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ANO IX - No 51 – MAIO/JUNHO - 2005 – Circulação Bimestral

CAMPANHA 2005
Veja como vai ser nossa CAMPANHA 2005, para obter
doação de alimentos e cobertores, e como você pode
participar.
Nas págs. 4 e 5
Nas págs. 6 e 7
Eduardo Carvalho Monteiro, pesquisador e escritor, nos traz
um artigo curioso sobre Batuíra e a Rua Lavapés.
... e mais, na coluna REVIRANDO ARQUIVOS, leia trecho de
uma entrevista de nosso saudoso Newton Boechat falando
sobre mocidade.
Mensagem
MÃE
Ó minha santa mãe! era bem certo Ai de mim sem a tua alma bondosa,
Que entre as preces maternas estendias Que me dava a promessa da esperança,
As tuas mãos sobre os meus tristes dias, Raio de luz, de amor e de bonança,
Quando na Terra – que era o meu deserto. Na escuridão da vida dolorosa.

Nos instantes de dor, bem que eu sentia E que felicidade doce e pura,
As tuas asas de Anjo da Ternura, A que senti após a treva e a morte,
Pairando sobre a minha desventura Findo o terror da minha negra sorte,
Feita de prantos e melancolia. Quando vi teu sorriso de ventura!

Flor ressequida eu era, e tu o orvalho Então, senti que as Mães são mensageiras
Que me nutria, pobre e empalecida; De Maria, Mãe de Anjos e de flores,
Era a tua alma a luz da minha vida, E Mãe das nossas Mães cheias de amores,
Meu tesouro, meu dúlcido agasalho!... Nossas meigas e eternas companheiras!...

Extraído do livro Parnaso de Além-Túmulo, Auta de


Souza, psicografia de Francisco C. Xavier
Editorial
Estamos nos comunicando bem?
Para responder a esta questão, devemos, em verdadeiro sentido. Portanto, vale a pena, formularmos duas
primeiro lugar, entender o sentido da palavra Diante disso,é preciso que nós,espíritas,sejamos perguntas: Será que estamos sabendo nos
comunicação como sendo a arte de nos humildes e não percamos de vista a sim- comunicar com a clareza que o Espiritismo
entendermos bem uns com os outros. Sabe- plicidade, ao lidar com aspectos da comu- espera de cada um de nós? Será que não
mos que a comunicação,analisada pelo ângulo nicação. Exibições à parte, deixemo-las para estamos exigindo demais daqueles que nos
acadêmico, envolve muito mais elementos. outras ocasiões. Enquanto estivermos a serviço ouvem?
Entretanto,para o propósito deste editorial,este da Doutrina Espírita, seja através da palavra Pois bem, em conversa que temos tido com
conceito basta. falada ou escrita, melhor é escolher a fórmula pessoas de outras religiões, elas têm con-
Temos ouvido, com muita atenção, colegas mais simples, de fácil entendimento do público, fessado a dificuldade de entenderem a nossa
espíritas de reconhecida experiência dou- sem entretanto cairmos no ridículo das ex- mensagem, assegurando que embora ela seja
trinária e outros nem tanto,esbanjando cultura, plicações simplistas, vulgares, que já é outra atraente, é difícil, complicada e distante da
quando se comunicam com o público. Nada coisa. realidade deles. Isso é motivo para que pen-
contra a cultura! Vemos isso nas palestras, nos Nosso intuito aqui, é lembrar aos oradores semos seriamente no assunto, isentos das
seminários e encontros espíritas.Expressam-se espíritas, para o que classificamos de exibição paixões e de outros sentimentos que possam
quase sempre de forma brilhante, de modo a cultural ou excesso de erudição. Servindo-nos paralisar nossa mente.
encantar quem os ouvem. Que encantam, não de uma linguagem refinada, podemos passar a Recentemente tive a oportunidade de ouvir
temos dúvidas! O que nos preocupa é se o impressão de que estamos querendo enfocar um orador que a gente costuma chamar de
conteúdo da mensagem alcança os objetivos mais a nossa pessoa que a própria Doutrina. É “prata da casa”, abordando um tema, com
de tornarem as pessoas melhores e mais preciso que nós, enquanto exercemos o papel objetividade, citando fatos, contando histórias,
próximas de Deus. de comunicadores,que pensemos,em primeiro de maneira simples, porém utilizando um
Não é raro, ouvirmos oradores espíritas, lugar, no público. E quando pensamos nele, é recurso pouco esquecido: o sentimento. Após
utilizando palavras de difícil compreensão para importante considerar seu nível intelectual,seus sua palestra, muitas pessoas pareciam respirar
as pessoas leigas, tais como transpessoal, pré-requisitos, sua intimidade com o tema, sem uma atmosfera de profunda felicidade e
inconsciente coletivo, xenoglossia, psiquê, trans- o que estaremos “pregando no deserto” ou gratidão. Foram buscar o alimento espiritual
cendente e tantas outras - para não nos alongar “falando em outra língua” como nos assevera o e o encontraram!
na lista - sem a preocupação de explicar-lhes o apóstolo Paulo. O Editor

Folheando o Evangelho
Jesus na casa de Zaqueu
Havia um homem rico,que vestia púrpura e linho entre nós e vós, de sorte que os que queiram passar Nesta passagem, também, aprendemos com o
e se tratava magnificamente todos os dias. – daqui para aí não o podem, como também nin- Mestre que no outro lado da vida, há planos
Havia também um pobre, chamado Lázaro, guém pode passar do lugar onde estás para aqui. espirituais distintos e habitados de acordo com
deitado à sua porta,todo coberto de úlceras,- que Disse o rico: Eu então te suplico, pai Abraão, que o a evolução dos Espíritos. Mundos espirituais
muito estimaria poder mitigar a fome com as mandes à casa de meu pai, - onde tenho cinco superiores são interditados a Espíritos ainda
migalhas que caíam da mesa do rico; mas irmãos,a dar-lhes testemunho destas coisas, a fim presos à matéria e à sensualidade.
ninguém lhas dava e os cães lhe vinham lamber de que não venham também eles para este lugar Outra consideração a fazer nesta parábola é que,
as chagas. de tormento.– Abraão lhe retrucou: eles têm Moisés uma vez penetrando nesse outro mundo, nossa
Ora, aconteceu que esse pobre morreu e foi e os profetas; que os escutem. – Não, meu pai tendência é avisar aos que aqui ficaram,para que
levado pelos anjos para o seio de Abraão. O rico Abraão, disse o rico: se algum dos mortos for ter melhorem sua conduta. No entanto, sabemos
também morreu e teve por sepulcro o inferno. – com eles, farão penitência. – Respondeu-lhe da existência de muitas pessoas, que mesmo
Quando se achava nos tormentos, levantou os Abraão: Se eles não ouvem a Moisés, nem os diante dos fatos,preferem negá-los,a aceitarem.
olhos e viu de longe Abraão e Lázaro em seu seio profetas, também não acreditarão, ainda mesmo Acreditam estar sendo vítima de uma grande
– e,exclamando,disse estas palavras: Pai Abraão, que algum dos mortos ressuscite.(S.Lucas,cap.XVI, ilusão.
tem piedade de mim e manda-me Lázaro, a fim vv. 19 a 31.) Nota do editor: Para melhor entendimento
de que molhe a ponta do dedo na água para me Nesta parábola percebemos que Jesus nos desta parábola, chamamos a atenção do leitor
refrescar a língua, pois sofro horrível tormento conclama à prática da benevolência para com para o aspecto simbólico do nome Abraão, que
nestas chamas. todos, se quisermos gozar da felicidade da vida foi o primeiro patriarca do povo hebreu. Com
Mas Abraão lhe respondeu: Meu filho, lembra-te após a morte.O homem rico é aquele que,tendo ele, começou o processo de espiritualização de
de que recebeste em vida teus bens e de que condições de ajudar os pobres, não o faz. Lázaro grande parcela da humanidade, para aceitação
Lázaro só teve males; por isso, ele agora está na simboliza o homem pobre e humilde, que da idéia de um deus único. Seu nome, portanto,
consolação e tu nos tormentos. suportando as provas de maneira resignada, é muito significativo para o povo hebreu.
Ao demais,existe para sempre um grande abismo encontra recompensa na vida futura. O Editor

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Diálogo com os Espíritos Orientação Fraterna

Lembrança da Equipe
existência corpórea maior
P. O Espírito se lembra da sua existência cor- P. O respeito que se tem às coisas materiais A partir de maio deste ano, D. Zita
poral? deixadas pelo Espírito atrai sua atenção Ghilardi integrará a equipe de orien-
R. Sim, quer dizer, tendo vivido muitas vezes sobre esses mesmos objetos e ele vê esse tadores fraternos do Grupo Espírita
como homem, recorda-se do que foi, e te respeito com prazer? Batuíra. O atendimento às pessoas
asseguro que, por vezes, ri apiedado de si R. O Espírito é sempre feliz por ser lembrado; as
necessitadas, será dado no período
mesmo. coisas dele, que se conservaram, trazem-no à
da tarde, a partir das 14 horas.
memória, porém, é o pensamento que o atrai
P. A lembrança da existência corporal se para vós e não seus objetos.
apresenta ao Espírito de maneira completa Dessa forma, o quadro de orien-
e inopinada depois da morte? P. Os Espíritos conservam a lembrança dos tadores fraternos (e não orientadores
R. Não,ele a revê pouco a pouco, como alguma sofrimentos que experimentaram durante espirituais) é o seguinte:
coisa surgindo do nevoeiro,e à medida que fixa sua última existência corporal?
nisso sua atenção. R. Freqüentemente, eles a conservam e essa 2ª feira – Maria Ângela R. Costi
lembrança lhes faz sentir melhor o preço da
P.O Espírito se lembra,em detalhes,de todos felicidade que podem gozar como Espíritos. 3ª feira – Zita Ghilardi
os acontecimentos de sua vida? Alcança o
conjunto deles de um golpe de vista retros- P. Aquele que começou grandes trabalhos
4ª feira – Necy Assaly
pectivo? com fim útil e que os vê interrompidos pela
R. Ele se lembra das coisas em razão das morte, lamenta, no outro mundo, tê-los
conseqüências que tiveram para o seu estado deixado inacabados? 6ª feira – Waldemar Serachi
de Espírito; mas compreendes que há circuns- R. Não, porque vê que outros estão destinados
tâncias de sua vida às quais ele não dá nenhu- a terminá-los. Ao contrário, procura influenciar Brevemente, é desejo da diretoria
ma importância e que nem mesmo procura re- outros Espíritos humanos a continuá-los. Seu ampliar esse quadro, preparando
cordar. objetivo sobre a Terra foi o bem da Hu- orientadores para o período ves-
manidade; esse objetivo é o mesmo no mundo pertino e da noite, possibilitando
P. Como a vida passada se retrata na me- dos Espíritos. assim atendimento às pessoas que
mória do Espírito? Por um esforço de sua não podem comparecer no período
imaginação ou como num quadro que P. As idéias dos Espíritos se modificam no da tarde.
tenha diante dos olhos? estado de desencarnados?
R. De uma e outra maneira; todos os atos de R. Muito. Elas sofrem modificações muito
que tenha interesse de se lembrar são para grandes, à medida que o Espírito se des-
ele como se fossem presentes. Os outros
estão mais ou menos vagos em sua memória
materializa.Ele pode,algumas vezes,ficar muito
tempo com as mesmas idéias, mas, pouco a
Palestra
ou totalmente esquecidos. Quanto mais se pouco, a influência da matéria diminui, e vê as
desmaterializa, menos importância atribui às
coisas materiais [...]
coisas mais claramente; é então que procura
os meios de se tornar melhor.
Richard
P. O Espírito se lembra de todas as exis- P. Uma vez que o Espirito já viveu a vida
Simonetti
tências que precederam a última que acaba espírita antes da encarnação, de onde se
de deixar? origina seu espanto ao reentrar no mundo Richard Simonetti, escritor, confe-
R. Todo o seu passado se desenrola diante dos Espíritos? rencista e dirigente de casa espírita,
dele, como as etapas do caminho que o R. Isso não é mais que o efeito de um primeiro proferirá duas palestras no Grupo
viajante percorreu. Mas dissemos que ele não momento e da perturbação que segue ao
Espírita Batuíra. A primeira será no
se lembra de maneira absoluta de todos os despertar; mais tarde ele se reconhece per-
dia 18 de maio (quarta-feira), às
atos, recordando-os em razão da influência feitamente,à medida que lhe volta a lembrança
que têm sobre seu estado presente. Quanto do passado e se apaga a impressão da vida 14h30 e a segunda no dia 22 (do-
às primeiras existências, as que podemos terrestre. (Q.163 e seguintes). mingo), às 10 horas. Participe e não
considerar a infância do Espírito, perdem-se deixe de estender este convite a seus
no vago e desaparecem na noite do es- Extraído de O Livro dos Espíritos, amigos. Após as palestras, Simonetti
quecimento. Allan Kardec, q. 304 a 320. dará autógrafos.

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Campanha

TORCEMOS PELA SUA DOAÇÃO


Rita Cirne

O Grupo Espírita Batuíra (GEB) está em campanha para financeira, pois se preocupou mais em divulgar as
o inverno que se aproxima. O mês de maio é a etapa final campanhas e fazer com que todos os líderes de trabalho
de preparação e arrecadação de alimentos e cobertores, do GEB também se envolvam e, assim, poder chegar até os
para a distribuição semestral às famílias carentes de Vila freqüentadores. Este ano, por exemplo, como material de
Brasilândia. De braços e portas abertas, mais uma vez, a apoio, foram feitos cartazes, “banners”, faixas e até uma
Casa de Batuíra faz um convite para que todos os sacola de plástico para as pessoas se lembrarem da cam-
freqüentadores e amigos do GEB se envolvam nesse panha e fazerem suas doações.
trabalho. Desta vez, a distribuição será a 82ª e, como O resultado desse trabalho de captação de recursos,
acontece todo ano, o homenageado no primeiro semestre segundo ele, é que as distribuições semestrais têm
é Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, conhecido no meio crescido ano após ano. As metas da campanha desse
espírita como o “médico dos pobres”. semestre foram fixadas em 2.000 kg de arroz, 2.000 kg de
A campanha começou no dia 02 de maio, estendendo-se feijão, 1.000 kg de açúcar, 1.000 latas de óleo e 1.000
até o final do mês. Segundo Luiz Cláudio Pugliesi, Diretor cobertores de casal.
Financeiro e Coordenador do Setor de Captação de Pugliesi lembra que, em 41 anos, o GEB já arrecadou com
Recursos, a idéia é facilitar a essas campanhas 1.000 tonela-
vida de quem quiser participar das de alimentos, o equivalente
da campanha. Por isso, quem a 50.000 cestas básicas; 2.000
preferir, poderá fazer as peças de roupas e 100.000 co-
contribuições em dinheiro, ao bertores. Acrescenta ainda que
invés de doar os produtos. As é bom pensar no número de
doações em dinheiro poderão pessoas que têm se engajado e
ser feitas através de kits: o kit dado seu esforço para que es-
alimento vale R$10,00 (dez ses números pudessem ser atin-
reais) e o kit alimento + co- gidos. Como exemplo, cita o
bertor custa R$20,00 (vinte setor de Captação de Recursos
reais), que podem ser doados que este ano está totalmente
na livraria do GEB, na Rua Caiu- envolvido na divulgação da
bi. Entretanto, quem preferir campanha. Atualmente, conta
levar os produtos, os mesmos podem ser entregues em com os seguintes membros: Geraldo Ribeiro da Silva, Cezar
dois locais: no Núcleo Doutrinário Spartaco Ghilardi, na Patané, Francisco Colloca, José Fernando, Luiz Mello,
Rua Caiubi (Perdizes), ou no Núcleo Assistencial de Vila Daniel Branchini, Rogério Franco, Odete Pacheco e Alberto
Brasilândia. Penteado.
Pugliesi lembra que a Doutrina Espírita fornece as bases A expectativa, agora, é que muitos outros venham se
para o trabalho voluntário e assistencial; por isso, é que juntar nesse trabalho. Quem quiser, poderá participar do
os trabalhos assistenciais e as campanhas para a distri- empacotamento de roupas e alimentos, a partir das 8
buição semestral são tão fortes na Casa. “Uma preo- horas do dia 11 de junho, em Vila Brasilândia. No dia
cupação do GEB, desde sua fundação, é trazer esperança seguinte, dia 12, no mesmo horário e local, também pode
e conforto para a comunidade mais carente de Vila colaborar na distribuição.
Brasilândia. Não é, sem outro motivo que, há 41 anos, a Por último, ele destaca ser esse um dos grandes momen-
Casa já vem exercendo seu trabalho de responsabilidade tos de confraternização da família batuirense, ao lado das
social”, explica. E acrescenta que a criação do Setor de famílias carentes e, pela segunda vez, sem a presença física
Captação de Recursos, há três anos, deu mais fôlego à área de nosso inesquecível Spartaco Ghilardi.

Leia Kardec para entender Jesus


4
5
Artigo

BATUÍRA E A RUA LAVAPÉS


Eduardo Carvalho Monteiro

Como curiosidade histórica e subsídios para o levantamento cemitério velho da Glória, a figura do “preto Badaró”. Não
da vida desse grande pioneiro do Espiritismo, falaremos da confundir este personagem, obscuro e popular, do decênio que
Rua Lavapés praticamente aberta por Batuíra no fim do antecedeu à Proclamação da República, com o outro – Líbero
século XIX. No início, ela era apenas Badaró – médico, democrata, pala-
uma pequena trilha de terra batida. dino das idéias liberais, assassinado
Ficava num “arrabalde” da cidade, ou na rua do seu nome [...]
seja, no fim da área urbanizada e Mas, a lendária história da Rua La-
onde então principiavam as di- vapés, que ele agora, evocado, vai
versas chácaras que rodeavam a contar, é verídica.
cidade. O termo “evocar” calha como uma
O nome Lavapés tem origem num luva neste episódio. É que o Lavapés
pequeno córrego, no qual os via- está tão intimamente ligado à Rua
jantes, antes de entrarem na cidade Espírita ali ao seu lado – rua cuja
lavavam os pés, tirando toda a poeira origem se atribui ao velho Batuíra,
ou barro, para depois calçarem seus “médium” conhecidíssimo naquele
sapatos. tempo – que, tal qual em uma sessão
Como uma pequena trilha rústica, espiritualizada. O ente invocado evo-
permaneceu a Rua Lavapés por ca, com pormenores, a referida deno-
várias décadas. Foi somente após a minação popular.
Proclamação da República (1889), Eternizada, numa placa, lá está a
que ela começou a ganhar caracte- expressão – Lavapés – até que o mo-
rísticas de rua. Por essa época, já era dernismo não prefira matar a tradição
ocupada por casas humildes de colocando, em substituição, legenda
pau-a-pique. Em 1895 aparecia na inexpressiva.
malha viária ainda sem uma de- Lavapés! O simbolismo mais ade-
nominação que a identificasse. quado para a consagração da rua,
Assim sendo, não existe uma data de seria, não há dúvida, o que toda gente
inauguração para essa rua, pois o pensaria – o ato que o catolicismo
seu aparecimento é muito anterior ao Ato que oficializou seu comemora na Quinta-feira Santa. Enaltecendo a humildade do
nome. Salvador, ao lavar os pés de seus discípulos.
No entanto, a explicação de seu nome nos é confirmada por Lavapés não vem daí. Vem de um princípio de higiene corporal
alguns historiadores, como Gabriel Marques e Paulo Cursino [...].
de Moura: “ainda no século XIX, existia nessa rua a casa de A divisa era o córrego, suave e murmurante, serpenteado em
um senhor que cultuava os ritos africanos. Identificado como bizarras evoluções pelos quintais e pelo varzeamento do
o “preto Badaró” por Paulo Cursino e “senhor Batuíra”, por Tapanhoim [...]
Gabriel Marques. O fato era que a sua casa havia se tornado Sob o título O Diabo e a Rua Espírita, Gabriel Marques, em Ruas
um centro de peregrinação para aqueles que desejavam e Tradições de São Paulo (1966), descreve a Rua dos Lavapés e
tomar conselhos e resolver seus problemas.” ... consegue ser preconceituoso, deselegante e abusar da
Naturalmente que esses historiadores se enganaram em imaginação ao referir-se a Batuíra. [...]
algumas informações. É bem provável que o preto Badaró Selecionamos do texto alguns trechos, a nosso ver, publicáveis:
tenha existido, mas se tratava de folclórica figura da região, O certo mesmo é que foi assim que aquela casinha humilde do
perturbado por sua participação na Guerra do Paraguai e curioso Senhor Batuíra passou a fazer parte da vida roceira de
afeito ao alcoolismo. Vejamos alguns trechos da história da São Paulo do campo. Tornou-se famosa. E quanto mais coisas
Rua contada por Cursino em seu São Paulo de Outrora – terríficas nela aconteciam, mais se popularizava o nome de
Evocações da Metrópole. (Livraria Martins, 1954). Batuíra, que até passou a ser chamado de doutor Batuíra, o Es-
Para contar a história da Rua Lavapés, devemos exumar, no pírita. Dele – engraçado! – nunca ninguém soube o verdadei-

6
Artigo

ro nome. Nem a história que registrou sua tenda e seus sortilégios, Demo-nos por vencidos. Içamos a bandeira branca sem nem
se lembrou de guardar-lhe sequer a filiação. Para todos e para ao menos exigir condições...[...] Então, deixamos o homem a
todos os efeitos era apenas o Doutor Batuíra. O Espírita. falar sozinho...
- Adeus, amigo! E obrigado, por tudo!
A Rua Espírita A resposta custou um pouco, mas, afinal, saiu:
- Vá! vá com Deus Nosso Senhor!
Na última visita que fizemos a esta antiga rua, a fim de verificar, Nós então fomos com Deus Nosso Senhor. Fomos com Deus
“de visu”, o seu progresso, procuramos obter informações sobre Nosso Senhor e “achamos que esta Rua Espírita é, sem favor
nenhum, uma das boas vias públicas paulistanas”. Começa na
a existência do velhote Batuíra, da sua tenda e dos seus
Rua Lavapés e fica no fidalgo bairro do Cambuci. [...]
sortilégios.
Deram-lhe o nome de Rua Espírita, em virtude do Senhor Doutor
- Sortilégios?!... – espantou-se a pessoa com a qual falávamos,
Batuíra, o Espírita. Lembrança do povo, que a tradição
na rua. O senhor disse “sortilégios?!...
oficializou. É hoje rua alegre; confraternizadora. Todos ali se
Era um morenaço farto de carnes; largo de peito e de pupilas
estimam. Todos amam a todos. Modéstia e compreensão geral
raiadas de sangue. [...]
são ali sentimentos generalizados. Já é artéria de bairro seleto.
- O senhor falou acaso em feitiçaria?... De ambiente agradável. [...]
- Bem... nós... É rua que não envergonha São Paulo.[...]
Quisemos melhor esclarecer nossa boa intenção. Mas não nos Por certo o tendencioso historiador Gabriel Marques não
foi possível. O homenzarrão não nos deu vez a isso. Sua voz procurou nos arquivos históricos do Espiritismo a verdadeira
tonitroante dominou nossa vontade. biografia de Batuíra, pois assim evitaria perder seu tempo
- Pois, está errado! completamente errado! – prosseguiu ele. Nesta em imaginar suas falácias históricas.
rua, que até viu nascer minha avó, nunca houve nenhuma tenda Poderia ao menos ter consultado seu colega de pena, Afonso
de feitiçaria. Nem ontem, nem hoje, nem nunca. Tenda espírita, Schimidt que assim se referiu a Antonio Gonçalves da Silva,
isso sim. Essa já houve, e das melhores. [...] o Batuíra.
- Mas... Acontece que... “Em 1873, por ocasião da terrível epidemia de varíola que
- Não, meu amigo! Não acontece coisa nenhuma! O senhor está assolou a capital da Província, ele serviu de médico, de
falando com quem conhece do riscado. Sou espírita; minha mãe enfermeiro, de pai para os flagelados, deu-lhes não apenas
é espírita; meu pai também é espírita; minha avó, que Deus a o remédio e os desvelos, mas também o pão, o teto e o
tenha no Reino da Glória, também era espírita. E mais: é com agasalho. Daí a popularidade de sua figura. Era baixo,
muita honra que moramos aqui na Rua do velho Batuíra – a Rua entroncado e usava longas barbas que lhe cobriam o peito
Espírita; sabe disso? amplo. Com o tempo, essa barba se fez branca e os amigos
- Sim, sabemos. Mas, é que.. [...] diziam que ele era tão bom, que se parecia com o
- Chega! Já vi tudo! Descrente! Católico-apostólico-romano! [...] Imperador.” [...]

Expediente
Um Órgão do Grupo Espírita Batuíra 1o Secr.: Geraldo R. da Silva
Revisão
SEDE: 2o Secr.: Iraci Maria P. Branchini Iraci Maria Padrão Branchini
1o Tes.: Luiz Cláudio Pugliesi
Rua Caiubi, 1306 – Perdizes – São Paulo - SP 2o Tes.: Savério Latorre Fotos
05010-000
NÚCLEO ASSISTENCIAL: Bibliotecário: Cláudio L. de Florio Agenor Mazziviero
1o vogal: Tufi Jubran
Rua Jorge Pires Ramalho, 70 – V. Brasilândia 2o vogal: Jaílton da Silva Editoração
São Paulo - SP – 02846-190 Ezequias Tomé da Silva
site: www.geb.org.br 3o vogal: Eduardo Barato
Produção Gráfica
e-mail: geb.batuira@terra.com.br DIRETOR RESPONSÁVEL Video Spirite
Geraldo Ribeiro da Silva
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ribeiro.geraldo@terra.com.br Impressão
Pres.: Douglas M. Bellini
Membros: Zita Ghilardi JORNALISTA RESPONSÁVEL Gráfica AGM – Tiragem 1.600 exemplares
Fone: (11) 3208-2170
David Berezovsky Rita de Cássia Cirne - MTB 11941
Ricardo B. Ferreira ritaci@uol.com.br
DIRETORIA EXECUTIVA COLABORARAM NESTA EDIÇÃO JORNAL BATUÍRA é uma publicação bimestral, dis-
Pres.: Nabor B. Ferreira Rita Cirne tribuição gratuita. É permitida a reprodução total ou
Vice-Pres.: Ronaldo M. Lopes Eduardo Carvalho Monteiro parcial das materias e fotos aqui publicadas desde que
Vice-Pres.: Luiz G. Mello Geraldo Ribeiro da Silva mencionada a fonte.

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Revirando Arquivos Utilidade
Newton Boechat fala aos jovens Centros espíritas
ções espíritas, deve ser carinhosamente
no exterior
recebida e cultivada. Uma prova de que Portugal
Jesus Cristo tinha um grande apreço aos
Espíritos itinerantes da vida, que ha- Associação Espírita de Leiria
bitavam a carne jovem, aí está: das três Rua Joaquim Ribeiro Carvalho, 9 cave
ressurreições maravilhosas de que nos 2400-116 Leiria
fala o Evangelho, duas delas foram
operadas em organismos na flor da Centro Espírita “A Casa do Caminho”
Rua D. João de Castro, 49 A
idade: o filho da viúva de Naim e a filha
1300-190 Lisboa
de Jairo, chefe da Sinagoga.
Federação Espírita Portuguesa
P. Onde o jovem espírita deve cen- Casa de Cascais, lote 4 R/C
tralizar sua atenção? Amadora – Portugal
R. Nos três aspectos da Doutrina,
pois que ela é semelhante a uma Grupo Espírita Batuíra
Rua Marcos Portugal, 12 A
mesa de três pés, que não se sustenta
1495-091 Algés
com dois apenas. Na Ciência deve
pesquisar, na Filosofia deve concluir
e na Religião deve iluminar-se e Espanha
iluminar.
A verdade é que não se consegue Centro Espírita Mensajeros
No mês de maio, quando a Mocidade vencer ângulos distorcidos de perso- de La Luz
do GEB completa 32 anos de fun- Madera, 1 Apartado 6010
nalidade, exercitados em milênios de
28004 – Madrid
dação, resolvemos homenageá-la, desatenção; todavia, se se ficar a-
reproduzindo aqui uma entrevista guardando realização espiritual de Associacion de Estudios
(parcial) dada pelo saudoso e grande braços cruzados, o assédio das som- Espiritas de Madrid
orador espírita, Newton Boechat, e bras será maior. Daí este consagrado C/ De la Bolsa, 14 – 1º dcha. D
que consta da edição nº 2, de novem- ditado popular: “cabeça vazia, oficina 28012 - Madrid
bro/dezembro-1978 do então jornal do diabo”.
Casa de Pedra, do Grupo Espírita Inglaterra
Batuíra. P. Como deve o jovem espírita po-
sicionar-se na sociedade? Allan Kardec Study Group
P. Newton, o que é mocidade? R. De maneira natural sem parecer um 105 - Churchil Hill - Walthamstow
R. A mocidade não é uma fase do falso Santo. Inegavelmente todos nós London E 17 3 BD
corpo e sim uma atitude da mente. objetivamos as metas evangélicas, por Director: Mrs. Janet Duncan
Tanto que existem moços velhos e enquanto finas e distantes. Quando
velhos moços. Deixam a desejar, em ocorrerem flutuações e derrapagens França
termos de Espíritos, demarcações no comportamento, nunca lamentá-
rígidas através da idade corporal. los excessivamente, bloqueando-se Centres D’Études Spirities Allan Kardec
Observa-se a existência de Espíritos nos capítulos das determinações po- 131, Rue de Flandre
encarnados, altamente maduros, sitivas que devem se desdobrar per- Bt. E1 (M. Crimée) - 75019 - Paris - France
habitando a carne tenra, em con- manentemente; se chorarmos exa-
traposição a pessoas sexagenárias e geradamente o passado no presente, Suiça
septuagenárias, etc., portadoras de o presente aos poucos vai virando
grande imaturidade mental e emo- passado. Os Espíritos nos mostram Phil. Spirt. Verein Franciskus Von Assisi
cional. isso: “O futuro é filho do presente e Badenerstr, 362 - CH - 8004 - Zurich
A mocidade, adentrando-se em institui- neto do passado”. Contato: Joselma Maurer - Tel: 01-7304871

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