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o RErI'ORNO 1\ 0 DI~SEKro
•• N i\ S()LII))\O DOS Ci\lvlP()S I)E AI-lGOOf\O

•e (~Ot\i1BATE DE Nl~GI{C) l~ DE CÃES

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LE'I'ÍCIA CO URA ---, ! I
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•• S~\} EorrORA HUCrI'EC


São Paulo, 1995

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t:;> 1994 bv Les Éditions de Minuit. Direitos de tradução (de, pela •e
ordem em que aparecem nesta ed ição, RoôertZucco, Taõataôo, Le
Rt'lour nu Dárrt, Dans la Solitl4d~ dt!S-C/ltll!lpS d~ Colo" c Combm t/t
N;grr. fI dt, Chiem') e de publicação reservado" pela Editora de
••
Humanismo, Ciência e Tecnologia "Hucirec" Ltda., Rua Gil
Eanes, 713---04-601-042SãoPaulo, Brasil. Telefones: (01 l)5309,?OR ••
••
!: 5,13 ·0('53. Fac-símile: (Ol1)535-41R7 .

ISBN 85.271.0289.7
Foi feito o depósito legai.
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•• i\ origem deste livro 9

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Beatriz Azevedo/Letícia CaUTa
Uma dramaturgia que perturba, pro v {)m, revela,
questiona e fascina 11

•• Fernando Peixoto .

•• TEATRO DE 13ERNAHD-~vlAHIE KOLTI~S

e Roberto Zueeo
Tabataba 47
19

•• O Retorno ao Deserto .13


Na Solidão dos Campos de Algodão t"J'9

•• ( ~ ( 'Jllbate de Negro e de C ãe s / OS

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•• BEATRIZ AZEVEDO / LETÍCIA COURA

•• CABARET BABEL

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•e !lt'I'IJIIlt/-iJf{Jfie KO/I()S, nascido na França, foi
"/)1'1"10
um europeu
e apaixonado pela J\/Í'1à' e pelas Américas. SUfI.i !)(fI,i
";,III/lO.\' rnnrcistas com profissionais que IItJ!){J/h(I/ (I/!/ rom SI/(/
ohra. ( ;o/lh('({'/!/os 11m pouco mais sobre o IIIÚ'Vt'/ :W til' A'o!/h-

I. ••
/1'11/1111/ qnrstõrs qu« 1/0S dizem respeito muito riirrtamentc; e/e percorrendo os (fIfés árabes que ele /I"(;'qtiefl/m..'(J , o bfli/TO onde
ronhrre o Brasil como ningué1l/, Il/OmV(I, o II/{'/,./i que /0 maca, flmb/m/eJ que marcam profun-
11.1.1';11/ ('011/0 Bn;cht ofoi para fl tI/mr/tI til' fiO, acreditamos quc dnmcntr .W (/ r/mmflturgifl.
15olll/ld-,JlI/I1e Koltês será 1111/11/(//"(0 jJflm o teatro brasiteiro dl/ Seu inn.io François Kottês nos presenteou ('(}!II suas obras

••
dá 11(!tI r/l' (){7, mediras. f flillr/fl em Paris 1/lIVflmOS o primeiro contara tom
:1 {,'ia . (.'{J/Jflr('t B(//){'/, moolda por Il/lla "pflix(lo ti pl1mt'im :11. JirÔIJ/C I .in do 11 , editor de Ko!lfJ I/(J França ((difioll.\' r/(
Icirma quc aconteceu II{J Espanha em /99J, realizou 1/0 ano se- ,Jlifl ll i /) , o q/lI 'j)o.\Si!Ji!itOIl esta publim{r1o.

•• ,f!,l l i l/ /t o (;ido til' Leitura e PI:'Sq//ÚII da obra de I\o/tes 1/(/ il/illl/ -


(lI 1-"'(/1/((;.1'11 til' S(IO PIIU!O. Traduzimos e !t'1I/0S todas fI,i .fIl(IS

1)('(11.1' /J,'{/JIimr/fls 11a França. Partiriparam do tido' atores. ar-


Dr 'i..'O/ /11 rIO Rmsi! WIJ/ lodo f sse matcria]
11/0.1' O Cido r inirinmos os t'II'\"(/ÍOS d(J
esp et ácul o !'í'.I'II!/(Jr!o desse mergulho pl"ojúlldo
r)pOt'
11(1 IJ/r/O

{ :'tf}(1JI1I
rrtoma-
IUf lO,

obm r/f

••
11(1

/; S/IIS pids/i(os, músicos f inrclcctuois, e o rntusiasmo J/llgir/o /lOS !\o!/h-.


k~'OII (I Paris ('11/ /JIISUI de mais i/~rOml(I(/jI'S soln» o (////01'. f,fll/((u/OJ simultnnra mcnt», pr'((/ r licrofnsrn: rI(1 r.'irl, (,'"b(l-

•• /';11/ UII/ II/(~i pcnonrmos ()J / I'II/IOS ondr JI/IIS o!lmjrí hllVilllll
.Iir/o ( /l O'/l II r/II S, recolhemos artigos, ('I/t/"{!Y)ÚfaS, fotos, fomos "
/Urlio Francc CU!fure OI/de suas petas estão graoadas, reali-
1"(/Na/)I'! r drl Fdilom f l uritr: !)oll/as-dr-!(I!/«(I 111'.1".1'11 oll,wdir/
ncressdria: jJII/JIimr jJl'!(/ primrirn vez 110 /lIf/.l'i! (I 0/)/(/ r/('
Rt/7/(II"{!-.II(//ie Ko!/éJ ,

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•• IJMA DRA1\1ATlJRGIA QlJf1~ PERrrIJR]~A,
•e I{I~VB:LA, QlJr~S'I'I()NA l~: 1~'ASC~INA
I)ROVOCA,

•• I;'ERNI\NDO PEIXOTO

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-,

.Vo dia 10 de maio de 1990>rlli (/Oteatro ,)challúiihlle, e/ll /Jt'lll1rbtldor:!f'm/lro q/lt'por fi ~t;U 11.1 insta nresfiçuei mesmo olha li-
Rn /i/ll, assistir a mais recente encenaç ão de 11m dos mais exp res- do flSPCSSOflJ çu« I/afjuele momento passavam pelfl Lr/miner Plat »

••
.lÍL'OS diretores contemporâneos, por q/lem semp re rioe grande UI/de cstd [ocalizada ,1 casa de espetriculos, no centro do que em
/u1l1lira(r1o ~ P;t;;:~~FvEu1Jf70 conhecia nem o texto, Roberto entâo Berlim Uridenta], efiquei examinando cada um, sobretudo
Zucco, nem o autor, o francês Bernard-Mnrie Koltês. Desde as os maisjooens. pensando que a~t;/lém poderia ser como o personn-

•• jJrilllúras cenas fiquei fascinado e surpreso: eu jrí havia oisto


dn .crsos lral/fllhos de S/ei1J e é evidente que o vigor e a f O/FI da
gem que havia cisto em cena: um jovem que comete uma série de
assassinatos com a/l.wlula tra11fjüilidade, COIIIO fi/OS cotidianos

•• /illg/lf/grlll cênica não foram II1f1a novidade, mas a permanente e


i//(/lIir((/ inocnção e criatividade do texto, a sucessão de cenas
il/t'sjJt'!f/dfls construindo uma narmtiua de drmna/lllgia imá/i/tl
11 orm a is, sem motivos, sem ódio, sem ser provocar/o, flfI verdade
se1l/ ser (/qui/o que normalmente classificamos COIIIO 1111/ "doente"
assassino.

••
0/1 /1111

(' j)(}/(im, (()11/ instantes de tlllI realismo crI/ti em seguida snãsti- No dia segl/inle /lem cedo corri parti (I Livraria Fran cesa de
(II/t/OS por fllll quase teatro de absurdo, a mescla conturbada e Redim Ptlrtl ver se encontrava outros textos do mesmo autor. A

•• rontraditária entre lima temdtica social e individual, a luta de


rlassrs e a intimidade da família, cria ndo imagens feitas de
leitura atenta do excepcionalprograma distribuído aos espectado-
rrs da Sch(wbiihne já me havia dado as primeiras informaç ões

••
simbolos e mitos, do cotidiano e do imngindrio, me deixaram sobre Kolrês e SI/fi obra. l11gl/flS companheiros do teatro alemão
rcalmrnt« perplexo. Algumas seqüências são para mim alé hoje fl(Jfjl/tla mesma noite haoinm me/alado sobresua obra como uma
inrsçurcioeis, assim como me marcou muiro fi pOHibilidade dl' n"Uda(tlo únirrt, e /flllI/lém que Koltis, nascido em Alcrz. ('11/ f) de

•• uma dramaturgia que às oezesparecia lima rigorosareproduçâo


n'(t/islfl , ris Vi'US parecia próxima do universo poético e moral de
dt Jean_p eneI, às oezes trazia fiam (J rena o realismo
abril de 1.948, havia [aleado em Paris em 15 de a/lril de 1989.
Comprei três liv I'OS , o que havia,jllstammte as outras trêsPt'(flS
qUf, j""/fll!/{'1//t' Roberto Zucco e o IJlroiuimo mas
e O/J/ i/S

(lfIdit'iulIal 0/1 o rralismo dirJ!ili(() dr Brcdu. SflÍ do teatro


('()!II ( 0 111

admirrice! didlogo Tub utaba, esrâo agora reunir/os aqu] neste

•• (fIlTfg(l!Jdo o impacto e a dilacerante tem ática como algo vivo e volume: O Retorno ao Deserto, Na Solidão dos Campos de

•• )1
ir
.'., ', , 1" \ i il'..T
Algodão e (.~}m);m;,<:el""egro.c dcães. C ('.omccn
, .a aeoora-tos
J ' • I trndusi« par« o a/mujo a pera Cai s Oeste {It? Koltis (fllid.\', .1' .'/(/
••
no mesmo tii;' lI: ml'/kotl\"n cerlr~ de que estaua diant« do mais


, :\~t1 ~ .,.:: :,;~ . ,! ;, .·:1t·,).· ,. ;;:.·ú;I.'f~fnr~ tl 'nmillj,rgv tio ft"{/!ro/ill"cêscontem-
prímám ptra encenada 1/0 IJrnsi], !1'IIr/O t'stn·{/t/o ('1lJ Sdo / 'fI/tiO 110
Teatro Pf';O/ em 8 dt' figoslo rll' IlN.,'t) ;'1/1 /mr/II(rlo r/t I ';flli/;o ri; ••
p I;/i/llev . Em' OJ {ex/os, e~lom/1{fo 1I111f1 temritica sempre

di(tlnlle i : inesprraria, Koltis conseglle IIItrgulh{/r (/ f undo ,,(1


'i.'{'f(/ fl t/f ' m il tl i/di}ô/ú/ e r!;/f/rf /'fllltc rio ser h 11111m/v, .I'lia {'x isth/d,!
Biasi (dinj l 70 de. Jfarcdo iJfan:h;oro). Itliillt:r afirma qt« /\o/!h'
f to» (,);{'/11 p/o ra /O /1(/ dra mar«l'J!.il/ r onIfm/)()râ /1[(1: "/is /Jt '(t1J do.'
(){I II'O S autores grl'tI / IIJt' II !C p ossua n fI/IC//(/,í IIlIJa rst r u tttr « dr
••
_.. ..1_ _.._ -
, _~ - '1" ..•.•- -- ---,. . - - - - - .- • .• -

('/lll /um to .rlJdi'(.,J/r(II,o cenqua nto. p art e de uma estrutura socia l


/OI1!IfJ i/fI
,
,k it~iuJ'tj(l.d c oiolénda, ,'1l1flJ( ;"r/t';,,/r;//vt!/wlqlll' rm
- - ._ .- - .. • . ..

i /l l n :!!,tl l' fi ;I!t/~!!,(I / ( '(I!/.W/;·;)(/ no teatro . I~' /m{el'li d tornar


obsru r« r ";;/I/;/l f/I'{'s/a rsrrura r/t ;"'I! ~[?I. ~'~~'. }"·(!!!h', (/0 ('f) 11 trrir i o,
••
j )( IJI/ll!/ f'Il /(, "/I~d(/fl(fi . I': sem dúv;r!11 estes trxtos, m il/o 1/(/ vf'l'f!flde
tOr/i l fi O!JIt1 de K()/(h', s/io i!J!IÍJlIl/OS oigorosos para fi ronstruçâo
\ . .,,- . . " -_ -- . . "
hrí 1111/(/ estrutura df.jrJ..;L Isso lfilf'! ' (;;';.:('1' fl"Co (111/01' rst.! ma is 011
~;;~~;~;-;;i;;·;,~~/~;;~~,,-~:j;/{'J(;'// re{,/1/ Si'fIS textos, cin seusjJCI :W!l rl ,!!,tli S. I,;/I ••
••
til' (>/>d tÍm !o.\ onde r/ imaginação e ti im){;'Il(/io necessariamente al'ho isso /lI1I;/O imponanre. fi 0 l'!jllt' neste momento rr t t /l dà/fúl
((lrlO que .i/t/'s!illI/~ · qll;liq;~~~·: -(t,hdllU:i;;;; ·c;~/:; :··J10 .co ncencionai. gera] t: 1/ {'x t i l/{rlO do ali/OI'. fi e.\ jJlti,:r7o do antordo tesro ( 1t"1I1/1// 1II

/)('.i(o/m· Itltllb/lil ofnsctnio de HeitlerJfii//i.'I'[Jor Kalrês. Af l'Smo do !M11'0 . l por isso fjlle A.o//ó· nofuI/do r!o IÍ 11;1'0 filie ///1' in/rrrss«
mio .filiand o {mAces,, () qUf' (.'(lU SO/l po/e"m;(.'(l 11t1 t:/) (){ 'll ...lfNI/fr 11(/ I/O 'CV/ d li'lIl/(lllIIgia" .

••
II ••
I:o/Í("S nasceu ePI IUc tz : no interior da Fra1J(II, elll.9 de abril de
I tf/ ,\'. Itcixou (I âd(/de com dezessete, dezoito (más, Viajo« em
tris (11/ 0.1' .\'('11/

dt/)(J/:\', afirma :
esa rocr nada c, num« rutrro isra a L. l' . l ln», til/ OS

"qllflllr/O '1.;01/"; I1 ('S(.'I'I.1.'('I', [ oi ('fJIII /JII'/f llJ/f'Il lf'


••
sf:~!i id/l /1(/1"(10 (''rI11f1dd e para Novo Yorl: Em !970, com ointe
\
('riois anos..foi pela primeira vez (10 teatroe.ficouemocionado
I '
com
'
tI~krrntr ".
.VO ano S(!!,lIill!( oinjo « par a I / N':i;éli(/, r/(:jJois jJ fl l'll oa ri os ••
o I/"f 'V i II , ,(;ob,re!ltdo com 'a atriz illaria Casares. 'I<: começou em OIl!I'f),\ pn/srs da ,.(/iim e chtx olI(I passarseis meses 1/(/ g t)"!fII'. fl /fI ,
,l'f :'.!..lI i d fl (I cscrroer-snà iprimeira pt'(fl, Lcs Arncrtumcs, npartir 1979 , OI/de csrrece« ç~~.~ltC de Negro c de .~~_~ 1' .\fg Ulltio
do rom a nce I IlfJância de G,ârki, o't exto Ioi enrenndo em Estrasbur.. ele, " 1111'" povoado onde nrlo.lf17(,vrwifie7;;(,."jJ('!iítol". E'/IJ 1981,
••
go nomesmo fI,no. C014v;t!ndo por/Jubel1 GigJlollx, qlle (l SSÚ tiU fiO
{'.ljJc l dnt/o , ingresJo////o Teatro Nnáo1JaldeE J/nlsl"' rgoeescrcuell
jJassou qll{//I'O meses em Nova Yod.· t !leste mesm o Imo .l"IIfI pe(fI r~a
N li i r JLI ste A V ~lIH Les f o r<~ rs é f!la:I/ar!a fllJ jJtlIis, /l O Pc!i! ••
'l ·ril'ÍlJ.I I('xtos f{IIe.f{;/((~n mOfltadosj)e/os flIO r tJ!(JlII1WJ. E studofl

{F/ ter/o lia l'SCO/ (J d o 7:!\fL\~ e em {971 ele IIlt:.rmo montou . flaqur/a
Or/O)//, por.ll'al/..I.llc /Jo/!/ (' R;ml'd FOl/lfIllfl . RegreSJOu/lO f/1/0
segu;lItt (I ,~/o'Ua rod' eem 7983fillallll l'll/t' es/ti;rl 1111 F Ii'I/l{fI , ( 0111
( idar/e, r ,a ~L~ich.e t' Pro~cs Ivre. No filIO segui nte fi rddio !'nl11cc rlirq,'(/o r/f' 1),/11';((' Chll ('{/II , Comb ate de Negro e de Cks, /lO
••
( .'! I/IIIIi' //{ lJisl1li/ill (! perfi L' Hédtage. f('!ldo i Jf tl! ?fI Dl/Jaris (:01f/O Thài//(: r!es : i lll{/ ll d i et:l" de fI/fl ll lr.nr, tendo IIIiche/P;rmli (' j JhilljJ/J(!
"I{i:~ prill ájJal.' 01111"".1' texto s JelJs st10 ena:llar!OJ 011 fnl!lsmitidos Léo!flleI á.liC:II/e do t/tllro. N U lllfI t:1ltl t"'iJÍJta a Nj(/l!1i SiIllO//, em
••
por /i/rlio. Fui 19?7, /lO Fe.fliva/"Q[l" de il vigllOI1 , t's/rim, ('01n 1983 , Ko//ts der/tlroll: "N" refi /idade, essa obrfl llflJ ( 't:1I rle U1II(/
. I ·,

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.\IIft' dm '[/io, L ;l N uir Jliste Avant Les Forêrs: eltíhf1'l..';f/ paJsado visdo jiI/ Jií..'f'1 i!'l nd, !/l/lS el1()/'IIll'lIIe11/l' ('!IlOÚ0 1/{lfl le: lIIill :}a /Jli -
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12
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mrirn 'uiVlo dfl l Í/i i cfI ! Q//fllldo desci do aoiâo, me senti ag,.u/ido existe fi ordem normal, !IIf/S sim uma outra ordem O,,70.W, quefoi
e .w /Jf"CI"dopdo tremendocalor q//e 1IIe pesaoa 11f1 11 uca, que arrasa , seformando ". E prossegue: "Senti oontndedefaiardesre peqllello

•• r 11/I(,IIfIJ rll~i1'0}S.ici
fi lVi-im '1/ /1(' ctt
(/S aeroporto, todas as id/ias .W!J/f?
pOI1t1S do
trazia se solidificaram utuna cena: 11m policia!
mundo, qt« é excrprional e, apesar r/isso, 1Ir10 110.1' pnrcce
((/1110 do
estranho;eugostaria rlt' conla resta rstrnnlia impressâo qllese S('II te

•• IIlgro úfllifl com c ioléncin em ,,11I rir Sl'II S irmãos. Avr/1/rei e rle
I r/H'IIlc I/~(, rnronrrr!com essa úllnált inois/oe', 1IIflJ oniprcsrntr,
1/ 1/1' div'irlifl úlll!Jo/imlllm,1' os RmwO.I· c os Negros. Olhá para os
r/O arraoessnresteeSpfl(O imenso , apnrrntemente deserto,com ri IlIz
tjll(, vai 1/II/drlllrlo r/O passar ria 11 o itc. os rntdos rios jJII.I'.WS r as
cozes ql/e I'('SSO(/III. a(l.,TUllll a reu Iado. 1111/(/ /I/f/O qt« .l1IiJil(l/l/ m l ('

•• 'v1:r:.ms , /0;" sruria í.,t'I :r:.0IlI,tl dos 11I1'111'.,' mas IIO\' olhos rlr/r,1 In11/11/1. '11 11' aga rt r:". F tlll!r/fl ('//1 I ()Sfi rstn'in, I!O F",I't1i 'lt/ til' .h)f'.."ol/,
1111/ rid i o Irll) 1/1/1'11.1'0 , 11/1(' 11/(' I/.I'SIIJ/ri (' (1)1'11 fl llI 'tI o /(u/o d os , '.lj !);ILIl Ll, /1'tII1Sllti/ir/o jlt'!ll1'tír/IO rtn . 1' (Ir' tlgr J.I'/II .

•• lt rnnros ".
/-:11I ! (1)''; I\o/Ih)oi pnm o ,..\'emg tl !. [<; pII;';imll 1111I 1"01111/1/((',

I ,;I FlIit~ } C lle v;I\ Trcs Loin Duns b Vitlc,


f ()S7 / o ano r/l' rstn'ia rle Na Sol id;\() dlls
Algod~o cnr Nantrrr« ('011I
(: :lIl1POS

direçãorlePntrirr ( ,'hái·("' . S{g ílllr!O o


de

••
IJ" e hflvit'/ escrito pn5/Jl70 I\o/I{\, "e umn histôrin de dois po'SolJagt'!/s, IIIIIt'/ roncrr-
em f f)7ó. Afirmo/l fJlIC seu grrl!lrl(' sonho era o de escreoer romau- J{/ , 11m didlogo à maneira do século .\ 1'111". Sobre .l1IfI cnrcnaçâo,
rrs; II/fl S n/lo rsarcin. /}()I'f{I{(' IIr/O /}()r!trifl oi orr disso. r:1t/n '(/1I rltr/fI 1'01/1/1I/11f1 rntrroist« fi Didir«, I/('/'{'II':.(' ('1/1 f f)S7: "ru

•• 1-:11I I f)SS I\ó/I/ s crio no NmJi/! 1': sll'f)l' no RIO d('.Ifl!l(lm I' ('111
_ _ ___0_. 1 .__ . - ' --.- - ---. .-- . .... .---- . ...
· · -, -·- - - -1 · -· - -- - · ~

S(/I) I 1111I / 0 , jJf'!o menos. De SI/O l'au]» ('S(I'("t'('/III1f/a mIM, dflladfl


~ -- -- - .
/)1'0011('1 ao 11I(.1'11/0 Iml/)(} /}('I'11If/!/((er 1/(/'" I{(/f/OI' r a'riro r, sobrr-
111r/O, /)('1'/"11//1'(('1' rr/riro. rft amar Koltês por f/f/ui/o IJIII·,.j,. /, r/t

•• dl' li de dezembro de 1985, ti S('II 11'111r/o ,


Pilldo /1 (l/liIO 1/I('lho/': 1I1/1f1 NOVfI ror!: lalilla ,!Jfll..,dhenlfl,
sa, I /,(//)fl (('inl; /)(11"(1 mim,
onde comenta:

sou antrs '"11 raro IJ'"' 111/1 /fI,f.!,III/0,


"SI/O
ronf«:
tr ntri-]» (,(Jl I/ O 1111/ fi 1110,. como 0 .1' outros. Se ri/.e."lf/II ('01.111
flgll/rirl, ~'!.CJ!fl/t'Ce_mJUlo-úJNg{/, l'II sei que droo ///{' r/i.,,.,.. 1<; rll
IJ!!()/do o Sl'II texto dfl mcsm« maneira (0/110 fI/!(Jldo SIt(I!.·('J/Jt'fln '
1Ir/1) 1/1('

••
,fI/(('

1'1I me emociono mais jOgfll/rlO é'/II maquinas eletrõniras 1III/IIfI 011 1 I/tIII·Cf/1(.\', Jt'!Ido i/~j;d fi d e (0/110 Imito o hrí!Jilo de ser r'()/II
(,S/I/(Il' rir' corrrdor sórdido de bus.. f()I1~1' de St/O Pal//o do qll(, eles. Diro isso, se (0/11((0 fi ler referências (11/ n/fl(rlO ri O/J/(I rft'

•• jJf/.l'sUllldo ao 101lgo r/OJ quiiãmctros de praias do Rio ( ...)".


FlII f 986 t'.l'/Iiifl 110 l'ltéii/rc deJ Amrl11r1iersrle Nr/lllerre ri perfi
Koltês, IIr/O sr70 sel1f/o l e/('rlllcias
p e(fls filie t'II jd eIl(eIlci. Sl'II tMlro
tirfldas da expetiêlltia rll' Jllf/J
11(/0 se pfll"cre fi IIclJhum 01111'0

•• '-
(: ~I is Oeste [01/1 dil"C(t/o de Palrl[e G!térâill e lendo Alaria Casa-

d, ri./ii'IlINlo e/mro. (,'01l1enlrl Kolles: "1\0 oeslede Novfl YorÁ.',


.I/ rlllhr/II/W , 1I111!1 [(/fIlo do Wesl E 11 ri, onde eslá o velho pOll0,
('11/
IJllepOSJfI {'x isl i r , (/ lIenhulIl alltor-mesmo cOlllemporâneo -
{'li Ifllhfl fII;n,fldo - com o GC1Ie/, por exell/plo ",
f 988 llllll fll/O de II/lIilOJ flcol1lecime1/l0s. Em NfllllelTe,
filie

CO/ll

•• (,.\' /:'/1'11I fI~r.;lIl1 S Itflllgfurs; há 11m em pflltlr///flr, aballdollarlo, 11111


gm ll r/c !tflllgflrVfl.ÚO, olldepflJJel rtlg'I1Ilt1J noill's escondirlo. J~ 11111
rlilt'(iío d e1.1It:·llolldy, eslrlifl IIl1lfllmdu(liofellfl por Ko/I{\ de 1111/
texlo de Shflü.ljJef/!"C, Conto de Inverno. So!Jn: fi (,XjJl'riàláfl ,

•• /lI grl" SI/1IlrNllflI!e estmllho, 11m refúgio rir 1/IfIlr/(f.!,OS, birhflJ , Cflme-
Ms, 1ft run10 rle mlltflJ, 1111/ /lIgarollr!r fi p'o/kifl lIrlo entra 111l11rf/,
jJo/' obsmms mzões. Rf/sta mIm,. e você se dá c011ta rle qlle eslrí
df'dflroll Ko/lfJ em-ell/revisla fl r. fiaI/e.' "F. C'UitlCl1Il' IJ/I{' nt IIr/O
/}(/S.l'tIlifl fi vidalmdllzillrlo, II/flS dl' vez fll/ tjllflllt!O
me prodllz mll;lo pmze,., é IIl1/fl
t .1'/1'Im!Jfllho

eXfJCliêllâa fi mflis. (. ..) 1;'(/f/IIÚI

e IIfllll /lIgarp,ivllegifltio d~ Intl1ldo, IImfl eJpéâe de quadrado mú- SltflÁ'e.ljJefll"C permite 'ver como ele (OIlSll'lIla SllflS o/J///S e ('O!n qUi'

•• Iff70,íflI1lenle flbandonado em meio flllm jardim, onde flS pltmtas


podC/iflm ler lfr,sr:ido de mfllleim d~lerehle: um 11Igflr onde nr/o
li!Jt'rr/rJr/e"./<: rJindfl f.flermo, com t/iI"C(r1ode Chéref/ll, tem/o i Ui d reJ
Pi((o/i á./irllte do elenco, es/dia O Retorno ao I)cscrro. Em

•• 13

•-
entrcuisra fi i~l. Ge1/S01l, afirma Koltês: "Eu cstnua 1'I1l IJl t'/Z em nhas fit'(/I S, e« (/111'11I0: !·: S/{/I!l(}.I' cercados rldfl. Os 1!I%I'ÍS!t{,\' rm •--•
I f}(íO. Jll'lI pai era oficia]e naquela tÍJOCtI c oltan da Jl rgilia. 11 fém
disso, (} m/égio ')ftlll/ -Clémcnl estaca situado 0 11 p/mo /;(tÍl'I'f)
seus amomooei: s.io de 1I/1l(/ f..Jio/tm:ill, de 1I!1/(/ mllldade trrrror],
r -:/r/o />1 o.'! los /1(1/(1 11/(//(/1' (/ i odos ". I': OJII ti»1111: "Os l'ill 'f)jlr'l/S rut
os O(itil'lI/tlis, s/io os vo (/atlá ro,\ monstros. j';xis/(III SOJJ1('JI -
••
••
ri m /I!', Fivi a lhegar/a do Genem] Mnssu , (/,1" t>"p/OJiJ{,J nos {I/PI' .f!/'I II!,

(; 1(1 /1('.1' , t/lr/o de longe, sem lo' uma opinião, e apenas meficaram Ir OJ IJ/l llfI,f,"(l n t. i , (1'1(' ( (I (/(110 (//;."()/(I /1/111(// te ma,!!,1I (fiá).i /}(Jl'tjflt

i///!I 1l '.i W)('S , 1/.1 opiniões eu só as tive mais tard«. Nr70 qu;.'i escrecer /)()SSII O)/ [{Jl/O nohrcz«, (1l"iSloOllâfl incrioe]. floll/lp.o/ me
/111/(/

nmn pe(fI sobre fi guerr(/ da il rgilia, 1IJ(1J, sim, mostrar como [Um
dii:~,( ' (111oscocêpode' sentir emoções ri partirde acontecimentos /fIlC
f>tll "ty e f) único poú do 1JI1I11f!o, assim ('()JlJO 1I1J/{/ ilha, /)(1/(1 mim.
onder« li": njilgimitt. (...) f'II tenho V()!I /(ltlo ltj idal'lúS,iO. jJois (1.1' ••
se r/r.' ·m'{)o/'i.)tJfJ na exterior. No interior, utdo transcorria de modo
(,,/m llho: a Argt!lifl parecia n ão existir e, apesar disso, os (afú
coaoa»: pdos ares e osdraoes eramjogados no r/o. Haoia estetipo
mi"/J(/J pr(flJ [ala m disso. ( isso
csa rcer /111/(/ /Jt(tl. Sâo tiS
fi//( '

c ezcs coler«: tomo essa".


t: (liJlda em 191."/1.) que A'o!th' cscreoc Roberto Zucco, sem
pot!t' III( daI" a idâ(/ tft

••
(/"L ,i o/i1UÚI (1 que 11111(1 criança é seusioel, ainda qu« 11/10 a
(OIll/) u ,t INl a . Entre os doz« i:' os 'dezesseú rJuos as impressões s.io
dlÍ'l.!idr/ seu /i'XIO/lla;sj(l.ifÚ/I/J/!t I:' pt:ltlIrvflrlor.
O/Jlr/ !J(IStf,r!tl nn [atos reais, a o m enos lI/til/ /JeIJu!!(/,!!,r/ll fJltt
Trata -se rÍt' lIJ1Ja
••
du ·is/vas. creio filie a/se decide tudo. Tudo . No mc« ((/.1'0, eoidcn-
tcntrnrc. raloez tenha sido isso() que me Ieoo« Ii me interessar mnis
rralmcntr existi», {/IJI dia A'v//h' v iu lllllJl "mrtrõ" nm
"!JflJ((/ -SC" COIll asfotosde 1/ IJIjovt'1J/ (I fiehavia assassinado ,'( IJI Pfi -
/ /// 'lrI Z rir
••
••
/n/ os cstra ngeiros tio que pe/os [rnnceses. (:0111 prel'Jlrii tn li i/o (friO /ú';aí. FirvfI/t/StÚ/IIJo como rostor(/ IJt/rza riojO'()(,IJI, SO l tI rsrrcuo
(/ 111' (,/fi /ll o snngi« novo ria França. que se a França ciccssc rlr/Jois assistiu, !)t!tl /c/I'UiJr70 , a o mesmo
e tlllllqiii/o . l 'oucosdias
somente do sangue dosfranceses se canoertcria nutn pcsadeto, em I tlj>flZ, q//(' !I(i v';f/ sido preso, {Jm/Jallt/o pelos /elhados ria pliS(IO,
(/( f!.lJ nnrecido li S II /( /I . A esterilidade /0/(/1 no plano nrttstico e em

lodoJ os n/I /l OS li.


soldo ji'llllflr/O/l t'!fIS (ri ma rn s dr l(kL/ I~iriO, rlr:saj!(wrlo o munrio,
dugalldo afiouso de cuecas, ate ser n :mf1Ifl;,atio. VO//lfl/(/O a ser ••
Fstfl é uma temritica quase p enl/fl1lell/e em Koltês: os mnrgj-

I/ fI/ ", os fSIrrll1geiroJ, fi pol/tit't] {' ti PO/fCifl, (I vio/êllt.ia gml,ti/a

( lI'. ,\ 'lI l1/fl Ol/tr:,vistflll KI(ifIJ Gnmau e SrlIJilll' Sf~/tlf, e/tl / : 1ft
fil eso, écn(('I Tar/o 1;,'(/11 hosp ila I pJi(/uirí/rim r sIIiátil, -se do meslJlo
f!iodo Iflle havia fOJlletido seu primeiro oimt' (o priJllriro rle /lilli-
10.1 ou!ro.l) fjfl(IIIr/O maloll SO l pní/Jlio pai ('OtJj II/H'//tl.l (/flill:<',(,
••
OltlU/ll'O de 1988, e/e/a,z" 1~/i't'1llfiçiieJ {JflSI(I1I/e c/tlI'IIS: "l'.:II lilll/UI ) aI/os.

mit)(í"I'Í idé/flJpoHúals lias millha.sj>t(fls, i1gente ndo f .lO't;ve jJe('tl'; \ A:o!/tJ 1II0/TC t'/II /S de aóril r/t 1989, ('(}II/ fJ/lan!!l/a e 1"" (IJ/OS. ••
( O/li idà (IS, t7 gente escn"ve pe(as {Otn pessoas. Fu, Si' qUÚ{:f', eu \ E Roberto Zucco tem Jlla es/dia IIl1l1ldifl/tl/J 12 dca/Jril rlt /991 7

('.iO(' ,,'O !Im Pt1f1f/do pO/líico, fIlm eu !lão fa(o panflelos políticos ) 1111 Scha/lóiillllt: l'1JI f]edilll, com din'(tio r/t: PtterStcill , D/I,w/lr os

peÇfls. 1';/1 não lenho Ilfllhlllllll I'lIziio jJlII'II f'SOl!'uer I etlSttiOJ, 110 IIIf:J t!"/FJerúro, Slá// ('(m(t 't!etllIlllfI!Ollgfl clllrrvis/f/
••
••
IltlS minhas

lIIJ/fI fl t(fl, 1/ Il rlo sel' o/ a/o tieesu't'tN:'I', éo finico E em 0"'1'0 l,.edlO i ti Ali1l1? j.rIl(J i'l/ /, ria qlla/ l'xtli'lIíI/O,l /l1IJ trccho c.lpecia/tJj e17tl'
li.

(/r. \J1/ tl .i Ulltl o '11ff'dW!/!fI de (:/irm~·t'ses médios li: "Seépreâ.w/I1I'III·/ t').jJlê.l'Sivo .w /" I(' Sl l t l vú /iV do ft'X/O di' Hemal'{/-ll{arit' Ao/ti',\':

rir IJ/fllgillflis em lermos de violência, srio eles. Os veniadeiros'


/fl mrios s/lo os /Jllrgllescs do in/erior. Eu qllú mOJ'lral' que
"Df/as ('O':S(/ S lIIe ill!rreJj'(11ll pmliclI/al'lIlente nes/a ;) 1'{rI , li
S!io\
p,imál il é flmtl illterrog{/(âo sobre (J t:xiJ!êllcia hIJlJ/fIIf(f t' I',I'!(/ ••
/~/:'lId(.I' flue (/ gefl~e TlrlO considera COtn.o mfllgif1a~S, :/Il'.Jiio elí'J 0..1' igllol'llllcia onde t'J! fJ1f/OS fi I t .\jJci/o d(l ol igem desl/l (/gl'{'ssi'~.úr/(/de.
IIJ i l / '().I', os {(JJaSSl1Ios. Quando mellClOfiflm ti 'V/Olt'l/f'/fI 1/tlJ Iflf- Dl: onde v em 1i (/(d o ril?J!rf/fÍvíI ,\('/!/ lI/oli·v o.7(:O1!/{) dll J f./Ol/ilf/!')
••
j..J
••
••
••
.\'1)1 r/il/Jo/lloS r/I' /or/os OS lII oddo.l til' discursos f'.\jJ/ial /it ,oS 1//(1' r//((' jJlISSII Ii srr iJllt'r/;II/rlllll'l/l(' a fontr r/(' todos os /Jt'mr/oJ c o /Jn:f!,11
iI .lS/:'-'.. /(/{/ 1JI qur I ) i'll/o r/o (//II /Jil'll /I' , rIo utrio socini. , l /rIS mlli/o OJ r/t'I/ JI'.1rI intrrcir. NII e d h a //{Iglrlill, o homcn: agi rl afn- uor ou

r/t'jJJi ·s.w '~ ·'I'IIIOS 'l''!' CS/rlS an rilisrsndo s/io .l'II j i·(I·I'II /c.I . RI's/ rl rntâo contra II .I0(;N /rl rit' qur disruriasuas ações. F!Jl !/I ((O , o /: O!Jl(,II/, o

•• 111Il/fI/o u k III t'r/O, r/t'

/rh 'tI. .1 c.\'i.l/rl1tÍrl dc


ronfnsâo, dr irritatrio. P rIS.1'rI a ser iurontro-
/( /11 111 ntndor, dI' /(111 '[azrdor r/c rI / OS
'[azrrior' , 1/170 tem /lO//: /1111 ronta lo ('()IJ/ rrsociedade .1'/' nrio lo: (()III
(I so(icr!(/(/t rIo ('sjJc/rÍm lo, qur SI' ron/(1/ /11 ('11/ O/goli,. 0.1'/ 11/0.1e /Ir/O

•• Iki /!'II /icos m il / /110 .1' 011/1'0.1' r' (() !I trn si 1II{'.I/1/0, .I{'111 nrn]: /(111

11/),111 'li /f' , o/l l ·ir.:.rl II n /It/ il' f' 1I .i f' ({)I!;)o ll lrl l' rom (I iu rrrtr-:a t' rr

1!lí ~ 'il/r l if) /IJi' o (()1II/)()I'/IIIIIt'I//O do h0 1ll1'111 f'1II gt'lfll. :\'(1 OO:!!..t'lII
moric o disrmir mais nada.
II srr o n i l / l l'/ l rI.I
, l / as as 1I0.l'Sil.\ .Wrir'r/rlr/I'S !lI/O r.'s/i/o I't'!/I/Úr!II .'

isso? :1jil//( tlO r/I' !/l ir'f) / I'(,.I-,i/l.i l-ilil l · os ,"dhos

.W J//I O.l /l t'II!i( OS.. 111/.1 11/(,.I!JlO .1'1'/11 mora], ( (}!Jl0 to rto» o., /Inú; i . t'it'

•• I /' '.1/11 rilícil /rl rstr), .1'0 1/ r/lí f 'ir/rl,

,1.I (.i
rssr srntintrnto fjl/{ ' ror/os nos tenros
1i//i!JIo.i II IIO.i , r/(/ 1I0.lStl ilJl/)()!I :Jlr-ir1 /Jrl l ll /II ~('I' 11( i!,/(/ J,'r l coisa :
f1n á stI d i ' IlJIlr l II jJO/('O.i(': / o j ÚII r/a / ' /{ iI . 'rlll /O fi"ift- 0 ///10

[unrion rtrin: /)t'I.tá/ll ji -;r'~/I , /l1I/11.iÍ//I{/ ( I/o di' r'/: orl lll ' nrtrrior. "

•• 11.', 111 iíJ ul.r);


,;/Ii / il r/() 011
II/gf/JIi';;111', / 1t'II.II11' OI /lm Nr!l/ rls. F S.if' 1t'I I/ill/(/I/O do

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l /l ll li I! O ; '/ j l' jJl'o/II r'lI/ II .I, f! F II/ rl.'.!,fI,I/O IIr 0// (,'I r/ rll '/"';" . Il tI /' !I !l ,.. !,-(/:I; '/' 101.'

,II Jli "'·OI /Ii Il / ·.i,' i lll t'r/i ll /illllr'lI/I ' I 'OIIl O ill.l"l /II" I / / ()I', tl/'.l· //lI fi.~ ·OS , ((III /Ir l i /.iSlt!/o ri O /) o l /sd l l ' Rrru ]: .i r:'..', .'l i rio III1 f! Ji.l r/ O rft- n / I ";,' i . I 'il//IIIO! /I I

,I 111t'."III II.\ , lo /I/ /i l r/ li /(I I hlllllrl l/il, rtlll /UI r/ /1f1//I Ji '-;',t/ I 'Ir. O l/ rÍt' (' ( ; J/r'fl hOldi OJ/rll' o: 1/.I.\rl//I III /I'.1' / JlIf/o rllJ/ 1{'; '111 .I"If '/ ·~ ' irl/ I {o/ i

•• 1111 11 11/ 1"111 11111(1 .~ 'f'I dr/(lci/l/ /(J -::. r1o dr:.. -i: -rr (' r/r ' .1'('1' IIl11hOIJl('III ; / 'OI'

'/ II( r's míhn o S('1r' 011 o IJi~1 sr /)()df'llIOS/~ / ~('1' 11111 '-;:'r/ /I /Jillg '; S r/ O
r/i rll/ rl, (',\"('O l/rll ' assassinatos / I"r/l/.w : i / i r/o.l dÚi '/ rlllll'II /t' /I d rl /d r'·

, ·i.li / O r 'I~/ '~o ' r"I//n'~·i.i/rll' n J/I'Ii-z.'I /J dll/"lIII/I' l odfl ri ,1:1,1 : ·il/'.!,II/I

•• '/ /Ir '.i / ;;(',i 111 11i /o ,!!,/o /}(tis , tnuito .~~t'I "I/ Ú r/ IIC .11' CS(()I1r/CIlI (1/I IÍS rio
r/II ·,.'i o /r lt't·i ri i IIS/ i ll / i v rl . :\ '1/ 0 / 11/JI imrh II cr: Il r/ hi.llririrl rIo trarro
0 11 r/rlli /cJ'lI / l lIi'/ /fil e sr i!l/IYJr/II.'Zo 11111 '(/ / 0 1' crim in oso' srin
/1'I11f/

IIIOlic rl-
(flm/I/ill. A: ol//'s frr-;; n/i 'dlllill f'.\jJl/rilll a (,SSf' [ato. 1 111(1) //I tI//1 ri

rril /ll Crl .w /Jos o /hos r/a 11/li l / i r/i/O , /(11/ ,I!,Iillltlr' 11 líIJ//'ro rit'/Jr '.iS(/r/.l ri ur

romcntn (/ 11(1/ 0 . : I!i l/ h (/ JI:'..!


,1l/l rlt/ illln'!'o,!!/I(r/o / : 1/1/(' j>a/ld I't'/J!'t'-

•• ( ti o . . 1/rIS / II /Jlilllr'im vez l/f/C d(' ,: II/JI't'SI'IIIIIr/O

!l/orill. .Vrís (//m ll / f(lIlI O.l III/fi/o.l rlll l"(s/litÍJ r/r: RO/J('I/o, p";!/f'!jJa!-
sem 1I1'I//:/(JlJfl senta a '(,'iO/Óltill, OI/ o criminoso r SIIfI (I(r/o rrilllillltl, r/i!!,rIlIlOS "

'li / OI' ailllillo.w ' 1/(/ OIJ;III';-;'(/(r/O /J.fú//lim ria 1I0 SJ(/ SOI-;,.r/illlt'; :1

•• II/f'II/(, f' 1JI (,'(,11('/, I/1rl.1' d t's são !I//(i/o IJIrli.' S('! lI ;IIIf/l /l tiJ (' fl/1 (' %

,(I/ /ido II/lIi/o 1I/11iJ !Jlol"rlis. Nri.l r'1/((JJI/Ii'/!JlO.l lIil/r/1I r'!Jl C'I'IIf'! o

X/X.
a(r/o I r i lll ; I/ OS(/ J't'f>/{'JI'I//Ol/ S('/II / I /{' 101/ j>aprl 1/11 t'(()I/O/lt1il rlll

Sooú/llrlt, drl / ('/I/rlo illdis/h 'll slhd. /1d 11/1/ /('111/10 II /l'ríS,I;tI -sc 111/11

••
\'m / i ll/f'J/l l t!i .lJll o (' o !Jloli't!i.wlO r/o .f / n t!o A'o//I\ ('(JI//(/ II Illlti/O illlr'li ·S.l/ · os (//O.i rlt' 111l/'L'/lli'I rios n illlillo.los. () I/ o/iliritio

/ ,i, / r)l 'lrl rk i sl' .Irl' I~W/llr/O, r!t'.I.I(, /)()/m ' ,l!,1Im/o rIr 11/ 0.1' ;1/('.\j)/i((Í'<. 'ti.l / Jo/; r i rt! J't/JII"S('/I /fl'i.'11 //11/ /) II/)d /I 'rllm/jilllr/rlll/l'II/111. : I / i/ is , .1'0 1/

r' il/f'.\ j ilim r/ns ( OJII 1/ll/rl /lotá/r"1 (l/I/Ol ltlir/llr/t', (' .1'1'/1/ j) mr/ll ~il' II / or/os os g m ll r/l's /l1f/lrll/o/{'.I, (, '/ill'II/IIl'SI/ rl 0/1 . I / II I /Jt'//:, IIr/O hrí

•• II.'r l /OI (fJll dtl.lf/o !JlOI /tI. f i o ((}/I/llílio, hrí 1/11 / h'(ll (()1//líI/IO.l

11/(/(//11'.1 (() II / / rl /or/OJ OS rlid/(\, JCI/ / i ll/l 'II /0S r' 'Ut!O/{'J, NO/J('I/o
1('1// 1'0.'

":1/(/.1' !l oir', o /)(J/)d rio 'a/o I' aimil/o.I'O' (IImllllll /llIIrl I/ O'V II

• /lrlSS II i l .1('1' 11.'J i JII O t'r'I'r/rl r/Ú I'O 1/0/1/1'/1/. ..I 'h t' m i'Zo(/ ( i i o ' / il/ cvi/d-

~'d :1//11/ r/o JIIa;.1 / O f S11/ell/ rl r/fI Img/r/i(/: ((Ir/ri hOI!lt'1!l /fl/ ('frloz,
1I('(('.,· úr/(/Iit'. r/ldo jJrl.\s(/ Ii J( I' j Jlí /J/illl. p ll/ rl .ft:I' ((JII l rl r/o. j )llss il.'d

r/I' Stl' r/ijill/r/ido IIr/ R f'/ní!JIim rios (,fllll(/f'()eS r/O 1fI(S1I/0 /e/!/jJo

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d' Ol//I"rl.'· ojJ( tJt'J. j)Ol'fjl/(' df' /f'l1l rOI/ Jriél/tÍa rlfSJl' a .uflJJ1l/alo. o

hOllll'/II .1'15 j}{)r/r (oIJ/f//-lo mlll II!/la t/I).IC t'x/m rft hl/ásr', 11 mjill '()/.
fjl/{'I'/!/ Rnjill/ . 1'()r/('-S(,//~t'I' 111//11 rOflf'xiio Illlllldirt/ do l/olititÍlio

/Jolitirll. : l g I/{ 'J'I (/ lIr1o /poJsiL-'t/pOl'agom ,/Je!o 111 {'/I 0 .1 1/0 (kir/t'I//(', '

(' rIr' Ii/I(I//I' 11 illrlil'lÍ///o Otirlê1l/It/, tom/(///a rll' 'l'iol/llrirl OI.'!! ,IIII;

•• IS
----------------------------r•
~. {/drl ,

r!tSi(' \
sente-s» sempre 110 desejo -- e 11(1 jlOs1(/io _.- de j>(lItiâjJ(Jr
O / O,i criminosos. /':le éI'raticamcmrforçado a 'prlltiáptlr'.
criminoso, fjll t' fI/}() II/rl SOl r ccoi: ... rrpnra o ! V i (iJ (f) rio
iljJ ()II!(it!fI 11 0

1'('/ /111, t rm VO//fI o jJú/;/;(() Im/il armir fi ({I(,!l(l/O /JOI ' lI/li ;IIS/flll/t
••
;.: como uma (/;':Cllf/(f70. Tudo, em torno de nós, t: ciÍlIlp/ia: desse
('.1' / (/(/ 0 de coisas. Nos aeroportos, oshomens te reoisram, rc tocam,
c /1'1' ,1'1'/1 momento d(' g lti6fl , ('111 /I/Oitl fl{tlO, I/f/S Idas dL' /dl'i,.'islio,
() públiro J!n 'âsf~ 'ter e.\j h'l'ià láfIS', Os po breJ criminosos trrml- ••
If'/J!'f/Jrlf m n fisicamente/J(1/YI açõesterroristas. Pensando nisso 011
n.i o, f'Jf(/1 I1()J mergulhados JltJJfJ tensão . (iNando a viagem (/(01/-
11'((' sent urna hisrôria, de uma certafo rtna , hd 111I;'1 d{'(cp('/io. St.'
na»: send o 'CI timas : d rs SIl O os fi torrs fjllt'/(/~em o h'fI/ ro, rir's/fl zf'lII
() /I' flbfl/IJO
-t:o
pcio: outros.
contado Ih'S/rI cena de Roberto Zucco, tlqllc/tI fjUi'
fillt' t;
••
(I (i!,1I m.t coisa acontece, esM-Jepresente com fi fá mnra, nenhuma

1/1-:./iO jJII/{1 "rio se fl!)foxilflflr, todas as I(I ZiJ('.1 para pf,'/úripa l',
t'lI prefir o. I'~ a rrnn centro], fI mrl ;S oonita, li IIIftÍ.I' longa, n mnis

OIl ,Wt!fI, F/fi in //ll ol(i,'/ lot!fI (I Ilj i !i !íll 0';StlO tia IH'(f1 ronto 1011 ••
Trm-sr I!!l'.WlO n teutaçdo de se colornrcm pt'ligo, l i (limara estd IOdo , ,.

••
III
••
Fillftllllen/e, para cncerrur f stn ;Il/rodlt(/io
(f}!Il/Jlt'x a e tâo rica, fi uma dramaturgia onde o social eo indiv/rl"o
fi uma oãra /i/o SO!I/'{' fi IM 11'0 r sun «/ilizfI{tlo, soorc t/~' 1I do fl /l(' d I' /1 0(1(' mil /(/1' . (. .. ,1
NtI 1'f.'(lIit!m/t IIIr/O isso po(/trifl .1'(' resm»i 1 1/0 St'II /imul lo qttr a gm te ••
••
sr II /{ 'sdm ll numa fdflCf70 íOllfllllJf1r!fI c rlitl l/:i:Il, l'!uj/(('I1Iln trmn jJ(J,iS II; til' se srnrl» tliflll/(, flr 1111I gOl/fr/, ' auto r. II llll! tlt.'/{'UllillfUlo

I (II //{;/, 1/11111 reiacion amento conturoaao f dilacerante, em eSI)(J{O,f momento , a gel/ li' St' e!J('(JI//,.fI no cro ncnr: rom (/.1' mesmas /raçõcs:
(:i/(' I / O\' e /rdlfldos, em qt« é p OSJí v el a SI"PI't'Sfl pel'fllt7llt'llle de fi tldlllitll(/if) c f/ ('.I'/l/j}('jfl(rlO , S o/!/os S!I/ ! J/'t,t'l /(l id o.l' f}OI'tJI/(, S I/ fi

/( m /lhu'(/'IIIos o 1/0.1',1'0 r/;/(Io.:mdo cotidiano que nem e'Jt'llIjJ!'t'.f{íâl


fk ifkll /~jlm nllos em fl OJ.W dia-a-dia, nadn mclhor 1"e as !>alfl-
escritura m/O((I .1(/IIpI'e turra .1'/ 1'/(' inu mcrrit.c] til.' ql/tS/f)(,S. DI' (Illdl'
V t' 1II isso? COI!IO d I' rscrccr? flor (I"r cxruamenrc isso! /)(:i/a/(II" ••
'~ ' l iI \ r/l' gl//1ldr. con àcrcdor, qur encenou oririas dns IJf('/J fft
111"

A'o///:r c rir quem foi gmllr/e amigo: Patrice ehtre/IU, N lI lIl rl 1.' fI -
uruist«, on rJII/II/lro til' 1987, a Didirr Jilfrmzl', SIII!-!,t' t i jJOglIlI-
.11/1/;' ; (. .. )

conhecendo
F (I ,I!,O I/l' f l(fI / lf l o !l nj;ll /o 6 m lll' I//(' .1'('/11

Htl'l/fllri-:IIfllie }:o//h' (0 11/0 f'II


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Ko'ti»?". F a resposta {/t Chéreflll: " 'lia/o fico lI c/tiro tlt'srle o medir/a, esl tl ,'dfl((I O é IflIlIIJill/ 1111I(1 rr/l l {iío d" j idel ;r!ot!r. Mfls i
jJIÚIO/' io, l'~ lima r tfrl (rJo a IImf/ eSDi/llrtl. Ou fJnlt'S, fi 11111(/
I/ufdir/mle, a lil!ltlfOl{a de utiliz..//(ão d e umfJ língua - fi nossrl ,
!1I1111 fitldidm/e que 1ldo ri Ido'! til! fIJJeg ll l'(/ r. Uma fitldidtl dc
d%l'o;tl, di/lá!. FOI'r/llf 11(10 épnáso,'ic,.rego t' sfI,I,'erqllf St' es/ill!I(J.\' ••
••
ojÍfllld,i - - e (lO que Kol/i:'S Ihe/n.z dizer, do que (I peça rt!fl/a. Ou COII Ctliodo,l' tlt' qllt' I/II/tl tias pe((/J não é boa, m/o devemos "/OI/ ltÍ-
.i,j d , a I't.'/f l (áo 'l I/f! }·:o//es es/aóelece elt' fII e.illiO ('OfII o mlllldo, (.'01'1 /a , P O ilj/((', ,l'O/J/ ( / lI tiO, se lIIo"lfl l'!lm til/lo,. ( 'OIl / O Ilj> Olii l/({) lIi/o ri
/('i// f'(). , l/ t',i1ll0 qlle ell ntlo /t'lJha fi flU'SJlla V Ú{/ o 1ue d e ,I'O/; I'f t i Illl lh ll el..'i d l'll /i' j}()I' tic/ill i(tlo, is.iO é t tilltia 11/('1/0.1' fjl/fll/do se Il flla

••
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I l't,'i'ir/a (/t. t il 'mIJo fi impre,utlorlc fIlt'olimm/ardrs/f/ IdflCrlO. Sem til' Ao/rh·. l l l/ll fw/orexllfll/fIlIlCtl/f! r:Olllp / t'.\'() , FII /O!lh'': ( Olls(ifll -
t!ÚO;t!fI pO"fllt' há fOr/fi ' ' '!tI
IJtl!'!t' de JlltIY pli~(jmjJ(l(õ('S I/(/S fjil{//j· da disso ainda /l'lrtl!J{l/hfl!/r/o tIIllll /) (,(1I mil/o Na Solid:1O d(,s
( li 11/1 ' I'fl'OlIl/{'(o f qllt' ji'na/lJIt:'fll( c'tI /)(.'.i ':/lO fl.l' 1I1t'Jl!Jf/.l' r/úoid'lJ Ca ll1pm de A!got!iío .. ._. fllI fI/tltl, rtl/Ill do IlIflis, 1/lIIM/fio agori/

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'OP!lJlU/ /1,1/10(/ "1.1' Oll/SJIII-, O!!)IJ.).J..I(/I~/: IJIIS J./(/O S ,r! 1)/lI o.ntot] /1111 ' IJ.J! IIÇj.l.J/)/II/ o!!.\'! [)(/ IJ[(/11.1.1.1" ,J.J.U l l c/ 0,1'.1'/ '0/11!.O/l 1/.1no lU 0/ .J.\' 0.11/1.1/

.I.)(/I),I·,lP 0LI)I),I'II.lj· I) 0lf/l'~l .. ·.1! " / 0 .'),.' !.J lU ' O,Jl/ Oc/ 1III1.1,}),I'/J/{ !iJ li,} 1J.1lJc/.I.J.1r7.l.JJ,} I) l}/ /I,l/IlIJ.J! /l 1I .J.I'-./IJ./iJI).WO .1 ,JF'.),}P ,m !J 1I1;I!1'JiF ' .I"! I)//(
,r?//o.y ,}! .II)/ F -jJ. lIJl l l.7l1 "P I)),}(j mi,!,\p.lc/ l' ·J(l 7. IJ.\:l.IO/ II I) 11111 O/l/O.J IIIJ/j!XJ opu J.I'/JII!J ,m !J . f.}~!P 0/11.1",1/11 1/!-.J.I'-.lJPOd ·.I:U O/ll I) ,I'(J) )/ (I( !

'Z:,H2.I)PW I) ' .r!I)/II O,J1!Oc//lII/.I!.I(/O.).I:'P.lP './IJ.IJc/SJJpO '.I.l·Z IJ./c/ 0.1/"0 O/!"/11 [(/,7/r!.\':./ '.7/ II I/ /.I 0 {/ III ! O/!III" jl l)jJ ,JI/!J.l0d '';P I/ jJ! f-/P ! / I) / ,I",lP

/1111 fJlf 'O{/lfI.J/ otasst« OI) 'O.I'.I!P II/!/v :'1 (' ..) 1)IW!'l0.lc/ ° J.I'.\'d? opu 'Z!p / II 0/SJ us SI//f '()J .I!'l!Ic/ OI) j<lO-/,I',I'(} c/ II/J.I!P S!'J/II'J ',O/c/II/!S ,1'1 1) /11
,I'IJIV ·1J. / / II 0 ,JI/ !J O!/]I).J!"1111/0.J S!I)II/ '0/./,\'1 .I'! IJIII. / JI .J/Hu/ /ú,c/ IJIl/" l/.I P/lIJII/ IJP.lJZ;J)/V '.I,I.I f/ O) .I',/P lJ .l'lJ.I!O) .I'/)(],O/l J./ Ú /llJr p li '.1(11) 0/1/ 0)

••
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••
•• ROBERTO ZUCCO

••
•e
••
•e
••
••
••
•• "Depois da segunda oração, tu verás subir o disco solar e
verás pendurado nele o phallus, a origem do vento; e se
virares teu rosto em direção ao Oriente, ele mudará de lugar,

•e e se virares teu rosto em direção ao Ocidente, ele te seguirá ."


(Liturgia de Mirhra, parte do Grnnd Papyrll.dlagiqllede Paris.
Citado por Carl jung em sua última entrevista à B.B.C.)
e
e
e
e
••
••
---------------------_..••
P ERSONAGENS

Roberto Zucco. ••
Sua mãe.
••
/\. menina.
Su a irmã . ••
••
Seu irmão.
Seu pai.
Sua mãe.


o se n ho r mais velho.
/\. senhora elegante.

o ferrão.
- ••
O cafetão impaciente.
A puta histérica.
() inspetor melancólico .
•e
Um delegado.
Um comissário de polícia . ••
Primeiro guarda.
Segundo guarda.
Pr imeiro policial.
••
Segundo policial.
••
••
H omens. Mulheres. Putas. Cafetões. Vozes de pri sioneiros
c de guardas.

e
e
••
e
ta
••
~ .. 0 _ • ._ . _

..•
.'•
e
I. t\ FUGA

() fd//(/do de lima prisão, filé sua parte mais alta.


grades maiores, depois, tem as grades mais finas, como
num coador, e depois mais finas ainda, como uma peneira.
Teria que ser líquido pra poder passar entre elas. E uma mão

••
() ramtnlu), na alrum do telllfldo, pOI' onde os gnnrdns passam que esfaqueou, um braço que estrangulou, não podem ser
tascndo fi ronda 1lo11l1'11f1. feitos de líquido. Ao contrário, eles devem ficar grandes e
110m (111 fi'" 00\' guardas, porcausa rio silãuioe cansados de o/lrar pesados. Como você acha que alguém pode ter a idéia de

•• atrntamcnrc o escuro, são às uezes vítimas de alucinações. esfaquear ou estrangular, primeiro a idéia, e depois passar
pra ação?

.- PI{I r--. IEIHO GUARDA - Você ouviu alguma coisa?


SI':< iUNDO GUARDA - N~(), nada.
PRIMEIRO GUARDA - Puro vício.
SEGUNI)O (aJARI)A _. Eu que sou um guarda já faz seis

•• PRIi\IEIRO GUARDA - Você nunca ouve nada.


SEGUNDO GUARDA - E você, ouviu alguma coisa?
PRIMEIRO GUARDA - Não, mas tenho a impressão de
anos, eu sempre olhei os assassinos procurando onde poderia
estar o que faz com que eles sejam diferentes de mim, vigia
de prisão, incapaz de esfaquear ou estrangular, incapaz até
e ouvir alguma coisa.

••
de ter a idéia de fazer isso. Eu pensei, cu procurei, eu fiquei
,l) I·:( it INDO C;UAI~DA - Você ouviu ou não ouviu? até olhando quando eles tomavam banho, porque me disse-
PRIi\J EI RO GUARDA - Eu não ouvi com as orelhas, mas ram que era no sexo que o instinto assassino se alojava. Eu

•e imaginei ter ouvido alguma coisa.


SI·:(il lNI)O GUARI)I\ - Imaginou? Sem as orelhas?
PRIMEIRO GUARDA - Você, você nunca imagina nada,
vi mais de seiscentos, e nenhum ponto em comum entre
eles; tem gordo, pequeno, magro, bem pequeno, redondo,
pontudo, tem ainda os enormes, e não dá pra chegar a

•• c é por isso que você nunca ouve nada e nem vê nada.


SEGUNDO GUARDA - Eu não ouço nada porque não
nenhuma conclusão a partir disso.
PRIMEIRO GUARDA - Puro vício, cu estou falando .

••
t cm nada pr~l ouvir e eu não vejo nada porque não tem nada Você não csr.i vendo alguma coisa?
pra ver. Nossa presença aqui é inútil, é por isso que a gente
;\Clb;1sempre brigando. Inútil, completamente; as metralha- /\jJarece Zurco, andando 1/0 a/to do telhado.

•• doras, ~lS sirenes mudas, nossos olhos abertos sendo que a


essa hora todo mundo tem os olhos fechados. Eu acho inútil
ficar com os olhos abertos pra não olhar pra nada, e os ouvidos
SEGUNDO GUARDA - Não, nada nada.
PRHvIEIRO GUARDA - Eu também não, mas tenho a

•• .uc ntos pra não ouvir nada, enquanto a essa hora nossos
ouvidos deveriam escutar o barulho do nosso universo inte-
impressão de estar vendo alguma coisa,
SEGUNDO GUARDA - Eu estou vendo um homem


e
rior c nossos olhos deveriam contemplar nossas paisagens
interiores. Você acredita no universo interior?
PRIt\IEIRO GUAHDA - Eu acredito que não é iruir i Ique
andando no telhudo. Deve ser efeito da nossa falta de sono.
PHIl\IEIRO GUARI1A-O que é que um homem faria em
cima do telhado? Você tem razão. Agente deveria de vez em

•e a gente esteja aqui, para impedir as fugas.


SE(;UNDO GUARDA - Mas não h.] fuga aqui. É impos-
sível. A prisão é moderna demais. Mesmo um prisioneiro
quando fechar os olhos para ver nosso universo interior.
SEGUNDO GlJARDA- Eu diria mesmo que era o Rober-
to Zucco, aquele que foi preso essa tarde pelo assassinato do
e bem pequenininho não poderia fugir. Mesmo um prisio- pai. Uma besta furiosa, uma besta selvagem.
e neiro tão pequeno quanto um rato. Se ele passasse pelas PRHvIEIRO GUARDA- Roberto Zucco. Nunca ouvi falar.

•• 21


••
SE(;UNDO GU;\HDA -
~OiS:l. .ili, (111 s/) l'11 l'SIOlI vendo?
Mns você c sr .i vc ndo algllma i\ ~1i\E ---- Como você con segu iu escapar? Quc espécie: de
pris~() é C \S:I? ••
/ / ( I '/ '() ro ntiu tra (/ ( '(III(fIllr/O. Ilflllljlii/f/II/f'lI!(', ,w ll/ "t' o !dhar!o,
ZtJCCO .---- Nunca me m .mtcrão preso. por m.iis do qlle
, ' ( t ~" r

perder a p.ui ê nci.t. Abre, 011 e:11 derrubo esse bnrruco.


'),.Jl .
:l!glllll:IS hor.rs. Nunca . Abre, m ãe. Você~. !":Izér urnu lcsma
••
PRI:\IF!HO (;( 1 :\ 1 ~ 1 };\ ._- 1':11 im.urino qllc cst ou vendo
.d'.'. llltLIl'oi-.: :1. i\Lts li qlle que é?
:\ i\1t\E ._.- () que é quc voc2 veio Llzer aqlli? I k o nrlc vc m
essa necessidade de voltar? 1':11 nào quero mais te ver, CIIIl:io ••
/ l/ d O ((} /l/ f'(ll (/ r/t'.l"fIj)(II('(I'I ' fl! lfís dt' /(11/(1 (-hrlll lill /.
quero I1UIS te ver. Você niio é mais meti filho, acabou. Você,
pr;\ mim. n:io v.rlc mai s do qlle 1111\:\ II\O S(';I n :t mcr d ;r.
••
,1. ;1': ( ;( 11\'J) 0 GUARJ)A --I:: um pr isionciro ru ,!.',illdn, //1((0 f/lTIJIIIIltI II

:\ i\I AJ': '


jJolld .

HII!ler!o , 11 :'111 cile .!', lIc pcrlll de r n u n .


••
1 l )( ;( :() -_.. .\<: I1 v i 111 b u xC \ r ru e 11 u n i fo ru I c . e
1'1{!\IFIRO GUARDA -- Mcrd.r , você t cm r.iz.io: é IIIIU
111.:' .1.
A \,1:\ I': _.- Seu () qllê ?
11 1(;(:0 \kll u nitrumc: minh .t (':11111,,;: Cíqlll C rn i nh.t ••
•ta
('; l l ~' : 1 (k ( ·()lll!) :ltt' .

'/ /t il i . h%/á!t'.I". SIÚ Il f',i. .\ !\ Ii\ I': 1':... \ :1 illl lllH!íci c dc' mllp :1 uulu .u. 11 1;1 qllL~ (~. {Pll'

\ '(lcê IHcc is:l dc \ s:1 imuudkic de rnup .r milit .u? \ '(lcê é louco ,

11. :\SS:\SSINATO nA i\L\E


!{u ! lt.'rto . ,\ g C fl t C dever i.i ler is:w qu.nu lo
ClllllPI"<'C1H!ic!l )

voc ê :\ind :1 cst av.t no be rço c Jo.!~~ldo \'OCl~ no lixo . ••


••
ZlIC(:O ._ , I\ nd:l logo, m .ic, r.ipido, truz meu unifurmc de
: \ II/il" dr Zntro, dl' cnmisol« Ou /Íi"II!I' fi jJol1t1já!t(u/a . 11111:1 vez .
A MAI~ - Eu te dou dinheiro. l~ dinheiro o que voc ê quer.
:\ 1\ IAI;: - Roberto, cu estou com a mão no telefone, cu
disco e chamo a polícia.
Il j ( :CO - Abre pru mim.
Você vai poder comprar todas as roupas que você qui ser .
ZUCCO - Eu não quero dinheiro. I:: o meu uniforme que
eu quero .
••
A \1"1<: - Nunca.
I UCCO -- Se eu der um chute na porta, ela cai, você sabe
muito hem. n;io se faça de idiota.
i\ [\IÃI': -- Eu não quero. cu não quero. EII vou ch .uuur os
vizinhos.
ZlJCCO - Eu quero meu uniforme.
••
e
••
:\ i\1!\E ._- T:í bom, faz isso então, doente, louco, faz isso e A MÃE ._ .- Páru de gritar, Roberto, p.iru de grit:H, você me dá
;1(' (11 <1 :1 ll'i viJ.inlws . Você CS(;lV;I mais seguro Ila prisão, por - medo; p:lr;, de g ritar, VOCL' vai acordar os vizinhos . I':u ll~O
quc :-;e virem você, você vai ser linchado: não se admite aqui posso te dar o seu uniforme, é impossível; ele está sujo, ele
q lle ;lIg11é rn mate o próprio pai . Até os cachorros, nesse
I1.1Irro, vão te olhar atravessado.
está nojento, você não pode vestir esse uniforme assim . Me
(U 11m tempo que cu lavo, seco e passo esse uniforme .
Zl1CCO --- Pode deixar que cu mesmo lavo . Eu vou na
••
/".((() rstuurm fi porta. lavanderia autonuir ica.
••
,: 2

••
...
•• ( :0111(1 \'( ll 'L- x.i iu :Issi lll dll s trilho s, l{o!Jl'rlO ? <)IIClll (,O!Il('IJlI

•e ! .u n rn t c

1.1'( :( :( ) .
l ru no .
\:: (I h I,!',:11 dli 111111111 li ti 11e c 11 11Il' riI (l , I,: c. 11 111 u. l-
11111 trlll IC() l iL' .irvorc S(dH e c sse c.uniuho t ão rclo PI :I LI /er
\or L- r. ur 11() :l h isl l ll l ? l{llllLoll o, Rohcrt o , 11111 l' :lfIO li" l' (':Ii
num h.ur.uuo. 11 :'10 tL' IIIL'OI1 :-;L'lI(l~ l i m t rc m <jllL' dC '>l' :lrr ílI LI,

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q I1L' l' k \'o It L' Pr I )S I r i I 11()s, .\

•• L· ... WI I de lut o pelo se u p.ii. ser. i qlIL' \'OCl' v.n II1C m .u .rr, :lgo r:1
l' ;1 11I il1!1:l \' 0
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'\.':'10 (CIl!1 :1 I11L: t\ I I (IL- mim, Ill :k , 1':11 Sl' lll lH L' Clli
berro. cu j.i t c e sque ci.
Z I :C( :0 -- :\ IHL:S de nu: e sq I IL'l'L'r, 111 :1 LII :1 o ndc c st .i () 11 1l' II
1111 i l'( 11 " )L' ,

ti '! II\ L'C ho n 1,1111 1111,'0111 \ ' O l"\:· . Pur quc \'occ: t c ri.i m cdo dc mim ? :\ i\1.\1 ·: ,- \':k LoSl:i .u , dc m ro d ll h.rl.u« . 1'>,L i suj o LOlfltl tl

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;l l( '( ' j 'i ,lllllo dc lc, 111;le,


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c stnu
o 1 11~' li 1111 i [ur 111
prccis.md«.
L' : I·: I1 c s(o 11 :l ll l: ISS:l d ll,
t'1111}()r:I, \,OC('
r /II / ((J

me jurou.
ril il o IlIIij iJI'lJlr rio I'f titl io,) I·: ; 1 !~, l li ; 1 \ ' :11

••
\ \ 1.\1-: --- i'do SL:j: l bon zinho cOl11i ,!.',o , Robcn o. (:OlllO \'oce: Zl l(:< ;() __ o 1 '~SLí bCI11, c u jurei ,
' I"n ,! IIL: cu L: Sqlll'~' :1 que VOCl: m .iro u () SCI I p :II , qlll' \'(lce: o
! 1 1 ~,', c li l pc l.rj .mc l». COJ1)O se .iO ,~ :l l ll ll ( ' i ~ :lI'I( ) : I·: : I ,~ o r : l , \'(ICl: é FIt.lf't'I/JI 'OxiIJl tl rltI mil/', II/d ,.,átl-tl , fli!l lJ/ I/I/i o. Iljl t'I / II -1I I IJJI! l fI

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FIt ti ,itJ l ! tI (" tid I/I i, (",I'! l i lll,:: lI l d , ll ,

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••
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••
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II \ L'sse te vixrn sair, c ;ICOll l p: \I\ h ad o L'Olll o s meu s olhos até {lII/(/ II/('Jtl , mim/fi (()/I/ /IIl/tI IOtl/hll tlll(, c a i fll/ o duto ,

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rnud anç.i do seu c or p o :Hé o ponto em
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••
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L'S[ i \'L:ss e re \Tndo aqlli, p :lrecido com aqllele que s:liu de c cala :1 hocu. (11 II/enil/fI entra pdfl./fll/c!fI.) Enr:io ~ assim, a
Ill i l ll nL'SLI CIIII :I, L: 11 :ILTe d i r:tr i:1qllL: n:io ~ o lIlell filho qlle
e {L'l1ho ;I(pli Ila Illinha frenre. No enranro, cu re rL:conheço,
Clt IIm:lltor:llk ss:IS da noire L:U re L:1H:Onrrll ag :IC!1:I<! :I, L:ncosrada
num muro qualquer. Seu irmã o esd de c arr o correndo a
e I{{)hello , EII reconheço a forma do seu corpo, SL:II L1I11;1I111O, cidade inteira e eu posso te dil.er que quando ele te encon-

•e :I COf dos sells cabelos, a cor dos sells olhos, a forma das suas
IlÚ)S, eSS:1S grandes m:ios fortes qlle nllnca serviram pra
ll l l tr :1 co is;\ SL: ll:i O acariciar () pesco~'o de sua m:ie, ou apertar
trar, ele vai encher essa sua bunda de chutes, porque ele já
estava ficando louco:uds de você. Sua Illãe ficou espiando
na janela durante horas inventando rodas as hipóteses do
e 1i tiL: SL: II p ;li, qlle você m:\tOll. Por que essa criança, tão Illundo, desde o estupro colerivo por Ulll bando de arru:lcei-

e "'L'IIS:Il :1dllr:IIHL: vinre e qll :itrO :lIlOS, ficCllllollC\ de rl'penrc? ros até o corpo decepado que seria enconrrado elll 11111

•• 23


r
bosque. sem falar do sádico que teria te prendido no porão, esperar a sua hora. e que nós escolheremos, todos juntos-
••
tudo passou pela cabeça dela, E seu pai já tem tanta certeza
de que não vai mais te ver que tornou um porre c está
sua mãe, seu pai, seu irmào, eu mesma, e você também aliás
- pra quem você vai dar isso. Ou então vai ser necessário qu<.;
alguém consig:t. com violência, e isso, quem ousará fazer, a
•e
••
roncando no sofá. um ronco de desespero, Quanto a mim, cu
rodo nesse bairro feito lima louca c te encontro aí , simples- lima menina como você, tão pura, tão virgem? Diz pra mim
mente agachad<l c encostada nesse muro. Enquanto seria que ninguém foi violento com você. Diz pra mim, diz que
suficiente que você atravessasse a rua pura nos tranq üilizar.
Tudo () que você terá ganhado então, é fi uc você vai levar uns
hons chutes do se" irmão, e CII espero qlle ele chute a suu
ninguém te roubou isso , não é, isso que não deve ser roubado
de: você. Responde. Responde 011 eu vou ficar zangada .
(lIam/fIO.) Esconde rápido crnbalxo da mesa. Eu acho que é
••
IHtl1d~1 até sungrar. (Tempo.) Mus cu estou vendo que você o seu irmão que csui chegando. ti
decidiu que nào vai íular cOllli).!,o. Você decidiu ficar em
xilc nr.io profundo. Silêncio. Silêncio. Todos se agitam em A menina df'.\"flj)(II'f·({, clIl!trlixo da ",('5(/.
E1//m () jJfli, de jJ{irllllfl, meio dormindo. E/e fI/mVCHtI fi coziuh«,
••
••
volru de mim mas CII me calo . Boca fechada. Veremos se sua
!)()Cl vai ficar fechada quando seu irmão estiver chutando a dcsnpnrcca fllgIIIIJ segundos, atravessa de 1l0VO ti cozinha e oolt«
SlI;1 bunda . Quando então você vai abrir a boca pra me para o seu qunrto.
explicar por que, j:l que você tinha permissão até meia-noite,
por que é que você voltou pra cusa tão tarde? Porque, se você
11 :111 :I!Hi r () bico, cu vou começar a ficar nerVOS:I, cu também
A IRMÃ -
virgem, você
Você é uma menina, você é uma pequena
é a pequena virgem <LI S!! :l irrnâ, do seu irmão,
••
vou fazer todas :IS suposições. Meu pardalzinho, fale com a do seu pai e da sua mãe. Não me diga essa coisa horrível. Cala e
SII:I irmã. eu SO!l capaz de compreender tudo, eu juro, eu vou

[C proteger tI:1 ruiva do seu irmão. (Tcmno.) O que aconteceu


\'(}cC: foi lima pequena história de menina, você e ncon-
a boca. Eu ficou louca. Você csr.i perdida, e nós todos,
perdidos com você . ••
••
\"( 1111

uou um g:tror~), ele foi idiota como todos os garotos, agiu mal Eutr« o il'lIIt1o,jilzmt/o 11111 gmnt/e umudro. Jl il'l/lrl Sl' jJl't'ájJi!tI
coru você. foi grosseiro? Eu conheço isso, meu pintassilgo, cu sobre ele.
rui unia menina, eu fui a festas onde os garoros são uns
imbecis. Mesmo se você deixou alguém te beijar, qual o
problema? Você aindn vai ser beijada mil vezes por imbecis,
A IRMÃ-Não grita, n~10 fica nervoso , Ela não está aqui mas
ela foi encontrada. Ela foi encon~rada mas ela não está aqui .
••
você querendo ou não; e você vai deixar que eles passem a Fica calmo, senão eu acabo ficando louca. Eu não quero
••
-.'
rn.io em você, minha pobrezinha, quer você queira quer não. todas as desgraças juntas e, se você gritar, eu me mato.
Porque os garotos são LIns imbecis e tudo o que cios sabem O UUvlÃO - Onde ela está? Onde ela está?
Llzcr é passar ti mão na bunda das meninas. Eles adoram isso. A IR~'IÃ- Ela está na casa de lima amiga. Ela está dormindo
I,: 11 11~(l se i que prazer eles têm; na verdade, aliás, cu acho que
c lc s n:-I() vêem nenhum prazer nisso. Faz parte da tradição
11.1 casa de lima amiga, na cama de sua amiga, no quentinho, ·e
com segurança, nada de mal pode acontecer a ela, nada. Está
deles, Eles n30 podem fazer nada. Eles são fabricados com
imbccilid.ulc. Mas não precisa fazer um drama de tudo isso.
() t's scnci:t1 é que você n50 deixe ninguém roubar o que não
nos acontecendo lima desgraça. Não grita, por favor, porquc
depois você poderá se arrepender e até chorar.
O nUvlÃo - Nada poderia me fazer chorar, a não ser lima e•
(1e\"L~ ser roubado untes da hora. Mus eu sei que você vai desgraça que acontecesse com a minha irmãzinha. Mas eu
e
Z·J
••
.•
•• t omc i unto cuidado com ela, e só essa no ite ela me escapou,
1 ': s s ~1 é ;1 primeira vez que ela me escapou, s{) :lIgumas horas,
preferiria que me chamassem de rato. cascavel ou porca . O
que é que você faz, na vida?

e l.·lll!()d()s esses :1110S em que cu t omr i conru dcla.1\. desgraça ZI .1 C( :O - Na vida?

•• IHl.T i-; :1 de m.iis tempo prn se ub.ucr sobre algllém .


,\ Ilnl .", _ . i\ dcsuraçu não precisa de tempo. Ela vem
qu .uulo quer, ela tran sforma tudo em um instante. Ela
t\ i\IENINA -It, na vid.i . Seu trabalho, sua ocupação, co-
mo você ga nhudinhciro, e todas essas coisas q uc todo 1l11IlH lo
faz?

•• de str ói em um instante um objeto precioso que a gente


gu:trd:I durante anos. (F/a pega to» oôjcro e joga-o 110 duio.) E
:\ gc ntc n~o· pode recolher os pedaços. Mesmo grir:lndo, a
ZlJCCO - Eu não faço o que todo mundo faz.
A MENINA - Então, justamente, me diz o que você faz.

••
ZUCCO - Eu sou agente secreto. Você sabe o que é, 11m
,! ~ l.· n l e n:'I() podcri.: recolher os pedaços. a~enre secreto?
I\. MEN INA - Eu sei o que é secreto.

•• j ·.'II//i/ () jJfli .
til 'S,.I/) fi 11'(('.
FIt fl/lfIVI',I'SfI fi ('o~inl/(I rotuo /1(1 primeira vez e ZUCCO - Um agente, além de ser secreto, ele viaja,
percorre o mundo, ele rem armas.

••
A i\IENINA - Você tem uma arma?
( ) II{\ I:\() --- \ lc .rjuda, minha inu à, I1IC ajuda . VOCl' é mais ZI )C (:O - .... (:Iafo que tenho.
I'm[e <lo que cu, Eu n ão suporto us desgLl,':IS , I\. i\IENINA - Me mostra.


e
.\ II{\ 1/\ - N ingllé m suporta a dcsgra,:a,
( ) II{\I /\O - Divide comigo.
:\ II{\ 1:\ - Eu j.i estou tran sbordando.
ZLJCCO - Não.
I\. i\IENINI\. - Então, você não rem urn.i arm :t.
ZUCCO - Olha. (f'Je fim um pUlIhfl/.)

•• () I J{\ I.:\.O - Eu vou beber algullla coisa. (F/e sn i.) A i\IENINt\ - Isso não é uma arma.
ZlJCCO - Com isso, você pode 11I :1tar tão hem quanto

•• () INI i '4.-'O/ / fI .

( ) 1'/ \1- Você cst.i chorando, minha filha ? Eu acho que ou vi


com qualquer outra arrnu.
I\. i\1 ENINI\. - Fora murur, que mais que ele faz. 11m :l,t!;enre
secreto ?

•• :t1,!.', l l é lll chorando, (,I inllrl se ltí.HI/I!(/ .)


:\ ~I{\I;\ - Não, Eu estava cantando, (/.J(/ sai.)
Z UC:CO - Ele viaja, vai pra África. Você conhece :1 ArricI ?
A i\11': NINi\ - Muito hCI1l.

••
( ) 1':\1 - Você tem razão. Quem culta os male s espanta, (1';/( ZUCCO - E u conheço uns lugares na ArriC:I, urna s mO/1t:I-
sa i .) nhns tão altas, onde neva o tempo todo. Ninguém s.ibc que
neva na África. Eu, é isso o que eu prefiro no mundo : a neve

e /)('jJois de
fijJl'o.\'i/llfl dfl
1//11 momento ,
j{/nel«,
fi menina sa i de r/tóflixo da mesa. se
ahr r-n 11/1/ !)()/I((). faz LIIl'CO entrar.
na África que cai nos lagos gelados.
A i\IENINI\.- Eu queria ir ver a neve na África. Eu queria
e andar de patins nos b~os gelados .


-
e
e
t\ i\IENINI\. - Tira os sapatos. Como você se chama?
Z UCCO - Me chame como você quiser. E 'você?
:\ i\IEN IN i\ - EII? Eu não tenho mais nomc. Me chamam
o tempo todo por nomes de bichinhos bobos, pintinho.
pinLlssilgo, pardalzinho, cotovia, pombinha, rouxinol. Eu
ZUCCO - Tem também rinocerontes brancos que arru-
vcssarn o lago, por baixo da neve.
I\. i\IENINI\. - Como você sc chama? Me diz o seu nome.
ZUCCO - Eu nunca vou dizer o meti nome.
I\. f\IENINA - Por quê? Eu quero saber o seu nome.

•• 2S



------------------------r••
1I '( :(: ( ) - - l~ um segredo.
A \IE NINA - N ão . Eu c .mro par:l espantar os males.
,\ \ 11-:',:1:'<,\ .-..' El. se i gll:trd:lf ,;cgret! (\s, \ l c di!. (l seu nome,
/. 1·( :(:( ) 1':11 e . . q l lC.: c i .
r :I I. J(I. (l 'mr/o o ()!~ido rll/dl/m/o .) T un to
:\ l\ 1;\. E _ .- Voc ê [em
mc lhnr . TC I!I um hom tempo qlle cu queria me ve r livre
dO S~i
•e
••
\ \1 ! ':~[0J!\ _ .. \Icntims\l . sujci r.r .
<I <. :( :( ) A nd ré .
\, \I J-:'.T'\~ ,\ · - i\: ;'it l, F/ti sni.
1.1 .( :( :<)
\ \ 11 -: \.' I:".,I\
;\ I I ,! ~ L' I I I ,

nc nhum (lesse s uomcs.


:'-: '\t ) ,t'.()I ;I ti ;I i h;I\.' ; I , ,I li I I C
111 1\ i
l' I I :..',1 to, i\::\()
. 1 mrn l n«

"OI.
"Cf l i j Ú I I ," jJ l' I'/ O r/r Ilftt"f), f//fI' f's/r; t',I'(()I/(/ido .W /J a 11/1'.1'//,

1) :\ \1/ ':\:1 0::\ _ . " oc c , g :lro ro , \'()cC; me tirou :1 vir -


l () , ,l o •
••
••
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1 I ( :( :() I': CI )l l l< 1 \'(l('C: ,;:d.)c , SL' \ lll' t~' ;1;1\) s.ihc : ~:i lll L! deo c :I .~ ~()( .! c l.t l' :oIL I. :,\::"(1 h.r vc r.i \ II II L\ I' C :~ \( I ~1 lIIIL'
\ \I L:"~I ~",\ 1111POssí\'cl. Lu o rn'(lllilCl'Cllól I L I Il lC"lll:1 v.u poder t i i. u 1\\() de mini. :\ g(lL ' cLt t:' Sl LI .uc li 1'111\ d i ! \

••
t :I I [ ,I ,
se us di:l s. eLJ ser.i SII :l mcsuro qu.uulo \ncc j.i t i\l'1 111L:
l i ( :( :c) --- 1':11 J):'ío po ')so te di zer meti 1J(l I l\ C . c sqllt:c itin. 0 11 m orrido . Vocc CS l:i m.uc .id o por I l ii l ll {'Ol l\()
\, \ 11': \.' 10: .\ -..... \k sll1o se \'o<.'ê n ;! l) jH 1dc me di/,cr, li l'l. po r 11111:1 c ic.u riz lkp o is de um .t h r i ,~ ;1. FII I L'I(l l ' t lll í l I I ris-
.: , '< 111 i ll CS I11() .

I. i l :( :()
co de esquecer, p orque CII n :i(l tenho (1l 1t LI ! ) r:! d .rr pr ~l
l1i ll l '.l lé l ll : IH(ll1tll, csr .i Ic it o, :I! é I ) [u u l Li m inh .: v ii l.r. j':s(;i ••
•e
" 1 . 1'.-.1 d:l d :l e c Lt é xt t.t .

\.', i I I lL' 111 I H() Ili t' 1\\1 . I ) i.. , ! '>' o I 11\ I i I f, OS 11 j( 1,

,' ~ (' \., i I i ,11', \ (' \ '><: I 111'11 1111111" , ('li 11l! >J 1(' 11,1.

1.1 '( :<:( ) ... . I{oh ellll ,


••
\ \I E :\I ~ /\-· -l{ (lhcrt() o qu ê?
/1 '(:( :( ) ..- Co nrcurc-sc co m isso. o i NSPETOR __ Eu estou tr iste, m .id .n uc . !·:u smr« o
o
••
.\ \ll ': ~10L\ ·-·..· !{(d)e rt o o quê? Se \'oc 0 11~'I() me di sser, cu
~ ',11t ( I. LO 111l' li i r m ~ (). q \I e e ~ t .i 11111 i t () 11 C r \' (l \ o, v ~ 11 t e 11L lt :Ir .
/ ,1 ( :< ;() --- Você me di s-.c que \'Ol'l~ ~ ~ d l i~ \ U lI"C cr.i um
coração hem pesado c cu n ão sei por quC:. EII estou COn S(;II1-
temente t ri ste, mas dessa vez rciu :tig ulll:I Co is:l llle incomo-
dando. Normnlmc ntc, quando CII me sint o nssuu, rum VOI1 -
••
s L· ,~ I. r c d () . Scd que voc ê subc mesmo ?
\ \ IF\: I01:\ ·--, I:: :l ú nica CO iS:l que cu se i pcrfc ir.uucntc o
t ; I Ie L;, :'-. lc li i 'l. o Sc U 11 U In e, me d i 'l. () s e 11 no 111(: .
t.ulc de c horar ou morrer, cu pro curo () porquê d isso. hl
pe nso em tudo o que aconteceu durante o di :\, dur.mrc :l
noite , e na v éxpcru. E eu acabo sempre cncontrundo :d g Ul11
••
/ l ( :( :0 ---- ZIIC (' I,). :IL'(llltecil1lel1w sem import ância que , nu ho ra, niin me ch .r- e
\ \[l o~~I':!\ I{obcrw I.lI cCU. 1':11 uunca vou esquecer I!lO\! muit o a arcnçüo. I1l:1S que, como uruu porc.ui.rzinhn ele
e

-
L',, -;C nom e. 1':sconl!c embaixo d:l mc sn: vem "indo gente. um micr óbio, se instalou no meu corução c Iicu mc nrormcn-
tundo em todos os se nt id os. Agor:l, Cju:llldoeu dcscubro qu :d
1< 11[/ ( 1 fi IIlIII', foi () acontecimenro sem import:l ncia que mc fe7. sofrer
LlIlto, cu acho graça, () micr6hio é destruído como um :l pUlg:l e
\ \ 1:\/': - -- Voce: C:iLí Lllando soz in k l, 1I1eu rouxinol ? com a IInl1:1, c fie:l tudo hem. ivlas hoje Clt j:í procurei; cu j:í
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I '< l IH ' 11 k (1111 lc \ 'C In (, 111:11,
( ' ( )IIl ( 1 se ;\ rc í'lc xuo pro flll HLl u nt lc ele L.'SL1\':1 mcruulh .uk.
:1 1.-'ti Lh -'; l' dl' c nro nt t.u ' 11I1l.1 S\d ll \';IO. I )epoi s tod o o se u l'Orp()

e \ ' ! I 1. 11I I r i.. .t L' L' I I C ( ) r:I ~' :i o \:\ (l I) L' -; ,1l III, Il ;ILl lll.:,I, C ck :I f l l n l h nu cl 1:"i o , 0:l'11l o :l SS:ls si Il O nem :1 S I!: 1

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I\ :'\() i c m t.uu o r .ul.i vv r :lssi !ll.
vu im .i ' L' ,l lh :ll ,1I1 1L'11\ nc nhum momc nt o . () me n ino tin i u tI S
(d h l)\ f i:\u s "OIHC o revolver tio in xp ct o r: ele vui, pc g :l ()
n,I)('IL' . l c ut ro du\>nlso , l' v.i i c mhur.t, tr.mq üil .uuc nt c ,

••
11.,' \\ 1"

1.11 1, j,,-;o sim . rem dc m .us. Ali.is cu hc m melhor se r iv c ssc co m u tr.mq üilidadc do .lc ruôuio. 111 :1L!;lIlIC . Porque l1in gllém
11:.1 1" c.u l.i v c r c IllCIlO S Clkl:(o, se 11ll'\CIl, todll n n u u ln tjlll' c sr.iv.: .ili l'iCl ill im óvel. o l h . m d »

ti
• \ \1 ,\\ )\\11 ·: --- , li CII, prci 'lro os C. Il 'I.'l,l('s . cle " IIIC LI /cln
\ l\l'IL' L'leS IllC ,>1110 S S:(O hc m vivo s.
( I I '\ ,I.) I)I·: T O I{ --- I·:li preciso i I, II L I I l.u 111,: . ,\ d c I1 S.
clc ir c mb or .r. I·: k I k"' :lIu rL't'l' I 111.1 111 11l t id :ll l. I': 1':1 ( I d i ~d)() li tIL.'
:1 scuhnru t inh.:
debaixo do sell tcto, m.ul.unc .
1\ \ 1.\\).. \ \ I F --I k Qt1.t1qIlCI jeito, t'lllll (1 ~lSS:ls s ill:lto dc 1111\

•• / " f 1) "l l i dI' 11111 1/11111'111, kdlfl ,\ 1111 /111//(1 ({ r kli '(,
in spetor, esse menino CSLi podido,

•• ,\ \1.\1) ,\\11': - - Nun c.: se eleve di /cr .ulc ux, in spetor, v. O 11{i\I.\O

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i l/'p l llIl' Slli . .I1 :~ :lI irl{)
í " i/ ,\ 1/,' "(:/111.1'
I)(J I' 11111"1),

1'//1'1,111 1( .1' , 111// .-1 I i/I III . ,1,,/\ ,., "/. ,>. 1 // l l i l .
.l m -:.ill!JtI ,

•• \ l ' I :' I'.\ ---- ~ LIl I:lI11e, 111 :I ti:Illl C. l'o 1\ J s


:1I 1:I\ 'CSS:l r o PCflllCI1(} (:hi c l ,!!,O , () h.rirr» cst :í rodo 11111 :1
di :ti )( '1\ i c :1S:I r: ti):1111 de ( ) 11 { \ I:\ ( ) -- - N: ú ) I c nI LI 111l' do d C 111 111l. Pi n[ i 11ho, I': II
te f:l zer m :11. SII :l irm à é 11111 :1 idiota. l'or qlle c l.: :1<: h :1fllIC CII
1];-1( I v(111

•• 1"'

:1
1111'11< \(1. :IS pur .is I1 ~O t r.tb.tlh.uu ruuis , os C:l k t í'> c s [ir.nu COJll
h l l(,:1 .ibcrt.i, os cliente s sumir.uu , c xt.i !lido pur.ulo, (lido
11 l'{ril'iL'~1lIo. i\Ltd:ll11e, :1 senhora ;l!Hi,!!,llll o dc m ônin nu SIl:1
te d ari :\ um.t xurr.i? Agora \'oc~ é uruu Iêmc« : c n nunc.t h.u i
Iêmcus: é o que cu prefiro. I::
n11111 :1 f êmc.i . I':u gosto d:l s
11l1l i to me Ihor do que uma i rm:i ma is nova. E Ill' hc (I saco, 11m a

•• t' ,I \ ~1. !':sse r:lp:l/ que chcgoll reCl."I1IL.'Illl'IlIC, que n.io .i b rc :1


!)()t' :l, que não responde às pcruunt.rs d.is mulheres, esse que
inn.i muis nova. Tem de ficar o tempo lOdo vigi :ll1do, <:01110
olho em cima dela. Pra proteger o quê? :\ virgindade? Por

• p .uccc que não rem voz nem sexo; esse menino, no entanto,
l '011\ 1111\ olhur t:io doce; esse menino hOllito, com certeza, de
quanto tempo é de uma irmã?
ncccss.irio vigi:lf:l \'irginebde
Todo o tempo que eu passei te vigi.mdo é tempo perdido . EII

e•
11'1L.' 11l :1gente Ll10u ranto, enrrc ntls, mlllheres - saiu atds lamento todo esse tempo. Lamento cada di:l, cada hora
d o in spcror. 1\ genre ficolI e~lh :lIld(l, ncls, as meninas, a gente perdida com o olho em cim :\ de \'oc2. /\ gente deveri:l

•• ri :l, i 111 a,!!,in:lV:l COiS :1S. Ele anda atr:ís do inspetor qlle parece
IllL:rglllh:Hlo nllm:l reflex~o profllrid:l; ele anda atds do
i I1 SpL.'IOr COInO se fosse a sombra dele; e a sombra chega perto,
deflorar as meninas desde bem pequenas, assim deix:lri:lm
os irm~os I1Llis velhos em paz, eles não tcriam nada para
\'igiar, e poderiam passar o tempo fazendo outra coisa. Eu

e COIl)O :10 meio-di:1, cada vez l11ais perto das costas cllfvad:ls esrou bem feliz que você tenha logo dado pra alguém;

e d o in spL.'tor, e de repenre, ele tira lima fac:1 bem gr:11H.1e de


dL.'nrro do bolso, e enfia nas cOSt:1S do pobre homem. O
porque agor:l eu tenho paz, Você faz o seu caminho, cu faço
o meu, eu n~o tenho mais de ficar te clrregando atds de mim .
e i I1 spl'wr fiel p:lr:lClo. Não se vira. Ib LIIl<;:1 de leve a cabeça, Bem melhor, vem beber alguma coisa comigo. Você precisa

•• 27

aprender, agora, a não baixar mais os olhos, a não ficar pegar o último metrô quando de repente, num cruzamento
••
vermelha. a olhar pros garotos de frente . Tudo isso acabou.
Nã o tenha mais vergonha de nada. Levanta a cabeça, olha os
deste labirinto de corredores c escadas, eu não reconheci
mais a minha estação, que cu freqüento no entanto tão •e
••
homen s. encara mesmo. eles adoram. Não serve pra nada ser regularmente q~\C eu pensei que a conhecia tão bem quanto
I unida . nem um segundo mais, Solta tudo de uma vez. Vai conheço a minha cozi nha. ~ las cu ignorava que ela escondia,
.m d.ir no Pequeno Ch icago no meio das putas, vira lima puta: por trás do percurso simples que eu faço todos os dias, um
\ , '~' L~ \;l i ganhar dinheiro e não vai mais depender de nin-
J.!, ! lé m . E q ue m sabe eu vou te encontrar num desses bares de
pur.i, ~lf eu te Inço um sinal, e seremos companheiros de bar;
mundo obscuro de túneis, de direções desconhecidas que cu
teri a pre ferido ignorar mas que a minha distração confusa me
obrigou a conhecer. Aí de repente as luzes se al;;gam e
••
en che bem menos o saco e a gente se diverte muito mais,
N ;1 0 perca mais seu tempo baixando os olhos e fechando as
deixam somente a claridade dessas luzinhas brancas que eu
nem sabia que existiam. Eu ando então, seguindo reto, em •e
peruas, pintinho, isso não serve mais pra nada . De qualquer
Inrm «. ;lg0fa, casamento, não tem mais jeito. Valia a pena
t orn ar conta de você para o casamento, valia a pena que você
um mundo desconhecido, o mais rápido possível, o que não
quer dizer muita coisa em vista do homem velho que eu
sou. E quando no fim dessas intcrrnin.ivcis escadas rolan-
••
h.u x.tssc os olhos timidamente até o d ia do casamento, mas
: l ,~. () r: \ que não rem mais casamento. tudo o mais não intcrcs-
tes paradas eu tenho a impressão de ter achado lima saída.
tandan! ..., IIm;\ grade enorme interdita a passagem. AJ,?;ora ••
S ~l. Tudo de uma vez, assim, tudo perdido: o casamento, a
Ium íl in. St;U pai, sua mãe, sua irmã; c cu estou pouco me
l'ndellc!O. Seu pai ronca de miséria. e sua mãe chora; é melhor
aqui estou cu, numa situaç ão bem fant ástica para um homem
da minha idade, punido pela minha distração e pela lentidão
do meu passo, esperando não sei exatamente ()quê e eu nem
•e
deixá-los chorando e roncando c ir embora de casa. Você
pode f:lzer filhos: a gente não está nem aí. Você pode não
quero muito saber, porque tem LImas novidades hoje em
dia que realmente, na minha idade, são dif íceis de engolir. ••
••
Llze r, a gente não está nem aí do mesmo jeito. Você pode Sem dúvida é a m.anhã, é, sem dúvida é isso que eu estou
fazer () que você quiser. Eu parei de tomar conta de você, e esperando nesta estação qlle me era tão familiar quanto a
vo c ê parou de ser lima menina. Você não tem mais idade; minha cozinha, e que agora me dá medo. Sem dúvida cu
a
você poderia ter quinze ou cinqüenta anos, é mesma coisa.
Você é lima fêmea e todo mundo csni pouco se fodendo.
estou esperando que as luzes normais se acendam de novo e
que passe o primeiro metrô, Mas eu estou milito ansioso
porque cu não sei como cu vou ver a luz do dia de novo,
••
VI. ~IET){Ô
depois de lima aventura tão extravagante, esta estação não
vai parecer nunca mais a mesma , eu não vou poder mais ••
-
ignorar a presença dessas luzinhas brancas que não existiam
FIII/l(lixo de /1111 cartaz intitulado "PROCURA -SE", com a foto antes; e também, urna noite em claro. eu não sei o que ela faz ~
rir' /.1It'f 'O no centro, sem nome; sentados lado a lado em um õanco com a vida. eu nunca passei uma noite em claro, tudo deve
r/t 1I11i11rstnçdo r/t metrô,depoisda hora defedlof~ /Im senhor mais
'i.:d l·o (' /.//([0.
ficar em outra escala. os dias não devem mais se alternar com
as noites como era antes. Eu estou muito ansioso em relaç ão
ri tudo isso. Mas você, meu jovem, cujas pernas me parecem
•e
() SENI 101:{ - Eu sou um homem velho e me atrasei mais bem áge is, e o espírito bem claro, sim, eu vejo bem o seu e
do que seria razoável . Eu estava rodo feliz portcr cnnscguido olhar claro, c não embuçado c confuso como () de 11m homem
••

21)
•• vc lli o ('l ll]Hl c u, é im po sxivc l ucrcdit .rr qlle \OCl~ se deixar ia rrunq üil.nuc ntc IIm:1 pradnria e que na(h poderia fazer com

e•
( (llil 'lllldir pllr estes cmret!ml's c eSl;I S gr~\lk'i kch~l<L1s: n;lo. que dcsc:nriIlLI sse. Eu SOll como lIl1l hipop ót.uun :lrlllHLldo
11111.I (l \ e l ll Clllll II e"ipirilll cl.u o l 'Olll() \ (11'L- P;\SS;lIi :l IH)I III ILI n.t LIIlI:l , qlle 'i L~ movuucur.r muir« de\' ;\g :lr e qlll' n.n l.i pode-
,~}, l. l d L' Ic cil :l(Ll ('lllIlO 1IIlLI gou d' ;ígll:l IUS "i;\ 1)(11 1111\ Iilt ro. riJ desviar dll t':1I11i1l11O nem do ritmo (PIC ele dc cidiu rum.rr .
e \ l lt'l' t r.i h .rl h. t :ICj l l i dur.uu c u uoit c ? 1: :t1elllc pOll Cll de ( ) SE 1'\ 1I ( ) I{ . .:.- Se I1I1)fC se pod c s;\ i r d os I r ilhos me li j()\'C 111 .

••
11111 I

\IICl', isso l .rr.i coru qllc cu IIlL' Si ll!:I IILl is S C .~ l n o , suu, agLlr:1 cu se i que qualquer 11111 pode suir dos trilhos , ;1

1.1 '(:< :<) 1':11 SI1I1 \111\ I;'P:I/, uorm.il L' SCIIS:llo. 1I1CII senhor. li II ;lI q ucr Il10111e ntn, I·: 11 q IIL' SOII \1111 homc 111 vc 1110, c II q til'

•• h 11111 1\(':\ rue ri I, nor .ir. () se,II 1HlI rcp .u.ui« c in III i m se cu Il~O
11'. ,'S"L' I 11 L' SC nt.u l« ;10 seu Lldo~ I,: 11 SCIIl lHe pensei q uc ;1

' 1I t' IIlll I IILllIL'jLI de viver 11:llllj iiilll <L'lL I '. (' I H I I ) 1:111 i r.m xp .t -
pc n x.iv .: que conhcvi.i o inundo c ;\ vida t:io hem qll :1I1(0
l'ollhe~'(l ;1 mil1h :\ Cl1lil111:1, r.uid .m, aqui estou cu Ioru do
ruuud «. . t c xt.t bOI ;1 qllL' IL'IIlt" 110LlIIL'IIilllll1.l, dell.li \l l d(' 11111 :\

e i c n tc qu .uu o li 111 ped:ll;o de vidro. coruo um v.uuu lcào em !lIZ c s t r . m h u , e s o h r c t udo com ;\ . m x i c d u d c dll .pIL· v.ii "e

•• .u u .: d :l pc d r.i, p .iss.rr arr.rvc s lLIS parcele s. 11 :10 ter nem cor


l i('1I1 rhc iro: que os olhares (LIS pes so:ls te .u r.i v cs snssc m
\ 1" "CI11 ;IS pesso~l s .ur.is de SL' \'llCe: 11 :'10 e stive sse
C
P;ISS;lI' qu.uulo ;IS luzes de sempre: se .uc ndc rct u de 111)\'Il, e
qlle vai pas s;lI' () primeiro metrô. c qt le riS pe 'i 'ioJ S ('(lIllIII1 S
C0ll10 cu era v ão invadir eS[;1 eSLlI; :lll : e cu, depois de st :l

••
\,(ll.'L', Cllll\O

I,:, I,: 1111\ :1I:n L: l':i di riL'il se r tr :II1 SI);\IL' llIL' : L: 11111 trabalho : é UIlI prime ir.i noite cru c 1:1 ro, vai ser prl'l'i Sll qllc c u s:liJ, :11LI \T S'il'

,," :li 1ll .1111 i ~ ', ( ), 11111 i I o ~ III ( i ,L!. o. "(' ",' I i Il\ i '01\ (' l. I·:li 11~I (l "i(111 11111 :1 gLl<\C enfim ahcrt a, c \'L'.i :1 I) dl.l sl'Ildo (!'Ie cu nno vi a Iloill' ,


e
h ' l l l i , () " Itt'II'li " <111 nilllilll) St lS, :'\: 11 ) c \i '\Il'111 hcrúi s c ll.irls
1" 11\ 1:1' , I LlII

IH '
',I ' i,1111'.llj :l "i tk '.:111: ',11(' .1' 11
I:ll l ll " l l <jIIC 11 :11) plllk P:IS:,:II Ik ~l't'lt TllIII. I.
'. ,lll l' IW , ', :111111l':\ I' (li s;t
1': :1 CIII" ,1 flLli s
I,: cu II:-\(I sei Il :\(L! :I,t:.l iLI d o que vai .uuut L'l'l' I , ri rllrlll ;1 ('0111
qtlc CII vrrc i I) IlIltl1Clo e coru :1 (pl:Il lI 1IIIIIIdll v.ii 111(' \ I" 11 11
11 : If I, II () I 1 P\(' l' 11 I LI fi \' o 11 111 : 11'i ,, : ti H,' I t I I li' I' l' o ti !.I (' (I I 11 11' I ' ,I

ta \ I " I H' I I !I I 1111 1n d r i , ( ) 11 : 11111 Il (1 1l1 o (' ... , i\ c:r de Sr r 11ido. e111 :1n ti íJ se') noite. cu n ;1<1 "011 mai s saber o qlle l.izcr. cu "(111 .u u l.u pL·1:J

•• 11\ cr 1111 1:\ iHIIIILI de Iuu de Illllllllol'lJ!llilldo:l t c rr.r, \' ll l) ri l." :11
:l i l1 l! ;1 : IS rOllp :1S Sl lj :IS de S;ln .~ lIC d o,; hen')is, I':u e Sllldci , ell
\11111111 [}()III ;l!UIlO,:\ getlte lLIO \'olu :Ilr:is qll :ll1do se pegou
IlliIlILI (,O/,illil :1 procur.uulo
medo, meu jo\'el1l.
ZU(:(:O - I Lí o qlle temer, re:i\llIeIlIC,
« I1IILll' lUIII) iSSI' IIIL' d .i i nu it «

•• (I lt:íhilO de se r UI1l bom ;d U J1O ,

lllll\'ersid :ltle , Sobre os b ;IIKIlS d rl .~ or I> O tl n e , meu lugar est;Í


ElI estou matriclIlado na O SENIIOR - Você fala um pouco embolado; eu gosto
lllU i to ti isso, f\ Ic (.1;1 segu Lll1~';1. i\ lc ;Ij U da na h ora c 111 q I\e o b:\-

•• re sc l'\ ':l d o , elHre OlltroS bon s :l! lI nos no meio dos quais eu /1;]0
scr ei 11()(:ldo. I':u te juro que é preciso ser
di screto e invisível, pra est :1f n:1 Sorbonne.
11111 bom aluno,
Lj n;]o é lima
rulho invadir es se lugar. f\1c ajulb, acol1lpanh;1 esse homem
velho perdido qlle cu sou, até a saída; e além dela, t:i1"ez,

.•, d ess:]s IIniversic.bdes de suhlírbio onde ficam os maus elc-


Illcntos c :Iqllelcs que se tom;lJl1 por her6is. Os corredores
i l s /11';,('.1' r/tI "s/tI(rio Je {/{'{'IIr/l'/II 1l0Va/llt'II/t.
/.""(0 f~illr/tI () sCllhol'/IIais t'dho a J(' /''t.'flll/tl/' (' o (/w/IIjJtlllhfl,

••
(LI Illinh :l IIniversidade siio silenciosos e ;ltravessa<!os por o p,illltilV 1IIl'/I'Õ .
1'(/S.I'tI
sOl ll b r:ls das quais n:1o se escura nel1l os p:\ssos . A partir de
; I l ll : l n h ~ ell volr:lrei pr;l cOIHinll;1f 111ell l'llrso de lingiiística.

e E U estarei ell, in -
,\ lll :l n h :1 , é o di:1 da aula de lingiiísricl. VII. nUAS IRf\IÃS

•e
\ 'i si\'el entre os invisíveis, siicn.cioso e ;ltento dentro da bru-
111:1 den sa d :1 vida comulll. Nada vai poder rTludar o curso das Nfl t Oz i llh fl .
co is:\s. meu senhor. Eu sou como um trclll quc atravcssa i\ meninfl, {O/ll IIl1/fl bolsa,

•• 29



_-----------------------r•
1.\ --- 1':11 te
homem nc nhurn.
:1
\'OC l: nunca foi :Im :ld :l. \'oc 2 fi co u soz in lu
s u.: \ i d :1 iut c ir. i. L' \ '()Cl: f,)i m u ito infc l iz..
:\ IH\I.\ - 1':11 nunc.i í'u i infel iz, execro pe!:l SII:1 intc li-
••
\ 11': \ proí ho lk i r c m bo r.i.
e
••
\ \ 11·: :" 1:'< ·\ ---- \ 'oce.. n .io pl ll k ! 11:1is me p rn i hi r d e n.u l.i . I k v ul .u !c .
1" .( 11:1 c m cli .uu c l' 11 SOl I 11 1:lis \ ·1.... 111 :1 'itll' \ (11<'. \ \ 11·: l'\ I :" .\ .... Po i S C 11 S l' i <j 11C \' () r t: se I n p re Co i 11111 i [(l i 11k
\ 11{ \I.\ - - <)li C !l i,,[ (',ri:l ~ essJ [ \ 'i ll' ê l~ u m l urf\ :I! /.i n!1o liz. 1':1I te pc gllei v.iri.rs ve ze s ch or.uul « urr.is dn co rr in ».
._'11'l )(Jic i r:l<l1 1 num .t ~; t1 h ( 1 dc .irvo rc . I·: c u.
I J1 1 i" vc i h: l.
\ \11'::"1'': .\ .. - "<lt'e'
C I I S( ll l: 1 \ 11:1

u mn "il .:~ L·lll c t c r u.i, \ '( l(' l~ n:';ll ~< I k.


ir m .: .\ ll{\ l.\ -- 1':lI c h or o sc m LId o , cru ho r.is rC ).!,ltI :I !"CS, p r:l
p reven i r. c : 1.! ~ ( ) r : 1 \ 'I H'ê n l !IK :l i l l:l is v ai me vcr
!l()I C i h;h L l i! t c :I ti i:In r. III(), I' o r q uc \'o C l~ q U c r i I
chnr.rr: cu
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••
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u uuo u m u itu \)C l l l l ' \ 1111:1 .I\, ' \ ' ll l ' C~ , \ ' ( )Cl: se
'i .i ' !; ! <1 :1 vi d.i. \ ' I)Cl: :\ \ [ E:\ I:\ .\ - I': I I lj LIC r o c IK o n [I : i -Ifi (k J \( I \ ' o .
! '1 1li c ge ti hc 1Il. I·: li, c I1 j.i so 11 m :t is vc ll LI. c 11 1'11 i viokula.
111 11i{() i\ II{\I.\ ---- \ 'ocê 1l:'lO \ ':I i c nc o nt r.i-Io.
" I : ', ( .u 1111 L I pc rti id :I. C II to: u () :1S 111 i 11h:1S llc c i S (iL'~; sII Z i I1/U ,

\ I I{ \ I.\ " (Ice: n:lol' n mi nh.i i rl l l:l/.i llh :l, lil l\." me l ·CIl! ;l\ ·. 1
" ' IIS Se ,l:,l c <lo ',?
,\ \ I EN 10.'.\ --, Eu v o 11 L' n (' o n r r: í' I(),
.\ 11{ \I..\ --- - l mp oxs ivc l. \ 'tl ~ ' C' s;lhc i uu uo
i rmà « t c nt ou durante d i:I'; c n o i te s, 1):11:1 vi uu .u
he l l l qlle o ' .C II

h.u u .i .
••
••
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\ \ I F:" I \: ,\ - ,-- V ou : IÚl ) ~ 11111 :1 <olr v ir on .i. que 11:10 conhe ce i\ \ 11': 1\ IN :\ - -- SI ') li uc l.' 11 I l:i () <i I 1C ro 11\ c v i 11 ,~~: 1r, L' 11 L-i( I c I1 \ ( 11 I

111 ' \: 1 lk 11:1(1:1. e qlle d c\'(:ri:1 1':11 .11' :,1 I)()(':I .Ii. uu c .1 :1 m inh « C ncont r.i - lu .

•e
l' \ 1) l' r il.. . !1 1' i :l ? ,\ IIVd \ - I': o que \' ()r é \':l i I';I/.c r. qu .uulo c nco m rnr l ' ( li l l

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d I dc :-; ~'r:l\':l n;l() SC r\ C pr:l 11:1<1 :1. 1':1:1 S(') é I)(l:l pLl ser
' I i l,' i :l .\ \IF!\IN .\ ' F II vou <l1/cr :tl:',IIII l:1 c(li '' :1 pr.t c lc.
\ ' ·( li l !..'t'id :1 () m.iis r.ip id« p nssi\el. S( ') :1l':';pcr iL' Ill'i:1 <1 :\ Ic liri -

d,l( k xc r v c p r:1 :t1 g ll m :1co ix.i. ,"( ICl: va i se lcrub r.ir se m pre d :1S

!1oires rr:lllq UiLls com os se ll s p:lis , SI..' I I irlllj o c S tU irl1l ã; ;H é


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,\ \1l ':0!I N:\ -- :\ lg Il11 1:1 co is:l.
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••
q i l: !lltl ( )

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\ ·() l.' C~ e sr i vCI'helll \'clh i l1h:l, \'Il CC \ :l i se kll llH:Hdi sso.
p:ISSO qllC :1 de s,!!r:l<;:1 qlle se :l h:l I CII sll !l re 11(')s . eSS:l \' 0 1..' 2
/~ \IENlt\L\ --- N o Pcqllcno Chi l':l .t~O ,
i\ 11<1'1/ /\ - Por que voc2 qllcr se pcrd er , pnmh inh :\ liHJ CCI I - ••
\ ' ;I i

! l :li \()
CS<jII ClTr hc nl deprc ss:l, m e ll 1);lss:lri n llll :ltlll'd o:Hlo, de-
(l:i s :IS:lS tI:l Slla irm ;l, do
,\ \ ! I ~ N I N 1\
SC I I iflll;ld

São os me IIS'II :1is, me 11 i rm :io e


l: dos se us pais.
i nh a irm ã
te ? N;io, nJo me :1!1:IIHlo Il C. n:l o ll1 e

qllero ricar sozil1!1:\ COIII o sell i rm:ío c sellS p;lÍs. EUlljo 'lucro
dei\e sll/,inil :l.

fi car sozinh:l nc sta l': ISJ, Scm você , l1l inh ;1 \'id:1 n ~o vai \':lIcr
1':111 1;-1(1

••
••
- III

(II IC cu \'011 esqueccr mais dcpress:l,enj:í estoll c squecendo; 11l:1is n:HI:I, n:llb 11l:lis red senrido. N ~í () me ahandonc , cu (e
111:1S lllln c:l a min!l:1 desgra\~:l. suplico, n~o mc ab :lIldone. Eu dctc sto o seu irm :lo, c os seu s
:\ I I{ \ L~ -, Sell irm:lo V:l i (c prorcger. 111 i nha ga ivot:l; ele V:l i é só você qllC ell amo, pombinha. minh:l
tc :l l lu r m:li s do qllc qll :llqucr Ollrr:l pe sso:l (C amOll , porqlle
p :li > C es(a (as:l;
pOlllbinh:l; ell só (enho você cm roda a minha vida. e
c Ic sc m pre (c amOIl CO/110 c le 111111l':1 :1I11 0 11 11 i Il.!..'.ué 11 1. E Ie se r;í
••
SO / ill11O [odos os IWll1CI1S

,\ \rl ':~I N /\ - 1':11 n:ill qllero ser ;\l11 :l d :1.


de q llcm

\ II{\ L\ -"- Nã o d i.!..'.a isso. N:-,o tClll mais nada qlle vall1:\
\'OCl: \';]i precís:lf. () jJai t'J!/lfl • ./ill-;O.l'O .

o PAI -
••
•e
SII:I m :le e scondell :l l' Cr" c j a. Eu VOll dar llm ;\ surra
: d .~ ~, II I l\: l cois :1 ncsra " ida , nela como CII LlZi :1 ;l ll l c s. Por que ell parei UI1I dia? EII CS(;I\':I
\ \ li,: \! I N;\ -- Como V()C~ OIIS :1 di/,cr isso? Você 11 IIl1ca lcvc <:om () br:I~'() CIIlS:tt!O, l\las cu deveria (cr me f()fl;ado. feito

••

•• \.· \C I c i l 'i( l, Ic it o COlll ljllC :d p,l l é l1l b.n c s s c I1L'L\ por mim, I':ll :\ mrnlna !1t',!!,(1 .IIIiI IN)! \(! r sai.

•e I k \ I ' l i :1

.h .r -. 1'111 h OI .IS rc ~,l l l;l re s ,


nel a Illllos o s
lcr ll lll t illl l:ldo COIl I! ) :11111.''' : h :IIL'I Hlo
\-Lis 1l'Idu hc m . cu [ui I1c gli gClltC ,
\ 111. I. ( )( ;() Y\ T ,.:S I )\ ': xI o HI{ I,: I{

•• (. , I ~ ' I 11 .1.c l;\


\ Il l ' l'" -.:10
III L' CSCIIIHIe :1 (TI \Ti :I , C CII I C 111\1I CCI tC / :1 dc (PIC
cum 111 in:s. ( F l oJil l l1 (////lf / ixo rlrI /)/( ,111, ) ' I'i 111 LI :1i n d.l
\ IIIl I I .~ '. : l r I: I Lr s . FII \'1111 lu tcr l ,i l1('o \1 ' / l' S r u: (' :\(1;111111 :\ se CII { '/1/ l/ rll" rllI noite. { '// : II (f l /l i //t' I l k/r)Jiiol ,

•• Il ,ll ' c n cunt r. u,


//1 1ra

f/ /ld//{ Itlo
,: jO.'-!.rl r!o 1III tli.. 'I :i rlrI .il l n r/fl , (OI/I I{I !/ ,..i / IO// rlo (ft' , 'i(lm

•e
( ; ri/O,I JiO iutrrior . {:o//íll"r7o f k .'.!,I ')/ ! / ' /111 I ,o /h l .

\ II{ \ 1\ - \ [i 11hu 1'0I i I1ILl 110 1)clj IIC 110 ( :h iClg0! ( .o rn o você :l.l :< ;( :(> - "Foi assim que CII fui L'[Lldo ('011II I llll1 :11!c l ;1.

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Oh, 111:11', e c u sou g L l l1d c SI.\HC II 11lL'11 ('h :'\u d i\'il111


I) L' t o (Lt :1 111.1 g U I1d CI :\ 11) (l r d l' n li (l 11lL' 11'i PL' S l' 111 \' ;' \ 1)

••
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:-;: I r r 11 Ih.' 11 o / 1.( :( :( ) ,- - ..( :o h c rt ( I (Ie 11:l 1I illlll L' (k .~ r . 1 li I / I I l' (k L" ' Ili 1\ 1L I
i1 '.·( Ht!. \ 'OCL- S S:IO du ux Ilt>!H ll u s q l le L II :l l lI , L II :I III, \ '()c 0 'i ,, ('1 I': til' n oi t c » c de r CIH ll S ,! IIL' xc 1·I\lI l ·:llll t'llr il )' {)s.

•• cu id .un d ;l 'i SII ;IS h isror inh .r: id io Ll s e 11I e clc i x .uu sOl.i l1h ;1 I':u d i r ij o meu s doi s I>Ll \'OS :\ll é t e r i cnc bro so ."

I I !I 11 (' " se Il L-ll ;\do . O q ue qlle é e S'i;1 lltl kl .u? \ 1\[ {:.\ R:\ ·- 1·:1e c st .i h C:IJ ;ldll , es se t': 11:1.
.\ II~\I.\ - Eb vai n u ei s:! de 11111:1 ;\ll1 ig :l , p ;\SSar :l noite Li. O liTRO CAR,\ - Itupossivc l. Ele n.ro hc hc u u.ul .i.

•• .\ \1.\1 ': --- l ;m; \ ;lI l1i g ;l , Un1:1 :lI11ig :I.. . <Jue ncu ócio é esse de
: 1 ' l l i g : \ ~ <Juc h ist óri .: é eSS:l c nt rc mc nin.i s ? UIIC necessid:l(1e
U\[i\ Pl r 1'.:\ - Ele c st .i louco, s<Í isso, I:: melhor dc ix.i-Io
trunq li i lo,
O FORT!\O -- Deixar ele tr.mqüi lo: Fie !'iel hor.rx cuchc n-

••
l ·1:I rem de puss .u' a no ite 11:1 caS:1 dCSS:l ;1In ig ;l ? '\ 5 (;1111:1S são
Il il~l llllr e .s do (pie ;\( l l l i ? () prcto <1 :1 110itc 0 m;lis preto \j do do o nosso S;1<:O c a gente deve dc ix .ir ele rr.mq ü ilo ? Ele qlle

' Il le ;\l l l l i : ,I) e \'()(,L'S :l i l1d :1 t i\'e \ SCIII :1 i(Lll !c e ell:1 rOIS:l, eu \ 'C 11 1l;1 111C \er cOllligo l1u i s 11111 .1 \T/. e ell :lr rl'l )L' l1lll :1 e lr:l

••e
tI :lI i:1 IIII U Sl lrLI CI1\ \'{)( 'ê s tlll ;IS, dele,
LJ f\ 1;\ P l 1T:\ -
se
(.ljlJ'()x i/l/ (II/r/O-.'if · til'
k~ 'fl/l lfl l', ) N:i o procur :l m :li s brig;I, g :Ir O((l, n :to procura
111 :1is hr ig:\. SU :I carinha honícl jj t.:sr:í bem t.: str :lgad:1. "ocê
/.I/I 't'fl II,I/ ;! lI/úlfÍ-lo fI

•• .\ [R\It\ - Eu n:io qllero que v o c ê sej ;1 infcli/..


.\ \ 11·::\ I 1'\.\ - I·: u S() 11 in k Ii z e c 11 S o II fc I i1., E 11 S o fI'i 111 LIi to ,
I1I;IS CII r i \ "L' mllilo prazer ne ssc sofr iment o lO do,
cnr Jo n :io quer mais que :IS g:IrOr:1S sc \ 'irel11 pra olh ;tr
p r a \ 'OCl'? I:: fdgiluma cHinlu , bebê , ;\ gente :l c h a que tem
ela pra vida roda ~ de n:pentc \'el1l um i d iot:l bem fc i'l, ,

•• .\ 11<\ 1:\ _.. I·: ell vou morrer Sl' \'0(' 0 Ille :l !l ;\ll d o n ar. que nJo [em n ac!:1 a pt.:rdt.:r c o l11 :1 dt.:le , e :ICI /) ;1 c o m el:r?

3]

••

---------------------------~r
.I:í você tem muito a perder, be bê. Uma cara quebrada Ofo/tão t/tí /1111 socoem ZIICCO •
••
L toda a sua vida csni perdida como se tivessem corta-
do () se u rabo . Você não pensa antes, mas cu te juro que Utvl CARA - Ele acabou com esse cara. ••
••
depois você vai pensar. Não me olha assim se não eu cho- lJ!vlA PUTA - Foi fácil. Ele rem razão em dizer que vocês
ro: você é da raça daqueles que dão vontade dc chorar só são uns covardes.
de olhar. O FORTÃO-lJm homem não deve se deixar morder duas

l llí"a; se aproxima do fortão e ,M-Ihe 11111 soco.


vezes pelo mesmo cachorro.

Eles entram no bar.


••
U ~ I i\
O
PUTA _.- Eles não vão começar de novo.
ronrxo - Não me provoca, menino, não me provoca.
Zucco se levallta, aproxima-se da cabine.
Tira o telefone do grl11cho, r1úCI1I1/11 número, espera. ••
Zucco lhe rld 11m segundosoco.
O jáur/o I't.'f/ge. Eles brigam.
ZlJCCO - Eu quero ir embora. I~ preciso ir embora logo.
Faz muito calor nesta merda de cidade. Eu quero ir para a
••
( ;~"t\ PUTA --
ElI vou chamar a polícia. Ele vai matá-lo.
'n e ve da África. É preciso que eu vá embora porque eu vou
morrer. De qualquer forma , ninguém se interessa por nin - ••
U~ l CARA - Não é o caso de chamar a polícia.
OI iT RO CARA - De qualquer forma ele j.l está esborra-
chado no chão.
guém. Ninguém. Os homens precisam de mulheres c as
mulheres precisam de homens. Mas amor, não h á. Com as
mulheres, é por pena que meu pau sobe. Eu gostaria de
••
;;/1[(:0 se /connta e cai atrds do [ortão qlle estaca ilJdo embora.
nascer de novo como um cachorro para ser menos infeliz.
C achorro de rua, remexendo no lixo ; ninguém me notaria . ••
••
Chega perto de/ee lhe bale 1/f1 cara. Eu gostaria de ser um cachorro amarelo, cheio de sarna, um
cachorro jogado fora sem importância , Eu gostaria de ser um
U l\,f!\ PUTA - - Não reage, deixa ele tranqüilo, ele já nem vira-lata remexendo no lixo por toda a eternidade. Eu acho
co nse g ue ficar em pé.
ZUCCO - Vem cá, SClI bosta, seu covarde, seu brocha.
que não há palavras, não h á nada a dizer. É preciso parar de
ensinar as palavras. É preciso fechar as escolas e aumentar os
cemirérios. De qualquer forma, um ano, cem anos, é tudo a
••
{j [ortâo tlrí-Ihe 1I1t1 forte empurrâo, joga Zucco longe. mesma coisa; mais cedo Oll mais tarde todos nós devemos
morrer, rodos. E isso, isso faz os pássaros cantarem, faz os ••
o FORTÃO - Mais uma vez, e eu esmago esse cara, igual
eu esma go um mosquito.
pássaros rirem .
lJ~'JA PUTA - (Na porta do bnr.) Eu falei pra vocês que ele
era louco. Ele fala com um telefone que não funciona.
••
Zurro se levanta 110'Vf/1f1en/e, procura bn:ga111f1;s uma vez.
Zuccosolt« o telefone, SeII/fI encostado lia cabine. ••
••
U[\1:\ PUTA - (llo.l(Jl1ão.~ Não encosta mais nele, não roca Ofortãa se aproximn de Zu cco.
mais nele, não acaba com ele.
o fORTAo - Em que você est á pensando, garoto?

32 ••

•• II '( :(:() ,- I': StClll pc ns.mdo ILI imort;did;Hle do car:lnguejo, ria/o jJor rima do jJfljw!.

•• d ,l k ";f11:1 e do besouro.
( ) H) In ',\0 -- "orê sabe cu n:\o ,L':(lSto de \Hlgar. Mas você t\ \IENINr\ - Eu conheço ele.
I

me IHO\,()COU tanto, g;If<HO, que nüo deu pr.t :lgiientar calado. C:O~IISSARI() - O que é que você conhece i

•• I ' I II q uc \'()Cl: estava procurando t.uuo uma briga? Parece que


\ '( Icé quer morrer.
A i\IEl'\IN:\ ~ Esse moço, Eu conheço ele muito bem.
[)I':LEG:\[)() - Quelll é?

•• 11 'c:C:O - Eu não quero morrer. Eu vou morrer.


() H )RTAO - Como rodo mundo, garoto.
A i\IENINA - Um agente secreto. Um amigo,
DELEGADO - Qucm é esse aí, atrás de você?

•• A ~ IEN INA - ~ leu irm ão, Ele veio com igo. Foi ele que me
11 :(:(:0 -- Não é um motivo,
() H)RTAO - Talvez. disse pura vir aqui porque eu reconheci essa foto na rua.
Il '( :CO - () problema, com ;\ cerveja, é que a gente não OEI..lEGAOO - Você sabe que ele está sendo procurado ?

•• CO l l1 IH ;l , ;1 gentc SÔ aluga! Eu preciso mijar.

() H) [{T!\.O - Ent ão vai, antes que seja tarde.


, A f\IENINA - Sei; eu também estou procurando.
DELEGADO - I~ um amigo, você disse?
11 '( :(:0 - I:: verdade que até os cachorros vão me olhar A i\'IENINA - I lrn amigo, é, um amigo.

•• .u r.ivc xx.u lo ? DELEG:\DO - Um matador de policiais. Você V:1I ser


() H )RT:\O - Os cachorros nunca olham atravessado pru detida e acusada de ser cúmplice, de ocultar .mn.is e nuo

•• 11i11 ,l2.lIélll . Os cachorros são os únicos seres em que você po- denunciar um malfeitor.
de COl1ri :H. Eles gostam de você ou não, mas eles nunca A MENINA - Foi meu irmão que me disse para eu vir
[e .i 1I1g:1Ill. E quando rodo mundo tiver te abandonado, aqui avisar que cu conhecia ele. Eu n50 estou ocultando

•• ,l2.:lro[o. \':li ter se mpre um cachorro por aí pra te lamber nada, eu não estou denunciando ninguém. Eu conheço
()') pés,
Il '( :C O ~ "Morre villana, di picrà ncrnica,
ele. Só isso.

••
DELEGADO - Fala para o seu irmão sair.
di dolor madre anticu, COf\1 IssARIO - Você não ouviu? Fora. você .
.l2. illd icio inconrnstubilc gr:1\'oso,

•• d i te bl.txm.rr blingu:l s'affutica.'


() H) Ir 1'..\0 - Você precisa mijar.
11 'c:C:C) - Tarde demais.
() inllrio .1'(/;.

DELEGADO - O que você sabe dele?

•• , 111/ 0/ f i rifl IJ/fll/!JI/,


A i\'IENINA - Tudo.
DELI·:(;i\DO - Fruucês? Estr ~lngeiro?

•• !1I(,( 'f) 111!OI'lJlf'f'{'. A t\IENINA - Ele tinha um pequeno sotaque estrangeiro,


muito simp.ir ico.
COt\IISSARIO - Germânico?

•• 1:\. 1)/\1.11.:\

rir' /)()/ki(/. U/II rldf,l.!,tlrlo r lI/li comissário r/l' /}()/ki(/.


i\ ~IENINA - Eu não sei o que quer dizer gcrm:lnico.
DELEGADO- Então, ele te disse que era agente secreto.
I:: estranho. E m princípio, um agente secreto deve permane-

••
/)t!f :r.'/ Ifúl

FJI!lfl fI mrnlua S(l.!,lIirlfl por .1'('// iruião. Fltji'fr! 1111 m!liIt/fI , cer secreto.
:1 ntruiu« 11'(;1111(1/ l'/II rlil'l'(llo (10 retrato r/l' I./(((() t:dl',I"l'lI!Jfl ((}/11 o i\ i\IENINA - Eu disse pra ele que eu guardaria esse

•• 33



___---------------------r•
segredo a qualquer custo.
COMISSÁRIO- Bravo. Se todos os segredos fossem guar-
meto uma bala pela goela abaixo. Anda logo Oll você vai se
lembrar disto.
••
dados como esse o nosso trabalho seria fácil.
A l'vIE N IN A - Ele me disse que ia fazer limas missões na
A lvfENINA - Ângelo.
DELEGADO - Um espanhol.
cO~nSSÁRIO- Ou um italiano, um brasileiro, um portu-
••
••
África , nas montanhas, lá onde tem neve o tempo todo.
DELEGADO - Um agente alemão no Quênia. guês, um mexicano: eu conheci até um berlinense que se
CO M ISSÁRIO - As suposições da polícia não estavam tão chamava Júlio.
erradas, afinal.
DELEGADO - Elas estavam exatas, comissário. (Poro Il
meninn.) E o nome dele, agora. Você sabe? Você deve saber
DELEGADO - Você sabe das coisas, comissário. (Para a
rnminn:) Eu estou ficando nervoso.
A MENINA - Está coçando aqui na minha boca, eu estou
••
j;í que ele era seu amigo.
A ~AENINA-Sim, eu sei.
sentindo, comissário.
COMISSÁRIO-Quer uma porrada na sua boca para ajudar ••
COMISSÁRIO - Fala.
A ~vlENINA - Eu sei muito bem.
COl'vllSSÁRIO - Você está brincando conosco, menina.
a vir mais rápido?
A MENINA - Ângelo, Ângelo, Dolce, ou alguma coisa
assim.
••
Você está querendo apanhar?
A ~'IENINA - Eu não quero apanhar. Eu sei o nome dele,
DELEGADO - Dolce? De doce?
A MENINA-I)oce, é. Ele me disse que seu nome parecia ••
mas cu não consigo dizer.
DELEGADO - Como assim, você não consegue dizer?
A MENINA - Eu estou com ele aqui, na ponta da língua.
um nome estrangeiro que queria dizer doce, ou açucarado.
(E/fi chom.l Ele era tão doce, tão delicado.
DELEGADO - Tem muitas palavras para dizer açucarado,
••
COC\,'IISSÁRIO - Na ponta da língua, na ponta da língua.
Você está querendo apanhar? Quer levar uns socos, c que a
gente arranque o seu cabelo? Nós temos aqui salas equipa-
cu Imagino.
COMISSÁRIO - Azucarndo, zuccherato, sweetencd, ge-
zuckert, ocukrzony.
••
(L1s especialmente para isso, você sabe .
t\ tvlENINA - Não, não, eu estou com -ele aqui; já está
DELEGADO - Eu já sei isso tudo, comissário.
A MENINA - ZUCCO. Zucco. Roberto Zucco. ••
vindo. f
I)ELEGADO-O primeiro nome, pelo menos. Você deve
se lembrar muito bem, você deve ter lambido isso na orelha
DELEGADO - Você tem certeza?
A MENINA - Tenho. Certeza absoluta.
COMISSÁRIO - Zucco. Com Z?
••
dele.
COM ISSÁRIO - Um nome, um nome. Qualquer um, ou
A M ENIN/\ - Com Z, é. Roberto. Com Z.
I)ELEGAOO - Leve a garota para prestar depoimento. ••
cu te meto na sala de tortura .
A rvIENINA - André.
D E LEGADO - (Poro o comissdrio.) Anote: André. (Paro a
A ~IENINA - E o meu irmão?
COMISsARIO - Seu irmão? Que irmão? Para que você
precisa de irmão? Nós estamos aqui.
••
mcninn.) Você tem certeza?
A ivI EN INA - Não.
COrvHSSÁRIO - Eu vou 'matar essa menina. '
DELEGADO - Lembra essa porcaria de nome ou cu te
Elessaem.

'. •
••
34
••
e•
e A SENI fORA - Mcrccdcs.

e F UI /111/ / 'tI/i/ " /' I'm rlitl.


Zl l( :CO -- (ju;lI ?
:\ SI·:\:IIOI{,\ ·..· 2~() SI,:,
e { '/ Ift / ,lf ll h o / tI
/ '/1 '/10

dl:!!, fll//(' I',I'/Ii .1'1 '11/1/(/1/ rrn ////1 //(/I/((). Zl :(:(:O - ;\:10 ~ 11111:1 porcaria de carro.
e F llf /i! I I/ ( (() , i\ SEi\J1 IOR ,", - Talvez, não. i\Ias meu marido é 11m p:io-

e \ ,~ I ': '< I I () I t-\ -". Sente-se ~Iqlli .ro mcu l.ulo. F;1Ie comigo.
duro assim mesmo.
Z{ l( :( :( ) -- <.)lIe ~ isso aí? Esse eira fiel te olhando o tempo
e l.u me .ihor rc çn: v.uuos conversar. Eu detesto os parques todo?
e 11ld>!icos, \'ocê p;lrece t ímido. 1':111) int imirlo? A SI·:l\:I )ORA - - I:: meu filho,

e Il '( :( :( ) ,- , I':u IÜO so u tímido ,


,\ ,~ I ': 0-' I IORA - No cntunro, você tem as mãos trêmulas
ZUC(:O - SCII filho : (;r;llHle.:, ele .
A SENI IORA - Quatorze anos, nem 11m ano ~l mu is. 1':11
e ' i1110 11m menino diante de SU;1 prime ira g;HOLl. Você tem 11:i() sou nenhuma velha.
e .un.: l' ~ lr ~l ho.r. Você é um r ;lp ~lz bonito, Você gost;1 das Z UCCO - 1.:1e parece mais velho. Ele prur icu esportes?
e :: . lti llC ICS? \'ocê é qu ase um L1jl;IZ bonito demais P ;H ~I .!.!.OS(;\r :\ SEi\! 110 \{A - I:: a ÜIl ica coisa que c lc L1I.. I·: li pago pr ;1 ele

e d .I S mulhcrc s.
I I '( :( :( ) '-' LII ~',llSro h~I S[;lI1te d~ls
11I1IIhnc", 1\111iro.
rodos os clubes da cidade, rodas :IS quadras de tênis, de
hl'lqllei, de golfe, e com isso, ele c nco nt r.t um jeito de cu ir
e
é .

\ ,~ I ': N I I O R A - Você deve gost;tr des se tipo de meninas COI11 ele ;IO S [reinos. 1~ 11111 moleque idiota.

e I\ ,irn de dezoito .inos. Z{ l( :<:0 - Ele parece forte p;tr:1 sua idade, ~ Ic dê ;\S chaves

e / 1'( :( :( ) ._- 1':11 gII S(O de ImLI" ;1S uiulhcrc x.


\ S I'::'\ I t( )R,,\ - I\h, isso é muito bom, Vm'ê j.i foi duro cem
do seu carro.
A SENIIOR:\ - Cluru, claro. Talvez vucê queira () carro
e I I I I U mulher? um bé 111 .
e II :C: C:O - Nunca. ZUCCO - I::, eu quero o carro.

-
e :\ SI·: NIIOI{!\ -- Mas e vontade ? Voc ê j.i deve ter tido A SENHORA - EntJO pega.
vontade de ser violento com uma mulher, não é? Essa ZUCCO - f\le dê as chaves.
\'C1I1L1 de, rodos os homens j.i tiveram um dia; rodos. A SENHORA - Você está me cansando.
e II 'eco - Eu não. Eu sou doce c pacífico, ZUCCO - Me dá as chaves. (E/e saca o rcoô/oer. CO/OCfl-O so-
e .\ SI':NI IORA - Você é um tipo estranho.
zl 'eco - Você veio de táxi?
bre osjoelhos.)
A SENHORA - Você é louco. Não se brinca com eSS ~lS
e .\ ,~ I ': N I IORA - Ah não. Eu não suporto chofer de ráxi. cotsas.
e ZI ;( :CO - Então, você veio de carro. ZUCCO - Chama o seu filho .
e .\ SI·:NI IORA- Evidentemente. Eu não vim a pé; eu moro A SENI IORA - Mas é claro que não .

e do outro lado da cidade.


Il ;( :CO - Que marca, o carro?
ZUCCO - (Ameaçando-a C01ll o reoâioer.) Chame o seu
filho.
e A SE!':I IORA - Você pensaria talvez que cu tivesse um A SENHORA - Você está louco. (Crilflndo parti o/ilho:) Vai
e Porschc? Não, cu tenho apenas urna porcaria de carro. Meu embora daqui. Volta pra casa . Dá um jeito e vai pra casa

e marido é um pão-duro.
Zl '(:CO -- QIIC marca?
sozinho.

e
e 3S
e
e
e
o meninose aproxima, o mlllherse It!f)onto, Zucco põe o reoâiuer
é muito mais forte do que eu. e
sobre fi gargontode/a.'
I
, " , " ZUCCO - É, cu sou mais forte do que você. e
O MENINO-Aí, então, por que você tem medo de mim?
A SENHORA..L Atira 'então, imbecil. Eu não vou te dar as O que eu poderia fazer contra você] Eu sou pcqucni-
e
chaves, já que você pensa que eu sou uma idiota. Meu ninho. e
marido acha que eu SOl! uma idiota, meu filho acha que eu ZlJCCO - Você não é tão pequeno assim, e eu não tenho e
sou lima idiota, a empregada acha .q ue eu sou uma idiota - medo.
e
pode atirar, vais~ruma~diotaamenosnomundo.MaseuJlão O MENINO - Tem sim, você está tremendo, você está
vou rc dar as chaves. Azar seu, porque é um carromaravilho- tremendo. Eu estou ouvindo muito bem que você está e
so, com bancos de couro e painel de ébano. Azar seu. Pare de tremendo.
I
e
fazer escândalo. Veja bem: esses imbecis vão se aproximar, UM HOMEM - Chegou a polícia. e
vão fazer comenrãrios, eles vão chamar a polícia. Veja bem: UMA MULHER - Agora, ele vai ter motivos para tremer.
eles já estão lambendo os beiços. Eles adoram isso. Eu ~ão UM HOMEM - A gente vai rir. A gente vai rir.
e
suporto os comentários dessa gente. Atir .• então. Eu não ZUCCO - (Parti o meninot) Feche os olhos. e
quero ouvi-los, bu não quero 'o uvir. '" , O MENINO - Eles estão fechados. Eles estão fechados. e
ZUCCO - (Pam IJ menino:) Nló seaproxime. ' Mcu Deus, mas você é um medroso.
e
Ulvl HOME!vlL Olha como ele treme. ZUCCO - Fecha a boca, também.
ZUCCO - Não se aproxime, eu estou falando. Deita no O MENINO - Tá bom, eu fecho tudo. Mas você é um e
chã o. I medroso. Você dá medo a uma mulher. É uma mulher que e
UM A MULHER - É da criança que eletemmedo. você está ameaçando com a sua arma.
ZUCCO - E ~gor~, as mãos ao longo do corpo. Aproxi- ZUCCO - Qual é o carro da sua mãe?
e
me-se. O MENINO - Um Porsche, provavelmente.
I e
UMA MULHE~-M~scomoéqueelequerqheomenino ZUCCO - Pára de falar . Calado. Fecha a boca. Fecha os e
se arraste com as mãos ao longo do corpo? ,
UI'v! HO~lErvl- É possível, é possfvel, Eu conseguiria.
olhos. Finge de morto. e
O MENINO - Eu não sei fingir de morto'.
ZUCCO - Devagar. As mãos.pra trás. Não levanta a cabeça. ZUCCO - Você já vai saber. Eu VOll matar a sua mãe e você
e
Pára. (O menino semexe.) Não se mexa, ou eu mato a sua mãe. vai ver o que que é se fazer de morto. e
Ul'vf HOMEM - Ele vai fazer isso.
Ui'.L\ ivIULHEJ{ - É claro. Ele ~ai matar. Pobre garoto.
UMA MULHER - Pobre garoto. I e
ZUCCO - Você jura que não vai se mexer?
O MENINO - Eu estou fingindo de morto. Estbu fingindo
de morto.
e
O 1\ 1ENINO - I juro. UM HOMEM - A polícia não chega perto.
I

e
,
ZUCCO-Põeaireitoaeabeçanochão. Vai virando devagar , . UMA MULHER - Eles estão com medo. e
a cabeça pro outro lado. Vira de lado, eu não quero que você UM HOMEM - Não. Isso é estratégia. Eles sabem o que
possa nos ver. I estão fazendo. Eles têm 'meios que a gente não conhece. Mas
e
OMENINO-Mas.porquevocêtemmedodemim?Eunão eles sabem o que fazem, pode acreditar. O rapaz está per- e
posso fazer nada. Eu sou uma criança. Eu não quero que dido. e,
matem minha mbe. Não tem porque ter medo de mim: você UM HOMEM - A mulher também, sem dúvida.
-e 1:
.;
•e
e Ul\1 HOMEM - Não se faz uma omelete sem se quebrar UMA MULHER - Estamos salvos.

e os ovos.
lJI\lA ivlULHER - Mas que ele não toque no garoto, pelo
UM HOMEM - Bendita estratégia.
UM HO~IEt--I- Eles estão preparando um golpe, cu estou
ta menos não no garoto, meu Deus. falando.
e UMA MULHER - Eu só estou vendo esse aqui que está

e Zua» seaproxima do menino empurrando fi mulher, sempre com


(I firma apontada para a sua garganta. Põe entãoopiem cimada
preparando um golpe.
Uf\,'1 HOMEM - O golpe já foi praticamente dado, aliás,
ti mIJeça do menino.

•e
UMA MULHER - Pobre garoto.
UM HOMEM - Minha senhora, eu vou lhe dar uma
Ul\lA 1\ILJLHER-Ah, meu Deus, as crianças de hoje vêem bofetada se a senhora continuar falando do garoto.
cada coisa. UM I IOMEtvl- Vocês acreditam realmente que é hora de
ta Ul\l HOMEM - Nós também vimos muitas coisas quando ficar brigando? Um pouco de dignidade. Nós somos teste-

-
e
e
e
e
éramos crianças.
U~lA MULHER - Porque o senhor foi ameaçado por um
louco, o senhor também?
UM HOMEM - E a guerra, minha senhora, a senhora já
se esqueceu da guerra?
UMA MULHER - Ah é? Porque os alemães punham o pé
munhas de um drama. Nós estamos diante da morte.
POLICIAIS - (De longe.) Nós estamos mandando você
largar essa arma. Você está cercado. (A assistência cai lia
gargalhar/a.)
ZUCCO - Diz pra ela me dar as chaves do carro. É um
Porsche.

e em cima da sua cabeça e ameaçavam a sua mãe?


lJl\l I tOMEM - Pior que isso, senhora, pior que isso.
A SENHORA - Imbecil.
Ul'vlA l'vlULHER - Dê a chave pra ele, dê a chave pra ele.
e l ll\ IA 1\,IUI,HE R- Em todo ocaso, aqui está o senhor, bem /\ SENHORA - Nunca. Ele mesmo que pegue.
e vivo, bem velho e bem gordo. UM HOMEM - Ele vai arrebentar a sua cara, minha

-•
lll\l IIOf"IIUvl - Minha senhora, a senhora está sendo senhora.
ti grosselfa. A SENHORA - Melhor assim. Eu não verei mais a cara de
lJl\IA MULHER - Eu só estou pensando na criança, só vocês. Muito melhor.
e estou pensando na criança.
UI\I IIOJ\;IEM - Mas enfim, parem com essa criança ele
UMA MULHER - Essa mulher é horrorosa.
UM HOMEM - Ela é horrível. Tem tanta gente horrível e

•e VOCl:s. I:: a mulher que está com () revólver no pescoço.


LJI\IA 1\1ULHER - É, mas é a criança que vai sofrer.
Ul\l/\ l\IULHER-Me diga então, meu senhor, é isso o que
cruel.
U~IA MULHER - Peguem as chaves à força. Scrá que não
tem um homem aqui pra remexer nos bolsos dela e pegar

•e o senhor chama de técnica especial da polícia? Você fala de


11 ma técnica. Eles ficam elo outro lado do parque. Eles estão

com medo.
essas chaves?
UMA MULHER - O senhor, aí, que sofreu tanto quando
era pequeno, o senhor em quem os alemães metiam o pé em
ta UI\J IIOI\IE~vJ - Eu falei que era estratégia. cima ela sua cabeça ameaçando a sua mãe, mostra então que
e UI\I IIOMEM - Estratégia meu cu! o senhor tem colhões, mostra então que o senhor tem pelo

e POLICIAIS - (De longe.) Largue essa arma.


lJI\IA I\HJLI lER - Bravo.
menos um ainda, mesmo pequeno, mesmo ressecado.
lJl\ll IOrvlEt--I- Minha senhora, a senhora merece levar um
e
e 37
e
e
-----------------------------------~.,
e
t .ib cfc. i\ se n ho ra tem so rt e de eu ser 11 m hom e m do mund o. Ui\IIIO\(Ei\! ,--- Olh em pra nós, nós, homens do povo. N (')s e
( ;\1:\ \ (U L H E H. - Rev ire en tão no s b ols os dela, pegue as
ch .tvc s , e me d ô 11m tap ;l de poi s. .
som os mais cor ajosos do que ele s.
U\ IA i\ IUL l l E R - (P(// YI o ntcnin o.) Pob re criança. Este pé
e
e
•e
hor rível n ão csr.i te machu cando?
() //0// / ('/1/ .1'(' aproxima l/l'mmdo, estira o /11f1( O, jJl'OOll rl uo /Jo/I"O ZUCCO-C;J1a:1 boca . ElI n:10 quero que falem com ele. Eu
di :·:m !lOlf! ('/rg(lII/t', j )(gr: (/.1' c!lm.:tJ. n ~o quero qllc ele uhra :1 I)(jCl. Fech a os olho s, você. N~() SL:
ruc xu .
e
i\ SI '~ 0!I IORA -- Imbecil.
l i\ 1 [ IO \IEl\( -- (J i i/l1~/(I!I/l'. )
() lle [f : I ,~ ;!m e sse I'orschc a té aqui , (:\
Você s viram: \ ' or ê :~ vir.un ?
Sl' /I!J O/i'l t!:':t!,rlll /(' ri.)
U\ I IIO\IEi\1 - E a se nhora? Como :l se nhora csr.i SL:
se nt indo?
:\ SENI IOH :\ - - Tud o bem , nh rig:ltLi. t ucl o hem . r-., la:, L I !
•e
l '.\ 1:\ \ 1U LH E R _._- Ela cst .i rindo, ELl en contra hora pra rir
Cl1<JILllltO seu filho vai morrer.
me sentiria rüo melhor se você s G1L!s Sl: m eS S;lS hOC:1S e
voltassem para ;\5 suas cozinheis c fOSSL:1l1 b.ucr nos S C l lS
e
l '.\!. \ x1LlJ.I lE R -- Que h orror. filho s, e
l ' \ 1 II O \H~l\I-I~ uma louca. U~ IA t\I ULIII ~R - Ela é dura. E la é du ra, e
1.' \ I 11 0 \1 E \I -- DC as c h a ve s p ros gt u rdas. Que eles Ui\ l POL 1C 11\I, - ( Do outro lado d rl conjns/io .] !\ q ui c st .io ;\ S
ei
cui de m di sso , pel o menos . Eu ~spero que pel o m en o ~ ele s
s.iib.uu d irigir um carro.
chaves do carro. (~ um Porschc. Ele c sr.i ali. Voc ê pod e \'0-
lo daqui . (P ara as pessoas.) Pa sse m as Ch :1\T S pr;l e le.
UM 1I0i\IEf\1 --- Entregue pra e le \'()cê I11C S lll O , I:: o scn
•e
() hUIlt'lil 'l 'O/trJ cornnr/o. tr abalho, seu meio, os mutudorc s. e
l '.\ I !I()\ I E ~\ I -- N~() é 11m Porschc. I:: um .\ lcrccdcs.
L :\ I IIO!\IE\I - QU;11 modelo ?
UM POLICIAI, - Nós tem os Il()SS~l S Llúie s ,
U ~\ IA f\1 U1..11 E R - Razões me ti c u.
UrvI IIO~IEr-.,.1 - Eu não toc o I1C :i S;\S Ch :1Vl:S. N ão é m eu
•e
.-_1I
t ' \ 1 IIO\IE i\I - 2HO SE, eu acho. Muito bonito .
U\ I IIOi\IE!vl- Mcrcedcs, é um ótimo carro.
trabalho. Eu so u pai de fam ílin. e
ZUCCO - Eu VOll mat ar ess a mu lher, c eu dali um riro na
lJ \ L\ i\ I ULH EH. - Mas lragam o carro lo go , qualquer que minha cabeça. Eu estou pouco me fodendo pela minh a
sc j.. a marca. Ele vai matar todo Inundo. vida. Eu juro pru vocês que eu estou pouco me fedendo.
Z UCCO - - Eu quero um Pors chc. Eu não quero que gozem Tem seis balas nesse revólver. Eu mato cinco pessoas c
da mi nha cara.
U0.I!\ M ULH E R - Peçam para os gua rdas acharem um
Por schc . Não di sc utam. Já que e le é um louco, ele é um
me mato depois.
UivlA MULHER - Ele vai fazer isso. Ele vai fazer. Vamos
embora.
•e l
lou co. I~ pre ciso en contrar um Porsche pr a de. UrvI POLICIAL - Não se mexam . Vocês vão irritá-lo. e!
l r 0.1 1-101\·[Ei\"( - - Isso, pelo m enos, os guardas vão saber UM HOMEivI - (~você que está nos irritando aí, sem fazer e:
fazer. nada.
e

U\ I I IOi\1 Ei\1 --'- Vai saber, Eles ficam de fora. Ul\1 HOtvIEM - Não os chateie. Deixe-os agir. Eles têm
um plano, com certeza.

-
(/il'f:(t7o {lOS policiais. UI\·j POLICIAL - Não se mexa. (Ele põ« a rhave 110 df/O e,
~
1'(/0 0 1/

C0111 utn basIlio, cmpnrra-npor baixo daspernas das pCSJOfIJ alé

••
..,
e
e OJ /Jó' de Zurro. /.11(1.0 se aõaixa devag(/r, pega a chave, retoca-a A t\IENINA- Eu queria ser magra. Eu queria ser um galho
e // 0 õolso.) seco de árvore que a gentc tem mcdo de quebrar.
e Z UCCO - Eu levo a mulher comigo. Vão embora.
1I ~ 1 i\ ~HJLII E R - i\ criança está salva. Obrigada, meu
A t\IADAl\IE - Pois bem, eu não. E além do mais, você é
redonda hoje, você pode ser magra amanhã. Uma mulher
ta Deus . muda, durante a vida. Ela não precisa se preocupar com isso.
ta lJ 1\ I I I O ~ I E M - E a mulher ? O que vai acontecer a ela? Quando eu era moça como você, eu era magra, magra, quase
e ZlJCCO - Vão embora . dava pra ver através de mim, só um pouco de pele e alguns
e 'I'odo 11111 ndo oa i cmhom. COIII o It1..!(J/VCI' 1111 IIIfl IIIf/O, Zurro S('
ossos. Nem sombra de peito. Reta como um menino. Isso me

e fl!Nli.W/, peg(/ fi wIJe((/ do menino peloswIJdos, c lhe drí 1111/ tiro 11(/
dava uma raiva, porque nessa época eu não gostav ;\ dos
meninos. Eu sonhava em me arredondar, eu sonhava 1.:111 t cr
e /111m. Gritos, r:01~/itJ/io,.litgfl. Com o reo âlocr 11o pescoço da 1/1l1lher, seios bonitos. Então cu colocava uns peitos falsos de papelão

-•
e Zncco, //0 p(//1/{e quase desfilo, oa! ('11/ dil'c~tlo (/0 ((I/TO. que eu mesma fabricava . ~L1s os meninos perceber.nu logo
e, cada vez que eles passavam na minha frente, eles me
davam uma cotovelada no peito e destruíam [lido . Depois de
e XI. O N EC ÓC IO al14umas vezes, eu coloquei uma ;lgulha dentro do se io e os
griw s se ouviram em roda ;1 cidade, você pode acreditar. E

e Nfl nx ejJ(tlo do hotd do PUIII{'//O Chimgo.


do /JrJldd //11 JIIfI j){)III"O//II , I' f i IIImil/ll rsprr« .
então, você vê, tudo começou a se arredondar. a se encher,
e eu fiquei hem contente. Pode ficar tranq üila, meu IU5S;I -
e . \ dO/lfl II/{('

rinho atordo ado: você é roliça hoje, você pode ser magra
ta ,\ ~ IENI NA - Eu sou feia. ;1mnn hã.

e A ~1i\J)i\~/IE - Não diga besteiras, patinho. ;\ i\'IEN INi\ - Pouco importa . Iloje eu sou feia, gorda, e

-•
A f\ IEN l~i\ - Eu sou gorda, tenho um queixo duplo, duas infcliz .
ta barrigas, seios como du as bolas de futebol, e quanto à bun-
da, ainda bem que fica na parte de trás, assim a gente não vê. Entra o irmão. conoersando comfimcafetão. Eles fiem olh(/mpara
e ~ las eu tenho certeza de que ela é igual a dois presuntos
que balançam em cada passo que eu dou .
a mentna.

o CAFETÃO - (Impaciente.) É caro demais.


•e
A ~1i\OAME - Você quer calar essa boca, rolinha.
A ~ IENINA - Eu tenho certeza, eu tenho certeza; eu vejo O IRl\IÃO - Isso não tem preço.
muito bem, na rua, os cachorros me seguindo com a língua de O CAFETÃO - Tudo tem um preço, e o seu está caro

•e fora e com aquela baba na boca. Se eu deixasse eles meteriam .demais.


os dentes, como se estivessem num açougue . O IRl\'IÃO- Quando a gente pode pôr um preço em alguma
" t\IADAl\JE -l'das de onde você tirou isso, sua pcruazi- coisa, isso quer dizer que não vale grande coisa. Quer dizer
e nha? Você é bonita, você é redonda, roliça, você tem boas que a gente pode conversar, baixar, aumentar o preço. Eu

e formas. Você acha que os homens gostam de galhos secos de fixei o preço abstratamente porque isso não tem preço. É


.irvorc que a gente tem medo de quebrar só dc encostar a como um quadro de Picasso: você já ouviu alguém dizer que .
mão? Eles gostam das formas, minha pequena, eles gostam está caro demais? Você já viu um vendedor baixar o preço de
ti das formas que enchem bem uma mão. um Picasse? O preço que se fixa, nesse caso, é lima abstração.

e 39
e
e.
-----------------------------cr
o CAFETÃO- Resumindo, é uma abstraç ão que vai passar o IRl\IÃO - I:~, por que não hoje? Est :! noite.
e
e
do meu bolso pro seu, c o vazio que vai ficar no meti bolso, O CAFETi\O - Por que não agor:l? e
L lI n áo penso que seja tão ab stra~o assim. O I Rl\ 1:\0 - Você est á ficando nervo so, csr.i ficando ner vo- e
O IIUvlÃO - Um vazio como esse , enche-se. Você vai
en chê-lo bem depressa, pode acreditar, e você vai esquecer
() preço que você pagou em um tempo menor do que este
so. (!-.''\(f{/a -sf O !J(/I'lII!Jo tios Pf/sSO.\' da mrnina.) Agor:!, tudo
bem. (O ;,-",170.1'(/; rlep/'fssfI c cai se esconder ,:11/ /1I1/1//l fIl10 . ) ••
que você está gastando pra discutir o preço. Mas cu, cu não Entra a menina. e
discuto. É pegar ou largar . Ou você faz o melhor negócio do e
ano 011 você fica na miséria .
() C AF ET ÃO - Não fique nervoso, não fique nervoso. Eu
estou refletindo.
A r\'IENINA - Onde está o meu irmão ?
OCAFE'ri\o- Ele me encarregou de tom ar conta de você .
A MENINA - Eu quero saber onde está o meu irmão ,
•e
O IlUvfÃO - Reflita, reflita, mas não demore demais. Eu () CAFETÃO - Anda, ve m comigo. e
prec iso acompanhar a minha irmã até em casa.
O CAfETÃO - Tá bom, eu pego.
A ~vlENINA - Eu não quero ir com você.
A MAI1AI\I E - Obedeça imediatamente, perua gorda. Não
e
e
•e
O IlUvlÃO - (Para a meninas} Você tem o nariz que brilha. se discute as ordens de um irmão .
pintinho. Você vai precisar pensarem por um põ aí, (A menina
sn i. Eles olham para ela.} E então, meu Picasso? Amenina eocafetão saem.Oirmãosai do qUOl10 esesentanafrente
O CAFETÃO - Eu continuo achando que está caro. da madame.
e
O IRMÃO - Ela vai te fazer ganhar bastante dinheiro pra
que você esqueça o preço. O IRMÃO - Não fui eu que quis, rnadarne, eu te juro. Foi
ela que insistiu, foi ela quem quis vir pra cá e fazer esse
•e

-
Troca de dinheiro. trabalho. Ela está procurando não sei quem, e ela quer
encontrá-lo de novo. Ela tem certeza de que vai encontrá-lo
o CAFET..\O - Quando ~ que ela vai estar disponível? aqui . Eu não queria. Eu tomei conta dela como nenhum
O IlUvIÃO - Não fica nervoso, não fica nervoso; a gente irmão mais velho jamais fez com lima irmã. Meu pintinho, e
tem todo o tempo. I

O CAFETÃO - Não, a gente não tem todo o tempo. Você


tem o dinheiro, eu quero a menina.
minha bonequinha, eu nunca amei ninguém como eu a
amei. Eu não posso fazer nada. A desgraça se abateu sobre
nós . Foi ela que quis, e eu apenas cedi. Eu nunca pude dei-
••
O IRMÃO - Ela é sua, ela é sua, é como se ela já fosse sua. xar de ceder a uma vontade da minha irmãzinha. É a de s- e
O CAFETÃO - Agora que você já tem o dinheiro, você se
arrepende.
O I RMÃü - Eu não me arrependo de nada, nada. Eu estou "
graça que nos escolheu e que nos persegue. (Ele chora.)
A MADAlVIE - Você é urna bela imundície. •e
pensando. e
() CAFETÃO - Em que você está pensando? Não é o XI I. A ESTAÇÃO
momento de pensar. Quando, então? ••
() I1UdÃO- Amanhã, depois de amanhã.
O CAFETÃO - Por que não hoje?
Numa estaçâo de Irem.

••
40

••
-.--
e

-
e
ta
e
Il :(:c:o - - Roberto Zuceo.
,\ SE~IIOI{A- Por que você fie l repetindo o tempo todo
e sse nome ?
Il '( ;( ;O - - Porque eu tenho medo de esquecer.
nhci ro . Onde você quer ir?
ZUCCO - Pru Veneza.
A SENIIOJ{A -- Veneza ? Que idéia estranha.
Z lJCC:O - Você conhece Veneza ?


e
:\ SEN HORA - N ão se e squece o pr óprio nome. Deve se r
~ l úlr im u coi sa que ;1 gente e squece .
Il . (:CO - Não, não; e u esq ucço . Eu o vejo cscri to no me u
!\ SENIIOI{:\ - I:: claro . Todo mundo conhece Veneza.
ZlJCCO - Foi lá que eu nasci.
A SENHORA - Bravo. Eu sempre pensei que ninguém


e
c ére bro, e cnda vez men os bem escrito, caela ve z menos
c-lur.uncntc, co m o se ele fosse se ;lpagand o; é preciso que
eu olhe cada vez mai s de perto pru conse guir ler, Eu tenho
nascia em Veneza, e que rodo mundo morri a U. Os bebê s
devem nascer rodos cmpocirudos c cobertos de teias de
aranha. Em todo caso, a França te laVOII muito bem . Eu não
e med o de ficar sem saber meu nome. vejo nem traços de poeira. A França é um excelente deter-

-•
e
e
e
,\ SENIIORA - Eu nJO vou csquecer. Eu serei a sua
me mó ria.
II :C C O --, (Drpoi: de /(11/ temp o.] Eu go sto das mulhere s.
1':11 gosto demais das mulheres.
,\ SI':NI IORA -_.- Nunca se gosra demais delas.
I lJ CCO - Eu gosto delas, cu gosto dela s, de tod as. NJO há
gente. Bravo.
ZUCCO - Il preciso que eu v á embora, absolut amente: é
preciso que eu parta . Eu nJO quero ser capturado . E 11 não
quero que me prendam. Eu tenho medo de ficar no meio de
lama gcme.
A SENHORA - Medo? Seja então um homem. Você tem

e mulheres bastante, urna arma : só de tirar o rev ólver do bol so voc ê j;í espanta


:\ SI':NI IPR/\ - EnrJo , você gosra de mim . todo mundo .
Z UCCO - It claro, j;l que você é urna mulher. ZUCCO-I~ porque eu SOtl um homem que ClI renho medo.
e " SENHORA - Por que você me trouxe aqui com você? 1\ SENI IORA- Eu não tenho. Com tudo o qut.: você me fez


-
Zl lCCO -;- Porque eu vou pe gar () trem. ver, eu não tenho medo e eu nunca tive.
A SE NI (ORA - E o Porschc? Por que você não vai com () ZlJCCO - I:: justamente porque você não é um homem .
I'orschc? A SENI IORA - Você é complicado, complicado.
e Z UCCO - Eu não quero que reparem em mim. Em um ZUCCO _. Se eles me pegam, me prendem. Se me pren-

•• trem, ninguém vê ninguém.


i\ SE NHORA - E eu estou convocada pra ir com você ?
Zl JCCO - Não.
dem, cu fico louco. Aliás eu estou ficando louco, agora . Tem
guarda em rodo lugar, tem gente em todo lugar. Eu já estou
preso no meio dessa gente. Não olhe pra eles, não olhe pra
e A SENHORA - Por que não? Eu não tenho nenhum mo- ninguém .

• r i vo pra não pegar esse trem com você. Você não me desagra-
dou desde que cu o vi. Eu vou pegar esse trem com você.
A SENI IORA - Por acaso eu tenho ar de ter a intenção de
te denunciar? Imbecil. Eu já teria feito isso há muito tempo,

--
e
Ali.is, é isso o que você quer, senão, você teria me matado ou
me deixado naquele parque.
Mas esses idiotas me dão nojo. Você, você me agrada.
ZlJCCO-Olha todos esses loucos. Olha como eles têm um
ti ZUCCO - Eu preciso que você me dê dinheiro pra pegar o ar desagradável. São uns assassinos. Eu nunca vi tantos

•• trem. Eu não tenho dinheiro. Minha mãe devia me dar mas


ela esqueceu.
assassinos ao mesmotempo. Ao menor sinal na cabeça deles,
eles começariam a se matar uns aos outros. Eu me pergunto

••
!\ SENHORA - As mães sempre esquecem de dar di- . porque o sinal não soa, aqui, agora, na cabeça deles. Porque

41

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m .ui c ir. t e le s
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SilO

:il1 dJ I II; c u

I': ll reconhe\'o
ve jo x c ux

um :ISS; IS "

c l1ei:ls d e S ;lli ,~ ll e ,
ZL~C CO -- Se t ivesse sido
s;\Il glt e pr a rodo Lid o também.
;l sua cubc ç.r. ela te ria espalhado

.\ S Ei\.' IIOR:\ -- 1'. h s cu não ter in visto, im bec il, cu não tcri .:
v ist o. \k ll própr io s:mg uc , cu n;iq me importo, ele nJO me
pert enc e. i\ 1:1~i () d o mc u filh o , fui CII que enfiei na s v ci.r-,
-•e
••
'i : l )(l ;'1 p ril1lC lr il "i s ! ;I; ele s t C'll l :is l O ll p :IS

,\ q ll i, tc m as s: l s ~·; il1o em tl l\lu l IlLlI I !U


é Ill g :n; é preci so se (k le. é nc g('H., j(l meu, CLI meu , n.io se porlc ir cspa r r.un.uu!o
u r.uu c r i r.m q üilo . xc iu me xer: é mel hor Il.I O ulh .iI us no s :I S l'Il illh :1 S l'o is:ls de q ualquer jeito, num parque púhlir», 11:1

o lhox. I:: mc lh o r ql le ele s \1;t1l no s ' ·C.i ·II1l; é


Il l ll\ jl.l l l' l llt' , 1' ( II(IIIl,' :) l ' I 1:\ O . se :1 ,! ~ t..·

ele s se cLiu COIH ;l de q ue C SLllllO S ulh illl <ÍU. SC eles rcxol-


l ll l.' ,.111:1 !l I) ,
p !'cci \(l

I "I I II S
se r
l!ele''',
Iren u: .Ic um.r CII Il!l :I<! :1 dc im hec is, I\,!',111'.1 c u n iio Il'll!l(lll \:li'.
n.n LI I lI C 11. <J 11.11 q ucr i1 111l' s l: í :11 1< L I I1< I() C I I1 l ' i 1Il il d :1 ('111 j(' ,I ('( I j 'o: I
que I11e pertencia. E :lI1 L l ll h i't ce do os j.ndiuc irox " :-1 0 lim p. ir
•e
•e
S l.'.

"e m olhar pra n ó s e nos ver, o sinul so :.! 11:1 r :!llL\':! deles e eles tudo isso. O que me rest a, :lgor:1, () que é que me resta?
ru. rr.un , eles m :.1L\l11. E se tem um que (' oll1 e~\l , ro d o mundo
:11 i 11 i \ :1; m .i r.ir rod o m und o. 'I'mio só c spcr.uidu srlron nr«.
l) \ 111 :11 IlJ c'l bc<; :1.
111 IIIHII) C SLí / .'1( ( 0

e
,\ S I·::-\ IIC )I ~ /\ __ P:ír:\. (\;:io COl1l C l'C u m a cri se de ne rv os. Eu Zl iC ( :O -~ 1':11 " OU cmho r.r. e
••
o

\ '(llI C<J1ll pr:1r os do is b ilhetes. i\ 1:lS i ll' i d l ll C ' \ l " I H 'I S " ,l/lIO S ser i\ SI·: NIIOl{ /\ ._- I':u "OU com \'0,,0 .
d <:\ C( lh c rl l )S, ( /)t/Jois r/f' IIII! If'lJljJo:) P' lf <l 11 l' \'t lc ê o rn .u ou ? 1,1 jC:C:O - - i'< io se mcx.r.
/ ,l :( :(: ( ) -- (jllC ll1 ? .\ SF NII()[{.. v; Vo('ê 11:1l 1 {C II I Il e ll l ( '(l lllll l )l' ,~ ', :11 I ) I IC II I .

,\ .~ I·: :\ l l () l { t \ .._. i\ lc u fi lho. i mhc ril . \ 'oc0 1l l'1 1I l1\C deu t crnp « de te d .u ClS h i lhc tc «. \ 'lll 'C; 1l ;1( ) d:'1 e
/1 '( :( :0 -_.. Po rq ue ele c r.: um 1l10 ic q 11 L' i.lior«.
.\ .l..i I·: N I [Ol {:\ - <]lICIll te d isse is" o~' rn .it ica que
t e mp o p ru Ili!lglll~m te .rjud .u. \ 'Ol'C: é (' l lI l l ( ) l lI1U 1':1(':1 uu t u -
"(H.: ê de sliga de t c mp ox 1.'111 rc mpo x e ,~I I ; \r( 1:l •e
/ ,l '( :C o - Você. Você disse qu e ele cr.i um moleq ue id io ta. , !lO b ol so .


\ 'uce: di sse que ele ach ava que você era uma idiota.

id io l:l? E se cu gost;l sse dos moleque s idi ot as? E se eu


gos Llsse dos moleques idiotas mais do que tudo no mundo,
ZLJCCO -- Eu n50 preciso quc me ajude m.
,\ SI ~ NHORA - E se eu go stasse de ser tomad a por lima :\ SI '~ NHOI<;\ - Todo mun do precisa de ajud a.
ZI J( :C O -- Niio comece a c ho rar. Você cst.i com c .tr u de 11111:1
mulher quc vai começar :I chorar. Eu detesto isso .
m uis do que dos grandes imbecis? Se cu detestasse tud o A SENHORA - Você me disse que gostava das mulheres,
ex ec ro os moleques idiotas? de todas as mulheres; até de mim.
-••
e
í~ l JC C () --- Scri :l necessário dizer.
.\ S I·:NJ!OR:\ - Eu dis se, imbec il. cu di sse ,
ZlJCCO - Execro quando el as faze m caru ele mulher <I"C
vai co meç ar ;\ chorar.
/1 :( :c:o --- Não p rec isav a me rec usar :IS c ha ve s, N50 prcc i- t\ S E NHORA - Eu te juro quc cu não vou chorar.
•e
S: l \':! me hlllll i!h ~lr. Eu não queri a 1l1a d-lo, ma s [lIdo foi se e
CIK J ele;1I1d n sozi nho por C..1LlS;l dessa história de Por sche. E /fi chora . ZII((() Si? ( l as !II,
e

-
:\ S \': N I JO RA - ~\' Ic nr i ro s o . Nada se encadcou; tudo foi
:11 L 1I T SS:l d o , Er a ell que você tinha sob :1 sua arma. Por Cjlle :\ S[': NIIOI{/\ - E o scu nome, imbccil? Ser:í quc \'(lcê é
fo i :1 c lhc ça dclc que você explodiu, com sa ng ue p ra todo ca paz de mc dizer seu nOl11C, agora? QlIem vai sc lemb rar
Lido ? dele IH;l você? Você já csqlleccll, cu tenho certeza . Eu so u ,1
••

e
e
e do cheiro de 111;lCho, E foi o se u pr óprio inu .io, es se raro c nt rc

e 111, ' 11\ 111 1:1. (lS LIlOS, e sse porco fedorento . e sse m.uho dcpruv.id o qlle a

•• \l lJ lI l l l' :IIT:I\!(111ILI LtIlU , pux .uul o« pelos c l h l ' !O\ :Il L' :1 \ 11:1

rIIS S:1. 1':11 d cvi .: te -lo 11l :I(;lt!O, de\,j :\ IL' -!O cuvc nc n .ulo . .l c vi .:
lê·lo impedido de ficar rodeando a g:liol:i d ;1 minha rolinha.

•e l lcvi .: t~..rcoloc :lIlo :ILI111<: /';lIp:ldo cru \'(dl :l <1:\ ,!!,: Iio!:ldOl lll'l1
amor. 1':11 dev i.r ter eSII1:lg:lllo e sse LH O COlll o p~ e q uc im.u lo

•e 1"' ,11/ ,' 0 Í/, ',!:,I I I': I/ oi /1',


I , l / rl Cf i O (' i/ri rit'.l"t'l/II . F .l I/I / tI -l f ' I 1 d/l{~ ,tI f/til'.
na frigidc ir:!. (hm{! o, ) Tudo ~ sujo, uqui. Essa cid ade Wd ;l é
Sllj:l e che i:l (k m:ll'1 1I 1S, <)IIC CI1< >\':I, que CI Hl\':1 muito , qll e a
ch uva lave 11111 p llll C O a minh .r ro linh.t 11:! (OSS :I un u ndu o ndc

•e I-. /1/ 1 ri rt il'lil tl. eLI c st .i.

-
e
••
,

!
\ Iln 1,.\ _.._. Onde csr.i

/
1

;
;1 minha pombinha? FI11 qlle sujc ir.:

l11 e l"II : j':11I que g:liol:1 uu und .r : 1 ! ' (I ! O! :11:1111: I k qlle


I ' -l'

:1::11I 1:lis perv er sos e ind ócc is c lu csr.i 111! \L' :I ! L l: 1': 11 quero te
,: :H'11IH u r, minh a rnlin h.i,
Il/jJo .j () muc ho
C II \ ' ( 111 [C IH I ll' ll r:lr .u
é o .m i mn l 111 :1i.., repll ;!.n;ll1te entre os
u i u u .u -, r l' I ) I I .~~ n : l I 1 1l'S (p ie c x i-a cm 11:1 l .uc <1 :1 (ClT:!. Tem 11m
é morrer.
XI\ ',I'I{IS:\()

.Yo P" fjllm O r ,'!Jim go,


Dois(!o/it'Íllis. })/I/I/ ,I' e, o/I/i ' dt i .I , t I nuniun.

e ( :u: i r (1 11 () 111: IC'11ll q 11e 111 e li:í n ( ).1 o, ( : h e i 1(l de r:I to no e sg o I o, PI{Ii\II·:II{O POLICI:\I. ,- --- \ 'lll-L~ vii: : I! ,!~ l l é l ll i

•e :l.: p o rCI) na l.uu u, um che ir o de :í ,~II :1 p .ir.«! .: ()IHIc .ipodrcccm


I II :I! , I \() é slIjo, (IS ho men s n.io
" ', l' :I< Lí\'Crc s, (/ i'lllj)(). j ()
IllJ Il:lll1 !>;\nl1Cl, ele s dc ix.un u suje ira e os lílplid o"i repll gn :lI1-
SI·:C;l :N I )() POI .1C: 1:\ 1. - \: in ,~lIénl. J1 :'l ll ,
PI{I i\IEI1{O I'()LICI:\L --- ,:: i di(l !:1. ~ (lSS I I t ru hul ho L'
irliot.r. Ficar pl.mrudo .iqui l'lllll ll pl.ll' :I S Ik l.: s t:ll'ion :l l ll L'll lo ,


-
( L' S lI :1S secreções se acumul arem nele s, e ele s nem toc am i\ lclho r continuar circulando.
IH.: L1S , co mo se fosse tudo milito preci oso, Os homen s não SEG UNDO POLI CIAL - I:: 110rl1 UI. Foi aqui qu e ele

•• sc nrc m o che iro deles entre ele s 11)(:SI110S porque todos têm
11 me smo cheiro, I:: por isso que eles est ão sempre juntos, e

ljlle eles ficam com as putas, porque as putas, por dinheiro,


matou o Inspetor.
PRli\IEIRO I'OLICli\L---[usr .nncntc. I:: o único lugar pra
onde ele não vai voltar.

•• :q ',i ic lH :l l ll e sse cheiro, Eu lavei t.uuo cs s.r mcn inu. Dei runto
h.mho ;IIHes do jantar, e dei banho de manh ã, esfreguei as
SEGUNDO POJ ,l e IAI , - - l lm criminoso sempre vnlr.t :10
local do crime ,

•e
costas e as m ãos com escova, e esco vei embaixo das unha s, PRli\,IEIRO POLICIAL - Ele vai voltar aqui? Por que
lave i todos os dia s os cabelos dela , correi as unh as, lavei ela você ia querer que ele voltasse? Ele não deixou nad a, nem
tod ;l, todos os dias com ÚgU;l quente c sa bão. EU ;l conservei uma bagagem, nada , Ele n50 é louco. N6s somos duas placas
br.mca como uma pomba, eu alisei suas plumas como uma
e rol n. Eu a protegi e a coloquei dentro de uma gaiola sempre
de estacionamento completamente imiteis.
SEGUNDO POLICIAL -- Ele vai voltar.

-•
e
e
Ii III P;I P;Jr:1 q uc e la não sujasse SU:l hruncu ru i maculada ao
co ntatn com a sujeira desse mundo, com a sujeira dos
ru .nhux, para que ela nojo se deixa sse empe stear pela peste
PRIMEIRO POLICIAL -- Durante esse tempo, a gente
poderia beber alguma coisa com a madame dona do bordel
e discutir () :lSSlIIlW com as senhoritas e passear em OU{ ro

43


e
------------------------------r
lu gar, entre essas pessoas calmas, tranqüilas; o Pequeno Entra ZIICCO.
e
e
Chi c ~l g0 é o bairro mais tr anqüilo da cidade. e
SE GU N D O POLICIAL - Tem fogo sob as cinzas. PRIt\IEIRO POLICIAL - Mas nunca - mesmo se cu
I?RlMEIROPOLICIAI.l- Um fogo? Que ~go?Onde você fosse IOll(~O, mesmo se eu fosse um assassino -- nunca cu
CSLí vendo fogo? Mesmo as senhoritas ~o calmas e rran- caminharia tranqüilamente nos locais do mel! crime.
••
q üi lu s como caixas de supermercado; os clientes passeiam SEGUNDO POL,ICIAL - Olha esse cara.
co mo nu m parque, c os cafetões dão a volta do propricni- PRIMEIRO POLICIAL - Qual?
rio, como livreiros que verificam se todos os livros estão SEGUNDO POLICIAL - Aquele que passeia tranqüila-
••
n JS e stantes c se alguém não roubou algum. Onde você mente, ali . e
est á ve n d o fo go? E sse cara não vai voltar aqui, eu aposto PRIMEIRO POLICIAL-Todo mundo passeia tran q üila- e
com você, eu aposto uma cerveja no bordel da madame. mente, aqui. O Pequeno Chicago se transformou num par-
•e
-•
SEGl INDO POLICIAL·- Ele bem que volrou na casa dele , que público onde até as crianças poderiam jogar bola.
depois de matar o pai. SEGUNDO POLICIAL-Aquele que está com um unifor-
PRIrv[EIRO POLICIAL - I~ que ele tinha o que fazer lá. me militar.
SE C UN D O POLICIAL - E o que ele tinha pra fazer lá? PRIMEIRO POLICIAL - Ah sei, eu estou vendo.
PRI1\I EJRO POLICIAL-Matara mãe dele. Uma vez feito SEGUNDO POLICIAL - Ele não te lembra ninguém?
e
isso, e lc n ão voltou mais. E como aqui não tem mais inspetor PRIMEIRO POLICIAL - Talvez sim, talvez sim.
pr~l m arur, ele n50 vai voltar. Eu me sinto como um idiota; cu SEGUNDO POLICIA-L -- Eu diria que é ele. e
sinto que estão nascendo raízes e folhas em cima dos braços PIUlVIEIRO POLJCIAL - Impossível. e
c d us pernas. Eu sinto que estou afundando no cimento. A ~IENINA - (Percebendo Zucco.) Roberto. (E/a chega /JOIO
Vamos dar lima chegada no bordel c beber alguma coisa. delee l/li.' dd um beijo.)
' I'udo cst .i calmo; todo mundo passeia tranqüilamente. Você PRU",IEIRO POLICIAL - J~ ele.
•e
csr.i ve nd o alguém com cara de assassino? SEGUNDO POLICIAL -Não tem mais nenhuma dúvida.
SEGUNDO POLICIAL- Um assassino nunca tem earade A MENINA - Eu te procurei, Roberto, eu te procurei, cu •e
assassino. Um assassino anda tranqiiilamellFe no meio de te traí, eu chorei, chorei, até () ponto em ~LJC eu virei lima
tod os os outros como você e eu.
I'R 11\1l':I RO POLICIAL - Ele teria de ser louco.
ilhazinha no meio do mar e as últimas ondas estão me
fazendo afogar. Eu sofri, tanto, que o meu sofrimento po -
••
Sl '~ (;lJNDO POLICIAL - Um assassino é louco por defi-
nição.
deria encher os abismos da terra e fazer transbordar os
vulcões. Eu quero ficar com você, Roberto; eu quero tomar ••
Pl <Ii\IEIRO POLICIAL -- Nem sempre, nem sempre. conta de cada batida do seu coração, cada respiração do seu
T e m vezes que eu quase tenho vontade de matar; eu peito; a orelha grudada em você, eu vou ouvir o barulho ,de
t ambém . cada engrenagem do seu corpo, eu VOll tomar contar do seu
••
SEC;UNDO POLICIAL- Então. tem vezes que você deve corpo como um mecânico toma conta da sua máquina, Eu
e'
ficar q uase louco.
PR1:\IEIHO POLICIAL ,- - Talvez sim. talvez sim .
SEG UNDO POLICIAL -- Eu tenho certeza .
guardarei todos os seus segredos, eu serei a sua pasta de
segredos; cu serei a bolsa onde você vai guardar os seus
mistérios. Eu vou vigiar suas armas, eu vou protegê-Ias da
•e
ferrugem. Você será meu agente e meu segredo e cu, nas
e
44
••
ta

e
---
e
ti
SI I;1S v i:tgcns. cu sere i :1 su a \):lg:1gcm.
:111lf 11.
sua ca rrc g.u lo r» c seu

Ill{ I\ IF II{O POI.l CI:\1 , - (: l j>IOÚ lll fll/r!O -St'fk ! u(((}.) Quem
(. \'ocC'?
U~I:\

.issuu .
VOZ - Ele não vai lon ge.
I ~ l\ I r\ VOZ - I:: urna prisão moderna. Não d.i pra escapar

I ii\ l:\ VOZ -- I:: impossível.


I i ~ L-\ \ 'o/, - Complct.nuc ntc impo ssível.

••
I I' ( :C;0 - · 1': 11sou o .iss.rxs in« do mcu p.ri, d.uninh.un .rc, de
11111 in spetor de po1íCi:l c de UJ1) :) rri.inç.t. Eu sn u um m.ir.ulor . 1 1~1i\ VOZ - Zucco csr .i fodido .
I ii'd A \ 'OZ - '!':l!\'L'Z ele esteja Ioclido, mas, por enquanto.

•e t ): / }()/if 'ifl is /f'0'tllJ/-J/O, ele c sr.i s u b ind o no tclh .uln c goz:lndo a CU:l de você s,

!u rt'O, t'OlII o priro 1/1/ r tlt'.I'((t/(o. f-!trgl'l / IIII 'Ii' lII(ti.i 11//11 tio

•e
// /1

xv. Zl JCCO 1\0 SOl, Id//(/r!o.

,I / Ifl/ /(' t/(' ciinn r/os Idltl/{!os r/(' um« /Iti.ii/O, meio-dia. ( Ji\IA VOZ _. O que "ocê c s r.i LlI.cnt!o aí?
e ,\ '(/0 se 'l.'/ lIill,!!,U/IIl, r/ulm/lr' IOr/fl
110

( 1i\IA \'()Z --Iks~ ~ ;l imc di.u.uuc ntc. (IUw ,1'.J

••
1I ( 1'1/11, ('Xf'('lo !U(,[,() quando dI'
,"O/ I( 110 fi/lo rio Idltflr/O , Ui\l/\ VOZ - Zucco, voc ê C SLí Iodido. (R isos.)
\ 'O-:' r',i r/t' gUflrtltlS I' rirprisionriros misl /l/ f/ tltlS , I 1l\IA VOZ - Zucco . /.lIlTO, conu pr:l n('IS ('(11111 ) UH 'L'" L1Z

e I ' \ Ir\ \ 'OZ .,- Rnhcrt« Zu('('O l' SC:Ij)()II ,


pr:l n.io ficar nem urna hora IL \ prisão ?
( I l\ Ii\ \'01: · ( :OIllO \'ocê LI !.?
e 1' \ L\ \-'OZ - l\lais 11111 :1 \'CI. , 11i\J.:\ VOZ - Por onde vocc P:1S:-'OU ? I)c :1 Ili q :\ pr.t 1l( " S,

e • 1:7'' ' /\ VOZ - l\la s ql lcm (l \'igi:\V:l ?


I : ~ I /\ VOZ - Quem era rcspous.ivcl pm ele ?
ZI IC( :O - - Por cima. N;io se pode csc.rpar .u r.rvcs dos
muros, porque depoi s de sses muros tem outros, tem SCI11-

• I :1\ 1/\ VOZ - 1\ ~elHe cst.i com cara de bobo,

-
prc a prisão. I:: preciso esc apar por cima, em direção ao sol.
111\1 /\ VOZ - Vocês e stão com cara de bobo, sim. (Risos.) Nunca vão pôr um muro entre o sol e a terra ,
1;\1/\ VOZ - Silêncio. Ui'dA VOZ - E os guardas?

e I i ~ l /\ VOZ - Ele tem clímplices., ZlJCCO - Os guardas não existem. Basta não vê-los. De

•• l:l\ 11\ VOZ - Não; porque ele não tem cúmplice que ele
se m p re consegue escapar,
é qualquer forma, eu poderia pegar cinco com uma mão só e
acabar com eles de urna vez.

-••
I I ~" /\ VOZ - Sozinho,
I 11\ 1/\ VOZ - Sozinho, como os heróis.
I 11\ 1/\ VOZ -I~ pre ciso procurar nos cantos do corredor.
( 1l\1i\ VO Z - Ele deve estar escondido em algum lugar.
Ui\l/\ VOZ- De onde vem a sua força. Zucco, de onde vem
a sua força?
ZUCCO - Quando eu avanço, cu vou até o fundo, bem
rápido, eu não vejo os obstáculos. e, corno eu não olhei pra

-
••
e
I li\l/\ \l O/' - Ele deve estar encolhido em algum buraco, e
l'sLí tremendo .
I ; l\ 1/\ VOZ -
111\1/\ VOZ -
c;tra de vocês .
111\ IA VOZ - Zucco
S<'l que não são vocês que fazem ele tremer.
Zucco não está tremendo. e sim gozando da

~oza da cara de todo mundo.


eles, eles caem sozinhos na minha frente. Eu sou solitário e
forte, eu sou um rinoceronte .
UMA VOZ -- Mas seu pai, c sua mãe, Zucco. Não se pode
tocar nos pr óprios pais.
ZlJCCO - It normal matar os próprios pais .
UMA VOZ - Mas lima criança, Zucco: não se mata uma

•e 45

e
•e
c r i.m ça. M ata-se os inim igos, mau -se as p C SSO:1S capazes ele co rno ele mexe de um lado p ro out ro? e
se defe n d er . \ l:1s n ão u mac r ianç .r. U l\ IA VOZ -- :\ gente não c st.i vendo nada.
e
•e
I UC:CO - Lu não Le n ho i ni ll ~ ig o s c eu não :H:1CO . E u aca bo Ul\ [:\ VOZ - O so l machu ca os olh os. Ele no s ce ga .
C(il ll os o u rrux .mim nis ll :i o p m mald ade m:\s por que c u nJo I. UCCO -- Olhem I) que c s t.i s:l i n<! o do sol. I:: o SCS ll do so l;
( IS \'i c 11of(jlle cu p ixc i e m c i ma d ele s. t: ele Li q ue \ ' C III o vc nto.
l ..\ L\ VOZ - - Você (em din he iro ? D inh ei ro escon d ido em
II .!~ II Ill ! l l .!!.: if?
Ui' Ii\ \'O l - O quê? O sol tem um sexo ?
{ii\l :\ \'OZ __ (::lLJ
o . :J boca .
Z UCC:O - - Me xam a ca beça : vocês vão ver ele mexer com
••
•e
{ ,( ;L t :O - E u 11 :10 te nho d inheiro, em nen h um lugar. EII
1l;IO prec iso de dinhe iro. você s.
l ' .\ L\ VOZ - -- Você é 11m her ói, Zl l l '(' O, U\ IA VO I:-- O qu e que csr. i mexendo ? Eu 1I;!() es tO l!
! \ L\ VOZ ---- I:: o Goli as.
I '.\IA VOZ --, I;: S:lns }o.
( .\ 1.\ "OZ ---- Ollelll 0 S:lnS:'lo?
vc nd o l1;1d:1 mexe r.
\.;1\ IA \'OZ-- Como voc ê que ria que algum :l ('o is:! mexes-
se . hí em cima? Tudo c sr.i fixado 1:1 desde a ctcrn id .rdc, e
••
( ' .\ !;\ \'0/ --- Um m :11I c lc rncnto de .\ I.us c lh:i.
1' .\ 1.\ \'01:-- E u o conhe ci n:1 p risão. U I1I:1 ver dadeira be sta.
bem imohili z:ido. bem so ld ado.
Z UC( :O --- l~ :1 fonte do s vento s. •e
Ue POr! i:l q ue brar a C:\f :1 de d ez pe ssoas de uma ve z.
(' ,\L\ VOZ - ~lcnrir o so.

I ..\ Ii \ VO Z - Se'> co m os seus soco s.


1 i\ IA VO Z - N:io d .i p ru ve r m.iis nad a. Te m luz d e m ais.
Z UC CO - V ir e xcu ro sto em d ireção :10 O r iente e ele
mud ar á de lugar ; c, se você vira r seu ros to em di rcç iio :10 •e
1'.\ 1.\ VO Z -- N J o, co m 11m maxilar de :l S!W . E ele I1JO cr u
d e \ lar scl h.t.
1;,\ 1/\ VOZ -- Ele roi bei jad o por UI1U mulher.
O cide nte, ele te se g uid o

Um t'I.'Il /O r/e ItJlljJt's!fide sopr«. /' // ([0 ,:-,(/âltl .


••
Li .\ lt\ VOZ- Dalila . UJ1Ll história de cabelos. Eu co nhe ço. e

-
I i\ IA VOZ - Tem semp re uma mulher p:Ha trair . Ele: é louco. Ele vai cair.
U i\ [ /\ VOZ -
111\ 1/\ VOZ - Estar íamos todos em liberdad e se m as mu - UMA VOZ - P áru , Zucco; você vai se arrebentar.

••
Ihcrcs. Ui\JA VOZ -- Ele é louco.
Ul\/A VOZ - Ele vai cair.
() .rol sO!JC, IJlilh(1Il te, extra ordinnriamente I"miuoso. Um .gmnde
'Ct Jl / O sopra.

Z UCC:O - Olhem pro sol. (Um si/FI/rio (I/; SO/II/0 se estabelece


o sol sobe, fica
claro couro
Não se vê mais nada .
17 cxp los âo de /llIItI bom/;(/ atômicn.
•e
1/0 10m!.) Vocês não e stão ve ndo nada ? Não estão vend o UM A VOZ - (Grirnndo.) Ele caiu,
••
e
••
e

-
..~()

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