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O

Caminho
1. A Realidade é Uma: os sábios a chamam por vários nomes,
dentre os quais, “o Absoluto”.

2. No Absoluto vivemos, e nele nos movemos, e nele


existimos.

3. O Absoluto é Realidade, Conhecimento e Infinitude. O


Absoluto é felicidade.

4. O Absoluto é uma esfera infinita, cujo centro está em toda


parte e cuja circunferência não se encontra em lugar algum.

5. Para onde quer que nos voltemos, lá encontramos a face do


Absoluto.

6. O Absoluto diz: Eu penetro o universo inteiro. Todos os


seres estão em mim, mas eu não estou neles. Assim como o vento
poderoso, que sopra em toda parte, mas sempre permanece no céu,
todos os seres repousam em mim.

7. Há muitos sinais do Absoluto: na alternância do dia e da


noite, na embarcação que atravessa os mares, na chuva que vivifica
a terra, nos diversos animais, na mudança dos ventos, nas nuvens,
nos frutos da videira e em sua bebida inebriante, no mel das
abelhas, no voo dos pássaros, no sol, na lua, nos diversos idiomas e
cores.

8. O Absoluto diz: Eu sou o sabor da água, a luz do sol e da


lua, o som da prece, a habilidade no homem, a fragrância da terra, o
calor do fogo, sou a vida de tudo o que vive, a semente da qual se
originam todas as existências, a força dos fortes e o vigor sexual. Sou
a meta, o refúgio, o amigo mais querido. Sou a base de tudo, a
criação e a aniquilação.
9. O Absoluto é infinitamente elevado, insondavelmente
profundo. Abarcando o céu e a terra recebendo, do que não tem
forma, produz uma corrente que flui intensa e amplamente sem
transbordar. Graças a ele são altas as montanhas, profundos os
oceanos, correm os animais, voam os pássaros, seguem seu curso as
estrelas. Garante a sobrevivência mediante a destruição, a nobreza
mediante a baixeza, e o avanço mediante o retrocesso. Desta
maneira, o Absoluto produz o movimento dos céus e a estabilidade
da terra girando sem cessar como uma roda, fluindo sem cessar
como a água. O Absoluto se encontra no início e no fim das coisas:
quando se levanta o vento, se condensam as nuvens, ruge o trovão e
cai a chuva. Devolve o esculpido e polido à simplicidade. Não
intenciona fazê-lo, pois se funde com a vida e com a morte. Abarca
em si a felicidade pacífica desprovida de orgulho e a harmonia. O
Absoluto dá nascimento incessante aos seres, mas não os possui;
engendra a evolução, mas não a governa. Todos os seres nascem
dependentes dele, mas não sabem como agradecê-lo; todos morrem
por sua causa, mas ninguém pode se ressentir por ele. É tão instável
e indefinido que não pode ser imaginado. Apesar disso, mesmo
sendo indefinido, sua função é ilimitada. Profundo e misterioso,
responde à evolução sem forma; triunfante e eficiente, não atua em
vão.

10. Eu sou o Absoluto. Tu és o Absoluto. Tudo isto é o


Absoluto.

11. O Absoluto diz: para aquele que me vê em toda parte e vê


tudo em mim, eu nunca estou perdido, nem ele está perdido para
mim.

12. Quando o indivíduo obtém o conhecimento que destrói a


ignorância, então seu conhecimento revela tudo, como o Sol revela
tudo durante o dia. Quando a inteligência, a mente, a fé e o refúgio
de alguém estão fixos no Absoluto, então o indivíduo purifica-se
dos seus receios e segue firme no caminho da libertação.
13. O Absoluto que pode ser pronunciado não é o Absoluto
eterno. O nome que pode ser proferido não é o Nome eterno. Ao
princípio de tudo o que há nos céus e na terra chamo “Não-Ser”. À
Mãe dos seres individuais chamo “Ser”. Dirigir-se para o Não-Ser
leva à contemplação da maravilhosa essência absoluta; dirigir-se
para o Ser leva à contemplação das individualidades. Ambos são
um só, diferindo apenas no nome. Em sua unidade, esse Um é
mistério. O mistério dos mistérios é o portal por onde entram as
maravilhas.

14. Aquele que conhece o Absoluto realmente se torna o


Absoluto.

15. Todo homem e toda mulher é uma estrela.

16. O Absoluto não pode ser alcançado pelos olhos, nem pelo
discurso, nem pelos outros sentidos, nem por privações nem por
boas obras. Um homem se torna puro através da serenidade do
intelecto; dessa forma, em meditação, ele contempla Aquele que não
possui partes.

17. A Sabedoria brota da meditação; sem meditação a


sabedoria diminui. Tendo conhecido estes dois caminhos de
progresso e declínio, que um homem se conduza de forma a
aumentar a sua sabedoria.

18. Se as portas da percepção se desvelassem, cada coisa


apareceria ao homem como é, infinita.

19. O Absoluto está presente em todas as formas. Nenhum mal


há em adorá-lo com imagens e símbolos e gestos, pois o amor da
devoção pode levar à compreensão.

20. Se queres seguir o caminho da devoção, concentra a mente


em um símbolo do Absoluto. Trata-o com a maior veneração. Ora
para ele, se te apraz, oferece-lhe velas e incensos, bebe em sua honra.
Acima de tudo lembra que digno de adoração não é o símbolo, e sim
o Absoluto em ti e ao teu redor.

21. Ao dedicar-te à devoção, leva contigo o símbolo do


Absoluto aonde quer que fores, para que te lembres com diligência
do ensinamento dos sábios.

22. Serás capaz de educar a tua alma para que ela abarque a
Unidade sem se perder ou desviar? Serás capaz de unificar a tua
força e conseguir a delicadeza de uma criança? Serás capaz de
purificar tua visão íntima até torná-la imaculada?

23. Para meditar, deve-se dirigir o olhar para a ponta do nariz,


para que não se os abra ou feche demais. Abrindo-os demais, perde-
se o controle do olhar e fica-se distraído pelo que se vê, mas ao
fechá-los em demasia, o olhar se perde no interior e facilmente se
entra em devaneio sonhador. Só quando as pálpebras são baixadas
da maneira correta, semicerradas, vê-se a ponta do nariz, que assim
se torna a linha diretriz do olhar. Isto, porém, não quer dizer que se
deva ligar os pensamentos à ponta do nariz, que serve de direção ao
olhar, nada mais. Deve-se dirigir corretamente o olhar, sentar ereto,
em atitude relaxada, e concentrar a mente no ponto que está situado
justamente entre os olhos. Se, neste momento, surgir um
pensamento fugidio, não será preciso agarra-se rigidamente à
meditação, mas pesquisar a natureza desse pensamento, a maneira
como se originou e para onde ele vai ao desaparecer. Ao se
acompanhar um pensamento dessa maneira precisa e profunda,
chegar-se-á a conhecer sua falta de substancialidade e não será
preciso ocupar-se com ele por mais tempo.

24. Nosso ensinamento sobre meditação só pode ser


satisfatório para quem treina com o coração concentrado. Só tem
sucesso quem se esforça desinteressadamente, sem olhar de soslaio
para o sucesso. Os erros dos principiantes são de duas naturezas:
atordoamento sonolento e distração; esses incluem todas as demais
falhas. Para superá-los, há a sintonia com a respiração. As nossas
imaginações se sucedem em rápidas mudanças; um pensamento
fugidio dura apenas o lapso de uma respiração. Por mais que se
possa desejar pôr termo aos pensamentos fugidios, nunca se
consegue, como tampouco se pode viver sem respirar. Assim, o
melhor é fazer da doença um remédio. Logo que a mente e o alento
entram em sintonia, a apatia e a distração acabam. Por isso,
querendo meditar, é preciso treinar ao mesmo tempo o ato de dar
ritmo à respiração. Não se deve perceber a respiração com os
ouvidos. Enquanto a respiração é audível, ela é grosseira e
superficial. Isso quer dizer que a mente deve se tornar inteiramente
leve e tranquila. Quando se treina isso durante bastante tempo, o
que estava tranquilo e leve entra repentinamente na imobilidade.
Quando a respiração está em ordem, a mente também será ordeira.
Quando a respiração se agita, a mente também se agita. Querendo
levar a mente à tranquilidade, é necessário primeiro cuidar da
respiração, pois a mente não se deixa capturar diretamente.

25. Quando se começa a treinar meditação, deve-se saber que o


acesso à profundidade só é obtido a partir da superfície e que só se
chega ao sutil a partir do grosseiro. O valor do exercício está na
perseverança – desde o início até o fim, deve-se persistir sem
interrupção. O essencial é avançar até o ilimitado. A eficácia da
prática se revela passo a passo. Teu trabalho aos poucos adquirirá
pureza e amadurecimento; porém, antes de alcançar o objetivo, é
necessário passar por muitas confusões e insucessos, o que só será
entendido depois que o tiveres vivenciado pessoalmente. Deve-se
esquecer a doutrina e deixar-se viver na amplidão do Absoluto,
onde a respiração é harmoniosa e a mente equilibrada. Não se deve
forçar em demasia a vontade de obter o conhecimento.
Normalmente, a primeira percepção da verdade ocorre de modo
inesperado. Com atenção recolhida e inteligência vivaz, deve-se
ficar solto e renunciar à própria vontade em profunda quietude.
26. Na quietude, a mente e o coração encontram serenidade e
alegria profundas e permanentes, como se estivessem extasiadas e
recém-banhadas. Isto significa que o corpo está pleno de harmonia.
Mas este é apenas o primeiro efeito. Ninguém deve dar-se por
satisfeito com a pequena natureza e com as limitadas possibilidades.
Persistindo na prática, alcança-se o segundo efeito. Então tudo, não
apenas no interior como no exterior, torna-se transparentemente
luminoso, e nisso consiste a bem-aventurança. Não é possível
explicar tudo. O efeito revela-se de diferentes maneiras, segundo as
tendências naturais do indivíduo.

27. Avança até o vazio mais elevado, preserva a tua quietude


até o estado mais completo. Assim tu contemplarás a fuga de todas
as coisas para o princípio. Todas as coisas, por mais diversas que
sejam, retornam à sua origem. Esse retorno à raiz chama-se
quietude. Essa quietude significa voltar ao destino. Retornar ao
destino significa eternidade. Conhecimento da eternidade significa
iluminação. Quem não conhece a eternidade acaba em confusão.
Mas quem conhece a eternidade acaba tolerante. A tolerância leva
ao desapego. O desapego leva à compreensão de tudo e à união com
tudo. Esta união leva ao Absoluto. Se te entregares a ele, estarás de
fato em paz.

28. Quem conhece os outros é inteligente. Quem conhece a si


mesmo é sábio. Quem vence os outros é forte. Quem vence a si
mesmo é poderoso. Quem se faz valer tem força de vontade. Quem
é autossuficiente é rico. Quem não perde o seu lugar é estável.
Quem mesmo na morte não perece, esse vive.

29. Ninguém, nem mesmo por um instante, jamais existe sem


praticar ações; todos são forçados a agir, mesmo quando a ação é
contrária à vontade, pelas qualidades intrínsecas à natureza
material.
30. A árvore ruim não dá frutos bons, nem a árvore boa dá
frutos ruins. Cada árvore é conhecida por seus frutos.

31. Mal feita é aquela ação que a seguir traz o arrependimento,


cujo fruto se colhe com lágrimas. Bem-feita é aquela ação que a
seguir não traz o arrependimento, cujo fruto se colhe com alegria.

32. Conhece teus limites, adota a suavidade e abandona a


força. Alguns não conseguem pegar um peixe mesmo sendo
habilidosos na pescaria. Outros precisam apenas lançar uma rede e
os peixes nadam até ela. Nadadores habilidosos muitas vezes se
afogam, e atletas habilidosos muitas vezes caem. Isto porque
pessoas habilidosas são mais propensas a ir além de seus limites e se
arriscar. Por outro lado, pessoas sem habilidade geralmente
conhecem seus limites e não expõem a si mesmas ao perigo. Se tu te
apressas para realizar a ação, é provável que falhes. Se esperas e
observas antes de agir, terás uma chance maior de sucesso. Pessoas
que agem precipitadamente geralmente acabam como cobaias.
Aqueles que falam alto e agem rápido são sempre expostos ao
perigo. Espera o momento certo para agir. Desta forma,
compreendendo os princípios do caminho, podes antecipar os que
agem primeiro agindo por último. Oportunidade é a chave de tudo.
Age antes do tempo apropriado, e fracassarás. Age depois do fato, e
também fracassarás. Uma vez que a oportunidade foi perdida, ela se
foi para sempre.

33. Quem não irradia luz jamais será uma estrela.

34. Evitar todo o mal, cultivar o bem e purificar a mente - Este


é o ensinamento dos Sábios.

35. Assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei
vós também a eles.
36. Sê diligente a fazer o bem; refreia a tua mente de fazer o
mal. Quem é lento a fazer o bem, sua mente deleita-se no mal. Se
uma pessoa cometer o mal, que ela não o repita. Que não encontre aí
prazer, pois penosa é a acumulação do mal. Se uma pessoa fizer o
bem, que o faça repetidamente. Que aí encontre prazer, pois
abençoada é a acumulação do bem.

37. Tenho três tesouros que aprecio e preservo. O primeiro


chama-se compaixão, o segundo, simplicidade e o terceiro,
humildade. Apenas os que têm compaixão podem ser corajosos;
apenas os simples podem ser generosos, e apenas os humildes
podem ser chefes de todos os homens de poder. Querer ser corajoso
sem compaixão, querer ser generoso sem simplicidade, querer
liderar sem humildade; isso é a morte. Se para combater tivermos
compaixão, sairemos vencedores. Se usarmos a compaixão na
defesa, seremos invencíveis.

38. Nada no mundo é mais fácil do que fazer o bem, nada é


mais árduo do que não fazer o bem. Fazer o bem significa estar
calmo e sem artifícios, seguindo tua verdadeira condição e
rejeitando o resto, seguindo tua natureza essencial, preservando a
realidade e não mudando a ti mesmo. Por isso, é fácil fazer o bem.
Fazer o que não é bom significa assassinato, usurpação, fraude e
engano, agitação e cobiça, rejeitar a natureza humana. Por isso se diz
que é árduo não fazer o bem. O que agora produz grandes
problemas surge da falta de um grau normal de satisfação. Dessa
forma, é essencial examinar os fundamentos do benefício e do
prejuízo, a linha fronteiriça entre a calamidade e a fortuna. Quando
a ação e o repouso são adequados, o problema não pode te invadir.
Quando receber e dar são convenientes, a culpa não constitui um
fardo para ti. Quando as preferências e aversões são racionais, a
ansiedade não se aproxima de ti. Quando a alegria e a cólera são
harmoniosas, a inimizade não te pressiona. As pessoas que trilham o
caminho não aceitam benefícios injustos e não transpõem problemas
aos demais. Não abandonam o que é seu e não se apoderam do que
não é seu. Sempre estão plenos, mas nunca a ponto de transbordar;
estão sempre vazios, mas comodamente autoabastecidos.

39. Neste mundo o ódio nunca é apaziguado pelo ódio. O ódio


é apaziguado unicamente através de amor. Esta é uma lei eterna.

40. O amor é benigno, não é invejoso, não se gaba, não se


ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os
próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal, não se regozija
com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo suporta, tudo
crê, tudo espera, tudo sofre. O amor jamais acaba. Em parte,
conhecemos e em parte, especulamos. Mas quando vislumbrarmos o
que é perfeito, o que é em parte desaparecerá. Quando eu era
menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como
menino; desde que me tornei homem, dei de mão às coisas de
menino. Pois agora vemos como por um espelho, em enigma; mas,
então, veremos face a face; agora, conheço em parte, mas, então,
conhecerei plenamente, assim como fui plenamente conhecido.
Agora permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor; porém, o
maior destes é o amor.

41. Quem conhece a própria virilidade e preserva a própria


feminilidade, esse é o Abismo do mundo. Sendo o Abismo do
mundo, a Vida não o abandona, e ele volta a ser como uma criança.
Quem conhece a própria pureza e preserva a própria fraqueza, esse
é um modelo para o mundo. Sendo um modelo para o mundo, a
Vida não o abandona e ele retorna ao incriado. Quem conhece a
própria honra e preserva a própria vergonha, esse é o Vale do
mundo. Sendo o Vale do mundo, encontra satisfação com a Vida e
volta à simplicidade.

42. O fruto do Absoluto é o amor, a alegria, a paz, a paciência,


a gentileza, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o autocontrole.
43. Felizes vivemos, na realidade, amistosos entre as pessoas
hostis. Vivemos livres de ódio no meio de pessoas hostis.

44. Sejais sagazes como as serpentes e simples como as


pombas.

45. Supera a raiva com a serenidade; supera a maldade com a


bondade; supera a avareza com a generosidade; supera a mentira
com a verdade.

46. Não se deve agredir ou ser agressivo. A defesa é aceitável


na medida em que se é agredido, mas a tolerância e a paciência são
melhores, e o perdão é bem superior.

47. Todos tremem diante da violência, a vida é querida a


todos. Colocando-se no lugar do outro, não se deve matar, nem
levar alguém a matar. Aquele que, ao buscar a felicidade, oprime
com violência outros seres que também desejam a felicidade, não
alcançará felicidade daí em diante.

48. Quem matar um ser humano é como se tivesse matado a


humanidade inteira. E quem salvar um homem, é como se tivesse
salvado a vida de todos.

49. Guarda, com toda a diligência, o teu coração, pois dele


procedem as fontes da vida. Remove de ti a malignidade da boca e
afasta, para longe de ti, a perversidade dos lábios.

50. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não


sereis condenados; perdoai e sereis perdoados.

51. Tu vês o argueiro no olho do teu amigo, mas não vês a


trave no teu próprio olho. Quando tirar a trave do teu próprio olho,
verás claramente como tirar o argueiro do olho do teu amigo.
52. Os sábios veem o mesmo Ser em um sábio erudito e cortês,
em um homem sem nenhuma posse, em uma vaca, em um elefante
ou em cachorro.

53. Uma palavra de bondade com o perdão vale mais do que


gastar em prol dos outros, mas proferindo injúrias.

54. Tu, quando dás auxílio, não saiba a tua mão esquerda o
que faz a tua direita.

55. O caminho do sábio é favorecer sem prejudicar. O caminho


do sábio é agir sem lutar.

56. Se o corpo trabalha muito e não repousa, torna-se fraco. Se


a energia é usada de forma irrestrita, ela se exaure. Se for exaurida,
tu ficas cansado. É da natureza da água permanecer clara quando
não é misturada a outras coisas. Se não é agitada, permanece
tranquila. Represa-a e ela não fluirá. Se parar de fluir, não será mais
clara. Tal é a natureza do caminho. Então é dito: sê puro e simples e
não sejas misturado. Sê tranquilo, uno e não sejas intrusivo, move-se
de acordo com o caminho – este é o modo de se cultivar o espírito.

57. Trilhar o caminho não significa que não podes ser induzido
a vir e que não podes ser lançado, não responder quando és
pressionado e não atuar quando és impulsionado a isso, manter-te
preso e não fluir, cerrar os dentes e não deixar passar. Significa que
as ambições particulares não penetram nas ações públicas e que os
desejos habituais não bloqueiam a verdadeira sabedoria. Significa
empreender projetos de acordo com a razão, estabelecer obras de
acordo com os recursos, encorajar o impulso de mesma natureza, de
modo que o engano não possa introduzir-se. Quando se completa o
que se empreende não há presunção pessoal, e quando o êxito se
estabelece ninguém se enche de soberba. Sobre as águas, utiliza uma
barca; na praia, utiliza sandálias de areia; sobre a montanha, utiliza
botas de neve.
58. O mal é feito a si mesmo; a si mesmo a pessoa se
conspurca. A si mesmo deixa de fazer o mal; a si mesmo a pessoa se
purifica. Pureza e impureza dependem de si mesmo; ninguém pode
purificar outra pessoa. Que ninguém negligencie o seu próprio bem-
estar por causa de outra pessoa, seja qual for a sua grandeza.
Entendendo claramente o bem para si próprio, que a pessoa se
preste ao bem.

59. O Absoluto diz: Vinde a mim! Pois o meu jugo é suave e o


meu domínio é agradável e achareis repouso para vós mesmos.

60. Não são os convites e as festas contínuas, nem a posse de


meninos ou de mulheres, nem de peixes, nem de todas as outras
coisas que pode oferecer uma suntuosa mesa, que tornam agradável
a vida, mas sim o sóbrio raciocínio que procura as causas de toda a
escolha e de toda a repulsa e põe de lado as opiniões que motivam
que a maior perturbação se apodere dos espíritos. De todas estas
coisas, o princípio e o maior bem é a prudência, da qual nascem
todas as outras virtudes; ela nos ensina que não é possível viver
agradavelmente sem sabedoria, beleza e justiça, nem possuir
sabedoria, beleza e justiça sem doçura. As virtudes encontram-se
por sua natureza ligadas à vida feliz, e a vida feliz é inseparável
delas.

61. Não deve supor-se antinatural que a alma ressoe com os


gritos da carne. A voz da carne diz: não se deve sofrer a fome, a sede
e o frio. E é difícil para a alma opor-se; antes, é perigoso para ela não
escutar a prescrição da natureza, em virtude da sua exigência inata
de bastar-se a si própria. Realmente não sei conceber o bem, se
suprimo os prazeres que se apercebem com o gosto, e suprimo os do
amor, os do ouvido e os do canto, e ponho também de lado as
emoções agradáveis causadas à vista pelas formas belas, ou os
outros prazeres que nascem de qualquer outro sentido do homem.
Não é também verdade que a alegria espiritual seja a única da
ordem dos bens, porque sei também que a inteligência se alegra pelo
seguinte: pela esperança de tudo aquilo que nomeei antes e em cujo
gozo a natureza pode permanecer isenta de dor.

62. Não há nada de errado em se deleitar com o que os olhos


veem, ou com os sons, benevolência, etiqueta, música, propriedade,
conhecimento ou em se tornar sábio. Isto se tona um problema
apenas quando nos tornamos apegados a eles. Aproveita o deleite
permanecendo nestas coisas ao invés de correr para obtê-las.

63. Quando fordes a uma região e vos receberdes, comei o que


servirem a vós. Pois o que entra pela boca não vos tornará impuros,
mas sim o que sai da boca pode vos tornar impuros.

64. O Absoluto diz: Cantai a arrebatadora canção de amor para


mim! Queimai para mim perfumes! Usai para mim joias! Bebei a
mim, pois eu vos amo! Eu vos amo!

65. Sê forte! Então tu podes suportar mais alegria. Não sejas


animal; refina teu êxtase! Se tu amas, excede em delicadeza; e se tu
fazes o que quer que seja de alegre, que haja sutileza ali contida!

66. A alma imersa em delícias jamais será maculada.

67. Se renunciando a uma felicidade menor se pode perceber


uma felicidade maior, que o homem sábio renuncie à menor,
considerando a maior.

68. A palavra de pecado é Restrição. Ó homem! Não recuses


tua esposa, se ela deseja! Ó amante, se tu queres, parte! Não existe
laço que possa unir os divididos a não ser o amor.

69. Tudo o que vive é Sagrado!


70. O Absoluto diz: Sede bons! Tomai vosso suprimento e
vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem
quiserdes! Mas sempre para mim.

71. De todas as coisas que nos oferece a sabedoria para a


felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade. Não é
amigo quem sempre busca a utilidade, nem quem jamais a relaciona
com a amizade, porque um trafica para conseguir a recompensa
pelo benefício e o outro destrói a confiada esperança para o futuro.

72. A ave, um ninho; a aranha, a teia; o homem, a amizade.

73. Ama teus amigos como a tua própria alma.

74. O essencial para a nossa felicidade é a nossa condição


íntima: e desta somos nós os amos.

75. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e


tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de
curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e
tempo de rir; tempo de prantear e tempo de dançar; tempo de
espalhar pedras e tempo de juntá-las; tempo de abraçar e tempo de
abster-se de abraçar; tempo de buscar e tempo de perder; tempo de
guardar e tempo de lançar fora; tempo de rasgar e tempo de coser;
tempo de calar e tempo de falar; tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.

76. No inverno, a água congela e se torna gelo; no verão, o gelo


derrete e se torna água. Aceitamos esses fatos porque sabemos que
este é o modo natural das coisas. Entretanto, quando as coisas boas
se tornam ruins, nós nos afligimos. Isto porque não compreendemos
que os bons e maus tempos são também parte do modo natural das
coisas.
77. Se todos na Terra reconhecerem a beleza como bela, dessa
forma já se pressupõe a feiura. Se todos na Terra reconhecerem o
bem como bem, desse modo já se pressupõe o mal. Porque Ser e
Não-Ser geram-se mutuamente. O fácil e o difícil se complementam.
O longo e o curto se definem um ao outro. O alto e o baixo
convivem um com o outro. A voz e o som casam-se um com o outro.
O antes e o depois se seguem mutuamente.

78. Todas as coisas são impermanentes - quando se vê isso


com sabedoria, uma pessoa afasta-se do sofrimento. Este é o
caminho para a purificação.

79. A mudança é certa. A paz é seguida por distúrbios; a


partida de homens maus, pelo seu retorno. Tais recorrências não
devem ser vistas como ocasiões para tristeza, mas como realidades
para despertar a consciência, de modo que se possa ser feliz no
ínterim.

80. A vontade pura, desembaraçada de propósito, livre da


ânsia de resultado, é de toda forma perfeita.

81. Não te distraias por desejos, emoções e concepções. Pensa,


mas não planejes. Aprecia as coisas ao teu redor, mas não anseies
por elas. Usa teu discurso para comunicar, mas não para difamar.
Exercita teu corpo, mas não o canses. Vive em simplicidade e
contentamento, e serás mais feliz e saudável do que aqueles que
assim não o fazem.

82. Do apego nasce a mágoa, do apego nasce o medo. Não


existe mágoa para quem é totalmente livre de apego, de onde então
o medo? Do anseio nasce a mágoa, do anseio nasce o medo. Não
existe mágoa para quem é totalmente livre de anseio, de onde então
o medo?
83. Quem menos sente a necessidade do amanhã mais
alegremente se prepara para o amanhã.

84. Não fiqueis apreensivos pela vossa vida, o que comereis,


nem pelo vosso corpo, o que ireis vestir. Lembrai-vos, há mais na
vida do que comida e roupas. Pensai nos corvos: eles não semeiam
nem colhem, não têm despensas ou celeiros. Ainda assim se
alimentam. Vós podeis acrescentar uma hora às vossas vidas para
ficar apreensivos? Olhai os lírios do campo: não trabalham e nunca
fiam, e mesmo os grandes reis, no alto de sua glória, nunca se
vestiram como um deles.

85. As coisas não inquietam os homens, mas as opiniões sobre


as coisas. Por exemplo: a morte nada tem de terrível, mas é a opinião
a respeito da morte – de que ela é terrível – que é terrível! Então,
quando se nos apresentarem entraves, ou nos inquietarmos, ou nos
afligirmos, jamais consideremos outra coisa a causa, senão nós
mesmos – isto é: as nossas próprias opiniões.

86. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”,


mas sim: “Eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher
morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então
também foi restituída! “Mas quem a subtraiu é mau!” O que te
importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na
medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das
coisas de outrem. Do mesmo modo dos que se instalam em uma
hospedaria.

87. O tolo preocupa-se, pensando: “Eu tenho filhos, eu tenho


riqueza”. Na verdade, se nem ele próprio pertence a si próprio,
quanto mais os filhos, ou a riqueza?

88. Estes argumentos são inconsistentes: “Eu sou mais rico do


que tu, logo sou superior a ti”; “Eu sou mais eloquente do que tu,
logo sou superior a ti”. Mas, antes, estes são consistentes: “Eu sou
mais rico do que tu, logo minhas posses são maiores do que as
tuas”; “Eu sou mais eloquente do que tu, logo minha eloquência é
maior do que a tua”. Pois tu não és nem as posses, nem a
eloquência.

89. Quanto a cada uma das coisas que sucedem contigo,


lembra, voltando a atenção para ti mesmo, de buscar alguma
capacidade que sirva para cada uma delas. Caso vires um belo
homem ou uma bela mulher, descobrirás para isso a capacidade do
autodomínio. Caso uma tarefa extenuante se apresente, descobrirás
a perseverança. Caso a injúria, a paciência. Habituando-te desse
modo, as representações não te arrebatarão.

90. A doença é entrave para o corpo, mas não para a escolha se


ela não quiser. Claudicar é entrave para as pernas, mas não para a
escolha. Diz isso para cada uma das coisas que sucedem contigo, e
descobrirás que o entrave é próprio de outra coisa e não teu.

91. É geralmente depois de uma tempestade de inverno que


apreciamos a habilidade das árvores sempre-vivas de enfrentar o
frio. De modo análogo, é durante os tempos de dificuldade e perigo
que apreciamos a habilidade do sábio de se agarrar ao caminho e de
não se esquecer de seus princípios. Apenas os que incorporam a
grande claridade podem ver as coisas tais como são, sem
preconcepções. E apenas aqueles que têm coragem para caminhar
em meio à escuridão podem brilhar tanto quanto o sol e a lua.

92. A vida é aquilo de que temporariamente dependemos, a


morte é aquilo ao qual definitivamente retornaremos. Assim, pois, a
vida é o que se recebe do universo, e o destino é o que se encontra
no tempo em que a temos. Se alguém possui o talento, mas não vive
no tempo adequado, isto é natureza. Pode haver uma maneira de se
buscar algo, mas alcançá-lo é uma questão de destino. As pessoas
sábias podem fazer o bem, mas não necessariamente colhem
benefícios. Não querem fazer o mal, mas não necessariamente
podem evitar as dificuldades. Por isso, as pessoas sábias seguem
adiante quando encontram o momento adequado; triunfam
justamente e, se o tempo não é adequado, retiram-se e cedem de
forma cortês, e assim não há nisso nada de desafortunado.

93. Havia uma pessoa rica, com grande quantidade de


dinheiro. Ela disse: “vou investir meu dinheiro de modo que eu
possa semear, plantar, colher e encher meus armazéns, de tal forma
que não me falte nada. Foi isto que ela pensou em seu coração, mas
naquela mesma noite ela morreu.

94. Habitua-te a pensar que a morte nada é para nós, visto que
todo o mal e todo o bem se encontram na sensibilidade: e a morte é a
privação da sensibilidade. É insensato aquele que diz temer a morte,
não porque ela o aflija quando sobrevier, mas porque o aflige ao
prevê-la: o que não nos perturba quando está presente inutilmente
nos perturba também enquanto o esperamos.

95. Vida, morte, continuidade, perda, fracasso, sucesso,


pobreza, riqueza, valor, falta de valor, cobiça, renome, fome, sede,
frio e calor são todos parte da natureza mutável das coisas ou, como
alguns dizem, do destino e sorte. Se estiveres em harmonia com eles,
nunca serás seu escravo. Se conseguires manter esta harmonia dia e
noite e se harmonizar com a mudança das estações, criando cada
momento e fundindo-te com ele, isto é virtude, e com ela vem
poder. Vida e morte são parte do modo natural das coisas, assim
como o alvorecer e a escuridão são os modos naturais do céu. Há
coisas que podemos fazer e coisas que não podemos. O Absoluto, a
Mãe de tudo, deu-te um corpo, encheu-o com força, conduz-te até
uma idade avançada e dá a ti repouso na morte. Que mais poderias
pedir? Pensa bem sobre teu nascimento, tua saúde, teu envelhecer e
tua morte. Nascimento e morte, juventude e velhice, início e fim –
regozija-te em todos eles.
96. Sim! Festejai! Regozijai-vos! Não existe pavor no além.
Existe a dissolução, e eterno êxtase nos beijos do Absoluto.

97. Se quiseres que teus filhos, tua mulher e teus amigos vivam
para sempre, és tolo, pois queres que as coisas que não são teus
encargos sejam encargos teus; como também que as coisas de
outrem sejam tuas. Do mesmo modo, se quiseres que o servo não
cometa faltas, és insensato, pois queres que o vício não seja o vício,
mas outra coisa. Mas se quiseres não falhar em teus desejos, isso tu
podes. Então exercita o que tu podes. O senhor de cada um é quem
possui o poder de conservar ou afastar as coisas desejadas ou não
desejadas por cada um. Então, quem quer que deseje ser livre, nem
queira, nem evite o que dependa de outros. Senão, necessariamente
será escravo.

98. Não corras atrás de ações que podem ser repudiadas, mas
não te ofendas se as pessoas te repudiarem. Cultiva virtudes dignas
de elogio, mas não espere que as pessoas te elogiem. Não podes
fazer com que a desgraça não aconteça, mas confia em ti mesmo
para não acenar para ela. Não podes fazer com que a sorte venha,
mas confia em ti mesmo para não a rechaçar. Quando ocorre a
desgraça, uma vez que não é obra tua, não te apiedes de ti mesmo.
Quando ocorre a boa sorte, uma vez que não é obra tua, não te
orgulhes em meio ao êxito. Desta maneira, vive tranquilamente e
desfruta do não-esforço.

99. Trinta raios cercam o eixo: a utilidade do carro consiste no


seu nada. Escava-se a argila para modelar vasos: a utilidade dos
vasos está em seu nada. Abrem-se portas e janelas para que haja um
quarto: a utilidade do quarto está em seu nada.

100. Quando vires alguém aflito, chorando pela ausência do


filho ou pela perda de suas coisas, toma cuidado para que a
representação de que ele esteja envolto em males externos não te
arrebate, mas tem prontamente à mão que não é o acontecimento
que o oprime, pois este não oprime outro, mas sim a opinião sobre o
acontecimento. No entanto, não hesites em solidarizar-te com ele
com tuas palavras e, caso caiba, em lamentar-te junto. Mas toma
cuidado para também não gemeres por dentro.

101. Se queres progredir, abandona pensamentos como estes:


“Se eu descuidar dos meus negócios, não terei o que comer”, “Se eu
não punir o servo, ele se tornará inútil”. Pois é melhor morrer de
fome, sem aflição e sem medo, que viver inquieto na opulência. É
melhor ser mau o servo que tu infeliz. Começa a partir das menores
coisas. Derrama-se um pouco de azeite? É roubado um pouco de
vinho? Diz: “Por esse preço é vendida a ausência de sofrimento”;
“Esse é o preço da tranquilidade”. Nada vem de graça. Quando
chamares o servo, pondera que é possível que ele não venha, ou, se
vier, que ele não faça o que queres. Mas a posição dele não é tão boa
para que dele dependa a tua tranquilidade.

102. Se alguém receber maiores honras do que tu em um


banquete, em uma saudação ou ao ser acolhido no conselho, e se
essas coisas forem um bem, é preciso alegrar-te por ele as ter obtido.
Mas se forem males, não sofras porque não as obtiveste. Lembra que
não podes – se não agires para obter coisas que não são encargos
nossos – merecer uma parte igual à dos que agem para obtê-las. Pois
como quem não vai periodicamente à porta de alguém pode obter o
mesmo que quem vai? Quem acompanha, o mesmo que quem não
acompanha? Quem elogia, o mesmo que quem não elogia? Serias
injusto e insaciável se, não pagando o preço pelo qual aquelas coisas
são vendidas, desejasses obtê-las gratuitamente. Por quanto é
vendida uma alface? Que custe um óbolo! Então quem dispensa o
óbolo toma a alface, e tu, que não o dispensaste, não a tomas. Não
penses ter menos do que quem a tomou, pois do mesmo modo que
ele possui a alface, tu possuis o óbolo que não entregaste. Assim
também é neste caso: não foste convidado para o banquete de
alguém, pois não deste ao anfitrião a quantia pela qual ele vende a
refeição. Ele a vende por elogios, por obséquios. Se te é vantajoso,
paga o preço pelo qual ela é vendida. Mas se queres não pagar por
ela e obtê-la, és insaciável e estúpido. Então nada tens no lugar do
repasto? Com certeza! Não terás que elogiar quem não queres, nem
aturar os que estão diante da porta dele.

103. Embora ocupado em ver, ouvir, tocar, cheirar, comer,


andar, dormir e respirar, quem tem o conhecimento da verdade
deve pensar que não faz absolutamente nada. Porque enquanto fala,
evacua, recebe ou abre e fecha os olhos, sabe que apenas os sentidos
materiais estão ocupados com esses objetos, enquanto a mente deve
estar focada no Absoluto.

104. Lembra que não é insolente quem ofende ou agride, mas


sim a opinião segundo a qual ele é insolente. Então, quando alguém
te provocar, sabe que é o teu juízo que te provocou. Portanto, em
primeiro lugar, tenta não ser arrebatado pela representação: uma
vez que ganhares tempo e prazo, mais facilmente serás senhor de ti
mesmo.

105. O que ainda está em repouso é fácil de ser agarrado. O


que ainda não surgiu é fácil de ser ponderado. O que ainda é frágil é
fácil de ser quebrado. O que ainda é pequeno é fácil de ser
dispersado. É preciso agir sobre o que ainda não existe, é preciso pôr
ordem sobre o que ainda não está em desordem. A árvore com uma
braça de diâmetro nasce de uma haste fina como um fio de cabelo. A
torre de nove andares nasce de um montículo de terra. A viagem de
mil milhas começa com um passo. Assim também o sábio: não
aprecia os bens difíceis de serem conseguidos, aprende o não-
aprender, interessa-se pelo o que o povo deixa de lado. Favorece,
assim, o curso natural das coisas.

106. Quando ingressa na vida, o homem é tenro e fraco;


quando morre, é duro e forte. Ao entrarem na vida, as plantas são
tenras e frágeis; quando morrem, são secas e duras. Por isso, os
duros e fortes são companheiros da morte, e os tenros e frágeis são
companheiros da vida. No mundo inteiro, não há nada mais fluido e
suave do que a água. No entanto, para atacar o que é duro nada se
iguala a ela. Nada pode mudar isso, a fraqueza vence a força; a
suavidade vence a dureza.

107. Ao Absoluto glorificam todos os habitantes da terra, e


mesmo os pássaros quando abrem suas asas. Cada qual conhece sua
oração e sua glorificação.

108. Tudo o que é passível de crença é uma imagem da


verdade.

109. Minhas palavras são muito fáceis de compreender e muito


fáceis de pôr em prática. Mas ninguém no mundo pode
compreendê-las nem praticá-las. As palavras têm um ancestral. Os
atos têm um senhor. Porque eles não são compreendidos, eu não sou
compreendido. Nisso se baseia meu valor: ser compreendido tão
raramente. Por isso o Sábio se veste com trajes grosseiros, mas no
seio ele esconde uma joia.

110. Diferentes pessoas defendem diferentes versões da


verdade. Tu dizes que teu caminho é o melhor. Cada um acredita
que a visão do outro está errada. Vós debateis, desejando louvor,
temendo fraquejar nos argumentos, furiosos quando vos retrucam.
Quando um defende bem seu ponto, o grupo elogia suas ideias. Ele
então ri, balançado pelo orgulho. Este orgulho irá derrubá-lo, mas
ele ainda é arrogante. Não vês que não há nada para disputar? Os
sábios dizem que discussões e pureza não se misturam. Não debatas
com tolos, não te deixes levar por provocações. Viver a verdade é
melhor do que tentar expô-la. Há apenas uma verdade.

111. Sucesso é tua prova; não discutas; não convertas; não fales
demais.
112. A verdade jamais pode ser proferida de modo que seja
compreendida e não acreditada.

113. Assim é o Sábio: serve de modelo sem castrar os outros, é


escrupuloso sem ferir, é natural sem ser arbitrário e brilha sem
ofuscar.

114. Não há compulsão na religião.

115. Tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,


ora em segredo, e não como os hipócritas, que gostam de orar em
pé, nos cantos da rua, para serem vistos pelos homens.

116. Quando discernires que deves fazer alguma coisa, faz.


Jamais evites ser visto fazendo-a, mesmo que a maioria suponha
algo diferente sobre a ação. Pois se não fores agir corretamente, evita
a própria ação. Mas se fores agir corretamente, por que temer os que
te repreenderão incorretamente?

117. Se aspiras à sabedoria, prepara-te a partir de agora para


quando te ridicularizarem; para quando rirem de ti; para quando
indagarem: “Subitamente ele nos volta sábio” e “De onde vem essa
gravidade no olhar” Não adquiras tal gravidade no olhar, mas
agarra as coisas que se afiguram as melhores para ti. Se alguma vez
te voltares para as coisas exteriores por desejares agradar alguém,
sabe que perdeste o rumo. Basta aplicar a sabedoria em todas as
circunstâncias. Mas se desejares também parecer sábio ou filósofo,
exibe-te para ti mesmo – será o suficiente.

118. Mostrai simplicidade, apegai-vos à honestidade. Diminuí


o egoísmo. Renunciai à erudição! Quem pratica o estudo aprende
mais a cada dia. Quem segue o caminho diminui a cada dia. Vai
diminuindo e diminuindo até finalmente chegar na não-ação. Na
não-ação, nada fica sem ser feito. Por isso, o sábio reconhece a si
mesmo, mas não quer se exibir. Ama a si mesmo, mas não busca
fama para si.

119. O que sabe, não fala. O que fala, não sabe.

120. Dedicando o cuidado ao corpo, purificando a vontade e o


pensamento, não se perdendo no caminho do comum dos homens, a
mente perfeitamente serena, sendo simples como uma criança,
saudando a vida e a morte como partes de uma unidade, e por isso
não se apegando a uma nem se mostrando ansioso com relação à
outra, livre de toda ansiedade e medo, vagando à vontade pelo
mundo, percorre-se o caminho.
1. Rig Veda 1.1644.46
2. Atos 17:28
3. Taittiriya Upanishad 2.1.3, 3.6.1
4. Liber XXIV Philosophorum
5. Alcorão 2:115
6. Bhagavad Gita 9:4, 6
7. Alcorão 2:164, 16:67
8. Bhagavad Gita 7:8-11, 9:18
9. Wen Tzu 1
10. Brihadarantaka Upanishad 1.4.10, Chandogya Upanishad 3.14.1, 6.8.7
11. Bhagavad Gita 6:30
12. Bhagavad Gita 5:16, 17
13. Tao Te Ching 1
14. Mundaka Upanishad 3.2.9
15. Livro da Lei 1:3
16. Mundaka Upanishad 3.1.18
17. Dhammapada 282
18. O casamento do céu e do inferno
19. Ramakrishna
22. Tao Te Ching 10
23. T’ai I Chin Hua Tsung Chih 3
24. T’ai I Chin Hua Tsung Chih 4
25. T’ai I Chin Hua Tsung Chih 1, 5
26. T’ai I Chin Hua Tsung Chih 6
27. Tao Te Ching 16
28. Tao Te Ching 33
29. Bhagavad Gita 3:5
30. Lucas 6:43
31. Dhammapada 67, 68
32. Huainan Tzu
33. O casamento do céu e do inferno
34. Dhammapada 183
35. Lucas 6:31
36. Dhammapada 116-118
37. Tao Te Ching 67
38. Wen Tzu 131
39. Dhammapada 5
40. 1 Coríntios 13: 4-13
41. Tao Te Ching 28
42. Gálatas 5:22-23
43. Dhammapada 197
44. Tomé 39:3
45. Dhammapada 223
46. Alcorão 42: 40-43
47. Dhammapada 130-131
48. Alcorão 5:32
49. Provérbios 4:23-24
50. Lucas 6: 37
51. Tomé 26
52. Bhagavad Gita 5:18
53. Alcorão 2:263
54. Mateus 6:3
55. Tao Te Ching 81
56. Chuang Tzu
57. Wen Tzu 124
58. Dhammapada 165, 166
59. Tomé 90
60. Epicuro
61. Epicuro
62. Chuang Tzu
63. Tomé 14: 4,5
64. Livro da Lei 1:63
65. Livro da Lei 2:70, 71
66. O casamento do céu e do inferno
67. Dhammapada 290
68. Livro da Lei 1:41
69. O casamento do céu e do inferno
70. Livro da Lei 1:51
71. Epicuro
72. O casamento do céu e do inferno
73. Tomé 25:1
74. Epicuro
75. Eclesiastes 3:2-8
76. Huainan Tzu
77. Tao Te Ching 2
78. Dhammapada 277
79. I Ching
80. Livro da Lei 1:44
81. Yansheng Yanming Lu
82. Dhammapada 214, 216
83. Epicuro
84. Lucas 12: 22-24
85. Enquirídio 5a
86. Enquirídio 11
87. Dhammapada 62
88. Enquirídio 44
89. Enquirídio 10
90. Enquirídio 9
91. Huainan Tzu
92. Wen Tzu 92
93. Tomé 63: 1-3
94. Epicuro
95. Chuang Tzu
96. Livro da Lei 2:44
97. Enquirídio 14
98. Wen Tzu 52
99. Tao Te Ching 11
100. Enquirídio 16
101. Enquirídio 12
102. Enquirídio 25
103. Bhagavad Gita 5:8-9
104. Enquirídio 20
105. Tao Te Ching 64
106. Tao Te Ching 76, 78
107. Alcorão 24:41
108. O casamento do céu e do inferno
109. Tao Te Ching 70
110. Sutta Nipata
111. Livro da Lei 3:42
112. O casamento do céu e do inferno
113. Tao Te Ching 58
114. Alcorão 2:256
115. Mateus 6: 5,6
116. Enquirídio 35
117. Enquirídio 22, 23
118. Tao Te Ching 19, 48, 72
119. Tao Te Ching 56

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