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Antonio Risério / Carlos Alberto Messeder Pereira Claudio Novaes Pinto Coelho / Cristina Freire Daniel Revah / Dulce Aquino / Esther Hamburger Joao Adolfo Hansen / Luiz Carlos Maciel Luiz Fernando Ramos / Luiz Tatit / Marcos Napolitano Maria Rita Kehl / Nicolau Sevcenko / Paulo Sergio Duarte Silvia H. Simoes Borelli / Waldenyr Caldas / Waly Salomao ANOS 70: TRAJETORIAS Itad cultural TLUMIPURAS Copyright © 2005: Trait Cultural Copyright © desta edigao. Editora Iluminuras Leda. Capa: Michaella Pivecti Revisio: Ariadne Escobar Branco Dados Internacionais de Catalogacio na Publicagio (CIP) (Cimara Brasileira do Livro, SP Brasil) ‘Anos70 : trajetrias, — Sao Paulo : Tuminuras Jad Cultural, 2005. Varios autores ISBN 85-7321-239-X_ (lluminuras) 1.Ane 2.Comunicagio 3. Contraculeura 4. Cultura 5. Educagio 6. Histéria moderna - 1970-1979 7. Indiistria cultural. 05-8897 €DD-909.827 Indice para catélogosistemiico 1.Anos 70 : Histria 909.827 2. Hiseéria 1970-1979 909.827 2006 EDITORAILUMINURAS LTDA. Rua Inacio Pereira da Rocha, 389 - 05432-011 - Sao Paulo - SP - Brasil Tel.: (55 11)3031-6161 / Fax: (55 11)3031-4989 iluminur@iluminuras.com.br www.iluminuras.com.br 76 Jodo Adolfo Hansen ‘cultural continuou, assim como a do que deveria ser uma arte efetivamente popular. As criticas 4 poesia do desbunde que vieram da esquerda falaram de \irracionalismo, supondo que o real é racional ¢ avanga por etapas. A direita continuou na dela. Desconfiada da subversao potencial dos meninos, excluindo © que eles faziam como lixo. E, como sempre, de olho no capital, que recupera tudo 0 que inicialmente expele, pois afinal ¢ s6 0 capital que revoluciona as artes para depois congelé-las nas teorias que vém na seqiiéncia, quando as artes jd so exemplaridade cldssica nos museus: quem sabe esse lixo de hoje nao vai ser grande arte amanha? O momento herdico e 0 momento cinico, como Sanguinetti falou. O cfnico j4 embutido no herdico como fuga para a frente da mercadoria, rara, tinica, inatingivel por todos. Se pensarmos na trfade “autor-obra-ptiblico”, tudo foi deslocado na poesia do desbunde, mas por instantes. Toda boa poesia é sempre marginal, como negatividade, mas, em termos de mercado, como o Carlos Alberto [Messeder Pereira] demonstrou muito bem em seu livro Retrato de época: poesia marginal anos 70, era uma produgao que num primeiro momento aparecia fora do circuito das editoras, da grande imprensa, das livrarias e da universidade. A geragio mimedgrafo, supondo que seja valido unificar tanta gente, punha em questo a técnica artistica, os meios de produgio ¢ reprodugio da poesia, 0 mercado, a nogao de arte e o valor dela na experiéncia da vida reprimida. Marginal. E marginal também como substituigao da revolugio que tinha sumido do horizonte da nossa competéncia substituida pela rebeldia e pela transgress4o, termo entao muito usado. Mas transgredir a lei significa admiti-la. Transgredir repde, Marcuse ensinara © que é a dessublimagao repressiva. Foi ingénuo, romantico, jovem? Foi tudo isso. Foi principalmente bonito, mas acabou. Hoje ¢ uma ruina pré-histérica, para mim até mais velha que as ruinas do barroco do século XVII, que eu estudo, mas nao se deve esquecé-la. Nao que devamos recuperd-la, pois o passado est felizmente morto ¢ o tempo sempre anda para a frente. Mas para saber mais como foi, para entender um pouco mais como somos. Irracional ou no, ingénuo ou nao, romantico ou no, o desbunde era contraditério. Do positivo da sua contradigao, valeria a pena lembrar que era generoso ¢ tinha uma alegria feroz de resisténcia que perdemos desde os anos 80, quando a ditadura acabou oficialmente ¢ 0 iupismo da tucanagem neoliberal substituiu o riponguismo e passou a administrar 0 negécio. I CONTRADISCURSO: DO CULTIVO DE UMA DICGAO DA DIFERENGA Waly Salomao uy vive al sigh de oro interiormente. El Discreto — Baltasar Gracién Sou obrigado por uma gagueira conceitual intencional, por um despojamento proposital, por um desmesurado amor ao acaso € ao hidico, nao quis trazer paper prontinho ¢ bonitinho, e depois minha fala. Tento sempre, ultimamente, nos mais diferentes lugares, despojar-me totalmente ¢ af ela surge desprogramada, no nosso caso aqui como um contradiscurso, contra a redondez da andlise abstrata do socidlogo Carlos Alberto Messeder Pereira, nosso Michel Maffesoli, redondez que me fez inventar, na hora em que o estava ouvindo, um necessdrio, um salutar contradiscurso. Primeiro, nao ha drop out possivel. Fala aqui uma pessoa que historicamente viveu drop out, até formei-me em dircito ¢ sai, pois meu OUT continua tao grande que me sinto inteiramente deslocado nessa homenagem aos anos 70. Quando o Luis Camargo [na ocasiao, coordenador do Niicleo de Literatura do Itati Cultural] estava falando, eu me senti um tiranossauro rex fugido do Miiseu de Histéria Natural de Nova York, um belo museu que foi plenamente restaurado depois do filme Parque dos Dinossauros, ¢ eu me senti um fssil; € cu me pretendo sempre um missil. Quando o Carlos Alberto se referia, continuamente, & entrada em moda da literatura dos anos 70, cu me senti um desfavorecido da sorte, porque, se eu for competir com a Gisele Biindchen para a capa da Vogue de dezembro, vou perder feio. Eu me sinto bem out. A vaziez cultural como sinal dos anos 70, eu acho que é falar pouco da yaziez. Falar muito negativamente da vaziez € 0 modo redondo com que certa sociologia encara o mundo, mas o modo com que eu trabalho o mundo parte da ambigitidade, parte exatamente da vaziez. Surte assim t4o intensamente da vaziez ¢ como prova nio vou ler 0 poema inteiro, que por certo iria fatigar os ouvintes, mas vou ler o final do poema Estética da Recepedo, que jé trax esse titulo irénico. Mas o final diz exatamente suportar, € um poema recente, do meu tiltimo livro, Tarifa de embarque,! ¢ esta inclu{do na antologia O mel do ' SaLoMao, Waly. Tarif de embargue. Rio de Janeiro, Rocco, 2000. (N.E.)

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