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O Tanganyika (274-277)

Embora a inflação e a baixa artificial nas cotações dos produtos durante a guerra tenham contribuído para
despertar o nacionalismo popular em Uganda, após 1945, e mesmo que a ineficaz repressão dos intelectuais ganda,
pelos britânicos, tenha permitido posteriormente ao nacionalismo cristalizar o descontentamento popular, em lugar
de fragmentá-lo, em função de critérios étnicos, no Tanganyika, por sua vez, foi a ingerência maciça dos britânicos na
política agrícola africana que desencadeou a primeira grande onda de protestos locais contra a potência colonial. Estas
manifestações tiveram como efeito primário encorajar o que John Iliffe nomeou, desde logo, “a agregação tribal22”.
As políticas coloniais haviam provocado mudanças socioeconômicas que “haviam acentuado a diferenciação regional
e as rivalidades” entre os grupos instruídos, temerosos em acelerar o desenvolvimento em sua zona étnica. Em razão
disto, muitas associações com bases étnicas nasceram e serviram posteriormente como vetores da oposição a políticas
impopulares. Em algumas regiões, este processo permitiu convencer tradicionais chefes a reforçarem a unidade
étnica. Este foi, notadamente, o caso junto aos chaggas, no nordeste do país. Mas, este movimento de agregação
étnica teve como consequência o enfraquecimento da Tanganyika African Association (TAA), organização territorial
reivindicativa de funcionários, criada em 1929.

A TAA encorajara, durante os anos 30, a constituição de seções provinciais, cuja vitalidade viria reforçar a
organização central. Contudo, após a guerra, os protestos organizados sobre bases étnicas, em escala nacional,
tenderam a enfraquecê-la antes que, paradoxalmente, o novo questionamento das políticas coloniais se tornasse um
dos eixos em torno dos quais esta organização territorial readquiriria vitalidade e transformar -se -ia em um potente
partido político. O novo elã proveio da província dos Lagos, região do Tanganyika cujas dimensões equivalem
aproximadamente àquelas do Nyasaland (atual Malaui) e cuja produção agrícola representava, em valor, por volta da
metade das exportações agrícolas do Tanganyika. Para retomar os termos de um especialista24, as reformas na
administração local, introduzidas após a guerra, pelos britânicos, tiveram como efeito, nesta província tanto quanto
em muitas outras regiões, “mais facilmente impor políticas agrícolas decididas em alto escalão, preferencialmente a
aumentar a participação das bases nas instituições democráticas”. Numerosas manifestações populares de
descontentamento eclodiram na província e a seção local da TAA incorporou as demandas expressas, estabelecendo
assim um elo entre a ação reivindicativa nas cidades e as reivindicações dos camponeses. Foi dessa forma que ela
começou a transformar -se em movimento político. Esta seção executou três notáveis ações: ela se implantou nos
campos, organizou a ofensiva contra o regime colonial e, enfim, exigiu o fortalecimento da organização central e a
convocação de uma conferência nacional. Os mais marcantes e conhecidos artífices deste renascimento foram M.
Bomani, B. Munanka e S. Kandoro.

No escritório central de Dar es -Salaam, as atividades desenvolvidas imediatamente após o conflito mundial
haviam sido lançadas conjuntamente por funcionários e habitantes instruídos das cidades, os quais haviam combatido
na Birmânia durante a guerra. Mas, ao final de 1952, o impulso se havia quebrado, os melhores dirigentes haviam sido
transferidos para fora de Dar es -Salaam e a Associação vegetaria, a tal ponto que os animadores da seção da província
dos Lagos chegariam a projetar a mudança da sua sede para Mwanza. Foi então que um novo dirigente entrou em
cena e coordenou as ações de retomada. Em dois anos, a TAA transformou -se em um fortíssimo partido político
autointitulado Tanganyika African Union (TANU), em 7 de julho de 1954.

A TANU tomou o poder em 1961. O seu verdadeiro fundador − se não levarmos em conta a seção dos Lagos −
era um professor oriundo de um dos menores grupos étnicos do território: Julius Nyerere. Em 1952, por ocasião do
seu retorno da Grã -Bretanha, onde acabara de concluir os seus estudos, Nyerere fora descrito como um homem
“sensibilizado pelos problemas raciais”: ele “odiava a dominação estrangeira”, revela -nos John Iliffi, “temia a
cumplicidade dos conservadores diante das ambições dos colonos e sabia que a África rumava em direção a conflitos
e à sua libertação25”. Nyerere soube explorar ao máximo o estatuto internacional do Tanganyika, território sob tutela
das Nações Unidas, objetivando acelerar a sua descolonização.

Em 1946, a Grã -Bretanha não apreciara em nada as condições mediante as quais o antigo mandato do
Tanganyika, a ela conferido pela Sociedade das Nações, fora transformado em acordo sob tutela das Nações Unidas.
O anticolonialismo já se transformara em um potente sentimento, junto às Nações Unidas, o Tanganyika encontraria,
muito brevemente, grandes ecos quando lá expunha os seus pleitos. O imbróglio das terras meru26 − cerca de 3.000
merus haviam sido expulsos de Engare Nanyuki para ceder lugar a colonos europeus − demonstrou, em 1952, a
veracidade desta boa receptividade; três anos mais tarde, um ano após a transformação da TAA em TANU, o prestígio
de Nyerere aumentara consideravelmente após uma viagem a Nova Iorque e o número de membros da TANU
progredira exponencialmente. Em 1956, Edward Twining, o governador bem pouco socialista do Tanganyika,
persuadiu a maioria dos membros não governamentais do Conselho Legislativo (os quais, evidentemente, eram todos
à época nomeados não eleitos) a criarem um partido político rival, o United Tanganyika Party (UTP). Contudo, o UTP
cairia muito rapidamente no ostracismo − utupu em swahili. Em setembro de 1960, a TANU conquistou 70 cadeiras
em um total de 71, por ocasião das primeiras eleições para o Conselho Legislativo, no qual o modo de representação
permitia aos africanos obter uma maioria. Nyerere tornar -se -ia brevemente o primeiro -ministro de um Tanganyika
já usufruindo da sua autonomia interna e o país foi, em dezembro de 1961, a primeira colônia britânica da África
Oriental a conquistar plenamente a sua independência.

Entre as razões geralmente invocadas para explicar a rapidez com a qual o Tanganyika conquistou a sua
independência − antes do Quênia e de Uganda − figuram as qualidades da liderança de Nyerere; a organização
dinâmica da TANU − associação urbana multiétnica em sua origem, ela desenvolveu -se de forma muito diferente do
Uganda National Congress e dos diversos partidos ugandenses provenientes deste último ou de todas as formações
equivalentes do Quênia, apoiadas essencialmente em coalizões táticas de interesse entre notáveis de diversas etnias;
a ausência de marcantes divisões regionais no Tanganyika; o seu estatuto de território sob tutela das Nações Unidas;
enfim, a espetacular modificação da importância estratégica conferida ao Tanganyika, tanto quanto ao Quênia, pelos
britânicos após 1956, consequência da radical revisão dos seus engajamentos militares ao leste do canal, decorrente
da affaire de Suez. Em outras palavras, invoca -se geralmente, para explicar a descolonização do Tanganyika, a
combinação de dois fatores: a força das reivindicações nacionalistas locais, por um lado, e o desengajamento político
voluntário dos britânicos, por outro. As explicações diferem exclusivamente em função da importância relativa
acordada a estes dois fatores. Mas, seja qual for o esquema de interpretação adotado, um acontecimento crucial viria
acelerar o recuo do Império britânico em toda a África Oriental e Central: a revolta mau-mau no Quênia.

Novos Estados e velhas colônias (290-291)

O processo de descolonização esteve, na África Oriental, estreitamente ligado ao avanço do nacionalismo nas
colônias fundadas no século XIX, no momento da corrida dos europeus, com vistas à divisão do continente. Em certos
casos, este nacionalismo tinha as suas raízes fundadas sobre uma entidade territorial anterior à colonização, como
Madagascar e, talvez Zanzibar. Com maior frequência, ele desenvolveu -se sob o impulso de militantes nacionalistas
que organizavam conscientemente movimentos anticolonialistas dentro das fronteiras, arbitrariamente traçadas, de
algumas colônias europeias, como a Tanganyika.

Na realidade, como explicava Nyerere, “antes que nós fôssemos colonizados, esta ‘nação’ não existia; diversas
leis vigoravam junto às tribos que a compunham e estas leis eram conflitantes. Foi a potência colonial que impôs uma
lei comum, garantindo o respeito a esta última, pela força, até que o avanço do movimento independentista trouxesse
a carne de uma unidade emocional ao esqueleto da unidade jurídica53”. Frequentemente, as lutas pela
independência, propriamente ditas, tomaram uma dimensão pan -africanista, particularmente após a independência
de Gana, em 1956.

Testemunha disso, por exemplo, a maneira evidente pela qual Kenneth Kaunda e Hastings Banda foram
influenciados, em razão da sua participação na Conferência Pan -Africana de Accra, em 1959, no curso da sua luta
contra a Federação da África Central54. Também atesta esta nova dimensão da luta independentista a tentativa,
finalmente abortada, de Uganda, do Quênia e da Tanzânia em lançarem as bases de uma federação da África Oriental,
no início dos anos 196055. Igual e eventualmente, em Zanzibar, identifica -se um esboço de pan -arabismo56. Enfim,
em virtude de todos estes territórios estarem sob a dominação britânica, as lutas pela independência também foram
influenciadas pelos precedentes movimentos independentistas surgidos no seio do Commonwealth, na Índia e no
Paquistão, assim como no Canadá ou na Austrália.

No que diz respeito à França, o contexto diferia. Os franceses prosseguiam em seu sonho de criação de uma
França “maior”, onde, pouco a pouco, a dominação cederia lugar à igualdade, através da integração administrativa
com a metrópole. Em Madagascar, no imediato pós Segunda Guerra Mundial, pouquíssimas reformas, concedidas
muito rapidamente após a derrota de Vichy, conduziram à insurreição. Os fatos ganharam outros contornos na antiga
colônia da Reunião.
A ilha Maurício e as Seychelles (292-294)

À imagem da Reunião, a ilha Maurício está situada a muitas centenas de quilômetros da costa de Madagascar.
Ela conheceu, durante o século XIX, o desenvolvimento clássico de uma colônia caracterizada pelo sistema de
plantations, cabendo a maior parte do trabalho aos antigos escravos deportados da África e a uma mão de obra
assalariada proveniente da Índia, enquanto uma “plantocracia” crioula franco -mauriciana partilhava, por sua vez e
entre si, o essencial dos lucros.

Da mesma forma que outras “velhas colônias” do Caribe ou do Oceano Índico, especializadas na cultura da
cana -de -açúcar, a ilha foi severamente afetada pela crise dos anos 1930, a qual deixaria um amargo legado de greves
e agitação social. Na ilha Maurício, após 1945, o principal desafio da luta política consistia em defender os direitos dos
trabalhadores locados nas plantações de cana-de-açúcar e dos estivadores, frente aos privilégios dos grandes
agricultores, restando à autonomia o caráter de uma questão totalmente secundária.

De fato, a sorte da Reunião, após 1946, poderia dar luz a uma associação mais estreita com a Grã -Bretanha,
o que seria um objetivo mais sedutor. Todavia, tal evolução jamais esteve na ordem do dia. A luta travada na ilha
Maurício visava, portanto, obter as melhores condições de parceria, levando -se em conta os esforços empreendidos
pela Grã -Bretanha, nos anos 1960, para ingressar na CEE, no exato momento em que a ilha rumava para a
independência. Ela foi conquistada, em 1968, pelo Mauritian Labour Party, o mais constante em seu nacionalismo
entre todos os partidos representantes do proletariado, majoritariamente oriundo da Índia e habitante da ilha. Mas,
os dados estavam viciados.

Em 1965, a Grã -Bretanha anexara algumas ilhas, até então associadas à ilha Maurício e às Seychelles, para
formar o Território Britânico do Oceano Índico, uma nova colônia marítima que, após algum tempo, acolheria uma
base americana de submarinos nucleares, em Diego Garcia. A independência da ilha Maurício esteve claramente
ligada à aceitação desta amputação em seu território60.

Nas ilhas Seychelles, igualmente, a independência foi um pouco retardada por considerações estratégicas
concernentes a uma estação de observação e vigilância, assim como à base militar de Diego Garcia. Inicialmente e
todavia, nem o Seychelles People’s United Party (SPUP), dirigido por France-Albert René, nem o Seychelles Democratic
Party (SDP), liderado por James Mancham, ativeram-se à questão da independência. Neste arquipélago
desesperadamente pobre, a sua principal preocupação consistia, antes e sobretudo, em ocupar os postos -chave no
seio do governo e controlar a sua política. Foi somente após a explosão de um conflito entre o SDP e as autoridades
britânicas, no tocante ao controle das forças policiais e após o reconhecimento do SPUP pela OUA, como um
movimento de libertação nacional, que a independência passou a ser considerada de forma muito mais séria.
Finalmente, Mancham aliou-se a René para conquistar a independência que a Grã -Bretanha concederia muito de bom
grado às Seychelles, em 1976, pois que a potência imperial estava, desde então, ansiosa por livrar -se, tão rapidamente
quanto possível, de todas as suas derradeiras colônias.

A colonização concluiu um ciclo desde o século XVIII. Nesta época, colônias insulares, como as Seychelles, a
ilha Maurício ou a Reunião formavam, em larga medida, as vitais correias de transmissão dos impérios europeus,
essencialmente marítimos. Posteriormente, com a invenção da máquina a vapor, adveio o tempo da conquista de
grandes extensões, como a África Subsaariana. Os ocidentais tornar -se -iam os mestres dos impérios tropicais
continentais com forte densidade populacional. A crise planetária em que se transformou a Segunda Guerra Mundial
veio solapar estes impérios e, lá onde a própria guerra não foi suficiente, projetos muito ambiciosos de valorização,
os “agrupamentos de camponeses rebeldes” e os partidos nacionalistas precipitaram a sua ruína no transcurso de uma
geração. Contudo, após o advento da era nuclear, as possessões marítimas reencontram hoje uma importância
própria, bem mais inquietante.

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