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Resumo
Este trabalho tem como objetivo apresentar conceitos fundamentais sobre aterramento de
linhas de transmissão frente a descargas atmosféricas. O desenvolvimento do trabalho se deu
de forma teórica através de informações disponíveis na literatura especializada. Inicialmente,
são enfatizados conceitos introdutórios sobre aterramento elétrico, comentando sobre os
principais elementos e suas funcionalidades. O fenômeno da descarga atmosférica é descrito,
dando ênfase aos seus principais parâmetros de interesse e incidência desses fenômenos em
linhas de transmissão. São abordados os efeitos destes surtos no sistema de isolamento e as
possíveis falhas que resultam em interrupções no fornecimento de energia elétrica. Por fim, é
analisado o comportamento do aterramento de linhas de transmissão frente aos fenômenos
atmosféricos e são feitos comentários sobre sua influência na minimização de seus efeitos e
melhoria do desempenho das linhas. A constante melhoria do aterramento nas linhas de
transmissão aumentam a confiabilidade do sistema elétrico de potência, implicando
diretamente na redução de custos operacionais.
1. Introdução
O sistema elétrico de potência (SEP) é um conjunto de equipamentos interligados que operam
de maneira coordenada, sejam destinados a geração, transmissão ou distribuição de energia,
com a finalidade de fornecer energia elétrica aos consumidores, dentro de certos padrões de
qualidade (confiabilidade e disponibilidade), segurança e custos. Neste trabalho, a área do
SEP considerada é o sistema de transmissão de energia elétrica.
As sobretensões nesse sistema podem ser geradas por correntes e por tensões transitórias após
operações de chaveamento e eliminação de faltas, durante condições anormais de operação,
ou por fontes externas, neste caso sendo originadas por descargas atmosféricas.
Segundo Pinheiro (2008:1),as descargas atmosféricas podem atingir diretamente a linha de
transmissão em diferentes pontos, podendo incidir na estrutura da torre, nos condutores fase
ou nos cabos pára-raios. Nesses casos, são geradas sobretensões associadas às correntes
provenientes dos surtos atmosféricos que podem resultar em falhas de isolamento da linha de
transmissão (LT), conseqüentemente ocasionando um desligamento da mesma, interrompendo
o fluxo de energia elétrica para os consumidores. As interrupções no fornecimento, assim
como os danos aos equipamentos do sistema devido a esse surto, além da queda do padrão de
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- Fornecer um caminho de impedância adequada para a terra das correntes de neutro dos
circuitos e equipamentos;
- Estabelecer um referencial para a instalação;
- Escoar para a terra as correntes provenientes de descargas atmosféricas.
Em linhas de transmissão, um aterramento deve ser projetado levando em consideração a
capacidade de escoamento de descargas elétricas atmosféricas; uma vez bem projetado, o
mesmo deve ser integrado ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas. Para se
dimensionar um adequado sistema de aterramento, é de fundamental importância que se faça
um estudo das características do solo e da instalação (PINHEIRO, 2008:50).
Sendo assim, conforme Salari Filho (2006:34), as descargas entre nuvem e solo podem ser
classificadas da seguinte forma:
- Descarga Descendente Negativa: é o tipo mais comum, envolvendo principalmente
estruturas não muito altas como as linhas de transmissão;
- Descarga Descendente Positiva: é menos comum, ocorrendo quando as nuvens são mais
baixas e descargas são originadas da parte superior que contém as cargas positivas das
nuvens. Esta descarga é, em regra geral, de maior intensidade que a descendente negativa;
- Descarga Ascendente Negativa: é típica de regiões montanhosas e de estruturas altas (como
torres de telecomunicação), a mais rara de todas as descargas;
- Descarga Ascendente Positiva: também ocorre em altos de montanhas e estruturas elevadas.
Os quatro tipos de descargas entre nuvem e solo estão ilustrados a seguir na Figura 1.
Figura 1- Tipos de descargas entre nuvem e solo (SALARI FILHO, 2006:35) V = Direção da descarga;
1-Descarga negativa descendente;2-Descarga positiva descendente;
3-Descarga positiva ascendente;
4-Descarga negativa ascendente.
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Figura 2 - Típica forma de onda da corrente de uma descarga descendente negativa, adaptada de Silva (2007:6)
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mesma corrente fluindo para o solo através de uma impedância de aterramento de 10 Ω pode
aumentar o potencial para 300 kV, podendo causar arcos elétricos na superfície (VERNON,
2010:58).
2.2.3.2 Tempo de Frente
Outro parâmetro importante da corrente proveniente das descargas atmosféricas é o tempo de
frente. Diferentes definições são aplicadas a este termo em toda a literatura, de forma
simplificada, define-se como o tempo que decorre desde o início da onda impulsiva da
descarga até o alcance do seu primeiro pico (CUNHA, 2010:24).
Dois tipos de tempo de frente são observados na Figura 2 (anteriormente mostrada): T10 e
T30, também representados, respectivamente, como T10/90 e T30/90. Ou seja, são faixas de
tempo que representam o crescimento da amplitude da corrente. No primeiro tipo, leva-se em
consideração o tempo necessário para o módulo da corrente de descarga aumentar de 10% a
90% do valor do primeiro pico. No segundo, somente é modificado o ponto de início da
análise, visto que este considera a partir de 30% do valor do primeiro pico de corrente
(PINHEIRO, 2008:25).
A influência deste parâmetro no desempenho de linhas de extra-alta tensão está diretamente
associada ao comportamento dos isolamentos do sistema quanto à suportabilidade frente às
sobretensões provenientes das descargas e sua duração na torre (CUNHA, 2010:24). “Quanto
menores os tempos de frente da corrente de surto, maiores sobretensões serão geradas sobre
os isoladores de linhas de transmissão” (PINHEIRO, 2008:25).
2.2.3.3 Tempo de Meia Onda
O tempo de meia onda, de cauda ou de descida de uma descarga atmosférica deve ser levado
em conta no que diz respeito às solicitações térmicas dos equipamentos de proteção contra
surtos atmosféricos nos sistemas de energia, ou seja, quanto maior for o valor desse
parâmetro, o risco de danificação destes equipamentos poderá ser maior. Isso se deve ao fato
de que os dispositivos de proteção estarão submetidos a uma grande quantidade de energia
por um tempo maior (PINHEIRO, 2008:27).
Assim como o tempo de frente, o tempo de meia onda apresenta algumas definições com
relação aos pontos iniciais para determinar o seu intervalo. Alguns trabalhos consideram que
o ponto inicial se dá no instante em que o módulo da corrente vale zero, outros consideram no
instante em que vale 2 kA (PINHEIRO, 2008:27). Na Figura 2, anteriormente disposta, o Tmo
(tempo de meia onda) tem como instante inicial o ponto em que o módulo da corrente vale
10% do seu valor de pico e possui como instante final o ponto da cauda (descida) em que a
amplitude atinge 50% do valor de pico.
2.3 Descargas Atmosféricas em Linhas de Transmissão
As descargas atmosféricas incidentes em linhas de transmissão constituem um grande
problema para a transmissão de energia elétrica. Alguns parâmetros da linha como a altura da
torre, posicionamento dos cabos pára-raios, impedâncias de surtos e de aterramento,
suportabilidade, entre outros e parâmetros associados à descarga atmosférica possuem
bastante influência no desempenho de uma LT (ZANETTA, 2003:692). A seguir, serão
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Nível de Tensão de
NBI (kV) Nº de Isoladores
Operação da Linha (kV)
230 975 11-14
345 1240 15-19
500 1612 22-28
Tabela 1 - Valores típicos de NBI e número de isoladores associados às tensões de operação (CUNHA, 2010:8)
De modo geral, para tensões acima de 345 kV os níveis de isolamento das linhas de
transmissão são relativamente altos, formando cadeias mais robustas; logo alguns efeitos das
descargas atmosféricas são desprezíveis, desde que as linhas sejam projetadas adequadamente
(PINHEIRO, 2008:37).
2.3.1.2 Ponto de Incidência de Descargas Atmosféricas em LT’s
A análise do comportamento dos sistemas de energia frente às descargas atmosféricas pode
ser feita levando consideração o ponto de incidência desses surtos ao longo da linha de
transmissão. De modo geral, as descargas podem ser classificadas como diretas ou indiretas
(SILVA, 2007:9). Resumem-se da seguinte forma:
- Descargas Diretas: Incidentes diretamente nos cabos condutores, pára-raios ou nas estruturas
das torres;
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Onde:
rs = distância de atração (m);
I = Amplitude da corrente da descarga atmosférica (kA).
Com a geometria da linha como referência, as distâncias de atração de uma linha de
transmissão de 3 condutores de fase e 2 cabos pára-raios para uma determinada corrente de
descarga, ficam como mostrado na Figura 4 (ZANETTA, 2010:455).
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Figura 6 - Descarga indireta, campo eletromagnético induzindo sobretensões na linha (SILVA, 2007:10)
As sobretensões induzidas nas linhas raramente excedem 500 kV. Logo para as linhas de
transmissão com tensão de operação acima de 69 kV e com blindagem de cabos pára-raios os
efeitos das descargas indiretas são perfeitamente suportáveis, pois geralmente o nível de
isolamento dessas linhas é suficiente para suportarem as sobretensões (PINHEIRO, 2008:55).
Os efeitos das descargas indiretas são mais significantes para sistemas de baixa e média
tensão, em geral para as linhas de distribuição que por sua vez possuem um nível de
isolamento mais baixo, podendo ocorrer falhas no isolamento e consequentemente
desligamentos (CUNHA, 2010:8).
2.3.1.2.2 Descarga Direta
São consideradas descargas diretas todo surto atmosférico que atingir diretamente qualquer
componente da linha de transmissão. Algumas literaturas consideram descargas diretas apenas
as que incidirem nos cabos condutores das linhas e quando atingem os demais componentes
são classificadas como indiretas. Neste trabalho considera-se a primeira classificação.
A incidência direta de descargas nas linhas é o fenômeno que tem maior probabilidade de
provocar desligamentos. Existem três mecanismos básicos de ruptura de isolamento devido a
esse tipo de surto e o seu local de incidência (CUNHA, 2010:8):
- Descarga direta nos cabos condutores, ocasionando descarga disruptiva no isolamento ou
flashover;
- Descarga direta nos cabos pára-raios ou torres, ocasionando descarga disruptiva de retorno
ou backflashover;
- Descarga direta nos cabos pára-raios a meio de vão, ocasionando a ruptura a meio de vão.
O flashover é o mecanismo de falha de isolamento devido à incidência direta de uma descarga
atmosférica nos cabos condutores. Essa incidência está associada à falha de blindagem
proporcionada pelos cabos pára-raios aos cabos condutores ou na inexistência destes (SILVA,
2007:11).
Ao atingir os cabos condutores da linha de transmissão, a corrente de descarga se divide em
duas ondas de corrente de amplitude aproximadamente iguais que se deslocam para ambos os
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lados da linha a partir do ponto de incidência em direção aos isoladores, conforme mostra a
Figura 7(CUNHA, 2010:8).
Figura 7 - Incidência direta nos cabos condutores de uma linha de transmissão (PINHEIRO, 2008:47)
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Figura 8 - Incidência de descargas atmosférica nos cabos pára-raios e o blackflashover (CUNHA, 2010:10)
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O fenômeno da ruptura a meio de vão é mais comum nas linhas de transmissão que
apresentam espaçamento reduzido entre os cabos fase e os cabos pára-raios ou que possuam
vãos extensos, acima de 300 m (CUNHA, 2010:12).
Este fenômeno ocorre quando uma descarga atmosférica incide nos cabos pára-raios no meio
do vão entre as torres de transmissão. A corrente produzida por essa descarga incidente no
condutor de blindagem se divide em duas parcelas aproximadamente iguais que fluem para
ambos os lados da linha.
Como já visto anteriormente, associadas a essas correntes são produzidas ondas de tensão
que, dependendo de suas magnitudes, podem ou não prejudicar o isolamento da linha. No
caso da ruptura a meio de vão, a sobretensão resultante (no ponto de incidência do surto) entre
o condutor de blindagem e o energizado pode ser da ordem de três a quatro vezes superior à
sobretensão resultante no isolamento no caso de incidência nas torres, pois a parcela que é
refletida no aterramento da torre pode levar um tempo da ordem do tempo de frente para
voltar ao ponto de incidência (SILVA, 2007:16).
A sobretensão resultante entre os condutores de fase e de blindagem, dependendo de sua
magnitude, rompe a rigidez dielétrica do ar presente entre o espaçamento desses condutores
através do campo elétrico produzido, que deve ter um valor médio maior do que 623 kV/m
(CUNHA, 2010:12).
2.4 Sistema de Aterramento
2.4.1 Configurações de aterramento das linhas de transmissão
Basicamente, o sistema de aterramento de uma torre de transmissão é composto por eletrodos
enterrados, a certa profundidade, verticalmente e/ou horizontalmente. Os eletrodos verticais
são hastes cilíndricas de copperweld ou grelhas dispostas no pé da torre (PINHEIRO,
2005:21). A Figura 9 mostra um arranjo de hastes verticais ao redor da torre. A grelha
constitui uma estrutura formada por vários elementos metálicos próximos, em forma de
pirâmide, pode alcançar profundidades de 2,4 m (SOARES Jr, 1996:39). Os eletrodos
horizontais são denominados de cabos contrapeso, que são constituídos de condutores longos
de cobre ou ferro galvanizado, de secção cilíndrica ou em formas de fitas e quem podem ser
enterrados em várias profundidades, de acordo com o projeto. Com estes podem ser feitos
diversos arranjos de forma radial ou paralela, com a finalidade de facilitar o escoamento da
corrente de impulso atmosférico e diminuir a tensão no topo da torre (PINHEIRO, 2005:21).
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Alguns arranjos de cabos contrapeso podem ser vistos a seguir na Figura 10.
Para as torres metálicas autoportantes, os cabos contrapesos partem dos pontos de injeção de
corrente que são as quatro pernas da torre. Em cada ponto de contato com o solo é colocada
uma grelha, onde são conectados os cabos contrapesos a aproximadamente 0,5 m de
profundidade, partindo em direção radial e em seguida longitudinal, acompanhando
paralelamente a faixa de passagem (SOARES Jr, 1996:41). A configuração deste aterramento
é mostrada na Figura 11.
Figura 11 - Configuração de aterramento para torre metálica autoportante (SOARES Jr, 1996:40)
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Figura 12 - Configuração de aterramento, composta por grelha e cabos contrapeso (SOARES Jr, 1996:15)
Normalmente, as torres de transmissão por serem isoladas dos cabos condutores de energia
elétrica não apresentam tensão em sua estrutura, mas em condições anormais como na
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Quando a onda de tensão produzida na torre atinge a sua base, ou seja, seu aterramento, duas
novas ondas são originadas correspondentes aos fenômenos de reflexão e refração de ondas.
A intensidade dessas ondas depende da impedância de surto da torre e da impedância de
aterramento, a regulagem é feita por um coeficiente , calculado através da Equação 2,
mostrada abaixo (SOARES Jr, 1996:17).
(2)
Para o caso analisado, considera-se a impedância de surto da torre (ZT) da ordem de 150 Ω e a
impedância de aterramento (ZG) igual a 30 Ω. Este valor de impedância de aterramento é
considerado um valor aceitável, atendendo de forma confiável as respostas aos impulsos
atmosféricos (SOARES Jr, 1996:17)
Na Figura 14, pode-se perceber o efeito benéfico da reflexão negativa na sobretensão
resultante no topo da torre para um valor de impedância de aterramento igual a 30 Ω.
Figura 14 - Representação da onda de tensão refletida negativa se sobrepondo a onda de tensão original,
resultando em uma terceira onda no topo da torre, para Zater = 30 Ω (SOARES Jr, 1996:18)
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Figura 15 - Superposição de ondas refletidas com ondas incidentes para diferentes valores de impedância de
aterramento (SOARES Jr, 1996:18)
Das figuras anteriores (14) e (15), pode-se inferir que a onda refletida negativamente depende
expressivamente da impedância de aterramento, e quanto menor for essa impedância, maior
será a amplitude da onda refletida em módulo. O tempo de tráfego da onda desde o topo da
torre até a sua base e desta até o topo novamente, em um percurso inverso, corresponde ao
intervalo de tempo 2Γ1 que é aproximadamente da ordem de 0,2 µs (SOARES Jr, 1996:19).
2.4.2.3 Reflexão positiva na extremidade do cabo contrapeso
Como já visto a onda incidente ao chegar ao aterramento origina duas outras ondas, uma
refletida e outra refratada. Para continuar a análise, considera-se a parcela refratada da onda
incidente na torre que é transmitida para os cabos contrapesos, (Figura 16),
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A corrente transmitida tem uma parcela dissipada de forma divergente para o solo devido à
presença das grelhas nas quatro pernas da torre. Na forma de onda, a outra parcela se propaga
através dos cabos contrapesos até a sua extremidade. Neste local, considerando o cabo
contrapeso representado por uma linha de transmissão, a condição de linha aberta
(impedância infinita) é atribuída. Logo, a onda de tensão que atinge a extremidade da onda é
refletida com o coeficiente de reflexão (Γ2) em função da impedância de surto do cabo
contrapeso (Zcp) e da impedância de linha aberta (Z2), conforme Equação 2. Como a
impedância de linha aberta é igual a infinito, o coeficiente de reflexão é igual a unidade, logo
a onda é refletida positivamente e se propaga de volta pelo cabo contrapeso até atingir a base
da torre, onde novamente uma parcela é dissipada de forma divergente na grelha e outra
parcela é transmitida para a torre. Pelo fato dessa onda ser positiva, esta acaba contribuindo
para o aumento da tensão no topo da torre e conseqüentemente na cadeia de isoladores,
superpondo-se as outras duas ondas, a incidente e a refletida negativamente (SOARES Jr,
1996:20). A superposição de ondas pode ser vista na Figura 17, para este caso desconsidera-se
o efeito dispersivo nas grelhas e as atenuações.
Figura 17 - Onda de tensão resultante no topo da torre após o efeito das reflexões negativas e positivas
(SOARES Jr, 1996:20)
O intervalo 2Γ2 equivale a aproximadamente a 1,2 µs, que corresponde ao tempo de tráfego
da onda de tensão do topo da torre até a extremidade do cabo contrapeso e deste até o topo
novamente (SOARES Jr, 1996:21).
2.4.2.4 Atenuações na propagação da onda no sistema de aterramento
Além dos efeitos de reflexão das ondas, outros dois são responsáveis pela redução da
amplitude da onda de tensão refletida positivamente. O primeiro efeito, conforme mencionado
anteriormente, corresponde a parcela de corrente dissipada divergentemente nas grelhas
quando a onda é refratada para o sistema de aterramento, logo a magnitude da onda de tensão
que trafega pelo cabo contrapeso é menor (SOARES Jr, 1996:22).
O outro efeito implica na atenuação das ondas de tensão e corrente que se propagam nos
cabos contrapesos devido a estes estarem inseridos em um meio com perdas, no caso o solo
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(SOARES Jr, 1996:22). A Figura 18 mostra a onda resultante após os efeitos de atenuação e
dispersão.
Figura 1 - Onda resultante no topo da torre após o efeitos da dispersão e atenuação (SOARES Jr, 1996:22)
3. Conclusão
A maioria dos desligamentos que ocorrem em linhas de transmissão, resultando em
interrupções no fornecimento de energia elétrica aos consumidores, é decorrente de descargas
atmosféricas. Como consequências, além de prejuízos com a danificação de equipamentos,
geram também significativos prejuízos financeiros para as concessionárias e consumidores.
Logo, é necessário que se tenha uma atenção maior para este problema e através de estudos
que objetivam a proteção das linhas contra a incidência destes fenômenos atmosféricos e a
minimização de seus efeitos se fazem de grande valia.
Desse modo, foi possível perceber e verificar o desempenho que o aterramento das linhas de
transmissão exerce frente a esses surtos atmosféricos, minimizando sobretensões resultantes
no topo das torres, onde são localizadas as cadeias de isoladores, e dessa maneira não
permitindo, em alguns casos se bem projetado, que essas sobretensões não ultrapassem o
valor de suportabilidade dessas cadeias, o que garante o isolamento dos condutores
energizados.
Além disso, alguns conceitos relevantes ao tema foram reunidos e analisados, como
características e parâmetros importantes relativos às descargas atmosféricas, bem como os
seus diferentes pontos de incidência nas linhas de transmissão e seus respectivos fenômenos;
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