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12. Em sede de controle difuso, o meio processual para levar uma questão
constitucional ao Supremo Tribunal Federal é o Recurso Extraordinário (art. 102,
III, "a", "b" e "c" da CF). Para ensejar o Recurso Extraordinário, a decisão
recorrida deve contrariar dispositivo da Constituição, declarar a
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal ou julgar válida lei ou ato
normativo de governo local contestado em face da Constituição. 8 O efeito
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23. Algumas questões da nova Lei merecem ser destacadas, como a da não
permissão de o cidadão ingressar diretamente com a argüição junto ao
Supremo Tribunal, dependendo de representação ao Procurador-Geral da
República, a quem caberá decidir sobre o cabimento do ingresso em juízo do
remédio constitucional. Essa vedação de acesso direto do cidadão decorre do
veto do Presidente da República ao inciso II do parágrafo 2 da Lei. À evidência,
trata-se de uma clara restrição ao direito fundamental de buscar junto ao
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25. Assim, em face desse processo hermenêutico, torna-se razoável afirmar que
a ação de descumprimento de preceito fundamental passa a ser remédio
supletivo para os casos em que não caiba ação direta de inconstitucionalidade.
Nesse sentido, poderão agora ser questionados atos normativos (regulamentos,
resoluções, por exemplo) que anteriormente não eram passíveis de
enquadramento na via da ação direta de inconstitucionalidade. Observe-se
alguns exemplos de matérias em que não cabe ação direta de
inconstitucionalidade, sacramentados pelo Supremo Tribunal Federal, e que,
agora, poderiam ser questionados através de ação de descumprimento de
preceito fundamental: ADIn 1640-7, onde ficou estabelecido que a lei
orçamentária, por ser um ato político, não comporta ação direta de
inconstitucionalidade; ADIn n. 2057, pela qual ficou assentado que emenda
parlamentar de reajuste de percentuais de LDO que implique transferência de
recursos entre Poderes do Estado tipifica ato de efeito concreto; ADIn n. 1292,
que tratou de incompatibilidade de lei complementar com o art. 169, da CF,
ficando estabelecida a impossibilidade do confronto de norma orçamentária com
o caput do art. 169, sem apreciação de matéria de fato. Circunstância bastante
para inviabilizar ADIn. Nesses casos a ADPF se configura como o remédio
cabível. O mesmo raciocínio vale para as resoluções ou regulamentações
expedidas pelas Agências Reguladoras. Ou seja, como assevera Gilmar
Mendes, não sendo admitida a utilização de ações diretas de constitucionalidade
ou de inconstitucionalidade, isto é, não se verificando meio apto para solver a
controvérsia constitucional relevante de forma ampla, geral e imediata, há de se
entender possível a utilização da ADPF. É o que ocorre, aliás, nos casos
relativos ao controle de legitimidade do direito préconstitucional, do direito
municipal em face da Constituição Federal e nas controvérsias sobre direito pós-
constitucional já revogado ou cujos efeitos já se exauriram. Nesses casos, em
face do não-cabimento da ADIn, não há como deixar de reconhecer-se a
admissibilidade da ADPF. Acrescenta ainda Mendes que também será possível
a ADPF em pretensão de ver declarada a constitucionalidade de lei estadual ou
municipal que tenha sua legitimidade questionada em instâncias inferiores.
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28. Muito embora os problemas que a nova Lei apresente, importa ressaltar que
a argüição de descumprimento de preceito fundamental se coloca - enquanto
direito de acesso à jurisdição constitucional - ao lado e como complemento do
mandado de injunção, da ação de inconstitucionalidade por omissão e dos
próprios mecanismos de controle de constitucionalidade. Isto porque, enquanto
o mandado de injunção é remédio contra a ineficácia de normas não
regulamentadas, podendo/ devendo o Poder Judiciário suprir, no caso concreto,
o direito não realizado, a argüição de descumprimento objetiva compelir o
Poder Público a se abster de realizar um ato abusivo e violador do Estado.
29. No que pertine ao controle de constitucionalidade stricto sensu, releva notar
que a argüição de descumprimento de preceito fundamental abrange a
ambivalência própria do sistema misto de controle de constitucionalidade
vigorante no Brasil, isto é, ao mesmo tempo que é uma ação autônoma (art. 1º
caput da Lei 9882), é também mecanismo apto a provocar incidentalmente a
constitucionalidade de leis ou atos normativos difusamente (art. 1º, parágrafo
único, inciso I). Mais do que isto e nesse mesmo diapasão, a nova ação veio
preencher lacuna existente em nosso ordenamento, naquilo que pertine ao que
se denomina de inconstitucionalidade superveniente. Como se sabe, a partir
do julgamento das Adin´s nºs. 2 e 438, o STF passou a firmar posição no
sentido de não aceitar ações de inconstitucionalidade de leis anteriores à
Constituição. Agora, pelo disposto no inciso I do parágrafo único do art. 1º da
nova Lei, também os atos normativos anteriores à Constituição são passíveis de
declaração de inconstitucionalidade.
É
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32. Dito de outro modo, não teria sentido um dispositivo constitucional que
tivesse o mesmo objetivo dos demais existentes. Registre-se, por relevante, que
o dispositivo que regula a argüição de descumprimento é específico ao falar da
violação (descumprimento) de preceitos fundamentais, ao passo que a ação
direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade se
referem às violações genéricas do sistema. Do mesmo modo, o recurso
extraordinário igualmente se refere às violações de quaisquer normas
constitucionais. Dessa maneira, ao contrário do Verfassungsbeschwerde do
direito alemão e do próprio recurso de amparo do direito espanhol, 28 que, em
regra, decorrem de uma ação judicial, por se tratarem de recursos, a argüição
de descumprimento do direito brasileiro vai mais além, ao proporcionar o
direito de o cidadão buscar, por intermédio de representação feita ao Procurador
Geral da República, diretamente no Supremo Tribunal o remédio contra as
violações/descumprimentos dos preceitos fundamentais.
33. Lamentavelmente, o instituto da argüição de descumprimento de preceito
fundamental perdeu parcela significativa de seu potencial de efetividade
jurídica, em face do veto - insisto, de duvidosa constitucionalidade, -
aposto ao inciso II do art. 2º da Lei 9882, que estabelecia o direito de o
cidadão intentar a ADPF junto ao Supremo Tribunal Federal, diretamente e
sem intermediários. Não se pode olvidar que a ADPF, fruto do constituinte
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À GUISA DE CONCLUSÃO
IX. Nesse contexto, as normas jurídicas, grande parcela delas de origem anterior
à atual Constituição, estão espalhadas no sistema jurídico feito andarilhos
medievais, a vagar no interior de uma fragmentação dogmática, permeada por
uma sentido comum teórico ainda preso ao (superado) paradigma
epistemológico da filosofia da consciência, onde a tarefa interpretativa é
fetichizante/fetichizada, "apta" a colocar à disposição do "mercado jurídico" um
"discurso-produto" sem origens (sociais), descontextualizado e sem vinculações
histórico-ideológicas. Esse produto - uma espécie de "pacote significante (E.
Veron) - colocado à disposição dos operadores jurídicos, contêm em seu bojo
um discurso-tipo, cuja condição de verdade-validade é justamente a aparência
de que os sentidos estão contidos nas palavras e que estas são constituídas de
"essências significativas", como se fosse possível alcançar um significante
primordial/fundante, e o Direito permitisse verdades apofânticas, sendo a
tarefa (fundamental-fundante) dos intérpretes apenas a de "trazer" esse
"sentido-essencial" a lume... Graças a esse modode- fazer-Direito, passa-se a
"acreditar" em "corretas e/ou definitivas" interpretações, com o que
ganham/mantém terreno, em pleno século XX - em detrimento da moderna
perspectiva hermenêutica e do pragmático linguistic turn - as posturas de
cunho hermenêutico-reprodutivas, próprias de uma tradição metafísico-
essencialista, que tornam "possível" a (pré)fixação - a histórica e a temporal -
dos sentidos jurídicos no interior do campo jurídico.
X. Enfim, para vivificar o texto constitucional, necessitamos superar o paradigma
liberal-individualista de Direito. Para tanto, torna-se indispensável uma nova
postura hermenêutica, que envolve um "dar-se conta" do (novo) papel do Direito
no Estado Democrático de Direito. O processo hermenêutico deve ser um devir
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