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Metabolismo de Combustível na Gravidez -


Aspectos Teóricos
Itzhak Zaidise, Raul Artal e Samuel P. Bessman

Não existe nenhum outro período da vida Proteínas não são armazenadas no organis-
adulta no qual ocorram alterações fisiológicas tão mo no sentido habitual da palavra porque to-
importantes quanto na gravidez. Todos os recur- das as proteínas conhecidas têm um papel fisio-
" sos disponíveis são canalizados para o feto sem lógico específico (enzimas, proteínas funcionais,
prejudicar a mãe. Essas funções são reguladas por como actina ou mio sina, estruturais como
uma variedade de hormônios, incluindo os colágeno e proteínas ósseas). Toda proteína
placentários gestacionais específicos. lisada e utilizada para energia pode afetar algu-
Gorduras, proteínas e carboidratos são reco- ma função fisiológica importante. As principais
nhecidos como combustíveis porque são capa- proteínas do corpo são colágeno (25%) e
zes de suprir necessidades energéticas. Também actomiosina (20%), que, sob condições de de-
são os principais blocos constituintes do corpo. manda maior, sofrem degradação. Essa degra-
Sua necessidade aumenta durante a gravidez dação é mais acentuada na miosina do que no
para suprir essas funções. colágeno. A perda de mais de 10% das proteí-
nas do corpo provoca prejuízos importantes de
COMPONENTES E ARMAZENAMENTO funções fisiológicas, enquanto uma perda de 30
DE COMBUSTÍVEL a 50% é letal.
A gordura é um substrato prontamente arma-
Todos os três principais componentes - pro- zenado. Não apenas tem o dobro do valor
teínas, carboidratos e gorduras - podem ser uti- calórico dos carboidratos e das proteínas, mas
lizados como combustíveis, porque são oxida- também não é hidratada, enquanto os outros
dos para a produção de energia (ATP). A taxa dois combustíveis são hidratados com aproxi-
de utilização varia e depende da necessidade es- madamente quatro vezes o seu peso em água.
pecífica de cada órgão. O órgão mais seletivo é Portanto, 1 kg de gordura fornece a mesma
o cérebro, que, sob condições normais, utiliza quantidade de energia que aproximadamente 10
exclusivamente glicose. kg de carboidratos ou proteínas. Por isso, o de-
O suprimento de combustível é derivado de pósito de gordura tem uma vantagem evolutiva
fontes externas, isto é, dieta, ou de depósitos significativa sobre os carboidratos. A gordura
internos. Dos três possíveis combustíveis, ape- não pode suprir toda a energia necessária para
nas a gordura é armazenada em quantidades o organismo, porque o cérebro e outros tecidos
significativas em tecidos adiposos. Uma mulher (eritrócitos e córtex renal) não podem utilizá-la.
não-gestante de 60 kg armazena aproximada- Essas necessidades são supridas pelo glicogênio.
mente 18 kg de gordura, o que pode gerar O ganho de peso médio durante a gravidez é
160.000 kcal. Carboidratos armazenados sob a de aproximadamente 12kg, com o concepto res-
forma de glicogênio são muito limitados, esti- ponsável por 4,950kg (feto, 3,5 kg; placenta, 0,65
mados em 800 a 1.000 kcal, metade aproxima- kg; líquido amniótico, 0,8 kg). Os tecidos mater-
damente armazenada no fígado e outra metade nos diretamente afetados pela gravidez (útero e
na musculatura esquelética. Apenas o glicogênio mamas), juntamente com o ganho de líquido,
hepático está prontamente disponível para a uti- são responsáveis por aproximadamente 4,3 kg
lização imediata. Em 24 horas de jejum contí- para um total de 9,250 kg (1). O restante, 2,75
nuo, o fígado fica virtualmente depletado de kg, acredita-se que seja o aumento líquido de
glicogênio, mas os músculos ainda possuem depósito de combustível. No homem, esses de-
aproximadamente 80% de seu glicogênio. pósitos, presumivelmente, são principalmente

31
32 Seção I. Adaptações Fisiológicas à Gravidez

12
nas); nenhuma retenção ou perda de nitrogênio
puderam ser demonstradas. Um ganho total de
9 t
Concepto
aproximadamente 1 kg de proteína equivalente
Kg a 5 kg de massa corporal magra na gravidez hu-
6 mana foi calculado por Hytten e Leitch (8); qua-
1 se tudo isso está relacionado ao feto, à placenta e
3 I ao útero. O restante do acúmulo de proteínas
Tecidoadiposo
ocorre inicialmente na gravidez e é gerado para
o 13 27 40 acomodar as necessidades metabólicas aumen-
SEMANAS DE GESTAÇÃO tadas, mas não para depósito. As proteínas são
utilizadas como combustível em casos de sua fal-
Figura 3.1. Constituintes do ganho de peso materno ta, como na desnutrição, ou quando são ingeridas
durante a gravidez. Conteúdo de gordura estabeleci- proteínas em excesso.
do pela medida da água corporal total. O concepto
consiste do feto, placenta, útero, líquido amniótico e
membranas. O concepto e a gordura poderiam ser INTERCONVERSÃO DE COMBUSTÍVEIS
responsáveis por todo o ganho de peso materno du-
rante a gravidez. (De Hytten FE, Leitch L The O combustível mais essencial é a glicose, que
physiology of human pregnancy, ed. 2. Oxford: precisa estar continuamente disponível, mesmo
Blackwell,1971,p. 333-369.) que seja armazenada em quantidades relativa-
mente pequenas. No rato, a transferência placen-
tária de gordura é baixa, e o feto mobiliza sua
de gordura (2) (Fig. 3.1). O ganho de peso du- energia e sintetiza gordura a partir de glicose e
rante a gestação é inversamente relacionado ao aminoácidos (9). Em outros animais e no ho-
peso matemo antes da gestação. Pacientes obe- mem, existe uma transferência limitada de áci-
sas ganham menos do que as magras (3). No dos graxos, mas primariamente aminoácidos e
rato, o peso corporal total aumenta durante a glicose cruzam a placenta.
gestação em aproximadamente 30%, a gordura Há realmente alguma interconversão de com-
fica acrescida em 50%, enquanto as proteínas, bustíveis. A glicose pode ser convertida em gor-
em 20% (4). As proteínas acumuladas são bem dura por meio da acetil-coenzima A, a principal
distribuídas entre os vários órgãos (fígado, 35%; via para excesso de carboidratos e aminoácidos.
coração, 30%; rins, 28%; trato gastrintestinal, 40 A via reversa, ácidos graxos para glicose, é tri-
a 50%) (5). O metabolismo de proteínas no rato vial. Aproximadamente 5% dos carbonos de
parece ser bifásico, anabólico no estágio inicial triglicerídeo (TG), o meio glicerol, podem ser
da gravidez e catabólico depois (6). convertidos em glicose. A glicose pode também
Não está esclarecido quais as alterações na pro- ser utilizada para formar o esqueleto de carbo-
teína corporal total ocorrem na gravidez huma- no de quase todos os aminoácidos essenciais.
na. Johnstone et aI. (7) realizaram um teste de Além disso, as proteínas podem ser convertidas
equihbrio de nitrogênio de 12 dias em 68 gestan- em glicose, aproximadamente 60 g de glicose
tes normais no final da gestação (30 a 34 sema- para cada 100 g de proteína (Fig. 3.2).

i1
GICLOGÊNIO

INSULINA EPINEFRINA
ÁCIDOS INSULINA
GRAXOS ~ GORDURA

Ac~~ciloSE
CORTISOL /'
./ LIVRES

AMINOÁCIDOS

"I
ACTHil
CORTISOL INSULINA

PROTEíNA

,I Figura 3.2.Interconversão de elementos do combustível. Note que não existe nenhuma conversão de ácidos
I graxos para a glicose.A epinefrina estimula a quebra de glicogênio e gordura. ACTH e cortisol estimulam a
11' :,' lise de proteínas em aminoácidos e a transformação destes em glicose(gliconeogênese).A insulina reverte os
. efeitos de epinefrina e ACTH-cortisol.

li_!--
Capítulo 3. Metabolismo de Combustível na Gravidez - Aspectos Teóricos 33

CONCEITO DE TENSÃO CONTROLADA Tabela 3.2. Efeitosda Insulina


Metabolismo Sangue
Bessman e seu grupo propuseram a hipóte-
se de "tensão controlada" para explicar os efei- Síntese de glicogênio i Glicose J,
tos bioquímicos provocados pela interação en- Síntese de proteínas i Aminoácidos J,
tre hormônios catabólicos e insulina anabólica Transporte de glicose i Glicose J,
(10).Eles postularam que todos os tipos de ten- Síntese de ácido graxo i Cetonas J,
sões, incluindo trauma, infecção e tensão psi- Síntese de gordura i Ácidosgraxoslivres J,
cológica, constituem um mecanismo de sobre-
vivência de emergência no qual o organismo é
rapidamente suprido com grandes quantida-
des de combustíveis, glicose para o cérebro e ideal para metabolismo cerebral. Age aumen-
ácidos graxos livres (FFA) para os músculos, tando a ressíntese de gordura e glicogênio sem
para permitir enfrentar as necessidades de "lu- afetar sua taxa de lise.
tar ou fugir". Se o estresse continuar durante muitas horas,
A epinefrina, o mais primitivo hormônio de os efeitos do cortisol, ACTH e hormônio do cres-
estresse (11), é responsável pela reação de cimento (GH) (fase II do estresse) manifestam-se
estresse primária. Seu mecanismo de ação é (Tabela 3.3). São secretados juntamente com a
uma rápida ativação de enzimas inativas epinefrina, mas, como seu mecanismo de ação é
preexistentes por meio do sistema de AMPc- lento, seus efeitos são retardados (p. ex.,indução
adenilciclase (12, 13).Tanto glicogenólise quan- de enzimas). Hormônios de fase II aumentam a
to lipólise são acentuadamente aumentadas. lise de proteínas em aminoácidos, estimulando
Grosso modo, o efeito da epinefrina não é con- assim a gliconeogênese, de forma que um supri-
trolado e resulta em suprimento excessivo des- mento adequado de glicose para o cérebro conti-
tes combustíveis, excedendo a capacidade da nue mesmo depois que as reservas de glicogênio
célula para metabolizar. Isso resulta em hiper- hepático estejam exauridas. A insulina controla a
glicemia, hiperlipidemia, cetonemia e acidemia fase II aumentando a reação oposta, a síntese de
láctica pela oxidação incompleta de FFA e proteína a partir dos aminoácidos, impedindo
glicose. Os ácidos provocam redução no bicar- assim a gliconeogênese de substrato quando o
bonato sangüíneo e pH (Tabela 3.1). Todas es- nível de glicose no sangue excede o ideal de 100
sas alterações podem ser observadas clinica- mg/100 ml. Alise de proteínas não é afetada pela
mente na cetoacidose diabética. O efeito da insulina (15).Como o combustível a ser conser-
epinefrina provoca gasto excessivo de depósi- vado é a glicose, ela representa o sinal para a se-
tos limitados de glicogênio. Essa é a fase I do creção de insulina pelas células do pâncreas.
estresse. Quando termina o estresse, a epinefrina e os
Sabe-se que a insulina desperta reações hormônios de fase II não são mais secretados.
anabólicas e, como tal, pode ser considerada Os efeitos da epinefrina cessam imediatamen-
como um verdadeiro hormônio de crescimen- te, enquanto os efeitos da fase II continuam du-
to (14). A insulina contrabalança a ação da rante horas ou até mesmo dias, porque sua re-
epinefrina (Tabela 3.2) por sua estimulação de dução depende da meia-vida de enzimas recém-
síntese de proteína, gordura e glicogênio. A in- sintetizadas pela ação dos hormônios de fase II
sulina limita o suprimento de todos os com- (cortisol, ACTH, GH) (Fig. 3.3).
bustíveis em relação ao nível de glicose no san-
gue. É secretada quando o nível de glicose au-
menta mais do que 100 mg/dl, a concentração Tabela 3.3 Efeitosde HormôniosEsteróides-Peptídeos
Metabolismo Sangue
Tabela3.1.Efeitosda Epinefrinasobre a Bioquímica
do Sangue . Protease i Aminoácidos, i
cetonas e
1. Glicose l' lactato
2. Ácidos graxos livres l' Glicose-6-fosfatase
3. Lactato l' Frutose-1,6-difosfatase Glicose i
4. Ácidos cetônicos l' Piruvato carboxilase
5. Bicarbonato J, Fosfoenolpiruvato
6. pH J, carboxiquinase
34 Seção I. Adaptações Fisiológicas à Gravidez

A ACTH e cortisol realmente aumentam du-


, Estresse -
rante a gravidez (17, 18). Os níveis progressi-
I
I
I
Recuperação --- vamente crescentes de cortisol são acompanha-
I
I
I
.
,.... _--
dos por mais globulina ligadora de cortisona
circulante (19,20). Os níveis de ACTH aumen-
~~- B
tam no final da gravidez. Foi postulado (20) que
---
Estresse--
o hipotálamo demonstra sensibilidade reduzi-
o da ao cortisol devido a concentrações mater-
o Recuperação ---
,~
::::>
--- --------------
nas elevadas de antagonistas da cortisona,
como progesterona e 17-hidroxiprogesterona
a
~
c (21). Também foi sugerido um efeito positivo
üJ Período de direto do estrógeno sobre a secreção de ACTH
u. estresse WÁV.4'
w (6). A placenta provavelmente secreta uma par-
te significativa do ACTH materno (22) porque
o conteúdo placentário do hormônio é mais alto
do que poderia ser explicado pela distribuição
sangüínea do hormônio. Isso explica também
Período de W~ a resistência da produção do cortisol à inibição
estresse da dexametasona. A gestante, portanto, pode
6 12 18 24 30 36 42 ser considerada como em contínua fase II do
estresse aumentada pelo efeito catabólico des-
HORAS tes hormônios particularmente associados com
gestação.
Figura 3.3. Relação esquemática entre efeitos quími- O hormônio de crescimento (hGH) permane-
cos dos hormônios de estresse de fasesI e n e duração ce essencialmente inalterado durante toda a ges-
do estresse real. A, Fase I do estresse - epinefrina. B, tação. A secreção pituitária de hGH em resposta
Fase n de estresse - hormônios esteróides-peptídeos.
C, Manifestações reais de estresse a curto prazo - aos estímulos (como hipoglicemia) aumenta
efeito combinado de hormônios de fases I e n. D, durante as primeiras 24 semanas e diminui de-
Manifestação real de estresse a longo prazo - efeito pois disso.
combinado de hormônios de fases I e n. (De Zaidise Ao rever a literatura atual, parece que o
I, Bessman SP.The diabetic syndrome - uncontrolled glucagon desempenha apenas um papel se-
stress. In Belfiore F, Galton DI, Reaven GM, eds. cundário na modificação das alterações rela-
Frontiers in Diabetes, Basel:Karger, 1984;vol4, p 77-
92.)
cionadas à gestação do metabolismo de com-
bustível (3).
A secreção de estrógeno aumenta de abaixo
A gravidez apareceu tardiamente na evolução. de 100 llg/ dia até 33 mg/ dia próximo ao térmi-
Existe apenas em vertebrados, principalmente nos no da gestação (23). Esse hormônio aumenta a
mamíferos. Hormônios relacionados à gestação, lipólise e a gliconeogênese por meio da lise de
estrógeno, progesterona, lactogênio placentário proteínas, sendo este último efeito assumido
humano e prolactina desempenham um papel se- como facilitado pela secreção de ACTH. Já o
cundário como 'modificadores no esquema prin- estrógeno natural melhora a tolerância à glicose,
cipal do metabolismo de combustível previamen- tanto em animais de laboratório quanto no ho-
te discutido. Seu principal papel metabólico é ga- mem (24), provavelmente mediante de um efei-
rantir substrato adequado para suprir o feto por to positivo na secreção de insulina, porque tam-
meio de catabolismo de depósitos matemos. São bém provoca hipertrofia das ilhotas pancreáti-
secretados independentemente das variações me- cas, que foi demonstrada na gravidez (25). Esse
tabólicas do dia-a-dia, de forma que o ajuste fino processo pode explicar os níveis basais aumen-
do metabolismo de combustível é regulado pelos tados de insulina no final da gravidez em vez
principais hormônios de estresse e insulina. de glicemia de jejum mais baixa.
A progesterona tem um efeito limitado, no
HORMÔNIOS QUE AFETAM O homem, sobre a tolerância à glicose, mas real-
SUPRIMENTO DE COMBUSTÍVEL mente aumenta a insulina plasmática basal (26,
NA GRAVIDEZ 27). Também se descobriu que a progesterona
diminui a resposta do receptor de insulina (28).
Em condições sem estresse, os níveis de Sua secreção aumenta progressivamente, atin-
epinefrina não se alteram na gravidez (16). gindo um nível de 250 mg/ dia no termo.
Capítulo 3. Metabolismo de Combustível na Gravidez - Aspectos Teóricos 35

HPL é um polipeptídeo de cadeia única, tolerância à glicose geralmente ficam inalterados


secretado pela placenta. Imunologicamente, está e podem mesmo melhorar na paciente diabéti-
estreitamente relacionado a hGH. HPL provoca ca (42), provavelmente devido a um aumento
mobilização de FFA a partir dos depósitos ma- de secreção de insulina.
ternos. Os níveis de lípideos, lipoproteína e Uma alteração metabólica importante ocor-
apolipoproteína, que aumentam durante a gra- re na segunda metade da gravidez. O acúmulo
videz, estão positivamente correlacionados com de gordura cessa; em muitos casos, existe real
alterações em estradiol, progesterona e hPL (29). redução dos depósitos de gordura. Alguns pes-
Eles têm um efeito diabetogênico e sua admi- quisadores descrevem redução na massa cor-
nistração provoca intolerância à glicose em mu- poral magra em animais de laboratório. Duran-
lheres que apresentam tolerância à glicose pre- te esse período, os níveis de cortisol, GH e in-
judicada em gestações anteriores (30).O aumen- sulina continuam a aumentar. Níveis sangüí-
to de fatores de crescimento semelhantes à in- neos de jejum de glicose, aminoácidos, FFA e
sulina (IGF) que ocorre na gestação está prova- cetonas não se alteram significativamente du-
velmente relacionado à atividade semelhante a rante a gravidez (Fig. 3.4A). Um posterior je-
GH do hPL. Os níveis sangüíneos de termo são jum de 4 a 6 horas resulta em níveis sangüíneos
de 5 a 8 pg/ml (31). Foi sugerido que o hPL é mais baixos de glicose e aminoácidos, enquan-
modulado pela glicose e/ou FFA (32). to FFA e cetonas aumentam acentuadamente
Prolactina tem ações semelhantes às do hGH. (Fig. 3.5).(43, 44).
Seus níveis na gestação estão aumentando As alterações metabólicas simulam as obser-
constantemente (33, 34). A prolactina é.secre- vadas em jejum prolongado e, na realidade,
tada pela hipófise materna, miométrio e endo- Freinkel denominou como estado de "inanição
métrio. A secreção de prolactina uterina é me- acelerada" (45).O desvio metabólico acima é par-
diada por estrógenos, progesterona e relaxina cialmente aliado das necessidades fetais. O feto
(35). O "efeito antiinsulina" de prolactina está triplica seu peso durante o último trimestre. Em-
bem estabelecido. Sua administração provoca bora o gasto metabólico do feto por kg de peso,
elevação do nível sangüíneo de FFAno homem expresso em calorias, não seja muito diferente do
(36) e aumento tardio (5 horas) da glicemia e da mãe, a composição dos substratos usados é
do "turnover" de glicose no cão (37). Em mu- diferente. Por causa das quantidades muito limi-
lheres não-gestantes hiperprolactinêmicas, a tadas de ácidos graxos que cruzam a placenta, a
curva de tolerância à glicose, os níveis basais síntese de gordura e proteínas é derivada princi-
de insulina e as respostas de insulina plasmá- palmente de glicose e aminoácidos.
tica pós-estímulo são significativamente mais A drenagem transplacentária contínua de
altos do que em mulheres normais, simulando glicose e os aminoácidos não afeta os níveis
as respostas metabólicas de gestação tardia (38). sangüíneos maternos destes nutrientes durante
Esses fenômenos podem ser explicados por o dia. No entanto, depois do jejum da noite, a
meio do conceito de "estresse controlado", por- glicemia e os aminoácidos plasmáticos estão
que a prolactina aumenta a gliconeogênese que reduzidos no final da gravidez. Com o esgota-
poderia parecer clinicamente como diminuição mento dos depósitos de glicogênio hepático, a
de sensibilidade à insulina. As alterações tar- proteína torna-se a única fonte de glicose e
dias no metabolismo da glicose são semelhan- aminoácidos. Sob essas condições, ocorre lipólise.
tes às observadas na fase II do estresse, refle- Como a glicose é drenada, no entanto, o orga-
tindo síntese enzimática catabólica. nismo materno não responde com secreção de
insulina (46)para controlar a lise excessiva de TG,
ADAPTAÇÃO METABÓLICA À GRAVIDEZ como na reação de estresse normal compensada.
Se a inanição persistir, a formação de FFAexcede
O acúmulo de gordura e o aumento da sínte- sua taxa de oxidação completa, resultando em
se de proteínas começa precocemente na gravi- geração de cetonas (Fig. 3.4B). Isso simula a
dez. Essas alterações são parcialmente. expli- seqüência de eventos que ocorre durante o jejum
cadas pelo aumento do apetite materno. A ges- na mulher não-gestante, mas muito mais rapida-
tação caracteriza-se por níveis aumentados de mente, porque os hormônios catabólicos estão
insulina circulante e resistência à insulina (39, inicialmente mais elevados na gravidez, e a
40). Issoleva a necessidades mais elevadas de utilização da glicose está aumentada. Uma
insulina em pacientes diabéticas (41). Inicial- atividade lipolítica elevada foi encontrada in vitro
mente na gravidez, os níveis de hPL, prolactina nos tecidos gordurosos de animais prenhes (47)
e cortisona são baixos, de forma que os testes de expostos a cortisol e hPL.

)i
36 Seção I. Adaptações Fisiológicas à Gravidez

CONDiÇÕES PLACENTA

A NORMAL (COM OU SEM ESTRESSE)

Gordura Glicogênio Proteína


I

Hormônios Normais ou
de estresse elevados

J "J .• --
Insulina Normal ou FFA Glicose ,Aminoácidos - -- Aminoácidos = i
elevada Lactato ~- - - - - - - - - -- Glicose =

Níveis
sangüíneos Normal Normal Normal

B INANiÇÃO

Hormônios
de estresse
-----",.----
Normal I I
Gordura Glicogênio Proteína

----+-----t

Baixa FFÀ Aminoácidos - - - -- Aminoácidos = J,


Insulina Glicose - - - - - - - - - - -- Glicose = J,
Cetonas - - - - - - - - - - - - - - -- Cetonas i
Níveis
Altos Baixos Baixos
sangüíneos

C DIABETES (ESTRESSE)

Gordura Glicogênio Proteína

Hormônios
de estresse

Insulina
Altos

Baixa
D
Glicose - -
Aminoácidos - - - -- Aminoácidos
Glicose i
i
Lactato - Lactato i
Cetonas i
Níveis
Altos Altos Altos
sangüíneos

Figura 3.4. Efeitos hormonais sobre suprimento de combustível e disponibilidade na gravidez. A, Normal:
existe equilíbrio entre lise e síntese de combustíveis em virtude de efeitos mútuos de hormônios de estresse
e insulina. Níveis sangüíneos de combustíveis e seus produtos são normais. Não se observa nenhuma altera-
ção durante o estresse porque a secreção de insulina aumenta para contrabalançar a atividade de hormônios
de estresse. B, Inanição: em virtude da drenagem de glicose do sistema materno, a atividade de insulina é
baixa. Como a lise de gordura contínua sem ativação de síntese de gordura pela insulina, aumentam FFA e
cetonas, resultando em cetonemia na mãe e no feto. C, Diabetes com estresse: são ativadas as fases I e II do
estresse e não são controladas pela insulina. PFA, cetonas, glicose, lactato e aminoácidos estão elevados no
sangue materno (cetoacidose diabética). Todos, exceto FFA, estão elevados também no feto. O feto reage com
hiperinsulinemia e transforma esses substratos para gordura e proteínas, resultando na criança macrossômica
típica observada em gestações diabéticas.
<:;apítulo3. Metabolismo de Combustível na Gravidez - Aspectos Teóricos 37

-= !~~
NÃQ-GESTANTES GESTANTES tração de insulinase). O rato e a espécie huma-
na apresentam atividade de insulinase pla-

I_;fUCO:E centária, mas não existe aumento na depuração


de insulina no homem (50). O efeito combina-
dos desses processos foi denominado "insensi-

t:==
bilidade à insulina". A sensibilidade à insulina
na gravidez é aproximadamente um quinto da
~
observada na mulher não-grávida (51).
E +0,5o ALANINA ~., I ~
Os fatores que determinam sensibilidade à
=õE -0,5
insulina não estão esclarecidos, p. ex., relacio-
~ -1,0 L-L--_--'-_-'-_-' nados a hormônios, enzimas ou receptores. Em
+300
ÁCIDOS GRAXOS LIVRES geral, os componentes da insensibilidade à in-
sulina em si podem ser explicados pelo meca-
+200 nismo de estresse controlado. Puavilai et aI. (52)
~ descobriram, no final da gestação, durante so-
~ +100 brecarga de glicose, aumento de ligação da in-
2: sulina a monócitos periféricos juntamente com
E
<l o ~
uma razão elevada de glicose plasmática para a
insulina. Eles sugeriram um defeito "pós-recep-
-100
tor" na ação da insulina. Esses mesmos dados
/3-HIDROXIBUTIRATO podem ser interpretados como ação de insulina
intacta em face de uma taxa de gliconeogênese
+0,3
elevada provocada por ACTH, cortisol e hPL,
~ que estão elevados durante o final da gravidez
E +0,2 sem necessidade de postular efeitos pós-recep-

E tores desconhecidos.
2: +0,1 A insulina materna não atravessa a barreira
<l

o -=p--~ placentária. No feto, pode ser detectada já com


12 a 15 semanas e sua concentração aumenta
12 14 16 18 12 14 16 18 rapidamente depois disso. Uma resposta de
HORAS JEJUM insulina monofásica simples à glicose é obser-
vada precocemente no 2º trimestre. A resposta
Figura 3.5 Alterações nas concentrações plasmáticas
de glicose, alanina, ácidos graxos livres e ,B-hidro- fisiológica bifásica desenvolve-se apenas no pe-
xibutirato em mulheres não-grávidas e gestantes en- ríodo pós-natal (53).
tre 12 e 18 horas de jejum. Os valores são mostrados A passagem transplacentária de ácidos
emincrementos ou decréscimosabsolutos a partir dos graxos na espécie humana não-diabético é pe-
valoresbasais. (Modificadode Metzger BE,Ravnikar quena, mas pode atingir grande proporção em
V,VileisisRA, Freinkel N. "Accelerated satarvation"
outras espécies (54, 55). Ácidos graxos essen-
and the skipped breakfast in late normal pregnancy.
Lancet 1982;1:588-592.) ciais, como linoleato, não podem ser sintetiza-
dos pelo feto e precisam ser transportados pela
placenta. Com base no conteúdo de lineolato
A tolerância à glicose reduzida observada no fetal, foi estimado que até 50% dos lipídeos
final da gestação é interpretada por esse meca- fetais totais provêm da mãe (55). Koren e Shafrir
nismo. Durante uma sobrecarga de glicose, a (9), porém, descobriram que no rato apenas 1 a
insulina precisa contrabalançar os efeitos da 2% do palmitato injetado intravenosa mente
gliconeogênese aumentada dos hormônios da atravessa a placenta em 16 a 18 horas. A pe-
rmal:
gravidez e da cortisona desviando glicose para quena contribuição materna por muito tempo
resse
tera- gordura e glicogênio. Algumas outras hipóte- pôde, portanto, somar-se a uma grande quan-
lnios ses foram encaminhadas para explicar a intole- tidade de ácidos graxos.
ina é rância à glicose na gravidez apesar da secreção A placenta humana tem atividade de lipo-
1FAe de insulina mais alta: redução da afinidade de proteína lipase (56). Pode, assim, captar TG e
II do ligação do receptor de insulina (48), defeito pós- FFA, embora a taxa seja bem maior para os últi-
)s no
receptor, remoção mais rápida da insulina da mos. A placenta armazena um pouco de FFA,
~com
,mica circulação (49) por proteínas especiais do recep- mas, principalmente, faz a reesterificação em Te.
tor (receptor inativo ou aumento do catabolismo Todas as gorduras são liberadas na circulação
de insulina por maior atividade e/ou concen- fetal, na forma de FFA.
""fr{,;O---------

38 Seção L Adaptações Fisiológicas à Gravidez

A transferência placentária de FFA é regu- Nesses estudos, a ocorrência exata de


lada sobretudo por seu gradiente transpla- cetoacidose versus cetose apenas é desconheci-
centário (57). Todos os componentes de da. Os resultados, portanto, não podem ser
lipídeos plasmáticos estão elevados na gravi- extrapolados para mulheres normais com
dez (58). Aumento maior de FFA e TG é ob- cetose fisiológica da gravidez. Naeye e Chez
servado no diabetes materno. Outros fatores (67),analisando o banco de dados Collaborative
importantes que afetam a transferência de FFA Perinatal Project, não encontraram qualquer
são: fluxo sangüíneo placentário, fluxo sangüí- comprometimento psiconeurológico entre
neo umbilical, concentrações materna e fetal crianças de mães normais que tinham apresen-
de albumina e proteína de ligação com ácidos tado cetose durante inanição. Em certas con-
graxos intratrofoblástica (59). dições, o feto beneficia-se de cetonas, porque
pode utilizá-las para energia (68) e para sínte-
se de lipídeos cerebrais (69).
CONSEQÜÊNCIAS DA CETOSE Apesar disso, a cetose deve ser evitada por
GESTACIONAL meio de refeições e lanches freqüentes, especi-
almente antes de dormir à noite. Omitir o
Como discutido previamente, a cetose desjejum é outro hábito indesejável, porque pro-
gestacional é comum e deve provavelmente ser longa o jejum noturno para 16 a 18 horas (44).
considerada um estado fisiológico, e não pato- Um pouco de alimento também é recomendado
lógico. Ao contrário dos ácidos graxos, as antes do exercício.
cetonas atravessam prontamente a placenta
(60), e seus níveis na circulação fetal igualam
aos da mãe (61). Ainda é discutível se isso acar- DESTINO METABÓLICO
reta riscos para o feto. Freqüentemente, consi- DEGLICOSE
dera-se que a cetose gestacional em mulheres
normais tem o mesmo significado patológico Em média, a gestante que não limita sua
que na cetoacidose diabética. A última é uma ingestão de alimentos consome aproximada-
situação metabólica completamente diferente, mente 2.300 a 2.800 kcal (70). Como muito pou-
em que a cetose se acompanha de acidose me- co ganho de peso materno líquido (excluindo
tabólica e os níveis de glicose são geralmente produtos da gestação e fluidos) é observado
muito elevados. A acidose metabólica por si durante o final da gestação, todos os combustí-
pode prejudicar o feto reduzindo o fluxo veis são usados para necessidades maternas e
sangüíneo uterino (62). fetais de energia e crescimento fetal. Assumin-
O Collaborative Perinatal Project do Na- do uma ingestão diária média de 2.500 kcal com
tional Institute of Neurological Disorders and 40% de carboidratos, a quantidade de glicose
Stroke consiste de um acompanhamento disponível chega a 1.000 kcal ou 250 g. Necessi-
prospectivo de oito anos de 53.518 gestações dades maternas inflexíveis são de aproximada-
em 12 hospitais norte-americanos entre 1959 e mente 150 g/ dia (120 g para o cérebro e 30 g
1966 (63). Alguns estudos foram baseados no para outros tecidos dependentes de glicose).
subgrupo de mães diabéticas desse banco de O consumo de oxigênio fetal próximo do ter-
dados. Churchill et aI. (64) descobriram mo é de aproximadamente 5 m1/kg/hora (71).
percentuais de QI mais baixos (média de 83) Com base na pressuposição de que o combustí-
em filhos de mães diabéticas que tinham apre- vel primário para o feto é a glicose, Widdowson
sentado episódios de cetonúria no intervalo de (5) calculou que a necessidade fetal de energia
24 horas do parto em comparação com as que por kg de peso corporal é a mesma que a da mãe.
não tinham apresentado esses episódios (mé- Necessidades inflexíveis fetal e materna nessa
dia 101) ou para mães normais não-diabéticas ocasião somam 215 g (72), deixando apenas 35
(média 102). Analisando os mesmos dados, g de glicose para outras necessidades metabóli-
Naeye (65) não descobriu nenhuma diferença cas. Foi descoberto experimentalmente que a uti-
entre qualquer desses grupos nos escores de QI. lização uterina da glicose (principalmente o
Stehbens et aI. (66) acompanharam, prospec- concepto) representa de 30 a 50% do uso global
tivamente, 80 crianças de mães diabéticas. Em de glicose pela mãe (73).Os dados previamente
torno da idade de 5 anos, descobriram um es- mencionados são compatíveis com a crença co-
core de QI menor entre as crianças cujas mães mum de que, no final da gravidez, a glicose é
tinham apresentado episódios de cetonúria "reservada" para necessidades fetais. A utiliza-
durante a gravidez. ção de glicose também depende de sua concen-
Capítulo 3. Metabolismo de Combustível na Gravidez - Aspectos Teóricos 39

,tração plasmática materna. No feto ovino, a condrial é a depleção de ATP e um aumento


><glicosesatisfaz aproximadamente 50% das ne- de adenosina difosfato (AOP). Como o AOP
",,"€essidadesde energia no estado alimentado, mas controla a geração de energia, sua maior dis-
Z;apenas 15% na condição de jejum. A hipo- ponibilidade resulta em maior taxa de produ-
glicemia induzida pela insulina tem um efeito ção de energia.
melhante (74).
': No início da gravidez, as necessidades me-
tabólicas fetais são praticamente nulas. A CONSIDERAÇÕES METABÓLICAS SOBRE II
,>glicose desaparece do sangue após as refeições DIABETES NA GRAVIDEZ
~'~Jnaisrapidamente do que pode ser oxidada.
;yIQuando 50 g de glicose são injetadas intraveno- Considerando a insulina como o único
·'••·.samente, a glicemia retornará ao nível anterior hormônio antiestresse, o diabetes pode ser tido
'.àsobrecarga em 1 hora. Ao mesmo tempo, ape- como uma doença de "estresse descontrolado".
···.nas aproximadamente 70 kcal são explorados O organismo é completamente capaz de produ-
para energia. Mesmo se toda energia fosse pro- zir as fases do estresse da epinefrina e hormônios
quzida a partir da glicose (que é provavelmen- peptídeos, mas incapaz de modular com insuli-
te uma superestimativa), isso corresponderia a na pancreática e evitar os efeitos deletérios da
apenas 35% da glicose administrada. A maior reação de estresse completamente estabelecida.
."'parte da glicose é, portanto, desviada para gor- Na prática, um paciente diabético equilibrado
... dura e uma quantidade menor para glicogênio. com certa dose de insulina pode enfrentar a vida
Cada molécula de glicose transformada em gor- normal muito bem. No entanto, logo que qual-
dura é perdida para os tecidos maternos de- quer tipo de estresse aparece, como infecção,
pendentes de glicose e para o feto mais tarde cirurgia ou estresse emocional, o paciente dia-
na gestação. bético desequilibra-se e entra em um estado de
A utilização da glicose pela musculatura .catabolismo excessivo que requer uma dose
restante é insulino-dependente. A captação de mais alta de insulina.
glicose pelo tecido apresenta-se aumentada na A gravidez pode ser considerada um estado
'presença de níveis circulantes de glicose mais de estresse crônico; não apenas os hormônios
.'.::;altos,mesmo na ausência de insulina (75). A de fase II de estresse original estão elevados,
.•utilização de glicose para energia é mais ele- mas também alguns dos hormônios de estresse
vada no período absortivo porque glicose e in- relacionados à gravidez, isto é, hPL e prolactina.
sulina são elevados na ocasião, embora sejam Os níveis de glicose flutuam mais no final de
significativamente reduzidas depois. No final uma gestação normal do que em qualquer ou-
da gravidez, a oxidação de glicose no múscu- tro período e, com eles, as demandas de insuli-
lo é relativamente mais elevada, porque o pe- na também mudam. Metzger e Freinkel (81)
ríodo absortivo apresenta-se prolongado (tole- concluíram que o efeito da gravidez sobre o me-
rância à glicose reduzida) e os níveis basais tabolismo de combustível materno é para am-
de insulina são mais elevados. plificar a magnitude da oscilação durante as
O músculo em exercício utiliza glicose in- transições entre os estados de alimentado e je-
dependentemente da insulina. No paciente di- jum (Fig. 3.6).A insulina oscila em paralelo com
abético, o exercício reduz a glicemia, um efei- a glicose.
to semelhante ao da insulina. Foi demonstra- A diabética gestante é incapaz de secretar a
do por Artal et aI. (76) que, durante o exercí- quantidade necessária de insulina em resposta
cio na gravidez, a glicose é reduzida de forma à estimulação da glicose. Os níveis sangüíneos
semelhante em pacientes saudáveis e diabéti- dos combustíveis irão oscilar ainda mais ampla-
cas. O mecanismo para esse fenômeno foi tra- mente do que na gestação normal. Os dados
balhado por Bessman e seu grupo (77 a 80). experimentais apóiam essas considerações. A
Sugeriram um transporte de ida e volta de glicose está elevada no estado alimentado, em-
creatina-fosfocreatina para a transferência de bora não retorne ao normal no estado de jejum,
energia do mitocôndria para miofibrilas. por causa da gliconeogênese aumentada (82).O
Quando o músculo é exercitado, mais fosfo- mesmo se observa para aminoácidos (81).FFAe
creatina é consumida pelas miofibrilas. A cetonas circulantes são mais elevados em paci-
creatina livre liberada difunde-se para a mem- entes diabéticas gestantes do que nas gestantes
brana mitocondrial onde a fosfocreatina é re- normais, tanto em estado alimentado quanto em
generada. Essa última reação é dependente de jejum (83). O aumento é mais pronunciado de-
ATPe o efeito líquido no compartimento mito- pois de um jejum noturno (84).
'Tll"

40 SeçãoL Adaptações Fisiológicas à Gravidez

NÃO-GESTANTE (90, 91) e controle de atividade, bem como


ESTADO monitorização regular da glicemia (85,92), me.
ALIMENTADO ,C)._~ --
lhor distribuição da dose de insulina e evitar je.
JEJUM
jum prolongado e qualquer possível estresse.
Muitas bombas de alça aberta para insulina
FINAL DA GRAVIDEZ:
foram introduzidas (93, 94). Elas administrarn
ESTADO
ALIMENTADO insulina continuamente e podem levar em con.
JEJUM
ta as alterações em necessidades de insulina
durante as refeições e ser programadas para a
REFEiÇÕES: t atividade e o jejum noturno. Como são progra·
madas com antecedência, no entanto, é preciso
o ANABOLlSMO • CATABOLlSMO manter controle rígido da dieta e da atividade,
e nenhum fator que não possa ser predetermi-
nado é levado em consideração. Os períodos de
Figura 3.6. Efeito da gestação sobre combustíveis necessidades aumentadas de insulina por
metabólicos(De Metzger BE,FreinkelN. Effectsof estresse são, acreditamos, mais destrutivos.
diabetes mellitus in the endocrinologic and the A solução ideal é um sistema de alça fechada
metabolic adaptation of gestation. Semin Perinatal que acompanhe a glicemia e administre a quan-
1978;2:309-318.)
tidade exata de insulina necessária, como faz o
pâncreas normal. Uma unidade grande, relati-
vamente imóvel, está disponível e mostrou-se
eficaz para o tratamento a curto prazo, como no
No diabetes insulino-dependente, o médico parto, cesariana ou casos de cetoacidose (Fig.3.7)
e a paciente assumem o papel de pâncreas (95, 96). Um aparelho de implantação a longo
monitorizando o estado metabólico e controlan- prazo foi desenvolvido por Bessman e seu gru-
do o estresse. Quanto melhor o controle~ mais po. Esse "pâncreas artifical" baseia-se em sensor
próximo do normal fica a paciente. Qualquer de glicose oxidase medindo diretamente a
estudo metabólico do diabetes reflete apenas o glicose nos tecidos e ativando uma bomba
êxito ou a falha de um certo esquema terapêutico
em determinado grupo de pacientes (85). Nor-
malmente, a secreção de insulina é ajustada
muitas vezes por dia para controlar o suprimen-
to correto e o armazenamento dos principais A --Insulina se
200 - - - Biostator
combustíveis, o que se reflete nos níveis de ..~\
glicemia. Um paciente diabético que recebe de 150 '\ f\
duas a quatro doses de insulina por dia pode _
\.~ _
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_." •..•• 4#.~.N •··".i,.·..•'1:\..••
j\ .. /.•....
·.............•
l ...
~·.\.~..•••••.•..•.•••..
E 100
ter sua necessidade média do hormônio, mas, o
o
certamente, não suas necessidades imediatas. ~ 50
Na maior parte do tempo, o diabético apresenta E
UJ
insulina circulante em excesso ou faltando. O cn B
O
organismo oscila muito entre estados anabólicos 9150
...J
e catabólicos. Essa constante mudança entre sín- <9
tese e lise, especialmente de proteínas, pode ser 100 \,
responsável pelas complicações tardias da do- 50
ença. A curto prazo, o organismo pode acomo-
dar essas flutuações, a menos que seja necessá- 1200 1600 2000 2400 0400 0800
rio um rápido aumento nos níveis de insulina, Tempo
como no caso de estresse intenso.
A gestação é um período de alterações meta- Figura 3.7.Níveisde glicemiaobtidoscom um siste-
bólicas rápidas, necessitando de um melhor ajus- ma de administração de insulina com alça fechada
te da administração de insulina. Além disso, por (Biostator,MilesLaboratories,Elkhart,IN) e terapêu-
razões que fogem ao escopo deste capítulo, a ticaconvencionalideal,comdietae múltiplasinjeções
de insulinasubcutânea.A, Diabetesjuvenil.B, Diabe-
evolução fetal parece ser melhor quando os ní-
tes do adulto. O sistemade alça fechadonão apenas
veis glicêmicos maternos são constantemente reduz a glicemiamédiaatéum nívelpredeterminado,
estabilizados em 80 a 100 mg/l00 ml (85-89). como também diminui as flutuações catabólicas e
Atingir um melhor controle exige dieta rígida anabólicasrepresentadaspelosníveisde glicose.
Capítulo 3. Metabolismo de Combustível na Gravidez - Aspectos Teóricos 41

SUPRIMENTO
DE BOMBA
LÓGICA ENERGIA
PIEZO-
ELÉTRICA

RESERVATÓRIO I I
DE INSULINA

3.8.Representação esquemática de células artificiaisimplantáveis. O eletrodo de glicoseoxidase sente


do tecido e ativa a bomba piezoelétrica quando os níveis de glicose estiverem acima de um valor
Ainsulina é administrada subcutânea ou intraperitonealmente. Note que o sistema vascular
envolvido, para evitar problemas de coagulação.

piezoelétrica para administrar quantidades mí- 4. Spray CM. A study of some aspeets of reproduction
by means of ehemical analysis. Br J Nutr 1950;4:354-
. as de insulina na medida do necessário (Fig. 360.
3:ª)..Modelos experimentais foram testados (97- 5. Widdowson EM. The demands of the fetal and ma-
99).Esses sistemas podem mostrar se essenciais ternal tissues for nutrients, and the bearing of these
on the need of the mother to "eat for two". In
•.para diabéticas insulino-dependentes que dese- Dobbing J, ed. Maternal nutrition in pregnaney-
jem fazer atividade física regular. eating for two? London: Aeademic Press, 1981; p 1-
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