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conturbado na história grega antiga, pois ao mesmo tempo em que a polis passava por
batalhas destruíram a maioria das poleis, trazendo a derrota à Atenas e a vitória à liga
produziam suas obras que seriam representadas durante as festas públicas dedicadas
aos deuses, sendo que o teatro fazia parte da vida religiosa ateniense, pertencendo ao
selecionavam nos mitos os temas que seriam representados nos palcos. Segundo
Jean Pierre Vernant (1999; p.1), as obras trágicas podem ser consideradas um gênero
mundos: o dos valores antigos que estão presentes no imaginário e dos novos valores
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Orientada pela Professora Drª. Ana Tereza Gonçalves Marques.
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ligado, ao pensamento sócial próprio da cidade, que serão desenvolvidos em cada
surgimento da tragédia, que apresentará o mito através das perspectivas dos cidadãos
da polis.
Acreditamos, assim, que as obras trágicas, como produções humanas que são,
apresentam em seu conteúdo elementos que remetem às imagens que fazem parte
das estruturas do imaginário do meio social dos indivíduos que as compõem. A partir
clássico ateniense.
novas questões que serão colocadas em seu contexto, que modificará em partes sua
política da pólis, no qual em 443 a.C., assumiu a posição de tesoureiro durante uma
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reorganização dos distritos de tributação. Durante a guerra de Samos (441- 439 a.C.),
juntamente com Péricles assumiu o cargo de estratego, e mais tarde tomou posse do
mesmo cargo no ano de 428 a.C. Essa ligação a vida política de Atenas permitiu ao
de bom ateniense reunidas. Acredita-se que no outono de 406 a.C. morreu Sófocles
intelectual, que apresenta suas raízes, a partir da segunda metade do século V a.C. O
primeiro que inicia a divulgação das idéias do grupo é Protágoras, o qual anuncia a
célebre frase: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são enquanto são,
das que não são enquanto não são” (PROTÁGORAS, apud: LESKY , 1990, p.161).
tragediógrafo, pois vemos uma ligação ainda muito forte com a tradição em sua
Vale destacar que esta não é entendida como um todo. Consequentemente em cada
polis havia formas diferenciadas, e mesmo dentro de uma cidade Estado poderiam
haver diversificações de culto. Essa vinculação pode ser percebida não só nas
para a análise dos heróis dentro do imaginário helênico, para então visualizarmos
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Os heróis eram seres intermediários entre os deuses e os homens. Devido a
grande tarefa do herói seria a busca pela imortalidade. Esta era destinada a poucos
alcançada pela realização dos doze trabalhos, pelos quais consegue o favor de Hera.
Antes a deusa que havia levado as peripécias de sua vida terrena, que ao final de sua
trajetória o aceita no Olimpo e oferece sua filha Hebe, deusa da juventude, como
esposa para o herói. Aqui podemos visualizar como para os gregos essa idéia da força
Grécia: o primeiro “os homens heróis” que pertencem ao passado, o qual Héracles faz
parte; o segundo era composto pelos heróis que integravam o ciclo troiano. Aqueles
tem no inicio de suas jornadas a busca de um papel social e de uma esposa, o que
coesão social. Há o propósito de manter uma unidade por meio de uma memória
comum ao grupo, que seja capaz de dar continuidade aos princípios de determinada
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infância para a fase adulta. Assim como os jovens que se encontram nessa transição,
também estão os heróis, pois ambos não são reconhecidos em nenhum grupo
caso dos indivíduos, demonstrem que fazem parte do grupo, o que realizam por
podem ser notadas ambigüidades. Uma destas está na questão da integração social.
deixando de pertencer a um grupo familiar restrito. Aqueles que passavam pelo ritual
este agia como um ponto que renovava a unidade e a identidade dos cidadãos.
certo sacramento, para então começar a experiência em si. Era representada um tipo
de “pantomima sagrada” (1948, p.76), que era uma história dos deuses, na qual cada
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que eram submetidos a situações que lhe incitavam o terror. Em seguida, aqueles
eram recebidos por coros que entoavam cânticos sagrados e realizavam danças
seria um tipo de morte ritual, na qual aconteceria uma espécie de jornada ao mundo
dos mortos para depois realizar a subida, que representaria um renascimento, no qual
O culto era um instrumento pelo qual o feito do passado, realizado por seres
o ritual (orgia, drómena, drama), através da ação humana confirmava uma coletividade
acerca de suas falhas (hamartía), tanto comunitárias quanto individuais. É aqui que o
herói trágico atua, pois ele comete a hamartía, e através da expurgação de sua hýbris
oculta. Assim o erro do herói não é uma opção, mas uma necessidade comunitária,
em que este realizará a ação káthartica, que levará o espectador à visualização deste
A obra As Traquínias, foi produzida entre os anos de 420 e 410 a.C., por
Sófocles que optou por relatar os últimos momentos da vida de Héracles. Nesta
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A peça tem início na preocupação de Dejanira com a ausência de seu esposo.
É Hilo, seu filho, quem traz notícias do pai, que teria servido a Ônfale, rainha da Lídia,
e após essa servidão teria partido para a invasão da Eubéia. Um mensageiro traz
notícias do herói, que estaria a retornar ao lar vitorioso. A esposa se sente aliviada,
mas este momento de tranqüilidade é apenas aparente, pois logo depois chega a
mortais.
Dejanira sente compaixão por elas principalmente por Iole, por quem Héracles havia
se interessado. Licas revela para a esposa do herói que este invadiu a região pela
levará à sua ruína, juntamente com a de seu esposo. A solução se baseava em pegar
o sangue do centauro Nesso, do qual ela havia guardado um pouco acreditando que
amor por esta. Apesar das atitudes de Dejanira levarem aos acontecimentos trágicos
da peça, ela não é colocada como a culpada pelas ações, pois esta será apenas um
instrumento para mostrar a inferioridade da vontade humana diante das forças divinas
superiores.
Então Dejanira faz uma túnica para Héracles, na qual coloca o sangue de
Nesso, e manda Licas levar para seu esposo. Logo ela percebe que algo estava
se cala e depois do relato de seu filho, ela se retira do palácio e se mata, tendo a
morte relatada por uma ama ao coro. Esse é o escape mostrado por Sófocles da
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situação trágica, a morte. No caso de Dejanira o suicídio e de Héracles a morte pelo
fogo.
Dejanira, Hilo explica a situação a seu pai, provando a inocência da esposa. Neste
uma pira no monte Eta e coloque-o no fogo, e ainda que seu filho se casasse com a
jovem Iole. Sófocles não relata o que acontece depois da morte do herói, pois os
forma, vemos a inserção dos rituais de purificação no mito, que terá a função de
Os rituais de purificação têm por objetivo impor limites para o indivíduo, pois,
impuro, ele é excluído do convívio no qual se encontrava inserido. Por isso a limpeza
segundo Walter Burket, “é um processo social” (1993, p.166). Segundo este, os rituais
de purificação são introduzidos nos mitos com a função de retirar dos indivíduos as
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Êunomo, filho de Arquíteles, que levou o herói ao exílio em Tráquis), de doença (após
matar Íficles a doença toma conta do herói e este tem que se purificar).
Mas essa purificação do herói não é isolada apenas aos seus últimos
Héracles retirou o veneno em que submergiu suas flechas, o herói obteve as armas
nas últimas tarefas, vemos uma expansão do espaço de atuação do herói, em que
contra a morte, pois este era uma potência infernal, e seu rebanho remeteria às almas
que se encontravam no mundo subterrâneo. Assim, essa luta seria uma preparação
Héracles parte para sua morte simbólica, a qual enfrentaria e da qual sairia ileso.
Sendo que ao final desta viagem o herói alcança uma “sorte de plenitude”, após uma
A promessa de uma vida bem-aventurada para aqueles que são iniciados nos
mistérios pode ser notada quando após a morte do herói ele alcança a apoteosis, que
no caso do semideus é diferida dos mortais que não poderão se transformar em deus.
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infortúnios que o herói precisa passar para finalmente se livrar de sua natureza
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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1985.
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EURÍPIDES, Alceste. Trad: Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.,
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EURÍPIDES, Héracles. Trad: Cristina R. Franciscato. São Paulo: Palas Athena, 2003.
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GAZOLLA, R., Para não Ler Ingenuamente uma Tragédia Grega: Ensaios sobre
MOSSÉ, C., Atenas: A História de uma Democracia. Brasília: Ed. UNB, 1982.
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PEREIRA, I., Dicionário de Grego – Português. Largo das Teresinhas: Apostolado da
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