévio e, ao encostar a arma em
sua cabeça, vê a foto da filha da vítima caída no chão. Comovido, e
ainda com 05 cartuchos no revólver, desiste da ação. Neste caso,
temos a desistência voluntária.

Sendo assim, entenda e GUARDE PARA SUA PROVA:

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA QUANDO O


AGENTE DIZ: “POSSO PROSSEGUIR, MAS
NÃO QUERO”.
TENTATIVA QUANDO O AGENTE DIZ:
“QUERO PROSSEGUIR, MAS NÃO POSSO”.

2. ARREPENDIMENTO EFICAZ Diferentemente do que ocorre na


desistência voluntária, o agente pratica todos os atos suficientes à
consumação do delito, mas adota providências para impedir o
resultado.
É o caso do exemplo que vimos no início deste tópico em que Tício
dá veneno para Mévio. Ao ingerir o veneno, Mévio só não morre se
Tício der a ele o antídoto. Se Tício age desta forma e impede a
morte, operou-se o arrependimento eficaz.

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É importante ressaltar que o arrependimento eficaz só é possível
nos crimes materiais, pois o CP é claro o dizer “ impede que o
resultado se produza”. Logo, se o resultado é relevante ao fato,
obviamente, não há que se falar em delitos formais ou de mera
conduta.

3.1.6.1 REQUISITOS

Ainda dentro do assunto desistência voluntária e arrependimento eficaz,


é preciso citar que existem dois requisitos a serem cumpridos para que o
agente seja beneficiado pelo disposto no artigo 15. São eles:
1. VOLUNTARIEDADE Idéia originada da mente do agente.
2. EFICÁCIA Tem que impedir o resultado. Se tentou impedir, mas
não conseguiu...Azar o dele...

3.1.6.2 EFEITOS

A desistência voluntária e o arrependimento eficaz não são causas de


diminuição da pena e sim de atipicidade.
“Mas como assim professor? Quer dizer que ele não vai ser punido?”
Claro que vai, mas não de forma tentada pelo delito, mas somente pelos
atos já praticados. Nos exemplos citados referentes a disparo de arma de
fogo, por exemplo, não responderá o agente por tentativa de homicídio e
sim por lesões corporais.

EXISTEM ALGUMAS CORRENTES QUE NÃO CONSIDERAM OS


INSTITUTOS DA DESISTÊNCIA VOLUTÁRIA E DO ARREPENDIMENTO
EFICAZ COMO FORMA DE AFASTAR A TIPICIDADE. E O QUE ISSO
IMPORTA? ABSOLUTAMENTE NADA, POIS PARA SUA PROVA:

A DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E O
ARREPENDIMENTO EFICAZ AFASTAM A
TIPICIDADE, RESPONDENDO O AGENTE PELOS
ATOS JÁ PRATICADOS.

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3.2 ARREPENDIMENTO POSTERIOR

3.2.1 CONCEITO

Sobre o tema, dispõe o Código Penal da seguinte forma:

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à


pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.

O chamado arrependimento posterior é CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA


PENA, diferentemente do que vimos na desistência voluntária e no
arrependimento eficaz. Ocorre quando o agente, nos crimes cometidos sem
violência ou grave ameaça à pessoa, voluntariamente e até o recebimento
da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua
conduta.
Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o arrependimento
posterior pode ocorrer em qualquer espécie de crime e não somente nos
delitos contra o patrimônio. Basta, como deixa claro o texto legal, que
exista um dano passível de reparação.
Observe o que diz sobre o tema o STJ, deixando claro o que é
arrependimento posterior e a OBRIGATORIEDADE da diminuição da pena:

STJ - RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS: RHC 20051 RJ


2006/0181741-0

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL.


CRIMES DE ESTELIONATO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. ARREPENDIMENTO
POSTERIOR. DEPOIMENTO CONTIDO NOS AUTOS PELA PRÓPRIA VÍTIMA QUE
ATESTA QUE O DANO FOI REPARADO VOLUNTARIAMENTE PELO PACIENTE.
INCIDÊNCIA OBRIGATÓRIA DA CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA.

1. O arrependimento posterior é causa de diminuição de pena objetiva, bastando


para a sua configuração seja voluntário e realizado antes do recebimento da
denúncia, mediante a devolução ou reparação integral do bem jurídico lesado.

2. Na hipótese, observa-se, mormente da leitura do termo de declarações


prestado pela própria vítima, que o recorrente, voluntariamente e logo após os
fatos narrados na denúncia, restituiu, relativamente ao crime de estelionato, os
bens havidos de forma indevida e fraudulenta 3. Recurso provido para, mantida a
condenação do recorrente, determinar ao juízo sentenciante que realize nova
dosimetria da pena, relativamente ao crime de estelionato a ele imputado, na
qual deverá incidir a causa de diminuição da pena do arrependimento posterior
prevista no art. 16, do Código Penal.

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Antes de prosseguirmos, uma pequena observação:

CONHECER PARA ENTENDER

A DENÚNCIA E A QUEIXA SÃO OS PEDIDOS INICIAIS PARA


QUE O ESTADO PROMOVA UMA AÇÃO PENAL.
DIANTE DOS ELEMENTOS APRESENTADOS PELO INQUÉRITO
POLICIAL OU PELAS INFORMAÇÕES QUE RECEBEU, O ÓRGÃO
DO MINISTÉRIO PÚBLICO FORMA A SUA CONVICÇÃO E
PROMOVE A AÇÃO PENAL PÚBLICA COM O OFERECIMENTO DA
DENÚNCIA.
A QUEIXA É A DENOMINAÇÃO DADA PELA LEI À PETIÇÃO
INICIAL DA AÇÃO PENAL PRIVADA INTENTADA PELO
OFENDIDO OU SEU REPRESENTANTE LEGAL.

3.2.1.1 REQUISITOS

Para que o arrependimento posterior seja aceito, os seguintes requisitos


devem ser cumpridos, CUMULATIVAMENTE:

1. CRIME SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA Imagine que


Tício, querendo furtar uma loja, quebra uma janela de vidro,
depois explode duas portas de madeira, mata três cachorros e, por
fim, estrangula o gato da dona da loja. Neste caso, será possível a
aplicação do instituto do arrependimento posterior?
Claro que sim, pois houve violência contra a COISA e não contra a
pessoa.

2. REPARAÇÃO VOLUNTÁRIA, PESSOAL E INTEGRAL O agente


não pode ser coagido a reparar o dano, o que não quer dizer que
não pode ter sido induzido por outra pessoa a tal ato. Aqui não
importa se a idéia surgiu ou não da mente do agente. Basta que a
reparação seja voluntária.
A reparação deve ser pessoal, ou seja, não pode o pai do criminoso
querer restituir, por exemplo, uma quantia furtada.
“Mas professor, como saber se não foi o pai do agente que deu o
dinheiro para ele devolver?”
Boa pergunta, mas com certeza a banca não vai cobrar este
“subjetivo conhecimento” de você! Fique tranquilo (a).

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Por fim, não basta reparar ou restituir parcela do que foi lesado.

3. LIMITE TEMPORAL A reparação do dano ou restituição da


coisa deve ocorrer antes do RECEBIMENTO da denúncia ou queixa.

Agora que já conhecemos a desistência voluntária, o arrependimento eficaz e o


arrependimento posterior, podemos resumir:

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA EXCLUI A TIPICIDADE,


RESPONDENDO O AGENTE
PELOS ATOS JÁ
PRATICADOS
ARREPENDIMENTO EFICAZ

OBRIGATORIAMENTE
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
DIMINUI A PENA

E ainda:

DESISTÊNCIA ARREPENDIMENTO ARREPENDIMENTO


VOLUNTÁRIA EFICAZ POSTERIOR

INÍCIO DA FIM DA CONSUMAÇÃO RECEBIMENTO


EXECUÇÃO EXECUÇÃO DO CRIME DA DENÚNCIA
OU QUEIXA

3.3 CRIME IMPOSSÍVEL

3.3.1 CONCEITO

Crime impossível, também chamado pela doutrina de quase-crime,


tentativa inadequada ou inidônea, na conceituação de Fernando Capez, "é
aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade
absoluta do objeto material é impossível de se consumar".

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O renomado jurista Antonio José Miguel convencionou chamar de crime
impossível "a atitude do agente, quando o objeto pretendido não pode ser
alcançado dada a ineficácia absoluta do meio, ou pela absoluta
impropriedade do objeto".
Por sua vez, para reforçar as definições aqui apresentadas, o art. 17 do
Código Penal dispõe que:

"Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta


do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se o crime."

Diante dos conceitos apresentados, caro aluno, existe


alguma semelhança entre o crime tentado e o crime
impossível? A resposta é positiva, pois nos dois a execução
da conduta criminosa não alcança a consumação.
Entretanto, as diferenças são bem claras.
Na tentativa, a consumação é plenamente possível, a qual só não ocorre por
circunstâncias alheias à vontade do agente. Diferentemente, no crime
impossível a consumação nunca pode ocorrer, seja em razão da ineficácia
absoluta do meio, seja por força da impropriedade absoluta do objeto.

3.3.2 TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL

O Código Penal, ao tratar do crime impossível, resolveu adotar a chamada


teoria objetiva temperada ou intermediária. Segundo esta teoria, para a
configuração do crime impossível, os meios empregados e o objeto do crime
devem ser ABSOLUTAMENTE inidôneos a produzir o resultado.
Inidoneidade absoluta é aquela em que o crime nunca poderia chegar a ser
consumado.
Exemplo tradicional na doutrina é o indivíduo que falsifica grosseiramente
uma nota e tenta comprar algo com ela. Você, caro aluno, aceitaria as notas
abaixo?

Claro que não, nem você, nem ninguém. Logo, é hipótese de CRIME
impossível. Diferentemente, se lhe é apresentada a seguinte nota:

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Embora seja falsa, a diferenciação não é possível por um simples olhar.


Logo, não caracteriza o crime impossível.

Neste sentido já se pronunciou o STJ:

STJ - HC 45.616/SP – 09/08/2007

PENAL. HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE FURTO. CRIME IMPOSSÍVEL.


ORDEM DENEGADA.

1. O crime impossível somente se caracteriza quando o agente, após a


prática do fato, jamais poderia consumar o crime pela ineficácia absoluta
do meio empregado ou pela absoluta impropriedade do objeto material,
nos termos do art. 17 do Código Penal.

2. A ação externa alheia à vontade do agente, impedindo a consumação


do delito após iniciada a execução, caracteriza a tentativa (art. 14, II, do
CP).

3. Ordem denegada

3.3.3 ESPÉCIES DE CRIME IMPOSSÍVEL

A leitura atenta do artigo 17 nos traz duas espécies de crime impossível:

• POR INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO;


• POR IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO OBJETO.

Ocorre o primeiro caso, segundo o Ilustre DAMASIO, “quando o meio


executório empregado pelo insciente pseudo autor, pela sua natureza, é
absolutamente incapaz de causar o resultado (ausência de potencialidade
lesiva)”.
O exemplo por ele apresentado é do sujeito que, por erro, desejando matar
a vítima mediante veneno, coloca açúcar em sua alimentação, pensando
tratar-se de arsênico. Outro exemplo clássico na doutrina é o da tentativa
de homicídio com a utilização de revólver sem munição ou de armas cujas
cápsulas já foram deflagradas.

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Inclui-se nessa hipótese, ainda, a chamada tentativa irreal ou supersticiosa,
cujo exemplo é do agente que deseja matar a vítima mediante ato de magia
ou bruxaria.
Na segunda parte do artigo 17, encontra-se a segunda hipótese de
ocorrência do crime impossível: o objeto material sobre o qual deveria
incidir o comportamento não existe ou, pela sua situação ou condição,
torna-se absolutamente impossível a produção do resultado visado, por
circunstâncias desconhecidas pelo agente.
Assim, há integral impropriedade do objeto quando o bem jurídico é
inexistente. Ocorre, por exemplo, quando a mulher erroneamente acredita
estar grávida e, desejando se livrar do feto, faz uso de práticas abortivas.
Outro exemplo bastante utilizado na doutrina é o caso do sujeito que,
desejando matar a vítima, efetua disparos em direção a um cadáver. Fica
claro, neste caso, que o bem jurídico protegido, a vida, já não existe.

Agora, pergunto, Futuro Aprovado: Imaginemos que Tício tenta furtar


Mévio, mas ao colocar a mão no bolso direto, não consegue pegar o objeto,
pois este estava no esquerdo.
Neste caso, como Tício tentou pegar o celular em um bolso que nada tinha,
é caso de crime impossível?
A resposta é negativa, pois o objeto material existia e, nesta situação,
estamos diante de uma impropriedade RELATIVA do objeto. Como o Código
Penal exige impropriedade ABSOLUTA, não será caso de crime impossível,
mas tentado.

E no caso do roubo, se o indivíduo não possui nenhum bem a ser roubado?


É crime impossível? Não, pois para a sua PROVA, deve-se seguir o
entendimento do STJ:

STJ - REsp 897.373/SP – 03/04/2007

RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO. CRIME COMPLEXO. AUSÊNCIA


DE BENS. TENTATIVA. INEXISTÊNCIA DE CRIME IMPOSSÍVEL.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COMPROVADA.

1. A divergência jurisprudencial restou devidamente comprovada.

2. Tratando-se o crime de roubo, tem-se por iniciada a


execução tão-logo praticada a violência ou grave ameaça à
vítima. O fato de inexistir bens materiais em poder da vítima,
não desnatura a ocorrência do crime em sua modalidade
tentada.

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Para finalizar, um último caso prático. Imaginemos que Tício entra em um
supermercado repleto de câmeras e seguranças. Mesmo assim, resolve colocar
um produto no bolso a fim de não ser cobrado por ele. Devido ao
monitoramento, é descoberto e levado à polícia. Neste caso, devido ao
monitoramento, é caso de crime impossível?
A resposta é negativa e novamente o STJ já se pronunciou sobre o caso:

STJ - REsp 911.756/RS – 17/04/2008

1. Cinge-se a controvérsia à configuração ou não de crime impossível


na hipótese em que o agente, ao tentar sair do estabelecimento
comercial com produtos pertencentes a este, é detido por seguranças,
em decorrência da suspeita de funcionários da empresa.
2. No caso dos autos, o fato de o agente ter sido vigiado pelo
segurança do estabelecimento não ilide, de forma absolutamente
eficaz, a consumação do delito de furto, pois existiu o risco, ainda que
mínimo, de que o agente lograsse êxito na consumação do furto e
causasse prejuízo à vítima, restando frustrado seu intento por
circunstâncias alheias à sua vontade.
3. Desta maneira, não se pode reconhecer, nesta situação, a
configuração de crime impossível pela absoluta ineficácia do meio
empregado, mas sim a tentativa de furto. O crime impossível somente
se caracteriza quando o agente, após a prática do fato, jamais poderia
consumar o crime pela ineficácia absoluta do meio empregado ou pela
absoluta impropriedade do objeto material, nos termos do art. 17 do
Código Penal.

3.4 ILICITUDE

3.4.1 CONCEITO

Ilicitude é a relação de antagonismo que se estabelece entre a conduta


humana voluntária e o ordenamento jurídico, de modo a causar lesão ou
perigo de lesão a um bem jurídico tutelado.
Entretanto, nem toda conduta que se enquadra perfeitamente no
ordenamento jurídico penal deve ser punida. Imagine, por exemplo, que
Tício chega em casa e percebe que há um bandido com uma arma, prestes
a assassinar sua esposa. Diante de tal fato, pega sua arma e mata o
invasor.
Nesta situação, podemos dizer que Tício deve ser punido? Claro que não,
pois a conduta dele é aceitável.

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O que ele deveria fazer? Deixar a esposa morrer? A resposta, obviamente,
é negativa.
Sendo assim, existem determinadas situações que excluem a ilicitude da
conduta, e a elas, IMPORTANTÍSSIMAS PARA SUA PROVA, dá-se o
nome de CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE.
Vamos estudá-las!!!

3.4.2 CAUSAS DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE

A maioria das causas excludentes de ilicitude está presente no Código


Penal. Estas causas recebem a denominação de LEGAIS e dividem-se em
genéricas e específicas.
As causas genéricas são aquelas presentes no artigo 23 do CP, as quais
iremos estudar uma a uma. São elas:

• ESTADO DE NECESSIDADE;
• LEGÍTIMA DEFESA;
• ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL;
• EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO.

As chamadas causas específicas, que não são de grande relevância para


concursos públicos, são aquelas que estão previstas na parte especial do
Código Penal e são referentes a delitos específicos, como no caso do artigo
142 que versa sobre a injúria e a difamação.
Observe:

Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:


I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte
ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou
científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou
difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em
apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever
do ofício.

Além das causas legais, a doutrina e a jurisprudência vêm admitindo causas


de exclusão da ilicitude que não encontram previsão direta em lei,
conhecidas como supralegais.

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Na verdade, aqui não se trata de uma atuação extralegal, mas de uma
extensão das normas, pois, nas lições de Mezger, “Nenhuma lei esgota a
totalidade do direito”.
Para os que admitem as causas supralegais, a que é aceita por todos e
importa para sua PROVA diz respeito ao consentimento do ofendido.
Sendo assim, um indivíduo que faz uma tatuagem em outro não comete
lesão corporal, pois está amparado no consentimento do ofendido como
causa supralegal de exclusão da ilicitude.
Do exposto, podemos resumir:
• ESTADO DE
NECESSIDADE

GENÉRICAS • LEGÍTIMA DEFESA


• ESTRITO CUMPRIMENTO
DO DEVER LEGAL
• EXERCÍCIO REGULAR DO
DIREITO
LEGAIS

PREVISTAS NA PARTE
ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL.
ESPECÍFICAS EXEMPLOS: Art. 128 / Art. 142
/ Art. 146, parágrafo 3º.
EXCLUDENTES
DE ILICITUDE

SUPRALEGAIS CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

3.4.3 ESTADO DE NECESSIDADE

Estado de necessidade é o sacrifício de um interesse juridicamente


protegido para salvar de perigo atual e inevitável o direito do próprio agente
ou de terceiros.
É causa de exclusão de ilicitude, desde que outra conduta, nas
circunstâncias reais, não fosse razoável exigir.
Existem duas teorias adotadas mundialmente quanto ao Estado de
Necessidade. Uma delas é a chamada "Teoria Unitária", adotada no Brasil,
que determina um Estado de necessidade excludente da antijuridicidade. A

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outra é conhecida por "Teoria Diferenciadora", segundo a qual o Estado de
Necessidade ora exclui a antijuridicidade, ora a culpabilidade.

PARA A SUA PROVA, O IMPORTANTE É VOCÊ SABER QUE O BRASIL


ADOTA A TEORIA UNITÁRIA E QUE O ESTADO DE NECESSIDADE É
EXCLUDENTE DE ILICITUDE (OU ANTIJURIDICIDADE).

Um exemplo de estado de necessidade amplamente tratado na doutrina é o


dos dois náufragos que avistam uma tábua de madeira capaz de suportar o
peso só de um indivíduo. Durante a “briga” pela madeira, A deixa B morrer
afogado a fim de se salvar. Neste caso, podemos dizer que A agiu em
estado de necessidade.
Perceba que no estado de necessidade não há, como vemos, uma agressão
a um direito, mas um choque, em que alguém, na defesa de direito próprio
ou alheio, se vê na contingência de praticar fato considerado criminoso, a
fim de salvá-lo de perigo atual e iminente que não provocou por sua
vontade, não sendo justo exigir-se o sacrifício desse direito.
Encontra-se disposto no artigo 24 do Código Penal, nos seguintes termos:

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o


fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever


legal de enfrentar o perigo.

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito


ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

3.4.3.1 REQUISITOS

A análise do artigo supracitado revela a existência de dois momentos


distintos QUE DEVEM SER SOMADOS para a correta verificação da
ocorrência do estado de necessidade. São eles:

1. Situação de Necessidade Que depende de:

• PERIGO ATUAL;
• PERIGO NÃO PROVOCADO VOLUNTARIAMENTE;
• AMEAÇA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO;
• AUSÊNCIA DE DEVER LEGAL DE ACEITAR O PERIGO.
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2. Fato necessitado A conduta típica em face do perigo tem como
requisitos:

• INEVITABILIDADE DO PERIGO POR OUTRO MODO;


• PROPORCIONALIDADE.

3.4.3.2 SITUAÇÃO DE NECESSIDADE

• Existência de perigo atual Perigo é a exposição do bem


jurídico a uma situação de probabilidade de dano. Sua origem pode
vir de um fato da natureza, de seres irracionais (como um
cachorro) ou mesmo da atividade humana.
Atual é o que está acontecendo, é o perigo concreto, imediato, não
se admitindo o uso de tal excludente quando se trata de perigo
remoto, ou seja, de perigo passado.

• Proteção de direito próprio ou alheio É necessário que o


bem a ser salvo esteja protegido pelo ordenamento jurídico, pois,
do contrário, não poderá alegar estado de necessidade. Exemplo:
Um preso não pode matar o carcereiro sob o pretexto de exercício
do seu direito de liberdade.

• Perigo não provocado voluntariamente A pessoa que deu


origem ao perigo não pode invocar a excludente para sua própria
proteção, pois seria injusto e despropositado. É o caso, por
exemplo, do indivíduo que põe fogo em uma lancha por
imprudência e depois mata o outro viajante afogado a fim de ficar
com a única bóia existente.

• Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo Deve


inexistir o dever legal de enfrentar o perigo, pois caso a lei o
determine, este deve tentar salvar o bem ameaçado sem destruir
qualquer outro, mesmo que para isso tenha que correr os riscos
inerentes à sua função.
Exemplificativamente, não pode um bombeiro, para salvar um
morador de uma casa em chamas, destruir a residência vizinha,
quando possível fazê-lo de forma menos lesiva, ainda que mais
arriscada à sua pessoa.

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3.4.3.3 FATO NECESSITADO

NÃO ME • Inevitabilidade do perigo Somente se admite o sacrifício do


MATE!!!
bem quando o perigo for inevitável, bem como seja necessário a
PULE A
CERCA! lesão a bem jurídico de outrem para escapar da situação perigosa.
Exemplo: Se para fugir do ataque de um boi bravio de
R$500.000,00 o agende puder facilmente pular uma cerca, não
está autorizado a matar o animal.

• Proporcionalidade do sacrifício Exige que o agente aja de


acordo com a razoabilidade do sacrifício, ou seja, deve-se buscar
sacrificar um bem de menor importância para salvar um bem de
maior ou igual valor. Exemplo: Entre uma vida e o patrimônio,
sacrifica-se o patrimônio.
Mas e se o indivíduo, visando proteger bem próprio ou de terceiro,
sacrifica outro bem jurídico de maior valor?
Neste caso, não há exclusão do crime. É mantida a tipicidade, mas
é possível a diminuição de pena nos termos do parágrafo 2º do
artigo 23:

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do


direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços.

Observe que no supra dispositivo legal não há OBRIGATORIEDADE


da diminuição de pena, mas simplesmente a POSSIBILIDADE do
magistrado, avaliando o caso, aplicar tal redução.

3.4.4 LEGÍTIMA DEFESA


A legítima defesa é a segunda causa de exclusão da antijuridicidade
prevista pelo artigo 23 do Código Penal, e está regulada no artigo 25 do
mesmo ordenamento:

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

Segundo NUCCI, “é a defesa necessária empreendida contra agressão


injusta, atual ou iminente, contra direito próprio ou de terceiro, usando,
para tanto, moderadamente, os meios necessários.”
E continua:
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“Valendo-se da legítima defesa, o indivíduo consegue repelir as agressões a
direito seu ou de outrem, substituindo a atuação da sociedade ou do
Estado, que não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, através
dos seus agentes. A ordem jurídica precisa ser mantida, cabendo ao
particular assegurá-la de modo eficiente e dinâmico”.
A análise do artigo 25 revela que a legítima defesa deve atender,
CUMULATIVAMENTE, aos seguintes requisitos:

• AGRESSÃO INJUSTA;
• AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE;
• DEFESA DE DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO;
• REAÇÃO COM OS MEIOS NECESSÁRIOS;
• USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS.

Resumindo:
INJUSTA

ATUAL OU IMINENTE
AGRESSÃO
CONTRA DIREITO
PRÓPRIO OU ALHEIO
REQUISITOS
DA LEGÍTIMA
DEFESA
EMPREGO DOS MEIOS
NECESSÁRIOS
REAÇÃO
USO MODERADO DOS
MEIOS

3.4.4.1 AGRESSÃO INJUSTA

Agressão é o comportamento humano capaz de gerar lesão ou provocar


um perigo concreto dano. Trata-se de atividade exclusiva do ser
humano, não podendo ser efetuada por um animal, por exemplo.
Sendo assim, se um indivíduo é atacado por um animal e o mata, regra
geral, pode ser caracterizado o estado de necessidade, mas não a
legítima defesa.
Dito isto, pergunto: Imagine que Tício faz um treinamento intensivo para
que seu cachorro aprenda a atacar os outros quando ordenado. Em
determinado momento, ao encontrar Mévio, ordena ao cão o ataque.
Mévio, utilizando seu canivete, mata o cachorro. Neste caso, está
caracterizado o estado de necessidade ou a legítima defesa?

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Para esta situação particular, temos a LEGÍTIMA DEFESA, pois Tício
utiliza o cachorro como se fosse uma arma e obriga Mévio a repelir
injusta agressão.

3.4.4.2 AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE

A agressão humana injusta e real deve ser marcada pela atualidade ou


pela iminência. Significa que a mesma deverá estar ocorrendo ou prestes
a acontecer, e nunca quando já terminada.
Aqui encontramos uma diferença com relação ao dispositivo que trata do
estado de necessidade. Neste, temos a obrigatoriedade do perigo ATUAL,
enquanto na legítima defesa pode ser ATUAL ou iminente.

3.4.4.3 AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE

A ação de defesa promovida em face da agressão deve ser praticada com


vontade de defesa. Isto indica a intenção do agredido de se defender ou
de defender um bem jurídico de terceiro.
Agora me responda: A vida é um bem jurídico? Claro que sim... Sendo
assim, imagine que Tício, médico, percebe que Mévio vai injetar uma
quantidade tão grande de drogas que facilmente o levaria a morte. Visto
isso, tentando impedir a situação, bate em Mévio a fim de que este
desmaie e deixe de ingerir a substância. Neste caso, está configurada a
LEGÍTIMA DEFESA?
A resposta é POSITIVA, pois Tício está defendendo um bem jurídico de
terceiro (A VIDA) que no momento sofre agressão.

3.4.4.4 REAÇÃO COM OS MEIOS NECESSÁRIOS

Meios necessários são todos aqueles suficientes a repulsa da agressão


injusta que está ocorrendo ou prestes a ocorrer.
Ensina a doutrina majoritária que os meios necessários, além de
suficientes, devem estar disponibilizados no momento da agressão,
existindo, em todo caso, a observância da proporcionalidade entre o bem
jurídico a que se visa resguardar e a repulsa contra o agressor.
Se um indivíduo joga uma pedra e como resposta obtêm um tiro de
bazuca na testa, obviamente que não há proporcionalidade.
Corroborando tal posicionamento, vem a calhar a opinião sempre
abalizada do professor Heleno Cláudio Fragoso: “Empregar
moderadamente os meios necessários significa usar os meios
disponíveis, na medida em que são necessários para repelir a agressão.
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Deverão aqui considerar-se as circunstâncias em que a agressão se fez,
tendo-se em vista a sua gravidade e os meios de que o agente podia
dispor.”
É importante ressaltar que o meio necessário, desde que seja o único
disponível ao agente para repelir a agressão, pode ser desproporcional
em relação a ela, se empregado MODERADAMENTE. É o caso, por
exemplo, do indivíduo que, ao ser atacado com uma barra de ferro,
utiliza uma arma de fogo, meio de defesa que estava ao seu alcance.

3.4.4.5 USO MODERADO DOS MEIOS NECESSÁRIOS

Além do emprego do meio adequado, é imprescindível que se faça o uso


com moderação, a fim de não se incorrer no chamado excesso de
legítima defesa.

3.4.4.6 LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA (IMAGINÁRIA)

É aquela em que, devido a um erro, o agente acredita existir injusta


agressão, atual ou iminente a direito seu ou de outrem.
É o exemplo mais do que já tratado em que Mévio coloca a mão no bolso
para pegar um lenço e Tício, achando que ele vai retirar uma arma,
efetua disparos.
Neste caso, NÃO OCORRE A EXCLUSÃO DA ILICITUDE.

LEGÍTIMA DEFESA REAL X LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA


A LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA, TECNICAMENTE, NÃO CARACTERIZA LEGÍTIMA
DEFESA, ISTO É, CAUSA DE EXCLUSÃO DA ANTIJURIDICIDADE.
NA VERDADE, A DENOMINADA LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA CARACTERIZA
ERRO DE TIPO, OU SEJA, O AGENTE TEM UMA FALSA PERCEPÇÃO DA
REALIDADE QUE FAZ COM QUE O MESMO PENSE QUE ESTÁ AGINDO EM UMA
SITUAÇÃO DE LEGÍTIMA DEFESA, QUANDO, DE FATO, NÃO ESTÁ SOFRENDO
AGRESSÃO ALGUMA.
A LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA EXCLUIRÁ O DOLO, ISTO É, O FATO TÍPICO,
MAS NÃO A ANTIJURIDICIDADE DA CONDUTA.

3.4.5 ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL

Diferentemente do que fez com o "estado de necessidade" e com a "legítima


defesa", o Código Penal não definiu o conceito de "estrito cumprimento de
dever legal", limitando-se a dizer que:

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Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: [...]
III – em estrito cumprimento de dever legal...

Sua conceituação, porém, é dada pela doutrina, como, por exemplo,


Fernando Capez, que assim define o estrito cumprimento do dever legal: "É
a causa de exclusão da ilicitude que consiste na realização de um fato
típico, por força do desempenho de uma obrigação imposta por lei, nos
exatos limites dessa obrigação". Em outras palavras, a lei não pode punir
quem cumpre um dever que ela impõe.
Dentro desse conceito, importante atentar para duas expressões: "dever
legal" e "cumprimento estrito".
O que vem a ser "dever legal"?
Como a própria expressão sugere, é uma obrigação imposta por lei,
significando que o agente, ao atuar tipicamente, não faz nada mais do que
cumprir uma obrigação.
Mas para que esta conduta, embora típica, seja lícita, é necessário que esse
dever derive, direta ou indiretamente, de "lei".
O que significa, por sua vez, o "cumprimento estrito"?
Quando a lei impõe determinada obrigação, existem limites, parâmetros,
para que tal obrigação seja cumprida, isto é, a lei só obriga ou impõe dever
até certo ponto e o agente obrigado só dever proceder até esse exato limite
imposto pela lei.
Dessa forma, exige-se que o agente tenha atuado dentro dos rígidos limites
do que obriga a lei ou determina a ordem que procura executar o comando
legal. Fora desses limites, desaparece a excludente, surgindo, então, o
abuso ou excesso.
Exemplo clássico de estrito cumprimento de dever legal é o do policial que
priva o fugitivo de sua liberdade ao prendê-lo em flagrante. Nesse caso, o
policial não comete crime de constrangimento ilegal ou abuso de
autoridade, por exemplo, pois que ao presenciar uma situação de flagrante
delito, a lei obriga que o policial efetue a prisão do respectivo autor,
preenchido, portanto, o requisito do dever legal.
Por outro lado, é necessário também que o policial se limite a cumprir
exatamente o que a lei lhe impõe, isto é, que o cumprimento desse dever
cinja-se estritamente ao imposto por tal lei.
Assim, basta que o policial prenda o agente flagrado, privando sua
liberdade. Haveria abuso ou excesso se o policial, depois de contido o
sujeito, continuasse desnecessariamente a fazer uso da força ou de ofensas
físicas contra aquele.
Outro exemplo tradicional é o do oficial de justiça que retira da casa de
alguém objetos de sua propriedade em cumprimento de mandado de
penhora contra aquela pessoa. Ora, por um lado, há o dever legal de assim

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agir, pois que o mandado judicial entregue ao oficial de justiça impõe-lhe o
dever de cumpri-lo, não havendo, portanto, crime de roubo, embora a
conduta seja típica.
Da mesma forma, necessário que o oficial de justiça permaneça nos limites
rígidos do que lhe impôs o mandado.
Assim, haveria o excesso por parte do servidor se, por exemplo, além da
penhora e seqüestro de um quadro valioso, de propriedade do executado,
aquele resolvesse penhorar e seqüestrar também outro bem do executado
não relacionado no "mandado judicial", apenas por imaginar que
futuramente teria que voltar àquela residência para fazer "reforço de
penhora".

3.4.5.1 ELEMENTO SUBJETIVO

Assim como as demais excludentes de ilicitude, o estrito cumprimento do


dever legal exige que o agente tenha consciência de que age sob essa
causa de justificação.
Em outras palavras, é preciso que o agente que praticou a conduta típica
tenha atuado querendo praticá-la, mas com a consciência de que
cumpria um dever imposto pela lei.
Dessa forma, se, por exemplo, o delegado de polícia, querendo vingar-se
de seu desafeto, prende-o sem qualquer justificativa, amedrontando-o
pelo fato de "ser delegado" e descobre, posteriormente, que já existia
mandado de prisão preventiva contra aquele cidadão, cabendo a ele,
delegado, cumpri-lo, nem por isso sua conduta deixa de ser criminosa,
porque atuou sem a consciência e sem a intenção de cumprir o seu
dever.
É pela necessidade desses elementos subjetivos que não é possível a
ocorrência do estrito cumprimento de dever legal na prática de condutas
típicas culposas, mas apenas em condutas dolosas. Aliás, todas as
excludentes de ilicitude só podem ser verificadas em crimes dolosos.

3.4.5 EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO

Trataremos agora da última excludente de ilicitude, presente no final do


artigo 23 do CP nos seguintes termos:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: [...]


III – [...] no exercício regular de direito.

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O exercício regular de direito pressupõe uma faculdade de agir atribuída,
regra geral, pelo ordenamento jurídico a alguma pessoa, pelo que a prática
de uma ação típica não configuraria um ilícito.
Mirabete cita como exemplos de exercício regular de direito:

• A correção dos filhos por seus pais;


• Prisão em flagrante por particular;
• No expulsar, quando da invasão da propriedade.

Em qualquer caso, não se pode ultrapassar os limites que a ordem jurídica


impõe ao exercício do direito. Caso os pais, a pretexto de corrigir os filhos,
incorram em maus-tratos, responderão pelo crime.

3.4.5.1 OFENDÍCULOS

Ofendículos são aparatos defensivos da


propriedade (cacos de vidro no muro, cercas de
arame farpado, maçanetas eletrificadas etc.).
Embora sejam considerados, por parte da
doutrina, como legítima defesa, são, na verdade,
exercício regular de um direito, pois faltaria o
elemento subjetivo da defesa à agressão.
Também se consideram exercício regular de direito as lesões ocorridas
na prática de esportes violentos, desde que toleráveis e dentro das
regras do esporte.

3.4.6 ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL X EXERCÍCIO


REGULAR DO DIREITO

Sabemos que tanto o estrito cumprimento de dever legal quanto o exercício


regular do direito são causas excludentes de ilicitude. Todavia, estes dois
importantes institutos do Direito Penal possuem diferenças claras. São elas:

ESTRITO CUMPRIMENTO DO EXERCÍCIO REGULAR DO


DIFERENCIAÇÕES
DEVER LEGAL DIREITO

FACULTATIVA O
COMPULSÓRIA O AGENTE AGENTE ESTÁ
NATUREZA ESTÁ OBRIGADO A CUMPRIR O AUTORIZADO A AGIR PELO
MANDAMENTO LEGAL ORDENAMENTO JURÍDICO,
MAS A ELE PERTENCE A

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OPÇÃO DE EXERCER O
DIREITO ASSEGURADO.

O DIREITO CUJO EXER-


CÍCIO SE AUTORIZA PODE
O DEVER DE AGIR TEM ORIGEM ADVIR DA LEI, DE REGU-
ORIGEM
EXCLUSIVAMENTE NA LEI LAMENTOS E, PARA PARTE
DA DOUTRINA, ATÉ MES-
MO DOS COSTUMES.

3.4.7 LEGÍTIMA DEFESA X ESTADO DE NECESSIDADE

Dentre as várias questões que aparecem em PROVA exigindo o


conhecimento das causas excludentes de ilicitude, sem dúvida, uma que
disputa a preferência dos examinadores é a que tenta confundir os
candidatos com os conceitos de legítima defesa e estado de necessidade.
Para que você não erre em prova, vou apresentar essas diferenças neste
tópico a fim de que você não se confunda. Vamos começar:

A) NO ESTADO DE NECESSIDADE, HÁ UM CONFLITO ENTRE


DOIS
S BENS JU URÍDICOOS EXPOSTTOS A PE ERIGO
O; NA
A
LEGÍTIMA DEFESA, UMA REPULSA A ATAQUE;

B) NO ESTADO DE NECESSIDADE, O BEM JURÍDICO É


EXPOSTOO A PERI
IGO; NA
A LE
EGÍ
ÍTIMA DEFEESA,, O DIRE
EITO
SOFRE UMAA AG
GRE
ESSÃ
ÃO ATUA
AL OU IMI
INE
ENTE;

C) NO
O EST
TADO DE NECE
ESS
SID
DADE
E, O PERIIGO
O PODE OU NÃO
ADVIR DA CONDUTA HUMANA; NA LEGÍTIMA DEFESA, A
AG
GRE
ESSÃÃO SÓ
Ó PODE SER PRA ATIC
CADDA POR PESSOOA
HUMANNA;

D) NO ESTTADO DE NECESSSID
DADE, A CO
ONDUTA PO
ODE SE
ER
DIRIGIDA CONTRA TERCEIRO INOCENTE; NA LEGÍTIMA
DEFE
ESA
A, SO
OME
ENTE CONTR
RA O AGR
RESS
SORR;

E) NO ESTTADO DE NECESSI IDAD


DE, A AGRESSSÃOO NÃO O
PRECI
ISA
A SE ER INNJU
USTA;; NAA LEGÍT
TIM
MA DEFESAA, POR
OUTRO LADO, SÓ EXISTE SE HOUVER INJUSTA AGRESS Ã O
(EX
XEMPLOO: DOIIS NÁ
ÁUF
FRAGOOS DISSPUT
TAND
DO A TÁ
ÁBUAA DE
SALVAÇÃO. UM AGRIDE O OUTRO PARA FICAR COM ELA,
MAS NENHHUMA A AGRE
ESSÃÃO É INJ
JUS
STA
A).

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3.5 EXCESSO

Há determinadas situações nas quais o agente, baseado em uma excludente


de ilicitude, age com excesso, ou seja, ultrapassa as barreiras do aceitável.
Sendo assim, o Código Penal, depois de apresentar as excludentes de ilicitude,
dispõe, no parágrafo único do artigo 23, que:

Art.23[...]
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

A expressão “em qualquer das hipóteses deste artigo” indica a penalização do


excesso, doloso ou culposo, em todas as causas legais genéricas de exclusão
de ilicitude. Podemos exemplificar:

• EXCESSO NO ESTADO DE NECESSIDADE O indivíduo, tentando


fugir do ataque de um cão feroz, quebra o vidro de um carro, quando
podia resguardar-se em uma casa que tinha à sua disposição.
O excesso no estado de necessidade recai na expressão “nem podia de
outro modo evitar”, presente no artigo 24 do CP.

• EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA Mévio, começa a jogar pedras em


Tício. Este por sua vez, pega a arma e efetua 14 disparos sendo 05 na
cabeça.
O excesso na legítima defesa ocorre quando o agente utiliza meios
desnecessários ou emprega os meios sem moderação.

• EXCESSO NO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL Tício,


policial, usa a força para prender Mévio e continua agredindo o agente
depois de preso.
O excesso no estrito cumprimento do dever legal resulta da não
observância, pelo agente, dos limites definidos pela lei.

• EXCESSO NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO Tício, visando à


boa educação de seu filho, Mévio, resolve, no exercício regular do direito
de corrigir o comportamento da criança, utilizar uma barra de ferro a
título de castigo físico.
O excesso no exercício regular de direito decorre da utilização abusiva do
direito consagrado pelo ordenamento jurídico.

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Do exposto até agora, podemos resumir:

EXCESSO
• NO ESTADO DE NECESSIDADE, RECAI NA EXPRESSÃO “NEM PODIA DE
OUTRO MODO EVITAR”.
• NA LEGÍTIMA DEFESA, OCORRE QUANDO O AGENTE UTILIZA MEIOS
DESNECESSÁRIOS OU EMPREGA OS MEIOS SEM MODERAÇÃO.
• NO ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL, RESULTA DA NÃO
OBSERVÂNCIA, PELO AGENTE, DOS LIMITES DEFINIDOS PELA LEI.
• NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO, DECORRE DO EXERCÍCIO
ABUSIVO DO DIREITO CONSAGRADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO.

3.5.1 ESPÉCIES DE EXCESSO

• DOLOSO OU CONSCIENTE É o excesso voluntário. O agente


dolosamente extrapola os limites legais. É o caso, por exemplo, de um
indivíduo que desarma um bandido e, posteriormente, com o ladrão já
imobilizado, dispara dois tiros em sua cabeça.

• CULPOSO OU INCONSCIENTE É o excesso que deriva de culpa


(negligência, imperícia ou imprudência) em relação à moderação e, para
alguns doutrinadores, também quanto à escolha dos meios necessários.
O agente, assim, responde por crime culposo. Exemplo: Tício, visando
defender-se de tapas efetuados por uma mulher, empurra Mévia que
tropeça, cai e bate com a cabeça, vindo a falecer.

Para finalizar, observe o que o STF dispõe sobre o tema:

"Depois da Reforma Penal em 1984, segundo o parágrafo único do


art. 23 do CP, o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo
em qualquer das causas de exclusão de ilicitude.

Desde então, tornou-se obrigatório o questionamento do excesso


doloso ou culposo, sempre que o Conselho de Sentença negar, na
excludente da legítima defesa, o uso dos meios necessários ou a
moderação no emprego dos meios.

Pela ordem de precedência, questiona-se em primeiro lugar o


excesso doloso, porquanto o Júri, até ali, negou a legítima defesa,

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prevalecendo ainda a prática do fato criminoso a título de dolo, pois
ação é única. Respondido afirmativamente, estará o réu condenado
por crime doloso.

Negado, questiona-se o excesso culposo. Negado ambos, o réu


estará absolvido, pois o Júri reconheceu o excesso casual. Se o Juiz
Presidente deixa de questionar o excesso doloso, indagando apenas
o excesso culposo, ocorrerá nulidade por deficiência dos quesitos,
independentemente de protesto no momento próprio, pois se trata
de quesito obrigatório. Tem incidência a Súmula 156 do STF" (nº
697023711, Rel. Des. Danúbio Edon Franco. j. 25.6.97, DJ 8.8.97,
p. 31).”

************************************************************

Parabéns! Chegamos ao término de mais uma aula.

Para complementar o seu aprendizado, apresento abaixo um resumo sobre


os principais temas abordados até agora (Teoria do Crime).

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

"Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo."


(José Saramago)

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RESUMO

TEORIA GERAL DO CRIME

01) Sujeito ativo do crime: É quem pratica o fato descrito na norma penal
incriminadora; só o Homem possui a capacidade para delinqüir.

02) Capacidade penal: É o conjunto das condições exigidas para que um


sujeito possa tornar-se titular de direitos ou obrigações no campo de Direito
Penal.

03) Sujeito passivo do crime: É o titular do interesse cuja ofensa constitui a


essência do crime.

04) Objeto do delito: É aquilo contra que se dirige a conduta humana que o
constitui.

05) Crimes comuns e especiais: Comuns são os descritos no Direito Penal


comum; especiais, os definidos no Direito Penal especial.

06) Crimes comuns e próprios: Comum é o que pode ser praticado por
qualquer pessoa; Ex: furto, estelionato, homicídio, etc.;

Crime próprio é o que só pode ser cometido por uma determinada categoria de
pessoas, pois pressupõe no agente uma particular condição ou qualidade
pessoal. Ex: Crimes praticados por funcionários contra a Administração
Pública.

07) Crimes materiais, formais e de mera conduta: Os crimes materiais,


formais e de mera conduta são assim classificados em relação ao seu
resultado.

Crime material é aquele em que há necessidade de um resultado externo à


ação, descrito na lei, e que se destaca lógica e cronologicamente da conduta
(ex.: no homicídio: morte).

Crime formal é aquele em que não há necessidade de realização daquilo que é


pretendido pelo agente e o resultado jurídico previsto no tipo ocorre em
concomitância com o desenrolar da conduta (ex: no delito de ameaça, a
consumação dá-se com a prática do fato, não se exigindo que a vítima
realmente fique intimidada; no de injúria, é suficiente que ela exista,
independentemente da reação psicológica do indivíduo).

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No crime de mera conduta, a lei não exige qualquer resultado naturalístico,
contentando-se com a ação ou omissão do agente. Em outras palavras, o
crime é classificado como sendo de mera conduta quando não é relevante o
resultado material (ex.: violação de domicílio, ato obsceno, omissão de
notificação de doença e a maioria das contravenções).

08) Crimes comissivos: São os praticados mediante ação; o sujeito faz


alguma coisa.

09) Crimes omissivos: São os praticados mediante inação; o sujeito deixa de


fazer alguma coisa; podem ser:

a) omissivos próprios: São os que se perfazem com a simples abstenção da


realização de um ato, independentemente de um resultado posterior.

b) omissivos impróprios: São aqueles em que o sujeito, mediante uma


omissão, permite a produção de um resultado posterior, que os condiciona.

10) Crimes permanentes: São os que causam uma situação danosa ou


perigosa que se prolonga no tempo; o momento consumativo se protrai no
tempo. Ex: Sequestro, cárcere privado;

11) Crime continuado: Diz-se que há crime continuado quando o agente,


mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser tidos como continuação do
primeiro .

12) Crimes habitual e profissional: Habitual é a reiteração da mesma


conduta reprovável, de forma a constituir um estilo ou hábito de vida. Ex:
curandeirismo.

13) Elementos do fato típico (de forma geral): Para a integração do fato
típico, concorre, primeiramente, uma ação ou omissão, uma vez que,
consistindo na violação de um preceito legal, supõe um comportamento
humano;

A ação humana, porém, não é suficiente para compor o primeiro requisito do


crime; é necessário um resultado;

Todavia, entre a conduta e o resultado se exige uma relação de causalidade;


finalizando, para que um fato seja típico, é necessário que os elementos acima
expostos estejam descritos como crime.

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Resumindo:

Elementos do fato típico:

1-Conduta - é toda ação humana ou omissão consciente e dirigida a uma


finalidade; dolosa ou culposa. A princípio, pune-se apenas quando há vontade
(dolo), porém, como exceção, pune-se quando não há vontade, mas há
negligência.

2-Nexo Causal - é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado;

3-Resultado - é a modificação do mundo exterior causada pela conduta.

4-Tipicidade - é a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato


natural, concreto e a descrição contida na norma penal incriminadora.

14) Tipo: É o conjunto dos elementos descritivos do crime contidos na lei


penal; varia segundo o crime considerado.

Crime Doloso

15) Conceito: Dolo é a vontade de concretizar as características objetivas do


tipo; constitui elemento subjetivo do tipo (implícito).

16) Elementos do dolo: Presentes os requisitos da consciência e da vontade,


o dolo possui os seguintes elementos:

a) consciência da conduta e do resultado;

b) consciência da relação causal objetiva entre a conduta e o resultado;

c) vontade de realizar a conduta e produzir o resultado.

17) Dolo direto e indireto: No dolo direto, o sujeito visa a certo e


determinado resultado. Ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com
intenção de matá-la, projetando-se de forma direta no resultado morte;

Há dolo indireto quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e


determinado resultado; possui duas formas:

a) dolo alternativo: quando a vontade do sujeito se dirige a um outro


resultado; ex: o agente desfere golpes de faca na vítima com intenção
alternativa de ferir ou matar;

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b) dolo eventual: ocorre quando o sujeito assume o risco de produzir o
resultado, isto é, admite e a aceita o risco de produzi-lo.

18) Dolo genérico e específico: dolo genérico é a vontade de realizar fato


descrito na norma penal incriminadora; dolo específico é a vontade de praticar
o fato e produzir um fim especial.

Crime Culposo

19) Noção: Quando se diz que a culpa é elemento do tipo, faz-se referência à
inobservância do dever de diligência;

A todos no convívio social é determinada a obrigação de realizar condutas de


forma a não produzir danos a terceiros; é o denominado cuidado objetivo. A
conduta torna-se típica a partir do instante em que não se tenha manifestado o
cuidado necessário nas relações com outrem, ou seja, a partir do instante em
que não corresponda ao comportamento que teria adotado uma pessoa dotada
de discernimento e prudência, colocada nas mesmas circunstâncias que o
agente.

A inobservância do cuidado necessário objetivo é o elemento do tipo.

20) Elementos do fato típico culposo: São seus elementos a conduta


humana e voluntária de fazer ou não fazer, a inobservância do cuidado
objetivo manifestada através da imprudência, negligência ou imperícia, a
previsibilidade objetiva, a ausência de previsão, o resultado involuntário, o
nexo de causalidade e a tipicidade.

21) Imprudência: É a prática de um fato perigoso; ex: dirigir veículo em rua


movimentada com excesso de velocidade.

22) Negligência: É a ausência de precaução ou indiferença em relação ao ato


realizado; ex: deixar arma de fogo ao alcance de uma criança.

23) Imperícia: É a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão.

24) Culpa consciente e inconsciente: Na inconsciente, o resultado não é


previsto pelo agente, embora previsível; é a culpa comum que se manifesta
pela imprudência, negligência ou imperícia.

Na consciente, o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente


que não ocorra ou que pode evitá-lo.

25) Culpa própria e imprópria: Culpa própria é a comum, em que o

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resultado não é previsto, embora seja previsível; nela, o agente não quer o
resultado nem assume o risco de produzi-lo; na imprópria, o resultado é
previsto e querido pelo agente, que labora em erro de tipo inescusável ou
vencível.

26) Compensação e concorrência de culpas: A compensação de culpas é


incabível em matéria penal; não se confunde com a concorrência de culpas;

Suponha-se que 2 veículos se choquem num cruzamento, produzindo


ferimentos nos motoristas e provando-se que agiram culposamente; trata-se
de concorrência de culpas; os dois respondem por crime de lesão corporal
culposa.

Crime Preterdoloso

27) Conceito: Podemos conceituar como crime preterdoloso aquele em que


há dolo na conduta inicial do agente e o resultado desta é diverso do almejado
por este, em outras palavras, o agente ao agir dolosamente obtém um
resultado lesivo diferente do almejado, mais gravoso - é o que ocorre quando
o agente quer o mínimo de dano à vítima, contudo lhe causa dano desastroso,
como, por exemplo, uma lesão corporal seguida de morte. Portanto, ao final,
concluímos que nos crimes preterdolosos há um misto de dolo na conduta
inicial e a culpa no resultado.

Erro de Tipo

28) Conceito: É o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da


figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou
dados secundários da norma penal incriminadora.

É o que faz o sujeito supor a ausência de elemento ou circunstância da figura


típica incriminadora ou a presença de requisitos da norma permissiva.

Ex: Sujeito dispara um tiro de revólver no que supõe ser uma animal bravio,
vindo a matar um homem; o erro de tipo pode ser essencial e acidental.

29) Efeito: O erro de tipo exclui sempre o dolo, seja evitável ou inevitável;
como o dolo é elemento do tipo, a sua presença exclui a tipicidade do fato
doloso, podendo o sujeito responder por crime culposo, desde que seja típica a
modalidade culposa.

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30) Descriminantes putativas: Ocorrem quando o sujeito, levado a erro
pelas circunstâncias do caso concreto, supõe agir em face de uma causa
excludente de ilicitude.

É possível que o sujeito, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,


suponha encontrar-se em face de estado de necessidade, de legítima defesa,
de estrito cumprimento do dever legal ou do exercício regular de direito;
quando isso ocorre, aplica-se o disposto no art. 20, § 1º, 1ª parte: “é isento de
pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima”.

31) Erro provocado por terceiro: Responde pelo crime o terceiro que
determina o erro (20, § 2º).

32) Erro sobre objeto: Ocorre quando o sujeito supõe que sua conduta recai
sobre determinada coisa, sendo que na realidade incide sobre outra. É o caso
do sujeito subtrair açúcar supondo tratar-se de farinha.

33) Erro sobre pessoa: Ocorre quando há erro de representação, em face do


qual o sujeito atinge uma pessoa supondo tratar-se da que pretendia ofender;
ele pretende atingir certa pessoa, vindo a ofender outra inocente, pensando
tratar-se da primeira.

34) Erro na execução (aberratio ictus): Ocorre quando o sujeito,


pretendendo atingir uma pessoa, vem a ofender outra. Há disparidade entre a
relação de causalidade pretendida pelo agente e o nexo causal realmente
produzido. Ele pretende que, em conseqüência de seu comportamento, seja
produzido um resultado contra Antônio. Realiza a conduta e causa evento
contra Pedro.

Crime Consumado

35) Conceito: Determina o art. 14, I, do CP, que o crime se diz consumado
quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

A noção da consumação expressa total conformidade do fato praticado pelo


agente com a hipótese abstrata descrita pela norma penal incriminadora.

36) A consumação nos crimes materiais: Nos crimes materiais, de ação e


resultado, o momento consumativo é o da produção deste; assim, consuma-se
o homicídio com a morte da vítima.

37) Crimes culposos: A consumação ocorre com a produção do resultado;

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assim, no homicídio culposo, o momento consumativo é aquele em que se
verifica a morte da vítima.

38) Crimes de mera conduta: A consumação se dá com a simples ação; na


violação de domicílio, uma das formas de consumação é a simples entrada.

39) Crimes formais: A consumação ocorre com a conduta típica


imediatamente anterior à fase do evento, independentemente da produção do
resultado descrito no tipo.

40) Crimes permanentes: A consumação se protrai no tempo desde o


instante em que se reúnem os seus elementos até que cesse o comportamento
do agente.

41) Crime omissivo próprio: Tratando-se de crime que se perfaz com o


simples comportamento negativo (ou ação diversa), não se condicionando à
produção de um resultado ulterior, o momento consumativo ocorre no instante
da conduta.

42) Crime omissivo impróprio: A consumação se verifica com a produção


do resultado, visto que a simples conduta negativa não o perfaz, exigindo-se
um evento naturalístico posterior.

43) Iter Criminis: É o conjunto das fases pelas quais passa o delito; compõe-
se das seguintes etapas:

a) cogitação;

b) atos preparatórios;

c) execução;

d) consumação.

Tentativa

44) Conceito: É a execução iniciada de um crime que não se consuma por


circunstâncias alheias à vontade do agente. Seus elementos são o início da
execução e a não-consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente.

45) Tentativa perfeita e imperfeita: Quando o processo executório é


interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente, fala-se em
tentativa imperfeita ou tentativa propriamente dita.

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Quando a fase de execução é integralmente realizada pelo agente, mas o
resultado não se verifica por circunstâncias alheias à sua vontade, diz-se que
há tentativa perfeita ou crime falho.

46) Infrações que não admitem tentativa:

1. Crimes culposos;
2. Crimes preterdolosos;
3. Crimes unisubsistentes;
4. Crimes omissivos próprios;
5. Contravenções penais;
6. Crimes condicionados;
7. Crimes habituais.

47) Aplicação da pena: Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao


crime consumado, diminuída de um a dois terços.

A diminuição de um a dois terços não decorre da culpabilidade do agente, mas


da própria gravidade do fato constitutivo da tentativa. Quanto mais o sujeito
se aproxima da consumação, menor deve ser a diminuição da pena (1/3).
Quanto menos ele se aproxima da consumação, maior deve ser a atenuação
(2/3).

48) Desistência voluntária: Consiste numa abstenção de atividade: o sujeito


cessa o seu comportamento delituoso; assim, só ocorre antes de o agente
esgotar o processo executivo.

49) Arrependimento eficaz: Tem lugar quando o agente, tendo já ultimado


o processo de execução do crime, desenvolve nova atividade impedindo a
produção do resultado.

50) Arrependimento posterior: Nos termos do art. 16 do CP, “nos crimes


cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”.

51) Crime impossível: É também chamado de quase-crime; tem disciplina


jurídica contida no art. 17 do CP:

“não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por


absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”.

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Há dois casos de crime impossível:

a) por ineficácia absoluta do meio;

b) por impropriedade absoluta do objeto;

Dá-se o primeiro quando o meio empregado pelo agente, pela sua própria
natureza, é absolutamente incapaz de produzir o evento; Ex.: o agente,
pretendendo matar a vítima mediante veneno, ministra açúcar em sua
alimentação, supondo-o arsênico.

Dá-se o segundo caso quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria
recair a conduta ou quando, pela situação ou condição, torna-se impossível a
produção do resultado visado pelo agente.

Nos dois casos, não há tentativa por ausência de tipicidade.

Para que ocorra o crime impossível, é preciso que a ineficácia do meio e a


impropriedade do objeto sejam absolutas; se forem relativas, haverá tentativa.

52) Antijuricidade: É a contradição do fato, eventualmente adequado ao


modelo legal, com a ordem jurídica, constituindo lesão a um interesse
protegido.

53) Causas de exclusão da antijuricidade: A antijuricidade pode ser


afastada por determinadas causas, as determinadas causas de exclusão de
antijuricidade. Quando isso ocorre, o fato permanece típico, mas não há crime.

Excluindo-se a ilicitude, e sendo ela requisito do crime, fica excluído o próprio


delito e, em conseqüência, o sujeito deve ser absolvido.

São causas de exclusão de antijuricidade, previstas no art. 23 do CP:

1 - ESTADO DE NECESSIDADE;

2 - LEGÍTIMA DEFESA;

3 - ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL;

4 - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO.

54) Estado de necessidade: É uma situação de perigo atual de interesses


protegidos pelo direito, em que o agente, para salvar um bem próprio ou de
terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem; perigo

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atual é o presente, que está acontecendo; iminente é o prestes a desencadear-
se.

55) Legítima defesa: Nos termos do art. 25 do CP, entende-se em legítima


defesa quem, usando moderadamente os meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

56) Estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito:


Determina o art. 23, III, do CP, que não há crime quando o sujeito pratica o
fato em estrito cumprimento do dever legal. É causa de exclusão da
antijuricidade.

O art. 23, III, parte final, do CP, determina que não há crime quando o agente
pratica o fato no exercício regular de direito. Desde que a conduta se enquadre
no exercício de um direito, embora típica, não apresenta o caráter de
antijurídica.

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PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

DO CRIME

Art. 14 - Diz-se o crime:

Tentativa

II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.

Pena de tentativa

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a


pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução


ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa,


reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois
terços.

Crime impossível

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou


por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Excesso punível

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Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não
era razoável exigir-se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de


enfrentar o perigo.

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena


poderá ser reduzida de um a dois terços.

Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos


meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.

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EXERCÍCIOS

1. (CESPE / Analista - STM / 2011) Por expressa disposição legal, não


há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito
ou em estrito cumprimento de dever legal.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Questão simples e que exige o conhecimento do art. 23 do
Código Penal:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito

2. (CESPE / Analista – TJ-ES / 2011) Na tentativa perfeita, também


denominada quase-crime, o agente realiza todos os atos executórios,
mas não atinge a consumação por circunstâncias alheias à sua
vontade.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Pegadinha da banca! Na prova em que a questão foi exigida,
muitos candidatos consideraram que a assertiva estava correta, pois traz a
definição exata de tentativa perfeita.
Ocorre, todavia, que a tentativa perfeita não é denominada “quase-crime”,
mas “crime falho”. A denominação “quase crime” é atribuída ao crime
impossível.

3. (CESPE / PC – PB / 2009) Um indivíduo, portador do vírus da AIDS,


manteve regularmente relações sexuais com sua namorada, com a
intenção de matá-la por meio do contágio da doença. A namorada não
tinha conhecimento do estado patológico de seu parceiro. Dias após,
foi constatado, por meio de exames médicos e laboratoriais, que houve
efetivamente a transmissão do vírus, apesar de os efeitos da doença

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ainda não terem se manifestado, não impedindo, portanto, o
desempenho das atividades cotidianas da pessoa infectada. Nessa
situação hipotética, o indivíduo portador do vírus:

A) não cometeu ilícito penal, uma vez que se trata de crime impossível.
B) cometeu tentativa de homicídio.
C) cometeu o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem.
D) cometeu o crime de perigo de contágio venéreo.
E) cometeu o crime de perigo de contágio de moléstia grave.

GABARITO: B
COMENTÁRIOS: Esta situação não é muito comum em provas, mas, como
abrange uma parte importante da matéria, resolvi colocá-la.
Qual era a VONTADE do agente? MATAR A NAMORADA.
Ele conseguiu? Não, por fatores alheios à sua vontade (não importa quais são
esses fatores).
Logo, responde por:
TENTATIVA DE HOMICÍDIO!!!
Este deve ser o raciocínio utilizado em sua prova.

4. (CESPE / PC-DF / 2005) Entre as alternativas abaixo, é correto


afirmar que os ofendículos excluem:

a) o nexo causal;
b) a culpabilidade;
c) a imputabilidade;
d) a ilicitude;
e) a culpa.

GABARITO: D
COMENTÁRIOS: Ofendículos são artefatos utilizados para o resguardo do
patrimônio, tais como cercas elétricas, cacos de vidro etc. Se um indivíduo

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tenta invadir uma casa e morre com a alta voltagem da cerca, os donos da
propriedade estarão amparados e a ilicitude da conduta será excluída.

5. (CESPE / Polícia Federal / 2009) Para que se configure a legítima


defesa, faz-se necessário que a agressão sofrida pelo agente seja
antijurídica, contrária ao ordenamento jurídico, configurando, assim,
um crime.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A legítima defesa encontra previsão no art. 25 do Código
Penal:

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

O que exige o dispositivo legal é que a agressão seja INJUSTA e não,


necessariamente, ANTIJURÍDICA.

6. (CESPE / OAB / 2009) Considera-se em estado de necessidade


quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
sua vontade nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Reproduz o art. 24 do Código Penal:

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o


fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se.

7. (CESPE / OAB / 2009) Considera-se causa supralegal de exclusão de


ilicitude a inexigibilidade de conduta diversa.

GABARITO: ERRADA

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COMENTÁRIOS: O Código Penal, no artigo 23, elenca as causas de exclusão
da ilicitude, quais sejam, estado de necessidade, legítima defesa, estrito
cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.
Existem outras causa que excluem a ilicitude, que não são encontradas na lei,
são as chamadas causas supralegais de exclusão de ilicitude como o
consentimento do ofendido e para alguns a inexigibilidade de conduta diversa.
Grande parte da doutrina considera a inexigibilidade de conduta diversa como
uma causa de exclusão da culpabilidade e este é o entendimento das bancas
de prova.

8. (CESPE / OAB / 2009) Um bombeiro em serviço não pode alegar


estado de necessidade para eximir-se de seu ofício, visto que tem o
dever legal de enfrentar o perigo.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Nos termos do art. 24 § 1º, não pode alegar estado de
necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.

9. (CESPE / OAB / 2009) Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Reproduz perfeitamente o art. 25 do código Penal:

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,
atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

10. (CESPE / OAB / 2009) O agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza
responderá pelo crime consumado com causa de redução de pena de
um a dois terços.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A questão exige do candidato o conhecimento do art. 15 do
Código Penal que trata da desistência voluntária e do arrependimento eficaz.
Segundo o dispositivo legal não ocorre redução de pena, mas sim responde o
agente pelos atos já praticados. Observe:

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Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde
pelos atos já praticados.

11. (CESPE / OAB / 2009) A desistência voluntária e o arrependimento


eficaz, espécies de tentativa abandonada ou qualificada, passam por
três fases: o início da execução, a não consumação e a interferência da
vontade do próprio agente.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: O arrependimento eficaz e a desistência voluntária são
espécies de tentativa abandonada ou qualificada.
Nelas o resultado não se produz por força da vontade do agente, ao contrário
da tentativa, em que atuam circunstâncias alheias e essa vontade. Pressupõe
um resultado que o agente pretendia produzir, mas que, em um segundo
momento, desistiu ou se arrependeu.
Segundo a doutrina majoritária, passam pelas três fases descritas na questão:
o início da execução, a não consumação e a interferência da vontade do
próprio agente.

12. (CESPE / OAB / 2009) Crimes de mera conduta e formais


comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a
execução, o resultado naturalístico pode ser evitado.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Nos crimes de mera conduta e nos crimes formais a
consumação INDEPENDE do resultado, logo não há que se falar em
arrependimento eficaz.

13. (CESPE / OAB / 2009) A natureza jurídica do arrependimento


posterior é a de causa geradora de atipicidade absoluta da conduta,
que provoca a adequação típica indireta, de forma que o autor não
responde pela tentativa, mas pelos atos até então praticados.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Tenta confundir o candidato com os conceitos de
arrependimento eficaz e arrependimento posterior.
No arrependimento eficaz responde o agente pelos atos já praticados enquanto
no arrependimento posterior, diferentemente do disposto na assertiva, é
cabível uma redução de pena de um a dois terços.

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Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à


pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.

14. (CESPE / OAB / 2009) O crime de homicídio não admite tentativa


branca.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Tentativa branca é sinônima de tentativa acabada, perfeita
ou crime falho. É aquela da qual não resulta nenhum dano ao bem jurídico
visado pelo agente. Exemplo: Paulo saca de seu revólver e atira contra Tício,
disparando todos os seis cartuchos do tambor, com o objetivo de matá-lo,
contudo nenhum dos disparos acerta a vítima.
No caso apresentado, responderá o agente pela tentativa de homicídio o que
torna incorreta a questão.

15. (CESPE / Procurador-BACEN / 2009) Em crimes cometidos sem


violência ou grave ameaça a pessoa, a pena será reduzida de um a dois
terços se, por ato voluntário do agente, for reparado o dano ou
restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: Enuncia perfeitamente o arrependimento posterior previsto
no art. 16 do Código Penal:

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à


pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena
será reduzida de um a dois terços.

16. (CESPE / Analista judiciário – TRE-MA / 2009) Tentativa imperfeita


ocorre quando o agente pratica todos os atos de execução, mas não
chega a atingir a vítima.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A questão trata da tentativa branca e não da imperfeita.
Nesta última o agente inicia a execução, mas não utiliza todos os meios de que
dispõe.

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É o caso do indivíduo que começa a atirar e, no 3º disparo, é interrompido pela
chegada de policiais que estavam passando pelo local.

17. (CESPE / MPU / 2010) No sistema penal brasileiro, o


arrependimento posterior, a desistência voluntária e o arrependimento
eficaz são causas obrigatórias de diminuição de pena, previstas na
parte geral do Código Penal, exigindo-se, para sua incidência, que o
fato delituoso tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à
pessoa.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: A desistência voluntária e o arrependimento eficaz
caracterizam-se, respectivamente, quando o agente , voluntariamente, desiste
de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza. Quando
cabível a aplicação dos citados institutos, o agente só responde pelos atos já
praticados e é indiferente que tenha havido violência ou grave ameaça.
O arrependimento posterior tem sua definição no art. 16 do CP segundo o qual
nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por
ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Do exposto, percebe-se que apenas o arrependimento posterior constitui causa
de diminuição da pena.

18. (CESPE / Analista Judiciário – TRE-MT / 2010) Pode alegar estado


de necessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, desde
que demonstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito
próprio cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Conforme preceituado no § 1° do art. 24 do Código Penal,
não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo. Assim, bombeiros, salva-vidas e policiais, dentre outros, por força de
mandamento legal, possuem o dever de enfrentar situações perigosas.

19. (CESPE / Analista Judiciário – TRE-MT / 2010) Agindo o sujeito


ativo em legítima defesa, havendo excesso em sua conduta, ele
somente responderá pelo excesso se o praticar de forma dolosa, não
havendo a previsão de responsabilidade pelo excesso culposo.

GABARITO: ERRADA.

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COMENTÁRIOS: Dispõe o art. 23, parágrafo único, que o agente, em
qualquer das hipóteses do artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Essa regra é válida para as quatro excludentes de antijuridicidade, quais
sejam, estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever
legal e exercício regular de direito.

20. (CESPE / Administração – PM-DF / 2010) Em relação ao estado de


necessidade, que constitui uma das causas excludentes de
antijuridicidade, o direito penal brasileiro adotou a teoria unitária.

GABARITO: CERTA
COMENTÁRIOS: O Código Penal brasileiro adotou a teoria unitária, na qual
todo estado de necessidade é justificante, ou seja, afasta a ilicitude do fato
típico praticado pelo agente. Já na teoria diferenciadora faz-se a distinção
entre estado de necessidade justificante (excludente de ilicitude) e o
exculpante (excludente de culpabilidade), através de ponderação de bens.

21. (CESPE / Procurador-BACEN / 2009) Se, em um supermercado


dotado de sistema eletrônico de vigilância, um cliente colocar diversos
objetos do estabelecimento dentro de sua bolsa, com intenção de
subtraí-los para si, a simples presença do sistema eletrônico de
vigilância no supermercado tornará o crime impossível.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Segundo entendimento jurisprudencial, a existência de um
sistema eletrônico de vigilância não é suficiente para a caracterização do crime
impossível.

22. (CESPE / Analista - STM / 2011) No ordenamento jurídico nacional,


admitem-se, de forma expressa, as causas supralegais de exclusão de
antijuridicidade.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIAS: Não se pode falar em previsão legal de causa "supralegal", já
que são causas, como o próprio nome diz, que não estão presentes no
ordenamento jurídico. Um exemplo de causa supralegal é o consentimento do
ofendido.

23. (CESPE / Delegado - PC-AL / 2012) Considere que Pedro,


penalmente imputável, pretendendo matar Rafael, seu desafeto,
aponta em sua direção uma arma de fogo e aperta o gatilho por

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diversas vezes, não ocorrendo nenhum disparo em razão de defeito
estrutural da arma que, de forma absoluta, impede o seu
funcionamento. Nessa situação, Pedro será punido pela tentativa
delituosa, porquanto agiu com manifesta vontade de matar José.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Conforme prevê o art. 17, do CP, não se pune a tentativa
quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
objeto, é impossível consumar-se o crime.

24. (CESPE / Analista Processual - TJ-RO / 2012) A tentativa perfeita


ou crime falho é aquela na qual o agente interrompe a atividade
executória e não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua
vontade.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Na tentativa perfeita o agente conclui os atos executorios, no
entanto, não atinge o resultado pretendido por circunstancias alheias a sua
vontade. Diferentemente, na tentativa imperfeita, agente nao consegue
concluir os atos executorios.

25. (CESPE / Analista Processual - TJ-RO / 2012) O crime tentado é


punido da mesma forma que o crime consumado, pois o que vale é a
intenção do agente.

GABARITO: ERRADA
COMENTÁRIOS: Nos termos do artigo 14 do CP, pune-se a tentativa com a
pena correspondente ao crime consumado diminuida de um a dois terços.

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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS

1. (CESPE / Analista - STM / 2011) Por expressa disposição legal, não


há crime quando o agente pratica o fato no exercício regular de direito
ou em estrito cumprimento de dever legal.

2. (CESPE / Analista – TJ-ES / 2011) Na tentativa perfeita, também


denominada quase-crime, o agente realiza todos os atos executórios,
mas não atinge a consumação por circunstâncias alheias à sua
vontade.

3. (CESPE / PC – PB / 2009) Um indivíduo, portador do vírus da AIDS,


manteve regularmente relações sexuais com sua namorada, com a
intenção de matá-la por meio do contágio da doença. A namorada não
tinha conhecimento do estado patológico de seu parceiro. Dias após,
foi constatado, por meio de exames médicos e laboratoriais, que houve
efetivamente a transmissão do vírus, apesar de os efeitos da doença
ainda não terem se manifestado, não impedindo, portanto, o
desempenho das atividades cotidianas da pessoa infectada. Nessa
situação hipotética, o indivíduo portador do vírus:

A) não cometeu ilícito penal, uma vez que se trata de crime impossível.
B) cometeu tentativa de homicídio.
C) cometeu o crime de perigo para a vida ou saúde de outrem.
D) cometeu o crime de perigo de contágio venéreo.
E) cometeu o crime de perigo de contágio de moléstia grave.

4. (CESPE / PC-DF / 2005) Entre as alternativas abaixo, é correto


afirmar que os ofendículos excluem:

a) o nexo causal;
b) a culpabilidade;
c) a imputabilidade;
d) a ilicitude;
e) a culpa.

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5. (CESPE / Polícia Federal / 2009) Para que se configure a legítima


defesa, faz-se necessário que a agressão sofrida pelo agente seja
antijurídica, contrária ao ordenamento jurídico, configurando, assim,
um crime.

6. (CESPE / OAB / 2009) Considera-se em estado de necessidade


quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por
sua vontade nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

7. (CESPE / OAB / 2009) Considera-se causa supralegal de exclusão de


ilicitude a inexigibilidade de conduta diversa.

8. (CESPE / OAB / 2009) Um bombeiro em serviço não pode alegar


estado de necessidade para eximir-se de seu ofício, visto que tem o
dever legal de enfrentar o perigo.

9. (CESPE / OAB / 2009) Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem.

10. (CESPE / OAB / 2009) O agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza
responderá pelo crime consumado com causa de redução de pena de
um a dois terços.

11. (CESPE / OAB / 2009) A desistência voluntária e o arrependimento


eficaz, espécies de tentativa abandonada ou qualificada, passam por
três fases: o início da execução, a não consumação e a interferência da
vontade do próprio agente.

12. (CESPE / OAB / 2009) Crimes de mera conduta e formais


comportam arrependimento eficaz, uma vez que, encerrada a
execução, o resultado naturalístico pode ser evitado.

13. (CESPE / OAB / 2009) A natureza jurídica do arrependimento


posterior é a de causa geradora de atipicidade absoluta da conduta,
que provoca a adequação típica indireta, de forma que o autor não
responde pela tentativa, mas pelos atos até então praticados.

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14. (CESPE / OAB / 2009) O crime de homicídio não admite tentativa
branca.

15. (CESPE / Procurador-BACEN / 2009) Em crimes cometidos sem


violência ou grave ameaça a pessoa, a pena será reduzida de um a dois
terços se, por ato voluntário do agente, for reparado o dano ou
restituída a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa.

16. (CESPE / Analista judiciário – TRE-MA / 2009) Tentativa imperfeita


ocorre quando o agente pratica todos os atos de execução, mas não
chega a atingir a vítima.

17. (CESPE / MPU / 2010) No sistema penal brasileiro, o


arrependimento posterior, a desistência voluntária e o arrependimento
eficaz são causas obrigatórias de diminuição de pena, previstas na
parte geral do Código Penal, exigindo-se, para sua incidência, que o
fato delituoso tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à
pessoa.

18. (CESPE / Analista Judiciário – TRE-MT / 2010) Pode alegar estado


de necessidade quem tem o dever legal de enfrentar o perigo, desde
que demonstre que praticou o fato para salvar de perigo atual direito
próprio cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

19. (CESPE / Analista Judiciário – TRE-MT / 2010) Agindo o sujeito


ativo em legítima defesa, havendo excesso em sua conduta, ele
somente responderá pelo excesso se o praticar de forma dolosa, não
havendo a previsão de responsabilidade pelo excesso culposo.

20. (CESPE / Administração – PM-DF / 2010) Em relação ao estado de


necessidade, que constitui uma das causas excludentes de
antijuridicidade, o direito penal brasileiro adotou a teoria unitária.

21. (CESPE / Procurador-BACEN / 2009) Se, em um supermercado


dotado de sistema eletrônico de vigilância, um cliente colocar diversos
objetos do estabelecimento dentro de sua bolsa, com intenção de
subtraí-los para si, a simples presença do sistema eletrônico de
vigilância no supermercado tornará o crime impossível.

22. (CESPE / Analista - STM / 2011) No ordenamento jurídico nacional,


admitem-se, de forma expressa, as causas supralegais de exclusão de
antijuridicidade.
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23. (CESPE / Delegado - PC-AL / 2012) Considere que Pedro,
penalmente imputável, pretendendo matar Rafael, seu desafeto,
aponta em sua direção uma arma de fogo e aperta o gatilho por
diversas vezes, não ocorrendo nenhum disparo em razão de defeito
estrutural da arma que, de forma absoluta, impede o seu
funcionamento. Nessa situação, Pedro será punido pela tentativa
delituosa, porquanto agiu com manifesta vontade de matar José.

24. (CESPE / Analista Processual - TJ-RO / 2012) A tentativa perfeita


ou crime falho é aquela na qual o agente interrompe a atividade
executória e não consuma o crime por circunstâncias alheias à sua
vontade.

25. (CESPE / Analista Processual - TJ-RO / 2012) O crime tentado é


punido da mesma forma que o crime consumado, pois o que vale é a
intenção do agente.

GABARITO

1-C 2-E 3-B 4-D 5-E

6-C 7-E 8-C 9-C 10-E

11-C 12-E 13-E 14-E 15-C

16-E 17-E 18-E 19-E 20-C

21-E 22-E 23-E 24-E 25-E

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