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TRIBUTAÇÃO

DOS
GANHOS DE CAPITAL

EM OPERAÇÕES COM

STOCK OPTIONS

NO EXTERIOR
Versão: 2008.02.19
I – DEFINIÇÃO DE STOCK OPTIONS

O sistema de Stock Options consiste no direito de comprar lotes de ações por um


preço fixo dentro de um prazo determinado.

II – OBJETIVOS DA OPERAÇÃO

Stock Options vem a ser o instrumento de uma política de remuneração variável,


introduzida no Brasil pelas multinacionais, com o objetivo de reter funcionários e
efetivar uma parceria com eles. Estes tendem a se empenhar muito mais para
atingir os objetivos da empresa, uma vez que uma valorização das Ações da
companhia no mercado financeiro representará ganhos para ele, após o
cumprimento do prazo de carência.

III – PROPOSTA DO ESTUDO

O presente levantamento tem por objetivo analisar o impacto da tributação pelo


Imposto de Renda (IR) sobre as operações de exercício da opção de compra e
alienação de ações, pelo Sr. Marcos, que é funcionário da subsidiária no Brasil, da
companhia multinacional Manchester Corporation, na Bolsa de Valores de Nova
Iorque (NYSE) nos EUA.

IV – CARACTERIZAÇÃO DA OPERAÇÃO

Em 15/09/2001, a Manchester Brasil visando os objetivos elencados no item II


resolve dar a seu funcionário Marcos, através de contratos específicos, 5.000
opções de compras de ações (stock options) da Manchester Corporation, a serem
exercidas no período de 15/07/2003 a 31/12/2003 ao preço unitário (pu) de
US$5.00.

Em 26/09/2003, percebendo uma boa oportunidade de realizar seus lucros, Marcos


exerce seu direito de compra e logo em seguida aliena suas ações na NYSE ao pu
de US$8.00. No Brasil, neste dia, o dólar de compra fechou cotado a R$2,9365. O
lucro obtido em dólar nesta operação foi depositado numa conta corrente do
Citibank aberta em nome de Marcos, nos EUA.

Apuração do lucro:

Venda (alienação) = 5.000 x US$8.00 = US$40,000.00


Exercício (compra) = 5.000 x US$5.00 = US$25,000.00
Lucro obtido e depositado na C/C = US$15,000.00

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V – AS QUESTÕES

Diante desse ganho eventual, por ser um Analista de Sistemas e não se familiarizar
muito com as possíveis conseqüências tributárias dessas operações, Marcos, que é
residente e domiciliado no Brasil, resolve contratar um Consultor Tributário, para o
qual faz os seguintes questionamentos, que passam a nortear o presente trabalho:

1- Levantamento das normas que regem a tributação das operações de


Stock Options, conforme caracterizada no item IV e confecção de um
resumo indicando a fundamentação legal de cada uma das afirmações;

2- Devido ao inédito movimento decrescente da cotação do dólar no cenário


internacional, inclusive no Brasil, seria possível se compensar as perdas de
variação cambial futura, com os ganhos com Stock Options
passados/presentes?

Obs.: Por ser uma operação de opção em que o direito foi cedido
gratuitamente pela Manchester, a perda com essas operações não está
prevista e não se aplica ao presente estudo;

3- Como se dá a tributação da variação cambial ativa sobre a posição


depositada na conta corrente em dólares no Citibank dos EUA?

4- Considerando uma operação no mercado acionário brasileiro (BOVESPA), é


possível se compensar as perdas futuras com ações, com os ganhos
passados/presentes, mesmo assumindo os encargos moratórios?

5- Há isenção de multa quando o recolhimento de imposto em atraso é feito


espontaneamente pelo contribuinte?

6- Que tipo de documentação precisa embasar uma operação? Ou seja, o


que a RFB exige quando ocorre o ganho de capital? Se é que pede
alguma coisa, além do recolhimento do DARF.

7- Após o exercício da Stock Option, caracterizando um ganho de capital, o


DARF é recolhido, mas o dinheiro fica em uma conta corrente nos USA,
conforme item IV. Quando do evento da remessa ou wire transfer dos EUA
para o Brasil, existe algum outro imposto a ser pago para a RFB?

8- É possível fazer retificações nas DIRPF passadas ou é melhor ajustar nos


próximos anos? O Sicalc seria a ferramenta de atualização?

9- Li num documento da RFB de 2007, que o ganho de capital é isento se a


venda/alienação do bem em um mesmo mês até R$ 35.000,00. Isso
significa que posso abater esses R$ 35 mil do valor total alienado e
calcular o imposto sobre o restante? Exemplo: se num mês R$100 mil
foram alienados, subtraio os R$35 mil e pago os 15% sobre R$65 mil.
Essa é a interpretação? Se for isso, vale para anos anteriores a 2007?

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10- Qual o prazo de prescrição ou decadência do imposto de renda sobre o
ganho de capital? Por exemplo: Um evento ocorrido em 2000, caduca
quando? Em 2001? E assim por diante... O que significa exatamente isso?

VI – O ENQUADRAMENTO TRIBUTÁRIO DA OPERAÇÃO

Após um minucioso trabalho de pesquisa, no qual se constata que a legislação


tributária que rege a tributação das operações com Stocks Options no exterior
está muito dispersa, o consultor inicia assim a sua sustentação:

A legislação base sobre o presente tema tem início na Instrução Normativa (IN) da
Secretaria da Receita Federal (SRF) nº 118, de 27/12/2000, que “dispõe sobre a
tributação do ganho de capital decorrente da alienação de bens ou direitos e da
liquidação ou resgate de aplicações financeiras, adquiridos em moeda estrangeira,
e da alienação de moeda estrangeira mantida em espécie, de propriedade de
pessoa física”.

A citada IN/SRF disciplina este assunto contido em artigos da Lei 7713, de


22/12/88, Lei 8981, de 20/01/95, Lei 9249, de 26/12/95, Lei 9250 de 26/12/95,
Medida Provisória (MP) 2033 e 2037, de 2000.

VII – DECLARAÇÃO ELETRÔNICA DOS CAPITAIS BRASILEIROS NO


EXTERIOR – CBE (BACEN)

Além dos aspectos tributários sobre Stock Options evidenciados a seguir, peço
especial atenção para a obrigatoriedade de entrega desta CBE (existe a mais de 10
anos) exigida pelo BACEN (Banco Central do Brasil), principalmente no que tange a
multa pela não entrega, que grafei em vermelho abaixo.

Obrigatoriedade de se fazer a declaração

Pessoas físicas ou jurídicas residentes, domiciliadas ou com sede no País, assim


conceituadas na legislação tributária (informações a respeito podem ser obtidas no
seguinte endereço:

(http://www.receita.fazenda.gov.br/GC/Aduana/Guia/ConceitosBásicos.htm),
detentoras de valores de qualquer natureza, de ativos em moeda, de bens e
direitos mantidos fora do território nacional, cujos valores somados totalizem
montante igual ou superior ao equivalente a US$ 100.000,00 (cem mil dólares
dos Estados Unidos), em 31 de dezembro de 2006.

Para verificar a equivalência em outras moedas a US$ 100.000,00, em 31 de


dezembro de 2006, consulte http://www.bcb.gov.br/?txconversao.

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Prazos de entrega

As informações referentes ao ano de 2006, com data-base em 31 de dezembro de


2006, devem ser declaradas a partir das 9h do dia 19 de março de 2007 às 20h do
dia 29 de junho de 2007. A entrega da declaração fora desse prazo sujeita o
infrator à aplicação de multa pelo Banco Central do Brasil, sendo que após às 20h
do dia 31 de julho de 2007 a declaração será considerada como não-fornecida ao
Banco Central do Brasil, acarretando a elevação da multa.

Penalidades

A Medida Provisória 2.224, de 04.09.2001, estabelece, em seu art. 1º, multa de


até R$ 250.000,00 no caso de não-fornecimento de informações regulamentares
exigidas pelo Banco Central do Brasil relativas a Capitais Brasileiros no Exterior,
bem como da prestação de informações falsas, incompletas, incorretas ou fora dos
prazos e das condições previstas na regulamentação. O art. 2º da Resolução 2.911,
de 29.11.2001, define os critérios para aplicação dessas multas, da seguinte forma:

“I - prestação incorreta ou incompleta de informações no prazo regulamentar, por


ocorrência ou evento individualmente verificado, sendo o valor cobrado em dobro
quando a correção ou a complementação dos dados não forem executados no prazo
indicado pelo Banco Central do Brasil - 10% (dez por cento) do valor previsto no
art. 1° da Medida Provisória 2.224, de 2001, ou 1% (um por cento) do valor a que
se relaciona a incorreção, o que for menor;

II - fornecimento de informação fora do prazo e das condições previstas na


regulamentação - 20% (vinte por cento) do valor previsto no art. 1° da Medida
Provisória 2.224, de 2001, ou 2% (dois por cento) do valor da informação, o que
for menor;

III - não-fornecimento de informação - 50% (cinqüenta por cento) do


valor previsto no art. 1° da Medida Provisória 2.224, de 2001, ou 5%
(cinco por cento) do valor da informação que deveria ter sido prestada, o
que for menor;

IV - prestação de informação falsa ao Banco Central do Brasil - 100% (cem por


cento) do valor previsto no art. 1° da Medida Provisória 2.224, de 2001, ou 10%
(dez por cento) do valor da informação que deveria ter sido prestada, o que for
menor”.

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VIII – AS RESPOSTAS FUNDAMENTADAS

QUESTÃO 1:
Levantamento das normas que regem a tributação das operações de Stock
Options, conforme caracterizada no item IV e confecção de um resumo
indicando a fundamentação legal de cada uma das afirmações;

IN/SRF nº 118/2000
Bens e Direitos Adquiridos e Aplicações Financeiras Realizadas com Rendimentos
Auferidos Originalmente em Moeda Estrangeira

Art. 4º Na hipótese de bens e direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas


em moeda estrangeira com rendimentos auferidos originariamente em moeda
estrangeira, o ganho de capital corresponderá à diferença positiva, em dólares dos
Estados Unidos da América, entre o valor de alienação, liquidação ou resgate e o
custo de aquisição do bem ou direito ou o valor original da aplicação, convertida em
reais mediante a utilização da cotação do dólar fixada, para compra, pelo Banco
Central do Brasil, para a data do recebimento.

Apuração e Recolhimento do Imposto

Art. 8º Nas alienações de bens e direitos e nas liquidações e resgates de aplicações


financeiras de que tratam os arts. 2º a 6º, o imposto sobre o ganho de capital será:

I - apurado em cada operação;


II - determinado à alíquota de quinze por cento;
III - recolhido até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento.

Declaração de Ajuste

Art. 11. Os saldos dos depósitos em moeda estrangeira, mantidos em instituições


financeiras no exterior, serão informados na declaração de bens e direitos,
convertidos em reais pela cotação fixada, para compra, pelo Banco Central do
Brasil, para 31 de dezembro de cada ano-calendário.

§1o É isento o acréscimo patrimonial decorrente da variação cambial ocorrida


durante o ano-calendário.

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se, também, aos anos-calendário anteriores a


2000.

Art. 12. A diferença entre o ganho de capital apurado e o imposto pago no ano-
calendário será informada na Declaração de Ajuste Anual como rendimento sujeito
à tributação exclusiva.

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Não-incidência

Art. 14. Não incide o imposto de renda sobre:

II - a variação cambial decorrente das alienações referidas nos arts. 4o e 5o;


Art. 18. Observado o disposto no artigo anterior, na determinação do ganho de
capital sujeito à incidência do imposto, a isenção dos ganhos de capital decorrentes
de operações de valor igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais):

I – no caso de operações financeiras será considerada em relação ao total das


liquidações ou resgates realizados no mês;

******* ATENÇÃO *******:

A redação deste art. 18 da IN/SRF 118/2000 foi alterada em 2005 de acordo com a
Pergunta e Resposta do IRPF 2007 (PR) nº 593, devidamente fundamentada, como
segue:

BEM DE PEQUENO VALOR


593 - O que se considera bem de pequeno valor para fins de exclusão do
ganho de capital?

1 - Alienação realizada até 15 de junho de 2005

1.1 - Para esse efeito, considera-se bem de pequeno valor aquele decorrente da
alienação de bens ou direitos cujo preço unitário de alienação ou cessão, no mês de
sua efetivação, seja igual ou inferior a R$ 20.000,00, exceto no caso de alienação
de moeda estrangeira mantida em espécie.

2 - A partir de 16 de junho de 2005:

2.1 – Para as alienações efetuadas a partir de 16 de junho de 2005 os bens e


direitos de pequeno valor passaram a ter os seguintes limites:

I - R$ 20.000,00, no caso de alienação de ações negociadas no mercado de balcão;

II - R$ 35.000,00, nos demais casos.

2.2 - Para se determinar o valor do mês de junho de 2005, deve ser observado que
o valor da alienação efetuada até o dia 15 não poderá ultrapassar o limite de R$
20.000,00.

(Lei nº 11.196, de 2005, art. 38; IN SRF nº 599, de 2005, art. 1º)

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ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À QUESTÃO 1:

A – Onde declarar, na DIRPF, os ganhos com Stock Options no exterior?

Resposta: A diferença entre o ganho apurado e o imposto pago será declarada


como rendimento sujeito à tributação exclusiva (vide fundamento legal no art.12 da
IN/SRF nº 118/2000, acima), no mesmo quadro onde se informa o 13º salário e os
rendimentos líquidos com aplicações financeiras. Note que se deve usar o
programa fornecido pela RFB chamado “Ganho de Capital em Moeda Estrangeira”.
As informações passadas para este programa são transportadas automaticamente
para a Declaração Anual, aos respectivos campos, facilitando em muito o trabalho
do declarante.

B - Como declarar saldo em dólar de conta bancária no exterior e como tratar os


rendimentos destas contas...?

Resposta: Antes da fundamentação é importante destacar que se os rendimentos


que você menciona forem referentes apenas a variação cambial, o mesmo é isento
conforme resposta da Questão 3, mas caso seja uma conta corrente remunerada
com juros, a resposta é dada pela própria RFB no Perguntas & Respostas:

DECLARAÇÃO DE BENS E DIREITOS

DEPÓSITO NÃO-REMUNERADO - EXTERIOR

421 - Como declarar depósitos não-remunerados no exterior?


O depósito não-remunerado mantido em instituições financeiras no exterior deve
ser informado na Declaração de Bens e Direitos da seguinte forma:

1 - Na Discriminação, pelo valor em moeda estrangeira, o banco e o número da


conta.

2 - Na coluna Ano de 2005, informar o saldo existente em 31/12/2005 constante na


declaração do exercício de 2006, ano-calendário de 2005.

3 - Na coluna Ano de 2006, o saldo existente em 31/12/2006, convertido em reais


pela cotação de compra para essa data, fixada pelo Banco do Central do Brasil.

É isento o acréscimo patrimonial decorrente da variação cambial, o qual deve ser


informado em Rendimentos Isentos e Não-tributáveis.

(IN SRF nº 118/00, art. 11)

425 - Como declarar aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira?


Cada aplicação financeira realizada em moeda estrangeira deve ser informada na
Declaração de Bens e Direitos da seguinte forma:

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a) na coluna Discriminação, informe o valor em moeda estrangeira da aplicação
financeira existente em 31/12/2006;

b) na coluna Ano de 2005, repita o valor em reais da aplicação financeira existente


em 31/12/2005, informado na Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2006, se
for o caso;

c) na coluna Ano de 2006, informe o valor em reais da aplicação financeira


existente em 31/12/2006, cujo saldo deve ser ajustado a cada aplicação, liquidação
ou resgate realizado no ano-calendário de 2006.

Ver Instruções de Preenchimento do Demonstrativo da Apuração dos Ganhos de


Capital - Alienação de Bens ou Direitos ou Liquidação ou Resgate de Aplicações
Financeiras Adquiridos em Moeda Estrangeira.

(IN SRF nº 118/00, de 2000)

CONTA REMUNERADA NO EXTERIOR

565 - Qual o tratamento tributário dos juros recebidos em conta remunerada no exterior?
O crédito de rendimentos relativos a depósito remunerado realizado em moeda
estrangeira por pessoa física residente no Brasil, implica a apuração de ganho de
capital tributável, desde que o valor creditado seja passível de saque pelo
beneficiário.

C - Se, após o exercício das Stock Options, o dinheiro permanecer nos EUA,
aplicado em um fundo mútuo de investimento do próprio Citibank, por 5 anos,
como seria a tributação dos rendimentos do fundo? Os impostos à Receita Brasileira
são pagos apenas no resgate? Os saldos dos dias "31/Dez", enquanto durar a
aplicação, deverão ser atualizado anualmente na declaração de bens do IR, ou só
no resgate? E a variação cambial, nesse caso, também pode ser desconsiderada, ou
seja, apenas o ganho em dólar seria tributado, e o imposto pago convertido com
câmbio da data do recolhimento?

Resposta: Este tipo de aplicação também se enquadra como ganho de capital em


moeda estrangeira, como todos os outros investimentos levantados
hipoteticamente neste trabalho. O art.4º da IN/SRF nº 118/2000 acima diz que o
imposto é apurado na alienação, liquidação ou resgate do investimento. A cada vez
que ocorrer um resgate parcial ou total o ganho deve ser apurado e o IR pago. O
ideal é que se faça uma planilha de controle da aplicação, efetuando o devido
ajuste toda vez que ocorrer aplicações e resgates e os saldos de 31/12 atualizados
para atender a exigência da DIRPF. A variação cambial é isenta de tributação, mas
deve ser considerada, ou seja, informada como rendimento isento, até para
justificar em sua DIRPF o aumento patrimonial eventualmente verificado no fim do
ano. O ganho obtido em dólar é sempre convertido para Reais pela cotação de
compra do Dólar no dia do resgate da aplicação. Com o ganho já em Reais, o
imposto apurado com a aplicação da alíquota já estará expresso em Reais.

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Por esta dúvida representar o cerne do trabalho, deixarei a explicação mais
detalhada das Perguntas & Respostas da RFB [com adaptações minhas]:

RESIDENTE NO BRASIL - BENS, DIREITOS E APLICAÇÕES FINANCEIRAS


ADQUIRIDOS EM MOEDA ESTRANGEIRA

564 - Qual é o tratamento tributário dos ganhos de capital auferidos na alienação de bens
ou direitos adquiridos e na liquidação ou resgate de aplicações financeiras realizadas em
moeda estrangeira por pessoa física na condição de residente no Brasil?
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2000, as operações que importem
na alienação, a qualquer título, de bens ou direitos adquiridos em moeda
estrangeira, ações e outros ativos financeiros em bolsa de valores, de mercadorias,
de futuros ou assemelhadas, ou em qualquer mercado do exterior e na liquidação
ou resgate de aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira, por pessoa
física na condição de residente no Brasil estão sujeitas à apuração de ganho de
capital tributável, à alíquota de 15%, de acordo com as três situações abaixo:

2. Bens e Direitos Adquiridos e Aplicações Financeiras Realizadas com


Rendimentos Auferidos Originariamente em Moeda Estrangeira

2.2. Operações a prestação

Nas operações a prestação, o ganho de capital deve ser apurado, para cada
parcela, em dólares dos Estados Unidos da América, e, em seguida, convertido em
reais, pela cotação do dólar fixada, para compra, pelo Banco Central do Brasil, na
data de cada recebimento.

O custo de aquisição, para cada parcela, será o resultado da multiplicação do custo


de aquisição total, em dólares dos Estados Unidos da América, pelo quociente do
valor de cada parcela recebida pelo valor total de alienação.

A conversão de moeda estrangeira para dólares dos Estados Unidos da América


será feita pelo valor fixado pela autoridade monetária do país emissor da moeda,
para a data do pagamento, na aquisição, e para a data do recebimento, na
alienação, liquidação ou resgate.

Exemplo (cotações fictícias):

Supondo que, numa aplicação financeira de US$40,000.00 em 23/03/1999, o valor


dos resgates (US$ 50,000.00) tenham sido recebidos em três parcelas, sendo a
primeira de US$ 20,000.00 em 16/06/2006 e as duas últimas de US$ 15,000.00,
em 16/07/2006 e em 16/08/2006.

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a) recebimento da 1ª parcela:

Item Cálculo

Custo de aquisição proporcional


US$ 40,000.00 x (US$ 20,000.00 / US$ 50,000.00) = US$
[Custo total de aquisição x (Valor da parcela recebida / Valor total de 16,000.00
alienação)]

Ganho de Capital em US$ US$ 20,000.00 - US$ 16,000.00 = US$ 4,000.00

Ganho de Capital em reais US$ 4,000.00 x R$ 2,85000 (*) = R$ 11.400,00

Imposto devido
R$ 11.400,00 x 15% = R$ 1.710,00
(Vencimento em 30/07/2006)

(*) Cotação do dólar fixada para compra, pelo Banco Central do Brasil, para o dia
16/06/2006 (data do recebimento da 1ª parcela).

b) recebimento da 2ª parcela:

Item Cálculo

Custo de aquisição proporcional


US$ 40,000.00 x (US$ 15,000.00 / US$ 50,000.00) = US$
[Custo total de aquisição x (Valor da parcela recebida / Valor total de 12,000.00
alienação)]

Ganho de Capital em US$ US$ 15,000.00 - US$ 12,000.00 = US$ 3,000.00

Ganho de Capital em reais US$ 3,000.00 x R$ 2,86690 (*) = R$ 8.600,70

Imposto devido
R$ 8.600,70 x 15% = R$ 1.290,11
(Vencimento em 31/08/2006)

(*) Cotação do dólar fixada para compra, pelo Banco Central do Brasil, para o dia
16/07/2006 (data do recebimento da 2ª parcela).

c) recebimento da 3ª e última parcela

Item Cálculo

Custo de aquisição proporcional


US$ 40,000.00 x (US$ 15,000.00 / US$ 50,000.00) = US$
[Custo total de aquisição x (Valor da parcela recebida / Valor total de 12,000.00
alienação)]

Ganho de Capital em US$ US$ 15,000.00 - US$ 12,000.00 = US$ 3,000.00

Ganho de Capital em reais US$ 3,000.00 x R$ 2,99220 (*) = R$ 8.976,60

Imposto devido
R$ 8.976,60 x 15% = R$ 1.346,49
(Vencimento em 30/09/2006)

(*) Cotação do dólar fixada para compra, pelo Banco Central do Brasil, para o dia
16/08/2006 (data do recebimento da 3ª parcela).

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D - Li em um documento da receita de 2007, que o ganho de capital é isento se a
venda/alienação do bem em um mesmo mês for de R$ 35.000,00. Isso significa
que posso abater esses R$ 35.000,00 do valor total alienado e calcular o imposto
sobre o restante. Ex. se num mês 100 foram alienados, faço menos os 35 e pago os
15% sobre 65. Essa é uma interpretação? Se for isso vale para anos anteriores a
2007?

Resposta: Os fundamentos já estão na resposta desta Questão 1, mas foi boa a sua
dúvida, pois me dá a oportunidade de esclarecer a interpretação.
Até 15/06/2005 esse limite era de R$20.000,00 e a partir desta data passou a ser
de R$35.000,00 para este tipo de operação que estamos analisando no presente
trabalho. Assim como no ganho em mercado de renda variável (ações no Brasil),
em que o limite de alienação mensal para que ocorra a isenção é de R$20.000,00,
no ganho de capital a Lei não isenta a parcela até R$35 mil, ela só diz que se você
vender num mês, até R$35 mil você está isento do imposto, pois se considera que
o bem é de "pequeno valor", acima disso, você paga o imposto sobre o montante
da venda, menos o valor do custo (ganho de capital), não existindo parcela isenta
na operação. Neste caso sua interpretação está equivocada.

E - Há um limite de isenção para transação mensal nos valores de R$20.000,00 e


R$35.000,00. Em qual desses valores se enquadram Stock Options? E Ações na
Bolsa americana, digo, compra e venda de ações através de corretora americana,
com saldo bancário em instituição americana?

Resposta: Cabe esclarecer que estes limites não são exclusivos para ganhos de
capital no exterior e sim em geral. R$20.000,00 é o limite para a venda no mês
em ações no mercado de Balcão. R$35.000,00 para todas as outras alienações de
aplicações financeiras e demais bens, como imóveis e automóveis, por exemplo,
aqui e no exterior. Ações no mercado americano (NYSE e NASDAQ) valem a
mesma regra abordada neste trabalho para Stocks Options, inclusive esse limite de
R$35.000,00. Note que esse valor se refere à venda, alienação, resgate e não ao
ganho.

F - Vamos tomar um exemplo extremo para ver se entendi corretamente: comprei


R$ 100.000 em ações da Companhia ACME em Janeiro. Em Fevereiro, as ações
dobram de valor e se mantém estáveis até Dezembro. A partir de Março, mês a
mês, vendo 1/10 das ações, apurando R$ 20.000,00 em cada transação de venda.
Ao final do ano, terei R$ 200.000,00 ou um ganho de R$ 100.000,00. Como cada
transação mensal não excedeu o valor de R$ 20.000,00 não pago imposto, certo? E
ao final do ano terei um ganho de capital de R$ 100.000,00 sem pagar impostos,
certo? E como esse ganho de capital deve ser declarado no IRPF?

Resposta: Considerando que você esteja falando de aplicações na NYSE/NASDAQ,


você poderia até vender R$35.000,00 mensais e apurar um ganho anual no valor
de R$250.000,00 que estariam isentos de imposto de renda sobre o ganho de
capital. Esses ganhos devem ser declarados como Rendimentos Isentos e Não
Tributáveis. Caso esta operação se dê na BOVESPA já seria outra história e o seu
limite seria de R$20.000,00 mensais, pois deixaria de ser ganho de capital e

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passaria a se enquadrar como Ganhos Líquidos em Operações de Renda Variável,
como detalho na resposta B dos Esclarecimentos à Questão 2 abaixo.

QUESTÃO 2:
Devido ao inédito movimento decrescente da cotação do dólar no cenário
internacional, inclusive no Brasil, seria possível se compensar as perdas de
variação cambial futura, com os ganhos com Stock Options passados/presentes?

Obs.: Por ser uma operação de opção em que o direito foi cedido gratuitamente
pela Manchester, a perda com essas operações não está prevista e não se aplica
ao presente estudo;

Cabe aqui um esclarecimento que, como explicado no item VI, o enquadramento da


tributação dos lucros com Stock Options no exterior é o de Ganho de Capital na
Alienação de Aplicação Financeira no Exterior por pessoa física, enquanto que os
lucros com ações no Brasil estão subordinados à legislação que trata dos Ganhos
Líquidos em Mercados de Renda Variável.
Posto isso, inexiste a possibilidade de compensação de qualquer tipo de perda, seja
ela com a variação cambial ou mesmo com a operação em si, como bem
fundamenta a IN/SRF 84/2001 em seu Art. 2º e na PR 519 abaixo:

IN/SRF 84, de 11/10/2001

Ganho de Capital

Art. 2º Considera-se ganho de capital a diferença positiva entre o valor de


alienação de bens ou direitos e o respectivo custo de aquisição.

Parágrafo único. O prejuízo apurado em uma alienação não pode ser compensado
com ganhos obtidos em outra, ainda que no mesmo mês.

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS COM GANHOS NO MÊS

519 - É permitida a compensação entre resultados positivos e negativos de


distintas alienações realizadas no mês?

Não. Os resultados positivos e negativos apurados em operações distintas não


podem ser somados algebricamente por falta de previsão legal. O ganho de capital
deve ser apurado e tributado em separado em relação a cada alienação.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À QUESTÃO 2:

A - Você comenta que o ganho de capital e a diferença em dólar da alienação x


aquisição. Vamos supor que não estamos falando de options, mas de ações
compradas na NASDAQ diretamente, como se fosse aqui na Bovespa. Veja o
seguinte caso:

13
Dia 10/01/2006:
Compra de 150 ações da empresa XYZ por US$20.00 por ação.
Valor do Dólar = R$2,40
Total Aquisição US$ 3,000.00
Total Aquisição R$ 7.200,00

Dia 20/12/2006:
Venda das 150 Ações por US$22.00 por ação
Valor do Dólar = $2,00
Total Alienado US$ 3,300.00
Total Alienado R$= 6.600,00

Ganho em Dólar = US$300.00 => 10% de ganho


Ganho em Real = R$600,00 => 8.33% de perda

Nesse caso, pelo que entendi da sua resposta, eu pago imposto pela diferença
positiva em dólar. É isso? Ou seja, eu pago imposto mesmo com prejuízo!?? Não é
possível...

Resposta: Note que é ignorada a cotação do dólar quando da aquisição, uma vez
que a apuração do ganho de capital considera só a diferença, em dólar, entre a
alienação e compra da aplicação financeira. Obtido o ganho em dólar, faz-se a
conversão para reais, utilizando a cotação de compra do dólar fixada pelo BACEN
na data da alienação (venda), só para efeitos de apurar e recolher o imposto.

Ratificando: É possível sim, que você pague imposto sobre um ganho em dólar,
mesmo tendo um aparente prejuízo em reais, uma vez que vale lembrar, a variação
cambial não é tributada, caso houvesse um ganho. A palavra "aparente" foi
empregada aí propositalmente, pois não mandou dinheiro do Brasil para os EUA
para a aplicação e sim utilizou um recurso, que já tinha lá em dólar. Ou seja,
qualquer levantamento das suas aplicações e posições, que faça em Reais é
meramente informativo, uma “foto” da posição na data que você pegar como
referência, uma vez que este dinheiro só será Real (R$), quando você o repatriar.

Veja o exemplo dado pela RFB no Perguntas & Respostas:

RESIDENTE NO BRASIL - BENS, DIREITOS E APLICAÇÕES FINANCEIRAS


ADQUIRIDOS EM MOEDA ESTRANGEIRA

564 - Qual é o tratamento tributário dos ganhos de capital auferidos na alienação de bens
ou direitos adquiridos e na liquidação ou resgate de aplicações financeiras realizadas em
moeda estrangeira por pessoa física na condição de residente no Brasil?
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2000, as operações que importem
na alienação, a qualquer título, de bens ou direitos adquiridos em moeda
estrangeira, ações e outros ativos financeiros em bolsa de valores, de mercadorias,
de futuros ou assemelhadas, ou em qualquer mercado do exterior e na liquidação
ou resgate de aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira, por pessoa

14
física na condição de residente no Brasil estão sujeitas à apuração de ganho de
capital tributável, à alíquota de 15%, de acordo com as três situações abaixo:

2. Bens e Direitos Adquiridos e Aplicações Financeiras Realizadas com


Rendimentos Auferidos Originariamente em Moeda Estrangeira

2.1. Operações à vista ou a prazo


Na hipótese de bens e direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas em
moeda estrangeira com rendimentos auferidos originariamente em moeda
estrangeira, o ganho de capital corresponde à diferença positiva, em dólares dos
Estados Unidos da América, entre o valor de alienação, liquidação ou resgate e o
custo de aquisição do bem ou direito ou o valor original da aplicação, convertida em
reais mediante a utilização da cotação do dólar fixada, para compra, pelo Banco
Central do Brasil, para a data do recebimento.

A conversão de moeda estrangeira para dólares dos Estados Unidos da América


será feita pelo valor fixado pela autoridade monetária do país emissor da moeda,
para a data do pagamento, na aquisição, e para a data do recebimento, na
alienação, liquidação ou resgate.

Exemplo (cotações fictícias):

Alienação à vista em 16/06/2006, por US$ 50,000.00, de um bem móvel adquirido


em 23/03/1999 com rendimentos auferidos originariamente em moeda estrangeira,
por US$ 40,000.00.

Item Cálculo

Ganho de Capital em US$ US$ 50,000.00 - US$ 40,000.00 = US$ 10,000.00

Ganho de Capital em reais US$ 10,000.00 x R$ 2,85000 (*) = R$ 28.500,00

Imposto devido
R$ 28.500,00 x 15% = R$ 4.275,00
(Vencimento em 30/07/2006)

(*) Cotação do dólar fixada para compra, pelo Banco Central do Brasil, para o dia
16/06/2006 (data do recebimento).

B - Você comenta que Stock Options seria "Ganho de Capital na Alienação


Financeira no Exterior" e não "Ganhos Líquidos em Mercado de Renda Variável". Eu
estava considerando ser ganho em Renda Variável e estava usando o Código de
DARF 6015 - IRPF - GANHOS LIQUIDOS EM OPERACAO EM BOLSA. Está errado? E
se eu tivesse comprado ações, direto na NASDAQ, como o caso descrito acima?
Seria a mesma coisa? Se não, qual a diferença então entre Stock Options e o caso
da NASDAQ?

Resposta: Seu entendimento está equivocado. Como expliquei nesta questão 2,


rendimentos e ganhos com Stock Options e Ações na NYSE, NASDAQ ou qualquer
outra bolsa de valores fora do Brasil são considerados "ganhos de capital". Ganhos
líquidos em operação em bolsa só são caracterizados quando a aplicação é feita na

15
Bovespa. Qualquer tipo de operação financeira ou compra e venda de qualquer
outro bem fora do Brasil é considerada "Ganho de Capital Em Moeda Estrangeira" e
está tipificado com clareza na Lei, conforme fundamentos na resposta desta
questão.

QUESTÃO 3:
Como se dá a tributação da variação cambial ativa sobre a posição depositada
na conta corrente em dólares no Citibank dos EUA?

Como já exposto na resposta à questão 1, a variação cambial ativa sobre saldo em


conta corrente no exterior é isento de IR sobre o ganho de capital.

Declaração de Ajuste

Art. 11. Os saldos dos depósitos em moeda estrangeira, mantidos em instituições


financeiras no exterior, serão informados na declaração de bens e direitos,
convertidos em reais pela cotação fixada, para compra, pelo Banco Central do
Brasil, para 31 de dezembro de cada ano-calendário.

§1o É isento o acréscimo patrimonial decorrente da variação cambial ocorrida


durante o ano-calendário.

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se, também, aos anos-calendário anteriores a


2000.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À QUESTÃO 3:

A - Tenho dólares em conta corrente de instituição bancária americana, dólares


investidos em fundos mútuos americanos, dólares investidos em ações da bolsa
americana e dólares em casa. Em quais casos os ganhos com variação cambial são
tributados?

Resposta: Bem, por definição somente os dólares mantidos em espécie (em casa)
teriam suas variações tributadas, mas não abordei essa operação no trabalho, uma
vez que foge à proposta inicial que é o de analisar os reflexos tributários nas
operações de Stock Options. Mas como a legislação que disciplina é a mesma,
IN/SRF nº 118/2000, vou colocar os excertos que se referem à apuração de
ganhos de capital com moeda estrangeira mantida em espécie.

Instrução Normativa SRF nº 118, de 27 de dezembro de 2000

Dispõe sobre a tributação do ganho de capital decorrente da alienação de bens ou


direitos e da liquidação ou resgate de aplicações financeiras, adquiridos em moeda
estrangeira, e da alienação de moeda estrangeira mantida em espécie, de
propriedade de pessoa física.

16
Art.1º Relativamente aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de
2000, o ganho de capital decorrente da alienação de bens ou direitos e da
liquidação ou resgate de aplicações financeiras, de propriedade de pessoa física,
adquiridos, a qualquer título, em moeda estrangeira, será apurado de acordo com
as disposições desta Instrução Normativa.

Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se também à alienação de moeda


estrangeira mantida em espécie.

Moeda Estrangeira Mantida em Espécie

Art. 7º Na hipótese de alienação de moeda estrangeira mantida em espécie, o


ganho de capital será apurado na forma deste artigo.

§ 1º O ganho de capital correspondente a cada alienação será a diferença positiva,


em reais, entre o valor de alienação e o respectivo custo de aquisição.

§ 2º O valor de alienação, quando expresso em moeda estrangeira, será convertido


em dólares dos Estados Unidos da América, na data da alienação, e, em seguida,
em reais, pela cotação média mensal do dólar, para compra, divulgada pela
Secretaria da Receita Federal.

§ 3º O custo de aquisição de moeda estrangeira em poder do contribuinte em 31 de


dezembro de 1999 será o resultado da multiplicação da quantidade em estoque
pela cotação fixada, para venda, pelo Banco Central do Brasil, para esta data.

§ 4º Para moeda estrangeira adquirida a partir de 1º de janeiro de 2000, a cada


aquisição, o custo em reais será o resultado da multiplicação da quantidade de
moeda estrangeira, convertida em dólares dos Estados Unidos da América, na data
da aquisição, pela cotação média mensal do dólar, para venda, divulgada pela
Secretaria da Receita Federal.

§ 5º Quando da alienação, o custo de aquisição da quantidade de moeda


estrangeira alienada será o resultado da multiplicação do custo médio ponderado
do estoque existente na data de cada alienação pela quantidade alienada.

§ 6º O custo médio ponderado do estoque será o resultado da divisão do valor total


das aquisições em reais pela quantidade de moeda estrangeira existente.

§ 7º A cada aquisição ou alienação, serão ajustados os saldos em reais e a


quantidade de moeda estrangeira remanescente, para efeito de cálculos posteriores
do custo médio ponderado.

§ 8º O ganho de capital total será a soma dos ganhos apurados em cada alienação.

Art. 9º Nas alienações de moeda estrangeira em espécie de que trata o art. 7º, o
imposto incidirá sobre o ganho de capital total e será:

17
I - apurado anualmente;
II - determinado à alíquota de quinze por cento;
III - informado na declaração de ajuste anual;
IV - recolhido, em cota única, até a data prevista para a entrega da declaração.

Conversão de Moeda Estrangeira

Art. 10. A conversão de moeda estrangeira para dólares dos Estados Unidos da
América será feita pelo valor fixado pela autoridade monetária do país emissor da
moeda, para a data do pagamento, na aquisição, e para a data do recebimento, na
alienação, liquidação ou resgate.

Art. 12. A diferença entre o ganho de capital apurado e o imposto pago no ano-
calendário será informada na Declaração de Ajuste Anual como rendimento sujeito
à tributação exclusiva.

Art. 13. O estoque de moeda estrangeira mantida em espécie a ser informado na


declaração de bens e direitos será o resultado da multiplicação da quantidade de
moeda existente em 31 de dezembro de cada ano-calendário pelo custo médio
ponderado obtido na forma dos §§ 6º e 7º do art. 7º.

Não-incidência

Art. 14. Não incide o imposto de renda sobre:

III - o ganho de capital auferido na alienação de moeda estrangeira mantida em


espécie, cujo total de alienações, no ano-calendário, seja igual ou inferior ao
equivalente a cinco mil dólares dos Estados Unidos da América.

Parágrafo único. Para efeito da apuração do limite de que trata o inciso III, a
conversão para dólares dos Estados Unidos da América será feita na data de cada
alienação.

QUESTÃO 4:
Considerando uma operação no mercado acionário brasileiro (BOVESPA), é
possível se compensar as perdas futuras com ações, com os ganhos
passados/presentes, mesmo assumindo os encargos moratórios?

Em hipótese alguma, haja vista a IN/SRF 25/2001 e P&R 617, conforme abaixo:

IN/SRF 25, de 06/03/2001

Dispõe sobre o imposto de renda incidente nos rendimentos e ganhos líquidos


auferidos em operações de renda fixa e de renda variável.

18
Compensação de Perdas

Art. 30. Para fins de apuração e pagamento do imposto mensal sobre os ganhos
líquidos, as perdas incorridas nas operações de que tratam os arts. 25 a 29 poderão
ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses
subseqüentes, em outras operações realizadas em qualquer das modalidades
operacionais previstas naqueles artigos, exceto no caso de perdas em operações de
Day-trade, que somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações
da mesma espécie.

617 - O resultado negativo ou perda apurado em um mês pode ser


compensado com ganho auferido em meses anteriores?

Não se pode compensar resultados negativos de um mês com ganhos auferidos em


meses anteriores, pois a base de cálculo do imposto é apurada mensalmente.
(IN SRF nº 25, de 2001, art. 30)

QUESTÃO 5:
Há isenção de multa quando o recolhimento de imposto em atraso é feito
espontaneamente pelo contribuinte?

Não, de acordo com o Art. 32 da IN/SRF 84/2001, como segue:

IN/SRF 84, de 11/10/2001

Dispõe sobre a apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e


direitos por pessoas físicas.

Acréscimos legais

Art. 32. O imposto pago após o vencimento é acrescido de:

I - juros, equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e


Custódia (Selic), para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir
do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento até o último dia do mês
anterior ao do pagamento e de 1% (um por cento) no mês do pagamento;

II - multa de mora, calculada à taxa de 0,33% (trinta e três centésimos por cento),
por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento do débito, limitada a
vinte por cento.

A multa que o contribuinte evita ao fazer o recolhimento antes do início do processo


fiscal é a Multa de Ofício, disciplinada pelo Regulamento do Imposto de Renda
(RIR), Decreto nº 3000 de 1999, em seu Art. 957, conforme abaixo:

19
CAPÍTULO III
MULTAS DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO

Art. 957. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas,
calculadas sobre a totalidade ou diferença de imposto (Lei nº 9.430, de 1996, art.
44):

I - de setenta e cinco por cento nos casos de falta de pagamento ou recolhimento,


pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de
multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a
hipótese do inciso seguinte;

II - de cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude,


definido nos Arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, independentemente de
outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.

Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão exigidas (Lei nº 9.430,
de 1996, art. 44, § 1º):

I - juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago;

II - isoladamente, quando o imposto houver sido pago após o vencimento do prazo


previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora;

III - isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do


imposto na forma do art. 106, que deixar de fazê-lo, ainda que não tenha apurado
imposto a pagar na declaração de ajuste;

IV - isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto, na


forma do art. 222, que deixar de fazê-lo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal,
no ano-calendário correspondente.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À QUESTÃO 5:

A - Andei lendo e estudando alguns artigos e leis e encontrei um artigo onde se diz
que:

"Algumas empresas, ao pagar tributos em atraso, realizavam-no sem a inclusão


dos 20% de multa exigida. Quando a fiscalização verificava a infração, aplicava,
além dos juros, a multa de ofício de 75%. Porém, desde a edição da Medida
Provisória 351, de janeiro de 2007, convertida na Lei 11.488 em 15 de
junho de 2007, o Fisco ficou impedido de aplicar a sanção...”

"Por meio da denúncia espontânea, um instituto contido no artigo 138 do


Código Tributário Nacional, algumas empresas utilizavam o recurso para escapar
da multa. Assim, quando uma empresa não pagava um tributo realizando-o apenas
antes da autuação do Fisco, haveria a ausência da multa"

20
Dá uma olhada no artigo: http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/40089.shtml#

Aparentemente, o artigo se refere à pessoa jurídica, mas no meu caso, seria


possível me beneficiar deste Artigo 138 do Código Tributário Nacional e demais
referencias acima, uma vez que estou fazendo uma denúncia espontânea e assim
evitar o pagamento da multa de mora de até 20%?

Resposta: Em primeiro lugar quero esclarecer que analisando toda a Lei 11.488 de
15-06-2007, não encontrei nada explícito, que sustente o que a autora da matéria
da Última Instância escreveu. Ela deveria especificar qual artigo daquela Lei lhe
permitiu esse entendimento...

Mesmo assim o que ela diz em linhas gerais é que se você deixar de pagar a multa
de mora (20%) e a RFB pegar isso numa fiscalização, não poderá cobrar a multa de
ofício (75%) sobre essa multa de 20%, mas continuaria com o direito de cobrar os
20%, certo? Com multa de ofício ou sem ela, a de mora é devida, segundo o texto
da Última Instância. Na minha modéstia opinião, o art.957 do RIR/99 acima
continua valendo.

Agora vamos para outra questão: a do CTN.

Código Tributário Nacional - CTN

SEÇÃO IV
Responsabilidade por Infrações

Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da


legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da
efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato.
Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da
infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e
dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela
autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de
apuração.
Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o
início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização,
relacionados com a infração.
TÍTULO III
Crédito Tributário
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma
natureza desta.
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão
ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem
sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou
extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta

21
Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade
funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.
CAPÍTULO II
Constituição de Crédito Tributário
SEÇÃO I
Lançamento
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa
constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da
obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante
do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação
da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja
expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda
nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da
obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou
revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do
fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou
processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades
administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto,
neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos
certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o
fato gerador se considera ocorrido.
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode
ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no
artigo 149.
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão
administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade
administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação
a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua
introdução.
SEÇÃO II
Modalidades de Lançamento
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo
ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à
autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua
efetivação.
§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando
vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro
em que se funde, e antes de notificado o lançamento.

22
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão
retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão
daquela.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em
consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a
autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço,
sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os
esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou
pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação
contraditória, administrativa ou judicial.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade
administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e
na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado
declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da
legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade
administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo
daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer
elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa
legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro
legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício
daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por
ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta
funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato
ou formalidade especial.
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não
extinto o direito da Fazenda Pública.
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida
autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue
o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à
homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção
total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados
na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de
penalidade, ou sua graduação.

23
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a
contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a
Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Posto esses trechos destacados em vermelho, negritados e sublinhados, faço


minhas observações:

A) Em linhas gerais esses advogados, que escrevem para sites jurídicos como a
Última Instância, deitam entendimentos que não passam de interpretações muito
pessoais que eles têm da Lei, cabendo tal sustentação, se for o caso, apenas nos
tribunais, via processos judiciais;

B) Não vi no art.138 acima a exclusão, tácita, da cobrança da multa de mora. Ele


apenas não a cita, mas a sua incidência não é estabelecida, obrigatoriamente, pelo
CTN e sim por meio de Lei, como subentendido no art.136, que confere às Leis, a
legitimidade para tratar das matérias tributárias.

O trecho abaixo do Regulamento do Imposto de Renda (Dec.3000/99), com seus


fundamentos, continuam valendo também, uma vez que o art.61 da Lei
9.430/96 não foi revogado até a presente data:

Seção II
Multa de Mora

Art. 950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão
acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento
por dia de atraso (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61).

§ 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia
subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até
o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 61, § 1º).

§ 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei nº
9.430, de 1996, art. 61, § 2º).

§ 3º A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do
imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de
lançamento de ofício.

C) Por tudo isso, mantenho meu entendimento de que não há previsão legal para
que a RFB deixe de cobrar dos contribuintes os juros de mora, a multa de mora e a
multa de ofício, nos caso em que se aplicam. Nem mesmo com a denúncia
espontânea, do contrário, nenhuma empresa pagaria tributos com acréscimos
legais, pois na maioria esmagadora dos casos, quando as pessoas jurídicas
recolhem impostos em atraso, fazem com acréscimos de juros e multa de mora,

24
mesmo de forma espontânea, por erro de cálculo ou esquecimento do prazo, pois
assim determina a legislação atual, devidamente citada pra você.

B - Sobre Multa de Mora, dá uma olhada no que achei também na Internet, dessa
vez no site da Receita:

666- Até quando o contribuinte ainda poderá efetuar o recolhimento do


imposto ou contribuição apenas com os acréscimos moratórios?
RESPOSTA: Mesmo após iniciado procedimento de ofício, o contribuinte ainda
poderá efetuar o pagamento dos tributos ou contribuições declarados apenas com
os acréscimos legais aplicáveis nos casos de recolhimento espontâneo, desde que o
pagamento ocorra até o vigésimo dia subseqüente à data de recebimento do termo
de início de fiscalização; portanto, somente a partir desta data é que se considera
excluída a espontaneidade do sujeito passivo no tocante exclusivamente aos
débitos declarados (Lei nº 9.430, de 1996, art. 47, com a nova redação dada pelo
inciso II do art. 70 da Lei nº 9.532, de 1997). (
http://www.receita.fazenda.gov.br/pessoajuridica/dipj/2005/pergresp2005/pr660a
666.htm )

Face o texto acima, é correto supor que não estaria sujeito à cobrança da Multa de
Ofício desde que se pague o imposto devido, acrescidos de seus respectivos juros e
multa de mora, dentro dos vinte dias a partir do recebimento do termo de inicio
de fiscalização ou procedimento de Ofício?

Resposta: Você vê como é a ironia do destino? Nessa Pergunta & Resposta está
um reforço sobre o meu entendimento à sua dúvida anterior. Note que a pergunta
já admite de início que os acréscimos moratórios (juros de mora e multa de mora)
são devidos em qualquer caso, sendo o pagamento espontâneo ou não... O que se
discute aqui é em relação exclusivamente à multa de ofício.

A resposta para a sua pergunta, finalmente é SIM, de acordo com os fundamentos


dados acima, mas esse texto pode ter uma "pegadinha". Explico: Na redação
original da Lei 9.430/96 ela falava em "tributos e contribuições já lançados e
declarados", já na nova redação da Lei 9.532/97 ela fala apenas em
"declarados". Não tenho como te dizer, no momento, em que isso implica na
prática, mas fica registrado aqui só para se ter o cuidado, caso venha a incorrer no
caso tratado por esta disciplina.

C - Pela sua experiência, lá fala também de redução em 50% da multa de oficio em


alguns casos que se pague antes de um determinado prazo, etc. Como se dá isso?
É isso mesmo??

Também a resposta aqui é SIM. Se você resolver fazer o pagamento dentro do


prazo que você tem para fazer a impugnação (recurso administrativo em primeira
instância dentro da RFB) ela te dá uma redução de 50%. Se você pedir
parcelamento o desconto cai para 40%.

25
Depois que sai esta decisão contra você, ainda poderá pagar com redução de 30%
(dentro do prazo de recurso). Se for parcelar nesse período de recurso, o desconto
cai para 20%.

Em síntese: A RFB quer é que você pague o que deve e estamos conversados. Não
interessa a ela manter briga com contribuintes nos tribunais.

Veja o fundamento da Perguntas & Respostas:

665 Quais as reduções previstas para a penalidade aplicada em


decorrência de lançamento de ofício?

Será concedida a redução apenas do valor lançado a título de multa de ofício nos
seguintes casos:

a. redução de 50%: quando o contribuinte efetuar o pagamento do débito no


prazo legal para impugnação (RIR/1999, art. 961);
b. redução de 30%: quando o contribuinte efetuar o pagamento dentro de 30
(trinta dias) da ciência da decisão de primeira instância (no prazo de recurso)
(RIR/1999, art. 962);
c. redução de 40%: quando o contribuinte requerer o parcelamento do débito
no prazo legal de impugnação (RIR/1999, art. 963);
d. redução de 20%: quando o contribuinte requerer o parcelamento do débito
dentro de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância (no prazo de
recurso) (RIR/1999, art. 963, § 1º).

QUESTÃO 6:
Que tipo de documentação precisa embasar uma operação? Ou seja, o que a
RFB exige quando ocorre o ganho de capital? Se é que pede alguma coisa, além
do recolhimento do DARF.

De imediato é importante saber que esta operação de se enquadra como ganho de


capital em moeda estrangeira. Sendo assim, além do imposto devido toda vez que
ocorre um ganho, você deve fazer constar na sua Declaração de IR pessoa física
(DIRPF).

Voltando à pergunta em si, a apuração do ganho e o respectivo recolhimento do


imposto são de obrigação do contribuinte. Para qualquer rendimento informado na
DIRPF, a RFB só vai exigir os comprovantes no caso de uma fiscalização ou um
chamado para esclarecimento.

Para esta operação especificamente, terá que guardar as Notas de Corretagens


emitidas pela corretora nos EUA que realizou as operações de exercício da opção e
respectiva venda. Terá que guardar também os extratos da conta corrente em
dólar (produto do lucro com a operação), mantida nos EUA, para fins de acobertar
o que você terá que informar na sua declaração de bens.

26
QUESTÃO 7:
Após o exercício da Stock Option, caracterizando um ganho de capital, o DARF é
recolhido, mas o dinheiro fica em uma conta corrente nos USA, conforme item
IV. Quando do evento da remessa ou wire transfer dos EUA para o Brasil, existe
algum outro imposto a ser pago para a RFB?

Não. O imposto no Brasil tributa a renda e não o patrimônio. De imediato a RFB


não tem como saber quanto um residente no Brasil ganhou lá fora. A não ser num
caso de investigação específica como foi o caso do Duda Mendonça com sua
DULSSELDORF...

Para todos os rendimentos, inclusive os daqui do Brasil, o que a RFB faz é um


cruzamento das informações que o contribuinte deu na DIRPF, com o seu
patrimônio. Quando a pessoa retorna com esse bem, de forma legal,
obrigatoriamente essa informação passa pelo BACEN e é informada diretamente à
RFB, que então faz o confronto (vide LC 105/2001 no item IX).

Havendo divergências, ela é convocada a esclarecer e terá que ter todos os


documentos da Questão 6 para demonstrar a origem do seu patrimônio e o imposto
recolhido quando do ganho (data da venda das ações).

Caso não tenha recolhido o imposto, terá que pagar com acréscimos de encargos
de mora e multa de ofício. Se recolher na data do vencimento, não incorre em
nenhum encargo e se o pagamento for espontâneo, só é devido o imposto com os
encargos moratórios, ficando livre da multa de ofício.

O único imposto que incide sobre a operação de câmbio (compra e venda) é o IOF,
mas de acordo com o Decreto 4494 de 03/12/2002, art. 14, inciso III, a alíquota,
nesta operação, é ZERO.

Decreto nº 4.494, de 3 de dezembro de 2002

TÍTULO III
DA INCIDÊNCIA SOBRE OPERAÇÕES DE CÂMBIO
CAPÍTULO I
DO FATO GERADOR

Art. 11. O fato gerador do IOF é a entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou


de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado, em
montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à
disposição por este (Lei nº 5.172, de 1966, art. 63, inciso II).

Parágrafo único. Ocorre o fato gerador e torna-se devido o IOF no ato da liquidação
da operação de câmbio.

CAPÍTULO II
DOS CONTRIBUINTES E DOS RESPONSÁVEIS
Dos Contribuintes

27
Art. 12. São contribuintes do IOF os compradores ou vendedores de moeda
estrangeira nas operações referentes às transferências financeiras para o ou do
exterior, respectivamente, compreendendo as operações de câmbio manual (Lei nº
8.894, de 1994, art. 6º).

§ 1º As transferências financeiras compreendem os pagamentos e recebimentos em


moeda estrangeira, independentemente da forma de entrega e da natureza das
operações.

Dos Responsáveis

§ 2º São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro


Nacional as instituições autorizadas a operar em câmbio (Lei nº 8.894, de 1994,
art. 6º, parágrafo único).

CAPÍTULO III
DA BASE DE CÁLCULO E DA ALÍQUOTA

Da Base de Cálculo

Art. 13. A base de cálculo do IOF é o montante em moeda nacional, recebido,


entregue ou posto à disposição, correspondente ao valor, em moeda estrangeira,
da operação de câmbio (Lei nº 5.172, de 1966, art. 64, inciso II).

Da Alíquota

Art. 14. A alíquota do IOF é de vinte e cinco por cento (Lei nº 8.894, de 1994, art.
5º).

§ 1º A alíquota do IOF fica reduzida para os percentuais abaixo enumerados:

I - nas operações de câmbio destinadas ao cumprimento de obrigações de


administradoras de cartão de crédito ou de bancos comerciais ou múltiplos na
qualidade de emissores de cartão de crédito decorrentes de aquisição de bens e
serviços do exterior efetuada por seus usuários, observado o disposto no inciso III:
dois por cento;

II - sobre o valor ingressado no País decorrente de ou destinado a empréstimos em


moeda com os prazos médios mínimos de até noventa dias: cinco por cento;

III - nas demais operações de câmbio, inclusive nas destinadas ao cumprimento de


obrigações de administradoras de cartão de crédito ou de bancos comerciais ou
múltiplos na qualidade de emissores de cartão de crédito decorrentes de aquisição
de bens e serviços do exterior quando forem usuários do cartão a União, Estados,
Municípios, Distrito Federal, suas fundações e autarquias: zero.

§ 2º No caso de operações de empréstimo em moeda via lançamento de títulos,


com cláusula de antecipação de vencimento, parcial ou total, pelo credor ou pelo

28
devedor (put/call), a primeira data prevista de exercício definirá a incidência do
imposto prevista no inciso II.

§ 3º O Ministro de Estado da Fazenda, tendo em vista os objetivos das políticas


monetária, fiscal e cambial, poderá estabelecer alíquotas diferenciadas para as
hipóteses de incidência de que trata este Título (Lei nº 8.894, de 1994, art. 5º,
parágrafo único).

Art. 15. Quando houver descumprimento ou falta de comprovação do cumprimento


de condições, total ou parcial, de operações tributadas à alíquota zero ou reduzida,
o contribuinte ficará sujeito ao pagamento do IOF, calculado à alíquota normal para
a operação, acrescido de juros moratórios e multa, sem prejuízo das penalidades
previstas no art. 23 da Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962, e no art. 72 da Lei
nº 9.069, de 29 de junho de 1995.

ALERTA: Com o fim da CPMF a partir de 2008, pode ser que o governo aumente a
alíquota do IOF sobre a modalidade de empréstimos e/ou câmbio em até 25%, sem
a necessidade de consultar o Legislativo, só por ato de ofício (Decreto 4494/2002,
art.14, § 3º sublinhado em vermelho acima). Atualização: Conforme minha
previsão o governo majorou a alíquota do IOF para compensar as perdas com o fim
da CPMF, conforme Decreto nº 6.345/2008. Para o bem de todos, o aumento foi só
na modalidade de empréstimo, não afetando em nada o câmbio direto, apenas a
parte com cartões de crédito internacional.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À QUESTÃO 7:

A - Não entendi bem a questão do IOF. Pode me dar uma explicação? Só sei que
pelo seu material não temos que pagar nada de IOF, certo?

Resposta: Eu disse que só se paga imposto de renda sobre o ganho no exterior.


Sobre o patrimônio (saldo da conta em dólar) não se paga nada. Quando o
dinheiro retorna ao Brasil, a legislação atual prevê a cobrança do IOF, entretanto a
alíquota, estrategicamente, está fixada em ZERO, ou seja, na prática não se paga
IOF para entrar com divisas no Brasil. Desse imposto vocês estão livres.

QUESTÃO 8:
É possível fazer retificações nas DIRPF passadas ou é melhor ajustar nos
próximos anos? O Sicalc seria a ferramenta de atualização?

Caso tenha obtido ganhos nas operações, e não declarou nas suas DIRPF
anteriores, minha orientação é que recolha os impostos em atraso e não retifique.
Se a RFB te exigir, você retifica, pois, o principal que é o imposto, já terá sido
pago. Também aconselho a incluir este bem (saldo da conta em dólares) na
próxima DIRPF ano base 2007, que será entregue em 2008.

29
ALERTA: Além da obrigação de constar na declaração de bens, o BACEN também
exige uma declaração se o valor dos bens no exterior superar US$100,000.00 em
31 de dezembro do ano em referência. (Vide detalhes no item VII).

Sicalc é um programa da RFB que calcula impostos em atraso.

Observação: Caso haja impostos em atraso e se opte pelo recolhimento, foi


disponibilizado este serviço no orçamento (item 7) que será uma cobrança a parte
deste estudo... Qualquer coisa entre em contato!

QUESTÃO 9:
Li num documento da RFB de 2007, que o ganho de capital é isento se a
venda/alienação do bem em um mesmo mês até R$ 35.000,00. Isso significa
que posso abater esses R$ 35 mil do valor total alienado e calcular o imposto
sobre o restante? Exemplo: se num mês R$100 mil foram alienados, subtraio os
R$35 mil e pago os 15% sobre R$65 mil. Essa é a interpretação? Se for isso,
vale para anos anteriores a 2007?

Essa pergunta já está respondida e fundamentada na Questão 1 (Bem de Pequeno


Valor), mas é boa a dúvida, pois me dá a oportunidade de esclarecer a
interpretação.

Até 15/06/2005 esse limite era de R$20.000,00 e a partir desta data passou a ser
de R$35.000,00 para este tipo de operação que estamos analisando no presente
trabalho. Assim como no ganho em mercado de renda variável (ações no Brasil),
em que o limite de alienação mensal para que ocorra a isenção é de R$20.000,00,
no ganho de capital, a Lei não isenta a parcela até R$35 mil.

Ela só diz que se você vender num mês, até R$35 mil você está isento do imposto,
pois se considera que o bem é de "pequeno valor". Acima disso, você paga o
imposto sobre o montante da venda menos o valor do custo (ganho de capital), não
existindo parcela isenta na operação.

QUESTÃO 10:
Qual o prazo de prescrição ou decadência do imposto de renda sobre o ganho de
capital? Por exemplo: Um evento ocorrido em 2000, caduca quando? Em 2001?
E assim por diante... O que significa exatamente isso?

O prazo decadencial do imposto de renda da pessoa física é de 5 anos. O evento


ocorrido em 2000 (que pode ser a venda de stock options, com apuração do ganho
de capital e respectivo recolhimento do imposto) entra na DIRPF de 2001 e a partir
daí conta-se os 5 anos, ou seja, neste caso a DIRPF caducaria em 31/12/2006.
Assim operações de 2001 = 31/12/2007 e 2002 = 31/12/2008.

30
Na operação do Marcos há que se ter cuidado, pois como um dia esse dinheiro
entrará legalmente no Brasil, o BACEN/RFB, numa eventual fiscalização sobre a
origem desse saldo em dólares, pode retroagir na apuração dos seus ganhos e
cobrar o imposto com os acréscimos moratórios.

Tentarei encontrar um fundamento aqui que nos informe com clareza, até qual
período mais remoto, a RFB poderia retroagir para cobrar o IR. A questão é que o
simples fato de ter caducado em relação à data do ganho, não o exime do
recolhimento do imposto (vide art.902 do Decreto 3000/1999 abaixo). Após o
repatriamento do dinheiro, passados os 5 anos, aí sim, você já estaria livre da
tributação.

DECRETO Nº 3.000, DE 26 DE MARÇO DE 1999.


Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto
sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,


inciso IV, da Constituição, e conforme as leis do imposto sobre a renda, DECRETA :

Art. 1º O Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza será cobrado e


fiscalizado de conformidade com o disposto neste Decreto.

LIVRO I
TRIBUTAÇÃO DAS PESSOAS FÍSICAS
CAPÍTULO V
DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

Seção I
Decadência

Art. 898. O direito de proceder ao lançamento do crédito tributário extingue-se


após cinco anos, contados (Lei nº 5.172, de 1966, art. 173):
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter
sido efetuado;

II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício
formal, o lançamento anteriormente efetuado.

§ 1º O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o


decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a
constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer
medida preparatória, indispensável ao lançamento (Lei nº 5.172, de 1966, art. 173,
parágrafo único).

31
§ 2º A faculdade de proceder a novo lançamento ou a lançamento suplementar, à
revisão do lançamento e ao exame nos livros e documentos dos contribuintes, para
os fins deste artigo, decai no prazo de cinco anos, contados da notificação do
lançamento primitivo (Lei nº 2.862, de 1956, art. 29).

Art. 899. Nos casos de lançamento do imposto por homologação, o disposto no


artigo anterior extingue-se após cinco anos, contados da ocorrência do fato
gerador, se a lei não fixar prazo para homologação, observado o disposto no art.
902 (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150, § 4º).

Seção II
Prescrição

Art. 901. A ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos,
contados da data da sua constituição definitiva (Lei nº 5.172, de 1966, art. 174).

§ 1º A prescrição se interrompe (Lei nº 5.172, de 1966, art. 174, parágrafo único):


I - pela citação pessoal feita ao devedor;
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe
reconhecimento do débito pelo devedor.

§ 2º A inscrição do débito como Dívida Ativa, pelo órgão competente, suspenderá a


fluência do prazo prescricional, para todos os efeitos de direito, por cento e oitenta
dias ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo aquele
prazo (Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, art. 2º, § 3º).

§ 3º O despacho do juiz, que ordenar a citação do executado, interrompe a fluência


do prazo prescricional (Lei nº 6.830, de 1980, art. 8º, § 2º).

Seção III
Não Fluência de Prazo

Art. 902. O disposto no art. 899 não se aplica aos casos em que, no lançamento por
homologação, o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, tenha agido com
dolo, fraude ou simulação (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150, § 4º).

Art. 903. Não correrão os prazos estabelecidos em lei para o lançamento ou a


cobrança do imposto, a revisão da declaração e o exame da escrituração do
contribuinte ou a da fonte pagadora do rendimento, até decisão na esfera
judiciária, nos casos em que a ação das repartições da Secretaria da Receita
Federal for suspensa por medida judicial contra a Fazenda Nacional (Lei nº 3.470,
de 1958, art. 23).

32
ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS À QUESTÃO 10:

A - Não entendi bem a questão que respondeu. Ou seja, vamos supor que tenha
realizado uma alienação em 1998. Ainda assim estou sujeito a ser tributado? Como
é isso?

Resposta: Essa resposta eu deixei bem claro e destacado em vermelho no art.902


do Regulamento do Imposto de Renda ou no parágrafo 4º do art.150 do CTN que
está nos Esclarecimentos à Questão 5, letra A. Traduzindo: Se ficar provado que
você, como sujeito passivo (devedor do imposto) agiu de forma dolosa, fraudulenta
ou com simulação para deixar de recolher o imposto devido, o prazo de prescrição
não flui e você continua devedor, pelo menos em tese.

Por que fiz questão de frisar isto? Pelo simples fato de que um dia você retornará
com este dinheiro. Qual a origem? Se algum dia a RFB ou o BACEN te fizer esta
pergunta, você não terá como dar como resposta que o prazo já prescreveu, pois
você teria omitido tais valores das suas Declarações de IRPF e da própria
declaração do BACEN, que eu cito neste trabalho.

IX – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas respostas do item anterior, o Marcos teve um panorama completo de
tudo relacionado à tributação de suas operações financeiras.

Cabe o alerta que toda entrada de recursos legais oriundos do exterior passam pelo
controle do Banco Central do Brasil (BACEN) e este possui mecanismos de troca de
informações com a Receita Federal do Brasil (RFB), antiga SRF (vide LC 105/2001
abaixo). Razão pela qual deve se ter em mente, que o risco da RFB tomar
conhecimento de operações realizadas no exterior é alto.

Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001


Dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras
providências.

Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos


limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão
à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos
usuários de seus serviços.

§ 1º Consideram-se operações financeiras, para os efeitos deste artigo:

X – conversões de moeda estrangeira em moeda nacional;

Geralmente tais flagrantes são acusados de 3 a 4 anos após a ocorrência do fato


gerador, o que resulta em encargos moratórios para o sujeito passivo
(contribuinte), conforme a resposta da QUESTÃO 5.

33
O nível de aprimoramento da estrutura da RFB chega a tal ponto de eficácia, que
através de informações (CPMF e DIRF) de Bancos e Corretoras se tem como
descobrir as operações dos investidores, não importando o montante
transacionado.

Segue um exemplo de dispositivo fiscalizador:


O governo criou uma tributação na fonte sobre as operações de bolsa, à alíquota de
0,005% (Lei nº 11033, de 21/12/2004, Art. 2º, §1º) . Como este imposto retido é
compensável com o da alíquota normal (15%), percebe-se que o único intuito da
RFB é saber através das Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF)
informadas pelas Corretoras de Valores, quem é cada um dos clientes que operou
na BOVESPA e o respectivo valor movimentado.

Depois basta cruzar esta informação com a respectiva Declaração de Imposto de


Renda da Pessoa Física (DIRPF) do contribuinte. Esse mecanismo é chamado de
“declaração por homologação”.

Atenciosamente,

Wilson Tavares da Costa


CRC-RJ 066517/O-6 Email e MSN: w-tavares@uol.com.br
Consultor contábil/financeiro Tel.: (21) 3106-7988 / 9615-4474

Versão: 2008.02.19

34
X – APÊNDICE: ASPECTOS JURÍDICOS

8.8.05 [01h10]
A natureza jurídica dos planos de opções de compra de ações no direito do trabalho - (“employee
stock option plans”)
por Adriana Carrera Calvo

1. Introdução

Nas últimas décadas, o sistema de remuneração adotado pelas empresas brasileiras modificou-se drasticamente, devido a
transferência de investimentos de empresas estrangeiras para o Brasil, principalmente da área de tecnologia. Tal fato alterou o
nosso cenário empresarial e influenciou diretamente a nossa política de recursos humanos.

A nova política de remuneração abandonou como modelo único o sistema de salário fixo e introduziu o sistema de
remuneração variável. A mais importante estratégia de remuneração variável passou a ser a promessa da distribuição
agressiva de planos de opções de compra de ações por preço prefixado ("employee stock options").

No início, estes programas foram implementados no Brasil com o intuito de manter os benefícios que os expatriados possuíam
quando eram empregados da matriz da empresa no exterior. Posteriormente, passou a ser comum a oferta destes benefícios
não somente aos empregados estrangeiros, como também aos novos gerentes contratados no Brasil. Mais tarde, passou a ser
estendido também aos demais empregados brasileiros da empresa.

Segundo o dicionário Barron's Dictionary of Legal Terms, o termo "stock option" significa: "a outorga a um indivíduo do direito
de comprar, em uma data futura, ações de uma sociedade por um preço especificado ao tempo em que a opção lhe é
conferida, e não ao tempo em que as ações são adquiridas".

O plano de opção de compra de ações permite que o empregado tenha uma participação na valorização futura da empresa. O
intervalo de tempo entre a atribuição das opções e a compra de ações transforma o plano em típico sistema de remuneração
diferida, na medida em que quem recebe as opções de ações não pode dispor imediatamente do valor potencial dessa
remuneração.

Esta prática permite alcançar 2 (dois) grandes objetivos primordiais para o sucesso de qualquer empresa: retenção dos
empregados considerados "talentos" da empresa e o atingimento de resultados por meio de uma parceria entre os acionistas e
empregados da empresa. É a busca da verdadeira relação do tipo "ganha-ganha" no ambiente de trabalho.

Vale a pena ressaltar que o termo "remuneração" utilizado pela área de recursos humanos compreende todos os ganhos
oferecidos aos empregados, contudo, na área jurídica trabalhista o seu sentido é muito diferente, podendo implicar em
contingência trabalhista normalmente inesperada para a empresa.

2. O plano de opção de compra de ações

Em primeiro lugar, é importante compreender o sistema de opção de compra de ações para se discutir a natureza jurídica
deste instituto.

O sistema de "stock options" consiste no direito de comprar lotes de ações por um preço fixo dentro de um prazo determinado.
A empresa confere ao seu titular o direito de, num determinado prazo, subscrever ações da empresa para o qual trabalha ou
na grande maioria da sua controladora no exterior, a um preço determinado ou determinável, segundo critérios estabelecidos
por ocasião da outorga, através de um plano previamente aprovado pela assembléia geral da empresa.

A opção pode ser comprada ou vendida ("call option ou put option"), ou pode ser outorgada por um indivíduo pela empresa
("employee stock option") ou pode decorrer de um contrato de natureza mercantil ("call option or put option").

Há ainda diversos tipos de plano de opção de compra de ações originários do sistema americano, tais como: plano de ações
fantasmas ("phantom stocks"), o plano de ações por desempenho ("performance stock") e o fundo de ações ("equity pool").

O plano de ações fantasma é adotado por sociedades anônimas de capital fechado que não oferecem ações em bolsa ou por
aquelas que não tem interesse em oferecer ações em bolsa. Neste sistema, é criada uma unidade de valor, corrigida por
diferentes indicadores de crescimento da empresa.

No plano de ações por desempenho ("performance stock"), a empresa oferece um lote de ações ligado a uma meta num certo
período. Neste sistema, quando os objetivos corporativos são alcançados dentro do prazo fixado, os empregados recebem em
dinheiro o equivalente ao número de ações.

35
O fundo de ações ("equity pool") é um fundo de cotas, sendo que os empregados são alocados com um número determinado
de cotas que valorizam conforme o desempenho da empresa.

Em geral, o plano de "stock options" contém os seguintes elementos: (1) preço de exercício - preço pelo qual o empregado tem
o direito de exercer sua opção ("exercise price"); (2) prazo de carência- regras ou condições para o exercício das opções
("vesting") e; (3) termo de opção - prazo máximo para o exercício da opção de compra da ação ("expiration date"): O preço de
exercício é o preço de mercado da ação na data da concessão da opção, sendo comum estabelecer-se um desconto ou um
premio sobre o valor do mercado.

Neste aspecto, vale destacar que o referido valor do desconto ou premio não pode ser tão significativo que elimine o risco da
operação futura, pois implicaria em gratuidade na concessão do plano, critério típico do salário-utilidade.

Quanto ao prazo de carência é definido como um número mínimo de tempo de serviço na empresa, que costuma variar de 3
(tres) a 5 (cinco) anos. A prática de mercado é de um prazo máximo de termo de opção que varia de 5 (cinco) a 10 (dez) anos
da data da concessão da opção de compra.

No ato da assinatura do plano de "stock option", o empregado não possui automaticamente o direito de comprar ações da sua
empregadora ou da controladora da sua empregadora.

Na verdade, o empregado possui somente uma mera expectativa de direito, que só poderá se materializar em direito subjetivo
após o final do prazo de carência fixado pelo plano.

O plano de "stock option" nada mais representa que a concessão futura do direito de opção de compra de ações a
determinados sujeitos de direito (empregados da companhia ou de suas subsidiárias), que adquirem o direito de exercer a
compra de ações, mediante o pagamento de um preço prefixado.

É importante ressaltar que é somente uma expectativa de direito, já que as variações do mercado podem afetar o valor das
ações no momento da negociação. O empregado irá verificar a existência de lucro ou não na revenda das ações, se o valor
futuro da ação tiver um valor maior que o valor de emissão.

Conseqüentemente, o empregado não tem nenhuma garantia de lucro imediato, já que pode auferir ou não algum beneficio
com a negociação futura das ações, ressalva a hipótese de a empresa conceder um desconto tão significativo que elimine o
risco da atividade.

Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, antes do final do referido período de carência, o empregado não tem o direito
de exercer a opção de compra das ações que ainda se encontram no prazo de carência. O empregado somente poderá
exercer o direito de compra das ações que estiverem dentro do prazo de carência ("vesting").

Neste ponto, discute-se se a dispensa sem justa causa do empregado obstaria a aquisição do empregado do direito as ações
futuras e se o mesmo deveria receber alguma forma de indenização.
Embora a maior parte dos planos de opção de compra de ações implementados no Brasil referem-se as ações emitidas no
exterior pela empresa matriz, vale ressaltar que a nossa legislação societária prevê a hipótese de participação acionária de
empregados desde o advento da Lei no 6.404/76 ("Lei das Sociedades Anônimas").

Segundo o artigo 168, parágrafo 3o da Lei 6.404/76 que regula a opção de compra de ações:

"Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social, independente de reforma estatutária.
................................................................................................
Parágrafo 3o: O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite do capital autorizado, e de acordo com o plano
aprovado pela assembléia geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas
naturais que prestem serviços a companhia ou a sociedade sob seu controle. (grifos nossos).
A Lei no 6.404/76 prevê alguns requisitos para implementação de tais planos: (1) existência de capital autorizado; (2) a
previsão expressa, nos estatutos da empresa, da possibilidade de concessão da opção de compra de ações a empregados; e
(3) que o plano de oferta de opção de compra de ações seja devidamente aprovado pela assembléia geral da sociedade.

3. A jurisprudência trabalhista

A jurisprudência trabalhista sobre a natureza jurídica do plano de "stock options" é praticamente escassa e a doutrina tem se
manifestado de forma esporádica.

Após pesquisa em 01 de agosto de 2005, no site do Tribunal Superior do Trabalho, verifica-se que há somente 2 (duas) ações
trabalhistas pendentes no Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região: Flávia Maria Verginelli contra a empresa Microsoft
Informática Ltda. e Vicente Expedito do Prado contra a Computer Associates do Brasil Ltda.

Na ação trabalhista movida pela Flávia Maria Verginelli contra a Microsoft, a autora alega que participou de Plano de Opções
de Compra de Ações oferecido pela empresa e que a natureza jurídica do referido plano era nitidamente salarial.

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A decisão de 1a instância foi favorável a reclamante no sentido de declarar a natureza remuneratória do plano e condenar a
empresa ao pagamento dos reflexos trabalhistas.

O juiz entendeu que pelo fato de a própria reclamada chamar o plano de parte de sua "filosofia de pagamento" e identificar as
ações como um "componente chave da maneira como pagamos" na ré, houve confissão da empresa de que o plano de
concessão de opções de compras de ações constitui-se mecanismo de remuneração ou seja, de forma indireta de pagamento
salarial, conforme bem ilustrado pela ementa abaixo:
72. Salário (em geral) Configuração - A promessa de venda, pelo empregador, de ações da companhia a preço prefixado, para
que o empregado opte por sua compra a qualquer tempo, auferindo lucro sem enfrentar qualquer risco implica em retribuição
de natureza salarial, impondo-se a integração do resultado obtido pelo empregado na operação em todos os títulos contratuais
pertinentes (34a Vara do Trabalho/SP, Processo n. 2.339/99, Juiz Marcos Neves Fava, 18.12.00).

Segundo o parecer de Mesquita Barros colacionado aos autos pela empresa: "trata-se de um ato jurídico comerciai comum, de
natureza mercantil e em que ambas as partes enfrentam o risco natural do mercado de ações".

Em sua fundamentação, o magistrado discorda do referido parecer, afirmando que na prática, não haveria qualquer risco a ser
suportado pelo empregado na participação do referido plano, uma vez que o mesmo não utilizava numerário para compra de
ações.

Segundo esse modelo de plano de opção de compra de ações (operação casada ou "cash less exercise"), o empregado não
adquire, de fato, ação alguma, consistindo o exercício da opção numa simples operação de compra e venda simultânea
desenvolvida pelo empregador, creditando-se para o empregado a diferença entre o valor da compra da ação, conforme o
preço que lhe fora prefixado e o valor da venda da ação, conforme o preço praticado pelo mercado no momento da
negociação.

Na fundamentação da sentença, o magistrado conclui que há de se atribuir ao lucro na revenda imediata das ações a natureza
jurídica de remuneração, já que: (1) nenhum risco sofre o empregado na elaboração do lucro; (2) o beneficio decorre do
contrato de emprego e; (3) o benefício tem caráter de retribuição pelos serviços prestados.

Não obstante o entendimento da Justiça do Trabalho de 1o grau, o Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região reformou a
aludida sentença e entendeu que o plano de venda de ações para empregados não tem natureza salarial. O juiz relator foi o
Professor Sérgio Pinto Martins que conclui na ementa abaixo:

EMENTA: Stock option plan. Natureza comercial. O exercício da opção de compra de ações pelo empregado envolve riscos,
pois ele tanto poderá ganhar como perder na operação. Trata-se, portanto, de operação financeira no mercado de ações e não
de salário. Não há pagamento pelo empregador ao empregado em decorrência da prestação de serviços, mas risco do
negócio. Logo, não pode ser considerada salarial a prestação. (Relator Sérgio Pinto Martins, Acórdão n: 20030145141, Tipo
RO n. 20010255561, Ano 2001, DOE SP, PJ, TRT 2a Regiao, Data: 08/04/2003).

Quanto a alegação de que a própria empresa afirmou na carta oferta oferecida ao empregado que o benefício tinha natureza
remuneratória, o Tribunal sustentou que: "não se pode concluir que automóvel é avião, só pelo fato de que foi afirmado por
uma das partes. Automóvel continuará sendo automóvel e avião será avião. Como se costuma afirmar no dito popular: uma
coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Há necessidade de se perquirir a verdadeira natureza jurídica do pagamento".

Sérgio Pinto Martins declarou em seu voto que o direito de opção não tem natureza remuneratória, pois não se enquadra no
parágrafo 1.o do artigo 457 da CLT.

Em sua opinião, não se trata de gratificação porque não é um pagamento ajustado entre empregado e empregador, mas o
primeiro paga para obter o direito de comprar as ações. Além disso, envolve fatores aleatórios a companhia, que é a
valorização das ações no mercado.

O magistrado distingue a natureza jurídica do premio do plano de "stock options", afirmando que "o premio é pago em virtude
de um esforço do empregado. É um salário-condição. No caso, não há qualquer esforço do empregado".

Sérgio Pinto Martins afirma que o plano de "stock options" não deve ser entendido como espécie de salário-utilidade: "não
representa para o empregado um plus obtido com sua prestação de serviços, mas decorre do desempenho das ações da
companhia".

Acrescenta o relator do processo, que o plano de "stock options" não deve ser entendido como espécie de participação nos
lucros: "a questão não decorre da existência de lucros, mas da valorização das ações do empregador".

Com relação ao argumento da autora de que o benefício é oferecido como pagamento pela prestação de serviço na empresa,
o relator explica que:

O ganho na venda das ações não é uma retribuição paga pelo empregador. Não existe contraprestação salarial. Trata-se de
situação completamente alheia a prestação de serviços. Não se poderia dizer que é remuneração a opção de compra em que o

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empregado tem prejuízo no mercado financeiro. Assume o trabalhador risco na opção de ganhar ou de perder, como no caso
em que o preço das ações declina para preços inferiores aos da opção. O empregado assume, portanto, o risco da flutuação
do valor das ações. Mesmo no caso em que o empregado exerce o direito de opção pelo sistema "cash less exercise", em que
o exercício é feito sem pagamento, o empregado assume o risco de ganhar ou perder ao vender as ações, de acordo com o
valor obtido no mercado acionário. "(grifos nossos)".

É de se destacar que o Tribunal conclui que se trata o plano de opção de compra de ações de operação financeira e não
salarial: "A vantagem obtida pelo empregado com a revenda das ações é feita por corretoras autorizadas a operar no mercado
acionário, Não é feita diretamente pelo empregador. O 'stock option' não tem natureza salarial. Não é algo que lhe é dado de
graça pelo empregador, que representa um plus".

Na ação trabalhista ajuizada pelo Vicente Expedito do Prado contra a Computer Associates do Brasil Ltda., o Tribunal Regional
do Trabalho seguiu o mesmo entendimento adotado primeiramente no julgamento da ação da Microsoft, conforme ilustrado na
ementa a seguir:

EMENTA. "STOCK OPTIONS". INCENTIVO AO EMPREGADO. CARÁTER NAO SALARIAL. Tratando-se as denominadas
"stock options" de incentivo ao empregado no desenvolvimento de seus misteres, condicionado, porém, a regras estabelecidas
e não sendo gratuito, visto que sujeito a preço, embora com desconto, têm-se que não guardam tais opções de compra de
ações da empresa caráter salarial. Recurso Ordinário obreiro a que se nega provimento, no aspecto. (Relatora Anelia Li Chum,
Acórdão n: 20030636234. Tipo RO n.: 42364,. Ano 2002, Proc. n.42364-2002-902-02-00, DOE SP, PJ, TRT da 2a Região,
data: 05/12/2003).

Percebe-se que o entendimento adotado na ação da Computer Associates apóia-se nos mesmos fundamentos levantados pelo
relator Sérgio Pinto Martins da ação da Microsoft: (1) a existência de risco mercantil e (2) a característica de onerosidade do
plano.

Em suma, o entendimento majoritário apresentado pela jurisprudência foi no sentido de que: (1) as verbas eventualmente
recebidas por empregados, através de "stock option plans", não se enquadram em nenhuma das parcelas de natureza
remuneratória estabelecidas nos artigos 457 e 458 da CLT; (2) o contrato de oferta de compra de ações, portanto, é um
contrato baseado na legislação societária, que não se confunde com o contrato de trabalho, uma vez que representa uma
relação meramente mercantil, embora ensejada no curso da relação de emprego e; (3) o benefício não é concedido de forma
gratuita e sem riscos, pois o empregado correrá os riscos de flutuação das ações e deverá desembolsar o valor da opção da
ação para exercer o seu direito de compra, não possuindo o requisito da gratuidade, típico do salário-utilidade.

3. A natureza jurídica do plano de "stock options"

A legislação trabalhista brasileira não regulamentou a figura do plano de "stock options" nas relações do trabalho até o
presente momento. Portanto, em princípio, não existe proibição quanto a adoção destes tipos de planos acionários, tendo em
vista a autonomia das partes na regulação do conteúdo do contrato de trabalho prevista no artigo 444 da CLT.

A questão da natureza jurídica do plano de "stock options" é extremamente relevante, uma vez que caso a opção de compra
de ações seja considerada como um benefício concedido aos empregados, dotado de natureza jurídica salarial, far-se-ia
necessária a sua inclusão na base de cálculo de todos os direitos trabalhistas e encargos sociais.

Por outro lado, na hipótese de se constatar que o "stock option plan" é um contrato de natureza meramente mercantil,
totalmente desvinculado do contrato de trabalho, os ganhos eventualmente auferidos por empregados, quando da venda das
ações adquiridas através do plano, não teriam nenhuma implicação trabalhista.

Paulo Cézar Aragao entende que a relação jurídica que se forma entre a companhia e o acionista-empregado e as prestações,
direitos e vantagens potênciais a ela inerentes, assim, são absolutamente distintas da relação jurídica de emprego e sustenta
que: "o resultado positivo auferido pelo empregado na sua condição de acionista, ao vender suas ações ou ao receber
dividendos, não pode integrar a base de cálculo de qualquer vantagem trabalhista ou previdenciária".

Domingos Sávio Zainaghi assevera que o plano de "stock option" não tem natureza salarial, pois não se enquadra nas
hipóteses do artigo 457 da CLT, além do que há pagamento por parte do empregado.
Rodrigo Moreira de Souza Carvalho também afirma que a natureza do stock option não é de remuneração, trata-se de mero
contrato mercantil.

Cássio Mesquita Barros adota o mesmo entendimento que Rodrigo Moreira de Souza Carvalho e afirma que: "por se tratar de
risco do negócio, em que as ações ora estão valorizadas ora perdem seu valor, o empregado pode ter prejuízo com a
operação. É uma situação aleatória, que nada tem a ver com o empregador em si, mas com o mercado de ações".

Na opinião do autor, o magistrado não deve presumir que se trata de um pagamento dissimulado ou disfarçado com o objetivo
de não integração ao salário: "o sistema não foi inventado por brasileiros, mas é observado, principalmente, nas grandes
corporações americanas".

Conforme relatado acima, a primeira decisão prolatada no caso da Microsoft foi no sentido de considerar os ganhos obtidos no

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plano de compra de ações como de natureza salarial. Contudo, a referida decisão foi reformada no sentido contrário, ou seja,
entendendo-se que se trata de mero contrato de natureza mercantil, sem caráter de contraprestação pelo trabalho prestado
pelo empregado.

Posteriormente, o Tribunal manifestou-se novamente no mesmo sentido no caso da empresa Computer Associates, levando-se
a concluir que até o presente momento a posição da jurisprudência trabalhista é no sentido de excluir a natureza remuneratória
do plano de compra de ações.

De forma sucinta, podemos apresentar os principais requisitos apresentados pela doutrina e pela jurisprudência:

1. Expectativa de direito: o plano de "stock options" é uma mera expectativa de direito, já que o empregado pode exercer o seu
direito de compra ou não, somente após o término do período de carência.

2. Risco mercantil: trata-se de uma operação financeira que envolve riscos para o empregado, pois se na ocasião do exercício
do direito a compra de ações, o valor das ações estiver menor do que o valor da opção, não haverá qualquer ganho para o
empregado.

3. Onerosidade: trata-se de um contrato oneroso, pois o empregado para exercer o seu direito de compra deverá desembolsar
o valor da opção.

4. Eventualidade: os ganhos que o empregado pode obter são eventuais, já que dependerá da flutuação do valor das ações no
mercado.

4. Considerações Finais

Diante de todo o exposto acima, podemos concluir que a posição majoritária atualmente é que a natureza jurídica do plano de
"stock option" é de contrato mercantil, totalmente desvinculado do contrato de trabalho, sendo que os eventuais ganhos
auferidos por empregados, quando da venda das ações adquiridas através do plano, não teriam nenhuma implicação
trabalhista.

Ressalvamos, porém, que não podemos sustentar que todo e qualquer plano de opção de compra de ações oferecido não terá
natureza salarial, pois há diversos tipos de planos ofertados aos empregados no mercado e alguns com duvidosa natureza
jurídica como os planos de "performance stock options" e "phantom stock options".

O magistrado sempre poderá invocar a aplicação do artigo 9.o da CLT, no sentido de que se o empregador tiver por objetivo
desvirtuar, impedir ou fraudar preceitos trabalhistas, principalmente o pagamento de natureza salarial, poderá o juiz
desconsiderar a natureza mercantil da operação.
Desta forma, a fim de que não sejam considerados como de natureza salarial diante do ordenamento legal trabalhista
brasileiro, sugerimos os seguintes cuidados na sua elaboração:

a) o plano de "Stock Option Plan" deve ser elaborado de acordo com a legislação societária aplicável a empresa emissora das
ações;

b) a implementação do plano deve ser realizada em documentos apartados e desvinculados do contrato de trabalho a fim de
não pairar dúvidas sobre sua natureza mercantil e aleatória;

c) o contrato de "Stock Option Plan" deve ser oneroso, ou seja, o empregado deve desembolsar o valor da opção, não devendo
haver subsídios por parte da empresa;

d) a diferença entre o valor de opção e o valor efetivo da ação no mercado deve ser relevante a fim de comprovar a existência
efetiva de risco com a flutuação do valor das ações no mercado de capitais;

e) a compra de ações pelo empregado deve ser sempre que possível intermediada pelo profissional competente, qual seja, o
corretor de valores mobiliários, respeitando-se as normas que regulam a compra e venda de valores mobiliários.

BIBLIOGRAFIA

PERES, Antônio Galvão. A natureza jurídica dos planos de opção de compra de ações para altos funcionários. São Paulo:
Revista da Amatra II, setembro de 2001.

ZAINAGHI, Domingos Sávio. Aspectos trabalhistas nos programas de "Stock Option". Curitiba: Geneses, junho de 2000 e São
Paulo: Revista LTr, Suplemento Trabalhista, 054/00, pág. 293.

MARTINS, Sérgio Pinto. Natureza do ""stock options"" no Direito do Trabalho. São Paulo: IOB, Trabalhista e Previdenciário,
Repertório de Jurisprudência, no 16/2001, Caderno 2, pág. 306.

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ROBORTELLA, Luiz Carlos Amorim. Plano de Compra de Ações mantido por grupo multinacional e concedido a alto executivo.
São Paulo: Revista de Direito do Trabalho- 101, pág. 215.

GONÇALVES, Almir Rogério. O sistema cambial brasileiro e a implantação de programas de " "stock options"". São Paulo:
Revista de Direito Mercantil -119, Atualidades, pág. 143.

CARVALHO, Rodrigo Moreira de Souza. Natureza Jurídica das verbas recebidas por empregados através de planos de opção
de compra de ações a luz do Direito do Trabalho Brasileiro. São Paulo: Artigo da LexInform, Dezembro de 2001.

REIS, Luís Cláudio dos Reis. "Stock option plans": aspectos societários, tributários e trabalhista. Artigo publicado na Gazeta
Mercantil em 02/10/2001, Legal e Jurisprudência. Pág. 2.

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