Imagem dos índios O Modo simplificador e estereotipado pela historiografia mais tradicional e pelos livros didáticos que a reproduzem.
O Objetivo do autor: discutir o que há nas estruturas
cognitivas profunda e longamente inculcadas na maneira de pensar a história brasileira que orientam a percepção
- Estruturas permitem a reprodução de um certo
universo imaginário em que os indígenas permanecem como povos ausentes, imutáveis, dotados de essências ahistóricas Imagem dos índios O Nos livros didáticos – como objeto de preconceito:
- Nunca saem dos primeiros capítulos dos
livros didáticos;
- Referidos vaga e genericamente como um
dos componentes do povo e da nacionalidade brasileiros;
- algumas vezes tidos como vítimas de uma
terrível “injustiça histórica”, os verdadeiros senhores da terra. Imagem dos índios O Deficiências na imagem: - Não são atores históricos concretos, dotados de trajeto próprio - Não participantes de guerras pelo controle de espaços geográficos específicos, inimigos, - Muitas vezes aliados, beneficiários e instrumentos dos conquistadores, presentes até hoje em tudo o que se passa em muitas regiões do Brasil. Imagem dos índios O Deficiências na imagem:
- Incapazes de se reelaborarem
- Eternos portadores de alguns mesmos
“traços” que dariam a especificidade do Brasil
- Diluição dos traços logo após a chegada do
colonizador. O Postura política e metodológica: - Semear certa “descrença metódica” entre os alunos: (i) fazê-los sentir que nada é como já foi, que nem tudo caminhou para o mundo de agora e que o futuro está em nossa capacidade de produzi-lo (ii) perceber as condições de produção anteriores de certas realidades sociais, muitas vezes esquecidas nas práticas do presente Postura política e metodológica O Problematização: descoberta do Brasil
- transpõe-se um movimento face à natureza
(a descoberta) para um processo social (a conquista)
- Retira-se e reitera-se um fator decisivo que
torna um totalmente diferente do outro, isto é a violência física e simbólica. Postura política e metodológica O Visões e apreensões sobre o Brasil frutos de processos historicamente apreensíveis de invenção – signos da nacionalidade O Brasil é concebido enquanto uma unidade social homogênea, cuja trajetória: - começa em: 1500 - tem passo decisivo na independência política de Portugal - concluída no plano social, desde o início do século XX. O Discussão sobre a ideia de conquista:
1. conquista enquanto noção é uma
modalidade de guerra (e destruição/violência aberta)
- domínio sobre populações reduzidas pela
força militar, suas terras, seus recursos naturais são apropriados num processo que extrapola a violência física O Discussão sobre a ideia de conquista : 2. Implica em produção de novas relações/identidades sociais: apresenta- se como violência simbólica. - contato interétnico enquanto fator de criação social.
3. Conquistas (no plural) - dispositivos
políticos eram em sua maioria muito distintos. O Realidade ilusória: - ler o passado político brasileiro como naturalmente redundando em um Estado ligado a uma nação integrada.
- tudo é processo, é luta e devir?
O Restituição de dois dados para que a presença indígena não continue desapercebida
1º dado: caráter de modelo que a forma
histórica Estado nacional tem assumido em todas as áreas de investigação das Ciências Sociais. - Crítica à construção da história da humanidade e ideário político liberal- burguês: fórmula um Estado = uma nação O Restituição de dois dados para que a presença indígena não continue desapercebida
2º dado: como a Antropologia percebeu as
populações não ocidentais - as nativas às Américas maneira que impregnou também a produção historiográfica - Visão evolucionista unilinear Estado, Nação e os Índios O Abordagem de N. Elias
- pensar separadamente em processos de
formação do Estado e de construção da nação.
- perceber a existência de um grau de
heterogeneidade para muito além da “fusão de raças Estado, Nação e os Índios O Abordagem de N. Elias - por de lado uma “data” e um “fato” fundadores da nacionalidade - processos são formas de integração de redes sociais (e de seus valores, signos, símbolos) distintas entre si - podem não redundar em Estados (mono)nacionais: o recrudescimento das diferenças nacionais (ou étnicas) Estado, Nação e os Índios O Abordagem de N. Elias - Etnicidade como elemento indispensável no entendimento da contemporaneidade para além das ideologias universalistas
- Exemplo: no leste europeu, ou no mundo
em geral, demonstram ser a reflexão acerca da diversidade Estado, Nação e os Índios O Abordagem de Geertz:
- demonstrar a inseparabilidade entre ação
política e ação simbólica.
- exercício da atividade política e os
instrumentos de áreas míticas e sacralizadas. Estado, Nação e os Índios
O Presença do índio quase que permanente
na mídia desde o início deste século: enquanto imagem idealizada pelo grande público.
- Associação dos índios em associação com
as notícias grandiosas de empreendimentos de ocupação territorial espécie de elogio a um “bandeirantismo” sempre revivido. Estado, Nação e os Índios
- Papel moderno da mídia:
(i) (re)invenção permanente de tradições
nacionais
(ii) ênfase da imagem do índio como objeto de
preocupação por parte dos poderes públicos, ao ponto de motivarem a produção de livros. Estado, Nação e os Índios O Destruição das populações nativas como melhor prova para o mundo “civilizado” (os norte-americanos e europeus) do “barbarismo” brasileiro. O Cidadão comum oscila entre: (i) constatação da iniquidade e da violência física que caracterizam o Brasil (ii) pergunta quanto a se este “passado” nativo não é nosso principal obstáculo face ao futuro O Perguntas: - “Mas não é muita terra para pouco índio?”
- “não se atrasará o desenvolvimento e a
integração nacional com a concessão de terras maiores do que os territórios de países europeus?
- Não estaremos agindo erradamente,
descumprindo nossa missão de levar os nativos a evoluir? Estado, Nação e os Índios O Presença indígena em faixas de fronteira internacional política internacional contra a definição de terras para populações nativas, historicamente empurradas para os confins do país.
O Bases para a formação de futuros Estados
independentes do brasileiro, para o separatismo e a fragmentação de nosso “gigante em berço esplêndido” Estado, Nação e os Índios O Duas ideias fundamentais sobre a situação indígena:
1. Visão de Estado dominante nos livros
didáticos e no linguajar na sala de aula
2. Relaciona-se à necessidade de nos
despirmos de certas vaidades da intelectualidade Estado, Nação e os Índios 1. Visão de Estado dominante nos livros didáticos e no linguajar na sala de aula: - entidade quase material; - sem conflitos; - confunde-se com sua dimensão burocratizada e seu exercício de governo, e não enquanto relação social; - como espécie de sujeito único, bom ou mau; Estado, Nação e os Índios - Estado é o tutor legal dos índios: verdade do ponto de vista jurídico, mas não em termos sociais - Impede de perceber: a) As distintas redes sociais que, em disputa, ocupam, simultânea ou alternadamente, os aparelhos de governo; b) As práticas cotidianas de exercício de poder e sua perpetuidade. Estado, Nação e os Índios
2. Necessidade de nos despirmos de certas
vaidades da intelectualidade: - é comum que a história das relações entre índios e aparelhos de governo seja confundida com a história das propostas de ação estatal na esfera indigenista. - Intelectuais como principais atores – positivistas ortodoxos e o imaginário político brasileiro. Condicionantes antropológicos de novas representações sobre os índios
O Segundo dado: modo como a Antropologia
percebeu por muitas décadas as populações não- ocidentais, sobretudo as nativas às Américas, maneira que impregnou também a produção historiográfica. Condicionantes antropológicos de novas representações sobre os índios
O Nascimento institucional da antropologia e visão
evolucionista unilinear dos povos não-europeus
O Prática ligada aos museus de história natural:
colecionismo de artefatos nativos enquanto modo de preservação
O Evolução da Antropologia: percepção sistêmica das
sociedades indígenas entender a diferença e a singularidade de formas distintas de existência social humana ao longo do espaço e do tempo Condicionantes antropológicos de novas representações sobre os índios
O Gênese de formas sociais nativas: concebida como
em relação às formas do(s) conquistador(es), sobretudo às suas estruturas de poder - dominação
- interação assimétrica de grupos sociais e a
produção de novas realidades sociais marcadas por maneiras de hierarquizar e construir o entendimento da realidade. Condicionantes antropológicos de novas representações sobre os índios
O Abertura de novas formas interpretação para vida
cotidiana: considerar as historicidades indígenas - populações nativas nunca estiveram paradas estagnadas num tempo lendário intocável.
O Importância das trajetórias das populações nativas
para o entendimento de processos como a sociogênese dos aparelhos de poder de Estado em para o adequado entendimento de “histórias locais”. Condicionantes antropológicos de novas representações sobre os índios
O Sobre as histórias locais: temos
ensinado/aprendido uma história e uma geografia pouco sensíveis aos fenômenos acontecidos em múltiplas escalas e múltiplos tempos, reificando o plano “nacional” e a cronologia do Estado nação.
O História mais próxima da trajetória das populações
indígenas e de suas historicidades O LÍNGUAS INDÍGENAS