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[Recensão a] FÉLIX, Minúcio - Octávio

Autor(es): Ramalho, Américo da Costa


Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos
Publicado por: Clássicos
URL URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29484
persistente:
Accessed : 15-Feb-2019 17:58:50

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digitalis.uc.pt
Vol. XXI99**

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA


COIMBRA UNIVERSITY PRESS
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from the forum» (p. 52) — que não traduz necessariamente a única realidade possível—
e «On a Roman holiday there was simply no business — but show business» (p. 53)
que soa a canção de revista.
A vivacidade do A. reflecte-se em observações risonhas: «The departure of
father or wife is always the occasion for a Plautine party» (p. 27); ou espirituosas:
«Their (of the matronaé) every breath is an ill wind on the sea of matrimony» (p. 29).
Entretanto, a informação do livro é mais segura e mais sólida, do que a leveza do
estilo do A. deixa supor. E há páginas bem demonstradas como aquela em que esboça
em traços rápidos o carácter prático e utilitarista do romano da época plautina,
baseando-se em fontes mais ou menos contemporâneas e não apenas no próprio
comediógrafo (p. 54).
Entre as «descobertas» menos convincentes do A. está a do leno como des-
mancha-prazeres (ou agelast na caracterização grega de Segai). Para o A., o pro-
prietário de lupanar é odiado e vilipendiado pela clientela, porque «he makes a business
of pleasure» (p. 80); e Segai põe em relevo, repetidas vezes e de diversas maneiras,
o «anti-holiday sentiment» do leno (p. 81 e outras). Todavia, parece claro que o leno
apenas é «agelast», porque lhe não pagam as meretrices, cujo aluguer ou venda cons-
titui o seu negócio, e porque a boémia acaba por ser, quase sempre, à sua custa e em
seu prejuízo.
Quanto à má vontade contra os que se alheiam do ambiente festivo das cele-
brações públicas (p. 91), há um bom exemplo em Ovídio, Met. IV, 32 e segs.
A tradução de Poenulus, 289, ao fundo da p. 29, é forçada; e também a de
testimonium por «truth» na frase de Cícero, citada na p. 37. Finalmente, na aber-
tura das Rãs de Aristófanes,TOsicodóra, ou «old gags», como lhes chama Erich Segai,
parecem ser sobretudo de carácter vocabular (cf. Elnoi TI rãv êíCOôóTCW...;), isto é,
gracejos de mau gosto como aqueles que Dioniso enumera, a pretexto de não os admi-
tir ao seu interlocutor.
A. C. R.

Minúcio Félix, Octávio. Edições Paulistas, Lisboa, 1961, 197 pp.

Trata-se de uma tradução portuguesa anónima, feita na passada década, do


famoso livro de Minúcio Félix, autor do 2.° para o 3.° século da nossa era. Na Intro-
dução, o editor anónimo deste 12.° volume da «Colecção Patrística», publicada pelas
«Edições Paulistas», faz brevemente a história do texto do Octavius que passou muito
tempo por livro octavus do tratado de Arnóbio, Adversus Nationes, no códice
Paris. lat. 1661, até ser identificado por François Baudouin, em 1560. Segue-se
uma breve tentativa biográfica sobre Minúcio Félix e as personagens do diálogo,
composta algo descuidadamente, e uma exposição sobre o conteúdo doutrinário
do Octavius.
Este diálogo, como sabe quem o leu, é uma apologia do Cristianismo, constituída
por duas longas dissertações em que um dos interlocutores, o pagão Cecílio Natal,
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expõe as opiniões e preconceitos anti-cristãos do Paganismo e é contraditado com


êxito por Octávio Januário, defensor do Cristianismo. Minúcio Félix, também
cristão, autor e personagem do diálogo, actua como árbitro da discussão.
O título, à maneira de Cícero, é o nome de uma das personagens, e o cenário
recorda os diálogos ciceronianos: os três amigos, em férias judiciais de Verão, pas-
seiam ao longo da praia, em Óstia. Cecílio saúda de passagem uma estátua do deus
Serápis e, respondendo a um comentário de Octávio ao seu gesto, dispõe-se a dis-
sertar sobre as razões por que não aceita o Cristianismo: a impossibilidade de uma
certeza sobre a vida no Além, de conhecimento inacessível aos mais hábeis filósofos
e, por maioria de razão, a cristãos incultos; a tradição romana em que Império
e deuses pagãos se aliam; as práticas secretas dos cristãos e os rumores malévolos
que sobre eles correm. Aqui Cecílio reforça os seus argumentos com a citação de um
discurso de Frontão.
Octávio responde que todos os homens são aptos para conhecer a verdade; que
o conhecimento de si próprio resulta do conhecimento de Deus, e que este se conclui
da ordem, harmonia e finalidade do Universo; que Deus é um só, como os próprios
filósofos e poetas pagãos admitem; que o império romano nada deve aos deuses do
Paganismo, mas é o resultado da superioridade militar de Roma; que auspícios e
oráculos são obra de «demónios», cuja existência é aceite pelos próprios filósofos
pagãos; que são esses «demónios» os disseminadores de calúnias contra os cristãos,
cuja vida simples, digna, e até heróica, contrasta com a corrupção do comum
dos pagãos.
Apesar da sua apologia do Cristianismo, o Octavius não menciona nenhum
dogma específico e nem sequer o nome de Jesus Cristo. O tom é cordial e urbano,
parecendo obra dirigida sobretudo aos pagãos cultos em que pretende desfazer
preconceitos inibidores da simpatia pelo Cristianismo. A informação cristã de
Cecílio e a sua conversão, dado que Cecílio acaba por se dar por vencido,
viriam depois.
Tornando agora ao livro das «Edições Paulistas»: o tradutor anónimo é
fluente, embora ocasionalmente obscuro (cf. p. 153, 2° período). Mas o comen-
tário reflecte apenas fontes italianas, com uma submissão monocórdica que deixa
a impressão de cópia pouco inspirada (cf. a nota 3 de p. 45). Qualquer obser-
vação ao texto lhe pode sugerir reminiscências italianas, particularmente de
Dante, quer se trate do balbuciar duma criança (p. 41, n.° 1), ou do cruel Perilo
(tão mencionado pelos nossos quinhentistas!), que lhe traz à mente seis versos
do Inferno (p. 52, n.° 9).
A influência italiana é ainda patente em questões que revelam ignorância da língua
portuguesa: grafias como «hesâmetro» (com -s- em vez de -x-), «idra» (sem h-);
versões do latim como «Nepote» por Nepos, possível mas fora do uso corrente, e
«Gelone» por... Hierão.
Nada temos contra a cultura italiana, que muito admiramos. Todavia, uma
tradução portuguesa supõe a adaptação à nossa língua e à nossa cultura, do autor
traduzido. E já agora, para terminar, o «lido de Tróia», em português, é a «costa
de Tróia» e Ganimedes não é, e nunca foi, «a belíssima filha de Trós» (p. 119,
n. 13). Este passo está ainda mal traduzido.

A. C. R.

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