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ENTREVISTA (HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR/ENTREVISTA/)
‘É curioso que pessoas muito bem informadas difundam notícias falsas. Algumas porque caíram na
esparrela, outras porque acham que vale a pena’, diz Eugênio Bucci, professor de comunicação da USP,
nesta entrevista ao ‘Nexo’
! "
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Como chegamos a um estado de tanta desinformação - Nexo Jornal 07/10/2018 12(43
66%
dos eleitores brasileiros usam o WhatsApp, a
rede mais popular, segundo o Datafolha
120 milhões
é o número de usuários do WhatsApp no Brasil,
segundo a empresa
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Todo esse panorama levanta algumas questões: o que levou o Brasil a esse estado de
desinformação e como ele afeta a democracia? O direito à liberdade de expressão permite
fabricar notícias falsas? Foi sobre isso que o Nexo conversou com Eugênio Bucci,
professor de comunicação da USP (Universidade de São Paulo) e ex-presidente da
Radiobrás, hoje EBC, empresa estatal de comunicação.
Note que tanto o lado do PT, em algumas de suas correntes — não todas —, como o lado
do Bolsonaro, em alguns de seus grupos, condenam a imprensa peremptoriamente,
batem contra a instituição. É curioso observar que, para um contingente de apoio a Lula e
Haddad, a imprensa não é confiável, principalmente a Rede Globo, porque estaria
comprometida com o capital financeiro, seria elitista, comprometida com o que há de
mais atrasado na sociedade brasileira — todos esses chavões são repetidos. De outro lado,
no bolsonarismo, a gente nota a condenação da imprensa, virulência, brutalidade verbal
ao se referir a jornalistas e meios de comunicação por motivos opostos — a Rede Globo
seria de esquerda, a Folha de S.Paulo seria comunista. Também há uma impaciência
contra a Globo porque ela fez a série “Os dias eram assim”, que seria, na visão desses
grupos, uma calúnia contra a ditadura militar, ou por colocar personagens homossexuais
em novelas, o que colaboraria para corroer a família brasileira.
Isso mostra uma incapacidade desses núcleos políticos de conviver com a verificação dos
fatos, de conviver com relatos jornalisticamente confiáveis e objetivos a partir dos quais
poderia se estruturar uma opinião pública. Ao contrário, esses polos de intolerância
rejeitam tudo aquilo que verifique fatos. Tendem a se apoiar no relato factual como se
fosse expressão de uma doutrina principista e moralista. Isso molda o debate público nas
eleições de 2018. Nós estamos lidando com fundamentalismos que hostilizam a verdade
factual. Nesse sentido, temos um ambiente de desinformação, se chamarmos de
“informação” o relato factual, confiável e objetivo.
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partir de verdades que dispensam os fatos, verdades principistas, quase religiosas, não
verdades que são produto do exercício da razão. Sim, estamos numa eleição muito
poluída pela desinformação.
Estou dando exemplos dessa intolerância de direita que mostram que ela é
qualitativamente mais nociva e odienta do que a intolerância de esquerda. É necessário
diferenciar isso porque é preciso eliminar da análise uma terceira via de desinformação
que acontece no discurso eleitoral: a via de dizer que os dois extremos se equivalem. Isso
não é verdade, neste momento. Há dois fundamentalismos nos extremos, mas não são
exatamente equivalentes. O da direita rompe com a democracia. O da esquerda, por mais
que fique esperneando com a ideia de que Lula é totalmente inocente, o que é um pouco
ridículo, não rompe com a democracia. Essa terceira via no Brasil no momento é uma via
da desinformação, o que é um pouco caricato, porque consiste em dizer que os dois
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extremos se equivalem. Se houver segundo turno e o Brasil tiver que fazer uma opção, o
que vai se desenhando é claramente uma opção dentro do campo democrático e a outra
opção fora do campo democrático.
A segunda exigência é que exista liberdade tanto para o debate público em torno do
assunto, mas principalmente para as instituições do sistema de Justiça poder mover
ações, investigações, acusações, denúncias contra os suspeitos de praticar corrupção. Se
não há liberdade dos agentes públicos encarregados de combater à corrupção, esse
combate não pode existir. Eu me refiro à independência do Judiciário, do Ministério
Público, da polícia, comissões de inquérito no Congresso e em outras instituições. Regime
com liberdade de pensamento. Como esperar que num país do tamanho do Brasil uma
autoridade autoritária resolva o problema da corrupção? É um delírio gravíssimo, que
conduz à asfixia, não há sentido lógico. Trata-se de uma decorrência desse ambiente de
desinformação.
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EUGÊNIO BUCCI Pode sim. A maior besteira que se pode fazer contra as notícias falsas é
chamar o Estado para regular, filtrar ou até censurar. Estamos num país em que isso é
perigosíssimo, porque a qualquer pretexto o Estado sai por aí regulando as coisas. É um
período em que está em vigência a proibição de um prisioneiro dar entrevista [referência
ao fato de Lula, preso pela Lava Jato, ter sido proibido pelo Supremo de dar entrevista a
jornais]. Vivemos num país em que o Estado adora a ideia de censura. A pior opção para
essa situação no Brasil seria o Estado censurar ou perseguir o que é notícia falsa.
A liberdade de expressão inclui sim o direito de falar besteira, desde que as pessoas
respondam por isso depois. É assim desde a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão [de 1789], em que se afirma que a liberdade de ideias é um dos mais preciosos
direitos das pessoas e cada um responderá na forma da lei pelos excessos que praticar.
Nós estamos nesse marco legal, não podemos sair dele. Isso inclui a liberdade de sátira e
até de contar mentira, dentro ou fora da ficção. Na democracia, o debate público
esclarece a verdade, é ele que põe as coisas no lugar. Não é porque estamos combatendo
notícias falsas que podemos remendar a liberdade de expressão, ela precisa ser mantida.
Mas na difusão de notícias falsas existem atos lesivos da própria liberdade de expressão,
porque elas não têm origem. É muito difícil saber de onde elas vieram. Então é
complicado exigir do debate público que o autor ou o veículo se corrijam. Se um jornal
publicou algo errado, o público exige que seja feita uma correção e isso é feito, para
proteger a própria credibilidade. Com as notícias falsas não é assim que acontece. O
estrago já está feito, sem possibilidade de esclarecimento. Nós temos um movimento
meritório e bem-sucedido de checagem de fatos, com redações já tradicionais ou
iniciativas da sociedade civil.
Já entramos na era Michel Temer com uma carência muito séria de legitimidade. Temer
não tinha problema de legalidade, na minha perspectiva pelo menos. Tendo sido eleito
como vice-presidente, é ele quem deveria exercer a função na falta de Dilma. Ele tinha
um problema grave de credibilidade, o que só se agravou ao longo do governo dele. Uma
das provas disso, e há muitas mais, é que a popularidade dele nunca saiu do medíocre ou
do ridículo. Legitimidade não é igual a popularidade, mas popularidade pode ser um
indicador da crise de legitimidade. Recentemente, até Geraldo Alckmin [candidato do
PSDB à Presidência] disse que havia falta de legitimidade na figura de Temer.
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