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Controle de

Processo
Teoria e Aplicações
7a edição (Revista)

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FY-A

FY-B
FT

Marco Antônio Ribeiro


Controle de
Processo
Teoria e Aplicações

7a edição (Revista)

Marco Antônio Ribeiro

Dedicado a Gonçalo Aparecido Pereira, um instrumentista e


um amigo. (1950-1986)

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala,


exprime-se claramente e de modo compreensível. Quem se exprime
de modo obscuro e pretensioso mostra logo que não entende muito
bem o assunto em questão, ou então, que tem razão para evitar falar
claramente. (Rosa Luxemburg)

© Tek Treinamento & Consultoria, 1974, 1978, 1984, 1989, 1994, 1998, 2001, 2003
Salvador, BA, Verão 2003
Prefácio
Desde que foi escrita a primeira edição deste trabalho, em 1974, ainda com o nome
de Teoria de Controle, muitas mudanças ocorreram no campo de controle de processo
industrial. Apareceram os instrumentos inteligentes, nome não muito inteligente para
instrumentos microprocessados, houve uma proliferação de computadores em aplicações de
controle e atualmente há um aumento intensivo de aplicações de controladores lógico
programáveis, substituindo os prosaicos relés eletromecânicos.
Mesmo com os avanços da tecnologia aplicada aos instrumentos que realizam o
controle de processo, as idéias básicas e fundamentais ainda são válidas e aplicáveis ao
conceito de controle.
Este trabalho Controle de Processo pretende ser uma introdução aos princípios
básicos e as práticas dos vários métodos e estratégias de controle. O desenvolvimento
matemático é o mínimo possível e é usado apenas para enfatizar os aspectos físicos e a
teoria de operação das ações de controle.
O presente trabalho faz uma revisão dos conceitos de Processo Industrial, contínuo e
discreto, mostrando os parâmetros de dificuldade de controle como tempo morto e
característico. São apresentadas as diferentes estratégias de controle através da Malha de
Controle, enfatizando a realimentação negativa, que é a base da maioria absoluta das
aplicações praticas. É apresentado o Controlador, com suas partes constituintes e para
fixar idéias, são detalhados os funcionamentos do Controlador Analógico, (pneumáticos
de painel e campo, eletrônico com amplificadores operacionais) e o Controlador Digital,
microprocessado como single loop e o bloco de controle de sistemas digitais. As ações de
Controle são explicadas, quando são mostradas características e aplicações das ações
Proporcional, Integral e Derivativa e apresentados os vários métodos de Sintonia do
Controlador, operação fundamental para a operação estável e eficiente da malha de
controle. De um modo simples, são apresentados os esquemas mais complexos,
envolvendo o Controle Multivariável, onde são vistos os conceitos, configurações e
aplicações dos sistemas de controle cascata, relação de vazões, faixa dividida e auto
seletor. Finalmente, atendendo sugestões de alunos, foi escrito um capítulo totalmente novo
acerca do Controle Lógico, mostrando as diferenças de idéias e equipamentos aplicados
ao controle contínuo convencional e o controle de processo discreto. No Apêndice, é
apresentado um Enfoque Matemático, ainda simples, do controle de processo, envolvendo
equações integrais e diferenciais.
Este trabalho constitui a base de um curso de Controle de Processo que o autor ministra
por todo o Brasil, principalmente para o pessoal da Petrobrás e é usado como livro texto em
Escolas Técnicas, Centros de Tecnologia e Faculdades de Engenharia.
As sugestões, as criticas destrutivas e as correções são benvindas, desde que tenham o
objetivo de tornar mais claro e entendido o assunto.
Endereço físico do autor: Rua Carmen Miranda 52, A 903, CEP 41820-230
Fone (0xx71) 452.3195, Fax (0xx71) 452.4286 e Celular (071) 9989.9531.
E-mail: marcotek@uol.com.br.

Marco Antônio Ribeiro


Salvador, BA, Verão 2003
Controle de Processo
Conteúdo

1. CONTROLE DE PROCESSO 1
Objetivos de Ensino 1

1. Vantagens e Aplicações 1
1.1. Qualidade do Produto 2
1.2. Quantidade do Produto 2
1.3. Economia do Processo 2
1.4. Ecologia 2
1.5. Segurança da Planta 3
1.6. Proteção do Processo 3

2. Controle Manual 4

3. Controle de Malha Fechada 4

4. Controle com Servomecanismo 6

5.Sistemas de Controle 8
5.1. Introdução 8
5.2. Controle de temperatura 8
5.3. Controle de temperatura e vazão 9
5.4. Controle de temperatura, vazão e nível 9
5.5. Controle de temperatura, vazão, nível e análise 10
5.6. Controle preditivo antecipatório 11
5.7. Controle supervisório 11
5.8. Controle digital direto 12
5.9. Controle digital distribuído 12

i
Controle de Processo

2. PROCESSO INDUSTRIAL 17
Objetivos de Ensino 17

1. Processo Industrial 17
1.1. Conceito 17
1.2. Processo Contínuo 18
1.3. Processo Batelada (Batch) 19
1.4. Processo discreto 22
1.5. Processo de Manufatura de Peças 22

2. Variáveis do Processo 22
2.1. Introdução 22
2.2. Variável Controlada 23
2.3. Variável Medida 23
2.4. Variável Manipulada 23
2.5. Variáveis Aleatórias e Distúrbios 23
2.6. Grau de Liberdade e Variáveis 25

3. Controle do Processo 25
3.1. Controlabilidade do Processo 26
3.2. Parâmetros Dinâmicos 26
3.3. Inércia 27
3.4. Tempo Morto 27
3.5. Tempo Característico 29

4. Tipos Básicos de Processo 32


4.1. Processo Auto-regulante 32
4.2. Processo Integrante 33
4.3. Processo run away) 34

3. MALHA DE CONTROLE 35
Objetivos de Ensino 35

1. Malha de Controle 35

2. Instrumentos da Malha 35
2.1. Elemento Sensor 36
2.4. Transmissor 36
2.5. Transdutor i/p 36
2.8. Controlador 37
2.9. Estação Manual de Controle 37
2.10. Válvula de Controle 37

3. Malha Aberta 38
3.1. Indicação e Registro 38
3.2. Controle Manual 39
3.3. Controle Programado 39

4. Malha Fechada 39
4.1. Realimentação 39
4.2. Realimentação Positiva 39
4.3. Realimentação Negativa 40

ii
Controle de Processo

5. Estabilidade da Malha 41
5.1. Curva de Reação ao Degrau do Processo 42
5.2. Critérios de Estabilidade 42
5.3. Função de Transferência 43
5.4. Ganho 43
5.5. Banda Proporcional 45
5.6. Ângulo de fase 46
5.7. Oscilação 46
5.8. Saturação 47
5.9. Amortecimento 47
5.10. Condições de Estabilidade 48

4. CONTROLADOR 50
Objetivos de Ensino 50

1. Conceito 50
1.1. Medição 50
1.2. Ponto de Ajuste 52
1.3. Estação Manual 52
1.4. Unidade de Balanço Automático 52
1.5. Ação Direta ou Inversa 54

2. Circuitos do Controlador 54
2.1. Controlador Paralelo 54
2.2. Controlador Série 55
2.3. Controlador Analógico 55
2.4. Controlador Digital 56

3. Controladores Pneumáticos 57
3.1. Controlador Liga-Desliga 57
3.2. Controlador de Intervalo Diferencial 57
3.3. Controlador Proporcional 58
3.4. Controlador Proporcional mais Integral 59
3.5. Controlador Proporcional + Derivativo 60
3.6. Proporcional, Integral e Derivativo 61

4. Controladores Eletrônicos 62
4.1. Controlador Liga-Desliga 62
4.2. Controlador Proporcional 63
4.3. Controlador Proporcional Integral 65
4.4. Controlador Integral 65
4.5. Controlador Proporcional Integral 67
4.6. Controlador Derivativo e a Três Modos (PID) 69
4.7. Controlador Derivativo 69
4.8. Controlador PID Paralelo 71
4.9. Over Run Derivativo 72

iii
Controle de Processo

5. CONTROLADOR ANALÓGICO 73
1. Controlador Pneumático de Painel 73
1.1. Conceito 73
1.2. Modelos 73
1.3. Modelo Básico, 130M 74
1.4. Especificações Funcionais 75
1.5. Especificações Físicas 76
1.6. Características Opcionais e Especiais 76
1.7. Componentes Básicos 76
1.8. Unidade de Ponto de ajuste 77
1.9. Unidade Derivativa 77
1.10. Unidade de Controle Automático 78
1.11. Unidade de Controle Manual 79
1.12. Transferência Automática/Manual 80
1.13. Instruções para Especificação 81
1.14. Montagem Modular 81

2. Controlador Pneumático de Campo 83


2.1. Características Gerais 83
2.2. Indicação 83
2.3. Controle Liga-Desliga 84
2.4. Controle com Intervalo Diferencial 84
2.5. Controle Proporcional 85
2.6. Controle Proporcional + Integral 85
2.7. Controle Proporcional Integral Derivativo 86
2.8. Sistema Automático-Manual 86
2.9. Controlador com desligamento automático 87
2.10. Controlador com ponto de ajuste remoto 87
2.11. Sintonia do Controlador 88
2.12. Elemento Sensor 88
2.13. Instruções para Especificação 89

3. Controlador SPEC 200 90


3.1. Descrição e Funções 90
3.2. Instruções para Especificação 91
3.2. Instruções para Especificação 91
3.3. Especificações Normais 91

6. CONTROLADOR DIGITAL 92
1. Introdução 92

2. Esquemas de Controle Digital 92

3. Funções do controlador 93

2. Entrada de dados 97

3. Algoritmo de controle 99

4. Saída do comando 102

5. Modos de Operação 103


Exemplo 103

iv
Controle de Processo

6. Sistema Expert 104


6.1. Reconhecimento das situações anormais. 105
6.2. Diagnóstico. 105
6.3. Correção do problema. 105

7. Controlador Comercial 105


7.1. Conceito 105
7.2. Tamanho 105
7.3. Funções de controle 106
7.4. Auto sintonia 106
7.5. Seqüencial e programação de tempo 106
7.6. Outras propriedades 106
7.7. Controlador Foxboro 106
7.8. Controlador Bailey 107
7.9. Controlador WEST 107
7.10. Controlador Yokogawa 108
7.11. Controlador Moore 108

8. Bloco PID 109


8.1. Introdução 109
8.2. Princípios PID 109
8.3. Funções PID do CLP 110

9. Controlador virtual 111


Controlador virtual comercial 112

7. SINTONIA DO CONTROLADOR 118


Objetivos de Ensino 118

1. Ação ou modo de controle 118

2. Ação Liga-Desliga 119


2.1. Conceitos 119
2.2. Aplicações 120

3. Ação Proporcional 121


3.1. Conceito 121
3.2. Relação Matemática 122
3.3. Desvio Permanente 123
3.4. Reset manual e automático 124
3.5. Aplicações da Ação Proporcional 125

4. Ação Integral 126


4.1. Conceito 126
4.2. Relação Matemática 126
4.3. Características 127
4.4. Saturação do Modo Integral 128
4.5. Aparecimento da Saturação 129
4.6. Eliminação da Saturação do Integral 129

5. Ação Derivativa 130


5.1. Conceito 130
5.2. Relação Matemática 131
5.3. Características 131
5.4. Aplicações 133

v
Controle de Processo

6. Escolha da Ação de Controle 133


6.1. Tipos de Sistemas 133
6.2. Tipos de Controladores 135

7. Controle das Variáveis 136


7.1. Pressão 136
7.2. Vazão 137
7.3. Nível 137
7.4. Temperatura 138

8. Sintonia do controlador 139


8.1. Critérios de Desempenho 140
8.2. Modos do Controlador 143
8.3. Componentes da Malha 145
8.4. Mecânica da Sintonia 146
8.5. Critérios de Sintonia 147
8.6. Ajustes Típicos 150
8.7. Sumário 150
8.8. Conclusão 151

8. CONTROLE MULTIVARIÁVEL 152


Objetivos de Ensino 152

1. Introdução 152

2. Realimentação negativa 153

3. Controle Cascata 154


3.1. Introdução 154
3.2. Conceito 155
3.3. Objetivos 156
3.4. Vantagens 157
3.5. Saturação do modo integral 157
3.6. Aplicações 157

4. Controle de Faixa Dividida 159


4.1. Conceito 159
4.2. Aplicações 159

5. Balanço de Cargas 160

6. Controle de malhas redundantes 161

7. Controles chaveados 161

8. Controle Auto-Seletor 162


8.1. Conceito 162
8.2. Exemplos 163
8.3. Características 164
8.4. Cuidado para a não Saturação 164
8.5. Aplicações 164

vi
Controle de Processo

9. Controle Feedforward 166


9.1. Introdução 166
9.2. Funções Básicas 166
9.3. Partes Fundamentais 166
9.4. Características 167
9.5. Limitações 168
9.6. Comparação com o Feedback 168
9.7. Desenvolvimento do Controlador 170
9.8. Aplicações 172
9.9. Conclusão 179

10. Controle de Relação (Ratio) 179


10. 1. Conceitos 179
10.2. Características 180
10.3. Aplicações 182

11. Conceitos de Projeto do Controle 184


11.1. Critérios Gerais 184
11.2. Controle Global da Planta 185
11.3. Otimização de controle 185

9. CONTROLE LÓGICO 187


Objetivos 187

1. Introdução 187

2. Processo com estado discreto 188

3. Características do sistema 188


Exemplo: Controle da Geladeira-freezer 189
3.1. Variáveis de estado discreto 189
3.2. Especificações do processo 191
3.3. Descrição da seqüência de eventos 192
Exemplo: Enchimento de garrafas 194
Exemplo: Enchimento de tanque 195
Exemplo: Controle de forno 196
4.1. Histórico 197
4.2. Elementos do diagrama ladder 198
4.3. Exemplos de diagrama ladder 200
Exemplo: Enchimento de garrafas 203

vii
Controle de Processo

10. CONTROLE BATELADA 205


Objetivos 205

1. História da Batelada 205


1.1. Origem do Controle Batelada 205
1.2. Funções de controle da batelada 207
1.3. Controle manual direto 207
1.4. Controle Regulatório 207
1.5. Intertravamentos de segurança 208
1.6. Sequenciamento 208
1.7. Gerenciamento da Batelada 208
1.8. Planejamento 209
1.9. Equipamentos 209
1.10. Conclusão 215

2. Gerenciamento da Batelada 215


2.1. Introdução 215
2.2. Exigências 215
2.3. Funções Automáticas 216

3. Controle da Batelada 223


3.1. Introdução 223
3.2. Controle de batelada seqüencial temporizado 223
3.3. Controle acionado por eventos 224

4. Automação da Batelada 224


4.1. Introdução 224
4.2. Medição das variáveis 225
4.3. Instrumentação Modular 226
4.4. Controle de Batelada 227
4.5. Característica da Instrumentação 228
4.6. Características desejáveis 229
4.7. Segurança 231
4.8. Complicações 232

Instruções de Operação 233

viii
Controle de Processo

11. COMPUTADOR COMO CONTROLADOR 235


1. Computador no Processo 235
1.1. Introdução 235
1.2. Computador digital 235
1.3. Diferenças entre computador digital e analógico 236
1.4. Como um controlador digital difere de um controlador analógico 238
1.5. Como os computadores controlam 238
1.6. Tipos de computadores digitais 239
1.7. Computador digital em processo contínuo 240
1.8. Como os computadores digitais operam 240

2. Computador Digital como Controlador de Processo 245


2.1. Introdução 245
2.2. Informação requerida pelo computador 246
2.1. Entradas analógicas 246
2.2. Entradas digitais 246
2.3. Informação requerida pelo processo 247
2.4. Saídas analógicas 247
2.5. Saídas Digitais 247
2.6. Circuitos de interface 248
2.7. Bus de entrada do computador 248
2.8. Bus de saída do computador 249
2.9. Entrada/Saída do computador 251
2.10. Endereçamento E/S 251
2.11. Processamento de dados 252
2.12. Computador no controle de processo 253
2.13. Programação do computador 254
2.14. Programação em linguagem de máquina 254
2.15. Ciclo do computador 255
2.16. Programando o compilador 255
2.17. Programação simbólica 256

ix
Controle de Processo

APÊNDICE A. ENFOQUE MATEMÁTICO 257


1. Equações do Processo 257
1.1. Introdução 257
1.2. Equações do processo 258
1.3. Processo com única capacidade 258
1.4. Nível de liquido com 2 capacidades 259
1.5. Processo com três capacidades 260
1.6. Conclusão 261

2. Equações do controlador 262


2.1. Introdução 262
2.2. Circuito do controlador ideal 262
2.3. Modos de controle 262
2.4. Efeito do atraso na linha da válvula 263
2.5. Equação para o controlador PID 265
2.6. Efeito do atraso no circuito de medição 265
2.7. Efeito dos atrasos na medição e na válvula 266
2.8. Controlador PID 267
2.9. Conclusão 268

3. Equações da malha fechada 268


3.1. Introdução 268
3.2. Processo com uma capacidade 269
3.3. Processo controlado com duas capacidades 270
3.4. Processo controlado com três capacidades 271
3.5. Conclusões 272

4. Soluções das equações 273


4.1. Introdução 273
4.2. Processo com uma capacidade e controlador ideal 273
4.3. Controle integral 274
4.4. Efeito do atraso na medição e na válvula 275
4.5. Controle integral 277
4.6. Processo com duas capacidades 277
4.7. Processo com 3 capacidades 278
4.8. Exemplo 1 278
4.9. Exemplo 2 279

. Estabilidade do sistema controlado com malha fechada 281


5.1. Introdução 281
5.2. Prática corrente 281
5.3. Critério de Routh 282
5.4. Processo com única capacidade controlado com um atraso 282
5.5. Condições de estabilidade 283
5.6. Processo com uma capacidade com atrasos no elemento de medição e na válvula 283
5.7. Controle integral 284
5.8. Gráfico da eq. 6.13 para mostrar efeito de 285
5.9. Efeito das ações integral e derivativa 285
5.10. Outros casos 286
5.11. Conclusão 286

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 287

x
1
Controle de Processo

Objetivos de Ensino Como vantagens, o instrumento de


medição e controle
1. Apresentar objetivo, vantagens e 1. não fica aborrecido ou nervoso,
aplicações do controle automático. 2. não fica distraído ou atraído por
2. Mostrar o controle manual e pessoas bonitas,
automático. 3. não assiste a um jogo de futebol na
3. Explicar a diferença entre controle de televisão nem o escuta pelo rádio,
processo e servomecanismo, dando 4. não pára para almoçar ou para ir ao
um exemplo detalhado de cada um. banheiro,
4. Mostrar como um sistema de controle 5. não fica cansado de trabalhar,
de processo pode se tornar cada mais 6. não tem problemas emocionais,
complexo, pela adição das variáveis do 7. não abusa seu corpos ou sua mente,
processo temperatura, vazão, nível, 8. não tem sono,
analise. 9. não folga do fim de semana ou feriado,
5. Mostrar de modo simplificado como 10. não sai de férias,
aparece o controle digital direto, 11. não reivindica aumento de salário.
supervisório e distribuído a Porém, o instrumento
computador, mostrando características 1. sempre apresenta erro de medição
de cada um. 2. opera adequadamente somente quando
estiver nas condições previstas pelo
1. Vantagens e Aplicações fabricante,
3. requer calibrações periódicas, para se
Nem todas as vantagens do controle manter exato e as incertezas dos
automático podem ser listadas aqui. As padrões de calibração podem afetar
principais estão relacionadas com a suas medições,
qualidade e com a quantidade dos 4. requer manutenção preventiva ou
produtos, fabricados com segurança e sem corretiva, para que sua precisão se
subprodutos nocivos. Há muitas outras mantenha dentro dos limites
vantagens. O controle automático estabelecidos pelo fabricante e se essa
possibilita a existência de processos manutenção não for correta, ele se
extremamente complexos, impossíveis de degrada ao longo do tempo,
existirem apenas com o controle manual. 5. é provável que algum dia ele falhe e
Um processo industrial típico envolve pela lei de Murphy, esta falha
centenas e até milhares de sensores e de geralmente acontece na pior hora
elementos finais de controle que devem possível e pode acarretar grandes
ser operados e coordenados complicações.
continuamente.

1
Controle do Processo

1.1. Qualidade do Produto 1.2. Quantidade do Produto


A maioria dos produtos industriais é As quantidades das matérias primas,
fabricada para satisfazer determinadas dos produtos finais e das utilidades devem
propriedades físicas e químicas. Quanto ser medidas e controladas para fins de
melhor a qualidade do produto, menores balanço do custo e do rendimento do
devem ser as tolerâncias de suas processo. Também é freqüente a medição
propriedades. Quanto menor a tolerância, de produtos para venda e compra entre
maior a necessidade dos instrumentos plantas diferentes.
para a medição e o controle automático. Os instrumentos de indicação, registro
Os fabricantes executam testes físicos e totalização da vazão e do nível fazem a
e químicos em todos os produtos feitos ou, aquisição confiável dos dados através das
pelo menos, em amostras representativas medições de modo continuo e preciso.
tomadas aleatoriamente das linhas de Os instrumentos asseguram a
produção, para verificar se as quantidade desejada das substancias.
especificações estabelecidas foram
atingidas pela produção. Para isso, são
usados instrumentos tais como
densitômetros, viscosímetros,
espectrômetros de massa, analisadores de
infravermelho, cromatógrafos e outros.
Os instrumentos possibilitam a
verificação, a garantia e a repetitividade da
qualidade dos produtos.
Atualmente, o conjunto de normas ISO
9000 exige que os instrumentos que
impactam a qualidade do produto tenham
um sistema de monitoração, onde estão
incluídas a manutenção e calibração
documentada deles. Fig. 1.2. Instrumentos de medição de nível

1.3. Economia do Processo


O controle automático economiza a
energia, pois elimina o superaquecimento
de fornos, de fornalhas e de secadores. O
controle de calor está baseado geralmente
na medição de temperatura e não existe
nenhum operador humano que consiga
sentir a temperatura com a precisão e a
sensitividade do termopar ou da
resistência.
Os instrumentos garantem a
conservação da energia e a economia da
Fig. 1.1. Variabilidade do processo com controle sua utilização.
manual e controle automático
1.4. Ecologia
Na maioria dos processos, os produtos
que não são aproveitáveis e devem ser
jogados fora, são prejudiciais às vidas
animal e vegetal. A fim de evitar este
resultado nocivo, devem ser adicionados
agentes corretivos para neutralizar estes
efeitos. Pela medição do pH dos efluentes,

2
Controle do Processo

pode se economizar a quantidade do mudanças de contatos elétricos,


agente corretivo a ser usado e pode se monitoradas pelos valores máximo e
assegurar que o efluente esteja não mínimo das variáveis do processo. Os
agressivo. Os instrumentos garantem contatos dos alarmes podem atuar (ligar ou
efluentes limpos e inofensivos. desligar) equipamentos elétricos,
dispositivos sonoros e luminosos.
Os alarmes podem ser do valor
absoluto do sinal, do desvio entre um sinal
e uma referência fixa e da diferença entre
dois sinais variáveis.
É útil o uso do sistema de desligamento
automático ou de trip do processo. Deve-
se proteger o processo, através de um
sistema lógico e seqüencial que sinta as
variáveis do processo e mantenha os seus
valores dentro dos limites de segurança,
Fig. 1.3. Tubulação para transferência de produtos ligando ou desligando os equipamentos e
evitando qualquer seqüência indevida que
produza condição perigosa.
1.5. Segurança da Planta
Muitas plantas possuem uma ou várias
áreas onde podem estar vários perigos,
tais como o fogo, a explosão, a liberação
de produtos tóxicos. Haverá problema, a
não ser que sejam tomados cuidados
especiais na observação e no controle
destes fenômenos. Hoje são disponíveis
instrumentos que podem detectar a
presença de concentrações perigosas de
gases e vapores e o aparecimento de
chama em unidades de combustão. Os
instrumentos protegem equipamentos e
vidas humanas.

Fig. 1.5. Plataforma marítima: uma área de risco

Os primeiros sistemas de
intertravamento utilizavam contatos de
reles, contadores, temporizadores e
integradores. Hoje, são utilizados os
Controladores Lógicos Programáveis
(CLP), a base de microprocessadores, que
possuem grande eficiência em computação
matemática, seqüencial e lógica, que são
Fig. 1.4. Área industrial hostil os parâmetros básicos do desligamento.
Alguns instrumentistas fazem distinção
1.6. Proteção do Processo entre o sistema de desligamento (trip) e o
de intertravamento (interlock), enquanto
O processo deve ter alarme e proteção outros consideram os dois conceitos
associados ao sistema de medição e idênticos.
controle. O alarme é realizado através das

3
Controle do Processo

2. Controle Manual desejado. Todo distúrbio requer a


intervenção manual do operador.
A forma mais simples de controle é a
malha aberta com controle manual . A
energia é aplicada ao processo através do
atuador pelo operador. O ajuste calibrado
no atuador determina, com precisão,
quanta energia é aplicada. O processo usa
Vazão constante
esta energia para produzir sua saída.
Mudando o ajuste do atuador, se altera a
energia no sistema e a saída resultante do
processo.
Um sistema de nível de líquido de
tanque é um exemplo do controle manual.
O produto entra no topo do tanque e sai do
fundo. A quantidade de líquido que sai do
tanque é controlada pela válvula (poderia
ser escolhida a válvula de entrada). A
quantidade de líquido determina o nível do
tanque. Para o nível ficar estável e sob
controle basta simplesmente que a vazão Fig. 1.6. Controle manual de malha aberta
da saída (manipulada) seja igual à vazão
de entrada (livre). A válvula pode ser
atuada manualmente. Se um nível
diferente é desejado ou necessário, deve- 3. Controle de Malha Fechada
se simplesmente alterar a posição da
abertura da válvula de saída, em sua faixa O controle de malha aberta não pode
calibrada. garantir a saída desejada de um processo
Quando as condições do processo são sujeito a variações de carga. A técnica
estáveis, o controle de malha aberta usada para se obter o controle de um
funciona adequadamente. No caso do processo com variações freqüentes de
nível, quando a vazão de entrada é carga é a malha fechada com
constante (raramente é alterada), basta realimentação negativa. Esta técnica
colocar uma válvula com ajuste manual na monitora a saída real, comparando-a com
saída para se obter o controle desejado, um valor desejado e repondo o atuador
pois também raramente o operador deve para eliminar qualquer erro. Essa é a
alterar manualmente a válvula de saída. essência do controle automático.
Vantagens do controle manual: Virtualmente, todos os sistemas de
1. usam-se poucos equipamentos e por controle automático possuem os mesmos
isso há pouca chance de se quebrar, elementos básicos:
2. o custo do sistema é baixo, para 1. medição,
comprar, instalar e operar. 2. comparação
Porém, há problemas quando ocorre 3. atuação.
distúrbio na vazão de entrada do tanque . A saída real que se pretende controlar
O nível do produto é afetado diretamente é medida por um sensor, condicionada e
pelas variações da vazão de entrada. Um transmitida para o controlador.
aumento na vazão através da válvula de O controlador pode ser um computador,
entrada provoca um aumento no nível do um circuito eletrônico, um conjunto de bico-
tanque. Qualquer variação da vazão de palheta pneumático ou uma simples
entrada afeta o nível do líquido. alavanca. A segunda entrada do
Obviamente, se houver qualquer variação controlador é o ponto de ajuste (set point),
ou distúrbio na válvula de entrada, o que indica o valor da saída desejado. O
sistema de controle de malha aberta não controlador toma a diferença entre estas
manterá automaticamente o parâmetro de duas entradas para determinar o valor do
saída (no exemplo, o nível) no valor

4
Controle do Processo

erro. O controlador altera sua saída de tanque. O nível do tanque irá voltar ao
modo calculado para igualar ou aproximar ponto de ajuste desejado.
a saída real do valor desejado.
O sinal de saída do controlador é
transmitido para o atuador da válvula. O
atuador governa a aplicação da energia
para o processo. Variando a energia para o
sistema faz a saída real do processo
variar, se aproximando do ponto de ajuste.
A Fig. 1.7 mostra o controle de malha
fechada do tanque. Inicialmente, o nível do
líquido no tanque deve ser medido. A
medição pode ser feita, por exemplo, LT
através de um transmissor de pressão 4 a 20 mA
diferencial (d/p cell). O transmissor de nível
mede a pressão exercida pela coluna LIC
líquida, que é o nível, amplifica e converte
esta pressão diferencial em um sinal 4 a 20 mA
padrão de corrente de 4 a 20 mA cc.
Quando calibrado corretamente, o LCV LY
transmissor tem saída de 4 mA cc quando 20 a 100 kPa
i/p
o nível estiver em 0% e a saída será de 20
mA cc quando o nível estiver em 100% da
faixa calibrada.
Esta corrente analógica é transmitida Fig. 1.7. Controle automático de nível com malha
através de um cabo trançado, fechada
eventualmente blindado, para o
controlador. O controlador geralmente está
na sala de controle centralizada, distante Os sistemas de controle podem ser
centenas de metros do processo. O classificados em dois tipos principais:
controlador compara a variável do 1. servomecanismo
processo medida (nível, no exemplo) com 2. controle de processo
o valor do ponto de ajuste.
Uma nova saída é calculada e
transmitida para o atuador ainda na faixa
padrão de 4 a 20 mA cc. Este sinal é
aplicado e usado para acionar uma válvula
com atuador pneumático. Deve haver uma
interface entre o controlador eletrônico e o
atuador pneumático da válvula, para
converter o sinal eletrônico de 4 a 20 mA
cc no sinal pneumático de 20 a 100 kPa.
Esta interface é o transdutor i/p.
O atuador pneumático, por sua vez,
varia a posição da válvula, ajustando a
vazão de líquido na saída do tanque.
Quando ocorrer aumento na vazão de
entrada do tanque, o nível do produto no
tanque aumenta. O transmissor de nível,
então, vai aumentar sua saída e o ponteiro
de medição do controlador também irá
subir. O controlador irá alterar sua saída,
como resposta. A saída do controlador irá
aumentar um pouco a saída da válvula,
aumentando a vazão do líquido deixando o

5
Controle do Processo

positivo na saída do amplificador


4. Controle com diferencial e, como conseqüência, na saída
do amplificador de potência para o motor.
Servomecanismo O motor começa a girar no sentido horário,
acionando a roda dentada no sentido
No servomecanismo, as variáveis
horário e movendo o sistema para a direita.
controladas são a posição, velocidade e
Quando a roda dentada se move para a
aceleração; no controle de processo, as
direita, o potenciômetro também o faz.
variáveis são temperatura, vazão, pressão
Este alimenta o sinal de volta para o
e nível.
amplificador diferencial. O erro se torna
Um sistema de controle de posição é
menor, uma tensão menor é aplicada ao
mostrado na Fig. 1.8. O atuador é um
amplificador de potência e para o motor. O
motor cc com magneto permanente.
motor gira com menor rotação.
Através de um conjunto de polias, correias
Eventualmente, o sinal de realimentação
ou engrenagens, o motor aciona a roda
do potenciômetro de posição se iguala ao
dentada. Quando a rotação for diminuida,
sinal de ponto de ajuste. O erro foi
move-se um terminal de um potenciômetro.
reduzido a zero. O sistema permanece em
Uma ligação apropriada garante que o
repouso. O controle de velocidade é
movimento da roda dentada da
também classificado como servo ou
extremidade esquerda para direita gira
servomecanismo.
precisamente o potenciômetro através de
A Fig. 1.9 é um sistema de controle de
um arco de 300 graus, de parada a parada.
velocidade. O objetivo do sistema é
O potenciômetro é o sensor do sistema de
fornecer a tensão constante no filme,
controle automático. A tensão de um
papel, pano ou plástico. Acionando a
terminal é a indicação da posição. A
velocidade do rolo de puxagem (take-up),
posição é realimentada para o amplificador
causa um aumento da tensão quando o
diferencial. A tensão correspondente a
diâmetro do roto aumentar. O rolo
posição é subtraída da tensão do ponto de
acionador é a chave. Ele é colocado sobre
ajuste e a diferença (erro) é amplificada. O
o fio e é livre de girar, quando o filme
amplificador diferencial é o controlador. A
passa sob ele. Ele pode também se elevar
potência de saída do controlador é
em resposta ao aumento da tensão no
amplificada e aciona o motor.
filme ou se abaixar, quando a tensão do
filme diminuir. Mecanicamente acoplado ao
rolo acionador está o terminal móvel
(wiper) do potenciômetro. Juntos, o rolo
acionador e o potenciômetro formam um
sensor de tensão, gerando na saída uma
tensão cc proporcional à tensão do filme.
Quando a tensão for correta, a tensão
do potenciômetro do rolo acionador se
iguala à tensão do ponto de ajuste. A saída
do amplificador diferencial é zero volts. Isto
Fig. 1.8. Sistema servo para controle de posição efetivamente aterra o divisor de tensão na
entrada do amplificador de potência. A
tensão do divisor aciona o amplificador de
Quando o sinal do potenciômetro de potência, fazendo o motor girar na
realimentação da posição (sensor) se velocidade nominal.
iguala ao ponto de ajuste, o sistema fica
em repouso. Não há saída do amplificador
diferencial desde que não há erro. O
amplificador de potência não fornece sinal
para o motor. O motor não se move.
Se quiser mover o acionador para a
direita, a tensão do ponto de ajuste deve
ser aumentada. Isto produz um erro

6
Controle do Processo

Fig. 1.9. Controle de velocidade do cilindro


Fig. 1.10. Braço de robot industrial (Cincinnati
Milacron)
Quando o filme do rolo puxador se
forma, a tensão tende a aumentar. Isto faz
o rolo acionador subir. O terminal móvel do
potenciômetro se eleva, fazendo a entrada O controle coordenado da posição,
inversora do amplificador diferencial ficar velocidade e aceleração de todos os graus
maior do que a entrada não-inversora do de liberdade é melhor conseguido por um
ponto de ajuste. A saída do amplificador microprocessador ou microcomputador.
diferencial fica negativa. Puxando o fundo Um sensor de posição (potenciômetro,
do divisor de tensão abaixo do terra, codificador óptico, detector ultra-sônico)
diminui a tensão de entrada do monitora a posição de cada grau de
amplificador de potência. O amplificador de liberdade e transmite esta informação a um
potência diminui a potência de circuito de interface. Neste circuito, a
acionamento entregue ao motor e o motor posição é convertida para um formato
gira mais lentamente. Diminuindo a digital adequado ao computador.
velocidade do motor, diminui-se a tensão Conhecendo-se as posições atual e
do fio. anterior da peça, o computador determina
Uma das aplicações mais usadas do a velocidade e aceleração. As equações
controle de servomecanismo é o robot. O de controle dentro do programa do
braço robótico revolucionou a industria de computador usam estas informações e os
manufatura. Sua velocidade, exatidão, dados da posição desejada para calcular a
precisão, durabilidade, flexibilidade saída apropriada. Esta saída (número
diminuíram drasticamente os custos de digital) é convertida por uma segunda
produção, aumentando a qualidade do interface para uma tensão necessária ou
produto. um pulso para acionar o atuador do
O robot industrial tipicamente possui determinado grau de liberdade. Os
três ou mais pontos de junção (joint). Cada atuadores podem ser motores de passo,
juntura possui três graus de liberdade ou motores de corrente contínua, motores
modos de movimento: x, y e z ou rolar, hidráulicos ou cilindros. Estas séries de
bater e dobrar. Para fornecer um leituras, cálculos, conversões e correções
movimento rápido, suave e bem ocorrem em milhares de vezes por
coordenado da ferramenta sendo segundo para todos os graus de liberdade
manipulada, a posição, velocidade e do robot.
aceleração de cada grau de liberdade de
cada juntura devem ser controladas
simultaneamente.

7
Controle do Processo

Os tratamentos d'água e de fluentes de


5.Sistemas de Controle uma planta são exemplos de processo de
batelada.
5.1. Introdução Em um processo contínuo, uma ou
mais características do material sendo
O outro tipo de controle, além do processado são manipuladas quando
servomecanismo, é o de processo. No material passa por alguma parte do
controle de processo, as variáveis processo. O material está continuamente
envolvidas são a temperatura, pressão, entrando e saindo do processo. A
vazão, nível, força, pH, composição, produção de filme é um exemplo de
umidade, viscosidade e densidade. processo contínuo. O líquido é
O objetivo principal de um sistema de continuamente injetado em um tambor
controle de processo é regular uma ou rotativo, onde ele se esfria e vira uma
mais destas variáveis, mantendo-as em folha. A folha é puxada, aquecida e
valores constantes (pontos de ajuste). Esta tencionada no comprimento e na largura.
regulação deve ser compensada para as Estas operações definem as dimensões
variações na carga do sistema e outro corretas de espessura e largura.
distúrbios introduzidos. Se o ponto de Dependendo do uso final do filme, outros
ajuste for alterado, a variável controlada processos adicionais podem ser usados,
deve segui-lo. Porém, diferente do controle como revestimento, pintura, secagem.
servomecanismo onde as variações do
ponto de ajuste são rapidíssimos e 5.2. Controle de temperatura
grandes, as variações no ponto de ajuste
do controle de processo são raras e O controle de temperatura é um bom
pequenas (usualmente menores que 10% exemplo de controle de processo.
do fundo de escala. A analise e o projeto O circuito eletrônico usado é padrão
dos sistemas de controle de processo são para a maioria das malhas de controle,
feitos do ponto de vista de como a saída independente da variável sendo medida ou
responde a variação de carga, para um manipulada.
determinado ponto de ajuste. As respostas Um sensor converte a variável de
são lentas, de ordem de minutos ou horas. processo em um sinal eletrônico ou
Estas constantes de tempo são maiores mecânico de baixo nível. Este sinal é
que as do servomecanismo. enviado para um transmissor, que
Os sistemas de controle de processo condiciona e o converte em 4 a 20 mA cc
podem ser classificados como contínuo e (0% a 100%).
batelada. Este sinal padrão é enviado para um
O controle batelada envolve uma controlador, registrador ou indicador, se
seqüência temporizada e lógica de este instrumento receptor possuir um
operações feitas sobre o material sendo circuito (buffer) filtro na entrada, com uma
processado são exemplos de operações alta relação de rejeição de modo comum,
executadas no processo batelada: os fios de transmissão podem ser comuns,
1. aquecimento em uma dada trancados e não blindados. Se os
temperatura, durante determinado instrumentos receptores não tiverem este
tempo, circuito filtro na entrada os fios de
2. adição de uma quantidade prescrita transmissão devem ser blindados, para
de um segundo ingrediente, evitar a influência de ruídos. Esta
3. agitação durante um tempo blindagem deve ser aterrada, geralmente
determinado da mistura em um único ponto.
No fim da seqüência dos eventos O instrumento receptor pode estar
temporizados, o material passa para uma distante do processo, na sala de controle
outra etapa para um processamento central. O sinal de correção do controlador
adicional e a seqüência começa de novo é enviado para outro atuador eletrônico. A
com outros materiais. saída do controlador é também de 4 a mA
cc. Geralmente o atuador é válvula, ou
motor de bomba motor ou aquecedor.

8
Controle do Processo

A malha de controle de temperatura O processo com o controlador de vazão


simplificada é mostrada na Fig. 1.11. atuando na bomba de saída apresenta um
Neste diagrama, são mostrados apenas os grande problema. É inteiramente possível
equipamentos básicos funcionais, como bombear o tanque e esvazia-lo, podendo
causar o sistema de controle de
TE Elemento sensor temperatura superaquecer e queimar o
TT Transmissor vaso. Ou se a vazão de saída for ajustada
TC Controlador para valor muito baixo, o tanque pode ficar
TV Válvula de controle cheio e derramar.
TI Indicador

Não são mostrados os condicionadores


de sinal, transdutores de sinal eletrônico
pneumático, circuitos compensadores.
Também por simplicidade, o indicador e
controlador estão mostrados no mesmo
TIC
símbolo (TIC)

5.3. Controle de temperatura e vazão


Para garantir um produto aquecido Vapor
adequadamente para o próximo estagio,
em uma vazão controlada, deve-se usar
um controlador de vazão acionado a
bomba de descarga. Ha também uma
Condensado
grande variedade de sensores de vazão,
que serão vistos em outro capitulo.
TT Bomba descarga

FT FIC

TIC Fig. 1.12. Malha de controle de temperatura e vazão

5.4. Controle de temperatura, vazão


Vapor e nível
A solução deste problema é adicionar
um sistema de controle de nível,
manipulando a vazão de entrada do
produto. O controle de nível evita que o
Condensado tanque fique totalmente vazio ou cheio
Bomba descarga totalmente. Outra vantagem, é que o nível
TT constante também facilita o controle o
controle de temperatura.

Fig. 1.11. Malha de controle de temperatura

9
Controle do Processo

5.5. Controle de temperatura, vazão, LIC


nível e análise
Pode ser desejável ou necessário
alterar a composição do material no vaso.
Isto pode ser feito pela adição de uma
segunda tubulação de alimentação, AIC FT
válvula, sensor de composição e
transmissor de composição e controlador.
Também se coloca um misturador
apropriado.
M
TIC

LIC

LT

TIC
Condensado

AT
Bomba descarga

Vapor
TT

LT

Condensado FT FIC

TT Bomba descarga

Fig. 1.14. Malhas de controle de temperatura,


FT FIC vazão, nível e análise

Fig. 1.13. Malhas de controle de temperatura,


vazão e nível

Se o volume do aditivo é desprezível


em relação ao volume do A este controle é
adequado. Porém, a malha de controle de
nível que manipula o produto A, afeta o
nível e também a percentagem da mistura.
Do mesmo modo, qualquer variação da
quantidade de B devida ao controlador de
composição irá afetar o nível, porém, em
um grau muito menor.

10
Controle do Processo

parâmetros controlados simultaneamente.


LIC O ajuste manual do sistema com as
chaves de ponto de ajuste de cada
controlador é um modo limitado de operar.
O controle por computador pode ser
acrescentado.
AIC
5.7. Controle supervisório
M
O controle digital supervisório é
mostrado na Fig. 1.16. Os controladores
TIC analógicos existentes são mantidos
intactos. Os sinais de todos os
transmissores são enviados para o
Vapor
computador e para os controladores. Os
controladores devem ter a opção de ponto
de ajuste remoto. Nesta configuração, o
computador estabelece os pontos de
LT ajuste de cada controlador. Dependendo
do programa, o computador pode mostrar
Condensado (display) imagens dinâmicas de alta
resolução dos estados atuais do processo
AT ou a historia de cada variável O
Bomba descarga computador pode estabelecer os pontos de
ajustes de todas as malhas, de modo
TT coordenado.
O computador também pode executar o
controle preditivo antecipatório e a
FT FIC interdependência das quantidades de
alimentação de A e B com a composição e
o nível.
O controle digital supervisório pode ser
Fig. 1.15. Malhas de controle de temperatura, facilmente adicionado ao sistema de
vazão, nível, análise e feedforward controle analógico existente. Se o
computador digital falha, o sistema
continua a operar em seus últimos pontos
de ajuste e pode ser chaveado para
5.6. Controle preditivo antecipatório operação manual. Como os controladores
analógicos manipulam a dinâmica de
Uma malha de controle preditivo malha, o computador não precisa ser muito
antecipatório pode ser adicionada, rápido.
baseada na vazão do produto A. Esta Para uma nova instalação, o controle
malha permite ao controlador de digital supervisório requer muita
composição antecipar variações no instrumentação eletrônica. O desempenho
produto A. final do sistema é limitado pelas
Ele pode manipular B, antes que o características dos controladores
sensor de composição tenha detectado analógicos. Este sistema não é muito
uma variação. O controlador de flexível.
composição deve ser mais complexo que
os controladores convencionais.
A operação deste processo começa a
ficar complicada. Além disso, na prática,
variações na alimentação de B afetam o
nível. É necessário, também, tornar suaves
e coordenadas as variações nos quatro

11
Controle do Processo

operador. Isto é chamado de auto sintonia


5.8. Controle digital direto (self tuning).
A comunicação entre todos os
A Fig. 1.17 mostra um segundo
controladores baseados em
enfoque: controle digital direto (DDC).
microcomputadores o computador
Todos os controladores e indicadores
supervisório é feita através de cabos
analógicos são removidos. Os
coaxiais de RF.
transmissores e sensores enviam seus
Este único cabo pode ser
sinais diretamente e somente para o
compartilhado por centenas de
computador. O computador lê todas estas
controladores localizados ao longo da
entradas, compara cada uma com o seu
planta. Os dados relacionados com os
correspondente ponto de ajuste,
valores atuais das variáveis de processo,
previamente entrado pelo teclado, calcula
pontos de ajuste, sintonia do controlador,
novas saídas baseadas no status atual e
alarmes, intertravamentos, passam através
na saída anterior e manipula os atuadores
deste circuito de área local nos dois
diretamente. O computador executa todas
sentidos. Os controladores remotos podem
as funções de controle. Os dados são
ser reprogramados do computador
armazenados para posterior análise,
supervisório do circuito de comunicação.
alarmes soam e mensagens são impressas
O controle distribuído a computador
se apropriado e os gráficos coloridos de
combina as vantagens do controle
alta resolução nos monitores são
supervisório e do controle digital direto. Um
atualizados. Tudo isso acontece para todas
computador controla sua flexibilidade e
as malhas controladas, de 10 a 100 vezes
potência de fazer contas matemáticas,
por segundo.
controla cada malha. O status do sistema
Muitas técnicas de controle mais
pode ser monitorado e a operação dirigida
complexas podem ser implementadas com
de uma estação supervisória central. Falha
o computador controlando diretamente o
de qualquer elemento no sistema
atuador. Isto fornece uma grande melhoria
(controlador, circuito de comunicação ou
do desempenho em relação ao controlador
computador supervisório) não faz o
analógico. Porém, se o computador falhar,
processo inteiro parar. Em adição, gráficos
o processo inteiro fica totalmente sem
sofisticados, diagnósticos e geração de
controle. Isto pode ser desastroso.
relatórios para centenas de malhas e até
Também, o computador deve ser muito
de toda a planta, podem ser feitos com o
rápido e caro para executar todas as
computador supervisório desde que ele
tarefas associadas com o controle de cada
não monitora e controla constantemente
malha e o armazenamento e display da
cada malha separada.
informação e interface com o operador.

5.9. Controle digital distribuído


A ultima geração de controle digital de
processo é o controle distribuído a
computador. A primeira vista, ele parece
com o controle supervisório digital. (Fig.1-
19).
Cada malha possui seu próprio sensor,
transmissor, indicador/controlador e
atuador. Porém o controlador/indicador é
agora um poderoso microcomputador.
Cálculo complexos e modelagem do
processo podem ser feitos pelo controlador
a microcomputador single loop).
Ele pode também ter a habilidade de
trocar sua própria equação de controle
para fornecer um desempenho ótimo sem
intervenção do computador principal ou do

12
LIC

Produto B

AIC FT

Produto A

M
TIC

Vapor

LT

Condensado

AT
Bomba descarga

TT

FT FIC

Saídas

Entradas

Fig. 1.16. Processo com controle supervisório digital: computador monitora instrumentos convencionais

13
Controle do Processo

Produto B

FT

Produto A

Vapor

LT

Condensado

AT
Bomba descarga

TT

FT

Saídas

Entradas

Fig. 1.17. Processo com controle supervisório digital: computador atua como controlador

14
Controle do Processo

LIC

Produto B

AIC FT

Produto A

M
TIC

Vapor

LT

Condensado

AT
Bomba descarga

TT

FT FIC

Saídas

Entradas

Fig. 1.18. Processo com controle a computador distribuído: os computadores são microprocessados

15
Controle do Processo

Fig. 1.19. Esquema simplificado de Sistema Digital de Controle Distribuído

Fig. 1.20. Operador em ação no campo e na sala de controle

16
Processo Industrial

2
Processo Industrial

Objetivos de Ensino suprimento de energia, durante um


determinado período de tempo.
1. Conceituar processo industrial e O processo pode envolver uma
mostrar os diferentes tipos: contínuo, operação mecânica, um circuito elétrico,
batelada, discreto e fabricação de uma reação química ou uma combinação
peças. desses eventos.
2. Apresentar a terminologia No presente trabalho, o conceito de
relacionada com as variáveis e carga processo poderá ter significados muitos
do processo. diferentes. Poderá ser considerada como
3. Analisar os parâmetros da processo uma simples malha de controle,
controlabilidade do processo: tempo bem como um complexo sistema de
morto e tempo característico controle com computador digital.
(resistência e capacitância). Na prática, tem-se processo dentro de
4. Apresentar os tipos de processo: processo. Por exemplo, uma planta de
auto-regulante, integrante e runaway. fertilizantes pode ser considerada, na sua
5. Mostrar sistemas de várias ordens. totalidade, como um processo. Porém, a
planta pode ser tomada como dois
1. Processo Industrial processos distintos: um de produção de
amônia, outro de produção de uréia.
Dentro da unidade de fabricação de
1.1. Conceito
amônia, o compressor pode ser
Qualquer estudo de controle de considerado como um processo
processo deve começar investigando o independente. O controle automático do
conceito de processo. Do ponto de vista de compressor envolve várias malhas de
produção, o processo é geralmente controle, cada malha podendo ser tomada
tomado como o lugar onde os materiais e a como processo.
energia se juntam para fazer um produto Sob o ponto de vista do tempo e do tipo
desejado. Do ponto de vista de controle, o de operação envolvido, o processo pode
processo é identificado como tendo uma ser classificado em
ou mais variáveis associadas a ele e que 1. contínuo,
são importantes o suficiente para que seus 2. batelada
valores sejam conhecidos e controlados 3. discreto
pelo processo. 4. fabricação de itens
Qualquer operação ou série de
operações que produza o resultado final
desejado é considerada um processo.
Geralmente, o processo consiste na
modificação das matérias primas,
colocadas na sua entrada, nos produtos
finais, obtidos em sua saída, através do

17
Processo Industrial

1.2. Processo Contínuo


O processo é contínuo quando a
matéria prima entra num lado do sistema e
o produto final sai do outro lado
continuamente. Nesta aplicação o termo LT LC
continuamente significa um período de Tanque
tempo relativamente longo, medido em
horas, em dias e até em meses,
dependendo do processo.
A maioria das indústrias petroquímicas
e siderúrgicas possui processos contínuos.
As paradas totais dos processos se LV
realizam em intervalos de um ano ou mais. Fig. 2.2. Processo contínuo: nível do tanque
O processo contínuo pode levar até vários
dias para entrar em regime estável e
permanente de produção. Dependendo do tipo do sensor e do
sistema de medição, é possível se ter uma
medição descontínua de uma variável
Processo opera contínua. No mesmo exemplo do nível do
durante longos líquido do tanque, quando se tem eletrodos
como sensores do nível, a medição e
Matéria Produto controle do nível ocorre de modo discreto,
prima final
PROCESSO através de degraus. Quando se tem três
CONTÍNUO eletrodos com tamanhos diferentes, tem-se
uma medição do nível em três degraus.
Enquanto apenas um eletrodo estiver
Fig. 2.1. Esquema simplificado do processo
coberto pelo nível, a medição do nível não
contínuo
se altera, até que o nível atinja o próximo
eletrodo.
Todo processo possui um fluxo de
material, energia ou ambos. O fluxo de
material ou energia é manipulado sob o
comando de um controlador cujo objetivo é
manter a variável do processo em um valor
desejado; este valor é chamado de ponto
de ajuste (set point).
Exemplo de processo contínuo simples
é o nível de líquido de um tanque. A
entrada do tanque é livre e a sua saída é
manipulada por um controlador de nível, de
modo que o nível seja sempre igual a um
determinado valor. O nível pode assumir
qualquer valor entre vazio (0%) e
totalmente cheio (100%). Em determinado
momento ele pode valer 65,3 %; em outro Fig. 2.3. Processo industrial
34,9 %.
O controle automático do processo
contínuo se baseia no algoritmo que
combina as três ações clássicas:
Proporcional, Integral e Derivativa e por
isso é também chamado de controle PID.

18
Processo Industrial
ou aumento da agitação para evitar
1.3. Processo Batelada (Batch) que sopa grude na panela
5. controle regulatório: mantendo a
Conceito temperatura da sopa no ponto de
No processo batelada, uma dada ebulição
quantidade de material é processada 6. seqüência: execução dos passos do
através de passos unitários, cada passo processo em ordem predeterminada
sendo completado antes de passar para o 7. coordenação do processo: certos
passo seguinte. A alimentação do ingredientes foram medidos,
processo batelada é feita por quantidades pesados ou preprocessados para
discretas, de modo descontínuo. O servir como matéria prima antes de
processo é alimentado, a operação é começar o processo principal de
executada, o produto é descarregado e cozinhar a sopa.
reinicia-se outro ciclo. Cada operação do 8. programação: onde alguém
processo de batelada pode ser programa e supervisiona o
considerada como um processo contínuo, processo de fazer vários potes de
porém o tempo envolvido é relativamente sopa para todo o pessoal da tribo.
pequeno, medido em minutos ou horas. É fácil imaginar que o controle de
O processo batelada é aquele em que qualidade, em termos de se garantir um
as funções de transferência de material ou gosto agradável e consistente para vários
processamento de material são cíclicas potes de sopa era requerido pelo usuário
com resultados repetitíveis. O processo final. O controle de qualidade era uma
batelada faz um produto em quantidades consideração importante para o cozinheiro
finitas. Em uma situação ideal, este continuar no negócio ou mesmo continuar
produto é determinado por vivo.
1. uma receita que tem um nome e A otimização do uso do ingrediente e
contem informação sobre do tempo de cozimento foi muito
2. os ingredientes ou as matérias importante no passado, especialmente
primas usadas, quando era pobre o suprimento da comida.
3. a ordem dos passos e Este exemplo mostra que as funções
4. as condições do processo e incluídas no controle do processo de
5. equipamento usado no processo. batelada de hoje não eram diferentes
Fazer uma sopa é um exemplo típico de daquelas da pré-história. A principal
um processo de batelada e possivelmente diferença é que, hoje, se tem os meios
a receita foi passada oralmente, de uma para armazenar os ingredientes
geração para a seguinte. necessários e de executar as funções
No passado, cozinhar a sopa era feito e manuais por meio de equipamento
controlado manualmente, porém os passos mecânico ou eletrônico, de modo
e funções típicos de um processo de automático.
batelada já eram explícitos e reconhecidos: Como havia muitos fenômenos
1. medição ou sensação por meio de químicos e físicos pobremente conhecidos,
ver, tocar, escutar e degustar o controle do processo batelada foi
2. atuador, ou a interferência direta de considerado uma arte ou uma habilidade
cozinhar com processo, como no passado. O cozinheiro pré-histórico fez
mexer a sopa, aumentar ou reduzir várias funções, tais como engenheiro de
a fonte de calor, adicionar pesquisa e desenvolvimento, especialista
ingredientes ou remover a panela de processo, operador e instrumentista. Os
do fogo. processos de batelada originais eram tão
3. segurança: como evitar ou extinguir elaborados que requeriam muita atenção e
o fogo na caverna ou cozinha, experiência para fazer produtos com uma
certamente com uma lata d'água qualidade consistente.
para a emergência. Atualmente, tem-se um enfoque mais
4. manipulação anormal: redução do cientifico e muitas incertezas na química e
fogo em caso de excesso de fervura física foram reduzidas ou resolvidas.

19
Processo Industrial
Historicamente, o crescimento do
Gerenciamento da Batelada
conhecimento dos fenômenos físicos e
químicos junto com o aparecimento de Não é fácil projetar um sistema de
novas tecnologias, métodos e técnicas controle de processo batelada para uso
possibilitaram o engenheiro de controle geral. Parece fácil no início, mas quando
automatizar as funções descritas acima. se examinam as exigências operacionais e
A automação começou com as funcionais, se vê que elas são mais
medições do processo e com os atuadores complexas que a maioria das outras
diretos na planta. Depois seguiu-se a aplicações. De fato, o projeto de um
automação das funções de controle lógico sistema para controle de processo
de intertravamento e do controle contínuo é relativamente mais fácil. O
regulatório. Gradualmente, a automação foi controle contínuo pode ser visto como uma
aplicada ao controle da seqüência e nos parte de um controle de processo batelada.
níveis de programação. As exigências operacionais básicas
A automação sempre foi inspirada pela são:
exigência ou demanda de: 1. mover quantidades discretas
1. aumentar a segurança (bateladas) de materiais através de
2. proteger o ambiente equipamentos,
3. melhorar a saúde e trabalho do 2. operar dispositivos nos
operador equipamentos para criar as
4. melhorar a qualidade do produto condições apropriadas do processo.
5. aumentar a eficiência e A Fig. 2.5. mostra uma batelada
produtividade simples, constituída de um tanque, uma
6. controlar os tempos de entrega. coluna, um funil e um reator. Mas, na
Como a maioria dos problemas de prática, as coisas não são tão simples.
controle ocorre durante os transientes da Usualmente, pode-se e deve-se fazer mais
partida, o processo tipo batelada é mais de uma coisa ao mesmo tempo. Por
difícil de ser controlado, pois ele realiza exemplo, enquanto se processa a batelada
muitas partidas e fica parado durante na coluna, pode-se encher o funil, para que
intervalos de tempo. Como conseqüência, os dois fluxos sejam combinados no reator.
foram desenvolvidos controladores A Fig. 2.6 mostra os estágios
especiais para o processo tipo batelada. sucessivos de três diferentes bateladas se
Basicamente, tais controladores possuem movendo através da mesma célula do
a capacidade de partir em automático e processo. Assim que a batelada 1 acabou
não precisam ser desligados, nos no tanque e enquanto ela ainda está na
intervalos do processo parado, sem coluna, a batelada 2 pode começar no
problema de saturação. tanque. Assim, quando a primeira batelada
se move para o reator, a batelada 2 é
movida para a coluna e a batelada 3 pode
ser começada no tanque.
Material processado em
Esteira grandes quantidades No Capítulo Controle de Batelada serão
chamadas bateladas apresentados mais detalhes deste tipo de
controle.
Extintores
Bacia
Silo Balança

Torrador
Misturador

Moedor
Embalagem
Fig. 2.4. Processo batelada

20
Processo Industrial

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(a) Primeiro estágio: enchimento do tanque

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(a) Segundo estágio: enchimento da coluna

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(c) Terceiro estágio: enchimento do reator


Fig. 2.5. Três estágios sucessivos de uma batelada simples

21
Processo Industrial

1.4. Processo discreto 2. Variáveis do Processo


O processo discreto envolve muitas
2.1. Introdução
operações de liga-desliga. O seu controle
se baseia no mundo binário (digital), onde A variável do processo é qualquer
os estados de um equipamento ou quantidade física que possui o valor
instrumento só podem assumir as alterável com o tempo e com o espaço.
condições de ligado ou desligado, Controlar uma variável significa manter
energizado ou desenergizado, aceso ou constante a grandeza que tenderia a
apagado, alto ou baixo, 1 ou 0. O processo variar. Não se deseja e nem se pode
discreto requer controle lógico. controlar uma grandeza constante.
Aplicações de controle lógico incluem o As variáveis do processo geralmente
alarme e intertravamento do controle são interdependentes entre si. Para se
contínuo de processos industriais. controlar uma variável, é preciso fazer
Geralmente o processo discreto requer a medições (geralmente mas nem sempre da
automação, em vez de controle contínuo. variável controlada) e deve se manipular
outra variável dependente. Existem
1.5. Processo de Manufatura de variáveis mais facilmente detectáveis e
Peças outras, mais facilmente manipuláveis.
Uma variável de processo pode ser
No processo discreto, cada item a ser considerada, dentro de determinada
fabricado é processado em uma etapa, tolerância e intervalo de tempo, como
como um item separado e individual. constante. Na natureza tudo está variando,
Embora seja um sistema de processo porém, às vezes, esta variabilidade não é
muito comum, não será tratado neste detectada pelo instrumento de medição e
trabalho. por isso a variável é considerada
A indústria automobilística e a manufatura de constante.
peças mecânicas são exemplos de processos onde Outros parâmetros de controle são
há a manufatura de peças individuais. Neste tipo de estabelecidos e mantidos fixos. Exemplos
indústria, atualmente, usam-se robots para executar de constantes são o valor do ponto de
estas séries de operações repetitivas. ajuste, dos ajustes das ações de controle e
dos pontos de alarme.
Naturalmente, uma variável analógica
se altera de modo suave. Raramente a
natureza dá saltos. Em controle, uma
alteração brusca da variável é anormal e
geralmente um indicativo de quebras ou
problemas. Porém, a variação do ponto de
ajuste feita pelo operador geralmente é
rápida e do tipo degrau e o controlador
bem projetado deve prever e tratar esta
variação brusca.
A partir destas premissas, serão
definidas, agora, as variáveis envolvidas
na malha de controle:
1. controlada
2. medida
3. manipulada
Fig. 2.7. Processo de montagem de peças 4. aleatória
5. distúrbio
6. carga do processo

22
Processo Industrial
2.2. Variável Controlada 2.4. Variável Manipulada
A variável controlada é aquela que se A variável manipulada é aquela que é
quer manter constante, mesmo que haja monitorada pelo controlador para influir no
influência de outras variáveis que valor da variável controlada. Na malha de
tenderiam modificar o seu valor. Na malha controle a realimentação negativa a
de controle à realimentação negativa, a variável manipulada está na entrada do
variável controlada é sempre medida, processo.
geralmente na saída. A variável manipulada determina o tipo
A variável controlada determina o tipo e do elemento final de controle. Como a
o tag da malha de controle. Quando se fala maioria dos elementos finais de controle é
de malha de temperatura, a temperatura é a válvula com atuador pneumático, a vazão
a variável controlada. do fluido que passa através da válvula é a
variável manipulada.
2.3. Variável Medida As variáveis manipuladas incluem a
posição da válvula, a posição do damper, a
Na instrumentação, a maioria das
velocidade do motor. Uma malha de
medições é feita de modo indireto. Mede-
controle é muitas vezes manipulada para
se uma grandeza física diretamente e
controlar outra variável em esquemas de
infere o valor da variável desejada desta
controle mais complexos. Por exemplo, o
medição. Por exemplo, a medição de
controle da temperatura (variável
temperatura por enchimento termal é uma
controlada) pode ser realizado através da
medição direta de pressão; a medição da
atuação na vazão (variável manipulada) de
temperatura através do termopar mede
vapor. O vapor é considerado o meio de
diretamente uma tensão elétrica. A
controle.
medição de nível geralmente é feita
Deve-se notar que o meio de controle
através da medição da pressão diferencial.
pode conter outras variáveis, além da que
A medição da vazão, por placa de orifício,
está sendo manipulada, que também
se resume na medição da pressão
influem na variável controlada. Por
diferencial gerada pela placa. Porém, em
exemplo, a qualidade do vapor
todos casos, o que se considera como
superaquecido depende da temperatura e
mais importante é a variável que se quer
da pressão. A capacidade de aquecimento
medir ou controlar. A variável medida é
do vapor é função de sua quantidade e de
que determina o tipo do elemento sensor.
sua qualidade. A vazão é relacionada com
Em princípio, qualquer variável de
a quantidade de vapor. Para a mesma
processo que possa produzir um
quantidade de vapor, a capacidade de
movimento, uma força mecânica, uma
aquecimento pode se alterar pelas
força eletromotriz ou a variação de uma
variações da pressão e da temperatura do
grandeza elétrica passiva, pode ser
vapor. O vapor com menor pressão é
medida, por sensores mecânicos e
menos eficiente para o aquecimento que o
eletrônicos.
de maior pressão.
variável
controlada 2.5. Variáveis Aleatórias e Distúrbios
(c)
Além das variáveis controlada e
manipulada, de interesse direto para o
controle do processo, existem outras
desvio variáveis que influem no processo. Essas
variável
manipulada
medição – variáveis, que afetam o desempenho do
set point
(m) processo, podem ser chamadas, de um
modo genérico, de distúrbios ou de carga
do processo. Como o seu controle direto é
Fig. 2.8. Variáveis da malha fechada de controle muito difícil, deve-se aprender a conviver
com elas e ajustar o sistema para
compensar a sua influência.

23
Processo Industrial
Podem ser considerados como Quando há um distúrbio na entrada do
distúrbios do processo: as condições de processo, há uma correspondente
operação, as condições ambientais, o alteração na saída do processo. O tipo de
desgaste dos equipamentos e dos resposta depende basicamente do tipo do
instrumentos, a falha de equipamentos, os distúrbio e das características dinâmicas
fenômenos internos ao processo, como as do processo. Para a determinação do
reações endotérmica e exotérmica. desempenho do sistema de controle em
Quanto ao local onde os distúrbios frequência mais elevada, estuda-se o
podem ocorrer, tem-se: comportamento da resposta, aplicando-se
1. de demanda, ocorrido na saída do na entrada uma variação senoidal. Estas
processo, simulações de sinais não se afastam muito
2. de suprimento, na entrada do do processo real, pois a maioria dos
processo, distúrbios de um processo pode ser
3. de operação, com variação do considerada uma combinação das
ponto de ajuste. variações degrau e senoidal.
4. Quanto ao formato da onda, o A temperatura do tanque aquecido pela
distúrbio pode ser classificado serpentina com vapor depende de:
como: 1. quantidade de vapor
5. tipo degrau, quando a variação é 2. qualidade do vapor (P, T e %)
instantânea de um nível a outro e 3. nível do produto no tanque
depois fica constante. A resposta de 4. tipo do produto que entra
um sistema a um degrau é a 5. temperatura do produto de entrada
resposta ao transiente. 6. estado da serpentina
6. rampa, quando a variação segue 7. temperatura ambiente
uma reta inclinada. Quando a 8. tipo de reação que ocorre dentro do
inclinação da reta aumenta muito, o tanque (exotérmica ou endotérmica)
distúrbio tipo rampa passa a tipo 9. ponto de ajuste do controlador
degrau, 10. etc.
7. senoidal, variando ciclicamente
segundo uma senóide,
8. pulsos, quando a duração do
degrau é pequena e cíclica. Variável não Variável
controlada controlada
Normalmente o pulso é retangular; TC TT
às vezes, o trem de pulsos é
Temperatura
deformado e se comporta como um ambiente
sinal senoidal
9. aleatório, quando não se enquadra
em nenhum caso anterior. Saída
Vapor

Variável Carga
manipulada

t t θ t
Produto
TE
Condensado

Distúrbio
h t
Fig. 2.10. Terminologia de medição e controle

(a) Degrau (b) Pulsos (c) Rampa

(d) Impulso (e) Senoidal

Fig. 2.9. Formatos dos distúrbios de processo

24
Processo Industrial
Neste sistema, Um estudo mais profundo, para a
1. a temperatura é a variável determinação das variáveis a serem
controlada e portanto é medida, controladas, a partir das equações que
2. a variável sentida é a pressão do governam o processo, está além do
sistema de enchimento termal objetivo desse trabalho.
3. a variável manipulada é a vazão de
entrada de vapor na serpentina 3. Controle do Processo
4. a temperatura ambiente pode afetar
a temperatura do produto, mas é Controlar o processo significa obter os
não controlada resultados desejados dentro dos limites de
5. a saída do produto é a carga do tolerância razoáveis. Sempre que houver
processo um distúrbio ou variação de carga no
6. pode haver distúrbio afetando o processo, a variável controlada deve
produto de entrada ou o produto retornar exatamente ao ponto de ajuste
dentro do tanque. estabelecido, dentro do tempo prescrito e
com um erro de pico limitado.
2.6. Grau de Liberdade e Variáveis A relação entre as variáveis controlada,
O parâmetro associado a quantidade manipulada e carga qualifica a
ótima de controladores em um sistema é o necessidade do controle do processo. A
grau de liberdade, definido como a variável manipulada e as várias cargas
diferença entre o número de variáveis e o podem aumentar ou diminuir a variável
número de equações independentes entre controlada, dependendo do projeto do
as variáveis. O número de controladores processo. Alterações na variável
automáticos atuando independentemente controlada refletem o balanço entre as
em um sistema ou parte do sistema não cargas e a variável manipulada.
pode exceder o número do grau de
liberdade.
Quando o número de controladores é Fluido do
menor que a diferença entre o número das trocador de calor
variáveis controladas e o das equações
TA
independentes, é possível se controlar o
F PR
processo, porém, o controle é insuficiente.
Existem variáveis que não são controladas
e podem afetar a eficiência do sistema
global.
Porém, quando o número de TV
TRC
controladores usados é igual ou maior que 3
a diferença entre das variáveis e o número
de equações matemáticas que existem
entre as variáveis, o sistema é contraditório Fig. 2.11. Trocador de calor
e não é possível se conseguir um controle.
Os controles se anulam ou então, o
controle de uma variável torna impossível o Para o trocador de calor, o aumento na
controle de outra variável. abertura da válvula, na entalpia do vapor,
80 a 90% das malhas de controle de na temperatura de entrada e na
uma planta são projetadas, instaladas, temperatura ambiente tendem a aumentar
sintonizadas e operadas com grande a temperatura do produto, enquanto o
sucesso usando-se a técnica simples da aumento da vazão e da encrostação do
realimentação negativa. Os restantes 20 a trocador tende a diminuir a temperatura. A
10% dependem de técnicas mais temperatura responde ao efeito combinado
avançadas de controle. Isto pode parecer e total destas influências. Se as influências
uma pequena percentagem do total, porém positivas são maiores que as negativas, a
as poucas malhas críticas podem provocar temperatura sobe; quando as negativas
a parada da planta. predominam sobre as positivas, a

25
Processo Industrial
temperatura desce. Se todas as variáveis na malha dos instrumentos. O controle
da carga permanecem constantes, a seria trivial se o sistema respondesse
posição da válvula não precisa ser alterada instantaneamente as variações na entrada
e a variável controlada permanece também do processo.
constante.
Os instrumentos de controle do 3.2. Parâmetros Dinâmicos
processo são necessários porque as
Diz-se que um parâmetro é dinâmico
variáveis de carga não permanecem
quando ele assume valores diferentes no
constantes. O objetivo do sistema de
decorrer do tempo. Contrariamente, um
controle é determinar e continuamente
parâmetro estático é constante no tempo,
atualizar a posição da válvula em função
dentro de determinada tolerância.
das variações da carga do processo.
O desempenho do sistema depende
Geralmente, o problema do controle é
das características dinâmicas de todos os
determinar o valor da variável manipulada
componentes da malha fechada de
que estabelece um balanço entre todas as
controle. Quando se estuda o
influências na variável controlada e manter
comportamento dinâmico do sistema de
a variável constante e igual a um valor
controle, até as interligações entre os
desejado. Outros fatores, tais como a
instrumentos devem ser consideradas. Por
velocidade de resposta, o formato da
exemplo, no sistema de controle
resposta e a interface do operador são
pneumático, o tempo de atraso das
também importantes no projeto e na
respostas é função da distância entre o
escolha dos sistemas de controle.
transmissor e o controlador, da distância
Independente do grau de
entre o controlador e a válvula de controle,
complexidade, todo sistema de controle
da bitola do tubo de ligação, do material
resolve o mesmo problema básico e para
dos tubos e do tipo das conexões.
um dado processo e condições de cargas,
O modo matemático correto de
deve-se chegar ao mesmo resultado.
expressar o comportamento do fenômeno
O problema de controle pode ser
dinâmico é através das equações
resolvido por apenas dois modos, cada um
diferenciais. A variável que só depende do
correspondendo a uma filosofia de projeto
tempo pode ser descrita por uma equação
básica: feedback e feedforward. O sistema
diferencial convencional. Se a variável
com realimentação negativa (feedback)
depende do tempo e do espaço, ela é
gera o sinal de controle baseado na
descrita por uma equação diferencial
diferença entre o valor real da medição e o
parcial. As equações diferenciais são
valor do ponto de ajuste desejado. Para o
desenvolvidas a partir de conhecidas leis
sistema preditivo antecipatório
físicas e químicas, tais como a lei de
(feedforward), o sinal de controle é gerado
Newton, a lei da conservação de energia, a
de valores baseados em diversas variáveis
lei da conservação das massas e as leis
de carga, quando elas afetam o processo.
termodinâmicas. A solução dessas
equações diferenciais, obtida inclusive com
3.1. Controlabilidade do Processo
a transformada de Laplace, envolve
No sistema, a controlabilidade ou o funções exponenciais do tempo. Está além
grau de dificuldade de controle do dos objetivos do presente trabalho, o
processo é de importância fundamental, estabelecimento e a solução das equações
pois só quando um processo é controlável diferenciais relacionadas com o controle de
pode se projetar e aplicar um sistema de processo.
controle adequado para ele. A variação das condições de equilíbrio
Há processos difíceis de controlar, do sistema de controle faz a medição da
onde a variável controlada fica distante ao variável controlada se afastar do ponto de
ponto de ajuste, o tempo de recuperação é ajuste e produzir um erro. O controlador
longo ou a amplitude das oscilações é faz o sinal de medição voltar a ser igual ao
maior do que o desejada. O que torna um ponto de ajuste, alterando sua saída.
processo difícil de ser controlado são os Porém, sempre que o sinal de medição e o
atrasos que aparecem no processo em si e sinal de atuação passam por cada

26
Processo Industrial
componente da malha, eles podem sofrer v é a velocidade de propagação
alterações na magnitude e sofrer atrasos A dimensão do atraso ou do tempo
ou avanços. Cada componente possui um morto é a de tempo; a unidade SI é o
ganho que altera o seu valor e um atraso segundo.
que altera o ângulo de fase.
A existência de atrasos no processo
tem um efeito fundamental no desempenho
da malha de realimentação negativa. Sem
entender as causas destes atrasos é
impossível avaliar que modos de controle
(proporcional, integral, derivativo) são
necessários ou se o controle de
realimentação negativa terá sucesso em
determinada aplicação.
Há três tipos básicos de tempos de
atraso envolvidos no processo: a inércia, o
tempo morto e o tempo característico.

3.3. Inércia
Nos sistemas mecânicos envolvendo
componentes moveis e na medição de
vazão com fluidos acelerados e
desacelerados, os efeitos da inércia são Fig. 2.12. Resposta de um elemento simples com
importantes e devem ser considerados. Os tempo morto
efeitos inerciais estão matematicamente
relacionados pela segunda lei de Newton e
relacionam a força F, a massa m e a
aceleração a O tempo morto é o tempo transcorrido
entre o aparecimento do distúrbio e o início
F=ma da resposta do sistema de controle.
Durante o tempo morto o controlador não
responde aos distúrbios do processo,
3.4. Tempo Morto porque ainda não tomou conhecimento
destes distúrbios.
O tempo morto é chamado de tempo de O tempo morto afeta o sinal, atrasando-
transporte ou atraso de transporte. O o. Um tempo morto puro permite a
tempo morto invariavelmente ocorre passagem do sinal de entrada inalterado,
quando se tem o transporte ou a porém atrasado. Quando o sinal é
transferência de massa, de energia ou de senoidal, o tempo morto também atrasa o
informação entre dois pontos do sistema. sinal, porém, nessa configuração se diz
Este atraso depende essencialmente da que há um atraso no ângulo de fase. O
distância L entre os pontos e da velocidade tempo morto desloca o ângulo de fase.
v com que é feita a transferência. Quanto O tempo morto pode ser tomado como
menor a distância entre os pontos, menor o o parâmetro de referência para o estudo do
tempo de atraso; quanto maior a grau de dificuldade de controle do
velocidade de transferência, menor processo. Quanto maior o tempo morto do
também é o tempo morto. processo, maior é a dificuldade de seu
Matematicamente, controle.
Como o tempo morto é muitas vezes
L
td = causado pelo tempo requerido para
v movimentar material de um ponto a outro,
onde ele é chamado de atraso de transporte ou
tm é o tempo morto atraso distância/velocidade. O tempo real
L é a distância percorrida

27
Processo Industrial
depende da distância percorrida e da atuador. Mas por causa do tempo morto,
velocidade do material. nenhum efeito é sentido imediatamente. E
Um exemplo clássico de um processo então o controlador diminui, diminui e
com predominância de tempo morto é o diminui.
sistema de pesagem de sólidos A solução é colocar um
transportados por uma esteira rolante. O microcomputador no controlador e modelar
tempo morto entre a ação de abertura da o processo nele. Ele pode então antecipar
válvula de controle e a correspondente o tempo morto, temporizando variações na
variação no peso é matematicamente igual sua saída para produzir os resultados
a divisão entre a distância do sensor- desejados assim que o tempo morto
válvula pela velocidade da esteira rolante. termine.
O sistema com pequena distância entre o
sensor e a balança possui pequeno tempo
morto.
O sistema de mistura de composição
química (Fig. 2-13) é um exemplo de um
processo de primeira ordem mais tempo
morto. A vazão do líquido de entrada é
misturada com a vazão de saída da
mistura. Isto pode ser feito com uma
bomba na saída e um sensor de nível e
controlador acionando uma válvula
manipulando a vazão de entrada. Um
recipiente com o produto a ser misturado
com o líquido é suspenso acima do tanque
passando por uma tubulação.
O pó cai do recipiente, através de uma
porta e cai no tanque a posição da porta é
governada por um cilindro. Um motor
aciona um agitador para homogeneizar a
mistura. Fig. 2.13. Sistema de mistura de composição de um
Uma variação degrau no posicionador processo de primeira ordem e tempo morto
da porta varia imediatamente a quantidade
de pó deixando o recipiente, feito em um
esforço para mudar a composição da
mistura da saída. Porém esta variação
deve cair no tanque, depois de percorrer a
tubulação. Este é o tempo morto Uma vez
no tanque, o pó deve se dissolver e ser
homogeneizado. Isto é um processo de
primeira ordem, exponencial.
Quando se tem um tempo morto muito
grande é muito difícil se obter um controle
bom e estável com um controlador
tradicional. Para produzir uma variação na
saída do processo, o controlador move o
atuador e monitora a saída do processo Fig. 2.14. Resposta normalizada de um elemento
para determinar o resultado. Porém, de primeira ordem mais tempo morto a um degrau
absolutamente nenhum efeito aparece, por
causa do tempo morto. Assim, o
controlador pode acionar o atuador,
aumentando, aumentando até que o tempo
morto expire. Então a saída começa a
responder, de modo muito rápido. O
controlador começa a diminuir a ação no

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Processo Industrial
dificuldade para a corrente elétrica; a
3.5. Tempo Característico viscosidade absoluta é o grau de
dificuldade para o escoamento do fluido, a
O tempo característico ou constante de
resistência termal é o grau de dificuldade
tempo é o tempo em que o processo
de transferência de calor (energia) entre
começa a responder aos distúrbios até
dois corpos.
atingir o valor de regime. Ele é chamado
Por exemplo, as respostas da variação
de característico porque depende do
da temperatura de um reator quando se
processo em si.
aplica um degrau de variação no vapor de
Como tipicamente a resposta da saída
entrada são diferentes, quando se tem a
é exponencial, atingindo o 100% do valor
injeção direta de vapor, o aquecimento
final teoricamente só no tempo infinito,
através da serpentina, a medição com um
arbitrou-se como tempo característico o
termopar pelado, com bulbo de proteção e
intervalo de tempo que a saída atinge 63%
com bulbo-poço. A serpentina, apresenta
do valor final da resposta. Chega-se a este
uma resistência para a transferência de
valor tornando o tempo característico igual
calor do vapor para o produto do processo
a uma constante de tempo, de modo que a
e o bulbo e o poço apresentam resistência
resposta fica igual a
para a transferência de calor do produto
1 – e-1 = 1 – 0,37 = 0,63
para o termopar.
Capacitância
A capacidade é o local onde a massa e
degrau entrada saída
100% a energia se armazenam. Uma capacidade
63% age como um filtro ou amortecedor, entre
um fluido de entrada e um fluido de saída.
Em sistema mecânico, um vaso tem a
propriedade de armazenar fluidos. A
medição mecânica da capacitância é a
0
inércia, que determina a quantidade de
tm tc tempo energia que pode ser armazenada em um
equipamento estacionário ou móvel. Em
sistema elétrico, o capacitor é usado para
Fig. 2.15. Tempo morto e tempo característico armazenar cargas elétricas.
O tamanho de uma capacidade é
medida por sua constante de tempo. Na
O tempo característico depende do resposta do nível, desde que as duas
produto de dois outros parâmetros vazões se aproximem assintoticamente,
dinâmicos: a resistência e a capacitância. elas nunca se tornam totalmente iguais,
Por isso, quanto maiores a resistência e a pelo menos na teoria. O nível para de
capacitância do processo, maior é o tempo variar e, deste modo, a resposta não pode
de atraso da resposta do processo e mais ser medida pelo tempo que ele leva para
lento é o processo. O tempo característico encher o tanque. Em vez disso, a resposta
deforma o sinal, transformando o degrau é quantificada por uma constante de tempo
em uma exponencial. Quando maior o que é definida como o tempo requerido
tempo característico, mais lentamente é a para completar 63,2% da resposta total.
subida da exponencial. Este número não é arbitrário, mas é
O tempo característico é o atraso fácil determinado das equações diferenciais
de ser compensado pela escolha e pelos que modelam o processo. Como uma
ajustes dos modos do controlador. primeira aproximação, a constante de
Resistência tempo de um elemento capacitivo é
aproximadamente igual ao seu tempo de
A resistência é a dificuldade que todo residência, que é definido como o volume
fluxo de material ou de energia encontra dividido pela quantidade de produto
para se deslocar entre dois pontos do acumulado, em unidades consistentes.
sistema. A resistência elétrica é o grau de Assim, se o tanque tem a capacidade de

29
Processo Industrial
1.000 litros e a vazão através do tanque é ambos os tanques, o nível no de maior
100 L/min, o tempo de residência se torna capacitância é mais estável. Geralmente,
1.000 L/100 L/min = 10 minutos. quanto maior a capacitância de um
Quando o sinal de controle é senoidal, processo, mais fácil é seu controle.
o sinal de saída se aproxima do valor Quando se quer controlar o nível dos
médio da entrada. O nível irá subir dois tanques, o processo é mais sensível
enquanto a vazão de entrada for maior que no tanque alto (menor capacitância) do que
a vazão de saída; o nível irá abaixar no tanque baixo (maior capacitância). Para
quando a vazão de entrada for menor que a mesma variação de volume em ambos
a vazão de saída. Para uma entrada os tanques, o nível no tanque alto terá uma
senoidal, o sinal de medição de um maior variação. O tanque alto tem menor
elemento capacitivo também é senoidal, capacitância, resposta mais rápida e é
com o mesmo período. mais difícil de ser controlado dentro de
A variação no sinal de medição, em uma dada faixa. Aumentando a
comparação com a variação no sinal de capacitância para uma dada faixa de
controle, depende principalmente do controle melhora a estabilidade da variável
período. Se o sinal de controle cicla muito controlada em resposta a um distúrbio.
rapidamente, com um período curto, a
oscilação no nível será muito pequena. De
modo diferente, se a mesma variação no
sinal de controle ocorre em um período
mais longo, a variação do nível será muito Capacidade =
maior. 6 × 4 × 3 = 72
Há uma diferença conceitual entre metros cúbicos
capacitância e capacidade.
A capacidade é a máxima quantidade Capacitância =
de material ou energia que pode ser 72 m3
=
armazenada em um equipamento ou 6

sistema. A capacidade é uma grandeza


estática relacionada apenas com o Tanque alto
tamanho de armazenagem de fluido ou de
energia.
A capacitância é uma grandeza
dinâmica que relaciona a capacidade com
outra variável de processo. É definida Capacidade =4 × 6 × 3 = 72 m3
como a variação da quantidade de material
ou energia necessária para fazer uma 3
Capacitância = 72 m 18 m3/m
variação unitária na variável do processo.
Por exemplo, capacitância é o número de
litros de água necessários para variar um Tanque baixo
nível do tanque por um metro. Em outras Fig. 2.16. Capacidade e capacitância do tanque:
palavras, para fazer uma variação na
variável controlada, alguma quantidade de
variável manipulada deve ser fornecida ou Na prática e em controle de processo, o
removida; esta quantidade dividida pela parâmetro mais significativo do tempo
variação é a capacitância. característico é a capacidade. Quando se
A Fig. 2.16 mostra dois tanques tendo compara a dificuldade de controle de um
a mesma capacidade (72 m3) mas com sistema com tempo morto e com
alturas diferentes (6 metros e 4 metros). capacidade, a capacidade é um elemento
Suas capacitâncias são diferentes: mais fácil de ser controlado.
a do tanque alto vale 72 m3/6 m = 12 m3/m A variável de processo com
a do baixo vale 72 m3/4 m = 18 m3/m predominância capacitiva é o nível de
Em tanques de mesma capacidade liquido, em tanque. Outro exemplo, é a
mas de diferentes capacitâncias, para a pressão de gás em volume constante.
mesma variação de volume do líquido em

30
Processo Industrial
As respostas dos elementos de Se os controles são pneumáticos, um
capacidade diferem das respostas do tempo morto e uma capacidade efetivos
elemento de tempo morto em dois pontos estão também associados com cada linha
significativos: de transmissão. A situação típica inclui um
1. não ocorre atraso antes da medição ou dois tempos mortos identificáveis e
começar a variar, isto é, nenhum vários pequenas capacidades.
tempo morto está associado com o Os tempos mortos em série são
elemento capacitivo. aditivos: um tempo morto de 1 minutos
2. a capacidade inibe a taxa em que a seguido de um atraso de 2 minutos
medição pode variar. combinam para formar um tempo morto de
Por causa do nível ser uma medição da 3 minutos. Entretanto, o efeito combinado
armazenagem de liquido em um tanque e de um número de capacidades em série
por causa da taxa de acúmulo (positiva ou não é tão obvio. O efeito combinado de
negativa) responder às diferenças entre as vários atrasos capacitivos parece para o
vazões de entrada e de saída, o nível não controlador como a combinação de um
pode variar instantaneamente mesmo se o atraso de tempo morto seguido de uma
sinal de controle tiver variação instantânea. única capacidade com uma constante de
Quanto maior o nível em comparação com tempo igual a maior constante de tempo
as vazões, mais lenta será a variação do individual.
nível. Assim, o elemento capacidade no Na resposta de malha aberta de um
processo tende a atenuar os distúrbios. trocador de calor a uma variação degrau
Isto torna o controle mais fácil, enquanto na saída do controlador, inicialmente a
que o tempo morto torna o controle mais temperatura permanece constante, porém
difícil. mais tarde ela começa a crescer e se
O tempo morto e o tempo característico aproxima para um novo valor constante,
determinam todos os ajustes do segundo uma exponencial. Embora o
controlador. Por exemplo, a banda processo possa realmente ser uma
proporcional é proporcional a relação entre coleção intrincada de elementos de tempo
ambos (tm/tc). O erro acumulado e o erro de morto e de capacidade, ele pode ser
pico, que determinam quantitativamente a representado por um modelo com um
qualidade do controle, são proporcionais a tempo morto mais uma capacidade, de
relação entre tm/tc. modo a projetar a malha de realimentação.
O período natural de oscilação do Os parâmetros para este modelo podem
processo, Tn, tomado como base para os ser obtidos como um tempo morto
ajustes do tempo integral e do tempo aparente e uma constante de tempo
derivativo, é também proporcional ao aparente.
tempo morto. Enquanto esta representação possa ser
Os processos com uma única obvia para o instrumentista, o controlador
capacidade e com tempo morto puro não pode ver a diferença. Desde que o
existem apenas na teoria. Qualquer tempo morto torna o controle mais difícil e
processo real inclui um número de cada a capacidade o faz mais fácil, uma
um destes elementos dinâmicos. Por estimativa da dificuldade do controle pode
exemplo, o trocador de calor, inclui um ser feita pelo cálculo da relação do tempo
tempo morto associado com o tempo que morto aparente e da constante de tempo
se gasta para a água quente fluir do aparente. Esta relação, td/t1 possui
trocador para o sensor. O processo possui também um grande significado para os
as seguintes capacidades: ajustes do controle.
1. volume do atuador da válvula, Concluindo, o controle seria perfeito, se
2. volume das serpentinas do trocador o processo tivesse tempo morto igual a
de calor, zero e apenas uma constante de tempo.
3. energia armazenada nos tubos Infelizmente, tal processo não existe. Na
4. energia armazenada na água dos prática, quanto menor o tempo morto e
tubos menor a ordem (quantidade de constantes
5. energia armazenada no termopar e de tempo), mais fácil é o controle do
no sensor.

31
Processo Industrial
processo. O processo com pequeno tempo característico, o período natural de
morto e com uma única constante de oscilação é igual ao dobro do tempo morto.
tempo é o mais fácil de ser controlado.
T n = 2 tm
4. Tipos Básicos de Processo
Quando o tempo morto é muito menor
Há três tipos básicos de processos, que o tempo característico o período
quanto a sua capacidade de se controlar natural é igual a quatro vezes o tempo
sem o auxilio externo ou quanto a sua morto do processo.
habilidade de amortecer os distúrbios que
aparecem: T n = 4 tm
1. auto-regulante
2. integrante
3. com realimentação positiva.
y
A maioria da literatura técnica permanente
degrau entrada
concentra se no estudo do ganho e dos
A
termos dinâmicos dos processos auto-
saída
regulantes, com realimentação negativa
interna. Os outros processos são menos
discutidos, embora sejam freqüentes na
prática. 0
tm transitório tempo
4.1. Processo Auto-regulante
O processo auto-regulante possui uma Fig. 2.17 Processo auto-regulante
espécie de controle interno, inerente a ele.
Ele possui um amortecimento, de modo
que ele se regula automaticamente. O A auto-regulação do processo pode
processo auto-regulante é fácil de ser estar apenas na entrada (ou na saída) ou
controlado, pois ele ajuda a limitação do em ambas. Como exemplo, considere os
desvio da variável controlada. três diferentes sistemas de controle de
Quando se aplica um degrau na nível:
entrada do processo auto-regulante, a sua 1. o sistema com a saída e a entrada
saída varia conforme uma exponencial totalmente independentes entre si e
decrescente, tendendo assintoticamente independentes do nível do tanque. O
para um valor limite natural ou valor de nível do tanque pode ser controlado
regime final. pela vazão de entrada. Porém, se a
Exemplos de processos auto- entrada é independente da saída, uma
regulantes: pequena diferença entre as vazões
1. malha de controle de vazão, leva o tanque ou para totalmente cheio
2. malha de controle de nível sem ou para totalmente vazio. Não há auto-
bomba na descarga, onde a coluna regulação; este processo é integrante.
liquida estabelece naturalmente a 2. o sistema com a entrada independente
vazão da saída, do nível, mas com a saída dependente
3. malha de controle de pressão com do nível, pois a abertura da válvula da
pequena relação entre o volume do saída é proporcional ao nível: quanto
tanque com a vazão de entrada, maior o nível, maior será a vazão da
4. malha de controle de temperatura, válvula de saída. É um sistema
exceto das reações químicas parcialmente auto-regulante ou com a
exotérmicas, auto-regulação apenas na saída.
5. malha de controle de pH, de óxido Quando o nível sobe, a válvula da
redução e de concentração em saída abre mais, fazendo o nível
processo contínuo (não batelada). descer.
No processo auto-regulante com tempo 3. o sistema completamente auto-
morto muito maior que o tempo regulante, quando a vazão de saída e a

32
Processo Industrial
vazão de entrada dependem ambas do
nível. Quando o nível é elevado, o saída
sistema naturalmente diminui a vazão
de entrada (maior resistência a vencer)
e aumenta a vazão de saída (maior
pressão da coluna liquida) As variações
entrada
na vazão de entrada ou na vazão de
saída causarão apenas uma pequena
variação no nível, pois o processo
ajuda a restabelecer o equilíbrio.
Como conclusão, quando se puder tempo
fazer uma escolha do sistema a ser
controlado, aquele com o maior grau de Fig. 2.18 Processo integrante: quando a entrada é
auto-regulação deve ser o escolhido, pois um degrau, a saída é uma rampa.
ele é mais fácil de ser controlado.

4.2. Processo Integrante No processo integrante, quando se


A resposta de malha aberta do pode ajustar a banda proporcional em faixa
processo integrante não atinge um valor menor que 10%, não é necessário usar o
limite estável, quando se aplica um degrau modo integral pois o desvio permanente é
unitário em sua entrada. A sua saída varia pequeno e usa se o controle proporcional
conforme uma rampa ascendente, isolado. Quando a banda proporcional não
crescendo continuamente, até atingir o puder ser tão estreita, pode se usar a ação
valor limite natural do processo; por integral somente quando for possível
exemplo, 100% donível do tanque e a associar também a ação derivativa.
explosão do tanque, no controle de No processo integrante, é comum é se
pressão. Ele é chamado de integrante. por ter o tempo característico muito grande.
que a resposta na saída é igual a integral Quando, porém, o tempo morto é muito
da entrada. maior que o tempo característico, o
Exemplos de processos integrantes: período de oscilação da frequência natural
1. a malha de controle de nível com do processo é igual a 4 vezes o tempo
bomba na descarga, onde a vazão morto.
da saída independe da coluna O período natural do processo
liquida ou com a válvula de controle integrante é muito maior do que o do
na entrada do tanque, processo auto-regulante, com mesmo
2. a malha de controle de pressão tempo morto e mesmo tempo
sem abertura de descarga ou com característico. Pode se demostrar
pequena relação entre a vazão de matematicamente que o período natural do
entrada e o volume do tanque, processo integrante é cerca de 56 vezes o
3. a malha de controle de pH, de óxido período natural do processo auto-
redução e de concentração em regulante. Como conseqüência, os ajustes
processo tipo batelada (não do tempo integral e do tempo derivativo
contínuo), para este processo integrante devem ser
Como o processo integrante não se 56 vezes maiores que os ajustes do
balanceia por si e não possui um valor de processo auto-regulante. Por isso o
regime, ele não pode ser deixado sem processo integrante requer muito menor
controle automático durante longo tempo. ação integral e muito maior derivativa. Esta
Ele deve ter um sistema de segurança que é a principal razão porque a ação integral
evite a variável controlada atingir o valor não deve ser usada em controle de nível.
perigoso, quando o controle automático Se o ruído do nível, devido a turbulência ou
falhar. borbulhamento, necessitar da banda
proporcional mais larga, pode se usar a
ação integral para eliminar o maior desvio
permanente. A banda proporcional

33
Processo Industrial
requerida por alguns processos integrantes 3. o controle de compressor dinâmico,
é tão estreita que é menor que os limites durante o surge quando a inércia do
do controlador comercial disponível. rotor é baixa.
O processo batelada é integrante e tem No reator onde há uma reação
aproximadamente a mesma qualidade de exotérmica, tem se:
controle que o processo contínuo auto- 1. aumento da temperatura da reação,
regulante, se ambos os tanques possuem 2. aumento da velocidade da reação,
grande capacidade, pequena vazão de 3. aumento da geração de calor,
alimentação, grande agitação (equivale 4. aumento da temperatura da reação.
dizer, pequeno tempo morto) e os
transmissores e as válvulas são rápidos,
de modo que as duas malhas possuam o
mesmo período natural (Tn = 4 tm). y
Quando o processo está instável e perda do controle
oscilando com a amplitude constante, tem-
se o ponto de período natural da malha de saída
controle. Quanto maior for o período
natural de oscilação do processo, maior é
ponto de mudança
o grau de dificuldade de controle. O
processo integrante é mais difícil de ser sob controle
controlado que o auto-regulante.
0
4.3. Processo run away) tempo
tm
Quando se aplica um degrau unitário
Fig.2.19. Processo sem controle (run away)
na entrada de certos tipos de processos, a
sua saída não tende para um valor de
patamar limite (auto-regulante), nem sobe
como uma rampa (integrante), mas sobe
No controle de processo com
como uma exponencial crescente, até
realimentação positiva pode se ter um
atingir o valor limite natural do processo,
fenômeno interessante, quando pode
por exemplo, a ruptura de um reator
haver oscilação do sistema provocada por
químico ou a velocidade excessiva em um
uma banda proporcional muito ... larga. O
compressor dinâmico.
comum é ter banda proporcional muito
Este tipo de processo é chamado de
estreita como causa de oscilação. Quando
run away. Por ele possuir uma espécie de
a banda proporcional é muito larga os
realimentação positiva interna, que o força
pequenos distúrbios que aparecem não
a se afastar de qualquer valor de regime
são corrigidos e podem se acumular e
estável, será chamado, no presente
crescer até um determinado limite físico ou
trabalho, de processo com realimentação
os outros modos podem compensar
positiva.
excessivamente e desencadear uma
Exemplos de processos com
oscilação instável.
realimentação positiva:
O processo com realimentação positiva
1. o controle de temperatura de
opera melhor com as ações proporcional
reações exotérmicas, onde a
mais derivativa porque a ação integral
inclinação da curva de remoção do
necessária é tão pequena, por causa do
calor é menor que a inclinação da
elevado período natural, que não é
curva de geração de calor,
disponível no controlador prático.
2. o controle de concentração de
reações biológicas, onde a
inclinação da curva de diluição é
menor que a inclinação da curva da
geração das células,

Apostilas\Controle 2Processo.DOC 24 ABR 00 (Substitui 02 DEZ 98)

34
3
Malha de Controle

Porém, a despeito de todas as alternativas,


Objetivos de Ensino a teoria básica permanece sempre a
mesma. O processo vê caixas pretas, que
1. Conceituar malha de controle, com desempenham funções especificas,
as funções dos instrumentos. qualquer que seja a natureza dos circuitos
2. Mostrar as diferenças básicas entre interiores e o local de montagem.
malhas passiva e ativa; aberta e fechada.
3. Apresentar as características da
malha fechada com realimentação
negativa.

1. Malha de Controle
Por mais complexo que seja o
processo, seu controle automático é
realizado pela malha de controle. O
sistema de controle com muitas variáveis
independentes pode ser dividido
sucessivamente até se chegar ao módulo
unitário mais simples, que é a malha de Fig. 3.1. Malha típica de instrumentos:
controle de uma única variável. transmissor, controlador e válvula de controle
A malha é uma série de instrumentos,
interligados entre si, que produz um
resultado útil e desejado, com pequena ou
nenhuma supervisão humana. A principal
2. Instrumentos da Malha
característica de uma planta de processo
A malha de controle mais simples
bem projetada, sob o ponto de vista de
possível é constituída de um único
controle, é a grande produção com poucos
controlador, ligado diretamente a válvula
operadores de processo.
de controle que atua no processo. Na
Ha muitos modos diferentes de se
prática, por questão das grandes
instrumentar um processo, sob o ponto de
distâncias envolvidas, dos demorados
vista de equipamentos. Pode-se usar a
tempos de resposta, da necessidade do
instrumentação pneumática ou a
condicionamento de sinais mal
eletrônica, pode-se usar a técnica
comportados, da vantagem da linearização
analógica ou a digital, pode-se escolher
de sinais quadráticos, da exigência de
entre a arquitetura modular ou a integral,
compatibilidade de sinais com naturezas
pode-se ter o controlador montado no
distintas, a malha de controle possui outros
campo ou na sala de controle remota.

35
Malha de Controle
instrumentos para executar estas funções 2.4. Transmissor
auxiliares e opcionais.
Embora pareça irrelevante o uso de A malha de controle pode ter,
opcionalmente, um transmissor. O
tantos instrumentos interligados na malha
transmissor é um instrumento que sente a
de controle, a colocação ou a retirada de
variável de processo e gera na saída um
um instrumento na malha pode alterar a
sinal padrão, proporcional ao valor desta
estabilidade do controle do processo.
O sistema de controle do processo é variável. Pode se usar o transmissor para
constituído basicamente pelo processo em enviar um sinal padrão a grandes
distâncias para ser manipulado
si e pela malha de instrumentos de
remotamente e para permitir a
medição e de controle. O melhor sistema
centralização e a padronização dos
de controle é aquele que utiliza o mínimo
número de instrumentos para se obter o instrumentos da sala de controle.
controle automático mais eficiente e Os sinais padrão são: pneumático, de 3
a 15 psig e eletrônico, de 4 a 20 mA cc.
seguro.
São pouco usados: 0 a 20 mA cc (não é
Os principais instrumentos são: o
faixa detectora de erro), 10 a 50 mA cc
indicador, o registrador, o transmissor, o
(nível elevado e perigoso), 1 a 5 V cc
transdutor, o controlador, o computador
matemático, o integrador, o contador, a (tensão não é conveniente para a
estação manual de controle e a válvula de transmissão).
controle.

2.1. Elemento Sensor


Para se fazer o controle de uma
variável, é necessário, antes de tudo,
medir o seu valor. O componente básico
da medição é o elemento sensor. Ele não é
um instrumento completo, mas faz
integrante parte do transmissor ou do
controlador. O tipo do elemento sensor
depende basicamente da variável medida.
O sensor pode ser de natureza
mecânica ou eletrônica. O sensor
mecânico sente a variável do processo e
gera na saída uma força ou um movimento Fig. 3.5. Transmissor eletrônico com indicação
mecânico. O sensor eletrônico ativo sente
a variável e gera na saída uma tensão Já são disponíveis transmissores que
elétrica e não necessita de alimentação; o incorporam o microprocessador em seu
sensor eletrônico passivo requer uma circuito eletrônico. Isto possibilita e facilita
tensão de alimentação e varia uma as operações de computação matemática,
grandeza elétrica passiva, como de alarme, de sequência lógica e de
resistência, capacitância ou indutância. intertravamento. São os chamados
transmissores inteligentes.

2.5. Transdutor i/p


Entre o controlador eletrônico e a
válvula de controle com atuador
pneumático, é necessário o instrumento
condicionador de sinal transdutor i/p. O
transdutor converte o sinal padrão
eletrônico de 4 a 20 mA no padrão
pneumático de 20 a 100 kPa (3 a 15 psi).
O transdutor permite o uso de instrumentos
Fig. 3.2. Indicador de pressão com sensor fole

36
Malha de Controle
pneumáticos e eletrônicos na mesma
malha. Eles são chamados incorretamente 2.9. Estação Manual de Controle
de conversores.
A estação manual pode ser parte
integrante do controlador ou pode ser um
instrumento totalmente separado do
controlador. A estação manual de controle
(HIC) permite ao operador gerar o sinal
padrão de modo arbitrário, para atuar
diretamente no processo.
Na versão independente, a estação
manual de controle pode ter as opções de
indicar os sinais externos, de gerar a saída
com a polarização ajustável, de receber e
de acrescentar a polarização ao sinal
externo.

Fig. 3.6. Transdutor i/p montado na válvula

Fig. 3.10. Estação manual de controle (HIC)


2.8. Controlador
O controlador é o principal instrumento
da malha e por isso será estudado 2.10. Válvula de Controle
longamente em um capítulo especial.
A função do controlador é a de receber A válvula de controle, chamada
o sinal da medição da variável, compara-lo normalmente de elemento final de controle
com um valor de referência e atuar no atua diretamente no agente de controle,
processo para que a medição seja igual ou manipulando uma variável que tenha
próxima ao valor de referência. influência significativa na controlada. A
Normalmente o controlador recebe o sinal válvula de controle recebe o sinal do
do transmissor e envia o sinal para o controlador e através do atuador, o
elemento final de controle. converte em força e movimento, variando a
abertura para a passagem do fluido. A
válvula deve possuir uma mola, que leva a
posição para uma situação extrema,
totalmente aberta ou fechada, quando não
há sinal de atuação. A força de atuação
deve vencer as forças exercidas pela mola
e pelo processo.
A válvula é o equipamento projetado
para produzir uma dissipação de energia
de modo a controlar a vazão ou também,
para produzir uma queda de pressão
ajustável.
A válvula de controle possui vários
Fig. 3.9. Controlador single loop parâmetros: conexões, número de sedes,
formato do obturador, tipos de operação,
características inerentes entre a vazão e a
abertura, materiais.

37
Malha de Controle
Mesmo com a instrumentação 3.1. Indicação e Registro
eletrônica, o elemento final mais usado é a
válvula com atuador pneumático. Na prática, a maior aplicação de
malhas abertas, em instrumentação, se
refere à indicação e ao registro das
variáveis do processo. As malhas abertas
de indicação e de registro são passivas, no
sentido de só receber os sinais e converte-
los em leitura.
A malha de indicação local de
temperatura é constituída de um indicador,
montado no campo, interligado ao
processo pelo elemento sensor. A função
da malha é apenas a de indicar a variável.
A saída do indicador é a leitura visual; ele
não possui sinal de saída.
Fig. 3.11. Válvula de controle com atuador
pneumático

HIC CLP
O posicionador é um acessório
opcional da válvula, usado para apressar
sua ação, para linearizar o percurso da
haste da válvula, para eliminar atritos no
Processo
engaxetamento e para eliminar a histerese
de abertura e fechamento da válvula.
Porém, mais importante é saber quando o
Fig. 3.13. Malhas abertas ativas: controle manual
posicionador não pode ser usado, por
(HIC) e controle lógico programável (CLP).
questão de instabilidade.
Outro exemplo de malha aberta é o
3. Malha Aberta registro da temperatura na sala de
controle. A malha aberta é constituída do
O sucesso ou o fracasso de qualquer
transmissor e do registrador. O
sistema de controle se baseia no uso
transmissor, ligado ao processo, envia o
inteligente das informações disponíveis do
sinal para o registrador de painel. Pode-se
processo. Sob o ponto de vista de
dizer que o princípio da malha é o
configuração, há dois tipos básicos de
transmissor e o fim é o registrador.
malhas de controle: a aberta e a fechada.
A malha aberta possui um princípio e um fim
diferentes entre si. A malha fechada pode ser
percorrida continuamente, saindo-se e chegando ao
mesmo ponto. A malha é fechada pelo processo.

XR XI

Processo

Fig. 3.12. Malhas abertas passivas: registro e Fig. 3.14. Malha aberta ativa de controle manual
indicação

38
Malha de Controle
3.2. Controle Manual 4. Malha Fechada
O controle manual pode ser
considerado como uma malha aberta ativa, A malha de controle fechada é
no sentido de que há a geração de um constituída dos instrumentos e do
sinal para atuar no processo. processo. Há instrumentos colocados na
No controle manual, através de uma entrada e na saída do processo e
estação manual de controle (HIC) isolada interligados entre si. O processo fecha a
ou acoplada ao controlador automático, o malha de controle.
operador de processo gera manualmente o Conceitualmente, há dois tipos
sinal que atua diretamente na válvula de diferentes de malhas fechadas para
controle. Normalmente, o operador atua e desempenhar a função de controle: com
observa a medição da variável, porém, não realimentação negativa (feedback) e com
há uma realimentação física entre sua predição e antecipação (feedforward)
atuação e a medição.
4.1. Realimentação
3.3. Controle Programado Diz-se que um sistema possui uma
É possível se ter controle automático realimentação quando se faz a medição de
do processo com a malha aberta. O uma variável em sua saída e se faz uma
controle de malha aberta se baseia em correção na sua entrada, baseada nessa
prognostico, em um programa medição. Aqui deve ser feita uma
preestabelecido. Durante a operação não consideração especial acerca dos
se faz medição, nem comparação e nem conceitos de saída e entrada do processo.
correção. Quando se diz que se mede na saída e
Exemplo de um controle com malha atua na entrada, significa que se realiza
aberta é a maquina automática de lavar uma realimentação. Fisicamente, a
roupa. Nesse sistema de controle quer se medição pode ser na entrada do processo
obter, como resultado, a roupa limpa na e a atuação na saída do processo. Por
saída. Antes de se iniciar o processo, exemplo, no controle de vazão, o elemento
ajustam-se todos os parâmetros da sensor é colocado depois da válvula de
máquina: o tempo e a velocidade do ciclo, controle, para não provocar distúrbio na
a temperatura, a quantidade de sabão, a medição.
vazão d'água. A maquina é ligada, inicia-se
o ciclo e o operador espera passivamente 4.2. Realimentação Positiva
o resultado da lavagem. Se os ajustes A realimentação pode ser positiva ou
foram bem programados e feitos, tem-se a negativa. A realimentação é positiva,
roupa idealmente limpa. Isso mostra que é quando a atuação no processo se faz para
possível se obter resultados desejados e aumentar o desvio entre a medição e o
conseguir um controle perfeito, com a ponto de referência. Faz-se uma medição,
malha aberta de controle. compara-se com um valor de referência e
se atua no processo: quando a medição é
Operador maior que o ponto de ajuste, atua-se no
processo para aumentar ainda mais a
medição e quando é menor, atua-se para
Programa diminuir ainda mais a medição. Uma malha
apenas com realimentação positiva leva o
sistema para um dos extremos, ou para o
mínimo ou para o máximo.
Em controle de processo, a
I/O Controlador I/O realimentação positiva isolada ou
predominante não apresenta nenhuma
utilidade prática. Nos circuitos dos
Processo controladores tem-se a realimentação
Atuador
positiva associada a realimentação
Fig. 3.15. Diagrama do controle programado negativa, para fins de balanceamento,

39
Malha de Controle
porém os ajustes sempre devem permitir exemplo, pode-se colocar equipamentos
que a realimentação negativa seja maior para condicionar, converter, transduzir,
que a positiva. transformar, amplificar, atenuar e filtrar os
sinais de informação e de atuação do
controle. Além do controle, a malha pode
ainda desempenhar funções de registro,
distúrbios totalização e alarme. Para tornar mais
entradas saídas flexível e seguro, é também prática comum
o uso de controle manual, como reserva do
Processo controlada controle automático.
Na malha de controle há duas
realimentações negativas: uma na malha
manipulada Medição externa de controle e outra no circuito
interno do controlador. Na malha externa
Controlador
de controle, faz se a medição da variável
medida
feedback controlada, compara a com uma referência
externa do controlador e gera se uma ação
corretiva que vai para o elemento final de
Fig. 3.16. Malha fechada com realimentação controle. Internamente ao controlador,
negativa recebe se a medição da variável
controlada, compara a com o ponto de
4.3. Realimentação Negativa ajuste de referência e a saída do
A maioria das malhas fechadas de controlador é realimentada a sua entrada,
controle utiliza o princípio de realimentação para estabilizar sua saída num valor finito.
negativa. A realimentação negativa
estabiliza o processo, diminuindo o seu
ganho.
Didaticamente, pode-se distinguir cinco
partes essenciais em um sistema de
controle com malha de realimentação
negativa:
1. o meio de medição, que pode ser o
elemento sensor ou o transmissor
com o elemento sensor. Ele prove
um sinal proporcional ao valor da
LC
variável.
2. o mecanismo de comparação entre
o valor da variável medida e o ponto
de referência estabelecido de modo
arbitrário, manual ou remotamente.
3. o controlador do processo, que gera
automaticamente um sinal
analógico, que é uma função
LCV
matemática do erro detectado
(diferença entre medição e ponto de Fig. 3.18. Malha de controle com realimentação
ajuste). negativa
4. o elemento final de controle, que
manipula uma variável que influa na
variável controlada, recebendo o
sinal da saída do controlador.
5. o processo, que é o motivo da
existência da malha de controle
Outros instrumentos podem ser
adicionados à malha básica de controle,
para otimizar o seu funcionamento. Por

40
Malha de Controle
A melhor resposta de uma malha de 5. Estabilidade da Malha
controle a realimentação negativa está
longe da perfeição, pois seu princípio de O estudo da estabilidade é tão ou mais
funcionamento se baseia numa importante que o da controlabilidade do
imperfeição. Só há controle quando há processo. Se o sistema não é estável, não
erro. é usável.
Podem se listar as seguintes A finalidade do sistema de controle é a
características do controlador com de produzir o processo estável, com uma
realimentação negativa: resposta desejada aos distúrbios do
1. A ação do controlador é corretiva. processo. O bom sistema de controle deve
Só há correção quando se detecta o estabilizar o processo, que seria instável
desvio entre a medição e o ponto sem o sistema de controle. Às vezes, é
de ajuste. fisicamente impossível se conseguir um
2. Mesmo que a detecção do erro
entre a medição e o ponto de ajuste sistema estável, em todas as condições de
seja rápida, a resposta de toda a processo. Como conseqüência, o sistema
malha de controle pode ser muito deve ser estável apenas para
grande, por causa da grande inércia determinadas condições de operação.
(capacidade e resistência) e tempo Existem sistemas que são estáveis,
morto do processo. O atraso da mesmo sem a utilização de controle
resposta implica em mau controle, automático.
com produto fora da especificação. O sistema é estável, se para qualquer
3. A malha de controle tem tendência entrada limitada, a saída é também
a entrar em oscilação. As limitada. O sistema é estável quando os
oscilações, mesmo amortecidas, distúrbios transitórios introduzidos no
indicam a ocorrência de tentativa e processo desaparecem imediatamente
erro. com o tempo.
4. O controlador sempre mede uma O sistema é instável quando a
variável na saída do processo e introdução de um distúrbio no processo,
manipula uma variável na entrada. mesmo transitório, provoca a oscilação na
O controlador mede a demanda e variável ou a leva para um valor que
atua no suprimento do processo. cresce continuamente. O processo é
5. O sistema de controle não mede considerado instável quando sua saída se
diretamente os distúrbios, mas torna cada vez maior, com as oscilações
mede as consequências desses com amplitudes crescentes. Na prática, a
distúrbios, que são as alterações na máxima amplitude do sistema instável é
variável controlada. limitada pelas próprias características
6. O controlador só atua na variável físicas do sistema. Por exemplo, a válvula
manipulada quando for detectado o abre no máximo até 100% e a temperatura
desvio na variável controlada, máxima do vapor saturado é de 100 oC, à
provocado pela alteração da carga. pressão atmosférica.
7. base matemática da ação corretiva
da malha fechada com
realimentação negativa é o erro
existente entre a medição da
variável e o valor ajustado de
referência.
8. A saída do controlador é constante,
e diferente de zero quando o erro
entre medição e ponto de ajuste for
zero.
Fig. 2.19. Sistema instável: distúrbio aparece e
cresce. Não há controle.

41
Malha de Controle
tendência. A constante de tempo
característica é o tempo decorrido da
interseção da tangente com o eixo do
tempo até a saída atingir um erro de malha
aberto. No processo com realimentação
positiva, o tempo característico ou a
constante de tempo de realimentação
positiva é o tempo decorrido da interseção
da tangente com o eixo do tempo
requerido para a saída atingir cerca de
Fig. 2.20. Sistema com estabilidade limite: distúrbio 172% do valor do erro de malha aberta,
aparece e permanece. Controle liga-desliga. quando se aplica um degrau unitário da
entrada.

Fig. 2.21. Sistema estável: distúrbio aparece e


desaparece. Estabilidade ideal com
amortecimento de 4:1.

5.1. Curva de Reação ao Degrau do Fig. 2.22. Respostas ao degrau


Processo
Avalia-se o grau de controlabilidade do
Empiricamente, somente depois de
processo, determinando se
transcorridos 2 tm que se pode observar
experimentalmente o seu tempo morto e o
alteração na saída do processo.
sua constante de tempo característica a
partir da curva de reação a um degrau
unitário aplicado à entrada. O tempo morto
5.2. Critérios de Estabilidade
e o tempo característico são determinados, Teoricamente, há vários critérios de
traçando se a tangente à curva, no ponto estabilidade do sistema linear: Nyquist,
de inflexão. O tempo morto é o ponto em Routh Hurwitz, Root locus e diagrama de
que a tangente corta o eixo do tempo. Bode. Está além do escopo do presente
Como a resposta é assintoticamente trabalho o estudo detalhado e matemático
exponencial, a saída leva um tempo destes critérios.
teoricamente infinito para atingir o valor de O método de Nyquist é um gráfico. Se
regime. No processo auto-regulante, o o gráfico engloba o ponto (-1 +j 0), o
tempo característico ou a constante de sistema é instável; se não, o sistema é
tempo de realimentação negativa é o estável.
tempo decorrido da interseção da tangente Pelo critério de Routh Hurwitz, as
com o eixo do tempo requerido para a raízes da equação característica do
saída atingir cerca de 63% do valor final. sistema devem estar do lado esquerdo do
quando se aplica um degrau unitário da plano, implicando que as raízes devem ter
entrada. partes reais negativas.
Para o processo integrante o cálculo do O uso dos computadores digitais
tempo característico é mais difícil, pois é ajudou grandemente a técnica do Root
problemático identificar o ponto de inflexão Locus, pois facilitou o cálculo de todos os
para a tangente e não há um valor final de zeros e pólos da função de transferência. A

42
Malha de Controle
adição de pólos a função de transferência Por exemplo, o ganho de potência de
piora a estabilidade relativa do sistema de um amplificador eletrônico igual a 1000
malha fechada. Por exemplo, a ação significa que a potência de saída do
integral equivale fisicamente a um polo. A amplificador é cerca de 1000 vezes maior
adição de zero a função de transferência que a entrada. Em eletrônica, para facilitar
melhora a estabilidade relativa do sistema as operações e diminuir o tamanho dos
de malha fechada. A ação derivativa números, o ganho é expresso em decibel.
eqüivale fisicamente a um zero. O efeito da Por definição, o ganho em decibel (db)
variação do local do zero é equivalente a relaciona logaritmos decimais:
alteração do tempo integral do controlador.
O diagrama de Bode é o enfoque potência de saída
Ganho(db) = 10 log
gráfico simplificado do critério de Nyquist. potência de entrada

5.3. Função de Transferência O amplificador eletrônico com ganho


Quando se trabalha com qualquer um adimensional de potência igual a 1000
dos elementos no processo, é conveniente possui o ganho igual a 30 db. A vantagem
se ter um modo simples, conciso e do uso da unidade decibel é a substituição
completo para descrever o desempenho da multiplicação pela soma.
deste elemento. Uma equação da saída Em instrumentação, aplicando-se a
não funciona quando a saída de um definição de ganho a um transmissor
elemento não depende de sua entrada. eletrônico (saída de 4 a 20 mA cc) de
Assim, a relação da saída para a entrada é temperatura, calibrado na faixa de 0 a 120
o
usada. e dada qualquer entrada, pode-se C, tem-se:
prever sua saída.
Define se como função de transferência 4 a 20 mA
ganho do transmissor =
a relação entre sua saída e sua entrada, 0 a 120 o C
no domínio da frequência. Através de
outros operadores matemáticos, pode se Neste caso, a entrada do transmissor é
mudar para o domínio do tempo. temperatura e a saída é o sinal padrão de
Na prática, a função de transferência corrente. Tem-se a dimensão de mA/oC.
fornece as informações acerca da Em outro exemplo, o ganho da válvula
estabilidade, da resposta transitória e das de controle, cuja entrada é uma vazão de 0
características de frequência do processo. a 10 m3/h e saída, a abertura de 0 a 100%
vale:
5.4. Ganho ganho da válvula =
0 a 100%
0 a 10 m 3 / h
Os parâmetros de ganho e de fase são
fundamentais para o entendimento do
Agora, a dimensão do ganho é %.h/m3 .
comportamento da malha a realimentação
negativa. Eles são especialmente O ganho para uma determinada vazão de
importantes no estudo da sintonia do 5 m3/h e válvula linear, com abertura
correspondente de 50%, é de 10 %.h/m3.
controlador porque ambos são funções do
Em outro exemplo, quer se controlar o
período do sinal de entrada.
nível de um tanque, através de uma
O ganho do instrumento é a relação
entre o sinal de saída sobre o sinal de válvula acionada por motor. A válvula
entrada. Quanto maior o ganho do requer 10 rotações do motor para ir de 0%
equipamento, maior é a sua sensibilidade. a 100%. O motor gira em 100 p/min.
Quando aberta, a válvula permite uma
Na instrumentação, para um mesmo erro
vazão de 50 L/min. Determinar o tempo de
na entrada, um controlador de alto ganho
resposta da válvula se o volume do tanque
produz uma saída maior que um
controlador de ganho pequeno. for a) 800 L ou b) 10 L.
O ganho pode ser expresso por um Para ir 10 revoluções a 100 rpm a
válvula irá gastar
número adimensional ou por um número
com dimensões.

43
Malha de Controle
10 rotações relação da variação da saída dividida pela
t valvula = = 0,1 min variação da entrada, após todos os
100 r/min
transigentes desaparecerem. Este ganho é
a inclinação da curva da saída versus a
Assim, observando se válvula, pode se
entrada. Se esta curva for uma reta com
vê-la girando por 6 s
inclinação constante, o ganho é linear. O
Quando aberta, a vazão será de 50
ganho é não linear quando a inclinação
L/min. Para encher um tanque de 800 L
varia com o ponto de ponto e a curva
possui inclinação variável. O ganho
800 L estático é facilmente computado, bastando
t tan que = = 16 min
100 L/min se aplicar na entrada do dispositivo um
sinal e medir a correspondente saída.
a) Para um tanque de 800 L, a Os sistemas de uma malha de controle
constante de tempo do tanque é muito nem sempre são lineares. Os seus ganhos
maior que cada válvula (16min >> 0,1min). não são constantes em toda a faixa de
A constante da válvula é desprezível operação. Por exemplo, a placa de orifício
quando comparada com a do tanque de tem uma saída que é proporcional a
800 L. pressão diferencial que segue uma relação
b) Para um tanque de 10 L, quadrática com a vazão (Q2 = K dp ). O
transmissor de pressão diferencial de
10 L vazão terá um ganho alto quando a vazão
t tan que = = 0,2 min varia no começo da faixa e terá um ganho
50 L/min
pequeno para os valores elevados da
O tanque de 10 L será cheio em 12 vazão. Também as válvulas de controle
segundos (0,2 minuto), com a válvula possuem tipos de internos que podem
totalmente aberta. Porém, para se obter a exibir vários tipos matemáticos de ganho:
válvula totalmente aberta, gasta se 6 linear, igual percentagem (exponencial),
segundos. parabólica.
Neste tanque, sua constante de tempo O ganho dinâmico está relacionado
é da ordem de grandeza da constante da com as altas freqüências e pode ser
válvula. que agora deve ser considerada. computado aplicando-se uma onda
Quando o tempo de resposta de uma senoidal na entrada e observando-se a
elemento é muito pequeno comparado com saída resultante. A relação das amplitudes
o de outros elementos no sistema, a sua de saída e de entrada dá o ganho
função de transferência pode ser expressa dinâmico. Porém, o ganho também
como um simples ganho. depende da frequência da onda senoidal:
Como o ganho do instrumento está quanto maior a frequência, menor o ganho
relacionada com sua sensibilidade, e como dinâmico. Quando a frequência se
pequena entrada implica em alto ganho, aproxima do zero, tem-se o ganho estático.
todo instrumento tem uma entrada mínima Quando se manipulam sinais senoidais no
possível, abaixo da qual é impraticável tempo, além da modificação da amplitude
trabalhar com o instrumento. Por exemplo, dos sinais, há o deslocamento do ângulo
a largura de faixa mínima para se calibrar de fase, quando o dispositivo pode atrasar
um transmissor de temperatura é de 10 oC, ou adiantar o sinal de entrada.
pois abaixo desta largura de faixa o seu Quando o ganho dinâmico da malha
ganho seria muito alto e o transmissor total é maior que 1, a amplitude de
instável. oscilação dos distúrbios irá aumentar e o
Cada instrumento componente da processo é instável.
malha possui um determinado ganho Quando o ganho dinâmico é igual a 1,
estático e outros parâmetros dinâmicos está se no limite, entre a oscilação e a
para descrever sua resposta. O estabilidade. As oscilações permanecem
comportamento estático se refere ao seu com amplitude constante e o processo é
regime permanente ou em baixas instável.
freqüências. O ganho em regime é a Quando o ganho dinâmico é menor que
1, a oscilação terá amplitudes decrescente

44
Malha de Controle
e o processo é estável. Todos os sistemas em 100%. Acima de 425 oC, extremidade
de controle são projetados e ajustados superior da banda, a saída está em 0%.
para se ter um ganho total da malha menor Entre estas duas extremidades, a saída
que 1, de modo a ter uma resposta pode ser achada, traçando uma linha
atenuada e ser estável. vertical do eixo de temperatura até atingir a
Nos controladores digitais os ajustes curva de transferência, e depois
são feitos no ganho do controlador; nos horizontalmente, até o eixo da saída. Notar
analógicos os ajustes e a terminologia se que a saída é 50% quando a temperatura
referem a banda proporcional. está no ponto de ajuste. A largura da
banda proporcional varia a relação entre o
5.5. Banda Proporcional afastamento da temperatura do ponto de
ajuste e a saída.
A banda proporcional é, por definição, a
A banda proporcional também expressa
relação entre a entrada e a saída do
a sensibilidade do controlador. A banda
controlador. Como conseqüência, a banda
proporcional muito estreita significa
proporcional é o inverso do ganho.
controlador muito sensível. As pequenas
A banda proporcional é diretamente
variações no processo provocam grandes
proporcional a largura de faixa da variável
variações na saída do controlador,
controlada: quanto mais estreita a faixa
consequentemente grandes alterações na
calibrada da medição, menor é a banda
válvula de controle. A banda proporcional
proporcional. A banda é inversamente
larga faz o controlador ficar pouco
proporcional a largura de faixa da saída do
sensível. O processo precisa variar muito
controlador que atua na válvula de
para provocar pequenas modificações na
controle: quanto maior for a abertura da
saída do controlador e portanto na válvula
válvula, menor é a banda proporcional.
de controle.
Quando a entrada varia de 0 a 100% e
provoca uma variação de 0 a 100% na
saída
saída, tem-se uma banda proporcional de
100%
100% e ganho igual a um. Quando a
80%
variação na entrada de apenas 0 a 10%
produz uma variação na saída de 0 a
60%
100%, a banda proporcional é de 10% e o
40% ganho desse controlador vale 10. No caso
20%
de se ter uma variação na entrada de 0 a
Temperatura
100% produzindo uma variação na saída
0%
S.P. de apenas 0 a 10%, a banda proporcional
0% 100%
desse controlador vale 1.000% e o ganho
B.P. larga
vale 0,1.
O controlador com a banda
Fig. 2.23. Curva de transferência de controlador com proporcional infinita, precisa de uma
ação inversa. variação infinita na medição para fazer a
válvula variar de 0 para 100% de abertura
A banda proporcional é expressa em e portanto não realiza nenhum controle. O
%. Tipicamente, tem-se controlador com controlador com banda proporcional zero,
banda proporcional ajustável, com o valor ou seja um único ponto, provoca uma
variando de 20 até 500%. A banda variação na válvula de controle de 0 a
proporcional é a faixa onde o controlador 100%; este controlador ultra-sensível é o
proporcional responde de modo automático liga-desliga.
às variações do processo. Só há controle Como conseqüência, o mesmo
automático dentro da banda proporcional. controlador proporcional pode ser aplicado
A ação é inversa porque a saída para controlar vários tipos de processos.
aumenta quando a medição diminui. Neste Apenas sua banda proporcional é ajustada
exemplo, abaixo de 375 oC, extremidade para torna-lo mais ou menos sensível.
inferior da banda proporcional, a saída está Os processos lentos são pouco
sensíveis, possuem ganho pequeno e

45
Malha de Controle
requerem o controlador com banda controlador deve ter circuitos com
proporcional muito estreita; por exemplo, a capacitância ajustáveis, de modo que, no
banda proporcional para o controle de final, o ângulo total de defasagem seja
temperatura é tipicamente menor que igual a 180o., responsável pela
100%. Os processos rápidos são muito realimentação negativa da malha de
sensíveis, possuem alto ganho e requerem controle. Como será visto adiante, os
o controlador com banda proporcional circuitos integrais e derivativos possuem
muito larga; por exemplo, a banda esses elementos para compensar os
proporcional para o controla da vazão é atrasos e avanços da malha de controle.
normalmente maior que 100%.
5.7. Oscilação
5.6. Ângulo de fase
A oscilação é qualquer efeito que varia
O segundo parâmetro da resposta de periodicamente no tempo, entre dois
um elemento a uma entrada cíclica é o valores extremos. Em instrumentação, a
ângulo de fase. Por causa dos atrasos variável controlada entra em oscilação
dentro do elemento, o pico da saída não quando o seu valor cicla periodicamente
coincide com o pico da entrada. O ângulo entre os valores máximo e mínimo.
de fase de um elemento mede este Há uma confusão relacionada com a
deslocamento. Um ciclo completo em oscilação, pois a saída cíclica não implica
qualquer sinal periódico se compõem de necessariamente em oscilação. Por
360 graus. Se o pico do ciclo da saída exemplo, quando se aplica um sinal
ocorre 1/4 do caminho do ciclo de entrada, periódico na entrada de um amplificador, a
o ângulo de fase q vale sua saída será também periódica, sem que
1 haja oscilação. Nesta situação, as
θ = 360( − ) = −90 o
4 freqüências da entrada e da saída são
O sinal negativo significa que o pico da iguais e os sinais são dependentes. O
saída ocorre depois do pico da entrada. amplificador oscila quando se aplica um
Isto é consideração um atraso de fase. É sinal constante na entrada e a sua saída é
também possível se ter o pico da saída periódica. Ou então, quando os sinais de
antes do pico da entras; isto é chamado de entrada e de saída são periódicos, porém,
adiantamento de fase. a frequência do sinal de saída é diferente
Os atrasos em qualquer elemento de da frequência da entrada. A frequência do
um malha de controle causam atrasos sinal oscilante depende apenas dos
entre a variação da entrada e a variação parâmetros do circuito interno.
resultante da saída. Quando o sinal é
senoidal, o atraso do tempo equivale ao
atraso do ângulo de fase.
O atraso do ângulo de fase varia com a
freqüência do sinal. O deslocamento da
fase aumenta proporcionalmente com a
freqüência. O atraso total da malha de
controle deve ser de 180o, correspondente
a realimentação negativa. Quando se tem
um distúrbio na malha, deve haver uma Fig. 2.26. Saída de controlador em oscilação
ação corretiva oposta ao distúrbio, ou seja,
defasada de 180o.
O que provoca o atraso ou a A principal causa da oscilação é o
defasagem do sinal são os parâmetros altíssimo ganho do sistema. Na
capacitivos e os tempos mortos. Todos os instrumentação, a oscilação pode ocorrer
elementos da malha de controle possuem, quando o controlador é ajustado com a
em graus diferentes, circuitos que defasam banda proporcional muito estreita e com as
o sinal. Por exemplo, o atuador da válvula ações integral e derivativa exageradas. A
de controle é de grande capacidade e oscilação pode se iniciar pela variação
portanto causa atraso no sinal. O brusca da carga do processo ou pela

46
Malha de Controle
alteração do ponto de ajuste. Uma vez
iniciada a oscilação, o sistema contínua 5.9. Amortecimento
oscilando, mesmo que o ganho do sistema
Um modo prático de verificar a
diminua.
estabilidade do sistema é provocar um
distúrbio rápido e de pequena amplitude,
5.8. Saturação
tipo degrau, na sua entrada e estudar o
Genericamente, saturação é a condição comportamento da resposta. A resposta do
em que uma alteração na causa não sistema estável depende do seu
produz variação correspondente no efeito amortecimento.
resultante, ou um aumento adicional da 1. o sistema é super amortecido,
entrada não produz o correspondente quando a variação da resposta ao
aumento da saída. degrau é lenta e sobe com pequena
A saturação pode ser provocada pelo inclinação,
processo, pelos seus equipamentos e 2. o sistema é criticamente
pelos instrumentos da malha de controle. amortecido, quando a variação da
O controlador com a ação integral resposta ao degrau varia é mais
satura quando o erro entre a medição e o rápida, mas ainda não apresenta
ponto de ajuste é muito demorado. oscilação.
3. o sistema é sub amortecido, quando
a resposta apresenta oscilações,
entrada porém, com amplitudes
decrescentes.
Para haver estabilidade o ganho total
saída deve ser menor que 1, pois o distúrbio é
amortecido e eliminado, com o tempo.
Quando o ganho é maior que 1, as
oscilações aumentam e não há interesse
tempo prático. Para a passagem de sistema
amortecido para sistema com instabilidade
crescente, tem-se o sistema com
Fig. 2.27. Saída saturada: mantém-se constante
instabilidade com oscilações constantes: o
no valor máximo, mesmo com aumento da entrada
ganho total da malha é igual a 1. Há
interesse em se conseguir essa oscilação
A válvula subdimensionada satura apenas como caminho intermediário para
quando atinge os 100% de abertura e a calibração do controlador. É desejável, na
sua abertura máxima é insuficiente para a prática, que todos os sistemas de controle
obtenção do controle. A saída do apresentem um sub amortecimento,
controlador aumenta para solicitar maior idealmente na proporção de 4:1.
abertura, o que é impossível para a válvula Quando são definidos todos os
com capacidade insuficiente. O bloqueio parâmetros do processo: a faixa de
da haste da válvula também provoca a medição, o uso do transmissor com sinal
saturação da saída do controlador, pois a padrão de saída, o modo de controle, o
variação da saída não produz nenhum tipo e o tamanho da válvula de controle, o
efeito na abertura da válvula. uso de posicionador, o único instrumento
A entrada muito grande pode também que apresenta uma chave para o ajuste do
provocar a saturação do sistema, pois sua ganho é o controlador. O ajuste adequado
saída atinge o valor limite do sistema e não do ganho do controlador é o responsável
responde mais à entrada. A forma de onda principal pela estabilidade ou não do
da saída fica destorcida e diferente da sistema de controle.
forma da entrada.

47
Malha de Controle
Na malha de controle constituída de
5.10. Condições de Estabilidade transmissor (t), extrator de raiz quadrada
(e), controlador (C), transdutor I/P (i/p),
O objetivo de cada malha de controle é
válvula de controle com atuador
encontrar um valor para o sinal de controle
pneumático (v) e usada para a regulação
que mantenha a medição constante e igual
do processo (P) tem se o seguinte ganho
ao ponto de ajuste, para as condições de
total (T):
carga existentes. Os enfoques de
realimentação negativa e de predição
GT = Gt . Ge . GC . Gip . Gv . GP
antecipação poder ser usados.
O sistema completo de controle inclui
os instrumentos e o processo. A A condição necessária para a
estabilidade do sistema global depende de estabilidade do sistema é:
todos os equipamentos do processo e de GT = Gt . Ge . GC . Gip . Gv . GP < 1
todos os instrumentos da malha.
O ganho total da malha fechada deve Agrupando se os ganhos do
ser menor que a unidade, para que os transmissor, do extrator, do transdutor e da
distúrbios que aparecerem no sistema válvula em um ganho fixo e constante (K)
sejam amortecidos e eliminados. No caso tem se uma expressão mais simples para o
limite, com ganho igual a um, qualquer ganho total:
distúrbio no processo permanece GT = GK. GC . GP
constante, com as amplitudes das Este ganho total deve ser sempre
oscilações constantes. menor que 1 para se ter uma das
Um sistema de controle é estável se e condições da estabilidade do sistema.
somente se o ganho total da malha for Deste modo o controlador deve ter um
menor que 1 e o ângulo de fase da ação ganho ajustado de modo que as variações
corretiva for igual a 180 graus. O ganho do ganho do processo não ultrapassem o
deve ser menor que 1 para que qualquer limite de ganho total 1.
erro introduzido no sistema por distúrbios
externos seja atenuado e eliminado. O
ângulo de fase deve ser de 180 graus para
que a ação corretiva seja exatamente
contrária ao erro. FC
O ganho total da malha é igual ao
produto dos ganhos individuais de cada
componente do sistema, incluindo o FY-A i/p
processo. Ha portanto três tipos diferentes
de ganhos no sistema de controle: FY-B
o ganho do processo, que é variável
FT
com as alterações de sua carga. São as
variações do ganho do processo que
devem ser controladas e administradas.
o ganho do controlador, que é Processo
ajustável. O único instrumento que possui FE
um ajuste de ganho é o controlador. FCV
os ganhos dos outros instrumentos que
formam a malha de controle, que são
estabelecidos e fixos quando se define o Fig. 2.28. Malha de controle do processo vazão,
projeto do sistema. O ganho do com
transmissor depende da faixa a ser (a) placa de orifício (FE)
calibrada, o ganho da válvula de controle (b) transmissor d/p cell (FT)
depende de sua característica inerente. O (c) extrator de raiz quadrada (FY-A)
ganho da malha de instrumentos depende (d) controlador (FC)
ainda do uso/não uso do extrator de raiz (e) transdutor i/p (FY-B)
quadrada, do posicionador da válvula. (f) válvula de controle (FCV)

48
Malha de Controle
A condição de ganho total menor que 1 Então, no mundo ocidental cristão
é muito vaga e elástica, pois 0,10 , 0,50 e cartesiano e simétrico a tendência é de se
0,90 são todos menores que 1. A diferença ter um ganho total de 0,50, que é uma
é que 0,10 está muito distante de 1, 0,90 situação de compromisso entre a
está muito próximo de 1 e 0,50 está a meio estabilidade e a qualidade do controle do
caminho de 1. sistema.
Quando o sistema é ajustado com Quando o ganho da malha fechada é
ganho total igual a 0,10 , ele está muito igual a 1, tem se a oscilação constante da
distante da oscilação e mas a sua variável e o processo é instável. Para se
qualidade de controle é ruim. O sistema é ter estabilidade é necessário que o ganho
pouco sensível e corrige demoradamente total seja menor que 1.
os seus distúrbios. Chama se margem de ganho o que
Por outro lado, se o ganho do falta para o ganho alcançar o valor de 1,
controlador é ajustado para que o ganho quando se mantém o ângulo de correção
total seja igual a 0,90 , o sistema ainda é igual a 180 graus. Esta margem de ganho
estável, porém pequenas variações de pode ser considerada como a faixa de
ganho do processo podem provocar a liberdade que o ganho do processo pode
oscilação no sistema. Este sistema é muito variar sem provocar oscilação no sistema.
sensível e rápido para responder e corrigir Quanto maior a margem de ganho, menor
os erros provocados pelos distúrbios, é o ganho e mais estável é o processo.
porém, ele está muito próximo a oscilação.

Gv

carga

Ganho da carga
Válvula
(G )

Gv Gv
Ganho do Ganho do
Para controle estável:
Controlad Processo
carga (G ) Gv x Gp x Gs x Gc = (G ) carga

Ganho do
Sensor
(G )

set point Gv

carga

Fig. 2.29. Se o ganho do processo varia com a carga, o ganho total da malha pode ser mantido constante
usando uma válvula cuja variação do ganho com a carga compense a variação de ganho do processo

Apostilas\Controle 3MalhaControle.DOC 24 ABR 00 (Substitui 02 DEZ 98)

49
4
Controlador

Objetivos de Ensino Para executar estas tarefas, o


controlador deve possuir os seguintes
1. Apresentar o diagrama de blocos do blocos funcionais:
controlador e descrever cada um. 1. Medição,
2. Mostrar diferenças entre ação direta e 2. Ponto de ajuste
ação inversa. 3. Unidade de comparação
3. Mostrar de modo simplificado os 4. Geração do sinal de saída
circuitos pneumático e eletrônico dos 5. Atuação manual opcional
controladores P, PI, PD e PID. 6. Estação de balanço automático
4. Mostrar as características do 7. Fonte de alimentação
controlador analógico e digital, série e 8. Escalas de indicação
paralelo.
1.1. Medição
1. Conceito No controlador a realimentação
negativa, a variável controlada sempre
O principal componente da malha de deve ser medida. Na maioria absoluta dos
controle é, obviamente, o controlador, que controladores, a variável controlada
pode ser considerado um amplificador ou medida é também indicada na frente do
um computador. controlador. Nos controladores a
O controlador automático é o microprocessador, a indicação é feita
instrumento que recebe dois sinais: a simultaneamente por barras gráficas e por
medição da variável e o ponto de ajuste, dígitos.
compara-os e gera automaticamente um O controlador pode estar ligado
sinal de saída para atuar a válvula, de diretamente ao processo, quando possui
modo a diminuir ou eliminar a diferença um elemento sensor determinado pela
entre a medição e o ponto de ajuste. variável medida. O controlador de painel
O controlador detecta os erros recebe o sinal padrão proporcional a
infinitesimais entre o valor da variável de medição do transmissor e deve possuir
processo e o ponto de ajuste e responde, circuitos de entrada que condicionam o
instantaneamente, de acordo com os sinal de medição. O controlador
modos de controle e seus ajustes. O sinal pneumático possui o fole receptor de 20 a
de saída é a função matemática canônica 100 kPa e o eletrônico possui o circuito
do erro entre a medição e o valor ajustado, receptor, como a ponte de Wheatstone,
que inclui as três ações de controle: circuito potenciométrico ou galvanômetro.
proporcional, integral e derivativa. A
combinação dessas três ações e os seus
ajuste adequados são suficientes para o
controle satisfatório e aceitável da maioria
das aplicações práticas.

50
Controlador

Ponto de ajuste
Medição
Escala Remoto
-100
- 90
- 80
ou
- 70
- 60 L l
- 50
- 40
- 30
- 20
- 10
- 0

Ação direta
ou inversa
Indicador
Saída
Unidade de Unidade
controle Balanço
automático

Ações Unidade
Controle
Proporcional
Integral Manual
Derivativa

Fig. 4.1. Diagrama de blocos funcional do controlador a realimentação negativa

Fig. 4.2. Vista frontal de controladores analógicos:


(a) Com ponto de ajuste manual
(b) Com ponto de ajuste automático
(c) Com pontos de ajuste manual (local) e automático (remoto)

Fig. 4.3. Vista frontal de controlador digital

51
0% e o ponto de ajuste está acima de
1.2. Ponto de Ajuste 50%, a variável controlada está fora da
Quanto ao ponto de ajuste, há três banda proporcional.
modelos de controladores, com diferentes 2. quando o processo entra em oscilação,
pontos de ajuste: ou seja, quando o ganho da malha
1. manual, fechada de controle fica igual a 1.
2. remoto, Quando se coloca o controlador em
3. manual ou remoto. manual, abre se a malha de controle e
O controlador com o ponto de ajuste se pode estabilizar o processo.
manual possui um botão na parte frontal,
facilmente acessível ao operador de 1.4. Unidade de Balanço Automático
processo, para que ele possa estabelecer
manualmente o valor do ponto de A maioria dos controladores com
referência. Quando o operador aciona o estação manual possui um sistema de
botão, ele posiciona o ponteiro do ponto de balanço automático que permite a
ajuste na escala e gera um sinal de mesma passagem de automático para manual e
natureza que o sinal da medição. vice versa, de modo contínuo, sem
O controlador com o ponto de ajuste provocar distúrbio no processo e sem a
remoto não possui nenhum botão na parte necessidade de se fazer o balanço manual
frontal. O sinal correspondente ao ponto de da saída do controlador.
ajuste entra na parte traseira do Erradamente se pensa que esta
controlador e é indicado na escala transferência requer a igualdade entre a
principal. O sinal pode ser proveniente da medição e o ponto de ajuste. Quando o
saída de outro controlador ou de uma controlador não possui a estação de
estação manual de controle. transferência automática, o operador deve
O controlador com os pontos de ajuste garantir que o sinal inicial da saída manual
remoto e local possui um botão para o seja igual ao sinal final da saída
operador estabelecer manualmente o automática de modo que o processo não
ponto de ajuste e recebe o ponto de ajuste perceba esta mudança de automático para
remoto. Ambos os sinais são indicados na manual. No mínimo, o controlador possui
escala principal. O controlador possui um dispositivo de comparação que faz o
também a chave seletora R/L balanço prévio entre os sinais de saída
(remoto/local) do ponto de ajuste. automática e manual.
É fundamental que a medição e o ponto
de ajuste sejam de mesma natureza,
ambos pneumáticos, mecânicos, de
corrente ou de tensão elétrica, para que
seja possível a comparação e subtração
entre eles. O ponto de ajuste e a medição
são indicados na mesma escala principal
do controlador e a posição relativa dos
ponteiros fornece o valor do erro entre os
dois sinais.

1.3. Estação Manual


A maioria dos controladores possui a
estação manual de controle integralizada
ao seu circuito. Sob o ponto de vista do
Fig. 4.4. Estação manual de controle
controle, as situações mais comuns que
requerem a intervenção manual do
operador de processo são:
1. na partida do processo, quando a
banda proporcional é menor que 100%.
Neste caso, quando a medição está em

52
Controlador
Fig. 4.5. Ações de controle direta e inversa
Tanque vazio seguro e válvula na saída.
A partir da segurança, obtida com o tanque
vazio, a válvula deve ser ar-para-fechar: na
falta de ar, a válvula abre e o tanque se Inc/Dec
esvazia, levando o sistema para a segurança. LC
A válvula está a 100% com 20 kPa e a 0% com
100 kPa. A ação do controlador, como
conseqüência, deve ser inversa: quando o
100% vazão
nível aumenta, a válvula deve abrir mais para
saída
faze-lo diminuir e a saída do controlador deve 0
3 15 psi
F.O.
diminuir, abrindo mais a válvula.

Tanque vazio seguro e válvula na entrada.


A partir da segurança, obtida com o tanque
vazio, a válvula deve ser ar-para-abrir: na falta
de ar, a válvula fecha e o tanque se esvazia,
levando o sistema para a segurança. A válvula
está a 0% com 20 kPa e a 100% com 100 kPa.
A ação do controlador, como conseqüência, LC
Inc/Dec
deve ser inversa: quando o nível aumenta, a
válvula deve fechar mais para faze-lo diminuir e
a saída do controlador deve diminuir, fechando 100%
vazão

mais a válvula. F.C.


saída
0
3 100 kPa

Tanque cheio seguro e válvula na saída.


A partir da segurança, obtida com o tanque
cheio, a válvula deve ser ar-para-abrir: na falta
de ar, a válvula fecha e o tanque se enche,
levando o sistema para a segurança. A válvula Inc/Inc
está a 0% com 20 kPa e a 100% com 100 kPa.
A ação do controlador, como conseqüência, LC
deve ser direta: quando o nível aumenta, a
válvula deve abrir mais para faze-lo diminuir e a
saída do controlador deve aumentar, abrindo vazão
mais a válvula. 100%

saída
0
3 100 kPa F.C.
Tanque cheio seguro e válvula na entrada.
A partir da segurança, obtida com o tanque
cheio, a válvula deve ser ar-para-fechar: na
falta de ar, a válvula abre e o tanque se enche,
levando o sistema para a segurança. A válvula
está a 100% com 20 kPa e a 0% com 100 kPa.
A ação do controlador, como conseqüência,
deve ser direta: quando o nível aumenta, a LC
válvula deve fechar mais para faze-lo diminuir e
Inc/Inc
a saída do controlador deve aumentar,
fechando mais a válvula.
vazão
F.O. 100%

saída
0
3 100 kPa

53
Controlador
características especiais, sem entendê-las
1.5. Ação Direta ou Inversa e sem ajustar o controlador corretamente.
A maioria dos textos sobre controle
O controlador possui a chave seletora
considera o controlador ideal e teórico,
para ação direta e ação inversa. A ação
com as três ações separadas,
direta significa que o aumento da medição
independentes e não interativas. Na prática
implica no aumento da saída do
da instrumentação, a situação não é tão
controlador. A ação inversa significa que o
simples assim. Pode se ter interação entre
aumento da medição provoca a diminuição
os modos de controle, nos domínios do
da saída do controlador.
tempo e da freqüência.
A escolha da ação do controlador
Sob o ponto de vista de construção, os
depende da ação da válvula de controle e
controladores podem ter os modos de
da lógica do processo. A atuação da
controle dispostos em série ou em
válvula de controle pode ser: ar-para-abrir
paralelo.
ou ar-para-fechar deve ser escolhida em
função da segurança do processo.
2.1. Controlador Paralelo
A regra básica para a seleção das
ações do controlador e da válvula é a O controlador paralelo computa os
seguinte: modos proporcional, integral e derivativo
1. a partir da segurança do processo, em paralelo. Os modos são não interativos
determina-se a ação da válvula de no domínio do tempo, mas são interativos
controle. no domínio da frequência. O controlador
2. depois de definida a ação da paralelo é chamado de ideal e não-
válvula e partir da lógica do interativo, por Shinskey. O erro acumulado
processo, determina-se a ação do para o controlador paralelo é cerca da
controlador. metade do correspondente ao controlador
As quatro alternativas para um sistema de em série. Quando os tempos integral e
controle de nível são: derivativo são ajustados muito próximos, o
1. a segurança do tanque cheio ou controlador se torna extremamente
vazio, sensível as variações do ganho e o
2. a ação do controlador direta ou período da malha irá se desviar.
inversa, A Foxboro Co. testou um controlador
3. a atuação da válvula ar-para-abrir paralelo em processo auto-regulante e
ou ar-para-fechar e conclui que:
4. a válvula de controle na entrada ou 1. o período natural da malha
na saída do tanque. aumentou de 16 para 55 segundos,
2. a banda proporcional variou de 10 a
2. Circuitos do Controlador 100% , sem alteração do
amortecimento de 4 para 1.
As dificuldades de controle do processo O tempo derivativo do controlador
variam muito e por isso são disponíveis paralelo pode ser ajustado cerca de 25%
controladores comerciais de vários tipos e do tempo integral .
modos de controle. O controlador paralelo é difícil de ser
Existem características padronizadas e sintonizado e de se manter sintonizado e
existem aquelas especiais, fornecidas raramente é fabricado. Mesmo assim, a
somente quando explicitamente solicitado. maioria da literatura técnica apresenta as
Não especificar todas as necessidades equações e relações do controlador
requeridas implica em se ter um controle paralelo, pois elas são separadas e
de processo insatisfatório e até impossível. facilmente representadas.
Especificar o equipamento com
características extras que não terão
utilidade é, no mínimo, um desperdício de
dinheiro. É também uma inutilidade a
especificação do instrumento com

54
Controlador
2.3. Controlador Analógico
Proporcional
+ Historicamente, até a década de 1970
Ponto ajuste + saída foi usado principalmente o controlador
Integral analógico pneumático, até a década de
+
+ 1980, o controlador analógico eletrônico e
+
Derivativa a partir da década de 1980, o controlador
medição digital eletrônico.
O controlador analógico usa sinais
Fig. 4.6. Algoritmo paralelo (ideal) contínuos para computar a saída do
controlador. Testes feitos em controlador
2.2. Controlador Série analógico industrial eletrônico revelaram os
seguintes resultados:
O controlador série computa o modo 1. a banda proporcional medida era de
derivativo em série com os modos 0 a 25% maior que a marcação do
proporcional e integral. Os modos são dial,
interativos no domínio do tempo mas são 2. o tempo integral medido era cerca
não interativos no domínio da freqüência. de 100% maior que a marcação do
O controlador série é chamado de real e dial,
interativo por Shinskey. 3. o tempo derivativo marcado era
A maioria dos controladores industriais, cerca de 40 a 70% menor que a
analógicos e digitais, calcula inicialmente o marcação do dial,
modo derivativo, antes do integral, para 4. o tempo integral medido não se
reduzir o erro de pico. alterava com a variação do ajuste
O tempo derivativo equivalente do do tempo derivativo. [Teoricamente,
controlador paralelo não pode mais ser para o controlador série, o tempo
maior do que 1/4 do tempo integral, porque integral deveria aumentar com o
o tempo integral aumenta mais rápido que aumento do tempo derivativo].
o tempo derivativo, quando o tempo 5. o tempo derivativo e a banda
integral do controlador série é aumentado. proporcional medidos obedeceram
Os ajustes dos modos do controlador aproximadamente as equações
paralelo equivalente podem ser calculados teóricas, exceto que a variação
dos ajustes do controlador série, através medida foi menor que a calculada
das seguintes relações: para os ajustes grandes do dial.
6. a saída do controlador medida
BP = Ic BP' mostrou um pico sempre que um
ajuste derivativo de qualquer valor
T' i era feito.
Ti =
Ic 7. [O algoritmo teórico do controlador
série prevê somente um pico se o
Td = Ic T' d tempo derivativo fosse ajustado em
valores maiores que 1/4 Ti]
onde
BP, Ti e Td são os parâmetros do
controlador paralelo,
BP', Ti' e Td' são os parâmetros do
controlador série.
Ic é uma constante, definida como fator
de integração e vale matematicamente:
T'i
Ic =
(T'i +T'd )
A banda proporcional e o tempo
derivativo são menores e o tempo integral
é maior para o controlador paralelo.

55
Controlador
3. computa o valor apropriado para a
2.4. Controlador Digital entrada manipulada do processo,
4. gera um sinal de saída para o
Hoje se vive em um mundo analógico
elemento final de controle,
cercado por um universo de tecnologia
5. continua a mesma operação com a
digital. O computador digital é usado de
próxima variável controlada.
modo intensivo e extensivo na
O tempo requerido para conseguir um
instrumentação, no controle digital
novo nível da variável manipulada é
distribuído, no controle lógico programado
tipicamente curto comparado com o tempo
de processos repetitivos, no controle a
entre as amostragens. Portanto, pode-se
realimentação negativa de uma única
assumir que a entrada para o processo é
malha (single loop), em computação
uma seqüência de valores constantes que
analógica de medição de vazão, na
variam instantaneamente no início de cada
transmissão.
período de amostragem.
Embora o processo seja contínuo no
Deve-se ter um algoritmo de controle
tempo, o controlador digital existe em um
para o calculo dos valores das variáveis
mundo discreto porque ele tem
manipuladas. O prosaico algoritmo PID é
conhecimento das saídas do processo
ainda utilizado.
somente em pontos discretos no tempo,
Esta operação discreta é repetitiva e o
quando são obtidos os valores de
período é chamado de sample e hold.
amostragem.
A grande desvantagem do controlador
digital é a introdução de vários tipos de
tempo morto: devido ao tempo de
Proporcional amostragem, a computação matemática, a
+
filtragem analógica das harmônicas da
set point
Derivativa freqüência de amostragem e a
+ caracterização do modo derivativo. Por
+ + causa deste tempo morto adicional, o
Integral
medição
controlador digital não pode ser usado
indiscriminadamente em malha de controle
(a) Ação derivativa aplicado ao erro
de processo crítico e rápido, como para o
controle de surge de compressor ou
Proporcional controle de pressão de forno em faixa
+ estreita.
set point
Outra desvantagem do controle
+
-
analógico ser feito por um controlador
+ digital é o recebimento da amostragem. O
Integral
Derivativa recebimento dos dados de modo discreto é
considerado um distúrbio para a ação
derivativa, que poderá desestabilizar a
medição malha, gerando os impulsos na entrada
(positivo) e saída da amostra (negativo).
(b) Ação derivativa aplicada apenas à medição
Assim, deve-se evitar o uso da ação
derivativa em controlador digital ou então
Fig. 4.7. Controlador série (real)
pagar caro pelos complexos algoritmos
desenvolvidos para resolver este
problema.
Em geral o controlador digital
Por outro lado, o controlador digital
desempenha as seguintes tarefas:
aumentou a capacidade de computação
1. obtém um valor amostrado da saída
para o controle e para a caracterização das
do processo,
ações de controle, sendo adequado para
2. calcula o erro entre a medida e o
estratégias de controle avançadas, como o
ponto de referência armazenado no
controle preditivo antecipatório.
computador,
Tipicamente, o controlador digital é
superior ao analógico, em precisão e

56
Controlador
resolução dos ajustes dos modos de ainda, que a sua banda proporcional é
controle, na precisão da computação zero.
adicional, como na linearização e Um controlador liga-desliga pode ser
caracterização de sinal, mais flexível em substituído, por questão de economia, por
função da programação e da comunicação. uma chave automática, que irá fechar ou
Porém, o aumento da flexibilidade abrir em função da variável atingir um valor
resulta em um aumento da ajustado previamente.
responsabilidade do instrumentista, desde
que maior leque de escolha implica em
maior probabilidade de cometer erros.
O controlador digital usa sinais Medição Ponto de ajuste
discretos (sample e hold) para computar a
saída do controlador. Geralmente, o Barra de forças

controlador digital é baseado em


Relé pneumático
microprocessador. O controlador digital
emula o algoritmo analógico P + I + D. Palheta
Bico Suprimento

3. Controladores Pneumáticos Sem realimentação


Saída
Fig. 4.8. Controlador liga-desliga pneumático
Serão mostrados os diferentes circuitos
dos controladores pneumáticos, mesmo
que atualmente eles sejam pouco 3.2. Controlador de Intervalo
utilizados, para quem tem pouca Diferencial
familiaridade com os circuitos eletrônicos,
mostrados depois. O controlador liga-desliga pode sofrer
pequenas modificações que melhoram o
3.1. Controlador Liga-Desliga desempenho do circuito convencional.
O controlador de intervalo diferencial ou
O controlador liga-desliga é instável, de gap é análogo ao liga-desliga, porém,
por construção, pois não possui o circuito em vez de ter um único ponto de
de realimentação negativa, para diminuir referência, possui dois pontos de atuação:
seu ganho, que é, teoricamente, infinito. A um para ligar o elemento e outro para
sua construção é a mais simples possível e desligar. Entre os dois pontos há um
o controlador pneumático consiste de: intervalo ou gap.
1. fole de medição O principal objetivo do controle de
2. fole de ponto de ajuste intervalo diferencial é evitar as operações
3. conjunto bico-palheta freqüentes de partida e parada do
Como não se precisa estabilizar o operador final. A amplitude de oscilação é
sistema, não se usa o fole de aumentada, porém, a frequência de
realimentação negativa. O controlador liga- oscilação é melhorada e o elemento final
desliga também pode ser obtido a partir do de controle é acionado um menor número
controlador proporcional, retirando-se a de vezes.
sua realimentação negativa. A principal aplicação do controle de
A saída do controlador pneumático liga- intervalo diferencial é em sistema de
desliga é igual a 0 kPa ou 120 kPa, que é o medição de nível, quando não se quer o
valor da alimentação. O elemento final de controle exato do nível, mas se deseja
controle acionado por um controlador liga- apenas evitar que o tanque vaze ou fique
desliga está em uma das duas condições vazio. O motor da bomba de enchimento é
possíveis: ou totalmente fechado ou ligado no nível mínimo e desligado no nível
totalmente aberto. Como conseqüência, a máximo. Entre os dois níveis o motor
saída do controlador liga-desliga e a permanece numa situação estável: ligado
variável controlada estão oscilando quando estiver subindo e desligado
continuamente, com amplitude constante. quando estiver descendo. Desse modo o
Diz-se que o ganho total da malha é igual a motor da bomba é ligado poucas vezes.
um ou o ganho do controlador é infinito ou

57
Controlador
3.3. Controlador Proporcional responsável pela estabilidade do
sistema.
Para se entender os princípios básicos, 5. mola, usada para contrabalançar a
será visto aqui o circuito básico do
força do fole proporcional.
controlador proporcional. Por simplicidade
Normalmente a mola é ajustada
e por exigir menos pré-requisitos, será
para prover a polarização do
mostrado primeiro o esquema simplificado
controlador. Ela é ajustada para o
do controlador pneumático. controlador produzir uma saída de
Será admitido que seja sabido o 60 kPa, quando o erro for igual a
funcionamento do conjunto bico-palheta-
zero.
relé pneumático. O conjunto bico-palheta
6. o fulcro ou ponto em torno do qual
gera um sinal pneumático padrão de 20 a
as forças se equilibram. O
100 kPa, proporcional a distância relativa deslocamento desse ponto em
entre o bico que sopra e a palheta que torno da barra de forças é que
obstrui. O bico é alimentado pela
estabelece o valor da banda
alimentação pneumática de 120 kPa. O
proporcional do controlador. Quanto
relê serve para amplificar
mais próximo o ponto estiver dos
pneumaticamente a pressão e o volume de
foles medição-ponto de ajuste, mais
ar comprimido. Os foles pneumáticos larga é a banda proporcional, menor
exercem forças que são proporcionais aos é o ganho e menos sensível é o
sinais de pressão recebidos. Assim,
controlador. Quando mais próximo
quando se falar do fole de medição, pode
estiver o ponto de apoio do fole
se estar referindo indistintamente ao valor
proporcional + mola, mais estreita é
da medição, a pressão exercida no fole, ou a banda proporcional, maior é o
na força exercida pelo fole. Foi ganho e mais sensível é o
considerado o sistema a balanço de forças,
controlador.
quando poderia ter sido escolhido o de
No caso extremo do fulcro estar no
balanço de movimentos.
ponto de contato dos foles de medição e
O circuito básico do controlador de ponto de ajuste, o controlado não
pneumático com ação proporcional é responde a nenhuma variação; não há
constituído dos seguintes elementos:
controle. Quando o fulcro coincidir com o
1. fole de medição, que recebe o sinal
fole proporcional e a mola, não há
da medição da variável do processo
realimentação negativa, o sistema é
2. fole de ponto de ajuste,
instável e o controlador é liga-desliga, a ser
estabelecido manualmente ou de visto depois.
modo remoto. Esse fole sempre O fole proporcional é um dispositivo
está em oposição ao fole de
que fornece a realimentação negativa ao
medição, a fim de que seja
controlador antes que a medição o faça,
detectado o erro ou o desvio entre
através do processo. A realimentação
ambos os valores. interna do controlador é mais rápida que a
3. conjunto bico-palheta-relé, para realimentação externa do processo. O fole
gerar o sinal de saída do
proporcional dosa a correção do
controlador. (A alimentação
controlador, evitando uma correção
pneumática de 120 kPa é aplicada
exagerada para uma determinada variação
ao bico, através do relê
do processo. Se houvesse apenas a
pneumático.) realimentação externa, provida pela
4. fole proporcional ou fole de medição do processo, a correção seria
realimentação negativa, que recebe
muito demorada e sempre haveria
o sinal de saída do relê, que é a
sobrepico de correção.
própria saída do controlador. A
finalidade do fole proporcional é a
de estabilizar o sistema em uma
posição intermediária. A
realimentação negativa é a

58
Controlador
permanente entre medição e ponto de
ajuste, exceto quando ambos são iguais a
60 kPa.

M
3.4. Controlador Proporcional mais
SP
Integral
RN
Fulcro Raramente se utiliza a ação integral isolada. Em
compensação, o controlador com as duas ações,
proporcional e integral, é utilizado em cerca de 70%
Mola das malhas de controle de processo.
O controlador proporcional mais
Palheta Suprimento integral possui as duas ações
independentes e com objetivos diferentes e
complementares:
20 a 100 kPa 1. a ação proporcional é estática e
serve para estabilizar o processo.
Fig. 4.9. Esquema simplificado do controlador Porém a ação isolada é insuficiente
pneumático proporcional para manter a medição igual ao
ponto de ajuste e deixa um desvio
permanente.
Enquanto houver erro entre a medição 2. 2.a ação integral é dinâmica e serve
e o ponto de ajuste, os seus foles tem para eliminar o desvio permanente
pressões diferentes, o fole de deixado pela ação proporcional. A
realimentação atua. Quando a medição ação integral é uma correção
fica igual ao ponto de ajuste a saída do adicional e atua depois da ação
controlador se estabiliza. Quando aparece proporcional.
algum erro, a saída do controlador irá No controlador pneumático
também variar, para corrigir o erro. Desse proporcional e integral, acrescenta se um
modo, como a saída do controlador está fole junto a mola. Em vez de se ter uma
realimentada ao fole proporcional, o fole irá força fixa, tem se uma força variável, que
atuar até conseguir uma nova estabilização pode equilibrar as forças proporcionais às
entre a medição o ponto de ajuste. Porém, pressões da medição, do ponto de ajuste e
desde que a medição se afastou do ponto da realimentação negativa.
de ajuste, ele volta a ficar igual ao ponto de O controlador pneumático P + I possui
ajuste, porém, não igual ao valor anterior os seguintes componentes :
ajustado. 1. o fole de medição,
O controlador pneumático proporcional 2. o fole de ponto de ajuste, em
possui os três foles: de medição, de ponto oposição ao fole de medição,
de ajuste e de realimentação negativa. 3. fole de realimentação negativa ou
Para completar o balanço das forças fole proporcional,
exercidas por estes foles é introduzida uma 4. fole integral, que se superpõe à
quarta força fixa, exercida por uma mola, mola e em oposição ao fole de
geralmente ajustada para fornecer uma realimentação. Ele também recebe
força equivalente a pressão de 60 kPa a realimentação da saída do
(50% de 20 a 100 kPa). Como a força da controlador, atrasada e em
mola é fixa, só existe um ponto para a oposição ao fole proporcional. A
medição ser igual ao ponto de ajuste, que realimentação positiva da saída do
é exatamente o ponto correspondente a 60 controlador ao fole integral é feita
kPa. Em todos os outros pontos, o através de uma restrição
controlador consegue estabilizar o pneumática. O objetivo desta
processo, porém com a medição diferente restrição ajustável é o de atrasar o
do ponto de ajuste. Este é o modo físico de sinal realimentado, determinando a
mostrar porque o controlador proporcional ação integral. Ela pode ficar
não consegue eliminar o desvio totalmente fechada, de modo que

59
Controlador
ela corta a realimentação e elimina imediatamente. Esta atuação deixa um
a ação integral ou totalmente desvio entre a medição e o ponto de
aberta, quando não produz ajuste. Logo depois da ação proporcional e
nenhuma restrição, nenhum atraso enquanto persistir alguma diferença entre a
e a ação integral é a máxima medição e o ponto de ajuste, a ação
possível. integral irá atuar, até que a medição fique
Na prática, o circuito pneumático novamente igual ao ponto de ajuste. A
completo da unidade integral possui o fole, ação integral irá atuar no processo até que
o tanque integral e a restrição. Aqui, por se tenha novamente outro equilíbrio entre
simplicidade, supõe-se que o próprio fole a medição e o ponto de ajuste.
integral possui uma capacidade suficiente.
3.5. Controlador Proporcional +
Derivativo
No controlador pneumático
proporcional e derivativo, acrescenta se
M M
uma restrição no circuito de realimentação
Restrição integral
negativa. Em vez de se ter uma
Fulcro Ajuste da banda
proporcional
realimentação instantânea, tem-se uma
realimentação com um atraso ajustável.
O controlador proporcional mais
Fole integral
RN
derivativo possui o seguinte desempenho:
1. a ação proporcional estabiliza
estaticamente o processo,
corrigindo os erros
20 a 100 kPa
proporcionalmente as suas
amplitudes,
2. a ação derivativa adiciona uma
Fig. 4.10. Controlador PI pneumático componente corretiva, para cuidar
principalmente dos erros com
O controlador proporcional mais variação rápida.
integral possui duas realimentações da sua Note se que o controlador P + D deixa
saída: o desvio permanente entre a medição e o
1. a realimentação negativa, aplicada ponto de ajuste. A ação derivativa é
diretamente ao fole proporcional, incapaz de corrigir o desvio permanente,
2. a realimentação positiva, aplicada pois ele é constante com o tempo.
ao fole integral através de uma O circuito do controlador proporcional
restrição pneumática ajustável. mais derivativo é constituído de:
Com a restrição numa posição 1. o fole de medição,
intermediária, as pressões do fole 2. o fole de ponto de ajuste, em
proporcional e do fole integral não podem oposição ao fole de medição,
ser simultâneas. A ação proporcional é 3. o fole proporcional, sendo
imediata e a ação integral é atrasada; realimentado negativamente da
imediatamente após o aparecimento do saída e através da
erro há a realimentação negativa e depois 4. restrição derivativa.
de um intervalo ajustável, atrasada, há a Na prática, o circuito pneumático
realimentação positiva. completo da unidade derivativa possui o
Quando o processo se estabiliza, tem- fole, o tanque derivativo e a restrição. Aqui,
se o circuito do controlador equilibrado: a por simplicidade, supõe-se que o próprio
força da medição é igual a do ponto de fole integral possui uma capacidade
ajuste e a força do fole proporcional é igual suficiente.
a do integral. Quando aparece um distúrbio O objetivo da restrição é o de atrasar a
no processo e a medição se afasta do realimentação negativa. Como a
ponto de ajuste, o controlador P + I faz realimentação negativa atrasa a resposta
uma correção proporcional ao erro, do controlador, atrasar o atraso eqüivale a

60
Controlador
adiantar a resposta, para os desvios a ação derivativa interfere também
rápidos do processo lento. Por esse motivo no modo integral.
a ação derivativa é também chamada de 2. a ação derivativa segue a ação
ação antecipatória: proporcional
3. a ação derivativa modifica a saída
do controlador quando há variação
do ponto de ajuste, provocado pelo
operador. Se esta variação for
M M
muito rápida, e geralmente o é, a
saída do controlador produz um
Fulcro Ajuste da banda
proporcional
pico, podendo fazer o processo
oscilar.
A solução prática para eliminar esses
RN
Mola problemas é colocar o circuito derivativo
antes das ações proporcional e integral e
atuando apenas na medição.
20 a 100 kPa
Restrição derivativa
3.6. Proporcional, Integral e
Derivativo
Fig. 4.11. Controlador PD pneumático O controlador proporcional mais
integral mais derivativo possui as três
O controlador proporcional mais ações de controle e é o mais completo
derivativo possui o seguinte possível. Repetindo os objetivos das
funcionamento: ações:
1. imediatamente após a variação 1. a ação proporcional estabiliza o
rápida do processo não há processo, provocando uma
realimentação negativa, pois há correção proporcional ao valor do
uma restrição pneumática. O erro, instantaneamente,
controlador se comporta como um 2. a integral é uma ação auxiliar que
controlador liga-desliga, ou com elimina o desvio permanente,
uma banda proporcional muito produzindo uma correção
estreita, proporcional à duração do erro,
2. com o passar do tempo, a depois da ação proporcional,
realimentação negativa vai se 3. a derivativa é uma ação adicional
processando e pressurizando o fole que apressa a correção, gerando
proporcional e tornando o uma ação proporcional à
controlador estável. velocidade da variação do erro,
3. quando a variação do processo é antes da ação proporcional.
muito lenta, praticamente a ação Matematicamente tem-se:
derivativa não atua, pois lentamente
também está havendo a 1 de
realimentação negativa.
s = s0 + Ke +
Ti ∫ edt + Td
dt
Desse modo, quanto mais brusca for a
variação na medição, menor será a ação
imediata da realimentação negativa e mais ou, no caso prático onde a ação derivativa
ação corretiva será transmitida a válvula, só atua na medição m da variável,
pela ação derivativa.
Quando se coloca o circuito derivativo 1 dm
no elo da realimentação negativa do fole
s = s0 + Ke +
Ti ∫ edt + Td
dt
proporcional há alguns inconvenientes:
1. há a interação entre os modos
O modo proporcional é o modo básico
proporcional e derivativo. Quando o
e é sempre utilizado nos controladores
controlador possui o modo integral,

61
Controlador
analógicos. Ele é o principal responsável
pela estabilidade do processo. 4. Controladores Eletrônicos
O modo integral deve ser usado para
eliminar o desvio permanente entre a A seguir serão mostrados os circuitos
medição e o ponto de ajuste. Ele deve ser dos controladores analógicos eletrônicos,
evitado quando há possibilidade de baseados em amplificadores operacionais
saturação. Ou, o que é mais inteligente, (amp op). Estes circuitos são mais
devem ser tomados cuidados especiais abstratos e difíceis de entender que os
para se evitar que a ação integral leve o pneumáticos, mostrados anteriormente,
controlador para a saturação. para quem não tem uma base de
Eletrônica.

4.1. Controlador Liga-Desliga


M M A saída do controlador liga-desliga está
Restrição integral
totalmente ligada ou totalmente desligada.
Fulcro Ajuste da banda Isto causa o atuador aplicar toda a
proporcional
potência ou nenhuma potência ao
processo. Exemplos de controle liga-
Fole integral
desliga são: refrigeração da geladeira,
RN
condicionador de ar residencial.
Para ser prático, o controlador liga-
desliga tem uma banda morta ou histerese.
20 a 100 kPa Quando o erro tem um grande valor
Restrição derivativa
negativo, a variável de processo é muito
maior que o ponto de ajuste e o
Fig. 4.12. Controlador PID pneumático controlador esta desligado. Isto
corresponde a um ambiente muito quente.
Somente após o erro atingir um valor
O modo derivativo de ser usado em positivo (a-->b-->c), então o controlador
processos com grande inércia e que chaveia a saída para 100%. Esta condição
sofrem variações bruscas, que seriam ligada continua enquanto houver qualquer
vagarosamente corrigidas, em o modo erro positivo (valor real agora abaixo do
derivativo. Porém, a ação derivativa deve valor desejado). Isto corresponde as
ser em processos com muito ruído, que ambiente ficando cada vez mais frio e o
são pequenas e numerosas variações aquecedor se liga. Mesmo quando o erro
bruscas. A ação derivativa iria amplificar cai abaixo de zero, ponto f, o controlador
esses ruídos, tornando o desempenho do não se desliga imediatamente. Por causa
controle do processo prejudicado. da banda morta, a saída do controlador irá
O modo proporcional desempenha uma desligar somente após o erro cair abaixo
realimentação negativa no interior do de determinado erro negativo (vai de g
controlador, tornando-o mais estável. A para b)
ação integral executa uma realimentação Com tal banda morta, o erro nunca
positiva, se opondo a ação proporcional. A pode ser mantido a zero. Em um mínimo, o
ação derivativa, geralmente separada e erro flutua entre + ou - E, quando o
anterior as outras duas ações, retarda a controle saída entre totalmente desligado
realimentação negativa, apressando a para totalmente ligado, de ligado,
correção. desligado, ligado, desligado,...
Para minimizar este erro residual
(distancia entre + E e - E) deve se
diminuir a banda morta. Porém, sem a
banda morta, uma pequena diminuição da
PV faz o erro ficar positivo, fazendo o
controlador ligar. Para processo com baixa
capacidade de armazenar energia

62
Controlador
(inércia), isto poderia aumentar o PV. O amp op U3 inverte os níveis de U2. O
Qualquer pequeno aumento no PV torna o diodo zener na saída restringe a tensão.
erro negativo, imediatamente fazendo o Muita vezes, somente a saída positiva é
controlador desligar. Outro pequeno permitida. Quando a saída tende a ficar
distúrbio, diminui PV, faz o ciclo saturada negativa, o zener irá conduzir e a
recomeçar. A saída irá oscilar saída fica em -0,6V.
rapidamente, de modo que o atuador final Os controladores das Fig. 4.12 e Fig.
será atuado com muita frequência, 4.13 são de ação inversa. A saída se move
podendo se danificar rapidamente. no sentido oposto a variável do processo.
Quando a medição aumenta, a saída do
controlador diminui e quando a medição
diminui, a saída aumenta. Isto é típico em
Saída controlador aplicações de sistema com controle de
aquecimento. Quando a temperatura cai, o
aquecedor fica ligado. Se a temperatura
sobe muito, o controlador desliga.
Refrigeração requer controlador de
ação direta. Em um controlador direto, a
−∆E 0 +∆E Erro
medição e a saída do controlador variam
no mesmo sentido. Quando a temperatura
Fig. 4.13. Curva de transferência do controlador liga- aumenta, a saída do controlador aumenta,
desliga mostrando histerese ligando o compressor. O abaixamento da
temperatura gás a saída do controlador
cair, desligando o compressor refrigerante.
A banda morta diminui. A histerese ou O controlador da Fig. 4 pode ser
a banda morta é necessária para evitar convertido de ação inversa para direta,
uma oscilação de alta frequência. invertendo as entradas do comparador U3.
Deve se haver uma escolha da banda É fundamental definir a ação do
morta para ter um compromisso entre a controlador, direta ou inversa, no projeto
amplitude do erro e a frequência de do sistema.
oscilação. Um controlador eletrônico é
mostrado.
O amp op U1 é o amplificador de erro,
diferencial. Sua saída é o sinal de erro e
aciona a entrada de U2. O amp op U2 é
comparador com histerese.
U2 não é um amplificador, pois a
realimentação é feita para a entrada não
inversa.
Quando o Verro é negativo, U2 vai para
a saturação positiva (+V). Fig. 4.14. Controlador liga-desliga
Os resistores R1 e R2 dividem a tensão
de saturação, produzindo uma tensão de
referência positiva.
Somente a saturação da saída fica 4.2. Controlador Proporcional
negativa, a tensão de referência (terminal 3
de U2) é chaveada para uma tensão de A resposta tudo-ou-nada do controlador
referência negativa (- ), com . liga-desliga é adequado para sistemas
O erro agora deve se tornar mais lentos com grande inércia, quando se pode
negativo do que esta tensão negativa de tolerar algum erro apreciável. Nos outros
referência antes de U2 chavear de novo casos, se quer uma região linear de
para a tensão de referência positiva. controle, fornecida por um controlador
Assim, U2 produz a banda morta ou proporcional.
histerese Como no controlador liga-desliga, um
grande erro negativo faz o controlador

63
Controlador
proporcional ir para um ponto totalmente Verro = 0, e Rf = Ros
fechada (ponto a). Grande erro positivo
manda. a saída para totalmente aberto Vout = Vos
(ponto a), como controlador de duas
posições. Pode se variar Vos para garantir saída
Porém em vez de uma banda morta, o para erro zero. Geralmente, este valor é
controlador possui uma banda registrado em 50%do fundo de escala de
proporcional. saída.
A banda proporcional é a região onde o A inclinação da curva de transferência
controlador responde linearmente. (pontos é determinada pelo ganho (ou banda
b e c). Pequenas variações de erro, em proporcional), dado pela relação.
torno do zero, causam variações
proporcionais na saída do controlador. Isto Rf
dá um controle mais eficiente e mais fino. m=
Ri
Se o eixo é escalonado em volts,

Rf VoFS
m= =
Ri %BP × VerroFS

Saída controlador

100%
Fig. 4.15. Curva de transferência do controlador
proporcional

O controlador proporcional e descrito


principalmente por sua banda proporcional. Erro
A banda proporcional é a variação no erro
(como percentagem do erro total) que fará Banda proporcional
a saída ir do 0% para 100%
O esquema de um controlador Fundo de escala do erro
proporcional é dado na Fig. 4.15. O amp
op U1 produz o sinal de erro a partir de
Vsp e Vpv. O amp op U2 fornece a banda
proporcional ou a banda proporcional. U3 é Saída controlador
simplesmente um inversor para compensar 100%
a inversão dada por U2. O diodo zener
limita a saída positiva (V3) e negativa (-
0,6).
A equação do circuito é:

Rf R Erro
Vo = Verro + f Vos
Ri Ros
Banda proporcional
Geralmente, Rf = Ros, de modo que
Fundo de escala do erro
Rf
Vo = Verro + Vos
Ri Fig. 4.16. Curva de transferência para bandas
proporcionais de 80% e 10%
Com erro zero,

64
Controlador
Matematicamente, a saída do do controlador integral fica constante. É
controlador pode ser escrita como: mantida a saída que foi necessária para
eliminar todo o erro.
Vo = K P Verro
onde 4.4. Controlador Integral
Vout - saída do controlador A taxa de variação da saída de um
Kp - ganho do controlador controlador integral é proporcional ao erro.
Verro - erro Matematicamente,

A função de transferência do dv o
controlador proporcional é: = KIv erro
dt
Vo
= KP onde
Verro vo - saída do controlador
KI - constante de integração
O controlador proporcional pode ter verro - erro
ação direta ou inversa. Com a ação
Quando há um grande erro, a saída do
inversa, um aumento da variável de
controlador varia rapidamente para corrigir
processo provoca uma diminuição na sua
o erro. Quando o erro vai diminuindo, a
saída.
saída do controlador varia mais
O amp op U3 é responsável pela
lentamente. Isto minimiza a correção
inversão desta ação. O controlador com
excessiva. Enquanto houver qualquer erro,
ação direta não possui o amp op U3. A
a saída do controlador continua a variar.
saída se move em fase com a variável.
Assim que o erro é eliminado, a variação
Para uma ação direta, a curva (erro x
da saída do controlador também vai para
saída) do controlador proporcional tem
zero. Isto significa que o controlador
inclinação negativa.
mantém a saída que eliminou o erro.
Um grande erro, faz a saída variar
rapidamente. A diminuição do erro faz a
saída variar mais lentamente. Quando o
erro desaparece, a saída fica constante.

dv o
= KIv erro
dt

Como conseqüência,

v o = KI ∫ v errodt + Vo
Fig. 4.17. Controlador proporcional
onde Vo é o desvio permanente inicial
do controlador.
A transformada de Laplace dá
4.3. Controlador Proporcional
Integral KIVerro
Vo =
Para eliminar o erro residual, a s
resposta do controlador deve ser alterada.
A saída do controlador proporcional era e a função de transferência vale:
proporcional ao erro do sistema. O
controlador integral tem uma saída cuja Vo K
= I
taxa de variação é proporcional ao erro. Verro s
Enquanto houver erro, a saída continua
variando. Quando o erro fica zero, a saída

65
Controlador
A Fig. 4.18 é o esquema simplificado saída será negativa (observe o sinal
de um amp op integrador. Por causa da negativo na eq. 5.13). Este sinal de
realimentação negativa capacitiva, a controle negativo é invertido e limitado por
entrada inversora é mantida no terra U3 e o diodo zener. O resistor Rcomp
virtual. A tensão de entrada então faz permite que a corrente de polarização
circular a corrente de entrada em Ri. bypasse Ci. Sem Rcomp, as correntes de
No amp op integrador a corrente i vale
polarização genéricas seriam grandes e
carregariam Ci, mesmo com a tensão de
Vi erro zero. Isto faz a saída de U2 aumentar
i=
Ri lentamente até ficar saturada. Selecione
Esta corrente que passa por também
passará pelo capacitor, pois a impedância Rcomp > 10 Ri
de entrada do amp op é infinita. A relação
corrente/tensão no capacitor vale: se a saída de U2 aumenta com Verro =
dv C i zero.
=− O erro zero significa que há tensão
dt Ci
zero em cada lado de Ri. Erro zero
ou
significa que não há corrente fluindo
i
Ci ∫
vC = − idt + Vo através de Ri. Assim, idealmente, Ci não
pode se carregar e nem se descarregar. Ci
é mantido em sua tensão. Porém, quando
1 se adiciona Rcomp para impedir que as
RiCi ∫
vC = − v idt + Vo correntes de polarização carreguem Ci, o
capacitor Ci pode se descarregar
logo lentamente através de Rcomp. Com erro
zero, então, a saída irá cair lentamente em
1
KI = − vez de ficar constante, pois Ci descarrega
RiCi através de Rcomp. Deve haver um
compromisso: sem Rcomp ou com Rcomp
onde muito grande tem-se correntes de
KI é a constante de integração (unidade polarização carregando Ci; Rcomp muito
é inverso de segundo) e pequena permite Ci se descarregar em vez
RiCi é o tempo de integração (unidade de manter constante sua tensão.
é segundo). Escolhendo U2 com uma corrente de
polarização muito pequena é uma solução.
CD Amp op a FET ou CMOS possui correntes
de polarização da ordem de picoampere
(10-12 A) ou menos. Assim, a solução é
RD +V usar um amp op a FET ou CMOS para U2
vi e sem Rcomp.
- vo l

+
-V

Fig. 4.18. Amp op integrador

O esquema completo de um
controlador integral é dado na Fig. 4.19. O
Fig. 4.19. Controlador integral
amp op U1 produz o sinal de erro. O
integrador é U2. Para erro positivo, sua

66
Controlador
Uma segunda característica não ideal
também atrapalha a estabilidade do Este erro é aplicado aos controladores
integrador U2. Todos os capacitores proporcional e integral. No controlador
possuem uma resistência de vazamento. O proporcional, U2, o erro recebe um ganho.
capacitor é equivalente a um resistor em
paralelo com as suas placas. Assim, R2
alguma carga armazenada no capacitor irá KP =
R1
descarregar lentamente através da
resistência de vazamento. Na realidade, o
capacitor está fornecendo a Rcomp. Para
capacitores eletrolíticos de alumínio a
constante de tempo CRvazamento é de
alguns segundos. Porém, capacitores de
teflon, filme (polipropileno, polistireno,
poletileno e policarbonato) possuem
constante de tempo formada pela
resistência de vazamento de tipicamente 1
Ms. Deve-se sempre especificar um
capacitor de baixa corrente de vazamento.
Em resumo, um controlador integral
continua a variar sua saída até que o erro
vai para zero. A integração é realizada por
um amp op com um capacitor na
realimentação negativa. Deve-se controlar Fig. 4.20. Controlador Proporcional Integral Paralelo
as correntes de polarização
cuidadosamente ou compensa-las. Deve-
se, também, selecionar o tipo de capacitor O controlador integral toma a integral
apropriado, para evitar sua auto descarga. do erro, dando:

4.5. Controlador Proporcional v = −KI ∫ v errodt + Vo


Integral
O controlador integral puro tem uma onde
resposta a transiente muito ruim. O erro
deve produzir uma entrada tipo degrau no 1
controlador integral. Ele irá responder KI =
RiCi
através de uma rampa começando do
zero. Um controlador proporcional
responde a um erro degrau com um outro Estes dois sinais são combinados por
degrau proporcional. Porém, o controlador U4, um somador inversor, que dá uma
integral continua a variar sua saída até que saída total:
todo o erro permanente seja eliminado. Um
controlador proporcional não pode eliminar v o = K P v erro + KI ∫ v errodt + Vo
totalmente o erro. O controlador
proporcional-integral é um esforço para No domínio de Laplace isto torna
combinar as vantagens de ambos os
KIVerro
controladores: boa resposta transiente do Vo = K P Verro +
proporcional e eliminação do erro do s
integral.
Um controlador propocional-integral A função transferência para o circuito
paralelo é mostrado na fig. 4.18. O amp op na Fig. 4.20 é então:
U1 é o amplificador de erro, realizando o
cálculo Vo K
= KP + I
Verro s
verro = vSP - vPV

67
Controlador
Substituindo vin = -KP Verro na eq.
ou 5.15 dá

Vo K s + KI v = −K I ∫ ( −K P v erro )dt + Vo
= P
Verro s
v = K PK I ∫ v erro dt + Vo

O somador U4 é realmente um
amplificador diferencial,

v o = K P v erro + K PK I ∫ v erro dt + v o

A transformada de Laplace da eq. 5.16


é

K PK I
Vo = K P Verro + Verro
Fig. 4.21. Controlador PI Série s

A função de transferência:
O controlador proporcional-integral
série é mostrado na Fig. 4.21. O amp op Vo K s + KI
= P
U1 é o amplificador de erro, realizando o Verro s
cálculo:
Vo Ts +1
verro = vSP - vPV = KP i
Verro Ti s
Este erro é a entrada do controlador
proporcional, U2. Realmente, é somente onde
um amplificador inversor. Seu ganho é a
constante de proporcionalidade, KP: 1
Ti = = R iCi
KI
R2
KP =
R1 R2
KP =
R1
Duas coisas devem ser notadas. A
saída de U2 é invertida. Este controlador
proporcional não tem desvio permanente. Os engenheiros de projeto de controle
A entrada para o integrador U3 é a especificam o controlador em termos de
saída do controlador proporcional, - sua função de transferência, eq. 5.18.
KPVerro. De acordo com a eq. 5.13, Geralmente, a constante de integração
KI é dada em termos de repetições por
minuto. KI tem unidade de inverso de
1 segundo (por segundo). Para converter isto
R iCi ∫
v=− v i dt + Vo
para repetições por minuto deve-se
multiplicar por 60 s/min.
ou O significado elétrico de KI é ilustrado
na Fig. 4.20. No tempo t1 há uma erro
degrau que faz a parte proporcional do
v = −K I ∫ v i dt + Vo controlador gerar um degrau. Assumindo
que o erro permanece constante, a parte
integral do controlador irá agora fazer a

68
Controlador
saída rampear para cima. A inclinação da inércia, fornecendo uma resposta muito
rampa é determinada por KI. Com uma mais rápida aos degraus de erro do que o
constante de integração de 1 repetição por controlador proporcional pode dar.
minuto, em 1 minuto a rampa irá levar a Esta correção da inércia é fornecida
saída para a mesma quantidade que a pelo controlador derivativo. Combinando
parte proporcional o fez. Isto é mostrado um controlador derivativo com um
na Fig. 4.22a. Na Fig. 4.22b, a parte proporcional-integral obtém o controlador
integral do controlador faz a rampa que padrão industrial de três modos ou o
triplica a saída produzida pelo controlador controlador PID.
proporcional. Isto é causada por uma
constante de integração de 3 repetições 4.7. Controlador Derivativo
por minuto.
A saída do controlador derivativo é
A operação do circuito pode ser melhor
proporcional à taxa de variação do erro:
analisada examinando-se sua resposta a
vários degraus em VPV (variável do
dv erro
processo). v o = KD
dt

A transformada de Laplace da eq. 5.19


Vo = K D sVerro

para a função de transferência:

Vo
= K Ds
Verro
A Fig. 4.23. ilustra a resposta de um
controlador derivativo. Um degrau no erro,
no tempo a, tem uma inclinação
aproximadamente infinita, dverro/dt. Isto leva
a saída do controlador para a saturação.
Entre os tempos a e b, b e c, e e f, o erro é
constante, embora diferente de zero. A
derivada ou inclinação do erro é zero, de
modo que a saída do controlador durante
estes intervalos é também zero. Um
aumento constante no erro tem uma
Fig. 4.22 Constante integral para 1 e 3 repetições inclinação constante, produzindo uma
por minuto saída constante (tempo c a d).
Aumentando a inclinação do erro aumenta
a magnitude da saída (tempo d a e). Um
aumento no erro tem uma inclinação
4.6. Controlador Derivativo e a Três negativa, que produz uma saída negativa
(tempo f a g).
Modos (PID)
O controlador proporcional-integral
remove todo erro permanente. Em muitos
sistemas, a parte proporcional fornece
resposta suficientemente rápida para
degraus no erro. Porém, em processos
com grande inércia necessitam de alguma
forma de rapidez adicional para responder
um degrau de erro. É necessário superar a

69
Controlador
v o = 2πfCDRDv i

Para sinais de baixa frequência, a


saída é muito pequena. Porém, a saída
aumenta com a frequência. Ruído de alta
frequência recebe um grande ganho. Em
altas freqüências, esta grande saída por
ser realimentada através da capacitância
parasita, reforçando-se na entrada. Ruído
de alta frequência e possíveis oscilações
perturbam o circuito da Fig. 4.24.

RD

CD +V
vi
- vo

Fig. 4.23. Relação entrada/saída de um controlador +


derivativo
-V

A Fig. 4.23 mostra o esquema de um


amp op diferenciador básico. Note que é Fig. 4.24. Diferenciador básico com amp op
justo um integrador em que o resistor e o
capacitor trocam de lugar. O ganho do amp
op inversor é: Isto pode ser resolvido adicionando-se
um resistor série Ri, como mostrado na
vo R Fig. 4.24. O resistor Ri, junto com CD,
=− f formam um filtro passa baixa na entrada.
vi Zc Esta solução simples para o problema de
alta frequência aumenta a complexidade
No domínio de Laplace de analisar o circuito. A transformada de
Laplace deve ser aplicada do inicio:
1
Zc =
Cs vo Z
=− f
vi Zi
vo RD onde
=− = −RDCDs
vi 1 / CDs Z f = RD
Há dois grandes cuidados que devem
1
ser tomados. Primeiro, para entradas Zi = Ri +
senoidais, CDs
ou
Z
v o = RD v i
ZCD Vo RD
=−
Vi Ri + 1 / Cs
RDv i
vo =
1 / 2πfCD Vo R Cs
=− D
Vi RiCs + 1

70
Controlador
Fazendo RDC = KD e RiC = τi, tem-se 4.8. Controlador PID Paralelo
Vo K Cs Combinando os controladores
=− D
Vi τis + 1 proporcional, integral e derivativo obtém o
A resposta desta diferenciação prática controlador PID. Ele oferece rápida
para a entrada mostrada na Fig. 4.25 é resposta proporcional ao erro, enquanto
dada na Fig. 4.26. tem um reset automático do modo integral
A segunda maior preocupação a ser para eliminar o erro residual. A ação
observada é que o controlador derivativo derivativa estabiliza o controlador e o
só produz uma saída para variações no permite responder rapidamente a
erro. Um sistema com grande erro variações no erro.
constante não produz saída de um O esquema de um controlador PID em
controlador derivativo. O controlador paralelo é mostrado na Fig. 4.26. Como
derivativo deve sempre ser usado em para os controladores integral e
combinação com outro tipo de controlador. proporcional-integral, deve-se adicionar um
O controlador derivativo responde a grande resistor em torno de Ci para
variações no erro, para superar a inércia compensar as correntes de polarização ou
do processo. Alta frequência compensa usar um amp op com pequena corrente de
este controlador e sempre o usa em polarização. O resistor derivativo limitante
combinação com outros controladores. R3 deve ser mantido o menor possível e
ainda garantir a estabilidade. Isto irá
simplificar a resposta do diferenciador.
Assumindo que o efeito destes dois
RD resistores não ideais são desprezíveis em
comparação com os efeitos causados pela
tensão erro,
Ri CD +V
vi
- vo
v o = K P v erro + K I ∫ v erro dt +K D
dv erro
+ Vo
Filtro passa dt
+
-V onde
R2
KP = , banda proporcional (ganho)
R1
Fig. 4.25. Diferenciador prático

1
KI = , constante de integração
RiCi

K D = R D CD , constante derivativa
Vo = carga inicial do integrador de
offset
Para se obter a função de
transferência, toma-se a transformada de
Laplace da eq. 5.24, que dá:

K I Verro
Vo = K P Verro + + K D sVerro
s

Vo K
= K P + I + K Ds
Verro s

Fig. 4.26. Resposta do diferenciador prático

71
Controlador

Vo K s2 + K P s + K I
= D 4.9. Over Run Derivativo
Verro s
A implementação paralela da Fig.
Esta expressão é chamada de 4.26tem um problema prático. Variações
implementação paralela do controlador no ponto de ajuste geralmente são feitas
PID. Cada termo é formado em paralelo e em degrau. Isto é verdade se o operador
então recombinados no somador. comanda o controlador manualmente, em
cascata com outro controlador ou de um
computador supervisório remoto. Um
degrau no ponto de ajuste causa um
degrau complementar no erro. A ação
derivativa do controlador respondendo a
taxa de variação satura. Isto satura a
saída, através do somador. Este degrau no
ponto de ajuste causa o controlador saturar
(lock up). O atuador é forçado a ficar
totalmente aberto (hard off). O processo
pode provocar overshoot ou oscilar.
A solução para esta instabilidade
produzida na ação derivativa é fazer que a
ação derivativa atue somente na variável
do processo e não no erro. Desde que o
erro é a diferença entre o ponto de ajuste e
a variável do processo, variações degrau
no ponto de ajuste não serão vistas pela
Fig. 4.27. Controlador PID paralelo ação derivativa do controlador e a
perturbação provocada pelo degrau no
ponto de ajuste será evitada.
É fácil fazer esta modificação no
controlador PID paralelo. Pela Fig. 5.24, a
entrada para o diferenciador foi movida da
saída do amplificador de erro. Ela é ligada
diretamente ao sinal da variável do
processo (vPV). A saída do diferenciador é
negativa. Para fazer a realimentação
negativa para o processo, a saída deve ser
somada à saída de outros controladores.
Assim, -KD dvPV/dt é ligada à entrada não
inversora do somador, U5. Os resistores
10 Ω e 5 kΩ atenuam o sinal, para
compensar o ganho inerente (causado por
Rf = 10 kΩ e
Ri = 10kΩ//10kΩ. A equação resultante, no
domínio do tempo é:

dv PV
v o = KP v erro + KI ∫ v errodt −KD + Vo
dt

Apostilas\Controle 3Controlador.DOC 02 DEZ 98 (Substitui 27 ABR 97)

72
5
Controlador Analógico

1. Controlador Pneumático de transmissor e seu sinal de saída vai atuar


em uma válvula de controle.
Painel
1.2. Modelos
1.1. Conceito
O modelo do controlador depende de
O controlador pneumático de painel, modelo 130,
vários parâmetros, como modo de
é o instrumento mais importante da linha.
estabelecimento do ponto de ajuste, uso de
O controlador pneumático, Foxboro
estação manual de controle, indicação do
modelo 130, é um instrumento projetado e
sinal de saída, possibilidade de controle
construído para ser montado em painel da
especial do tipo relação, cascata, auto-
série 102, tipo miniatura e de alta densidade
seleção, acoplamento com computador de
e que fornece um controle preciso e
processo digital.
eficiente ao processo.
Assim, quanto ao ponto de ajuste tem-se
os três modelos:
1. ponto de ajuste manual, modelo 130M
2. ponto de ajuste remoto, modelo 130P
3. ponto de ajuste manual/remoto,
modelo 130F
Quanto ao uso ou não uso de estação
manual de controle tem-se:
1. estação automática conjugada com
estação manual, modelo 130
2. estação automática sem estação
manual, com indicação da saída,
Fig. 5.1. Painel de leitura pneumático, mostrando modelo 131
indicador, estação manual e controlador com gráfico 3. estação automática sem estação
opcional lateral manual e sem indicação, modelo 132
Normalmente, as estações de controle
são integrais ao controlador. Porém, há
O controlador pneumático é alimentado configuração modular, quando a estação de
por 20 psig (140 psig), recebe um sinal controle é usada em conjunto com um
padrão de 20 a 100 kPa (3 a a5 psig ou 0,2 controlador cego, montado remotamente.
a 1,0 kgf/cm2), proporcional ao valor de Nessa configuração, as estações do painel
medição de uma variável, compara-o com são modificadas e há uma distribuição de
um sinal proporcional ao ponto de ajuste e circuitos e de funções, entre a estação de
gera um sinal de saída, que vai atuar no leitura, montada no painel e o controlador
processo de modo a manter o sinal de cego, montado no campo. Os modelos são:
medição igual ao ponto de ajuste ajustado.
O controlador recebe um sinal do

73
Controlador Analógico

Fig. 5.3. Vista dos circuitos pneumáticos do


controlador, com ajustes do P e I e D.

1.3. Modelo Básico, 130M


O modelo básico do controlador da linha
PCI-100 pode ser considerado o 130M. É
um controlador indicador pneumático com
Fig. 5.2. Vista frontal do controlador pneumático
ponto de ajuste estabelecido manualmente.
Seus sinais de saída e de entrada são 20 a
100 kPa. Sua alimentação é de 140 kPa (20
1. estação do painel, para leitura da psig).
medição, ponto de ajuste, contem a A descrição de sua parte frontal é a
chave de transferência Auto/Manual, seguinte:
modelo 130-D 1. na parte superior há uma plaqueta de
2. controlador cego, montado no campo, gravação, onde podem ser escritas até
contêm os circuitos de controle, ação duas linhas, com o máximo de 17
integral, derivativo, modelo 138. caracteres e espaços por linha. É uma
As outras estações de controle, para plaqueta normalmente translúcida, de
aplicações em sistemas completos de modo que podem ser instaladas
controle, como auto-seletor, cascata e pequenas lâmpadas de alarme
relação, são especiais e geralmente opcional sob a plaqueta.
incorporam em um único instrumento 2. o controlador possui uma escala
circuitos de vários instrumentos, para vertical, de tamanho efetivo de
facilitar a operação e diminuir as ligações 100mm. A escala é feita de plástico
externas. transparente e branco, com dígitos
As mais usadas são: gravados em preto. A escala é
1. sistema de controle auto-seletor, com intercambiável entre os controladores,
duas ou mais variáveis e com unidade indicadores e estações manuais.
de transferência Auto/Manual, modelo 3. o ponteiro de medição se move
130-A ou 130-S verticalmente ao longo da escala. Ele
2. sistema de controle cascata, contendo é de cor vermelha, fluorescente e
o circuito de dois controladores já facilmente visto, mesmo à distancia de
ligados internamente em cascata, alguns metros.
modelo 130MC- 4. o ponteiro de ponto de ajuste se move
3. sistema de controle de relação de verticalmente ao longo da escala. Ele
duas variáveis, modelo 130Z é de cor branca, com uma lista
4. sistema de controle supervisório do horizontal preta, do mesmo formato
ponto de ajuste, entre computador que o ponteiro de medição, porém,
digital de processo e instrumentação levemente maior. O ponteiro de
pneumática analógica, modelo 130K medição corre debaixo do ponteiro de
ponto de ajuste de modo que quando
eles se coincidem, apenas o ponteiro

74
Controlador Analógico

de ponto de ajuste é visível, o que é a impedem a retirada inadvertida do


condição ideal de operação. Quando instrumento da estante. Destravando o pino,
há desvios entre a medição e o ponto o instrumento pode ser retirado totalmente
de ajuste, a própria distancia entre os da estante, continuando o instrumento
ponteiros dá uma idéia do valor do conectado à estante pelo cabo. O
desvio. desligamento da estante é feito rapidamente
5. abaixo da escala há uma pequena através do desengate do cabo de ligação.
chave circular (SET), através da qual é O princípio de funcionamento do
estabelecido o ponto de ajuste controlador 130M é a balanço de forças. É
manualmente. A atuação dessa chave um sistema robusto, preciso, pouco sensível
gera internamente um sinal a vibrações e choques. Os foles receptores
pneumática padrão de 20 a 100 kPa e são metálicos, duráveis e lineares.
simultaneamente posiciona o ponteiro A precisão das indicações de medição e
de ponto de ajuste. ponto de ajuste é de ±0,5% da largura de
6. na parte inferior da estação faixa. A precisão da indicação da saída, feita
automática de controle, está a estação na escala horizontal da estação manual de
de controle manual. As duas estações controle é de ±2% da largura da faixa.
são independentes: pode-se retirar a
estação manual de controle e a 1.4. Especificações Funcionais
estação automática continua
funcionando normalmente. E vice- As funções de controle, aplicáveis ao
versa: pode se retirar a estação modelo 130M e aos outros modelos 130F e
automática de controle e o operador 130P, são as seguintes:
pode atuar manualmente no processo 1. controle liga-desliga, 130M-N1,
através da estação manual. 2. controle proporcional, 130M-N2
A estação manual de controle possui a 3. controle proporcional+derivativo, 130M-
indicação do sinal de saída que atua na N3,
válvula de controle. Ela possui uma chave 4. controle proporcional + integral, 130M-
circular, que gira em torno de um eixo N4,
vertical e que possibilita ao operador de 5. controle P + I + D, 130M-N5
processo atuar manualmente no processo. Os limites de ajustes dos controle são:
Quando se aciona esta chave, gera-se 1. banda proporcional: 5 a 500%
internamente um sinal padrão de 20 a 100 2. ação integral: 0,01 a 50 minutos por
kPa. repetição
A montagem do controlador é simples e 3. ação derivativa: 0,01 a 50 minutos
de baixo custo. O controlador é montado na A temperatura de trabalho é entre -20 a
estante padrão da série 102. São 65 oC.
disponíveis estantes com até dez posições, A pressão de suprimento: equivalente a
podendo alojar até 10 controladores. Várias 140 a 155 kPa (20 e 22 psig).
estantes podem ser agrupadas, formando Os s
painéis com grande densidade de inais de entrada e saída: 20 a 100 kPa.
instrumentos. Os custos de tubulações são O consumo de ar, em operação normal e
minimizados, pois cada estante possui um automática e modos de controle PI: 0,5
conjunto de alimentação pneumática, Nm3/h .
provendo bloqueio individual para cada Em operação manual o consumo é de
instrumento, em caso de retirada do 1,0 Nm3/h. A ação derivativa requer mais 0,1
instrumento. Nm3/h de ar comprimido.
O controlador 130M é um verdadeiro A ação de controle é reversível, entre
instrumento a estado de arte, com circuito direta e inversa, por uma rotação de 90o na
impresso pneumático, que substitui chave seletora, colocada no interior do
conexões discretas. O acesso ao instrumento.
controlador é feito através da parte lateral, A unidade de transferência Auto/Manual
retirando-se o instrumento da estante. Os é usada para controlar o processo de modo
instrumentos podem ser retirados automático e manual, sem provocar
parcialmente da estante. Pinos de trava distúrbios no processo na hora da

75
Controlador Analógico

transferência e sem a necessidade de um 1.7. Componentes Básicos


balanço prévio entre a saída manual e a
Um controlador pneumático deve ser
automática.
alimentado por um suprimento de ar
comprimido, com pressão típica 140 kPa. O
1.5. Especificações Físicas
controlador deve receber o sinal
Montagem: estante da série 102. Cada padronizado proporcional à medição, gerar
controlador ocupa uma posição de estante. um sinal interno de referência proporcional
O ângulo de montagem pode variar entre 0 ao ponto de ajuste ajustado e compará-los.
e 75o Em função dessa diferença entre medição e
A ligação à estante é feita por ponto de ajuste, o controlador deve gerar
conectores pneumáticos e quando um sinal automático, matematicamente
necessários, também por conectores dependente deste desvio, que vai atuar na
elétricos. válvula do processo de modo a eliminar ou
A escala vertical mede 100 mm, possui diminuir o desvio. Os sinais de medição,
marcação preta sobre plástico branco ponto de ajuste, saída desejavelmente deve
transparente. A escala horizontal, graduada ser indicados no display frontal.
de 0 a 100%, possui 20 divisões.
A plaqueta gravada é de plástico
translúcido e pode receber 2 linhas de
gravação, com o máximo de 17 caracteres e
espaços por linha. Cada letra mede 2,5 mm
de altura. O instrumento é construído de
alumínio extrudado, reforçado com tampas e
aço inoxidável. O acabamento das
superfícies é em tinta acrílica Enamel,
cinza.
Dimensões aproximadas: 205 mm de
altura, 70 mm de largura, 555 mm de
profundidade.
Massa aproximada de 5 kg. Fig. 5.4. Partes constituintes do controlador

1.6. Características Opcionais e


Especiais Desse modo, o controlador da série 130
é composto das seguintes unidades:
Registro lateral, com gráfico de 5".
1. a unidade de ponto de ajuste, que
Conexão externa para o circuito de
pode ser manual (130M), remota
controle integral, para evitar sua saturação.
(130P) ou remota/local (130F).
Lâmpadas de alarme e atuadores.
2. a unidade de controle automático, que
Modificação para controle tipo batelada.
contem a ação proporcional (130M-
Só aplicável aos controladores que incluem
N2) e as ações proporcional e integral
a ação integral, suscetível de saturação: PI
(130M-N4).
e PID.
3. a unidade de controle manual, que
Indicador de saída, em vez da estação
contem a chave seletora
manual de controle: modelo 131.
AUTO/MANUAL (exceto para o
Controlador automático sem estação
controlador modelo 131 e 132).
manual de controle: modelo 132.
4. a unidade de balanceamento
Os sinais de entrada e de saída podem
automático para a transferência A/M e
ser diferentes de 20 a 100 kPa.
M/A se processar sem distúrbio ao
O ângulo de montagem pode ser
processo e sem balanço manual
diferente de 0o.
prévio.
Quando não há alarme, a plaqueta de
5. a escala de indicação para a medição
gravação pode ser opaca.
e ponto de ajuste.
6. a escala de indicação para o sinal de
saída manual (exceto modelo 132).

76
Controlador Analógico

7. quando o controlador possui a ação alimenta o fole receptor que posiciona o


derivativa, a unidade derivativa, que ponteiro de indicação do ponto de ajuste.
atua diretamente no sinal de medição Finalmente, na versão combinada dos
(apenas -N3 e -N5) dois modos: ponto de ajuste local ou
remoto, as duas funções são associadas:
1.8. Unidade de Ponto de ajuste 1. há o conjunto bico-palheta, relé
aspirador e fole de realimentação,
O ponto de ajuste ou ponto de ajuste do
para a geração do sinal interno local.
controlador é indicado pelo respectivo
O acionamento manual da chave
ponteiro e é gerado internamente no
posiciona o ponteiro do ponto de
controlador ou recebido de outro
ajuste principal (local).
instrumento.
2. há o fole receptor do sinal externo,
São disponíveis três versões de
para a indicação do ponto de ajuste
controladores, com diferentes manipulações
secundário (remoto). O sinal de ponto
do ponto de ajuste:
de ajuste remoto atua diretamente no
1. ponto de ajuste manual (interno).
fole de ponto de ajuste do conjunto da
2. ponto de ajuste remoto (externo).
estação de controle automático.
3. ponto de ajuste remoto/local.
3. há uma chave seletora, com duas
No controlador com ponto de ajuste
posições, que recebe os dois sinais:
manual, o sinal é gerado internamente por
ponto de ajuste localmente gerado e
um conjunto de bico-palheta associado a um
ponto de ajuste remoto. Sua saída é o
relé aspirador linearizador. Não é usado o
sinal selecionado e indicado na chave:
relé amplificador convencional pois o sinal
L ou R.
padrão 20 a 100 kPa gerado é para uso
O segundo ponteiro de ponto de ajuste
interno ao instrumento e não se necessita
(remoto) é preto, de tamanho menor que os
de grande volume de ar. Quando se gira o
de medição e ponto de ajuste local.
botão para se estabelecer o ponto de ajuste
Também percorre a escala vertical, porém,
produzem-se dois efeitos:
está localizado do lado esquerdo, em
1. posicionamento linear do ponteiro de
oposição aos outros dois ponteiros.
referência
Ambas as indicações de ponto de ajuste
2. geração interna de um sinal padrão e
são atuantes, porém, internamente, apenas
com pequena capacidade de ar.
um sinal é manipulado na unidade de
A unidade de ponto de ajuste recebe a
controle automático.
alimentação de 140 kPa. O ajuste manual
da chave altera diretamente a posição da
1.9. Unidade Derivativa
palheta em relação ao bico. A posição
relativa entre bico-palheta modula o sinal de É claro que apenas o controlador que
saída da unidade. O sinal de saída do relé possui ação derivativa possui a unidade
aspirador vai para o fole de realimentação derivativa. Na maioria dos casos esta ação
negativa que mantém estável a posição da está associada às outras duas: proporcional
palheta. A saída da unidade de ponto de e integral. Raramente ela vem associada
ajuste vai alimentar o fole de ponto de apenas à ação proporcional.
ajuste, localizado na unidade de controle Para se evitar que a alteração do ponto
automático. de ajuste seja modificada pela ação
Quando o controlador possui apenas derivativa, a unidade derivativa é colocada
ponto de ajuste remoto, o sinal padrão do diretamente para receber o sinal de
ponto de ajuste é gerado externamente, por medição. A ação derivativa, desse modo, só
outro controlador, transdutor ou estação responde às alterações da medição da
manual de controle. Neste controlador não variável. Também, a unidade de controle
há unidade de ponto de ajuste. O sinal automático responderá rapidamente às
pneumático padrão de 20 a 100 kPa, atua variações da medição de processos tipo
diretamente no fole de ponto de ajuste da batelada, sem o atrasos inerentes às
unidade de controle automático. unidades com ação derivativa no circuito de
Simultaneamente e paralelamente, ele realimentação do controlador, após as
ações integral e proporcional.

77
Controlador Analógico

Durante as condições de regime, a 2. fole do ponto de ajuste, em oposição


unidade derivativa age como um receptor ao fole de medição. Recebe o sinal
1:1, sem afetar o controle. Quando ocorrer gerado localmente ou o sinal remoto,
uma variação da medição, a fim de apressar dependendo da seleção da chave
a ação corretiva total do controlador. REMOTO/LOCAL.
O sinal de medição, que vai posicionar o 3. fole integral, que recebe o sinal de
ponteiro de medição do controlador, saída do controlador através de uma
alimenta paralelamente o fole receptor da restrição. Ele realimenta positivamente
medição da unidade derivativa. O fole o sinal de saída da unidade.
transmite uma força para atuar no conjunto 4. fole proporcional ou de realimentação
bico-palheta. A unidade recebe a negativa, recebe livremente o sinal de
alimentação de ar comprimido, de 140 kPa, saída da unidade de controle
através do relé aspirador linearizador. A automático. Sua força se opõe à força
saída do relé é função da pressão do bico, do fole integral.
do conjunto bico-palheta. A posição da Todas as forças exercidas pelos foles,
palheta é função da medição da variável. A multiplicadas pelas distancias ao fulcro de
saída do relé aspirador é realimentada de apoio, devem se anular, para manter o disco
volta à unidade derivativa, através de um flutuante em equilíbrio estável. O disco
fole simples e de um fole com restrição. O flutuante age como a palheta, conjugada ao
conjunto restrição-fole que desempenha a bico, para gerar o sinal. Esse conjunto,
função matemática de derivada. Assim, a associado ao relé amplificador pneumático
saída da unidade derivativa reflete a constitui o sistema de geração do sinal de
variação da medição mais a resposta saída do controlador. Diferentemente das
derivativa da medição. O sinal de saída da unidades derivativa e de ponto de ajuste,
unidade derivativa vai alimentar o fole de que utilizam relé aspirador, a unidade de
medição da unidade automática de controle controle automático possui o relé
central do controlador. amplificador, pois o sinal de saída da
Matematicamente, quando a medição unidade é a própria saída do controlador,
variar segundo uma rampa, a saída da que irá atuar no elemento final de controle.
unidade derivativa soma à essa variação A posição relativa dos quatro foles
tipo rampa uma componente tipo degrau determina o modo de ação do controlador
(ideal). Na prática, como na natureza nunca ou a largura da banda proporcional:
há degrau perfeito, a ação derivativa 1. quando o fulcro coincide com os pontos
acrescenta à rampa uma variação de contato dos foles proporcional e
exponencial, próxima a um degrau. integral, as ações desses foles são nulas
Assim, analogamente ao circuito e o controlador age como liga-desliga. O
eletrônico, também com componentes resultado final é uma oscilação
pneumáticos se faz a derivação prática, constante, pois qualquer alteração na
fazendo-se a integração na realimentação medição ou no ponto de ajuste provoca
do sinal, obtendo-se a função inversa da um desequilíbrio, que não é mais
integral que é a derivada. restaurado. A restauração do equilíbrio
seria feita pelos foles integral e
1.10. Unidade de Controle Automático proporcional, que realimentaria o
sistema.
É a unidade principal do controlador.
2. quando os foles de medição e de ponto
O projeto da unidade de controle
de ajuste estão colocados externamente
automático se baseia no clássico princípio
aos foles proporcional e integral e de
de balanço de forças. A unidade é
modo que se tenha a relação matemática
constituída de um disco circular e fluente,
de
onde estão aplicadas quatro forças,
b = 4a tem-se o controlador com banda
exercidas através de quatro foles:
proporcional de 25% (1/4 x 100%). O
1. fole de medição, recebendo o sinal de
controlador fica muito sensível.
medição já modificado pela ação
3. quando se colocam os foles de medição
derivativa, quando o controlador
e de ponto de ajuste entre os foles
possui essa ação.
proporcional e integral e de modo que as

78
Controlador Analógico

distancias ao fulcro satisfaçam à relação Assim, a função da estação manual é a


matemática de a = 4b, tem-se o de substituir, em situações criticas, a
controlador com banda proporcional de estação automática. Exemplo de situação
400%. critica é a condição de retirada da estação
automática. Mau funcionamento ou não
funcionamento da estação automática,
impossibilidade ou demora de obtenção de
controle automático pelo controlador, são
outros exemplos de situações que requerem
o uso provisório da estação manual de
controle.
A unidade de controle manual gera um
sinal pneumático, padrão de 20 a 100 kPa,
através da atuação manual (melhor seria
dizer digital, pois utiliza-se o dedo) de uma
chave apropriada. Desde que o controlador
esteja com a chave selecionando o modo de
operação manual, a saída do controlador é
o próprio sinal gerado, que irá atuar o
elemento final de controle.
Fig. 5.5. Ações do controlador pneumático

1.11. Unidade de Controle Manual


A unidade ou estação de controle
manual está acoplada ao controlador
automático. No controlador pneumático, as Fig. 5.7. Vista lateral da estação manual
estações automática e manual são
separáveis. Quando se retira a estação
automática, pode-se deixar a estação Para facilitar a operação há a indicação
manual em operação de reserva. Quando se do sinal de saída da estação manual em
retira a estação manual, a estação uma escala horizontal, graduada em 0 a
automática permanece em operação 100%, com precisão de ±2,0% do fundo de
normal. escala. Há, também, dois ponteiros
auxiliares para indicar os limites de abertura
da válvula.
Próxima à chave de atuação da estação
manual, há uma etiqueta para indicar qual a
direção que faz a válvula abrir, também para
facilitar a operação.
O melhor indicativo, porém, para se
saber o resultado da atuação manual é a
indicação da medição, apresentada na
escala da estação automática. Ou seja, a
ação manual é também uma ação de
Fig. 5.6.Estação manual acoplada à estação controle, cuja finalidade é levar a medição
automática de controle para um valor desejado, igual ao ponto de
ajuste.
A unidade manual de controle, acoplada
à unidade automática, é limitada em
tamanho, precisão e flexibilidade.

79
Controlador Analógico

superior da estação manual de controle. Na


extremidade esquerda tem-se a posição
AUTOMÁTICA e na extremidade direita tem-
se o modo de controle MANUAL. Não existe
nenhum indicador para balancear a saída
manual com a saída automática, nem há
ponteiros para serem igualados.

Fig. 5.8. Estação manual de controle

Por isso, foram desenvolvidos


instrumentos especiais para prover a
atuação manual no processo. São também
chamadas estações manuais de controle,
porém, sua apresentação é parecida com
um controlador ou indicador da linha PCI-
100. Também apresentam escala vertical,
ocupam uma posição de estante. São a
série 135. Fig. 5.9. Transferência auto-manual
Ainda sobre as possibilidades existentes
para se aumentar a garantia do controle
automático, proporcionando redundância de Não há necessidade de se fazer o
controle, é possível se ter um sistema balanço entre a medição e o ponto de
constituído de dois controladores, para atuar ajuste, na barra de transferência A/M,
em uma única malha de controle. Um dos porque no interior do controlador há um
controladores é considerado a estação sistema que faz tal balanço
manual do outro, embora ambos automaticamente.
proporcionem controle automático. É o O princípio de funcionamento dessa
chamado sistema AUTO/MANUAL unidade de balanceamento automático é o
automático, ou manual removível. Sempre seguinte: quando se passa de automático
que se retira um instrumento, qualquer que para manual:
seja, o outro entra automaticamente, 1. quando se está em operação
assumindo o controle da malha. automática, a chave de transferência A/M
está em automático. Nessa posição, a
1.12. Transferência unidade de controle manual está desligada
Automática/Manual e o seu fole está com a pressão de saída da
A transferência entre os modos de unidade automática. Embora não esteja
operação de manual para automático e de atuante, a estação manual está sempre
automático para manual deve ser orientada posicionada para fornecer um sinal igual ao
para facilitar a eficiência da operação. A sinal fornecido pela estação automática.
transferência entre os modos diferentes de Assim, na passagem de automático para
operação não deve provocar distúrbio ao manual, a estação manual começa a
processo e deverá ser feita de um modo transmitir um sinal exatamente igual ao
simples e rápido, não exigindo nenhum ultimo valor do sinal automático gerado.
balanço manual preliminar. Mesmo que o operador não atue, o sinal fica
Na prática, o controlador receptor grampeado neste ultimo valor do controle
pneumático da linha PCI-100 satisfaz a automático. Só haverá modificação nesse
essas exigências. A operação de sinal da estação manual quando houver
transferência A/M e M/A se processa por atuação manual na chave da estação
uma única operação: o movimento de manual de controle.
transferência está localizada na parte

80
Controlador Analógico

Na operação manual a saída do


controlador é estabelecida pela estação 1.14. Montagem Modular
manual e a estação automática fica
A montagem do controlador próximo ao
desligada da saída do controlador. Porém, o
processo é vantajosa porque os atrasos na
circuito interno garante que a saída da
resposta dos sinais são mínimos. A
unidade automática, mesmo não operante,
montagem do controlador na sala de
irá acompanhar o valor da saída da estação
controle facilita a operação. Foi
manual, que nessa operação é a saída do
desenvolvido um sistema que concilia essas
controlador. Quando se retorna a operação
vantagens. São disponíveis controladores
de manual para automático, a estação
cegos, com os circuitos de controles, que
automática começa a atuar, partindo de um
podem ser montados no campo, próximos
sinal igual ao ultimo sinal fornecido pela
ao processo e interligados a estações de
estação manual. Se na transferência de
leitura e de ajustes, montados na sala de
manual para automático a medição está
controle. Para interligar esses instrumentos
igual ao ponto de ajuste, a saída do
é usada uma configuração que envolve
controlador continua inalterada, pois não há
quatro tubos:
nada a corrigir. Se, porém, na transferência
1. tubo da medição, que leva o sinal do
de manual para automático há desvio entre
transmissor para a indicação na
medição e ponto de ajuste, o controlador
estação do painel e para o controle no
começa a alterar o sinal de saída para
controlador do campo.
eliminar o desvio sempre partindo do valor
2. tubo para o sinal do ponto de ajuste,
deixado pela unidade manual.
estabelecido na estação do painel e
usado no controlador do campo.
1.13. Instruções para Especificação
3. tubo para o sinal de saída do
1. Numero do modelo ou definição de: controlador do campo, que vai para a
ponto de ajuste: local, remoto, válvula de controle e vai para a
remoto/local, estação do painel, para indicação
ações de controle: P, PI PID, 4. tubo para o sinal de comando das
uso de estação manual convencional, chaves, que possibilita a atuação
uso de indicador de saída ou da estação manual do painel de controle. Quando
manual, a válvula de controle é atuada pelo
sem estação manual e sem indicação, sinal manual, a saída do controlador
estação automática com controlador de campo é bloqueada
cego remoto
2. Sinais de entrada e de saída Estação de leitura no painel, modelo
3. Faixa da escala de indicação 130D
4. Ação do controlador: direta ou inversa A estação de leitura, Foxboro modelo
5. Dados para a plaqueta gravada 130MD, prove as indicações da medição, do
6. Opções extras: ponto de ajuste, do sinal da válvula. Ela
modificação para batelada, gera internamente o ponto de ajuste e
conexão externa para o fole integral, possui a estação de controle, onde também
posição de montagem não horizontal é gerado o sinal para atuação manual na
registro lateral válvula de controle. Ela não possui os
alarme, com atuadores e lâmpadas circuitos do controle automático. A estação
7. Identificação e aplicação 130MD é apropriada para ser usada em
8. Necessidade ou disponibilidade de conjunto com o controlador cego, modelo
estante 138, onde estão localizados os circuitos do
Necessidade ou disponibilidade de cabo controle automático.
As diferenças básicas entre a estação de
controle 130M e o modelo 130MD são:
1. a estação 130MD não possui unidade
de controle automático
2. a unidade de ponto de ajuste possui o
relé amplificador, na unidade 130MD,

81
Controlador Analógico

pois o sinal gerado deve ser usado Controlador cego, montado no campo
remotamente, no controlador de Raramente se tem um controlador cego,
campo. Como visto, a estação 130M pois o controle pressupõe medição,
convencional possui um relé aspirador comparação, atuação e realimentação pelo
com pequena capacidade de ar na processo. Porém, o controlador pneumático,
unidade de ponto de ajuste, pois o modelo 138, é cego, não tendo indicação
sinal é para uso local. nenhuma. A malha de controle, contudo,
possui indicação. A indicação é provida pela
estação do painel. O circuito de controle
está no campo, próximo ao processo.
O controlador modelo 138 é um
controlador com todos os circuitos do
controlador de painel, modelo 130M, porém
é montado no campo.
Como o local de montagem é o campo, o
controlador deve satisfazer as exigências de
prova de tempo, vedação à poeira. Ou seja,
deve se comportar como um transmissor de
campo, quanto à classificação mecânica do
(a) Tampa e circuitos do controlador invólucro, tipicamente classificado conforme
NEMA3 ou IEC IP 53.
Há duas versões do controlador modelo
138:
1. caixa pequena, modelo 138S. É mais
econômica, cerca de 20%, que o outro
modelo. Porém, só é disponível com a
ação proporcional pura ou
proporcional mais integral.
2. caixa grande, modelo 138L. Pouco
mais cara, porém, possui maior opção
de ação de controle: proporcional,
proporcional mais derivativa,
(b) Componentes básicos do controlador proporcional mais integral,
proporcional mais integral mais
Fig. 5.10. Controlador cego, série 138 derivativa. Opcionalmente, o modelo
de caixa grande pode receber a chave
batelada.
Quando requerido, o controlador modelo
Porém, sob o ponto de vista do
138 pode ser montado em armário.
operador, nada muda, pois através da
Funcionalmente, um controlador modelo
estação de controle modelo 130MD:
130M-N4 é equivalente ao conjunto de uma
1. operador estabelece o ponto de ajuste
estação 130MD e um controlador modelo
2. operador transfere de automático para
138SP-4 ou 138LP-4.
manual e atua diretamente no
processo. Embora o sinal de atuação
manual vá para a válvula de processo,
deve haver um comando para o
controlador do campo bloquear sua
saída. Por isso, quando há
transferência entre automático e
manual, deve haver um sinal lógico
para orientar o controlador do campo.

82
Controlador Analógico

de fibra de vidro, sendo extremamente


2. Controlador Pneumático de durável e resistente à maioria das
atmosferas de processo industrial. A caixa
Campo possui uma porta, que abre em torno de
dobradiças, tipo piano, com uma janela de
2.1. Características Gerais
policarbonato transparente, na altura da
O controlador pneumático modelo 43 AP escala de indicação. No interior da caixa há
indica e controla as variáveis de processo, uma placa de aço, que se comporta como o
usando os elementos sensores mecânicos, chassis do controlador e onde são
ligados diretamente ao processo. As montados rigidamente todos os
variáveis mais comuns são: pressão, componentes.
temperatura e vazão. As partes constituintes do controlador
são:
1. sistema de indicação,
2. a unidade de controle automático,
3. sistema automático-manual,
4. ponto de ajuste remoto opcional,
5. o elemento sensor.

Fig. 5.12. Controlador pneumático 43AP

Fig. 5.11. Ligações na montagem modular:


controlador 138 + estação 130 MD 2.2. Indicação
As indicações da variável medida e do
ponto de ajuste são feitas em uma escala
O controlador detecta continuamente a
horizontal, levemente encurvada, localizada
diferença entre o ponto de ajuste e a
na parte frontal superior do instrumento. A
variável medida. A saída do controlador é o
parte efetiva da escala mede cerca de 152
sinal padrão pneumático e é uma relação
mm. O ponteiro de indicação da medição é
matemática dessa diferença e pode haver
totalmente visível pela frente e faz a
um dos seguintes modos de controle:
medição pela parte de baixo da escala. O
1. liga-desliga,
ponteiro do ponto de ajuste é uma seta,
2. proporcional,
dirigida para baixo e é encaixado na parte
3. proporcional mais derivativo,
superior da escala. A escala é graduada
4. proporcional mais integral (o mais
com números pretos sobre um fundo
usado),
branco. Obviamente ela é função da faixa
5. proporcional mais integral mais
calibrada da variável sob controle.
derivativo,
No canto direito da escala há um
6. liga-desliga com intervalo diferencial,
pequeno indicador de pressão, para indicar
7. desligamento automático.
o sinal pneumático de saída, com diâmetro
O circuito de controle fica no interior de
de 38 mm.
uma caixa de poliéster moldado com reforço

83
Controlador Analógico

O ponteiro de indicação da variável está alterando diretamente a posição relativa


diretamente acoplado ao elemento sensor. entre o bico e a palheta. O sistema bico-
Geralmente, o próprio torque do elemento palheta é alimentado pela pressão de
posiciona o ponteiro. suprimento, através de um relé amplificador
A chave para ajustar o ponto de ajuste é pneumático. A posição entre o bico e a
acessível quando se abre a porta do palheta determina a saída do relé. Não há
instrumento. Opcionalmente, pode se ter alimentação negativa do sinal de saída do
uma chave externa. Quando se posiciona o controlador para o seu interior. Por isso o
ponto de ajuste, simultaneamente se atua sistema é instável: sua saída só assume
no sistema de detecção de erro entre dois valores:
medição e ponto de ajuste. Há uma
resultante entre a atuação da medição e do
ponto de ajuste, que atua no sistema bico-
palheta-relé pneumático através de elos
mecânicos e alavancas. O sinal do erro
monitora a distancia entre o bico e a
palheta. A distancia variável entre o bico e a
palheta gera o sinal de saída do controlador,
que vai atuar a válvula de controle. Além de
atuar no processo, o sinal de saída do
controlador é realimentado para o seu
interior através de circuitos pneumáticos,
envolvendo foles, restrições e tanques de
volume, para desempenhar as ações
matemáticas de controle, tipo integral,
derivativa e proporcional. Fig. 5.14. Esquema simplificado do controlador

1. saída igual à pressão de alimentação,


por exemplo, quando medição está acima
do ponto de ajuste:
2. saída igual à zero no mesmo exemplo,
quando a medição está abaixo do ponto de
ajuste.

2.4. Controle com Intervalo


Diferencial
O controle com intervalo diferencial é
também chamado de controle liga-desliga
com zona intermediária neutra. Como no
controle liga-desliga convencional, a saída
do controlador só pode assumir os dois
valores extremos: ou igual à pressão de
Fig. 5.13. Componentes básicos do controlador suprimento de ar comprimido ou zero.
A diferença é que se acrescenta ao
circuito do controlador liga-desliga uma
realimentação positiva, através de um fole
2.3. Controle Liga-Desliga pneumático, em oposição a uma mola. A
O controlador pneumático modelo 43AP, realimentação positiva é feita logo na saída
com ação de controle liga-desliga, possui o do bico e não na saída do relé amplificador,
elemento sensor da variável que se opõe ao para diminuir a inércia de resposta e fazer a
mecanismo de ponto de ajuste. O erro ação mais rápida. Essa realimentação
resultante entre as duas atuações, vai ser positiva que é responsável pela retenção
aplicado a uma alavanca, que está entre os limites do intervalo.

84
Controlador Analógico

Por exemplo, com o ajuste correto do afastando a palheta do bico, a pressão do


intervalo, a medição sobe, entra no intervalo fole proporcional, realimentado
e o controlador só vai mudar de estado negativamente, atua no sentido de
quando a medição atingir o ponto máximo aproximar a palheta do bico.
do intervalo. Como há inércia, a medição No controlador proporcional puro, a
ultrapassa um pouco o valor máximo e saída é diretamente proporcional ao desvio
começa a cair. A saída do controlador entre a medição e o ponto de ajuste. Uma
inverte o valor e permanecerá nesse valor variação na medição faz a ação
até a medição atingir o extremo inferior do proporcional atuar e modificar a posição de
intervalo. abertura continua da válvula de controle.
No controlador liga-desliga convencional Consequentemente, a medição deve variar
só havia um ponto para atuar o controlador, acima ou abaixo do ponto de ajuste, para
fazendo sua saída mudar de estado, de 0 resultar num desvio permanente, entre a
para 1. Toda vez que a medição passava medição e o ponto de ajuste.
pelo ponto de ajuste, a saída do controlador Assim, para uma determinada condição
era mudada. de processo, há apenas uma única saída
No controlador com intervalo diferencial pneumática do controlador quando a
há dois pontos de atuação, separados por medição corresponde ao ponto de ajuste.
um intervalo diferencial. Entre os dois Em qualquer outro sinal de saída, haverá
pontos o controlador não muda sua saída. desvio permanente entre a medição e o
Em relação ao controle liga-desliga ponto de ajuste.
clássico, o controle com intervalo diferencial Quanto maior a banda proporcional,
apresenta as seguintes diferenças: maior é o desvio. Um modo para diminuir o
1. a freqüência de oscilação do controle desvio permanente é estreitar a banda
com intervalo é menor que a do controle proporcional do controlador. Porém, é
liga-desliga, o que é uma vantagem, pois o impossível eliminar o desvio permanente,
elemento final é menos solicitado. pois para isso seria necessário colocar a
2. o intervalo de oscilação da medição banda proporcional igual a zero e esse
do controle com intervalo é maior que a controlador é exatamente o controlador liga-
amplitude do oscilação do controle liga- desliga, com saída instável.
desliga, o que é uma desvantagem, pois a
medição se desvia mais do ponto de ajuste 2.6. Controle Proporcional + Integral
desejado.
O controlador pneumático, ligado
diretamente ao processo, contendo as duas
2.5. Controle Proporcional
ações de controle proporcional mais integral
O controle proporcional possui os é o mais usado na prática O controlador
mecanismo de detecção da medição, a proporcional mais integral tem basicamente
geração do ponto de ajuste e a comparação o mesmo circuito do controlador
desses dois sinais. O sinal de erro entre a proporcional puro, quando se substitui a
medição e o ponto de ajuste age mola de oposição ao fole proporcional por
mecanicamente na alavanca proporcional, um circuito integral, constituído de um fole,
fazendo-a girar em torno de um fulcro. O restrição e tanque capacitivo.
movimento da alavanca posiciona o No controlador proporcional mais
conjunto bico-palheta. O sinal de pressão do integral, a saída do controlador que vai atuar
bico é amplificado pelo relé pneumático e a válvula de controle, é realimentado ao
constitui a saída do controlador. A saída do interior do controlador do seguinte modo:
controlador vai atuar na válvula do 1. realimentação direta ao fole de
processo, para diminuir o erro entre a realimentação negativa, chamado também
medição e o ponto de ajuste. Ao mesmo de fole proporcional.
tempo, a saída do controlador é 2. realimentação ao fole integral, através
realimentada negativamente para o interior de uma restrição e um tanque integral. Essa
do controlador, através de um fole em realimentação é positiva.
oposição a uma melo. A realimentação é O objetivo da ação integral é eliminar o
negativa, pois quando o desvio aumenta, desvio permanente, deixado quando se tem

85
Controlador Analógico

apenas a ação proporcional. A ação integral 2.7. Controle Proporcional Integral


faz a saída do controlador variar até que a Derivativo
medição fique igual ao ponto de ajuste.
O funcionamento do controlador A ação derivativa é geralmente
proporcional mais integral é o seguinte: associada às outras duas ações,
1. suponha-se o processo estável, com a proporcional e integral. Raramente é usado
medição igual ao ponto de ajuste, a saída apenas com o modo proporcional.
do controlador está constante, o circuito A ação derivativa envolve também o uso
interno está em equilíbrio. de uma restrição ajustável e um tanque
2. quanto há algum distúrbio no capacitivo. O circuito derivativo é colocado
processo, de modo que a medição se afasta na linha de realimentação negativa, que vai
do ponto de ajuste (ou que o ponto de ajuste para o fole proporcional.
se afasta da medição), há um desequilíbrio O funcionamento agora é o seguinte:
no circuito interno do controlador. 1. o processo está balanceado, a saída do
3. o erro entre medição e ponto de ajuste controlador está constante, a medição
altera a distancia relativa entre o bico e a está igual ao ponto de ajuste.
palheta. A alteração entre bico-palheta faz a 2. quando houver uma variação da medição
saída do controlador variar. ou do ponto de ajuste, o controlador
4. instantaneamente, a saída do sente a variação e modifica sua saída, a
controlador é realimentada ao fole fim de eliminar o desvio.
proporcional, de modo que 3. como agora há restrição nas duas
instantaneamente a ação proporcional atua. realimentações, instantaneamente não
5. a ação integral começa a atuar, há realimentação e o controlador atua
atrasada da ação proporcional, por causa da como liga-desliga, com alto ganho e alta
restrição e do tanque capacitivo. Porém, sensibilidade.
com o tempo a pressão do fole integral vai 4. quando há variação é muito brusca, o
se igualar à pressão do fole proporcional, pequeno fole pneumático no interior do
até restaurar o equilíbrio interno e tanque derivativo faz o controlador
eliminando o desvio entre a medição e o responder rapidamente, por causa da
ponto de ajuste. realimentação negativa ao fole
O ajuste da restrição é que determina o proporcional.
valor da ação integral. Quando se restringe 5. como há um atraso na realimentação
muito a realimentação integral, diminui a negativa, o resultado final é como se
ação integral e o controlador leva muito houvesse um adiantamento no tampo de
tempo para restabelecer o equilíbrio. No resposta e esse efeito é estabelecido
caso extremo, quando se fecha pela ação derivativa.
completamente a restrição, o controlador 6. a ação derivativa não discrimina nem
fica sem a ação integral, resumindo-se em toma nenhuma atitude corretiva para
um controlador proporcional puro, incapaz desvios lentos ou para o desvio
de tornar a medição igual ao ponto de permanente. A ação integral ainda
ajuste. continua responsável pela eliminação do
Quando se abre muito a restrição, desvio entre medição e ponto de ajuste.
aumenta-se a ação integral do controlador, 7. com o passar do tempo, desde que os
fazendo-se mais rapidamente, eliminado o ajustes não levem o controlador para a
desvio permanente. No caso extremo, instabilidade, o sistema se equilibra de
quando se abre totalmente a restrição, a novo, com a medição igual ao ponto de
realimentação do fole integral anula ajuste.
imediatamente a realimentação do fole
proporcional. Ou seja, não há 2.8. Sistema Automático-Manual
realimentação, o controlador fica instável, No controlador pneumático, conectado
pós na realidade é um controlador liga- diretamente ao processo, o sistema de
desliga. transferência e operação automático-manual
é opcional e é fornecido apenas quando
requerido e especificado. No modelo 43 AP,
o sistema automático-manual consiste de

86
Controlador Analógico

uma válvula reguladora de pressão e uma suprimento ou de suprimento para zero. A


seletora de duas posições, com um saída permanece nesse valor final, mesmo
indicador de balanço. Qualquer diferença se a medição recuperou um valor seguro.
entre a saída do regulador de pressão Para rearmar o sistema, deve-se pressionar
manual e a saída do relé de controle o botão de PARTIDA. Quando se aperta o
automático é detectada pelo indicador de botão, a ação normal do controlador fica
balanço. Quando as duas saídas são restabelecida, até que a medição atinja
igualadas, pode-se fazer a transferência novamente o ponto de desligamento.
entre automático para manual, que não
haverá distúrbio no processo. Uma válvula 2.10. Controlador com ponto de
de bloqueio é incorporada ao circuito, para ajuste remoto
permitir a atuação manual no processo,
enquanto o controlador automático e o relé O controlador pneumático modelo 43AP
amplificador estão sendo consertados. pode ser fornecido com a opção extra de
A chave de transferência automático- ponto de ajuste pneumático, recebido
manual tem duas posições. Na posição externamente de outro instrumento.
manual, a linha do bico do controlador Para isso, o mecanismo de ponto de
automático está selada. Isso faz a saída ajuste local manual é eliminado e
aumentar até a pressão de suprimento. substituído por um fole receptor. O fole
Através de uma estação reguladora de pneumático recebe o sinal padrão e executa
pressão, também opcional, pode-se duas funções independentes:
manipular a saída do controlador para 1. atua diretamente no ponteiro de ponto
qualquer valor. de ajuste, para a indicação.
2. como o ponteiro está acoplado ao
mecanismo de detecção de erro entre
medição e ponto de ajuste, ele atuará
na unidade de detecção e transmissão
do erro para o conjunto bico-palheta.
Todo o resto do circuito é idêntico ao do
controlador convencional.

Fig. 5.15. Circuito transferência auto-manual

2.9. Controlador com desligamento


automático
Um controlador de desligamento
automático tem aplicação para alarme ou Fig. 5.16. Controlador pneumático 43 AP
desligamento de um processo, quando a
medição de uma variável critica atinge
determinado valor pré estabelecido. Esse A aplicação mais usada para essa
instrumento é basicamente um controlador versão de controlador com ponto de ajuste
liga-desliga com uma unidade adicional de pneumático remoto é em sistema de
desligamento. Quando a medição atinge um controle em cascata, onde o ponto de ajuste
determinado valor, a saída do controlador do controlador secundário é estabelecido
assume o valor extremo, de zero para pela saída do controlador primário.

87
Controlador Analógico

2.11. Sintonia do Controlador pode levar o processo para a


instabilidade. A banda proporcional é
Vários ajustes de calibração podem ser
determinada pelo ângulo entre a
feitos no controlador, para garantir a alavanca proporcional e a barra da
máxima precisão de suas indicações da palheta. O conjunto bico-palheta é
medição e do ponto de ajuste e também
montado no mesmo eixo do dial
para assegurar que sua ação corretiva
proporcional. A rotação do dial
proporciona ao processo uma operação
estabelece a largura da banda
estável.
proporcional. Quando a alavanca está
Através de ajuste dos elos mecânicos paralela à palheta, tem-se largura zero e
pode-se conseguir a calibração da faixa de controlador liga-desliga. No outro
medição da variável e também do ponto de
extremo, quando a palheta está
ajuste do controlador. Essa calibração pode
perpendicular à alavanca a banda
ser feita em bancada, simulando-se a
proporcional é infinita, não havendo
variável do processo e comparando a variação na saída do controlador. A
indicação do controlador com uma indicação posição do dial da banda proporcional
de referência.
determina a ação direta ou inversa do
Os ajustes dos parâmetros das ações de
controlador. A parte branca do dial é
controle constituem sua sintonia. A
ação inversa: medição aumenta, saída do
operação de sintonia normalmente é uma controlador diminui. Na parte preta tem-
operação dinâmica, que deve ser feita com se a ação direta: medição aumenta e
o controlador de sintonia normalmente é
provoca aumento da saída do
uma operação dinâmica, que deve ser feita
controlador.
com o controlador em linha e em operação,
2. ação integral é expressa em tempo por
pois os ajustes são função das
repetição e o controlador modelo 43AP
características do processo sob controle. pode ser calibrado entre 0,01 a 50
minutos por repetição. No controlador ela
é estabelecida através da rotação do dial
correspondente e funcionalmente
significa alterar o valor da restrição,
fechando-a ou abrindo-a mais.
3. ação derivativa é dada em minutos,
podendo assumir valores entre 0,05 a 50
minutos. A indicação do valor da ação
derivativa ajustada no controlador é feita
através de um dial. Girando-se o dial
varia a restrição do circuito derivativo.
Quando o controlador possui opções
extras, como unidade batelada, para evitar a
Fig. 5.17. Circuitos de controle do 43 AP saturação da saída do controlador com ação
integral durante as paradas, são
necessários ajustes adicionais. A chave
batelada possui os ajustes do ponto de
O controlador com três modos de atuação (trip) da unidade batelada e do
controle possui os seguintes ajustes: ponto de pré-carga (preload).
1. banda proporcional, com ajustes entre
4 a 400%. A banda proporcional está 2.12. Elemento Sensor
relacionada com a sensitividade do
controlador: banda proporcional larga O controlador pneumático conectado
significa controlador pouco sensível, diretamente ao processo pode ser usado
processo estável, possibilidade de para controlador pressão absoluta, pressão
grande desvio permanente. O controlador manométrica, temperatura e pressão
com banda proporcional estreita é muito diferencial, associada a nível e a vazão.
sensível, diminui o desvio permanente Obviamente, cada variável exige um
entre medição e ponto de ajuste porém elemento sensor correspondente.

88
Controlador Analógico

Para a medição de pressão, são


disponíveis elementos sensores de vários 2.13. Instruções para Especificação
tipos: 1. número do modelo
1. diafragma de 50 e 75 mm 2. características do elemento sensor
2. fole pneumático 3. escala de indicação da medição e
3. fole receptor ponto de ajuste
4. espiral 4. ações de controle
5. helicoidal, 5. sinal de saída
6. fole absoluto 6. montagem
A esses tipos de elementos podem ser 7. opções extras: chave de
associados vários materiais de construção: transferência, alarme elétrico, chave
latão, aço inoxidável 416, bronze, ligas de batelada, conjunto filtro regulador, ponto
Cu-Ni-Mn, Be-Cu, Ni-Span, Monel. de ajuste remoto, conexão externa ao
Essa associação permite a medição de fole integral, chave externa do ponto de
pressão tão pequenas quanto 13 kPa ajuste, operação com gás em vez de ar
absoluto até pressões elevadas como 200 comprimido, acabamento especial e
MPa. outras sob consulta
Para a medição de temperatura, o 8. identificação e aplicação
elemento sensor é o bulbo com enchimento
termal, nas classes
1. IA (liquido com compensação total),
2. IB (liquido com compensação na
caixa),
3. IIA (liquido volátil para temperatura
acima da temperatura ambiente),
4. IIB (liquido volátil para medição de
temperatura só abaixo da temperatura
ambiente),
5. IIIB (gás, com compensação parcial da
caixa).
Para a medição de vazão e de nível, a
pressão diferencial e sem o uso do
transmissor d/p cell, usa-se principalmente a
cápsula diafragma, modelo 37, para a
medição de faixa entre 5 kPa, com pressão
estática até 14 MPa.

Fig. 5.18. Sensores de pressão

89
Controlador Analógico

seletora com duas posiçÕes


3. Controlador SPEC 200 REMOTO/LOCAL. Opcionalmente, pode
haver lâmpadas de alarmes, colocadas na
3.1. Descrição e Funções parte superior da estação. Nesse caso há
um pequeno botão de reconhecimento e
A estação de controle automático teste do alarme, entre os dois botões ajuste
fornece a interface para a interação normal manual e seleção R/L. Quando não há
do operador com a malha de controle, de alarme é possível se encontrar o furo,
modo automático ou manual. porém com uma tampinha plástica. A
A estação indica os valores da medição identificação da estação é feita no visor, na
(ponteiro vermelho) e ponto de ajuste parte superior e frontal.
(ponteiro preto e branco) em uma escala de
100 mm de altura, vertical, intercambiável
com a escala do indicador ou estação
manual. A precisão dessas indicações é de
0,5% da largura de faixa. Há indicação
também do sinal de saída, em uma escala
horizontal, com precisão de 2,5% da largura
de faixa.

Fig. 5.20. Estação de controle ligada ao armário

Fig. 5.19. Estação de controle automático


Fig. 5.21. Bloco terminal no módulo de controle
Na parte frontal, a estação de controle
possui a chave de transferência de duas
posições AUTOMÁTICO ou MANUAL, que
fornece a transferência sem necessidade de
balanço e sem provocar descontinuidade ao
processo. Logo abaixo dessa chave há o
botão de comando manual, que gera um Fig. 5.22. Estação com tomada para o cabo
sinal de 0 a 10 V cc, em duas velocidades
distintas. Há uma seta indicando o sentido
de abertura ou fechamento da válvula de A estação de controle automático é
controle, bem como dois índices de montada na estante do painel de leitura.
memória para indicar os limites de trabalho Cada estação ocupa um espaço de estante.
do operador final. É ligada à estante através de um cabo
Quando a estação é do modelo com padrão, com 42 polegadas de comprimento,
ponto de ajuste manual, há um botão, na preso à estante por uma braçadeira e com a
parte frontal da estação, para prover o seu tomada fixa à parede da estante por 4
ajuste. Quando a estação tem ponto de parafusos. Esse conjunto de ligação é igual,
ajuste ou manual ou remoto, além desse tanto para o indicador, registrador, estação
botão de ajuste manual, há uma chave manual ou estação automática.

90
Controlador Analógico

A estação de controle automático é 7. Cabo de ligação entre painel-armário


ligada à área do armário ao módulo de 2AK (determinar o comprimento em
controle, por um cabo padrão, de tamanho metros)
variável, 2AK. 8. Cabo, braçadeira, parafusos para
Normalmente a estação é ligado ao ligação com estante.
módulo padrão 2AC. Porém, quando há 9. Opções extras disponíveis
características especiais, p.ex., sistema
auto-seletor, a estação de controle deve ser 3.2. Instruções para Especificação
ligada também a um módulo especial, p.ex.,
1. Modelo ou descrição da função
2AC-R3. Ainda, quando há opções extras
básica manual, remoto, R/L
para a estação de controle, p.ex., indicação
2. Escala faixa, uniforme ou SQ.RT.
do estado AUTO/MANUAL, ajuste externo
3. Identificação (tag)
do modo AUTO/MANUAL, as estações
4. Plaqueta gravada máximo 2 linhas,
exigem também um módulo de distribuição
17 letras-espaços por linha
de sinais com acesso à função de controle
5. Componente de ligação do armário,
(2AX+DFA). Nesse caso, a estação de
2AC
controle recebe alimentação das duas áreas
6. Estante de montagem 1 posição
painel de leitura e armário. Finalmente, em
7. Cabo de ligação entre painel-armário
casos extremos pode se exigir o uso de
2AK (determinar o comprimento em
módulo especial de controle, p.ex., 2AC+R3
metros)
e módulo de distribuição especial, p.ex.,
8. Cabo, braçadeira, parafusos para
2AX+DFC.
ligação com estante.
Os fusíveis, disponíveis no módulo de
9. Opções extras disponíveis
controle protegem o sistema SPEC200 de
curto circuito eventualmente provocados
pela estação de controle e sua fiação.
3.3. Especificações Normais
Geralmente a sintonia dos circuitos Estação Modelo Indicações
eletrônicos, ajustes de calibração são Ponto de ajuste manual 230SM M, SP, S
encontráveis e feitos no cartão de controle. Cascata simples 230W SP(1,2),M1,M2,S
A estação de controle é uma caixa vazia, Relação 230SZ M, r, SP, S
apenas com o circuito de indicação e com Ponto de ajuste remoto 230SE M, SP, S
as chaves de monitorização do operador. Ponto de ajuste R/L 230SF M,SPL,SPR,S
Nessa configuração o operador não tem aos
circuitos de sintonia e ajustes de zero, faixa, Legenda (*)
limites de saída. Apenas estabelece o ponto M - medição
de ajuste, aciona manualmente o elemento SP - ponto de ajuste
final de controle. Quando essa situação não S - saída
é desejável, pode-se ter os circuitos L - local
eletrônicos e de alarme na própria estação M1 - medição primaria
de controle. Nesse caso, os cartões de M2 - medição secundaria
controle são diferentes e não possuem
nenhum ajuste em sua parte frontal. São os
cartões 2AX+T.

3.2. Instruções para Especificação


1. Modelo ou descrição da função
básica manual, remoto, R/L
2. Escala faixa, uniforme ou SQ.RT.
3. Identificação (tag)
4. Plaqueta gravada máximo 2 linhas,
17 letras-espaços por linha
5. Componente de ligação do armário,
2AC
6. Estante de montagem 1 posição
Apostilas\Controle 3Controlador.DOC 02 DEZ 98 (Substitui 27 ABR 97)

91
6
Controlador Digital

1. Introdução
2. Esquemas de Controle Digital
O uso de um computador para calcular o
valor desejado de uma saída do processo, A primeira tentativa de se usar o controle
seu valor atual e depois computar um sinal de de processo com computador foi o então
correção tem muitas vantagens, como: chamado controle supervisório. O controlador
1. Computador não sobre dos efeitos de ainda era analógico, porém um computador
desvio (drift) a longo prazo, que os digital tinha acesso à variável de processo e
circuitos analógicos tem estabelecia o ponto de ajuste do controlador.
2. Mudanças de constantes podem ser Esta técnica tinha apenas algumas vantagens
feitas facilmente sem a necessidade do controle a computador. O controle voltava
da mudança física real do circuito, pois para o controlador analógico, se o
estas mudanças podem ser feitas pelo computador falhasse.
próprio computador. O desempenho do controle possuía ainda
3. A qualidade do controle melhora, todas as restrições inerentes às limitações do
quando o computador aprende o controlador analógico. Ainda não havia as
processo. vantagens de auto-sintonia, autodiagnóstico,
4. O tipo de controle pode ser reconfiguração radical, compensação de
radicalmente alterado, simplesmente tempo morto e controle preditivo
carregando um novo programa. antecipatório.
Nenhuma variação de equipamento Assim que se fica preparado para confiar
(hardware) é necessária para uma no desempenho do computador, o controlador
reconfiguração radical. analógico pode ser removido e sua tarefa é
5. Compensação para atrasos de grande transferida para o computador. No controle
tempo morto ou o uso de controle digital direto, o controlador analógico é
preditivo antecipatório requer muitos eliminado. As variáveis de processo entram
cálculos, que podem ser diretamente no computador, vindas dos
implementados diretamente pelo transmissores e sensores. O algoritmo de
computador. controle é desenvolvido no próprio
6. Guarde de registros, controle computador, que envia o sinal diretamente
estatístico de processo e integração para os atuadores. Nesta configuração,
total da planta pelo computador requer algumas centenas de malhas podem ser
que ele tenha acesso aos resultados controladas por um único computador
do processo, o que é facilmente feito compartilhado entre elas.
pois estes processos estão sob o O controle digital direto tem o potencial de
controle do computador. realizar todos os benefícios do controle a
computador, mas tem um problema muito
sério: um único equipamento é responsável
pelo controle de toda a planta. Quando o

92
Controlador Digital

computador pára ou trava, todas as malhas


de controle vão para a condição de malha 3. Funções do controlador
aberta (manual). É pouco confiável.
Para resolver este problema, usam-se dois Um diagrama de blocos típico do hardware
computadores, o reserva monitorando e é mostrado na Fig. 6.4. No núcleo do
verificando o desempenho do principal. controlador está o microprocessador ou
Quando houver a falha no principal, o reserva microcomputador, que deve ter o suporte de
assume automaticamente o controle, sem outros blocos. As exigências da
distúrbio para o processo controlado. Porém, armazenagem das variáveis e do programa
isso aumenta muito o custo do equipamento e podem exceder aquelas disponíveis dentro de
requer programa mais complicado. O sistema um microprocessador em um único chip.
reserva custa muito mais que os Memória externa, memória ROM (read only
controladores analógicos que ele substitui. memory) auxiliar para armazenar programas
Para ser econômico, um único computador e constantes e RAM (random access
deve controlar várias malhas. Para atender memory) para armazenar variáveis podem ser
todas as malhas, duas a quatro vezes por adicionadas para evitar a perda dos
tempo de subida, o computador deve ser parâmetros chaves no caso de falta de
extremamente rápido. O computador deve energia de alimentação. A RAM pode ser
também cuidar de outros alarmes, display, substituída por EEPROM (electrically erasable
comunicação, auto-sintonia e tarefas internas programmable read only memory). Uma
de gerenciamento. alternativa é prover uma fonte ininterruptível
Na evolução natural da aplicação do de um uma fonte de alimentação com bateria
computador, o próximo passo foi a de backup.
distribuição geográfica e física destas tarefas A comunicação com o operador é
distintas, aparecendo o controle digital fornecida através de um painel frontal,
distribuído. Agora cada unidade do processo consistindo de LEDs, displays numéricos,
ou conjunto de malhas tem o seu próprio botões e chaves e deve ser acionado e lido
computador. As funções de display, controle e pelo microprocessador.
operação foram separadas em locais e em A variável analógica do processo é
circuitos. convertida de seu mundo real para digital, em
Atualmente, com a redução tremenda dos tempo real, por um bloco conversor analógico
custos de equipamento e programas, foi para digital (A/D). A conversão de milivolts,
desenvolvido o controlador single loop. Ele freqüência, resistência elétrica ou corrente em
tem este nome porque ele é dedicado a uma uma tensão de alto nível deve ocorrer
única malha (single loop), mas ainda primeiro. Também há filtro e isolação
mantendo todas as vantagens de um grande incluídos antes do conversor A/D.
sistema digital, como auto-sintonia, autoteste, Do mesmo modo, deve haver uma
autodiagnóstico, grande capacidade de fazer conversão digital para analógico (D/A) para
computação matemática, lógica, fornecer um sinal analógico para o atuador no
intertravamento, seqüencial, realização de processo. Embora seja popular um sinal
algoritmos avançados e complexos de isolado de 4 a 20 mA cc, também pode haver
controle. Hoje, um controlador single loop tensão, triacs com tempo proporcional ou
custa igual ou menos que um controlador relés de estado sólido. Relés de alarme são
analógico convencional, que tende a também energizados quando a variável de
desaparecer do cenário. processo ou o erro excede determinados
O controlador single loop é um limites estabelecidos pelo operador.
equipamento moderno, confiável, poderoso,
usado para controlar sistemas de processo
continuo, com poucas malhas de controle.
Controladores single loop podem ser
interligados digitalmente, através de
protocolos abertos ou proprietários.

93
Controlador Digital

Produto B

FT

Produto A
M

Vapor

LT

Condensado
AT
Bomba descarga

TT

FT

Saídas
Entradas

Fig. 6.1. Processo com controle a computador (computador é também controlador)

94
Controlador Digital

LIC

Produto B

AIC FT

Produto A
M
TIC

Vapor

LT

Condensado
AT
Bomba descarga

TT

FT FIC

Saídas

Entrada

Fig. 6.2. Processo com controle a computador distribuído

95
Controlador Digital

A comunicação digital com um


computador supervisório ou com um
sistema digital de controle distribuído
(SDCD) ou controlador lógico programável
(CLP) é uma opção na maioria dos
controladores single loop. Isto pode
requerer apenas um circuito integrado (CI)
para transformar os sinais de ±5 V para os
níveis ±V mais elevados dos protocolos RS
232 C ou RS 422 ou pode-se ter um
conjunto completo de CIs para fornecer
uma ligação direta com redes proprietárias
com protocolos como HART, Profibus,
MAP ou Fieldbus.
Quando se desenvolve um projeto
baseado em computador, deve-se dar igual
importância ao equipamento (hardware) e
programa (software). Um diagrama de Fig. 6.3. Controlador single loop (Moore)
blocos para o programa requerido para
rodar um controlador single loop é Autodiagnóstico é uma característica
mostrado na Fig. 6.5. Há poucos blocos e inigualável do controlador single loop. No
cada bloco contem muitas linhas de código inicio das operações, o controlador deve
de programação. É tentador ver o cálculo executar as instruções que lhe permitem
do algoritmo de controle proporcional, testar virtualmente cada bloco mostrado
integral e derivativo (PID) como a em seu diagrama. Uma mensagem
característica mais importante e esquecer mostrando que o autoteste foi completado
todos os outros blocos. Porém, como se deve aparecer antes do inicio da operação
pode concluir do diagrama de blocos do normal. De fato, tais sistemas podem ter
programa, o cálculo PID é somente uma de mais de um código dedicado ao autoteste.
várias outras tarefas tão importantes que o Este momento é também ideal para fazer a
microprocessador deve completar em cada autocalibracao dos conversores A/D e D/A.
ciclo de varredura. Sempre que houver falha no autoteste, o
A manipulação correta da aplicação e remoção operador e o computador supervisório
da potência de alimentação ao microprocessador é devem ser notificados. A malha deve ser
necessária, por causa do desempenho confiável em desligada ou o controle transferido para o
um ambiente industrial hostil. A perda de computador supervisório. Aliás, é desejável
alimentação deve ser detectada e a unidade de permitir que o computador supervisório
processamento central notificada. Parâmetros e force o controlador single loop a fazer o
informação chave acerca do estado do autodiagnóstico, permitindo-o rodar testes
processamento devem ser armazenados em uma sistemáticos, de rotina e detalhados como
memória que não pode ser perdida ou afetada pela feitos por um microcomputador pessoal.
falta de energia. As saídas e alarmes devem ser Estes autotestes são uma ferramenta
levados automaticamente para uma condição poderosa do controlador e simplificam e
segura, predefinida e programada. Quando a diminuem drasticamente o tempo de
energia é restaurada, estes parâmetros devem ser manutenção programada.
recuperados e o processamento deve continuar de
onde ele foi interrompido (ou reiniciado de algum
outro ponto, pré-programado). Esta função é do
bloco Reset e Power-up. Deve-se evitar a tentação
de limpar todos os parâmetros e começar do zero
depois de cada volta de energia. Seria impraticável e
intolerável ter que reentrar com os parâmetros de
operação através do painel do controlador ou de um
computador supervisório após cada interrupção de
alimentação.

96
Controlador Digital

espera que o temporizador lhe mande um


sinal. Porém, o processador deve ser
capaz de detectar que o processamento
emperrou ou está demorando demais. Isto
é uma falha e deve ser anunciada ao
operador e ao computador supervisório. O
temporizador deve interromper o
microprocessador quando ele desliga. Se o
programa não retornou para a malha de
espera quando ocorre esta interrupção, a
falha deve ser anunciada e um entra uma
rotina de desligamento induzida pelo erro.

Fig. 6.4. Diagrama de blocos de um controlador


single loop baseado em microprocessador

O cálculo dos termos integral e


derivativo do controlador PID requer que a
entrada seja amostrada em intervalos
uniformemente espaçados. Para garantir
isso, usa-se um temporizador (timer). O
intervalo é estabelecido por vários fatores.
Certamente, o microprocessador deve ter
tempo suficiente para completar todo o
processamento necessário. Assim, o
período ajustado no temporizador (∆T )
deve ser muito longo. Porém, o tempo de
amostragem deve ocorrer de duas a quatro
vezes no período de subida da variável de
processo. Cada variável de processo deve
ter tempos de amostragem típicos, como Fig. 6.5. Fluxograma do programa do controlador
mostrado na Tab. 1. Um tempo de
amostragem de ½ a 1 s é um compromisso
típico (isso assume que o tempo de subida
de 1 s ou mais).
2. Entrada de dados
O código preciso necessário para
Tab. 6.1. Tempos de amostragem em controle de entrar as variáveis de processo depende
processo da técnica de conversão, conversor e
microprocessador usados. Há várias
Tipo de variável Tempo de amostragem (s) decisões que devem ser tomadas,
Vazão 1a3 independentes destes detalhes. A primeira,
Nível 5 a 10 é como estas variáveis estão sendo
Pressão 1a5 representadas? Se estiver programando
Temperatura 10 a 20 em linguagem de alto nível e se houver
muito tempo para ver a malha, é
conveniente escalonar a variável de
Quando se entra na malha principal, processo em unidade de engenharia, com
o
deve-se ressetar este temporizador. C para temperatura, kPa para pressão, m3
Quando tudo vai bem, o programa para nível e m3/h para vazão. Porém,
completa todo o seu processamento muito tentar fazer aritmética de ponto flutuante
antes do temporizador desligar. Ele então

97
Controlador Digital

em linguagem de máquina ou assembly é Filtros digitais passa-baixa podem ser


absurdo. usados para remover o ruído abaixo de 0,2
Quando se usam unidades de Hz, mas acima da taxa de resposta da
engenharia com matemática de ponto variável de processo. Este filtro pode (e
flutuante, deve-se fazer todas as deve) ser feito pelo programa. É
operações subseqüentes com muito recomendável que a freqüência crítica do
cuidado. Primeiro, o condicionamento filtro digital seja a metade do filtro
externo do sinal e a conversão A/D devem analógico. Filtros analógicos são
ser escalonados de modo que em 0% da econômicos abaixo até 0,2 Hz. Isto implica
variável de processo, o valor do dado seja que a mais alta freqüência que um filtro
representado por zero. Em 100% da digital deve cortar seja 0,1 Hz. Dados
variável, a saída de fundo de escala do abaixo desta freqüência são dados válidos
conversor é produzida, garantindo a da variável de processo, enquanto
máxima utilização da resolução do qualquer sinal variando mais rápido que
conversor. 0,1 Hz é considerado ruído e será cortado.
Idealmente, este sinal de 100% da Se a variável de processo tem muitas
variável de processo combina com o harmônicas acima de 0,1 Hz, não se usa o
tamanho da palavra do microprocessador filtro. Confie somente em filtro analógico
usado. Se não, deve-se estabelecer este externo para remoção do ruído.
valor de 100% (fundo de escala) para Termopares e alguns outros sensores
todas as entradas e cálculos (e.g., placa de orifício) são não lineares.
subseqüentes. Um microprocessador de 8 Quando os sinais vêem destes sensores,
bits com um conversor de 8 bits usa 28 – 1 eles devem ser linearizados (pelo
(255) como seu valor de 100% (fundo de programa). Deste modo, os cálculos de
escala). Porém, um conversor de 12 bits display e controle são feitos baseados nos
usa 212 – 1 (4 095) como seu valor de valores reais do processo.
100% (fundo de escala). Isto agora Há dois enfoques para linearizar um
representa um nível de 100%. Cálculo de sensor. Para ambos, deve-se ter um
fora de faixa e overflow devem ser registro de calibração que relaciona a
verificados contra 4 095. Para um saída do sensor com a variável real do
microprocessador de 8 bits com um processo.
conversor de 12 bits com 100% = 4 095 O enfoque de procurar na tabela coloca
significa que todas as operações o registro de calibração em uma ROM. A
matemáticas devem ser feitas com variável de processo é usada como
números de dois bytes (dupla precisão). endereço na tabela. O valor linearizado
Deve-se evitar aumentar a escala da correto é dado neste endereço. Este
variável de processo. Multiplicar a variável método da tabela é o mais rápido e
de processo por uma constante maior que simples. Porém, ele ocupa muita memória.
1 resulta em um número com mais bits que Se a tabela inteira não é colocada na
o produzido pelo conversor. Isto implica em memória (por economia), deve-se ter uma
uma resolução e exatidão que o conversor rotina de interpolação.
realmente não pode dar. Isto parece que A segunda técnica de linearização
se conhece a variável de processo mais representa a relação entre a saída do
precisamente do que realmente ela é sensor (x) e a variável verdadeira do
medida e convertida. processo (PV) por um polinômio. O número
Esta falsa exatidão é especialmente um de termos
problema quando se quer converter para
unidades de engenharia com matemática PV = a 0 + a1x + a 2 x 2 + ... + a n x n
de ponto flutuante. Antes de reportar o
valor, no painel frontal ou no computador
supervisório, garantir o arredondamento do determina a precisão da linearização
número. Reportar o número apenas com polinomial do sinal do sensor. Os
os dígitos que indicam precisamente a coeficientes (a0, a1, a2, ..., an) vem do
resolução e precisão para as quais a registro de calibração em um cálculo
variável foi medida e convertida. estatístico de regressão não linear. Por

98
Controlador Digital

exemplo, um polinômio de ordem 9 dá uma uma chave atrás do painel frontal ou do


linearidade de ±1 oC. A técnica de computador supervisório. Para fazer o
linearização polinomial requer muita cálculo do erro, deve-se decidir qual
potência de computação e velocidade, mas equação usar.
não requer memória ROM extensiva (que a Quando se está programando em
técnica da tabela requer). A linearização linguagem de alto nível, a subtração para
polinomial é geralmente feita por obter o erro é simples e em linguagem
controladores usando matemática de ponto assembly, é mais complicado.
flutuante programada em uma linguagem Tipicamente, um número negativo é
de alto nível. representado em um formato com
A próxima tarefa do controlador, pelo complemento de dois. Mas a variável de
diagrama de blocos, é entrar o ponto de processo e o ponto de ajuste são entradas
ajuste. Ele já pode estar na memória, usando binários diretamente. Esta
tendo sido lido do painel frontal ou do diferença em expressar estes números
computador supervisório, em algum ciclo causa confusão e resultados errados. Os
prévio. Se um ponto de ajuste remoto é números devem todos ser expressos no
usado, o valor deve ser adquirido, mesmo formato. Conversores não
escalonado e filtrado, exatamente como se trabalham facilmente com completo de
faz com a variável do processo. dois. Complemento de dois também corta
Ainda acerca do ponto de ajuste: a faixa de contagem do microprocessador
1. Ele deve ser escalonado de modo pela metade (desde que um bit deve
idêntico a variável de processo, de representar a polaridade). Assim, é
modo que, quando a variável de recomendável que se converta o resultado
processo se iguala ao ponto de ajuste, da subtração do erro para o formato valor
o cálculo do erro dá zero. mais sinal. A palavra inteira de dados é
2. Se a alimentação é desligada e depois usada para representar o valor do erro. Um
ligada, o valor do ponto de ajuste não bit, em alguma outra palavra, é definido
pode ser perdido. Assim, ele deve ser como um flag para indicar que o erro é
armazenado, de algum modo, em uma negativo.
memória não volátil ou em memória Neste ponto, pode-se avaliar e acionar
volátil com backup de bateria. os alarmes. Estes alarmes são de dois
tipos: absoluto e de desvio.
3. Algoritmo de controle Se a variável de processo excede o
limite absoluto de alarme de alta, o alarme
Agora é o momento de calcular o erro. A absoluto de alta deve ser ativado. Se a
equação a ser usada depende da ação do variável de processo cai abaixo do limite
controlador, direta ou inversa. Uma ação absoluto de alarme de baixa, o alarme
direta do controlador significa que a sua absoluto de baixa deve ser ativado.
saída aumenta quando a variável de Os alarmes de desvio são baseados no
processo aumenta. Isto é típico para erro. Erro mais positivo do que o limite de
sistema de resfriamento. Para uma ação alarme de desvio de alta atua este alarme.
direta do controlador tem-se: Erro mais negativo do que o limite de
alarme de desvio de baixa atua este
edireta = PV – SP alarme.
Os valores destes quatro limites de
Uma ação inversa do controlador alarmes devem ser entrados em um ciclo
significa que a sua saída aumenta quando anterior, do painel de controle ou do
a variável de processo diminui. Isto é típico computador supervisório. Alguns
para sistema de aquecimento. Para uma controladores fixam os limites de alarme de
ação direta do controlador tem-se: desvio em ±0,5%. Como o ponto de ajuste,
deve-se garantir que os valores dos
einversa = SP - PV alarmes não são perdidos na falta de
alimentação principal do controlador.
O controlador single loop permite a A ativação de um alarme deve causar
alteração da ação (direta ou inversa) com duas ações:

99
Controlador Digital

Uma saída para o mundo real deve ser


chaveada. Tipicamente, isto é um tipo de Saída
Entrada + PV(s)
relé C (dois contatos normalmente abertos I(s)
ou normalmente fechados), capaz de Σ Processo de
malha aberta
suportar correntes de contato de 1 A ou G( )
mais. −
Assim que detecta uma condição de
alarme, o microprocessador deve mostrar Controlador
o flag apropriado (um bit). Quando é hora H(s)
de atuar no painel frontal ou para
comunicar com o computador supervisório, Fig. 6.7. Sistema de controle com malha fechada
este flag causa o display de aviso no painel
frontal e envia mensagem para o
computador supervisório.
Um processo chamado de
Agora é hora de calcular o valor da
transformada Z permite a conversão desta
saída. Obviamente, o principal objetivo do
equação no domínio de Laplace para o
controlador é acionar o atuador, levando-o
controlador no domínio Z. Então, pode-se
a um ponto que corresponda a medição
escrever uma equação no domínio do
igual ao ponto de ajuste (erro igual a zero).
tempo, que é o mais humano. A equação
Há dois enfoques para determinar o valor
no domínio do tempo expressa a saída do
da saída do controlador single loop.
controlador em termos dos valores
Pode-se escrever a função de
presente e prévio do erro, coeficientes e
transferência para o sistema de controle do
tempo de amostragem.
processo com malha aberta (atuador,
Com esta equação do controlador, uma
processo, sensor e condicionador), usando
entrada de I(s) causa uma resposta ótima
a teoria de controle ótimo. Um sistema de
na variável de processo PV(s). Somente
malha simples é representado na Fig. 6.6.
para esta entrada, um tipo de entrada é a
Sua função de transferência de malha
saída otimizada. Outros tipos de entradas
fechada é:
produzem saídas radicalmente diferentes e
inaceitáveis.
PV(s) G(s) Esta derivação de uma função de
=
I(s) 1 + G(s)H(s) controle ótima, H(s), requer que se
conheça a função de transferência do
Assumindo que se saiba quanto deva processo, G(s). Quando menos se
ser a variável de processo [PV(s)] para conhece do processo, G(s), mais
responder a uma dada variação de entrada pobremente definida será a sua resposta.
[I(s)], pode-se derivar uma função ótima O segundo enfoque para obter a
para o controlador [H(s)]. Resolvendo a eq. equação do controlador é o controlador
(1.1) para H(s), tem-se proporcional, integral e derivativo (PID). O
I(s)I(a) 1 controlador PID é genérico. Quando
H(s) = − sintonizado corretamente, ele produz um
PV(a) G(s) controle aceitável para a maioria dos
processos industriais. Também chamado
de controlador três modos, o controlador
PID permite estocar um tipo de controlador
para usar com temperatura, pressão,
vazão, nível, analise, velocidade, pH. O
controlador PID representa o controle de
um processo continuo para o qual não se
pode escrever uma função de
transferência.
Pode-se ter várias versões analógicas
do controlador PID. No domínio analógico
contínuo, a saída do controlador vale:

100
Controlador Digital

de O mesmo vale para o erro


v o = K P e + K I ∫ edt +K d
dt
∆e = e n − e n −1
onde
e é o erro Reescrevendo a eq. (1.12)
Kp, KI e Kd são constantes
Colocando Kd = 0, anula-se o termo Kd
Von − Von −1 = K p (e n − e n −1 ) + KIeT + ( ∆e n − ∆e n −1 )
derivativo e resulta um controlador PI. T
Também, colocando Ki = 0, anula-se a
parte integral, deixando somente o controle
proporcional. O valor preciso destas No último termo, ∆ foi distribuído em
constantes afeta radicalmente a qualidade dois componentes. Eles podem ser
do controle. Geralmente, elas são expandidos para dar:
determinadas experimentalmente,
sintonizando o sistema inteiro de malha ∆e n = e n − e n −1
fechada, assim que ele esteja operando.
Para obter uma equação que o ∆e n −1 = e n −1 − e n − 2
microprocessador possa implementar, a
equação diferencial continua deve ser
convertida em uma equação de diferenças Substituindo na eq. 13, tem-se
discretas. Deve-se, primeiro, diferenciar os
dois dados da equação, Von − Von−1 = K p (en − en−1) + KIenT +
Kd
+ [(en − en−1) − (en−1 − en−2 )]
dv o
= KP
de
+ KI
d
(∫ edt ) + K d d2 e T
dt dt dt dt 2
Finalmente,fica:
dv o de d  de 
= KP + K Ie + K d   Von − Von−1 = K p (e n − e n−1 ) + KIe n T +
dt dt dt  dt 
Esta equação mostra quanto a saída Kd
deve variar para cada variação
+ (e n − 2e n−1 + e n−2 )
T
infinitamente pequena no tempo, dt. Mas
no sistema baseado a microprocessador, A saída atual calculada se baseia no
pode-se olhar o mundo real somente uma valor anterior da saída, erro atual, erro
vez em cada ciclo. O tempo de ciclo, T, anterior, tempo de ciclo e constantes de
estabelece este intervalor de tempo, dt. peso.
Assim, o que realmente interessa é quanto Quando se programa esta equação
a saída e o erro devem variar (∆) de um usando uma linguagem de alto nível (e.g.,
ciclo para o seguinte (T). C, Pascal, PL/M ou Fortran), o trabalho fica
∆v o ∆e ∆  ∆e  mais fácil e menos sujeito a erro do que se
= KP + K Ie + K d   é usada uma linguagem assembly. Tais
T T T T 
linguagens permitem o uso de aritmética
onde T é o tempo de ciclo.
de ponto flutuante. Números negativos e
Multiplicando tudo por T, tem-se
overflow são manipulados
 ∆e  automaticamente.
∆v o = K P ∆e + K IeT + K d ∆  (12)
 T  A eq. 15 assume que o tempo de
varredura do controlador, o tempo entre a
A mudança em Vo, ∆Vo é justamente a amostra da variável de processo, seja uma
diferença entre o seu valor atual e o valor constante. Porém, há vários
lido no ciclo anterior. compromissos. Tempo de varredura muito
rápido, pequeno T, é desejável para a
∆Vo = Von − Von −1 resposta rápida a variações repentinas da
variável de processo. Porém, valores

101
Controlador Digital

maiores de T são necessários para um resposta do processo, é escolhido. É


termo estável derivativo. Valor muito necessário um temporizador a CI ou uma
pequeno para T (no denominador) dá um rotina de temporizador no programa para
termo derivativo muito grande e há manter o rastreamento deste tempo. No
instabilidade (oscilação). inicio do intervalo, a saída é ligada. O valor
O cálculo da ação derivativa em um de saída do cálculo PID determina quanto
sistema de dados amostrados pode a saída é mantida ligada. Este técnica
produzir oscilações imprevisíveis na saída. permite que a potência seja aplicada e
Iso por que o conversor A/D pode somente removida do atuador somente nos
passar variações da variável do processo cruzamentos do zero da linha, minimizando
para o processador central em passos a interferência elétrica pelo chaveamento
discretos. de carga com alta tensão e alta corrente.
A variável do processo está subindo em Muitos processos usam atuadores que
uma taxa devagar e estável. No operam com 4 a 20 mA. Para este tipo de
controlador analógico isto produz um termo saída, o cálculo do PID deve passar para
derivativo lento e constante. Porém, como um conversor D/A, que escalona a saída
estes dados são amostrados e convertidos, para 4 a 20 mA.
em passos discretos. Como a ação Qualquer que seja a técnica escolhida,
derivativa toma o dado que chega como a eletrônica deve incluir alguma forma de
novo, responde de modo rápido, primeiro isolação. Sem esta isolação, um erro
para cima e depois para baixo. provocado na fiação entre controlador e
É esta oscilação brusca que torna o atuador, ou uma falha, pode ocorrer 115 V
uso do controlador digital com apenas a ou mais na linha de terra do controlador.
ação derivativa questionável. Às vezes, Obviamente, isto danifica o controlador ou
pode ser necessária uma computação até o computador supervisório ligado a ele.
mais sofisticada da ação derivativa ou Assim que a saída é atualizada, o
então não se usa esta ação. programa deve completar a comunicação
com o painel frontal e com o computador
4. Saída do comando supervisório. Porém, o controlador nunca
volta através na malha para checar a
Depois que termina o cálculo do bloco variável de processo.
PID, fica-se pronto para acionar a saída. O valor da variável de processo deve
Esta saída pode ser liga-desliga com ser enviado do controlador
banda morta, com tempo proporcionado, microprocessador para o computador e o
acionada por ângulo de fase, modulada por microprocessador deve ser capaz de
largura de pulso ou corrente (ou tensão) receber o ponto de ajuste remoto,
analógica. estabelecido no computador. O modo mais
Para processos com resposta lenta e simples de fazer isso é através de duas
com pouca variação de carga, o controle malhas analógicas de 4 a 20 mA. A saída
liga-desliga trabalha bem. Quando o do controlador passa por um conversor
cálculo PID é mais positivo que um nível D/A. O sinal de corrente analógica de 4 a
positivo definido de banda morta, a saída é 20 mA do computador comanda o ponto de
ligada (usualmente 115 V ou de contatos ajuste remoto se é lido pelo
de forma C). Quando o cálculo PID fica microprocessador com um conversor A/D
mais negativo que um nível de banda quando ele lê sua variável de processo.
morta negativo definido, a saída é A comunicação digital permite que
desligada. Os níveis de banda morta são muito mais informação seja trocada.
necessários para evitar que o atuador e o Protocolos padrão como RS-232 e RS-422
processo ciclem. podem ser usados ou o controlador
Processos com resposta lenta que microprocessado pode ser colocado em
requerem controle melhor que o liga- uma rede de área local (LAN). Os dados
desliga, podem necessitar de tempo trocados podem incluir resultados de
proporcionado. Um intervalo de tempo que autotestes, ponto de ajuste, condições de
é muito maior do que um ciclo de 60 Hz, alarme, níveis de saída, modo de controle
mas muito mais curto que o tempo de e constantes do controlador. De fato, um

102
Controlador Digital

inteiro novo algoritmo de controle pode ser KI e Kd no cálculo do PID. Depois, volta o
editado pelo computador supervisório para modo automático de controle. Esta técnica
substituir ou suplementar a equação PID. requer a intervenção do operador. Ele
Autoteste extensivo é necessário também remove o processo do controle
quando se aplica potência à primeira vez suave, enquanto o controlador está
ao microprocessador e quando direcionado fazendo experiências com ele. Isto pode
pelo computador supervisório. Porém, ao ser inaceitável.
fim de cada ciclo, algum autoteste também A auto-sintonia contínua é mais
pode ser feito. São também feitos testes complicada. Ela opera com conjunto com o
funcionais do equipamento e programa de modo de controle automático. Sempre que
entrada e saída, zero automático da houver um distúrbio apropriado do ponto
entrada e da saída e calibração e um de ajuste ou a variável de processo é
simples check de memória e do canal de notificada, o algoritmo de auto-sintonia
comunicação. Assim que uma falha é monitora o desempenho do controlador,
detectada, o operador e o computador regulando esta alteração. Da avaliação de
supervisório devem ser notificados. Para malha fechada, novos valores de Kp, KI e
problemas sérios, pode-se programar para Kd são computados. Este procedimento
que haja um desligamento automático, acontece continuamente sem intervenção
seguro e ordenado do processo, pelo do operador ou interrupção do controle
controlador. automático. Ao longo do tempo, este tipo
de controlador com auto-sintonia aprende
5. Modos de Operação com o processo e coloca seus próprios
valores para o controla ótimo. Pode haver
Há dois modos típicos para a operação problemas quando processo é muito
do controlador: manual e automático. estável e o controlador não tem nada a
Opcionalmente, pode haver um terceiro, aprender e deixa de operar corretamente.
chamado de auto-sintonia.
Em modo manual, o cálculo do erro, Exemplo
alarmes de desvio e cálculo de PID são A variável de processo começa em
removidos. Em vez disso, um comando de 5,000 V e aumenta 10 mV/s. O ponto de
saída entrado do painel frontal ou do ajuste é 5,000 V. O conversor A/D é de 8
computador supervisório é enviado bts, o fundo de escala é 10 V. Assumindo
diretamente para acionar a saída. Kd = 3 s, T = 1 s, calcula o termo de saída
Em modo automático, são feitos os derivativo da eq. 6.15.
cálculos do erro, dos alarmes de desvio e
cálculos do PID são executados pelo A Tab. 5. deve ser completada. PV
controlador, sem independente do sobe na taxa de 10 mV/s.
operador.
A transferência entre o controle
PV
automático e manual não deve permitir que Data in = × 256 (valor inteiro)
a saída tenha saltos (bump). A alteração 10 V
do modo, no pior caso, pode somente
causar a saída rampear para um novo Erro = 128 – data in
nível em uma taxa aceitável. Isto é
chamado de transferência sem salto 3s
Derivativa = (e n − 2e n −1 + e n − 2 )
(bumpless). 1s
A versão mais simples de auto-sintonia
requer uma inicialização do operador ou do
computador supervisório. Uma vez
iniciado, este tipo de auto-sintonia aciona
sua saída para cima e para baixo, várias
vezes. O algoritmo avalia a resposta do
processo para estes distúrbios tipo degrau
no atuador. Baseado nesta informação,
são computados e entrados valores de Kp,

103
Controlador Digital

Tab. 5. Solução do exemplo 1 anormais do processo.


O desenho dos diagramas de fluxo e
as configurações de controle da planta
n PV Data in Erro n Derivativa
(apresentações visuais, processos
0 5,000 128 0 0 simulados) requerem trabalhar com uma
1 5,010 128 0 0 linguagem de programação que permita ao
2 5,020 128 0 0 projetista uma grande versatilidade. O uso
3 5,030 128 0 0 de caixas pretas de sistemas experts
4 5,040 129 1 3 versáteis, que se encontram disponíveis
5 5,050 129 1 -3 em microcomputadores pessoais,
6 5,060 129 1 0 tampouco é a solução, pela falta de
7 5,070 129 1 0 potência que requer a elaboração do
8 5,080 130 2 3 sistema expert, sendo o adequado as
9 5,090 130 2 -3 estações de trabalho em LISP, ou
10 5,100 130 2 0 PROLOG, complementadas por
ferramentas de calculo numérico que
utilizem FORTRAN, PASCAL ou C. Deste
modo, estas estações permitem a
6. Sistema Expert obtenção do conhecimento qualitativo e
quantitativo que exige o sistema expert.
Os sistemas experts se integram ao Em geral um sistema expert dispõe de:
sistema de controle da planta para auxiliar 1. um motor inferencial que controla e
o operador na detecção e solução dos usa as bases do conhecimento do
casos em que o processo sai fora de processo (que contenham as
controle. regras) para deduzir conclusões.
Os sistemas experts se tornaram As regras utilizam freqüentemente
possíveis graças ao microprocessador. O a sentença SE-ENTÃO (IF-THEN).
sistema expert detecta e diagnostica os Por exemplo, em um reator
problemas potenciais que possam exotérmico se utilizaria: IF - a
aparecer no controle de processos de uma reação é exotérmica -AND- o
planta industrial. A elaboração do pacote próximo passo da reação é baixar
expert é trabalhosa. É necessário adquirir a temperatura -THEN-atue
o conhecimento do processo que possuem (fechando) na válvula de vapor de
os operadores da planta e os engenheiros controle de temperatura do
projetistas para incorpora-lo ao sistema trocador de calor do processo.
expert. Este conhecimento se baseia 2. um sistema para manejar em
fundamentalmente nos sinais de alarme tempo real grandes quantidades
que o operador humano capta antes de de dados do processo e a
apresentar as situações anormais no diferentes níveis de prioridade.
processo, situações que dão lugar a toda 3. o encadeamento para frente e para
classe de fenômenos prejudicais, tais trás das diferentes arvores de
como: parada da planta, destruição de decisão, proporcionando por
produto, explosões, desprendimento de diagnostico e predição uma ou
produtos tóxicos. Para a elaboração das várias conclusões com um
bases do conhecimento se faz um uso determinado nível de certeza.
amplo das telas e menus que permitem ao 4. a simulação e o ensaio da base de
usuário, sem ter experiência nos sistemas conhecimento antes de seu uso
experts e com a ajuda do programa, real no processo.
construir os modelos do processo, entrar 5. explicações do racionamento
os parâmetros do sistema, especificar as empregado para informação e uso
variáveis criticas e outros dados do por parte do usuário na
conhecimento. comprovação ou ampliação do
O sistema expert também deve sistema.
incorporar as operações necessárias para As etapas típicas onde atua um
resolver corretamente as situações sistema expert na planta são:

104
Controlador Digital

6.1. Reconhecimento das situações as paradas da planta ou em situações


anormais. transitórias de perda de controle. Para este
desenvolvimento, serão necessárias a
Se realiza mediante a monitoração de colaboração de engenheiros de
todos os sistemas de controle analógicos e instrumentação e de processo e a
digitais, tais como os controladores, formação da engenharia do conhecimento.
alarmes, indicadores e registradores e sua
comparação com os dados provenientes
do conhecimento do sistema expert.
7. Controlador Comercial

6.2. Diagnóstico. 7.1. Conceito

Se efetua a partir da fase anterior de O controlador single loop resolve o


comparação se na mesma se detectou algoritmo de controle para produzir uma
única saída controlada. O seu baixo custo
situações problemáticas. Se visualiza o
permite que ele seja dedicado a uma única
diagnostico da planta no estado atual de
malha. O controlador single loop é o
controle.
instrumento microprocessado com todas
as vantagens inerentes à sua natureza que
6.3. Correção do problema.
pode ser usado para controlar uma única
O operador é assistido pelo sistema malha (daí o nome, single loop). É também
inteligente de visualização, que lhe mostra chamado de single station. Por ser
graficamente os diagramas de fluxo de dedicado, este controlador é ainda
interesse, o resumo dos alarmes, o estado chamado de stand alone (isolado).
dos indicadores e dos controladores Por questão de marketing e por causa
afetados e a seqüência de operações a de sua grande capacidade, um único
realizar para solucionar o problema. Se invólucro pode incluir dois e até quatro
dispõe de ajudas na visualização que controladores, porém, com o aumento de
provocam o flasheamento das áreas dificuldade da operação, quando é
problemáticas dentro do diagrama de fluxo. chamado de controlador multi loop.
Baseando-se na informação recebida, O microprocessador pode ter qualquer
o operador atua sobre o processo ou esta função configurável e por isso, um mesmo
atuação é realizada automaticamente pelo instrumento pode funcionar como
sistema de controle, informando ao controlador, controlador cascata,
operador das ações realizadas. controlador auto-seletor ou como
Entre as aplicações típicas que os computador de vazão com compensação
sistemas experts podem realizar se de pressão e temperatura. A configuração
incluem o controle de nível do fundo e a pode ser feita através de terminal acoplado
otimização do rendimento no destilado das ao instrumento ou através de programador
colunas de distilação. separado (stand alone).
O beneficio que o sistema expert Como a tecnologia do single loop é
aporta à planta é a redução dos tempos de moderna, o instrumento incorpora todos os
parada e, o que é mais importante, a avanços da tecnologia eletrônica,
diminuição da probabilidade de que o microprocessadores, displays novos e
funcionamento anormal da planta conduza programas criativos.
a situações catastróficas.
Embora seja difícil prever o futuro, os 7.2. Tamanho
sistemas experts se desenvolverão mais
ainda, conduzindo a novas ferramentas e Tem tamanho pequeno ou muito
técnicas que permitirão a simulação ampla pequeno (menor que as dimensões DIN).
Não necessariamente a mais importante,
dos processos industriais e a detecção
mas um das características mais notável
inicial de problemas na qualidade de
da presente geração de controladores
fabricação dos produtos, para assim
corrigir em seu inicio estas situações, single loop é seu pequeno tamanho físico.
diminuindo os refugos e proporcionando A maioria dos controladores segue as
dimensões européias DIN (Deutche
uma ajuda muito útil ao operador durante
Industrie Norm) para aberturas de painel:

105
Controlador Digital

¼ DIN - 96 x 96 mm (3,8 x 3,8 in) 7.6. Outras propriedades


1/8 DIN - 96 x 48 mm (3,8 x 1,9 in)
1/16 DIN - 48 x 48 mm (1,9 x 1,9 in) Os controladores single loop possuem
ainda capacidade de auto/manual, ponto
O mais popular é o 1/16 DIN.
de ajuste múltiplo, auto-diagnose e
memória. São construídos de
7.3. Funções de controle
conformidade com normas para ser
Muitos controladores chamados de facilmente incorporado e acionado por
single loop são de duas malhas. Através sistemas SDCD.
do circuito microprocessado, muitos As aplicações típicas do single loop são
controladores oferecem os formatos de em plantas pequenas e médias que não
liga-desliga e PID. Outros controladores podem ou não querem operar, em futuro
incorporam funções matemáticas, ou no próximo, em ambiente com controle digital
próprio circuito ou através de módulos distribuído. Mesmo em sistemas de SDCD,
funcionais opcionais incorporados na há malhas críticas que, por motivo de
caixa. Estas funções matemáticas incluem: segurança, são controladas por
Somador - subtrator controladores single loop.
Ganho ajustável com polarização
Desvio com ganho ajustável com 7.7. Controlador Foxboro
polarização
O controlador single station Foxboro
Multiplicador - divisor
Compensador lead/lag inclui:
1. display analógico fluorescente para
(avanço/atraso)
mostrar através de barra de gráfico o
Filtro dual
valor da variável, do ponto de ajuste
Limitador de rampa
e da saída do controlador
Limitador de sinal
2. display digital para indicar através de
Rastreamento (tracking) analógico
Extrator de raiz quadrada dígitos os valores e unidades de
engenharia
Seletor de sinal (alto/baixo)
3. display alfanumérico para indicar tag
Seletor de sinal (médio
da malha selecionada
Peak picker
4. painel da estação de trabalho, para
Conversor de sinal (termopar, RTD)
Potenciômetro (não isolado e indicar status de operação
(computador ou local), status do
isolado)
ponto de ajuste (remoto, local ou
relação), status da saída (automático
7.4. Auto sintonia
ou manual) e status de alarme
Esta propriedade é disponível na (ligado ou desligado)
maioria dos controladores single loop, 5. teclado com 8 teclas para
exceto nos de baixo custo. configuração e operação para
selecionar, configurar e sintonizar.
7.5. Seqüencial e programação de
tempo
A maioria dos controladores single loop
possui capacidade de programação
temporal e sequenciamento de operações.
A programação envolve quaisquer duas
variáveis, porém o mais comum é se ter o
tempo e a temperatura. Em siderurgias, é
comum a aplicação de programas de
temperatura, onde se tem uma rampa de
aquecimento, a manutenção da
temperatura em um patamar durante um
determinado tempo e o abaixamento em
Fig. 6.9. Controladores single loop (Foxboro)
vários degraus.

106
Controlador Digital

Suas especificações funcionais são: operador navegar através de


1. sinais de entrada proporcionais, procedimentos de preencher campos em
qualquer combinação não branco.
excedendo 4 analógicas (4 a 20 mA, O controlador tem capacidade de
1 a 5 V, voltagem de termopar ou monitorar, controlar, configurar até 1500
resistência de RTD) e 2 entradas de pontos de controle através de um
freqüência. Todos os sinais de computador pessoal.
entrada são convertidos e podem Também, na mesma família do produto,
ser caracterizados em uma há um controlador seqüencial que fornece
variedade de cálculos. entradas e saídas digitais adicionais para
2. cada controlador possui duas controlar até três seqüências, um link serial
funções de controle independentes de comunicação RS 232 C para ligar a
que podem ser configuradas como dispositivos externos, como impressora ou
um único controladores, dois sistema de aquisição de dados.
controladores em cascata ou em As aplicações comuns incluem controle
seleção automática. Os algoritmos vazão, temperatura e pressão de
padrão para cada controlador são P, alimentação de caldeira a três elementos e
I, PD, PI, PID e controle EXACT controle de surge de compressor, controle
3. duas saídas analógicas não isolados de motor, gerenciamento de queima e
e duas saídas discretas outras com partidas e paradas.
4. outras funções de controle como
caracterização, linearizadores,
portas lógicas, condicionadores de
sinal
5. alarmes
6. computações matemáticas
7. alimentação do transmissor de
campo
8. memória para armazenar todos os
parâmetros de configuração e
operação
9. filtros de entrada (Butterworth)
10. distribuição de sinais (até 30 sinais Fig. 6.10. Controlador Bailey e HHT
para roteamento interno)
7.9. Controlador WEST
7.8. Controlador Bailey
O controlador programador isolado
O controlador Bailey tem capacidade West é disponível em um invólucro DIN de
de duas malhas (dual loop) para controle 1/8 (96 x 48 mm). Suas características são:
de uma grande variedade de variáveis. O 1. Display com duas linhas por LEDs
instrumento incorpora: 2. Sete LEDs dedicados são usados
1. display de plasma de gás para para mostrar a legenda do cursor
ponto de ajuste e saída de controle durante a configuração e o status
2. capacidade de armazenar até 75 do instrumento quando um
códigos de funções programa estiver rodando.
3. número de entradas e saídas 3. Saída de controle PID que pode ser
flexível oferecida com uma saída 1
4. estação opcional de bypass da (aquecimento) e uma saída 2
malha para controle manual direto (resfriamento) com a adição de uma
das saídas do processo durante saída de alarme.
manutenção. 4. Opção de comunicação serial RS
5. auto sintonia. 485 que permite a ligação mestre –
A configuração e sintonia são obtidas escravo.
através de um terminal portátil proprietário
que usa cursor acionado por menu para o

107
Controlador Digital

5. Capacidade de base de tempo 3. entradas analógicas (4 pontos, 1 a


dupla permitindo taxas de programa 5 V cc)
hora-minuto ou minuto-segundo. 4. saídas analógicas (3 pontos, 1 a 5
6. Revisão dos parâmetros de V cc ou 4 a 20 mA cc)
programa sem interrupção do 5. funções seqüenciais
programa. 6. display de dados
7. Controle auto-manual, permitindo a 7. manipulação de até 10 pontos de
passagem de automático (malha status I/O, cada um definido pelo
fechada) para manual (malha usuário como entrada ou saída.
aberta). 8. teclas de função programáveis (4)
8. Sintonia prévia e auto-sintonia na frente do painel para controlar a
podem ser selecionadas ou não partida das seqüências.
selecionadas. 9. lâmpadas associadas (4) para
As aplicações típicas envolvem indicar o progresso da seqüência ou
processos de tratamento de calor, servir como cursor.
preparação de alimentos, esterilização e 10. cerca de 43 funções
câmaras ambientais. computacionais.

Fig. 6.12. Controladores Johnson Yokogawa

Fig. 6.11. Controlador West 7.11. Controlador Moore

7.10. Controlador Yokogawa O controlador digital microprocessado


single loop da Moore possui as seguintes
O controlador programável da Johnson características físicas:
Yokogawa incorpora funções de controle e 1. Display com barra gráfica de cristal
computacionais que podem ser líquido (LCD) para variável do
combinadas de modo análogo à processo, ponto de ajuste e valores
programação de uma calculadora da válvula
eletrônica. A função de auto-sintonia é 2. Display digital para unidades de
muito útil em aplicações de batelada de engenharia
vários produtos, onde as características do 3. Display alfanumérico para status e
produto podem variar de produto para indicação de alarmes.
produto. Ele apresenta um algoritmo, 4. Funções e operações como
acionado pelas variações do ponto de entradas, sadias, controles e
ajuste ou sob demanda e fornece uma computações são armazenadas
resposta rápida para variações do dentro da memória do modelo como
processo. Outras características incluem: modular.
1. controle preditivo antecipatório 5. Facilidade de seleção dos blocos
(feedforward), com computações de funcionais. Tipicamente os blocos
ganho e polarização de função tem valores de
2. processamento de sinais parâmetros, limites de calibração e
informações de comunicação com

108
Controlador Digital

outros blocos de função programável, responsável pela aquisição


selecionados pelo usuário. de dados do sistema. Porém, é
6. Possibilidade de expansão com recomendável e é pratico fazer o controle
blocos funcionais adicionais para PID no controlador lógico programável e
implementar controle avançado não no computador pessoal, por questão
7. Uso como computador de vazão, de confiabilidade. A CPU de um
com compensação de temperatura controlador lógico programável é muito
e pressão do sinal de vazão. mais confiável e estável que a de um
8. Capacidades avançadas de computador pessoal, mesmo quando
compensação de tempo morto, chamado de computador industrial.
controle preditivo antecipatório,
cascata, auto-seletor, faixa dividida. 8.2. Princípios PID
9. Opção de terceira entrada adicional
PID significa Proporcional, Integral e
para acomodar termopares,
Derivativo. PID é um algoritmo de controle
freqüência, militensão, resistência
de processo contínuo. PID faz duas tarefas
detectora de temperatura ou pulso
de controle:
de computador.
1. controle PID mantem a saída em um
10. Interface de comunicação serial
nível estabelecido, mesmo quando os
para ligação com rede de
parâmetros variáveis do processo
computadores.
podem tender a fazer a saída variar de
seu ponto de ajuste desejado.
2. PID varia o nível do processo de um
ponto de ajuste para outro, de modo
rápido e exato.
O controle Proporcional é um sistema
de controle que corrige o desvio de um
processo do ponto de ajuste, mantendo
sempre a variável igual ao ponto de ajuste.
A correção é proporcional ao tamanho do
Fig. 6.13. Controlador single loop (Moore)
erro. Por exemplo, seja uma vazão de ar
de 575 m3/h. Se por algum motivo, a vazão
8. Bloco PID aumenta para 580 m3/h, um sinal de
correção é aplicado ao damper do ar para
8.1. Introdução reduzir a vazão de volta a 575 m3/h. Se a
Quando se usa um controlador lógico vazão agora varia para 585 m3/h, o dobro
programável ou um sistema de controle do desvio do ponto de ajuste, um sinal de
distribuído ou um controle supervisório correção de quatro vezes o tamanho seria
com computador, o controle PID é feito aplicado para a correção. Quanto maior o
através de blocos que devem ser sinal corretivo, teoricamente, dá um retorno
configurados no interior do sistema. O mais rápido para a vazão de 575 m3/h. Na
bloco PID de um sistema de controle prática, a correção rápida não é precisa. A
distribuído é muito poderoso e complexo, vazão retorna para um novo ponto de
pois o sistema é aplicado a controle de ajuste no fim da correção, e.g., 576,5 m3/h
processos contínuos de grandes plantas. A e não 575 m3/h. O controle proporcional
maioria dos CLPs possui funções de não pode trabalhar efetivamente, sozinho.
controle PID, que são capazes de realizar Para voltar a vazão para o ponto de
o controle analógico efetivamente, porém ajuste original, adiciona-se o controle
este bloco é bem menos elaborado e Integral. Com apenas o controle
eficiente que o do sistema distribuído. proporcional, tem-se um erro na saída do
Quando se tem um sistema com ponto de ajuste original. A vazão fica em
controle supervisório e aquisição de dados 576,5 e não em 575 m3/h. O controle
o bloco PID pode ser disponível tanto no integral sente o produto do erro, 1,5 m3/h, e
computador pessoal aplicado ao o tempo em que o erro persiste. Um sinal é
supervisório como no controlador lógico desenvolvido deste produto. O controle

109
Controlador Digital

integral então usa este sinal produto para


retornar ao ponto de ajuste original. Um Descrições e valores funcionais
sinal de controle integral é geralmente PID n número de identificação do bloco
usado em conjunto com o sinal corretivo PID
proporcional. No controlador, o sinal INPUT registro em que a variável do
processo é armazenada
integral adicional reduz o sinal de erro que
OUTPUT registro em que o algoritmo de
fazia o desvio da saída do ponto de ajuste. saída é armazenado
Assim, durante um período de tempo, o SETPT registro em que o ponto de ajuste
desvio do processo do ponto de ajuste é armazenado
original 575 m3/h é reduzido ao mínimo. ERROR registro em que o valor do erro
Porém, esta correção leva um período (SETPT – INPUT) é armazenado
relativamente longo. DB registro para o valor da banda
Para apressar o retorno da variável morta
para o ponto de ajuste, é adicionado ainda CHGMX registro em que a máxima
o controle Derivativo ao sistema velocidade de variação permissível
é armazenada
Proporcional e Integral. O controle
PGAIN registro em que o ganho
derivativo produz uma ação corretiva proporcional é armazenado
baseada na taxa de variação do sinal. IGAIN registro em que o termo integral é
Quanto mais rápida a variação com armazenado
relação ao ponto de ajuste, maior é o sinal DGAIN registro em que o termo derivativo
corretivo. O sinal derivativo é adicionado é armazenado
ao sistema Proporcional e Integral. Isto
torna a ação mais rápida. O sistema de Entrada
controle com as três ações em paralelo é o EN linha de habilitação
mais usado. A/M modo automático ou manual
HOLD usado para grampear e para o
8.3. Funções PID do CLP controle lógico de transição

O bloco de função PID simplificado do Saídas


controlador lógico programável tem os P bobina com número atribuído
seguintes parâmetros: Q bobina de limite de saída usada na
1. um contato de entrada para habilitar lógica
o bloco
2. um número de identificação da A maioria das funções no bloco é
malha escrita como percentagem do ponto de
3. o tempo de atualização no bloco ajuste. Os valores do bloco podem ser
4. bobina P que energiza quando a programados como constantes ou movidos
função é habilitada entre os registros. DB, a banda morta, é
5. bobina Q que energiza quando o efetivamente a tolerância aceitável do
tempo de atualização atinge uma processo, em percentagem. Os três
varredura. últimos parâmetros são ajustados através
De um modo mais detalhado tem-se os da sintonia do sistema em operação, para
seguintes parâmetros: obter o melhor resultado possível do
controle.

Habilita
P

Malha #

Tempo
Q

Bloco típico de controle no CLP

110
Controlador Digital

Variável de Processo – Este é o valor


medido da variável independente envolvida
EN no processo sob controle. Ela pode ser
ALT P armazenada em
• Registro de Hold (HR)
AUTO/ PID # • Registro de entrada (IR)
MANUAL INPUT • Registro de saída (OR)
OUTPUT • Grupo de entrada (IG)
SETPT LIM Q • Grupo de saída (OG)
ERROR Saída – Esta é a saída do controlador
do processo usada para acionar o
HOLD PGAIN
elemento final de controle para ajustar o
IGAIN
processo sob controle. Ela pode ser
DGAIN
armazenada em
DB
• Registro de Hold (HR)
CHGMX
• Registro de saída (OR)
• Grupo de saída (OG)
Fim da tabela da malha – Especifica o
ultimo registro mantido na tabela contendo
Função PID típica do CLP
dados requeridos pela operação de
O bloco de controle pode ser mais
controle da malha. Pode ser menor que
complexo ainda. Neste caso, há uma folha
HR0032 ou maior que o mais alto registro
de especificação (work sheet) listando
de hold disponível no processo. Esta
todas as funções dos registros, como
tabela é sempre de 32 registros hold (Na
ponto de ajuste, valores de sintonia,
figura, HRXXXX-31 é o inicio e HRXXXX é
tempo, palavras de configuração.
o fim da tabela).
Número referência
9. Controlador virtual
Tipo LT XXXX
Manual Um instrumento virtual é definido como
uma camada de software, hardware ou de
Op Code 94 ambos, colocada em um computador de
Automático uso geral, de modo que o usuário possa
Ponto de Ajuste interagir com o computador como se fosse
um instrumento eletrônico tradicional
Variável do Processo projetado pelo próprio usuário.
Cascata Controlador virtual é aquele construído
Saída
dentro de um computador pessoal.
Atualmente, são disponíveis aplicativos
Cálculo Fim da tabela da malha
para desenvolver a face do controlador
(template), seu bloco funcional PID e os
programas intermediários para interligar
Op Code 94 – Define a função literal (LT) imagens, layouts, blocos e sinais externos.
como sendo uma função de controlador Do ponto de vista do operador usuário,
(LC) da malha é muito difícil ver rapidamente as
Ponto de Ajuste – Este valor é o valor diferenças entre um instrumento virtual,
desejado da variável de processo. Pode constituído de programa e equipamento e
ser um valor constante ou armazenado em um real, que é apenas equipamento. O que
um específico: se vê na tela do computador não dá
• Registro de Hold (HR) imediatamente um entendimento da
filosofia de base. Diferente de um
• Registro de entrada (IR)
hardware, em que se pode abrir a caixa e
• Registro de saída (OR)
olhar dentro, a arquitetura no software é
• Grupo de entrada (IG)
• Grupo de saída (OG)

111
Controlador Digital

abstrata e não é imediatamente visível


para um olho nu.

Fig. 6.11. Vista frontal de um controlador virtual


Fig. 6.12. Controlador virtual na tela do monitor

Para dar um exemplo, quando se tem


um computador pessoal com um circuito Controlador virtual comercial
de aquisição de dados embutido, para um Como visto, o controlador é um
instrumentista ou operador de processo, o instrumento que recebe um sinal de
instrumento pode funcionar como medição da variável controlada (PV),
indicador, registrador, controlador ou chave recebe um ponto de ajuste estabelecido
de atuação. pelo operador (SP) e gera um sinal de
A única diferença entre o instrumento saída (MV), que é uma função matemática
convencional e o virtual é o software e por específica da diferença entre a medição e
isso tem se a idéia que o software é o o ponto de ajuste. Tipicamente, o sinal de
instrumento. saída vai para uma válvula de controle.
Através do monitor de vídeo, teclado e O ponto de ajuste pode ser
mouse, o operador pode fazer tudo no 1. local, estabelecido pelo operador
processo industrial que é feito com o 2. remoto, determinado por um outro
instrumento convencional, como: sinal, por exemplo saída de outro
1. alterar ponto de ajuste do controlador
controlador, 3. remoto ou local, selecionado por
2. passar de automático para manual uma chave
e vice-versa e em modo manual, Todo controlador possui uma chave
atuar diretamente no elemento final seletora para definir o modo de operação:
de controle 1. automático, quando a saída é
3. estabelecer pontos de alarme de determinada apenas pelo
máximo e de mínimo controlador, em função das ações e
4. alterar os parâmetros da sintonia da diferença entre a medição e o
(ganho, tempo integral e tempo ponto de ajuste
derivativo) 2. manual, quando a saída é gerada
Adicionalmente, como o instrumento diretamente pelo operador
dentro do computador possui muito mais
recursos, o operador pode:
5. ver a curva de resposta do
controlador para atestar o resultado
da sintonia
6. ver a curva de tendência histórica

112
Controlador Digital

mais informações sobre o controlador e


atuar no processo através do controlador.
A face do controlador virtual é similar a
de um controlador convencional,
possuindo:
1. barra gráfica verde da variável
medida (PV)
2. barra gráfica azul do ponto de
ajuste (SP)
Fig. 20. Controlador aparecendo na tela de
3. barra gráfica vermelha da saída do
monitoração
controlador (MV),
4. chave seletora A/M
(automático/manual). Quando está
O controlador pode ter ou não ter em automático, aparece a chave
alarme. O alarme pode ser de baixa, de Auto e quando está em manual, a
alta ou ambos. Como nos indicadores, o chave Manual.
controlador sem alarme possui uma linha 5. Chaves (4) de atuação manual da
do balão preta e o controlador com alarme, saída do controlador, atuável
linha vermelha. Todo controlador possui somente quando o controlador está
um balão com cinza escuro, para permitir a em modo manual: uma lenta e outra
chamada da sua face frontal, através de rápida, uma subir e outra para
um gatilho. descer. Estas chaves não estão
A seqüência do alarme do controlador é habilitadas quando o controlador
idêntica à do indicador. está em automático.
6. Chave seletora Remoto ou Local do
ponto de ajuste (chave opcional)
7. Chaves (4) de atuação manual do
ponto de ajuste local, atuável
somente quando o controlador está
com ponto de ajuste local: uma
lenta e outra rápida, uma subir e
outra para descer. Esta chave não
está habilitada quando o
controlador está em ponto de ajuste
remoto.
8. Indicações digitais dos valores do
ponto de ajuste (SP), variável
medida (PV) e saída do controlador
(MV), logo abaixo das barras
gráficas.
9. Botão (ícone parecido com gráfico)
Fig. 21.Face frontal do controlador, com ponto de para chamar a tela de tendência da
ajuste apenas local variável controlada.
10. Indicação do status da abertura da
válvula: A para aberta e F para
Face frontal do controlador fechada.
11. Botão para chamado das telas de
O balão cinza escura do controlador
sintonias P, I e D.
indica que há um gatilho nele. Quando o
operador coloca o cursor sobre este balão,
aparece a mãozinha vermelha. Quando ele
clica sobre o balão, aparece ao lado e
acima do balão a face frontal do
controlador, permitindo ao operador ter

113
Controlador Digital

Se o operador clicar em Auto, a ação


Ação Automática ou Manual muda ou continua em automático; se clicar
Todos os controladores possuem a em Manual, a ação muda ou continua em
opção de modo Automático ou Manual. manual e se clicar em Cancel, a ação
continua como está (nada é alterado).
Ponto de ajuste Remoto ou Local
Há controladores com ponto de ajuste
local e controladores com ponto de ajuste
local ou remoto (p. ex., controlador de
relação de vazões).
Em modo Manual, a chave de
alteração do ponto de ajuste não está
habilitada. Em modo automático (Auto) e
com o ponto de ajuste selecionado para
Local, a chave de alteração do ponto de
ajuste fica habilitada: o operador pode
alterar o ponto de ajuste local, atuando nas
chaves à esquerda (SP), para aumentar ou
diminuir, de modo rápido ou lento.
Enquanto o controlador estiver em modo
Auto e com a chave de ponto de ajuste em
Fig. 22. Frontais do controlador: operação do Remoto, as chaves de alteração do ponto
controlador em modo Automático ou Manual de ajuste desaparecem. Neste caso, o
ponto de ajuste é alterado
automaticamente, através de algum sinal
externo que chegue ao controlador
Em modo automático (Auto), a chave (tipicamente é a saída de outro
de alteração da saída não está habilitada. controlador, quando os dois estão em
O operador pode alterar o ponto de ajuste controle cascata).
local, atuando nas chaves à esquerda
(SP), para aumentar ou diminuir, de modo
rápido ou lento. Em modo Manual, a chave
de alteração do ponto de ajuste não está
habilitada. Através das chaves de atuação
da saída, o operador pode atuar
diretamente no processo, para aumentar
ou diminuir, de modo rápido ou lento.
Quando o operador clica na chave
virtual Manual ou Auto do frontal, aparece
uma janela para confirmar ou cancelar a
mudança.

Fig. 24. Frontais do controlador Local ou Remoto

Fig. 23. Imagem que aparece para confirmar ou


canelar a transferência Auto-Manual da saída do
controlador

114
Controlador Digital

Fig. 25. Frontais do controlador Local ou Remoto

Fig. 27. Frontal de controlador com ponto de ajuste


Quando o operador clica na chave Remoto ou Local e modo de operação Manual e
virtual Local ou Remoto do frontal do Automático. O controlador está em modo manual e o
controlador, aparece uma janela para ponto de ajuste em local. Clicando nas chaves à
confirmar ou cancelar a mudança. esquerda (SP), o ponto de ajuste é alterado.
Clicando nas chaves à direita (MV), a saída do
controlador é determinada manualmente pelo
operador.

Quando o operador clica na janela da


indicação digital da Relação, aparece a
janela para a alteração desta relação.
Fig. 26. Imagem que aparece para confirmar ou
canelar a transferência Local-Remoto do ponto de
ajuste

Se o operador clicar em Local, a ação


muda ou continua em local; se clicar em
Remoto, a ação muda ou continua em
remoto e se clicar em Cancel, a ação
continua como está (nada é alterado).
Fig. 28. Janela para entrar com novo valor da
Controle de relação relação
Há malhas com controle de relação de
vazões de HCN e Propanona.
A saída do controlador de vazão de
Propanona vai para o ponto de ajuste do
controlador de vazão de HCN, passando
por uma estação de relação (FFC). Esta
relação pode ser ajustada pelo controlador,
que clica no botão Relação

115
Controlador Digital

Quando o operador clica na janela com


Sintonia do Controlador a indicação digital do ganho derivativo (kd),
Quando o operador clica na tecla virtual aparece a tela para ajuste da ação
PID aparece uma nova face frontal dos derivativa do controlador.
ajustes de sintonia do controlador.

Fig. 29. Janela para sintonia do controlador

Fig. 32. Janela para entrar com novo valor do ganho


derivativo
Clicando no botão X, na parte superior
direita da janela de sintonia, ela é fechada
(desaparece da tela).
A sintonia do controlador (ajustes do
Quando o operador clica na janela com ganho proporcional, ganho integral e
a indicação digital do ganho proporcional ganho derivativo) é relativamente
(kp), aparece a tela para ajuste do ganho complexa e por isso, por enquanto, é feita
do controlador. apenas pelo Supervisor.
Clicando no botão X, na parte superior
direita da imagem, a face frontal do
controlador é fechada (desaparece da
tela).
Tela de ajuda
Quando operador clica na tecla virtual
ATUALIZA, o novo valor entra e foi feita a
alteração. Quando o operador clica na
tecla virtual AJUDA, aparece a tela de
Fig. 30. Janela para entrar com o novo valor do ajuda.
ganho

Quando o operador clica na janela com


a indicação digital do ganho integral (ki),
aparece a tela para ajuste do ganho do
controlador.

Fig. 33. Tela de ajuda de sintonia

Fig. 31. Janela para entrar com novo valor do ganho


integral

116
Controlador Digital

No menu e em Modes, pode-se


Janelas de modificação de ajustes escolher a tendência real ou tendência
Em todas as telas de modificação de histórica. Em tendência real, o gráfico
ajustes (Modify Tag Value), há as mostra a variável em tempo real, a partir
seguintes informações: do instante zero. Em tendência real, o
1. Nome do tag (Tag Name) gráfico mostra o histórico da variável
2. Descrição do parâmetro alterado controlada. Clicando na barra de
3. Valor corrente rolamento, pode-se andar para trás ou
4. Novo valor a ser ajustado para frente no tempo.
5. Janela com o novo valor
6. Teclas para confirmar (OK),
Cancelar (Cancel) ou de Ajuda
(Help).
Se operador clica em OK, o novo valor
é confirmado; se clica em Cancel, o antigo
valor é mantido. Quando ele clica em Help,
aparece a janela de ajuda.
Se o valor entrado está fora da faixa
aceitável, aparece uma janela informando
o fato e o operador tem que entrar com um
valor aceitável.

Fig. 34. Janela de alerta para entrada


de valor inválido de qualquer parâmetro

Tendência do controlador
Quando o operador clica na chave
virtual com um ícone de gráfico, aparece a
tela com a tendência (real ou histórica) da
variável controlada.

Fig. 35. Imagem do gráfico de tendência do


controlador FQC-210-1A

Apostilas\Controle Sintonia.DOC 17 FEV 98 (Substitui 27 ABR 97)

117
7
Sintonia do Controlador

Objetivos de Ensino erro. A analise dos modos de controle e


suas combinações mostrarão como
1. Apresentar as características da melhorar a estabilidade a velocidade da
ação liga-desliga. resposta de malhas fechadas com
2. Mostrar as características, realimentação negativa.
vantagens, limitações e aplicações O entendimento dos modos individuais
das ações proporcional, integral e em um controlador é essencial para a
derivativa. aplicação bem sucedida de um controle a
3. Apresentar recomendações para realimentação negativa. Os modos de
seleção e ajuste das ações de controle envolvem: liga-desliga,
controle para as variáveis de proporcional puro, integral e derivativo.
processo vazão, pressão, nível e Cada combinação possível representa um
temperatura e pH. compromisso entre custo e desempenho.
4. Mostrar a filosofia e critérios para a Um controlador a realimentação
sintonia da malha de controle. negativa deve ser ligado a uma malha
5. Apresentar a mecânica da sintonia fechada e deve-se selecionar a ação
do controlador. adequada de controle, direta ou inversa,
6. Apresentar os principais métodos para estabelecer a realimentação negativa.
de sintonia do controlador e os Cumpridas estas premissas essenciais, o
ajustes típicos das ações PID. controlador pode resolver o problema do
controle pela procura de tentativa e erro de
1. Ação ou modo de controle uma saída que estabeleça o balanço entre
todas as influências na variável controlada.
O modo do controlador pode indicar a O controlador em uma malha a
maneira de como está sendo gerada a realimentação negativa está em uma
saída do controlador, se automática ou se posição difícil. Forças imprevisíveis podem
manual. influenciar a medição e as características
O modo do controlador também pode dinâmicas da malha podem atrasar e
se referir ao sentido de variação da saída distorcer as variações da saída do
do controlador, se direta ou se inversa em controlador, que é usada para reduzir o
relação a variação da variável medida. A erro.
seleção da ação de controle apropriada Neste ambiente, é errado acreditar que
estabelece a realimentação negativa, pela a malha de controle possa executar o
definição da direção da resposta do controle desejado. Em vez disso, a relação
controlador. entre o controlador e o processo é
Finalmente, o modo ou a ação de interativa. Aqui, o tamanho, o formato e a
controle é usado para classificar a resposta taxa de variação das alterações na saída
da saída do controlador ao erro entre do controlador são cruciais para o
medição e ponto de ajuste. Os modos de controlador restaurar a medição igual ao
controle são respostas especificas a uma ponto de ajuste, quando há um distúrbio na
variação na variável medida ou um sinal de carga ou no ponto de ajuste.

118
Sintonia do Controlador

O modo de controle é uma resposta Tab. 7.1 - Freqüência das ações de controle
particular a uma variação na medição. As
quatro respostas básicas são: Ações Percentagem
1. liga-desliga, P+I 60%
2. proporcional, P 25%
3. integral e P+I+D 14%
4. derivativa. On-Off 0,5%
Podem existir variações nestas Não-linear 0,5%
respostas básicas entre os diferentes
fabricantes de instrumentação de controle.
Às vezes estas respostas são identificadas Pela análise da tabela, percebe-se que
com nomes diferentes ou são expressas a quase totalidade dos controladores
em unidades diferentes. A resposta possui o modo proporcional, a maioria
derivativa pode ser gerada de modos possui o modo integral e a minoria possui o
diferentes e pode haver diferentes graus modo derivativo. Não foram computadas
de interação entre as ações proporcional, as malhas de controle liga-desliga (on-off)
integral e derivativa. executado por chaves, mas apenas o
Para situações especiais, muitas controle executado por controladores.
características extras foram adicionadas O algoritmo de controle proporcional,
para melhorar o controle, tais como a integral e derivativo (PID) foi desenvolvido
realimentação externa ao modo integral, no início da implantação do controle, na
chaves de batelada, rastreamento e década de 40 e resistiu heroicamente ao
polarização da saída. Atualmente, a aparecimento das novas técnicas digitais e
flexibilidade inerente aos equipamentos ainda hoje é largamente usado, mesmo em
eletrônicos digitais aumenta a sistemas de controle com computadores
especialização e a variedade de algoritmos digitais e é anunciado como vantagem de
de controle. Mesmo assim, os sistema s de venda sua incorporação em controladores
controle são ainda construídos tendo como lógico programáveis.
base as ações PID.
Um controlador é um equipamento que 2. Ação Liga-Desliga
não pensa, suas respostas devem estar
previstas e embutidas em seus circuitos. É 2.1. Conceitos
função do projetista selecionar as
respostas apropriadas para cada aplicação A ação liga-desliga é também chamada
diferente. Quando se especifica a de: duas posições, on-off, tudo ou nada, 0-
combinação errada dos modos de controle, 1, controle radical, bang-bang.
pode-se ter um pobre desempenho do A ação liga-desliga pode ser
sistema, um aumento da complexidade da considerada como o caso limite da ação
sintonia e um aumento desnecessário do proporcional, com o ganho infinito ou com
custo. a banda proporcional igual a zero.
Embora exista uma infinidade de
processos, com diferentes graus de
dificuldade de controle, as três ações de
controle: proporcional, integral e derivativa,
aplicadas isolada ou combinadamente Atuador
permitem o controle da maioria dos
processos de modo satisfatório.
Numa grande indústria petroquímica Liga
típica, em cerca de 1 000 malhas de
controle tem se a proporção de
controladores mostrada na Tab. 1: Temperatura
Desliga
SP
Fig. 7.1. Saída de controlado liga-desliga.

119
Sintonia do Controlador

A ação liga-desliga é discreta e não


contínua. A saída do controlador só
Atuador
assume um de dois valores possíveis: ou 0
ou 100%. Consequentemente, a válvula de Temperatura
controle só pode assumir duas posições:
ou totalmente fechada (0%) ou totalmente
aberta (100%). Não há posição
intermediária e não há meio termo, por isso Set point
é chamado de controle radical.

Tempo
Temperatura
Fig. 7.3. Saída de um controle liga-desliga com
dois pontos: um ponto ligar e outro para desligar.

histerese
Set point
2.2. Aplicações
Por ser muito simples e econômico, o
controlador liga-desliga é aplicado quando:
Tempo
1. não há necessidade de controle
Fig. 7.2. Saída do controle liga-desliga, com um estável e exato e admite-se
único ponto para ligar e desligar, sem histerese oscilação da variável
2. o processo é lento, podendo
suportar grandes variações da
A característica do controle liga-desliga
demanda, tendo uma pequena
é uma oscilação com amplitude constante
amplitude e um longo período de
em torno do ponto de ajuste, enquanto a
oscilação. A aplicação do controle
carga do processo se mantiver constante.
liga-desliga em processo rápido
A amplitude e a frequência da oscilação
implicaria em grande amplitude e
irão depender da capacidade e do tempo
curto período de oscilação, que
de resposta do processo. Quando o
significa má qualidade de controle e
processo é rápido, a inércia do processo é
acionamento freqüente do elemento
pequena, a saída do controlador varia
final de controle 3. a energia da
muito rapidamente. A amplitude da
entrada do sistema seja
oscilação fica pequena mas a frequência é
relativamente pequena, quando
grande, pois a válvula irá abrir e fechar
comparada com a energia já
muitas vezes e rapidamente.
existente no processo, ou seja,
Sempre que a medição passa pelo
quando o processo tem grande
ponto de ajuste, a saída do controlador
capacidade e pequena demanda.
assume o outro valor. Deste modo, no
O controle liga-desliga é utilizado
controle liga-desliga a medição quase
tipicamente em sistemas de ar
nunca é igual ao ponto de ajuste, porém, a
condicionado, sistema de refrigeração
sua média é igual ao ponto de ajuste.
domestica e sistema de aquecimento,
A ação liga-desliga também possui o
quando a temperatura pode variar, sem
modo direto ou inverso. Na ação direta, a
problemas para o sistema, dentro de uma
saída do controlador é 100% quando a
faixa e em torno de um valor de referência.
medição está acima do ponto de ajuste e
O sistema de controle liga-desliga é
0% quando está abaixo. A ação é inversão
também utilizado em desligamento de
quando a saída é 0% para a medição
segurança (shut down), para a proteção de
maior do que o ponto de ajuste e 100%
pessoal e equipamento, durante as
para a medição abaixo do ponto de ajuste.
condições anormais de processo. Nestas

120
Sintonia do Controlador

aplicações, o controle liga-desliga é


realizado através de chaves acionadas 3. Ação Proporcional
pela temperatura (termóstato), pela
pressão (pressostato), pelo nível, pela 3.1. Conceito
vazão e pela posição (chaves fins de
curso). A ação proporcional é assim chamada
porque a posição do elemento final é
proporcional a amplitude do erro entre a
medição e o ponto de ajuste.
Atuador
A ação proporcional é a ação corretiva
do controlador que é proporcional ao valor
diferencial do desvio entre a medição e o ponto de
A G F B ajuste. É uma ação de controle contínua,
Liga
analógica, uniforme. A saída do
controlador é proporcional a amplitude do
erro: grandes variações do processo
Desliga
Temperatura provocam grandes variações no sinal de
E SP C D
saída do controlador proporcional, que
provocam grandes deslocamentos na
abertura da válvula de controle e pequenas
Fig. 7.4. Função de transferência do controlador variações na medição da variável
liga-desliga com histerese. controlada provocam pequenas variações
do sinal de controle e consequentemente
pequenas variações na abertura da
Outra representação da curva de
válvula.
histerese – função de transferência do
No controle proporcional a válvula de
controlador liga desliga com histerese é
controle pode assumir qualquer valor
mostrada na Fig. 7.4. Assumindo que a
intermediário entre 0 e 100% de abertura.
temperatura do processo esteja muito
O controlador pode emitir uma infinidade
abaixo do ponto de ajuste (SP), o sistema
de sinais diferentes para a válvula de
está no ponto A e o atuador está ligado.
controle.
Enquanto o atuador estiver ligado, a
temperatura irá subir, indo de A para B,
através de F, quando a saída se desliga e
cai para o ponto C. A temperatura pode saída
continuar subindo levemente até o ponto D 100%
antes de diminuir para o ponto E, por
causa da inércia do processo. Em E a 80%

saída novamente fica ligada. A 60%


temperatura pode continuar caindo
40%
levemente até o ponto G antes de subir
para B, repetindo o ciclo. 20%

0%

0% 100% Temperatura
Banda larga
Banda estreita

Fig. 7.5. Banda proporcional larga e estreita

121
Sintonia do Controlador

A velocidade de variação da saída


3.2. Relação Matemática proporcional é proporcional a derivada do
erro ou da taxa de variação do erro:
Matematicamente, a saída do
controlador proporcional puro, com apenas
a ação de controle proporcional, vale: ds 100% de
=
dt BP dt
s = s0 + K c e
A equação anterior mostra que a saída
ou do controlador é constante quando o erro é
100% zero ou constante e a saída do controlador
s = s0 + e proporcional se estabiliza mesmo que fique
BP
o desvio permanente. A saída varia apenas
pois quando o erro varia.
Erradamente se pensa que a saída do
100% controlador é zero, quando o erro é zero.
Kc = Isto seria impraticável pois a saída zero
BP
implica em elemento final de controle 0 ou
onde 100%. Por este motivo, é teoricamente
s é a saída instantânea do controlador, possível e comercialmente disponível o
s0 é a saída particular do controlador, controlador com o modo integral isolado
quando o erro é zero ou seja, quando mas não é possível o controlador com o
a medição é igual ao ponto de ajuste. modo derivativo isolado. A maioria dos
Kc é o ganho do controlador, fabricantes ajusta de fabrica a constante
e é o erro entre a medição e o ponto de c0, chamada de polarização do controlador
ajuste
BP é a banda proporcional do em 50%.
controlador O ponto de ajuste do controlador
A saída proporcional é constante e proporcional é estabelecido para uma
igual a c0 quando o erro é zero. Esse valor determinada carga do processo. Quando o
processo varia sua carga, a medição irá se
da saída do controlador, quando a medição
desviar do ponto de ajuste, provocando um
é igual ao ponto de ajuste, é chamado de
erro. O controlador irá produzir um sinal de
polarização do controlador. Geralmente
correção, proporcional ao erro entre
está a 50% da faixa de saída do
medição e ponto de ajuste. Como o
controlador. Quando pneumático, a saída
processo não responde instantaneamente
de polarização vale 9 psig (60 kPa) . Se
as suas variações de carga, como a
eletrônico e de corrente, a saída do
correção é proporcional ao erro, a correção
controlador proporcional vale 12 mA cc; se
nunca será satisfatória e como resultado,
eletrônico e de tensão de 0 a 10 V cc, o
para a nova carga do processo, haverá um
valor de polarização é de 5V.
desvio permanente entre a medição e o
ponto de ajuste.
Quando ocorrer uma variação da carga
indicador
set point da saída do processo, a medição se afasta do ponto
de ajuste. O controlador sente o erro e
indicador produz um sinal de correção que irá
do SP aproximar a medição nova do antigo ponto
variável de ajuste. Porém, a nova medição nunca
erro circuito será igual ao ponto de ajuste, pois as
sensor prop.
saída condições do processo foram alteradas. Há
ganho um desvio permanente.
indicador da Quando a banda proporcional do
variável controlador é muito larga, o controlador é
pouco sensível e haverá um grande desvio
Fig. 7.6. Diagrama de blocos do controlador permanente. Para diminuir o desvio
proporcional. permanente deve se estreitar a banda

122
Sintonia do Controlador

proporcional do controlador, tornando-o 3.3. Desvio Permanente


mais sensível. Pode-se pensar que a
Como todo processo possui atraso, a
solução para eliminar o desvio permanente
é a diminuição da banda proporcional. desvantagem da ação proporcional é que
Quando se diminui a banda proporcional ela sempre deixa um desvio permanente
(off set) entre a medição e o ponto de
além de um determinado limite, o processo
ajuste, quando há variação da carga do
oscila. A saída do controlador começa a
processo.
variar segundo uma senóide, de modo
O desvio permanente entre a medição
aleatório e independente do erro. Na
prática e na teoria, é impossível se eliminar e o ponto de ajuste deixado pela ação
o desvio permanente com o controle proporcional é , até certo ponto,
diretamente proporcional a largura da
proporcional. Para cada processo existirá
banda proporcional. Quando se ajusta a
um ajuste de banda proporcional crítico
banda proporcional em valores muito
que produz o mínimo desvio permanente.
Quando se diminui a banda além do valor pequenos e o controlador não possui as
crítico, tentando eliminar o desvio outras ações de controle, a malha de
controle oscila na frequência natural do
permanente, aparece a oscilação no
processo.
processo.
No controlador proporcional, a banda
O desvio permanente é resultado da
variação da carga do processo. Para uma proporcional tem largura e posição fixas e
determinada carga do processo e para um se situa em torno do ponto de ajuste. Só
há controle automático dentro da banda
determinado ponto de ajuste se conseguiu
proporcional.
uma estabilidade do processo e se tem a
O controlador com a ação proporcional
medição igual ao ponto de ajuste.
estabiliza a variação do processo, dentro
O objetivo da ação proporcional é o de
estabilizar a variável controlada. A ação de sua banda proporcional. O processo se
proporcional é realizada no controlador estabiliza, porém, fora do ponto de ajuste.
Há apenas uma única condição do
através de uma realimentação negativa do
processo e do controlador para que a
sinal de saída para a entrada da estação
medição seja igual ao ponto de ajuste.
automática do controlador, para diminuir o
seu ganho. Quanto maior a taxa da Quando o processo sai dessa condição,
realimentação negativa, menor é o ganho por causa da variação da sua carga ou por
causa da variação do ponto de ajuste, a
do controlador ou maior é a banda
medição irá se estabilizar em um novo
proporcional. O ajuste da banda
ponto, dentro da banda proporcional,
proporcional do controlador é o ajuste da
porém, haverá um desvio permanente
quantidade de realimentação negativa feita
pelo controlador. entre a medição estabilizada e o ponto de
A ação proporcional é instantânea; ela ajuste. A tentativa de se fazer o controlador
proporcional controlar o processo em um
está em fase com o erro entre a medição e
ponto, provoca oscilação no processo.
o ponto de ajuste. Matematicamente, a
O controlador proporcional só controla
ação proporcional independe do tempo.
Em termos práticos, a ação proporcional quando a medição da variável está dentro
cuida de quanto deve ser corrigido, sem de sua banda proporcional. Por exemplo,
se a banda proporcional do controlador
levar em consideração o quando.
No controlador proporcional, existe está entre 80 e 100 oC, e o ponto de ajuste
apenas uma saída para a qual a medição é é 90 oC, só há controle automático dentro
igual ao ponto de ajuste. O controle dessa faixa de medição. Para a
executado pelo controlador proporcional só temperatura de 80 oC a válvula estará na
é perfeito, sem erro entre medição e ponto posição limite de fechamento e estará
de ajuste, para uma determinada carga do fechada quando a temperatura for menor
processo. Quando há variação da carga a
que 80 oC. A partir dessa temperatura, ela
saída do controlador estabiliza a variável
começará a abrir e estará totalmente
controlada, porém em um valor diferente
do ponto de ajuste. aberta em 100 oC. A válvula não pode
controlar a temperatura até 120 oC, pois

123
Sintonia do Controlador

não pode abrir mais que 100%. Também


não há controle para temperaturas 3.4. Reset manual e automático
menores que 80 oC, pois a válvula não O desvio permanente pode ser
pode fechar além de 0%. removido (resetado) manual ou
automaticamente. Na instrumentação
eletrônica tradicional, o reset manual usa
saída um potenciômetro para deslocar a banda
100% proporcional eletricamente. A quantidade
do desvio da banda proporcional deve ser
80%
dado pelo operador em pequenos
60% SP antigo incrementos durante um período de tempo,
40%
até que a saída do controlador satisfaça a
SP novo
demanda do processo no ponto de ajuste.
20%
O reset automático usa um integrador
0% eletrônico para fazer a função de reset. O
sinal desvio (erro ou diferença entre
Erro
erro permanente medição e ponto de ajuste) é integrado em
relação ao tempo e a integral é somada ao
Fig. 7.7. Aparecimento do erro permanente sinal de desvio para mover a banda
(offset) devido a variação do ponto de ajuste (SP) proporcional. A saída é assim aumentada
ou diminuída automaticamente para trazer
a medição de volta ao ponto de ajuste. O
temperatur integrador mantém variando a saída do
controlador e assim a variável controlada,
até que o desvio fique igual a zero
BP SP offset (medição igual ao ponto de ajuste).
Quando o desvio fica zero, a saída para o
integrador também é zero e sua saída para
de variar. Assim que esta condição é
tempo atingida, o valor correto do reset é mantido
pelo integrador. Assim que ocorrer nova
Fig.7.8. Processo se estabiliza porém fora do alteração no processo, haverá novo
ponto de ajuste, deixando offset. desvio, que faz o integrador integrar e
aplicar nova ação corretiva à saída. O
termo integral do controlador age
continuamente para tentar fazer o desvio
O formato da resposta da ação igual a zero. Esta ação corretiva deve ser
proporcional é sempre igual e em fase com aplicada lentamente, mas lentamente que
o formato do distúrbio. A resposta da ação a velocidade de resposta da carta. Quando
proporcional ao degrau é um degrau, com a ação integral for muito rápida, o processo
amplitude maior (banda menor que 100% ) oscila.
ou menor (banda maior que 100% ). A Fig. 7.8 corresponde a um processo
Quando o distúrbio é uma rampa, a ação aquecido com um aquecedor de 2000 W. A
proporcional correspondente é também relação entre o calor da entrada e a
uma rampa, com inclinação função da temperatura do processo, mostrado pela
banda proporcional e com e com a direção curva do processo, assumido linear. A
em função da ação direta ou inversa do função de transferência para um
controlador. Quando o erro é uma senóide, controlador com uma banda proporcional
a ação proporcional é uma senóide em de 200 oC, mostrada para três diferentes
fase e com amplitude função da banda pontos de ajuste nas curvas I, II e III. A
proporcional. curva I com um ponto de ajuste em 200 oC
intercepta a curva do processo a um nível
de potência de 500 W, que corresponde a
uma temperatura do processo de 250 oC.

124
Sintonia do Controlador

O offset neste ponto de ajuste é de 50 oC


(250 – 200 oC). A curva II, com ponto de
ajuste em 500 oC, corta a curva do
processo em 1000 W, que corresponde a
uma temperatura de 500 oC e não há
offset, desde que a temperatura
corresponde a 50% da potência. A curva
III, com um ponto de ajuste de 800 oC
intercepta a curva do processo em 1500 Banda proporcional
W, que corresponde a uma temperatura de A – muito larga
750 oC e o offset nestas condições é de - aparecimento do distúrbio B muito estreita
50 oC (750 - 800 oC). Estes exemplos
tempo
mostram que o desvio permanente (offset)
depende da função de transferência do
processo, da banda proporcional (ganho) e Fig. 7.10. Característica de um controlador P.
do ponto de ajuste.

Na Fig. 10, a curva A é resultante de


W uma banda proporcional muito larga, com
grande desvio permanente. O desvio pode
2000 I II III ser diminuído pelo estreitamento da banda
1800
proporcional. Instabilidade acontece
1600
curva do quando a banda proporcional for muito
1400 processo estreita, como na curva B. Tem-se o
1200
controle ótimo, como mostrado na curva C,
1000
800
quando se ajusta a banda um ponto mais
600
larga que a banda que provoca oscilação.
400 Se os parâmetros do processo variam com
200 SP
o tempo ou se as condições de operação
o C
mudam, é necessário fazer nova sintonia
200 400 600 800 1000 do controlador ou usar uma banda
offset offset
proporcional mais larga para evitar a
Fig. 7.9. Mecanismo pelo qual ocorre desvio instabilidade.
permanente (offset) com controlador proporcional.

3.5. Aplicações da Ação R


ponto de ajuste
Proporcional Vsp R
O controlador com a ação proporcional VE = Vsp - IRL
medição R
isolada é aplicado nos processos com
+
pequena variação da carga e em I
RL R R>>RL
processos onde pode haver pequenos
desvio da medição em relação ao ponto de
ajuste. Fig. 7.11. Circuito de detecção do erro entre
O controlador proporcional é aplicado medição e ponto de ajuste com amp op.
no controle do processo onde a
estabilidade é mais importante que a
igualdade da medição com o ponto de
ajuste.
O nível é a variável que é tipicamente
controlada apenas com a ação
proporcional.

125
Sintonia do Controlador

permanente entre a medição e o ponto de


4. Ação Integral ajuste, o objetivo da ação integral é o de
eliminar o desvio permanente deixado pela
4.1. Conceito ação proporcional. Por esta função, a ação
integral é chamada de ação reset ou de
A ação integral é proporcional à reajuste. Ela elimina o erro residual,
integral, no tempo, do erro entre a medição reajustando o valor da medição igual ao
e o ponto de ajuste. Ou, interpretando a ponto de ajuste.
integral, é a ação corretiva proporcional a A ação integral elimina o desvio
duração do erro existente entre a medição permanente porém não elimina o pico do
e o ponto de ajuste. erro (overshoot) desde que o pico ocorre
A ação integral discrimina o erro entre a antes que a ação integral comece a atuar.
medição e o ponto de ajuste pela sua A ação integral, quando associada a ação
duração: O erro que dura muito tempo para proporcional, começa atuar depois da ação
ser eliminado produz uma grande ação proporcional; ela está atrasada em relação
corretiva, o erro de curta duração gera uma a ação proporcional.
pequena ação integral de correção. A ação integral está comumente
associada a ação proporcional. A
quantidade da ação integral fornecida pelo
W
controlador está diretamente ligada a
2000 correção do modo proporcional. A ação
1800 integral repete a ação proporcional dentro
1600 banda de um determinado período de tempo.
proporcional curva do
1400 processo Essa ação repetida se processa
movida
1200 continuamente até que a medição fique
1000 igual ao ponto de ajuste.
800
600
400
4.2. Relação Matemática
200
SP o C A expressão matemática da saída com
200
a ação integral associada à proporcional é:
400 600 800 1000
SP

Fig. 7.12. Mecanismo pelo qual a ação integral 100% 1


s = s0 + e + ∫ edt
elimina o erro permanente (offset) do controlador BP Ti
onde
Ti é o tempo integral,
temperatura
reset manual
1
Ti ∫
ajustado aqui
edt é a ação integral
BP

Pode-se ter também o ganho


tempo proporcional atuando simultaneamente na
ação proporcional e na ação integral, ou
Fig. 7.13. Reset manual do controlador seja,
proporcional
100%  1 
s = s0 + e + ∫ edt 
A ação integral é uma ação de controle BP  Ti 
complementar à ação proporcional. O seu Quando há um erro, a saída integral
propósito é o de prover a ação de controle varia em uma velocidade proporcional ao
adequada com as variações da demanda erro multiplicado por uma constante Ki,
ou do suprimento do processo. Como chamada de taxa da ação integral:
estas variações de carga do processo
implicavam na existência do desvio ds
= K ie
dt

126
Sintonia do Controlador

Faz se uma certa confusão entre ação permanente entre a medição e o ponto de
integral e tempo integral, pois eles são o ajuste. No controlador proporcional e
inverso um do outro. O tempo integral é o integral, o controlador manterá saída
tempo que a ação integral leva para variando continuamente até que a medição
alcançar ou repetir a ação proporcional e a volte a ficar igual ao ponto de ajuste.
ação integral é a quantidade de vezes que Quando se tem um distúrbio tipo
a ação proporcional é repetida, na unidade degrau (K), a ação integral é uma rampa
de tempo. São disponíveis controladores (t), que começa a atuar do zero e fornece
com ajustes de ação integral (repetição por uma saída sempre crescente, obrigando o
tempo) e em tempo integral (tempo por atuador a variar até eliminar o erro
repetição). Dimensionalmente, o correto residual. A resposta integral ao distúrbio
para a ação integral deve ser o número de tipo rampa (t) é uma parábola (t²) e a uma
repetições por unidade de tempo e para o senóide, é outra senóide atrasada.
tempo integral, a unidade de tempo por
indicador
repetição.
set point d íd
indicador
d SP
erro
saída
+ circuito saída
degrau integral
sensor ∑ ∑ prop.

degrau proporcional ganho ±

reset
indicador manual
d iá l
tempo
5 min tempo integral
Fig. 7.15. Diagrama de blocos do controlador
Fig. 7.14. Definição de tempo integral proporcional com reset manual

4.3. Características indicador


Na sintonia do controlador é comum a set point d íd
indicador
eliminação temporária do efeito da ação
d SP
integral e portanto é necessário saber, a
priori, como é o ajuste do controlador. erro saída
+ Prop.
Quando o ajuste é da ação integral sensor ∑ ∑
(repetição/tempo), elimina-se ganho
±
completamente a ação integral do
controlador ajustando-se o tempo integral integrador
no valor máximo, idealmente igual a indicador
infinito. Quando o ajuste é da tempo d iá l
integral (tempo/repetição), elimina-se Fig. 7.16. Diagrama de blocos do controlador
completamente a ação integral ajustando- proporcional mais integral (PI)
se o tempo integral no valor mínimo,
idealmente igual a zero.
Fisicamente, a ação integral é uma
Outro modo de se ver a ação integral
realimentação positiva atrasada. Por ser
está relacionado com a posição da banda
realimentação positiva, a adição da ação
proporcional. A ação integral desloca a
integral piora a estabilidade da malha de
banda proporcional, quando a carga do
controle. Quando se tem um controlador
processo ou o ponto de ajuste é alterado,
proporcional, com uma determinada banda
de modo que o ponto de ajuste fique
proporcional ajustada, a adição da ação
sempre no meio da banda. No controlador
integral requer o aumento da banda
proporcional, só havia um único ponto para
proporcional, para manter a mesma
a medição ficar igual ao ponto de ajuste,
estabilidade da malha. Quando o ajuste da
em todos os outros pontos havia um desvio

127
Sintonia do Controlador

ação integral for tal que a realimentação


positiva prevalece sobre a negativa ou
temperatura iria estabilizar
anule a negativa, haverá a oscilação aqui, sem integral
crescente ou no mínimo, a oscilação
constante da variável controlada.
Quando se faz o estudo da estabilidade
do sistema de controle através da técnica
de Root-locus, sabe se que a adição de
pólos na função transferência piora a Integral
estabilidade relativa do sistema de malha A – muito curto
fechada. A colocação da ação integral alteração de carga B – muito longo
significa acrescentar um termo 1/sT, ou
seja, um polo na função transferência da
tempo
malha fechada.
Quando se diminui o tempo integral ou Fig. 7.17. Ações proporcional e integral
aumenta se a ação integral, diminui se o
erro permanente mas a malha é mais
oscilatória. Quando se diminui demais o Para aplicações onde há grande e
tempo integral, aparece uma oscilação, freqüente variação de carga do processo,
com um período maior que o período usa-se um controlador P+I. Constante de
natural do processo. tempo integral muito grande faz o processo
Na realização prática do controlador voltar para o ponto de ajuste de modo
proporcional mais integral, a ação integral demorado, como na curva B. Constante de
é desempenhada por um elemento tempo muito pequena faz o processo
capacitivo e um elemento resistivo. O oscilar de modo amortecido, cruzando o
ajuste da fino da ação integral é feita ponto de ajuste várias vezes, antes de se
através da restrição que pressuriza o fole estabilizar, como mostrado na curva A. A
capacitivo. O ajuste grosso é feito através curva ideal é quando a variável controlada
da seleção de diferentes elementos volta para o ponto de ajuste
capacitivos. Quando se ajusta o tempo
integral muito curto (ação integral muito 4.4. Saturação do Modo Integral
grande) o controlador pode levar o sistema
para a oscilação, pois a realimentação A maioria dos controladores de
positiva da ação integral anulou a processo possui a ação integral, ora
realimentação negativa da ação associada apenas ao modo proporcional,
proporcional muito rapidamente. ora associada as outras duas ações,
Quando se tem um controlador proporcional e derivativo. A utilidade da
proporcional mais integral em uma malha ação integral é a de eliminar o desvio
que está oscilando, é possível saber se a permanente entre a medição e o ponto de
oscilação foi provocada pela banda ajuste. Porém, a ação integral pode ser
proporcional muito estreita ou pela ação prejudicial ao controlador, provocando a
integral muito grande, desde que se saturação da sua saída.
conheça a freqüência de oscilação natural Na prática, a saída do controlador
do processo. A oscilação provocada pela ultrapassa o valor de 100% da saída e vai
banda proporcional muito estreita possui a atingir o valor da alimentação do sistema.
mesma freqüência da oscilação natural do Em números, no controlador pneumático, a
processo. A oscilação provocada pela ação saturação do modo integral leva a saída do
integral muito grande possui menor controlador até 20 psig, muito além do
freqüência de oscilação que a freqüência limite de faixa, que é 15 psig. Se o
natural do processo. A oscilação controlador é eletrônico, com o sinal
provocada pela ação integral é padrão de 0 a 10 V cc, alimentado por +15
relativamente mais lenta que a provocada V cc e -15 V cc, a saída irá para +15 V cc,
pela ação proporcional. também além 50% do fim de escala, que
seria +10 V cc. Aliás, o fenômeno de
saturação, a depender da ação direta ou

128
Sintonia do Controlador

inversa do controlador, pode acontecer


também no início da faixa. Nesse caso, o saída saturada
controlador fica com a saída saturada em 0
psig ou 0 V cc. entrada
Esse fenômeno é chamado de
saturação do modo integral ou reset wind
up ou, menos comumente, de reset wind A
down, quando a saída vai para o princípio Fig. 7.19. Saída saturada. Depois do ponto A, a
da faixa. entrada aumenta porém a saída contínua no valor
de saturação (no fim da faixa ou em 100%).
4.5. Aparecimento da Saturação
A saturação do modo integral pode
ocorrer nas seguintes situações: 4.6. Eliminação da Saturação do
1. a ocorrência de uma variação Integral
brusca e demorada, tipo degrau,
entre a medição e o ponto de ajuste A saturação do controlador é sempre
da variável de processo. indesejável; pois a perda do controle pode
2. a carga do processo excede os levar o processo para condições inseguras
limites da variável manipulada e pode provocar ultrapassagem proibitivas
3. a manipulação da variável é da medição em relação ao ponto de ajuste.
obstruída por uma falha de Assim, a saturação do integral deve ser
equipamento, como desligamento minimizada, quando não for possível
de bomba, falta de energia, elimina-la.
bloqueio da válvula, emperro da Em certas condições, o modo mais
haste da válvula. obvio de se evitar a saturação do
4. o elemento final de controle atinge controlador é a operação manual. Ora,
seus limites físicos. desligar o controlador durante a parada do
5. e existência do processo batelada. processo tipo batelada e parti-lo
Enquanto o processo ficar parado manualmente, certamente evita a
para a recarga e o controlador ficar saturação do controlador. Porém, tal
ligado em automático, a medição é solução não é automática nem inteligente.
zero, o ponto de ajuste é finito e o O efeito da saturação do modo integral
controlador vai variar a saída para pode, ainda, ser diminuído colocando-se
inutilmente tentar fazer a medição limites, de máximo ou de mínimo, no sinal
subir para o ponto de ajuste. O de saída do controlador. Há
resultado dessa tentativa de inconveniências, pois, os limites não
controle é a saturação da sua podem ser ajustados dentro de 0 a 100%
saída. da faixa de controle sem prejuízo da
6. a válvula de controle é atuada por operação normal do controlador.
um controlador, selecionado entre n Em controladores eletrônicos, onde é
controladores. Apenas há um mais fácil e econômico se obter tais limites,
controlador responsável pelo os circuitos limitadores são disponíveis de
controle e os outros (n-1) modo padrão. Há quem diga que tais
controladores ficam em espera, controladores sejam inerentemente anti-
inativos, com as saídas terminando saturação do integral. Isso não é rigoroso
no seletor de sinais. Esses (n-1) nem correto. Obviamente a saída do
controladores podem saturar suas controlador fica confinada aos limites
saídas, se tiverem o modo integral. impostos pelos ajustes de máximo e de
7. o processo com sistema de controle mínimo. Porém, ainda poder haver
em cascata. Há determinadas saturação do modo integral, só que em
situações que levam o controlador outros valores. Os limitadores não
primário e depois, todo o sistema eliminam os problemas de ultrapassagem
para a saturação. da medição em relação ao ponto de ajuste.
O que se pode dizer desses controladores,

129
Sintonia do Controlador

com limitadores do sinal da saída, é que


eles não entram em saturação em malhas 5. Ação Derivativa
comuns, por causa de sua realimentação
interna. Porém, sistemas complexos 5.1. Conceito
exigem realimentação externa e outras
providências adicionais para se eliminar a A ação derivativa é a ação corretiva
saturação do controlador. proporcional à derivada em relação ao
O arranjo preferencial é adicionar uma tempo do erro entre a medição e o ponto
realimentação externa ao modo integral do de ajuste. A ação derivativa detecta a
controlador. A realimentação externa variação (aumento ou diminuição) do erro
substitui o circuito de limitação da saída. entre a medição e o ponto de ajuste e
Nos controladores eletrônicos modernos, fornece uma saída proporcional a esta taxa
que utilizam circuitos integrados para os de variação. Ela discrimina o erro por sua
amplificadores operacionais, a variação. Para uma variação repentina,
realimentação externa passa por um mesmo de pequena amplitude, a ação
amplificador operacional e o circuito derivativa provê um grande sinal de
contem potenciômetros que ajustam o correção; os erros lentos provocam uma
valor de atuação, onde deve ser limitada a pequena ação derivativa de correção. Erro
saída do controlador. Mesmo com a opção constante, como o desvio permanente do
de realimentação externa ao modo integral, controlador proporcional, não é afetado
é ainda possível a opção de limitação, pela ação derivativa.
superior e inferior do sinal de saída do Quando se tem um desvio tipo rampa,
controlador, prevalecendo o de menor a resposta da ação derivativa é um degrau.
valor. Por isso deve-se tomar cuidado nos Por este comportamento de se adiantar a
ajuste do valor batelada, máximo e ação proporcional, a ação derivativa é
mínimo, para que se possam usar os erradamente chamada de ação
máximos recursos do controlador. Os antecipatória, pois ele se antecipa à ação
ajustes mal feitos de uma opção podem proporcional. A ação derivativa não se
bloquear a atuação da outra opção. antecipa ao aparecimento do erro. Quando
Finalmente, porque a mais complexa e aparece um erro e ele é detectado pelo
a de mais recursos, há a configuração controlador, a ação derivativa sente sua
utilizando-se a chave batelada, com ajuste velocidade de variação e produz uma
adicional de precarga. Como essa situação componente corretiva proporcional a esta
é muito freqüente, já são disponíveis variação. A ação derivativa, na realidade,
controladores tipo batelada, que atrasa a resposta proporcional do
incorporam em seu circuito a unidade controlador, fazendo-o dar uma saída
batelada. Além de evitar a saturação do exagerada para variações bruscas da
modo integral, o controlador batelada torna medição. O grau de exagero é a taxa da
possível a partida automática do processo ação derivativa e é proporcional a
sem ultrapassagem do ponto de ajuste velocidade de variação do sinal medido.
pela medição. A chave batelada possui A ação derivativa é usada para
ajustes: ajuste batelada, que define o valor apressar a ação corretiva do controlador. A
de atuação da chave e o ajuste de sua inclusão porém complica e dificulta a
precarga, que precondiciona o controlador sintonia do controlador, por causa das
para a partida automática na retomada do interações com as outras ações.
processo. O tempo derivativo é o tempo, em
minutos, durante o qual a saída adiantará a
saída do controlador, durante uma
variação na entrada tipo rampa. O tempo
derivativo é o tempo que a ação
proporcional leva para atingir a ação
derivativa.

130
Sintonia do Controlador

A ação derivativa é realizada no


desvio controlador através de um atraso na
realimentação negativa. Durante um
intervalo de tempo ajustável, o controlador
inclinação fica com o ganho elevado. Por isso esta
saída do tempo ação ação só é aplicada em processo lento. É
controlador derivativa também fácil de entender que quanto
aumento da ação maior o tempo derivativo, maior é a ação
proporcional
derivativa. O ajuste da ação derivativa em
aumento imediato
valor muito grande pode provocar
devido à ação
derivativa oscilação no processo, pois o controlador
fica muito tempo sem a realimentação
tempo
negativa.
Fig. 7.20 Definição de ação derivativa Os componentes do circuito derivativo
são os mesmos do integral, pois as
funções derivada e integral são inversas
uma da outra. Apenas a posição relativa
5.2. Relação Matemática dos elementos capacitivo e resistivo é
trocada.
A ação derivativa é expressa em Quando se estuda a estabilidade
unidade de tempo. Quanto maior o tempo relativa do sistema de malha fechada de
derivativo, maior é a duração da ação, controle, a adição de zeros na função de
maior é a ação derivativa. Quando se quer transferência dá maior estabilidade ao
retirar a ação derivativa do controlador, sistema. A adição da ação derivativa
deve se ajustar o tempo derivativo em significa colocar um zero na função de
zero. O que é coerente com a expressão transferência do sistema (sTd). Com efeito,
da ação derivativa: a ação derivativa melhora a estabilidade do
sistema de controle.
de Quando se tem um controlador
s d = Td
dt proporcional mais integral mais derivativo
em oscilação, a causa da oscilação pode
onde ser a banda proporcional muito estreita, o
tempo integral muito pequeno ou o tempo
Td é o tempo derivativo.
derivativo muito grande. Se a oscilação
ocorre na frequência natural do processo a
5.3. Características
sua causa é o ajuste da banda
A ação derivativa altera a largura da proporcional muito estreita, se a oscilação
banda proporcional, estreitando-a ou ocorre em frequência maior que a
alargando-a, variando a sensibilidade do frequência natural do processo, o motivo é
controlador. o ajuste do tempo derivativo muito grande
Geralmente a ação derivativa é usada e finalmente, se a oscilação ocorre em
em conjunto com a ação proporcional, frequência menor que a frequência natural,
constituindo também de uma ação o causador foi o ajuste do tempo integral
corretiva adicional. A ação derivativa é muito pequeno.
usada na minoria dos controladores,
porque o ajuste mínimo disponível é maior
que o requerido para a maioria das
malhas.
Quando aparece um distúrbio no
processo, o controlador PID detecta o erro
entre a medição e o ponto de ajuste e atua
no processo. Relativamente, a primeira
ação a atuar é a derivativa, a segunda é a
proporcional e finalmente, a última é a
ação integral.

131
Sintonia do Controlador

indicador
houve alteração do ponto de operação
set point desejado.
indicador Quando aparece um distúrbio no
do SP processo que provoca o afastamento da
erro
variável controlada do ponto de ajuste, o
saída
+ Prop. controlador tende a eliminar ou diminuir
sensor ∑ ∑ este desvio. Assim a ação corretiva do
± ganho controlador deve ser aplicada na mesma
direção e no sentido oposto ao erro. Isto
derivada
significa dizer que a ação corretiva deve
indicador estar defasada de 180 graus do erro ou
ainda, que deve haver uma realimentação
negativa. Apenas a ação proporcional
corrige o erro, porém deixa um erro
(a) Ação derivada atuando no erro ou na diferença residual porque ela atua com um ângulo de
entre medição e ponto de ajuste. fase diferente de 180 graus. O objetivo da
ação integral é o de eliminar este erro
residual, girando a ação corretiva e
indicador tornando a oposta ao erro. A ação integral
set point atrasa o sinal de correção. Quando ela é
indicador
insuficiente, ainda fica um pequeno erro
residual. Quando ela é demasiada há
saída
+ Prop oscilação porque há predominância da
∑ ∑ .
realimentação positiva. A adição da ação
ganho ± derivativa ajuda a tarefa de alinhar a ação
derivada corretiva com erro. A ação derivativa
indicador adianta o sinal de correção. A ação
proporcional está relacionada com o ganho
do controlador e as ações integral e
(b) Ação derivada atuando apenas na medição e
derivativa com o ângulo de fase da
não na diferença entre medição e ponto de ajuste.
correção. Em resumo, a ação proporcional
determina o quanto da ação corretiva e as
Fig. 7.21. Diagrama de blocos do controlador PD
ações integral e derivativa estabelecem
quando é conveniente a aplicação da
A resposta da ação derivativa ao correção, de modo que não haja desvio
degrau é a função impulso, que é igual a permanente e que a eliminação do erro
zero quando a entrada é constante e que seja a mais rápida possível.
assume um valor altíssimo na subida do O uso da ação derivativa permite o uso
degrau; teoricamente infinito, quando o de uma menor banda proporcional e de um
tempo de subida do degrau é zero. Os menor tempo integral, para a mesma
matemáticos chamam-na de função Dirac. estabilidade. Menor banda proporcional
Como é freqüente a alteração rápida do implica em menor erro de pico e menor
ponto de ajuste pelo operador de processo, erro acumulado.
a maioria dos controladores eletrônicos e Quando se aumenta a ação derivativa,
pneumáticos possui o circuito da ação aumenta se o tempo derivativo e se reduz
derivativa atuando apenas na medição e o overshoot da saída devido ao distúrbio
não no erro entre a medição e o ponto de da carga mas a saída fica mais oscilatória.
ajuste. Nos controladores com ação Quando se aumenta muito a ação
derivativa sem esta característica, o derivativa, a curva de saída não ultrapassa
operador de processo deve alterar o ponto de ajuste e a ação corretiva é
suavemente o ponto de ajuste a fim de não muito amortecida. Quando se aumenta
provocar oscilação no processo. Deve se ainda mais a ação derivativa, haverá
ter bem claro que a alteração do ponto de oscilação com um período de oscilação
ajuste é um distúrbio para o processo, pois menor que o natural do processo.

132
Sintonia do Controlador

A quantidade de ação derivativa


permitida para um processo com 6. Escolha da Ação de Controle
determinado tempo morto diminui quando
a constante de tempo característico diminui 6.1. Tipos de Sistemas
(processo mais rápido), desde que o
período natural diminui de (4 tm) para (2 O tipo do sistema é determinado
tm). considerando-se o contra classificados
como:
5.4. Aplicações tipo 0: um sinal de entrada constante, x,
resulta em uma valor constante para a
Erradamente se acha que toda variável saída controlada, y. O sistema tem a
lenta necessita da ação derivativa. A posição constante. Este processo é
lentidão da variável é uma condição equivalente ao regulante.
necessária mas não é suficiente para tipo 1: um sinal de entrada constante, x,
justificar a aplicação da ação derivativa. É resulta em uma velocidade constante para
também necessário que haja variação a saída controlada, y. Este processo é
rápida da carga do processo lento para equivalente ao integrante.
exigir a aplicação da ação derivativa. O tipo 2: um sinal de entrada constante, x,
processo lento que sofre variação lenta da resulta em uma aceleração para a saída
carga não necessita da ação derivativa. controlada, y. Ele é equivalente ao
Aliás, a ação derivativa praticamente não processo com realimentação positiva.
responde a pequenas rampas de erro. A
ação derivativa não tem nenhum efeito no Tipo 0
desvio permanente deixado pela ação A resposta em regime de um sistema
proporcional. tipo 0 a um degrau é uma exponencial
Não se necessita usar a ação derivativa decrescente. Se o sistema possui um
em processo rápido, pois sua resposta já é ganho K, o erro permanente para o
rápida e o uso da ação derivativa distúrbio degrau com amplitude A, que
provocaria certamente oscilação no ocorre freqüentemente com a variação do
sistema. Não se deve usar ação derivativa ponto de ajuste, vale
em processo com ruído, pois ela amplifica
o ruído. O valor da ação derivativa é A
função da quantidade de ruído. Processos ep =
com pequenas constantes de tempo 1+ K
característicos (rápidos) tendem a possuir
mais ruído, desde que a atenuação do Quanto maior o ganho, menor é o erro
ruído pelo filtro é inversamente permanente, porém mais o processo se
proporcional a constante do tempo aproxima da instabilidade. Se a entrada do
característico. sistema tipo 0 é uma velocidade ou uma
O controlador P + D é aplicado em aceleração, a saída não pode seguir a
processos que aceitam o desvio entrada e o erro aumenta com o tempo,
permanente e que possuam múltiplas tendendo para o limite natural do sistema
constantes de tempo. A aplicação típica é (infinito).
o controle da guia da extremidade de No sistema tipo 0, faz-se uma
papel, onde se requer estabilidade e onde compensação de valor constante para
há o perigo da saturação do modo integral. responder a entrada e o resultado é um
Aliás, essa é a regra: utiliza-se o erro permanente entre a saída e a entrada.
controlador sem o modo integral e com o
modo derivativo quando:
1. quer se evitar integral, de saturar a
saída do controlador, quando o
desvio é demorado.
2. quer compensar as variações
bruscas do processo.

133
indicador
set point
d íd
indicador
d SP
erro
+ + saída
sensor ∑ ∑ ∑ Prop.

ganho ± ±

derivada integrador
indicador
d iá l
Fig. 7.22. Diagrama de blocos de controlador Proporcional, Integral e Derivativo (PID)

R R

R R
Ve
+
R
RI CI

+
R

+ R R

RD
Vo
CD
R
+
+

Fig. 7.23. Controlador eletrônico analógico com ações Proporcional, Integral e Derivativa. Outros circuitos
são possíveis, alguns com menor quantidade de amp op.

134
Tab. 7.3. Tipos e características de processo
Tipo 1
O erro permanente de um sistema tipo
Tipo Nome Característica
1 a uma entrada tipo degrau é zero, que é
0 Regulante Entrada x constante resulta em
o ideal. O erro permanente devido a uma saída controlada constante
entrada tipo rampa, com inclinação B, se o 1 Integrante Entrada x constante resulta em
sistema possui ganho K, vale: variação constante para a saída
2 Runaway Entrada x constante resulta em
B aceleração constante para a saída
ep =
K

O aumento do ganho diminui o erro 6.2. Tipos de Controladores


permanente. Um sistema tipo 1 não pode
seguir uma aceleração na entrada, pois o Controlador P
erro permanente tenderia para o limite O controlador proporcional
natural do processo. simplesmente ajusta o ganho do sistema,
O sistema tipo 1 possui uma saída que K. Se o processo tem um ganho Kp e o
varia conforme a variação da entrada, mas controlador tem ganho Kc, o ganho do
ha um erro permanente constante entre a sistema vale:
saída e a entrada.
K = Kc Kp
Tipo 2
O sistema tipo 2 possui erro Se o sistema é instável para o ganho
permanente igual a zero para as entradas Kp, deve-se diminuir o ganho do
posição e velocidade. Se a entrada é uma controlador Kc, para diminuir o ganho do
aceleração de valor C, o erro permanente sistema K. Se a instabilidade não é o
do sistema com ganho K vale: problema, pode se usar o controlador
proporcional e aumentar o seu ganho para
C se ter um pequeno erro permanente.
ep = O controlador P estabiliza o processo
K
porém só se tem a variável controlada
igual ao ponto de ajuste para um único
Novamente, o aumento do ganho diminui o erro. ponto; em todos os outros pontos o
O sistema tipo 2 tem uma saída cuja processo se estabiliza fora do ponto de
aceleração é a mesma da entrada, mas é ajuste, ocorrendo um desvio permanente.
diferente da entrada por um erro constante. Como ele não possui ação integral, não
A partir do tipo do sistema, pode-se há perigo de saturação da saída do
escolher o controlador mais conveniente. controlador. A sua resposta é
relativamente rápida.
Tab. 7.2 - Erro permanente e tipo do sistema Controlador PI
Tipo do Sistema O controlador PI, também chamado de
compensador de atraso, ajusta o ganho do
Entrada 0 1 2
sistema como o proporcional, mas
Posição, A A 0 0 aumenta o tipo do sistema para 1. Se o
1+ K processo é do tipo 1, o uso do controlador
Velocidade, B infinito B 0 PI muda-o para o tipo 2.
K O aumento do tipo do sistema aumenta
Aceleração, C infinito infinito C os tipos de entradas que podem ser
K aplicadas ao sistema, sem gerar erros
permanentes inaceitáveis.
O controlador PI estabiliza o processo e
K – ganho do processo sempre se tem a variável controlada igual
B – velocidade, ∆y/∆t ao ponto de ajuste. O controlador PI
C – aceleração, ∆B/∆t, ∆2y/∆t2 oferece estabilidade e igualdade.

135
Sintonia do Controlador

Como ele possui ação integral, há perigo 7. Controle das Variáveis


de saturação da saída do controlador,
quando o erro for muito demorado. A sua As variáveis de processo mais
resposta é relativamente lenta, pois a ação envolvidas são: pressão, temperatura,
integral torna a resposta do controlador vazão e nível. Serão vistas agora as suas
mais lenta. O controlador PI é menos características dinâmicas, suas
estável que o controlador P e o controlador dificuldades e suas exigências de controle.
PID. Estatisticamente, o controlador PI é o
mais usado, na prática de controle de 7.1. Pressão
processo contínuo.
A pressão é caracterizada pela grande
Controlador PD capacidade, pequeno atraso de
O controlador PD, também chamado de transferência e pequeno tempo morto. Por
compensador de adiantamento, permite a ter grande capacidade, pode-se ter auto-
alteração da resposta transiente do regulação do controle de pressão, desde
sistema. O uso do controlador PD pode que não haja vazão.
alterar um sistema sub amortecido para um O tempo de resposta da pressão rápida
sistema criticamente amortecido ou super é aproximadamente igual ao da vazão e o
amortecido. O ganho pode ser mudado tempo da pressão lenta se aproxima do
para alterar a estabilidade e o erro tempo do nível. O exemplo de um
permanente. processo com pressão rápida é o controle
O controlador PD estabiliza da pressão de um tanque, manipulando a
rapidamente o processo porém só se tem a vazão de saída do vapor. O exemplo da
variável controlada igual ao ponto de ajuste pressão lenta é a manipulação da vazão
para um único ponto; em todos os outros d'água de resfriamento na entrada do
pontos o processo se estabiliza fora do trocador de calor para controlar a pressão
ponto de ajuste, ocorrendo um desvio do vaso de vapor. A dinâmica da
permanente. transferência do calor e o atraso d'água
Como ele não possui a ação integral, através do trocador influem no tempo de
não há perigo de saturação da saída do resposta da malha de controle da pressão.
controlador. Como ele possui a ação Pode-se controlar a pressão de um gás
derivativa, a sua resposta é relativamente pela manipulação da vazão da entrada ou
a mais rápida possível. Raramente se da saída do gás no tanque de volume
aplica um controlador PD na prática de constante. A pressão de gás em tanque de
controle de processo. volume constante é de fácil controle,
mesmo quando o volume é pequeno.
Controlador PID Basta um controlador proporcional com
O controlador PID permite a alteração banda proporcional estreita. Quando não
do ganho (P), do tipo do sistema (I) e da se pode ter desvio permanente, usa-se
resposta transiente (D) de modo a também o modo integral.
melhorar a operação do sistema. O controle de pressão de liquido é
O controlador PID estabiliza o processo praticamente igual ao controle de vazão.
(por causa da ação proporcional), torna a Em sistema com vapor e liquido em
medição igual ao ponto de ajuste (por equilíbrio, a pressão pode ser controlada
causa da ação integral), de modo rápido pelo ajuste da vazão do liquido ou pela
(por causa da ação derivativa). transferência de calor. A pressão do
Como ele não possui a ação integral, sistema líquido-vapor em equilíbrio é
há perigo de saturação da saída do afetada pela vazão do produto e pela
controlador, quando o erro for demorado. transferência do calor. Assim, para o
O controlador PID é aplicado em controle controle de pressão de vapor saturado,
de processo que envolva temperatura e basta controlar a vazão de massa do
análise de processo. vapor.
Nos sistemas mais complexos, como a
caldeira, a coluna de destilação ou o
evaporador, o controle da pressão está

136
Sintonia do Controlador

ligado diretamente ao controle de medidor de vazão, para se evitar que os


temperatura. distúrbios provocados pela ação da válvula
A pressão no início de uma tubulação afetem a medição da placa de orifício.
está diretamente relacionada com a vazão Devem ser respeitadas as distâncias
da linha. A única participação dinâmica do mínimas de trecho reto antes e depois do
processo é a inércia apresentada pela medidor. Os distúrbios provocados a
vazão do liquido. A banda proporcional do jusante do medidor são menores do que os
controlador de pressão deve ser mais provocados a montante.
estreita, ou seja, o controlador deve ser Por causa dos vários elementos
mais sensível do que para o controle de dinâmicos associados a medição de vazão,
vazão. o ganho dinâmico da malha de medição,
Raramente se utiliza a ação derivativa incluindo a tubulação, o transmissor, o
para o controle de pressão. O controlador controlador e o atuador da válvula, é muito
típico para o controle de pressão é o PI. A grande e a banda proporcional a ser
banda proporcional é tipicamente maior ajustada no controlador deve ser larga,
que 100% e o tempo integral é pequeno. nunca menor que 100%.
No controle de vazão os modos usados
7.2. Vazão são o proporcional e o integral, para não
permitir desvios permanentes. Nunca se
A vazão é a variável de processo com a
utiliza o modo derivativo, por causa dos
resposta mais rápida e com a menor
ruídos presentes. Ou então, é possível a
capacitância.
utilização ação derivativa inversa, que
A vazão é a variável manipulada da
amortece esses ruídos e permite o uso do
maioria dos controles de outras variáveis.
controlador com banda proporcional mais
Quando se tem o controle de vazão, a
estreita.
coincidência entre a variável manipulada e
O controlador típico para a vazão é o
a controlada torna ainda mais fácil o
PI, com a banda proporcional larga (típica
controle.
de 150%), para reduzir o efeito dos ruídos
A vazão entre dois pontos de uma
da vazão. O tempo integral é pequeno,
tubulação com seção circular fechada é
típico de 0,1 minuto/repetição, para
gerada e modificada pelas bombas e
eliminar rapidamente o desvio permanente.
compressões, que produzem uma
diferença de pressão entre eles. A vazão
7.3. Nível
sempre vai do ponto de maior pressão
para o de menor pressão. A vazão sofre O nível está associado ao parâmetro
distúrbios das conexões e acidentes da capacidade, que é o mais fácil de ser
tubulação, da colocação de elementos controlado.
sensores e de válvulas, de equipamentos O nível de um liquido no tanque é a
tais como trocadores de calor. Como a integral da sua vazão de entrada.
vazão possui pequena capacitância e A grande vantagem do controle de nível
como a maioria dos líquidos é não de liquido é a possibilidade de se ter
compreensível, esses ruídos provocados sistema auto-regulante.
pelos distúrbios não são amortecidos e se O nível de liquido pode apresentar
transmitem por todo o sistema. Na escolha ruídos, provocados pelas ondulações da
e nos ajustes do controlador, esses ruídos face liquida. Essas ondulações podem ser
da vazão devem ser considerados. Como eliminadas ou diminuídas, principalmente
conclusão, quase nunca se utiliza o modo com o uso de gaiola lateral externa.
derivativo no controlador de vazão. O nível é a variável de processo com
Se o fluido é gás, está sujeito a diferentes graus de dificuldade. Há níveis
expansão devida a variação da pressão. fáceis de serem controlados, com grande
Se o fluido é liquido, a inércia é capacidade e pequena demanda. Há níveis
fundamental: a vazão começa com difíceis de serem controlados. O controle
aceleração e termina com desaceleração. de nível com grande capacidade pode ser
No controle de vazão, a válvula de executado inclusive com controle liga-
controle geralmente é colocada depois desliga. Quando se requer um controle

137
Sintonia do Controlador

mais rigoroso utiliza o controlador princípio e depois requer baixa energia


proporcional e finalmente, quando não é para a manutenção da temperatura de
admissível a ocorrência de desvios, utiliza- trabalho. No início da operação, o sistema
se a ação integral. Raramente se usa ação opera em alta energia, com todas as
derivativa. resistências ligadas. Quando o sistema
O controlador típico para o nível é o atinge a temperatura desejada, ele desliga
proporcional puro, que fornece um controle um conjunto de resistências e passa a
do nível médio, que pode variar entre os operar em duas posições,
valores máximo e mínimo, sem problemas. convencionalmente.
A banda proporcional é ajustada no valor Para resultados mais precisos, é
típico de 100%, de modo que a saída do utilizado o controlador proporcional. O
controlador varia de 20 a 100 kPa, quando controle proporcional se aplica a sistema
a saída do transmissor de nível varia de 20 com elevada velocidade de reação, que
a 100 kPa. provocaria grandes flutuações no sistema
liga-desliga. O controle proporcional é
7.4. Temperatura utilizado em fornos com queima de óleo,
em que a relação óleo-ar é controlada.
Não há malha de controle de
O controle proporcional é também
temperatura típica. A temperatura é outra
aplicado a sistema que apresenta grande
variável, como o nível, que apresenta
variação de carga. Nessa aplicação a
diferentes graus de dificuldade de controle.
banda proporcional deve ser estreita, a fim
Os problemas do controle de temperatura
de ter pequenos desvios permanentes.
se referem a transferência de calor, como
Porém, a banda proporcional deve ser
a radiação, a condução e a convecção.
larga para tornar o sistema pouco sensível
A variável temperatura está associada
aos tempos de atraso da medição da
ao tempo morto, o parâmetro de difícil
temperatura. Para conciliar essas
controle. Ela é caracterizada por pequena
exigências, é necessário o uso da ação
velocidade de reação e por diferentes
derivativa.
capacidades, embora o mais freqüente
No controle de temperatura, a
seja sistema de temperatura com grande
capacidade do lado da carga deve ser
capacidade.
maior que a capacidade do lado do
A temperatura é usualmente lenta por
suprimento. Uma grande capacidade de
causa dos atrasos do sensor e dos atrasos
carga é favorável, desde que ela diminui e
da transferência de calor. A colocação do
nivela as variáveis do processo. Por isso é
elemento sensor de temperatura em lugar
muito fácil um controle de trocador de calor
estagnado e de baixa velocidade é
ou de forno, completamente carregado do
imprestável.
que com pequena carga.
Os processos de temperatura com
Usa-se sempre o modo integral
grande capacidade, pequeno atraso de
associado ao proporcional quando há
transferência e pequeno tempo morto,
atraso na medição e quando a carga varia
podem ser controlador com os modos liga-
e freqüentemente. Como o uso da ação
desliga. Os fornos elétricos, os fornos de
integral piora a resposta dinâmica do
tubos radiantes, as fornalhas com chama
controlador, geralmente é aconselhável o
aberta, os banhos de temperatura, são
uso também da ação derivativa, que
exemplos típicos de sistemas que podem
melhora a resposta dinâmica.
ser controlados satisfatoriamente com o
A maioria dos controladores PID é
controlador liga-desliga.
usada em malhas de temperatura e a
Como refinamento pode se aplicar o
maioria das malhas de temperatura requer
controle liga-desliga com intervalo
o controlador PID. Os ajustes da banda
diferencial ou ainda o controle com três
proporcional são em valores estreitos
níveis de energia. Tem-se o controle liga-
(menor que 100%), dependendo da faixa
desliga com posições múltiplas: alto, baixo
do transmissor e do tamanho da válvula. O
e desligado. Essa aplicação se refere a
tempo integral é da mesma ordem que o
sistema de temperatura que requer alta
período natural do processo, ou seja,
energia de aquecimento apenas no
quanto mais rápido o processo, menor é o

138
Sintonia do Controlador

tempo integral ajustado. O tempo


derivativo deve ser ajustado em cerca de 8. Sintonia do controlador
1/4 do período natural do processo,
dependendo do nível do ruído. O processo industrial modifica uma
A conclusão mais importante no estudo matéria prima em um produto acabado,
do controle de temperatura é que a através de um balanço entre o suprimento
temperatura é uma variável extremamente e a demanda de produtos e de energia,
complexa e dependente dos fatores durante um determinado período de tempo.
termodinâmicos, de transferência de calor, Na prática, nenhum processo é igual a
de funções não-lineares, de tempo morto. outro. Os processos apresentam
É muito freqüente a utilização de sistema características típicas, quanto a carga,
de controle, com mais de um controlador, suprimentos, transporte de materiais,
para o conjunto executar um controle mais transferência de energia, quantidade e
avançado, tipo cascata, faixa dividida, qualidade do suprimento de energia. Em
controle programado, controle auto-seletor. outras palavras, cada processo apresenta
um inerente grau de dificuldade para ser
Tab.4. Comparação da controlabilidade das controlado automaticamente. Levando em
variáveis de processo consideração esses diferentes graus de
dificuldade de controle, resultantes de
Vazão é a variável certamente mais fácil de diferentes características dinâmicas e
ser controlada. Vazão é a mais rápida. estáticas do processo, os fabricantes de
Nunca requer ação derivativa e possui
ruído. instrumentos desenvolveram diferentes
Vazão Não pode se usar posicionador na válvula tipos de controladores.
controladora de vazão. O controlador mal escolhido raramente
No controle, vazão é tanto a variável
controlada como manipulada. desempenha a função desejada. O
Pressão Relativamente fácil de ser controlada. controlador escolhido corretamente,
Geralmente controlada com PI. também não funcionará idealmente, se os
Assume diferentes graus de dificuldade de
Nível controle. Geralmente é controlada apenas ajustes das ações proporcional, integral e
com P. derivativa não forem aqueles exigidos pelo
Variável com maior gama de variação de
Temperatura dificuldade de controle. Pode ser
processo específico. Os ajustes
controlada desde liga-desliga até com insuficientes ou exagerados podem, na
controlador PID. melhor situação, produzir um controle
pH
Análise
Variável difícil de ser controlada, pois é não linear. demorado e fora do ponto de ajuste e na
Geralmente possui grande tempo morto. Tipicamente
requer PID.
pior hipótese, provocar oscilação da
variável controlada.

Fig. 7.24. XL e XH são pontos de alarme e XLL e


XHH são pontos de desligamento

139
Sintonia do Controlador

distúrbios ao processo, para se medir a


resposta a esses distúrbios. Isso é
indesejável, pois há processos críticos que
não permitem perturbações.
Na prática, os instrumentistas fazem a
sintonia do controlador por tentativa e erro,
sem a convicção do que esteja fazendo e
sem nenhum suporte teórico.
Aqui serão mostradas as relações
matemáticas simples e necessárias para
suportar as regras de bolo (thumb rules)
práticas criadas por J. G. Ziegler e N. B.
Fig. 7.25. Sintonia correta do controlador Nichols, popularizadas por F. G. Shinskey
e documentadas por P. W. Murrill. Os
conceitos apresentados são
Sintonizar o controlador é ajustar os suficientemente simples para que o técnico
valores das suas ações de controle. Com a possa entender o seu significado prático e
sintonia ideal, obtém se o máximo suficientemente rigorosos e coerentes com
potencial da malha e pode se estimar o a teoria matemática.
erro do controlador.
8.1. Critérios de Desempenho
Os instrumentistas tendem a enfatizar
os critérios qualitativos, como a
importância da malha e a facilidade da
sintonia, em vez dos critérios quantitativos,
como o tamanho e duração do erro. Esta
ênfase qualitativa é devida parcialmente à
complexidade e diversidade dos critérios
quantitativos e as técnicas de analise
associadas. Por exemplo, uma malha de
nível que tenha uma resposta não auto-
regulante pode ser julgada fácil de
Fig. 7.25. Sintonia incorreta do controlador controlar, mesmo que os erros sejam
grandes e demorados, porque estes erros
não são importantes, desde que o tanque
não fique vazio nem transborde. Uma
A maioria dos trabalhos publicados e
malha de temperatura com uma grande
disponíveis utiliza as técnicas matemáticas
constante de tempo pode ser considerada
avançadas, como a transformada de
difícil de controlar, mesmo que os erros
Laplace, a transformada Z, a função de
sejam pequenos, por causa da demora da
transferência, que não são dominadas
resposta da malha torna-la muito chata
pelos técnicos ou que já foram esquecidas
para ser sintonizada. Para julgar
pelos engenheiros. Pior ainda, a
objetivamente se uma malha é fácil de ser
complexidade do emaranhado matemático
controlada, deve usar critérios quantitativos
das técnicas faz perder o sentimento dos
aplicáveis. Os critérios qualitativos podem
aspectos práticos e a visão dos objetivos
ser classificados simplificadamente
reais do controle.
considerando como base o erro
Embora a teoria possa determinar os
acumulado, o pico do erro ou uma
valores exatos a serem ajustados no
combinação dos dois.
controlador, os métodos teóricos são de
difícil execução, pois os dados necessários Erro acumulado
para os cálculos teóricos são imprecisos. O erro acumulado é o desvio totalizado
Por isso, os métodos mais usados são da variável controlada menos o ponto de
empíricos e para sua execução, é ajuste. Para uma malha de controle de
necessário se provocar pequenos

140
Sintonia do Controlador

composição, o erro acumulado multiplicado ∆C é a variação da saída do


pela vazão media do produto fornece uma controlador necessária
medição da quantidade total do produto A variação da saída do controlador
que se desvia do valor desejado da necessária para compensar os distúrbios é
especificação. Para uma malha de vazão, igual ao distúrbio do processo (variação de
o erro acumulado fornece uma medição da carga do processo), se magas afetam
quantidade total de matéria prima que se igualmente a variável controlada, ou seja, o
desvia da relação estequiométrica ganho da válvula de controle é igual ao
especificada. Se a variável controlada é ganho da carga.
uma vazão de utilidade, o erro acumulado Como
representa o uso de energia em excesso
do ponto de ajuste. Kl
O erro acumulado é o erro integrado, ∆C = ∆L
onde os erros positivos e negativos são
Kv
cancelados pelo volume do sistema para e
fornecer um erro total acumulado positivo E o = K pK l ∆L
ou negativo. O erro absoluto integrado (IAE
- integral absolute error) é igual ao erro substituindo e multiplicando o numerador e
acumulado para uma resposta denominador por Kp, o erro acumulado
superamortecida (sem oscilações). O erro pode ser expresso também como:
quadrático integrado (ISE - integrated
squared error) pode ser aproximado pela PB
combinação do erro acumulado e o pico do Ei = TiE0
erro. Um pequeno erro acumulado não 100K vK pK m
necessariamente significa uma malha
estável bem sintonizada. Um erro onde
acumulado pequeno pode resultar de uma Kv é o ganho em regime da válvula
malha que é marginalmente estável, desde Kl é o ganho em regime da carga do
que os erros positivo e negativo se processo
cancelam, na oscilação constante. O erro Kp é o ganho em regime do processo
acumulado pode ser precisamente ∆L é a variação de carga do processo
calculado pelo uso de equações (tamanho do distúrbio)
matemáticas relativamente simples, se as Eo é o erro em regime da malha aberta
oscilações tem amplitudes decrescentes. A equação do erro acumulado leva a
O erro acumulado para uma malha seguintes conclusões:
fechada pode ser calculado para um 1. se os distúrbios tem tamanhos
distúrbio degrau, se a banda proporcional, próximos de zero (Eo = 0), mesmo a
ganho da medição e ajustes do modo malha muito difícil, funciona
integral do controlador são todos excelentemente. Por isso, antes de
conhecidos. Shinskey mostrou que: decidir se uma malha difícil justifica
o custo adicional de equipamentos
BP especiais, algoritmos avançados de
Ei = Ti ∆C controle, é necessário conhecer o
100K m
tamanho dos distúrbios do
processo.
onde 2. se o controlador é sintonizado com
Ei é o erro acumulado (integrado) da banda proporcional muito larga
variável controlada ou o erro da variável (ganho muito pequeno) ou tempo
medida, se Km = 1. integral muito grande (ação integral
PB é a banda proporcional do muito lenta), uma malha fácil irá
controlador (100%/ganho) funcionar pobremente. Qualquer
Ti é o tempo integral do controlador esforço especial ou gasto adicional
(minutos/repetição) durante o projeto para melhorar o
Km é o ganho do transmissor de regime desempenho será inútil, se usa uma
da medição

141
Sintonia do Controlador

sintonia do controlador muito


conservadora. K vK p K m = 1
3. se a resolução ou rangeabilidade
dos ajustes do modo do controlador
evitam o uso dos melhores ajustes obtém-se para o erro acumulado,
da banda proporcional e do tempo
integral, uma malha fácil ainda PB
Ei = TE
i o
funciona pobremente. Qualquer 100
despesa extra para o equipamento
e projeto melhorar o desempenho onde
da malha é inútil, quando os ajustes
de PB e tempo integral necessários ∆V é a variação na saída da válvula,
estiverem abaixo dos limites DP é a variação na saída do processo
disponíveis do controlador. DM é a variação da saída da medição
4. se o ganho do processo é O ajuste do modo derivativo não entra
aumentado, o erro de malha aberta, na equação do erro acumulado, porque a
e portanto o erro acumulado, sua adição diminui a banda proporcional
aumenta. É importante que o real e aumenta o tempo integral real pelo
instrumentista veja o efeito do mesmo fator, de modo que o erro
projeto do equipamento e as acumulado permanece o mesmo.
condições de operação sobre o Pico do Erro
ganho do processo. Um aumento
O pico do erro é o máximo desvio da
na banda proporcional resultando
variável controlada do ponto de ajuste.
no aumento do ganho da válvula ou
Para alguns processos, e.g., temperatura
do transmissor não resulta em um
de reator, pH de reator, o pico do erro deve
aumento do erro acumulado da
ser limitado para evitar o início de uma
variável controlada, para uma dada
reação secundaria indesejável. Para uma
variação de carga, desde que o
malha de controle de pressão, o pico do
produto KvKmKp cancela os ganhos
erro deve ser limitado para evitar a atuação
no denominador. É importante para
de válvulas de alivio.
o desempenho da malha que os
Segundo Harriot, o pico do erro é dado
ganhos do instrumento sejam
por:
maximizados e os ganhos do
processo e da carga sejam
minimizados.  15 , 
Ex =   Eo
As malhas devem ser projetadas para  1 + Ko 
fornecer uma variação da saída do
transmissor para o fundo de escala para onde
uma excursão fundo de escala da válvula. Ex é o pico do erro da variável
Embora o ganho total possa ser igual a 1, controlada
há aumentos localizados no ganho, Eo é o erro de regime da malha aberta
resultando de não linearidades no ganho
da válvula de controle (e.g., igual Eo = KpKl ∆L
percentagem), no ganho do processo (e.g.,
nível do balão da caldeira) e no ganho do
transmissor (e.g., medição de vazão com Ko é ganho total da malha
placa de orifício). Estes aumentos
localizados no ganho podem causar 100
K o = K v K p Km
oscilações localizadas, a não ser que a BP
banda proporcional do controlador seja
diminuída. Outro modo de expressar Ex é

∆V ∆P ∆M  , × BP
15 
=1 Ex = 
∆C ∆V ∆P  × Eo
 100 × Kv × Kp × Km + BP 

142
Sintonia do Controlador

A adição da ação integral usualmente


não afeta o pico do erro apreciavelmente,
desde que a duração do pico é pequena
em relação ao tempo integral. Se a banda
proporcional é pequena

BP << Kv × Kp × Km × 100

a equação do pico do erro se simplifica:


(a) Pontos de sintonia de controlador eletrônico
 K × BP 
Ex =   × Eo
 100 × Kv × Kp × Km + BP 

ou
 K × BP 
Ex =   × Eo
 100 

onde
Ex é o pico do erro da variável
controlada
K é uma constante de
proporcionalidade (K = 1.1, para
amortecimento de 4:1) (b) Pontos de sintonia de um controlador pneumático
PB é a banda proporcional do Fig. 7.26. Sintonia em controlador analógico
controlador
Ti é o tempo integral do controlador
(minutos/repetição)
Kv é o ganho em regime da válvula de 8.2. Modos do Controlador
controle Os controladores padrão tem até os
Kp é o ganho em regime do processo três modos em seus algoritmos de
Km é o ganho em regime da medição controle. Como modo, termo ou ação deve
Eo é o erro em regime da malha aberta se entender a resposta de saída do
A equação do pico do erro mostra que controle ao erro entre medição e ponto de
ele é igual ao erro acumulado multiplicado ajuste. O modo pode ainda significar se o
por K/Ti. Todas as conclusões relativas ao controlador está em manual ou automático;
erro acumulado como função do tamanho o que não é o caso aqui e agora.
do distúrbio, sintonia do controlador, As três ações fundamentais que podem
rangeabilidade e resolução da banda ser combinadas na realização do
proporcional e dos ganhos componentes controlador prático são a proporcional, a
da malha também se aplicam ao pico do integral e a derivativa. O controlador liga-
erro. A precisão da equação para o pico do desliga descontinuo pode ser considerado
erro não é tão boa como a do erro um caso particular do controlador
acumulado, desde que a constante de proporcional, com um ajuste extremado.
proporcionalidade K varia com o grau de Como conseqüência, os controladores
amortecimento. comercialmente disponíveis são o
proporcional (P)
proporcional e integral (P + I)
proporcional e derivativo (P + D)
proporcional e integral e derivativo
(PID)

143
Sintonia do Controlador

São usados ainda controladores Modo Integral


especiais e de uso raro, como o A maioria dos controladores tem
integral (I) também o modo integral ou reset. Este
P + I não-linear modo muda a saída do controlador por
P + I + D não-linear uma quantidade proporcional à integral do
P + I para batelada erro. O tempo integral é o tempo requerido
P + I + D para batelada. para a contribuição do modo integral seja
O pequeno número de controladores igual (repita) a contribuição da ação
existente é suficiente para o controle proporcional, para um erro constante. A
satisfatório da maioria absoluta dos ação integral está atrasada em relação à
processos envolvidos. Para uma proporcional do tempo integral. O uso do
determinada aplicação de controle de modo integral aumenta a banda
processo, além da escolha do controlador proporcional permissível, mas elimina o
mais conveniente, é necessário o ajuste desvio permanente deixado pela ação
adequado desse controlador. proporcional. A maioria dos controladores
O processo determina o tipo de usa o inverso do tempo integral, de modo
controlador a ser escolhido e, que os ajustes são feitos em repetição por
principalmente, os seus ajustes. Os unidade de tempo; uma minoria de
processos diferentes podem ter controladores é ajustada em tempo
controladores diferentes e os processos integral, ou seja, em unidade de tempo por
diferentes podem ter o mesmo tipo de repetição. Quando o tempo integral é
controladores com ajustes diferentes. diminuído, a ação integral é aumentada, o
desvio permanente é eliminado mais
Modo Proporcional
rapidamente mas a resposta se torna mais
Quase todos os controladores tem o oscilatória. Se o tempo integral é diminuído
modo proporcional. Este modo varia a demais, a malha oscila, em período muito
saída do controlador por uma quantidade maior que o período natural.
proporcional à variação do erro. A banda
proporcional é a variação percentual no Modo Derivativo
erro necessária para causar uma variação O modo derivativo é usado em apenas
de toda a faixa na saída do controlador. A poucas malhas, porque o mínimo ajuste
banda proporcional é o inverso do ganho disponível é muito grande para a maioria
do controlador, multiplicada por 100%. A das malhas, a ação derivativa amplifica o
maioria dos controladores analógicos usa a ruído de alta frequência e a sintonia é mais
banda proporcional, enquanto a maioria complicada, como resultado da interação
dos novos controladores digitais usa o entre os outros modos. O modo derivativo
ganho. Note que o ajuste da banda muda a saída do controlador em uma
proporcional também afeta os modos quantidade proporcional à derivada do erro
integral e derivativo. Quando a banda em relação ao tempo. Ela dá uma ação
proporcional é ajustada mais estreita, o corretiva que se antecipa à correção
desvio permanente do controlador é proporcional; é tipicamente usada em
diminuído porém a resposta se torna mais processos lentos com variações rápidas de
oscilatória. Se a banda proporcional é carga. O tempo derivativo é o tempo
diminuída além de um limite, a saída do requerido para a contribuição da ação
controlador oscila com amplitude proporcional se igualar à ação derivativa,
constante. Se não há nenhuma outra ação para um erro tipo rampa. A ação derivativa
de controle (integral ou proporcional), o está adiantada em relação à proporcional
período destas oscilações é o período de seu tempo derivativo. O uso da ação
natural da malha. Este período natural é derivativa permite que a banda
chamado de ultimo período e depende da proporcional seja diminuída (ganho
dinâmica do processo e dos componentes aumentado). O uso da ação derivativa
da malha. melhora o desempenho da malha de
controle, pois o overshoot e o pico do erro,
provocado por distúrbios na carga, são

144
Sintonia do Controlador

diminuídos, mas a resposta se torna mais (Teoricamente existe uma outra


oscilatória. Se a ação derivativa é condição alternativa de estabilidade: ganho
aumentada demais, aparece oscilações, total do sistema igual a 1 e ângulo de fase
com período muito menor que o período menor que 180 graus. Existe até técnica de
natural do processo. sintonia de malha baseada nesta condição
de estabilidade, porém, ela não será
8.3. Componentes da Malha considerada aqui e agora).
Quando se conhecem as
Dinâmicas da Malha características do processo, como o tempo
Os principais componentes de uma morto e sua constante de tempo, os
malha são o controlador, a válvula de valores dos ajustes da banda proporcional,
controle, o processo e a medição dos tempos integral e derivativo são
(elemento sensor ou transmissor). Cada facilmente determinados. Na prática de
componente tem um ganho estático e um instrumentação, é difícil se conhecer
ou mais parâmetros dinâmicos para rigorosamente estes parâmetros do
descrever sua resposta. processo.
O tempo morto é o tempo requerido
para a saída começar a variar, após uma Tempo Morto e Constante de Tempo
variação na entrada. A dinâmica dos processos químicos
Ganho integrador é a inclinação da consiste tipicamente de um grande número
rampa na saída para uma variação degrau de constantes de tempo em série, que
na entrada. resultam em um tempo morto equivalente.
Constante de tempo da realimentação Se a resposta da malha aberta do
negativa é o tempo requerido para a saída processo a uma variação tipo degrau (o
atingir 63% da entrada multiplicada pelo tempo de início para o de fim da variação
seu ganho, após a saída começar a variar menor que 10% do tempo morto) e se
para uma variação degrau na entrada. A registra a variação de carga L ou a saída
saída se aproxima de um novo estado de do controlador C, então pode-se usar uma
regime, com um inclinação técnica gráfica para determinar o tempo
exponencialmente decrescente. morto e a constante de tempo do processo.
Constante de tempo da realimentação Traça-se uma tangente ao primeiro ponto
positiva é o tempo requerido para a saída de inflexão e estende até cortar o eixo do
atingir 172% da entrada multiplicada pelo tempo. O tempo entre o início do distúrbio
seu ganho, após a saída começar a variar e a interseção da tangente com o eixo do
para uma variação degrau na entrada. A tempo é o tempo morto efetivo. O tempo
saída se aproxima do infinito ou de um entre a interseção da tangente com o
limite físico com um inclinação tempo e a interseção da tangente com o
exponencialmente crescente. valor final da resposta é a constante de
Ganho de regime é a variação final na tempo efetiva.
saída dividida pela variação na entrada, A Figura mostra a resposta em malha
após todos os transientes tiverem aberta dos três tipos principais de
desaparecido. É a inclinação de um gráfico processo: auto-regulante, integrante e com
em regime da saída versus entrada. Se o realimentação positiva.
gráfico for uma reta, o ganho é linear O processo integrante possui uma
(inclinação é constante). Se o gráfico for resposta em forma de S, com a curva
uma curva, o ganho é não-linear tendendo exponencialmente decrescente
(inclinação varia com o ponto de para um valor limite de regime.
operação). Exemplo de um ganho linear: O processo integrante não tende para
processo de pH. valor de regime mas sobe indefinidamente
As condições para que o sistema de segundo uma rampa, até um valor limite
controle seja estável, como já visto, são físico. A inclinação da rampa é o ganho
1. ganho total do sistema menor que 1 integrador. A tangente não é facilmente
e construída por que o ponto de inflexão não
2. o ângulo de fase igual a 180 graus. pode ser facilmente identificado. Como não
há valor final, a constante de tempo é o

145
Sintonia do Controlador

intervalo de tempo entre a interseção da As unidades dos ajustes do modo


tangente com o eixo x e com um erro devem ser verificadas cuidadosamente
aberto (Eo). para não haver enganos grosseiros. O
O processo runaway ou com modo proporcional pode ser ajustado em
realimentação positiva também não tende percentagem de banda proporcional
para um valor de regime. Ele começa (analógicos) ou em ganho adimensional
como um processo auto-regulante, porém (digitais). As unidades do modo integral
em um determinado ponto ele começa a podem ser em repetições por unidade de
crescer rapidamente, tendendo para o tempo (ação integral) ou unidade de tempo
infinito. Ele teria duas constantes de por repetições da ação proporcional
tempo, uma para a realimentação negativa (tempo integral). As unidades do modo
e outra para a realimentação positiva. A derivativo são em unidades de tempo. A
constante de tempo da realimentação unidade de tempo típica para os modos
negativa é facilmente achada pela integral e derivativo é o minuto.
tangente à primeira subida, como no A sintonia do controlador é uma
processo auto-regulante. O intervalo de operação que deve ser feita com o
tempo entre a interseção do eixo do tempo processo em regime permanente, na
e a interseção com 172% do erro da malha condição mais provável de operação,
aberta (Eo) pela segunda tangente, é a depois que todas as condições do projeto
constante de tempo da realimentação tenham sido satisfeitas, os equipamentos
positiva. instalados e os instrumentos calibrados.
Quando a malha de controle sofre
8.4. Mecânica da Sintonia modificação, como por exemplo, a
alteração da faixa de medição, a colocação
A sintonia de controladores analógicos
ou a retirada do extrator de raiz quadrada,
da sala de controle é tipicamente feita pelo
a modificação da característica da válvula
ajustes de pequenos dials ou botões nas
de linear para igual percentagem, a
laterais do controladores, após eles serem
colocação ou a retirada do posicionador da
parcialmente retirados da estante. O ajuste
válvula, mesmo que o processo continue
dos dials ou botões nos controladores de
estável para aquela determinada condição,
campo requer a abertura da caixa a prova
as suas margens de ganho e de fase foram
de tempo. Os dials ou botos tem ajustes
alteradas e a malha deve ser sintonizada
contínuos ou discretos. A faixa de ajustes
de novo.
depende do fabricante do controlador e do
A sintonia do controlador envolve os
modelo. O controlador pode também ter
ajustes da banda proporcional, do tempo
chaves que multiplicam os ajustes de
integral e do tempo derivativo. O ajuste da
integral e derivativo por 10, 100, 1000. É
banda proporcional eqüivale ao ajuste do
difícil determinar o ajuste do modo com
ganho do controlador. Os ajustes do tempo
mais de dois algarismos significativos, por
integral e do tempo derivativo implicam no
causa do tamanho do dial ou do botão, da
atraso e/ou adiantamento da ação
falta de graduação intermediária e da
corretiva. Estes ajustes eqüivalem aos
imprecisão dos ajustes do modo.
ajustes do ângulo de fase da ação
Os controladores digitais nos sistemas
corretiva.
de controle distribuído (SDCD) e os
A maioria dos métodos teóricos e
"single-loop" são sintonizados tipicamente
empíricos de sintonia do controlador
pela entrada de números digitais, via
estabelece o ganho total da malha igual a
teclado do console ou por um pequeno
0,50, eqüidistante do zero (não há
sintonizador portátil. Os ajustes do modo
controle) e um (controle instável). Com
são variados em incrementos discretos,
este ganho de 0,50 as oscilações do
mas o tamanho do incremento é
sistema são amortecidas numa razão de 4
tipicamente tão pequeno que a resolução
: 1 (os teóricos sabem e gostam de
dos ajustes do modo é muito maior do que
demonstrar isso matematicamente).
para os controladores analógicos. O ajuste
Pode se chegar facilmente a estes
do modo é indicado digitalmente com três
ajustes, mesmo sem instrumentos de
ou mais algarismos significativos.
medição, ajustando se inicialmente o

146
Sintonia do Controlador

controlador para estabelecer o ganho total dados a serem levantados são


igual a 1 e depois ajustando-o pela imprecisos.
metade. O ganho igual a 1 é facilmente Há basicamente três tipos de enfoques
realizável pois tem se a oscilação para os ajustes:
constante da variável controlada. O 1. estabilidade limite do sistema de
operador de processo pode verificar controle, função do produto ganho x
facilmente quando a medição oscila entre banda de passagem,
dois limites fixos, sem necessidade de 2. curva de reação do processo ou a
instrumento adicional de teste. Na prática, resposta transitória do processo a
é difícil detectar diretamente um um degrau unitário,
amortecimento da variável medida de 4 3. resposta de frequência do
para 1. processo.
Os ajustes finais da sintonia do
controlador são um compromisso entre os Método da Oscilação Amortecida
desempenhos do controlador em regime É um método introduzido por Harriot.
(frequência zero) ou dinâmico (altas Consiste nos seguintes passos:
freqüências). 1. colocação do controlador em
automático.
8.5. Critérios de Sintonia 2. eliminação das ações integral
(ajuste de Ti infinito) e derivativa
Os métodos mais conhecidos, teórica e
experimentalmente, são os seguintes: (ajuste do Td zero).
1. relação de amortecimento de 4:1 3. com um ganho arbitrário,
2. integral mínima do quadrado do provocação de uma pequena
erro (IQE) variação, tipo degrau e observação
3. integral mínima do erro absoluto da resposta.
(IEA) 4. ajuste da banda proporcional do
4. integral mínima do tempo e do erro controlador de modo a se obter uma
absoluto (ITEA) curva de resposta com
O primeiro critério, relação de amortecimento de 1/4 ou de 4:1.
amortecimento de 4:1, tem a vantagem de Amortecimento de 1/4 significa que
ser facilmente medido, desde que se a amplitude de uma oscilação vale
baseia em somente dois pontos da cerca de 4 vezes a amplitude da
resposta. Inclusive, há outros métodos com oscilação seguinte. Quando se tem
outros nomes e outros procedimentos, uma oscilação decrescente e se
porém, por inversão de passos, constituem tomam dois picos consecutivos, a
o mesmo método. amplitude do primeiro pico é 4
Os outros três critérios são mais vezes maior que a amplitude do
precisos, porém de difícil concretização segundo pico. O pico seguinte é
prática. atenuado por um fator de 4.
Outro enfoque para as técnicas de 5. ajustar os modos integral e
sintonia é dizer que há duas categorias derivativo, de modo que:
distintas para a sintonia do controlador:
1. método dinâmico, baseado nos Ti = 0,667 P
parâmetros determinados pela
Td = 0,167 P
resposta da malha fechada do
sistema, com o controlador em
automático. onde P é o período de oscilação para o ganho que
2. método estático, baseado nos provoca a atenuação 4:1
parâmetros estáticos determinados As desvantagens desse método são:
pela curva de resposta da malha 1. o método da oscilação amortecida é
aberta. Malha aberta é aquela sem de tentativa e erro, portanto, requer
o controlador e dela se obtém a paciência e experiência.
curva de reação do processo. 2. o método requer uma perturbação
Esses métodos são difíceis, pois os ao processo.

147
Sintonia do Controlador

Método Final Gc é o ganho que corresponde ao


Foi um método desenvolvido em 1942, processo com oscilações não atenuadas
por Ziegler e Nichols. É chamado de nem crescentes, mas com amplitudes
método final porque o seu uso requer a constantes.
determinação do ganho e do período finais. Quando se usa o modo integral
É chamado de ganho final, Gf, o máximo associado ao modo proporcional, deve se
do valor do ganho permissível para o aumentar a largura da banda proporcional.
controlador, com apenas o modo Os valores a serem ajustados no
proporcional, para o sistema permanecer controlador P + I são:
estável. O período final, Pf, é o período da
oscilação da resposta com o ganho BPf = 2,2, BPc
ajustado em Gf.
Ti = 0,83 Pc
Os procedimentos do método de
sintonia final são:
1. colocação das ações integral e onde Pc é o período da oscilação permanente.
derivativa em zero, deixando o Finalmente, quando o controlador
controlador proporcional : Ti infinito possui os três modos de controle, P + I +
e Td zero. D, os ajustes são:
2. colocação do controlador em BPf = 1,67 BPc
automático
3. provoque uma pequena Ti = 0,5 Pc
perturbação ao processo, variando
o ponto de ajuste rapidamente e Td = 0,125 Pc
durante um pequeno intervalo de
tempo. Deve se observar o Note-se que a introdução da ação
comportamento da medição da derivativa possibilitou o estreitamento da
variável controlada. banda proporcional, portanto,
4. repete-se o passo seguinte, melhoramento a sensibilidade do
alterando sucessivamente a banda controlador. A ação derivativa permite,
proporcional do controlador, até também, uma maior ação integral ao
obter uma oscilação constante na controlador.
medição. Esse ponto As desvantagens desse método de
correspondente ao ponto de ganho sintonia são as mesmas que o método
igual a um. O processo está no anterior. Aliás, calcular a banda
limite de sua instabilidade. Anotam- proporcional que provoca oscilações com
se os valores da banda proporcional amplitudes constantes e dobrar essa
e do período de oscilação. banda proporcional, na realidade, também
5. finalmente, ajustam-se os valores provoca amortecimento de 4:1.
dos parâmetros do seguinte modo, Como o anterior, o método do ponto
dobrando-se o valor da banda final:
proporcional, ou se divididno por 2 o 1. é um método iterativo, de tentativa
valor do ganho: e erro, que consome tempo e
requer paciência e habilidade.
BPf = 2 BPc 2. também provoca distúrbio ao
ou processo.
Gf = 0,5 Gc
Método da Estabilidade Limite
onde O roteiro prático para a sintonia do
BPf é a banda proporcional final, a ser controlador proporcional é o seguinte:
ajustada no controlador 1. manualmente, atua se no processo
BPr é a banda proporcional que para que a saída do controlador
provoca oscilações constantes ou fique em 50%.
Gf é o ganho final, a ser ajustado no 2. com o processo estabilizado,
controlador operando na condição mais comum

148
Sintonia do Controlador

e com o controlador em automático, 2. quando se atingir a oscilação


ajusta se a banda proporcional na constante, provocada por um ajuste
valor máximo. Provoca se uma crítico da banda proporcional, deve
pequena variação (cerca de 1 a 2%) medir e anotar o período de
no ponto de ajuste e observa se a oscilação, além da banda
resposta do controlador. Como ele proporcional. O ajuste do tempo
esta com o ganho quase zero ele integral deve ser função deste
praticamente não responde ao tempo correspondente ao período
distúrbio e o erro quase não é natural de oscilação do processo.
corrigido. Este período deve ser anotado no
3. diminui se a banda proporcional e controlador para uso futuro, para
provoca se novamente uma distinguir a causa de uma eventual
pequena variação no ponto de oscilação.
ajuste. Agora o controlador já 3. os ajustes do controlador agora são
responde melhor ficando um desvio também diferentes. A adição da
permanente menor. ação integral tornou o controlador
4. diminui se sucessivamente a banda menos estável ou mais sensível.
proporcional e provoca se um Para compensar isso, o ajuste da
pequeno distúrbio no ponto de banda proporcional deve ser mais
ajuste. O desvio permanente conservador. Então, em vez de
diminui cada vez mais, até atingir ajustar a banda proporcional em 2,0
um valor limite. vezes o valor da banda que
5. chega se a uma banda proporcional provocou a oscilação constante,
que provoca uma oscilação ajusta se, por exemplo, em 2,2
senoidal estável, com amplitude vezes o valor da banda proporcional
máxima constante. Este é o ponto crítica, o que corresponde a um
de ganho total igual a 1. O processo ganho total de aproximadamente
está oscilando na sua frequência 0,45. Neste caso, para a mesma
natural. [Não se deve confundir o margem de ganho, tem se um
ganho total do sistema com o ganho ganho do controlador menor. O
do controlador. O ganho do tempo integral é ajustado em 0,50 o
controlador pode ser ajustado período natural de oscilação do
tipicamente entre 5 e 0,2]. processo.
6. observa se no dial qual o valor da Finalmente, quando se tem um
banda proporcional que provocou a controlador proporcional mais integral mais
oscilação constante e ajusta-o no derivativo, a filosofia é a mesma, exceto no
dobro deste valor. seguinte:
Matematicamente, quando se dobra 1. a adição da ação derivativa torna o
a banda, divide se pela metade o controlador mais estável que o P+I
ganho do controlador. O ganho total e até que o P. Por isso, o ajuste
da malha fechada é igual a 0,50. definitivo da banda proporcional
7. quando se provocar um novo pode ser menor que 2 vezes a
distúrbio no ponto de ajuste o banda proporcional crítica.
processo ira responder com uma Tipicamente, ajusta se a banda
oscilação com taxa de proporcional em 1,80 , o que
amortecimento de 4 para 1. corresponde a um ganho total
Quando se tem o controlador P + I , o aproximado de 0,55. Neste caso,
procedimento é quase o mesmo, com as para a mesma margem de ganho,
seguintes diferenças; tem se um ganho do controlador
1. inicialmente deve se retirar toda a maior.
ação integral do controlador, 2. tempo integral é ajustado para 0,67
ajustando se o dial no máximo se do período natural e o tempo
os ajustes são em tempo por derivativo é ajustado em 0,125 do
repetição ou em zero, se são em período natural de oscilação do
repetição por tempo. processo.

149
Sintonia do Controlador

Esta flexibilidade e este grau de 8.7. Sumário


liberdade em escolher os valores de
Para maximizar o desempenho da
sintonia do sistema de controle permitem
que haja vários valores diferentes para os malha
ajustes do controlador, tais como os de 1. Minimizar o tempo morto, quando
ele aparecer na malha.
Ziegler & Nichols, de Murril & Smith, de
2. Maximizar todas as constantes de
Cohen & Coon e de Shinskey.
tempo do instrumento.
3. Maximizar a maior constante de
8.6. Ajustes Típicos
tempo de realimentação negativa
A maioria das malhas é sintonizada, na no processo auto-regulante.
prática, pelo ajuste dos modos, a partir de 4. Minimizar todas as constantes de
valores típicos iniciais. Os ajustes são tempo da realimentação negativa
depois feitos finamente por tentativa e erro, menores que a maior constante de
observando-se a resposta da malha tempo no processo auto-regulante.
fechada. 5. Minimizar todas as constantes de
A Tab. 1 dá os ajustes típicos dos tempo da realimentação negativa
modos de controle para vários tipos de no processo não auto-regulante.
malhas. Estes ajustes assumem que o 6. Maximizar a constante de tempo de
instrumentação já tenha selecionado a realimentação positiva no processo
válvula de controle, a faixa de medição do não auto-regulante.
sensor ou do transmissor. 7. Minimizar os ganhos do processo,
As malhas de pressão de gás e nível integrador e do distúrbio.
de liquido tipicamente tem uma resposta 8. Maximizar a constante de tempo do
integrante. O modo integral deve ser distúrbio e o intervalo de tempo.
evitado, a não ser que também se possa 9. Minimizar os ajustes da banda
usar o modo derivativo. Nenhum destes proporcional e do tempo integral do
modos é necessário para banda controlador.
proporcional menor que 10%. As malhas 10. Maximizar o ajuste do tempo
de pressão de gás de fornalha e secador derivativo do controlador.
são freqüentemente ruidosas e tem alto Para estimar os ajustes do modo e do
ganhos da medição, desde que a faixa desempenho da malha:
calibrada é muito estreita. Tais malhas de 1. Medir pelo teste da malha aberta ou
pressão requerem grandes bandas estimar pelo uso das equações, os
proporcionais (pequenos ganhos do tempos mortos, as constantes de
controlador). As malhas de nível de liquido tempo e os ganhos do processo,
em colunas de distinção e níveis de balão distúrbio e instrumentos. Se a
da caldeira podem ter ruído e tem um medição é ruidosa, estimar a
ganho não linear (resposta inicial inversa constante de tempo do filtro ou a
da resposta final). As malhas de nível de banda proporcional necessária para
liquido com borbulhamento podem ter a atenuação.
ruído e requerem uma larga banda 2. Converter cada uma das constantes
proporcional. de tempo menores do que a maior
constante de tempo da
realimentação negativa na malha
Tab. 1. Ajustes Típicos dos Modos do Controlador para o equivalente tempo morto.
3. Somar todas os tempos mortos
BP Ti Td equivalentes na malha.
Malha
% rep/min min 4. Somar todas as constantes de
Vazão 100-500 10-50 Nada tempo da realimentação negativa
P líquido 100-500 10-50 Nada na malha e subtrair da soma total
P gás 1-50 2-10 0,002-0,1 dos tempos mortos equivalente.
Nível 1-50 4-20 0,01-0,05 5. Somar todos os tempos mortos
T 10-50 0,02-1 0,5-20
puros na malha e adicionar a este
Análise 200-800 0,01-0,1 Nada

150
Sintonia do Controlador

total a soma dos tempos mortos


equivalentes. 8.8. Conclusão
6. Usar a constante de tempo total da
Não adiantaria maior rigor e precisão
realimentação negativa (passo 4) e
nestes ajustes quando se botões e dials de
o tempo morto total da malha
ajuste com imprecisão maior que 10%,
(passo 5), para os processos auto-
como os disponíveis nos controladores
regulante, integrante ou com
eletrônicos e pneumáticos existentes.
realimentação positiva, para estimar
Felizmente a imprecisão do menor que
o período natural do processo.
um permite ajustes em valores
7. Usar a constante de tempo da
aproximados que funcionam na prática.
realimentação negativa (item 4) e o
Dos três métodos de sintonia do
tempo morto total da malha (item 5)
controlador, o da estabilidade limite é o
para os processos auto-regulante,
melhor por ser o mais rápido e conveniente
integrante e de realimentação
para as condições normais do processo.
positiva, para estimar a banda
Qualquer que seja o método escolhido,
proporcional. Usar o ajuste da
porém, os distúrbios devem ser
banda proporcional (item 1) para
considerados, quando se determinam os
atenuação do ruído, se o ruído for
ajustes.
alto. Para processos de
1. distúrbios de baixa frequência ou
realimentação positivo, dividir a
lentos, usar banda proporcional estreita
banda proporcional máxima pela
e ação integral grande.
metade da banda proporcional para
2. distúrbios de alta frequência ou
estimar a largura da banda
rápidos, usar banda proporcional larga,
proporcional.
ação integral pequena e ação
8. Usar o período natural (item 6) para
derivativa pequena (ou nem usar ação
um controlador PI ou PID, para
derivativa, pois esta ação apresenta
estimar o tempo integral.
problema com ruído).
9. Escolher os ajustes do modo do
O processo com grande tempo morto é
controlador disponível que estejam
difícil de ser controlado e sintonizado. Um
mais próximos dos valores
procedimento prático, mas ainda demorado
estimados. Lembrar de inverter o
e tedioso, para processo com tempo morto
tempo integral, se o ajuste do modo
não exagerado e desde que se conheça
integral é em termos de repetições
antecipadamente o processo é:
por minuto.
1. ajustar o ganho do controlador em
10. Estimar o erro máximo e o
zero, o tempo integral no máximo e o
acumulado pelas equações
tempo derivativo em zero.
teóricas. Se a maior constante de
2. aumentar gradativamente o ganho do
tempo do instrumento for maior do
controlador até aparecer oscilação com
que a maior constante de tempo da
pequena amplitude e com desvio
realimentação negativa no
permanente entre medição e ponto de
processo, multiplicar os resultados
ajuste.
pela relação desta constante de
3. diminuir gradativamente o tempo
tempo do instrumento para a
integral do controlador até eliminar o
constante de tempo do processo.
desvio permanente e até aparecer uma
11. Se os erros forem muito grandes,
pequena oscilação de baixa frequência,
investigar a possibilidade de
provocada pela ação integral e não
controle de cascata para isolar os
pela ação proporcional.
distúrbios ou o controle feedforward
4. aumentar por degrau o tempo
para distúrbios mensuráveis.
derivativo até eliminar a oscilação.
Quando acabar a oscilação, repetir (2)
e (3), até que o aumento do tempo
derivativo não consiga mais eliminar a
oscilação.

Apostilas\Controle Sintonia.DOC 30 MAR 00 (Substitui 03 DEZ 98)

151
8
Controle Multivariável

Objetivos de Ensino são clássicos e podem ser disponíveis em


instrumentos especiais, com as múltiplas
7. Revisar os conceitos de funções para atender as aplicações mais
realimentação negativa e preditivo complexas, facilitar a instalação,
antecipatório. manutenção e operação.
8. Apresentar conceito, objetivos, Cada sistema unitário de controle
vantagens, limitações e aplicações encontra sua aplicação especifica. A
das várias estratégias de controle característica comum dos sistemas é que
multivariável, tais como são manipuladas e medidas muitas
a) Cascata variáveis simultaneamente, para se
b) Faixa dividida estabelecer o controle, no menor tempo
c) Auto seletor possível e com o melhor rendimento do
d) Relação de vazões processo.
3. Mostrar os conceitos de projeto do Serão tratados aqui e agora os
controle global da planta. conceitos e símbolos dos controles
estruturados, que podem servir como
1. Introdução blocos constituintes de um projeto
completo de instrumentação.
A malha de controle a realimentação O controle pode ser implementado através
negativa (feedback) convencional com das seguintes estratégias:
entrada única e saída única (single input- 1. Controle Contínuo Linear
single output) é o núcleo seminal da Realimentação negativa
maioria das estruturas de controle de Cascata
processo. Porém, ultimamente, foram Preditivo antecipatório
desenvolvidas estruturas mais complexas Relação
que podem, em alguns casos, melhorar 2. Controle com saídas múltiplas
significativamente o desempenho do Balanço de cargas
sistema de controle. Faixa dividida
A maioria das malhas de controle 3. Malhas redundantes
possui uma única variável controlada. A Reserva (backup) redundante
minoria dos sistemas mais complexos Tomada de malha integral
requer o controle mais avançado, Controle de posição da válvula
envolvendo mais de uma variável, ora para 4. Controle Discreto ou Chaveado
manipular mais de um elemento final de Sistemas seletores
controle, ora para monitorar mais de uma
variável controlada. Estes sistemas, que
são repetidos freqüentemente com
pequenas modificações, são conhecidos
como sistemas unitários de controle,
sistemas estruturados de controle ou
sistemas de controle multivariável. Eles

152
Controle Multivariável

são disponíveis. Na malha de controle


2. Realimentação negativa convencional, os instrumentos podem ter
até circuitos eletrônicos microprocessados.
O objetivo do controle com É irrelevante também se as variáveis
realimentação negativa é controlar uma medida e manipulada são as mesmas na
variável medida em um ponto de ajuste. O malha de vazão ou diferentes na malha de
ponto de ajuste nem sempre é aparente ou pressão. O conceito de controle é a
facilmente ajustável. realimentação negativa, independente do
Os estados operacionais são meio ou método de sua realização.
automático e manual. Os parâmetros
operacionais são o ponto de ajuste (em
automático) e a saída (em manual).
Os valores monitorados são o ponto de
ajuste, a medição e a saída. (monitorar não FIC
significa necessariamente indicar.)
A realimentação negativa é mais um FY-A i/p
conceito do que um método ou um meio.
No sistema com realimentação negativa FY-B
sempre há medição (na saída), ajuste do FT
ponto de referência, comparação e
atuação (na entrada). A saída pode alterar
a variável controlada, que pode alterar a
variável medida. O estado da variável
FE
medida é realimentado para o controlador
para a devida comparação e atuação.
Fig. 8.2. Malha de controle de vazão

distúrbios
entradas saídas

PROCESSO controlada

manipulada Medição Fig. 8.3. Reguladora de pressão

Controlador
feedback
Na malha de controle de vazão da Fig.
8.2, a vazão é sentida pela placa (FE), o
sinal é transmitido (FT), extraída a raiz
Ponto de ajuste
quadrada (FY-A) e finalmente chega ao
Fig. 8.1. Esquema da realimentação negativa controlador (FIC). Este sinal de medição é
comparado com o ponto de ajuste (não
mostrado na figura) e o controlador gera
um sinal (função matemática da diferença
Em resumo, esta é a essência do entre medição e ponto) que vai para a
controle à realimentação negativa. É válvula de controle (FCV), passando antes
irrelevante se há seis elementos na Fig. por um transdutor corrente para
8.2 e apenas um na válvula auto-regulada pneumático (FY-B), que compatibiliza a
de pressão operação do controlador eletrônico com a
(Fig. 8.3). Na válvula auto-operada, os válvula com atuador pneumático. A
mecanismos estão embutidos na própria atuação do controlador tem o objetivo de
válvula, não há display e os ajustes são tornar a medição igual (ou próxima) do
feitos de modo precário na válvula ou nem ponto de ajuste.

153
Controle Multivariável

Na válvula auto-regulada acontece a


mesma coisa, porém, envolvendo menor 3. Controle Cascata
quantidade de equipamentos. O valor da
pressão a ser controlado é levado para um 3.1. Introdução
mecanismo de comparação que está no
atuador do válvula. No mecanismo há um O controle cascata permite um
ajuste do valor da pressão a ser controlador primário regular um
controlado. Automaticamente a válvula vai secundário, melhorando a velocidade de
para a posição correspondente à pressão resposta e reduzindo os distúrbios
ajustada. causados pela malha secundária.
Nos dois sistemas sempre há: Uma malha de controle cascata tem
1. medição da variável controlada dois controladores com realimentação
2. ajuste do valor desejado negativa, com a saída do controlador
3. comparação entre medição e ajuste primário (mestre) estabelecendo o ponto
4. atuação para tornar medição igual de ajuste variável do controle secundário
ao ponto de ajuste (escravo). A saída do controlador
Enquanto a medição estiver igual ao secundário vai para a válvula ou o
ponto de ajuste (situação ideal), a saída do elemento final de controle. O controle
controlador está constante (cuidado! Não é cascata é constituído de dois controladores
igual a zero!). Só haverá atuação (variação normais e uma única válvula de controle,
na saída) quando ocorrer diferença entre formando duas malhas fechadas. Só é útil
medição e ponto de ajuste. desdobrar uma malha comum no sistema
A maioria absoluta dos sistemas de cascata quando for possível se dispor de
controle se baseiam no conceito de uma variável intermediária conveniente
realimentação negativa. Embora seja lento mais rápida.
e susceptível à oscilação, ele é o mais fácil A Fig. 8.7 é um diagrama de blocos do
de ser realizado. conceito de controle de cascata,
A minoria dos sistemas utiliza outras mostrando as medições (primaria e
estratégias de controle ou combinação de secundaria), o ponto de ajuste do primário
várias malhas a realimentação negativa. O estabelecido manualmente e o ponto de
advento da instrumentação ajuste do secundário estabelecido pela
microprocessada (chamada estupidamente saída do controlador primário.
de inteligente) permite a implementação
econômica e eficiente de outras técnicas
de controle. Elemento final de
controle

Controlador
PROCESSO
secundário

ponto de
ajuste Medição da variável
secundária

Controlador Medição da variável


primário primária

ponto de
ajuste
Fig. 8.7. Diagrama de blocos do controle cascata

154
Controle Multivariável

A característica principal do controle No controle cascata a temperatura do


cascata é a saída do controlador primário vaso (mais lenta) cascateia a temperatura
ser o ponto de ajuste do secundário. O da jaqueta (mais rápida). Quando houver
controlador primário cascateia o distúrbio no vapor fazendo a temperatura
secundário. da jaqueta cair, o controlador secundário
A Fig. 8.8 é um exemplo de um controle corrige esta variação mais rapidamente
convencional de temperatura, envolvendo que o controlador primário.
uma única malha. Na Fig. 8.9 tem-se
controle de cascata. (É interessante notar
como um esquema simples pode esconder
fenômenos complexos. Por exemplo,
eventualmente a reação da figura pode ser
exotérmica e nada é percebido).

LC

SP TC TT

FC
FCV
Saída
Vapor

TE
Produto
Fig. 8.10. Controle cascata: controlador de nível
estabelece ponto de ajuste no de vazão
Condensad

Fig. 8.8. Controle convencional de temperatura 3.2. Conceito


O controle em cascata divide o
processo em duas partes, duas malhas
SP TC1 TT1 fechadas dentro de uma malha fechada. O
Jaqueta
SP controlador primário vê uma malha fechada
como parte do processo. Idealmente, o
TC2 TT2 processo deve ser dividido em duas
metades, de modo que a malha secundaria
seja fechada em torno da metade dos
Saída tempos de atraso do processo. Para ótimo
Vapor
desempenho, os elementos dinâmicos no
Produto processo devem também ser distribuídos
TE2
TE1
eqüitativamente entre os dois
controladores.
É fundamental a escolha correta das
duas variáveis do sistema de cascata, sem
a qual o sistema não se estabiliza ou não
Condensad funciona.
1. a variável primaria deve ser mais
Fig. 8.9. Controle de cascata temperatura – lenta que a variável secundaria.
temperatura

155
Controle Multivariável

2. a resposta da malha do controlador


primário deve ser mais lenta que a 3.3. Objetivos
do primário.
Há dois objetivos do controle cascata:
3. o período natural da malha primaria
1. eliminar os efeitos de alguns
deve ser maior que o da malha
distúrbios (variações da carga
secundaria.
próximas da fonte de suprimento)
4. o ganho dinâmico da malha primaria
2. melhorar o desempenho dinâmico
deve ser menor que a da primaria.
da malha de controle, reduzindo os
5. a banda proporcional do controlador
efeitos do atraso, principalmente do
primário deve ser mais larga que a
tempo morto.
do controlador secundário.
Para ilustrar o efeito da rejeição do
6. a banda proporcional do controlador
distúrbio, seja o refervedor (reboiler) da
primário deve ser mais larga que o
coluna de destilação. Quando a pressão de
valor calculado para o seu uso
suprimento do vapor aumenta, a queda da
isolado,
pressão através da válvula de controle
Quando os períodos das malhas
será maior, de modo que a vazão de vapor
primaria e secundaria são
irá aumentar. Com o controlador de
aproximadamente iguais, o sistema de
temperatura convencional, nenhuma
controle fica instável, por causa das
correção será feita até que a maior vazão
variações simultâneas do ponto de ajuste e
de vapor aumente a temperatura na
da medição da malha secundaria.
bandeja 5. Assim, o sistema inteiro é
Usualmente, o controlador primário é
perturbado por uma variação da pressão
P+I+D ou P+I e o secundário é P+I.
do suprimento de vapor.
As combinações típicas das variáveis
Com o sistema de controle cascata,
primaria (P) e secundaria (S) no controle
com a temperatura da coluna cascateando
em cascata são: temperatura (P) e vazão
a vazão de vapor, o controlador de vazão
(S), composição (P) e vazão (S), nível (P)
do vapor irá imediatamente ver o aumento
e vazão (S), temperatura (P) e pressão (S)
na vazão de vapor e irá fechar a válvula de
e temperatura lenta (P) e temperatura
vapor para fazer a vazão de vapor voltar
rápida (S).
para o seu ponto de ajuste. Assim o
Quando o controlador secundário é de
refervedor e a coluna são pouco afetadas
vazão e recebe o sinal de um transmissor
pelo distúrbio na pressão de suprimento do
de pressão diferencial associado a placa
vapor.
de orifício, deve se usar o extrator de raiz
Outro sistema de controle cascata
quadrada, para linearizar o sinal da vazão,
envolve um processo com resfriamento de
a não ser que a vazão esteja sempre
um reator, através da injeção de água na
acima de 50% da escala.
jaqueta. A controlador da temperatura do
Quando se tem controle de processo
reator é o primário; o controlador da
em batelada ou quando o controlador
temperatura da jaqueta é o secundário. O
secundário está muito demorado, pode
controle de temperatura do reator é isolada
ocorrer a saturação do modo integral. Um
pelo sistema de cascata dos distúrbios da
modo de se evitar esta saturação é
temperatura e pressão d'água de
fazendo uma realimentação externa do
resfriamento da entrada.
sinal de medição do controlador
Este sistema mostra como o controle
secundário ao circuito integral do
cascata melhora o desempenho dinâmico
controlador primário. Em vez do circuito
do sistema. A constante de tempo da
integral receber a realimentação do sinal
malha fechada da temperatura do reator
de saída do controlador, ele recebe a
será menor quando se usa o sistema
alimentação do sinal de medição do
cascata.
controlador secundário.

156
Controle Multivariável

é restabelecida quando a malha


3.4. Vantagens secundaria voltar a normalidade.
O que se fez, realmente, nessa nova
As vantagens do sistema de cascata
são: configuração foi incluir a resposta dinâmica
1. os distúrbios que afetam a variável da malha secundaria dentro do circuito
secundaria são corrigidos pelo integral do controlador primário. A ação
controlador secundário, que é mais integral do controlador primário pode ser
rápido, antes que possam maior que a usual pois qualquer atraso ou
influenciar a medição primaria. variação na resposta da malha secundaria
2. o atraso de fase existente na parte é corrigido pela ação do controlador
secundaria é reduzido pela malha primário.
secundaria, melhorando a Há ainda uma vantagem adicional: o
velocidade de resposta da malha controlador primário raramente precisa ser
primaria. transferido para manual. Quando o
3. a malha secundaria permite uma controlador secundário estiver em manual,
manipulação exata da vazão de o controlador primário não poderá saturar,
produto ou energia pelo controlador pois é quebrada a realimentação positiva
primário. para o seu modo integral.
Dois requisitos são essenciais ao novo
sistema:
3.5. Saturação do modo integral 1. o controlador primário deve ter
O controle em cascata é utilizado para disponível a opção de
eliminar os efeitos de pequenos distúrbios realimentação externa ao modo
no processo. integral.
Em aplicações do controle em cascata 2. o controlador secundário é comum,
sempre há a possibilidade de haver a porém, não pode haver desvio
saturação dos dois controladores. O permanente entre sua medição e
problema da saturação do modo integral é seu ponto de ajuste. Ou, em outras
criado pela excursão da carga do processo palavras, o controlador secundário
além da capacidade da válvula de controle. deve ter, obrigatoriamente, a ação
A válvula irá ficar saturada em seu limite integral, para eliminar sempre o
externo, 0 ou 100%, totalmente fechada ou desvio permanente.
aberta, fazendo com que haja um desvio
permanente entre a medição e o ponto de 3.6. Aplicações
ajuste do controlador primário. Se não for
tomada nenhuma providência, o Reator com temperatura e pressão
controlador primário irá saturar. Como Seja a malha de controle de
conseqüência, o controlador secundário temperatura do produto de um reator, feito
também irá saturar. através da manipulação da vazão de
Uma solução simples e prática é utilizar entrada de vapor. Quando a pressão do
a medição da variável secundaria como vapor cai, o seu poder de aquecimento
realimentação externa para o modo diminui. Para uma mesma vazão, tem-se
integral do controlador primário. uma diminuição da temperatura do
Convencionalmente, o controlador primário produto. Essa diminuição do efeito de
é realimentado pela sua própria saída que aquecimento do vapor só é sentida pela
é o ponto de ajuste do controlador malha de temperatura. O elemento
secundário. Quando o controlador primário sentirá a diminuição da
secundário estiver em operação normal, o temperatura e irá aumentar a abertura da
seu ponto de ajuste coincide com a válvula. Essa correção é demorada. Nesse
medição e o funcionamento da malha é intervalo de tempo, se houver a
igual ao modo convencional. Se houver recuperação da pressão original,
uma diferença entre a medição e o ponto certamente haverá um super aquecimento.
de ajuste do secundário, a ação integral do Essa oscilação pode se repetir
controlador primário fica estacionária e só indefinidamente, com o processo nunca se
estabilizando, pois a sua inércia é muito

157
Controle Multivariável

grande. O controle do processo é SP TC TT


sensivelmente melhorado com o controle
em cascata.
O controle de temperatura do reator anterior é
melhorado colocando-se um outro controlador de
pressão na entrada da alimentação de vapor. Agora,
tem-se o controlador de pressão cascateado pelo Saída
controlador de temperatura. A saída do controlador
de temperatura, chamado de primário, estabelece o Vapor
ponto de ajuste do controlador de pressão, chamado
Produto
de secundário. Nessa nova configuração, quando
houver a diminuição da pressão de vapor, mesmo
com a vazão constante, o controlador de pressão irá TE
abrir mais a válvula, para compensar a menor
eficiência do vapor. As variações de pressão da Condensado
alimentação do vapor são corrigidas rapidamente
pela malha de pressão e em vez de serem corrigidas
lentamente pela malha de temperatura.
Fig. 8.11. Controle de temperatura convencional
Reator com temperatura cascateando
temperatura
É possível se ter uma variável
cascateando outra variável da mesma
natureza, por exemplo, temperatura SP TC TT
cascateando a temperatura. SP
Uma aplicação típica é a do controle de
temperatura de reator, com aquecimento PC
de vapor em jaqueta externa. As variações
da temperatura do produto são mais lentas TT
e demoradas que as variações da Saída

temperatura da jaqueta de aquecimento.


Vapor
Nessas condições, pode-se usar a
temperatura do produto como a variável Produto
primaria e a temperatura do aquecimento
externo como a secundaria. Quando
houver variações na temperatura da TE

jaqueta, a correção é feita diretamente pelo


Condensado
controlador secundário.
Fig. 8.12. Controle cascata temperatura –
pressão

158
Controle Multivariável

totalmente aberta, a válvula de


4. Controle de Faixa Dividida resfriamento deve estar totalmente
fechada
4.1. Conceito 3. quando o controlador solicita que a
válvula de resfriamento esteja
O objetivo de estender ou dividir a faixa totalmente aberta, a válvula de
é alterar a faixa normal de um elemento aquecimento deve estar totalmente
final da que ele dispõe, aumentando ou fechada
diminuindo-a. Este controle é chamado de 4. no meio do caminho, ambas as válvulas
split range. Por exemplo, em vez de a devem estar simultaneamente fechadas,
válvula operar entre 20 e 100 kPa (normal),
ela opera entre 20 e 60 kPa (metade Temperatura Saída do Posição da Posição da
inferior) ou entre 60 e 100 kPa (metade % span controlador válvula de válvula de
% span água vapor
superior).
O controle de faixa dividida ou de split 100 100 fechada
aberta
range consiste de um único controlador
manipulando dois ou mais elementos finais
de controle. Neste controle, é mandatório o fechada fechada
uso do posicionador da válvula. Os
posicionadores são calibrados e ajustados
e as ações das válvulas são escolhidas 0 0 fechada aberta
para que os elementos finais de controle
sejam manipulados convenientemente. Por (b) Operação da válvula de controle

exemplo, uma válvula pode operar de 0 a de modo que não haja nem
50% do sinal e a outra de 50 a 100% do aquecimento nem resfriamento.
sinal de saída do controlador. 5. cada válvula se move de modo contrário
e seqüencial à outra.
4.2. Aplicações
Aquecimento e resfriamento
A Fig. 8.12 mostra um esquema de Fig. 8.12. Sistema de controle de faixa dividida
controle de temperatura para um processo
batelada (batch), usando um tanque de
Temperatura com dois combustíveis
reação química que requer a temperatura
de reação constante. Para começar a Também há aplicações envolvendo o
reação o tanque deve ser aquecido e isto aquecimento por dois combustíveis, onde a
requer uma vazão de vapor através da primeira válvula A(do combustível mais
serpentina. Depois, a reação exotérmica barato) é atuada pela saída do controlador,
produz calor e o tanque deve ser resfriado indo de 0 a 100% de abertura. Depois de
e isto requer uma vazão de fluido totalmente aberta, a segunda válvula B (do
refrigerante, através de outra (ou da combustível mais caro) começa a atuar,
mesma) serpentina. indo também de 0 a 100%. Neste caso,
O controle suave da temperatura é pode-se ter as duas válvulas totalmente
conseguido pelo seguinte sistema básico: fechadas (no início do processo) ou
1. a saída do controlador de temperatura totalmente abertas, (no máximo
varia gradualmente quando a aquecimento) simultaneamente.
temperatura do tanque aumenta
2. quando o controlador solicita que a
válvula de aquecimento esteja

159
Controle Multivariável

TC 5. Balanço de Cargas
20 - 60 kPa 60-100 kPa
Tanque O objetivo do controle com balanço de
de carga é permitir a regulação da saída
TV-B
reação comum (somada) de várias malhas. Os
estados operacionais são qualquer
combinação dos estados normais de
Combustível B
operação das malhas individuais. Qualquer
malha pode estar em manual e a malha
Combustível A externa ainda tenta manter a vazão total
TV-A em seu ponto de ajuste. Os parâmetros
operacionais são os de todos os
controladores, incluindo o controlador mais
Temperatura Saída do Posição da Posição da
% span controlador válvula A válvula B
externo que balanceia a carga. (Isto não
% span
quer dizer que todas as combinações
sejam úteis.)
100 100 aberta aberta

fechada
aberta

0 0 fechada fechada

Fig. 8.13. Controle de Faixa Dividida

Σ FC

FC

FT3

FC

FT2

FC

FT1

Fig. 8.14. Controle de balanço de cargas

160
Controlador com ganho grande
6. Controle de malhas (banda proporcional estreita) é mais
rápido que um com ganho pequeno.
redundantes
O objetivo do controle com malhas
redundantes é fornecer controle mesmo
quando há falha de uma malha ou fazer rA
controladores operarem em tempos
diferentes, através da inclusão de ações
de controle ou ajustes de ganho ou em Σ K ∫
pontos de diferentes, através de
diferentes pontos de ajuste. rB

Σ K
Set @ 104 kPa

Set @ 102 kPa Fig. 8.17. Malhas redundantes, com ações de


controle diferentes (controlador P atua antes do
controlador PI)

Set @ 100 kPa


7. Controles chaveados
Fig. 8.15. Backup simples, malhas redundantes Os conceitos de controle chaveados
são divididos em
1. seletivo
rA 2. seletor (alta ou baixa)
3. estrutura variável
XIC O controle eletivo (Fig. 8.18) envolve
A um chaveamento na entrada do
controlador, que recebe o sinal de dois
rB transmissores de análise. Quando um
deles falha, o outro assume a função de
enviar o sinal de medição.
XIC
B O controle seletor (Fig. 8.19) envolve
dois (ou mais) controladores com o
chaveamento na saída, pois há um único
elemento final de controle. Em operação
normal o controlador de vazão (FIC)
Fig. 8.16. Malhas redundantes, com ajustes de
opera; quando o nível se aproxima de um
ganhos diferentes (controlador com maior ganho
valor crítico (muito baixo),
atua primeiro)
automaticamente o controlador LIC
assume o controle. Nesta configuração, é
necessário a proteção contra saturação
A ação integral torna o controlador do modo integral dos controladores, pois
mais lento, de modo que um controlador o controlador que está fora de controle,
PI é mais lento que um controlador P. A mas ligado, pode saturar se tiver a ação
ação derivativa torna o controlador mais integral.
rápido, de modo que um controlador PID O controle de estrutura variável (Fig.
é mais rápido que um controlador PI. 8.20) permite o controlador TIC controlar
o processo com uma válvula TVA, até

161
Controle Multivariável

que a pressão atinja valor perigoso.


Agora o controlador de pressão assume o 8. Controle Auto-Seletor
controle da válvula principal e o
controlador de temperatura atua na 8.1. Conceito
válvula secundaria, TVB. Também é
necessária a realimentação externa ao O controle auto-seletor é também
modo integral ao PIC, para evitar a chamado de controle seletivo, limite,
saturação da saída (não é necessária a override ou cut-back.
realimentação ao TIC pois ele sempre Há situações onde a malha de
está operando). controle deve conhecer outras variáveis
Todo esquema de controle seletor controladas, por questão de segurança e
chaveado inclui obrigatoriamente um controle. Isto é principalmente verdade
seletor de sinais. em plantas altamente automatizadas,
onde o operador não pode tomar todas
as decisões nas situações de
emergência, de partida e de parada do
processo.

AIC

AT
A
> AT
B LC
Reator Tanqu
<
FC
Fig. 8.18. Controle chaveado

Fig. 8. 20. Controle auto seletor entre nível e


vazão do tanque

realimentação externa O controle auto seletor é uma forma


ao modo integral de controle multivariável, em que a
PIC variável manipulada pode ser ajustada
em qualquer momento, por uma variável,
> selecionada automaticamente entre
diversas variáveis controladas diferentes.
TV A filosofia do controle auto-seletor é a
TIC ∆ A de se usar um único elemento final de
controle manipulado por um controlador,
selecionado automaticamente entre dois
TV ou mais controladores. Tendo-se duas ou
B mais variáveis medidas, aquela que
estiver em seu valor crítico assume o
controle do processo.
Outro enfoque de se ver o controle
auto-seletor é considerar os dois
Fig. 8.19. Controle auto seletor, com proteção controladores ligados a uma única válvula
contra saturação do modo integral de controle. Em condições normais, uma
malha comanda a válvula; em condições
anormais, a outra malha assume

162
Controle Multivariável

automaticamente o controle, mantendo o No controle auto seletor, a vazão é


sistema dentro da faixa de segurança. O constante e o valor é estabelecido
controle normal é cortado apenas durante externamente pelo operador de processo.
o período necessário para se Em operação normal, a vazão é a
restabelecer a segurança do sistema. variável controlada e manipulada, ao
Quando a condição anormal desaparece, mesmo tempo. Quando o nível atinge um
a malha normal assume novamente o valor crítico, automaticamente o
controle. controlador de nível assume o controle. A
partir deste ponto, a vazão de saída do
8.2. Exemplos tanque tende a diminuir com a diminuição
do nível do tanque. Quando o nível é
O conceito de controle seletivo ou
baixo, a variável controlada passa a ser o
auto seletor é explicado pelo exemplo na
nível e a manipulada contínua sendo a
Fig. 08, que mostra um tanque cujo nível
vazão.
é controlado pela modulação da válvula
Outro exemplo de sistema de controle
de controle na linha de dreno de saída. A
seletivo envolve sistemas com mais de
vazão do dreno do tanque é controlada
um elemento sensor. Os sinais de três
usando-se a mesma válvula. Há duas
transmissores de temperatura localizados
exigências do processo:
em vários pontos ao longo de um reator
1. em operação normal, o tanque é
tubular entram em um seletor de alta
esvaziado com uma vazão
(HS). A temperatura mais elevada é
constante, estabelecida no
enviada ao controlador de temperatura
controlador de vazão. Vazão muito
cuja saída manipula a água fria. Assim,
elevada é considerada critica.
este sistema controla o pico de
2. o nível muito baixo é considerado
temperatura no reator, qualquer que seja
uma situação critica que deve ser
o ponto onde ela esteja.
evitada
Outro exemplo comum é o controle de
Quando o nível ficar muito baixo, o
duas vazões de um reator, onde o
controlador de nível entra
excesso de um dos reagentes poderia
automaticamente em ação e substitui o
levar a composição no reator para uma
controlador da vazão. Quando a vazão
região onde poderia haver explosão.
tender a aumentar, o controlador de
Assim, é vital que a vazão deste reagente
vazão está em ação e também corta o
seja menor do que algum valor crítico,
excesso de vazão. Sempre, a válvula
relativo a outra vazão. São usadas
toma a posição menos aberta dos
medições múltiplas e redundantes da
comandos dos dois controladores.
vazão e o maior sinal das vazões é usado
A escolha de qual controlador deve
para o controle. Em adição, se as
assumir o controle é feita
diferenças entre as medições de vazão
automaticamente por um relé seletor, que
excedem algum valor razoável, o sistema
faz uma transição suave de um sinal de
inteiro será intertravado, até que a causa
entrada para outro. A função seletora
da discrepância seja encontrada.
deste relé pode ser incorporada ao
Assim, os controles over ride e
circuito do controlador.
seletivo são muito usadas para manipular
Note que esta configuração é
problemas de restrições e segurança. Os
totalmente diferente do controle de
limites de alta e baixo nas saídas do
cascata. No controle de cascata, nível
controlador são também muito usadas
cascateando a vazão, o ponto de ajuste
para limitar o valor da variação permitido.
do controlador de vazão é estabelecido
automaticamente pelo controlador de
nível. Assim, quando o nível diminui, a
saída do controlador também diminui e o
ponto de ajuste do controlador de vazão
também diminui. No controle de cascata,
a vazão é diminuída continuamente pelo
abaixamento do nível.

163
Controle Multivariável

8.3. Características
O sistema de controle auto seletor,
qualquer que seja o seu enfoque, sempre LC
possui os seguintes componentes:
Tanqu
1. duas ou mais malhas de controle, <
com os transmissores de medição
e os controladores. FC
2. um seletor de sinais, de mínimo
ou de máximo. O seletor
eletrônico de sinais podem
receber até quatro sinais
simultâneos. O seletor pneumático Fig. 8.21. Realimentação externa para evitar
só pode receber dois sinais de saturação do modo integral dos controladores
entrada e são usados (n-1)
seletores quando se utilizam n
controladores pneumáticos.
A realimentação da saída do seletor
3. um único elemento final de
de sinais para todos os controladores
controle,
está redundante para aquele controlador
4. opcionalmente, o sistema pode ter
momentaneamente selecionado e
uma estação manual de controle
atuante no processo, porém a
(HIC), para a partida suave. Há
realimentação é essencial a todos os
sistemas que provêm todos os
controladores restantes, pois ela os
controladores com a opção de
impede de saturarem.
seleção e atuação automático -
Quando se tem os controladores
manual e outros que possuem
eletrônicos, basta prove-los com a opção
uma única e independente
de realimentação externa. Quando se
atuação manual.
usam controladores pneumáticos e vários
seletores de sinais é possível, através de
8.4. Cuidado para a não Saturação
ajustes convenientes nos seletores, se
No controle auto seletor apenas um conseguir um controle satisfatório do
controlador atua, enquanto todos os sistema. Porém, em sistemas mais
outros estão fora do circuito. O sinal de difíceis é necessário se prover cada
um controlador vai até a válvula, os sinais controlador pneumático com uma chave
de todos os outros acabam no seletor de batelada, para otimizar a resposta
sinais. Esta é a condição mais favorável dinâmica do processo. Mas, a aplicação
para o aparecimento da saturação: a das chaves só é necessária e justificável
saída inoperante de um controlador quando o processo sofre variações
automático, contendo o modo integral e bruscas, se aproximando de um processo
em funcionamento. descontínuo, tipo batelada.
Para se evitar a saturação das saídas
de todos os controladores que estejam na 8.5. Aplicações
malha e cujos sinais são inoperantes,
O sistema de controle unitário de
pois apenas um sinal é selecionado os
seleção automática é empregado nos
controladores do sistema, sem exceção.
seguintes casos:
Essa realimentação é feita para o circuito
1. para proteção de equipamentos,
integral de cada controlador do sistema e,
quando a saída do controlador da
portanto, todos devem ter essa
variável que atinge valores
possibilidade extra de realimentação
perigosos é cortada e outro
externa.
controlador assume o controle.
2. para aumentar a confiabilidade da
malha de controle, quando são
colocados instrumentos

164
Controle Multivariável

redundantes. É o que ocorre em 5. o seletor de sinais, no caso seletor


instrumentação de plantas do sinal mínimo. Quando o
nucleares, onde se utilizam equipamento é pneumático, é
geralmente três transmissores necessário se utilizar de vários
para cada variável crítica; um reles, pois o relé pneumático só
seletor de sinais escolhe o valor pode receber dois sinais
mais seguro, conforme uma simultâneos nas entradas.
programação pré determinada. 6. a válvula de controle, com ação
3. para otimizar o controle do ar-para-abrir.
sistema, de modo que a variável 7. como os controladores possuem a
com valor mais próximo do valor ação integral e para impedir que
crítico seja a responsável pelo os modos integrais saturem, todos
controle. Tem-se vários os controladores devem possuir a
controladores, porém, apenas o opção extra de realimentação
controlador da variável com o externa ao modo integral. O sinal
valor crítico assume o controle do da saída do relé seletor, que vai
sistema. O operador final do para o elemento final de controle,
controle estará sempre numa deve ser realimentado
posição segura. externamente a todos os
controladores.
Controle de Compressor
O funcionamento correto do compressor
depende basicamente de três variáveis:
HIC
1. a pressão de sucção, que não
pode ser muito baixa. Se a
PC1
pressão de sucção for muito
baixa, há problema de cavitação TC < PC2
na bomba e o compressor pode
inverter o sentido do fluxo.
2. a carga do motor, que não pode
ser muito alta, sob pena de se
queimar o motor. sucção
M
descarga
3. a pressão de descarga, que não
pode ser muito elevada. Se a
pressão da descarga subir muito,
a vazão após a válvula pode Fig. 09. Controle auto seletor de compressor
aumentar demais e ficar pulsante
e descontínua.
O sistema de controle auto seletor para o
compressor é constituído de: HIC
1. o transmissor e o controlador de
pressão de sucção, de ação PC1
direta.
2. o transmissor de temperatura (ou
TC < PC2

corrente elétrica), proporcional a


carga do motor elétrico, com
controlador de ação inversa.
3. o transmissor e o controlador da sucção M descarga
pressão de descarga, com ação
inversa.
4. o gerador de rampa, para a
partida suave do sistema. O sinal Fig. 8.22. Controle auto seletor com proteção
gerador manualmente deve ser da contra saturação do modo integral dos
mesma natureza que os sinais de controladores
saída dos controladores.

165
Controle Multivariável

9. Controle Feedforward 9.2. Funções Básicas


As principais funções do controle
9.1. Introdução
preditivo antecipatório são:
Alguns assuntos da área de teoria de 1. detectar os distúrbios quando eles
controle de processo são conhecidos entram no processo e afetam a
apenas pelo ouvir dizer. As pessoas, variável controlada
mesmo as do ramo, sabem de sua 2. fazer computações matemáticas
existência, conhecem superficialmente com esses dados e outros
alguns conceitos, mas não passam disso. arbitrariamente estabelecidos
Certamente o controle preditivo 3. fazer compensação dinâmica do
antecipatório (feedforward) é um desses tempo de resposta, considerando
assuntos, que o pessoal considera muito as características dinâmicas do
complicado e avançado para ser aplicado processo
no controle do processo de seu interesse. 4. prever o comportamento da
O autor traduziu livremente o termo variável controlada e estabelecer o
feedforward como preditivo e valor e a ocasião a ser aplicada da
antecipatório. Na literatura técnica esse ação de controle e
tipo de controle é chamado 5. manipular as variáveis do
indistintamente de preditivo e de processo, de modo que as
antecipatório. Ambos os nomes são variáveis controladas da saída
justificados e fazem sentido: a ação sejam mantidas constantes e
preditiva do controlador antecipa o iguais aos pontos de ajuste
aparecimento do erro no sistema. No estabelecidos.
presente trabalho, mesmo parecendo Deve se tomar cuidado de não
uma redundância, serão usados os dois confundir os conceitos de ação derivativa
nomes simultaneamente. do controlador convencional e de controle
A maioria das estruturas de sistema preditivo antecipatório. A ação derivativa
de controle usa o conceito de do controlador também apressa a ação
realimentação negativa (feedback). Um corretiva do controlador e,
erro deve ser detectada na variável freqüentemente, é chamada de ação
controlada antes do controlador tomar antecipatória. Porém, ela será sempre
uma ação corretiva para a variável uma ação corretiva, só atuando após o
manipulada. Assim, os distúrbios devem aparecimento do erro. Em resumo: a
perturbar o processo antes que o ação derivativa melhora a resposta
controlador possa fazer algo. dinâmica do controlador, porém, o
Parece muito razoável que, se princípio de atuação é totalmente
pudesse detectar um distúrbio entrando diferente daquele do controle preditivo
no processo, se começasse a corrigir o antecipatório.
antes que ele perturbasse o processo.
Esta é a idéia básica do controle preditivo 9.3. Partes Fundamentais
antecipatório (feedforward). Se for
As partes fundamentais do controle
possível medir o distúrbio e envia-se este
antecipatório são:
sinal através de um algoritmo de controle
1. a medição da variável de processo,
preditivo antecipatório que faça correções
através de transmissores ou
apropriadas na variável manipulada de
diretamente do processo,
modo a manter a variável controlada
2. o mecanismo de computação
próxima de seu ponto de ajuste.
matemática, que manipula o valor
O controle preditivo antecipatório
da medição, recebe outros dados
necessita de ferramentas matemáticas
externos ao processo, como
especificas, para ser realizado
equações termodinâmicas, tabelas
quantitativamente.
de dados,
3. o controlador do processo, que
gera um sinal automático,

166
Controle Multivariável

relacionado com o valor da 2. o controlador prevê quanto de


medição e das equações ação deve ser aplicada e quando
matemáticas de balanço de é mais conveniente. Geralmente
energia e de massa, se fala que o controlador toma
4. o elemento final de controle, ligado uma providência imediata. Será
diretamente ao processo e visto mais tarde que, há
recebendo o sinal do controlador, aplicações, onde a ação é
5. o processo, que fecha a malha de proposital e artificialmente
controle. adiantada ou atrasada.
Além das medições das variáveis na 3. o controlador faz medições nas
entrada do processo, há uma predição do variáveis de entrada e atua na
resultado, após a computação variável manipulada, também na
matemática do valor medido nas entrada do processo. Não há
equações fornecidas ao computador. Há medição da variável controlada,
um prognostico, como no controle de pois não há realimentação. Por
malha aberta e há uma ação corretiva, esse motivo, há quem diga que o
baseada na medição e no programa, controle preditivo antecipatório é
como no controle de realimentação de malha aberta, o que é
negativa. incorreto. Mesmo não havendo
realimentação, a malha de
saída controle é fechada pelo processo.
distúrbios 4. o balanço entre o suprimento e a
demanda é conseguido pela
Processo
medição da carga da demanda
controlada real, pelo calculo da demanda
potencial e pela atuação no
manipulada suprimento do processo. As
Medições Controlador medições, os pontos de ajuste e
feedforward os cálculos matemáticos são
usados para estabelecer a ação
de controle a ser aplicada antes
do aparecimento do erro entre
medição e ponto de ajuste.
Fig. 3.18. Malha fechada feedforward (preditiva 5. o distúrbio está na entrada do
antecipatória) processo e na entrada do
controlador. O conceito envolve o
fluxo de informações adiante da
9.4. Características malha.
As principais características do 6. teoricamente, quando bem
controle preditivo antecipatório são: projetado e calculado, um
1. a ação do controlador é preditiva, controlador preditivo antecipatório
baseada em um prognostico. O pode executar um controle
controlador não espera que o perfeito. Seu erro é devido aos
desvio entre a medição e o ponto erros das medições e dos cálculos
de ajuste seja detectado, através feitos por equipamentos reais.
do processo, para atuar na Quanto mais difícil e complexa for
variável manipulada. A atuação é a computação, maior será o erro
feita no momento mais adequado, antecipado.
de modo que não haja 7. O controlador preditivo
aparecimento do erro. A variável antecipatório não exibe nenhuma
manipulada é atuada antes que os tendência a oscilação.
distúrbios, principalmente a
variação de carga do processo,
afetem a variável controlada.

167
Controle Multivariável

muito eficiente na redução do


L – carga ou distúrbio desvio causado pelo distúrbio.
M – variável manipulada 3. As imperfeições e erros das
G – ganho medições, dos desempenhos dos
L X – saída instrumentos e das numerosas
GL F controlador feedforward computações provocam desvios no
valor da variável controlada. Tais
desvios não podem ser eliminados
porque não são medidos ou
M + X conhecidos.
F GM -
4. a pouca disponibilidade ou o alto
custo de equipamentos comerciais
pudessem resolver as equações
F=M/L matemáticas desenvolvidas e
simulassem os sinais analógicos
Fig. 3.19. Diagrama de blocos do sistema de necessários para o controle.
controle preditivo antecipatório (feedforward) Porém, com o advento da
eletrônica de circuitos integrados
aplicada a computadores, a
microprocessadores e a
9.5. Limitações instrumentos analógicos, foram
A primeira aplicação prática do conseguidos instrumentos de
controle preditivo antecipatório foi em altíssima qualidade, baixo custo,
1925, no controle de nível de caldeira. fácil operação, extrema
Embora o seu resultado possa ser confiabilidade e, principalmente,
teoricamente perfeito, o seu adequados para implementar a
desenvolvimento foi lento, principalmente técnica avançada de controle
pelas limitações na sua aplicação prática preditivo antecipatório.
e pelos seguintes motivos:
1. os distúrbios que não são medidos, 9.6. Comparação com o Feedback
ou porque são desconhecidos ou
suas medições são impraticáveis, Semelhanças
tornam o resultado do controle Mesmo sendo conceitualmente
imperfeito. As alterações da diferentes, a malha de controle com
variável controlada não são realimentação negativa possui algumas
compensadas pelo controlador, por características comuns a malha de
que não foram consideradas. Todo controle preditivo antecipatório. Assim,
distúrbio que afete a variável 1. ambas as malhas são fechadas.
controlada deve ser detectado e 2. em ambas as malhas há os
medido; quando não se pode medi- componentes básicos: dispositivo
lo, não se pode usar o conceito de de medição, controlador e válvula
controle preditivo antecipatório. atuadora,
2. deve se saber como os distúrbios e 3. o controlador é essencialmente o
as variáveis manipuladas afetam a mesmo, para ambas as malhas,
variável controlada. Deve se 4. ambos controladores possuem o
conhecer o modelo matemático do ponto de ajuste, essencial a
processo e a sua função de qualquer tipo de controle.
transferência, no mínimo, de modo
aproximado. Uma das
características mais atraente e
fascinante do controle preditivo
antecipatório é que, mesmo sendo
rudimentar, aproximado, inexato e
incompleto, o controlador pode ser

168
Controle Multivariável

As responsabilidades de controle
Diferenças ficam assim distribuídas:
Porém, as diferenças entre os 1. o controlador preditivo
sistemas com realimentação negativa e antecipatório cuida dos distúrbios e
preditivo antecipatório são mais variações de carga grandes e
acentuadas. freqüentes que afetam as variáveis
No controle com realimentação controladas.
negativa a variável controlada é medida, 2. o controlador a realimentação
na saída do processo. O controlador atua negativa cuida de quaisquer outros
nas variáveis manipuladas de entrada erros que aparecem através do
para manter a variável controlada igual processo, cuida dos efeitos dos
ou próxima a valores desejados. Como a distúrbios não medidos, cuida dos
variável controlada depende de todas as erros residuais provocados pelas
variáveis de entrada, indiretamente imprecisões dos instrumentos reais
através do processo e geralmente com de medição, controle e
atraso, o controle com realimentação computação da malha
negativa leva em consideração todas as antecipatória.
variáveis de entrada. Porém, os atrasos Como o principal objetivo do
na ação corretiva podem ser controlador a realimentação negativa é
praticamente inaceitáveis, em alguns eliminar o desvio permanente, ele deve
processos de grande capacidade e longo ser, necessariamente, proporcional mais
termo morto. integral (PI). Como a quantidade de
No controle preditivo antecipatório as trabalho a ser executado por ele é
variáveis de saída controladas não são diminuído pela presença do controlador
medidas para a comparação com o valor preditivo, normalmente basta ser PI.
desejado. O controlador apenas mede as A presença do controlador preditivo
variáveis de entrada detectáveis e antecipatório na malha de controle à
conhecidas, recebe o valor do ponto de realimentação negativa não provoca
ajuste, recebe outras informações do tendência a oscilação. Em termos de
processo e computando todos esses função de transferência, a presença do
dados, prevê o valor e a ocasião controlador preditivo não altera o
adequados para a ação de controle ser denominador da função de transferência
aplicada na variável manipulada de original.
entrada. A configuração mais utilizada na
Ele é mais convencido que o associação das duas malhas de controle
controlador com realimentação negativa: é o sistema em cascata. Porém, é
não verifica se a ação de controle levou a controvertida a opção de quem cascateia
variável controlada para o valor de quem. Shinskey diz que é mandatório
referência ajustado. Há casos onde a que o controlador à realimentação
previsão foi incorreta e estabeleça o ponto de ajuste do
consequentemente, há erro na variável controlador preditivo.
controlada. Também. os efeitos das Porém, em todas as aplicações
variáveis de entrada não medidas não práticas, raramente o sinal do controlador
são compensados pelo controle preditivo preditivo é aplicado diretamente na
antecipatório. válvula de controle. Nessa configuração,
é o controlador preditivo que estabelece o
Associação ponto de ajuste do controlador
As vantagens e desvantagens de convencional a realimentação negativa.
ambos sistemas são complementares, de
modo que a associação dos dois
sistemas é natural. Desse modo, em
sistemas de controle difícil que requerem
malhas de controle complexas, é prática
universal a associação dos dois conceitos
de controle.

169
Controle Multivariável

Assim que as equações são escritas e


saída resolvidas para a variável controlada,
distúrbios devem ser especificados os
controlada
Processo equipamentos de controle,
comercialmente disponíveis, que as
Medições manipulem. A falta desses equipamentos
manipulada
e o seu alto custo, também dificultaram a
implementação do controle preditivo
Medições Controlador Controlador antecipatório. Tais equipamentos podem
feedforward feedback
ser pneumáticos ou eletrônicos.
Atualmente, são mais usados os
instrumentos eletrônicos, principalmente
Fig. 3.20 Controle feedback cascateando o
os microprocessadores de processo.
feedforward
Computações que requerem dois ou mais
instrumentos pneumáticos interligados
são feitas por um único instrumentos
9.7. Desenvolvimento do eletrônico, com maior precisão, menor
Controlador custo, maior confiabilidade e operação
Qualquer processo pode ser descrito mais simples.
em termos das relações entre as suas O processo opera em duas situações
saídas e suas entradas. As saídas do distintas: em regime e em transitórios
processo são as variáveis dependentes e entre regimes. Mesmo depois de
geralmente são as variáveis a ser estabilizado, o processo sofre variações
controladas. As variáveis de entrada são transitórias quando há variação em sua
as independentes. Embora todas as carga. O controlador preditivo é modelo
variáveis de entrada afetem as de saída, matemático do processo e, portanto,
elas podem, sob o ponto de vista de deve também possuir duas componentes:
controle, ser divididas em três grupos: dinâmica e estática. Essa divisão é
1. variáveis de entrada que podem essencial principalmente durante a
ser detectada e medidas Calibração e ajuste de partida.
2. variáveis de entrada O controlador de regime permanente
desconhecidas e não possíveis de é igual ao dinâmico, quando a variável
ser medidas praticamente. manipulada de entrada e os distúrbios de
3. variáveis de entrada manipuladas, entrada estão matematicamente
para a obtenção do controle localizados do mesmo lado, relativamente
As variáveis de entrada que chegam ao lado da variável de saída controlada.
ao processo em pontos diferentes afetam Desenvolvimento da equação do
de modo diferente as variáveis controlador
controladas.
A aplicação do sistema de controle As equações termodinâmicas de
preditivo antecipatório requer o balanço de energia e de materiais são
conhecimento prévio e completo do usadas para se chegar ao controlador
processo a ser controlado. preditivo antecipatório de regime estático.
Antes de se aplicar o controle As equações diferenciais, relativas aos
preditivo antecipatório, deve ser possível transitórios dos processos determinam o
desenvolver as equações modelo do controlador transitório.
termodinâmicas, geralmente de balanço Obviamente, o controlador de regime
de materiais e de balanço de energia, permanente é mais fácil de ser
que modelam o processo. E, desenvolvido e modelado que o
principalmente, deve se conhecer a transitório.
integração entre ambos balanços. Aliás, o O procedimento a ser seguido é mais
desenvolvimento do controle ou menos o seguinte:
antecipatório foi atrasado por causa da 1. definir todas as variáveis do
falta de tais conhecimentos. processo, separando-as em
distúrbios mensuráveis, variáveis

170
Controle Multivariável

controladas e variáveis ajuste e entrar como constantes na


manipuladas. Também devem ser equação.
conhecidas as constantes do A equação final é a equação do
processo, tais como capacidades controlador preditivo antecipatório e está
de tanque, diâmetros de na forma escalonada. Ela mostra como o
tubulações, densidades de controlador deve atuar ou modificar a
produtos, pontos de ajuste das variável manipulada. Em sistemas mais
variáveis controladas. Sempre que complexos, o metido analítico anterior
uma variável de processo é pouco também se torna muito complexo e
alterada, ela deve ser considerada impraticável. A solução é usar técnicas
como constante. Os fatos de medir numéricas.
ou não medir um distúrbio de
entrada e de considerar ou não Componentes do controlador
considerar constante uma variável A equação resultante do controlador
do processo podem tornar linear o preditivo antecipatório, conseguida a
modelo do controlador preditivo partir do modelo do processo, pode
antecipatório. possuir mais de um termo, referentes as
2. fazer as hipóteses simplificadoras, componentes, computação analógica e
relativas ao processo. Por compensação dinâmica.
exemplo, quando se tem um O controlador preditivo antecipatório
tanque de mistura, deve se possui as ações de controle
considerar perfeita a mistura. As convencionais: proporcional, integral e
perdas de calor nas vizinhanças de derivativa. Aliás, todo o controlador é
um tocador de calor devem ser igual ao convencional, de realimentação
consideradas desprezíveis. O negativa. Ele recebe ponto de ajuste,
acúmulo de calor nas paredes de local ou remoto, possui chave de
um reservatório é nulo. As transferência automático manual. Quando
capacidades de calor independem há associação dos conceitos de controle
da temperatura do processo. São a realimentação e preditivo antecipatório,
essas simplificações que tornam há aplicações que utilizam apenas a
nítidos e separados os modelos unidade de controle da malha com
estáticos e dinâmicos do realimentação negativa. Apenas são
controlador. usados os módulos de compensação
3. escrever as equações dinâmica e de computação.
termodinâmicas e diferenciais, na A computação matemática é essencial
forma dimensional padrão. ao controle preditivo antecipatório. A
Rescrever as equações, unidade de computação recebe todos os
atribuindo-se as entradas e saídas sinais analógicos, provenientes das
os sinais analógicos normalizados medidas dos distúrbios e cargas de
(valores entre 0 e 1,0). entrada mensuráveis. O equipamento
4. resolver a equação, ou seja, pode ser pneumático ou eletrônico,
encontrar o sinal de saída em embora o eletrônico moderno seja mais
termo de todos os sinais de eficiente, barato, versátil e preciso. As
entrada mensuráveis. Para operações matemáticas envolvidas são:
encontrar a equação do multiplicação, divisão, extração de raiz
controlador, o modelo do processo quadrada, soma, subtração, integração e
é invertido: as variáveis polarização.
manipuladas são as incógnitas e O compensador dinâmico corrige o
as variáveis controladas e as desbalanço do transitório do processo.
entradas medidas do processo são Sempre é necessária a compensação
as variáveis independentes da dinâmica quando os elementos dinâmicos
equação matemática. Na solução, da variável manipulada e da carga são
as variáveis controladas devem diferentes. Quando são iguais e quando a
assumir os valores dos pontos de variável manipulada e a carga entram no
mesmo local do processo, em relação a

171
Controle Multivariável

variável controlada, o compensador medidas por equipamentos


dinâmico pode ser dispensado. Por disponíveis comercialmente
exemplo, no controle de relação de 3. o processo é bem conhecido e
vazões, não se usa o compensador suas equações termodinâmicas de
dinâmico. O compensador dinâmico é balanço de materiais e de energia,
também chamado de unidade de bem como as equações
avanço/atraso (lead/lag) A função diferenciais de seus transigentes
avanço/atraso só se processa durante os são facilmente resolvidas
transitórios do processo, provocados pela teoricamente,
variação de sua carga. A unidade 4. as equações matemáticas finais
avanço/atraso repete o sinal de entrada são resolvidas por equipamentos
na sua saída quando a entrada é de controle, encontráveis no
constante. Quando há variação na mercado e a custos razoáveis.
entrada, o sinal de saída é atrasado ou Embora o sistema de controle
adiantado. Obviamente, é impossível se antecipatório seja menos usado que o
fazer uma compensação quando se deve sistema convencional a realimentação
criar um avanço de tempo. Na prática, negativa, sua aplicação se torna cada vez
isso é conseguido fazendo-se um atraso mais freqüente. São áreas de aplicação:
na saída do controlador. coluna de destilação, trocador de calor,
O compensador dinâmico, desse neutralização de pH, controle de caldeira,
modo, pode ser colocado antes ou depois controle de mistura automática de vários
do controlador. Quando anterior ao componentes (blending).
controlador, ele modifica o sinal da A seguir serão mostrados alguns
variável medida. Quando há associação exemplos de aplicações, para fins
das malhas de realimentação e preditiva didáticos, pois é necessário se conhecer
antecipatório, deve se cuidar de sempre completamente o processo a ser
deixar o compensador dinâmico fora da modelado.
malha de realimentação.
Caldeira a três elementos
9.8. Aplicações A Fig. 8.6 mostra um sistema de
controle de alimentação de água de
Nem todo processo requer a caldeira a três elementos padrão. O
aplicação do controle preditivo exemplo é dado para enfatizar a
antecipatório. Inclusive, há processos
importância de ter conceitos claros. A
onde a implementação do controle
porção de feedforward é destacada.
antecipatório é impossível ou
Mesmo que esta porção esteja no lado da
impraticável. Como a implantação de um
descarga da caldeira, é ainda
controle antecipatório requer o uso de feedforward, desde que este conceito
vários instrumentos adicionais, a sua trata dos distúrbios do processo onde
aplicação deve se justificar
eles ocorrem.
economicamente.
O objetivo desta malha feedforward é
Sob o ponto de vista de engenharia
calcular a vazão de alimentação de água
de controle de processo, é justificada a necessária para satisfazer a demanda, a
aplicação do controle preditivo carga (também um distúrbio). O objetivo
antecipatório quando:
da malha de controle de nível é ajustar o
1. as variações nos distúrbios e
cálculo, de modo que o nível permaneça
cargas de entrada do processo
próximo do ótimo para a eficiência e da
levam um tempo considerável para
segurança da caldeira. A malha de
afetar a variável controlada na controle de nível é uma falha de feedback
saída, tornando pouco eficiente o
cascateando a malha de controle de
controle convencional a
vazão da água de alimentação. O
realimentação negativa,
objetivo da malha de controle de vazão
2. as variáveis de entrada que afetam
de água de alimentação é melhorar a
significativamente a variável eficiência da resposta para o ponto de
controlada são possíveis de ser

172
Controle Multivariável

ajuste calculado e estabelecido. Ela é componente mais leve e o liquido cada


também feedback. vez mais pobre desse componente mais
leve. O vapor é gerado no refervedor e o
liquido é gerado no condensador.
Para se garantir que os produtos
finais fiquem dentro da especificação de
pureza desejada, são controladas as
temperaturas e pressões da coluna, bem
como o balanço de energia, as vazões de
alimentação principal, de saída do
destilado, do vapor do refervedor, do
refluxo. Simplificando, são envolvidos
essencialmente os balanços de energia e
de materiais, propícios para a aplicação
do controle preditivo antecipatório.
Há vários problemas associados com
o controle da coluna de destilação:
resposta lenta, por causa da grande
capacidade da coluna e dos tempos
envolvidos, influência de muitas variáveis,
dificuldades de uso de analisadores em
linha, interação entre os balanços de
energia e de materiais.
As variáveis de entrada
independentes e não controladas são:
Fig. 8.6. Controle feedforward aplicado à caldeira
composição da alimentação, vazão da
alimentação, entalpia da alimentação,
entalpia do vapor do refervedor,
temperatura do refluxo.
O estado operacional normal é As variáveis manipuladas de entrada
automático. Porém, para entradas são: vazão do refluxo, do destilado, do
anormal, pode se entrar com uma produto de fundo, calor de entrada no
entrada fixa manualmente, sob certas refervedor, calor de saída do
circunstancias. Os parâmetros condensador.
operacionais são o ponto de ajuste e, As variáveis de saída, dependentes
algumas vezes, entradas manuais das variáveis de entrada e manipuladas,
(sistema em falha). a serem controladas são as seguintes:
Os valores monitorados são as composição do destilado, composição do
entradas medidas e a saída calculada. produto pesado, temperatura das
bandejas da coluna, nível do acumulador,
Coluna de destilação
nível do fundo da coluna.
Certamente, é no controle da coluna Nem todas as variáveis podem ser
de destilação onde se aplica com maior controladas e manipuladas
frequência o controle preditivo arbitrariamente. Mesmo assim, há
antecipatório. dezenas de configurações práticas para o
A destilação binária é um processo de controle convencional da coluna de
separação, onde uma matéria prima é destilação, pela combinação das diversas
decomposta em dois produtos: um leve variáveis controladas e manipuladas.
(destilado) e um pesado (produto de Quando se acrescenta o controle
fundo). Na coluna de destilação um jato preditivo antecipatório, o número de
de vapor mais rico em um componente configurações aumenta, pois há também
mais leve entra em contato contínuo com um grande número de variáveis de
um fluxo de liquido mais rico em um entrada, que afetam as variáveis
componente mais pesado, de modo que controladas e que podem ser medidas.
o vapor fica cada vez mais rico do

173
Controle Multivariável

O controle preditivo antecipatório mais solução aquosa. A medição de pH não é


simples, aplicado a coluna de destilação linear, mas logarítmica: pH = - log10 H+.
é mostrado. Consiste na colocação de A não linearidade do pH significa que
uma multiplicador e de um compensador próximo da neutralidade (pH = 7),
dinâmico. O multiplicador permite que a pequenas variações do reagente causam
vazão da alimentação da coluna grandes variações no pH e longe do
modifique o ponto de ajuste do ponto de neutralização (próximo de 0 ou
controlador de vazão do destilado. A de 14) grandes quantidades do reagente
vazão do destilado será ajustada de são necessárias para provocar pequenas
conformidade com a vazão da variações no pH.
alimentação. A colocação do O modelo matemático do processo é
compensador dinâmico determina o fácil de ser desenvolvido, pois é muito
timing correto da ação de controle. No conhecido e estudado. A equação do
caso, há um atraso no sinal de vazão da controlador preditivo antecipatório dá a
alimentação. Quando há uma variação na vazão do reagente necessária para
vazão da entrada da coluna, deverá se neutralizar a mistura final, o efluente,
alterar o ponto de ajuste da vazão do quando a vazão e o pH do efluente
destilado. Porém, a variação na entrada variam
irá demorar para afetar a vazão do As variáveis medidas são: pH do
destilado e portanto, a alteração do ponto efluente na entrada, pH do efluente na
de ajuste do controlador de vazão do saída, vazão da entrada do efluente. A
destilado também deverá ser retratada. O variável manipulada é a vazão do
compensador dinâmico avanço/atraso reagente. Freqüentemente se utilizam
cuidará desse atraso. várias válvulas, de tamanhos diferentes,
Outra configuração simplificada é para prover maior relação entre a
esquematizada, mostrando como as medição máxima e medição mínima.
variáveis de entrada podem ser medidas Nesse caso deve ser acrescentado um
e usadas para prover o controle preditivo sistema lógico seqüencial.
antecipatório. O computador analógico São hipóteses simplificadoras: que a
recebe os sinais de medição da medição seja feita onde a reação está
composição do produto de alimentação, completa e que a mistura seja
vazão da alimentação, temperatura do homogênea e perfeita.
topo da coluna, temperatura do refluxo, Como não é admissível desvio
executa as operações matemáticas permanente no pH do efluente final e
previamente calculadas. Os principalmente, por causa da grande
controladores devem atuar nas variáveis sensibilidade da curva de pH justamente
manipuladas: vazão do refluxo e vazão na região próxima da neutralização, deve
do produto de fundo. A saída do se usar um controlador a realimentação
controlador que atua na vazão do produto negativa convencional. O controlador
de fundo, além da componente de convencional é não linear, com uma
computação, sofre um atraso dinâmico e curva característica complementar a
uma correção na realimentação do curva de pH: pequeno ganho próximo do
controlador convencional. ponto de ajuste e grande ganho quando o
desvio aumenta. De outro modo: o
controlador deve ter ganho proporcional
Neutralização de pH ao erro entre medição e ponto de ajuste.
O controle de pH é um dos mais
complexos e difíceis, pois envolve
funções não lineares, grande tempo
morto e grande tempo característico.
A atividade do íon H+ de uma solução
pode ser medida continuamente através
de um eletrodo de pH. Esse eletrodo
desenvolve uma milivoltagem
proporcional a atividade do íon H+ na

174
Condensador

TC

TT Refluxo
FT
1 X L/L
LC LT Acumulador

Alimentação
FC
FT
Vapor Refervedor 2
LT LC

Produtos leves
Coluna de Distilação

Condensado Produtos pesados

Fig. 3.1. Esquema simplificado do controle convencional com realimentação negativa aplicado a uma coluna de
destilação

175
Controle Multivariável

Condensador

TT-1 Refluxo

LC LT Acumulador
Alimentação

FC

FT
Vapor Refervedor
LT LC

Produtos leves
Coluna de Distilação

Condensado Produtos pesados

Fig. 3.1. Esquema simplificado do controle com realimentação negativa cascateado pelo controlador preditivo
antecipatório aplicado a uma coluna de destilação

176
Controle Multivariável

Controlador
Preditivo Antecipatório Condensador

TT-1 TT-2
AT-1 FT-1
Acumulador LT

Alimentação
LC LT LC

Refluxo
Vapor
AT AC Produtos leves

Coluna de Distilação L/L

Condensado Produtos pesados

Fig. 3.1. Esquema simplificado do controle preditivo antecipatório aplicado a uma coluna de destilação,
associado ao controle com realimentação negativa

177
O sistema de controle pode ter o Os sistemas de controle avançado se
controlador com realimentação negativa aplicam a processos determinados e seu
associados ao controlador preditivo objetivo é o de obter o melhor controle do
antecipatório. A medição da vazão de processo. As vantagens que apresentam a
entrada do efluente deve ser modificada, aplicação dos sistemas de controle
de modo que se tenha a mesma natureza avançado são a economia de energia
logarítmica do pH. O instrumento a ser conseguido na operação da planta, o
usado, além do eventual extrator de raiz aumento da capacidade de fabricação, a
quadrada, é o caracterizador de sinais. diminuição do custo de operação e a
Quando se utiliza a Calha Parshall essa diminuição da percentagem de
modificação pode ser dispensada. recuperação dos produtos que saem fora
de especificação durante o processo de
fabricação.
Os rendimentos típicos que oferecem
os sistemas de controle avançado são:
Reagente 1. economia de energia com 5% de
aumento na produção,
pHC 2. capacidade de fabricação da planta
aumenta de 3% a 5%,
3. custo de operação da planta se vê
reduzido de 3% a 5%,
pHT 4. recuperação dos produtos melhora
Efluente de 3% a 5%,
5. retorno da inversão de produz em
um tempo de 1 a 5 anos,
6. rendimento global é de 5% a 35%.
Fig. 3.1. Controle de pH convencional, com
As aplicações dos sistemas de
realimentação negativa
controle avançado aumentam dia a dia e
se aplicam a processos tais como
fabricação de amônia, processos batelada,
fornos, caldeiras de vapor, plantas
Controlador
petroquímicas, sistemas de economia de
feedforward energia, reatores químicos, plantas de gás
f natural, compressores, serviços gerais,
FY-2 pHC
controle estatístico de processo.

FY-1 Opcional Reagentes

FT pHT pHT
2

Efluente

Fig. 3.1. Controle de pH preditivo antecipatório

178
Controle Multivariável

9.9. Conclusão 10. Controle de Relação (Ratio)


A adição de uma malha de controle
preditivo típica envolve vários 10. 1. Conceitos
instrumentos, de medição, controle, O controle de relação é também
computação analógica e de compensação chamado de razão, fração ou proporção. O
dinâmica. O retorno econômico do controlador de fração de vazões ou de
acréscimo da malha de controle preditivo relação de vazões é simbolizado com o tag
deve ser quantificado, mesmo que as FFC ou FrC.
variáveis econômicas de custo, retorno e O controle relação é freqüentemente
economia não sejam diretamente medidas. parte de uma estrutura de controle
Devem ser considerados os fatores feedforward; há quem considere o controle
relacionados com a economia dos tanques de relação como um sistema de controle
de armazenagem (controle de elementar de feedforward. O controle de
neutralização de pH e de mistura relação é um sistema unitário de controle,
automática), produtos com a especificação com a função de manter uma proporção
de pureza desejada e com pouco refugo fixa e determinada entre duas variáveis,
(coluna de destilação e fracionador), normalmente duas vazões. Exemplos
economia de energia (trocador de calor e comuns industriais incluem:
torre de resfriamento). 1. manter uma relação de refluxo
Sob o ponto de vista técnico, as constante em um coluna de
principais áreas de aplicação do controle destilação,
preditivo antecipatório, que produzem 2. manter quantidades
resultados difíceis de serem conseguidos estequiométricas de dois reagentes
através de outra técnica são: sendo alimentados em um reator,
1. os processos complexos, com grandes 3. purgar fora uma percentagem fixa
períodos de oscilação natural e de um jato de alimentação de uma
submetidos a distúrbios e variações de unidade,
carga grandes e freqüentes, 4. misturar dois produtos, como
incontroláveis pelo sistema gasolina e álcool numa relação
convencional de realimentação constante.
negativa. 5. Um sistema é considerado de
2. os processos onde as variáveis a controle de relação quando:
serem controladas não são possíveis 6. as duas variáveis X e Y são medidas
de medição precisa, confiável ou 7. apenas uma das duas variáveis é
rápido. Mesmo que seja usada uma manipulada, por exemplo X,
outra variável secundaria, inferida da 8. a variável realmente controlada é a
principal, o controle convencional a relação K entre as duas variáveis X
realimentação negativa é insuficiente e Y.
para prover um produto dentro das O controle de relação (geralmente de
especificações desejadas. vazões) é aplicado para regular misturas
Como conclusão, o controle de malha aberta é ou quantidades estequiométricas em
raramente empregado em processos industriais proporções fixas e definidas.
contínuos. O objetivo do controle de relação é ter
O controle preditivo antecipatório é uma uma relação controlada fixa entre as
técnica alternativa, e adicional para o quantidades de duas substâncias, como
controle de processos complexos e
difíceis. Geralmente ele é associado ao A
controle com realimentação negativa, =r
B
quando são combinadas as duas técnicas.
O controle com realimentação negativa Assim, é possível se ter A = r B ou
ainda é empregado na maioria das malhas 1
de controle do processo industrial. então B = A
r

179
Controle Multivariável

10.2. Características
r = ky e Controlador
K Σ A maioria das aplicações se refere ao
sistema de relação de vazões ou de
m quantidades. O sistema pode envolver
y c=x mais de duas substâncias.
Processo Para se evitar os problemas de não-
linearidade e as variações do ganho, o
calculo da relação deve estar fora da
malha de controle. O ponto de ajuste
passa a ser a relação desejada
Fig. 8.23. Diagrama de blocos do controle de relação
r = KY

Blending é uma forma comum de se X for a variável controlada. Ou então,


controle de relação envolvendo a mistura
de vários produtos, todos em proporções r= Y/K
definidas. A Fig. 8.9 mostra o diagrama de
blocos do conceito de controle de relação.
se Y for a variável controlada.
A álgebra é feita fora do controlador para
evitar problemas de ganho e, como Tipicamente, o ganho ou a relação de
conseqüência, de estabilidade. uma estação de relação é ajustado entre
No controle de relação de duas vazões, 0,3 a 3,0. A soma das relações deve ser
uma vazão necessariamente deve variar sempre constante, de modo que quando
livremente e a outra é manipulada. Quando um componente aumenta o outro deve
se tem o controle de relação de várias (n) diminuir correspondentemente. A soma
vazões, uma delas deve ser livre e as (n-1) das relações é sempre igual a 100%, ou na
são manipuladas. Enfim, sempre deve forma normalizada, igual a 1,0. Quando as
haver um grau de liberdade, no mínimo. medições das vazões são feitas através
Os estados operacionais dependem da das placas de orifício, a relação entre a
aplicação. Quando se tem várias malhas, é pressão diferencial e a vazão é não-linear,
possível tirar algumas do modo relação e o ganho da estação de relação é o
operá-las independentemente. É possível quadrado do ajuste de relação. Portanto, o
também se manter a relação, mesmo com ajuste de relação é a raiz quadrada do
a malha em manual. Os parâmetros ganho e, portanto, variável entre 0,6 a 1,7.
operacionais dependem da aplicação. O controle de relação é conseguido por
Os valores monitorados são o ponto de dois esquemas alternativos, com um
ajuste (relação) e os valores medidos das divisor ou com um multiplicador. No
duas vazões. esquema com o divisor, as duas vazões
são medidas e sua relação é computada
por um divisor. A saída do divisor entra em
um controlador PI convencional como um
sinal de medição do processo. O ponto de
ajuste do controlador de relação é a
relação desejada. A saída do controlador
vai para a válvula na variável manipulada
que altera uma vazão, mantendo constante
a relação das duas vazões. Este sinal
computado pode também ser usado para
acionar um alarme ou um interlock.

180
Controle Multivariável

Ambos os sinais devem ser da mesma


A B natureza (pneumático ou eletrônico), da
( ) ( )
mesma relação matemática (linear ou raiz
quadrada) e os transmissores devem
possuir a mesma rangeabilidade.
FT FT Há diferentes tipos de controle, quanto
11A 11B as parcelas com relação controlada.
Assim, pode se ter:
FFY e FFC podem ser 1. relação fixa de duas partes, sendo
um único instrumento
com as duas funções ambas as variáveis de vazão
FFY A
medidas e somente uma vazão é
11 B FFV controlada. A variável secundaria é
11 controlada numa proporção direta
FFC com uma variável primaria não
SP controlada. Como extensão, podem
11
ser misturados até n componentes,
(Vazão A) sendo necessárias (n-1) estações
(Vazão B = 12/5 A) de relação de vazões.
2. relação fixa entre uma parte e o
(Mistura A + B) total. Mede se e controla se a parte
e a soma das partes é medida e
não controlada. Essa aplicação
Fig. 8.26. Controle de Relação de Vazões ocorre quando a medição da
variável não controlada é
impossível, inacessível, de alta
No esquema com o multiplicador, a viscosidade, corrosiva.
vazão livre é medida e este sinal é 3. relação fixa de duas quantidades
multiplicado por uma constante, que é a de vazão. Em vez de se ter a
relação desejada. A saída do multiplicador relação de duas vazões, tem-se
é o ponto de ajuste de um controlador com relação de duas totalizações de
ponto de ajuste remoto. A faixa típica do vazões. A quantidade da variável
multiplicador é de 0 a 2,0. secundaria é controlada numa
O controle de relação deve ter todos os direta com a quantidade de uma
componentes da malha montados variável primaria não controlada.
próximos um do outro e os tempos de Geralmente se aplica quando se
respostas devem ser os menores requer alta precisão e se utilizam
possíveis. Uma variação na variável não turbinas, que são apropriadas para
controlada deve ser detectada a totalização e são muito precisas.
imediatamente pela controlada. 4. relação entre duas ou mais
O controle de relação pode ser variáveis, não necessariamente
considerado como um caso simplificado de vazões. São usados computadores
controle preditivo antecipatório. As analógicos para executar as
medições são feitas na entrada do sistema operações matemáticas envolvidas.
e as variações da vazão não-controlada
causam a mudança da variável controlada.
A vazão misturada (variável controlada)
não é medida.
A vazão não-controlada para o controle
de relação pode ser controlada
independentemente ou manipulada por
outro controlador, que responda a outras
variáveis.
Ambas as vazões devem estar nas
mesmas unidades.

181
Controle Multivariável

10.3. Aplicações Controle de relação com o multiplicador


A vazão não controlada é medida e
Controle de relação com o divisor passa por um multiplicador, cuja constante
As duas vazões são medidas e sua é a relação das vazões desejada. A saída
relação é computada pelo divisor. Esta do multiplicador é o ponto de ajuste remoto
relação computada entra no controlador do controlador de vazão. A saída do
convencional PI como o sinal de medição controlador manipula a vazão controlada.
do processo. O ponto de ajuste é a relação
desejada. A saída do controlador faz a
vazão controlada seguir uma relação fixa
com a outra vazão não controlada. Este Vazão não controlada
sistema 'e usado quando se quer saber
continuamente a relação entre as vazões. B
O sinal da relação pode ser usado para
alarme, override ou intertravamento.
FT-2

Vazão não controlada multiplicador


X
SP
B

FT-2 FFC
SP
FT-1
divisor
÷ FFC

A
FFCV
Vazão controlada
FT-1

Fig. 8.28. Controle de relação com multiplicador

A FFCV
Vazão controlada

Fig. 8.27. Controle de relação com divisor

182
Controle de relação e cascata
Sejam as duas vazões dos componentes A e B, alimentando o tanque. O nível do liquido
é afetado pela vazão total, por isso o controlador de nível cascatea o controlador da vazão
A, ou seja, o ponto de ajuste do controlador da vazão A é estabelecido pela saída do
controlador de nível do tanque. A vazão A, por sua vez, está relacionada fixamente com a
vazão B, através do controlador de relação de vazão. A composição do liquido do tanque
depende exclusivamente da relação das vazões A e B. O controlador de analise de
composição estabelece o fator de relação do multiplicador.
O controlador de relação atua na vazão B. Para se evitar altos ganhos em baixas vazões
por causa das placas de orifício, usam-se extratores de raiz quadrada. Para diminuir o efeito
do controlador de composição no nível do líquido, a vazão B deve ser a menor das duas
vazões.

M
FT-1

FY-1 FC-1 LC LT

X AC AT

FY-2 FC-2 FFC

Saída

FT-2

183
11. Conceitos de Projeto do 4. Evitar atrasos e tempos mortos em
malhas de realimentação negativa. O
Controle controle é melhorado mantendo os
atrasos e tempos mortos dentro da
Após ter aprendido um pouco acerca
malha tão pequenos quanto
do equipamento e de várias estratégias
possíveis. Isto significa que os
usadas em controle, é possível agora
sensores devem ser localizados
falar acerca de alguns conceitos básicos
próximos dos pontos onde a variável
de projeto do sistema de controle. Neste
manipulada entra no processo.
ponto, a discussão será totalmente
5. Usar controlador de nível apenas com
qualitativa, fornecendo uma visão ampla
a ação proporcional em tanques de
de como encontrar uma estrutura de
surge e bases de coluna para
controle efetivo e projetar um processo
amortecer os distúrbios.
facilmente controlado.
6. Eliminar os pequenos distúrbios,
Deve-se feita a consideração da
usando sistemas de controle cascata,
dinâmica no projeto de uma planta, nos
onde possível.
primeiros estágios, preferivelmente
7. Evitar interação de malha de controle,
durante a operação e projeto da planta
se possível, mas se não for possível,
piloto. Por exemplo, é importante ter
garanta que os controladores sejam
pausa em vasos de surge, linhas de
sintonizados para fazer todo o
refluxo, bases de coluna, para fornecer
sistema estável.
um amortecimento efetivo dos distúrbios
8. Verificar o sistema de controle com
(p. ex., de 5 a 10 minutos). Um excesso
relação a problemas dinâmicos
suficiente de transferência de calor deve
potenciais durante as condições
ser disponível em reboilers,
anormais de operação ou nas
condensadores, jaquetas de
condições de operação que não
resfriamento, para ser capaz de
sejam iguais às de projeto. A
manipular as variações dinâmicas e
habilidade do sistema de controle
distúrbios durante operação. Os sensores
trabalhar bem sobre uma grande
e as medições devem ser localizadas, de
faixa de condições é chamada de
modo que possam ser usadas para
flexibilidade. Partidas e paradas
controle efetivo.
também devem ser estudas. A
operação em pontos de baixa
11.1. Critérios Gerais
produção ou no início da faixa pode
Alguns critérios recomendados são também ser um problema. Os ganhos
discutidos abaixo, juntos com alguns do processo e constantes de tempo
exemplos de suas aplicações. podem variar drasticamente em
1. Manter o sistema de controle tão baixas vazões e a re-sintonia do
simples quanto possível. Todo mundo controlador pode ser necessária. A
envolvido no processo, do operador instalação de válvulas iguais de
até o gerente da planta, deve ser controle (uma grande, outra pequena)
capaz de entender o sistema. Use o pode ser necessária.
menor número possível de 9. Evitar a saturação da variável
instrumentos de controle. Cada manipulada. Um bom exemplo de
equipamento adicional que é incluído saturação é o controle de nível de um
no sistema é um item a mais que linha de refluxo em uma coluna de
pode falhar ou se desviar. O destilação que tem uma relação de
vendedor nunca irá dizer isso a refluxo muito alta.
ninguém, é claro. 10. Evitar associar malhas de controle.
2. Usar o controle feedforward para As malhas de controle devem ser
compensar distúrbios da medição agrupadas somente se a operação da
grandes, freqüentes e mensuráveis. malha externa depender da operação
3. Usar o controle override para operar da malha interna.
em ou para evitar limites.

184
Controle Multivariável

malhas de balanço de material


11.2. Controle Global da Planta sejam um fator de 10 maiores que
as constantes de tempo das
A discussão até agora só tratou de
malhas de qualidade de produto.
um único controlador a realimentação
Isto quebra a interação entre os
negativa e estabeleceu uma estratégia
dois tipos de malhas.
de controle para uma operação unitária:
um reator, uma coluna, uma torre de
11.3. Otimização de controle
resfriamento, um trocador de calor, uma
caldeira, um compressor. O próximo nível Genericamente, otimização é a
de complexidade é olhar uma planta estratégia que dá o melhor resultado
inteira operando, que é constituída de obtível sob um determinado conjunto de
muitas operações unitárias ligadas em condições. Matematicamente, otimização
série e paralelo, com material e energia é a tarefa de achar um grande pico em
de reciclo entre as várias partes da um espaço multidimensional. Para o
planta. Isto é um dos trabalhos mais engenheiro prático, otimização sugere
difíceis do controle de processo. um exercício altamente teórico, que não
Buckley foi um dos pioneiros neste é muito relevante no mundo real, onde
aspecto de controle. Sua metodologia de tubulações vazam, sensores se entopem
projeto da planta global consiste dos e bombas cavitam. Otimização é a
seguintes passos: integração do know-how do controle de
1. Fazer o esquema lógico do processo para maximizar a produtividade
controle para manipular todas as industrial.
malhas de níveis e pressão de É desejável controlar o que uma
líquidos, em toda a planta, de planta produz. Plantas não produzem
modo que as vazões de uma vazão, pressão, temperatura, nível e
unidade para a próxima sejam tão análise, portanto, estas variáveis são
suáveis quanto possível. Buckley apenas limites ou restrições. As variáveis
chamou estas malhas de balanço controladas podem ser relacionar com a
de material. Se a vazão de produtividade ou eficiência da planta. A
alimentação é estabelecida na otimização causa o fim da era das malha
frente do processo, as malhas de de controle isoladas e o início do controle
balanço de material devem ser de envelope multivariável. O envelope é
colocadas na direção da vazão, um polígono, com os lados
i.e., a vazão de saída de cada representando vazão, pressão,
unidade é estabelecida por um temperatura, nível, análise e outras
nível ou pressão de liquido na variáveis de processo. Dentro deste
unidade. Se a vazão de saída do envelope está o processo que é
produto da planta é estabelecida, continuamente movido para a máxima
as malhas de balanço de material eficiência.
deve ser na direção oposta da A otimização multivariável é o
vazão, i.e., a vazão em cada enfoque do senso comum ou a técnica de
unidade é estabelecida por um controle aplicada pela natureza e
nível ou pressão de liquido na freqüentemente é também o método de
unidade. controle mais simples e mais elegante.
2. Depois projetar as malhas de Só se aplica otimização a um
controle de composição para cada processo que já opere. Otimizar um
operação unitária. Buckley chamou controle é aumentar o modelo do
estas malhas de qualidade do processo, adicionando o custo, com
produto. Determine as constantes ponto de ajuste zero.
de tempo de malha fechada destas
malhas de qualidade do produto.
3. Dimensionar os volumes de pausa,
de modo que as constantes de
tempo de malha fechada das
APOSTILA\CONTROLE CONPROC2.DOC 15 JAN 94

185
Controle Multivariável

Workstation
Controlador

AMS
Interface HART

Negócios
IHM
RS-485

Instrumentação de campo

Highway de dados
FIELDVUE®
Instruments
Rede LAN / Ethernet

BRIDGE

Barramento I/O
Fiação de campo s
FIELDVUE®
Instrument

Painéis
de terminais
Gabinete de terminais
Gabinete
do Sistema

Fig. 8. 11. Vista de uma planta instrumentada globalmente

186
9
Controle Lógico

Objetivos conjunto de matérias primas. Por exemplo,


o processo para fazer torradeiras entra
1. Definir a natureza de sistema de com vários metais e plásticos e sai com as
controle de processo com variáveis torradeiras. O termo estado discreto
discretas. expressa que cada evento na seqüência
2. Explicar como um processo com pode ser descrito pela especificação da
estados discretos pode ser descrito condição de todas unidades de operação
em termos de objetivos e do processo. Tais descrições das
equipamento do processo. condições são apresentadas com
3. Construir uma tabela de símbolos de expressões tais como: válvula A está
diagrama ladder com uma aberta, válvula B está fechada, esteira C
explicação da função de cada está ligada, chave limite S1 está ligada e
símbolo. assim por diante. Um conjunto particular de
4. Desenvolver um diagrama ladder da condições é descrito como um estado
descrição narrativa de uma discreto de todo sistema.
seqüência de eventos de um Neste capítulo, será examinada a
sistema de controle com estado natureza do controle do processo com
discreto. estado discreto. Além da natureza deste
5. Descrever a natureza de um controle, uma técnica especial para
controlador lógico programável e projetar e descrever a seqüência dos
como ele é usado em controle de eventos de processo, chamada de
processo de estado discreto. diagrama ladder será apresentada. O
6. Desenvolver um programa para um diagrama ladder apareceu do antigo uso
CLP de um diagrama ladder de uma de relés eletromecânicos para controlar a
aplicação de controle de processo seqüência de eventos em tais processos.
de estado discreto. Sistemas de controle com relés atualmente
são realizados com métodos baseados em
1. Introdução computador, o mais comuns deles é o
controlador lógico programável (CLP). As
A maioria das instalações de controle características e programação de CLP
de processo industrial envolve mais do que também serão estudadas nestes trabalho.
simplesmente regular uma variável
controlada. A exigência da regulação
significa que alguma variável tende a variar
de modo contínuo por causa de influências
externas. Mas há muitos processos na
indústria em que não é uma variável que
deve ser controlada mas uma seqüência
de eventos.
Esta seqüência de eventos tipicamente
leva à produção de algum produto de um

187
Controle Lógico
um controlador pode ser desenvolvido para
2. Processo com estado direcionar a seqüência de eventos.
discreto
A Fig. 1 é uma representação simbólica
de processo de manufatura e o controlador
para o processo. Todas as medições das Controlador
variáveis de entrada (S1, S2, S3) e das
variáveis de saída (C1, C1, C1) do processo
são feitas e podem assumir apenas dois
valores. Por exemplos, válvulas estão
S2 S3 C1 C2
abertas ou fechadas, motores estão
ligados ou desligados, temperaturas estão S1 C3
altas ou baixas, chaves limites estão
fechadas ou abertas e assim por diante. Processo
O estado discreto do processo, em
qualquer momento, é o conjunto de todas
Fig. 1. Processo de estado discreto e controlador
os valores de entrada e de saída. Cada
estado é discreto, no sentido que há
somente um número discreto de estados
possíveis. Se houvesses três variáveis de
entrada e três variáveis de saída, então um 3. Características do sistema
estado consiste da especificação de todos
os seis valores. Como cada variável pode O objetivo de um sistema de controle
assumir dois valores, há um total de 64 de processo industrial é fabricar algum
estados possíveis. (26). produto de matérias primas de entrada. Tal
Um evento no sistema é definido por processo tipicamente envolve muitas
um estado particular do sistema, ou seja, operações ou etapas. Algumas destas
valor atribuído particular de todos os etapas devem ocorrer em série e algumas
valores das variáveis de entrada e de podem ocorrer em paralelo. Alguns destes
saída. Um evento dura enquanto as eventos podem envolver o ajuste discreto
variáveis de entrada permanecem no dos estados na planta, ou seja, válvulas
mesmo estado e as variáveis de saída são abertas ou fechadas, motores ligados ou
deixados nos estados atribuídos. Para um desligados, contatos fechados ou abertos.
simples forno, pode-se ter a temperatura Outros eventos podem envolver regulação
baixa e o aquecedor ligado. Este estado é de alguma variável contínua no tempo ou a
um evento que dura até que a temperatura duração de um evento. Por exemplo, pode
suba e fique alta. ser necessário manter a temperatura em
Com estas definições em mente, o controle do algum valor ajustado durante determinado
processo com estado discreto é uma seqüência intervalo de tempo. O sistema de controle
particular de eventos através da qual o processo de processo a estado discreto é o sistema
atinge algum objetivo. Para um simples aquecedor de controle principal para a operação da
uma seqüência poderia ser: planta inteira.
1. temperatura baixa, aquecedor
desligado
2. temperatura baixa, aquecedor ligado
3. temperatura alta, aquecedor ligado
4. temperatura alta, aquecedor
desligado
O objetivo do controlador da Fig. 1 é
dirigir o sistema de estado discreto através
de uma seqüência específica de eventos.
Será visto agora como a seqüência de
eventos é especificada e descrita e como

188
Controle Lógico
Há um total de 11 variáveis de dois
Exemplo: Controle da Geladeira- estados. Em princípio, há 211 = 2048
freezer possíveis eventos ou estados.
Obviamente, apenas alguns destes são
Problema necessários, A seqüência de eventos é a
Usar as definições para construir uma seguinte:
descrição da geladeira/freezer mostrado na 1. Se a porta estiver aberta, a luz deve
Fig. 2. como um processo com um sistema acender.
de controle a estado discreto. Definir as 2. Se a temperatura da geladeira
variáveis de entrada, variáveis de saída e estiver alta e o eliminador de gelo
seqüência de eventos série ou paralelo. estiver desligado, o compressor é
ligado e o damper é aberto até que a
Solução temperatura da geladeira caia.
Variáveis de entrada discretas: 3. Se a temperatura do congelador
1. porta fechada ou aberta estiver alta e o eliminador de gelo
2. temperatura da geladeira alta ou estiver desligado, o compressor é
baixa ligado até que a temperatura caia.
3. temperatura do freezer alta ou baixa 4. Se o detector de gelo estiver ligado,
4. tempo do temporizador de o temporizador é iniciado, o
eliminação de gelo dentro ou fora compressor é desligado e o
5. chave de potência ligada ou aquecedor/ventilador de eliminador fica
desligada ligado durante um intervalo de tempo,
6. detector de gelo ligado ou desligado. até que o tempo seja expirado.
Variáveis de saída discretas: O evento (1) pode ocorrer em paralelo com
1. luz ligada ou desliga qualquer outro. Os eventos (2) e (3) podem ocorrer
2. compressor ligado ou desligado em paralelo. Os eventos (4) pode ocorrer somente
3. temporizador eliminador de gelo em série com (2) ou (3).
iniciado ou não iniciado
4. aquecedor ou ventilador do 3.1. Variáveis de estado discreto
eliminador de gelo ligado ou
É importante ser capaz de distinguir
desligado
entre a natureza de variáveis em um
5. damper da geladeira aberto ou
sistema de estado discreto e as variáveis
fechado.
em sistemas de controle contínuo.

eliminador de gelo Controle contínuo


detector de gelo aq ecedor/ entilador Seja o nível de líquido em um tanque,
como na Fig. 3. O tanque possui uma
válvula que controla a vazão de entrada no
temperatura tanque e a vazão de sua saída é livre. Há
do freezer
um sensor para detectar o nível do tanque,
ligado a um controlador, cujo objetivo é o
damper do
refrigerante de manter o nível constante e igual a um
porta compressor valor pré ajustado (ponto de ajuste).
temperatura
O controlador opera de acordo com
da geladeira algum modo de controle para manter o
nível constante, mesmo havendo variações
induzidas de influencias externas. Assim,
se a vazão de saída aumenta, o sistema
lâmpada de controle irá aumentar a vazão de
entrada para compensar o aumento da
tempo expirado início saída. O nível é assim regulado. Este é
temporizador um sistema de controle contínuo porque
tanto o nível como a abertura da válvula
Fig. 2. Sistema de controle geladeira - freezer podem variar sobre uma faixa contínua.

189
vazão entrada
Controle Lógico
Mesmo se o controlador estiver operando
de modo liga – desliga, há ainda uma válvula liga- aberta
desliga
regulação da variável, embora o nível fechada
oscile agora quando a válvula de entrada é alta
aberta ou fechada para compensar a LS bai a
variação da vazão da saída. chave nível

aberta
LCV
fechada
vazão saída

Fig. 4. Controle discreto de nível

LE LC
O nível certamente não vai se alterar
até quando, em algum momento mais
SP tarde, a válvula de saída é aberta e há
vazão de saída. Notar que as variáveis -
medição de nível, ajuste da válvula de
entrada e ajuste da válvula de saída – são
Fig. 3. Controle contínuo de nível quantidades de dois estados. Não há
medição contínua ou saída contínua sobre
uma faixa.

Controle de estado discreto Controle composto: discreto e contínuo


Seja agora o problema anterior É possível para um sistema de controle
revisado. Tem-se a mesma situação da contínuo ser parte de um sistema de
Fig. 4, porém os objetivos são diferentes e controle de processo com estado discreto.
as variáveis, nível e ajuste, são discretos Seja ainda o exemplo do sistema de
porque agora eles podem assumir somente tanque descrito na Fig. 3. Neste caso
dois valores. Isto significa que a válvula especifica-se que a válvula de saída está
pode somente estar aberta ou fechada e o fechada e o tanque se enche até o nível
nível está acima ou abaixo do ponto de requerido, como na Fig. 4. Pode-se agora
ajuste. especificar que periodicamente uma
Agora o objetivo é encher o tanque até garrafa vai para debaixo da válvula de
um certo nível sem vazão de saída. Para saída, como mostrado na Fig. 5. O nível
fazer isto, especifica-se uma seqüência de deve ser mantido no ponto de ajuste
evento: enquanto a válvula de saída estiver aberta
1. Fechar a válvula de saída e a garrafa cheia. Esta exigência pode ser
2. Abrir a válvula de entrada e deixar o necessária para garantir uma coluna de
tanque encher até o nível desejado, líquido constante durante o enchimento da
como indicado por uma chave. garrafa.
3. Fechar a válvula de entrada, quando Este processo irá requerer um sistema
o nível atingir o valor desejado. de controle contínuo usado para ajustar a
vazão de entrada durante o enchimento da
garrafa através da válvula de saída. O
sistema de controle contínuo será ligado
ou desligado como um equipamento
discreto. Pode se ver que o processo de
controle contínuo é justo uma parte do
processo global de estado discreto.

190
Controle Lógico
especifico e a saída são bolachas
vazão entrada LCV embaladas, pesadas, etiquetadas, prontas
para venda.
O objetivo global pode ser dividido em
muitos objetivos secundários. A Fig. 6
sugere alguns objetivos secundarias que
podem ser envolvidos. Pode ainda haver
ligado
LE LC desligado subdivisões em operações mais simples.
Os objetivos do processo são formados
SP pelos objetivos de cada parte
independente da operação global. Assim,
as operações dentro da preparação da
vazão saída
ligado bolacha podem ser vista como um único
válvula desligado processo.
cheia
vazia

garrafa
Produção de
motor da Bolachas
esteira presente
ausente
ligado
desligado
Preparação Cozimento Embalagem
da massa
Fig. 5. Controles contínuo e discreto
combinados
Mistura Mistura
3.2. Especificações do processo seca molhada

A especificação da seqüência de Fig. 6. Objetivos e sub objetivos de um processo


eventos em algum processo de estado
discreto é diretamente ligada ao processo
em si. O processo é especificado em duas O especialista de controle de processo
partes: não é responsável tipicamente pelo
1. objetivos do processo desenvolvimento dos objetivos, que é
2. natureza do equipamento para responsabilidade do especialista da
conseguir os objetivos indústria envolvida. Assim, quem
Para participar no projeto e desenvolve os objetivos de uma indústria
desenvolvimento de um sistema de química é o engenheiro químico, para a
controle para o processo é essencial indústria de produção de aço, o
entender estas duas partes. engenheiro metalúrgico, para a indústria de
Objetivos do processo alimento, o engenheiro químico de
alimento.
Os objetivos do processo são
simplesmente as declarações do que o Equipamento do processo
processo deve fazer. Os objetivos são Depois de estabelecidos os objetivos
usualmente associados com o do processo, vem o projeto do
conhecimento da industrial. Às vezes, um equipamento para realizar estes objetivos.
objetivo global é definido como o resultado Este equipamento está ligado intimamente
final da planta. Este é depois quebrado em à natureza da indústria e seu projeto deve
objetivos individuais, geralmente vir dos esforços combinados do pessoal de
secundários e independentes para o qual o produção , processo e controle. Para o
controle é aplicado. especialista do sistema de controle, o
Por exemplo, em uma indústria de essencial é desenvolver um bom
alimento, o objetivo global principal é entendimento da natureza do equipamento
produzir bolachas. Claramente, isto e suas características.
significa que a planta toma várias matérias
primas, processa-as de um modo

191
Controle Lógico
A Fig. 7 mostra uma representação Dispositivos de entrada (Chaves)
pictorial do equipamento de processo para 1. Caixa direita presente
um sistema de esteira. O objetivo é encher 2. Caixa esquerda presente
caixas, movendo as em duas esteiras, de 3. Limite do movimento da esteira de
um silo de alimentação comum e um alimentação direita
sistema de esteiras de material. O 4. Limite do movimento da esteira de
especialista de controle de processo pode alimentação esquerda
não estar envolvido no desenvolvimento 5. Silo baixo
deste sistema. Para desenvolver o sistema 6. Esteira de alimentação do centro
de controle, deve-se estudar o Dispositivos de saída
equipamento cuidadosamente e entender 1. Válvula solenóide do silo
as características de cada elemento. 2. Motor esteira de alimentação
Em geral, o especialista analisa o equipamento e desligado
considera como cada parte está relacionada com o 3. Motor esteira de alimentação direita
sistema de controle. Há realmente apenas duas 4. Motor esteira de alimentação
categorias básicas: esquerda
1. Equipamentos de entrada para o 5. Motor esteira da caixa direita
sistema de controle. A operação destes 6. Motor esteira da caixa esquerda
equipamentos é similar à função de Não é suficiente simplesmente
medição de sistema de controle identificar os dispositivos de entrada e
contínuo. No caso de controle de saída. Além disso, é importante notar como
processo a estado discreto, as os dois estados dos dispositivos se
entradas são especificações de dois relacionam com o processo. Por exemplo,
estados, tais como: se uma chave limite de nível está aberta,
Chave limite: aberta ou fechada significa que o nível é baixo ou em
Comparador: alto ou baixo determinado valor? Se um comando a ser
Botoeira: acionada ou não acionada usado para ligar um dispositivo, requer um
2. Equipamentos de saída do sistema comando de saída alta ou baixa?
de controle. O elemento final de Finalmente, um estudo completo do
controle do sistema de controle equipamento também deve incluir a
contínuo fazem a mesma coisa. No natureza dos sinais (eletrônico,
caso de controle de processo a estado pneumático, hidráulico). Assim, um motor
discreto, os equipamento de saída pode ser ligado pela aplicação de uma
aceitam somente comandos de dois tensão de 110 V ca, sinal de baixa corrente
estados, tais como: para relé do starter do motor ou pode ser
Lâmpada: acesa ou apagada um sinal de 5 V cc tipo TTL para um starter
Motor: operando ou parado eletrônico.
Solenóide: energizada ou
desenergizada 3.3. Descrição da seqüência de
Um estudo do sistema da Fig. 7 mostra eventos
a seguinte distribuição de elementos:
Agora que os sub-objetivos do
processo e o equipamento necessário
foram definidos, o trabalho resume em
descrever como o equipamento será
manipulado para se obter o objetivo. Uma
seqüência de eventos deve ser descrita
para direcionar o sistema através das
operações para fornecer o resultado final
desejado.
Descrições narrativas
A especificação da seqüência de
eventos começa com as descrições
narrativas de quais eventos devem ocorrer

192
Controle Lógico
para se conseguir o objetivo. Em muitos
casos, a primeira tentativa em especificar
silo baixo esteira esquerda
revela modificações que devem ser feitas
válvula silo esteira direita
no equipamento, como chaves limites
adicionais. Esta especificação descreve caixa esquerda
em forma narrativa o que deve acontecer
durante a operação do processo. Em
sistemas que rodam continuamente, há caixa direita
limite direito
tipicamente uma fase de partida
(inicialização) e a fase de operação.
No exemplo da Fig. 7, a fase de partida centro limite esquerdo
é usada para posicionar a esteira de
alimentação em uma posição conhecida. Fig. 7. Processo de controle discreto
Esta inicialização pode ser conseguida
pela seguinte especificação:
A fase de operação é descrita de modo
1. Fase de Inicialização similar. Por exemplo, poderia ser a
1. Todos os motores desligados, Válvula seguinte.
solenóide desligada
2. Teste da chave limite direita 2. Fase de operação
A. Se engajada, ir para C A. Ligar esteira da caixa direita
B. Se não, ajustar motor alimentação B. Teste chave de presença de caixa
para movimento certo direita
C. Ligar motor esteira alimentação 1. Se presente, ir para C
D. Teste da chave limite direita 2. Se não, ir para B
Se engajada, ir para C C. Ligar motor da esteira de
Se não, ir para 4 alimentação, movimento direito
3. Estabelecer motor alimentação para D. Testar chave de centro
movimento esquerdo e iniciar 1. Se engajada, ir para E
A. Teste da chave de centro 2. Se não, ir para D
Se engajada, ir para E E. Abrir válvula do silo de alimentação
Se não, ir para D F. Testar chave limite direita
4. Abrir válvula alimentação do silo 1. Se engajada, ir para E
5. Teste da chave limite esquerda 2. Se não, ir para D
Se engajada, ir para G G. Fechar válvula do silo de
Se não, ir para F alimentação, parar esteira de
6. Todos os motores desligados, chave de alimentação
alimentação do silo fechada. H. Ligar esteira da caixa esquerda
7. Ir para fase de operação. I. Testar chave presença de caixa
A finalização desta fase significa que a esquerda
esteira de alimentação está posicionada no 1. Se engajada, ir para J
local limite esquerdo e a metade direita da 2. Se não, ir para I
esteira tem sido cheia do silo de J. Ligar esteira de alimentação,
alimentação. O sistema está em uma movimento esquerdo
configuração conhecida, como mostrado K. Testar chave de centro
na Fig. 8. 1. Se engajada, ir para L
2. Se não, ir para K
L. Abrir válvula do silo de alimentação
M. Testar chave limite esquerda
1. Se engajada, ir para II.A
2. Se não, ir para M

193
Controle Lógico
Notar que o sistema cicla do passo M D. Ir para a fase de operação
para o passo A. A descrição é construída
pela simples análise de quais eventos II. Fase de operação
ocorrem e qual entrada e saídas devem A. Ligar a esteira das garrafas
ser suportadas por estes eventos. B. Quando a garrafa estiver na posição
1. Parar a esteira
2. Abrir a válvula de saída
3. Ligar o sistema de controle de
nível para manter o nível constante
durante o enchimento da garrafa.
C. Quando a garrafa estiver cheia
1. Fechar a válvula de saída
2. Parar o sistema de controle de
nível
D. Ir para o passo II.A e repetir/
Notar que equipamento foi adicionado
ao sistema quando a seqüência de evento
era construída. Equipamento (hardware) e
programa (software) são geralmente
limite direito limite esquerdo desenvolvidos em conjunto.
caixa centro caixa
Diagrama de fluxo da seqüência de
esteira esquerda esteira direita eventos (Flowchart)
É normalmente mais fácil visualizar e
construir a seqüência de eventos se uma
Fig. 8. Fim da fase de inicialização diagrama de fluxo é usado para apresentar
em forma de figuras o fluxo de eventos.
Embora existam vários tipos sofisticados
de diagramas de bloco, o conceito pode
Exemplo: Enchimento de garrafas ser apresentado facilmente usando três
símbolos mostrados na Fig. 9.
Problema A narrativa descritiva pode então ser
Descrever a seqüência de eventos para simplesmente reformatada em símbolos de
o sistema de enchimento de garrafas em diagrama de fluxo. Geralmente é mais fácil
movimento na esteira, como mostrado na expressar a seqüência de eventos
Fig. 5. diretamente em termos de símbolos de
diagrama de fluxo. A Fig. 10 mostra a fase
Solução de inicialização do sistema de esteira da
Assume-se que quando um comando é Fig. 7 expressa em formato de diagrama
dado para parar o sistema de controle de fluxo.
contínuo, a válvula de entrada vai para a
posição fechada. Assim, a seqüência seria:
I. Inicialização (pré enchimento do
tanque)
A. Esteira parada,
Válvula de saída fechada
B. Partir o sistema de controle de nível
1. Operar por um tempo suficiente
para se atingir o ponto de ajuste ou
2. Colocar outro sensor de modo que
o sistema saiba quando o ponto de
ajuste é atingido.
C. Quando o nível é atingido, parar o
controle de nível

194
Controle Lógico
entrada variável com a saída se torna um
endereço de memória e as novas variáveis
de estado de saída são os conteúdos
Todas saídas desta memória.
desligadas

Exemplo: Enchimento de tanque


Chave limite
direita entrada
Problema
Definir as variáveis de estado para o
processo mostrado na Fig. 11 e descrito
Não
Fechada
pela seguinte seqüência de eventos:
1. Encher o tanque até o nível A da
Sim Saída direita válvula A
alimentação 2. Encher o tanque até o nível B da
Saída esquerda ligada válvula B
alimentação
3. Ligar um temporizador, aquecer e
ligada
Chave limite agitar durante 5 minutos
direita de 4. Abrir a válvula C até que a chave de
Chave de centro entrada
de entrada tanque vazio seja ligada.

Sim Solução
Fechada
Não Inicialmente, formar a representação da
Fechada
variável de estado do sistema atribuindo
Não
Sim
estados binários. Há quatro variáveis de
entrada: LA, LB, LE e TU
Válvula do silo Um estado discreto do sistema é
saída aberta
desligadas definido pela especificação destas
variáveis. Como cada variável tem dois
estados, usa-se uma representação
lógica:
Fig. 10. Diagrama de fluxo da inicialização verdadeiro = 1
parcial falso = 0
Assim, para a entrada, se o nível A não
Descrições de variável de estado foi atingido, então LA = 0 e se ele foi
binário atingido,
Cada evento que constitui a seqüência LA = 1. Também, para a saída, se a
de eventos descrita pelo esquema válvula C está fechada, então toma-se VC
narrativo corresponde a um estado discreto = 0 e se ela foi comandada para abrir, VC
do sistema. Assim, é também possível = 1. Pode-se tomar a palavra binária
descrever a seqüência de eventos em descrevendo o estado do sistema a ser
termos da seqüência de estados discretos definido pelos bits na ordem
do sistema. Para fazer isto, é necessário
simplesmente que cada estado do evento, (LA)(LB)(LE)(TU)(VA)(VC)(TM)(S)(H)
incluindo o das variáveis de entrada e
saída, seja especificado. A seqüência de eventos á agora
As variáveis de entrada fazem o estado mudada para uma expressão do estado
do sistema mudar porque as operações discreto como uma palavra binária por
dentro do sistema provocam a mudança de estado. (Um X indica que não importa
uma das variáveis de estado, por exemplo, qual é a variável de entrada.)
uma chave limite fica acionada. As
variáveis de saída, por outro lado, são
mudanças no estado do sistema que são
causadas pelo sistema de controle em si.
O sistema de controle funciona como
uma tabela de procura. O estado da

195
Controle Lógico

Estado da Equações booleanas


Condição Saída Como o estado discreto do sistema é
entrada
1. Válvula A aberta 00XX000000 100000 descrito por variáveis que podem tomar
2. Teste para LA: somente dois valores, é natural pensar em
a. Falso, manter 00XX100000 100000 usar números binários para representar
b. Verdade, fechar 10XX100000 010000 estas variáveis, como no exemplo anterior.
A, é Também natural considerar o uso de
abrir B técnicas da Álgebra Booleana para deduzir
3. Teste para LB: os estados das saídas a partir dos estados
a. Falso, manter 10XX010000 010000
das entradas. Embora esta técnica seja
b. Verdade, fechar 11XX010000 000111
B, começar
usada, há modos certamente mais fáceis
agitação, para ver e resolver os problemas do que as
aquecedor, técnicas tradicionais da lógica booleana.
timer Quando esta técnica é usada, é
4. Teste para temporizador: necessário escrever uma equação
a. Falso, manter 11X0000111 000111 booleana para cada variável de saída no
b. Verdade, 11X1000111 001000 sistema. Esta equação irá então
desligar determinar quando esta variável é tomada
aquecedor, em seu estado verdadeiro. A equação
desligar pode depender não somente do conjunto
agitador, abrir C das variáveis de entrada mas de alguma
5. Teste para tanque vazio: outra variável de saída. Problemas deste
a. Falso, manter XX0X001000 001000 tipo são geralmente considerados na
b. Verdade, fechar XX1X001000 000000
eletrônica digital.
C
6. Ir para 1
Exemplo: Controle de forno
Problema
Tipicamente, este enfoque para a
A Fig. 12 mostra uma vista pictural de
especificação da seqüência de eventos é
um forno, com vários sinais de entrada e
usado quando se aplica um computador
saída. Todas as entradas e saídas são
para implementar as funções de controle
variáveis de dois estados e a relação dos
estados e as variáveis é indicada.
VA VB
Construir equações booleanas que
S implemente os seguintes eventos:
1. O aquecedor deve ser ligado
quando
a) a chave de ligar for ativada,
b) a porta estiver fechada e
c) a temperatura estiver abaixo do
LB
limite.
2. Os ventiladores devem ser ligados
LA quando
a) aquecedor estiver ligado ou
LE b) a temperatura estiver acima do
limite
VC c) porta estiver fechada.
H 3. A luz deve acender se
a) chave da luz estiver acionada ou
b) sempre que a porta estiver
TU Timer TM aberta.
5 i

Fig. 11. Processo do tanque

196
Controle Lógico

Solução 4.1. Histórico


A solução do problema é simplesmente
transladar as afirmações descritivas dos Um sistema de controle industrial típico
envolve motores elétricos, solenóides,
eventos em equações booleanas. Neste
aquecedores ou resfriadores e outros
caso, referindo-se às variáveis definidas na
equipamentos que são operados da linha
Fig. 12, tem-se
de alimentação alternada. Assim, quando
um sistema de controle específica que um
Aquecedor: H = D.T.P motor da esteira é ligado, isto significa a
partida de um motor ligado a uma tensão
Ventilador F = H + D.T relativamente alta e drenando uma
corrente muito alta para os padrões da
Lâmpada L = D + S instrumentação eletrônica. Na
instrumentação, os valores típicos de
tensão são de 5 V a 24 V cc e os de
Potência corrente de 4 a 20 mA. Os motores
P (1 = ligada) Ventiladores manipulam tensões de 110 a 440 V ca e
F (1 = ligados) correntes de 1 a 50 A ca.
chave porta
Deste modo, a partida de um motor não
D (1 f h d )
é feita simplesmente por uma chave liga-
Lâmpada desliga conectada diretamente a ele. Em
L (1 = ligada) vez disso, uma pequena chave é usada
para ligar logicamente um relé com
Temperatura contatos que possam suportar altas
Chave lâmpada T (1 = acima) correntes. Neste caso, o relé se torna o
Aquecedor S (1 = ligada) elemento de controle primário do sistema
H (1 = ligada) de controle a estado discreto.
Fig. 12. Sistema do forno para controle discreto Relés de controle

Anteriormente foi mostrado como um


sistema de controle a estado discreto é
NF
descrito em termos do equipamento do
sistema e a seqüência de eventos através S1
NA
da qual este hardware é tomado. Estes
dois elementos são combinados agora motor
110 V ca
para mostrar como o equipamento deve
ser acionado de modo que a seqüência de
eventos seja realizada corretamente. Em RL1
essência, isto leva a um programa para o
sistema escrito com símbolos para o Fig. 13. Uso de um relé e chave para partir
equipamento. motor

Os relés podem ser usados para muitas


aplicações além de transladar o nível de
energia. Por exemplo, na Fig. 14, tem-se
um relé usado como tranca (latch), onde
uma lâmpada verde é ligada quando o relé
não é atuado e uma luz vermelha quando o
relé estiver atuado. Neste caso, quando a
botoeira normalmente aberta (NA), PB1, é
acionada a bobina do relé de controle é

197
Controle Lógico
energizada. Então seu contato NA fecha,
bypassando PB1, de modo que o relé 4.2. Elementos do diagrama ladder
permanece fechado. Assim, ele fica
O diagrama ladder é um modo
trancado. Para desenergizar ou destrancar
simbólico e esquemático de representar o
o relé, a boteira PB2, normalmente
equipamento do sistema e o controlador do
fechada (NF) é acionada. PB2 abre o
processo. Ele é chamado de diagrama
circuito e o relé é liberado.
ladder por causa dos vários componentes
do circuito ligados em paralelo através da
linha de alimentação alternada, formando
PB1 algo parecido com uma escada, como
cada conexão paralela sendo um degrau
PB2 da escada.
110 V ca vermelha verde Na construção de um diagrama ladder,
é entendido que cada degrau da escada é
L1 L2 composto de um número de condições ou
RL1 estados de entrada e um único comando
de saída. A natureza dos estados da
Fig. 14. Use de um relé para realizar uma tranca entrada determina se a saída está
energizada ou não.
Símbolos especiais são usados para
Quando um sistema de controle representar os vários elementos do circuito
completo é implementado usando relés, o em um diagrama ladder, que incluem relés,
sistema é chamado de sequenciador a motores, solenóides, lâmpadas e chaves.
relé. Um sequenciador a relé consiste em
uma combinação série e paralela de vários Relés
relés, incluindo do tipo temporizado, fiados A bobina de um relé é representada por
para implementar a seqüência específica um circuito identificado como CR (control
de eventos. As entradas são chaves e relay) e um número de identificação
botoeiras que energizam os relés e as associado. Os contatos para este relé
saídas são contatos fechados ou abertos serão ou normalmente aberto (NA) ou
que ligam ou desligam lâmpadas, motores normalmente fechado (NF) e podem ser
e solenóides. identificados pelo mesmo número. Um
contato NA é aquele que está aberto
Diagrama esquemáticos quando a bobina do relé não está
A fiação de um sistema de controle a energizada e se torna fechado quando a
relé pode ser descrito por diagramas bobina fica energizada. Do modo contrário,
esquemáticos tradicionais, tais como os da um contato NF é aquele que está fechado
Fig. 13 e Fig. 14. Tais diagramas são quando a bobina do relé não está
complicados, porém, quando se tem energizada e se torna aberto quando a
muitos relés, cada um com vários contatos, bobina fica energizada. Os símbolos para a
usados no sistema. Gradualmente tem sido bobina e os contatos NA e NF estão
adotados diagramas mais simplificados, mostrados na Fig. 15.
onde os contatos dos relés não são É também possível designar um relé
colocados diretamente sobre o símbolo da temporizado, que é aquele cujos contatos
bobina, mas são apresentados em não são atuados instantaneamente mas
qualquer lugar do diagrama do circuito com são ativados depois de transcorrido
um número associado ao número da determinado intervalo de tempo. A bobina
bobina. Esta simplificação resultou no é ainda indicada por um circulo, mas com a
diagrama ladder (escada) usado designação de TR para indicar relé
atualmente. temporizado. Os contatos, como
mostrados na Fig. 15 tem uma seta para
indicar NA-para-fechar após o atraso ou
NF-para-abrir após o atraso. Este relé é
chamado de relé temporizado com atraso

198
Controle Lógico
para ligar. Quando a bobina é energizada, designação da solenóide é SOL seguida
os contatos não são energizados até que o por um número seqüencial.
tempo de atraso tenha expirado.
Há também um relé temporizado para Lâmpada
desligar atrasado. Neste caso, os contatos A lâmpada serve para dar informação
são atuados quando a bobina é visual acerca do estado do equipamento
energizada. Quando a bobina é ao operador. A lâmpada é chamada de
desenergizada, porém, há um tempo de sinalizadora ou piloto. O símbolo de uma
atraso antes que os contatos vão para o lâmpada é um circulo, com traços externos
estado de desenergizado. e com uma letra interna relacionada com a
cor da lâmpada.
Chaves
CR1 Um dos elementos de entrada
primários em um sistema de controle de
estado discreto é uma chave. A chave é
Bobina de relé NA NF
um dispositivo usado principalmente para
ligar e desligar equipamentos. A chave
pode ser atuada manual ou
automaticamente por vários modos. Os
seus contatos podem ser normalmente
TR1 abertos (NA) ou normalmente fechados
(NF). Os contatos podem ser retentivos (o
estado permanece, quando o acionamento
Atraso depois energizar Atraso depois é retirado) ou não retentivo (o estado volta
desenergizar à condição de repouso, quando o
acionamento é retirado).
Fig. 15. Alguns símbolos de dispositivos de A chave liga-desliga possui contatos
entrada do diagrama ladder retentivos e a chave botoeira possui
contatos não retentivos. A chave limite ou
fim de curso é aquela que é acionada
quando um equipamento atinge
Motores
determinada posição e por isso é usada
O símbolo para um motor é um circulo para detectar os limites de movimentos
com uma letra M seguida de um número físicos dentro do sistema.
seqüencial. O sistema de controle trata Há chaves que são atuadas
este circuito como o motor real, embora de automaticamente quando a variável de
fato, o sistema atua no starter do motor. O processo atinge um valor crítico, ajustado a
sistema de controle usa este símbolo para priori. Assim, há chave acionada por
representar de fato o motor, mesmo que temperatura (termostato), pressão
outras operações possam ser necessárias (pressostato), nível e vazão.
no equipamento real para partir o motor.
Solenóides
O símbolo para uma solenóide pode
ser também um circulo com uma letra CR
seguida de um número seqüencial, quando
for a bobina de relé. O símbolo pode ser
similar ao rolamento de transformador ou
então o mostrado na Fig. 16. O símbolo da
solenóide em si nada diz acerca da função
da solenóide do processo. A solenóide
pode estar associada a uma válvula, a um
relé, a uma esteira. Geralmente a

199
Controle Lógico

Contato elétrico,
normalmente aberto (NA) M1 R
SOL
Contato elétrico,
normalmente fechado (NF)
Fig. 16. Símbolos para dispositivos de saída do
diagrama ladder
Chave de vazão,
normalmente aberta (NA)
Chave de vazão,
normalmente fechada (NF) 4.3. Exemplos de diagrama ladder
Chave de nível,
normalmente aberta (NA) Em muitos casos, é possível preparar
um diagrama ladder diretamente de uma
Chave de nível, descrição narrativa de uma seqüência de
normalmente fechada (NF) eventos de controle. Um exemplo muito
elementar e comum é o circuito de
Chave de pressão,
retenção de relé (latch) ilustrado na Fig.
normalmente aberta (NA) 14. Em termos de um diagrama ladder, a
mesma situação é descrita na Fig. 18. Este
diagrama tem três degraus:
Chave de pressão,
normalmente fechada (NF) 1. selo do contato CR1 do relé
2. lâmpada verde
3. lâmpada vermelha
Chave de temperatura,
normalmente aberta (NA)
L1 L2
Chave de temperatura, PB1 PB2
normalmente fechada (NF)
1 CR1 saída 1
Chave limite, normalmente
aberta (NA)
2
Chave limite, normalmente CR1-1
fechada (NF)
3 G saída 2
Lâmpada de sinalização CR1-2

4 R saída 3
Buzina
CR1-3
Válvula solenóide de duas
vias

Válvula solenóide de três Fig. 18. Diagrama ladder para controle de duas
vias lâmpadas

Fig 17. Símbolos mais comuns

200
Controle Lógico
que seja a posição ocupada neste
Exemplo momento.
O elevador mostrado na Fig. 19 3. Quando a botoeira SOBE é
emprega uma plataforma para mover apertada, a plataforma sobe, se não
objetos para cima e para baixo. O objetivo estiver descendo.
principal é: 4. Quando a botoeira DESCE é
1. quando o botão UP estiver apertado, apertada, a plataforma desce, se não
a plataforma sobe, levando algo estiver subindo.
2. quando o botão DOWN estiver
apertado, a plataforma desce, Diagrama ladder
trazendo algo. Para facilitar o acompanhamento, o
Os seguintes equipamentos são desenvolvimento será dividido em tarefas
usados: individuais. Por exemplo, a primeira tarefa
pode ser mover a plataforma para baixo
quando o botão PARTIDA for acionado.
Elementos de saída Esta tarefa pode ser feita usando a
M1 – motor para acionar a plataforma para cima botoeira PARTIDA para selar um relé,
M2 – motor para acionar a plataforma para baixo cujos contatos também energizam M2
(motor para descer). O relé é liberado,
Elementos de entrada parando M2, quando a chave limite LS2
LS1 – chave limite NF para indicar posição UP abre. A Fig. 20 mostra dois degraus 1 e 2
LS2 – chave limite NF para indicar posição DOWN que fazem estas funções. Apertando
PARTIDA energiza CR1 , se LS2 não
PARTIDA – Botoeira NA para partida estiver aberta (plataforma não descendo).
PARADA – Botoeira NF para parar CR1 é selado pelos contatos através da
UP – botoeira NA para comando UP botoeira PARTIDA. Outro conjunto de
DOWN – botoeira NA para comando DOWN contatos CR1 partem M2 para descer a
plataforma. Quando LS2 abre, indicando
que a plataforma chegou ao fundo do
poço, CR1 é liberado, tira o selo e M2 pára.
M1 (movimento para cima) Estes dois degraus operam somente
quando o botão PARTIDA é apertado.
LS2 (Desce)

Partida Parada PB1 LS2

PB1 PB2 1 CR1 saída 1


Sobe Desce 2
PB3 PB4
CR1-1
3 M2 saída 2
LS1 (Sobe)
CR1-2
M2 (movimento para baixo)

Fig. 20. Inicialização para mover a plataforma


Fig. 19. Sistema do elevador
para baixo quando se aperta a botoeira PARTIDA

Descrição narrativa Para a seqüência PARADA, o relé CR3


1. Quando a botoeira PARTIDA é é assumido o mestre para o resto do
apertada, a plataforma vai para a sistema. Como PARADA é uma chave NA,
posição inferior. não se pode usá-la para liberar CR3 no
2. Quando a botoeira PARADA é mesmo sentido usado nos exemplos
anteriores. Em vez disso, se usa PARADA
apertada, a plataforma pára, qualquer
para energizar outro relé, CR2 e usa os

201
Controle Lógico
contatos NF deste relé para liberar CR3.
Isto é mostrado na Fig. 21. Pode se ver PB1 LS2
que quando a chave PARTIDA é apertada,
CR3 na linha 4 está energizado pelo selo 1 CR1 saída 1
do contato CR1 e o contato NF de CR2. CR1-1
Quando a botoeira PARADA é apertada, 2
CR2 na linha 3 é energizado, que faz o
CR1-2 CR4-1
contato NF na linha 4 abrir e liberar CR3.
3 M2 saída
CR5-1

4
PB2 PB2

1 CR2 2 5 CR2 saída


CR1-3 CR2-1

2 3 6 CR3 saída
CR3
CR3-1
CR1-1 CR2-1
3 7
CR3-2 PB3 LS1
CR3-1
8 CR4 saída
Fig. 21. Diagrama ladder para a seqüência PARADA CR4-1
9
CR5-1
CR4-2

Finalmente, chega-se à seqüência para 10 M1 saída


subir e descer a plataforma. Em cada caso,
CR3-3 PB4
um relé é selado para energizar um motor LS2
se 11 CR5 saída
1. CR3 é energizado, CR5-1
2. o botão apropriado é apertado, 12
3. a chave limite não é atingida,
4. o outro sentido não está acionado.
O diagrama completo está mostrado na Fig. 22. Diagrama ladder completo para o
Fig. 22. Uma ligação de rela NF é usado elevador
para garantir que o motor para cima não
está ligado se o motor para baixo estiver
ligado e vice versa. Também, é necessário A solução para o elevador pode ser
adicionar um contato na linha 2 para simplificada, considerando o fato que M1 e
garantir que M2 não parte se houver um M2 são realmente relés usados para ligar
movimento para cima e algum motores através de contatos. Se é
engraçadinho apertou o botão PARTIDA. assumido que estes relés têm contatos
adicionais para acionar outras operações
do diagrama ladder, então alguns relés de
controle podem ser eliminados. A Fig. 23
mostra a mesma solução, simplificada,
para o controle do elevador. Usam-se as
designações M1 e M2 para contatos em
outras partes do diagrama, justo quando se
tem relés de controle.

202
Controle Lógico

PB2 (Parada)
Exemplo: Enchimento de garrafas
CR2 saída 1

CR2 LCV
vazão entrada

CR3 saída

M1 CR3 PB4 (Desce) LS


2
ligado
M2 saída LE LC desligado
M2

SP
PB1 (Partida)
vazão saída
M2 ligado
CR3 PB3 (Sobe)
LS1 válvula desligado
M1 saída cheia
vazia
M1
garrafa

motor da
esteira presente
ausente
ligado
desligado
Fig. 23. Diagrama ladder simplificado para o
elevador
Fig. 24. Sistema de enchimento de garrafas
Problema
Construir um diagrama ladder que seja
a solução para o problema de controle de
processo a estado discreto definido na Fig.
24. Assumir que, quando o sistema de
controle contínuo de nível é desligado, a
válvula de entrada é fechada e um tempo
de 1 minuto para preenchimento seja
necessário para inicialização.
Solução
Um selo PARTIDA/PARADA é fornecido
para definir a partida inicial do sistema. O
diagrama ladder é mostrado na Fig. 24.
A inicialização é conseguida através de
um temporizador de 60 segundos na linha
2 que liga o sistema de controle de nível
por 1 minuto seguindo a botoeira de
partida. Ele nunca é energizado
novamente durante a operação.
A saída 3 aciona o motor da esteira até
que uma garrafa esteja na posição, como
indicado pela abertura da chave de
posição de garrafa.
A saída 4 é usada para detectar a
condição de cheia da garrafa, energizando
CR2. Os contatos de CR2 ligam a válvula

203
Controle Lógico
solenóide (saída 5) e o sistema de controle
de nível contínuo (saída 6). Notar o
temporizar na saída 6 para inicialização.
Saída 7 é necessária para detectar que a
garrafa esteja cheia e para rearmar a
esteira até que a garrafa saia da posição e
a chave de presença da garrafa seja
aberta. A operação contínua agora ocorre
entre saídas 3 e 7.
Diagrama ladder

Partida Parada

CR1 saída 1
CR1-1

liga
CR1-2

TR1 saída
60
CR1-3
BP
M1 saída
CR3-1

BP BF

CR2 saída

CR2-1 CR1-4 válvula

saída
CR2-2
CR1-5
LC saída
TR1-1

BF
BP
CR3 saída

CR3-2

Fig. 25. Diagrama ladder para enchimento de


garrafas

Apostilas\Controle 92Controle Lógico.doc 14 OUT 00

204
10
Controle Batelada
2. atuador, ou a interferência direta de
Objetivos cozinhar com processo, como mexer a
1. Apresentar a história do controle de sopa, aumentar ou reduzir a fonte de
processo batelada, com sua origem, calor, adicionar ingredientes ou
desenvolvimento e tendências futuras. remover a panela do fogo.
2. Conceituar o gerenciamento e 3. segurança: como evitar ou extinguir
automação da batelada. o fogo na caverna ou cozinha,
3. Mostrar as diferenças das exigências certamente com uma lata d'água para a
do controle convencional e batelada. emergência.
4. Listar, analisar e comparar as 4. manipulação anormal: redução do
diferentes tecnologias industriais fogo em caso de excesso de fervura ou
disponíveis para automatizar o controle aumento da agitação para evitar que
batelada. sopa grude na panela
5. controle regulatório: mantendo a
1. História da Batelada temperatura da sopa no ponto de
ebulição
1.1. Origem do Controle Batelada 6. seqüência: execução dos passos do
processo em ordem predeterminada
O processo batelada é aquele em que 7. coordenação do processo: certos
as funções de transferência de material ou ingredientes foram medidos, pesados
processamento de material são cíclicas ou preprocessados para servir como
com resultados repetitíveis. O processo matéria prima antes de começar o
batelada faz um produto em quantidades processo principal de cozinhar a sopa.
finitas. Em uma situação ideal, este 8. programação: onde alguém
produto é determinado por programa e supervisiona o processo de
6. uma receita que tem um nome e fazer vários potes de sopa para todo o
contem informação sobre pessoal da tribo.
7. os ingredientes ou as matérias primas É fácil imaginar que o controle de
usadas, qualidade, em termos de se garantir um
8. a ordem dos passos e gosto agradável e consistente para vários
9. as condições do processo e potes de sopa era requerido pelo usuário
10. equipamento usado no processo. final. O controle de qualidade era uma
Fazer uma sopa é um exemplo típico de consideração importante para o cozinheiro
um processo de batelada e possivelmente continuar no negócio ou mesmo continuar
a receita foi passada oralmente, de uma vivo.
geração para a seguinte. A otimização do uso do ingrediente e
No passado, cozinhar a sopa era feito e do tempo de cozimento foi muito
controlado manualmente, porém os passos importante no passado, especialmente
e funções típicos de um processo de quando era pobre o suprimento da comida.
batelada já eram explícitos e reconhecidos: Este exemplo mostra que as funções
1. medição ou sensação por meio de incluídas no controle do processo de
ver, tocar, escutar e degustar batelada de hoje não eram diferentes

205
Controle Batelada
daquelas da pré-história. A principal operador humano. Um sistema de controle
diferença é que, hoje, são disponíveis automático deve ser capaz de monitorar e
meios para armazenar os ingredientes controlar o status ou estado dos
necessários e de executar as funções dispositivos do processo. Em termos de
manuais por meio de equipamento fazer a sopa, isto significa que devem ser
mecânico ou eletrônico, de modo instalados
automático. 1. um vaso com tubulações
Como havia muitos fenômenos associadas,
químicos e físicos pobremente conhecidos, 2. equipamentos de pesagem e
o controle do processo batelada foi dosagem,
considerado uma arte ou uma habilidade 3. instrumentos de medição de
no passado. O cozinheiro pré-histórico fez pressão, temperatura, vazão, nível.
várias funções, tais como engenheiro de 4. válvulas de controle e de segurança
pesquisa e desenvolvimento, especialista 5. motores para agitadores e bombas
de processo, operador e instrumentista. Os 6. aquecedores e resfriadores
processos de batelada originais eram tão
elaborados que requeriam muita atenção e Dependência do tempo
experiência para fazer produtos com uma A essência de um sistema de controle
qualidade consistente. de processo batelada operando
Atualmente, tem-se um enfoque mais corretamente é garantir que, baseado-se
cientifico e muitas incertezas na química e em uma receita, os equipamentos de
física foram reduzidas ou resolvidas. controle do processo tenham o status
Historicamente, o crescimento do apropriado ou a posição correta no tempo
conhecimento dos fenômenos físicos e requerido para uma determinada duração
químicos junto com o aparecimento de de tempo durante o processo ou até que
novas tecnologias, métodos e técnicas certos valores de parâmetros do processo
possibilitaram o engenheiro de controle sejam atingidos.
automatizar as funções descritas acima. Uma característica de um processo de
A automação começou com as batelada é a dependência do tempo. Os
medições do processo e com os atuadores produtos da batelada são feitos em uma
diretos na planta. Depois se seguiu a unidade de processo, transferidos para
automação das funções de controle lógico outra unidade, requerendo a partida ou
de intertravamento e do controle parada destas unidades de processo. O
regulatório. Gradualmente, a automação foi produto de uma unidade pode ser
aplicada ao controle da seqüência e nos totalmente diferente do produto de outra
níveis de programação. unidade, mesmo que requeiram o mesmo
A automação sempre foi inspirada pela equipamento. O controle do processo de
exigência ou demanda de: batelada está relacionado, portanto, com
7. aumentar a segurança estados transitórios de controle, bem como
8. proteger o ambiente estados de regime permanente no
9. melhorar a saúde e trabalho do processo. Neste aspecto, o processo de
operador batelada é diferente do processo contínuo,
10. melhorar a qualidade do produto que trata exclusivamente de valores em
11. aumentar a eficiência e regime.
produtividade Por causa da intensidade do trabalho e
12. controlar os tempos de entrega. da necessidade de grande experiência,
bem como da natureza transitória dos
Equipamento processos originais de batelada, o controle
Para automatizar o controle do do processo de batelada é muito mais
processo, é vital e necessário instalar difícil e complexa que o controle de
equipamentos e dispositivos em linha com processo contínuo. Por isso, sempre houve
o processo, para a medição e controle das uma procura em transformar o processo de
variáveis de interesse e atuadores que batelada em processo contínuo. A
possam ser acionados através de energia tecnologia para se obter controle
mecânica e elétrica sem a interferência do automático exato de processo contínuo

206
Controle Batelada
com menor esforço se tornou madura mais
cedo que a tecnologia para controlar 1.4. Controle Regulatório
processos de batelada.
O controle regulatório envolve a
detecção e medição das variáveis
1.2. Funções de controle da batelada
analógicas do processo. As variáveis
O controle automático de processos básicas do controle regulatório são: vazão,
contínuos se consolidou mais cedo do que pressão, temperatura, nível e análise. O
o controle de batelada, por que o controle sistema de controle regula estas variáveis
contínuo envolve menor número de níveis por meio do controlador básico PID
de funções: (proporcional, integral e derivativo). Um
1. implementação das medições e exemplo de controle regulatório é manter a
atuadores em linha com o processo temperatura da sopa constante e igual a 80
o
2. automação do sistema de controle C.
regulatório O controle regulatório pode também
3. automação das funções lógicas de envolver a mudança da variável do
segurança e intertravamento. processo ou alteração do ponto de ajuste
Além destas funções do controle de alguma variável, em função de curvas
contínuo, o sistema de controle de predefinidas do tempo. Por exemplo, a
processo batelada inclui: temperatura da sopa deve ser aumentada
1. manipulação anormal das funções gradualmente, para evitar que os
2. seqüência dos passos do processo ingredientes grudem no fundo da panela e,
em ordem predeterminada quando atinge o valor desejado, seja
3. coordenação do processo com mantida nesta temperatura constante,
funções auxiliares durante um determinado intervalo de
4. programação e supervisão do tempo.
processo Podem ser usadas estratégias de
controle diferentes para controlar o mesmo
1.3. Controle manual direto equipamento de processo. Isto significa
que o controlador pode ter ações de
No nível mais baixo da hierarquia de
controle diferentes, os ajustes das ações
controle, o controle manual (ou do
podem ser estabelecidos em valores
operador) requer acesso para os
diferentes ou mesmo pode-se substituir o
dispositivos individuais do processo. Sob o
controlador por uma chave liga-desliga.
controle manual os estados do processo
podem ser monitorados e os atuadores do Controle manual
processo (válvulas e motores) podem ser
O operador pode interagir com a função
operados manualmente.
de controle regulatório do processo por
Para evitar situações perigosas de meio de variação do ponto de ajuste. O
processo, que poderiam prejudicar operador pode usar o controle manual,
pessoas ou danificar equipamentos, é
colocando o controlador no modo manual e
necessário incluir medidas de segurança.
manipulando diretamente a saída para a
A ultima linha de defesa inclui os
válvula ou motor.
equipamentos de segurança do processo,
tais como válvulas de alívio, discos de Segurança
ruptura. Estes dispositivos devem estar A automação da função de controle
sempre em operação, para proteger as regulatório definitivamente requer a
pessoas de serem feridas ou mortas, evitar automação dos sistemas de segurança.
que os equipamentos sejam danificados e
impedir que o ambiente seja poluído.

207
Controle Batelada
Uma seqüência pode requerer
1.5. Intertravamentos de segurança atendimento de uma condição final antes
de ir para a próxima seqüência. Estas
Os intertravamentos de segurança são
condições podem ser:
implementados por várias razões, tais
1. intervalo de tempo
como:
2. valor de uma variável de processo
1. proteção ou segurança dos
3. valor da qualidade de determinado
operadores
produto.
2. prevenção de danos no
A função seqüência pode ser
equipamento
automatizada por meio de dispositivos que
3. eficiência da energia
serão mostrados posteriormente.
4. eficiência da operação e do
processo Manual
Há dois tipos de intertravamento:
Deve ser possível para o operador
1. intertravamento de falha, que está
interagir com o processo, através da
continuamente ativo e usualmente
função seqüência. Para preencher esta
associado com o desligamento do
exigência, o operador deve ser capaz de
equipamento
partir, parar, manter, continuar seqüências
2. intertravamento de permissão, que
e possivelmente, começar em um passo
serve como partida, parada ou
predeterminado. O operador deve poder
manutenção de uma condição para
fazer manutenção ou teste em qualquer
uma ação
ponto da seqüência.
Bypassar uma função de
Intertravamentos do processo
intertravamento de segurança para
dependentes da função podem ser
manipular manualmente os equipamentos
requeridos para certas fases do processo,
do processo não deve ser permitido,
de modo que o controle da seqüência
exceto em situação de manutenção,
automática deve ser capaz de ligar ou
calibração ou teste. Mesmo assim, a
desligar estes intertravamentos. Deve ser
situação de bypass deve ser sinalizada
possível acionar automaticamente uma
claramente.
seqüência para um valor constante
predeterminado ou para um procedimento
1.6. Sequenciamento de emergência, se o estado do processo o
A função seqüência é típica do requerer.
processo batelada. Em um processo
batelada, o estado dos equipamentos de Segurança
processo é manipulado de um padrão de Em todos os casos, os
posições para a próxima em uma ordem intertravamentos de segurança não podem
predefinida chamada de seqüência. Isto ser contornados (bypassados), exceto para
não se aplica apenas para equipamentos manutenção, teste ou calibração.
discretos, mas a seqüência também tem
controle sobre os equipamentos de 1.7. Gerenciamento da Batelada
controle regulatório, diretamente ou
A função de gerenciamento da batelada
através dos controladores. A seqüência
ou controle da batelada é selecionar uma
pode, por exemplo, alterar o ponto de receita e a transforma em uma receita de
ajuste, introduzir um perfil de ponto de controle executável. Esta função gerencia
ajuste, mudar o esquema de controle
as fontes necessárias para a execução da
regulatório, colocar o controlador em
batelada e inicia e supervisiona a
manual ou automático.
execução da batelada. Esta função de
A mudança do esquema de controle
gerenciamento da batelada também coleta
regulatório pode depender do produto final, e gerencia os dados da batelada.
ser determinado pela receita ou depender A complexidade da função
das condições do processo. Se a mudança
gerenciamento da batelada é altamente
depender do processo, ela é selecionada
dependente das seguintes características
por meio de decisão lógica na seqüência.
do processo de batelada:

208
Controle Batelada
1. tipo de receita Relé eletromecânico
2. número de produtos Relé é um dispositivo, geralmente de
3. tipo de equipamentos operação eletromecânica, usualmente
4. caracter da planta operado por uma mudança em um circuito
5. facilidades de fabricação elétrico de baixa potência para controlar
6. roteiro que a batelada segue através um ou mais circuitos elétricos na saída.
da planta Relé é uma chave operada
7. tipos de produção eletromagneticamente, usado para funções
8. modo de execução da produção de computação ou lógica.
O relé é um magneto elétrico e o
1.8. Planejamento circuito elétrico é composto de um núcleo
Planejamento (scheduling) é uma montado em uma armadura junto com um
atividade que aceita entrada do plano de conjunto de contatos. Uma bobina com
produção principal e desenvolve (baseado uma ou mais bobinas é montado em torno
no algoritmo de programação ou baseada do núcleo. Se uma corrente elétrica ,
na experiência do planejador) um suficientemente alta, circula através do
programa de produção, que tipicamente enrolamento da bobina, aparece um
inclui: campo magnético, suficientemente
1. quantidade a ser produzida poderoso, para atrair e alterar os contatos
2. equipamento a ser usado de saída. O movimento do núcleo é
3. objetivos para o tempo de produção transferido para os contatos e,
4. disposição do produto dependendo do tipo de contatos, o circuito
5. restrições das fontes associado é aberto ou fechado. As
construções podem ter variações, mas o
1.9. Equipamentos objetivo do relé é sempre abrir e fechar
contatos, mudando o estado do circuito
Um controle de batelada pode ser associado.
considerado uma série ordenada de
controles contínuos. Cada etapa de
controle contínuo requer um controle
regulatório. O equipamento para executar
o controle regulatório, dentro do processo
batelada, é o mesmo usado no controle
regulatório do processo contínuo.
Além do controle regulatório, o
processo batelada requer controle do
intertravamento, controle da seqüência de
operações e a coordenação do processo.
Intertravamentos Fig. 11.1. Relé eletromecânico
Os intertravamentos normalmente
operam independentes das funções de
seqüência e de controle regulatório. Os O arranjo dos contatos é determinado
intertravamentos podem automaticamente pelo número e a seqüência do
1. desligar a alimentação de vapor, em chaveamento binário a ser executado.
caso da temperatura atingir valores Relés são disponíveis em muitas formas,
perigosos com vários arranjos e números de
2. desligar a alimentação de matéria contatos.
prima, quando o nível atingir um ponto O relé não necessariamente é operado
perigoso ou ativado pela corrente elétrica. Há relé
3. iniciar a abertura de uma válvula que pode também responder a variação de
quando a pressão atingir determinado resistência, temperatura, deslocamento,
valor perigoso. tempo, possibilitando assim, a resposta a
variáveis de processo. Os contatos de um
relé ativado podem ser usados em circuito

209
Controle Batelada
lógico para chavear um motor de bomba e i) função contadora, para contar e
abrir e fechar uma válvula, através de uma acumular pulsos
válvula solenóide. j) função geradora de pulsos.
Os relés são muito apropriados para Desde seu aparecimento, na década de
funções simples de alarme, controle 1960, estes blocos funcionais eram
seqüencial e intertravamento. vendidos para realizar lógica para
Os relés temporizados são muito intertravamentos, partidas e paradas e
importantes, quer sejam mecânicos ou controle seqüencial. A construção destes
eletrônicos. Eles podem ser ajustados para sistemas foi facilitada pela colocação das
atuar depois de determinados tempos, que funções em cartões de tamanho padrão,
variam de segundos a vários minutos. que eram plugueados em armários e
O contador de pulsos eletromecânico é painéis cegos. Estes sistemas eram
também muito usado, com a vantagem transparentes funcionalmente para os
sobre o contador eletrônico de não perder usuários e tinham uma fácil manutenção.
a contagem em caso de perda de potência
de alimentação. Sequenciador
Sequenciador é um dispositivo, que
Eletrônica a estado sólido pode ter várias naturezas de operação e
Com a chegada do transistor, apareceu que executa uma série de funções e
a chave a estado sólido. Originalmente, o tarefas, sempre em uma seqüência fixa e
transistor foi usado como um amplificador, programada. O primeiro sequenciador foi
mas quando operado nos extremos, pode desenvolvido para tocar música, como em
executar funções de chaveamento, sem porta-jóias, na década de 1600.
mover os contatos. Como o relé, o De autômato de música, o
transistor pode ter dois estados que podem sequenciador foi usado na indústria, para
ser controlados por uma corrente, que abre fazer operações cíclicas, de modo
e fecha a chave transistor. As vantagens seqüencial. Em 1949, a Foxboro
do transistor sobre o relé eletromecânico desenvolveu um sequenciador pneumático,
são: para controle de compressor.
1. não possuir peças móveis, Depois apareceu o seqüenciador
2. consumir menos potência acionado por cams, para controlar
3. ocupar menos espaço velocidade de motores elétricos. As
4. ter uma lógica mais transparente saliências da cam ativavam chaves, que
para o usuário. ligavam ou desligavam motores elétricos.
5. ser capaz de realizar uma grande O próximo sequenciador foi acionado
variedade de funções lógicas, tais por tambor, inicialmente para tocar música
como: em órgão e depois, na indústria
a) inverter ou negar a entrada petroquímica e têxtil. Em 1968, a Foxboro
b) função AND (E) que gera um 1 se desenvolveu um programador acionado
todas as entradas forem 1 por um cartão perfurado de papel, capaz
c) função OR (OU), que gera um 1 se de planejar sete funções.
alguma das entradas for 1 A tecnologia seguinte se baseou em
d) a função NAND (NÃO E) que gera gráficos ou cartas plásticos, onde eram
um 0 se todas as entradas forem 1 desenhadas linhas retas para definir o
e) a função NOR (NÃO OU) que gera programa de controle a ser executado.
um 0 quando ao menos uma Através de condução elétrica e detectores
entrada for 1. de fotocélula, o controlador executava
f) a função XOR (OU EXCLUSIVO) diretamente o programa, gerando um sinal
que gera um 1 quando uma e analógico de 4 a 20 mA. Estes
somente uma entrada é 1. instrumentos eram de natureza mecânica
g) função Schmitt-Trigger para (a programação), embora já usassem a
transformar ondas em quadradas eletrônica no acionamento.
h) função temporizador, para atuar em Mais recentemente, os sequenciadores
função do tempo se basearam em relés eletromecânicos,
eletrônica a semicondutor e circuito

210
Controle Batelada
integrado. No final dos anos 1970, A linguagem de programação pode ser:
Honeywell desenvolveu um programador 1. diagrama ladder de relé (mais
microprocessado, capaz de realizar usado)
programas complexos. 2. instruções de lógica booleana
3. linguagem de código mnemônico
Controlador lógico programável
Em 1969 apareceu o primeiro
Controlador Lógico Programável (CLP) e
sua primeira aplicação foi na indústria
automobilística. O CLP é aplicado
industrialmente como uma alternativa
moderna para os painéis de relés
eletromagnéticos. O CLP atende uma
necessidade da indústria de ter um sistema
de controle que fosse facilmente
programado e reprogramado na planta, por
meio de uma linguagem acessível ao
usuário. A programação ladder não requer
um especialista de informática, mas pode Fig. 11.2. Esquema básico de controle a CLP
ser feita facilmente por um instrumentista
ou eletricista. Além disso, ele apresenta
uma alta confiabilidade e ocupa pouco A interface com o operador era,
espaço físico. inicialmente, rudimentar e pobre, com
Um CLP consiste basicamente de: chaves thumb wheel, botoeiras, chaves
1. Módulos de entrada e saída (I/O) liga-desliga e lâmpadas piloto. Atualmente,
que são a interface com o processo o CLP é associado a computador pessoal
a ser controlado. (CP), onde se roda aplicativo supervisório
2. Unidade de Processamento Central e há a interface natural de monitor de
com memória para escrever e ler. vídeo com tubo de raios catódicos (TRC),
3. Fonte de alimentação para suprir teclado, mouse e track ball.
potência para todos os componentes As características positivas do CLP
do sistema. são:
4. Programador onde o usuário final 1. Facilidade de programação que usa
desenvolve o programa e depois conjunto pequeno de instruções,
carrega no CLP. lógica ladder ou linguagem de lógica
O CLP funciona booleana.
1. recebendo sinais do processo 2. Manipulação poderosa de entradas
através dos módulos de entrada, e saídas, em grande quantidade e
2. examinando os estados das com grande rapidez.
entradas do processo, em uma 3. Conveniência para intertravamento
varredura cíclica, e lógico.
3. baseando nestes estados, decide 4. Boa repetitividade.
usar a lógica pré-programada para 5. Conveniente para tarefas de
4. atuar no processo, através dos controle seqüencial.
módulos de saída. As características negativas são:
As funções lógicas incluem: 1. Limitação com linguagens de
1. portas lógicas booleanas: AND, programa de alto nível, subrotinas e
OR, NOT, NAND, NOR, variáveis locais e globais.
2. contadores 2. Lógica de exceção pode ser cara.
3. temporizadores 3. Controle contínuo regulatório PID
4. comparadores pode ser tedioso e caro.
5. armazenagem retentiva 4. Pouca flexibilidade para manipular
6. registros de desvios dados e receitas de batelada.
7. emuladores de chave por
passos.

211
Controle Batelada
5. Interface homem-máquina limitada, Fig. 11.3. Esquema básico de controle DDC
a não ser que seja combinado com
um CP com controle supervisório.
Computador de controle de processo
Na década de 1960 foi usado o
primeiro computador digital para controle
de processo batelada. O computador, que
continha um controle de seqüência
codificada, foi usado principalmente para
aplicação de processo batelada em que os
diferentes produtos eram distinguidos por
um conjunto diferente de parâmetros que
podiam ser ajustados pelo operador. O
Infelizmente, ainda há muita confusão
controle contínuo PID era implementado no
na terminologia e nos conceitos de
computador como controle digital direto,
controle.
com reserva de controladores
Houve uma mudança no ênfase da
convencionais. Em caso de falha do
cultura faça você mesmo, dentro da
computador, o operador podia atuar
indústria de processo, forçada pela falta de
manualmente através dos controladores
produtos convenientes dos fornecedores
analógicos de reserva. As estações de
da instrumentação, para sistemas de
operação eram pobres e forneciam pouco
controle de processo que sejam facilmente
conhecimento do processo ao operador. O
configuráveis pelo usuário e que requeiram
operador ainda usava e confiava nos
pouco conhecimento em hardware e
instrumentos do painel convencional.
software.
Um dos primeiros sistemas usados na
Europa (1969) foi em uma planta de Sistema de controle distribuído
poliéster, usando um sistema Ferranti O Sistema Digital de Controle
Argus 400 com um sistema operacional de Distribuído (SDCD) foi desenvolvidos na
tempo real proprietário. A instrumentação
década de 1970, para substituir o sistema
reserva era a eletrônica convencional, da tradicional de controle analógico dedicado,
Foxboro. que era usado naquele tempo, na indústria
Na década de 1970 foi usado o de processo contínuo. O controlador
computador Honeywell H316 com sistema analógico consistia de um instrumento
operacional de tempo real para controle isolado (stand alone), geralmente montado
seqüencial. na sala de controle junto a outros
Na década de 1980 apareceram os indicadores e registradores. A Honeywell
computadores dedicados, oferecidos como foi a primeira firma a anunciar o seu TDC
Sistema Digital de Controle Distribuído. 2000, em 1975, que substituía com
Um dos primeiros produtos no mercado vantagens o ultimo sistema analógico, o
foi o Provox Batch da Fisher. Em 1983 a SPEC 200, da Foxboro.
Foxboro apresentava seu produto O SDCD combina várias malhas de
Easybatch rodando em seus computadores controle em um controlador, tendo uma
programáveis Fox 300 e Fox 1/A. arquitetura dividida, onde o display é um
Atualmente, na década de 1990, a console baseado em monitor de tubo de
maioria dos grandes fabricantes de raio catódico (TRC), separado do painel do
instrumentos oferece pacotes de batelada controlador.
que suportam a maioria das funções de Por exemplo, o sistema TDC 2000
controle batelada, inclusiva a função de possuía oito controladores regulatórios em
planejamento. Estes pacotes geralmente seu Controlador Básico e 16 controladores
fazem parte do SDCD e são totalmente regulatórios e blocos lógicos no
configuráveis pelo usuário. Controlador Básico Estendido.
O console centralizado do operador
incluía funções como: controle supervisório

212
Controle Batelada
da malha fechada, tendência em linha e DCI 1000 da Fischer & Porter foi
aquisição de dados para tendências implementado na Europa, na indústria
históricas. petroquímica, com capacidade de fazer
programa seqüencial.
Para executar funções discretas do tipo
batelada, os controladores a SDCD
incorporaram um número crescente de
funções discretas, que podem ser
manipuladas por outros controladores
supervisórios.

Fig. 11.4. Sistema de controle com SDCD

Os SDCDs evoluíram e passaram a


oferecer ao usuário:
1. condicionamento e processamento
de valores do processo Fig. 11.5. Estação de operação típica do SDCD
2. controle regulatório e discreto
3. capacidade de combinar estas
opções em esquemas de controle Os principais vendedores de SDCD,
poderosos (Foxboro, Honeywell, Yokogawa, Fisher-
4. capacidades computacionais Rosemount, ABB, Bailey, Fischer & Porter,
5. escolha de técnicas de controle Moore, Siemens) tem pacotes de controle
avançado batelada incorporados aos seus sistemas.
6. armazenamento de dados Algumas características do SDCD são:
7. capacidade de display com listas de 1. Conveniência para controle
alarmes, facilidades de relatório, regulatório
tendências históricas 2. Abundância de funções padrão
8. facilidade de comunicação poderosa disponíveis
9. flexibilidade de redundância de 3. Funções padrão implementadas em
equipamentos (módulos de entrada, blocos constituintes que podem ser
controladores, fontes de facilmente configurados pelo usuário.
alimentação, canais de comunicação 4. Disponibilidade de linguagem de
ou combinação destas opções) programação de alto nível
10. diagnose de falhas 5. Possibilidade de redundâncias
11. capacidade de configuração de físicas e funcionais
aplicação orientada por programa e 6. Adequação para aplicações de
acionada por menu. controle batelada
Os procedimentos de partida e parada 7. Interface homem-máquina poderosa
de processo batelada não eram feitos e amigável ao usuário.
pelos primeiros SDCDs, pois eles eram
dedicados a controle de processo
contínuo. Quando se aplicava um SDCD
para controle batelada, o operador fazia
estas tarefas manualmente, usando o
painel. Porém, com a evolução dos
sistemas, eles passaram a ter aplicações
em processo batelada. Em 1978, o sistema

213
Controle Batelada
tendo uma interface homem máquina
Computador pessoal flexível e poderosa.
O Computador Pessoal (CP) também Esta integração é também estimulada
deve ser considerado uma tecnologia para preencher as lacunas de automação e
viável e disponível para controle de o desejo de apresentar ao operador uma
processo e de batelada. Por muito tempo, janela de processo uniforme. A integração
o CP foi considerado impróprio para do CLP com o SDCD geralmente envolve
controle de processo, por causa de sua um CP, onde é rodado o programa
suspeita pequena confiabilidade, mas aplicativo supervisório.
atualmente o CP se tornou uma ferramenta Para a integração de todos estes
útil para configurar SDCD e CLP e é sistemas digitais de controle, devem ser
largamente usado como uma plataforma tomadas as seguintes precauções:
para funções supervisórias de controle e 1. As entradas e saídas devem ser
para aquisição de dados do processo. intercambiáveis
Hoje, já são disponíveis pacotes de 2. O operador deve saber claramente
software para CP que fornecem ao usuário se o sinal confrontado vem do SDCD
as funções de batelada, antes só ou CLP.
disponíveis em SDCD. 3. Deve haver uma interface de
operador uniforme, especialmente para
manipular alarmes e dados históricos.
4. Deve ser disponível uma
manipulação de diagnósticos para
manutenção apresentada e controlada
de modo centralizado.
5. Devem ser integradas as funções e
as facilidades de engenharia para
evitar ferramentas separadas.
6. A comunicação peer-to-peer entre
os controladores e blocos funcionais do
CLP e o SDCD deve ser baseada
Fig. 11.6. Esquema típico controle com CP preferivelmente em nomes de tag, para
permitir a implementação de
estratégias de controle tanto no CLP
Os pacotes de CP disponíveis como no SDCD.
comercialmente também fornecem as 7. Os sistemas operacionais,
funções tradicionais de controle regulatório aplicativos e o protocolo do sistema de
e as funções lógicas que, quando rodam comunicação digital devem ser abertos.
em um sistema operacional de tempo real Aberto significa que as interfaces de
conveniente, podem ser aplicados para comunicação são padrão e facilmente
pequenos projetos. disponíveis de vários fornecedores.
Aberto também significa facilidade de
Tendências conectividade entre os sistemas
A tendência atual (1999) é integrar o industriais e corporativos, dominados
CLP e o SDCD. As razões óbvias são para pela IBM, DEC e HP.
combinar o poder que o CLP tem de
manipular com eficiência e rapidez as
grandes quantidades de entradas e saídas
discretas, provendo naturalmente uma
lógica seqüencial e de intertravamento com
o poder que o SDCD tem para fazer
controle regulatório contínuo (PID),
cálculos e algoritmos para controles
avançados e as funções das camadas
mais elevadas do controle hierárquico,

214
Controle Batelada
aplicados pelo usuário e serão embutidos e
ligados com os sistemas periféricos de
informação baseados em tecnologia. Estes
sistemas estarão de conformidade com as
normas e terminologias desenvolvidas, tais
como ANSI/ISA S88.01 e NAMUR NE 33.

2. Gerenciamento da Batelada
2.1. Introdução
Não é fácil projetar um sistema de
controle de processo batelada para uso
geral. Parece fácil no início, mas quando
Fig. 11.7. Sistema integrado com SDCD, CLP e CP se examinam as exigências operacionais e
funcionais, se vê que elas são mais
complexas que a maioria das outras
1.10. Conclusão aplicações. De fato, o projeto de um
sistema para controle de processo
Este capítulo apresentou ao leitor as contínuo é relativamente mais fácil. O
funções de controle do processo batelada controle contínuo pode ser visto como uma
e sua história. parte de um controle de processo batelada.
Ao longo do tempo, as funções de
controle batelada foram gerenciadas para 2.2. Exigências
tornar possível sua automação, usando
sempre a melhor tecnologia disponível, As exigências operacionais básicas
mecânica, elétrica ou eletrônica. A são:
automação começou no nível regulatório e 3. mover quantidades discretas
subiu na pirâmide hierárquica, sendo (bateladas) de materiais através de
aplicada em controle seqüencial e equipamentos,
avançado. 4. operar dispositivos nos
Vários dispositivos foram desenvolvidos equipamentos para criar as condições
para o controle seqüencial e de batelada, apropriadas do processo.
como sequenciadores e programadores, A Fig. 11.8. mostra uma batelada
culminando no projeto e uso do CLP para simples, constituída de um tanque, uma
fazer funções de controle batelada. coluna, um funil e um reator.
Atualmente, no fim dos anos 1990, a Mas, na prática, as coisas não são tão
palavra chave é comunicação e a simples. Usualmente, pode-se e deve-se
necessidade de se ter sistemas abertos. fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Os sistemas abertos permitem ao usuário Por exemplo, enquanto se processa a
integrar verticalmente e conectar seu batelada na coluna, pode-se encher o funil,
sistema de controle de processo com o para que os dois fluxos sejam combinados
mundo de negócios corporativos, incluindo no reator.
as partes de produção e logística. Os A Fig. 11.9 mostra os estágios
sistemas abertos permitem também a sucessivos de três diferentes bateladas se
integração horizontal das aplicações movendo através da mesma célula do
industriais, através da conexão dos processo. Assim que a batelada 1 acabou
sistemas de controle regulatório, no tanque e enquanto ela ainda está na
monitoração de alarme, sistema de coluna, a batelada 2 pode começar no
laboratório, sistema de monitoração de tanque. Assim, quando a primeira batelada
máquinas rotativas, gerenciamento de se move para o reator, a batelada 2 é
inventário e logística e até os sistemas de movida para a coluna e a batelada 3 pode
manutenção, qualidade e documentação. ser começada no tanque.
No futuro, os sistemas de controle de Finalmente, há aplicações onde se tem
processo batelada serão facilmente passos totalmente independentes ou até
processos separados realizados

215
Controle Batelada
simultaneamente. Nas Fig. 11.8 e Fig. A função de monitoração pode rodar
11.9, cada grupo representa um estágio sozinha como um sistema para aquisição
diferente no mesmo conjunto de de dados com geração de alarmes e
equipamentos. Na relatórios ou como uma base para controle
Fig.11.10, cada linha é um conjunto mais sofisticado.
diferente de equipamentos e tem-se três
bateladas, e cada um dos três processos é Controle Regulatório
representado pelas áreas hachuriadas. O controle regulatório adiciona à
monitoração a capacidade de controlar as
2.3. Funções Automáticas variáveis do processo, comparando os
valores correntes medidos com os valores
Há quatro funções básicas executadas
ajustados ideais e tomando as ações
em um processo automático.
corretivas apropriadas. Isto pode ser feito
1. Monitoração diretamente por instrumentos, com várias
2. Controle Regulatório estratégias diferentes e usando várias
3. Controle Seqüencial
tecnologias disponíveis comercialmente.
4. Relatório
A função regulatório permite o controle
Monitoração direto das variáveis do processo, com
instrumentos intervindo no processo. O
A monitoração envolve a varredura
controle de processo procura manter as
contínua de todas as variáveis
variáveis do processo em valores
(temperatura, pressão, vazão, nível e
constantes e iguais aos valores ideais,
análise) e condições (válvula aberta ou
mesmo que esteja aparecendo distúrbios
fechada, motor ligado ou desligado) de
no processo tendendo afastar estas
processo. Os valores destas variáveis e as
variáveis destes valores ajustados.
condições destes estados podem ser
Assim que variáveis saem fora dos
indicados.
limites de controle, são gerados alarmes
A monitoração inclui também um
(que pertencem ao nível de monitoração).
sistema de alarme, para chamar a atenção
A função de regulação pode rodar junto
do operador para condições anormais e o
com a de monitoração, para estabelecer
sistema de intertravamento e
um sistema de controle com capacidade de
desligamento, para garantir a segurança
alarme e relatório e ambos podem suportar
da planta.
um sistema de controle seqüencial.
No nível de monitoração, os
dispositivos envolvidos são as válvulas,
motores, bombas. Os instrumentos incluem
sensores, transmissores, indicadores,
registradores e atuadores. O computador
que monitora o processo periodicamente
faz amostragem de todos os dados
analógicos e digitais de todos os
instrumentos do processo. Estas amostras
de dados são convertidas para unidades
de engenharia e armazenadas no arquivo
de dados central. Verificações de validade
são feitas na entrada dos dados para
garantir que eles são precisos e
verificações de exceção são feitas para
detectar alarmes e volta ao normal, com
mensagens apropriadas sendo mostradas
no monitor ou impressas na impressora.
Assim que os dados atingem o arquivo
central de dados, ele é condicionado para
ser usado em níveis mais altos da
hierarquia, como em controle regulatório.

216
Controle Batelada

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(a) Primeiro estágio: enchimento do tanque

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(a) Segundo estágio: enchimento da coluna

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(c) Terceiro estágio: enchimento do reator


Fig. 11.8. Três estágios sucessivos de uma batelada simples

217
Controle Batelada

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(a) Estágio 1: Tanque está enchendo


FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(b) Estágio 2: Tanque esvaziando enchendo a colune e funil cheio

FU-3

TA-1 RE-4

CL-2

(c) Estágio 3: Tanque, coluna e funil esvaziando e reator enchendo


Fig. 11.9. Sistema multibatelada

218
Controle Batelada

FU-3
PROCESSO 1

TA-1 RE-4

CL-2

FU-2
PROCESSO 2

RE-3
TA-4

CL-1

FU-1 PROCESSO 3

RE-1 TA-3

CL-4

Fig. 11.10. Seqüência com vários processos multibatelada

219
Controle Batelada

Para fazer o controle regulatório, ele


Controle Seqüencial pode estabelecer para o computador quais
O controle seqüencial adiciona a condições devem ser monitoradas ou
habilidade de seguir um conjunto reguladas
predeterminado de instruções – uma folhe Na função de sequenciamento, o
de batelada ou receita – para operador pode chamar o programa
simultaneamente controlar processos automático sequenciador e tomar o status de
múltiplos e independentes, cada um cada batelada sob controle automático,
envolvendo múltiplas bateladas e várias parando ou partindo muitos ou todos os
atividades. programas de qualquer passo do processo.
Uma folha de batelada é a receita No relatório, o operador pode prover
manual do processo para o operador. Para informação necessária ao computador para
operação automática, um programa a tomada de decisões ou pode pegar dados
supervisório rodado em um CP permite que numéricos para uso de cálculos ou relatórios
vários processos rodem automaticamente na em linha.
planta. O programa de sequenciamento, que Todas as ações que o operador toma
é uma versão da folha de batelada ou receita através do TRC podem ser registradas de
para o computador, é preparada pelo modo permanente e recuperadas, quando
engenheiro de processo usando linguagens necessário.
de baixo nível de programação, que são as Todas estas tarefas podem ser feitas no
funções de monitoração e regulagem. O monitor. Se o console tem mais de um
sequenciador rastreia o estado do programa, monitor, o operador pode fazer vários coisas
que conduz o processo através de sua simultaneamente, como processar a
progressão lógica, exatamente como faria informação mostrada na tela e mostrar a lista
um operador apertando botoeiras. de coisas pendentes no computador e uma
terceira tela pode estar disponível para os
Interface do Operador comandos do operador.
O sistema deve fornecer os registros
permanentes de todos os dados e eventos
pertinentes do processo.
Além das exigências operacionais e
funcionais anteriores, há algumas exigências
de gerenciamento que devem ser satisfeitas.
O operador deve ter o controle total do
processo, durante todo o tempo, mesmo
quando o processo está sob o controle e
sequenciamento automático dos
instrumentos ou do computador. A partir do
console, o operador pode se comunicar com
o computador usando o monitor de vídeo Fig. 11.11. Interface com operador a TRC
(TRC), teclado, mouse, track ball, toque na
tela e impressoras. Ele pode controlar todas
as funções de monitoração, controle Se há mais de um console, dois ou mais
regulatório, controle seqüencial e relatórios. operadores podem compartilhar o trabalho.
O operador pode fazer uma infinidade de Cada operador pode ter uma determinada
tarefas. Na monitoração, ele pode responsabilidade para processos diferentes.
estabelecer os limites de operação e Algumas informações podem estar
segurança do processo, além dos quais o disponíveis apenas no monitor do
sistema deve alarmar ou desligar o supervisor.
processo. Se programado, o operador pode operar
toda a planta através de seu console,

220
Controle Batelada

abrindo e fechando válvulas, ligando e


desligando motores e posicionando válvulas. Receita
A interface homem máquina é um meio Receita é uma coleção de informação
conveniente do operador se comunicar com que define as matérias prima, equipamentos
o processo, através do computador. Do lado e procedimentos requeridos para produzir
humano da interface, tem-se estação de um determinado material processado de
operação com monitor, teclado, mouse e batelada acabada. Os testes para completar
impressora. Este equipamento permite a com sucesso o processamento do produto e
visão rápida e fácil das condições do os critérios de aceitação são também parte
processo, comunicação com o computador e da receita. Na receita, estão incluídos as
geração de relatórios. Do lado do quantidades e valores alvo para o produto
computador da interface, há um sistema de desejado.
programas projetados para convertes as Geralmente quem cria o produto e define
entradas do operador para uma forma usável o processo batelada é o químico. Na
no computador e para converter a realidade, o criador da receita pode ser um
informação do computador para uma forma farmacêutico, cozinheiro, padeiro, cervejeiro
usável pelo operador. Assim, a interface de ou qualquer pessoa envolvida no
console permite o operador dirigir o desenvolvimento de fontes para fazer
computador de certo modo predeterminado determinado produto. Em geral, esta pessoa
que ira modificar o comportamento do é responsável pelos procedimentos de
sistema de modo previsível. Por exemplo, se pesquisa e desenvolvimento.
o operador quer mudar o valor do alarme de Tipicamente os passos para definir uma
alto de uma temperatura, ele diz ao receita são:
computador que ele quer fazer isso, o 1. Um químico desenvolve o processo
computador solicita o novo valor, verifica se no laboratório ou na planta piloto, através
é razoável e válido (e.g., não se pode ter um de uma receita geral.
alarme de 120 oC se a faixa de medição é de 2. Um engenheiro produz uma receita
0 a 100 oC) e, se ele é razoável, o novo local da receita geral do químico.
limite de alarme de alto é convertido para um 3. O engenheiro de controle adapta a
formato de computador e armazenado no receita local para adequar ao
arquivo de dados central. A partir daquele equipamento específico da planta,
momento, a função de monitoração irá usar criando uma receita mestre.
este novo valor para alarmar a temperatura. 4. O operador ajusta a receita mestre
para fazer uma batelada específica,
criando uma receita de controle.

221
Controle Batelada

Interface Programas
do
Console Seqüência
do
Console do Operador Regulação
Operador
Base Dados
Monitoração
da planta
Detecção e Atuação

Fig. 11.12. Níveis hierárquicos de controle

Fig. 11.13. Instrumentação para diferentes níveis hierárquicos de monitoração e controle

222
Controle Batelada

Seqüência autônoma
3. Controle da Batelada
Seqüência autônoma é a que requer a
3.1. Introdução intervenção do operador para iniciar cada
passo individual da seqüência. A duração de
Há duas técnicas básicas e diferentes cada passo é automática. Geralmente é
para controlar um processo batelada: aplicada em misturas simples de vários
1. controle seqüencial temporizado componentes para obter um produto
2. controle acionado por eventos simples. A adição e manipulação são
programadas e somente requer a supervisão
3.2. Controle de batelada seqüencial do operador, que verifica se cada passo
temporizado autônomo é feito satisfatoriamente e inicia o
Esta técnica de controle batelada envolve próximo passo independente. Esta técnica é
a execução de tarefas específicas baseadas usada quando não se tem risco de
apenas no tempo. O pessoal de pesquisa e segurança ou poluição.
desenvolvimento e o engenheiro de Seqüência integrada
aplicação elaboram uma seqüência correta
Seqüência integrada possui processos
com tempos determinados para fazer um
que são controlados do início ao fim pela
produto repetitível. Esta técnica pode ser
partida e termino de cada passo autônomo
usada quando não se tem reação exotérmica
da seqüência temporizada automaticamente.
ou outra condição perturbadora que possa
Um operador é requerido para garantir que
causar resultados indesejados. Geralmente
todos os materiais e utilidades estão
inclui as funções de misturar, mexer, agitar e
disponíveis antes de iniciar o sistema de
fundir. O tempo de cada passo da seqüência
controle da seqüência. Assim que o
é estabelecido pelo engenheiro de aplicação,
processo parte, ele continuamente adiciona,
determinando o tempo requerido de
mistura, aquece ou resfria em tempos
exposição, máximo e mínimo, requerido para
predeterminados. O operador supervisiona o
a repetição. O tempo depende também do
processo e verifica se o equipamento
tipo e limitação do equipamento usado na
utilizado em cada passo autônomo está
batelada.
funcionando corretamente. Uma das
Seqüência manual responsabilidades do operador é verificar
Seqüência manual é aquela em que os que o controle automático funciona
vários passos seqüenciais são executados corretamente e fornecer o nível apropriado
com intervenção do operador do processo. A de controle para todos os passos autônomos
seqüência manual pode ser feita quando não sequenciados.
há problemas de segurança envolvidos e o
erro do operador resulta apenas em produto
fora de especificação.

223
Controle Batelada

4. Automação da Batelada
3.3. Controle acionado por eventos
Esta técnica de controle batelada envolve 4.1. Introdução
fazer tarefas específicas baseadas na Virtualmente, todo processo de batelada
ocorrência de certos eventos do processo. é automatizado, em algum grau. A
Estes eventos indicam ao operador ou ao automação pode variar de um processo
sistema de controle que uma tarefa controlado manualmente com ajuda de
específica deve ser feita. A receita poucos sensores até controle com
determina quais são estes eventos e quais computador através de software sofisticado
as ações a serem tomadas. A seqüência e muitos sensores e instrumentos de análise.
apropriada destes eventos específicos Mesmo nos casos em que o controle é
também é determinada para se obter um manual, são usados sensores para informar
produto repetitível. Esta técnica é aplicada o status do processo ao operador, tais como
principalmente em processos onde há aquecimento, mistura ou transferências de
reações exotérmicas ou qualquer outro produtos entre vasos. Mesmo uma ação
distúrbio que possa causar resultados manual é feita com o operador se baseando
indesejados. em indicações. Assim, os sensores
Uma exigência fundamental para operar representam a base e a parte mais crítica da
com sucesso um processo de controle de automação do processo batelada.
batelada acionado por evento é instalar e
manter os instrumentos corretos.
Eventos do processo
O processo de controle batelada TT2 LT PT
acionado por evento inclui as funções de
transferência e mistura de materiais,
aquecimento e resfriamento e diluição para
obter um resultado desejado. Este resultado
não é previsível em um sistema de
referência de tempo e requer a monitoração
das variáveis do processo como vazão, IT
nível, temperatura, pressão, análise e pH. O reator
início e fim de cada passo dependem de
valores destas variáveis de processo ou da
TT1
ocorrência de determinada condição. Um
processo acionado por evento requer
proteção ambiental, segurança do pessoal, moto
consistência do produto e produtividade. agitado
Para a seleção correta dos instrumentos jaqueta jaqueta
de monitoração e controle, deve-se entender
a dinâmica do processo que determina se
um dispositivo pode fornecer a qualidade Fig. 11.14. Reator com medições da
desejada da medição. Estas condições de Temperatura da jaqueta (TT1)
processo incluem: faixa de temperatura, Temperatura do reator (TT2)
umidade, vibração, corrosão (interna e Nível do reator (LT)
externa), qualidade da alimentação de Pressão do reator (PT)
potência, qualidade do ar de instrumento, Velocidade, através da corrente do motor (IT)
limpeza dos materiais do processo,
revestimento do processo, interferência
eletrostática e de rádio freqüência.

224
Controle Batelada

4.2. Medição das variáveis Nível


O coração do processo batelada é um A medição de nível no reator é muito
reator. Geralmente o reator é revestimento mais complicada que a da temperatura. Os
internamente com vidro para suportar os motivos das complicações são:
agentes corrosivos, é equipamento com um 1. as propriedades (densidade,
agitador e possui uma jaqueta envolvente condutividade elétrica) das quais o nível
para aquecimento e resfriamento. é inferido variam muito, por causa da
As variáveis medidas geralmente incluem variação da temperatura e da
a temperatura e pressão no reator, composição do produto.
temperatura na jaqueta, nível do fluido 2. dificuldades elétricas e mecânicas de
dentro do reator. instalação, provocadas pela existência
Temperatura e nível são os mais do agitador, geometria do tanque
importantes, porque a agitação, aquecimento A agitação violenta que ocorre dentro do
e resfriamento à pressão atmosférica são as reator requer um sensor de nível robusto e
operações mais freqüentes no reator. A que produza um sinal válido, mesmo com os
velocidade do agitador, as vazões de redemoinhos, ondas, espumas na superfície
entrada e saída e as propriedades dos do topo. Às vezes, o sensor interno e o
produtos da reação (pH, densidade, transmissor montado externamente ao reator
viscosidade, cor) são detectadas para o devem também ter classificação elétrica
controle eficiente do reator, mas estas especial para atender as exigências da
medições não são essenciais para todas as classificação da área. Os sensores de
operações. A Fig. 11.14. mostra o reator pressão e temperatura são mais
com os principais sensores. autocontidos que os de nível.
Por isso, é difícil escolher o sensor de
Temperatura nível. O sensor que atende uma aplicação
Geralmente, a medição de temperatura pode ser incompatível com outra aplicação.
não é difícil. O sensor mais usado é o O sensor típico é o de pressão diferencial,
detector de temperatura a resistência (RTD) desde que a densidade do produto seja
com um transmissor eletrônico. O RTD é constante. O sensor capacitivo requer uma
muito preciso e, diferente do termopar, não ancoragem por causa da agitação. O sensor
requer fiação especial. ultra-sônico não suporta a alta temperatura
O sensor de temperatura é protegido de existente. Pode-se usar células de carga,
dano mecânico ou corrosão por um bulbo, para inferir nível do peso, mas as instalações
que é colocado dentro de um poço, por complexas as tornam caras.
conveniência de processo. Mesmo que o A escolha do sensor de nível deve ser
reator tenha um número limitado de bocais feita cuidadosamente, considerando todos
no topo, um destes bocais é dedicado ao os parâmetros da seleção:
sensor de temperatura. 1. metalurgia e configuração do reator,
Se o reator contem tão pouco líquido que 2. faixas de pressão e temperatura do
ele deixa de cobrir o sensor de temperatura, processo,
o sensor pode ser montado em uma saída 3. características do líquido,
do fundo. O sensor é montado através de 4. natureza da agitação,
uma válvula com passagem plena. O 5. classificação da área,
aterramento do sensor de temperatura e do 6. práticas de manutenção
transmissor deve ser analisado, e feito, se
Pressão ou vácuo
necessário mas sempre corretamente.
A medição de pressão e vácuo é a mais
fácil e direta possível. A presença de
vapores corrosivos pode requerer o uso de
selo (diafragma)

225
Controle Batelada

Vazão de amostragem e algum condicionamento do


As medições da vazão de entrada e de fluido, são os que envolvem medição de cor,
saída também não apresentam problemas. umidade, propriedades espectrográficas (a
O cuidado mais importante está relacionado base de ultravioleta e infravermelho).
com o fluido e não com o medidor. Deve-se Os instrumentos de análise mencionados
garantir que o fluido tenha uma única fase até agora podem, isoladamente ou em
(liquida, gás ou pó). A especificação do conjunto, ser usados em qualquer passo de
medidor depende do tipo do fluido, faixa de um processo de batelada. Alguns processos
medição, viscosidade, densidade, precisão requerem instrumentos muito específicos e
requerida, corrosividade. Atualmente, é especiais, tais como indicador de conteúdo
muito comum o uso de medidores mássicos de oxigênio, consistência, crescimento e
de vazão. densidade de célula em biotecnologia.

Análise 4.3. Instrumentação Modular


Além das medições das variáveis Embora o reator seja o centro da
clássicas de temperatura, nível, pressão e operação de batelada, outros equipamentos
vazão, o controle de um processo batelada de processamento são usados, tais como
pode requerer ou ser ajudado pelo filtros, colunas de distilação, secadores,
conhecimento de outras variáveis, que são cristalizadores. Estes equipamentos, como o
mais difíceis de serem detectadas reator, também requerem sensores e
diretamente, como pH, análise, umidade. instrumentos de análise.
Antigamente, estas variáveis eram A instrumentação destas unidades,
determinadas no laboratório, fora da linha do porém, estão sendo simplificadas, pela
processo. Atualmente, elas podem ser tendência nas industriais orientadas para
medidas, com precisão, em linha. batelada, a empregar equipamento tendo um
Esta tendência de usar transmissores e projeto padronizado que adota uma filosofia
indicadores de análise em tempo real é modular. Cada extrator jaquetado com
suportada pelo avanço da tecnologia vapor, por exemplo, poderia vir junto com
(advento do microprocessador eletrônico), seu agitador, totalizador de vazão nas
pela diminuição dos preços dos instrumentos tubulações de reagente, monitor de nível,
e pela simplificação de operação e controlador de temperatura, regulador de
manutenção destes instrumentos. O pressão em linha de gás inerte e uma
analisador (este termo é infeliz, mas mesmo válvula de segurança. Com estes tipos de
assim o autor o usa) em linha e tempo real instrumentos padronizados e disponíveis em
substitui a seqüência tradicional de pacote, as únicas escolhas a fazer envolvem
1. fazer amostragem do processo o tamanho dos equipamentos e a metalurgia.
2. levar amostra para o laboratório Esta padronização permite o enfoque de
3. fazer a análise no laboratório combinar e encaixar qualquer módulo em
4. levar de volta para o processo o qualquer batelada. Os módulos são
resultado da amostra (às vezes, a montados ou combinados através de
batelada já acabou). conexões flexíveis e distribuidores
Para o processamento da batelada, é extensivos. O uso deste enfoque modular,
muito desejável ter instrumentos de análise em vez de construir ou adaptar uma planta
(este é o nome mais apropriado para o para cada nova linha de produto dá ao
analisador) que não requeiram sistemas processo de batelada mais flexibilidade e
complexos de amostragem, invólucros versatilidade em atender as condições
separados ou a atenção constante do dinâmicas de mercado.
pessoal de manutenção. Os transmissores
de pH, condutividade elétrica (ou
resistividade) e densidade já são simples. Os
mais complicados e que requerem sistemas

226
Controle Batelada

de indicação ou controle pode ser


4.4. Controle de Batelada empregado, montado no topo do reator.
Mais comum, é um processo batelada
Além das funções de sentir e analisar, a
semi ou totalmente automático. Aqui o
outra grande componente da automação é a
controle e monitoração podem variar de
função controlar. O controle de batelada,
instrumentos pneumáticos ou eletrônicos
independente do processo envolvido, tem
dedicados, para painéis de controle locais ou
todas as características da receita usada
sistemas digitais distribuídos (controladores
para fazer uma comida. O controle de
lógico programáveis, sistema digital de
batelada é uma seqüência cronológica de
controle distribuído, computadores pessoais
eventos ou ações, cada uma representando
rodando aplicativos).
um passo finito. O controle é registrado
Na operação de batelada semi-
como uma receita: com os ingredientes
automática baseada em painel de controle
(reagentes) e equipamentos usados
centralizado, os painéis possuem botoeiras
especificados a priori, cada passo definido
para ligar agitadores, válvulas solenóides,
por uma duração, temperatura, pressão e
bombas e outros equipamentos. Tais
outras variáveis. O registro é chamado de
operações remotas são necessárias em
folha da batelada.
caso de válvulas grandes e inacessíveis,
Antes de se tornar um documento oficial
processos com produtos tóxicos ou com
compreensivo com várias páginas, uma folha
substâncias perigosas. Entre as válvulas
de batelada deve ser revista
candidatas à automação, estão a válvula de
constantemente. A revisão deve cobrir as
saída de fundo, as válvulas de alimentação,
especificações dos vários eventos e ações,
as válvulas entrada-saída para passar o
sua seqüência, quem deve executá-los, o
fluido de aquecimento ou resfriamento para
nível de supervisão e outras tarefas
a jaqueta. Os painéis podem contem ainda:
similares. Uma vez consensada, a folha de
alarmes, indicadores remotos, algum
batelada se torna a base para operar todas
controlador analógico e estações de liga-
as bateladas sucessivas de um dado
desliga para bombas de transferência.
produto. Nas indústrias farmacêutica e
Em operações totalmente automáticas,
alimentícia, esta folha de batelada pode se
são utilizados CLPs, CPs com aplicativo
tornar uma parte integral da documentação
supervisório ou controladores digitais single
para determinado produto ou alimento
loop, quando a aplicação possui até 500
fabricado.
pontos de entrada e saída de controle.
As folhas de batelada formam a base
Estes sistemas baseados em
para o controle de produção, independente
microprocessador, que cada vez mais custa
da automação envolvida. O que pode variar
menos e tem maior capacidade, são muito
é a confiança nos instrumentos de
confiáveis, empregam uma variedade de
monitoração e o grau de intervenção
programas aplicativos já aprovados e podem
humana versus do computador.
ser usados, com algumas salvaguardas, em
Em um extremo, todos ou a maioria dos
locais classificados e agressivos. A maioria
passos são feitos de modo manual. Isto é
destes sistemas possui uma interface
encontrado apenas em processos muito
homem-máquina muito amigável, geralmente
simples, com poucos passos. O reator é
com monitores de vídeo a tubo de raio
carregado com reagentes manualmente,
catódico (TRC). Instrumentos virtuais podem
com um bomba. Válvulas são abertas ou
simular as partes frontais de instrumentos
fechadas manualmente. O nível é medido
convencionais.
por uma régua, através do topo do reator. O
Estes sistemas são apropriados para
fim de um passo é determinado
atualizar sistemas existentes manuais ou
subjetivamente pelo operador, que pode
semi-automáticos. Sua operação não requer
olhar uma janela transparente ou
sala de controle tradicional, que pode não
cronometrar um tempo. Algum instrumento
existir nestas instalações antigas.

227
Controle Batelada

A automação completa de grandes acima e a ordem segue intuitivamente as


operações de batelada geralmente tarefas feitas pelo operador.
empregam sistema digital de controle O formato pode variar muito: de tabelas
distribuído (SDCD). Embora os SDCDs lógicas para diagramas de bloco e tabelas
tenham aparecido na década de 1970, seu verdade e de diagramas seqüências de
uso em batelada é recente. Os primeiros tempo para linguagem de alto nível.
SDCDs foram usados em grandes Uma receita é uma coleção de
complexos petroquímicos e grandes informações que converte uma seqüência
refinarias de petróleo, que empregam genérica de operações de batelada em um
controle contínuo. programa para fazer um determinado
Posteriormente, os fabricantes de produto. As receitas podem ter um formato
SDCDs desenvolveram programas de tabela, com as entradas especificando as
aplicativos para processo batelada. Antes, quantidades de reagentes, duração de
foi necessário o desenvolvimento de uma diferentes operações e outras variáveis.
linguagem orientada para batelada. O Em uma planta verdadeiramente
desafio foi combinar as instruções do modular, pode não ser suficiente
controle seqüencial com os elementos do personalizar uma seqüência de operações
controle contínuo. Outras temas foram: com as quantidades de ingredientes
1. programação da batelada para atribuídas. É necessário, também, que o
otimizar o uso do equipamento equipamento esteja conforme cada batelada.
2. manipulação de receitas Esta alocação de equipamento é a principal
3. rastreamento da batelada tarefa de um planejador ou programador
4. coleta e relatório dos dados (scheduler),q eu pode funcionar
5. alarme efetivo automaticamente em sistemas altamente
6. interface amigável de operação, desenvolvidos de controle de batelada.
incluindo mensagens interativas, O planejamento de uma batelada
procedimentos em linha, intervenção incorpora informação sobre as unidades de
do operador. processamento, tempo, quantidades de
produtos finais, fontes compartilhadas (e.g.,
4.5. Característica da Instrumentação solvente em um tanque de alimentação). Ele
usa programação linear para otimizar o uso
Devido a natureza descontínua dos
do equipamento e maximizar a produção.
processos bateladas, o seu controle pode
Uma vez que uma receita está relacionada
ser facilmente dividido em partes discretas,
com a informação do processo, um
que são depois arranjadas em ordem
planejador se preocupa com os
hierárquica. Isto pode ser visto na
equipamentos. Ao lado da receita e do
Fig. 11.14, que ilustra a maioria dos
planejamento, outro importante aspecto da
componentes de um processo batelada.
batelada é o rastreamento (tracking), que
1. A ação mais baixo nível é chamada de
consiste de documentar o curso de uma
instrução (statement).
batelada, do início ao fim.
2. Várias instruções formam um passo
Em resumo, a relação entre estes vários
(step).
elementos do programa aplicativo da
3. Vários passos compõem uma fase.
batelada pode ser estabelecida assim:
4. As diversas fases podem ser
Uma seqüência de batelada específica é criada,
combinadas em uma operação.
superpondo uma receita em um programa aplicativo
5. Finalmente, uma seqüência de
de batelada, com uma entrada de um programa de
operações constitui uma batelada
planejamento. A implementação desta seqüência será
(batch).
rastreada através de toda batelada.
A semântica pode variar de aplicativo de
Detalhes da linguagem de batelada,
sistema de controle para outro, mas o
manipulação da receita e planejamento da
conceito usualmente segue a descrição
batelada pertencem ao domínio do

228
Controle Batelada

engenheiro de sistema, e o operador da


planta não precisa estar relacionado com 4.6. Características desejáveis
estes detalhes. Porém, a representação
A instrumentação usada para controlar
visual efetiva do controle de batelada em
uma planta de processo batelada, que faz
uma interface de operação é muito
vários produtos e tem mais de 2000 pontos
importante. a qualidade desta janela para a
de entrada-saída de controle, é certamente
batelada é o que pode eventualmente ajudar
modular. Para uma planta com estas
ou atrapalhar a execução correta do controle
características, é preciso um sistema de
batelada.
comunicação digital entre os instrumentos
O progresso de uma batelada controlada
montados remotamente em várias unidades,
por um SDCD pode ser visto em um display
de modo que é necessário as seguintes
gráfico dinâmico que simboliza um plano de
facilidades:
fluxo e mostra mensagens anunciando
Base de dados global
vários passos, fases, operações e batelada.
Linguagem de alto nível
Valores associados com qualquer malha de
Intertravamentos
controle contínuo PID (Proporcional Integral
Validação
Derivativo) dentro do sistema podem
Documentação
também ser parte de tal gráfico. Mensagens
Módulos I/O remotos
orientando o operador para inicializar uma
Interface de calibração
ação pode aparecer em uma área projetada
Capacidade CIM
do monitor. Finalmente, deve haver alarmes
ativos independentes do display mostrado na Base de Dados Global
tela.
A base de dados global permite o acesso
Entre as características que diferenciam
da informação em qualquer ponto do sistema
o SDCD para batelada do SDCD para
sem necessidade de programação adicional.
processo contínuo é a necessidade de
Todos os pontos são acessíveis
coletar e relatar todos os parâmetros do
instantaneamente para quaisquer programas
processo em uma base por batelada. O
ou intertravamentos sem interfaces para
SDCD deve rastrear lotes de matérias prima
qualquer dispositivo no barramento de
e quantidades usadas por cada batelada.
dados.
Todos os dados devem ser facilmente
arranjados em diferentes relatórios, e.g., Linguagem de alto nível
relatório da batelada final, relatório dos Uma linguagem de alto nível, parecida
status da batelada, relatório dos desvios com inglês, é preferível a qualquer outro
finais, relatório dos status da planta. As programa. Um programa de batelada em
variáveis de tendência para várias bateladas linguagem de alto nível permite ao operador
devem ser armazenados e recuperados para seguir manualmente passo a passo, através
comparação e análise em uma tela do SDCD das linhas de uma seqüência, tornando a
e transportáveis para computadores. pesquisa de defeito e a eliminação de bug
mais fácil.
Durante esta avaliação, os usuários se
familiarizam com a linguagem e entendem
as implicações de diferentes instruções em
si. Questões detalhadas precisam ser
colocadas acerca de tais assuntos como o
planejador da batelada, como tratar as
fontes compartilhadas, como várias
bateladas podem ser rastreadas ao mesmo
tempo na tela, qual relatório está disponível
e como os dados do arquivo podem ser
carregados.

229
Controle Batelada

HV 50.PVFL(1) SÓ(2)
HV 54.PVFL(0) S1 OR S1 AND
S1 AND
(1) (2) (3)
HV 55.PVFL(0) SÓ(1) 1 Box.FL(305)(R) SÓ(3)
S2 S2 S2
HV 50.PVFL(0) FL(2)(ON) Fecha HV 08
FL(2)(ON) S3 S3 S3

Fig. 11.15. Tabela lógica empregando portas OR e AND, flags de programas (FL) e status das válvulas liga-desliga
(fechada = 0 e aberta = 1).

Fig. 11.16. Um programa de batelada dividido em operações, que consistem de fases, que incluem passos e cada
passo é constituído de statement.

230
Controle Batelada

Intertravamentos Módulos I/O remotos e consoles de


A linguagem de batelada de alto nível operação remotos
não deve ser usada para atuar Atualmente já são disponíveis módulos
intertravamentos, especialmente os de I/O remotos, certificados para montagem
segurança. Em vez disso, deve usar em áreas classificadas.
programas de baixo nível e resposta rápida
baseados, por exemplo, em diagramas Interface de calibração de dispositivos
ladder ou blocos lógicos. Os inteligentes
intertravamentos de segurança devem ser Esta característica permite o uso de
separados totalmente dos programas transmissores inteligentes que se
aplicativos, para assegurar a integridade. comunicam com o sistema de controle,
O debugging dinâmico e a impressão através do sistema de comunicação
anotada de intertravamentos devem compatível (HART, Fieldbus, Profibus).
também ser requisitados.
Sistemas Expert
Validação A aplicação de sistemas expert que já
O sistema de controle para batelada de são disponíveis em CLP, livremente
possuir as seguintes características: formatados pelo usuário ou em pacotes
1. validação de dados e do sistema fechados.
2. capacidade de carregar programas
em linha (sem desabilitar Capacidade CIM (Computer Integrated
controladores ou outros programas), Manufacturing)
3. evitar falha de ponto isolado Isto significa integracao do sistema de
4. implementar redundâncias controle da batelada com a área de
5. modos de falha manufatura, com computadores externos
6. tempo de resposta do sistema para compra, venda, controle de qualidade,
7. habilidade de se interfacear com inventário de produtos. A responsabilidade
outros sistemas digitais, como CLP desta implementação é do usuário, porém,
8. habilidade de usar CPs como o fabricante do sistema de controle deve
estação de engenharia prover as interfaces e links para integrar
9. capacidade de diagnóstico todo sistema.
10. possibilidade de se expandir
11. gerenciamento de alarmes 4.7. Segurança
12. proteção de segurança (security) do
sistema. A instrumentação de uma planta pode
ser dividida em três categorias, com
Folha de batelada sem papel relação à segurança da planta:
O sistema deve gerar documentos sem 1. Medição e controle para manter as
papel, ou seja, em vez de ter documentos condições de operação seguras.
em papel físico (hard copy), o operador 2. Instrumentação básica para indicar e
interage com a tela e teclado de alertar as condições correntes de
computador. Esta característica é obtida de operação.
rastreamento da batelada e geração de 3. Intertravamentos que param o
relatórios. Para tornar realidade isso, processo em caso de condições
também é requerido redundância do inseguras.
equipamento das partes críticas do sistema As condições críticas da planta
de controle, proteção de segurança do geralmente são aquelas que envolvem
sistema com senhas e validação total do pressão e temperatura (aquecimento) e as
sistema. que envolvem substâncias toxicas e
perigosas.
Se uma operação é considerada
perigosa, pode-se considerar a
redundância de certos instrumentos ou
intertravamentos ou ambos. Todos
instrumentos devem ser projetados para as

231
Controle Batelada
condições de segurança em falha, ou seja, a hardware, software e periféricos
em caso de falha no processo, os associados. Ela inclui todos os estágios do
instrumentos vão para a condição segura. desempenho do sistema de controle, do
Os intertravamentos fazem parte de projeto e especificação até teste,
qualquer sistema de automação de implementação, instalação e operação.
processo, mas em planta de processo A validação coloca ênfase especial no
batelada, eles são mais importantes. É sistema de proteção, sua manutenção,
importante entender se um intertravamento retenção de registros e revisões periódicas
específico é projetado para segurança ou futuras. Outro fator importante é a garantia
para operação. Por exemplo, o que os operadores tenham sido treinados
desligamento de uma bomba por causa de corretamente. A validação inteira deve ser
alta pressão é por razão operacional e não planejada, a priori. Manter bons registros e
por causa de segurança. Porém, o documentar todas as tarefas são críticos.
fechamento do vapor de uma jaqueta, A validação por computador é apenas
quando a temperatura sobe, é um um aspecto da documentação requerida na
intertravamento de segurança e não indústria farmacêutica. Outros aspectos
operacional. são:
Os intertravamentos de segurança 1. quantidades das matérias primas
devem ser implementados 2. listas de bateladas assinadas
independentemente do sistema de controle 3. resultados das calibrações
regulatório do processo. Isto significa que, 4. documentação de mudanças na
em caso de SDCD ou CLP, o controle da estratégia de controle
operação do processo (que possui 5. todas as anormalidades
intertravamentos) é configurado em 6. dados dos testes de análise
linguagem de batelada e o intertravamento A documentação histórica detalhada
de segurança em ladder. No caso do CLP, sobre o desempenho da variáveis mais
o painel de operação deve ter alimentação críticas devem ser mantidos por
independente do sistema de determinado número de anos após o fim e
intertravamento de segurança. liberação de uma batelada. Este período
As regras estritas devem estabelecer mínimo depende da vida de prateleira do
como e quando um intertravamento de produto específico.
segurança pode ser alterado, acessado ou As operações em ambiente estéril em
mantido. Desativar ou bypassar um indústria farmacêutica e de alimentos tem
intertravamento de segurança deve ser exigências especificas do equipamento de
propositadamente difícil de ser feito. automação. Estas exigências começam
Todas as regras de segurança para os com os sensores, que devem usar
processo contínuo são validas para o materiais neutros e altamente polidos,
processo batelada, pois o processo minimizam as reentrâncias onde as
batelada pode ser visto como uma substâncias poderiam se acumular, exigem
seqüência de vários processos contínuos. conexões especiais, requerem
desmontagem rápidas das partes
4.8. Complicações molhadas de alguns instrumentos. Os
invólucros dos instrumentos devem ser de
A automação da operação de uma aço inoxidável especialmente polido, com
batelada se complica mais ainda quando mínimas reentrâncias e à prova d'água. O
se tem aplicação na indústria farmacêutica número de conduites se comunicando com
e de alimentos, por dois motivos: uma área estéril deve ser limitado.
1. o sistema deve ser validado
2. a operação ocorre em ambiente
estéril.
Validação é uma exercício que
documenta o fato que um sistema de
controle faz as funções projetadas e
previstas com reprodutitividade. A
validação do sistema de controle se aplica

232
Controle Batelada
Fig. 11.17. Trecho de Folha de Batelada
Instalação
Exemplo de tarefas feitas durante a

Operador
fase de instalação de um sistema de

Tempo
Instruções de Operação controle:

Data
1. Na instrumentação
1. Encher a coluna até 70% do nível, a) Confirmar continuidade da fiação
com água de todos os instrumentos.
2. Comparar o nível através do visor de b) Atuar válvulas
nível com a indicação com a régua. Se c) Simular transmissores
a diferença for maior que 10%, 2. Verificar as condições ambientais,
reportar ao supervisor. como temperatura, pressão
12. Colocar FRC 05 em modo automático atmosférica e umidade relativa.
3. Verificar aterramentos
e estabelecer o ponto de ajuste.
Aquecer a coluna pela válvula de 4. Avaliar ruído e interferência elétrica,
controle de vapor em manual e abrir condicionamento da potência de
suficiente para dar uma vazão de 300 alimentação
kg/k no FRC 05 5. Fazer testes diagnósticos em todos
os componentes.
13. Quando a coluna começar a aquecer,
6. Fornecer documentação para
alimentar a coluna colocando FRC-
completar com sucesso todas as
04-1 em auto em uma vazão de 5,0 e
tarefas.
ligar a bomba PU 03 ou PU 05. Não
7. Manter registros de todas as
exceder a vazão de 5,5 kg/h até que
alterações feitas.
a coluna se equilibre. Em caso de
dificuldade de ter nível, abaixar ou Diferenças entre processo batelada e
cortar o vapor contínuo
14. Aumentar a vazão de vapor para 400
Muitas pessoas argumentam que todo
kg/h e ajustar a alimentação para
processo é batelada, pois tem uma partida
manter o nível em torno de 50%.
e uma parada. Deste modo, um processo
Nota: estes ajustes podem estar
contínuo é simplesmente uma batelada
entre 4,0 e 7.0.
muito longa. Ou então, que um processo
15. Depois de aproximadamente 2 horas, a
batelada é uma porção de conjuntos
coluna deve estar em 100 oC. Neste
contínuos independentes. Estas visões,
ponto, tente manter uma temperatura
porém, desprezam muitas diferenças
de 125 a 135 oC. Abrindo a válvula de
óbvias entre o processo batelada e o
saída ajuda a manter a temperatura
contínuo.
acima de 110 oC (abrir a válvula
A natureza descontínua das operações
esfria a coluna)
bateladas pode ser vista através de cada
16. Ligar a bomba PU 040 ou PU 12 batelada. Todo processo batelada se
17. Ajustar manualmente a vazão do vapor desdobra de uma maneira seqüencial.
para obter uma temperatura da Quantidades finitas de reagentes são
bandeja de 130 oC. Também alimentadas em cada batelada, em vez de
observar o nível, que não pode estar serem alimentados continuamente. A
abaixo de 25%. transferência de uma unidade para a
18. Quando a coluna se estabilizar, ajustar próxima ocorre somente quando uma
o controlador de temperatura em auto operação é completada, em vez de fluir
ou manual para controlar a continuamente. Os produtos finais são
temperatura em 130 oC. coletados em uma base por batelada e
estão sempre associados com uma
determinada batelada. As receitas são
usadas para diferentes tipos de produtos,
enquanto que o processo contínuo trabalha
com os mesmos parâmetros por longos
períodos de tempo.

233
Controle Batelada
Com relação aos instrumentos de com as especificações do fabricante e as
controle, isto significa que o processo exigências legais.
batelada envolve um maior número de Validar é estabelecer uma evidência
dispositivos digitais. Tipicamente, em um documentada que fornece um alto grau de
processo batelada, tem-se de 15 a 35% de garantia que um processo específico fará
sinais analógicos e 65 a 85% de sinais de modo consistente um produto
digitais. Há uma predominância de válvulas satisfazendo sua especificação
liga-desliga, válvulas solenóides, chaves predeterminada e os atributos de
limite. Os sistemas de alarme de qualidade. A validação simplesmente faz
intertravamento são fundamentais. boa engenharia e bom senso de negócios
Em geral, o controle contínuo PID é e apresenta benefícios a curto e longo
pouco importante em controle de batelada, prazo. Qualquer sistema ou dispositivo
porque as bateladas se realizam em um pode ser validado usando os seguintes 10
estado de mudança, diferente do ambiente preceitos:
estável mantido pelos pontos de ajuste do 1. Definir todas as funções do sistema
controlador PID. Obviamente, há 2. Definir o sistema total e cada
processos batelada (e.g., fermentação) módulo
que envolvem muitos controles PID. 3. Definir as funções de cada módulo
O processo batelada é automatizado 4. Qualificar cada módulo
com muito mais modularidade e 5. Ligar todos os módulos juntos
flexibilidade que o controle contínuo. Por 6. Testar e desafiar os módulos ligados
isso, o sistema de automação de um 7. Estabelecer reprodutitividade
processo batelada deve prever as 8. Estabelecer e implementar controle
possíveis novas receitas, as modificações de mudança
potenciais das receitas existentes, a 9. Documentar tudo
facilidade de expansão do sistema de 10. Não desrespeitar nenhum destes
controle, com espaço extra para preceitos.
instrumentos no painel existente, tomadas O planejamento das atividades de
adicionais para novos sensores e a validação são similares a um projeto de
facilidade de reconfigurar os sistemas de engenharia. Validação e engenharia
intertravamento. O sistema de segurança devem ser atividades paralelas. As
de um processo contínuo deve minimizar e exigências de validação devem ser
evitar os desligamentos, por causa dos incorporadas no projeto de engenharia.
grandes prejuízos da interrupção da Revisão, aprovação e garantia que todas
produção, enquanto o desligamento de as atividades da validação estão no local e
emergência no processo batelada é muito no tempo apropriados, dentro e além da
menos relevante. execução do projeto. A documentação de
validação do sistema deve incluir, mas não
Validação se limitar a,
Diferente de outras indústrias, a 1. Plano de garantia da qualidade
farmacêutica deve atender as exigências 2. Especificação de necessidades
de normas emitidas pela U. S. Food and 3. Especificação de projeto
Drug Administration, nas partes 210 e 211 4. Controle de mudança
do Code of Federal Regulations. Estas 5. Qualificação da instalação,
normas estabelecem a pratica mínima para operação, desempenho e
boa fabricação para métodos a serem manutenção
usados pela indústria farmacêutica.
Cumprindo as normas tem-se a garantia
que os remédios satisfazem exigências de
segurança, identidade, dosagem,
qualidade e pureza.
A validação é uma metodologia que
ajuda a provar que os remédios possuem
as características necessárias de acordo
Apostila\Automação 33ControleBatelada.doc 16 FEV 99

234
11
Computador como Controlador

1. Computador no Processo receber seu ponto de ajuste de um


computador digital supervisório. Não há
1.1. Introdução essencialmente limite para combinações
de tipos de controladores que podem ser
O computador digital é considerado o usados em qualquer processo dado para
mais complexo, flexível e capaz de todos conseguir o controle mais economicamente
controladores de processo. Ele pode não aceitável.
ser necessariamente a melhor escolha
como controlador para qualquer processo 1.2. Computador digital
dado; pois ele definitivamente possui suas
limitações e desvantagens. A escolha de O computador digital é um
usar ou não um computador digital como equipamento eletrônico que opera baseado
controlador para o processo ou usar em princípios e equações expressas no
controladores analógicos convencionais ou sistema de número binário e na álgebra
qualquer outro tipo de controlador, é uma booleana. Ele opera somente com
questão muito complexa. informação codificada binariamente (dois
O computador digital é aplicado estados, 0 ou 1). Ele possui a capacidade
naturalmente em sistemas mais interna de aceitar a informação codificada
complexos, onde sua tremenda binariamente em seus terminais de entrada
capacidade computacional pode ser de equipamentos externos e fornece dados
plenamente utilizada. Por causa de sua codificados binariamente em seus
complexidade e por ser digital, ele requer terminais de saída para uso por outros
muito mais condicionamento das variáveis equipamentos. Ele tem a capacidade
analógicas que entram nele. O computador interna de executar operações aritméticas
é muito mais caro que o convencional e binárias e lógica booleana na informação.
por isso raramente é usado em sistemas A informação pode ser apresentada aos
pequenos. terminais de entrada do computador ou
O uso do microprocessador também pode ser gerada internamente.
causou uma reavaliação do custo atual do Todo computador digital tem a
controle a computador digital mesmo para capacidade de armazenar internamente e
o controle de uma única malha e para tanto indefinidamente grandes volumes de
foi desenvolvido o controlador single loop. informação. Esta informação armazenada
O computador digital pode ser usado pode ser de dois tipos diferentes. O
também em combinação com outros tipos primeiro tipo são os dados, que o
de controladores, quando são computador usa ou modifica em seus
desenvolvidas interfaces ou drivers para a cálculos. O segundo tipo de informação
comunicação entre eles. Muitos armazenada consiste dos programas, que
controladores eletrônicos analógicos são as instruções codificadas binariamente
antigos foram fabricados com a opção de que o computador interpreta e executa
modo computador, além dos modos para fazer alguma operação útil.
automático e manual. Esta opção permitia O computador não é um equipamento
ao controlador de cada malha do processo isolado. Ele requer, para a operação do

235
Computador como Controlador
sistema, uma grande quantidade de desde o instante do nascimento até a
equipamentos auxiliares, que são morte; nunca há um período de tempo em
chamados de periféricos. Por exemplo, o que ela não existe. A vida é analógica.
computador requer um condicionador dos O calendário é discreto. O dia 27 de
sinais de entrada, que converte sinais maio ocorre somente uma vez por ano. O
analógicos em digitais (A/D), outro dia 27 de maio existe somente por um
condicionador dos sinais de saída que período de 24 horas cada ano e é
converte sinais digitais em analógicos separado do outro 27 de maio por 364
(D/A), multiplexador para melhor dias. Durante o este período de 364 dias, o
tratamento compartilhado de vários sinais, dia 27 de maio não existe ou não tem
teclados e mouses para operador entrar efeito.
com dados, vídeos para operador ler e A aplicação mais comum da informação
monitorar a informação, impressoras para digital é no uso de computadores digitais,
fazer copias em papel, plotadores para que manipulam a lógica binária. A
formar e imprimir gráficos e.scaner para informação digital binária é tão comum que
copiar figuras gráficas. Estes o termo digital tem adquirido a conotação
equipamentos auxiliares periféricos podem de digital binária.
custar mais caro e ocupar mais espaço Os computadores analógicos agem
que o computador em si. diretamente nas quantidades analógicas,
processando todos os dados ou
1.3. Diferenças entre computador informação na forma analógica e
digital e analógico fornecendo as soluções em sua saída
diretamente na forma analógica. Para
Tanto o computador digital como o executar isso, certas porções dos
computador analógico são usados para computadores analógicos devem ser fiados
simular processos dinâmicos e equações a funções de controle especificas e estas
matemáticas. Desde que a teoria do porções do computador não podem ser
sistema de controle automático gera as usadas para qualquer outro objetivo sem
necessidades de controle na forma de modificações na fiação. Assim, quando o
expressões matemáticos, os dois tipos de sistema fica mais complexo, a quantidade
computadores são adaptáveis para simular de equipamento requerido no computador
as equações de processo e portanto agir aumenta na proporção direta da
como controladores do processo. A complexidade. O computador analógico
diferença básica está em como eles não tem capacidade de memória
conseguem a solução para estas verdadeira; sua capacidade é limitada
equações. apenas ao processamento da informação
Analógico é um termo usado para atual.
implicar uma seqüência de eventos O computador digital só age
continua, sem-interrupção ou sem- diretamente na informação digital, faz todo
quebras. O tempo é uma qualidade o seu processamento da informação só no
analógica, em que ele sempre existe; formato digital e fornece a informação em
nunca há uma circunstância em que o sua saída só no formato digital. Isto tem a
tempo para ou seja interrompido. desvantagem de que todas as quantidades
Digital se refere a uma seqüência de analógicas de entrada devem ser
eventos discretos. Cada evento é convertidas em digital antes de serem
completamente separado de outros manipuladas pelo computador e depois de
eventos passados ou futuros. Usualmente manipuladas digitalmente, devem ser
esta separação é um período de tempo. reconvertidas para analógicas, na saída.
Como uma comparação entre analógico e O computador digital possui certos
digital, os eventos digitais (discretos) são equipamentos básicos embutidos e assim
normalmente separados por períodos de os programas fazem os dados serem
tempo; isto significa que o tempo é manipulados por estes equipamentos. Para
continuo, mesmo entre eventos digitais. modificar a solução ou adicionar funções
A maioria dos fenômenos naturais são de controle ao sistema, normalmente não é
de natureza analógica. A vida é continua, necessária nem a adição de mais

236
Computador como Controlador
equipamento (hardware) nem a alteração Em computadores analógicos somente
das ligações de fiação (hardwire) do podem ser resolvidas equações para as
sistema. As modificações normalmente quais foram construídos equipamentos e
podem ser feitas diretamente no programa circuitos. Em computadores digitais,
(software), que resultam nas variações praticamente qualquer equação,
desejadas nas soluções das equações de independente de sua complexidade, pode
controle. Assim, as modificações feitas nos ser resolvida pelo programa, sem a
cálculos do sistema são mais fáceis e necessidade de qualquer projeto especial
econômicas. do equipamento. Assim, o computador
digital pode resolver problemas mais
complexos do que é possível com
computadores analógicos.
Os computadores analógicos, desde
que consistem de amplificadores
operacionais e outros componentes
eletrônicos, cada um deles tem uma
precisão determinada e cada um deles
muda sua característica com a temperatura
e o tempo, introduzindo erros devidos às
alterações destes componentes. Como os
computadores digitais trabalham em
somente dois níveis (0 e 1), não são
Fig. 9.1. Operador atuando sistema alterados pelas variações dos
com computador componentes, como ocorre com os
computadores analógicos. Assim, nenhum
erro devido às alterações dos
componentes afeta a precisão inerente das
soluções do computador digital.
Eventualmente o computador digital pode
falhar, mas até este ponto ser atingido,
nenhum erro é introduzido.
A maior aplicação do computador
analógico, em Instrumentação, foi no
computador de vazão, instrumento que
média as variáveis pressão estática,
temperatura e vazão, indicava os valores
instantâneos destas variáveis, fazia a
compensação da vazão em relação a
Fig. 9.2. Tela de monitor mostrando processo sob
pressão e temperatura, fazia a conversão
controle
de vazão volumétrica em mássica,
apresentava o valor acumulado da vazão,
executava equações de medição como a
AGA Report no 3 e NX-19. Atualmente,
Como vantagem, a informação digital mesmo o computador de vazão é
pode ser armazenada indefinidamente construído com circuitos digitais.
nesta forma sem perda da precisão. Foram
desenvolvidas técnicas que permitem o
armazenamento quase ilimitado da
informação codificada binariamente, tanto
em relação ao tempo ou ao volume. Os
computadores digitais tem a vantagem
única de os programas poderem usar esta
informação armazenada em equações de
um modo não possível com os
computadores analógicos.

237
Computador como Controlador
Finalmente, devido a alta velocidade e
1.4. Como um controlador digital grande potência de computação e a
difere de um controlador analógico possibilidade de grande armazenagem da
informação, os computadores de controle
Provavelmente a diferença básica entre de processo podem ser usados
o computador digital e o controlador simultaneamente para computar
convencional é o compartilhamento do inventários, executar programas de
tempo (time sharing). Um único produção, faturamento e cobrança; o que é
computador digital pode executar o chamado de gerenciamento do
controle global de centenas a milhares de processo. Em resumo, quando um
malhas, que requerem centenas a milhares computador digital é usado em um sistema
de controladores convencionais. Este de controle, há diferenças consideráveis no
compartilhamento de um único computador sistema.
digital por todas as malhas do processo
tornam sua aplicação viável e vantajosa 1.5. Como os computadores
economicamente.
controlam
Quando se usam controladores
analógicos convencionais, é necessário, no Em muitos sistemas de controle de
mínimo, um controlador para cada malha. processo, o computador digital não é
Cada controlador é fiado em sua malha e capaz de executar melhor nenhum
modificações futuras exigem nova fiação. A controle. Ele não é melhor ou pior do que
malha de controle é constituída de sensor, os outros tipos de controladores, ele é
transmissor, controlador, válvula de simplesmente mais econômico para as
controle, transdutor pneumático para aplicações especificas onde ele é usado.
corrente. Quando se usa um computador Em outros sistemas de controle de
digital, os sinais dos sensores são levados processo, os controladores convencionais,
para a entrada do computador e servo por uma razão ou outra, simplesmente não
mecanismos são ligados à saída do podem ser usados para se obter o
computador; esta é toda a fiação desempenho satisfatório do sistema.
necessária. Para modificar as funções de Exemplos incluem alguns tipos de
controle (P, I e D) e de configuração processos que
multivariável (cascata, feedforward, auto- 1. reagem em velocidade muito alta,
seletor, split range) as mudanças 2. onde o peso, consumo de potência
necessárias são feitas no programa de e volume de eletrônica são
configuração do computador e não importantes;
necessariamente em algum equipamento. 3. onde o sistema de controle de
A operação do processo é também feita processo é tão complexo que os
através do computador digital, quando o controladores individuais não são
operador modifica ponto de ajuste e possíveis;
valores de alarme, através do teclado ou 4. processos em que o produto final
mouse do sistema. O computador digital é varia consideravelmente no tempo
tão flexível neste aspecto que as de modo que a necessidade e a
estratégias de controle podem ser freqüência de reajustes dos
mudadas pelo programa do computador, controladores individuais seriam
baseando-se na história passada da saída muito caras;
medida do processo, executando a 5. processo que estão distribuídos em
chamada estratégia de controle adaptativa. grandes distâncias onde os circuitos
Há uma grande variedade de de comunicação digital são mais
equipamentos de displays, entrada e vantajosos
saída, disponíveis para uso com os 6. processos onde as especificações
computadores digitais. O equipamento de de precisão do sistema não podem
display mais comum é o monitor, que pode ser economicamente estabelecidas
ser disponível em grandes tamanhos com controle analógico.
(telões). Para completar o quadro de exemplos,
há também processos que não podem ser

238
Computador como Controlador
controlados por computadores digitais. Os em torno dos quais o computador é
exemplos básicos incluem os processos projetado e construído.
que ocorrem em atmosferas com risco de Por exemplo, um computador pode ser
explosão ou incêndio e nenhum projetado para trabalhar com um número
equipamento eletrônico possui muito grande de números e soluções de
classificação elétrica que permita seu uso fórmulas complicados. Sua arquitetura
e processos que ocorrem em ambiente deveria ser baseada na otimização de suas
onde o ruído elétrico potencialmente torna habilidades computacionais; isto seria um
o computador digital inoperante ou inútil. típico projeto de computador cientifico,
O computador digital conquistou seu apropriado para aplicações acadêmicas e
lugar no campo de controle de processo, de pesquisa e desenvolvimento.
como o fizeram outros tipos de Outro computador pode ser projetado
controladores, no passado. Há muitas para processar grandes volumes de
aplicações onde qualquer outro tipo dos informação de várias fontes,
vários controladores disponíveis pode ser principalmente recompondo esta
usado com sucesso. Nestas aplicações, informação, enquanto executando cálculos
outros fatores além da habilidade de relativamente simples (apenas soma,
executar o controle adequado podem ser subtração, multiplicação e divisão). Sua
considerados para se tomar a decisão arquitetura seria otimizada mais em tornos
final. Em muitas destas aplicações, a de suas capacidades de entrada e saída
flexibilidade do computador digitais em do que sua capacidade aritmética. O
executar outras funções, além do controle computador comercial para reserva de
de processo, é um fator decisivo. passagens aéreas de uma companhia de
aviação, computador do supermercado e o
bancário possuem este tipo de arquitetura.
Muitos computadores são projetados
para uso geral, isto é, eles possuem
adequadas capacidades aritmética e de
entrada-saída para serem usados em
grande variedade de aplicações. A maioria
dos microcomputadores usados em casa,
pequenos escritórios e em escolas é do
tipo de uso geral.
Finalmente, há uma categoria de
computadores de uso especial. Estes
computadores foram projetados
especificamente para aplicações
particulares, diferentes das aplicações
Fig.3. Computador aplicado a controle de processo. cientificas ou de negócios.
Freqüentemente, os computadores de uso
especial são basicamente computadores
1.6. Tipos de computadores digitais de uso geral que estão rodeados por
equipamentos periféricos específicos e são
Há vários tipos básicos de programados para o particular tipo de
computadores digitais. Embora todos trabalho que executam. Recentemente
sejam computadores digitais binários, cada (1997) a IBM desenvolveu um computador
tipo tem características de projeto que específico para jogar xadrez (Deep Blue).
otimizam algum fator para uma aplicação Eram vários microprocessadores em uma
especifica. mesma máquina, capaz de fazer bilhões
O projeto básico da estrutura interna de combinações de possíveis jogadas de
dos computadores digitais é a sua xadrez em um período curto de tempo
arquitetura. Este termo é usado para (ordem de segundos ou poucos minutos).
descrever a filosofia básica de O custo para projetar computadores
manipulação e processamento de dados, verdadeiramente de uso especial é muito
elevado. Aviões e navios possuem

239
Computador como Controlador
computadores específicos para sua
operação. 1.8. Como os computadores digitais
Finalmente, um computador digital para operam
controle de processo pode ser um
computador de uso geral, com periféricos Depois de discutir o que é o
determinados e com programas (software) computador digital, como ele pode ser
e algoritmos (firmware) especialmente usado como controlador, como ele se
desenvolvidos para estas aplicações. compara com outros tipos de controlador,
Nestas aplicações em controle de quais tipos de computador são disponíveis,
processo, o que muda é principalmente o como eles se diferem, deve-se ver como
sistema operacional, que deve ser mais eles operam, de um modo geral e, depois,
confiável e estável que o de um como ele opera especificamente em
computador de uso geral. sistema de controle de processo.
O computador digital é basicamente um
1.7. Computador digital em processo conjunto muito complicado de circuitos
eletrônicos, que executam operações
contínuo
muito simples que podem ser
Para aplicações de controle de representadas matematicamente no
processo, o computador requerido pode sistema de número binário ou pelas
ser de uso geral. As aplicações de controle equações booleanas. O computador
de processo normalmente requerem um executa operações lógicas e binárias muito
processamento aritmético moderado e não simples, envolvendo dados codificados
exigem uma capacidade computacional do binariamente, de modo extremamente
tipo cientifico. As necessidades de entrada- rápido, confiável, previsível e seqüencial.
saída são extensas, porém, elas são Ele faz exatamente o que é programado
totalmente diferentes das aplicações para ele fazer e nada mais. Ele não pode
bancárias ou de negócios. Assim, o fazer nada além do trabalho para o qual
computador para controle de processo não ele foi programado fazer; ele não pode
é do tipo cientifico nem de negócios. pensar ou decidir por si.
Normalmente estes dois tipos de Para executar suas tarefas
computadores possuem capacidades programadas, o computador digital deve:
básicas especificas embutidas exageradas 1. interpretar várias combinações de 1
para as necessidades do controle de e 0, como comandos ou ordens,
processo, tornando-os muito grandes e para executar operações que foram
muito caros. fiadas fisicamente
Na grande maioria das aplicações de 2. executar somente uma operação a
controle de processo, computadores um tempo
digitais de uso geral muito menores são 3. seguir rigidamente uma série
usados com sucesso e suas interfaces seqüencial de comandos em ordem,
foram modificadas para realizar as a não ser que seja comandado
capacidades necessárias. Em algumas alterar esta seqüência
aplicações, a unidade de processamento 4. executar testes simples e tomar
central do computador foi modificada para decisões relativamente simples
tornar o computador mais compatível com baseadas nos resultados destes
as necessidades do processo. Este grau testes
de modificação coloca alguns desses 5. executar operações em
processadores na classe de uso especial, microssegundos que o homem
onde um computador de uso geral foi levaria minutos ou horas para
modificado para certas aplicações. Na executar
grande maioria dos sistemas de controle 6. ter bancos de memória muito
de processo, porém, o computador básico grandes, onde se armazena e se
não foi modificado. recupera a informação, quando
necessário
7. estabelecer comunicações
bidirecionais (envia e recebe) com

240
Computador como Controlador
os equipamentos do mundo almoxarifado cheio de caixas tipo caixa
externo. postal do correio (escaninhos), cada uma é
Todos os computadores digitais podem numerada seqüencialmente. A informação
ser divididos basicamente em quatro digital pode ser armazenada lá (uma
unidades funcionais: palavra em cada caixa) para uso e
1. unidade de entrada e saída, recuperação posterior, enquanto sua
2. unidade aritmética, localização for lembrada. As palavras
3. unidade de controle e sincronismo armazenadas nestes caixas possuem um
(timing) número especifico de bits binários em
4. unidade de memória. comprimento. O número de bits
As unidades de entrada-saída, manipulados pelo computador e
aritmética e de controle podem ser normalmente pela sua unidade de memória
referidas juntas como a unidade de simultaneamente em uma operação
processamento central (CPU). simples é tecnicamente referido como o
A unidade de entrada-saída (E/S) ou, comprimento da palavra do computador. A
em inglês, input-output (I/O, lê-se aiô) grande maioria dos computadores usa
contém a lógica digital necessária para correntemente palavra de 32 bits,
interfacear o computador aos computadores muito pequenos usavam 16
equipamentos externos, tais como os bits e os grandes usam 64 bits.
conversores analógico-digital e digital-
analógico. Ela inclui a lógica necessária
para gerar e verificar a sincronização entre
a CPU e os equipamentos externos, de
modo que os dados possam ser
confiavelmente transferidos entre eles. A
unidade E/S é a principal avenida de
comunicações entre a CPU e o mundo
exterior.
A unidade é também chamada de
módulo. O tipo do módulo de entrada
Fig. 9.3. Computador com interfaces E/S
depende das entradas, se analógicas ou
binárias. Quando analógicas, as entradas
podem ser de 4 a 20 mA (sinal padrão
Há vários tipos de memória, cada uma
analógico), militensão de termopares (tipos
basicamente muito diferente na estrutura
J, K, R, S, T, B), valores de resistência
física e na aplicação, que são normalmente
elétrica dependentes de temperatura ou de
usadas com um computador de controle de
pressão. Estes detalhes são importantes
processo. A memória do tipo núcleo
pois geralmente é necessária também a
magnético tem sido a reserva para as
linearização do sinal, feita por software.
memórias primárias do computador por
Quando a entrada é binária, pode ser
causa de sua flexibilidade e pelo fato que
contato de chave (aberta ou fechada).
ela não perde sua informação quando
A unidade aritmética inclui todo o
desenergizada. Ela requer uma
equipamento usado para modificar os
considerável quantidade de potência
dados no processo de resolver equações
elétrica para operar e é o tipo mais caro de
ou executar outras operações matemáticas
memória (baseado no custo/bit
ou lógicas nestes dados. Ela inclui a lógica
armazenado). Há vários projetos básicos
que irá indicar a execução completa e bem
de memórias a semicondutor, que se
sucedida de cada operação matemática.
tornaram práticas para uso em
Esta lógica pode ser testada pela unidade
computadores de controle de processo.
de controle e de timing, de modo a tomar
Estas memórias requerem muito menor
decisões quanto ao procedimento a ser
energia elétrica para operar, são
seguido em relação ao resultado aritmético
fisicamente muito menores e são muito
conseguido de modo correto ou não.
mais baratas (custo/bit) mas perdem todas
A unidade de memória pode ser
visualizada simplesmente como um grande

241
Computador como Controlador
a capacidade de armazenamento quando computador digital e cada canal de
desenergizada. comunicação é chamado de barramento
Alguns tipos de memórias a (bus). A unidade de controle e timing é
semicondutor podem ser também ligada bidirecionalmente com as
permanentemente (ou pelo menos, outras três unidades. De fato, ela controla
relativamente permanentemente) a operação das outras três unidades
programadas, de modo que nem a falha de funcionais e deve ser entendido que ela
alimentação ou a do computador pode está sempre lá, mesmo que não esteja
alterar o programa. Vários tipos dessas mostrada no diagrama.
memórias ROM (read only memory - A seqüência de operações executada
memória apenas de leitura) encontram pela lógica interna é a seguinte:
aplicação em certos tipos de sistemas de 1. tudo começa com uma instrução do
controle de processo. Há outros tipos de computador, que é uma ou mais
memória a semicondutor tais como PROM palavras binárias, codificada por um
(programável), EPROM (programável e programador para um computador
apagável) e EEPROM (programável e especifico. A codificação real varia
eletricamente apagável). entre os computadores mas a
A unidade lógica de controle e timing instrução codificada é sempre
é a quarta parte funcional de qualquer interpretada por uma parte da
computador digital. É de sua unidade de controle, chamada de
responsabilidade sincronizar e controlar registro de instrução.
cada operação interna do computador. [Um registro é um grupo de flip-flops
Esta lógica está diretamente ligada a cada binários independentes. Cada FF
unidade interna do computador e controla tem a capacidade de memorizar um
a operação da CPU diretamente. Ela bit de informação que deve ser
recebe suas instruções básicas do apresentado a ele simultaneamente
programador. As instruções individuais em com um comando, (chamado de
um programa de computador são escritas comando gatilho) para lembrar
para serem interpretadas por esta unidade este bit. Sem a ocorrência deste
lógica de controle, de modo que alguma gatilho, o FF ignora o bit em sua
operação útil possa ser feita pelo entrada ou qualquer mudança neste
computador. bit, lembrando somente o único bit
que foi apresentado a ele, em
conjunto com seu comando gatilho.
Há normalmente tantos FF
Unidade montados em um registro como o
Aritmética Unidade
Timing e número de bits na palavra do
Controle
computador. Assim para um
Unidade computador de 32 bits, um registro
Memória consiste de 32 FF independentes,
todos com um gatilho e cujas saídas
Dispositivos
externos Unidade entrada/saída
devem ser interpretadas
simultaneamente como uma palavra
completa.]
2. o programador normalmente codifica
Fig. 9.4. Quatro unidades funcionais de um uma série de instruções, cada uma
computador digital delas fazendo o computador
executar alguma função útil
elementar, coletivamente chamada
As quatro unidades funcionais são de programa. A função pode ser
interligadas entre si, como mostrado na manipulação, transferência de dados
Fig. 9.4. A informação pode ser transferida ou teste para a existência de alguma
bidirecionalmente entre a unidade condição interna ou externa do
aritmética e a memória e os equipamentos computador. Uma vez o
externos. Este arranjo é típico de qualquer programador tenha determinado a

242
Computador como Controlador
seqüência de instruções necessária lógica com uma segunda palavra
para executar a função desejada e binária, como and, or, exclusive or,
tenha codificado adequadamente 6. fazer uma palavra binária ser
estas instruções, o programa é transferida de um registro interno da
escrito na memória principal do CPU para a memória do computador
computador para uso futuro. de qualquer modo possível, ou
3. o operador do computador carrega transferir da memória para algum
um registro da unidade de controle e registro da CPU (ler ou escrever).
sincronismo, chamado de registro de 7. fazer um teste em um bit, em um
endereço do programa com o sinal algébrico do resultado de uma
endereço (localização especifica da operação aritmética, na finalização
memória ou número da caixa bem sucedida ou não, de uma
postal), de onde a primeira instrução operação matemática (overflow), na
do programa foi armazenada. Ele comparação de uma palavra binária
carrega (entra, escreve, load) o com zero (maior que, menor que
programa na memória do ou igual a) ou outra palavra binária
computador. ou em qualquer número de várias
4. o computador se prepara então para condições testáveis que podem
executar a primeira instrução do existir dentro ou fora da CPU do
programa. Até este ponto, o computador.
programador não tem controle da 8. fazer a execução da seqüência de
operação do computador, porém, programa ser condicionalmente
agora, após o computador ter alterada, baseada no resultado de
completado o ciclo fetch de outros testes.
instruções, a unidade de controle
olha e decodifica a palavra binária
no registro de instrução e executa a
operação necessária. A instrução
pode causar qualquer tipo entre
várias possíveis operações.
Algumas das instruções mais
comuns são:
fazer uma palavra binária ser
entrada ao computador ou à
memória do computador de algum
equipamento externo,
fazer uma palavra binária ser
saída do computador ou da
memória do computador para
algum equipamento externo,
fazer uma palavra binária ser
transferida de um registro para
outro, ambos internos ao
computador,
fazer qualquer uma das seguintes
operações ser executada em uma
palavra binária: soma, negação,
subtração, multiplicação,
divisão,
5. fazer uma operação lógica binária
ser executada em uma palavra
binária, tal como: desvio à
esquerda, desvio à direita,
rotação, ou uma comparação

243
Programador carrega todas as instruções na memória
1
E carrega endereço da primeira instrução no
registro de endereço de instrução

Registro de endereço
8

da memória
Registro Memória
endereço
4a
instrução
Uma vez o botão PARTIDA ou RUN é
apertado, o T&C da CPU envia o endereço da
primeira instrução para o registro de endereço T&C da memória usa conteúdo do registro
da memória endereço memória como endereço e copia o
3 conteúdo deste local no registro de dados da
memória

Depois comanda unidade T&C da memória 4 5


para LER a primeira instrução

Registro do caminho da memória

Depois faz o registro de endereço da instrução ser T&C do computador transfere a instrução do
incrementado na preparação para a próxima instrução registro de dados da memória para o registro de
fetch instrução
4a
6

Registro da instrução

A instrução no registro de instrução é decodificada e


8 faz o computador executar esta instrução após a T&C
do computador ter completado seu ciclo básico de
instrução e começa um novo ciclo para obter e
executar a próxima instrução

T&C – timing (sincronismo) e controle

Fig. 9.6. Diagrama de blocos da operação típica da instrução fetch e decodificação

244
Computador como Controlador
2. escolher o computador digital em
torno destas necessidades.
No projeto moderno de sistema de
Copiadora Impressora controle este é o enfoque mais prático por
causa da grande variedade de
Modem computadores digitais presentemente
Teclado
disponíveis no mercado. A competição
entre os fabricantes levou-os a projetar
computadores em torno de sistemas
CPU Disco rígido
Monitor típicos de controle. Os resultados finais
refletem a diferença nas opiniões técnicas
de como o computador ideal de controle de
Fita backup processo deveria ser projeto como deveria
CAD ser sua arquitetura.
De modo a determinar qual a
CDA arquitetura de um computador para
controle de processo deveria ter, deve-se
investigar as fontes e os tipos de
Fig. 9.5. Diagrama de blocos de um sistema de informação necessários para o computador
computador com periféricos típicos de modo a controlar o processo, depois se
determina o processamento requerido para
esta informação e finalmente se estabelece
a informação exigida pelo processo.
2. Computador Digital como Assim, aplicando o enfoque onde as
Controlador de Processo necessidades do processo são definidas
primeiro, será possível realmente chegar
2.1. Introdução às especificações funcionais para o
computador digital de controle do
Como deduzido das informações processo.
precedentes, não é fácil, nem é barato,
aplicar computadores digitais para
aplicações de controle de processo.
Porém, foi provado ser possível e
inquestionavelmente econômico fazer isso
em muitas aplicações, a despeito da
complexidade e do custo. Este assunto
será visto a seguir.
Há dois enfoques basicamente opostos
para estudar as aplicações de
computadores digitais em sistemas de
controle de processo. O primeiro enfoque é
estudar um típico computador digital e
então tentar "trazer" o sistema de controle
de processo para trabalhar com o
Fig. 9.7. Armário com módulos de entrada-saída
computador. Isto foi necessariamente o
enfoque tomado para os primeiros projetos
de sistemas digitais de controle por causa
da disponibilidade limitada dos
computadores digitais. Embora seja um
enfoque prático de projetar sistemas de
controle, não é o melhor método.
O outro enfoque básico é
1. definir as necessidades do processo
e então

245
Computador como Controlador
manipulados como qualquer outro sinal de
2.2. Informação requerida pelo voltagem cc; a não ser que a informação
computador esteja contida na frequência de um sinal
A informação real requerida por ca. Neste caso o sinal ca pode ser
qualquer controlador de processo, se convertido em um sinal de onda quadrada
digital ou analógica, depende do processo e manipulado diretamente nesta forma ou
em si. Porém, é possível categorizar a pode ser convertido em uma voltagem cc e
maioria destas informações eletrônicas manipulado como qualquer outro sinal de
pelo tipo do sinal elétrico que o controlador voltagem cc.
deve manipular.
A variável básica de processo sendo
usada como fonte de informação de
entrada poderia ser a umidade, pH,
pressão, força, velocidade, movimento,
vazão ou posição. Será admitido que estas
variáveis estão sendo monitorizadas por
sensores tendo uma saída elétrica. São as
saídas elétricas destes sensores que irão
ser categorizadas por seus valores
elétricos, i.e., resistência variável,
milivoltagem, capacitância.
Geralmente estas saídas elétricas
Fig. 9.8. Estação de operação com teclados e
caem em duas categorias: analógicas ou
monitores do sistema de controle com computador.
digitais. Os sinais analógicos podem ser
subdivididos em vários tipos: resistência,
milivoltagem, voltagem corrente.
2.2. Entradas digitais
2.1. Entradas analógicas Os sinais digitais, como os analógicos,
As saídas de sensores tipo resistência também são de vários tipos.
variável são geralmente alimentadas em O primeiro tipo inclui os sinais digitais
alguma forma de um circuito ponte de que contem a informação na frequência do
Wheatstone e depois para um conversor trem de pulsos, similar a um sinal ca
A/D. Muitos medidores de temperatura, senoidal. Aqui o trem de pulsos
força e pressão são comumente (informação serial) é normalmente
convertidas em sinais elétricos do tipo convertido para uma palavra binária
resistência variável. paralela, simplesmente fazendo a
As saídas de sensores tipo voltagem amostragem da frequência em intervalos
são alimentadas ou em alguma forma de de tempo específicos e contendo (contador
um circuito ponte de Wheatstone binário) o número de pulsos durante este
(milivoltagem) ou através de filtro, caçador intervalo de tempo. As vezes, os pulsos
de impedância ou divisor (voltagem podem ser passados diretamente para o
maiores) e depois para um conversor A/D. processador. Codificadores digitais de
Tipicamente, algumas medições de ângulo de eixo e codificadores digitais
temperatura, posição, força e pressão são lineares são exemplos deste tipo de
monitorizadas por sensores tendo saídas entrada de computador.
do tipo voltagem cc. O segundo tipo de sinais digitais são
As saídas de sensores tipo corrente aqueles que contem a informação em seu
são normalmente em um resistor de estado de corrente 1 ou 0 e o processador
pequeno valor (amostragem) que converte simplesmente precisa saber em qual dos
a corrente em um pequeno sinal de dois estados está o sinal. Contatos de
voltagem, que por sua vez é manipulado reles, chaves limitadoras de curso,
como qualquer outra pequena voltagem. equipamentos de segurança, sensores
Sinais de voltagem ca são primeiro ópticos e posições de chaves são
convertidos em níveis de voltagem cc e normalmente monitorizadas deste modo.

246
Computador como Controlador
As voltagens disponíveis destes sensores 2.4. Saídas analógicas
de chaveamento variam muito e
freqüentemente devem ser filtradas e ter Se o processador é um equipamento
digital, então todas as entradas analógicas
seu nível ajustados antes de ser usadas
devem ser convertidas para a forma digital
pelo processador. Normalmente, o
antes de entrar no processor. O
processador também precisa saber, além o
processador digital deve também ter a
estado da chave, também do fato que a
chave justamente mudou de posição. O capacidade de tratar com informação
reconhecimento imediato da mudança de digital serial, informação de frequência de
pulsos e com as transferências de
estado é geralmente mais importante que o
informação de outros equipamentos
conhecimento do estado em si e é
digitais, incluindo os circuitos de
chamado de capacidade de interrupção.
Freqüentemente, um equipamento sincronismo e controle destas
como o teletipo padrão usado com transferências. Normalmente, a
capacidade de interrupção do computador
pequenos computadores tem uma saída
é também necessária. Em todos estes
digital serial. Neste caso é necessário um
exemplos, a conversão do tipo de saída do
conversor serial-para-paralelo na interface
sensor para voltagens digitais é realizado
de entrada. Este conversor consiste de um
registro binário de deslocamento (shift) e na interface de entrada do computador.
sua lógica de controle. Essencialmente, Assim, o computador em si necessita
apenas de ter a capacidade de manipular a
quando cada bit é recebido, ele é
informação digital, no formato série ou
deslocado em um registro, bit por bit, até
paralelo.
que todos os bits da palavra tenham sido
recebidos. A saída do registro assim lê a Os comandos da saída analógica (do
mesma informação, só que em paralelo. controlador) serão usados normalmente
para acionar algum equipamento
O tipo final de sinal digital que o
eletromecânico, tal como uma servo-
processador digital necessita para
válvula ou damper. Estas saídas podem
trabalhar é similar ao seguindo, em que a
informação está contida no valor necessitar de amplificação de potência e
instantânea da voltagem (estado digital). deslocamento do nível, além da conversão
D/A. Outras saídas analógicas serão
Ele é incluído em uma categoria separada
usadas para entrar diretamente em
devido aos circuitos de sincronismo e
sistemas analógicos de controle ou
controle necessários para manipular esta
computadores que são supervisionados
informação. Este tipo de sinal digital bem
da memória de massa (externa), como fita por controladores primários de processo.
magnética, disco ou tambor. Também este
tipo de sinal será encontrado quando o 2.5. Saídas Digitais
processador digital trabalha com entradas Geralmente, a informação requerida
tipo teclado. O circuito adicional de pelo processo será usada para controlar
sincronismo e controle, necessário para diretamente alguma variável do processo,
monitorizar as transferência de dados entre ser armazenada por um periférico digital ou
o computador e estes equipamentos é para indicar para o operador o status
muito complexo e normalmente está corrente de variáveis criticas do processo.
incluído na interface do computador. Em todos os casos, porém, o
computador em si é requerido somente
2.3. Informação requerida pelo para gerar uma saída em voltagem digital,
processo em formato serial ou paralelo. Todas as
outras conversões necessárias serão
Agora, a informação que o processo
executadas pelo circuito de interface de
deve receber do controlador, de modo que
saída do computador.
possa ser controlado, define as
As saídas digitais do controlador
necessidades da saída do computador.
podem consistir de trem de pulsos serial
Como as entradas, as saídas podem ser
(modulado em frequência), palavras
analógicas ou digitais.
digitais paralelas ou bits individuais de
informação. Os trens de pulsos modulados

247
Computador como Controlador
em frequência podem ser usados para funções. Assim, ele tem a capacidade de
acionar motores de passo digitais ou para fazer somente uma operação ou função
fornecer a entrada para equipamentos de em um momento. Porém, eles executam
dados seriais, como impressoras de estas númerosas operações individuais em
teletipo. Os bits individuais binários de uma velocidade tão alta que parece que
informação podem ser usados para elas foram feitas simultaneamente, como
controlar o estado de reles, não o foram.
intertravamentos, alarmes ou indicadores Com estas realidades em mente, se
de status. poderia pensar que seriam necessárias
A saída digital paralela pode ser muitas avenidas de entrada para o
requerida como saída do computador para computador e que estes muitos caminhos
equipamentos de memória auxiliar, iriam requerer uma lógica digital extensa e
periféricos digitais, como impressoras e cara. Porém, como o computador pode
monitores. Nestes casos, também são trabalhar apenas com um equipamento de
necessários os circuitos de sincronismo e entrada por vez, é praticamente possível e
controle. conveniente multiplexar todos os
equipamentos de entrada para a mesma
2.6. Circuitos de interface estrutura de bus de entrada do
computador. Esta estrutura bus age
Foi mostrado claramente que nenhum
simultaneamente como um multiplexador
computador pode trabalhar diretamente
para todos os equipamentos de entrada do
com o processo analógico, principalmente
computador e como uma avenida única e
se o computador for digital. É necessário
comum da informação a ser transferida
uma grande quantidade de circuitos
diretamente no computador digital em si.
condicionadores de sinal para prover a
Desde que há necessidade de somente
capacidade de plug-in para o controlador.
um único bus de entrada para o
Coletivamente, os equipamentos e os
computador, a interface de entrada deve
circuitos eletrônicos que fazem o
fornecer todo o condicionamento de sinal
condicionamento adequado dos sinais são
necessário para cada equipamento de
chamados de interface. A interface pode
entrada, de modo a se poder bloquear este
ser dividida em interface de entrada e
equipamento no computador.
interface de saída do computador. Cada
O sistema de conversão A/D tem a
uma dessas interfaces é ainda subdividida
capacidade de multiplexar todos os sinais
em interface analógica e digital.
analógicos para uma linha comum de
dados para cada conversor A/D. Este bus
2.7. Bus de entrada do computador comum de dados digitais do conversor A/D
Há uma "avenida" para o computador deve ter níveis lógicos que sejam
acessar todas as milhares de entradas compatíveis com a estrutura do bus de
individuais. Muitas destas entradas podem entrada do computador. Certamente, as
ser multiplexadas juntas através do especificações reais da estrutura do bus
sistema de conversão A/D, mas, mesmo serão determinadas economicamente de
assim ainda resta um grande número de modo a otimizar a distribuição dos circuitos
entradas para serem manipuladas pelo entre a interface e o computador. A
computador. interface da informação de entrada digital
Os pequenos computadores digitais paralela tem circuito na interface para
(mini e micro computadores) possuem manter temporariamente a informação, de
algumas limitações práticas. Devido ao uso modo que ela permaneça constante quanto
de circuitos integrados, os micro esteja realmente presente no bus de
computadores possuem uma grande entrada do computador. Tipicamente os
capacidade de computação matemática, circuitos de interface são simplesmente
pequeno tamanho físico e relativamente registros buffer flip-flop, que realizam esta
baixo custo. função. O registro flip-flop tem a habilidade
Os micro computadores são de ignorar a informação presente em usa
construídos com somente um conjunto de entrada até que um comando de memória
lógica para executar cada uma de suas seja recebido. Ele então armazena a

248
Computador como Controlador
informação presente em sua entrada interromper o computador, em algum ponto
quando do comando de memória é dado e conveniente, durante o processamento de
retém esta informação até que seja rotina, de modo que o computador tenha
recebido outro comando de memória. os novos status, o mais rápido possível,
O interfaceamento entre os sinais de normalmente dentro de poucos micro-
entrada digitais individuais, cada um segundos. O circuito de interface do
contendo um bit valioso de informação, tais computador deve ter provisão de cuidar de
como os reles é um pouco mais complico. cada uma destas entradas individualmente.
Como previamente notado, cada entrada Estes circuitos eletrônicos são referidos
pode requerer deslocamento do nível, como a estrutura de interrupção de
casamento de impedância e/ou filtro. O prioridade. Os circuitos, além de realizar a
problema agora é que, para o computador função de interromper o computador
adquiri informação de apenas estes durante o processamento normal, também
equipamento, se requer um ciclo completo fornecem uma estrutura de prioridade entre
das entradas do computador. Os ciclos do cada uma destas entradas, de modo a
computador serão discutidos mais tarde, decidir o que é mais importante quando
porém, todos os computadores para vários sinais tentam interromper o
controle de processo são equipamentos computador simultaneamente. Um
paralelos, em que eles ordinariamente não exemplo de uma interrupção de alta
executam operações em um bit digital prioridade seria a saída de um circuito
simples em um momento, mas eles tomam eletrônico especial que monitoriza as
muitos simultaneamente, dependendo do tensões de alimentação do computador.
tamanho da palavra do computador. Sempre que a alimentação falha, o
O tamanho da palavra é o termo que computador, dependendo de sua
descreve o número de bits que o velocidade, tem a capacidade de se
computador manipula em uma única desligar com segurança, de modo que o
operação. O tamanho da palavra não foi processamento normal possa continuar
considerado quando discutindo as automaticamente, quando a alimentação
entradas analógicas, desde que as for restaurada.
entradas analógicas são normalmente Isto brevemente define as
convertidas com apenas 10 ou 12 bits de necessidades para a saída dos circuitos de
precisão, o que é aceitável dentro da interface de entrada do computador e
capacidade da maioria dos computadores simultaneamente as necessidades para os
de controle de processo. circuitos de entrada do computador, desde
O computador tem a capacidade de que eles devem ser bloqueados e
receber informação acerca de um grupo de compatíveis. Em resumo, o computador
16 sinais de entrada de reles, deve ter uma estrutura de bus de entrada
simultaneamente. Assim, a interface digital paralela de 16 bits, para a qual
normalmente multiplexar 16 entradas para todos os sinais de entradas possam ser
serem manipuladas pelo computador como multiplexados. Além disso, deve haver
um grupo; ainda o registro buffer flip-flop é provisão para que certas entradas digitais
usado para sincronizar todos os 16 sinais selecionadas tenham a capacidade de
independentes, enquanto o computador interromper o computador, através de
estiver realmente recebendo na entrada algum esquema de prioridade.
estas informações.
Finalmente, há um grupo de entradas 2.8. Bus de saída do computador
digitais que são considerados tão
Há muitas similaridades entre as
importantes que, quando os seus valores
interfaces de saída e de entrada do
variam, o computador deve parar
computador.
imediatamente o processamento de rotina
O conversor D/A requer informação de
e verificar os seus novos valores, ou são
entrada digital paralela mais memória.
tão sem-importância que não é importante
Uma estrutura de bus de saída paralela
o tempo requerido para o computador
digital com um registro de saída buffer
continuamente verificar os seus valores.
satisfaria todas as necessidades do
Estes sinais devem ter a capacidade de

249
Computador como Controlador
conversor D/A. Pode haver muitos buffer. Este registro seria então ligado a
conversores D/A em um sistema; assim, um contador binário. O contador, junto com
estes registros buffer devem ser capazes uma fonte de frequência, seria usado para
de serem multiplexadas em suas entradas. gerar um número predeterminado de
A definição do registro flip-flop oferecida pulsos em uma frequência constante. Este
anteriormente descreve como eles tem tipo de saída seria usado tipicamente para
esta capacidade, ignorando suas entradas acionar motores de passo digitais. Outra
exceto quando estiver sendo executado possibilidade é ter o registro buffer ligado a
um comando de memória. Em todos os um registro shift. A informação no registro
outros tempos, o registro mantém sua shift é então deslocada, para a direita ou
saída exatamente igual a entrada, no esquerda, para fora do registro até que
instante que o comando de memória foi cada um dos 16 bits tenha sido deslocado,
dado, independente das variações em em uma ordem adequada. Isto é um
seus terminais de entrada. conversor paralelo-para-serial.
Este tipo de interface de saída do Os sinais de saída modulados na
computador também será capaz de servir frequência de pulsos podem ser também
qualquer função de saída digital paralela, saída de conversor D/A, a saída cc de que
desde que o registro flip-flop realmente não é usada como entrada para um conversor
se importa com o que está ligado à sua voltagem-para-frequência.
saída. Isto deixa as saídas tipo trem de Em resumo, as necessidades reais da
pulso e as saídas binárias individuais (1 saída do computador digital são muito
bit) para serem consideradas. parecidas com as de entrada do
As saídas de informação binária de 1- computador. Ambas requerem a
bit podem ser tratadas de um modo similar capacidade para a transferência paralela
às entradas do computador de 1-bit. Um de 16 bits de informação digital. Ambas
registro de 16-bit pode ser usado para requerem a capacidade de multiplexar
manipular 16 saídas individuais todos equipamentos para os buses, tudo
simultaneamente. Cada saída do flip-flop disso podendo ser feito usando registros
seria ligada diretamente a um único flip-flop.
equipamento. Freqüentemente, este tipo
de saída usado para ativar reles, deste
modo, amplificadores de acionamento de
reles também seriam necessários na
interface de saída do computador. Um
problema aparece quando uma saída do
grupo de 16 reles deve ter seu status
mudado. O computador deve comandar
todos os 16 simultaneamente; porém, se
seu novo comando para qualquer relê
particular é exatamente o mesmo que o
comando anterior, então o relé não será
afetado. Assim, mesmo que somente uma
saída das 16 esteja sendo comando para
alterar seus contatos, todos os 16 serão
comandados simultaneamente, somente
aqueles comandos para mudar o status
serão afetados.
O tipo final de saída de computador a
ser considerado é o da saída tipo trem de
pulso modulado em frequência. O
computador pode manipular este de saída
como se fosse a saída de bit individual,
simplesmente mudando uma saída bit na
frequência adequada, ou ele poderia jogar
a palavra binária de saída para um registro

250
Computador como Controlador
receptores de linha aos terminais destes
2.9. Entrada/Saída do computador fios do computador.
Tendo resolvido que o computador irá
Desde que as necessidades do bus de
"ver" somente registros digitais flip-flop
transferência de dados de entrada e de
conectados ao bus de entrada de dados
saída são aproximadamente idênticas e
com 16-fios (bit) e sairá somente sobre
desde que o computador pode fazer
uma estrutura de bu de 16 fios para as
somente uma operação de vez,
entradas dos registros buffer digitais flip-
normalmente o mesmo bus de 16-bit é
flop, o problema agora é identificar
usado tanto como entrada para como
especificamente quais registros flip-flop e
saída do computador. O arranjo comum ou
qual bus, a cada momento.
compartilhado do bus de entrada/saída
(E/S) do computador foi comum para
2.10. Endereçamento E/S
muitos anos. Recentemente, porém, vários
novos computadores possuem arquitetura Cada um dos registros flip-flop de
baseada estruturas de bus separadas de entrada tem atribuido um unico número de
entrada e de saída. Elas são projetadas codigo binario e é fornecido com uma
especialmente, de modo que ambos os lógica digital que decodifirá apenas este
buses são simultaneamente usados, exato número de codigo. As entradas para
aumentando a capacidade de frequência esta lógica de decodificação são ligadas a
dos dados de E/S. um bus, funcionalemtne separado dos bus
Muitos fatores devem ser levados em de dados, de normalmente 6 a 8 fios,
consideração, quando decidindo se um chamado de estrutura de bus de endereco
estrutura de bus simples é preferida a uma de entrada. Sempre que a lógica
dual. O critério de decisão é quase sempre decodificadora associada com qualquer
de economia. Economia não se refere registro de entrada particular econhecer
apenas aos custos de equipamento seu código único, ela ativa um especifico
(hardware) mas também economia em registro buffer do equipamento de entrada
custos de programação, tempo do do computador. Este código único é
computador e uso de memória. As apropriadamente chamado de endereço do
indicações atuais mostram que a equipamento. Sempre que o computador
arquitetura de bus dual tem provado ser a requer informação de qualquer
mais económica e eficiente, quando usada equipamento, ele coloca este código do
em aplicações de controle de processo. equipamento em seu bus de endereço de
Isto complica a discussão do projeto entrada e a lógica de decodificação de
interno do computador e seu endereço permite que apenas o
funcionamento. A arquitetura dual se torna equipamento endereçado forneça a
popular mas a maioria dos sistemas informação ao computador.
existentes de controle e dos micro Há uma duplicação exata desta
computadores digitais existentes usam a estrutura de bus de endereço e da lógica
arquitetura de E/S compartilhada. A de decodificação de endereço que é usada
discussão é simplificada se for para seletivamente permitir que cada
apresentada, assumindo uma estrutura de equipamento de saída particular (registro
bus E/S dual, desde que a necessidade buffer) possa receber a informação do
para a multiplexagem no tempo do mesmo computador: é o bus de endereço de saída
bus para entrada e saída é eliminada. e a lógica de decodificação de endereço de
Assim, será assumido o uso de bus de saída. Este bus adicional e sua lógica
entrada e de saída separados. De modo a decodificadora fornecem os meios para o
fazer o material aplicável a um bus computador selecionar qualquer
compartilhado, simplesmente admitir que equipamento particular para transferir
os mesmos 16 fios (bus E/S) são informação para seu registro buffer e/ou
alternativamente usados para entrada e para alertar o equipamento para receber a
para saída, a lógica dentro do computador informação.
ora ligando acionadores de linha ou Duas estruturas de bus adicionais
devem ser mencionadas para o

251
Computador como Controlador
endereçamento dos equipamentos. Desde 16, introduz a necessidade de ser capaz
que o computador pode fazer somente de "comparar logicamente" os valores das
uma coisa a um tempo, freqüentemente palavras digitais. Isto inclui a necessidade
estas estruturas de bus de endereço são de executar as funções lógicas AND e OR,
multiplexadas no tempo para os fios do bus ambas em palavras de 16-bit e nos bits
de E/S de dados, com o controle e o individuais desta palavra, desde que cada
sincronismo necessários, de modo que os um dos 16 bits representa um relé
equipamentos saibam como e quando ligar diferente. Isto também implica na
aos mesmos 16 fios (bus E/S). Neste capacidade de testar os resultados de
trabalho, duas estruturas de bus de manipulações lógicas. A necessidade de
endereço E/S separadas serão assumidas, ser capaz de trabalhar independentemente
em adição às duas estruturas de bus de com cada bit na palavra do computador
dados independentes. pode requerer a capacidade de deslocar a
palavra para a direita ou esquerda com um
2.11. Processamento de dados elemento lógico testável, lembrando o valor
de cada bit, um por vez. Além disso, o
Neste ponto, o computador deve ter a
computador deve ser capaz de fórmular e
capacidade de endereçar cada um dos
dissecar palavras de 16-bit, bit por bit, na
possíveis equipamentos ligados a ele na
informação do status do contato do relé de
entrada ou na saída e transferir a
entrada e de saída.
informação do ou para este equipamento.
Todas estas manipulações de dados
Freqüentemente, quando chega ao
internas mencionadas requerem que os
computador o valor escalonado de uma
valores prévios e/ou limitantes sejam
variável de processo, ele verifica este valor
facilmente disponíveis na memória do
contra os valores máximo e mínimo que
computador. Estes valores devem ser
esta variável não pode exceder. Estes
armazenados em locais lógicos e
valores limites foram armazenados
facilmente endereçáveis. Normalmente,
previamente na memória do computador
eles são armazenados em "tabelas"
para serem tomados facilmente como
internas. Constantes numéricas, curvas
referência. Isto pode ser conseguido por
trigonométricas e outras não lineares,
uma série de comparações, que
códigos binários, tabelas de conversão
matematicamente é igual a complementar,
podem também ser armazenados no
incrementar e adicionar os dois valores,
computador em formato de tabela. Isto
enquanto testando para resultado positivo
introduz a necessidade que a lógica interna
ou negativo. Quando este valor da variável
de endereçamento de memória do
for "fora da tolerância", este fato é
computador inclua a capacidade de
normalmente indicado na saída do
executar aritmética simples no endereço
computador, na forma de um alarme.
de memória. Isto requererá uma lógica
Além de ou em vez de comparar dos
interna adicional; porém a unidade
dados a valores máximo e mínimo,
aritmética do computador terá a
freqüente o valor atual é comparado com
capacidade de executar a aritmética
seus valores passados para determinar a
necessária e portanto, não é necessária
taxa de variação da variável no tempo. Isto
nenhuma lógica aritmética adicional.
introduz a necessidade de um relógio
A categoria final de processamento
interno ao computador. Há vários modos
aritmético de dados inclui a solução de
de manter o rastreamento do "tempo real"
equações algébricas e lógicas. A solução
dentro do computador, mas normalmente
de equações dentro do computador digital
isto requer a simples adição da habilidade
binário forma a base da programação do
de incrementar ou decrementar um
computador. Essencialmente o sistema de
número. Sistemas mais complicados
numeração binário não é facilmente
podem ter este relógio como uma função
adaptável à solução de equações, com a
separada do equipamento, interna ou
exceção de equações lógicas binárias.
externa ao computador.
Para resolver mesmo as equações
O método de manipular a informação
algébricas mais simples, são usadas
do status do contato de relé, em grupos de
técnicas complexas, como de

252
Computador como Controlador
aproximações de séries infinitas, procura-
em-tabela, simulação da equação, 2.12. Computador no controle de
iteração, aproximações sucessivas. processo
A maioria destas técnicas requer
manipulações aritméticas relativamente O computador, como desenvolvido nas
muito simples que coletivamente simula a discussões anteriores, tem os bus
solução de processos matemáticos mais separados de entrada e saída para dados
complexos, tais como multiplicação, de 16-bit, os bus separados de endereço
divisão, integração, diferenciação, de entrada e saída, a estrutura de
potenciação, radiciação. O que torna o interrupção de prioridade, a memória, a
computador digital binário aceitável para a unidade aritmética e, finalmente, a unidade
solução de equações é a sua de sincronismo e controle, necessária para
extremamente alta velocidade de execução fazer todos os outros componentes
das operações elementares. O computador trabalharem juntos. O enfoque tomado
digital pode fazer literalmente centenas de para definir as especificações funcionais
milhares de adições, subtrações e do computador de controle de processo foi
deslocamentos em um segundo, baseado nas necessidades próprias do
compensando assim a dificuldade de processo e mostrou a necessidade de 4
programação para estes cálculos. unidades básicas de qualquer computador
A solução de equações algébricas e digital: unidade de entrada/saída, unidade
diferenciais pode ser obtida pelos mesmos aritmética, memória e unidade de
elementos lógicos aritméticos binários sincronismo e controle.
anteriores. A capacidade computacional e A discussão seguinte estudará cada
a velocidade do computador seriam uma destas quatro unidades básicas, do
aumentadas com a multiplicação digital, ponto de vista de como elas controlam o
porém isto é muito caro e raramente é fluxo de dados e quais operações elas
usado em computadores para controle de executam com os dados.
processo. O dado se refere a qualquer palavra
Em resumo, as necessidades digital de 16-bit, que não seja instrução de
computacionais do computador de controle programa ou endereço. O dado inclui
de processo são baseadas no somador qualquer e toda informação da variável do
binário, com as capacidades adicionais de processo, códigos representando estes
deslocamento de palavras de dados e com valores das variáveis, informação digital
a manipulação de cada bit individualmente. sendo transferido para ou de qualquer
Também são necessários e usados os periférico. Qualquer palavra binária de 16-
circuitos lógicos para testar os resultados bit que é transmitida para e do computador
da adição binária, testar cada bit na via as estruturas de bus de dados de
palavra de dados do computador, executar entrada e saída é um dado, independe do
as comparações lógicas de AND e OR de que a informação realmente representa ou
palavras binárias e testar os resultados como ela será usada finalmente.
destas operações lógicas. Os dados de entrada para o
computador passa diretamente para a
unidade aritmética ou diretamente para a
memória do computador, para uso futuro.
Os dados de saída do computador devem
vir da memória ou da unidade aritmética do
computador. Finalmente, deve haver
provisão para o fluxo bidirecional de dados
entre a memória e as unidades aritméticas.

253
Computador como Controlador
e mais básicas. Por exemplo, uma
2.13. Programação do computador instrução especifica do programa pode
causar uma palavra de dados de 16-bit ser
Um computador digital é um conjunto
retirada da memória do computador e
muito complexo de circuitos que são
armazenada no registro A. Assim, uma
capazes de executar apenas operações
instrução do computador realmente fez
muito simples, numa velocidade muito alta.
com que vários comandos internos sejam
Por exemplo, a sua unidade aritmética tem
executados seqüencialmente:
a capacidade de executar somente adições
1. a memória foi "ciclada" e a palavra
binárias.
de dado desejada foi retirada,
Para o mar dois números binários, deve
2. a alimentação necessária foi
ser seguido o seguinte processo:
estabelecida, de modo que esta
1. toma-se um dos dois números, da
palavra de dado seja transmitida
memória ou do bus de entrada de
para o registro A.
dados do computador e armazena
3. o comando apropriado (pulso
este número em um registro,
gatilho) foi gerado e a palavra dado
2. toma-se o segundo número a ser
foi armazenada no registro.
somado de outra fonte e armazena-
A programação do computador neste
o em outro registro,
nível é chamada de programação de
3. alimenta a informação destes
linguagem de maquina ou programação
registro em um somador binário,
simbólica. É o nível mais baixo de detalhe
4. toma a saída do somador binário e a
que qualquer programador deve ou pode
armazena em algum lugar,
trabalhar. O programador codifica cada
5. verifica o indicador de excesso
comando individual para a lógica do
(overflow) para verificar se a saída
computador, que executa o controle
do somador binário tem significado
elementar do fluxo de informação de um
prático (a soma não pode exceder a
ponto a outro dentro do computador ou
capacidade do computador).
entre um componente especifico do
Esta é a seqüência de operações no
equipamento interno do computador e um
computador mais freqüentemente realizada
periférico externo). Cada uma destas
e para executa-la, deve-se realizar muitos
instruções do programa realmente gera
passos individuais. De modo a "programar"
uma seqüência de operações mais básicas
o computador para fazer esta operação
e elementar a ser executada pelos
simples, deve-se especificar claramente e
elementos lógicos do computador. Porém,
em seqüência, cada operação a ser feita.
o programador do computador não tem
Isto constitui o programa do computador.
controle sobre estas operações mais
O programa do computador é o
básicas; elas são programadas por fiação
mecanismo real, através do qual a sua
na lógica de controle do computador, são
operação é controlada. Assim, a
acionadas pelas suas instruções e
decodificação e execução dos passos
controladas seqüencialmente por um
individuais do programa do computador é a
mecanismo interno de sincronismo.
função da lógica de controle do
Provavelmente, a operação do
computador.
computador mais básica e de rotina é a
ciclagem da unidade de memória. As
2.14. Programação em linguagem de instruções do programa são sempre
máquina armazenadas em algum lugar dentro da
Programar um computador digital é memória e quando cada instrução do
controlar cada operação que se realiza programa é executada, o computador deve
internamente no computador. Os simultaneamente causar o próximo passo
fabricantes de computador reduziram a do programa ser retirado da memória,
quantidade de programação necessária, independe do que as outras operações
combinando várias relações usadas internas sejam requeridas por esta
freqüentemente em uma única etapa, de instrução particular.
modo que um único comando possa iniciar
uma seqüência de operações mais simples

254
Computador como Controlador
2.15. Ciclo do computador
2.16. Programando o compilador
Isto leva à necessidade para uma
seqüência de eventos de rotina ser feita Em qualquer aplicação de controle de
durante a execução de quase toda processo, o custo de instalação real do
instrução do computador. Esta seqüência computador digital representa somente
de eventos é controlada pela unidade uma fração dos custos de automação. O
lógica e de sincronismo do computador custo individual maior é normalmente o da
automaticamente, a cada momento que programação. O processo de realmente
qualquer instrução seja executada e isto fazer o computador "fazer algo", uma vez
não precisa ser especificamente ele tenha sido bloqueado no processo d' da
estabelecido pelo programador (humano). responsabilidade do programador do
Esta seqüência de rotina requer um computador, não do técnico de
período de tempo que, junto com o instrumentação. Porém, o técnico deve
intervalo de tempo requerido para executar estar familiarizado com os problemas que
a maioria das instruções elementares do o programador eventualmente encontra, de
programa, é chamada de ciclo do modo que, se algo não funcionar, ele
computador ou ciclo da maquina. Este é o possa decidir se o erro está na
tempo básico de execução da instrução programação ou na falha do equipamento
requerido pelo computador e é a físico.
especificação que o fabricante deve Geralmente, o programador escreve o
estabelecer claramente. Assim, um ciclo do programa para o controle do processo em
computador de 1,76 bus é o tempo total linguagem de maquina. Porém, para
requerido para que este computador faca simplificar seu trabalho e reduzir as
toda sua rotina (obter a próxima instrução, despesas de programação, outras
levar os dados para os vários linguagens de programa do computador
equipamentos funcionais, verificar a foram desenvolvidas, especificamente para
interrupção de prioridade) mais o tempo tornar mais fácil e rápida a programação.
necessário para executar uma instrução Estas linguagens são projetadas para
básica do computador de um ciclo. Alguma eliminar a necessidade que o programador
instrução mais complexa do computador fale ao computador cada operação básica
pode requerer mais de um ciclo para sua para ser executada.
execução. A transferência de dados entre Seja o exemplo simples de soma de
o computador e seus periféricos dois números, que toma vários passos de
tipicamente requer vários ciclos de programa de linguagem de maquina. Seria
maquina para sua execução. muito simples se o programador pudesse
Mesmo que se leve um ciclo do simplesmente escrever a instrução: "SOME
computador para executar a instrução mais X COM Y" e deixasse que o computador se
básica, na realidade há muitas operações preocupasse com a sua realização.
sequências ocorrendo internamente no Estas linguagens existem e são usadas
computador durante este intervalo de com frequência, porém, o computador não
tempo, uma delas sendo o ciclo fetch. pode entende-las. Assim, é necessário
uma translação ou tradução entre a
linguagem simplificada e inteligível ao
programador e a linguagem que o
computador entende e executa.
A translação é feita por um programa
do computador que foi especificamente
projeto para aceitar cada uma das
instruções simplificadas e converte-las em
uma série de instruções de linguagem de
maquina que o computador requer, para
obter o mesmo resultado. Além disso, este
programa de translação mantém o
rastreamento de onde cada dado, cada

255
Computador como Controlador
instrução do programa está sendo programação em linguagem
armazenada no computador. Este assembler.
programa alivia o programador da A diferença básica entre o assembler e
necessidade de fazer todo endereçamento o compilador está na relação das
interno e ele se preocupa apenas de definir instruções da linguagem de maquina
o que o programa deve fazer. Este (código binário) geradas para cada uma
programa de transição de linguagem do das instruções da linguagem assembler ou
computador é chamado de compilador. A compilada. Para um compilador, uma
linguagem de programação simplificada é instrução em linguagem de compilador
chamada de linguagem a nível de normalmente requer muitas instruções em
compilador, como Fortran, Basic, Cobol. linguagem de maquina. Em linguagem
Uma questão obvia seria: porque assembly (simbólica) há uma
alguém se aborrece em escrever correspondência uma-para-uma entre o
programas de computador em linguagem número de instruções simbólicas e de
de maquina, quando são disponíveis maquina.
linguagens de compilador, mais fáceis de Normalmente, o programador do
serem usadas? A resposta a esta questão computador de controle de processo, irá
é: economia e rapidez. Além disso, como escrever o programa em linguagem de
um técnico está envolvido com a maquina simbólica. Quando o programa é
manutenção do computador, que responde escrito e testado no sistema,
somente às instruções de linguagem de inevitavelmente acontecerá que algo não
maquina, independente do tipo de funciona. Há duas possibilidades: ou o
linguagem compilada usada. Assim, o programa não está escrito corretamente ou
técnico deve aprender a programação em há defeito no equipamento. Desde que o
linguagem de maquina de seu computador programador sabe pouco acerca do
especifico. funcionamento interno do equipamento do
computador, é normalmente deixado para
2.17. Programação simbólica o técnico trabalhar com o programador
para procura e isolar o problema, o que
Voltando à programação do
constitui uma boa razão para o técnico
computador em linguagem de maquina, há
aprender programação.
dois métodos de programação, para o
mesmo computador:
1. estabelecendo um código binário,
onde cada bit ou combinação de
vários bits tem um significado
especifico para a unidade de
sincronismo e controle do
computador,
2. pela programação simbólica, onde o
fabricante do computador fornece
um programa teoricamente similar
ao compilador. Cada instrução de
código binário de linguagem de
maquina é associada normalmente a
um código mnemônico de 3 ou 4
letras, facilmente decoráveis. O
programa de linguagem de maquina
é então escrito usando-se estes
símbolos mnemônicos e um
programa do computador translada
estes símbolos em bits binários que
o computador requer. Este programa
é chamado de programa assembler
e o processo é chamado de
Apostilas\Automação ComputControle.doc 03 NOV 97
(Substitui 17 JAN 94)

256
Apêndice A
Enfoque Matemático

1. Equações do Processo esteja desligado do sistema físico em si. O


objetivo deste capitulo e dos seguintes é o
O processo e o controle devem ser de desenvolver um método analítico de
considerados como uma unidade na enfocar os problemas associados com os
análise do problema de controle. Equações sistemas de controle automático. Embora
simples mostram o efeito de cada algumas das equações possam parecer
elemento no processo. Esta análise é difíceis, deve-se entender que isso é
básica para um entendimento da técnica principalmente por causa de seu grande
requerida para a prática de um controle comprimento relativo. Uma vez os valores
ótimo. numéricos das constantes do processo
sejam substituídos, elas se reduzem a
1.1. Introdução expressões muito mais simples. Há uma
vantagem definitiva em estabelecer as
O controle do processo industrial é uma equações do sistema de um modo geral,
das atividades mais importantes e mesmo que as equações se tornem muito
desafiadoras na engenharia. Embora sua compridas, porque isto permite a
historia seja comparativamente curta, ela catalogação das soluções que podem ter
tem incluído feitos notáveis no valor no futuro estudo de outros processos
desenvolvimento de muitos processos que sejam análogos matematicamente.
industriais. Na indústria moderna, a O método a ser apresentado trata cada
necessidade de produção em alta componente do sistema de controle como
velocidade tem resultado em quase uma resistência e uma capacitância
inacreditáveis taxas de produtividade. A individuais, desenvolve equações simples
demanda atual para altíssima qualidade e para cada componente e as combina para
produção rápida tem colocado uma tarefa formar uma equação completa
árdua no controlador automático. representando o sistema inteiro. Este
Para resolver os problemas atuais de primeiro capitulo está relacionado somente
produção cada vez mais automatizada, é com as equações do processo. Ele é
hora de considerar o projeto do processo e expandido em um sistema com três
do controlador como uma unidade, deste capacidades. As equações desenvolvidas
modo possibilitando a aplicação econômica serão representativas de processos
de um controlador simplificado, com o simples e complicados. Os sistema que
mínimo de ajustes possível. Além disso, são ainda mais complexos podem ser
muitos processos industriais podem ser desenvolvidos de um modo análogo. Do
feitos mais fáceis de controlar, se certas mesmo modo, sistemas envolvendo
escolhas criteriosas e ajustes no processos resistências e capacitâncias paralelas
são feitas no estágio do projeto. Isto podem ser sintetizados pelos mesmos
raramente ocorre e por isso, na prática, procedimentos.
uma grande variedade de ajustes deve ser
disponível no controlador.
Há uma necessidade de um método de
análise que possa ser usado no campo do
controle automático moderno que não

257
Enfoque Matemático

1.2. Equações do processo 1.3. Processo com única capacidade


As operações da planta ou os O sistema elementar básico é um
procedimentos de fabricação que utilizam processo com uma única capacidade.
controles automáticos são classificados Felizmente, este tipo é encontrado na
genericamente como processos. Eles prática e, portanto, é representativo para
podem ser simples ou complexos. Como se estudar.
este estudo está relacionado com a análise Um sistema de nível de liquido de uma
e a síntese matemáticas dos processos capacidade é mostrado na Fig. 1.1. As
controlados, é necessário expressar dimensões das várias quantidades estão
primeiro o processo em forma matemática. mostradas na Tab. 1.1.
Para o propósito de derivar as
equações do processo, será empregado
um sistema de nível de liquido. Não há Tab. 1.1. - Símbolos e Dimensores para o
perda de generalidade nesta escolha de Processo
processo porque os outros processos, tais
como temperatura, pressão e vazão, Símbolo Dimensão
possuem equações matemática idênticas.
Primeiro, é necessário decidir acerca Nível x m
de um sistema padrão para representar o Vazão FeQ m3/min
processo. O sistema mais facilmente Capacitância C m3/m
aplicável é o de representar o processo por Resistência R m/m3/min
Tempo t min
um número de capacidades e resistências.
Capacidade é habilidade do processo
armazenar energia, liquido, pressão ou
A capacidade de um tanque simétrico é
qualquer outro meio que o processo possa
calculada como segue:
ser. Resistência é a propriedade que o
processo apresenta para restringir a vazão C = volume do vaso/altura
da substância entre as várias capacidades.
Elas serão representadas por C e R, A resistência à vazão através de uma
respectivamente nos desenvolvimentos restrição (tal como a resistência de saída
seguintes (Fig. 1.1). O símbolo x com um do tanque da Fig. 1.1.) é a seguinte:
índice apropriado será usado para denotar
o potencial ou nível em cada capacidade.
x − xq
O símbolo xq será usado para significar o Rq = 1.1
potencial para o qual a vazão de saída é Q
descarregada. Os valores de R e C serão
assumidos constantes. Isto é simplesmente a lei de Ohm para
a vazão.

Xq

Rq
C x

F Q

Fig. 1.1. Processo de nível de líquido com única


capacidade

258
Enfoque Matemático
A equação descrevendo um processo
de nível de liquido com uma única 1.4. Nível de liquido com 2
capacidade pode ser obtida escrevendo capacidades
uma expressão para a taxa de variação do
nível quando a entrada e a saída são Um processo de nível de liquido com
diferentes. Um distúrbio no nível da vazão duas capacidades é mostrado na Fig. 1.2.
de saída xq faz estas vazões serem As dimensões representadas pelos vários
diferentes. Para um distúrbio fixo, as duas símbolos são as mesmas da Tab. 1.1. Os
vazões se tornam iguais de novo, após um índices identificam a localização das
período de tempo. Imediatamente após o quantidades do processo (vazão,
distúrbio, a variação de nível (dx/dt) é resistência, capacidade e nível). A inclusão
diretamente proporcional à diferença entre de uma segunda capacidade resulta em
a vazão de entrada e de saída e uma equação de processo mais
inversamente proporcional à capacidade C complicada. Porém, o desenvolvimento da
do vaso. Isto pode ser expresso expressão matemática para este processo
matematicamente como: é direta e pode ser seguida sem
dificuldade. É somente necessário repetir
os passos que foram seguidos na
dx F − Q
= 1.2 obtenção da eq. 1.3 para um processo de
dt C única capacidade.
Referindo-se ao processo de duas
Resolvendo a eq. 1.1 para Q e capacidades da Fig. 1.2, pode-se escrever
substituindo este resultado na eq. 1.2 e as expressões para a vazão entre os vasos
rearrajando, tem-se: e a vazão de saída do seguinte modo.
Quando um distúrbio ocorre no processo,
 1  dx  x tal como uma variação na altura de saída
  H + x − q = F 1.3 xq, todas as vazões ficam desiguais
 R  dt  Rq
 q imediatamente após o distúrbio. As
expressões para a vazão entre os vasos e
onde a vazão de saída são, respectivamente:
H = RqC 1.4 (x1 − x 2 )
F2 = 1.5
R2
A eq. 1.3 é básica para todos os
processos de única capacidade do tipo
mostrado na Fig. 1.1. Note que ela é uma (x 2 − x q )
Q= 1.6
equação diferencial de primeira ordem. Ela Rq
foi derivada em termos das constantes de
Estas equações simplesmente indicam
resistência e capacidade do processo, da
que a vazão através da restrição ou da
altura de saída xq (que será tratada como
resistência (que foi assumida como linear
uma fonte de distúrbio ao sistema) e da na análise) é diretamente proporcional à
vazão de entrada F. Agora, não se está diferença no nível ou queda de potencial
preocupado com o efeito das variações na através da resistência e inversamente
vazão de entrada. Mais tarde, quando o proporcional à resistência em si. O próximo
controlador automático for incluído, será passo é escrever expressões para esta
visto que se pode escrever uma expressão variação de nível em cada tanque durante
para F em termos do nível, x, que será o período do distúrbio. Assim,
selecionada como a variável a ser
controlada. dx1 F − F2
= (1.7)
dt C1
dx 2 F2 − Q
= (1.8)
dt C2

259
Enfoque Matemático

1.5. Processo com três capacidades


Xq Como consideração final do processo,
x2
seja o sistema com três capacidades (Fig.
C1 x1 R2 C2 Rq 1.3). As várias quantidades são
identificadas na Tab. 1.1. Um processo de
três capacidades é representativo de um
sistema complexo para controlar. A
F F2 Q equação que descreve tal processo será
uma equação diferencial de terceira ordem.
Fig. 1.2. Processo com 2 capacitâncias Ela pode ser derivada seguindo-se os
procedimentos idênticos usados para se
obter a equação de processo para um
As eq. 1.5 até 1.8 fornecem todas as sistema de uma e duas capacidades.
relações necessárias para se obter uma Assumindo um distúrbio ocorrendo no
única equação em termos do nível do processo por uma variação tipo degrau na
tanque x, vazão de entrada F, distúrbio no altura da saída xq, as vazões entre os
nível xq e as constantes do processo de vários vasos e a de saída serão as
seguintes:
resistências e capacidades. A equação
seria derivada ou em termos do nível no
primeiro tanque ou do nível no segundo (x1 − x 2 )
F2 = (1.11)
tanque, o que for desejado. Assume-se R2
que é o nível no tanque 2 (x2) é o
escolhido. Mais tarde, será discutida uma
aplicação de um controlador automático (x 2 − x 3 )
para manter o nível no Tanque 2 em F2 = (1.12)
R3
algum valor desejado. Após aplicar álgebra
na eq. 1.5 até 1.8, obtém-se a seguinte x3 − xq
expressão: Q= (1.13)
Rq

1  d2 x 2 d2 x 2  xq

J2 + J + x 2− =F A taxa de variação do nível em cada vaso
R q  2 1 2
dt dt  Rq é:
(1.9)
onde dx 1 F − F2
= (1.14)
dt C1
J2 = C1C 2R 2R q (1.10)
dx 2 F2 − F3
= (1.15)
J1 = C1R 2 + C1R q + C 2R q (1.10) dt C2

A eq. (1.9) é a equação final do dx 3 F3 − Q


processo para um sistema com duas = (1.16)
dt C3
capacidades do tipo mostrado na Fig. 1.1.
A adição de uma segunda capacidade
resulta em aumentar a ordem da equação As eq. 1.11 até 1.16 podem ser
de primeira para segunda. combinadas para se obter uma única
equação em termos de qualquer um dos
níveis do tanque (x), o nível de saída (xq), a
vazão de entrada (F) e as constantes de
processo de resistência e capacidade.
Uma álgebra comparativamente mais

260
Enfoque Matemático
complexa é necessária na combinação das A eq. 1.17, com valores das constantes
equações acima para a obtenção de uma K, como dados nas eq. 1.18, é a equação
única expressão, que será chamada de final do processo para um sistema com
equação do processo. É necessário decidir três capacidades. Ela é representativa de
o nível do tanque de interesse. Por todos os sistemas com três capacidades
exemplo, seja o nível do tanque 3, x3 , o do tipo mostrado na Fig. 1.3. As
selecionado como o local de interesse. resistências e capacidades do processo
Usando-se determinantes para derivar a estão sendo tratadas como constantes na
equação final do processo para o sistema presente análise. Deste modo, uma vez os
de três capacidades: valores numéricos delas sejam conhecidos
e substituídos na eq. 1.18, os valores de
 1  3 2  x K1, K2, e K3 serão números.
  K 3 d x 3 + K 2 d x 3 + K 3 dx 3 + x 3  − q = F
 R q  3 2 dt  Rq As três relações dadas na eq. 1.18 são
  dt dt  extremamente valiosas na determinação
de como estes coeficientes podem ser
(1.17) alterados pela variação dos tamanhos dos
vasos e das restrições ou resistências à
onde vazão. Note que há uma grande interação
das resistências e capacidades e que
K 3 = C1C 2 C 3R 2R 3R q (1.18a) estes coeficientes não são simplesmente
derivados. Não é possível alterar um
coeficiente sem afetar outro. Na análise de
K 2 = C1C 2R 2R 3 + C1C 2R 2R q + C1C 3 R 2R q + sistemas, será encontrado que o valor
relativo de vários coeficientes é o fator
+ C1C 3R 3R q + C 2 C 3 R 3 R q importante que determina a característica
do sistema. Isto será tratado em mais
(1.18b) detalhe quando se incluir o controlador
automático no sistema.
K 1 = C1R 2 + C1R 3 + C1R q + C 2R 3 + C 2R q + C 3R q
1.6. Conclusão
(1.18c) Foi mostrado um procedimento para se
obter a equação do processo que é o
sistema físico em si e pode ser alterado
para obter o melhor desempenho do
controle. O método seguido é simples,
direto e com um significado tangível. O
próximo passo é incluir o controlador
Xq automático no sistema físico. O controlador
C1 x1 R2 C2 x2 R3 C3 x3 Rq automático incluirá
1. o elemento sensor,
2. as linhas de transmissão de sinal
F
F2 Q
3. o elemento final de controle que
F3
regula a vazão de entrada do
processo.
Fig. 1.3. Processo de nível de líquido com três
capacidades

261
Enfoque Matemático
ponto desejado resultará em uma variação
2. Equações do controlador imediata na vazão de entrada do processo.

O segundo passo para descrever 2.3. Modos de controle


matematicamente um sistema de controle Os tipos básicos de controle automático
com malha fechada é o desenvolvimento que serão considerados são:
da expressão matemática para o sistema 1. proporcional,
de controle - incluindo o elemento de 2. integral ou reset
medição, o controlador, o elemento final de 3. derivativo ou rate
controle e as linhas de transmissão. Isto é 4. combinação de PI
feito para um controlador PID. As 5. combinação de PD
descrições claras das constantes do 6. combinação de PID.
sistema são importantes. O controle proporcional é um modo de
ação de controle em que a saída é
2.1. Introdução proporcional ao sinal de entrada.
O sistema de controle com malha O controle integral é uma ação de
fechado é constituído pelo controle em que a saída varia em uma taxa
1. processo, que é proporcional à amplitude do sinal de
2. elemento de medição, entrada.
3. controlador e
4. elemento final de controle.
Controlador
O controlador automático recebe um
sinal do elemento de medição e transmite
um sinal corretivo para o elemento final de
controle. (Fig. 2.1). Por questão de
simplicidade, o elemento de medição, o
C
elemento final de controle, os sistemas de xq
transmissão são considerados como parte x Rq
do circuito do controlador.
No capitulo anterior, as equações
LE
básicas (descrições matemáticas) dos
processos de uma, duas e três
capacidades foram desenvolvidas em F Q
termos de vazão de entrada (F) para um
processo de nível de liquido, a variável Fig. 2.1. Processo com única capacidade e
controlada (x) e as constantes do controlador ideal, válvula e sistema de medição
processo. O objetivo deste capitulo é o de (ideal porque não tem tempo de atraso)
estabelecer equações da porção do
controlador do circuito em termos de F, x e
das constantes do controlador. O controle derivativo é uma ação de
controle em que o valor da saída é
2.2. Circuito do controlador ideal proporcional a taxa de variação da entrada.
Assume-se que toda a seção de As expressões matemáticas para cada
controle é ideal - isto é, que não há tempo uma destas três ações do controlador são:
de atraso entre o recebimento e a Proporcional
transmissão de um sinal para o elemento
seguinte. A Fig. 2.1 representa um F = −α( x − x o ) + Fo (2.1)
processo de uma única capacidade e o
circuito de um controlador ideal. Integral
Essencialmente, o que se está assumindo
na Fig. 2.1 é que não há capacidade ou
F = − γ ∫ ( x − x o )dt + Fo (2.2)
resistência no sistema de medição, no
controlador ou no elemento final de Derivativa
controle. Assim, uma variação no nível do

262
Enfoque Matemático
 dx  min por oC na entrada. Se o processo
F = −β  + Fo (2.3) fosse controle de pressão, as unidades de
 dt  a seriam kg de gás por min por Pascal na
entrada.
Proporcional mais Integral mais
Derivativa 2.4. Efeito do atraso na linha da
válvula
dx
F = −α( x − x o ) − γ ∫ ( x − x o )dt − β + Fo A Fig. 2.2 mostra um desenho
dt
simplificado para um processo de nível de
(2.4)
liquido e um circuito controlador possuindo
um atraso na seção entre o controlador e o
Nestas equações, as constantes α elemento final de controle. Este atraso está
(proporcional), γ (derivativa) e β(integral) presente em circuitos de controle
representam os fatores de controle totais pneumático porque há usualmente uma
que relacionam a entrada (variação do longa linha de transmissão entre o
nível em metros) à saída (variação na controlador e a válvula e o diafragma da
vazão em m3 por segundo) e assim não válvula em si também possui uma grande
são os ajustes encontrados nos capacidade. Este atraso é representado na
controladores comerciais. Fig. 2.2 como um estágio resistência-
O sinal negativo no lado direito das eq. capacidade. A nomenclatura usada nesta
2.1 a 2.4 é usado para obter a ação figura é a seguinte:
corretiva apropriada do controlador. Por pc = pressão na entrada do controlador,
exemplo, se o nível (x) aumentasse, o em kPa
controlador agiria para diminuir a vazão pco = valor inicial da pressão na saída
(F), de modo a restaurar o nível em torno do controlador, em kPa
do valor desejado (xo). Fo representa o pv = pressão no diafragma da válvula
valor inicial da vazão de entrada. em kPa
As unidades de α, β e γ para o pvo = valor inicial da pressão no
processo de nível de liquido mostrado na diafragma da válvula em kPa
Fig. 2.1 são: Fv = vazão de ar através da resistência
Rv para o diafragma da válvula, em kg por
α = vazão em m3/s por erro em metro
min.
de nível,
Rv = resistência na linha de
β = vazão de m3 /s , por m/s de transmissão entre o controlador e o
velocidade de nível, elemento final de controle em kPa por
vazão em kg por min
Cv = capacidade do diafragma da
γ = vazão em m3 /s, por segundo, por
erro em metro de nível válvula em kg por kPa.
Para um controlador proporcional, a
Uma análise dimensional nas unidades variação na saída é proporcional à
de α, β e γ para o processo de nível de variação na entrada. Pode-se expressar
liquido dá: isto matematicamente como:

α = m2/s p c − p co = −a( x − x o ) (2.6)


β = m2
γ = m2/s2 onde a representa uma constante do
As dimensões de α , β e γ dependem controlador que converte o sinal medido no
da aplicação particular do processo. Por sinal pneumático apropriado do
exemplo, se o processo fosse controle de controlador. As unidades de a neste caso
temperatura, em vez de nível de liquido, as são a saída kPa por variação em m na
unidades de α seriam de kg de vapor por entrada. É o ganho do controlador e será
min por oC na entrada ou talvez caloria por combinado mais tarde com o fator da

263
Enfoque Matemático
válvula para formar o fator total do circuito apenas em termos de F e x. Isto pode ser
de controle proporcional α. obtido, subtraindo-se a eq. 2.6 da eq. 2.7,
A variação na vazão através da válvula lembrando que pco = pvo:
de controle (assumindo uma válvula com
característica linear) é proporcional à 1
variação na pressão no diafragma da p c − p v = − (F − Fo ) − a( x − x o ) (2.12
válvula. Isso pode ser expresso b
matematicamente como: )

Na eq. 2.10, necessita-se também de


F − Fo = b(p v − p vo ) (2.7)
uma relação para a taxa de variação da
pressão em termos da vazão. Esta relação
onde b é uma constante da válvula existe na eq. 2.7. Diferenciando a eq. 2.7,
relacionada com a característica inerente lembrando que Fo e pvo são os valores
da válvula. Ele é chamado de fator da
iniciais da vazão e da pressão na válvula
válvula e as unidades de b, neste caso,
respectivamente, e portanto, constantes
são m3 por min por kPa. cujas derivadas são zero, obtém-se:
A vazão através da resistência Rv que
ocorre quando há uma variação na saída dp v 1 dF
do controlador pode ser expressa como = ( ) (2.13)
dt b dt
(p c − p v ) Substituindo eq. 2.12 e 2.13 na eq.
Fv = (2.8)
Rv 2.10:

que simplesmente estabelece que a vazão dF


através da resistência é proporcional à Tv + F = −α( x − x o ) + Fo (2.14)
queda de pressão e inversamente dt
proporcional à resistência (lei de Ohm para onde
a vazão).
A taxa de variação da pressão no α = ab (2.15)
diafragma da válvula de controle é
proporcional a vazão total de entrada ou de é o fator total do controle proporcional.
saída e inversamente proporcional à
capacidade da válvula, ou seja,
Controlador

dp v Fv
= (2.9)
dt Cv pc

Rv Fv
Combinando as eq. 2.8 e 2.9, obtém-se C
xq
pv
a seguinte equação para esta seção do
x Rq
controlador: Cv

dp v LE
Tv = pc − p v
dt
F
(2.10) Q

onde Fig. 2.2. Processo com única capacidade com


controlador ideal e sistema de medição com atraso
Tv = R v C v (2.11) no circuito da válvula
Na eq. 2.10, necessita-se de uma
expressão para a quantidade (pc - pv)
porque se quer uma equação final que seja

264
Enfoque Matemático
A eq. 2.14 é a expressão final para a dF
seção do controlador da malha onde o Tv + F = −α( x − x o ) − γ ∫ ( x − x o )dt −
elemento de medição e o controlador dt
proporcional são ambos ideais, mas onde
há um atraso no circuito entre o dx
controlador e a válvula de controle. −β + Fo (2.17)
dt
Resumindo, tem-se considerado uma
seção do controlador que contenha um onde
atraso. Comparando a eq. 2.14 com a eq. α = ab
2.1., nota-se que o efeito de adicionar um
atraso na porção da malha é o de β = abT
aumentar a ordem da equação. Será visto
que cada atraso aumenta a ordem da γ = abR
equação de um.
Tv é uma constante importante. Ela Pm Px

representa o efeito do atraso no circuito da Controlador

válvula e é o fator que aumenta a ordem Fm


da equação. Ela é igual ao produto da
resistência e da capacitância no circuito da Cm
Rm
válvula e tem unidades de tempo, tal como
o minuto. Assim, é freqüentemente C
chamada de constante de tempo do xq

circuito. Quando ela é efetivamente uma x Rq


Cv
resistência em serie com uma capacidade,
esta constante de tempo é o tempo
LE
associado com um aumento exponencial
(isto é, tempo para a variável atingir 63,2%
do valor final). F Q

2.5. Equação para o controlador PID Fig. 2.3. Processo com única capacidade com
controlador e válvula ideais mas com atraso no
A eq. 2.14 vale apenas para o sistema de medição
controlador proporcional. O mesmo
procedimento pode ser aplicado a outros
tipos de respostas de controle. Por Na eq. 2.18, R é a ação integral (reset)
exemplo, para um controlador PID, pode- em repetições por minuto e T é a ação
se escrever imediatamente para a variação derivativa (rate) em minutos, que são os
na saída do controlador: ajustes destas duas respostas disponíveis
na maioria dos controladores comerciais.
dx
p c − p co = −a[( x − x o ) + R ∫ ( x − x c )dt + T ]
dt 2.6. Efeito do atraso no circuito de
(2.16) medição
Se, em vez do atraso no circuito da
Comparando a eq. 2.16 com a eq. 2.6, válvula, fosse considerado um atraso na
onde foi usado somente o controle porção de medição do circuito de controle
proporcional, nota-se que a única alteração (Fig. 2.4) a análise seria idêntica. A única
é a adição dos efeitos das ações integral e diferença entre a eq. 2.2 e eq. 2.3 é o
derivativa. Se repetisse a mesma análise, deslocamento da resistência e capacidade
envolvendo a vazão de ar na válvula de para a seção de medição do circuito
controle e a relação entre a pressão do controlador.
diafragma e a vazão para o processo, Esta situação ocorre freqüentemente
obteria a seguinte expressão para a porção nos elementos de temperatura onde um
de controle da malha: atraso apreciável ocorre na transferência
de calor do processo para o elemento

265
Enfoque Matemático
termal sensor. Muitas vezes, este atraso é porque usualmente o atraso do controlador
consideravelmente maior do que o que é desprezível quando comparado com os
ocorre na outra porção do circuito de atrasos nas outras partes da malha. O
controle e, por isso, ela é aquele que deve sistema a ser estudado agora contem dois
ser considerado acima dos outros. O atrasos e espera-se que o resultado seja
controlador em si usualmente tem um uma equação diferencial de segunda
atraso desprezível em comparação com os ordem. Considerando apenas o controle
atrasos no circuito de medição ou no proporcional, de modo a evitar expressões
circuito da válvula. Quando se faz uma muitos compridas, pode-se escrever a
análise idêntica aos procedimentos seguinte equação para as seções de
empregados para o atraso da válvula, tem- medição e da válvula da malha,
se: respectivamente:

dF dp m
Tm + F = −α( x − x o ) − γ ∫ ( x − x o )dt − Tm = p x − pm (2.21)
dt dt

dx dp v
−β + Fo (2.19)
dt Tv = pc − p v (2.22)
dt
onde

A eq. 2.22 é idêntica à eq. 2.13 para a


Tm = R m Cm (2.20) seção da válvula da malha. A eq. 2.21 é
obtida seguindo-se o procedimento usado
para se obter a eq. 2.10.
A eq. 2.19 envolve um controlador com
A pressão px no elemento de medição
os controles proporcional, integral e
derivativo. Ela é idêntica a eq. 2.17, onde o é diretamente proporcional à alteração na
atraso estava na porção da válvula do variável de controle (x - xo), portanto:
circuito. A única diferença fica na
substituição de Tm (ou RmCm) no lugar de px = c(x - xo) + pxo
Tv (ou RvCv). Estas quantidades são
freqüentemente chamadas de constantes onde c é apenas um fator de conversão
de tempo porque elas representam uma para dar uma expressão para px em
multiplicação de uma resistência e uma unidades pneumáticas, tal como kPa ou
capacidade e dimensionalmente as psi; para um processo de nível de liquido, c
unidades de RC são unidades de tempo, tem as dimensões de kPa por metro. Os
como segundos. termos xo e px representam os valores
Na prática, é possível avaliar a iniciais do nível e da pressão medidos,
constante de tempo Tv ou Tm para uma respectivamente.
dada válvula ou elemento de medição, A pressão px no elemento de medição é
respectivamente. Isto pode ser feito de diretamente proporcional à alteração na
modo matemático ou experimental. Os variável de controle (x-xo), portanto:
fabricantes normalmente fornecem esta
informação.
p x = c( x − x o ) + p xo (2.23)
2.7. Efeito dos atrasos na medição e
na válvula Passando através do controlador
O último passo no desenvolvimento das (assumido proporcional), pode-se escrever
equações para a seção de controle do a seguinte equação para a saída de um
sistema é a consideração de atrasos nos instrumento pneumático:
dois lados do controlador (Fig. 2.5). O
controlador será tratado como ideal, p c = −a(p m − p mo ) + p co (2.24)

266
Enfoque Matemático
onde a representa o ganho em passando 2.8. Controlador PID
através do controlador. Ele será
combinado com outros termos para Seja um controlador com três
respostas, contendo as ações proporcional
fornecer o fator total do controle
mais integral mais derivativa. O efeito das
proporcional α. Os termos pmo e pco
respostas adicionais é alterar a eq. 2.24 (a
representam os valores iniciais das expressão que relaciona a entrada e a
pressões de entrada e de saída, saída do controlador) como segue:
respectivamente.
dpm
pc = −a[(pm − pmo ) + R ∫ (pm − pmo )dt + T ] + pco
dt
Controlador Pm Px

(2.27)
Fm

pc Rm
Cm Combinando a eq. 2.27 com as eq.
Fv Rv C 2.21 a 2.25 e usando a eq. 2.27 em vez da
pv xq
eq. 2.24, obtém-se a equação final:
x Rq
Cv

LE d 2F dF
Tm Tv 2
+ (Tm + Tv ) +F =
F Q dt dt

Fig. 2.3. Processo com única capacidade com dx


controlador ideal mas com atraso no sistema de = −α( x − x o ) − γ ∫ ( x − x o )dt − β + Fo
medição e na válvula dt
(2.28)

A alteração da vazão através da válvula onde


de controle (do tipo linear) é diretamente
proporcional à variação na pressão do α = abc
diafragma:
β = abcT
F = b(p v − p vo ) + Fo (2.25)
γ = abcR

onde b representa o fator da válvula e tem A eq. 2.28 é geral para o caso de dois
as unidades de m3 por minuto por kPa. atrasos de tempo na seção de controle da
As eq. 2.21 a 2.25 fornecem as malha. Ela será usada no próximo capitulo
relações necessárias para se obter a para obter as equações do sistema de
expressão final para um circuito de malha fechada. Para usar a eq. 2.28 em
controle proporcional tendo dois atrasos: casos envolvendo somente um atraso,
deve-se igualar um dos termos de atraso
Tm ou Tv a zero. Também, para usar a eq.
d 2F dF
Tm Tv 2
+ (Tm + Tv ) + F = −α( x − x o ) + Fo 2.28 para casos envolvendo um ou dois
dt dt efeitos de controle, é necessário igualar a
constante do controlador omitida a zero.
(2.26) Por exemplo, se não há ação integral, γ
deve ser igual a zero. Como conseqüência,
onde as constantes de tempo Tm e Tv são a eq. 2.28 é uma expressão geral para a
o produto da resistência e capacidade de parte de controle da malha para um
cada seção da malha, respectivamente. controlador ideal e atrasos simples ou na
Esta equação é a expressão final para um seção de medição ou na válvula do circuito
controlador proporcional. do controlador.

267
Enfoque Matemático
2.9. Conclusão
Foram desenvolvidas as equações para 3. Equações da malha fechada
a seção do controlador na malha para um
controlador PID e um sistema envolvendo O passo final preparatório para analisar
dois atrasos de tempo: um na seção de um sistema de controle com malha
medição, outro na seção da válvula. Elas fechada de modo matemático é
representam situações freqüentemente combinando as equações do sistema de
encontradas na prática. Quando se malha aberta e do controlador para se
incluem mais atrasos, a análise se torna obter as equações do sistema de malha
mais complexa. Foi omitida a consideração fechada. A ordem da equação final é
do atraso dentro do controlador, porque ele determinada pelo número de capacidades
é usualmente desprezível em comparação no sistema. A avaliação precisa das
com os outros. Porém, atrasos adicionais constantes de todo o sistema é essencial
podem ser incluídos, seguindo-se os para o sucesso da análise.
mesmos procedimentos. Quase todas as
aplicações envolvem capacidades 3.1. Introdução
distribuídas e é bem conhecido que, na As equações de malha aberta para
análise de tais sistemas, quanto maior o processos com uma, duas e três
número de capacidades consideradas, capacidades foram desenvolvidas nos
maior é a precisão. A avaliação destes primeiros capítulos. Na seção 2 foram
atrasos e a necessidade de leva-los em desenvolvidas as equações para a seção
consideração, pode ser determinada sem do controlador do sistema controlado,
dificuldade após se adquirir uma pequena incluindo o elemento de medição, o
experiência em usar estes procedimentos controlador e o elemento final de controle.
nos sistemas reais. O passo final no desenvolvimento da
Nas seções 1 e 2 foram estabelecidas matemática que descreve um sistema
as equações do processo e do controlador, controlado automaticamente consiste na
respectivamente. Resta apenas mais um combinação de equações do processo com
passo: obter a equação da malha fechada as do controlador para se obter as
que seria usada na análise final de um equações do sistema controlado com
sistema controlador de modo automático e malha fechada.
completo. Esta análise informará Há um grande número de combinações
exatamente o que pode ser esperado de possíveis de processos e controladores e
um dado processo e de um sistema de não seria pratico dar uma lista tabelada
controle sem ter a planta física na frente. O das equações matemáticas descrevendo
objetivo final em toda análise é prever o cada situação que pode acontecer; será
desempenho que pode ser esperado enfatizado o procedimento para se obter as
enquanto o sistema ainda esteja no equações de malha fechada para
projeto. Este procedimento elimina processos com uma, duas e três
alterações custosas e facilita o projeto do capacidades combinadas com um
sistema de controle. No próximo capitulo controlador contendo até dois atrasos. Isto
serão combinadas as equações das cobre a maioria das situações práticas e
seções 1 e 2 para se obter as expressões reduz o número de equações para um
finais para processos controlados mínimo. Resumindo, se dará mais
automaticamente envolvendo sistemas importância aos procedimentos e menos
simples e complexos. às equações.

268
Enfoque Matemático
β = abcT.
3.2. Processo com uma capacidade
Nas equações, os termos importantes
Seja o processo mais elementar
são:
possível: um sistema com uma única
capacidade. A Fig. 3.1 mostra um processo
Tm = RmCm
com uma capacidade e um controlador
contendo dois atrasos (tanto o elemento de
medição como o elemento final de controle Tv = RvCv
contem atrasos apreciáveis). A equação
para o processo com uma capacidade (eq. H = RqC
1.3) e um controlador contendo dois
atrasos (eq. 2.28) foram desenvolvidos α = fator do controle proporcional total
previamente. Por conveniência, eles são
repetidos: β = fator do controle derivativo total

Pm PX γ = fator do controle integral total


Controlador

Rv Combinando as eq. 1.3 e 2.28,


Cm Rm substituindo F, dF e d2F da eq. 1.3 na eq.
pc
2.28 e notando que xq/Rq é uma
Fv Rv C
xq
constante, obtém-se:
pv
Cv x Rq
d3 x d2 x
LE Tm Tv H + (Tm Tv + TmH + Tv H) +
dt 3 dt 2
F Q

dx
Fig. 3.1. Processo com única capacidade com + (Tm + Tv + H + R qβ) +
controlador ideal mas com atraso no sistema de dt
medição e na válvula A equação para o sistema de
controle com malha fechada é uma equação integro-
+ (1 + R q α )( x − x o ) + R ∫ ( x − x o )dt = x q − x qo
diferencial de terceira ordem, refletindo as três
capacidades no sistema: C, Cm e Cv. (3.1)

A eq. 3.1. representa a equação da


malha fechada para um processo com uma
 1  dx  x
  H + x − q = F (1.3) capacidade, um controlador ideal, um
 R  dt  Rq elemento de medição e um elemento final
 q
de controle, cada um possuindo um atraso
significativo. Esta equação é geral para
d 2F dF sistemas com uma capacidade, que pode
Tm Tv + (Tm + Tv ) +F = ser representado como na Fig. 3.1. A
dt 2 dt equação inclui um controlador possuindo
dx todos os três modos de controle,
= −α( x − x o ) − γ ∫ ( x − x o )dt − β + Fo proporcional, integral e derivativo. Quando
dt
se quer a equação de uma malha fechada
(2.28)
para um sistema com uma capacidade,
onde o elemento de medição possui atraso
onde
desprezível e o controlador não possui
ação integral, é necessário apenas zerar
α = abc
os coeficientes apropriados na eq. 3.1. Os
termos Tm e γ seriam zero e a equação
γ = abcR
ficaria:

269
Enfoque Matemático

d2 x dx J2 = C1C 2R 2R q (1.10a)
Tv H + (Tv + H + R qβ) +
dt 2 dt
J1 = C1R 2 + C1R q + C 2R q (1.10b)
+ (1 + R q α )( x − x o ) = x q − x qo
(3.1a) Para se obter a equação do sistema de
malha fechada, será necessário combinar
que é a equação de malha fechada para a eq. 1.9 com a equação geral do
um sistema com uma capacidade sendo controlador, eq. 2.28, que foi repetida na
controlador por um controlador seção anterior tratando do processo com
proporcional mais derivativo, onde o uma capacidade.
elemento de medição e o controlador são
ideais, mas onde o elemento final de Pm Px
controle possui atraso. Controlador
Para outro exemplo de aplicação Cm Rm
genérica da eq. 3.1, suponha-se que se
queira a equação de malha fechada para
um sistema com ma capacidade onde não pc
há nenhum atraso e o controlador possui Fv Rv C2
apenas a ação proporcional. Neste caso, pv
C1
xq
os fatores Tm, Tv, β e γ são iguais a zero e Cv x1 x2 Rq
a eq. 3.1 fica simplesmente:
LE
dx
H + (1 + R q α )( x − x o ) = x q − x qo F
dt Q

(3.1b)
Fig. 3.2. Processo com duas capacidades com
A eq. 3.1b é a equação de malha controlador ideal mas com atraso no sistema de
fechada para um sistema com uma medição e na válvula A equação para o sistema de
capacidade onde a seção inteira do controle com malha fechada é uma equação integro-
controlador é considerada ideal e onde diferencial de quarta ordem, refletindo as quatro
apenas é usado o controle proporcional. A capacidades no sistema: C1, C2, Cm e Cv.
eq. 3.1 é geral para sistemas com uma
capacidade.
Combinando estas equações, como foi
3.3. Processo controlado com duas feito para se obter a eq. 3.1, tem-se:
capacidades
Um processo com duas capacidades e d4 x d3 x
Tm Tv J2 + (Tm Tv J2 + Tm J2 + Tv J2 ) +
uma seção do controlador contendo dois dt 4 dt 3
atrasos de tempo é mostrado na Fig. 3.2. A
equação do processo em malha aberta foi
desenvolvida anteriormente (eq. 1.9). Por d2 x
+ (Tm Tv + Tm J1 + Tv J2 + J2 ) +
conveniência ela é repetida: dt 2

1  d2 x 2 d2 x 2  xq
 dx
J2 + J + x 2− =F + (Tm + Tv + J2 + R qβ) + (1 + R q α )( x − x o ) +
R q  2 1 2
dt dt  R q dt
(1.9)
onde + R q γ ∫ ( x − x o )dt = x q − x qo (3.2)

270
Enfoque Matemático
A eq. 3.2 representa a equação de malha aberta deste processo, eq. 1.17 foi
malha fechada para o caso geral de um desenvolvida previamente e é repetida:
processo com duas capacidades sendo
co9ntrolado por um controlador ideal mas  1  3 2  x
com o elemento de medição e o elemento   K 3 d x 3 + K 2 d x 3 + K 3 dx 3 + x 3  − q = F
 R q  dt 3 dt 2 dt  Rq
final de controle com atrasos A equação é   
integral/diferencial de quarta ordem ou
efetivamente uma equação diferencial de (1.17)
quinta ordem. A ordem da forma da
equação integro-diferencial é sempre igual
ao número de capacidades no sistema de onde
malha fechada. Na Fig. 3.2 há duas
capacidades no processo e o equivalente a K 3 = C1C 2 C 3R 2R 3R q (1.18)
duas capacidades na seção do controlador
da malha. É uma expressão
comparativamente longa, mas uma vez os K 2 = C1C 2R 2R 3 + C1C 2R 2R q + C1C 3 R 2R q +
valores numéricos das constantes do
processo sejam substituídos, ela se reduz
a uma equação diferencial simples, linear,
tendo coeficientes constantes, podendo ser + C1C 3R 3R q + C 2 C 3 R 3 R q (1.19)
resolvida por métodos bem conhecidos,
como transformada de Laplace.
K 1 = C1R 2 + C1R 3 + C1R q + C 2R 3 + C 2R q + C 3R q
A eq. 3.2 representa o caso geral; ela
pode ser usada para obter as equações
para sistemas mais simples. Por exemplo, (1.20)
para o caso onde não há atrasos e onde
somente se usa o modo de controle
integral, os termos Tm, Tv, α e β são iguais Pm Px
a zero e a eq. 3.2 fica mais simples e curta: Controlador
Cm
Rm
d2 x dx
J2 2 + J1 + (x 2 − x o ) +
dt dt
pc

Fv
+ R q γ ∫ ( x 2 − x o )dt = x q − x qo (3.2a) Rv C1 C2 C3
xq
pv
Cv x1 x2 R3
R2 x3 Rq
Uma vez a equação geral tenha sido LE
escrita, como a eq. 3.2 para um sistema
com duas capacidades ou a eq. 3.1 para o
sistema com uma capacidade, é fácil obter F F2 F3 Q
a equação de malha fechada para
qualquer combinação possível de modos Fig. 2.3. Processo com três capacidades com
de controle. controlador ideal mas com atraso no sistema de
medição e na válvula A equação para o sistema de
3.4. Processo controlado com três controle com malha fechada é uma equação integro-
capacidades diferencial de quinta ordem, refletindo as cinco
O processo final a ser considerado é capacidades no sistema: C1, C2, C3, Cm e Cv.
um sistema relativamente complexo, como
mostrado na Fig. 3.3. Este processo com
três capacidades, sob controle de um Quando uma capacidade adicional é
controlador contendo dois atrasos de introduzida no sistema, as expressões se
tempo, produzirá uma equação integral- tornam muito longas e deve-se tomar
diferencial de quinta ordem. A equação de cuidado na avaliação dos coeficientes.

271
Enfoque Matemático
Combinando as eq. 1.17 e 2.28, como feito Assim, uma vez obtida a expressão
para se obter a eq. 3.1, tem-se: geral para um dado processo e
controlador, é simples obter outras
equações de malha fechada.
d5 x 3 d4 x 3
Tm Tv K 3 + (Tm Tv K 2 + TmK 3 + Tv K 3 ) +
dt 5 dt 4 3.5. Conclusões
Completou-se o objetivo de combinar
as equações do processo e do controlador
d3 x 3 para se obter a equação do sistema de
+ (Tm Tv K 1 + TmK 2 + Tv K 2 + K 3 ) + malha fechada. Várias combinações de
dt 3
processos e de controladores foram
descritas para possibilitar a aplicação de
d2 x 3 procedimentos em casos análogos. Uma
+ ( Tm Tv + TmK 1 + Tv K 1 + K 2 ) + vez obtida a expressão geral da malha
dt 2 fechada para um dado sistema, é possível
analisar matematicamente o tipo de
dx 3 resposta que pode ser esperado para um
+ (Tm + Tv + K 1 + R qβ) + (1 + R q α )( x 3 − x o ) + distúrbio tipo degrau, que é o tipo de
dt
distúrbio freqüentemente assumido para o
desenvolvimento matemático. Um distúrbio
tipo degrau é severo e um processo que
+ R q γ ∫ ( x 3 − x o )dt = x q − x qo (3.3) responde satisfatoriamente quando sujeito
a tal distúrbio, é aprovado com sucesso na
aplicação prática.
A eq. 3.3 representa o caso geral de O sucesso de qualquer análise
um sistema com três capacidades sendo matemática, se feito pelos procedimentos
controlado por uma seção de controlador descritos ou por outros métodos, depende
contendo dois atrasos de tempo. É uma da avaliação precisa das constantes do
expresso comprida, mas uma vez as sistema. Isto significa que cálculos
constantes do sistema sejam inseridas, cuidadosos devem ser feitos das
obtém-se valores numéricos simples para resistências e capacidades do processo,
todos os coeficientes. também, a eq. 3.3 bem como nos atrasos de tempo nas
envolve um controlador possuindo as três seções de medição e da válvula da malha.
ações: proporcional, integral e derivativa. Pode também ser necessário considerar o
Como descrito anteriormente, a mesma atraso dentro do controlador em processos
equação pode ser usada para obter a rápidos, tais como controle de vazão ou de
equação de malha fechada para um pressão, onde o atraso dentro do processo
processo de três capacidades controlado é pequeno. Isto não foi considerado,
menos envolvido. Por exemplo, seja um porém, isto implica apenas em adicionar
processo de três capacidades sendo um estágio resistência no controlador.
controlado por um controlador ideal com Todo o desenvolvimento até agora tem
apenas a ação proporcional e com nenhum sido de uma maneira geral, com o objetivo
atraso no sistema. Deste modo, os termos de obter a equação da malha fechada. O
Tm, Tv, beta e gama são zero. próximo passo será examinar estas
Substituindo estes valores na eq. 3.3 equações analiticamente e aplica-las a
tem-se: processos práticos para ilustrar o uso das
equações de malha fechada, quando na
previsão do desempenho de um sistema
d3 x 3 d2 x 3 dx real quando sujeito a um distúrbio tipo
K3 + K2 + K1 +
dt 3 dt 2 dt degrau.

+ (1 + R q α )( x 3 − x o ) = ( x q − x qo ) (3.3a)

272
Enfoque Matemático
dx
(H + R qβ) + (1 + R q α )( x − x o ) = ( x q − x qo )
4. Soluções das equações dt
(4.1)
Para muitos tipos de sistemas
controlados, as equações definidas são onde
ordinariamente lineares e de ordem baixa -
e possuem coeficientes constantes. As H é a constante RqC,
soluções analíticas convencionais destas
equações são apresentadas com exemplos
práticos. α é o fator de controle proporcional,

4.1. Introdução β é o fator de controle derivativo,

Foram estabelecidas as equações de x é o nível controlado,


definição para vários tipos de processos
controlados. Agora, serão investigadas as xq é a pressão para a qual a vazão é
equações e suas soluções.
descarregada,
Os métodos genéricos para determinar
as soluções transientes de equações
xo é o nível desejado e
diferenciais lineares com coeficientes
constantes são bem conhecidos. também,
a maioria da informações relacionada com xqo é a pressão de saída original, antes
o sistema pode ser obtida de modo do distúrbio. O termo (xq - xqo) representa
freqüente e simples pelo estabelecimento a variação degrau em xq ou o distúrbio
de equações com suas condições iniciais unitário.
apropriadas.
Para estudar a resposta de qualquer
tipo de sistema, é conveniente escolher Controlador
alguma função distúrbio e usa-la como
meio padrão de comparação. Para este
estudo, será assumida uma variação tipo
degrau (xq - xqo) no potencial de saída C
xq
(xq). A estabilização inicial no ponto de x Rq
ajuste também será assumida, isto é, o
sistema está em equilíbrio em algum ponto LE
predeterminado. A solução completa será
F Q
mostrada na forma simbólica para um
número suficiente de casos para Fig. 4.1. Processo com única capacidade e
demonstrar os procedimentos. também, controlador ideal, válvula e sistema de medição
dois exemplos práticos e ilustrativos serão (ideal porque não tem tempo de atraso)
mostrados em detalhe.

4.2. Processo com uma capacidade e Neste capitulo, as expressões (1 + Rqα)


controlador ideal e (H + Rqβ) aparecerão freqüentemente.
Um processo com uma única Por simplicidade, a primeira será
capacidade com controlador, elemento de expressão pela constante M1 e a ultima
medição e válvula ideais (sem atraso) é pela constante M2. A eq. 4.1 então se
mostrado na Fig. 2.1. O controlador é torna:
assumido ter as ações proporcional e
derivativa. A equação para este sistema
controlado foi determinada na eq. 3.1. e dx
M2 + M1( x − x o ) = ( x q − x qo ) (4.1a)
vale: dt

273
Enfoque Matemático
A eq. 4.1 é uma equação diferencial dx
M2 + M1( x − x o ) + R q γ ∫ ( x − x o )dt = ( x q − x qo )
ordinária, linear, com coeficientes dt
constantes. Ela é ordinária porque o
sistema envolve somente uma variável (4.3)
independente t, ela é linear porque a
variável dependente x e todos as suas
derivadas aparecem somente na primeira A condição inicial necessária é aquela
potencia e ela tem coeficientes constantes em que o tempo é igual a zero:
porque os parâmetros do sistema são
estabelecidos por resistências e (x − x o ) = 0 (4.3a)
capacidades que foram assumidas
constantes. A solução de tais equações é
convencional e é disponível em todos os A condição final necessária, assumindo
textos sobre equações diferenciais. A que a estabilização conseguida é:
solução completa da eq. 4.1. é:
1
∫ ( x − x o )dt = R q γ ( x q − x qo ) (4.3b)
 1 
[
( x − x o ) =  ( x q − x qo ) 1 − e −(M1 / M2 )t ]
 M1 
Esta condição final simplesmente indica
(4.2) que após um tempo suficientemente longo
a ação integral irá produzir um efeito igual
àquele do distúrbio e retorna ao nível do
O primeiro termo desta solução, ponto de controle.
Diferenciando a eq. 4.2:
1
( x q − x qo )
M1 d2 x dx
M2 + M1 + R q γ( x − x o ) = 0 (4.4)
dt 2 dt
representa a solução de regime ou a
integral particular. O procedimento convencional para
O segundo termo, resolver esta equação diferencial linear
com coeficientes constantes é fazer
1
( x q − x qo )e −(M1 / M2 )t
M1 x = ept.

é a solução transitória ou a função A equação auxiliar assim produzida é:


complementar.
A eq. 4.2 pode ser plotada para dar a M1 1
curva de resposta do sistema. Ela é uma p2 + p+ Rqγ = 0 (4.5)
M2 M2
curva exponencial. Nunca pode haver uma
oscilação na curva resposta da solução da
eq. 4.2 porque não há partes imaginarias As raízes desta equação, quando
no expoente da solução transitória. encontradas pela formula da equação
algébrica quadrática são:
4.3. Controle integral
Se a resposta integral é adicionada ao M1 M12 R q γ
p=− ± − (4.6)
sistema controlado com uma única 2M2 4M22 M2
capacidade recém visto, a equação que
define o processo controlado fica:
Uma resposta oscilatória ocorre, se o
termo sob o radical for negativo, isto é, se

274
Enfoque Matemático

Rqγ
2 mesmas para os problemas de vibração,
M 
>  1  (4.6a) bem conhecidos.
M2  M2  Porém, o estudo dos sistemas de
controle é mais inclusive do que os de
Por simplicidade, a eq. 4.6 pode ser vibrações mecânicas. Em sistemas de
expressa: controle são encontradas equações
diferenciais de ordens impar (por exemplo,
p = a ± ib (4.7) a eq. 4.1 é uma equação de primeira
ordem ); as equações encontradas na
análise de vibração são sempre de ordem
onde
par, qualquer que seja o número de graus
de liberdade.
i = −1
4.4. Efeito do atraso na medição e na
M12 válvula
a=−
2M2 O mesmo procedimento pode ser
usado para resolver as equações para
situações mais complicadas. O
Rqγ procedimento consiste em:
M12
b= − 1. obter a equação diferencial
M2 4M22 apropriada, que é uma equação
diferencial linear com coeficientes
constantes, das equações gerais
A solução da eq. 4.4 é: desenvolvidas,
2. expressar a solução como soma das
x − x o = e −at (B1 cos bt + B 2 sen bt ) (4.8) soluções em regime permanente e
em regime transitório, com as
constantes arbitrárias iguais em
As constantes, quando encontradas
número ao grau da equação e
das condições inicial e final dadas pela eq.
3. encontrar as constantes das
4.3a e 4.3b são:
condições iniciais do sistema. Deve
haver um número de condições
B1 = 0 iniciais igual ao de constantes
arbitrarias.
Aplicando este procedimento a um
 x q − x qo  a 2 + b 2  processo com única capacidade com
B2 =    controlador ideal contendo as ações
 Rqγ  b 
   proporcional e derivativa, e com atraso no
elemento de medição e na válvula,
encontra-se a equação:
Assim, a solução final da eq. 4.8 é:

d3 x d2 x
 x q − x qo  a 2 + b 2  − at Tm Tv H + (Tm Tv + TmH + Tv H) +
x − xo =    e sen bt dt 3 dt 2
 Rqγ  b 
  
dx
(4.9) + (Tm + Tv + M2 ) + M1( x − x o ) = x q − x qo
dt
(4.10)
Esta equação é familiar para um
movimento oscilatório amortecido, o onde
amortecimento sendo menor que o critico,
o que foi assumido na eq. 4.6a. Tm = R m Cm
Note que as soluções dos problemas
de controle são matematicamente as

275
Enfoque Matemático
Tv = R v C v  d2 x  1  dx 
  =−  
 dt 
2 H  dt  t = 0 +
 t =0
H = R qC
Estas três condições iniciais, expressas
M1 = R q α matematicamente são:

x − xo = 0
M 2 = H + R qβ
(4.10a)
x q − x qo = distúrbio unitário
dx 1
= ( x q − x qo ) (4.10b)
dt H
x − x o = desvio inicial do ponto de
ajuste do nível
d2 x 1
Pm PX 2
=− ( x q − x qo ) (4.10c)
Controlador dt H2
Rv A solução em regime da eq. 4.10 é:
Rm
Cm
pc 1
x − xo = ( x q − x qo ) (4.11)
Fv Rv
M1
C
pv xq Supondo que a solução transitória é
Cv
x Rq estável e sub-amortecida, como é
usualmente a forma desejada em controle
LE automático, então a solução transitória
pode ser escrita como:
F Q
x − x o = B1e −a1t + e −a2t (B 2 cos bt + B 3 sen bt )
Fig. 4.2. Processo com única capacidade com
controlador ideal, mas com atrasos nos circuitos da
(4.12)
medição e da válvula
onde
a1, a2 e b são números reais positivos a
A equação de terceira ordem possui
serem determinados da equação auxiliar; e
uma solução com três constantes
B1, B2 e B3 são constantes a serem
arbitrarias: B1, B2, B3. Para encontrar
determinadas das condições iniciais.
estas constantes é necessário ter três A solução completa é:
condições iniciais. Estas são para uma
variação tipo degrau unitário em xq no
x − x o = B1e −a1t +
instante t = 0,
1. o nível está no ponto de ajuste,
1
2. a taxa de variação do nível depende + e −a2t (B 2 cos bt + B 3 sen bt ) + ( x q − x qo )
diretamente do valor do distúrbio e M1
inversamente com a constante de (4.13)
tempo ou o valor RC e
3. a segurança derivada do nível
Da primeira condição inicial, eq. 4.10a:
depende diretamente da primeira
derivada e inversamente da
1
constante de tempo, todos B1 + B 2 + ( x q − x qo ) = 0 (4.14)
precedidos pelo sinal negativo ou: K1

276
Enfoque Matemático
Da segunda condição, eq. 4.10b:
4.6. Processo com duas capacidades
1
− B1a1 + B 2 b − B 2 a 2 = ( x q − x qo ) = 0 O processo com uma única capacidade
H foi analisado, com e sem atrasos no
sistema. O mesmo procedimento se aplica
(4.15) aos processos com capacidade adicional.
Por exemplo, a equação geral para um
Da terceira condição, eq. 4.10c: processo com 2 capacidades foi
determinada na eq. 3.2. Desta equação, a
1 equação para um processo com 2
B1a12 − B 2 b 2 − 2B 3 a 2 b + B 2 a 22 = − ( x q − x qo ) = 0 capacidades com um controlador PID e
H2
(4.16) sem atrasos no controlador, no elemento
de medição e na válvula vale:
d2 x dx
Estas três equações podem resolvidas J2 + M4 + M3 ( x − x o ) +
simultaneamente para dar os valores das dt 2 dt
constantes arbitrarias B1, B2 e B3.
Se um grande número de soluções é + R q γ ∫ ( x − x o )dt = ( x q − x qo ) (4.18)
desejado de qualquer forma de equação
dada, o método geral apresentado acima
seria útil. Porém, para uma única solução, J2 = C1C 2R qR
os números físicos dos vários processos e
constantes do controlador seriam M 4 = J1 + R qβ
substituídas imediatamente nas equações
diferenciais do sistema para economizar M3 = 1 + R q α
tempo na análise.

4.5. Controle integral J1 = C1C 2R qR


A equação combinada do processo e
controle para a Fig. 2.5 onde o controle x = nível controlado, ou x2
integral é incluído seria igual a eq. 4.10,
exceto que o lado esquerdo da equação xq - xqo = distúrbio degrau unitário
teria um termo a mais para incluir a ação
integral. Este termo é: x - xo - desvio do ponto desejado ou do
ponto de controle.
R q γ ∫ ( x − x o )dt
Controlador
Como isto aumenta efetivamente a
ordem da equação de um, a solução teria 4
constantes arbitrarias. Assim, 4 condições
são necessárias para se obter estas
constantes. três delas seriam as mesmas
condições iniciais expressas nas eq. 4.10a, C1 C2
xq
b e c. A quarta é a condição final, para um
x2 Rq
sistema estável: x1 R

1 LE
∫ ( x − x o )dt = R q γ ( x q − x qo ) (4.17)
F F2 Q

Fig. 4.3. Processo com duas capacidade com


controlador, sistema de medição e válvulas ideais

277
Enfoque Matemático
Esta equação integral-diferencial de
segunda ordem é efetivamente uma 4.8. Exemplo 1
equação diferencial de terceira ordem e
requer 3 condições iniciais e/ou finais. Problema
Estas são: O processo consiste de dois tanques
de liquido (Fig.2.3). A variável controlada é
Condições iniciais em t = 0 o nível do segundo tanque, que será
x − xo = 0 chamado de x. Ele é controlado por meio
(4.18a) de um controlador PD, com atraso
desprezível. O elemento de medição e a
válvula de controle serão considerados
dx 1 ideais, sem atraso. Os valores do processo
= ( x q − x qo ) (4.18b) e das constantes do controlador são:
dt R qC 2
C1 = 1 m3/m
Condição final

1 C2 = 2 m3/m
∫ ( x − x o )dt = Rqγ
( x q − x qo ) (4.18c)
R2 = 1/2 m/m3/min
4.7. Processo com 3 capacidades
Rq = 2 m/m3/min
A equação para um processo
controlado com 3 capacidades é igual à
eq. 4.18, exceto que o lado esquerdo α = 30
contem o termo adicional
β=1
3
d x
J3 Assumindo uma variação tipo degrau
dt 3 em xq de +20 m para causar uma
onde diminuição na vazão de saída, Q, achar a
equação da curva de resposta.
J3 = C1C2C3R2R3Rq
Solução
e os valores de J1 e J2 são os da eq. 1.18. A equação para este processo é:
A condição inicial adicional requerida é,
em t = 0: d2 x dx
J2 + (J1 + R qβ) +
2 dt
dt
2
d x (R 3 + R q )
=− ( x q − x qo ) (4.18d)
dt 2 R 2q C 32R 3 + (1 + R q α )( x − x o ) = ( x q − x qo ) (4.19)

Como visto, todas as soluções foram onde


obtidas do mesmo modo. Embora certas
características do comportamento do J1 = C1R 2 + C1R q + C 2R q = 6,5
sistema possam ser determinadas das
raízes da equação auxiliar, como a eq. 4.5,
um quadro completo da solução requer o J2 = C1C 2R 2R q = 2
conhecimento das condições iniciais e
finais.
Os próximos passos mostram Substituindo os valores numéricos e
exemplos numéricos de investigações escolhendo os dados de modo que xo = o,
típicas. tem-se:

278
Enfoque Matemático
a = 2.125,
2
d x dx b = 5.1
+ 4,25 + 30,5 x = 10 (4.20) e B1 e B2 são constantes a serem
2 dt
dt
determinadas a partir das condições
iniciais.
As condições iniciais em t = 0 são: Substituindo a primeira condição inicial,
eq. 4.20a na eq. 4.23:
x − xo = 0 (4.20a)
0 = 1 (B1 + 0) + 0,328

dx 1 B1 = -0,328 4.24
= ( x q − x qo ) = 5 (4.20b)
dt R qC 2
Diferenciando a solução completa (eq.
4.23), tem-se:
Solução de regime permanente
dx
A solução completa é a soma das = −ae −at (B1 cos bt + B 2 sen bt ) +
soluções permanente e transitória. A dt
solução permanente é:

10 + e −at ( −B1b sen bt + B 2b cos bt )


x= = 0,328 (4.21)
30,5
Usando a segunda condição inicial, eq.
4.20b:
Isto significa que após a variação de
carga o nível do liquido eventualmente se
5 = −a(B1 + 0) + 1(0 + B 2b)
estabiliza em um valor de 0,328 m acima
do ponto de ajuste original. Onde há
controle integral, sempre ocorre o desvio 5 = −(2,125 )( −0,328 ) + 5,1B 2
permanente deste tipo, depois de uma
variação de carga do processo.
B 2 = 0,843 (4.25)
Solução transitória
A solução transitória pode ser achada Assim, a solução final é:
fazendo-se a substituição:
x − x o = e −2,125 t ( −0,328 cos 5,1t + 0,843 sen 5,1t ) + 0,328
x − x o = e −pt
(4.26)

4.9. Exemplo 2
e sua derivada na eq. 20. Isto dá:
Problema
2
p + 4,25p + 30,5 = 0 (4.22) A temperatura de um forno industrial é
mantida constante por meio de um damper
que tem raízes controlado automaticamente e suprindo um
ar quente. Se o controlador é ideal e PIC,
p = −2,125 ± 5,1i determinar a equação da resposta devida a
um aumento degrau na temperatura de
A solução completa, a soma das saída de 0.5 oC. A capacidade e os outros
soluções transitória e permanente tem a parâmetros são:
forma:
C = 10 cal/oC
x − x o = e −at (B1 cos bt + B 2 sen bt ) + 0,328
Tm = 1 min = atraso do elemento
(4.23)
onde sensor

279
Enfoque Matemático

Rq = 0.5 oC min/cal A condição final:

α = 11 R q γ ∫ ( x − x o )dt = x q − x qo
β =8
0,5
= 0,33 (4.29c)
γ =3 0,5 x3

Este tempo, a solução permanente é


Solução
zero, se o dado escolhido foi tal que xo = 0.
A equação do sistema é:
A solução transitória, que é a solução
completa neste caso, pode ser obtida pela
d2 x dx substituição de
TmH + (Tm + H + R qβ) +
dt 2 dt
(x-xo) = ept

que leva a:
R q γ ∫ ( x − x o )dt = x q − x qo (4.27)
p3 + 2p2 + 1,3 p + 0.3 = 0
onde
cujas raízes são:
H = RqC = 5 min
p1 = -1
Substituindo os valores numéricos das
constantes: p2,3 = -0.5 +- 0.224 i

d2 x dx A solução completa tem a forma


2
+2 + 1,3( x − x o ) + 0,3 ∫ ( x − x o )dt = 0,1 seguinte:
dt dt

x − x o = B1e −a1t + e −a2t (B 2 cos bt + B 3 sen bt )


Diferenciando esta equação para (4.30)
eliminar a integral:
onde
d3 x d2 x dx a1 - 1
+2 + 1,3 + 0,3( x − x o ) = 0
dt 3 dt 2 dt a2 = 0.5
b = 0.224
(4.29)
Substituindo a primeira condição inicial,
As condições iniciais em t = 0: eq. 4.29a, na eq. 4.30, tem-se

x − xo = 0 0 = B1 + B 2 (4.31)
(4.29a)
Diferenciando a eq. 4.30 e usando a
dx 1 segunda condição inicial, eq. 4.29b:
= ( x q − x qo )
dt R qC
1
0,5 = B1a1 + a 2B 2 + B 3 b
= 0,1 (4.29b) 10
0,5 x10

280
Enfoque Matemático
0,1 = B1 + 0,5B 2 + 0,224B 3 (4.32) . Estabilidade do sistema
Integrando a eq. 4.30 , tem-se controlado com malha fechada
−a1t
∫ (x − x o )dt = B1 ∫ e dt + 5.1. Introdução
A discussão sobre a estabilidade
+ B2 ∫ e − a2t
cos btdt + B 3 ∫ e − a2 t
sen btdt conclui este trabalho, analisando o sistema
de controle com malha fechada. Um
método rápido e simples para a verificação
preliminar da estabilidade é a aplicação do
que, fazendo a integração e usando a critério de Routh-Hurwitz, que é mostrado
terceira condição inicial, eq. 4.29c, leva a: aplicado a sistemas básicos e típicos de
controle.
Este estudo do controle de processo
1 B
( x q − x qo ) = 1 + não seria completo sem uma investigação
Rqγ a1 de um método para determinar
rapidamente se um sistema é estável ou
não. Primeiro será feita a revisão breve da
B 2a 2 B 3b prática corrente seguida no campo do
+ +
(a 22 + b 2 ) (a 22 + b 2 ) controle de processo para determinar a
estabilidade de um processo controlado.

Da qual, 5.2. Prática corrente


Em muitas aplicações, a estabilidade
0,333 = −B1 − 1,67B 2 + 0,748B 3 do processo é avaliada na base de
tentativa e erro. Depois que a planta é
(4.33)
construída e o controlador é aplicado, o
processo é partido e o engenheiro de
Resolvendo as eq. 4.31, 4.32 e 4.33,
controle procura pelo ponto critico de
obtém-se:
estabilidade, sintonizando o controlador
com apenas a ação proporcional. Quando
B1 = 0.285
ele acha o ponto em que o processo oscila
com amplitude constante, ele tem o ponto
B2 = -0.285 de partida para determinar os ajustes
ótimos que devem ser feitos no
B3 = 0.190 controlador.
Este procedimento nem sempre é
A solução final pode ser escrita como pratico. Há a possibilidade de produzir
resultados desastrosos na planta e na
qualidade do produto, quando se permite a
x - xo = 0.285 e-t +
oscilação no processo. Outra desvantagem
deste procedimento é que ele muitas vezes
−t
x − x o = 0,285 e + se torna demorado, por causa dos
períodos de oscilação excessivamente
longos da planta. Utilizando este
−0,5 t
e ( −0,285 cos 0,224 t + 0,190 sen 0,224 t ) procedimento de tentativa e erro há
também a desvantagem da planta ser
(4.34)
instável, quaisquer que sejam os ajustes
do controlador. Os ajustes do controlador
Finalmente (x - xo) pode ser plotado
na banda proporcional, tempo integral e
como uma função do tempo t para dar o tempo derivativo são limitados aos efeitos
quadro completo da curva resposta devido sobre os coeficientes das equações da
a uma variação tipo degrau na carga do planta. Estes coeficientes α, β e γ são
sistema. determinados das constantes do processo

281
Enfoque Matemático
(resistência e capacidade) e dos ajustes do de Routh é um procedimento deste tipo e
controlador. Em muitos casos pode ser será descrito em termos de várias
necessário fazer uma grande alteração na equações de terceira e quarta ordens,
planta para obter o grau de operação típicas de processo controlado
estável desejado. É conveniente que o
engenheiro de controle possa utilizar 5.4. Processo com única capacidade
procedimentos que lhe forneçam controlado com um atraso
informação sobre a estabilidade antes da
construção da planta real. Isto elimina A Fig. 6.1. mostra um processo com
alterações custosas no projeto da planta, uma única capacidade, com controlador e
que são necessárias depois da planta ter válvula ideais (sem atraso) mas com atraso
sido construída. no sistema de medição. Quando o
Será aplicado agora um procedimento controlador possui as três ações PID, a
rápido para determinar se um sistema é equação do processo é a eq. 3.1, repetida
estável ou instável. Serão consideradas aqui:
equações de terceira ordem ou de ordem
superior, pois os sistemas de primeira ou d3 x d2 x
segunda ordem nunca tem a possibilidade
(TmH) + (Tm + H + R qβ) +
dt 3 dt 2
de instabilidade, desde que todos os
coeficientes da equação diferencial do
sistema são positivos. dx
+ (1 + R qβ) + R q γ ∫ ( x − x o )dt = 0
dt
5.3. Critério de Routh
(6.1)
Um método que é fácil de aplicar é onde
conhecido como critério de Routh. O
método é aplicado aos coeficientes das Tm = Rm Cm
equações diferencias do sistema e não
requer que estas equações sejam H = Rq C
resolvidas. O método trata das relações
explicitas para o limite entre estabilidade e β = fator de controle derivativo total,
instabilidade, diretamente em termos dos
α = fator de controle proporcional total,
parâmetros do sistema.
γ = fator de controle integral total,
Os parâmetros do sistema (constantes)
x = nível controlado,
consistem das resistências e capacidades
xo = nível desejado ou ponto de ajuste.
do processo, bem como dos ajustes do
controlador de banda proporcional, tempos
É possível haver instabilidade neste
integral e derivativo, α, β e γ. Usando-se o
sistema. Sob certas condições e para
critério de Routh, não é necessário achar
certos valores dos coeficientes da equação
as raízes da equação diferencial, porém,
diferencial, um distúrbio ao sistema pode
quando se quer dados mais completos
resultar em oscilação. Na prática, a
sobre o grau de estabilidade, é necessário
amplitude da oscilação não tenderia para
achar estas raízes. Por equações de
um valor infinito por causa das restrições
terceira ordem ou superiores, o trabalho
físicas no sistema controlado; ela se torna
envolvido em achar as raízes e resolver a
não linear e a oscilação atingirá alguma
equação diferencial se torne excessivo e,
amplitude máxima. Mesmo assim, esta
em muitos casos, é desejável investigar
instabilidade é intolerável para a operação
somente se o sistema é estável ou instável
correta da planta.
para um dado projeto. Assim, é importante
que o engenheiro de controle conheça
algum procedimento que possa ser
aplicado ao seu projeto antes da
construção real da planta, que possa lhe
dar informação se o sistema está tendendo
para ser estável ou não. O uso do critério

282
Enfoque Matemático
mesmo sinal algébrico, de modo que a
coisa importante para investigar é a
desigualdade dada pela eq. 6.3. Inserindo
Controlador Pm Px as constantes reais do sistema na
igualdade acima e re-arranjando-a, de
Fm modo que o termo do controle integral
Cm Rm fique isolado tem-se:
C
xq
(1 + R q α )(Tm + H + R qβ)
Cv
x Rq γ< (6.4)
TmHR q
LE

F Q A desigualdade como escrita acima


permite investigar como os ajustes do
controlador afetam a estabilidade.
Fig. 6.1. Processo com única capacidade com A desigualdade acima mostra as
controlador e válvula ideais mas com atraso no condições limitantes entre a operação
sistema de medição estável e instável. através da expressão
determina-se que um sistema instável
pode se tornar estável por meio de uma
5.5. Condições de estabilidade das três seguintes alterações nos ajustes
O melhor método de entendimento do do controlador:
critério de Routh é a aplica-lo a um sistema 1. diminuindo o fator de controle
de equação diferencial, como a eq. 6.1. integral,
As condições para a estabilidade para 2. aumentando o fator de controle
este sistema de terceira ordem são duas: derivativo,
A primeira condição é que todos os 3. aumentando o fator de controle
coeficientes devam ser do mesmo sinal proporcional,
algébrico. Por conveniência, a eq. 6.1. Se o sistema é verificado pela
pode ser reescrita como segue: desigualdade da eq. 6.4 e não fica estável
dentro dos ajustes disponíveis nos
controladores comerciais, então ele pode
d3 x d2 x dx ficar estável alterando as resistências e
M3 3
+ M2 2
+ M1 + Mo ( x − x o ) = 0 capacidades do processo, como indicado
dt dt dt
na eq. 6.4.

(6.2) 5.6. Processo com uma capacidade


onde com atrasos no elemento de
medição e na válvula
M3 =Tm H
Para o caso do controle proporcional
M2 = Tm + H + Rq β mais derivativo, a equação característica
para o sistema mostrado na Fig. 2.5 é a
M1 = 1 + Rq α seguinte:

Mo = Rq γ d3 x d2 x dx
M3 + M2 + M1 + M0 x = 0
3 2 dt
dt dt
A segunda condição para a
estabilidade é:
(6.5)
M1M2 > M3Mo (6.3)
onde
Em quase todos os casos de controle M3 = Tm Tv H
de processo os coeficientes serão do

283
Enfoque Matemático
Conclui-se que o efeito da resposta
M2 = Tm Tv + Tm H + Tv H derivativa é similar ao seu efeito no
exemplo anterior. Porém, o efeito da
M1 = Tm + Tv + H + Rq β resposta proporcional agora é oposta da
anterior. Isto ilustra o fato que não é
Mo = 1 + Rq α possível generalizar acerca do efeito de
um tipo particular de controle muito
Tm = Rm Cm amplamente.

Tv = Rv Cv 5.7. Controle integral


Se a ação integral de controle é
Pm PX incluída no sistema da Fig. 2.5, obtém-se
uma equação diferencial de quarta ordem.
Rv
Para este caso, a equação característica
Rv fica igual a:
pc Cm Rm

Fv Rv C d4 x d3 x d2 x dx
pv xq M4 4
+ M3 3
+ M2 2
+ M1 + M0 x = 0
x Rq dt dt dt dt
Cv
(6.8)
LE
onde
F Q

Fig. 6.2. Processo com única capacidade com M4 = Tm Tv H


controlador ideal mas com atrasos na medição e na
válvula
M3 = Tm Tv + TmH + Tv H

Ainda, aplicando o critério de


M2 = Tm + Tv + H + R qβ
estabilidade de Routh, as condições
necessárias para a estabilidade são:
1. todos os coeficientes são do mesmo
M1 = 1 + R q α
sinal algébrico e
2. a seguinte desigualdade é
verdadeira:
Mo = R q α
Esta desigualdade é idêntica à eq. 6.3,
mas após a substituição dos valores reais
dos coeficientes de M1 e Mo que contem Aplicando o critério de Routh, as
as constantes do controlador de β e α, condições para a estabilidade agora são
respectivamente, obtém-se: três:
1. todos os coeficientes devem ter o
mesmo sinal algébrico,
M2 (Tm + Tv + H + R qβ) > M3 (1 + R q α ) A segunda e terceira condições são
(6.7) respectivamente,

Revendo a desigualdade acima, se M1M2M3 − M12M 4 − MoM32 > 0 (6.9)


percebe que:
1. o aumento no fator de controle
derivativo tende a fazer o sistema M2M3 > M1M 4 (6.10)
mais estável,
2. o aumento no fator de controle
proporcional tende a fazer o sistema Re-arranjando a eq. 6.9, tem-se:
menos estável,

284
Enfoque Matemático

M1(M2M3 − M1M 4 ) > MoM32 (6.11) M M  M M2


M12 −  2 3 M1 + o 3 = Q (6.17)
 M4  M4
O sistema pode ser instável se alguma Um gráfico de M1 versus Q mostrará o
das duas condições eq. 6.10 ou 6.111 não
for satisfeita. A eq. 6.11 é uma condição efeito de M1, que contem o coeficiente ,
necessária e suficiente para a estabilidade, no limite da estabilidade do sistema,
enquanto a eq. 6.9 é uma condição quando todas as outras constantes
necessária mas não suficiente. Re- permanecem inalteradas. Este gráfico é
arranjando a eq. 6.11, obtém-se: mostrado na Fig. 5.1.

5.9. Efeito das ações integral e


M12M 4 − M1M2M3 + MoM32 < 0 (6.12) derivativa
O efeito da resposta integral, que está
No limite da estabilidade/instabilidade, contida no coeficiente Mo, aparece na eq.
a eq. 6.9 fica igual a zero, ou seja:
6.16. Aqui é aparente que para existir
estabilidade, deve se satisfazer a seguinte
M M  M M2 desigualdade:
M12 −  2 3 M1 + o 3 = 0 (6.13)
 M4  M4
M22
Mo < (6.18)
de modo que as raízes para M1 são: 4M 4

2 Substituindo o valor real de Mo tem-se:


M M   M 2M 3  M M2
M1 = + 2 3  ±   − o 3
 2M 4   2M 4  M4
M22
Rqγ < (6.19)
(6.14) 4M 4
que mostra que o valor da resposta integral
A inspeção da eq. 6.14 mostra que deve sempre satisfazer a eq. 6.19 ou o
para M1 ter qualquer raiz real é necessário sistema será instável.
que: O coeficiente M2 contem a resposta
derivativa que, se modificada, pode agir
para satisfazer a eq. 6.19 se o controle
2
está próximo da faixa apropriada.
 M 2M3  MoM32 Para resumir as conclusões acima,
  ≥ (6.15) pode-se estabelecer os seguintes efeitos
 2M 4  M4
sobre um sistema deste tipo que é quase
não estável ou está no limite de ficar
ou, escrevendo de modo diferente: instável:
1. aumentando a resposta integral
tende a fazer o sistema mais
M32  M22  instável.
 − Mo  ≥ 0 (6.16) 2. aumentando a resposta derivativa
M4  4M 4 
  tende a fazer o sistema mais
estável.
3. aumentando a resposta proporcional
5.8. Gráfico da eq. 6.13 para mostrar tende a fazer o sistema mais estável
efeito de ou menos estável, dependendo dos
valores dos coeficientes.
Tornando o valor da eq. 613 igual a Q,
tem-se:

285
Enfoque Matemático
5.10. Outros casos
5.11. Conclusão
Foi mostrada aplicação do critério de
Routh para três casos de controle de O presente trabalho estabelece ainda
processo, incluindo sistemas de terceira e que o principal objetivo desta análise ten
quarta ordem. Estes exemplos mostram sido fornecer ao engenheiro de controle o
que a aplicação do critério, quando usado valor de um enfoque teórico planejado para
para determinar se um dado sistema de este problema nos estágios de projeto. A
controle é estável ou não. Note-se que o matemática que foi usada foi a de
critério tem valor como uma verificação equações diferenciais ordinárias. Enquanto
preliminar em um dado projeto e não que nem todas as equações foram
fornece dados quantitativos para o grau de resolvidas completamente, dados
estabilidade. Embora o método envolva suficientes e soluções de exemplo foram
algum trabalho em sistemas de ordem incluídas para possibilitar, com a ajuda de
superior, ele ainda é consideravelmente uma revisão breve de calculo e equação
mais rápido que a tentativa de achar as diferencial elementar, entender os
raízes da equação característica. Depois procedimentos usados.
que o sistema é provado ser estável, pelo Um fator importante a ser reconhecido
critério de Routh, seria pratico fazer uma no campo do controle de processo é que
análise mais detalhada do problema, não é possível se chegar a uma
achando as raízes e determinando a curva catalogação simples de soluções que
resposta. Isto dará um retrato exato do satisfaçam todos os problemas que
desempenho esperado da planta. aparecem na prática. Cada caso deve ser
tratado de modo individual. Assim, um bom
conhecimento do procedimento é muito
mais importante que uma demonstração de
métodos para catalogar soluções.

Fig. 6.3. Gráfico de Q (eq. 6.17) versus coeficiente


M1 mostra o efeito de α

286
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(Todos estes livros pertencem à Biblioteca do autor e todos os livros, exceto os que os amigos tomaram
emprestados e esqueceram de devolver, foram e são continuamente consultados para a elaboração e
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Apostilas DOC\Controle Controle Processo.doc 18 MAR 2003 (Substitui 03 NOV 97)

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