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o SR. PRESlOEN I E (Jefferson Péres) - De- Seguro Social - INSS, e apresentada pela Prefeitu-
claro aberta a sessão. ra, está com seu prazo de validade expirado, sendo
Sob a proteção de Deus, iniciamos nossos tra- necessária sua substituição antes da efetiva emis-
• balhos. são das LFTM - Rio.
A emissão de LF I M - Rio, ora sob análise,
O Sr. 1II Secretário em exercício, Senador Gil-
apresenta as seguintes características:
van Borges, procederá à leitura do Expediente.
a) quantidade: a ser definida na data de resga-
• É lido o seguinte: te dos títulos a serem substitu ídos, mediante aplica-
ção da Emenda Constitucional nll 3, deduzida a par-
EXPEDIENTE
cela a ser definida pelo Senado Federal;
PARECER b) modalidade: nominativa-transferível;
PARECER Nt' 56, DE 1997 c) rendimentos: igual ao das Letras Financeiras
do Tesouro - LFT, criadas pelo Decreto-Lei nll
Da Comissão de Assuntos Econôml- 2.376, de 25-11-87;
cos sobre o Ofício S n1l 114, de 1996 (Ofi- d) prazo: de até 5 anos (Selic) e de até 1.706
cio PRESI-961 3.657, de 19-12-96, na orI- dias (Cetip);
gem), do Sr. Presidente do Banco Central e) valor nominat. R$1,00 (Selic) e R$1.000,OO
do Brasil encaminhando solicitação da (Cetip);
Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro
f) características dos títulos a serem substituídos:
para emissão de Letras Rnancelras do
Tesouro do Município do Rio de Janeiro - SEUC:
LFTM - Rio, cujos recursos serão destI-
nados ao giro de sua dívida moblllárla, Título Vencimento Quantidade
vencível no 111 semestre de 1997.
681447 12..3-97 133.939.763.285
Relator: Senador Ney Suassuna
681447 12..4-97 288.985.752.746
I - Relatório 681447 12..5-97 271 .043.715.001
O Senhor Presidente do Banco Central do Bra- 681447 12..6-97 523.624.465.474
sil - BACEN, encaminhou a esta Casa, mediante a
correspondência em epígrafe, pedido da Prefeitura CETIP:
Municipal do Rio de Janeiro para que o Senado Fe-
derai autorize a emissão de Letras Financeiras do Título Vencimento Quantidade
Tesouro do Município do Rio de Janeiro - LF I N -
• N 12..2-97 50.100.000
Rio, cujos recursos servirão ao giro de sua dívida
mobiliária com vencimento no 111 semestre de 1997. N 12..2-97 60.000.000
O pleito encontra-se adequadamente instruído N 12..3-97 50.100.000
• quanto à documentação encaminhada ao Senado 12..3-97
N 60.000.000
Federal, nos tennos do art. 13 da Resolução nll 69,
N 111 4-97 50.100.000
de 1995, que dispõe sobre limites globais e condiçõ-
es para as operaçoes de crédito interno e externo N 1° 4-97 60.000.000
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e N 12..5-97 50.100.000
suas autarquias nos quais se inclui o lançamento de N 12..5-97 60.000.000
tftulos da dívida mobiliária pública. N 12..6-97 50.100.000
Ressalte-se, porém, que a Certidão Negativa .
de Débito - CND, emitida pelo Instituto Nacional do N 12..6-97 60.000.000
03614 Sábado 10 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Fevereiro de 1997
g) previsão de colocação e vencimento dos tr- pio do Rio de Janeiro - LF IM- Rio, deatl-
tulos a serem emitidos: nadas ao giro de sua drvlda mobll"rla
SELlC: vencrvel no 111 semestre de 1997.
O Senado Federal resolve:
Colocação Vencimento Título Data-bas. Art. 1II É o Municrpio do Rio de Janeiro autori-
3-3-97 1R..3-2oo1 681 49 3-3-97 zado, nos termos da Resolução nR 69, de 1995, do
Senado Federal, a emitir Letras Financeiras do Te-
111-4-97 111-4-2001 681461 14-97
souro do Municrpio Rio de Janeiro - LF 1M - Rio,
2-5-97 111-5-2001 681460 2-5-97 destinadas ao giro de sua drvida mobiliária vencrvel
2-6-97 111-6-2001 681460 2-6-97 no 1R semestre de 1997.
Art. 2R A emissão deverá ser realizada nas se
CETIP:
guintes condições:
a) quantidade: a ser definida na data de resga- •
Colocação Venclt.:.anto Título Data-base
te dos Utulos a serem substiturdos, atualizados nos
3-2-97 1R..2-2000 N 3-2-97 termos do § ]R do art. 16 da Resolução nR 69, de
3-3-97 1R..3-2000 N 3-3-97 1995, deduzida a parcela de 2% (dois por centos); •
14-97 14-2000 N 2-5-97 b) modalidade: nominativa-transferrvel;
2-5-97 1R..5-2000
c) rendimentos: igual ao das Letras Financeiras
N 2-6-97
do Tesouro - LFT, criadas pelo Decreto-Lei nR
2-6-97 111..6-2000 N 2-6-97 2.376, de 25-11-87;
h) forma de colocação: mediante ofertas públi- d) prazo: de até 5 anos (SELlC) e de até 1.706
cas nos termos da Resolução nR 565, de 20-9-79, do dias (CETlP);
Banco Central do Brasil; e) valor nominal: R$1 ,00 (SELlC) e R$1.000,OO
f) autorização legislativa: Lei nR 1.373, de 26-1- (CETIP);
89, e Decreto nR 8.355, de 26-1-89. f) caracterfsticas dos tftulas a serem substitufdos:
CETIP: mlCOs.
o SR. PRESIDENTE (Jefferson Péres) - A
CoIocaçio Vencimento Tftulo Data-8a.e Presidência recebeu a Mensagem nll 56, de 1997 (nll
• 143/97 na origem), de 29 do corrente, pela qual o
3-2-97 111-2-2000 N 3-2-97
1-3-2000 Senhor Presidente da República, nos termos do §
3-3-97 N 3-3-97
111 do inciso II do art. 611 da lei nll 9.069, de 29 de
• 1-4-97 1-4-2000 N 1-4-97 junho de 1995, encaminha a programação monetá-
2-5-97 1-5-2000 N 2-5-97 ria relativa ao primeiro trimestre de 1997, com esti-
2~-97' 1~-2000 N 2+97 mativas das faixas de variação dos principais agre-
gados monetários, análise da evolução da economia
h) forma de colocação: mediante ofertas públi- nacional prevista para o trimestre e justificativas per-
cas, nos termos da Resolução nll 565, de 20-9-79, tinentes.
do Banco Central do Brasil;
A matéria vai à Comissão de Assuntos EconO-
I) autorização legislativa: lei nll 1.373, de 26-1- •
mlCOs.
89, e Decreto nll 8.355, de 26-1-89.
Art. 311 A presente autorização deverá ser exer- O SR. PRESIDENTE (Jefferson Péres) - A
cida no prazo de duzentos e setenta dias, a contar Presidência recebeu, do Supremo Tribunal Federal,
de sua publicação. os Ofrcios nlls S/14 a S121, de 1997 (nlls 536, 848,
849, 896, 934, 1.081 e 1.092, de 1995; e 309, de
Arl 411 Esta resolução entra em vigor na data
1996, na origem).
de sua publicação.
Os expedientes vão à Comissão de Constitui-
Sala das Comissões, 30 de janeiro de 1997.
ção, Justiça e Cidadania.
- Francellno Pereira, Presidente em exercrcio -
Ney Suassuna, Relator - José Serra - Eduardo O SR. PRESIDENTE (Jefferson Péres) - S0-
Supllcy - Carlos Bezerra - Osmar Dias - Espe- bre a mesa, oHcio que será lido pelo Sr. 111 Secretá-
rldlio Amln - Leomar Qulntanllha - Joio R~ rio em exercrcio, Senador Gilvam Borges.
cha - VlIson Klelnüblng - Jonas Pinheiro - Jef-
É lido o seguinte:
ferson Peres - Valmlr Cam pelo - Francisco E.
córclo.
O SR. PRESlDEN I E (Jefferson Péres) - O ex- OF. 012197 - lPSDB
pediente lido vai à publicação.
• BrasOia, 31 de janeiro de 1997
O SR. PRESIDENTE (Jefferson Peres) - O
Projeto de Resolução nll 18, de 1997, constante de Senhor Presidente,
parecer lido anteriormente, em virtude da aprovação Dirijo-me a Vossa Excelência, para, na qualida-
• do Requerimento nll 115, de 1997, constará da Or- de de Uder do PSDB, indicar o nome do Senador
dem do Dia da sessão deliberativa ordinária do dia 4 Beni Veras, como Titular, em substituição ao Sena-
de fevereiro próximo, quando poderá receber emen- dor Sérgio Machado Machado, passando este para
das até o encerramento da discussão. Suplente, na Comissão de Constituição, Justiça e
O SR. PRESIDENTE (Jefferson Péres) - A Cidadania.
Presidência recebeu a Mensagem nll 55, de 1997 Na oportunidade, renovo protestos de elevada
(nll 138/97, na origem), de 29 do corrente, pela qual estima e distinta consideração. - Senador Sérgio
o Senhor Presidente da República, nos tennos do Machado, Uder do PSDB.
03616 Sábado l° DIÁRIO DO SENAOO FEDERAL Fevereiro de 1997
O SR. PRESIDENTE (Jefferson Péres) - Será apresente um livro-caixa, com assentos da movi-
feita a substituição solicitada. mentação financeiro e registro de estoque.
Há oradores inscritos. Em outras palavras, S..-s e Srs. Senadores, o
Concedo a palavra ao nobre Senador Valmir Simples representa um avanço, uma simplificação
Campelo, por 20 minutos. importante no emaranhado de exigências que sem-
pre atrapalharam o desenvolvimento das pequenas
O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronun- e micro-empresas em nosso Pafs.
cia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, sras e O novo sistema de cobrança unificada de tribu-
Srs. Senadores, não constitui nenhuma novidade o tos, no entanto, corre o risco de se transformar numa
fato de que o Pafs vive uma crise de desemprego daquelas medidas muito boas, que podem produzir ex-
sem precedentes. Milhões de brasileiros estão pa- celentes resultados, mas que "não pegam".
gando um preço alto pela estabilidade econõmica,
Para ser adotado integralmente e produzir os
passando por necessidades extremas, por conta da •
efeitos colimados, o Simples depende da adesão
retração do mercado de trabalho.
dos Estados e Municfpios que precisam incluir o
A situação agrava-se ainda mais se considerar- ICMS e o ISS na alfquota única. Governadores e
mos as tensões e os conflitos a que estão submeti- Prefeitos estão com receio de perderem receita com
dos os trabalhadores rurais desempregados - os a adesão ao Simples e preferem cortejar grandes
sem-terra -, que estão sendo conduzidos a açóes montadoras com perigosos incentivos, ao invés de
de um vandalismo absurdo, invadindo fazendas e investir e facilitar a vida das pequenas e micro-em-
colocando em risco a ordem estabelecida, conforme presas.
tive a oportunidade de analisar aqui, nesta Casa, na
Acrescente-se a isso, Sr. Presidente, que o
semana passada.
aparelho arrecadador não se preparou adequada-
Sr. Presidente, sras e Srs. Senadores, diante mente para a implantação do Simples. Falta pessoal
desse quadro adverso, causa espécie a constatação preparado para explicar o funcionamento do sistema
de que as raras iniciativas destinadas a reverter aos contribuintes e inexistem formulários para o re-
essa situação de desemprego generalizado não es- colhimento do Simples, além da desinformação geral
tejam sendo adotadas e colocadas em prática por nos postos da Receita.
estados e municfpios.
Com todo esse conjunto de dificuldades, o
Refiro-me, especificamente, ao Simples, o sis- Simples corre o risco de ficar apenas na "boa in-
tema unificado de pagamento de impostos e contri- tenção", como já ocorreu com centenas de boas
buições, destinado a facilitar o funcionamento das idéias, que se perderam neste Pafs, por displicên-
•
pequenas e mlcroempresas. cia ou desinformação da sociedade e do próprio
Como todos sabem, as pequenas e as micro- Governo.
empresas constituem a principal fonte geradora de É necessário, portanto, que as entidades repre-
novas oportunidades de emprego e, por isso mes- sentativas dos pequenos e micro-empresários, as
mo, passaram a merecer, por parte do Governo, um centrais sindicais, os meios de comunicação e o Go-
tratamento especial e diferenciado. verno em geral se unam numa ampla campanha de
Em essência, o Simples tem por objetivo facili- esclarecimento a respeito do Simples.
tar a vida do pequeno empresário, substituindo, em Por outro lado, é preciso, também, assegurar
um único pagamento, os diversos impostos federais •
aos Prefeitos e Governadores que os Municfpios e
pagos pelas pequenas e micro-empresas. os Estados não serão penalizados com a perda de
Dessa forma, Sr. Presidente, o Imposto de receitas.
•
Renda, o PIS/Pasep, a Contribuição Social sobre o Sr. Presidente, Sr's e Srs. Senadores, só
Lucro Uquido, o Cofins, o IPI e a Contribuição Previ- existe um meio de vencermos a guerra contra o
denciária ficaram reduzidos a um único pagamento: desemprego: através da criação de novos empreen-
o Simples. dimentos, de novas empresas e de muita, muita criati-
O recolhimento do Simples é mensal e feito vidade.
num único documento de arrecadação, tendo como O Simples tem condições de favorecer a ins-
base o faturamento da empresa. Não é necessário talação de milhares e milhares de novas pequenas
escrituração contábil, basta que a pequena empresa e micro-empresas em nosso Pafs e, com elas,
Fevereiro de 1997 DIÁRIO 00 SENADO FEDERAL Sábado 1° 03617
criar os empregos de que a população tanto neces- Entendemos como inadmissível a exclusão da
sita. área seca de Minas, legalmente definida, das vanta-
SrIs e Srs. Senadores, é preciso, é necessário gens fiscais que permitirão ao Nordeste competir
e, sobretudo, é inteligente viabilizar o Simples. com as regiões mais desenvolvidas do País, na ins-
talação de modernas fábricas de automóveis, cami-
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
nhões e outros ve ículos.
O SR. PRESIDENTE (Jefferson Péres) - Con- Daí ser compreensível e justificável a decep-
cedo a palavra ao nobre Senador Francelino Perei- ção e o inconformismo das lideranças políticas, em-
ra, para uma comunicação inadiável. S. EX- dispõe presariais e sindicais, com a exclusão do norte de
de cinco minutos. Minas das vantagens fiscais estabelecidas pela
o SR. FRANCEUNO PEREIRA (PFl-MG. Medida Provisória nll 1.532, e, mais ainda, a sua
Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do determinação de lutar para que tal injustiça seja re-
orador.) - Sr. Presidente, SrIs e Srs. Senadores, ex- parada.
clusão, não! A Medida Provisória nll 1.532, já está em sua
Venho a esta tribuna manifestar nossa incon- segunda edição, devendo ser novamente editada
.J
formidade com a injustificável exclusão da região mi- até o dia 15 de fevereiro próximo. Como não foi in-
neira integrante da Sudene, dentro do Polfgono das cluída na agenda da convocação extraordinária do
Secas, do recebimento dos incentivos fiscais para o Congresso, sua apreciação, pela Comissão Mista
desenvolvimento regional, concedidos pela Medida designada, não será concluída antes desse prazo,
Provisória nll 1.532. que já está se extinguindo.
Desde que se iniciaram os debates sobre a ne- Há, portanto, tempo suficiente para que, em
cessidade de estender ao Nordeste as vantagens de sua próxima edição, a Medida Provisória nll 1.532
há muito concedidas ao Centro-Sul, para a instala- inclua a região mineira jurisdicionada à Sudene
ção de fábricas de veículos automotores, venho in- entre as áreas beneficiadas com isenções fiscais
sistindo junto aos centros decisórios do Executivo para a instalação de montadoras e fabricantes de
para que a área do Polígono das Secas no território veículos, que são o Norte, o Nordeste e o Centro-
de Minas seja abrangida pela iniciativa. Oeste.
Infelizmente, porém, meus esforços não foram Concitamos a todas as lideranças políticas,
recompensados, e a Medida Provisória divulgada as autoridades, as entidades empresariais, as
em sua versão inicial em 18 de dezembro do ano instituições sindicais e as representações da so-
passado e reeditada no dia 16 de janeiro corrente, ciedade civil da região do norte de Minas a conos-
excluiu o norte de Minas dos benefrcios fiscais aos co cerrar fileiras, na luta pelo reconhecimento do
quais acabo de me referir. pleno direito dos mineiros do norte de terem o
Aquela região do meu Estado, que tem em mesmo tratamento concedido aos seus irmaos do
Montes Claros um dos maiores centros irradiadores Nordeste.
do desenvolvimento e do progresso, é uma extensão Desta tribuna, lançamos um veemente ape-
natural do perímetro jurisdicionado pelo Polfgono Io a Sua Excelência, o Senhor Presidente da Re-
das Secas e pela Sudene, em decorrência das con- pública, Fernando Henrique Cardoso, para que
dições econOmicas e climáticas semelhantes às aproveite a próxima reedição da Medida Provisória
• existentes no Nordeste . nll 1.532, no dia 15 de fevereiro próximo, e reco-
E os nordestinos sempre compreenderam a im- nheça o legítimo direito do norte de Minas de obter
portância da região mineira do Polígono das Secas, os mesmos incentivos fiscais concedidos à região
• e sem~re cooperaram com os mineiros da área da Nordeste para a instalação de montadoras e fabri-
seca, no esforço comum de mobilizar recursos para cantes de veículos.
o desenvolvimento de uma região tão castigada pe- Sr. Presidente, peço que seja transcrita, nos
las intempéries climáticas. Anais, a Medida Provisória nll 1.532, reeditada, para
O sentimento de cooperação entre essas duas que se possa tomar conhecimento exato da situação
áreas do nosso País vem predominando há. decê- e formular um juízo.
nios, em repetidas manifestações de solidariedade e DOCUMENTO A QUE SE REFERE O
de união de esforços, na persistente luta contra as SR. FRANCELINO PEREIRA EM SEU
desigualdades regionais. PRONUNCIAMENTO:
03618 Sábado lO. DIÁRIO 00 SENADO FEDERAL Fevereiro de 1997
"";Ia! _
. ) . rcotibliçlo • IÓC.... ali _ • reduçIo do "";Ia! -w. ~ o
mcwyce. . do • ....,.,lO com iDcorpoIlÇIo da r 11erva; ,
VI - i-'" do adiQona! .. &etc para r-..çlo da MorirIha Mer<aa. f I' Com o objcIivo de evitar COII<CIID'IÇIo de imponaç6eo que prejudique • prod\IÇIo
oocionaI. o Minimrio da Ir!dÚltria, do Comén:io • do Turiomo podai .... bclecer limites edicionail i
vn - i-"" do 10F GIl opcrIÇ6a • dmbio. ,..ljzacl.. para ~"""'IO doa ..... imporuçIo doi produ,. relrjooedoe ao. inrllOll c U do aru.o amaior. ou conr'iç/'a nf'belec:icW
PRa me JU'IiOIlncilOl.
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. t .1 O d i ' - B DO capet 'Plica. exduai~aDIIlIte .. anpi
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FZal-_ repa. Nona. Norw1.RI. c:..ro.o-..
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'i""",ed. No ciIcuIo cIII _ . . . UquicIoo I que • rãori _
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17 ,II do Dora-ui" l7. do II do lIDO ,... 19116. cr-Ijdede, DO'IO&, bem c:omo CIt II: 6IioI.lObii.M.Fa • peçu de iepoiÍ~ fahriclMf.ol DO Pab.
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''* u-poredoc .. oti"".......-cIII_" O;
m· I SO% do valor FOB da impoiUlÇto de (emmenbj. pnra pi- 77' i i a frio • e... . . . .
jr.c" 7 • par ' 7 , tio de? N •ti apcwIIidoi. . . "' I de cr ... ...,'b :w a ""d"ieu. DO'YOI, bem "mo . . • &ca c wbc I...,", iDcoIpoIãI ., IÓYO .,......• • dM
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Fevereiro de 1997 DIÁRIO 00 SENADO FEDERAL Sábado 10 03619
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P""""" Iinico. P... 01 ~ ndimenlOS que tcnbIm como obj";YO • rab.;...;1o doo É um artigo interessante em que o Presidente
produtos tello:ionedo. na al" .. "h" do .... I • a doia limite p.... habiliUlÇlo .... 31 ele _ de 199• .
faz uma retrospectiva histórica e uma defesa da ins s
Art. 13. O Poder Execuziyo .......Ieccrt 01 reqllisilDl .... bobitilaçlo cIae ....
• eo
tratAlN"'to • que se referem 01 anilol anteriores. bem çom() 01 lDCiC'ni""Ot ôe eoaII'Olc nec- ...... tituição, uma avaliação que merece ser transcrita
\lerific.;1o do cwnprimeolO do dispoltO 0C$tI Medida ProviJÓriL
P~o
único. O rec:onbecimalO do. _Oeios de que tnZII .... Medido i'tovioória
nos Anais desta Casa.
estar6 coodicionado • apicw:u~ da habiliUlÇlo menciooada no alp., desIC anilO. ·0 Brasil não foi construrdo nos cam-
~
14. A inobterv&ncia das
Ar\.
2 e ..,. eSW'i sujeita a muJta de :
111
dos I.Unia c do indice. que II refcmD 0I1ftI. pos de batalha, nem em lutas étnicas ou de
I•_ por =tIO inc ~ ~ o YaIor FOB das imponaç4el raJi_ nu rafzes religiosas. Ele foi uma construção do
.."..tiçlla previ.... 00 inciso I do .... I'. que coolribuir .... o deoc:umprirnealO da pn>pO<ÇIo a que •
refere o iDciJo II do an.. 2-; gênio de alguns brasileiros, a que se juntou
li - lCtaIIa por CCD&o incidcDte totft o valor FOB das Unpon'IÇOeI f"l jz:edee DaI o fmpeto de um português, D. Pedro de Al-
condiç6r:I previ.., DO i"'-' 1 do an.. I'. que exceder os limitei adicioaait a que IC refere o § .1 cio II\.
2": cântara, o fundador, cujas convicções con-
lU .......... por caIIO incideme lObn: o yalor FOB cIae imponoçll<t de -.,.u- trárias ao absolutismo permitiram que criás-
"",'indee DaI condiçOa pnvistu no inQ lO fi do .-t. III, que exceder a pIOpOIçIo • que
_pri_
II refere o
iacilO m
do lI't. :za; semos um regime singular naqueles tempos:
IV ........... por ccnIO incideme sobre o valor FOB d.u imponaç4el de
realizwt" nas oondiçOca prnIlW no inciJO li do Itt. IR, que exceder os limitei ldk:iOft&d • que II
uma monarquia democrática.
n:faeot l'do ... 2': Seria, também, falsear a História não
• por ccnIO inci_ lObn: o Yalor FOB doo imponoçll<t raJi_ -
V•_
condiç6eI prev1scas DO iDciIO II do Itt. Ia. qUI c:oIKOild ~ o dcKumprimeDCo do Inct M.... q ... IC
acentuar o quanto Antônio de Araújo Azeve-
refere o cap.' do art. J8: do contribuiu para essas idéias que germi-
VI· 120% inciclaoTC lObn: o yalor FOB cIae importw;6es raJi_ ... Goodiçlla
pnvistu 001 inciaos II • ln do ut. I'. que .. ceder a ~ a qu... ter... o inciso I do .... 2': naram com a vinda de Dom João VI e com a
•
vn ........ por eenlO incideme ~ o yalor FOB das imponoçó<o do. prodtMI plêiade de homens que o acompanhavam.
relacionados DO inciJo II dc.1I't. IR, m1izada' ou coodiçtla prcvisw no mamo .ãncã.o. q~ exceder a
ptopocçlu • que se refere o iDeilO IV do 1ft.. 2R. Azevedo, o Conde da Barca, homem do
P. . . .co únicO. O produzo da .........açIo cIae mui", a que .. "'r........ "';110 .... mundo, com várias incursões na diplomacia
""",lhido ao T<!Ouro National. .
européia, estava obcecado com a idéia da
Art. 11. O _ fiocal previsto ..... Medida Ptoy;oóaia:
unidade que dominou as preocupações das
I • fica condicionedo • cumprovaçAo. pelo contribuinte. da rqulariclade com o _emo
de todoe 01 D'ibutot e conD'ibuiçOa fcdenis: lideranças políticas que se estavam forman-
II • nIo podeil _ _ _ cumulali_ 'I'IIl ....... da m
. .,.... prwviIIOI na Wai'..... da z.oa.
Fnac:a de Mane., du AreM di Livre CocMlcio. da Am' .....i.
I. __ ...... do para construir o novo pafs, o Brasil. Gra
ças a essa idéia, nasceu e consolidou-se
s
0c:ics.aI. do FUDdo de 1Ir:.cc A iDWIII'" do Noidlll. (FINOR). do F\IDdo de ln·••• i..... ..". dai AlNz6nje
(FINAM). este gigantesco pafs continental.
03620 Sábado 10 DIÁRIO DO SENADO fEDERAL Fevereiro de 1997
Ao comparannos O nosso processo E, na formação dessas instituições, ne-
com o que aconteceu na América espanho- nhum segmento fez mais do que o Congres-
la, vamos verificar que ali surgiu o maior so Nacional. Nele nasceu o pafs. Dentro
de todos os estadistas do continente, Si- dele encontramos solução para todas as
mon Bolivar, que tinha visão da integra- nossas crises. Ele jamais permitiu que de
ção, mas foi incapaz de evitar o fraciona- suas mãos viessem soluções pela força das
mento das terras que a Espanha conquis- armas. Os hiatos que vivemos foram des-
tara. No Brasil, a obra da construção na- vios que, não tendo safda, voltaram ao leito
cional não foi feita pelos generais nas ba- do Congresso Nacional, a maior de todas as
talhas, mas na negociação polftica amadu- instituições polfticas criadas pelo homem. É
recida e lúcida. É diffcil imaginar como lá que se exerce a verdadeira soberania do
aqueles homens, isolados do mundo, por povo. É ali a porta aberta para que o cida-
onde não passava nenhum dos fluxos da dão possa questionar governos, o próprio
História que se construfa na Europa, tives- Parlamento, os polfticos, e discutir idéias,
sem a perspectiva maior da concepção do propor soluções.
Estado e procurassem moldá-lo além das
Entre os poderes é o Legislativo o
idéia~ do seu tempo.
mais visado porque é aquele que incomo-
da mais. Os outros tomam dec.isões sem o
Conduziram a Independência, viveram acompanhamento público. Nenhum poder
a crise do Fico, depois da Abdicação, a da sofreu mais, no curso de nossa História,
Maioridade, a Guerra do Paraguai, as revol- do que o Poder Legislativo. Ninguém nunca
tas locais, como a Balaiada, a Cabanagem, pensou em fechar o Executivo. Mas o Legisla-
a Farroupilha, e mantiveram a unidade na- tivo no Brasil foi fechado em 1823, em 1889,
cional, promoveram a libertação dos escra- em 1891, em 1930, em 1937, em 1968 e em
vos, fundaram partidos que deram estabili- 19n.
dade polftlca ao Império, enfrentaram a Re-
Não é o Congresso uma corte de anjos
pública, o golpe de Estado de Deodoro, as
nem uma assembléia de sábios e notáveis.
revoltas das Forças Armadas, a Revolução
É formado por homens e polfticos, recruta-
de 30, o suicfdio de Vargas, a renúncia de
dos dentro da sociedade e, por isso, nem
JAnio, crises econOmicas, a reconstrução
melhores nem piores do que esta.
democrática, e caminha o Pafs nos nossos
dias com seus problemas, mas grande Na- O Poder Legislativo nunca faltou ao
ção, respeitada e reconhecida mundialmen- Brasil, nunca tentou obstruir os outros Pode-
te como destinada a um grande presente e res. Atualmente vivemos uma grande crise,
futuro ainda maior. a crise que todos os parlamentos vivem. Há
um novo interlocutor da sociedade democrá-
tica, a opinião pública, expressa pela mfdia,
Quem trouxe o Pafs de tão longe?
principalmente a televisão. Esta modificou
Quem o manteve nesse rumo, cristalizando-
os hábitos, e seus efeitos, também, cafram
se cada vez mais as idéias civilistas, a con-
sobre as Instituições. Shimon Peres, o ho-
vivência democrática, um Pafs cordial, de-
mem mais lúcido na análise da realidade •
mocracia racial e religiosa? Acho que a
mundial com quem já conversei, resumiu de
maior de todas as injustiças que se faz ao
maneira pessimista e crftica a influência dos
Brasil é a falta de reconhecimento aos ho-
meios eletrOnicos na polftica: ·Com a televi- •
mens públicos que o moldaram e construf-
são é impossfvel haver ditaduras, mas com
ramo Procura-se apontar os seus males, e
ela a democracia é insuportável. • Ela es-
ninguém reconhece essa obra extraordiná-
cancara todas as portas.
ria, de um pafs deste tamanho, com esta po-
pulação, com esta paz interna, com as insti- Nós, também, temos os nossos foun-
tuições democráticas que construiu, que dlng father. e seus continuadores. Não de-
tudo isso tenha sido possfvel sem o barro do vemos ser injustos com o Parlamento. Ruim
sangue que encharcou a construção de ou- com ele, sem ele é impossfvel o Governo
tras terras. democrático. O Congresso, repito mais uma
,
Fevereiro de 1997 OIARIO 00 SENADO FEDERAL Sábado 10 03621
,
vez, não pode ser julgado por aqueles que o O SR. JEFFERSON PERES (PSDB-AM. Pro-
•
traíram, se locupletaram e denegriram a ins- nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.)
tituição. Ele deve ser julgado pelo que fez - Sr. Presidente, Srs. Senadores, o Senador Beni
pelo país. Pelas idéias com que construiu Veras ocupou a tribuna deste plenário ontem para
a nacionalidade, pela sua grandeza. E, anunciar a próxima apresentação de um projeto de
nesse conjunto, nenhuma das casas fez sua autoria determinando que o Banco Nacional de
mais do que o Senado da República que Desenvolvimento Econômico e Social aplicará pro-
agora se renova, na maior e mais impor- gressivamente uma parte dos seus recursos no fi-
tante de todas as reformas que ali foram nanciamento de empresas na Amazônia e no Nor-
feitas para que possa cumprir suas ativida- deste, até atingir o percentual de 40% do dispêndio
des fim e meio. global daquele organismo de crédito.
O herói moderno da Casa é a ficção do O ilustre Senador pelo Ceará demonstrou que,
Senador Caxias, mas na sua história estão ao longo de sua existência, o Bndes aplicou a maior
outros, de carne e osso, que construíram o parte dos seus recursos nas regiões mais desenvol-
país: Abaeté, Abrantes, Antônio Car10s de vidas do País, em detrimento das regiões chamadas
• Andrada e Silva, Rui Barbosa, Milton Cam- periféricas, ou seja, das mais pobres, como a Ama-
pos, Bernardo de Vasconcelos, Feijó, Ita- zônia e o Nordeste.
boraí, Pinheiro Machado, Getúlio, Jusceli- E o que é pior, Sr. Presidente, no passado,
no, Saraiva, Sinirnbu, Pimenta Bueno, Para- grande parte dos financiamentos feitos por aquele
ná, Afonso Arinos. Sem eles, não existia o Banco, a projetas no Sul e Sudeste, foram feitos a
Brasil. juros subsidiados. Assim aconteceu, inclusive, com
a indústria automobilrstica, constituída toda ela,
Lembro José Honório: "Grande parte
como sabemos, de empresas multinacionais.
da história da liberdade no Brasil está escri-
ta no Par1amento." É verdade - para se fazer justiça é preciso que
se diga - que já houve tentativas, até em passado
recente, de direcionar recursos do Bndes para as re-
Sr. Presidente, esse artigo do Presidente Sar- giões mais pobres. Há dois anos, o Banco anunciou
ney, publicado no jomal O Globo, edição de 30 de e tentou implementar o chamado Programa Amazô-
janei ro de 1997, deve ser transcrito nos Anais desta nia Integrada, que destinava R$1 bilhão para o fi-
Casa. Ele realmente nos leva à reflexão. O Presi- nanciamento de empresas na Amazônia. Esse pro-
dente Sarney faz uma retrospectiva histórica, fala da grama, infelizmente, frustrou-se, em grande parte,
importância do Congresso e também das mudanças por falta de demanda, Sr. Presidente. A verdade é
que foram feitas no Senado. Algumas açóes impor- que não houve solicitação das empresas, na minha
tantes, alguns passos importantes foram dados nos região, àquele Banco, para financiar os seus proje-
dois anos em que o Senador José Sarney ocupou a tos. Certamente porque as exigências do Banco, as
Presidência desta Casa. suas taxas de juros, os seus prazos e outros requisi-
tos burocratizavam o crédito e desestimulavam a
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
sua concessão, principalmente para as pequenas e
médias empresas.
Durante o discurso do Sr. Gilvan Bor- O projeto do Senador Beni Veras prevê a hipó-
• ges, o Sr. Jefferson Péres deixa a cadeira tese de não haver demanda suficiente naquelas re-
da presidência, que é ocupada pelo Sr. Val- giões para os recurSos disponíveis. Há no seu proje-
mir Campelo. to um mecanismo inteligente, que é, nesse caso, ou
- seja, na hipótese da solicitação de financiamento ser
inferior aos recursos disponíveis, o Bndes aplicar
O SR. PRESIDENTE (Valmir Campelo) - V. Ex- esse saldo no aumento de capital do Banco da Ama-
será atendido, na forma regimental. zônia e do Banco do Nordeste.
Concedo a palavra à nobre Senadora Benedita Ao mesmo tempo, preconiza que o Bndes saia
da Silva. (Pausa.) da posição passiva que atualmente adota, de espe-
Concedo a palavra ao nobre Senador Jefferson rar que nele busquem recursos para, ao contrário,
Péres. atuar ativamente como uma verdadeira agência de
03622 Sábado 10 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL FCVC'l"eiro de 1997
desenvolvimento, visando estimular os pequenos e mento para a nossa região. V. EX- ainda não havia
médios empresários a buscarem suas linhas de fi- chegado, nobre Senador Bernardo Cabral - creio
nanciamento. que não ouviu a primeira parte do meu discurso -
Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, por coinci- quando fiz referências a um projeto a ser apresen-
dência, publica a imprensa, hoje, que o Bndes tado proximamente pelo Senador Beni Veras, do
inaugurou ontem uma nova linha de crédito, desti- qual V. Ex' deve ter recebido cópia. O projeto,
nada especialmente às pequenas e microempre- muito interessante e inteligente, estabelece a ele-
sas. Recursos serão repassados, para desburo- vação progressiva de linhas de financiamento para
cratizar o processo, através, inclusive, de organi- a Amazônia e para o Nordeste, até atingir, a médio
zações não-governamentais. O primeiro financia- prazo, um percentual de 40%. No caso de não ha-
mento foi concedido a uma ONG do Rio Grande do ver demandas de créditos na região, o saldo será
Sul, à Portosol. aplicado no aumento de capital do Banco da Ama-
zônia e do Banco do Nordeste, também duas
Só podemos louvar o Bndes por deixar de ser,
agências de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, o
finalmente, apenas um banco de desenvolvimento,
BNDES deixaria de ser um órgão passivo - sim-
como tem sido até hoje, voltado para as grandes
plesmente espera que o procurem - para tomar-se
empresas, por fazer jus ao social do seu nome e
agente ativo de desenvolvimento e buscar as em-
criar financiamentos efetivamente para as menores
presas que seriam potenciais tomadoras de em-
empresas.
préstimos.
O Sr. Bernardo Cabral - V. EX- me pennite Veja, Senador, que os dois aspectos se conju-
um aparte, Senador? gam. Se o BNDES transfonnar-se efetivamente,
O SR. JEFFERSON PÉRES - Concedo-lhe o como já está ocorrendo, em verdadeiro Banco do
aparte com muito prazer, Senador Bernardo Ca- povo, direcionando suas linhas para as pequenas
bral. e médias empresas, e se o Projeto Beni Ve ras ,
aperfeiçoado - certamente, durante a tramitação,
O Sr. Bernardo Cabral - É mais do que opor- as duas Casas o farão -, aumentar as linhas de
tuno o pronunciamento de V. EX-, Senador Jefferson crédito para a Amazônia e o Nordeste, teremos,
Péres. Lembro-me que há algum tempo estivemos, com certeza, grande redução das disparidades re-
os dois, com o Presidente do Banco Nacional de gionais e sociais. Por essa razão, é com muita alegria,
Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES -, Sr. Presidente, que faço o registro desses dois aconte-
e ambos mostrávamos a necessidade de que esse cimentos.
Banco deixasse de ser apenas um banco de de-
senvolvimento para ser uma agência de desenvol- O Sr. José Eduardo Duba - Pennite-me um
vimento voltada para a nossa área. Agora, com a aparte, Senador?
notfcia que V. Ex' registra, de que haverá o repas- O SR. JEFFERSON PÉRES - Com prazer,
se de recursos com a finalidade de desburocrati- ouço V. EX-.
zar o Banco, tornando-o acessfvel às pequenas e
médias empresas, verifico, confinno e comprovo
O Sr. José Eduardo Outra - Senador Jeffer-
son Péres, ontem não tive oportunidade de assistir
que a tese que V. Ex' defendia e defende, espe-
ao pronunciamento do Senador Beni Veras. Tomei
cialista que é da matéria, é a tese que aponta ca-
conhecimento do projeto de autoria de S. EX-, ao
minhos e indica soluções. Vale a pena aos repre-
qual V. EX- agora se refere, por intermédio do Jornal •
sentantes da área arnazônica, região tão distante, às
do Senado, de hoje. Registro meus votos de louvor
vezes olhada mais como se fosse enteada do que fi-
ao Senador Beni Veras pela iniciativa, pois acredito
lha - junto-me ao registro de V. Ex' - parabenizar o
que esse projeto caminha na contramão do princfpio •
BNDES por estar no seu caminho correto. Apenas
que parece nortear, ou pelo menos é dominante, a
interrompi V. EX-, tomei este audacioso gesto, para
polftica econômica mundial hoje: de querer deixar
cumprimentá-lo e dizer que me associo às suas pa-
lavras. apenas nas mãos do Deus-mercado a solução das
desigualdades e a solução dos problemas sociais.
O SR. JEFFERSON PÉRES - Muito obrigado Concordamos plenamente que o Estado não muitas
nobre Senador Bernardo Cabral. V. Ex' está sem- vezes, de forma direta, tem ainda um papel regula-
pre à frente das• grandes iniciativas da Bancada no dor, um papel estratégico muito importante principal-
sentido de obter medidas efetivas de desenvolvi- mente nesse processo de se diminufrem as desi-
Fevereiro de 1997 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 10 03623
gualdades. E o Bndes pode efetivamente ser um ins- aguardam o veredito dos congressistas. Na Câmara,
trumento importante nessa direção. Acreditamos que três temas da maior repercussão na opinião pública
o projeto do Senador Beni Veras contnbui de manei- e na imprensa galvanizam as atenções dos se-
ra muito decisiva para isso. Espero que esse projeto tores econômicos e sociais do País: as reformas
realmente tenha uma tramitação rápida no Senado e administrativa, fiscal e tributária; no Senado Fede-
na Câmara, para que possa surtir logo os seus efei- rai, a emenda concernente à Previdência Social já
tos. Muito obrigado. tem relator designado, o ilustre Senador Beni Ve-
ras, do Estado do Ceará, cujo parecer está pres-
O SR. J PÉRES - Muito obrigado,
tes a ser distribuído para análise dos membros da
Senador José Eduardo Outra. V. EX- fala com c0-
Casa.
nhecimento de causa, representante que é de um
Estado da Região Nordeste. Existem muitos assuntos pendentes ou previs-
tos, além das emendas que centralizam as atenções
Veja, Sr. Presidente, que o Bndes não é um
• banco qualquer. Ele disporá, neste exercício, de nacionais: temos em pauta projetos importantes,
mais recursos - o que parece incrrvel - do que o como, por exemplo, o que regulamentará o sistema
de telecomunicações no País, ora cumprindo as pri-
Banco Interamericano de Desenvolvimento e do que
JI meiras etapas de tramitação na Câmara dos Depu-
o Banco Mundial. Serão cerca de US$13 bilhões do
tados. E, como prioridade fundamental, teremos de
Bndes que serão aplicados em grande parte no Nor-
deste, na Amazônia, em pequenas e médias empre- dar destino a dezenas de medidas provisórias que
sas, mudando a política do Banco, que era voltada assombram os corredores das comissões e o plená-
rio do Congresso Nacional. Algumas delas, editadas
para as grandes empresas das regiões mais ricas.
Veremos que o Bndes se constituirá realmente recentemente pelo Chefe do Poder Executivo, dispu-
numa grande agência de desenvolvimento deste tam prioridade com outras seguidamente reeditadas;
Pars. todas, por sua vez, são atropeladas pelas centenas
de vetos que ainda não conseguiram ser apreciados
Era O que tinha a dizer, Sr. Presidente.
nas sessões legislativas ordinárias ou extraordiná-
O SR. PRE EN I E (Valmir Campelo) - Con- rias dos últimos anos.
cedo a palavra ao nobre Senador Nabor Júnior. Mas quero hoje, Sr. Presidente e Srs. Sena-
O SR. NABOR JÚNIOR (PMDB-AC. Pronuncia dores, deter-me na apreciação do problema das
o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Senado- medidas provisórias, principalmente em um aspec-
res, a pauta e as previsões para o ano legislativo de to que considero dos mais graves: a sua perversa
1997 antecipam um dos períodos mais dinâmicos da consagração, convertida em instituto jurídico ba-
presente legislatura, prometendo a apreciação, pe- nalizado e, por isso mesmo, já desacreditado pe-
las duas Casas do Congresso Nacional, de proposi- rante o Congresso Nacional e a sociedade brasi-
ções essenciais à vida polftica, administrativa e eco- leira, a ponto de os Parlamentares não mais lhe de-
F1Õmica do País. dicarem a necessária atenção, dentro dos ritos legis-
lativos.
A Câmara dos Deputados aprovou, na última
terça-feira, a emenda relativa à reeleição dos deten- Sou, freqüentemente, designado para integrar
tores de cargos executivos nos âmbitos nacional, es- as Comissões Mistas que apreciam essas medidas
tadual e municipal, emenda que deverá retomar à provisórias - ou que deveriam apreciá-Ias. E, con-
Ordem do Dia, para votação em segundo tumo, logo fesso que, muitas vezes, sinto o quase desalento de
• no inrcio da Sessão legislativa ordinária, marcado ser o único Parlamentar a postos, para assinar a lis-
para o dia 15 de fevereiro vindouro. ta de presença.
Caberá depois ao Senado Federal apreciar Ontem, na minha agenda, era exigida participa-
•
aquela importante proposição, que aqui também ção em mais de dez reuniões de Comissões Mistas,
cumprirá os trâmites regimentais, submetendo-se para apreciar medidas provisórias. E, como de hábi-
aos devidos exames e debates na Comissão de to, apenas ou outro e Parlamentar - Senador ou De-
Constituição, Justiça e Cidadania e, posteriormente, putado - atendeu à convocação. Isso confirma a im-
subindo ao Plenário, para as votações em primeiro e periosa necessidade de buscar-se uma solução ur-
segundo turnos. gente e efetiva para o problema.
Mas, além dessa emenda essencialmente insti- É certo que não podemos admitir que o Execu-
tucional, outras de importância também considerável tivo continue legislando, com tamanha intensidade,
03624 Sábado 10 DIÁRIO 00 SENADO fEDERAL Fevereiro de 1997
através de medidas provisórias; mas, é inaceitável, nar o importante assunto. S. EX- também cumpriu a
também, que o Congresso sequer instale Comissões missão com zelo e competência, apresentando, :lO
. -
para a sua apreclaçao. seu parecer, algumas sugestões. Até hoje, porém,
Já se cristaliza a rotina deletéria de sistemática não houve análise conclusiva por parte da Comissão
apresentação de pareceres em plenário, porque as Especial.
Comissões Mistas não se reúnem; os Par1amentares Continuamos, assim, assistindo às sucessivas
sequer comparecem às reuniões para sua instalação reedições de medidas provisórias e ouvindo os re-
e apreciação da admissibilidade e nem se fale de clamos da opinião pública e da consciência jurfdica
análise e votação dos pareceres, porque ar mesmo nacional, que cobra uma providência corretiva por
é que não aparece ninguéml parte do Congresso.
Já tramitam no Congresso Nacional várias pro- Sr. Presidente, Srs. Senadores: vencida a pri-
postas de modificação na fórmula e nos ritos das meira etapa da reeleição presidencial, teremos a
medidas provisórias, algumas aumentando o prazo volta dos debates sobre mudanças e reformas -
•
de apreciação, dos atuais trinta para sessenta dias; polftica, eleitoral, tributária, fiscal, da Previdência,
outras, proibindo a sua reedição; existem as que administrativa. Por mais importantes que sejam
procuram estabelecer critérios para apenas reduzir tais temas, todavia, precisamos encontrar tempo e "
suas reedições; muitas combinam tais objetivos, disposição para descobrir uma safda , na já exaus-
sempre buscando criar mecanismos de controle e tiva questão das MPs; não podemos permanecer
viabilização desse instrumento legal, que deveria ser impotentes diante do Poder Executivo, que, diaria-
usado com parcimônia e critério, mas que tem sido mente, edita e reedita medidas provisórias, des-
abusivamente aplicado pelos últimos Presidentes, prestigiando um Congresso que se mostra incapaz
notadamente o atual. de apreciá-Ias e votá-Ias dentro dos prazos hoje es-
Repito que o Congresso Nacional precisa en- tabelecidos pela Constituição e pelo Regimento C0-
contrar uma solução para o problema, pois é fato mum.
incontestável que esse instituto jurfdico está des- É em nome da própria dignidade e da respon-
moralizado no nosso pars. Mas, apesar disso, o sabilidade do Poder Legislativo que formulo um ape-
Poder Executivo continua a usá-lo exagerada- Io, a todas as lideranças dos Partidos com assento
mente, usurpando uma atribuição do Congresso nesta Casa, para, logo após o infcio dos trabalhos
Nacional. legislativos deste ano, a realizar-se no dia 15 de fe-
No ano passado, foi constiturda uma Comissão vereiro próximo, debruçarmo-nos sobre essa maté-
para examinar todas as emendas constitucionais . ria, em busca de uma solução.
que visam a modificar o critério de tramitação de O próprio Presidente da República tem dito que
medidas provisórias, da qual participei como autor se interessa na busca de altemativas que atendam
de uma dessas emendas. Entregue ao comando tanto às necessidades e urgências do Executivo
do Senador José Samey, Presidente do Senado nas matérias inadiáveis e relevantes quanto ao res-
Federal, a Comissão designou Relator-Geral o Se- tabelecimento da autonomia do Congresso Nacional,
nador Josaphat ~arinho, de quem esperava a que não pode continuar sendo atropelado e que
apresentação de um texto que consolidasse as inten- deve retomar seu ritmo normal de trabalho, legislan-
ções das propostas e a normaJi-zação das práticas le- do, como em qualquer pafs civilizado e democrático,
gislativas. através de projetos de lei. t
S. ex-, efetivamente, produziu um relatório vol- Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
tado para atender às diversas tendências existentes
no Congresso Nacional com relação ao assunto, O SR. PRESIDENTE (Valmir Campelo) - Con- •
mas esbarrou nas Ii~eranças dos Partidos que dão cedo a palavra ao nobre Senador Lauro Campos.
sustentação par1amentar ao Govemo Federal, princi- O SR. LAURO CAMPOS (PT-DF. Pronuncia o
palmente quando propôs ii transformação, em proje- seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr.
tos de lei ordinários, dfl~ MPs que extrapolassem os Presidente, Sr-s e Srs. Senadores, o mês de janeiro
respectivos prazos ,~ tramitação. é o mês do reinfcio. Deveria ser um mês da alegria e
Como não se formou consenso em tomo do da esperança, mas este janeiro tem todas as carac-
estudo elaborado pelo Senador Josaphat Marinho, teristicas, as cores e o som do tramonte, das horas
designou-se o Senador José Fogaça para reexami- da véspera, das horas notumas e sombrias em que
Fevereiro de 1m DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 10 03625
•
• •
a desesperança passa a ocupar o espaço do sol e gredientes novos entram nessa feijoada, em que os
da alegria. mestres-cucas tomam seus aperitivos e brindam
Rui Barbosa dizia, de uma maneira quase com seus champanhes estrangeiros após o festim.
premonitória, que neste País teríamos, muitas ve- O que verificamos é que alguns ingredientes
zes, vergonha de ser honestos, vergonha de ser- novos, deletérios, entraram nesse processo de con-
mos corretos quando nos deparamos com a dete- quista da reeleição por meio da mudança do art.
rioração das instituições, com a degradação das 14 da Constituição Federal, principalmente do §
regras do jogo, com o caráter espúrio, autocrático 511 , permitindo a Sua Majestade o Presidente da
que assumem as relações de poder; com o des- República permanecer no cargo, talvez de forma
prezo para as necessidades sociais; com a domi- indefinida, sem término para a sua volonté de
nação da violência em todas as suas formas, des- pulssance - seu desejo de poder -, que iguala ou
de os meios de comunicação até relações sociais supera aquele dos Déspotas Esclarecidos, do Rei
• mais simples. Sol - le Rol SoIell - e de outros déspotas que, du-
Este janeiro, infelizmente, se inaugura com um rante a pré-história da sociedade civilizada, domina-
conjunto novo de situações, como um cadinho em ram o mundo a partir dos centros em que o capitalismo
• se desenvolvia.
que ingredientes completamente despóticos atestam
o que n05 espera neste País. O que é bom, a gente mostra. E a televisão,
Interessante é o tropismo, a atração desse Go- então, passou a veicular, como não havia o bom, a
verno que aí está. Embora afirme que as burras das mentira, o engodo, a fantasia de números e dados
finanças estão vazias e que o Governo se encontra completamente falsos.
em crise, esse Executivo despótico retira das vísce- Assim, diante da decadência e da feiúra da
ras da sociedade, das veias que se tomaram tênues, imagem real e da realidade da sociedade brasileira e
finas, o pouco sangue que escorre no organismo s0- da sociedade latino-americana de um modo geral,
cial; e daí retira, quase como um transplante de vís- porque em vários países da América Latina um pIa-
ceras e de órgãos de um organismo semimorto, no idêntico a esse, provocando o mesmo desprezo
através da evisceração das empresas estatais, atra- pelo social, retirando do social para socorrer ban-
vés de uma privatização que só beneficia as empre- queiros, pulverizando os recursos públicos e deixan-
sas que ganham, que recebem os despojos do Esta- do à míngua a saúde, a educação, a cultura, o lazer,
do, que se diz falido. a habitação, a reforma agrária, etc.
O que é bom para o Governo a gente mostra, E assim, depois de dois anos dessa amostra,
e mostra de uma maneira também espúria, ilegal, que não foi amostra grátis, porque o custo FHC é o
com uma propaganda que faria inveja à de Goeb- mais elevado custo que um govemo já cobrou de urna
bels no Estado nazista de Hitler. A propaganda en- sociedade brasileira em toda a sua história. O custo
ganosa visou impingir e transformar a ilegalidade Brasil, dizem eles, é constituído pelos altos salários
em legalidade, a inconstitucionalidade da reeleição e pelo alto custo do emprego no Brasil. E de tanto
em algo abençoado por uma legislação preparada repetir isso, o custo Brasil passou a ser, então, algo
pela violência, que mostrou a todos nós, pela tele- condenável, achatável e comprimível. A reduçao de
visão, e ao pevo brasileiro, a que grau chegou a salários, a possibilidade de contratação sem car-
forma de elaborar as leis neste Congresso Nacio- teira assinada, aumentando para 51% da popula-
• nal, e especialmente na Câmara dos Deputados. ção brasileira de trabalhadores que não têm cartei-
Não apenas o abuso dos meios de comunicação ra assinada, permitindo o contrato temporário de tra-
que o Tribunal Superior Eleitoral mandou retirar balho, reduzindo o custo das demissões. Assim se
• dos canais vendidos dos nossos meios de comuni- reduz o custo Brasil.
cação, mostrando a ilegalidade e a violência do Mas qual é o custo FHC? Como aumenta esse
Governo, que quer ficar a qualquer custo, que custo FHC de uma forma despudorada? Só esse
quer per~anecer de qualquer maneira, sobre o projeto de reeleição, dizem os jornais, custou
custo social que já foi imposto ao País, sobre o sa- R$40 milhões aos cofres brasileiros. Não digo o
crifício das instituições e das tradições que deveriam custo FHC, de suas vinte e tantas viagens ao exte-
ser preservadas. rior. Isso é nada diante dos pelo menos R$14 bi-
Lá na Câmara dos Deputados, os jornais e os lhões que foram entregues aos banqueiros que se
meios de comunicação mostraram que agora in- diziam falidos.
J
03626 Sábado 10 DIÁRIO 00 SENADO FEDERAL Fevereiro de 1997
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Mas o mais grave é que os danos que agora se De modo que o que vemos ar é esse espetá-
fazem nas in~tituições fundamentais da sociedade culo, que não parece o espetáculo da abertura de
brasileira, a desmoralização do Congresso, consti- um novo ano, mas uma triste e sombria hora do
tuem custos FHC, fazem parte do custo FHC e não tramonte, a hora das vésperas, hora em que â es-
são quantificáveis. Não me refiro ao dinheiro, aos curidão inicia a sua marcha sobre a sociedade bra-
favores que compraram os votos dos Deputados sileira.
que se diziam indecisos para valorizar a sua mer- Assim é, portanto, preciso anestesiar as cons-
cadoria. Não digo o custo de colocar no plenário ciências, e alguns para desculpar o tropismo, a atra-
aqueles mecenas, aqueles capitalistas que finan- ção do Poder Executivo hipertrofiado, que obvia-
ciaram as campanhas dos seus representantes e mente se distanciou muito pouco da ditadura militar,
que depois foram lá cobrar; onde o voto se trans- porque, em qualquer momento da existência da s0-
formou em mercadoria e, agora, um balcão de ne- ciedade capitalista, quer durante o despotismo es-
gócios, prometendo obras e mais obras em todos clarecido, quer diante do sistema presidencialista
os lugares. Se essas promessas de campanha da praticamente monárquico, o que vemos é a hipertro-
reeleição fossem cumpridas, o Brasil se transfor- fia constante do Poder Executivo.
maria num verdadeiro pararso, porque todas as O Governo Federal dos Estados Unidos gas- •
propostas, todas as reivindicações dos municrpios, ta mais de US$2 trilhões por ano. Isso não é hiper-
dos Estados e da União, em todos os nrveis polrti- trofia? É um Poder Executivo que tem o poder bé-
cos, foram satisfeitos. Veremos que se se cumprirão lico fantasticamente engrandecido, um Poder Exe-
essas promessas. cutivo que tem o poder emissor, que tem o poder
Portanto, é muito triste o espetáculo a que as- de elevar a drvida pública, que tem o poder de ex-
sistimos em janeiro. É deprimente que a Câmara trapolar lançando leis Helms-Burton e outras for-
dos Deputados tenha se rendido de~ maneira em mas de expressar internacionalmente o poder des-
alguns que votaram nessa espúria reeleição, que pótico, concentrado na democracia, unicamente dem0-
fere a tradição brasileira. Na dura Velha República, cracia eleitoral.
de eleições de bico de pena, na democracia brasilei- Dizem eles: -Mas nos Estados Unidos, os Pre-
ra, democracia da elite, a elite divide a grande parte sidentes podem ser reeleitosl- Nos últimos 50 anos,
do butim: 5% dos proprietários de terra detêm SOOk esse é o primeiro Presidente do Partido Democrata
da terra no Brasil; 10% dos mais ricos detêm 52% que é reeleito. E só durante a Segunda Guerra
da renda nacional. A saúde é um privilégio; a educa- Mundial é que o Presidente Franklin Roosevelt con-
ção é um funil para manter o status quo: aqueles seguiu, sim, a sua recondução, por três vezes, ao
que não tiveram os instrumentos de ascensão pela cargo de Presidente. Mas isso se deveu ao Estado
educação se mantenham como analfabetos ou semi- ditatorial, despótico e excepcional existente nesse
alfabetizados. penodo de guerra.
Desse modo, as coisa se mudam, a Consti- Portanto, não é possrvel, para amainar as exi-
tuição é rasgada, tudo se muda para que tudo gências das consciências individuais, exigências
permaneça como está. Esse é o Governo da rea- cada vez menores, arrumar-se argumentos falsos
ção, o Governo do retorno ao passado, entre ou- como este, de que a tradição não deve ser respeita-
tras tradições que deveriam ser preservadas, nes- da. E muitos dos que falam que a tradição não deve
ta nossa tenra democracia, democracia unicamen- ser respeitada, que ela não é algo de peso, recorrem
te eleitoral, e mesmo as eleições conspurcadas à tradição que os seus partidos, com outros nomes, •
com as bombas monetárias que nos são lançadas teriam a partir de 1946.
na campan ha. Mas pelo menos o ritual do rodrzio Ora, esses partidos que invocam a sua tradi-
de quatro em quatro anos tinha sido obedecido em ção a partir de 46 como partidos favoráveis à reelei- •
todos os Governos, da Velha República e mesmo ção esquecem-se de que, naquele momento, eles ti-
das fases de exceção, da ditadura de Getúlio ou nham como modelo a economia da União Soviética,
dos militares. Quatro ou cinco anos, no máximo, em que Stálin já se encontrava no poder, sem elei-
era o perrodo de Governo admitido e respeitado ção, há seguramente quase 20 anos. De modo que
por todos. Rodrigues Alves se elegeu em 1902 e aqueles que entendem que a tradição relativa à ree
se reelegeu em 1918, mas não chegou sequer a leição no Brasil não .é um argumento ponderável in-
tomar posse na Presidência, porque morreu antes vocam a tradição a partir de 46, para justificar o seu
disso. apoio ao atual Govemo.
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O Sr. Caslldo Maldaner - V. EX- me permite acima de tudo, qual é a atenção que devem dar ao
um aparte? ser humano, enquanto trabalhador e, principalmente,
A SRA. EMIUA FERNANDES - Não sei se o quando se tratar de crianças e de adolescentes.
Regimento permite o aparte, Senador, mas concedo Era o registro que desejávamos fazer, Sr. Pre-
o aparte a V. Ex'. sidente, ressaltando que o Govemo deve, cada vez
mais, acelerar o processo de erradicação do traba-
O Sr. Caslldo Maldaner - Senadora, como é
lho infantil, seja por meio da bolsa-escola, seja tra-
uma sexta-feira e a Casa não está muito cheia, acre-
balhando junto às empresas, mas sempre com o
dito que o aparte é possfvel, e serei breve. Gostaria
compromisso dinâmico e concreto de combate a
de cumprimentá-Ia, porque projetos dessa natureza
toda forma de aviltamento, principalmente, das
vêm ao encontro daquilo que, na verdade, precisa-
crianças e dos adolescentes.
mos para as crianças, para os meninos de rua. Lem-
Muito obrigada.
bro-me de que vi urna propaganda, e as pessoas
também falam, que em Brasma o Governo do Distri- Durante o discurso da Sra. Emflia Fer-
to Federal vem realizando um trabalho para retirar nandes, o Sr. Geraldo Melo deixa a cadeira
da ruas os meninos e colocá-los junto de seus pais; da presi~ncia, que é ocupada pelo Sr. José
caso os pais não tenham como sustentar seus filhos, Eduardo Outra.
o Govemo tentará colocá-los em lugares onde O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Outra) -
aprendam alguma coisa. A atitude da Senadora de Concedo a palavra ao Senador Car10s Patrocfnio.
estender o convite e conclamar os Governadores e S. Ex' dispõe de 20 minutos.
os Prefeitos que assumiram a participar é de salutar O SR. CARLOS PATROC(NIO (PFL - TO.
importância. É fundamental. V. EX- levanta um pro- Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do ora-
blema importantrssimo nesta manhã. Eu gostaria de dor.) - Sr. Presidente, Sr's e Srs. Senadores, gosta-
cumprimentá-Ia por isso. ria de usar o tempo a mim concedido para dizer do
A SRA. EMIUA FERNANDES - Agradeço o meu contentamento e enaltecer o trabalho conjunto
aparte de V. Ex-. Entendo que é fazendo isso que va- eficaz do Govemo brasileiro, por intermédio do lta-
mos chegar a bom termo em relação ao assunto. Não maraty, e da Justiça do Estado da Flórida, que hou-
adianta proibir as crianças. Devemos buscar as rafzes ve por bem condenar a Sr' Jorgina Femandes, ad-
do problema que faz que as crianças estejam em si- vogada, fraudadora dos cofres públicos, fraudadora
tuação de risco e de trabalho forçado. Ternos que nos do INSS, a criminosa mais procurada no exterior
preocupar com a situação de desemprego que se alas- pela Polrcia brasileira e pela Interpolo
tra pelo Pafs, já que a pobreza é um fatar de cresci- Essa senhora foi condenada a devolver aos c0-
mento da violência, de desestruturação da famnia, en- fres públicos do Pafs importância de aproximada-
fim temos que seguir as sugestões e altemativas hoje mente US$1OO milhões. E sabemos, Sr. Presidente,
propostas, como a garantia da educação às crianças. que ela retirou dos cofres da Previdência Social, do
Temos que buscar também, na proteção legal, INSS, cerca de US$112 milhões. Ela está foragida,
que deve ser ampla, consistente, objetiva, uma saf- na Costa Rica ou na Nicarágua; casou-se com um
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