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14001 - GUIA2/1

Nos termos e para os efeitos do disposto, designadamente, nos artigos 9º, 12º e 196º do Código
dos Direitos de Autor e Direitos Conexos, informa-se que este texto está protegido por direitos de
autor, encontrando-se registado na Inspecção Geral das Actividades Culturais com o nº 4870/2009,
e depositado na Biblioteca Nacional sob o nº 301044/09.
PREFÁCIO
Num Mundo em constante e rápida mudança, os desafios para o
desenvolvimento sustentável são cada vez mais importantes, sendo
a protecção ambiental e a prevenção da poluição preocupações actuais para
qualquer Organização.

A certificação de sistemas de gestão ambiental destina-se às organizações


que estão preocupadas com os seus impactes ambientais e que pretendem
contribuir de forma positiva para a sustentabilidade.

Assim, a certificação de acordo com a NP EN ISO 14001:2004 + Emenda 1:2006


constitui-se uma ferramenta inquestionável para a melhoria do sistema
de gestão ambiental de uma Organização, permitindo definir soluções
estruturadas que funcionam e que permitem melhorar o seu desempenho
ambiental, alcançando uma confiança acrescida pelas partes interessadas.

A APCER, como entidade líder do mercado nacional na actividade


de certificação, está permanentemente disponível para colaborar com os
seus clientes promovendo melhorias de desempenho distintivas, duradouras
e substanciais.

Mantendo o nosso compromisso, publicamos a nova edição do Guia


Interpretativo NP EN ISO 14001:2004 + Emenda 1:2006, tendo como principal
objectivo disponibilizar informação técnica actualizada sobre a nossa
perspectiva relativamente a esta norma como referencial de certificação.

Por fim, é ainda devida uma palavra de agradecimento a todos os


elementos que participaram neste projecto, pela sua motivação, interesse
e disponibilidade.

Porto, Julho de 2009

José Leitão
CEO
APCER – Associação Portuguesa de Certificação

3
A EQUIPA

coordenação

Maria Tyssen Segurado e Rui Oliveira

redaCção

André Ramos
Inês Filipe Viegas
Joana Freitas
Joana dos Guimarães Sá
Maria Tyssen Segurado
Rita Batista
Sofia Meister

revisão

Ana Dahlin
Ana Roque
António Aragão Frutuoso
Cristina Effertz
Cristina Rocha
Cristina Rothes Barbosa
Helena Ferreira
João Vila Lobos
Jorge Castanheira Alves
José Sales Grade
José Saraiva Ramos
Luís Oliveira
Manuel Salgado Silva
Maria Helena Pereira
Rui Oliveira

4
ÍNDICE

INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS 7

COMO UTILIZAR ESTE GUIA 9


ABREVIATURAS 10
DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 10

PARTE A: A NP EN ISO 14001:2004 – ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS 13

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001 14


O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004 E A ISO 14004:2004 15
A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS 16
A NORMA NP EN ISO 14001 COMO REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO 17
A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL 19

PARTE B: NP EN ISO 14001:2004 – GUIA INTERPRETATIVO 27

INTRODUÇÃO 28
1. OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO 29
2. REFERÊNCIAS NORMATIVAS 29
3. TERMOS E DEFINIÇÕES 29
4. REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 30
4.1 REQUISITOS GERAIS 30
4.2 POLÍTICA AMBIENTAL 36
4.3 PLANEAMENTO 39
4.3.1 ASPECTOS AMBIENTAIS 39
4.3.2 REQUISITOS LEGAIS E OUTROS REQUISITOS 44
4.3.3 OBJECTIVOS, METAS E PROGRAMA(S) 47
4.4 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO 50
4.4.1 RECURSOS, ATRIBUIÇÕES, RESPONSABILIDADES E AUTORIDADE 50
4.4.2 COMPETÊNCIA, FORMAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO 52
4.4.3 COMUNICAÇÃO 55
4.4.4 DOCUMENTAÇÃO 57
4.4.5 CONTROLO DOS DOCUMENTOS 59
4.4.6 CONTROLO OPERACIONAL 61
4.4.7 PREPARAÇÃO E RESPOSTA A EMERGÊNCIAS 64
4.5 VERIFICAÇÃO 67
4.5.1 MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO 67
4.5.2 AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE 69
4.5.3 NÃO CONFORMIDADES, ACÇÕES CORRECTIVAS E PREVENTIVAS 71
4.5.4 CONTROLO DOS REGISTOS 74
4.5.5 AUDITORIA INTERNA 76
4.6 REVISÃO PELA GESTÃO 79

5
6
INTRODUÇÃO
E OBJECTIVOS

COMO UTILIZAR ESTE GUIA

ABREVIATURAS

DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

7
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

O presente guia interpretativo tem como objectivo partilhar a perspectiva


e experiência da APCER na actividade de certificação de sistemas de gestão
ambiental, segundo a norma NP EN ISO 14001:2004 + Emenda 1:2006.
A 2ª edição deste guia tem como objectivo a inclusão das disposições definidas no
documento da European Cooperation for Accreditation, relativo à conformidade
legal como parte da certificação NP EN ISO 14001:2004 acreditada. Este documento
é directamente aplicável à actividade da APCER, pelo que se decidiu clarificar
o capítulo “A Certificação NP EN ISO 14001:2004 e a Conformidade Legal”.
Em 2006 foi publicada uma Emenda de carácter editorial à NP EN ISO 14001:2004, não
tendo sido alterados ou acrescentados quaisquer requisitos à norma de referência.
Para facilitar a utilização do Guia Interpretativo, o referencial NP EN ISO 14001:2004
+ Emenda 1:2006 é mencionado como NP EN ISO 14001:2004.
A actividade de certificação de sistemas de gestão ambiental tem sido desenvolvida
pela APCER desde 1997, inicialmente com a versão ISO 14001:1996, num conjunto
alargado de organizações dos vários sectores económicos - primário; industrial,
de comércio e serviços - e em grandes, médias e pequenas organizações públicas
ou privadas.

Este guia tem como objectivoS

Providenciar uma base de entendimento comum e partilhada entre a APCER


e as partes interessadas, relativamente à norma NP EN ISO 14001:2004 como
referencial de certificação;

Partilhar a experiência da APCER na certificação segundo este referencial,


informando sobre as não conformidades mais frequentes e exemplos
práticos;

Comunicar as expectativas da APCER no processo de avaliação do sistema


e na procura de evidências;

Informar sobre aspectos relevantes do processo de certificação, guias


relevantes para a acreditação e normas relacionadas (ex: outros sistemas
de gestão, NP EN ISO 19011:2003);

Comunicar a posição da APCER sobre as orientações definidas no Anexo A


da NP EN ISO 14001:2004 e na ISO 14004:2004.

Este guia não define orientações sobre a forma de implementação de um sistema de


gestão ambiental. Esse objectivo é assegurado pela ISO 14004:2004 e em parte pelas
linhas de orientação definidas no Anexo A (Informativo) da NP EN ISO 14001:2004.
A norma NP EN ISO 14001:2004 é aplicável a qualquer Organização, permitindo
que o cumprimento dos requisitos possa ser assegurado mediante a adopção de
diferentes metodologias, práticas, ferramentas, etc. A competência da APCER,
enquanto organismo de certificação, não é decidir qual a melhor solução, mas
avaliar se as práticas observadas na Organização são eficazes para cumprir os
seus objectivos e assegurar o cumprimento dos requisitos normativos. Enquanto

8
01
INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS

COMO UTILIZAR ESTE GUIA | ABREVIATURAS | DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA

certificadores e auditores de terceira parte é fundamental, para o exercício credível


da nossa actividade, mantermos a independência, a imparcialidade e a abertura de
espírito que nos permita avaliar cada sistema de gestão ambiental no contexto
específico da Organização.

De modo a constituir uma visão partilhada, este guia foi elaborado e revisto por
um conjunto alargado de pessoas, abrangendo colaboradores internos e auditores
da APCER, que lidam regularmente com processos de análise, auditoria e decisão
de certificação segundo a NP EN ISO 14001:2004.

As não conformidades aqui identificadas correspondem a um levantamento


exaustivo das situações mais frequentes detectadas em processos de certificação
NP EN ISO 14001:2004, tendo sido retiradas todas as referências que pudessem
pôr em causa a sua confidencialidade.

COMO UTILIZAR ESTE GUIA


Este guia é constituído por duas partes (A e B), sendo na parte A feito, a título
informativo, um enquadramento da NP EN ISO 14001:2004 face a outras normas
e respectivo processo de certificação.

A interpretação da NP EN ISO 14001:2004 é apresentada na Parte B deste Guia.

Relativamente à Introdução e às secções 1, 2 e 3 da NP EN ISO 14001:2004 é feita


uma breve explicação sob a informação nelas contida e o modo como se articulam
com a secção 4.

A interpretação centra-se na secção 4 da norma, “Requisitos do Sistema de


Gestão Ambiental”, que é utilizada em auditoria para avaliar o sistema de gestão.
A interpretação é feita por subsecção, tendo sempre em perspectiva que uma
abordagem sistemática implica a existência de inter-relações entre subsecções, pelo
que a interpretação de uma subsecção não pode ser efectuada isoladamente.

A interpretação divide-se em quatro aspectos fundamentais:

Finalidade – Qual o propósito que a subsecção visa alcançar;

Interpretação – A interpretação da APCER, definida na perspectiva da avaliação


e certificação de sistemas de gestão. Esta interpretação pode ser suportada
em exemplos, quando oportunos, e complementada com recomendações. Os
exemplos e recomendações não são vinculativos, pretendendo apenas referir
eventuais boas práticas ou outras situações relevantes;

Evidências – Requeridas, necessárias ou expectáveis da implementação,


realização, actualização e controlo das actividades/processos associados
ao cumprimento dos requisitos em análise, segundo as metodologias de
auditoria definidas na NP EN ISO 19011:2003;

Não conformidades mais frequentes – Situações constatadas com mais


frequência em auditoria. Para efeitos de generalização e salvaguarda da
confidencialidade foram feitas adaptações.
9
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

ABREVIATURAS
EMM – Equipamento(s) de medição e monitorização
EA – Equipa auditora
ISO – International Organization for Standardization
NP EN ISO 14001:2004 – Norma NP EN ISO 14001:2004 + Emenda 1:2006
PDCA – Planear-Executar-Verificar-Actuar (Plan-Do-Check-Act)
SGA – Sistema de Gestão Ambiental

DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
Para a elaboração do presente guia foram consultados os seguintes documentos:

NP EN ISO 9000:2005 – Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos


e vocabulário;

NP EN ISO 14001:2004 – Sistemas de gestão ambiental – Requisitos e linhas


de orientação para a sua utilização;

ISO 14004:2004 – Environmental management systems – General guidelines


on principles, systems and support techniques;

Guia Interpretativo NP EN ISO 9001 da APCER;

NP EN ISO/IEC 17021: 2006 – Avaliação da conformidade - Requisitos para


organismos que procedem à auditoria e à certificação de Sistemas de Gestão
(ISO/IEC 17021:2006);

NP EN ISO 19011:2003 – Linhas de orientação para auditorias a sistemas


de gestão da qualidade e/ou de gestão ambiental;

Clarification of Intent of ISO 14001:2004. U.S Technical Advisory Group to


ISO/Technical Committee 207. American Society for Quality;

EA-7/04 – Legal Compliance as part of Accredited ISO 14001 Certification.


European Co-operation for Accreditation.

10
“A natureza é o único livro que oferece
um conteúdo valioso em todas as suas folhas.”
Johann Goethe

11
12
PARTE A
A NP EN ISO 14001:2004
ENQUADRAMENTO E
INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001

O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004


E A ISO 14004:2004

A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS

A NORMA NP EN ISO 14001 COMO REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO

A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

13
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001

A ISO 14001:2004 foi elaborada pelo Comité Técnico “ISO/TC 207 Environmental
Management”, criado pela ISO em 1993.
O âmbito de actividade deste comité é a normalização na área das ferramentas
e SGA, baseando-se no pressuposto de que melhorando as práticas de gestão
se obtém a melhoria do desempenho ambiental das organizações. A visão do
ISO/TC 207 é a aceitação e o uso mundial da série de normas da família ISO 14000,
providenciando meios eficazes de melhoria do desempenho das organizações
e dos seus produtos, facilitando o comércio mundial e contribuindo para o
desenvolvimento sustentável.
O ISO/TC 207 é responsável pelo desenvolvimento das normas da série ISO 14000,
estando organizado em subcomités (SC) e grupos de trabalho (WG) que produzem
normas e guias em diferentes áreas.
Em Portugal, o Instituto Português da Qualidade (IPQ) é o Organismo Nacional
de Normalização (ONN), que coordena esta actividade. A normalização pode
ser desenvolvida com a colaboração de Organismos de Normalização Sectorial
(ONS), reconhecidos pelo IPQ para o efeito. No domínio do ambiente, a Agência
Portuguesa do Ambiente (APA) é o Organismo de Normalização Sectorial (ONS),
constituindo a interface entre as Comissões Técnicas (CT) e o IPQ.
A CT 150 (Comissão Técnica – Gestão Ambiental) é responsável pelo
acompanhamento dos trabalhos do ISO/TC 207, consistindo os seus trabalhos na
elaboração de normas relativas a instrumentos e SGA. A CT 150 está organizada
em sete subcomissões, indicadas no quadro abaixo:

Subcomissão

SC 1 SC1 Sistemas de gestão ambiental (1)

SC 2 Auditorias ambientais (1)

SC 3 Rotulagem ecológica (2)

SC 4 Avaliação de desempenho ambiental (1)

SC 5 Avaliação do ciclo de vida (2)

SC 6 Termos e definições (3)

SC 7 Gestão de gases com efeito de estufa e actividades relacionadas (1)

(1) Referenciais para actuação a nível da Organização


(2) Referenciais para actuação a nível do produto
(3) Referenciais de carácter geral

14
02
ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001 | O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004
E A ISO 14004:2004 | A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS | A NORMA NP EN ISO 14001 COMO
REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO | A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

A maioria das normas ISO são específicas para um dado produto, material ou
processo. No entanto, as famílias ISO 14000 e ISO 9000, são genéricas para sistemas
de gestão, o que significa que são aplicáveis a organizações de todos os tipos
e dimensões, quaisquer que sejam os seus produtos e sectores de actividade e em
qualquer ponto do globo.
A família ISO 14000 concerne à gestão ambiental, isto é, ao modo como a Organização
gere os impactes ambientais decorrentes das suas actividades, produtos e serviços.
A família ISO 14000 inclui normas relacionadas com o desenvolvimento de SGA e
normas sobre actividades e ferramentas de suporte à gestão ambiental, tais como
avaliação de desempenho ambiental ou avaliação do ciclo de vida.

O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004


E A ISO 14004:2004

A NP EN ISO 14001:2004 define na secção 4 os requisitos que devem ser


objectivamente auditados para efeitos de certificação, constituindo-se estes como
os critérios de auditoria estabelecidos pela APCER, em conjunto com a política,
procedimentos e requisitos determinados pela Organização como necessários para
a implementação de um SGA de acordo com a norma de referência.

O Anexo A da norma NP EN ISO 14001:2004, define as linhas de orientação para


a sua utilização, sendo de carácter informativo e não tendo a finalidade de adicionar,
retirar ou de qualquer forma alterar os requisitos estabelecidos na secção 4. Como
tal, as suas orientações não são critérios de auditoria em processos de certificação.
Contudo, a finalidade deste anexo é evitar interpretações erróneas dos requisitos
contidos na secção 4 da norma, pelo que as suas orientações são tomadas em
consideração nos processos de certificação da APCER, quando existem dúvidas sob
o modo de interpretação de um requisito face a uma situação específica. Estas
orientações também foram consideradas na elaboração do presente guia.

A ISO 14004:2004 – “Environmental management systems – General guidelines


on principles, systems and support techniques” tem como finalidade apoiar as
organizações que pretendem implementar ou melhorar um SGA e consequentemente
melhorar o seu desempenho ambiental. A norma contém exemplos, descrições
e opções que ajudam a Organização a implementar e melhorar o SGA e não
pretende interpretar os requisitos da NP EN ISO 14001:2004. A APCER recomenda
a sua análise e eventual adopção. Existem também outras normas da família ISO
14000, tais como a avaliação do desempenho ambiental ou avaliação do ciclo de
vida que podem contribuir para a melhoria. A Organização é livre de utilizar estes
ou outros documentos ou estabelecer o seu próprio caminho.

15
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

A NORMA NP EN ISO 14001:2004


E OUTROS REFERENCIAIS

O processo de revisão da ISO 14001 conducente à versão de 2004 teve como objectivos
a clarificação e a melhoria da compatibilidade com a NP EN ISO 9001:2008. Ambos os
referenciais se baseiam na metodologia PDCA e são muitos os elementos comuns
dos sistemas de gestão. É entendimento da ISO a não criação de uma norma única
de sistemas de gestão da qualidade e ambiente, assegurando a liberdade de decisão
na adopção de cada um dos referenciais, mas facilitando, tanto quanto possível, a
adopção integrada de referenciais.

De acordo com a ISO/TC176/SC2 e a ISO/TC207/SC2, compatibilidade significa que as


organizações podem implementar de maneira partilhada elementos comuns dos
referenciais, no todo ou em parte, sem duplicações desnecessárias ou imposição
de requisitos conflituosos. Compatibilidade não significa que o texto para os
elementos comuns das normas tenha de ser idêntico, embora o deva, sempre que
tal seja possível na prática. Também não representam conflitos à compatibilidade:
numeração diferente das cláusulas, diferentes modelos e estrutura e inclusão de
orientações, notas ou anexos.

São assim criadas condições para a existência de um sistema de gestão único que
integra as disposições relativas a cada uma das normas ou disposições de outros
subsistemas de gestão da Organização. Esta é livre de decidir sobre a integração
de sistemas e o nível de profundidade dessa integração. Um dos benefícios mais
óbvios da integração encontra-se ao nível da documentação que não necessita
de ser duplicada. Contudo, a integração é mais do que a simples criação de um
sistema documental comum, podendo reflectir-se, por exemplo: na estrutura
organizacional, na existência de procedimentos comuns ou na inclusão de critérios
ambientais em processos associados à qualidade, como o desenvolvimento de
novos produtos ou avaliação de fornecedores. Para efeitos do presente guia foram
também consideradas versões existentes de guias interpretativos da APCER sobre a
NP EN ISO 9001:2008 de modo a assegurar, sempre que possível a compatibilização
entre os mesmos.

O acima referido em relação à NP EN ISO 9001:2008 é também aplicável à integração


com a norma a OHSAS 18001:2007/NP 4397:2008 e com o Regulamento EMAS.
A primeira porque segue o modelo de gestão e estrutura da ISO 14001 e o segundo
porque adopta formalmente como sistema de gestão a NP EN ISO 14001:2004.

A ISO reconhece a necessidade dos utilizadores das normas poderem auditar os


dois ou mais referenciais em conjunto, seja nos processos de auditoria interna, seja
nos processos de auditoria de terceira parte. A norma ISO 19011:2002 “Guidelines
for quality and/or environmental systems auditing” foi preparada em conjunto
pelos Comités Técnicos ISO/TC 207 Gestão Ambiental” e ISO/TC 176 “Gestão da
Qualidade”.

A NP EN ISO 19011:2003 – “Linhas de orientação para auditorias a sistemas de


gestão da qualidade e/ou de gestão ambiental (ISO 19011:2002)” estabelece
orientações sobre a gestão de programas de auditoria, a condução de auditorias
16
02
ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001 | O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004
E A ISO 14004:2004 | A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS | A NORMA NP EN ISO 14001 COMO
REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO | A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

internas ou externas a sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental, assim


como as competências e avaliação dos auditores. A APCER recomenda a utilização
desta norma na programação e realização de auditorias internas nas organizações
que pretendem ir para além dos requisitos definidos pela NP EN ISO 14001:2004
na subsecção 4.5.5, com vista a melhorar o processo de auditorias internas,
aumentando a sua eficácia.

A adopção desta norma pelos organismos de certificação é requerida pelos


acreditadores, sendo as suas metodologias adoptadas nos processos de
certificação, permitindo a realização de auditorias conjuntas a vários sistemas
de gestão, desde que asseguradas as competências necessárias para a sua
realização. As auditorias aos SGA segundo a NP EN ISO 14001:2004 pela APCER
são disponibilizadas isoladamente ou combinadas com outros referenciais.

A NORMA NP EN ISO 14001 COMO REFERENCIAL


DE CERTIFICAÇÃO

A certificação de SGA suportados na norma NP EN ISO 14001:2004, constitui uma


ferramenta essencial para as organizações que pretendem alcançar uma confiança
acrescida por parte dos clientes, colaboradores, comunidade envolvente e sociedade,
através da demonstração do compromisso voluntário com a melhoria contínua do
seu desempenho ambiental.

A acreditação é um reconhecimento formal por um organismo de acreditação, em


como um organismo de certificação é competente para certificar organizações de
determinados sectores, para referenciais específicos.

A APCER encontra-se acreditada para a certificação de SGA (NP EN ISO 14001:2004)


pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação) e pela ENAC (Entidad Nacional de
Acreditación) para os sectores definidos nos certificados de acreditação, de acordo
com a NP EN ISO/IEC 17021: 2006. Esta norma define os requisitos para a actividade
de certificação, garantindo a competência, isenção e independência necessárias
ao exercício de uma actividade credível. Anualmente, a APCER é auditada pelos
organismos acreditadores, sendo este um processo de avaliação que compreende
a auditoria ao sistema de gestão e o testemunho de auditorias ambientais.

O processo de certificação envolve as seguintes etapas

1 - Pedido de certificação;
2 - Instrução do Processo;
3 - Visita Prévia (Opcional);
4 - Auditoria de Concessão – 1ª fase;
5 - Auditoria de Concessão – 2ª fase;
6 - Resposta da Organização – Plano de acções correctivas;
7 - Análise do Relatório e Resposta;
8 - Decisão de Certificação;
9 - Manutenção da Certificação (Auditorias anuais de Acompanhamento
e Auditoria de Renovação ao fim de 3 anos). 17
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

A visita prévia é de carácter facultativo e destina-se a avaliar a adequabilidade do


SGA e informar a Organização sobre o estado de preparação da mesma para a
auditoria de concessão. Esta avaliação é efectuada de acordo com as metodologias
aplicáveis de auditoria, sendo o seu resultado independente do processo e decisão
de certificação.

A auditoria de concessão de SGA ocorre em duas fases.

Na 1ª fase é realizada uma auditoria ao sistema documental da Organização


e verificada a adequabilidade do sistema à actividade da empresa. O enfoque da
1ª fase da auditoria é a avaliação da capacidade do sistema criado em gerir todos
os aspectos ambientais relacionados com as actividades, produtos e/ou serviços
da Organização, na confirmação do âmbito da auditoria e no levantamento da
legislação aplicável, sendo relevante uma visita aos locais de actividade.

A 2ª fase da auditoria de concessão decorre no(s) local(ais) de actividade da


Organização, sendo auditados todos os requisitos da norma de referência
e avaliado o modo como a Organização estabeleceu e implementou o SGA.
Qualquer auditoria realizada pela APCER dá origem a um relatório que formaliza
as principais conclusões sobre o sistema de gestão da Organização auditada, em
particular sobre a implementação, conformidade face aos requisitos normativos
e ao âmbito de certificação, relatando eventuais não conformidades, oportunidades
de melhoria e áreas sensíveis.

As não conformidades devem ser motivo de acções correctivas apropriadas por


parte da Organização auditada.

Após recepção do relatório de auditoria e do plano de acções correctivas elaborado


pela Organização auditada, a APCER procede à análise desses documentos.
Caso estejam reunidas as condições necessárias, a APCER procede à emissão do
Certificado de Conformidade (Concessões e Renovações), que tem uma validade
de três anos.

Durante o período de validade do Certificado de Conformidade, a APCER realiza


auditorias de acompanhamento com periodicidade anual ao SGA da Organização
certificada, com vista à verificação da manutenção das condições que deram lugar
à concessão do referido certificado.

Antes do final do ciclo de três anos é realizada uma auditoria de renovação


reiniciando novo ciclo de certificação.

As auditorias da APCER são realizadas por auditores qualificados e de acordo com


as metodologias de auditoria definidas na norma NP EN ISO 19011:2003.

18
02
ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001 | O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004
E A ISO 14004:2004 | A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS | A NORMA NP EN ISO 14001 COMO
REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO | A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

Os principais benefícios da certificação de um SGA


relacionam-se com:

Redução de custos, devida a uma melhoria da eficiência dos processos e,


consequentemente, a redução de consumos (matérias-primas, água, energia);
minimização do tratamento de resíduos e efluentes; diminuição dos prémios
de seguro e minimização de multas e coimas;

Redução de riscos, tais como, emissões, derrames e acidentes;

Vantagens competitivas, decorrentes de uma melhoria da imagem da


Organização e sua aceitação pela sociedade e pelo mercado;

Evidência, de uma forma credível, da qualidade dos processos tecnológicos


de uma Organização, de um ponto de vista de protecção ambiental e de
prevenção da poluição;

Uma nova dinâmica de melhoria, nomeadamente através da avaliação


independente efectuada por auditores externos.

A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004


E A CONFORMIDADE LEGAL
Uma das questões associadas à norma e ao seu processo de certificação é a
necessidade de cumprir a legislação e outros requisitos que a Organização subscreva
relativos aos seus aspectos ambientais.

Esta questão será tratada de forma individualizada neste ponto, atendendo


ao aparecimento de legislação cada vez mais restritiva, ao desenvolvimento de
políticas económicas e de outras medidas que fomentam cada vez mais a protecção
ambiental, e a um crescimento generalizado das partes interessadas sobre questões
ambientais e de desenvolvimento sustentável.
Contudo, é importante relembrar que, apesar da importância da questão,
a conformidade legal não é por si só a finalidade da norma e nunca é demais
referir que a legislação aplicável é de cumprimento obrigatório. Portanto, não se
coloca a questão se a Organização tem de cumprir a legislação aplicável, mas sim,
se o seu cumprimento na íntegra é requisito da NP EN ISO 14001:2004 e o que deve
ser exigido na sua certificação.
Reconhece-se assim, que a conformidade com os requisitos legais aplicáveis não é
o único factor determinante para a eficácia de um SGA. Um SGA é uma ferramenta
importante para controlar riscos ambientais, enquanto que as consequências/
impactes legais do não cumprimento é apenas uma das quatro potenciais
consequências/impactes, sendo os outros:
1. Consequências ambientais (ex: danos ecológicos),
2. Consequências para partes interessadas (ex: reputação da Organização) e
3. Consequências para o negócio (ex: financeiras, posição competitiva).

O objectivo de uma Organização com um SGA certificado para um determinado


âmbito, é demonstrar que gere as interacções com o ambiente bem como
o seu compromisso em: 19
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Prevenir a poluição;

Cumprir os requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a Organização


subscreva relativos aos seus aspectos ambientais;

Melhorar continuamente o seu SGA, de forma a alcançar melhorias no seu


desempenho ambiental.

Não existindo, de facto, um requisito explícito de obrigatoriedade de cumprir


com toda a legislação aplicável, é necessário analisar a norma como um todo
e compreender as relações entre os diferentes requisitos.

Será aqui transmitida a análise proposta pelo U.S. Technical Advisory Group to
ISO/TC 207, na “Clarification of Intent of ISO 14001:2004” e pela European Co-
operation for Accreditation no “Legal Compliance as part of Accredited ISO 14001
Certification”, por serem análises claras e que reflectem o posicionamento da
APCER sobre esta matéria.

A subsecção 4.2 (c) requer que a Gestão de topo, defina e documente uma política
que inclua o “compromisso de cumprimento dos requisitos legais aplicáveis
e de outros requisitos que a Organização subscreva relativos aos seus aspectos
ambientais”. Este compromisso deve reflectir-se no processo de planeamento
(subsecção 4.3) e deve ser implementado (subsecção 4.4), verificado (subsecção 4.5)
e mantido através do SGA. Deste modo, a Organização deve:

Estabelecer, implementar e manter um procedimento para identificar


e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis, e determinar o modo como esses
requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais (subsecção 4.3.2);

Estabelecer, implementar e manter objectivos e metas que tenham em


consideração os seus requisitos legais e que sejam consistentes com o
compromisso de cumprir o estabelecido na política (subsecção 4.3.3).
A conformidade deve ser considerada quando se estabelecem os objectivos
e metas, embora estes não necessitem de incluir todos os requisitos
de conformidade;

Estabelecer, implementar e manter programas para alcançar os objectivos


e metas, incluindo os que se relacionam com a conformidade legal (subsecção
4.3.3), desde que o objectivo não seja o de cumprir a legislação, uma vez que,
para a certificação a Organização tem de demonstrar que cumpre os requisitos
legais aplicáveis. Os programas devem descrever quem é responsável por
alcançar os objectivos e metas e como e quando vão ser alcançados;

Consciencializar as pessoas que trabalham para ou em nome da Organização


relativamente aos procedimentos que lhes são aplicáveis, que incluem eventuais
procedimentos relacionados com o alcance da conformidade estabelecidos
no controlo operacional (subsecção 4.4.2). As pessoas cujo trabalho pode
causar impactes ambientais significativos devem ser competentes, com base
em formação, qualificações, educação ou experiência. A Organização deve
identificar necessidades de formação associadas aos seus aspectos ambientais
significativos e providenciar a formação ou outras acções que satisfaçam essas

20
02
ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001 | O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004
E A ISO 14004:2004 | A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS | A NORMA NP EN ISO 14001 COMO
REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO | A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

necessidades. Na medida em que esse trabalho também envolve requisitos


legais, o treino e competência dessas pessoas deve abranger a capacidade
de satisfazer esses requisitos;

Estabelecer, implementar e manter procedimentos documentados para


controlar as situações onde a sua inexistência possa conduzir a desvios
no compromisso de cumprimento dos requisitos legais estabelecido na
política e nos objectivos e metas relacionados (subsecção 4.4.6). Podem ser
necessários procedimentos para alcançar a conformidade com requisitos
legais que não foram explicitamente identificados nos objectivos e metas;

Estabelecer, implementar e manter procedimentos para monitorizar e medir


as características principais das suas operações, o que é uma parte importante
do controlo operacional e é, desta forma, importante para a conformidade
legal. As saídas da monitorização e medição (subsecção 4.5.1) transformam-
se em entradas para a avaliação da conformidade (subsecção 4.5.2) e acções
correctivas e preventivas (subsecção 4.5.3);

Estabelecer, implementar e manter um procedimento para avaliar


periodicamente a conformidade com requisitos legais (subsecção 4.5.2.1). Estes
são os requisitos legais que foram identificados na secção 4.3.2. Atendendo
ao mencionado para a subsecção 4.4.2, é importante que o elemento que
faz a avaliação da conformidade legal na Organização tenha competência,
tanto em termos dos requisitos legais, como na sua aplicação;

Estabelecer, implementar e manter um procedimento para gerir não


conformidades reais e potenciais e tomar acções correctivas e preventivas
(subsecção 4.5.3). Não conformidades detectadas associadas a requisitos
legais devem ser alvo de acções correctivas;

Estabelecer, implementar e manter um procedimento para realizar auditorias


periódicas ao sistema de gestão que necessariamente incluem os elementos
do SGA relacionados com a conformidade legal, nomeadamente uma
avaliação do compromisso de cumprimento dos requisitos legais associados
aos aspectos ambientais (subsecção 4.5.5);

Incluir os resultados das avaliações de conformidade (subsecção 4.5.2) na


sua revisão pela gestão, de forma a assegurar que a Gestão de topo toma
conhecimento de incumprimentos legais potenciais ou reais e toma medidas
adequadas para ir ao encontro do compromisso da Organização relativo ao
cumprimento de requisitos legais (subsecção 4.6). Deve ainda ser considerada
na revisão pela gestão qualquer alteração de circunstância ou dos requisitos
legais relacionados com os aspectos ambientais.

Os requisitos acima descritos implicam que uma Organização que implementa e


certifica o seu SGA de acordo com a NP EN ISO 14001:2004 deve identificar e gerir
de modo sistemático as suas obrigações de conformidade legal, em consonância
com o seu compromisso de cumprimento. O sistema deve incluir os requisitos 21
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

acima listados e estar suportado por recursos adequados e responsabilidades


definidas (subsecção 4.4.1), estar documentado (subsecções 4.4.4 e 4.4.5), medido/
monitorizado, avaliado e auditado (subsecções 4.5.1, 4.5.2 e 4.5.5) e estar suportado
em registos suficientes para demonstrar a conformidade com esses requisitos
(subsecção 4.5.4). O compromisso de cumprimento é reforçado pelo requisito da
Gestão de topo rever periodicamente a adequação e eficácia do SGA (subsecção
4.6).

Uma vez esclarecida a questão da conformidade legal na NP EN ISO 14001:2004


pode ainda subsistir a questão: “Para efeitos de certificação este compromisso pode
ser evidenciado através de objectivos e metas associados ao seu cumprimento?”
A resposta a esta questão é não. Para ser tomada uma decisão de certificação,
a Organização necessita de demonstrar a conformidade legal com os requisitos
associados aos seus aspectos ambientais, evidenciando assim a capacidade e
eficácia do sistema em cumprir a sua política. A conformidade com os requisitos
legais aplicáveis deve ser evidenciada não só para efeitos de certificação, como
também para efeitos de manutenção de certificação, durante as auditorias de
acompanhamento e renovação.

Como referido na interpretação atrás citada, esta exigência não significa que
uma Organização certificada cumpra a legislação continuamente. Pontualmente,
podem ocorrer desvios, prevendo a própria norma que sejam identificadas não
conformidades e desencadeadas acções correctivas, que devem estar implementadas
para a tomada de decisão relativamente à certificação.

Podem também existir situações de interpretação e/ou operacionalização do


cumprimento dos requisitos legais no contexto específico de uma determinada
Organização, que levam à necessidade de esclarecimentos com as autoridades
competentes. Com menos frequência, existem situações de alteração ou introdução
de diplomas legais para as quais ainda não é dada resposta pelas autoridades,
como por exemplo: mudança da entidade licenciadora, não tendo a nova entidade
responsável implementado o processo.

Estas questões são inerentes ao cumprimento da legislação e fazem parte dos


assuntos que a Organização tem de gerir e interessa à APCER avaliar o modo
como a Organização os identifica e ultrapassa. Por outro lado, é necessário ter em
consideração que a auditoria é um processo de valor acrescentado, não sendo por
isso relevante identificar todas as situações de não conformidade legal, mas sim
avaliar a forma como a Organização responde ao compromisso de cumprimento
dos requisitos legais, identifica situações de não conformidade ou de potencial não
conformidade relativamente aos requisitos legais aplicáveis e utiliza o seu poder
de influência (por exemplo: ao nível da actuação junto dos seus fornecedores).

É de salientar que a auditoria é sempre um processo de amostragem. É realizada


num determinado momento, pode não abranger todos os locais e podem ocorrer
situações em que a conformidade com todos os requisitos legais não seja passível
de ser avaliada durante o tempo previsto para a auditoria. Tal como requerido
pela norma, cabe à Organização avaliar a conformidade com os requisitos, sendo
o modo como a Organização dá cumprimento à avaliação da conformidade e os
22 resultados dessa avaliação analisados e auditados pela APCER.
02
ENQUADRAMENTO E INFORMAÇÕES GERAIS

A NP EN ISO 14001:2004 NA FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14001 | O ANEXO A (INFORMATIVO) DA NP EN ISO 14001:2004
E A ISO 14004:2004 | A NORMA NP EN ISO 14001:2004 E OUTROS REFERENCIAIS | A NORMA NP EN ISO 14001 COMO
REFERENCIAL DE CERTIFICAÇÃO | A CERTIFICAÇÃO NP EN ISO 14001:2004 E A CONFORMIDADE LEGAL

Outra questão por vezes levantada é se os organismos de certificação, nos


seus processos de auditoria devem identificar e registar, em relatório, as não
conformidades associadas a incumprimentos legais. Os guias internacionais de
acreditação solicitam, a este propósito, que o organismo certificador documente a
sua decisão de relatar ou não incumprimentos legais. A APCER decidiu que as não
conformidades legais são identificadas e documentadas no relatório de auditoria.

Como referimos anteriormente, as constatações associadas ao incumprimento


de requisitos legais podem ser causadas pelo incumprimento das seguintes
subsecções:

Assumir o compromisso de cumprimento dos requisitos legais aplicáveis


e de outros requisitos que a Organização subscreva relativos aos seus aspectos
ambientais, pela política ambiental (subsecção 4.2 c));

Identificar e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis e a outros requisitos


que a Organização subscreva, relacionados com os seus aspectos ambientais
(subsecção 4.3.2 a));

Determinar como estes requisitos se aplicam aos seus aspectos ambientais


(subsecção 4.3.2 b));

Definir objectivos, metas e programa(s) (subsecção 4.3.3);

Assegurar o treino e a competência das pessoas que trabalham para ou


em nome da Organização e que tenham influência no cumprimentos dos
requisitos legais (subsecção 4.4.2);

Assegurar a gestão rotineira e monitorização das obrigações legais (subsecção


4.4.6 e subsecção 4.5.1);

Avaliar a conformidade (subsecção 4.5.2);

Estabelecer acções correctivas e preventivas (subsecção 4.5.3);

Realizar Auditorias Internas (subsecção 4.5.5);

Efectuar a revisão pela gestão (subsecção 4.6).

Não obstante, a consequência última é uma falha no compromisso de cumprir


a legislação ou outros requisitos que a Organização tenha subscrito. Deste
modo, as constatações associadas a incumprimentos de requisitos legais são
frequentemente alocadas à subsecção 4.2 (política ambiental).

Assim, nos seus processos de certificação, a APCER avalia a conformidade legal no


sentido de determinar a capacidade da Organização para assegurar o compromisso
de cumprimento da legislação aplicável aos seus aspectos ambientais, através
do sistema de gestão que implementou de acordo com a norma de referência.
Esta avaliação é feita pela APCER com rigor, de acordo com as metodologias
definidas pelas normas de acreditação, sendo efectuada no contexto específico de
cada Organização, mas assegurando sempre a aplicação de critérios homogéneos
de decisão. 23
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Não se pretende sobrepor ou substituir as funções das autoridades competentes,


sendo a finalidade da APCER assegurar a credibilidade da certificação,
salvaguardando a confidencialidade e promovendo a melhoria do desempenho
ambiental das organizações. Deste modo, pretendemos reforçar a vantagem da
certificação na garantia da prossecução dos objectivos traçados pela Organização
que tomou a decisão de implementar um SGA.

24
“Na natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma.”
Lavoisier

25
26
PARTE B
NP EN ISO 14001:2004
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO

OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO

REFERÊNCIAS NORMATIVAS

TERMOS E DEFINIÇÕES

REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

27
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

INTRODUÇÃO
No texto da Introdução da NP EN ISO 14001:2004 podemos encontrar:

A finalidade e objectivos da norma, enquadrando o contexto das


preocupações ambientais das organizações;

Apresentação global da abordagem de construção da norma, orientada


para a melhoria contínua e suportada na metodologia PDCA;

Reforço da compatibilidade com a NP EN ISO 9001:2008 e a integração


dos SGA no sistema global de gestão da Organização, na sequência
da clarificação da 1ª edição desta norma;
Esclarecimento que o SGA, de acordo com a norma NP EN ISO 14001:2004,
deve ser considerado parte integrante do sistema geral de gestão da
Organização e inclui a estrutura funcional, o planeamento da actividade, a
definição de responsabilidades e autoridades, os procedimentos e recursos
necessários à implementação, manutenção, desenvolvimento e revisão
do seu desempenho ambiental, de modo contínuo. Assim, o SGA permite
compreender e controlar os diferentes aspectos ambientais da Organização,
de uma forma sistemática e contínua;

Reforço do compromisso de todos os níveis e funções, com enfoque na


Gestão de topo para alcançar o sucesso do sistema;

Esclarecimento sobre o papel da norma enquanto referencial que pode


ser utilizado para certificação, remetendo as organizações para a leitura
da ISO 14004:2004 quando necessitem de orientações gerais sobre
a implementação;

Informação das vantagens de adoptar técnicas de gestão ambiental não


especificadas nesta norma, referindo que, entre outras fontes podem ser
consultadas normas desta família e reforçando que a adopção desta norma
por si só não garante resultados ambientais óptimos;

Esclarecimento que não sendo uma norma de desempenho, os desempenhos


implícitos no compromisso de cumprir a legislação ou outros requisitos que
a Organização subscreva devem ser alcançados, bem como de prevenção da
poluição e na melhoria contínua;

Esclarecimento que diferentes organizações com diferentes necessidades


responderão a esta norma com diferentes níveis de detalhe, complexidade
e documentação.

A leitura do resumo que acabamos de fazer não substitui a leitura integral


do texto. Para os novos utilizadores ou para aqueles que apenas estavam
familiarizados com a versão de 1996, a sua leitura, antes de avançar directamente
para a secção 4 que estabelece os requisitos a cumprir, pode ser muito útil, pois
facilita o entendimento da norma e a sua interpretação.

28
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

1. OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO


O texto constante na norma é muito explícito e não necessita qualquer
interpretação adicional, apenas um esclarecimento relativo à não definição de
critérios específicos de desempenho ambiental, em consonância com o texto da
Introdução da norma.

A implementação, o estabelecimento, a manutenção e a melhoria de um SGA de


acordo com esta norma, requer o cumprimento da legislação em vigor aplicável,
que por sua vez determina padrões mínimos de desempenho ambiental aplicáveis
às organizações (ver parte A sobre conformidade legal). Deste modo, embora não
sejam especificados níveis de desempenho ambiental, a sua adopção implica um
nível mínimo de desempenho ambiental associado ao cumprimento legal e/ou de
outros requisitos que a Organização subscreva.

Por outro lado não nos podemos esquecer que a norma tem como finalidade
a melhoria contínua do SGA, tal como referido em 4.1: “A Organização deve
estabelecer, documentar, implementar, manter e melhorar continuamente
um sistema de gestão ambiental”. A melhoria contínua, tal como definida em
3.2, é o “processo recorrente de aperfeiçoamento do SGA, de modo a atingir
melhorias no desempenho ambiental global, de acordo com a política ambiental
da Organização”, definindo desempenho ambiental (3.10) como os “resultados
mensuráveis da gestão dos aspectos ambientais”.

Daqui resulta que, embora a norma em si não defina critérios específicos de


desempenho ambiental, existem critérios implícitos a serem determinados pela
Organização face ao cumprimento da legislação aplicável e à melhoria do SGA
da Organização.

2. REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Esta norma não tem quaisquer referências normativas. Contudo, o capítulo 3.


“Definições” transcreve referências datadas a termos da NP EN ISO 9000:2000,
transcritos na íntegra ou adaptados. Sendo referências datadas e transcritas
para este documento, são aplicáveis, tal como foram aqui transcritas,
independentemente de actualizações posteriores da NP EN ISO 9000:2000.

3. TERMOS E DEFINIÇÕES

Os termos e definições aqui estabelecidos são normativos. Os requisitos da norma


que são utilizados enquanto critérios de auditoria são os definidos na secção 4.
Contudo, quando os termos definidos na secção 3 são utilizados ao longo da
secção 4, são usados no sentido e com o significado que foi estabelecido nesta
secção e não com o significado que poderia ser eventualmente atribuído em
linguagem comum. A compreensão e entendimento dos termos aqui definidos
e consequente utilização dos mesmos no SGA são fundamentais para a correcta
interpretação dos requisitos explícitos na secção 4.

29
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Em particular alertamos para a leitura cuidada das notas que acompanham


algumas das definições, quer porque constituem parte integrante da definição,
quer pela sua relevância.

4. REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Os termos e definições aqui estabelecidos são normativos. Os requisitos


da norma que são utilizados enquanto critérios de auditoria são os
definidos na secção 4. Contudo, quando os termos definidos na secção 3 são
utilizados ao longo da secção 4, são usados no sentido e com o significado
que foi estabelecido nesta secção e não com o significado que poderia
ser eventualmente atribuído em linguagem comum. A compreensão e
entendimento dos termos aqui definidos e consequente utilização dos
mesmos no SGA são fundamentais para a correcta interpretação dos requisitos
explícitos na secção 4.

Em particular alertamos para a leitura cuidada das notas que acompanham


algumas das definições, quer porque constituem parte integrante da
definição, quer pela sua relevância.

4.1 REQUISITOS GERAIS


Finalidade

Assegurar que as organizações estabelecem, implementam, mantêm e melhoram


continuamente o SGA de acordo com a norma de referência e definem o modo
como cumprem os requisitos. definem e documentam o âmbito do seu SGA.

Interpretação:

Esta subsecção faz o enquadramento de todos os requisitos definidos


na norma, requerendo:

A aplicação de todos os requisitos da norma ao âmbito definido, em qualquer


das fases de aplicação da mesma, ou seja quando se estabelece, documenta,
implementa, mantém ou actualiza o SGA, não havendo requisitos passíveis
de exclusão.

A definição documental do âmbito de aplicação do SGA, especificando as


actividades, os produtos, os serviços, os processos e os locais definidos pela
Organização e respectivas fronteiras e interacções.

O SGA da Organização deve assumir uma abordagem do tipo PDCA de modo


a que todos os aspectos ambientais sejam sistematicamente identificados,
controlados e monitorizados, tendo em vista a melhoria contínua do SGA para
atingir melhorias do desempenho ambiental da Organização.

30
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

INÍCIO POLÍTICA AMBIENTAL (4.2)

PLANEAMENTO (4.3)
Aspectos ambientais
REVISÃO PELA GESTÃO (4.6)
Requisitos legais e outros requisitos
Objectivos, metas e programa(s)
MELHORIA
CONTÍNUA

IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO (4.4)


VERIFICAÇÃO (4.5)
Recursos, atribuições, responsabilidades
Monitorização e medição
e autoridade
Avaliação da conformidade
Competência, formação e sensibilização
Não conformidades, acções correctivas
Comunicação
e acções preventivas
Documentação
Auditoria interna
Controlo dos documentos
Controlo operacional
Preparação e resposta a emergências

Relativamente à aplicação dos requisitos normativos, convém relembrar que, na


secção 1 “Objectivo e campo de aplicação”, a norma refere que todos os seus
requisitos devem ser incorporados no SGA, mas que o grau de aplicação depende
de diversos factores, tais como a política ambiental, a natureza das suas actividades,
produtos e serviços, a sua localização e as condições em que funciona. É por isso
expectável, e a nossa experiência também o demonstra, que a importância e a
forma de aplicação de determinados requisitos não seja uniforme em todas as
organizações, independentemente de todos serem aplicáveis. A implementação
de um SGA e sua certificação são processos voluntários, no entanto, uma vez
adoptados e desenvolvidos internamente, os requisitos normativos são de
cumprimento obrigatório.

O âmbito de aplicação do SGA deve identificar as actividades, produtos e serviços,


que dão origem aos aspectos ambientais, controláveis ou influenciáveis, que vão
ser geridos pelo SGA.

Uma vez definido o âmbito, tudo o que foi incluído deve ser gerido no âmbito
do SGA. Tal implica que os requisitos estabelecidos pela NP EN ISO 14001:2004
e as disposições estabelecidas pela Organização no seu SGA para a gestão dos
aspectos ambientais têm de ser cumpridos.

Existe flexibilidade na definição das fronteiras do sistema, podendo a Organização


aplicar a norma à globalidade das suas actividades, processos, produtos ou
locais, ou apenas a uma parte destas, como seja uma unidade operacional da
Organização, ou um determinado local. Esta flexibilidade permite à Organização
estabelecer diferentes estratégias na adopção de SGA, tais como o faseamento 31
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

da sua aplicação a toda a Organização, ou a descentralização por unidades


operacionais, de negócio, ou outras.

A definição do âmbito e delimitação das suas fronteiras é particularmente


importante quando a Organização que implementa o SGA se integra numa
Organização maior. A credibilidade do SGA depende do âmbito definido,
devendo a mesma ser capaz de justificar eventuais exclusões.

A DEFINIÇÃO DO ÂMBITO E A CERTIFICAÇÃO

A definição do âmbito tem implicações importantes ao nível da certificação,


quer porque constará do certificado de conformidade, quer porque
pode colocar restrições na utilização da marca de certificação, quando a
Organização não se certifica na globalidade. Por outro lado, embora a
norma permita flexibilidade na definição do âmbito, nem todos os âmbitos
são aceitáveis, para efeitos de uma certificação acreditada.

1. A definição do âmbito
As orientações internacionais para a definição do âmbito do SGA
candidato a certificação ou certificado, têm como finalidade assegurar
que as organizações têm suficiente flexibilidade para delimitar o âmbito
de aplicação do SGA, de modo a ir ao encontro da suas necessidades e
adaptando-se a diferentes situações operacionais. Contudo, visam impedir
que uma Organização omita elementos das suas operações que devam
estar incluídos no âmbito e que possam induzir interpretações enganosas
sobre a abrangência do certificado. Paralelamente, quando o âmbito não
inclui todas as actividades, produtos, processos ou locais da Organização
são estabelecidas regras para o uso da marca que previnem o uso enganoso
ou abusivo do estatuto de empresa certificada. Pelo impacto que podem
ter na Organização que pretenda vir a certificar o seu sistema ou já o tenha
certificado, foi incluído este texto explicativo.
Sendo o âmbito normalmente definido pela Organização no início do
projecto de implementação do sistema e a certificação pedida já na fase
de conclusão da implementação, a APCER aconselha a leitura deste texto.
No caso de dúvida, pode sempre contactar a APCER para esclarecimentos
sobre a aceitabilidade, para efeitos de certificação do âmbito definido pela
Organização, em qualquer fase do projecto.

Os factores a usar para determinar o âmbito de certificação são:

a) Gestão das actividades abrangidas pelo âmbito.


A Gestão da Organização deve:

Demonstrar a responsabilidade por todos os aspectos ambientais


e impactes associados, relevantes para o SGA;
32
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Ter autoridade para determinar o modo como a política ambiental vai


ser implementada e mantida, estabelecendo os objectivos e as metas e
definindo os programas para os alcançar;

Ter autoridade para alocar os recursos financeiros e humanos para


o controlo e melhorias ambientais. Tal autoridade pode estar delimitada
por restrições de orçamento ou outras. Recursos adicionais para a
melhoria ambiental podem estar sujeitos a aprovação superior.
b) Devem estar claramente definidos os limites e vizinhanças da
responsabilidade de entradas e saídas da Organização.

c) As interfaces com os serviços ou actividades que não estão completamente


abrangidas pelo âmbito (ex: uma ETAR comum a várias organizações), devem
ser contempladas no SGA sujeito a certificação (ex: devem estar incluídas
na identificação e avaliação de aspectos ambientais, e consequentemente,
se aplicável, ao nível do controlo operacional, objectivos e metas, etc.),
devendo existir uma correspondência entre actividade e espaço físico onde
é exercida.

d) Adicionalmente deve ser tomado em consideração o âmbito das licenças


ambientais ou imposições definidas por entidades locais quando se
determina a abrangência do âmbito.

2. Informação ao público e uso da marca empresa certificada


NP EN ISO 14001:2004

Se o campo de aplicação definido é coerente e as vizinhanças estão definidas,


não induzindo interpretações ambíguas, reflectindo adequadamente os
produtos, actividades, serviços e locais, efectivamente geridos pelo SGA, então
este é passível de ser certificado. Contudo, a informação sobre o estatuto de
empresa certificada NP EN ISO 14001:2004 e uso da marca respectiva não
pode ser directamente associada a toda a Organização.

3. Alterações no âmbito
Finalmente, para as organizações que já estão certificadas, sempre que
há alterações nos produtos, processos e/ou locais, as mesmas devem ser
prontamente comunicadas à APCER, uma vez que podem ter um impacto
directo na informação que está a ser transmitida ao público através do
certificado e do uso da marca.

Caso a Organização pretenda, pode ser sempre realizada uma extensão ao


âmbito de certificação, para incluir novos produtos, actividades e serviços
ou novos locais de actividade. A auditoria de extensão pode ser realizada
no âmbito do ciclo normal de auditorias ou numa auditoria extraordinária,
realizada para o efeito.

33
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Exemplo 1

A Organização A desenvolve uma actividade industrial, tendo uma unidade


de co-geração nas suas instalações, que a abastece de energia e vapor.
Embora com accionistas comuns, as organizações são detidas por estruturas
accionistas diferentes, tendo direcções diferentes. Ambas possuem licenças
ambientais distintas.

Para a Organização A se certificar deve incluir a actividade de co-geração no


âmbito do SGA?

A Organização A opera num local, onde há uma instalação de co-geração,


pelo que existe o risco de ambiguidade quanto às actividades inseridas no
sistema certificado naquele local. Contudo, de acordo com o factor a) Gestão
das actividades, não é a Organização A que gere directamente os aspectos
associados à instalação de co-geração, tal como reflecte a diferente estrutura
accionista e diferentes direcções. As licenças da Organização, factor d),
reiteram essa realidade.

A Organização A para se certificar não necessita de o fazer em conjunto com a


Organização B. De notar que o factor d), relativo às licenças das organizações,
foi determinante na aceitação desta solução.

Não obstante, a Organização A deve identificar os aspectos sobre os quais


tem influência, não podendo ignorar, na determinação da sua influência
que a instalação B opera dentro das suas instalações, é sua fornecedora
e tem accionistas comuns. De acordo com o factores b) e c) acima listados
a Organização A deve delimitar, explicitar e documentar claramente a
vizinhança das suas responsabilidades e contemplar, no seu SGA as interfaces
com a instalação de co-geração, com particular enfoque nas actividades
associadas ao 4.3 e 4.4.6.

EvidênciaS

Âmbito adequadamente definido e documentado;

Sistema de gestão estabelecido, documentado, implementado, mantido e


actualizado de acordo com a globalidade dos requisitos desta norma e de
acordo com o âmbito estabelecido.

Não conformidades mais frequentes


As questões relativas ao âmbito de aplicação são normalmente identificadas em
fases anteriores ao processo de auditoria ou na auditoria de 1ª fase, não sendo
geralmente objecto de não conformidade.

Em organizações certificadas as não conformidades detectadas incidem sobre


alterações ocorridas na Organização ou utilizações indevidas da marca de empresa
certificada, a actividades, produtos ou serviços não abrangidos no âmbito. Estas
34 situações podem determinar a suspensão do certificado.
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Exemplo 2

Uma Organização no sector da construção, já certificada, contemplou no


âmbito do SGA as instalações centrais e todos os seus locais de actividade,
incluindo locais permanentes e locais temporários, ou seja locais onde está
a efectuar obras de construção. Na delimitação do seu âmbito excluiu locais
onde a Organização actua através de outra entidade jurídica, como por
exemplo: ACE (Agrupamento Complementar de Empresas) e consórcios.

NC – Na Internet é disponibilizada informação como a Política, o Manual de


Gestão, a Organização, os locais onde exerce actividades, etc. Nestes locais
estão indicados alguns, não referenciados como tal, em que a Organização
actua através de um ACE e por conseguinte fora do âmbito de aplicação
do SGA.

NC – Na análise de um caderno de encargos apresentado num concurso


em que a Organização constitui um ACE é feita referência ao estatuto de
empresa certificada, não explicitando que o sistema de gestão ambiental
não inclui as obras em ACE.

Nota:
Esta é uma situação em que a flexibilidade de delimitação do âmbito permite a
coexistência de diferentes soluções. Para além do caso citado neste exemplo, há
organizações que definem o seu âmbito, incluindo os consórcios ou ACE em que,
por via da negociação com os outros parceiros ou por via da posição maioritária
que detêm, conseguem impor a adopção do seu SGA. Outras organizações
(nomeadamente organizações que se consorciam com outras organizações
certificadas) não conseguem impor a adopção do seu sistema de gestão nas obras
em consórcio ou ACE, mas alternativamente, determinam a sua aplicabilidade aos
aspectos ambientais associados às suas actividades no ACE. Esta última solução
pode ser estrategicamente muito útil numa Organização que execute muitas
obras em consórcio com outras organizações, pois permite-lhe evidenciar sempre
o seu estatuto de Organização certificada.

Exemplo 3

NC – As actividades, produtos e serviços de uma Organização desenvolvem-


se nas instalações que incluem um sector e/ou um processo “A” que
rotativamente de “x” em “x” anos é gerido por outra Organização cujo
SGA não está certificado.

Verificou-se que o jornal da Associação Industrial do sector apresenta


publicidade da certificação ambiental relativamente ao conjunto das
instalações fabris da Organização incluindo o sector e/ou processo “A”
num dos anos em que a gestão é de uma terceira parte com SGA não
certificado. 35
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

4.2 POLÍTICA AMBIENTAL


Finalidade

Assegurar a definição da política ambiental da Organização, no âmbito do SGA.


Garantir que a mesma é adequada à Organização, é comunicada a todas as
pessoas que trabalham para ou em nome da Organização e que é disponibilizada
a terceiros.

Interpretação
A política ambiental é a declaração da Gestão de Topo relativamente ao seu
compromisso com o ambiente e deve servir de base ao estabelecimento de
objectivos e metas no âmbito do SGA. Neste sentido, a política ambiental deve
definir os princípios de desempenho ambiental da Organização, através dos
quais o SGA será avaliado.

A política ambiental deve ser adequada à Organização, pelo que é necessário


que a mesma reflicta a sua natureza (tipo de sector), escala e impactes ambientais
associados às suas actividades, produtos e serviços. A política ambiental é única
para cada Organização e, como tal, deve ser desenvolvida de modo a preencher
as necessidades da mesma.

A política ambiental é uma ferramenta chave de comunicação das prioridades


ambientais da Organização aos colaboradores, pessoas que trabalham em nome
da Organização e restantes partes interessadas. Deste modo, deve ser escrita
de uma forma clara e concisa, para permitir um fácil entendimento. Deve ser
comunicada internamente e disponibilizada ao público, no mínimo sempre que
solicitada. Assim, pretende-se que todos os colaboradores compreendam a política
ambiental e tenham consciência da forma como a mesma lhes é aplicável.

Cabe à Organização a definição de prioridades com base na análise dos aspectos


ambientais e na determinação dos aspectos que têm ou podem ter impactes
significativos sobre o ambiente. No entanto, as decisões que a Organização toma em
sede de planeamento (4.3) devem ser justificadas e suportadas ao nível da política.

O texto da norma é bastante claro relativamente ao conteúdo da política


ambiental, contudo importa referir que a mesma deve ser baseada em três
compromissos chave, para o âmbito do seu SGA:

Melhoria contínua;

Prevenção da poluição;

Cumprimento de requisitos legais aplicáveis e outros requisitos que a


Organização subscreva.

36
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

MELHORIA

POLÍTICA AMBIENTAL
PREVENÇÃO

CUMPRIMENTO

MELHORIA CONTÍNUA
A política ambiental deve orientar a Organização para uma melhoria contínua
do SGA. Este compromisso não implica que em todas as áreas se verifique
simultaneamente uma melhoria contínua. A Organização deve definir prioridades
relativamente aos factores a melhorar.

PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO
Este compromisso não implica que em todas as fases dos processos sejam
adoptadas melhores técnicas disponíveis. Assim, a Organização deve optar
pelas técnicas e metodologias de trabalho que previnam, evitem, reduzam ou
controlem a poluição de forma satisfatória.

A prevenção da poluição deve ser considerada na concepção e desenvolvimento


de novos produtos ou serviços e no desenvolvimento de processos associados.

REQUISITOS LEGAIS APLICÁVEIS E OUTROS REQUISITOS QUE A ORGANIZAÇÃO


SUBSCREVA
Este compromisso não deve ser entendido como um objectivo em si, uma vez
que a finalidade da adopção de um SGA é a melhoria do desempenho, sendo a
conformidade legal o patamar mínimo do desempenho ambiental.

Para compreender a natureza deste compromisso e o seu papel na norma,


a mesma deve ser analisada nas suas inter-relações, pois a conformidade
com a legislação ou outros requisitos subscritos pela Organização é referida
num conjunto abrangente de requisitos. Essa inter relação, bem como a sua
importância no processo de certificação, são explicadas na Parte A deste guia
(A NP EN ISO 14001:2004 e a Conformidade Legal).

Os requisitos legais e outros requisitos que a Organização subscreva são os


aplicáveis aos aspectos ambientais da Organização, decorrentes das suas
actividades, produtos e serviços. Dado que estes aspectos ambientais são
os identificados pela Organização (ver 4.3.1), é necessário verificar se uma
falha na identificação dos aspectos ambientais não implica uma deficiente
identificação de requisitos legais e outros (4.3.2), bem como uma necessidade
de revisão ou actualização da política ambiental. Este compromisso implica que
37
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

devem ser identificados os requisitos legais e outros aplicáveis aos aspectos


ambientais controláveis e também aos aspectos ambientais influenciáveis,
uma vez que o modo de influência a exercer deve considerar o cumprimento
legal de terceiros, principalmente quando o seu incumprimento pode afectar
a Organização em causa.

EvidênciaS

Deve existir uma política ambiental documentada de acordo com a norma


de referência;

Os colaboradores da Organização ou aqueles que trabalham em seu nome


(ex: colaboradores externos afectos a trabalhos de segurança, limpeza,
manutenção e obras, etc...) devem evidenciar conhecimento da política
ambiental e a forma como a mesma lhes é aplicável (Nota: evidenciar o
conhecimento não é conhecer o texto da política de cor, mas sim conhecer
as orientações gerais definidas, com particular enfoque nas que têm
implicação na sua actividade);

A política ambiental deve ser sujeita a revisões e actualizações, com vista a


uma contínua adequabilidade;

O controlo de documentos (4.4.5) deve assegurar que a política ambiental


se encontra aprovada e actualizada em todos os locais de distribuição.

Não conformidades mais frequentes

A política ambiental não evidencia o compromisso de melhoria contínua.


Evidência: documento da política, aprovado em 12-01-2006.

A política ambiental não evidencia o compromisso de cumprimento com


os requisitos legais e outros aplicáveis. Evidência: documento da política,
aprovado em 12-01-2006.

A política ambiental encontra-se afixada em diferentes locais da Organização.


Contudo, no decorrer das entrevistas com os colaboradores, a EA verificou
que os mesmos não estão familiarizados com a política ambiental.

A Organização não cumpre os valores limites de emissão definidos.


Constatou-se que os valores de nitritos (monitorizações realizadas no 4º
trimestre de 2004 e 1º trimestre de 2005) ultrapassam o valor definido no
alvará de licença de utilização do domínio hídrico nº XYZ/2003: 4º trimestre
2004: 3.3 mg/l; 1º trimestre de 2005: 9.1 mg/l. Valor constante no alvará:
<0.1 mg/l.

38
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Nota:
Este é um exemplo possível de não conformidade legal. De acordo com o
referido na Parte A – A NP EN ISO 14001:2004 e a Conformidade Legal, apesar
da conformidade legal ser um requisito implícito associado a diversas subsecções
da norma, as constatações identificadas são frequentemente alocadas a esta
subsecção, sendo consideradas como uma falha no compromisso de cumprimento
dos requisitos legais e outros requisitos que a Organização subscreva.

4.3 PLANEAMENTO

4.3.1 ASPECTOS AMBIENTAIS


Finalidade

Assegurar a existência de um procedimento sistemático de identificação dos


aspectos ambientais das actividades, produtos e serviços e de determinação dos
aspectos que têm ou podem ter impactes significativos sobre o ambiente e que
esta informação é utilizada no estabelecimento e manutenção do seu SGA.

Interpretação

A Organização deve estabelecer, implementar e manter um procedimento para


identificar os aspectos ambientais das actividades, produtos e serviços no âmbito
do SGA, tendo em conta:

Desenvolvimentos novos ou planeados;

Actividades, produtos e serviços novos ou modificados.

A Organização deve considerar a identificação de aspectos ambientais com


impactes positivos (ex: melhoria da qualidade dos solos) e negativos (ex: depleção
de recursos naturais) no ambiente.

Existem dois tipos de aspectos ambientais a considerar:

Controláveis - aspectos controlados directamente pela Organização, tais


como, utilização de matérias-primas, consumo de energia, entre outros;

Influenciáveis - aspectos não controlados directamente pela Organização, mas


sobre os quais a mesma pode exercer influência, por exemplo: os associados
às actividades, produtos e serviços de clientes e/ou fornecedores.

No que respeita a actividades, produtos e serviços subcontratados há que


distinguir entre os aspectos controláveis e influenciáveis. Os controláveis são
os aspectos que são gerados pela actividade, o produto ou o serviço, quer
sejam executados directamente pela Organização ou subcontratados. Estão
normalmente associados à relação contratual e podem ser geridos pelo próprio
contrato. Ex: aspectos associados à triagem de resíduos dentro das instalações
39
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

da Organização por parte de pessoal subcontratado; os produtos de limpeza


que podem ser usados pelo prestador de serviços; a disposição final de resíduos
de manutenção por subcontratados em operações de assistência técnica, nas
instalações de um cliente da Organização, etc. Nestas situações a Organização
pode determinar plenamente o modo como o aspecto é gerido e deve ser
considerado controlável.

Contudo podem existir aspectos ambientais associados aos subcontratados em


que a Organização apenas tem o poder de influenciar. Estes são normalmente
aspectos associados à entidade subcontratada enquanto fornecedor e são
geralmente de natureza idêntica aos aspectos que são identificados para outros
fornecedores. São ex: as práticas ambientais da Organização subcontratada fora
da relação contratual estabelecida.

Os aspectos ambientais das actividades, produtos e serviços devem ser identificados


tendo em conta:

Situações de operação normais - actividades desenvolvidas no quotidiano


da Organização;

Situações anómalas - paragem e arranque de máquinas, manutenções,


reestruturação de instalações, alterações de processo, anomalias de
funcionamento, entre outras;

Situações de emergência - potenciais acidentes tais como derrames,


incêndios, entre outros.

Existem diversas metodologias de identificação de aspectos ambientais, sendo o


Anexo A da norma NP EN ISO 14001:2004 bastante explicativo, pelo que não são
efectuados comentários adicionais. Relembramos apenas que este é um requisito
em que a multiplicidade de metodologias adoptadas, bem como a complexidade
de cada uma delas, reflectem as necessidades de diferentes organizações, seja
em natureza, dimensão, complexidade ou relevância de aspectos ambientais.

A identificação de aspectos é um processo contínuo inserido no SGA. Deste


modo, o processo de identificação de aspectos ambientais deve incluir os aspectos
e impactes ambientais passados (quando existe passivo ambiental), presentes
e futuros (novas actividades, produtos, serviços) decorrentes das actividades,
produtos e serviços da Organização.

Uma vez identificados os aspectos ambientais relativos às actividades, produtos


e serviços da Organização, devem ser determinados os que têm ou podem
ter um impacte significativo no ambiente. Os aspectos que tenham ou possam ter
um ou mais impactes significativos devem ser considerados aspectos ambientais
significativos.

Aquando da determinação dos aspectos ambientais significativos, a Organização


deve ter em conta impactes ambientais com efeitos:
40
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

No ar, na água e no solo e subsolo por alteração das suas características


e utilizações;

Na flora e na fauna;

Da utilização de energia, águas e materiais;

Na paisagem e na qualidade de vida, tendo em conta a poluição visual,


o odor e o ruído, entre outros.

A norma ISO 14004:2004 refere que no estabelecimento de critérios para a


determinação dos aspectos ambientais significativos, podem ser considerados:

Critérios ambientais, tais como dimensão, gravidade e duração do impacte,


ou tipo, dimensão e frequência do aspecto ambiental;

Aplicação de requisitos legais, tais como limites de emissões e descargas


definidos em licenças;

Preocupações das partes interessadas internas e externas, por exemplo: as


relacionadas com os valores organizacionais, a imagem da Organização,
entre outros.

De acordo com a norma NP EN ISO 14001:2004 a metodologia de identificação


e de determinação dos aspectos ambientais significativos deve fornecer resultados
consistentes e fiáveis, e deve incluir a definição e a aplicação de critérios de
avaliação.

Após a identificação dos seus aspectos ambientais significativos, a Organização


deve assegurar que os mesmos são tidos em conta no estabelecimento,
implementação e manutenção do seu SGA.

Todos os aspectos e impactes ambientais significativos devem ser controlados,


contudo, não é necessária a definição de objectivos e metas para todos os aspectos
ambientais. Pretende-se, assim, que a Organização estabeleça prioridades
relativamente aos aspectos ambientais significativos na definição de objectivos
e metas.

Na definição de critérios de determinação dos aspectos ambientais significativos


é comum serem criados filtros relativos à existência ou não de um requisito legal
associado ao aspecto ambiental cujo impacte se avalia. Esta pode ser uma prática
possível que permite à Organização gerir a sua conformidade legal ou identificar
aspectos prioritários associados aos seus compromissos. Contudo um aspecto
ambiental com um requisito legal associado não tem necessariamente de ser um
aspecto ambiental significativo e podem ser adoptadas metodologias que não o
consideram como tal.

A utilização do critério “existência de requisito legal ou outro subscrito” para


a determinação dos aspectos ambientais significativos deve ser função da
instrumentalização dada a este processo. A determinação dos aspectos ambientais
significativos é particularmente importante na definição dos objectivos, metas e
programas, ajudando a estabelecer prioridades para as áreas de melhoria do 41
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

desempenho ambiental. É por isso expectável que uma Organização que tenha
muitos aspectos ambientais e uma grande complexidade defina metodologias
rigorosas, reprodutíveis e tanto quanto possível quantificadas, de determinação
dos aspectos ambientais significativos, que lhe permitam estabelecer prioridades
e fazer opções com a maior objectividade possível. A utilização de um critério de
significância que coloque todos os impactes ambientais para os quais existe um
requisito legal ao mesmo nível, pode não ser uma prática de gestão que permita
a correcta diferenciação dos impactes.

Contudo, independentemente da opção de utilizar a existência de requisito legal


como critério de determinação dos aspectos ambientais significativos, a norma
requer em 4.3.2, que a identificação dos requisitos legais e outros requisitos seja
IDENTIFICAÇÃO DE
ASPECTOS AMBIENTAIS efectuada para os aspectos ambientais da Organização. Deste modo, a definição
de metodologias de identificação de aspectos que assegurem o cruzamento entre
os aspectos ambientais identificados e os requisitos legais aplicáveis é de toda a
conveniência para uma boa prática de gestão do sistema, nomeadamente na

DETERMINAÇÃO DE
gestão da conformidade legal, facilitando o adequado controlo destes aspectos
ASPECTOS AMBIENTAIS (4.4.6), a monitorização eventualmente determinada por lei (4.5.1) e a verificação
CONTROLÁVEIS
E INFLUENCIÁVEIS da conformidade (4.5.2).

Deve ser mantida documentação relativa à identificação e determinação


dos aspectos ambientais significativos. Esta documentação deve ser revista e
actualizada periodicamente, sempre que ocorram alterações na Organização,
IDENTIFICAÇÃO DE para manter a sua adequabilidade.
IMPACTES AMBIENTAIS
RELACIONADOS COM
OS ASPECTOS A identificação e determinação de aspectos ambientais é de extrema importância,
uma vez que é a partir da identificação do impacte potencial sobre o ambiente
que o SGA é desenvolvido, devendo, deste modo, servir de base para o
estabelecimento, implementação e manutenção do SGA.
DETERMINAÇÃO DOS
ASPECTOS AMBIENTAIS
SIGNIFICATIVOS Exemplo 4

Aplicável a organizações que trabalham por projecto, como por exemplo:


empresas de construção, engenharia ou consultoria.

Nestas situações as organizações necessitam de identificar os aspectos


ambientais específicos de cada projecto, sendo expectável que os aspectos e
impactes ambientais sejam diferentes em diferentes locais e situações. Para
além de assegurar uma metodologia comum dentro do seu sistema, pode
ser vantajoso para a Organização a elaboração de um histórico, de uma lista
de verificação, ou de outra ferramenta que lhe permita agilizar o processo
de identificação dos aspectos associados a cada projecto, aprendendo com
os anteriores.

42
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Aplicável a organizações florestais ou agrícolas que trabalham por


propriedade.

Neste caso cada propriedade ou unidade de gestão pode ter uma


identificação e avaliação de aspectos ambientais independente, ou a
Organização pode optar por definir aspectos comuns a todas as actividades
executadas. Tal como no exemplo anterior, deve ser assegurada uma
metodologia homogénea e reprodutível. Se a Organização opta por
definir aspectos comuns a todas as actividades executadas deve incluir, na
metodologia adoptada mecanismos que permitam tomar em consideração
os diferentes meios envolventes da propriedade.

Aplicável a Fornecedores de serviços florestais ou agrícolas, que trabalham


por “frente de trabalho”.

Nesta situação pode haver uma identificação e avaliação geral das


actividades, que depois é verificada em cada frente de trabalho antes de
iniciar a actividade, sendo então definidas medidas de controlo operacional
específicas para os impactes em causa.

Aplicável a pequenas e médias organizações com poucos aspectos


ambientais e de baixa relevância, normalmente nas áreas de serviço.

Esta é uma situação em que podemos observar que, embora a norma seja
aplicável na globalidade dos seus requisitos a qualquer tipo de Organização,
a extensão da sua aplicabilidade é muito variável. Uma Organização
que tem poucos aspectos ambientais associados às suas actividades,
produtos ou serviços, sejam controláveis, sejam influenciáveis, pode
adoptar metodologias simples de identificação dos mesmos. Muitas destas
organizações sentem dificuldade em estabelecer critérios de significância,
chegando mesmo a referir não sentirem a sua necessidade. Convém referir
que, embora a metodologia possa ser extremamente simples, se mantém a
necessidade de determinar quais os aspectos que são significativos.

EvidênciaS
Lista / matriz ou outro documento com os aspectos ambientais identificando
os considerados significativos;

Critérios de determinação dos aspectos ambientais significativos;

Avaliação de aspectos ambientais e suas revisões.

Não conformidades mais frequentes

A Organização identificou os aspectos que a Organização pode controlar,


mas não assegurou a identificação de alguns aspectos ambientais das
suas actividades, produtos e serviços, sobre os quais pode ter influência.
Evidência: consumos energéticos e manutenção da frota da empresa de
transportes subcontratada que assegura a distribuição do produto.

Não estão identificados aspectos ambientais relacionados com a


operação e manutenção de equipamentos de apoio tais como posto de
43
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

transformação, manutenção das instalações, sendo que alguns destes


serviços podem ser realizados pela Organização ou por prestadores
de serviços subcontratados.

Não foram identificados aspectos ambientais decorrentes de actividades


de actuação em caso de emergência tais como “resíduos e efluentes
resultantes do incêndio”.

Não foram identificados nem determinados os aspectos ambientais


das actividades e serviços do local de actividade X, que não constam do
documento “lista de aspectos ambientais”.

Não foram identificados os aspectos das actividades passadas da Organização


(“passivo ambiental”) que a mesma ainda pode controlar ou ter influência.
Evidência: observou-se no local y a existência de solos contaminados e
de sucata relativa ao desmantelamento de uma linha de produção, não
constando os mesmos da lista de aspectos ambientais.

Não é assegurada a reprodutibilidade dos critérios de avaliação dos aspectos


ambientais. Por exemplo: em relação ao critério frequência, a Organização
definiu, no procedimento ABC três níveis diferentes: contínua, regular e
aleatória, não estando especificados os intervalos do número de ocorrências
em cada nível.

A Organização não identificou os aspectos ambientais de actividades não


directamente relacionadas com a produção ou serviços – Reservatórios de
ar comprimido; Postos de Transformação; AVAC’s; Servidores; Geradores de
emergência; ETAR; Armazéns de produtos químicos; Refeitório.

A Organização não assegura a actualização da identificação dos aspectos


ambientais. A EA constatou que a Organização desenvolveu um novo
produto, P, não evidenciando a identificação prévia dos aspectos ambientais,
nomeadamente os associados a novas matérias-primas que necessitam
de disposições próprias relativamente ao seu armazenamento, prevenção
e actuação em caso de emergência e disposição de embalagens vazias.

4.3.2 REQUISITOS LEGAIS E OUTROS REQUISITOS


Finalidade

Identificar todos os requisitos legais e outros aplicáveis relacionados com os


aspectos ambientais da Organização, para assegurar o cumprimento desses
requisitos e, consequentemente, dar cumprimento ao compromisso assumido na
política ambiental. Esta informação deve ser mantida actualizada, ser comunicada
internamente e ser tida em consideração no estabelecimento, implementação e
manutenção de todo o SGA.

Interpretação

Deve ser estabelecido um procedimento que permita à Organização a actualização


dos requisitos legais e outros requisitos aplicáveis, relacionados com os seus
aspectos ambientais.
44
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

De referir que os requisitos legais a identificar podem ter origem em directivas,


regulamentos e decisões comunitários, leis, decretos-lei, portarias, despachos
governamentais, posturas ou decisões municipais, licenças e autorizações,
entre outros. Nas Regiões Autónomas deve ser considerada a especificidade
dos respectivos diplomas e, caso existam, regulamentos das autoridades locais.
Os outros requisitos podem dizer respeito a acordos com autoridades públicas,
requisitos de clientes, códigos de boas práticas, políticas de grupo, rotulagem
ambiental dos produtos, etc.

Relativamente à legislação comunitária, existe a directamente aplicável, a que


carece de transposição para o Direito Interno e aquela que visa preparar futuros
actos legislativos. É de realçar a importância da identificação e análise da segunda
e da terceira uma vez que, apesar de não serem directamente aplicáveis, permitem
às organizações prepararem-se para o cumprimento de requisitos legais futuros.

A Organização deve estabelecer as fontes de informação a que recorre para


identificar e manter actualizada a legislação aplicável e os outros requisitos, como
por exemplo: Jornal Oficial da União Europeia, Diário da Republica, publicações
especializadas, subscrição de revistas, dados de associações sectoriais, bases de
dados da Internet, entre outros, podendo ainda recorrer à prestação de um serviço
externo. Os documentos identificados devem ser mantidos em arquivo interno
ou estar acessíveis através de outro meio (Internet, bases de dados, etc.).

Partindo dos aspectos ambientais da Organização, é exigida uma análise do


conteúdo da legislação e de outros requisitos para verificar o que a Organização
deve cumprir, e assim apurar os requisitos legais e outros que se relacionam com
esses aspectos. Ou seja, para além da obtenção de uma listagem actualizada de
todos os documentos legais e outros, também é necessária a evidência de que a
Organização conhece os requisitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais.

Para o cumprimento desta subsecção, devem estar definidas as responsabilidades


pela identificação, análise, comunicação dos requisitos legais e outros e o modo
como é assegurado o seu cumprimento aos colaboradores, prestadores de
serviços e fornecedores envolvidos. Esta comunicação deve ocorrer sempre que
se verifique uma alteração ou inclusão de novos requisitos.

Não existindo em Portugal um Código de Direito do Ambiente e encontrando-


se esta disciplina organizada de forma perfeitamente horizontal no nosso
edifício jurídico, importa garantir que estão identificados os diplomas e que são
conhecidos os requisitos legais aplicáveis aos aspectos ambientais associados:

às situações de emergência ou acidente (como por exemplo: incêndio ou


uso de substâncias e preparações perigosas);

a protecção e valorização do património cultural;

a utilização de energia;

entre outros,

45
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

mesmo que os diplomas onde constam os requisitos não sejam emanados


directamente ou em colaboração com o Ministério do Ambiente. Esta
recomendação é particularmente importante em organizações que operam no
sector primário.

Por último, estes requisitos devem ser considerados na gestão dos processos da
Organização, em particular no estabelecimento dos objectivos e metas ambientais,
na identificação das necessidades de formação, bem como nas práticas de controlo
operacional e na monitorização e medição das suas actividades.

EvidênciaS

A Organização deve manter registos (lista, tabela, base de dados, entre


outros) permanentemente actualizados, dos requisitos legais e outros
requisitos aplicáveis, e das obrigações daí resultantes (licenças a obter, limites
e prazos a cumprir, registos a gerar, relatórios a enviar a entidades públicas,
etc.). Estes registos podem ser organizados por temas (água, ar, resíduos,
…) e subtemas (óleos usados, resíduos de embalagem, …) fazendo-se assim
a interligação com os aspectos ambientais;

É importante que a Organização evidencie registos da análise efectuada aos


documentos (diplomas legais e outros) e da conclusão sobre a aplicabilidade
dos mesmos. De referir, que existem requisitos que, apesar de aplicáveis aos
prestadores de serviços, são relevantes para que a Organização esteja em
conformidade legal (Ex. autorizações prévias dos operadores de resíduos);

Devem existir evidências de que os requisitos aplicáveis são comunicados,


quando justificável e relevante, entendidos e cumpridos dentro da
Organização para os colaboradores afectos, bem como outras partes
interessadas como fornecedores, clientes ou subcontratados. Isto pode
ser verificado através de entrevistas aos colaboradores responsáveis
por determinadas tarefas, e pela observação no terreno de instruções/
procedimentos, registos e práticas adequadas, entre outros.

Não conformidades mais frequentes

Não se encontra sistematizada a análise da aplicabilidade dos diplomas


legais e outros aos aspectos ambientais da Organização. A lista de legislação
aplicável evidenciada pela Organização refere os diplomas legais, não
estando identificados os requisitos a cumprir.

A Organização não identificou todos os diplomas legais aplicáveis. Evidência:


não foi identificada a Lei nº 58/2005, de 29 de Dezembro que aprova a Lei
da Água.

O procedimento estabelecido pela Organização não assegura o acesso


e identificação a todos os requisitos legais aplicáveis, não identificando
e não acedendo a fontes de informação necessárias relativas à legislação
comunitária.

46
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

A EA constatou a existência de requisitos ambientais determinados por


clientes da Organização, tal como explícitos no contrato de prestação de
serviços XPTO. Estes requisitos não foram considerados no âmbito do SGA.

O procedimento estabelecido pela Organização não assegura a identificação


clara dos requisitos aplicáveis. Evidência: a lista de requisitos legais identifica
diplomas não aplicáveis à Organização, como por exemplo: legislação
relativa a gases de efeito de estufa.

4.3.3 OBJECTIVOS, METAS E PROGRAMA(S)


Finalidade

Assegurar a definição de objectivos e metas ambientais nas funções e níveis


relevantes dentro da Organização, identificando responsabilidades, meios
e prazos de realização, com o intuito de promover a prevenção da poluição
e a melhoria contínua, traduzida na capacidade de cumprir com os requisitos
legais e outros requisitos aplicáveis.

Interpretação

Os objectivos e metas ambientais são a base para o êxito do processo de


melhoria contínua, visando proporcionar um melhor desempenho ambiental.
Devem ser, sempre que possível, específicos e mensuráveis, possibilitando o seu
acompanhamento e avaliação final do respectivo cumprimento e consistentes
com a política ambiental definida pela Organização.

Devem ser periodicamente definidos, documentados e revistos, por exemplo:


em conjunto com a revisão do SGA.

A definição de objectivos e metas deve considerar as seguintes vertentes


(entradas):

Requisitos Legais e outros: não devem ser estabelecidos objectivos que


ponham em causa o cumprimento de limites legais ou outros aceites pela
Organização;

Aspectos ambientais significativos: o estabelecimento de objectivos e metas


deve ter em conta os aspectos que são classificados como significativos.
O relevante é que todos os aspectos significativos sejam entradas para o
processo de definição de objectivos e metas, não significando que todos
tenham de ter um objectivo associado;

Requisitos operacionais, financeiros, tecnológicos e de negócio: os objectivos


e metas devem ser realistas e adequados ao negócio de cada Organização;

Opinião das partes interessadas: na definição de objectivos e metas,


a Organização deve tentar ir ao encontro das preocupações das partes
interessadas.

47
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

REQUISITOS LEGAIS E ASPECTOS AMBIENTAIS


OUTROS REQUISITOS SIGNIFICATIVOS

OBJECTIVOS E METAS
AMBIENTAIS

REQUISITOS OPERACIONAIS,
PARTES INTERESSADAS
FINANCEIROS E DE NEGÓCIO

Em suma, para o estabelecimento dos objectivos e metas ambientais e para que


não sejam definidos objectivos e metas impossíveis de cumprir por parte da
Organização, é necessário proceder às seguintes avaliações e/ou harmonizações:

Meios tecnológicos, com o intuito de se identificar os meios necessários


ao controlo, redução ou eliminação dos impactes das actividades da
Organização sobre o ambiente, não esquecendo a utilização da melhor
tecnologia disponível sempre que técnica e economicamente viável;

Aspectos financeiros associados a esses meios tecnológicos;

Recursos humanos necessários;

Pontos de vista das partes interessadas.

Entende-se por parte interessada, de acordo com a definição 3.13, pessoa ou


grupo interessado ou afectado pelo desempenho ambiental da Organização.
Existem diferentes metodologias para a identificação e recolha das necessidades
e expectativas das partes interessadas. A informação relacionada com a percepção
das partes interessadas é de extrema importância para o processo de decisão da
Organização, assim, uma vez identificada, a Organização deve reflectir e decidir
sobre a forma de resposta à mesma.

O programa de gestão ambiental é uma ferramenta para a concretização dos


objectivos e metas ambientais definidos, onde devem estar identificadas as
responsabilidades, os meios e os prazos de execução para cada objectivo/meta.
O programa deve ser aprovado pela Gestão de topo, sempre que é necessário
garantir que os meios e recursos necessários à sua concretização sejam
previamente assegurados.

O alcance do programa vai depender das capacidades financeiras, tecnológicas


e humanas da Organização. Deve ter em consideração que uma meta está
associada a um objectivo, que por sua vez está associado a um ou mais aspectos
ambientais. Para cada meta, devem estar respondidas as seguintes questões:
48 Quem? Faz o quê? Com que meios? Em que prazos?
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

O programa de gestão ambiental deve ser acompanhado quanto ao seu grau


de concretização, devendo ser periodicamente reavaliado e caso necessário
ajustado.

No caso de novos desenvolvimentos/alterações ao nível das actividades, produtos


ou serviços executados pela Organização, o programa de gestão deve ser uma
ferramenta de planeamento a utilizar no sentido de poder vir a reflectir essas
mudanças (ex. devido à significância dos aspectos ambientais em causa, a novos
requisitos legais e outros requisitos aplicáveis). Quando necessário, podem
conceber-se programas plurianuais, que entre outras vantagens, facilitam a
evidência da melhoria contínua.

EvidênciaS

Os objectivos e metas devem estar documentados, ser específicos,


mensuráveis quando possível, realistas, definidos no tempo e estabelecidos
para cada função e níveis relevantes da Organização;

Os objectivos e metas devem ser definidos de acordo com a política ambiental,


ter em conta a significância dos aspectos ambientais e os requisitos legais
e outros e considerar as opções operacionais, financeiras, tecnológicas e de
negócio e a opinião das partes interessadas;

Deve ser evidenciado o programa de gestão ambiental, que demonstre


de que modo a Organização vai ao encontro da política e dos objectivos
e metas ambientais, com atribuição de responsabilidades, de meios e de
prazos. O programa pode ser aplicado a actividades, produtos e serviços já
em execução, novos ou alterados;

Dependendo da dimensão e complexidade da Organização, é expectável


que o programa de gestão ambiental seja disponibilizado, mantido e
actualizado que sejam efectuadas revisões e monitorizado regularmente o
seu cumprimento, com uma periodicidade compatível com garantia do seu
cumprimento. Por exemplo: se o plano estabelecer objectivos e/ou metas
anuais, é expectável que a sua monitorização seja plurianual.

Não conformidades mais frequentes

Os objectivos e metas ambientais definidos não incluem aspectos


importantes e relevantes para a melhoria contínua, como o consumo de
água e consumo de energia, existindo na política um compromisso de
racionalização destes recursos.

O programa ambiental não define as responsabilidades para a obtenção


dos objectivos e metas estabelecidos.

A meta estabelecida para a concentração de poluentes atmosféricos COV é


idêntica ao limite legal (50 mg/Nm3), não se constituindo como um objectivo
de melhoria.

O estabelecimento de objectivos e metas não evidencia um compromisso


de melhoria relativamente ao ano anterior. Verificaram-se situações em 49
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

que o objectivo para um ano se traduz num agravamento do desempenho.


São exemplos: o objectivo para redução de ruído, o objectivo para redução
de emissões difusas de partículas e o objectivo de aumentar a taxa de
valorização interna de resíduos. Em nenhuma destas situações o aumento
previsto se encontra justificado com um aumento de produção, alteração
nas instalações, ou outra situação relevante para este tipo de tendência.

4.4 IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

4.4.1 RECURSOS, ATRIBUIÇÕES, RESPONSABILIDADES


E AUTORIDADE
Finalidade

Assegurar a definição de atribuições, responsabilidade e autoridade e que


as mesmas são comunicadas. Assegurar que a Gestão de topo providencia os
recursos necessários para a implementação do sistema e que nomeia um seu
representante.

Interpretação

Um SGA eficaz pressupõe o compromisso e envolvimento de todas as pessoas que


trabalhem para a Organização ou em seu nome. Esse compromisso deve partir da
Gestão ao seu mais alto nível. Em consonância, a Gestão de topo deve estabelecer
a política ambiental da Organização, assegurar que o SGA é implementado e que
todos os intervenientes saibam “quem faz o quê”, “quando” e “como”.
Esta subsecção divide-se nos seguintes pontos:

Nomear um ou mais representantes da Gestão de topo;

Documentar e comunicar a definição de atribuições, responsabilidades


e autoridades;

Garantir a disponibilidade de recursos humanos, tecnológicos, financeiros


e infraestruturas.

O Representante da Gestão é a pessoa (ou pessoas) que não só assegura(m) que o


SGA está estabelecido, implementado e mantido como também reporta(m) o seu
desempenho e recomendações de melhoria à Gestão de topo da Organização.

Quando as funções de Representante da Gestão são partilhadas por um grupo de


pessoas é necessária uma definição clara das responsabilidades de cada um, de
modo a assegurar que todas as funções são cobertas.

A Organização deve definir e documentar as atribuições, as responsabilidades e a


autoridade para as funções dos colaboradores que gerem, executam e verificam
o trabalho associado ao SGA.

As atribuições e responsabilidades devem ser bem definidas, comunicadas


e entendidas por todas as pessoas que trabalhem para a Organização ou em seu
50 nome.
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

As competências podem ser delegadas noutro colaborador, no entanto,


as responsabilidades nunca podem ser delegadas.

A Gestão de topo deve garantir que os seus recursos são adequados e que:

Incluem todos os meios necessários para a implementação, manutenção


e melhoria do SGA;

Permitem que os objectivos e metas ambientais sejam atingidos, de modo


a evidenciar melhorias no seu desempenho ambiental;

São planeados, disponibilizados e revistos periodicamente.

A determinação dos recursos necessários é parte integrante das actividades de


planeamento (ver, a título de ex: 4.3.3) e da revisão pela Gestão (ver 4.6), sendo
a sua disponibilização da responsabilidade da Gestão de topo.

Os referidos recursos podem incluir recursos humanos, competências adequadas,


infra-estruturas, tecnologia ou recursos financeiros e podem estar associados
a projectos de melhoria, às auditorias internas, às acções correctivas, às revisões
do SGA, entre outros.

São exemplos de infra-estruturas organizacionais as seguintes: edifícios, linhas


de comunicação, tanques subterrâneos, sistemas de drenagem, etc.

EvidênciaS

Determinação dos recursos necessários efectivamente incluídos no âmbito


de actividades de planeamento do SGA (4.3), dos seus processos, controlo
operacional (4.4.6), preparação e capacidade de resposta a emergências
(4.4.7) e nas actividades de verificação (4.5) e que os recursos foram
disponibilizados de uma forma fundamentada, por exemplo: através de
planos, orçamentos, etc;

A Organização deve evidenciar que as atribuições, responsabilidades e a


autoridade estão definidas e documentadas, por exemplo: um organigrama
hierárquico e funcional complementado com a descrição de funções/
responsabilidades e que estas foram comunicadas dentro da Organização,
incluindo a nomeação do representante da Gestão.

Não conformidades mais frequentes

Nota:
Não conformidades, associadas à determinação e disponibilização dos recursos
necessários ao SGA, encontram-se, frequentemente, indexadas às subsecções
4.3, 4.4.2, 4.4.6, 4.4.7 e 4.5, onde é requerida a identificação ou disponibilização
dos mesmos, estando associadas à falta de evidência dos aspectos anteriormente
indicados, nomeadamente as actividades de planeamento e realização destes.

Não foram formalmente atribuídas e comunicadas as responsabilidades


e autoridade aos colaboradores envolvidos no SGA. 51
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

4.4.2 COMPETÊNCIA, FORMAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO


Finalidade

Garantir a competência e sensibilizar todos os que executam tarefas na


Organização ou em seu nome, que possa(m) causar impacte(s) ambiental(ais)
significativo(s) para o SGA.

Interpretação

A Organização deve:

Garantir a competência de todos os seus colaboradores e qualquer pessoa


que execute tarefas para a Organização (incluindo actividades temporárias
subcontratadas exercidas dentro da Organização, como por exemplo:
obras/construção, manutenção ou outros serviços como limpeza, serviços
médicos, restauração, etc.), ou em seu nome (serviços subcontratados,
como por exemplo: o transporte dos produtos da Organização ao cliente,
quando este é da responsabilidade da mesma, as actividades efectuadas
pelos subempreiteiros no caso da construção, etc.), que possam causar
impactes ambientais significativos identificados pela Organização;

Identificar as necessidades de formação com base nas competências


necessárias, em relação aos aspectos ambientais significativos e para
cumprimento da sua política e objectivos ambientais;

Consciencializar as pessoas que trabalhem para a Organização, ou


em seu nome, para as questões ambientais, relacionadas com as suas
actividades/tarefas.

Essa competência deve ser baseada numa adequada escolaridade, formação,


experiência ou saber fazer, devendo a Organização manter os registos
associados.

A identificação das necessidades de formação pode fazer-se pela adopção de


diferentes metodologias. Regra geral, uma vez determinadas as competências
necessárias em termos de escolaridade, formação e experiência, para as diferentes
funções que tenham potencial de causar impacte ambiental, a identificação
das necessidades é o resultado da comparação das competências das pessoas
designadas para as funções e o perfil de competência estabelecido.

A título de ex: a identificação de uma formação específica para um grupo de


operadores pelo seu superior hierárquico, deve estar devidamente fundamentada,
por exemplo: em problemas existentes na área (tais como, número de vezes que
valores limites de emissão são ultrapassados), na introdução de novas tecnologias
(por exemplo: electrofiltros), na introdução de novos métodos de trabalho (por
exemplo: novo equipamento), na introdução de novos procedimentos/alteração
aos existentes (por exemplo: aquando da implementação do sistema), na alteração
ou implantação de uma linha de produção, no estabelecimento/alteração de
circuitos documentais, na informatização de alguma actividade, entre outros.
52
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Caso as actividades com impacte ambiental significativo sejam desenvolvidas


por colaboradores subcontratados, o levantamento de necessidades deve ser
igualmente assegurado.

Para o levantamento de necessidades de formação podem ser consideradas,


para além do conhecimento directo das mesmas, outras fontes de informação,
tais como:

Constatações de auditorias realizadas;

Não conformidades detectadas;

Ocorrência de acidentes ou situações de emergência;

Acções correctivas desencadeadas;

Reclamações;

Análises efectuadas aquando da revisão do SGA.

Outras situações que podem igualmente ser consideradas são:

Novos métodos de trabalho;

Realocação de pessoas (transferências internas) a novas actividades/


tarefas;

Admissão de novos colaboradores, a título permanente ou temporário;

A obrigatoriedade de cumprimento de requisitos específicos, sejam eles


internos, contratuais, regulamentares ou legais.

Após a identificação das necessidades de formação, a Organização deve


providenciar a formação ou outras acções que sejam adequadas à satisfação
das necessidades detectadas. É prática corrente as organizações recorrerem à
elaboração de planos de formação, que asseguram uma boa gestão, permitindo
identificar recursos, calendarizar e acompanhar o cumprimento da realização das
acções identificadas. Não é expectável que este plano de formação seja elaborado
apenas a partir dos catálogos comerciais disponíveis, sem uma adequada
identificação das necessidades nos termos já referidos. É conveniente que cada
acção de formação planeada inclua os objectivos que pretende atingir. Quer a
Organização recorra a competências externas ou internas para a administração
da formação, deve assegurar que as competências, bem como os conteúdos são
adequados para suprir as necessidades identificadas.

É aconselhável a revisão periódica do plano, caso exista, na sequência de


alterações, nomeadamente para incluir as acções não previstas aquando da
elaboração do plano inicial ou para replanear acções.

Caso a Organização não considere necessário recorrer à elaboração do plano,


deve ser capaz de demonstrar o modo como assegurou a realização das acções
de formação que considerou necessárias.

Deve manter registos da formação que demonstrem:


53
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

A identificação das necessidades;

As acções empreendidas, incluindo conteúdos de formação que demonstrem


que vão ao encontro das necessidades identificadas;

Quem participou nas acções de formação.

A Organização deve estabelecer procedimentos para a consciencialização dos


elementos da Organização ou outros que trabalhem em seu nome para:

A política ambiental;

Os requisitos do SGA;

Os impactes ambientais significativos e os relacionados (reais ou potenciais)


com as actividades;

Os seus papéis e responsabilidades nas situações de resposta a emergências;

As consequências de não respeitarem os procedimentos operacionais


estabelecidos.

A norma não requer a existência de registos que demonstrem a sensibilização,


embora os mesmos possam ser uma boa prática de gestão, permitindo saber,
em qualquer momento, se as pessoas foram ou não sensibilizadas e quando.
Contudo, a sensibilização pode também ser uma actividade corrente, assegurada
no dia a dia das actividades, sem que exista um momento formal para a mesma.

EvidênciaS

Devem ser mantidos registos apropriados (4.5.4) das actividades afectas à


formação, por exemplo: identificação das necessidades de formação, plano
de formação, sumários das acções de formação, conteúdos das acções de
formação, lista de presenças, certificados de participação, entre outros;

A sensibilização é normalmente avaliada por entrevista aos colaboradores


e observação de práticas.

Não conformidades mais frequentes

Não foram evidenciados registos da competência das pessoas que executam


tarefas em nome da Organização e que têm potencial para causar
impactes significativos, tais como pessoal da limpeza e de manutenção de
equipamentos, tendo a Organização considerado que as suas actividades
não têm impacte significativo. A EA constatou que o contentor Municipal
tinha embalagens de plástico e alumínio provenientes dos ecopontos da
Organização. No contentor de plásticos para reciclar das oficinas havia
embalagens com óleos e trapos contaminados.

Foram efectuadas alterações na Organização e nas instalações sem que o


seu planeamento contemple a identificação de necessidades de formação
dos intervenientes, cuja actividade possa causar impactes ambientais
significativos.
54
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Não é assegurada a sensibilização eficaz de todos os colaboradores. Em


entrevista a diversos colaboradores da área de produção foi observado o
desconhecimento de aspectos ambientais significativos das suas operações,
tais como os associados à racionalização dos consumos de energia
estabelecidos no programa de gestão ambiental.

A responsabilidade de manutenção é efectuada em outsourcing residente


nas instalações, através de uma empresa contratada para o efeito. Não
foi evidenciada a sensibilização sobre as regras de gestão de resíduos
e produtos químicos.

Nota:
as duas últimas constatações são ainda mais frequentes na admissão de novos
colaboradores.

4.4.3 COMUNICAÇÃO
Finalidade

Garantir que existe um processo de comunicação eficaz entre as diferentes


funções e níveis da Organização e que qualquer comunicação é devidamente
tratada.

Interpretação

Esta subsecção, no que diz respeito aos aspectos ambientais e ao próprio SGA,
inclui dois tipos de comunicação, a interna e a externa.

Uma comunicação interna adequada permite assegurar a implementação eficaz


do SGA, enquanto que uma comunicação externa planeada assegura os meios
de comunicação e os conteúdos mais adequados às necessidades de informação
de cada parte interessada. A comunicação, através das suas diversas formas, deve
traduzir-se, efectivamente, na possibilidade dos colaboradores da Organização
e de outras partes interessadas poderem manifestar as suas preocupações
(incluindo eventuais respostas a reclamações de carácter ambiental).

A comunicação interna, entre os diversos níveis e funções relacionados com o


ambiente, tem como objectivo facilitar o entendimento e a cooperação mútua
de todos os colaboradores envolvidos no desempenho ambiental, para assegurar
a implementação eficaz do SGA.

Deve ser elaborado um procedimento onde sejam estabelecidos os meios de


comunicação interna formais (reuniões internas de grupos de trabalho, ordens
de serviço, memorandos, publicações, etc.) e informais (jornais internos, intranet,
placares informativos, etc.) e respectivos registos.

A comunicação externa deve ser entendida em duas vertentes: através do


tratamento das exigências das partes interessadas externas ou da comunicação
externa voluntária.

55
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

No primeiro caso, deve ser dado especial enfoque:

Às comunicações obrigatórias com os organismos oficiais, nomeadamente,


no que diz respeito a informação do auto controlo dos aspectos ambientais (ex:
registo anual de resíduos industriais e hospitalares, óleos usados, relatórios
da monitorização dos efluentes gasosos, relatórios da monitorização dos
efluentes líquidos conforme respectiva licença de descarga, etc.) bem como
ao planeamento da resposta às emergências e outras questões relevantes.
Em relação às informações periódicas e obrigatórias a fornecer aos
organismos oficiais, é recomendável que esta seja planeada numa tabela, ou
quadro, com indicação da base legal, do conteúdo, forma e periodicidade
da informação, bem como das responsabilidades pela recolha, tratamento,
envio e controlo;

Às formas de tratar os pedidos de informação provenientes das partes


interessadas externas, assegurando a resposta a reclamações de carácter
ambiental e a formalização dos processos adoptados para a sua recepção,
tratamento, resposta e respectivos registos. Em alguns casos, as respostas às
preocupações das partes interessadas podem incluir informação relevante
sobre os aspectos e impactes ambientais associados às operações da
Organização.

Relativamente à comunicação externa voluntária sobre os aspectos ambientais


significativos, esta norma não exige que a Organização a adopte, no entanto,
é necessário que essa decisão esteja documentada. Caso a Organização pretenda
fazê-lo, deve proceder a uma análise dos prós e contras da divulgação e,
posteriormente, estabelecer uma metodologia para tal, formalizando os moldes
em que deve ser realizada. Podem ser usados como veículos para transmitir os
aspectos ambientais significativos ou outros aspectos relevantes do SGA, dando
resposta às preocupações de partes interessadas: jornais internos, relatórios
ambientais, publicações externas (jornais, revistas), Internet e reuniões com a
comunidade, ente outros.

Devem ser mantidos registos/evidências (ver 4.5.4) das comunicações internas


e externas.

EvidênciaS

Devem existir evidências de que os colaboradores são informados sobre os


assuntos referidos. Essa evidência pode assumir a forma de jornais internos,
quadros de informação, mapas, materiais de apresentação, calendários,
actas de reuniões, Intranet, publicações, entre outros meios, ou pode ser
obtida por entrevistas aos colaboradores da Organização;

Devem existir evidências documentadas sobre a decisão da Organização


em comunicar, ou não, para o exterior os seus aspectos ambientais
significativos.

56
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Não conformidades mais frequentes

Não estão assegurados mecanismos de comunicação interna relativos ao SGA


e aspectos ambientais significativos, não tendo sido produzidas evidências
de quaisquer tipos de comunicação.

Não está documentada a decisão da Organização em relação à comunicação


externa sobre os aspectos ambientais significativos, tendo sido verbalmente
referido à EA que a Organização decidiu não comunicar externamente.

4.4.4 DOCUMENTAÇÃO
Finalidade

Para a implementação e funcionamento do SGA a Organização deve documentá-


lo nas suas diversas partes, sempre que necessário e aplicável.

Interpretação

Um SGA pode ser entendido como o conjunto da estrutura organizacional, dos


procedimentos, dos processos e dos recursos necessários para implementar a
gestão ambiental. Assim, a sua documentação deve contemplar todas as funções
e actividades que contribuem para o cumprimento dos requisitos especificados,
ajustando-se à realidade e necessidades da Organização.

A definição da documentação do SGA, deve adequar-se às características de cada


Organização, variando em função de:

Dimensão, tipo, actividades, produtos e/ou serviços da Organização;

Complexidade dos processos e suas interacções;

Recursos humanos (competência dos colaboradores);

Cultura organizacional;

Mercados e clientes;

Fornecedores;

Sensibilidade do meio envolvente.

A documentação do SGA deve ser suficiente para incluir os documentos requeridos


pela norma de referência podendo, no entanto, ser mais abrangente em função
de especificidades da Organização, tais como requisitos legais ou outros que
a Organização subscreva (ex: situações contratuais específicas), dimensão da
Organização, rotatividade de pessoal, etc.

A documentação deve ser estabelecida de uma forma lógica e coerente, sem


omissões nem sobreposições e permitindo a integração de todos os documentos
relevantes do sistema, podendo ser estabelecidas tipologias de documentos,
estrutura documental ou hierarquização sempre que tal contribua para uma
melhor gestão documental.
57
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Embora não seja requerido um manual do SGA nem procedimentos documentados


para a maioria dos requisitos, os mesmos podem ser integrados em estruturas
documentais de outros sistemas de gestão eventualmente implementados na
Organização.

A documentação do SGA deve incluir obrigatoriamente os elementos requeridos


de a) a e) nesta subsecção da norma.

A documentação do SGA, pode também incluir, por exemplo:

Descrição, história, actividades e locais da Organização;

Informação sobre os processos;

Inclusão ou referência a procedimentos do SGA, relacionando-os com os


requisitos de cada uma das funções aplicáveis da norma de referência.

Considera-se que os procedimentos são uma parte relevante do sistema


documental uma vez que constituem a documentação de base para todo o
planeamento, execução e verificação das actividades relevantes para a gestão
ambiental.

Os procedimentos determinam “quem faz o quê”, “quando”, “onde”, “porquê”


e “como”. Pode ser conveniente a descrição do “como” num tipo diferente de
documentos (ex: instrução de trabalho, procedimento operativo) desde que seja
clara a sua ligação com os anteriores. Os procedimentos podem, igualmente,
remeter para documentos de origem externa (ex: normas, especificações de
clientes, legislação) ou interna (ex: impressos).

Estes procedimentos escritos devem estar em actualização permanente,


correspondendo de facto às práticas seguidas na realização das actividades a que
dizem respeito.

O conteúdo, extensão e detalhe dos procedimentos devem ter em atenção:

A complexidade do trabalho (necessidade de pormenorização);

A formação dos utilizadores (qualificação necessária para a realização das


tarefas);

Requisitos legais e outros requisitos aplicáveis.

EvidênciaS

Deve ser possível evidenciar os requisitos obrigatórios da documentação,


nomeadamente, obter orientação sobre onde se encontram informações
mais detalhadas sobre a operação de partes específicas do SGA;

A Organização deve ser capaz de demonstrar o modo como determinou


a documentação necessária para assegurar o planeamento, a operação
e controlo eficazes dos processos relacionados com os aspectos ambientais
significativos.

58
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Não conformidades mais frequentes

Não foi apresentada uma descrição dos principais elementos do sistema


de gestão ambiental e suas interacções e referências a documentos
relacionados.

4.4.5 CONTROLO DOS DOCUMENTOS


Finalidade

Assegurar o controlo da documentação relevante requerida pelo SGA, interna


ou externa à Organização. Garantir que a versão actual e aprovada de todos os
documentos relevantes está disponível, é compreendida e é utilizada no local
e momento em que é necessária.

Interpretação
Nesta secção são definidos os requisitos para assegurar o controlo dos documentos
do SGA. Esta norma requer uma quantidade mínima de documentação, quando
comparada com outras normas de gestão. Tal como referido na secção anterior,
para além dos documentos requeridos pela norma, a Organização deve determinar
quais os documentos que necessita. O Anexo A esclarece que o enfoque da
Organização deve ser a implementação eficaz do SGA e o desempenho ambiental
e não um sistema complexo de controlo de documentos.

Independentemente das necessidades de documentação serem diferentes,


os requisitos para o controlo da documentação são bastante semelhantes aos
encontrados noutros referenciais, como a NP EN ISO 9001:2008, OHSAS 18001:2007
| NP 4397:2008, NP EN ISO 22000:2005, etc.

O procedimento estabelecido deve identificar as responsabilidades pela


aprovação dos documentos, seja aquando da sua elaboração, seja após revisão
e actualização, para garantir que a informação por eles veiculada é adequada.

Os documentos, externos ou internos, sujeitos a controlo devem ser


objectivamente identificados.

Devem ser instituídas práticas e definidas responsabilidades para a aprovação,


revisão, actualização, emissão e distribuição dos documentos, assegurando que
as versões relevantes e actuais dos documentos estão disponíveis nos locais
e para as pessoas que deles necessitam.

A definição 3.4 documento refere que o documento é a informação e o meio de


suporte, sendo que este último pode ser papel, magnético, electrónico ou disco
óptico de computador, fotografia ou amostra de referência, ou uma combinação
destes.

Quando a Organização determina a existência de um documento original


validado em formato papel, deve estar definido onde se encontra o original
de cada documento, a partir do qual são feitas as reproduções (físicas e/ou
electrónicas) necessárias para distribuição. Quando a Organização recorre a
aplicações informáticas para a emissão de documentos válidos, deve ser prevenida
a possibilidade de adulteração dos documentos por pessoas não autorizadas.
59
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

A distribuição dos documentos deve ser controlada, garantindo, sempre que há


uma actualização, que os documentos, internos e externos, são distribuídos às
pessoas e/ou locais determinados. Admitindo-se reproduções não controladas,
situação frequente quando os documentos estão acessíveis electronicamente,
estas devem ser facilmente identificadas como tal.

São aceitáveis alterações manuscritas nos documentos distribuídos, se forem


efectuadas e aprovadas pelas funções autorizadas e cumprirem os circuitos
estabelecidos, assegurando que os originais são prontamente alterados bem
como as outras cópias existentes. Se adoptada, esta prática deve constar do
procedimento.

Embora não seja requerido por esta norma, existem vantagens em documentar
o procedimento associado ao controlo de documentos, assegurando
homogeneidade na sua aplicação. Não é necessário criar um sistema complexo
e que consuma muito tempo para ir ao encontro dos requisitos de controlo
documental listados nas alíneas a) a e) constantes em 4.4.5. As organizações
que integram este sistema com outros já existentes, como por exemplo: a
NP EN ISO 9001:2008, podem adoptar um procedimento comum.

EvidênciaS

Deve ser evidenciada a disponibilização de documentos adequados,


que estejam aprovados e actualizados, nos locais de trabalho;

Os colaboradores devem saber como verificar se têm a versão actualizada


dos documentos.

Não conformidades mais frequentes


A Organização não assegura que apenas são utilizadas versões actuais
dos documentos. A EA verificou a existência de documentos obsoletos em
utilização: a política ambiental afixada nas instalações data de 08-09-2005,
estando em vigor uma edição de 06-01-2006; a versão do procedimento de
controlo operacional utilizado pelo Director da Fábrica data de 16-06-2005,
estando em vigor uma versão de 29-09-2005.

A cópia do documento “ABC” em utilização na área de compras inclui


alterações não autorizadas pelas pessoas designadas para o efeito.
A EA verificou a utilização de fichas técnicas e de segurança de produto dos
fornecedores. Não é assegurado o controlo destes documentos externos,
nomeadamente da sua actualização e distribuição.

Não foi assegurada a manutenção de documentos obsoletos que


evidenciem a melhoria contínua, sobretudo em períodos de tempo mais
alargados (ex: três anos ou mais). Ex: programas ambientais e registos
de monitorização.

Os documentos e os procedimentos não estão disponíveis nos locais onde


são necessários, uma vez que são disponibilizados numa ferramenta
informática e nem todos os colaboradores possuem ou têm acesso
60 a um computador.
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

4.4.6 CONTROLO OPERACIONAL


Finalidade

Para serem concretizados os objectivos e os princípios consagrados na política


do ambiente, os processos, actividades e recursos associados a aspectos
ambientais significativos de uma Organização devem ser identificados
e planeados, assegurando a sua realização em condições devidamente definidas
e controladas.

Interpretação

A Organização necessita de aplicar um controlo operacional para ir de encontro à


sua política ambiental, alcançar os seus objectivos e metas, comprometer-se com
os requisitos legais aplicáveis e gerir os seus aspectos ambientais significativos.

Para assegurar a eficácia e a eficiência do planeamento do controlo operacional,


a Organização deve identificar os controlos necessários, estabelecendo tipos e
níveis de controlo que vão de encontro às suas próprias necessidades. Os controlos
operacionais estabelecidos devem ser mantidos e avaliados periodicamente.

Esta subsecção está directamente relacionada com a identificação dos aspectos


ambientais é com a classificação dos impactes ambientais, já que é necessário
remontar à fonte do impacte para documentar procedimentos necessários
ao seu controlo. A norma NP EN ISO 14001:2004 exige a documentação de
procedimento(s) quando a sua inexistência possa conduzir a desvios que
comprometam a política ambiental, objectivos e metas definidos.

Sempre que exista uma nova actividade, produto ou serviço ou alterações nos
processos, deve ser efectuada nova identificação de aspectos e, caso necessário,
reavaliar os procedimentos de controlo operacional.

Os procedimentos devem definir os recursos humanos e materiais afectos, as


responsabilidades e os critérios de execução e de controlo dessa execução.

A Organização deve seleccionar os seus fornecedores de bens ou serviços


(incluindo actividades temporárias subcontratadas exercidas dentro da
Organização, como por exemplo: obras/construção, manutenção ou outros
serviços como limpeza, serviços médicos, restauração, etc.) e/ou as pessoas que
trabalham em seu nome, com base nas suas capacidades técnicas e organizativas,
para que estes respeitem não só os requisitos definidos pela Organização, mas
também a legislação aplicável.

61
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

ASPECTOS AMBIENTAIS
POLÍTICA AMBIENTAL SIGNIFICATIVOS

CONTROLO OPERACIONAL

REQUISITOS LEGAIS
OBJECTIVOS E METAS
E OUTROS

A Organização deve:

1. Identificar necessidades de controlo operacional para: gerir os aspectos ambientais


significativos, assegurar o cumprimento com os requisitos legais e outros requisitos
aplicáveis, atingir objectivos e metas consistentes com a sua política e programa de
gestão ambiental, incluindo o comprometimento com a prevenção da poluição e
melhoria contínua, e evitar/minimizar riscos ambientais.

Para tal a Organização deve considerar todas as suas actividades:

As que estão relacionadas com as funções de gestão, incluindo compras,


vendas, marketing, investigação & desenvolvimento, projecto;
Aquelas que estão relacionadas com as actividades diárias, como produção,
manutenção, análises laboratoriais, armazenagem;

As que estão relacionadas com processos externos, como o transporte


e distribuição dos seus produtos e serviços.

A Organização deve analisar o modo como os seus subcontratados e fornecedores


podem afectar a sua capacidade de gerir os seus aspectos ambientais, atingir
objectivos e metas e cumprir com os requisitos legais. Consequentemente
deve estabelecer e comunicar os controlos operacionais necessários, tais
como procedimentos escritos, contratos ou acordos com os fornecedores
e subcontratados.

2. Estabelecer controlos operacionais, como procedimentos, instruções de


trabalho, controlos físicos, alocação de recursos humanos competentes ou
combinações destes métodos. A sua escolha depende de vários factores, como
a capacidade e experiência dos colaboradores, a complexidade e significância
ambiental das actividades.

62
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

A forma mais comum de estabelecer controlos operacionais passa por:


I. Escolher um método de controlo;

II. Seleccionar critérios aceitáveis de operação;

III. Estabelecer os mecanismos de controlo necessários, que definam como as


operações são planeadas, executadas e controladas, incluindo métodos de
medição e avaliação para ir de encontro aos critérios de operação definidos
no ponto anterior;

IV. Documentar estes mecanismos, conforme necessário, na forma de instruções,


sinalética, vídeos, fotografias, etc.

Assim que o controlo operacional estiver estabelecido, a Organização deve


monitorizar a contínua aplicação desse controlo, bem como a eficácia do mesmo
e planear e levar a cabo acções correctivas conforme necessárias.

EvidênciaS

Procedimento(s) documentado(s) e registos associados. Os mais frequentes


são: gestão de resíduos, operação da estação de tratamento de águas
residuais, operação dos equipamentos de despoeiramento, operação da
estufa de secagem do produto final, gestão de energia, gestão de água,
manutenção dos equipamentos críticos para o ambiente, aprovisionamento
de produtos e serviços com potenciais impactes ambientais significativos,
controlo do impacte ambiental de novos projectos;

Observação visual do local e entrevista directa aos colaboradores;

Acordos e comunicação entre a Organização, fornecedores e subcontratados


para o cumprimento do disposto nos procedimentos de controlo
operacional.

Não conformidades mais frequentes

Não se encontram definidos controlos operacionais para os aspectos


ambientais significativos X e Y. O relatório de monitorização revela desvios
aos objectivos e metas constantes no Programa de gestão ambiental para
estes aspectos.

Foram observados resíduos de diversas origens espalhados pelo chão, nos


locais não edificados da área fabril, contrariando as regras de gestão de
resíduos estabelecidas pela Organização.

O procedimento de gestão da ETAR documentado não foi adequadamente


implementado e mantido. Este estabelece que, caso o valor de pH do efluente
ultrapasse 8.5, é fechada a comporta de saída e é reforçado manualmente
o sistema de neutralização. Questionado o operador sobre esta situação,
este não evidenciou conhecer o procedimento, nem que acção tomar para
situações de pH acima de 8.5.
63
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Não é assegurada a comunicação eficaz dos procedimentos aplicáveis aos


subcontratados. O pessoal da empresa de limpeza não evidenciou conhecer
as regras ambientais estabelecidas para a gestão dos resíduos, não
efectuando a sua correcta separação. A EA observou trapos contaminados
no contentor municipal.

O controlo operacional estabelecido para as actividades executadas por


prestadores de serviços, tais como limpeza e manutenção preventiva das
instalações, não é monitorizado.

Foi constatada uma diferença entre as quantidades apresentadas no


“Registo de Resíduos Industriais” e nas “Guias de Acompanhamento”
para o resíduo “aparas de matérias plásticas”, código LER 120105, cujos
documentos mencionam 179.7 ton e 122.4 ton respectivamente.

4.4.7 PREPARAÇÃO E RESPOSTA A EMERGÊNCIAS


Finalidade

A Organização deve identificar situações potenciais de acidentes ou emergência,


para prevenir a sua ocorrência e/ou estar preparada para responder a tais
situações.

Interpretação

É responsabilidade da Organização estabelecer, implementar e manter um


ou mais procedimentos de preparação e resposta a emergências detalhando
e considerando, nomeadamente:
O modo de identificação de situações de emergência ou potenciais acidentes
que podem causar impactes ambientais significativos;

As acções de resposta e mitigação em caso de ocorrência das situações


identificadas;

As consequências potenciais decorrentes de situações como condições


de operação anormais, situações de emergência e acidentes.

Caso a Organização opte pela documentação deste(s) procedimento(s), deve


considerar a natureza dos perigos da instalação (naturais, humanos e tecnológicos)
e medidas a tomar para prevenir a ocorrência dos mesmos.

A identificação das situações potenciais de acidente ou emergência deve ocorrer


na fase de levantamento e determinação de aspectos e impactes ambientais
e ser actualizada sempre que ocorra a introdução de um novo produto, actividade
ou serviço, alterações nas instalações ou no processo de fabrico, entre outros.
Devem ser definidos os procedimentos de prevenção dos impactes ambientais
associados, testando-os regularmente para que, caso ocorram os cenários
previstos, seja assegurada a redução/mitigação dos impactes ambientais.

Tendo em conta as linhas de orientação definidas no Anexo A da NP EN ISO 14001:2004,


a Organização deve considerar no(s) procedimento(s) estabelecido(s), questões como:
64
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

A natureza dos perigos com probabilidade de ocorrência nas suas instalações


(ex: líquidos inflamáveis, tanques de armazenagem, gases comprimidos, mau
funcionamento ou avaria de equipamentos de protecção ambiental como
filtros ou ETAR) e acções a executar no caso de ocorrência, por exemplo:
de derrames, emissões acidentais, incêndios, entre outros;

O tipo e escala das situações de emergência e acidentes identificados como


mais prováveis;

A informação de substâncias e preparações perigosas, incluindo o potencial


impacte ambiental de cada uma das matérias;

As metodologias mais apropriadas para responder a um acidente ou


situação de emergência, por exemplo: emissões acidentais para a atmosfera,
descargas de efluentes acidentais para linhas de água ou para o solo e a
previsão dos impactes ambientais específicos nos ecossistemas decorrentes
dessas emissões acidentais;

Os planos de comunicação interna e externa;

As acções necessárias para minimizar os danos ambientais;

As acções de mitigação e resposta a tomar para diferentes tipos de acidentes


e situações de emergência;

A necessidade de um ou mais processos para uma avaliação pós-acidente


com vista ao estabelecimento e implementação das acções correctivas
e preventivas;

O teste periódico dos procedimentos de resposta a emergências;

A competência (decorrente de formações e/ou experiência) dos


colaboradores encarregues da resposta a emergências;

A Organização de emergência e as responsabilidades;

A lista de pessoas-chave e instituições de Protecção Civil, incluindo


contactos detalhados (ex. bombeiros, serviços especializados em contenção
de derrames);

As vias de evacuação e pontos de encontro;

O potencial de ocorrência de acidentes ou situações de emergência numa


instalação próxima (ex. fábricas, estradas, linhas férreas, etc.) e respectiva
possibilidade de assistência mútua;

A necessidade de reposição da situação de normalidade.

A Organização deve considerar as diferentes operações associadas aos


seus aspectos ambientais significativos quando estabelece ou modifica os
seus procedimentos e controlo operacional. Estas operações podem ser,
por exemplo:

65
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

A aquisição, construção ou modificação das suas instalações e respectivas


imediações;

A elaboração de contratos;

Os serviços de apoio ao cliente;

O manuseamento e armazenagem de matéria-prima;

O marketing e a publicidade;

Os processos de produção e a manutenção;

As compras;

A investigação, design e engenharia de desenvolvimento;

A armazenagem dos produtos;

O transporte;

As actividades paralelas à realização do produto ou serviço, como por


exemplo: o fornecimento de água e energia, a reciclagem e a gestão dos
resíduos e das águas residuais.

Periodicamente, mas especialmente após a ocorrência de acidentes ou situações


de emergência ou seus simulacros, os procedimentos devem ser revistos e
alterados se necessário.

EvidênciaS

Plano de Emergência Interno (PEI) ou procedimento de emergência, que


contemple os cenários de carácter ambiental, assim como a actuação nas
diferentes situações;

Planta da rede de águas actualizada, nomeadamente com a localização das


caixas susceptíveis de sofrer contaminação e linhas de água;

Lista de colaboradores chave e de entidades de socorro/protecção civil,


incluindo os respectivos contactos;

Relatórios de exercícios de simulação de cenários de emergência;

Plano de Realização de exercícios de simulação de cenários de emergência;

Bacias de retenção;

Extintores;

Kits de contenção de derrames.

Não conformidades mais frequentes

Não está explícito no Plano de Emergência Interno as medidas de


minimização de impactes ambientais associados aos cenários de emergência
identificados (ex: gestão de resíduos de situações de emergência).

O operador da máquina X, que procede à sua manutenção periódica não


66 evidenciou conhecer o modo de actuação no caso de ocorrência de derrame
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

de óleo e não dispõe dos meios adequados (ex: areia ou serradura) para
agir de acordo com o definido pela Organização.

Alguns extintores disponíveis não se encontram visíveis e de fácil acesso


(um extintor encontra-se atrás da porta, outro inacessível por causa de uma
máquina). Existem extintores e outros equipamentos sem data de revisão
válida.

Verificou-se em vários locais da Organização o desconhecimento ou


conhecimento insuficiente por parte dos colaboradores do Plano de
Emergência Interno.

Após a recepção e análise do relatório de simulacro, não foram lançadas


acções correctivas/preventivas, para mitigar as situações menos positivas
encontradas.

Não foi evidenciada a realização de simulacros para algumas situações de


emergência identificadas, por exemplo: incêndio, derrame de produtos
perigosos utilizados pela Organização.

4.5 VERIFICAÇÃO
4.5.1 MONITORIZAÇÃO E MEDIÇÃO

Finalidade

Assegurar a monitorização e a medição das características principais das


actividades e operações que podem ter um impacte ambiental significativo,
incluindo a calibração ou verificação e a manutenção do equipamento de
monitorização e medição, com vista a acompanhar o desempenho, os controlos
operacionais aplicáveis e a conformidade com os objectivos e as metas ambientais
da Organização.

Interpretação

A monitorização envolve recolha de informação, medidas e observações ao longo


do tempo, servindo inúmeros propósitos num SGA, nomeadamente:

Monitorizar o programa de gestão ambiental, com vista a detectar


progressos nos compromissos estabelecidos na política ambiental;

Desenvolver informação para identificação e quantificação de aspectos


ambientais significativos;

Monitorizar emissões, descargas de efluentes e fluxos de resíduos, em


conformidade com requisitos legais ou outros requisitos que a Organização
subscreva;

Monitorizar consumos de água, energia ou matérias-primas para os quais


foram estabelecidos objectivos e metas;

Monitorizar periodicamente as condições de operação (e de manutenção)


das actividades, produtos e serviços da Organização (por exemplo: através 67
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

de rotinas de verificação periódica no terreno para avaliar o estado de


limpeza de caleiras, da operacionalidade de separadores água – gorduras,
da recolha selectiva de resíduos, da utilização das redes de drenagem
pluviais, etc.);

Monitorizar periodicamente as validades de actualizações/renovações,


a execução de obrigações, a verificação de equipamentos, entre outros;
que têm intervenção ou validade temporal (por exemplo: calibração ou
verificação metrológica de EMM; verificação de extintores, validades de
licenças, de autorizações, de alvarás, de certificados, etc.);

Fornecer dados para suportar e avaliar o controlo operacional, o desempenho


ambiental da Organização e do SGA. Os dados de monitorização e medição
recolhidos podem ser analisados e tipificados, de modo a desencadear
acções correctivas e/ou preventivas.

Para alcançar estes objectivos, a Organização deve planear o que será medido,
onde e quando devem ser efectuadas as medições, que métodos devem ser
utilizados e que EMM são requeridos.

A selecção dos parâmetros a monitorizar e medir deve ser baseada nas


características-chave das actividades, produtos e/ou serviços de modo a fornecerem
a informação necessária para a avaliação da gestão dos aspectos ambientais,
do cumprimento dos objectivos e metas e da melhoria do seu desempenho
ambiental.

As medições e monitorizações devem ser realizadas em condições controladas,


através de processos que assegurem a validade dos resultados obtidos, como
por exemplo: calibração adequada ou verificação dos dispositivos de medição
e monitorização, uso de pessoal qualificado e uso de métodos de controlo de
qualidade adequados, em intervalos especificados, ou antes da sua utilização,
face a padrões de medição rastreáveis, internacionais ou nacionais.

Se não existirem tais padrões, a base utilizada para calibração ou verificação


deve ser registada. Procedimentos escritos que definam os métodos de medição
e monitorização podem fornecer maior consistência nas medições e melhorar
a fiabilidade dos dados obtidos.

Nota:

Existem monitorizações e medições que podem implicar que a calibração dos


equipamentos seja feita através de metodologias acreditadas conforme a norma
ISO 17025, como por exemplo: no cumprimento de legislação associada ao
comércio de licenças de emissão (CELE).

Os resultados da medição e monitorização devem ser analisados e utilizados


para identificar não só os casos de sucesso mas também as áreas que requerem
correcção ou melhoria.

68
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

EvidênciaS

Descrição dos parâmetros a analisar (requisitos legais, acções de controlo


operacional, objectivos e metas), os métodos e os dispositivos de monitorização
e medição a utilizar, a periodicidade das medições, as responsabilidades e
o sistema de registo. Esta evidência pode ser apresentada, por exemplo:
através de um plano de monitorização;

No caso de organizações que recorram a serviços externos de monitorização


e medição dos parâmetros estabelecidos, devem estabelecer procedimentos
que garantam que esses fornecedores evidenciam o cumprimento desta
subsecção;

Os resultados da monitorização (ex. relatórios de caracterização das emissões


gasosas, águas residuais, etc.) devem ser validados após a sua obtenção e
verificada a sua conformidade. Deve ser evidenciado o registo de tomada
de acções, caso se verifique um incumprimento. Esta avaliação pode ser
formalizada, por exemplo: por uma rubrica do responsável pela análise e
respectiva data ou pelo registo de não conformidade e acção correctiva.

Não conformidades mais frequentes

Não foi evidenciado o estado de calibração do EMM utilizados na realização


dos ensaios para a determinação do parâmetro “XYZ”, de acordo com o
estipulado na legislação em vigor.

Não é efectuado o registo da monitorização do consumo de gás, água e


electricidade, na unidade A da Organização, apesar de existirem os respectivos
contadores, não tendo sido, por isso, evidenciado o acompanhamento do
respectivo desempenho no que respeita aos aspectos referidos.

4.5.2 AVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE


Finalidade

Verificar se todos os requisitos legais e outros requisitos aplicáveis estão a ser


cumpridos de forma sistemática, segundo metodologia definida pela própria
Organização.

Interpretação

Uma vez identificados os requisitos legais e outros aplicáveis à Organização


(ver 4.3.2) deve ser avaliado, com uma frequência determinada, se estes estão a
ser cumpridos, podendo ser adoptadas diferentes metodologias.

Referimos nas subsecções 4.3.1 e 4.3.2 a vantagem de cruzar os aspectos


ambientais com os requisitos legais associados. Essa listagem pode ser utilizada
para a avaliação da conformidade.

A Organização pode efectuar esta avaliação através de auditorias de


conformidade, com um auditor com as competências definidas (ver 4.5.5). Neste
caso, será vantajoso o recurso a uma lista de verificação adaptada à realidade da 69
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Organização, que permita uma avaliação de todos os requisitos aplicáveis (ex:


guias de acompanhamento de resíduos; autorizações prévias). A auditoria para
avaliação da conformidade não deve ser realizada por amostragem.

A avaliação da conformidade pode ser complementada com verificações do


cumprimento da monitorização e medição planeadas. Contudo, deve ser tido em
conta que este plano pode ser mais ou menos exaustivo e por isso é fundamental
a consulta do levantamento de requisitos aplicáveis (e a avaliação de outros
planos/registos associados), por exemplo: no que diz respeito às comunicações
obrigatórias, licenças, aspectos construtivos das chaminés, conteúdos dos
relatórios de monitorização, etc. Assim, uma avaliação de conformidade baseada
nestes dois documentos (plano de monitorização e lista de requisitos aplicáveis)
pode ser mais completa.

Existem determinados requisitos que podem carecer de um acompanhamento mais


frequente (consumos mensais de água subterrânea, preenchimento e obtenção
das guias de acompanhamento de resíduos, etc.), e outros que necessitem de ser
acompanhados com uma periodicidade maior (medições pontuais efectuadas às
emissões gasosas, licenças dos transportadores e destinatários de resíduos, etc.),
dependendo dos requisitos em causa e do desempenho passado. Ou seja, devem
ser definidas as periodicidades de avaliação da conformidade necessárias para os
diferentes tipos de requisitos.

A Organização pode utilizar uma mistura destes ou outros mecanismos, desde que
assegure que, com uma periodicidade adequada, é avaliada a conformidade com
todos os requisitos legais e outros aplicáveis, ou seja, que para a periodicidade
definida, a avaliação da conformidade não é feita por amostragem.

É de realçar que os resultados das avaliações de conformidade devem ser


registados, quer a Organização esteja ou não a cumprir. O ideal é que, para
cada requisito legal ou outro requisito que a Organização subscreva, exista
um resultado associado apoiado por registos efectivos. Estes resultados devem
ser apresentados como entrada para a revisão pela Gestão. Adicionalmente,
será também importante analisar a eficácia da metodologia adoptada para a
avaliação da conformidade.

No caso de ser detectado um incumprimento a um requisito legal ou outro


requisito aplicável, devem ser tomadas as medidas previstas pelo SGA (ex:
abertura de uma não conformidade, elaboração de um plano de acções, etc.),
com vista à resolução imediata da situação e consequente estudo da sua origem.
Nestas situações, deve ser analisada a eventual necessidade de comunicação com
as entidades oficiais (ex: uma contaminação para o domínio público hídrico,
deve ser comunicada à Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional
respectiva).

Para a avaliação da conformidade com “os outros requisitos” a Organização


pode optar por estender a metodologia de avaliação de cumprimento legal ou
utilizar uma metodologia distinta.

70
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

EvidênciaS

Devem ser evidenciados registos dos resultados de todas as avaliações de


conformidade efectuadas no(s) formato(s) adoptados pela Organização.
Estes resultados devem ser apresentados segundo a periodicidade definida
pela Organização para todos os requisitos aplicáveis.

Não conformidades mais frequentes

A Organização não evidenciou o registo dos resultados da avaliação


periódica de conformidade com os requisitos legais e outros requisitos
aplicáveis que subscreve.

A metodologia de avaliação da conformidade limita-se a verificar


o cumprimento dos requisitos que impõem valores limites, não incluindo
outros requisitos como as licenças da Organização e dos prestadores
de serviços (transportadores e destinatários de resíduos), comunicações
e registos obrigatórios, etc.

A Organização evidenciou que efectua uma avaliação da conformidade


relativa a requisitos legais, no entanto, esta mesma prática ainda não é
extensiva a outros requisitos que a Organização subscreveu.

4.5.3 NÃO CONFORMIDADES, ACÇÕES CORRECTIVAS


E PREVENTIVAS
Finalidade

Promover a melhoria contínua, assegurando que a Organização identifica as não


conformidades reais e implementa acções correctivas, para evitar a sua recorrência
e que actua preventivamente, aplicando metodologias de identificação de não
conformidades potenciais.

Interpretação

A Organização deve desenvolver metodologias que lhe permitam evoluir


e melhorar o desempenho, em consonância com a sua política ambiental. Para
tal, deve identificar as não conformidades, definir acções correctivas para as
eliminar, assim como, estabelecer acções preventivas para potenciais situações
de não conformidade.
Uma não conformidade pode ser resultado de:

Um incumprimento legal;

Uma falha no controlo operacional;

Uma falha na preparação da resposta a emergências ambientais;

Uma auditoria ao SGA, em que seja identificado, por exemplo: que um


requisito da norma não se encontra implementado ou mantido;

Entre outros.
71
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Em caso de não conformidade é necessário:

Actuar sobre os efeitos produzidos, identificando acções de contenção e/ou


correcção (acção imediata), para minimizar os seus impactes ambientais;

Analisar as causas e estabelecer acções correctivas.

Consideram-se como acções correctivas as tomadas para eliminar as causas de


não conformidades detectadas, evitando a sua recorrência. São consideradas
acções reactivas, embora quando implementadas previnam ou diminuam a
probabilidade de recorrência de situações similares. Esta prevenção não deve ser
confundida com a acção preventiva. Por outro lado, as acções correctivas não
podem ser confundidas com a simples contenção e/ou correcção (acção imediata)
de uma não conformidade específica.

O processo de desencadeamento de acções correctivas compreende, normalmente,


as seguintes etapas:

Investigar e identificar as causas raiz dos problemas ocorridos;

Definir acções correctivas adequadas à natureza e consequências dos


problemas ocorridos e planear a implementação das mesmas (definir
responsáveis, prazos de implementação e recursos necessários);

Controlar a implementação das acções definidas, registando os resultados


das mesmas;

Avaliar os resultados das acções tomadas no sentido de determinar se estas


foram eficazes, ou seja se previnem novas ocorrências da não conformidade
detectada.

As acções preventivas devem ser tomadas, tendo em conta as previsíveis


consequências potenciais das não conformidades. São consideradas acções pró
activas.

O processo de desencadeamento de acções preventivas compreende,


normalmente, as seguintes etapas:

Recolha e tratamento de informação que permita identificar potenciais não


conformidades, as respectivas causas e a sua probabilidade de ocorrência;

Avaliação dos possíveis efeitos e consequências negativas, resultantes de


tais não conformidades;

Decidir sobre a necessidade de acções preventivas;

Definir acções adequadas à natureza e consequências dos problemas


identificados e planear a implementação das mesmas (definir responsáveis,
prazos de implementação e recursos necessários);

Controlar a implementação das acções definidas, registando os resultados


das mesmas;

Avaliar os resultados das acções tomadas no sentido de determinar se estas


72 foram eficazes.
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

O tipo e a profundidade das acções tomadas devem eliminar ou reduzir o risco a


valores aceitáveis, devendo ser adequadas aos riscos em causa. Nestas condições,
é uma boa prática a determinação dos aspectos ambientais significativos antes
da implementação da acção.

A experiência da APCER demonstra que existem muitos desvios e relutância na


aplicação de metodologias de acções correctivas ou preventivas eficazes, podendo
ser muitas as causas. O conhecimento e envolvimento de todos os colaboradores
para a necessidade de adoptar metodologias adequadas de tratamento dos
desvios, “aprendendo e melhorando com os erros” (acções correctivas) e pensando
proactivamente (acções preventivas) deve exigir um esforço da Organização pelo
seu potencial de melhoria do desempenho.

AVALIAÇÃO DA PARTES
AUDITORIAS MONITORIZAÇÃO COLABORADORES OUTRAS FONTES
CONFORMIDADE INTERESSADAS

PROCESSOS DE ACÇÕES
CORRECTIVAS E PREVENTIVAS

REVISÃO PELA GESTÃO

A descentralização das actividades de desencadeamento, realização, controlo


e revisão das acções correctivas pode assumir particular importância em
organizações de grande dimensão ou com múltiplos locais de actividade.

A Organização deve providenciar o controlo do estado da não conformidade,


por exemplo: em análise, em implementação, fechada. Este controlo deve
contemplar, não apenas a implementação mas também os métodos para avaliar
se as mesmas foram, ou não, eficazes.

Os resultados e o estado das acções desencadeadas devem ser registados e levados


ao conhecimento da Gestão de topo para efeitos de revisão ao SGA.

EvidênciaS

Procedimento que inclua a metodologia para o tratamento de não


conformidades e a identificação, implementação, controlo e revisão da
eficácia das acções correctivas e preventivas;

Registos do tratamento de acções correctivas e preventivas, em particular,


dos resultados das acções empreendidas e outros eventualmente relevantes
para demonstrar a conformidade da prática com os requisitos normativos.

73
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Não conformidades mais frequentes

O derrame constatado há um mês no exterior das instalações e com origem


na cozinha da tinturaria, atingiu as águas pluviais, não tendo sido tratado
como uma não conformidade.

Na sequência da informação disponibilizada para a Revisão do SGA,


não foram evidenciadas acções preventivas, existindo evidências face às
tendências apresentadas, de que estas são necessárias ou que poderiam
ter sido tomadas atempadamente. Ex: a evolução do objectivo “redução
do consumo de água” apresenta um aumento tendencial identificado
nas análises trimestrais. Não foram tomadas quaisquer acções de modo a
contrariar esta tendência, tendo sido o resultado anual de um aumento de
1%, quando a meta se referia a uma redução de 2%.

Na monitorização trimestral dos efluentes industriais/domésticos com


destino à ETAR Municipal, a Organização identificou uma não conformidade
por incumprimento do valor máximo admissível para os sólidos suspensos
totais (SST). Como acção correctiva, a Organização construiu uma câmara
de decantação de sólidos suspensos. Verificou-se em monitorizações
posteriores que a concentração de SST satisfazia os valores do regulamento
Municipal e o tratamento da não conformidade foi dado como concluído.
Todavia, a EA observou nos terrenos adjacentes à câmara de decantação
uma infiltração de efluente industrial/doméstico, referindo a Organização
insuficiência de capacidade da câmara de decantação. Deste modo, verifica-
se que foi desencadeada uma acção correctiva decorrente da monitorização
dos efluentes, contudo a sua eficácia não foi plenamente avaliada.
As acções correctivas desencadeadas na sequência de auditorias internas
não se encontram implementadas. Ex: AC nº 10 com implementação prevista
para Setembro de 2005, tendo-se já passado três meses desta data.

4.5.4 CONTROLO DOS REGISTOS


Finalidade

Garantir que os registos associados a um SGA proporcionem informação


adequada à gestão e evidenciem a conformidade com os requisitos e a operação
eficaz do SGA.

Interpretação
A norma requer formalmente a existência dos seguintes registos, devendo a
Organização identificar, para além destes, quais os que necessita de estabelecer
no âmbito de um SGA eficaz:

74
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Requisito Registo exigido

Registos associados à escolaridade, formação ou experiência das


pessoas que executam tarefas para a Organização ou em seu nome,
que possam causar impactes ambientais significativos identificados
4.4.2
pela Organização

Registos associados à formação ou outra acção desenvolvida para


dar resposta às necessidades de formação

Resultados de calibração e/ou verificação do equipamento de


monitorização e medição
4.5.1
Resultados de manutenção do equipamento de monitorização
e medição

Resultados das avaliações periódicas da conformidade com os


4.5.2.1
requisitos legais aplicáveis

Resultados das avaliações periódicas da conformidade com outros


4.5.2.2
requisitos que a Organização subscreva

Resultados de acções correctivas e de acções preventivas


4.5.3 d)
implementadas

Responsabilidades, requisitos para o planeamento, realização das


4.5.5
auditorias e de relato dos resultados das auditorias internas

4.6 Revisões pela Gestão

Um controlo apropriado significa o estabelecimento de critérios


e responsabilidades para:

Armazenamento: local, suporte e condições;

Protecção: cuidados a ter para garantir a integridade;

Retenção: tempos de retenção por registo, em função da legislação aplicável,


condições contratuais, rastreabilidade definida e tempo necessário para
avaliar evoluções de desempenho;

Eliminação: forma de eliminação em função do grau de confidencialidade


associado a cada registo.

A norma NP EN ISO 14001:2004 não requer que a Organização disponha de um


procedimento documentado para controlo dos registos, podendo o mesmo ser
criado, caso necessário.

EvidênciaS

A Organização deve, através da manutenção de registos apropriados


demonstrar que os mesmos são controlados;

75
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Os registos específicos necessários a cada Organização são diferentes


tanto em número, como em conteúdo, dependendo da sua dimensão
e complexidade. Pode ser necessário que a Organização mantenha outros
registos para demonstrar conformidade com a norma, mesmo se aqueles
não estiverem especificamente mencionados na NP EN ISO 14001:2004.
Exemplos incluem registos de controlo operacional e de preparação
e resposta a emergências.

Não conformidades mais frequentes

A Organização não dispõe de todos os registos formalmente requeridos


pela norma NP EN ISO 14001:2004, nem dos definidos pela própria
Organização, no âmbito do SGA. Ex: não foram evidenciados os registos da
acção de formação “Separação de resíduos” de Novembro de 2005; não foi
evidenciado o planeamento das auditorias internas referente a 2005.

Os registos do SGA não se encontram adequadamente controlados.


Evidência: duas acções correctivas desencadeadas durante o ano de 2005, não
numeradas e sem data de emissão; registos de monitorização dos efluentes
efectuados em impressos com conteúdos diferentes dos estipulados no
impresso definido no SGA.
Nota:

Não conformidades associadas ao controlo dos registos podem ser indexadas às


restantes subsecções da norma, em particular quando se constata a inexistência
de registos que evidenciem o necessário planeamento, execução, controlo
e eficácia das actividades e/ou processos associados e a conformidade com os
requisitos envolvidos.

4.5.5 AUDITORIA INTERNA


Finalidade

Assegurar a realização de auditorias internas para avaliar a conformidade do SGA


com os requisitos estabelecidos, particularmente, com a norma de referência e
legislação aplicável, por pessoal competente, utilizando metodologias claramente
definidas, que se constituam como uma efectiva ferramenta de melhoria e
suporte à gestão da Organização.

Interpretação

As auditorias internas são um elemento chave no ciclo PDCA do SGA. Assim,


devem ser objectivas e realizadas por pessoal diferente daquele que realiza o
trabalho a ser auditado.

A Organização deve definir as competências necessárias para a qualificação dos


auditores, tendo em consideração a independência, imparcialidade, objectividade
e formação. São necessários conhecimentos de diversas áreas, definidas caso a
caso, tendo em conta a dimensão da Organização, sector de actividade, impactes
ambientais das actividades, produtos e/ou serviços, entre outros.
76
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

É importante que a formação de auditores inclua técnicas/metodologias de


auditoria e conceitos de gestão ambiental. Em determinadas situações, pode
ser essencial, para uma correcta avaliação do SGA, que as competências para
qualificação de auditores incluam conhecimentos da legislação em vigor aplicável
e das operações desenvolvidas na Organização. A formação dos auditores
deve ser tanto inicial, aquando da qualificação dos mesmos, como contínua,
acompanhando as evoluções da Organização, legislação e revisões normativas,
entre outras.

As auditorias internas podem ser realizadas por auditores externos à Organização.


Caso seja esta a escolha da Organização, deve ser assegurado o cumprimento dos
procedimentos, critérios e requisitos associados, por exemplo: à competência, às
actividades de planeamento e à realização, bem como ao registo de resultados e
acções de seguimento, tal como estabelecidos pela Organização.

Em algumas situações, pode ser necessário subcontratar todo ou parte do


processo de auditoria interna se, por exemplo: não existirem recursos apropriados
na Organização. Este facto pode, ainda, ser especialmente útil, por exemplo:
na auditoria à Gestão de topo ou à própria função de gestão do ambiente, em
organizações cuja dimensão não permite assegurar independência dos auditores.
Contudo, pelo papel chave que as auditorias internas têm na verificação e na
identificação de oportunidades de melhoria do sistema, é desejável que se criem
as competências internas, quer em termos de formação, quer em termos de
experiência (que apenas se adquire através realização de auditorias).

As auditorias devem verificar o cumprimento dos requisitos aplicáveis e dos


procedimentos, bem como a eficácia dos processos em atingir os objectivos.
Também permitem a identificação de oportunidades de melhoria e, como tal,
são um elemento essencial para o cumprimento deste objectivo.

Relativamente às auditorias internas, devem ser definidos:

Os critérios da auditoria, isto é, quais as referências utilizadas para a realização


da auditoria, em relação às quais as evidências vão ser comparadas;

O âmbito da auditoria, que descreva a extensão e limites da auditoria, por


exemplo: quais os locais e actividades a auditar;

A frequência das auditorias, devendo ser definido um ciclo de auditorias;

E as metodologias de auditoria.

A NP EN ISO 19011:2003 proporciona orientações relevantes para a realização


de auditorias a sistemas de gestão ambiental. É recomendável para organizações
que pretendam implementar processos de auditoria eficazes e impulsionadores
da melhoria do desempenho.

O programa de auditorias deve ter em conta a importância ambiental das


actividades, bem como os resultados das auditorias anteriores. É expectável
que a frequência e amostragem das auditorias a actividades com maior impacte
ambiental e/ou maior incidência de não conformidades seja superior à frequência
relativa a actividades com um bom desempenho. Os processos e/ou actividades 77
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

subcontratados com influência no SGA devem ser incluídos no programa de


auditorias internas.

As auditorias ambientais internas podem abranger a totalidade do SGA ou parte


deste. No caso da Organização apenas prever auditorias ambientais internas
parciais, o seu conjunto deve permitir, num período de tempo adequado, avaliar
a totalidade do SGA.

A NP EN ISO 14001:2004 não define a frequência das auditorias internas, contudo


a APCER considera como boa prática que, no mínimo, no período de um ano a
totalidade do sistema seja avaliada.

As equipas auditoras podem utilizar listas de verificação/comprovação que


permitam a sistematização e uniformização dos critérios e da abrangência.
As listas de verificação/comprovação devem ser elaboradas tendo por base os
processos, a significância dos aspectos ambientais inerentes aos mesmos e a
documentação de suporte ao SGA, i.e., devem ser compatíveis com o SGA de
cada Organização e com os seus requisitos.

Ao nível dos registos de execução da auditoria deve ser considerada a formalização


de informações relevantes, atendendo ao conteúdo dos procedimentos existentes
e registos de programação e planeamento de auditorias internas tais como,
o âmbito da auditoria, referenciais, objectivos e alcance da auditoria interna,
constituição da equipa auditora (e quem auditou o quê, em especial quando se
coloquem questões de independência e imparcialidade) e duração da auditoria.
Os registos devem incluir, para além de eventuais constatações de não
conformidade, as conclusões da auditoria e/ou constatações de conformidade
que permitam a determinação da conformidade do sistema com os requisitos da
norma de referência e com os requisitos do sistema de gestão estabelecidos pela
Organização, e suportem a análise da sua implementação e adequação (ex. nas
actividades de revisão do sistema).

Os resultados das auditorias ambientais devem ser levados ao conhecimento da


Gestão de topo e dos responsáveis das áreas auditadas.

Um indicador possível da eficácia das auditorias internas é a comparação dos


resultados obtidos recentemente com os da auditoria de segunda ou terceira
parte, sendo expectável que a auditoria interna consiga detectar mais desvios,
ou situações mais relevantes.
A identificação de causas de eventuais não conformidades constatadas, a
implementação, o fecho e revisão das acções correctivas (ver definição 3.8.7 da
NP EN ISO 9000:2005), decorrentes das auditorias ambientais, devem ser
efectuadas de acordo com um circuito de responsabilidades e os procedimentos
definidos (ver 4.5.3). Os resultados das auditorias internas constituem, igualmente,
informação para efeitos da revisão do sistema pela Gestão (ver 4.6).

As auditorias enquadradas em processos de certificação, sejam elas visitas prévias


ou outras, também denominadas por auditorias de terceira parte, não podem ser
consideradas para evidenciar o cumprimento de requisitos associados a auditorias
internas.
78
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Verifica-se com alguma frequência que a realização de auditorias é encarada


mais como o cumprimento do requisito da norma do que um processo de valor
acrescentado. Assim, embora se cumpram os requisitos normativos, os resultados
da auditoria não alcançam plenamente os seus objectivos, quer de verificação da
conformidade, quer de identificação de oportunidades de melhoria. Esta situação
pode ocorrer em diferentes tipos de organizações e em diferentes estados
de maturidade do sistema. É, nestes casos, recomendável que a Organização,
ao nível do responsável pelo SGA ou aquando da revisão pela Gestão, avalie
criticamente os resultados das suas auditorias internas e promova uma cultura de
avaliação e melhoria.

EvidênciaS

A Organização deve, através da manutenção de registos apropriados


demonstrar que as responsabilidades e metodologias para realizar auditorias
internas são adequadas;

Registos associados às responsabilidades, requisitos para o planeamento,


realização das auditorias e relato de resultados das auditorias internas;

Evidência de que o planeamento das auditorias tem em consideração os


processos/áreas/actividades com maior impacte ambiental e/ou maior
incidência de não conformidades em auditorias anteriores.

Não conformidades mais frequentes

O procedimento definido para a realização das auditorias internas não


contempla as competências dos auditores para a área ambiental.

Os auditores internos não possuem as competências definidas em


procedimento pela Organização: formação na norma de referência
e conhecimento do processo produtivo.

O âmbito do conjunto das diferentes auditorias internas realizadas durante


o ciclo de auditorias definido não contempla todo o SGA.

A frequência das auditorias não tem em consideração a importância


(relevância ambiental relacionada com os aspectos ambientais significativos
identificados) e a situação actual da área/processo auditado.

4.6 REVISÃO PELA GESTÃO


Finalidade

Garantir a análise crítica ao mais alto nível, global e integrada, do desempenho,


adequabilidade, eficácia e melhoria do SGA.

79
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

Interpretação

Para gerir eficazmente o SGA e melhorar o desempenho ambiental, a Gestão


deve, numa base regular, monitorizar e analisar as questões ambientais.
As decisões estratégicas devem ser tomadas, implementadas e acompanhadas.

A revisão pela Gestão deve ter um âmbito suficientemente alargado para avaliar
a melhoria e a adequabilidade do SGA no cumprimento da política, dos objectivos
e dos requisitos da norma.

A Gestão de topo deve conduzir revisões pela Gestão em intervalos definidos.


Todos os itens do parágrafo 4.6 (a) – (h) devem ser analisados durante o ciclo das
revisões pela Gestão. Para algumas organizações, as revisões pela Gestão e as
reuniões da Gestão de topo regulares são idênticas em natureza.
A NP EN ISO 14001:2004 não define a frequência das revisões pela Gestão, sendo
essa definição da responsabilidade da Gestão de topo. As revisões pela Gestão
devem ter uma frequência adequada para assegurar uma monitorização eficaz e o
desencadeamento de acções apropriadas onde necessário, para corrigir quaisquer
potenciais problemas. Dificilmente, revisões com periodicidade superior a um
ano cumprem este objectivo, mas por outro lado, é pouco provável que reuniões
de rotina, semanais ou mensais, tenham a profundidade necessária.

Os factores que podem afectar a frequência das revisões pela Gestão incluem:

Maturidade do SGA;

Problemas encontrados em revisões anteriores (ver 4.6 a) – h));

Outras questões relevantes para o desempenho do SGA (ex: novos requisitos


legais ou de partes interessadas).

A informação de entrada para a revisão pela Gestão deve ser planeada de modo
a permitir uma visão alargada e abrangente do SGA, do desempenho ambiental
e dos resultados alcançados.

Ressalva-se que as recomendações de melhoria, as alterações que possam afectar


o SGA e o seguimento de acções resultantes de anteriores revisões pela Gestão,
devem ser motivo de análise no decurso da revisão pela Gestão.

As saídas da revisão pela Gestão constituem, em geral, entradas de outros


processos do SGA (por exemplo: os associados a melhoria, controlo operacional,
competência, formação e sensibilização, estabelecimento de políticas e objectivos,
entre outros). Muitos destes instrumentos de gestão normalizada assentam no
conhecimento de quais são, à data da revisão do SGA, os aspectos ambientais
significativos, pelo que é de toda a conveniência que esta informação constitua
uma das entradas do processo de revisão.

Os requisitos normativos enfatizam algumas situações mais relevantes que devem


ser motivo de decisão e, eventualmente, de acções associadas. A saber:

Melhoria da eficácia do SGA e do desempenho ambiental;

Alterações da política ambiental, dos objectivos e metas.


80
03
GUIA INTERPRETATIVO

INTRODUÇÃO | OBJECTIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO | REFERÊNCIAS NORMATIVAS | TERMOS E DEFINIÇÕES


| REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Outros exemplos de saídas da revisão pela Gestão podem ser apresentados, ainda
que, na essência, estejam incluídos nos anteriores:

Necessidades de recursos;

Elaboração e/ou revisão de documentos de suporte ao SGA (Revisão do(s)


programa(s) de gestão ambiental);

Entre outros.

Esta revisão deve permitir verificar se a política ambiental se mantém


adequada, se os objectivos e metas ambientais foram atingidos e avaliar o
grau de desempenho ambiental. Deve ainda permitir verificar a necessidade
de se estabelecerem novos objectivos e metas. No caso de se verificar o não
cumprimento dos objectivos e metas devem ser definidos novos meios técnicos,
humanos e financeiros para os atingir.

EvidênciaS

A Organização deve, através da manutenção dos registos adequados,


demonstrar que planeou as revisões pela Gestão em intervalos definidos,
e que estes são suficientes para assegurar o enquadramento, adequação
e eficácia contínuos do SGA;

A Organização deve evidenciar as acções, tanto planeadas como concluídas,


relacionadas com a melhoria contínua da eficácia do SGA e desempenho
ambiental;

Os registos da revisão pela Gestão devem contemplar, inequivocamente,


quais as decisões tomadas e eventuais acções desencadeadas.

Não conformidades mais frequentes

Não foi realizada uma revisão pela Gestão no último ano, tal como
estipulado pela Organização no procedimento XPTO de 10-02-2005.

A Organização não definiu a periodicidade de revisão do SGA pela Gestão


de Topo.

A revisão pela Gestão realizada não incluiu todas as entradas (ex: avaliação
de conformidade com os requisitos legais e outros, comunicação de partes
interessadas externas) nem todas as saídas (ex: alterações de objectivos
e metas) definidas pela norma de referência.

O documento que resulta da revisão não contempla a tomada de decisões


nem as respectivas responsabilidades.

81
Guia Interpretativo NP EN ISO 14001:2004

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