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ao fim de. várias gerações, um homem livre.

' A escravatura não


todos os membros das tribos'submetidas.Blas Valera chamava
reveste, pois, a forma que tomou nas sociedades grega e latina,
a esta reciprocidade a «lei de fraternidade» e acentu~va que
onde o escravo era muito frequentemente o produtor essencial
todos os habitantes das aldeias Índias dos Andes se ajudavam
da riqueza material da sociedade e onde essa riqueza revestia,
mutuamente para arrotear, plantar e fazer a colheita. E tudo
em muitos casos, a forma de mercadorias.
«sem nenhuma paga». O Estado inca, após se ter apoderado de
A antropologia permitiu distinguir melhor aquilo que dife-
uma parte das terras das tribos subjugadas, recenseou toda a
rencia as formas de dependência pessoal que se encontram nas
populaç.ão e obrigou cada homem casado a fornecer uma certa
sociedades primitivas e rurais das formas europeias de escrava-
quantidade de trabalho para cultivar terras atribuídas ao E~tado
tura ou de servidão, que se tendia demasiadamente a projectar
e à Igreja. O Estado fornecia as alfaias, as sementes e a alimen-
sobre as sociedades exóticas, transformando-as assim em socieda-
tação. Obrigava os trabalhadores a virem ve~tidos de r,0';lpa
des esclavagistas ou feudais, o que as situava erradamente no
domingueira e em família, acompanhados de cân~lcos e de ~uslca.
modo de evolução das sociedades ocidentais tomado como
Como ficou demonstrado por John Murra; assiste-se aqUi a um
modelo universalmente necessário de evolução.
esforço político e ideológico para vazar relações económicas
novas, que implicam a exploração do homem pelo homem, em
formas tradicionais, que se baseavam na reciprocidade e na igual-
A produção de um excedente
dade dos membros das comunidades índias.
Ao mesmo tempo, o Estado não se limitava a desempenhar
Uma das razões invocadas para explicar os progressos da
um papel negativo de exploração, tirando as suas condições de
divisão social do trabalho e o aparecimento de formas de explo-
existência do trabalho das populações subjugadas. Desempenhava
ração do homem pelo homem é a existência ou não da capaci-
um papel positivo e alargava a base económica da s~ci~dad_e.
dade de produzir um excedente para além das necessidades dos
Impunha a construção de. sistemas de socalcos ou de Irngaçao
produtores directos. Em nossos dias, esta questão é retomada
onde não existiam; divulgava novas plantas cultivadas, e.tc.
com base na observação directa das sociedades primitivas e a
Para a realização daqucles trabalhos que ultrapassavam os meIOs
partir de estatísticas de tempos de trabalho e de produtividade
das comunidades locais era indispensável uma centralização do
baseadas em períodos mais ou menos longos. O resultado geral
püdcr ecorrómico e político. Uma das razões da passagem ao
desses estudos, infelizmente ainda pouco numerosos, é que o
Estado c da diferenciação em classe dominante e classe rural
par~ce ter sido a necessidade de c00rdcnar grandes traba.ihos __h.oJ11e~ prim~t~? trabalhc:Y-21,!f..o_e_traQª!ha de f~çles.cor.-
produtivos ~ improdutivos que ultrapassavam 3. escala o.<tS comu-
tmua_ p<i:~a_c~5nr o conJ!ill(Q_das_slJas_neG~ss.lQª-ªes. Em quase
lódos os casos~ãs sõêieôades prim:tiv"s pederiam produzir um
nidades Iúcais. excedente, mas não o fazem. É assim que Carneiro calculou que
Outras fermas de divisão complexa do trabalho encontram.se
os Kuikurus da ba<.:Ía amazónica, que praticam a agricultura
nas sociedades rurais, e, em certos casos, como na índia, forne-
cem \I quadro gerai da organização J::l saciedade. Sãc as divisões em queimadas e a pesca, só àespendem três horas e meia em
em castas: castas de ferreiros em África, cujas mulheres muitas média por dia para assegurar a sua subsistência: duas horas para
vezes são oleiras; castas socioprofissionais, ou jatis, na índia, as actividades agrícolas e uma hora e meia para a pesca. Consa-
agrupadas em quatro grandes castas religiosas, ou varnas, hierar- gram as restantes dez ou doze horas do dia ao repouso, às pas-
quizadas desde o brâmane até aos sudras e aos intocáveis, seg~ndo seatas, à prática da luta, à dança, etc. Calculou-se que meia hora
graus descendentes de pureza religiosa e ritual. Mesmo hOJe, a diária de trabalho suplementar despendida na agricultura permi-
análise teórica das condições de aparecimento e funcionamento tiria a um homem produzir um excedente substancial de man-
do sistema das castas na índia (que por sua vez se desdobra num dioca. Todavia, ao que parece, os Kuikurus não têm nenhum
sistema de classes) encontra-se ainda no começo, mas reveste motivo para produzir um tal excedente. Este mantém-se no estado
imensa importância prática para compreender as condições de potencial. A existência de um excedente potencial ou real não
acarreta automaticamente um desenvolvimento económico, como
desenvolvimento futuro dessas sociedades.
Participando simultaneamente dos sistemas de castas e de propendem a crê-lo muitos economistas. Foi assim que Salisbury
classes, encontram-se numerosos exemplos de utilização de descreveu na sua obra From Stone to Steel os efeitos da substi-
escravos na produção. O mais das vezes, esses escravos são tuição do machado de pedra pelo machado de aço entre os Sia-
cativos e a sua exploração exerce-se no âmbito de unidades nes da Nova Guiné. Verificou-se que as actividades de subsistên-
familiares de produção. A escravatura tem uma forma domé~- cia, que, ocupavam 80 % do tempo de trabalho dos homens
tica. Em certas sociedades africanas, como entre os Songhals quando estavam equipados de machados de pedra, não ocupa-
do Níger, o descendente de escravos tornava-se automaticamente, vam mais de 50 % com o machado de aço. O teQlPo «ganho»

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foLconsagrado pelos Sianes não a multiplicar os seus meios


materiais de subsistência, mas a multiplicar as guerras, as festas,
as viagens, etc. Esta escolha no uso do excedente exprime de
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a natureza por analogia com a sociedade reduzida à rede das
relações intencionais entre os homens, o pensamento primitivo
cria um duplo efeito. Por um lado, antropomorfização da natl,l-
facto a estrutura profunda das relações sociais de uma comu- reza, por outro, sobrenãttirizâção-dolioIneni~ Ao-dotar -espon-
nidade primitiva e a hierarquia dos valores na qual essas relações taneamente as-realidãdês-naturais com -os' atributos do homem,
se exprimem. Nessas sociedades, a produção é orientada pelas o homem por sua vez dota-se de uma realidade e de um poder
necessidades e não para o lucro. A partir destas observações, sobrenaturais. O sagrado é por esta razão uma categoria prática
arqueólogos e etnólogos reinterpretam em nossós dias a revó- e espontânea da experiência humana primitiva da natureza e da
lução neolítica e constatam que, na maioria dos cas~~_a_pas- sociedade.
sagem àagricultura30i-acompaQ.hada. p.or_l,1malongamento do A crença na magia, muito longe de contradizer a crença na
dia de tra.hªIQQ_LIlelo~gJ:avameti.t~das.-desigualdades_soCiais. causalidade e no determinismo, é talvez a expressão da afirmação
X correlação simples outrora suposta entre existência de um de um estrito determinismo. O homem pensa-se capaz de se
excedente, tempo livre, invenção da cultura, progresso da civili- inserir, pelas suas práticas mágicas, na cadeia das causalidades
zação, já não aparece hoje baseada nos factos e exige uma rein- necessárias de ordem natural. Podemos supor que novas práticas
terpretação das condições de evolução da vida social e da história. mágicas e religiosas se desenvolveram aquando da domesticação
O que se mantém, entretanto, assente é que a diferencia- das plantas e dos animais e da introdução dos sistemas económicos
ção social e a existência de classes e do Estado supõem que os que se baseiam na agricultura e na pastorícia primitivas. Entre
produtores fornecem um sobretrabalho para além do trabalho os caçadores c colectores o pensamento mágico e religioso está
necessário à reprodução das suas condições de existência.Ànxo- orientado para o culto de donos dos animais e das plantas, com
dutividade do trabalho não se mede apenas em termos técnicoo os quais se firmam uma espécie de contratos que impõem ao
enã~d~penae apena.s de condições -técni"cas;ãepende também homem não matar os animais sem razão e não desperdiçar os
das- conaiçõ@s-sociãfs.-Quando aCõrVehCéxigiâa pe1oE~tado recursos naturais. Nas economias baseadas na exploração de
incaé demasiadamente pesada, quando o tributo exigido pelo plantas e àe animais domésticos, a relação do homem com a
Estado asteca é demasiado oneroso, os produtores directos, natureza já não é a mesma. As espécies domésticas não podem
membros das comunidades aldeãs ou tribais locais, deixam de ~.existirsem _o:homcp1, .do ~esf!lõ moâogue_este~nãõ_po~de.~~j~ir
dispor de meios materiais e dos incitamentos psicológicos ao sem elas. E-P-Qssivelque a dOIÍlestic"açàodas plantas e dos ani-
desenvolvimento da sua própria economia. Nestas condições, ~nha acompanhado de um imCllso desenvolvimento da
apesar da prosperidade do reino, a economia não se desenvolve, magia e da religião. Os indivíduos ou os grupos sociais, senho-
ou desenvolve-se muito ientamente. Esta é uma das razões da res das magias, da fertilidade d?s plantas e dos animais, puderam
desigualdade do desenvolvimento das sociedades e da transfor- talvez, nessas condições, conquistar um imenso poder social
mação dos diversos modos de produção. baseado no seu controlo (imaginário) das forças sobrenaturais.
Em todas as formas de produção que enumerámos, o tra- . Parece ter sido nessas condiçõcsque_se_ope.iou_o~arecjmento,
balho, como já acentuámos, não é uma realidade simplesmente (lossacerdotés--como grupO de homen~Rarados da2£Q.-d..!!.Ção.
~
económicq~as sociedades primitivas e rurais! o trabalho é umª 'Secomparar:t;nõSõ poder aos chefes na sociedade de Omarakalla,
-opegção dupia que tem~õ aspeCtofécrucoe l!.ma~IKcJ.o.Jllágiçº~e descrito por Malinowski, o dos chefes de Tikopia, descrito por
rituaLMãlii1õW'Sl<iIiiõStrou em pormenor como os habitantes Firth, ou o poder nos antigos reinos das ilhas polinésias de Tonga.
oãSílhlls Trobriand, embora não ignorem que os cuidados pres- Samoa, Taiti, 'verificamos nos três casos que esses chefes têm
tados por um horticultor à sua horta contribuem para o êxito da o monopólio dos mais fortes poderes mágicos que garantem a
colheita, acentuam que esse trabalho não basta e que a magia fertilidade e que eles põem ao serviço das suas comunidades.
é indispensável para garantir a colheita. Não vamos entrar aqui Contudo, os seus lugares na produção são profundamente dife-
numa análise do pensamento mítico e das práticas mágicas. rentes. Em Oinarakana, o chefe trabalha e apenas lhe poupam
Limitamo-nos a lembrar que o homem primitivo imagina espon- os trabalhos mais duros; em Tikopia, o chefe é ainda um pro-
taneamente as causas ocultas e as forças invisíveis que contro- dutor directo, mas ocupa na economia um lugar central. No
lam a natureza e a sociedade de maneira analógica ao homem. processo de produção toma a iniciativa das actividades agrícolas
Espontaneamente, realidades naturais como o jaguar, o capivara, e da pesca e assegura a direcção das actividades cooperativas:
o macaco uivador, etc., considerados como senhores da chuva, pesca comunitária, preparação do sagu, etc. Controla a utili-
do fogo, origem da cozinha, das artes domésticas, etc., revestem zação córrecta da maior parte dos recursos naturais essenciais.
os atributos do homem e assim são pensados, com a diferença Assegura a sua conservação, impondo tabus que os subtraem
de que controlam o que o homem não controla. Ao considerar ao consumo imediato e os acumulam para o futuro, prevendo

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